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Mistérios não revelados por Pais e Mães de santo, mas que acredito que deve chegar ao
alcance de todos para se entender o que está cultuando e o porquê...
Ebós diversos, rezas secretas com traduções, favas e usos litúrgicos, comidas de orixás,
encantamentos e muito mais.
INTRODUÇÃO
aprendi e qual é a visão de orixá dentro da minha experiência prática, espero que goste da
leitura e possa incentivar seus amigos e familiares que não conhecem o culto ao orixá,
que não sabe o que é um exu ou pombo gira, que acredita que todo “despacho” na
encruzilhada é para mal , que possam adquirir esse valiosos Ebook que vai abrir um novo
horizonte de conhecimento é proporcionar uma nova caminhada espiritual, ou de
conhecimento apenas aos que querem entender o porquê de muitos ritos dentro do axé,
bem vindo a essa grande viagem, bons estudos.
OS ORIXÁS E SUAS RESPECTIVAS ÁREAS DE JURISDIÇÃO E ATUAÇÃO
ATIVA, QUAL É A FUNÇÃO DE CADA UM?
Dentro do modelo de culto do candomblé “tradicional”, desde o momento que se inicia
geralmente aprendemos que temos um igbá (objeto de culto sacralizado representando o
orixá de forma física),que deve ser cuidado sob pena de sofrermos punições das
“divindades” caso não cumprimos nossas obrigações votivas, mas espera um pouco!, isso
não é contraditório?, o orixá sendo uma energia sagrada, divina e de puro amor teria estes
atributos humanos que pregam por ai?, ou é apenas uma projeção do homem de sua
própria imagem para se sentir mais próximo ao que está além de si, ou ainda um
instrumento de manipulação de poder?, pois é, sabemos que o Candomblé tem um sistema
hierárquico onde o mais velho sempre deve ser respeitado pois, dentro deste culto o tempo
de iniciação é um divisor de águas, porém muitos não param para pensar que tempo não
condiz com sabedoria, que maturidade espiritual nem sempre significa ter uma carga de
conteúdos litúrgicos mas sim uma posição ímpar ante as adversidades da vida, o medo
tem sido um instrumento efetivo para muitos que se intitulam sacerdotes e sacerdotisas
manterem suas casas cheias, e exatamente pela falta de conhecimento da função de cada
orixá muitos compram essa ideia se mantendo em verdadeiros cativeiros sem viver de
fato o papel da “religião”, vamos agora aprender um pouco de cada área de atuação das
divindades e qual seu lugar em nossa existência e assim descontruir muitos conceitos
arraigados pela nossa ignorância.
EXU: essa grande divindade tem a função de zelar pela manutenção da espécie, rege as
relações de comunicação em todas as esferas, o câmbio, a troca, o comércio, assim como
tem o papel de conscientizar os indivíduos quanto aos seus desejos mais íntimos
libertando-os das suas próprias amarras.
OGUM: divindade responsável por dominar o avanço tecnológico em sua totalidade,
pelas descobertas e evolução dos instrumentos de sobrevivência da humanidade assim
como motivar o homem a buscar o alimento necessário para sua subsistência e dos seus,
senhor do conhecimento.
OXOSSI: orixá cujo atuação na área intelectual é marcante, tem a função de zelar pela
capacidade reflexiva de cada ser humano e auxiliar no processo de tomadas de decisão,
essa energia tem ainda o papel de manter os sujeitos conscientes quanto a necessidade da
preservação da fauna e flora, assim como zelar pela constituição familiar e figura paterna.
XANGÔ: senhor da justiça tendo como principal atividade a execução da lei de retorno
ou causa e efeito, mantém a ordem no universo agindo de acordo com a conduta de cada
um nos colocando em consonância com as leis divinas, protetor da área jurídica cuja
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atuação implícita pune aqueles que julgam ou absorve injustamente, rege ainda o
conhecimento sobre a moralidade e seus impactos em nossas vidas.
OSSAIM: divindade responsável pelas descobertas na área da medicina no que diz
respeito a farmácia de forma geral, senhor da fitoterapia e de todas as ervas, tem a função
de impulsionar a ciência aos avanços relacionadas a cura.
OMULU: regente da saúde mental e física tendo como jurisdição a homeostase (
equilíbrio) do corpo humano, impulsiona o homem as descobertas da espiritualidade
sendo também agente transformador de sentimentos negativos em positivos, representa
a humildade e desapego material ensinando que tudo é empréstimo divino e quem nem
nosso corpo nos pertence de fato, logo busca nos ensinar a importância de uma vida digna
e abundante em termos morais para que possamos retornar a pátria espiritual
tranquilamente.
OXUMÁRE: divindade da transformação regendo todo processo de dor e alegria que
vivenciamos no decorrer de nossas existências, orixá responsável por instalar nos seres
humanos a aceitação pelo que é diferente, nos ensina que onde há o veneno possivelmente
há a cura , mas esta depende da descoberta que só se dá com a busca e disciplina.
LOGUN EDÉ: orixá responsável pelo desenvolvimento do adolescente e seus conflitos
decorrentes dessa fase, a descoberta sexual e inclinação profissional, seu papel é de passar
aos seres humanos alegria, esperança e animo para seguir diante das dificuldades, ainda
protege os professores e alunos de todos os níveis de ensino, ligado a oratória e aos
processos de aprendizagens, em síntese é o orixá do desenvolvimento pessoal.
OXUM: essa divindade tem a função de manter os ciclos familiares em ação, protegendo
as mães durante e após a gestação lhes dando sabedoria para conduzir os filhos, sua
regência sob a maternidade é muito forte sendo portanto a representação do que há de
mais puro nas mãe assim como exu é militante da manutenção da vida humana por meio
da produtividade.
OYÁ: atua diretamente sob as emoções humanas, tem o papel de nos ensinar o controle
destas emoções assim como mostrar o impacto delas sob o corpo, tem a função de
controlar o processo de evaporação e da chuva no planeta bem como o direcionamento
das almas a seus respectivos lugares de acordo com seus feitos, sendo portanto rainha
destas.
NANÃ: orixá responsável pela proteção dos órgãos e vísceras humanos, assim como a
circulação sanguínea, nos ensina a sermos compassivos e benevolentes, ajuda a entender
que a vingança não compensa, senhora da transformação em todos os aspectos.
YEMANJA: essa energia magnifica atua sob nosso campo mental e racional, tem como
função manter o homem fora de seus desajustes psicológicos, além de proteger os núcleos
familiares zelando pela união e evitando possíveis separações.
EWÁ: divindade que tem com função no planeta supervisionar o desenvolvimento
evolutivo de cada sujeito e auxiliar na travessia da adolescência, auxilia no processo de
maturação do corpo feminino sendo responsável pela menarca, senhora da mediunidade
em todas as suas formas e especificamente na clarividência.
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OBÁ: essa divindade atua diretamente nas relações femininas, impulsiona a liberdade da
mulher levando- a seu empoderamento enquanto tal, é a perfeita representação da mulher
que sai para vencer e conquistar o seu sustento, rege a solidão e suas formas de ser
trabalhada consequentemente trazendo algo bom.
TEMPO/IROKO: essas energias têm o mesmo papel, fazer cada indivíduo perceber e
entender a importância do tempo para amar, perdoar e viver bem, acompanha o processo
do envelhecimento protegendo os idosos bem como está diretamente ligado a tudo que
diz respeito aos nossos antecedentes.
IBEJI: orixá responsável pela alegria de forma geral, regendo as relações em que o riso
se faz presente.
Como podemos ver acima os orixás tem um papel significativo em nossas vidas que vai
bem além de se fixar em um igbá e ser egoisticamente cultuado, a nossa relação com estes
grandes seres criadores de realidade depende em muito da forma que a concebemos,
vamos agora aprender algumas rezas em yoruba para invocar estas energias e manter
uma relação mais próxima, porém convém lembrar que independente do dialeto você
sempre será ouvido/ouvida, pois orixá é universal, espero que possa ser de utilidade as
rezas abaixo, bons estudos.
REZA DE EXÚ
Ajúbà Bàrà-Legbà Olóde Èsù-Lonà Bàrà dage burúkú Lànà Bárà Jelù Làlúpo
Èsù_Bàrà.
Respeitamos Bará, dono do chicote dos campos Exú no caminho Bará que corta o mal
abre os caminhos Bará mensageiro do tambor Abre senhor do dendê Exu-Bará Reza de
Ogun
REZA DE OGUM
Ògún dà lé ko Eni adé ran Ògún dà lé ko Eni adé ran Ògún to wa do Eni adé ran Ògún
to wa do Eni adé ran Asè Ògún .
constrói casa sozinho A mando do Rei Ògún constrói casa sozinho A mando do Rei
Basta Ògún, nas instalações de nosso vilarejo A mando do Rei Basta Ògún, na
instalação de nosso vilarejo A mando do Rei Axé
REZA DE OSSAIM
Meré-meré Òsónyìn ewè o e jìn Meré-meré Òsónyìn ewè o e jìn Meré-meré ewè o e jìn
ngbe non Meré-meré ewè o e jìn ngbe non E jìn meré-meré Òsóyìn wa le .
Habilmente Òsónyìn as folhas vós destes habilmente Òsónyìn as folhas vós destes
habilmente as folhas vós destas secas no caminho habilmente as folhas vós destes secas
no caminho Vós destes habilmente Òsónyìn a nós a magia
REZA DE ODÉ
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Pa kó tòrí san gbo didè, (nja in pa igbó ) Ode aróle o Aróle o oni sa gbo olówo Ode
aróle o nkú lode.
Fisga. mata e arrasta ferozmente sua presa, (o cão morto na floresta) Ele é o caçador
herdeiro hoje o herdeiro exibe sua riqueza Ele é o caçador herdeiro que tem o poder de
atrair a caça para a morte
REZA DE OMOLÚ
Omolú igbòná igbóná zue Omolú igbòná igbòná zue Eko omo vodum maceto Eko omo
vodum na je Ijòni le o Nàná Ijòni le o Nàná ki mayò Nàná ki mayò ki n a lode Felèfèlè
mi igba nfo, ajunsun wale Meré-meré e no ile isin Meré-meré e no ile isin Ensinbe
meré-meré osú Iàyò Ensinbe meré-meré osú làyò Oba alà tun sue obi osùn Oba alà tun
sue obi osùn Iya lòni Otù, àkòba, bi iyà, hùkó, kàká, beto Orun zue so ran ale so ran
Bara atun zue obi osùn Omolú, .
Senhor da Quentura Sempre febril produz saúde educa o filho Vodun Maceto Vodun
educa o filho castigando Naná ele é capaz de provocar queimaduras Ele é capaz de
provocar queimaduras. Nanã, e se enche de alegria Nanã ele se enche de alegria do lado
de fora o erguemos habilmente osù que cobre a terra primeiramente o erguemos
habilmente osù que cobre a terra Rei que nasceu como o sol. Pai do Vermelho Rei que
nasceu como o sol. Pai do Vermelho Neste dia Doença, infermidade, sofrimento, tosse,
dificuldades, aflição suplico-lhe diariamente. Pai do Vermelho Rei do corpo suplico-lhe
rastejando Rei do corpo suplico-lhe diretamente. Pai do Vermelho
REZA DE OXUMARÉ
Òsùmàrè e sé wa dé òjò Àwa gbè ló sìngbà opè wa Ekun òjò wa Dájú e òjò odò Dájú e
òjò odò s'àwa Asè .
Òsùmàrè é quem nos traz a chuva nós a recebemos e retribuimos agradecidos é o
bastante a chuva para nós certamente vossa chuva é o rio Certamente vossa chuva é o
rio, para nós. Axé
REZA DE NANÃ
E kò odò, e kò odò fó E kò odò, e kò odò fó E kò odò, e kò odò fó E kò odò, e kò odò
fó Kò odò, kò odò, kò odò e dura, dura ní kò gbèngbè Mawun awun a ti jò n Saluba
Nana, saluba Nàná, saluba. Saluba Nana, saluba Nàná, saluba.
Encontro-lhe no rio, encontro-lhe no leito do rio Encontro-lhe no rio, encontro-lhe no
leito do rio Encontro-lhe no rio, encontro-lhe no leito do rio Encontro-lhe no rio,
encontro-lhe no leito do rio Encontro no rio, encontro no rio, encontro no rio
Esforçando-me para não afundar na travessia do grande rio Lentamente como uma
tartaruga trancada suplicando perdão Pantaneira Nàná Pantaneira Nàná
REZA DE OXUM
E nji tenú ma mi o Tenú màmà ya Ìyá Ibeji di Lógun Àyaba omi ro Ìbeji kòri ko jo
Àyaba ma pákútá màlà ge sá Iya mi yèyè ( Òsogbo/ Ipondá/ Opara/ Kare ) .
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Vós que gentomente me dá muitos presentes Calmamente sem aflição Mãe dos gêmeos
que vem a ser mãe de Lógun, Rainha das águas pingando Os gêmeos adornam vários
K'òrì sem queimar rainha me faz guisado em pequenas panelas deslumbrantemente
corta com espada Me encaminha mamãe querida de ( Òsogbo/ Ipondá/ Opara/ Kare )
REZA DE LOGUNEDE
4 Jagunjagun ninú òrisá, A síwájú ogun ninú òrisá, Ológún - ede oporilíka, Ológún gbà
mi o, Ológún a yan fírán bí ekùn, Lógún gba mí o, Ogbágbá, tií ngba ní lójó tó burú,
Baba gbá mi, ayan firán bí ekún, Baba gbá ní l'ójó tó burú, Opopo lepon, O mi rinrin
woja, A gba ní, ní ojó tó burú, Korokoró wo o, Eleró - odó oko, Afenu agada jowere
papa, O fenu agada re jowere papa, BáBá mi ní a fí ará jòlò, bí igí pàkó, Eyí báwùn ló
nyí, Bi á bá yí funfun lóni, A yí dudú lolá, Ologún gba mi o!
REZA DE OYÁ
E ma odò, e ma odò Lagbó lagbó méje O dundun a soro Balè hey.
Eu vou ao rio, eu vou ao rio Do seu modo encontrado nos arbustos reparte em sete Vós
que fala através do Dundun Tocando o solo te saúdo
REZA DE OBÁ
Òbà mo pe o o Òbà mo pe o o Sare wa je mi o Òbà ojowu aya xangô sare Wa gbo
adura wa o Eni n wa owò. Ki o fun ni owò Eni n wa ammo. Ki o fun ni omo Eni n wa
àlafià. Ki o fun ni àlafià sare wa je mi o.
Òbà eu te chamo Òbà eu te chamo Venha logo me atender Òbà, mulher ciumenta esposa
se Xangô, venha correndo. Ouvir a nossa súplica A quem quer dinheiro, dá dinheiro A
quem quer filhos, dá filhos. A quem quer saúde, dá saúde venha logo me atender.
REZA DE EWÁ
Pèlé ‘nbo Yèwá a níre o Pèlé ‘nbo Yèwá a níre o Òrìsà yin a ‘nbo Yèwá Yèwá a níre o.
Delicadamente cultuamos Yèwá por estarmos felizes delicadamente cultuamos Yèwá
por estarmos felizes Orixá estamos cultuando-vos Yèwá Yèwá estamos felizes.
REZA DE XANGÔ
Oba ìrù I' òkó Oba ìrú I' òkó Yámasé kun kò wà ira òje ( Aganju/ Ogodo/ Afonjà ) Ko
mà nje lekan Arà I' òkó Iáàyà Tobi fori òrisà Oba sorun alá alàgba òje Oba sorun alà
alàgba òje.
O rei lançou uma pedra. O rei lançou uma pedra. Iyámasse cavou ao pé de uma grande
árvore e encontrou ( Aganju/ Ogodo/ Afonjá ) vai brilhar, então, mais uma vez como
trovão Lançou uma pedra com força ( coragem ) O Grande Orixá do orum ( terra dos
ancestrais ) vigia. Rei que conversa no céu e que possui a honra dos Òje. Rei que
conversa no céu e que possui a honra dos Òje
REZA DE YEMONJA
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Yemonja gbé rere ku e sìngbà Gbà ni a gbè wí To bo sínú odò yin Òrìsà ògìnyón gbà
ní odò yin.
Yemanjá, traz boa sorte repentinamente retribuindo. Receba-nos e proteja-nos em
vosso rio. Cultuamo-vos suficientemente em vosso rio. Orixá comedor de inhames
novos, receba-nos em vosso rio.
REZA DE ORIXALÁ
Bàbá esà rè wa Ewa agba awo a sare wa A je àgutan A sare wa ewa agba awo Iba Òrisà
yin agba òginyòn
Pai dos Ancestrais. Venha nos trazer boa sorte Belo ancião do mistério, venha depressa
Comedor de ovelha venha depressa belo ancião do mistério Saudações Orixá escute-me
ancião comedor de inhame pilado.
REZA DE ÒRÚNMÌLÀ
Òrúnmìlà Ajànà Ifá Olókun A sòrò dayò Eléri ìpín Okìtìbírì ti npa ojó ikú dà Òrúnmìlà
jíre Lóni. Òrúnmìlà Ajànà Ifá Okókun .
Que faz o sofrimento tornar-se alegria O testemunho do destino O poderoso que protela
o dia da morte Òrúnmìlà você acordou bem hoje?
ORIXÁ JAGUM
Vamos agora aprender um pouco sobre o grande orixá Jagum, confundido também com
Omolu, afinal que santo é este?
Segundo as lendas e itans, conta-se que Jagun, era Guerreiro dos Exércitos de Obatalá e
que foi enviado às Terras de Omolú para lutar pela páz em nome de Oxalá. Por isso, ele
é cultuado em algumas nações como “Qualidade de Omolú”, por ter passado vários anos
em terras de Omolú. Trata-se de um Orixá Funfun, pois o culto a Jagun nasceu no Ekiti
Efon, por esse motivo Jagun é cultuado no Axé Efon como um Orixá separado de Omolú.
Antes dele ter ido para as terras de Omolú já existia seu culto no Ekiti, onde era sua terra
natal. Assim também conta seus itans que Jagun teve passagem não só nas terras de
Omolú, mas também nas terras de Ifé (Terra de Ogun) e Elegibô (Terra de Osagyan). Pela
ordem do meridilogun, Jagun responde no Odú Ejionilê (oitavo Odu) Odú regido por
Oxaguiã, Odú no qual também respondem outros Guerreiros Brancos como Ogun-Já e
Ajagunãn.
Pela ordem de chegada dos odus, o culto a Jagun nasceu no Odu Okaran. Os filhos de
Jágun, tem aparência jovem, são autoritários, arrogantes, guerreiros, justiceiros,
briguentos e agitados, fortes na adversidade, costumam fazer tudo à sua maneira, ouvem
conselhos dos outros, mas costumam seguir sua própria vontade…São pessoas
trabalhadoras, gostam de tudo rápido, exigem asseio, limpeza; são pessoas impulsivas;
pessoas de espírito livre; enjoam de tudo facilmente; são dados a paixões violentas e
passageiras, são curiosos, adoram viajar. Possuem grande proteção espiritual, boas
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um do outro. Aí que Jagun foi para as terras de Omolú, Já para as terras de Ifé Ogun, e
Ajagunã para as terras de Oxagyan. Mas mesmo assim, os três irmãos sempre estão juntos,
respondem um pelo outro, eles continuam a ser Guerreiros Brancos, ou seja, são
considerados Orixás Funfun, e sempre ligados a Obatalá, seus caminhos se cruzam…os
três irmãos Guerreiros continuam nas batalhas, sempre guerreando pela Páz. Deram essa
característica guerreira aos seus filhos. É por isso que o culto a Jagun foi assimilado ao
de Omolú, sendo que depois disso conta o Itan que ele viveu alguns anos nas terras de
Omolú e que lá encontrou uma linda mulher que também nao era das terras, mas estava
lá por outros motivos, e se apaixonou por ela, tiveram filhos e se amam até hoje, e essa
linda mulher era Yewá .
