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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO

PUC/SP

LUCIMEIRE OMOTI de AQUINO

OS ALUNOS DE 5ª SÉRIE/6º ANO FRENTE A ATIVIDADES


SOBRE OBSERVAÇÃO E GENERALIZAÇÃO DE PADRÕES

MESTRADO PROFISSIONAL EM ENSINO DE MATEMÁTICA

São Paulo
2008
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO
PUC/SP

LUCIMEIRE OMOTI DE AQUINO

OS ALUNOS DE 5ª SÉRIE/6º ANO FRENTE A ATIVIDADES


SOBRE OBSERVAÇÃO E GENERALIZAÇÃO DE PADRÕES

Dissertação apresentada à Banca Examinadora da Pontifícia


Universidade Católica de São Paulo, como exigência parcial para
obtenção do título de MESTRE PROFISSIONAL EM ENSINO DE
MATEMÁTICA, sob a orientação do(a) Prof(a). Dr(a). Silvia
Dias Alcântara Machado

São Paulo
2008
Banca Examinadora

________________________________________

________________________________________

________________________________________
Autorizo, exclusivamente para fins acadêmicos e científicos, a reprodução total ou parcial desta
Dissertação por processos de fotocopiadoras ou eletrônicos.

Assinatura: _______________________________________ Local e Data: ______________


Dedico este trabalho aos meus pais, Pedro e
Lourdes, como forma de agradecimento, por sempre
desejarem o meu sucesso, me incentivando a buscar
novos conhecimentos e a superar os meus limites, de
modo a perseguir meus objetivos.
AGRADECIMENTOS

Primeiramente à Deus, pela oportunidade da vida e pela força para


vencer os desafios.

Agradeço profundamente ao Sílvio Helena, pelo apoio, paciência e


disposição para estar ao meu lado nessa caminhada, superando os
obstáculos existentes nesse aprendizado.

À todos os meus familiares que me incentivaram e que torceram por


mim.

À Profª Dra Silvia Dias Alcântara Machado, minha orientadora,


pela compreensão, dedicação, responsabilidade e competência, que
com toda a sabedoria me auxiliou na concretização desse trabalho.

Às professoras Dra Ana Maria M. R. Kaleff, Dra Sônia B. C.


Igliori e Dra Bárbara L. Bianchini, pelas importantes contribuições
durante meu exame de qualificação.

À todos os professores do Programa de Estudos Pós-Graduados em


Educação Matemática da PUC/SP que contribuíram para o meu
crescimento acadêmico.

À todos os funcionários da PUC/SP, campus Marquês de


Paranaguá, pelos prestativos serviços.
Aos colegas de Curso, em especial do Grupo de Educação Algébrica,
pelo companheirismo e troca de conhecimentos.

À direção e à coordenação pedagógica da Escola em que foi realizada


a pesquisa, pelo apoio e pela confiança a mim dispensada.

Aos alunos que participaram da pesquisa, pela disposição e


colaboração indispensáveis para a investigação, como também à.seus
pais, por permitirem que seus filhos participassem do projeto.

À Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, pelo apoio


financeiro.

Enfim, à todos que, de alguma forma, contribuíram para a


realização deste projeto.

A autora.
RESUMO

Esta dissertação relata uma investigação cujo objetivo foi investigar se e como
alunos de uma 5ª série/6º ano do Ensino Fundamental são sensibilizados e criam
estratégias para resolver situações que envolvem a percepção e generalização de
padrões em seqüências. Os trabalhos de: Mason (1996) Vale e Pimentel (2005),
Machado (2006) e Radford, Bardini e Sabena (2007) constituíram a principal fonte
das escolhas teóricas feitas. Para a coleta de dados elaborou-se e aplicou-se uma
seqüência didática, inspirada nas fases da Engenharia Didática, conforme Machado
(2002), sendo que a análise “a posteriori” foi multidimensional, pois englobou:
análise dos protocolos, de áudio e de vídeo. As atividades da seqüência foram
propostas a 33 alunos de uma escola pública da periferia de São Paulo. Concluiu-se
que os alunos da 5ª série/6º ano foram sensibilizados, pois se apropriaram dos
problemas propostos. Essa apropriação possibilitou aos alunos observar, analisar,
reconhecer e expressar de modo explícito ou implícito, seja pelo discurso oral ou
escrito, pelas ações, pelos gestos, pelos sinais ou pelos ritmos, a regularidade de
seqüências que apresentavam um padrão.

Palavras-Chave: Educação Matemática, Álgebra, Ensino da Álgebra, Pensamento


Algébrico, generalização de padrões, Alunos do Ensino Fundamental.
ABSTRACT

This work reports a research which aim was to investigate whether and how 5th
series/ 6th year of elementary school students are sensitized by and create strategies
to solve situations involving the perception and generalization of patterns. Mason
(1996), Vale & Pimentel (2005), Radford, Bardini & Sabena (2007) and Machado
(2006) works gave the main base for the research. For the investigation it was
created and applied a didactic sequence, inspired by stages of the methodology of
Didactic Engineering as reported by Machado (2002). The “a posteriori” analysis was
a multidimensional: analysis of the protocols, audio and video. The experiments
involved 33 students from a public school in the suburb of Sao Paulo. It was
concluded that pupils were sensitized by the subject, and had appropriate of the
considered problems. So, pupils showed capacity of to observe, to analyze, to
recognize and to express a sequence’ pattern, in addition to express the generality
symbolically, in explicit or implicit way, either by verbal or written speech, by actions,
by gestures, by signs or by rhythms.

Keywords: Mathematical Education, Algebra, Teaching of Algebra, Algebraic


Thinking, generalization of patterns, Elementary Education Students.
.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1: Seqüência de Triângulos …...………………………………. 32


Figura 2: Girassol ................................................................... 32
Figura 3: Divisão regular do plano III, xilografia, 1957-1958 ....... 33
Figura 4: Seqüência figurativo-numérica ................................... 34
Figura 5: Seqüência geométrico-numérica ................................ 34
Figura 6: Protocolo da Dupla 6, Andréa e Bia ............................ 70
Figura 7: Protocolo da Dupla 13, João e Dora ........................... 72
Figura 8: Protocolo da Dupla 7, Pedro e Edu ............................ 74
Figura 9: Protocolo da dupla D3, Dora e Carol .......................... 107
Figura 10: Protocolo da dupla D1, Alberto e Benedito ............... 108
Figura 11: Protocolo da dupla D5, Daniel e Pedro ..................... 109
Figura 12: Protocolo da dupla D2, Andréa e Bia ........................ 110
Figura 13: Protocolo da dupla D10, João e César ...................... 111
Figura 14: Protocolo da dupla D8, Lúcia e Mara ........................ 112
Figura 15: Protocolo da dupla D1, Alberto e Benedito ................ 113
Figura 16: Protocolo da dupla D6, Laura e Gabi ........................ 113
Figura 17: Protocolo da dupla D2, Andréa e Bia ........................ 116
Figura 18: Protocolo da dupla D9, Bruno e Cristina ................... 116
Figura 19: Protocolo da dupla D10, João e César ...................... 116
Figura 20: Protocolo da dupla D5, Pedro e Daniel ..................... 117
Figura 21: Protocolo da dupla D9, Bruno e Cristina ................... 117
Figura 22: Protocolo da dupla D10, João e César ...................... 118
Figura 23: Protocolo da dupla D6, Laura e Gabi ........................ 119
LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Atividade I – Estratégia 3 – item c ................................................... 60

Tabela 2: Resultados da Atividade I ................................................................ 65

Tabela 3: Classificação dos times brasileiros pela CBF – (Confederação

Brasileira de Futebol): ...................................................................................... 80

Tabela 4: Atividade 3 – Estratégia 4 – item c .................................................. 100

Tabela 5: Participação no experimento dos alunos presentes na 3ª sessão .. 105

Tabela 6: Resultados da atividade 2 ................................................................ 106

Tabela 7: Resultados da atividade 3 ................................................................ 114

Tabela 8: Participação dos alunos na experimentação ................................... 138


SUMÁRIO

Apresentação ................................................................................................. 13

Capítulo 1 ........................................................................................................ 16
JUSTIFICATIVA E OBJETIVO ..................................................................... 16

Capítulo 2 ........................................................................................................ 24
ESCOLHAS TEÓRICO-METODOLÓGICAS ............................................... 24
Introdução ..................................................................................................... 24
Fundamentos Teóricos ..................................................................................... 24
Metodologia ................................................................................................... 44

Capítulo 3 ........................................................................................................ 47
EXPERIMENTAÇÃO .................................................................................... 47
Introdução ..................................................................................................... 47
Primeiras decisões .......................................................................................... 47
Critérios de seleção ....................................................................................... 47
Da Escola ................................................................................................. 47
Dos sujeitos da pesquisa ............................................................................. 49
Providências tomadas .................................................................................... 50
Contato com a direção da Escola .................................................................. 50
Contato com alunos e responsáveis ............................................................... 51
Seqüência didática .......................................................................................... 53
1ª sessão .................................................................................................... 57
• Análise a priori de cada item da atividade ............................................... 58
• Descrição da aplicação do instrumento .................................................. 62
• Descrição dos resultados e análise a posteriori ....................................... 64

• Conclusão parcial .............................................................................. 76


2ª sessão ............................................................................................................ 78
Institucionalização .............................................................................................. 78
• Descrição da realização da institucionalização ........................................ 83
• Descrição dos resultados e análise a posteriori ....................................... 84
• Conclusão parcial .............................................................................. 91
3ª sessão .................................................................................................... 92
Atividade 2 ......................................................................................................... 92
• Análise a priori de cada item da atividade ............................................... 94
Atividade 3 ............................................................................................... 96
• Análise a priori de cada item da atividade ............................................... 97
• Descrição da aplicação do instrumento ......................................................... 102
• Descrição dos resultados e análise a posteriori .............................................. 105
• Conclusão parcial ..................................................................................... 121

Capítulo 4 ........................................................................................................ 123


CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................... 123

REFERÊNCIAS ............................................................................................... 133

ANEXOS .......................................................................................................... 138


13

Apresentação

Esta pesquisa partiu da preocupação em minha prática docente com as

dificuldades dos alunos na resolução de problemas, que deixam de utilizar a

abordagem algébrica necessária para chegar a uma solução, e no geral, buscam

uma resposta por meio de tentativa e erro ou esperam uma estratégia de resolução

pronta e direcionada pelo professor.

Ao mesmo tempo, resultados de desempenho dos alunos em avaliações,

como os divulgados pelo SAEB - Sistema Nacional de Avaliação da Educação

Básica – (2001), demonstraram dificuldades dos alunos com o uso da linguagem

algébrica na resolução de problemas.

Entretanto, várias pesquisas, como as de Mason (1996), Lee (1996),

Fiorentini, Miguel & Miorim (1993), Vale e Pimentel (2005), revelaram que a

observação e generalização de padrões pode ser um caminho adequado para o

desenvolvimento do pensamento algébrico ao longo do currículo escolar, podendo

também auxiliar o aluno a desenvolver habilidades e competências para resolver

problemas.

Assim, esses fatos me levaram a pesquisar a importância de atividades de

observação, percepção, descrição de regularidades e generalização de padrões no

desenvolvimento do pensamento algébrico desde as séries iniciais, investigando os

meus alunos mais novos que são os do terceiro ciclo do Ensino Fundamental.
14

Portanto, com esta pesquisa pretendo investigar se e como meus alunos de

5ª série/6º ano do Ensino Fundamental se sensibilizam e criam estratégias para

resolver situações que envolvam a observação, percepção, descrição e

generalização de padrões.

Para tanto, este trabalho foi dividido em quatro capítulos descritos da seguinte

forma:

No capítulo 1, apresento a justificativa e o objetivo dessa pesquisa,

destacando a importância dos estudos realizados pelo Grupo de Pesquisa em

Educação Algébrica – GPEA – do Programa de Estudos Pós-graduados em

Educação Matemática da PUC/SP, comentando sobre o ensino da álgebra e as

indicações feitas por documentos institucionais como os Parâmetros Curriculares

Nacionais – PCN.

No capítulo 2, faço a apresentação das escolhas teórico-metodológicas que

nortearam essa pesquisa, servindo como referenciais importantes sobre o tema

generalização de padrões, dentre eles: Fiorentini, Miguel e Miorim (1993), Ponte

(2005), Vale e Pimentel (2005), Mason (1996) e Lee (1996).

Nesse capítulo apresento também a metodologia de pesquisa qualitativa

adotada, a Engenharia Didática, descrevendo resumidamente suas fases: análises

preliminares, análise a priori, a experimentação, a análise a posteriori e a validação.

No capitulo 3, descrevo a experimentação em si, desde as primeiras

decisões, escolhas e providências, bem como o desenvolvimento da seqüência

didática, com a elaboração do instrumento de pesquisa, as análises a priori, as

descrições da aplicação do instrumento de pesquisa e dos resultados, as análises a

posteriori e as conclusões parciais de cada uma das três sessões realizadas.


15

Por fim no quarto e último capítulo faço as considerações finais baseadas nas

conclusões que permearam a investigação, apresentando uma síntese das principais

constatações obtidas durante as análises, abordando a metodologia adotada, os

resultados e o objetivo da pesquisa, bem como a sua importância para o ensino da

matemática.
16

Capítulo 1

JUSTIFICATIVA E OBJETIVO

Em minha prática docente como professora de matemática do Ensino Básico,

ao longo de dez anos, tenho me deparado com as dificuldades que os alunos

apresentam em resolver problemas, em especial, na conversão da linguagem natural

para a linguagem simbólica da matemática.

Percebi que, muitas vezes, eles deixam de utilizar a abordagem algébrica

necessária para chegar a uma solução de um problema, e por essa razão, no geral,

buscam uma resposta por meio de tentativa e erro, o que muitas vezes torna inviável

a resolução de um problema que apresente um maior grau de dificuldade.

Um aspecto da dificuldade apresentada pelos alunos pode ser detectado

pelas conversas informais com muitos colegas de profissão que sempre reclamam

da falta de interesse e motivação por parte dos alunos em enfrentar um desafio,

solicitando e esperando uma estratégia de resolução pronta ou direcionada pelo

professor.

Nessa mesma direção, muitos alunos me alegam que a matemática é uma

“coisa” complicada, difícil de entender, cheia de fórmulas incompreensíveis, que

muitas vezes não têm nada a ver com suas vidas.

De acordo com o Saeb (Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica)

de 2001, foi possível observar, pela análise dos itens apresentados, que os alunos

da 4ª série/5º ano do Ensino Fundamental apresentaram dificuldades tanto em


17

procedimentos algorítmicos, quanto na resolução de problemas envolvendo números

e operações. Já os alunos de 8ª série/9º ano do Ensino Fundamental também

demonstraram dificuldade com o uso da linguagem simbólica ou algébrica na

resolução de problemas.

Assim, sempre me questionei como buscar um caminho diferente que

pudesse transformar minha prática docente em escolhas mais adequadas e que

contribuíssem para a aprendizagem do aluno, levando-o à construção do seu próprio

conhecimento.

Com essa preocupação, aproveitei a oportunidade oferecida pela SEE-SP

(Secretaria de Educação do Estado de São Paulo) e me inscrevi no Mestrado

Profissional em Ensino da Matemática do Programa de Estudos Pós-graduados em

Educação Matemática da PUC/SP para compreender melhor os problemas de

ensino e de aprendizagem da matemática visando uma docência mais frutífera.

No Programa me inseri no Grupo de Pesquisa em Educação Algébrica –

GPEA – cujos objetivos contemplam pesquisas dedicadas à abordagem de temas

que envolvem as questões levantadas por mim durante a minha prática docente.

Segundo justificativa apresentada pelos pesquisadores do GPEA em texto

que consta do site1 do grupo, historicamente, a álgebra recebeu um maior destaque

na década de 60, porém, após esse período, ela foi perdendo paulatinamente

espaço e é com freqüência vista como um amontoado de símbolos de valor

indiscernível.

O mesmo texto salienta que pesquisas em Educação Matemática têm

apontado que, se por um lado, a Álgebra é importante para propiciar a introdução de

1
<http://www.pucsp.br/gpea>. Acesso em: 15 fev 2008.
18

idéias matematicamente significativas, por outro é um obstáculo para a trajetória

educacional de muitos.

Fato também ressaltado por Miguel, Fiorentini e Miorim (1992), pois durante o

período do Movimento da Matemática Moderna o campo da álgebra teve maior

ênfase, fazendo com que o ensino da geometria sofresse um processo de

descaracterização e fosse quase que abandonado na sala de aula.

Entretanto, segundo esses autores, o ensino da álgebra também foi

prejudicado pelo formalismo presente e a ênfase dada ao estudo das estruturas

algébricas, acarretando uma visão austera e formal para os alunos, perdendo,

inclusive, o valor instrumental para a resolução de problemas.

Apesar de tanto o campo da geometria como o da álgebra terem tido

prejuízos, apenas se ressaltou o abandono do ensino da geometria, esquecendo-se

que o ensino da álgebra também necessitava de uma reavaliação.

Como conseqüência, a partir da década de 80, o ensino da geometria

recebeu maior atenção. E para superar essa atitude de priorizar um dos campos, os

autores afirmam a necessidade de repensar também o ensino da álgebra.

Desse modo, o mesmo texto dos pesquisadores do GPEA revela que a

posição sobre a álgebra no Ensino Básico, dados os pressupostos construtivistas

preconizados pelas políticas públicas, impõe desafios específicos sobre o ensino de

álgebra na Licenciatura. E que esses pressupostos implicam uma revisão do

conceito de "educação cientifica" e do processo de formação, tanto inicial quanto

continuada, do professor.

Dessa problemática, o grupo suscita a questão: "Qual a álgebra a ser

ensinada na formação de professores?”.


19

Essa questão justifica-se pelo exame de documentos oficiais e institucionais

que revelam descontinuidades existentes no ensino de álgebra entre os diversos

níveis de ensino. E isso conduz o grupo a investigar o ensino da álgebra nos níveis

de educação: infantil, básica, universitária e pós-universitária.

Assim, nessa direção, entre os projetos do GPEA que fazem parte do projeto

maior: “Qual a álgebra a ser ensinada na formação de professores?”, me identifiquei

com aquele denominado: “Observação e generalização de padrões, uma atividade

matemática transversal”.

As investigações desse projeto tratam da importância do desenvolvimento de

habilidades e competências propiciadas por atividades de observação e

generalização de padrões na resolução de problemas.

A seguir, para melhor compreender os objetivos, apresento as considerações

sobre esse projeto que constam do site2 do Programa de Estudos Pós-Graduados

em Educação Matemática da PUC/SP:

As pesquisas deste projeto visam investigar o estatuto da observação e


generalização de padrões no nível institucional, docente e discente. Os
resultados dessas pesquisas visam contribuir para a sensibilização da
comunidade escolar sobre a importância do desenvolvimento de habilidades
e competências propiciadas por atividades da observação e generalização
de padrões no equacionamento de problemas.

No nível institucional, ao examinar os Parâmetros Curriculares Nacionais

(PCN), que norteiam a prática pedagógica, em relação ao ensino da álgebra,

segundo Silva (2006), ficou evidenciado, que apesar dos PCN indicarem o estudo

associado de álgebra e aritmética, não estão contempladas no conjunto de suas

orientações ações que possam concretizar essa indicação, havendo a necessidade

2
Disponível em: <http://www.pucsp.br/gpea>. Acesso em: 22 fev 2008.
20

de reflexão sobre o ensino da álgebra no ensino fundamental em todos os

segmentos envolvidos na educação.

Há indicações de que nas séries iniciais do Ensino Fundamental já se pode

desenvolver uma pré-álgebra, mas é especialmente nas séries finais do Ensino

Fundamental que as atividades algébricas devem ser ampliadas e, que por meio de

situações-problema, o aluno reconhecerá as diferentes funções da álgebra

(generalizar padrões aritméticos, estabelecer relação entre duas grandezas,

modelizar, resolver problemas que envolvem abordagens numéricas mais difíceis).

