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Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação

XXVII Encontro Anual da Compós, Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, Belo Horizonte - MG, 05 a 08 de junho de 2018

A produção de conhecimento no jornalismo:


transformações e renovações do cenário contemporâneo1
The production of knowledge in journalism:
transformations and renovations of the contemporary
landscape
Carlos Eduardo Franciscato2

Resumo: Este paper propõe realizar uma releitura da produção de conhecimento


no jornalismo. Partimos da tese clássica do jornalismo como uma forma social de
conhecimento e sugerimos um deslocamento de olhar: pensar os modos de
produção deste conhecimento no jornalismo, procurando, nessa mudança, enfatizar
os elementos, processos e contextos sociais que participam desta produção. A
pesquisa foi desenvolvida no método dedutivo e aplicou técnicas de pesquisa
bibliográfica para investigar o cenário contemporâneo do jornalismo e a
construção do modelo de produção de conhecimento em jornalismo. Foram
aplicadas categorias macrossociais como conhecimento, tecnologia, capital social
e inovação. Por fim, reconhecemos a importância da noção de “instituições
intermediárias”, de Berger e Luckmann, para superar uma oposição entre teoria da
mediação e da construção nos estudos de jornalismo.

Palavras-Chave: Jornalismo. Conhecimento. Construção Social.

Abstract: : This paper proposes a new reading of the production of knowledge in


journalism. First, we deal with the classic thesis of journalism as a social form of
knowledge and suggest a shift of perspective: to think of process of producing
knowledge in journalism, seeking to emphasize the elements, processes and social
contexts that participate in this production. The research was developed in
deductive method and techniques of bibliographic research to investigate the
contemporary landscape of journalism and the propose of building a knowledge
production model in journalism. Macrossocial categories such as knowledge,
technology, social capital and innovation were applied. Finally, we recognize the
importance of Berger and Luckmann's notion of "intermediary institutions" to
overcome an opposition between theory of mediation and construction in
journalism studies.

Keywords: Journalism. Knowledge. Social Construction.

1. Introdução
Esse trabalho debruça-se sobre o cenário contemporâneo de transformações do
jornalismo e de insegurança quanto à preservação de seu estatuto como instituição com papel

1
Trabalho apresentado ao Grupo de Trabalho Estudos de Jornalismo, do XXVII Encontro Anual da Compós,
Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, Belo Horizonte - MG, 05 a 08 de junho de 2018.
2
Universidade Federal de Sergipe, Doutor, cfranciscato@uol.com.br.

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de mediação social, exercido por meio da produção de um discurso capaz de gerar, para a
sociedade, um tipo particular de conhecimento do mundo. Mais especificamente, o
argumento proposto busca considerar um fator reconhecido pela literatura recente sobre o
jornalismo: há uma profunda alteração nas organizações jornalísticas, seja em seu
direcionamento para ação em um mercado, seja na estrutura de produção das notícias, seja
nos reflexos sobre práticas e atores (tradicionalmente os jornalistas) envolvidos no processo,
seja no seu produto final (o conteúdo noticioso). Se estas transformações colocam em xeque
boa parte dos alicerces sobre os quais o jornalismo foi historicamente construído, como é
possível manter a premissa de que ele constrói simbolicamente o mundo social (pelo menos
seu cotidiano)?
Procuramos explorar essa questão em três momentos neste paper. O primeiro destinou-
se a dimensionar a “transformação” ou a “crise” do jornalismo, bem como seus possíveis
desdobramentos. É reconhecido o profundo efeito das tecnologias digitais e suas apropriações
sociais como uma forte vertente que afeta estruturalmente o jornalismo. Entretanto, optamos
por alargar esta premissa, mostrando tanto a diversidade de tecnologias e de efeitos sobre
práticas sociais como o jornalismo quanto a interação entre fatores de níveis variados, como o
econômico e o político. A crise de legitimidade do jornalismo como um produtor de discursos
verazes sobre o mundo é um exemplo do entrelaçamento desses níveis, com suas raízes em
fatores tecnológicos, econômicos e políticos.
Um segundo momento buscou retomar a literatura em jornalismo como uma forma
social de conhecimento. Embora esta abordagem pareça sólida e estável na recente tradição
de pesquisa em jornalismo, optamos por problematizá-la ao defrontar suas teses com a
realidade descrita acima. Se o jornalismo possui este entranhamento no conhecimento do
mundo social, como a sociedade pode estar tão convictamente questionando seu papel social
e crendo que, eventualmente, pode prescindir dele na comunicação cotidiana? Arriscaremos
aqui uma trajetória de diálogo interdisciplinar como método lógico para delinear uma noção
de conhecimento no jornalismo mais abrangente e mais plural, incorporando filiações de
diferentes correntes de estudo. A interdisciplinaridade será o procedimento analítico para este
esforço de reformulação, por meio da qual esperamos acrescer uma contribuição para o
entendimento desse aspecto.
O terceiro momento executou um pequeno deslocamento neste percurso. Em vez de
olhar o jornalismo como conhecimento produzido, o esforço será concentrar-se sobre o ato de

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produzir conhecimento. Seguiremos Giddens quando ele se refere à “reflexividade do


