Exame de proficiência da aluna Luana Vitória Guimarães Leal Pinheiro,
matrícula 114069012, realizado no período de 2019.1.
Conforme a bibliografia em anexo a esta mensagem, responda às seguintes questões:
1- Estabeleça uma comparação entre as teorias genéticas de Mendel e Darwin.
As pesquisas de Mendel com as ervilhas era consonante aos objetivos de hibridização da classe científica da época de explorar as possibilidades de criação e extinção de novas espécies, além do caráter conservador na transmissão de características genéticas a descendentes oriundos da hibridização de espécies, contudo, Mendel, diferente de Darwin, buscava demonstrar experimentalmente o limite das barreiras entre as espécies do que as possibilidades de evolução dessas, confirmando que boa parte das ervilhas híbridas mantém as características dos pais e transmitem de modo inalterado e, para além disso, que os descendentes transmitem combinação das características parentais que são previsíveis através de cálculo matemático. Já Darwin, a partir de seus estudos, produziu a obra origem das espécies que, diferentemente de Mendel que focava no aspecto conservador da transmissão de caracterísiticas genéticas para os descendentes, buscava sobretudo aprofundar-se nos fenômenos hereditários que ocorriam com modificação das características genéticas para os descendentes, isto é, buscava explicar de modo científico a evolução e origem das espécies.
2 – Pesquise e explique o que acontece com o processo de divisão celular e a
ocorrência da Síndrome de Down. A divisão celular ocorre de duas formas: mitose e meiose. Na mitose a divisão celular ocorre em quatro fases: prófase, metáfase, anáfase e telófase. Neste processo cada célula origina duas células-filhas com a mesma quantidade de material genético da célula originária. Desse modo, as células produzidas por esse processo possuem as mesmas características da célula original. Já na meiose trata-se de um processo de divisão celular reducional que é exclusiva em organismos com reprodução sexuada. Esta acontece para que haja a formação de células reprodutivas. As células produzidas por esse processo possuem metade do material genético de cada célula original. A meiose é subdividida em duas etapas: A primeira divisão meiótica e a segunda divisão meiótica. Na primeira ocorre a redução do número de cromossomos, por isso também chamada de reducional. Na segunda o número de cromossomos das células que se dividem é mantido igual ao das células que se formam, também chamada de divisão equacional. No genoma humano, ou seja, a informação total que uma célula humana possui, a quantidade de cromossomos que há são de 23 pares. O que ocorre na Síndrome de Down é que na hora da concepção em vez de se produzir um par do cromossomo 21 se produz um trio, por esta razão também a SD também é denominada de trissomia do cromossomo 21, tendo por fim um total de 47 em vez de 46 cromossomos.
3 – Qual o papel do Projeto Genoma Humano na pesquisa no campo da genética e
quais as implicações éticas de suas pesquisas? O Projeto Genoma, através de uma ação conjunta internacional realizada e concluída somente no início do século XXI, teve um papel fundamental na pesquisa no campo genético, pois possibilitou o sequenciamento completo do genoma humano, isto é, a informação genética total carregada por uma célula ou organismo humano. Possibilitando estudar integralmente todos os 23 pares de cromossomos do DNA humano em vez de apenas um de cada vez como era feito antes. Tal feito tornou possível também a observação das variações do genoma em diferentes populações e o modo que essas variações podem contribuir para a saúde e doenças. Tal avanço da genética é de grande relevância para a humanidade haja vista que proporcionou a ampliação da compreesão do funcionamento de muitas doenças, além de promover o desenvolvimento de melhores ferramentas de diagnóstico, medidas preventivas e métodos terapêuticos. De fato, o avanço tecnológico que possibilitou esse empreendimento é de grande valia para humanidade, contudo, considerando que toda produção de saber necessariamente implica uma produção de poder não é de se surpreender quando se reflete a respeito das implicações éticas na utilização de tal tecnologia e suas consequências. Em tese, o sequenciamento de toda a carga genética humana torna possível inúmeros experimentos e pesquisas que permitiriam a extração de toda a informação genética de qualquer indivíduo, no entanto, fica a pergunta: Qual a maneira mais ética de se utilizar tal informação? Por um lado, a aquisição de informação genética pode produzir muitos efeitos positivos como proporcionar informação às