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Igor Cavalcante de Sá
Recife
2018
IGOR CAVALCANTE DE SÁ
Recife
2018
Dedico a todos os brincadores de Cavalo-Marinho
AGRADECIMENTOS
O Cavalo-Marinho é uma rica manifestação integrada por música, dança, poesia, artes visuais
e artes cênicas, presente expressivamente no estado de Pernambuco e com singulares práticas
de transmissão de saberes. Entendendo educação musical como cultura (ARROYO, 1999),
este trabalho teve como principal objetivo compreender as características do ensino de música
no Cavalo-Marinho Boi Pintado. Para isso, foi realizada uma pesquisa de campo, com coleta
de dados por meio de observação participante, diário de campo e entrevista semiestruturada.
Os dados foram organizados e expostos no texto de forma a compreender os saberes
transmitidos, organização social do grupo, situações de transmissão e processos de
transmissão. Foi observado que o processo de transmissão do folguedo está pautado no fazer,
tanto coletivo, como individual, tendo como princípios a observação, imitação gestual e
auditiva, repetição, recriação e corporalidade. Algumas características também foram
observadas, dentre elas: autonomia de quem aprende, fazer musical coletivo e individual,
indicação do erro para busca do acerto e demonstração da maneira correta do fazer. O
processo de transmissão de saberes musicais no Cavalo-Marinho Boi Pintado está ligado à
transmissão de outros saberes e da cosmovisão dos brincadores.
The Cavalo-Marinho, a rich tradicional practice integrated by music, dance, poetry, visual arts
and scenic arts, presents expressively in Pernambuco and with singular practices of
transmission of knowledges. This study aimed to comprise the music teaching characteristics
in Cavalo-Marinho Boi Pintado, understanding music education as culture (ARROYO, 1999).
For that, a field research was carried out, with data collection through participant observation,
notebook and field diary and semi-structured interview. The data were organized and exposed
in the text in order to understand the transmitted knowledge, social organization of the group,
situations of transmission and transmission processes. It was observed that the transmission
process of the group is based on the doing, both collective and individual, having as principles
the observation, gesture and auditory imitation, repetition, recreation and corporality. Some
characteristics were also observed, among them: the autonomy of the learner, the playing
music collectively and individually, the indication of the error in order to seek the correct and
demonstration of the correct way of doing. The process of transmitting musical knowledge in
the Cavalo-Marinho Boi Pintado is linked to the transmission of other knowledge and the
worldview of the group participants.
Keywords: Cavalo-Marinho Boi Pintado; Music Education; Transmission of the music
knowledge
LISTA DE FIGURAS
1.INTRODUÇÃO......................................................................................................... 10
2. A BRINCADEIRA É DO CAVALO-MARINHO.................................................. 13
2.1. A brincadeira é na Zona da Mata........................................................................ 13
2.2. A música do Cavalo-Marinho – “Banana, menino”............................................ 15
2.3. A brincadeira....................................................................................................... 17
3. EDUCAÇÃO MUSICAL INVISÍVEL OU TRANSMISSÃO DE SABERES
MUSICAIS: DISCUSSÕES ENTRE A EDUCAÇÃO MUSICAL E
ETNOMUSICOLOGIA................................................................................................ 23
3.1. Educação musical nas manifestações de tradição oral....................................... 23
3.2. Educação musical e cultura................................................................................ 25
3.3. Cavalo-Marinho e estudos acadêmicos.............................................................. 26
4. CAMINHOS E FRONTEIRAS ENTRE EDUCAÇÃO MUSICAL E
CAVALO-MARINHO BOI PINTADO...................................................................... 28
4.1. Caminhos escolhidos................................................................................................ 29
4.2. Ética na pesquisa...................................................................................................... 33
5. EDUCAÇÃO MUSICAL NO CAVALO-MARINHO BOI PINTADO............... 35
5.1. O que se ensina......................................................................................................... 35
5.2. Organização social do Cavalo-Marinho Boi Pintado............................................... 41
5.3. Situações de transmissão.......................................................................................... 43
5.4. Processos de transmissão.......................................................................................... 45
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................... 49
REFERENCIAS............................................................................................................. 51
APÊNCIDE A................................................................................................................ 55
APÊNCIDE B................................................................................................................. 56
APÊNCIDE C................................................................................................................ 57
1. INTRODUÇÃO
As manifestações de tradição oral despertam o interesse de pesquisadores de várias
áreas, principalmente na área das ciências sociais, como a antropologia e sociologia, além da
etnomusicologia, que tem laços estreitos com a antropologia. Nas últimas décadas algumas
áreas distantes das ciências sociais começaram a se interessar por essas manifestações
utilizando metodologias que dialogam com as utilizadas nas ciências sociais, em uma virada
epistemológica, com a característica da adoção do prefixo “etno” como é o caso da
etnobiologia, com seus campos específicos, tais como a etnozoologia, etnobotânica,
etnoecologia, etnoentomologia e etnofarmacologia. Este prefixo remete a busca do
inteligibilidade do social, do interesse pelo outro (MENEZES BASTOS, 2014, p. 64;
PIEDADE, 2010, p. 63). Na área das ciências humanas temos a etnopedagogia, termo
utilizado para se referir a estudos da Educação Musical que dialogam com a Etnomusicologia
(PRASS, 2004), caso deste trabalho. Dentre as manifestações de tradição oral que mais
despertam curiosidade entre os pesquisadores está o Cavalo-Marinho.
