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Segurança do Trabalho

Módulo I

Parabéns por participar de um curso dos


Cursos 24 Horas.
Você está investindo no seu futuro!
Esperamos que este seja o começo de um grande
sucesso em sua carreira.

Desejamos boa sorte e bom estudo!

Em caso de dúvidas, contate-nos pelo site


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Atenciosamente
Equipe Cursos 24 Horas
Sumário

Unidade 1 – Conceitos iniciais de Segurança do Trabalho............................................. 3


1.1 – Antecedentes históricos da Segurança do Trabalho............................................... 4
1.2 – Termos e conceitos relacionados à segurança e à saúde do trabalho...................... 8
1.3 – A ética e as perspectivas acerca da saúde e da segurança do trabalho.................. 13
1.4 – Ferramentas e estatística básica aplicada à análise de risco ................................. 16
1.5 – Estudo de caso de fixação de conteúdo da Unidade 1 ......................................... 22
Unidade 2 – Legislação de Segurança do Trabalho...................................................... 24
2.1 – Organização Internacional do Trabalho, Constituição Federal e CLT.................. 25
2.2 – Ministério do Trabalho e Emprego: Normas Regulamentadoras e Portarias. ....... 30
2.3 – Previdência Social: CAT, PPP, APOSENTADORIAS ESPECIAIS e SAT......... 34
2.4 – Normas brasileiras, ISOS, OHSAS 18001, NBR 18801...................................... 39
2.5 – Estudo de caso de fixação de conteúdo da Unidade 2 ......................................... 41
Conclusão do Módulo I............................................................................................... 43
Introdução
Neste curso, você estará apto a compreender o papel da segurança do trabalho
dentro das organizações. É um curso livre indicado para qualquer pessoa com interesse
no tema e com interesse em adquirir conhecimento de segurança e saúde do trabalho.
Porém cabe salientar que não é um Curso de Formação Técnica, nem disciplina de curso
de graduação e sim um curso de conhecimento geral acerca do tema.
Serão apresentados durante o curso os fundamentos da segurança do trabalho
quanto aos conceitos básicos sobre: conceitos de segurança do trabalho, legislação,
riscos ambientais, programas de prevenção e outros documentos da área.
O módulo I leva a uma visualização sobre a relevância e desenvolvimento da
segurança do trabalho no tempo e possibilita o entendimento de termos, conceitos e
práticas usuais na segurança do trabalho.
O módulo II apresenta noções da legislação envolvida nesta área desde normas
internacionais a nacionais. Já no módulo III você saberá classificar os riscos ambientais
e ainda neste módulo III aprenderá, no estudo de caso, a fazer uma análise de riscos
ambientais que poderá ser aplicada em qualquer documento da segurança do trabalho,
que é o nosso próximo tema presente no Módulo IV, que trata de programas de
prevenção e finaliza com ênfase na política, nas normas de segurança do trabalho e nas
necessidades de integração dos envolvidos na Segurança do Trabalho.
Assim pretende-se proporcionar um conhecimento geral dos assuntos
relacionados a esta área conduzindo você a um despertar para o aprofundamento dos
temas. Este curso, portanto é indicado para qualquer pessoa que tenha interesse no
assunto segurança do trabalho, sejam administradores, gestores, profissionais de
recursos humanos, profissionais de saúde e segurança do trabalho que queiram reciclar
seus conhecimentos.
Após conclusão do estudo do conteúdo do curso, faça suas avaliações para testar
o conhecimento adquirido. Meus votos de que seja proveitoso este curso.

Bons estudos!

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Unidade 1 – Conceitos iniciais de Segurança do Trabalho

Nesta Unidade 1, você terá uma base do que são os conceitos de segurança do
trabalho, portanto, começaremos com o estudo dos antecedentes históricos mais
marcantes e comentados.

Depois veremos termos e conceitos, mostrando diferenciações entre eles, além


de prosseguirmos com a discussão acerca da ética e perspectivas para a segurança do
trabalho.

Apresentamos então ferramentas básicas de estatística para uma iniciação da


análise de riscos ambientais e que irão certamente requerer mais aprofundamento por
parte do aluno, até em formações em graduações específicas.

Para seu melhor entendimento, iremos fazer um estudo de caso sobre o conteúdo
aprendido de forma a sintetizar o que foi lido e compreendido. Após a Unidade 1, você
terá a base para prosseguir na Unidade 2 do Módulo I.

Bons estudos!

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O que é Segurança do Trabalho?
A Segurança do Trabalho é a área que se preocupa em proteger o trabalhador,
atuando na diminuição de doenças e acidentes ocupacionais.
A equipe que trabalha com a Segurança do Trabalho é composta por: técnico,
engenheiro, médico e enfermeiro do trabalho. Este grupo compõe o SESMT (Serviço
Especializado em Engenharia da Segurança e Medicina do Trabalho). Veja, abaixo, qual
é a qualificação necessária para atuar em cada uma destas funções:

Técnico de Segurança do Trabalho: para atuar nesta função, é preciso realizar um


curso técnico de nível médio com carga horária de cerca 1.200 horas. Além disso, é
necessário realizar 400 horas de estágio. As oportunidades estão nas empresas de
diversos segmentos, isto porque todos os estabelecimentos com mais de 101
funcionários, obrigatoriamente, precisam ter este profissional na equipe.

Médico do Trabalho: para adquirir os conhecimentos necessários, o médico do


trabalho deve ter formação inicial em Medicina, curso de pós-graduação e o certificado
de residência médica na área de saúde do trabalhador, que é reconhecido pela Comissão
Nacional de Residência Médica do Ministério da Educação.

Engenheiro de Segurança do Trabalho: o engenheiro de Segurança do Trabalho deve


ter, inicialmente, uma graduação em engenharia, agronomia ou arquitetura e urbanismo.
Após o curso superior, o profissional pode fazer uma especialização na área, que
garantirá a qualificação necessária para exercer a função. Segundo a Catho, o salário
médio deste profissional é em torno de R$6.403,07.

Enfermeiro do Trabalho: este profissional precisa ter graduação em enfermagem e


pós-graduação em enfermagem do trabalho. Além disso, atuará oferecendo assistência
aos pacientes em ambulatórios, estudando e adotando medidas de biossegurança.

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1.1 – Antecedentes históricos da Segurança do Trabalho

Certamente, o grande marco da história da segurança do trabalho é a publicação


da obra De morbis Artificum Diatriba (1700) traduzido como "As doenças dos
trabalhadores" pela Fundação Jorge Duprat e Figueiredo (FUNDACENTRO) em 1999,
no qual o médico italiano Bernardino Ramazzini descreve inúmeras doenças
relacionadas às profissões existentes na época. O livro deixou o autor conhecido como o
"pai da medicina do trabalho". Acompanhe um trecho do livro com o relato da doença
dos mineiros:

"Os pulmões e o cérebro são muito atacados nestes obreiros, sobretudo, os


pulmões que aspiram, junto com o ar, exalações minerais, resultando daí os primeiros
agravos, pois aquelas emanações se introduzem no órgão vital e se misturam com o
sangue, alterando e arruinando a constituição natural do cérebro e do fluido nervoso,
provocando tremores e demais afecções acima referidas." (RAMAZZINI, 1999, p. 26).

É interessante que há no livro de Ramazzini uma contextualização da época e


apesar de ter algumas profissões diferentes das que temos na atualidade, o hábito de
perguntar ao doente "Qual a sua ocupação?" toda vez que ele atendia uma consulta, o
tornou importante nos estudos relacionados aos riscos específicos ocupacionais.

