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SEGREDO DO CULTO AOS ORIXÁS

Mistérios não revelados por Pais e Mães de santo, mas que acredito que deve chegar ao
alcance de todos para se entender o que está cultuando e o porquê...

Ebós diversos, rezas secretas com traduções, favas e usos litúrgicos, comidas de orixás,
encantamentos e muito mais.

Babálorisá Anderson de Ologunedé


SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 3
O CULTO AOS ORIXÁS, DIVINDADES SUPREMAS SENHORES DA
NATUREZA................................................................................................................. 3
OS ORIXÁS E SUAS RESPECTIVAS ÁREAS DE JURISDIÇÃO E ATUAÇÃO
ATIVA, QUAL É A FUNÇÃO DE CADA UM? .......................................................... 4
REZA DE EXÚ ............................................................................................................ 6
REZA DE OGUM ........................................................................................................ 6
REZA DE OSSAIM ...................................................................................................... 6
REZA DE OMOLÚ ...................................................................................................... 7
REZA DE OXUMARÉ ................................................................................................. 7
REZA DE NANÃ ......................................................................................................... 7
REZA DE OXUM ........................................................................................................ 7
REZA DE LOGUNEDE ............................................................................................... 8
REZA DE OYÁ ............................................................................................................ 8
REZA DE OBÁ ............................................................................................................ 8
REZA DE EWÁ ........................................................................................................... 8
REZA DE XANGÔ ...................................................................................................... 8
REZA DE YEMONJA .................................................................................................. 8
REZA DE ÒRÚNMÌLÀ ............................................................................................... 9
ORIXÁ JAGUM ........................................................................................................... 9
SOBRE POMBO-GIRA/ POMBA-GIRA ................................................................... 12
O CULTO AO ORI ..................................................................................................... 13
ORÍ – CABEÇA FISICA E ESPIRITUAL .................................................................. 13
ORI-ALMA E PERSONALIDADE ............................................................................ 15
EBÓS QUE SÃO FEITOS ANTES DO RITUAL DE BORI ....................................... 16
BANHOS QUE ANTECEDEM AO RITUAL DE BORI ............................................ 17
REZAS DE ORI COM TRADUÇÃO ......................................................................... 17
OUTRA REZA DE ORI COM TRADUÇÃO ............................................................. 18
EBÓS E BANHOS PARA DIVERSAS FINALIDADES ............................................ 18
COMIDA DE EXÚ ORIXÁ........................................................................................ 25
ERAN TI GAARI PÚPA ........................................................................................... 25
OFERENDA AS YAMINS OXÓRONGAS ................................................................ 25
COMIDAS DO ORIXÁ OGUM ................................................................................. 26
COMIDAS DO ORIXÁ OXOSSI ............................................................................... 26
COMIDAS DO ORIXÁ OMOLU ............................................................................... 27
IPÉTÉ DE OSSAIM ................................................................................................... 27
COMIDA DO ORIXÁ OXUMARÊ ............................................................................ 28
EBÓ YÁ- YEMANJA - NANÃ .................................................................................. 28
COMIDAS DO ORIXÁ XANGÔ ............................................................................... 29
COMIDAS DO ORIXÁ OYÁ/YANSÃ ...................................................................... 30
COMIDAS DE OBÁ .................................................................................................. 31
COMIDAS DE EWÁ .................................................................................................. 31
PREPARO DE PEIXE PARA ORIXÁ OLOGUNÉDE ............................................... 32
COMIDAS DO ORIXÁ YÁ OXUM ........................................................................... 32
COMIDAS DE YOMONJÁ ........................................................................................ 33
COMIDA DO ORIXÁ IROKO ................................................................................... 34
COMIDA DO ORIXÁ IBEJI ...................................................................................... 34
COMIDAS DE ORIXÁ OXOGUIÃN ......................................................................... 34
COMIDAS DO ORIXÁ OXALÁ ............................................................................... 35
AS FAVAS UTILIZADAS NO CULTO AOS ORIXÁS E SEUS SEGREDOS .......... 36
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INTRODUÇÃO

O CULTO AOS ORIXÁS, DIVINDADES SUPREMAS SENHORES DA


NATUREZA
O pilar de referência do culto aos orixás, é embasado na natureza em suas variadas
manifestações, tanto no culto de nação com denominações, ketu,angola,gege, ou na
umbanda, estas divindades (originarias do divino, parte dele), tem a função de zelar pela
ordem planetária e auxiliar os seres humanos em sua trajetória evolutiva, se mostram de
formas variadas em muitas cultura com liturgias (cultos) diferentes, para entendermos
mais afundo devemos dividir a jurisdição de cada divindade compondo um elemento da
natureza, agua, terra, fogo e ar, para tanto ainda é preciso entender qual é a nossa relação
com estes elementos, e é exatamente esse assunto um dos muitos que vamos abordar nessa
apostila digital, que tem como principal função desmitificar o culto de forma geral
levando o conhecimento aberto até então restrito e ilógico a todos aqueles que tem sede
por conhecimento, o culto ao orixá por décadas foi passado oralmente dentro da própria
egbé ( terreiro, barracão, unzó), em que o neófito realizava seus ritos de iniciação, com o
avanço da escrita e da tecnologia passamos a dispor de mais recursos para registros de
nossos conhecimento, e é claro que os adeptos dos referidos cultos se utilizaram desse
instrumento não somente para resguardar mas assegurar a transmissão destes
conhecimentos, os resultados não foram tão favoráveis, pois foi notado que muito
iniciados sem o seu devido “grau” dentro do culto já sabiam de coisas que não podiam,
mas perai!, quais coisas eram estas?. Quais segredos eram estes mantidos a sete chave?
Será que realmente esse conhecimento era vedado ou apenas um instrumento de poder
para manipular hierarquicamente quem estava na escala abaixo do culto? é sobre alguns
deste pseudos segredos que vamos tratar nesse material, rezas, ebós, fundamentos de
alguns orixás tidos como “encantados”, o que estou rezando? Para quem? Por quê?
Ainda vamos conhecer A PRONFUNDIDADE das folhas, de objetos sacros, utilizados
em determinados ritos, vamos aprender o que é a comida de santo e suas especificidades,
o que seria um bori em seu sentido cósmico enquanto ritual, o que vai ali dentro? Por
quê? vai ser uma leitura agradável e instigante, o presente material não tem por objetivo
invalidar conhecimento algum dos nossos irmãos que pensam diferente, mas sim o dever
de atiçar o senso crítico de cada leitor e fazê-lo se indagar: o que é o orixá de fato? Ele
cobra? Ele mata? Ele adoece as pessoas que não cumprem suas obrigações votivas?, além
de abordar aspectos importantes de um ritual de bori e rezas que nem sempre são
acessíveis na iniciação ou após esta, sempre tomando os devidos cuidados para que certos
atos que demandam sim uma preservação maior não sejam exposto, em contrapartida
revelando fundamentos e rezas que até hoje são tidos como grandes tesouros somente
acessível aos chamados “velhos de santos”, sou de uma geração que não aceita a resposta
de que aquilo é assim porque tem que ser, eu sei que posso ir mais longe e fui, busquei,
perguntei e levei muitos nãos, assim como fui humilhado mas após árduos anos eu venci
pela experiência e estou aqui disposto a passar para você amigo leitor um pouco do que
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aprendi e qual é a visão de orixá dentro da minha experiência prática, espero que goste da
leitura e possa incentivar seus amigos e familiares que não conhecem o culto ao orixá,
que não sabe o que é um exu ou pombo gira, que acredita que todo “despacho” na
encruzilhada é para mal , que possam adquirir esse valiosos Ebook que vai abrir um novo
horizonte de conhecimento é proporcionar uma nova caminhada espiritual, ou de
conhecimento apenas aos que querem entender o porquê de muitos ritos dentro do axé,
bem vindo a essa grande viagem, bons estudos.
OS ORIXÁS E SUAS RESPECTIVAS ÁREAS DE JURISDIÇÃO E ATUAÇÃO
ATIVA, QUAL É A FUNÇÃO DE CADA UM?
Dentro do modelo de culto do candomblé “tradicional”, desde o momento que se inicia
geralmente aprendemos que temos um igbá (objeto de culto sacralizado representando o
orixá de forma física),que deve ser cuidado sob pena de sofrermos punições das
“divindades” caso não cumprimos nossas obrigações votivas, mas espera um pouco!, isso
não é contraditório?, o orixá sendo uma energia sagrada, divina e de puro amor teria estes
atributos humanos que pregam por ai?, ou é apenas uma projeção do homem de sua
própria imagem para se sentir mais próximo ao que está além de si, ou ainda um
instrumento de manipulação de poder?, pois é, sabemos que o Candomblé tem um sistema
hierárquico onde o mais velho sempre deve ser respeitado pois, dentro deste culto o tempo
de iniciação é um divisor de águas, porém muitos não param para pensar que tempo não
condiz com sabedoria, que maturidade espiritual nem sempre significa ter uma carga de
conteúdos litúrgicos mas sim uma posição ímpar ante as adversidades da vida, o medo
tem sido um instrumento efetivo para muitos que se intitulam sacerdotes e sacerdotisas
manterem suas casas cheias, e exatamente pela falta de conhecimento da função de cada
orixá muitos compram essa ideia se mantendo em verdadeiros cativeiros sem viver de
fato o papel da “religião”, vamos agora aprender um pouco de cada área de atuação das
divindades e qual seu lugar em nossa existência e assim descontruir muitos conceitos
arraigados pela nossa ignorância.

EXU: essa grande divindade tem a função de zelar pela manutenção da espécie, rege as
relações de comunicação em todas as esferas, o câmbio, a troca, o comércio, assim como
tem o papel de conscientizar os indivíduos quanto aos seus desejos mais íntimos
libertando-os das suas próprias amarras.
OGUM: divindade responsável por dominar o avanço tecnológico em sua totalidade,
pelas descobertas e evolução dos instrumentos de sobrevivência da humanidade assim
como motivar o homem a buscar o alimento necessário para sua subsistência e dos seus,
senhor do conhecimento.
OXOSSI: orixá cujo atuação na área intelectual é marcante, tem a função de zelar pela
capacidade reflexiva de cada ser humano e auxiliar no processo de tomadas de decisão,
essa energia tem ainda o papel de manter os sujeitos conscientes quanto a necessidade da
preservação da fauna e flora, assim como zelar pela constituição familiar e figura paterna.
XANGÔ: senhor da justiça tendo como principal atividade a execução da lei de retorno
ou causa e efeito, mantém a ordem no universo agindo de acordo com a conduta de cada
um nos colocando em consonância com as leis divinas, protetor da área jurídica cuja
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atuação implícita pune aqueles que julgam ou absorve injustamente, rege ainda o
conhecimento sobre a moralidade e seus impactos em nossas vidas.
OSSAIM: divindade responsável pelas descobertas na área da medicina no que diz
respeito a farmácia de forma geral, senhor da fitoterapia e de todas as ervas, tem a função
de impulsionar a ciência aos avanços relacionadas a cura.
OMULU: regente da saúde mental e física tendo como jurisdição a homeostase (
equilíbrio) do corpo humano, impulsiona o homem as descobertas da espiritualidade
sendo também agente transformador de sentimentos negativos em positivos, representa
a humildade e desapego material ensinando que tudo é empréstimo divino e quem nem
nosso corpo nos pertence de fato, logo busca nos ensinar a importância de uma vida digna
e abundante em termos morais para que possamos retornar a pátria espiritual
tranquilamente.
OXUMÁRE: divindade da transformação regendo todo processo de dor e alegria que
vivenciamos no decorrer de nossas existências, orixá responsável por instalar nos seres
humanos a aceitação pelo que é diferente, nos ensina que onde há o veneno possivelmente
há a cura , mas esta depende da descoberta que só se dá com a busca e disciplina.
LOGUN EDÉ: orixá responsável pelo desenvolvimento do adolescente e seus conflitos
decorrentes dessa fase, a descoberta sexual e inclinação profissional, seu papel é de passar
aos seres humanos alegria, esperança e animo para seguir diante das dificuldades, ainda
protege os professores e alunos de todos os níveis de ensino, ligado a oratória e aos
processos de aprendizagens, em síntese é o orixá do desenvolvimento pessoal.
OXUM: essa divindade tem a função de manter os ciclos familiares em ação, protegendo
as mães durante e após a gestação lhes dando sabedoria para conduzir os filhos, sua
regência sob a maternidade é muito forte sendo portanto a representação do que há de
mais puro nas mãe assim como exu é militante da manutenção da vida humana por meio
da produtividade.
OYÁ: atua diretamente sob as emoções humanas, tem o papel de nos ensinar o controle
destas emoções assim como mostrar o impacto delas sob o corpo, tem a função de
controlar o processo de evaporação e da chuva no planeta bem como o direcionamento
das almas a seus respectivos lugares de acordo com seus feitos, sendo portanto rainha
destas.
NANÃ: orixá responsável pela proteção dos órgãos e vísceras humanos, assim como a
circulação sanguínea, nos ensina a sermos compassivos e benevolentes, ajuda a entender
que a vingança não compensa, senhora da transformação em todos os aspectos.
YEMANJA: essa energia magnifica atua sob nosso campo mental e racional, tem como
função manter o homem fora de seus desajustes psicológicos, além de proteger os núcleos
familiares zelando pela união e evitando possíveis separações.
EWÁ: divindade que tem com função no planeta supervisionar o desenvolvimento
evolutivo de cada sujeito e auxiliar na travessia da adolescência, auxilia no processo de
maturação do corpo feminino sendo responsável pela menarca, senhora da mediunidade
em todas as suas formas e especificamente na clarividência.
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OBÁ: essa divindade atua diretamente nas relações femininas, impulsiona a liberdade da
mulher levando- a seu empoderamento enquanto tal, é a perfeita representação da mulher
que sai para vencer e conquistar o seu sustento, rege a solidão e suas formas de ser
trabalhada consequentemente trazendo algo bom.
TEMPO/IROKO: essas energias têm o mesmo papel, fazer cada indivíduo perceber e
entender a importância do tempo para amar, perdoar e viver bem, acompanha o processo
do envelhecimento protegendo os idosos bem como está diretamente ligado a tudo que
diz respeito aos nossos antecedentes.
IBEJI: orixá responsável pela alegria de forma geral, regendo as relações em que o riso
se faz presente.
Como podemos ver acima os orixás tem um papel significativo em nossas vidas que vai
bem além de se fixar em um igbá e ser egoisticamente cultuado, a nossa relação com estes
grandes seres criadores de realidade depende em muito da forma que a concebemos,
vamos agora aprender algumas rezas em yoruba para invocar estas energias e manter
uma relação mais próxima, porém convém lembrar que independente do dialeto você
sempre será ouvido/ouvida, pois orixá é universal, espero que possa ser de utilidade as
rezas abaixo, bons estudos.

REZA DE EXÚ
Ajúbà Bàrà-Legbà Olóde Èsù-Lonà Bàrà dage burúkú Lànà Bárà Jelù Làlúpo
Èsù_Bàrà.
Respeitamos Bará, dono do chicote dos campos Exú no caminho Bará que corta o mal
abre os caminhos Bará mensageiro do tambor Abre senhor do dendê Exu-Bará Reza de
Ogun
REZA DE OGUM
Ògún dà lé ko Eni adé ran Ògún dà lé ko Eni adé ran Ògún to wa do Eni adé ran Ògún
to wa do Eni adé ran Asè Ògún .
constrói casa sozinho A mando do Rei Ògún constrói casa sozinho A mando do Rei
Basta Ògún, nas instalações de nosso vilarejo A mando do Rei Basta Ògún, na
instalação de nosso vilarejo A mando do Rei Axé
REZA DE OSSAIM
Meré-meré Òsónyìn ewè o e jìn Meré-meré Òsónyìn ewè o e jìn Meré-meré ewè o e jìn
ngbe non Meré-meré ewè o e jìn ngbe non E jìn meré-meré Òsóyìn wa le .
Habilmente Òsónyìn as folhas vós destes habilmente Òsónyìn as folhas vós destes
habilmente as folhas vós destas secas no caminho habilmente as folhas vós destes secas
no caminho Vós destes habilmente Òsónyìn a nós a magia
REZA DE ODÉ
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Pa kó tòrí san gbo didè, (nja in pa igbó ) Ode aróle o Aróle o oni sa gbo olówo Ode
aróle o nkú lode.
Fisga. mata e arrasta ferozmente sua presa, (o cão morto na floresta) Ele é o caçador
herdeiro hoje o herdeiro exibe sua riqueza Ele é o caçador herdeiro que tem o poder de
atrair a caça para a morte
REZA DE OMOLÚ
Omolú igbòná igbóná zue Omolú igbòná igbòná zue Eko omo vodum maceto Eko omo
vodum na je Ijòni le o Nàná Ijòni le o Nàná ki mayò Nàná ki mayò ki n a lode Felèfèlè
mi igba nfo, ajunsun wale Meré-meré e no ile isin Meré-meré e no ile isin Ensinbe
meré-meré osú Iàyò Ensinbe meré-meré osú làyò Oba alà tun sue obi osùn Oba alà tun
sue obi osùn Iya lòni Otù, àkòba, bi iyà, hùkó, kàká, beto Orun zue so ran ale so ran
Bara atun zue obi osùn Omolú, .
Senhor da Quentura Sempre febril produz saúde educa o filho Vodun Maceto Vodun
educa o filho castigando Naná ele é capaz de provocar queimaduras Ele é capaz de
provocar queimaduras. Nanã, e se enche de alegria Nanã ele se enche de alegria do lado
de fora o erguemos habilmente osù que cobre a terra primeiramente o erguemos
habilmente osù que cobre a terra Rei que nasceu como o sol. Pai do Vermelho Rei que
nasceu como o sol. Pai do Vermelho Neste dia Doença, infermidade, sofrimento, tosse,
dificuldades, aflição suplico-lhe diariamente. Pai do Vermelho Rei do corpo suplico-lhe
rastejando Rei do corpo suplico-lhe diretamente. Pai do Vermelho
REZA DE OXUMARÉ
Òsùmàrè e sé wa dé òjò Àwa gbè ló sìngbà opè wa Ekun òjò wa Dájú e òjò odò Dájú e
òjò odò s'àwa Asè .
Òsùmàrè é quem nos traz a chuva nós a recebemos e retribuimos agradecidos é o
bastante a chuva para nós certamente vossa chuva é o rio Certamente vossa chuva é o
rio, para nós. Axé
REZA DE NANÃ
E kò odò, e kò odò fó E kò odò, e kò odò fó E kò odò, e kò odò fó E kò odò, e kò odò
fó Kò odò, kò odò, kò odò e dura, dura ní kò gbèngbè Mawun awun a ti jò n Saluba
Nana, saluba Nàná, saluba. Saluba Nana, saluba Nàná, saluba.
Encontro-lhe no rio, encontro-lhe no leito do rio Encontro-lhe no rio, encontro-lhe no
leito do rio Encontro-lhe no rio, encontro-lhe no leito do rio Encontro-lhe no rio,
encontro-lhe no leito do rio Encontro no rio, encontro no rio, encontro no rio
Esforçando-me para não afundar na travessia do grande rio Lentamente como uma
tartaruga trancada suplicando perdão Pantaneira Nàná Pantaneira Nàná
REZA DE OXUM
E nji tenú ma mi o Tenú màmà ya Ìyá Ibeji di Lógun Àyaba omi ro Ìbeji kòri ko jo
Àyaba ma pákútá màlà ge sá Iya mi yèyè ( Òsogbo/ Ipondá/ Opara/ Kare ) .
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Vós que gentomente me dá muitos presentes Calmamente sem aflição Mãe dos gêmeos
que vem a ser mãe de Lógun, Rainha das águas pingando Os gêmeos adornam vários
K'òrì sem queimar rainha me faz guisado em pequenas panelas deslumbrantemente
corta com espada Me encaminha mamãe querida de ( Òsogbo/ Ipondá/ Opara/ Kare )
REZA DE LOGUNEDE
4 Jagunjagun ninú òrisá, A síwájú ogun ninú òrisá, Ológún - ede oporilíka, Ológún gbà
mi o, Ológún a yan fírán bí ekùn, Lógún gba mí o, Ogbágbá, tií ngba ní lójó tó burú,
Baba gbá mi, ayan firán bí ekún, Baba gbá ní l'ójó tó burú, Opopo lepon, O mi rinrin
woja, A gba ní, ní ojó tó burú, Korokoró wo o, Eleró - odó oko, Afenu agada jowere
papa, O fenu agada re jowere papa, BáBá mi ní a fí ará jòlò, bí igí pàkó, Eyí báwùn ló
nyí, Bi á bá yí funfun lóni, A yí dudú lolá, Ologún gba mi o!

REZA DE OYÁ
E ma odò, e ma odò Lagbó lagbó méje O dundun a soro Balè hey.
Eu vou ao rio, eu vou ao rio Do seu modo encontrado nos arbustos reparte em sete Vós
que fala através do Dundun Tocando o solo te saúdo
REZA DE OBÁ
Òbà mo pe o o Òbà mo pe o o Sare wa je mi o Òbà ojowu aya xangô sare Wa gbo
adura wa o Eni n wa owò. Ki o fun ni owò Eni n wa ammo. Ki o fun ni omo Eni n wa
àlafià. Ki o fun ni àlafià sare wa je mi o.
Òbà eu te chamo Òbà eu te chamo Venha logo me atender Òbà, mulher ciumenta esposa
se Xangô, venha correndo. Ouvir a nossa súplica A quem quer dinheiro, dá dinheiro A
quem quer filhos, dá filhos. A quem quer saúde, dá saúde venha logo me atender.
REZA DE EWÁ
Pèlé ‘nbo Yèwá a níre o Pèlé ‘nbo Yèwá a níre o Òrìsà yin a ‘nbo Yèwá Yèwá a níre o.
Delicadamente cultuamos Yèwá por estarmos felizes delicadamente cultuamos Yèwá
por estarmos felizes Orixá estamos cultuando-vos Yèwá Yèwá estamos felizes.
REZA DE XANGÔ
Oba ìrù I' òkó Oba ìrú I' òkó Yámasé kun kò wà ira òje ( Aganju/ Ogodo/ Afonjà ) Ko
mà nje lekan Arà I' òkó Iáàyà Tobi fori òrisà Oba sorun alá alàgba òje Oba sorun alà
alàgba òje.
O rei lançou uma pedra. O rei lançou uma pedra. Iyámasse cavou ao pé de uma grande
árvore e encontrou ( Aganju/ Ogodo/ Afonjá ) vai brilhar, então, mais uma vez como
trovão Lançou uma pedra com força ( coragem ) O Grande Orixá do orum ( terra dos
ancestrais ) vigia. Rei que conversa no céu e que possui a honra dos Òje. Rei que
conversa no céu e que possui a honra dos Òje
REZA DE YEMONJA
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Yemonja gbé rere ku e sìngbà Gbà ni a gbè wí To bo sínú odò yin Òrìsà ògìnyón gbà
ní odò yin.
Yemanjá, traz boa sorte repentinamente retribuindo. Receba-nos e proteja-nos em
vosso rio. Cultuamo-vos suficientemente em vosso rio. Orixá comedor de inhames
novos, receba-nos em vosso rio.
REZA DE ORIXALÁ
Bàbá esà rè wa Ewa agba awo a sare wa A je àgutan A sare wa ewa agba awo Iba Òrisà
yin agba òginyòn
Pai dos Ancestrais. Venha nos trazer boa sorte Belo ancião do mistério, venha depressa
Comedor de ovelha venha depressa belo ancião do mistério Saudações Orixá escute-me
ancião comedor de inhame pilado.
REZA DE ÒRÚNMÌLÀ
Òrúnmìlà Ajànà Ifá Olókun A sòrò dayò Eléri ìpín Okìtìbírì ti npa ojó ikú dà Òrúnmìlà
jíre Lóni. Òrúnmìlà Ajànà Ifá Okókun .
Que faz o sofrimento tornar-se alegria O testemunho do destino O poderoso que protela
o dia da morte Òrúnmìlà você acordou bem hoje?

ORIXÁ JAGUM

Vamos agora aprender um pouco sobre o grande orixá Jagum, confundido também com
Omolu, afinal que santo é este?
Segundo as lendas e itans, conta-se que Jagun, era Guerreiro dos Exércitos de Obatalá e
que foi enviado às Terras de Omolú para lutar pela páz em nome de Oxalá. Por isso, ele
é cultuado em algumas nações como “Qualidade de Omolú”, por ter passado vários anos
em terras de Omolú. Trata-se de um Orixá Funfun, pois o culto a Jagun nasceu no Ekiti
Efon, por esse motivo Jagun é cultuado no Axé Efon como um Orixá separado de Omolú.
Antes dele ter ido para as terras de Omolú já existia seu culto no Ekiti, onde era sua terra
natal. Assim também conta seus itans que Jagun teve passagem não só nas terras de
Omolú, mas também nas terras de Ifé (Terra de Ogun) e Elegibô (Terra de Osagyan). Pela
ordem do meridilogun, Jagun responde no Odú Ejionilê (oitavo Odu) Odú regido por
Oxaguiã, Odú no qual também respondem outros Guerreiros Brancos como Ogun-Já e
Ajagunãn.
Pela ordem de chegada dos odus, o culto a Jagun nasceu no Odu Okaran. Os filhos de
Jágun, tem aparência jovem, são autoritários, arrogantes, guerreiros, justiceiros,
briguentos e agitados, fortes na adversidade, costumam fazer tudo à sua maneira, ouvem
conselhos dos outros, mas costumam seguir sua própria vontade…São pessoas
trabalhadoras, gostam de tudo rápido, exigem asseio, limpeza; são pessoas impulsivas;
pessoas de espírito livre; enjoam de tudo facilmente; são dados a paixões violentas e
passageiras, são curiosos, adoram viajar. Possuem grande proteção espiritual, boas
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amizades e, quase sempre, caminhos abertos. Possuem comportamento delicado, são


honestas, dedicadas e atenciosas. Vivem com grandes esperanças, estão sempre
apaixonadas, são sonhadoras, sofrem e se desdobram para ajudar e defender os amigos.
Quando são repudiados ou sofrem algum tipo de traíção podem se tornar extremamente
vingativas e amargas. Apesar de serem guerreiras e obstinadas, as pessoas de Jágun, às
vezes se isolam preferindo ambientes calmos e tranquilos.
A personalidade dos filhos de Jágun é um misto de caracteristicas de Ogun, Omolú e
Oxaguiã. Jágun, é uma palavra Yorubá, e significa: Guerreiro, Soldado. Jagun é um Orixá
ambicioso, luta para conquistar posição alta sem ver de que maneira…Apesar de ser Orixá
Funfun (branco), é considerado e cultuado como Santo de Guerra, “santo quente”, carrega
uma lança prateada na mão e um facão ao adaga e muitas das vezes dependendo do
caminho de Jagun ele usa até um ofá nas mãos,pois conta se um itan que Oxalá o nomeia
como o guerreiro de todas as armas veste-se somente de branco. Usa contas brancas
rajadas de preto e dependendo da qualidade, intercalada com contas brancas, gosta
também de contas feitas de buzios e marfin. Jágun é Orixá Jovem,quase chega ser um
menino adolecente de Obatalá .. Ligado a Obatalá (Rei no pano branco ), tem caminhos
com Ogun Já, Oxaguiã – Ajagunãn, e Ayrá. Tem caminhos também com Yemanjá e quase
todas as Yabás, pois elas acalmam sua fúria.Quem traz Jágun ao barracão é Oxaguiã. Ele
é considerado o “protetor” e “guardião” de Oxalufã. Carrega consigo o Odú Ejionilê. Por
ser considerado Orixá Funfun (branco) não leva azeite de dendê, e sim azeite doce , banha
de ori, adin e as vezes mel e de preferência a banha de Ori, suas comidas são todas
brancas, aceita pipocas feitas na areia, bolas de inhame cozido, bolas de arroz, acaçá, obí
funfun (claro), come também do Ebô (canjica) de Oxalá, assim como seus bichos também
devem ser todos brancos, por ser ligado ao rei do pano branco (Obatalá ). Jágun dança
com outros Orixás, acompanha na dança; Ogun e principalmente Oxaguiã e Oxalufã. A
dança de Jágun é extremamente guerreira, começa com movimentos lentos, dança
empunhando sua lança e adaga, seu momento de “êxtase” é quando salta e se sacode todo
empunhando a lança de um lado para outro, tamanha é sua fúria guerreira nessa hora.
Segundo as lendas, a lança prateada de Jágun, durante as batalhas e guerras, além de ser
usada para proteção contra os males e feitiçarias e abrir os caminhos, deixava seus
inimigos cegos após serem feridos por ela. Jagun, assim como Ogun, é um grande
caçador, e por sinal foi ele quem ensinou seu irmão Oxóssi a caçar.
Ele nao deixa também de ser um guerreiro, assim é Jagun, um grande guerreiro, mas
também um grande caçador. E algumas de suas cantigas relatam isso. Conta o itan de
Ogi-Ogbé/Okaran que existiam três irmãos: Já, Jágun e Ajagunãn. Eram três Guerreiros
que pertenciam aos exércitos de Obatalá, lutavam e venciam todas as guerras e batalhas
em nome de Oxalá e eram os Guardiões deste Orixá. Eram chamados de Guerreiros
Brancos, por se vestirem somente com trajes brancos em homenagem a Obatalá. Eram
considerados invencíveis, por sua bravura e coragem, nunca perderam uma batalha
sequer. Sempre muito unidos, nunca se separavam. Mas um belo dia, os três irmãos
guerreiros, foram guerrear contra a cidade de Oxun. Oxun com a grande sabedoria dos
poderes de Ya mi, foi avisada que seu reino seria atacado. Oxun ficou desesperada e foi
até Ifá para saber o que faria. Orumila mandou ela fazer um ebó, sacrificar oito Igbis à
Oxalá e com o casco fizesse um pó e soprasse nas terras de Osogbo. Assim Oxun fez,
quando os guerreiros chegaram para invadirem as terras, eles ficaram tontos e se perderam
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um do outro. Aí que Jagun foi para as terras de Omolú, Já para as terras de Ifé Ogun, e
Ajagunã para as terras de Oxagyan. Mas mesmo assim, os três irmãos sempre estão juntos,
respondem um pelo outro, eles continuam a ser Guerreiros Brancos, ou seja, são
considerados Orixás Funfun, e sempre ligados a Obatalá, seus caminhos se cruzam…os
três irmãos Guerreiros continuam nas batalhas, sempre guerreando pela Páz. Deram essa
característica guerreira aos seus filhos. É por isso que o culto a Jagun foi assimilado ao
de Omolú, sendo que depois disso conta o Itan que ele viveu alguns anos nas terras de
Omolú e que lá encontrou uma linda mulher que também nao era das terras, mas estava
lá por outros motivos, e se apaixonou por ela, tiveram filhos e se amam até hoje, e essa
linda mulher era Yewá .
Lá, ele se juntou com o Orixá Osayn e passou a ser um grande curandeiro, e em tempos
de guerra ele cuidava dos guerreiros feridos com as porções e ervas mágicas que Osayn
o ensinou. Jagun teve uma trajetória muito grande e bonita nas terras de Omolú, mas
depois de anos retornou as terras do Ekiti-Efon, onde Oxun era rainha e Osagyan grande
gurreiro e protetor do palácio e cidade de Oxun. Conta-se também que Jagun foi às terras
de Osogbo, para destruir a cidade e buscar Oxun, pois Oxun tinha sua cidade onde era
rainha Ekiti Efon, entao por ordem de Olooke ele fui buscá-la. Depois disso tudo ter
acontecido, Jagun viveu anos nas terras de Omolu, Oxagyan trouxe Oxun de volta para
Ekiti-Efon, por isso muitos acabaram se equivocando ao falar que foi Oxagyan quem deu
as terras de Ekiti para Oxun, mas nao foi isso que aconteceu, ele apenas trouxe Oxun de
volta a terra onde ela nasceu e era dona junto com Olooke seu pai. Orixá Olooke vendo o
prejuizo que Jagun teve e o tempo que ficou em outras terras, por causa de seu pedido de
buscar Oxun, intitulou Jagun Olu Efon (Guerreiro senhor de Efon), para retribuir o tempo
que Jagun ficou afastado de sua terra que tanto amava (Ekiti – Efan). Orixá Jagun foi
muito confundido com o culto à Omolu e Obaluaye, e foi por esse motivo que muitos de
seus fundamentos se perderam, mas graças a Olorum e ao Axé Efón, está sendo resgatado
todos os preceitos e orôs..Jagun possui caminhos próprios, como Jagun Odé, Arawe,
Agaba e outros..Jagun um Orixá exclusivo do axé Efon, mas que foi migrado para as
terras de Gege Mahí e Ketú….Jagun é um lindo Orixá de grande valor no Axé Efón,
lembrando que o culto à Jagun no Efón (efan) é separado de Obaluaye.
Aqui vamos relacionar alguns caminhos de Jagum:
Jagun Arawê, ligado a Ossayn e Oxaguian.
Jagun Igbonan, ligado a Ayrá,Oya e Obá
Jagun Algbá, ligado a Exú, Oxaguian, Oxalufan e Oxun Yeye Ayalá
Jagun Odé, ligado a Odé Inlé, Ogun Jáe todos os caçadores.
Jagun Agbá funfun, ligado a Oxalufan, Iyemanjá e Oxun.
Jagun Seji Onan ou Ajoji, ligado a Exu e Ogun Suas folhas: Akoko, algodão, saiao
fortuna. folha de obi, folhas de iroko , folhas oguegue e todos folhas de Oxalá
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SOBRE POMBO-GIRA/ POMBA-GIRA


