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Abstract: This article analyzes the concepts of the civilizing process developed by the
sociologist Norbert Elias, relating to the concept of culture proposed by the British
Cultural Studies' theorists. After a brief but provocative article in a Johan Goudsblom
entitled Think with Elias he argues that through his research on Elias' work, tends to
reconsider the concept of civilizing process using this term as equivalent dynamic of the
concept of culture. We propose to understand the proximity of these concepts through an
analysis of the use of these terms in elisian and culturalist studies.
Keywords: civilizing process, culture, meaning
Johan Goudsblom em um breve, mas instigante artigo intitulado: Pensar com Elias
argumenta que, através das suas pesquisas sobre a obra de Norbert Elias, tende a
reconsiderar o conceito de processo de civilização elaborado por Elias, utilizando esse
termo como equivalente dinâmico do conceito de cultura. Esse artigo analisa a
proximidade desses conceitos, através de uma análise da utilização desses termos nos
estudos elisianos e culturalistas. Essa idéia é inovadora em relação ao conceito de processo
civilizador e concordo inteiramente com Goudsblom nesse aspecto. Porém, me parece que
a processualidade com que se define o conceito elisiano está muito mais próximo do
conceito de cultura, utilizado pelos autores do Centre for Contemporary Cultural Studies,
da Universidade de Birmingham, principalmente através dos referenciais teóricos dos seus
fundadores: Richard Hoggart, Raymond Williams, E. P. Thompson e contemporaneamente
a Stuart Hall.
Goudsblom (1998) afirma com a autoridade de quem conhece profundamente as
teorias de Norbert Elias e seus desdobramentos que:
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Cada neurônio tem potencial para fazer em torno de 60 mil conexões ou sinapses. Por seu turno, cada
sinapse pode receber até 100 mil impulsos por segundo, o que dá uma idéia da complexidade da estrutura e
do funcionamento das redes neuronais. A partir dessas informações, fica fácil entender por que não há a
menor possibilidade de haver dois cérebros absolutamente iguais, nem do ponto de vista neuroanatômico,
nem do ponto de vista neurofuncional. (ROTTA, Newra T. et alli. Transtornos da Aprendizagem:Abordagem
Neurobiológica e Multidisciplinar. Porto Alegre: Artmed, 2006. p.23)
são mais inteligentes do que as do passado. O que observamos na realidade é que as
infâncias contemporâneas foram transformadas mediante a utilização de um conjunto de
novos artefatos culturais como a utilização de brinquedos e brincadeiras midiáticas,
equipamentos tecnológicos sofisticados, redes comunicacionais digitais, novos padrões
educacionais etc. O que se modificou foi à cultura infantil que possivelmente desenvolveu
nas crianças novas formas de processar e se relacionar com o mundo.
Em relação ao processo de conhecimento Elias continuamente reafirma que os
modelos adotados pelas ciências físico-químicas não são adequados para uma análise dos
homens no mundo social.
A história da vida individual de cada pessoa é acima de tudo uma acomodação aos padrões
de forma e de medida tradicionalmente transmitidos na sua comunidade de geração para geração.
Desde que o indivíduo vem ao mundo os costumes do ambiente em que nasceu moldam sua
experiência dos factos e a sua conduta. Quando começa a falar ele é o frutozinho da sua cultura, e
quando crescido e capaz de tomar parte das actividades desta, os hábitos dela são os seus hábitos, as
crenças dela, as suas crenças, as incapacidades dela, as suas incapacidades. [...] Nenhum outro
problema social nos cabe mais forçosamente conhecer do que este do papel que o costume
desempenha na formação do indivíduo. (s/d. p.15).
A tendência cada vez maior das pessoas a se observarem e aos demais é um sinal de que
toda a questão do comportamento estava, nessa ocasião, assumindo um novo caráter: as pessoas se
moldavam às outras mais deliberadamente do que na Idade Média. [...] Durante muitos séculos
aproximadamente as mesmas regras, elementares segundo nossos padrões, foram repetidas,
obviamente sem criar hábitos firmes. Neste momento, a situação muda. Aumenta a coação exercida
por uma pessoa sobre a outra e a exigência de “bom comportamento” é colocada mais
enfaticamente. Todos os problemas ligados a comportamento assumem nova importância. (p.91)
Para Elias, podemos concluir que: [...] esse mundo consiste de dois universos
diferentes, um dos quais é caracterizado pela palavra de código “natureza” e o outro pela
de “história” ou “cultura”. (2002, p11), salientando que os modos de existência natural e
social, tal como a existência social e individual são inseparáveis e estão estreitamente
ligados. A questão do significado é que assume uma centralidade nos processos sociais.
Para ele: a constituição dos seres humanos exige que os seus produtos culturais sejam
específicos da sua própria sociedade (p. 7), isso é que tenham significado para as pessoas.
[...] o significado de uma acção para o actor é co-determinada pelo significado que ela
assume para os outros. As relações das pessoas entre si não são aditivas. A sociedade não é um
amontoado de acções individuais comparável a um monte de areia, nem é um formigueiro de
indivíduos programados no sentido de uma cooperação mecânica. Ela assemelha-se antes a uma teia
de pessoas vivas que, sob uma diversidade de formas, são interdependentes. (ELIAS, 2002, p. 51)
Segundo Elias a vida conjunta dos seres humanos em grandes ou pequenos grupos é
singular e co-determinado pela transmissão de conhecimentos de uma geração para outra
através do singular no mundo simbólico específico de uma figuração já existente que
servem como sistemas de orientação (Elias, 2006 p.25). A questão central que nos interessa
para este texto é quando Elias afirma que um ser humano singular pode possuir um grau de
liberdade de ação que lhe permita mudar de uma configuração para outra, dependendo é
claro das peculiaridades da configuração em questão (p.27), e que no meu entender está
relacionado diretamente com o conceito de cultura.
Referências