pessoas se elas possuem predisposição genética a alguma doença como Alzheimer, diabetes, câncer, etc, e consequentemente indicar os meios mais adequados de prevenção e ou tratamento de tais doenças. Por outro lado, há um caráter de violação da confidencialidade, uma certa invasão da identidade das pessoas. Umas das questões está em até que ponto o direito da ciência pode se sobrepor ao direito do sujeito? Como atuar de modo ético quando essa ciência exerce uma função de controle social? Por exemplo na produção de um banco de dados de informações genéticas que possibilitaria averiguar autenticidade de paternidade, identificação de criminosos, pessoas com genes suscetíveis a doenças degenerativas, etc. Tais informações, por exemplo, seriam extremamente interessantes para companhias de seguro de vida e de planos de saúde que poderiam modificar os critérios de aceitação de alguém em decorrência de suas informações genéticas. Então é preciso pensar na utilização da informação genética da pessoa com necessária responsabilidade e cuidado. Por exemplo, quando o Ministério da Saúde exige que o profissional de saúde notifique compulsoriamente casos em que se identica aidéticos através de testes soropositos para evitar a contaminação dessa doença para a população não infectada é importante quando se pensa no controle social, por outro lado, tão importante quanto é o direito à privacidade e à preservação da identidade das pessoas que buscam e se submetem a esses testes. É um assunto muito delicado e que exige maiores reflexões para além do campo da genética, sendo necessário pensar inúmeros aspectos sobre os efeitos que esses testes e essas informações genéticas podem produzir na subjetividade das pessoas.
4 - O que é o Aconselhamento Genético (AG) e qual o panorama atual no Brasil
deste serviço. É um processo de comunicação que lida com problemas humanos associados com a ocorrência, ou risco de ocorrência, de uma doença genética em uma família, envolvendo a participação de uma ou mais pessoas treinadas para ajudar o indivíduo ou sua família a: 1) compreender os fatos médicos, incluindo o diagnóstico, provável curso da doença e as condutas disponíveis; 2) apreciar o modo como a hereditariedade contribui para a doença e o risco de recorrência para parentes específicos; 3) entender as alternativas para lidar com o risco de recorrência; 4) escolher o curso de ação que pareça apropriado em virtude do seu risco, objetivos familiares, padrões éticos e religiosos, atuando de acordo com essa decisão; 5) ajustar-se, da melhor maneira possível, à situação imposta pela ocorrência do distúrbio na família, bem como à perspectiva de recorrência do mesmo. A consulta médica constitui ato imprescindível para o Aconselhamento Genético, pois dela resulta o diagnóstico e, a partir deste, a determinação do prognóstico clínico e reprodutivo em pacientes, indivíduos ou famílias com doenças de etiologia genética ou susceptibilidade geneticamente determinada. A responsabilidade do diagnóstico é do médico, que deve estar familiarizado com o método para atingir tal objetivo, qual seja o da propedêutica genético-clínica. Cabe ressalta que a anamnese e o exame físico são elementos importante para a realização do Aconselhamento Genético. A partir dessas intervenções iniciais, o paciente e/ou a família deverão ser esclarecidos e estimulados a participar do processo. Os exames complementares necessários para firmar ou descartar uma hipótese diagnóstica deverão ser explicados, assim como o significado e alcance dos resultados. Todo o processo e o relacionamento com a equipe de saúde devem ser executados segundo o modelo do consentimento livre e esclarecido. O panorama deste serviço no Brasil até o ano de 2014 era ruim. A portaria 199 do Ministério da Saúde estipulava que o AG só poderia ser realizado por médico geneticista ou profissional com especialização em AG, pós-graduação que não existe no Brasil. Na prática tem efeito de tornar o AG uma atividade exclusiva do médico, impossibilitando que outros profissionais competentes como biólogos, biomédicos, etc, com pós-graduação em genética humana não possam realizar o AG. Para completar o quadro, no Brasil, há menos de 200 médicos geneticistas. A política, de fato, parece interessante em termos de instauração de serviços de saúde pública, mas na prática seus termos são limitados performando um impacto irrisório para a saúde pública. Há que se ressaltar também que se trata de um serviço de difícil acesso, trocando em miudos, o AG se caracteriza, sobretudo, um instrumento monopolizado pela classe médica que além de tornar exclusiva o AG não supre as demandas do serviço público.