Pomba-gira é também conhecida como trono dos desejos ou senhora regente dos desejos,
pois é o atributo que melhor qualifica a energia divina estimuladora gerada por ela. A
nossa mentalidade e cultura judaico-cristã nos influência a idealizarmos o sentido de
desejo como algo voltado somente ao sexo e ao pecado, porem o desejo ou estimulo como
energia divina está relacionada a todos os nossos sentidos e áreas da nossa vida, pois
somos estimulados e vibramos intimamente o desejo de professar uma fé e buscar uma
religião que nos proporcione o prazer de vivenciarmos Deus/Olorum através dela, de
vencer na vida e passar por todos obstáculos e dificuldades pertinentes ao nosso dia-dia,
de amar ao próximo, de casar e constituir família. Ela também estimula em nós o desejo
de buscarmos a retidão de caráter, o equilíbrio, a razão, o conhecimento, a sabedoria, ou
seja, todas as virtudes divinas afastando-nos dos vícios e desestimulando os sentimentos
negativos vibrados por nós. Se formos estimulados no campo da fé, desejaremos buscar
uma religião que nos traga a satisfação e o prazer de vibrarmos Deus/Olorum através das
virtudes Divinas, tais como a tolerância, o respeito para com outras religiões e formas de
cultos. Se formos estimulados no campo do conhecimento, desejaremos buscar um
estudo, seja ele de fundo religioso ou científico que nos agrade, traga-nos a satisfação e o
prazer de estarmos estudando algo que nos impulsiona a crescer no sentido de evoluir e
assim melhor servir Deus/Olorum e os Orixás servindo ao próximo. Então vemos que,
Estímulo, Desejo, Satisfação e Prazer, não estão somente ligados ao sexo e sim a todos
os sentidos da vida. Pomba-gira é a força intima ou a mola propulsora que nos impulsiona
para cima, sempre que nossos desejos negativos nos arrastam para o fundo dos nossos
abismos pessoais.
Enquanto O Orixá Exu rege o estado externo da criação denominado de Vazio, a entidade
Pomba-gira/ Pombo-Gira rege o estado interno da criação denominado de abismo, ou seja,
tudo que se abre para dentro e que se esconde em nosso íntimo, tal como, a repressão de
sentimentos, por exemplo, o amor reprimido, que se na origem Amor é um sentimento
Divino, quando não temos o objeto amado, desvirtuamos esse sentimento divino (Amor)
e passamos a internalizar um ódio desmedido pelo alvo de nosso sentimento, a frustração
de qualquer desejo almejado por nós, mas que não conquistamos, os traumas psíquicos
que se originaram a partir de sentimentos negativos vivenciados por nós alojando-se no
mais fundo do nosso íntimo, onde somente as Senhoras dos Abismos tem a chave de
acesso, pois trabalham no resgate de todos os seres encarnados ou não cuja magoa,
frustração e repressão de um sentimento o levaram a quedas intermináveis em seus
abismos pessoais abertos em seus íntimos.
As manifestadoras espirituais de Pombo-gira, lidam com esses aspectos sentimentais
como verdadeiras psicólogas e nas suas conversas envolventes, vai despertando cada ser
de seu enclausuramento e apatia trazendo-os a realidade da vida e com uma boa
gargalhada ensina-os que se a vida é difícil de se viver no entanto é maravilhosa , pois o
Criador de tudo e de todos sempre nos faculta a oportunidade de retornarmos onde
paramos e nos estimula a continuar a evoluir substituindo o amargor da vida por uma bela
taça de champagne (estimulo e desejo de viver) passando a entender que se temos
dificuldades no decorrer da nossa evolução, Deus/Olorum não nos privou das soluções
que estavam e sempre estarão em nós mesmos. Isso tudo está implícito de forma
emblemática nas próprias linhas de trabalhos de Pomba-gira, onde por de traz de seu nome
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simbólico está o campo onde atuam, por exemplo, citemos a linha de trabalho denominada
Pomba-gira Maria Molambo da Lixeira, ali está implícito que os nomes molambo e lixeira
é só uma forma simbólica de mostrar o campo de atuação desse mistério, que é os
sentimentos negativos de frustração que anularam a vontade de viver das pessoas que
passaram a vivenciar esses sentimentos em seus íntimos e desistiram da vida.
Essa Pomba-gira que trabalha com esse mistério, atua desestimulando esse sentimento de
anulação total da vida, recolhendo-os em seus campos para que possam ser diluídos e em
contrapartida atua com a sua energia estimuladora do amor à vida, despertando o ser de
seu recolhimento e estimulando nele o desejo de viver e buscar o seu crescimento
espiritual. Exu e Pombo-Gira são Divindades de Deus/Olorum e não devemos tentar
compreendê-los segundo nossa concepção de negativo ou ruim, são Divindades de muita
luz que apenas lidam com os aspectos negativos dos seres e das criaturas geradas por
Deus. Se estamos positivos, Eles se mostram luminosos e se estamos negativos, ele se
mostra segundo ao padrão vibratório negativo ou monocromático, pois não conseguimos
enxergar as suas luzes devido ao nosso estado íntimo, ou seja, em espírito o padrão de
visão é outro, pois se na matéria enxergamos algo devido a luz que esse algo emite, em
espírito enxergamos a luz de algo a partir de nosso padrão vibratório intimo positivo, pois
caso estejamos intimamente negativo, tudo sê-nos mostra escuro e ausente de Deus
/Olorum que é Luz Pura.

O CULTO AO ORI

ORI em iorubá significa CABEÇA. O Ori está acima dos Orixás, pois nenhum Orixá,
nem mesmo Olodumare atenderá um pedido do ser humano, que não tenha sido
autorizado por seu Ori. Conta a lenda que os Orixás e Ancestrais se rebelaram, querendo
ter os poderes e a sabedoria do Deus supremo. Como mensageiro nomearam Exu, que
levou as reivindicações a Olodumaré. Este lhes enviou um poderoso obi, e, orientado por
Ifá, determinou que após deixá-lo a noite inteira numa encruzilhada, os Orixás e
Ancestrais deveriam tentar parti-lo para mostrar seu poder.
Ori era apenas uma pequena bola, que não possuía sequer um corpo para se apoiar, e
ninguém o respeitava. Para conseguir partir o obi, procurou Ifá, que o aconselhou a fazer
uma oferenda para os Odus, para conseguir a força de todos eles. Além disso deveria
espojar-se na poeira do chão por algumas horas. No dia seguinte todos já estavam
preparados para tentar partir o obi, quando chegou Ori, espojando-se na poeira. Um a um
os Orixás foram fracassando na tentativa, pois o obi era muito forte e resistente. Ori se
apresentou e, como última opção, deixaram-no tentar. Com seu peso caiu sobre o obi, que
se partiu em seis gomos. Todos ficaram muito felizes. Olodumaré, ao receber a notícia,
imediatamente enviou uma linda almofada, onde Ori se instalou. Dessa forma Ori ganhou
um corpo para sustentá-lo. Orixás e Ancestrais exclamaram: ORI APERE! A partir desse
momento, Ori nasceu. Passou a ser dotado de Iwa, a existência, dada por Olodumaré,
como prémio por ter sido o único a conseguir partir o fruto-ventre.
ORÍ – CABEÇA FISICA E ESPIRITUAL
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As 401 divindades procuravam por um estado de perfeição, e foram procurar Ifá para
fazer a adivinhação para eles, através do Jogo Ifá previu que eles fizessem ebó
(sacrifícios) nenhuma das divindades quiseram fazer, só quem fez foi ORI, e seu sacrifício
foi abençoado. Portanto ORI é mais forte que as divindades, somente ORI chegou no
estado de perfeição.ORI é forte, mais que os orixás. Para qualquer Yorubá, a palavra ORI
tem uso amplo. ORI num primeiro momento quer dizer cabeça; e simboliza também - o
ápice de todas as coisas; o mais alto desempenho, portanto contém o superlativo, ou seja,
o Zênite. Por exemplo, a cabeça é a parte mais alta e mais importante do corpo humano,
é a moradia do cérebro que controla o corpo inteiro. O líder ou chefe de qualquer
organização é referido como "Olóri" (a cabeça), ORI é cabeça, cabeça é alta, alto é
supremo e o ser supremo é ÔLÔDUMARÊ (Deus maior). No corpo humano ORI se
subdivide em duas colocações:
1) CABEÇA FISICA - é o crânio humano, onde está o cérebro que usamos para o
pensamento e controle das outras partes do corpo; consciente ou inconsciente; os
olhos para tudo ver; o nariz para respirar e cheirar; orelhas para ouvir; a boca para
alimentar e falar; a língua para saborear; nossa essência masculina ou feminina
está na cabeça, o rosto que dela faz parte nos distinguem uns dos outros,
imprimindo uma identidade individual; sem a cabeça o homem e mulher seriam
como qualquer "X".

2) a cabeça espiritual está subdividida em mais duas partes a saber:


CABEÇA ESPIRITUAL:

APARÍ-INÚ (CABEÇA ESPIRITUAL INTERNA) ORÍ-ÀPÉRÉ (santo pessoal,


destino ou parte divina de cada um: escolhido no domínio de ÀJÀLÁ - divindade
de ORÍ. ORÍ-ÀPÉRÉ é acumulação de destino individual; Isto é: ÀKÚNLÈYÀN,
ÀKÚNLÈGBÁ e ÀYÀNMÓ. AKUNLEYAN é à parte do destino que cada um
escolhe por vontade (livre arbítrio) própria. AKUNLEGBA é à parte do destino o
qual está adicionada como complemento de AKUNLEYAN ÀYÀNMÓ é aquela
parte do destino que nunca pode ser mudado. Por exemplo - pais, sexo, karma,
etc. Mas Akunleyan e Akunlegbá podem ser melhorado enquanto Àyànmó não
pode ser modificado.

O destino ORÍ-ÀPÉRÉ está escolhido no domínio de ÀJÀLÁ (divindade de Orí).

APARI INÚ é de caráter individual, uma pessoa poderia chegar a terra com bom
destino, mas, sem boa conduta; A maldade da cabeça espiritual interna danificará
definitivamente o bom destino, o inverso também acontece. Porém o "destino"
pode ser modificado, numa certa medida, quando certos segredos são conhecidos,
dentro de um contexto e conhecimento da Teologia Yorubana. Contudo ORÍ é o
mais importante entre as divindades. Na ordem de importância - o primeiro é Orí;
o segundo é a mãe, e se ela tenha morrido, seu espírito; em terceiro lugar é o pai,
e se tenha morrido, o seu espírito; em quarto lugar, IFÁ e a seguir, seu orixá e as
outras divindades. Ser humano - somatória - O Criador, o procriador, procriadora
e ser procriado.
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ORI-ALMA E PERSONALIDADE

Ori tem a propriedade de ser controlador. Além de guiar a vida, comanda todas as
atividades, físicas ou não. Ele armazena em um só local todas as informações
necessárias para a existência do homem. Nele encontramos o Asé (força) que
forma a personalidade do ser e faz com que cada um pense e haja de forma
diferente. Ori guarda todas a s chaves para o êxito da vida do homem, ou seja,
inteligência, bons pensamentos e memória. Estas são qualidades do homem que
integram Ori. Ori tem a função de gestar o Asé do homem, ou seja, ele amadurece
todos os Pensamentos, transformando-os ou aprimorando toda e qualquer idéia
que passe Por ele.

Ori é independente do ser (corpo físico) e embora esteja ligado a ele, suas funções
comandam todas as outras. Ori recebeu três coisas essenciais para sua existência:
A preparação para a vida na Aiye (terra) A preparação para a Iku (morte) e A
preparação para a vida no Orum (céu) Isto possibilita que no Aiye exista a união
Ori + Ara (corpo + cabeça). Mas atenção: mesmo que haja separação, no caso de
morte, Ori nunca morre. No caso de morte, Ori e Eledá (alma) se juntam e, caso
necessário, realizam rituais como: Asese (vigília): para que possa haver a
separação; Orisá Olori (senhor da Cabeça) e Ori, para que a alma ou o espírito
possa seguir seu caminho no Plano astral. Por ser uma parte concentradora de
energias benéficas e maléficas, deve-se ter todo cuidado ao deixar o Ori na mão
de estranhos, mesmo que seja para Um simples carinho ou ritual.

Lembrem-se que o sucesso ou fracasso depende do Ori e suas qualidades.


Algumas saudações: Olorire - pessoa de boa cabeça Olori Buruku - pessoa
possuidora de cabeça ruim. Quando encontramos uma pessoa que, apesar de
enfrentar na vida uma série de dificuldades relacionadas a ações negativas ou
maldade de outras pessoas, continua encontrando recursos internos, força interior
extraordinária, que lhe permitam a sobrevivência e, inclusive, muitas vezes,
mantém resultados adequados de realização na vida , podemos dizer, "ENIYAN
KO FE KI ERU FI ASO, ORI ENI NI SO NI", ou seja, "as pessoas não querem
que você sobreviva, mas o seu ORI trabalha para você", trazendo, essa expressão,
um indicador muito importante de que um ORI resistente e forte é capaz de cuidar
do homem e garantir-lhe a sobrevivência social e as relações com a vida, apesar
das dificuldades que ele enfrente. Esta é a razão pela qual o BORI, forma de
louvação e fortalecimento do ORI , é utilizado muitas vezes, precedendo ou, até,
substituindo um EBO. Isso se faz para que a pessoa encontre recursos internos
adequados, esta força interior de que falamos, seja à adequação ou ajustamento de
suas condições frente às situações enfrentadas, seja quanto ao fortalecimento de
suas reservas de energia e conseqüente integração com suas fontes de vitalidade.
É importante dizer que é o ORI que nos individualiza e, por conseqüência, nos
diferencia dos demais habitantes do mundo. Essa diferenciação é de natureza
interna e nada no plano das aparências físicas nos permite qualquer referencial de
identificação dessas diferenças.
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EBÓS QUE SÃO FEITOS ANTES DO RITUAL DE BORI

1° Ebó
Este primeiro ebó que antecede o ritual de Ebori damos o nome de Tóya Kóssi
que se destina a remover doenças, pragas, feitiçarias, Baku, Egun, e outras
energias de ordem negativa.

MATERIAL:

1 Vara de bambu que deverá ser partida, ao comprido, em 4, pega-se 1 parte


destes 4 e confecciona-se na ponta deste uma espécie de ponta de flecha, lembre-
se embora partida em 4 esta vara continuará com seu comprimento que
normalmente chega a 2metros, as vezes até 3.
Pinta-se 1 alguidar número 05 e 1 quartinha com tampa sem alça de Efun, Ossun
e Wají.
1 Galinha D‘Angola 1 Ekuru 1 Acaçá 1 Acarajé 1 Aberém 1 Bola de Canjica 1
Bola de Feijão Preto 1 Bola de Arroz 1 Ovo 1 Bola de Farinha Tudo isso em
Tamanho exagerado, E 1 Bacia de Pipocas. 1 Estoura Balão (Fogos)

MODO DE FAZER

Levar o Filho de Santo no mato, no pé de uma Árvore Frondosa. Entregar na mão


direita dele a Galinha D’Angola que será segura pelas Patas. Na mão Esquerda a
Vara de Bambu, o Alguidar pintado nos Pés da Árvore e Junto a Quartinha sem
nada dentro apenas tampada, e pede-se ao Filho de Santo para mentalizar tudo que
deseja que saia da Vida dele e do Corpo. E vai se passando todas as comidas
começando pelas comidas escuras e terminando com as Pipocas. Ao terminar de
passar todas as comidas, o Filho de Santo encosta a Lança de Bambu rente ao
Tronco da Árvore, na mão esquerda então, ficará a quartinha. Tira-se a Tampa,
pede-se ao Iyawo fale com a boca dentro da quartinha pedindo para sair tudo de
ruim da vida dele,tampa-se a Quartinha e manda-se o Iyawo atira-la ao chão para
que se quebre. O próprio Iyawo faz um Sarayê com a Galinha em seu Corpo e
solta no mato. Neste momento, dá-se na mão do Filho de Santo o Estoura Balão
que será pontado para bem longe botando para correr então todas as mazelas que
estavam na vida daquela pessoa. Durante todo o processo deste ebó, canta-se para
Omolu.

2° Ebó

Este Ebó destina-se a Louvar a Exu antes do ritual de bori.

MATERIAL
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1 Cesto de palha (vime) 7 Acarajés 7 Acaças 7 Moedas 7 Velas Bancas 7 Cores


bem Vivas de Morim incluindo o Preto e Vermelho 7 Ovos 7 Bifes de Músculo 1
Padê de Dendê, de Água, de Cachaça, de Wají, de Mel, de Camarão Moído com
Dendê e outro de Fubá com Dendê. 7 Buchas de Pólvora misturada com Açúcar.

MODO DE FAZER

Passar os Acarajés e os Acaçás e depositar dentro do Cesto, passar então os Pades


e depositar por cima das comidas, passar os Bifes e por em cima dos Pades, passar
os ovos e por em cima de cada bife, passar as velas e quebrá-las e coloca-las dentro
do cesto, passar as moedas e por em cima de cada bife.
Esfregar todos os tecidos na pessoa e fazer um círculo em volta do cesto com
estes tecidos, este ebó ficará no centro da encruzilhada. Estourar as 7 buchas, dar
as costas ao Ebós e seguir para a roça. Tomar um banho cozido de folha de
bananeira, casca da fruta manga, folha de mangueira, manjericão e nega-mina.
* Esses ebós aqui prescritos são básicos de todo bori, porém algumas pessoas
veem a necessidade de se fazer em casos específicos outros ebós.

BANHOS QUE ANTECEDEM AO RITUAL DE BORI

1° Banho
SACO-SACO, FUNCHO E ELEVANTE COZIDOS. (Após primeiro ebó) Dia
anterior ao bori.
2° Banho-PAU D’ALHO . (Após segundo ebó) No dia do bori pela manhã).

3° Banho- MACAÇA. SAIÃO E POEJO QUINADOS. (A tarde antes do bori,


em frente ao Igbá Osayin).

4° Banho- LEITE DE CABRA COM EFUM. (A noite minutos antes do bori).

REZAS DE ORI COM TRADUÇÃO

BÍ O BÁ MÁÁ LÓWÓ Se você quer ter dinheiro


BÈÈRÈ SI ÒRÌ RÈ Pergunte a seu òrì
BÍ O BÁ MÁÁ SÒWÒ Se você quer ser reconhecido
BÈÈRÈ SI ORÍÍ RÈ WÒ Pergunte antes a seu orí
BÍ O BÁ MÁÁ KOLÉ Se você quer ter casa
BÈÈRE SI ORÍÍ RÈ Pergunte ao seu orí
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BÍ O BÁ MÁÁ LÁYA O Se você quer ter esposa


BÈÈRE SI ORÍÍ RÈ WÒ Perguntes antes ao seu orí
ORÍÍ MÁSE PEKUN DE Orí, não me feche as portas
L’ÓDÒ RÈ NI MO MBÓ Para você que eu sigo (eu vou)
WÁ, SAYÁÈ MI DI RERE Venha, faça meu caminho ser bom (próspero)

OUTRA REZA DE ORI COM TRADUÇÃO

ÒRÌ MI Ò SÉRERE FUN MI Meu orí faça o bem para mim


ÒRÌ MI Ò SÉRERE FUN MI Meu orí faça o bem para mim
ÒRÌ OKA NI SANU OKA ÒRÌ EJO NI SANU EJO A cabeça da serpente não a maltrata
AFO MOPE NI SANU OPE A trepadeira da palmeira não a maltrata(parasita)
ÒRÌ MI Ò SÉRERE FUN MI Meu orí faça o bem para mim
Ou seja: “Aquilo que nós fazemos, é em nosso próprio benefício. Aqueles que fazem o
mal se arrependam. Que as pessoas aproveitem o conhecimento em função de coisas boas.
Aqueles que parasitam, não destruam a fonte da sabedoria.
” IJUBÁ ÒRÌ Tradução O SE, O SE Ô, O SE Ô Eu agradeço, agradeço, agradeço OSÈ
BABÁ WÁ Por existires Pai (em mim) O SE, O SE Ô, O SE Ô Eu agradeço, agradeço,
agradeço OSÈ BABA WÁ Por existires Pai em mim.

EBÓS E BANHOS PARA DIVERSAS FINALIDADES

ÈBÓ P/TIRAR QUEIMAÇÃO


MATERIAL
Panela de barro
9 Ovos
9 Cebolas
Dendê
Peneira pequena
Mel
Morim branco
MODO DE FAZER:
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Pegue uma panela de barro coloque em sua frente, passe em todo o corpo 9 ovos, e as 9
cebolas, coloque dentro desta panela e cubra com dendê, em seguida coloque a peneira
na boca desta panela e derrame o mel, e peça as forças da Terra que tire tudo de ruim de
sua vida, ebo, feitiços, olho grande e queimação, e que seus inimigos não possam lhe
enxergar. Este ebo será feito em local de mato queimado e/ou seco, e que tenha
formigueiro perto, então cubra com o morim branco, e ao chegar em casa tome banho
com sabão da costa e/ou sabão de coco.
Após o Ebó prescrito acima se aconselha a fazer o seguinte banho abaixo:
BANHO FORTALECER ORI
MODO DE FAZER:
Pegue água de coco verde, quine dentro de uma vasilha com folhas de algodoeiro,
elevante, e tome este banho várias vezes sempre ao amanhecer, antes tome banho com
sabão da costa e/ou sabão de coco, após feito isto tome banho com as ervas, logo a
seguir coloque um akasa em sua cabeça e amarre com um morim branco e fique pôr
duas horas, depois leve em um jardim e coloque em baixo de uma arvore.
BANHO FORTALECER ORI
MODO DE FAZER:
Pegue água de coco verde, quine dentro de uma vasilha com folhas de algodoeiro,
elevante, e tome este banho várias vezes sempre ao amanhecer, antes tome banho com
sabão da costa e/ou sabão de coco, depois de feito isto tome banho com as ervas, logo a
seguir coloque um akasa em sua cabeça e amarre com um morim branco e fique pôr
duas horas, depois leve em um jardim e coloque em baixo de uma arvore.

EBÓ PARA OGUM


Para abrir caminhos, trazer dinheiro, prosperidade
1 inhame do norte assado, 1 alguidar médio, 21 moedas correntes, 21 taliscas de mariwô
(folha de palmeira), 1 acaçá branco (bolinho de milho branco misturado com água,
envolto em folha de bananeira), 1 acaçá vermelho (igual acaçá branco, porém com
farinha de milho amarela), azeite de dendê e mel.
Como Preparar: Asse o inhame na brasa. Se necessário, raspe um pouco para eliminar o
excesso de negrume. Colocar dentro do alguidar. Vá enterrando os talos de mariwô e
chamando por Ògún, faça o mesmo com as moedas. Coloque os acaçás, um em cada
ponta do inhame. Regue com um pouco de dendê e mel, 1 pitada de sal. acenda uma
vela e faça seus pedidos a Ògún. Deve-se colocar no muro, ao lado do portão, ou no
chão, na entrada do portão. se você morar em apartamento, coloque dentro de sua casa,
atrás da porta de entrada. Deixe 7 dias e após, despachar aos pés de uma árvore
frondosa.
EBÓ PARA OGUM
Para abrir caminhos, trazer dinheiro, prosperidade
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1 inhame do norte assado, 1 alguidar médio, 21 moedas correntes, 21 taliscas de mariwô


(folha de palmeira), 1 acaçá branco (bolinho de milho branco misturado com água,
envolto em folha de bananeira), 1 acaçá vermelho (igual acaçá branco, porém com
farinha de milho amarela), azeite de dendê e mel.
Como Preparar: Asse o inhame na brasa. Se necessário, raspe um pouco para eliminar o
excesso de negrume. Colocar dentro do alguidar. Vá enterrando os talos de mariwô e
chamando por Ògún, Faça o mesmo com as moedas. Coloque os acaçás, um em cada
ponta do inhame. Regue com um pouco de dendê e mel, 1 pitada de sal. acenda uma
vela e faça seus pedidos a Ògún. Deve-se colocar no muro, ao lado do portão, ou no
chão, na entrada do portão. Se você morar em apartamento, coloque dentro de sua casa,
atrás da porta de entrada. Deixe 7 dias e após, despachar aos pés de uma árvore
frondosa.

EBÓ PARA EXU LONÃ


Abrir Seus Caminhos, para tirar feitiço, olho-grande, inveja.
1 metro de morim vermelho, 1 alguidar médio, 7 velas brancas, 1 bife de boi cru, 7
moedas atuais, 7 búzios abertos, 1 farofa de dendê, com uma pitada de sal, 7 limões, 7
acaçás vermelhos, 7 ovos vermelhos, 1 obi.
Como Preparar: Abra o morim em sua frente. Acenda as velas. Passe o alguidar pelo seu
corpo e coloque-o em cima do pano. Passe os ingredientes no corpo, pela ordem acima.
Por último, abra o obi, e leve-o até a sua boca, fazendo seus pedidos. Deixe-o em cima
do ebó. Feche o morim. Este ebó tem que ser despachado em rua de muito movimento,
onde tenha muitas casas comerciais.
OFERENDA A EXU
Material: Farinha; Azeite de dendê; Mel de abelhas; Farinha de milho branco; Fígado,
coração e bofe de boi; Cebola; Camarão seco socado; Um alguidar.
Modo de fazer: Faça uma farofa com dendê, uma com mel e uma com água,
separadamente. Faça o acaçá branco cozinhando a farinha de milho em água, deixe a
massa bem consistente, depois coloque em um pedaço de folha de bananeira e enrole.
Deixe esfriar. Corte os miúdos de boi em pedaços pequenos e coloque para refogar com
dendê, cebola, um pouco de sal, o camarão e rodelas de cebolas. Coloque as farofas no
alguidar sem misturar muito, ponha o refogado de miúdos sobre a farofa e coloque o
acaçá no centro. Oferece-se para Exú pedindo o que se quer. Coloque em uma praça
bem movimentada.
EBPO PARA ORIXÁ ONIRÁ

Material Necessário: 1 Abóbora moranga4 Búzios abertos4 Noz moscada4 Moedas4


Acarajés4 Metros de fitas vermelha / Branca1 Saco de morim
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Maneira de Fazer: Fazer um buraco na abóbora, colocar o resto das coisas, depois de
passadas no corpo. Tapar a abóbora, amarrar com fitas. Entregar a OYÁ ONIRA no alto
de um morro, às 18:00 ou 24:00 horas, acender e pedir tudo de bom.
EBÓ PARA RESOLVER PROBLEMAS DIFICEIS
Material Necessário: 2 Acaçás Brancos 2 Ovos Brancos 2 Quiabos 2 Moedas 2 Conchas
1 Oberó
Maneira de Fazer: Passa-se tudo no corpo e coloca-se num Oberó, colocar bastante mel
e arriar numa praça e pedir a MEGE ou MEGIOKO ( QUE SÃO ODUS) que traga tudo
de bom e em dobro. Este Ebó tem que ser feito com 2 pessoas, acompanhadas de duas
crianças.
PARA DESCOBRIR UM ORIXÁ QUE NÃO APARECE NO JOGO
Colocar um Obi com uma moeda corrente dentro de uma folha da costa (saião) e
colocar 3 noites debaixo do travesseiro da pessoa. Retornar ao jogo após o rito.
OFERENDA PARA OXÁLA - PROSPERIDADE
Local: Dentro de Casa
Horário: Diurno
Dia da Semana: Sexta-Feira
Material Necessário:
01 Tijela branca e 16 Acaçás
Modo de Fazer: Colocar na tijela branca 16 acaçás, pedindo a OXALÁ ajuda e melhoria
de vida, colocar em cima do telhado, pedindo que OXALÁ o ajude e leve-o o alto AXÉ.
EBÓ PARA ATRAIR CLIENTES
Local: Terreiro de Candomblé.
Horário: O que lhe melhor lhe convir.
Dia da Semana: Terça, Quarta ou Quinta-Feira.
Material Necessário:
02 kilos de Milho Vermelho - 07 Moedas - 01 Omolocum - 09 Acarajés e 01 Ajebó.
Modo de Fazer: Colocar dois quilos de milho no fundo de uma panela. Colocar sete
moedas. Sair pela manhã antes do sol nascer, fazer a volta jogando pela rua, e gritar por
OGUN, entrar no,portão, tirar as moedas e colocar no jogo. Arriar um Omolocum para
OXUN e nove acarajés para YANSAN, após vinte e um dias dar um Ajebó para
XANGÔ, dentro de casa, com nove moedas, colocar no canto do quintal, as moedas
colocar no jogo.
OFERENDA AO ORIXÁ OLOGUNEDÉ
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Material: Milho vermelho; Feijão fradinho; Azeite de dendê; Cebola; Camarão seco
socado; 1 Alguidar; 1 inhame; ovos cozidos; coco; mel de abelhas.
Modo de fazer: Cozinha-se o milho vermelho só em água. Separado, cozinha-se o feijão
fradinho, também só em água. Refoga-se o feijão fradinho com azeite de dendê, cebola
ralada e camarão seco socado. Coloca-se o feijão em uma metade do alguidar e, na
outra, o milho vermelho cozido. Frita-se o inhame e coloca-se por cima em fatias, em
volta, enfeita-se com ovos cozidos em rodelas, fatias de coco. Pede-se o que se quer e
oferece-se ao Orixá Logun Edé.
EBÓ EXU ONÃ
Miamí(=farofa) Prato de barro grande;
Velas brancas;
kg de farinha de mandioca crua (grossa);
Mel;
Azeite de dendê;
Pinga; água.
Lavar o prato de barro com água e mel. Fazer uma farofa, misturando a farinha e o mel,
deixando-a seca e soltinha (não vai ao fogo). Coloque essa primeira farofa no canto do
prato, de comprido. Faça a segunda farofa usando dendê, procedendo da mesma forma.
Coloque no prato de barro ao lado da primeira farofa, tomando cuidado para não
misturar uma com a outra, e deixando espaço para colocar as outras duas farofas. Faça a
farofa de pinga, colocando ao lado das outras duas. Por último, a farofa com água. Ao
todo são quatro farofas com mel, dendê, pinga e água. Não exagere na dose desses
ingredientes, para que as farofas fiquem soltinhas. Obs.: Em algumas nações, faz-se
apenas três farofas, sem utilizar o mel. Oferecer o padê, sempre antes de se fazer uma
comida para outro orixá. Leve as farofas na boca da mata, em porteiras (não coloque na
entrada de cemitérios), ou no cruzamento de caminhos. Acender uma vela ao lado do
Miami (essa vela não precisa ser preta ou vermelha), para localização. Faça pedidos de
caminhos abertos, prosperidade, fertilidade, evolução, e tudo o que você estiver
precisando. Nunca peça pela morte.

