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MEDICINA LEGAL (10º SEMESTRE – B)

Prof. Henri Heini

Aula 1 – 18/02/2019:
Toda segunda: medicina legal.
Toda terça: tribunal do júri.

O rito do júri é muito semelhante com o procedimento comum. Está na absolvição


sumária. A diferença é que, no rito do júri, chega no final da 1ª fase, ao invés do juiz dar uma
sentença absolvendo ou condenando, ele vai ter 4 hipóteses: pronunciar, impronunciar,
absolver sumariamente ou desclassificar o crime.
Todo processo é pro societate, ou seja, a própria sociedade vai julgar.

Assistir uma sessão plenária e conseguir colocar o nome na ata que esteve do início ao
final ganha 10% na 2ª menção.
Só sepulta um cadáver se aplicar antibactericida. A anvisa obriga isso.

Tem trabalho a ser feito alguns dias antes da prova. São 6 questões (3 de medicina e 3
de tribunal do júri). Ele coloca uma questão na prova desse trabalho, a escolha da turma qual
vai ser a disciplina (são 3 questões subjetivas na prova). Vai acrescentar 5% desse trabalho à
menção.
Vamos fazer um relatório das questões que vc fizer. Se fizer, vc ganha mais 5% na
menção.
Se assistir uma sessão do tribunal do júri vc ganha 10% para a última prova. Pegar a ata
com o seu nome ou a declaração que vc ficou até o final do júri.

A prova é composta por 50% de medicina legal e 50% por tribunal do júri.

Aula 2 – 19/02/2019 (Medicina Legal):


O perito não pode ficar sempre baseado no que ele vê. Um suicídio pode ser uma
camuflagem de um crime anterior (ex: envenenamento).
Em alguns países do mundo, é feito por empresas particulares. No brasil não temos isso,
pois está centralizado no poder público. inquérito, peritos, MP e juiz. O réu está em uma
condição de hipossuficiência total. Ele só conta com 2 hipóteses: presunção de inocência e
advogado que entenda para fazer a defesa da melhor forma possível.
O cadáver tem personalidade jurídica: sucessão, paternidade, parentesco. Todo cadáver
deve ser identificado (etiqueta com todos os dados). Ele é colocado em uma refrigeração, com
a cabeça pra dentro e os pés de fora, pois a identificação fica no pé para abrir a gaveta.
A identificação do corpo serve para evitar eventual troca de corpo, etc.
Como vai sepultar, se trocar o defunto o Estado pode ser acionado por danos morais.
O corpo poderá ter necessidade de alguma forma futura. Se quiser sepultar no mesmo
jazigo, exuma o corpo e coloca em uma caixinha que deverá ter testemunha, pois é um ato
solene, bem como a caixinha deverá será identificada.
Todo laudo tem um croqui, pois o perito deve mostrar o que está vendo no cadáver.
O percurso que o projetil faz chama-se de trajetória.
Todo projétil de fogo entra de uma forma invertida e sai invertido. Ele dilata mais na
saída do que na entrada. A cor do orifício de entrada é diferente. Quando o projétil entra, todo
os resquícios ficam na entrada (pólvora, identificação da arma, etc).
Quando o projétil entra, ele bate e provoca feridas com sangramentos mínimos, mas em
razão da temperatura ele cauteriza. Não é perfurante!
A necropsia deve ser realizada após 6h da morte, para identificar sinais. Os sinais
abiótipos (primeiros sinais) não identificam o motivo da morte.
Quando a morte é feita por um desastre ou coisa terrível, já pode ser feita a necropsia
de imediato.
O instrumento do crime deve ser apreendido ou fotografado. Se for uma arma, a pólvora
fica no tambor da arma e pode ter resíduo na mão do atirador e até na roupa.
A saída não tem mancha (costuma ser uma reta essa saída), pq toda a fuligem/sujeira
do projétil acontece na entrada. O sinal de saída é onde sai o maior sangramento. No orifício de
entrada é pequena a entrada e a temperatura do projétil gera cauterização dos vasos.
O projétil de uma arma de fogo pode atingir mil graus.
A tendência de suicídio é apoiar o cano da arma no ouvido, devido ao choque da arma.
Eles fazem medições nos braços e cotovelos para saber se o cadáver teria possibilidade
de causar aquele tiro em si.
Quando o tiro dado de forma encostada na pele, costuma ter um risco tatuado na pele,
que é a circunferência do projétil. A mina do Hoffman cria gases da explosão, que entram e
explodem na pele.
A maioria dos venenos contém chumbo e eles ficam alojados no pâncreas ou no fígado,
por isso que eles pesam esses órgãos.
Serra o crânio para tirar todo o cérebro para fora, para identificar o percurso do projétil,
para ver se não tem sinal de 2 projéteis na cabeça. Se tiver 2, foi homicídio. Se for um, pode ser
suicídio, pois quem atira em si mesmo morre na hora. Eles lavam o cérebro para tirar o sangue.
Deve-se retirar todo o couro cabeludo e limpar, para fotografar os orifícios de entrada
e saída. Após isso, eles costuram e levam para o sepultamento.
Seccionam o fígado (cortou ele) para identificar se não tem indícios de veneno.
As vísceras voltam para o corpo ou ficam separadas. Uma víscera deve ser guardada em
algum lugar, para qualquer eventualidade. Está previsto no CPC.
As feridas provocadas em vida, terão reações diversas na morte do corpo.
Um tiro dado encostado o orifício fica estrelado, conhecido como mina de hofmann.
Além de que tatua um círculo escuro.
A distância do tiro é importantíssimo, pois se tiver perto não tem como se defender.

O percurso do projétil serve como qualificadora do art. 59 do CPC, pois pode causar
danos graves à vida.

Aula 3 – 25/02/2019 (Medicina Legal):


Vamos visar 2 aspectos:
- Prova da materialidade de um fato e da presença de indício suficiente de autoria = é a
base para que o MP possa oferecer uma denúncia ou o querelante ofereça uma queixa-crime.
Nossa matéria tem como ponto principal a investigação criminal.
Nosso inquérito é inquisitivo, ou seja, não tem contraditório. O contraditório diferido ou
postergado chama-se assim pq é dado o direito ao contraditório a posteriori.
O réu se defende dos fatos e não da denúncia/queixa.
Alguns fatos ou provas não podem ser produzidas. O próprio CPP diz que não pode
fundamentar exclusivamente nas provas produzidas na investigação.
O juiz pode determinar as provas cautelares (perícias) e as provas antecipadas.

Conceito de medicina legal:


É a aplicação dos conhecimentos médicos e biológicos aos problemas judiciais que
podem ser por eles esclarecidos, por meio de procedimento médico promovido por autoridade
p/ prestar esclarecimentos à justiça, fazendo uso de conhecimentos técnico-científicos da
medicina, promovendo esclarecimento de fatos de interesse da justiça.
O juiz pode produzir provas, pois ele não precisa ficar adstrito ao laudo pericial, para ir
em busca da verdade real.
Todos os exames seguem um protocolo e muitas pessoas contratam um perito para
identificar se esse protocolo foi seguido.
Quem morre afogado na água solta espuma na boca e no nariz. A otorragia significa que
tem água no pulmão. Se não tiver nada disso, ele não morreu afogado.
Quem morre por estrangulamento fica com o rosto arroxeado. Se não ficar roxo, a
pessoa morreu de outra forma. Tentam fazer isso para encobrir a morte da pessoa.
O enrijecimento da mão (mão de boxeador) significa que já está próximo das 12h. se
tiver morrido de envenenamento, o enrijecimento é mais precoce. Exceto se tiver sido morte
violenta que não precisará esperar o tempo de 6h para fazer a necropsia.

Denominações da medicina legal:


Medicina forense, medicina judiciária, antropologia forense, medicina criminal.

Relacionamentos com outras disciplinas:


A medicina legal é uma ciência multidisciplinar relacionadas com todas as matérias da
área médica e da área jurídica.

Importância:
A medicina legal é importante, porque é através dela que se confecciona a prova
material de vários delitos, bem como de sua autoria.

OBS: Materialidade e autoria é justa causa para a peça acusatória. Indício é alta prova que faça
presumir. Mas indícios não são suficientes para comprovar ninguém.
A condenação é em cima de uma verdade real que eu busco na própria investigação
criminal.
A verdade real é a verdade dos fatos. Por isso que há 4 possibilidades para absolver o
réu. A dúvida é pró réu.
Absolver alguém sumariamente, nos termos do art. 397, do CPC, é muito difícil. Nós
pedimos pq é praxe.

A medicina legal atua sobre:


- Sobre o vivo: com a finalidade de determinar a idade, diagnosticar doença ou
deficiência mental, loucura, doença sexualmente transmissível, lesão corporal, personalidades
psicopáticas, conjunção carnal, doenças profissionais, acidentes de trabalho, etc.
A idade é fundamental, pois se for menor, não pode estar no processo. Se estiver entre
18 e 21 anos da data do fato, tem atenuante.
Dolo é vontade livre e consciente de realizar uma conduta.

- Sobre o morto: diagnostica a realidade da morte, determina a causa jurídica da morte,


data da morte, diferencia lesões intra vitam e post mortem, examina toxicologicamente os
fluídos e vísceras corporais, extração de projetis, exumação, etc.
PROVA NO PROCESSO PENAL:
Conceito:
É o conjunto de meios idôneos visando a afirmação da existência positiva ou negativa
de um fato, destinando a fornecer ao juiz o conhecimento da verdade, a fim de gerar sua
convicção quanto à existência ou inexistência dos fatos deduzidos me juízo.
O ônus da prova incumbe a quem alega.
A maioria dos exames feitos no IML é feito na fase de investigação e na investigação a
gente não tem o contraditório. Por isso a gente pode contestar ou contratar um assistente
técnico e pedir uma nova perícia na fase judicial, para constituir uma prova idônea.
Cabe ao juiz manter a regularidade processual e uma delas é manter a prova. Senão vai
ter que absolver.
As provas destinam-se ao juiz e secundariamente às partes.
Toda prova ilegal não pode estar no processo. E todo erro judicial cabe indenização.

Produção da prova:
Produção da prova vem a ser o conjunto de atos processuais que é mister para trazer a
juízo os diferentes elementos de convicção oferecido pelas partes.
Durante a audiência de instrução é possível requerer novas diligências, pois as provas
nunca sofrem preclusão, pois a liberdade do indivíduo está vinculada à prova.

 Classificação quanto ao caso:


- Antropologia: métodos de identificação humana;
- Traumatologia: lesões corporais e as energias causadoras dessas lesões (queimaduras,
geladuras, asfixiologia, afetação osso-esquelético, etc).
- Sexologia Forense: problemas médicos-legais relacionados com o sexo. Estuda as
ocorrências médico-legais atinentes às diversas questões de reprodução humana:
- Gravidez;
- Parto: preciso saber quando começa o parto. Ele pode sofrer interferência
médica, pode gerar danos morais, etc.
- Aborto;
- Infanticídio: durante ou logo após o parto.
- Sexo: cromossomático, gonodal, somático ou morfológico;
- Intersexuaidade;
- Crimes sexuais.

 Classificação quanto ao caso:


- Tanatologia: aspectos relacionados ao fenômeno morte;
- Toxicologia: efeitos das diversas substâncias químicas no organismo (tóxicos
ou venenos);
- Infortunística: acidentes e doenças de trabalho;
- Psicologia e Psicopatologia Forense: questões ligadas ao estudo da mente
humana;
- Deontologia e Diceologia: deveres e direitos dos médicos.

TANATOLOGIA:
Necropsia:
A necropsia é um exame (autópsia) interno feito no cadáver a fim de constatar a causa
mortis feita, pelo menos, 6h após o óbito, exceto nos casos de morte violenta, quando será
suficiente um simples exame externo do cadáver, não havendo infração penal a ser apurada, ou
mesmo havendo infração penal a ser apurada, se as lesões externas permitirem precisar a causa
da morte e não houver necessidade de exame interno para verificação de alguma circunstância
relevante (art. 162 CPP).
Art. 162. A autópsia será feita pelo menos seis horas depois do óbito, salvo se os peritos,
pela evidência dos sinais de morte, julgarem que possa ser feita antes daquele prazo, o que
declararão no auto.
Parágrafo único. Nos casos de morte violenta, bastará o simples exame externo do cadáver,
quando não houver infração penal que apurar, ou quando as lesões externas permitirem
precisar a causa da morte e não houver necessidade de exame interno para a verificação de
alguma circunstância relevante.

Exumação:
A exumação é o procedimento de desenterramento do cadáver para exame cadavérico
interno e externo para constatação da causa mortis.
Para tanto, deverá a autoridade tomar as providências afim de que, em dia e hora
prefixados, se realize a diligência, lavrando-se, a respeito, o auto consubstanciado (arts. 163/165
CPP).
O administrador do cemitério deverá indicar a sepultura, sob pena de incorrer em crime
de desobediência (art. 330 CP).
Exumação de Cangrande I della Scala,
Em 1329, um nobre italiano e amigo de Dante sofreu um ataque particularmente
horrível de diarreia. Foi tão horrível que matou o cara. Só que agora, graças à exumação de
Cangrande I della Scala, seu cadáver mumificado e um cocô de 700 anos que acharam ali,
descobrimos que na real não foi um chamado da natureza violento que levou ele”. O caso foi
um assassinato!
Legislação:
Os cadáveres serão sempre fotografados na posição em que forem encontrados, bem
como, na medida do possível, todas as lesões externas e vestígios deixados no local do crime.
(Art. 164, CPP).
Para representar as lesões encontradas no cadáver, os peritos, quando possível,
juntarão ao laudo do exame provas fotográficas, esquemas ou desenhos, devidamente
rubricados. (Art. 165, CCP).
Tem que preservar o local do crime. Tem que tirar foto do local.
O perito deve tirar a roupa do cadáver para registrar o crime cometido.

Aula 4 – 11/03/2019 (Medicina Legal):


TANATOLOGIA
Legislação: (continuação):
Para representar as lesões encontradas no cadáver, os peritos, quando possível,
juntarão ao laudo do exame provas fotográficas, esquemas ou desenhos, devidamente
rubricados. (Art. 165, CPP: ).
Há os croquis que mostram locais que são fatais.
O juiz quando recebe uma denúncia, quer analisar o laudo pericial.
O que não está nos autos não está no mundo jurídico.

Medicina Legal, Criminalística e Criminologia:


- Medicina Legal: vestígios intrínsecos ao corpo humano;
- Criminalística: reconhecimento e análise dos vestígios extrínsecos relacionados com o
crime ou com a identificação de seus participantes;
- Criminologia: ramo da medicina legal que estuda o crime e sua relação com a
personalidade do criminoso e comportamento das vítimas; delito enquanto fenômeno social
(prevenção);

Polícia Técnico-Científica:
- INSTITUTO DE CRIMINALÍSTICA (IC) - peritos criminais
- INSTITUTO MÉDICO LEGAL (IML) - médicos-legistas
- INSTITUTO DE IDENTIFICAÇÃO (II) - papiloscopistas

Legislação:
“Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito,
direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado.” (Art. 158, CPP), sob pena de
nulidade do processo (CPP, art. 564, III, b).
“O exame de corpo de delito poderá ser feito em qualquer dia e a qualquer hora.” (Art.
161, CPP)

Corpo de delito:
Conjunto de vestígios materiais deixados pela prática supostamente criminosa,
podendo ser realizado de forma: direta, indireta, intrínseca, extrínseca.

Forma de realização:
Exame direto: vestígios materiais persistentes, se os peritos analisam pessoalmente
(contato direto) os vestígios materiais do crime;

Exame indireto: vestígios materiais inexistentes ou efêmeros. Se os peritos analisam os


vestígios materiais do crime por meio da observação de outros dados (sem contato pessoal),
como fichas de atendimento médico-hospitalar, atestados de outros médicos, fotografias, filmes
etc.;

Intrínseca: quando for aplicada sobre o próprio corpo de delito, quando tiver por objeto
a materialidade da infração penal (necropsia);

Extrínseca: quando usada sobre elementos que possam servir como prova do crime,
autoria, (cartas e etc.).

Perícia x Perito:
Perícia - Conceito – “É o exame realizado por pessoa que detenha “expertise” experiência sobre
determinada área do conhecimento (perito), a fim de prestar esclarecimentos ao juízo acerca
de determinado fato de difícil compreensão, auxiliando-o no julgamento da causa”.

Perito – é a pessoa encarregada pela autoridade, sob compromisso de esclarecer por meio de
laudo uma questão de fato a ser resolvida pelos seus conhecimentos técnicos especializados.

OBS: São considerados como auxiliar da justiça.

Legislação art.159 CPP:


“O exame de corpo de delito e outras perícias serão realizados por perito oficial,
portador de diploma de curso superior.
§ 1º Na falta de perito oficial, o exame será realizado por 2 (duas) pessoas idôneas,
portadoras de diploma de curso superior preferencialmente na área específica,
dentre as que tiverem habilitação técnica relacionada com a natureza do exame.
§ 2º Os peritos não oficiais prestarão o compromisso de bem e fielmente
desempenhar o encargo.

