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PAULUS
Este livro é dedicado às pessoas pressa, o utilitarismo, a objetivida
que estão abertas a um pensamento de, a insensibilidade. São essas as
que, sem moralismo, aproxima-se mensagens predominantes com as
de valores; sem pieguice, trata de quais os jovens rapidamente apren
sentimentos; sem leviandade, fala dem a viver. Mas é desejável que eles
de sonhos; sem ser carrancudo, saibam que há outras formas de pen
chama à responsabilidade. sar. Aliás, quem tem contato com
Consideremos, por exemplo, jovens percebe que eles, quando ain
estas afirmações: da não foram totalmente tomados
Ser maduro é ser disponível pelo desencanto ou pela aceitação do
para servir; é poder conviver com o vale-tudo, manifestam o desejo de
que falta; é ser capaz de renúncia; é acreditar que a vida pode ser pensa
desenvolver paciência. da segundo outros critérios, que a
E importante não negar a culpa e vida precisa ter sentido.
é importante também o perdão.
Bilê Tatit Sapienza
E preciso teimar em manter a
capacidade de sonhar.
A vida humana necessita de
João Augusto Pompeia, mais
significados.
conhecido como Guto Pompeia,
O ser mortal é para ser levado a nasceu em São Paulo, em 1948.
sério em qualquer momento da Diplomou-se como psicólogo pela
vida. PUC-SP, em 1971, onde também le
A realidade não é definida tão ciona desde então, além de atuar
objetivamente como parece. como psicoterapeuta.
A questão central da Psicotera A convite do Dr. Solon Spanoudis,
pia, mesmo com psicóticos, é lidar em 1974, participa, com um grupo
com os significados e com a reinte de psicólogos e psiquiatras, da
gração do sentido da vida. criação da Associação Brasileira de
Tais afirm ações m ovem -se Daseinsanalyse, onde vem oferecen
numa contramão do fluxo de nossa do cursos para profissionais interes
cultura, que valoriza o poder, a sados nessa formação.
João Augusto Pompeia e Bilê Tatit Sapienza
NA PRESENÇA DO SENTIDO
Uma aproximação fenomenológica
a questões existenciais básicas
educ ABI
PAULUS
São Paulo
2004
Ficha Catalográfica elaborada pela
Biblioteca Reitora Nadir GouVêa Kfouri - PUC-SP
E D U C - Editora da P U C -S P
D ireção
Maria Eliza Mazzilli Pereira
Denize Rosana Rubano
Produção Editorial
Magali Oliveira Fernandes
Preparação
Sonia Rangel
Revisão
Tereza Maria Lourenço Pereira
Editoração Eletrônica
Digital Press
Capa
Sara Rosa Impressão e acabamento Paulus
Realização: Waldir Antonio Alves
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3
PAULUS
Arte e existência.......................................................... .. 17
História dos desejos........................................................ 31
Desfecho: encerramento de um processo.................... 51
Sobre a morte e o morrer............................................... 69
Culpa e desculpa........................................................... 87
Tempo da maturidade................................................ 119
Uma caracterização da psicoterapia........................ 153
Psicoterapia e psicose................................................ 171
Poder e brincar............................................................ 205
PREFÁCIO
Psicoterapia e Psicose
Palestra apresentada para Equipe de Paramédicos do
CAISM - Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, em 2000.
Poder e Brincar
Palestra apresentada para psicólogos e psicoterapeutas
do Centro de Estudos Fenomenológico-Existencial de
Santos, em 2001.
nada, isso não quer dizer que ela não fale. Se aquilo for arte,
alguma coisa falará ali para um interlocutor.
A obra de arte não é algo em que "penduro alguns
conteúdos meus" para, em seguida, ficar satisfeito por
ser essa obra capaz de sustentar a mensagem que eu co
loco ali. Diante da obra, também não se trata de tentar
descobrir o que o artista quis dizer.
Talvez tenhamos de permanecer na pergunta: "O que
a coisa quis dizer por intermédio do artista que, a serviço
dela, fez esse dizer chegar até mim, que não sou artista?".
A resposta a essa questão jamais será unívoca. O
que se espera é que a coisa conte de sua condição de obra
de arte.
