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pela cobrança de valores diferenciados em razão da idade,
houve a edição, pela ANS, da Resolução Normativa nº 63/2003.
- Portanto, a própria ANS estabeleceu como última faixa
etária para aumento dos planos de saúde a idade de 59 anos,
de modo a respeitar o disposto no Estatuto do Idoso.
- No que tange aos contratos celebrados no interregno entre a
Lei nº 9.656/98 e a Lei nº 10.741/03, como na hipótese dos
autos, a Terceira e a Quarta Turmas do STJ já se pronunciaram
no sentido de que o Estatuto do Idoso, por se tratar de norma
de ordem pública, deve ser aplicado a todos os contratos de
plano de saúde, inclusive àqueles firmados antes de seu
advento.
- No que concerne ao valor das prestações, insta salientar
que seu reajuste não pode ser feito de forma livre e
aleatória – ainda que exista previsão contratual nesse
sentido – sob pena de legitimar-se a iniquidade e a
unilateralidade das alterações contratuais, agravadas pela
própria natureza adesiva do contrato celebrado entre as
partes. A vedação não encontra respaldo apenas no Código de
Defesa do Consumidor (Art. 51. São nulas de pleno direito,
entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao
fornecimento de produtos e serviços que: (...) IV -
estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que
coloquem o consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam
incompatíveis com a boa-fé ou a eqüidade; Art. 54, caput -
Contrato de adesão é aquele cujas cláusulas tenham sido
aprovadas pela autoridade competente ou estabelecidas
unilateralmente pelo fornecedor de produtos ou serviços, sem
que o consumidor possa discutir ou modificar substancialmente
seu conteúdo"), que prevê o equilíbrio contratual entre
consumidor e fornecedor, mas também no Código Civil, que
alude às cláusulas potestativas em seu artigo 122 ("Art. 122.
São lícitas, em geral, todas as condições não contrárias à
lei, à ordem pública ou aos bons costumes; entre as condições
defesas se incluem as que privarem de todo efeito o negócio
jurídico, ou o sujeitarem ao puro arbítrio de uma das partes
").
- Sendo assim, haja vista que a ré deve seguir as regras
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impostas pela ANS e pela legislação pertinente, não lhe é
conferida autonomia para reajustar livremente o valor das
prestações mensais de seus associados, devendo ater-se ao
limite de 11,75% fixado pela Resolução Normativa 74/2004 da
ANS, bem como às normas cogentes previstas na Lei 8.078/90
(CDC).
- Diante de tal quadro, tem-se por abusiva a cláusula 15,
parágrafos 3º e 4º, do contrato de fls. 14/16, na parte em
que estabeleceu reajuste de 70,31% às mensalidades devidas
pela autora quanto completasse 60(sessenta) anos de idade.
- Recurso da CAARJ desprovido.
A C Ó R D Ã O
Desembargadora Federal VERA
LUCIA LIMA
Relatora
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Apelação Cível - Turma Espec. III - Administrativo e Cível
Nº CNJ : 0018168-42.2004.4.02.5101 (2004.51.01.018168-7)
RELATOR : Desembargadora Federal VERA LÚCIA LIMA
CAARJ - CAIXA DE ASSISTÊNCIA DOS ADVOGADOS DO ESTADO DO RIO
APELANTE :
DE JANEIRO
ADVOGADO : VICTOR HUGO NOGUEIRA MACHADO
APELADO : CONCEICAO DE MARIA COSTA HOMEM FROES
ADVOGADO : LUCIA HELENA OUVERNEI BRAZ DE MATOS
ORIGEM : 29ª Vara Federal do Rio de Janeiro (00181684220044025101)
RELATÓRIO
A Desembargadora Federal VERA LÚCIA LIMA DA SILVA (Relatora): Trata-se de
recurso de apelação interposto pela CAIXA DE ASSISTÊNCIA DOS ADVOGADOS DO
ESTADO DO RIO DE JANEIRO – CAARJ, alvejando sentença que julgou procedente, em
parte, o pedido autoral, para condenar a ré "a observar o limite de 11,75% no reajuste das
prestações, conforme estabelecido pela ANS, bem como para restituir, através de
devolução simples ou compensação nas cobranças futuras, quando cabível, os valores
referentes a julho de 2004 e meses subsequentes que tenham sido pagos a maior", ao
fundamento de que "não importa qual seja a natureza jurídica da CAARJ, se celebra com
seus associados contratos de plano de saúde, submete-se à Agência Nacional de Sáude e,
por conseguinte, há de respeitar ao percentual de reajuste de 11,75% legitimamente
estabelecido pela Resolução Normativa 74/2004 da ANS" e que "são nulos de pleno direito
todos os reajustes realizados pela CAARJ, em valor superior ao permitido pela Agência
Nacional de Sáude, devendo tais reajustes ser limitados aos índices permitidos pela ANS
no período". Correção monetária de acordo com a Tabela de Precatórios da Justiça Federal
e juros de mora em 1% (um por cento) ao mês a partir da citação. Ademais, condenou a ré
ao pagamento de honorários advocatícios fixados em 10% (dez por cento) sobre o valor
total da condenação.
