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E-BOOK DIREITO DO CONSUMIDOR
Conteúdo
Conteúdo ....................................................................................................................................................................... 2
1. ORIGEM DO DIREITO DO CONSUMIDOR ..................................................................................................... 3
2. DEFINIÇÃO DE DIREITO DO CONSUMIDOR ............................................................................................... 4
3. EFEITOS DO STATUS DE DIREITO FUNDAMENTAL ................................................................................. 4
4. POLÍTICA NACIONAL DAS RELAÇÕES DE CONSUMO ............................................................................. 5
5. DESTINATÁRIO FINAL..................................................................................................................................... 9
6. PESSOA JURÍDICA CONSUMIDORA ............................................................................................................ 11
7. CONSUMIDORES POR EQUIPARAÇÃO ....................................................................................................... 12
8. VÍTIMAS DO EVENTO DANOSO (art. 17) ..................................................................................................... 12
9. EXPOSTOS ÀS PRÁTICAS COMERCIAIS (art. 29)....................................................................................... 14
10. VULNERABILIDADE X HIPOSSUFICIÊNCIA ......................................................................................... 14
11. PRODUTO E SERVIÇO ................................................................................................................................ 15
12. PRINCÍPIOS DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR ................................................................... 18
13. VENIRE CONTRA FACTUM PROPRIUM.................................................................................................. 22
14. SUPRESSIO ................................................................................................................................................... 22
15. TU QUOQUE ................................................................................................................................................. 23
16. DUTY TO MITIGATE THE LOSS ............................................................................................................... 23
17. “TEORIA DO ADIMPLEMENTO SUBSTANCIAL” (SUBSTANCIAL PERFORMANCE) ..................... 24
18. PRINCÍPIOS DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR ................................................................... 26
19. DO CONTROLE DE QUALIDADE E MECANISMOS DE ATENDIMENTO PELAS PRÓPRIAS
EMPRESAS ................................................................................................................................................................ 27
19. DA RACIONALIZAÇÃO E MELHORIA DOS SERVIÇOS PÚBLICOS ................................................... 28
20. DA COIBIÇÃO E REPRESSÃO DAS PRÁTICAS ABUSIVAS ................................................................. 29
21. DO ESTUDO DAS MODIFICAÇÕES DO MERCADO .............................................................................. 29
22. PRINCÍPIO DA TRANSPARÊNCIA ............................................................................................................ 29
23. DIREITOS BÁSICOS DO CONSUMIDOR .................................................................................................. 29
24. INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA............................................................................................................. 35
25. DIREITOS BÁSICOS DO CONSUMIDOR – CLÁUSULA DE ABERTURA – ART. 7º ........................... 37
26. DIÁLOGO DAS FONTES ............................................................................................................................. 37
27. DIREITOS BÁSICOS DO CONSUMIDOR – ALGUNS APROFUNDAMENTOS .................................... 39
28. APROFUNDAMENTOS ................................................................................................................................ 60
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E-BOOK DIREITO DO CONSUMIDOR
- Pós revolução industrial > pessoas que viviam no campo migraram para as cidades em busca de empregos.
- Insuficiência de serviços públicos > surgimento de dois grandes grupos: fornecedores (controlam os meios
de produção) e os consumidores (que, por não controlarem os bens de produção, se submetem ao poder
econômico do primeiro grupo).
- Direito privado tradicional mostrou-se ineficaz para tutelar os agentes econômicos vulneráveis: os
consumidores.
- Direito Civil tem como premissa a horizontalidade.
Conjunto de regras e princípios que regula a tutela de um sujeito especial de direitos (o consumidor),
como agente privado vulnerável, nas suas relações frente a fornecedores.
- No Brasil, é a tutela do sujeito vulnerável, por isso se tutela o consumidor.
- Na França, diferentemente, tutela-se o consumo, ou seja, o objeto.
- É um direito de terceira geração/dimensão, está dentro dos direitos difusos.
Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o atendimento das necessidades dos
consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a
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melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia das relações de consumo, atendidos
os seguintes princípios: (Redação dada pela Lei nº 9.008, de 21.3.1995)
I - reconhecimento da vulnerabilidade (e não hipossuficiência) do consumidor no mercado de consumo;
II - ação governamental no sentido de proteger efetivamente o consumidor:
a) por iniciativa direta;
b) por incentivos à criação e desenvolvimento de associações representativas;
c) pela presença do Estado no mercado de consumo;
d) pela garantia dos produtos e serviços com padrões adequados de qualidade, segurança, durabilidade e
desempenho.
III - harmonização dos interesses dos participantes das relações de consumo e compatibilização da proteção do
consumidor com a necessidade de desenvolvimento econômico e tecnológico, de modo a viabilizar os princípios
nos quais se funda a ordem econômica (art. 170, da Constituição Federal), sempre com base na boa-fé e
equilíbrio nas relações entre consumidores e fornecedores;
IV - educação e informação de fornecedores e consumidores, quanto aos seus direitos e deveres, com vistas à
melhoria do mercado de consumo;
V - incentivo à criação pelos fornecedores de meios eficientes de controle de qualidade e segurança de produtos e
serviços, assim como de mecanismos alternativos de solução de conflitos de consumo;
VI - coibição e repressão eficientes de todos os abusos praticados no mercado de consumo, inclusive a
concorrência desleal e utilização indevida de inventos e criações industriais das marcas e nomes comerciais e
signos distintivos, que possam causar prejuízos aos consumidores;
VII - racionalização e melhoria dos serviços públicos;
VIII - estudo constante das modificações do mercado de consumo.
OBS: VULNERABILIDADE = Material, Presunção Absoluta. HIPOSSUFICIÊNCIA = Processual, Análise Casuística.
OBS: HIPERVULNERABILIDADE – Min. Herman Benjamin – Resp. 931.513/RS – Doença Física ou Mental, Gravidez,
Turista, Analfabeto, Crianças, Idosos etc = Proteção Social!
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Curiosidade Prévia...
- O Bürgerliches Gesetzbuch (ou BGB) é o Código civil da Alemanha.
- Em desenvolvimento desde 1881, tornou-se efetivo em 1 º de janeiro de 1900.
O BGB regula o direito de pessoas, bens, família e sucessões, mas também possui um capítulo que
contém as regras de aplicação geral que é colocado em primeiro lugar.
Parte Geral (Allgemeiner Teil), as seções de 1 a 240, compreendendo os regulamentos que têm efeito
sobre todas as outras quatro partes.
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CDC, Art. 2º - “Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como
destinatário final”.
- Consumidor standard, stricto sensu ou padrão.
5. DESTINATÁRIO FINAL
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Mais recentemente, tem se incluído também a vulnerabilidade informacional (dados insuficientes
sobre o produto ou serviço capazes de influenciar no processo decisório de compra). Além disso, a casuística
poderá apresentar novas formas de vulnerabilidade aptas a atrair a incidência do CDC à relação de consumo.
Numa relação interempresarial, para além das hipóteses de vulnerabilidade já consagradas pela doutrina e
pela jurisprudência, a relação de dependência de uma das partes frente à outra pode, conforme o caso,
caracterizar uma vulnerabilidade legitimadora da aplicação do CDC, mitigando os rigores da teoria finalista
e autorizando a equiparação da pessoa jurídica compradora à condição de consumidora (Precedentes citados:
REsp 1.196.951/PI, DJe 9-4-2012, e REsp 1.027.165/ES, DJe 14-6-2011. REsp 1.195.642/RJ, Rel. Min.
Nancy Andrighi, julgado em 13-11-2012).
A vulnerabilidade do consumidor pessoa física é presumida, enquanto que da pessoa jurídica deve
ser comprovada no caso concreto.
As pessoas jurídicas de Direito Público podem ser consumidoras, desde que vulneráveis na relação
jurídica em concreto.
Algumas Especificidades
Enunciado n. 20, I Jornada de Direito Comercial: Não se aplica o Código de Defesa do Consumidor
aos contratos celebrados entre empresários em que um dos contratantes tenha por objetivo suprir-se
de insumos para sua atividade de produção, comércio ou prestação de serviços.
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complexa e especializada ou, ainda, porque os mercados se comportam de forma diferenciada e específica
em cada lugar e período.
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9. EXPOSTOS ÀS PRÁTICAS COMERCIAIS (art. 29)
CDC, Art. 29. Para os fins deste Capítulo e do seguinte, equiparam-se aos consumidores todas as
pessoas DETERMINÁVEIS OU NÃO, expostas às práticas nele previstas.
Os capítulos em questão dizem respeito às disposições do Código relativas às práticas comerciais
pelos fornecedores e à proteção contratual do consumidor.
Aplicável às Fases pré-contratual, de execução, e pós-contratual.
Bruno Miragem – “A extensão semântica da regra permite, em tese, que a qualquer contratante seja
possível a aplicação das normas dos artigos 30 a 54 do CDC. Todavia, a aplicação jurisprudencial da norma
é que deve concentrar-se na finalidade básica do Código, que é a proteção do vulnerável”. “Atualmente, a
aplicação do conceito de consumidor equiparado do artigo 29 permitiria converter o CDC em paradigma de
controle de todos os contratos no direito privado brasileiro”. “O uso desta expressão não é o mais adequado,
porquanto não é a existência ou não do consumo o critério principal de equiparação a consumidor, mas de
fato a vulnerabilidade presente no caso concreto”
Vulnerabilidade:
– Condição de inferioridade e está vinculada ao direito material.
Claudia Lima Marques: "Uma situação permanente ou provisória, individual ou coletiva, que
fragiliza, enfraquece o sujeito de direitos, desequilibrando a relação de consumo. Vulnerabilidade é uma
característica, um estado do sujeito mais fraco, um sinal de necessidade de proteção".
(i) informacional, (ii) técnica, (iii) jurídica/cientifica e (iv) fática ou socioeconômica.
HIPOSSUFICIÊNCIA
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Hipossuficiência é a vulnerabilidade amplificada e está ligada ao direito processual
"Trata-se de um conceito fático e não jurídico, fundado em uma disparidade ou discrepância notada
no caso concreto” - TARTUCE
FORNECEDOR
Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira,
bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação,
construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou
prestação de serviços.
Fornecedor = Gênero
> Espécies: produtor, montador, exportador, distribuidor, comerciante e prestador de serviços.
- Para que se caracterize a noção de FORNECEDOR é necessária a constatação da
HABITUALIDADE.
- Exemplo: Se uma pessoa vende o seu carro para outra, não pode ser aplicado o CDC, mas o CC/2002.
Todavia, se essa pessoa que vendeu o carro para outra for uma vendedora com habitualidade, deve ser
aplicado o CDC.
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CDC, Art. 3º (...)
§ 1° Produto é QUALQUER BEM, MÓVEL OU IMÓVEL, MATERIAL OU IMATERIAL.
§ 2° Serviço é QUALQUER ATIVIDADE FORNECIDA NO MERCADO DE CONSUMO,
MEDIANTE REMUNERAÇÃO, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e
securitária, SALVO AS DECORRENTES DAS RELAÇÕES DE CARÁTER TRABALHISTA.
- “REMUNERAÇÃO” – DIRETA OU INDIRETA.
AGRAVO DE INSTRUMENTO - AGRAVO REGIMENTAL - RELAÇÃO DE CONSUMO -
CARACTERIZAÇÃO - FORNECEDOR - VIOLAÇÃO DE LEI FEDERAL - AUSENCIA DE
PREQUESTIONAMENTO. I - AS NORMAS DE CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR NÃO SE
APLICAM AS RELAÇÕES DE COMPRA E VENDA DE OBJETO TOTALMENTE DIFERENTE
DAQUELE QUE NÃO SE REVESTE DA NATUREZA DO COMERCIO EXERCIDO PELO
VENDEDOR. NO CASO, UMA AGENCIA DE VIAGEM. ASSIM, QUEM VENDEU O VEICULO NÃO
PODE SER CONSIDERADO FORNECEDOR A LUZ DO CDC. (STJ - AgRg no Ag: 150829 DF
1997/0042245-3, Relator: Ministro WALDEMAR ZVEITER, Data de Julgamento: 19/03/1998, T3 -
TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: DJ 11.05.1998 p. 95)
Fornecedor por Equiparação (Fornecedor Equiparado)- Teoria criada por Leonardo Bessa, Promotor
Público do DF, que atua na defesa do consumidor. O autor afirma que a atual vulnerabilidade do consumidor
diante de tantos efeitos externos do contrato (tais como a função social e a boa-fé objetiva) levou a uma
espécie de ampliação do campo de aplicação do CDC, através de um alargamento da visão do artigo 3º
Seria fornecedor por equiparação aquele terceiro que na relação de consumo serviu como intermediário ou
ajudante para a realização da relação principal, mas que atua frente a um consumidor como se fosse o
fornecedor. Em outras palavras: ele não é o fornecedor do contrato principal, mas como intermediário é o
“dono” da relação conexa e possui uma posição de poder na relação com o consumidor.
LEI No 10.671, DE 15 DE MAIO DE 2003. Dispõe sobre o Estatuto de Defesa do Torcedor e dá outras
providências.
Art. 3o Para todos os efeitos legais, equiparam-se a fornecedor, nos termos da Lei no 8.078, de 11
de setembro de 1990, a entidade responsável pela organização da competição, bem como a entidade
de prática desportiva detentora do mando de jogo.
PRODUTO E SERVIÇO
- SERVIÇOS EXCLUÍDOS
- Cotista e o clube de investimento
- Serviços de natureza ut universi (neste âmbito, não se trata de consumidor, mas de um contribuinte
– relação jurídico-tributária).
- Franqueado com o franqueador.
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- Advogado/Cliente
PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. EXCEÇÃO DE COMPETÊNCIA. AÇÃO
INDENIZATÓRIA. PRESTAÇÃO DE SERVIÇO PÚBLICO. AUSÊNCIA DE REMUNERAÇÃO.
RELAÇÃO DE CONSUMO NÃO-CONFIGURADA. DESPROVIMENTO DO RECURSO ESPECIAL. 1.
Hipótese de discussão do foro competente para processar e julgar ação indenizatória proposta contra o
Estado, em face de morte causada por prestação de serviços médicos em hospital público, sob a alegação de
existência de relação de consumo. 2. O conceito de "serviço" previsto na legislação consumerista exige para
a sua configuração, necessariamente, que a atividade seja prestada mediante remuneração (art. 3º, § 2º, do
CDC). 3. Portanto, no caso dos autos, não se pode falar em prestação de serviço subordinada às regras
previstas no Código de Defesa do Consumidor, pois inexistente qualquer forma de remuneração direta
referente ao serviço de saúde prestado pelo hospital público, o qual pode ser classificado como uma
atividade geral exercida pelo Estado à coletividade em cumprimento de garantia fundamental (art. 196 da
CF). 4. Referido serviço, em face das próprias características, normalmente é prestado pelo Estado de
maneira universal, o que impede a sua individualização, bem como a mensuração de remuneração
específica, afastando a possibilidade da incidência das regras de competência contidas na legislação
específica. 5. Recurso especial desprovido. (STJ - REsp: 493181 SP 2002/0154199-9, Relator: Ministra
DENISE ARRUDA, Data de Julgamento: 15/12/2005, T1 - PRIMEIRA TURMA, Data de Publicação: DJ
01/02/2006 p. 431)
CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. ART. 5o, XXXII, DA CB/88. ART. 170, V, DA
CB/88. INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS. SUJEIÇÃO DELAS AO CÓDIGO DE DEFESA DO
CONSUMIDOR (...) 1. As instituições financeiras estão, todas elas, alcançadas pela incidência das normas
veiculadas pelo Código de Defesa do Consumidor. 2. "Consumidor", para os efeitos do Código de Defesa do
Consumidor, é toda pessoa física ou jurídica que utiliza, como destinatário final, atividade bancária,
financeira e de crédito. (STF - ADI: 2591 DF, Relator: Min. CARLOS VELLOSO, Data de Julgamento:
07/06/2006, Tribunal Pleno, Data de Publicação: DJ 29-09-2006 PP-00031 EMENT VOL-02249-02 PP-
00142 RTJ VOL-00199-02 PP-00481)
STJ - SÚMULA N. 297 - O Código de Defesa do Consumidor é aplicável às instituições financeiras.
SÚMULA N. 563 O Código de Defesa do Consumidor é aplicável às entidades abertas de
previdência complementar, não incidindo nos contratos previdenciários celebrados com entidades
fechadas.
RECURSO ESPECIAL Nº 1.560.728 - MG (2015/0256835-7) - RECURSO ESPECIAL.
CONSUMIDOR E PROCESSUAL CIVIL. DEMANDA ENVOLVENDO CONDOMÍNIO DE
ADQUIRENTES DE UNIDADES IMOBILIÁRIAS E A CONSTRUTORA/INCORPORADORA.
PATRIMÔNIO DE AFETAÇÃO. RELAÇÃO DE CONSUMO. COLETIVIDADE DE CONSUMIDORES.
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E-BOOK DIREITO DO CONSUMIDOR
POSSIBILIDADE DE INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA. DISTRIBUIÇÃO DINÂMICA DO ÔNUS
PROBATÓRIO. PRECEDENTES DO STJ. 2. Aplicabilidade do Código de Defesa do Consumidor ao
condomínio de adquirentes de edifício em construção, nas hipóteses em que atua na defesa dos interesses
dos seus condôminos frente a construtora/incorporadora. 3. O condomínio equipara-se ao consumidor,
enquanto coletividade que haja intervindo na relação de consumo. Aplicação do disposto no parágrafo único
do art. 2º do CDC. PROCESSUAL. ADMINISTRATIVO. CONSTITUCIONAL. RESPONSABILIDADE
CIVIL. TABELIONATO DE NOTAS. FORO COMPETENTE. SERVIÇOS NOTARIAIS. - A atividade
notarial não é regida pelo CDC. (Vencidos a Ministra Nancy Andrighi e o Ministro Castro Filho). (STJ -
REsp: 625144 SP 2003/0238957-2, Relator: Ministra NANCY ANDRIGHI, Data de Julgamento:
14/03/2006, T3 - TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: DJ 29.05.2006 p. 232LEXSTJ vol. 202 p.
131REVFOR vol. 387 p. 275)
RECURSO ESPECIAL. SERVIÇOS ADVOCATÍCIOS. CONTRATO. NÃO INCIDÊNCIA DO CDC.
DEFICIÊNCIA NA PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS. NEGATIVA DE QUE FORAEFETIVAMENTE
CONTRATADO PELO CLIENTE. DANOS MORAIS. CARACTERIZAÇÃO. SÚMULA 7/STJ.
PRESCRIÇÃO. NÃO OCORRÊNCIA. RECURSO ESPECIAL IMPROVIDO. 1.- As relações contratuais
entre clientes e advogados são regidas pelo Estatuto da OAB, aprovado pela Lei n. 8.906/94, a elas não se
aplicando o Código de Defesa do Consumidor. Precedentes. (STJ - REsp: 1228104 PR 2010/0209410-5,
Relator: Ministro SIDNEI BENETI, Data de Julgamento: 15/03/2012, T3 - TERCEIRA TURMA, Data de
Publicação: DJe 10/04/2012)
DA VULNERABILIDADE
PRINCIPAL CARACTERÍSTICA DO CONSUMIDOR.
Pode se apresentar de 4 FORMAS: TÉCNICA; JURÍDICA; FÁTICA; E INFORMACIONAL.
Art. 4º do CDC: I – reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no mercado de consumo;
- a vulnerabilidade, aqui, possui presunção absoluta e decorre da própria lei.
DIREITO DO CONSUMIDOR. ADMINISTRATIVO. NORMAS DE PROTEÇÃO E DEFESA DO
CONSUMIDOR. ORDEM PÚBLICA E INTERESSE SOCIAL. PRINCÍPIO DA VULNERABILIDADE
DO CONSUMIDOR. PRINCÍPIO DA TRANSPARÊNCIA. PRINCÍPIO DA BOA-FÉ OBJETIVA.
PRINCÍPIO DA CONFIANÇA. OBRIGAÇÃO DE SEGURANÇA. DIREITO À INFORMAÇÃO. DEVER
POSITIVO DO FORNECEDOR DE INFORMAR, ADEQUADA E CLARAMENTE, SOBRE RISCOS DE
PRODUTOS E SERVIÇOS. DISTINÇÃO ENTRE INFORMAÇÃO-CONTEÚDO E INFORMAÇÃO-
ADVERTÊNCIA. ROTULAGEM. PROTEÇÃO DE CONSUMIDORES HIPERVULNERÁVEIS. CAMPO
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E-BOOK DIREITO DO CONSUMIDOR
DE APLICAÇÃO DA LEI DO GLÚTEN (LEI 8.543/92 AB-ROGADA PELA LEI 10.674/2003) E
EVENTUAL ANTINOMIA COM O ART. 31 DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR.
MANDADO DE SEGURANÇA PREVENTIVO. 4. O ponto de partida do CDC é a afirmação do Princípio
da Vulnerabilidade do Consumidor, mecanismo que visa a garantir igualdade formal-material aos sujeitos da
relação jurídica de consumo, o que não quer dizer compactuar com exageros que, sem utilidade real, obstem
o progresso tecnológico, a circulação dos bens de consumo e a própria lucratividade dos negócios. (STJ -
REsp: 586316 MG 2003/0161208-5, Relator: Ministro HERMAN BENJAMIN, Data de Julgamento:
17/04/2007, T2 - SEGUNDA TURMA, Data de Publicação: 20090319 --> DJe 19/03/2009)
HIPERVULNERABILIDADE???
PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. PROTEÇÃO DAS
PESSOAS COM DEFICIÊNCIA FÍSICA, MENTAL OU SENSORIAL. SUJEITOS
HIPERVULNERÁVEIS. fornecimento de prótese auditiva. Ministério PÚBLICO. LEGITIMIDADE
ATIVA ad causam. LEI 7.347/85 E LEI 7.853/89. 3. A categoria ético-política, e também jurídica, dos
sujeitos vulneráveis inclui um subgrupo de sujeitos hipervulneráveis, entre os quais se destacam, por razões
óbvias, as pessoas com deficiência física, sensorial ou mental. 9. A tutela dos interesses e direitos dos
hipervulneráveis é de inafastável e evidente conteúdo social, mesmo quando a Ação Civil Pública, no seu
resultado imediato, aparenta amparar uma única pessoa apenas. É que, nesses casos, a ação é pública, não
por referência à quantidade dos sujeitos afetados ou beneficiados, em linha direta, pela providência judicial
(= critério quantitativo dos beneficiários imediatos), mas em decorrência da própria natureza da relação
jurídica-base de inclusão social imperativa. 10. Ao se proteger o hipervulnerável, a rigor quem
verdadeiramente acaba beneficiada é a própria sociedade, porquanto espera o respeito ao pacto coletivo de
inclusão social imperativa, que lhe é caro, não por sua faceta patrimonial, mas precisamente por abraçar a
dimensão intangível e humanista dos princípios da dignidade da pessoa humana e da solidariedade. 11.
Maior razão ainda para garantir a legitimação do Parquet se o que está sob ameaça é a saúde do indivíduo
com deficiência, pois aí se interpenetram a ordem de superação da solidão judicial do hipervulnerável com a
garantia da ordem pública de bens e valores fundamentais – in casu não só a existência digna, mas a própria
vida e a integridade físico-psíquica em si mesmas, como fenômeno natural. (STJ - REsp: 931513 RS
2007/0045162-7, Relator: Ministro CARLOS FERNANDO MATHIAS (JUIZ FEDERAL CONVOCADO
DO TRF)
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FORMAS: TÉCNICA; JURÍDICA; FÁTICA; E INFORMACIONAL.
VULNERABILIDADE TÉCNICA - Desconhecimento, por parte do consumidor, das características
do produto/serviço. A vulnerabilidade decorre da não participação do consumidor na produção do bem. O
consumidor profissional poderá ser considerado um vulnerável técnico, nos casos em que o produto ou o
serviço adquirido não tiver relação com a sua formação, competência ou área de atuação.
VULNERABILIDADE JURÍDICA Desconhecimento, por parte do consumidor, dos seus direitos e
deveres, incluindo aspectos econômicos, contábeis entre outros.
VULNERABILIDADE ECONÔMICA O consumidor é frágil diante do fornecedor, por uma série de
motivos:
• Em razão do forte poder econômico do fornecedor;
• Em razão de o fornecedor deter o monopólio fático ou jurídico da relação;
• Em razão de o fornecedor desenvolver uma atividade considerada essencial (ex. provedor de internet).
VULNERABILIDADE INFORMACIONAL Cláudia Lima Marques
Espécie de Vulnerabilidade Técnica.
Necessidade de Informação na Sociedade atual.
A falta da informação é causa de vulnerabilidade.
Aqui, o consumidor não detém informações suficientes para realizar o processo decisório de
aquisição ou não do produto ou serviço.
DO DEVER GOVERNAMENTAL
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Proteção efetiva por meio de ações governamentais.
a) por iniciativa direta;
b) por incentivos à criação e desenvolvimento de associações representativas;
c) pela presença do Estado no mercado de consumo;
d) pela garantia dos produtos e serviços com padrões adequados de qualidade, segurança, durabilidade e
desempenho.
DA HARMONIZAÇÃO E COMPATIBILIZAÇÃO DA PROTEÇÃO AO CONSUMIDOR
Art. 4º [...]
III – HARMONIZAÇÃO DOS INTERESSES DOS PARTICIPANTES DAS RELAÇÕES DE
CONSUMO e COMPATIBILIZAÇÃO DA PROTEÇÃO DO CONSUMIDOR COM A NECESSIDADE
DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E TECNOLÓGICO, de modo a viabilizar os princípios
nos quais se funda a ordem econômica (art. 170 da Constituição Federal)
Boa-fé Objetiva!
- Termo boa-fé serve para indicar um dever de conduta entre os parceiros contratuais, baseado na
confiança e na lealdade.
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- Regra de Coerência, por meio da qual se veda que se AJA EM DETERMINADO MOMENTO DE
UMA CERTA MANEIRA E, ULTERIORMENTE, ADOTE-SE UM COMPORTAMENTO QUE
FRUSTRA, VAI CONTRA, AQUELA CONDUTA TOMADA EM PRIMEIRO LUGAR.
QUATRO REQUISITOS:
• um comportamento;
• a geração de uma expectativa;
• o investimento na expectativa gerada ou causada; e
• o comportamento contraditório ao inicial, que gere um dano, ou, no mínimo, um potencial de dano a partir
da contradição.
14. SUPRESSIO
- Redução do conteúdo obrigacional pela inércia de uma das partes em exercer direitos ou
faculdades, gerando na outra legítima expectativa.
- Verifica-se a supressio quando, pelo modo como as partes vêm se comportando ao longo da vida
contratual, certas atitudes que poderiam ser exigidas originalmente passam a não mais poderem ser exigidas
na sua forma original (sofrem uma minoração), por ter se criado uma expectativa de que aquelas disposições
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iniciais não seriam exigidas daquela forma inicialmente prevista (TJRS, Agravo de Instrumento
700010323012, Rel. Des. Ricardo Raupp Ruschel, 15ª Câmara Cível, julgado em 22-11-2004).
(a) decurso de prazo sem exercício do direito com indícios objetivos de que o direito não mais será exercido;
(b) desequilíbrio, pela ação do tempo, entre o benefício do credor e o prejuízo do devedor
- O decurso do tempo permite concluir o surgimento de uma posição jurídica, pela regra da boa-fé.
- Ampliação do conteúdo obrigacional.
15. TU QUOQUE
- A parte não pode exigir de outrem um comportamento que ela própria não observou.
- CC, Art. 476. Nos contratos bilaterais, nenhum dos contratantes, antes de cumprida a sua obrigação, pode
exigir o implemento da do outro.
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(DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/RS), Data de Julgamento: 17/06/2010, T3 - TERCEIRA
TURMA, Data de Publicação: REPDJe 01/07/2010)
- Enunciado n. 169 da III Jornada de Direito Civil: “O princípio da boa-fé objetiva deve levar o
credor a evitar o agravamento do próprio prejuízo”.
- É um dever de Cooperação e Lealdade.
- Dever de Mitigar as próprias perdas.
ADIMPLEMENTO SUBSTANCIAL
- Trata-se de um adimplemento tão próximo do resultado final que, tendo-se em vista a conduta das
partes, exclui-se o direito de resolução, permitindo-se tão somente o pedido de indenização.
- Função Social do Contrato + Boa-fé Objetiva.
- À luz do princípio da boa-fé, não se considera razoável resolver a obrigação quando a prestação,
posto não adimplida de forma perfeita, fora substancialmente atendida.
- A despeito do que dispõe o art. 763 do CC, no contrato de seguro, é defensável, para evitar
injustiça, a aplicação da teoria do adimplemento substancial, pagando-se ao segurado o valor da indenização
devida, abatido o prêmio que ainda não havia sido pago.
Art. 763. Não terá direito a indenização o segurado que estiver em mora no pagamento do prêmio,
se ocorrer o sinistro antes de sua purgação.
CJF, 371 - A mora do segurado, sendo de escassa importância, não autoriza a resolução do
contrato, por atentar ao princípio da boa-fé objetiva.
Função Social do Seguro.
Segundo o Min. Paulo de Tarso Sanseverino, atualmente, o fundamento para aplicação da teoria do
adimplemento substancial no Direito brasileiro é a cláusula geral do art. 187 do Código Civil, que permite a
limitação do exercício de um direito subjetivo pelo seu titular quando se colocar em confronto com o
princípio da boa-fé objetiva. Desse modo, esta teoria está baseada no princípio da boa-fé objetiva. Aponta-se
também como outro fundamento o princípio da função social dos contratos.
- O STJ já aplicou a teoria para o contrato de alienação fiduciária (Resp 415971/SP e 469577/SC).
STJ - Inf. 500: Por meio da teoria do adimplemento substancial, defende-se que, se o adimplemento da
obrigação foi muito próximo ao resultado final, a parte credora não terá direito de pedir a resolução do
contrato porque isso violaria a boa-fé objetiva, já que seria exagerado, desproporcional, iníquo. No caso do
adimplemento substancial, a parte devedora não cumpriu tudo, mas quase tudo, de modo que o credor terá
que se contentar em pedir o cumprimento da parte que ficou inadimplida ou então pleitear indenização pelos
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prejuízos que sofreu (art. 475, CC). Em uma alienação fiduciária, se o devedor deixou de pagar apenas umas
poucas parcelas, não caberá ao credor a reintegração de posse do bem, devendo ele se contentar em exigir
judicialmente o pagamento das prestações que não foram adimplidas. Não se aplica a teoria do
adimplemento substancial aos contratos de alienação fiduciária em garantia regidos pelo Decreto-Lei
911/69. STJ. 2ª Seção. REsp 1.622.555-MG, Rel. Min. Marco Buzzi, Rel. para acórdão Min. Marco Aurélio
Bellizze, julgado em 22/2/2017 (Info 599).
DL.911/69 - Art. 3º O proprietário fiduciário ou credor poderá, desde que comprovada a mora, na
forma estabelecida pelo § 2º do art. 2º, ou o inadimplemento, requerer contra o devedor ou terceiro
a busca e apreensão do bem alienado fiduciariamente, a qual será concedida liminarmente, podendo
ser apreciada em plantão judiciário.
- devidamente comprovada a mora ou o inadimplemento, o DL 911/69 autoriza que o credor
fiduciário possa se valer da ação de busca e apreensão, sendo irrelevante examinar quantas parcelas já foram
pagas ou estão em aberto.
- O art. 3º, § 2º, do DL 911/69 prevê que o bem somente poderá ser restituído ao devedor se ele
pagar, no prazo de 5 dias, a integralidade da dívida pendente.
- A lei foi muito clara ao exigir a quitação integral do débito como condição imprescindível para que
o bem alienado fiduciariamente seja remancipado. Ou seja, nos termos da lei, para que o bem possa ser
restituído ao devedor livre de ônus, é necessário que ele quite integralmente a dívida pendente.
- Mostra-se incongruente impedir a utilização da ação de busca e apreensão pelo simples fato de
faltarem poucas prestações a serem pagas, considerando que a lei de regência do instituto expressamente
exigiu o pagamento integral da dívida pendente.
Incentivo ao inadimplemento das últimas parcelas
A aplicação da teoria do adimplemento substancial para obstar a utilização da ação de busca e
apreensão representaria um incentivo ao inadimplemento das últimas parcelas contratuais, considerando que
o devedor saberia que não perderia o bem e que o credor teria que se contentar em buscar o crédito faltante
por outras vias judiciais menos eficazes.
JUROS MAIS ELEVADOS
Se fosse aplicada a teoria do adimplemento substancial para os contratos de alienação fiduciária,
haveria um enfraquecimento da garantia prevista neste instituto fazendo com que as instituições financeiras
começassem a praticar juros mais elevados a fim de compensar esses riscos. Isso seria prejudicial para a
economia e para os consumidores em geral.
Dessa forma, a propriedade fiduciária, concebida pelo legislador justamente para conferir segurança
jurídica às concessões de crédito, essencial ao desenvolvimento da economia nacional, ficaria comprometida
pela aplicação deturpada da teoria do adimplemento substancial.
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DA EQUIDADE
- Art. 51. São NULAS DE PLENO DIREITO, entre outras, as CLÁUSULAS CONTRATUAIS
relativas ao fornecimento de produtos e serviços que:
IV – ESTABELEÇAM OBRIGAÇÕES CONSIDERADAS INÍQUAS, abusivas, que coloquem o
consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa-fé ou a equidade.
- Súmula 543, do STJ: “Na hipótese de resolução de contrato de promessa de compra e venda de
imóvel submetido ao Código de Defesa do Consumidor, deve ocorrer a IMEDIATA RESTITUIÇÃO
DAS PARCELAS PAGAS PELO PROMITENTE COMPRADOR – INTEGRALMENTE, EM CASO
DE CULPA EXCLUSIVA DO PROMITENTE VENDEDOR/ CONSTRUTOR, OU PARCIALMENTE,
CASO TENHA SIDO O COMPRADOR QUEM DEU CAUSA AO DESFAZIMENTO.
DA EDUCAÇÃO E INFORMAÇÃO DOS CONSUMIDORES
- Art. 6º São direitos básicos do consumidor: [...] II – a educação e divulgação sobre o consumo
adequado dos produtos e serviços, asseguradas a liberdade de escolha e a igualdade nas
contratações.
- Art. 4º (...) IV - educação e informação de fornecedores e consumidores, quanto aos seus direitos e
deveres, com vistas à melhoria do mercado de consumo;
Educação Formal, inserindo-se a educação sobre consumo nas disciplinas do ensino básico;
Educação Informal, ministrada pelos meios de comunicação social, normalmente pelo PROCON,
pela promotoria do direito do consumidor ou, ainda, pela imprensa.
LEI Nº 12.291, DE 20 DE JULHO DE 2010
Torna obrigatória a manutenção de exemplar do Código de Defesa do Consumidor nos
estabelecimentos comerciais e de prestação de serviços.
LEI Nº 12.741, DE 8 DE DEZEMBRO DE 2012.
Dispõe sobre as medidas de esclarecimento ao consumidor, de que trata o § 5º do artigo 150 da
Constituição Federal; altera o inciso III do art. 6º e o inciso IV do art. 106 da Lei nº 8.078, de 11 de
setembro de 1990 - Código de Defesa do Consumidor.
Art. 1º Emitidos por ocasião da venda ao consumidor de mercadorias e serviços, em todo território
nacional, deverá constar, dos documentos fiscais ou equivalentes, a informação do valor
aproximado correspondente à totalidade dos tributos federais, estaduais e municipais, cuja
incidência influi na formação dos respectivos preços de venda.
LEI Nº 13.111, DE 25 DE MARÇO DE 2015.
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Dispõe sobre a obrigatoriedade de os empresários que comercializam veículos automotores
informarem ao comprador o valor dos tributos incidentes sobre a venda e a situação de regularidade do
veículo quanto a furto, multas, taxas anuais, débitos de impostos, alienação fiduciária ou quaisquer outros
registros que limitem ou impeçam a circulação do veículo.
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Em todas as fases da relação de consumo deve haver transparência, mesmo após a fase contratual. É
o que se dá quando o produto apresenta defeito e o fornecedor realiza o recall.
CDC Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o atendimento das
necessidades dos consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus
interesses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia
das relações de consumo, atendidos os seguintes princípios:
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apresentou grau expressivo de oscilação, a ponto de caracterizar a onerosidade excessiva que impede o
devedor de solver as obrigações pactuadas. - A equação econômico-financeira deixa de ser respeitada
quando o valor da parcela mensal sofre um reajuste que não é acompanhado pela correspondente valorização
do bem da vida no mercado, havendo quebra da paridade contratual, à medida que apenas a instituição
financeira está assegurada quanto aos riscos da variação cambial, pela prestação do consumidor indexada em
dólar americano. - É ilegal a transferência de risco da atividade financeira, no mercado de capitais, próprio
das instituições de crédito, ao consumidor, ainda mais que não observado o seu direito de informação. (STJ -
REsp: 370598 RS 2001/0159239-4, Relator: Ministra NANCY ANDRIGHI, Data de Julgamento:
26/02/2002, T3 - TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: DJ 01.04.2002 p. 186RNDJ vol. 29 p. 120)
- Código Civil adotou a TEORIA DA IMPREVISÃO!
Seção IV
Da Resolução por Onerosidade Excessiva
Art. 478. Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma das partes se
tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de
ACONTECIMENTOS EXTRAORDINÁRIOS E IMPREVISÍVEIS, poderá o devedor pedir a resolução
do contrato. Os efeitos da sentença que a decretar retroagirão à data da citação.
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INDENIZAÇÃO PELA PERDA DO TEMPO LIVRE (DESVIO PRODUTIVO DO
CONSUMIDOR).
APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS - SERVIÇO DE
TELEFONIA - MÁ PRESTAÇÃO DO SERVIÇO CONFIGURADA - DANO MORAL - NEXO CAUSAL
E CULPA REVELADOS - REQUISITOS AUTORIZADORES - INDENIZAÇÃO CABÍVEL -
APLICAÇÃO DA TEORIA DO DESVIO PRODUTIVO DO CONSUMIDOR - PROVIMENTO DO
RECURSO. Considerando que a autora foi privada de tempo relevante para dedicar-se ao exercício de
atividades que melhor lhe aprouvesse, sujeitando-se a infindáveis transtornos para a solução de problemas
oriundos da má prestação do serviço, é de aplicar-se a teoria do Desvio Produtivo do Consumidor na fixação
do dano moral indenizável. A indenização por dano moral deve ser fixada com prudência, segundo o
princípio da razoabilidade e de acordo com os critérios apontados pela doutrina e jurisprudência, a fim de
que não se converta em fonte de enriquecimento. (TJPB - ACÓRDÃO/DECISÃO do Processo Nº
00687551120148152001, 1ª Câmara Especializada Cível, Relator DESA. MARIA DE FÁTIMA MORAES
BEZERRA CAVALCANTI , j. em 16-10-2018) (TJ-PB 00687551120148152001 PB, Relator: DESA.
MARIA DE FÁTIMA MORAES BEZERRA CAVALCANTI, Data de Julgamento: 16/10/2018, 1ª Câmara
Especializada Cível)
ATO ILÍCITO CONFIGURADO. RESPONSABILIDADE CIVIL PELA TEORIA DA PERDA DO
TEMPO ÚTIL/LIVRE. FALHA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO. DANO MORAL CONFIGURADO.
QUANTUM INDENIZATÓRIO FIXADO COM BASE NA RAZOABILIDADE E NA
PROPORCIONALIDADE. DECISÃO POR MAIORIA DE VOTOS. 1. Consta dos autos que a instituição
financeira ré, sem qualquer justificativa plausível, demorou para atender a autora, forçando-a a permanecer
na fila bancária por mais de 1 (uma) hora. 2. A responsabilidade civil do banco réu restou caracterizada com
base na teoria da perda do tempo útil/livre na medida em que o fornecedor/prestador de serviços impôs ao
consumidor/cliente a perda de considerável parcela do seu tempo na solução de uma demanda de consumo,
configurando assim falha na prestação do serviço ensejadora do dever de indenizar. Precedentes
Jurisprudenciais. (TJ-PE - APL: 4034771 PE, Relator: Agenor Ferreira de Lima Filho, Data de Julgamento:
06/01/2016, 5ª Câmara Cível, Data de Publicação: 27/01/2016)
DECLARATÓRIA C.C. INDENIZAÇAO POR DANOS MORAIS. Prestação de serviços. Telefonia
móvel. Valores cobrados por valor superior aos serviços efetivamente contratados. Inexigibilidade dos
débitos reconhecida. Danos morais. Fatos que serviram de fundamento ao pedido que ultrapassaram o mero
aborrecimento. Desvio produtivo evidenciado. Dano extrapatrimonial causado pela desídia da fornecedora,
que não solucionou falha na prestação de serviços, optando por continuar as cobranças indevidas.
Indenização devida. Quantia fixada que atende aos princípios da proporcionalidade e razoabilidade.
DECISÃO MANTIDA. RECURSO NÃO PROVIDO. (TJ-SP - APL: 10177139620178260576 SP
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1017713-96.2017.8.26.0576, Relator: Fernando Sastre Redondo, Data de Julgamento: 17/10/2018, 38ª
Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 18/10/2018)
VII - o acesso aos órgãos judiciários e administrativos com vistas à prevenção ou reparação de
danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos ou difusos, assegurada a proteção Jurídica,
administrativa e técnica aos necessitados;
VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu
favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele
hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências;
Requisitos:
- For verossímil a alegação ou
- Hipossuficiência
Requisitos Alternativos
A inversão do Ônus da Prova não é automática (art. 6º, VIII) – ope judici
Segundo doutrina majoritária, pode ser realizada de ofício.
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO REVISIONAL DE CLÁUSULAS
CONTRATUAIS C/C DANOS MORAIS. OMISSÃO. OCORRÊNCIA. INVERSÃO DO ÔNUS DA
PROVA DE OFÍCIO. POSSIBILIDADE. VEROSSIMILHANÇA DAS ALEGAÇÕES AUTORAIS.
COMPROVAÇÃO DA HIPOSSUFICIÊNCIA DA PARTE DEMANDANTE. INTELIGÊNCIA DO ART.
6º, VIII, DA LEI CONSUMERISTA. - Merece ser acolhida a irresignação da Embargante, haja vista que, de
fato, o caso vertente, comporta a hipótese de inversão do ônus da prova de ofício. - Restou evidenciado nos
presentes autos os requisitos autorizadores da inversão do ônus probatório, de plano, quais sejam, a
verossimilhança das alegações autorais e a comprovação da condição de hipossuficiente da Embargante, no
que diz respeito a capacidade de produzir provas. - EMBARGOS DECLARATÓRIOS CONHECIDOS E
PROVIDOS. PEDIDO DE EFEITO MODIFICATIVO ACOLHIDO. (TJ-AM - ED:
00049089320158040000 AM 0004908-93.2015.8.04.0000, Relator: Ari Jorge Moutinho da Costa, Data de
Julgamento: 28/09/2015, Segunda Câmara Cível, Data de Publicação: 06/10/2015)
Hipossuficiência econômica e técnica
Dificuldades econômicas + desconhecimento técnico científico
Regra de Julgamento X Regra de Procedimento
- Momento da Sentença X Momento da Distribuição do Ônus Probatório
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RECURSO ESPECIAL. CONSUMIDOR. RESPONSABILIDADE POR VÍCIO NO PRODUTO
(ART. 18 DO CDC). ÔNUS DA PROVA. INVERSÃO 'OPE JUDICIS' (ART. 6º, VIII, DO CDC).
MOMENTO DA INVERSÃO. PREFERENCIALMENTE NA FASE DE SANEAMENTO DO
PROCESSO. A inversão do ônus da prova pode decorrer da lei ('ope legis'), como na responsabilidade pelo
fato do produto ou do serviço (arts. 12 e 14 do CDC), ou por determinação judicial ('ope judicis'), como no
caso dos autos, versando acerca da responsabilidade por vício no produto (art. 18 do CDC). Inteligência das
regras dos arts. 12, § 3º, II, e 14, § 3º, I, e. 6º, VIII, do CDC. A distribuição do ônus da prova, além de
constituir regra de julgamento dirigida ao juiz (aspecto objetivo), apresenta-se também como norma de
conduta para as partes, pautando, conforme o ônus atribuído a cada uma delas, o seu comportamento
processual (aspecto subjetivo). Doutrina. Se o modo como distribuído o ônus da prova influi no
comportamento processual das partes (aspecto subjetivo), não pode a inversão 'ope judicis' ocorrer quando
do julgamento da causa pelo juiz (sentença) ou pelo tribunal (acórdão). Previsão nesse sentido do art. 262,
§1º, do Projeto de Código de Processo Civil. A inversão 'ope judicis' do ônus probatório deve ocorrer
preferencialmente na fase de saneamento do processo ou, pelo menos, assegurando-se à parte a quem não
incumbia inicialmente o encargo, a reabertura de oportunidade para apresentação de provas. Divergência
jurisprudencial entre a Terceira e a Quarta Turma desta Corte. RECURSO ESPECIAL DESPROVIDO.
(REsp 802.832/MG, Rel. Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em
13/04/2011, DJe 21/09/2011)
CPC, Do Saneamento e da Organização do Processo - Art. 357. Não ocorrendo nenhuma das
hipóteses deste Capítulo, deverá o juiz, em decisão de saneamento e de organização do processo: III - definir
a distribuição do ônus da prova, observado o art. 373; CPC, Art. 373, § 2o A decisão prevista no § 1o deste
artigo não pode gerar situação em que a desincumbência do encargo pela parte seja impossível ou
excessivamente difícil. - A inversão do ônus da prova não implica a inversão do pagamento das despesas –
não obriga o fornecedor ao pagamento das provas requeridas pelo consumidor.
Ação de revisão de contrato bancário. Inversão do ônus da prova. Pagamento das despesas pela produção da
prova. Precedentes da Terceira Turma. 1. Ficou assentado na Terceira Turma que a "inversão do ônus da
prova não tem o efeito de obrigar a parte contrária a arcar com as custas da prova requerida pelo
consumidor. No entanto, sofre as conseqüências processuais advindas de sua não produção" (REsp nº
443.208/RJ, Relatora a Ministra Nancy Andrighi, DJ de 17/3/03; no mesmo sentido: AgRgREsp nº
542.241/RJ, Relatora a Ministra Nancy Andrighi, DJ de 19/4/04; REsp nº 435.155/MG, de minha relatoria,
DJ de 11/5/03; REsp nº 466.604/RJ, Relator o Ministro Ari Pargendler, DJ de 2/6/03). 2. Recurso especial
conhecido e provido, em parte. (STJ - REsp: 615684 SP 2003/0231751-4, Relator: Ministro CARLOS
ALBERTO MENEZES DIREITO, Data de Julgamento: 28/06/2005, T3 - TERCEIRA TURMA, Data de
Publicação: --> DJ 10/10/2005 p. 359RDDP vol. 33 p. 144)
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INVERSÃO OPE JUDICIS (6º, VIII) INVERSÃO OPE LEGIS
Depende de Manifestação pelo Juiz Não depende de manifestação pelo Juiz
A própria lei já distribui de maneira diversa
“Tecnicamente não há inversão”
Art. 6º, VIII Art. 12, §3º, II
Art. 14, §3º, I
Art. 38
Art. 7° Os direitos previstos neste código não excluem outros decorrentes de tratados ou convenções
internacionais de que o Brasil seja signatário, da legislação interna ordinária, de regulamentos
expedidos pelas autoridades administrativas competentes, bem como dos que derivem dos princípios
gerais do direito, analogia, costumes e equidade.
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civil 2. O CDC não exclui a principiologia dos contratos de direito civil. Entre as normas consumeristas e as
regras gerais dos contratos, insertas no Código Civil e legislação extravagante, deve haver complementação
e não exclusão. É o que a doutrina chama de Diálogo das Fontes. (STJ - REsp: 1060515 DF 2008/0110683-
5, Relator: Ministro HONILDO AMARAL DE MELLO CASTRO (DESEMBARGADOR CONVOCADO
DO TJ/AP), Data de Julgamento: 04/05/2010, T4 - QUARTA TURMA, Data de Publicação: DJe
24/05/2010)
Parágrafo único. Tendo mais de um autor a ofensa, todos responderão solidariamente pela
reparação dos danos previstos nas normas de consumo.
SOLIDARIEDAE DOS CAUSADORES DO DANO (CLÁUSULA GERAL)
RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL. ACIDENTE DE VEÍCULO. VIOLAÇÃO
ART. 535 DO CPC/1973. ART. 131 DO CPC/1973. AÇÃO MOVIDA CONTRA A LOCADORA DO
VEÍCULO (PROPRIETÁRIA) E A LOCATÁRIA. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. SÚMULA 492
DO STF. 3. Em acidente automobilístico, o proprietário do veículo responde objetiva e solidariamente pelos
atos culposos de terceiro que o conduz, pouco importando que o motorista não seja seu empregado ou
preposto, uma vez que sendo o automóvel um veículo perigoso, o seu mau uso cria a responsabilidade pelos
danos causados a terceiros. 4. Provada a responsabilidade do condutor, o proprietário do veículo fica
solidariamente responsável pela reparação do dano, como criador do risco para os seus semelhantes. 5. Há
responsabilidade solidária da locadora de veículo pelos prejuízos causados pelo locatário, nos termos da
Súmula 492 do STF, pouco importando cláusula consignada no contrato de locação de obrigatoriedade de
seguro. 6. Recursos especiais não providos.
RESPONSABILIDADE CIVIL. RECURSO ESPECIAL. ANÚNCIO ERÓTICO FALSO
PUBLICADO EM SITES DE CLASSIFICADOS NA INTERNET. DEVER DE CUIDADONÃO
VERIFICADO. SERVIÇOS PRESTADOS EM CADEIA POR MAIS DE UM FORNECEDOR. SITE DE
CONTEÚDO QUE HOSPEDA OUTRO. RESPONSABILIDADE CIVIL DE TODOS QUE PARTICIPAM
DA CADEIA DE CONSUMO. 1. No caso, o nome do autor foi anunciado em sites de classificados na
internet, relacionando-o com prestação de serviços de caráter erótico e homossexual, tendo sido informado o
telefone do local do seu trabalho. O sítio da rede mundial de computadores apontado pelo autor como sendo
o veiculador do anúncio difamante - ipanorama.com -é de propriedade da ré TV Juiz de Fora Ltda., a qual
mantinha relação contratual com a denunciada, Mídia 1 Publicidade Propaganda e Marketing, proprietária
do portal O Click, que se hospedava no site da primeira ré e foi o disseminador do anúncio. Este último
(OClick) responsabilizava-se contratualmente pela "produção de quaisquer dados ou informações culturais,
esportivas, de comportamento, serviços, busca, classificados, webmail e outros serviços de divulgação". 2.
Com efeito, cuida-se de relação de consumo por equiparação, decorrente de evento relativo a utilização de
provedores de conteúdo na rede mundial de computadores, organizados para fornecer serviço sem cadeia
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para os usuários, mediante a hospedagem do site "O click“ no site "ipanorama.com". 3. Assim, a solução da
controvérsia deve partir da principiologia do Código de Defesa do Consumidor fundada na solidariedade de
todos aqueles que participam da cadeia de produção ou da prestação de serviços. Para a responsabilização de
todos os integrantes da cadeia de consumo, apura-se a responsabilidade de um deles, objetiva ou decorrente
de culpa, caso se verifiquem as hipóteses autorizadoras previstas no CDC. A responsabilidade dos demais
integrantes da cadeia de consumo, todavia, não decorre de seu agir culposo ou de fato próprio, mas de uma
imputação legal de responsabilidade que é servil ao propósito protetivo do sistema
. 4. No caso em apreço, o site O click permitiu a veiculação de anúncio em que, objetivamente,
comprometia a reputação do autor, sem ter indicado nenhuma ferramenta apta a controlar a idoneidade da
informação. Com efeito, é exatamente no fato de o veículo de publicidade não ter se precavido quanto à
procedência do nome, telefone e dados da oferta que veiculou, que reside seu agir culposo, uma vez que a
publicidade de anúncios desse jaez deveria ser precedida de maior prudência e diligência, sob pena de se
chancelar o linchamento moral e público de terceiros. 5. Mostrando-se evidente a responsabilidade civil da
empresa Mídia 1Publicidade Propaganda e Marketing, proprietária do site O click, configurada está a
responsabilidade civil da TV Juiz de Fora, proprietária do site ipanorama.com, seja por imputação legal
decorrente da cadeia de consumo, seja por culpa in eligendo. 6. Indenização por dano moral arbitrada em R$
30.000,00 (trinta mil reais). 7. Recurso especial provido.(STJ - REsp: 997993 MG 2007/0247635-6, Relator:
Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, Data de Julgamento: 21/06/2012, T4 - QUARTA TURMA, Data de
Publicação: DJe 06/08/2012)
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E-BOOK DIREITO DO CONSUMIDOR
Art. 8°, § 1º Em se tratando de produto industrial, ao fabricante cabe prestar as informações a que
se refere este artigo, através de impressos apropriados que devam acompanhar o
produto. (Redação dada pela Lei nº 13.486, de 2017)
Antonio Herman V. Benjamin (Manual de Direito do Consumidor, 2013): “os produtos e serviços,
quanto à sua segurança, podem ser, didática e juridicamente, divididos em dois grandes grupos: os de
periculosidade inerente (ou latente) e os de periculosidade adquirida (em razão de um defeito). Poder-se-ia,
ainda, identificar um terceiro grupo: os produtos de periculosidade exagerada. [...]”.
Existem três formas de periculosidade:
a) periculosidade inerente (que está intrínseca ao produto ou serviço, a periculosidade está dentro da
normalidade e previsibilidade do consumidor com relação ao uso e funcionamento do produto ou serviço);
- como regra geral não obriga a indenizar.
Ex: corte com faca de cozinha.
b) periculosidade adquirida (o produto ou serviço torna-se perigoso em razão de um defeito);
- caso o defeito fosse sanado, não haveria risco ao consumidor.
c) periculosidade exagerada (periculosidade que vai além da periculosidade inerente).
- defeituosos por ficção. A informação não produz efeitos significativos na mitigação dos riscos.
A PROTEÇÃO DA VIDA, SAÚDE E SEGURANÇA
- Art. 9° O FORNECEDOR DE PRODUTOS E SERVIÇOS POTENCIALMENTE NOCIVOS OU
PERIGOSOS À SAÚDE OU SEGURANÇA DEVERÁ INFORMAR, DE MANEIRA OSTENSIVA E
ADEQUADA, A RESPEITO DA SUA NOCIVIDADE OU PERICULOSIDADE, sem prejuízo da
adoção de outras medidas cabíveis em cada caso concreto.
- Princípio da informação
LEI Nº 13.486, DE 3 DE OUTUBRO DE 2017
Altera o art. 8º da Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990 (Código de Defesa do Consumidor), para
dispor sobre os deveres do fornecedor de higienizar os equipamentos e utensílios utilizados no fornecimento
de produtos ou serviços e de informar, quando for o caso, sobre o risco de contaminação.
Art. 1o O art. 8º da Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990 (Código de Defesa do Consumidor),
passa a vigorar acrescido do seguinte § 2º, numerando-se o atual parágrafo único como § 1º:
§ 2º O fornecedor deverá higienizar os equipamentos e utensílios utilizados no fornecimento de
produtos ou serviços, ou colocados à disposição do consumidor, e informar, de maneira ostensiva e
adequada, quando for o caso, sobre o risco de contaminação.” (NR)
A PROTEÇÃO DA VIDA, SAÚDE E SEGURANÇA
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E-BOOK DIREITO DO CONSUMIDOR
Art. 10. O fornecedor NÃO PODERÁ COLOCAR NO MERCADO DE CONSUMO PRODUTO OU
SERVIÇO QUE SABE OU DEVERIA SABER APRESENTAR ALTO GRAU DE NOCIVIDADE OU
PERICULOSIDADE À SAÚDE OU SEGURANÇA.
- Teoria do Risco do Negócio (ou da atividade)
§ 1° O fornecedor de produtos e serviços que, POSTERIORMENTE À SUA INTRODUÇÃO NO
MERCADO DE CONSUMO, TIVER CONHECIMENTO DA PERICULOSIDADE QUE
APRESENTEM, DEVERÁ COMUNICAR O FATO IMEDIATAMENTE ÀS AUTORIDADES
COMPETENTES E AOS CONSUMIDORES, MEDIANTE ANÚNCIOS PUBLICITÁRIOS.
- dever pós-contratual
- recall (“chamar de volta”).
- recall não exclui a reponsabilidade do fornecedor quanto a danos futuros ou pretéritos decorrentes do
defeito.
CIVIL. CONSUMIDOR. REPARAÇÃO DE DANOS. RESPONSABILIDADE. RECALL. NÃO
COMPARECIMENTO DO COMPRADOR. RESPONSABILIDADE DO FABRICANTE. - A circunstância
de o adquirente não levar o veículo para conserto, em atenção a RECALL, não isenta o fabricante da
obrigação de indenizar. (STJ - REsp: 1010392 RJ 2006/0232129-5, Relator: Ministro HUMBERTO
GOMES DE BARROS, Data de Julgamento: 24/03/2008, T3 - TERCEIRA TURMA, Data de Publicação:
DJ 13.05.2008 p. 1)
PROTEÇÃO CONTRA A PUBLICIDADE ENGANOSA E ABUSIVA
- A PUBLICIDADE É UM MEIO DE DIFUSÃO E INFORMAÇÃO COM UM FIM
COMERCIAL, enquanto a propaganda diz respeito a “propagar” (uma ideia por exemplo).
- Art. 37. É proibida toda publicidade enganosa ou abusiva.
Art. 37, § 1° É enganosa qualquer modalidade de informação ou comunicação de caráter
publicitário, inteira ou parcialmente falsa, ou, por qualquer outro modo, mesmo por omissão, capaz
de induzir em erro o consumidor a respeito da natureza, características, qualidade, quantidade,
propriedades, origem, preço e quaisquer outros dados sobre produtos e serviços.
§ 2° É abusiva, dentre outras a publicidade discriminatória de qualquer natureza, a que incite à
violência, explore o medo ou a superstição, se aproveite da deficiência de julgamento e experiência
da criança, desrespeita valores ambientais, ou que seja capaz de induzir o consumidor a se
comportar de forma prejudicial ou perigosa à sua saúde ou segurança
§ 3° Para os efeitos deste código, a publicidade é enganosa por omissão quando deixar de informar
sobre dado essencial do produto ou serviço.
A ADEQUADA E EFICAZ PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS PÚBLICOS EM GERAL
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E-BOOK DIREITO DO CONSUMIDOR
- CDC, Art. 22. Os órgãos públicos, por si ou suas empresas, concessionárias, permissionárias ou
sob qualquer outra forma de empreendimento, SÃO OBRIGADOS A FORNECER SERVIÇOS
ADEQUADOS, EFICIENTES, SEGUROS E, QUANTO AOS ESSENCIAIS, CONTÍNUOS.
Parágrafo único. Nos casos de descumprimento, total ou parcial, das obrigações referidas neste
artigo, serão as pessoas jurídicas compelidas a cumpri-las e a reparar os danos causados, na forma
prevista neste código.
- Serviços custeados por tributos serão afastados dos preceitos consumeristas (relação jurídico-
tributária)
- DESCONTINUIDADE DOS SERVIÇOS PÚBLICOS E NECESSIDADE DE NOTIFICAÇÃO
PRÉVIA...
STJ: corte de energia por inadimplemento = não representa descontinuidade.
- Lei 8.987/95 - Dispõe sobre o regime de concessão e permissão da prestação de serviços públicos
previsto no art. 175 da Constituição Federal, e dá outras providências.
- Art. 6o Toda concessão ou permissão pressupõe a prestação de serviço adequado ao pleno
atendimento dos usuários, conforme estabelecido nesta Lei, nas normas pertinentes e no respectivo
contrato. 3o Não se caracteriza como descontinuidade do serviço a sua interrupção em situação de
emergência OU APÓS PRÉVIO AVISO, quando: I - motivada por razões de ordem técnica ou de
segurança das instalações; e, II - por inadimplemento do usuário, considerado o interesse da
coletividade.
- Exige-se o aviso prévio.
STJ: pode haver a interrupção do fornecimento de serviço à pessoa jurídica de direito público, mas
devem ser preservadas as “unidades públicas provedoras de necessidades inadiáveis da comunidade”.
DIREITO ADMINISTRATIVO, CIVIL E CONSTITUCIONAL. FORNECIMENTO DE ENERGIA
ELÉTRICA. MUNICÍPIO INADIMPLENTE. INTERRUPÇÃO. POSSIBILIDADE, COM RESSALVA
DO FORNECIMENTO A UNIDADES PÚBLICAS ESSENCIAIS. RECURSO DE AGRAVO
PARCIALMENTE PROVIDO, POR MAIORIA DE VOTOS. 1. É possível a interrupção do fornecimento
de energia elétrica em razão de inadimplemento, desde que precedida do devido aviso, nos termos da lei. 2.
Em se tratando de consumidor pessoa jurídica de direito público, todavia, essa possibilidade deve ser
obtemperada para ressalvar a manutenção do fornecimento às unidades públicas essenciais, cuja cobrança
deverá ocorrer pelas vias ordinárias. Precedentes do STJ e desta Corte. 3. Incidência do teor da Súmula nº 14
deste Tribunal de Justiça. 4. Por maioria de votos, deu-se provimento parcial ao presente recurso, com o fim
de possibilitar a interrupção do fornecimento de energia elétrica ao Município agravado em razão de
inadimplemento, ressalvadas as unidades essenciais, como educação e saúde, e os logradouros públicos
marginais e lindeiros da BR-101 que se situam no território municipal. (TJ-PE - AGV: 2978547 PE, Relator:
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E-BOOK DIREITO DO CONSUMIDOR
José Ivo de Paula Guimarães, Data de Julgamento: 18/04/2013, 3ª Câmara de Direito Público, Data de
Publicação: 10/05/2013)
SUSPENSÃO EM VIRTUDE DE DÉBITOS PRETÉRITOS
STJ: inadimplência precisa ser atual.
AGRAVO DE INSTRUMENTO EM AÇÃO DE COBRANÇA E COMPENSAÇÃO DE DÍVIDAS.
SUSPENSÃO NO FORNECIMENTO DE ENERGIA ELÉTRICA. PESSOA JURÍDICA DE DIREITO
PÚBLICO. INTERESSE DA COLETIVIDADE. PRESERVAÇÃO DE SERVIÇOS ESSENCIAIS.
INTERRUPÇÃO EM RAZÃO DE DÉBITOS ATUAIS. POSSIBILIDADE. 1. É lícita a interrupção no
fornecimento de energia elétrica em caso de inadimplemento, desde que atendidos os requisitos definidos
em lei, quais sejam, que o débito seja recente e o corte antecedido de notificação, pois a finalidade é
resguardar o interesse da coletividade na continuidade do serviço, a qual restaria ameaçada porque
sucessivos débitos onerariam a sociedade como um todo. Inteligência da Resolução nº 414, de 09 de
setembro de 2010, da ANEEL. (TJ-GO - AI: 01066742020168090000, Relator: DR(A). MAURICIO
PORFIRIO ROSA, Data de Julgamento: 10/11/2016, 4A CAMARA CIVEL, Data de Publicação: DJ 2152
de 21/11/2016)
A RESPONSABILIDADE CIVIL NO CDC
- O CDC não faz qualquer distinção entre a responsabilidade contratual e a extracontratual.
- O CDC traz duas modalidades de responsabilidades: POR VÍCIO E POR FATO.
A OCORRÊNCIA DO VÍCIO DO PRODUTO E DO SERVIÇO
- VÍCIO É A IMPROPRIEDADE OU A INADEQUAÇÃO DO PRODUTO OU SERVIÇO QUE
FERE A EXPECTATIVA DO CONSUMIDOR.
- POSSUI O VÍCIO UMA NATUREZA INTRÍNSECA
- O VÍCIO PODE SER DE FÁCIL CONSTATAÇÃO, APARENTE E OCULTO.
- Art. 18. Os FORNECEDORES DE PRODUTOS de consumo duráveis ou não duráveis
RESPONDEM SOLIDARIAMENTE PELOS VÍCIOS DE QUALIDADE OU QUANTIDADE QUE OS
TORNEM IMPRÓPRIOS OU INADEQUADOS AO CONSUMO A QUE SE DESTINAM OU LHES
DIMINUAM O VALOR, assim como por aqueles decorrentes da disparidade, com as indicações
constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária, respeitadas as
variações decorrentes de sua natureza, PODENDO O CONSUMIDOR EXIGIR A SUBSTITUIÇÃO
DAS PARTES VICIADAS.
§ 1º NÃO SENDO O VÍCIO SANADO NO PRAZO MÁXIMO DE TRINTA DIAS, pode o consumidor
exigir, alternativamente e à sua escolha:
I – A SUBSTITUIÇÃO DO PRODUTO POR OUTRO DA MESMA ESPÉCIE, EM PERFEITAS
CONDIÇÕES DE USO;
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II – A RESTITUIÇÃO IMEDIATA DA QUANTIA PAGA, MONETARIAMENTE ATUALIZADA, SEM
PREJUÍZO DE EVENTUAIS PERDAS E DANOS;
III – O ABATIMENTO PROPORCIONAL DO PREÇO.
§ 2º Poderão as partes convencionar a redução ou ampliação do prazo previsto no parágrafo
anterior, NÃO PODENDO SER INFERIOR A SETE NEM SUPERIOR A CENTO E OITENTA DIAS.
Nos contratos de adesão, a cláusula de prazo deverá ser convencionada em separado, por meio de
manifestação expressa do consumidor.
§ 3º O CONSUMIDOR PODERÁ FAZER USO IMEDIATO DAS ALTERNATIVAS DO § 1º DESTE
ARTIGO SEMPRE QUE, EM RAZÃO DA EXTENSÃO DO VÍCIO, A SUBSTITUIÇÃO DAS PARTES
VICIADAS PUDER COMPROMETER A QUALIDADE OU CARACTERÍSTICAS DO PRODUTO,
DIMINUIR-LHE O VALOR OU SE TRATAR DE PRODUTO ESSENCIAL
§ 4º Tendo o consumidor optado pela alternativa do inciso I do § 1º deste artigo, e não sendo
possível a substituição do bem, poderá haver substituição por outro de espécie, marca ou modelo
diversos, mediante complementação ou restituição de eventual diferença de preço, sem prejuízo do
disposto nos incisos II e III do § 1º deste artigo.
§ 5º No CASO DE FORNECIMENTO DE PRODUTOS IN NATURA, SERÁ RESPONSÁVEL
PERANTE O CONSUMIDOR O FORNECEDOR IMEDIATO, EXCETO QUANDO IDENTIFICADO
CLARAMENTE SEU PRODUTOR.
§ 6º São impróprios ao uso e consumo:
I – os produtos cujos prazos de validade estejam vencidos;
II – os produtos deteriorados, alterados, adulterados, avariados, falsificados, corrompidos,
fraudados, nocivos à vida ou à saúde, perigosos ou, ainda, aqueles em desacordo com as normas
regulamentares de fabricação, distribuição ou apresentação;
III – os produtos que, por qualquer motivo, se revelem inadequados ao fim a que se destinam.
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E-BOOK DIREITO DO CONSUMIDOR
Todas as vezes que o CDC mencionar o vocábulo “fornecedores” a responsabilidade civil será, em
regra, solidária.
- Fornecedor = Gênero
- Fabricante, produtor, construtor, nacional ou estrangeiro, importador e o comerciante.
- Em razão do risco da atividade desenvolvida pelos fornecedores, a responsabilidade será objetiva,
isto é, independentemente de culpa.
- O consumidor, como regra geral, precisa observar o prazo máximo de 30 dias, conforme narrado no
§ 1º do art. 18, para que o fornecedor venha a sanar o vício no produto.
Art. 18, §1º = direito potestativo do FORNECEDOR.
- Não haverá responsabilidade de todos da cadeia de consumo quando estivermos diante de um
produto in natura, ou seja, aquele que não sofre processo de industrialização.
DIREITO DO CONSUMIDOR E CIVIL. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA.
DEVER DE PRESTAÇÃO DE ASSISTÊNCIA TÉCNICA. INTERMEDIAÇÃO PELO COMERCIANTE.
ORGANIZAÇÃO DOS SERVIÇOS. DIREITO DOS FORNECEDORES E EQUIPARADOS. JUROS DE
MORA. TERMO A QUO. CITAÇÃO NA DEMANDA COLETIVA. PRECEDENTES. 1. Demanda em que
se discute a responsabilidade do comerciante de intermediar a relação entre consumidor e assistência técnica
disponibilizada pelo fornecedor. 5. Disponibilizado serviço de assistência técnica, de forma eficaz, efetiva e
eficiente, NA MESMA LOCALIDADE DO ESTABELECIMENTO DO COMERCIANTE, a intermediação
do serviço apenas acarretaria delongas e acréscimo de custos, não justificando a imposição pretendida na
ação coletiva. (STJ - REsp: 1411136 RS 2013/0347647-4, Relator: Ministro MARCO AURÉLIO
BELLIZZE, Data de Julgamento: 24/02/2015, T3 - TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: DJe
10/03/2015)
ADMINISTRATIVO. CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. PROCON.
REPRESENTAÇÃO DO CONSUMIDOR PELO ESTADO. VÍCIO DE QUALIDADE NO PRODUTO.
RESPONSABILIDADE DO FORNECEDOR. EXEGESE DO ARTIGO 18, § 1º, I, DO CDC. 3. No caso
dos autos, inexiste ofensa ao disposto no art. 18 do CDC, pois imediatamente após a reclamação, o
fornecedor prontificou-se a reparar o produto veículo automotor. Não aceita a oferta pelo consumidor,
propôs a substituição do bem por outro nas mesmas condições e em perfeitas condições de uso ou a compra
pelo preço de mercado. Ainda assim, o consumidor manteve-se renitente. 4. "A primeira solução que o
Código apresenta ao consumidor é a substituição das partes viciadas do produto. Não se está diante de uma
'opção' propriamente dita, de vez que, como regra, o consumidor não tem outra alternativa a não ser aceitar
tal substituição" (Antônio Herman de Vasconcellos Benjamin, in Comentários ao Código de Proteção do
Consumidor, coordenador Juarez de Oliveira. São Paulo: Saraiva, 1991). 6. O dispositivo em comento não
confere ao consumidor o direito à troca do bem por outro novo, determina apenas que, "não sendo o vício
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sanado no prazo máximo de trinta dias, pode o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha: I - a
substituição do produto por outro da mesma espécie, em perfeitas condições de uso (...)". (STJ - REsp:
991985 PR 2007/0229568-8, Relator: Ministro CASTRO MEIRA, Data de Julgamento: 18/12/2007, T2 -
SEGUNDA TURMA, Data de Publicação: DJ 11/02/2008 p. 84RT vol. 872 p. 205)
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- Quanto ao vício do produto relativo à quantidade (art. 19, CDC) - não será necessário esperar o
prazo para que ele seja sanado, como ocorre no art. 18. Existindo o vício, o consumidor poderá realizar os
pedidos apresentados de forma imediata.
Art. 19. Os fornecedores respondem solidariamente pelos vícios de quantidade do produto sempre
que, respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, seu conteúdo líquido for inferior às
indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou de mensagem publicitária,
podendo o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha
I - o abatimento proporcional do preço;
II - complementação do peso ou medida;
III - a substituição do produto por outro da mesma espécie, marca ou modelo, sem os aludidos
vícios;
IV - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais
perdas e danos.
Art, 19 - § 1° Aplica-se a este artigo o disposto no § 4° do artigo anterior.
Art. 18 - § 4° Tendo o consumidor optado pela alternativa do inciso I do § 1° deste artigo, e não
sendo possível a substituição do bem, poderá haver substituição por outro de espécie, marca ou
modelo diversos, mediante complementação ou restituição de eventual diferença de preço, sem
prejuízo do disposto nos incisos II e III do § 1° deste artigo.
Art. 19 -§ 2° O fornecedor imediato será responsável quando fizer a pesagem ou a medição e o
instrumento utilizado não estiver aferido segundo os padrões oficiais.
VÍCIO DO SERVIÇO
Art. 20. O fornecedor de SERVIÇOS responde pelos vícios de qualidade que os tornem impróprios
ao consumo ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade com as
indicações constantes da oferta ou mensagem publicitária, PODENDO O CONSUMIDOR EXIGIR,
ALTERNATIVAMENTE E À SUA ESCOLHA:
I - a reexecução dos serviços, sem custo adicional e quando cabível;
II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais
perdas e danos;
III - o abatimento proporcional do preço.
§ 1° A reexecução dos serviços poderá ser confiada a terceiros devidamente capacitados, por conta
e risco do fornecedor.
§ 2° São IMPRÓPRIOS OS SERVIÇOS QUE SE MOSTREM INADEQUADOS PARA OS FINS QUE
RAZOAVELMENTE DELES SE ESPERAM, bem como aqueles que não atendam as normas
regulamentares de prestabilidade.
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A DECADÊNCIA. ANÁLISE DO ART. 26 DO CDC
Art. 26. O direito de reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil constatação caduca em:
I - TRINTA DIAS, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos não duráveis;
II - NOVENTA DIAS, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos duráveis.
§ 1° Inicia-se a contagem do prazo decadencial a partir da entrega efetiva do produto ou do término
da execução dos serviços.
§ 2° Obstam a decadência:
I - a reclamação comprovadamente formulada pelo consumidor perante o fornecedor de produtos e
serviços até a resposta negativa correspondente, que deve ser transmitida de forma inequívoca;
II - (Vetado).
III - a instauração de inquérito civil, até seu encerramento.
§ 3° Tratando-se de vício oculto, o prazo decadencial inicia-se no momento em que ficar
evidenciado o defeito.
- O prazo para reclamar ao fornecedor sobre os vícios do produto e do serviço é decadencial de 30
DIAS PARA OS BENS NÃO DURÁVEIS e de 90 DIAS PARA OS BENS DURÁVEIS.
- A contagem desse prazo INICIA-SE COM A ENTREGA EFETIVA DO PRODUTO OU DO
TÉRMINO DA EXECUÇÃO DOS SERVIÇOS.
- O prazo decadencial será SUSPENSO COM A RECLAMAÇÃO COMPROVADAMENTE
FORMULADA PELO CONSUMIDOR PERANTE O FORNECEDOR DE PRODUTOS E SERVIÇOS
ATÉ A RESPOSTA NEGATIVA CORRESPONDENTE QUE DEVE SER TRANSMITIDA DE FORMA
INEQUÍVOCA,
BEM COMO PELA INSTAURAÇÃO DE INQUÉRITO CIVIL, AINDA NO SEU
ENCERRAMENTO.
- Tratando-se de VÍCIO OCULTO, O PRAZO DECADENCIAL COMEÇA NO MOMENTO EM
QUE FICAR EVIDENCIADO O DEFEITO
- Prazo decadencial = Direito Potestativo (do fornecedor)
- Vício Aparente ou de Fácil Constatação = identificação se dá com mero exame superficial.
- Vício Oculto = Já está presente, mas somente se manifesta a posteriori + identificação NÃO se dá
com simples exame pelo consumidor.
VIDA ÚTIL E VÍCIO OCULTO
REsp 984106 / SC - Relator(a) Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO
DIREITO DO CONSUMIDOR E PROCESSUAL CIVIL. VÍCIO DO PRODUTO.
MANIFESTAÇÃO FORA DO PRAZO DE GARANTIA. VÍCIO OCULTO RELATIVO À
FABRICAÇÃO. CONSTATAÇÃO PELAS INSTÂNCIAS ORDINÁRIAS. RESPONSABILIDADE DO
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E-BOOK DIREITO DO CONSUMIDOR
FORNECEDOR. DOUTRINA E JURISPRUDÊNCIA. EXEGESE DO ART. 26, § 3º, DO CDC. 3. No
mérito da causa, cuida-se de ação de cobrança ajuizada por vendedor de máquina agrícola, pleiteando os
custos com o reparo do produto vendido. O Tribunal a quo manteve a sentença de improcedência do pedido
deduzido pelo ora recorrente, porquanto reconheceu sua responsabilidade pelo vício que inquinava o produto
adquirido pelo recorrido, tendo sido comprovado que se tratava de defeito de fabricação e que era ele oculto.
5. Por óbvio, o fornecedor não está, ad aeternum, responsável pelos produtos colocados em circulação, mas
sua responsabilidade não se limita pura e simplesmente ao prazo contratual de garantia, o qual é estipulado
unilateralmente por ele próprio. Deve ser considerada para a aferição da responsabilidade do fornecedor a
natureza do vício que inquinou o produto, mesmo que tenha ele se manifestado somente ao término da
garantia. 6. Os prazos de garantia, sejam eles legais ou contratuais, visam a acautelar o adquirente de
produtos contra defeitos relacionados ao desgaste natural da coisa, como sendo um intervalo mínimo de
tempo no qual não se espera que haja deterioração do objeto. Depois desse prazo, tolera-se que, em virtude
do uso ordinário do produto, algum desgaste possa mesmo surgir.
Coisa diversa é o vício intrínseco do produto existente desde sempre, mas que somente veio a se
manifestar depois de expirada a garantia. Nessa categoria de vício intrínseco certamente se inserem os
defeitos de fabricação relativos a projeto, cálculo estrutural, resistência de materiais, entre outros, os quais,
em não raras vezes, somente se tornam conhecidos depois de algum tempo de uso, mas que, todavia, não
decorrem diretamente da fruição do bem, e sim de uma característica oculta que esteve latente até então. 7.
Cuidando-se de vício aparente, é certo que o consumidor deve exigir a reparação no prazo de noventa dias,
em se tratando de produtos duráveis, iniciando a contagem a partir da entrega efetiva do bem e não fluindo o
citado prazo durante a garantia contratual. Porém, conforme assevera a doutrina consumerista, o Código de
Defesa do Consumidor, no § 3º do art. 26, no que concerne à disciplina do vício oculto, adotou o critério da
vida útil do bem, e não o critério da garantia, podendo o fornecedor se responsabilizar pelo vício em um
espaço largo de tempo, mesmo depois de expirada a garantia contratual. 8. Com efeito, em se tratando de
vício oculto não decorrente do desgaste natural gerado pela fruição ordinária do produto, mas da própria
fabricação, e relativo a projeto, cálculo estrutural, resistência de materiais, entre outros, o prazo para
reclamar pela reparação se inicia no momento em que ficar evidenciado o defeito, não obstante tenha isso
ocorrido depois de expirado o prazo contratual de garantia, devendo ter-se sempre em vista o critério da vida
útil do bem.
OBSOLESCÊNCIA PROGRAMADA
- Vida útil reduzida.
- Pratica Abusiva
3ª Do Plural
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E-BOOK DIREITO DO CONSUMIDOR
Engenheiros do Hawaii
Satisfação garantida
Obsolescência programada
Eles ganham a corrida
Antes mesmo da largada
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E-BOOK DIREITO DO CONSUMIDOR
RESPONSABILIDADE DO PROFISSIONAL LIBERAL EM OBRIGAÇÃO DE RESULTADO =
CULPA PRESUMIDA = INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA (NÃO É OBJETIVA – MESMO NA DE
RESULTADO).
RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL. ERRO MÉDICO. ART. 14 DO CDC.
CIRURGIA PLÁSTICA. OBRIGAÇÃO DE RESULTADO. CASO FORTUITO. EXCLUDENTE DE
RESPONSABILIDADE 1. Os procedimentos cirúrgicos de fins meramente estéticos caracterizam
verdadeira obrigação de resultado, pois neles o cirurgião assume verdadeiro compromisso pelo efeito
embelezador prometido. 2. Nas OBRIGAÇÕES DE RESULTADO, A RESPONSABILIDADE DO
PROFISSIONAL DA MEDICINA PERMANECE SUBJETIVA. Cumpre ao médico, contudo, demonstrar
que os eventos danosos decorreram de fatores externos e alheios à sua atuação durante a cirurgia. 3. Apesar
de não prevista expressamente no CDC, a eximente de caso fortuito possui força liberatória e exclui a
responsabilidade do cirurgião plástico, pois rompe o nexo de causalidade entre o dano apontado pelo
paciente e o serviço prestado pelo profissional. (STJ - REsp: 1180815 MG 2010/0025531-0, Relator:
Ministra NANCY ANDRIGHI, Data de Julgamento: 19/08/2010, T3 - TERCEIRA TURMA, Data de
Publicação: DJe 26/08/2010)
DANO MORAL. CIRURGIA PLÁSTICA. OBRIGAÇÃO. RESULTADO.
Em ação indenizatória por fracasso de procedimento plástico-cirúrgico (abdominoplastia e
mamoplastia com resultado de cicatrizes, necrose edeformação), o Tribunal a quo reformou a sentença,
condenando o médico a pagar todas as despesas despendidas com sucessivos tratamentos médicos e verbas
honorárias, devendo o quantum serapurado em sede de liquidação, além do pagamento de indenização por
dano moral, em razão da obrigação de resultado.
Entendeu aquele Tribunal que o cirurgião plástico responde pelo insucesso da cirurgia diante da
ausência de informação de que seria impossível a obtenção do resultado desejado. Isso posto, o Min. Relator
destaca que, no REsp, a controvérsia restringe-se exclusivamente em saber se é presumida a culpa do
cirurgião pelos resultados inversos aos esperados. Explica que a obrigação assumida pelos médicos
normalmente é obrigação de meio, no entanto, em caso da cirurgiaplástica meramente estética, é obrigação
de resultado, o que encontra respaldo na doutrina, embora alguns doutrinadores defendam que seria
obrigação de meio.
Mas a jurisprudência deste Superior Tribunal posiciona-se no sentido de que a natureza jurídica da
relação estabelecida entre médico e paciente nas cirurgias plásticas meramente estéticas é de obrigação de
resultado, e não de meio.
Observa que, NAS OBRIGAÇÕES DE MEIO, INCUMBE À VÍTIMA DEMONSTRAR O DANO E
PROVAR QUE OCORREU POR CULPA DO MÉDICO E, NAS OBRIGAÇÕES DE RESULTADO,
BASTA QUE A VÍTIMA DEMONSTRE,COMO FEZ A AUTORA NOS AUTOS, O DANO, OU SEJA,
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DEMONSTROU QUE O MÉDICO NÃO OBTEVE O RESULTADO PROMETIDO E CONTRATADO
PARA QUE A CULPA PRESUMA-SE, DAÍ A INVERSÃO DA PROVA.
A obrigação de resultado não priva ao médico a possibilidade de demonstrar, por meio de provas
admissíveis, que o efeito danoso ocorreu, como, por exemplo: força maior, caso fortuito, ou mesmo culpa
exclusiva da vítima. Concluiu que, no caso dos autos, o dano está configurado e o recorrente não conseguiu
desvencilhar-se da culpa presumida. Diante do exposto, a Turma negou provimento ao recurso do cirurgião.
Precedentes citados: REsp 326.014-RJ, DJ 29/10/2001; REsp 81.101-PR, DJ31/5/1999, e REsp 10.536-RJ,
DJ 19/8/1991. REsp 236.708-MG, Rel. Min. Carlos Fernando Mathias (Juiz convocado do TRF da 1ª
Região), julgado em 10/2/2009.
Responsabilidade Hospital > Médico > Paciente Lesado
RECURSO ESPECIAL: 1) RESPONSABILIDADE CIVIL - HOSPITAL - DANOS MATERIAIS E
MORAIS - ERRO DE DIAGNÓSTICO DE SEU PLANTONISTA - OMISSÃO DE DILIGÊNCIA DO
ATENDENTE - APLICABILIDADE DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR; 2) HOSPITAL -
RESPONSABILIDADE - CULPA DE PLANTONISTA ATENDENTE, INTEGRANTE DO CORPO
CLÍNICO - RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO HOSPITAL ANTE A CULPA DE SEU
PROFISSIONAL; 3) MÉDICO - ERRO DE DIAGNÓSTICO EM PLANTÃO - CULPA SUBJETIVA -
INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA APLICÁVEL - 4) ACÓRDÃO QUE RECONHECE CULPA
DIANTE DA ANÁLISE DA PROVA - IMPOSSIBILIDADE DE REAPRECIAÇÃO POR ESTE
TRIBUNAL - SÚMULA 7/STJ. 1.- Serviços de atendimento médico-hospitalar em hospital de emergência
são sujeitos ao Código de Defesa do Consumidor. 2.- A responsabilidade do hospital é objetiva quanto à
atividade de seu profissional plantonista (CDC, art. 14), de modo que dispensada demonstração da culpa do
hospital relativamente a atos lesivos decorrentes de culpa de médico integrante de seu corpo clínico no
atendimento. 3.- A responsabilidade de médico atendente em hospital é subjetiva, necessitando de
demonstração pelo lesado, mas aplicável a regra de inversão do ônus da prova (CDC. art. 6º, VIII). 4.- A
verificação da culpa de médico demanda necessariamente o revolvimento do conjunto fático-probatório da
causa, de modo que não pode ser objeto de análise por este Tribunal (Súmula 7/STJ). 5.- Recurso Especial
do hospital improvido. (STJ - REsp: 696284 RJ 2004/0144963-1, Relator: Ministro SIDNEI BENETI, Data
de Julgamento: 03/12/2009, T3 - TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: DJe 18/12/2009)
DIREITO CIVIL. RESPONSABILIDADE DO HOSPITAL POR ERRO MÉDICO E POR DEFEITO NO
SERVIÇO
1. A responsabilidade das sociedades empresárias hospitalares por dano causado ao paciente-
consumidor pode ser assim sintetizada:
(i) as obrigações assumidas diretamente pelo complexo hospitalar limitam-se ao fornecimento de
recursos materiais e humanos auxiliares adequados à prestação dos serviços médicos e à supervisão do
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paciente, hipótese em que a responsabilidade objetiva da instituição (por ato próprio) exsurge somente em
decorrência de defeito no serviço prestado (art. 14, caput, do CDC);
(ii) os atos técnicos praticados pelos médicos sem vínculo de emprego ou subordinação com o
hospital são imputados ao profissional pessoalmente, eximindo-se a entidade hospitalar de qualquer
responsabilidade (art. 14, § 4, do CDC), se não concorreu para a ocorrência do dano;
(iii) quanto aos atos técnicos praticados de forma defeituosa pelos profissionais da saúde vinculados
de alguma forma ao hospital, respondem solidariamente a instituição hospitalar e o profissional responsável,
apurada a sua culpa profissional. Nesse caso, o hospital é responsabilizado indiretamente por ato de terceiro,
cuja culpa deve ser comprovada pela vítima de modo a fazer emergir o dever de indenizar da instituição, de
natureza absoluta (arts. 932 e933 do CC), sendo cabível ao juiz, demonstrada a hipossuficiência do paciente,
determinar a inversão do ônus da prova (art. 6º, VIII, do CDC).
(STJ - REsp: 1145728 MG 2009/0118263-2, Relator: Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA,
Data de Julgamento: 28/06/2011, T4 - QUARTA TURMA, Data de Publicação: DJe 08/09/2011)
Súmula 130 STJ - A EMPRESA RESPONDE, PERANTE O CLIENTE, PELA REPARAÇÃO DE DANO
OU FURTO DE VEICULO OCORRIDOS EM SEU ESTACIONAMENTO.
RECURSO ESPECIAL. AÇÃO INDENIZATÓRIA. DANOS MORAIS E MATERIAIS. ROUBO
DE MOTOCICLETA. EMPREGO DE ARMA DE FOGO. ÁREA EXTERNA DE LANCHONETE.
ESTACIONAMENTO GRATUITO. CASO FORTUITO OU FORÇA MAIOR. FORTUITO EXTERNO.
SÚMULA Nº 130/STJ. INAPLICABILIDADE AO CASO. 1. Ação indenizatória promovida por cliente,
vítima do roubo de sua motocicleta no estacionamento externo e gratuito oferecido por lanchonete. 3. A teor
do que dispõe a Súmula nº 130/STJ, a empresa responde, perante o cliente, pela reparação de dano ou furto
de veículos ocorridos no seu estacionamento. 4. Em casos de roubo, a jurisprudência desta Corte tem
admitido a interpretação extensiva da Súmula nº 130/STJ para entender configurado o dever de indenizar de
estabelecimentos comerciais quando o crime for praticado no estacionamento de empresas destinadas à
exploração econômica direta da referida atividade (hipótese em que configurado fortuito interno) ou quando
esta for explorada de forma indireta por grandes shopping centers ou redes de hipermercados (hipótese em
que o dever de reparar resulta da frustração de legítima expectativa de segurança do consumidor). 5. No
caso, a prática do crime de roubo, com emprego inclusive de arma de fogo, de cliente de lanchonete fast-
food, ocorrido no estacionamento externo e gratuito por ela oferecido, constitui verdadeira hipótese de caso
fortuito (ou motivo de força maior) que afasta do estabelecimento comercial proprietário da mencionada
área o dever de indenizar (art. 393 do Código Civil). 6. Recurso especial provido. (STJ - REsp: 1431606 SP
2014/0015227-3, Relator: Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO, Data de Julgamento:
15/08/2017, T3 - TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: DJe 13/10/2017)
OCORRÊNCIA DO FATO DO SERVIÇO
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- No FATO DO SERVIÇO, TODOS OS PARTICIPANTES DA CADEIA DE CONSUMO
(Fornecedores) RESPONDEM SOLIDARIAMENTE.
FATO DO SERVIÇO - EXCUDENTES DA RESPONSABILIDADE
- § 3° O fornecedor de serviços só não será responsabilizado quando provar:
I - que, TENDO PRESTADO O SERVIÇO, O DEFEITO INEXISTE;
II - a CULPA EXCLUSIVA DO CONSUMIDOR OU DE TERCEIRO
DA DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA NO CDC
Art. 28. O juiz poderá DESCONSIDERAR A PERSONALIDADE JURÍDICA DA SOCIEDADE
QUANDO, EM DETRIMENTO DO CONSUMIDOR, HOUVER ABUSO DE DIREITO, EXCESSO
DE PODER, INFRAÇÃO DA LEI, FATO OU ATO ILÍCITO OU VIOLAÇÃO DOS ESTATUTOS OU
CONTRATO SOCIAL. A DESCONSIDERAÇÃO TAMBÉM SERÁ EFETIVADA QUANDO HOUVER
FALÊNCIA, ESTADO DE INSOLVÊNCIA, ENCERRAMENTO OU INATIVIDADE DA PESSOA
JURÍDICA PROVOCADOS POR MÁ ADMINISTRAÇÃO.
§ 5° TAMBÉM PODERÁ SER DESCONSIDERADA A PESSOA JURÍDICA SEMPRE QUE SUA
PERSONALIDADE FOR, DE ALGUMA FORMA, OBSTÁCULO AO RESSARCIMENTO DE
PREJUÍZOS CAUSADOS AOS CONSUMIDORES.
- independentemente da existência de “desvio de finalidade” ou de “confusão patrimonial” (previstos
no art. 50 do CC).
Responsabilidade civil e Direito do consumidor. Recurso especial. Shopping Center de Osasco-SP.
Explosão. Consumidores. Danos materiais e morais. Ministério Público. Legitimidade ativa. Pessoa jurídica.
Desconsideração. Teoria maior e teoria menor. Limite de responsabilização dos sócios. Código de Defesa do
Consumidor. Requisitos. Obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados aos consumidores. Art. 28, § 5º.
– (...) A teoria maior da desconsideração, regra geral no sistema jurídico brasileiro, não pode ser aplicada
com a mera demonstração de estar a pessoa jurídica insolvente para o cumprimento de suas obrigações.
Exige-se, aqui, para além da prova de insolvência, ou a demonstração de desvio de finalidade (teoria
subjetiva da desconsideração), ou a demonstração de confusão patrimonial (teoria objetiva da
desconsideração). - A teoria menor da desconsideração, acolhida em nosso ordenamento jurídico
excepcionalmente no Direito do Consumidor e no Direito Ambiental, incide com a mera prova de
insolvência da pessoa jurídica para o pagamento de suas obrigações, independentemente da existência de
desvio de finalidade ou de confusão patrimonial. - Para a teoria menor, o risco empresarial normal às
atividades econômicas não pode ser suportado pelo terceiro que contratou com a pessoa jurídica, mas pelos
sócios e/ou administradores desta, ainda que estes demonstrem conduta administrativa proba, isto é, mesmo
que não exista qualquer prova capaz de identificar conduta culposa ou dolosa por parte dos sócios e/ou
administradores da pessoa jurídica. - A aplicação da teoria menor da desconsideração às relações de
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consumo está calcada na exegese autônoma do § 5º do art. 28, do CDC, porquanto a incidência desse
dispositivo não se subordina à demonstração dos requisitos previstos no caput do artigo indicado, mas
apenas à prova de causar, a mera existência da pessoa jurídica, obstáculo ao ressarcimento de prejuízos
causados aos consumidores. - Recursos especiais não conhecidos. (STJ - REsp: 279273 SP 2000/0097184-7,
Relator: Ministro ARI PARGENDLER, Data de Julgamento: 04/12/2003, T3 - TERCEIRA TURMA, Data
de Publicação: --> DJ 29/03/2004 p. 230RDR vol. 29 p. 356)
28. APROFUNDAMENTOS
PARTE GERAL
“A década de 1990 foi muito profícua em termos de legislação. Apesar de ter iniciado com forte
turbulência política, por conta de uma renúncia presidencial, após um período também turbulento em um
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regime de governo não democrático, muitas das principais leis que hoje utilizamos foram produzidas neste
período. Destas, podem ser destacadas a Lei 8.069/90, conhecida como Estatuto da Criança e do
Adolescente, a Lei 8.137/90, a Lei de crimes contra a ordem tributária e relações de consumo, Lei 8.072/90,
ou Lei de crimes hediondos, além do presente diploma, conhecido amplamente como Código de Defesa do
Consumidor.” (Ziesemer. Interesses e Direitos Difusos e Coletivos. Juspodivm, 2018, p. 295
Defesa do Consumidor: ADCT: Art. 48. O Congresso Nacional, dentro de cento e vinte dias da
promulgação da Constituição, elaborará código de defesa do consumidor.
Constituição:
Art. 5º XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor;
Art.24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: VIII -
responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico,
estético, histórico, turístico e paisagístico;
LIMITAÇÕES AO PODER DE TRIBUTAR
Art. 150 § 5º A lei determinará medidas para que os consumidores sejam esclarecidos acerca dos
impostos que incidam sobre mercadorias e serviços.
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem
por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os
seguintes princípios: V - defesa do consumidor;
Código de Defesa do Consumidor:
Art. 1° O presente código estabelece normas de proteção e defesa do consumidor, de ordem pública
e interesse social, nos termos dos arts. 5°, inciso XXXII, 170, inciso V, da Constituição Federal e art.
48 de suas Disposições Transitórias.
Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como
destinatário final.
Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis,
que haja intervindo nas relações de consumo.
Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira,
bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação,
construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou
prestação de serviços.
§ 1° Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial.
§ 2° Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração,
inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das
relações de caráter trabalhista.
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PRÁTICAS COMERCIAIS
Art. 29. Para os fins deste Capítulo e do seguinte, equiparam-se aos consumidores todas as pessoas
determináveis ou não, expostas às práticas nele previstas. (natureza difusa)
Art. 30. Toda informação ou publicidade, suficientemente precisa, veiculada por qualquer forma ou
meio de comunicação com relação a produtos e serviços oferecidos ou apresentados, obriga o
fornecedor que a fizer veicular ou dela se utilizar e integra o contrato que vier a ser celebrado.
Verificar os princípios da boa-fé objetiva e transparência. Princípio da vinculação.
Superior Tribunal de Justiça:
RECURSO ESPECIAL. CIVIL. PREVIDÊNCIA PRIVADA. NEGATIVA DE PRESTAÇÃO
JURISDICIONAL. NÃO OCORRÊNCIA. DENUNCIAÇÃO DA LIDE DO PATROCINADOR.
INADMISSIBILIDADE. AUSÊNCIA DE DIREITO DE REGRESSO. MIGRAÇÃO DE PLANOS DE
BENEFÍCIOS. DESISTÊNCIA DE PARTICIPANTES. POSSIBILIDADE. NOTÍCIA DIVULGADA NO
SITE OFICIAL. OFERTA AO PÚBLICO. VINCULAÇÃO AO CONTEÚDO. DEVER DE NÃO
ENGANAR. AÇÃO COLETIVA. EXCLUSÃO DE ALGUNS REPRESENTADOS. SUCUMBÊNCIA
RECÍPROCA. NÃO CONFIGURAÇÃO. ASSOCIAÇÃO CIVIL EM REGIME DE REPRESENTAÇÃO.
3. A oferta ao público, entendida como a divulgação de produto ou serviço a uma coletividade de pessoas
utilizando um meio de comunicação de massa, equivale à proposta, caso apresente os requisitos essenciais
do contrato, possuindo, portanto, o efeito de vincular o ofertante a partir da difusão da informação ao
público-alvo (arts. 427 e 429 do CC). (REsp 1447375/SP, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS
CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado em 13/12/2016, DJe 19/12/2016)
Art. 31. A oferta e apresentação de produtos ou serviços devem assegurar informações corretas,
claras, precisas, ostensivas e em língua portuguesa sobre suas características, qualidades,
quantidade, composição, preço, garantia, prazos de validade e origem, entre outros dados, bem
como sobre os riscos que apresentam à saúde e segurança dos consumidores.
Guarda relação com o direito de informação e de escolha do consumidor, previsto no art. 6º do CDC
Segundo Flávio Tartuce e Daniel Amorim, “o conteúdo da oferta deve ser completo, de modo que o
consumidor seja devidamente informado a respeito daquilo que está sendo adquirido” (Manual de Direito do
Consumidor, 2017, p. 2015).
Art. 34. O fornecedor do produto ou serviço é solidariamente responsável pelos atos de seus
prepostos ou representantes autônomos.
Trata-se da chamada teoria da aparência, onde o preposto ou representante autônomo, representa,
perante o consumidor, a figura do fornecedor do produto ou serviço.
Art. 35. Se o fornecedor de produtos ou serviços recusar cumprimento à oferta, apresentação ou
publicidade, o consumidor poderá, alternativamente e à sua livre escolha:
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I - exigir o cumprimento forçado da obrigação, nos termos da oferta, apresentação ou publicidade;
II - aceitar outro produto ou prestação de serviço equivalente;
III - rescindir o contrato, com direito à restituição de quantia eventualmente antecipada,
monetariamente atualizada, e a perdas e danos.
Publicidade: Atividade desenvolvida no mercado de consumo destinada a apresentar as qualidades e
características de produto ou serviço, a fim de atrair o consumidor à sua aquisição. (Ziesemer).
A publicidade pode ser conceituada como sendo qualquer forma de transmissão difusa de dados e
informações com o intuito de motivar a aquisição de produtos ou serviços no mercado de consumo. (Tartuce
& Amorim p. 222).
Art. 36. A publicidade deve ser veiculada de tal forma que o consumidor, fácil e imediatamente, a
identifique como tal.
Art. 37. É proibida toda publicidade enganosa ou abusiva.
§ 1° É enganosa qualquer modalidade de informação ou comunicação de caráter publicitário,
inteira ou parcialmente falsa, ou, por qualquer outro modo, mesmo por omissão, capaz de induzir
em erro o consumidor a respeito da natureza, características, qualidade, quantidade, propriedades,
origem, preço e quaisquer outros dados sobre produtos e serviços.
§ 2° É abusiva, dentre outras a publicidade discriminatória de qualquer natureza, a que incite à
violência, explore o medo ou a superstição, se aproveite da deficiência de julgamento e experiência
da criança, desrespeita valores ambientais, ou que seja capaz de induzir o consumidor a se
comportar de forma prejudicial ou perigosa à sua saúde ou segurança.
§ 3° Para os efeitos deste código, a publicidade é enganosa por omissão quando deixar de informar
sobre dado essencial do produto ou serviço.
STJ - RECURSO ESPECIAL E AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. AÇÃO COLETIVA.
DIREITO DO CONSUMIDOR. INTERNET. BANDA LARGA. VELOCIDADE.
PUBLICIDADE ENGANOSA POR OMISSÃO. AUSÊNCIA DE INFORMAÇÕES ESSENCIAIS.
EFEITOS DA OMISSÃO. BOA FÉ OBJETIVA E PROTEÇÃO DA CONFIANÇA LEGÍTIMA.
PROPORCIONALIDADE E RAZOABILIDADE. ARTS. 4º, III, E 35 DO CDC. REEXAME
NECESSÁRIO. ART. 19 DA LEI 4.717/65. SUCUMBÊNCIA. OCORRÊNCIA. EFEITOS DA
SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA. EXTENSÃO. ERGA OMNES. 1. Cuida-se de ação coletiva de
consumo, ajuizada pelo recorrente em face da agravante, na qual sustenta que a agravante pratica
publicidade enganosa, pois noticia apenas a velocidade informada como referência da banda larga, que não é
equivalente àquela garantida e efetivamente usufruída pelos consumidores ao utilizarem o serviço de acesso
à internet. 6. No que diz respeito à publicidade enganosa por omissão, a indução a engano decorre da
circunstância de o fornecedor negligenciar algum dado essencial sobre o produto ou serviço por ele
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comercializado, induzindo o consumidor à contratação por meio de erro, por não ter consciência sobre
elemento que, se conhecido, prejudicaria sua vontade em concretizar a transação. (REsp 1540566/SC, Rel.
Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 11/09/2018, DJe 18/09/2018)
STJ - RECURSO ESPECIAL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. DANOS MORAIS COLETIVOS
CAUSADOS AOS CONSUMIDORES DE CUIABÁ. INFIDELIDADE DE BANDEIRA. FRAUDE EM
OFERTA OU PUBLICIDADE ENGANOSA PRATICADAS POR REVENDEDOR DE COMBUSTÍVEL.
(REsp 1487046/MT, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em
28/03/2017, DJe 16/05/2017)
PROCESSUAL CIVIL. DIREITO DO CONSUMIDOR. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. VIOLAÇÃO
DO ART. 535 DO CPC. FUNDAMENTAÇÃO DEFICIENTE. SÚMULA 284/STF. PUBLICIDADE DE
ALIMENTOS DIRIGIDA À CRIANÇA. ABUSIVIDADE. VENDA CASADA CARACTERIZADA.
ARTS. 37, § 2º, E 39, I, DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. 1. Não prospera a alegada
violação do art. 535 do Código de Processo Civil, uma vez que deficiente sua fundamentação. Assim, aplica-
se ao caso, mutatis mutandis, o disposto na Súmula 284/STF. 2. A hipótese dos autos caracteriza publicidade
duplamente abusiva. Primeiro, por se tratar de anúncio ou promoção de venda de alimentos direcionada,
direta ou indiretamente, às crianças. Segundo, pela evidente "venda casada", ilícita em negócio jurídico entre
adultos e, com maior razão, em contexto de marketing que utiliza ou manipula o universo lúdico infantil (art.
39, I, do CDC).3. In casu, está configurada a venda casada, uma vez que, para adquirir/comprar o relógio,
seria necessário que o consumidor comprasse também 5 (cinco) produtos da linha "Gulosos". Recurso
especial improvido.(REsp 1558086/SP, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA,
julgado em 10/03/2016, DJe 15/04/2016)
Art. 38. O ônus da prova da veracidade e correção da informação ou comunicação publicitária cabe
a quem as patrocina.
Não se confunde com a inversão do ônus da prova, do art. 6º, VIII, do CDC.
Práticas abusivas. São práticas ocorridas no mercado e na relação de consumo que lesam o direito do
consumidor, colocando-o em desvantagem.
Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras práticas abusivas: (o rol é
exemplificativo)
I - condicionar o fornecimento de produto ou de serviço ao fornecimento de outro produto ou
serviço, bem como, sem justa causa, a limites quantitativos;
III - enviar ou entregar ao consumidor, sem solicitação prévia, qualquer produto, ou fornecer
qualquer serviço;
IV - prevalecer-se da fraqueza ou ignorância do consumidor, tendo em vista sua idade, saúde,
conhecimento ou condição social, para impingir-lhe seus produtos ou serviços;
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X - elevar sem justa causa o preço de produtos ou serviços.
XIV - permitir o ingresso em estabelecimentos comerciais ou de serviços de um número maior de
consumidores que o fixado pela autoridade administrativa como máximo. (Incluído pela Lei nº
13.425, de 2017)
RECURSO ESPECIAL. PROCESSO CIVIL. DIREITO DO CONSUMIDOR. ART. 39, I, DO CDC.
VENDA CASADA. VENDA DE ALIMENTOS. ESTABELECIMENTOS CINEMATOGRÁFICOS.
LIBERDADE DE ESCOLHA. ART. 6º, II, DO CDC. VIOLAÇÃO. AQUISIÇÃO DE PRODUTOS EM
OUTRO LOCAL. VEDAÇÃO. TUTELA COLETIVA. ART. 16 DA LEI Nº 7.347/1985. SENTENÇA
CIVIL. DIREITOS INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS. EFICÁCIA ERGA OMNES. LIMITE
TERRITORIAL. APLICABILIDADE. 1. A venda casada ocorre em virtude do condicionamento a uma
única escolha, a apenas uma alternativa, já que não é conferido ao consumidor usufruir de outro produto
senão aquele alienado pelo fornecedor. 2. Ao compelir o consumidor a comprar dentro do próprio cinema
todo e qualquer produto alimentício, o estabelecimento dissimula uma venda casada (art. 39, I, do CDC),
limitando a liberdade de escolha do consumidor (art. 6º, II, do CDC), o que revela prática abusiva. (REsp
1331948/SP, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado em
14/06/2016, DJe 05/09/2016)
COBRANÇA DE DÍVIDAS
Art. 42. Na cobrança de débitos, o consumidor inadimplente não será exposto a ridículo, nem será
submetido a qualquer tipo de constrangimento ou ameaça.
Dos Bancos de Dados e Cadastros de Consumidores
Art. 43. O consumidor, sem prejuízo do disposto no art. 86, terá acesso às informações existentes em
cadastros, fichas, registros e dados pessoais e de consumo arquivados sobre ele, bem como sobre as
suas respectivas fontes.
§ 1° Os cadastros e dados de consumidores devem ser objetivos, claros, verdadeiros e em linguagem
de fácil compreensão, não podendo conter informações negativas referentes a período superior a
cinco anos.
§ 2° A abertura de cadastro, ficha, registro e dados pessoais e de consumo deverá ser comunicada
por escrito ao consumidor, quando não solicitada por ele.
§ 3° O consumidor, sempre que encontrar inexatidão nos seus dados e cadastros, poderá exigir sua
imediata correção, devendo o arquivista, no prazo de cinco dias úteis, comunicar a alteração aos
eventuais destinatários das informações incorretas.
§ 4° Os bancos de dados e cadastros relativos a consumidores, os serviços de proteção ao crédito e
congêneres são considerados entidades de caráter público.
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§ 5° Consumada a prescrição relativa à cobrança de débitos do consumidor, não serão fornecidas,
pelos respectivos Sistemas de Proteção ao Crédito, quaisquer informações que possam impedir ou
dificultar novo acesso ao crédito junto aos fornecedores.
§ 6o Todas as informações de que trata o caput deste artigo devem ser disponibilizadas em formatos
acessíveis, inclusive para a pessoa com deficiência, mediante solicitação do consumidor. (Incluído
pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
Súmula 550 - A utilização de escore de crédito, método estatístico de avaliação de risco que não
constitui banco de dados, dispensa o consentimento do consumidor, que terá o direito de solicitar
esclarecimentos sobre as informações pessoais valoradas e as fontes dos dados considerados no
respectivo cálculo. (Súmula 550, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 14/10/2015, DJe 19/10/2015)
Art. 44. Os órgãos públicos de defesa do consumidor manterão cadastros atualizados de
reclamações fundamentadas contra fornecedores de produtos e serviços, devendo divulgá-lo pública
e anualmente. A divulgação indicará se a reclamação foi atendida ou não pelo fornecedor.
§ 1° É facultado o acesso às informações lá constantes para orientação e consulta por qualquer
interessado.
STJ - CONSUMIDOR. CIVIL. AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL.
INCLUSÃO DOS DADOS DA USUÁRIA EM CADASTRO DE INADIMPLENTES. DANO MORAL
NÃO CONFIGURADO. PRÉ-EXISTÊNCIA DE OUTROS REGISTROS DESABONADORES.
INCIDÊNCIA DA SÚMULA Nº 385 DO STJ. 1. Ao consumidor que detém outros registros desabonadores
em cadastro de inadimplentes, uma nova inclusão indevida, por si só, não gera dano moral indenizável, mas
apenas o dever de a empresa que cometeu o ato ilícito suprimir aquela inscrição indevida. 2. A usuária não
apresentou argumento novo capaz de modificar a conclusão alvitrada, que se apoiou em entendimento
consolidado no Superior Tribunal de Justiça. Incidência da Súmula nº 385 do STJ. 3. Agravo interno a que
se nega provimento. (AgInt no REsp 1684793/SP, Rel. Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, QUARTA
TURMA, julgado em 08/05/2018, DJe 16/05/2018)
STJ - AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE
CIVIL. SERVIÇO DE TELECOMUNICAÇÕES. 1. COBRANÇA INDEVIDA, SEM INSCRIÇÃO DO
CONSUMIDOR EM CADASTRO DE INADIMPLENTES. NÃO CONFIGURAÇÃO DO DANO MORAL
IN RE IPSA. 2. COMPROVAÇÃO DA OCORRÊNCIA DE DANO MORAL. REEXAME DE PROVAS.
IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 7/STJ. 3. DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL NÃO DEMONSTRADO.
AUSÊNCIA DE SIMILITUDE FÁTICA. 4. AGRAVO INTERNO IMPROVIDO. 1. Quando não há
inscrição em cadastro de inadimplentes, a mera cobrança após a solicitação de cancelamento do serviço não
gera presunção de dano moral, sendo imprescindível a comprovação de constrangimento ou abalo
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psicológico suficiente para ensejar indenização. [...] (AgInt no AREsp 1153364/SC, Rel. Ministro MARCO
AURÉLIO BELLIZZE, TERCEIRA TURMA, julgado em 24/04/2018, DJe 04/05/2018)
PROTEÇÃO CONTRATUAL
Art. 46. Os contratos que regulam as relações de consumo não obrigarão os consumidores, se não
lhes for dada a oportunidade de tomar conhecimento prévio de seu conteúdo, ou se os respectivos
instrumentos forem redigidos de modo a dificultar a compreensão de seu sentido e alcance.
Art. 47. As cláusulas contratuais serão interpretadas de maneira mais favorável ao consumidor.
(art. 4º, I do CDC – vulnerabilidade do consumidor no mercado de consumo)
Art. 49. O consumidor pode desistir do contrato, no prazo de 7 dias a contar de sua assinatura ou do
ato de recebimento do produto ou serviço, sempre que a contratação de fornecimento de produtos e
serviços ocorrer fora do estabelecimento comercial, especialmente por telefone ou a domicílio.
Parágrafo único. Se o consumidor exercitar o direito de arrependimento previsto neste artigo, os
valores eventualmente pagos, a qualquer título, durante o prazo de reflexão, serão devolvidos, de
imediato, monetariamente atualizados.
Direito de arrependimento. Segundo o STJ, não necessita de nenhuma motivação.
[...] 2. Quando o contrato de consumo for concluído fora do estabelecimento comercial, o
consumidor tem o direito de desistir do negócio em 7 dias, sem nenhuma motivação, nos termos do art. 49
do CDC. Precedentes. 3. Agravo regimental não provido. (AgRg no AREsp 533.990/MG, Rel. Ministro
MOURA RIBEIRO, TERCEIRA TURMA, julgado em 18/08/2015, DJe 27/08/2015)
CLÁUSULAS ABUSIVAS
Cláusulas abusivas (colocam o consumidor em desvantagem na relação de consumo). Rol
exemplificativo.
Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao fornecimento
de produtos e serviços que:
I - impossibilitem, exonerem ou atenuem a responsabilidade do fornecedor por vícios de qualquer
natureza dos produtos e serviços ou impliquem renúncia ou disposição de direitos. Nas relações de
consumo entre o fornecedor e o consumidor pessoa jurídica, a indenização poderá ser limitada, em
situações justificáveis;
VI - estabeleçam inversão do ônus da prova em prejuízo do consumidor;
VII - determinem a utilização compulsória de arbitragem;
XI - autorizem o fornecedor a cancelar o contrato unilateralmente, sem que igual direito seja
conferido ao consumidor;
XIII - autorizem o fornecedor a modificar unilateralmente o conteúdo ou a qualidade do contrato,
após sua celebração;
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XV - estejam em desacordo com o sistema de proteção ao consumidor;
STJ - [...] 9. Além da proteção do CC/02, é direito básico do consumidor a proteção contra
práticas e cláusulas abusivas, que consubstanciem prestações desproporcionais, cuja adequação deve ser
realizada pelo Judiciário, a fim de evitar a lesão, o abuso do direito, as iniquidades e o lucro arbitrário.
10. Na hipótese em exame, o valor da multa penitencial, de 25 a 100% do montante contratado, transfere
ao consumidor os riscos da atividade empresarial desenvolvida pelo fornecedor e se mostra
excessivamente onerosa para a parte menos favorecida, prejudicando o equilíbrio contratual. (REsp
1580278/SP, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 21/08/2018, DJe
03/09/2018)
STJ - PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL.
DESERÇÃO. QUESTÃO DECIDIDA. PRECLUSÃO. RAZÕES DO AGRAVO QUE NÃO FAZEM
IMPUGNAÇÃO ESPECÍFICA AO FUNDAMENTO DA DECISÃO AGRAVADA. SÚMULA 182 DO
STJ. BANCÁRIO. CLÁUSULAS CONTRATUAIS. REVISÃO DE OFÍCIO. IMPOSSIBILIDADE.
PRECEDENTES. JUROS REMUNERATÓRIOS. LIMITAÇÃO. DESCABIMENTO. PRECEDENTES. 3.
Nos termos do enunciado nº 381 da Súmula do STJ e do recurso repetitivo REsp 1.061.530/RS, não é
possível a revisão de ofício de cláusulas contratuais consideradas abusivas.
Súmula 381 - Nos contratos bancários, é vedado ao julgador conhecer, de ofício, da abusividade das
cláusulas.
SANÇÕES ADMINISTRATIVAS
Art. 55. A União, os Estados e o Distrito Federal, em caráter concorrente e nas suas respectivas
áreas de atuação administrativa, baixarão normas relativas à produção, industrialização,
distribuição e consumo de produtos e serviços.
§ 1° A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios fiscalizarão e controlarão a produção,
industrialização, distribuição, a publicidade de produtos e serviços e o mercado de consumo, no
interesse da preservação da vida, da saúde, da segurança, da informação e do bem-estar do
consumidor, baixando as normas que se fizerem necessárias.
Art. 56. As infrações das normas de defesa do consumidor ficam sujeitas, conforme o caso, às
seguintes sanções administrativas, sem prejuízo das de natureza civil, penal e das definidas em
normas específicas:
I - multa;
II - apreensão do produto;
III - inutilização do produto;
IV - cassação do registro do produto junto ao órgão competente;
V - proibição de fabricação do produto;
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VI - suspensão de fornecimento de produtos ou serviço;
VII - suspensão temporária de atividade;
VIII - revogação de concessão ou permissão de uso;
IX - cassação de licença do estabelecimento ou de atividade;
X - interdição, total ou parcial, de estabelecimento, de obra ou de atividade;
XI - intervenção administrativa;
XII - imposição de contrapropaganda.
Parágrafo único. As sanções previstas neste artigo serão aplicadas pela autoridade administrativa,
no âmbito de sua atribuição, podendo ser aplicadas cumulativamente, inclusive por medida cautelar,
antecedente ou incidente de procedimento administrativo. (devido processo legal, contraditório e
ampla defesa)
Art. 5º LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são
assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;
Art. 57. A pena de multa, graduada de acordo com a gravidade da infração, a vantagem auferida e a
condição econômica do fornecedor, será aplicada mediante procedimento administrativo,
revertendo para o Fundo de que trata a Lei nº 7.347, de 24 de julho de 1985, os valores cabíveis à
União, ou para os Fundos estaduais ou municipais de proteção ao consumidor nos demais
casos. (Redação dada pela Lei nº 8.656, de 21.5.1993)
Art. 58. As penas de apreensão, de inutilização de produtos, de proibição de fabricação de produtos,
de suspensão do fornecimento de produto ou serviço, de cassação do registro do produto e
revogação da concessão ou permissão de uso serão aplicadas pela administração, mediante
procedimento administrativo, assegurada ampla defesa, quando forem constatados vícios de
quantidade ou de qualidade por inadequação ou insegurança do produto ou serviço.
Art. 59. As penas de cassação de alvará de licença, de interdição e de suspensão temporária da
atividade, bem como a de intervenção administrativa, serão aplicadas mediante procedimento
administrativo, assegurada ampla defesa, quando o fornecedor reincidir na prática das infrações de
maior gravidade previstas neste código e na legislação de consumo.
§ 1° A pena de cassação da concessão será aplicada à concessionária de serviço público, quando
violar obrigação legal ou contratual.
§ 2° A pena de intervenção administrativa será aplicada sempre que as circunstâncias de fato
desaconselharem a cassação de licença, a interdição ou suspensão da atividade.
§ 3° Pendendo ação judicial na qual se discuta a imposição de penalidade administrativa, não
haverá reincidência até o trânsito em julgado da sentença.
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Art. 60. A imposição de contrapropaganda será cominada quando o fornecedor incorrer na prática
de publicidade enganosa ou abusiva, nos termos do art. 36 e seus parágrafos, sempre às expensas do
infrator.
§ 1º A contrapropaganda será divulgada pelo responsável da mesma forma, freqüência e dimensão
e, preferencialmente no mesmo veículo, local, espaço e horário, de forma capaz de desfazer o
malefício da publicidade enganosa ou abusiva.
TÍTULO III - DEFESA DO CONSUMIDOR EM JUÍZO
Art. 81. A defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das vítimas poderá ser exercida em
juízo individualmente, ou a título coletivo.
Parágrafo único. A defesa coletiva será exercida quando se tratar de:
I - interesses ou direitos difusos, assim entendidos, para efeitos deste código, os transindividuais, de
natureza indivisível, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias de
fato;
II - interesses ou direitos coletivos, assim entendidos, para efeitos deste código, os transindividuais,
de natureza indivisível de que seja titular grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou
com a parte contrária por uma relação jurídica base;
III - interesses ou direitos individuais homogêneos, assim entendidos os decorrentes de origem
comum.
No caso do consumidor em juízo, a efetivação do princípio da isonomia real depende de um
tratamento diferenciado, com proteções maiores dispensadas a ele, de forma que tenha condições equânimes
de enfrentar o fornecedor. Nada mais do que tratar os desiguais desigualmente, na medida de suas
desigualdades. (Tartuce&Amorim, p. 280)
Quando o inciso I menciona que são transindividuais, significa dizer que transcende, supera a
individualidade. A natureza indivisível diz respeito à indivisibilidade do bem jurídico tutelado, sendo
impossível de contar seus titulares, mas todos eles ligados por uma circunstância de fato. (Henrique da Rosa
Ziesemer. Interesses e Direitos Difusos e Coletivos. Juspodivm.P. 378)
Os interesses ou direitos coletivos, inciso II, por sua vez, também possuem a característica da
transindividualidade e indivisibilidade, mas seus titulares estão interligados entre si por alguma relação
jurídica. Um grupo ou uma categoria de pessoas, por exemplo. Aqui, há a possibilidade da determinação dos
titulares, que se afiguram pela mesma relação jurídica que fazem parte. (idem. P. 379)
Já no inciso III, fala-se em direitos ou interesses individuais homogêneos, sendo conceituado como de
origem comum. A origem comum é o fato comum que gera a defesa do direito. É permitida pela lei sua
tutela a título coletivo, mesmo não havendo a relação jurídica base, como prevista no inciso anterior. (idem.
P. 379)
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LEGITIMAÇÃO CONCORRENTE:
Art. 82 – Ministério Público; União; Estados; Municípios e DF; entidades e órgãos da
Administração Pública, direta ou indireta, ainda que sem personalidade jurídica, especificamente
destinados à defesa dos interesses e direitos protegidos pelo CDC; as associações legalmente
constituídas há pelo menos um ano e que incluam entre seus fins institucionais a defesa dos
interesses e direitos protegidos por este código, dispensada a autorização assemblear.
Art. 83. Para a defesa dos direitos e interesses protegidos por este código são admissíveis todas as
espécies de ações capazes de propiciar sua adequada e efetiva tutela.
Art. 84. Na ação que tenha por objeto o cumprimento da obrigação de fazer ou não fazer, o juiz
concederá a tutela específica da obrigação ou determinará providências que assegurem o resultado
prático equivalente ao do adimplemento.
§ 1° A conversão da obrigação em perdas e danos somente será admissível se por elas optar o autor
ou se impossível a tutela específica ou a obtenção do resultado prático correspondente.
§ 2° A indenização por perdas e danos se fará sem prejuízo da multa (art. 287, do Código de
Processo Civil).
§ 3° Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo justificado receio de ineficácia do
provimento final, é lícito ao juiz conceder a tutela liminarmente ou após justificação prévia, citado o
réu.
§ 4° O juiz poderá, na hipótese do § 3° ou na sentença, impor multa diária ao réu,
independentemente de pedido do autor, se for suficiente ou compatível com a obrigação, fixando
prazo razoável para o cumprimento do preceito.
§ 5° Para a tutela específica ou para a obtenção do resultado prático equivalente, poderá o juiz
determinar as medidas necessárias, tais como busca e apreensão, remoção de coisas e pessoas,
desfazimento de obra, impedimento de atividade nociva, além de requisição de força policial.
A tutela específica é preferível à tutela pelo equivalente em dinheiro, porque essa espécie de tutela é
a única que entrega ao vitorioso exatamente aquilo que ele obteria se não precisasse do processo, em razão
do cumprimento voluntário da obrigação pelo devedor. [...] O art. 84, do CDC, tanto em seu caput como no
§ 1.º, demonstra de forma clara a opção do legislador pela tutela específica, reservando à tutela reparatória
uma posição secundária no âmbito da satisfação judicial de obrigações. O § 1.º, em especial, prevê que a
conversão em perdas e danos somente será admissível se por elas optar o autor ou se impossível a tutela
específica ou a obtenção do resultado prático correspondente ao cumprimento voluntário da obrigação,
sendo que o Superior Tribunal de Justiça também permite a conversão quando a obtenção da tutela
específica for extremamente onerosa ao devedor.
(Tartuce&Amorim, p.295)
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O art. 84 do CDC não cria um novo procedimento no sistema processual, apenas prevê algumas
técnicas procedimentais para a efetiva tutela do titular de direito que tenha como objeto obrigações de fazer
e não fazer. São, entretanto, regras de extrema relevância que merecem análise mais aprofundada. Em
termos procedimentais, a efetivação da tutela segue as regras consagradas no Novo Código de Processo
Civil. (idem. P. 296).
Art. 90. Aplicam-se às ações previstas neste título as normas do Código de Processo Civil e da Lei
n° 7.347, de 24 de julho de 1985, inclusive no que respeita ao inquérito civil, naquilo que não
contrariar suas disposições.
DAS AÇÕES COLETIVAS PARA A DEFESA DE INTERESSES INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS
Lei 7.347/85 - Art. 21. Aplicam-se à defesa dos direitos e interesses difusos, coletivos e individuais,
no que for cabível, os dispositivos do Título III da lei que instituiu o Código de Defesa do
Consumidor. (Incluído Lei nº 8.078, de 1990) (princípio da integratividade)
Art. 91. Os legitimados de que trata o art. 82 poderão propor, em nome próprio e no interesse das
vítimas ou seus sucessores, ação civil coletiva de responsabilidade pelos danos individualmente
sofridos, de acordo com o disposto nos artigos seguintes. (Redação dada pela Lei nº 9.008, de
21.3.1995)
Art. 93. Ressalvada a competência da Justiça Federal, é competente para a causa a justiça local:
I - no foro do lugar onde ocorreu ou deva ocorrer o dano, quando de âmbito local;
II - no foro da Capital do Estado ou no do Distrito Federal, para os danos de âmbito nacional ou
regional, aplicando-se as regras do Código de Processo Civil aos casos de competência
concorrente.
A crítica da doutrina em relação a este artigo diz respeito à ausência de critérios objetivos de
delimitação, local, nacional ou regional.
Art. 97. A liquidação e a execução de sentença poderão ser promovidas pela vítima e seus
sucessores, assim como pelos legitimados de que trata o art. 82.
Art. 98. A execução poderá ser coletiva, sendo promovida pelos legitimados de que trata o art. 82,
abrangendo as vítimas cujas indenizações já tiveram sido fixadas em sentença de liquidação, sem
prejuízo do ajuizamento de outras execuções. (Redação dada pela Lei nº 9.008, de 21.3.1995)
Art. 100. Decorrido o prazo de um ano sem habilitação de interessados em número compatível com
a gravidade do dano, poderão os legitimados do art. 82 promover a liquidação e execução da
indenização devida.
Parágrafo único. O produto da indenização devida reverterá para o fundo criado pela Lei n.° 7.347,
de 24 de julho de 1985.
Art. 103. Nas ações coletivas de que trata este código, a sentença fará coisa julgada:
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I - erga omnes, exceto se o pedido for julgado improcedente por insuficiência de provas, hipótese em
que qualquer legitimado poderá intentar outra ação, com idêntico fundamento valendo-se de nova
prova, na hipótese do inciso I do parágrafo único do art. 81;
II - ultra partes, mas limitadamente ao grupo, categoria ou classe, salvo improcedência por
insuficiência de provas, nos termos do inciso anterior, quando se tratar da hipótese prevista no
inciso II do parágrafo único do art. 81;
III - erga omnes, apenas no caso de procedência do pedido, para beneficiar todas as vítimas e seus
sucessores, na hipótese do inciso III do parágrafo único do art. 81.
STJ - PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. AÇÃO COLETIVA. DIREITO
TRANSINDIVIDUAL. LEGITIMIDADE DO SINDICATO. PRECEDENTES. PROCESSUAL CIVIL E
ADMINISTRATIVO. EFEITOS DA SENTENÇA PROFERIDA EM AÇÃO COLETIVA. ART. 2º-A DA
LEI 9.494/1997. INCIDÊNCIA DAS NORMAS DE TUTELA COLETIVA PREVISTAS NO CÓDIGO DE
DEFESA DO CONSUMIDOR (LEI 8.078/1990), NA LEI DA AÇÃO CIVIL PÚBLICA (LEI 7.347/1985)
E NA LEI DO MANDADO DE SEGURANÇA (LEI 12.016/2009). INTERPRETAÇÃO SISTEMÁTICA.
ACÓRDÃO RECORRIDO EM SINTONIA COM O ENTENDIMENTO ATUAL DO STJ. APLICAÇÃO
DA SÚMULA 568/STJ. 3. A res iudicata nas ações coletivas é ampla, em razão mesmo da existência da
multiplicidade de indivíduos concretamente lesados de forma difusa e indivisível, não havendo que
confundir competência do juiz que profere a sentença com o alcance e os efeitos decorrentes da coisa
julgada coletiva.4. Limitar os efeitos da coisa julgada coletiva seria um mitigar exdrúxulo da efetividade de
decisão judicial em ação supraindividual. Mais ainda: reduzir a eficácia de tal decisão à "extensão" territorial
do órgão prolator seria confusão atécnica dos institutos que balizam os critérios de competência adotados em
nossos diplomas processuais, mormente quando - por força do normativo de regência do Mandado de
Segurança (hígido neste ponto) - a fixação do Juízo se dá (deu) em razão da pessoa que praticou o ato
(ratione personae). (REsp 1760109/SC, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA,
julgado em 25/09/2018, DJe 21/11/2018)
Por um lado, a previsão legal é uma clara afronta a todas as tentativas legislativas voltadas à diminuição no
número de processos, o que em última análise geraria uma maior celeridade naqueles que estiverem em
trâmite, sendo também uma agressão clara ao próprio espírito da tutela coletiva. (TartuCe&Amorim p. 392)
Art. 104. As ações coletivas, previstas nos incisos I e II e do parágrafo único do art. 81, não induzem
litispendência para as ações individuais, mas os efeitos da coisa julgada erga omnes ou ultra partes
a que aludem os incisos II e III do artigo anterior não beneficiarão os autores das ações individuais,
se não for requerida sua suspensão no prazo de trinta dias, a contar da ciência nos autos do
ajuizamento da ação coletiva.
TÍTULO IV - DO SISTEMA NACIONAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR
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Art. 105. Integram o Sistema Nacional de Defesa do Consumidor (SNDC), os órgãos federais,
estaduais, do Distrito Federal e municipais e as entidades privadas de defesa do consumidor.
Art. 106. O Departamento Nacional de Defesa do Consumidor, da Secretaria Nacional de Direito
Econômico (MJ), ou órgão federal que venha substituí-lo, é organismo de coordenação da política
do Sistema Nacional de Defesa do Consumidor, cabendo-lhe:I - planejar, elaborar, propor,
coordenar e executar a política nacional de proteção ao consumidor; II - receber, analisar, avaliar
e encaminhar consultas, denúncias ou sugestões apresentadas por entidades representativas ou
pessoas jurídicas de direito público ou privado; VII - levar ao conhecimento dos órgãos
competentes as infrações de ordem administrativa que violarem os interesses difusos, coletivos, ou
individuais dos consumidores;
CONVENÇÃO COLETIVA DE CONSUMO
Art. 107. As entidades civis de consumidores e as associações de fornecedores ou sindicatos de
categoria econômica podem regular, por convenção escrita, relações de consumo que tenham por
objeto estabelecer condições relativas ao preço, à qualidade, à quantidade, à garantia e
características de produtos e serviços, bem como à reclamação e composição do conflito de
consumo.
§ 1° A convenção tornar-se-á obrigatória a partir do registro do instrumento no cartório de títulos e
documentos.
§ 2° A convenção somente obrigará os filiados às entidades signatárias.
§ 3° Não se exime de cumprir a convenção o fornecedor que se desligar da entidade em data
posterior ao registro do instrumento.
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