conhecimento” como um movimento de mútua influência: o conhecimento se realiza não
apenas como um discurso sobre o mundo social, mas contribui para constituir este mundo, ao
mesmo tempo em que a experiência social altera o conhecimento. “O conhecimento novo
(conceitos, teorias, descobertas) não torna simplesmente o mundo social mais transparente,
mas altera sua natureza, projetando-a para novas direções” (GIDDENS, 1991, p. 153).
O foco específico será o jornalismo não como forma social de conhecimento, mas como
produção social de conhecimento. Ou seja, olhar o jornalismo como prática, como ato, e não
como produto. E sistematizar que componentes participam nesse processo de produção, na
medida em que o jornalismo é um sujeito histórico, multifacetado, entranhado nos
condicionantes sociais, econômicos, políticos e culturais dos lugares e tempos em que se
realiza. Como sujeito, ele é um agente de sua época: o conhecimento produzido é também
produtor do ambiente, instrumento para geração de processos e conhecimentos sociais e
ferramenta para desenvolvimento social. Como ferramentas analíticas para essa investigação
utilizaremos noções de mediação, capital social e inovação, assim como diagnósticos sobre o
grau e a intensidade das transformações na atividade jornalística.
É neste momento que o cenário contemporâneo do jornalismo aponta questões
concretas a serem enfrentadas. Entre elas, a redefinição de padrões e processos jornalísticos
com as tecnologias digitais em rede, a perda de fôlego do modelo de negócios condensado
em um perfil de grande empresa jornalística, a redefinição do lugar e papel dos públicos em
todo o processo de circulação jornalística e, em consequência, os efeitos para a profissão e a
identidade do jornalista. Entendemos que um fenômeno é aglutinador de boa parte dos
aspectos ligados a estas questões: o encolhimento das grandes empresas jornalísticas como
protagonistas da atividade e o surgimento de organizações menores, mais flexíveis em
relação ao típico padrão de empresas comerciais. Estas novas organizações usam as
tecnologias digitais como vantagens comparativas pela alta capacidade de renovação de
processos e práticas, abrindo margens para ações inovadoras no campo, com reforço à
experimentação e autonomia dessas organizações.
A pesquisa realizada neste trabalho, baseada no método dedutivo, aplicou técnicas de
pesquisa bibliográfica em dois momentos: na percepção do cenário contemporâneo do
jornalismo e na construção do modelo de produção de conhecimento em jornalismo. No
primeiro, optamos por delimitar uma literatura mínima com ênfase sobre o cenário norte-

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americano de transformações no jornalismo, tanto por seu caráter de protagonismo nos


modelos ocidentais de jornalismo e, de certa forma, antecipador das tendências futuras do
jornalismo quanto pelas suas semelhanças com o modelo brasileiro. No segundo aspecto,
utilizamos uma literatura de referência que pudesse sustentar o uso de conceitos centrais para
a estruturação do modelo.

2. Transformações na organização jornalística como produtora de conhecimento


O surgimento da Internet pública e comercial na década de 1990 inaugurou uma nova
leva de discursos de crise sobre o jornalismo, devido às prováveis graves consequências que a
nova plataforma digital traria tanto para o jornalismo no seu suporte impresso quanto,
posteriormente, para a própria atividade jornalística, ao criar um ambiente interativo de livre
circulação e troca de informação entre os usuários da rede. Diferentes diagnósticos apontaram
para efeitos específicos: se o que havia entrado em crise era a instituição jornalística em seus
valores e legitimidade social para cumprir seu papel, se a crise era do modelo de negócios
que operava com o jornalismo ou se a crise estava na profissão, ameaçada em seu estatuto e
na emergência de novos atores.
Mas os sintomas dos problemas que têm sido enfrentados pelo jornalismo apenas
parcialmente são influências do ambiente digital. O modelo de jornalismo comercial tem
tensionado valores jornalísticos em diferentes situações. Kovach e Rosentiel (2004)
reconheceram, em uma pesquisa com jornalistas norte-americanos entre 1997 a 2000,
influências comerciais que comprometeriam o exercício da atividade. Por isso, os autores
propuseram nove princípios de ação para continuar a cumprir seu papel de serviço público à
sociedade, condição para preservação da atividade:
Mesmo antes da explosão das tecnologias e redes sociais digitais, Meyer (2004) já
investigava o modelo de negócios e buscava saídas para tornar essas empresas lucrativas
frente a ameaças de um cenário econômico adverso. Sua hipótese, na época, foi testar se
aspectos de qualidade jornalística (como a precisão na informação) poderiam ser
impulsionadores de lucros. Seus dados tenderam a direcionar que sim, mas o autor não foi
incisivo nesta tese, e preferiu encerrar seu estudo apostando que as ações imediatas devem
partir dos jornalistas e da academia, sem esperar por estratégias empresariais de investimento
em jornalismo de qualidade. Meyer voltou ao tema em 2008 para constatar tanto que

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subestimou a velocidade dos efeitos da Internet quanto para ser mais pessimista sobre o
futuro dos jornais: “O fim do jogo para os jornais está à vista” (2008, p. 1).
O diagnóstico dos efeitos colaterais perversos do comercialismo e da Internet foi
também reconhecido por Schudson (2009) em uma pesquisa sobre o jornalismo dos Estados
Unidos. O autor constatou uma situação de “transformação”, em que a grande mídia
jornalística perde fôlego financeiro e comercial e, ao mesmo tempo, surge uma diversidade
de atores na apuração, financiamento e compartilhamento de conteúdo jornalístico,
impulsionados pela infraestrutura que as redes digitais oferecem. Isso não seria, no entanto,
um processo de evanescência do próprio jornalístico na sociedade, que continuam relevantes,
mas de suas organizações tradicionalmente constituídas.
Além da preocupação em preservar a instituição jornalística e do cenário incerto sobre
as organizações que o produzem, o futuro do jornalismo como atividade e como profissão é
também um objeto a ser compreendido nessas transformações. Relatório do Reuters Institute
for the Study of Journalism, produzido em 2014 por Philipp Rottwilm, reconhece a perda de
empregos nas grandes organizações jornalísticas, insere o fenômeno em tendências mais
amplas do trabalho nas sociedades ocidentais e aponta para um tipo de trabalho com menos
vínculo formal, focado principalmente na autonomia, na cooperação entre profissionais, em
parcerias com empresas jornalísticas ou mesmo em tornar-se empresários independentes.
Aumenta a flexibilidade e também a precariedade das relações trabalhistas.
A gradativa perda de centralidade das indústrias jornalísticas e, em consequência, das
‘redações jornalísticas’ como lugares de construção e definição de uma prática e de uma
identidade profissional é uma das percepções apresentadas por Deuze e Witschge (2017) para
sustentar sua tese (“Beyond journalism”) de que a configuração da profissão está além destes
ambientes estáveis. Em vez disso, deve ser vista em situações de rede (“networked
journalism”), onde a prática se estende e se mostra dependente desta situação de
conectividade com outros jornalistas, fontes de informação e públicos constantemente
acessíveis online.
Também seria característico desse novo perfil profissional o deslocamento do jornalista
para constituir-se como empreendedor autônomo responsável por conceber e conduzir
empresas inovadoras de base tecnológica (as startups). É o que Deuze e Witschge
caracterizam como “a emergência de uma cultura global de startup no jornalismo” (2017, p.
10) em que, além da autonomia, oferecem possibilidades de atuar complementarmente às

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grandes empresas na cadeia produtiva, muitas vezes em parceria. Isto revela uma nova
configuração do sistema de mídia jornalística, em que as organizações consolidadas
estimulam a criação de divisões ou unidades separadas para que estas assumam o risco e os
custos da inovação. Nestas startups o jornalista é condutor do seu projeto jornalístico, com
possibilidade de maior independência editorial e regimes de trabalho mais flexíveis. A
mudança em curso, no entanto, não é fragmentada ou concentrada em alguns aspectos.