Lá, ele se juntou com o Orixá Osayn e passou a ser um grande curandeiro, e em tempos
de guerra ele cuidava dos guerreiros feridos com as porções e ervas mágicas que Osayn
o ensinou. Jagun teve uma trajetória muito grande e bonita nas terras de Omolú, mas
depois de anos retornou as terras do Ekiti-Efon, onde Oxun era rainha e Osagyan grande
gurreiro e protetor do palácio e cidade de Oxun. Conta-se também que Jagun foi às terras
de Osogbo, para destruir a cidade e buscar Oxun, pois Oxun tinha sua cidade onde era
rainha Ekiti Efon, entao por ordem de Olooke ele fui buscá-la. Depois disso tudo ter
acontecido, Jagun viveu anos nas terras de Omolu, Oxagyan trouxe Oxun de volta para
Ekiti-Efon, por isso muitos acabaram se equivocando ao falar que foi Oxagyan quem deu
as terras de Ekiti para Oxun, mas nao foi isso que aconteceu, ele apenas trouxe Oxun de
volta a terra onde ela nasceu e era dona junto com Olooke seu pai. Orixá Olooke vendo o
prejuizo que Jagun teve e o tempo que ficou em outras terras, por causa de seu pedido de
buscar Oxun, intitulou Jagun Olu Efon (Guerreiro senhor de Efon), para retribuir o tempo
que Jagun ficou afastado de sua terra que tanto amava (Ekiti – Efan). Orixá Jagun foi
muito confundido com o culto à Omolu e Obaluaye, e foi por esse motivo que muitos de
seus fundamentos se perderam, mas graças a Olorum e ao Axé Efón, está sendo resgatado
todos os preceitos e orôs..Jagun possui caminhos próprios, como Jagun Odé, Arawe,
Agaba e outros..Jagun um Orixá exclusivo do axé Efon, mas que foi migrado para as
terras de Gege Mahí e Ketú….Jagun é um lindo Orixá de grande valor no Axé Efón,
lembrando que o culto à Jagun no Efón (efan) é separado de Obaluaye.
Aqui vamos relacionar alguns caminhos de Jagum:
Jagun Arawê, ligado a Ossayn e Oxaguian.
Jagun Igbonan, ligado a Ayrá,Oya e Obá
Jagun Algbá, ligado a Exú, Oxaguian, Oxalufan e Oxun Yeye Ayalá
Jagun Odé, ligado a Odé Inlé, Ogun Jáe todos os caçadores.
Jagun Agbá funfun, ligado a Oxalufan, Iyemanjá e Oxun.
Jagun Seji Onan ou Ajoji, ligado a Exu e Ogun Suas folhas: Akoko, algodão, saiao
fortuna. folha de obi, folhas de iroko , folhas oguegue e todos folhas de Oxalá
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simbólico está o campo onde atuam, por exemplo, citemos a linha de trabalho denominada
Pomba-gira Maria Molambo da Lixeira, ali está implícito que os nomes molambo e lixeira
é só uma forma simbólica de mostrar o campo de atuação desse mistério, que é os
sentimentos negativos de frustração que anularam a vontade de viver das pessoas que
passaram a vivenciar esses sentimentos em seus íntimos e desistiram da vida.
Essa Pomba-gira que trabalha com esse mistério, atua desestimulando esse sentimento de
anulação total da vida, recolhendo-os em seus campos para que possam ser diluídos e em
contrapartida atua com a sua energia estimuladora do amor à vida, despertando o ser de
seu recolhimento e estimulando nele o desejo de viver e buscar o seu crescimento
espiritual. Exu e Pombo-Gira são Divindades de Deus/Olorum e não devemos tentar
compreendê-los segundo nossa concepção de negativo ou ruim, são Divindades de muita
luz que apenas lidam com os aspectos negativos dos seres e das criaturas geradas por
Deus. Se estamos positivos, Eles se mostram luminosos e se estamos negativos, ele se
mostra segundo ao padrão vibratório negativo ou monocromático, pois não conseguimos
enxergar as suas luzes devido ao nosso estado íntimo, ou seja, em espírito o padrão de
visão é outro, pois se na matéria enxergamos algo devido a luz que esse algo emite, em
espírito enxergamos a luz de algo a partir de nosso padrão vibratório intimo positivo, pois
caso estejamos intimamente negativo, tudo sê-nos mostra escuro e ausente de Deus
/Olorum que é Luz Pura.
O CULTO AO ORI
ORI em iorubá significa CABEÇA. O Ori está acima dos Orixás, pois nenhum Orixá,
nem mesmo Olodumare atenderá um pedido do ser humano, que não tenha sido
autorizado por seu Ori. Conta a lenda que os Orixás e Ancestrais se rebelaram, querendo
ter os poderes e a sabedoria do Deus supremo. Como mensageiro nomearam Exu, que
levou as reivindicações a Olodumaré. Este lhes enviou um poderoso obi, e, orientado por
Ifá, determinou que após deixá-lo a noite inteira numa encruzilhada, os Orixás e
Ancestrais deveriam tentar parti-lo para mostrar seu poder.
Ori era apenas uma pequena bola, que não possuía sequer um corpo para se apoiar, e
ninguém o respeitava. Para conseguir partir o obi, procurou Ifá, que o aconselhou a fazer
uma oferenda para os Odus, para conseguir a força de todos eles. Além disso deveria
espojar-se na poeira do chão por algumas horas. No dia seguinte todos já estavam
preparados para tentar partir o obi, quando chegou Ori, espojando-se na poeira. Um a um
os Orixás foram fracassando na tentativa, pois o obi era muito forte e resistente. Ori se
apresentou e, como última opção, deixaram-no tentar. Com seu peso caiu sobre o obi, que
se partiu em seis gomos. Todos ficaram muito felizes. Olodumaré, ao receber a notícia,
imediatamente enviou uma linda almofada, onde Ori se instalou. Dessa forma Ori ganhou
um corpo para sustentá-lo. Orixás e Ancestrais exclamaram: ORI APERE! A partir desse
momento, Ori nasceu. Passou a ser dotado de Iwa, a existência, dada por Olodumaré,
como prémio por ter sido o único a conseguir partir o fruto-ventre.
ORÍ – CABEÇA FISICA E ESPIRITUAL
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As 401 divindades procuravam por um estado de perfeição, e foram procurar Ifá para
fazer a adivinhação para eles, através do Jogo Ifá previu que eles fizessem ebó
(sacrifícios) nenhuma das divindades quiseram fazer, só quem fez foi ORI, e seu sacrifício
foi abençoado. Portanto ORI é mais forte que as divindades, somente ORI chegou no
estado de perfeição.ORI é forte, mais que os orixás. Para qualquer Yorubá, a palavra ORI
tem uso amplo. ORI num primeiro momento quer dizer cabeça; e simboliza também - o
ápice de todas as coisas; o mais alto desempenho, portanto contém o superlativo, ou seja,
o Zênite. Por exemplo, a cabeça é a parte mais alta e mais importante do corpo humano,
é a moradia do cérebro que controla o corpo inteiro. O líder ou chefe de qualquer
organização é referido como "Olóri" (a cabeça), ORI é cabeça, cabeça é alta, alto é
supremo e o ser supremo é ÔLÔDUMARÊ (Deus maior). No corpo humano ORI se
subdivide em duas colocações:
1) CABEÇA FISICA - é o crânio humano, onde está o cérebro que usamos para o
pensamento e controle das outras partes do corpo; consciente ou inconsciente; os
olhos para tudo ver; o nariz para respirar e cheirar; orelhas para ouvir; a boca para
alimentar e falar; a língua para saborear; nossa essência masculina ou feminina
está na cabeça, o rosto que dela faz parte nos distinguem uns dos outros,
imprimindo uma identidade individual; sem a cabeça o homem e mulher seriam
como qualquer "X".
APARI INÚ é de caráter individual, uma pessoa poderia chegar a terra com bom
destino, mas, sem boa conduta; A maldade da cabeça espiritual interna danificará
definitivamente o bom destino, o inverso também acontece. Porém o "destino"
pode ser modificado, numa certa medida, quando certos segredos são conhecidos,
dentro de um contexto e conhecimento da Teologia Yorubana. Contudo ORÍ é o
mais importante entre as divindades. Na ordem de importância - o primeiro é Orí;
o segundo é a mãe, e se ela tenha morrido, seu espírito; em terceiro lugar é o pai,
e se tenha morrido, o seu espírito; em quarto lugar, IFÁ e a seguir, seu orixá e as
outras divindades. Ser humano - somatória - O Criador, o procriador, procriadora
e ser procriado.
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ORI-ALMA E PERSONALIDADE
Ori tem a propriedade de ser controlador. Além de guiar a vida, comanda todas as
atividades, físicas ou não. Ele armazena em um só local todas as informações
necessárias para a existência do homem. Nele encontramos o Asé (força) que
forma a personalidade do ser e faz com que cada um pense e haja de forma
diferente. Ori guarda todas a s chaves para o êxito da vida do homem, ou seja,
inteligência, bons pensamentos e memória. Estas são qualidades do homem que
integram Ori. Ori tem a função de gestar o Asé do homem, ou seja, ele amadurece
todos os Pensamentos, transformando-os ou aprimorando toda e qualquer idéia
que passe Por ele.
Ori é independente do ser (corpo físico) e embora esteja ligado a ele, suas funções
comandam todas as outras. Ori recebeu três coisas essenciais para sua existência:
A preparação para a vida na Aiye (terra) A preparação para a Iku (morte) e A
preparação para a vida no Orum (céu) Isto possibilita que no Aiye exista a união
Ori + Ara (corpo + cabeça). Mas atenção: mesmo que haja separação, no caso de
morte, Ori nunca morre. No caso de morte, Ori e Eledá (alma) se juntam e, caso
necessário, realizam rituais como: Asese (vigília): para que possa haver a
separação; Orisá Olori (senhor da Cabeça) e Ori, para que a alma ou o espírito
possa seguir seu caminho no Plano astral. Por ser uma parte concentradora de
energias benéficas e maléficas, deve-se ter todo cuidado ao deixar o Ori na mão
de estranhos, mesmo que seja para Um simples carinho ou ritual.
1° Ebó
Este primeiro ebó que antecede o ritual de Ebori damos o nome de Tóya Kóssi
que se destina a remover doenças, pragas, feitiçarias, Baku, Egun, e outras
energias de ordem negativa.
MATERIAL:
MODO DE FAZER
2° Ebó
MATERIAL
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MODO DE FAZER
1° Banho
SACO-SACO, FUNCHO E ELEVANTE COZIDOS. (Após primeiro ebó) Dia
anterior ao bori.
2° Banho-PAU D’ALHO . (Após segundo ebó) No dia do bori pela manhã).
Pegue uma panela de barro coloque em sua frente, passe em todo o corpo 9 ovos, e as 9
cebolas, coloque dentro desta panela e cubra com dendê, em seguida coloque a peneira
na boca desta panela e derrame o mel, e peça as forças da Terra que tire tudo de ruim de
sua vida, ebo, feitiços, olho grande e queimação, e que seus inimigos não possam lhe
enxergar. Este ebo será feito em local de mato queimado e/ou seco, e que tenha
formigueiro perto, então cubra com o morim branco, e ao chegar em casa tome banho
com sabão da costa e/ou sabão de coco.
Após o Ebó prescrito acima se aconselha a fazer o seguinte banho abaixo:
BANHO FORTALECER ORI
MODO DE FAZER:
Pegue água de coco verde, quine dentro de uma vasilha com folhas de algodoeiro,
elevante, e tome este banho várias vezes sempre ao amanhecer, antes tome banho com
sabão da costa e/ou sabão de coco, após feito isto tome banho com as ervas, logo a
seguir coloque um akasa em sua cabeça e amarre com um morim branco e fique pôr
duas horas, depois leve em um jardim e coloque em baixo de uma arvore.
BANHO FORTALECER ORI
MODO DE FAZER:
Pegue água de coco verde, quine dentro de uma vasilha com folhas de algodoeiro,
elevante, e tome este banho várias vezes sempre ao amanhecer, antes tome banho com
sabão da costa e/ou sabão de coco, depois de feito isto tome banho com as ervas, logo a
seguir coloque um akasa em sua cabeça e amarre com um morim branco e fique pôr
duas horas, depois leve em um jardim e coloque em baixo de uma arvore.
Maneira de Fazer: Fazer um buraco na abóbora, colocar o resto das coisas, depois de
passadas no corpo. Tapar a abóbora, amarrar com fitas. Entregar a OYÁ ONIRA no alto
de um morro, às 18:00 ou 24:00 horas, acender e pedir tudo de bom.
EBÓ PARA RESOLVER PROBLEMAS DIFICEIS
Material Necessário: 2 Acaçás Brancos 2 Ovos Brancos 2 Quiabos 2 Moedas 2 Conchas
1 Oberó
Maneira de Fazer: Passa-se tudo no corpo e coloca-se num Oberó, colocar bastante mel
e arriar numa praça e pedir a MEGE ou MEGIOKO ( QUE SÃO ODUS) que traga tudo
de bom e em dobro. Este Ebó tem que ser feito com 2 pessoas, acompanhadas de duas
crianças.
PARA DESCOBRIR UM ORIXÁ QUE NÃO APARECE NO JOGO
Colocar um Obi com uma moeda corrente dentro de uma folha da costa (saião) e
colocar 3 noites debaixo do travesseiro da pessoa. Retornar ao jogo após o rito.
OFERENDA PARA OXÁLA - PROSPERIDADE
Local: Dentro de Casa
Horário: Diurno
Dia da Semana: Sexta-Feira
Material Necessário:
01 Tijela branca e 16 Acaçás
Modo de Fazer: Colocar na tijela branca 16 acaçás, pedindo a OXALÁ ajuda e melhoria
de vida, colocar em cima do telhado, pedindo que OXALÁ o ajude e leve-o o alto AXÉ.
EBÓ PARA ATRAIR CLIENTES
Local: Terreiro de Candomblé.
Horário: O que lhe melhor lhe convir.
Dia da Semana: Terça, Quarta ou Quinta-Feira.
Material Necessário:
02 kilos de Milho Vermelho - 07 Moedas - 01 Omolocum - 09 Acarajés e 01 Ajebó.
Modo de Fazer: Colocar dois quilos de milho no fundo de uma panela. Colocar sete
moedas. Sair pela manhã antes do sol nascer, fazer a volta jogando pela rua, e gritar por
OGUN, entrar no,portão, tirar as moedas e colocar no jogo. Arriar um Omolocum para
OXUN e nove acarajés para YANSAN, após vinte e um dias dar um Ajebó para
XANGÔ, dentro de casa, com nove moedas, colocar no canto do quintal, as moedas
colocar no jogo.
OFERENDA AO ORIXÁ OLOGUNEDÉ
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Material: Milho vermelho; Feijão fradinho; Azeite de dendê; Cebola; Camarão seco
socado; 1 Alguidar; 1 inhame; ovos cozidos; coco; mel de abelhas.
Modo de fazer: Cozinha-se o milho vermelho só em água. Separado, cozinha-se o feijão
fradinho, também só em água. Refoga-se o feijão fradinho com azeite de dendê, cebola
ralada e camarão seco socado. Coloca-se o feijão em uma metade do alguidar e, na
outra, o milho vermelho cozido. Frita-se o inhame e coloca-se por cima em fatias, em
volta, enfeita-se com ovos cozidos em rodelas, fatias de coco. Pede-se o que se quer e
oferece-se ao Orixá Logun Edé.
EBÓ EXU ONÃ
Miamí(=farofa) Prato de barro grande;
Velas brancas;
kg de farinha de mandioca crua (grossa);
Mel;
Azeite de dendê;
Pinga; água.
Lavar o prato de barro com água e mel. Fazer uma farofa, misturando a farinha e o mel,
deixando-a seca e soltinha (não vai ao fogo). Coloque essa primeira farofa no canto do
prato, de comprido. Faça a segunda farofa usando dendê, procedendo da mesma forma.
Coloque no prato de barro ao lado da primeira farofa, tomando cuidado para não
misturar uma com a outra, e deixando espaço para colocar as outras duas farofas. Faça a
farofa de pinga, colocando ao lado das outras duas. Por último, a farofa com água. Ao
todo são quatro farofas com mel, dendê, pinga e água. Não exagere na dose desses
ingredientes, para que as farofas fiquem soltinhas. Obs.: Em algumas nações, faz-se
apenas três farofas, sem utilizar o mel. Oferecer o padê, sempre antes de se fazer uma
comida para outro orixá. Leve as farofas na boca da mata, em porteiras (não coloque na
entrada de cemitérios), ou no cruzamento de caminhos. Acender uma vela ao lado do
Miami (essa vela não precisa ser preta ou vermelha), para localização. Faça pedidos de
caminhos abertos, prosperidade, fertilidade, evolução, e tudo o que você estiver
precisando. Nunca peça pela morte.
ALUÁ DE ODÉ
1 kg de milho;
1 quartilhão médio;
200 g de gengibre;
Açúcar mascavo.
Torre a metade do milho, não deixando estourar, apenas queimar.
23
As duas metades devem ser colocadas dentro do quartilhão com água e um pouco de
açúcar. Deixe fermentando, com o pote tampado, por mais ou menos dez dias. Ninguém
pode mexer.
No final do processo, passe tudo num coador. Adicione açúcar a gosto e gengibre
amassado. O aluá é uma bebida gostosa e refrescante.
Ofereça essa bebida dentro de um cantil feito de couro de boi ou búfalo. Coloque num
galho de árvore, não muito alto, dentro da mata.
MANDIOCA COM FOLHAS DE FUMO PARA OSSAIYN.
1 alguidar grande;
Velas brancas;
14 pedaços de mandioca médios;
14 pedaços de folhas de fumo;
Azeite de oliva;
Sal.
Descasque e cozinhe os pedaços de mandioca, tomando o cuidado para não amolecerem
demais. Lave as folhas de fumo e enrole cada pedaço, que já deverá estar frio.
Lave o alguidar em água e mel. Arrume a mandioca, enrolada por cima, de maneira
harmoniosa. Regue com azeite e bastante sal.
Essa receita não é para se comer porem não poderia deixar de citá-la por pertencer a uma
entidade de grande importância ao culto dos Orixás, pois por ser uma entidade muito
especial com elas não dividimos as comidas.
misturando de forma que fique somente mal passada, deixar esfriar, colocar em uma
vasilha de barro e estará pronto.
COMIDAS DO ORIXÁ OMOLU
Anderé ou andereza
Material necessário:
1 kg de farinha de mesa, 500ml de azeite de dendê, 500g de camarão seco triturado,
5cebalas grande raladas ou triturado, água o suficiente, sal a gosto.
Modo de preparar:
Refogar a cebola e camarão em azeite de dendê e depois de bem frito, colocar quantidade
de água o suficiente para jogar a farinha e fazer um pirão bem durinho, de forma que a
massa sirva para depois fazer uns bolinhos compridos enrolado nas mãos colocar em uma
vasilha de barro deixar esfriar e estará pronto.
• Ewa Dudu ti Omolú
Material necessário.
1 k de feijão preto, 500g de milho vermelho, 300g de camarão, 500ml de azeite de dendê,
3cebolas grandes descascadas moídas ou trituradas, sal a gosto.
Modo de preparar:
Cozinhar o feijão de modo que não fique muito mole. Deixar secar a água, e se ainda tiver
muito caldo, escorrer um pouco para que fique bem sequinho, depois refogue com dendê
o camarão, as cebolas e sal a gosto, cozinhe o milho em água e sal até ficar bem cozido e
mistura com cuidado sem deixar quebrar muito o feijão, coloque em uma vasilha de barro
deixe esfriar e está pronto. Oferendas para Ossanhe
IPÉTÉ DE OSSAIM
1 Kg. De batata doce, 2 cebolas grandes, 300 g. de camarão seco, 250ml de azeite de
dendê, uma pitada de sal e um pedaço de fumo de rolo.
Modo de preparar:
Descascar a batata doce, cozinhar em água pura, depois de cozida, amassar como um
purê. Depois despejar em uma vasilha à parte o dendê deixar ficar bem quente refogar a
cebola ralada ou triturada juntamente com o camarão e o sal, quando tiver bem frito
misturar na massa de batata doce, até que fique uniforme. Depois colocar numa vasilha
de barro deixar esfriar, e depois enfeitar
em volta da comida os pedacinhos de fumo de rolo destorcidos.
• Ebo ti ossanhe
Material necessário:
2 k de milho branco (milho de canjica) e água.
