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ATITUDE FDR

Folha FDR - Edição 01 - Agosto 2013

EDIÇÃO Nº01/ 2017- CEEMTI “PROFESSOR FERNANDO DUARTE RABELO”

ISABELLE
SANTANA
Aluna do 2M3 fala de
superação e autoestima

BALANÇO CULTURAL

Conheça as produções
incríveis dos alunos FDR:
poesias, contos, músicas,
parodias e teatro.
SÓ DESCONTRAÇÃO...

CEEMTI PROF. FERNANDO


DUARTE RABELO

ATITUDE FDR
Ano 1 - Nº - Dez/2017
Distribuição Gratuita
ENTREVISTA COM SUELY BISPO E PALESTRA COM LULA ROCHA
Prof. Orientador Capa
Adenilson Mendes dos Santos Iris Rodrigues de Menezes - Turma 1M1
A cor da pele está no DNA. Não somos mais
Articuladora do ProEMI
Regina Maura de Oliveira Babilon
Diagramação e Edição
William Keffer
negros ou brancos. Somos todos mestiços. O único
Diretor Impressão problema é que o ser humano só vai entender isso,
José Paulo de Andrade Gomes Lopes DIGRÁFICA & EDITORA ME quando for perceptível ao olhar.
Praça Cristóvão Jacques, 260 Praia de Santa Helena, Vitória/ES. CEP: 29.055-070.
Tel/Fax: (27) 3235-9269. E-mail: escoladuarterabelo@sedu.es.gov.br Jefferson Camargo
04
FDRConsciente e
conscientizando
CONSCIÊNCIA NEGRA HELENA PROVADORES DE VERDADES A Educação das Relações Étnico-raciais e Afrodescendência nas escolas, é parte
Ser negro é refletir sobre a posição "A nossa cor não pode ser julgada,
obrigatória do currículo, defendida pela lei nº 10.639/03. Dada a sua importância, faz-se
Oxalá traz provadores de verdades
na sociedade, É parte de quem somos Vim provar todas as dores pra necessário que todos os educadores das escolas públicas e privadas tenham total
Que em uma época era sofrida de Apenas peço que não aja de cuspir em liberdade conhecimento da seriedade desta lei. Ela se insere em um processo de luta pela
escravidão, mente fechada, Sarandê ê... ô... quilombo chega de superação do racismo na sociedade brasileira, da qual o Movimento Negro e muitos
Em um tempo onde não havia Isso é agir de uma forma dor outros grupos entram em um campo de batalha antirracista e em defesa de uma
igualdade, retardada. Me dê forças e sabedoria seu São sociedade homogênea no que tange às questões das diferenças étnicos-raciais. Assim,
Onde os negros sofriam Benedito do amor ATITUDE FDR entra em ação, não apenas para cumprir uma lei, mas para defender
discriminação! Agora não vem me dizer ações positivas que contribuam para o fim dessas desigualdades.
Que você não vê nada Zumbi liderou sem pudor, sem A revista é um projeto do professor de História Adenilson Mendes dos Santos,
Zumbi, um homem guerreiro, porém Enquanto você fecha os olhos, rancor e assim libertou nossa raça juntamente com os professores da área de Ciências Humanas da CEEMTI “Professor
negro! Uma negra no Brasil está sendo Quanto mais passa o tempo mais o Fernando Duarte Rabelo”, abraçado por outras áreas de conhecimento. A orientação
Lutou contra a desigualdade de humilhada. tempo passa a nos fazer mudar
classes,
coube a todos que se propuseram a contribuir com o projeto, a quem agradecemos
Hoje o negro que tu cortas nas
Em uma geração de diferença de Todo dia o racismo mata, costas, amanhã passa nas cotas e imensamente. A coordenação ficou por conta dos professores de Humanas: Adenilson
egos. Precisamos conscientizar, negro começa a advogar Mendes dos Santos, Samira de Souza Sanches, Vanderleia Loss Pugnal, Fernando
nunca foi pedaço de lata. Não me gabo a Zacimba gaba mas Fiorotti Poltronieri, Rodrigo Brito Silva Bonjardim, Carla Wstane de Souza Moreira,
O sentimento de discriminação por Isso um dia vai acabar, porque o me sinto preso em algum lugar Roberto Márcio da Silveira, Romulo Benedito Pereira, Amanda Kessia Gonçalves Pires,
cor, negro, do seu preconceito daqui Rosângela Ribeiro dos Santos que, além de representarem suas turmas nas produções,
Foi um sentimento de muita tristeza! pra frente não vai precisar. Mentes negreiras, navios pensantes estiveram na coordenação geral.
O negro não tem culpa de ser Palavras afiadas, chicotes Os trabalhos publicados foram produzidos pelos alunos, mas a revista está
diferente, Preta linda! Negra plena! murmurantes enriquecida com textos e entrevistas, dentre os quais, destacamos o texto da professora
Afinal, foi uma diferença feita pela Seu nome? Uma guerreira Palavras são paradigmas, para de Sociologia, Sara Alves da Costa, a entrevista com a atriz Suely Bispo, textos de Lula
natureza! chamada Helena, dignos, não pagam dízimos, pagam Rocha e Pastor Cláudio da Chaga Soares, além de uma apresentação ao leitor da
Que por ser negra, nunca precisou dividas
Apesar de um tempo, os negros de sua pena".
belíssima aluna Isabelle Santana. Além desses nomes, merecem destaque o professor
foram ganhando espaço! Divida seus conceitos de vida, para de Física, João Carlos da Conceição, a professora de Biologia Jéssica Aflavio dos Santos,
Mas ainda não tinham direito a Isaque S. de Almeida 1M1 tu somos pagãos, mas para nós , os professores de Língua Portuguesa Alana Rúbia Stein Rocha, Anailda Fachetti, Fabíola
algumas modalidades, somos todos irmãos Campos Garone, Vangevaldo Cardoso dos Santos, Andrea Tenório, Regina Maura de
Essa exclusão foi aos poucos se Consciência negra é amar, Oliveira Babilon, Sileyr dos Santos Ribeiro e a professora de Artes, Daniela Barbato
diluindo, consciência negra é abraçar Siqueira.
Hoje o negro tem um pequeno Consciência negra é se conhecer e Neste ano, a revista abordou o tema “Consciência Negra” que faz referência ao
espaço na sociedade! acima de tudo RESPEITAR. dia 20 de novembro, data da morte de Zumbi dos Palmares, líder do Quilombo dos
Palmares, em 1695. A revista tem como tema “ATITUDE FDR” porque pretende abordar
Jonata 1m1 João Emílio Damaceno 1m1 outras temáticas nos próximos anos e contribuir para dar notoriedade àqueles que,
durante muito tempo, não tiveram vez e nem voz, e ainda sofrem as mazelas de uma
sociedade que heroiciza os que são privilegiados e colocam no anonimato os menos
favorecidos.
Agradecimentos especiais ao Diretor José Paulo de Andrade Gomes Lopes pelo
apoio e incentivo dado, e ao prof. William Keffer que, mesmo não fazendo parte do grupo
de professores do FDR neste ano de 2017, voluntariamente, diagramou e editou a revista.

Negra! Não sou escura nem morena


Eu sou Negra! Saudade define o que sinto de casa, além
Antes era mais uma na fazenda, da senzala, a lembrança me leva
Mas nem por isso mereço sua pena. a raiz da minha terra, linda morena !
Me encanta em meio a relva !
Minha pele negra é mais que uma cor, Vamos fugir de volta a nossa terra
Ela é raça, luta e sabor! O feitor já não pode nos alcançar,
Costumava ser símbolo de tristeza e dor, Agora só a guarda pode nos pegar !
Mas hoje, junto com outras raças, Oh! minha morena, não chores por favor!
represento o amor. Não chores por uma terra que só te
magoou,
Negra! Não sou clara nem bombom, há um quilombo não muito longe daqui !
Negra pele, negro som Lá, nosso povo resiste a isso que nos foi
Filha de um povo sangue bom! imposto aqui !
Zumbi lidera Palmares com grande coragem
Respeito é o que peço, abriga aos fugidos e acolhe com irmandade
Igualdade é o que busco, vamos comigo minha amada lutar por
Fazer do mundo um lugar mais puro! liberdade !

Ariaydner 1m1 Thaynara 1m1

36 01
Por uma consciência negra em novembro e nos demais meses! Cientistas negros que você deveria conhecer
Experiência sociológica no FDR
Sara Alves da Costa¹ 1. Milton Santos, geógrafo
Milton Almeida dos Santos, mais conhecido como Milton Santos, foi um geógrafo
brasileiro nascido em 3 de maio de 1926 em Brotas de Macaúbas, Bahia. Iniciou a
No Brasil, o racismo está presente nas relações faculdade de direito na Universidade Federal da Bahia aos 18 anos de idade. Milton
sociais desde o processo de colonização e perpassa sempre foi muito ativo na política. Após se formar em direito fez concurso para
em toda nossa história, invisibilizando identidades, professor catedrático no colégio municipal de ilhéus e em 1958 concluiu um
causando exclusão socioeconômica e genocídio dos doutorado em geografia na universidade de Strasbourg na França. Em 1963, o
povos indígenas e negros. Infelizmente, apesar da governador da Bahia o nomeou presidente da comissão de planejamento
abolição da escravatura, nunca houve superação econômico.
efetiva da exclusão de negros(as) que foram relegados
a uma sociedade discriminatória, sem que tivessem Enquanto exerceu o cargo tratou de temas de política econômica e planejamento
suporte para se estabelecerem (SILVA, 2007). Dessa regional, a partir de uma perspectiva cientifica. Em 1964 foi preso em decorrência
forma, para se promover a equidade étnico-racial é do golpe militar. Após sair do Brasil foi para França aonde viveu até 1971. Recebeu o
necessário o combate do racismo em todos os espaços título de Doutor Honoris Causa na universidade Toulouse-Le-Mirail, o primeiro dos
sociais, inclusive na escola. 20 que recebeu ao longo da vida. Após deixar a França trabalhou em diversos
Foi com muita luta que os movimentos sociais países como Canadá, Estados Unidos e Venezuela. Enquanto vivia na Venezuela
negros conquistaram a Lei 10.639/2003, que determina foi contratado pela Faculdade de Engenharia de Lima para elaborar um trabalho
a obrigatoriedade do ensino de história e cultura afro- sobre pobreza urbana na América latina. Quando retornou ao Brasil em 1977 tinha
brasileira e africana em todas as disciplinas da um papel muito grande nas mudanças estruturais do ensino e pesquisa da
Educação Básica. Essa lei tem como objetivo central a geografia no Brasil. Em 1978 iniciou carreira na USP e posteriormente na UFRJ. Ao voltar para São Paulo tornou-se
desconstrução da herança racista e a valorização das professor de geografia da USP. Milton foi o primeiro nativo de um pais de terceiro mundo a receber o prêmio Vatrin Lud.
diferentes etnias que formaram a nação. Para tanto, Escreveu diversos livros como ''O espaço dividido'' e ''A natureza do espaço'' Morreu em São Paulo no dia 24 de junho
de 2001 aos 75 anos.
Gomes (2005) destaca que é necessário rever os
projetos políticos pedagógicos, os currículos escolares Citação famosa: ''Existem apenas duas classes sociais, a dos que não comem e as do que não dormem com medo
e as práticas de ensino, visando o empoderamento da identidade de estudantes negros(as) no espaço da revolução dos que não dormem''
escolar, contrariando assim, o legado eurocêntrico ainda persistente na educação.
Grupo: Rafael Moraes, Amanda Tabosa, Thays Oliveira, Larissa Oliveira e Martha
Conforme Freire (1996), para se promover a igualdade, é preciso que as escolas tenham uma ação
educativa que desfaça e refaça mentalidades. No que diz respeito à educação para as relações étnico-
raciais e a equidade, as escolas precisam se comprometer não apenas no mês de novembro, mas em todo o 2. Sônia Guimarães, professora do ITA
ano letivo. Deste modo, em 2015, desenvolvemos na EEEM Professor Fernando Duarte Rabelo o “Projeto
Sankofa: desconstruindo o racismo e denegrindo a escola”. Sônia Guimarães é uma das poucas cientistas negras do Brasil. Quando criança,
Promovemos esse projeto na disciplina de Sociologia, em era a segunda melhor aluna da sala e adorava matemática. No primário, ficou entre
conjunto com os estudantes do 3º ano do ensino médio , com as cinco melhores da classe. Estudava de tarde, mas quem se destacava tinha a
a colaboração dos(as) universitários(as) bolsistas do chance de ir para a turma da manhã. Sonia não foi porque foi preterida pela filha de
PIBID/CSO. uma das funcionárias, que havia pleiteado a vaga. “Quem tiraram? A pretinha. Eu
O título “Projeto Sankofa: desconstruindo o racismo e me senti depreciada por isso”, lembra ela. A hoje professora de Física no Instituto
denegrindo a escola”, pode parecer, à primeira vista, um tanto Tecnológico da Aeronáutica(ITA), uma das instituições de ensino mais
paradoxal. De fato, sua escolha se deu com o propósito de conceituadas e concorridas do país, lembra que essa não foi a única passagem de
instigar a curiosidade e até mesmo o desconforto de quem o racismo que a marcou em sua vida. Mas, apesar da torcida contra, conseguiu o
ouve e/ou ler. A aluna que o propôs deu a seguinte primeiro título de doutorado em física concedido a uma mulher negra brasileira.
justificativa: “Sankofa é um símbolo de origem africana que Ela possui muitas graduações na área da ciencia, dente elas: Licenciatura Ciências
mistura o presente e o passado, trazendo transformações. Já - Duração Plena pela Universidade Federal de São Carlos (1979), mestrado em
o slogan, usando o termo ressignificado “denegrir”, tem como Física Aplicada pelo Instituto de Física e Química de São Carlos - Universidade de
objetivo a essencialidade de tornar negro o espaço escolar”. São Paulo (1983) e doutorado (PhD) em Materiais Eletrônicos - The University Of
Tal justificativa nos sensibilizou, pois apresentava uma Manchester Institute Of Science And Technology (1989). Atualmente é professora
tentativa de suplantar o uso pejorativo da expressão denegrir adjunto do Instituto Tecnológico da Aeronáutica ITA e Gerente do Projeto de
e trazia consigo a demanda de enegrecer o espaço escolar Sensores de Radiação Infravermelha - SINFRA, do Instituto Aeronáutica e Espaço - IAE, do Comando-Geral de
historicamente embranquecido. Tecnologia Aeroespacial CTA. Tornou-se também voluntária ensinando inglês para que outros jovens negros realizem
seus sonhos de uma formação no exterior.

Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Ensino de Humanidades pelo Instituto de Ensino do Espírito Santo, Bacharel e Licenciada em Frase: "Necessitamos de mais mulheres negras em posição de destaque acadêmico. Não adianta ser a única. Se
Ciências Sociais pela Universidade Federal do Espírito Santo. Atua como professora de Sociologia para o ensino médio e como supervisora do formos muitas e em várias posições hierárquicas, isso vai melhorar"
Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência - Pibid/Ciências Sociais/UFES. 
Grupo: Guilherme Thompson, Talita Loureiro, Leticia Medici, Carla Gonçalves, Maria Eduarda França
02 35
Indicações de Filmes O projeto se organizou em três temas geradores: desmistificando a
democracia racial no Brasil; refletindo sobre a exclusão e as
oportunidades do povo negro na sociedade brasileira; valorizando a
12 ANOS DE ESCRAVIDÃO história e a cultura afro-brasileira. Foram nove meses de aplicação do
projeto, que teve, para além das aulas expositivas dialogadas,
O filme do diretor Steve McQueen, de gênero drama e biografia e que estreou em 2014, retrata a
vida de Solomon Nothurp, um homem negro, livre, nortista e que foi raptado e vítima da escravidão. atividades tais como: cineclube sobre negros e negras na produção
Na trama , ele passa 12 anos como escravo, buscando uma forma de voltar para sua vida de cinematográfica; exposição fotográfica sobre identidade negra;
liberdade, passando por diversos senhores, longe de sua esposa e filhos. Nesse tempo como produção textual a partir das narrativas de pessoas negras; pesquisa
escravo ele acaba conhecendo Patsey uma jovem negra e escrava que sofre todo tipo de abuso, sobre o mito da democracia racial; laboratório de imprensa sobre
inclusive sexual, pelo senhor Edwin, um dos senhores por qual Solomon passou. representação de negros(as) na mídia; visita à comunidade quilombola
A história é muito envolvente e consegue emocionar diferentes públicos, prendendo o espectador de Monte Alegre situada no município de Cachoeiro de Itapemirim
e transformando as 2 horas em poucos minutos. O final é surpreendente e garante fortes emoções. (ES); roda de debate sobre religiões de matriz africana; palestra sobre
políticas afirmativas e cotas raciais, entre outras. Todas as atividades
HISTÓRIAS CRUZADAS estiveram diretamente atreladas aos conceitos sociológicos propostos
no currículo SEDU e encaminhavam a culminância do projeto. No mês de novembro do mesmo ano, o
Histórias cruzadas, relata sobre o drama que as empregadas negras dos Estados Unidos passam resultado final do percurso educativo foi um espetáculo artístico realizado pelos(as) estudantes do 3º ano,
durante a luta pelos direitos civis em meados do século passado. Conta sobre as dificuldades em que evidenciando a transformação de pensamento pela qual todos(as) nós passamos.
elas tinham por receber menos, não ter direitos iguais a população branca, serem chamadas ''pessoas Cada turma desenvolveu uma apresentação artística composta por músicas, teatros, danças, vídeos
de cor''.
autorais, paródias, esquetes e poesias. Norteamos as apresentações de acordo com os temas e nomeamos
O filme trilha um caminho dos mais intimistas, priorizando as questões pessoais dos personagens em
questões de detrimentos históricos e políticos que poderiam tornar o filme mais emocionante. cada turma com uma expressão que fosse significativa para o grupo, a citar: Exê Babá - Conhecer e respeitar
as religiões de matriz africana; Emicida - Valorizar a estética, o estilo e a identidade negra; Dandara -
Ana Carolina Scarton de Olivera; Guilherme Rodrigues Ramos Pereira; Hennessy Iorrana Vieira Reconhecer o protagonismo negro no Brasil, na África e no mundo; Kizomba - Apresentar danças, músicas e
Spessimilli; Higor Bandeira da Silva;raquel Borges Faioli jogos afro-brasileiros. A mostra possibilitou desenvolver o tema da diversidade cultural de forma lúdica e
artística, de modo que os alunos assimilassem as principais ideias discutidas ao longo do processo. Além
disso, promoveu ações que despertaram o senso crítico dos(as) alunos(as), contribuindo para a sua
BESOURO formação ética e moral e potencializou o desenvolvimento das relações pessoais dos discentes dentro do
corpo social e político, contribuindo para o seu desenvolvimento pessoal.
Nosso grupo foi selecionado para assistir o filme "Besouro" que conta a história de um escravo que Portanto, consideramos que o debate sobre a questão racial deve ser uma constante no espaço
luta pelos seus direitos. Filme feito e produzido por direção brasileira. A abolição da escravidão no escolar, possibilitando a desconstrução do racismo, a valorização das identidades negras e a promoção do
Brasil se deu com a assinatura da lei Áurea em 13 de maio de 1888, mesmo com a libertação, os respeito à diversidade étnico-racial. Essa tarefa deve contar com os(as) professores(as) de todas as áreas
negros não eram vistos como pessoas da sociedade, eles não tinham o direito à moradia,
de conhecimento, sendo fundamental, para isso, a formação continuada e intensiva sobre a temática,
alimentação ou trabalho. Alguns ex escravos encontraram um caminho para lutar pelos seus direitos,
criado uma coreografia que junta a dança e a luta, eles chamavam de capoeira. O Besouro visando ultrapassar os sensos comuns reproduzidos de modo insistente na escola. É somando esforços e se
mangangá ou Besouro cordão de ouro, nasceu na Bahia, ele foi representante dos negros sempre comprometendo politicamente com uma educação antirracista, que poderemos, enquanto escola, superar
com vitórias contra autoridades constituídas. Aos 20 anos ele era analfabeto e um capoeirista de essa mazela social. Lutemos juntos(as)!
renome. Ele trabalhava em uma fazenda e se submetia as condições de trabalho impostos pelos
fazendeiros e não temia as opressões. Conta a história de Besouro, as lutas pelos ideais de seu clã, REFERÊNCIAS
acabando se tornando uma lenda da capoeira. Um bom filme para assistir para aqueles, gostam da cultura afro FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. Rio de Janeiro: Paz e
brasileira. Nosso grupo conclui que é um ótimo filme que relata a luta dos escravos pelos seus direitos. Terra, 1996.
GOMES, N. L. Alguns termos e conceitos presentes no debate sobre relações raciais no Brasil: uma breve
Roberto Conceição, João Saraiva, Rafael Barcelos e Alexandre De Paulo discussão. In: BRASIL. Educação Anti-racista: caminhos abertos pela Lei federal nº 10.639/03. Brasília,
MEC, Secretaria de educação continuada e alfabetização e diversidade, 2005. P. 39 – 62.
SILVA, Petronilha Beatriz Gonçalves e. Aprender, ensinar e relações étnico raciais no Brasil. Educação.
DJANGO LIVRE Porto Alegre/RS, ano
Django (Jamie Foxx) é um escravo liberto cujo passado brutal com seus antigos proprietários leva-o
ao encontro do caçador de recompensas alemão Dr. King Schultz (Christoph Waltz). Schultz está em
busca dos irmãos assassinos Brittle, e somente Django pode levá-lo a eles. O pouco ortodoxo Schultz
compra Django com a promessa de libertá-lo após capturar suas presas. Ao realizar seu plano,
Schultz libera Django, embora os dois homens decidam continuar juntos. Mas Django tem como
objetivo principal encontrar e resgatar Broomhilda (Kerry Washington), sua esposa, que ele não vê
desde que ela foi adquirida por outros proprietários a vários anos atrás. A busca de Django e Schultz
leva-os a Calvin Candie (Leonardo DiCaprio), o dono de "Candyland", uma plantação famosa pelo
treinador Ace Woody, que treina os escravos locais para a luta. Ao explorarem o local com identidades
falsas, Django e Schultz chamam a atenção de Stephen (Samuel L. Jackson), o escravo de confiança de Candie. Os
movimentos dos dois começam a ser traçados, e logo uma perigosa organização fecha o cerco em torno de ambos.
Para Django e Schultz conseguirem escapar com Broomhilda, eles terão que escolher entre independência e
solidariedade, sacrifício e sobrevivência.

Vitor Siqueira da Silva; Lucas Alves Da Conceicao; Paulo Roberto Santos do Nascimento; Joao Pedro Sales Teixeira;
Hayrann Daros Fernandes

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Paródias
Dia
Diada
daConsciência
ConsciênciaNegra
Negra Discriminação Social do Negro no Brasil
Em
Emmeiomeioaaesseessemar
marde deinjustiças
injustiçaseede deopressão,
opressão,eu euestava
estavaafundando
afundandocada cadavez
vezmais.
mais.Não
Nãohaviahavianinguém
ninguémque que Racismo é a discriminação social baseada na ideia de que existem diferentes raças
pudesse
pudesseme mesalvar,
salvar,jájáestava
estavacansado
cansadoeetotalmente
totalmentedesgastado
desgastadodaquilo.
daquilo.FuiFuiobrigado
obrigadoaafazer
fazercoisas
coisasquequenão
não humanas e que uma é superior à outra. No Brasil, o crime por racismo é previsto por lei e é
queria,
queria,viviviviem
empéssimas
péssimascondições
condiçõesnaquela
naquelasenzala,
senzala,fui
fuitorturado.
torturado.NãoNãopudepudenemnemmesmo
mesmoter terumummomento
momentode de inafiançável e imprescritível. Será que existem mesmo raças superiores às outras? Até
liberdade
liberdadeeepraticar
praticaraacapoeira
capoeiracomcomos osmeus
meusirmãos.
irmãos.DeDetudo,
tudo,ooquequeeu eumais
maisqueria
queriaera
eraserserlivre
livreeefinalmente
finalmente quando precisaremos de leis para este tipo de crime? Só as leis bastam para erradicar
poder
poderrespirar
respirarooararque
queme mefora
foratirado.
tirado.Decidi
Decidientão
entãoque,
que,pela
pelaliberdade
liberdadedo domeu
meupovo,
povo,iria
iriaenfrentar
enfrentarqualquer
qualquer esse mal que insiste em prevalecer na nossa sociedade?
coisa,
coisa,não
nãoimportava
importavaooquãoquãodoloroso
dolorosofosse.
fosse. Pesquisa da Consultoria Etnus/2017 revela que 67% dos negros entrevistados
Me
Mevivicorrendo
correndosem semrumo
rumopelapelamata,
mata,senti
sentique
queoomedo
medoeeaaadrenalina
adrenalinapercorriam
percorriamoomeu meucorpo,
corpo,mas maseueupermaneci
permaneci acreditam que deixaram de ser contratados por causa da cor da sua pele. Além disso,
centrado
centradono nomeu
meuobjetivo.
objetivo.Pude
Pudeentão
entãoavistar
avistarumumquilombo,
quilombo,chamado
chamadoPalmares.
Palmares.FoiFoionde
ondeconsegui
conseguinotoriedade
notoriedade seis em cada dez entrevistados são vítimas de racismo no ambiente de trabalho. Com
defendendo
defendendooomeu meupovo
povonas nasbatalhas
batalhascontra
contraososportugueses
portugueseseeme metornei
torneioolíder
líderdaquele
daquelequilombo.
quilombo.Entretanto,
Entretanto, isso, pode-se observar que o racismo se encontra impregnado entre nós.
anos
anos mais tarde fui capturado e morto por enfrentar e, sobretudo impor ao governo oque
mais tarde fui capturado e morto por enfrentar e, sobretudo impor ao governo o quequeríamos.
queríamos. Recentemente, em Londres, ocorreu um caso de racismo que assustou o mundo. No
Hoje,
Hoje,jájánão
nãoestou
estoumais
maisporporaí,
aí,porém
porémme mesinto
sintoorgulhoso
orgulhosoolhando
olhandodaqui
daquide decima.
cima.Eu
Euconsegui
conseguideixardeixaroomeu
meu anúncio da marca Dove uma mulher negra, após a utilização dos produtos da marca teria
legado.
legado. se tornada branca, dando a entender que ela estaria “suja” devido ao seu tom de pele. No
Brasil esse racismo também é comum diante da mídia, principalmente em novelas onde
Lídia
LídiaSilveira
SilveiraGonçalves-
Gonçalves-2M1
2M1 os mais ricos e bem-sucedidos são os brancos, e os mais pobres são negros.
Ao se analisar qualquer dado sobre educação no país, é fácil perceber que ela não é para negros. Um exemplo bem
comum é o que ocorre nas universidades, onde não encontramos negros fazendo os principais cursos em áreas
Música: Oh novinha (Mc Don Juan) profissionais. Uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2015 mostrou que, mesmo
com percentual de negros no ensino superior tenha dobrado nos últimos dez anos, o número equivale a menos da
metade dos números de jovens brancos nas mesmas condições. E, segundo essa instituição, isso é reflexo do atraso
Oh zumbi eu quero te ver contente escolar, que é maior com negros do que com alunos brancos.
No dia 13 libertou muita gente Diante disso, observa-se que no Brasil, mesmo sendo um país miscigenado, são recorrentes os casos de racismo e de
Que no quilombo confesso tu tem exclusão. A legislação está aí, mas os casos não param de crescer. Seria importante que campanhas e políticas
moral públicas de inclusão fossem criadas, como aumentar os investimentos em educação inclusiva e ofertar currículos
E aqui no Brasil foi fundamental desde as séries iniciais que visem ao exercício da cidadania, para que todos possam conviver pacificamente,
Música: Flor do Reggae - Ivete Sangalo aceitando as diferenças.
Então mudando de assunto todo
Um brilho negro chegou mundo junto Thiago Carneiro e Iorhan Eduardo de Souza Rodrigues - 2m3
Na ilha inteira Vários assuntos em somente um
E a lua que trás tristeza conjunto
É lua cheia Sem vitimismo , sem vitimismo Consciência Negra
Um grito de dor que vem Essa música é para acabar com o
Do peito de quem deixou alguém racismo O Brasil é um país diverso em culturas e etnias, mas apesar dessa
Esta terra me dá saudade diversidade o racismo é frequente, por mais que se tenha feito para
De quem me deixou Então amigo vou falar namoral evitá-lo, como criação de legislações que o torna crime. Esse
E agora tá tão distante em outra ilha Na escola esse assunto é fundamental comportamento exclusivo tem negado, principalmente à raça
O branco me causou dor Então se liga aqui na reflexão afrodescendente, diversos direitos.
E disse que eu era um ninguém O Zumbi foi importante para o fim da Apesar de a escravidão no país ter acabado, até hoje é possível
Pra vida inteira escravidão perceber a diferença de oportunidades entre negros e brancos.
Como se eu fosse ninguém Dados da pesquisa de emprego e desemprego (PED) mostram
Você me espanca que, mesmo onde a desigualdade entre afrodescendentes e
Como se eu fosse ninguém Nome: Bruno Henrique, Vinícius Batista, brancos é menor - na capital cearense -, o valor recebido pelos
Me chicoteia Rodrigo Morais e Pedro Ferreira - 2M1 negros é cerca de vinte por cento mais baixo.
Nesse navio eu vou a noite inteira Não é apenas no mercado de trabalho que o racismo ocorre. Um
Porque morrer de dor exemplo disso é o recente caso da jovem Monalisa Alcântara, eleita
É brincadeira Miss Brasil, e a terceira negra eleita em sessenta e três anos de
Se eu fosse de outra cor concurso. A moça de dezoito anos foi convidada para o programa
Você ia me aceitar Fátima Bernardes, da Rede Globo, e logo após sofreu diversos
Se eu fosse de outra cor comentários racistas nas redes sociais.
Ia me amar Como se vê, o racismo, ainda que velado, afeta a vida de diversos
O preconceito dura a vida inteira cidadãos. Por esse motivo, é necessário que as pessoas se conscientizem, mas para isso acontecer, a população,
E a exclusão do negro junto com o governo, precisa investir nessa área, criando campanhas e utilizando a mídia como recurso. Essas ações,
Não é brincadeira certamente, servirão para ao menos amenizar essas práticas racistas, contribuindo para um país mais justo e
igualitário.
Alunos: Carolina Bertoni; Lariane Oliveira; Kênia 2m3
Maria Paula Maia; Keyson Gustavo - 2M1