2. Jornalismo e produção de conhecimento: uma atualização do tema


A centralidade da mídia jornalística na oferta de conteúdos que se tornam referência
para os indivíduos conhecerem o mundo social em que vivem tem sido uma tese defendida
com insistência nos estudos de jornalismo. Formulada predominantemente no ambiente da
sociologia do conhecimento no século XX, sua utilização busca sedimentar a compreensão de
três aspectos complementares: definir o jornalismo como uma forma de conhecimento,
caracterizar o tipo de conhecimento produzido e apontar o impacto, na sociedade, dessa
produção de conhecimento. Neste item do paper, recuperamos alguns enunciados produzidos
pela literatura de referência e executamos um movimento de diálogo interdisciplinar com
estudos que fundamentam a noção de conhecimento a partir de outros matrizes teóricos.
Acreditamos que a proposta de uma análise articulada entre esses estudos, mesmo que
operada sob riscos de uma aproximação entre tradições diversas, corresponderá a uma
demanda contemporânea de compreender o jornalismo em sua complexidade.
A interdisciplinaridade tem sido anunciada como uma das novas vocações da ciência
contemporânea. O termo “integração” (entre disciplinas, campos, conhecimentos, métodos,
objetos etc) costuma ter um sentido relativamente comum para designar sua potencialidade.
Essa integração pode ocorrer em um aspecto conceitual ou pragmático, realizando-se em três
níveis (HUUTONIEMI et al 2010): a) envolvendo a integração entre dados empíricos
gerados por diferentes métodos de coleta de dados, com vistas a enfrentar um problema de
pesquisa interdisciplinar; b) integração ou combinação entre diferentes aplicações
metodológicas, utilizadas em um contexto interdisciplinar; e c) síntese, contraste ou
combinação de conceitos e modelos, ou desenvolvimento de novas aplicações teóricas entre
mais de um campo científico. Se considerarmos que estes três níveis indicam, na verdade,
graus de integração, podemos entender o nível “c” (conceitual) como o de maior força

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integrativa. Neste paper pensaremos, então, a interdisciplinaridade conceitual como nível


necessário para pensar a produção de conhecimento em jornalismo.
Para considerar a perspectiva do jornalismo como produtor de conhecimento, um
panorama rico se constituiu em estudos que olharam para a singularidade das formas e dos
conteúdos produzidos, bem como do processo de produção. Mais de um caminho foi
percorrido: buscas de natureza ontológica (o que é a realidade conhecida pelo jornalismo),
epistemológica (como se dá a construção do conhecimento pela atividade jornalística e o seu
grau de validade) e também uma natureza social prática, interacional (envolve o lugar e o
papel da instituição na sociedade e as formas como os atores jornalísticos atuam na
construção desse conteúdo em conexão com outros atores e conteúdos sociais).
Um dos autores mais frequentemente citados nessa perspectiva é Robert Park, ao
publicar, em 1955, o artigo “News as a form of Knowledge” (1955). Seu argumento parte de
uma tentativa de categorização do conhecimento humano para tentar localizar a
especificidade do conhecimento produzido pelo jornalismo. Em linhas gerais, Park vai
defender que o jornalismo produz um conteúdo que gera um conhecimento particular da
realidade, diferente do conhecimento científico, reflexivo e sistemático (que Park denomina
de “knowledge about”, citando Willian James) e o conhecimento obtido em nossa vida diária
(ou do senso comum), em uma relação de familiaridade com as coisas do mundo, resultando
em uma percepção assistemática e a-reflexiva (denominada por Park de “acquaintance
with”).
Genro Filho (1987, p. 57-58) considerou essa divisão “redutora” ao excluir o aspecto
das contradições internas presentes, por exemplo, no “senso comum” e ao valorizar sua
dimensão integradora. Ao mesmo tempo, reforçou essa ideia de que o conhecimento
jornalístico “constitui, de fato, um ‘gênero’ e não apenas um ‘grau’ de abstração” e, a partir
dela, enunciou sua tese principal: “...o jornalismo é caracterizado como uma forma de
conhecimento centrada no “singular” (GENRO FILHO, 1987, p. 14). Meditsch (1998, p. 28)
procurou refinar essa formulação: “...o Jornalismo não revela mal nem revela menos a
realidade do que a ciência: ele simplesmente revela diferente”. E, neste caso, pode revelar de
forma única, singular, que, por exemplo, escape à metodologia das ciências.
Essas diferentes percepções do problema do conhecimento no jornalismo (ontológica,
epistemológica e prática) espalham-se pela literatura mais recente. Da primeira, podemos
apresentar o argumento de Pontes: “O jornalismo, como forma de conhecimento, tem por