ALUÁ DE ODÉ
1 kg de milho;
1 quartilhão médio;
200 g de gengibre;
Açúcar mascavo.
Torre a metade do milho, não deixando estourar, apenas queimar.
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As duas metades devem ser colocadas dentro do quartilhão com água e um pouco de
açúcar. Deixe fermentando, com o pote tampado, por mais ou menos dez dias. Ninguém
pode mexer.
No final do processo, passe tudo num coador. Adicione açúcar a gosto e gengibre
amassado. O aluá é uma bebida gostosa e refrescante.
Ofereça essa bebida dentro de um cantil feito de couro de boi ou búfalo. Coloque num
galho de árvore, não muito alto, dentro da mata.
MANDIOCA COM FOLHAS DE FUMO PARA OSSAIYN.
1 alguidar grande;
Velas brancas;
14 pedaços de mandioca médios;
14 pedaços de folhas de fumo;
Azeite de oliva;
Sal.
Descasque e cozinhe os pedaços de mandioca, tomando o cuidado para não amolecerem
demais. Lave as folhas de fumo e enrole cada pedaço, que já deverá estar frio.
Lave o alguidar em água e mel. Arrume a mandioca, enrolada por cima, de maneira
harmoniosa. Regue com azeite e bastante sal.

PAPA DE INHAME PARA OSSAIYN


1 alguidar grande;
Velas brancas;
3 kg de inhame;
Folhas de fumo ou café;
Azeite de oliva;
Sal.
Descasque e cozinhe todos os inhames. Depois de amolecerem, amasse-os bem (com as
mãos ou pilão).
Lave o alguidar com água e mel e forre com as folhas, também lavadas. Coloque a papa
em cima, regando com azeite e adicionando uma boa porção de sal.
A oferenda deve ser feita como está descrito na receita anterior.
PARA SE OBTER GRAÇA E AUXÍLIO DE UM ANCESTRAL
Coloca-se, para egum, uma quartinha com água da chuva e uma com água da bica.
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Faz-se as orações de reverencia à Egum, pede-se o que se quer e, no dia seguinte,


despacha-se o conteúdo das quartinhas na pórta da rua.
COMIDAS DE SANTO
Existem certas peculiaridades no Candomblé que às vezes as pessoas não compreendem
muito bem.
Uma delas explica-se pelo fato da culinária, dentro da casa de Candomblé, ser de grande
importância porque as comidas oferecidas aos Orixás são sagradas e imprescindíveis,
tornando a cozinha um lugar de grande movimento.
Conta-se que no começo era tudo água, e depois da criação do mundo, as divindades que
habitaram a terra antes mesmo dos homens, e durante algum tempo juntamente com eles,
alimentavam-se de acordo com suas preferências. Como tudo no mundo foi dividido entre
eles, a alimentação também o foi surgindo assim as iguarias prediletas de cada Orixá.
Um dos significados que podemos atribuir à palavra Axé é o da transmissão de força e
recriação, evidenciada na lei de que tudo que dispomos na natureza, até mesmo a vida,
devemos a ela devolver. Por isso, quando queremos levar nossos pedidos aos Orixás, o
fazemos através de uma oferenda em forma de comida. Sabemos que estes pedidos vão
ser ouvidos de acordo com a forma como são transmitidos. As oferendas quando
devolvidas a terra ou à água transformam-se no húmus fertilizante que auxiliará na
geração de novas vidas. Quando os pássaros, por exemplo, carregam esta alimentação
para outros lugares, estão realocando as sementes que germinarão em outras paragens.
Nesse momento está se concretizando uma das formas mais bonitas de transferência de
Axé.
Lembro aos nossos irmãos que procurem sempre colocar essas oferendas de matéria
orgânica em vasilhas biodegradáveis, ou fora delas, direto no local. Sugiro a utilização de
recipientes de vime forrados com folhas, balaios e sacos de pano, pois tudo isso se desfaz
na natureza e não a polui, nem causa acidentes. Este zelo com a natureza é que nos
caracteriza como cultuadores dos orixás, que nada mais são do que os deuses da mãe
natureza. Para continuarmos cultuando os Orixás, precisamos conservá-la. Pois, onde não
há água limpa, muitas árvores, terra boa, não há habitat para os Orixás.
Posso afirmar, em conclusão, que no Candomblé a alimentação é uma das coisas mais
importantes para o desenvolvimento das práticas religiosas. Inclusive, é importante
destacar que comer desses alimentos também constitui uma forma de receber o Axé.
Durante o oferecimento das comidas são realizadas saudações e entoados cânticos em
forma de orações, invocando a força dos Orixás e pedindo que eles aceitem o que lhes é
entregue de bom grado. Essa oferenda, então, passa a estar impregnada de toda força
invocada, que também é Axé. Por isso devemos comê-la com concentração e em silêncio,
pois estamos partilhando de um momento sagrado com os orixás.
Haveria muitas outras formas de falar da importância da comida no candomblé. Porém, a
intenção desse trabalho é de fornecer algumas receitas dessa culinária maravilhosa, que é
o banquete dos Orixás, do qual nós, seres humanos, às vezes temos a honra de
compartilhar com eles, pois são próximos de nós, que vêm falar com a gente, que dançam
entre as pessoas. Talvez seja esse um dos motivos pelos quais nos apaixonamos por eles.
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COMIDA DE EXÚ ORIXÁ


• Akukó ti gaari pupa
Material necessário: um galo de COR, 1 copo grande de azeite de dendê, 2cebolas
grandes, 250 g de camarão seco e sal a gosto.
Modo de preparar:
Oferecer o galo para Exu, limpar depenar, depois assá-lo inteiro na brasa, untado com
azeite de dendê cebola ralada, camarão e sal, fazer separadamente uma farofa de farinha
de mandioca crua e azeite de dendê. Arrumar a farofa numa vasilha de barro colocar o
galo em cima da farofa, acompanhado de uma aguardente. E entregar Exu. (ebó deve ser
feito por pai ou mãe de santo, ogã ou Ekede)
• ERAN TI GAARI PÚPA
Material necessário:
1 alguidar pequeno,500 g.de farinha de mandioca crua,1/2 azeite de dendê, 2 cebolas
roxas, 1 bife grande, pimenta a gosto,1 l.de cachaça. 1 charuto, sal a gosto e uma caixa de
fósforo.
Modo de preparar:
Coloque o dendê em uma frigideira, deixe ficar bem quente e passe o bife somente para
ficar mal passado, retire o bife e corte a cebola em rodelas doure no azeite de dendê ponha
em cima do bife aproveite o dendê quente e jogue a pimenta e a farinha mexa para fazer
uma farofa. Depois em ordem, coloque a farofa dentro do alguidar e ponha o bife com as
cebolas pôr cima.
Entregue em uma encruzilhada de chão de terra juntamente com uma garra de cachaça
aberta e o charuto aceso. Deixar a caixa de fósforos junto.
OFERENDA AS YAMINS OXÓRONGAS
• Adô ti éin
Material necessário:
Uma cabaça grande que dê para ficar apoiada no fundo, 21 ovos. 300 g.Farinha de acaçá,
½ azeite de dendê.
Modo de fazer:
Com a farinha de acaça, fazer em mingau bem ralo (Ékó) deixar esfriar.
Cortar a cabaça um pouco acima do meio em forma de panela e limpar.
Colocar dentro da cabaça o mingau depois os ovos e sobre os ovos crus o azeite de dendê.
Essa oferenda só pode ser feita em locais onde de cultua essa entidade e por pessoas de
responsabilidade dentro desse culto do sexo feminino.
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Essa receita não é para se comer porem não poderia deixar de citá-la por pertencer a uma
entidade de grande importância ao culto dos Orixás, pois por ser uma entidade muito
especial com elas não dividimos as comidas.

COMIDAS DO ORIXÁ OGUM


• Gaari ti obí
Material necessário:
7 obís (fruto de origem africana de grande importância no culto Afro Brasileiro
encontrado em locais que vende artigos religiosos.) ,1 quilo de farinha crua de mandioca
uma vasilha de barro(alguidar), uma vela de 7 dias,e 1 copo médio de azeite de dendê.
Modo de preparar.
Ralar os obís fazer uma farofa de farinha e dendê, depois misturar os obís fazendo seus
pedidos. Quando a farofa estiver pronta ascender uma vela para Ogum.
•Ewa Dudu ti Ogum
Material necessário:
1 kg de feijão preto, 2 cebolas brancas, 250 ml de azeite de dendê sal a gosto.
Modo de preparar:
Cozinhar o feijão em água depois de cosido o feijão e quase seco refogar com as cebolas
trituradas e fritas no dendê colocando sal a gosto. Depois de pronto por a comida em um
alguidar de barro e oferecer a ogum.
COMIDAS DO ORIXÁ OXOSSI
• Axoxó
Material: 1 kg de milho vermelho (milho de galinha), sal e coco ( obs: não é coco verde)
Modo de preparar:
Cozinhar o milho na água e sal, escorrer deixar esfriar e colocar numa vasilha de barro,
pegar o coco retirar da casca cortar em tiras cobrir o milho com as tiras dele.
• Eram Patére
Material Necessário.
500 g de fígado de boi,500g de coração ,500g de rabada , 4 cebolas grandes descascadas
trituradas ou raladas,300g de camarão seco e triturado,250 ml de azeite de dendê ,sal a
gosto.
Modo de preparar:
Cortar a carne em cubos de tamanho médios, por o óleo de dendê para esquentar bastante,
refogar o camarão e as cebolas no óleo e depois jogar rapidamente a carne no refogado
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misturando de forma que fique somente mal passada, deixar esfriar, colocar em uma
vasilha de barro e estará pronto.
COMIDAS DO ORIXÁ OMOLU
Anderé ou andereza
Material necessário:
1 kg de farinha de mesa, 500ml de azeite de dendê, 500g de camarão seco triturado,
5cebalas grande raladas ou triturado, água o suficiente, sal a gosto.
Modo de preparar:
Refogar a cebola e camarão em azeite de dendê e depois de bem frito, colocar quantidade
de água o suficiente para jogar a farinha e fazer um pirão bem durinho, de forma que a
massa sirva para depois fazer uns bolinhos compridos enrolado nas mãos colocar em uma
vasilha de barro deixar esfriar e estará pronto.
• Ewa Dudu ti Omolú
Material necessário.
1 k de feijão preto, 500g de milho vermelho, 300g de camarão, 500ml de azeite de dendê,
3cebolas grandes descascadas moídas ou trituradas, sal a gosto.
Modo de preparar:
Cozinhar o feijão de modo que não fique muito mole. Deixar secar a água, e se ainda tiver
muito caldo, escorrer um pouco para que fique bem sequinho, depois refogue com dendê
o camarão, as cebolas e sal a gosto, cozinhe o milho em água e sal até ficar bem cozido e
mistura com cuidado sem deixar quebrar muito o feijão, coloque em uma vasilha de barro
deixe esfriar e está pronto. Oferendas para Ossanhe
IPÉTÉ DE OSSAIM
1 Kg. De batata doce, 2 cebolas grandes, 300 g. de camarão seco, 250ml de azeite de
dendê, uma pitada de sal e um pedaço de fumo de rolo.
Modo de preparar:
Descascar a batata doce, cozinhar em água pura, depois de cozida, amassar como um
purê. Depois despejar em uma vasilha à parte o dendê deixar ficar bem quente refogar a
cebola ralada ou triturada juntamente com o camarão e o sal, quando tiver bem frito
misturar na massa de batata doce, até que fique uniforme. Depois colocar numa vasilha
de barro deixar esfriar, e depois enfeitar
em volta da comida os pedacinhos de fumo de rolo destorcidos.
• Ebo ti ossanhe
Material necessário:
2 k de milho branco (milho de canjica) e água.
Modo de fazer:
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Cozinhar o milho branco em água pura em fogo brando deixar secar ou se sobrar muito
caldo escorrer, deixar esfriar, colocar em vasilha de louça branca e está pronto.
COMIDA DO ORIXÁ OXUMARÊ
Material necessário:
2 kg de banana da terra, 1 l de dendê.
Modo de preparar:
Descascar a banana, cortar em tiras, fritar em azeite de dendê bem quente, deixar esfriar,
colocar em uma travessa de barro e está pronto.
• Ewa ti oxumarê
Material usado:
1 kg de feijão fradinho, um KL de farinha de mesa, 500ml. de azeite de dendê,2 cebolas
grandes, camarão seco e triturado, e sal.
Modo de preparar:
Cozinhar o feijão fradinho em água o suficiente para a quantidade deixar quase secar em
fogo brando deixando os grãos o mais que poder inteiro. Depois fazer a parte um refogado
de azeite de dendê, camarão, e cebola, sal a gosto bem solta depois com cuidado misturar
com o feijão fradinho sem caldo sem deixar quebrar muito o feijão. Deixe esfriar.
Oferendas para nanã
EBÓ YÁ- YEMANJA - NANÃ
Material usado.
1 KL de milho de canjica branco, 500ml de azeite de dendê, 300g de camarão seco, sal a
gosto, duas cebolas grandes raladas ou trituradas.
Modo de preparar:
Cozinhar o milho branco em água o suficiente para secar sem deixar queimar.
Depois de cosido fazer a parte um refogado de azeite de dendê, cebola, camarão seco e
sal a gosto, misturam com o milho, até que esteja completamente envolvido no refogado.
Deixar esfriar, colocar em uma vasilha de barro ou louça e este pronto. Oferendas para
Nanã
• Dóbóró ti Nanã
Material necessário:
2 k de feijão fradinho, 500ml de dendê, 2 cebolas grandes descascadas e trituradas ou
raladas,300g de camarão seco triturado,sal a gosto.
Modo de preparar:
Colocar de molho o feijão depois de escolhido devidamente, algumas horas antes de
descascar. Depois descascar um a um retirando o olho do feijão e a película que envolve
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o grão. Levar o refogado ao fogo de dendê, cebola e camarão, depois misturar com
cuidado o feijão no refogado para que não se separe a banda, e não quebre o feijão
mexendo lentamente com a colher de pau. Deixar esfriar colocar em vasilha de barro ou
louça e estará pronto.
COMIDAS DO ORIXÁ XANGÔ
• Amalá ti Xangô Elubó
(elubó é um pirão feito da farinha de inhame kará ou do norte como é conhecido em
alguns lugares é usado na Nigéria até os dias de hoje)
Material necessário:
3 kg de quiabos bem verdes e sem estar duro,400g de camarão seco triturado ,3 cebolas
grandes raladas ou triturada,sal , 500ml de azeite de dendê e uma raiz de inhame kará.
Modo de preparar:
Cortar o quiabo em forma de cruz e depois picar bem miudinho, separando 12 ou 6
quiabos inteiros para cozinhar junto com o restante do quiabo.Depois colocar uma caneca
com água bater bem o quiabo até espumar, depois colocá-lo no fogo brando juntamente
com o camarão e as cebolas devidamente raladas ou trituradas o dendê e sal a gosto. Ir
colocando água fervente aos poucos até cozinhar o quiabo, *para quem gosta com mais
baba basta acrescentar a água fervente. Cozinhar paralelamente o inhame cortado e
descascado em água ,depois de cozido esfarelar com as mãos em forma de farofa , forrar
o fundo da gamela com esse ingrediente e jogar o amalá de quiabo pó cima .Em seguida
coloque os quiabos enfeitando o amalá por cima de forma que as cabeças se encontrem
formando uma coroa (representando a força de xangô,pois quando junta-se as 12 cabeças
estamos invocando as 12 forças de Xangô e com seis estamos invocando as 6 forças
,porem se o amalá não for grande não e aconselhável colocar os doze , e com o restante
da massa de inhame fazemos 12 ou 6 bolas colocando em cima do amalá intercalando
com os quiabos.No Brasil se usa também este mesmo método do pirão e das bolas feitas
com arroz branco e empapado,e na Nigéria se prepara essa farinha de duas formas ,do
jeito que expliquei e deixando os inhames que são usados no ritual de Oxalá ficarem secos
e duros( Fazendo um ritual que não posso revelar) depois de ficar bem duro pila o inhame
e faz-se a farinha para ser usada como expliquei acima.
• Amalá ti eram (Para Xangô)
Material necessário:
3 a 4 quilos de quiabos 5 a 6 cebolas raladas e trituradas, 500 g camarão secos.
600ml de azeite de dendê 1 quilo de carne (peito) sal a gosto 12 ou 6 quiabos cozidos
juntamente com o restante cortado em forma de cruz bem miudinho.
Modo de preparar:
Corta a carne em cubos grandes, refogar com um pouco de azeite cebola bem dourada,
dourar bem a carne nesse refogado e cozinhar até que fique mole em pouca água e quando
estiver no ponto jogar os quiabos devidamente cortados em forma de cruz e os inteiros
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junto e deixar cozinhar em fogo brando acrescentando a água fervente o necessário para
cria r a baba a gosto de cada um. Colocar em uma gamela e está pronto o amalá.
COMIDAS DO ORIXÁ OYÁ/YANSÃ
Acarajé
Material necessário:
3 kg de feijão fradinho, 4 cebolas raladas ou trituradas grandes raladas ou trituradas, sal
e 2 l de azeite de dendê.
Modo de preparar:
Triturar o feijão com o moinho ou se pouca quantidade quebrar no liquidificador ,depois
lavar em água corrente dentro de uma peneira até separar toda as películas do feijão ou
colocar de molho o feijão fradinho depois de algumas horas descascar um a um separando
da mesma maneira a película do feijão.Depois moer o feijão fazendo assim uma massa
juntamente com a cebola bater a massa até que tome a consistência de uma massa de bolo
bem clara colocar sal a gosto e deixar descansa a massa ,enquanto ferve o dendê em uma
frigideira bem quente e forma com a colher de pau os bolos do tamanho da colher que
preferir usar e feitá-lo em azeite bem quente ,colocar em uma vasilha de barro deixar
esfriar e esta pronto.
• Amalá para Oia
Material necessário:
3 a 4 quilos de quiabos verdes, retirando os que estiverem duros, 600ml de azeite de
dendê, 400g de camarão seco 4 cebolas g descascadas trituradas ou raladas ,sal a gosto.
Modo de preparar:
Lavar escorrer os quiabos depois corta-los em rodelas bem finas bater até criar bolhas por
no fogo refogando com cebolas trituradas e camarão e azeite deixar cozinhar
acrescentando água fervente e sal a gosto ,depois colocar em uma gamela deixar esfriar e
esta pronto. Oferendas para Oba
• Acarajé
Material necessário:
3 kg Feijão fradinho, 2 l Azeite de dendê , 4 cebolas grandes raladas ou trituradas, sal a
gosto ,1 coco ralado.(serve coco pronto, comprar o coco, quebra e ralar.)
Modo de preparar:
Quebrar ou triturar o feijão fradinho,lavar até separar a película do feijão, depois moer
juntamente com as cebolas fazendo assim uma massa,colocar sal a gosto e bater com uma
colher de pau até obter uma massa igual a de um bolo.Deixar descansa por alguns minutos
depois ponha o azeite para ferver em uma frigideira e com bastante volume de azeite
dendê de para que não queime, faca os acarajés em uma colher de pau de tamanho médio
e coloque na frigideira e quando estiver frito antes de virar por no meio um pouco de coco
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ralado cobri com a própria massa ajeitando com a colher e depois virar para que frite do
outro lado.Ponha em uma vasilha de barro deixe esfriar e esta pronto..
COMIDAS DE OBÁ
Material necessário:
2 k de feijão fradinho, 500g de camarão seco, 600ml de azeite dendê, 4 a 5 cebolas grandes
descascadas, trituras ou raladas ,sal a gosto.
Modo de preparar:
Cozinhar o feijão em água até ficar cosido sem estar desmanchado, deixar secar em fogo
brando. Se ficar com muito caldo retirar e colocar a parte, caso precise usar .Depois de
cozido refogar com o azeite de dendê ,cebolas raladas e camarão deixar cozinhar por
algum tempo até adquirir o sabor do tempero, colocar sal a gosto deixar esfriar colocando
em uma vasilha de louça e estar pronto.
COMIDAS DE EWÁ•
Material necessário:
1 kg de feijão fradinho, 1 coco, 500 ml azeite de dendê, sal, 1 cebola grande ralada ou
triturada, um coco descascado e fatiado em tiras.
Modo de preparar:
Torrar o feijão previamente molhado e escorrido em água e sal. Torrar em uma vasilha
de barro que vá ao fogo e em fogo de carvão, depois fazer um refogado de azeite de dendê,
camarão e cebola e quando estiver bem frito misturar o feijão e o coco em fatias para que
obtenha uma cor homogenia em todo o material. Deixar esfriar colocar em vasilha de
barro ou louça de acordo com seu costume e está pronto.
• Acarajé ti Ewa
Material necessário:
2 kg de feijão fradinho, 4 a 5 cebolas descascada raladas ou trituradas, sal a gosto, 2 l de
azeite de dendê.
Modo de preparar:
Quebrar ou triturar o feijão ainda seco, depois lavar em uma peneira embaixo de água
corrente até separar a película da massa do grão do feijão, ou para quem não sabe colocar
o feijão de molho por algumas horas depois descascar, separando a película do grão e
triturar o feijão descascado ou quebrado formando assim uma massa misturada com a
cebola triturada junto ou separadamente da massa conforme o costume de cada um,bater
bem a massa colocando sal a gosto depois que ela ficar bem clarinha, deixar descansa por
algum tempo e depois colocar pouco a pouco em uma colher de pau uma quantidade de
massa que forme bolinhos de tamanhos médios pondo para fritar em azeite de dendê bem
quente. Depois arrumar em uma vasilha de barro e está pronto. Oferendas para Logun-
édé
• Axoxó ti ómólokum
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Material necessário:
1 kg de feijão fradinho, 400g de camarão seco triturado, 4 cebolas grandes raladas ou
trituradas 500 ml de azeite de dendê, sal a gosto 6 ovos cozidos e sem estarem feridos
depois de descascados,1 kl de milho vermelho,1 coco, sal a gosto.
Modo de preparar:
Cozinhar o feijão fradinho em água até ficar quase seco, depois refogar com azeite de
dendê, camarão seco pilado ou triturado, cebola e sal a gosto, depois misturar o refogado
no feijão fradinho
e ir acrescentando aos poucos o azeite de dendê até que fique cozido e pegue o gosto do
tempero. Segunda etapa, cozinhar em água e sal o milho vermelho (mais conhecido como
milho de galinha) depois de cozido escorrer e deixar esfriar. Pegar uma vasilha de louça
colocar no lado esquerdo a vasilha o feijão já pronto e frio e na mesma vasilha do lado
direito colocar o milho já pronto e frio de forma que fique arrumado uniformemente.
Depois em cima do feijão colocar os ovos cozidos descascados sem estarem feridos e
frios com a ponta mais fina virado para baixo, e colocar o coco cortado em tiras em cima
do milho arrumado uniformemente. Depois de frio está pronta.
PREPARO DE PEIXE PARA ORIXÁ OLOGUNÉDE
Material necessário:
1 Peixe dourado ou namorado grande,1 litro de dendê ,4 cebolas grandes raladas ou
trituras descascadas,500g de camarão graúdo seco, sal a gosto.
Um peixe Namorado ou dourado grande, escamado e limpo sem ser cortado, sem retirar
as barbatanas, retirando além das escamas a parte interna as vísceras. Depois lavar bem
lavado. Fazer uma mistura de cebola ralada com camarão seco, rechear o peixe esse
tempero e passar o resto desse tempero em todo peixe colocá-lo em uma assadeira sem
dobrado sobre algumas rodelas de cebolas cruas para não agarrar na assadeira pegar um
copo americano com água e sal para regar o peixe inteiro e depois regar com o azeite de
dendê de acordo com o tamanho do peixe, levar ao forno deixar assar ,depois esfriar é
retirado da assadeira e colocado em uma bela travessa. E está pronto.
COMIDAS DO ORIXÁ YÁ OXUM
• Ómólokum
Material necessário:
2 kg de feijão fradinho catado, 6 cebolas grandes brancas raladas ou trituradas ,500g de
camarão seco ,600ml de azeite de dendê , 5,8,16 ou 21,ovos cozidos e descascados sem
feri-los e quantidade é conforme a necessidade e de acordo com a quantidade de
feijão,sendo assim se tomamos por base 2 kl de feijão fradinho usaremos 8 ovos que é o
mais comum.
Modo de preparar:
Cozinhar o feijão fradinho com água até que fique cosido sem estar muito quebrado, ou
seja, ao ponto, depois fazer um refogado a parte com dendê, camarão e cebola e misturar
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no feijão mexendo com uma colher de pau acrescentar + azeite de dendê e camarão se
necessário provando para sentir o sabor e sal colocado a gosto.Deixar esfriar colocar em
uma vasilha de louça e depois colocar por cima os ovos cozidos com a ponta mas fina do
ovo para cima e com cuidado com uma colher menor pingar azeite de dendê sobre os
ovos.E estará pronto.
• Abara ti Oxum
Material necessário:
2 kg de feijão fradinho, 500ml de azeite de dendê, 4 cebolas g raladas ou trituradas,300 g
de camarão seco triturado ou pilado,3 folhas de bananeiras retirada do caule e queimada
no fogo no sentido de murchar ,cortadas em pedaços o suficiente para enrolar a massa
.(aconselho as pessoas que peça a alguém com experiência para ensinar ou enrolar a
folha.)
Modo de fazer:
Quebra e lavar o feijão para separa-lo da película ou deixar de molho algumas horas e
descascar um a um se a quantidade for pouca, depois triturar o feijão juntamente com as
cebolas já raladas ou trituradas e o camarão triturado e misturado na massa ou juntamente
com o dendê o suficiente pata dar sabor e dar liga a maça .Depois enrolar a massa as
poucos nas folhas em forma de triângulos que assim se torna um recipiente em forma de
cone dobrando as pontas para dentro para flechar o cone ,cozinhando assim em vapor ou
em banho Maria .Depois de seca a maça estará pronta.
COMIDAS DE YOMONJÁ
• Ebo Iya
Material necessário:
2 kg de milho branco (milho de canjica), sal a gosto, 250ml de Azeite de Dendê, 2 cebolas
brancas raladas ou trituradas,300g de camarão seco triturado.
Modo de preparar:
Cozinhar o milho branco em água, e em fogo brando, quando estiver cosido se tiver muita
água escorre o suficiente, depois fazer um refogado de azeite camarão e cebola misturar
levemente com o milho, deixar esfriar colocar em uma vasilha de louça e está pronta.
• Mumú ti Iemanjá
Material necessário:
1k de milho branco, 1k de arroz branco, cebola descascadas trituradas ou raladas, um uma
colher de sopa de banha de orí (gordura vegetal de origem africana.) sal a gosto.
Modo de preparar:
Cozinhar o milho branco bem cozido depois de catado e escorrer, em outra vasilha
cozinhar o arroz em bastante água e depois de cozido escorrer e lavar em água corrente.
Fazer um refogado de cebola e banha de orí sal a gosto e refogar cada um separadamente
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depois colocar em uma única vasilha as duas comidas ocupando a metade da vasilha com
cada uma das comidas. Deixar esfriar e está pronto.
.

COMIDA DO ORIXÁ IROKO


• Ebo ti Iroko
Material necessário:
2 k de milho branco, (milho de canjica), catado e uma folha de roko.
Modo de preparar:
Cozinhar o milho depois de catado em água, quando estiver bem cozido escorrer deixar
esfriar e colocar em uma gamela de madeira branca ou ema vasilha de barro com uma
folha da arvore de roko em cima.
COMIDA DO ORIXÁ IBEJI
• Karuru ti ibeji
Material necessário:
Ö karuru de ibeji é formado basicamente do amalá de quiabo com um poço de cada
comida já citada de todos os orixás acrescentando o xinxim de galinha.
Xinxim ti Adie:
Material necessário:
1 galinha grande, 500 ml de azeite de dendê, 3 cebolas grandes raladas ou trituradas ,300g
de camarão seco e sal a gosto.
Modo de preparar:
Cortar em pedaços pequenos a galinha, preparar um refogado a parte com o azeite de
dendê, cebolas e o camarão seco triturado ou pilado, por a galinha dentro refogando nesse
tempero. E pingando água aos poucos o suficiente para cozinhar e corar a galinha sal a
gosto. E está pronta o karuru.
Obs: acrescentar depois de arrumado Rodelas de ovos cozidos e amendoins torrados.

