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Se você passa pela esquina da Rua da Paz e Rua 13 de Maio e avista um casarão enorme, abandonado, com
resquícios de obras inacabadas, é bom saber para andar protegido: aquele prédio foi palco de vários
acontecimentos no mínimo bizarros. Boas ou más, as línguas contam que dois irmãos portugueses vieram
ao Maranhão em busca de riqueza, mas apenas um conseguiu. O problema vem em seguida: com inveja, o
irmão pobre assassina o outro para ficar com a fortuna.
Com a riqueza em mãos, o homem passa a maltratar os escravos – incluindo a ex-mulher os filhos do irmão.
Ao descobrir que o tio havia assassinado o pai, um dos bastardos o arremessa através de uma das janelas
do sobrado, e acaba condenado a morrer na forca, em frente à própria casa. O escravo, então, amaldiçoa a
construção, com as seguintes palavras: “Palácio que viste as lágrimas derramadas por minha mãe e meus
irmãos. Daqui por diante serás conhecido como palácio das lágrimas”. Hoje, há quem escute barulhos
sinistros e veja vultos no interior do casarão.
Na Ilha dos Lençóis, em Cururupu, existe uma lenda pra lá de curiosa. Dizem os nativos que entre as dunas
mora um touro negro, com uma estrela na testa, cujas aparições ocorrem nas noites de lua cheia. O animal
é ninguém mais, ninguém menos, que o rei português Dom Sebastião. Mas como esta figura da realeza foi
parar logo no interior do Maranhão? É que os montes de areia da ilha se assemelham às dunas do campo de
Alcácer Quibir, onde o personagem da história morreu em combate com os mouros. Desde sua derrota, ele
vaga por terras maranhenses, esperando que algum corajoso o liberte – ocasionando, assim, a submersão da
ilha de São Luís.
Outra lenda bastante conhecida em São Luís conta que a Praia do Olho d’Água surgiu por conta
das lágrimas de um amor perdido. A índia filha de Itaporama apaixonou-se por um jovem da tribo, que, por
ser muito belo, provocou a paixão da Mãe d’água. O índio acabou sendo seduzido e levado ao palácio
encantado da entidade nas profundezas do oceano. Sem o amor do rapaz, a jovem índia foi para a beira do
mar e chorou até morrer: das lágrimas, surgiram duas nascentes que correm até hoje para o mar. Toda
vez que banhar na praia do Olho d’Água, lembre-se: você está mergulhando nas lágrimas da filha de
Itaporama!
Fato é que Ana Jansen foi uma mulher a frente de seu tempo, quebrou tabus desde cedo – quando
engravidou solteira -, contribuindo para a política e o comércio maranhense e mantendo estilo de vida liberal
(afronta para a época em que viveu). Hoje, permite-se cogitar que toda a lenda e a fama negativa de Jansen
seja, no fim das contas, apenas intriga da oposição.
Lenda da Manguda
O mito, no entanto, não passou de história pra boi dormir – ou melhor, pra comerciante contrabandear.
Explicamos: é que o personagem foi criado por contrabandistas que faziam suas atividades ilegais, na
calada da noite, e não queriam que os “marocas” dessem conta da clandestinidade. Espertos, não?
Lenda de Carimã
A praia de Carimã está entre nossas indicações de recantos naturais mais belos do Maranhão, mais
precisamente, em Raposa. Caso resolva ir até lá, prepare-se para a possibilidade de avistar, entre as
dunas, uma jovem moça de branco, triste a vagar. Reza a lenda que uma mulher mudou-se com o marido
para Raposa, buscando recomeçar a vida longe do irmão gêmeo do amado, que por ela era obcecado. O
casal, apaixonado e longe dos problemas, ia bem: a bela moça sempre esperava o homem voltar da pesca,
sentada numa duna, para juntos voltarem para casa.
Certo dia, no entanto, o irmão gêmeo descobriu onde o casal estava, efingiu ser o marido da jovem
voltando da pescaria. Após terem adormecido, o homem fugiu sem deixar rastros. O verdadeiro esposo,
ao retornar à casa, deparou-se com a situação, e imaginando o que acontecera, foi em busca de matar o irmão
– sem sucesso. Ele, então, partiu em direção à Praia de Carimã, onde desapareceu entre as ondas.
Desolada, a bela jovem passou a procurar todos os dias o corpo do marido pela praia, durante anos. Há quem
diga que a moça é vista até hoje vagando pela praia, a espera do amor perdido.
Os rivais do índio apressaram-se a explicar que o desaparecido não passava de um aproveitador e, em tempos
de escassez de comida, deve ter se aproximado da mãe d`´agua para comer primeiro de sua metade peixe e,
de sobremesa, de sua parte mulher, numa competição muito desfavorável para a filha do cacique. Para estes,
o oportunista continuou vivo em algum palácio no fundo do mar num banquete pra homem nenhum botar defeito,
comendo ora peixe, ora mulher, ou os dois ao mesmo tempo.
O certo é que a indiazinha não suportou seu destino inglório e logo morreu de desgosto. Tantas foram
as lágrimas que elas continuaram a jorrar de seus olhos mesmo depois de morta, gerando uma nascente de
lágrima abundante que corre para o mar até hoje.
Lágrima ou água? Sendo comprovadamente lágrima é melhor acreditar que a índia continua revoltada, porém,
muito mais com a CAEMA, que hoje cobra de seus descendentes pelas lágrimas de sua nascente como se
fosse água.