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tarefa revelar a essência, sem, no entanto, isolar essa essência em relação ao fenomênico”
(2015, p. 364). Por Meditsch podemos exemplificar as duas demais: “...o Jornalismo produz e
reproduz conhecimento, não apenas de forma válida mas também útil para as sociedades e
seus indivíduos” (MEDITSCH, 1998, p. 35).
Cremos que um avanço nessas abordagens foi obtido com o direcionamento da
problematização para o processo de construção desse conhecimento. Rodrigo Alsina nos
orienta a olhar para a dimensão representacional desta produção: “...a notícia é uma
representação social da realidade quotidiana, produzida institucionalmente e que se manifesta
na construção de um mundo possível” (RODRIGO ALSINA, 2009, p. 299). Além disso,
atenua uma possibilidade de leitura determinista da instituição jornalística: “...não devemos
vincular o conceito ‘construção da realidade’ única e exclusivamente com a prática
jornalística” (2009, p. 46), o que exige levar em conta outras mídias e as interações com as
audiências. E o trabalho do jornalista não é construir o “mundo real” nem o “mundo de
referência”, mas o “mundo possível”: este “...é o mundo narrativo construído pelo sujeito
enunciador, a partir dos outros dois mundos citados” (2009, p. 210). Esses três mundos
estariam inter-relacionados.
Esta problematização do conhecimento a partir do seu processo de produção fica mais
explícita em autores como Sponholz (2009) e Guerra (2008). Pela primeira autora, “...o
jornalismo é um tipo de processo de conhecimento” (SPONHOLZ, 2009, p. 79) em que
“Como qualquer outro tipo de processo de conhecimento, não consegue espelhar a realidade
porque este processo é sempre perspectivo, seletivo e construtivo” (2009, p. 105). Guerra
procura enfrentar esse problema a partir da formulação de um “percurso interpretativo”
(2008, p. 122) do trabalho jornalístico, propondo um conjunto de categorias analíticas para
“sistematizar o processo de conhecimento do fato pelo jornalista na produção da notícia”
(GUERRA, 2008, p. 123).
A perspectiva interdisciplinar para análise deste tema se torna promissora quando
lembramos que um dos autores considerados clássicos na concepção do jornalista como
produtor de conhecimento não foi um estudioso do jornalismo, mas das ciências sociais em
geral. A obra de Berger e Luckmann, A construção social da realidade: tratado de sociologia
do conhecimento (1978) é uma referência na perspectiva construcionista nos estudos de
jornalismo - embora o jornalismo praticamente não seja considerado, e mesmo os meios de
comunicação de massa apareçam apenas em curtas passagens. “Para os autores, naquela obra,

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‘o veículo mais importante da conservação da realidade é a conversa’ (...), e não os meios de


comunicação de massa” (MEDITSCH, 2010, p. 24). Apesar disso, conceitos como “estoque
social do conhecimento” (BERGER; LUCKMANN, 1978, p. 64), instituição e tipificação
tornaram-se centrais para fundamentar essa abordagem construcionista em vários ramos da
comunicação.
Ao mesmo tempo, é em uma obra recente de Berger e Luckmann – Modernidade,
Pluralismo e Crise de Sentido – A orientação do homem moderno (2012) – que encontramos
uma fecunda atualização da abordagem construcionista e novas potencialidades de aplicação
para o jornalismo. Os autores baseiam-se em uma perspectiva institucionalista que ressalta a
“importância das instituições para a orientação do ser humano dentro da sociedade”
(BERGER; LUCKMANN, 2012, p. 56) e reconhecem a existência do papel de mediação que
certas instituições exercem na sociedade. Só que, nesta obra, a mediação não é vista do
ponto-de-vista cognitivo (em que o indivíduo só conheceria a realidade por meio dessas
instituições), mas na perspectiva interacional intersubjetiva: as instituições intermediárias são
mediadores de sentido na sociedade por serem delas que os sentidos comuns circulam entre
grupos sociais diversos e se sedimentam no conjunto da sociedade. Este aspecto será
retomado ao final deste paper, com a aplicação deste modelo interpretativo na compreensão
da produção de conhecimento no jornalismo.

3. A produção de conhecimento em jornalismo como experiência interdisciplinar


Neste item, iremos explorar como estes campos tratam da produção de conhecimento
considerando noções como aprendizado e inovação e sua inserção em espaços e campos
sociais concretos, o que nos possibilitará visitar conceitos como desenvolvimento e capital
social:

a) Produção de conhecimento: tipos, atores e relações


A atividade jornalística mobiliza um conjunto diversificado de conhecimentos para
sua execução, oriundos de competências diferenciadas de atores sociais ao se relacionarem
com o jornalismo. Iremos destacar três tipos (FRANCISCATO, 2015), embora esta divisão
seja um pouco esquemática. O primeiro tipo (“conhecimento acadêmico”) tem seu foco na
academia, que tem sido um núcleo de geração, transmissão e estimulo à experimentação de
conhecimentos que orientam práticas profissionais. É de natureza acadêmica próprio do

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campo científico, com subdivisões em áreas, especializações e disciplinas3. Embora tenha


bases epistemológicas, parte do campo científico é constituído também por lógicas
interacionais, institucionais e de posse e busca (“luta”) por capital simbólico (BOURDIEU,
2004). Assim, se quisermos adotar a categoria de “campo jornalístico” a partir de Bourdieu,
podemos recortar um subcampo, denominado “campo acadêmico” ou “científico” do
jornalismo, constituído e consolidado em inúmeros países durante o século XX. Neste campo
circulam tipos predominantes de conhecimento, os analítico-conceituais e os normativo-
profissionais, ambos de natureza reflexiva. A competência requerida para seu uso está na
aceitação da lógica do método científico.
Um segundo tipo de conhecimento (“conhecimento especializado”) encontra-se no
setor produtivo, termo tomado de empréstimo do campo econômico para demarcar o lugar
onde são mobilizados atores, estruturas, dinâmicas organizacionais, recursos materiais e
humanos para a produção efetivo de conteúdos jornalísticos. Conforme citado anteriormente,
as empresas comerciais constituíram-se, a partir do século XIX, como o principal perfil
organizacional de produção jornalística, conquistando legitimidade e valor social para tentar
executar as obrigações que a atividade jornalística demanda. Ao se tornarem atividade
industrial, adquiriram competências que exigem uma tecnicalidade para sua execução. Assim,
este subcampo do jornalismo tem uma configuração tecnicista: o conhecimento especializado
é aquele produzido por atores com domínio e saber técnico em uma área específica, gerando
um saber complexo, envolto em técnicas, práticas, procedimentos e regramentos, mas não
necessariamente científico.
Tal modo pode ser mais bem compreendido a partir da conceituação de Giddens de
“sistemas peritos”, os quais, para o autor, são “sistemas de excelência técnica ou competência
profissional que organizam grandes áreas dos ambientes material e social em que vivemos”
(1991, p. 35). O jornalismo é um sistema perito porque confiamos na competência técnica do
jornalista e em seu compromisso de procurar relatar fatos socialmente relevantes de forma
equilibrada, com a exatidão possível e com intenção de fidelidade ao real.
O terceiro tipo de conhecimento (que denominamos precariamente de “conhecimento
leigo”) resulta de noções não sistematizadas nem operacionalizadas sobre o jornalismo. Este
é o conhecimento que o público tem sobre o jornalismo: não domina suas técnicas, seus

