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Foi aprovado pela Câmara dos Deputados nesta terça-feira o projeto de lei
que prevê a guarda compartilhada dos filhos de pais separados.
Esse tipo de guarda poderá ser fixada por consenso ou por determinação
judicial. A proposta dessa lei estabelece que a guarda unilateral ou
compartilhada poderá ser requerida, por consenso, pelo pai e pela mãe, ou
qualquer um deles, em ação autônoma, de separação, de divórcio, de
dissolução de união estável ou em medida cautelar.
PRATICALIDADES
Mas enquanto políticos e associações, criadores dessa lei, acreditam que ela
vai acabar com as disputas por filhos a realidade poderá mostrar que lei,
somente, resolve pouco.
Esta lei poderá ter as mesmas dificuldades que outras criadas de-cima-para-
baixo onde careceram de envolvimento popular amplo, e portanto da
oportunidade da formação cultural e a sua incorporação. Sua aplicação
deverá trazer dificuldades inimagináveis aos operadores da justiça uma vez
que não existe cultura e suporte técnico para a sua execução e poderá levar
à uma reforma severa de seu conteúdo ou no pior das hipóteses, de seu
simples discrédito.
Numa fase mais afrente então, até por precedentes jurídicos, a lei seria
então naturalmente proposta, promulgada, aceita e celebrada
universalmente – universalmente "por todos".
Porém, como um dos defensores dessa estratégia da pressa uma vez me
afirmou, “vamos primeiro aprovar, depois a gente muda”, ou o típico vamos
fazer e depois a gente vê no que vai dar, parece que um céu nebuloso
estará a espera dos operadores do judiciário e seus usuários.
Enfim, mais uma vez, vamos ver no que vai dar. Se de um lado a aprovação
de uma lei com alguns parágrafos para um assunto tão complexo por
envolver emoções e tradições poderá trazer mais problema do que solução
para o momento, pelo menos estará trazendo o assunto para a mídia e,
ainda que tardio, para a discussão popular.
A mediação é o caminho.
Guarda compartilhada
Em nossa sociedade o mais usual é que nos casos de separação dos pais, a
guarda seja exercida pela mãe. Neste caso, o pai torna-se um visitante nos
finais de semana alternados, e sua participação no dia a dia dos filhos é
ínfima e se dilui ainda mais com o passar do tempo.
No entanto, a evolução da sociedade tem mudado gradativamente este
cenário. Hoje a estrutura familiar é outra e deve acompanhar as novas
exigências do século vigente. A participação feminina no mercado de
trabalho cresceu, mudaram-se os papéis e ambos passaram a compor a
renda familiar. Além disto, o papel do pai participativo depois da separação
começou a ser discutido, de forma a continuar dividindo com a mãe o papel
da parentalidade, como era no casamento.
Nos últimos anos tem sido cada vez mais comum o questionamento da
sociedade, em particular nos grandes centros urbandos, do papel do Estado
na educação, saúde, segurança pública e transporte. A educação e especial
tem merecido destaque não só na mídia como em todas as esferas do poder
público. Curiosamente é no rápido processo de transformação da sociedade
Brasileira, não só do ponto de vista do dinâmico ambiente em que está
inserida, que se encontra a oportunidade de pavimentar o caminho da
inclusão social, da isonomia e por fim, da própria democracia. Neste sentido,
a formação do indivíduo que passa pela família, religião, escola,
universidade e mercado de trabalho, consititui-se em elemento chave na
consitituição de uma sociedade justa e igualitária.
A família, tal qual foi desenhada por nossos pais e avós, não está decadente
e nem mesmo à beira da dissolução como pensam alguns. O divórcio, seja
litigioso ou não, tornou-se apenas umas consequencia normal de
relacionamentos que terminam. Na cabeça das crianças entretanto, pai e
mãe continuam a representar o papel de protetores a despeito da posição
de alguns.
É fácil perceber que esse é o modelo onde é possível manter uma relação
equilibrada entre as possibilidades e desejos dos filhos e de seus pais, sem
isentar um ou outro de responsabilidades.
Ainda não utilizada com muita freqüência, a guarda compartilhada deve ser
estimulada. O tempo demonstrará que é a melhor opção a ser feita pelos
pais em benefício de todos os membros do que um dia já formaram uma
família, unida pelo amor que gerou filhos. Eles são os únicos que não podem
ser culpados pela separação dos pais e, por isso, merecem gozar dos
benefícios da guarda compartilhada.
Na nossa legislação atual os pais são responsáveis pelo sustento dos filhos,
na proporção dos rendimentos de cada um, conforme determina o artigo
1704 do Código Civil e continuará da mesma forma com a guarda
compartilhada.
O juiz deve buscar qual valor será necessário para o sustento dos filhos com
educação, lazer, vestuário, saúde, etc, levantar os rendimentos de cada um
dos genitores, para determinar o valor que cada um contribuirá para o
sustento do filho. Um dos genitores pode ser escolhido para administrar o
valor pago pelo outro ou o juiz poderá determinar que seja pago in natura,
as despesas dos filhos, dividindo esta obrigação entre os genitores.
Guarda compartilhada não pode ser apenas treta feminista ou feminina. Não
se destina à mulher detentora da coabitação com os filhos, ter “direito” de
solicitar ao ex-marido cuidá-los, sempre que interessar a ela. Para isso ela
deve contratar babá, à suas expensas. A guarda compartilhada exige mútuo
acordo e previsão predeterminada da coabitação dos filhos com cada das
partes do casal separado, e só é totalmente viável se consensual do casal
separado e também dos filhos.