COMIDAS DE ORIXÁ OXOGUIÃN


• Inhame
Material necessário:
2 inhames cará ou em alguns lugares são conhecido como inhame do norte. Uma vasilha
de louça em forma de travessa.
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Modo de preparar:
Descascar o inhame cortar e cozinhar depois de cozido escorrer a água e amassar até se
torne uma massa como um purê formar 8 bolas grandes com as mãos colocar em uma
travessa de louça branca deixar esfriar e está pronto.

• Acaçá
1 kg de farinha de acaçá, (vendida em alguns estados do Brasil, farinha feita de milho de
canjica.) ou 1 k de milho, folhas de bananeira murchada no fogo.
Modo de preparar:
Moer o milho devidamente de molho de um dia para o outro e assim fazer a farinha de
milho branco ou comprar a farinha já pronta nos estados que venderem, fazer um mingau
razoavelmente grosso e bem cozido, depois retirar a folha de banana do talo e mocha na
quentura do fogo, cortar as folhas com a faca em quadrados de mais ou menos 15cm por
15cm dobrar em forma de triangulo como se fosse um copo triangular encher com a massa
de farinha ainda quente fechar e dobrar a pontas para baixo. Quando esfriar a massa vai
e ata com a forma do cone, colocar em uma travessa de louca branca e estará pronto.
COMIDAS DO ORIXÁ OXALÁ
• Ebó
Material necessário:
2 kg de milho branco, (milho de canjica), uma panela bem limpa aonde não se cozinha
dendê e água bem limpa.
Modo de preparar:
Catar e cozinhar o milho somente os bem branquinhos colocar para cosinhar em fogo
brando até que fique bem cosido, e quase seco sem agarrar no fundo se tiver com muita
água deixar escorrer um pouco pôr em uma vasilha de louça branca deixar esfriar e
quando estiver bem frio estará pronto.
• Acaçá ti Oxalá
1 kg de farinha de acaçá, (vendida em alguns estados do Brasil, farinha feita de milho de
canjica) ou 1 kg de milho, folhas de bananeira murchada no fogo.
Modo de preparar:
Moer o milho devidamente de molho de um dia para o outro e assim fazer a farinha de
milho branco ou comprar a farinha já pronta nos estados que venderem, fazer um mingau
razoavelmente grosso e bem cozido, depois retirar a folha de banana do talo e mocha na
quentura do fogo, cortar as folhas com a faca em quadrados de mais ou menos 15cm por
15cm dobrar em forma de triangulo como se fosse um copo triangular encher com a massa
de farinha ainda quente fechar e dobrar a pontas para baixo. Quando esfriar a massa vai
e ata com a forma do cone, colocar em uma travessa de louca branca e estará pronto.
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COMIDA DO ORIXÁ IFÁ


• Ebó
Material necessário:
2 kg de milho branco, (milho de canjica), uma panela bem limpa aonde não se cozinha
dendê e água bem limpa.
Modo de preparar:
Catar e cozinhar o milho somente os bem branquinhos colocar para cozinhar em fogo
brando até que fique bem cosido, e quase seco sem agarrar no fundo se tiver com muita
água deixar escorrer um pouco pôr em uma vasilha de louça branca deixar esfriar e
quando estiver bem frio estará pronto.

AS FAVAS UTILIZADAS NO CULTO AOS ORIXÁS E SEUS SEGREDOS


A fava simboliza o sol mineral, o embrião. Evoca o enxofre aprisionado na matéria. Às
favas fazem parte dos frutos que compõem as oferendas rituais. Elas representam os
filhos-homens esperados; numerosas tradições confirmam e explicam essa aproximação.
Segundo Plínio, a fava era usada no culto dos mortos por acreditar-se que continha a alma
dos mortos. Às favas, na qualidade de símbolos dos mortos e de sua prosperidade,
pertencem ao grupo dos Deuses protetores. No sacrifício que se costumava realizar na
primavera, elas representavam a primeira dádiva vinda de baixo da terra, a primeira
oferenda dos mortos aos vivos, o signo de sua fecundidade, ou seja de sua encarnação. E
isso leva-nos a compreender as razões da proibição estabelecida por Orfeu e Pitágoras
para os quais comer favas era o equivalente a comer a cabeça dos próprios pais, a partilhar
do alimento dos mortos e, graças a isso, permanecer dentro do ciclo das reencarnações e
sujeitar-se aos poderes da matéria. No entanto fora do âmbito dessa teoria, as favas
constituem, ao contrário, o elemento essencial da comunhão como os Deuses, no ápice
dos rituais. Em resumo as favas são as primícias da terra, o símbolo de todas as
benfeitorias proveniente dos Deuses que habitam debaixo da terra.
O "campo de favas" - denominação que os egípcios usavam com sentido simbólico, era o
lugar onde os defuntos aguardavam a reencarnação. O que confirma a interpretação
simbólica geral dessa leguminosa.
Dentro dos cultos dos Voduns/Orixas/inkices e outros, a fava representa e confirma a
ancestralidade dos Deuses.
Em nossos rituais, fazemos uso tanto da fava inteira como ralada, em forma de pó. O pó,
assim como a cinza é comparado ao sêmen, ao pólen das flores, à posteridade.
Inversamente, por vezes é signo da morte.
Fazer uso da fava e do pó da fava representa perpetuarmos nossa ancestralidade, as
primícias da terra e dos Deuses.
FAVAS
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1 - FAVA DE ABRE-CAMINHO
2 - BEJERECUM
3 - FAVA DE EXÚ
4 - GARRA DE EXU
5 - FAVA DE OBALUAYE
6 - DANDA DA COSTA
7 - IKIN
8 - FAVA DE OGUM
9 - FAVA TONCA
10 - FAVA DE JATOBA
11 - OROBO
12 - FAVA DE XANGO - ALIBÉ
13 - PIXURIN
14 - AMENDOIM
15 - COCO DO DENDE
16 - NOZ NOSCADA
17 - ATARÉ
18 - FAVA DE IANSÃ
19 - ARIDAN
20 - FAVA DE OXALÁ
21 - FAVA ARIO
22 - FAVA DE OXUM
23 - FAVA DE AGUÉ
24 - FAVA CUMARU
25 - FAVA OFA
26 - LELECUN
27 - FAVA DE LOGUN
28 - FAVA DE OBALUAYE
29 - FAVA DE OSAIN
30 - FAVA DE OXOSSI
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31 - FAVA DE KARITE
Abo Ògánwó - Fava da Oxum
Nome Yorubá- Abo Ògánwó
Nome científico – Carapa Procera D.C., Meliaceae, Carapa guianensis Aubl. Sinonímia:
Carapa latifolia Willd.; Xylocarpus carapa Spreng.; Carapa macrocarpa Ducke.
Nome popular – Andiroba, Fava-de-Oxum, Andiroba-saruba, Iandirova, Iandiroba,
Carapá, Carapa e Nandiroba, no Brasil; Cachipou e Noix de Crab, na Guiana Francesa;
Carapa Tree, em inglês; Carapo, na ilha de Trindade.
Considerações: A Andiroba é comum nas várzeas da Amazônia. Velha conhecida dos
indígenas, dos caboclos e dos madeireiros, começa a ganhar fama internacional pela
comprovação científica de algo que os nativos sabem há muitas gerações: o bagaço da
castanha, quando queimado, solta uma fumaça que tem o poder de repelir mosquitos.
Alguns produtos sob a forma de vela estão sendo comercializados como um repelente
natural. Desde a época do Descobrimento do Brasil, o óleo de andiroba era empregado
pelos índios Mundurukús como ingrediente na mumificação das cabeças dos inimigos,
que serviam de troféus de guerra. Hoje, o óleo é medicamento usado para muitos males,
principalmente como linimento contra pancadas e anti-inflamatório, contra dores de
garganta. As sementes privadas das cascas produzem 70% de óleo amargo e concreto,
amarelo escuro e muito espesso.
Descrição: Planta nativa da América do Sul. Os frutos produzem várias sementes que são
alimento de vários animais. É uma árvore grande, que mede até 30 metros de altura,
apresentando uma casca cinzenta e grossa. As folhas são imparipinadas ou
abruptopinadas, grandes, de até 1 metro de comprimento ou mais, composta de
numerosos folíolos subopostos, elíptico-oblongos, inteiros, acuminados e glabros. As
flores são pequenas, amarelas, vermelhas e axilares. O fruto é uma cápsula ovóide semi-
globosa, lenhosa, pardacenta, 4-vulvar, contendo número variável de sementes
vermelhas, coriáceas e quase lenhosas, convexas, angulosas ou irregularmente
tetraédricas, achatadas lateralmente
Uso Ritualístico: Planta associada a Oxum. As sementes são utilizadas em assentamentos
e em jogos de búzios por algumas pessoas. As folhas são utilizadas em banhos e
sacudimentos.
Elementos: Água / Masculino
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Outros nomes yorubá: Èfù ìyá, abo ògànwó , Àrìdan
Nome Yorubá- Àrìdan Nome científico – Tetrepleura tetráptera (Schum & Thour.) Taub.
Leguminosae
Mimosoideae Nome popular – Fava de aridan
Considerações: O fruto é constituído por uma polpa carnosa, com pequenas sementes
marron/escuro. A fruta possui uma fragrância, caracteristicamente picante e odor
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aromático, o que é atribuído à sua propriedade repelente de insetos. É usado como


especiarias e aroma (exóticos aromas tropicais) e envenenamento de peixes.
Descrição: Árvore de origem africana é cultivada no Brasil, provavelmente trazida pelos
escravos para utilização litúrgica. A tetrapleura Tetráptera (Schumach. E Thonn) Taub,
Mimosaceae, vulgarmente conhecida como Aridan (fruta), termo(Yorubá) no sudoeste da
Nigéria também conhecida no Congo como, kiaka na língua (Akwa e Mbaamba), eyaka
(Lingala), chiacha (Tsangui) sekeseke (Bira, Mbuti) akolongo (Azande) Angulu (África
Central, provem de uma árvore robusta e perene de cerca de 30 m.de altura tem na cor
um cinza / marrom, liso / casca áspera, A flor é amarela / rosa e branco, a fruta tem cor
castanho escura, quatro frutos alados 12-25 x 3,5-6.5cm.It é geralmente encontrada na
floresta de várzea da África tropical.
Uso Ritualístico: Pertence ao Orixá Ossayn. Os frutos do aridan são favas utilizadas nas
casas de candomblé, no àgbo do iniciado, em assentamentos de Exu, Ogun, Omolu, Oxun
e Xangô Baru, e na preparação de pó usado para combater feitiços. Certamente, o fato de
colocar as favas de aridan dentro dos assentamentos dos Orixás denota uma preocupação
em manter-se resguardado contra qualquer tipo de magia nefasta que tenha por objetivo
prejudicar a casa e as pessoas que zelam por tais objetos. Com a mesma finalidade é
comum encontrar-se favas penduradas atrás de portas, que, sugando alguns, emitem uma
luz “quando alguém manda algum feitiço”.
Qualificação da ação: a que brilha
Elementos: Terra/Masculino Ataare - Pimenta da costa
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Nome Yorubá- Ataare Nome científico – Afromomum melegueta (roscoe). Zingiberaceae
Nome popular- Pimenta da Costa
Descrição: Planta da família das anonáceas, originária do continente africano, cultivada
no nordeste brasileiro. Uso Ritualístico: Pertencente ao Orixá Ossayn. Embora atribuída
a Exu, este tipo de pimenta tem várias utilizadas nos rituais dos Orixás, sendo utilizada
no borí, nos assentamentos de alguns Orixás, nos rituais de Ossayn e para fazer pós e
ebós. È um vegetal ambíguo, pois presta-se também para trabalhos maléficos. Todavia,
tem destaque no culto, uma vez que é prestigiado no ritual da sassanha com um korin ewé
próprio. È comumente mastigada pelos sacerdotes quando dirigem suas súplicas e desejos
aos Orixás, pois acreditam que tem o poder de purificar o hálito.
Elementos: Fogo/Masculino
Sassanha: Èta owó èta Omo átáaré kú Gbogbo gb”érù re o
Três é dinheiro, Tre é filho Átáaré leve os carregos de morte.
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Outros nomes yorubá: Òbùró, ata, ata ire, ataué, atayé isa, atayé rere, etalúyà, atayé atayé
liya (Abéòkuta), atayé isa, atayéì jobì, atayé rere e etalúyà (ìjebú) , Àyò – Olho-de-gato
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Nome Yorubá- Àyò Nome científico – Caesalpina Bonduc (L.) Roxb., Leguminosae-
Caesalpinoideae
Nome popular – Olho-de-gato, ariós, carniça, junquerionamo, silva-da-prata
Descrição: Planta encontrada em estado espontâneo, tanto no continente africano quanto
no brasil, provavelmente, porém, nativa da África.
Uso Ritualístico: Pertencente aos Orixás Orumilá e Exu. Apenas a semente é conhecida
e utilizada juntamente com uma pequena pedra de rio (seixo), em jogos divinatórios,
chamados de “amarração de ibo”. Conhecida popularmente como “fava da vidência”, a
planta toda está associada a Èxù e a Orúnmìlà. Pertence ao compartimento Terra com
característica gún
Elementos: Terra/Masculino
A planta é usada nos rituais de Ifá, porém, com poucas citações. A semente tem a mesma
função oracular que nos terreiros, ou seja, é usada na “amarração de ibô”.
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Outros nomes yorubá: Sáyò, sénwò, séyò olópón Bejerekun - Pimenta-de-macaco
Nome Yorubá- Bejerekun Nome científico – Xylopia aromática (lam) Mart., Annonaceae
Nome popular – Pimenta-de-macaco, pimenta-de-negro, pimenta-da-guiné, pindaíba,
biriba
Considerações: Árvore até 8m de casca áspera, fissurada, castanho-acinzentada. As folhas
são alternas, em forma de lança, com até 18 cm de comprimento e cobertas por pilosidade
cor de ferrugem. Possui flores brancas ou rosadas, distribuídas ao longo dos ramos, nas
axilas das folhas. Os frutos são agregados, formados por 1 a 30 frutículos verde-
amarelados externamente e vermelhos por dentro. Ao abrir em duas partes ficam expostas
1 a 7 sementes brilhantes de cor preta com arilo (estrutura carnosa) de cor creme em uma
das extremidades. As sementes têm cerca de 25 mm, tem coloração preta e apresentam
arilo.
Descrição: A Pimenta de Macaco, também conhecida como Pimenta de Negro, faz parte
da família das Anonáceas sendo parente da pinha, do biribá, da graviola e da pindaíba.
Ocorre basicamente na região dos Cerrados e dos Campos Cerrados do meio do Brasil
que abrange os estados de Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. O
pó de suas sementes é usado como tempero que além de aromático e condimentar tem
propriedades afrodisíacas.
Uso Ritualístico: Pertencente ao Orixá Ossayn e Ogun. Bejerekun é o nome dado nas
comunidades religiosas jêje-nagôs, aos frutos desta e de outras espécies similares de
annonaceas. Seu uso é extensivo a diversos orixás, e entra na composição do àgbo, em
alguns “assentamentos”, para plantar o àse do terreiro, na iniciação dos filhos-de-santo e
no preparo de atin (pó) com fim benéfico. É uma das sete árvores sagradas onde habitam
as Yamins.
Elementos: Terra/Masculino
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Outros nomes yorubá: èèrù, èèrunje, olórin Dandá da Costa - Tiririca


Nome Yorubá- Dandá Nome científico – Cyperus esculentus L., Cyperaceae
Nome popular – Tiririca, Junquinho, tiririca-amarela, junça, Tiririca-mansa, Três-quinas
Considerações: Descrição: Espécie pantropical, nativa na América do Norte, Europa e
Ásia, encontrada hoje nos cinco continentes. Com inflorescência amarela família das
Cyperaceae. Também conhecida como tiririca do brejo, hamassuguê, capim-dandá,
cebolinha, ervacôco, junça-aromática, tiririca-comum.
Raiz
Uso Ritualístico: Pertencente aos Orixás Exu, Ogun, Oxossy e Ossayn. Dandá é o nome
dado aos tubérculos dessa cyperacae, que são muito utillizados com diversas finalidades,
entre eles, defumação, pós e amuletos para boa sorte.Ainda hoje, alguns Zeladores
confeccionam amuletos com este tubérculo, para “proteger pessoas contra bandidos e
maus policiais”. Pulverizada, é utilizada na sacralização de “assentamentos” de diversos
Orixás.
Elementos: Terra/Masculino

Nome Yorubá- Labé-labé


Uso Ritualístico: Pertencente aos Orixás Exu, Ogun, Oxossy e Ossayn. Planta muito
utilizada no culto com diversas finalidades. È comum mascarem seus tubérculos, que
também são chamados de Dandá-da-costa, com a finalidade de afastar os espíritos dos
mortos. As folhas podem ser usadas em agbo.
Qualificação da ação: folha que corta como uma faca
Elementos: Água/Masculino
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Èpà - Amendoim
Nome Yorubá- Èpà Nome científico – Arachis helodes Mart. ex Krapov. & Rigoni
LeguminosaePapilionoideae
Nome popular- Amendoim
Considerações: Descrição:Segundo alguns botânicos, o amendoim é nativo do brasil,
porém foi levado para a África, onde se constituiu como base alimentar. Da família das
Fabaceae. Também conhecida como amendoí, jinguba, mancarra, mandobi, mandubi,
mendubi, menduí, mindubi, mindubim, erdnub (espanhol); maní, cacahuete ou amendoim
(francês); cacahuète, pistache de terre, arachide (inglês); peanut (italiano); arachide
(italiano).
Uso Ritualístico: Pertencente aos Orixás Oxumaré e Oxum. Os grãos do amendoim são
utilizados em oferendas a Oxumaré; pulverizados, para Oxun; entretanto, seu consumo é
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proibido (èwò) aos filhos de Oxalá. Mas também é utilizado na comida de Oxossy o
Axoxo. Também são muito utiilzados em trabalhos para conseguir a proteção das Ìyàmi.
Elementos: Água/Masculino
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Outros nomes yorubá: òróré èpàda e èpà gidi. Fava de Obará
Nome Yorubá- Nome científico – Luehea Grandiflora Mart., et Zucc., Tiliaceae
Nome popular – Fava de Obará, Ivitinga, Mutamba-preta, Acoita-cavalo, Ubatinga
Descrição: Espécie bastante rústica, tem seu nome derivado de sua aplicação pelos
cavaleiros, antigamente. Galhos e folhas bastante ásperos. Sua floração perdura por uns
dois meses a partir de fevereiro. família: Tiliaceae, sinônimos botânicos Luehea
ferruginea Turcz.; Luehea platypetala A. Rich.; Luehea rufescens Benth.; Luehea
tarapotina J.F. Macbr., outros nomes populares: envireira-do-campo, caa-abeti, ivantiji,
ivitinga, mutamba-preta, ubatinga, uvatinga, ivatinga, cacauei, vacona-do-campo, papeá-
guaçu. Folhas simples, alternas, com estípulas, serradas, com ápice agudo ou acuminado.
Medem de 9-15cm de comprimento por 2- 6cm de largura, de cor esbranquiçada na face
inferior.
Uso Ritualístico: Pertencete a Ifá. Os frutos desta planta é que são utilizados nos rituais
afro-brasileiros, em trabalhos com Obará, um dos signos de Ifá (Odú), com a finalidade
de atrair riquezas.
Elementos: Terra / Feminino
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Fava Divina
Nome Yorubá- Nome científico – Schizolobium Parahyba (Vell.) Blake, Leguminosae-
Caesalpinoideae
Nome popular – Fava Divina, Guapuruvu
Descrição: Nativa do Brasil. Árvore decídua de 10 a 30 m de altura. Tronco sem
ramificação, coroa de folhas no ápice, casca lisa, acinzentada, com cicatrizes da queda
das folhas, sendo que quando jovem a casca é verde e lisa; o ápice dos ramos tem pêlos
glândulosos (pegajosos). Emite ramificações e grande altura para formar a copa, o que
lhe confere um porte majestoso. A copa densa, com galhos regulares, forma uma abóboda
perfeita. Folhas alternas, compostas bipinadas, com até 1 m de comprimento; folíolos
opostos, elípticos, com estípulas que caem com o tempo. Flores amarelas, pilosas, em
inflorescências densas. Fruto tipo legume, obovado, coriáceo, pardo-escuro, de 10 a 15
cm de comprimento, com uma semente, forma elíptica, brilhante e muito dura, protegida
por endocarpo papiráceo.
Uso Ritualístico: Pertencente ao Orixá Oxum. Suas sementes são utilizadas popularmente
para “simpatia” em crianças para aflorar a dentição.
Elementos: Terra / Masculino Fava-de-omolú
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Nome Yorubá- Nome científico – Hevea Brasiliensis M. Arg., Euphorbiaceae


Nome popular – Fava-de-omolú, Seringueira
Descrição: Da família das Euphorbiaceae. Também conhecida como árvore-daborracha,
seringueira-legítima. A planta da amazônia mais importante como fornecedora de
borracha. Pesquisador de Londres, descobriram que, quando injetados certos genes nas
árvores da seringueira, elas se transformam com a ajuda da energia solar em indústrias
farmacêuticas vivas. Podem ser obtidos, sem poluição ambiental e de forma barata,
antibióticos, vacinas, hormônios e uma ampla variedade de substâncias naturais. A
seringueira, pertencente ao gênero Hevea, da família Euphorbiaceae, que possui a Hevea
brasiliensis,como a espécie mais importante do gênero . Hevea brasiliensis é uma planta
de ciclo perene, de origem tropical, cultivada e utilizada de modo extrativo, com a
finalidade de produção de borracha natural. A partir da saída de seu habitat passou a ser
cultivada em grandes monocultivos, principalmente nos países asiáticos. No Brasil, seu
cultivo obteve grande sucesso nas Regiões Sudeste, CentroOeste, na Bahia e mais
recentemente no oeste do Paraná.
Uso Ritualístico: Pertencente ao Orixá Omolú. As favas são utilizadas em trabalhos e
assentamentos deste Orixá.
Elementos: Terra / Masculino
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Garra do Diabo
Nome Yorubá-
Nome científico – Martynia annua Martyniaceae
Nome popular – Garra do Diabo, Garra de Exú, Unha de Exú
Uso Ritualístico: Pertencente ao Orixá Exu. Muito apreciada pelos adeptos da religião de
Matriz Africana .... para pós, fundamentos etc.
Elementos: Terra / Feminino Àgbaó – Imbaúba
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Nome Yorubá- Àgbaó / Àgbamodá / Àgbawó Nome científico - - Cecropia palmata Wild.,
Moraceae
Nome popular – Umbaúba, Imbaúba, Árvore-da-preguiça, Umbaíba, Embaúba, Baúna
Considerações: Também chamada de arvore de preguiça, é uma arvore de tronco reto,oco,
esgalhado a semelhança com o mamoeiro, folhas longipecioladas, duras, ásperas,
esbranquiçadas por baixo, pecíolos lisos cilíndricos.
Descrição: Eficiência terapêutica comprovada pelo Ministério da Saúde.
Embaúba(Cecropia peltata, Vellozo). Outros nomes: imbaúba, umbaúba, ambaíba,
imbaíba, baúna, árvore da preguiça. Planta urticácea brasileira que existe também na
América Central. Tem o tronco ereto e oco e suas folhas são rijas, ásperas e branca de
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baixo. O fruto é oval, roxo (quase preto) com polpa doce, branca e aquosa. O fruto é
gostoso e a madeira é fraca e leve. É medicinalmente usada nas afecções do trato
respiratório. Tem ação de aumentar a força contrátil do coração, e por isto seu uso merece
cuidados. É eficaz e eficientemente diurética.
Uso Ritualistico: Pertence aos Orisàs Ossayn, Iyemonjà, nanã, xangô, oyá. Quando se vai
coletar ervas nas matas, deve-se colocar sob a imbaúba oferendas de vinho moscatel,
aguardente, fumo de rolo picado, mel, moedas e búzios, com a finalidade de agradar
Ossayn, para que este permita que os vegetais que procuramos sejam encontrados, caso
contrário, passaremos várias vezes pela planta procurada e não a veremos. São utilizadas
em rituais e banhos de purificação. Pode-se colocar oferendas de frutos para Ossayn sobre
esta folha. Utilizada nos rituais de iniciação, entra no omiero do orisa sango, dos seus
brotos e feito uma comida para este orisa nas ocasião do ritual de asese em seu troco
existem furos onde mora uma espécie de formiga, que é feito etutu nos caminho do orisa
obaluaye, existem tradições em que esta ewe também pertence ao orisa Nana, e seus talos
são usado em determinados ebos de ancestralidades.
Elementos: Terra/Feminino
Sassanha: TAWA NI IBÀ, NI AGBAÓ TAWA NI IBÀ, NI AGBAÓ
É nossa a benção, É nossa a benção da embaúba. É nossa a benção, É nossa a benção da
embaúba
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Outros nomes yorubá: Àgbamodá , Àgbawó, Ag Akan - Cará-moela
Nome Yorubá- Akan Nome científico – Dioscorea bulbifera l., Dioscoreaceae
Nome popular – Cará-moela, cará-do-ar, cará-de-corda, cará-de-sapateiro
Considerações: O Cará-do-ar é um tipo de inhame originário da África e Ásia. É uma
planta calcidiforme, trepadeira que produz batatas na sua parte aérea. Suas folhas são
cordiformes. É encontrado aqui em nosso país (Brasil), mas o seu cultivo é feito apenas
de forma doméstica nos quintais do interior. Por isto é raro encontrá-lo no comércio em
geral. Estes carás tem formato de uma moela de ave, e por isto também é chamado de
cará-moela e é consumido cozido. Pode ser cultivada também como uma exótica planta
ornamental. E na Flórida é considerada como uma espécie invasora.
Descrição: Utilizado em diversos pratos na culinária nacional, porém mais conhecido é o
arroz preparado com essa espécie, que faz parte da dieta da população do interior, e
também muito apreciado pelos africanos.
Uso Ritualístico: Pertencente ao Orixá Oxalá. Utilizado no preparo de um pó (atín) para
boa sorte, segundo uma fórmula conhecida em algumas casas de santo. “Em uma
vasilha de barro nova e seca, deposita-se um bife de carne de boi, pequeno e fino, deixase
a carne criar larvas, colocando-se a vasilha sobre um telhado. Quando a carne estiver
completamente seca, tritura-se até tomar a consistência de um pó. Rala-se um carámoela
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e mistura-se à carne pulverizada, torra-se tudo, adiciona-se efun, peneira-se até que
obtenha um pó fino usa-se em casa e no trabalho para obter properidade”
Elementos: Terra/Feminino
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Outros nomes yorubá: emìnà, ewùra esin e dadan Àtòrìnà - Sabugueiro
Nome Yorubá- Àtòrìnà Nome científico – Sambucus nigra L., Caprifoliaceae
Nome popular- Sabugueiro
Considerações: Pode ser encontrada desde o sul da Escandinávia até o norte da África, e
também na região sul do Brasil. Suas flores são bem pequenas e numerosas, agrupadas
em inflorescências, de cor branca, exalam perfume agradável. O Sabugueiro produz
pequenos frutos de cor violeta escuro, comestíveis, porém, o sabor é mais aceito após
cozimento.
Descrição: Pertence à família das Caprifoliáceas. Na forma de arbusto ou árvore pequena,
de 3 a 6 metros de altura. Os frutos são bagas de cor negra, violeta, redondas, com duas
sementes ovais. Se forem guardadas as flores estas devem ficar isoladas do ar devido o
apodrecimento acelerado; pois absorvem umidade com facilidade.Arbusto de troncos e
ramos lenhosos, que podem atingir de 2 a 4 m de altura com folhas caducas grandes, e de
flores esbranquiçadas que crescem em umbelas. Originária da Europa, encontra-se por
todo o País.
Uso Ritualístico: Pertencente ao Orixá Omolú. Suas folhas são empregadas nos rituais de
iniciação, oferendas e banhos purificatórios dos filhos de Omolú, ligado ao odu iwori.
Qualificação da ação: vara de fogo
Elementos: Fogo/Masculino
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Outros nomes yorubá: Owó éégun, Átomirina Eró igbin - Erva-de-Bicho
Nome Yorubá- Eró igbin Nome científico – Brilhantaisia lamium (Ness) Benth.,
Acanthaceae
Nome popular- Erva-de-Bicho
Família: Polygonaceae. Descrição: Planta originária da África. Planta anual, cuja altura
varia de 50 cm a 1 metro. Muito vigorosa e de crescimento rápido. Seu caule possui anéis
nodosos, apresentando riscas avermelhadas. As folhas são alternas, inteiras, estreitas e
pontiagudas, no formato de lanças, de coloração verde-brilhante e às vezes rajadas de
vermelho. As flores são pequenas, de coloração branca ou rosada, e se dispõem em
espigas longas, finas e flexíveis, que nascem na junção das folhas ou na extremidade do
caule. O fruto-semente é um aquênio pequeno. O plantio é feito por fruto semente ou
estacas de galho, de preferência, em lugares úmidos, situados às margens dos rios. Colhe-
se a parte aérea da planta no momento em que as flores estão desabrochando. O caule, a
folha, a flor e o fruto apresentam um sabor fortemente apimentado. Modo de conservar :
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Os caules, as folhas, as flores e os frutos são secos ao sol, em local ventilado e sem
umidade. Armazenar em sacos de papel ou de pano.
Uso Ritualístico: Pertence ao Orixá Oxalá. Folha considerada eró (de calma) . Sendo uma
das ervas mais utilizadas no culto a Oxalá, é empregada nos rituais de todos os Orixás.
Usada nos rituais de iniciação, sacralização dos assentamentos dos orixás, àgbo, banhos
e diversos trabalhos. Utilizada com a finalidade de se adquirir boa saúde, prosperidade e
acalmar a cabeça intranqüila. “Apreciada pelo igbin (caracol) como alimento, daí ser
chamada pelo "povo-de-santo” de eró igbin, sendo que este nome significa "a calma ou o
segredo do caracol” .
Elementos: Água/Masculino
Outros nomes yorubá: ajíromi, òwò, ewé òwò, er
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Lelekun
Nome Yorubá - Lelekun
Nome científico – Aframomum melegueta, da família Zingiberaceae, Uapaca Heudelotii
Baill. [family EUPHORBIACEAE], Uapaca somon Aubrév. & Léandri
Nome popular – Grãos do paraíso, pepre nengrekondre, pimenta jacaré, grãos da guiné,
graines de paradis, atar, korner Paradies, Grani de Meleguetta, korrels Paradijs, paraíso
Grana, poivre de Guinée, malaguette, Malagettapfeffer, Grani de paradiso
Considerações: (*). Importante observar que a "Uapaca" possui aproximadamente 60
espécies, os grãos-do-paraíso, também chamados de malagueta, com sabor acre e picante,
pertencem a uma espécie africana, Aframomum melegueta, da família Zingiberaceae. Era
a pimenta que os povos escravizados trazidos para o Brasil a partir do século 16
conheciam. Esses povos, ao chegarem aqui, tiveram contato com as pimentas do gênero
Capsicum e, pela semelhança no sabor, passaram a chamá-las também de malagueta.
Descrição: Pimenta do jacaré é um crescimento perene tropical até 5 "de altura,
originalmente do Oeste da África, trazida ao Suriname pelos escravos. A forma de
trombeta, flores roxas desenvolver em 5 - 7 centímetros cinzento longo - marrom,
enrugadas secas vagens (cápsulas) contendo a pequena numerosas sementes. Estes são
quase de forma oval, duro, brilhante, e tem uma cor marrom-avermelhada. Ela tem folhas
lanceoladas com até 9 cm de comprimento. As sementes são numerosas ter em cinzento
- cápsulas marrons. A parte importante desta planta é a semente, o pequeno (3-4 mm = 1
/ 8 ") - avermelhada sementes castanhas tem um aroma pungente com pimenta - como
calor.
Uso Ritualístico: Pertencentes a Obatalá, seus grãos possuem um sabor bastante picante,
por isso seu costumeiro uso em alguns pratos da Tradicional Culinária afro-baiana, já no
que se refere ao uso litúrgico, devido as propriedades que possui, é usada para conquistas
em geral. e banhos, seus grãos tem a propriedade de ativar a inteligência [Yèyé para Òyé].
Elementos: Terra / Masculino
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Outros nomes yorubá: Yéré, Lelekun, Òpòn Àtàkùn,


