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Monografia apresentada à
Associação Escola de Biodanza
Rolando Toro do Rio de Janeiro,
como requisito parcial para
obtenção do Título de Facilitador
de Biodanza.
Orientadora:
GLADYS TRINDADE DE ARAÚJO
Professora Didata de Biodanza
Março, 2008
MONOGRAFIA APRESENTADA À ASSOCIAÇÃO ESCOLA DE
BIODANZA ROLANDO TORO DO RIO DE JANEIRO E APROVADA
PELA COMISSÃO JULGADORA FORMADA PELOS DIDATAS:
______________________________
GLADYS TRINDADE DE ARAUJO
Orientadora: Facilitadora Didata
International Biocentric Foundation
Reg. nº RJ 9719
______________________________
DENIZIS ASSIS TRINDADE
Facilitadora Didata
International Biocentric Foundation
Reg. nº RJ 0139
________________________________
TÂNIA DO NASCIMENTO TORRES
Facilitadora Didata
International Biocentric Foundation
Reg. nº RJ 0145
_____________________________
ANTONIO JOSÉ SARPE
Diretor da Associação Escola de Biodanza
Rolando Toro do Rio de Janeiro
International Biocenter Fundation
Registro SP 8515
À memória de minha querida Mãe,
MARIA LEONOR HESKETH NOBRE DE ARRUDA
grande e melhor Amiga,
eterna incentivadora de meus projetos de vida.
AGRADECIMENTOS
Página
Capítulo I
Carl Rogers – A Abordagem Centrada na Pessoa
Trajetória ...................................................................... 02/05
Grupos de Encontro...................................................... 06/09
Pressupostos da Teoria ................................................ 10/15
Capítulo II
Rolando Toro – A Conexão do Homem com a Vida
Princípio Biocêntrico .................................................. 16/18
A Biodanza .................................................................. 19/21
Modelo Teórico ........................................................... 22/23
Os Poderes da Biodanza ............................................. 24/26
Capítulo III
Operacionalização da Biodanza
O Grupo Regular – Características ............................ 27/28
Percepção da Facilitadora .......................................... 29/30
*
Poema de minha autoria, escrito em Maio de 2007, após aula no Grupo Regular de Denizis Trindade
APRESENTAÇÃO
TRAJETÓRIA
Carl Rogers rejeitou a idéia de que todo Ser Humano possui uma
neurose básica. Ele rejeitou essa idéia, após investigação científica e
defendeu que o núcleo básico da personalidade humana era tendente à
saúde e ao bem estar.
A partir dessa concepção básica, o seu processo psicoterapeutico se
desenvolveu. Esse processo consiste em um trabalho de cooperação
entre psicólogo e cliente, cujo objetivo é a liberação desse núcleo da
personalidade, obtendo-se com isso a descoberta ou redescoberta da
auto-estima, da auto-confiança e do amadurecimento emocional.
Nos grupos de Biodanza trabalha-se muito a auto-estima, a auto-
confiança e também o amadurecimento emocional. Durante as sessões
inclusive, há exercícios voltados para esse objetivo. A proposta da
Biodanza é um convite à vida, para que cada pessoa possa contatar
cada vez mais o seu núcleo básico, a sua essência, que é tendente à
saúde a ao bem estar.
Existem três condições básicas e simultâneas, necessárias e
suficientes, defendidas com ênfase por Rogers, que precisam estar
presentes na relação terapêutica. Serão essas condições que permitirão
ao cliente, no decorrer de sua terapia, descobrir e entrar em contato
com esse núcleo essencialmente positivo existente dentro dele. E esses
aspectos, tão fundamentais para a Terapia Rogeriana, também estão
presentes no Sistema Biodanza.
São as seguintes condições:
. Aceitação (Consideração Positiva Incondicional)
. Empatia (Ver com os Olhos do Outro)
. Congruência (Autenticidade do Terapeuta ou Facilitador)
A Aceitação ou Consideração Positiva Incondicional consiste na
capacidade de receber e aceitar a pessoa como ela é. É expressar um
afeto positivo por ela, simplesmente porque ela existe, não sendo
necessário que faça algo ou que seja isto ou aquilo.