3
“A disciplina é definida pela posse de um capital coletivo de métodos e conceitos especializados cujo domínio
constitui o requisito de admissão tácito ou implícito no campo.” (BOURDIEU, 2004, p. 92).

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procedimentos, nem seus conceitos, mas tem uma noção elementar do que é o jornalismo e
do papel dele em suas vidas. Neste conjunto de saberes situam-se tanto a crença do público
na funcionalidade do sistema perito do jornalismo quanto nos valores, curiosidades,
interesses e expectativas que, ao serem captadas pela organização jornalística, são, em
alguma medida, incorporadas pelos jornalistas na sua prática e contribuem para a
conformação do produto noticioso. Este subcampo é o mais difuso entre eles, pois não pode
ser localizado em atores particulares, nem competências ou conhecimentos.
É possível reconhecer uma tensão entre o primeiro conjunto de conhecimentos sobre o
jornalismo, constituído em tradições humanísticas, e o segundo tipo de conhecimento, de
natureza sistêmica, administrativa e tecnológica, em que um corpo de “técnicos peritos”
estabelece princípios de produção e eficiência não apenas dos processos, mas também
submetendo os produtos e essas lógicas. Assim, um empreendimento interdisciplinar exige a
superação deste tensionamento e das formas como este se espalha para diferentes formas de
tratamento do jornalismo, em particular sobre a noção de conhecimento produzido, já que a
produção de conhecimento pode ser visto sob um viés humanístico ou tecnicista.
Entendemos que tais premissas são aplicáveis também no mapeamento de atores,
ambientes, princípios e práticas que compõem a produção de conhecimento em jornalismo. A
prática jornalística é cada vez menos conduzida pelo saber de autoridade do jornalista e de
seus especialistas e exige, cada vez mais, uma postura relacional: multiplicam-se conexões de
vários níveis, movimentos de atravessamento de lugares institucionais fixos e encontros
inusitados.

b) Aprendizado e inovação na produção de conhecimento


Os estudos de “economia do aprendizado” têm trazido aportes fecundos para pensar a
produção de conhecimento nas organizações. Seu foco são as organizações produtivas, mas,
ao perceberem a dimensão interacional do aprendizado, as relações humanas e o uso de
ferramentas tecnológicas, expandem o leque de problemas a serem enfrentados, bem como
fornecem chaves analíticas. Johnson e Lundvall (2005, p. 86) explicam que esta perspectiva
adequa-se ao ritmo de mudanças em um ambiente e apontam modos de entender a formação e
destruição do conhecimento especializado. Por aprendizado, os autores consideram o
“...desenvolvimento de novas competências e ao estabelecimento de novas capacitações”
(2005, p. 86-87) assim como “...aquisição de diferentes tipos de conhecimento, competências

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e capacitações que tornam o agente do aprendizado – seja um indivíduo ou uma organização


– mais bem-sucedido na busca de suas metas” (2005, p. 102).
Essa perspectiva de estudos nos auxilia a ampliar a noção de conhecimento que até
então vínhamos trabalhando. Além dos três tipos de conhecimento em jornalismo apontados
no item anterior, há outra gradação necessária: de um lado, há um conjunto de conhecimentos
denominados “tácitos” referidos a uma “saber-fazer” não sistematizado, normalmente
decorrente da experiência profissional e transmitido em situações interacionais e com
estruturas cognitivas próximas ao do senso comum. Neste, ambientes altamente
socializadores como a redação de um jornal ou o pertencimento a uma profissão (a
“comunidade jornalística” é uma situação de trocas entre jornalistas sobre o que é a profissão,
seus princípios e regras) acumulam o “estoque social de conhecimento” da profissão. “O
conceito de conhecimento tácito implica não ser possível separar o conhecimento e o seu
portador (um indivíduo ou uma organização)” (JOHNSON; LUNDVALL, 2005, p. 103).
De outro lado, há os chamados conhecimentos “codificados”, “especializados” ou
“explícitos”, aqueles decorrentes tanto de uma sistematização de conhecimentos técnicos
associados a uma tecnologia de produção quanto aqueles que foram sistematizados a partir da
experiências acumuladas anteriormente como conhecimentos tácitos. O conhecimento
codificado traz tanto a eficiência de regras funcionais de operação e comportamento quanto a
possibilidade a possibilidade de sua cópia na forma de manuais técnico. Os clássicos
“manuais de redação” nos jornais tendem a combinar esses dois tipos de conhecimento.
Problematizar, portanto, a produção de conhecimento em jornalismo implica
considerar o ambiente social, a variedade e competência técnica dos atores institucionais
envolvidos, a qualidade das interações entre eles, os tipos de “estoque social de
conhecimento” disponíveis, as tecnologias disponíveis e o acesso às inovações, bem como a
capacidade de aprendizado por parte dos jornalistas. Isso quer dizer que as formas de
aprendizado do futuro jornalista sobre a sua profissão requerem tanto um aprendizado
interativo (para a transferência do conhecimento tácito) quanto a instrução formal para a
transmissão do conhecimento técnico e acadêmico.

c) Fatores espaciais e capital social na produção de conhecimento


Produzir e transmitir conhecimento em jornalismo são práticas que dependem
fortemente das interações e dos ambientes sociais em que se realizam. Isto, é claro, são