Minha afeição por esse folguedo surgiu muito antes do interesse pela pesquisa
acadêmica. Entre dezembro de 2014 e janeiro de 2015 conheci o Cavalo-Marinho, a mistura
imbricada de várias artes em uma só brincadeira, dentre elas as duas que mais me encantam,
música – minha profissão – e dança. Iniciei uma busca incessante que não visava nada além
do prazer estético pessoal por esse brinquedo.Essa procura me rendeu em 2016 o convite
realizado por Mestre Grimário, dono do Cavalo-Marinho Boi Pintado de Aliança –
Pernambuco, para reintrodução da viola no brinquedo, trabalho árduo que ainda está em
processo, porém muito gratificante. Só após essa aproximação com o brinquedo surgiu o
interesse pela pesquisa. Antes disso tinha receio por eu ser branco, de classe média e porestar
estudando na universidade, tendo consciência da desigualdade existente entre mim e
folgazões, além da possibilidade de estar tirando proveito de brincadores, sugando o
conhecimento de Mestres e tendo o reconhecimento como pesquisador. Esse receio é
fundamentado por práticas de alguns pesquisadores observadas por mim e por brincadores, os
quais fazem suas pesquisas e criam laços e vínculos sociais, mas depois de findada a pesquisa,
nunca mais aparecem. O receio de reproduzir essas práticas não sumiu, mas diminuiu após
minha efetivação como brincador de Cavalo-Marinho. Hoje consigo realizar esta pesquisa
junto aos meus colegas do Cavalo-Marinho Boi Pintado de forma mais equânime, colegas a
quem atribuo a co-autoria deste texto, tendo a consciência de que sou o maior beneficiado
com este trabalho, com meu desenvolvimento como pesquisador e com a titulação de
licenciado em música.
A colaboração e co-autoria deste texto se expressa de forma clara com o respeito e a
utilização de grafias correspondentes à variação linguística da Zona da Mata norte de
Pernambuco (ver HORA; VOGELEY, 2013), berço do Cavalo-Marinho Boi Pintado e de
outros grupos. Algumas dessas palavras são: maguio, variação de mergulho; bale, variação de
baile; véia, variação de velha; além da supressão da letra “s” em palavras como Mateu e Rei.
Dentre esses termos, o que causou um pequeno impasse foi o “Cavalo-Marinho”. Mestre
Grimário afirma que o termo correto é “Cavalo Marim”, “o pessoal da academia achou que a
gente estava falando errado, mas o certo mesmo é Cavalo Marim” (SILVA, 2018)1. Ainda
assim o próprio Grimário optou pelo uso da expressão “Cavalo-Marinho”, por ser a expressão
utilizada no registro do brinquedo no livro de patrimônio imaterial (ver INRC – Cavalo-
Marinho, 2014), e por ser termo presente no estatuto que registra o Cavalo-Marinho Boi
Pintado como pessoa jurídica. Essa discussão está presente de forma ínfima no dossiê
supracitado (IDEM, p. 144).
Minha participação como violeiro do Cavalo-Marinho Boi Pintado é de extrema
importância na minha formação como músico, principalmente como violeiro. Este trabalho foi
delineado a partir desta perspectiva formativa do Cavalo-Marinho, tendo como base principal
a bibliografia da Educação Musical. Esta pesquisa teve com objetivo geral: compreender as
características do ensino de música no Cavalo-Marinho Boi Pintado. Como objetivos
específicos: Identificar as situações e os espaços em que os ensinos ocorrem; identificar os
elementos estruturais e não propriamente sonoros que são ensinados; analisar a relação entre
os ensinos e o contexto sociocultural do Cavalo-Marinho.
A pesquisa se justifica na perspectiva de colaborar com trabalhos que tenham um olhar
sobre as práticas de ensino de música em manifestações de tradição oral, também
contribuindo com a continuidade do Cavalo-Marinho, dos seus atores, de outros patrimônios
imateriais do Brasil e da sociedade como um todo. Além disso, é o primeiro trabalho que
versa exclusivamente sobre o ensino de música no Cavalo-Marinho2 e parte da compreensão
de que a observação de outras práticas de ensino em contextos culturais diversos poderá
1
Seguindo a proposta de Almeida (2009), referencio mestre Grimário como autor a partir de seu sobrenome
(SILVA) e da data em que os depoimentos foram feitos. Na bibliografia podem ser encontrados maiores detalhes
sobre cada registro.