04 33
LEMBRANÇAS DE PALMARES NO DIA NACIONAL DA CONSCIÊNCIA NEGRA

A ele fora dedicado o Dia símbolo da resistência negra à O “grito” de dor de Zumbi ao
Nacional da Consciência Negra escravidão e de contestação ao ver Palmares ser arrasado por
(estabelecido pelo projeto lei número poder colonial da América Domingos Jorge Velho influenciou a
10.639). Foi escolhida a data de 20 de Portuguesa. abolição (1888), mas antes disso
novembro, pois foi a que morreu o Até meados do século XX o esteve presente na Revolta dos
líder do Quilombo de Palmares. que se observa na historiografia Malês (1835, Salvador-BA) e na
Porém a morte deste grande brasileira é uma omissão do Insurreição de Queimados
guerreiro seria apenas o começo de episódio palmariano, Palmares não (1849,Serra-ES); depois disso ainda
muitas outras histórias, e as tinha não ocupava nos livros de estaria na Revolta da Chibata (1910,
lembranças e exemplos deixados por história o seu devido lugar. Mas Rio de Janeiro-RJ).
este serviriam em outras acima do escrito, não há dúvidas de Este mesmo grito foi entoado
oportunidades para fortalecer a luta que o sentimento deixado por incontáveis vezes, algumas sem
de um povo e enriquecer sua cultura. aqueles que batalharam na Serra sequer ser ouvido, por personagens
da Barriga esteve junto a outros vencidos pelas mais diversas e
“No Brasil colonial, Palmares foi a guerreiros negros em muitos adversas circunstâncias históricas.
maior comunidade de [escravos negros] combates, levantes e revoltas por Mas estamos aqui para gritar
fugitivos, datando de 1597 a primeira todo Brasil. que estes “vencidos” não estão nem
referência a ela. Localizada entre “Valeu Zumbi! serão derrotados, pois por nós não
Alagoas e Pernambuco.” O grito forte dos Palmares serão esquecidos.
Que correu terras, céus e mares
Para além disso, é também o Influenciando a abolição.” Turma: 1M4

32 05
HQ “Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua
pele, por sua origem ou ainda por sua religião. Para
odiar, as pessoas precisam aprender, e se podem
aprender a odiar, elas podem ser ensinadas a amar.”

Nelson Mandela

06 31
Vamos falar de música negra? OS QUILOMBOS E A RESISTÊNCIA À ESCRAVIDÃO
Você já ouviu falar em quilombos?
KUDURO Nos séculos XVII e XVIII, o Brasil viveu o período de
“kuduro” que significa “bumbum duro” nasceu de uma mistura de música eletrônica e alguns escravidão. O termo quilombo era usado para
ritmos angolanos como sungura, quizomba, ragga. Os principais instrumentos utilizados são denominar os lugares escondidos e fortificados,
caixas de ritmos, e também um computador de mixagens, e claro, a voz do artista que a localizados no meio das matas, em que os escravos
interpreta. negros refugiavam-se em suas fugas. Viviam nesses
Grupo: Guilherme Fernandes, Pedro Henrik Tavares, Thalyta Costa, Ana Carolina Souza, Rony
Fernandes, Gabriel Lana – 3M2
locais de acordo com suas culturas, sobrevivendo com
plantações da comunidade, com música, dança e
FUNK: A CULTURA DE MASSA manifestações religiosas condizentes com suas
Apesar de terem o mesmo nome o funk que originou dos Estados Unidos por meio da culturas. Para os portugueses em 1740, o termo era
mistura do jazz, soul e R&B realizada por músicos afro-americanos é diferente do funk entendido como o agrupamento de cinco ou mais negros
carioca. O funk carioca é oriundo das favelas do estado do Rio de Janeiro. Suas letras fugidos. Os negros que viviam em quilombos, recebiam
refletem o cotidiano das comunidades. Ele está presente em nossa sociedade e isso é o nome de quilombolas.
um fato, fortemente ligado ao público jovem, em consequência, o ritmo se espalhou. Ao
mesmo tempo passou a ser alvo de ataques e preconceito da sociedade. Apesar de Quilombos no ES
tudo, tornou-se um dos maiores fenômenos de massa brasileira. Historicamente, as comunidades quilombolas tiveram
Grupo: Maria Eduarda, Marluza, Alexandra, Carem e Thaiza. – 3M2 uma grande importância para a formação cultural do
estado do Espírito Santo, como a produção de farinha e
BLUES E JAZZ o beiju. Entretanto, o desenvolvimento industrial e a
O Blues surgiu em meados do século XVIII, em meio às fazendas de algodão no Mississipi, chegada de empreendimentos econômicos, tornaram-
localizado ao sul estadunidense. Os afrodescendentes nessas terras criavam e cantavam se uns dos fatores que contribuíram para a dificuldade
melodias lentas e melancólicas, que expressavam o sofrimento, discriminação e da permanência dos quilombos e a sua obtenção de
desamparo por qual passavam. Por meio dessa manifestação artística, conseguiam autonomias, dentre elas, destaca-se, o território.
amenizar a dor e angústia. Sua estrutura possuía um lado musical e lírico, caracterizado por Resistência foi uma estratégia de defesa utilizada pelos
notas graves e repetitivas. O Jazz surgiu entre o final do século XIX e início do século XX no quilombos para enfrentar a repressão oriunda da classe
estado americano de Luisiana. Inspirado pelo Blues e o ragtime, o Jazz possui sua origem senhorial e das Forças do Império. No século XIX, os
voltada para as tradições culturais dos negros que dançavam, cantavam e tocavam tambor em meio à rotina quilombolas eram chamados de “escravos do mato” ou
de trabalho. “negros do mato” pela polícia e pelos presidentes das
províncias. O termo “do mato” se referia a um líder quilombola do distrito de Cariacica, Antônio do Mato.
SAMBA Como reflexo, hodiernamente, vários quilombos foram reconhecidos judicialmente. Constitui-se, dentre
O samba, segundo críticos, historiadores e cientistas sociais, é considerado o gênero musical mais eles, os quilombos de São Domingos, de Graúna e Linharinho.
original do Brasil. Sua origem nos traz a mistura de ritmos e tradições presentes na história do
nosso país, desde o período colonial. Durante a escravidão, os africanos trouxeram consigo O quilombo de Linharinho foi a primeira comunidade
antigos batuques originários de seus países. Os batuques, danças e músicas, estavam associados reconhecida no Espírito Santo, tem como líder Gessi
a rituais religiosos que instituía a comunicação entre os grupos étcnicos. Cassiano, fica localizada na região do Sapê do Norte,
Grupo: Raphel Ribeiro, Lucas Nascimento, Thales, Vinicius – 3M2 onde ficam os municípios de São Mateus e Conceição da
Barra, assim como o quilombo de São Domingos. A
REGGAE comunidade quilombola de São Domingos apresenta
O reggae é um estilo musical que nasceu na Jamaica. Esse ritmo começou a se expandir no mais de três gerações de descendentes de quilombolas e
mundo por volta de 1970, é uma mistura de estilos musicais, os instrumentos mais ainda estão lutando pelo reconhecimento, que lhes foi
utilizados são:a bateria, contra baixo e a guitarra, a música trás a realidade de alguns retirado na Ditadura Militar, e tem como líder Altiane
países pobres também a questões social, principalmente dos jamaicanos, também aborda Blandino. A comunidade de Graúna está localizada no
assuntos que envolve religião, por volta dos anos 70 começou surgir várias músicas que interior de Itapemirim, e luta pelo seu reconhecimento,
marcaram a época e alcançaram o topo da lista de sucesso em rádios, por conta disso que foi um dos principais debates ocorridos no II
vários cantores passaram a incorporar o estilo reggae. Seminário Nacional de Africanidades e Afro
descendência, realizado na Universidade Federal do
Espírito Santo (UFES).
RAP Infere-se, portanto, que as sociedades quilombolas são
O Rap (Rhythm and Poetry, Ritmo e Poesia, na tradução) se originou na Jamaica na década de símbolos de persistência, visto que o seu reconhecimento
1960 quando surgiram os sistemas de som (caixas de som que permitiam que a música fosse territorial se deu através dessa característica. Outras
remixada pelos DJs, principalmente a música Disco), que eram colocados nas ruas dos guetos comunidades quilombolas do Espírito Santo são: São
jamaicanos para animar os bailes de rua. Esses bailes, apesar de serem um local de Mateus, Graúna, Araçatiba, Monte Alegre e São
descontração e de diversão, era o espaço onde jamaicanos usavam a música para abordar Domingos. Todas essas comunidades, socialmente
temas sociais como a violência nas favelas e a situação política do país, mas sem deixar de falando, vêm em viés de baixa, pois, nem o direito de uma moradia eles têm, porque sabem que a qualquer
falar de temas polêmicos como sexo e drogas. Na década de 1970, com a crise econômica na momento eles podem perder suas terras para fazendeiros ou até mesmo para grandes empresas. Essas
ilha da Jamaica, muitos jovens foram obrigados a emigrar para os Estados Unidos. Com a comunidades não enfrentam somente o risco iminente da desapropriação, também há relatos de
chegada dos jamaicanos no continente americano, o rap passou a ser popularizado e começou a ser o perseguição policial, por exemplo, em São Domingos, metade das 150 famílias têm algum membro que
principal integrante das festas de rua dessa época e em pouco tempo passou a ser comercializado como uma responde a processo ou já foi preso acusado de crimes ligados à madeira, segundo a associação de
das vertentes que formam a cultura do Hip Hop. moradores.
Grupo: Emilly Moraes, Fernanda Fraga, Laesth Alves, Pollyana Barreto, Raquel Licia e Victor Siqueira - 3M3 Turma: 3RED1 matutino

30 07
Entrevista com Suely Bispo
Suely Bispo nasceu na Bahia, mas é capixaba por
adoção. Formada em História, Mestre em Literatura é no
campo das artes que ela se destacou. Sua presença de mais
de 20 anos nos palcos capixabas foi entrecortada por uma
produção consistente de poemas, lançados em obras como
Desnudalma. Além disso, envolveu-se em outros assuntos
como a produção artística, a dança e a numerologia.
Contribuiu como mais uma voz em favor da herança africana
e das causas da negritude. Recentemente, sua trajetória
ganhou mais projeção quando interpretou a personagem
“Doninha”, na novela “Velho Chico”, da Rede Globo. Nesta
entrevista, para os alunos do 4º ano integrado em rede de
computadores, a atriz reflete sobre sua carreira, poesia, sua
experiência como professora, o processo criativo, entre
outras questões que rondam a alma de uma grande atriz e
poetisa.

Você apesar de nascer na Bahia veio para o Espírito


Santo quando criança, tal mudança impactou de alguma
maneira na sua formação artística?(Carlos Alexandre e
David Segóvia)
Eu cheguei ao Espírito Santo bem jovem e foi aqui que me
tornei artista. Na Bahia cheguei a fazer dança afro, mas era
uma fase em que não sabia o que seria da vida. Entretanto,
não houve impacto significativo, foi aqui que desenvolvi meu
potencial artístico.