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princípios que atravessam fronteiras disciplinares específicas, embora a literatura sociológica


tenha avançado na exploração dos mecanismos destas interações. Trazemos dela o conceito
de capital social (BOURDIEU, 1986), embora também na economia do conhecimento e do
aprendizado este fator seja condicionante da produção e do desenvolvimento social. Bourdieu
aplica o conceito de capital social para reconhecer a constituição e permanência de relações
(redes ou parcerias) estáveis entre pessoas e grupos e os benefícios simbólicos que esta
condição de pertencimento ao grupo fornece para o indivíduo. Esses benefícios estariam na
forma de “créditos” que os atores obtêm por carregarem as vantagens (simbólicas ou
materiais) da presença em um grupo social. Esta participação em situações de contato estável
e durável com outras pessoas cria condições para a obtenção e acumulação de recursos
simbólicos. O volume deste capital social depende do tamanho da rede de conexões sociais
que um agente pode efetivamente mobilizar.
Como o jornalismo é uma atividade essencialmente social, a base de sua produção de
conhecimento encontra-se na estrutura das relações sociais que estabelece, o que significa
uma tendência para obter contatos e se relacionar com fontes de informação, criando redes de
trabalho. A qualidade dessa interações é diversificada, pois a competência técnica do
jornalista exige dele penetração em áreas de conhecimento díspares e a obtenção delas
recursos para a produção do conteúdo jornalístico. Tais práticas constituem requisitos básicos
para o exercício profissionais, mas são potencializados pela Internet, nos benefícios obtidos
pelos jornalistas com domínio dos recursos das plataformas e redes sociais digitais.
Assim, visualizamos na produção jornalística uma base de conhecimentos que é
interacional e estrutural, onde o ambiente concreto em que o jornalista e a organização se
inserem delimitem as possibilidades de produção do conteúdo. Esta base depende também de
um estoque (prévio) de conhecimento desses atores, tanto tácito quanto técnico e conceitual.
É importante lembrar que os valores sociais ético-normativos podem compor também o
estoque de conhecimentos circulantes em interações sociais e ser recurso para valorizar o
capital social.

d) A produção de conhecimento em organizações inovadoras


Lastres, Cassiolato e Arroio (2005, p. 33) consideram o capital social como o “tecido
sobre o qual a criatividade humana e a capacidade inovativa podem ser desenvolvidas” . A
base desse tecido é composta pela diversidade de noções e sentidos sobre o mundo,

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historicamente acumulados e em constante modificação. São sentidos de diferentes ordens,


remetendo a ancestralidades, tecnicalidades, práticas e interações sociais que geram modos de
agir no mundo. A produção de conhecimento em jornalismo é, então, lastreada por essa
malha de recursos e referências que sustentam os modos de vida e as possibilidades de
desenvolvimento social, assim como pelas condições de geração de novos conhecimentos que
consigam dar conta dos problemas práticos da atividade jornalística.
Em linhas gerais, ao se pretender olhar os modos, recursos e infraestruturas que
possibilitam a geração de conhecimento no jornalismo, o termo “inovação” surge de forma
recorrente tanto na linguagem do senso comum quanto na literatura técnica e acadêmica. As
ciência de base tecnológica, como as engenharias, foram pioneiras na adoção da expressão,
apropriada também por ciências sociais aplicadas como a economia e administração (TIGRE,
2006). É compreensivo então que, na tradição dessas áreas do conhecimento, o termo tenho
sido mais utilizado para estimular pesquisas aplicadas no desenvolvimento de processos ou
produtos, mais próprias da pesquisa experimental, ou para diagnósticos sobre os modos de
produção de conhecimentos e intervenções sobre a realidade. Seu uso tem apresentado uma
baixa formulação conceitual.
Cconsiderar uma inovação no jornalismo não pode ficar restrita apenas à dimensão
empresarial-industrial do jornalismo, mas deve englobar fluxos inovativos que brotam das
comunidades sociais e atravessam organizações. Em outro trabalho (FRANCISCATO, 2010),
enfatizamos que a noção de inovação no jornalismo deve ter um tratamento integrado em três
dimensões: tecnológica, organizacional e social. No aspecto teórico-metodológico, Pinheiro
et al (2014) investigaram a produção científica brasileira sobre inovação ocorrida a partir de
2005 até 2012 e perceberam uma abordagem multidisciplinar das pesquisas, com esforço em
isolar empiricamente este objeto e gerar análises sobre características, etapas, tipologias,
formas, graus e impactos da inovação nos processos produtivos e na sociedade.
A perspectiva multidisciplinar acaba, no entanto, sendo insuficiente para a analisar a
inovação no jornalismo, pois fragmenta o objeto em olhares múltiplos, mas não convergentes.
Ao mesmo tempo, uma proposta interdisciplinar necessita integrar a observação do processo
de desenvolvimento de produtos e processos inovadores em relação às condições
econômicas, sociais e culturais de ambiente. A inovação é um processo interativo e não se
limita aos setores tecnológicos mais avançados ou organizações mais estruturas
economicamente (Johnson; Lundvall, 2005).

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Talvez uma das possibilidades de observar a produção de conhecimento em jornalismo


como um processo integrado e interdisciplinar seja adotar o modelo de análise sobre
“sistemas de inovação” utilizado nos estudos de gestão da inovação. Nestes, atores sociais,
econômicos e políticos são analisados em interação dentro de um mesmo espaço social,
criando as condições favoráveis para a produção do conhecimento. Este modelo, de base
econômica, guarda semelhanças ao proposto para capital social na sociologia. Assim, ambos
dão destaque à localização, interação e ação dos atores em espaços sociais delimitados.
A capacidade inovadora de uma organização jornalística estará atrelada, então, ao perfil
dos demais atores econômicos em um espaço social, assim como aos agentes
governamentais, escolas de formação e pesquisa e organizações da sociedade civil. São estas,
por sinal, na sua capacidade de reverberação dos conteúdos produzidos pelos jornais, que
podem introduzir demandas e valores oriundos da base viva da sociedade. “...diferentes
contextos e sistemas cognitivos que são fundamentais na geração, uso e difusão de
conhecimentos e de capacitações produtivas e inovativas” (LASTRES; CASSIOLATO;
ARROIO, 2005, p. 42).
O alastramento dessas redes de interação social pode oferecer, ao jornalismo, um
anteparo à forte influência do mercado e sua tendência em transformar o conhecimento em
mercadoria. “O processo de comercialização é problemático, visto que tende a solapar os
modos mais importantes de produção e uso do conhecimento, os quais tipicamente envolvem
trabalho em rede e compartilhamento do conhecimento” (JOHNSON; LUNDVALL, 2005, p.
92).
A ampliação do número e da diversidade de atores produzindo jornalismo em
organizações com maior autonomia aos grandes agentes controladores do mercado
constituem, em si, uma proposta inovadora de reestruturação do campo do jornalismo. Se o
mercado aponta para a mercantilização do conhecimento a ser produtivo pelas empresas
jornalísticas tradicionais, o surgimento de novas organizações têm condições de restabelecer
vínculos com as comunidades da sociedade civil.