2
Os trabalhos de Nader (2005), Queiroz et al. (2007) e Tanaka (2001) versam sobre a transmissão de saberes
musicais de uma manifestação que também se denomina Cavalo-Marinho, mas que difere muito do Cavalo-
Marinho descrito no INRC – Cavalo-Marinho (2014) e registrado no livro de patrimônio imaterial do IPHAN-
Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
colaborar para uma prática docente mais coerente com o ideal de educação musical que
abarque diferentes dimensões – étnicas, raciais, multiculturais (QUEIROZ, 2004, p. 100).
Posto isto, o segundo capítulo “A Brincadeira é do Cavalo-Marinho”, contextualiza o
leitor sobre o que é Cavalo-Marinho, localizando a cidade de Aliança – PE e trazendo um
panorama histórico-social da Zona da Mata norte de Pernambuco. Também é abordado neste
capítulo questões da estrutura musical além da descrição do enredo, elaborado por Mestre
Grimário e escrito e organizado por mim, e dos locais onde as performances ocorrem, tendo
como base o trabalho de Murphy (2008).
O terceiro capítulo, intitulado “Educação musical invisível ou transmissão de saberes
musicais – discussões entre a Educação Musical e Etnomusicologia” apresenta os conceitos,
autores e áreas de estudos que alicerçam este trabalho. O modelo teórico interdisciplinar é
exposto e discutido de forma sucinta, tendo o aporte teórico nas áreas de Educação Musical e
Etnomusicologia. Inicialmente os trabalhos do campo da Educação Musical são trazidos para
discussão, seguidos dos trabalhos interdisciplinares da Educação Musical e Etnomusicologia,
finalizando o capítulo com os trabalhos etnomusicológicos e antropológicos.
Dando continuidade, no quarto capítulo, “Caminhos e fronteiras entre educação
musical e Cavalo-Marinho”, são abordados os pressupostos metodológicos, entre eles, a
perspectiva que o pesquisado deve tornar-se pesquisador, tendo como prática de pesquisa o
envolvimento de diversos autores e horizontalidade entre os pesquisadores, além da
observação participante e entrevistas semiestruturadas como ferramentas de coletas de dados.
Além disso, também são abordados os procedimentos éticos que apresentam o cuidado e o
respeito com a propriedade intelectual do grupo pesquisado.
A análise de dados está presente no quinto capítulo “Educação musical no Cavalo-
Marinho Boi Pintado”, que identifica e reflete sobre os saberes musicais e sobre os elementos
estruturais transmitidos, a organização social do grupo e sua relação com os ensinos, as
situações e espaços em que a transmissão ocorre e os processos de transmissão observados.
Por fim, esta monografia apresenta as considerações finais sobre o processo de ensino
e aprendizado do Cavalo-Marinho Boi Pintado, sintetizando quais situações, características,
princípios e processos que constituem a educação musical no brinquedo, entendendo que a
transmissão no brinquedo é elemento basal para construção cultural e identitária de cada
brincador.
2. A BRINCADEIRA É DO CAVALO-MARINHO
3
“O Brincador, aquele que dança, toca ou coloca figura, também é chamado de sambador ou folgazão”
(ACSELRAD, 2013, p. 48). Segundo Da Matta (1997) “o verbo brincar está cheio de possibilidades metafóricas
no Brasil. Assim, brincar significa também relacionar-se, procurando romper fronteiras entre as posições sociais,
criar um clima não verdadeiro superimposto à realidade” (1997, p.144), sendo a brincadeira não um divertimento
propriamente infantil, mas o Cavalo-Marinho em si. Essas serão as expressões mais utilizadas, por ser mais
abrangente em significados e porque são as mais utilizadas entre os integrantes do Cavalo-Marinho
(ACSELRAD, 2013, p. 48).
Chã, bem como toda a zona da mata, foi alicerçada na monocultura da cana-de-açúcar, no
trabalho escravo e nos grandes latifúndios. Os grandes latifúndios continuam existindo, em
Aliança, já que 92,8% das propriedades rurais têm 100 hectares ou mais (DABAT, 2003, p.
72) e onde mais da metade da população tem o rendimento per capita de até meio salário
mínimo, sendo a média do salário dos trabalhadores formais de 1,5 salários mínimos4. O
Cavalo-Marinho é uma das principais fontes de renda para alguns brincadores.
Murphy, autor de um importante livro sobre o tema, aborda as performances do
Cavalo-Marinho em dois contextos. Um dos contextos são as apresentações nas cidades do
interior de Pernambuco que o autor chama de apresentações rurais e se dariam na rua de
pequenas cidades do interior ou integrada a festa de padroeiros e em engenhos e sítios. O
outro contexto são apresentações urbanas, onde o Cavalo-Marinho é tratado como pitoresco.