Recurso de apelação interposto pela CAARJ, às fls. 187/193, pugnado pela reforma da
sentença, ao argumento de que “está devidamente comprovada a legalidade de todos os
atos praticados pela Recorrente, principalmente, no tocante ao reajuste por mudança de
faixa etária, conforme previsão contratual" e que "o contrato foi firmado sem qualquer
vício de consentimento ou de forma, logo, não há porque não ser cumprido".
Sem contrarrazões.
Em parecer de fl. 204, o Ministério Público Federal opinou pelo desprovimento do
recurso.
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É o relatório.
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Apelação Cível - Turma Espec. III - Administrativo e Cível
Nº CNJ : 0018168-42.2004.4.02.5101 (2004.51.01.018168-7)
RELATOR : Desembargadora Federal VERA LÚCIA LIMA
CAARJ - CAIXA DE ASSISTÊNCIA DOS ADVOGADOS DO ESTADO DO RIO
APELANTE :
DE JANEIRO
ADVOGADO : VICTOR HUGO NOGUEIRA MACHADO
APELADO : CONCEICAO DE MARIA COSTA HOMEM FROES
ADVOGADO : LUCIA HELENA OUVERNEI BRAZ DE MATOS
ORIGEM : 29ª Vara Federal do Rio de Janeiro (00181684220044025101)
VOTO
No mérito, verifica-se que não merece prosperar o recurso de apelação interposto pela
CAARJ, senão vejamos.
A questão referente ao aumento da mensalidade por faixa etária nos planos de saúde
encontra-se disposta nos arts. 15 e 16 da Lei 9.656/98, com redação dada pela Medida
Provisória nº 2.177-44 de 24/08/2001. É ler:
"Art. 15. A variação das contraprestações pecuniárias estabelecidas
nos contratos de produtos de que tratam o inciso I e o § 1º. do art. 1º
desta Lei, em razão da idade do consumidor, somente poderá ocorrer
caso estejam previstas no contrato inicial as faixas etárias e os
percentuais de reajustes incidentes em cada uma delas, conforme
normas expedidas pela ANS, ressalvado o disposto no art. 35-E.
Parágrafo único. É vedada a variação a que alude o caput para
consumidores com mais de sessenta anos de idade, que participarem
dos produtos de que tratam o inciso I e o § 1º do art.1º, ou sucessores,
há mais de dez anos.
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dispositivos que indiquem com clareza:
I – as condições de admissão;
II – o início da vigência;
III – os períodos de carência para consultas, internações,
procedimentos e exames;
IV – as faixas etárias e os percentuais a que alude o caput do art. 15."
No caso, a autora celebrou o contrato em julho de 2002, sendo certo que, quando do
implemento do reajuste, em outubro de 2003, ainda não contava com 10 (dez) anos de
participação no plano de saúde, razão pela qual afigura-se inaplicável, à espécie, a exceção
prevista no art. 15 da Lei nº 9.656/98.