4. Produção de conhecimento e mediação jornalística


O reconhecimento da existência de lógicas integradoras nos espaços sociais, da
interdisciplinaridade como requisito de pensamento acadêmico, a multiplicidade de formas de
organização jornalística e o surgimento de novos atores sociais com sua competência para

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intervir no campo jornalístico traçam um panorama potencial para rever a condição do


jornalismo como produtor de conhecimento social. Entretanto, não parecem ter conduzido,
até agora, a um modelo suficiente de análise do jornalismo neste ambiente de transformações
contemporâneas sob os efeitos das tecnologias da informação digital.
Por isso, como contribuição final para a investigação em curso, um detalhamento e
exploração da proposta desenhada por Berger e Luckmann na obra Modernidade, Pluralismo
e Crise de Sentido (2012), iniciada anteriormente. É importante lembrar sua tese principal: a
existência de instituições intermediárias como mediadores de sentido na sociedade por serem
delas que os sentidos comuns circulam entre grupos sociais diversos e se sedimentam no
conjunto da sociedade.
Nesta obra, concorrem diferentes instituições sociais para a construção de sentidos
(particulares ou comuns) sobre os fenômenos sociais. De um lado, existem o que os autores
denominam como “grandes campos funcionais da sociedade, como economia, política e
ciência” (2012, p. 9); de outro, o “indivíduo no cotidiano das comunidades de vida e de
convicção” (2012, p. 90-1). Como um dos valores democráticos da modernidade é o
pluralismo, viveríamos um risco de perda de coesão social em decorrência do relativismo dos
diversos sentidos circulantes.
Para isso, “instituições intermediárias” atuariam contra a emergência de crises de
sentido oriundas do pluralismo moderno: “...o fator mais importante é um certo estoque
básico de instituições intermediárias. Estas instituições atuam como geradoras e sustentadoras
de sentido na conduta de vida dos indivíduos e na coesão de comunidades de vida”
(BERGER; LUCKMANN, 2012, p. 76). São “intermediárias” porque gerariam pontes entre o
indivíduo e os padrões de experiência e ação estabelecidos na sociedade (2012, p. 72).
E qual é o papel dos meios de comunicação neste processo de construção coletiva de
sentidos sociais? Uma das funções é a divulgação de conhecimentos especializados para a
sociedade, que os apropria na construção do seu estoque de experiências (BERGER;
LUCKMANN, 2012, p. 21). O estudo dos autores ressalta uma ação mais proeminente da
mídia na divulgação e afirmação de certos sentidos, mas, conforme Meditsch (2010), essa
atividade é relativizada pela presença de outros atores em competição. No caso do
jornalismo, este “pode ser incluído entre os atores que contribuem significativamente para
essa construção (...), mas não como o ator único e nem mesmo como o principal”
(Meditsch,2010, p. 25).

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Berger e Luckmann ressaltam esse poder dos meios de comunicação de divulgar, de


forma imperativa, interpretações dos grandes atores ou então atuar como promotor de
consumo no mercado simbólico. Por esses caminhos, os meios de comunicação estariam
sendo predominantemente propagadores de sentidos, e não instituições intermediárias onde
essas ofertas seriam “processadas comunicativamente, selecionadas, rejeitadas e adaptadas às
próprias circunstâncias” (BERGER; LUCKMANN, 2012, p. 92). Ao atuarem no mercado de
poder simbólico, os meios de comunicação tenderiam a desenvolver uma ação
espetacularizada que afirme “sentidos dominantes”.
Mesmo com este viés crítico, os autores oferecem elementos para pensar as condições
que os meios de comunicação deveriam cumprir para atuar como instituições intermediárias,
o que significaria estimular a coexistência e a cooperação entre diferentes comunidades de
sentido. Tal perspectiva direcionaria, aos meios de comunicação, a condição de atuarem
como mediadores de sentido, e não como impositores morais de sentido. Entretanto, para
agirem além dos parâmetros funcionais que compõem o mercado e o campo político e
assumirem sua condição de instituições intermediárias, os meios de comunicação
necessitariam executar a produção de conhecimento tendo como referência valores
normativos da sociedade (no jornalismo, esses valores seriam responsabilidade social,
pluralismo, busca pela verdade...), pois são esses valores que qualificam a prática
comunicacional interativa e permitiriam a constituição de “comunidades de vida”.
Tal desenho abstrato de uma compreensão dos meios de comunicação como agentes de
produção de conhecimento sobre o mundo social (ou construção de sentidos comuns) tem,
portanto, um potencial de apontar problematizações para situar o jornalismo no cenário
contemporâneo de transformações. De início, é visível que a atuação dos meios voltada para
divulgar os sentidos construídos por grandes organizações sociais e, também, por direcionar
sua atuação com base em princípios comerciais esteja erodindo valores do jornalismo, nas
linhas descritas por Kovach e Rosentiel (2004).
É perceptível também, conforme constataram Meyer (2004) e Schudson (2009), que o
modelo de negócio baseado no grande conglomerado empresarial venha perdendo espaço
para novos atores jornalísticos, que surgiram com projetos organizacionais mais autônomos e
instrumentalizados pelas plataformas e ferramentas de tecnologias digitais em rede. Esses
novos atores acreditam ter a capacidade de reafirmar valores jornalísticos, como a
independência política e comercial, a autonomia editorial, o pluralismo, a investigação