Modo de fazer:
28
Cozinhar o milho branco em água pura em fogo brando deixar secar ou se sobrar muito
caldo escorrer, deixar esfriar, colocar em vasilha de louça branca e está pronto.
COMIDA DO ORIXÁ OXUMARÊ
Material necessário:
2 kg de banana da terra, 1 l de dendê.
Modo de preparar:
Descascar a banana, cortar em tiras, fritar em azeite de dendê bem quente, deixar esfriar,
colocar em uma travessa de barro e está pronto.
• Ewa ti oxumarê
Material usado:
1 kg de feijão fradinho, um KL de farinha de mesa, 500ml. de azeite de dendê,2 cebolas
grandes, camarão seco e triturado, e sal.
Modo de preparar:
Cozinhar o feijão fradinho em água o suficiente para a quantidade deixar quase secar em
fogo brando deixando os grãos o mais que poder inteiro. Depois fazer a parte um refogado
de azeite de dendê, camarão, e cebola, sal a gosto bem solta depois com cuidado misturar
com o feijão fradinho sem caldo sem deixar quebrar muito o feijão. Deixe esfriar.
Oferendas para nanã
EBÓ YÁ- YEMANJA - NANÃ
Material usado.
1 KL de milho de canjica branco, 500ml de azeite de dendê, 300g de camarão seco, sal a
gosto, duas cebolas grandes raladas ou trituradas.
Modo de preparar:
Cozinhar o milho branco em água o suficiente para secar sem deixar queimar.
Depois de cosido fazer a parte um refogado de azeite de dendê, cebola, camarão seco e
sal a gosto, misturam com o milho, até que esteja completamente envolvido no refogado.
Deixar esfriar, colocar em uma vasilha de barro ou louça e este pronto. Oferendas para
Nanã
• Dóbóró ti Nanã
Material necessário:
2 k de feijão fradinho, 500ml de dendê, 2 cebolas grandes descascadas e trituradas ou
raladas,300g de camarão seco triturado,sal a gosto.
Modo de preparar:
Colocar de molho o feijão depois de escolhido devidamente, algumas horas antes de
descascar. Depois descascar um a um retirando o olho do feijão e a película que envolve
29
o grão. Levar o refogado ao fogo de dendê, cebola e camarão, depois misturar com
cuidado o feijão no refogado para que não se separe a banda, e não quebre o feijão
mexendo lentamente com a colher de pau. Deixar esfriar colocar em vasilha de barro ou
louça e estará pronto.
COMIDAS DO ORIXÁ XANGÔ
• Amalá ti Xangô Elubó
(elubó é um pirão feito da farinha de inhame kará ou do norte como é conhecido em
alguns lugares é usado na Nigéria até os dias de hoje)
Material necessário:
3 kg de quiabos bem verdes e sem estar duro,400g de camarão seco triturado ,3 cebolas
grandes raladas ou triturada,sal , 500ml de azeite de dendê e uma raiz de inhame kará.
Modo de preparar:
Cortar o quiabo em forma de cruz e depois picar bem miudinho, separando 12 ou 6
quiabos inteiros para cozinhar junto com o restante do quiabo.Depois colocar uma caneca
com água bater bem o quiabo até espumar, depois colocá-lo no fogo brando juntamente
com o camarão e as cebolas devidamente raladas ou trituradas o dendê e sal a gosto. Ir
colocando água fervente aos poucos até cozinhar o quiabo, *para quem gosta com mais
baba basta acrescentar a água fervente. Cozinhar paralelamente o inhame cortado e
descascado em água ,depois de cozido esfarelar com as mãos em forma de farofa , forrar
o fundo da gamela com esse ingrediente e jogar o amalá de quiabo pó cima .Em seguida
coloque os quiabos enfeitando o amalá por cima de forma que as cabeças se encontrem
formando uma coroa (representando a força de xangô,pois quando junta-se as 12 cabeças
estamos invocando as 12 forças de Xangô e com seis estamos invocando as 6 forças
,porem se o amalá não for grande não e aconselhável colocar os doze , e com o restante
da massa de inhame fazemos 12 ou 6 bolas colocando em cima do amalá intercalando
com os quiabos.No Brasil se usa também este mesmo método do pirão e das bolas feitas
com arroz branco e empapado,e na Nigéria se prepara essa farinha de duas formas ,do
jeito que expliquei e deixando os inhames que são usados no ritual de Oxalá ficarem secos
e duros( Fazendo um ritual que não posso revelar) depois de ficar bem duro pila o inhame
e faz-se a farinha para ser usada como expliquei acima.
• Amalá ti eram (Para Xangô)
Material necessário:
3 a 4 quilos de quiabos 5 a 6 cebolas raladas e trituradas, 500 g camarão secos.
600ml de azeite de dendê 1 quilo de carne (peito) sal a gosto 12 ou 6 quiabos cozidos
juntamente com o restante cortado em forma de cruz bem miudinho.
Modo de preparar:
Corta a carne em cubos grandes, refogar com um pouco de azeite cebola bem dourada,
dourar bem a carne nesse refogado e cozinhar até que fique mole em pouca água e quando
estiver no ponto jogar os quiabos devidamente cortados em forma de cruz e os inteiros
30
junto e deixar cozinhar em fogo brando acrescentando a água fervente o necessário para
cria r a baba a gosto de cada um. Colocar em uma gamela e está pronto o amalá.
COMIDAS DO ORIXÁ OYÁ/YANSÃ
Acarajé
Material necessário:
3 kg de feijão fradinho, 4 cebolas raladas ou trituradas grandes raladas ou trituradas, sal
e 2 l de azeite de dendê.
Modo de preparar:
Triturar o feijão com o moinho ou se pouca quantidade quebrar no liquidificador ,depois
lavar em água corrente dentro de uma peneira até separar toda as películas do feijão ou
colocar de molho o feijão fradinho depois de algumas horas descascar um a um separando
da mesma maneira a película do feijão.Depois moer o feijão fazendo assim uma massa
juntamente com a cebola bater a massa até que tome a consistência de uma massa de bolo
bem clara colocar sal a gosto e deixar descansa a massa ,enquanto ferve o dendê em uma
frigideira bem quente e forma com a colher de pau os bolos do tamanho da colher que
preferir usar e feitá-lo em azeite bem quente ,colocar em uma vasilha de barro deixar
esfriar e esta pronto.
• Amalá para Oia
Material necessário:
3 a 4 quilos de quiabos verdes, retirando os que estiverem duros, 600ml de azeite de
dendê, 400g de camarão seco 4 cebolas g descascadas trituradas ou raladas ,sal a gosto.
Modo de preparar:
Lavar escorrer os quiabos depois corta-los em rodelas bem finas bater até criar bolhas por
no fogo refogando com cebolas trituradas e camarão e azeite deixar cozinhar
acrescentando água fervente e sal a gosto ,depois colocar em uma gamela deixar esfriar e
esta pronto. Oferendas para Oba
• Acarajé
Material necessário:
3 kg Feijão fradinho, 2 l Azeite de dendê , 4 cebolas grandes raladas ou trituradas, sal a
gosto ,1 coco ralado.(serve coco pronto, comprar o coco, quebra e ralar.)
Modo de preparar:
Quebrar ou triturar o feijão fradinho,lavar até separar a película do feijão, depois moer
juntamente com as cebolas fazendo assim uma massa,colocar sal a gosto e bater com uma
colher de pau até obter uma massa igual a de um bolo.Deixar descansa por alguns minutos
depois ponha o azeite para ferver em uma frigideira e com bastante volume de azeite
dendê de para que não queime, faca os acarajés em uma colher de pau de tamanho médio
e coloque na frigideira e quando estiver frito antes de virar por no meio um pouco de coco
31
ralado cobri com a própria massa ajeitando com a colher e depois virar para que frite do
outro lado.Ponha em uma vasilha de barro deixe esfriar e esta pronto..
COMIDAS DE OBÁ
Material necessário:
2 k de feijão fradinho, 500g de camarão seco, 600ml de azeite dendê, 4 a 5 cebolas grandes
descascadas, trituras ou raladas ,sal a gosto.
Modo de preparar:
Cozinhar o feijão em água até ficar cosido sem estar desmanchado, deixar secar em fogo
brando. Se ficar com muito caldo retirar e colocar a parte, caso precise usar .Depois de
cozido refogar com o azeite de dendê ,cebolas raladas e camarão deixar cozinhar por
algum tempo até adquirir o sabor do tempero, colocar sal a gosto deixar esfriar colocando
em uma vasilha de louça e estar pronto.
COMIDAS DE EWÁ•
Material necessário:
1 kg de feijão fradinho, 1 coco, 500 ml azeite de dendê, sal, 1 cebola grande ralada ou
triturada, um coco descascado e fatiado em tiras.
Modo de preparar:
Torrar o feijão previamente molhado e escorrido em água e sal. Torrar em uma vasilha
de barro que vá ao fogo e em fogo de carvão, depois fazer um refogado de azeite de dendê,
camarão e cebola e quando estiver bem frito misturar o feijão e o coco em fatias para que
obtenha uma cor homogenia em todo o material. Deixar esfriar colocar em vasilha de
barro ou louça de acordo com seu costume e está pronto.
• Acarajé ti Ewa
Material necessário:
2 kg de feijão fradinho, 4 a 5 cebolas descascada raladas ou trituradas, sal a gosto, 2 l de
azeite de dendê.
Modo de preparar:
Quebrar ou triturar o feijão ainda seco, depois lavar em uma peneira embaixo de água
corrente até separar a película da massa do grão do feijão, ou para quem não sabe colocar
o feijão de molho por algumas horas depois descascar, separando a película do grão e
triturar o feijão descascado ou quebrado formando assim uma massa misturada com a
cebola triturada junto ou separadamente da massa conforme o costume de cada um,bater
bem a massa colocando sal a gosto depois que ela ficar bem clarinha, deixar descansa por
algum tempo e depois colocar pouco a pouco em uma colher de pau uma quantidade de
massa que forme bolinhos de tamanhos médios pondo para fritar em azeite de dendê bem
quente. Depois arrumar em uma vasilha de barro e está pronto. Oferendas para Logun-
édé
• Axoxó ti ómólokum
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Material necessário:
1 kg de feijão fradinho, 400g de camarão seco triturado, 4 cebolas grandes raladas ou
trituradas 500 ml de azeite de dendê, sal a gosto 6 ovos cozidos e sem estarem feridos
depois de descascados,1 kl de milho vermelho,1 coco, sal a gosto.
Modo de preparar:
Cozinhar o feijão fradinho em água até ficar quase seco, depois refogar com azeite de
dendê, camarão seco pilado ou triturado, cebola e sal a gosto, depois misturar o refogado
no feijão fradinho
e ir acrescentando aos poucos o azeite de dendê até que fique cozido e pegue o gosto do
tempero. Segunda etapa, cozinhar em água e sal o milho vermelho (mais conhecido como
milho de galinha) depois de cozido escorrer e deixar esfriar. Pegar uma vasilha de louça
colocar no lado esquerdo a vasilha o feijão já pronto e frio e na mesma vasilha do lado
direito colocar o milho já pronto e frio de forma que fique arrumado uniformemente.
Depois em cima do feijão colocar os ovos cozidos descascados sem estarem feridos e
frios com a ponta mais fina virado para baixo, e colocar o coco cortado em tiras em cima
do milho arrumado uniformemente. Depois de frio está pronta.
PREPARO DE PEIXE PARA ORIXÁ OLOGUNÉDE
Material necessário:
1 Peixe dourado ou namorado grande,1 litro de dendê ,4 cebolas grandes raladas ou
trituras descascadas,500g de camarão graúdo seco, sal a gosto.
Um peixe Namorado ou dourado grande, escamado e limpo sem ser cortado, sem retirar
as barbatanas, retirando além das escamas a parte interna as vísceras. Depois lavar bem
lavado. Fazer uma mistura de cebola ralada com camarão seco, rechear o peixe esse
tempero e passar o resto desse tempero em todo peixe colocá-lo em uma assadeira sem
dobrado sobre algumas rodelas de cebolas cruas para não agarrar na assadeira pegar um
copo americano com água e sal para regar o peixe inteiro e depois regar com o azeite de
dendê de acordo com o tamanho do peixe, levar ao forno deixar assar ,depois esfriar é
retirado da assadeira e colocado em uma bela travessa. E está pronto.
COMIDAS DO ORIXÁ YÁ OXUM
• Ómólokum
Material necessário:
2 kg de feijão fradinho catado, 6 cebolas grandes brancas raladas ou trituradas ,500g de
camarão seco ,600ml de azeite de dendê , 5,8,16 ou 21,ovos cozidos e descascados sem
feri-los e quantidade é conforme a necessidade e de acordo com a quantidade de
feijão,sendo assim se tomamos por base 2 kl de feijão fradinho usaremos 8 ovos que é o
mais comum.
Modo de preparar:
Cozinhar o feijão fradinho com água até que fique cosido sem estar muito quebrado, ou
seja, ao ponto, depois fazer um refogado a parte com dendê, camarão e cebola e misturar
33
no feijão mexendo com uma colher de pau acrescentar + azeite de dendê e camarão se
necessário provando para sentir o sabor e sal colocado a gosto.Deixar esfriar colocar em
uma vasilha de louça e depois colocar por cima os ovos cozidos com a ponta mas fina do
ovo para cima e com cuidado com uma colher menor pingar azeite de dendê sobre os
ovos.E estará pronto.
• Abara ti Oxum
Material necessário:
2 kg de feijão fradinho, 500ml de azeite de dendê, 4 cebolas g raladas ou trituradas,300 g
de camarão seco triturado ou pilado,3 folhas de bananeiras retirada do caule e queimada
no fogo no sentido de murchar ,cortadas em pedaços o suficiente para enrolar a massa
.(aconselho as pessoas que peça a alguém com experiência para ensinar ou enrolar a
folha.)
Modo de fazer:
Quebra e lavar o feijão para separa-lo da película ou deixar de molho algumas horas e
descascar um a um se a quantidade for pouca, depois triturar o feijão juntamente com as
cebolas já raladas ou trituradas e o camarão triturado e misturado na massa ou juntamente
com o dendê o suficiente pata dar sabor e dar liga a maça .Depois enrolar a massa as
poucos nas folhas em forma de triângulos que assim se torna um recipiente em forma de
cone dobrando as pontas para dentro para flechar o cone ,cozinhando assim em vapor ou
em banho Maria .Depois de seca a maça estará pronta.
COMIDAS DE YOMONJÁ
• Ebo Iya
Material necessário:
2 kg de milho branco (milho de canjica), sal a gosto, 250ml de Azeite de Dendê, 2 cebolas
brancas raladas ou trituradas,300g de camarão seco triturado.
Modo de preparar:
Cozinhar o milho branco em água, e em fogo brando, quando estiver cosido se tiver muita
água escorre o suficiente, depois fazer um refogado de azeite camarão e cebola misturar
levemente com o milho, deixar esfriar colocar em uma vasilha de louça e está pronta.
• Mumú ti Iemanjá
Material necessário:
1k de milho branco, 1k de arroz branco, cebola descascadas trituradas ou raladas, um uma
colher de sopa de banha de orí (gordura vegetal de origem africana.) sal a gosto.
Modo de preparar:
Cozinhar o milho branco bem cozido depois de catado e escorrer, em outra vasilha
cozinhar o arroz em bastante água e depois de cozido escorrer e lavar em água corrente.
Fazer um refogado de cebola e banha de orí sal a gosto e refogar cada um separadamente
34
depois colocar em uma única vasilha as duas comidas ocupando a metade da vasilha com
cada uma das comidas. Deixar esfriar e está pronto.
.
Modo de preparar:
Descascar o inhame cortar e cozinhar depois de cozido escorrer a água e amassar até se
torne uma massa como um purê formar 8 bolas grandes com as mãos colocar em uma
travessa de louça branca deixar esfriar e está pronto.
• Acaçá
1 kg de farinha de acaçá, (vendida em alguns estados do Brasil, farinha feita de milho de
canjica.) ou 1 k de milho, folhas de bananeira murchada no fogo.
Modo de preparar:
Moer o milho devidamente de molho de um dia para o outro e assim fazer a farinha de
milho branco ou comprar a farinha já pronta nos estados que venderem, fazer um mingau
razoavelmente grosso e bem cozido, depois retirar a folha de banana do talo e mocha na
quentura do fogo, cortar as folhas com a faca em quadrados de mais ou menos 15cm por
15cm dobrar em forma de triangulo como se fosse um copo triangular encher com a massa
de farinha ainda quente fechar e dobrar a pontas para baixo. Quando esfriar a massa vai
e ata com a forma do cone, colocar em uma travessa de louca branca e estará pronto.
COMIDAS DO ORIXÁ OXALÁ
• Ebó
Material necessário:
2 kg de milho branco, (milho de canjica), uma panela bem limpa aonde não se cozinha
dendê e água bem limpa.
Modo de preparar:
Catar e cozinhar o milho somente os bem branquinhos colocar para cosinhar em fogo
brando até que fique bem cosido, e quase seco sem agarrar no fundo se tiver com muita
água deixar escorrer um pouco pôr em uma vasilha de louça branca deixar esfriar e
quando estiver bem frio estará pronto.
• Acaçá ti Oxalá
1 kg de farinha de acaçá, (vendida em alguns estados do Brasil, farinha feita de milho de
canjica) ou 1 kg de milho, folhas de bananeira murchada no fogo.
Modo de preparar:
Moer o milho devidamente de molho de um dia para o outro e assim fazer a farinha de
milho branco ou comprar a farinha já pronta nos estados que venderem, fazer um mingau
razoavelmente grosso e bem cozido, depois retirar a folha de banana do talo e mocha na
quentura do fogo, cortar as folhas com a faca em quadrados de mais ou menos 15cm por
15cm dobrar em forma de triangulo como se fosse um copo triangular encher com a massa
de farinha ainda quente fechar e dobrar a pontas para baixo. Quando esfriar a massa vai
e ata com a forma do cone, colocar em uma travessa de louca branca e estará pronto.
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1 - FAVA DE ABRE-CAMINHO
2 - BEJERECUM
3 - FAVA DE EXÚ
4 - GARRA DE EXU
5 - FAVA DE OBALUAYE
6 - DANDA DA COSTA
7 - IKIN
8 - FAVA DE OGUM
9 - FAVA TONCA
10 - FAVA DE JATOBA
11 - OROBO
12 - FAVA DE XANGO - ALIBÉ
13 - PIXURIN
14 - AMENDOIM
15 - COCO DO DENDE
16 - NOZ NOSCADA
17 - ATARÉ
18 - FAVA DE IANSÃ
19 - ARIDAN
20 - FAVA DE OXALÁ
21 - FAVA ARIO
22 - FAVA DE OXUM
23 - FAVA DE AGUÉ
24 - FAVA CUMARU
25 - FAVA OFA
26 - LELECUN
27 - FAVA DE LOGUN
28 - FAVA DE OBALUAYE
29 - FAVA DE OSAIN
30 - FAVA DE OXOSSI
38
31 - FAVA DE KARITE
Abo Ògánwó - Fava da Oxum
Nome Yorubá- Abo Ògánwó
Nome científico – Carapa Procera D.C., Meliaceae, Carapa guianensis Aubl. Sinonímia:
Carapa latifolia Willd.; Xylocarpus carapa Spreng.; Carapa macrocarpa Ducke.
Nome popular – Andiroba, Fava-de-Oxum, Andiroba-saruba, Iandirova, Iandiroba,
Carapá, Carapa e Nandiroba, no Brasil; Cachipou e Noix de Crab, na Guiana Francesa;
Carapa Tree, em inglês; Carapo, na ilha de Trindade.
Considerações: A Andiroba é comum nas várzeas da Amazônia. Velha conhecida dos
indígenas, dos caboclos e dos madeireiros, começa a ganhar fama internacional pela
comprovação científica de algo que os nativos sabem há muitas gerações: o bagaço da
castanha, quando queimado, solta uma fumaça que tem o poder de repelir mosquitos.
