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JUSTIÇA EM NÚMEROS
Edição de 2016
Edição de 2017
Com a promulgação da Constituição de 1988, a República do Brasil,
consolidou a forma de Estado Federativa, buscando organizar os seus elementos
políticos sobre o espaço geográfico, de modo descentralizado, uma vez que com isso o
poder normativo e de coerção do ente estatal, sob a égide do pacto federativo, foi
pulverizado nas unidades federativas, delegando a estas autonomia político-
administrativa. Devido a isso que, apesar de a Constituição prescrever o fato da
jurisdição ser una, a sua atuação ocorre de modo também descentralizado, primando
dessa forma a consecução da justiça aos indivíduos, fazendo-se presente incisivamente
na vida das pessoas, além de não permitir, dessa forma, a concentração do Poder
coercitivo do Estado.
Ademais, além deste fator imprescindível, da descentralização burocrática
administrativa, inclusive jurisdicional, a Constituição Federal de 1988, ainda inovou ao
enunciar diversos mecanismos para facilitar a acessibilidade dos indivíduos ao Poder
Judiciário, sendo estes a instituição da defensoria pública, para àqueles os que não
possuem condições financeiras e orçamentárias para arcar com os custos processuais e
de honorários advocatícios, ou seja, os hipossuficientes; e da prescrição legislativa de nº
9.099/95, que autorizou a criação dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais, cujo os
quais vigoram os princípios da informalidade e economia processual, visando por outro
lado também, não só efetivar o acesso, mas a justiça propriamente dita, dado que a
morosidade dificulta a própria prestação jurisdicional, a questão temporal pode corroer
o valor material das demandas jurídicas.
Com base no conjunto probatório de dados aferidos pela edição de 2017, do
Justiça em Números, é possível constatar que com inúmeros avanços legislativos e
administrativos, o acesso material ao Judiciário está de fato mais facilitado, pela
existência das normas de auxílio aos não detêm substratos financeiros para
reivindicarem a prestação, porém, este não é o único fator que corrobora para que os
indivíduos tenham acesso equânime à justiça. Consoante Cappelletti e Garth, expoentes
do processualismo, com a eminente erudição, ratificam que:
“A expressão ‘acesso à justiça’ é reconhecidamente de difícil definição, mas
serve para determinar duas finalidades básicas do sistema jurídico – o sistema pelo qual
as pessoas podem reivindicar seus direitos e/ou resolver seus litígios sob os auspícios do
Estado. Primeiro, o sistema deve ser igualmente acessível a todos; segundo, ele deve
produzir resultados que sejam individualmente e justos” (CAPPELLETTI e GARTH,
1988,p.08).
Diante disso, é possível vislumbrar que o acesso à justiça do ponto de vista
formal, as dificuldades socioeconômicas para judicialização, para acionamento da
atuação estatal, foram quase todas corrigidas, uma vez que segundo a revista do
Conselho Nacional de Justiça – CNJ –, a Justiça em Números, durante o ano de 2016,
dos 29,4 milhões de processos ingressados em todo o país, 29,4 milhões também foram
baixados, ou seja, que conforme o glossário da Resolução CNJ n. 76/2009, consideram-
se baixados os processos: remetidos para outros órgãos judiciais competentes, desde que
vinculados a tribunais diferentes; remetidos para as instâncias superiores ou inferiores;
Arquivados definitivamente; Em que houve decisões que transitaram em julgado e
iniciou-se a liquidação, cumprimento ou execução. Outrossim, destes 29,4 milhões, 22
milhões são da competência da Justiça Estadual, sendo sentenciados por tal, mas por
outro viés se fôssemos visualizar através por exemplo, da ótica da movimentação
processual, 63,1 milhões de processo estão pendentes e enquanto 20,7 milhões são
baixados, outros 19, 8 milhões são originados.
Não obstante esses fatores, no ano de 2016 foi constatado a existência de 79,7
milhões de processos ainda em tramitação, em que 79,2% estão na competência da
Justiça Estadual. É por causa destes fatos que o acesso real à justiça não é efetivado por
pelo Poder Judiciário brasileiro, mesmo que as justiças estaduais concentrem tamanha
quantidade de processos, a morosidade está presente em todas as instâncias, não
constituindo-se exceções, pois de igual modo estão a justiça federal e as especializadas,
não conseguindo atender as demandas, os litígios sociais. É por causa destes fatores, que
é observável que a não se existe um efetivo acesso à justiça, todos perecem frente ao
tardamento processual, que somente concebe custos pecuniários e sociais, não
conseguindo realizar a sua finalidade, que é conduzir com os ideais de justiça,
garantindo segurança à sociedade.
