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MICROBIOLOGIA DE LODOS ATIVADOS – UMA FERRAMENTA FUNDAMENTAL NO

GERENCIAMENTO DAS ETEs.

Ana Luiza Fávaro Piedade


Diretora da ACQUA CONSULTING SOLUÇÕES AMBIENTAIS LTDA
ana@acquaconsulting.com.br 13. 3877 4530.

INTRODUÇÃO

O sistema de lodos ativados é o mais utilizado no tratamento biológico aeróbio de


esgoto sanitário e também industrial no Brasil e no mundo. O princípio baseia-se na
oxidação bioquímica dos compostos orgânicos e inorgânicos presentes nos efluentes,
mediada por uma população microbiana diversificada e mantida em suspensão num meio
aeróbio (SEVIOUR & BLACKALL, 1999).

A comunidade estabelecida nesse sistema é dinâmica e fundamental ao


tratamento, sendo que cada espécie tem sua importância para o bom funcionamento do
sistema (AMMAN; GLOCKNER; NEEF, 1997). A estrutura dessa comunidade está
diretamente ligada as condições operacionais e com a qualidade e quantidade de efluente
que alimenta o processo (VAZOLLÉR et al, 1989), de modo que a avaliação microbiológica
do lodo é capaz de fornecer informações sobre o desempenho da ETE (POOLE, 1984) e
também qualidade do efluente.

Embora a caracterização microscópica da comunidade do lodo ativado possua


grande importância para a avaliação das condições das ETE, o uso de tal ferramenta ainda
é incipiente no Brasil, e os resultados são, em geral, subutilizados (BENTO et al, 2005). Em
alguns países como a Alemanha, por exemplo, a análise microscópica do lodo é prescrita
legalmente para sistemas de lodos ativados que atendem mais de 10.000 habitantes. O
diagnóstico obtido pela microscopia do lodo ativado é utilizado para alterar as
características operacionais do sistema, tais como a idade do lodo e a concentração de OD
no reator (BENTO et al., 2005).

Ao longo dos anos alguns modelos, baseados nas características biológicas do lodo,
foram propostos para a verificação das condições operacionais e a avaliação da eficiência
dos sistemas de lodos ativados. Dentre estes, destacam-se o modelo criado por JENKINS et
al, 2003, que leva em consideração as características da formação dos flocos biológicos,
identificação e quantificação das bactérias filamentosas e identificação e quantificação dos
protozoários e metazoários.

FLOCOS BIOLÓGICOS
Os flocos biológicos são formados basicamente por bactérias formadoras de flocos
no reator biológico, e a saúde destas influencia na boa formação dos mesmos, e
conseqüentemente na boa sedimentação dos flocos no decantador secundário.

O estudo dos flocos consiste em sua observação, contagem e classificação. Flocos


ideais para uma boa tratabilidade e sedimentação são classificados como sendo
predominantemente de médio e grande tamanhos, além de firmes, redondos e com
aspecto compacto (Figura 1a).

Quando apenas bactérias formadoras de flocos estão presentes, os flocos são


geralmente pequenos (cerca de 75 μm), redondos e compactos, são os chamados flocos
“Pin-point” (Figura 1b).

Há também o floco com Bulking filamentoso, que é um problema complexo que


atinge de 20 a 40% das estações de tratamento (PUJOL & CANLER, 1992). Esses flocos
possuem um excesso de bactérias filamentosas. Essas bactérias interferem na
sedimentação e compactação do lodo biológico, pela produção de um floco difuso e
irregular (Figura 1c).
a b

c Figura 1: Contraste de fase micrografia: (a) flocos


ideais, (b) floco pin-point e (c) floco com bulking
filamentoso.

BACTÉRIAS FILAMENTOSAS

O estudo dos filamentos presentes no lodo biológico baseia-se na identificação e


quantificação, segundo a escala de Jenkins et al. (2003). Essa escala varia de a a f, sendo as
abundâncias: a e b consideradas pouca quantidade, c e d densidade ideal e e e f
quantidades excessivas e perigosas de filamentos (Figura 2).

ACQUA CONSULTING 18/03/2010 1000 X

Figura 2: Micrografia de coloração Neisser de organismos filamentosos. O


Os principais motivos para o aparecimento de filamentos em sistemas aeróbios são
escassez de nutrientes, baixa concentração de OD, baixa carga orgânica, presença de
compostos reduzidos de enxofre, etc (EIKELBOOM, 2000), por isso a identificação desses
organismos é de suma importância para diagnosticar o desempenho e a operação de uma
ETE.

