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O DIREITO ADMINISTRATIVO E O REGIME JURÍDICO

PÓS-GRADUAÇÃO

O DIREITO ADMINISTRATIVO
E O REGIME JURÍDICO

FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD


Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 SUMÁRIO 1
O DIREITO ADMINISTRATIVO E O REGIME JURÍDICO

GRUPO A Faculdade Multivix está presente de norte a


sul do Estado do Espírito Santo, com unidades

MULTIVIX em Cachoeiro de Itapemirim, Cariacica, Castelo,


Nova Venécia, São Mateus, Serra, Vila Velha e
Vitória. Desde 1999 atua no mercado
capixaba, destacando-se pela oferta
de cursos de graduação, técnico,
pós-graduação e extensão, com quali-
dade nas quatro áreas do conheci-
mento: Agrárias, Exatas, Humanas e
Saúde, sempre primando pela quali-
dade de seu ensino e pela formação
de profissionais com consciência
cidadã para o mercado de trabalho.

Atualmente, a Multivix está entre o


seleto grupo de Instituições de Ensino Superi-
or que possuem conceito de excelência junto
ao Ministério da Educação (MEC). Das 2109
instituições avaliadas no Brasil,
apenas 15% conquistaram notas 4 e
5, que são consideradas conceitos de
REITOR excelência em ensino.

Estes resultados acadêmicos colocam


- todas as unidades da Multivix entre as
melhores do Estado do Espírito Santo
e entre as 50 melhores do país.

MISSÃO

Formar profissionais com consciência cidadã


para o mercado de trabalho, com elevado
padrão de qualidade, sempre mantendo a credi-
bilidade, segurança e modernidade, visando à
satisfação dos clientes e colaboradores.

VISÃO

Ser uma Instituição de Ensino Superior reconhe-


cida nacionalmente como referência em quali-
dade educacional.

FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD


2 SUMÁRIO Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
O DIREITO ADMINISTRATIVO E O REGIME JURÍDICO

EDITORIAL

FACULDADE CAPIXABA DA SERRA • MULTIVIX

Diretor Executivo Revisão Técnica


Tadeu Antônio de Oliveira Penina Alexandra Oliveira
Alessandro Ventorin
Diretora Acadêmica Graziela Vieira Carneiro
Eliene Maria Gava Ferrão Penina Juliana Lima Barboza
Tatiana de Santana Vieira
Diretor Administrativo Financeiro
Fernando Bom Costalonga Design Editorial e Controle de Produção de Conteúdo
Carina Sabadim Veloso
Diretor Geral Maico Pagani Roncatto
Helber Barcellos da Costa Ednilson José Roncatto
Aline Ximenes Fragoso
Conselho Editorial Genivaldo Felix Soares
Eliene Maria Gava Ferrão Penina (presidente do
Conselho Editorial) NEAD – Núcleo de Educação à Distância
Kessya Penitente Fabiano Costalonga Gestão Acadêmica - Coord. Didático Pedagógico
Carina Sabadim Veloso Gestão Acadêmica - Coord. Didático Semipresencial
Patrícia de Oliveira Penina Gestão de Materiais Pedagógicos e Metodologia
Roberta Caldas Simões Coordenação Geral de EAD

Revisão de Língua Portuguesa


Leandro Siqueira Lima

FICHA CATALOGRÁFICA:

T429d Thiebault, Alexandre Haleson dos Santos.


Direito administrativo e o regime jurídico/Alexandre Haleson dos Santos Thiebaut. –
Serra : Multivix, 2017.
47 f.: il.; 30 cm
Inclui referências.
1. Direito administrativo 2. Licitação I. Faculdade Multivix – NeaD. II. Título.
CDD: 341.3

Catalogação: Biblioteca Central Anisio Teixeira – Multivix Serra


2017 • Proibida a reprodução total ou parcial. Os infratores serão processados na forma da lei.

As imagens e ilustrações utilizadas nesta apostila foram obtidas no site: http://br.freepik.com

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APRESENTAÇÃO Aluno(a) Multivix,

DA DIREÇÃO
Estamos muito felizes por você agora fazer parte do
maior grupo educacional de Ensino Superior do Espírito

EXECUTIVA
Santo e principalmente por você ter escolhido a Multi-
vix para fazer parte da sua trajetória profissional.

A Faculdade Multivix possui unidades em Cachoeiro


de Itapemirim, Cariacica, Castelo, Nova Venécia, São
Mateus, Serra, Vila Velha e Vitória. Desde 1999, no
mercado capixaba, destaca-se pela oferta de cursos
de graduação, pós-graduação e extensão de quali-
dade nas quatro áreas do conhecimento: Agrárias,
Exatas, Humanas e Saúde, tanto na modalidade
presencial quanto a distância.

Além da qualidade de ensino já comprovada


pelo MEC, que coloca todas as unidades do
REITOR Grupo Multivix como parte do seleto grupo das
Instituições de Ensino Superior de excelência no
-
Brasil, contando com sete unidades do Grupo
entre as 100 melhores do País, a Multivix
preocupa-se bastante com o contexto da
realidade local e com o desenvolvimento do
país. E para isso, procura fazer a sua parte,
investindo em projetos sociais, ambientais e na
promoção de oportunidades para os que
sonham em fazer uma faculdade de qualidade
mas que precisam superar alguns obstáculos.

Prof. Tadeu Antônio de Oliveira Penina Buscamos a cada dia cumprir com nossa missão que
Diretor Executivo do Grupo Multivix
é: “Formar profissionais com consciência cidadã para
o mercado de trabalho, com elevado padrão de quali-
dade, sempre mantendo a credibilidade, segurança e
modernidade, visando à satisfação dos clientes e
colaboradores.”

Entendemos que a educação de qualidade sempre foi


a melhor resposta para um país crescer. Para a Multi-
vix, educar é mais que ensinar. É transformar o
mundo à sua volta.

Seja bem-vindo!

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 07

2 PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL ADMINISTRATIVO 08


2.1 PRINCÍPIO DA LEGALIDADE 09
2.2 PRINCÍPIO DA IMPESSOALIDADE 10
2.3 PRINCÍPIO DA MORALIDADE 11
2.4 PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE 12
2.5 PRINCÍPIO DA EFICIÊNCIA 13

3 PODER DE POLÍCIA E SEUS LIMITES 15

4 ATO ADMINISTRATIVO 18
4.1 DISCRICIONARIEDADE 19
4.2 CONTROLE JURISDICIONAL 21

5 CONTRATO ADMINISTRATIVO 22
5.1 CARACTERÍSTICAS 23
5.2 ESPÉCIES 24
5.3 EXTINÇÃO 27

6 LICITAÇÃO PÚBLICA
6.1 PRINCÍPIOS
29
29
6.2 MODALIDADES 31
6.3 PROCEDIMENTO 32

7 SERVIÇO PÚBLICO 35
7.1 FORMAS DE PRESTAÇÃO 36
7.2 MODALIDADES DE DELEGAÇÃO 37
7.3 APLICAÇÃO DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR 38

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8 INTERVENÇÃO DO ESTADO NA PROPRIEDADE PRIVADA


8.1 MODALIDADES
41
42

9 REFERÊNCIAS 46

10 ANEXOS 47

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1 INTRODUÇÃO
A Administração Pública é orientada, sobretudo
pelo princípio da legalidade, uma vez que só é
admitido fazer ou deixar de fazer alguma coi-
sa se expressamente previsto em lei. O texto
constitucional traz um capítulo específico para a
Administração Pública e o inicia referindo-se a
obrigatoriedade de se obedecer aos princípios
da legalidade, moralidade, publicidade, impes-
soalidade e eficiência, porém, não são os únicos Considerando que o
processo legislativo é
a orientar a atividade administrativa.
contínuo, ressalta-se a
necessidade de verificação
A atividade administrativa exterioriza-se por
quanto a atualização dos
meio de atos administrativos que são manifes-
diplomas legais exposto
tações unilaterais de vontade, por serem prati- nesse material.
cados no exercício de atividades públicas estão
sujeitos ao regime jurídico-administrativo, com
seus privilégios e prerrogativas.

Os acordos bilaterais de vontades manifestam-se por mei0 de contratos adminis-


trativos, que significam tão somente àqueles que a Administração Pública celebra
segundo o regime jurídico de direito público. Esses contratos têm peculiaridades
distintas dos demais contratos, sobretudo quando se fala em cláusulas exorbitantes.

Porém, em regra, antes da realização de um contrato administrativo ocorre uma lici-


tação pública, onde é dada oportunidade a todos os interessados em contratar com
o Poder Público disputar em igualdade de condições, seja para construção de uma
obra ou prestação de um serviço público por intermédio do regime de delegação.
A Constituição Federal condiciona o direito de propriedade à satisfação de funções
sociais, fica condicionado ao bem-estar de toda a coletividade, admitindo-se pelo
Estado disciplina e limitações em benefício comum.

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2 PRINCÍPIO
CONSTITUCIONAL
ADMINISTRATIVO
A Constituição Federal traz em seu texto, expres-
sa ou implicitamente, princípios fundamentais que
orientam toda a atividade da Administração Pública.
Várias leis e diversos doutrinadores citam e defen-
dem princípios referentes à atuação da Administra-
ção Pública, mas todos eles derivam de forma lógi-
ca das disposições constitucionais.

O texto constitucional traz um capítulo especifica- O Constituinte abordou


mente dedicado à Administração Pública, contri- de forma explícita cinco
buindo para a formação e o aperfeiçoamento do princípios, tais como:
regime jurídico-administrativo. Contudo, apesar legalidade,
impessoalidade,
da clareza de tais princípios enumerados no arti-
moralidade, publicidade
go 37 da Lei Magna não significa que são os úni-
e eficiência.
cos a nortear a atividade do administrador. Isso
porque não são apenas os princípios expressos
que regem a conduta do administrador público.

Por outro lado temos aqueles que por não estarem elencados de forma expressa na
Constituição, embora por ela acolhidos, também orientam a atividade administrati-
vista, são os chamados de princípios reconhecidos ou implícitos.

Os princípios são ideias centrais de um determinado sistema, postulados


fundamentais que inspiram e regem toda o agir da Administração Pública.
São eles que determinam o alcance e o sentido de todo um ordenamento
jurídico, orientando a interpretação e a produção normativa.

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2.1 PRINCÍPIO DA LEGALIDADE


O princípio da legalidade é a pedra angular de todo Estado de Direito, consistin-
do em uma garantia constitucional arrolado no artigo 5º, inciso II do texto cons-
titucional, sendo um preceito que da origem a múltiplas expressões, dentre elas
a legalidade administrativa.

A Constituição Federal não estabeleceu um enunciado específico para tratar da lega-


lidade administrativa, pretende-se ressaltar o fato de que toda e qualquer atividade
do administrador público deve estar alicerçada na lei, independente da atuação ser
vinculada ou discricionária, pois mesmo nessa onde há uma liberdade de escolha,
deve-se obedecer estritamente os termos, condições e limites autorizados em lei.

Encontra-se aí a primeira diferença do princípio da legalidade para a Administra-


ção e para os particulares, enquanto para esses é lícito fazer tudo aquilo que a lei
não proíba, para aqueles é permitido agir segundo o disposto ou autorizado na lei.
Portanto, diante da omissão legislativa o Administrador Público deve permanecer
inerte, sendo uma decorrência natural da indisponibilidade do interesse público.

Conforme esclarece Hely Lopes Meirelles (2015) que, “a legalidade, como princípio
de administração significa que o administrador público está, em toda sua atividade
funcional sujeito aos mandamentos da lei, e às exigências do bem comum, e deles
não se pode afastar ou desviar, sob pena de praticar
ato inválido e expor-se à responsabilidade discipli-
nar, civil e criminal, conforme o caso.”

Portanto, verifica-se o conteúdo restritivo da le-


galidade administrativa em face da Administração
Pública. Por outro lado, representa uma garantia
constitucional para o administrado, assegurando
O princípio da legalidade
estabilidade nas relações jurídicas, exatamente administrativa é de
porque lhe assegura que a atuação da Administra- completa submissão do
ção estará limitada ao que dispuser a lei. atuar da Administração
às leis, devendo tão
Segundo Celso Antônio Bandeira de Mello (2007) somente obedecê-las,
cumpri-las, pô-las
este princípio configura o regime jurídico-adminis-
em prática.
trativo, trazendo em suma que, a consagração da

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ideia de que a Administração Pública só pode ser exercida na conformidade da lei


e que, de conseguinte, a atividade administrativa é a atividade sublegal, infralegal,
consistente na expedição de comandos complementares à lei.

Em suma, a Administração Pública somente pode atuar segundo a lei, não pode
ir contra ou além dela. Os atos eventualmente praticados em desobediência a
tais parâmetros são atos inválidos, podendo ser decretados pela própria Admi-
nistração de ofício ou pelo Judiciário quando provocado. Deve-se observar que a
sua atuação não está limitada apenas aos ditames legais, mas ao ordenamento
jurídico como um todo.

2.2 PRINCÍPIO DA IMPESSOALIDADE


Esse princípio foi enumerado no caput do artigo 37 da Constituição Federal dentre
aqueles que devem regem a atuação administrativa. Parte-se do princípio de que a
Administração deve tratar a todos os administrados sem discriminações, benéficas
ou prejudiciais. É na verdade um desdobramento do princípio da igualdade ou da
isonomia com previsão expressa.

Os administrativistas tratam esse princípio sob duas vertentes, sendo a primeira


como determinante da finalidade de toda a atuação administrativa; a segunda,
como vedação a que o agente público busque obter promoção pessoal.

O primeiro sentido pauta-se que toda atuação da Administração Pública deve visar
ao interesse público, ter como finalidade a satisfação do interesse público. Significa
que o seu agir não pode ter em vista prejudicar o beneficiar pessoas determinadas,
uma vez que é sempre a finalidade pública que deve conduzir o seu comportamen-
to. Dessa forma, a impessoalidade impede que o ato administrativo seja praticado
com tendência a atingir interesses pessoais dos agentes públicos ou de terceiros,
deve ater-se à vontade do comando abstrato e geral da norma jurídica. Qualquer
ato praticado com objetivo diverso da satisfação do interesse público será nulo por
desvio de finalidade.