Ainda com relação ao início dos estudos da álgebra encontramos nos PCN do

Ensino Fundamental as seguintes recomendações:

No decorrer do trabalho com os números, é fundamental estudar algumas


relações funcionais pela exploração de padrões em seqüências numéricas
que levem os alunos a fazer algumas generalizações e compreender, por
um processo de aproximações sucessivas, a natureza das representações
algébricas. A construção dessas generalizações e de suas respectivas
representações permite a exploração das primeiras noções de álgebra [....]
Devido à complexidade que caracteriza os conceitos e procedimentos
algébricos não é desejável que no terceiro ciclo se desenvolva um trabalho
visando ao aprofundamento das operações com as expressões algébricas e
as equações. É suficiente nesse ciclo que os alunos compreendam a noção
de variável e reconheçam a expressão algébrica como uma forma de
traduzir a relação existente entre a variação de duas grandezas. É provável
que ao explorar situações-problema que envolvam variação de grandezas o
aluno depare com equações, o que possibilita interpretar a letra como
incógnita. Nesse caso, o que se recomenda é que os alunos sejam
estimulados a construir procedimentos diversos para resolvê-las, deixando
as técnicas convencionais para um estudo mais detalhado no quarto ciclo.
(p. 68)

É possível perceber, por essas indicações, que os PCN tratam da importância

da observação de padrões e da construção de generalizações e suas

representações como um meio para explorar as primeiras noções de álgebra.

Porém, no terceiro ciclo3 não sugerem o aprofundamento das operações com

3
(6º e 7º anos, antigas 5ª e 6ª séries)
21

expressões algébricas e com equações, postergando o estudo dessas técnicas para

os anos finais do Ensino Fundamental.

De fato, como analisou Silva (2006), os PCN falam de desenvolver uma “pré-

álgebra” a partir do terceiro ciclo, através de jogos, modelos, generalizações e

representações matemáticas com gráficos e, no quarto ciclo, o trabalho com álgebra

(procedimentos mecânicos para lidar com expressões e equações).

Essas indicações dos PCN me fazem questionar as formas de abordagem e

como explorar as idéias da álgebra. Será que essas indicações dos PCN são mesmo

apropriadas? Será que há uma ordem na abordagem da aritmética e da álgebra?

Lins e Gimenez (1997), em suas propostas de Educação Aritmética e

Algébrica, fazem uma crítica a esse respeito. Para eles, a álgebra e a aritmética

precisam ser pensadas em termos de significados produzidos no interior de

atividades, e não como termos de técnicas e conteúdos. (p. 161)

Para os autores não há sentido na afirmação de que a aritmética deve

preceder a álgebra, e nem o contrário, visto que existem diversas experiências extra-

escolares que as crianças trazem consigo envolvendo a aritmética. Estas

experiências sugerem a coexistência da Educação Algébrica com a Aritmética, de

modo que uma esteja implicada no desenvolvimento da outra.

Essas colocações me pareceram muito convincentes para esclarecer as

minhas indagações, mostrando que a construção de significados quando o aluno

realiza uma atividade é mais importante do que desenvolver um conteúdo e executar

técnicas, muitas vezes, puramente mecânicas e sem sentido para o aluno.

Dessa forma, se há uma coexistência da Educação Algébrica com a

Aritmética, implicando uma no desenvolvimento da outra, não há razão para se

definir o tempo que se deve iniciar o estudo da álgebra.


22

Na realidade os membros do GPEA, em suas produções, dão a álgebra, um

sentido mais amplo, expressando que o campo da álgebra consiste tanto na álgebra

escolar e superior, como inclui a Teoria Elementar dos Números, que por sua vez

inclui a Aritmética.

Vale dizer que vários autores, como Fiorentini, Miorim e Miguel (1993),

Carraher, Schliemann e Brizuela (2001), referenciados no capítulo II, defendem que

o pensamento algébrico deve estar presente na formação dos alunos desde as

séries iniciais, buscando desenvolver a capacidade de perceber regularidades e

expressá-las, através do processo de generalização.

Da mesma forma, Lee (2001, apud Silva 2006) menciona que o pensamento

algébrico empenhado em refletir sobre algum sistema matemático ou do mundo real,

isto é, envolvido na revelação de modelos, padrões e no ato de dizer ou escrever

padrões, tem sido mostrado como uma introdução ao pensamento algébrico

excelente e adequado para crianças e adolescentes.

Ademais, no próximo capítulo, menciono pesquisas que averiguaram que a

generalização de padrões pode ser um caminho para o desenvolvimento do

pensamento algébrico, podendo também, auxiliar o aluno a desenvolver habilidades

e competências para resolver problemas.

Também pude constatar a importância da generalização de padrões ao me

deparar com o artigo “O aluno de quinta série é capaz de perceber e descrever

regularidade em um padrão?” (Machado, 2006), que levantou questões e pontos

positivos, quanto às reações dos alunos do terceiro ciclo do Ensino Fundamental

frente a uma situação que envolve a observação e generalização de padrões.

Assim, convencida da relevância do tema, decidi abordar atividades

referentes à percepção, descrição de regularidades e generalização de padrão,


23

investigando alunos do terceiro ciclo do Ensino Fundamental, buscando comparar

com os resultados da pesquisa relatada no artigo referido (Machado, 2006), e trazer

novos subsídios que possibilitem verificar se o aluno do 3º ciclo é capaz de perceber

e descrever regularidades em um padrão.

Portanto, o objetivo desta pesquisa é investigar se e como meus alunos de 5ª

série/6º ano do Ensino Fundamental se sensibilizam e criam estratégias para

resolver situações que envolvam a percepção e generalização de padrões.


24

Capítulo 2

ESCOLHAS TEÓRICO-METODOLÓGICAS

Introdução

Neste capítulo, apresento os trabalhos que contribuíram, direta ou

indiretamente, para a realização dessa pesquisa e que serviram de referencial

teórico, possibilitando uma melhor compreensão do tema observação e

generalização de padrão e sua importância para o desenvolvimento do pensamento

algébrico.

A seguir, faço também a descrição da metodologia de pesquisa adotada.

Fundamentos Teóricos

Primeiramente, destaco os seguintes trabalhos de pesquisadores em

educação matemática pertinentes a minha pesquisa:

Fiorentini, Miguel e Miorim (1992), no artigo “Álgebra ou Geometria: para onde

pende o pêndulo”, revelam a existência de uma atitude oscilatória e maniqueísta em

relação aos campos da álgebra e da geometria ao longo da história da matemática

no Brasil.

Os autores defendem que para superar tal atitude torna-se necessário

repensar o ensino da álgebra.


25

Para tanto, devem-se realizar estudos que procurem explicitar a

especificidade da álgebra e o papel por ela desempenhado na história do

pensamento humano, particularmente na história do pensamento científico e

matemático.

Já no artigo “Contribuição para um repensar...a educação algébrica

elementar”, de 1993, os mesmos autores apresentam alguns elementos que

permitem repensar a educação algébrica, a partir de uma análise comparativa entre

as concepções de educação algébrica no decorrer da história do ensino da

matemática e as concepções de álgebra implícitas nas leituras históricas do

desenvolvimento desse campo da matemática.

Nessa comparação, eles concluem que ambas priorizaram a linguagem em

detrimento do pensamento. Isto implica em repensar a relação que existe entre a

linguagem e o pensamento.

Eles lembram que na educação algébrica tem-se considerado que o

pensamento algébrico se dá pela manipulação sintática da linguagem algébrica.

Entretanto, os autores acreditam que exista entre o pensamento algébrico e a

linguagem, não uma relação de subordinação, mas sim uma relação de natureza

dialética, uma vez que, tanto no plano histórico quanto no pedagógico, a linguagem

é, a princípio, a expressão de um pensamento.

De acordo com os autores, o pensamento algébrico é um tipo especial de

pensamento que pode se manifestar não apenas nos diferentes campos da

matemática, mas também em outras áreas do conhecimento.

Ele pode expressar-se através da linguagem natural, aritmética, geométrica

ou através de uma linguagem algébrica, de natureza estritamente simbólica.


26

Vale destacar, a referência quanto ao momento de iniciação do pensamento

algébrico no currículo escolar, não havendo razão para a sustentação de uma

iniciação relativamente tardia, pois o pensamento algébrico não prescinde de uma

linguagem estritamente simbólico-formal para sua manifestação.

Logo, o trabalho com esse tipo de pensamento deve estar presente na

formação do aluno desde as séries iniciais.

Nas séries iniciais, deve-se buscar desenvolver a capacidade de perceber

regularidades e de captar e expressar retoricamente, ou de forma semiconcisa, a

estrutura subjacente às situações-problema, através do processo de generalização.

Fiorentini, Miguel e Miorim (1993) ressaltam que o pensamento algébrico se

potencializa à medida que, gradativamente, o aluno desenvolve uma linguagem mais

apropriada a ele e fazem uma ressalva:

Se a introdução precoce e sem suporte concreto a uma linguagem simbólica


abstrata pode funcionar como um freio à aprendizagem significativa da
álgebra, o menosprezo ao modo de expressão simbólico-formal constitui-se
também em um impedimento para o seu pleno desenvolvimento. (p. 89)

Para finalizar, os autores defendem como primeira etapa para a educação

algébrica o trabalho com situações-problema.

Por conseguinte, um trabalho reflexivo e analítico sobre o modo como

conduzimos e expressamos nosso pensamento, visando à resolução de situações-

problema, possibilita a construção de uma linguagem simbólica significativa para o

aluno.

Um ponto relevante para a minha pesquisa foi as considerações feitas pelos

autores a respeito do tempo de iniciação ao pensamento algébrico e as formas de

introdução desse pensamento.


27

Graças a esses autores, constatei a importância de realizar atividades que

desenvolvam o pensamento algébrico desde as séries iniciais. E que essas

atividades, nas séries iniciais, devem buscar desenvolver a capacidade de perceber

regularidades e expressá-las, através do processo de generalização.

Com certeza, esses pesquisadores esclareceram muitos aspectos referentes

ao desenvolvimento adequado do pensamento algébrico, além de levar a um

repensar das concepções de educação algébrica e da álgebra, contribuindo para

que eu confirmasse a relevância do tema generalização de padrão e me

interessasse por investigar os alunos das séries mais novas, que no meu caso é a 5ª

série/6ºano.

Outra pesquisa que tratou da iniciação aos estudos da álgebra foi a realizada

por Carraher, Schliemann e Brizuela (2001), no artigo “Can young students operate

on unknown?”4.

De acordo com os autores, a aprendizagem da álgebra tem sido

tradicionalmente adiada até a adolescência por causa de suposições equivocadas

quanto à natureza da aritmética e quanto à capacidade dos estudantes jovens.

Para eles, a aritmética é algébrica até o ponto que dá oportunidades de fazer

e expressar generalizações. Idéia corroborada pelos pesquisadores do GPEA.

Em sua pesquisa, com alunos de nove anos de idade, eles verificaram que as

crianças usaram notação algébrica para representar um problema de relações

aditivas.

4
“Os estudantes jovens podem operar com incógnitas?” (Tradução nossa)
28

As crianças não apenas operaram com incógnitas, mas também conseguiram

entender que a incógnita substitui todos os possíveis valores que uma entidade pode

ter.

É crucial para os estudantes aprender a representar e manipular incógnitas.

No entanto, os pesquisadores acreditam ser um erro atribuir a emergência

tardia dessa habilidade aos limites do desenvolvimento mental e sim devido à

introdução tardia da álgebra no currículo da matemática, que não tem relação com

os conhecimentos dos alunos e as intuições sobre aritmética.

Segundo os autores, os conceitos algébricos e sua notação são partes da

aritmética e sugerem que a aritmética deve estar ligada com o significado algébrico

desde muito cedo na educação matemática.

Carraher, Schliemann e Brizuela (2001) afirmam que ainda existe muito a ser

feito, pois a iniciação da educação algébrica ainda não é um campo bem definido.

Entretanto, é surpreendente conhecer as habilidades das crianças em fazer

generalizações, como também em usar a notação algébrica.

Dessa forma, os resultados que os autores relatam trouxeram subsídios para

a minha pesquisa ao indicar que alunos mais jovens foram bem sucedidos ao

desenvolver atividades algébricas.

Além disso, as considerações dos autores sobre a iniciação tardia da álgebra

no currículo ser um obstáculo para o desenvolvimento das habilidades algébricas

dos alunos reforçaram a necessidade de realizar atividades envolvendo o

pensamento algébrico desde as séries iniciais.

Assim, autores como Carraher e seu grupo trouxeram elementos para a

iniciação algébrica, que me ajudaram a definir os sujeitos da minha pesquisa, ou

seja, investigar alunos da 5ª série/ 6º ano.


29

O artigo “O aluno de quinta série é capaz de perceber e descrever

regularidade em um padrão?” (Machado, 2006), trata de uma pesquisa realizada por

componentes do GPEA, durante um curso que versava sobre o tema de observação

de regularidades e generalização de padrões, realizado com professores da rede

pública.

Uma das professoras participantes, sensibilizada pelo tema, aplicou, em uma

quinta série, uma atividade envolvendo padrões numéricos, de modo a verificar

como seus alunos reagiriam quando defrontados por uma situação que envolvesse a

observação e generalização de padrão.

Ao tratar da importância do tema, a autora do artigo citado busca um apoio

teórico em Devlin (2002, apud Machado, 2006), em que, para ele, os padrões

existem no mundo das idéias e dos pensamentos. Podem ser reais ou imaginários,

visuais ou mentais, estáticos ou dinâmicos, qualitativos ou quantitativos, puramente

utilitários ou recreativos.

Na matemática, a procura por regularidades para descrever padrões é tão

importante que levou Devlin a colocar como título de seu livro a frase: “Matemática: a

ciência dos padrões”.

Assim, segundo Devlin, a matemática não é apenas manipulação de símbolos

de acordo com regras arcaicas, mas sim a compreensão de padrões.

A matemática, sob essa perspectiva, ciência dos padrões, permite que o

aluno tenha uma maior motivação, onde a descoberta tem um papel fundamental em

sua aprendizagem, assim como o ensino da álgebra possa se dar desde cedo no

currículo escolar.

Além de Devlin, outro apoio foi Mason et al (1985, apud Machado, 2006), que

indicam o uso de padrões como assunto capaz de levar o aluno a conceber a


30

álgebra como uma linguagem adequada para expressar regularidades, na qual a

generalização tem papel importante.

Mason et al (1985, apud Machado, 2006) apresentam o ciclo da

generalização, ou seja, a conversão do específico para o geral: primeiro a percepção

da generalidade, segundo a sua expressão, terceiro a expressão simbólica da

generalidade para, finalmente, atingir a manipulação da generalidade para resolver

um problema.

Machado lembra que os PCN do Ensino Fundamental confirmam a

importância da aprendizagem algébrica, argumentando que o estudo da álgebra

permite que o aluno desenvolva e exercite sua capacidade de abstração e

generalização, além de ser uma poderosa ferramenta para resolver problemas.

Entretanto, ela ressalta que enquanto os PCN sugerem o trabalho com

padrões desde a 6ª série/7º ano, em outros países, como nos Estados Unidos,

sugere-se iniciar as atividades com padrões desde a 2ª série/3º ano do Ensino

Fundamental.

Finalmente, após a descrição e análise dos dados coletados, foi possível

perceber que os alunos da quinta série tiveram maturidade, e que assim, podem e

devem trabalhar com esse tema, sendo capazes de observar e reconhecer um

padrão, além de em alguns casos, expressar, verbalmente ou por escrito, uma regra

que permite indicar um termo qualquer da seqüência.


31

A pesquisa relatada por Machado foi mais um incentivo para confirmar a

importância do tema escolhido por mim, me motivando a investigar alunos da 5ª

série/6º ano.

Considerei importantes as considerações da autora, bem como as de Mason,

em especial, a sua apresentação do ciclo de generalização, servindo como apoio

para a análise do meu instrumento de pesquisa.

Julguei apropriada a atividade escolhida pela professora da pesquisa referida,

que envolvia padrão do tipo numérico e decidi incluí-la nas atividades que eu iria

aplicar na minha pesquisa.

Dessa forma, por essa pesquisa ter sido realizada com alunos de 5ª série,

seus resultados me auxiliaram bastante na escolha, elaboração e análise dos

resultados do instrumento da minha pesquisa.

No artigo supracitado, Machado fez referência a Perez (2006), o que chamou

minha atenção para conhecer esse trabalho:

Perez apresentou uma pesquisa, com a participação de nove alunos do

Ensino Médio de uma escola pública, aplicando atividades cujo objetivo foi investigar

se e como os alunos do Ensino Médio resolvem problemas que envolvem a

generalização de padrão. Ela adotou a engenharia didática como metodologia de

sua pesquisa.

Em sua pesquisa, Perez também comenta a importância da observação de

regularidades e que na matemática podemos descobrir e revelar padrões de vários

tipos, como por exemplo, na geometria podemos descrever padrões visuais:


32

...

5
Figura 1: Seqüência de triângulos

Nesta seqüência de triângulos vários padrões podem ser percebidos e

descritos.

Existem também vários tipos de padrões de formas e figuras que os nossos

olhos são capazes de visualizar. Por exemplo, a regularidade geométrica que

apresenta uma flor:

6
Figura 2: girassol

A Natureza "arrumou" as sementes do girassol sem intervalos, na forma mais

eficiente possível, formando espirais que tanto curvam para a esquerda como para a

direita. Curiosamente, se contarmos essas espirais, quer para um lado, quer para

outro, perceberemos que os números de espirais em cada direção são (quase

sempre) números vizinhos na seqüência de Fibonacci7. O raio dessas espirais varia

de espécie para espécie de flor.

5
(Perez, 2006, p.20)
6
figura disponível em: <http://www.educ.fc.ul.pt/icm/icm2002/icm203/numeros.htm>. Acesso em: 15
fev 2008.
7
Uma seqüência de números naturais em que cada termo é obtido, por recorrência, somando-
se os dois termos imediatamente anteriores, é chamada de seqüência de FIBONACCI:
0,1,1,2,3,5,8,13,21,34,55,89,144,...
33

Assim, tanto podemos perceber padrões com regularidades geométricas

quanto numéricas.

Perez também cita padrões visuais que tem como características o fato de

eles se repetirem de forma regular até preencherem totalmente um polígono, como

por exemplo, os desenhos do artista holandês M. C. Escher (1898-1972):

8
Figura 3: Divisão regular do plano III, xilografia, 1957 - 1958

Segundo Perez, os padrões representados por números são mais abstratos,

assim como os números que os descrevem, por exemplo, as progressões

aritméticas e geométricas.

Há também padrões mais complexos, do ponto de vista matemático, como,

por exemplo, os padrões relacionados ao fato de serem números primos ou

compostos, números quadrados perfeitos, entre outros. Esse tipo de estudo é

abordado pela Teoria dos Números.

Ou seja, os padrões numéricos estão ligados à idéia de algum tipo de

regularidade, seja ela recursiva ou de repetição, na qual se possa identificar uma lei

8
Figura disponível em: <http://en.wikipedia.org/wiki/Regular_Division_of_the_Plane>. Acesso em: 15
Fev 2008.
34

que permita continuar a seqüência e chegar à sua generalização (Vale et al, no

prelo).

Existem também os padrões compostos, denominados figurativo-numéricos.

Para exemplificar:

...

Figura 4: Seqüência figurativo-numérica

Dentre os padrões figurativo-numéricos, estão aqueles que são denominados

de geométrico-numéricos, por exemplo:

...

Figura 5: Seqüência geométrico-numérica

Dessa forma, temos uma tipificação adequada dos padrões que podemos

encontrar ao abordar atividades envolvendo observação e generalização de

padrões.

Por fim, Perez considera que o objetivo de sua pesquisa foi atingido, pois os

alunos do ensino médio, mesmo tendo alegado que nunca tinham trabalhado com

aquele tipo de atividade, resolveram questões de generalização de padrões,

utilizando estratégias diversificadas.

O trabalho de Perez colaborou para a minha pesquisa, me fazendo atentar

para a metodologia de pesquisa adotada por ela, pois a minha intenção era fazer
35

uma investigação com alunos da 5ª série/ 6º ano e pude perceber, pelo seu trabalho,

que essa metodologia também seria apropriada para a minha pesquisa.

Outra colaboração importante foi a explicitação dos tipos de padrões

existentes, me fazendo diferenciá-los melhor e levar em consideração a escolha do

tipo de padrão a ser usado na minha investigação.

