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POR DENTRO DA GRANA

DE ONDE VÊM - E PARA ONDE VÃO - OS RECURSOS QUE SUSTENTAM


AS ESCOLAS? QUATRO RESPOSTAS FUNDAMENTAIS EXPLICAM
AS CIFRAS DA EDUCAÇÃO

Financiamento da Educação? Ih, não sei nada sobre esse assunto!”Você


já deve ter ouvido - ou até falado - algo parecido quando alguém traz o tema à
tona”. A reação é compreensível: inundados por uma infinidade de siglas,
planilhas, fontes de recurso e complicadas regras de transferências
orçamentárias, os educadores costumam evitar essa conversa. Não deveria ser
assim: conhecer de onde vem e para onde vai o dinheiro da área tem tudo a
ver com a qualidade do seu trabalho. Nesta reportagem, propomos quatro
questões fundamentais para entender o tema. Mergulhe nas respostas e
acompanhe como os recursos são aplicados na sua escola (leia o quadro
abaixo). Você perceberá que, no fundo, o tema não é tão complicado assim.

Ilustração: Mario Kanno

Veja o infográfico acima ampliado

1. Quem paga a conta da Educação pública no Brasil?


Entre 2000 e 2007, último ano com dados disponíveis no Instituto
Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), entidade
responsável pelo levantamento, a proporção de quem arca com os gastos tem
se mantido mais ou menos inalterada: a União responde por cerca de 18% do
total dos recursos da Educação, os estados e o Distrito Federal por 42% e os
municípios pelos 40% restantes. O dinheiro que abastece a Educação deriva
de duas fontes principais. A primeira responsável por cerca de 20% do total de
verbas é o salário-educação, uma contribuição social feita pelas empresas ao
governo com valor correspondente a 2,5% da folha de pagamento anual. Os
outros 80% vêm dos impostos, que são convertidos em orçamento municipal,
estadual ou federal. O passo seguinte, o repasse às escolas, é regulado pela
Constituição brasileira por meio de uma regra pouco encontrada em outros
países. É a chamada "vinculação de recursos", que determina um percentual
mínimo do orçamento a ser investido em Educação. Para estados e municípios,
esse valor é de 25%. Para a União, 18%. Mesmo com essa lei, de acordo com
os dados do Sistema de Informações sobre Orçamentos Públicos em
Educação (Siope), cinco estados (Mato Grosso, Paraíba, Rio Grande do Sul,
Rondônia e Sergipe) e pelo menos 165 municípios, a maioria de pequeno
porte, investiram em 2008 um percentual inferior ao piso.

2. Qual o destino dos recursos arrecadados?


A resposta vai depender do critério adotado. Confira as possibilidades:

Tipo de despesa Nesse caso, a maior parte dos recursos (cerca de


60% do total) é consumida pelo pagamento de gestores, professores e
funcionários. Outros 27% são destinados à manutenção e ao funcionamento
das instituições de ensino, 6,6% para reformas e construções de novas
escolas, 6% para os chamados encargos sociais (contribuições previdenciárias
e trabalhistas) e apenas 0,4% na área de pesquisa e desenvolvimento.

Nível de ensino A Educação Básica abocanha a maior parte do bolo -


84,5%, sendo 64% para o Ensino Fundamental, 13% para o Ensino Médio e
7,5% para a Educação Infantil. O Ensino Superior fica com uma fatia de 15,5%,
mas o gasto do governo com cada aluno de faculdade é, de longe, o mais
elevado de todos os níveis de ensino: 12.322 reais anuais por cabeça, quase
seis vezes mais do que o valor médio investido em um estudante das séries
iniciais (2.166 reais). A diferença, que ainda é grande, vem caindo: em 2000,
um universitário custava 11 vezes mais do que um aluno de 1ª a 4ª série.

180 reais Custo mensal de um aluno das séries iniciais.


60% Índice dos recursos da Educação usados para pagar professores,
gestores e funcionários.
27% Parcela aplicada na manutenção das escolas.
6,6% Fatia destinada à construção e aos reparos das instalações.
0,4% Total investido na área de pesquisa em Educação.

Fonte: Inep/MEC. Dados de 2007

3. O país gasta o suficiente com o sistema de ensino?


As opiniões costumam se dividir. De um lado, ficam os que defendem
que os recursos destinados à área são insuficientes - e que, se não houver
incremento, será impossível vencer o desafio da qualidade do ensino. De outro,
estão os que argumentam que o investimento já chegou a níveis suficientes - e
o grande problema seria o gerenciamento adequado dessa verba. Na busca de
pistas para a resposta, uma saída possível é comparar o investimento brasileiro
com o de outros países. Na maioria desses confrontos, o Brasil sai perdendo,
independentemente do critério adotado:

Gasto por aluno Para esse cálculo, a base de comparação é o ano de


2006, usado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento
Econômico (OCDE), grupo que reúne as 30 nações mais desenvolvidas do
mundo, em sua publicação Education at a Glance 2009 (algo como "Educação
de Relance", sem edição no Brasil). Na pesquisa, o total anual gasto com cada
estudante no Ensino Fundamental no Brasil foi o equivalente a apenas um
quarto do valor dispendido pelos países da OCDE (respectivamente, 1.566 e
6.437 dólares PPP, medida que torna comparável o montante investido em
cada país). Mesmo se considerarmos apenas a realidade nacional, o gasto
público em Educação é pequeno. Em 2007, cada aluno do Ensino Fundamental
de 1ª a 4ª série custou 2.166 reais. "Isso dá cerca de 180 reais por mês, um
valor baixo em relação à mensalidade média de uma escola privada, que oscila
na casa dos 500 reais. Mesmo que descontemos os eventuais lucros das
instituições particulares, a comparação mostra que, com o montante gasto pelo
governo, não dá para fazer milagre", diz Juca Gil, professor da Universidade de
São Paulo (USP) e especialista em políticas educacionais.

Porcentagem do PIB Em 2006, 3,9% do Produto Interno Bruto (PIB)


brasileiro foram destinados à Educação Básica, valor superior à média da
OCDE (3,7%). Aparentemente, levamos vantagem, mas há um ponto
importante a considerar: a maioria das nações do bloco gasta apenas na
manutenção dos sistemas, enquanto no Brasil ainda é preciso ampliar a oferta
e recuperar infraestrutura e salários. "Se quisermos mudar de patamar,
precisamos investir mais", afirma Juca Gil. Quanto? Novamente, as
comparações ajudam. Para sair de uma situação parecida com a nossa, a
Coreia do Sul dedicou, durante uma década, 10% do PIB à Educação.

Gasto público social Esse indicador considera os gastos


governamentais no atendimento aos chamados direitos sociais: saúde,
saneamento, habitação, previdência e, claro, Educação. Quanto maior o gasto
da área, maior a importância relativa dela. No caso brasileiro, de cada 100
reais investidos em políticas sociais, 16 vão para a Educação. É um índice
superior à média da OCDE (13%), mas menor que o de países latino-
americanos, como o México (22%).

4. O Fundeb e o fim da DRU podem ser a solução?


Tanto o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica
e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) quanto o fim da
Desvinculação de Recursos da União (DRU) injetam mais dinheiro no
orçamento da Educação e podem gerar melhorias, mas dificilmente trarão
condições suficientes para concretizar uma mudança radical em pouco tempo.
Vamos explicar as duas iniciativas para avaliar seu impacto:

Fundeb Instituído em 2007, o Fundeb, que em 2009 deve alçancar 81


bilhões de reais, é abastecido por uma porcentagem de diversos impostos.
Cada estado tem o seu Fundo. Depois de recolhida, a verba é repartida com as
redes municipais e estaduais conforme o número de matrículas, a etapa e a
modalidade de ensino. O cálculo é feito com base em um valor por aluno,
estabelecido segundo esses critérios. Como exemplo, em 2009, o valor mínimo
anual para cada aluno das séries iniciais do Ensino Fundamental está previsto
em 1.350 reais.

A maioria dos estados consegue atingir (e ultrapassar) esse patamar


com sua própria arrecadação. Quem não chega lá, entretanto, recebe ajuda do
governo Federal, que transfere um complemento para compor o piso. Em 2009,
nove estados precisaram ser auxiliados: Alagoas, Amazonas, Bahia, Ceará,
Maranhão, Pará, Paraíba, Pernambuco e Piauí.

A tentativa de atenuar as desigualdades regionais, a definição de um


valor mínimo por aluno e o controle da aplicação dos recursos (algumas
despesas, como a remuneração dos professores, têm percentuais mínimos
obrigatórios, que não podem ser modificados por governadores e prefeitos) são
os méritos do Fundeb. O que alguns especialistas argumentam é que o
tamanho da ajuda ainda não é o suficiente. De fato, em 2007, primeiro ano de
vigência do Fundo, o percentual do PIB investido em Educação subiu apenas
0,2%, algo como 6 bilhões de reais. "Esses valores não permitem diminuir as
disparidades nas condições de oferta educacional pelo país", afirma a
pesquisadora Rosana Evangelista da Cruz, da Universidade Federal do Piauí
(UFPI), autora de tese de doutorado sobre a participação federal no
financiamento da Educação.

Fim da DRU Instituída em 1994, a DRU permite ao governo federal


gastar livremente 20% dos recursos orçamentários de qualquer área.
Tradicionalmente, setores como a Educação acabam perdendo dinheiro. Se a
prática for de fato extinta, o Ministério da Educação (MEC) prevê que a pasta
disponha de mais 9 bilhões de reais no orçamento, que no ano que vem deve
atingir 53 bilhões de reais (30% a mais que neste ano). A novidade, porém,
depende da aprovação de uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) - em
tramitação no Congresso -, que prevê uma redução gradual dos recursos que
podem ser retirados (12,5% em 2009, 5% em 2010 e zero em 2011).

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