A Empatia consiste na capacidade de se colocar no lugar da pessoa,
ver o mundo através de seus olhos, o sentir como ela sente,
comunicando tal situação para ela, que receberá esta manifestação
como uma profunda e reconfortante experiência de estar sendo
compreendida e não julgada.
A Congruência ou Autenticidade do Terapeuta consiste na
capacidade do terapeuta ser ele mesmo. Quanto mais o facilitador
puder ser sincero, autêntico, transparente, maior a probabilidade de
que a pessoa mude e cresça de um modo construtivo. E o termo
“transparente” expressa a essência dessa condição. A pessoa (o
cliente) pode ver com clareza o que o facilitador é na relação; percebe
que não está diante de alguém com máscaras, e sim ao lado de uma
pessoa verdadeira. Na correspondência que surge entre as duas partes,
o cliente se ver estimulado a ser cada vez mais ele mesmo.
Rogers relata: “Nas minhas relações com as pessoas
aprendi que não ajuda, a longo prazo
agir como se eu não fosse quem sou...
Descobri que sou mais eficaz quando
me posso ouvir a mim mesmo aceitan-
do-me e quando posso ser eu mesmo”1
1
ROGERS, Carl R. Tornar-se Pessoa p.28
colocadas e/ou estabelecidas por Rogers. Nota-se por exemplo, que
expressar incondicionalmente uma afetividade, só ocorre se emergir
ou brotar realmente de uma forma natural do próprio terapeuta. A
afetividade não há como ser simulada. E o mesmo vai ocorrer com a
Empatia e a Congruência. Em função desse acontecimento natural, é
que se pode dizer que não há uma “técnica rogeriana” e sim
psicoterapeutas ou facilitadores que mais se aproximam em sua
conduta pessoal e profissional da perspectiva e do pensamento de Carl
Rogers.
É importante também considerar, que após anos de muitos estudos e
pesquisas, concluiu Rogers, que as “três condições necessárias e
suficientes” enfatizadas por ele em sua Teoria, são eficazes como
instrumento que servirá para aperfeiçoar o relacionamento humano em
qualquer tipo de envolvimento interpessoal, seja na educação entre
alunos e professores, no campo profissional entre chefes e
subordinados, na família com pais e filhos, marido e mulher e na vida
em geral.
Uma das grandes características da Terapia Rogeriana, é a mesma se
voltar bastante para o presente, se preocupar com o realizar-se de cada
momento. É defendida a idéia de que toda a pessoa é capaz de
reestruturar suas respostas a medida que a experiência permite ou
sugere novas possibilidades. Todo e qualquer ser humano se encontra
comprometido em contínuo processo de atualização. Carl Rogers
considerou essa característica humana de “Tendência Atualizante”, e
que veio a se tornar um grande postulado de sua teoria.
Na obra de Rogers, temos como uma das idéias mais importantes, a de
que é a própria pessoa que é capaz de controlar o seu
desenvolvimento, e que ninguém mais pode fazer isso por ela. O
mesmo acontece dentro do processo da Biodanza.
Carl Rogers é considerado um grande representante da corrente
“humanista” e “não diretiva” na Psicoterapia, como também na
Educação. Ele concebe o ser humano como essencialmente bom e
curioso, porém necessitando de ajuda para a sua evolução. Daí
surgindo a necessidade das Técnicas de Intervenção Facilitadoras.
A “não diretividade”, sua metodologia, é bem característica. Trata-se
de um método não estruturante do processo de auto conhecimento.
Rogers pressupõe que o Terapeuta (Facilitador) oriente o seu cliente
para as suas próprias experiências e que, a partir delas, ele (cliente) se
auto determine e governe.
A sensibilização, a afetividade e a motivação são fatores que Rogers
acredita como atuantes na construção do conhecimento.