Ewé ègùnmò - Erva-moura, Maria-preta
Nome Yorubá- Ewé ègùnmò Nome científico – Solanum americanum Mill., Solanacea
Nome popular – Erva-moura, Maria-preta, Pimenta-de-Galinha, Erva-mocó, caraxixu
Descrição: De origem européia, disseminada por vários continentes. No Brasil, ocorre em
estado espontâneo em todo território. Planta de folhas de cor verde escura, com bordos
irregulares. Suas flores são brancas e os frutos negros (bagas). Também conhecida como
solano, arachichu, maria-preta, pimenta-de-galinha.
Uso Ritualístico: Pertencente ao Orixá Omolú. Utilizada em banhos de proteção para os
filhos de Omolú, e em sacudimentos. Usada na iniciação dos filhos de Obaluaiyé e Nàná
e, na consagração de seus objetos rituais e sacudimentos. Planta consagrada a Obaluaiyé,
associada ao elemento Terra. Propriedade gún e característica masculina. Em Cuba, é
conhecida pelos nomes lucumi atoré e efodá e atribuida a Ògún e Yemanjá .
Elementos: Terra / Masculino
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A Vitória Régia, dentro do que aprendi pertence estritamente a Obá recebe o nome de
Ewé Omí Ojú....
Ejìnrìn- Melão de São Caetano sim ela é direcionada a Obalwuaiye e Nanã.
Èsó Feleje - Trombeta Roxa, também não conheço como Ewé de Nanã, mas sim como de
Ossonyin, Oya e Esu..Está ewé deve ser colhida com muita caltela....Folha perigosa tem
hora certa para colher. Antes do meio dia .
Quanto as cores, na verdade não é uma máxima...apesar de observarmos a olho nú que a
maioria das Ewé que aprendentam certa cor teria sim maior aprovação de determinado
orisa.... (Nanã Roxo ou lilás, Osun o Amarelo, Oya o Rosa e o branco, Obá o Coral, e por
aí vai), mas não dá pra classificar por cor não...Porque uma dessas sempre terá um ou
mais orixas envolvidos em seu fundamento. Mas em geral Nanã se agrada com a
vivacidade dessas flores na cor indicada. Ewé omí ojú - Vitória-régia
Nome Yorubá- Ewé omí ojú Nome científico – Nymphaea victoria sch., Nymphaeaceae
Nome popular – Vitória-régia, rainha-dos-lagos, milho-d'água, rainha-dos-lagos,
rainhados-nenúfares, forno-d'água, forno-de-jaçanã, nanpé, jaçanã, aguapé-assú, cará-
d'água
Descrição: Planta de origem amazônica que ocorre em grandes extensões de águas
paradas, lagos e pântanos. A vitória-régia é uma planta aquática gigante e rizomatosa,
nativa da Amazônia. Suas folhas são circulares, enormes, podendo alcançar 2,5 metros
de diâmetro, e flutuantes, com bordos elevados em até 10 cm, que revelam a página
inferior espinhenta e avermelhada. Esta face inferior apresenta uma rede de grossas
nervuras e compartimentos de ar responsáveis pela flutuação da folha. A superfície da
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folha ainda apresenta uma intrincada rede de canais para o escoamento da água, o que
também auxilia na sua capacidade de flutuar, até mesmo sob chuvas fortes.
Uso Ritualístico: Pertencente ao Orixá Obá. Além de ser empregada nos rituais de
iniciação e nos banhos purificatórios desta deusa, serve também par cobrir seu
assentamento, pois acredita-se que ela não gosta de ter seus objetos expostos.
Não vamos confundir a Vitória-Régia com o Oshibatá, são ewé parecidas, mas com usos
diferentes.
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Èsó feleje - Trombeta-roxa
Nome Yorubá- Èsó feleje Nome científico – Datura fastuosa L., Solanaceae
Nome popular – Trombeta-roxa, datura, manto-de-cristo, metel, trombeteira,
trombetacheirosa, cartucho-roxo, zambumba-roxa, saia-roxa, nogueira-de-metel, anágua-
deviúva
Descrição: Da família das Solanaceae. Arbusto com mais de um metro de altura, que
produz flores no formato de trombeta com cálice tubuloso róseo. Originário da Ásia e
África, é encontrado no Brasil, com mais freqüência nas regiões nordeste e sudeste.
Também conhecida como babado, cartucheira, cartucho, copo-de-leite, saia-branca, sete-
saias, trombeta-de-anjo, trombeteiro e zabumba-branca.
Uso Ritualístico: Pertencente aos Orixás Ossayn, Oyá e Exú. Utilizada em banhos,
sempre misturada com outras folhas, a trombeteira é também usada em trabalhos com
Exu. É verdade aos adeptos a aproximação desta planta, que muitas vezes modificam seu
caminho quando encontram este arbusto; por isso, apenas sacerdotes mais qualificados
podem coletá-la. Tanto as folhas quanto as sementes possuem propriedades tóxicas em
alta escala. Associada ao elemento Fogo, suas folhas são gún. O nome apikán significa
“matar formiga branca”
Elementos: Fogo/Feminino
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Outros nomes yorubá: apìkán. Vamos lá a considerações sobre Ewé Omí Ojú e
Osibata
Osibata é uma das poucas ewé que são definidos pela cor da flor, isso porque temos: - A
de flor Branca - dedicado a Osala Iyemonja e algumas qualidades de Sango em
fundamento com esses Orisas sitados. - A de Flor Amarela- Dedicado a Osun - A de Flor
Vermelha dedicado a Oya e Obá - A de flor Lilás - Dedicado a Nanã e Iyewa
Logo pode-se sim dizer que Osibata pode vir a ser de Todos os Orisas, mas a Ewé Omí
Oju não....
Ewé Omí Ojú
Vitória Régia Ewé Omí Ojú
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Osibata
Nomes Populares: Golfo de Flor: -Branca -Amarela -Vermelha -Lilás Nomes cientificos:
Nymphaea alba L., Nuphar Luteum Nymphaea Rubra Roxb., Nymphaea Caerulea ou
(Nymphaea Capensis Thunb)
elementos: Agua/Feminino
Como ja disse há várias espécies de Golfo e são usadas nos rituais de Iniciação, Agbò e
banhos de purificação. a Branca entra nas obrigações dos filhos de Osala, Iyemonja e
alguns caminhos de Sango com enrendo com os orisas citados. A amarela dedicada e
ultilizada a Osun A Vermelha a Oya e Obá E a Lilás a Nanã e Iyewa Essa Ewé é
indispensável tanto na inciação quanto principalmente nos 7 anos a qualquer iniciado. Era
considerada sagrada na antiguidade e hoje está disseminada por diversos continentes. Na
Africa, a Osibata é vista sob o nome de Nymphaea Lotus L., e acredita-se que foi
substituída pelas que estão acima descritos quando da chegada dos escravos nagô no
Brasil, pois a Lotus não medrava nas Américas. As Nymphaea são consideradas
anafrodisiacas, podendo provavelmente ter a função de tranquilizar sexualmente os
neófitos por ocasião de reclusão
Diz-se que a raiz acalma o desejo do homem e evita a gravidez de uma mulher logo refere-
a como abortiva.
Pode ser usada no combate a desinteria, diarreia e molestias da pele. Osibata – Osun
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NOME CIENTÍFICO: Capparis spinosa FAMÍLIA: Caparidáceas
NOME COMUM: alcaparra, alcaparreira, alcaparrón (espanhol), câpre (francês), caper,
spineless caper (inglês), cáppero (italiano) ORIGEM: Região do Mediterrâneo
é dedicada ao Orisa Osumare e é positiva dentro do Ketu, mas não há uso liturgico que
eu conheça. Entretanto o que sei dela é que é muito utilizada nos rituais de Angola,
inclusive em iniciação e outros fundamentos, sempre utilizando folhas e cascas verdes.
Pode ser administrada em banhos de preparação para obrigações e banhos de limpeza. É
também muito utilizada nos terreiros do Rio Grande Sul na nação Ijexa e Oyo de lá.
Algumas casas também atribuem a Yemanjá . Este vegetal é encontrado nos terrenos
rochosos ou pedregosos de todo o litoral brasileiro, principalmente a variedade galeata
que passa por planta marinha.
Alcaparreira
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Erva de Sangue
Nome Iyorubá: Falákalá
Nomes populares: Corredeira, Erva de Santa Luzia, Erva Andorinha, Erva de Cobre, Erva
de Sangue, Burra Leiteira, Alcanjoeira Nome Cientifico : Chamaesyce Hirta L.
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Sinonimia: Euphorbia Hirta L. Euphorbia Opthalmica Pers. Euphorbia Procumbens D.C.


Euphorbia Gemella Lag. Euphorbia Capitala Lamk.
Familia: Euphorbiaceae
Elementos: Fogo/MAsculino
Denominada Corredeira, pois é seu nome mais conhecido, são encontradas em quase todo
território nacional. Existem diversas espécies de corredeira tidas como ervad daninhas
invasoras, sendo está, a mais freqüente pois é tida como a Verdadeira Corredeira. é
utilizada nos candomblés brasileiros com a finalidade de afastar os inimigos e pessoas
indesejáveis, sendo indispensável quando assentando Esu. Usada mais freqüentemente
em forma de atin junto com outros ingredientes.
É uma folha gun ( de excitação).
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Ewé Falákalá
Ipê-branco - Tabebuia roseoalba
É uma árvore brasileira, descrita inicialmente em 1890 como Bignonia roseo-alba. Seus
nomes, tanto científico quanto popular, vêm do tupi-guarani: ipê significa "árvore de
casca grossa" e tabebuia é "pau" ou "madeira que flutua". É uma árvore usada como
ornamental, nativa do cerrado e pantanal brasileiros.
Alcança de 7 a 16 metros de altura, com tronco medindo de 40 até 50 cm de diâmetro.
Dotado de copa alongada, possui um tronco ereto medindo de 40 a 50 cm de diâmetro,
com casca suberosa e superficialmente fissurada. Possui folhas compostas trifolioladas.
Floresce principalmente durante os meses de agosto-outubro com a planta totalmente
despida da folhagem. Os frutos costumam amadurecer a partir do mês de outubro. Trata-
se de um tipo de ipê muito apreciado por sua beleza e exuberância, ficando totalmente
branco durante um período muito curto, pois sua floração não dura mais do que dois dias
(em geral, por volta do mês de agosto). Às vezes repete a floração por volta de setembro,
porém com menor intensidade. Ipê-branco - Tabebuia roseoalba
A madeira é moderadamente pesada, macia com superfície lustrosa, de ótima
durabilidade que pode ser usada na construção civil, principalmente para acabamentos
internos. A árvore é extremamente ornamental, não somente pelo exuberante
florescimento que pode ocorrer mais de uma vez por ano, mas também pela folhagem
densa de cor verde azulada e forma piramidal da copa. É considerada ótima para o
paisagismo em geral, já sendo amplamente utilizada para este fim, além de ser
particularmente útil para a arborização de ruas e avenidas, dado ao seu porte não muito
grande. Em função de sua adaptação a terrenos secos e pedregosos, é muito útil para
reflorestamentos nesse tipo de ambiente, destinados a recomposição da vegetação
arbórea.
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Kankìnse - Maracujá
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Nome cientifico: Passiflora Edulis Sims...(Esse todo mundo conhece...rsrsrs).


Nomes popupares: Maracujá, Maracujá comum, Maracujá de Garapa, Flor da Paixão
Elementos: Ar/Feminino
Disseminadas pelo Brasil, está medrada desde a Amazônia ao Sul do País. São Nativas
da America Tropical e ocorrem também na Africa. há muitas espécies identificadas,
todavia a mais popupar é a Passiflora Edulis Sims (Maracujá comum), mas a Passiflora
Alata , dizem que é a única encontrada na fitoterapia brasileira (Correia Jr. & Ming &
Scheffer). Dentro do culto, identificada como uma trepadeira, pode ser utilizada em Agbò
e banhos purificatórios dos Filhos de Oya, pois a priori seu principio detém o poder de
acalmar o filho de santo. Na fitoterapia o Maracuja é tido como calmante das excitações
mentais acompanhadas de insonia, diurético, desobtruinte e também indicado contra
Tumores e inflamações de hemorroidas.
Eu conheço os 2 tipos:
Passiflora Edulis-Kankìnse
PAssiflora Edulis- Kankìnse

Plassifora Alata - Kankìnse - MAracujá


Passiflora Alata
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Algodão Nome Yorubá: Ewe Owú Nome científico: Gossypium barbadense L.
Uso liturgico
Está ligado a Orunmilá
Essa Ewe (folha) é muito perigosa,esta contida no Itan oude Orunmila foi testado pelas
Iyás.
Elementos: Ar/Feminino e é uma Folha Gún (quente).
Uso Medicinal: A planta toda tem muitas aplicações na medicina doméstica.
Folhas: empregam-se. Por infusão, para os seguintes casos: catarros, disenteria, diarréia,
enterite. O sumo das folhas cura feridas. As folhas machucadas, postas sobre
queimaduras, proporcionam alivio imediato.
Flores: Usam-se para os mesmos fins que as folhas.
Raiz: A casca da raiz fresca, por decocção, emprega-se nas afecções das vias urinárias.
Tem propriedades diuréticas. Pelo seu poder e contratilidade das fibras musculares lisas,
produz contrações uterinas.
Tem igualmente boa ação hemostática, pelo que se emprega nas metrorragias.
Parte usada: Toda a planta.
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Dose: 10 gramas em um litro de água; 4 a 5 xícaras por dia. Complementação Ewé Òwú
Planta de grande prestígio entre os povos ditos jeje-nagò. Tem itans que o apontam esse
prestígio: Um Deles diz que Òsá, um signo feminino, qual rege o fluxo menstrual, o útero,
a corrente sanguínea o figado e o coração, foi encarregado de guardar o primeiro
Algodoeiro criado por Olorum, pois constantemente os pássaros vinham comer suas
sementes e por isso não davam frutos. Òsá inventou uma rede e capturou as aves
predadoras, permitindo, assim que outras mudas viessem a existir...
Outra lenda, sobre o enigma que Orúnmila teve que desvendar, provocando o Equilibrio
entre o masculino e o feminino, qual permite a continuação da vida através da fecundação
do Ovo (elemento feminino) pelo algodão (elemento masculino).
O Fruto é direcionado a Osala, bem como o Algodão que está contido em seu interior,
pois serve para "envolver objetos rituais desse Orisa". Os caroços negros funcionam como
Favas e são colocadas dentro da Gamela que contém os objetos ritualísticos de Airá. O
algodão é materia-prima na confecção do tecido predileto de OSala, o Morim, o algodão
puro. Tambémk pode ser utilizado para pedir a saúde alguém cobrindo a oferenda com
Algodão.
Em Africa seus nomes iyorubas são: Àgbède. Kéréwùú e Òwú. é muito importante notar
a relação do Algodão com o ciclo mentrual e o utero no campo religioso e no tratamento
das mazelas deste, pois, Òsá foi escolhido por Olorum como guardião do Algodoeiro
primordial. E podemos dizer que o Algodoeiro no campo medicinal é indicado no
combate aos problemas da mulher neste quesito. Dá um dos melhores resultados no
combate as desordens menstruais em que há regras abundantes e nas hemorragias após o
parto.
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Panaceia
Nome Científico: Solanum cernuum Vell.
nomes Populares: Panaceia, Azougue de Pobre
Familia: solanaceae.
Algumas nações como, Ketu, nagò ou jeje utilizam-na para Sango, outras para
Obalwuaiye...Na Angola é utilizada no culto de Nzazi ligado à justiça, ao fogo e de
natureza arrojada. Mitologicamente cavalga os céus com seus 12 cães (raios) e executa a
justiça. Neste caminho também anda Sango dos Yorubás. Também muito usada na
Umbanda.
Entra nas obrigações de ori e nos banhos de descarrego ou limpeza. O povo a aponta
como poderoso diurético e de grande eficácia no combate à sífilis, usando-se o chá. É
indicada também no tratamento das doenças de pele, e ainda debelar o reumatismo, em
banhos. Eu não utilizo essa Ewé, a não ser que o Orisa peça....
Panaceia - Crescimento
Semin-Semin
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Nomes popupares: Vassourinha de Osun, Vassourinha doce, Vassourinha benta,


Vassourinha, Tapixaba
Nome científico: Scoparia Dulcis L. Sinonimia: Scoparia Procumbens Jacq. Scoparia
Ternata Forsk.
Encontrada em Todo território nacional, nativa da America Tropical, é conhecido como
Vassourinha de Osun tendo diversas finalidades, dentre elas banhos purificatórios e
sacudimentos. Seus galhos dentro do jogo de buzios aumentam a claravidência e
purificam o ambiente, puverizados podem agir na influência para com as pessoas. Na
liturgia Iyorubá, sob o nome de Òmísínmísín gogoro, merénmesèn gogoro, Olómù Yìnrín,
Bímobímo e Màyìnmàyìn, empregada em receitas de persuasão entre outros cita Verger.
Na fitoterapia é tida no combate de gripe, bronquite, catarro pulmonar hemorroida e dores
de ouvido, bastante eficaz. Mas também é quista como emoliente, diurética, tônico do
estomago e antifebril.
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Semin-Semin
Ewé mimolé - Brilhantina
Nome Yorubá- Ewé mimolé Nome científico – Pilea microphylla Miq., Urticaceae;
Sinonímia: Parietaria mircophylla, Pilea muscosa, Pilea succulenta
Nome popular – Brilhantina
Descrição: Herbácea, nativa da América tropical, encontrada em todo território nacional,
cultivada e espontânea. Planta anual rasteira de caules grossos e suculentos. Suas folhas
são pequenas, ovaladas e carnosas. Planta herbácea perene muito ramificada de altura até
0,30 m, formando moitas arredondadas de forma irregular superior a 40 cm de diâmetro.
As folhas são a parte mais ornamental da planta, pequeninas, arredondadas e parecem
suculentas, de cor verde-clara brilhante. As flores são tão pequenas que passam
desapercebidas, pois nascem na axila das folhas. Esta planta tem flores femininas e
masculinas, sendo que estas ao amadurecerem explodem literalmente, jogando para o ar
uma nuvem de pólen para a fertilização das flores femininas, daí o nome singular de
planta-artilheira, nome porque é conhecida na América do Norte. Esta planta tem caráter
invasivo e costuma surgir em lugares inesperados, como no meio de matas e em vasos de
orquídeas. Aprecia substrato rico em matéria orgânica, solo solto e permeável. Aprecia
umidade e luminosidade, embora o sol direto na parte da tarde costuma inibir seu
crescimento. Apresenta sua plenitude em locais à meia sombra, sem pisoteio, onde possa
se desenvolver.
Uso Ritualístico: Pertencente aos Orixás Oxalá e Oxun. Embora encontrada com
facilidade, seu uso é pouco freqüente; porém, é utilizada na composição de “banhos de
proteção juntamente com outras ervas”, sendo comum a reafirmação de não a usar
isoladamente, provavelmente pelo fato de tratar-se de uma urticácea.
Elementos: Água/Feminino
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Ápèjè - Dormideira
Nome Yorubá- Ápèjè Nome científico – Mimosa pudica L., Fabaceae (Leguminosae)
Nome popular – Dormideira, sensitiva, malícia de mulher, Maria-fecha-porta,
juquirirasteiro,dorme-dorme, não-me-toques, erva-viva, malícia
Descrição: Da família das Fabaceae. Tem sua origem na América tropical, hoje
disseminada pelos continentes, inclusive a África. No Brasil, ocorre em quase todo País,
põem, com mais freqüência do Nordeste ao Sudeste. O gênero Mimosa tem entre 500 e 3
mil espécies de árvores e arbustos tropicais. As folhas são divididas em vários pequenos
pedaços (folíolos) que se juntam quando ela é tocada (sismonastia). Essa sensibilidade e
movimento das folhas da planta também ocorrem em outras espécies dentro da família
das ervilhas, tal como a Neptunia, ou em outras famílias, como o gênero Biophytum na
família Oxalidaceae.
Uso Ritualistico: Pertencente aos Orixás Exu e Oyá. Esta folha associada a outras,
compõe uma mistura ritual que é utilizada com a finalidade de tirar a consciência
mediúnica dos filhos-de-santo, porém, em outras ocasiões é utilizada para assentar Exu e
em trabalhos com este Orixá, e no preparo de atin (pó) com a finalidade de afastar de casa
pessoas inconvenientes. Em Cuba, tem os nomes lucumi eran kumi, eran loyó, omimi e
yaránimó é utilizada na iniciação de pessoas de Ewá. Usada, também, para despertar a
sensibilidade do iniciado e, em trabalhos amorosos . Seu nome (apèjè) significa “Matando
o sangue” . É uma folha ewe ero importantíssima no culto do orisa ode, em alguns
seguimentos é usado para exu e oxumaré É uma ewe muito usada no culto de ifá, depois
de torrada e misturada com sabão da costa e outros elementos. A colheita desta ewe deve-
se ter muito cuidado ao retira suas folhas, horário e posição que a sombra é formada pelo
sol, para que não traga resultados negativos para o seu uso. Suas flores são rosa e muito
delicadas.
Um dos seus nomes nas terras iorubás é ewé ápèjé, que pode significar folha de axé/força.
Esse aspecto pode ser constatado em um dos seus nomes populares sensitiva. Por isso
costuma ser utilizada para aumentar a sensibilidade de médiuns, ou ainda, para induzir o
transe e permitir a chegada do orixá. Costuma ser associada a Senhora das Tempestades
(Oyá) e Iyewá a Senhora dos Disfarces. É interessante observarmos que, quando
associada a Oyá, costuma ser utilizada em trabalhos amorosos (de amarração), não
devemos esquecer que Oyá é a Senhora das Paixões, aquela que chega colocando fogo
nos nossos corações. Sua ligação com Iewá pode ser evidenciada a partir da personalidade
desse orixá, que está ligada a tudo que ainda não foi utilizado, a virgindade, ao mistério.
Lembram do seu nome, pudica? Outro nome popular dessa planta é "não me toque".
Iyewá também não costuma se mostrar para qualquer um, e também é capaz de turvar a
nossa visão quando não deseja ser vista. Como folha de força é utilizada para o Senhor
Elegbará (possuidor do poder (agbará)), fato que justifica sua utilização nos
assentamentos desse orixá. Segundo relatos ela seria confundida com outra espécie muito
parecida (Mimosa hostilis), que nós aqui conhecemos como folha da Jurema. Foi
observado que seu uso embora não necessariamente provoque alucinações, pode
promover sonolência. O que já é o suficiente para classificá-la como ewé eró. Quem
observa as flores e folhas da dormideira não deve se enganar com relação a sua fragilidade
aparente. É uma planta extremamente resistente, suportando altas temperaturas e
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condições de solo nem sempre favoráveis. Seu caule esconde espinhos que cortam e ferem
a pele dos desavisados.
Assim como a natureza de Iyewá, não adianta chegar e pegar um galho ou arrancar um
pé na rua para plantar em casa, geralmente ela seca e morre. Seu cultivo é fácil, mas
costuma dar mais certo quando são utilizadas suas sementes. É até engraçado, pois é
considerada uma planta invasora. A dormideira é uma planta de porte arbustivo originária
da América Tropical (regiões quentes), pertencente à família das Leguminosas
(Mimosacea), mesma do tento/wérénjéjé (Abrus precatorius). Foram isolados de suas
folhas e raízes um alcalóide tóxico, a mimosina, além de tanino, cristais de oxalato de
cálcio, galactose, manose e uma substância semelhante a adrenalina. Sua utilização na
medicina popular é feita em casos de dores de cabeça e dor de dente. Alguns estudos
clínicos indicam a utilização do extrato aquoso das raízes em distúrbios uterinos, muito
freqüentes nas filhas de Oyá.
Qualificação da ação: quando chamada funciona
Elementos: Fogo/Masculino
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Outros nomes yorubá: Patonmó, pamámó àlùro, paìdímó Akonijé. Jokojé ou Jokonijé
Nomes populares: Jarrinha, cipó-mil-homens, Caçau, angelicó, Papo de Peru
Nome cientifico:Aristolochia Cymbifera MArt
Familia: Aristolochiaceae
Elementos: Terre/Feminino
Tem origem na America do Sul, provavelmente do Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai,
hoje disseminada por diversas áreas tropicais e subtropicais. Considerada um importante
Ewé no culto, entra na iniciação. é uma folha do ritual do Orò Ossanyin e tanbém é
atribuída a Osun. Sua fama é de abrir a fala do Orisa por isso a sua importância no ritual.
Folha usada para atrair prosperidade, utilizada na iniciação, no àgbo e no ritual de “abrir
a fala” do orixá. É uma folha feminina, ligada ao compartimento Terra e gún.
Nos terreiros, esta folha é mais conhecida pelos nomes akonijé ou jokonijé. Segundo
Barros (1993:109) seu nome jokonijé significa “senta sossegado”, todavia, alguns
informantes traduzem-no como “sentada ela come”, o que é reforçado pelo fato, desta
espécie, em alguns terreiros, ser colocada sob os assentamentos por ocasião das oferendas
e sacrifícios de animais.
Verger apenas cita como mil-homens, jarrinha e papo-de-peru, a espécie aristolochia
ringens Vahl., com o nome Yorubá Ànkémi létí (1995:635), mas não esclarece se o nome
latino trata-se de sinonímia da espécie utilizada no Brasil. Em Ifá disse chamar ÀNKÉMI
LÉTÍ .
Itan sobre Jokojé...para quem não conhece
Ossayin se vestia com uma roupa feita de folhas, aonde uma se destacava, o wérénjéjé.
Na sua mão carregava sua ferramenta, um feixe de sete hastes em forma de leque, que
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utilizava muitas vezes para preparar a terra em que iria depositar suas sementes. Além de
sua ferramenta, o “Senhor das Folhas” sempre trazia em seu ombro Eyé o pássaro. Este
era o seu mensageiro, cada fato novo que observava na mata ia logo contando ao seu
senhor. Quando nascia uma planta nova Eye informava a Ossayin que para lá se
encaminhava, saudando a nova erva e procurando logo desvendar os seus segredos. Esse
pássaro, ao retornar com as novidades, sempre pousava na haste central da ferramenta de
seu senhor.
No meio do caminho avistou Ogun, que andava rapidamente, carregando o seu
inseparável obé.
-Ogunhe, Patakori!! Gritou Osssayin ao longe.
Ewe o! Exclamou alegremente o Senhor de Ire, que logo quis saber o que seu amigo fazia
por aquelas bandas. Logo que ficou sabendo o porquê da sua viagem quis acompanhá-lo,
pois Ogun adorava conhecer lugares novos e distantes. Ossayin ficou muito contente em
saber que teria a companhia de um amigo na sua empreitada. Para comemorar ofereceu a
Ogún o fruto predileto dos orixás, o obi. Com os dentes abriu o fruto, que se partiu em
duas partes, após envolvê-las em uma folha ofereceu metade para Ogún.
Após muito caminharem chegaram ao ponto que unia o orun ao aye, um grande pé de
Iroko, cuja copa se erguia majestosa e imponente além das nuvens. Os dois orixás
saudaram a grande árvore com muito respeito, pois se tratava de uma árvore muito antiga
e que servia de morada para as temidas Yami Osorongá e para os espíritos conhecidos
por abikú. Descendo por seus galhos chegaram até o aye, ficando impressionados com a
paisagem magnífica que havia sido criada por Olorun.
Como estava ansioso para começar o trabalho Ogún foi logo sacando o seu obé, em
direção a uma trepadeira que lhe atrapalhava a passagem, no que foi detido imediatamente
por Ossayin:
Essa folha não pode cortar, é akonijé, folha da fala. Pertence à mim e também à Osun,
serve para curar mordida de idan (cobra).
Ogún então foi para outra parte, erguendo o seu facão em direção a outra folha, no que
foi detido por Ossayin:
-Ewe o! Essa folha também não, é ewé lara, folha de Osalá. Serve para oferecer comida
de orixá, curar dor de cabeça e pé cansado.
Em direção a outra folha novamente Ogún foi detido:
-Essa também não se corta, é peregún. Esqueceu que essa folha lhe pertence Ogún? Além
do mais ela é fundamental no àgbo.
-É mesmo, havia esquecido. Disse Ogún, que ao avistar outra folha já foi logo dizendo:
-Essa eu não corto de jeito nenhum, é o igi òpè, árvore de meu pai Osalá e uma das minhas
moradas. É dela também que eu retiro a minha roupa, o màrìwò. -“Ogún ko l’aso, màrìwò
l’aso Ogún”. Cantou alegremente o orixá.
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O tempo foi passando e Ogún começou a ficar preocupado, pois Ossayin não permitia
que nenhuma folha fosse arrancada. Entretanto era necessário que o local fosse preparado
para a chegada do homem no aye,.por isso Olorun colocou Ogún no caminho de Ossayin.
Ogún era o “Senhor dos Caminhos”, quem os abria, aquele que vinha na frente, por isso
chamado Asiwaju. Cabia ao mesmo fundar a primeira aldeia, para que os
homens pudessem povoá-la e iniciar o culto aos orixás. Vendo que nada poderia ser feito
diante do impasse gerado por Ossayin decidiram que o melhor era voltarem para o Orun.
Chegando na morada de Olódùmarè, os mesmos já eram esperados pelo “Senhor do
Orun”. Suas vestes eram brancas e seu rosto, jamais visto por nenhum orixá, se
apresentava coberto por um filá de contas marfim. Ao se aproximarem de Olorun os dois
orixás se prostraram ao chão dando dòbálè ao “Grande Pai”, em seguida beijandolhe as
mãos.
-Pai perdão, falhei na minha missão. Disse Ossayin, extremamente triste.
-Acalma-te meu filho, disse calmamente Olorun. Esú, meu mensageiro, já me pôs a par
de tudo. Conheço cada um dos meus filhos e suas limitações. Quando lhe enviei para essa
missão foi com o objetivo que tu distribuísse o seu axé para todas as folhas do aye. Agora
tu deverás permanecer aqui no orun, para que Ogún possa voltar e terminar a missão.
Quando a primeira cidade estiver estabelecida voltarás novamente ao aye, aonde
escolherás um homem de sua confiança. Esse homem será chamado Babalossayin e
deverá ser dotado de uma ótima memória, pois a ele tu ensinarás seus segredos; o nome
secreto de cada folha, seu uso terapêutico e litúrgico, assim como os ofó necessários para
liberar o seu axé. Tu conversarás com ele principalmente através de iká.
-Agora apressa-te Ogún, pois o odú que te rege é étà ògúndá. E como bem sabes este
caminho trás muito trabalho e dificuldades.
Após ouvirem atentamente as sabias palavras de seu Pai os dois orixás se despediram
respeitosamente e foram de encontro aos seus destinos, tão bem traçados por Olódùmarè.
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Àbàrà Òké - Baunilha de Nicuri, Baunilha-da-bahia
Nome Yorubá- Àbàrà Òké
Nome científico – Vanilla planifolia Jacks. ex Andrews, Orchidaceae; Sinonímia:
Myrobrona fragans Salisb.; Vanilla aromatica Willd.; Vanilla majaijensis Blanco; Vanilla
mexicana Mill.; Vanilla sativa Schiede; Vanilla viridiflora Bl.; Vanilla fragans Salis.
Nome popular- Baunilha de Nicuri, Baunilha-da-bahia, baunilha-silvestre, Baunilha e
Baunilheira, em português; Vanille, na Alemanha; Vainilla e Vanilla, em espanhol;
Vanillier, na França; Banilje, na Holanda; Vanilla e Husk, em inglês; Vaniglia, na Itália;
Tlilxochtil, em maia.
Considerações: A Baunilha foi muito utilizada pelos índios astecas na aromatização do
chocolate, que chamou a atenção dos conquistadores, sendo introduzida na Europa no
século XVI. São conhecidas muitas espécies da família das Orquidáceas, constando
segundo M. Pio Côrrea as seguintes espécies: Vanilla aromatica Sw.; Vanilla palmarum
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Lindl.; Vanilla parviflora Rodr.; Vanilla planifolia Andr. (espécie adotada nas
farmacopéias); Vanilla pompona Schiede e Vanilla riberioi Hoehne.
A Vanilla planifolia Andr. é caracterizada por apresentar um caule glabro, medindo até 2
centímetros de diâmetro e com uma ou duas raízes adventícias em cada nó. As folhas são
curto-pecioladas ou sésseis, oblongo-lanceoladas, longo-acuminadas, carnosas,
coriáceas, com até 22 centímetros de comprimento e 6 centímetros de largura. As flores
são verde-amareladas, grandes, de sépalas e pétalas oblongo-lanceoladas e labelo de 5
centímetros, amarelado e com estrias alaranjadas, dispostas em racimos no ápice do ramo.
A Farmacopéia dos Estados Unidos do Brasil 2ª Edição (1959) descreve os frutos da
seguinte maneira: “A chamada fava de baunilha do comércio consiste do fruto maduro,
devidamente preparado por fermentação
Apresenta-se em cápsulas uniloculares, flexíveis, de 20 a 25 cm de comprimento e 5 a 12
mm de largura, atenuadas nas duas extremidades, recurvadas na base, mais ou menos
cilíndricas ou achatadas, e que dificilmente deixam advinhar a sua forma primitiva,
trígona. Sua superfície externa é pardo-negra, mais ou menos luzidia, de aspecto untuoso,
sulcada longitudinalmente por vincos bastante profundos, quase paralelos e recobertos,
nas melhores qualidades comerciais, de cristais abundantes de vanilina. Em sua
extremidade mais delgada, apresenta uma cicatriz procedente do estilete e, na ponta, a
cicatriz triangular das partes florais caducas. Cortada transversalmente e comprimida, a
baunilha liberta um suco viscoso de cor âmbar e trazendo numerosas sementes, pequenas
e pretas. O pericarpo circunda uma cavidade triangular e possui seis placentas bifurcadas,
cheias de grande número de sementes pequenas, pretas, ovais ou arredondadas. A parte
interna do pericarpo, compreendida entre essas placentas, é guarnecida de papilas que
segregam o suco referido. É de odor aromático, característico e agradável. Não deve
desprender odor de heliotropina.”
Descrição: Da família das Orchidacea. Nomes populares: vainilla (espanhol), vanille
(francês), vanilla (inglês).
Uso Ritualístico: Utilizada nos rituais de iniciação, banhos purificatórios e na sacralização
dos objetos rituais do Orixá. Pertence ao Orixá Ossain. A baunilha , assim como outras
orquídeas estão vinculadas ao culto votivo à Euá. Tanto suas folhas como principalmente
sua perfumada fava entram junto a outras folhas , como o cróton, nas ritualidades desta
senhora.
Elementos: Terra / Masculino