Alguns produtos sob a forma de vela estão sendo comercializados como um repelente
natural. Desde a época do Descobrimento do Brasil, o óleo de andiroba era empregado
pelos índios Mundurukús como ingrediente na mumificação das cabeças dos inimigos,
que serviam de troféus de guerra. Hoje, o óleo é medicamento usado para muitos males,
principalmente como linimento contra pancadas e anti-inflamatório, contra dores de
garganta. As sementes privadas das cascas produzem 70% de óleo amargo e concreto,
amarelo escuro e muito espesso.
Descrição: Planta nativa da América do Sul. Os frutos produzem várias sementes que são
alimento de vários animais. É uma árvore grande, que mede até 30 metros de altura,
apresentando uma casca cinzenta e grossa. As folhas são imparipinadas ou
abruptopinadas, grandes, de até 1 metro de comprimento ou mais, composta de
numerosos folíolos subopostos, elíptico-oblongos, inteiros, acuminados e glabros. As
flores são pequenas, amarelas, vermelhas e axilares. O fruto é uma cápsula ovóide semi-
globosa, lenhosa, pardacenta, 4-vulvar, contendo número variável de sementes
vermelhas, coriáceas e quase lenhosas, convexas, angulosas ou irregularmente
tetraédricas, achatadas lateralmente
Uso Ritualístico: Planta associada a Oxum. As sementes são utilizadas em assentamentos
e em jogos de búzios por algumas pessoas. As folhas são utilizadas em banhos e
sacudimentos.
Elementos: Água / Masculino
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Outros nomes yorubá: Èfù ìyá, abo ògànwó , Àrìdan
Nome Yorubá- Àrìdan Nome científico – Tetrepleura tetráptera (Schum & Thour.) Taub.
Leguminosae
Mimosoideae Nome popular – Fava de aridan
Considerações: O fruto é constituído por uma polpa carnosa, com pequenas sementes
marron/escuro. A fruta possui uma fragrância, caracteristicamente picante e odor
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Nome Yorubá- Àyò Nome científico – Caesalpina Bonduc (L.) Roxb., Leguminosae-
Caesalpinoideae
Nome popular – Olho-de-gato, ariós, carniça, junquerionamo, silva-da-prata
Descrição: Planta encontrada em estado espontâneo, tanto no continente africano quanto
no brasil, provavelmente, porém, nativa da África.
Uso Ritualístico: Pertencente aos Orixás Orumilá e Exu. Apenas a semente é conhecida
e utilizada juntamente com uma pequena pedra de rio (seixo), em jogos divinatórios,
chamados de “amarração de ibo”. Conhecida popularmente como “fava da vidência”, a
planta toda está associada a Èxù e a Orúnmìlà. Pertence ao compartimento Terra com
característica gún
Elementos: Terra/Masculino
A planta é usada nos rituais de Ifá, porém, com poucas citações. A semente tem a mesma
função oracular que nos terreiros, ou seja, é usada na “amarração de ibô”.
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Outros nomes yorubá: Sáyò, sénwò, séyò olópón Bejerekun - Pimenta-de-macaco
Nome Yorubá- Bejerekun Nome científico – Xylopia aromática (lam) Mart., Annonaceae
Nome popular – Pimenta-de-macaco, pimenta-de-negro, pimenta-da-guiné, pindaíba,
biriba
Considerações: Árvore até 8m de casca áspera, fissurada, castanho-acinzentada. As folhas
são alternas, em forma de lança, com até 18 cm de comprimento e cobertas por pilosidade
cor de ferrugem. Possui flores brancas ou rosadas, distribuídas ao longo dos ramos, nas
axilas das folhas. Os frutos são agregados, formados por 1 a 30 frutículos verde-
amarelados externamente e vermelhos por dentro. Ao abrir em duas partes ficam expostas
1 a 7 sementes brilhantes de cor preta com arilo (estrutura carnosa) de cor creme em uma
das extremidades. As sementes têm cerca de 25 mm, tem coloração preta e apresentam
arilo.
Descrição: A Pimenta de Macaco, também conhecida como Pimenta de Negro, faz parte
da família das Anonáceas sendo parente da pinha, do biribá, da graviola e da pindaíba.
Ocorre basicamente na região dos Cerrados e dos Campos Cerrados do meio do Brasil
que abrange os estados de Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. O
pó de suas sementes é usado como tempero que além de aromático e condimentar tem
propriedades afrodisíacas.
Uso Ritualístico: Pertencente ao Orixá Ossayn e Ogun. Bejerekun é o nome dado nas
comunidades religiosas jêje-nagôs, aos frutos desta e de outras espécies similares de
annonaceas. Seu uso é extensivo a diversos orixás, e entra na composição do àgbo, em
alguns “assentamentos”, para plantar o àse do terreiro, na iniciação dos filhos-de-santo e
no preparo de atin (pó) com fim benéfico. É uma das sete árvores sagradas onde habitam
as Yamins.
Elementos: Terra/Masculino
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proibido (èwò) aos filhos de Oxalá. Mas também é utilizado na comida de Oxossy o
Axoxo. Também são muito utiilzados em trabalhos para conseguir a proteção das Ìyàmi.
Elementos: Água/Masculino
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Outros nomes yorubá: òróré èpàda e èpà gidi. Fava de Obará
Nome Yorubá- Nome científico – Luehea Grandiflora Mart., et Zucc., Tiliaceae
Nome popular – Fava de Obará, Ivitinga, Mutamba-preta, Acoita-cavalo, Ubatinga
Descrição: Espécie bastante rústica, tem seu nome derivado de sua aplicação pelos
cavaleiros, antigamente. Galhos e folhas bastante ásperos. Sua floração perdura por uns
dois meses a partir de fevereiro. família: Tiliaceae, sinônimos botânicos Luehea
ferruginea Turcz.; Luehea platypetala A. Rich.; Luehea rufescens Benth.; Luehea
tarapotina J.F. Macbr., outros nomes populares: envireira-do-campo, caa-abeti, ivantiji,
ivitinga, mutamba-preta, ubatinga, uvatinga, ivatinga, cacauei, vacona-do-campo, papeá-
guaçu. Folhas simples, alternas, com estípulas, serradas, com ápice agudo ou acuminado.
Medem de 9-15cm de comprimento por 2- 6cm de largura, de cor esbranquiçada na face
inferior.
Uso Ritualístico: Pertencete a Ifá. Os frutos desta planta é que são utilizados nos rituais
afro-brasileiros, em trabalhos com Obará, um dos signos de Ifá (Odú), com a finalidade
de atrair riquezas.
Elementos: Terra / Feminino
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Fava Divina
Nome Yorubá- Nome científico – Schizolobium Parahyba (Vell.) Blake, Leguminosae-
Caesalpinoideae
Nome popular – Fava Divina, Guapuruvu
Descrição: Nativa do Brasil. Árvore decídua de 10 a 30 m de altura. Tronco sem
ramificação, coroa de folhas no ápice, casca lisa, acinzentada, com cicatrizes da queda
das folhas, sendo que quando jovem a casca é verde e lisa; o ápice dos ramos tem pêlos
glândulosos (pegajosos). Emite ramificações e grande altura para formar a copa, o que
lhe confere um porte majestoso. A copa densa, com galhos regulares, forma uma abóboda
perfeita. Folhas alternas, compostas bipinadas, com até 1 m de comprimento; folíolos
opostos, elípticos, com estípulas que caem com o tempo. Flores amarelas, pilosas, em
inflorescências densas. Fruto tipo legume, obovado, coriáceo, pardo-escuro, de 10 a 15
cm de comprimento, com uma semente, forma elíptica, brilhante e muito dura, protegida
por endocarpo papiráceo.
Uso Ritualístico: Pertencente ao Orixá Oxum. Suas sementes são utilizadas popularmente
para “simpatia” em crianças para aflorar a dentição.
Elementos: Terra / Masculino Fava-de-omolú
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baixo. O fruto é oval, roxo (quase preto) com polpa doce, branca e aquosa. O fruto é
gostoso e a madeira é fraca e leve. É medicinalmente usada nas afecções do trato
respiratório. Tem ação de aumentar a força contrátil do coração, e por isto seu uso merece
cuidados. É eficaz e eficientemente diurética.
Uso Ritualistico: Pertence aos Orisàs Ossayn, Iyemonjà, nanã, xangô, oyá. Quando se vai
coletar ervas nas matas, deve-se colocar sob a imbaúba oferendas de vinho moscatel,
aguardente, fumo de rolo picado, mel, moedas e búzios, com a finalidade de agradar
Ossayn, para que este permita que os vegetais que procuramos sejam encontrados, caso
contrário, passaremos várias vezes pela planta procurada e não a veremos. São utilizadas
em rituais e banhos de purificação. Pode-se colocar oferendas de frutos para Ossayn sobre
esta folha. Utilizada nos rituais de iniciação, entra no omiero do orisa sango, dos seus
brotos e feito uma comida para este orisa nas ocasião do ritual de asese em seu troco
existem furos onde mora uma espécie de formiga, que é feito etutu nos caminho do orisa
obaluaye, existem tradições em que esta ewe também pertence ao orisa Nana, e seus talos
são usado em determinados ebos de ancestralidades.
Elementos: Terra/Feminino
Sassanha: TAWA NI IBÀ, NI AGBAÓ TAWA NI IBÀ, NI AGBAÓ
É nossa a benção, É nossa a benção da embaúba. É nossa a benção, É nossa a benção da
embaúba
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Outros nomes yorubá: Àgbamodá , Àgbawó, Ag Akan - Cará-moela
Nome Yorubá- Akan Nome científico – Dioscorea bulbifera l., Dioscoreaceae
Nome popular – Cará-moela, cará-do-ar, cará-de-corda, cará-de-sapateiro
Considerações: O Cará-do-ar é um tipo de inhame originário da África e Ásia. É uma
planta calcidiforme, trepadeira que produz batatas na sua parte aérea. Suas folhas são
cordiformes. É encontrado aqui em nosso país (Brasil), mas o seu cultivo é feito apenas
de forma doméstica nos quintais do interior. Por isto é raro encontrá-lo no comércio em
geral. Estes carás tem formato de uma moela de ave, e por isto também é chamado de
cará-moela e é consumido cozido. Pode ser cultivada também como uma exótica planta
ornamental. E na Flórida é considerada como uma espécie invasora.
Descrição: Utilizado em diversos pratos na culinária nacional, porém mais conhecido é o
arroz preparado com essa espécie, que faz parte da dieta da população do interior, e
também muito apreciado pelos africanos.
Uso Ritualístico: Pertencente ao Orixá Oxalá. Utilizado no preparo de um pó (atín) para
boa sorte, segundo uma fórmula conhecida em algumas casas de santo. “Em uma
vasilha de barro nova e seca, deposita-se um bife de carne de boi, pequeno e fino, deixase
a carne criar larvas, colocando-se a vasilha sobre um telhado. Quando a carne estiver
completamente seca, tritura-se até tomar a consistência de um pó. Rala-se um carámoela
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e mistura-se à carne pulverizada, torra-se tudo, adiciona-se efun, peneira-se até que
obtenha um pó fino usa-se em casa e no trabalho para obter properidade”
Elementos: Terra/Feminino
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Outros nomes yorubá: emìnà, ewùra esin e dadan Àtòrìnà - Sabugueiro
Nome Yorubá- Àtòrìnà Nome científico – Sambucus nigra L., Caprifoliaceae
Nome popular- Sabugueiro
Considerações: Pode ser encontrada desde o sul da Escandinávia até o norte da África, e
também na região sul do Brasil. Suas flores são bem pequenas e numerosas, agrupadas
em inflorescências, de cor branca, exalam perfume agradável. O Sabugueiro produz
pequenos frutos de cor violeta escuro, comestíveis, porém, o sabor é mais aceito após
cozimento.
Descrição: Pertence à família das Caprifoliáceas. Na forma de arbusto ou árvore pequena,
de 3 a 6 metros de altura. Os frutos são bagas de cor negra, violeta, redondas, com duas
sementes ovais. Se forem guardadas as flores estas devem ficar isoladas do ar devido o
apodrecimento acelerado; pois absorvem umidade com facilidade.Arbusto de troncos e
ramos lenhosos, que podem atingir de 2 a 4 m de altura com folhas caducas grandes, e de
flores esbranquiçadas que crescem em umbelas. Originária da Europa, encontra-se por
todo o País.
Uso Ritualístico: Pertencente ao Orixá Omolú. Suas folhas são empregadas nos rituais de
iniciação, oferendas e banhos purificatórios dos filhos de Omolú, ligado ao odu iwori.
Qualificação da ação: vara de fogo
Elementos: Fogo/Masculino
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Outros nomes yorubá: Owó éégun, Átomirina Eró igbin - Erva-de-Bicho
Nome Yorubá- Eró igbin Nome científico – Brilhantaisia lamium (Ness) Benth.,
Acanthaceae
Nome popular- Erva-de-Bicho
Família: Polygonaceae. Descrição: Planta originária da África. Planta anual, cuja altura
varia de 50 cm a 1 metro. Muito vigorosa e de crescimento rápido. Seu caule possui anéis
nodosos, apresentando riscas avermelhadas. As folhas são alternas, inteiras, estreitas e
pontiagudas, no formato de lanças, de coloração verde-brilhante e às vezes rajadas de
vermelho. As flores são pequenas, de coloração branca ou rosada, e se dispõem em
espigas longas, finas e flexíveis, que nascem na junção das folhas ou na extremidade do
caule. O fruto-semente é um aquênio pequeno. O plantio é feito por fruto semente ou
estacas de galho, de preferência, em lugares úmidos, situados às margens dos rios. Colhe-
se a parte aérea da planta no momento em que as flores estão desabrochando. O caule, a
folha, a flor e o fruto apresentam um sabor fortemente apimentado. Modo de conservar :
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Os caules, as folhas, as flores e os frutos são secos ao sol, em local ventilado e sem
umidade. Armazenar em sacos de papel ou de pano.
Uso Ritualístico: Pertence ao Orixá Oxalá. Folha considerada eró (de calma) . Sendo uma
das ervas mais utilizadas no culto a Oxalá, é empregada nos rituais de todos os Orixás.
Usada nos rituais de iniciação, sacralização dos assentamentos dos orixás, àgbo, banhos
e diversos trabalhos. Utilizada com a finalidade de se adquirir boa saúde, prosperidade e
acalmar a cabeça intranqüila. “Apreciada pelo igbin (caracol) como alimento, daí ser
chamada pelo "povo-de-santo” de eró igbin, sendo que este nome significa "a calma ou o
segredo do caracol” .
Elementos: Água/Masculino
Outros nomes yorubá: ajíromi, òwò, ewé òwò, er
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Lelekun
Nome Yorubá - Lelekun
Nome científico – Aframomum melegueta, da família Zingiberaceae, Uapaca Heudelotii
Baill. [family EUPHORBIACEAE], Uapaca somon Aubrév. & Léandri
Nome popular – Grãos do paraíso, pepre nengrekondre, pimenta jacaré, grãos da guiné,
graines de paradis, atar, korner Paradies, Grani de Meleguetta, korrels Paradijs, paraíso
Grana, poivre de Guinée, malaguette, Malagettapfeffer, Grani de paradiso
Considerações: (*). Importante observar que a "Uapaca" possui aproximadamente 60
espécies, os grãos-do-paraíso, também chamados de malagueta, com sabor acre e picante,
pertencem a uma espécie africana, Aframomum melegueta, da família Zingiberaceae. Era
a pimenta que os povos escravizados trazidos para o Brasil a partir do século 16
conheciam. Esses povos, ao chegarem aqui, tiveram contato com as pimentas do gênero
Capsicum e, pela semelhança no sabor, passaram a chamá-las também de malagueta.
Descrição: Pimenta do jacaré é um crescimento perene tropical até 5 "de altura,
originalmente do Oeste da África, trazida ao Suriname pelos escravos. A forma de
trombeta, flores roxas desenvolver em 5 - 7 centímetros cinzento longo - marrom,
enrugadas secas vagens (cápsulas) contendo a pequena numerosas sementes. Estes são
quase de forma oval, duro, brilhante, e tem uma cor marrom-avermelhada. Ela tem folhas
lanceoladas com até 9 cm de comprimento. As sementes são numerosas ter em cinzento
- cápsulas marrons. A parte importante desta planta é a semente, o pequeno (3-4 mm = 1
/ 8 ") - avermelhada sementes castanhas tem um aroma pungente com pimenta - como
calor.
Uso Ritualístico: Pertencentes a Obatalá, seus grãos possuem um sabor bastante picante,
por isso seu costumeiro uso em alguns pratos da Tradicional Culinária afro-baiana, já no
que se refere ao uso litúrgico, devido as propriedades que possui, é usada para conquistas
em geral. e banhos, seus grãos tem a propriedade de ativar a inteligência [Yèyé para Òyé].
Elementos: Terra / Masculino
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folha ainda apresenta uma intrincada rede de canais para o escoamento da água, o que
também auxilia na sua capacidade de flutuar, até mesmo sob chuvas fortes.
Uso Ritualístico: Pertencente ao Orixá Obá. Além de ser empregada nos rituais de
iniciação e nos banhos purificatórios desta deusa, serve também par cobrir seu
assentamento, pois acredita-se que ela não gosta de ter seus objetos expostos.
Não vamos confundir a Vitória-Régia com o Oshibatá, são ewé parecidas, mas com usos
diferentes.
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Èsó feleje - Trombeta-roxa
Nome Yorubá- Èsó feleje Nome científico – Datura fastuosa L., Solanaceae
Nome popular – Trombeta-roxa, datura, manto-de-cristo, metel, trombeteira,
trombetacheirosa, cartucho-roxo, zambumba-roxa, saia-roxa, nogueira-de-metel, anágua-
deviúva
Descrição: Da família das Solanaceae. Arbusto com mais de um metro de altura, que
produz flores no formato de trombeta com cálice tubuloso róseo. Originário da Ásia e
África, é encontrado no Brasil, com mais freqüência nas regiões nordeste e sudeste.
Também conhecida como babado, cartucheira, cartucho, copo-de-leite, saia-branca, sete-
saias, trombeta-de-anjo, trombeteiro e zabumba-branca.
Uso Ritualístico: Pertencente aos Orixás Ossayn, Oyá e Exú. Utilizada em banhos,
sempre misturada com outras folhas, a trombeteira é também usada em trabalhos com
Exu. É verdade aos adeptos a aproximação desta planta, que muitas vezes modificam seu
caminho quando encontram este arbusto; por isso, apenas sacerdotes mais qualificados
podem coletá-la. Tanto as folhas quanto as sementes possuem propriedades tóxicas em
alta escala. Associada ao elemento Fogo, suas folhas são gún. O nome apikán significa
“matar formiga branca”
Elementos: Fogo/Feminino
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Outros nomes yorubá: apìkán. Vamos lá a considerações sobre Ewé Omí Ojú e
Osibata
Osibata é uma das poucas ewé que são definidos pela cor da flor, isso porque temos: - A
de flor Branca - dedicado a Osala Iyemonja e algumas qualidades de Sango em
fundamento com esses Orisas sitados. - A de Flor Amarela- Dedicado a Osun - A de Flor
Vermelha dedicado a Oya e Obá - A de flor Lilás - Dedicado a Nanã e Iyewa
Logo pode-se sim dizer que Osibata pode vir a ser de Todos os Orisas, mas a Ewé Omí
Oju não....
Ewé Omí Ojú
Vitória Régia Ewé Omí Ojú
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Osibata
Nomes Populares: Golfo de Flor: -Branca -Amarela -Vermelha -Lilás Nomes cientificos:
Nymphaea alba L., Nuphar Luteum Nymphaea Rubra Roxb., Nymphaea Caerulea ou
(Nymphaea Capensis Thunb)
elementos: Agua/Feminino
Como ja disse há várias espécies de Golfo e são usadas nos rituais de Iniciação, Agbò e
banhos de purificação. a Branca entra nas obrigações dos filhos de Osala, Iyemonja e
alguns caminhos de Sango com enrendo com os orisas citados. A amarela dedicada e
ultilizada a Osun A Vermelha a Oya e Obá E a Lilás a Nanã e Iyewa Essa Ewé é
indispensável tanto na inciação quanto principalmente nos 7 anos a qualquer iniciado. Era
considerada sagrada na antiguidade e hoje está disseminada por diversos continentes. Na
Africa, a Osibata é vista sob o nome de Nymphaea Lotus L., e acredita-se que foi
substituída pelas que estão acima descritos quando da chegada dos escravos nagô no
Brasil, pois a Lotus não medrava nas Américas. As Nymphaea são consideradas
anafrodisiacas, podendo provavelmente ter a função de tranquilizar sexualmente os
neófitos por ocasião de reclusão
Diz-se que a raiz acalma o desejo do homem e evita a gravidez de uma mulher logo refere-
a como abortiva.