Como surgiu o seu amor pela literatura? Alguém te ISABELLE SANTANA SE APRESENTA A VOCÊS COMO:
influenciou nesse gosto? (Dayner Allan e Jhennyfer
Carolline) Uma menina que, desde pequena questionava a Deus o porquê de ter a pele mais escura, o cabelo cheio e
Pelo que eu lembro, desde criança sempre gostei de ler o nariz de batata em que, desde pequena aprendeu a se odiar, não por causa da sua família, mas pelas
muito e estudar. Acho que foi aí que começou esse pessoas que tinha ao seu redor.
amor, essa prática de leitura. Eu me lembro de que na minha casa tinha uma estante, uma coleção de capa Uma menina que, para tentar se sentir melhor e mais aceitável pela sociedade, alisava o cabelo para
dura de Jorge Amado, os romances, eu era criança e peguei para ler. Tinha uns oito ou nove anos, não abaixar o volume que tinha. Uma menina que nunca entendeu o porquê de sempre ser chamada de macaca
entendia muito bem. Os livros de Jorge Amado não eram para criança, mas eu gostava de ler assim mesmo. com o intuito de ser ofendida. Uma menina que sempre questionava o porquê de não poder ser qualquer
Na adolescência gostava de Machado de Assis, de ler e estudar. Mas, também, tinha a referência do meu outro animal, mas sempre o macaco. Uma menina que chorava de soluçar, porque não se achava bonita e
pai que lia muito jornal. se sentia rejeita pela merda de padrão que a sociedade criou. Uma menina que não compreendia porque a
lápis era chamado de “cor de pele” se não representava a pele dela. Uma menina que em todas as novelas
Em ser atriz, como isso apareceu para você? O convite de Margareth Maia nos anos 90 foi importante que assistiu, a escrava sempre tinha que ser preta. Pois é, essa menininha inocente, que desde pequena
para seguir esse caminho ou você já planejava explorar esse campo? (Mayrianne) aprendeu a se odiar era eu.
O caminho para atriz a princípio não foi planejado. Eu comecei a sentir o desejo de fazer teatro aqui no Com o passar do tempo eu fui me aceitando e aceitando a historia dos meus antepassados, antepassados
Espírito Santo. A primeira peça que eu fiz foi em 1987 no teatro amador. Eu falo 20 anos porque em 1996 que lutaram muito para conquistar cada direito que tenho hoje. Passei não somente a me aceitar, como me
veio meu registro de atriz profissional. Assim, eu coloco que assumi ser atriz mesmo quando resolvi tirar orgulhar pela história da minha etnia e por fazer parte dela.
meu registro profissional. A minha primeira peça foi em 1987 se chamava Gangue do Beijo, um texto de José Amadureci com o passar do tempo e com as pessoas que entraram em minha vida (vale ressaltar que uma
Louzeiro. Fui dirigida por Armando Mecenas. Ali, eu trabalhei com vários atores que depois continuaram sua dessas pessoas são os professores (as) desta escola e os meus colegas do 1 ano), que me fizeram crescer
carreira no Espirito Santo, Dudu Guimarães, Tereza de Almeida, Verônica Gomes, entre outros. Era uma não somente intelectualmente, mas também culturalmente, formando essa garota cheia de amor próprio
peça com muita gente, juvenil, se passava em uma escola e era bem divertido. Eu era muito tímida também, que sou hoje!
certa vez tive um ataque de timidez em que sumi do palco. Fiquei com medo de ir para frente do palco de Aprendi que, a única coisa que as pessoas têm igual, são as diferenças e que devemos respeitá-las e
novo. Fiquei trabalhando nos bastidores. Fiz contrarregragem, fiz sonoplastia e fiz operação de som. Eu aceitá-las como são. Apesar de tudo que tenho visto, acredito na evolução das pessoas e quero deixar
gostava muito dessa parte técnica do teatro, coisa que gosto até hoje. Às vezes acontece de eu fazer o som como refle, duas frases de Nelson Mandela ,uma pessoa que me representa muito:
de uma peça. Quando Margareth me chamou para voltar ao teatro, no nosso grupo Guardiões da Poesia, eu “A educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo.”
voltei à frente da cena de novo. Foi no início dos anos 1990, em 1991, por aí. Depois veio o convite do Teatro “Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião. Para
Experimental Capixaba para eu entrar no processo criativo da peça Fausto de Goethe. Um texto clássico do odiar, as pessoas precisam aprender, e se podem aprender a odiar, elas podem ser ensinadas a amar.”
romantismo alemão, que nós adaptamos para realidade do Brasil do terceiro mundo, favela, mostrando a Se você se sente como eu me sentia, vou falar uma frase que minha mãe costuma me dizer: “Você é muito
pobreza, a miséria. Foi ali com essa peça que me profissionalizei. Vocês podem encontrar na internet. Essa linda garota!”.
peça tinha uma linguagem múltipla de teatro, vídeo e dança. Nas redes sociais vocês podem encontrar
vídeos, são imagens fortes, mesmo para os dias de hoje. Sou Isabelle Santana!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

08 29
A Exclusão do Negro no Brasil Para você, como funciona a escrita
e o atuar? (João Mateus e Pedro
Atualmente, um dos temas mais abordados em jornais e redes sociais é a questão da exclusão do negro no Vitor)
Brasil, principalmente em grandes estados, onde a desigualdade tem predominância. Essa realidade é decorrente de Geralmente, são dois processos
um histórico de humilhações, quando o negro foi trazido para fazer trabalhos braçais e tratados como escravos. Se o diferentes, pois a escrita é mais
mundo é composto de etnias diversas, não há razão em subjugar uma raça em detrimento da outra. solitária. O momento de criar, na
É incompreensível que uma raça julgue a outra pela quantidade de melanina, cuja função é apenas a de se escrita, costuma ser mais individual.
defender do sol. A anatomia do ser humano é tão perfeita, mas não se pode dizer o mesmo da sua mentalidade, pois o Agora, o atuar é em grupo. Mesmo
homem é capaz de menosprezar o próximo pela cor da pele. quando faço um solo, um monólogo,
Hoje, graças a grandes líderes como Nelson Mandela e Martin Luther King, entre outros, que defenderam a tem uma equipe, tem o diretor, os
ordem, a justiça, a honra e a igualdade, mostrando que todos nós por dentro somos iguais e, portanto, todos devem ter técnicos, o músico, etc. Então, a
os mesmos direitos sociais, muita coisa mudou, porém o racismo insiste em ignorar esses pensamentos. É preciso gente não fica tão sozinho, essa é a
entender que uma simples cor não interfere no intelecto, não muda o caráter da pessoa. principal diferença. Em alguns casos
Hoje em dia as pessoas são mais conscientes de que o preconceito racial é na verdade um grande problema a consigo unir os dois momentos,
ser tratado. Uma forma de acabar com isso, é ensinar aos filhos a ter respeito com o próximo, assim talvez possamos quando, por exemplo, crio um roteiro
desfrutar futuramente em uma sociedade mais justa. e o enceno. Isto ocorreu no meu
espetáculo “Um recital para Miguel
Bruno Motta louro / Felipe Santos 2m4 Marvilla”. Eu criei um roteiro a partir
da vida, da obra, do poeta e depois o
encenei através de um monólogo.
Resumindo, em alguns momentos eu
A Exclusão do negro no Brasil consigo unir estes dois recursos, pelo
fato de ser atriz e escritora.”
A população mundial é uma miscigenação de povos, com cultura e valores diversificados. O Brasil é um
exemplo claro dessas misturas, quando foi colonizado pelos portugueses, que trouxeram africanos para o trabalho O que te levou a trabalhar com a
pesado no país. Mas será que a diversidade é respeitada neste país? temática da identidade negra, da
Os negros vivem livres hoje no país como qualquer outra pessoa de cor branca ou parda e têm os mesmos cultura africana? Existem outros
direitos como cidadãos, ou pelo menos deveria ter. O fato é que ele ainda é diferenciado pela sociedade. Um comercial assuntos ou temas que lhe atraem
da marca Dove mostrou isso claramente quando uma mulher negra levanta a camisa e vira uma mulher branca ao no campo literário?( Leticia
usar o produto da marca, mostrando que os negros são pessoas ''sujas''. Pezzini e Vinicius Lins)
Dados estatísticos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), mostram que 66,1 % das casas nas Olha, as dificuldades são muitas, não é uma carreira fácil. Para mim, a minha maior dificuldade foi vencer as minhas
periferias são chefiadas por negros, enquanto que apenas 17% da população rica é composta por negros e que os próprias dificuldades internas. Vencer a timidez, vencer as minhas limitações técnicas, conhecer o ofício mesmo, a
mesmos representam 3/4 da população pobre. Fica claro que mesmo que a situação do negro no Brasil tenha sido profissão. Dominar técnicas de voz, de corpo, de interpretação. Isso é o grande lance do ator. Dominando essas
melhorada nos últimos anos ainda restam resquícios do Brasil colonial. técnicas você vai se aperfeiçoando, vai melhorando compreendendo melhor o seu ofício. Agora, as questões externas
A diversidade trouxe diferenças físicas em nossa sociedade, mas não devemos olhá-la com preconceito, de vencer as dificuldades, a instabilidade da profissão, a falta de apoio, de patrocínio. Você tem sempre que correr
desrespeitando o próximo. Cabe à sociedade se conscientizar de que todos são iguais e, desde cedo, aprender atrás de patrocinador. É uma carreira que aqui no ES o mercado é muito restrito. Na verdade é restrito no Brasil todo,
respeitar as pessoas, não pelo que se vê, mas pelo que se é. não é um mercado fácil. O ES não é exceção. Mas considero que minhas maiores dificuldades foram às internas.
Principalmente, superar a timidez, as dificuldades com a voz, porque no início não tinha uma voz pronta para o teatro,
Kayo Vinicius e Áleffe Henrique - 2M4 fui aprender técnicas, fiz aulas de canto. Fui buscar conhecimento. No início da minha carreira, no grupo da UFES
Guardiões da Poesia, tive um pequeno problema nas cordas vocais. Um pólipo devido à má utilização das minhas
cordas vocais no teatro. Não precisei operar porque com os exercícios de voz, consegui operar o problema. Logo,
Liberdade, ainda que tardia vencer a mim mesma foram as minhas maiores dificuldades.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE/2015), mais da metade da população Você tem formação acadêmica em história e mestrado em literatura. Já trabalhou como professora? Que
brasileira (54%) é negra e a cada dez pessoas, três são mulheres. A população negra está ingressada no Brasil desde contribuições para a trajetória artística essa experiência na universidade te deu? (Andreia e Hamayra)
o período colonial, contexto histórico decorrente do tráfico negreiro praticado pelos portugueses. Com a abolição da Sim, eu tenho essa formação e já trabalhei como professora no início nos anos 90. Lecionei na Serra e,
escravatura, os escravos foram declarados libertos, mas será que essa liberdade realmente existe? simultaneamente, fazia teatro. Quando estava começando, lembro de levar meus alunos ao teatro. Desenvolvi um
Em pleno século XXI, os negros ainda sofrem com a exclusão social. A partir da abolição, muitos deles não se projeto na escola chamado “A escola vai ao teatro”. Eu ficava “louca” para garantir que os alunos fossem ao teatro,
encontraram socialmente, consequentemente passaram a viver em aglomerados subnormais, muitos se tornaram elaborava declaração para pedir autorização dos pais. Eu tinha muita vontade de realizar um projeto de formação de
moradores de rua e, devido à falta de educação, encontraram dificuldades no mercado de trabalho, além de sofrer na plateia. Mobilizar a escola para o projeto era muito legal. Só que os professores, em sua maioria, tinham uma postura
pele com o racismo velado reproduzido de diversas maneiras por uma sociedade hipócrita. do tipo dia do teatro era igual folga. Eu ficava louca para dar conta, na verdade, só dois professores se disponibilizavam
Hoje, não são raros os casos de racismo. Atrizes, cantoras, jogadores de futebol e membros da sociedade, a me ajudar, indo junto comigo. Os outros eram desinteressados e não se envolviam muito. Mas a responsabilidade de
afrodescendentes, padecem desse mal. A atriz Tais Araújo, por exemplo, recebeu uma enxurrada de comentários organizar, de estar com eles era minha, sendo que a maioria era de adolescentes e pré-adolescentes. Trabalhei
racistas em uma foto postada em suas redes sociais. A cantora Ludmilla também sofreu discriminação através de um também em outras escolas. Hoje eu dou mais aula de teatro. Cada ano é diferente. Têm momentos que eu estou mais
comentário em sua foto no instagram, por um homem que se dizia fã da mesma. Há casos também de jogadores de ligada a uma instituição têm outros, como esse ano, que eu fiz mais trabalhos pontuais. Fui chamada muitas vezes para
futebol negros, que amargam desprezos em campo. Tais Araújo conseguiu sair vitoriosa do ocorrido, mas muitas falar sobre o negro no teatro e convidada pela companhia Afronta para dar minha contribuição. Foi muito gratificante
dessas vítimas têm de lidar com isso sem o mesmo resultado. participar desse trabalho de formação. Sobre minha formação acadêmica e a relação com as artes é uma questão de
Como se vê, a liberdade dos negros ainda não se concretizou. As pessoas devem visar à conscientização conhecimento. É importante ter conhecimento, buscá-lo é sempre uma forma de ampliar a nossa capacidade de
para desconstruir essas ideias segregadoras, que tanto afetam a humanidade. É preciso criar políticas educacionais pensar. Tenho um senso crítico muito forte e isso levo para minha arte. Uma visão crítica da realidade, que reflete sobre
baseadas em conceitos referentes a valores à diversidade e a relações sociais mais pacíficas, com ideais o mundo, que não reproduz ideologias e acredita em tudo que vê. Eu sempre me pergunto o que tem por trás das
democráticos para uma relação humana sem essa visão racista, excludente e desmerecedora, que persiste em coisas. Isso, sem dúvida, a universidade me deu. Tenho minha capacidade crítica muito aguçada, o que me faz
permanecer viva. impaciente a certas opiniões. Pessoas com a mente muito fechada têm que buscar ampliar a sua visão e respeitar a
diferença que existe no mundo.
Filipe Carneiro da Silva e Emanuelly Batista Paiva - 2M4