Uma das críticas à Teoria de Rogers é que ela tende a ser utópica,
idealista, romântica e até mesmo irrealizável na opinião de alguns
críticos mais severos. Porém, são percebidos com destaque na obra
rogeriana os seguintes aspectos, entre outros: o “desejo de mudança” e
a “ intenção de realização de algo concreto”
Rogers se apresenta como sendo um psicólogo, dos quais um de seus
interesses principais, durante muitos anos, foi o da psicoterapia. E a
psicoterapia como sendo um processo de crescimento que vai sendo
realizado e/ou construído. É um processo que envolve as duas
pessoas, facilitador e cliente, quando juntos e maravilhados vêem as
forças poderosas e organizadas se manifestarem para o crescimento e
o encontro de si mesmo.
Rogers foi um terapeuta em atividade durante toda sua carreira
profissional. Sua teoria psicoterápica passou por diversas fases de
desenvolvimento e mudanças, mas alguns pontos básicos sempre
ficaram inalterados. São eles:
. Uma abordagem que coloca peso maior sobre o impulso individual
direcionado para o crescimento, à saúde e o equilíbrio, visando
libertar a pessoa para o seu desenvolvimento normal.
. Uma terapia que dá muito mais ênfase para o lado afetivo de uma
situação do que para os aspectos intelectuais.
. Um processo terapêutico que dá muito mais ênfase para a situação
imediata do que para os aspectos do passado do cliente.
. Uma abordagem que enfatiza a relação terapêutica, valorizando-a
como uma experiência para o crescimento.
Rogers escolheu usar o termo “cliente” no lugar do tão tradicional
“paciente”. Para ele, paciente é visto geralmente como alguém
enfermo, precisando de ajuda de profissionais especializados e
superiores. A própria palavra “paciente” sugere alguém “passivo” ,
ficando em discordância com a sua teoria. O cliente, mesmo portador
de muitos problemas, é alguém capaz de compreender a sua situação e
que veio buscar um atendimento ou ajuda, por reconhecer não ser
possível resolver sozinho. A relação terapeuta e cliente pode ser
chamada de uma “relação horizontal”, isto é, há uma igualdade entre
as duas partes. As pessoas envolvidas estão se relacionando em um
nível de “igual para igual”. O mesmo não parece acontecer na relação
médico e paciente, que pode até ser chamada de “relação vertical”. O
médico parece estar em um “patamar superior” em relação a seu
“paciente”
A Psicoterapia para Rogers é definida como a liberação de
capacidades já presentes em estado latente. Para ele, o cliente possui,
potencialmente a competência necessária para a solução de seus
problemas. A psicoterapia é dirigida pelo cliente ou centrada no
cliente, já que é a sua pessoa que assume a direção que for necessária.
Carl Rogers acredita que é o cliente que tem a chave de sua
recuperação. O terapeuta, então, deve ser possuidor de determinadas
qualidades para poder ajudar esse cliente a aprender como usar tais
chaves. Estes poderes implícitos no cliente, se tornarão efetivos, se na
relação estabelecida entre os dois existir compreensão e aceitação
suficientemente calorosas (afetividade). O terapeuta precisa ser
autentico, genuíno e não estar desempenhando um papel,
principalmente o de terapeuta, quando está diante do cliente. Ele é
apenas um facilitador do processo de mudança do cliente e também
um modelo de uma pessoa autêntica. Se o cliente confia que vai
receber uma resposta com honestidade, isso só tende a favorecer a ele
cliente, na busca do seu encontro consigo mesmo. O cliente precisa
saber que o terapeuta é autêntico, preocupa-se, ouve e compreende de
fato.
Terapeuta e cliente são co-responsáveis pelo processo psicoterapêutico.
CAPÍTULO II
PRINCÍPIO BIOCENTRICO
2
Toro, Rolando. Biodanza. Edit. Olavobras/EPB p.51
3
ROGERS, Carl R. Um Jeito de Ser p.40
BIODANZA
“ Me chego e me aconchego
Em um ninho de carinho
A minh‟alma se acalma
Descansa, alcança e avança
Pelas rodas da Biodanza! ” 4
4
Poema de minha autoria, escrito em junho de 2007, após aula no Grupo Regular de Denizis Trindade.