UM POUCO SOBRE O CULTO DE IFÁ- RELIGIÃO TRADICIONAL YORÚBA E


DIFERENÇAS COM O CANDOMBLÉ.
Orunmila é o orisa senhor da sabedoria (ogbon) e do conhecimento (imo) , que tendo
adquirido o direito de viver entre o orun e o aiye, tudo sabe e tudo vê em todos os mundos.
Porisso recebeu o título de gbaiye gborun - aquele que vive tanto no céu como na terra,
transcendendo espaço e tempo.
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Orunmila é quem apresenta o destino ao reencarnante por ocasião da sua concepção


(kadara) e, mediante a aceitação do ori individual,o libera para o nascimento.

Por isso, conhece todos os destinos e como propiciar o sucesso em todos os âmbitos, alem
de revelar o orisa pessoal de cada um, ou seja, a substância da qual cada um foi extraído
na atual existência e como integrar o indivíduo neste princípio divino. Como elerii ipin
(testemunha da criação), detém conhecimento do passado, presente e futuro de todos os
habitantes do aiye e do orun – e de como obter o sucesso em todos os âmbitos.
Orunmila é o interventor e defensor dos seres humanos, sempre tentando minorar os
sofrimentos e dificuldades que enfrentam na saga das suas sucessivas existências na
Terra.

Conta o itan que, após permanecer na Terra por algum tempo, Orunmila retornou ao orun,
esticando uma longa corda pela qual ascendeu. Os seres humanos ficaram totalmente
desorientados,o caos, a fome e a peste imperaram na Terra, já que ele era o porta-voz da
vontade de Olodumare. O ciclo de fertilidade das plantas e animais foi interrompido,
trazendo ameaça de extinção.

O clamor pela sua volta não foi atendido, mas deixou com seus filhos os 16 ikin
(coquinhos de dendezeiro) , que se transformaram num importante instrumento de
adivinhação denominado ikin. Daí se originou a outra denominação de Orunmila :
Agbonniregun ( agbon ti o ni regun - o côco nunca será esquecido). Entregou os ikin
instruindo que sempre que desejassem as coisas boas e realizações positivas na vida,
deveriam consultar os coquinhos. Daí nasceu o sistema oracular denominado Ifa, que
auxilia o ser humano na resolução dos seus problemas cotidianos, nos conflitos e nas
dúvidas existenciais, como mediador entre o humano e o divino.
Uma modalidade oracular mais simples é o ibo e a mais popular das três é o opele ifa.
Apenas sacerdotes iniciados no culto de Orunmila - os oluwo e babalawo – são
credenciados para utilizar esses oráculos.

Os oráculos são baseados no sistema binário e comportam 256 combinações matemáticas


que definem os caminhos de odu, com seus milhares de itan (mitos) e owe (parábolas).
Sua missão foi organizar as relações humanas, ajudar na doença, orientar nas contendas
de todo tipo de assunto, valendo-se para isto dos itan relatados pelos odu. Nada no culto
de Ifa se move sem os itan(histórias), daí a enorme variedade e contradição mítica
existentes, inclusive quando e onde a sua chegada na terra, embora o consenso geral seja
de que ele desceu, como as demais quatrocentas e uma divindades, em Ife.
Através de Ifa é que se faz a prática divinatória, por meio de dois rosários, um chamado
Opele e outro Ikin, os quais são manipulados pelo sacerdote de Ifa chamado babalawo(pai
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do segredo), que, munido do Opon Ifa(espécie de bandeja de madeira), Iroke(usado para


marcar a adivinhação), a imagem de Esu, o Iyerosun(pó vermelho da árvore irosun) dentre
outros utensílios, procede a prática divinatória, cujas respostas vêm através dos Odù. Os
Odù são divididos em duas categorias.
A primeira chamada Ojú Odù(olho do Odù), constituída dos 16 maiores Odù e a segunda
chamada Omò Odù(filho do Odù), formada pela combinação dos 16 maiores entre si,
perfazendo um total de 240 Odù menores, que, juntando-se aos 16 maiores, formam um
total de 256 Odù. Os Odù são considerados divindades como os orisa.

Do mesmo modo que Ifa e todos os demais orisa, os Odù desceram do céu para a terra,
onde foi feito um grande trono, colocado num lugar aberto, para, nele, Eji Ogbe se sentar.
Eji Ogbe é o mais velho, mais importante e o rei dos Odù, por isso os outros 15 Odù se
sentaram em sua volta, formando um círculo. Os Omó Odù ou Odù menores são também
considerados divindades.

Todo o corpo filosófico da religião yoruba se resume nesses signos de Ifa – os odu , que
por sua vez se subdividem em caminhos com os respectivos itan, que são mitos de
instrução, orientação e aconselhamento. O nome de Orunmila e o do sistema oracular
opele ifa muitas vezes se confundem e o culto a Orunmila passou a ser conhecido como
Ifa.

Apesar de sua infinita sabedoria, Orunmila condiciona-se, muitas vezes, ao poder do orisa
Elegbara / Esu – o transmissor do ase, representante da autoridade divina no âmbito
cósmico e das leis da física. Sendo o eterno movimento com suas constantes
transformações, Elegbara propicia toda a existência do Universo manifestado. Está na
vibração dos elétrons e na órbita dos astros. Orunmila utilizase, então do ase e funções de
Elegbara para atuar e se expressar. Já o oráculo merindilogun – o popular jogo de búzios
– foi introduzido pelo orisa Osun. No jogo de búzios utilizam-se 16 kawri (búzios) no
qual respondem os 16 odu principais, num total de 70 caminhos e os orisa que falam
através deles.

Independente da modalidade utilizada, para cada caminho há um itan a ser interpretado e


o respectivo ebo (sacrifício) a ser, ou não, realizado.

Na tradição religiosa Ogboni-Ifa, nada se empreende sem prévia consulta ao oráculo, que
é um instrumento de transmissão do aconselhamento divino para que situações sejam
revertidas ou confirmadas.
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Com a anuência de Elegbara / Esu,os diversos orisa se posicionam no jogo, respondendo


, influenciando nas respostas e revelando-se como eleda (orisa dono da cabeça) da pessoa
que a ele recorre.

Da mesma forma que só se toma remédio quando se adoece , só se efetuam ebós ,


iniciações ou obrigações quando o oráculo prescreve – sempre lembrando que o futuro
depende, em grande parte, dos nossos atos presentes.

Conforme informado anteriormente,o oráculo é a única opção autorizada e confiável


quanto à definição do orisa pessoal, responsável pela cabeça do ser humano.
O ÀDÚRÀ que será usado aqui foi tirado do sexto ODÙ de IFÁ que se chama ODÙ
OWONRIN MEJI. Este ÀDÚRÀ (prece) é para qualquer pessoa, empresa, cidade ou país
que esteja sentindo falta de algo importante em seu processo de vida. O algo que falta
pode ser lucro financeiro, emprego, amor de homem ou de mulher, liderança. Este
ÀDÚRÀ é muito importante porque foi feito quando o próprio ÒRÚNMÌLÀ estava
sentido falta de muitas coisas importantes na vida dele e este vazio o deixava deprimido,
até que sua saúde ficou abalada e a morte estava por perto. Aí então que ÒRÚNMÌLÀ
fez este ÀDÚRÀ para resolver o seu problema:
ÒRÚNMÌLÀ BARA AGBONMIREGUN OKURIN KEKERE OKE IGETI ENTI O
GBE AIYE TI O RI IPONJU TI O SI LO SI OKE AGBARANSALA LATI WE
GBOGBO IPONJU RE NU ÒRÚNMÌLÀ NI AJE NI O PON NI LOJU ÒRÚNMÌLÀ PA
LASE PE KI A SI ILEKUN KI OLOJO RERE WO ILEWA ÒRÚNMÌLÀ NI AYA NI
O PON NI LOJU ÒRÚNMÌLÀ PA LASE PE KI A SI ILEKUN KI OLOJO RERE WOLE
WA PELU AYA RERE ÒRÚNMÌLÀ NI OMO NI PON NI LOJU ÒRÚNMÌLÀ PA
LASE PE KI A SI ILEKUN KI OLOJO RERE WOLE WA PELU OMO ALAFIA
ÒRÚNMÌLÀ NI AI ROJU AI RAYE LO PON ILU LOJU ÒRÚNMÌLÀ PA LASE PE
KI ASI ILEKUN KI OLOJO RERE WOLE WA PELU ITURA ATI IFE SI ARIN ILU
ÒRÚNMÌLÀ NI AI NI ORUNGBOGBO NO PON NI LOJU ÒRUNMÌLÀ PA LASE PE
KI A SI ILEKUN KI OLOJO RERE WO LE WA PELU EKUN OHUN GBOGBO
ÒRÚNMÌLÀ NI AISA ATI ARUN NI BANI JA ÒRÚNMÌLÀ PA LASE PE KI A SI
LEKUN KI OLOJU RERE WO LE WA PELU ALAFIA BABA ORO ÒRÚNMÌLÀ NI
IJU NI KAN LEKUN ENI ÒRÚNMÌLÀ NI EWE DIDIMONISAAYUN NI YO DI IKU
NA EWE DIDIMONISAAYUN NI YIO DI ARUN NA NI YIO DI OFO, EGBA ESE
NA EWE DIDIMONISAAYUN NI YIO DI GBOGBO AJOGUN NA ÒRÚNMÌLÀ
BARA, AGBONGIREGUN NI YIO GBE OHUN RERE KO NI ÀSÉ ÀSÉ
ÒRÚNMÌLÀ o dono de todas as sabedorias O pequeno homem da cidade de OKE IGETI
Aquele que viveu na terra e passou por muitas dificuldades Aí foi para a montanha de
AGBARANSALA Para se limpar de todas as sua necessidades ÒRÚNMÌLÀ diz que se
é falta de lucros que nos perturba ÒRÚNMÌLÀ deu ordem para nós abrirmos nossas
portas Para que a dona da chuva da bondade possa entrar ÒRÚNMÌLÀ diz que se é falta
de uma esposa que nos perturba ÒRÚNMÌLÀ
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deu ordem para nós abrirmos nossas portas Para que a dona da chuva da bondade possa
entrar com uma boa esposa ÒRÚNMÌLÀ diz que se é falta de um filho que nos perturba
ÒRÚNMÌLÀ deu ordem para nós abrirmos nossas portas Para que a dona da chuva da
bondade possa entrar com um filho saudável ÒRÚNMÌLÀ diz que se é tumulto ou
desordem que perturba a cidade ÒRÚNMÌLÀ deu ordem para nós abrirmos nossas portas
Para que a dona da chuva da bondade possa entrar com paz e amor na cidade ÒRÚNMÌLÀ
diz que se estamos sentindo a falta de tudo ÒRÚNMÌLÀ deu ordem para nós abrirmos
nossas portas Para que a dona da chuva da bondade possa entrar com todas as bondades
da vida ÒRÚNMÌLÀ diz que se é doença e epidemias que nos perturba ÒRÚNMÌLÀ deu
ordem para nós abrirmos nossas portas Para que a dona da chuva de bondade possa entrar
com saúde o pai de todas as riquezas ÒRÚNMÌLÀ diz que se é a morte que bate na nossa
porta ÒRÚNMÌLÀ diz que é a folha de DIDIMONISAAYUN Que vai ajudar a evitar a
morte A folha de DIDIMONISAAYUN Que vai ajudar a evitar todos os males Que vai
evitar todos os prejuízos, epidemias e acidentes na vida A folha de DIDIMONISAAYUN
Que vai evitar as ações negativas em nossas vidas ÒRÚNMÌLÀ o dono de todas das
sabedorias Que vai levar até nós todas as bondades da vida
Todas as vezes que desejarmos algo a mais em nossas vidas podemos sempre usar essa
prece.
ISURE ÒRUNMILA
IBA ORUNMILA

ÒRUNMILA IBA O O,

ORUNMILA, ELERI IPIN, AJEJU OOGUN,

ADUNDUN LAWO,

IFÁ MO PE, ELA MO PE,

IFÁ, SOWO DEERE GBOBI RE,

IYEROSUN NI ORUNMILA NJE,

EKU MEKI, EJA MEJI NINU OBE RE,

IFÁ FUN WA LOMO SI,


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JEKI A LÓWÓ LÓWÓ, KI A BIMO O,

KI ILE WA YIÍ, KI ATUN KI DAADAA,

ORUN LO MO ENITI YIO LA,

A SE AIYE, SE ORUN,

ELEERIN IIPIN, AJE-JU-OOGUN,

IWO LALAWOYE O,

BAMI WO OMO TEMI YE,

AJE, WOLE MI, OLA JOKO TIMI,

ORUNMILA O WA TO GEE,

KI O MOWO IWARA MI KO MI,

ORUNMILA IFÁ OLOKUN, ASORAN DAYO,

OLOORE AIKU JE JOOGUN,

IREE MI GBOGBO NI WARA,

NI WARA.

ÀSE ELEDUNMARE
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ELEDUNMARE ÀSE.

Òrúnmìlà eu te saúdo.
Òrúnmìlà, testemunho do destino, que tem mais eficácia do que medicina,

Pessoa de pele limpa,

Ifá eu te chamo, Ela eu te chamo,

Ifá abre as suas mãos para aceitar meu obí de oferenda.

Òrúnmìlà, você como Iyerosun, Dois ratos, dois peixes na sua sopa,

Ifá deixa prosperarmos mais filhos,

Deixa reconstruirmos nossas casas da melhor maneira.

Só o céu quem sabe quem será salvo,

Pessoa que vive no universo e no Céu,

Pessoa que é testemunha do destino e Pessoa que é mais eficácia do que a medicina,

Só você quem pode dar a vida para as pessoas;

Dê vida aos meus filhos,

Prosperidade entra na minha casa, honra senta comigo,


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Òrúnmìlà, é hora de você me dar riqueza,

Òrúnmìlà Ifá, o dono do mar, que desvia fortuna para a alegria,

Traga todas as minhas fortunas depressa.

Axé do Senhor Supremo

Benção do Senhor Supremo.


O – Òòsà-nlà dé òròmi là ìyà bàbà yi sòro òròmi là ìyà: Oxalá, chega espirito da agua,
nos salva do sofrimento, assim como é dificil, espirito de agua nos salve do sofrimento
O – Eiye iye o! í yé òròmi là ìyà: Oh aves numerozas entendemos que és espiritmo de
agua que nos salva do sofrimento
O – Bé l’èrù bé l’erù bé l’èrùn Òrìsà-nlá malè odò: corta os medos, cortas as cargas, corta
a secura, grande orixá espirito de rio
É encarregado do poder criador e é considerado um co-trabalhador de Olorun. Supõe-se
que o homem tenha sido feito por Olorun (Deus) e modelado por Oxalá. Seus adeptos se
distinguem pelo uso de colares de contas brancas e pelas roupas brancas.
Iba Olodumare (Eu saúdo Olodumare, Deus maior) Iba Orunmila (Eu saúdo Orunmilá)
Iba Ogun Orisa Ile (Eu saúdo Ogum, o dono da casa) Iba Irunmole (Saúdo os Irunmole,
os Orixás) Iba Ile Ogeere afoko yeri (Saúdo a terra) Iba atiyo Ojo (Saúdo o dia que
amanhece) Iba atiwo Oorun (Saúdo a noite que vem) Iba F'olojo oni (Saúdo o dono do
dia) Iba Eegun Ile (E saúdo o Egun da casa, nosso ancestral) Iba Agba (Saúdo os velhos
sábios) Iba Babalorisa
(Saúdo o pai-de-santo) Iba Babalawo
(Saudo o pai Segredo) Iba Omo Orisa (Saúdo os filhos-de-santo) Iba Omode (Saúdo as
crianças) Awa Egbe Odo Orunmila juba O, Ki iba wa se (Nós, que cremos em Orunmilá,
saudamos e esperamos que) T'omode ba juba baba re, agbe'le aye pe (Orunmilá ouça
nossa saudação) Ada se nii hun omo (O filho que reverencia seu pai tenha longa vida e
por nada sofrerá) Iba kii hun omo eniyan (Que a nossa saudação a nós poupe sofrimentos)
Akoogba kii hum oloko (Que as plantas boas não falhem ao agricultor) Atipa kii hun oku
(Que aos mortos não falte sepultura) Aso funfun kii hun olorisa (Que a Orixalá não falte
o pano branco) Kaye o-ye wa o (Para que o mundo nos seja bom) Ka riba ti se (Que
nossos caminhos se abram) Ka, ma r'ija Omo araye O (Que não vejamos a discórdia dos
povos sobre a terra) Ka'ma r'ija eleye O (Nem a obra das feiticeiras, Ia Mi Ashorongá)
Ajuba O! A juba O!! A juba O!!! (Nós saudamos, saudamos, saudamos) Ase (Axé)
Isefá e Itefá
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Acreditamos que Orí é algo único e individual, assim como nossas impressões digitais,
então não vejo como possa haver uma pré-determinação nos caminhos do Culto a Ifá no
que tange a iniciações e sacralizações, para esta ou aquela pessoa. Haja vista que cada ser
humano possui um desenvolvimento pessoal diferenciado seria impossível ser
homogêneo neste aspecto.

Quanto às cerimônias iniciáticas e de passagem podemos especificar as seguintes:

O ISEFA:

Ato iniciático onde o postulante passa a condição de iniciando, quando então, passa a ser
reconhecido como um "Omo Awo"(Filho do Segredo) de nossa família. Neste ato
iniciático acaba por tomar conhecimento de seu Odu temporal (ou placentário, ou seja,
aquele que ele recebeu ao nascer nesta existência), bem como
os possíveis ewos provenientes dele. É quando o iniciado se compromete consigo mesmo
por um determinado período, aprendendo as normas de condutas que devem ou não ser
tomadas, etc. O Isefa tem a incumbência de proporcionar e propiciar o paulatino
crescimento Espiritual, por isso mesmo, é uma cerimônia permitida e aconselhada a toda
e qualquer pessoa.

O ITEFA:

Itefa(Itelodu) é o ato litúrgico iniciatico aonde se revela o caminho sacerdotal do novo


Bàbálawo, quando então lhe é sacado um novo odu, só que desta feita, não será mais um
Odu transitório, más sim um Odu atemporal, ou seja, aquele que temos em todas as
encarnações que tivemos, a que temos, bem como aquelas que ainda teremos, ou seja, as
passadas, a presente, bem como a futura. Conforme o que Ifá revelar, este Sacerdote
passará a ser reconhecido como um novo membro da Egbé Bàbálawo, não importando o
quanto novo seja, pois é exatamente ai que se dá realmente o inicio a longa sua longa
jornada de aprendizado dentro do Culto ao Senhor do Verbo. Podemos dizer ainda que é
a partir deste ponto que o iniciado, agora na categoria de Bàbálawo passa a ter o
compromisso diretamente com o Ifá ao invés de somente consigo próprio como ocorreu
em seu Isefa. O aprendizado do Bàbálawo se consiste também na árdua tarefa de aprender
e reconhecer os instrumentos divinatórios, a exemplo de Ikin( o Grande Jogo) e Okpele.
Devendo ainda aprender sobre os Odus e seus respectivos Itans, além de suas Ewé, Ofo,
Oogun, etc. Enfim inteirar-se mais profundamente no "Corpus Literario de Ifá" e bem
como na "Medicina Tradicional africana yorùbá". Com o devido tempo e bastante esforço
o novo Bàbálawo adquiri mais conhecimento e em conseqüência disso, mais
autoconfiança, o que culminará em capacitá-lo cada vez mais a executar e transmitir
aquilo que lhe foi legado pelos seus Ojugbona. Por causa desta forma de aprendizado e
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que nada se faz sozinho, todos devem ter o importante e fundamental respaldo de seus
mais velhos, independentemente do tempo que tenham como iniciados, pois o verdadeiro
Bàbálawo é aquele que sabe que nada se deve fazer sozinho durante sua jornada. O
profundo senso de Awo Mimo(Família) é indispensável para que ele não venha a cometer
enganos desastrosos para si o mesmo para os outros, devendo ainda ser consciente de que
seu Ego deve estar sempre sob domínio, pois o saber é plural e nunca singular. A
concepção de que dividindo se soma, é intrínseca a qualquer pessoa que se julgue
Bàbálawo, pois seu renascimento deve se dar diariamente, pois a cada reinicio diário terá
também as benesses de um maior conhecimento, pois a palavra de Orunmilá deve ser
proferida por toda a Egbé, e não somente por uma só pessoa. Finalmente o Bàbálawo
recebera seu IgbaOdu no tempo determinado por Ifá, quando então em posse de seu útero
passará a ser reconhecido como um Oluwo, e poderá então dar prosseguimento ao seu
destino de parir bons filhos do Ifá. É importante frisar que infelizmente aqueles que não
seguem a firme doutrina de Iwa Pele que rege todos Bàbálawos, e se utilizam a vilania,
acabam por tornar-se um "útero estéril" tornando-se o oposto do que era inicialmente seu
destino, ou seja, uma aberração sacerdotal. Então tenhamos todos muito cuidado, pois
uma atitude errada, bem como ego exagerado somente conseguirão clonar novas
aberrações, que infelizmente darão continuidade a esta triste sina. Ifá é a verdade, a
verdade é a luz do conhecimento verdadeiro, e quem vive na luz não deve se apressar. O
tempo tem tempo, de tempo ser...
1 – ILE IFAA RAIZ AFRICANA 2 – Ilu Aiye Odara 3 – Awon Babalaw 4 – Awon
Orisa 5 – Imole Esu 1 – ILE IFA
A CASA DE ORUNMILA-IFA
Ifá é um Sistema de Oráculo Sagrado originário da milenar cultura africana Iorubá e é
parte integrante da religião naturalista que nos foi legada pelos descendentes dos povos
africanos sudaneses escravizados no Brasil.
Enretanto, com o passar de mais de um século de sua chegada, miscigenou-se com
anteriores conhecimentos espirituais Bantos e Angolenses aqui já aclimatados a mais de
dois séculos, esta simbiose vindo a constituir-se em um dos Três Pilares Místicos sobre
os quais ergueu-se a Umbanda do Brasil, à ela legando, dentre outros, dois elementos
principais: o conceito dos Orixás e o Jogo dos Búzios.
Mas, foi só tardiamente, quando passadas as fases da escravização e colonizacão, que
os estudiosos do esoterismo das religiões africanas reformuladas no Brasil deram-se conta
de que, subjacente às graciosas e/ou confusas lendas dos escravos africanos, existiam uma
Teogonia, uma Mística e uma Liturgia de grande alcance espiritual, cultural e social que
haviam sustentado a fé dos descendentes daqueles povos, mesmo na tragédia da
escravidão
E foi assim que os estudiosos confirmaram que os Awon Babalawo ou os “muitos
Senhores do Segredo” (título pelo qual os sacerdotes africanos eram conhecidos) sempre
tiveram e ainda têm uma bela, firme e complexa visão própria da Existência Humana, na
qual o Orun ou “Mundo Sobrenatural” está em estreita relação com o Aiye ou “Mundo
Natural”, considerados complementares entre si e que se fundem completa, harmônica e
belamente na Ilu Aiye ou “Terra da Vida”, ou seja, a própria Natureza Terrestre.
68