Legislação art.159 CPP


As partes poderão indicar assistente técnico (art. 159, § 3.°, do CPP), que atuará a partir
de sua admissão pelo juiz e após a conclusão dos exames e elaboração do laudo pelos peritos,
sendo as partes intimadas desta decisão (art. 159, § 4.°, do CPP).
É limitada ao curso do processo, a possibilidade de indicação de assistente técnico à fase
processual.
§ 3º Serão facultadas ao Ministério Público, ao assistente de acusação, ao ofendido, ao
querelante e ao acusado a formulação de quesitos

Legislação art.159 CPP


§ 5º Durante o curso do processo judicial, é permitido às partes, quanto à perícia:
Em caso de perícia complexa, que abranja mais de uma área de conhecimento especializado,
poder-se-á designar a atuação de mais de um perito oficial, e a parte indicar mais de um
assistente técnico (§ 7).

Legislação
Art. 6.º CPP – “Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal , a autoridade
policial deverá :
I – dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e conservação das
coisas, até a cegada dos peritos criminais;
II – apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos peritos
criminais;
III – colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e suas circunstâncias;
[...]
OBS: Para preservar a cadeia de custódia.

Classificação Dos Peritos (Investidura):


- Peritos Oficiais: funcionários públicos concursados que tem o dever de ofício;
- Peritos ad hoc: é só para aquele fato. Art. 159, § 1º, CPC:
- Peritos nomeados ou louvados: são nomeados pelo próprio juiz. Esfera cível e
trabalhista. Art 421, CPC e art. 3º da Lei 5.584/70 (importante: art. 434, CPC).
d) - Infortunística:
I - acidente de trabalho - é o que decorre do exercício de qualquer atividade;
II - doença do trabalho – é o que decorre do exercício de determinadas atividades.
As provas são objetivas e a perícia é eminentemente subjetiva, portanto considerada
como prova pessoal.

Prazo para realização do laudo pericial:


10 dias, podendo ser prorrogado, em casos excepcionais, a requerimento dos peritos.

Momento para realização do exame: deve ser realizado tão logo o fato se torna conhecido da
autoridade policial.

Exame Complementar: na dificuldade em classificar a lesão, torna-se indispensável o exame


complementar, depois de trinta dias contados da data do crime. A falta deste exame poderá ser
suprida por prova testemunhal (art. 168 CPP).

Outros exames:
- Exames dos Escritos: Os exames grafológicos ou grafotécnicos são realizados por
comparação, oportunidade em que a autoridade encaminha aos peritos o documento tido como
falsificado e a lauda contendo os escritos do punho dos suspeitos (art. 174 CPP).
- Fotografia: A fotografia é extremamente importante na investigação de um crime e
pode ser:
- Fotografia Bioquímica: fotografias de pelo e esperma no microscópio e fotografias de
projéteis que serão usadas no estudo de balística.

Outros exames:
- Fotografia de Aspecto Geral: reproduz todo o local do crime, com o maior número
possível de elementos materiais.
- Fotografia de Detalhe: é a minúcia de algo que se pretende evidenciar.
- Repartimento Fotográfico: é a fotografia do ambiente em perspectiva. Tira-se uma em
cada canto e lados opostos (paredes, solo e teto)
- Filmagem: é a fotografia dinâmica. Trata-se de processo caríssimo e frequentemente
de resultados inesperados.

Outros exames:
- Fotografia Micro: é a fotografia em que se usa o microscópio para aproximar a imagem.
Uma máquina fotográfica é acoplada ao microscópio que permite a visualização do objeto a ser
investigado.
- Exames por Precatória - Os exames periciais devem realizar-se dentro da jurisdição da
autoridade perante a qual tramita o processo, e á autoridade processante caberá determiná-los
e nomear os peritos. No caso de perícia por precatória os quesitos da autoridade e das partes
serão transcritos na precatória, cabendo por outro lado, a autoridade deprecada, a nomeação
dos peritos.
- Iniciativa da perícia – se durante o Inquérito Policial é da autoridade policial, se
durante o processo é da autoridade judiciária.

Aula 5 – 18/03/2019 (Medicina Legal): FALTEI!


FINALIDADE DA PERÍCIA:
A finalidade da perícia é produzir a prova, e a prova não é outra coisa senão o elemento
demonstrativo do fato. As perícias se materializam por meio dos laudos, tendo por base o
material examinado. A perícia médico-legal pode ser realizada em: I – Pessoas; II – Cadáveres;
III - Animais; IV - Coisas (local), etc.

PERÍCIA MÉDICO-LEGAL
“Serão sujeitos a exame os instrumentos empregados para a prática da infração, a fim
de se lhes verificar a natureza e a eficiência.” (Art. 175, CPP)
Para identificar ou avaliar a eficiência de armas; o emprego de instrumentos (práticas
de aborto) ou utensílios; a amperagem e a voltagem de corrente elétrica; os aspectos e os
vestígios (pólvora) sobre vestes; os líquidos e manchas sanguíneas, salivares, espermáticas; as
substâncias químicas (ópio, maconha, venenos); as impressões digitais, etc.

Quesitos – para a realização da perícia é necessário a formulação de quesitos (perguntas) a


serem respondidas pelos peritos e podem ser:
a) – legais – quando previstos em lei (art. 176, CPP).
b) – facultativos – quando formulados pela autoridade e pelas partes.
A autoridade judiciária não está vinculada às conclusões da perícia, podendo rejeitá-la.

Exame de lesões corporais – serve para identificar a natureza e a gravidade da lesão, podendo
ocorrer de forma complementar.

Outros Exames e Perícias


Perícia psiquiátrica – para exame da imputabilidade, periculosidade, capacidade civil, entre
outras;
Exame do local do crime – ocorre com o levantamento do local, instruindo o laudo com
fotografias, desenhos e etc.;
Exames de laboratório – ocorre quando necessário para comprovar a materialidade do crime,
uma circunstância da infração penal, devem os peritos guardarem material para eventual
contraprova;
Exame de dosagem alcoólica – previsto no CTB (Lei 9503/97);
Exame de avaliação das coisas ou sobre coisa – ocorre quando dos crimes: cometidos com
rompimento de obstáculos, coisas destruídas, deterioradas e etc.
Outros Exames e Perícias
Perícia sobre incêndio;
Exame de autenticidade e falsidade documental.
Reconhecimento de pessoas ou coisas – é um juízo de identificação entre uma
percepção presente e uma percepção passada. Não é uma prova, mas apenas um meio para
avaliação da prova. Tem valor probatório reduzido;
Retrato falado – é um auxiliar nas investigações policiais, pois a lei é silente.

RESOLUÇÃO CFM Nº 1.627, DE 23/10/2001:


Art. 1º  Ato Médico = procedimento técnico-profissional praticado por médico
legalmente habilitado.
Art. 3º  Atividades de coordenação, direção, chefia, perícia, auditoria, supervisão e
ensino dos procedimentos médicos privativos incluem-se entre os atos médicos e devem ser
exercidos unicamente por médico.

RESOLUÇÃO CFM Nº 1.635, DE 09/05/2002:


Art. 1º  É vedado ao médico realizar exames médicopericiais de corpo de delito em seres
humanos no interior dos prédios e ou dependências de delegacias, seccionais ou sucursais
de polícia, unidades militares, casas de detenção e presídios. (suspeita de coação):
Art. 2º  É vedado ao médico realizar exames médicopericiais de corpo de delito em seres
humanos contidos através de algemas ou qualquer outro meio, exceto quando o periciando
oferecer risco à integridade física do médico perito. (risco à integridade física do médico).

Equipamentos de Necropsia
SUSPEIÇÃO (“Art. 280 CPP): vínculo com as partes.
INCOMPATIBILIDADE (“Art. 112 CPP): relação de interesse com o objeto do processo.
IMPEDIMENTO (“Art. 112 CPP): outras razões de conveniência.

FALSA PERÍCIA - CP – Falso testemunho ou falsa perícia, Art. 342 CP.


PERÍCIA CONTRADITÓRIA - “Se houver divergência entre os peritos, serão consignadas no auto
do exame as declarações e respostas de um e de outro, ou cada um redigirá separadamente o
seu laudo, e a autoridade nomeará um terceiro; se este divergir de ambos, a autoridade poderá
mandar proceder a novo exame por outros peritos.” (Art. 180, CPP).

DOCUMENTOS MÉDICO-LEGAIS:
Conceito - documentos médico-legais ou médico-judiciários - são todas as informações
de conteúdo médico, apresentadas por médico, verbalmente ou por escrito, que tenham
interesse judicial.
Conceito – instrumentos escritos ou simples exposições verbais mediante os quais o
médico fornece esclarecimentos à justiça, por meio de :
a) - atestado – afirmação simples e por escrito de um fato médico e suas consequências;
b) - relatório – descrição minuciosa de um fato médico e suas consequências, composto
das seguintes partes: preâmbulo, histórico, descrição, discussão, conclusão e resposta aos
quesitos.
c) - consulta – pedido de esclarecimento que a autoridade faz sobre um fato sobre o
qual paira dúvida;
d) - parecer – resposta, por escrito, à consulta e é composto pelas seguintes partes :
preâmbulo, histórico, discussão, conclusão e resposta aos quesitos;
e) - depoimento oral – esclarecimentos orais prestados pelo perito;
Documentos relativos ao Óbito:
I - Declaração de óbito – documento expedido por um leigo por meio do qual se declara
a morte de uma pessoa na vista de duas testemunhas no local onde não haja médico (morte
natural sem assistência médica). Pode ser dada por qualquer pessoa do povo com duas
testemunhas, e é documento essencial para se sepultar, desde que não haja sombra de dúvida
que fora morte criminosa. No caso de natimorto, haverá o registro do nascimento morto, sem
nome, por meio do atestado médico respectivo;
II - Atestado de óbito – declaração específica do médico que atesta o óbito. Somente
pode ser fornecido pelo médico. O médico pode dar atestado de óbito, desde que tenha certeza
da morte natural, para evitar que o corpo seja necropsiado no IML;
III - Certidão de óbito – documento expedido por chefe de órgão público, que declara
que está registrado naquele local o óbito (declaração em função de ofício). Somente pode ser
fornecido pelo tabelião do cartório de registro civil, e após expede-se a guia de sepultamento.

Qualidades do documento Médico-Legal:


– Clareza;
– Fidelidade - não tomar partido;
– Totalidade - analisar todas as hipóteses viáveis;
– Ilustrações - fotografias, gráficos e esquemas.

Classificação dos documentos Médico-Legais:


Notificação compulsória - Comunicação obrigatória de um fato médico (feita pelo
médico ou eventualmente por outro profissional de saúde) às autoridades competentes, por
razões sociais ou sanitárias. Portaria nº33, de 14/07/2005 e art. 269 do CP, tais como:
I - Doenças de notificação compulsória;
II - Acidentes de trabalho;
III - Ocorrência de morte encefálica;
IV - Óbitos e lesões ou danos à saúde induzidos ou causados por alguém não médico;
V - Esterilizações cirúrgicas;
VI - Violência contra a mulher e maus-tratos contra criança, adolescente ou idoso;
VII – Tortura;
VIII - Crime de ação penal pública incondicionada (art. 66 LCP).

Atestado médico, classificação:


I - Oficioso  ausência de trabalho/aulas (paciente);
II - Administrativo  licenças, abono de faltas, aposentadoria (serviço público);
III - Judiciário  requisitado pelos juízes (Justiça).

É vedado ao médico: Código de Ética Médica


Art. 112  Deixar de atestar atos executados no exercício profissional, quando
solicitado pelo seu paciente ou seu representante legal.
Art. 110  Fornecer atestado sem ter praticado o ato profissional que o
justifique, ou que não corresponda à verdade.
Art. 39  Receitar ou atestar de forma secreta ou ilegível, assim como assinar
em branco folhas de receituários, laudos, atestados ou quaisquer outros
documentos médicos.” “Código de Ética Médica” e art. 302 do CP

Auto de Corpo de Delito:


Conceito – é o documento médico-legal que contém a descrição minuciosa de uma perícia
médica, e assinado por um ou dois peritos, conforme o caso.
Destinação – provar a materialidade nos casos de lesões corporais, estupro, ato libidinoso,
idade, sanidade mental, ossada humana, embriaguez, toxicologia, necropsia, etc.

Composição do Laudo Pericial:


a)- Preâmbulo - Dados gerais; Data, hora e local onde o exame é feito; estado do
objeto de prova, quando do seu recebimento. Nome da autoridade que requereu e daquela
que determinou a perícia; nome, títulos e residências dos peritos; Qualificação do examinado.
b- Histórico - Resumo dos antecedentes. Consiste no registro dos fatos que motivam o
pedido da perícia ou que possam esclarecer e orientar a ação do perito.
c)- Descrição - É a parte mais importante do relatório médico-legal. É necessário que se
exponham todas as particularidades que a lesão apresenta, não devendo ser referida apenas
de forma nominal. Exames realizados.
Para que um ferimento tenha força elucidativa é preciso que todos os seus elementos
estejam bem definidos, tais como: Forma; Direção; Número Extensão Largura Disposição
Profundidade.
É imprescindível que se registre também com precisão a distância entre ela e os
pontos anatômicos mais próximos. Se possível, deve-se anexar esquemas ou fotografias das
ofensas físicas.

PERÍCIA MÉDICO-LEGAL
d) - Discussão - Considerações decorrentes dos achados dos exames realizados. É a
parte onde se pode colocar em discussão as várias hipóteses, afastando-se o máximo das
conjecturas pessoais. Pode-se inclusive citar autoridades recomendadas sobre o assunto.
e) - Conclusão - É a síntese diagnóstica redigida com clareza, disposta ordenadamente,
deduzida pela descrição e pela discussão. É a análise sumária daquilo que os peritos puderam
concluir após o exame minucioso. É o resultado final.
f) - Quesitos: - Perguntas específicas, dirigidas pelo juiz ou pelas partes aos peritos,
com o objetivo de esclarecer determinado ponto referente ao exame realizado. Permitem a
formação de juízos. Respostas sintéticas e convincentes, que podem ser afirmativas ou
negativas. Em determinadas situações os quesitos podem ter como resposta: sem elementos
de convicção. Será realizado no prazo de 10 (dez dias) art. 160 CPP.
• Quesitos Oficiais
• Quesitos Oficiais

PRAZO:
“Art. 160 - Os peritos elaborarão o laudo pericial, onde descreverão minuciosamente o
que examinarem, e responderão aos quesitos formulados.
Parágrafo único - O laudo pericial será elaborado no prazo máximo de 10 (dez) dias,
podendo este prazo ser prorrogado, em casos excepcionais, a requerimento dos peritos.”

Aula 6 – 25/03/2019 (Medicina Legal): FALTEI


SEXOLOGIA FORENSE 1:
Conceito - É o estudo dos problemas médico-legais ligados ao sexo. É objeto de estudo da
sexologia forense todos os fenômenos ligados ao sexo e suas implicações no âmbito jurídico.

Objetivo - Vê a sexualidade sob o ponto de vista normal, anormal e criminoso. Estuda as


ocorrências médico-legais atinentes à gravidez, ao aborto, ao parto, ao puerpério, ao
infanticídio, à exclusão da paternidade e as questões diversas relacionadas com a reprodução
humana, himenologia, atentado aos costumes, contaminação venérea, etc.).
Sexo normal - Considera-se o sexo como normal quando é fruto do interesse de duas pessoas
em atingir um equilíbrio, nos planos físico, psicológico e social, e em alguns casos com a
finalidade reprodutiva.

Sexo anormal – pode ser realizado com ou sem o consentimento da outra parte, porém é
praticado com comportamento desvirtuado por força psicológica ou psiquiátrica (anomalia
sexual).

Sexo criminoso – quando afeta a liberdade sexual, são chamados de crimes contra a dignidade
sexual e podem ser:
CRIMES SEXUAIS São cometidos mediante:
a) - Conjunção carnal, ou
b) - Qualquer outro ato libidinoso.

São eles:
I – estupro – art. 213 do CP;
II – Violação sexual mediante fraude, art. 215 CP;
III - Estupro de vulnerável – art. 217-A do CP.

A Erotologia Forense - trata do capítulo que estuda os crimes sexuais e os desvios sexuais, a
parte pericial contribui para a caracterização desses crimes que apresentam várias formas em
nosso Código Penal.

Classificação do sexo:
a) sexo genético: a definição do sexo de um indivíduo é realizada a partir de seu genoma,
ou seja, dos genes da pessoa. Na espécie humana, os genes estão distribuídos em 23 pares de
cromossomos, sendo 22 pares de autossomos e um último par XX ou XY (44A+XX ou XY). É
justamente este último par que define o sexo dos indivíduos. XX corresponde ao sexo feminino,
e XY corresponde ao sexo masculino.
Células de pessoas cromossomicamente femininas apresentam uma substância
chamada cromatina sexual.
Barr desenvolveu um teste que identifica a existência desta substância em células da
mucosa bucal, chamado Teste de Barr ou da Cromatina.
Nos casos em que é difícil a identificação, realiza-se o teste. Resultados positivos
caracterizam o sexo feminino, enquanto que negativos o masculino.
b) sexo endócrino: o desenvolvimento dos aparelhos reprodutores e dos sinais
característicos se dá de acordo com a secreção de hormônios em diversas glândulas do corpo.
Por exemplo, os ovários e os testículos vão se formar de acordo com secreções que se
originam na hipófise, uma glândula de nosso corpo. Outras glândulas também produzem
hormônios que, por exemplo, vão provocar o desenvolvimento de barba ou seios nos indivíduos.