Nas apresentações no interior, as brincadeiras nas ruas de pequenas cidades geralmente
aconteciam próximas a bares, onde o dono do brinquedo acordava com os donos dos bares e
das mesas de jogo um pagamento para ser distribuído entre os participantes do grupo. Este
valor era suplementado durante a apresentação pelos brincantes, em arrecadação, chamada de
sorte. As apresentações eram financiadas pela prefeitura de uma cidade na época de festa de
um santo padroeiro. O brinquedo fazia parte da programação de apresentações fora do
contexto religioso da festa, que pode durar de 7 a 9 dias. Por ordem da prefeitura, o Cavalo-
Marinho se encerraria às 3h para evitar possíveis distúrbios causados por pessoas ébrias. Nas
apresentações urbanas a duração pode variar entre 40 e 60 minutos e se inicia com uma
explanação sobre o que é o folguedo feita pelo mestre de cerimônias ou pelo mestre do
brinquedo. Isso se justifica pelo espaço das apresentações, grande circulação de pessoas e
comércio de artesanato popular, com público majoritariamente de turistas, como a Casa da
Cultura, na cidade do Recife (MURPHY, 2008, p. 87 - 98).
Hoje, praticamente todas as apresentações do Cavalo-Marinho se dão em contextos
urbanos, onde é tratado como excêntrico, como as apresentações que ocorrem na época de
Natal na Casa da Cultura ou na Avenida Rio Branco, ambos no centro do Recife. Uma
exceção para essa regra é o Encontro de Cavalo-Marinho realizado na Casa da Rabeca do
Brasil, localizada na Cidade Tabajara, bairro de Olinda – PE, fundada por Mestre Salustiano e
hoje administrada por sua família. Há majoritariamente familiaridade ao folguedo pelo
público nesse encontro, que geralmente começa por volta das 21h, podendo durar até 5 horas,
dependendo da disposição dos brincadores e da audiência, também a mercê dos dias úteis que
4
Fonte:https://cidades.ibge.gov.br/brasil/pe/alianca/panorama Acesso em: 28 maio 2018.
virão após o dia 25 de dezembro, no Natal, e 06 de janeiro, dia dos Santos Reis do Oriente,
datas em que são realizados os encontros.
5
Segundo o violeiro e pesquisador Ivan Vilela, “É com essa força que esse instrumento chega na terra de
Pindorama e aos poucos vai criando sua personalidade brasileira a ponto de receber, hoje, inúmeros atributos da
terra, como viola caipira, viola cabocla, viola nordestina, viola sertaneja, viola brasileira.” (VILELA, p.78, 2004-
2005). Neste trabalho usarei o termo viola ou viola brasileira, referente ao instrumento com cinco conjuntos de
corda que se assemelha ao violão.
pandeiro, bage (idiofone raspador de madeira de taboca), e mineiro ou ganzá, espacialmente
localizado nessa sequência, da direita para esquerda, em relação ao público (figura 1). A
bexiga do Mateu e Bastião e o apito do Mestre também são utilizados como elementos
musicais (ALCANTARA, 2011, p. 70-72). A bexiga de boi desidratada e cheia de ar é usada
como arma cômica, além do seu uso como instrumento musical por Mateu e Bastião, também
figuras do brinquedo (figura 3; ALCÂNTARA, 2011, p. 68). “Na brincadeira o apito é sinal
de autoridade e serve para indicar momentos que a música deve ser executada ou
interrompida, além de chamar atenção para o início de algum movimento em algumas danças”
(ALCÂNTARA, 2011, p. 70). O início musical também pode ser indicado por figuras, um
exemplo é quando o Mateu fala “banana menino”, ou “esfola o ovo”, indicando o início da
música, mas que só tem efeito com o apito do Mestre. O Banco também cumpre o papel de
uma figura, é o primeiro a entrar e o último a sair e interage com todas as figuras que passam
pela brincadeira, de forma musical, ou falada. O Cavalo-Marinho em questão é o único que
conta com a presença da viola em sua formação instrumental, instrumento que deixou de ser
usado (IDEM, p. 61; INRC – Cavalo-Marinho, 2014, p.118 e 131; MURPHY, 2008, p.68),
porém foi reintroduzido a partir de esforços do Mestre do grupo e do autor deste texto.
Figura 1. Banco do Cavalo-Marinho Boi Pintado na festa para Nossa Senhora do Ó, no distrito de Tupaoca,
Aliança – PE (Foto: Luciano A. Santos)
6
Para outras versões e leituras ver INRC – Cavalo Marinho (2014, p. 71); Murphy (2008, p. 53); Oliveira (2006,
p. 258; Tenderini (2003, p. 55)
os passos e indica as mudanças com o apito. Nesse momento a audiência participa da dança
nas últimas fileiras, aprendendo por imitação alguns passos. Grimário afirma que todos os
passos apresentados nesse início e por isso perde-se o caráter de surpresa e que isso é errado,
e não acontecia antes (SILVA, 2018). Após as toadas soltas, os folgazões formam um círculo
com o banco e iniciam o tombo do magúi (ou marguio, variante de mergulho), uma dança em
formato de jogo para aquecimento, seguindo o princípio de pergunta e resposta – o mestre vai
ao centro na roda, dançando um trupé, passo característico do magúi, forte e marcado, tendo
como célula rítmica o baião, chamando outro brincante ao centro da roda, e assim
sucessivamente. É uma dança vigorosa e provocadora, sendo o momento em que os brincantes
“acordam as pernas e o juízo” (ACSELRAD, 2013, p. 69), e a percussão forte feita com os
pés é usada para demonstrar vigor e também como um elemento musical. Nesse momento a
roda da audiência cresce.