Assim, me interessei, em especial, utilizar no meu instrumento de pesquisa os

padrões numéricos ligados à idéia de algum tipo de regularidade, seja ela recursiva

ou de repetição, na qual se possa identificar uma lei que permita continuar a

seqüência e chegar à sua generalização.

Além disso, as análises e considerações feitas por Perez serviram de apoio

para as análises da minha própria pesquisa.

Com certeza, algumas atividades de Perez me inspiraram na elaboração das

atividades escolhidas, embora, a sua pesquisa tenha sido realizada com alunos do

Ensino Médio e a minha com alunos do Ensino Fundamental.

Outro pesquisador que contribuiu com elementos fundamentais para minha

argumentação sobre a relevância do tema generalização de padrões foi Ponte

(2005).

Em seu artigo “Números e álgebra no currículo escolar”, ele comenta que um

dos objetivos do estudo da álgebra, na escola, é desenvolver o pensamento

algébrico dos alunos, que inclui a capacidade de manipulação de símbolos, porém

vai muito além disso.

Ele cita, de acordo com o National Council of Teachers of Mathematics –

NCTM - (2000), que o pensamento algébrico diz respeito ao estudo das estruturas, à

simbolização, à modelação e ao estudo da variação:


36

 Compreender padrões, relações e funções (Estudo das estruturas),

 Representar e analisar situações matemáticas e estruturas, usando

símbolos algébricos (Simbolização),

 Usar modelos matemáticos para representar e compreender relações

quantitativas (Modelação),

 Analisar mudança em diversas situações (Estudo da variação) (p. 37, apud

Ponte, 2005).

Segundo Ponte, o pensamento algébrico inclui a capacidade de lidar com o

cálculo algébrico e as funções.

Contudo, inclui também a capacidade de lidar com outras estruturas

matemáticas e usá-las na interpretação e resolução de problemas matemáticos.

A capacidade de manipulação de símbolos é um dos elementos do

pensamento algébrico, assim como a capacidade de interpretar e de usar de forma

criativa os símbolos matemáticos, na descrição de situações e na resolução de

problemas.

Isto é, no pensamento algébrico dá-se atenção não só aos objetos, mas

também às relações existentes entre eles, representando e raciocinando sobre

essas relações tanto quanto possível de modo geral e abstrato.

Assim, ele defende que uma das vias privilegiadas para promover esse

raciocínio é o estudo de padrões e regularidades.

O autor também sugere a contextualização na abordagem da álgebra, tendo

como ponto de partida situações reais.

Dentre suas conclusões, aponta a necessidade de repensar a abordagem da

álgebra, valorizando o pensamento algébrico e tornando-o uma orientação

transversal do currículo.
37

Dessa forma, Ponte é um referencial importante para a minha pesquisa, pois

defende que a generalização de padrões é um caminho para o desenvolvimento do

pensamento algébrico, devendo fazer parte do currículo de todas as séries do

ensino.

Na mesma direção de pesquisa de Ponte, destaco também Vale e Pimentel

(2005), que no artigo “Padrões: um tema transversal do currículo”, publicado na

revista Educação e Matemática, defendem que a matemática sob a perspectiva da

ciência dos padrões pode contribuir para uma nova visão dessa disciplina por parte

dos professores e proporcionar contextos de aprendizagem estimulantes para o

aluno, em que o seu raciocínio matemático possa ser explorado.

O reconhecimento de padrões na natureza tem ajudado o homem a fazer

previsões e a compreender o meio que nos rodeia, tendo muita influência no

desenvolvimento das ciências.

Vários pesquisadores definem a matemática como a ciência dos padrões (e.g.

Davis e Hersh, 1981; Devlin, 2002; Sawyer, 1955; Steen, 1990, apud Vale e

Pimentel, 2005), pois um dos objetivos da matemática é descobrir regularidade onde

parece haver o caos, extrair a estrutura e a invariância da desordem e da confusão.

Desse modo, para Goldenberg (1998, apud Vale e Pimentel, 2005) a procura

por invariantes deve ser o fulcro do ensino da matemática, pois como ciência dos

padrões, ela trata da procura da estrutura comum subjacente a coisas que em todo o

resto parecem completamente diferentes.

Assim, o termo padrão tem uma multiplicidade de sentidos que deve ser

explorada, inclusive na matemática, pois o uso de padrões é um componente


38

poderoso da atividade matemática, uma vez que a sua procura é indispensável para

conjecturar e generalizar.

Vale e Pimentel (2005) fazem várias referências à importância dada aos

padrões nas recomendações curriculares de Portugal e afirmam que os professores

têm diversas oportunidades de explorar atividades envolvendo padrão, ao longo do

desenvolvimento curricular.

Elas alegam que a procura por padrões é essencial na resolução de

problemas e no trabalho investigativo, sendo um modo promissor de exploração da

álgebra e que, portanto, é necessário desenvolver essa competência nos alunos

desde os primeiros contatos com a matemática, através de problemas significativos

em que o uso da álgebra seja relevante.

Quanto à resolução de problemas através de um trabalho investigativo, as

pesquisadoras citam Herbert e Brown (1997, apud Vale et al, no prelo) que indicam

que o processo investigativo envolve três fases:

1- Procura de padrões — extrair a informação relevante;

2- Reconhecimento do padrão, descrevendo-o através de métodos diferentes

— a análise dos aspectos matemáticos; e

3- Generalização do padrão – a interpretação e aplicação do que se

aprendeu.

Elas tratam da importância de começar com atividades de reconhecimento de

padrões, para que o aluno acostume com esse modo de pensar e facilite a

abordagem de tarefas mais complexas.

Para tanto, Vale e Pimentel citam Orton (1999, apud Vale et al, 2006) que, em

seus estudos, faz as seguintes observações:


39

1- Encontrar termos numa seqüência torna-se progressivamente mais

difícil, para os alunos, à medida que se encontram mais distantes dos

termos que lhes são apresentados;

2- Muitos alunos têm mais dificuldade em explicar um padrão do que em

continuá-lo; e

3- Geralmente há mais alunos que explique as regras, detectadas nas

seqüências, oralmente do que por escrito.

Desse modo, as autoras consideram que as atividades envolvendo padrões

permitem:

- Contribuir para a construção de uma imagem mais positiva da

matemática por parte dos alunos;

- Experienciar o poder e a utilidade da matemática e desenvolver o

conhecimento sobre novos conceitos;

- Evidenciar como os diferentes conhecimentos matemáticos se

relacionam entre si e com outras áreas do currículo;

- Promover o desenvolvimento do raciocínio matemático dos alunos

tornando-os bons solucionadores de problemas e pensadores abstratos;

- Melhorar a compreensão do sentido do número, da álgebra e de

conceitos geométricos;

E que para isso os alunos devem ter a oportunidade de:

- Transferir padrões concretos, pictóricos e simbólicos de uma representação

para outra;

- Averiguar se uma lista de números mostra alguma regularidade;

- Descobrir o padrão numa seqüência;

- Continuar uma seqüência;


40

- Prever termos numa seqüência;

- Generalizar;

- Construir uma seqüência.

As autoras também apresentam alguns exemplos de situações-problema

envolvendo padrões.

Nas suas pesquisas, elas constataram que a maioria dos estudantes, perante

atividades que envolvem generalização, utilizam uma abordagem numérica.

Os alunos que trabalham a forma exclusivamente numérica manifestaram

insuficiências na resolução, não conseguindo obter uma generalização completa ou

obtendo uma lei de formação errada.

De modo geral, os alunos têm mais sucesso quando recorrem a uma

abordagem exclusivamente geométrica ou mista. E que devemos incentivar os

alunos a olhar para os problemas de vários modos, buscando mobilizar seus

conhecimentos, sejam de natureza numérica ou geométrica.

As autoras concluem que a integração de atividades com padrões no currículo

da matemática escolar permite aos alunos descobrir conexões entre vários tópicos,

além de desenvolver suas capacidades de comunicar matematicamente e aumentar

o desempenho na resolução de problemas.

Os argumentos apresentados pelas autoras contribuíram para que eu

confirmasse a relevância do tema generalização de padrões no desenvolvimento do

pensamento algébrico, devendo estar presente ao longo do currículo escolar, e que

atividades envolvendo padrões podem motivar os alunos a buscar novas

descobertas.
41

Através do estudo das pesquisas de Vale e Pimentel pude esclarecer o

significado do termo padrão e sua utilidade na matemática, além de refletir sobre os

benefícios que atividades envolvendo padrões propiciam.

Também examinei as atividades propostas por elas, em especial, as que

envolviam padrões numéricos, por serem os de maior interesse para a minha

pesquisa.

De fato, o objetivo da minha pesquisa está muito relacionado com as

investigações das autoras, pois elas defendem a importância de começar com

atividades de reconhecimento de padrões, para que o aluno acostume com esse

modo de pensar e facilite a abordagem de tarefas mais complexas.

Enfim, as pesquisas de Vale e Pimentel me auxiliaram muito na escolha,

preparação e análise do meu instrumento de pesquisa, tanto nas suas

considerações quanto nos autores citados por elas.

Outra referência importante ao tema é Mason (1996a) que apresenta

propostas de ensino baseadas na generalização de padrões como um “caminho”

para a álgebra, partindo da aritmética.

Ele argumenta que a aritmética é a fonte original da álgebra como instrumento

para expressar generalidades e controlar o desconhecido e que o futuro do ensino

da aritmética e da álgebra dependem da importância que o professor dá aos

processos de pensamento matemático, em particular, da generalização.

A essência desse pensamento está no reconhecimento, na apreciação, na

expressão e na manipulação da generalidade, implicando, ao mesmo tempo, em

particularizar e generalizar, além de conjecturar e justificar.


42

Assim, ele recomenda que, para o desenvolvimento do pensamento algébrico,

sejam propostas situações-problema envolvendo, palavras, desenhos e símbolos.

Desse modo, o processo de generalização, baseado em Bruner (1966, apud

Mason, 1996b), necessita do uso de materiais ou símbolos abstratos:

Um modo de trabalhar o desenvolvimento da consciência da generalidade é


sensibilizar-se pela distinção entre “olhar através” e “olhar para”, que orienta
os primeiros estágios de abstração e de concretização, isto é, vendo uma
generalidade através do particular e vendo o particular no geral. Estes são
enfatizados pela distinção entre trabalhar através de uma seqüência de
exercícios, e trabalhar naqueles exercícios como um todo. (Mason, 1996a,
p.65)

Segundo Mason (1996a), as atividades que envolvem padrões proporcionam

ao aluno uma melhor manipulação de expressões algébricas e, por conseqüência, a

resolução de equações, que é uma das dificuldades dos alunos na matemática.

Enfim, o trabalho com padrões possibilita ao aluno a construção de uma

linguagem simbólica significativa.

Assim, Mason também veio confirmar a relevância da observação e

generalização de padrões na aprendizagem da matemática.

Além de Mason, Lee (1996), em seu artigo: “An initiation into algebraic culture

through generalization activities”9, também afirma que a generalização de padrões é

uma forma de atividade extremamente eficaz para a introdução de algumas idéias da

álgebra.

De acordo com Lee, olhando para a álgebra como uma cultura, a

generalização de padrões é uma atividade central e a linguagem simbólica da

álgebra, certamente, facilita essa tarefa. Generalização é uma das coisas que

9
“Uma iniciação na cultura algébrica através de atividades de generalização” (Tradução nossa)
43

“fazemos” em álgebra e que, portanto, os estudantes deveriam ser iniciados nessas

atividades cedo.

Pelas suas pesquisas ela verificou que introduzir a álgebra através do

trabalho com padrões não somente foi possível, como houve elementos muito

empolgantes tanto para o professor como para os alunos.

Logo, ela enfatiza que o trabalho com generalização de padrões é estimulante

e propicia ao aluno exercitar seu modo de observar, pensar e agir diante de um

problema.

O professor, ao propor esse tipo de atividade, deve estar atento para

compreender e avaliar as diversas maneiras que os alunos encontram para resolver

um dado problema.

Em seus estudos, com alunos do curso de álgebra elementar da Universidade

de Concórdia e alunos do ensino médio, ela constatou que ambos demonstraram

interesse em resolver problemas envolvendo generalização de padrões.

Enfim, tanto Mason como Lee fortaleceram ainda mais a relevância do tema

por mim escolhido, fazendo com que eu refletisse sobre o processo de

generalização e na importância de prestar atenção para as diversas estratégias que

os alunos podem utilizar ao resolver uma situação envolvendo observação e

generalização de padrões.
44

Metodologia

Para verificar se o aluno da quinta série é capaz de perceber e descrever

regularidades em um padrão, optei por aplicar uma seqüência didática, inspirada nas

fases da metodologia qualitativa da engenharia didática, por ter essa a finalidade de

analisar situações didáticas como objeto de estudo, desde a sua elaboração,

realização, observação, análise até a validação.

A engenharia didática é caracterizada:

[...] como um esquema experimental baseado sobre “realizações didáticas”


em sala de aula, isto é, sobre a concepção, a realização, a observação e a
análise de seqüências de ensino. (Artigue, 1988, apud Machado, 2002, p.
199)

O processo experimental da engenharia didática compreende quatro fases:

- primeira fase: análises preliminares;

- segunda fase: concepção e análise a priori das situações didáticas;

- terceira fase: a experimentação;

- quarta fase: análise a posteriori e validação;

As análises preliminares consistem nas considerações sobre o quadro teórico

didático geral e sobre os conhecimentos didáticos sobre o assunto de interesse,

assim como análise epistemológica dos conteúdos contemplados pelo ensino,

análise do ensino atual, análise da concepção dos alunos, dificuldades e obstáculos

de aprendizagem.

As minhas análises preliminares consistiram em leituras sobre álgebra e

generalização de padrões, sugeridas pela orientadora, colegas do GPEA e

bibliografias referenciadas nessas leituras.


45

Vale salientar também a importância dos estudos realizados durante o curso

das disciplinas do mestrado que favoreceram a construção de conhecimentos,

influenciando positivamente minhas escolhas e direcionando para o caminho da

pesquisa do desenvolvimento do pensamento algébrico.

É importante notar que essa fase ocorre não somente antes da

experimentação, mas continua durante as outras, com leituras que possam auxiliar

nas análises das fases posteriores.

Na fase da concepção e da análise a priori das situações didáticas, o

pesquisador, orientado pelas análises preliminares, delimita um certo número de

variáveis pertinentes ao sistema sobre os quais o ensino pode atuar, as quais são

chamadas de variáveis de comando.

Essas variáveis de comando podem ser macro-didáticas ou globais

(referentes à organização global da engenharia) e micro-didáticas ou locais

(referentes à organização de uma sessão ou de uma fase).

O objetivo da análise a priori é determinar no que as escolhas feitas permitem

controlar os comportamentos dos alunos e o significado de cada um desses

comportamentos.

É suposto que na análise a priori haja:

- descrição de cada escolha local feita e as características da situação a-

didática decorrentes de cada escolha;

- uma análise sobre qual o desafio da situação para o aluno, decorrente das

possibilidades disponíveis durante a experimentação, sejam elas de ação, de

escolha, de decisão, de controle e de validação;

- uma previsão dos comportamentos possíveis, mostrando no que a análise

efetuada permite controlar o sentido desses comportamentos e assegurando que se


46

tais comportamentos ocorrerem, serão resultados do desenvolvimento visado pela

aprendizagem.

Após a análise a priori vem a experimentação que é a fase da realização da

engenharia com uma certa população de alunos. Ela se inicia no momento em que

se dá o contato pesquisador-professor-observador(es) com a população de alunos-

objeto da investigação.

Durante a experimentação deve-se explicitar os objetivos e condições de

realização da pesquisa, estabelecer o contrato didático, aplicar os instrumentos de

pesquisa e registrar as observações feitas.

Quando a experimentação prevê mais de uma sessão, aconselhá-se fazer

uma análise a posteriori local após a realização de uma ou mais sessões,

confrontando com as análises a priori feitas, para possíveis correções na “rota

prevista”.

Também se sugere fazer uma institucionalização, de modo a retomar as

questões discutidas e estabelecer os principais resultados da teoria.

A última fase é a da análise a posteriori e da validação. Esta fase se apóia

sobre todos os dados colhidos durante a experimentação.

Assim, a engenharia didática se caracteriza também pelo registro dos estudos

feitos e pela validação. Essa validação se dá, internamente, pela confrontação entre

a análise a priori e a análise a posteriori.

A experimentação, juntamente com as análises a priori e a posteriori serão

detalhadas no próximo capítulo.


47

Capítulo 3

EXPERIMENTAÇÃO

Introdução

Neste capítulo, descrevo os procedimentos realizados para a elaboração do

instrumento de pesquisa, os critérios de seleção adotados, as providências tomadas,

bem como a descrição da seqüência didática, sua análise a priori, a descrição da

aplicação do instrumento e dos resultados obtidos finalizando com a análise a

posteriori e conclusões.

Primeiras decisões

Critérios de seleção

Da Escola

A minha intenção foi, desde o início, realizar esta pesquisa em uma das

escolas públicas que trabalho, pois tem sido muito divulgado pela mídia e se

discutido a respeito da qualidade de ensino e como realizar um trabalho que permita

atingir um nível de ensino adequado.


48

Dessa forma, a escola pública é um ambiente desafiador na busca de um

ensino melhor, por todas as dificuldades encontradas, como a falta de material de

apoio, as diversidades e diferenças culturais e sociais existentes, além de, muitas

vezes, a escola receber um número elevado de alunos dentro de uma mesma sala

de aula.

Acredito que trabalhos de pesquisa como este propiciem a coleta de dados

importantes que subsidiem intervenções positivas no ambiente escolar, assim os

resultados dessa pesquisa podem contribuir para a melhoria do ensino da

matemática em geral.

Com essa intenção, dentre as escolas que trabalho, escolhi aquela que é

freqüentada por uma população com situação sócio-econômica mais carente. Essa

escola faz parte da rede pública municipal de São Paulo, localizada na periferia da

zona norte, no bairro Parque Novo Mundo, uma região afetada por problemas de

violência social.

Essa escola apresentou um dos mais baixos rendimentos na prova Brasil, que

compõe o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb), realizada em

novembro de 2005 com alunos de 4ª e 8ª séries, respectivamente, 5º e 9º anos do

ensino fundamental, ficando entre as cinco últimas escolas de São Paulo.

Na escala de desempenho de matemática estabelecida pelo SAEB, com

relação à 4ª série/5º ano do Ensino Fundamental, a média das escolas avaliadas no

município de São Paulo foi 179,21, a média das escolas no estado de São Paulo foi

187,71, enquanto a média das escolas no Brasil foi 181,10.

Com esse panorama, a escola escolhida teve 158,71, abaixo da média

nacional alcançada.
49

Já com relação à 8ª série/9º ano, na mesma escala de desempenho, a média

das escolas avaliadas no município de São Paulo foi 239,34, a média das escolas no

estado de São Paulo foi 243,47 e a média das escolas no Brasil foi 239,98.

Em comparação, a escola escolhida alcançou 228,70, também abaixo da

média nacional divulgada.

Vale esclarecer que essa escala de desempenho é única e acumulativa, para

todas as séries avaliadas. A lógica é a de que quanto mais o estudante caminha ao

longo da escala, mais habilidades terá acumulado. Portanto, é esperado que alunos

da 4ª série/5º ano alcancem médias numéricas menores que os de 8ª série/9º ano.

Esses resultados foram divulgados pelo Instituto Nacional de Estudos e

Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), autarquia do Ministério da Educação

(MEC), em Junho de 2007 e colaboraram para eu decidir por realizar minha

investigação nessa escola.

Esses motivos acrescidos ao fato de eu trabalhar na escola e conhecer a sua

realidade justificam a escolha feita, uma vez que um dos propósitos do mestrado

profissional está ligado a um relato de experiência com viés de pesquisa relacionada

à prática profissional.

Dos sujeitos da pesquisa

Conforme os autores apresentados no capítulo II, acredito que o tema

generalização de padrões deva ser contemplado desde cedo no ensino fundamental,

e por ser professora de matemática, a 5ª série/6ºano é aquela onde estão os alunos

mais novos.

Além disso, a 5ª série/6º ano é considerada como uma série de transição.