Sexo Gonodal
c) sexo morfológico ou somático: cada sexo apresenta características próprias, como a
forma dos aparelhos genitais, sinais secundários como barba nos homens e mamas nas
mulheres.
d) sexo psicológico: independente do sexo da pessoa, ela pode se comportar como
sendo de seu sexo ou do sexo oposto, em decorrência de desajustes hormonais, psicológicos ou
sociais a que é exposta durante sua vida.
e) sexo jurídico: é aquele declarado no registro civil de nascimento, feito com base em
declaração assinada por testemunhas. Situações de engano, quer seja doloso ou culposo, podem
acontecer, e nestes casos deve ser feita a retificação.
Classificação do sexo:
Intersexualidade
Hermafroditismo
Estado de ambiguidade sexual ou intersexual, envolvendo (genótipo), GONADAS, trato
reprodutivo e/ou genitália externa (fenótipo). Este conceito envolve hermafroditismo
verdadeiro e pseudo-hermafroditismo.
São quadros clínicos que apresentam problemas de diagnóstico, terapêuticos e
jurídicos, na definição do verdadeiro sexo do indivíduo.

Estados Intersexuais
Hermafroditas (verdadeiros): foi assim chamado pela circunstância em que se tem um útero e
gônadas palpáveis, independente do cariótipo (conjunto de cromossomos) gonadal, distribuídos
em várias combinações: ovário, testículo ou ovoteste. Apresentam os dois tipos de órgãos
sexuais internos (ovário e testículo), ou seja, com a capacidade de produzir óvulos e
espermatozoides em conjunto. Raro verificar seres em humanos.

Pseudo-hermafroditas: apresentam dos dois tipos de órgãos sexuais externos (vagina e pênis)
Hermafroditismo: Chama-se hermafrodita (do nome do deus grego Hermafrodito, filho de
Hermes e Afrodite, representantes do gênero masculino e feminino) um ser ou animal em que
o indivíduo possui órgãos sexuais dos dois sexos.
Existem três tipos de hermafroditismo humano: o hermafroditismo verdadeiro, o
pseudo-hermafroditismo masculino e o pseudo-hermafroditismo feminino:

Pseudo-Hermafroditismo Masculino
O pseudo-hermafroditismo masculino implica a presença de uma anomalia dos genitais
externos, não de acordo com o sexo genético, são indivíduos com cariótipo XY, cujas gônadas
são constituídas por testículos e os genitais externos são geralmente femininos no momento do
nascimento. No entanto, têm testículos alojados ou na região inguinal ou, ainda, nos grandes
lábios. Sua vagina é pequena e termina em fundo cego (mal de Morris). São estéreis e em muitos
casos não menstruam.

Pseudo-Hermafroditismo feminino
Em casos como esse os indivíduos são, geralmente, cromossômica e internamente
femininos, mas que exibem graus variados de masculinização da genitália externa.
Ocorre quando as glândulas suprarrenais da mulher grávida recebe hormônios
masculinos mais do que o normal, causando uma alteração da genitália externa, variando de
tamanho aumentado do clitóris podendo provocar o desenvolvimento de pênis e testículos.

Clitóris anormal (síndrome andrenogenital)


Caso de síndrome andrenogenital, menina de 4 anos, (antes de qualquer cirurgia).
A síndrome andrenogenital acontece da produção excessiva de andrógenos pelas
suprarenais, os quais têm um efeito virilizante sobre o feto, não obstante o sexo.

Ao final da cirurgia
a) - Dissecação durante cirurgia ginecológica do clitóris e de suas duas raízes.
b) - Estão bem visíveis as três partes que compõe o clitóris.

Aula 7 – 01/04/2019 (Medicina Legal):


SEXOLOGIA FORENSE 1: CONTINUAÇÃO
Hermafroditas com predominância masculina ou feminina podem levar vida normal .
O tratamento inclui hormonioterapia e correção cirúrgica dos genitais alterados, com o
que os hermafroditas com predominância masculina ou feminina podem levar vida normal e até
se reproduzir.
O atendimento psicossexual envolve o aconselhamento psicológico que visa integrar as
pessoas afetadas em grupos de idade social superior ao de sua idade cronológica. Não
costumam ocorrer, no entanto, desordens no comportamento sexual, tal como maior inclinação
para a homossexualidade.

Hipospádia
Hipospádia Perineal, não é uma forma de hermafroditismo

Anatomia do pênis intacto (não circuncidado)


Composição do Pênis
Glande: a cabeça do pênis;
Sulco da glande: é a região da parte de cima da "cabeça" do pênis, unindo a glande ao talo do
pênis. O sulco é dotado de muitos nervos o que torna esta região muito sensível;
Coroa da glande: a "bolota" na extremidade do pênis, todo o volume que forma a cabeça do
pênis;
Mucosa: a membrana que cobre a glande e é protegida externamente pela pele do prepúcio;
Uretra: tubo onde flui a urina e o sêmen.
Bulbo da uretra: a parte final da uretra próximo ao meato, tem a característica de ser bem mais
larga do que o restante da uretra;
Meato: o meato urinário é a abertura da uretra na "cabeça" do pênis.
Freio (frênulo): membrana na parte ventral (de baixo) do pênis, ligando a glande ao talo do
pênis;
Esfíncter do prepúcio: todo o anel de pele que forma a extremidade do prepúcio, em verdade é
a parte final do músculo "dartos".
Raphe: a "emenda" do lado de baixo do pênis que vêm desde próximo ao ânus até ao meato
urinário. Veja a figura abaixo:
Dartos: uma fina camada de músculo que encontra-se diretamente sob a pele do pênis e do
escroto ("saco“);
Testículos: são glândulas em forma de ovo que produzem os espermatozóides. Os testículos
ficam guardados no saco escrotal.
Secção através do corpo do pênis

Corpo cavernoso: existem 2 corpos cavernosos, são duas colunas parcialmente ocas que dão
forma aos lados e ao talo do pênis. O corpo cavernoso se enche de sangue quando então
acontece a ereção do pênis.
Corpo esponjoso: coluna ao longo da parte inferior do pênis, em todo o comprimento do pênis
vai cercando a uretra, e também infla-se de sangue causando ereção;
Túnica albugínea: uma bainha cilíndrica de tecido flexível mas inelástico, sob a pele do talo do
pênis e que recobre o corpo cavernoso, dá ao pênis ereto sua rigidez.
Veias dorsais: veias do dorso (parte de cima) do pênis. Fazem a irrigação superficial de sangue
no pênis, sob toda a pele do talo e com muitas ramificações no prepúcio. Contudo há uma veia
dorsal profunda funcionando entre os corpos cavernosos.
Bexiga: armazena urina, eliminando resíduos do corpo.
Próstata: produz líquidos, que compõe o sêmen.
Vesícula Seminal: produz líquidos, que compõe o sêmen.
Canal Seminal: recolhe os líquidos da próstata, vesícula seminal e os direciona para o Pênis,
como se fosse um sistema de encanamentos basicamente. Leva esses líquidos até a Uretra.

Crimes contra a liberdade sexual - quesitos


Houve conjunção carnal que possa ser relacionada com o delito em apuração?
Houve outro ato libidinoso que possa ser relacionado com o delito em apuração?
Houve violência para essa prática?

Qual o meio dessa violência?


Da conduta resultou para vítima: incapacidade para as ocupações habituais por mais de
trinta (30) dias, ou perigo de vida, ou debilidade permanente de membro, sentido ou função, ou
aceleração do parto, (lesão grave); ou incapacidade permanente para o trabalho, ou
enfermidade incurável, ou perda ou inutilização de membro, sentido ou função, ou deformidade
permanente, ou aborto? (lesão gravíssima), (resposta especificada);

Crimes contra a liberdade sexual- quesitos


Tem a vítima enfermidade ou deficiência mental?
A vítima, por qualquer outra causa não pode oferecer resistência?
Da conduta resultou gravidez?
O agente transmitiu para a vítima doença sexualmente transmissível?

CONJUNÇÃO CARNAL
Conceito - O conceito de conjunção carnal é restritivo, referindo-se apenas ao ato de penetração
do pênis na vagina (immissio penis in vaginam). Para ser considerada a conjunção carnal, é
necessário que o pênis seja introduzido além do hímen, ou que da relação resulte gravidez.

Interesse Jurídico - Existem diversas situações jurídicas onde, por vezes, faz-se necessária a
averiguação da ocorrência ou não da conjunção carnal. Dentre eles pode-se destacar o crime de
Estupro (art.213 CP). Também no Direito Civil, a virgindade da nubente pode ser questionada
com intenção de pedido de anulação de casamento (art.219, IV CC). Acidentes envolvendo
ruptura de hímen também têm interesse jurídico.

Exame de conjunção carnal:


Demonstrar a materialidade nos crimes de estupro, violação sexual mediante fraude e
estupro de vulnerável
Condições adequadas para o exame pericial.

• DOS EXAMES:

• Durante o exame permite-se a presença de um familiar em local que não cause


constrangimento à pericianda, com o consentimento prévio desta.
• Durante a entrevista, inicia-se a avaliação de suas condições psicológicas, além de
formular questões que permitam detectar sintomas e sinais de desenvolvimento
mental retardado ou incompleto, ou de alienação.

• A seguir, passa-se para o exame objetivo: com a presença de uma auxiliar, verifica-se
estatura, peso, anomalia anatômica, e lesão corporal significativa de violência física,
com atenção especial à boca, pescoço, mamas, axilas e coxas. A pericianda é colocada
em posição ginecológica, devidamente coberta, com auxílio de foco de lâmpada.

• Estrutura e composição da VULVA

• a) Púbis ou Monte de Vênus - O púbis é constituído por um panículo adiposo e é


recoberto, na mulher adulta por abundantes pelos. É, portanto, uma proteção do osso
púbico.

• b) Grandes Lábios - Os grandes lábios são pregas formadas por tecido fibro gorduroso.
Apresentam abundantes glândulas sebáceas e sudoríparas. Inicia-se logo abaixo do
púbis e terminando no períneo e, normalmente, “escondem” os pequenos lábios e
portanto o vestíbulo da vagina.

• c) Pequenos Lábios - Os pequenos lábios ou ninfas são duas membranas cutâneo


mucosas que estão situadas por dentro dos grandes lábios. Apresentam grande
quantidade de glândulas sudoríparas e sebáceas. Envolvem o clitóris por cima
formando assim o prepúcio ou o capuz do clitóris e, por baixo, formando o “freio”, ou
fúrcula.

• Os pequenos lábios podem apresentar-se em várias formas e tamanhos e com


superfície diversificada (lisa, granulosas, ondulada).

• d) Vestíbulo Vulvar - O vestíbulo vulvar é, em verdade, um espaço virtual , o qual se


estende da superfície anterior do hímen ao frênulo do clitóris anteriormente,
posteriormente à fúrcula.

• Internamente, encontramos o meato uretral, as aberturas dos ductos de Bartholin e


de Skene, o introito vaginal e, finalmente, as aberturas das glândulas vestibulares
menores.

• e) Clitóris - O clitóris ou, menos frequentemente, clitóride, é considerado ponto


erótico da mulher e é, erroneamente, considerado o homólogo do pênis, porque ele
não apresenta corpos cavernosos e uretra como este.
Aula 8 – 08/04/2019 (Medicina Legal):
e) Clítoris: continuação
• Do ponto de vista estrutural quando não existe excitação sexual, o clitóris é composto
de:
a) - raízes, em número de duas;
b) - corpo ou haste;
c) - glande.
O corpo mede, aproximadamente, 2,5 a 3 mm e a glande cerca de 6 – 7 mm, sendo seu
diâmetro por volta de 7 mm.

VAGINA
A vagina (do latim vagina, lit. "bainha") é um canal do órgão sexual feminino dos
mamíferos, parte do aparelho reprodutor, que se estende do colo do útero à vulva, dirigido de
cima abaixo e de trás para frente.
Trata-se de um conduto musculomembranoso que desempenha, em ordem
cronológico, quatro importantes funções:
a – Sustentar os órgãos adjacentes (bexiga e intestino);
b – Escoar o fluxo menstrual;
c – Abrigar o pênis durante a cópula;
d – Passagem do feto durante o parto transvaginal ( o chamado parto “normal”).

Continuação do exame sobre conjunção carnal


Observa-se e palpa-se o abdome para verificar o fundo do útero; observa-se a
morfologia da cintura pélvica, da área genital e da região anal. Posteriormente procede-se à
avaliação do hímen.
As roturas himenais são descritas detalhadamente, quanto à localização, profundidade
e fases de cicatrização. A localização é feita por comparação a um mostrador de relógio ou em
graus.
Através de um foco de ultravioleta, pode-se distinguir uma rotura himenal antiga de
uma recente, pois a antiga é amarelada e a recente arroxeada.

Ruptura do hímen
Obviamente, o rompimento do hímen só é um sinal certo da conjunção quando se trata
de mulher virgem, não se aplicando às defloradas. O hímen é uma membrana existente do início
do conduto vaginal, e via de regra, se rompe durante a primeira relação sexual. Existem casos
em que o hímen é rompido por outras razões: queda sobre objetos rígidos ou pontiagudos,
exames médicos realizados com imperícia, masturbação (geralmente violenta, praticada por
outro), e ainda por doenças (muito raro).
O hóstio (orifício) do hímen pode apresentar irregularidades, tanto devido a fatores
congênitos como à fatores traumáticos (como a penetração). Existem dois tipos de
irregularidades: o entalhe e a ruptura.

Exame do Hímen
O entalho é pouco profundo, não alcançando o bordo aderente e é simétrico. Por não
alcançar o bordo, é menos sujeito à infecção.

ENTALHES CONGÊNITOS: As membranas himenais, que têm orifícios amplos, podem exibir
recortes ou irregularidades nas bordas livres, chamados entalhes. Estes entalhes anatômicos são
distintos dos retalhos (roturas), porque as bordas daqueles se adaptam perfeitamente quando
aproximadas, e não resultam de nenhum traumatismo.
Já a ruptura é uma lesão assimétrica, que pode ser completa ou incompleta, da maneira
como atinja ou não o bordo. Por ser uma abertura maior, é mais susceptível à infecções que o
entalhe.
Nos entalhes congênitos não há modificações decorrentes do trauma, tais como:
- congestão/edema;
- Hemorragia;
- espessamento das bordas;
- reparação em andamento (ou seja, tecido cicatricial esbranquiçado - fibrina);
- Cicatrizes.
- nos entalhes congênitos não há boa coaptação das bordas, pois não estavam juntas
anteriormente, além de suas margens serem, em regra, arredondadas
- nos entalhes não se observa infecção local (quando ocorre é de origem vulvovaginal),
diferentemente das roturas, onde pode haver sinais de infecção nos locais de processo cicatricial
em evolução.
As roturas são lesões, resultando da ação local de energias mecânicas que, de forma
proposital ou acidental, laceram a orla himenal, sofrendo, posteriormente, um processo de
reparação natural, por cicatrização.

Complacência Himenal: Dependendo da elasticidade da membrana, pode ocorrer de que o óstio


não se rompa durante a conjunção carnal. Outros fatores, como a lubrificação da mulher, as
dimensões dos membros da parceira e do parceiro, bem como a proporção entre eles, podem
fazer com que o hímen não se rompa durante a relação.
Quando indicado, faz-se esfregaço de material da vagina para pesquisa de
espermatozoides, ou de qualquer ponto da vulva ou vagina para bacterioscopia e DNA.
A conjunção carnal completa é aquela em que há a penetração do pênis na vagina,
geralmente com ejaculação intravaginal.
Não se pode confundir conjunção com coito. Coito é genérico, podendo ser ato
libidinoso, como: coito anal, coito nas coxas (coito intercrural), coito oral (felação e cunilíngua),
coito vestibular.
Todos chamados de cópulas ectópicas (cópulas fora da vagina);
Atos orais: felação - cunilíngua (sexo oral na genitália feminina) - beijos e sucções nas mamas,
coxas ou outras regiões de conotação sexual.

Atos manuais: masturbação e manipulações eróticas de todos os tipos

Sinais de certeza da conjunção carnal: Rotura himenal recente compatível com a data do evento.
I - As roturas himenais podem ser:
a) recentes: inicialmente bordas em bisel, avermelhadas e sangrantes, com edema da
vizinhança, e, depois, bordas arredondadas, cobertas de fibrinas.
b) antigas: formam tubérculos ou carúnculas mirtiformes (flor de mirto) depois do parto.
O período que vai da rotura até a completa cicatrização varia com a maior ou menor
espessura da membrana, variando de 2 a 3 dias a 21 dias
Padrão  10 dias

Conjunção carnal recente:


II - espermatozoides na vagina compatíveis com a data do evento
III - gravidez compatível com a data do evento.