Desta forma, a Religião dos Orixás, além de viva e atuante, é também fruto da
convivência mais que milenar de nossos ancestrais africanos com a Natureza ou, talvez,
que o seu modo ver a Natureza fosse fruto de sua atávica convivência com as suas
Entidades Sobrenaturais.
Assim sendo, os nossos Awon Odu ou “Fundamentos da Tradicão Oral”, passados da
bôca do mestre ao ouvido do discípuo,afirmam que a Existência transcorre em dois
grandes planos:
1 – Orun ou Mundo Sobrenatural ou Além
2 – Aiye ou Mundo Natural ou Terra-da-Vida
Mas esses dois grandes planos de Existência não são assim tão distintos, pois os Versos
dos Contos de Ifá contam que as Entidades Sobrenaturais já “viveram” sobre a Terra no
Ode Aiye ou “Local Terrestre para as Divindades”, quando elas aqui vieram reger a
Criação do Mundo Natural.
Além disso, esta tradição religiosa afirma que tudo o que existiu, existe ou existirá no
Mundo Natural foi plasmado no Mundo Sobrenatural e lá tem o seu exato Duplo. Desta
sorte, todos os Seres existentes são denominados por um só termo: Ara ou “Corpo” ou
“Ser Existente”.
Estes Ara ou “Seres Existentes” podem ser, conforme as suas qualidades:
1.1 – Ara Orun ou Seres Existentes no Além
1.2 – Ara Aiye ou Seres Existentes na Terra
Os Ara Orun dividem-se em duas categorias principais:
1.1.1 – Os Ara Orun Imole ou Seres Existentes no Além de Categoria Divina”, os quais
estão associados à estrutura do Cosmo e da Natureza Terrestre;
1.1.2 – Os Ara Orun Onile ou “Seres Existentes no Além Ancestrais de Terrestres”,
que estão ligados à estrutura da Sociedade
Vejamos agora quem são eles :
1.1.1 – Os Ara Orun Imole ou “Seres Existentes no Além de Categoria Divina”.
Os Versos dos Contos de Ifá falam com freqüência em 600 (seiscentos) Ara Orun Imole,
entre os quais situam-se os Orisa ou “Imole Funfun” ou “do Branco” mas, isto significa
muito mais que este número místico tinha a função de emprestar grandeza ao conceito de
Divindade, o que importa em dizer-se que eles, os Imole, são uma grande quantidade
desconhecida.
Estes Versos deixam entrever que existem graduações de ordem, digamos, funcional,
nesse grandioso conceito de Divindade, as quais se situam nos Meseesan Orun ou “Nove
Além”, ou, melhor dizendo, os Nove Planos de Existência desta Tradicão Africana
Sudanesa.
Todos estes Planos de Existência no Além, os quais seria fastidioso tentar aqui definir,
têm a Ile ou “Terra”, como eixo central e comum de suas esferas de ação e, portanto,
69

como ponto de passagem e de retorno para que todos os Ara por ela, a Terra, intercambiem
os seus planos de existências diferenciadas.
Para isso, necessitam de um meio, quer ele seja os seus sacerdotes ou os seus Filhos de
Santo ou, preferencialmente, seus lugares sagrados e devocionais, tal como era o caso dos
Origi ou “Montículo Sagrado” do Orisa Orunmila na Cidade Santa de Ile Ife em África,
a Ilu Aiye Odara ou “Terra da Vida Feliz”. Este também é o caso, no Brasil, dos atuais
Peji ou “Assentamentos” dos Candomblés de Nação Africana e dos Congás dos
Umbandistas.
Daí a Terra ser invocada e chamada a testemunhar em todos os tipos de pactos,
particularmente em relação à guarda de segredos. Ki Ile Jeeri ou “que a Terra testemunhe”
é a mais ritual das fórmulas empregadas em juramentos solenes e daí que todo o
Assentamento de um Ôrixá deva ser baseado na Ota ou Pedra que lhe seja própria,
“assentada”, consagrada e “alimentada” por seus fiéis e estes dizerem: -”A força dos
Orixás está na pedra.”-
O que eqüivale a dizer-se: na “Terra” ou na “Natureza”! Portanto, como disse
anteriormente, Terra e Além estão indissoluvelmente interligados em minha mente e daí
também saber que todos os “Além” podem se intercambiar nesta Terra da Vida e que
todos os Seres que nela existem, mesmo os inanimados, possuem Ase, a Centelha de
Energia da Vontade Divina (Aba) que os criou e os faz existir (Iwa). Daí muitos
desavisados tratarem os fiéis aos Orixás por “animistas”, misturando o conceito de Ase
com o conceito de “alma” ou “espírito” de suas próprias filosofias religiosas
Os Ara Orun Onile ou Seres Existentes no Além Ancestrais de Terrestres.
E no Mito da Criação do Mundo, como conseqüência da existência de Vida na Terra,
apareceu a outra classe de criaturas Ara Orun da Religião dos Orixás : os Onile, de Oni
(Senhor) + Ile (Terra), ou seja, os “Senhores da Terra”.
Os Onile ou “Senhores da Terra” ou, ainda melhor, os “Ancestrais”, aqueles entes
falecidos que por suas ações passadas foram semi-divinizados por seus descendentes,
sendo que, embora estejam no Além não são Divindades e estão ligados à estrutura da
Sociedade.
Estes Senhores da aterra que tiveram as suas Ori Orun ou “Cabeça-no-Além” também
criadas por OLORUN (Deus), puderam tornar-se em Ara Aiye ou “Seres da Terra” e
sobre a Terra da Vida existir para consumar o seu Iwa ou sua “Existência” ou “Destino”
com a própria Ori Inu ou “Cabeça-Interna” ou “Individualidade Terrestre”, para no seu
Ol’ojo ou “Dia Marcado” retornar ao Além para acrescentar a seu Ara Orun ou “Duplo
no Além” ou “matriz espiritual primordial”, todos os méritos ou deméritos de suas ações
praticadas na Terra da Vida, adquirindo, dentro de condições especiais, após a primeira
desencarnação, a qualidade de Onile ou “Ancestral”.
E é aqui que Orun e Aiye intercambiam-se ainda mais:
Ara Aiye ou Seres da Terra
Assim sendo, ainda que seja perante OLORUN que cada Ara Orun e/ou Onile deva
“ajoelhar-se” para pedir o seu novo Destino antes de reencarnar-se, sendo ÊLE o seu
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verdadeiro Eleda ou “Criador”, ao renascer na Terra da Vida o novo Ser Vivente tem o
seu Destino controlado pelo Orisa Orunmila-Ifa, que através do Oráculo de Ifá dos
Babalawos, com seus conselhos, exemplos, parábolas e “falas” conhecidas por Odu ou
“Essência dos Fundamentos de Tradição Oral”, ajudam cada Ser Humano a bem
consumar o Destino por ele próprio solicitado a OLORUN.
Assim, toda a Natureza criada por OLORUN é também a “Casa de Ifá” e todos os Seres
Humanos são suas Omo ou “Crianças” e é por isso também que os fieis tratam os
Babalawos por Baba ou “Pai”, ainda que Baba também possa se traduzir por “Senhor”.
Também é verdade que, neste processo de reincarnação, o Ser que deverá vir à Terra
da Vida solicita ou aceita estar ligado a algum Imole Irunmole ou Imole Igbamole (ser
masculino e ser feminino: qualidades humanas emprestadas aos Imoles), que também lhe
“comunicarão” algumas qualidades de sua matéria primordial (Ase Funfun ou “do
Branco”, Ase Dudu ou “do Preto” e Ase Pupo ou do “Vermelho”). Desta forma, na Terra-
da-Vida, este novo Ser Vivente deve devotar-se a algum Irunmole (Entidade Espiritual
Masculina) e/ou Igbamole (Entidade Espiritual Feminina) ou por ele/ela ser “possuído”
no transe mediúnico.
Esta Entidade Espiritual comunicante com o novo Ser Vivente, depois de detectada e
confirmada a sua influência pelos processos do Oráculo de Ifá, deve ser considerada como
o “possuidor” da Ori Inu ou “Cabeça Interna”, ou seja, da nova “Personalidade Individual
Terrestre” daquele novo Ser Humano e/ou Ancestral novamente encarnado, ou seja, o seu
Oluware, portanto, e no máximo, o seu Oba Mi ou “Meu Senhor” ou Iya Mi ou “Minha
Senhora”, pois que o seu verdadeiro Criador sempre foi, é e será Deus.
Assim, sempre por intermédio do Orisa Orunmila em sua Divinação Sagrada de Ifá,
aqueles demais Awon Orisa podem ajudar ou cobrar do Ser Humano os compromissos
com eles assumidos, de forma que ele possa bem consumar seu Destino ou corrigir os
desvios que poderão levá-lo ao fracasso, mas sem jamais interferir no livre arbítrio de
cada ser.
Foi sobretudo este relacionamento “pré-estabelecido no Além” com os Awon Imole ou
“Seres Sobrenaturais de Categoria Divina” a parte da Teologia Iorubá que foi a mais
lembradada pelos descendentes de seus féis escravizados e que levou à criação dos
Candomblés de Nação Africana no Brasil para cultuá-los, assim como, foi o Culto aos
Awon Onile ou “Ancestrais” a parte mais absorvida e praticada pela Umbanda do Brasil.
Entretanto, é somente o Ara Orun Imole Irunmole Oju Kotun Orisa Funfun Orunmula-
Ifa que é o verdadeiro Arauto dos Desígnios Absolutos de Deus sobre o Destino de todos
os Seres Terrestres, destino este que pode ser confirmado ou corrigido pela Divinação
Sagrada de Ifá, para que cada “Criança” nascida na “Casa de Ifá” tenha condições
espirituais de muito bem cumprir aquilo que ele próprio
solicitou a Olorun no Além e, assim, poder apresentar-se novamente perante Êle em seu
Ol’ojo ou “Dia Marcado” para retornar ao Além, acrescentando a seu Duplo no Além a
Soma de seus sucessos ou fracassos em relação a seu Destino nesta Terra da Vida, já não
tão Ilu Aiye Odara.
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E esta é a verdadeira função da Divinação Sagrada de Ifá : fazer com que as “Crianças”
de Orisa Orunmila-Ifa cresçam em méritos espirituais por conhecerem à si próprias e bem
cumprir o seu próprio Destino livremente escolhido no Além perante Deus!

1 – ILE IFA
A CASA DE ORUNMILA-IFA
Ifá é um Sistema de Oráculo Sagrado originário da milenar cultura africana Iorubá e é
parte integrante da religião naturalista que nos foi legada pelos descendentes dos povos
africanos sudaneses escravizados no Brasil.
Enretanto, com o passar de mais de um século de sua chegada, miscigenou-se com
anteriores conhecimentos espirituais Bantos e Angolenses aqui já aclimatados a mais de
dois séculos, esta simbiose vindo a constituir-se em um dos Três Pilares Místicos sobre
os quais ergueu-se a Umbanda do Brasil, à ela legando, dentre outros, dois elementos
principais: o conceito dos Orixás e o Jogo dos Búzios.
Mas, foi só tardiamente, quando passadas as fases da escravização e colonizacão, que
os estudiosos do esoterismo das religiões africanas reformuladas no Brasil deram-se conta
de que, subjacente às graciosas e/ou confusas lendas dos escravos africanos, existiam uma
Teogonia, uma Mística e uma Liturgia de grande alcance espiritual, cultural e social que
haviam sustentado a fé dos descendentes daqueles povos, mesmo na tragédia da
escravidão.
E foi assim que os estudiosos confirmaram que os Awon Babalawo ou os “muitos
Senhores do Segredo” (título pelo qual os sacerdotes africanos eram conhecidos) sempre
tiveram e ainda têm uma bela, firme e complexa visão própria da Existência Humana, na
qual o Orun ou “Mundo Sobrenatural” está em estreita relação com o Aiye ou “Mundo
Natural”, considerados complementares entre si e que se fundem completa, harmônica e
belamente na Ilu Aiye ou “Terra da Vida”, ou seja, a própria Natureza Terrestre.
Desta forma, a Religião dos Orixás, além de viva e atuante, é também fruto da
convivência mais que milenar de nossos ancestrais africanos com a Natureza ou, talvez,
que o seu modo ver a Natureza fosse fruto de sua atávica convivência com as suas
Entidades Sobrenaturais.
Assim sendo, os Awon Odu ou “Fundamentos da Tradicão Oral”, passados da bôca do
mestre ao ouvido do discípuo,afirmam que a Existência transcorre em dois grandes
planos:
1 – Orun ou Mundo Sobrenatural ou Além
2 – Aiye ou Mundo Natural ou Terra-da-Vida
Mas esses dois grandes planos de Existência não são assim tão distintos, pois os Versos
dos Contos de Ifá contam que as Entidades Sobrenaturais já “viveram” sobre a Terra no
Ode Aiye ou “Local Terrestre para as Divindades”, quando elas aqui vieram reger a
Criação do Mundo Natural.
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Além disso, esta tradição religiosa afirma que tudo o que existiu, existe ou existirá no
Mundo Natural foi plasmado no Mundo Sobrenatural e lá tem o seu exato Duplo. Desta
sorte, todos os Seres existentes são denominados por um só termo: Ara ou “Corpo” ou
“Ser Existente”.
Estes Ara ou “Seres Existentes” podem ser, conforme as suas qualidades:
1.1 – Ara Orun ou Seres Existentes no Além
1.2 – Ara Aiye ou Seres Existentes na Terra

Os Ara Orun dividem-se em duas categorias principais:


1.1.1 – Os Ara Orun Imole ou Seres Existentes no Além de Categoria Divina”, os quais
estão associados à estrutura do Cosmo e da Natureza Terrestre;
1.1.2 – Os Ara Orun Onile ou “Seres Existentes no Além Ancestrais de Terrestres”,
que estão ligados à estrutura da Sociedade
Vejamos agora quem são eles :
1.1.1 – Os Ara Orun Imole ou “Seres Existentes no Além de Categoria Divina”

Os Versos dos Contos de Ifá falam com freqüência em 600 (seiscentos) Ara Orun Imole,
entre os quais situam-se os Orisa ou “Imole Funfun” ou “do
Branco” mas, isto significa muito mais que este número místico tinha a função de
emprestar grandeza ao conceito de Divindade, o que importa em dizer-se que eles, os
Imole, são uma grande quantidade desconhecida.
Estes Versos deixam entrever que existem graduações de ordem, digamos, funcional,
nesse grandioso conceito de Divindade, as quais se situam nos Meseesan Orun ou “Nove
Além”, ou, melhor dizendo, os Nove Planos de Existência desta Tradicão Africana
Sudanesa.
Todos estes Planos de Existência no Além, os quais seria fastidioso tentar aqui definir,
têm a Ile ou “Terra”, como eixo central e comum de suas esferas de ação e, portanto,
como ponto de passagem e de retorno para que todos os Ara por ela, a Terra, intercambiem
os seus planos de existências diferenciadas.
Para isso, necessitam de um meio, quer ele seja os seus sacerdotes ou os seus Filhos de
Santo ou, preferencialmente, seus lugares sagrados e devocionais, tal como era o caso dos
Origi ou “Montículo Sagrado” do Orisa Orunmila na Cidade Santa de Ile Ife em África,
a Ilu Aiye Odara ou “Terra da Vida Feliz”. Este também é o caso, no Brasil, dos atuais
Peji ou “Assentamentos” dos Candomblés de Nação Africana e dos Congás dos
Umbandistas.
Daí a Terra ser invocada e chamada a testemunhar em todos os tipos de pactos,
particularmente em relação à guarda de segredos. Ki Ile Jeeri ou “que a Terra testemunhe”
é a mais ritual das fórmulas empregadas em juramentos solenes e daí que todo o
73

Assentamento de um Ôrixá deva ser baseado na Ota ou Pedra que lhe seja própria,
“assentada”, consagrada e “alimentada” por seus fiéis e estes dizerem: -”A força dos
Orixás está na pedra.”-
O que eqüivale a dizer-se: na “Terra” ou na “Natureza”! Portanto, como disse
anteriormente, Terra e Além estão indissoluvelmente interligados em minha mente e daí
também saber que todos os “Além” podem se intercambiar nesta Terra da Vida e que
todos os Seres que nela existem, mesmo os inanimados, possuem Ase, a Centelha de
Energia da Vontade Divina (Aba) que os criou e os faz existir (Iwa). Daí muitos
desavisados tratarem os fiéis aos Orixás por “animistas”, misturando o conceito de Ase
com o conceito de “alma” ou “espírito” de suas próprias filosofias religiosas.
Em primeiro lugar, os Babalawo não se vestiam, necessariamente, só de branco; podiam
usar também o azul médio por questões puramente práticas: vestes desta cor sujam menos.
E os Awoni, sendo aristocratas, desde muitos séculos atrás, talvez antes dos europeus,
obtinham dos comerciantes árabes a seda multicolor, por ser esta muito leve e, se usada
em vestes amplas, muito frescas no verão.
E no inverno, por motivos climáticos inversos, introduziu-se o tecido adamascado
árabe e, depois, o veludo europeu. E, no início, estas vestes, mormente no verão africano,
restringiam-se a um grande pano retangular, enrolado e preso à cintura, indo da mesma
ao final das canelas.
Foi o relacionamento inicial com os povos negros já islamizados como os Fulbas,
Peules e Haussás que introduziu o costume de usar vestes do tipo “cáftan” árabe,
às quais se sobrepunham, para dignificação, mantos leves e esvoaçantes. Também a
aculturação Islâmica promoveu a substituição dos tradicionais chapéus de palha
finamente trançada em formato cônico, por gorros de seção cilíndrica ou turbantes, mas
o uso de turbantes era privativo dos Awoni Babalawo.
Calçados, do tipo sandálias pesadas, só eram usadas em longas caminhadas por quase
todos, mas a Islamização introduziu as “babuchas”, tipo de chinelo de couro tratado, sem
salto, no estilo oriental, para os Omo Bíbi.
Vemos assim que, só pelas vestes, não era possível identificar-se um Babalawo, a não ser
entre os mais aristocrátas e os demais mortais!
Então, olhava-se para as suas cabeças. Os Elegan tinham-nas obrigatoriamente
raspadas; os Osu e Ôl’Odu deixavam crescer nas cabeças raspadas um tufo circular de
cabelos, na parte lateral direita do crânio, tufo este aparado curto no caso dos Osu, mas
que poderia ser longo e trançado no caso dos Ôl’Odu. Mas, somente os Awoni usavam
neste Ôsù, o Ekódidé, ou seja, uma pena vermelha da cauda do papagaio cinzento
africano.
Em seguida, podia-se visualizar os braços e o tórax dos Babalawo: todos eles, de
qualquer categoria, usavam o Idê Ifá ou Bracelete de contas castanhas e verdes claras,
atado no pulso esquerdo. Mas somente de um Ôl’Odu para cima, ou, se muito famoso,
um Oluwo, ousava acrescentar a este bracelete uma Opala cor de rosa ou, se não tivesse
recursos para isso, uma conta de cerâmica dessa mesma cor.
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E, no pescoço, os Babalawo usavam cordões de pequeníssimas contas castanhas,


torcidos juntos e com dez grandes contas verdes e brancas colocadas em espaços
regulares. Os Awoni, se abastados, podiam ainda usar no pescoço um dispendioso colar
de contas de coral vermelho. E, finalmente, cruzando o peito apoiado no ombro direito o
Edigbá, um colar de longos cordões de contas especiais, feitas com seção transversal de
caroços de Dendê ou ponta de chifre de gado.
Nas mãos, quando saiam para praticar a Divinação Sagrada, todos os Babalawo podiam
usar o Ìrùkêrê, mas feito com longos pelos do rabo de vaca e com cabo de pouca
espessura. Podiam, também, portar a Irofá ou Vareta Divinatória, com a qual se podia
chamar a atenção do Orisa Orunmila para as aflições de seus consulentes, batendo-a de
encontro ao Opon. E quando dois Awoni se encontravam nas ruas, cruzavam os seus
Ìrùkêrê, com os respectivos cabos para baixo, saudando-se com a senha ritual de Ifá: -
”Ogbêdù! Ogbomurin!”-
Além disso, os Babalawo, em ocasiões solenes, caminhavam em procissão apoiando-
se nos seus Ôpá Orêrê, ou seja, em seus Cajados de Ferro, com pequenas sinetas cônicas,
que retiniam cada vez que o cajado apoiava-se no solo.
Este cajado, quando não transportado, era cravado em pé, com muito cuidado, no solo
do pátio da casa de seu dono e era a insígnia mais respeitada e temida dos Babalawo, não
só por seus fiéis mas também por eles próprios. Recebia sacrifícios rituais junto aos Origi
e acreditava-se ser ele a sentinela do sono dos Babalawo e, quando fincado ao solo, não
podia cair sem sérios motivos que o derrubassem, pois neste caso, acreditava-se que seu
dono já havia cumprido o seu Iwa e aproximar-se-ia o seu Ôl’ojó ou Dia Marcado, seu
tempo aprazado para voltar ao Ôrun. Assim, quando da morte de um Babalawo, o seu
Ôpá Orêrê era intencionalmente derrubado.
E quando se verificava que um Babalawo estava acompanhado de um Akopo, tornava-
se evidente que se estava diante de um Babalawo Ôjúbona, um Mestre de Ensino. E esta
função de Ogjubona era para um verdadeiro Babalawo, uma das suas funções mais
importantes, já que outra das mais severas sanções que pesava sobre ele era o fato de que
se ele não formasse, pelo menos, um Elegan ou aprendiz, a sua Ebikeji Ôrun ou Segunda
Pessoa no Além, ou melhor, a sua Matriz Astral, não poderia achar descanso entre os seus
Baba Âgbâ ou Antepassados.
Vê-se, assim, que o “status” de Babalawo não era uma sinecura e, muito menos, isento
de trabalhos e riscos. A sua tarefa era difícil e patrulhada por severa regras de conduta
que deveriam servir de base técnica e moral para a ação, pelo menos pública, dos atuais
“Babalaôs”:
O Babalawo Awoni não podia:
- envolver-se com a mulher de outro, inclusive sua Apetebi ou Companheira Ritual;
- praticar Âjé ou Feitiço contra outro Awoni;
- conspirar contra os seus pares;
- abandonar outro Awoni que estivesse em dificuldades, sem tomar providências para
que tudo ficasse em ordem com o necessitado;
75

- falar mal de outro, fora do âmbito de sua Confraria, mesmo o outro sendo culpado;
- divulgar o teor das discussões travadas em seus encontros formais na Confraria
Oxôgboni ou Sociedade Secreta, mesmo que se tratasse de punições contra culpados ou
desagravo de inocentes.
Estas regras aplicavam-se e aplicam-se a todos os Babalawo. E, como sou Babalawo em
cuja Ori Inu ou “cabeça interna” ou “personalidade”, o Orisa Orunmila já “gritou”,
acrescento à essas regras acima, outras duas vindas também da milenar sabedoria Yoruba
e que eram aplicáveis à qualquer categoria de Babalawo:
Obé ti o mu ki gbé kuku ará ré
-”Por mais afiada que seja a faca,
ela não pode riscar seu próprio cabo .”-
-” Não se pode barganhar com as coisas de Ifá,
como se faz com as coisas na praça do mercado .”-
O que equivale a dizer-se que nenhum Babalawo podia realizar a Divinação Sagrada em
proveito próprio e/ou barganhar com o Destino dos fiéis dos Awon Orisa.
Foi por respeitarem e, principalmente, fazerem respeitar estas poucas regras básicas
que essa linhagem de homens religiosos, os Babalawo, conseguiu estabelecer por mais de
1400 anos, em sua própria terra e entre seus próprios fiéis, uma reputação de dedicação e
honestidade.

OFO OLÓOJÓ ÒNÍ

Olóojó òní Ifá, mo júbà rè Olú dáyé, mo júbà rè Mo júbà omodé Mo júbà àgbà Bí èkòló
bá júbà ilè Ilè ó l’énun Kí ìbá mi sé Mo júbà àwon àgbààgbà méérìndílógún Mo júbà
bàbá mi “Ogun “ Mo tum júbà àwon Ìyá mi eléeye Mo júbà Òrúnmìlà, ó gbáayé, ó
gbóòrun Òhuntí mo bá wí lóojó òní Kí ó rí béè fún mi E jòwó, májé kí ònòn mi díì
Níìtorí yìí ònòn kò dí mòn ojó Ònon kò dí mòn oògùn Òhuntí a bá ti wí fú Ògbà, l’Ògbá
ngbà Ti Ìlákòse ni sé láàwújo igbi Ti Ekese ni sé láàwùjo Òwú
Olóojó Òní kí ó gbà òrò mi yèwò Àsé!
Tradução

Senhor e dono do dia Ifá, apresento-vos meus respeitos. Senhor da terra, apresento-vos
meus respeitos. Meus respeitos aos mais jovens (novos). Meus respeitos aos mais velhos.
Se a minhoca vai à terra respeitosamente, A terra abre a boca aceitando-a Que a bênção
me seja dada. Meus respeitos ao dezesseis mais velhos (Odú Àgbà). Meus respeitos,
meu pai “ Ogun “ Eu tomo a benção às minhas mães Senhora dos pássaros. Meus
respeitos, Orunmilá, aquele que vive na terra e vive no céu. Qualquer coisa que eu diga
76

no dia de hoje, Que eu possa vê-la acontecer para mim. Por favor, não permita que meus
caminhos se fechem, Porque os caminhos não se fecham para quem entende o dia, Os
caminhos não se fecham para quem entende a magia. Qualquer coisa que eu diga para
Ògbà, que Ògbà aceite. Ìlákòse tornou-se o mais importante na assembléia dos caracóis,
Ekese tornou-se o mais importante na assembléia do algodão. Senhor e dono do dia, que
você aceite minhas palavras e verifique. Que assim seja !
OFÒ FÚN BIBÓ ORÍ

ORÚNMÌLÀ NÍ ODI ÈDÙN, MO NÍ ODI ÈDÙN. ÒRÚNMÌLÀ NÍ ODI ÈDÙN


OKÀN, MO NÍ ODI ÈDÙN OKÀN. ONÍ TÍ EGBÉ ENI NBÁ LÓWÓ, T’A ÀBÁ
LÒWÒ, Ò NÍ ORÍ ENI L’ÀÁ KÉPÈ. ONÍ TÍ EGBÉ ENI BÁ À NSE, OHUN RERE
TÁÀBÁ RÍ OHUN RERE SE, Ò NÍ ORÍ ENI L’ÀÁ KÉPÈ. ORÍ MÌ, WÁ SE LÉ GBÈ
LÉHÌN MI. IGBA, IGBA, NÍ ORÒGBÒ NSO LÓKO; IGBA, NÍ OBÌ NSO LÓKO .
IGBA, IGBA NÍ ATAARE NSO LÓKO. IGBA , AJÉ KÓ WOLÉ TÓ MI WÁ. OÒGÙN,
ÀÌSÀN, EJÓ, WÀHÁLÀ, IKÚ, ÀÍRÍJE, ÀÌRÍMU KÓ PÒÓRÁ . TÍ EFUN BÁ WO
INÚ OSÙN, ÁPÒÓRÁ . KÍ GBOGBO WÀHÁLÀ MI PÒÓRÁ . ÀWÍSE NÍ TI IFÁ,
ÀFÒSE NÍ TI ÒRÚNMÌLÀ. ÀBÁ TÍ ALÁGEMO BÁDÁ NI ÒRÌSÀ ÒKÈ NGBÀ.
KON KON NÍ EWÉ INÓN NJÓ, WÀRÀ, WÀRÀ, NI OMODÉ NBO OKO ÈSÌSÌ. ILÉ
ÒGBÁ ÒNÒN Ò GBÁ NÍ TI ÀRÁGBÁ. GBOGBO OHUN TÍ MO SO YÌÍ , KÍ ARÒ
KÓ RÒ MÒ ÀSE, ÀSE, ÀSE!
Tradução
Encantamento para propiciar a cabeça
ÒRÚNMÌLÀ que fortifica os tristes, Fortifique-me, eu estou triste. Òrúnmìlà que
fortifica o coração triste, Fortifique o meu coração triste. Senhor da comunidade, Aquele
que é honrado e respeitado, é a cabeça de alguém cansado que invoca tua ajuda. Senhor
da comunidade, esteja conosco (me acompanhe), Que as coisas boas nos encontrem, e
que obtenhamos coisas boas, é a cabeça de alguém cansado que invoca tua a ajuda. Minha
cabeça, venha cobrir a casa e minha retaguarda. Duzentos, duzentos, que orògbò cresça
na floresta; Duzentos, que obì cresça na floresta. Duzentos, duzentos, que atare cresça
na fazenda. Duzentos, que o poder do dinheiro adentre minha casa. Que as feitiçarias,
as doenças, os problemas, as aflições, A morte, a fome, a sede, desapareçam da minha
vida. Quando efun entra no osùn, ele desaparece. Que todas as minhas aflições
desapareçam. Que a palavra de Ifá se realize, e a de Òrúnmìlà também.(como um canto)
E ao encontrarem Alágemo realizem-se através dos Òrìsà, que aceitam do alto. A folha
no fogo queima rapidamente, (que meus pedidos realizem-se assim). Leite, leite, escorra
para as crianças em quantidade, como é na Fazenda Èsìsì. Que minha casa, meus
caminhos, meus conhecidos se engrandeçam. Que todos os meus votos façam
desabrochar, e transformar-se para mim, Afim de que ao nascer do dia eu encontre
facilidades.
Assim seja!
Oduduá
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Oduduá é uma das divindades primordiais. Ela é considerada, ao lado de Obatalá como o
casal primordial e propulsor da criação. Cada um foi incumbido de determinadas funções
no papel da criação do Aiyê, o universo incluindo o mundo em que vivemos. O universo
é visto dentro do culto aos Orixás como uma grande cabaça e esta cabaça é representada
por Oduduá e Obatalá. Oduduá é considerada como a parte de baixo da cabaça e Obatalá
é considerado como a parte de cima da cabaça.
O nome Oduduá pode ser traduzido como a cabaça de onde jorrou a vida. Muitos
costumam se enganar e a afirmar que Oduduá seria um Orixá masculino ao invés de
masculino, mas o que ocorre é uma confusão entre a divindade feminina Oduduá com o
ancestral iorubano divinizado Oduduá, que na verdade é conseiderado em território
africano como sendo uma forma humana da deusa Oduduá, ou seja, o guerreiro legendário
e a deusa Oduduá seriam as mesmas pessoas. Esta é uma visão muito ampla no que
concerne à essência divina mas isso é algo que vai muito além da capacidade de aceitação
de algumas pessoas e sacerdotes.
O surgimento de Oduduá, bem como o de Obatalá, é muito interessante. Diz-se que
involuntariamente nos primórdios da criação, quando a única coisa existente nos mundos
era o Olorun, a grande energia primordial, Oduduá, a deusa, surgiu do corpo de Olorun,
a grande energia primordial, assim como Obatalá e outra tantas divindades.
Foi Oduduá quem criou a terra e todo o universo como o conhecemos e, ao lado de
Obatalá, possibilitou o surgimento da vida.
Em terceiro lugar, com a Eerupe ou “Lama”, mistura de Água e Terra, mas também
vivificada por Seu Hálito e Centelha Divina (Fogo e Ar), Olorun criou o Imole Exú, o
“Terceira Cabaça”, ou “Terceiro Ser Criado” ou ainda, o “Esu Ancestral”, o Imole da
Dinamização, da Transformação e da Restituição, quer no Além ou quer na Terrada-Vida
e, portanto, portador de todas as Qualidades do Vermelho, do Preto e do Branco. O Imole
Esu Agba é, portanto, o primeiro Ara Orun ou “Corpo do Além”, ou seja, a “Primeira
Individualidade Espiritual” a ser criada com o concurso da Matéria combinada: Fogo
(Centelha Divina), Ar (Hálito Divino), Água e Terra (Eerupe, a Lama). Sua qualidade de
“Terceiro Ser Criado” o constituiu em Osije ou “Mensageiro Divino” com permissão
expressa de se apresentar perante Olorun que somente receberá Oferendas se elas forem
conduzidas por Imole Esu Osije.
Oduduá é uma Orixá Funfun absolutamente diferente dos demais, embora semelhante em
essência, é feminina, sendo cultuada em diversas regiões como esposa de Obatalá, embora
seja, em princípio, sua irmã. "Iya Male” (Mãe das Divindades ou Mãe Divina)
Orin Oduduá
Iya dakun gba wa o; – Oh Mãe! nós suplicamos que nos libertes;
ki o to ni to mo; – olhai por nós, olhai por nossos filhos;
ogbebi l’Adó ! – Tu és aquela que te estabelecestes em Adó!”
Ori. O Deus mais Poderoso
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ORI é o ORISA pessoal, em toda a sua força e grandeza. ORI é o primeiro ORISA a ser
louvado, representação particular da existência individualizada (a essência real do ser). É
aquele que guia, acompanha e ajuda a pessoa desde antes do nascimento, durante toda
vida e após a morte, referenciando sua caminhada e a
assistindo no cumprimento de seu destino. ORI em yorubá tem muitos significados – o
sentido literal é cabeça física, símbolo da cabeça interior (ORI INU). Espiritualmente, a
cabeça como o ponto mais alto (ou superior) do corpo humano representa o ORI.
Enquanto ORISA pessoal de cada ser humano, com certeza ele está mais interessado na
realização e na felicidade de cada homem do que qualquer outro ORISA. Da mesma
forma, mais do que qualquer um, ele conhece as necessidades de cada homem em sua
caminhada pela vida e, nos acertos e desacertos de cada um, tem os recursos adequados
e todos os indicadores que permitem a reorganização dos sistemas pessoais referentes a
cada ser humano. Reforçando esta questão temos um oriki que nos diz
“ORI LO NDA ENI ESI ONDAYE ORISA LO NPA ENI DA O NPA ORISA DA
ORISA LO PA NIDA BI ISU WON SUN AYÉ MA PA TEMI DA KI ORI MI MA SE
ORI KI ORI MI MA GBA ABODI”
TRADUÇÃO :“ORI é o criador de todas as coisas ORI é que faz tudo acontecer, antes da
vida começar É ORISA que pode mudar o homem Ninguém consegue mudar ORISA
ORISA que muda a vida do homem como inhame assado AYÉ*, não mude o meu destino
Para que o meu ORI não deixe que as pessoas me desrespeitem Que o meu ORI não me
deixe ser desrespeitado por ninguém Meu ORI, não aceite o mal.” (* AYÉ – conjunto das
forças do bem e do mal) Como foi dito, não existe um ORISA que apóie mais o homem
do que o seu próprio ORI: um trecho do adura (reza) feito durante o assentamento de um
IGBA-ORI diz: KORIKORI Que com o àse do próprio ORI, O ORI vai sobreviver
KOROKORO
Da mesma forma que o ORI de Afuwape sobreviveu, O seu sobreviverá. Ele será
favorável a você. Tudo de que você precisa, Tudo o que você quer para a sua vida, É ao
seu ORI que você deverá pedir. É o ORI do homem que ouve o seu sofrimento…” O que
é então ORI, de que a natureza é constituído e qual o seu papel na vida do homem? Em
primeiro lugar, acredita-se que o corpo humano é constituído de duas partes: a cabeça e
o suporte – ORI e APERE. Acredita-se que este corpo adquire existência na medida em
que recebe de OLODUMARE o sopro vivificador – o EMI.
Este sopro foi o agente do processo da criação em seu primeiro momento e tem sido o
responsável pela geração e continuidade de toda a vida no universo. Este modelo descrito
e de entendimento abrangente para todas as formas de vida é repetido no ser humano. A
cabeça e o seu suporte, ORI-APERE são formados a partir dos elementos matrizes,
enquanto o ORI-INU, interior, representa, na sua constituição, uma combinação de
elementos, porções de matéria-massa que é particularizada durante o processo de
modelagem de cada ORI. Ele é único e, por conta disso, particulariza e dá
individualização à existência.
Essa combinação “química” definirá parte das relações do homem com o mundo
sobrenatural e a religião, na medida em que determina o seu ELEDA, ORISA – símbolo
do elemento cósmico de formação, a que chamamos, adiante, de IPORI, daquele ORI-
79