Transição porque os alunos acostumados com o professor polivalente passam a ter


50

vários professores, específicos, um para cada disciplina. E no geral, há uma

dificuldade de adaptação dos alunos a essa nova fase.

Desse modo, como aluna do mestrado profissional, decidi realizar minha

pesquisa com uma das classes das quais sou responsável pelas aulas de

matemática.

Dentre as duas 5ª séries/6º anos que leciono, verifiquei a melhor

disponibilidade de horário para realizar a pesquisa.

Assim, a turma escolhida tinha aulas de matemática nas primeiras aulas, que

considero o horário em que os alunos estão mais dispostos a participar das

atividades escolares do que à medida que se aproxima o horário de lanche e final

das aulas.

Logo, a classe escolhida foi uma quinta série com 35 alunos, de faixa etária

entre 11 e 15 anos. Desses 35 alunos, dois deles deixaram de freqüentar as aulas,

restando 33 alunos ao final do ano letivo.

Vale comentar também que, entre esses alunos, alguns apresentaram

problemas de assiduidade na escola, não freqüentando as aulas com regularidade,

atrapalhando o seu desempenho e participação durante as atividades escolares.

Providências tomadas

Contato com a direção da Escola

Após a definição da escola e sujeitos da pesquisa, solicitei permissão à

Diretora da Escola que, prontamente, consentiu e passou a apoiar a minha

pesquisa.
51

Conversei também com a Coordenadora Pedagógica que da mesma forma

deu o seu apoio, demonstrando sua boa vontade e interesse na realização de

trabalhos que possam trazer algum benefício à aprendizagem dos alunos da Escola.

Contato com alunos e responsáveis

Conforme já citei, escolhi uma das duas turmas de 5ª série/6º ano que

leciono, explicando às duas turmas que essa escolha se deu aleatoriamente e

devido à disponibilidade de dia e horário para realizar as atividades.

Apesar da turma não escolhida também ter demonstrado interesse em

participar da pesquisa, compreenderam os motivos apresentados, não acarretando

problemas pela escolha da turma.

Assim, durante uma das aulas, após conversar com os alunos sobre a

aplicação das atividades, ressaltando a importância da participação de cada um

deles na pesquisa, cujos resultados poderiam contribuir para a melhoria do ensino

da matemática, enviei uma carta a cada pai ou responsável, pedindo sua anuência

na participação de seu filho nessa pesquisa.

Expliquei na carta que as atividades seriam realizadas durante as aulas de

matemática, não sendo necessário horário extra e que manteria o anonimato dos

alunos ao descrever os resultados da pesquisa trocando seus nomes por nomes

fictícios.

Ressaltei também que a participação dos alunos nessas atividades dá a eles

uma oportunidade de aprendizagem importante para o desenvolvimento do

pensamento matemático.
52

Vale citar que alguns alunos ficaram preocupados se “valeria nota ou não” e

tive que enfatizar que eles não estariam sendo avaliados, pois eu agiria como uma

pesquisadora, observando como eles responderiam as atividades e não estaria

corrigindo seus possíveis erros.

Depois das explicações sobre a finalidade da pesquisa, os alunos

concordaram em contribuir com a sua participação.


53

Seqüência didática

Para a aplicação da seqüência didática, previ três sessões com a duração de

uma aula de 45 minutos cada uma. Optei por limitar a aplicação em 3 sessões, para

facilitar a presença da maior parte dos alunos na experimentação.

A primeira das três sessões previstas foi elaborada com a intenção de

investigar como os alunos reagem ao se deparar com uma situação a-didática

envolvendo percepção e generalização de padrão.

Já a segunda sessão visava fazer a institucionalização dos conhecimentos

abordados na primeira sessão, fase na qual cabe ao pesquisador/professor uma

maior intervenção.

E por fim, a terceira e última sessão, objetivava dar condições de verificar as

atitudes, desempenho e respostas dos alunos diante de uma situação envolvendo

observação e generalização de padrão, após já terem passado pelas sessões

anteriores.

Decidi áudio-gravar as sessões e filmar somente a última sessão. A áudio-

gravação teve por objetivo registrar e servir de instrumento para facilitar a

observação e análise das conversas e comentários dos alunos durante a realização

das atividades. Enquanto, a filmagem pode revelar atitudes, gestos e as formas dos

alunos se comunicarem, explicitando os seus comportamentos. Essas revelações

não se registram apenas pela gravação das vozes.

Segundo Sadalla e Larocca (2004), a tecnologia de videogravação é bastante

adequada para o registro e investigação de fenômenos nos quais intervém o

movimento (Ferrés, 1996, apud Sadalla e Larocca, 2004).

Fenômenos complexos formados pela interferência de múltiplas variáveis,

muitas das quais atuam simultaneamente, como a prática pedagógica, por exemplo,
54

são carregados de vivacidade e dinamismo. Para serem mais bem compreendidos,

necessitam de uma metodologia capaz de conservar essas características.

Desse modo, a videogravação permite registrar, até mesmo, acontecimentos

fugazes e não-repetitíveis que muito provavelmente escapariam a uma observação

direta.

Analisando as vantagens da abordagem videográfica em pesquisas em sala

de aula, Meira (1994, apud Sadalla e Larocca, 2004, p.423) apontou que essa

técnica permite construir uma “compreensão profunda sobre alguns casos

significativos, ao invés de conclusões supostamente amplas”, compreendidas

apenas superficialmente por outras formas de abordagem.

Por outro lado, um ambiente em que são introduzidos tantos elementos novos

como: gravadores, observador(es) e instrumentos de pesquisa com certeza terão

reflexos no desempenho dos alunos.

Uma vez que como lembra Sadalla e Larocca (2004) em seus estudos, seria

ingenuidade assegurar que a câmera de vídeo, durante as gravações, apresente-se

como um elemento neutro. Segundo elas, aqueles que fazem pesquisas em

psicologia sabem bem que a simples presença do observador na sala de aula, por

exemplo, já produz mudanças no ambiente pesquisado.

Contudo, segundo Meira (1994, apud Sadalla e Larocca, 2004, p. 424) a

utilização do vídeo tem a vantagem de registrar em detalhe as reações dos sujeitos

investigados, possibilitando reconhecê-las e desconsiderá-las, se necessário.

Assim, a proposta de filmar somente a última sessão teve a intenção de não

inibir demais os alunos e introduzir aos poucos os “novos” elementos na sala de

aula: a gravação nas duas primeiras sessões e a filmagem na última.


55

Para a elaboração e análise a priori do instrumento de pesquisa levei em

consideração o estudo das variáveis didáticas, articulando-as com as possíveis

estratégias de solução, possibilitando assim, controlar o grau de dificuldade de cada

questão.

Escolhi trabalhar com padrões numéricos que não apresentassem um grau

elevado de dificuldade para alunos de 5ª série/6º ano, de modo a não desestimulá-

los. Para tanto, fiz uma análise a priori, considerando a escolha das variáveis

didáticas, relacionando-as com o estudo das estratégias de resolução de cada

atividade.

Para facilitar a observação do modo de pensar dos alunos, as atividades

foram previstas para serem realizadas em duplas, possibilitando a gravação das

conversas e comentários sobre as questões e a melhor percepção do raciocínio

envolvido nas soluções encontradas.

Além disso, trabalhos em duplas permitem o convívio em grupo, a expressão

da oralidade e escrita, a troca de informações, a discussão sobre os procedimentos

e escolhas de estratégias, levantando conjecturas e hipóteses e fazendo validações

até se obter uma conclusão.

Uma vez que, como afirma César (1998), vários estudos têm sido feitos

(Perret-Clermont e Nicolet, 1988; Perret-Clermont e Schubauer-Leoni, 1988;

Sternberg e Wagner,1994; apud César, 1998) e salientaram os efeitos positivos das

interações entre pares de alunos em suas atuações e desempenho escolar, em

especial na matemática.

Segundo César (ibid.), em suas pesquisas, ela constatou que a interação

entre duplas de alunos é uma forma eficaz de promoção de atitudes positivas para a

Matemática, de sua auto-estima e de seu desenvolvimento sócio-cognitivo, além de


56

possibilitar melhores relações afetivas na sala de aula e suas conquistas em

Matemática.

A seguir, apresento a forma como foi preparada cada sessão. Assim,

descrevo o objetivo e a análise a priori das atividades, a razão da escolha das

variáveis didáticas e as estratégias previstas para a resolução. Estas aparecem em

ordem crescente de dificuldade e probabilidade de uso pelo aluno.

Depois descrevo como se deu a aplicação dos instrumentos de pesquisa.

Finalizo com a descrição dos resultados e uma análise a posteriori de cada sessão.
57

1ª Sessão

Para a 1ª sessão escolhi apresentar uma única atividade com quatro itens,

adaptada de uma pesquisa já realizada por membros do GPEA em uma 5ª série/6º

ano do ensino público. (Machado, 2006)

• Objetivo geral: Esta atividade tem por objetivo principal apresentar ao aluno

de uma 5ª série um padrão numérico facilmente perceptível pela observação

da seqüência, buscando não intimidá-lo com um problema de difícil resolução.

• Sobre a escolha do enunciado: Com a intenção de chamar a atenção do

aluno para a questão, o enunciado apresenta uma pessoa que já teria

encontrado a solução de modo a estimular o aluno a também querer

encontrar a resposta.

• A atividade:

Darci ao observar a seguinte seqüência numérica:

2, 4, 6, 8, 10, ...

disse ter encontrado o próximo número e que também

foi capaz de encontrar o 37º termo.

Como você pode responder as seguintes questões:

a) Qual é o próximo número?

b) Qual será o 37º termo ou elemento da seqüência?

c) Explique como você encontrou esse número.

d) Crie uma outra seqüência diferente desta.


58

• Análise a priori de cada item da atividade:

Item a: solicita ao aluno a indicação do termo seguinte aos já apresentados na

seqüência, de acordo com o padrão implícito.

# Objetivo:

Estimular o interesse do aluno pela atividade, chamando sua atenção para a

questão proposta.

# Variáveis:

Decidi iniciar pela questão de menor dificuldade que é, indicar o termo

seguinte ao expresso na seqüência, pois segundo Vale e Pimentel (2005), isso

estimularia o aluno a prosseguir a atividade.

# Estratégias previstas10:

E1: O aluno observa a seqüência e verifica que os números estão crescendo

de dois em dois, bastando assim, somar 2 ao último número apresentado na

seqüência que é o 10, resultando como o próximo número o 12.

E2: O aluno observa a seqüência e verifica que são números pares

consecutivos e que o próximo termo da seqüência é o número 12.

10
As estratégias serão indicadas por Ei em ordem crescente de dificuldade.
59

Item b e c: solicita a indicação do 37º termo da seqüência e justificativa.

Como estas questões são interdependentes serão analisadas conjuntamente:

# Objetivo:

Motivar o aluno a buscar outra estratégia de resolução com maior eficácia,

dificultando que escreva todos os termos anteriores ao solicitado até encontrar o

termo requerido.

# Variáveis:

A escolha de uma posição ímpar, como o 37º termo, se deu para evitar não

confundir a correspondência entre a posição do termo na seqüência e o número

(par) que representa essa posição.

# Estratégias previstas:

E1: O aluno escreve a seqüência até obter o 37º termo que é o 74.

E2: O aluno faz a correspondência entre a posição do termo na seqüência e o

número que representa essa posição, multiplicando 37 por 2 obtendo o número 74.

E3: O aluno faz uma tabela para relacionar a posição do termo e o número

que ocupa esta posição:


60

Posição Termo

1 2

2 4

3 6

4 8

5 10

6 12

37 74

P 2xP

Tabela 1: Atividade I – Estratégia 3 – item c

Essa estratégia em forma de tabela pode ser que seja utilizada, porém a

generalização da relação entre a posição e o termo é bem pouco provável que o

aluno de 5ª série/6º ano, nesse momento, consiga registrar algebricamente essa

formalização, 2 x P.

Item d: criar outra seqüência diferente da apresentada.

# Objetivo:

Essa questão tem por objetivo verificar se o aluno percebeu a existência de

regularidade e estimulá-lo a criar a sua própria seqüência.


61

# Estratégia prevista:

O aluno pode criar seqüências, com regularidade, podendo ser crescentes

infinitas ou finitas, ou mesmo decrescentes infinitas ou finitas. Considerei também a

possibilidade de aparecer padrões não apenas numéricos, mas também figurativo ou

figurativo-numéricos ou geométrico-numéricos, embora creio que haja pouca

probabilidade de que isso ocorra, pois o padrão apresentado na atividade é

numérico.
62

• Descrição da aplicação do instrumento

A primeira sessão estava prevista para ocorrer no dia 20 de setembro de

2007, mas devido a problemas de organização da escola foi adiada para a próxima

aula que aconteceu no dia 24 de setembro, às 7:05h. Compareceram 26 alunos que

foram organizados em duplas.

No entanto, um dos alunos se recusou a se sentar com uma colega e não

quis participar, permanecendo na sala. A colega então resolveu participar sozinha.

Assim, foram formadas 12 duplas e uma aluna respondeu individualmente.

Além dos alunos estávamos presentes eu - pesquisadora e professora da

turma - e a observadora. Busquei distanciar o máximo possível as mesas das duplas

entre si. Coloquei em cinco mesas, aleatoriamente, cinco gravadores com a intenção

de alterná-los entre as mesas das duplas ao longo da atividade.

Vale ressaltar que os alunos ao perceberem os áudio-gravadores ficaram

curiosos causando dispersão do grupo em um primeiro momento. Porém, depois de

conversarmos sobre a finalidade dos aparelhos, eles se acalmaram e foi possível

iniciar a aplicação da atividade.

Infelizmente, durante a realização da atividade, diversas vezes, os alunos

mexeram nos gravadores, parando a gravação, o que dificultou o registro oral das

respostas dos alunos.

Antes de entregar as folhas das questões, agradeci a presença de todos,

ressaltando a importância da participação de cada um deles na pesquisa e expliquei

que não estavam ali para serem avaliados, que apenas observaria a forma como

eles responderiam as questões. Apresentei a observadora explicando que ela me

auxiliaria nas observações e no registro de suas discussões.


63

Após solicitar que guardassem todo o material entreguei a cada dupla uma

caneta e duas folhas de sulfite, uma com as questões e a outra para respondê-las.

Avisei que forneceria quantas folhas fossem necessárias e que em caso de algum

erro não deveriam apagar, somente fizessem um X em cima da resposta errada e

continuassem a responder, pois, suas dúvidas e pensamentos de resolução eram

muito importantes para a pesquisa.

A sessão durou aproximadamente 45 minutos, sendo que os alunos levaram

em média 30 minutos para resolver as questões, permanecendo assim dentro do

tempo previsto.

Os protocolos foram recolhidos e as gravações transcritas, para possibilitar a

descrição e análise a posteriori dos protocolos.

Mesmo tendo declarado que nunca haviam participado de uma atividade

desse tipo, os alunos a realizaram com interesse, demonstrando ter gostado da

experiência e ficaram entusiasmados em saber o resultado.


64

• Descrição dos resultados e análise a posteriori

Dos 13 protocolos recolhidos, foi possível analisar 12, pois um deles

evidenciou que os alunos da dupla apenas copiaram os enunciados das questões na

folha de sulfite e não responderam as atividades.

A descrição e análise dos dados se basearam na transcrição das gravações

feitas, nas observações registradas por mim e pela observadora e, principalmente,

nos protocolos dos alunos.

Durante a descrição e análise dos resultados, tomei o cuidado de trocar os

nomes dos alunos envolvidos por nomes fictícios para preservar a identidade dos

mesmos.

Primeiramente, elaborei uma tabela para melhor visualizar as respostas

apresentadas pelos alunos:


65

NOME item (a)


FICTÍCIO item (b) item (c) item (d)
DUPLA próximo
37º termo explicação seqüência criada
termo
Aline
explicou: de 2
não existe passa
D1 Brenda 13 22,24,26,28,30...
“este número não para 4, para 8,
está na seqüência” para 10 e para
13
Ceci 74 por E1 somando de 2
D2 12 1,3,5,7,9,11,13...
Silmara conta 37+37 em 2 E1
Lúcia contando nos 3,6,9,12,15,18,
D3 12,14,16... 74
dedos E1 21....
Alberto confundiu termo
elemento
com posição E1,
D4 12 diferente foi
Benedito mas fez a conta
1,3,5,7,9,até 37
37x2=74
Laura contando nos
D5 12(fala) 50
Ana dedos E1
Andréa confundiu termo contando de 2
D6 12 1,3,5,7,9,...
Bia com posição em 2 E1
Pedro 74 por E1 validou contando de 2 3,6,9,12,15,18,21,
D7 12
Edu conta: 37x2=74 em 2 E1 24,27,30,33,36.
Mara contagem nos 3,6,9,12,15 e
D8 12 74
Clara dedos E1 4,8,12,16,20.
Júlia
D9 só copiaram a questão
Carol
Eva contagem nos 3 6 9 1215 18
D10 12 74
César dedos E1 21 ...
André não deram
escreveram os
resposta;
D11 12 pares até o 36
Claudia confundiu termo
E1
com posição? E1
Ricardo
74 contando de 2 1,3,5,7,9,11,13,
D12 Caio 12 14 16...
conta 37x2=74 em 2 E1 15,17,19.
João 74 por E2 multiplicando
D13 12 1,3,5,7,9...
Dora conta 37x2=74 37 por 2

Tabela 2: Resultados da Atividade I

Pela análise dos protocolos, verifiquei que praticamente todas as duplas, 11

em 12, disseram que o próximo número, em consideração ao conjunto dos números

inteiros, seria o 12, o que demonstra que foram capazes de perceber a regularidade

da seqüência, ou seja, observaram que para encontrar o próximo número bastava

acrescentar dois ao último termo.


66

Assim, a maioria das duplas deu o primeiro passo para a percepção da

generalidade, de acordo com o ciclo de generalização de MASON et al (1985, apud

Machado, 2006).

Como se nota quando Dora disse:

- Não é 12? Se vai de 2 em 2 o próximo é o 12.

Apenas a dupla D1 afirmou que o próximo número era o 13. Penso que os

elementos dessa dupla perceberam que a seqüência era crescente, porém parece

que não levaram em consideração que ela evoluía de 2 em 2, ou seja,

provavelmente, não se ativeram à regularidade e responderam qualquer termo.

Os itens b e c, que solicitavam o 37º termo ou elemento da seqüência e como

foi conseguido, foram analisados em conjunto, pois são questões dependentes entre

si.

Notei que para responder essa questão, os alunos tiveram algumas

dificuldades que não tinham sido consideradas durante a elaboração do instrumento

de pesquisa. Essas dificuldades estavam relacionadas ao significado da palavra

termo, que apesar de estar acompanhada da palavra elemento para facilitar a

compreensão, parece não fazer parte do vocabulário dos alunos.

Segundo Durkin & Shire (apud Munhoz, 1999), mesmo não tendo se

apropriado de certos vocábulos, os alunos não devem ser privados do contato com

palavras que possuem vários significados diferentes, pois o contato com palavras

polissêmicas é um caminho para que eles se familiarizem e façam uso delas

apropriadamente.
67

Assim, me parece que a dificuldade com a palavra termo pode ser devido a

uma ambigüidade desta palavra, pois pode ter significados como “prazo”, “fim” ou na

matemática, como parte de uma expressão algébrica.

Nessa questão o que se propunha era encontrar o 37º termo, ou seja, o

número que ocupa esta posição na seqüência dada. 7 duplas responderam que era

o 74.

Outra dificuldade encontrada foi quanto ao discernimento em relação ao

número ordinal e o número cardinal, pois muitas duplas perguntaram o significado de

37º, e como também, ao analisar os protocolos e as gravações, constatei que muitas

duplas não diferenciaram o número ordinal do cardinal, o que acabou sendo um

obstáculo cognitivo11 para a resolução bem sucedida da questão.

Um dos que expressou dificuldade para entender a questão foi João:

João: - Eu não sei o que é termo? O que é trigésimo sétimo termo?

Dora: - O próximo depois do 37 é o 39.

João: - Não é o 39!.

Depois de João discutir com Dora o significado da palavra termo, Dora afirma

que estava escrito na própria pergunta termo ou elemento.