A finalidade da atuação administrativa pode estar expressa ou implícita na lei. Sem-


pre haverá uma finalidade mediata comum a todos os atos que é a satisfação do

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interesse público, e uma finalidade específica que é o atendimento ao fim imediato


do comando normativo.

O segundo sentido do princípio da impessoalidade está ligada a ideia de vedações


de promoção pessoal do agente público, valendo-se de seu cargo. Esse desdobra-
mento está previsto no artigo 37, parágrafo primeiro da Constituição, que tem por
escopo proibir a vinculação de atividades da Administração Pública à pessoa de
seus agentes, evitando com isso que se utilizem da máquina administrativa para
promoção pessoal.

O Supremo Tribunal Federal tem sido rigoroso ao aplicar a vedação contida no pa-
rágrafo primeiro do artigo 37 da Constituição, ao proibir a vinculação de atividade
pessoal com propaganda oficial, conforme abaixo:

EMENTA Publicidade de atos governamentais. Princípio da impessoalidade. Art. 37, parágrafo


1º, da Constituição Federal. 1. O caput e o parágrafo 1º do artigo 37 da Constituição Federal
impedem que haja qualquer tipo de identificação entre a publicidade e os titulares dos cargos
alcançando os partidos políticos a que pertençam. O rigor do dispositivo constitucional que
assegura o princípio da impessoalidade vincula a publicidade ao caráter educativo, informativo
ou de orientação social é incompatível com a menção de nomes, símbolos ou imagens, aí in-
cluídos slogans, que caracterizem promoção pessoal ou de servidores públicos. A possibilidade
de vinculação do conteúdo da divulgação com o partido político a que pertença o titular do
cargo público mancha o princípio da impessoalidade e desnatura o caráter educativo, informa-
tivo ou de orientação que constam do comando posto pelo constituinte dos oitenta. 2. Recurso
extraordinário desprovido.

(RE 191668, Relator(a): Min. MENEZES DIREITO, Primeira Turma, julgado em 15/04/2008, DJe-
097 DIVULG 29-05-2008 PUBLIC 30-05-2008 EMENT VOL-02321-02 PP-00268 RTJ VOL-00206-
01 PP-00400 RT v. 97, n. 876, 2008, p. 128-131 LEXSTF v. 30, n. 359, 2008, p. 226-231).

2.3 PRINCÍPIO DA MORALIDADE


Esse princípio determina a conformação do ato administrativo com a ética, vale
dizer, com a ciência da moral, ou seja, a proibição de a atuação administrativa dis-
tanciar-se da moral, dos princípios éticos, da boa-fé, da lealdade.

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A moral como princípio é de difícil conceitu-


ação e sugere sua dependência ao princípio
da legalidade, embora com ele não se iden-
tifique, uma vez que a lei pode ser imoral e
a moral pode ultrapassar o âmbito da lei. O
fato de o Constituinte ter dado a moral admi-
nistrativa status de princípio jurídico permite
afirmar que ela é um requisito de validade de
todo ato administrativo, estando sujeita a um A imoralidade adminis-
controle de legitimidade, via de consequên- trativa produz efeitos
cia, um ato imoral deve ser declarado nulo. jurídicos, pois acarreta a
nulidade do ato que pode
Está intimamente ligada a ideia de probida- ser decretada pela
de e de boa-fé, pois não basta em seu atu- própria Administração ou
ar o agente público observar a lei formal, pelo Judiciário.
mas é necessário que se atenda ao espírito
de todo o ordenamento. Por essa razão os
doutrinadores afirmam que o princípio da
moralidade complementa ou torna efetivo
o princípio da legalidade.

Para Maria Sylvia Zanella Di Pietro (2017) “sempre que em matéria administrativa
se verificar que o comportamento da Administração ou do administrado que com
ela se relaciona juridicamente, embora em consonância com a lei, ofende a moral,
os bons costumes, as regras de boa administração, os princípios de justiça e de
equidade, a ideia comum de honestidade, estará havendo ofensa ao princípio da
moralidade administrativa”.

2.4 PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE


Por esse princípio os atos praticados pela Administração Pública, ressalvadas as hipóte-
ses de sigilo previstas em lei, devem ser dado ampla divulgação. Revela-se com isso o
dever administrativo de manter plena transparência em seus comportamentos.

Em face do sistema constitucional o princípio da publicidade apresenta um duplo

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aspecto. De um lado, exige que a publicação seja requisito de eficácia dos atos ad-
ministrativos gerais que devam produzir efeitos externos ou onerem o patrimônio
público. E outro lado, em prol da transparência da atuação administrativa.

Na primeira acepção a publicidade dos atos administrativos está ligada a sua efi-
cácia, portanto, não estará apto a produzir validamente seus efeitos enquanto não
for publicado, ou seja, levado a conhecimento de todos. Já a segunda vertente do
princípio da publicidade deriva da indisponibilidade do interesse público, com a exi-
gência da transparência da prática dos atos administrativos possibilita por parte de
todos um controle mais amplo e efetivo na Administração Pública.

O princípio da motivação dos atos administra-


tivos é uma das manifestações do princípio da
publicidade, pois proporciona um maior controle VALE RESSALTAR
da atuação administrativa quanto a legalidade e
legitimidade de seus atos.

2.5 PRINCÍPIO DA EFICIÊNCIA


Introduzido na Constituição Federal dentre aqueles arrolados no artigo 37 pela
Emenda Constitucional nº 19/98. Por esse princípio não basta o administrador públi-
co pautar sua conduta nas regras da legalidade e da moralidade, é necessário tam-
bém que busque o melhor dentre as opções oferecidas pelo ordenamento jurídico.

Busca-se dessa forma que a Administração Pública assemelha-se cada vez mais ao
setor privado, que privilegia a aferição de resultados, com autonomia dos entes ad-
ministrativos e redução do controle das atividades-meio, identifica-se com a noção
de administração gerencial.

Segundo a professora Maria Sylvia Zanella Di Pietro (2017) o princípio em estudo


apresenta dois sentidos, quais sejam; o modo de atuação do agente público do
qual se espera o melhor desempenho possível de suas atribuições, para lograr os
melhores resultados; e em relação ao modo de organizar, estruturar, disciplinar a
Administração Pública, também com o mesmo objetivo de alcançar os melhores
resultados na prestação do serviço público.

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Parte-se em busca da boa qualidade na prestação e execução do serviço público. A


partir de sua positivação a sociedade passa a dispor de base jurídica para exigir a
efetividade no desempenho de suas obrigações. Integra o controle de legalidade e
legitimidade da atuação administrativa, e não como questão de mérito administra-
tivo, ou seja, conveniência e oportunidade.

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3 PODER DE POLÍCIA E SEUS


LIMITES
É uma atribuição ou poder conferido à Administração Pública para condicionar e
restringir o exercício de direitos e atividades individuais em benefício de uma co-
letividade. O instituto do poder de polícia vem conceituado no artigo 78 do Código
Tributário Nacional:

Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da administração pública


que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prá-
tica de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse público concernente
à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e
do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de con-
cessão ou autorização do Poder Público, à tranquilidade pública ou ao res-
peito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos. (Redação dada
pelo Ato Complementar nº 31, de 28.12.1966)

Parágrafo único. Considera-se regular o exercício do poder de polícia quan-


do desempenhado pelo órgão competente nos limites da lei aplicável, com
observância do processo legal e, tratando-se de atividade que a lei tenha
como discricionária, sem abuso ou desvio de poder.

Para o professor Celso Antônio Bandeira de Mello (2007) “pode-se definir a polícia
administrativa como a atividade da Administração Pública, expressa em atos nor-
mativos ou concretos, de condicionar, com fundamento em sua supremacia geral
e na forma da lei, a liberdade e a propriedade dos indivíduos, mediante ação ora
fiscalizadora, ora preventiva, ora repressiva, impondo coercitivamente aos particu-
lares um dever de abstenção (“non facere”) a fim de conformar-lhes os comporta-
mentos aos interesses sociais consagrados no sistema normativo.”

A Administração Pública no seu fim de atingir o bem comum utiliza-se das prer-
rogativas que lhe são conferidas pelo poder de polícia. Porém, o uso desse poder
não é ilimitado, ao contrário, é norteado por limites impostos pelo ordenamento
jurídico no sentido de resguardar os direitos dos administrados e manter a segu-
rança das relações, evitando com isso abusos e arbitrariedades.

De um lado, os cidadãos no exercício de seus direitos e liberdades, relacionados

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com o uso, gozo e disposições de propriedade, do outro, a Administração restrin-


gindo tais direitos para se atingir o bem estar social e o próprio interesse público. A
atuação do poder de polícia não se confunde com a polícia judiciária, está repressiva
de delitos, aquele será exteriorizado pela concessão de licença ou de autorização
concedidas por alvará.

Em defesa dos interesses coletivos a Administração Pública possui alguns atributos


ou qualidades, características inerentes ao poder de polícia e dos atos administra-
tivos, tais como, discricionariedade, autoexecutoriedade e coercibilidade, além do
fato de corresponder a uma atividade negativa.

A Administração Pública no exercício do poder de polícia dispõe de uma razoável


liberdade de atuação, podendo valorar a oportunidade e conveniência de sua atua-
ção, escolher seu conteúdo dentro daqueles estabelecidos pela lei. Porém, mesmo
diante desse atributo da discricionariedade em que a Administração tem uma mar-
gem de liberdade e escolha em sua atuação, estará vinculado a finalidade na prática
do ato de polícia, pois como em todo ato administrativo a finalidade a ser atingida
é a proteção da coletividade.

Porém, haverá situações previamente estabelecidas em lei que diante de deter-


minados requisitos a Administração Pública não terá margem de escolha, terá que
adotar a única opção válida estabelecida pelo legislador. Nesse caso o poder será
vinculado, exterioriza-se por meio da concessão da licença, quando o particular
preencha os requisitos legais.

A autoexecutoriedade possibilita a Administração Pública executar suas decisões


sem precisar recorrer previamente ao Poder Judiciário. Por esse atributo pode-se
compelir materialmente o administrado usando meios diretos de coação. No entan-
to, não são todos os atos de polícia dotados de autoexecutoriedade. Para que o Po-
der Público possa se utilizar dessa faculdade é necessário que a lei expressamente
autorize ou que se trate de medida urgente.

Apesar da dispensa prévia de manifestação do Poder Judiciário na apreciação dos


atos administrativos não significa que o administrado que se sentir lesado não possa
provocar a tutela jurisdicional, o qual poderá buscar a anulação dos atos praticados.

Cabe ressaltar que há doutrinadores que desdobram o princípio da autoexecutorie-


dade em exigibilidade e executoriedade. Para esses autores a exigibilidade traduz
a ideia de que a Administração não precisa de autorização judicial para impor obri-

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gações aos administrados, enquanto que a executoriedade é o poder que tem de


tomar decisões executórias, ou seja, executar diretamente sua medida.

O último atributo da coercibilidade é indissociá-


vel da autoexecutoriedade, pois o ato de polícia
só é autoexecutório porque dotado de força co-
ATENÇÃO
ercitiva. Traduz a ideia de que as medidas ado-
tadas são impostas coativamente ao administra-
dos, inclusive com o emprego de força.

O exercício desse poder administrativo deve buscar o bem comum, por óbvio esse
poder não é ilimitado. Será considerado regular quando desempenhado pelo órgão
competente dentro dos limites estabelecidos pela lei, com observância do processo
legal, sem abuso ou desvio de poder.

A própria lei estabelece os limites e barreiras intransponíveis do atuar do Poder Pú-


blico, resguardando o cidadão de eventual desmando do governo. Não resta dúvida
que a ação administrativa de polícia está delimitada pela norma jurídica, sujeita ao
princípio da legalidade e da moralidade administrativa, devendo resguardar o direi-
to dos cidadãos, as prerrogativas individuais e as liberdades públicas.

Um dos limites do exercício do poder de polícia está adstrito a sua competência


legal, isto é, poderá ser desempenhado por vários órgãos e entidades administra-
tivas, em todos os níveis da Federação, porém deve-se observar a competência
estabelecida em lei e os limites traçados pela Constituição, pois apesar da liberdade
que tem a Administração Pública em agir a competência é um elemento vinculado.

Do confronto do interesse social em conciliação com os direitos fundamentais do indi-


víduo assegurado constitucionalmente decorre a limitação do exercício do poder admi-
nistrativo de polícia que jamais pode por em perigo a liberdade e a propriedade. A sua
atuação deve estar subordinada a observância dos direitos fundamentais para que seja
uma regulação confiável e permitida. Regra geral, face a relativização do direito indivi-
dual o poder de polícia importa restrições ao direito individual, porém sua utilização não
deve ser excessiva ou desnecessária que configure em abuso de poder.

A discricionariedade do exercício do poder de polícia é uma


liberdade de atuação limitada pelo direito, não apenas pela lei.

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Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 SUMÁRIO 17
O DIREITO ADMINISTRATIVO E O REGIME JURÍDICO

4 ATO ADMINISTRATIVO
Os atos administrativos são espécies do gênero ato jurídico. Logo, são manifesta-
ções unilaterais de vontade. Esses atos por serem praticados no exercício de ativi-
dades públicas estão sujeitos ao regime jurídico-administrativo, com seus privilé-
gios e prerrogativas.