INU em particular. No Brasil vimos, com certa frequência, o ELEDA ser chamado de
ORISA-ORI, simplificação da relação aqui exposta. ELEDA segundo Juana Elbein dos
Santos em Os Nagô e a Morte, “se refere à entidade sobrenatural, à matéria-massa que
desprendeu uma porção da mesma para criar um ORI, consequentemente Criador de
cabeças individuais…”
Para os yorubás, o ser humano é descrito como constituído dos seguintes elementos: Àrá,
Ójìjì, Ókòn, Émì e Órì. Ara é o corpo físico. Ojiji é o fantasma humano, é a essência
espiritual visível. Okan é o coração físico, sede da inteligência, do pensamento e da ação.
Emi está associado a respiração, é o sopro divino, quando uma pessoa morre diz-se que
seu Emi partiu. Por fim o Ori, Ori é o Orixá pessoal, em toda a sua força e grandeza. Ori
é o Primeiro Orixá a ser louvado, representação particular da existência individualizada,
a essência real do ser. é aquele que guia, acompanha e ajuda a pessoa desde antes do
nascimento, durante toda a vida e após a morte, referenciado sua caminhada e a assistindo
no cumprimento do seu destino. Ori em yorubá tem muitos significados, mas o sentido
literal é cabeça física, símbolo da cabeça interior ( Órì ínù ). Espiritualmente a cabeça
como o ponto mais alto do corpo humano representa o Ori. Como Orixá pessoal do ser
humano, Ori está mais interessado na realização e na felicidade de cada homem do que
qualquer outro Orixá, da mesma forma ele conhece mais do que qualquer um as
necessidades de cada pessoa durante a vida.
O conceito de Ori está intimamente ligado ao conceito de destino pessoal e à
instrumentalização do ser humano para a realização deste destino. Um Itã do Odu Ogundá
Meji nos dá a exata dimensão da matéria quando nos relata sobre a correspondência entre
o Ori e o ser humano.
"Ori eu te saúdo!
Aquele que é sábio, foi feito sábio pelo próprio Ori.
Aquele que é tolo, foi feito mais tolo que um pedaço de inhame, pelo próprio Ori."
Ori desempenha um papel importante para os seguidores de Ifá. Nele acredita-se que
escolhemos nossos próprios destinos. E nós o fazemos mediante os auspícios do Orixá
Ajalá. Um verso de Ifá explica esta questão:
"Você disse que foi apanhar seu Ori.
Você sabia onde Afuwape apanhou seu Ori?
Você poderia ter ido lá para apanhar o seu.
Nós pegamos nossos Oris nos domínios de Ajalá,
Assim somente nossos destinos diferem."
Ajalá é responsável pela modelação da cabeça humana, e acredita-se que o Ori e o Odu
determinam nossas vidas. Todo Ori, embora criado bom, está sujeito a mudanças. Vimos
que feiticeiros, bruxos, homens maus e a própria conduta podem transformar
negativamente um Ori, sendo sinal dessa transformação uma cadeia interminável de
infelicidades na vida de uma pessoa a despeito de seus esforços para melhorar. Quando o
Ori está bem, todo o ser está bem. O destino também pode ser afetado pelo caráter da
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própria pessoa. Um bom destino deve ser sustentado por um bom caráter. Ori assim como
todo Orixá se bem cultuado concede a proteção.
"Íwà ré l'Àyé yìí nì yoó dà ó léjo" ( Seu caráter, na Terra, preferirá sentenças contra você
)
Quando encontramos uma pessoa que, apesar de enfrentar na vida uma série de
dificuldades relacionadas a ações negativas ou maldade de outras pessoas, continua
encontrando recursos internos, força interior, que lhe permitam a sobrevivência e,
inclusive, muitas vezes, mantém resultados adequados de realização na vida.
"Énìyán kó fè érù fì ásó, Órì énì nì só nì" ( As pessoas não querem que você sobreviva,
mas seu Ori trabalha para você )

Ori
O Ori é forte e é capaz de cuidar do homem e garantir-lhe a sobrevivência social e as
relações com a vida, apesar das dificuldades que possa enfrentar, se mantém são. Esta é
a razão pela qual o Bori, forma de louvação e de fortalecimento do Ori utilizada em nossa
religião é frequentemente utilizado. Deste modo a pessoa tem maior facilidade para
encontrar a força interior necessária para vencer
IRETE - OFUN
"ATEFUN - apelido de Ifá sábio,
Adivinhava o oráculo às 401 divindades,
Estavam indo ao estado de perfeição,
O sábio de ORÍ "adivinhou" oráculo para ORÍ;
ORÍ estava indo ao estado de perfeição (ÒDE-ÀPÉRÉ),
Mandou-lhe fazer sacrifício,
Somente ORÍ, o único quem fez,
O seu sacrifício foi abençoado,
Portanto ORÍ é maior que todas as divindades,
ORÍ é mais forte que as divindades,
Somente ORÍ chegou no estado de perfeição.
O iniciado sacrificou!
ORI é forte, mais que os òrìsà."
No ODU OGBEYONU (Ogbe Ogunda) vamos encontrar ainda, “… Quando acordo pela
manhã coloco minha mão no ORI. ORI é fonte de sorte. ORI é ORI!…”. É um oriki
dedicado à ORI, mostrando o papel que ORI tem na vida de cada pessoa quanto as suas
relações interpessoais, suas relações com as outras pessoas, e as suas condições de
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realização e progresso em todos os empreendimentos da vida, nos diz: “ORI MI MO KE


PE O O ORI MI A PE JE ORI MI WA JE MI O KI NDI OLOWO O KI NDI OLOLA KI
NDI ENI A PE SIN LAYE O, ORI MI
LORI A JIKI ORI MI LORI A JI YO MO LAYE”
TRADUÇÃO: Meu ORI Eu grito chamando por você Meu ORI, Me responda Meu ORI,
Venha me atender Para que eu seja uma pessoa rica e próspera Para que eu seja uma
pessoa a quem todos respeitem Oh, meu ORI! A ser louvado pela manhã, Que todos
encontrem alegria comigo” Toda existência no universo da Criação se processa em dois
planos: O mundo visível, o AIYE, universo concreto que habitamos, e o mundo invisível,
ORUN, onde habitam os seres sobrenaturais e os “duplos” de tudo o que se encontra
manifestado no AIYE. Não são, como é possível pensar, mundos independentes ou
rigidamente separados. Na realidade podemos afirmar que o AIYE é, antes de mais nada,
uma “projeção” da realidade essencial que tem existência e se processa no ORUN.
Como diz a Profa. Dra. Iyakemi Ribeiro, em seu livro “Alma Africana no Brasil: os
iorubás”, “Para o negro-africano o visível constitui manifestação do invisível. Para além
das aparências encontra-se a realidade, o sentido, o ser que através das aparências se
manifesta. Sob toda manifestação viva reside uma força vital: de Deus a um grão de areia,
o universo africano é sem costura. Universo de correspondências, analogias e interações,
no qual o homem e todos os demais seres constituem uma única rede de forças.” É
necessário entender, assim, que AIYE e ORUN constituem uma unidade e, enquanto
expressões de dois níveis de existência, são inseparáveis e complementares. Essa unidade
é simbolizada pelo IGBA-ODU, cabaça formada de duas metades unidas onde a parte
inferior representa o AIYE e a parte superior representa o ORUN. No interior, os
“elementos indispensáveis à existência individualizada”. Poderia ser representada por
uma figura e sua imagem refletida no espelho – há plena identidade entre elas, uma é
apenas a imagem invertida da outra. Podemos dizer nessa figuração que o AIYE é a
imagem refletida do ORUN. Essa analogia provavelmente explica a situação conhecida
de que os ODU, quando vieram do ORUN para o AIYE, tiveram sua ordem de
precedência invertida. Ou seja, muito embora no AIYE considere-se EJIOGBE MEJI
como o mais antigo dos ODU, todo Babalawo saúda OFUN MEJI, ou ORANGUN MEJI
como é também conhecido, em sua realeza, dizendo: eepa ODU!, Louvando assim sua
antiguidade e sua precedência efetiva.
Temos assim que toda existência no AIYE reflete uma realidade anterior existente no
ORUN. A existência no AIYE implica em processar-se uma “modelagem” anterior no
ORUN, a partir da qual porções de matérias-massas que constituem a base da existência
genérica são tomadas em fragmentos particulares e vão constituir a manifestação dessa
existência em forma individualizada no AIYE.
Esses elementos matrizes possuem, por consequência, dupla existência: uma parcela
presente no ORUN e a outra parcela dando vitalidade ou formação às diferentes partes
que formam a “realidade” individualizada de vida. A esses fragmentos particulares
retirados da massa genitora chamamos IPORI e é ele, IPORI, que determinará o ORISA
que cada indivíduo cultuará no AIYE, condicionando também sua instrumentalização
particular na relação com a vida e o repertório possível de escolhas que possa realizar.
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Para qualquer Yorubà, a palavra ORI tem uso amplo. ORI em um primeiro momento quer
dizer cabeça; e simboliza também - o ápice de todas as coisas; o mais alto desempenho,
portanto contém o superlativo ou seja o Zénite. Por exemplo, a cabeça é a parte mais alta
e mais importante do corpo humano, é a moradia do cérebro que controla o corpo inteiro.
O líder ou chefe de qualquer organização é referido como "Òlórí", ORI é cabeça ou mente,
cabeça é alta, alto é supremo e o ser supremo é OLODÙMÀRÉ (SENHOR DO
DESTINO).
No corpo humano ORI se subdivide em duas colocações:

1) A cabeça física - é o crânio humano, onde está o cérebro que usamos para o pensamento
e controle das outras partes do corpo; consciente ou inconsciente; os olhos para tudo ver;
o nariz para respirar e cheirar; orelhas para ouvir; a boca para alimentar e falar; a língua
para saborear; nossa essência masculina ou feminina está na cabeça, o rosto que dela faz
parte nos distinguem uns dos outros, imprimindo uma identidade individual; sem a cabeça
o homem e mulher seriam como qualquer "X" 2) A cabeça espiritual está subdividida em
mais duas partes a saber: Cabeça Espiritual APARÍ-INÚ (Cabeça espiritual interna) -
ORÍ-ÀPÉRÉ (destino ou parte divina de cada um: escolhido no domínio de ÀJÀLÁ -
divindade de ORÍ.

ORÍ-ÀPÉRÉ é acumulação de destino individual; Isto é: ÀKÚNLÈYÀN,


ÀKÚNLÈGBÁ e ÀYÀNMÓ. AKUNLEYAN é a parte do destino que cada um escolhe
por vontade (livre arbítrio) própria AKUNLEGBA é a parte do destino o qual está
adicionada como complemento de AKUNLEYAN AYANMO é aquela parte do destino
que nunca pode ser mudado. Por exemplo - pais, sexo, karma, etc. Mas Akunleyan e
Akunlegbá podem ser melhorado enquanto Ayanmó não pode ser modificado . O destino
ORÍAPÉRÉ está escolhido no domínio de AJALÁ (divindade proporcionou o Orí).
APARI INÚ é de caráter individual, uma pessoa poderia chegar a terra com bom destino,
mas, sem boa conduta; A maldade da cabeça espiritual interna danificará definitivamente
o bom destino, o inverso também acontece. Porém o "destino" pode ser modificado, numa
certa medida, quando certos segredos são conhecidos, dentro de um contexto e
conhecimento da Teologia Yorubana.

Contudo Ori é o mais importante entre as divindades. Na ordem de importância - o


primeiro é Orí; o segundo é a mãe, e se ela tenha morrido, seu espírito; em terceiro lugar
é o pai, e se tenha morrido, o seu espírito; em quarto lugar, IFÁ e a seguir, seu orixá e as
outras divindades.
Alimento para a Cabeça
Bori – alimentar o ori, é um ritual que tem por finalidade a restauração do equilíbrio entre
ori ode e ori inu.Tendo ori status de orisa, responde no oráculo. Todas as oferendas que
alimentam o ori são ditadas pelo oráculo - mas sempre com aquiescência do próprio ori -
na qualidade e quantidade adequadas ao momento e situação. A energia de um orisa só é
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fixada se o ori permitir. Como todas as possibilidades de sucesso ou fracasso dependem


do ori, o Bori é o rito especial que propicia a sua positividade. A sua finalidade é, através
de manipulação do ase, proporcionar ao ori , como entidade regente do destino da pessoa,
o ponto de equilíbrio ideal para a sua auto-realização. Órì mì ó! Sé réré fun mì! ( Meu
Ori! Se alegre comigo! ) Ori é a divindade mais poderosa de toda a existência, para se
ter uma ideia da importância do Ori, um itã do Odu Oturá Meji, nos conta que Ori se
perdeu na vinda do Orun para o Aiye, Ogun chamou Ori e perguntou-lhe. "Você não sabe
que você é o mais velho entre os Orixás? Que você é o líder dos Orixás?" Sem receio
podemos dizer, "Órì mì a bá bó kì a tó bó Órìsà" Ou seja, " Meu Ori que tem que ser
cultuado antes que o Orixá" e temos um Oriki dedicado a Ori que nos fala que "Kó si
Órìsà tì dá nigbé léyìn Órì énì" ( Não existe Orixá que apoie mais o homem do que o seu
próprio Ori ).
"Órì búrúrkù kì í wù tuulù À kì í dà ésè ásìwérée mó lójì-ónòn. À kì í m'Órì ólóyé làwujó.
À dìá fùn Mobówù Tì í sé óbìnrìn Ógùn. Órì tì ó jóba lólà, Énìkòn ó mó Kì tókó-tayà ó
mó pè'ràa wón nì wéré mó. Órì tì í jóba lólà. Énìkòn ó mó."

Tradução

"Uma pessoa de mau Ori não nasce com a cabeça diferente das outras. Ninguém consegue
distinguir os passos do louco na rua. Uma pessoa que é líder não é diferente E também é
difícil de ser reconhecida. É o que foi dito à Mobowu, esposa de Ogun, que foi consultar
Ifá. Tanto esposo como esposa não deviam se maltratar tanto, Nem fisicamente, nem
espiritualmente. O motivo é que o Ori vai ser coroado E ninguém sabe como será o futuro
da pessoa."
A RESPEITO DO DESTINO HUMANO
Podemos perceber que a compreensão sobre o papel que ORI desempenha na vida de
cada homem está intimamente relacionado à crença na predestinação – na aceitação de
que o sucesso ou o insucesso de um homem depende em larga escala do destino pessoal
que ele traz na vinda do ORUN para o AIYE. A esse destino pessoal chamamos
KADARA ou IPIN e é entendido que o homem o recebe no mesmo momento em que
escolhe livremente o ORI com que vai vir para a terra.
ORI desempenha um papel importante para os seguidores de IFÁ. Nele acredita-se que
escolhemos nossos próprios destinos. E nós o fazemos mediante os auspícios do ORISA
IJALA MOPIN. A esfera de ação de IJALA é junto a OLODUMARE e é ele que sanciona
as escolhas de destino que fazemos. Essas escolhas são documentadas pelas divindades
que chamamos de ALUDUNDUN. Um verso de IFÁ explica esta questão: “ “Você disse
que foi apanhar o seu ORI. Você sabia onde Afuwape apanhou o seu ORI? Você poderia
ter ido lá para apanhar o seu. Nós pegamos nossos ORI nos domínios de IJALA, Assim
somente nossos destinos diferem”
IJALA é responsável pela modelação da cabeça humana, e acredita-se que o ORI e o
ODU – signo regente de seu destino que escolhemos, determina nossa fortuna ou
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atribulações na vida, como foi dito. IJALA, embora notável em sua habilidade, não é
muito responsável e, por isso, muitas vezes modela cabeças defeituosas: pode esquecer
de colocar alguns acabamentos ou detalhes desnecessários, como pode, ao levá-las ao
forno para queimar, deixá-las por um tempo demasiado ou insuficiente.
Tais cabeças tornam-se assim, potencialmente fracas, incapazes de empreender a longa
jornada para a terra, sem prejuízos. Se, desafortunadamente, um homem escolhe uma
dessas cabeças mal modeladas, estará destinando a fracassar na vida. Durante sua jornada
para a terra, a cabeça que permaneceu por tempo insuficiente ou demasiado no forno,
poderá não resistir à ação de uma chuva forte e chegará mais danificada ainda. Todo o
esforço empreendido para obter sucesso na vida terrena terá grande parte de seus efeitos
desviada para reparar tais estragos.
Pelo contrário, se um homem tem a sorte de escolher uma das cabeças realmente boas,
tornar-se próspero e bem sucedido na terra, uma vez que sua cabeça chega intacta e seus
esforços redundam em construção real de tudo aquilo que se proponha a realizar. O
trabalho árduo trará, ao homem afortunado em sua escolha, excelentes resultados, já que
nada é necessário dispender para reparar a própria cabeça. Assim, para usufruir o sucesso
potencial que a escolha de um bom ORI acarreta, o homem deve trabalhar arduamente.
Aqueles, entretanto que escolheram um mau ORI têm poucas esperanças de progresso,
ainda que passem o tempo todo se esforçando.
Sendo estes os pressupostos, retomamos as perguntas: Como saber se a escolha do próprio
ORI foi boa ou má? Pode um homem conhecer as potencialidades da própria cabeça ou
da cabeça de outrem?
O Jogo divinatório de IFÁ possibilita que a pessoa tome conhecimento dos desígnios do
próprio ORI, saiba a respeito do ORISA ou IRUNMALE que deve ser cultuado e conheça
seus EWO – proibições quanto ao consumo de alimentos, uso de cores e condutas morais
Muitas referências são feitas às relações entre ORI e o destino pessoal. O destino descrito
como IPIN ORI – a sina do ORI – pode ser dividido em três partes: AKUNLEYAN,
AKUNLEGBA E AYANMO.
AKUNLEYAN é o pedido que você fez no domínio de IJALA – o que você gostaria
especificamente durante seu período de vida na terra: o número de anos que você desejaria
passar na terra, os tipos de sucesso que você espera obter, os tipos de parentes que você
deseja.
AKUNLEGBA são aquelas coisas dadas a um indivíduo para ajudá-lo a realizar esses
desejos. Por exemplo: uma criança que deseja morrer na infância pode nascer durante
uma epidemia para garantir a morte dele ou dela.
AYANMO é aquela parte do nosso destino que não pode ser mudada: nosso gênero (sexo)
ou a família em que nascemos, por exemplo. Ambos, AKUNLEYAN e AKUNLEGBA
podem ser alterados ou modificados quer para bom ou para mau, dependendo das
circunstâncias. Assim o destino descrito como IPIN ORI – a sina do ORI pode sofrer
alterações em decorrência da ação de pessoas más chamadas como ARAYE – filhos do
mundo, também chamadas AIYE – o mundo ou ainda, ELENINI – implacáveis (amargos,
sádicos, inexoráveis) inimigos das pessoas.
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Entre estes encontram-se as ÀJÉ em seu aspecto negativo como dito nos cultos atuais–
bruxas, os OSO – feiticeiros, os envenenadores e todos aqueles que se dedicam a práticas
malignas com intuito de estragar qualquer oportunidade de sucesso humano. Sacrifício e
ritual podem ajudar a melhorar as condições desfavoráveis que podem ter resultados
destas maquinações maléficas imprevisíveis. Todo ORI, embora criado bom, acha-se
sujeito a mudanças. Vimos que feiticeiros, bruxas, homens maus e a própria conduta
podem transformar negativamente um ORI, sendo sinal dessa transformação uma cadeia
interminável de infelicidades na vida de um homem a despeito de seus esforços para
melhorar.
O ORI, entidade parcialmente independente, considerado uma divindade em si próprio, é
cultuado entre outras divindades, recebendo oferendas e orações. Quando ORI INU está
bem, todo o ser do homem está em boas condições. Como foi dito, nossos ORI espirituais
são por eles mesmos subdivididos em dois elementos: APARI-INU e ORI APERE –
APARI-INU representa o caráter (natureza), ORI APERE representa o destino.
Um indivíduo pode vir para a terra com um destino maravilhoso, mas se ele ou ela vem
com mau caráter (natureza), a probabilidade de desempenho (cumprimento, execução)
desse destino é severamente comprometida. O destino também pode ser afetado, então,
pelo caráter da própria pessoa. Um bom destino deve ser sustentado por um bom caráter.
Este é como uma divindade: se bem cultuado concede sua proteção. Assim, o destino
humano pode ser arruinado pela ação do homem. IWA RE LAYE YII NI YOO DA O
LEJO, ou seja, – “Seu caráter, na terra, proferirá sentença contra você”. No ODU de
OGBEOGUNDA, IFÁ diz: “Um pilão realiza três funções Ele tritura inhame Ele tritura
índigo Ele é usado como uma tranca atrás da porta Foi feito um jogo adivinhatório para
Oriseku, Ori-Elemere e Afuwape Quando eles foram escolher seus destinos nos domínios
de IJALA – MOPIN Foi solicitado para eles que realizassem rituais Somente Afuwape
realizou os rituais que foram solicitados. Ele, em consequência, tornou-se muito
afortunado. Os outros lamentaram, disseram que se soubessem onde Afuwape escolheria
seu ORI, eles teriam ido até lá para escolher os seus também. Afuwape respondeu que,
embora seus ORI fossem escolhidos no mesmo lugar, seus destinos é que diferiam.”
A questão que aí se apresenta é que somente Afuwape mostrou bom caráter. Respeitando
sua crença e realizando seus sacrifícios, ele trouxe as bênçãos potenciais de seu destino
para a efetiva realização. Seus amigos Oriseku e OriElemere falharam em mostrar bom
caráter pela recusa em realizar seus rituais e, por isso suas vidas sofreram as
consequências.
O nome IPIN está igualmente associado à ORUNMILÁ, conhecido como ELERI-IPIN –
o Senhor do Destino e que é aquele que esteve presente no momento da criação,
conhecendo todos os ORI, assistindo o compromisso do homem com seu destino, os
objetivos de cada um no momento de sua vinda para o AIYE, o programa
particular de desenvolvimento de cada ser humano e sua instrumentalização para o
cumprimento desse programa.
ORUNMILÁ conhece todos os destinos humanos e procura ajudar os homens a trilhar
seus verdadeiros caminhos. Temos, assim, que um dos papeis mais importantes de IFÁ
em relação ao homem, além de ser o intérprete da relação entre os ORISA e o homem, é
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o de ser o intermediário entre cada um e o seu ORI, entre cada homem e os desejos de
seu ORI. Apenas como registro, é preciso entender que esse mesmo papel ORUNMILÁ
tem na relação com os demais ORISA, sendo o intermediário entre cada um e o seu ORI.
E ORUNMILÁ, Ele mesmo, consulta IFÁ!
Nos momentos de crise, a consulta ao oráculo de IFÁ permite acesso a instruções a
respeito dos procedimentos desejáveis, sendo considerados bons procedimentos os que
não entram em desacordo com os propósitos do ORI.
O ser que cumpre integralmente seu IPIN-ORI (destino do ORI), amadurece para a morte
e, recebendo os ritos fúnebres adequados, alcança a condição de ancestral ao passar do
AIYE para o ORUN. Há a crença na existência de duas áreas ocupadas por espíritos dos
mortos: ORUN RERE – o bom “céu”, habitado pelas divindades e ancestrais, e ORUN
APAADI – o “céu” de muitas infelicidades, habitado pelos infelizes que sofreram má
sorte e pelos maus, julgados pelo Ser Supremo, segundo o ser caráter. Estes últimos ficam
condenados à solidão e ao esquecimento, sem direito a lembrança ou a aparecerem em
sonhos e visões – morrem totalmente.
ORUN RERE, por outro lado, é prazeiroso e sereno, vivendo os espíritos numa
comunidade composta de parentes e amigos. Podem também permanecer junto aos
familiares e intervir em suas atividades diárias, sendo-lhes permitido reencarnar em
alguma criança nascida no âmbito familiar. A respeito do ORI, resta ainda lembrar que
trata-se de uma divindade pessoal, a mais interessada de todas no bem estar de seu devoto.
Se o ORI de um homem não simpatiza com sua causa, aquilo que ele deseja não pode ser
concedido nem por OLODUMARE, nem pelos ORISA.
Da mesma forma se o caráter de um indivíduo é mau, sua escolha de destino pode não se
realizar. Se nossa situação é realmente de um mau destino, e não é uma consequência de
nosso caráter ou comportamento, então nosso ORI-APERE precisa ser apaziguado.
Oferendas prescritas ou rituais devem ser realizados para nos trazer de volta a um
alinhamento saudável.
Considera-se vital para todo homem recorrer a IFÁ, sistema divinatório de consulta a
ORUNMILÁ, a intervalos regulares para tomar conhecimento do que agrada ou
desagrada o próprio ORI. Enquanto intermediário entre a pessoa e as divindades (entre as
quais o próprio ORI) IFÁ não apenas informa sobre os desejos divinos, mas também
conduz os sacrifícios ofertados às divindades para que estas possam cumprir seu papel:
ajudar os ORI a conduzirem as pessoas à realização do próprio destino.
Se as coisas estão indo mal em sua vida, antes de apontar um dedo acusador para as
bruxas, para feitiços ou para seus inimigos, examine sua natureza. Se Você tem por hábito
maltratar as pessoas ou não considerar seus sentimentos, não procure qualquer felicidade
ou sorte em sua vida, não importando o quanto Você possa ser bem sucedido
materialmente.
ÀJÀLÁ ORÍ, ORÍ L’EWÀ, L’EWÀ, L’EWÀ. ÀJÀLÁ ORÍ, ORÍ L’EWÀ, L’EWÀ,
L’EWÀ. OPÉ ÈNYIN EDÙMARÈ, WÁ ORÍ, E KÚ Ó. OPÉ ÈNYIN EDÙMARÈ, WÁ
ORÍ, E KÚ Ó. E KÚ Ó ÒRUN, E KÚ Ó ÒSÙPÁ, E KÚ ÒJÒ, ÒJÒ BÒ ILÈ. E KÚ Ó
ÒRUN, E KÚ Ó ÒSÙPÁ, E KÚ ÒJÒ, ÒJÒ BÒ ILÈ. IRÉ ORÍ Ó JÍ, Ó JÍ IRE ORÍ, IRÉ
ORÍ Ó JÍ, Ó JÍ IRE ORÍ. Àjàlá que molda cabeças, deixe este Orì lindo, lindo, lindo.
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Agradeço-te Deus, venha para esta Cabeça, eu te saúdo. Eu saúdo o Sol, eu saúdo a Lua,
eu saúdo a Chuva, Chuva que cai sobre a Terra. Vc será uma Cabeça feliz, acorde feliz
Orí.
ORI O ORI O ORI MI O! SE RERE FUN MI! MEU ORI! SE ALEGRE COMIGO!
Para termos idéia quanto a importância e precedência do ORI em relação aos demais
ORISA, um Itan do ODU OTURA MEJI, ao contar a história de um ORI que se perdeu
no caminho que o conduzia do ORUN para o AIYE, relata: “… OGUN chamou ORI e
perguntou-lhe, “Você não sabe que você é o mais velho entre os ORISA? Que você é o
líder dos ORISA?’…”. Sem receio podemos dizer, “ORI mi a ba bo ki a to bo ORISA”,
ou seja, “Meu ORI, que tem que ser cultuado antes que o ORISA” e temos um oriki
dedicado à ORI que nos fala que ” KO SI ORISA TI DA NIGBE LEYIN ORI ENI”,
significando, “… Não existe um ORISA que apóie mais o homem do que o seu próprio
ORI.

AGRADECIMENTOS

Agradeço a você leitor que fez a adesão deste ebook para nos ajudar com o projeto
UNIAXÉ, que visa disseminar o conhecimento sempre respeitando os limites do culto
para que assim o sagrado não possa ser defasado, em outros volumes vou publicar
fundamentos e segredos de cada orixá de forma individual, visando levar um maior
conhecimento sobre singularidades de cada divindade e seus ritos.
Contato: uniaxelogunede@gmail.com

JUNTOS SOMOS MAIS FORTES

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