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Com a Revolução Industrial entre 1760 e 1830, durante o século XVIII e XIX,
na Inglaterra, os processos industriais e as máquinas utilizadas ofereciam riscos, mas as
condições de trabalho eram criadas pelo empregador, sendo que nesta época ainda não
existia nenhuma regulamentação relacionada ao trabalho.

Eram os patrões que definiam as horas de trabalho, sem distinção entre


mulheres, adultos ou menores e sequer havia o conceito de atividade penosa. Acidentes
aconteciam, como também doenças e foi assim mediante um processo acelerado e
desumano de produção que, em 1830, o proprietário de uma fábrica têxtil Robert
Dernham, preocupado com seus operários, procurou o Dr. Robert Baker, seu médico,
pedindo que ele indicasse uma forma de resolver tal situação. Então, Dr. Baker o
orientou da seguinte maneira:

"Coloque no interior da sua fábrica o seu próprio médico, que servirá de


intermediário entre você, os seus trabalhadores e o público. Deixe-o visitar a fábrica,
sala por sala, sempre que existam pessoas trabalhando, de maneira que ele possa
verificar o efeito do trabalho sobre as pessoas". (MENDES; DIAS, 2011, p. 341).

Perceba que foi a primeira vez que a segurança do trabalho foi considerada para
avaliação de riscos, dentro de uma fábrica, como medida de prevenção.

Assim, o empregador contratou o médico para trabalhar em sua fábrica com a


função de avaliar os riscos ambientais. Em 1833, foi promulgada a Lei das Fábricas que
determinava, entre outros itens, que menores de 18 anos não poderiam exercer o
trabalho noturno. Além disso, a idade mínima para trabalhar era de nove anos, o
trabalho era restrito a 12 horas por dia e 69 horas semanais.

Posteriormente, a ventilação mecânica e a restrição para a ingestão de comida


foram exigidas no local de trabalho. Em 1844, a lei foi reformulada e determinou que
menores de 13 anos teriam jornada máxima de 6 horas e meia, assim surge o conceito
de turno e foi nesta ocasião que se iniciou o uso do relógio na fábrica.

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O Brasil tinha, até o final dos anos 1800, o uso de mão de obra escrava nas
indústrias. Esta mão de obra foi substituída por imigrantes que iniciaram movimentos
reivindicatórios por melhores condições de vida. Ou seja, a regulamentação do trabalho
chegou ao Brasil somente em 1919 com a Lei 3.725, composta por 30 artigos que
mencionavam o conceito de acidente do trabalho e determinações gerais sobre a
atividade laboral.

Em 1º de maio de 1943 a CLT foi aprovada e, no ano seguinte, em 10 de


novembro de 1944, tornou-se obrigatória nas empresas a constituição da Comissão
Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA). Dez anos se passaram (1953) para que
houvesse regulamentações sobre a organização e o funcionamento da CIPA.

Em 1967, foi instituído o seguro de acidente na previdência e em 1972


estabelece-se a obrigatoriedade dos Serviços Especializados em Segurança e Medicina
do Trabalho (SESMT), considerando o número de empregados e o grau de risco da
empresa. Em 1978, foram aprovadas as primeiras Normas Regulamentadoras (NR's),
constando atualmente com 36 NR's que são atualizadas e ampliadas periodicamente.

No final do século XX, surge a OHSAS 18001 (Occupational Health & Safety
Advisory Services) contendo padronizações para a gestão da saúde e da segurança do
trabalho. Este documento fornecia às organizações uma base consistente para o processo
de gestão de saúde e segurança ocupacional.

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As empresas passaram a ter então um padrão de referência internacional de
saúde e segurança do trabalho, possibilitando-as considerar a melhoria contínua nos
processos de forma a reduzir ou eliminar riscos no ambiente de trabalho de forma
sustentável. Veremos adiante outros conceitos e avanços das leis relacionadas com a
segurança do trabalho.

1.2 – Termos e conceitos relacionados à segurança e à saúde do


trabalho

É inevitável iniciar este assunto com o conceito de acidente do trabalho legal, de


acordo com o artigo 19 da lei nº 8.213 de julho de 1991(Lei de Planos e Benefícios da
Previdência Social): “Acidente do trabalho é aquele que ocorre no exercício do
trabalho a serviço da empresa, provocando lesão corporal ou perturbação funcional
que cause a morte, a perda, a redução permanente ou temporária de sua capacidade
para o trabalho.”

Para efeitos legais, o acidente de trabalho ocorre quando o incidente provoca


uma lesão ou doença, de fato, garantindo indenização para o trabalhador que sofreu o
acidente ou adoeceu em decorrência de sua função. Assim, a lei proporciona a reparação
do dano, mas não prevê uma maneira de evitar que ele ocorra. Consequentemente, os
acidentes e as doenças do trabalho fazem com que as despesas sejam maiores para o
Governo com os custos destes seguros, sobrecarregando a economia do País.

A lei 8.213, de 24 de julho de 1991, define no artigo 21 que as seguintes


situações podem ser consideradas acidentes de trabalho para efeito da lei:

1. Acidente ligado ao trabalho que, embora não tivesse uma causa única,
contribuiu diretamente para a morte do segurado, para a redução ou para a perda da sua
capacidade para o trabalho. Também são considerados os casos em que ocorrem alguma
lesão que exija atenção médica para a sua recuperação.

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2. Acidente sofrido pelo segurado no local e no horário de trabalho em
consequência de:

• atos de sabotagem ou de terrorismo praticado por terceiros, inclusive


companheiros de trabalho, ofensa física intencional, causada por colegas da
empresa, em virtude de disputas relacionadas ao trabalho;
• ato de imprudência ou de negligência de terceiros, inclusive envolvendo outros
trabalhadores;
• ato de pessoa privada do uso da razão;
• desabamento, inundação ou incêndio;
• outros casos fortuitos ou decorrentes de força maior.

3. Doença proveniente de contaminação acidental do empregado no exercício de


sua atividade.

4. O acidente sofrido pelo segurado, ainda que fora do local e do horário de


trabalho, é considerado nas seguintes situações:

• Na execução de ordem ou na realização de serviço sob a autorização da


empresa;
• Na prestação espontânea de qualquer serviço para a empresa, no intuito de evitar
prejuízo ou proporcional proveito;
• Em viagem a serviço da empresa, inclusive para estudo, quando financiada por
esta dentro de seus planos para melhor capacitação de mão de obra,
independentemente, do meio de locomoção utilizado, incluindo o veículo de
propriedade do segurado;
• No percurso da residência para o local de trabalho ou deste para aquela, qualquer
que seja o meio de locomoção, inclusive no próprio veículo segurado.

O empregado é considerado no exercício do trabalho nos períodos destinados à


refeição, descanso ou por outras necessidades fisiológicas, durante a execução de sua
função. Oliveira (2009, p. 68) afirma que “o acidente deve ser definido como qualquer
ocorrência que interfere no andamento normal do trabalho, pois além do homem,
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podem estar envolvidos nos acidentes outros fatores de produção, como máquinas,
ferramentas, equipamentos e tempo.” Acrescentamos aqui a relevância que há de se
identificar incidentes e quase-acidentes como iniciadores de processo de danos ao ser
humano.

A possibilidade de acidentes deve ser identificada e, ao mesmo tempo, é preciso


que as medidas preventivas sejam realizadas antecipadamente. Desta forma, não
acontecerão acidentes ou doenças, o que é muito bom para a empresa, que reduz custos
com acidentes e melhora suas estatísticas. Consequentemente, a empresa também pode
ter a redução do valor pago no Seguro de Acidente do Trabalho (SAT).