É necessário fazer a distinção entre atos da Ad-


ministração e atos administrativos. Em sentido
amplo será ato da Administração todo aquele
praticado no exercício da função administrativa
e emanado daquela. Já a expressão ato admi-
nistrativo é mais restrita, pois abrange apenas
determinada categoria de atos praticados no
exercício da função administrativa, indepen-
dente da entidade integrar a estrutura da Ad- Maria Sylvia Zanella Di
ministração Pública. Pietro (2017) conceitua
o “ato administrativo
A doutrina é divergente1 quanto à nomencla- como a declaração do
estado ou de quem o
tura a ser adotada a respeito dos aspectos do
represente, que produz
ato. Contudo, independente da terminologia
efeitos jurídicos imedia-
adotada o que se pretende consignar é que tais tos, com observância da
elementos constituem os pressupostos neces- lei, sob regime jurídico
sários para a validade dos atos administrativos, de direito público e
na ausência de qualquer deles estará o ato con- sujeita a controle pelo
taminado com vício de legalidade, fato que es- Poder Judiciário”.

tará sujeito à anulação.

Dentre os elementos do ato encontram-se competência, finalidade, forma, motivo


e objeto. A competência é definida pela lei atribuindo aos seus agentes o exercício
legitimo de suas atividades, fixando seus limites. A finalidade de todo ato é sempre
pública. Por meio da forma se exterioriza à vontade, portanto, o modo pelo qual
este aparece e revela sua existência. O motivo é a circunstância de fato e o funda-

1
A depender do autor a terminologia adotada é diversa, para Celso Antônio Bandeira de Mello (2007) seria “requisitos do ato administrativo”, já
Oswaldo Aranha Bandeira de Mello nomina as expressões em “causas do ato administrativo”. Para os professores Maria Sylvia Zanella Di Pietro
(2017) e José dos Santos Carvalho Filho (2017) seria “elementos do ato administrativo”.

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18 SUMÁRIO Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
O DIREITO ADMINISTRATIVO E O REGIME JURÍDICO

mento jurídico, quando previsto em lei o agente só pode praticar o ato se houver
ocorrido à situação prevista. O objeto é o fim imediato, o resultado a ser alcançado.

Os atos administrativos são dotados de atributos que lhe são inerentes, característi-
cas que os tornam distintos dos atos privados em geral, quais sejam, imperatividade
ou coercibilidade que significa que os atos administrativos são cogentes, obrigando
todos aqueles que se encontrem em sua incidência; a presunção de legitimidade
diz respeito a conformidade do ato com a lei, e a autoexecutoriedade possibilita
execução imediata do ato administrativo.

Umas das questões mais tormentosa que envolve atos administrativos diz respeito
à separação entre atos vinculados e discricionários. Os atos vinculados são aqueles
em que o administrador não tem margem alguma de liberdade de escolha, pois a
lei já traz todos os contornos do ato, determinando o único comportamento possí-
vel de atuação. Já o ato discricionário a Administração tem opção de escolha dentre
os termos e limites definidos em lei, quanto a valoração do motivo e a escolha do
objeto. Na definição de Celso Antônio Bandeira de Mello (2007):

“Atos vinculados seriam aqueles em que, por existir prévia e objetiva tipi-
ficação legal do único possível comportamento da Administração em face
de situação igualmente prevista em termos de objetividade absoluta, a Ad-
ministração, ao expedi-los, não interfere com apreciação subjetiva alguma.

Atos “discricionários”, pelo contrário, seriam os que a Administração pratica


com certa margem de liberdade de avaliação ou decisão segundo critérios
de conveniência e oportunidade formulados por ela mesma, ainda que ads-
trita à lei reguladora da expedição deles”.

4.1 DISCRICIONARIEDADE
O ato administrativo discricionário dá ao administrador uma certa margem de li-
berdade na escolha dos critérios a serem adotados por ocasião da prática de certos
atos, nos termos e limites fixados na lei. Porém, não há ato totalmente discricioná-
rio, pois a competência e a finalidade serão sempre vinculados. A discricionariedade
não está presente em todos os elementos do ato.

Nas palavras de Celso Antônio Bandeira de Mello (2007), “discricionariedade, por-

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O DIREITO ADMINISTRATIVO E O REGIME JURÍDICO

tanto, é a margem de liberdade que remanesça ao administrador para eleger, se-


gundo critérios consistentes de razoabilidade, um, dentre pelo menos dois com-
portamentos cabíveis, perante cada caso concreto, a fim de cumprir o dever de
adotar a solução mais adequada à satisfação da finalidade legal, quando, por força
da fluidez das expressões da lei ou da liberdade conferida no mandamento, dela
não se possa extrair objetivamente, uma solução unívoca para a situação vertente”.

Discricionariedade não se confunde com arbitrariedade. Ao agir arbitrariamente o


agente estará praticando um ilícito, pois seu comportamento está agredindo a nor-
ma jurídica, passível de correção judicial. Diferente da discricionariedade, onde não
há uma transgressão ao ordenamento jurídico, mas apenas um juízo valorativo feito
pelo administrador na escolha do melhor meio para satisfazer o interesse público,
dentro dos limites da lei.

A discricionariedade na prática do ato não está apenas quando expressamente per-


mitido pelo ordenamento jurídico, mas também quando a lei utiliza conceitos jurídi-
cos indeterminados, vagos, tais como “moralidade administrativa”, “boa-fé”. Nesses
casos, caberá ao administrador uma análise diante da situação fática qual atuação é
juridicamente legítima, com vistas ao atendimento do interesse público.

Tal decisão, reside no âmbito do mérito administrativo, conforme seus critérios de


conveniência e oportunidade, determinar qual a opção dentre as permitidas pela lei
se enquadra na situação concreta que melhor atenda a finalidade pública.

Para Maria Sylvia Zanella Di Pietro (2017) a discricionariedade existe não apenas
quando a lei expressamente confere à Administração, mas também quando a lei é
omissa, hipótese em que a autoridade administrativa deverá decidir de acordo com
os princípios previstos no ordenamento jurídico. E ainda, quando a lei prevê deter-
minada competência, mas não estabelece a conduta a ser adotada.

Importante ressaltar que o Poder Judiciário não pode


apreciar a conveniência da escolha feita pelo adminis-
trador, não pode substituir a Administração nesse juízo
valorativo, em razão da harmonia dos poderes. No en-
IMPORTANTE!!
tanto, o ato discricionário não está livre de análise pelo
Judiciário, pois mesmo nesses atos a competência e a
finalidade são elementos vinculados na pratica do ato,
passível de controle judicial.

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20 SUMÁRIO Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
O DIREITO ADMINISTRATIVO E O REGIME JURÍDICO

A discricionariedade proporciona ao administrador a melhor escolha diante de um


caso concreto, a providência que melhor atenda ao interesse público. Essa margem
de atuação do agente dentro da lei é antes de tudo um dever de agir para alcançar
a perfeita destinação da norma.

4.2 CONTROLE JURISDICIONAL


A principal importância da distinção entre atos vinculados e discricionários diz res-
peito ao controle exercido pelo Judiciário sobre o seu âmbito de incidência.

Em relação aos atos vinculados não há dúvida do controle judicial sobre sua pratica,
tendo em vista que todos os elementos do ato encontram-se descritos da lei. Não
cabe ao administrador qualquer juízo de valor, mas tão somente a aplicação da lei.
Caberá, portanto, ao Judiciário examinar em todos os seus aspectos a conformidade
do ato com a lei, para decretar a nulidade em caso de desconformidade.

A dúvida reside quanto ao controle dos atos discricionários, esse será possível des-
de que diga respeito a aspectos da legalidade e verificar se a Administração não
ultrapassou os limites da discricionariedade reservada pela lei. Quanto ao mérito
administrativo não cabe qualquer apreciação por parte do Poder Judiciário, sob pena
de ferir a separação dos poderes.

Caso contrário, estaria o Judiciário substituindo a escolha legítima feita pela autoridade
competente dentre as opções igualmente válidas descritas pela lei. Uma vez que o le-
gislador intencionalmente deixou um espaço para livre decisão do administrador lançar
mão de seus próprios critérios de conveniência e oportunidade de escolha.

A doutrina aponta algumas teorias para fixar limites ao exercício do poder discricioná-
rio, via de consequência aumenta a possibilidade de apreciação pelo Judiciário. Dentre
elas encontra-se a teoria relativa ao desvio de poder, que ocorre quando o administra-
dor utiliza do poder para atingir fim diverso do estabelecido na lei. A outra teoria é a dos
motivos determinantes, quando a Administração ficará vinculada aos motivos lançados
na prática do ato, somente sendo válidos se os motivos forem verdadeiros.

Assim, caberá ao Poder Judiciário invalidar os atos que incorram nos vícios de lega-
lidade, pois nesses casos não há propriamente discrição, mas vinculação dos ele-
mentos do ato ao ordenamento jurídico.

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Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 SUMÁRIO 21
O DIREITO ADMINISTRATIVO E O REGIME JURÍDICO

5 CONTRATO
ADMINISTRATIVO
Os contratos sejam eles públicos ou privados, são relações jurídicas formadas por
acordos bilaterais de vontades com um determinado objetivo. Contrato da Admi-
nistração é expressão usada em sentido amplo, para englobar todos os contratos
celebrados pela Administração Pública, quer sob a égide do regime jurídico público
ou privado. Por outro lado, contrato administrativo significa tão somente aqueles
que a Administração Pública celebra segundo o regime jurídico de direito público.

O contrato administrativo tem peculiaridades distintas dos demais contratos, so-


bretudo no que diz respeito à possibilidade de alteração unilateral das obrigações
contratuais e extinção unilateral do contrato. Ambas as formas de instabilização
constituem um direito da Administração, são as chamadas cláusulas exorbitantes.

Em decorrência das prerrogativas ou das cláusulas exorbitantes a Administração está


autorizada a realizar modificações nos contratos administrativos, desde que respeitado
o objeto do contrato, núcleo intangível. A existência desses privilégios diz respeito ao
fato de adequar a execução do contrato ao atendimento das finalidades públicas. Con-
tudo, fica assegurado ao particular proteção as cláusulas econômicas.

À vista das considerações precedentes pode-se conceituar contrato administrativo


da seguinte forma, nas palavras de Celso Antônio Bandeira de Mello (2007):

“É o tipo de avenca travada entre a Administração e terceiros na qual, por força


da lei, de cláusulas pactuadas ou do tipo de objeto, a permanência do vínculo
e as condições preestabelecidas assujeitam-se a cabiáveis imposições de inte-
resse público, ressalvados os interesses patrimoniais do contratante privado”.

De forma simples conceitua José dos Santos Carvalho Filho (2017) contrato adminis-
trativo da seguinte forma:

“Como o ajuste firmado entre a Administração Pública e um particular, regu-


lado basicamente pelo direito público e tendo por objeto uma atividade que,
de alguma forma, traduza interesse público.”

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22 SUMÁRIO Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
O DIREITO ADMINISTRATIVO E O REGIME JURÍDICO

Cumpre assinalar, que os professores Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo (2017)


definem contrato administrativo diferenciando-o de contrato da Administração,
como se observa abaixo:

“Contrato administrativo como o ajuste firmado pela administração pú-


blica, agindo nesta qualidade, com particulares, ou com outras entidades
administrativas, nos termos estipulados pela própria administração pú-
blica contratante, em conformidade com o interesse público, sob regên-
cia predominante do direito público.

Contrato da administração como o ajuste firmado entre a administração


pública e particulares, no qual a administração não figura na qualidade
de poder público, sendo tal ajuste, por isso, regido predominantemente
pelo direito privado”.

5.1 CARACTERÍSTICAS
Em razão de suas peculiaridades o contrato administrativo apresenta determina-
das características, o que pode variar conforme o doutrinador, via de regra, não
divergem quanto ao formalismo, pessoalidade na execução (intuitu personae), são
onerosos, comutativos e por ser um contrato de adesão.

Apesar das prerrogativas inerentes à Administração Pública os contratos adminis-


trativos são comutativos, ou seja, equivalentes em suas obrigações. Em sua grande
maioria devem ser formais e escritos, pois não basta o consenso das partes. Por ser
um contrato de adesão a autonomia da parte está limitada à aceitação ou não de
contratar com o Poder Público nas condições impostas para a formação do vínculo.

São celebrados intuitu personae, pois a execução do contrato deve ser feita pela
pessoa que se obrigou perante a Administração. Decorre principalmente do fato que
visa selecionar não apenas a melhor proposta, mas também escolher a pessoa que
ofereça condições de cumprir integralmente o que foi pactuado. Porém, tal caracte-
rística não é absoluta, uma vez que a lei de licitação prevê a possibilidade de sub-
contratação parcial, desde que prevista em edital e no contrato, e ainda, autorizado
pela Administração Pública.

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O DIREITO ADMINISTRATIVO E O REGIME JURÍDICO

Maria Sylvia Zanella Di Pietro (2017) assinala um rol mais extenso das característi-
cas dos contratos administrativos, apontando a presença da Administração Pública
como Poder Público; finalidade pública; obediência à forma prescrita em lei; proce-
dimento legal; natureza de contrato de adesão; natureza intuitu personae; presença
de cláusulas exorbitantes e mutabilidade.

Dentre todas as divergências apontadas, a característica peculiar dos contratos ad-


ministrativos, diferenciando-os dos contratos privados, é a existência das cláusulas
exorbitantes. São prerrogativas de direito público conferidas à Administração Públi-
ca diretamente pela lei, enquanto na qualidade de Poder Público.

A regra da imutabilidade dos contratos, amparada no princípio da igualdade das


partes, cede espaço ao princípio da desigualdade nos contratos administrativos ce-
lebrados pela Administração Pública enquanto na pessoa do Poder Público. Sobres-
sai à vontade da Administração sobre o outro contratante.

Tais cláusulas referem-se a verdadeiros princípios de direito público, formam e dá


base a toda estrutura do regime jurídico administrativo, os quais se encontram a
possibilidade de alteração e rescisão unilateral do contrato, fiscalização da exe-
cução do contrato, aplicação de sanções e ocupação provisória de bens móveis,
imóveis, pessoal e serviços vinculados ao objeto do contrato, quando o ajuste visa
à prestação de serviços essenciais.

5.2 ESPÉCIES
São diversas as espécies de contratos administrativos, sujeitos ao regime de
direito público, que variam de acordo com o objeto e com as peculiaridades do
ajuste. Dentre eles encontram-se os contratos de obras públicas, serviços, de
fornecimento e de concessão.