Perícia:
Objetivo - comprovar o coito vaginal
Pode ocorrer 2 situações:
mulher virgem;
mulher c/ vida sexual pregressa;
Existem duas classes de sinais que a perícia procura identificar para constatar a
ocorrência de conjunção carnal:

Sinais duvidosos de conjunção, que indicam a possibilidade da ocorrência mas não a


caracterizam, e
Sinais certos de gravidez, que uma vez constatados caracterizam a ocorrência da conjunção
carnal.
Sinais duvidosos:
a) dor: quando ocorre o rompimento do hímen, é natural o sentimento de dor, que
pode se prolongar por algum tempo. O grau e intensidade da dor vai depender das condições
em que o ato foi realizado, e também da sensibilidade individual de cada mulher.
b) hemorragia: o hímen é um tecido, e quando se rompe, é natural o início de uma
hemorragia. O grau e intensidade da hemorragia também é variável, de acordo com cada caso:
existem casos em que a hemorragia não ocorre, e existe caso relatado na literatura de
hemorragia até a morte da mulher. A perícia deve tomar cuidado especial quanto à simulação,
verificando, através de análises laboratoriais, a compatibilidade entre o sangue analisado e o
sangue da vítima.
c) lesões: além do rompimento do hímen propriamente dito, podem ocorrer, ainda,
escoriações, equimoses e lesões vulvares ou perigenitais, decorrentes em regra do emprego de
violência para a efetivação da conjunção carnal, que eventualmente podem ser identificadas
pelos peritos.
d) - contaminação: a contaminação da vítima por doença venérea é um indício de
contato íntimo. Entretanto, por si só não caracteriza a conjunção, pois pode resultar de prática
libidinosa diversa da conjunção. A perícia deve avaliar a existência da doença também no
agressor, e ainda verificar se a evolução da doença coincide com a data alegada da conjunção.

Dificuldades periciais:
Diagnóstico diferencial entre:
- Rotura completa, incompleta e entalhe congênito;
- Roturas recentes e cicatrizadas;
- Hímens de difícil exame: infantis, complacentes;
- Penetração consensual anterior;
- Mulher com vida sexual pregressa:
I - a perícia deve buscar provas de ejaculação (sêmen);
II - Presença de espermatozoides no líquido seminal.
IV - Proteína P30 (PSA) proteína produzida pela próstata;

Aula 9 – 15/04/2019 (Medicina Legal):


Outros indícios:
Lesões genitais (lacerações, hematomas):
Violência da penetração;
Desproporção pênis/vulva-vagina (crianças)
Pelos pubianos soltos encontrados desde que comprovada, sua origem como sendo de
outra pessoa;
manchas de sêmen (presente nas vestes, como roupas íntimas ou de cama)

Coleta material vaginal:


- Swap (cotonete) de maneira cuidadosa para exames a fresco e com técnicas próprias
de microscopia.
- Presença de um único espermatozoide, ou de
- Material genético diverso do da vítima.
48-72hs após o evento.
Obs: após o exame pericial, a vítima é encaminhada à qualquer emergência da rede pública de
saúde para exame clínico e profilaxia de doenças sexualmente transmissíveis e gravidez.
Há também serviço especializado para acompanhamento psicológico para vítimas de
violência de natureza sexual.
A perícia de ato libidinoso diverso da conjunção carnal segue as mesmas formalidades
do exame de conjunção carnal.
É sempre exame de urgência, devendo ser feito o mais cedo possível, a qualquer hora
do dia ou da noite, em local apropriado, com todo o equipamento de um consultório de
ginecologia e de algum material de proctologia.
É feito tanto sobre o indivíduo masculino quanto feminino e em qualquer idade.

Material para coleta de DNA (sêmen, saliva, pelos, pele abaixo da unha);
- Vestígios efêmeros;
- Exame da região anal:
- swab para DNA,
- presença de lesões,
- sêmen no ânus.

Impotência Sexual:
Impotência é a incapacidade para a prática de conjunção ou procriação. Por conjunção
se entende o ato sexual, propriamente dito, e por procriação a capacidade de gerar
descendentes (filhos). Qualquer uma das incapacidades são consideradas formas de impotência.
A impotência para a conjunção, tanto no homem como na mulher, recebe o nome de
Impotência Coeundi. Sendo assim, quando acontecer com o homem, será Coeundi Masculina, e
na mulher, Coeundi Feminina.

Impotência Generandi: É quando o homem não apresenta problemas para realizar a relação
sexual, mas não consegue gerar filhos. A impotência se relaciona ou com órgãos responsáveis
pela produção do sêmen, ou com as vias de transmissão do sêmen. Como causas, pode-se citar
a falta de testículos, por problema de formação, acidente ou por necessidade de remoção
cirúrgica, insuficiência de desenvolvimento das glândulas (criptorquidia, infantilismo),
localizações anormais do canal urinário (hipospadia e epistadia), processos inflamatórios
(epididimite = inflamação do epidídimo).

Impotência concipiendi: Normalmente, a mulher é incapaz de procriar antes da puberdade, após


a menopausa e nos períodos inférteis do ciclo menstrual. Entretanto, causas patológicas
também provocam a infertilidade. Dentre elas: acidez vaginal, que cria um meio hostil aos
espermatozóides, retroversão de útero, quando o útero não se encontra em sua posição normal,
lesões ou cistos no ovário, endometriose (inflamação no útero) ou miomas (tumores no útero),
bem como outros problemas relacionados aos ovários, trompas (obstrução) e útero.

Impedimentos matrimoniais “Médico-Legais”


Entende-se por impedimento matrimonial a ausência dos requisitos essenciais exigidos
por lei para que alguém se case. Essas exigências decorrem do caráter moral e da natureza
jurídica do casamento.

Impedimentos Médico-Legais:
a) que acarretam nulidade do casamento (casamentos nulos):
- Consanguinidade: descendentes ou ascendentes que tenham a mesma linhagem
genética tem maior probabilidade de gerar filhos portadores de anomalias. Nestes casos,
exames médicos podem autorizar o matrimônio, caso não se verifiquem impedimentos
genéticos.

b) anulação do casamento/impedimentos materiais (casamentos anuláveis):


- Incapacidade de consentir: Débeis mentais não podem se casar enquanto nesta
condição, por serem incapazes de exprimir sua vontade. Surdos-mudos só podem se casar caso
sejam educados de forma a serem capazes de exprimir sua vontade.
- Identidade: eventualmente, podem ser exigidos exames que comprovem a identidade
dos noivos, em função de dúvidas como por exemplo a semelhança, para verificar o verdadeiro
grau de parentesco existente. São casos raros.
- Doença Grave: doenças contagiosas ou transmissíveis, como a AIDS, a lepra e a
tuberculose, a sífilis, podem justificar a anulação do casamento, se forem comprovadas como
anteriores ao casamento e não informadas com antecedência pelo portador ao cônjuge.
Honra e Boa Fama: quando o histórico sexual de um dos nubentes contém casos
de homossexualismo, aborto ou gravidez anteriores, e não seja informado ao parceiro, este
pode, se sentir afetado em sua honra, promover a anulação da união.
- Problemas psíquicos: desajustes mentais devem ser de conhecimento do parceiro
antes da efetivação do matrimônio.
Defeitos Sexuais: casos de disfunções sexuais também devem ser de conhecimento do
parceiro antes da efetivação do matrimônio.
- Himenoplastia: A lei estabelece a possibilidade de anulação do casamento caso
verifique-se que a nubente não era virgem, quando do casamento, ou que simulou a virgindade,
através da himenoplastia.

Intervenções cirúrgicas em transexuais:


- Feminino para Masculino (Faloplastia);
- Masculino para Feminino (Vaginoplastia).

Procedimentos pré-Faloplastia:
1º - iniciar o procedimento com uma cirurgia de retirada das mamas (Mastectomia);
2º - retirada dos órgãos femininos: útero e ovários (Histerectomia , com ressecção de
ovários e vagina);
3º - realiza-se um tratamento de reposição de hormônios para promover um aumento
do clitóris.Ele é retirado de sua posição original e trazido para frente, ele fica em uma posição
que lembra o formato de um pênis.
4º - Metoidoplastia (formação de um pequeno pênis com os tecidos do clitóris e dos
pequenos lábios vulvares e formação de um escroto com os grandes lábios vulvares), ou a
faloplastia, conforme o caso.
O médico então realiza o fechamento da vulva e começa a formar o escroto e testículos
com os grandes lábios vaginais, para isso são acrescidas a eles próteses de silicone que
concernem o formato oval do saco escrotal.
A rigidez deste neopênis é obtida com um enxerto de cartilagem costal.
Alguns meses depois (6 a 12 meses) apresenta normalmente sensibilidade até à
extremidade.
Esta sensibilidade que adquire é proveniente em grande parte da reenervação natural
do retalho a partir da enervação do clitóris.
Este fato faz com que a sensibilidade deste neopênis seja referida ao clitóris e portanto
fisiologicamente quase a de um pênis natural.

Vaginoplastia
Para realização deste procedimento, primeiramente é realizado um corte longitudinal
esvaziando o pênis e o saco escrotal, a uretra, restos de pele e tecidos nervosos serão as únicas
estruturas que serão mantidas.
As estruturas vaginais serão moldadas com as partes que sobraram, as peles que
restaram do antigo pênis e saco escrotal vão ganhando formas e dando origem a uma vagina.

Transtornos da sexualidade:
São disfunções qualitativas ou quantitativas do desejo e instinto sexual. Nesse aspecto,
temos as Parafilias ou as Disfunções de Gênero, cujos sintomas podem ser de ordem de:
- Perturbação psíquica;
- Fatores orgânicos glandulares, ou
- Simplesmente questão de preferência sexual.

Anafrodisia: É a diminuição ou deterioração do instinto sexual no homem. Geralmente é


acarretada por uma doença nervosa ou glandular.
Frigidez: Distúrbio do instinto sexual que se caracteriza pela diminuição do apetite sexual na
mulher. As causas podem ser traumas, baixa autoestima ou rejeição.
Anorgasmia: Disfunção sexual rara. Caracteriza-se pela condição de o homem não alcançar o
orgasmo. Algumas culturas utilizam-se desta prática voltada para o autoconhecimento (Tantra).
Hipererotismo: Tendência abusiva dos atos sexuais. Pode ser classificado como satirismo nos
homens e ninfomania nas mulheres.
Autoerotismo: Coito sem parceiro, apenas na contemplação ou na presença da pessoa amada
(coito Psíquico de Hammond)
Frotteurismo: Trata-se de um desvio da sexualidade em que os indivíduos se aproveitam de
aglomerações em transportes públicos ou em outros locais de aglomeração com o objetivo de
esfregar ou encostar seus órgãos genitais, principalmente em mulheres, sem que a outra pessoa
identifique suas intenções.
Exibicionismo: É a obsessão de indivíduos levados pelo impulso de mostrar seus órgãos genitais,
sem convite para a cópula, apenas para obter um prazer incontrolável de mostra-se a outros.
Geralmente tratam-se de indivíduos com baixa autoestima.
Dolismo: Termo vem de “doll” (boneca). É a atração que o indivíduo tem por bonecas e
manequins, olhando ou exibindo-as, chegando a ter relações com ela.
Travestismo: Ocorre em indivíduos heterossexuais que se sentem impelidos a vestir-se com
roupas do sexo oposto, fato este que lhe rende gratificação sexual.
Urolagnia: Consiste na excitação de ver alguém no ato da micção ou apenas em ouvir o ruído da
urina ou ainda urinando sobre a parceira ou esta sobre o parceiro
Coprofilia: É a perversão em que o ato sexual se prende ao ato da defecação ou ao contato das
próprias fezes. Observar o ato de defecar causa excitação à estas pessoas
Edipismo: É a tendência ao incesto, isto é, o impulso do ato sexual com parentes próximos
Bestialismo: Chamado também de zoofilismo, é a satisfação sexual com animais domésticos.
Vampirismo: Satisfação erótica quando na presença de certa quantidade de sangue, ou, em
algumas vezes, obtida através de mordeduras na região lateral do pescoço
Necrofilia: Manifesta-se pela obsessão e impulso de praticar atos sexuais com cadáveres
Sadismo: Desejo e dor com o sofrimento da pessoa amada, exercido pela crueldade do
pervertido, podendo chegar à morte. Também chamado de algolagnia ativa.
Masoquismo: É a busca de prazer sexual pelo sofrimento físico ou moral. Também chamado de
algolagnia passiva.
Pedofilia: Perversão sexual que se manifesta pela predileção erótica por crianças, indo desde os
atos obscenos até a prática de atos libidinosos, denotando comprometimento psíquico.
Transexualismo. É um transtorno da identidade sexual, também chamado de síndrome disforia
sexual, desejo de mudar de sexo.

Aula 10 – 23/04/2019 (Medicina Legal): 2ª prova a partir daqui.


SEXOLOGIA FORENSE 2:
REPRODUÇÃO HUMANA
GRAVIDEZ NORMAL:
Gestação – é o tempo natural para o desenvolvimento do embrião no útero, desde a concepção
até o nascimento. Tempo máximo de 300 dias e de no mínimo 180 dias, podendo haver,
excepcionalmente a gravidez serôdia ou prolongada, que ultrapassam o tempo previsto.
“Todo novo ser resulta da união de uma célula germinativa feminina, chamada de óvulo, e de
uma célula germinativa masculina, denominada de espermatozóide”

Fecundação
Fases da Gravidez
1.ª - Inseminação natural ou artificial ou chamada, também, de fecundação externa;
2.ª - Fecundação, natural ou artificial, com a conjunção de um óvulo maduro com um
espermatozóide, denominada de fecundação interna;
3.ª - Aninhamento ou nidação, ou seja a recepção do óvulo fecundado pela mucosa uterina
pronta para recebê-lo, onde se fixa;
4.ª - Gravidez propriamente dita, durante a qual, pela lei da cissiparidade, o ovo segmenta-se e
se desenvolve até a maturidade;
5.ª - Expulsão do feto a termo, através de parto natural ou clínico.

PRODUTO DA CONCEPÇÃO
Ovo ou zigoto – durante as três semanas iniciais;
Embrião – até o terceiro mês;
Feto – até o momento do nascimento.

GRAVIDEZ ANÔMOLA
1.ª - Gravidez extra-uterina – ocorre no ovário, fímbria, trompas, parede uterina, tendo como
consequência aborto tubário, rotura da trompa e litopédio;
2.ª Gravidez molar – consiste em formação degenerativa do ovo fecundado, sendo sanguínea,
carnosa e vesicular;
3.ª - Falsa gravidez – Pseudociese – tem todo sintoma de uma gravidez verdadeira, embora não
exista.

PARTO E PUERPÉRIO
Parto é o processo fisiológico onde o produto da concepção, tendo alcançado grau adequado
de desenvolvimento, é eliminado do útero materno.
Parto - Med Legal  período que se estende desde a ruptura da bolsa amniótica até o completo
desprendimento do feto pela vulva, ainda que fique ligado a placenta pelo cordão umbilical, ou
sua expulsão pela cesariana.
Puerpério é o período compreendido entre o fim do parto e a volta do organismo materno às
condições pré-gravídicas.
Aceleração e antecipação do parto: Ambos são processos onde ocorre o parto em um período
menor do que o normal (9 meses). A aceleração do parto é provocada por lesões corporais à
gestante, que provocam a expulsão do feto de seu útero, independente de o feto já alcançar um
grau de desenvolvimento suficiente para a vida extra-uterina.
Antecipação do parto é quando o médico intervêm no processo de gestação, escolhendo o
momento mais adequado para a realização do parto. Existem certas doenças, e mesmo
problemas relacionados à aptidão da mulher para o parto, que podem fazer com que o médico
escolha pela sua antecipação.
Existe um grande interesse jurídico em se determinar, nos casos de morte, em que
estágio de desenvolvimento a criança pereceu. Tanto na esfera penal (para diferenciar aborto
de infanticídio, por exemplo), quanto na esfera civil (direito das sucessões). Consideremos 3
estágios:
a) feto: corresponde ao período entre o 3.º mes do ciclo gravídico e o momento
imediatamente anterior ao início da expulsão do colo do útero.
b) feto nascente: corresponde ao período entre o início da expulsão fetal e o momento
imediatamente anterior ao estabelecimento da vida autônoma (quando se estabelece o
processo respiratório próprio do organismo).
feto nascente (continuação), nasceu e não respirou. As lesões causadoras de morte estão
situadas nas regiões onde o feto começa a se expor e tem as características de feridas produzidas
invitam. É objetivo do infanticídio: “durante o parto”.

Infante Nascido - É aquele que acabou de nascer, respirou, mas não recebeu nenhum cuidado
especial. É objetivo do infanticídio: “logo após o parto”.
Infante nascido, características:
- Corpo coberto por sangue de origem fetal ou materno (Logo após o parto (elemento
+importante);
- Induto sebáceo (vernix caseosum). Tem tonalidade branco-amarelada e recobre parte
do corpo do infante;
- Tumor do parto (saliência de cor violácea, no couro cabeludo, desaparece 24-36 h);
- Cordão umbilical –elemento importante;
- Presença de mecônio (substância verde-escura);
- Respiração autônoma.

Recém-Nascido
c) recém-nascido: a demonstração de respiração autônoma tem sido o fundamento
mais utilizado para comprovar o nascimento com vida;
Vestígios comprobatórios da vida extrauterina;
Em medicina legal: (recém-nascido) é o infante nascido que vai desde os primeiros cuidados
após o parto até o 7º dia de nascimento. Em pediatria, considera-se até o 30º dia após o
nascimento.
Diagnóstico de parto recente
Sinais de parto recente: Existem inúmeros sinais recentes de parto, que dizem respeito aos
órgãos genitais, ao organismo como um todo, e também às secreções. Alguns destes sinais são:
a) edema dos grandes e pequenos lábios: decorrente de lesões inevitáveis à saída do
feto;
b) sinais de episiotomia: quando é realizado um corte para facilitar a saída do feto, ficam
os sinais;
c) – Lóquios hemorrágicos;
d) – Hímen reduzido a carúnculas;

Episiotomia
e) diminuição do volume do útero: o útero involui, gradativamente, após o parto.
f) pigmentação da pele: é um sinal extragenital, decorrente de alterações hormonais.
g) transformação de colostro em leite: o líquido do seio materno torna-se mais
gorduroso (leite materno)
h) gonadotropina coriônica: é detectada ainda por vinte dias após o parto, no sangue
e na urina.
i) secreções vaginais: existem secreções vermelhas, decorrentes de hemácias e
células uterinas, amarela, decorrente do plasma e da fibrina, e branca, referente a leucócitos.