28 09
Em sua entrevista ao blog “Livros por Lívia”, ao ser questionada acerca do título do livro Desnudalma, você
afirma que “A ideia da nudez do corpo e da alma e ainda a nudez do autor está presente do início ao fim do
ALGUNS JOGOS AFRICANOS
livro”. Esta perspectiva não é oposta ao que faz o ator que se “veste” com personagens diversos. Como lidar
com esta dupla tarefa no processo de criação artística? (Gabriele Tonom)
Em Desnudalmas a ideia da nudez independe de estar de roupa ou não, pois não estou falando só da nudez física, Mancala, Woare, Bao
mas da nudez da alma (Desnudalmas). O ator em cena pode estar com qualquer tipo de roupa, mas o corpo dele está É um dos jogos mais antigos do mundo, que remonta milhares de anos. Tabuleiros foram
exposto. Eu sinto isso. O público diante do ator vê seu corpo como um todo. E você está ali, aberto, exposto, diante do encontrados esculpidos em telhados de túmulos egípcios antigos em Luxor e Tebas. Em
público, é neste sentido que falo em nudez. Eu realmente já tive essa sensação, mesmo vestida. Como escrevi nos Alguns lugares o jogo é conhecido como Bao, Oware, Ayo, Omweso, Enkeshui ou Aweet.
poemas, me senti como se estivesse nua, pois o público estava vendo o meu ser, a minha alma. Tive essa sensação Há mais de 200 versões deste jogo onde o objetivo é o de “contar e captura”. Jogado em
muito forte quando participei de um espetáculo shakespeariano. Shakespeare por si só, já exige muito do ator. Era um toda a África, todos com um pouco com diferentes regras. No Norte e Oeste da África, é
monólogo com quatro personagens da obra de Shakespeare. Convidei o diretor Paulo de Paula para dirigir, e foi um comum o uso de duas fileiras de covas, na Etiópia eles jogam com 3 linhas, e no Leste e no
espetáculo de muito sucesso no final dos anos 1990, entre 1998 e 1999. Apresentei esse espetáculo durante uns três Sul da África, eles jogam com quatro linhas.
ou quatro anos, cheguei a ser premiada. Os personagens Julieta, Ofélia, entre outros, exigiam muito de mim, teve um
momento que eu estava ali entregue, na cena, e eu tive uma sensação como se estivesse nua, mesmo estando
vestida. Morabaraba ou Umlabalaba

No mesmo blog , você comenta que o livro Desnudalma expressa sua vivência religiosa com os Orixás. Você Jogo tradicional africano muito praticado na África do Sul. A versão chamada Shax também é
pensa em lançar algum livro que cite suas experiências na sua nova religião messiânica? (Sulamyta popular na Somália e Achi em Gana. Na versão sul-africana do jogo as peças são chamadas
Fernandes Breda) de “vacas” e o objetivo é formar “moinhos” ou linhas de três, a fim de “disparar” um dos
No meu livro Desnudalmas, trago experiências que transitam entre uma religião e outra. Tem poemas sobre orixás e adversários “vacas”.
sobre a igreja messiânica. As diferenças de como fazer ikebana, que é um tipo de arte japonesa de arranjos florais. E
isso é abordado no livro, minha vida na messiânica. Consequentemente, eu não excluo as demais religiões, ao
contrário isso serve para acrescentar. Quando era criança frequentava a igreja católica o que me fez nutrir um respeito
enorme pelos santos, Nossa Senhora A meu ver tudo se soma, pois quando você exclui você nega o que lhe Senet
empobrece como pessoa. Você acaba se tornando preconceituoso. Um dos mais antigos e conhecidos jogos de tabuleiro que remonta ao Antigo Egito, cerca
de 4000 anos atrás. Versões atuais do jogo são produzidas por diversas empresas.
Na websérie -de filme poesias de autores afro-brasileiros -Palavra Negra, seus trabalhos poéticos foram O tabuleiro de 3 níveis de 6 ou 10 casas, das quais algumas eram marcadas com
interpretados junto a outros nomes da história da poesia negra, como Abdias do Nascimento e Elisa Lucinda. hieróglifos. Existem as casas benéficas e as maléficas, especialmente às com marcações
Ser mencionada ao lado destes autores te dá ideia de “missão cumprida”?( Carlos) de água. Pode ser jogado só, um contra um, ou até em grupo.
Não deixa de ser um reconhecimento, fico feliz por isso! Porque me identifico com os autores, então é ótimo.

Como você dimensiona o impacto na sua carreira da participação na novela “Velho Chico”? (Carlos e Iurya)
O impacto maior é a visibilidade. Que não se restringe ao Brasil, pois a novela passava no exterior. Foi uma Zamma Dhamet
experiência muito boa, muito positiva pra mim, apesar de já ser uma atriz experiente no teatro e de já ter feito cinema, a
televisão é uma nova linguagem para mim. A velocidade da TV e a forma de produção é muito diferente. O teatro é algo Tradicional e jogado no Norte da África, é semelhante ao jogo de damas. O tabuleiro é quadrado com 9
mais artesanal e a televisão industrial. Ter que dar conta de toda pressão e responsabilidade de estar no meio de linhas de diâmetro e 9 para baixo. Cada jogador recebe 40 peças, preto e brancas. Preto começa a
atores consagrados e extremamente reconhecidos. Por exemplo, recentemente fui convidada para ser jogar primeiro. As peças seguem o padrão da placa, só pode mover para frente, e capturar seus
homenageada na semana da Consciência Negra, na cidade de Congo, interior da Paraíba, em Festival de Cinema adversários pulando sobre eles. Se uma peça chega ao fim oposto do tabuleiro é promovida e pode
chamado Cinecongo. A cidade tem uma influência da cultura negra muito forte. Essa foi uma das experiências mais então mover em todas as direções.
recentes. Jamais esperei que isso fosse acontecer, pessoas de Estados distantes me seguindo e me homenageando
em um evento como esse. Percebo que muitos mineiros e paulistas me seguem nas redes sociais, acompanhando
Fanorona
minhas notícias. Jogo de tabuleiro originário de Madagascar, o tabuleiro é composto de linhas verticais,
horizontais e diagonais, cujas interseções são as casas do tabuleiro. Cada jogador controla
22 peças, que são posicionadas antes da partida, deixando vazia a casa central. Os
adversários jogam alternadamente, movimentando uma peça de cada vez, podendo efetuar
captura de peças adversárias. O jogador que ficar sem peças perde a partida.
Há dois modos de capturar peças adversárias: por aproximação e por afastamento. Ao
realizar uma captura, o jogador pode realizar outros movimentos de captura com a mesma peça na mesma jogada,
exceto na primeira jogada do jogador na partida.

Tsolo Yematatu

Significa “jogo de pedras jogado com três”, e sua origem se deu no continente Africano no país
Zimbábue. É um simples jogo de raciocínio lógico e estratégia, e suas partidas podem demandar muito
tempo pela relação desses dois elementos. O Tsoro é jogado em um tabuleiro em forma de triângulo
isósceles dividido ao meio por uma linha na vertical e outra na horizontal, e é realizado por dois
jogadores, cada jogador dispõe de três peças de mesma cor que inicialmente ficam de fora do tabuleiro.
O objetivo do Tsoro é ser o primeiro jogador a formar uma linha de três peças suas. O jogador que irá
iniciar o jogo é decidido na sorte. Os movimentos são alternados, cada jogador na sua vez, coloca uma de suas peças
em uma casa vazia no tabuleiro, após todas as peças tiverem sido colocadas restará apenas uma casa vazia, a partir
daí cada jogador move uma peça vizinha a casa vazia, é permitido também saltar sobre uma peça, sua ou do
adversário.

10 27
CANDOMBLÉ
EXPERIÊNCIA DE VIDA EM UM QUILOMBO Nome da Mabaia (Barracão) onde foi feita a visita.
ajudam na plantação, deram um carro novo e um baú Agradecimento a mãe de santo Euzenira, que nos recebeu muito bem, e tirou nossas
fechado para as meninas fazerem entregas. Somente dúvidas sobre sua religião.
os prefeitos que hoje dão assistência. Quando eu
morava lá não tinha isso não. Cada um com o seu.
Entrevista
A cultura do quilombo de onde a senhora veio Como você entrou para o Candomblé?
ainda é preservada? “Bom, eu entrei aos 18 anos, contra pai, contra mãe, por motivo de doença. Não entrei por
“Nem todas. Como os mais velhos já morreram, que queria seguir o Candomblé, eu entrei por opção de cuidado, porque a medicina não
algumas coisas foram se perdendo. Mas algumas dava mais conta de mim, pois tinha uma doença que não tinha diagnóstico nenhum, ou seja,
festas continuam, mas agora só na cidade de era uma doença espiritual. Não foi por opção na época. Hoje, se eu tivesse que escolher,
Conceição da Barra, como o Congo, Reis, Meu Amado entraria de corpo e alma.
São Sebastião, que é em Itaúnas e “tá” muito animado.
É uma coisa que não acaba de jeito nenhum. Vai Que mensagem você procura passar com sua religião?
morrendo um e eles vão colocando outro. “Tudo de bom, tudo de melhor, porque esse seguimento que eu tenho, essa religião, nos ensina a nos educar, tem
limites. O que eu posso passar para vocês é que aprendi a ser humilde, a ter respeito pelas pessoas, e que tudo que eu
tenho não é meu é de todos, então eu divido tudo que eu tenho, tudo que eu posso. Tudo que eu tenho para passar de
Mudando um pouco de assunto, a senhora já bom para as pessoas eu passo, pois é isso que a religião prega, apesar de que a maioria não faça, o verdadeiro
sofreu algum preconceito? seguimento é esse, dividir o pão, passar o que tem de melhor às pessoas, porque precisamos da ajuda um do outro,
“Nunca! Graças a Deus. Tinha atividades pra homem então a mensagem da minha religião, para mim, é isso, é o que eu aprendi.”
mas eu tomava as frentes, mesmo sendo mulher, fazia
e dava conta. As vezes os meninos que eu fui criada Como você lida com os preconceitos e as críticas à sua religião?
junto não faziam o que eu fazia. Não tinha preconceito “Olha, eu lido naturalmente, porque os preconceitos me fazem crescer cada vez mais. Eu não tenho medo do
por isso, eles adoravam que eu fazia. Nem por ser preconceito, eu tenho respeito a mim mesma, porque nada do que eles falam é verdade, porque eu sei que a religião
negra. Se alguém chamou eu não escutei, porque se não é isso, então os preconceitos não me atingem em nada, não. Às vezes, vêm as barreiras porque você é ofendido,
eu escutasse eu voltava “pra” trás e ia dar uma mas Deus nos deu a capacidade de perdoar, então o que falam é porque não têm conhecimento, pois, se tivessem,
resposta muito boa.” amariam muito mais a natureza, porque Deus é a natureza. Quando me chamam me macumbeira, não sabem nem o
que estão falando, porque macumba é um instrumento, então isso não me atinge em nada, não.”
Nailma Maria Dulce da Conceição E ao procurar um emprego? A senhora encontrou
Gurigica – Vitória alguma dificuldade? Quais são suas práticas religiosas?
“Eu não precisava procurar pois já fazia tudo o que era “Sempre praticar o bem. Eu procuro, através das ervas, preparar um chá, um
Então senhora Nailma, o que existia no quilombo onde necessário para me sustentar, eu produzia e vendia.” banho, eu atendo as pessoas, sou psicóloga, sou advogada, eu sou tudo. Mas
a senhora viveu que é diferente daqui? O que tinha lá não sou eu sozinha, tem uma força que me faz ajudar aquela pessoa.”
que a senhora sente falta aqui na cidade? Para finalizar, a senhora acredita que é importante
“O que existia lá e nunca vai ter aqui é o meu trabalho na falar o que viveu para outras pessoas? Quais são suas práticas mais conhecidas?
roça. Sinto falta das minhas plantações, animais... Sinto “Eu acho importante porque tem muitas pessoas que “As práticas conhecidas são o benzimento, o banho, tem o passe, o poder da
falta até hoje pois não posso estar lá fazendo algo que eu pensam que isso não existiu. Eu acho que deve! As energia, que eu posso até curar uma pessoa com o passe, porque não sou eu,
goste, no que é meu de fato.” escolas têm que acompanhar melhor, porque na vou falar mais uma vez, é uma força que puxa a negatividade. Às vezes, você
minha época não tinha. Eu não tive escola. Agora a chega aqui com um problema, uma dor de cabeça, aí a gente leva para o
A senhora citou anteriormente que não pode estar prefeitura tem ônibus de manhã, meio-dia e a noite que banho de ervas para tirar aquela negatividade. Antigamente era o benzimento,
onde nasceu. Por que? O que te impede de estar lá? pega as crianças da creche. O conforto “tá muito tinha vezes que a ervar saia murcha porque puxa força negativa.”
“Porque eu não tenho nada mais lá. Nenhuma terra...” beleza pura”. Era isso que era meu sonho antigamente
e hoje eu não tenho. É uma lembrança muito bonita. O que você dá e o que recebe em troca na sua religião?
A senhora ainda mantém alguma cultura que aprendeu Eles não isolaram, não. Lá está bem cuidado, não tem “A gente dá mais do que recebe, porque você nunca viu pai de santo ou mãe de santo ricos, pois nós buscamos o
lá? nada pra reclamar porque está tudo certinho. equilíbrio, nós somos felizes com o que temos, Deus nos dá o equilíbrio, o necessário para viver. As pessoas que
“Muitas coisas. Fabricar sabão e torrar café são coisas aparecem aqui foi Deus que colocou no nosso caminho, porque a gente não vai de porta em porta convidar ninguém, as
que a gente fazia lá. A dança que eu mais gostava era forró, Então o que a senhora diria para os jovens de hoje pessoas que nos procuram. É muito bom para quem segue direito, porque, em todas religiões, existem os que seguem
eu tocava sanfona e batia pandeiro. Eu batia muito que ainda passam pelas dificuldades que a direito e os que não seguem. Eu nunca vou poder dar... quem sou eu pra dar?! Eu ajudo se tiver na beira do abismo,
pandeiro.” senhora passou? mas dar não sou capaz.”
“Lutem para não serem só empregados, mas sejam
Tem algo de lá que ninguém conseguiu tirar de você? donos de seus negócios, pois quando eu era da roça, Por que alguém deveria entrar para o Candomblé?
“A esperança de ter uma terra “pra mim”, plantar até o final eu plantava, colhia e vendia, eu mesma não pedia a “Pois é um seguimento tradicional dos nossos ancestrais. É uma forma de cultuar a Deus pela natureza, o Candomblé
da minha vida. Porque você fica pensando assim: eu sou ninguém, eu mesma comprava, eu sustentava, eu e os é natureza. Acho que, se as pessoas procurassem saber mais sobre a religião, quem conhece o Candomblé ama,
aposentada hoje, mas se eu tivesse minha terra lá, eu tinha outros. Ficou muito dinheiro para trás que eu não porque você está em constante contato com Deus, pode falar com ele a toda hora através da natureza.”
muito mais e era muito mais feliz e vocês todos também recebi até hoje. Porque eu fazia e vendia para “os
eram felizes junto comigo. Porque ia lá, buscava, trazia. É outros”, mas “os outros” esqueciam de mim; ninguém Por que o sacrifício de animais?
uma esperança que você não apaga nunca! Ela fica toda mandava em mim, e assim eu ia me sustentando. “Então, quando a gente sai do útero da nossa mãe, nasce no mundo material, a gente vem banhado de sangue, então o
vida.” Estudem para aprenderem coisas boas. Não vão pela sangue é vida. A gente não usa o animal, como alguns dizem, para sacrifício: você não come o animal vivo come? Tem
cabeça do outro, se alguém falar que seu esforço é em que sacrificar porque é a lei da sobrevivência. Dentro do Candomblé, a gente não usa o animal para fazer mal para
Lá a senhora sentia a assistência do governo na sua vão, não acredite. É só você ter a cabeça e chamar por ninguém, não, a gente usa para si próprio. Além de nos alimentar, ele nos fortalece, então não se usa o animal sem que
antiga comunidade? Deus, porque Deus é quem guia a gente.” se reze primeiro, porque o animal é servido para quem está aqui dentro, os nossos convidados, os iniciantes. Então
“Quando eu estava lá tinha um prefeito, mas não ajudava não é para matar e fazer macumba, como dizem, é para nos alimentarmos e nos fortalecer.”
não. Agora eles ajudam as pessoas que estão lá. Eles 4 REDE 1 MATUTINO
26 11
Umbanda, uma religião afro-brasileira ALGUNS EXEMPLOS DE COMIDAS AFRO-BRASILEIRAS:
Entrevista com Andréia, dirigente do terreiro Fraternidade Umbandista Cabocla Iara
Feijoada
A sua religião tem influência ou base em outras religiões? Quais?
“A umbanda é uma religião brasileira, fundada por uma pessoa que foi A feijoada, se originou nas senzalas. Enquanto as melhores carnes iam para a mesa
considerada esquizofrênica por falar com o “nada”, que recebeu uma dos senhores, os escravos ficavam com as sobras: pés e orelhas de porco, linguiça,
entidade que o revelou que ele fundaria uma religião.” carne-seca etc. Esses ingredientes eram misturados com feijão preto ou mulatinho e
cozidos num grande caldeirão, trazendo como resultado a famosa feijoada.
Vocês possuem dogmas religiosos, regras que um indivíduo deve
seguir ou como ele dever se comportar?
“Na Umbanda, seguimos muito o Novo Testamento. Fraternidade, caridade Acarajé
e respeito ao próximo e por si mesmo, acima de tudo. Porém não somos fãs
de vícios. Nós nunca imporíamos a uma pessoa que ela pare, mas O Acarajé é feito de massa de feijão-fradinho, cebola e sal e frita em azeite-de-
tentaríamos instruí-la a parar.'’
dendê. O acarajé pode ser servido com pimenta, camarão seco, vatapá, caruru
Quais as maiores diferenças da Umbanda para o Candomblé a seu ou salada: quase todos componentes e pratos típicos da cozinha da Bahia.
ver? É um prato típico da culinária baiana e um dos principais produtos vendidos no
R: “No Candomblé, não existe incorporação, no Candomblé eles dançam tabuleiro da baiana (nome dado ao recipiente usado pela baiana do acarajé para
para o Orixá, eles o cultuam... Eu não sei direito como explicar, mas eles não expor os alimentos), que são mais carregados no tempero e mais saborosos,
incorporam como nós, umbandistas, fazemos. Na Umbanda, existe Preto diferentes de quando feitos para um orixá de religião afro-brasileira.
Velho, Caboclo e etc ...”