Como já supracitado, o ordenamento jurídico definiu que competência
jurisdicional da Justiça Estadual seria de fato a maior frente as demais, primordialmente,
em respeito em autonomia dos estados-membros, cabendo a União a competência
processual, de litígios que envolvam assuntos inerente a duas unidades federativas, ou
relacionados a federação como um todo. Por isso, análise dos inúmeros itens
relacionados a administração da Justiça serão feitas com a Justiça Estadual, mas tendo o
panorama geral como fator para comparação.
A produtividade dos magistrados e dos servidores públicos técnicos, está entre
os fatores determinantes, para a agilidade processual, haja vista disto que o Justiça em
Números, também analisa e coletas os dados concernentes a isto. A produtividade e a
carga de trabalho no ano de 2016, teve um decréscimo na ordem dos 0,8%, inclusive na
estadual que teve uma diminuição liquida de 419 processos, em média por magistrado,
ficando 6775 para cada, durante o ano inteiro. Mas, por constituir em uma média, ainda
assim, a disparidade entre a produtividade por tribunal foi notável, pois o TJ que mais se
dedicou e produziu de fato, foi o do Rio de Janeiro, com 3 388, seguido após pelo de
São Paulo, com uma diferença de pouco mais de mil, já que neste cada magistrado ficou
com 2192, a diferença se centrou ainda mais entre o primeiro mencionado e último, que
foi o do Estado do Ceará, que fora somente de 929, igualmente foram os magistrados
potiguares, que a produtividade por cada magistrado, foi 962.
Contudo, a nível geral, os indicadores de produtividade por servidor, durante o
ano de 2016 cada servidor baixou, em media, 139 processos – aumento de 2% na
produtividade. A carga de trabalho bruta foi de 533 casos, computados o acervo, os
recursos internos e os incidentes em execução, na Justiça Estadual a produtividade por
servidor aumentou 3,5%. Mas houve também um decréscimo se considerarmos a carga
de trabalho líquida, pois mesmo desconsiderando os casos pendentes, que estavam
suspensos ou sobrestados ou em arquivo provisório, a carga de trabalho dos servidores
se reduziu para 472, ou seja, 62 casos a menos.
Outro ponto imprescindível, analisado pela Justiça em Números, especialmente
em um contexto globalizado, foram os Indicadores de Desempenho e Informatização,
que inclui-se a de taxa de congestionamento e o Índice de Atendimento a Demanda,
além do percentual de processos eletrônicos nos tribunais. Sobre o primeiro, a taxa de
congestionamento, que basicamente mede a quantidade de processos que ficaram
inertes, estagnados sem uma soluação material factual, comparativamente com que
foram tramitados, sob sentenças ou outras decisões. Ou seja, mede a dificuldade de cada
tribunal de solucionar as lides que ingressam na juridição. A publicação do CNJ dispõe
que: “Em toda a série histórica, a taxa de congestionamento do Poder Judiciário se
manteve em altos patamares, sempre acima de 70%. As variações anuais são sutis e, em
2016, houve aumento de 0,2 ponto percentual. Ao longo de 7 anos, a taxa de
congestionamento variou em apenas 2,5 pontos percentuais”. A taxa de
congestionamento liquida que é calculada excluindo-se os processos suspensos,
sobrestados ou em arquivo provisório. Em 2016, ela foi de 69,3%, ou seja, 3,7 pontos
percentuais a menos que a taxa total (73%). Na Estadual, ela diminui em apenas um
ponto percentual. Desse modo, infere-se que a morosidade é reflexo desse constante
congestionamento, que é também vigente na Justiça Estadual, que possui taxa de 75,3%.
A disparidade entre os tribunais dos estados é ínfima, dado que a maioria está à
cima da média dos 70%, o mais moroso consoante este índece, contraditoriamente, é o
que apresentou maior produtividade por magistrado, o TJ do Rio de Janeiro, com 80,8%
dos processos, é passível de se deduzir que este tribunal possui a maior carga processual
anual, ou seja, o maior número de demandas ingresantes. Ainda assim, o estado que
apresentou o menor índice foi com o Amapá com 46,8% dos processos, que apesar
disto, ainda assim, não é um pequeno número, já que é quase metade de todos os
processos que ingressam.
Quanto ao Índice de Atendimento a Demanda, reflete a quantidade de
processos que as cortes conseguem concluir, ou seja, é a vazão, apesar de o indicador
global no Poder Judiciário alcançar 100,3%, houve incremento do estoque, de algumas
justiças, a Estadual, todavia, conseguiu efetivar 104,5%. Analisando espeficicamente a
Justiça Estadual, se oberva que a justiça que teve o menor índice, ainda assim, ainda
permaneceu na média, atigindo a margem de 79,5% que foi a da Bahia, enquanto que o
estado do Rio Grande do Norte, atendeu 95,9% do total.