Sinais de parto antigo: Enquanto que alguns sinais do parto desaparecem com o tempo, alguns
persistem por toda a vida da mulher. Dentre eles:
a) sinais genitais: vulva flácida, entreaberta, cicatriz de episiotomia, quando feito o corte
durante o parto, hímen reduzido à carúnculas.
b) diferenças entre o útero virgem e o que concebeu:
A figura 2 ilustra o que ocorre com o orifício do colo uterino:
- Quando a mulher não concebeu por parto natural, o orifício do colo do útero é circular
(virgem).
- Quando já concebeu uma vez (primípara), o orifício tem a forma de uma fenda.
- Quando já concebeu mais de uma vez (multípara), o orifício é multifendilhado (ver
Figura 2).
Um útero virgem, que ainda não concebeu, pesa em média 40-50g, enquanto que um
útero que já concebeu pesa em média de 50 a 75 g. Quanto ao tamanho, um útero virgem mede
de 5,5 a 7 cm, enquanto que um útero que já concebeu mede de 8 a 9 cm.
O fórceps é formado por duas partes alongadas e conectadas que se curvam nas pontas
para abrigar a cabeça do bebê.

Parto Fórceps
A ventosa é uma espécie de semicírculo de metal ou silicone ligado a uma pequena
bomba a vácuo e é ajustada mais atrás da cabeça do bebê. O tipo de material usado na ventosa
varia dependendo da posição do bebê.
O parto assistido por fórceps ou ventosa ocorre quando:
- O bebê estiver em sofrimento fetal durante o segundo estágio do trabalho de parto
(período expulsivo);
- A mãe estiver exausta e não conseguir mais fazer força;
- O bebê não estiver mais descendo pela bacia;
- Houver recomendação médica para a mãe não fazer esforço prolongado (no caso de
doença cardíaca, por exemplo);
- A mãe for dar à luz gêmeos e precisar de ajuda com o parto do segundo bebê.
Aula 11 – 29/04/2019 (Medicina Legal):
Parto Fórceps: continuação
Efeitos do parto fórceps
O bebê pode nascer com um pequeno machucado superficial, o que, normalmente, se
cura em poucos dias.
Muito raramente, o nervo facial é danificado durante este tipo de parto, e a boca do
bebê fica caída de um dos lados (o que costuma ser temporário).
É possível sentir alguma dor e ficar um pouco machucada depois do parto.
Além disso, pode ser que seja mais difícil fazer xixi e controlar a urina, ou pode ter prisão
de ventre.
Há um pequeno risco de danos permanentes à bexiga ou ao ânus. O risco de algum
ferimento é maior com o fórceps do que com a ventosa.

Infanticídio
Código Penal: “Art. 123 – Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho
durante o parto ou logo após.”
Elementos:
- Própria mãe;
- Durante o parto ou logo após;
- Influência do estado puerperal;
- Infante com vida extrauterina.
- Perícia de Infanticídio
- Diagnóstico do nascimento com vida – “DOCIMÁSIA”.
- Diagnóstico do mecanismo de morte do concepto.
- Diagnóstico do “estado puerperal” (influência)
- Diagnóstico do parto pregresso.
- Diagnóstico de parto recente.

Durante o parto: este inicia desde o começo das contrações uterinas até a dequitação (expulsão
da placenta, membrana amniótica e cordão umbilical). Porém, do ponto de vista médico-legal,
a expressão é mais restritiva: compreende a fase da expulsão, desde a rotura da bolsa, a
insinuação do feto pelo canal vaginal até o seu desprendimento pela vulva.
Logo após o parto: instantes seguintes, imediatamente depois ao desprendimento. Na prática,
os crimes são praticados, em sua grande maioria, entre o desprendimento e a dequitação
(expulsão da placenta), isto é, nos últimos 10 ou 15 minutos do trabalho de parto do ponto de
vista obstétrico.

Puerpério
“O espaço de tempo variável que vai do desprendimento da placenta até a volta do
organismo materno às suas condições anteriores ao processo gestacional”. Participa o tempo,
pois o puerpério é o período necessário para que os órgãos reprodutores da mulher se
capacitem para uma nova concepção.
- puerpério imediato: 1ª semana depois do parto.
- puerpério mediato: três semanas seguintes.
Geralmente, é consequência de uma gravidez ilícita com parto clandestino e
desassistido.

Estado puerperal: é uma obnubilação mental seguinte ao desprendimento fetal que só se


manifesta na parturiente que não recebe assistência, conforto ou solidariedade, sendo
desencadeado:
a) pela dor, no momento da expulsão, mais intensa na primípara (1º parto);
b) pela hipotensão arterial, devido a posições inadequadas e bruscas hemorragias;
c) - pelo alívio, hipnotizante, que se segue a tanta tensão e esforço, produzindo, às vezes,
sonos despertados por pesadelos.

Vida extra-uterina: A prova de vida extrauterina do recém-nascido é feita através da pesquisa


das docimásias. Também é importante determinar o tempo de vida extrauterina, de forma a
caracterizar que a morte ocorreu durante ou logo após o parto.
A docimásia mais utilizada é a hidrostática de Galeno, que busca demonstrar se o recém-
nascido chegou a respirar.
O pulmão que ainda não respirou possui densidade maior que água, de forma contrária
ao que respirou, que possui densidade menor.
A Docimásia deve ser realizada nas primeiras 24 horas após a morte em razão da
putrefação.

Etapas da Docimásia de Galeno:


1.ª - Coloca-se em água, o bloco do sistema respiratório (pulmões, traquéia e laringe). Se
flutua – resposta positiva (respirou), possui ar nos pulmões. Se não, afunda – continua-se com
o exame, fase seguinte;
2.ª - Separam-se os pulmões do restante do trato respiratório no fundo do recipiente. Se
flutua – resposta positiva (respirou), possui ar nos pulmões. Se mantêm no fundo – continua-se
com o exame, fase seguinte;
3.ª - Fragmenta-se o pulmão dentro do recipiente. Se flutua – resposta positiva
(respirou), possui ar nos pulmões. Se mantêm no fundo – continua-se com o exame, fase
seguinte;
4.ª - Esmaga-se entre os dedos fragmentos que estão no fundo. Se soltam bolhas –
resposta positiva. Se não soltam bolhas – negativo.
Etapas: 1,2 e 3 positivas = houve respiração = nasceu com vida.
Fase 4 – positiva = duvidosa.
Fase 4 – negativa = não houve respiração.

ABORTAMENTO:
Aborto - É a interrupção da gravidez ocorrida em quaisquer uma das fases do ciclo gravídico.
Abortamento (OMS)  interrupção do ciclo gravídico antes de 22 semanas de gestação ou com
peso fetal inferior a 500 gramas. Expulsão ou extração do concepto vivo ou morto. Feto inviável:
20 – 24 semanas gestação.
Abortamento (Med Legal)  interrupção da gravidez com a morte do concepto, haja ou não sua
expulsão, qualquer que seja seu estado evolutivo. Independe da idade gestacional.
Termo: aborto (produto) x abortamento (processo).

Espécies de Abortamento:
I – Espontâneo;
II - Natural ou Acidental:
15% das gestações entre 4 a 20 semanas
Sem repercussão jurídica criminal.

Provocado:
I - Legal
II - Criminoso
III - Eugênico

Aborto necessário ou terapêutico (estado de necessidade de terceiro)


Elementos:
- Mãe apresenta perigo de vida;
- Perigo intimamente ligado a gravidez;
- Interrupção da gravidez = cessação desse perigo, único procedimento capaz de salvar
a vida da gestante.
- Sempre que possível, concordância de outro colega.

Aborto sentimental, piedoso ou moral


Elementos:
- Gravidez resultante de estupro.
- Necessidade de anuência da gestante ou representante legal
Não existe a necessidade de autorização judicial prévia para que o médico pratique o
aborto (margem para ilegalidade).
“Recusar a realização de atos médicos que, embora permitidos por lei, sejam contrários aos
ditames de sua consciência.” (Art. 28, Cód Ética Médica)

Processos abortivos:
- Farmacológicos: misoprostol (Citotec);
- Cirúrgicos;
- Curetagem uterina;
- Microcesariana;

Outros: Químicos, Mecânicos, Aspiração uterina por pressão negativa.


Complicações: sangramento, infecção,infertilidade.

FINALIDADES DA PERÍCIA MÉDICO-LEGAL:


Fornecer prova material:
I - nos casos de suspeita de abortamento criminoso;
II - nos casos de abortamento consequente a lesão corporal;
III - nos casos suspeitos de doença do trabalho que cause aborto;
IV - nos casos de licença para tratamento de saúde.

FORMALIDADES:
São as mesmas do exame de conjunção carnal.
Quase sempre é exame de urgência. No entanto, deve ser realizado de preferência
durante o dia, em local apropriado, e com todo o equipamento mínimo de um consultório
obstétrico.

São dados importantes, entre outros:


a) as datas do coito fecundante e da última menstruação;
b) o aparecimento dos sintomas e sinais de gravidez;
c) como teve início o trabalho de abortamento;
d) o local do aborto e as condições do embrião ou do feto e da placenta;
e) as complicações havidas e a assistência recebida.

PERÍCIA, OBJETIVO:
Procurar vestígios de manobras abortivas.
Exame ginecológico minucioso da suposta gestante:
I - útero (colo);
II - coleta de material vaginal;
III – abdome;
IV - Coleta de sangue e urina para testes;
V - grau de desenvolvimento;
VI - possíveis causas de aborto natural;
VII - lesões traumáticas;
VIII – DNA;
IX - Provas de vida extrauterina.

Quesitos:
- Houve aborto?
- Foi ele provocado?
Qual o instrumento ou meio empregado?
Em consequência do abortamento ou do instrumento ou do meio empregado para
provocá-lo, sofreu a vítima: incapacidade para as ocupações habituais por mais de 30 dias, ou
perigo de vida, ou debilidade permanente de membro, sentido ou função, ou incapacidade
permanente para o trabalho, ou enfermidade incurável, ou perda ou inutilização de membro,
sentido ou função, ou deformidade permanente (resposta especificada)?
É a vítima alienada ou débil mental?
Se provocado por médico, era o único meio de salvar a vida da gestante?

Aula 12 – 06/05/2019 (Medicina Legal):


TRAUMATOLOGIA FORENSE:
Conceito: É o capítulo da Medicina Legal no qual se estudam as lesões corporais resultantes de
traumatismos de ordem material ou moral, danosos ao corpo ou à saúde física ou mental
TRAUMA: É a atuação de uma energia externa sobre o corpo da pessoa, com intensidade
suficiente para provocar desvio da normalidade, com ou sem expressão morfológica.
Lesão Corporal: Art. 129, CP  “Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem.” Pode se
classificar em:
A) Lesão Corporal de natureza Leve - não trazem maiores complicações para a vítima, ex.
hematoma;
B) Lesão corporal de natureza grave
- Perigo de vida (conceito) necessidade de pronto atendimento médico ou provável
morte; não é risco de vida) (≠ de risco de vida);
Obs. Atos que caracterizam perigo de vida: são atos que se exteriorizam por sinais ou sintomas
clínicos alarmantes. Ex hemorragia interna e externa acompanhado de choque hipovolêmico
(perda de sangue);
C) - Lesão Corporal de Natureza Gravíssima - (§2°)
D) Lesão Corporal Seguida de Morte - (§3°) “Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam,
que o agente não quis nem assumiu o risco de produzir o resultado.
- Vias de fato - ação que não acarreta os efeitos objetivos das lesões corporais, mas
constitui uma situação de vexame, humilhação, constrangimento para a vítima que deverá
apresentar em juízo queixa-crime contra o infrator. Ex. cuspidela na face, tapa no rosto etc.

Quesitos Sobre Lesão Corporal:


Há ofensa à integridade corporal ou saúde do (a) periciando(a)?
Qual instrumento ou meio que a produziu?
A ofensa foi produzida com o emprego de veneno, fogo, explosivo, tortura, meio
insidioso ou cruel?
Resultou perigo de vida?
Resultou incapacidade para as ocupações habituais por mais de trinta (30) dias?
Resultou debilidade permanente de membro, sentido ou função, ou aceleração do
parto? (lesão corporal de natureza grave)
Resultou incapacidade permanente para o trabalho, ou enfermidade incurável, ou perda
ou inutilização de membro, sentido ou função, ou deformidade permanente, ou aborto? (lesão
corporal de natureza gravíssima)
Energias mecânicas - Atuam mecanicamente sobre o corpo, modificando completa ou
parcialmente seu estado de repouso ou de movimento.
Agem por pressão, percussão, tração, compressão, torção, sucção, explosão,
contrachoque, deslizamento e distensão.

LESÕES CONTUSAS:
Maioria das lesões nos IML;
Superfícies geralmente planas;
Pressão, tração, torção, compressão, descompressão ou atrito;
Martelo, cinto de segurança, bastão, cassetete etc.

Rubefação:
I - Alteração vascular transitória;
II – Vasodilatação;
III - Pele “avermelhada”;
IV - Teste da vitropressão  desaparece temporariamente c/a pressão da região;
V - Lesão efêmera, originada de: Tapas, agarrões, empurrões, uso de cintos ou palmatória e etc.
Só tem dilatação. Não tem rotura.

Edema traumático:
I - Maior alteração circulatória que na rubefação. O líquido intercelular aumenta, causando
distensão e elevação da pele.
II - Limites nítidos; pode ter a forma do instrumento.
III - Desaparece com menos de 24 horas.

EDEMA TRAUMÁTICO:
Equimose:
I - Rotura vasos  infiltração sanguínea intersticial (dentro das malhas dos tecidos sem
formar coleção, diferindo por isto dos hematomas);
II - Superficial (“Roxo”), Profunda ou Visceral;
III - Pode ter a forma do objeto, e estender-se por grandes áreas e ter nitidez variável
conforme a pressão e condições especiais do paciente (ex: hemofilia, velhice).
IV - Desde traumas intensos, até espontaneamente.
*Eu tenho rotura de vasos. Não tem sangue. Não forma bolsa sanguínea.
*Eu tenho um líquido que fica no tecido; o corpo produz.
*Pode ter esquimose dentro dos olhos. É vermelha.

Arroxeado ^

Amarelado ^

Equimose visceral.

Espectro equimótico (Legrand du Saulle):


I – de 1 a 3 dias – vermelho-violácio;
II – de 4 a 6 dias – azul;
III – de 7 a 12 dias – verde;
IV – de 13 a 20 dias – amarelo;
V – de 21 a 22 dias – desaparecimento.

HEMATOMA:
I - Rotura vasos sanguíneos  formação de “bolsa de sangue” (extravasamento e
formação de uma coleção);
II - Confusão com equimose;
III - Pode ocorrer em todas as partes do corpo;
IV - Hematomas intracranianos;
V - Hematomas viscerais (possibilidade de rotura dias após o evento traumático 
morte).
*Forma uma bolsa de sangue.

*Observar a quantidade de sangue. Muito sangue pode levar à morte.

BOSSAS
As bossas podem ser sanguíneas quando o líquido, não podendo se espalhar, forma uma
coleção (especialmente sob o couro cabeludo “galo”) ou linfática, quando seu conteúdo for linfa
O instrumento contundente age sobre a superfície corporal em que há tecido ósseo
abaixo e com musculatura muito tênue
Rompendo-se o vaso, forma-se a bossa sanguínea.
*É conhecido como “galo” ocorrido depois de uma pancada.
*Não forma bolsa de sangue.
*Tem mais sangue que o edema.

BOSSA SANGÜÍNEA: (com elevação da área)

ESCORIAÇÃO:
a) Arrancamento epidérmico por abrasão;
b) Porção superficial   cicatriz;
c) Formação de crosta serosa ou sero-sanguinolenta (é a “casca de ferida”; quando essa casca
cai, não fica cicatriz);
d) Após a morte   crosta (placa amarelada, apergaminhada, de consistência firme);
e) Escoriações ungueais  arciformes (posição da mão do agressor);
f) As crostas começam a cair entre o 4º e o 10º dia e a pele se regenera até o 15º dia;
g) Importância: local.;
*A epiderme é arrancada. Geralmente ocorre por acidente. É o arrancamento da pele.

TRAUMATISMOS MUSCULOESQUELÉTICOS:
a) Entorse;
b) Luxação;
c) Contusão;
d) Fratura
e) Ligamentos
ENTORSE X LUXAÇÃO X FRATURA:
I - Entorse  amplitude dos movimentos ultrapassada;
II - Luxação  deslocamento permanente das superfícies articulares;
III - Fratura  solução de continuidade (ossos, dentes):
a) Fechada e aberta (= exposta)
b) Completas e incompletas (galho verde)
c) Avaliação cronológica (análise da formação do calo ósseo por meio de exames
radiográficos.