Pode ser usada no combate a desinteria, diarreia e molestias da pele. Osibata – Osun
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NOME CIENTÍFICO: Capparis spinosa FAMÍLIA: Caparidáceas
NOME COMUM: alcaparra, alcaparreira, alcaparrón (espanhol), câpre (francês), caper,
spineless caper (inglês), cáppero (italiano) ORIGEM: Região do Mediterrâneo
é dedicada ao Orisa Osumare e é positiva dentro do Ketu, mas não há uso liturgico que
eu conheça. Entretanto o que sei dela é que é muito utilizada nos rituais de Angola,
inclusive em iniciação e outros fundamentos, sempre utilizando folhas e cascas verdes.
Pode ser administrada em banhos de preparação para obrigações e banhos de limpeza. É
também muito utilizada nos terreiros do Rio Grande Sul na nação Ijexa e Oyo de lá.
Algumas casas também atribuem a Yemanjá . Este vegetal é encontrado nos terrenos
rochosos ou pedregosos de todo o litoral brasileiro, principalmente a variedade galeata
que passa por planta marinha.
Alcaparreira
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Erva de Sangue
Nome Iyorubá: Falákalá
Nomes populares: Corredeira, Erva de Santa Luzia, Erva Andorinha, Erva de Cobre, Erva
de Sangue, Burra Leiteira, Alcanjoeira Nome Cientifico : Chamaesyce Hirta L.
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Dose: 10 gramas em um litro de água; 4 a 5 xícaras por dia. Complementação Ewé Òwú
Planta de grande prestígio entre os povos ditos jeje-nagò. Tem itans que o apontam esse
prestígio: Um Deles diz que Òsá, um signo feminino, qual rege o fluxo menstrual, o útero,
a corrente sanguínea o figado e o coração, foi encarregado de guardar o primeiro
Algodoeiro criado por Olorum, pois constantemente os pássaros vinham comer suas
sementes e por isso não davam frutos. Òsá inventou uma rede e capturou as aves
predadoras, permitindo, assim que outras mudas viessem a existir...
Outra lenda, sobre o enigma que Orúnmila teve que desvendar, provocando o Equilibrio
entre o masculino e o feminino, qual permite a continuação da vida através da fecundação
do Ovo (elemento feminino) pelo algodão (elemento masculino).
O Fruto é direcionado a Osala, bem como o Algodão que está contido em seu interior,
pois serve para "envolver objetos rituais desse Orisa". Os caroços negros funcionam como
Favas e são colocadas dentro da Gamela que contém os objetos ritualísticos de Airá. O
algodão é materia-prima na confecção do tecido predileto de OSala, o Morim, o algodão
puro. Tambémk pode ser utilizado para pedir a saúde alguém cobrindo a oferenda com
Algodão.
Em Africa seus nomes iyorubas são: Àgbède. Kéréwùú e Òwú. é muito importante notar
a relação do Algodão com o ciclo mentrual e o utero no campo religioso e no tratamento
das mazelas deste, pois, Òsá foi escolhido por Olorum como guardião do Algodoeiro
primordial. E podemos dizer que o Algodoeiro no campo medicinal é indicado no
combate aos problemas da mulher neste quesito. Dá um dos melhores resultados no
combate as desordens menstruais em que há regras abundantes e nas hemorragias após o
parto.
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Panaceia
Nome Científico: Solanum cernuum Vell.
nomes Populares: Panaceia, Azougue de Pobre
Familia: solanaceae.
Algumas nações como, Ketu, nagò ou jeje utilizam-na para Sango, outras para
Obalwuaiye...Na Angola é utilizada no culto de Nzazi ligado à justiça, ao fogo e de
natureza arrojada. Mitologicamente cavalga os céus com seus 12 cães (raios) e executa a
justiça. Neste caminho também anda Sango dos Yorubás. Também muito usada na
Umbanda.
Entra nas obrigações de ori e nos banhos de descarrego ou limpeza. O povo a aponta
como poderoso diurético e de grande eficácia no combate à sífilis, usando-se o chá. É
indicada também no tratamento das doenças de pele, e ainda debelar o reumatismo, em
banhos. Eu não utilizo essa Ewé, a não ser que o Orisa peça....
Panaceia - Crescimento
Semin-Semin
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Ápèjè - Dormideira
Nome Yorubá- Ápèjè Nome científico – Mimosa pudica L., Fabaceae (Leguminosae)
Nome popular – Dormideira, sensitiva, malícia de mulher, Maria-fecha-porta,
juquirirasteiro,dorme-dorme, não-me-toques, erva-viva, malícia
Descrição: Da família das Fabaceae. Tem sua origem na América tropical, hoje
disseminada pelos continentes, inclusive a África. No Brasil, ocorre em quase todo País,
põem, com mais freqüência do Nordeste ao Sudeste. O gênero Mimosa tem entre 500 e 3
mil espécies de árvores e arbustos tropicais. As folhas são divididas em vários pequenos
pedaços (folíolos) que se juntam quando ela é tocada (sismonastia). Essa sensibilidade e
movimento das folhas da planta também ocorrem em outras espécies dentro da família
das ervilhas, tal como a Neptunia, ou em outras famílias, como o gênero Biophytum na
família Oxalidaceae.
Uso Ritualistico: Pertencente aos Orixás Exu e Oyá. Esta folha associada a outras,
compõe uma mistura ritual que é utilizada com a finalidade de tirar a consciência
mediúnica dos filhos-de-santo, porém, em outras ocasiões é utilizada para assentar Exu e
em trabalhos com este Orixá, e no preparo de atin (pó) com a finalidade de afastar de casa
pessoas inconvenientes. Em Cuba, tem os nomes lucumi eran kumi, eran loyó, omimi e
yaránimó é utilizada na iniciação de pessoas de Ewá. Usada, também, para despertar a
sensibilidade do iniciado e, em trabalhos amorosos . Seu nome (apèjè) significa “Matando
o sangue” . É uma folha ewe ero importantíssima no culto do orisa ode, em alguns
seguimentos é usado para exu e oxumaré É uma ewe muito usada no culto de ifá, depois
de torrada e misturada com sabão da costa e outros elementos. A colheita desta ewe deve-
se ter muito cuidado ao retira suas folhas, horário e posição que a sombra é formada pelo
sol, para que não traga resultados negativos para o seu uso. Suas flores são rosa e muito
delicadas.
Um dos seus nomes nas terras iorubás é ewé ápèjé, que pode significar folha de axé/força.
Esse aspecto pode ser constatado em um dos seus nomes populares sensitiva. Por isso
costuma ser utilizada para aumentar a sensibilidade de médiuns, ou ainda, para induzir o
transe e permitir a chegada do orixá. Costuma ser associada a Senhora das Tempestades
(Oyá) e Iyewá a Senhora dos Disfarces. É interessante observarmos que, quando
associada a Oyá, costuma ser utilizada em trabalhos amorosos (de amarração), não
devemos esquecer que Oyá é a Senhora das Paixões, aquela que chega colocando fogo
nos nossos corações. Sua ligação com Iewá pode ser evidenciada a partir da personalidade
desse orixá, que está ligada a tudo que ainda não foi utilizado, a virgindade, ao mistério.
Lembram do seu nome, pudica? Outro nome popular dessa planta é "não me toque".
Iyewá também não costuma se mostrar para qualquer um, e também é capaz de turvar a
nossa visão quando não deseja ser vista. Como folha de força é utilizada para o Senhor
Elegbará (possuidor do poder (agbará)), fato que justifica sua utilização nos
assentamentos desse orixá. Segundo relatos ela seria confundida com outra espécie muito
parecida (Mimosa hostilis), que nós aqui conhecemos como folha da Jurema. Foi
observado que seu uso embora não necessariamente provoque alucinações, pode
promover sonolência. O que já é o suficiente para classificá-la como ewé eró. Quem
observa as flores e folhas da dormideira não deve se enganar com relação a sua fragilidade
aparente. É uma planta extremamente resistente, suportando altas temperaturas e
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condições de solo nem sempre favoráveis. Seu caule esconde espinhos que cortam e ferem
a pele dos desavisados.
Assim como a natureza de Iyewá, não adianta chegar e pegar um galho ou arrancar um
pé na rua para plantar em casa, geralmente ela seca e morre. Seu cultivo é fácil, mas
costuma dar mais certo quando são utilizadas suas sementes. É até engraçado, pois é
considerada uma planta invasora. A dormideira é uma planta de porte arbustivo originária
da América Tropical (regiões quentes), pertencente à família das Leguminosas
(Mimosacea), mesma do tento/wérénjéjé (Abrus precatorius). Foram isolados de suas
folhas e raízes um alcalóide tóxico, a mimosina, além de tanino, cristais de oxalato de
cálcio, galactose, manose e uma substância semelhante a adrenalina. Sua utilização na
medicina popular é feita em casos de dores de cabeça e dor de dente. Alguns estudos
clínicos indicam a utilização do extrato aquoso das raízes em distúrbios uterinos, muito
freqüentes nas filhas de Oyá.
Qualificação da ação: quando chamada funciona
Elementos: Fogo/Masculino
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Outros nomes yorubá: Patonmó, pamámó àlùro, paìdímó Akonijé. Jokojé ou Jokonijé
Nomes populares: Jarrinha, cipó-mil-homens, Caçau, angelicó, Papo de Peru
Nome cientifico:Aristolochia Cymbifera MArt
Familia: Aristolochiaceae
Elementos: Terre/Feminino
Tem origem na America do Sul, provavelmente do Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai,
hoje disseminada por diversas áreas tropicais e subtropicais. Considerada um importante
Ewé no culto, entra na iniciação. é uma folha do ritual do Orò Ossanyin e tanbém é
atribuída a Osun. Sua fama é de abrir a fala do Orisa por isso a sua importância no ritual.
Folha usada para atrair prosperidade, utilizada na iniciação, no àgbo e no ritual de “abrir
a fala” do orixá. É uma folha feminina, ligada ao compartimento Terra e gún.
Nos terreiros, esta folha é mais conhecida pelos nomes akonijé ou jokonijé. Segundo
Barros (1993:109) seu nome jokonijé significa “senta sossegado”, todavia, alguns
informantes traduzem-no como “sentada ela come”, o que é reforçado pelo fato, desta
espécie, em alguns terreiros, ser colocada sob os assentamentos por ocasião das oferendas
e sacrifícios de animais.
Verger apenas cita como mil-homens, jarrinha e papo-de-peru, a espécie aristolochia
ringens Vahl., com o nome Yorubá Ànkémi létí (1995:635), mas não esclarece se o nome
latino trata-se de sinonímia da espécie utilizada no Brasil. Em Ifá disse chamar ÀNKÉMI
LÉTÍ .
Itan sobre Jokojé...para quem não conhece
Ossayin se vestia com uma roupa feita de folhas, aonde uma se destacava, o wérénjéjé.
Na sua mão carregava sua ferramenta, um feixe de sete hastes em forma de leque, que
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utilizava muitas vezes para preparar a terra em que iria depositar suas sementes. Além de
sua ferramenta, o “Senhor das Folhas” sempre trazia em seu ombro Eyé o pássaro. Este
era o seu mensageiro, cada fato novo que observava na mata ia logo contando ao seu
senhor. Quando nascia uma planta nova Eye informava a Ossayin que para lá se
encaminhava, saudando a nova erva e procurando logo desvendar os seus segredos. Esse
pássaro, ao retornar com as novidades, sempre pousava na haste central da ferramenta de
seu senhor.
No meio do caminho avistou Ogun, que andava rapidamente, carregando o seu
inseparável obé.
-Ogunhe, Patakori!! Gritou Osssayin ao longe.
Ewe o! Exclamou alegremente o Senhor de Ire, que logo quis saber o que seu amigo fazia
por aquelas bandas. Logo que ficou sabendo o porquê da sua viagem quis acompanhá-lo,
pois Ogun adorava conhecer lugares novos e distantes. Ossayin ficou muito contente em
saber que teria a companhia de um amigo na sua empreitada. Para comemorar ofereceu a
Ogún o fruto predileto dos orixás, o obi. Com os dentes abriu o fruto, que se partiu em
duas partes, após envolvê-las em uma folha ofereceu metade para Ogún.
Após muito caminharem chegaram ao ponto que unia o orun ao aye, um grande pé de
Iroko, cuja copa se erguia majestosa e imponente além das nuvens. Os dois orixás
saudaram a grande árvore com muito respeito, pois se tratava de uma árvore muito antiga
e que servia de morada para as temidas Yami Osorongá e para os espíritos conhecidos
por abikú. Descendo por seus galhos chegaram até o aye, ficando impressionados com a
paisagem magnífica que havia sido criada por Olorun.
Como estava ansioso para começar o trabalho Ogún foi logo sacando o seu obé, em
direção a uma trepadeira que lhe atrapalhava a passagem, no que foi detido imediatamente
por Ossayin:
Essa folha não pode cortar, é akonijé, folha da fala. Pertence à mim e também à Osun,
serve para curar mordida de idan (cobra).
Ogún então foi para outra parte, erguendo o seu facão em direção a outra folha, no que
foi detido por Ossayin:
-Ewe o! Essa folha também não, é ewé lara, folha de Osalá. Serve para oferecer comida
de orixá, curar dor de cabeça e pé cansado.
Em direção a outra folha novamente Ogún foi detido:
-Essa também não se corta, é peregún. Esqueceu que essa folha lhe pertence Ogún? Além
do mais ela é fundamental no àgbo.
-É mesmo, havia esquecido. Disse Ogún, que ao avistar outra folha já foi logo dizendo:
-Essa eu não corto de jeito nenhum, é o igi òpè, árvore de meu pai Osalá e uma das minhas
moradas. É dela também que eu retiro a minha roupa, o màrìwò. -“Ogún ko l’aso, màrìwò
l’aso Ogún”. Cantou alegremente o orixá.
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O tempo foi passando e Ogún começou a ficar preocupado, pois Ossayin não permitia
que nenhuma folha fosse arrancada. Entretanto era necessário que o local fosse preparado
para a chegada do homem no aye,.por isso Olorun colocou Ogún no caminho de Ossayin.
Ogún era o “Senhor dos Caminhos”, quem os abria, aquele que vinha na frente, por isso
chamado Asiwaju. Cabia ao mesmo fundar a primeira aldeia, para que os
homens pudessem povoá-la e iniciar o culto aos orixás. Vendo que nada poderia ser feito
diante do impasse gerado por Ossayin decidiram que o melhor era voltarem para o Orun.
Chegando na morada de Olódùmarè, os mesmos já eram esperados pelo “Senhor do
Orun”. Suas vestes eram brancas e seu rosto, jamais visto por nenhum orixá, se
apresentava coberto por um filá de contas marfim. Ao se aproximarem de Olorun os dois
orixás se prostraram ao chão dando dòbálè ao “Grande Pai”, em seguida beijandolhe as
mãos.
-Pai perdão, falhei na minha missão. Disse Ossayin, extremamente triste.
-Acalma-te meu filho, disse calmamente Olorun. Esú, meu mensageiro, já me pôs a par
de tudo. Conheço cada um dos meus filhos e suas limitações. Quando lhe enviei para essa
missão foi com o objetivo que tu distribuísse o seu axé para todas as folhas do aye. Agora
tu deverás permanecer aqui no orun, para que Ogún possa voltar e terminar a missão.
Quando a primeira cidade estiver estabelecida voltarás novamente ao aye, aonde
escolherás um homem de sua confiança. Esse homem será chamado Babalossayin e
deverá ser dotado de uma ótima memória, pois a ele tu ensinarás seus segredos; o nome
secreto de cada folha, seu uso terapêutico e litúrgico, assim como os ofó necessários para
liberar o seu axé. Tu conversarás com ele principalmente através de iká.
-Agora apressa-te Ogún, pois o odú que te rege é étà ògúndá. E como bem sabes este
caminho trás muito trabalho e dificuldades.
Após ouvirem atentamente as sabias palavras de seu Pai os dois orixás se despediram
respeitosamente e foram de encontro aos seus destinos, tão bem traçados por Olódùmarè.
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Àbàrà Òké - Baunilha de Nicuri, Baunilha-da-bahia
Nome Yorubá- Àbàrà Òké
Nome científico – Vanilla planifolia Jacks. ex Andrews, Orchidaceae; Sinonímia:
Myrobrona fragans Salisb.; Vanilla aromatica Willd.; Vanilla majaijensis Blanco; Vanilla
mexicana Mill.; Vanilla sativa Schiede; Vanilla viridiflora Bl.; Vanilla fragans Salis.
Nome popular- Baunilha de Nicuri, Baunilha-da-bahia, baunilha-silvestre, Baunilha e
Baunilheira, em português; Vanille, na Alemanha; Vainilla e Vanilla, em espanhol;
Vanillier, na França; Banilje, na Holanda; Vanilla e Husk, em inglês; Vaniglia, na Itália;
Tlilxochtil, em maia.
Considerações: A Baunilha foi muito utilizada pelos índios astecas na aromatização do
chocolate, que chamou a atenção dos conquistadores, sendo introduzida na Europa no
século XVI. São conhecidas muitas espécies da família das Orquidáceas, constando
segundo M. Pio Côrrea as seguintes espécies: Vanilla aromatica Sw.; Vanilla palmarum
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Lindl.; Vanilla parviflora Rodr.; Vanilla planifolia Andr. (espécie adotada nas
farmacopéias); Vanilla pompona Schiede e Vanilla riberioi Hoehne.
A Vanilla planifolia Andr. é caracterizada por apresentar um caule glabro, medindo até 2
centímetros de diâmetro e com uma ou duas raízes adventícias em cada nó. As folhas são
curto-pecioladas ou sésseis, oblongo-lanceoladas, longo-acuminadas, carnosas,
coriáceas, com até 22 centímetros de comprimento e 6 centímetros de largura. As flores
são verde-amareladas, grandes, de sépalas e pétalas oblongo-lanceoladas e labelo de 5
centímetros, amarelado e com estrias alaranjadas, dispostas em racimos no ápice do ramo.
A Farmacopéia dos Estados Unidos do Brasil 2ª Edição (1959) descreve os frutos da
seguinte maneira: “A chamada fava de baunilha do comércio consiste do fruto maduro,
devidamente preparado por fermentação
Apresenta-se em cápsulas uniloculares, flexíveis, de 20 a 25 cm de comprimento e 5 a 12
mm de largura, atenuadas nas duas extremidades, recurvadas na base, mais ou menos
cilíndricas ou achatadas, e que dificilmente deixam advinhar a sua forma primitiva,
trígona. Sua superfície externa é pardo-negra, mais ou menos luzidia, de aspecto untuoso,
sulcada longitudinalmente por vincos bastante profundos, quase paralelos e recobertos,
nas melhores qualidades comerciais, de cristais abundantes de vanilina. Em sua
extremidade mais delgada, apresenta uma cicatriz procedente do estilete e, na ponta, a
cicatriz triangular das partes florais caducas. Cortada transversalmente e comprimida, a
baunilha liberta um suco viscoso de cor âmbar e trazendo numerosas sementes, pequenas
e pretas. O pericarpo circunda uma cavidade triangular e possui seis placentas bifurcadas,
cheias de grande número de sementes pequenas, pretas, ovais ou arredondadas. A parte
interna do pericarpo, compreendida entre essas placentas, é guarnecida de papilas que
segregam o suco referido. É de odor aromático, característico e agradável. Não deve
desprender odor de heliotropina.”
Descrição: Da família das Orchidacea. Nomes populares: vainilla (espanhol), vanille
(francês), vanilla (inglês).
Uso Ritualístico: Utilizada nos rituais de iniciação, banhos purificatórios e na sacralização
dos objetos rituais do Orixá. Pertence ao Orixá Ossain. A baunilha , assim como outras
orquídeas estão vinculadas ao culto votivo à Euá. Tanto suas folhas como principalmente
sua perfumada fava entram junto a outras folhas , como o cróton, nas ritualidades desta
senhora.