Com o desenvolvimento tecnológico visto ao longo das décadas, a
virtualização dos processos tornou-se mais do que primordial, objetivando ser um meio
para maior celeridade decisória, tendo em vista isso que o Justiça em Números, também
coleta dados acerca deste fato, a quantidade de processos ingressados eletronicamente.
“Nos oito anos cobertos pela serie histórica, foram protocolados no Poder Judiciário
67,7 milhões de casos novos em formato eletrônico. É notória a curva de crescimento
do percentual de casos novos eletrônicos, sendo que no último ano o incremento foi de
13,6 pontos percentuais e um dos maiores da série histórica”, ao enunciar isto,
passamos a perceber que esse índice somente tende a crescer, principalmente pela
crescente acessibilidade digital que se tem na atualidade, decorrentes dos mínimos
valores financeiros necessários para inclusão no meio virtual e a questão técnica. Na
Justiça Estadual a média é de que 69,9% dos processos são digitais e não mais físicos,
havendo tribunais com 100%, como o de Tocatins e de Mato Grosso do Sul, porém,
existem outros com a margem de 17,5%, o caso do Tribunal de Justiça do Espírito
Santo. Sendo por tais fatos, perceptível que a informatização tão urgente, está aos
poucos ocorrendo, para facilitar, difundir e acelerar a prestação da justiça.
Nesse sentido, por fim, a última seara indicativa avaliada pelo CNJ, acerca da
gestão judiciária e da litigiosidade publicada, foi a recorribilidade interna e externa, que
segundo a própria revista, subdividem em externa e interna, a primeira “reflete a
proporção entre o número de recursos dirigidos a órgãos jurisdicionais de instância
superior ou com competência revisora em relação ao órgão prolator da decisão e o
número de decisões passiveis de recursos dessa natureza. São computados, por exemplo,
recursos como a apelação, o agravo de instrumento, os recursos especiais e
extraordinários”. É essencial para aferição da prestação estatal, saber a quantidade de
recursos dirigidos, porque ao assegurar o direito de impetração em instâncias superioras
revisoras, ter-se-á menores chances de se aplicar penas injustas ou desproporcionais,
para os que clamam a atuação prestativa do Estado.
“A recorribilidade interna e o resultado da relação entre o número de recursos
endereçados ao mesmo órgão jurisdicional prolator da decisão recorrida e o número de
decisões por ele proferidas no período de apuracão. Nesse índice são considerados, por
exemplo, os embargos declaratórios e infringentes, os agravos internos e regimentais”.
Sob esse ínterim, constatou-se que no primeiro grau, os índices de recorribilidade são
menores, entretanto, nos graus superiores, isso não ocorre, mas sim o movimento
contrário. Na Justiça Estadual a recorribilidade interna é maior do que a externo,
deduzindo-se que, a maioria dos ramos e questões de competência desta, resolvem-se no
órgão prolator, ou seja, nos Tribunais de Justiça, 8,0% dos processos recorridos findam
nos Tjs, frente aos 5,5% que transcendem e chegam até os tribunais superiores, STJ e
consequentemente o STF, mas ainda assim, visualiza-se que a disparidade não é
exacerbada e por isso, é correta, já que somente as causas que constituem-se em
exceções, que possuem em si relevante carga social é que deveriam subir até o Superior
Tribunal de Justiça, e ao Supremo Tribunal Federal, apenas que se revestirem por
dispositivos constitucionais, temas constitucionais, protegidos pela Carta Magna
brasileira, cuja a qual a Suprema corte configura-se como guardiã.
A conciliação e a mediação, meios alternativos de resolução de conflitos, são
fundamentados no princípio da autonomia das partes, primando devido a isto, pelo
diálogo interno entre as partes e a compreensão da situação do outro, com um olhar de
fato altruísta. O novo Código de Processo Civil, teve como umas de suas características
precípuas, o grande incentivo à cultura consensualizante, frente a atual vigente
exacerbada pelas intimações a intervenção jurisdicional, ou seja, pela grande
judicialização de diversos setores sociais da vida, em que diversas vezes são questões
mínimas e pífias. Por diversas vezes vistos, como institutos jurídicos de países com
precedentes culturais mais liberais, mas hoje como meio eficaz de se efetivar à justiça
que muitas vezes, é assolada pela morosidade Judiciária e por outros fatores
processuais, por isso o NCPC(Lei n. 13.105, de 16 de marco de 2015), avançou ao
prever a realização de audiência prévia de conciliação e mediação como etapa
obrigatória, anterior a formação da lide, como regra para todos os processos cíveis,
sendo por causa disso, uma etapa processual propriamente dita.