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De outro lado, importa considerar que, com o advento do Estatuto do Idoso (Lei
10.741/2003), cujo art. 15, §3º, veda expressamente a discriminação do idoso nos planos de
saúde pela cobrança de valores diferenciados em razão da idade, houve a edição, pela ANS,
da Resolução Normativa nº 63/2003, verbis:
Art. 2º Deverão ser adotadas dez faixas etárias, observando-se a
seguinte tabela:
I - 0 (zero) a 18 (dezoito) anos;
II - 19 (dezenove) a 23 (vinte e três) anos;
III - 24 (vinte e quatro) a 28 (vinte e oito) anos;
IV - 29 (vinte e nove) a 33 (trinta e três) anos;
V - 34 (trinta e quatro) a 38 (trinta e oito) anos;
VI - 39 (trinta e nove) a 43 (quarenta e três) anos;
VII - 44 (quarenta e quatro) a 48 (quarenta e oito) anos;
VIII - 49 (quarenta e nove) a 53 (cinqüenta e três) anos;
IX - 54 (cinquenta e quatro) a 58 (cinquenta e oito) anos;
X - 59 (cinquenta e nove) anos ou mais.
Portanto, a própria ANS estabeleceu como última faixa etária para aumento dos planos
de saúde a idade de 59 anos, de modo a respeitar o disposto no Estatuto do Idoso.
No que tange aos contratos celebrados no interregno entre a Lei nº 9.656/98 e a Lei nº
10.741/03, como na hipótese dos autos, a Terceira e a Quarta Turmas do STJ já se
pronunciaram no sentido de que o Estatuto do Idoso, por se tratar de norma de ordem
pública, deve ser aplicado a todos os contratos de plano de saúde, inclusive àqueles
firmados antes de seu advento.
Nesse sentido:
AGRAVO REGIMENTAL. PLANO DE SAÚDE. REAJUSTE EM
FUNÇÃO DE MUDANÇA DE FAIXA ETÁRIA. CONTRATO
CELEBRADO ANTERIORMENTE À VIGÊNCIA DO ESTATUTO
DO IDOSO. NULIDADE DE CLÁUSULA.
1.- É nula a cláusula de contrato de plano de saúde que prevê reajuste
de mensalidade baseado exclusivamente na mudança de faixa etária,
ainda que se trate de contrato firmado antes da vigência do Estatuto do
Idoso, porquanto, sendo norma de ordem pública, tem ela aplicação
imediata, não havendo que se falar em retroatividade da lei para
afastar os reajustes ocorridos antes de sua vigência, e sim em vedação
à discriminação em razão da idade.
2.- Ademais, o art. 51, IV, do Código de Defesa do Consumidor
permite reconhecer a abusividade da cláusula, por constituir obstáculo
à continuidade da contratação pelo beneficiário, devendo a
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administradora do plano de saúde demonstrar a proporcionalidade
entre a nova mensalidade e o potencial aumento de utilização dos
serviços, ou seja, provar a ocorrência de desequilíbrio ao contrato de
maneira a justificar o reajuste.
3.- Agravo Regimental improvido.
(STJ, Agravo Regimental no Recurso Especial 1.324.344, Terceira
Turma, Relator Ministro Sidnei Beneti, Publicado no DJE em
01/04/2013)
No que tange ao valor das prestações, insta salientar que seu reajuste não pode ser
feito de forma livre e aleatória – ainda que exista previsão contratual nesse sentido – sob
pena de legitimar-se a iniquidade e a unilateralidade das alterações contratuais, agravadas
pela própria natureza adesiva do contrato celebrado entre as partes. A vedação não encontra
respaldo apenas no Código de Defesa do Consumidor (Art. 51 - São nulas de pleno direito,
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entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviços
que: (...) IV - estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o
consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa-fé ou a
eqüidade; Art. 54, caput - Contrato de adesão é aquele cujas cláusulas tenham sido
aprovadas pela autoridade competente ou estabelecidas unilateralmente pelo fornecedor
de produtos ou serviços, sem que o consumidor possa discutir ou modificar
substancialmente seu conteúdo"), que prevê o equilíbrio contratual entre consumidor e
fornecedor, mas também no Código Civil, que alude às cláusulas potestativas em seu artigo
122 ("Art. 122 - São lícitas, em geral, todas as condições não contrárias à lei, à ordem
pública ou aos bons costumes; entre as condições defesas se incluem as que privarem de
todo efeito o negócio jurídico, ou o sujeitarem ao puro arbítrio de uma das partes").