Na igreja Evangélica existe algo parecido? Abará


R: “Na igreja, fala-se muito no fogo divino. Para nós, esse fogo divino tem um nome, Egunitá. Ah, o amor de Deus, pra
nós? Oxum. Justiça divina? Xangô. Conhecimento divino? Oxossi... Se você for olhar, é a mesma coisa com nomes Bolinho de origem afro-brasileira feito com massa de feijão-fradinho temperada com
diferentes.”
pimenta, sal, cebola e azeite-de-dendê, algumas vezes com camarão seco, inteiro ou
Existe alguma divindade mais importante ou superior? moído e misturado à massa, que é embrulhada em folha de bananeira e cozida em
“Não, para nós, todas são importantes. Por exemplo: quem, aqui nesta sala, é mais importante? Aos olhos de Deus, água. No candomblé, é comida de santo, oferecida a Iansã, Obá e Ibeji.
todos nós somos iguais. Para nós, não existe o Caboclo ser mais importante que o Preto Velho ou vice-e-versa. Cada
um dentro do seu espaço, da melhor forma.”

O que Oxalá representa na Umbanda?


“Oxalá representa a fé. Se você for voltar á criação, você vai perceber que Deus fez o mundo em sete dias, não foi? Cuscuz
Quando você vai fizer alguma coisa, você acredita que algo novo vai surgir, então, você tem fé, você crê em alguma
coisa nova. Esse sentimento de Deus, de crer em alguma coisa nova ou em fazer algo representa Oxalá para nós.” É uma herança dos povos islamizados da África, é composto de farinha de trigo ou
de arroz e servida com carne e verdura. As nossas cozinheiras
Você ouve muitas coisas ruins sobre a Umbanda? Como pessoas chamando os ritos de macumba ou
confundindo Exu com demônio e etc...?
introduziram a carne-seca e o torresmo como complemento.
''Eu dei uma palestra na UFES sobre Umbanda para os professores. Tinha um problema sério com eles, não Em sua versão doce, o cuscuz é feito com leite de vaca, leite de
entendiam muito bem e acabavam misturando tudo como naquela história 'umbanda é macumba' e etc. Existem coco, tapioca e leite condensado.
pessoas ruins em todas as religiões, não só nas de matriz africana. Ás vezes, a pessoa está lendo um salmo e, ao
mesmo tempo, se preocupando em acabar com o outro. Existe um ponto nosso que diz assim 'Quem diz que a
Umbanda é ruim? A umbanda não é ruim não. O que faz a Umbanda ser ruim é o mau pensamente e o mau coração'”.
Mungunzá (Canjica)
E quanto às pessoas intolerantes e ao preconceito? Como você lida?
“O maior problema do preconceito está nisso, se você faz alguma coisa comigo, eu fico assim: 'Ah, ele fez isso comigo Alimento preparado com milho em grão e servido doce (com leite de coco) ou
e eu vou devolver para ele. Eu não quero saber dele porque ele é evangélico'... Se eu começar a fazer isso, esse salgado (com acompanhamento de carne-de-sal/ ou torresmo) com leite.
preconceito vai ser de mão dupla. Eu vou estar sendo preconceituosa com você e você comigo e sabe quando nós
vamos resolver isso? Nunca.
Alguma coisa aconteceu? Vá atrás, converse, tente resolver. Então, assim, a fraternidade não tem nenhum grande
problema com preconceito, porque a gente vai atrás e conversa, tanto que tenho muitos amigos evangélicos, acho
que, da mesma forma que eles têm que me respeitar, eu tenho que respeitá-los.”
Azeite de dendê

O azeite de dendê também é um dos ingredientes mais importantes da culinária


negra. Este azeite é extraído da polpa do dendezeiro, uma palmeira de origem
africana , sendo responsável por dara cor, o sabor e o aroma de tantas receitas
deliciosas como o caruru, o vatapá e o acarajé.
TURMA 1V4
Fonte: http://www.portalsaofrancisco.com.br/culinaria/culinaria-afro-brasileira

12 25
Abayomi O Teatro
No último dia 11 de outubro, os alunos da turma “1V5” do CEEMTI Os artistas afro-brasileiros ainda estão marginalizados no campo da arte pela pouca
Fernando Duarte Rabelo se reuniram durante uma aula de história para visibilidade ou pelos critérios de exclusão marcantes nas produções. Como personagens, nem
participar de uma oficina para a produção de bonecas “Abayomi”. sempre são maioria protagonistas, e quando surgem, estão caracterizados de forma
Inspirados pela tradição de uma arte história, a turma aprendeu a confeccionar estereotipada. Fazem parte de um grupo restrito, contribui de forma mínima para a representação
essas bonequinhas com o intuito de enriquecer a nossa Mostra Cultural com dos 97 milhões de afro-brasileiros.
temática em homenagem a Consciência Negra no dia 20 de novembro. A nação brasileira, com um quadro de desigualdade e exclusão encoberta pelo reforço
As bonecas, em si, possuem uma história muito interessante. Para cotidiano do mito da democracia racial, possui um espaço potencial para o encontro com o
acalentar seus filhos durante os horrores das terríveis viagens dos navios espectador de um teatro de contornos estéticos a proclamar as matrizes culturais constitutivas da
negreiros que realizavam a travessia do Atlântico, as mães africanas rasgavam história da resistência negra.
retalhos de suas próprias vestes e com eles criavam pequenas bonecas, feitas Não é fácil sobreviver como artista cênico no Brasil. Muito menos como artista negro. Um
de tranças ou nós, que serviriam também como amuletos de proteção. teatro a reafirmar a identidade negra no Brasil apresenta-se como um espaço de resistência.
Quando em território brasileiro, as negras, na condição de escravas, As personagens negras, portanto, são apresentadas a partir do ponto de vista dominante,
continuaram a prática, muitas vezes para oferecer a suas filhas e filhos algo com quase nunca em um contexto centrado na experiência negra. Na maioria das produções teatrais,
o que brincar e amenizar as dores da dura vida que enfrentavam. os papéis destinados a negros e negras estão limitados a um contexto de marginalidade e
As bonecas não possuem demarcação de olho, nariz ou boca, isso servidão que ignora a vida destes seres humanos que vieram ao Brasil e outro. Homens e
favorece o reconhecimento das múltiplas etnias africanas. mulheres de origens diversas com muitas histórias de lutas e vitórias, civilizações, cultura e
Hoje, estas simplórias bonecas são símbolo da resistência negra conhecimento além da pernóstica escravidão.
feminina, seu nome que possui diferentes traduções, todas elas muito A memória da resistência negra tem sido silenciada. Isso pode ser explicado
significativas para a cultura afro-brasileira, por vezes o nome “abayomi” historicamente consultando as origens da participação dos artistas negros na cena teatral
representa em português o termo “encontro precioso” em outras é representado brasileira. Invisibilidade não quer dizer inexistência.
pela frase “eu estou dando pra você o que há de melhor em mim”. O teatro negro brasileiro está vivo e atuante.
Assim, mais do que artesanato, mais do que história, “Abayomi” é filosofia Todo teatro tem um destino. O teatro grego teve o seu, o teatro medieval também. O teatro
para vida. elisabetano, sem dúvida, construiu cenários diante de um mundo com necessidades específicas.
Existem inúmeras outras formas de fazer teatro. O teatro, forma de representação estética da
Turma 1V5 realidade, está sempre a questionar o seu próprio tempo, a apontar caminhos.

