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JOGOS TEATRAIS

Raquel Brasilino (bacharelado)

Passemos sem delongas aos entendimentos:

 A patinação olímpica

Pela primeira vez eu assistia ao vivo uma patinação no gelo. Nós seres humanos tendemos
sempre a reparar no que estamos sentindo e por quê. Eu deveria assistir, somente assistir. Mas o
que assistir trazia ao meu corpo, à minha mente? Por que tentar relacionar? Por que só não assistir?
E os pensamentos continuavam vindo... Por que? Fim do jogo. Belíssimo. Próximo grupo.

 A música

Clair de Lune - Debussy. Era o que estava tocando no elevador. Ouvir música me levou
tão seriamente para esta em específico, que o som ambiente, que o próprio ambiente, e os
espectadores do jogo haviam sumido. Alguns reflexos fizeram meu pé ir conforme o piano, mas o
meu coração estava em outro ano, outro dia, outra hora. Desapareci dentro de mim para sentir a
música. Por que? Por que não externar? Levei alguns minutos para acreditar que estava realmente
silencioso ali, mas deixei que o silêncio ficasse ali, apenas.

 O pano

O objeto era um pano, escolhemos que o seria; e sentir, brincar, saber o tamanho, a
espessura, o jeito pano de ser pano, deveríamos usá-lo de forma cotidiana? A saber que aquele
objeto estava ali para eu percebê-lo, eu deveria usá-lo como sempre usei? Percebê-lo como sempre
percebi? Coloquei-o na testa, minha temperatura sentiu o pano, minha consciência sentiu o pano,
e não mais ou menos importante; minhas mãos seguravam este pano. Talvez não fosse necessário
pensar muito: use este pano! E ele voltou a ser somente objeto auxiliar na limpeza.

 O milho

Está decidido: Milho. Comeremos milho. Eu odeio milho. Pensei nas vezes da infância que
eu até gostava um pouco. Lembrei dos derivados, que amo. Não estava com apetite nenhum e
mesmo assim, lançando mordidas atrás das outras, e após engulir, sentir passando pela garganta...
Até que não era tão ruim. Posso dizer até que deve ter sido o milho mais gostoso que comi.

 Os olhares

Após termos sido inseridos em jogos individuais, com a atenção voltada para objetos e
ações desconectadas do outro, finalmente o outro poderia me ver e eu poderia vê-lo. Cada olhar,
um sentimento. Uma expressão. "Ei eu estou aqui" muitos diziam. "Pode entrar" eu dizia. E uma
onda de liberdade me preencheu a ponto de estar completamente saciada e satisfeita. "O corpo
dele", "o corpo dela", "todos estamos aqui", "nós ficaremos juntos".

 Tocados

Estando prontos para o próximo nível, entendi que tocar fazia parte de uma espécie de
confirmação dos seres, corpos, energias, que partilhavam do mesmo ambiente e muitos do mesmo
objetivo. Sim, eu existo, mas não só. Texturas, temperaturas, estar apto para receber as informações
cognitivas e respostas por parte deste sentido específico; o tato. Individuais, aplicávamos o modo
nosso de estar em contato com os objetos mesmo que os mesmos objetos. E ali estaríamos
adentrando na harmonia do sentir, para sermos tocados, para conseguirmos trabalhar ainda mais
conectados.

 O reflexo

Estar presente: Generosidades. Saber o momento de ir mais rápido, mais lentamente, e


propor. Propor: proporção equilibrada de movimentos, de estar caminhando para chegarmos, mas
chegarmos juntos.

 Acorda

Vi, ouvi, toquei, comi, salivei, senti, pensei, cheirei e agora estava sendo puxada pelo
pescoço com uma corda. Espessura não muito grossa, leve e apertada. Era algo que, após
desconexões e conexões, reflexos e individualismos, unia as ações em dupla: sincronia. Agora,
não estávamos só concentrados no objeto, ou só concentrados no outro. Tínhamos que fazer os
dois. Seria fluidez, ao meu ver.

 Me moveu
E agora, tendo sido individuais em grupo, tendo conhecido nossas peles e temperaturas,
tendo visto e interagido com objetos e conectados por eles. Juntos, com todas as maneiras de se
pensar e trabalhar, estávamos confortáveis o suficiente para confiar que aquele carro iria sair do
lugar. E aconteceu; fui movida pela ação e reação coletiva.

Conclusão:

A se pensar no caráter dos jogos até então apresentados, temos memória, repetição,
inserção e interação coletiva, do conhecer e repetir, estar ali, estar dentro, estar disposto agora. E
sobretudo os sentidos, percepção, tato, audição, interação com um objeto, criação, individualismo,
sentir, tocar e ser tocado, sintonia, sincronia e o trabalho com a expansão do imaginário. Por fim,
a análise do entendimento para melhor direcionamento e desenvoltura.

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