Vejamos um exemplo que mostra esta diferença entre conceito legal e


conceito prevencionista:

Ao passar pela área da empresa, o trabalhador nota uma poça de água, então
para, observa e prossegue na sua caminhada ao seu posto de trabalho. Em seguida, passa
um colega de trabalho que escorrega na poça de água, se desequilibra e derruba suas
ferramentas estragando-as, porém vai até o almoxarifado sem relatar o fato e troca as
ferramentas quebradas por novas. Por último, passa um terceiro funcionário pela poça
de água e escorrega, derrubando uma das ferramentas em seu pé, provocando uma lesão.
Ainda na queda, ele tenta se segurar, mas quebra o braço. Este último funcionário
precisa de atendimento emergencial e da emissão de Comunicação de Acidente do
Trabalho (CAT).

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Perceba que ao considerarmos que só o último empregado sofreu a lesão, temos
o acidente de trabalho caracterizado no conceito legal, mas no conceito prevencionista
este fato pode ser considerado como "perda de tempo" e "perda de material". Se o
primeiro trabalhador tivesse sido estimulado a relatar o risco ou se a empresa possuísse
um canal de comunicação para este relato e sugestões, o local poderia ser sinalizado ou
isolado até que providências fossem tomadas quanto à poça de água.

A diferença entre acidente no conceito legal e acidente no conceito


prevencionista é que no conceito legal é preciso acontecer a lesão física para que o
acidente seja considerado. No conceito prevencionista, a lesão física é classificada como
perda de tempo e geradora de danos materiais.

No artigo 20 da lei 8.213, de 24 de julho de 1991, são definidos os conceitos de


doença profissional e doença do trabalho. Veja abaixo:

Doença profissional – produzida ou desencadeada pelo exercício do trabalho.

Exemplos: silicose (poeira), bagaçose (cana-de-açúcar), hidrargirismo (mercúrio),


saturnismo (chumbo), abestose (amianto) e LER (Lesão causada por Esforço
Repetitivo).

Doença do trabalho – adquirida ou desencadeada em função de condições especiais em


que o trabalho é realizado.

Exemplos: surdez, acuidade visual, pneumopatias e dermatite de contato.

O que a lei não considera como doença do trabalho?

1. Doença degenerativa;
2. Doenças inerentes ao grupo etário;
3. Doenças que não produzam incapacidade laborativa;

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4. Doenças endêmicas adquiridas por um segurado habitante da região em que
elas se desenvolvam.

Os acidentes de trabalho são classificados como acidente típico e acidente de


trajeto de acordo com a Lei 8.213, de 24 de julho de 1991:

Acidente típico:
Este acidente ocorre no desempenho das tarefas habituais, no ambiente de
trabalho ou fora dele quando o funcionário estiver a serviço do empregador.

Acidente de trajeto:
O acidente de trajeto ocorre no percurso da residência do funcionário para o
local de trabalho ou vice-versa desde que o trajeto seja considerado como habitual e
condizente com o início e com o término de suas atividades habituais.

Suponha que um empregado ao operar uma prensa dentro do seu local de


trabalho sofre um acidente, este é considerado um acidente típico.

Em outra situação, ele vai prestar serviço em outra empresa e sofre um acidente,
esta situação ainda é considerada um acidente típico. Porém, se o empregador pedir para
o funcionário realizar uma tarefa fora da sua rotina em outra fábrica, mesmo que o
empregado tenha se oferecido, o acidente é classificado como típico equiparado ao
acidente do trabalho, pois uma classificação não interfere na outra.

Já o acidente de trajeto é sempre motivo de discussão e precisa ser considerado


no contexto do acontecimento. Suponha que um trabalhador habitualmente vai para casa
às 18:00 horas e o único ônibus que tem disponível na frente da empresa passa por volta
das 18:15. No momento em que ele iria bater o seu cartão de ponto, o chefe solicita uma
tarefa, fazendo com que haja um atraso e o funcionário perca o ônibus.

Então, este trabalhador bate o cartão por volta das 18:16 e resolve ir até o outro
ponto de ônibus de uma rua próxima, desviando-se de sua rota normal e pela pressa,

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corre e pisa em falso no meio fio, sendo atropelado por uma bicicleta. Devido ao
acidente, o funcionário ficou com uma fratura no braço, o que pode ser considerado um
acidente de trajeto.

O entendimento desta classificação é importante, pois nas estatísticas de


acidentes do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) não é computado o acidente de
trajeto, mas o acidente de trajeto garante ao segurado da previdência social todos os
direitos do acidente típico.

1.3 – A ética e as perspectivas acerca da saúde e da segurança do


trabalho

Como em todas as práticas humanas, a ética também deve ser um fundamento


para desenvolver a segurança do trabalho. A ética diz respeito às normas, às leis e aos
princípios que regem os fenômenos éticos. Já a moral denota os bons costumes e as
boas práticas, segundo os preceitos pré-estabelecidos pela sociedade ou por determinado
grupo social.

Logo, toda atitude verbal ou documentada de Segurança do Trabalho deve


considerar os princípios éticos como base de um bom relacionamento entre empregador

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e empregado ou até mesmo com o preposto. Lembrando que preposto é a pessoa que
representa a empresa em determinada área dentro de um contexto.

Diante disto, vem a questão de direito e dever. A norma regulamentadora NR 1 é


clara quando descreve que cabe ao empregador:

1. Cumprir e fazer cumprir as disposições legais e regulamentares sobre segurança e


medicina do trabalho;
2. Elaborar ordens de serviço sobre segurança e saúde no trabalho, comunicando os
empregados por meio de aviso, cartazes ou meios eletrônicos;
3. Informar aos trabalhadores sobre os riscos do ambiente de trabalho, os meios para
prevenir e limitar estes riscos e as medidas que são adotadas pela empresa,
mencionando ainda sobre os resultados dos exames médicos e dos exames
complementares aos quais os próprios trabalhadores forem submetidos;
4. Permitir que os representantes dos trabalhadores acompanhem a fiscalização dos
preceitos legais e regulamentares sobre segurança e medicina do trabalho;
5. Determinar os procedimentos que devem ser adotados em caso de acidente ou
doença relacionada ao trabalho.

O empregado precisa entender qual é o seu dever e sentir-se compromissado


com a Política de Segurança do Trabalho da empresa. Desta maneira, fica caracterizada
a responsabilidade compartilhada entre empregador e empregados. A questão da
classificação em ato inseguro, condição insegura ou fator pessoal de insegurança foi
relacionada aqui com a ética propositalmente. Veja a classificação mais clássica e ainda
presente na maioria dos livros sobre fatores causais do acidente ou doença de trabalho:

1. Ato inseguro: provocado por uma pessoa, empregado ou empregador;


2. Condição insegura: o ambiente é inseguro;
3. Fator pessoal de insegurança: característica inerente do empregado.

É preciso cautela ao utilizar a expressão “ato inseguro” para identificar a causa


de um acidente ou doença do trabalho, pois se a empresa está investigando as causas,

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não há como prejulgar e identificar o empregado como o causador do acidente ou
doença.

Se a discussão for para o âmbito da justiça, a instituição pode ser mal vista e
além do mais é a empresa que precisa apresentar provas de que havia condições seguras
para o empregado desenvolver as tarefas. Portanto, é muito importante criar normas e
procedimentos, ordens de serviço bem claras e deixar todos os trabalhadores cientes das
condições.

Bom, tenhamos em mente uma classificação mais atualizada que difere que as
causas podem ser técnicas ou humanas.