Logo após o Mateu e Bastião são chamados e empeleitam7 o serviço de cuidar da festa
com o mestre, que está colocando a figura do Capitão Marinho, que precisará viajar (figura 2
e 3). Essas figuras, além da dança do tombo do magui, costumam aparecer em qualquer tipo
de apresentação.
7
Corruptela de empreitada, sistema de contrato de serviço remunerado.
Gurita, que é a primeira figura que usa máscara. Ele é contratado pelo Capitão para prender os
nêgos Mateu e Bastião e retomar a posse da festa (figura 4).
8
Samba como sinônimo de festa
Figura 5 – Estrela (foto: Luciana A. Santos)
Depois desse instante, o Bode, ou capitão do campo, que de acordo com Grimário
exerce o papel de feitor, aquele que supervisionava o trabalho escravo, são colocados por duas
pessoas para perseguir e incomodar o Mateu e Bastião, que se escondem atrás dos áico (arcos)
de fitas de papel coloridos, que nesse momento cumprem a função de arbusto. O Capitão, a
Galantaria e o Mateu e Bastião dizem loas e em seguida ocorre uma série de danças que
possuem “[...] passos de dança definidos para cada canção, que o Capitão deve coordenar,
sinalizando com um apito” (MURPHY, 2008, p. 57). O momento da Galantaria é o de maior
audiência, por conta das cores e brilhos dos adornos nas roupas e áicos dos Galantes, que são
a família do Capitão Marinho (figura 6). Algumas das danças utilizam os áicos abertos e
outras utilizam fechados sobre o ombro, sendo a última das danças a Cobra, onde os Galantes
dançam e circulam na roda em fila, um atrás do outro. Após essa dança entra o Cavalo, a
última figura da primeira parte representando o Capitão Marinho montado em seu Cavalo,
provavelmente é dessa figura que surge o nome da brincadeira.
Figura 6 – Dança dos áico (foto: Luciano A. Santos)
A segunda parte se inicia com o Seu Ambrósio, ou simplesmente Ambrósio, que é
uma espécie de índice das figuras. Todas essas figuras representam alguma pessoa que existiu,
ou alguma profissão comum na Zona da Mata. O Capitão precisa comprar figuras para a
brincadeira, o Seu Ambrósio afirma não ter figuras para Cavalo-Marinho. Após alguma
insistência do Capitão, o mostra cada figura, cada dança e trejeitos, para que ele possa
comprar e pagar, o Capitão compra, mas nunca paga. A sequência de figuras que vem depois
do Ambrósio não tem uma ordem definida, mas algumas figuras dependem de outras para a
cena, como é o caso da Véia do Bambu, que vem sob o pretexto de procurar uma Ema,
armação de animal com uma pessoa dentro, que entra antes dela. Depois dela vem o Véio
Joaquim, a Morte, o Padre e o Diabo.
Araújo (2008) explica que as críticas pós-modernas às pesquisas de campo são rasas e
estipulam o poder maior ao conhecimento produzido em detrimento do conhecimento da
comunidade (ARAÚJO, 2008, p. 14). A prática de pesquisa deste trabalho, envolvendo
diversos autores e horizontalidade entre os pesquisadores é entendida pelo Mestre Grimário
como “segurança pra gente trabalhar mais aberto, tanto com os pesquisadores e a gente
pesquisando também” (SILVA, 2017). Grimário complementa dizendo que:
9
http://www.alianca.pe.gov.br/?s=Boi+Pintado (acesso em 05.06.2018, às 17h33)
Figura 9 – Mapa dos locais visitados neste trabalho (elaborado por Luíza Nunes)
Para outras informações sobre o banco ver Alcântara (2014, p. 53); INRC – Cavalo-Marinho (2014, p. 103);
10
Figura 13 - Bage, fabricada por Mestre Grimário. Figura 14 - Pandeiro. (foto: Autor.)
(foto: Autor.)
11
Para outras informações sobre os gêneros musicais do Cavalo-Marinho ver Alcântara (2014, p. 72); INRC –
Cavalo-Marinho (2014, p. 98); Murphy (2008, p. 74)
médio e anelar, da mão esquerda para apertar as cordas, onde poucas vezes o dedo mínimo é
usado. Na mão direita está o arco côncavo, diferente dos convexos usados nos instrumentos
de corda de orquestra sinfônica, no arco é usado fios de nylon ou crina de cavalo untados em
breu, espécie de resina, para aderência dos fios e melhor fricção nas cordas. Normalmente o
rabequeiro toca as melodias em uníssono com a melodia cantada pela toadeiro, além de
acompanhamentos instrumentais melódicos, frequentemente tocando outros intervalos,
principalmente terças, quintas justas e oitavas justas, através da arcada em duas ou mais
cordas.