Elementos: Terra / Masculino
Por isso, conhece todos os destinos e como propiciar o sucesso em todos os âmbitos, alem
de revelar o orisa pessoal de cada um, ou seja, a substância da qual cada um foi extraído
na atual existência e como integrar o indivíduo neste princípio divino. Como elerii ipin
(testemunha da criação), detém conhecimento do passado, presente e futuro de todos os
habitantes do aiye e do orun – e de como obter o sucesso em todos os âmbitos.
Orunmila é o interventor e defensor dos seres humanos, sempre tentando minorar os
sofrimentos e dificuldades que enfrentam na saga das suas sucessivas existências na
Terra.
Conta o itan que, após permanecer na Terra por algum tempo, Orunmila retornou ao orun,
esticando uma longa corda pela qual ascendeu. Os seres humanos ficaram totalmente
desorientados,o caos, a fome e a peste imperaram na Terra, já que ele era o porta-voz da
vontade de Olodumare. O ciclo de fertilidade das plantas e animais foi interrompido,
trazendo ameaça de extinção.
O clamor pela sua volta não foi atendido, mas deixou com seus filhos os 16 ikin
(coquinhos de dendezeiro) , que se transformaram num importante instrumento de
adivinhação denominado ikin. Daí se originou a outra denominação de Orunmila :
Agbonniregun ( agbon ti o ni regun - o côco nunca será esquecido). Entregou os ikin
instruindo que sempre que desejassem as coisas boas e realizações positivas na vida,
deveriam consultar os coquinhos. Daí nasceu o sistema oracular denominado Ifa, que
auxilia o ser humano na resolução dos seus problemas cotidianos, nos conflitos e nas
dúvidas existenciais, como mediador entre o humano e o divino.
Uma modalidade oracular mais simples é o ibo e a mais popular das três é o opele ifa.
Apenas sacerdotes iniciados no culto de Orunmila - os oluwo e babalawo – são
credenciados para utilizar esses oráculos.
Do mesmo modo que Ifa e todos os demais orisa, os Odù desceram do céu para a terra,
onde foi feito um grande trono, colocado num lugar aberto, para, nele, Eji Ogbe se sentar.
Eji Ogbe é o mais velho, mais importante e o rei dos Odù, por isso os outros 15 Odù se
sentaram em sua volta, formando um círculo. Os Omó Odù ou Odù menores são também
considerados divindades.
Todo o corpo filosófico da religião yoruba se resume nesses signos de Ifa – os odu , que
por sua vez se subdividem em caminhos com os respectivos itan, que são mitos de
instrução, orientação e aconselhamento. O nome de Orunmila e o do sistema oracular
opele ifa muitas vezes se confundem e o culto a Orunmila passou a ser conhecido como
Ifa.
Apesar de sua infinita sabedoria, Orunmila condiciona-se, muitas vezes, ao poder do orisa
Elegbara / Esu – o transmissor do ase, representante da autoridade divina no âmbito
cósmico e das leis da física. Sendo o eterno movimento com suas constantes
transformações, Elegbara propicia toda a existência do Universo manifestado. Está na
vibração dos elétrons e na órbita dos astros. Orunmila utilizase, então do ase e funções de
Elegbara para atuar e se expressar. Já o oráculo merindilogun – o popular jogo de búzios
– foi introduzido pelo orisa Osun. No jogo de búzios utilizam-se 16 kawri (búzios) no
qual respondem os 16 odu principais, num total de 70 caminhos e os orisa que falam
através deles.
Na tradição religiosa Ogboni-Ifa, nada se empreende sem prévia consulta ao oráculo, que
é um instrumento de transmissão do aconselhamento divino para que situações sejam
revertidas ou confirmadas.
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deu ordem para nós abrirmos nossas portas Para que a dona da chuva da bondade possa
entrar com uma boa esposa ÒRÚNMÌLÀ diz que se é falta de um filho que nos perturba
ÒRÚNMÌLÀ deu ordem para nós abrirmos nossas portas Para que a dona da chuva da
bondade possa entrar com um filho saudável ÒRÚNMÌLÀ diz que se é tumulto ou
desordem que perturba a cidade ÒRÚNMÌLÀ deu ordem para nós abrirmos nossas portas
Para que a dona da chuva da bondade possa entrar com paz e amor na cidade ÒRÚNMÌLÀ
diz que se estamos sentindo a falta de tudo ÒRÚNMÌLÀ deu ordem para nós abrirmos
nossas portas Para que a dona da chuva da bondade possa entrar com todas as bondades
da vida ÒRÚNMÌLÀ diz que se é doença e epidemias que nos perturba ÒRÚNMÌLÀ deu
ordem para nós abrirmos nossas portas Para que a dona da chuva de bondade possa entrar
com saúde o pai de todas as riquezas ÒRÚNMÌLÀ diz que se é a morte que bate na nossa
porta ÒRÚNMÌLÀ diz que é a folha de DIDIMONISAAYUN Que vai ajudar a evitar a
morte A folha de DIDIMONISAAYUN Que vai ajudar a evitar todos os males Que vai
evitar todos os prejuízos, epidemias e acidentes na vida A folha de DIDIMONISAAYUN
Que vai evitar as ações negativas em nossas vidas ÒRÚNMÌLÀ o dono de todas das
sabedorias Que vai levar até nós todas as bondades da vida
Todas as vezes que desejarmos algo a mais em nossas vidas podemos sempre usar essa
prece.
ISURE ÒRUNMILA
IBA ORUNMILA
ÒRUNMILA IBA O O,
ADUNDUN LAWO,
A SE AIYE, SE ORUN,
IWO LALAWOYE O,
ORUNMILA O WA TO GEE,
NI WARA.
ÀSE ELEDUNMARE
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ELEDUNMARE ÀSE.
Òrúnmìlà eu te saúdo.
Òrúnmìlà, testemunho do destino, que tem mais eficácia do que medicina,
Òrúnmìlà, você como Iyerosun, Dois ratos, dois peixes na sua sopa,
Pessoa que é testemunha do destino e Pessoa que é mais eficácia do que a medicina,
Acreditamos que Orí é algo único e individual, assim como nossas impressões digitais,
então não vejo como possa haver uma pré-determinação nos caminhos do Culto a Ifá no
que tange a iniciações e sacralizações, para esta ou aquela pessoa. Haja vista que cada ser
humano possui um desenvolvimento pessoal diferenciado seria impossível ser
homogêneo neste aspecto.
O ISEFA:
Ato iniciático onde o postulante passa a condição de iniciando, quando então, passa a ser
reconhecido como um "Omo Awo"(Filho do Segredo) de nossa família. Neste ato
iniciático acaba por tomar conhecimento de seu Odu temporal (ou placentário, ou seja,
aquele que ele recebeu ao nascer nesta existência), bem como
os possíveis ewos provenientes dele. É quando o iniciado se compromete consigo mesmo
por um determinado período, aprendendo as normas de condutas que devem ou não ser
tomadas, etc. O Isefa tem a incumbência de proporcionar e propiciar o paulatino
crescimento Espiritual, por isso mesmo, é uma cerimônia permitida e aconselhada a toda
e qualquer pessoa.
O ITEFA:
que nada se faz sozinho, todos devem ter o importante e fundamental respaldo de seus
mais velhos, independentemente do tempo que tenham como iniciados, pois o verdadeiro
Bàbálawo é aquele que sabe que nada se deve fazer sozinho durante sua jornada. O
profundo senso de Awo Mimo(Família) é indispensável para que ele não venha a cometer
enganos desastrosos para si o mesmo para os outros, devendo ainda ser consciente de que
seu Ego deve estar sempre sob domínio, pois o saber é plural e nunca singular. A
concepção de que dividindo se soma, é intrínseca a qualquer pessoa que se julgue
Bàbálawo, pois seu renascimento deve se dar diariamente, pois a cada reinicio diário terá
também as benesses de um maior conhecimento, pois a palavra de Orunmilá deve ser
proferida por toda a Egbé, e não somente por uma só pessoa. Finalmente o Bàbálawo
recebera seu IgbaOdu no tempo determinado por Ifá, quando então em posse de seu útero
passará a ser reconhecido como um Oluwo, e poderá então dar prosseguimento ao seu
destino de parir bons filhos do Ifá. É importante frisar que infelizmente aqueles que não
seguem a firme doutrina de Iwa Pele que rege todos Bàbálawos, e se utilizam a vilania,
acabam por tornar-se um "útero estéril" tornando-se o oposto do que era inicialmente seu
destino, ou seja, uma aberração sacerdotal. Então tenhamos todos muito cuidado, pois
uma atitude errada, bem como ego exagerado somente conseguirão clonar novas
aberrações, que infelizmente darão continuidade a esta triste sina. Ifá é a verdade, a
verdade é a luz do conhecimento verdadeiro, e quem vive na luz não deve se apressar. O
tempo tem tempo, de tempo ser...
1 – ILE IFAA RAIZ AFRICANA 2 – Ilu Aiye Odara 3 – Awon Babalaw 4 – Awon
Orisa 5 – Imole Esu 1 – ILE IFA
A CASA DE ORUNMILA-IFA
Ifá é um Sistema de Oráculo Sagrado originário da milenar cultura africana Iorubá e é
parte integrante da religião naturalista que nos foi legada pelos descendentes dos povos
africanos sudaneses escravizados no Brasil.
Enretanto, com o passar de mais de um século de sua chegada, miscigenou-se com
anteriores conhecimentos espirituais Bantos e Angolenses aqui já aclimatados a mais de
dois séculos, esta simbiose vindo a constituir-se em um dos Três Pilares Místicos sobre
os quais ergueu-se a Umbanda do Brasil, à ela legando, dentre outros, dois elementos
principais: o conceito dos Orixás e o Jogo dos Búzios.
Mas, foi só tardiamente, quando passadas as fases da escravização e colonizacão, que
os estudiosos do esoterismo das religiões africanas reformuladas no Brasil deram-se conta
de que, subjacente às graciosas e/ou confusas lendas dos escravos africanos, existiam uma
Teogonia, uma Mística e uma Liturgia de grande alcance espiritual, cultural e social que
haviam sustentado a fé dos descendentes daqueles povos, mesmo na tragédia da
escravidão
E foi assim que os estudiosos confirmaram que os Awon Babalawo ou os “muitos
Senhores do Segredo” (título pelo qual os sacerdotes africanos eram conhecidos) sempre
tiveram e ainda têm uma bela, firme e complexa visão própria da Existência Humana, na
qual o Orun ou “Mundo Sobrenatural” está em estreita relação com o Aiye ou “Mundo
Natural”, considerados complementares entre si e que se fundem completa, harmônica e
belamente na Ilu Aiye ou “Terra da Vida”, ou seja, a própria Natureza Terrestre.
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Desta forma, a Religião dos Orixás, além de viva e atuante, é também fruto da
convivência mais que milenar de nossos ancestrais africanos com a Natureza ou, talvez,
que o seu modo ver a Natureza fosse fruto de sua atávica convivência com as suas
Entidades Sobrenaturais.
Assim sendo, os nossos Awon Odu ou “Fundamentos da Tradicão Oral”, passados da
bôca do mestre ao ouvido do discípuo,afirmam que a Existência transcorre em dois
grandes planos:
1 – Orun ou Mundo Sobrenatural ou Além
2 – Aiye ou Mundo Natural ou Terra-da-Vida
Mas esses dois grandes planos de Existência não são assim tão distintos, pois os Versos
dos Contos de Ifá contam que as Entidades Sobrenaturais já “viveram” sobre a Terra no
Ode Aiye ou “Local Terrestre para as Divindades”, quando elas aqui vieram reger a
Criação do Mundo Natural.
Além disso, esta tradição religiosa afirma que tudo o que existiu, existe ou existirá no
Mundo Natural foi plasmado no Mundo Sobrenatural e lá tem o seu exato Duplo. Desta
sorte, todos os Seres existentes são denominados por um só termo: Ara ou “Corpo” ou
“Ser Existente”.
Estes Ara ou “Seres Existentes” podem ser, conforme as suas qualidades:
1.1 – Ara Orun ou Seres Existentes no Além
1.2 – Ara Aiye ou Seres Existentes na Terra
Os Ara Orun dividem-se em duas categorias principais:
1.1.1 – Os Ara Orun Imole ou Seres Existentes no Além de Categoria Divina”, os quais
estão associados à estrutura do Cosmo e da Natureza Terrestre;
1.1.2 – Os Ara Orun Onile ou “Seres Existentes no Além Ancestrais de Terrestres”,
que estão ligados à estrutura da Sociedade
Vejamos agora quem são eles :
1.1.1 – Os Ara Orun Imole ou “Seres Existentes no Além de Categoria Divina”.
Os Versos dos Contos de Ifá falam com freqüência em 600 (seiscentos) Ara Orun Imole,
entre os quais situam-se os Orisa ou “Imole Funfun” ou “do Branco” mas, isto significa
muito mais que este número místico tinha a função de emprestar grandeza ao conceito de
Divindade, o que importa em dizer-se que eles, os Imole, são uma grande quantidade
desconhecida.
Estes Versos deixam entrever que existem graduações de ordem, digamos, funcional,
nesse grandioso conceito de Divindade, as quais se situam nos Meseesan Orun ou “Nove
Além”, ou, melhor dizendo, os Nove Planos de Existência desta Tradicão Africana
Sudanesa.
Todos estes Planos de Existência no Além, os quais seria fastidioso tentar aqui definir,
têm a Ile ou “Terra”, como eixo central e comum de suas esferas de ação e, portanto,
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como ponto de passagem e de retorno para que todos os Ara por ela, a Terra, intercambiem
os seus planos de existências diferenciadas.
Para isso, necessitam de um meio, quer ele seja os seus sacerdotes ou os seus Filhos de
Santo ou, preferencialmente, seus lugares sagrados e devocionais, tal como era o caso dos
Origi ou “Montículo Sagrado” do Orisa Orunmila na Cidade Santa de Ile Ife em África,
a Ilu Aiye Odara ou “Terra da Vida Feliz”. Este também é o caso, no Brasil, dos atuais
Peji ou “Assentamentos” dos Candomblés de Nação Africana e dos Congás dos
Umbandistas.
Daí a Terra ser invocada e chamada a testemunhar em todos os tipos de pactos,
particularmente em relação à guarda de segredos. Ki Ile Jeeri ou “que a Terra testemunhe”
é a mais ritual das fórmulas empregadas em juramentos solenes e daí que todo o
Assentamento de um Ôrixá deva ser baseado na Ota ou Pedra que lhe seja própria,
“assentada”, consagrada e “alimentada” por seus fiéis e estes dizerem: -”A força dos
Orixás está na pedra.”-
O que eqüivale a dizer-se: na “Terra” ou na “Natureza”! Portanto, como disse
anteriormente, Terra e Além estão indissoluvelmente interligados em minha mente e daí
também saber que todos os “Além” podem se intercambiar nesta Terra da Vida e que
todos os Seres que nela existem, mesmo os inanimados, possuem Ase, a Centelha de
Energia da Vontade Divina (Aba) que os criou e os faz existir (Iwa). Daí muitos
desavisados tratarem os fiéis aos Orixás por “animistas”, misturando o conceito de Ase
com o conceito de “alma” ou “espírito” de suas próprias filosofias religiosas
Os Ara Orun Onile ou Seres Existentes no Além Ancestrais de Terrestres.
E no Mito da Criação do Mundo, como conseqüência da existência de Vida na Terra,
apareceu a outra classe de criaturas Ara Orun da Religião dos Orixás : os Onile, de Oni
(Senhor) + Ile (Terra), ou seja, os “Senhores da Terra”.
Os Onile ou “Senhores da Terra” ou, ainda melhor, os “Ancestrais”, aqueles entes
falecidos que por suas ações passadas foram semi-divinizados por seus descendentes,
sendo que, embora estejam no Além não são Divindades e estão ligados à estrutura da
Sociedade.
Estes Senhores da aterra que tiveram as suas Ori Orun ou “Cabeça-no-Além” também
criadas por OLORUN (Deus), puderam tornar-se em Ara Aiye ou “Seres da Terra” e
sobre a Terra da Vida existir para consumar o seu Iwa ou sua “Existência” ou “Destino”
com a própria Ori Inu ou “Cabeça-Interna” ou “Individualidade Terrestre”, para no seu
Ol’ojo ou “Dia Marcado” retornar ao Além para acrescentar a seu Ara Orun ou “Duplo
no Além” ou “matriz espiritual primordial”, todos os méritos ou deméritos de suas ações
praticadas na Terra da Vida, adquirindo, dentro de condições especiais, após a primeira
desencarnação, a qualidade de Onile ou “Ancestral”.
E é aqui que Orun e Aiye intercambiam-se ainda mais:
Ara Aiye ou Seres da Terra
Assim sendo, ainda que seja perante OLORUN que cada Ara Orun e/ou Onile deva
“ajoelhar-se” para pedir o seu novo Destino antes de reencarnar-se, sendo ÊLE o seu
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verdadeiro Eleda ou “Criador”, ao renascer na Terra da Vida o novo Ser Vivente tem o
seu Destino controlado pelo Orisa Orunmila-Ifa, que através do Oráculo de Ifá dos
Babalawos, com seus conselhos, exemplos, parábolas e “falas” conhecidas por Odu ou
“Essência dos Fundamentos de Tradição Oral”, ajudam cada Ser Humano a bem
consumar o Destino por ele próprio solicitado a OLORUN.
Assim, toda a Natureza criada por OLORUN é também a “Casa de Ifá” e todos os Seres
Humanos são suas Omo ou “Crianças” e é por isso também que os fieis tratam os
Babalawos por Baba ou “Pai”, ainda que Baba também possa se traduzir por “Senhor”.
Também é verdade que, neste processo de reincarnação, o Ser que deverá vir à Terra
da Vida solicita ou aceita estar ligado a algum Imole Irunmole ou Imole Igbamole (ser
masculino e ser feminino: qualidades humanas emprestadas aos Imoles), que também lhe
“comunicarão” algumas qualidades de sua matéria primordial (Ase Funfun ou “do
Branco”, Ase Dudu ou “do Preto” e Ase Pupo ou do “Vermelho”). Desta forma, na Terra-
da-Vida, este novo Ser Vivente deve devotar-se a algum Irunmole (Entidade Espiritual
Masculina) e/ou Igbamole (Entidade Espiritual Feminina) ou por ele/ela ser “possuído”
no transe mediúnico.
Esta Entidade Espiritual comunicante com o novo Ser Vivente, depois de detectada e
confirmada a sua influência pelos processos do Oráculo de Ifá, deve ser considerada como
o “possuidor” da Ori Inu ou “Cabeça Interna”, ou seja, da nova “Personalidade Individual
Terrestre” daquele novo Ser Humano e/ou Ancestral novamente encarnado, ou seja, o seu
Oluware, portanto, e no máximo, o seu Oba Mi ou “Meu Senhor” ou Iya Mi ou “Minha
Senhora”, pois que o seu verdadeiro Criador sempre foi, é e será Deus.
Assim, sempre por intermédio do Orisa Orunmila em sua Divinação Sagrada de Ifá,
aqueles demais Awon Orisa podem ajudar ou cobrar do Ser Humano os compromissos
com eles assumidos, de forma que ele possa bem consumar seu Destino ou corrigir os
desvios que poderão levá-lo ao fracasso, mas sem jamais interferir no livre arbítrio de
cada ser.
Foi sobretudo este relacionamento “pré-estabelecido no Além” com os Awon Imole ou
“Seres Sobrenaturais de Categoria Divina” a parte da Teologia Iorubá que foi a mais
lembradada pelos descendentes de seus féis escravizados e que levou à criação dos
Candomblés de Nação Africana no Brasil para cultuá-los, assim como, foi o Culto aos
Awon Onile ou “Ancestrais” a parte mais absorvida e praticada pela Umbanda do Brasil.
