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08/07/2019 ConJur - Sem registro público, não há sociedade mercantil, diz TJ-RS

TRABALHO FAMILIAR

Reconhecimento de sociedade mercantil no agro


exige inscrição no registro público
7 de julho de 2019, 17h25

Por Jomar Martins

O fato de familiares trabalharem anos a fio para auferir lucro, mesmo com prova
testemunhal e conta bancária conjunta, não é o suficiente para ensejar o
reconhecimento de sociedade empresária no meio rural. Para que a atividade não se
confunda com sociedade civil de cunho familiar, é necessária a inscrição no Registro
Público de Empresas Mercantis.

Por isso, a 5ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul manteve
sentença que julgou improcedente uma ação declaratória de reconhecimento de
sociedade de fato cumulada com pedido de dissolução e apuração de haveres. A
ação foi ajuizada por dois irmãos, em face do pai, todos trabalhadores rurais na
Comarca de Casca.

Segundo os desembargadores, há expressa previsão legal quanto à necessidade de


comprovação por escrito dos direitos que são alegados, nos casos de questão
societária. Como os irmãos não apresentaram "qualquer adminículo de prova
documental", que comprovasse operações e negócios comuns entre as partes, o
colegiado negou a Apelação, como exige o artigo 373, inciso I, do Código de Processo
Civil.

O caso
A inicial alega que pai e filhos trabalhavam juntos desde 2003, detendo, cada um,
33% da sociedade de fato, e fizeram o patrimônio crescer consideravelmente. As
testemunhas arroladas no processo  atestaram este esforço, pois citaram comunhão
de esforços da família, a terceirização de serviços e a aquisição de maquinário.

Apesar deste quadro, a juíza Mariana Machado Pacheco não se convenceu de que
havia uma sociedade de fato entre os autores e a parte demandada – o pai deles –,
pelo simples detalhe de que não ficou provado o "ânimo societário". Ela explicou
que este ânimo é a vontade, o desejo, de constituir um "tipo empresarial",
implementar patrimônio e assumir dívidas. 

https://www.conjur.com.br/2019-jul-07/registro-publico-nao-sociedade-mercantil-tj-rs?imprimir=1 1/2
08/07/2019 ConJur - Sem registro público, não há sociedade mercantil, diz TJ-RS

Para a juíza, em que pese as declarações de imposto de renda indicarem divisão de


bens entre as partes no percentual de 33%, não há como acolher o pedido apenas
com base nestes documentos, uma vez que foram feitos pelos próprios autores, às
vésperas do ingresso da ação judicial.

Inconformados, os autores interpuseram Apelação no TJ-RS. Em razões, sustentaram


que os autos trazem provas da vontade das partes em constituir uma sociedade,
ainda que informal. E mais: ficou demonstrado que o pai – a parte apelada –
concorda com a existência da sociedade, pois ele mesmo pediu prestação de contas a
um dos sócios. Por fim, a movimentação financeira, fruto do lucro obtido pelo
trabalho familiar, era feita de forma conjunta.

O relator do recurso, desembargador José Luiz Lopes do Canto, não viu elementos
que demonstrem a existência de uma sociedade de fato e manteve a decisão de
primeiro grau. Afirmou que a sociedade rural, quando constituída, deve ser inscrita
no Registro Público de Empresas Mercantis, desde que cumpridas as exigências do
artigo 968 do Código Civil. Isso irá equipará-la às sociedades empresárias, de acordo
com os preceitos do artigo 984 do mesmo Código.

Clique aqui para ler o acórdão.


Apelação Cível 70080458102

Jomar Martins é correspondente da revista Consultor Jurídico no Rio Grande do Sul.

Revista Consultor Jurídico, 7 de julho de 2019, 17h25

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