Escrever as duas palavras foi uma variável considerada na análise a priori

para evitar que confundissem o significado de “termo”, pois baseado em resultado de

pesquisa já realizada (MACHADO, 2006), esse problema já havia sido constatado

11
Obstáculos cognitivos são considerados como blocos cognitivos (constructos cognitivos) que
impedem ou perturbam o estabelecimento de relações de articulação entre as representações
mentais do sujeito no processo de compreensão de um conceito ou no processo de realização de
uma atividade. (Goldin & Shteingold, 2001, apud Kaleff, 2007)
68

em pesquisas do GPEA. Porém, mesmo com essa precaução ainda houve

dificuldade com a compreensão do significado da palavra termo.

Isso pode ser confirmado no diálogo de César e Eva:

César: - O elemento da seqüência..., eu tenho 37 dividido por 2,[...] é que eu

não sei o que é termo. Será que é 25?

Eva: - Por que 25?

César: - Vamos reler, deve ser entre 12 e 37, quanto vai dar? 25, né (sic)?

Eva: - Vamos contar até o trinta e sete.

E começaram a contar nos dedos. Contaram, passaram do número 36 para o

38 e:

César: - não vai dar... não, não, não! [...]. Vem na seqüência de dois números,

como se fossem os números pares.

Eva: - Sabe por que não vai dar? Porque 37 é ímpar e os números são pares.

Neste diálogo também se verifica a confusão causada pela falta de

diferenciação entre número ordinal e cardinal.

Durante a análise a priori, esta dificuldade já tinha sido verificada nesse tipo

de atividade em pesquisa anterior (MACHADO, 2006), logo uma das variáveis

utilizadas foi a escolha de uma posição ímpar, como o 37º termo, justamente para

evitar confundir a correspondência entre a posição do elemento na seqüência e o

número (par) que representa essa posição.

Mesmo assim, esta confusão entre número ordinal e cardinal, bem como sua

notação, dificultou para alguns alunos a solução do problema.


69

Outro exemplo onde se constata esta dificuldade:

João: - Já sei, não vou contar, vou dividir 37 por 2, melhor que contar

nos dedos.

Depois de alguns minutos:

João: - Mas ai não ta (sic) certo, não dá inteiro. já sei, vou multiplicar 37

por 2. Quanto é? Vou fazer 2 vezes.

O caminho percorrido por esta dupla para chegar a uma conclusão, passa

pela confusão entre interpretar a posição do termo e o número que ocupava essa

posição, ao tentar dividir 37 por 2. Provavelmente, a posição ímpar facilitou ao João

perceber que seu raciocínio estava equivocado.

Outra dupla, Pedro e Edu, ressalta essa confusão:

Pedro: - [...] Vai de 2 em 2, número par.

Edu: - Deixa eu ver: 2,4,6,8,10,12 [...], vai escrevendo,[...], 34,36,38

Pedro: - Não vai chegar no 37.

Lêem de novo, depois de algumas discussões:

Edu: - Vai de 3 em 3: 3, 6,9... Escrevem até passar pelo 36, 39.

Pedro: - Não deu. Vamos de 4 em 4: 4,8,12,...Escrevem até passar

pelo 36, 40.

Edu conclui: - Não dá certo. Só se for de 1 em 1 [...]


70

Logo, confundindo termo com posição.

Mais um exemplo dessa confusão encontra-se no diálogo entre Cláudia e

André:

André: - [...] Qual o número? Dividido por 2?[...] Bom, eu fiz a conta até

o 37.

Cláudia:- Até o 36 né(sic), André?

André: - É não sei, teria que ser par!

A confusão feita entre termo e posição pode ser percebida no protocolo da

dupla 6, Andréa e Bia:

Figura 6: Protocolo da Dupla 6, Andréa e Bia

Enfim, percebemos pela análise dos protocolos e da transcrição dos diálogos

dos alunos, que estas dificuldades descritas foram empecilhos para a resolução da

atividade, como relata Laura:

Laura: - Não dá pra achar esse número não. Não existe não.

Ana responde: - Mas diz aí que já conseguiram, então existe.


71

Laura: - Então são mais 37 é o 50!

Nesse último diálogo, quando Ana diz “que já conseguiram”, ela está falando

do enunciado, pois uma outra variável considerada na análise a priori foi apresentar

uma pessoa que já teria encontrado a solução, com o objetivo de estimular o aluno a

também querer encontrar a resposta.

Ao analisar o protocolo da dupla Ana e Laura, confrontando com a gravação e

posteriormente com entrevista, foi possível compreender que elas deram como

resposta 50, pois resolveram somar 13, sucessor do 12, com 37, apresentando uma

solução qualquer para a questão, usando os dados do problema. Nesse caso,

percebe-se a influência do contrato didático12, como explica Silva (2002).

A relação professor-aluno está subordinada a muitas regras e convenções


que funcionam como se fossem cláusulas de um contrato. Essas regras,
porém, quase nunca são explícitas, mas se revelam principalmente quando
se dá a transgressão das mesmas. O conjunto das cláusulas, que
estabelecem as bases das relações que os professores e os alunos mantêm
com o saber, constitui o chamado contrato didático. (p.43)

A grande maioria das duplas utilizou a estratégia E1 (escreve a seqüência até

obter o 37º termo), prevista na análise a priori, ou uma variação sua (ao invés de

desenhar os elementos até o 37º, contaram de dois em dois nos dedos).

Assim, das dez duplas que utilizaram essa estratégia, 7 acertaram o elemento

da seqüência, mostrando que eles além de observar a regularidade e percebê-la,

expressaram a generalidade, que, de acordo com Mason et al (1985, apud

Machado, 2006), constitui a segunda etapa para a generalização de padrões.

12
Chama-se contrato didático o conjunto de comportamentos do professor que são esperados pelos alunos e o
conjunto de comportamentos do aluno que são esperados pelo professor (...). Esse conjunto é o conjunto de
regras que determinam, uma pequena parte explicitamente, mas sobretudo implicitamente, o que cada parceiro
da relação didática deverá gerir e aquilo que, de uma maneira ou de outra, ele terá de prestar conta perante o
outro. (Brousseau, 1986)
72

Houve uma dupla que utilizando a estratégia E2 (multiplicou 37 por 2) chegou

ao resultado correto, conseguindo uma expressão simbólica da generalidade

observada, manipulando-a para encontrar a resposta desejada, como explica João,

durante a gravação:

João: - Multiplicamos o 37 por 2 e obtemos o número que alimenta a

seqüência que é o 74. Porque se a ordem numérica é sempre

por 2, você acrescenta mais 2, que vai ser a tabuada do 2, então

você multiplica por 2 que vai obter o resultado que é sempre a

ordem mais dois. Ai você tem 2, 4, 6, 8,[...]

A seguir, temos o protocolo da dupla 13, João e Dora, com os itens b e c:

Figura 7: Protocolo da Dupla 13, João e Dora

Na transcrição da gravação, foi possível notar como algumas duplas usaram a

contagem nos dedos, talvez por não estarem acostumados a escrever o que estão

pensando, como estão raciocinando, pois como observado por Nacarato, durante o

exame de qualificação de Perez (2006), essa dificuldade se dá pelo:

[...] fato de os professores de matemática, em geral, não exigirem que o


aluno justifique, verbalmente, sua resolução, se contentando apenas com
respostas diretas, sem justificar a resposta”. (Perez, p. 63).
73

Essa dificuldade é demonstrada por João:

João: - É que eu tenho medo de errar! 2,4,6,8,10.

Além do mais, como observado por Orton (1999, apud Vale et al, 2006), os

alunos buscam explicar as regras, detectadas nas seqüências, mais oralmente do

que por escrito.

Vale salientar que quatro duplas, após encontrar o 74 como resposta, por

contagem, buscaram validar seus resultados, através de uma outra estratégia,

observando que 74 poderia ser equivalente a fazer 37+37, ou 74-37 ou 37x2 e

explicitaram isto em seus protocolos.

Esse ponto, como sugere Polya (1978) em seu livro “A arte de resolver

problemas”, é uma evidência da necessidade de validar o resultado ou o retrospecto

do problema.

Polya considera quatro fases que o aluno deve passar durante a resolução de

um problema:

o É preciso compreender o problema;

o É preciso estabelecer um plano para a resolução

o Execução do plano;

o Examinar a resolução obtida (retrospecto)

Foi possível observar essa validação em alguns diálogos, como o de Pedro e

Gabriel:

Pedro explica para o colega: - Esse é o 1º, 2º, 3º [...] Vai contando [...] O

trigésimo sétimo é o 74. 74 menos 37 vai

dar 37!
74

Edu: - Ah, agora entendi como descobriu esse número!

Pedro: - É só ir contando, depois fiz 74-37 para verificar. Só que se a

gente fizesse 37+37 seria a mesma coisa.

Edu: - Poderia fazer 2 vezes o 37.

Pedro: - É tanto faz, dá no mesmo!

O protocolo da dupla 7, Pedro e Edu, exemplifica a validação do resultado:

Figura 8: Protocolo da Dupla 7, Pedro e Edu

Das 12 duplas, 10 criaram seqüências para responder o ítem d. Todas as

seqüências foram crescentes, numéricas, com números inteiros positivos. Dessas, 6

eram seqüências infinitas e 4 finitas. Uma seqüência era de números pares, a partir

de 22, cinco eram de números ímpares e quatro eram de múltiplos de 3, iniciando-se

no 3.

Dessa forma, concluo que as cinco duplas interpretaram que uma das

características da seqüência dada é a evolução dos números pares e assim, criaram

outra de números impares. Enquanto, as quatro outras duplas interpretaram que a

seqüência dada era a seqüência de múltiplos de 2 e associaram seqüência com

múltiplos de um número inteiro qualquer, criando por analogia a seqüência dos

múltiplos de 3.
75

Como esperado pela análise a priori, não apareceu nenhuma seqüência que

não fosse numérica.

Das seqüências apresentadas, em sete delas os termos foram separados por

vírgula, uma não tinha vírgula e a outra a vírgula aparece vez ou outra, o que

demonstra, segundo Mason et al (1985, apud Machado, 2006), que eles observaram

e analisaram a regularidade da seqüência e a existência e importância da vírgula

entre os termos.

Portanto, foi possível constatar que a maioria se mostrou capaz de criar

outras seqüências que apresentassem algum tipo de regularidade.


76

• Conclusão parcial

Pela análise realizada, levando-se em consideração o ciclo de generalização

de Mason et al (1985, apud Machado, 2006), verificou-se que os alunos foram

capazes de observar, reconhecer a regularidade, expressá-la e, em um caso, de

modo verbal, expressar simbolicamente um padrão que permite encontrar um termo

qualquer na seqüência e manipular essa generalidade, calculando um termo

genérico.

Um ponto interessante foi a interação presente na realização da atividade em

duplas, os alunos puderam trocar informações entre si, explicitando suas dúvidas,

defendendo suas idéias e decidindo pela solução que lhes pareciam a mais correta.

Também, ao solicitar aos alunos que explicassem como encontraram o 37º

termo, proporcionou uma oportunidade para que expressassem sua compreensão

da atividade, levando-os a refletir sobre suas próprias ações.

Foi possível notar que os resultados encontrados foram muito semelhantes

aos obtidos na pesquisa realizada por membros do GPEA (MACHADO et al, 2006)

em uma 5ª série de uma escola também pública, porém em uma região afastada da

escola escolhida.

Inclusive, em relação às dificuldades apontadas, que apesar de não estarem

diretamente relacionadas ao tema generalização de padrão, são concernentes aos

conhecimentos matemáticos, o que parece indicar que essas dificuldades não são

partes de um problema local e que necessitam de maior atenção por parte dos

professores de matemática.
77

Um ponto que dificultou a resolução da atividade para alguns foi a

compreensão da palavra termo, como também, a representação e significado dos

números ordinais.

Desse modo, estes pontos com certeza devem ser retomados, visando a

superação dessas dificuldades para que não sejam mais empecilhos na solução de

novos problemas.

Após a análise a posteriori dessa sessão, conforme previsto senti a

necessidade de institucionalizar os resultados alcançados e aproveitar a ocasião

para abordar as dificuldades que sentiram com palavras e noções de matemática

além de confrontá-los com as diferentes estratégias utilizadas.


78

2ª sessão

Institucionalização

Segundo Freitas (2002), uma situação didática é definida por Brousseau

(apud Artigue, 1988) como:

Um conjunto de relações estabelecidas explicitamente e ou implicitamente


entre um aluno ou um grupo de alunos, num certo meio, compreendendo
eventualmente instrumentos e objetos, e um sistema educativo (o professor)
com a finalidade de possibilitar a estes alunos um saber constituído ou em
vias de constituição (...) o trabalho do aluno deveria, pelo menos em parte,
reproduzir características do trabalho científico propriamente dito, como
garantia de uma construção efetiva de conhecimentos pertinentes. (p.67)

Numa situação didática, a institucionalização é a fase que ocorre com a

intervenção do professor, visando estabelecer o objetivo da atividade, a formalização

dos conteúdos envolvidos e a correção dos possíveis erros que ocorreram na fase a-

didática13, na qual o aluno age de forma independente, buscando um determinado

conceito que ainda não está explícito para ele, sem sofrer nenhum tipo de controle

direto por parte do professor.

Durante a institucionalização, o professor faz a síntese do conhecimento

presente na situação, procurando elevá-lo a um status de saber que não dependa

mais dos aspectos subjetivos e particulares, fazendo-se necessário estabelecer as

devidas correlações com outros saberes. O saber passa a ser despersonalizado e

descontextualizado, podendo assim ser aplicado na solução de outras situações.

13
Quando o aluno se torna capaz de pôr em funcionamento e utilizar por si mesmo o saber que está
construindo, em situação não prevista em qualquer contexto de ensino e também na ausência de
qualquer indicação intencional. Uma tal situação é chamada de situação a-didática (Brousseau, 1986,
apud Freitas, 2002)
79

# Objetivo:

Apontar as dificuldades encontradas, retomando os conceitos, a partir das

concepções equivocadas dos alunos, de modo a superar essas dificuldades e

possibilitar que não sejam mais obstáculos cognitivos na solução de novos

problemas, bem como discutir as estratégias de solução da atividade dada na

primeira sessão.

Primeiramente pretendo abordar a questão dos números ordinais e suas

representações, através da observação de uma tabela de campeonato de futebol.

Os alunos estão acostumados a comparar as posições dos vencedores em

campeonatos, porém tratam em geral com números ordinais “baixos”, no máximo os

5 primeiros.

A tabela apresentada é a seguinte:

Os 35 primeiros times brasileiros no ranking da CBF (Confederação Brasileira

de Futebol) 14:

14
O Ranking foi atualizado em 04/12/2006 pela CBF
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ranking_da_CBF#O_Novo_Ranking_da_CBF
80

Posição Clube UF Pontos


1º Gremio RS 1.923
2º Corintians SP 1.891
3º Vasco RJ 1.875
4º Flamengo RJ 1.860
5º Sao Paulo SP 1.819
6º Atlético Mineiro MG 1,810
7º Palmeiras SP 1.784
8º Internacional RS 1.753
9º Cruzeiro MG 1.717
10º Santos SP 1.590
11º Fluminense RJ 1.474
12º Botafogo RJ 1.441
13º Guarani SP 1.407
14º Coritiba PR 1.322
15º Goias GO 1.320
16º Sport PE 1.292
17º Portuguesa SP 1.244
18º Bahia BA 1.233
19º Atletico Paranaense PR 1.167
20º Vitória BA 1.146
21º Santa Cruz PE 1.108
22º Náutico PE 1.033
23º Paraná PR 0.936
24º Ponte Preta SP 0.916
25º Ceará CE 0.908
26º Remo PA 0.826
27º Juventude RS 0.758
28º Londrina PR 0.629
28º Paysandú PA 0.629
30º Criciuma SC 0.625
31º Fortaleza CE 0.620
32º América RN 0.608
33º Joinville SC 0.581
34º América MG 0.555
35º Botafogo SP 0.554
Tabela 3: Classificação dos times brasileiros pela CBF (Confederação Brasileira de
Futebol):
81

Ao comentar com os alunos a tabela levantarei a discussão da ordem de

grandeza dos números que aparecem na tabela e de números ordinais de ordem de

grandeza bem maior que os da tabela.

Depois disso, pretendo abordar o significado da palavra termo, indagarei

sobre a questão (a) “Qual é o próximo número?”, procurando enfatizar a expressão

“próximo termo”, ao invés de falar número ou elemento.

Dessa forma, os alunos poderão associar como sinônimos as palavras termo

e elemento, percebendo o significado e a relação da palavra termo com os números

da seqüência apresentada.

Para o painel das estratégias utilizadas para solução da atividade da 1ª

sessão pretendo solicitar que algumas duplas explicitem as mesmas.

Para tanto, na questão (a) que solicitava o próximo número da seqüência

dada, apresentarei algumas respostas dos alunos, como as das duplas 1 (próximo

número é o 13), da dupla 3 (12, 14, 16...) e da dupla 7, uma das duplas que

responderam apenas 12.

Nessa questão será possível analisar como os alunos perceberam o padrão

apresentado, uma vez que a maioria reconheceu que o próximo número é o 12.

Já as questões (b) e (c), que solicitam o 37º termo e como esse foi

encontrado, poderemos discutir, com a intervenção do professor, a compreensão e

as estratégias adotadas pelos alunos para resolvê-la e qual a mais eficiente e

rápida.

Serão apresentadas algumas soluções dos alunos, convenientes para

explorar essas estratégias e compreender melhor o raciocínio feito por eles. Utilizarei

as estratégias dadas pelas duplas: D5 (contou nos dedos, não chegando a solução

esperada), D8 (contou nos dedos, de 2 em 2, resultando no número 74), D7 (E1,


82

contou de 2 em 2, escrevendo a seqüência até o termo pedido, porém confundiu

termo com posição), e também a D13 (E2, multiplicou 37 por 2).

Por fim, apresentarei algumas seqüências criadas pelos próprios alunos,

diferentes da seqüência dada (questão d), a fim de discutirmos a percepção de um

padrão, tipos possíveis de seqüências geradas (crescentes, decrescentes não

monotônicas, finitas, infinitas).

Entre as seqüências que serão citadas estão as da dupla 3

(3,6,9,12,15,18,21,...), da dupla 6 (1,3,5,7,9,...), crescentes e infinitas e da dupla 7

(finita: 3,6,9,12,15,18,21,24,27,30,33,36.).

Pretendo que, no final dessa institucionalização, sejam formalizados alguns

conceitos e estratégias, observando, percebendo e analisando as regularidades da

seqüência (crescente ou decrescente, a disposição dos números, determinado

termo, a existência da vírgula entre os termos, o significado das reticências no final

da seqüência dada).

Outra intenção é discutir a expressão da generalidade, através de uma regra

verbal ou escrita, capaz de gerar uma seqüência (no caso, são números pares, ou a

seqüência vai de 2 em 2) e também sua expressão simbólica (obtendo uma fórmula

que representa uma regra geral, implícita ou explicitamente) e por fim a possibilidade

de manipulação da generalidade, ou seja, encontrar qualquer termo da seqüência,

concluindo que a estratégia 2, “multiplicar a posição por 2 para encontrar o termo

solicitado” é mais eficiente e rápida do que contar todos os termos.


83

• Descrição da realização da institucionalização

Esta sessão estava prevista para acontecer dia 11 de outubro de 2007, porém

nesta data foram realizadas atividades em homenagem ao dia das Crianças e

acabou não acontecendo, só se realizando na próxima aula, no dia 18 de outubro,

às 7:05h.

Nessa sessão, não houve o auxílio da observadora, estando presentes além

dos alunos, apenas a pesquisadora. Todos os alunos presentes puderam participar

e dar suas opiniões. Essa sessão foi gravada.

Compareceram 27 alunos, desses, oito não participaram da primeira sessão e

daqueles que participaram da primeira sessão, sete estavam ausentes, isto é, dos

26 que participaram da primeira sessão havia somente 19.

Avisei aos alunos que falaríamos sobre a pesquisa que eles estavam

participando, que comentaríamos e faríamos algumas observações importantes

percebidas durante a aplicação das atividades.

Enfatizei que a opinião e o pensamento deles era muito importante para o

sucesso da pesquisa. Para tanto, solicitei que se sentassem em duplas, entregando

uma cópia da tabela de classificação dos times de futebol brasileiro para cada dupla.