A Lei nº 8.666/93 em seu artigo 6º, inciso I, define obra como sendo toda constru-
ção, reforma, fabricação, recuperação ou ampliação, realizada por execução direta
ou indireta. Portanto, contrato administrativo de obra pública será todo aquele que
tenha por fim um dos objetos enumerados, relacionados a móveis ou imóveis, des-
tinados à população em geral ou ao próprio serviço público.

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O DIREITO ADMINISTRATIVO E O REGIME JURÍDICO

José dos Santos Carvalho Filho (2017) de forma sintética define as diversas ativida-
des arroladas no artigo 6º, inciso I, citado acima como:

“A construção resulta de atividades e materiais destinados à criação do


bem. Reforma é o conjunto de alterações que esse bem pode sofrer sem
que seja ampliado. Ampliação pressupõe também que o bem já exista, mas
que pelo contrato vai receber acréscimo em suas dimensões. A fabricação
indica o sentido de criação do bem. Na recuperação (que não deixa de ser
uma reforma), contrata-se para o fim especial de restauração do bem.”

A Lei de Licitação traz no artigo 10, inciso II,


os regimes de execução indireta, quais sejam:
empreitada por preço global, empreitada por
preço unitário, empreitada integral e tarefa.

Na empreitada por preço global o contratado é


remunerado pela execução e entrega da tota-
lidade da obra, o preço fixado é certo, embo- A Administração Pública
pode executar a
ra possa ser reajustável. Já na empreitada por
obra pública direta
preço unitário o empreiteiro é remunerado ao
ou indiretamente.
passo que vai entregando a Administração as
unidades determinadas em contrato. O regime
de execução de empreitada integral é definido
no artigo 6º, inciso VIII, aliena “e”, e é utilizado para a realização de obras de
grande vulto e alta complexidade. O regime de tarefa pode ser destinado a pe-
quenas obras e serviços.

A definição do contrato de serviço é feito pela Lei nº 8.666/93, artigo 6º, inciso II,
como toda atividade destinada a obter determinada utilidade de interesse para a
Administração, tais como: demolição, conserto, instalação, montagem, operação,
conservação, reparação, adaptação, manutenção, transporte, locação de bens, pu-
blicidade, seguro ou trabalhos técnico-profissionais.

Pela leitura do dispositivo acima citado, observa-se que o objeto desse contrato
refere-se a serviços privados prestados à Administração, daqueles que necessita
mas não quer executar diretamente. Portanto não se trata propriamente de serviço
público destinado ao atendimento de necessidades da população em geral, pois
esses devem ser delegados por intermédio do regime de concessão ou permissão

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O DIREITO ADMINISTRATIVO E O REGIME JURÍDICO

de serviço público, sempre precedido de licitação.

A peculiaridade do contrato administrativo


de obra pública que o distingue do contrato
de serviço é a predominância do material so-
bre a realização física, e ainda o fato do pra- ATENÇÃO

zo ser determinado, pois a obra é limitada no


tempo, enquanto que o serviço tem caráter
de continuidade.

A Administração Pública para atingir suas finalidades utiliza-se do contrato de for-


necimento para adquirir bens móveis necessários para a execução dos serviços
administrativos. Na verdade é um contrato de compra e venda regido por normas
de direito privado, com as ressalvas peculiares do regime jurídico administrativo.

As compras deverão atender ao princípio da padronização conforme recomenda o


artigo 15 da Lei nº 8.666/93. E deverá ser feita com a adequada caracterização de
seu objeto e indicação dos recursos orçamentários para seu pagamento, sob pena
de nulidade do ato e responsabilidade de quem lhe tiver dado causa.

Maria Sylvia Zanella Di Pietro (2017) define contrato de concessão como o contrato ad-
ministrativo pelo qual a Administração confere ao particular a execução remunerada de
serviço público ou de obra pública, ou lhe cede o uso de bem público, para que o explore
por sua conta e risco, pelo prazo e nas condições regulamentares e contratuais.

Há três espécies do gênero “concessão”, quais sejam:

• Concessão de serviços públicos;


• Concessão de uso de bem público;
• Concessão de obra pública.

Não se deve confundir contrato de obra pública com o de concessão de obra públi-
ca, pois nesse último caso a Administração Pública transfere a um particular a exe-
cução de uma obra pública por sua conta e risco, ou seja, a sua remuneração será
paga pelos beneficiários da obra. Já no contrato de obra pública o Estado remunera
diretamente o contratado pela execução da obra.

Já a concessão de uso de bem público é um direito pessoal e intransferível de utili-

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zação restrita por um particular de um determinado bem público, para que o exerça
conforme sua destinação.

Cabe lembrar da Lei nº 11.079/2004 (Lei das Parcerias Público-Privadas PPP), que
expressamente proíbe em seu artigo 2º, parágrafo 4º, inciso III, a celebração de
contrato que tenha por objeto único o fornecimento de mão de obra, o fornecimen-
to ou instalação de equipamentos ou a execução de obra pública.

5.3 EXTINÇÃO
Com a extinção do contrato administrativo ocorre o término do vínculo obrigacio-
nal existente entre a Administração Pública e o contratado. O que pode ocorrer em
virtude do cumprimento do objeto ou do término do prazo para aqueles contratos
que preveem continuidade na execução, ou ainda, pode decorrer de anulação ou de
rescisão do contrato.

Diante de uma ilegalidade na celebração do contrato administrativo, seja quanto


ao objeto ou concernente à competência da autoridade que celebrou o ajuste,
enseja a sua anulação. O que poderá ser feita pela própria Administração Públi-
ca, de ofício em razão da autotutela ou provocada, ou ainda pelo Poder Judiciário
sempre que provocado em razão de vício de ilegalidade ou ilegitimidade.

Quando houver vício na licitação poderá haver a anulação de um contrato adminis-


trativo mesmo que em si mesmo seja válido, pois a nulidade do procedimento lici-
tatório induz a do contrato subsequente. A Lei nº 8.666/93 em seu artigo 59 traz as
regras básicas acerca da anulação de um contrato que apresenta vício de legalidade
ou legitimidade, conforme abaixo transcrito:

Art. 59. A declaração de nulidade do contrato administrativo opera retroa-


tivamente impedindo os efeitos jurídicos que ele, ordinariamente, deveria
produzir, além de desconstituir os já produzidos.

Parágrafo único. A nulidade não exonera a Administração do dever de indenizar


o contratado pelo que este houver executado até a data em que ela for decla-
rada e por outros prejuízos regularmente comprovados, contanto que não lhe
seja imputável, promovendo-se a responsabilidade de quem lhe deu causa.

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O DIREITO ADMINISTRATIVO E O REGIME JURÍDICO

Em regra, a nulidade não acarreta o dever de inde-


nizar o contratado. Contudo, deverá ser indeniza-
do os prejuízos regularmente comprovados, desde
que o contratado não tenha concorrido para a nuli-
dade do contrato, entretanto, deve ser dado opor-
tunidade do contraditório e da ampla defesa.

Já o artigo 78 da Lei nº 8.666/93 lista os motivos


A indenização refere-se
que geram a rescisão do contrato. Há hipóteses
aos danos emergentes,
que gera a rescisão unilateral pela Administração
mas não dispõe sobre os
Pública quando as causas são imputáveis ao con- lucros cessantes.
tratado e outras que ensejam a rescisão judicial ou
amigável, há ainda hipótese de rescisão decorren-
te de interesse público superveniente e de força
maior ou caso fortuito.

Cabe salientar que nas hipóteses previstas de rescisão unilateral não serão cabí-
veis quando o inadimplemento contratual for imputável a Administração Pública.
As hipóteses de rescisão contratual deverão ser formalmente motivadas e sempre
precedidas de contraditório e ampla defesa.

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6 LICITAÇÃO PÚBLICA
Diante das inúmeras atividades que a Administração Pública exerce muitas vezes
faz-se necessário valer-se de serviços e bens fornecidos por terceiros. Porém, a lei
não deixou ao livre critério do administrador a escolha das pessoas a serem con-
tratadas, pois é o procedimento da licitação que visa a atender ao interesse público
e dar a todos os interessados igualdade de condições em oferecer suas propostas.

Em síntese Celso Antônio Bandeira de Mello (2007) conceitua licitação como o certame
que as entidades governamentais devem promover e no qual abrem disputa entre
os interessados em com elas travar determinadas relações de conteúdo patrimonial,
para escolher a proposta mais vantajosa às conveniências públicas. Estriba-se na ideia
de competição, a ser travada isonomicamente entre os que preencham os atributos e
aptidões necessários ao bom cumprimento das obrigações que se propõem assumir. A
natureza jurídica da licitação é um procedimento administrativo vinculado que tem por
fim selecionar a proposta mais vantajosa ao interesse público.

Para maior facilidade em compreensão da temá-


tica, consta no Anexo 1 parte da lei que trata
IMPORTANTE!!
sobre licitações.

6.1 PRINCÍPIOS
A lei nº 8.666/93 enumera no artigo 3º os princípios básicos norteadores do proce-
dimento licitatório, abaixo transcrito:

Art. 3o A licitação destina-se a garantir a observância do princípio consti-


tucional da isonomia, a seleção da proposta mais vantajosa para a admi-
nistração e a promoção do desenvolvimento nacional, e será processada e
julgada em estrita conformidade com os princípios básicos da legalidade, da
impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade
administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório, do julgamento
objetivo e dos que lhes são correlatos. (Redação dada pela Medida Provi-
sória nº 495, de 2010)

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O DIREITO ADMINISTRATIVO E O REGIME JURÍDICO

Dentre aqueles arrolados no artigo supra citado observa-se que muitos dos princípios
interessam a toda a atividade administrativa, especificamente os voltados para a licita-
ção são o da vinculação ao instrumento convocatório e do julgamento objetivo.

O princípio da legalidade impõe ao administrador público observar as regras


que a lei assinalou para a realização do procedimento de licitação. O princípio
da impessoalidade determina que todos aqueles que se encontrem na mesma
situação jurídica devem ter tratamento igualitário, decorrência lógica do princí-
pio constitucional da igualdade onde todos os interessados em contratar com o
Poder Público devem competir em isonomia de condições, sem vantagens não
extensivas aos demais.

A fim de assegurar a igualdade entre os licitan-


tes a lei veda que a licitação tenha como objeto
único bens ou serviços sem similares ou de mar-
cas, características e especificações exclusivas,
salvo quando for tecnicamente justificável. Com
isso a lei no mínimo dificulta qualquer conduta
do administrador público tendente a se benefi-
ciar da máquina administrativa. A licitação não pode ser
sigilosa, ao contrário, os atos
A Lei Complementar nº 123/2006 (Estatuto do procedimento devem ser
Nacional da Microempresa e Empresa de Pe- acessíveis ao público, salvo o
queno Porte) prevê possibilidade de trata- conteúdo das propostas até
mento diferenciado para as microempresas a sua respectiva abertura.
ou empresas de pequeno porte, às quais tem Deve ser amplamente
divulgada para permitir o
preferência de contratação.
acompanhando e controle
por um maior número de
O edital ou a carta convite vincula a Admi-
interessados.
nistração e os licitantes aos seus termos e
condições, conforme preceitua o artigo 41 da
Lei nº 8.666/93. Consequência necessária
do princípio da vinculação ao instrumento
convocatório temos o princípio do julgamen-
to objetivo das propostas, uma vez que se
baseia nos critérios indicados no edital e nos
termos específicos das propostas.

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6.2 MODALIDADES
Dispõe o artigo 22 da Lei nº 8.666/93 expressamente as modalidades de lici-
tação, dentre elas: concorrência, tomada de preços, convite, concurso e leilão.
Ressalve-se que o pregão é modalidade regulada pela Lei nº 10.520/2002. Serão
classificadas conforme as peculiaridades do procedimento ou do objeto do futu-
ro contrato a ser celebrado.

Cabe ressaltar, que a lei expressamente veda a criação de qualquer outra


modalidade de licitação, bem como a combinação das modalidades exis-
tentes. Cada uma está apropriada a determinado tipo de contratação.

A lei define a concorrência como a modalidade de licitação que quaisquer interes-


sados comprovem possuir os requisitos mínimos de qualificação já na fase de habi-
litação preliminar para a execução de seu objeto. É a modalidade mais complexa de
licitação, presta-se à contratação de obras, serviços e compras de qualquer valor,
uma de suas peculiaridades é possuir uma fase de habilitação preliminar, após a
abertura do procedimento. É possível a inversão da ordem das fases de habilitação
e julgamento nos contratos de parceria público-privadas.

Tomada de preços é a modalidade de licitação entre interessados devidamente ca-


dastrados ou que atenderem a todas as condições exigidas para o cadastramento
até o terceiro dia anterior à data do recebimento das propostas, observada a neces-
sária qualificação. Nessa modalidade a habilitação corresponde ao próprio cadastra-
mento dos interessados sendo prévia a abertura do procedimento. Essa modalidade
destina-se a contratação de obras, serviços e compras de menor vulto daqueles
exigidos para a concorrência.

A modalidade convite ocorre entre aqueles interessados do ramo pertinente ao


seu objeto, cadastrados ou não, escolhidos e convidados em número mínimo de
três pela unidade administrativa. Deve-se dar publicidade por meio de afixação em
local apropriado de cópia do instrumento convocatório e o estenderá aos demais
cadastrados na correspondente especialidade que manifestarem seu interesse com
antecedência de vinte e quatro horas da apresentação das propostas, como visto, é

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O DIREITO ADMINISTRATIVO E O REGIME JURÍDICO

a modalidade de licitação que não utiliza do edital como forma de tornar pública a
licitação. Em razão de ser um procedimento mais simples é utilizado para a contra-
tação de menor valor.

O concurso é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados para escolha


de trabalho técnico, científico ou artístico, mediante a instituição de prêmios ou
remuneração aos vencedores, conforme critérios constantes de edital publicado na
imprensa oficial com antecedência mínima de quarenta e cinco dias. Portanto, a
opção do administrador na escolha dessa modalidade diz respeito a natureza do
objeto e não ao valor do contrato.