Entretanto, é somente o Ara Orun Imole Irunmole Oju Kotun Orisa Funfun Orunmula-
Ifa que é o verdadeiro Arauto dos Desígnios Absolutos de Deus sobre o Destino de todos
os Seres Terrestres, destino este que pode ser confirmado ou corrigido pela Divinação
Sagrada de Ifá, para que cada “Criança” nascida na “Casa de Ifá” tenha condições
espirituais de muito bem cumprir aquilo que ele próprio
solicitou a Olorun no Além e, assim, poder apresentar-se novamente perante Êle em seu
Ol’ojo ou “Dia Marcado” para retornar ao Além, acrescentando a seu Duplo no Além a
Soma de seus sucessos ou fracassos em relação a seu Destino nesta Terra da Vida, já não
tão Ilu Aiye Odara.
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E esta é a verdadeira função da Divinação Sagrada de Ifá : fazer com que as “Crianças”
de Orisa Orunmila-Ifa cresçam em méritos espirituais por conhecerem à si próprias e bem
cumprir o seu próprio Destino livremente escolhido no Além perante Deus!
1 – ILE IFA
A CASA DE ORUNMILA-IFA
Ifá é um Sistema de Oráculo Sagrado originário da milenar cultura africana Iorubá e é
parte integrante da religião naturalista que nos foi legada pelos descendentes dos povos
africanos sudaneses escravizados no Brasil.
Enretanto, com o passar de mais de um século de sua chegada, miscigenou-se com
anteriores conhecimentos espirituais Bantos e Angolenses aqui já aclimatados a mais de
dois séculos, esta simbiose vindo a constituir-se em um dos Três Pilares Místicos sobre
os quais ergueu-se a Umbanda do Brasil, à ela legando, dentre outros, dois elementos
principais: o conceito dos Orixás e o Jogo dos Búzios.
Mas, foi só tardiamente, quando passadas as fases da escravização e colonizacão, que
os estudiosos do esoterismo das religiões africanas reformuladas no Brasil deram-se conta
de que, subjacente às graciosas e/ou confusas lendas dos escravos africanos, existiam uma
Teogonia, uma Mística e uma Liturgia de grande alcance espiritual, cultural e social que
haviam sustentado a fé dos descendentes daqueles povos, mesmo na tragédia da
escravidão.
E foi assim que os estudiosos confirmaram que os Awon Babalawo ou os “muitos
Senhores do Segredo” (título pelo qual os sacerdotes africanos eram conhecidos) sempre
tiveram e ainda têm uma bela, firme e complexa visão própria da Existência Humana, na
qual o Orun ou “Mundo Sobrenatural” está em estreita relação com o Aiye ou “Mundo
Natural”, considerados complementares entre si e que se fundem completa, harmônica e
belamente na Ilu Aiye ou “Terra da Vida”, ou seja, a própria Natureza Terrestre.
Desta forma, a Religião dos Orixás, além de viva e atuante, é também fruto da
convivência mais que milenar de nossos ancestrais africanos com a Natureza ou, talvez,
que o seu modo ver a Natureza fosse fruto de sua atávica convivência com as suas
Entidades Sobrenaturais.
Assim sendo, os Awon Odu ou “Fundamentos da Tradicão Oral”, passados da bôca do
mestre ao ouvido do discípuo,afirmam que a Existência transcorre em dois grandes
planos:
1 – Orun ou Mundo Sobrenatural ou Além
2 – Aiye ou Mundo Natural ou Terra-da-Vida
Mas esses dois grandes planos de Existência não são assim tão distintos, pois os Versos
dos Contos de Ifá contam que as Entidades Sobrenaturais já “viveram” sobre a Terra no
Ode Aiye ou “Local Terrestre para as Divindades”, quando elas aqui vieram reger a
Criação do Mundo Natural.
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Além disso, esta tradição religiosa afirma que tudo o que existiu, existe ou existirá no
Mundo Natural foi plasmado no Mundo Sobrenatural e lá tem o seu exato Duplo. Desta
sorte, todos os Seres existentes são denominados por um só termo: Ara ou “Corpo” ou
“Ser Existente”.
Estes Ara ou “Seres Existentes” podem ser, conforme as suas qualidades:
1.1 – Ara Orun ou Seres Existentes no Além
1.2 – Ara Aiye ou Seres Existentes na Terra
Os Versos dos Contos de Ifá falam com freqüência em 600 (seiscentos) Ara Orun Imole,
entre os quais situam-se os Orisa ou “Imole Funfun” ou “do
Branco” mas, isto significa muito mais que este número místico tinha a função de
emprestar grandeza ao conceito de Divindade, o que importa em dizer-se que eles, os
Imole, são uma grande quantidade desconhecida.
Estes Versos deixam entrever que existem graduações de ordem, digamos, funcional,
nesse grandioso conceito de Divindade, as quais se situam nos Meseesan Orun ou “Nove
Além”, ou, melhor dizendo, os Nove Planos de Existência desta Tradicão Africana
Sudanesa.
Todos estes Planos de Existência no Além, os quais seria fastidioso tentar aqui definir,
têm a Ile ou “Terra”, como eixo central e comum de suas esferas de ação e, portanto,
como ponto de passagem e de retorno para que todos os Ara por ela, a Terra, intercambiem
os seus planos de existências diferenciadas.
Para isso, necessitam de um meio, quer ele seja os seus sacerdotes ou os seus Filhos de
Santo ou, preferencialmente, seus lugares sagrados e devocionais, tal como era o caso dos
Origi ou “Montículo Sagrado” do Orisa Orunmila na Cidade Santa de Ile Ife em África,
a Ilu Aiye Odara ou “Terra da Vida Feliz”. Este também é o caso, no Brasil, dos atuais
Peji ou “Assentamentos” dos Candomblés de Nação Africana e dos Congás dos
Umbandistas.
Daí a Terra ser invocada e chamada a testemunhar em todos os tipos de pactos,
particularmente em relação à guarda de segredos. Ki Ile Jeeri ou “que a Terra testemunhe”
é a mais ritual das fórmulas empregadas em juramentos solenes e daí que todo o
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Assentamento de um Ôrixá deva ser baseado na Ota ou Pedra que lhe seja própria,
“assentada”, consagrada e “alimentada” por seus fiéis e estes dizerem: -”A força dos
Orixás está na pedra.”-
O que eqüivale a dizer-se: na “Terra” ou na “Natureza”! Portanto, como disse
anteriormente, Terra e Além estão indissoluvelmente interligados em minha mente e daí
também saber que todos os “Além” podem se intercambiar nesta Terra da Vida e que
todos os Seres que nela existem, mesmo os inanimados, possuem Ase, a Centelha de
Energia da Vontade Divina (Aba) que os criou e os faz existir (Iwa). Daí muitos
desavisados tratarem os fiéis aos Orixás por “animistas”, misturando o conceito de Ase
com o conceito de “alma” ou “espírito” de suas próprias filosofias religiosas.
Em primeiro lugar, os Babalawo não se vestiam, necessariamente, só de branco; podiam
usar também o azul médio por questões puramente práticas: vestes desta cor sujam menos.
E os Awoni, sendo aristocratas, desde muitos séculos atrás, talvez antes dos europeus,
obtinham dos comerciantes árabes a seda multicolor, por ser esta muito leve e, se usada
em vestes amplas, muito frescas no verão.
E no inverno, por motivos climáticos inversos, introduziu-se o tecido adamascado
árabe e, depois, o veludo europeu. E, no início, estas vestes, mormente no verão africano,
restringiam-se a um grande pano retangular, enrolado e preso à cintura, indo da mesma
ao final das canelas.
Foi o relacionamento inicial com os povos negros já islamizados como os Fulbas,
Peules e Haussás que introduziu o costume de usar vestes do tipo “cáftan” árabe,
às quais se sobrepunham, para dignificação, mantos leves e esvoaçantes. Também a
aculturação Islâmica promoveu a substituição dos tradicionais chapéus de palha
finamente trançada em formato cônico, por gorros de seção cilíndrica ou turbantes, mas
o uso de turbantes era privativo dos Awoni Babalawo.
Calçados, do tipo sandálias pesadas, só eram usadas em longas caminhadas por quase
todos, mas a Islamização introduziu as “babuchas”, tipo de chinelo de couro tratado, sem
salto, no estilo oriental, para os Omo Bíbi.
Vemos assim que, só pelas vestes, não era possível identificar-se um Babalawo, a não ser
entre os mais aristocrátas e os demais mortais!
Então, olhava-se para as suas cabeças. Os Elegan tinham-nas obrigatoriamente
raspadas; os Osu e Ôl’Odu deixavam crescer nas cabeças raspadas um tufo circular de
cabelos, na parte lateral direita do crânio, tufo este aparado curto no caso dos Osu, mas
que poderia ser longo e trançado no caso dos Ôl’Odu. Mas, somente os Awoni usavam
neste Ôsù, o Ekódidé, ou seja, uma pena vermelha da cauda do papagaio cinzento
africano.
Em seguida, podia-se visualizar os braços e o tórax dos Babalawo: todos eles, de
qualquer categoria, usavam o Idê Ifá ou Bracelete de contas castanhas e verdes claras,
atado no pulso esquerdo. Mas somente de um Ôl’Odu para cima, ou, se muito famoso,
um Oluwo, ousava acrescentar a este bracelete uma Opala cor de rosa ou, se não tivesse
recursos para isso, uma conta de cerâmica dessa mesma cor.
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- falar mal de outro, fora do âmbito de sua Confraria, mesmo o outro sendo culpado;
- divulgar o teor das discussões travadas em seus encontros formais na Confraria
Oxôgboni ou Sociedade Secreta, mesmo que se tratasse de punições contra culpados ou
desagravo de inocentes.
Estas regras aplicavam-se e aplicam-se a todos os Babalawo. E, como sou Babalawo em
cuja Ori Inu ou “cabeça interna” ou “personalidade”, o Orisa Orunmila já “gritou”,
acrescento à essas regras acima, outras duas vindas também da milenar sabedoria Yoruba
e que eram aplicáveis à qualquer categoria de Babalawo:
Obé ti o mu ki gbé kuku ará ré
-”Por mais afiada que seja a faca,
ela não pode riscar seu próprio cabo .”-
-” Não se pode barganhar com as coisas de Ifá,
como se faz com as coisas na praça do mercado .”-
O que equivale a dizer-se que nenhum Babalawo podia realizar a Divinação Sagrada em
proveito próprio e/ou barganhar com o Destino dos fiéis dos Awon Orisa.
Foi por respeitarem e, principalmente, fazerem respeitar estas poucas regras básicas
que essa linhagem de homens religiosos, os Babalawo, conseguiu estabelecer por mais de
1400 anos, em sua própria terra e entre seus próprios fiéis, uma reputação de dedicação e
honestidade.
Olóojó òní Ifá, mo júbà rè Olú dáyé, mo júbà rè Mo júbà omodé Mo júbà àgbà Bí èkòló
bá júbà ilè Ilè ó l’énun Kí ìbá mi sé Mo júbà àwon àgbààgbà méérìndílógún Mo júbà
bàbá mi “Ogun “ Mo tum júbà àwon Ìyá mi eléeye Mo júbà Òrúnmìlà, ó gbáayé, ó
gbóòrun Òhuntí mo bá wí lóojó òní Kí ó rí béè fún mi E jòwó, májé kí ònòn mi díì
Níìtorí yìí ònòn kò dí mòn ojó Ònon kò dí mòn oògùn Òhuntí a bá ti wí fú Ògbà, l’Ògbá
ngbà Ti Ìlákòse ni sé láàwújo igbi Ti Ekese ni sé láàwùjo Òwú
Olóojó Òní kí ó gbà òrò mi yèwò Àsé!
Tradução
Senhor e dono do dia Ifá, apresento-vos meus respeitos. Senhor da terra, apresento-vos
meus respeitos. Meus respeitos aos mais jovens (novos). Meus respeitos aos mais velhos.
Se a minhoca vai à terra respeitosamente, A terra abre a boca aceitando-a Que a bênção
me seja dada. Meus respeitos ao dezesseis mais velhos (Odú Àgbà). Meus respeitos,
meu pai “ Ogun “ Eu tomo a benção às minhas mães Senhora dos pássaros. Meus
respeitos, Orunmilá, aquele que vive na terra e vive no céu. Qualquer coisa que eu diga
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no dia de hoje, Que eu possa vê-la acontecer para mim. Por favor, não permita que meus
caminhos se fechem, Porque os caminhos não se fecham para quem entende o dia, Os
caminhos não se fecham para quem entende a magia. Qualquer coisa que eu diga para
Ògbà, que Ògbà aceite. Ìlákòse tornou-se o mais importante na assembléia dos caracóis,
Ekese tornou-se o mais importante na assembléia do algodão. Senhor e dono do dia, que
você aceite minhas palavras e verifique. Que assim seja !
OFÒ FÚN BIBÓ ORÍ
Oduduá é uma das divindades primordiais. Ela é considerada, ao lado de Obatalá como o
casal primordial e propulsor da criação. Cada um foi incumbido de determinadas funções
no papel da criação do Aiyê, o universo incluindo o mundo em que vivemos. O universo
é visto dentro do culto aos Orixás como uma grande cabaça e esta cabaça é representada
por Oduduá e Obatalá. Oduduá é considerada como a parte de baixo da cabaça e Obatalá
é considerado como a parte de cima da cabaça.
O nome Oduduá pode ser traduzido como a cabaça de onde jorrou a vida. Muitos
costumam se enganar e a afirmar que Oduduá seria um Orixá masculino ao invés de
masculino, mas o que ocorre é uma confusão entre a divindade feminina Oduduá com o
ancestral iorubano divinizado Oduduá, que na verdade é conseiderado em território
africano como sendo uma forma humana da deusa Oduduá, ou seja, o guerreiro legendário
e a deusa Oduduá seriam as mesmas pessoas. Esta é uma visão muito ampla no que
concerne à essência divina mas isso é algo que vai muito além da capacidade de aceitação
de algumas pessoas e sacerdotes.
O surgimento de Oduduá, bem como o de Obatalá, é muito interessante. Diz-se que
involuntariamente nos primórdios da criação, quando a única coisa existente nos mundos
era o Olorun, a grande energia primordial, Oduduá, a deusa, surgiu do corpo de Olorun,
a grande energia primordial, assim como Obatalá e outra tantas divindades.
Foi Oduduá quem criou a terra e todo o universo como o conhecemos e, ao lado de
Obatalá, possibilitou o surgimento da vida.
Em terceiro lugar, com a Eerupe ou “Lama”, mistura de Água e Terra, mas também
vivificada por Seu Hálito e Centelha Divina (Fogo e Ar), Olorun criou o Imole Exú, o
“Terceira Cabaça”, ou “Terceiro Ser Criado” ou ainda, o “Esu Ancestral”, o Imole da
Dinamização, da Transformação e da Restituição, quer no Além ou quer na Terrada-Vida
e, portanto, portador de todas as Qualidades do Vermelho, do Preto e do Branco. O Imole
Esu Agba é, portanto, o primeiro Ara Orun ou “Corpo do Além”, ou seja, a “Primeira
Individualidade Espiritual” a ser criada com o concurso da Matéria combinada: Fogo
(Centelha Divina), Ar (Hálito Divino), Água e Terra (Eerupe, a Lama). Sua qualidade de
“Terceiro Ser Criado” o constituiu em Osije ou “Mensageiro Divino” com permissão
expressa de se apresentar perante Olorun que somente receberá Oferendas se elas forem
conduzidas por Imole Esu Osije.
Oduduá é uma Orixá Funfun absolutamente diferente dos demais, embora semelhante em
essência, é feminina, sendo cultuada em diversas regiões como esposa de Obatalá, embora
seja, em princípio, sua irmã. "Iya Male” (Mãe das Divindades ou Mãe Divina)
Orin Oduduá
Iya dakun gba wa o; – Oh Mãe! nós suplicamos que nos libertes;
ki o to ni to mo; – olhai por nós, olhai por nossos filhos;
ogbebi l’Adó ! – Tu és aquela que te estabelecestes em Adó!”
Ori. O Deus mais Poderoso
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ORI é o ORISA pessoal, em toda a sua força e grandeza. ORI é o primeiro ORISA a ser
louvado, representação particular da existência individualizada (a essência real do ser). É
aquele que guia, acompanha e ajuda a pessoa desde antes do nascimento, durante toda
vida e após a morte, referenciando sua caminhada e a
assistindo no cumprimento de seu destino. ORI em yorubá tem muitos significados – o
sentido literal é cabeça física, símbolo da cabeça interior (ORI INU). Espiritualmente, a
cabeça como o ponto mais alto (ou superior) do corpo humano representa o ORI.
Enquanto ORISA pessoal de cada ser humano, com certeza ele está mais interessado na
realização e na felicidade de cada homem do que qualquer outro ORISA. Da mesma
forma, mais do que qualquer um, ele conhece as necessidades de cada homem em sua
caminhada pela vida e, nos acertos e desacertos de cada um, tem os recursos adequados
e todos os indicadores que permitem a reorganização dos sistemas pessoais referentes a
cada ser humano. Reforçando esta questão temos um oriki que nos diz
“ORI LO NDA ENI ESI ONDAYE ORISA LO NPA ENI DA O NPA ORISA DA
ORISA LO PA NIDA BI ISU WON SUN AYÉ MA PA TEMI DA KI ORI MI MA SE
ORI KI ORI MI MA GBA ABODI”
TRADUÇÃO :“ORI é o criador de todas as coisas ORI é que faz tudo acontecer, antes da
vida começar É ORISA que pode mudar o homem Ninguém consegue mudar ORISA
ORISA que muda a vida do homem como inhame assado AYÉ*, não mude o meu destino
Para que o meu ORI não deixe que as pessoas me desrespeitem Que o meu ORI não me
deixe ser desrespeitado por ninguém Meu ORI, não aceite o mal.” (* AYÉ – conjunto das
forças do bem e do mal) Como foi dito, não existe um ORISA que apóie mais o homem
do que o seu próprio ORI: um trecho do adura (reza) feito durante o assentamento de um
IGBA-ORI diz: KORIKORI Que com o àse do próprio ORI, O ORI vai sobreviver
KOROKORO
Da mesma forma que o ORI de Afuwape sobreviveu, O seu sobreviverá. Ele será
favorável a você. Tudo de que você precisa, Tudo o que você quer para a sua vida, É ao
seu ORI que você deverá pedir. É o ORI do homem que ouve o seu sofrimento…” O que
é então ORI, de que a natureza é constituído e qual o seu papel na vida do homem? Em
primeiro lugar, acredita-se que o corpo humano é constituído de duas partes: a cabeça e
o suporte – ORI e APERE. Acredita-se que este corpo adquire existência na medida em
que recebe de OLODUMARE o sopro vivificador – o EMI.
Este sopro foi o agente do processo da criação em seu primeiro momento e tem sido o
responsável pela geração e continuidade de toda a vida no universo. Este modelo descrito
e de entendimento abrangente para todas as formas de vida é repetido no ser humano. A
cabeça e o seu suporte, ORI-APERE são formados a partir dos elementos matrizes,
enquanto o ORI-INU, interior, representa, na sua constituição, uma combinação de
elementos, porções de matéria-massa que é particularizada durante o processo de
modelagem de cada ORI. Ele é único e, por conta disso, particulariza e dá
individualização à existência.
Essa combinação “química” definirá parte das relações do homem com o mundo
sobrenatural e a religião, na medida em que determina o seu ELEDA, ORISA – símbolo
do elemento cósmico de formação, a que chamamos, adiante, de IPORI, daquele ORI-
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INU em particular. No Brasil vimos, com certa frequência, o ELEDA ser chamado de
ORISA-ORI, simplificação da relação aqui exposta. ELEDA segundo Juana Elbein dos
Santos em Os Nagô e a Morte, “se refere à entidade sobrenatural, à matéria-massa que
desprendeu uma porção da mesma para criar um ORI, consequentemente Criador de
cabeças individuais…”
Para os yorubás, o ser humano é descrito como constituído dos seguintes elementos: Àrá,
Ójìjì, Ókòn, Émì e Órì. Ara é o corpo físico. Ojiji é o fantasma humano, é a essência
espiritual visível. Okan é o coração físico, sede da inteligência, do pensamento e da ação.
