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Conferência de Economistas
Socialistas
PROCESSO DE TRABALHO
E ESTRATÉGIAS DE CLASSE
Colaboradores
Mario Tronti
Raniero Panzieri
Sergio Bologna
Alfred Sohn-Rethel
Christian Palloix
�, Aprese.ntação da edição brasjieira
FABIO STEFANO ERBER·:
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Tradução:
WALTENSIR DuTRA
Revisão de texto:
SÉRGIO TADEU DE NrnMAYER LAMARÃo
mestrando da COPPE-UFRJ e pesquisador do
Centro de Pesquisa e Documentação, FGV
Revisão Técnica:
GEORGES E. KORNIS
mestre em economia pela UNICAMP
e pesquisador econômico do JsGE
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Publicações da
Conferência de Economistas
Socialistas
PROCESSO DE TRABALHO
E ESTRATÉGIAS DE CLASSE
r
Colaboradores:
Mario Tronti
Raniero Panzieri
Sergio Bologna
Alfred Sohn-Rethel
Christian Palloix
Apresentação da edição brasileira
FABIO STEFANO ERBER
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Tombo: 23967
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Di;reitos reservados.
Ai reprodução não autorizada desta publicação,
no todo ou em parte, constitui violação do copyright (Lei 5.988)
Cana: ÉR1co
DEDALUS - Acervo - FFLCH-FIL
335.4 Processo de trabalho e estrategias de classe.
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1982
1
ZAHAR EDITORES S. A.
C. P. 207 (ZC-00) Rio de Janeiro
que se reservam a propriedade desta versão
Impresso no Brasil
1
[1 A Importância do Estudo do
Processo de Trabalho - Uma Introdução*
li
( FABIO STEFANO ERBER
Doutor em Economia pela Universidade de Sussex, Inglaterra
Pesquisador e Professor do Instituto de Economia da UFRJ
i
APRESENTAÇÃO
ii
...... --·--------------------------
APRESEN1'AÇÃO
iv
APRESENTAÇÃO
V
, ....... - -
APRESENTAÇÃO
vi
APRESENTAÇÃO
11 Op. cit.
vii
--- ----------------
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APRESENTAÇÃO
viii
APRESENTAÇÃO
Mais-valia e Planejamento:
Notas sobre a Leitura de "O Capital" 13
RANIERO PANZIERI
A Importância Fundamental do
Processo de Trabalho da Produção 43
Socialização Estrutural do Trabalho 46
Crítica da Administração Científica 53
O Fascismo de Hitler: Um Exemplo 62
Introdução 69
O Desenvolvimento Histórico do Processo de Trabalho 72
O processo de trabalho e a produção de produto excedente 73
Diferentes processos de trabalho como marcos na
História do Capitalismo 76
As Formas Complexas da Organização dos Processos de
Trabalho \Ilº Capitalismo Contemporâneo 84
Processo de tràbalho e produção em massa 84
O processo de trabalho e o controle das relações de mercadoria 89
O problema da valorização do trabalho: neofordismo 93
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/
...__
Introdução
A situação atual
A crise atual não pode ser compreendida apenas em termos de
luta por salários, ou de uma tendência inerente da taxa de lucro
a decrescer. Para que ocorra acumulação de capital, este deve ganhar
a batalha pelo controle da produção.
Na Grã-Bretanha, por exemplo, amplos setores da classe operá
ria organizada têm desafiado, com freqüência e êxito, o poder que o
capital detém de introduzir a "racionalização", ou a "fordização",
como o preço a ser pago pela elevação dos salários. Nos setores onde
a racionalização foi introduzida, estas condições de trabalho en
contraram resistência numa escala que, ecoando por todos os paí
ses industriais avançados, prejudicou seriamente a acumulação de
capital. Grupos que antes eram considerados alheios ao movimento
da classe operária - enfermeiros, professores, trabalhadores de
escrioório, entre outros - uniram-se a essa resistência, à medida que
suas condições de trabalho foram sendo cada vez mais "proletari
zadas". Esse dado provocou o fim do "surto de prosperidade" do
pós-guerra e colocou em questão o " fordismo" e o "keynesianismo",
que constituíam sua base.