PROTOZOÁRIOS E METAZOÁRIOS

Os microrganismos protozoários e metazoários fazem o “polimento final” do


efluente, exercendo, portanto, um papel muito importante no tratamento biológico,
auxiliando na remoção de DBO, um pouco de DQO e principalmente turbidez do efluente.
Porém, para que esses organismos estejam presentes, e de forma ativa, é necessário que o
efluente a ser tratado possua condições ideais de temperatura, OD e pH ao seu
desenvolvimento, e que esteja livre de toxicidade.

Os grupos mais comuns são dos flagelados, ciliados livres, ciliados fixos, ciliados
andarilhos, suctórios, tecamebas e rotíferos (Figura 3).

De acordo com JENKINS et al. (2003), MADONI (1996) e FIGUEIREDO et al., (1997),
um bom desempenho do sistema está relacionado às espécies dominantes no processo.

a b

c d
Figura 3: Contraste de fase micrografia: (a) Ciliado fixos, (b) tecameba, (c), ciliado livre-natante e (d)
metazoário Rotífero.

ESTUDOS DE CASO

A ACQUA CONSULTING já vem realizando análises microscópicas, conforme


metodologia descrita acima há muitos anos para os mais diferentes tipos de indústrias, e
em contrapartida essas indústrias têm reduzido custos consideráveis com insumos para a
ETE, tais como nutrientes e polímeros.

É importante salientar ainda que não apenas indústrias que utilizam lodos ativados
para tratar seus efluentes têm utilizado esse tipo de avaliação, mas também indústrias
com ETEs do tipo MBR e MBBR têm usufruído com sucesso dessa importante ferramenta
de avaliação do lodo biológico. Abaixo segue alguns casos de sucesso da aplicação dessas
análises.

A ACQUA CONSULTING acompanhou o start up de um sistema de lodos ativados de


uma indústria de celulose e papel. O start up, que estava previsto para 2 meses, reduziu
para 1 mês, pois através das análises microbiológicas foi possível aumentar a taxa de
sólidos e estabilizar a planta mais rapidamente.

Numa indústria de bebidas, o uso da análise microbiológica realizada


semanalmente ao longo de quatro meses, apontou as melhores condições operacionais do
lodo ativado com relação aos parâmetros relação F/M e Idade do lodo, além de ter
aumentado a eficiência de remoção de DQO para 98%.

No caso de sistemas MBR, a ACQUA CONSULTING atualmente monitora seis


plantas que tratam esgoto doméstico e industrial (indústria farmacêutica, de bebidas,
indústria química, etc). Ao longo desse monitoramento foi possível identificar que o
sistema MBR é realmente muito robusto e seus microrganismos suportam bem choques
de carga orgânica. Contudo, através da análise microbiológica foi possível reduzir o ciclo
de limpeza química das membranas e evitar a formação de biofouling, aumentando assim,
a vida útil das membranas.
Além disso, a ACQUA CONSULTING tem vários clientes que optam por fazer esse
tipo de avaliação de forma preventiva, isto é, prevendo antecipadamente problemas na
operação da ETE e mantendo, dessa forma, um tratamento com elevado desempenho e
menor custo operacional.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AMMAN, R.; GLÖCKNER, F.O. NEEF, A. 1997. Modern methods in subsurface microbiology:
in situ identification of microorganisms with nucleic acid probes. FEMS
Microbiology Reviews, v. 20(3-4), p. 191-200.
BENTO, A.P, et al. 2005. Caracterização da microfauna em ETE do tipo lodos ativados: um
instrumento de avaliação e controle do processo. Eng. Sanit. Ambiental, v. 10(4),
329-33.
CETESB. 1992. Microbiologia de Lodos Ativados. Séries Manuais.
EIKELBOOM, D.H. 2000. Process control of activated sludge plant by microscopic
investigation. Manual, Asis/IWA, 156 p. Londres, Reino Unido.
JENKINS, D., RICHARD, M., DAIGGER, G., 2003. Manual on the causes and control of
activated sludge bulking and foaming. USA. 3ª Ed. 115p.
POOLE, J.E.P.A. 1984. A study of the relationship between the mixed liquor fauna and plant
performance for a variety of activated sludge sewage treatment works. Water
Research, v. 18 (3), p. 281-287.
PUJOL, R. & CANLER, J.P. 1992. Biosortion and dynamics of bacterial population in
activated sludge. Water Research, v. 26(2), p. 209-212.
SEVIOUR, R. & BLACKALL, L., 1999. The microbiology of Activated Sludge. 422 p.
VAZOLLÉR, R.F. 1989. Microbiologia de lodos ativados. São Paulo: Cetesb.

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