ENTORSE
É uma lesão que ocorre quando se ultrapassa o limite normal de movimento de uma
articulação. Normalmente, ocasiona distensão dos ligamentos e da cápsula articular e, às vezes,
sangramentos internos.
É a torção de uma articulação, com lesão dos ligamentos (estrutura que sustenta as
articulações).Tem a amplitude dos movimentos altrapassada

LUXAÇÃO
Luxação é o deslocamento de um osso da articulação, geralmente acompanhado de uma
grave lesão de ligamentos articulares. Isso resulta no posicionamento anormal dos dois ossos da
articulação.
É o deslocamento de um ou mais ossos para fora da sua posição normal na articulação.
Promove o deslocamento permanente das superfícies articulares

CONTUSÃO
Contusão é o resultado de um forte impacto na superfície do corpo. Pode causar uma
lesão nos tecidos moles da superfície, nos músculos ou em cápsulas ou ligamentos articulares.
É uma área afetada por uma pancada ou queda sem ferimento externo. Pode apresentar
sinais semelhantes aos da fratura fechada. Se o local estiver arroxeado, é sinal de que houve
hemorragia sob a pele (hematoma).

FRATURA
É a quebra de um osso causada por uma pancada muito forte, uma queda ou
esmagamento.
Entende-se por fratura o rompimento total ou parcial de qualquer osso, ou dente e pode
ser:
- Fratura fechada – é assim chamada quando a pele não é rompida pelo osso quebrado.
- Fratura aberta ou exposta – ocorre quando o osso atravessa a pele e fica exposto.
- Fratura incompleta – engloba parte da espessura do osso. (galho verde).

AVULSÃO DENTÁRIA:
Extração dentária traumática completa, incluindo a raiz

ROTURA VISCERAL:
I - Decorrem de traumas intensos (atropelamentos, precipitação de grandes alturas)
II - Mais frequentes no abdome do que no tórax (“proteção” do gradil costal e esterno)
III - Vísceras ocas se lesionam mais facilmente quando cheias de líquido ou alimentos
IV - Estados patológicos podem predispor a roturas (ex: esplenomegalia = hipertrofia do baço).

Aula 13 – 13/05/2019 (Medicina Legal):


EVISCERAÇÃO
Classificação dos modos de ação dos instrumentos mecânicos:
a) contundente – (contusa) - causa ferida contusa (palmatória e porrete);
b) cortante – (incisa) - causa ferida incisa (faca, navalha);
c) perfurante – (punctória) - causa ferida pontiforme (agulha, alfinete);
d) pérfurocortante – causa ferida pérfuroincisa (peixeira);
e) pérfurocontundente – causa ferida pérfurocontusa (projétil de arma de fogo);
f) cortocontundente – causa ferida corto-contusa (machado, foice).
Formas De Ação

Lesões Mistas
FERIDA CONTUSA:
- Ferida ≠ Lesão
- Ferida  rompimento completo da pele atingindo o subcutâneo (solução de
continuidade).
- Ferida  formação de fibrose, cicatriz .

Feridas contusas:
I - Por pressão;
II - Por tração;
Bordas escoriadas, vertentes anfractuosas (irregular), pontes de tecido, fundo irregular,
raramente indicam formato do agente, pouco sangrantes.

FERIDA INCISA: causada por instrumento cortante;


Mecanismo de ação  deslizamento de gume afiado sobre os tecidos;
Gume mais ou menos afiado;
Navalha, lâmina de bisturi, faca afiada;
Feridas cirúrgicas;
Lesões de defesa.

Características:
I - Pouco profunda;
II - Profundidade inicial maior e final menor;
III - Cauda de escoriação no lado terminal (importante na investigação);
IV - Bordas regulares – boa coaptação;
V - Hemorragia abundante (secção de vasos);
VI - Afastamento das bordas da lesão (elasticidade dos tecidos).

FERIDA INCISA NO PESCOÇO:


Esgorjamento - Região anterior;
Degola - Região posterior;
Decapitação - Separação da cabeça do corpo.

FERIDA PUNCTÓRIA:
Instrumentos perfurantes: Agulha, prego de pequeno calibre, alfinete e etc.;

Características:
I - Forma de botoeira;
II – Profundas;
III - Frequentes em toxicômanos;
IV - Possibilidade de lesão em estruturas profundas;
V - Tétano (anaerobiose);

FERIDA CORTOCONTUSA:
Ação contundente + ação cortante.
Machado, facões cegos, foice, enxada, guilhotina, dentes incisivos humanos;

Feridas contusas:
(a) Bordas irregulares;
(b) Margens que não se coaptam (Adaptação recíproca de ossos fraturados.);
(c) Ausência de cauda de escoriação;
(d) Ausência de pontes de tecido no fundo da lesão;
(e) Menor sangramento que nas feridas incisas.
FERIDA PÉRFURO-INCISA:
Ação cortante + ação perfurante.
Punhal introduzido pela ponta.

Características:
Profundidade maior que a largura;
Hemorragias internas;
Lado do gume mais agudo;
Lesão pode ser mais profunda que comprimento da lâmina do instrumento (acordeão
de Lacassagne).
Ação perfurante + ação contundente.
Furador de gelo, projétil de arma de fogo, mordida de felinos, barra de ferro.

TRAUMATOLOGIA FORENSE (2)


TEMPERATURA:
TERMONOSES:
Quadros resultantes da ação do calor difuso sobre o corpo humano. São mais
importantes nos acidentes de trabalho.

INSOLAÇÃO X INTERMAÇÃO
Intermação - estado mórbido produzido pelo calor, sem exposição direta aos raios solares;
termoplegia, calentura.

TEMPERATURA:
I – INSOLAÇÃO: O sol é a fonte produtora do calor. É mais frequente como acidente. Ocorre em
locais abertos ou raramente em espaços confinados. Além dos raios solares há participação da
temperatura, ausência de renovação do ar, fadiga, excesso de vapor d’água e fatores intrínsecos.
II – INTERMAÇÃO: A fonte de calor é artificial: fornalha, caldeira, aquecedores. Ocorre um
excesso de calor ambiental, os lugares são mal-arejados, quase sempre confinados ou pouco
abertos, sem a ventilação necessária.
OBS: O diagnóstico diferencial entre insolação e intermação é feito pelo histórico.

Aula 14 – 20/05/2019 (Medicina Legal):


III – QUEIMADURA: Lesão resultante do calor sobre o revestimento cutâneo, pode ser:
- Simples  apenas pela ação do calor;
- Complexa  atrito e outros fatores próprios (eletricidade, fricção, raios X, raios gama,
líquidos);

- Ação direta do calor  contato com o corpo (chama, sólido quente, líquido quente,
gás quente);
- Ação indireta  irradiação;

Natureza jurídica das queimaduras: geralmente acidental. Às vezes suicídio e raramente


criminosa.

Contato direto - Queimaduras


1º grau – ERITEMA
apenas a epiderme é afetada;
vermelho vivo, devido a simples congestão da pele;
a coagulação fixa o eritema após a morte.
2º grau – FLICTENA (vesificação)
caracterizado pela formação de vesículas, que suspendem a epiderme ;
são constituídas do líquido amarelo-claro, transparente ;
no cadáver em seus lugar se vêm placas apergaminhadas.
3º grau – ESCARAS:
formam manchas de cor castanha, ou cinza-amarelada, indicativas da morte da derme;
deixam cicatrizes proeminentes;
no cadáver, apergaminham-se.
4º grau – CARBONIZAÇÃO:
se particularizam pela carbonização do plano ósseo;
pode ser total ou parcial;
ocorre redução do volume do cadáver.
(a gravidade das queimaduras, em relação à sobrevivência da vítima, é avaliada em função de
sua extensão e intensidade)
Temperatura - Geladura
IV – GELADURA - Lesão resultante do frio sobre o revestimento cutâneo (em geral acidental;
abandono de récem-nascido e maus-tratos a idosos)
Alterações do Sistema Nervoso como sonolência, convulsões, delírios e perturbações dos
movimentos, anestesias, congestão ou isquemia das vísceras, morte
Hipotermia  ação sistêmica pelo frio.

Eletricidade
LESÕES:
Energia elétrica em si (ação direta)
Queimadura elétrica (produção de calor pelo efeito Joule)

FONTE:
Natural = raio
Artificial  marca de Jellineck
I - FULMINAÇÃO – fonte natural (+) morte;
II - FULGURAÇÃO - fonte natural (-) morte;
III - ELETROPLESSÃO – fonte artificial (+) ou (-) morte.

MARCA ELÉTRICA DE JELLINEK - Lesão mais simples (não é queimadura)  esbranquiçada,


endurecida, mumificada, forma circular elíptica ou estrelada, centro encovado e bordos
elevados. É indolor e fixa ao plano subjacente. Às vezes tem a forma do objeto de contato (fio,
plugue, placa). Corresponde à porta de entrada da corrente elétrica. Pode estar ausente.

METALIZAÇÃO - Destacamento da pele com presença de partículas no fundo, resultantes da


fusão do metal (pardo-amarelado ou pardo-escuro).
RADIOATIVIDADE - Aparelhos de raio X – Substâncias uso medicinal ou industrial
LUZ - Danos ao aparelho visual (doenças do trabalho)
SOM - Danos ao aparelho auditivo (doenças do trabalho).

ENERGIAS DE ORDEM QUÍMICA:


Atuam nos tecidos vivos através de substâncias que provocam alterações de natureza somática,
fisiológica ou psíquica, podendo levar a morte
Compreendem:
Venenos ou tóxicos (atuam internamente no organismo)  toxicologia
Cáusticos ou corrosivos  atuam externamente.
CÁUSTICOS – VITRIOLAGE - Têm ação local e os danos são dependentes do volume. O nome
vitriolagem teve origem com o óleo de vitríolo, ou ácido sulfúrico, e corresponde atualmente às
lesões provocadas por qualquer cáustico.

EFEITOS DOS CÁUSTICOS:


1.)-Coagulantes - coagulação das albuminas (albumina – proteína solúvel em água e coagulável
por aquecimento):
a)-desidratação dos tecidos;
b)- escaras endurecidas e com várias tonalidades;
c)- exemplos de substâncias: nitrato de prata, acetato de cobre, cloridrato de zinco;
2.)-Liquefacientes (liquefação e dissolução dos minerais);
a)- escaras úmidas, translúcidas e moles;
b)- exemplos: soda, potassa, amônia.

NATUREZA JURÍDICA DA VITRIOLAGEM


a) Acidentais – trabalho;
b) Criminosa – crimes passionais (principalmente na face, região anterior do pescoço e tórax);
c) Suicídio – rara.

VENENO
É toda substância que lesa a integridade corporal ou a saúde do indivíduo ou lhe produz a morte,
mesmo em quantidades relativamente pequenas.
Uma substância pode ser concomitantemente medicamento e veneno, dependendo da
quantidade que é administrada.
O CONCEITO DE VENENO ESTÁ INTIMAMENTE VINCULADO À DOSE.
VENENO
Os Venenos podem ser:
- Medicamentos: depressores e estimulantes do SNC Sistema Nervoso Central.
- Produtos Químicos Diversos: raticidas e formicidas a base de arsênico; cianetos e
fósforo.
- Plantas Tóxicas: mandioca brava, espada de São Jorge e mamona.
- Animais: serpentes, aranhas, vespas, abelhas.

Aula 15 – 27/05/2019 (Medicina Legal):


Ciclo toxicológico seguido pelo veneno:
1º - Absorção ou Via de Administração - Depende da substância, oral, pele, mucosa,
hipodérmica, endovenosa. Assim, o veneno de cobra, via oral, é inócuo
2º - Distribuição - O veneno é circulado pelo sangue e passa aos tecidos
3º - Fixação - O veneno, especificamente, fixa-se no órgão onde vai agir (tropismo). Ex: Os
metálicos no fígado, os estupefacientes no sistema nervoso etc
4º - Transformação - O organismo defende-se dos venenos transformando-os em derivados
menos tóxicos e substâncias mais solúveis e,
5º - Eliminação - As substâncias são eliminadas pela urina, fezes, saliva etc.

Características Gerais dos Venenos


Cada veneno tem a sua dose tóxica e mortal;
A pureza e a frescura da substância influem na toxidez;
A via de penetração é importante, v,g., injeção ao invés de ingestão;
A tolerância é fundamental na dose mortal, pode ocorrer que uma grande dose seja
inócua;
Idiossincrasia: (inverso da tolerância - sensibilidade anormal ao veneno
Para que se caracterize, com certeza uma morte por envenenamento, além da
identificação de uma substância química tóxica no corpo da vítima, é necessário que se verifique
a concentração da referida substância.

Características Gerais dos Venenos


O cadáver exala odor de amêndoas amargas, quando houve ingestão de Cianureto de
Potássio ou Ácido Cianídrico.
O cadáver daquele que ingeriu Cianureto de Potássio, além dos sinais gerais da asfixia
e do odor de amêndoas, apresenta-se com livores violáceos na pele e rigidez precoce e intensa
Saturnismo é o nome que se dá ao envenenamento por Chumbo (Riso sardônico:
expressão facial tetânico)
Hidrargirismo ou Mercurialismo é o nome da intoxicação provocada pelo Mercúrio.

CIAT – Centro de Informação e Assistência Toxicológica (atendimento à médicos e população)


ENERGIAS DE ORDEM FÍSICO-QUÍMICA
a) - Situações que envolvem o impedimento da passagem do ar às vias respiratórias e alteram a
bioquímica do sangue
b) - Alteram a função respiratória, inibindo a hematose (troca de oxigênio pelo gás carbônico no
sangue que ocorre nos pulmões), podendo levar à morte
c) - Asfixia = supressão da respiração;

ASFIXIAS COMPLEXAS
I - Constrição vias aéreas ;
II - Hipoxemia e hipercapnia (baixo teor de oxigênio no sangue e excesso de dióxido de carbono
no sangue, respectivamente);
III - Interrupção da circulação cerebral;
IV - Compressão dos elementos nervosos do pescoço, tipos:
- ENFORCAMENTO
- ESTRANGULAMENTO
- ESGANADURA

ASFIXIA MECÂNICA
Conceito: supressão de respiração, ou seja, obstáculo físico que obstrui o trajeto respiratório
acarretando o impedimento das trocas gasosas;

CLASSIFICAÇÃO:
a) - enforcamento – constrição do pescoço por um laço, determinado pelo peso do próprio
corpo, ex. suicídio;
b) - estrangulamento - constrição do pescoço por um laço, determinado pela força muscular do
agente, ex. homicídio;
c) - esganadura – constrição do pescoço pela mão, pelo antebraço, ou pelo pé do agente, ex.
homicídio;

ENFORCAMENTO
Constrição do pescoço por laço fixado a ponto, agindo o peso do indivíduo como força
viva e pode ser:
Incompleto ou completo  quando os pés do morto ficam apoiados ou não,
respectivamente.

Mecanismo de morte:
1) asfixias propriamente  oclusão da luz da traquéia, de fora para dentro.
2) ligadura dos vasos do pescoço (artérias e veias).
3) mecanismo nervoso  estimulação do nervo vago, inibição reflexa, herniamento bulbar.

PERINECROSCOPIA: Fundamental (o ponto de apoio do laço, o instrumento usado, os nós e


laçadas, o cenário, os vestígios da luta final, os bilhetes e recomendações deixados);
I - Usualmente o nó está na região cervical ou nuca: disposição oblíqua, ascendente, bilateral,
anteroposterior e com sulco descontínuo;
II - Escoriações ungueais nas margens do sulco. Retrata a luta pela sobrevivência;
III - Demais sinais das asfixias;
Obs. – ungueais – relativo a unhas.

CAUSAS JURÍDICAS DO ENFORCAMENTO:


1ª) Suicídio. É mais usado pelo homem que pela mulher, na cidade que no campo, nas prisões
que no lar.
2ª) Acidente. Crianças (cortinas), operários e acrobatas (cordas e correias).
3ª) Homicídio. Quase sempre como simulação de suicídio.
4ª) Suplício (tortura) ou execução.

ESTRANGULAMENTO
É a morte causada por um instrumento que é apertado, em volta do pescoço, por forças
atuantes, em suas extremidades em sentidos opostos. Os instrumentos podem ser os mesmos
usados no enforcamento. As forças podem ser de outras pessoas, de engenhos e da própria
vítima;
Constrição do pescoço por laço tracionado;
Mecanismo da morte: idem enforcamento.
Resultados do estrangulamento - Sulco único, duplo ou múltiplo, contínuo e de profundidade
uniforme, tipicamente horizontalizado.
CAUSAS JURÍDICAS DO ESTRANGULAMENTO:
1ª) Infanticídio: é a mais frequente. Tiras de pano, fralda, corda, etc;
2ª) Homicídio: empregando laço e exigindo uma superioridade física do agressor;
3ª) Suplício: tortura;
4ª) Acidente: circular de cordão (durante o parto), acidentes domésticos e do trabalho;
5ª) Suicídio: torniquete (rara).
ESGANADURA
Constrição do pescoço, usando-se as mãos, os braços (gravata), as pernas (jiu-jitsu) e até
os pés.
O esganador abarca o pescoço ou somente sua parte anterior, pinçando a laringe ou
comprimindo-a contra a coluna cervical de modo a ocluir a glote, sendo ocluídos ainda os vasos
cervicais.
Sintomas: Equimoses bilaterais, marcas ungueais (unhas do agressor) e rastros escoriativos
(oposição da vítima)

Sinais do Estrangulamento
FASES CLÁSSICAS DAS ASFIXIAS:
1ª) Cerebral: vertigens, ofuscamento, zumbidos, angústia  após 1’30: perda da consciência.
2ª) Excitação cortical e medular (1 a 2’): convulsões, aumento do peristaltismo (evacuação,
micção), insensibilidade, desaparecimento dos reflexos e bradicardia
3ª) Parada respiratória (1 a 2’): instalação da anóxia
4ª) Parada cardíaca: disritmia, assistolia (cavidades dilatadas e cheias).
A morte ocorre em 3 a 4’ no afogamento; em 7 a 10’ no enforcamento e os centros nervosos
resistem até 3 a 5’ de anóxia.
Pode haver morte instantânea, principalmente no enforcamento, por inibição
cardiorrespiratória ou choque vagal.

SINAIS DAS ASFIXIAS:


a) - CIANOSE  visível nos lábios, pavilhões auriculares, leitos ungueais e conjuntivas; coloração
arroxeada a azul-escura (diminuição da concentração de O2 no sangue) (coloração azulada,
difusa, da pele e membranas mucosas, devido à presença de alto teor de hemoglobina reduzida
no plexo venoso subpapilar da pele);
b) - PROTRUSÃO DA LÍNGUA;
c) - COGUMELO DE ESPUMA  oral e nasal;
d) - EQUIMOSES EXTERNAS  em pontilhados nítidos- distribuem-se pela face, pescoço e tórax,
e nas mucosas exteriores das conjuntivas e dos lábios (às vezes nas asas do nariz);
e) - OTORRAGIAS  devido à estase venosa (casos de enforcamento e estrangulamento)
(eliminação, pelos ouvidos de secreção purulenta ou não)
f) - ESCORIAÇÕES UNGUEAIS TÍPICAS  no pescoço (casos de esganadura)
g) - SULCOS APERGAMINHADOS TÍPICOS  no pescoço (casos de enforcamento e
estrangulamento)
h) - LIVORES NÍTIDOS AZULADOS OU ARROXEADOS
i) - PUTREFAÇÃO ÚMIDA (nas áreas de congestão) E SECA (nas áreas de isquemia).
a)- ASFIXIA PURA: Hipoxemia (redução da quantidade de oxigênio); Consumo de oxigênio 
acúmulo de gás carbônico: 21% ( O2 ar ambiente) - 7% - 3% (morte);
b) - ASFIXIA POR CO (monóxido de carbono): garagens fechadas, incêndios
c) - ASFIXIA POR OUTROS VÍCIOS DE AMBIENTE: pântanos, esgotos, indústrias
d) - Sufocação - direta – determinada pela oclusão dos orifícios ou obstrução das vias aéreas
respiratórias, ex. homicídio, ou acidente no caso em que uma pessoa cai de bruços e desmaia
no córrego onde lava roupa, devido a um ataque epiléptico, ou, ainda:
- Obstáculo direto a entrada/passagem de ar pelas vias aéreas;
- Oclusão de vias respiratórias ou orifícios respiratórios;
- Oclusão da boca e narinas com as mãos, travesseiros, etc.;
- Objetos como alimentos, moedas, brinquedos
- Confinamento em locais fechados.
CLASSIFICAÇÃO:
d-1 - Manual  compressão da mão espalmada sobre a boca e os dedos em pinça sobre as asas
do nariz.
d-2 - Encarapuçamento  aplicação de carapuça de material amoldável (tecido de algodão,
plástico, etc) que impeça o ar de chegar até os orifícios aéreos.
d-3 - compressivo  apertando a face contra um obstáculo resistente (piso, mesa, etc.) ou
amoldável (areia, colchão, etc.) de modo a ocluir os orifícios aéreos.

CAUSAS JURÍDICAS DA SUFOCAÇÃO:


1ª) Infanticídio- muito comum, utilizando o processo manual.
2ª) Homicídio- também frequente, utilizando os três processos.
3ª) Acidente- criança no berço ou compressão da criança no leito pela própria mãe, adormecida.
4ª) Suicídio- o encarapuçamento é mais frequente.
e) - Sufocação indireta – resultado da compressão do tórax impedindo os movimentos
respiratórios, ex. acidente. Pode ocorrer por:
I - Compressão do tórax ou tórax e abdome;
II - Restrição dos movimentos respiratórios
III - Queda de viga sobre o tórax, camisa de força, compressão com cinto, ferragens

ASPIRAÇÃO:
I - Obstrução direta por aspiração, em geral, de conteúdo gástrico (bêbados e acidentados)
II - Pneumonia química

ENGASGAMENTO:
I - Interposição de substância na árvore traqueo-brônquica (oclusão intralúmen das vias aéreas)
II - Panos de algodão, plástico, conta de colar, botões, arrebites, apitos, prótese dentária, bolo
alimentar, líquido amniótico, fragmento de balão de assoprar, bola de gude, grão de cereal,
vômito e sangue.

CAUSAS JURÍDICAS DO ENGASGO:


1ª) Acidental;
2ª) Infanticídio;
3ª) Homicídio – entupimento da boca, sob pressão, com pano;
4ª) Suicídio – mesmo método do homicídio.

Aula 16 – 03/06/2019 (Medicina Legal):


AFOGAMENTO – morte ocasionada por inspiração de água ou qualquer outro líquido, ficando
com cianose.
AFOGAMENTO - É a asfixia causada pela respiração em meio líquido (penetração de meio líquido
ou semilíquido nas vias aéreas – “azul”). Afogado “azul” (asfixia propriamente) Afogado
“branco” (inibição nervosa vagal) .
PSEUDOAFOGAMENTO – na hipótese de que quando o cadáver é lançado à água, (já estava
morto), uma vez que não apresenta a cianose (coloração azulada, difusa, da pele e membranas
mucosas, devido à presença de alto teor de hemoglobina reduzida no plexo venoso subpapilar
da pele).
Obs. - a submersão não é condição para o afogamento.

AFOGAMENTO AZUL – sintomas:


I - Cogumelo de espuma;
II - Enfisema aquoso;
III - Corpos estranhos em brônquios;
IV - Líquido abundante em estômago e alças;
V - Pele anserina (apergaminhada com saliência dos folículos pilosos);
VI - “Engruvinhamento” do mamilo, escroto e pênis;
VII - Destruição da transição pela mucosa (animais aquáticos);
VIII - Manchas de Paltauf – equimoses nos pulmões por ruptura da parede dos alvéolos.

Mecanismos e efeitos do afogamento


A pessoa aspira muita água, que encharca os pulmões, causando asfixia, inconsciência e
até a morte.
No início do afogamento, a pessoa se debate, tentando se manter na superfície. Ela
prende a respiração o quanto pode e aspira, sem querer, pequenas quantidades de água, o que
provoca o fechamento da laringe.
Depois de alguns minutos, a laringe relaxa e a pessoa involuntariamente respira debaixo
d'água, aspirando e engolindo grande quantidade de água.
Parte do líquido vai para o estômago e o restante segue o mesmo caminho do ar:
percorre a traqueia e chega aos pulmões, passando por brônquios, bronquíolos e alvéolos.
Com o pulmão encharcado, a troca gasosa (entrada de oxigênio e saída de gás carbônico)
não funciona mais. A redução da taxa de oxigênio causa danos em todos os tecidos,
principalmente nos que precisam de mais ar, como as células nervosas.
O cérebro é gravemente lesionado e a pessoa fica inconsciente.
Depois de chegar aos alvéolos, a água entra no sangue e penetra nos glóbulos
vermelhos, destruindo-os. Com isso, o potássio presente nessas células vaza para o plasma
sanguíneo.
Em concentração elevada, o potássio é fatal: ele acaba com a diferença de carga dentro
e fora da célula, impedindo a transmissão dos impulsos nervosos e, assim, a contração muscular.
Com isso, o coração pode parar de bater.

CONFINAMENTO:
Espaço restrito ou fechado levando a sufocação direta.
Esgotamento do O2 e  gradativo do CO2;
Asfixia Química ou por Gazes Irrespiráveis gazes de combate: lacrimogêneos, esternutatórios,
vesicantes, sufocantes e tóxicos;
· gazes industriais – metano;
· gazes anestésicos – clorofórmio e éter;
· gazes de habitação – monóxido de carbono.

SOTERRAMENTO:
Obstrução direta das vias respiratórias quando a vítima se encontra mergulhada em
meio sólido ou pulvurento

Associação de sufocação indireta e confinamento

Traumatologia Forense (3)


BALÍSTICA
Balística Forense
Conceito: É aquela parte do conhecimento criminalístico e médico legal, que tem por objeto,
especial, o estudo das armas de fogo, da munição e dos fenômenos e efeitos próprios dos tiros
destas armas, no que tiverem de útil ao esclarecimento e à prova de questões de fato, no
interesse da justiça tanto penal como civil. RABELLO, Eraldo – Balística Forense.

Balística forense: É "uma disciplina, integrante da criminalística, que estuda as armas de fogo,
sua munição e os efeitos dos disparos por elas produzidos, sempre que tiverem uma relação
direta ou indireta com infrações penais, visando esclarecer e provar sua ocorrência" por
definição de Domingo Tochetto (in Tratado de Perícias Criminalísticas, Porto Alegre: Sagra-
Luzzato, 1995.
A Balística forense é utilizada no conhecimento e reconhecimento das armas de fogo;
dos projéteis e dos cartuchos vazios; dos explosivos, formadores da munição; do confronto do
projétil com a arma que efetuou o disparo e etc.
Considera-se como projétil todo corpo que se desloca livre no espaço em virtude de um
impulso recebido.
Estuda a trajetória e os efeitos dos projéteis, visando compreender os fenômenos que
ocorrem desde que o projétil deixa a arma e os efeitos que o mesmo poderá causar,
principalmente no alvo humano.

Armas de Fogo
Armas de fogo - são engenhos mecânicos destinados a lançar projéteis no espaço pela
ação da força expansiva dos gases oriundos da combustão da pólvora.
Os projetis de arma de fogo são considerados como: instrumento pérfurocontundente
típico e produz ferida pérfurocontusa.

Análises feitas no estudo da balística interior:


- Movimentos do projétil dentro do cano da arma, vibrações moleculares, propulsão e
rotação (desencadeado pelas raias, que marcam o projétil, permitindo a identificação da arma
por comparação balística):
- Percussão;
- Iniciação da Espoleta;
- Queima da carga de projeção;
- Vôo livre e tomada do raiamento;
- Aceleração do Projétil no interior do cano;
- Saída do Projétil.

Análises feitas no estudo da balística exterior –


- Percurso do projétil da “boca de fogo” até o alvo. Fornece elementos para classificar
os tiros quanto à distância em: encostado, a curta distância e a distância e, ainda, os fatores
exógenos que influenciam na trajetória:
- Massa e densidade do projétil:
- * Estabilidade do projétil;
- * Resistência do ar;
- * Gravidade;
- * Densidade do ar;
- * Forma do projétil.

Análises feitas no estudo da balística terminal


- Efeitos no alvo, dentre seus objetos de análise estão os impactos dos projéteis, os
ricochetes desse durante sua trajetória, as lesões e danos sofridos pelos corpos atingidos.
- Visando a partir de métodos científicos identificar os efeitos causados pela arma que
efetuou os disparos para que através dela haja uma futura identificação do criminoso e sua
detenção.

ARMAS DE FOGO QUANTO À ALMA DE SEU CANO


► As armas de porte individual, também conhecidas por armas leves, dividem-se em dois
grandes grupos: as armas com canos de alma (parte interna do cano) lisa, e as armas
com canos de alma raiada.
► As raias são sulcos ou escavações produzidas na parte interna do cano (alma) por meio
de fresas apropriadas, dando origem a um determinado número de ressaltos e cavados,
dispostos de forma helicoidal e cuja finalidade principal é imprimir ao projétil um
movimento de rotação ao redor de seu próprio eixo centro-longitudinal.
► O raiamento tem a finalidade de imprimir ao projétil um movimento de rotação ao longo
de seu eixo, para lhe dar maior estabilidade. As armas de alma lisa e portanto, sem
raiamento, quando disparam projéteis únicos, não tem a mesma precisão dos projéteis
expelidos por armas de cano raiado.
► As armas de alma raiada são aquelas que utilizam cartuchos de munição com projéteis
unitários. Podem ser curtas (revólveres, garruchas, pistolas, etc.), ou longas (carabinas,
fuzis, etc). As armas de alma lisa são as que utilizam projéteis únicos ou cartuchos de
munição com projéteis múltiplos e são geralmente usadas para caça (espingardas) ou
tiro esportivo.
► O raiamento no interior do cano, que pode ser dextrógiro (para a direita) ou sinistrógiro
(para a esquerda) e as correspondentes marcas deixadas no projétil.
► Os projéteis de chumbo nu são geralmente cilíndricos, apresentando base plana ou
côncava.

Aula 17 – 10/06/2019 (Medicina Legal):


Tipos de munição
Reprodução em corte, dos componentes de munição
Projétil
Os projéteis encamisados, também chamados de jaquetados, e os semi-encamisados ou
semi-jaquetados apresentam núcleo de chumbo ou outros metais (inclusive o aço) e uma camisa
de latão denominada: liga tomback, formada por 90 % de cobre e 10 % de zinco.
Os projéteis semi-encamisados por vezes são dotados de ponta oca (hollow point) e a
camisa com entalhes longitudinais. Essa conformação permite que o projétil se expanda, ao
atingir o alvo, razão pela qual são chamados de expansíveis. Esse tipo de projétil quando no
corpo humano, produzem lesões de grande monta.
Os cartuchos de munição para as armas de alma lisa (espingardas) são geralmente
municiados com projéteis múltiplos denominados "balins", podendo, excepcionalmente, abrigar
um único projétil de grandes proporções denominado balote.
Os chumbos têm formato esférico e tamanho variável, sendo identificáveis por números
ou letras. Não há, entretanto, uma padronização internacional relativa ao tamanho dos
chumbos e cada país utiliza um sistema diferente para sua identificação.
Calibre da Arma de Fogo
Converteu-se uma libra (453,6 g) de chumbo puro em 12 esferas de iguais peso e
diâmetro. Se uma dessas esferas se encaixava perfeitamente num determinado cano, o calibre
deste era "12". Estas esferas tinha 0,730 polegada de diâmetro, ou seja, 18,5 mm. De igual peso
de chumbo (1 libra), foram feitas 16 esferas e chegou-se ao calibre 16, assim procedendo-se
com os demais calibres, (valores previstos para armas de munição múltipla, balins).

Disparo do cartucho de caça


Efeito no corpo humano-Tiro de espingarda
Investigação – Confronto balístico
A identificação dos projéteis disparados por arma de fogo e relacionados com crimes, é
um dos exames periciais de maior relevância. Essa identificação é feita utilizando-se o
microscópio comparador, sendo que alguns deles são acoplados a um computador.
A perícia irá procurar identificar o projétil denominado de suspeito, como tendo sido
disparado por uma determinada arma. Para isso, a arma ou as armas levadas a exame são
disparadas para se obter os projéteis padrões ou testemunhas. Em seguida, é que será feito o
exame de confronto propriamente dito.
O exame se baseia na pesquisa de elementos de ordem geral (número de raias, sentido
do raiamento, etc) e de natureza específica (microestriamento). Quando o resultado é positivo,
as imagens dos projéteis comparados, formam um todo, onde existe perfeita correspondência
entre esses elementos.

Comparador Balístico
Instrumento que permite a visualização simultânea, lado a lado, de 2 projéteis, ou de 2 cápsulas,
com ampliação média de 30/35 vezes. Assim, é possível examinar a coincidência dos
estriamentos produzidos nos projéteis pelo cano da arma de fogo, ou, no caso de cápsulas, das
marcas impressas por pressão nas áreas em contato com partes da arma (pino percussor, ejetor,
extrator, culatra, etc)
Fotografia obtida no microscópio comparador, onde se vê a perfeita coincidência das raias e
micro estriamento

IDENTIFICAÇÃO DE ESTOJOS:
O microscópio comparador permite, também, o exame dos cartuchos das unidades de
munição, principalmente na área onde é percutido, sendo possível filiar o estojo, como tendo
sido disparado por determinada arma.
Cada arma, tal como sucede com o raiamento, percute a espoleta de modo particular, o
que possibilita a identificação.

RESIDUOGRAFIA METÁLICA E NÃO METÁLICA


Os resíduos expelidos pelo disparo do cartucho, podem deixar as mãos do atirador
impregnadas dos restos da carga propelente e de micropartículas do projétil. A pesquisa desses
resíduos, quer nas mãos do atirador ou das vestes deste e da vítima, serão sempre objetos de
exame importante na investigação do caso.
Convém, todavia, alertar que, nem sempre, isso ocorre. Fatores como empunhadura e
tipo da arma, podem fazer com que a pesquisa residuográfica seja negativa, sem que, contudo,
se possa excluir o suspeito de ter feito uso da arma.

Microscópio Eletrônico de Varredura - MEV


Utilizado na balística para buscar partículas resultantes de disparo de arma de fogo (GSR
– do inglês Gunshot Residues). O MEV permite fazer imagens de partículas e analisar os
elementos químicos que as compõem.
A análise dos componentes é feita por espectrometria de dispersão de energia de raios-
X (EDS – do inglês Energy Dispersive X-ray Spectrometry)
Coleta de resíduos de disparo de arma de fogo (GSR), à esquerda, e imagem de uma partícula
de GSR esférica obtida no MEV, à direita.
O revólver é o tipo de arma mais propício a deixar vestígios do disparo, tendo em vista
que entre as câmaras do tambor e a entrada do cano, existe um espaço por onde os gases
resultantes da detonação do cartucho saem, além é claro, da própria boca do cano.
As pistolas semi-automáticas, por sua própria constituição, não são tão suscetíveis de
expelirem resíduos na mesma quantidade; os quais saem pela janela do extrator e pelo próprio
cano.

RESIDUOGRAFIA METÁLICA E NÃO METÁLICA


Desenho esquemático dos resíduos expelidos por revólver.
R1 – resíduos expelidos pelo cano.
R2 – resíduos expelidos pela câmara (tambor)
Outros tipos de arma longas, como: espingardas, carabinas metralhadoras, além dos
resíduos nas mãos, geralmente impregnam outras partes do corpo e também as vestes do
atirador.

EFEITOS DELETÉRIOS DO PROJÉTIL SOBRE O CORPO HUMANO:


I - ação direta: Mecanismo do martelo (empurra a massa a sua frente); Mecanismo da
cunha (abre caminho entre os tecidos)
II - ação indireta ou explosiva: Transmissão de energia e de seu movimento vibratório.
Obs. - Ao atingir o alvo o projétil causa uma ferida de entrada, sofre fragmentação,
achatamento, torção e outras deformações em seu trajeto, e às vezes uma ferida de saída.

Sinal do Funil de Bonnet (define entrada e saída de projéteis em crânio)


LESÕES PÉRFURO-CONTUSAS:
Ao atingir o corpo, o projétil provoca: rompimento na pele, formando um orifício em
forma tubular no qual se enxuga de seus detritos (orla de enxugo)
arrancamento da epiderme (orla de contusão ou escoriação )

Ao se formar o túnel de entrada: pequenos vasos se rompem formando equimoses em torno do


ferimento (orla equimótica).

PROJETIS DE ARMA DE FOGO:


a) - Tiros encostados - Cano da arma parcial ou totalmente encostado no alvo
b) - Tiros à curta distância - É a mais rica em elementos característicos, devido ao
impacto do projétil, pelo calor da combustão, pela fumaça da pólvora, pelos resíduos
incombustos e pela expansão dos gases que acompanham o projétil até uma curta distância. É
chamado de tiro à queima-roupa quando apresenta apenas ação dos gases superaquecidos
(queimadura de pele e crestação de pelos).

PROJETIS DE ARMA DE FOGO:LESÕES DE ENTRADA: orlas, sempre presente.


ORLA DE CONTUSÃO (ORLA DE ESCORIAÇÃO): a pele se invagina e se rompe devido à diferença
de elasticidade de derme e epiderme;
também chamada de orla ou zona de contusão;
arrancamento da epiderme resultante da pressão que rompe a pele;
pode ocorrer na saída quando a pele é comprimida contra anteparo;
aumentada quando roupa grossa é comprimida contra a pele .

PROJETIS DE ARMA DE FOGO:LESÕES DE ENTRADA: orlas, sempre presente.


ORLA EQUIMÓTICA: zona da hemorragia oriunda da ruptura de pequenos vasos.
I - importante para caracterizar reação vital
II - infiltração hemorrágica  equimose produzida pela contusão e roturas dos vasos
situados na vizinhança do orifício
III - se estende por todo o trajeto, sendo importante na procura deste
IV - observada até mesmo no orifício de saída;

PROJETIS DE ARMA DE FOGO:LESÕES DE ENTRADA: orlas, sempre presente.


ORLA DE ENXUGO: zona de cor escura que se adaptou às faces do projétil, limpando-os dos
resíduos da pólvora;
I - atrito da pele que limpa o projétil da ferrugem, óleo ou fumaça;
II - exclusiva da entrada;
III - algumas vezes observada nas vestes;

ZONA DE TATUAGEM: é resultante da impregnação de partículas de pólvora incombusta que


alcançam o corpo:
I - tiro à curta distância (pólvora incombusta)
II - grãos de pólvora não queimados ou ainda em combustão que penetram na pele
III - muito utilizada na determinação da distância do tiro
IV - sinal indiscutível de orifício de entrada em tiros à curta distância

ZONA DE ESFUMAÇAMENTO (PÓLVORA): é produzida pelo depósito de fuligem da pólvora ao


redor do orifício de entrada;
I - tiro à curta distância (pólvora combusta);
II - resíduos da combustão - cor cinza ou negra;
III - sempre presente, exceto se houver proteção pelas roupas;
IV - sai completamente com água e sabão.

ZONA DE CHAMUSCAMENTO (CHAMA): ORLA DE QUEIMADURA: tem como responsável a ação


superaquecida dos gases que atingem e queimam o alvo;
I - tiro à queima roupa;
II - queima a pele;
III - cresta os pelos;
IV - pode se limitar à roupa;

ORLAS E ZONAS DE CONTORNO


1 – Orla de enxugo;
2 – Orla equimótica;
3 – Zona de esfumaçamento;
4 – Zona de tatuagem.
Zona de esfumaçamento
Zonas de Chamuscamento e Esfumaçamento
ORLAS E ZONAS DE CONTORNO

ORIFÍCIOS DE ENTRADA – TIRO ENCOSTADO


Produzidas pela pressão dos gases: forma irregular (estrelado) pela dilaceração dos tecidos pelos
gases explosivos (mina de Hoffmann);
sem zona de tatuagem ou de esfumaçamento;
diâmetro do ferimento maior que o projétil (explosão dos gases);
halo fuliginoso nos ossos: (sinal de Benassi);
impressão (pressão) do cano da arma (sinal de Werkgaertner);
quando transfixante: trajeto com orifício de entrada e saída.
Sinal de Pupe Werkgaetner
LESÕES DE ENTRADA (PROJETIL):
a) - forma circular (ortogonal) (90°), oval ou arredondado (ângulo diverso de
90°(inclinado) ou elíptico (de lado ou tangencial);
b) - diâmetro geralmente menor do que o projétil;
c) - bordas geralmente invertidas;
d) - irregular na presença de roupa grossa transfixada;
Obs. - não se pode afirmar o calibre da arma pelo diâmetro dos ferimentos.

Aula 18 – 11/06/2019 (Medicina Legal):


LESÕES DE ENTRADA (PRESSÃO GASES): COM PLANO ÓSSEO SUBJACENTE
- Câmara de Mina de Hofmann: ferida estrelada com bordas solapadas e escurecidas.
Orifícios de bordas denteadas e desarranjadas, com descolamento e escarificação dos tecidos,
podendo ser maiores que os diâmetros dos projéteis- cratera de mina.
- Sinal de Bonnet: cone e base voltados para dentro - traços de fratura radiais.
- Sinal de Benassi: anel acinzentado - resíduos de pólvora no osso. fumaça atinge plano
ósseo formando um halo, sinal.

LESÕES DE ENTRADA (PRESSÃO GASES): SEM PLANO ÓSSEO SUBJACENTE


- A pele recua mas não se rompe tanto quanto no couro cabeludo;
- pressão da arma contra a pele pequena – esfumaçamento raiado;
- Sinal de Werkgartner – impressão da boca do cano na pele pelo calor;

LESÕES NO TRAJETO: Depende das estruturas acometidas.

LESÕES DE SAÍDA:
Geralmente maior que lesão (orifício) de entrada;
Orifício irregular com bordas evertidas (dilacerado);
Ausência de orlas e zonas;
Maior sangramento;
Ferida estrelada, em fenda ou circular;
Caso haja anteparo  escoriação ;
Pode haver mais orifícios de entrada que de saída ou vice-versa (fragmentação,
esquírolas ósseas/dentárias);
a) de forma irregular ou dilacerado;
b) maior que orifício de entrada;
c) maior sangramento;
d) ausência de orlas, zonas e halos;
e) bordos evertidos;

Lesões Pérfurocontusas
Orifício de Entrada x Orifício de Saída
ENTRADA:
Regular,
Invertido,
Normalmente, proporcional ao diâmetro do projétil (exceção aos projéteis de ponta oca,
principalmente os expansivos),
Com orlas e zonas.

SAÍDA:
Dilacerado,
Evertido,
Desproporcional ao diâmetro do projétil,
Sem orlas e zonas.

TRAJETO/TRAJETÓRIA:
Trajeto: é o caminho percorrido pelo projétil dentro do corpo da vítima,
pode ser:
- transfixante ;
- não transfixante (projétil retido).

Trajetória: é o caminho percorrido pelo projétil fora do corpo (da arma até a superfície atingida),
por ser:
- trajeto simples: resultante de projétil único;
- trajeto múltiplo: resultante de projéteis múltiplos.

TANATOLOGIA FORENSE
Parte da medicina legal que se ocupa da morte e dos problemas médico-legais com ela
relacionados.
Def.: É o estudo do fenômeno morte.
É um processo e não momento único.
Conceito tradicional (morte circulatória).
Conceito moderno - morte encefálica:
- Neurológico;
- Circulatório;
- Elétrico;

Morte encefálica (conceito)


“Corresponde à perda total, definitiva e irreversível das funções do tronco cerebral, que
faz parte do encéfalo.
O encéfalo, por sua vez, é constituído pelo diencéfalo, cérebro, cerebelo e tronco
encefálico, onde estão o mesencéfalo, a ponte e o bulbo.
O tronco cerebral é a sede das estruturas nervosas que controlam as funções que
mantêm vivo o indivíduo, como pressão arterial, batimentos cardíacos, atividade respiratória e
nível de consciência”.
Obs.: a morte encefálica é permanente e irreversível.

Morte encefálica é o mesmo que coma? Não. O paciente em coma está médica e
legalmente vivo e pode respirar quando o ventilador é removido e/ou ter atividade cerebral e
fluxo sanguíneo no cérebro.
Uma vez dado o diagnóstico de morte encefálica, é declarado legalmente morto. Esta é
a hora que deve constar no atestado de óbito. A hora da morte não é a hora da retirada do
ventilador.
Lei n.º 9.434/97, art. 3.º - “A retirada ‘post mortem’ de tecidos, órgãos ou parte do corpo
humano, destinados a transplante ou tratamento deverá ser precedida de diagnóstico de morte
encefálica.
Fenômenos cadavéricos:
Fenômenos abióticos (ausência de vida) imediatos:
- perda da consciência;
- perda da sensibilidade;

Abolição dos movimentos e tônus muscular: fáscies hipocrática/serena, dilatação


pupilar, dilatação anal, liberação de esperma, abertura palpebral;
Cessação da respiração: ausência de expansibilidade torácica voluntária e ausculta
pulmonar silenciosa;
Cessação da circulação: ausência de pulsos, esvaziamento arterial no fundo de olho,
descoramento da coróide;
Cessação da atividade cerebral e reflexos;

Fenômenos abióticos consecutivos:


Desidratação por evaporação tegumentar (O que cobre o corpo do homem e dos
animais (pele, pêlos, penas, escamas);
Perda de peso (8g/Kg/dia);
Apergaminhamento da pele;
Dessecamento de mucosas ;

Modificações dos globos oculares:


Tela viscosa;
Diminuição e perda de tensão;
Mancha esclerótica do pigmento coróide (Membrana do olho, fina, vascular,
pigmentada, situada entre a esclerótica e a retina; coroidéia);
Resfriamento do corpo;
Aferição anal;
Decréscimo médio de 0,5 a 1,0 °C/hora (3 primeiras hs. – 4ª h em diante);

Manchas de hipóstase:
Tom violáceo que se assemelha às equimoses ;
Início até 2-3 horas de morte, mas rara em negros;
Ausente nos pontos de apoio na superfície;
Fixação macroscópica definitiva em torno de 8 a 12 horas.
Livores hipostáticos ausentes na área de contato com o solo e áreas de pressão.

Manchas de hipóstase viscerais ;


- Rigidez cadavérica:
Coagulação da miosina nas miofibrilas pela desidratação e acidificação ;
Início entre 1 e 2 horas pela extremidade superior (cranial);
Pico máximo em torno de 12 horas;
Desaparecimento gradual na mesma ordem, após 24 horas, restando flacidez absoluta
irreversível.
Mancha verde abdominal (18 a36 hs – FID) Fenômenos transformativos destrutivos:
Autólise (autofagia). - Ação enzimática da célula, resultando acidificação do meio.
Autodestruição de célula e de organelas citoplasmáticas pelas suas próprias enzimas
hidrolisantes; autodigestão.
Ato de autoconsumir-se, autodevorar-se:
- Putrefação:
- Período de coloração;
- Período gasoso;
- Período coliquativo;
- Período de esqueletização;
- Mancha verde abdominal. Óbito há 48 horas.

Aula 19 – 17/06/2019 (Medicina Legal): última matéria.


Fase de coloração
Fase de coloração em evolução.
Cadáver com cerca de 72 horas do óbito.
Putrefação (quatro períodos): continuação -
Difunde-se ao tórax, cabeça e membros.
Nos afogados começa pela cabeça e tórax
Período gasoso (segundo período).
Gases de putefração - bolhas na epiderme:
Aspecto gigantesco – face, abdome e genitais masculinos;
A pressão leva ao esboço de desenho vascular – circulação póstuma de Brouardel;

Circulação póstuma de Brouardel


Fase gasosa - posição de “boxeador”
Fase gasosa
Fase gasosa – aumento de volume.

Período coliquativo (terceiro período)


Dissolução pútrida do cadáver:
Reduz o volume dos tecidos
Aumento da fauna cadavérica
Coliquação - Dissolução orgânica com excreções abundantes; fusão, liquefação.

Fase coliquativa: desfiguração facial, grande quantidade de larvas


Período de esqueletização:
Atuação do meio ambiente e da fauna cadavérica promovem a desintegração do corpo
– cadáver com ossos quase livres, presos apenas por ligamentos articulares.

Entomologia Forense: insetos e fauna cadavérica:


1ª Legião: Dipteros, Muscina stabulans (8-15 dias);
2ª Legião: Lucila coesar (15 a 20 dias);
3ª Legião: Dermester lardarins 20 a 30 dias/3a 6 meses;
4ª Legião: Pyophila patasionis. Depois da fermentação;
5ª Legião: Tyreophora Cyrophila. Na liquefação;
6ª Legião: Uropoda nummularia. Absorvem os humores;
7ª Legião: Aglossa cuprealis (12 a 24 meses);
8ª Legião: Tenebrio Obscurus (3 anos após a morte).

Fenômenos conservadores:
Congelação - Processo que melhor conserva o cadáver ;
Saponificação ou adipocera - Cadáver adquire consistência untosa, mole, como o sabão
ou cera, às vezes quebradiça, tonalidade amarelo-escura, odor de queijo rançoso.
Solo argiloso e úmido (embebição e dificulta aeração)

Refrigeração de cadáver
Equipamentos de Necropsia
Mumificação
Conservação pela dessecação natural ou artificial do cadáver .
Perda rápida de água pelo cadáver exposto ao ar em regiões de clima quente e seco,
impedindo a ação microbiana responsável pela putrefação
Peso reduzido, pele dura, seca, enrugada, enegrecido, cabeça < volume, conservação de
traços fisionômicos

Calendário aproximado da morte


Menos de 2 horas – corpo flácido, quente e sem livores;
2 a 4 horas – rigidez da nuca e mandíbula, início dos livores e esvaziamento das papilas
oculares no fundo de olho;
4 a 6 horas – rigidez dos membros superiores, da nuca e da mandíbula, livores
relativamente acentuados, anel isquêmico de metade do diâmetro papilar no fundo de olho;
Mais de 8 e menos de 16 horas – rigidez generalizada, manchas de hipóstase,
desaparecimento das artérias de fundo de olho, não surgimento de mancha verde abdominal;
Mais de 16 e menos de 24 horas – rigidez generalizada, mancha verde abdominal,
desaparecimento completo das artérias de fundo de olho;
Mais de 24 e menos de 48 horas – presença de mancha verde abdominal, início de
flacidez e de papilas e máculas não localizáveis no fundo de olho;
De 48 a 72 horas – extensão da mancha verde abdominal e fundo de olho reconhecível
só na periferia;
De 72 a 96 horas – Fundo de olho irreconhecível;
De 2 a 3 anos – Desaparecimento das partes moles do corpo e presença de insetos;
Mais de 3 anos – esqueletização completa.

TANATOPRAXIA
A Tanatopraxia consiste num conjunto de técnicas que permitem parar qualquer risco
de infecção e de atrasar a Tanatomorfose.
Foi possível registrar numerosos casos de acidentes infecciosos provocados por restos mortais.
De fato as bactérias não patogênicas num ser vivo perduram depois da morte.
O cadáver constitui um perigo potencial para a higiene e saúde pública. Os tratamentos de
Tanatopraxia permitem a difusão no conjunto dos tecidos de uma dose suficiente de um produto
bactericida adaptado, cujo efeito é somente destruir as bactérias existentes, mas ainda
estabelecer um ambiente ascético capaz de resistir a uma invasão microbiana.
O tratamento de restauro, (no caso do corpo se encontre mutilado no seguimento de um
acidente ou de uma autopsia) e de cosmética permitem restituir ao corpo do defunto uma
atitude calma e serena.
Oferece à família o melhor dos benefícios que se constitui em recordar de seu ente querido
como ele era verdadeiramente em vida. Isto, psicologicamente se constitui de um valor
incalculável.

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