A viola toca acordes de três sons, por vezes tétrades nos acordes dominantes, bem
como melodias em terça com a rabeca (ver MURPHY, 2008, p. 121). Nas partes em que a
viola toca melodias, as cordas são dedilhadas com os dedos indicador e médio, enquanto o
polegar toca um pedal no quarto ou quinto conjunto de cordas em ritmo de baião. São evitadas
as melodias em uníssono, principalmente nas partes instrumentais, por causa do não
temperamento da rabeca.
A bage é friccionada por um bastão de madeira em suas ranhuras, tocando subdivisões
rítmicas, semelhante ao que é tocado pelo mineiro. O mineiro é um chocalho metálico com
contas internas, normalmente de semente de piriquiti, da família dos idiofones.
Transcrição 5 – Trecho da toada solta “Baiano é hoje”, cantada por todos do banco. (fonte: Autor.)
Transcrição 6 – Trecho de toada de figura, chamada do Mateu, parte cantada com ele presente na roda.
(fonte: Autor.)
As danças do Cavalo-Marinho, juntamente com a música, marcam o início, o fim e os
entremeios da brincadeira, além de estarem presentes em todas as encenações e em todas as
figuras. Em quase todos os momentos, a música e a dança estão juntas. São compostas pelo
tombo do magúi (margúi, magúião, magúio), bale (baile) da galantaria, dança dos áico
(arcos), dança das figuras e roda grande (ACSELRAD, 2013, p. 131). Quase todos os passos
das danças do brinquedo têm como eixo a região pélvica e abdominal, são dançados com a
base baixa e os joelhos flexionados. Alguns brincadores afirmam que a posição do corpo na
dança é o mesmo no trabalho do corte de cana-de-açúcar. Esses passos têm como base a
célula rítmica do baião, a dança que mais explicita isso é o magúio com uma pisada percutida
com força no chão (ALCÂNTARA, 2014, p. 81).
Transcrição 7 – Ritmo da pisada do magúio comparado com o a batida do pandeiro. (fonte: Autor.)
Os textos falados podem ser improvisados, mais ou menos fixos ou fixos, rimados ou
não. Os textos rimados são conhecidos por loas, normalmente em quadras, ou em décimas,
presentes em maior quantidade no bale da galantaria. Mário de Andrade (1982a, p. 59)
explana que “As louvações recebem no Nordeste às vezes o nome antigo de Loas, mas esse
nome designa especialmente certas recitações de alguns bailados”. Algumas figuras também
falam muitas loas, e loas extensas, como a figura do Vaqueiro e do Matuto da Goma, por isso
são consideradas figuras difíceis, pois além da dança, da dramaturgia e do corpo, é necessária
uma boa memória para dizer as loas. Os textos não rimados estão presentes na maioria das
figuras, na sua interação com o público de forma improvisada e nos diálogos entre figuras,
desde o diálogo do Mateu com o Capitão, até o momento de despedida, onde o mestre saúda a
todos com vários vivas (ver ALCÂNTARA, 2014, p. 49; INRC – Cavalo-Marinho, 2014, p.
88; MURPHY, 2008, p. 82; OLIVEIRA, 2006, p. 303)
Outros saberes transmitidos são os bordados dos peitorais, confecção dos chapéus dos
galantes, dos chapéus do Mateu, confecção das máscaras, construção dos animais, bem como
enfeite e costura dos mesmos, confecção da bage e do mineiro, que inclui identificar e saber
extrair a semente do piriquiti e o caule da taboca, tratamento da bexiga, dentre outros (INRC –
Cavalo-Marinho, 2014, p. 64). A propriedade desses saberes define quem ensina e define
também a importância da pessoa ou da função que a pessoa exerce no grupo, e é isso que será
visto a seguir.
Figureiro é quem bota ou coloca (encena) figuras “[...] de muito diálogo, dança ou ação, como o Soldado, o
12
Valentão ou o vaqueiro. Uma brincadeira efetiva requer a presença de ao menos um figureiro, e dois ou três são
necessários para sustentar uma brincadeira de noite inteira” (MURPHY, 2008, p. 44)
José Borba e Nal, o Mateu e Bastião, respectivamente, são de grande deferência para o
Cavalo-Marinho Boi Pintado, pois são os brincantes mais antigos do grupo, e ocupam a
mesma função desde a fundação do mesmo. Eles também têm um vasto conhecimento da
brincadeira, pois o Mateu e Bastião recebem e interagem com quase todas as figuras que
passam pela roda do Cavalo-Marinho e permanecem na roda quase continuamente. São tão
importantes quanto os figureiros, pois animam e fazem piada de tudo, executam as ordens do
Capitão e interagem com a audiência em vários momentos. “Mateus e Bastião têm ‘o papel
cerimonial duplo do palhaço, de manter a ordem e quebrá-la, à maneira do bufo italiano’”
(MURPHY, 2008, p. 44)
Pelo menos um toadeiro é também essencial. Quem cumpre essa função no grupo é
Leo que, como a maioria dos toadeiros, também é pandeirista do grupo. No grupo, Miguel é
quem substitui Leo na função, quando o mesmo não pode estar presente. Os toadeiros
precisam conhecer todo o repertório vocal de uma brincadeira completa e idealmente
improvisar entre as cenas. Quem cumpre essa função, além de conhecer o repertório, precisa
saber qual é a toada subsequente da que está cantando e precisa saber o momento certo de
cantar. Leo, além de ser toadeiro, é percussionista e luthier de rabeca.