Leilão é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados para a venda de


bens móveis inservíveis para a administração ou de produtos legalmente apreendi-
dos ou penhorados, ou para a alienação de bens imóveis prevista no art. 19, a quem
oferecer o maior lance, igual ou superior ao valor da avaliação.

O pregão é modalidade de licitação passível de ser utilizada para aquisição de bens


e serviços comuns, qualquer que seja o valor estimado da contratação. A disputa é
realizada por meio de lances em sessão pública. O que define a sua utilização é a
natureza do objeto da contratação, por esse motivo o tipo de licitação é sempre o
menor preço, para preservar o princípio do julgamento objetivo das propostas.

6.3 PROCEDIMENTO
O procedimento da licitação terá inicio com a instauração do processo administrati-
vo, devidamente autuado, protocolado e numerado, o qual deve constar a autoriza-
ção para o certame, a descrição sucinta do objeto da disputa e a menção dos recur-
sos que irão custear as despesas. O artigo 38 da lei de licitação relaciona nos incisos
I a XII de documentos que serão juntados ao procedimento em momento próprio.

A autorização, a indicação sucinta do objeto e o recurso próprio para a despesa são


pressupostos indispensáveis para a validade de um processo de licitação independente
da modalidade. A inexistência de recursos orçamentários disponíveis para custear as
despesas assumidas com a licitação, bem como a falta de autorização expressa da au-
toridade competente gera vícios insanáveis, levando a nulidade total do procedimento.

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Será nula, ainda, a licitação que não observar a instauração de um procedimento,


qualquer que seja a sua modalidade, respondendo a autoridade que deu causa por
crime de responsabilidade.

A fase externa da licitação tem abertura a partir do momento em que se torna pú-
blica a licitação, isso ocorre com a publicação do edital ou envio da carta-convite,
nos termos do artigo 21 da Lei nº 8.666/93. O edital é o instrumento pelo qual a
Administração Pública divulga as regras a serem aplicadas entre os participantes, é
a lei interna da licitação. Nos casos de concorrência com valores acima de cento e
cinquenta milhões de reais o artigo 39 da lei acima mencionada exige para a aber-
tura do processo licitatório a realização de uma audiência pública.

A licitação será conduzida por um representante da Administração independente


da modalidade da licitação. Se for concorrência ou tomada de preços será efetivada
por uma comissão julgadora, caso a modalidade seja convite será efetivada por
uma comissão ou um servidor devidamente designado. As designações são reali-
zadas por meio de portaria da autoridade competente, devendo inclusive cópia ser
juntada ao procedimento para dar validade aos atos do representante.

A habilitação é a fase do procedimento que se destina a verificação da aptidão


e da documentação dos candidatos a futura contratação. Caso um candidato não
preencha as qualidades necessárias para a disputa será inabilitado acarretando a
exclusão do licitante para a próxima fase. A inabilitação importa preclusão do seu
direito de participar das fases subsequentes, conforme estabelece o artigo 41, § 4º
da Lei nº 8.666/93.

Porém, as exigências do Poder Público devem ser harmônicas com o objetivo da


licitação, assim, já decidiu o Superior Tribunal de Justiça, conforme o excerto abaixo:

ADMINISTRATIVO. LICITAÇÃO. HABILITAÇÃO.

1. A condição financeira das empresas licitantes deve ser determinada pela


Comissão, para fins de habilitação, com base no exame que realiza ou forma
integrada dos documentos apresentados.

2. A ausência de um documento não essencial para a firmação do juízo


sobre a habilitação da empresa não deve ser motivo para afastá-la do
certame licitatório.

3. Inexistência de direito líquido e certo de empresa licitante de, por via

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de mandado de segurança, afastar concorrente considerada habilitada, sem


demonstração de violação grave às regras do edital.

4. Segurança denegada.

(MS 5624/DF, Rel. Ministro JOSÉ DELGADO, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em


09/09/1998, DJ 26/10/1998 p. 4)

A Lei nº 8.666/93 proíbe exigência supérflua ou desnecessária, por isso nada


além do previsto na legislação pode ser exigido dos participantes, sendo assim,
para habilitação nas licitações os interessados devem apresentar a documen-
tação relativa a: habilitação jurídica, qualificação técnica, qualificação econômi-
co-financeira, regularidade fiscal e cumprimento do disposto no inciso XXXIII do
artigo 7º da Constituição Federal.

Ultrapassada a fase de habilitação e com a abertura das propostas não cabe mais a
desclassificação de um licitante por motivo relacionado com a habilitação, salvo por ra-
zões superveniente ou conhecidos após o julgamento (artigo 43, § 5º). Após essa fase
o concorrente não mais poderá desistir da proposta apresentada, salvo por motivo justo
decorrente de fato superveniente e aceito pela comissão (artigo 43, § 6º).

A fase do julgamento das propostas é a escolha pela Administração da proposta


mais vantajosa ao interesse público, a qual consiste no confronto das ofertas, clas-
sificação das propostas e determinação do vencedor, o qual é adjudicado o objeto
da licitação. O critério de julgamento é aquele previsto no edital e efetuado pela
comissão julgadora. A etapa de julgamento é dividida em duas subfases, na primei-
ra encontram-se aqueles candidatos desclassificados em que as propostas estão
incompatíveis com os requisitos do edital. No segundo grupo encontram-se as pro-
postas em sintonia com os requisitos previstos no edital.

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7 SERVIÇO PÚBLICO
A doutrina não é unânime em definir o que é serviço público, pois a locução em
causa da margem a diferentes acepções: subjetiva, objetiva e formal. Ocorre que
nem a Constituição Federal nem as leis conceituam serviço público o que existem
são escolas ou correntes teóricas que seguem critérios diferentes para identificar
pontos relevantes.

Em linhas gerais, a expressão “serviço público”


pode ser utilizada no sentido subjetivo (ou or-
gânico), quando se refere ao conjunto de órgãos
que desempenham qualquer atividade adminis-
trativa. Já no sentido objetivo (ou material) a ex-
pressão designa a uma determinada atividade,
independente de quem as realiza. No sentido restrito,
considera-se serviço público
E ainda, para tentar delimitar seu conceito uti- a prestação direta que a
lizam-se de acepções amplas e restritas. A pri- Administração ou seus
meira é empregada como sinônimo de “função delegatários com o
objetivo de satisfazer as
pública” ou “atividade pública”, assim abarca to-
necessidades da população.
das as atividades que são exercidas sob o regi-
me de direito público.

Hoje, a corrente formalista, independente da atividade, será serviço público aquele


que for estabelecido pelo ordenamento jurídico, pois não se leva em conta a impor-
tância da atividade para considerar se o serviço é público ou não. Porém, o serviço
público necessariamente é prestado sob o regime de direito público.

São diversos os conceitos trazidos pelos administrativistas buscando delimitar “serviço pú-
blico”, abaixo a definição dos professores Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo (2017):

“Serviço público é a atividade administrativa concreta traduzida em presta-


ções que diretamente representem, em si mesmas, utilidades ou comodida-
des materiais para a população em geral, executada sob regime jurídico de
direito público pela administração pública ou, se for o caso, por particulares
delegatários (concessionários e permissionários, ou, ainda, em restritas hi-
póteses, detentores de autorização de serviço público).”

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7.1 FORMAS DE PRESTAÇÃO


A Constituição Federal em seu artigo 175 atribui ao “Poder Público” a titularidade ex-
clusiva dos serviços públicos de forma geral, que o exerce direta ou indiretamente, por
meio de concessão ou permissão, sempre precedido de licitação. Há ainda, a delegação
de serviços públicos mediante autorização, porém deve ser medida excepcional.

O Estado quando delega ao particular da execução de um serviço público, nunca


transfere a titularidade, apenas a execução, portanto, o particular não presta o ser-
viço em nome próprio, mas sim, na qualidade de mero delegatário. Há, ao mesmo
tempo, atividades que são exercidas pelo Estado como serviços públicos, e pelo
particular como serviço privado, sem estar submetido ao regime de delegação, mas
apenas ao poder de polícia administrativo.

O Estado tem a obrigação de prestar os serviços públicos que se enquadram no rol


do artigo 6º da Constituição – direitos fundamentais sociais. Entretanto, tal atividade
não é exclusiva da Administração Pública. O particular quando exerce tal serviço
está submetido ao regime jurídico do direito privado, pois não se trata de serviço
público: saúde e educação.

Portanto, de um lado temos o serviço público elencado no artigo 175 da Constituição


como de titularidade exclusiva do Estado, neste caso se o serviço puder ser exerci-
do por particular o será sob o regime de delegação (concessão ou permissão). De
outro lado, temos as atividades enquadradas como direito social, não sendo de titu-
laridade privativa do Estado, quando exercidas por particulares classificam-se como
serviço privado, submetida a regime de direito privado, neste caso o Estado pode
exercer o poder polícia, uma vez que tal atividade atinge a coletividade.

Os serviços públicos podem ser prestados de forma direta pelo Estado (centralizada-
mente), ou descentralizado, pela Administração Indireta (Autarquia, Fundação Pública,
Empresa Pública ou Sociedade de Economia Mista). E ainda, indiretamente podem ser
delegados a particulares (concessão, permissão ou, excepcionalmente, autorização2).

A descentralização pode ocorrer por serviço (também chamada de descentralização


mediante outorga legal), quando for prestado pelas entidades integrantes da Admi-

2
Na definição de Celso Antônio Bandeira de Mello, autorização é o ato unilateral pelo qual a Administração, discricionariamente, faculta o exer-
cício de atividade material, tendo, como regra, caráter precário.

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nistração Indireta, ou por colaboração, quando for prestado por particulares, ou seja,
uma pessoa que não integra o Poder Público, por meio do regime de delegação.

A prestação do serviço público pode ser prestado de forma desconcentrada, isso


ocorre quando existam órgãos com competência específica que integra a estrutura
de uma determinada entidade. Essa desconcentração poderá ser prestada de forma
centralizada, quando o órgão é integrante da estrutura da Administração Direta, ou
descentralizada, quando o órgão pertence a estrutura de um dos entes que com-
põem a Administração Indireta.

7.2 MODALIDADES DE DELEGAÇÃO


O texto constitucional em seu artigo 22, inciso XXVII, garante a União competência
legislativa para a edição de normas gerais sobre licitações e contratos em todas as
modalidades, associado ao artigo 175 que prevê a edição de lei que disponha sobre
o regime jurídico das concessões e permissões de serviços públicos foi editada a Lei
nº 8.987/95. A referida lei em seu artigo 2º, incisos II e IV definiu as modalidades de
delegação da seguinte forma:

Art. 2º Para os fins do disposto nesta Lei, considera-se:

II - concessão de serviço público: a delegação de sua prestação, feita pelo


poder concedente, mediante licitação, na modalidade de concorrência, à
pessoa jurídica ou consórcio de empresas que demonstre capacidade para
seu desempenho, por sua conta e risco e por prazo determinado;

IV - permissão de serviço público: a delegação, a título precário, mediante


licitação, da prestação de serviços públicos, feita pelo poder concedente à
pessoa física ou jurídica que demonstre capacidade para seu desempenho,
por sua conta e risco.

A titularidade do serviço público permanece com o poder concedente, ocorre des-


centralização por colaboração. A prestação do serviço é por conta e risco do con-
cessionário ou permissionário, porém, sob a fiscalização do Poder Público. Tanto a
concessão quanto a permissão são sempre precedidas de licitação, ocorre que no
caso da concessão a lei cita a modalidade concorrência.

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Ambos os regimes de delegação têm natureza


contratual, ocorre que no caso da permissão a lei
explicita que será formalizada por meio do con-
trato de adesão, apesar de ambas as modalidades
serem contratos administrativos. A lei faz distin-
ção quanto às pessoas que irão celebrar o contra-
to de concessão e permissão.
Há, ainda, distinção
A Lei nº 9.074/95 coloca em evidência a obrigação quanto a precariedade e
da edição de lei autorizativa para a execução indire- revogabilidade da
ta dos serviços públicos por meio do regime de de- permissão, pois no caso
legação, mediante concessão e permissão. A lei res- da concessão não é
cabível a revogação.
salva a obrigatoriedade de lei autorizativa nos casos
de saneamento básico e limpeza urbana, bem como
nos apontados pela Constituição Federal e Estadual,
Lei Orgânica do DF e Municípios como passíveis de
serem prestados mediante delegação.

7.3 APLICAÇÃO DO CÓDIGO DE DEFESA


DO CONSUMIDOR
Dentre os direitos e obrigações do usuário deve-se ressaltar o vínculo jurídico exis-
tente entre esses e o prestador do serviço público como sendo uma relação de con-
sumo, resguardada pela Lei nº 8.078/90 (Código de Defesa do Consumidor).

Por outro lado, há entendimento doutrinário que nega a aplicação do CDC na presta-
ção de serviço público, uma vez que a relação usuário e concessionária/permissio-
nária não é uma relação de consumo. Apesar das considerações em sentido contrá-
rio, o entendimento que tende a prevalecer é a de que as disposições consumeristas
são aplicáveis a relação entre usuário e o particular que presta o serviço público.

Tendo a colaborar tal entendimento o artigo 1º da Lei 8.987/95 o legislador esta-


belece a possibilidade de aplicação de “normas legais pertinentes”. Já o Código de
Defesa do Consumidor em seu artigo 2º define consumidor como toda pessoa física

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ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final. No


parágrafo único equipara o consumidor a coletividade de pessoas, ainda que inde-
termináveis, que haja intervindo nas relações de consumo.