Tendo em vista estas questões que o Conselho Nacional de Justiça, resolveu
adotar políticas de estímulo a conciliação e a mediação, após 2006, ano cujo o qual
houve a consolidação de uma postura realmente afirmativa desses meios alternativos e a
criação de um movimento de caráter nacional, criando projetos como as Semanas
Nacionais pela Conciliação, com momentos em que os tribunais são incentivados a
juntar as partes e promover acordos nas fases pré-processual e processual. Ademais, por
intermédio da Resolução CNJ n. 125/2010, foram criados os Centros Judiciários de
Solução de Conflitos e Cidadania (CEJUSCs).
Por essas razões que a publicação de 2016 da Justiça em Números, trouxe outro
índice para coleta de dados, que é o da Conciliação, que segundo a própria revista,
analisam “o percentual de sentenças e decisões resolvidas por homologação de acordo
em relação ao total de sentenças e decisões terminativas proferidas”, para saber desse
modo o real avanço destas políticas, já supracitadas, para fomento a consensualização,
tão necessárias.
Haja vista que a delimitação da competência jurisdicional para os entes
federativos, concorre para a Justiça Estadual, maiores cargas processuais, devido a isso
a análise presente irá se centrar nesta. Mas, de um modo geral, a quantidade média do
Poder Judiciário, foram que 11,9% de todas as sentenças e de decisões proferidas, foram
homologatórias de acordo em 2016. Sendo assim, desse modo, possível constatar que a
incipiência, o engatinhar ainda, da aplicação destes outros métodos alternativos, fator
totalmente natural, diante da cultura judicializante. Por isso, a Justiça Estadual não
constitui-se em uma exceção, pois a que mais avança e aplica estes meios é a Justiça
especializada Trabalhista, por causa da especificidade de seu campo de atuação, o
laboral, que em si é propício ao acordos. A Estadual encontra-se próxima das demais,
que, por exemplo, na fase de conhecimento dos juizados especiais, apresentou o índice
de conciliação de 16%, mas embora isto, 19% ocorreu na Justiça Estadual e 6% na
Justiça Federal. Na execução, os índices são menores e alcançam 5%. No 1o grau, a
conciliação foi de 13,6%. No 2o grau, a conciliação foi praticamente inexistente.
Utilizando como parâmetro comparativo o Tribunal de Justiça do estado do Rio
Grande do Norte, que apesar de possuir apenas 5 CEJUCs, mas solucionou
concretamente 17,6% do total de processos existentes ingressados, através dos meios
consensuais, ainda assim, não foi estado que mais avançou, pois o que conseguiu esse
feito, foi o estado vizinho, o Ceará, com 25%. Porém, de todo modo, ao analisarmos
essa porcentagem frente a total, torna-se observável que dentro das limitações fáticas
sociais, esse foi um bom número inicial, com isso, é possível ainda vislumbrar que
progressivamente haverá a possibilidade material de se chegar perto da realidade da
Justiça laboral e após alguns anos, de grandes países que são referências, pelo fato de
que estes começaram o processo de fomento décadas antes. Igualmente, está o segundo
grau de jurisdição do TJ do RN, que também apresentou um acréscimo de 18,8%, frente
também da média nacional, mesmo que infimamente.
O Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte obteve o melhor índice de
cumprimento da Meta 1 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), no ano de 2016, entre
os 27 tribunais da Justiça Estadual, segundo o balanço final das metas divulgado pelo
órgão, consolidadas durante o mês de janeiro de 2017. Esta meta analisa o julgamento
de número maior de processos do que os distribuídos no ano.
O TJRN alcançou o percentual de 154,12% de cumprimento deste objetivo,
tendo julgado 363.867 processos entre janeiro e dezembro do ano passado, enquanto
foram recebidos 236.091 novos processos no mesmo período pela Justiça Estadual
potiguar. O segundo melhor desempenho é do TJ do Amapá, com 125,68%. O maior
Poder Judiciário do país, o Tribunal de Justiça de São Paulo – o maior do país – ficou
em terceiro lugar com 123,62% da meta cumprida.
O índice obtido em 2016 é quase o dobro do registrado no ano anterior. Em
2016, o Tribunal de Justiça potiguar havia cumprido 88,33% da meta nacional, tendo
julgado 141.444 processos naquele ano e recebido outros 160.136 processos novos. O
resultado de 2017 representa, portanto, uma melhora de 74,8% no desempenho do
TJRN em relação ao ano de 2015.
Edição de 2018
3 CONCLUSÃO