A Biodanza tem como alicerce as leis universais que sustentam e
proporcionam a evolução da vida. Sua proposta é para os participantes
dançarem a alegria de viver, estabelecendo vínculos consigo mesmo,
com o outro, através de trocas afetivas, realizadas durante as
vivências que estimulam a auto-estima e o auto-conhecimento.
Em Biodanza, portanto. a função de conexão com a vida se exerce em
três níveis: . Conexão consigo mesmo
. Conexão com o semelhante
. Conexão com o Universo
Os exercícios da Biodanza foram organizados a partir do seu Modelo
Teórico. E esse modelo baseia-se nas ciências da vida: Antropologia,
Biologia, Psicologia e Sociologia. A fusão do conhecimento dessas
ciências vão originar os alicerces do modelo apresentado pelo seu
criador.
E os exercícios de Biodanza, obedecendo ao modelo teórico,
apresentam uma seqüência de movimentos baseados nas “na cinco
linhas básicas” de vivências, a saber:
. Vitalidade – Um convite ao Movimento. Está relacionado ao ímpeto
vital, a energia da pessoa para enfrentar o mundo. A Vitalidade busca
a regulação do organismo, trabalhando a dissociação entre as partes e
as funções do organismo.
. Sexualidade - Um convite à Integração. Está relacionada para a
dissolução gradativa das couraças que visam bloquear nossa
sensibilidade. A Sexualidade busca a redescobrir a pele como fonte de
prazer e limite do mundo. Objetiva “quebrar” o condicionamento
ligado ao sexo, que ainda para muitos, é apenas genital.
. Criatividade - Um convite à Expressão. Está relacionada a liberação
de nossos movimentos, como também resgatar gestos perdidos ou
esquecidos. O criar vindo de si mesmo, dando sentindo interno a cada
ato. É um exercício estimulante para o nosso poder criativo.
. Afetividade - Um convite ao Amor. Está relacionada ao útero afetivo que
cada um de nós possuímos e na nossa capacidade de dar e receber, de nutrir
e ser nutrido. É o amor indiscriminado pelo ser humano. Desenvolve e
estimula as trocas de carinho, fazendo as pessoas se sentirem parte do todo,
melhorando os seus relacionamentos. A afetividade não está ligada apenas
ao amor entre as pessoas com vínculos específicos, mas ao respeito à vida,
ao amor universal.
. Transcedência - Um convite à Harmonia. Está relacionada com a
capacidade de irmos além do ego, integrando unidades maiores,
possibilitando conexão com o todo. E o ser humano. para a Biodanza com
sua visão holística, é considerado um todo e não uma mera soma de partes.
É uma linha bastante reprimida, devido aos mitos e divindades, que se
encontram fora de nosso alcance, impostos pelas religiões.
A Biodanza, portanto, é um convite à vida. São diversos os seus
objetivos e benefícios : Integração e expressão afetiva; descobertas
de novos caminhos; o aumento da criatividade e da capacidade de
comunicação; colaborar para o auto conhecimento e o fortalecimento e
expressão da identidade; trabalhar a auto estima; a diminuição do
stress e da ansiedade, tendo sempre como objetivo a integração e o
desenvolvimento de cada indivíduo. Vale considerar o lado
preventivo da Biodanza. Para as pessoas que a praticam, há um
reforço de suas funções orgânicas, a reaprendizagem das funções
originárias da vida, como também a reeducação afetivo motora
A Biodanza, como um convite à vida, é um convite para um caminho
de crescimento e de forma prazerosa. Através da dança e dos
movimentos, a pessoa poderá entrar em contato com as suas
qualidades e talentos, redescobrindo a si mesma.
MODELO TEÓRICO
5
Toro. Rolando Biodanza. Edit. Olavobtás/EPB p.74
MODELO TEÓRICO DE BIODANZA
Rolando Toro
OPERACIONALIZAÇÃO DA BIODANZA