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Empoderamento para renunciar - Marcos 10.

17 – 31

Na idade Média, um jovem rico, depois de haver se desencantado com a vida profana que
os seus recursos materiais lhe possibilitava, decidiu entregar todos os seus bens a igreja e viver
de forma simples, pois só assim, julgava ele, seria possível viver a vida que Cristo desejava para
os seus seguidores.

O nome deste jovem rico é Francisco de Assis, ele reuniu em torno de si, mais onze
homens que aderiram aos seus ideais e com estes onze, Francisco conseguiu do Papa Inocêncio
a aprovação para que o movimento franciscano se tornasse uma ordem da igreja. A ordem dos
franciscanos cresceu de doze para milhares de pessoas que se identificaram com aquele estilo
de vida. E foi neste estilo de vida que buscava imitar a Cristo, que Francisco, já debilitado, com
varias chagas no corpo faleceu.

Francisco de Assis é um nome tão importante para a igreja romana que dentre tantos
nomes possíveis, o atual papa, Jorge Mario Bergoglio, assumiu para si este nome, “Papa
Francisco”, como que dando uma nova identidade e um novo rumo para a caminhada da
instituição a que pertence. Num tempo, como o nosso, marcado pelo consumismo, pelo
individualismo, pela busca do lucro a qualquer custo, pelo acumulo de coisas desnecessárias, o
nome Francisco, serve como alerta, para dizer à igreja que chegou o momento de repensar a sua
caminhada e em minha opinião, o Papa Jorge Bergoglio/Francisco, fez muito bem esta leitura.

Se o jovem rico Francisco de Assis, sabia o que lhe cabia fazer e fez, em nosso texto,
temos um jovem igualmente rico que estava experimentando um profundo conflito existencial,
pois ao achegar-se a Jesus com um pergunta tão direta, ele deixava transparecer que apesar de
sua religiosidade legalista, ainda não havia alcançado a vida plena, vida que lhe estava sendo
ofertada sob a condição de renunciar a vida que realmente o dominava.

Pensando em nosso tema do mês e olhando para o nosso texto base, lanço uma pergunta
inicial para a nossa reflexão nesta noite: Será que estamos preparados para renunciar a algo por
amor a Cristo e ao seu evangelho? Eu quero acreditar que sim, pois pelo Espírito Santo fomos
empoderados para renunciar. Mas para que a renuncia aconteça é preciso que haja algumas
disposições em nosso ser que queremos considerar nesta reflexão:

1) Quanto mais amamos a Cristo, mais somos empoderados para renunciar! (17-22)

Quero que te convidar a analisar o texto a partir da reação e fala de Jesus frente a
resposta daquele jovem rico. Porque o Jovem disse: “Tudo isso tenho observado, desde a minha
juventude”, e o evangelista Marcos, registra a seguinte reação e fala de Jesus: “E Jesus, fitando-
o, o amou e disse: só uma coisa te falta: vai vende tudo o que tens, dá aos pobres e terás um
tesouro no céu; então, vem e segue-me”.
Se você conhece os dez mandamentos, logo percebeu que diante da pergunta do jovem
sobre como herdar a vida eterna, Jesus lhe perguntou se ele cumpria a parte dos dez
mandamentos que dizia respeito a nossa relação com o próximo.

No entanto, o resumo dos dez mandamentos apresentados por Jesus nos evangelhos é
“amar a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo”, logo, ainda faltava
àquele jovem responder a primeira parte dos dez mandamentos e ao propor ao jovem que
vendesse tudo, para segui-lo em seguida, penso que Jesus estava testando-o, na dimensão do
seu amor por Deus! Você ama a Deus acima de todas as coisas? Em toda a Escritura é bom
notar que apenas a duas pessoas, Deus pediu uma prova de fé/amor: A primeira foi Abraão, no
monte Moriá, a segunda pessoa foi este jovem rico! E nós conhecemos a postura de Abraão que
se diferencia em muito da postura deste jovem!

Aquele jovem rico que se julgava ético e religiosamente correto no relacionamento com o
próximo mudou o semblante e entristecido se retirou da presença de Jesus, pois não foi capaz
amar a Deus, mais do que amava as suas riquezas! E no amor as riquezas ele também deixou
transparecer que o amor que nutria pelo próximo era superficial, pois não se solidarizou com a
causa do pobre.