Alguns alunos agruparam-se em trios.

Não tive a preocupação de organizá-los conforme as duplas da sessão

anterior, uma vez que não estavam participando exatamente os mesmos alunos.

Enfim, a institucionalização ocorreu de acordo com o previsto, tendo a

duração de aproximadamente 45 minutos.


84

• Descrição dos resultados e análise a posteriori

Descreverei agora como ocorreu a institucionalização das atividades

realizadas na primeira sessão, baseadas na transcrição da gravação e nas

observações feitas por mim após o fim da sessão.

No primeiro momento, após distribuir a tabela de classificação dos times

brasileiros de futebol, aguardei alguns instantes para que eles pudessem observar a

tabela.

Comentei com os alunos sobre a tabela, perguntando sobre o que se tratava,

o que era CBF, algumas questões para chamar a atenção deles. Perguntei sobre a

classificação de alguns times, enfatizando a leitura dos números ordinais e sua

escrita matemática. Interagindo com os alunos, ressaltei a posição que certos times

se encontravam na tabela.

Escrevi no quadro: “Quem é o 6º? O 18º? O 1º, o 3º, o 5º, o 15º, 24º, 27º, 31º,

33º, 34º, 35º?” O 35º era o Botafogo de São Paulo e eles disseram que Botafogo era

do Rio de Janeiro.

Chamei atenção para o 12º, eles responderam Botafogo do Rio de Janeiro,

percebendo que realmente existiam dois times com o mesmo nome. Perguntei qual

dos dois times estava melhor no campeonato, eles responderam o Botafogo do Rio

de Janeiro, pois ocupava a 12ª posição.

- Quando se usa um número do tipo 2º, 3º,...,12º? - Apontei para o

símbolo no quadro.

João respondeu: - Para representar a ordem das coisas. São números

ordinais, que representam a posição que se ocupa!


85

Coloquei no quadro números ordinais de maior grandeza 82º, 100º, os alunos

comentaram sobre a leitura, indagando como se lia, por exemplo, 572º. Perguntei

até onde iam os números ordinais. Disseram que existiam infinitas posições.

Comentamos sobre a data da publicação daquela tabela e a fonte.

Por fim, institucionalizei o significado da notação de número ordinal em

matemática, seu uso, se referindo à posição ou ordem do elemento de acordo com

uma certa classificação.

No segundo momento, solicitei a um dos alunos que lesse o enunciado da

atividade. Ao escrever a seqüência no quadro, indaguei sobre o significado dos “...”

no final da seqüência.

André respondeu: - Quando não tem fim, que continua.

Coloquei no painel as respostas do item a sobre o próximo número da

seqüência. Todos confirmaram o 12 como a resposta certa. Destaquei uma das

respostas 13. E eles disseram que estava errado:

- É 12 porque é de 2 em 2!

João completou: - Depois do 10 vem o 12. É o padrão!

Achei interessante ele usar esta palavra.

A seguir, busquei abordar o significado da palavra termo, indagando qual o 1º

termo, o 2º termo, o próximo termo. Eles responderam a todas as perguntas.

Perguntei, então, o que significava termo.

Laura respondeu: - É o número.


86

E Pedro falou: - É o elemento pedido.

Fiz no quadro uma seqüência diferente, figurativa, e perguntei também o

primeiro termo, o segundo termo, o próximo termo e eles foram respondendo.

Depois, indaguei se termo referia-se apenas a números.

Então, César disse que não, termo era qualquer valor, qualquer elemento

procurado. João disse que podia ser um número, uma figura, qualquer “coisa”

solicitada numa seqüência.

No terceiro momento, passamos a tratar do item b, que solicitava o 37º termo.

Perguntei como se lia aquele número e eles responderam: trigésimo sétimo.

Quanto ao que significava 37º, Bruno respondeu que era o número que

ocupava essa posição.

Passei a expor algumas das respostas dadas: 50; 74 e não existe;

Escrevi no quadro as seguintes estratégias que as duplas utilizaram para

encontrar esse número: “Contando nos dedos”; “Escreveram de 2 em 2”; “37+37”;

“37x2”;

A seguir, descrevo alguns diálogos:

Pesquisador: - Algumas duplas disseram que não tinha o 37º termo, por

que não teria?

Pedro: - É confuso, a gente achou que era o 37 e quando escrevemos

eram todos pares e o 37 é ímpar.

Pesquisador: - Houve uma confusão entre o número e a posição que ele

ocupa?

Pedro: - É, a gente se confundiu!

Pesquisador: - Por que o número 50 foi dado como resposta?


87

A classe: - Está errado! Não tem nada a ver!

Pesquisador: - Como essa dupla pensou para dar essa resposta?

Cristina: - Professora, a pessoa pode ter somado outro número ao invés

do correto.

Laura: - A partir do 13 a gente contou mais 37 e deu 50!

Pesquisador: - Ah, entendi, Laura. Interessante! Não tinha imaginado

esse seu jeito de pensar, mas me parece que vocês não

perceberam que a seqüência continuava crescendo de 2

em 2?

Laura: - Ih, acho que a gente também se confundiu!

Nesse caso, podemos perceber o efeito do contrato didático em dar uma

resposta usando os dados que se tem no problema.

A seguir, indaguei sobre as estratégias para encontrar o 37º termo. Como eles

fizeram para encontrá-lo. Alguns alunos falaram que era só ir contando. Assim,

começamos a escrever toda a seqüência no quadro até chegar na 37ª posição.

Contamos, posição por posição, para verificar.

Comentei, que tínhamos que prestar bem atenção, senão erraríamos a

contagem, como alguns alunos parecem ter errado!

Bruno interrompeu:

Bruno: - É mais fácil fazer 37 + 37 que dá 74.

Pesquisador: - Bem, E qual o jeito que vocês acharam melhor para

encontrar o 74?

Classe: - 37+37, com certeza é mais fácil!

João: - Pode ser feito 37 x 2. É a mesma coisa.

Pesquisador: - Realmente fazer 37+37 significa multiplicar 37 por 2.


88

Escrevi no quadro 37+ 37 = 37x2. E perguntei:

Pesquisador: - Por que pode ser feito assim? Qual é o raciocínio?

João: - Porque é de 2 em 2, o padrão é de 2 em 2. A posição

dobra para dar o número certo!

Então, escrevi o raciocínio no quadro, validando a posição e o número

correspondente:

1x2=2

2x2=4

3x2=6

4x2=8

5 x 2 = 10

6 x 2 = 12

...

37 x 2 = 74

César concluiu: - Cada número é a posição vezes 2.

Por fim, perguntei qual forma seria a mais fácil, a mais rápida, a melhor?

Todos foram unânimes:

Classe: - Somar desse último jeito!

Pesquisador: - Vocês querem dizer multiplicar por 2?- Apontei para o quadro.

João: – Isso mesmo, multiplicar por 2 é bem mais rápido!


89

Fiz essa interferência, pois no quadro estava a multiplicação de 37 por 2

(37x2), e eles disseram somar. No entanto, após a análise, percebi que eles sabiam

que 37x2 é igual a 37+37 e preferiram dizer dessa forma.

Comentei com eles que se nós soubéssemos esse caminho seria realmente

mais rápido, e para tanto deveríamos tentar descobrir caminhos mais rápidos.

Por último, foram expostas algumas seqüências criadas por eles. Indaguei se

elas seguiam alguma regularidade.

A maioria respondeu o padrão de cada seqüência.

Também perguntei:

Pesquisador: - É necessário colocar a vírgula?

Bruno: - Sim, precisa separar os números.

Pesquisador: - Essas seqüências são crescentes ou decrescentes?

Classe: - Todas “aumentam”.

Pesquisador: - Não poderíamos ter uma seqüência decrescente?

Pedro: - Pode sim, por exemplo: “9,7,5,3,1.”. Invertendo a ordem da

seqüência que está na lousa!

Pesquisador: - E qual o significado das reticências no final da

seqüência?

Laura: - O quê? Não entendi!

Pesquisador: - O que significa os pontinhos no final da seqüência?

João: - Indica que a seqüência é infinita.

Pesquisador: - E se não tiver os pontinhos?

Ana: - Acaba ai!


90

Finalmente, perguntei a impressão que eles tiveram da atividade, se tinham

comentários a fazer, se gostaram ou não e se acharam difícil.

No geral, foi possível perceber que eles gostaram, acharam diferente a forma

de perguntar. Não acharam difícil, só “um pouquinho”, disseram alguns deles.

Perguntei o que acharam difícil, quais foram as dificuldades que eles tiveram

e eles responderam que o que foi difícil foi pensar “nesse tal 37º termo”.

João respondeu: - Tivemos que pensar muito!


91

• Conclusão parcial

Os alunos participaram bastante, esclarecendo os pontos de dificuldades

detectados na análise a posteriori da primeira sessão e compararam as estratégias

de solução da atividade, indicando qual delas era a mais eficiente.

Mesmo aqueles que como Laura apresentaram dificuldades em resolver a

atividade da 1ª sessão, conforme a transcrição apresentada acima, parece ter

percebido sua confusão.

Desse modo, considero que o objetivo da segunda sessão foi atingido, pois

através da institucionalização, discutimos as dificuldades encontradas, retomando os

conceitos, a partir das concepções equivocadas dos alunos, apontando as

regularidades observadas na seqüência, analisando e comparando as estratégias de

solução da atividade da primeira sessão, a expressão da generalidade encontrada,

bem como sua manipulação, ao encontrar o 37º termo, percebendo a sua utilidade

para resolver um problema de forma mais eficiente.


92

3ª sessão

Esta é a terceira e última sessão da experimentação.

Objetivo:

Criar condições de observar a desenvoltura dos alunos na questão da

observação, descrição das regularidades e generalização de padrões, quando já foi

introduzido esse assunto nas sessões anteriores.

Para isso previ duas atividades as quais denominarei de atividade 2 e

atividade 3, pois a atividade 1 é aquela que foi apresentada na primeira sessão.

Atividade 2

# Objetivo

Apresentar aos alunos um padrão numérico facilmente perceptível pela

observação da seqüência, com palavras e conceitos explorados nas 1ª e 2ª sessões,

a fim de verificar a compreensão dos mesmos.

# Variáveis:

Adaptei uma atividade criada por Perez (2006) que a aplicou a alunos do

Ensino Médio. Embora os alunos não tivessem ainda trabalhado com seqüências
93

cíclicas julguei interessante apresentá-las, para propiciar aos alunos da 5ª série a

oportunidade de observar um outro tipo de seqüência.

Assim, trata-se de uma seqüência numérica cíclica, admitindo apenas duas

possibilidades, facilitando a percepção da correspondência entre a posição do termo

na seqüência e o número que ocupa essa posição.

A escolha pelos números impares 5 e 3 teve o propósito de evitar possível

confusão do aluno entre a posição par (ou ímpar) com um número par e outro impar.

# Atividade 2:

Adri ao observar a seguinte seqüência:

5, 3, 5, 3, 5, 3, 5, 3, 5,...

disse ter encontrado o próximo número e que também foi capaz de encontrar

o 41º termo.

Como você responderia as seguintes questões:

a) Qual é o próximo número dessa seqüência?

b) Qual é o 41º termo da seqüência?

c) Explique como você encontrou esse número.


94

• Análise a priori de cada item da atividade:

Item a: solicita ao aluno a indicação do termo seguinte aos já apresentados na

seqüência, de acordo com o padrão implícito.

# Objetivo:

Apresentar a atividade de uma forma que estimule a atenção do aluno,

motivando-o a buscar a solução das questões.

# Variáveis:

A princípio pede-se o próximo termo, de menor dificuldade para que o aluno

possa se sentir confortável com a atividade e o estimule a prosseguir, de acordo com

as indicações de Vale e Pimentel (2005).

# Estratégias previstas:

O aluno observa a seqüência e percebe a alternância entre os termos 5 e 3, e

que assim o próximo termo da seqüência será 3.

Itens b e c: solicita a indicação do 41º termo da seqüência e como foi obtido.

Como estas questões são interdependentes serão analisadas conjuntamente:


95

# Objetivo:

Motivar o aluno a buscar outra estratégia de resolução com maior eficácia,

dificultando que ele escreva todos os termos anteriores ao solicitado até encontrar o

termo requerido.

# Estratégias previstas:

E1: O aluno escreve a seqüência até obter o 41º termo, encontrando o

número 5.

E2: O aluno faz a relação entre as posições pares e impares, observando que

o número 5 se relaciona com as posições ímpares e o número 3 com as pares, e

desse modo o número que está na 41ª posição, uma posição impar, será o 5. O

aluno faz essa relação de dependência implicitamente:

Posições impares → 5

Posições pares → 3
96

Atividade 3

# Objetivo

Apresentar aos alunos um padrão numérico, onde seja possível explorar a

observação, a percepção da regularidade da seqüência e a expressão de sua

generalidade, bem como verificar as estratégias utilizadas.

# Variáveis:

Trata-se de uma seqüência numérica crescente, com os múltiplos, no caso de

7, um assunto pertinente a alunos da quinta série/sexto ano.

# Atividade 3:

João ao observar a seguinte seqüência:

7, 14, 21, 28, ...

disse ter encontrado o próximo número e que também foi capaz de fazer

outras descobertas.

Como você responderia as seguintes questões:

a) Qual é o próximo termo dessa seqüência?

b) O número 23 pertence a essa seqüência?

c) O número 84 pertence a essa seqüência?

d) Crie uma seqüência que inicia assim: 1, 4,


97

• Análise a priori de cada item da atividade:

Item a: Solicita indicar o próximo termo da seqüência, de acordo com o

padrão implícito.

# Objetivo:

Estimular o interesse do aluno para continuar respondendo a segunda

atividade da terceira sessão, chamando sua atenção para as questões

apresentadas.

# Variáveis:

Vou iniciar pela questão de menor dificuldade que é, indicar o termo seguinte

ao expresso na seqüência, pois assim, segundo Vale e Pimentel (2005), é possível

estimular o aluno a prosseguir a atividade.

# Estratégias previstas:

E1: O aluno continua a seqüência, percebendo que os números estão

crescendo de 7 em 7, e que basta adicionar 7 ao último número apresentado na

seqüência que é o 28, obtendo como próximo termo o 35.

E2: O aluno percebe que os números são múltiplos de 7 e que o próximo

múltiplo após o 28 é o número 35.


98

E3: O aluno, ao perceber que os números apresentados na seqüência são

múltiplos de 7, observa a relação entre a posição e o termo que ocupa aquela

posição, fazendo 5x7=35, no caso o quinto termo, que é o próximo, será o 35.

Item b: indaga se o número 23 pertence à seqüência dada

# Objetivo:

Verificar se o aluno observa e expressa a regularidade observada,

constatando se o número pertence ou não à seqüência.

# Variáveis:

O número indagado busca facilitar a resposta, pela observação da seqüência,

estimulando o aluno a prosseguir nas suas descobertas, procurando expressar o

padrão percebido.

# Estratégias previstas:

E1: O aluno observa a seqüência e verifica que o número 23 não está entre o

21 e o 28, e que, portanto não pertence à seqüência.

E2: O aluno percebe que os números estão aumentando de 7 em 7, e conclui

que o 23 não pertence a seqüência.

E3: O aluno percebe que o 23 não é múltiplo de 7 e por isso não pertence à

seqüência.
99

Item c: Pergunta se o número 84 pertence à seqüência.

# Objetivo:

Dificultar que o aluno escreva todos os termos anteriores ao indagado,

motivando-o buscar outra estratégia de resolução com maior eficácia.

# Variáveis:

A escolha do número indagado possibilita ao aluno considerar outras

estratégias para resolver o problema.

# Estratégias previstas:

E1: O aluno escreve toda a seqüência, somando de 7 em 7, até encontrar o

84 e verificar que ele pertence à seqüência.

E2: O aluno percebe que se trata de uma seqüência de múltiplos de 7,

escreve a tabuada do 7 encontrando o 84.

E3: O aluno ao perceber que os números são múltiplos de 7, divide 84 por 7,

descobrindo que ele é divisível por 7 e que portanto pertence à seqüência.

E4: O aluno faz uma tabela relacionando a posição do termo e o número que

ocupa essa posição:


100

Posição Termo

1 7

2 14

3 21

4 28

5 35

6 42

..... .....

12 84

p 7xp

Tabela 4: Atividade 3 – Estratégia 4 – item c

Apesar de considerar esta estratégia, a generalização da relação entre a

posição e o termo, é bem pouco provável que o aluno de 5ª série/6º ano, nesse

momento, consiga registrar algebricamente a formalização 7 x p.

Item d: Criar uma seqüência que inicia com 1,4,.

# Objetivo:

Dar a oportunidade do aluno criar sua própria seqüência, demonstrando a sua

percepção e compreensão de atividades que envolvam padrões.


101

# Estratégias previstas:

O aluno cria seqüência, com regularidade ou não, podendo ser cíclica ou não,

infinita ou finita.
102

• Descrição da aplicação do instrumento

Na aula que antecedeu a 3ª sessão, avisei os alunos da realização da

mesma, solicitando a presença deles. É importante notar que entre as duas aulas

ocorreram feriados, o que acarretou que entre uma aula e a aula da 3ª sessão

tivessem decorrido 10 dias.

Nessa mesma aula que antecedeu a 3ª sessão, alguns alunos ficaram

curiosos, indagando o que eles iriam fazer e se seria “para a nota”. Respondi que

eles participariam de algumas atividades que dariam continuidade à pesquisa que

estava realizando com a intenção de melhorar a forma de ensino da matemática e

que era indispensável a ajuda deles para o sucesso dessa pesquisa, porém essas

atividades não fariam parte do processo de avaliação. Eles se dispuseram a

participar na próxima aula.

A terceira sessão ocorreu no dia 23 de Novembro de 2007, às 7:05h.

Organizei a sala, previamente, formando carteiras duplas, procurando dispô-las, de

uma forma que ficassem o mais distante possível uma das outras, de modo a evitar

que as duplas interferissem uma nas outras e também para facilitar a circulação da

pessoa encarregada de filmar a sessão.

Ao entrar na sala os alunos encontraram duas situações não habituais: as

carteiras organizadas para receber cada dupla e a presença na sala da observadora

não pertencente aos quadros da Escola e do encarregado pela filmagem e seu

equipamento. Naturalmente eu, a pesquisadora/professora, permaneci na sala o

tempo todo.
103

A observadora foi orientada para não intervir, mesmo que solicitada pelos

alunos, e anotar suas observações. As atividades foram feitas em duplas e foram

vídeo e áudio-gravadas.

Compareceram 19 alunos, solicitei que sentassem com os mesmos colegas

da primeira sessão. Entretanto, como alguns alunos presentes nesse dia não tinham

participado da primeira sessão e também alguns alunos que participaram da primeira

sessão faltaram, apenas duas duplas permaneceram as mesmas. Foram formadas

nove duplas e um aluno respondeu a atividade individualmente.

Coloquei cinco gravadores nas mesas, com a intenção de alterná-los entre as

duplas.

Inicialmente, agradeci a presença deles, salientando a importância da

participação na pesquisa que estava fazendo. Um aluno me perguntou se eles iriam

responder a mesma coisa que fizeram da outra vez. Respondi que as atividades

seriam semelhantes, mas não as mesmas, reiterando que não estavam sendo

avaliados.

Apresentei as pessoas que estavam me auxiliando e expliquei que a sessão

seria áudio e vídeo-gravadas, com a finalidade de registrar e facilitar a análise das

respostas dadas por eles.

Solicitei que utilizassem apenas uma caneta por dupla, que não precisariam

nem de lápis, nem de borracha, pois era muito importante eu observar como eles

estavam pensando e escrevendo, e que assim, não deveriam, de modo algum,

apagar o que escrevessem, apenas fizessem um X sobre o que achavam que não

estava correto e continuassem a registrar as suas respostas.


104

Entreguei uma folha com as questões da atividade 2 e uma folha em branco

para que pudessem responder as questões, disponibilizando quantas folhas fossem

necessárias para respondê-las.

À medida que terminavam a atividade 2, eu entregava a folha com as

questões da atividade 3 e folhas em branco para respondê-las.