FIGURA 06: FATORES CAUSAIS

FONTE: A AUTORA

Fazer além do esperado pela legislação com receio da fiscalização e possíveis


multas não deve direcionar a empresa quanto aos procedimentos a implantar-se. A lei é
o mínimo a ser cumprido, mas fazer além é ser proativo e pensar na segurança e saúde
do trabalho como investimento e estratégia competitiva, pois a redução dos custos com

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questões acidentárias pode melhorar a saúde financeira da organização e a
produtividade.

1.4 – Ferramentas e estatística básica aplicada à análise de risco

Antes de qualquer passo, é preciso


estabelecer a melhor metodologia e
adequá-la conforme a realidade da empresa
em que se irá utilizar a ferramenta de
análise de riscos. É preciso conhecer cada
processo e etapa de trabalho, além de
anotar os riscos do ambiente laboral.
Conhecendo-se os riscos, pode-se priorizar
quais são os fatores que podem causar
acidentes graves, moderados e leves.

Bom, então o que é risco?

“Riscos relacionam-se com as condições que, caso venham a ocorrer, podem


comprometer ou impedir a realização de um dado projeto.” (OLIVEIRA et al, 2009, p.
277). Já para Tavares (2006) risco é a probabilidade de ocorrência com a gravidade da
lesão. Esta fórmula é a que utilizaremos para aplicar a análise de riscos na maioria das
organizações:

R=PxG

Onde:
R = risco
P = probabilidade (frequência)
G = gravidade (severidade)

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Lembre-se: proatividade é fazer além do que pede a lei. Logo, se o objetivo da
empresa é prevenir acidentes e doenças do trabalho, elementos ligados ao risco
ergonômico e ao risco de acidentes devem estar incluídos. Esta análise pode ser feita
antes do acidente ou doença e após o acontecido com a mesma metodologia, mas é
conveniente que se faça antecipadamente de forma a evitar a ocorrência.

Segundo Mattos e Másculo (2011, p. 69), quanto aos riscos “a avaliação deve ser
quantitativa ou qualitativa. Na avaliação quantitativa, deverá ser comprovado o controle
da exposição ou a inexistência do risco [...]”, já a avaliação qualitativa é realizada
mediante observação do risco.

Escolher uma técnica de análise adequada para o reconhecimento dos riscos é o


primeiro passo. A mais comum é a Análise Preliminar de Risco (APR) que envolve os
tópicos a seguir:

1. Identificação dos riscos.


2. Especificação do tempo de exposição ao risco.
3. Localização das fontes de risco.
4. Identificação das trajetórias e dos meios de propagação.
5. Levantamento do número de trabalhadores expostos aos agentes.
6. Caracterização das atividades por função.
7. Identificação das doenças profissionais já diagnosticadas no setor.
8. Acompanhamento da literatura técnica sobre os agentes.
9. Execução das medidas de controle já existentes (envolvendo os Equipamentos
de Proteção Coletiva ou Individual).

Para identificar os riscos é recomendado que: analise tanto qualitativamente


como quantitativamente os riscos, classifique-os quanto à prioridade de tratamento e
proponham-se melhorias e ações para evitar ou minimizar os efeitos danosos que tais
riscos possam expor os trabalhadores.

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FIGURA 07: TIPOS DE ANÁLISE DE RISCOS

SEMIQUANTITATIVO

Através de
observações e
anotações. Requer equipamentos
específicos para medir
amostragens

Conforme Seiffert (2010), na APR os resultados são “registrados em uma


planilha que expõe os riscos identificados, a causa, a consequência potencial e
qualquer medida preventiva ou corretiva identificável”.

A categorização dos riscos proposta por Seiffert consiste na classificação em:

Desprezível
A falha não irá produzir danos funcionais, lesões ou efeitos danosos no ambiente de
trabalho.

Marginal ou limítrofe
A falha irá produzir efeitos danosos no ambiente de trabalho, mas não irá produzir
danos funcionais ou lesões.

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Crítico
A falha irá produzir efeitos ou danos no ambiente de trabalho e irá provocar prejuízos
funcionais ou lesões, resultando em risco inaceitável com necessidade de correções
imediatas.

Catastrófico (IV)
A falha irá causar efeitos severos quanto aos danos no ambiente de trabalho e provocará
perda total, lesões graves ou mortes.

Outra ferramenta de apoio comumente usada é a de matriz de riscos. Na matriz


de riscos, além das informações de severidade ou gravidade, temos a classificação
quanto às frequências:

Categoria Denominação Descrição


Conceitualmente possível, mas extremamente
Extremamente
A improvável de ocorrer durante a vida útil do
remota
processo/instalação.
Não esperado ocorrer durante a vida útil do
B Remota
processo/instalação.
Pouco provável de ocorrer durante a vida útil do
C Improvável
processo/instalação.
Esperado ocorrer até uma vez durante a vida útil do
D Provável
processo/instalação.
Esperado ocorrer várias vezes durante a vida útil do
E Frequente
processo/instalação.

Abaixo segue a legenda resumida para seu melhor entendimento:

FIGURA 09: LEGENDA DE MATRIZ DE RISCOS


Severidade Frequência Risco
I. desprezível - extremamente remota 1. desprezível
2. menor
II. marginal A. remota
3. moderado
B. improvável
III. crítica 4. sério
C. provável

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IV. catastrófica D. frequente 5. crítico

FONTE: O AUTOR ADAPTADO DE MORGADO (2000)

A matriz de riscos deve ser pautada em uma situação real da atividade,


apontando alguns riscos de modo que seja possível compreendê-la de forma mais
realista.

FIGURA 10: MATRIZ DE RISCOS

FONTE: MORGADO (2000)

A partir do uso da matriz de risco, pode-se tomar medidas, considerando se o


risco é aceitável ou não para a situação. Um risco 5 deve ser reduzido ou eliminado
antes de um risco 1, por exemplo.

Segundo Oliveira et al (2009, p. 308), “a estatística é uma área do conhecimento


que utiliza teorias probabilísticas para explicação de eventos, estudos e experimentos.”

É uma ferramenta matemática muito útil para a segurança e saúde do trabalho,


pois a partir da obtenção dos dados, ou seja, dos tipos de riscos presentes no ambiente
de trabalho e da classificação, é possível organizar estes dados, analisando-os e

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determinando as correlações que eles representam. Assim, é possível descrever o que
passou, prever e organizar o futuro.

A população de uma fábrica é chamada ‘N’, já um grupo de empregados, de


determinado setor da empresa, que tiveram acidentes de trabalho por mês podemos
chamar de amostra ‘n’. Ao conhecer a quantidade, tem-se o resultado expresso da
seguinte forma:

TABELA 01: ACIDENTES DO TRABALHO DE MARÇO A MAIO DE 2014

classe x fx (frequência)
1 MARÇO 05
2 ABRIL 01
3 MAIO 08
Total 14
FONTE: O AUTOR

Para calcular a média de dados simples temos que considerar que 14


acidentes foram o total de acidentes do setor desta empresa e equivalente a 100% do
total de acidentes de março a maio de 2014. Aplica-se então o conceito de porcentagem
relacionando-se por regra de três:

05 acidentes ------ x
14 acidentes ------100% logo corresponde a 35,71 % de acidentes totais nestes 3 (três)
meses

Da mesma forma procede-se para 01 acidente, 7,14% e para 08 acidentes,


57,14%. Se somar as porcentagens individuais, dará certamente bem próximo de 100%.
Devido aos arredondamentos, é possível ocorrer pequenas diferenças.
Ao usar a estatística para analisar os fatos, percebe-se que em maio houve
mais acidentes do que em março e abril somados. Será então necessário obter
parâmetros para descobrir por qual motivo aconteceram tantos acidentes em maio e de
que maneira podem ser aplicadas medidas corretivas e posteriormente ações preventivas
para que estes dados não se repitam em junho.