Entre os instrumentistas, o rabequeiro ocupa o lugar de destaque; sem o rabequeiro
uma brincadeira não pode acontecer. O repertório é ainda maior para esse instrumento e é o
instrumento que mais toca, pois, além de tocar todas as melodias das toadas junto ao toadeiro,
toca o baiano, que é instrumental, e as toadas de algumas figuras que não têm
acompanhamento rítmico, como a toada da estrela. Quem ocupa a função de rabequeiro no
Cavalo-Marinho Boi Pintado é Nylber. Houve uma apresentação em que Nylber não pode
comparecer no dia 29 de julho de 2017, na Chã do Esconso, local da sede do brinquedo,
nesses dois momentos o rabequeiro Rannier Venâncio o substituiu. A viola, apesar de
dificuldade semelhante à rabeca, tanto pela técnica e repertório, não tem a mesma importância
do instrumento de corda friccionada, pois poucos brincantes que ainda estão vivos viram a
viola no brinquedo.
Os papéis de Dama e Pastorinha, bem como do Arrelequim e dos outros Galantes são
exercidos pelos menos experientes, até os brincadores que têm mais experiência, nessa ordem.
É sobre a experiência e sobre as características dos ensinos no Cavalo-Marinho Boi Pintado
que iremos tratar agora, começando pelas situações e locais em que os ensinos ocorrem.
5.3 Situações de transmissão
13
CAVALO-MARINHO BOI PINTADO. Cavalo-Marinho Boi Pintado. Recife, 2007
simbólicas” (ALCÂNTARA, 2014, p. 98). Algumas características e princípios foram
observados no processo de transmissão dos saberes musicais, que serão expostos a seguir.
14
Caderno de campo, Olinda, 25.12.2017
Observamos a autonomia em outras situações, como o depoimento de Kaio José, um
dos mais jovens brincantes do Cavalo-Marinho Boi Pintado, que afirma “fui aprender por
vontade minha, me interessei e corri atrás.”15. A autônomia também é observada nas
transmissões de saberes durante os traslados entre a Chã do Esconso e os distritos de Macujê,
Tupaoca, Upatininga, Caueiras e Aliança – PE município constituído por esses distritos, nas
festas de padroeiro de cada distrito que ocorreram durante a pesquisa de campo em janeiro de
2018. Esses traslados eram sempre regados com música, quem tivesse interesse pegava um
instrumento, ou batia palma, cantava junto. A aprendizagem com a prática e a imitação foi
bastante observada nesse momento. Essa imitação ocorre junto ao imitado, ou por vezes longe
dele, em ambientes onde a prática é solitária.
No caso da aprendizagem musical, a imitação engloba uma escuta imitativa
que acompanha a observação dos gestos de maneira simultânea, trabalhando
interiormente com imagens aurais que são recursos que serão acionados sem a
presença do imitado, à medida que o imitador construiu internamente essas
referências. (PRASS, 2009, p. 151-152)
Essa imitação, quando o imitador está sozinho, acontece também com auxílio de
gravações de áudio ou de vídeo. “Daniel Gohn (2007, 2009) tem destacado a importância, as
facilidades e as possibilidades que os recursos tecnológicos e as mídias contemporâneas têm
oferecido para a consolidação de processos de ensino e aprendizagem da música” (apud
QUEIROZ, 2011, p. 145). O acesso ao celular com gravador de áudio e vídeo tem facilitado o
registro do Cavalo-Marinho, e os brincantes usam isso também com o intuito de aprender.
Comuniquei-me durante esta pesquisa com o Mestre Grimário e outros brincantes por meio de
aplicativo de mensagem instantânea por uso de internet, onde trocamos informações e onde
aprendi algumas coisas. Além do uso de aparelhos para registro, foi notado o uso de registros
feitos por outras pessoas, como o CD do grupo e as gravações da Missão de Pesquisas
Folclóricas de 1938, como já foi abordado anteriormente.