A sessão transcorreu conforme o previsto com uma duração de

aproximadamente 60 minutos. Os alunos levaram em média 45 minutos para

responder as questões das atividades propostas.


105

• Descrição dos resultados e análise a posteriori

Para descrição dos resultados levei em conta os protocolos, as transcrições

das gravações, e o vídeo. Infelizmente, dois gravadores apresentaram defeito

impossibilitando o aproveitamento de suas gravações.

Na aula posterior a essa sessão, os alunos se declararam intimidados pela

presença da câmera. Porém, disseram ter gostado da experiência e sugeriram haver

outras oportunidades como essa para que eles pudessem participar e mostrar suas

formas de pensar.

A tabela a seguir mostra a participação de cada aluno presente na 3ª sessão

e também relacionada com suas presenças nas sessões anteriores, para melhor

compreender os protocolos.

Nome fictício Sessão


1ª 2ª 3ª
Alberto x x x
Benedito x x x
Bia x x x
Carol x x x
Dora x x x
Eva x x x
Pedro x x x
Laura x x x
Júlia x x x
Lucia x x x
Mara x x x
João x x x
César x x x
Andréa x x
Daniel x x
Gabi x x
Isa x x
Bruno x x
Cristina x x
Tabela 5: Participação no experimento dos alunos presentes na 3ª sessão
106

Dos 19 alunos que estavam presentes na última sessão, 13 participaram das

três sessões, dos seis restantes: 5 participaram da segunda e terceira sessões e 1

aluno participou da primeira e da terceira sessões.

Atividade 2

A seguir apresento a tabela que resume os resultados dessa atividade:

Dupla Nome Seqüência: 5,3,5,3,5,3,5,3,5,...


fictício a) próximo b) 41º termo c) explicação
termo
D1 Alberto 7, 5, 7, 5, 7, 5,... 74 7x7 = 49; 5x5 = 25
Benedito 25+49=74
D2 Andréa 3 3 3,5,3,5,...
Bia Contando de um em um
D3 Carol 3, 5, 7, 9, 11... 43, 3, 5, 7, 9,..., 41. Encontramos
pulando os números na
Dora
seqüência ímpar e par
I4 Eva 3, 5, 3, 5, 3... 43º Não tenho certeza
D5 Pedro 8 88 8, 10, 12,..., 86, 88.Fiz nº pares
Daniel começando do 8 de 2 em 2.
D6 Laura 5, 4, 5, 4, 5... 167 54+53
Gabi
D7 Isa 3 3 Por causa das perguntas e
Júlia das explicações.
D8 Lucia 3 5 Contamos de 10 em 10
Mara
D9 Bruno 3 3 Fazendo 5,3,5,3...
Cristina
D10 João 3 5 Contamos de 10 em 10 4
César vezes e acrescentamos mais
1

Tabela 6: Resultados da atividade 2


107

Pela análise dos protocolos dos 19 alunos, 11 (5 duplas e a aluna só)

disseram que o próximo número da seqüência, em consideração ao conjunto dos

números inteiros, era o 3.

Dessa forma considero que perceberam a regularidade da seqüência cíclica,

alternando os números 5 e 3.

Ao conseguirem escrever o próximo número, considero que deram o primeiro

passo para a percepção da generalidade, segundo o ciclo de generalização de

Mason et al (1985, apud Machado, 2006).

Após verificar os protocolos das quatro duplas que não deram a resposta

correta, juntamente com a transcrição das gravações, foi possível perceber um

estranhamento dos alunos com a seqüência dada, buscando comparar com a

seqüência apresentada na 1ª sessão, como podemos observar com a dupla D3,

Carol e Dora:

Figura 9: Protocolo da dupla D3, Dora e Carol

Dora: -Depois do 5 será o 3!

Carol: - Aí 5,7,9,11,assim por diante que nem aquela questão de 2 em

2. – Referindo-se à atividade da 1ª sessão.

A princípio parecia que Dora tinha notado a regularidade, porém, após a

observação de Carol e a resposta dada, elas não levaram em conta que a seqüência
108

numérica era repetitiva, alternando os números 5 e 3 e pegaram os números de

maneira isolada, continuando a seqüência, de modo crescente, somando 2 ao termo

anterior, a partir do 5, similarmente ao que fizeram na 1ª sessão.

Na análise do protocolo e conversa da dupla D1, formada por Alberto e

Benedito, observamos:

Alberto: - De 3 vai pra 5, então o próximo número é o 7, 5! Depois do 5

é o 7!

Benedito: - Daí vai vir o 5, 7, 5, 7 e assim vai....

Figura 10: Protocolo da dupla D1, Alberto e Benedito

Essa dupla parece não ter observado a seqüência como um todo, notaram

que de 3 para 5 aumentava 2 e fizeram o mesmo com o último número dado, o 5,

surgindo o 7, daí em diante, continuaram a seqüência, alternando o 5 e o 7.

Em outro protocolo, da dupla D5, Pedro e Daniel, pudemos observar que para

encontrar um resultado eles buscam aplicar alguns algoritmos aos números da

seqüência.

Como os alunos, por vezes, falavam mais baixo, a gravação ficou um pouco

prejudicada, porém, foi possível registrar:

Daniel: - Aqui tá tudo igual né? É 5,7,...mas não é o 27 não, a resposta?

Pedro: - Não!

Daniel: - Então qual que é?

Pedro: - 5+3 dá, 8 8-5 dá 3, 3 +5 dá 8... vezes, se não for 7 é 8.


109

Daniel: - Pode ser de menos ou de mais não dá pra ser de dividir. Dá 37

e aqui dá 8!!!

Ainda insistem:

Pedro: - 5+3, 5-3 dá 2 ... 5,3,5,3,5,3,5, se não for o 3 é o 8.

Figura 11: Protocolo da dupla D5, Daniel e Pedro

Pelo protocolo, assim como pelo vídeo e pelo áudio, ficam claras as várias

tentativas de manipular os números dados na questão, buscando um resultado,

correto ou não, o que demonstra os efeitos do contrato didático que os alunos

parecem estar acostumados, como aponta Silva (2002):


110

A prática pedagógica mais comum em matemática parece ser aquela em


que o professor cumpre seu contrato dando aulas expositivas e passando
exercícios aos alunos, em suas aulas ele deve selecionar partes do
conteúdo que o aluno possa aprender e propor problemas cujos enunciados
contenham os dados necessários e tão-somente esses, cuja combinação
racional, aliada aos elementos da aula, permite encontrar a solução do
problema. O aluno, por seu lado, cumpre seu contrato se ele bem ou mal
compreende a aula dada e consegue resolver, corretamente ou não, os
exercícios. Se isso não acontecer, o professor deverá ajudar, dirigindo o seu
trabalho através de indicações que esclareçam suas dúvidas ou de
pequenas questões elementares que conduzam ao resultado. (p.45)

Os itens b e c, que pediam o 41º termo da seqüência e a explicação de como

foi encontrado, serão analisados em conjunto, pois são questões interdependentes.

Para encontrar o 41º termo, 3 duplas, ou melhor, 6 alunos utilizaram a

estratégia E1 (escreveram a seqüência até obter o 41º termo) ou uma variação dela,

não prevista na análise a priori, (contagem na própria seqüência escrita na folha de

questões).

Entretanto, essa estratégia se mostrou insuficiente para a solução correta da

questão, pois todas as duplas que utilizaram essa estratégia não chegaram à

resposta correta, confundindo-se na contagem:

Figura 12: Protocolo da dupla D2, Andréa e Bia

Nenhuma dupla utilizou a estratégia E2, fazendo a relação entre as posições

ímpares e pares, observando que o número 5 se relaciona com as posições ímpares

e o número 3 com as pares.


111

De fato, como apontam Vale et al (2006), ao citarem estudos de Orton (1999),

encontrar termos numa seqüência torna-se progressivamente mais difícil para os

alunos, à medida que se encontram mais distantes dos termos que lhes são

apresentados e que muitos alunos têm mais dificuldade em explicar um padrão do

que em continuá-lo.

Assim, apenas duas duplas, ou seja, quatro alunos deram como resposta

para o 41º termo o número 5, acertando a questão, utilizando uma estratégia não

prevista na análise a priori:

João: - Aqui já tem uma seqüência de nove números, acrescentando

mais um que é o 3 ficam dez números, pra chegar no 41, temos

que repetir a mesma coisa 4 vezes pra chegar no 40...

César completa: - Ah, então 40 mais 1, 41.

João: - Isso, depois do 3 o próximo é o 5.

César: - Então o de número 41 é o 5!

Figura 13: Protocolo da dupla D10, João e César

Lúcia e Mara, de acordo com o protocolo, também escreveram que contaram

de dez em dez e deram como resposta o 5, não deixando muito claro o modo que

fizeram essa contagem, porém pela gravação foi possível entender como

procederam.

Lúcia faz a contagem na própria seqüência apresentada na folha de questões:


112

Lúcia: - Vamos contar: 1,2,3,4,5,6,7,8,9,10, ai volta de novo

11,12,13,14,15,16,17,18,19,20. Fiz duas vezes. Temos que

contar até o 41, se repetir mais duas vai parar aqui. 41 volta

aqui, que é o 5, entendeu?

Mara concorda com Lúcia e simplesmente escrevem a resposta, constatando

o que, de acordo com Orton (1999, apud Vale et al, 2006), em seus estudos,

identificou, que geralmente, há mais alunos a explicar as regras detectadas nas

seqüências, oralmente do que por escrito.

Figura 14: Protocolo da dupla D8, Lúcia e Mara

A forma como Lúcia e Mara responde a questão, ilustra as diferentes

estratégias que os alunos podem utilizar para resolver um problema, retratando o

que Lee (1996) comenta sobre o trabalho com generalização de padrões ser

estimulante e propiciar ao aluno exercitar seu modo de observar, pensar e agir

diante de um problema.

E que assim, o professor, ao propor este tipo de atividade, deve estar atento

para compreender e avaliar as diversas maneiras que os alunos encontram para

resolver um dado problema.

Também houve alguns alunos que buscaram alguma resposta pela

manipulação dos números dados, como as duplas D1, Alberto e Benedito e D6,

Laura e Gabi:
113

Figura 15: Protocolo da dupla D1, Alberto e Benedito

Figura 16: Protocolo da dupla D6, Laura e Gabi

Mais uma vez, parece que temos o efeito do contrato didático na forma como

os alunos estão acostumados a encontrar uma solução do problema, pois conforme

vemos em Silva (2002), ao comentar a respeito do modo como os alunos respondem

às questões:

Esse comportamento por parte dos alunos revela que existem regras
vigentes, ainda que implícitas, completamente internalizadas por eles,
regras essas que, quando aplicadas, conduzem a uma grande quantidade
de erros dos alunos e a incoerências no tratamento desses erros pelos
professores. Retomando a análise de Chevallard (1988), vejamos algumas
dessas regras: [...] ● em matemática resolve-se um problema efetuando-se
operações. A tarefa é encontrar a boa operação e efetuá-la corretamente.
[...] (p. 51)

Enfim, pela análise dos resultados dos itens b e c, dos 19 alunos, 6 utilizaram,

como estratégia para obter o 41º termo, a contagem, mesmo não encontrando o
114

valor corretamente, e 4 alunos, utilizando uma estratégia não prevista na análise a

priori, responderam o valor procurado.

Portanto, 10 alunos dos 19 não apenas observaram a regularidade, como

também perceberam a generalidade, expressando-a, constituindo assim, a segunda

etapa da generalização de padrão, segundo Mason et al (1985, apud Machado,

2006).

Para a descrição e análise dos resultados da atividade 3 dessa sessão,

elaborei também, uma tabela para melhor visualizar as respostas apresentadas

pelos alunos:

Dupla Nome Seqüência 7,14,21,28,...


Fictício a) b) 23 c) 84 d) Crie seqüência:
próximo pertence? pertence? que inicia por 1,4,
termo
D1 Alberto 35 Não Sim 1,4,8,16,24,28,36
Benedito
D2 Andréa 35 Não Sim 1,4,8,12,16,20,...
Bia
D3 Carol 35 Não Não 1,4,8,12,...,32,37,...
Dora
D4 Eva 35 Não Sim 1,4,8,12,16,20,24,...
D5 Pedro 35 Não Sim 1, 4,7,10,13,...
Daniel
D6 Laura 30,32,34, Não Sim 1,10, 11.12,...,19.
Gabi 36, 38,40 4,40,41,...49.
D7 Isa 35 Não Não 1,4,7,10,13,...39,40
Júlia
D8 Lucia 35 Não Sim 1,4,8,12,...
Mara
D9 Bruno 35 Não Sim 1,4,7,10,13,...37,40...
Cristina
D10 João 35 Não Sim 1,4,8,12,16,20,24,...
César
Tabela 7: Resultados da atividade 3
115

Com relação ao item a, dos 19 alunos, 17 alunos responderam que o 35 era o

próximo termo da seqüência.

Nos protocolos, nenhuma dupla justificou a resposta. Mas, na transcrição das

gravações foi possível verificar que a maioria usou a estratégia E1, percebendo que

os números estavam crescendo de 7 em 7, e que bastava adicionar 7 ao último

número apresentado na seqüência, 28, obtendo como próximo termo o 35.

Duas duplas comentaram que se tratava da tabuada do 7, como João explica:

João: - 7,14,21,28... É fácil, é a tabuada do 7, 7 vezes 4 é 28, 7x5 é 35.

O próximo é 35!

A estratégia usada por João estava prevista na análise a priori, E3, o aluno, ao

perceber que os números apresentados na seqüência são múltiplos de 7, observa a

relação entre a posição e o termo que ocupa aquela posição, fazendo 5x7=35, no

caso o quinto termo, que é o próximo, e encontra o 35.

Pelos resultados obtidos, constatamos que os alunos não tiveram problemas

para observar e perceber a regularidade da seqüência, atingindo o primeiro passo

para a percepção da generalidade, de acordo com o ciclo de generalização de

Mason et al (1985, apud Machado, 2006).

Os dois próximos itens, b e c, de acordo com a análise a priori, tinham como

objetivo possibilitar aos alunos explorar a observação e a percepção da regularidade

da seqüência e a expressão de sua generalidade, bem como verificar as estratégias

utilizadas.

Esse objetivo parece ter sido atingido, pois todos os alunos responderam

corretamente o item b, afirmando que o número 23 não pertencia à seqüência dada.


116

A maioria dos alunos utilizou a estratégia E1, observando a seqüência e

verificando que o número 23 não está entre o 21 e o 28, e que, portanto, não

pertencia à seqüência.

Figura 17: Protocolo da dupla D2, Andréa e Bia

Bruno e Cristina, D9, responderam da seguinte forma:

Figura 18: Protocolo da Dupla D9, Bruno e Cristina

João e César, D10, tiveram como estratégia E3, percebendo que o 23 não é

múltiplo de 7 e por isso não pertencia à seqüência:

Figura 19: Protocolo da dupla D10, João e César

Da mesma forma, o item c apresentou um grande número de acertos, 15 dos

19 alunos afirmaram que o número 84 pertencia à seqüência apresentada.


117

A estratégia mais utilizada foi a E1, ou seja, os alunos continuaram a

seqüência, somando de 7 em 7, até encontrar o 84 e verificar que ele pertencia à

seqüência dada. Como podemos constatar pelo protocolo de Pedro e Daniel, D5:

Figura 20: Protocolo da Dupla D5, Pedro e Daniel

Outra estratégia, encontrada no protocolo de Bruno e Cristina, D9, foi a E2,

isto é, o aluno percebeu que se tratava de uma seqüência de múltiplos de 7 e

escreveu a tabuada do 7 encontrando o 84:

Figura 21: Protocolo da dupla D9, Bruno e Cristina


118

Foi possível perceber também que a escolha da variável, número 84, motivou

os alunos a buscarem outras estratégias de resolução mais eficazes que a

contagem.

Isso pode ser verificado no protocolo de João e César, D10, que utilizaram

como estratégia E3, prevista na análise a priori, em que o aluno ao perceber que os

números são múltiplos de 7, divide 84 por 7, descobrindo que ele é divisível por 7 e

que portanto pertence à seqüência.

Figura 22: Protocolo de João e César, D10

Desse modo, os alunos foram capazes de observar e perceber elementos

pertinentes da generalidade, que permitiram expressá-la e resolver a questão

proposta. Assim, esses alunos vivenciaram situações que lhes permitiram observar,

perceber o próximo termo, expressar a regularidade e resolver o problema posto,

fases essas estabelecidas por Mason et al (1985, apud Machado, 2006), como

constitutivas do desenvolvimento do pensamento algébrico.

O item d, que finalizava a atividade, tinha por objetivo dar a oportunidade ao

aluno de criar sua própria seqüência, continuando-a a partir dos números dados,

demonstrando a sua percepção e compreensão de atividades que envolvam

padrões.

Todos os alunos buscaram criar seqüências, que apresentavam regularidades

ou não, finitas ou infinitas, conforme previsto na análise a priori.

Três duplas criaram seqüências finitas e as demais infinitas. Outras 3 duplas,

isto é, 6 alunos escreveram seqüência crescente, de razão 3.


119

Muitos alunos tentaram escrever a seqüência dos múltiplos de 4, apesar de

não perceberem que o número 1 não pertencia à seqüência dos múltiplos de 4.

Chamou a atenção a forma como Laura e Gabi da dupla 6 criaram suas

seqüências, utilizando o 1 e o 4 como algarismos iniciais para formar os números

das seqüências criadas:

Figura 23: Protocolo da dupla D6, Laura e Gabi

Enfim, foi possível constatar a diversidade de seqüências criadas pelos

alunos, bem como a percepção e a compreensão que tiveram das atividades que

envolvem padrões.

A análise do vídeo permitiu observar os gestos, os sinais, os ritmos que os

alunos faziam para expressar o padrão percebido nas seqüências.

A filmagem mostra que João ao explicar para César o padrão da seqüência

que se iniciava por 1, 4, balança a cabeça e aponta para os quatro dedos,

começando a fazer uma seqüência rítmica de gestos, contando um a um,

enfatizando os números 4, 8, 12, e assim por diante, expressando a idéia de algo

geral, algo que continua mais e mais, sem parar. Esse fato foi abordado por Radford,

Bardini e Sabena (2007), ao observar atividade semelhante com alunos do Canadá.

Esses autores afirmam que os caminhos para a álgebra são conseguidos não

apenas pelo uso do simbolismo alfanumérico, mas também através das várias

maneiras que temos para perceber e expressar o geral, ou seja, mobilizando

diversos recursos semióticos para passar do particular para o geral. Dessa forma, é
120

possível fazer álgebra, produzindo um texto algébrico feito de palavras faladas,

ritmos e gestos.

Portanto, João fez álgebra, dando uma expressão da generalidade através

dos seus gestos, sinais e ritmo.

Do mesmo modo, verificou-se pela filmagem que outros alunos também

usaram sinais e gestos para perceber e expressar a regularidade do padrão das

seqüências.
121

• Conclusão parcial

O objetivo dessa sessão foi atingido, pois conforme previsto pela análise a

priori, as atividades apresentadas criaram condições de observar a desenvoltura dos

alunos na questão da observação, descrição das regularidades e generalização de

padrões, após já ter sido introduzido esse assunto anteriormente.

A maioria dos alunos presentes na terceira sessão participou das duas

sessões anteriores. Todos eles já tinham experienciado atividades envolvendo

padrões, o que facilitou a análise dos protocolos.

Apesar de se tratar de um padrão numérico facilmente perceptível pela

observação da seqüência, os alunos sentiram mais dificuldades para responder a

atividade 2, por se tratar de uma seqüência numérica cíclica, até então

desconhecida para eles, buscando similaridades com as seqüências que eles já

conheciam.

Na verdade, alguns alunos ficaram “presos” na seqüência apresentada na

primeira sessão.

Dessa forma, se deparar com uma seqüência numérica cíclica foi uma

experiência nova para eles, diferente da anterior, o que possivelmente justifica as

respostas equivocadas dadas por alguns alunos.

Pelos resultados apontados, foi possível perceber que os alunos

apresentaram uma melhor desenvoltura ao realizar a atividade 3, por se tratar de

uma seqüência numérica crescente, com os múltiplos, no caso de 7, um assunto


122

pertinente aos alunos da quinta série/sexto ano, além de já terem realizado

atividades envolvendo padrões nas sessões anteriores.