É um imperativo ao cristão que se viva uma vida ética! E nesta vida ética, não mataremos,
não adulteraremos, não furtaremos, não daremos falso testemunho, não causaremos prejuízo a
ninguém e iremos sempre valorizar os nossos pais! E quando nos propomos viver assim, estamos
de certo modo renunciando ao nosso instinto natural, que deseja o que a lei proíbe! Mas tudo
isso, só faz sentido quando temos plena consciência de que amamos a Deus acima de todas as
coisas! Amor que nos faz observar e renunciar não apenas aquilo que a lei determina, mas,
sobretudo, aquilo que Deus ao olhar apaixonadamente para nós, pede para renunciarmos, porque
sabe que aquilo será empecilho em nossa caminhada!

Você me ama, renuncie, confie em mim e siga-me! Estamos todos, a exemplo daquele
jovem rico, diante do Jesus que olha profundamente para o nosso interior e nos pede para
renunciar a algo. Para seguir Jesus e em sinal de nosso amor por Ele a que devemos renunciar?
Pela ação do Espírito Santo em nós, somos empoderados para isso!

2) Quanto mais confiamos em Cristo, mais somos empoderados para renunciar! (23-
27)

Jesus adora utilizar figuras de linguagem para chamar atenção dos seus ouvintes. E aqui
no desdobramento da conversa com o jovem rico ele utiliza uma figura de linguagem que a nossa
gramática denomina de hipérbole – a hipérbole é um exagero que faz prestar atenção.
Disse Jesus: “É mais fácil passar um camelo pelo fundo da agulha do que entrar um rico no
reino de Deus”. Já li comentários bíblicos que interpretavam o camelo como uma grande corda
que deveria passar pelo pequeno buraco da agulha e também já li comentários que interpretam o
fundo da agulha como uma passagem estreita em alguma região de Jerusalém na qual o camelo
só poderia passar agachado e sem nenhuma carga sobre si!

Na verdade pouco nos importa se se trata de um camelo animal ou corda ou se se trata de


agulha “instrumento de cozer” ou passagem apertada. O que importa para nós é a reação dos
discípulos de Jesus (que são pobres): “Então, quem pode ser salvo!”. Os discípulos de Jesus
estavam admitindo que era mais fácil confiar nas riquezas e nas provisões que podemos extrair
delas, do que confiar em Deus.

Para a salvação Jesus pedia ao jovem rico, não apenas uma prova de amor, mas também
uma prova de confiança! No entanto, entre o enorme patrimônio que aquele jovem possuía e o
seguimento a um Deus que dizia não ter onde reclinar a cabeça, em quem seria mais fácil confiar:
em sua riqueza ou em Jesus?

A atitude calculista daquele jovem rico serviu para Jesus introduzir um ensinamento
importante. O ensinamento não é que o rico precisa deixar de ser rico, mas que o rico não pode
confiar em suas riquezas, para salvar-se a si mesmo! Os ricos tem a tendência de confiarem em
si mesmos e os pobres querem ficar ricos para poderem confiar em si mesmos!

Nesse sentido, tanto os ricos quanto os pobres, estão para Jesus, em piores condições do
que o camelo que tem de passar pelo fundo da agulha. Dificilmente entrarão no reino de Deus!
Mas o impossível se torna possível quando Deus entra na historia e se propõe ser Ele o próprio o
caminho suficiente para a salvação tanto de ricos como dos pobres!

Por mais que tenhamos recursos neste mundo, não confiemos nestes recursos para
alcançarmos a vida plena que apenas Jesus pode dar. E eu quero arriscar dizer que ao falar do
possível em Deus, estava implícito na fala de Jesus o conceito de graça que nós protestantes
conhecemos bem, salvação, apenas pela graça de Deus! Portanto, irmãos e irmãs, a despeito de
quem somos, do que temos ou não temos, confiemos exclusivamente em Deus e na medida em
que esta confiança vai crescendo vamos sendo mais empoderados para renunciar ao que quer
que seja necessário!