Logo em seguida, no artigo 3°, o Código inclui no


rol dos fornecedores além da pessoa jurídica pú-
blica, todos aqueles que prestam serviços públi-
cos, direta ou indiretamente, ao definir serviço
como “qualquer atividade fornecida no mercado
de consumo, mediante remuneração, inclusive
as de natureza bancária, financeira, de crédito e
O Código de Defesa do
securitária, salvo as decorrentes das relações de Consumidor no artigo
caráter trabalhista”. 6º, inciso X, ressalta
como direito básico do
O Superior Tribunal de Justiça em inúmeros julga- consumidor a adequa-
dos já admitiu a aplicação do Código de Defesa da e eficaz prestação
do Consumidor a fim de solucionar conflito entre dos serviços públicos
o usuário e o concessionário do serviço público, em geral.
conforme se verifica do excerto abaixo:

PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. FORNECIMENTO DE ESGOTO. RELA-


ÇÃO DE CONSUMO. ART. 42, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CDC. DEVOLUÇÃO EM
DOBRO DA TARIFA COBRADA, DE FORMA INDEVIDA, PELA CONCESSIONÁRIA.
AÇÃO DE REPETIÇÃO DE INDÉBITO. PRAZO PRESCRICIONAL. CÓDIGO CIVIL.
MATÉRIA APRECIADA SOB O RITO DO ART. 543-C DO CPC.

1. Incabível falar em engano justificável na hipótese em que a agravante,


mesmo sabendo que o condomínio não usufruía de serviço público de es-
goto, cobrou a tarifa na fatura de água.

2. Caracterizada a cobrança abusiva, é devida a repetição de indébito em


dobro ao consumidor (art. 42, parágrafo único, do CDC).

Precedentes do STJ.

3. A Ação de Repetição de Indébito de tarifas de água e esgoto sujeita-se ao


prazo prescricional do Código Civil.

4. Orientação reafirmada pela Primeira Seção, no julgamento do REsp


1.113.403/RJ, submetido ao rito do art. 543-C do CPC.

5. Agravo Regimental não provido.

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O DIREITO ADMINISTRATIVO E O REGIME JURÍDICO

(AgRg no REsp 1119647/RJ, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA


TURMA, julgado em 23/02/2010, DJe 04/03/2010)

Portanto, diante de tais questionamentos torna-se claro a aplicação do CDC na rela-


ção concessionária e usuário, sem que isso descaracterize a atividade como serviço
público e tão pouco deixe de se observar os princípios da Administração Pública.
Porém, entende-se que somente os serviços públicos divisíveis, de natureza uti
singuli prestados mediante remuneração específica quer por taxa, quer por tarifas
e que se submetem ao regime consumerista.

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8 INTERVENÇÃO DO ESTADO
NA PROPRIEDADE PRIVADA
Antes de adentrarmos na análise da Constituição Federal vigente, que condiciona o
direito de propriedade à satisfação de funções sociais, deve-se ressaltar que textos
constitucionais anteriores impuseram limites à aquisição, uso e gozo da proprieda-
de. Assim, os textos constitucionais de 1934 e 1946 estabeleceram a possibilidade
de desapropriação da propriedade em casos de: utilidade ou necessidade pública
- (C.F./34) e interesse social - (C.F./46). Desde então, o ordenamento jurídico cons-
titucional reitera os princípios do interesse social e da função social da propriedade.

Com a atual Constituição o direito de proprieda-


de fica condicionado ao bem-estar de toda a co-
letividade, admitindo-se disciplina e limitações
em benefício comum. A Carta Magna estabelece
que o direito de propriedade deve ter uma rela-
ção com a sociedade, a propriedade não confi-
gura simplesmente como direito e garantia indi-
vidual, pois o seu uso deve estar em harmonia
A intervenção decorre da
com os direitos dos outros cidadãos. soberania do Estado frente
aos particulares, como
Em âmbito constitucional consolida-se a função verdadeiro poder de
social da propriedade nos artigos 182 e 186, com império ao qual o
nítida repercussão nas políticas conservacionis- particular está sujeito.
tas, pois sujeita a aquisição, uso e gozo da pro-
priedade às prescrições ambientais, resultando
em possibilidades, teóricas e práticas, de con-
servação dos recursos naturais.

José dos Santos Carvalho Filho (2017) define, de forma sintética, intervenção do
Estado na propriedade como toda e qualquer atividade estatal que, amparada em
lei, tenha por fim ajustá-la aos inúmeros fatores exigidos pela função social a que
está condicionada.

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8.1 MODALIDADES
Hoje a doutrina enumera as seguintes modalidades de intervenção do Estado na
propriedade privada, cada qual afeta de modo diverso o direito de propriedade:
servidão administrativa, limitação administrativa, ocupação temporária, requisição
administrativa, tombamento e a desapropriação.

O instituto da servidão administrativa é o direito real de uso conferido à Adminis-


tração ou a seus delegados para utilizar-se de bens imóveis de terceiros para fins
de realização e conservação de obras e serviços públicos. A regra é a incidência da
servidão em imóvel particular, mas nada impede que possa incidir em bens públi-
cos, desde que se observe a hierarquia federativa, ou seja, poderá a União instituir
servidão sobre os imóveis estaduais e municipais, e os estados poderão fazê-lo
quanto aos bens municipais localizados em seus respectivos territórios.

As servidões podem ser instituídas por meio de acordo administrativo ou sentença


judicial, após a edição do ato declaratório pelo Poder Público. Na primeira hipótese,
a Administração e o proprietário do imóvel celebram por escritura pública um acor-
do onde o particular concede ao Poder Público o direito de uso do imóvel; já no caso
de discordância do proprietário do bem, o Poder Público ajuíza uma ação contra ele,
quando então, após a comprovação dos requisitos para a instituição da servidão,
terá seu direito reconhecido judicialmente. O procedimento se encerra, em qualquer
dos casos, com a inscrição da servidão no Registro de Imóveis, medida indispensá-
vel para a produção de sua eficácia contra todos.

Conforme visto a servidão importa tão somente o direito de uso do imóvel particu-
lar pela Administração Pública, por esse motivo o proprietário do imóvel fará jus a
indenização se comprovar de forma cabal que sua instituição acarretou-lhe efetivos
prejuízos. Do contrário não surge para o Poder Público obrigação de indenizar.

A limitação administrativa é imposição de caráter geral, gratuita e unilateral, por


meio do qual o Poder Público impõe a proprietários indeterminados obrigações de
fazer, não fazer ou permissivas ao uso da propriedade. Tal instituto deriva do poder
de polícia a qual se manifesta de forma imperativa, representa uma restrição geral
sobre direitos, inclusive de propriedade. Por ser imposição de caráter geral não gera
direito a indenização. A sua instituição decorre de lei ou regulamento de qualquer
dos entes federativos.

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A ocupação temporária é forma de intervenção


mediante o qual o Poder Público utiliza tempo-
rariamente bens imóveis de terceiros, gratuita
ou remuneradamente, para a execução de obras
ou serviços de interesse público. A sua institui-
ção se dá por meio da expedição de um ato da
autoridade administrativa competente, é autoe-
A indenização fica condi-
xecutório, ou seja, não depende de autorização cionada a ocorrência de
prévia do Poder Judiciário. A sua extinção ocorre prejuízo ao proprietário.
com o fim da causa que lhe deu origem.

A requisição administrativa é a modalidade de intervenção na propriedade privada


por meio da qual o Poder Público, por ato unilateral, utiliza bens móveis, imóveis
e serviços de particulares em situações transitórias de perigo público imediato ou
iminente, com indenização ulterior se houver dano. O ato que formaliza a requisição
é autoexecutório, não depende de autorização judicial prévia, presente a situação
de perigo iminente pode ser decretada de imediato.

O tombamento é modalidade de intervenção na propriedade mediante o qual o


Poder Público procura proteger o patrimônio histórico, cultural, artístico, arqueológi-
co, científico, turístico e paisagístico brasileiro. Pode ser voluntário ou compulsório,
provisório ou definitivo. A sua instituição depende de manifestação expressa da
Administração Pública, exteriorizada por ato do Executivo, efetivado o tombamento
deve ser registrado no Ofício de Registro de Imóveis. Atribui ao bem característica
de imodificabilidade, pode recair tanto sobre bens imóveis quanto bens móveis. Em
regra não gera indenização, entretanto, esta pode ocorrer se o proprietário compro-
var que sofreu prejuízos com a intervenção estatal.

A desapropriação é o procedimento administrativo ou judicial previsto em lei, por


meio do qual o Poder Público, ou seus delegados, transfere para si, mediante prévia
declaração de necessidade ou utilidade pública, ou de interesse social, de forma
unilateral e compulsória, a propriedade de terceiro normalmente por meio de inde-
nização prévia, justa e em dinheiro. A Constituição Federal dispõe em seu artigo 5º,
inciso XXIV, que lei estabelecerá o procedimento da desapropriação.

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Além da desapropriação ordinária, a Constituição Federal vislumbra a


possibilidade da desapropriação extraordinária que decorre do inadequa-
do aproveitamento do solo urbano, de improdutividade do imóvel rural e
a confiscatória.

O procedimento expropriatório tem início com a fase administrativa, momento em


que o Poder Público declara seu interesse e dá início às medidas visando à transfe-
rência do bem. É composto, em regra, de duas fases a declaratória e a executória. É
na fase declaratória o momento em que a Administração Pública emite sua intenção
de interesse em determinado bem, a qual é formalizada por meio de lei ou decreto
emanado do Chefe do Executivo.

O ato declaratório é imprescindível para dar início ao procedimento de desapropria-


ção, é importante que indique o sujeito ativo da desapropriação, a descrição porme-
norizada do bem, a declaração de utilidade ou necessidade pública ou interesse so-
cial, qual a destinação que vai ser dada ao bem objeto da declaração, o fundamento
legal e os recursos orçamentários que destinados a custear tal despesa.

Com a publicação do ato declaratório surte diversos efeitos, dentre eles, a fixação
das condições em que se encontra o bem para fins de posterior indenização; fica
o proprietário submetido à força expropriatória do Estado com isso, garante aos
agentes ou representantes do Poder Público ingressar na propriedade a fim de fazer
vistorias e medições, podendo contar inclusive com força policial diante da negativa
do proprietário e o início da contagem do prazo de caducidade da declaração.

Terminada a fase declaratória o Poder Público passa a adotar providências para


efetivar a desapropriação e transferir o bem para o seu patrimônio. Inicia-se a fase
executória que pode ser administrativa ou judicial. Na primeira ocorre a transfe-
rência do objeto da declaração por meio de um acordo administrativo entre o pro-
prietário e a Administração. Caso não seja possível acordo, passa-se a fase judicial
iniciada pelo Poder Público.

É a sentença na ação expropriatória que autoriza a imissão definitiva na posse do


bem em favor do expropriante, bem como constitui título hábil para transcrição da
propriedade no Registro de Imóveis. Contudo, preceitua o Decreto-Lei nº 3.365/41
no artigo 29 que o mandado de imissão de posse só será expedido quando efetuado
o pagamento ou a consignação.

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O DIREITO ADMINISTRATIVO E O REGIME JURÍDICO

Em regra a indenização deve ser prévia, justa e em dinheiro, vislumbra-se que fei-
tas após a declaração de utilidade ou necessidade pública ou interesse social abran-
ge somente as benfeitorias necessárias, e as úteis quando houver autorização do
Poder Público e não são indenizáveis as benfeitorias voluptuárias realizadas após a
declaração. E ainda, em relação às indenizações deve-se observar as ressalvas feita
pela Constituição.

A indenização no caso de desapropriação especial ou extraordinária, que ocorre nos


casos de reforma agrária ou por adequação urbana, no primeiro caso será paga em
títulos da dívida agrária, resgatáveis em até vinte anos a partir do segundo ano da
respectiva emissão, observada a cláusula de preservação do valor real. Na segunda
hipótese a indenização será prévia e em dinheiro.

Poderá ocorrer a denominada desapropriação sanção, quando for motivada pelo


descumprimento da função social da propriedade urbana a indenização será paga
em títulos da dívida pública resgatáveis em até dez anos. Já a desapropriação san-
ção rural, também conhecida como desapropriação confisco, ocorre em imóveis ru-
rais onde há cultivo de plantas psicotrópicas, nessa hipótese não há pagamento de
indenização.

O Poder Público poderá desapropriar todos os bens, sejam móveis ou imóveis, cor-
póreos ou incorpóreos, assim como preceitua o artigo 2º do Decreto-Lei nº 3.365/41.
Ademais, é possível a desapropriação de bens públicos, desde que além de ser
precedida de autorização legislativa da pessoa expropriante seja observada a hie-
rarquia dos entes federados.

A desapropriação indireta ocorre da atitude do Poder Público de se apropriar de um


bem particular sem observar os requisitos da declaração de utilidade ou necessi-
dade pública ou interesse social e do pagamento da indenização prévia, a qual se
consuma quando o bem se incorpora definitivamente ao patrimônio público. Resta
ao proprietário ingressar no Poder Judiciário para que este declare a desapropriação
para fins de indenização.

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O DIREITO ADMINISTRATIVO E O REGIME JURÍDICO

9 REFERÊNCIAS
ALEXANDRINO, Marcelo; PAULO, Vicente. Direito Administrativo Descomplicado.
São Paulo: Método, 2017.

CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Administrativo. São Paulo:
Atlas, 2017.

DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. São Paulo: Forense Juridica,
2017.

GASPARINI, Diógenes. Direito Administrativo. São Paulo: Saraiva, 2012.

LAZZARINI, Álvaro. Revista Justitia. São Paulo 57 (170) abril/junho. 1995.

MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 41ª edição, São Paulo:
Malheiros, 2015.

MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Discricionariedade e Controle Jurisdicional. São


Paulo: Malheiros, 2007.

______. Curso de Direito Administrativo. 12ª edição. São Paulo: Malheiros, 2016.

ROSA, Márcio Fernando Elias. Direito Administrativo. São Paulo: Saraiva, 2013.

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O DIREITO ADMINISTRATIVO E O REGIME JURÍDICO

ANEXOS

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ANEXO 1

Lei 8666 - Capítulo II

Da Licitação

SEÇÃO I
Das Modalidades, Limites e Dispensa

Art. 20. As licitações serão efetuadas no local onde se situar a repartição interessada, salvo por motivo
de interesse público, devidamente justificado.