Cristiane Sobral e Andréa Tenório - Turma 1V6

24 13
Análise do artigo RACISMO E ESCRAVIDÃO FICARAM MESMO NO PASSADO?
Diga-me qual a tua interpretação sobre o racismo no Brasil e eu direi quem és.
"A Eugenia no Brasil''
O racismo consiste em qualquer pensamento ou atitude que segregue as raças humanas, considerando-
as superiores ou inferiores. Atualmente, mesmo que de forma camuflada, grande parte da população ainda é
No artigo intitulado A eugenia no Brasil, Maria Eunice de S. Maciel apresenta um conceito pseudocientífico que racista.
teve grande repercussão no cenário científico e intelectual brasileiro nos anos iniciais do século XX: a eugenia. Durante o período da escravidão, os não-brancos, por possuírem raça e cultura distinta dos demais, eram
Surgido na Europa, com as ideias de Francis Galton, a eugenia é um movimento que apresenta um conjunto considerados seres inferiores. Com isso, sofreram abusos físicos e psicológicos, que deixaram sequelas sociais
de ideias e práticas relativas a um “melhoramento da raça humana.” A ampla divulgação dessas ideias com bases que podem ser vistas e sentidas até os dias atuais.
pseudocientíficas serviu como justificativa para alguns dos crimes sociais mais bárbaros deste século: racismo e Como visto no documentário A história do racismo e do preconceito, tudo isso teve início com os
discriminações. europeus e para fins econômicos: os negros eram vendidos e trazidos às Américas por meio de navios negreiros.
No passado, “raça” era um termo usado para definir nacionalidade, população e etnia, além da discussão Segundo estimativas, foram mais de 2 milhões de pessoas mortas em razão das condições precárias em que se
sobre a identidade nacional e o futuro da nação. Acreditava-se que o Brasil não progredia por causa de sua davam as viagens. Além disso, quando chegavam ao seu destino, na América, muitos cometiam suicídio, como
caracterização como “país mestiço”, com o cruzamento de brancos, negros e índios. Alguns autores como Le Bon, forma de evitar a escravidão. Após se tornarem escravos sua média de vida não passava de 15 anos.
Lombroso e Gonineau, no século XIX, disseminavam ideias baseadas em hierarquia racial, e afirmavam que a raça Com isso, nota-se que o racismo não é um fato da atualidade. Desde os primórdios, os não-brancos são
branca era superior às demais. Era amplamente difundido também o discurso de que o comportamento humano se taxados como inferiores, e, por isso, sofrem preconceito, são segregados e marginalizados. O preconceito que o
dava de forma hereditária. Partindo desse princípio, por exemplo, os indivíduos já nasceriam predispostos a vícios e escravo sofria naquela época não se distingue do que os negros sofrem hoje. Mesmo que se dê de forma
crimes, sendo julgados por suas fisionomias, até mesmo como geneticamente anormais. Diante desse cenário, implícita, o racismo ainda está ali, enraizado.
chegou-se a propor o controle de casamentos para os cidadãos brasileiros e a proibição por lei de casamentos inter- Dado os acontecimentos retratados nos documentários Racismo camuflado no Brasil e A história do
raciais. racismo e do preconceito, a escravidão foi um ato de extrema ganância e etnocentrismo, que gerou
Em meio a tudo isso, surge, ainda, a ideia do “branqueamento da população”: dizia-se, consequências em todo o globo. Apesar de ter sido abolido (banido por lei), tanto a escravidão quanto o racismo
então, que a solução para o problema racial no Brasil seria miscigenar a população e, são atitudes que ainda estão presentes em nossa sociedade, que até hoje não se desprenderam dessas
assim, com o passar do tempo, chegar-se-ia ao fenótipo branco. O dito “problema de correntes do passado.
raças no Brasil” afetou em proporções tamanhas o meio médico-científico que
chegou-se a confundir os conceitos de “hygiene” e “eugenia”. Acreditava-se que o Turma 2v1
negro e o mestiço eram sujos e, assim, para “higienizar” o país era necessária uma
série de medidas, entre elas, as eugênicas.
A eugenia no Brasil foi introduzida especificamente na Faculdade de Crônica
Medicina do Rio de Janeiro. O maior protagonista dessas teorias no Brasil foi o Às vezes, penso em como seria ser livre
médico Renato Kehl, que preconizava uma série de proibições matrimoniais e Bater asas, sentir o vento no seu corpo, sacudir os cabelos e sentir o frio da geada de manhã, ver o sol nascendo
seleções reprodutivas que remetem à criações de animais, aplicadas a seres na velocidade de uma nuvem atravessando o céu,
humanos. À ideia de “melhoria racial” associavam-se medidas como a se sentar em um prédio e olhar para todas as pessoas levantando para trabalhar como se fossem pequenas
segregação dos deficientes criminais, a esterilização dos “anormais”, formiguinhas, ver o tempo passar e mudar sentada no alto de um prédio.
mestiços, negros e criminosos (para que não procriassem) e educação As ruas não são movimentadas pela manhã, devagar começar a ganhar pequenos pontinhos de cores,
eugênica obrigatória nas escolas. Com isso, acreditava se que os movimentação e barulho.
“inferiores” ou “semi-humanos”, segundo Kehl, iriam se extinguir, No começo da tarde pessoas saem de seus compromissos e se misturam em igualdade em que os sons se unifica
restando, assim, somente a “raça superior”. e se tornam apenas um, os ônibus começam a encher, as pessoas entram com dificuldade, e correria, por mais
Em 1929, acontece o 1° Congresso Brasileiro de que reclamem das coisas ou modos elas não compreende que elas também a fazem, fazem mesmo sem saber...
Eugenia, que abordou temas como os perigos raciais das O sol já esta bem no Centro do céu, as pessoas já voltaram para os seus compromissos, a rua parece bem menos
imigrações e do Movimento Feminista, que começava a criar movimentada, mesmo assim ainda tem gente, se você for parar para observar vai notar que a face das pessoas,
forças no país: as mulheres não se sentiam mais no dever não são das muitas amigáveis, elas carregam preocupações, medo, nojo, inveja, timidez e vazio, isso não me
de procriar, e, para os eugenistas, isso era preocupante, já agrada, mas quem sou eu para ficar a julgar a humanidade...
que seriam elas as responsáveis pela criação da “nova O final da tarde já esta se aproximando, as luzes começam a se acender, e de pouco a pouco as pessoas
raça”. A tese da eugenia não era apenas usada como começam a se movimentar, algumas até correm.. é engraçado.
argumentos pseudocientíficos, mas também a Com pouco tempo começa a ficar com muvuca, os ônibus enchem, as pessoas reclamam, correm, gritam,
possibilidade de como medidas sociais e políticas. conversam.. o mesmo ciclo, a mesma coisa sempre.
O discurso eugênico nunca se efetivou O começo da noite, não tem tantas pessoas nas ruas, andando, mas mesmo assim tem uma pequena quantia de
formalmente no Brasil, mas, ainda assim, foi levado a carros, as coisas começam a ficar mais calmas, o céu se abre mostrando a sua imensidão de estrelas, as árvores
sério pela crença das pessoas no saber médico, o dançam ao ritmo do vento que as balançam, a noite vai se alargando, devagar as pessoas começam a sumir e
que, infelizmente, resultou numa sociedade de voltar para suas casas.
privilégios, controlada por ideias de hierarquia Já é madrugada, não tem muita gente aqui, parece tudo calmo, o céu está tão limpo, se por um momento eu
racial e de pessoas preconceituosas. As fechar os olhos consigo enxergar a cidade, e ela inteira dorme, ou quase toda... sempre á frutas ruins em uma
consequências e resquícios disso são uma árvore que é bela, e elas estragam as aparências,
sociedade desumana e a aceitação de propostas Em uma rua dessa cidade há como escutar gritos mudos pedindo ajuda, casas silenciosas fazendo barulho
tidas por muitos como científicas, que justificavam horríveis, pessoas caladas com suas mente pertubadas... a cidade nunca esta em completo silêncio, até por que
e acionavam a exclusão social de todos que não até mesmo o silêncio grita.
fossem brancos. Mais além do racismo, do A madrugada já está chegando no fim, começa a aparecer os primeiros raios de sol, a cidade daqui a pouco
autoritarismo e da discriminação, essas ideias começa a se levantar , não quero rever essa rotina, vou procurar outro lugar para observar o levantar, o deitar e a
negam a uma parte da humanidade sua própria calmaria, procurar um lugar em que eu possa me sentar e ficar vagamente observando a vida alheia. Orgulho pelo
humanidade. tom de pele, cabelo afro e sorriso que sobrepõe o preconceito.

Turma 2v2 Aprimorar, Convencer e Renovar.


Ariellly Nara - 3V2
14 23
A LUTA PELA VIDA DA JUVENTUDE NEGRA O POVO (DE) SANTO E
RESISTÊNCIA
Livre do açoite da senzala
Preso na miséria da favela.
In: 100 anos de liberdade - realidade ou ilusão?
Samba Enredo da Mangueira, 1988.

Axé Malungo!

A história de exclusão e de segregação do Povo Negro e,


especificamente, do Povo de Santo se fundem e confundem com o
processo de escravização de negros e negras na terra chamada Brasil. É
importante que percebamos que o programa europeu de dominação
escravagista e racista não se limitou ao campo econômico - a mão de
obra escrava dos negros e negras. Ele foi - e ainda o é - mais perverso,
pois além de inferiorizar a estética do povo negro (os referenciais de
beleza presente nas novelas globais são europeus), afirmar a
Luiz Inácio Silva da Rocha incapacidade cognitiva do povo negro, a sua arte (identificada como
O Espírito Santo é um dos estados que mais mata jovens negros no Brasil. De acordo com o Atlas da Violência primitiva) e, de forma mais forte, a experiência do Sagrado do Povo de
2016, que analisou uma série histórica de homicídios cometidos com arma de fogo de 2004 a 2014, concluiu-se que Santo ao desacreditar os seus ritos e espiritualidade como sendo
enquanto a taxa de homicídios para 100 mil habitantes caiu para brancos de 15,3 para 10,9; a de negros subiu de 37,2 manifestações folclóricas ou demoníacas.
para 46,4. Isso significa que, em 2014, a cada 10 mortes por arma de fogo ocorridas no Espírito Santo, 8 eram de No entanto, o que o programa europeu de dominação conseguiu
negros, ou seja, 83,4% dos assassinatos. durante anos omitir aos desatentos, - tanto através do recorte cristão
Por isso, o Fórum Estadual de Juventude Negra - FEJUNES lançou em maio de 2008 a Campanha Estadual católico (em países de fala portuguesa e espanhola) quanto em sua
Contra o Extermínio da Juventude Negra. A iniciativa visa denunciar os altos índices de violência que recai sob o versão protestante (por exemplo, a calvinista na África do Sul) -, quão
segmento, as péssimas condições de vida que a população negra enfrenta e pressionar os governos para a adoção demoníaca eram as suas pretensões e intenções.
de medidas que possam reverter este quadro. Eis a razão de se resgatar e dizer que um dos fatores que ajudou Cláudio da Chaga Soares
Durante a Campanha, já foram realizadas diversas ações, tais como oficinas, panfletagens, atos públicos, o Povo Negro a resistir ao banzo (a dor como aversão à privação da
produção de vídeos e cartilhas, palestras e caravanas culturais. Além disso, o FEJUNES realiza, há uma década, a liberdade) e ao horror da escravidão foi a sua espiritualidade. Para isso, o
Marcha Estadual Contra o Extermínio da Juventude Negra, que reúne dezenas de jovens de diversas comunidades Povo de Santo, - de forma subversiva e revolucionária -, inspirado nos contos orais sobre os seus ancestrais revividos
da Grande Vitória e do interior nas ruas do Centro da Capital, em protesto contra a violência que atinge o povo negro como guerreiros e guerreiras colocava, sob os altares dos santos reverenciados pela religião cristã católica,
no estado. assentamentos aos seus orixás. É, por isso, que em algumas regiões do Brasil, os orixás recebem nomes e ou são
Toda essa luta é para denunciar que o racismo continua produzindo desigualdades e violências em nosso representados por santos católicos: por exemplo, a Iemanjá, no Píer que recebe o seu nome em Camburí, está mais
país, ao ponto de determinar que algumas vidas não tenham tanto valor quanto outras. Essa diferença na letalidade para Nossa Senhora que à sua representação nos terreiros de Candomblé. Essas memórias contadas, cantadas e
entre brancos e negros é mais uma perversidade do racismo que hierarquiza as relações sociais e nos inferioriza pela celebradas ritualisticamente devolviam aos seus celebrantes motivo de esperança para vencer a escravidão.
simples distinção da cor de pele. Por isso, como teólogo e pastor presbiteriano, posso afirmar, sem hesitar, que toda a religião que legitima a
Por isso, continuaremos nossa caminhada e vemos na educação o campo prioritário para a descontração do exclusão e dominação é demoníaca. Portanto, no caso em estudo, Deus não estava entre aqueles que em seu nome
racismo no Brasil. Precisamos cada vez mais discutir os seus efeitos em nossa sociedade e pensar formas de penduravam belos crucifixos em suas Casas Grandes ou que em suas mãos carregavam exemplares da Escritura
combate-lo diariamente. Só assim conseguiremos viver numa sociedade onde a concentração de melanina não seja Sagrada, e, sim, estava entre os que 'habitavam' as senzalas chamando-o ora de Oxalá, Xangô, Iansã, entre outros
preponderante para definir quem tem mais direitos ou não. nomes.
Se no ano do centenário da assinatura da Lei Áurea, a Escola de Samba da Mangueira afirmava que o povo
Lula Rocha - É Coordenador do Círculo Palmarino, organização nacional do Movimento Negro, um dos negro estava “preso na miséria da favela”, hoje, o Povo de Santo, nem nas favelas mais podem estar, pois há registros
fundadores do Fórum Estadual de Juventude Negra e Membro do Observatório Capixaba de Juventude. Foi em várias partes do país de Casas de Santo que estão sendo destruídas por cristãos fundamentalistas
presidente dos Conselhos Estaduais de Direitos Humanos e de Juventude e Consultor da Secretaria Nacional neopentecostais e, em alguns casos, como no Estado do Rio de Janeiro, em que os praticantes de religiões de matriz
de Juventude da Presidência da República. É formado em Direito. africana estão sendo forçados a um novo êxodo por serem expulsos das favelas pelo novo braço coercitivo: os
milicianos - herdeiros dessa cultura fundamentalista e nada evangélica que demoniza a experiência religiosa do Povo
Negro.