3) Quanto mais caminhamos com Cristo, mais somos empoderados para renunciar!
(28-31)

Ao ler os versos 28 a 31, logo me lembrei do livro de Jó! O livro de Jó foi escrito em um
contexto de confrontação a teologia da retribuição. A teologia da retribuição afirmava que se
fizermos bem, recebemos bem e se fizermos mal, recebemos mal. Logo, Jó, o personagem
principal do livro, fazia cair por terra esta teologia, pois ele apesar de só fazer o bem, estava
recebendo o mal em sua vida. A grande lição que podemos extrair do livro de Jó é que no
sofrimento e apesar do sofrimento, Deus honra aqueles que em um relacionamento sincero
buscam conhecê-lo de forma intensa e profunda. Por isso, ao final do livro Jó afirma o seguinte do
seu relacionamento com Deus: “Eu te conhecia só de ouvir, mas agora os meus olhos te vêem”

Estes versos 28-31 são difíceis de serem interpretados, pois pode parecer que a lógica da
retribuição perpassa o pensamento dos discípulos. Porque em nome dos 12, Pedro se levantou e
disse: nós tudo deixamos e te seguimos! Em outras palavras, nós não agimos como o jovem rico
que diante do chamado, se entristeceu e foi embora!

Na verdade penso que a disposição dos discípulos não pode ser amparada na teologia da
retribuição, mas no amor e na confiança que tinham em Jesus, amor e confiança que possibilitou
que eles pudessem corajosamente andar com Jesus e na caminhada com Jesus irem
aprendendo sobre a importância da renuncia. E claro, daquilo que Deus nos pede para deixar, ele
mesmo cuida de acrescentar o que nos é necessário!

Em nossa caminhada com Jesus, vamos sendo discipulados por Ele, vamos aprendendo a
amá-lo acima de todas as coisas e vamos aprendendo a confiar exclusivamente Nele. A medida
que topamos esta caminhada que implica inevitavelmente em renuncia, Jesus vai nos suprindo
com aquilo que precisamos para sermos felizes e para alcançarmos a vida plena, mas a renuncia
nunca é uma disposição autônoma, mas sempre conseqüência do amor e da confiança que
nutrimos por Jesus, amor e confiança que cresce a medida que caminhamos com Ele!

Conclusão

Eu admiro muito a historia de Francisco de Assis! Eu sou de origem católica e cresci


ouvindo nas missas a canção conhecida como a “oração de Francisco de Assis”. O final desta
oração/canção diz que “é morrendo que se vive para a vida eterna”. A morte a que Francisco se
refere, são as renuncias necessárias para que possamos viver o ideal de Deus!

Renuncias que são possíveis, mas apenas como o toque amoroso de Deus em nós!
Renuncias que são possíveis, apenas na medida em que conseguimos amar verdadeiramente a
Deus! Renuncias que são possíveis, apenas na medida em que conseguimos confiar
exclusivamente em Deus e na medida em que nos dispomos a uma caminhada de transformação
espiritual.

Obviamente você não precisa agir como Francisco de Assis, abrindo mão de todos os seus
recursos, de toda a sua fortuna, a não ser que Deus lhe peça isso, mas tenhamos em mente uma
coisa, irmãos e irmãs, “o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males” e se temos recursos deste
mundo, eles devem ser úteis para ajudar o nosso próximo.
O jovem rico estava angustiado porque apesar de tudo quanto possuía não havia ainda
encontrado a vida plena. E nesta angustia existencial ele foi sinceramente a Jesus, a fonte de
solução para os nossos conflitos mais profundos.

Jesus não queria fazer do jovem rico um pobre, Jesus queria fazer do jovem rico uma
pessoa livre! Termino fazendo uma pergunta reflexiva para todos nós: O que Jesus ao nos olhar
no fundo dos olhos e nos amar intensamente, pede para que renunciemos? Qual é a renuncia
que tem por objetivo nos lapidar na caminhada cristã e nos tornar pessoas mais plenas e mais
livres? Que Deus nos ajude nas renuncias que sabemos que precisamos fazer, por amor a Ele e
ao seu evangelho!

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