Parágrafo único. O disposto neste artigo não impedirá a habilitação de interessados residentes ou
sediados em outros locais.

Art. 21. Os avisos contendo os resumos dos editais das concorrências e das tomadas de preços, dos
concursos e dos leilões, embora realizadas no local da repartição interessada, deverão ser publicados
com antecedência, no mínimo, por uma vez:

I - no Diário Oficial da União, quando se tratar de licitação feita por órgão ou entidade da Administração
Pública Federal, e, ainda, quando se tratar de obras financiadas parcial ou totalmente com recursos
federais ou garantidas por instituições federais;

II - no Diário Oficial do Estado, ou do Distrito Federal, quando se tratar respectivamente de licitação feita
por órgão ou entidade da Administração Pública Estadual ou Municipal, ou do Distrito Federal;

III - em jornal diário de grande circulação no Estado e também, se houver, em jornal de circulação no
Município ou na região onde será realizada a obra, prestado o serviço, fornecido, alienado ou alugado o
bem, podendo ainda a Administração, conforme o vulto da licitação, utilizar-se de outros meios de
divulgação para ampliar a área de competição.

§1º O aviso publicado conterá a indicação do local em que os interessados poderão ler e obter o texto
integral do edital e todas as informações sobre a licitação.

§2º O prazo mínimo até o recebimento das propostas ou da realização do evento será:

I - quarenta e cinco dias para:

a) concurso;
b) concorrência, quando o contrato a ser celebrado contemplar o regime de empreitada integral ou
quando a licitação for do tipo "melhor técnica" ou "técnica e preço."

II - trinta dias para:

a) concorrência, nos casos não especificados na alínea "b" do inciso anterior;

b) tomada de preços, quando a licitação for do tipo "melhor técnica" ou "técnica e preço";

III - quinze dias para tomada de preços, nos casos não especificados na alínea "b" do inciso anterior, ou
leilão;

IV - cinco dias úteis para convite.

§3º Os prazos estabelecidos no parágrafo anterior serão contados a partir da última publicação do edital
resumido ou da expedição do convite, ou ainda da efetiva disponibilidade do edital ou do convite e
respectivos anexos, prevalecendo a data que ocorrer mais tarde.

§4º Qualquer modificação no edital exige divulgação pela mesma forma que se deu o texto original,
reabrindo-se o prazo inicialmente estabelecido, exceto quando, inquestionavelmente, a alteração não
afetar a formulação das propostas.

Art. 22. São modalidades de licitação:

I - concorrência;

II - tomada de preços;

III - convite;

IV - concurso;

V - leilão.

§1º Concorrência é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados que, na fase inicial de
habilitação preliminar, comprovem possuir os requisitos mínimos de qualificação exigidos no edital para
execução de seu objeto.

§2º Tomada de preços é a modalidade de licitação entre interessados devidamente cadastrados ou que
atenderem a todas as condições exigidas para cadastramento até o terceiro dia anterior à data do
recebimento das propostas, observada a necessária qualificação.
§3º Convite é a modalidade de licitação entre interessados do ramo pertinente ao seu objeto, cadastrados
ou não, escolhidos e convidados em número mínimo e 3 (três) pela unidade administrativa, a qual afixará,
em local apropriado, cópia do instrumento convocatório e o estenderá aos demais cadastrados na
correspondente especialidade que manifestarem seu interesse com antecedência de até 24 (vinte e
quatro) horas da apresentação das propostas.

§4º Concurso é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados para escolha de trabalho técnico,
científico ou artístico, mediante a instituição de prêmios ou remuneração aos vencedores, conforme
critérios constantes de edital publicado na imprensa oficial com antecedência mínima de 45 (quarenta e
cinco) dias.

§5º Leilão é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados para a venda de bens móveis
inservíveis para a Administração ou de produtos legalmente apreendidos ou penhorados, ou para a
alienação de bens imóveis prevista no art. 19, a quem oferecer o maior lance, igual ou superior ao valor
da avaliação.

§6º Na hipótese do §3. deste artigo, existindo na praça mais de três possíveis interessados, a cada novo
convite, realizado para objeto idêntico ou assemelhado, é obrigatório o convite a, no mínimo, mais um
interessado, enquanto existirem cadastrados não convidados nas últimas licitações.

§7º Quando, por limitações do mercado ou manifesto desinteresse dos convidados, for impossível a
obtenção do número mínimo de licitantes exigidos no §3. deste artigo, essas circunstâncias deverão ser
devidamente justificadas no processo, sob pena de repetição do convite.

§8º É vedada a criação de outras modalidades de licitação ou a combinação das referidas neste artigo.

§9º Na hipótese do §2. deste artigo, a Administração somente poderá exigir do licitante não cadastrado
os documentos previstos nos arts. 27 a 31, que comprovem habilitação compatível com o objeto da
licitação, nos termos do edital.

Art. 23. As modalidades de licitação a que se referem os incisos I a III do artigo anterior serão
determinadas em função dos seguintes limites, tendo em vista o valor estimado da contratação:

I - para obras e serviços de engenharia:

a) convite - até R$ 150.000,00 (cento e cinquenta mil reais);

b) tomada de preços - até R$ 1.500.000,00 (um milhão e quinhentos mil reais);

c) concorrência - acima de R$ 1.500.000,00 (um milhão e quinhentos mil reais).

II - para compras e serviços não referidos no inciso anterior:


a) convite - até R$ 80.000,00 (oitenta mil reais);

b) tomada de preços - até R$ 650.000,00 (seiscentos e cinquenta mil reais);

c) concorrência - acima de R$ 650.000,00 (seiscentos e cinquenta mil reais).

§1º As obras, serviços e compras efetuadas pela Administração serão divididas em tantas parcelas
quantas se comprovarem técnica e economicamente viáveis, procedendo-se à licitação com vistas ao
melhor aproveitamento dos recursos disponíveis no mercado e à ampliação da competitividade sem
perda da economia de escala.

§2º Na execução de obras e serviços e nas compras de bens, parceladas nos termos do parágrafo
anterior, a cada etapa ou conjunto de etapas da obra, serviço ou compra há de corresponder licitação
distinta, preservada a modalidade pertinente para a execução do objeto em licitação.

§3º A concorrência é a modalidade de licitação cabível, qualquer que seja o valor de seu objeto, tanto na
compra ou alienação de bens imóveis, ressalvado o disposto no art. 19, como nas concessões de direito
real de uso e nas licitações internacionais, admitindo-se neste último caso, observados os limites deste
artigo, a tomada de preços, quando o órgão ou entidade dispuser de cadastro internacional de
fornecedores, ou o convite, quando não houver fornecedor do bem ou serviço no País.

§4º Nos casos em que couber convite, a Administração poderá utilizar a tomada de preços e, em
qualquer caso, a concorrência.

§5º É vedada a utilização da modalidade convite ou tomada de preços, conforme o caso, para parcelas
de uma mesma obra ou serviço, ou ainda para obras e serviços da mesma natureza e no mesmo local
que possam ser realizados conjunta e concomitantemente, sempre que o somatório de seus valores
caracterizar o caso de tomada de preços ou concorrência, respectivamente, nos termos deste artigo,
exceto para as parcelas de natureza específica que possam ser executadas por pessoas ou empresas de
especialidade diversa daquele do executor da obra ou serviço.

§6º As organizações industriais da Administração Federal direta, em face de suas peculiaridades,


obedecerão aos limites estabelecidos no inciso I deste artigo também para suas compras e serviços em
geral, desde que para a aquisição de materiais aplicados exclusivamente na manutenção, reparo ou
fabricação de meios operacionais bélicos pertencentes à União.

§7º Na compra de bens de natureza divisível e desde que não haja prejuízo para o conjunto ou complexo,
é permitida a cotação de quantidade inferior à demandada na licitação, com vistas a ampliação da
competitividade, podendo o edital fixar quantitativo mínimo para preservar a economia de escala.

Art. 24. É dispensável a licitação:


I - para obras e serviços de engenharia de valor até 10% (dez por cento) do limite previsto na alínea "a",
do inciso I do artigo anterior, desde que não se refiram a parcelas de uma mesma obra ou serviço ou
ainda para obras e serviços da mesma natureza e no mesmo local que possam ser realizadas conjunta e
concomitantemente;

II - para outros serviços e compras de valor até 10% (dez por cento) do limite previsto na alínea "a", do
inciso II do artigo anterior e para alienações, nos casos previstos nesta Lei, desde que não se refiram a
parcelas de um mesmo serviço, compra ou alienação de maior vulto que possa ser realizada de uma só
vez;

III - nos casos de guerra ou grave perturbação da ordem;

IV - nos casos de emergência ou de calamidade pública, quando caracterizada urgência de atendimento


de situação que possa ocasionar prejuízo ou comprometer a segurança de pessoas, obras, serviços,
equipamentos e outros bens, públicos ou particulares, e somente para os bens necessários ao
atendimento da situação emergencial ou calamitosa e para as parcelas de obras e serviços que possam
ser concluídas no prazo máximo de 180 (cento e oitenta) dias consecutivos e ininterruptos, contados da
ocorrência da emergência ou calamidade, vedada a prorrogação dos respectivos contratos;

V - quando não acudirem interessados à licitação anterior e esta, justificadamente, não puder ser repetida
sem prejuízo para a Administração, mantidas, neste caso, todas as condições preestabelecidas;

VI - quando a União tiver que intervir no domínio econômico para regular preços ou normalizar o
abastecimento;

VII - quando as propostas apresentadas consignarem preços manifestamente superiores aos praticados
no mercado nacional, ou forem incompatíveis com os fixados pelos órgãos oficiais competentes, casos
em que, observado o parágrafo único do art. 48 desta Lei e, persistindo a situação, será admitida a
adjudicação direta dos bens ou serviços, por valor não superior ao constante do registro de preços, ou
dos serviços;

VIII - para aquisição, por pessoa jurídica de direito público interno, de bens produzidos ou serviços
prestados por órgão ou entidade que integre a Administração Pública e que tenha sido criado para esse
fim específico em data anterior à vigência desta Lei, desde que o preço contratado seja compatível com o
praticado no mercado;

IX - quando houver possibilidade de comprometimento da segurança nacional, nos casos estabelecidos


em decreto do Presidente da República, ouvido o Conselho de Defesa Nacional;

X - para compra ou locação de imóvel destinado ao atendimento das finalidades precípuas da


Administração, cujas necessidades de instalação e localização condicionem a sua escolha, desde que o
preço seja compatível com o valor de mercado, segundo avaliação prévia;
XI - na contratação de remanescente de obra, serviço ou fornecimento, em consequência de rescisão
contratual, desde que atendida a ordem de classificação da licitação anterior e aceitas as mesmas
condições oferecidas pelo licitante vencedor, inclusive quanto ao preço, devidamente corrigido;

XII - nas compras de hortifrutigranjeiros, pão e outros gêneros perecíveis, no tempo necessário para a
realização dos processos licitatórios correspondentes, realizadas diretamente com base no preço do dia;

XIII - na contratação de instituição brasileira, incumbida regimental ou estatutariamente da pesquisa, do


ensino ou do desenvolvimento institucional, ou de instituição dedicada à recuperação social do preso,
desde que a contratada detenha inquestionável reputação ético-profissional e não tenha fins lucrativos;

XIV - para a aquisição de bens ou serviços nos termos de acordo internacional específico aprovado pelo
Congresso Nacional, quando as condições ofertadas forem manifestamente vantajosas para o Poder
Público;

XV - para a aquisição ou restauração de obras-de-arte e objetos históricos, de autenticidade certificada,


desde que compatíveis ou inerentes às finalidades do órgão ou entidade;

XVI - para a impressão dos diários oficiais, de formulários padronizados de uso da Administração e de
edições técnicas oficiais, bem como para a prestação de serviços de informática a pessoa jurídica de
direito público interno, por órgãos ou entidades que integrem a Administração Pública, criados para esse
fim específico;

XVII - para a aquisição de componentes ou peças de origem nacional ou estrangeira, necessários à


manutenção de equipamentos durante o período de garantia técnica, junto ao fornecedor original desses
equipamentos, quando tal condição de exclusividade for indispensável para a vigência da garantia;

XVIII - nas compras ou contratações de serviços para o abastecimento de navios, embarcações,


unidades aéreas ou tropas e seus meios de deslocamento, quando em estada eventual de curta duração
em portos, aeroportos ou localidades diferentes de suas sedes, por motivo de movimentação operacional
ou de adestramento, quando a exiguidade dos prazos legais puder comprometer a normalidade e os
propósitos das operações e desde que seu valor não exceda ao limite previsto na alínea "a" do inciso II
do art. 23 desta Lei;

XIX - para as compras de materiais de uso pelas Forças Armadas, com exceção de materiais de uso
pessoal e administrativo, quando houver necessidade de manter a padronização requerida pela estrutura
de apoio logístico dos meios navais, aéreos e terrestres, mediante parecer de comissão instituída por
decreto;

XX - na contratação de associação de portadores de deficiência física, sem fins lucrativos e de


comprovada idoneidade, por órgãos ou entidades da Administração Pública, para a prestação de serviços
ou fornecimento de mão-de-obra, desde que o preço contratado seja compatível com o praticado no
mercado;
XXI - para a aquisição de bens destinados exclusivamente a pesquisa científica e tecnológica com
recursos concedidos pela CAPES, FINEP, CNPq ou outras instituições de fomento a pesquisa
credenciados pelo CNPq para esse fim específico;

XXII - na contratação do fornecimento ou suprimento de energia elétrica com concessionário,


permissionário ou autorizado, segundo as normas da legislação específica;

XXIII - na contratação realizada por empresa pública ou sociedade de economia mista com suas
subsidiárias e controladas, para a aquisição ou alienação de bens, prestação ou obtenção de serviços,
desde que o preço contratado se já compatível com o praticado no mercado;

XXIV - para a celebração de contratos de prestação de serviços com as organizações sociais,


qualificadas no âmbito das respectivas esferas de governo, para atividades contempladas no contrato de
gestão.