No momento em que a obra me toca e me diz algo,
acontece um fenômeno que poderíamos chamar de "reu
nião". É como se eu, o artista e a coisa estivéssemos
reunidos. Há aí uma sensação de harmonia, de comparti
lhar com o outro algo que é, de certa forma, misterioso,
mas que, pelo trabalho do artista, emergiu e tomou-se
presente para mim, o espectador.
Nessa reunião aconchegante vivemos uma experiên
cia de intimidade. Diante da obra de arte, o clima de pre
sença e intimidade parece-nos fazer recordar algo. A pa
lavra grega aletheia nos ajuda a compreender tal momento,
pois ela, além de significar verdade, pode significar tam
bém recordar (prefixo a negativo e lethe, esquecimento).
26 N a P resença do S en t id o
para nós mesmos: tentar ser feliz sabendo que essa feli
cidade é sempre, tal como aparece em todos os nossos
sonhos, uma felicidade nossa com os outros.
Essa é a história dos desejos que sonhei contar aqui.
E a história que eu trouxe de volta, que tem uma força
muito grande, que é uma coisa que não deve ser segre
do, embora eu sempre achasse importante que ela fosse
contada como um segredo muito íntimo, como quando
se fala baixinho daquelas coisas que vêm do fundo da
gente para pessoas muito próximas. Nesse meu sonho
do ultimo mês — poder contar essa história para vocês —,
eu tinha medo de me sentir esvaziado ao realizá-lo, de não
encontrar um interlocutor com quem dividir isto, um dos
meus mais preciosos segredos. Ao mesmo tempo, tinha
também um grande desejo de lhes dizer essas coisas. Sin
to agora que, com vocês, pude realizar esse meu sonho.
DESFECHO:
ENCERRAMENTO DE UM PROCESSO
2. Idem, ibidem.
D esfecho : E n c er r a m e n t o de u m P ro c e sso 55
3- Idem, ibidem.
56 N a Presença do Sentido
2. Idem, ibidem.
S o b r e a M o r t e e o M o rr er 73
Mais tarde:
Escuta agora, minha mãe, o pensamento
que ora me ocorre ao refletir sobre estes fatos.
Tomei neste momento a decisão final
de me entregar à morte, mas o meu desejo
é enfrentá-la gloriosa e nobremente,
sem qualquer manifestação de covardia.
sua mãe e com ela tem filhos. Tem uma culpa enorme,
que é ao mesmo tempo absurda. Nenhum tribunal po
deria condenar Édipo, porque ele tem provas de que, até
onde foi possível seu entendimento, ele tomou todas as
providências para não fazer o que fez. Um tribunal ha
veria de considerá-lo inocente. Antes de ser concebido já
estava predito que ele mataria o pai e dormiria com a mãe.
A pergunta que me fascina é esta: por que Édipo
simplesmente não pede desculpa e argumenta que to
dos estão de prova de que ele fez tudo o que pôde para
acertar? Ele reclama, sim, lamenta-se, mas não afasta de
si a culpa. Ao saber, por meio de um pastor, quem ele
era, e ao se dar conta do que havia feito, ele diz:
Édipo
Sucessão de inúmeras desgraças!
Coro
Sofreste!
Édipo
Sim, males inolvidáveis!
Coro
Pecaste!
Édipo
Não! Eu não pequei!
(...)
ÍOO N a P r esen ç a d o S en t id o
Coro
Matas te!
Édipo
Sim, matei; tenho entretanto...
Coro
O quê?
Édipo
Algo para justificar-me
Coro
Mas como?
Édipo
Digo-te: Quando o matei
e massacrei agia sem saber.
Sou inocente diante da lei,
pois fiz tudo sem premeditação.
ções de Ouro.
TEMPO da M a t u r id a d e 133
8. H e id e g g e r, M. (1 9 7 7 ). O c a m in h o d o c a m p o . Revista de Cultura
Vozes, n. 4, ano 71, Rio de Janeiro, Vozes.
T e m p o da M a t u r id a d e 141
2. Idem, ibidem.
208 N a P r esen ç a d o S e n t id o
7. Idem, ibidem.
P o d er e B r in c a r 217
10. H o bbes, T. (1979). Leviatã. São Paulo, Abril Cultural (Os Pensa
dores).
P o d er e B rin c a r 22 í
ISBN 85-283-0288-1
An 9788528 302882