O papel de instrutor consciente, por parte do Mestre e de alguns brincantes foi
observada durante a pesquisa de campo e entrevista. Em entrevista, o Mestre cita uma reunião
com intuito de instruir dois brincantes
Eu explico a Val, explico a Vitinho, sempre eu tô lá junto deles. Fiz uma
reunião junto a eles para porque o Nêgo Titanda (figura) estava muito
agressivo. Expliquei para eles que Nêgo Titanda é uma coisa para fazer graça,
a graça do Nêgo Titanda não é para agredir o Mateu, nem o Mateu agredir
eles. A graça é o Mateu bater neles com a bixiga, com as bexigada é que o
povo vai rir, o povo não ri com eles caindo do chão. (Entrevista, Mestre
Grimário, 29 de março de 2018)
15
Caderno de Campo, Aliança, 21.01.2018
Nessa reunião, ele ensina a melhor forma de colocar figura, a forma que ele acha certo,
instruindo os brincantes. Queiroz (2010, p. 127) afirma que “o mestre nesse contexto ocupa
lugar de destaque, tendo em vista que, além de ser o detentor do conhecimento, é a autoridade
que tem a função de organizar e definir os caminhos para a performance do grupo”. No dia 14
de janeiro de 2018, o Boi Pintado tocou no distrito de Macujê, em Aliança – PE. Tocamos em
um palco, onde todos os instrumentos foram eletrificados e durante um momento da
apresentação Léo, que é o toadeiro e pandeirista, pediu para que eu não tocasse a melodia em
uníssono com a rabeca, como eu vinha fazendo, principalmente nos momentos em que ele não
cantava.16 A melodia em uníssono da viola que é temperada, com a rabeca que não é
temperada causa eventuais desafinações. Léo me instruiu nesse momento, enquanto
tocávamos juntos, pois percebeu um erro e indicou a melhor forma de fazer para evitar o erro.
16
Caderno de campo, Aliança, 14.01.2018
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APÊNDICE A
Eu_________________________________,CPF____________, RG_______________,
______________________________________________________________
Nome/assinatura do autor da fotografia
APÊNDICE B
Convidamos o Sr. José Grimário da Silva para participar como voluntário da pesquisa
Da toada ao samba – Ensino de música no cavalo marinho Boi Pintado de Aliança-PE, que
está sob a responsabilidade do pesquisador Igor Cavalcante de Sá, (residente e domiciliado na
Rua XXXXXXXX, igorcavalcante-@hotmail.com), sob a orientação da professora Cristiane
Almeida. Todas as suas dúvidas podem ser esclarecidas com o responsável por esta pesquisa.
Apenas quando todos os esclarecimentos forem dados e você concorde com a realização do
estudo, pedimos que rubrique as folhas e assine ao final deste documento, que está em duas
vias. Uma via lhe será entregue e a outra ficará com o pesquisador responsável.
Você estará livre para decidir participar ou recusar-se. Caso não aceite participar, não
haverá nenhum problema, desistir é um direito seu, bem como será possível retirar o
consentimento em qualquer fase da pesquisa, também sem nenhuma penalidade.
➢ Esta pesquisa será realizada entre dezembro de 2017 e maio de 2018, realizando
observações participantes e entrevista.
➢ A pesquisa não gerará riscos ao Mestre, ao cavalo-marinho, ou as pessoas
envolvidas, respeitando os seus interesses e a propriedade intelectual. Em caso de
despesas ou algum dano material, o custo será ressarcido pelo pesquisador.
➢ Mediante a conclusão do trabalho, será entregue uma cópia do texto final como
contrapartida da pesquisa.
Solicitamos a permissão de citar também o seu nome, bem como os nomes dos
brincantes do Cavalo-Marinho Boi Pintado, como forma de reconhecimento e prestígio às
suas colaborações no desenvolvimento dessa investigação. Desta forma as informações desta
pesquisa poderão ser divulgadas em eventos ou publicações científicas, havendo a sua
identificação, e entre os responsáveis pelo estudo, sendo assegurado o respeito a sua imagem
e a sua propriedade intelectual. Os dados coletados nesta pesquisa ficarão armazenados em
computador pessoal sob a responsabilidade do pesquisador no endereço acima informado pelo
período de mínimo 5 anos.
Nada lhe será pago e nem será cobrado para participar desta pesquisa, pois a aceitação
é voluntária, mas fica também garantida a indenização em casos de danos, comprovadamente
decorrentes da participação na pesquisa, conforme decisão judicial ou extra-judicial. Se
houver necessidade, as despesas para a sua participação serão assumidas pelos pesquisadores
(ressarcimento de transporte e alimentação).
Em caso de dúvidas relacionadas aos aspectos éticos deste estudo, você poderá
consultar o Comitê de Ética em Pesquisa Envolvendo Seres Humanos da UFPE no endereço:
(Avenida da Engenharia s/n – 1º Andar, sala 4 - Cidade Universitária, Recife-PE, CEP:
50740-600, Tel.: (81) 2126.8588 – e-mail: cepccs@ufpe.br).
___________________________________________________
(assinatura do pesquisador)
CONSENTIMENTO DA PARTICIPAÇÃO DA PESSOA COMO VOLUNTÁRIO
Nome: Nome:
Assinatura: Assinatura: