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FAINTVISA – FACULDADES INTEGRADAS DA VITÓRIA DE SANTO

ANTÃO
Curso de Licenciatura Plena em História. Semestre: 2019.1
Acadêmica: Débora Angélica Vieira de Melo
Professor-orientador: Dr. Aurélio de Moura Britto

ESBOÇO BIBLIOGRÁFICO
Bibliografia básica:
Revoltas, Motins, Revoluções – Mônica Duarte Dantas
Mandonismo, Coronelismo e Clientelismo: Uma Discussão Conceitual - José
Murilo de Carvalho
Índios Cabanos e “Fiéis Governistas”: usos políticos da violência e possibilidades
para o exercício da cidadania - Mariana Albuquerque Dantas
As produções científicas relacionadas ao que chamamos de Brasil imperial estão
norteadas em vários campos de estudo. Geograficamente, a historiografia brasileira
trata, na maioria de suas produções, dos movimentos de revoltas situados na região
central das províncias, no caso de Pernambuco, no Recife e seus arredores, dando
enfoque, por exemplo, a Insurreição de 1817 e a Revolta Praieira em 1848. Sendo
assim, os livros didáticos e a maioria dos campos de pesquisa também seguem essa
tendência, o que explica, em parte, o esquecimento e a minimização de rebeliões
importantes que sacudiram o período regencial, ocorridas nas regiões interioranas das
províncias.
Desse modo, é relevante discutir as dimensões desses movimentos “esquecidos” pela
produção historiográfica no Brasil. O esboço em questão pretende abordar esses
acontecimentos sob variadas perspectivas, alicerçado pelos estudos de historiadores dos
mais diversos campos de pesquisa, abordando temáticas relacionadas a atuação de
homens livres, pobres e libertos lutando por suas convicções sociopolíticas no contexto
escravista do Estado Imperial brasileiro durante o século XIX.
Nesta perspectiva, a Cabanada ocorrida na zona da mata e agreste da província de
Pernambuco e em Alagoas entre 1832 e 1835, se distingue da maioria das revoltas no
período regencial, pois não tinha como motivação intenções separatistas ou contestação
do Império em si, mas sim defender a restauração do governo de D. Pedro I, após a sua
abdicação do trono em 7 de abril de 1831. Além disso, o que torna essa revolta
interessante para a historiografia é o fato da mesma ter sido composta, em grandes
proporções, por índios, escravos fugitivos, posseiros e negros. Liderados por Vicente de
Paula, que descrevia a si próprio em cartas enviadas a alguns aliados e adversários como
“general” e “comandante das matas”(referindo-se as instalações dos revoltosos, que
eram chamados de cabanos pelas autoridades provinciais por viverem em cabanas nas
matas no interior do território). Durante e até mesmo com o término da Cabanada,
Vicente de Paula era protegido por um batalhão de escravos foragidos denominados
“papa-méis”, que faziam sua guarda pessoal.
Outro ponto bastante debatido entre os estudiosos da Cabanada é a contradição lógica
das reivindicações do movimento. A questão é entender como uma rebelião promovida
por índios, negros e pobres auxiliados por posseiros locais tinha como principal desejo a
volta de D. Pedro I e seu governo centralizador, idêntico, em alguns pontos, aos Estados
absolutistas do Antigo Regime europeu. Ou seja, os cabanos lutavam contra a regência.
Nesse sentido, compreender os significados da restauração para os cabanos e seus
apoiadores é fundamental, afinal, vários setores, de escravos foragidos a proprietários de
terras queriam o retorno do imperador. Enfim, vários camadas sociais apoiavam o
movimento, porém vale ressaltar que o que os uniam contra a regência não estava
norteado em apenas uma reivindicação, cada um dos setores envolvidos na Guerra dos
Cabanos tinham seus motivos específicos para apoiar a volta do Imperador Pedro I.
Os militares do levante conhecido como Abrilada apoiavam os cabanos por temor a
seus cargos, pois a instauração da regência provocou mudanças profundas na estrutura
do Estado, esses oficiais temiam até mesmo a miséria de suas famílias, entre eles
predominava sentimento de incertezas. Também não houve participação expressiva de
membros da guarda no combate a rebelião, pois os proprietários de terras viram no
movimento a oportunidade de ampliar seus poder e influência política na zona da mata.
É importante ressaltar que a Cabanada possuiu em suas entranhas políticas uma
organização clientelista. A noção de clientelismo é bastante comparada as práticas
coronelistas da chamada República Velha, mas são conceitos distintos. A prática
clientelista consiste, a grosso modo, numa relação de troca de favores e concessões de
benefícios entre políticos e os diversos segmentos sociais, essa relação contém viés
familiar, ou empregatício. O uso desse mecanismo está diretamente ligado a grande
participação popular na Cabanada.
Os discursos e as cartas de Vicente de Paula expunha o desejo da gente das matas pela
volta de D. Pedro I. Esse retorno significava para os revoltosos mais pobres a posse da
sua terra e de seus bens, pois as tropas provinciais estavam extorquindo seus bens,
inclusive afetivos. Além disso, a coroa oferecia proteção das matas contra produtores de
cana-de-açúcar. Com o governo regencial, essa proteção foi extinta.
Os latifundiários contrários a Cabanada aliaram-se as tropas provinciais com interesses
de ocupar as terras férteis onde ficavam as matas para ampliar o cultivo em suas
propriedades, ou ate mesmo utilizar os cabanos como possível mão de obra escrava.
Apesar de apoiarem a rebelião, alguns posseiros não viam com bons olhos a atuação de
Vicente de Paula ao promover fugas de escravos dos engenhos e colocar os homens de
cor em posições de destaque no conflito. Apesar de lutarem no mesmo lado, a elite
racista não apoiavam essas atitudes do líder da Cabanada. Enfim, Vicente de Paula era
visto como bandido pelas autoridades da capital, mas era respeitado como um líder
pelos cabanos, chegou a liderança do movimento, apenas por expressar os anseios
daquele povo.

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