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Percebe-se aqui que a estatística nos permite acompanhar os riscos do ambiente
de trabalho para tomar medidas conhecendo-se e formando um histórico de acidentes,
para este caso. Através desta importante ferramenta a empresa pode criar planos de ação
mais específicos.

1.5 – Estudo de caso de fixação de conteúdo da Unidade 1

No setor de armazenamento de uma fábrica, algumas caixas não estavam sendo


acondicionadas adequadamente nas prateleiras por falta de espaço adequado. Estas
caixas foram então colocadas no chão próximo da área de circulação de empilhadeiras.
Com o tempo, os empregados responsáveis colocavam as caixas até mesmo no meio da
circulação destas empilhadeiras, fazendo com que o operador tivesse que parar e retirá-
las para passar. Ocorreram então 2 (dois) acidentes graves e sequencialmente pelo
mesmo motivo. Diante deste problema, a solução da empresa foi solicitar ao
departamento de segurança do trabalho que fizesse uma análise do risco de forma a
propor medidas de correção para este risco.

FIGURA 11: ESTUDO DE CASO EMPILHADEIRA

Fonte: http://wiki.sankhya.com.br/index.php?title=WMS&oldid=2782

a) Pelo conceito de acidente de trabalho seriam dois acidentes, mas


pelo conceito prevencionista teríamos dois acidentes, além da perda de material.
Isso porque ao bater as caixas no chão, durante o acidente, o produto foi
destruído e ainda houve cerca de uma hora de parada de produção no primeiro
acidente, além de três horas de parada de produção no segundo acidente, pois a

22
empilhadeira danificou as prateleiras e algumas caixas caíram aumentando ainda
mais o prejuízo.

b) A solução inicial foi criar uma área sinalizada de piso, pintada de


amarelo em torno da área onde as caixas deveriam ser depositadas, demarcando
e ainda colocando correntes entre a área de passagem de empilhadeiras e a área
de armazenamento. Uma placa de advertência foi instalada alertando a
circulação de empilhadeiras e a placa ‘proibido armazenar materiais’ também foi
inserida na área de empilhadeiras.

c) Os empregados responsáveis pelo acondicionamento das caixas


foram encaminhados ao treinamento com o supervisor de área com conteúdo
previsto sobre organização, sinalização e conscientização sobre acidentes.

d) A área de armazenamento foi reanalisada quanto ao arranjo físico


e um projeto novo será elaborado, prevendo a quantidade de mercadorias que
precisa ser armazenada e identificando quais são as prateleiras adequadas para
os tipos de produto fabricados.

e) Espaço para a sua sugestão. Que tal praticar? Qual outra


medida urgente poderia ser tomada nesta situação para evitar que novos
acidentes ocorram?
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23
Unidade 2 – Legislação de Segurança do Trabalho

Apresentação do tema

A segurança do trabalho envolve a aplicação de leis específicas da área e outras


de padronização de gestão de saúde e segurança do trabalho. É o que a Unidade 2
apresenta delimitando a legislação da segurança do trabalho. Basicamente, temos a
Organização Internacional do Trabalho (OIT), determinando diretrizes para as empresas
de todo o mundo, a Constituição Federal brasileira que é a norma maior de nosso País e
de onde são retiradas as leis, portarias e decretos. Além da Consolidação das Leis
trabalhistas (CLT) específicas para o trabalho. Percebe-se que há uma hierarquização.
Logo, sem Lei não há portaria nem decreto.
O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) como representante do governo
brasileiro, no que diz respeito ao trabalho, por sua vez criou as normas
regulamentadoras (NRs), que atualmente formam um conjunto de 36 normas
regulamentadoras para estabelecer padrões mínimos de segurança do trabalho nas
empresas, além de possibilitar a fiscalização, complementadas pelas portarias e
decretos.

Lembre-se: além do aspecto jurídico ao tratar de segurança do trabalho


consideramos o que o ser humano mais preza: a vida!

A Previdência Social tem suas leis específicas e é responsável pela comprovação


de acidentes e doenças através de perícias com finalidade de indenização dos danos
advindos de acidentes e doenças do trabalho. Ainda será tema deste estudo as Normas
brasileiras (NBRs) e as ISOs internacionais utilizadas para padrões e certificações.
Novamente, finalizamos com um estudo de caso sobre o conteúdo aprendido de
forma a sintetizar o que foi lido e compreendido. Esta será a base para prosseguir na
Unidade 3 do Módulo II.

Bons estudos!

24
2.1 – Organização Internacional do Trabalho (OIT), Constituição
Federal (CF) e CLT

De início, vamos apresentar três


ideias básicas de cada instituição. A
Organização Internacional do Trabalho é
formada por representantes de países que
se comprometem em discutir questões
sobre o trabalho e que têm o objetivo de
implantar o que for determinado nas
convenções. O país membro pode ou não
acatar estas medidas e considerá-las como
lei.

No caso da Constituição Federal Brasileira, ela é o principal conjunto de


diretrizes do que se pode ter como lei. Já a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) é
uma espécie de reunião de leis relacionadas ao tema trabalho.

OIT: como surgiu, o que é e como funciona?

Em 28 de junho de 1919, a 1ª Guerra Mundial é encerrada e, em seguida, as


grandes potências europeias assinaram o Tratado de Versalhes, composto por quinze
divisões das quais se destaca a parte XIII sobre a Organização Internacional do
Trabalho (artigos 387 a 399). A OIT foi criada com o intuito de promover a justiça
social e os direitos humanos e trabalhistas.

A OIT, desde a sua fundação, funcionou com prestígio e adotou inúmeras


convenções que têm sido ratificadas e adotadas pelos países membros. A organização
recomenda algumas ações e o país membro pode adotar ou não, porém como existe um

25
acordo de compromisso com a OIT e com os demais países membros, geralmente, se
adotam as diretrizes determinadas por estas convenções.

Porém, se o ordenamento jurídico do país não permitir, ela não pode ser
ratificada. É o caso da Convenção nº 158, que trata da garantia de emprego contra
dispensa imotivada, que vem contra o descrito na Constituição Federal.

A recomendação da OIT pode ser votada em dois turnos na Câmara dos


Deputados e em dois turnos no Senado Federal, se mais de 3/5 dos membros aprovarem,
ela é considerada ratificada. O prazo para a adoção é de um ano. Se for aprovada, o país
promulgará através de decreto do Presidente da República, se não for aprovada, não
haverá nenhuma obrigação, mas o país deverá informar a OIT com justificativas.

FIGURA 2: OIT, CF, CLT

FONTE: O AUTOR

A estrutura da organização OIT Brasil é tripartite, ou seja, formada por membros


representantes dos governos, dos empregadores e dos trabalhadores dos países
membros, isto garante a democracia e a imparcialidade das decisões quando é discutida
e publicada uma recomendação ou convenção. A sede da OIT é localizada em Genebra,
26
na Suíça, e as reuniões em forma de conferência ocorrem em junho. A OIT busca,
basicamente, uma homogeneização das leis sobre direito do trabalho.

Veja, abaixo, alguns exemplos de algumas convenções da OIT:

1. Convenção nº 170 que trata da segurança na utilização de produtos químicos;


2. Convenção nº 162 que fala sobre o trabalho com asbesto ou amianto, substância
altamente cancerígena;
3. Convenção nº 136 que adota medidas de proteção em relação ao trabalho com
benzeno;
4. Convenção nº 138 que determina uma idade mínima para admissão ao emprego.

A Constituição Federal

Trata-se de um livro formado por um conjunto de diretrizes sobre os direitos e


deveres dos cidadãos brasileiros. Só se torna lei o que está em conformidade com a CF
(Constituição Federal).

A Constituição da República Federativa do Brasil, de 5 de outubro de 1988, tem


como fundamento a dignidade da pessoa humana. No artigo 5º estão declarados todos os
direitos e garantias fundamentais. Veja:

Art. 5º. "Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do
direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade."

Quando a lei menciona "todos", ela também abrange o trabalhador, deste modo,
todo empregado tem direito à vida. Logo, o poder judiciário trabalhista produz as leis
para proteger o trabalhador com o objetivo de assegurar este direito descrito na
Constituição Federal. A Constituição no artigo 6º declara os direitos sociais e inclui
entre eles a saúde e a segurança.

27
O artigo 7º é o artigo que trata das normas que estabelecem diretamente direitos
e garantias aos trabalhadores. Vejamos:

Art 7º. São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que
visem à melhoria de sua condição social:

[...]
XXII – redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene
e segurança;
XXIII – adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou perigosas
na forma da lei;
XXVIII – seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a
indenização a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa;
XXXIII – proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre aos menores de dezoito
e de qualquer trabalho aos menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz,
a partir de quatorze anos.

Quanto ao risco, a lei menciona a redução, mas em relação ao perigo a norma


determina a eliminação. Como em alguns casos os riscos não podem ser eliminados de
imediato, a norma cria prejuízos para o empregador na forma de obrigá-lo ao
pagamento do adicional de insalubridade ou periculosidade conforme o caso. Quanto à
penosidade, a própria Constituição Federal determina que seja pago adicional, mas não
há lei que a regule, existem somente os projetos de lei em trâmite no Congresso
Nacional.

Vamos falar um pouco sobre a CLT?

A CLT é um livro que contém um conjunto de leis trabalhistas que podem ser
alteradas, diferentemente, do que ocorre com a CF, a qual precisa de uma emenda
constitucional para ser mudada.

28
A aprovação da CLT se deu pelo decreto-lei nº. 5452, de 1º de maio de 1943. O
objetivo era juntar todas as legislações trabalhistas em um só código. A CLT
regulamenta a relação de emprego. Nela, são definidas as funções de empregado e
empregador.

Empregador é definido no artigo 2º como: “empresa individual ou coletiva que,


assumindo riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal
de serviços.”

Empregado é definido da seguinte forma no artigo 3º: " toda pessoa física que prestar
serviços de natureza não eventual ao empregador, sob a dependência deste e mediante
salário."

É no capítulo V, do título II que é descrito sobre segurança e medicina do


trabalho, discorrendo em 48 artigos, do 154 ao 201. O artigo 154 diz que as convenções
coletivas de trabalho devem ser acatadas. É importante ressaltar que as Normas
Regulamentadoras do MTE foram definidas a partir da CLT e do que consta neste
capítulo.

Cabe lembrar que mesmo que se preze pela conscientização, a legislação garante
ao empregador maneiras de realizar ações disciplinares em quatro etapas: advertência
oral, advertência escrita, suspensão sem pagamento e dispensa por justa causa.

Lembre-se: as Normas Regulamentadoras do MTE estão sempre em


conformidade com a CF e com a CLT, seguindo as indicações da OIT quando
possível.

29
2.2 – Ministério do Trabalho e Emprego: Normas Regulamentadoras e
Portarias.

Ministério do Trabalho e Emprego

O Ministério do Trabalho e Emprego está localizado em Brasília e faz parte do


conjunto de Ministérios do Governo Brasileiro. As Normas Regulamentadoras são
alteradas ou criadas e estão descritas através de portarias e decretos publicadas no
Diário Oficial da União (DOU) para serem consideradas válidas e obrigatórias quanto
ao cumprimento.

Quando a empresa precisa tramitar um documento junto ao MTE, na verdade, o


seu representante legal se dirige à Delegacia Regional do Trabalho (DRT) ou à
Secretaria Regional do Trabalho (SRT) que ficam localizadas próximas à empresa.

Os fiscais do trabalho são funcionários federais a serviço do governo e são


deslocados para os municípios conforme a demanda. Em caso de irregularidade em uma
empresa, eles realizam a fiscalização para constatar o fato e notificar a empresa,
determinando itens a serem cumpridos no prazo indicado. Após o prazo, caso ainda
permaneça a situação de risco que possa causar dano à integridade ou à saúde do
trabalhador, é aplicada multa conforme a NR 28.

A partir do indicado no capítulo V da CLT, o MTE expediu a portaria no. 3.214


de 08 de junho de 1978 e as demais que ainda sofrem acréscimos, supressões e
modificações. Vale lembrar que atualmente constam 36 Normas Regulamentadoras que
estabelecem requisitos mínimos e essenciais.

Normas Regulamentadoras

NR 1: Segundo a NR 1 do MTE, as Normas Regulamentadoras são de observância


obrigatória para toda organização que possua empregados regidos pela CLT. É na NR1
que fica claro que há direitos e deveres tanto para empregados quanto para
empregadores.
30
NR 2: descreve que antes de uma empresa iniciar suas atividades, ela deve elaborar uma
declaração de conformidade com as NRs e encaminhar ao MTE para que seja agendada
uma inspeção prévia e se todos os quesitos estiverem de acordo com a lei, é emitido o
Certificado de Aprovação de Instalações (CAI). É obrigatório que a NR 2 seja
cumprida, porém muitas empresas não seguem esta regra, também não há aplicação de
multa determinada em forma de lei.

NR 3: prevê a possibilidade de embargo ou interdição em caso de constatada situação


grave e risco iminente. Ato este que deve ser feito por um Auditor Fiscal do Trabalho
(AFT).

NR 4: O Serviço Especializado em Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT)


está descrito na NR 4. É também na NR 4 que estão listadas as atividades econômicas
de empresas com correspondente Classificação Nacional de Atividades Econômicas
(CNAE) e Grau de Risco (GR).

NR 5: A Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) tem seu funcionamento,


composição e treinamento estabelecido por esta norma. A CIPA é dimensionada através
do grau de risco e do número de funcionários, as empresas que não tiverem esta
obrigatoriedade, devem ter mesmo assim um designado. A CIPA deve ser formada por
representantes do empregador e dos empregados.

NR6: regulamenta os Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e determina os


direitos e deveres de empregador e empregado para este tema.

NR 7: descreve os exames médicos obrigatórios, descreve o Programa de Controle


Médico e de Saúde Ocupacional (PCMSO).

NR 8: fala sucintamente das edificações quanto à parte física.

31
NR9: determina os requisitos para elaboração do Programa de Prevenção de Riscos
Ambientais (PPRA).

NR 10: regulamenta a segurança em instalações elétricas e serviços em eletricidade.

NR 11: dispõe sobre transporte, movimentação, armazenamento e manuseio de


materiais.

NR 12: trata especificamente da questão de segurança em máquinas e equipamentos.

NR 13: estabelece normas para atividades com caldeiras e vasos de pressão.

NR 14: dita as regras para trabalhos com o uso de fornos.

NR 15: estabelece os limites de tolerância para os agentes físicos, químicos e biológicos


em seus 14 anexos tendo por fim uma tabela, estabelecendo quais são os adicionais de
insalubridade para cada risco relatado.

NR 16: nesta norma estão descritas as atividades que podem gerar adicional de
periculosidade (30%).

NR 17: trata do conforto ambiental com o tema ergonomia.

NR 18: é extensa por tratar dos riscos da construção civil.

NR 19 e NR 20: ambas falam sequencialmente de explosivos, líquidos inflamáveis e


combustíveis.

NR 21: trata sobre trabalho a céu aberto.

NR 22: estabelece regras em relação aos trabalhos de mineração.

32
NR 23: fala sobre proteção contra incêndio.

NR 24: fala, especificamente, de condições sanitárias e de conforto no local de trabalho.

NR 25: aborda questões sobre os resíduos industriais de maneira sucinta e indica


basicamente o tratamento de resíduos.

NR 26: indica a sinalização no ambiente de trabalho, descrevendo as cores que devem


ser adequadas e padronizadas.

NR 27: não existe mais, pois foi revogada.

NR 28: define como é feita a fiscalização do MTE e quais são as penalidades. É


oportuno lembrar que qualquer notificação do MTE deve ser em forma de dupla visita,
ou seja, o órgão marca determinada data para notificar e um prazo para o retorno.
Somente após este procedimento, é possível multar a empresa pelo descumprimento do
que foi relacionado na notificação.

NR 29: trata do trabalho portuário.

NR 30: fala sobre o trabalho aquaviário.

NR 31: indica normas para o trabalho na agricultura, na pecuária, na silvicultura, na


exploração florestal e na aquicultura.

NR 32: determina diretrizes específicas para serviços em saúde, incluindo resíduos


gerados por estes serviços.

NR 33: menciona regras para o trabalho em espaço confinado.

NR 34: fala sobre a indústria da construção naval.

33
NR 35: trata de regras quanto ao trabalho em altura.

NR 36: estabelece parâmetros para o trabalho em frigoríficos.

Observação:
Para consultar as Normas Regulamentadoras na íntegra, acesse o site:
http://portal.mte.gov.br/legislacao/normas-regulamentadoras-1.htm

É interessante que se aplique em algumas situações duas ou mais NR's em


conjunto. Por exemplo, uma atividade de construção civil irá utilizar pelo menos a NR
18 e a NR 35, se houver espaço confinado, precisará da NR 33, entre outras normas.

As portarias alteram as normas, às vezes, para simples prorrogação de prazo. É


importante estar atento às portarias mais recentes que podem conter mudanças em seu
local de trabalho. Além das diretrizes do que se deve fazer em relação à saúde e à
segurança do trabalhador quanto ao mínimo a ser implantado.

As normas descrevem requisitos dos documentos e programas que devem ser


obrigatoriamente elaborados, inclusive quanto ao tempo de guarda destes documentos
na empresa. Os programas são atualizados pelo menos uma vez ao ano e devem possuir
ao final o cronograma de ações a serem praticadas para melhoria contínua do ambiente
laboral. Já outros, por exemplo, os indicados para as caldeiras e vasos de pressão, são
documentos elaborados desde a instalação até o sucateamento, pois eles fazem parte de
todo o ciclo de vida do equipamento.

2.3 – Previdência Social: CAT, PPP, APOSENTADORIAS


ESPECIAIS e SAT

Comunicação de Acidente de Trabalho

A Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) deve ser preenchida e emitida


para qualquer acidente que ocorrer na empresa. O simples preenchimento não traz
culpados ou inocentes do acidente ou doença do trabalho, este documento serve
34
somente para registro. Em qualquer empresa que o empregado sofrer um acidente ou
doença do trabalho é preciso emitir a CAT, independentemente, do grau de risco e do
número total de funcionários. Logo, mesmo que não haja afastamento do empregado, a
CAT deverá ser emitida. Segundo Mattos e Másculo: “A obrigatoriedade da
comunicação ao INSS independe da gravidade da lesão e do tempo de afastamento da
vítima.”

Veja no site da Previdência Social como preencher um formulário da CAT, acessando o


seguinte link: http://www.previdencia.gov.br/forms/formularios/form001.html

Vale lembrar que a Lei nº 8.213/91 determina no seu artigo 22 que todo acidente
de trabalho ou doença profissional deverá ser comunicado pela empresa ao Instituto
Nacional de Seguridade Social (INSS) , sob pena de multa em caso de omissão.

Veja, abaixo, em quais situações a CAT é aplicada:

Inicial: É aplicada em casos de acidente do trabalho típico, de trajeto ou de doença


profissional ou do trabalho.

Reabertura: Esta CAT é preenchida quando ocorre o reinício de tratamento, o


afastamento por agravamento de lesão de acidente do trabalho ou doença profissional do
trabalho já comunicada anteriormente ao INSS.

Comunicação de óbito: Esta CAT é preenchida em caso de falecimento decorrente de


acidente ou doença profissional ocorridos após a emissão da CAT inicial.

A previdência social (1999) indica que:

"A empresa deverá comunicar o acidente do trabalho, ocorrido com seu


empregado, havendo ou não afastamento do trabalho, até o primeiro dia útil seguinte
ao da ocorrência e, em caso de morte, de imediato à autoridade competente, sob pena
de multa variável entre o limite mínimo e o teto máximo do salário de contribuição,

35
sucessivamente aumentada nas reincidências, aplicada e cobrada na forma do artigo
109 do Decreto nº 2.173/97."

A CAT é encaminhada para a Previdência Social. Vale lembrar que o SESMT, a


CIPA e também o CEREST (Centros de Referência em Saúde do Trabalhador) podem
requerer cópias ao sindicato da categoria para poder realizar uma análise do que
ocorreu. Lembrando que o CEREST existe somente em alguns municípios e é vinculado
ao MTE, porém necessita deste para qualquer embargo ou interdição e não pode aplicar
a multa.

A Previdência Social através de perícia médica garante indenizações e


benefícios ao empregado. Quando o empregado tem afastamento do trabalho devido ao
acidente ou à doença do trabalho superior a 15 dias, este recebe auxílio-doença. Nos 15
primeiros dias, o empregado recebe o seu salário pela própria empresa.

Apesar do médico que faz o tratamento e o acompanhamento do trabalhador


indicar um prazo de atestado médico, é o prazo do médico da perícia que determinará o
retorno deste trabalhador para as suas atividades normais. Quando o médico perito
constata a redução da capacidade laborativa, o empregado começa a receber o benefício
de auxílio-acidente.

Perfil Profissiográfico Previdenciário

O Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP) é um documento que deve ser


preenchido pela empresa, contendo dados do empregado quanto a sua função e
alterações com datas, riscos ambientais aos quais ele está submetido, incluindo dados
quantitativos ou qualitativos. O PPP deve ser entregue preenchido e assinado para o
trabalhador até a sua demissão na empresa.

Vejamos o que diz o decreto 4.032, de 2001, nos parágrafos 2º. e 6º:

36
§ 2º A comprovação da efetiva exposição do segurado aos agentes nocivos será feita
mediante formulário denominado perfil profissiográfico previdenciário, na forma
estabelecida pelo Instituto Nacional do Seguro Social, emitido pela empresa ou seu
preposto, com base em laudo técnico de condições ambientais do trabalho expedido por
médico do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho.

§ 6º A empresa deverá elaborar e manter atualizado o perfil profissiográfico


previdenciário, abrangendo as atividades desenvolvidas pelo trabalhador e fornecer a
este, quando da rescisão do contrato de trabalho, cópia autêntica deste documento, sob
pena da multa prevista no art. 283.

A aposentadoria especial

A aposentadoria especial é uma redução no tempo de espera da aposentadoria


para quem esteve exposto aos riscos ambientais ou utilizou os EPIs de forma contínua
por determinado período de tempo. Vale lembrar que o PPP é muito importante, pois
permite esta comprovação de forma mais eficaz e evidente.

Esta aposentadoria, segundo a Previdência Social, é o benefício concedido ao


segurado ou à segurada que tenha trabalhado em condições prejudiciais à saúde ou à
37
integridade física. Deve ser comprovada a exposição aos agentes nocivos físicos,
químicos ou biológicos para concessão do benefício de redução do tempo de
contribuição. A comprovação é feita através do PPP preenchido pela empresa
empregadora com base no Laudo Técnico de Condições Ambientais de Trabalho
(LTCAT).

Para requerer o benefício, o trabalhador precisa agendar o atendimento na


Previdência Social e levar os documentos originais: PPP, RG, CPF, PIS/PASEP e
carteira de trabalho, além de passar por perícia. Cabe lembrar que o INSS define as
diretrizes e se acata ou não o pedido conforme o caso, mas para comprovação, é preciso
que a exposição seja continuada em determinado período de tempo. Veja, na próxima
página, uma tabela com os principais benefícios da Previdência Social.

Benefícios da Previdência Social

FONTE: PREVIDÊNCIA SOCIAL

Seguro de Acidente do Trabalho

O Seguro de Acidente do Trabalho (SAT) foi, efetivamente, obrigatório pelo


decreto 2.173 de 1997. Já a metodologia de cálculo do FAP (Fator Acidentário de

38
Prevenção) foi aprovada pelo Conselho Nacional de Previdência Social (CNPS) pela
resolução MPS/CNPS 1.308 de 2009.

O SAT é calculado através do Fator Acidentário de Prevenção (FAP) que


apresenta percentuais de 1%, 2% ou 3% conforme o grau de risco da empresa, que pode
ser dobrado em até 100% ou reduzido em 50%. O cálculo do SAT é feito considerando
todos os salários pagos para os empregados da empresa.

2.4 – Normas brasileiras, ISOS, OHSAS 18001, NBR 18801

A primeira diferença entre as NR's e as Normas Brasileiras (NBR's) ocorre em


relação à divulgação. As NBRs são pagas e não podem ser copiadas, elas são normas de
padronização de processos, produtos ou gestão elaboradas pela Associação Brasileira de
Normas Técnicas (ABNT) .

A empresa quando quer seguir um padrão para um produto, processo ou gestão


pode adquirir uma NBR e estará seguindo parâmetros que outras empresas seguirão. As
ISO's também são para este fim e permitem trabalhar em conformidade com os padrões
de qualidade internacional. Seguindo as ISO's é que se obtém as certificações conforme
a ISO 9001(qualidade), ISO 14001 (meio ambiente) e OHSAS 18001 (segurança do
trabalho). A NBR 18801 é que descreve o padrão para sistemas de gestão de saúde e
segurança do trabalho.

Certificação é o procedimento de Avaliação de Conformidade (AC) de


determinado processo, sistema ou produto, de acordo com as normas que estabelecem
requisitos e que ao final confere um certificado de conformidade deste processo, sistema
ou produto.

Quando o Inmetro acredita na organização, ele a reconhece como competente


para avaliar a conformidade. Porém, é importante compreender que o Inmetro não
garante a qualidade do produto e nem assume esta responsabilidade pela qualidade de

39
determinado produto, sistema ou serviço certificado. Na verdade, o órgão verifica se ele
atende aos requisitos mínimos em determinado momento.

Não há obrigatoriedade legal em adquirir uma certificação ou em submeter-se a


tal. Esta porém é uma maneira de divulgar a empresa e lhe dar credibilidade no
mercado. O simples fato de estar procurando a certificação fará com que a empresa
procure atender aos requisitos da norma, favorecendo assim todas as áreas envolvidas e
promovendo melhorias.

Diretamente relacionada à segurança do trabalho há ainda a ISO 28000, que


objetiva melhorar a segurança das cadeias de abastecimento, buscando proteção às
pessoas, aos produtos e à propriedade. Já a ISO 31000 trata diretamente da gestão de
riscos.
A Occupational Health and Safety Assessment Series (OHSAS) 18001, entrou
em vigor em 15 de abril de 1999 e foi atualizada em 2007. Esta é uma norma
desenvolvida para estabelecer padrões na gestão de segurança do trabalho de forma que
as empresas possam certificar seus sistemas de gestão, tais como a ISO 9001 e a ISO
14001.

A OHSAS 18001 (Occupational Health & Safety Advisory Services) cuida dos
sistemas de gestão de segurança e não da segurança de fato. Como as demais, ela
certifica quanto à conformidade dos requisitos pré-estabelecidos. Assim foi criada a
NBR 18801, publicada em 2010 e intitulada: Sistema de Gestão da Segurança e da
Saúde no Trabalho.

Ao optar por implantar a NBR 18801/ 2010, a empresa assume o compromisso


de buscar a redução ou a eliminação de riscos nas atividades da empresa, estabelece
uma imagem responsável perante o mercado e busca a melhoria contínua na área de
segurança e saúde do trabalho. Quando a empresa tenta integrar estes requisitos, ela
pode caminhar para a excelência.

40
2.5 – Estudo de caso de fixação de conteúdo da Unidade 2

João saiu do trabalho apressado para ir buscar a filha na escola, levá-la em casa
e depois ir trabalhar na empresa em que possui o segundo vínculo empregatício
registrado na carteira. No caminho João resolve fazer um lanche rápido em um
restaurante que lhe indicaram, desviando a rota habitual. Ele paga a conta e com seu
veículo, uma moto, se dirige para a empresa. No caminho, João se envolve em um
acidente e sofre fratura do membro inferior direito (tíbia) e precisa de socorro médico,
ficando afastado do trabalho. Para este caso, conforme a lei, João não tem o amparo
legal pois houve descaracterização do percurso habitual. A empresa não é obrigada a
emitir comunicação de acidente de trabalho (CAT) e a perícia não considerará como
equiparado a acidente de trajeto. João irá receber os dias parados normalmente pela
empresa quando apresentar o atestado médico, mas conforme a legislação trabalhista
poderá ser demitido 45 dias após o seu retorno ao trabalho.
Se este caso fosse considerado acidente de trajeto, João seria amparado
legalmente pela previdência social. Receberia por 15 dias pela empresa do segundo
vínculo empregatício e após pela previdência social. Quando retornasse ao trabalho, ele
teria a estabilidade no emprego por um ano.

FIGURA 03: AUXÍLIO DOENÇA

FONTE: Disponível em:


http://www.senado.gov.br/senado/portaldoservidor/jornal/jornal107/utilidade_auxilio.aspx; acesso em 19
abr. 2014.

41
Espaço para a sua sugestão.
Comente sobre a situação financeira apresentada neste período, supondo que o
salário de João era de R$ 1.000,00 reais nesta empresa e que o valor do auxílio
doença, após os 15 dias de afastamento é de 91% do valor do salário do
benefício, João receberia a mais se fosse afastado como acidente de trajeto?
Qual a desvantagem para João ao retornar ao trabalho?
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Conclusão do Módulo I
Para passar para o próximo módulo, você deverá realizar a avaliação referente ao
primeiro. Essa avaliação encontra-se em sua sala de aula virtual. Fique tranquilo(a) e só
faça a avaliação quando se sentir preparado!

Desejamos um bom estudo, boa sorte e boa avaliação!

Até breve!

43

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