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aprofundada, a checagem sistemática dos fatos, entre outros, buscando realinhar a atividade
jornalística em bases menos determinadas pela normativa funcional e estratégica dos
conglomerados (jornalísticos, entre outros) detentores de poder econômico e político.
Um outro sintoma das transformações no jornalismo, que poderia auxiliar na
consideração da hipótese de essas novas organizações jornalísticas atuarem como instituições
intermediárias na sociedade, encontra-se na expansão da atividade jornalística para além da
profissão típica de jornalista (DEUZE; WITSCHGE, 2017) para abarcar uma multiplicidade
de tarefas emergentes nas plataformas digitais. Se por um lado esta expansão é vista
criticamente como um risco de diluição da profissão de jornalista, ao mesmo tempo ela
explicita um deslocamento do centro da prática jornalística: da Redação como o coração da
empresa jornalística para interações dinâmicas na produção com base nas conexões (redes
sociais, digitais ou não) entre atores uma pluralidade de atores, como os jornalistas
profissionais, especialistas ou amadores –o conceito de ecossistema abordado há pouco tem a
pretensão de descrever essa condição interacional.
Se utilizarmos o modelo de Berger e Luckmann (2012) em sua afirmação da
necessidade de instituições intermediárias entre os grandes atores e a comunicação na vida
cotidiana, sendo essas instituições formas de atuar “contra a emergência de crises de sentido
oriundas do pluralismo moderno” (2012, p. 76), talvez possamos reconhecer que o
mecanismo proposto sirva para nortear uma forma de repensar o lugar da mídia jornalística
como produtora de conhecimento na sociedade contemporânea. E particularmente a
emergência de novos atores jornalísticos que, com base em uma matriz tecnológica digital,
alcancem um novo perfil organizacional e um maior grau de autonomia em relação às
grandes instituições jornalísticas – autonomia que lhes permite optar pela possibilidade de
definir sua linha editorial reintroduzindo valores jornalísticos enfraquecidos no campo.
Com esse novo aparato técnico-conceitual, essas novas organizações jornalísticas
teriam mais condições de atuar como instituições intermediárias, conforme o conceito de
Berger e Luckmann, pois sua vocação de “estar em parceria” reforça uma dimensão
comunicativa de sua interação com outros atores sociais. Nestes núcleos jornalísticos mais
autônomos, aumentaria a possibilidade de construção compartilhada de sentidos, a qual tem
sido considerada neste paper como um dos modos de produção de conhecimento em
jornalismo. Ou seja, poderiam exercer, de forma inovadora, o papel de instituições
intermediárias que atuam para “tornar possível a coexistência e a necessária cooperação das

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diferentes comunidades de sentido, sem lhes impor uma ordem comum de valores”
(BERGER; LUCKMANN, 2012, p. 76).

5. Considerações finais
Esse paper teve como vocação produzir uma abordagem dialogada reunindo percursos
e tradições de pesquisa diferenciados para realizar uma releitura da produção de
conhecimento do jornalismo. Partimos da tese clássica do jornalismo como uma forma social
de conhecimento e sugerimos um deslocamento de olhar: pensar os modos de produção deste
conhecimento no jornalismo, procurando, nessa mudança, enfatizar os elementos, processos e
contextos sociais que participam desta produção de conhecimento.
Para isso, adotamos duas linhas de argumentação: o cenário contemporâneo de
transformações do jornalismo e as formas como tais movimentos alteram compreensões
sedimentadas; o movimento em direção a estudos que contemplassem uma visão de
conhecimento mais próxima a problemas de ordem da produção em um sentido mais
macrossocial, com fatores e categorias de um poder analítico mais abstrato, como a própria
noção de conhecimento, tecnologia, capital social e inovação. Este movimento nos permitiu
abrir um diálogo com os estudos construcionistas do jornalismo, nos quais é perceptível um
acento intra-organizacional característico das análises microssociais. A condução desse
diálogo adotou a premissa metodológica da interdisciplinaridade como forma de aproximação
entre campos diferenciados do conhecimento.
Utilizamos também a compreensão sobre mediação social como objeto teórico a ser
problematizado, trazendo, para isso, a noção de “instituições intermediárias”, de Berger e
Luckmann E, a partir de breves considerações que os autores fazem sobre a natureza dos
meios de comunicação de massa na sociedade contemporânea, procuramos aplicá-lo na
compreensão do jornalismo em sua condição prática de produtor de conhecimento. Creio que
tal movimento nos permitiu deduzir aspectos promissores que podem elucidar os caminhos
de desestruturação e reorganização do campo produtivo do jornalismo.
Acreditamos que a opção oferecida por Berger e Luckmann de pensar a mediação não
sob a perspectiva cognitiva em que as instituições jornalísticas dão a conhecer o mundo para
os indivíduos, mas na perspectiva interacional intersubjetiva possibilita ganhos
interpretativos. Isto porque, nesta nova abordagem, as instituições intermediárias seriam

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mediadores de sentido na sociedade por serem delas que os sentidos comuns circulariam
entre grupos sociais diversos e se sedimentam no conjunto da sociedade.
Tal caminho pode nos possibilitar, por exemplo, rever a usual abordagem nas chamadas
teorias da mediação e da construção social nos estudos de jornalismo como entidades teóricas
opostas ou, ao menos, dotadas de contradições inconciliáveis. Isso porque, por um lado, retira
uma ênfase cognitiva atribuída ao processo de mediação que estabelece o jornalismo como
intermediário entre o fato a ser conhecido e o público. Por outro, reforça uma ideia de
mediação presente em uma ação de instituições que tendem a atuar na construção
intersubjetiva e partilhada de sentidos sociais. Assim, mesmo que o jornalismo não traga a
“realidade dos fatos” para a leitura pelos públicos, conforme apregoa a crítica direcionada
pelos construcionistas aos estudos de mediação, as instituições jornalísticas podem continuar
a atuar interacionalmente na construção subjetiva dos sentidos e atuando criativamente na
produção deste conhecimento.

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