Parágrafo único. Os percentuais referidos nos incisos I e II deste artigo serão 20% (vinte por cento) para
compras, obras e serviços contratados por sociedade de economia mista e empresa pública, bem assim
por autarquia e fundação qualificadas, na forma da lei, como Agências Executivas.

Art. 25. É inexigível a licitação quando houver inviabilidade de competição em especial:

I - para a aquisição de materiais, equipamentos, ou gêneros que só possam ser fornecidos por produtor,
empresa ou representante comercial exclusivo, vedada a preferência de marca, devendo a comprovação
de exclusividade ser feita através de atestado fornecido pelo órgão de registro do comércio do local em
que se realizaria a licitação ou a obra ou o serviço, pelo Sindicato, Federação ou Confederação Patronal,
ou, ainda, pelas entidades equivalentes;

II - para a contratação de serviços técnicos enumerados no art. 13 desta Lei, de natureza singular, com
profissionais ou empresas de notória especialização, vedada a inexigibilidade para serviços de
publicidade e divulgação;

III - para contratação de profissional de qualquer setor artístico, diretamente ou através de empresário
exclusivo, desde que consagrado pela crítica especializada ou pela opinião pública.

§1º Considera-se de notória especialização o profissional ou empresa cujo conceito no campo de sua
especialidade, decorrente de desempenho anterior, estudos, experiências, publicações, organização,
aparelhamento, equipe técnica, ou de outros requisitos relacionados com suas atividades, permita inferir
que o seu trabalho é essencial e indiscutivelmente o mais adequado à plena satisfação do objeto do
contrato.

§2º Na hipótese deste artigo e em qualquer dos casos de dispensa, se comprovado superfaturamento,
respondem solidariamente pelo dano causado à Fazenda Pública o fornecedor ou o prestador de serviços
e o agente público responsável, sem prejuízo de outras sanções legais cabíveis.
Art. 26. As dispensas previstas nos §§2º e 4º do art. 17 e nos incisos III a XXIV do art. 24, as situações
de inexigibilidade referidas no art. 25, necessariamente justificadas, e o retardamento previsto no final do
parágrafo único do art. 8o, deverão ser comunicados dentro de três dias à autoridade superior, para
ratificação e publicação na imprensa oficial, no prazo de cinco dias, como condição para eficácia dos
atos.

Parágrafo único. O processo de dispensa, de inexigibilidade, ou de retardamento, previsto neste artigo,


será instruído, no que couber, com os seguintes elementos:

I - caracterização da situação emergencial ou calamitosa que justifique a dispensa, quando for o caso;

II - razão da escolha do fornecedor ou executante;

III - justificativa do preço;

IV - documento de aprovação dos projetos de pesquisa aos quais os bens serão alocados.

SEÇÃO II
Da Habilitação

Art. 27. Para a habilitação nas licitações exigir-se-á dos interessados, exclusivamente, documentação
relativa a:

I - habilitação jurídica;

II - qualificação técnica;

III - qualificação econômico-financeira;

IV - regularidade fiscal.

Art. 28. A documentação relativa à habilitação jurídica, conforme o caso, consistirá em:

I - cédula de identidade;

II - registro comercial, no caso de empresa individual;

III- ato constitutivo, estatuto ou contrato social em vigor, devidamente registrado, em se tratando de
sociedades comerciais, e, no caso de sociedades por ações, acompanhado de documentos de eleição de
seus administradores;
IV - inscrição do ato constitutivo, no caso de sociedades civis, acompanhada de prova de diretoria em
exercício;

V - decreto de autorização, em se tratando de empresa ou sociedade estrangeira em funcionamento no


País, e ato de registro ou autorização para funcionamento expedido pelo órgão competente, quando a
atividade assim o exigir.

Art. 29. A documentação relativa à regularidade fiscal, conforme o caso, consistirá em:

I - prova de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) ou no Cadastro Geral de Contribuintes


(CGC);

II - prova de inscrição no cadastro de contribuintes estadual ou municipal, se houver, relativo ao domicílio


ou sede do licitante, pertinente ao seu ramo de atividade e compatível com o objeto contratual;

III - prova de regularidade para com a Fazenda Federal, Estadual e Municipal do domicílio ou sede do
licitante, ou outra equivalente, na forma da Lei;

IV - prova de regularidade relativa à Seguridade Social e ao Fundo de Garantia por Tempo de Serviço
(FGTS), demonstrando situação regular no cumprimento dos encargos sociais instituídos por Lei.

Art. 30. A documentação relativa à qualificação técnica limitar-se-á a:

I - registro ou inscrição na entidade profissional competente;

II - comprovação de aptidão para desempenho de atividade pertinente e compatível em características,


quantidades e prazos com o objeto da licitação, e indicação das instalações e do aparelhamento e do
pessoal técnico adequados e disponíveis para a realização do objeto da licitação, bem como da
qualificação de cada um dos membros da equipe técnica que se responsabilizará pelos trabalhos;

III - comprovação, fornecida pelo órgão licitante, de que recebeu os documentos, e, quando exigido, de
que tomou conhecimento de todas as informações e das condições locais para o cumprimento das
obrigações objeto da licitação;

IV - prova de atendimento de requisitos previstos em lei especial, quando for o caso.

§1º A comprovação de aptidão referida no inciso II do caput deste artigo, no caso das licitações
pertinentes a obras e serviços, será feita por atestados fornecidos por pessoas jurídicas de direito público
ou privado, devidamente registrados nas entidades profissionais competentes, limitadas as exigências a:
I - capacitação técnico-profissional: comprovação do licitante de possuir em seu quadro permanente, na
data prevista para entrega da proposta, profissional de nível superior ou outro devidamente reconhecido
pela entidade competente, detentor de atestado de responsabilidade técnica por execução de obra ou
serviço de características semelhantes, limitadas estas exclusivamente às parcelas de maior relevância e
valor significativo do objeto da licitação, vedadas as exigências de quantidades mínimas ou prazos
máximos;

II - (VETADO)

a) (VETADO)

b) (VETADO)

§2º As parcelas de maior relevância técnica e de valor significativo, mencionadas no parágrafo anterior,
serão definidas no instrumento convocatório.

§3º Será sempre admitida a comprovação de aptidão através de certidões ou atestados de obras ou
serviços similares de complexidade tecnológica e operacional equivalente ou superior.

§4º Nas licitações para fornecimento de bens, a comprovação de atividade ou de aptidão, quando for o
caso, será feita através de atestados fornecidos por pessoa jurídica de direito público ou privado.

§5º É vedada a exigência de comprovação de atividade ou de aptidão com limitações de tempo ou de


época ou ainda em locais específicos, ou quaisquer outras não previstas nesta Lei, que inibam a
participação na licitação.

§6º As exigências mínimas relativas a instalações de canteiros, máquinas, equipamentos e pessoal


técnico especializado, considerados essenciais para o cumprimento do objeto da licitação, serão
atendidas mediante a apresentação de relação explícita e da declaração formal da sua disponibilidade,
sob as penas cabíveis, vedadas as exigências de propriedade e de localização prévia.

§7º (VETADO)

I - (VETADO)

II - (VETADO)

§8º No caso de obras, serviços e compras de grande vulto, de alta complexidade técnica, poderá a
Administração exigir dos licitantes a metodologia de execução, cuja avaliação, para efeito de sua
aceitação ou não, atenderá sempre à análise dos preços e será efetuada exclusivamente por critérios
objetivos.
§9º Entende-se por licitação de alta complexidade técnica aquela que envolva alta especialização, como
fator de extrema relevância para garantir a execução do objeto a ser contratado, ou que possa
comprometer a continuidade da prestação de serviços públicos essenciais.

§10. Os profissionais indicados pelo licitante para fins de comprovação da capacitação técnico-
operacional de que trata o inciso I do 1. deste artigo deverão participar da obra ou serviço objeto da
licitação, admitindo-se a substituição por profissionais de experiência equivalente ou superior, desde que
aprovada pela Administração.

§11. (VETADO)

§12. (VETADO)

Art. 31. A documentação relativa à qualificação econômico-financeira limitar-se-á a:

I - balanço patrimonial e demonstrações contábeis do último exercício social, já exigíveis e apresentados


na forma da Lei que comprovem a boa situação financeira da empresa, vedada a sua substituição por
balancetes ou balanços provisórios, podendo ser atualizados por índices oficiais quando encerrados há
mais de 3 (três) meses da data de apresentação da proposta;

II - certidão negativa de falência ou concordata expedida pelo distribuidor da sede da pessoa jurídica, ou
de execução patrimonial, expedida no domicílio da pessoa física;

III - garantia, nas mesmas modalidades e critérios previstos no "caput" e 1. do art. 56 desta Lei, limitada a
1% (um por cento) do valor estimado do objeto da contratação.

§1º A exigência de índices limitar-se-á à demonstração da capacidade financeira do licitante com vistas
aos compromissos que terá que assumir caso lhe seja adjudicado o contrato, vedada a exigência de
valores mínimos de faturamento anterior, índices de rentabilidade ou lucratividade.

§2º A Administração, nas compras para entrega futura e na execução de obras e serviços, poderá
estabelecer, no instrumento convocatório da licitação, a exigência de capital mínimo ou de patrimônio
líquido mínimo, ou ainda as garantias previstas no 1. do art. 56 desta Lei, como dado objeto de
comprovação da qualificação econômico-financeira dos licitantes e para efeito de garantia ao
adimplemento do contrato a ser ulteriormente celebrado.

§3º O capital mínimo ou o valor do patrimônio líquido a que se refere o parágrafo anterior não poderá
exceder a 10% (dez por cento) do valor estimado da contratação, devendo a comprovação ser feita
relativamente à data da apresentação da proposta, na forma da Lei, admitida a atualização para esta data
através de índices oficiais.

§4º Poderá ser exigida, ainda, a relação dos compromissos assumidos pelo licitante que importem
diminuição da capacidade operativa ou absorção de disponibilidade financeira, calculada esta em função
do patrimônio líquido atualizado e sua capacidade de rotação.
§5º A comprovação da boa situação financeira da empresa será feita de forma objetiva, através do
cálculo de índices contábeis previstos no edital e devidamente justificados no processo administrativo da
licitação que tenha dado início ao certame licitatório, vedada a exigência de índices e valores não
usualmente adotado para a correta avaliação de situação financeira suficiente ao cumprimento das
obrigações decorrentes da licitação.

§6º (VETADO)

Art. 32. Os documentos necessários à habilitação poderão ser apresentados em original, por qualquer
processo de cópia autenticada por cartório competente ou por servidor da Administração, ou publicação
em órgão da imprensa oficial.

§1º A documentação de que tratam os arts. 28 a 31 desta Lei poderá ser dispensada, no todo ou em
parte, nos casos de convite, concurso, fornecimento de bens para pronta entrega e leilão.

§2º O certificado de registro cadastral a que se refere o §1º do art. 36 substitui os documentos
enumerados nos arts. 28 a 31, quanto à sinformações disponibilizadas em sistema informatizado de
consulta direta indicado no edital, obrigando-se a parte a declarar, sob as penalidades legais, a
superveniência de fato impeditivo da habilitação.

§3º A documentação referida neste artigo poderá ser substituída por registro cadastral emitido por órgão
ou entidade pública, desde que previsto no edital e o registro tenha sido feito em obediência ao disposto
nesta Lei.

§4º As empresas estrangeiras que não funcionem no País, tanto quanto possível, atenderão, nas
licitações internacionais, às exigências dos parágrafos anteriores mediante documentos equivalentes,
autenticados pelos respectivos consulados e traduzidos por tradutor juramentado, devendo ter
representação legal no Brasil com poderes expressos para receber citação e responder administrativa ou
judicialmente.

§5º Não se exigirá, para a habilitação de que trata este artigo, prévio recolhimento de taxas ou
emolumentos, salvo os referentes a fornecimento do edital, quando solicitado, com os seus elementos
constitutivos, limitados ao valor do custo efetivo de reprodução gráfica da documentação fornecida.

§6º O disposto no §4º deste artigo, no §1º do art. 33 e no §2º do art. 55 não se aplica às licitações
internacionais para a aquisição de bens e serviços cujo pagamento seja feito com o produto de
financiamento concedido por organismo financeiro internacional de que o Brasil faça parte, ou por
agência estrangeira de cooperação, nem nos casos de contratação com empresa estrangeira, para a
compra de equipamentos fabricados e entregues no exterior, desde que para este caso tenha havido
prévia autorização do Chefe do Poder Executivo, nem nos casos de aquisição de bens e serviços
realizada por unidades administrativas com sede no exterior.

Art. 33. Quando permitida na licitação a participação de empresas em consórcio, observar-se-ão as


seguintes normas:
I - comprovação do compromisso público ou particular de constituição de consórcio, subscrito pelos
consorciados;

II - indicação da empresa responsável pelo consórcio que deverá atender às condições de liderança,
obrigatoriamente fixadas no edital;

III - apresentação dos documentos exigidos nos arts. 28 a 31 desta Lei por parte de cada consorciado,
admitindo-se, para efeito de qualificação técnica, o somatório dos quantitativos de cada consorciado, na
proporção de sua respectiva participação, podendo a Administração estabelecer, para o consórcio, um
acréscimo de até 30% (trinta por cento) dos valores exigidos para licitante individual, inexigível este
acréscimo para os consórcios compostos, em sua totalidade, por micro e pequenas empresas assim
definidas em Lei;

IV - impedimento de participação de empresa consorciada, na mesma licitação, através de mais de um


consórcio ou isoladamente;

V - responsabilidade solidária dos integrantes pelos atos praticados em consórcio, tanto na fase de
licitação quanto na de execução do contrato.

§1º No consórcio de empresas brasileiras e estrangeiras a liderança caberá, obrigatoriamente, à empresa


brasileira, observado o disposto no inciso II deste artigo.

§2º O licitante vencedor fica obrigado a promover, antes da celebração do contrato, a constituição e o
registro do consórcio, nos termos do compromisso referido no inciso I deste artigo.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8666cons.htm

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