Emi está associado a respiração, é o sopro divino, quando uma pessoa morre diz-se que
seu Emi partiu. Por fim o Ori, Ori é o Orixá pessoal, em toda a sua força e grandeza. Ori
é o Primeiro Orixá a ser louvado, representação particular da existência individualizada,
a essência real do ser. é aquele que guia, acompanha e ajuda a pessoa desde antes do
nascimento, durante toda a vida e após a morte, referenciado sua caminhada e a assistindo
no cumprimento do seu destino. Ori em yorubá tem muitos significados, mas o sentido
literal é cabeça física, símbolo da cabeça interior ( Órì ínù ). Espiritualmente a cabeça
como o ponto mais alto do corpo humano representa o Ori. Como Orixá pessoal do ser
humano, Ori está mais interessado na realização e na felicidade de cada homem do que
qualquer outro Orixá, da mesma forma ele conhece mais do que qualquer um as
necessidades de cada pessoa durante a vida.
O conceito de Ori está intimamente ligado ao conceito de destino pessoal e à
instrumentalização do ser humano para a realização deste destino. Um Itã do Odu Ogundá
Meji nos dá a exata dimensão da matéria quando nos relata sobre a correspondência entre
o Ori e o ser humano.
"Ori eu te saúdo!
Aquele que é sábio, foi feito sábio pelo próprio Ori.
Aquele que é tolo, foi feito mais tolo que um pedaço de inhame, pelo próprio Ori."
Ori desempenha um papel importante para os seguidores de Ifá. Nele acredita-se que
escolhemos nossos próprios destinos. E nós o fazemos mediante os auspícios do Orixá
Ajalá. Um verso de Ifá explica esta questão:
"Você disse que foi apanhar seu Ori.
Você sabia onde Afuwape apanhou seu Ori?
Você poderia ter ido lá para apanhar o seu.
Nós pegamos nossos Oris nos domínios de Ajalá,
Assim somente nossos destinos diferem."
Ajalá é responsável pela modelação da cabeça humana, e acredita-se que o Ori e o Odu
determinam nossas vidas. Todo Ori, embora criado bom, está sujeito a mudanças. Vimos
que feiticeiros, bruxos, homens maus e a própria conduta podem transformar
negativamente um Ori, sendo sinal dessa transformação uma cadeia interminável de
infelicidades na vida de uma pessoa a despeito de seus esforços para melhorar. Quando o
Ori está bem, todo o ser está bem. O destino também pode ser afetado pelo caráter da
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própria pessoa. Um bom destino deve ser sustentado por um bom caráter. Ori assim como
todo Orixá se bem cultuado concede a proteção.
"Íwà ré l'Àyé yìí nì yoó dà ó léjo" ( Seu caráter, na Terra, preferirá sentenças contra você
)
Quando encontramos uma pessoa que, apesar de enfrentar na vida uma série de
dificuldades relacionadas a ações negativas ou maldade de outras pessoas, continua
encontrando recursos internos, força interior, que lhe permitam a sobrevivência e,
inclusive, muitas vezes, mantém resultados adequados de realização na vida.
"Énìyán kó fè érù fì ásó, Órì énì nì só nì" ( As pessoas não querem que você sobreviva,
mas seu Ori trabalha para você )
Ori
O Ori é forte e é capaz de cuidar do homem e garantir-lhe a sobrevivência social e as
relações com a vida, apesar das dificuldades que possa enfrentar, se mantém são. Esta é
a razão pela qual o Bori, forma de louvação e de fortalecimento do Ori utilizada em nossa
religião é frequentemente utilizado. Deste modo a pessoa tem maior facilidade para
encontrar a força interior necessária para vencer
IRETE - OFUN
"ATEFUN - apelido de Ifá sábio,
Adivinhava o oráculo às 401 divindades,
Estavam indo ao estado de perfeição,
O sábio de ORÍ "adivinhou" oráculo para ORÍ;
ORÍ estava indo ao estado de perfeição (ÒDE-ÀPÉRÉ),
Mandou-lhe fazer sacrifício,
Somente ORÍ, o único quem fez,
O seu sacrifício foi abençoado,
Portanto ORÍ é maior que todas as divindades,
ORÍ é mais forte que as divindades,
Somente ORÍ chegou no estado de perfeição.
O iniciado sacrificou!
ORI é forte, mais que os òrìsà."
No ODU OGBEYONU (Ogbe Ogunda) vamos encontrar ainda, “… Quando acordo pela
manhã coloco minha mão no ORI. ORI é fonte de sorte. ORI é ORI!…”. É um oriki
dedicado à ORI, mostrando o papel que ORI tem na vida de cada pessoa quanto as suas
relações interpessoais, suas relações com as outras pessoas, e as suas condições de
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Para qualquer Yorubà, a palavra ORI tem uso amplo. ORI em um primeiro momento quer
dizer cabeça; e simboliza também - o ápice de todas as coisas; o mais alto desempenho,
portanto contém o superlativo ou seja o Zénite. Por exemplo, a cabeça é a parte mais alta
e mais importante do corpo humano, é a moradia do cérebro que controla o corpo inteiro.
O líder ou chefe de qualquer organização é referido como "Òlórí", ORI é cabeça ou mente,
cabeça é alta, alto é supremo e o ser supremo é OLODÙMÀRÉ (SENHOR DO
DESTINO).
No corpo humano ORI se subdivide em duas colocações:
1) A cabeça física - é o crânio humano, onde está o cérebro que usamos para o pensamento
e controle das outras partes do corpo; consciente ou inconsciente; os olhos para tudo ver;
o nariz para respirar e cheirar; orelhas para ouvir; a boca para alimentar e falar; a língua
para saborear; nossa essência masculina ou feminina está na cabeça, o rosto que dela faz
parte nos distinguem uns dos outros, imprimindo uma identidade individual; sem a cabeça
o homem e mulher seriam como qualquer "X" 2) A cabeça espiritual está subdividida em
mais duas partes a saber: Cabeça Espiritual APARÍ-INÚ (Cabeça espiritual interna) -
ORÍ-ÀPÉRÉ (destino ou parte divina de cada um: escolhido no domínio de ÀJÀLÁ -
divindade de ORÍ.
Tradução
"Uma pessoa de mau Ori não nasce com a cabeça diferente das outras. Ninguém consegue
distinguir os passos do louco na rua. Uma pessoa que é líder não é diferente E também é
difícil de ser reconhecida. É o que foi dito à Mobowu, esposa de Ogun, que foi consultar
Ifá. Tanto esposo como esposa não deviam se maltratar tanto, Nem fisicamente, nem
espiritualmente. O motivo é que o Ori vai ser coroado E ninguém sabe como será o futuro
da pessoa."
A RESPEITO DO DESTINO HUMANO
Podemos perceber que a compreensão sobre o papel que ORI desempenha na vida de
cada homem está intimamente relacionado à crença na predestinação – na aceitação de
que o sucesso ou o insucesso de um homem depende em larga escala do destino pessoal
que ele traz na vinda do ORUN para o AIYE. A esse destino pessoal chamamos
KADARA ou IPIN e é entendido que o homem o recebe no mesmo momento em que
escolhe livremente o ORI com que vai vir para a terra.
ORI desempenha um papel importante para os seguidores de IFÁ. Nele acredita-se que
escolhemos nossos próprios destinos. E nós o fazemos mediante os auspícios do ORISA
IJALA MOPIN. A esfera de ação de IJALA é junto a OLODUMARE e é ele que sanciona
as escolhas de destino que fazemos. Essas escolhas são documentadas pelas divindades
que chamamos de ALUDUNDUN. Um verso de IFÁ explica esta questão: “ “Você disse
que foi apanhar o seu ORI. Você sabia onde Afuwape apanhou o seu ORI? Você poderia
ter ido lá para apanhar o seu. Nós pegamos nossos ORI nos domínios de IJALA, Assim
somente nossos destinos diferem”
IJALA é responsável pela modelação da cabeça humana, e acredita-se que o ORI e o
ODU – signo regente de seu destino que escolhemos, determina nossa fortuna ou
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atribulações na vida, como foi dito. IJALA, embora notável em sua habilidade, não é
muito responsável e, por isso, muitas vezes modela cabeças defeituosas: pode esquecer
de colocar alguns acabamentos ou detalhes desnecessários, como pode, ao levá-las ao
forno para queimar, deixá-las por um tempo demasiado ou insuficiente.
Tais cabeças tornam-se assim, potencialmente fracas, incapazes de empreender a longa
jornada para a terra, sem prejuízos. Se, desafortunadamente, um homem escolhe uma
dessas cabeças mal modeladas, estará destinando a fracassar na vida. Durante sua jornada
para a terra, a cabeça que permaneceu por tempo insuficiente ou demasiado no forno,
poderá não resistir à ação de uma chuva forte e chegará mais danificada ainda. Todo o
esforço empreendido para obter sucesso na vida terrena terá grande parte de seus efeitos
desviada para reparar tais estragos.
Pelo contrário, se um homem tem a sorte de escolher uma das cabeças realmente boas,
tornar-se próspero e bem sucedido na terra, uma vez que sua cabeça chega intacta e seus
esforços redundam em construção real de tudo aquilo que se proponha a realizar. O
trabalho árduo trará, ao homem afortunado em sua escolha, excelentes resultados, já que
nada é necessário dispender para reparar a própria cabeça. Assim, para usufruir o sucesso
potencial que a escolha de um bom ORI acarreta, o homem deve trabalhar arduamente.
Aqueles, entretanto que escolheram um mau ORI têm poucas esperanças de progresso,
ainda que passem o tempo todo se esforçando.
Sendo estes os pressupostos, retomamos as perguntas: Como saber se a escolha do próprio
ORI foi boa ou má? Pode um homem conhecer as potencialidades da própria cabeça ou
da cabeça de outrem?
O Jogo divinatório de IFÁ possibilita que a pessoa tome conhecimento dos desígnios do
próprio ORI, saiba a respeito do ORISA ou IRUNMALE que deve ser cultuado e conheça
seus EWO – proibições quanto ao consumo de alimentos, uso de cores e condutas morais
Muitas referências são feitas às relações entre ORI e o destino pessoal. O destino descrito
como IPIN ORI – a sina do ORI – pode ser dividido em três partes: AKUNLEYAN,
AKUNLEGBA E AYANMO.
AKUNLEYAN é o pedido que você fez no domínio de IJALA – o que você gostaria
especificamente durante seu período de vida na terra: o número de anos que você desejaria
passar na terra, os tipos de sucesso que você espera obter, os tipos de parentes que você
deseja.
AKUNLEGBA são aquelas coisas dadas a um indivíduo para ajudá-lo a realizar esses
desejos. Por exemplo: uma criança que deseja morrer na infância pode nascer durante
uma epidemia para garantir a morte dele ou dela.
AYANMO é aquela parte do nosso destino que não pode ser mudada: nosso gênero (sexo)
ou a família em que nascemos, por exemplo. Ambos, AKUNLEYAN e AKUNLEGBA
podem ser alterados ou modificados quer para bom ou para mau, dependendo das
circunstâncias. Assim o destino descrito como IPIN ORI – a sina do ORI pode sofrer
alterações em decorrência da ação de pessoas más chamadas como ARAYE – filhos do
mundo, também chamadas AIYE – o mundo ou ainda, ELENINI – implacáveis (amargos,
sádicos, inexoráveis) inimigos das pessoas.
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Entre estes encontram-se as ÀJÉ em seu aspecto negativo como dito nos cultos atuais–
bruxas, os OSO – feiticeiros, os envenenadores e todos aqueles que se dedicam a práticas
malignas com intuito de estragar qualquer oportunidade de sucesso humano. Sacrifício e
ritual podem ajudar a melhorar as condições desfavoráveis que podem ter resultados
destas maquinações maléficas imprevisíveis. Todo ORI, embora criado bom, acha-se
sujeito a mudanças. Vimos que feiticeiros, bruxas, homens maus e a própria conduta
podem transformar negativamente um ORI, sendo sinal dessa transformação uma cadeia
interminável de infelicidades na vida de um homem a despeito de seus esforços para
melhorar.
O ORI, entidade parcialmente independente, considerado uma divindade em si próprio, é
cultuado entre outras divindades, recebendo oferendas e orações. Quando ORI INU está
bem, todo o ser do homem está em boas condições. Como foi dito, nossos ORI espirituais
são por eles mesmos subdivididos em dois elementos: APARI-INU e ORI APERE –
APARI-INU representa o caráter (natureza), ORI APERE representa o destino.
Um indivíduo pode vir para a terra com um destino maravilhoso, mas se ele ou ela vem
com mau caráter (natureza), a probabilidade de desempenho (cumprimento, execução)
desse destino é severamente comprometida. O destino também pode ser afetado, então,
pelo caráter da própria pessoa. Um bom destino deve ser sustentado por um bom caráter.
Este é como uma divindade: se bem cultuado concede sua proteção. Assim, o destino
humano pode ser arruinado pela ação do homem. IWA RE LAYE YII NI YOO DA O
LEJO, ou seja, – “Seu caráter, na terra, proferirá sentença contra você”. No ODU de
OGBEOGUNDA, IFÁ diz: “Um pilão realiza três funções Ele tritura inhame Ele tritura
índigo Ele é usado como uma tranca atrás da porta Foi feito um jogo adivinhatório para
Oriseku, Ori-Elemere e Afuwape Quando eles foram escolher seus destinos nos domínios
de IJALA – MOPIN Foi solicitado para eles que realizassem rituais Somente Afuwape
realizou os rituais que foram solicitados. Ele, em consequência, tornou-se muito
afortunado. Os outros lamentaram, disseram que se soubessem onde Afuwape escolheria
seu ORI, eles teriam ido até lá para escolher os seus também. Afuwape respondeu que,
embora seus ORI fossem escolhidos no mesmo lugar, seus destinos é que diferiam.”
A questão que aí se apresenta é que somente Afuwape mostrou bom caráter. Respeitando
sua crença e realizando seus sacrifícios, ele trouxe as bênçãos potenciais de seu destino
para a efetiva realização. Seus amigos Oriseku e OriElemere falharam em mostrar bom
caráter pela recusa em realizar seus rituais e, por isso suas vidas sofreram as
consequências.
O nome IPIN está igualmente associado à ORUNMILÁ, conhecido como ELERI-IPIN –
o Senhor do Destino e que é aquele que esteve presente no momento da criação,
conhecendo todos os ORI, assistindo o compromisso do homem com seu destino, os
objetivos de cada um no momento de sua vinda para o AIYE, o programa
particular de desenvolvimento de cada ser humano e sua instrumentalização para o
cumprimento desse programa.
ORUNMILÁ conhece todos os destinos humanos e procura ajudar os homens a trilhar
seus verdadeiros caminhos. Temos, assim, que um dos papeis mais importantes de IFÁ
em relação ao homem, além de ser o intérprete da relação entre os ORISA e o homem, é
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o de ser o intermediário entre cada um e o seu ORI, entre cada homem e os desejos de
seu ORI. Apenas como registro, é preciso entender que esse mesmo papel ORUNMILÁ
tem na relação com os demais ORISA, sendo o intermediário entre cada um e o seu ORI.
E ORUNMILÁ, Ele mesmo, consulta IFÁ!
Nos momentos de crise, a consulta ao oráculo de IFÁ permite acesso a instruções a
respeito dos procedimentos desejáveis, sendo considerados bons procedimentos os que
não entram em desacordo com os propósitos do ORI.
O ser que cumpre integralmente seu IPIN-ORI (destino do ORI), amadurece para a morte
e, recebendo os ritos fúnebres adequados, alcança a condição de ancestral ao passar do
AIYE para o ORUN. Há a crença na existência de duas áreas ocupadas por espíritos dos
mortos: ORUN RERE – o bom “céu”, habitado pelas divindades e ancestrais, e ORUN
APAADI – o “céu” de muitas infelicidades, habitado pelos infelizes que sofreram má
sorte e pelos maus, julgados pelo Ser Supremo, segundo o ser caráter. Estes últimos ficam
condenados à solidão e ao esquecimento, sem direito a lembrança ou a aparecerem em
sonhos e visões – morrem totalmente.
ORUN RERE, por outro lado, é prazeiroso e sereno, vivendo os espíritos numa
comunidade composta de parentes e amigos. Podem também permanecer junto aos
familiares e intervir em suas atividades diárias, sendo-lhes permitido reencarnar em
alguma criança nascida no âmbito familiar. A respeito do ORI, resta ainda lembrar que
trata-se de uma divindade pessoal, a mais interessada de todas no bem estar de seu devoto.
Se o ORI de um homem não simpatiza com sua causa, aquilo que ele deseja não pode ser
concedido nem por OLODUMARE, nem pelos ORISA.
Da mesma forma se o caráter de um indivíduo é mau, sua escolha de destino pode não se
realizar. Se nossa situação é realmente de um mau destino, e não é uma consequência de
nosso caráter ou comportamento, então nosso ORI-APERE precisa ser apaziguado.
Oferendas prescritas ou rituais devem ser realizados para nos trazer de volta a um
alinhamento saudável.
Considera-se vital para todo homem recorrer a IFÁ, sistema divinatório de consulta a
ORUNMILÁ, a intervalos regulares para tomar conhecimento do que agrada ou
desagrada o próprio ORI. Enquanto intermediário entre a pessoa e as divindades (entre as
quais o próprio ORI) IFÁ não apenas informa sobre os desejos divinos, mas também
conduz os sacrifícios ofertados às divindades para que estas possam cumprir seu papel:
ajudar os ORI a conduzirem as pessoas à realização do próprio destino.
Se as coisas estão indo mal em sua vida, antes de apontar um dedo acusador para as
bruxas, para feitiços ou para seus inimigos, examine sua natureza. Se Você tem por hábito
maltratar as pessoas ou não considerar seus sentimentos, não procure qualquer felicidade
ou sorte em sua vida, não importando o quanto Você possa ser bem sucedido
materialmente.
ÀJÀLÁ ORÍ, ORÍ L’EWÀ, L’EWÀ, L’EWÀ. ÀJÀLÁ ORÍ, ORÍ L’EWÀ, L’EWÀ,
L’EWÀ. OPÉ ÈNYIN EDÙMARÈ, WÁ ORÍ, E KÚ Ó. OPÉ ÈNYIN EDÙMARÈ, WÁ
ORÍ, E KÚ Ó. E KÚ Ó ÒRUN, E KÚ Ó ÒSÙPÁ, E KÚ ÒJÒ, ÒJÒ BÒ ILÈ. E KÚ Ó
ÒRUN, E KÚ Ó ÒSÙPÁ, E KÚ ÒJÒ, ÒJÒ BÒ ILÈ. IRÉ ORÍ Ó JÍ, Ó JÍ IRE ORÍ, IRÉ
ORÍ Ó JÍ, Ó JÍ IRE ORÍ. Àjàlá que molda cabeças, deixe este Orì lindo, lindo, lindo.
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Agradeço-te Deus, venha para esta Cabeça, eu te saúdo. Eu saúdo o Sol, eu saúdo a Lua,
eu saúdo a Chuva, Chuva que cai sobre a Terra. Vc será uma Cabeça feliz, acorde feliz
Orí.
ORI O ORI O ORI MI O! SE RERE FUN MI! MEU ORI! SE ALEGRE COMIGO!
Para termos idéia quanto a importância e precedência do ORI em relação aos demais
ORISA, um Itan do ODU OTURA MEJI, ao contar a história de um ORI que se perdeu
no caminho que o conduzia do ORUN para o AIYE, relata: “… OGUN chamou ORI e
perguntou-lhe, “Você não sabe que você é o mais velho entre os ORISA? Que você é o
líder dos ORISA?’…”. Sem receio podemos dizer, “ORI mi a ba bo ki a to bo ORISA”,
ou seja, “Meu ORI, que tem que ser cultuado antes que o ORISA” e temos um oriki
dedicado à ORI que nos fala que ” KO SI ORISA TI DA NIGBE LEYIN ORI ENI”,
significando, “… Não existe um ORISA que apóie mais o homem do que o seu próprio
ORI.
AGRADECIMENTOS
Agradeço a você leitor que fez a adesão deste ebook para nos ajudar com o projeto
UNIAXÉ, que visa disseminar o conhecimento sempre respeitando os limites do culto
para que assim o sagrado não possa ser defasado, em outros volumes vou publicar
fundamentos e segredos de cada orixá de forma individual, visando levar um maior
conhecimento sobre singularidades de cada divindade e seus ritos.
Contato: uniaxelogunede@gmail.com