Sendo assim, haja vista que a ré deve seguir as regras impostas pela ANS e pela
legislação pertinente, não lhe é conferida autonomia para reajustar livremente o valor das
prestações mensais de seus associados, devendo ater-se ao limite de 11,75% fixado pela
Resolução Normativa 74/2004 da ANS, bem como às normas cogentes previstas na Lei
8.078/90 (CDC).
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106/107).
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que isso seja feito de forma aleatória. A unilateralidade,
característica dessa espécie, pode, e, quase sempre é exatamente o
que ocorre, ocasionar certos abusos por parte de quem estabelece as
regras, às quais adere o contratante. Mesmo que, a despeito de todas
as considerações acima, não se admite a aplicação da disciplina do
diploma consumerista ao caso em análise, cabe ressaltar que, num
contrato civil é inválida cláusula que deixa apenas a um dos
contratantes unilateralmente, afixação do preço ou do reajuste das
prestações. Essa cláusula seria inválida em qualquer contrato,
independentemente de ser ou não ser relação de consumo.(...)Por fim,
também entende o Ministério Público que a ré se submete às normas
cogentes da Lei no. 9.656/98, que dispõe sobre os planos e seguros
privados de assistência à saúde (...)” o que atraí, ipso jure a
normatividade, repudiada pela recorrente; a três, porque sendo norma
de ordem pública, tem incidência imediata nas relações, como na
hipótese de trato sucessivo (STJ V.G. Resp 331860, DJ 05/08/02); e a
quatro, porque inobservada a legislação de regência quaisquer
reajustes se mostram ilegítimos, o que deságua no desprovimento do
recurso.
-Remessa necessária e recurso, conhecidos e desprovidos.
(AC 200451010140004, Desembargadora Federal Poul Erik Dyrlund,
Oitava Turma Especializada, julgado em 05/06/2007, DJ 15/06/2007)
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danos morais, o Juízo a quo acertadamente reconheceu o
descabimento da pretensão autoral. A autora foi incapaz de provar ter
sofrido consequência, que não patrimonial, do aumento imposto
contratualmente. 5. Em vez de impugnar a reciprocidade de
sucumbência reconhecida em sentença, a recorrente se insurge com a
forma de fixação de honorários, sendo certo que os mesmos sequer
foram estabelecidos, razão pela qual revela-se descabida a pretensão
recursal. 6. Apelação da autora conhecida e parcialmente provida.
Recurso adesivo e apelação dos réus conhecidos e desprovidos.
(AC 201151010063129, Rel: Desembargador Federal José Antônio
Neiva; Sétima Turma Especializada, DJe 31/05/2013)
Diante de tal quadro, tem-se por abusiva a cláusula 15, parágrafos 3º e 4º, do contrato
de fls. 14/16, na parte em que estabeleceu reajuste de 70,31% às mensalidades devidas pela
autora quanto completasse 60 (sessenta) anos de idade.
Na mesma linha de entendimento, como bem salientado pela Magistrada de piso, "
não importa qual seja a natureza jurídica da CAARJ, se celebra com seus associados
contratos de plano de saúde, submete-se à Agência Nacional de Sáude e, por conseguinte,
há de respeitar ao percentual de reajuste de 11,75% legitimamente estabelecido pela
Resolução Normativa 74/2004 da ANS (...). são nulos de pleno direito todos os reajustes
realizados pela CAARJ, em valor superior ao permitido pela Agência Nacional de Sáude,
devendo tais reajustes ser limitados aos índices permitidos pela ANS no período".
É como voto.