Portanto, pela análise a posteriori dessa sessão, considerando o ciclo de

generalização de Mason et al (1985, apud Machado, 2006), concluo que os alunos

foram capazes de observar e analisar a regularidade das seqüências, assim como

perceber a generalidade presente, expressá-la verbalmente ou por escrito e em

alguns casos, expressar simbolicamente a generalidade, mesmo que implicitamente,

por seus gestos, sinais e ritmos, permitindo a manipulação dessa generalidade, de

modo a resolver um problema, como descobrir se um número pertence ou não à

seqüência.
123

Capítulo 4

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste capítulo apresento as considerações finais baseadas numa visão mais

ampla do processo da pesquisa realizada, aproveitando as conclusões parciais que

permeiam todo o texto.

Este trabalho teve como objetivo investigar se e como meus alunos de 5ª

série/6º ano do Ensino Fundamental se sensibilizam e criam estratégias para

resolver situações que envolvam a percepção e generalização de padrões.

Após a análise do desenvolvimento dos alunos durante a aplicação da

seqüência didática foi possível perceber que a Engenharia Didática, metodologia

adotada, se mostrou adequada para investigar como os alunos perceberam

regularidades em um padrão e as estratégias utilizadas para expressá-la.

Na elaboração do instrumento de pesquisa, as análises a priori contribuíram

para facilitar a escolha das atividades em ordem crescente de dificuldade. As

descrições dos protocolos evidenciam, no entanto uma maior variedade de

estratégias utilizadas pelos alunos para solucionar os problemas postos do que

aquelas previstas nessas análises.

Conhecendo a dificuldade dos alunos com o significado de palavras “novas”

como termo, pensei ter contornado isso enunciando a atividade apresentada de

forma a explicar que termo ali significava elemento. Entretanto, notei que essa
124

precaução não foi suficiente, pois muitos alunos explicitaram dificuldade em

entender o enunciado. Dessa forma, concluo que a palavra termo provocou a

mesma dificuldade encontrada em outras pesquisas similares como na de Machado

(2006). Após observar esse fato me perguntei se teria sido mais adequado

acrescentar ao lado da palavra termo: o número que ocupa essa posição ao invés

da palavra elemento.

Isso me sugere a seguinte questão: Até que ponto a dificuldade de alunos na

resolução de problemas se deve a incompreensão do significado de palavras não

conhecidas pelos alunos? Será necessário mapearmos os termos dos enunciados

matemáticos cujos significados são desconhecidos pela maior parte dos alunos?

Problema semelhante, mas de diferente origem é aquele do

desconhecimento ou pouca familiaridade com conteúdos já trabalhados, como o

caso do aparente desconhecimento da representação dos números ordinais, que

ocorreu também em pesquisa similar de Machado (2006).

De fato, essas dificuldades apresentadas, mesmo não estando diretamente

relacionadas ao tema generalização de padrões, já tinham ocorrido em outras

pesquisas com populações diferentes, o que aponta a necessidade de um cuidado

maior por parte dos professores ao tratar desses assuntos.

A institucionalização, ocorrida na 2ª sessão me permitiu atentar para a

importância de sempre retomar os pontos de dificuldades apresentados pelos alunos

e de discutir os resultados obtidos, confrontando as diversas estratégias utilizadas

por eles, de modo a estabelecer qual a mais eficiente e adequada.

Os efeitos da institucionalização puderam ser notados na terceira sessão,

pois os alunos não questionaram a respeito do significado das palavras presentes

nas questões, como a palavra termo, ou o significado dos números ordinais.


125

Parece que a institucionalização, feita na segunda sessão, ajudou a elucidar

essas dúvidas que estavam presentes na primeira sessão.

Também foi possível perceber o desenvolvimento da autonomia dos alunos

de uma sessão para outra. Na primeira sessão estavam mais tímidos, solicitando o

que deveriam fazer. Já na última sessão, conforme atestam as imagens registradas

no CD anexo, os alunos mostraram uma confiança maior, lendo, discutindo,

contando, buscando respostas para as questões e apresentando suas estratégias.

Esse progresso pode ser devido ao fato de se sentirem mais responsáveis

pela resolução do problema, não esperando que o pesquisador/professor mostrasse

uma estratégia de resolução pronta, além disso, o tipo de atividade parece ter

propiciado o levantamento de conjecturas e o interesse pela busca de estratégias de

solução para as questões.

As atividades realizadas em duplas proporcionaram uma maior interação

entre os alunos, possibilitando uma maior troca de informações entre eles,

provocando discussões positivas para a solução das questões. Ou seja, os alunos

não ficaram tão isolados com suas idéias e dificuldades, podendo explicitar seus

pensamentos e esclarecer as dúvidas existentes.

Entretanto, pela análise dos protocolos, como também pelas imagens

gravadas, foi possível notar que essa vantagem que o trabalho em dupla

proporciona não atingiu todos os alunos, alguns demonstraram dificuldade em

compartilhar a resolução do problema, trabalhando isoladamente.

Para exemplificar, observamos em algumas duplas, como a de Lúcia e Mara,

que Lucia quis resolver sozinha a questão, enquanto disse a Mara que fosse

resolvendo a outra questão sozinha. Outras vezes, observamos um aluno querer


126

copiar a questão e o outro apenas responder, ou então um respondia a questão e o

outro passava a resposta para a folha de sulfite.

Parece que os alunos não estavam acostumados a realizar trabalhos em

duplas, ou que desconheciam as vantagens desse tipo de trabalho. Isto é, eles não

conhecem os objetivos e finalidades de um trabalho em grupo durante a

aprendizagem, a necessidade de socializarem suas idéias para melhor compreender

o que estão estudando.

Isso alerta para a necessidade de enfatizar o trabalho em duplas e refletir

sobre a forma como os alunos interagem durante as atividades em duplas. Assim,

faz-se necessária a intervenção e atenção especial do professor durante o trabalho

em duplas.

A análise multidimensional, utilizando o áudio, protocolos e vídeo, possibilitou

uma melhor compreensão do modo como os alunos perceberam a regularidade e

expressaram a sua generalidade.

O registro videográfico da última sessão viabilizou observar as ações, os

discursos, os gestos, os sinais e os ritmos que os alunos faziam para perceber e

expressar o padrão nas seqüências.

Ter introduzido no ambiente os gravadores, observador(es), instrumentos de

pesquisa nas duas primeiras sessões e por último a câmera de vídeo na terceira

sessão, realmente amenizou a inibição dos alunos e os efeitos desses instrumentos

sobre os seus desempenhos, pois na última sessão eles acabaram se acostumando

com a presença desses elementos e realizaram as atividades propostas.

Na terceira sessão, apesar dos alunos já terem se deparado com questões

envolvendo padrões antes e mesmo prevendo na análise a priori, que a seqüência

cíclica teria apenas duas possibilidades, o que facilitaria a percepção da


127

correspondência entre a posição do termo e o número que ocupava essa posição,

verificou-se que alguns alunos tiveram dificuldades para responder a atividade 2 e

expressar a generalidade dessa seqüência, por não conhecê-la antes e buscar

compará-la com as seqüências que já conheciam.

Esse fato revela a necessidade de dar oportunidades aos alunos de observar

uma variedade de seqüências, assim como diversificar os tipos de padrões. Pois

como afirmam Vale e Pimentel (2005), os alunos devem ter a oportunidade de

averiguar se uma lista de números mostra alguma regularidade, descobrir o padrão

numa seqüência, continuar uma seqüência, prever termos numa seqüência, além de

generalizar e criar suas próprias seqüências.

Portanto, o fato de ter levado em consideração essas observações de Vale e

Pimentel na elaboração do instrumento de pesquisa possibilitou proporcionar aos

alunos experiência com atividades que lhes permitiu vivenciar as indicações

apontadas por Vale e Pimentel como importantes.

Uma dificuldade mostrada pelo vídeo foi quanto ao registro escrito das

respostas das questões. Foi possível perceber, por exemplo, que apesar de ter o

papel, alguns alunos faziam as contas na própria carteira, não registrando por escrito

as respostas, e assim se não fosse pelo registro videográfico não se teria notado

esse fato, evidenciando-se que o pensamento matemático dos estudantes não pode

ser completamente captado apenas por prestar atenção à maneira como eles

escrevem ou fazem suas fórmulas no papel.

Resultados de pesquisas como as de Radford, Bardini e Sabena (2007)

sugerem que, para pensar matematicamente, os estudantes usam outros sistemas

semióticos do que aqueles confinados na esfera da escrita.


128

Para esses autores, as expressões e ações corporais podem ser vistas como

de pouca relevância cognitiva. Isto seria o caso de abordagens teóricas de

aprendizagem e conhecimento nas quais a atividade cognitiva é concebida como

algo mental, como algo intrinsecamente subjetivo, que se realiza na cabeça.

Entretanto, eles defendem a abordagem semiótico-cultural (Geertz, 1973,

Radford, 1998), na qual a atividade cognitiva é vista em termos mais materialísticos,

concebida na corporalidade das ações, nos artefatos, e nos sistemas de sinais

histórico-culturais que os alunos mobilizam para atingir seus objetivos (Vygotsky,

1962, Wartofsky, 1979).

Ao mesmo tempo, a matemática não é um conjunto de verdades

desincorporadas das vicissitudes culturais e sim um modo de nos expressar e dar

sentido ao nosso mundo. Desse modo, as expressões e gestos dos alunos são

considerados elementos-chave nos desdobramentos das experiências matemáticas.

Por isso, devemos nos empenhar para entender esses outros sistemas

semióticos em que se baseiam as experiências matemáticas dos estudantes. As

expressões e gestos não apenas ajudam o aluno a focalizar certas partes de seu

campo perceptual, como também possibilita um modo de expressar seu sentido de

generalidade. A percepção e o modo de expressão são aspectos cruciais do

processo de generalização que segundo Mason et al (1985) é uma das forças vitais

da matemática e a álgebra é a linguagem pela qual a generalidade é expressa.

Não que se queira minimizar o papel da escrita na cognição, a intenção é

chamar a atenção para a variedade de recursos semióticos e a coordenação

complexa que os estudantes fazem deles. Parece que o valor cognitivo desses

outros sistemas ainda permanece marginalizado ou simplesmente ignorado pelos

currículos matemáticos contemporâneos e livros didáticos.


129

Concordo com esses autores ao citarem que a matemática ainda é entendida

como algo que se faz com papel e lápis. A conscientização de que fazer matemática

é muito mais do que apenas escrever nos leva, professores e educadores

matemáticos, a reconhecer os valores daqueles outros sistemas semióticos no

ensino diário da matemática e no desenvolvimento do pensamento matemático dos

estudantes.

Dessa forma, considero que a expressão da generalidade não se dá apenas

pelo uso da linguagem simbólica algébrica, como também pelas várias maneiras que

temos para perceber e expressar o geral, mobilizando os diversos recursos

semióticos para passar do particular para o geral, sejam pelo discurso oral ou

escrito, as ações, os gestos, os sinais ou os ritmos.

Além disso, Fiorentini, Miguel e Miorim (1993) afirmam que não é necessário

que o aluno se expresse em linguagem simbólica para que o pensamento algébrico

se manifeste. O pensamento algébrico pode expressar-se através da linguagem

natural, aritmética, geométrica, ou através de uma linguagem algébrica, de natureza

estritamente simbólica.

De acordo com essas considerações e pelos resultados apresentados após

as análises a posteriori, os alunos estão desenvolvendo o pensamento algébrico, ou

seja, já estão fazendo álgebra, pois foram capazes de observar, perceber a

regularidade e expressar a generalidade, tanto que manipularam essa generalidade,

aplicando-a nas soluções das questões propostas.

Além do mais, por esses resultados, considero que houve um crescimento na

desenvoltura dos alunos na questão da observação, descrição das regularidades e

generalização de padrões ao longo das sessões.


130

Dessa forma, considero que o objetivo da minha pesquisa foi atingido, pois

pelos resultados obtidos após as análises, concluo que os alunos da 5ª série/6º ano

se sensibilizaram e foram capazes de observar, analisar regularidades, reconhecer e

expressar um padrão, além de expressar simbolicamente a generalidade, de modo

explícito ou implícito, seja pelo discurso oral ou escrito, pelas ações, pelos gestos,

pelos sinais ou pelos ritmos, manipulando essa generalidade para resolver um

problema, como encontrar um termo genérico.

Durante a minha investigação, levantei algumas questões que julgo oportunas

para futuras pesquisas como: Considerando os estudos de Radford, Bardini e

Sabena (2007), na abordagem de atividades que envolvem percepção de padrões e

sua generalização, e os resultados dessa pesquisa, ficou a seguinte questão: O

professor deve valorizar os diversos recursos semióticos que os alunos utilizam para

expressar a generalidade? Elas devem ser enfatizadas no ensino?

Acredito que as variedades de recursos semióticos utilizados pelos alunos

devem ser pesquisadas e sugiro como uma das questões: Quais dessas expressões

semióticas são mais efetivas?

Outra questão diz respeito à forma como os padrões são apresentados e

tratados nos livros didáticos da 5ª série/6º ano e as considerações sobre o valor

cognitivo presente na variedade de recursos semióticos e a coordenação complexa

que os estudantes fazem deles.

A mesma investigação pode ser feita considerando os currículos da

matemática.

Outra questão trata de como diversificar os tipos de padrões existentes e

quais as possibilidades de abordagem dessa diversificação ao longo do currículo


131

escolar, uma vez que como indicam Vale e Pimentel (2005), a generalização de

padrões deve ser um tema transversal do currículo.

Assim, após essa investigação, reitero que a percepção de padrões e a

expressão da sua generalidade realmente pode ser um caminho diferente para o

aluno desenvolver as habilidades e as competências para resolver problemas,

inclusive equacioná-los.

Pude confirmar o que Vale e Pimentel (2005) já tinham sugerido em seus

estudos sobre as atividades envolvendo padrões permitirem:

- Contribuir para a construção de uma imagem mais positiva da matemática

por parte dos alunos;

- Experienciar o poder e a utilidade da matemática e desenvolver o

conhecimento sobre novos conceitos;

- Promover o desenvolvimento do raciocínio matemático dos alunos tornando-

os bons solucionadores de problemas e pensadores abstratos;

- Melhorar a compreensão do sentido do número e da álgebra;

Logo, considero que as atividades que envolvem percepção e generalização

de padrões possibilitam desenvolver o pensamento algébrico e conseqüentemente a

construção significativa do conhecimento matemático. E dessa maneira, como

defende Vale e Pimentel, o tema generalização de padrões deve permear todo o

currículo escolar.

Portanto, uma das minhas metas é dar continuidade a esse trabalho não

apenas na 5ª série/6º ano, mas estendê-lo a todos os anos do Ensino Fundamental

e Médio na minha prática profissional, buscando o aprimoramento, fazendo parte do

planejamento de curso.
132

Enfim, através dessa pesquisa, espero ter contribuído para reforçar a

importância das atividades que envolvam percepção e generalização de padrões, e

poder sensibilizar outros professores sobre a necessidade de abordar esse tema

através de situações-problema em todos os anos do ensino básico.


133

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Associação de Professores de Matemática. n.85, p. 14-19, nov./dez. 2005.
138

Anexos

ANEXO A – Tabela da participação dos alunos na experimentação

Nome fictício Sessão


1ª 2ª 3ª
Alberto x x x
Benedito x x x
Bia x x x
Carol x x x
Dora x x x
Eva x x x
Pedro x x x
Laura x x x
Júlia x x x
Lucia x x x
Mara x x x
João x x x
César x x x
Andréa x x
Daniel x x
Gabi x x
Isa x x
Bruno x x
Cristina x x
Aline x
Brenda x
Ceci x
Silmara x
Ana x x
André x x
Ricardo x
Caio x x
Edu x x
Clara x x
Claudia x x
Teresa x
Fátima x
Maurício x x
Tabela 8: Participação dos alunos na experimentação
139

Dos 35 alunos que havia na classe, 2 tinham desistido. Dos 33 restantes, 19

alunos estavam presentes na última sessão, desses, 13 participaram das três

sessões, os seis restantes: 5 participaram da segunda e terceira sessões e 1 aluno

participou da primeira e da terceira sessões. Os outros 14 alunos: 7 alunos

participaram da primeira e segunda sessões, 5 alunos participaram somente da

primeira sessão e 2 alunos participaram apenas da segunda sessão.


140

ANEXO B – Atividade I

Nome: _________________________________ Idade:_________

Nome: _________________________________ Idade: _________

Atividade I

Darci ao observar a seguinte seqüência numérica:


2, 4, 6, 8, 10, ...
disse ter encontrado o próximo número e que também foi capaz de encontrar
o 37º termo. Como você pode responder as seguintes questões:
a) Qual é o próximo número?
b) Qual será o 37º termo ou elemento da seqüência?
c) Explique como você encontrou esse número.
d) Crie uma outra seqüência diferente desta.
141

ANEXO C – Atividade II

Nome: ____________________________________ Idade: ______________

Nome: ____________________________________ Idade: ______________

Atividade II

Adri ao observar a seguinte seqüência:


5, 3, 5, 3, 5, 3, 5, 3, 5,...
disse ter encontrado o próximo número e que também foi capaz de
encontrar o 41º termo.
Como você responderia as seguintes questões:
a) Qual é o próximo número dessa seqüência?
b) Qual é o 41º termo da seqüência?
c) Explique como você encontrou esse número.
142

ANEXO D – Atividade III

Atividade III:

João ao observar a seguinte seqüência:


7, 14, 21, 28, ...
disse ter encontrado o próximo número e que também foi capaz de fazer
outras descobertas.
Como você responderia as seguintes questões:
a) Qual é o próximo termo dessa seqüência?
b) O número 23 pertence a essa seqüência?
c) O número 84 pertence a essa seqüência?
d) Crie uma seqüência que inicia assim: 1, 4,
143

ANEXO E - Solicitação de Autorização aos Pais ou responsáveis

Solicitação de Autorização

Senhores Pais ou Responsáveis pelo(a) aluno(a)


.................................................................................... matriculado(a) na
......... série do Ensino Fundamental da E. M. E. F. Cel “Ary Gomes”:
Pedimos autorização para que seu filho(a) participe de uma
atividade de pesquisa, que ocorrerá no horário da aula de matemática.
Os resultados dessa pesquisa devem contribuir para a melhoria do
ensino de matemática no Ensino Fundamental.
A participação dos alunos nessas atividades dá a eles uma
oportunidade de aprendizagem importante para o desenvolvimento do
pensamento matemático.
Nos comprometemos a manter o anonimato dos alunos ao
descrever os resultados da pesquisa trocando seus nomes por nomes
fictícios.
Contando com a sua compreensão, agradeço antecipadamente a
atenção.

__________________________ _______________________
Profª Lucimeire Omoti de Aquino Diretora da Escola

São Paulo, ___ de ___________ de 2007.


.............................................................................................................
Autorização

Autorizo o aluno(a) .................................................................., pelo


qual sou responsável a participar das atividades de pesquisa propostas
pela professora Lucimeire Omoti de Aquino nos termos da solicitação
feita.
_______________________________________
Assinatura de um dos responsáveis pelo aluno(a)
São Paulo, _____ de _____________ de 2007.
144

ANEXO F - Disposição da classe na 3ª sessão

Obs: nome fictício de cada aluno seguido da idade na época da experimentação

Laura (12) Gabi Pedro Daniel Alberto Benedito


(12) (12) (13) (12) (12)

Carol Dora Lucia Mara


(12) (11) (13) (13)

Bia Andréa Isa Julia César João


(11) (13) (12) (13) (11) (11)

Eva Cristina Bruno


(12) (11) (11)

lousa
145

ANEXO G – CD-ROM com o Registro Videográfico da 3ª sessão da


Experimentação

Este trabalho acompanha um CD-ROM que contém partes do registro videográfico

da 3ª sessão da experimentação. Esse vídeo tem a duração de aproximadamente

6minutos e mostra o ambiente da sala de aula, apresentando algumas imagens das

interações entre os alunos, possibilitando observar que as estratégias que os alunos

utilizam para resolver um problema não consistem apenas de registros escritos, mas

também pela maneira como se expressam pelas ações, fala, gestos, sinais e ritmos.

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