O capital não pode reagir a esse desafio apenas com políticas
de redução de salário; deve promover uma reorganização da classe
trabalhadora, de modo a aumentar a mais-valia e diminuir a opo
sição ao seu funcionamento regular em todos os níveis. Daí os di
versos e variados esquemas de "valorização do trabalho" e de "par
ticipação" apresentados juntamente com as demissões, os cortes e
---
INTRODUÇÃO 11
Publicações da Conferência de
Economistas Socialistas sobre o
Processo de Trabalho
A Conferência de Economistas Socialistas estimulou o desenvol
vimento do estudo do processo de trabalho através de grupos lo
cais, de "escolas diurnas" e de projetos de orabalho para sua reu
nião anual de 1976 (realizada em Coventry, nos dias 10 a 12 de
julho), que foi inteiramente dedicada ao processo de trabalho e
às suas ramificações:
a . As condições de trabalho determinadas pelo capital aos
trabalhadores para a produção de um produto excedente;
b. A luta dos trabalhadores sob as condições de explora
ção e contra estas condições;
e. A oposição entre trabalhadores e capital no processo de
trabalho na história do desenvolvimento capitalista ( do ponto de
vista da reprodução ampliada do capital);
d. A oposição entre trabalhadores e capital no processo de
trabalho na história do movimento da classe operária ( do ponto
de vista da organização de classe);
e. O crescimento do proletariado no seio do desenvolvimen
to capitalista, e a transição para o socialismo.
Uma série de publicações de trabalhos nessa área encontra-se
em preparação. Este volume contém artigos bastante inovadores,
que se relacionam com diferentes dimensões do assunto, enquanto
as próximas publicações focalizarão aspectos específicos.
Os artígos publicados aqui se enquadram em dois grupos. Os
camaradas Panzieri, Sohn-Rethel e Palloix analisam o desenvol
vimento da divisão capitalista do trabalho no local de trabalho e
suas implicações para a reprodução geral do capital. Panzieri e
Sohn-Rethel usam suas análises para investigar as bases de uma
transição para o socialismo criada pela socialização do capital den.
12 INTRODUÇÃO
Janeiro de 1976
R.G., T.P.
)
R.ANIERO PANZIER1
MaisNValia e Planejamento:
Notas Sobre a Leitura de "O Capital"
1a CW, I, p. 177.
14 Karl Marx, Capital (Charles H. Kerr & Co., Nova York, 1906), l,
p. 365.
15 Ibid.
18 RANIERO PANZIERI
l6 lbid.
1T lbid., p. 35·7.
18 lbid., p. 363.
MAIS-VALIA E PLANEJAMENTO 19
24 lbid.
215 lbid., p. 392.
20 Ibid., pp. 403-4; cf. também p. 415 e p. 421.
- . . .. .. -·----------------------=
22 RANIERO pANZIERI
31 Ibid.
32 Iõid.
:1s lbid.
:i, Ibid., p. 445.
35 Ibid., p. 447.
24 RANIERO pANZIERI
\
38 Ibid., p. 533.
lista. O outro lado, que age contra a dispersão do capital social total,
consiste na atração mútua entre as suas frações. Nas palavras de
Marx: "Esse processo difere do primeiro [isto é, da acumulação
simples] porque pressupõe apenas uma modificação na distribuição
do capital já existente e em funcionamento: seu campo de ação não
está, portanto, limitado pelo crescimento absoluto da riqueza
social, pelos limites absolutos da acumulação ( . .. ) É a centraliza
ção propriamente dita, distinta da acumulação e da concentração" .45
A seguir Marx desenvolve suas opiniões sobre o sistema de crédito,
que, primeiro, "se insinua como um modesto colaborador da acumu
lação", para tornar-se "uma nova e formidável arma na luta concor
rencial ( ... ) transformando-se finalmente num imenso mecanismo
social para a centralização dos capitais" .40
O outro lado da lei geral da acumulação capitalista surge como
um processo de desenvolvimento ilimitado com relação à fase de
concorrência. "A centralização numa certa linha de indústria teria
atingido seu limite extremo se todos os capitais individuais nela
investidos tivessem sido combinados num único capital. Esse limite
não seria atingido em nenhuma sociedade particular até que a tota
lidade do capital social fosse reunida nas mãos de um único capita
lista ou de uma única empresa".47
Marx não deixa de perceber que a centralização e seus meca
nismos partiiculares, embora distintos da autêntica acumulação, cons
tituem uma função desta última, e possibilitam a realização, numa es
cala social, da revolução introduzida pela indústria capitalista. "Em
toda parte, o maior volume de estabelecimentos industriais forma
o ponto de partida para uma organização mais global do trabalho
cooperativo de muitos, para um desenvolvimento mais amplo de
seus poderes materiais, isto é, para a transformação progressiva de
processos de produção isolados, realizados das maneiras habituais,
em processos de produção socialmente combinados e cientificamente
administrados" .48 Mas é só com a centralização que se chega à
aceleração, que depende não só do "agrupamento quantitativo das
partes integrais do capital social", mas também do fato de que ela
"amplia e apressa ( ... ) as revoluções na composição técnica do ca
pital".49 Quando massas diferentes de capital se unem pela centra
lização, aumentam mais rapidamente do que outras, "tornando-se
assim novas e poderosas alavancas da acumulação social" . 50
46 lbid., p, 686.
46 Ibid., p. 687.
47 Ibid., p. 688.
48 lbid.
49 lbid., pp. 688-9.
60 lbid., p. 689.
MAIS-VALIA E PLANEJAMENTO 29
64 lbid., p. 437.
6(; lbid.
66 lbid.• p, 438.
MAIS-VALIA E PLANEJAMENTO 31
57 Ibid., p. 437.
58 Essa relação entre o sistema e suas leis de desenvolvimento foi mos
trada com muita clareza por Giulio Pietranera, em sua introdução a
Rudolf Hilferding, li Capita/e Finanr.iario, Milão, 1961: "O aumento na
composição orgânica do capital ( ... ) ocorre ( ... ) através de um pro
cesso irreversível de concentração da produção sobre determinadas unida
des produtivas singulares (e, portanto, diferentes entre si); também ocorre
através da abolição da concorrência e, portanto, de suas próprias catego
rias. A transformação monopolista se estabelece através da abolição da
taxa geral de lucro, isto é, através do surgimento de taxas particulares,
não competitivas, que se segue ao parcelamento monopolista do merca
do ( ... ) Num certo momento, o aumento continuado na composição or
gânica do capital leva a um tal decréscimo (tendencial) na taxa geral de
lucro que a estrutura capitalista reage com um 'salto', isto é, com tal
aumento na composição orgânica que da livre concorrência se passa ao 'mo
nopólio'. E, a partir desse ponto, já não ternos uma taxa geral de lucro
( ... ) O estabelecimento de sociedades por ações constitui, originalmente,
uma das causas antagônicas para a queda da taxa geral de lucro (isto é,
para o aumento continuado da composição orgânica do capital); mas tam
bém contribui para a centralização do 'sistema de crédito', e estimula
definitivamente a concentração monopolista do mercado (daí o 'salto' para
o monopólio). Assim, o surgimento das sociedades por ações contribui pa
ra a abolição da taxa geral de lucro, substituindo-a pelas taxas monopo
listas particulares". A importância excepcional desse salto no sistema não
escapa a Pietranera: "Devemos observar que o aumento registrado na
composição orgânica do capital, que leva à situação monopolista, é - na
verdade - uma reação à queda da taxa geral de lucro; mas é urna reação
historicamente única, porque, a partir daquele momento, os termos qualita
I·
tivos e concepcionais do problema se modificam - e, com isso, também
o curso histórico do desenvolvimento capitalista" (pp. liv-lv).
32 R.ANIERO PANZIERI
:...
MAIS-VALIA E PLANEJAMENTO 33
�----------------- --
34 RANIERO PANZIERI
68 Ibid., p. 388.
69 Karl Marx, Capital, III, pp. 814ss., especialmente o trecho III, pp.
817ss.
70 Ibid., p. 826-7.
71 Ibid.
72 lbid.
73 lbid., p. 828.
MAIS-VALIA E PLANEJAMENTO 35
74 lbid.; eis como Marx resume a teoria dos preços de produção: "Um
complicado processo social ocorre aqui, o processo de perequação de capi
tais, que separa os preços médios relativos das mercadorias de seus valores,
bem como os lucros médios nas várias esferas de produção (totalmente à
parte dos investimentos individuais do capital em cada esfera particular de
produção) da exploração real do trabalho pelos capitais particulares. Não
apenas parece ser assim, como é certo, na verdade, que o preço médio das
mercadorias difere de seu valor, e portanto do trabalho realizado nelas, e o
lucro médio de um determinado capital difere da mais-valia que esse capital
extraiu dos trabalhadores que emprega. O valor da mercadoria surge, direta
mente, apenas na influência da produtividade flutuante do trabalho sobre a
ascensão e queda dos preços de produção, sobre seu movimento e não sobre
seus limites finais. O lucro parece ser determinado apenas secundariamente
pela exploração direta do trabalho; na medida em que esta permite ao capi
talista realizar um lucro que se desvia do lucro médio aos preços regulado
res de mercado, que aparentemente predominam independentemente de tal
exploração em condições favoráveis, excepcionais, parece determinar apenas
os desvios do lucro médio, e não esse lucro em si" (pp. 828-9).
75 lbid. p. 829. Marx reconhece, aqui, "o grande mérito da economia clás
sica, em ter destruído essa falsa aparência e ilusão": o "mundo modificado,
deformado, de cabeça para baixo, no qual Monsieur /e Capital e Madame
la Terre fantasmagoricamente passeiam como personagens sociais e ao
mesmo tempo, diretamente, como simples coisas" (p. 830).
36 RANIERO PANZIERI
76 lbid., p. 831.
• A história dos vários partidos comunistas ocidentais ilustra esse ponto.
(Nota dos org.)
---
MAIS-VALIA E PLANEJAiv1ENTO 37
77 Cf. Marx, Grundrisse, op. cit., pp. 692-706. Nessas páginas, Marx exa
mina a possib•lidade de uma passagem direta do capitalismo ao comunismo.
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40 RANIERO PANZIERI
---------------------------------------
MAIS-VALIA E PLANEJAMENTO 41
44 ALFRED SoHN-RETHEL
J
A ECONOMIA DUAL DA TRANSIÇÃO 49
J
A ECONOMIA DUAL DA TRANSIÇÃO 51
(
54 ALFRED SOHN-RETHEL
----------------�-��- �-�--··
66 ALFRED SoHN-RETHEL
O Processo de Trabalho:
Do Fordismo ao Neofordismo
Introdução
A análise da desenvolvimento histórico do processo de trabalho
e das complexas formas de sua organização atual, bem como qual
quer tentativa de prever a evolução futura, ou imaginar evoluções
alternativas, pres5upõe uma definição inicial do processo de tra
balho além de uma exposição de sua posição no sistema produtivo
e no movimento do capital.
a) Definição
O processo de trabalho pode ser definido como o processo pelo
qual matérias-primas, ou outros insumos, são transformados em
produtos com valor de uso. Esse processo é uma combinação de
três elementos:
- atividade humana, ou trabalho, que é posto a funcionar como
força de trabalho;
- o objeto (matérias-primas, produtos não-acabados etc. ) sobre
os quais o tr.ibalho atua;
os meios ( 05 meios em geral, habitualmente na forma de fer
ramentas ou maquinaria cada vez mais complexa) através dos
quais o trabalho atua.
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o PROCESSO DE TRABALHO 87
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não tenha de afastar-se dela um. passo.:)()
Quanto aos métodos de controle do trabalho, Ford introduziu
o salário diário ( em lugar do trabalho por tarefa), possibilitando 1
com isso "regular" o controle da força de trabalho imposto de
fora. O famoso "Dia de Cinco Dólares" (DCD) foi um acréscimo
necessário ao novo processo de trabalho. Sem entrarmos em deta l
lhes, podemos dizer que o DCD tinha, como método de controle
da força de trabalho, as seguintes funções:
2. 2 O Processo de Trabalho e
o Controle das Relações de Mercadoria
7 Mary Alice Water (org.), Rosa Lu:xemburg Speaks. op. cit., p. 50.
114 SERGIO BüLOGNA
6 Ibid., p. 71.
9 Ib!d., p. 71. Outro ponto importante focalizado por L L:i:cmburg re
fere-se à relação entre a luta pDlítica e a luta pela democracia: "o movi
mento socialista dos trabalhadores é o único apo;o àquilo que não é a
meta do movimento sociaíista - - a democracia ( ... ) O movimento socia
lista não está ligado à democracia burguesa, pelo contrário, o destino da
democracia está ligado ao movimento socialista." lbid., p. 76.
A COMPOSIÇÃO DE CLASSE ll.5
16 Cf. V.I. Lênin, op. cit., pp. 122 e 124: "Não só os revolucionários
em geral, mas também os revolucionários da classe operária, ficam atrás
do despertar espontâneo das massas trabalhadoras ( ... ) Nosso primeiro e
mais imperativo dever é ajudar a treinar os revolucionários da classe ope
rária que estarão no mesmo nível em relação à atividade partidária como
revolucionários intelectuais ( ... ) Um trabalhador que é talentoso e 'pro
missor' não deve trabalhar onze horas por dia numa fábrica. Devemos
fazer com que seja sustentado pelo partido ( ... ) O pecado que cometemos
é não estimular suficientemente os trabalhadores a seguirem esse caminho
comum a eles e aos intelectuais de formação revolucionária profissional,
e muito freqüentemente deixá-los para trás com os nossos discursos tolos
sobre o que 'pode ser compreendido' pela massa dos trabalhadores, ou
pelo 'trabalhador médio' etc."
A COMPOSIÇÃO DE CLASSE ]19
--------------·--- ·- · ...
A COMPOSIÇÃO DE CLASSE 121
,
trabalhadores e proprietários, entre a classe operária e os proprie
tários sociais, não estava separada por uma barreira de instituições
políticas. Um nível extremamente alto de cooperação social, uma
abordagem global da divisão social do trabalho, uma capacidade
inesgotável de transformar o conflito em racionalização e desenvol
vimento, um controle da força de trabalho exercido diretamente
pelo mecanismo produtivo, livre da mediação do sindicalismo, um
uso político da mobilidade de massa: tudo isso conferia ao sistema
norte-americano características notáveis, capazes de rel�gar a Eu
ropa ao papel de uma província importuna. A redução de todas as
1
xicana até o Canadá. Assim, a noção fordiana de um salário social
se origina nessa abordagem proletária da renda que não cristaliza
as divisões setoriais, mas tem uma abordagem igualitária da renda.
Portanto, os dois pilares da organização da IWW são o in
ternacionalísmo e o igualitarismo. O que lhe é totalmente estranho
é o que chamamos de poder de fábrica, precisamente porque uma
fábrica que não fosse a fábrica social era estranha ao mundo da
IWW. Também lhe é estranha qualquer relação com as qualifica
ções. Assim, antes de a massificação do trabalho ser introduzida
pela linha de montagem, o trabalhador de massa era uma realidade
subjetiva, modelada pelos agitadores da IWW. A organização de
fendia um programa de confronto total com a fábrica social e o
capital social. Ao contrário de todos os exemplos europeus, a
história das lutas norte-americanas é provavelmente a única na qual
124 SERGIO BoLOGNA
Guerra e Revolução
Em agosto de 1914, a guerra imperialista dividiu o movimento
dos trabalhadores em três grandes correntes: os social-democratas,
que defendiam o patriotismo e a colaboração de classe como uma
passagem tática para uma administração final da sociedade no pe
ríodo de reconstrução; os padficistas revolucionários, inclusive o
126 SERGIO BoLOGNA
Operários e Capital*
A Era Progressista
Depois de Marx, a classe operária pode ser abordada historicamente
de duas maneiras. Uma delas é cronológica, e reconstrói os grandes
ciclos da luta dos trabalhadores a partir da década de 1870, seguidos
de uma série de fatos que constituem sua história: a história do
trabalho na indústria, a história da indústria no capital, a história
do capital na política e nos acontecimentos políticos, e simultanea
mente a grande teorização - aquilo que já se chamou história das
idéias -, a primeira sociologia, a última forma sistemática assumida
pela ciência econômica, e o nascimento de uma nova disciplina
científica - a teoria da realidade tecnológica como ciência do tra
balho, inimiga do trabalhador. A historiografia tradicional coloca-a
entre 1870 e 1914. Num ato de generosidade e procurando evitat
a constante perturbação dos hábitos mentais do intelectual médio,
seria até mesmo possível incluir o primeiro grande bloco de fatos
nessa época da "sua" história e a partir daí aproximá-lo de nós e
das novas lutas operárias que constituem o verdadeiro drama po
lítico da nossa versão dos acontecimentos - mesmo que apenas em
seu início. A outra abordagem consiste em movimentar-se através
dos grandes fatos históricos, detendo-se em grupos macroscópicos
de fatos ainda não abrangidos pela consciência crítica do pens21.mento
operário e, portanto, excluídos de uma compreensão de classe que
permita uma utilização política de suas conseqüências. Esses acon
tecimentos, quando relevantes, isolam um aspecto fundamental da
sociedade capitalista, estabelecendo um corte transversal que vai
-·-�-a---------------------
132 MARIO TRONTI
época, que compreendeu muito bem seu caráter quando disse: "O
barulho que ouvem não é o primeiro tiro da revolução. É apenas
o povo dos Estados Unidos batendo um tapete".3
'i
A Era de Marshall
Aquilo que nos Estados Unidos surge como a relação entte luta
operária e política do capital, reaparece durante o mesmo período
na Inglaterra como a relação entre movimento das lutas e resposta 1
capitalista ao nível da ciência. A resposta norte-americana do capital
tende sempre a tratar institucionalmente essas questões dentro do
terreno da iniciativa política assumida pelo chefe do Estado, nas
raras e preciosas ocasiões em que esse chefe supera subjetivamente
a inteligência mais moderna objetivada no sistema de produção. Ao
contrário da opinião comum, a Inglaterra oferece uma alta síntese
teórica da luta operária do ponto de vista capitalista. Não é correto
fixar para sempre na Alemanha o momento da máxima auto-cons
ciência do capital, só porque lá esteve uma vez o filósofo Hegel.
Se a economia é a ciência por excelência das relações de produção,
troca e consumo das mercadorias como capital ( e, portanto, do
trabalho, e das lutas operárias como desenvolvimento do capital),
então não será possível encontrar uma elaboração mais elevada
dessa ciência do que o pensamento econômico inglês. Quando
Marshall disse: "está tudo em Smith", obrigou os que vieram depois
dele a dizer: "está tudo em Marshall". De acordo com Schumpeter,
seu grande feito "é a conquista clássica do período, isto é, a obra
que encerra, de maneira mais perfeita do que qualquer outra, a
situação clássica surgida em torno de 1900" .4 Ora, o que é clássico
naquela situação não é apenas a descoberta da teoria dos equilíbrios
parciais; nem são os momentos singulares, em partes separadas da
investigação que depois, todos em conjunto, formam um novo siste
ma de modo a pensar em termos econômicos a noção de elasticida
de da demanda, a introdução dos fatores de "curto prazo" e "longo
prazo" na análise econômica, a definição de uma situação de concor•
rência perfeita, o conceito de "mercado especial" de uma empresa,
e muitas outras coisas, como a utilidade marginal de Jevon, o
equilíbrio geral de Walras, o princípio de substituição de von Thue
nen, as curvas da demanda de Cournot e a renda dos consumidores
de Dupuit, que ele tomou emprestado de outros mas que pareciam
novos porque ele os sistematizou ao seu jeito. Keynes, talvez no
r
implícitos do que em suas explicações e afirmações explícitas. Isto
é, suas intuições estarão à frente de sua análise e terminologia. "5
A situação clássica da Inglaterra dos fins do século é dada de
modo que as intuições antes das análises, os conceitos antes das
palavras, ligam-se diretamente com o fato de classe: o dado, o mo
mento e o nível da luta de classes. É sempre clássico para nós o
modelo de uma condição histórica na qual a luta se liga à política,
à teoria e à organização. O 1889 inglês não é um raio isolado e
inesperado. Ele surge depois de pelo menos duas décadas de con
tinuados confrontos individuais que, embora atrasados, foram muito
conscientes, ativos e cada vez mais sindicalizados, envolvendo mi
neiros, ferroviários, marítimos, trabalhadores das companhias de gás,
das indústrias têxteis e do aço. Após 1880 os salários reais aumen
tam constantemente, a curva de preços cai, o emprego é geralmente
estável e há uma sindicalização crescente, salvo em 1893. A situação
da classe operária inglesa não deve ser procurada em estudos como
o então famoso Li/e and Labor of the People of London, de Charles
Booth, que denuncia a miséria dos trabalhadores, que acompanha,
sem antecipar ou provocar, a greve dos portuários. Cole escreveu:
"Os apelos que despertaram os trabalhadores nas décadas de 30 e
40 não teriam tido qualquer efeito sobre seus sucessores da segun
da metade do século. Embora ainda houvesse, mesmo em 1900,
muitos milhares de trabalhadores explorados e sem esperanças
( ... ) eles não eram típicos da classe operária organizada ou orga
nizável. Nas grandes indústrias, os trabalhadores haviam deixado de
ser uma multidão andrajosa e faminta, facilmente excitável seja por
um Feargus O'Connor ou por um James Rayner Stephens, ou por
algum dos muitos n messias" que surgiram nos primeiros anos do
século".6 Já não havia levantes de massa e revoltas súbitas provo
cadas pelo desespero e pela fome: as greves eram ordenadas, pre
,. paradas, esperadas, dirigidas e organizadas. A própria propaganda
socialista, para obter resultados, teve de apelar para a razão, e não
mais despertar os instintos. Se "O'Connor fora quente como o
7 Ibid., p. 270.
ÜPERÁRIOS E CAPITAL 137
A Social-Democracia Histórica
Em seu Demokratie und Kaisertum, de 1900, Friedrich Naumann
definiu o império de Bísmark como uma república trabalhista. A
monarquia social dos dois Guílhermes merece esse r6tulo parado
xal. Da mesma maneira que a tradição profundamente alemã do
Machstaat revelara-se a mais frágil entre todas as instituições polí
ticas do capital moderno, a bête noir dos íunkers reacionários se
torna a mais larga estrada para o desenvolvimento de um certo tipo
de movimento operário democrático. Sem Bismarck, talvez nunca
tivesse havido a social-democracia alemã em sua forma clássica:
"Sem Maomé, Carlos Magno seria inconcebível". Por outro lado,
embora operando a partir da incômoda perspectiva do socialismo
agrário, Rudolf Meyer estava certo em argumentar que sem a social
democracia a indústria alemã não se teria desenvolvido. Todas essas
passagens l6gicas estão cheias de significação histórica. O tema da
organização política da classe operária encontra na Europa Central
de língua alemã seu domínio próprio para uma experiência final
mente bem-sucedida. Convém verificar aqui a relação entre lutas e
organização, ainda que seja apenas para localizar o ponto de partida
de um arco de longo alcance. Hoje esse arco não deve ser reto
mado ao passo lento da prática; deve apenas ser submetido ao olhar
mortífero da teoria operária que, em suas atuais indicações estra
tégicas, vai bem além do que havia na época e posteriormente. Não
obstante, devemos acrescentar desde já que, pelo menos na Alema
nha, nada tem importância igual à força de choque do modelo polí
tico da social-democracia clássica, desde a Offenes Antwortschreiben
lassalliana de 1863 até 1913 - um ano de muitas lutas, com
5.672.034 jornadas de trabalho perdidas em greves. Frente a essa
primeira forma histórica do partido político da classe operária, todas
as outras experiências de organização foram forçadas a apresentar-se
como respostas, como alternativas, como uma forma de imagem con
trária àquilo que não era desejado, uma repetição negativa do que
era considerado uma passividade má. O sindícalismo revolucionário
do século XIX, a esquerda luxemburguista histórica, as várias ex
periências de conselho da Baviera e do Piemonte e os primeiros
grupos minoritários que surgiram ( os partidos comunistas recém
nascidos) todos eles eram, em essência, respostas à questão do
partido, colocada pela social-democracia às vanguardas operárias,
pelo menos na Europa. O modelo bolchevique não foge a essa de
terminação anti-social-democrática. Explode na cabeça de Lênin tão
logo, fora da Rússia, ele entra em contato com as experiências do
movimento operário europeu. A Alemanha oferece assim o terreno
político clássico da luta dos trabalhadores, que se torna um ponto
140 MARIO TRONTI
1.6 Cf. Robert Ozanne, Wages in Practice and Theory (Madison, Wisc., �
1968), "Appendix C", pp. 141-143.
OPERÁRIOS E CAPITAL 149
17 Citado por Arthur M. Schlesinger, Jr., The Coming of rhe New Deal
(Nova York_ 196S), p. 137.
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Marx em Detroit
Na realidade, apena.s uma vez tivemos grandes iniciativas do capital,
e não foi por acaso, que ela ocorreu depoi s da maior crise de seu
sistema, e no meio das lutas operárias mais avançadas da sua his
tória. Talvez seja um exagero pretender, como Rexford G. Tugwell,
que em 4 de marÇ<;> de 1933 a alternativa se colocava entre uma
revolução ordeira, "uni afastamento pacífico e rápido dos métodos
seguidos no passado'.', 18 e uma revolução violenta contra a estru
tura capitalista. Talvez seja mais certo dizer que havia apenas um
caminho muito original que, em comparação com as míseras vicissi
tudes institucionais• .da sociedade contemporânea, adquire hoje o
aspecto de uma verdadeira "revolução capitalista". Não é uma revO·
lução contra as estruturas do capital, mas dessas estruturas, pot
parte de uma iniciativa política que as controlava - ou que tentou
controlá-las - do alto de uma nova estratégia. H. G. Wells escre
veu o seguinte sobre Roosevelt: "Ele é continuamente revolucioná,
rio sem nunca chegar a provocar uma crise revolucionária comple
ta. " 19 E C. G. Jung definiu-o simplesmente como "uma força" .2°
Em sua caminhada do Hyde Park, às margens do Hudson, até a
Casa Branca, o "feliz guerreiro" costumava escolher o terreno de
sua batalha. Não é preciso provar que Roosevelt representava o
interesse do capital .mais avançado, num determinado momento.
Desnecessário dizer. também que, para ele, a política era uma me·
diação de pressões opostas no interior de sua classe, entre os new
dealers moderados e os extremados, embora pudéssemos desenvol.
ver melhor, do ponto de vista do trabalho, a traíetória dessa revo
lução do capital que cresce entre 19 3 3 e 19 3 8 e então começa a
18 Ibid., p. 22.
19 [bid., p. 588.
:?O /bid., p. 576.
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n Ibid., p. 404
:'.2William E. Leuchtenburg, "The Roosevelt Recpnstruction", in Leuch
tcnburg (org.), Pr1J11klin D. Roose11elt: A Personal 'Profile (Nova York,
1967). pp. 247-248.
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33 lbid., p. 449.
34 Ibid., p. 450.
35 Keynes, Essays in Persuasion, op. cit. p. 322.
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Sichtbar tnachen
Sichtbar machen significa tornar visível, dizer claramente, a fim de
ser compreendido, coisas obscuras, mesmo correndo o risco de não
interpretar muito bem. Apesar do título difícil, esta seção é a mais
fácil de todas. Devemos evitar a tentação de tratar os problemas em
termos dogmáticos. Hoje, é melhor ressaltar os termos críticos da
situação, fixando inicialmente a estrutura dos problemas em aberto
dentro da qual a investigação deve ser empreendida. É inútil pro
curar trilhas fáceis e atalhos. Hoje, para compreender, devemos
pa.rtír dos pontos mais difíceis, de modo a explicar as coisas simples
através das mais complexas. Como já dissemos, a investigação apre
senta para um marxista contemporâneo um ponto depois do qual
não se pode voltar. É ele essa esfinge moderna, esse enigma obscuro,
essa coisa-em-si social que sabemos existir mas que não podemos
<::onhecer: a classe operária norte-amerícaan. Temos de focalizar nossa
visão para ver. Existe uma forma de eurocentrismo limitado que
deve ser condenada: a de se referir apenas a experiências revolucio
nárias européias sempre que procuramos, ou mencionamos, modelos
de comportamento correto na luta. A noção de que a história da
classe operária teve seu epicentro na Europa e na Rússia é uma
lenda a ser destruída. É uma visão do século XIX que permaneceu
até hoje em virtude daqueles últimos e esplendorosos raios do mo
vimento operário do século XIX que, na Europa Ocidental, são re
presentados pelos anos imediatamente posteriores à Primeira Guer
ra Mundial e pelo início da década de 1920. Falamos de dois gran
des filões do movimento operário: a social-democracia e o comu
nismo, mas qualquer dos dois, na sua aparente e irredutível diver
sidade, acabam por se unir num único bloco, se comparados ao
movimento operário norte-americano. Para aproximar a situação da
classe operária inglesa ou alemã da situação da classe operária italia
na ou francesa, precisamos apenas contrapor todas elas à situação
da classe operária norte-americana. São essas as duas tendências
principais na história das lutas operárias, os dois pontos de vista
particulares que são possíveis para o futuro, dentro do ponto de
vista operário em geral. Não é uma questão de se estabelecer uma
hierarquia de nobreza, nem de preencher uma ficha de preferências
por um ou por outro. Devemos ver como funcionam, respectiva
mente, em nosso contexto da luta de classes, se contribuem para
nosso entendimento dos fatos, e se avançam, sugerem, ou excluem
os instrumentos de organização de base, na fábrica. Devemos vê-los
em relação ao seu possível efeito sobre o poder estatal. A partir
desse ponto de vista, as desvantagens tradicionais da situação de
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cana, deixou toda a questão em aberto.
Entretanto, não devemos definir, comodamente, como insolúvel
todo e qualquer problema que o capital encontra no caminho de seu
desenvolvimento. Não devemos dizer logo: você não pode resolvê-lo,
só nós podemos resolvê-lo para você. Um problema do capital é,
antes de mais nada, um terreno para a luta operária. Seu terreno
econômico é o nosso terreno político. Enquanto o capital busca
uma solução, nós estamos interessados apenas em aumentar nossa
força organizada. Sabemos que, um após outro, todos os problemas
econômicos do capital podem ser resolvidos. Sabemos também que
aquilo que parece ser aqui uma contradição insolúvel, em outro
lugar pode já ter sido superaúo, ou pode ter-se transformado numa
outra contradição. Do ponto de vista operário, a premissa de uma
luta de classe vigorosa e eficiente, movimentando-se no sentido de
uma violência positiva, é representada pelo conhecimento específico
da contradição específica para o capital num dado momento, numa
determinada situação. Uma vitória operária obriga o patrão atrasado
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a procurar compensar, de várias maneiras, o simples acréscimo de
rendimento que o trabalho conquistou. Por vezes, isso acontece por
falta de margem econômica, outras vezes por falta de inteligência
política. Essa não é, porém, a questão verdadeira quando a vitória
operária é transformada numa derrota. De fato, essa resposta gros
seira dos capitalistas apenas promove a repetição de um ciclo de
lutas no mesmo nível do ciclo anterior, acrescido de uma carga
maior de espontaneidade e, portanto, uma menor necessidade de
organização. Desse modo, o movimento das lutas é mais fácil, a mo
bilização é ao mesmo tempo grande e simples, e o nível de genera
lização é imediato. Mas o novo conteúdo e as novas formas do
ataque operário não crescem; se esse obstáculo maciço a um choque
frontal num terreno atrasado não for podado antes, subjetivamente,
pelas forças de classe, não haverá novas lutas operárias. Em outros
casos, porém, a resposta dos patrões pode ser antecipada. Depois de
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uma derrota parcial, o capital, mesmo em conseqüência de uma
simples batalha contratual, é violentamente pressionado a enten
der-se consigo mesmo, isto é, a reconsiderar precisamente a quali
dade de seu desenvolvimento, a recolocar o problema da relação
com o adversário de classe, não de forma direta, mas mediada por
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