¹É pastor da Igreja Presbiteriana Unida, teólogo, licenciado em Filosofia e Mestre em Ciências das Religiões.
²É de conhecimento comum que quando os navios negreiros aportavam no Brasil, os negros e as negras recebiam de
imediato o batismo e nome cristãos e a benção da Igreja à política escravagista que durou mais de 300 anos em nosso
país.
³Na África do Sul, país de Nelson Mandela, os calvinistas holandeses apoiaram e promoveram o apartheid: regime de
segregação racial no qual os direitos da maioria composta por negros foram cerceados pelo governo formado pela
minoria branca durante os anos de adotado de 1948 a 1994.
22 15
CRÔNICAS A infeliz realidade do trabalho no Espírito Santo: será que a
escravidão realmente chegou ao fim?
Amanheceu. Cinzento e frio estava a manhã, como todas as manhãs que tinham se passado desde
que os negros foram capturados de sua terra. Já tinham se passado anos, e as estações tinham se passado
muitas vezes, mas os dias sempre eram cinzentos. Pelo menos para mim era assim. Quando fui raptado vi
minha mãe morrer no navio negreiro e via meu pai apanhar constantemente. Eu, uma criança que não sabia A lei áurea, legalizada pela Princesa Isabel em 1888, teve como principal
objetivo abolir a escravidão no Brasil. Entretanto, mesmo anos depois de tal fato, o
o que era viver, chorava só de pensar que aquele seria meu destino. E foi. Quando jovem só sabia o que era
trabalho forçado ainda é evidente e elucida diversas formas de mascarar a
trabalhar e apanhar. Não sabia o que era dormir, tampouco o que era descanso. E foi assim por tanto tempo, escravização contemporânea.
que eu nem sei quanto tempo durou. Até que um dia fui participar de uma reunião secreta com alguns de Quando falamos em trabalho escravo, logo pensamos nos negros que sofreram
meu povo. Pretendíamos fugir de nossa miséria, e mesmo sabendo que seria perigoso estávamos ao longo do tempo, mas esse problema continua presente na rotina dos capixabas,
decididos. Organizamos tudo e, na noite marcada, fugimos. Foi o dia em que mais corri na minha vida. A por exemplo, sob diversas formas de trabalho submisso. Desde as roupas que
cada passo me sentia mais forte e vivo, o ar meio gélido da noite se transformou em calor vigoroso. A cada vestimos até o alimento que comemos, existe o suor de pessoas que são
campo diferente e a cada passada meio cambaleante parecia que meu verdadeiro lar e os braços abertos de escravizadas diariamente através de trabalhos exaustivos e em condições
meus pais apareceriam bem diante dos meus olhos outra vez. Sentia que tinha voltado a ser criança e meu precárias. Essa crueldade é uma dura realidade devastadora de sonhos, que
desejo ardente por viver estava em chamas. Porém, antes mesmo que eu finalmente deixasse de ver as compromete o destino de muitas famílias.
manhãs cinzentas, fui surpreendido por uma baita chicotada de meu senhor, que ficou sabendo da fuga e foi Atualmente, no Espírito Santo, muitas pessoas que vivem em situações precárias, de crianças a idosos, são
atrás de nós. Minha condição de escravo voltou antes mesmo de eu saber o que era liberdade. contratadas por carvoarias, tecelagens, canteiros de obras, dentre outros que prometem bons salários e adequadas
condições de trabalho, mas na verdade obrigam esses indivíduos a trabalharem em péssimas condições, como pouco
tempo para refeições e um ambiente nocivo, prejudicial a saúde dessas pessoas.
Letícia de Oliveira Queiroz - 3v1
Para que tais situações sejam erradicadas, as políticas públicas que combatem a escravidão contemporânea
devem ser intensificadas, no sentindo de serem mais eficazes, considerando também a fiscalização a cerca do
cumprimento ou não das mesmas em diversos locais de trabalho (principalmente nos citados anteriormente). Além
disso, os cidadãos, trabalhadores devem ser incentivados a denunciarem atitudes exploratórias, no sentido escravista,
pois muitas vezes apenas estes conseguem descobrir tais fatos. Todas as formas de combate à escravidão moderna
são bem-vindas, pois esse mal já deveria ter chegado a um fim concreto há muito tempo.
Dia da Consciência Negra
Turma: 3V3
Em meio a esse mar de injustiças e de opressão, eu estava afundando cada vez mais. Não havia Professor Orientador: Roberto Marcio da Silveira
ninguém que pudesse me salvar, já estava cansado e totalmente desgastado daquilo. Fui obrigado a fazer
coisas que não queria, vivi em péssimas condições naquela senzala, fui torturado. Não pude nem mesmo ter
um momento de liberdade e praticar a capoeira com os meus irmãos. De tudo, o que eu mais queria era ser Vidas Separadas
livre e finalmente poder respirar o ar que me fora tirado. Decidi então que, pela liberdade do meu povo, iria
enfrentar qualquer coisa, não importava o quão doloroso fosse. De 1948 a 1995, ocorreu, na África do Sul, um regime
segregacionista que negava aos negros direitos sociais e
Me vi correndo sem rumo pela mata, senti que o medo e a adrenalina percorriam o meu corpo, mas eu
políticos e foi denominado apartheid - ou “vidas separadas”, em
permaneci centrado no meu objetivo. Pude então avistar um quilombo, chamado Palmares. Foi onde africâner. Embora a discriminação já existisse no país africano
consegui notoriedade defendendo o meu povo nas batalhas contra os portugueses e me tornei o líder desde o século XVII - quando os colonizadores europeus
daquele quilombo. Entretanto, anos mais tarde fui capturado e morto por enfrentar e, sobretudo impor ao ingleses e holandeses instalaram suas colônias - o termo passou
governo o que queríamos. a ser usado legalmente apenas em 1948.
Hoje, já não estou mais por aí, porém me sinto orgulhoso olhando daqui de cima. Eu consegui deixar Apesar da população majoritariamente negra, no
o meu legado. apartheid, o governo era controlado pelos brancos de origem
europeia, que criavam leis e governavam guiados pelos próprios
Lídia Silveira Gonçalves - 2M1 interesses. Somente os brancos atuavam nos cargos diretivos
do governo, no Parlamento, e eram eles os proprietários de
terras produtivas. Já aos negros cabia o trabalho nas minas, nas
fazendas e na indústria; eram, portanto, a mão de obra barata.
A segregação racial esteve presente nos espaços
comuns do país: transportes, escolas, bibliotecas, praças,
Apenas o pensamento de mais um parques, praia e até bebedouros eram separados de acordo com
a etnia, além disso, aos negros eram vetados o sufrágio e a
O galo cantou, o sol já está nascendo, eu já não aguento mais, minhas costas parecem que vão se candidatura política. Enfim, todos os lugares foram marcados
quebrar, dormindo no chão frio, com marcas de chicotadas nas costas, eu quero fugir disso tudo, mas como pela violência do regime. A lei de separação estava estabelecida, no princípio, visando à conservação e à pureza
irei? Meu avô não conseguiu, meu pai também não, o que me garante que dessa vez dará certo? O que me cultural, pois os defensores do apartheid consideravam a raça branca superior.
Na década de 1960, a violência do regime ganha o mundo e conquista o apoio da opinião pública internacional
garante que aquele homem, aquele que nasceu livre e voltou por nós, Zumbi, que estava morto e reviveu,
devido a morte de sessenta negros pela polícia em uma manifestação pacífica contra o apartheid. Fazia oposição ao
esse homem podia ter outro destino, a não ser perder a cabeça em meio a praça pública, mas ele morreu regime o Congresso Nacional Africano (CNA), criado em 1940, no qual o pacifista Nelson Mandela foi a figura mais
resistindo aos "homi" português, ele liderou aquele quilombo, ele deixou uma marca, ele deixou uma influente. Feito prisioneiro em 1962, por 27 anos, Mandela foi libertado em 1990, depois de uma campanha
esperança de que meu filho possa não ter o mesmo destino que o meu, que o do meu pai e do meu avô, mas internacional e após vencer as eleições presidenciais, governa o país de 1994 a 1999 criando políticas sociais e
agora estou acorrentado, amanhã é minha vez de deixar alguma esperança para meu povo. habitacionais que atendessem a população negra da África do Sul.
Turma 3ªV01EMRED
Juan Oliveira - 3V1

16 21
Moda Afro O Samba e o Carnaval
A história do Carnaval é uma das mais bem produzidas
e ricas no mundo contemporâneo. Por conta dessa riqueza
A influência da cultura africana é estampada nas cores, formas e estilo da moda atual afro- cultural, para exaltar a Semana da Consciência Negra,
brasileira. De acordo com o Portal da Cultura Afro-brasileira, isso pode ser observado na utilização de enraizada na identidade, a trajetória desse povo será contada
tecidos coloridos, tecidos africanos, ou mesmo agregando nessa moda, artefatos regionais, como a sob a ótica do carnaval na passarela do samba de Vitória, Rio
renda e o bordado. Para os consultores desse portal, falar de uma moda afro é tentar sintetizar parte de de Janeiro e São Paulo. Pois o carnaval é uma festa que tem
uma cultura muito rica e vasta. Construímos então uma moda afro-brasileira, onde a cultura regional mostrado a cada ano a força do povo negro.
também nos influencia. Um grupo é identificado pelas suas vestimentas, seus costumes, sua cultura, O Estudo apresentará imagens, sambas-enredo e
criando assim um estilo próprio. Para eles, a valorização desse estilo é resultado da nossa política de sinopses dos desfiles de carnaval nos últimos dez anos. Vale
afirmação. Sim, moda também é uma ferramenta importante pra nossa identidade, pois faz parte de destacar que a proposta é resgatar fragmentos da história do
quem somos. Carnaval protagonizada pelo povo negro, e "Foi graças a esse
Os sites sobre moda nos ensinam que apesar das referências com animais, pinturas corporais e povo que o Carnaval, uma festa originalmente europeia,
outros estilos de tribos tradicionais, a moda africana é muito mais conceitual do que se imagina e isso foi o incorporou aqui no Brasil características de origem africana,
que encantou alguns estilistas para levantar a bandeira e levar os tecidos africanos para as passarelas como o samba, a capoeira e o candomblé", segundo a
das principais semanas de moda mundiais. Os desenhos nas peças vão muito mais que apenas adornos, jornalista Clarissa Lima.
possuem uma interpretação pessoal da região que aos olhos ocidentais podem passar despercebido, Dia do Samba – Considerado símbolo nacional, o
mas nem por isso desprezado. São estampas lindas que permitem looks incríveis. samba é comemorado no dia 02 de dezembro em todo o
Na palestra sobre “Influencias Africanas na Moda: vestimenta e estamparia” as estilistas nos Brasil. Há diversas versões para o surgimento desta data,
ensinam que as roupas africanas possuem um toque de tradição tanto em seus modelos como nas mas a mais conhecida delas diz que a data foi instituída em
estampas. Muitos dos desenhos não são apenas grafismos, mas remetem a algumas tribos antigas, são 1940, na Bahia, para homenagear o sambista mineiro Ary
estampas rupestres. Muitos dos símbolos nos vestidos são ligados a provérbios antigos da cultura oral. Barroso. Em 1963 foi instituído o Dia Nacional do Samba pelo
Nos sites relacionados à moda, identificamos que os tecidos africanos são uma das maiores governo brasileiro. Desde 1972, a data é comemorada nas
expressões da cultura local e de outra afirmação, ou seja: enquanto as brasileiras se vestem para entrar ruas e praças de todo o País.
em um grupo social, uma tribo, as africanas, mostram em suas roupas o diferencial, sua expressão
pessoal, porque elas já fazem parte de uma tribo. No Brasil se tornaram moda porque são realmente SAMBAS-ENREDO
bonitas e fáceis de combinar tanto para usar de dia como de noite. Há quem misture estilos ocidentais e
nossas pechas queridas como a saia lápis com uma linda blusa da moda africana e crie um visual mais ESCOLAS DE SAMBA DE VITÓRIA – ES
chamativo e bacana. Incluindo os cabelos que também fazem parte de quem somos, como nos Unidos de Barreiros: Samba-enredo 2017: “Uganda,
expressamos, eles definiam a pessoa e o grupo a que pertencia. É um complexo sistema de linguagem a pérola da África”
que pode indicar posição social, identidade étnica, origem, religião e idade. Independente de Boa Vista: Samba- enredo 2013:
Adornos multicoloridos, tranças, dreads e blacks dão um toque bonito em qualquer visual. Mas, ''Diáspora Africana - O grito de liberdade de uma raça''
vão muito além da procura pela beleza. Assumir o gosto e o respeito pelas diferentes formas da estética Imperatriz do Forte: Samba-enredo 2016: ''África: do
negra sinaliza um pertencimento e um orgulho dessa herança. berço da humanidade ao santuário milenar da sabedoria''
Nós, negras e negros, não nos vestimos simplesmente, nós nos produzimos, produzimos
identidade e valores. A moda africana é linda como são lindos os negros e as negras brasileiras e ESCOLAS DE SAMBA do RIO DE JANEIRO:
africanas. Acadêmicos do Cubango: Samba Enredo 2002 –
África (o Exuberante Paraíso Negro).
Karen Barbosa Lourenço - 1V8 Beija Flor: Samba-enredo 2001: A Saga de Agotime
- Maria Mineira Naê.
Salgueiro: Samba-enredo 1992 - O Negro Que Virou
Ouro Nas Terras do Salgueiro.

ESCOLAS DE SAMBA DE SÃO PAULO


Acadêmicos do Tatuapé: Samba-enredo: Mãe África
conta sua história: Do berço sagrado da humanidade à
abençoada terra do grande Zimbabwe.
Pérola Negra:Samba-enredo: 'Do Canindé ao samba
no pé. A Vila Madalena nos passos do balé'.
Tom Maior: Samba-enredo: Uma nova Angola se
abre para o mundo! Em nome da paz, Martinho da Vila
canta a liberdade!
Mocidade Alegre: Samba-enredo: 'Ayo – A alma
ancestral do samba',
Nenê de Vila Matilde: Samba-enredo: "A epopeia de
uma deusa africana".

TURMA: 2V3
PROFESSOR ORIENTADOR: VANGEVALDO CARDOSO DOS
SANTOS

20 17
Consciência Negra/ Soul Reggae Nossa Cor (Léo Santana)
"Há uma voz que ora Falam de mim, falam de você
As nossas memórias Falam de nós, falam da nossa cor
E relata nas praças
Ainda nos tempos de hoje
A sofrida história ... negra
Grita por justiça Existem gente sem amor
Direito de igualdade Barack Obama é negro!
Ao irmão oprimido Léo santana é negro!
Pela sociedade hipócrita Ronaldinho gaucho é negro!
Refrão: É negro! É negro!
Pare para ouvir Carlinho brown é negro!
Vamos refletir Ivete sangalo é negra!
A Consciência Negra Claudinha leite é negra!
Jamais desistir Daniela mercury.
Vamos prosseguir
E se você não é negro
Resistência negra
Há uma exclusão irmão ... irmão Se junte a nós que não tem preconceito.
Muitos pela sobras
Vivendo a liberdade escravos de um sistema Essa é uma homenagem a Nelson Mandela, e outras personalidades negras.
Que aos poucos os devora Mas, infelizmente nos dias de hoje existe gente preconceituosa, sem amor e
Não fique parado, Oh, não! com racismo, então quem tem orgulho de ser negro, mão para cima homens e
Enquanto o outro chora mulheres, o cantor fala no início da música.
Tome essa bandeira afrobrasileira Fala também de pessoas que viviam nas periferias que sofrem preconceito e
Levante e vam'bora." racismo, por serem negros, pobres e por morarem em lugares de baixa renda.
Sobre a música (favelas)
A luta dos negros não é só deles, é nossa também
Na música fala também que se a pessoa não for negra que é para se juntar a
Temos que parar de sermos hipócritas, fazer e não falar, pensar mais nas nossas
atitudes. Lutar por justiça e direito iguais, por amor, para um mundo melhor. quem não tem preconceito.
Temos que lutar pela nossa história, temos que está com isso sempre na memória. Compositor: Neime
Alunos: Lorrayne dos Santos, Jade, Luanna, Amanda e Igor
Alunos: Felipe Velozo, Saymon, Yasmin Juliana, Beatriz.

Nego Drama

Desde o início
Por ouro e prata
Olha quem morre
Então veja você quem mata
Histórias, registros
Escritos
Não é conto
Nem fábula
Negro
Negronão
nãonego
nego(MC
(MCMestiço)
Mestiço)
Lenda ou mito
Não foi sempre dito
Que preto não tem vez A música nos traz que devemos ter orgulho em dizer que somos negros.
Recebe o mérito, a farda Porque a sociedade insiste em dizer que somos mestiços, pardos,
Que pratica o mal mulatos, mas, não dizem negros.
Me ver
Pobre, preso ou morto “... Meu cabelo é enrolado
Já é cultural Eu digo que sou negro
Eles dizem que sou mulato
A música fala sobre a luta do pobre e negro, fala sobre o que os pobres passam sobre a mão do governo e Mulato vem de mula
os preconceitos de pessoas com dinheiro e que se acham superiores.
E eu não sou bicho...”
Diz também que muitos negros não tinham oportunidades e acabam recorrendo ao crime, alguns são
espertos e recorrem para o esporte, diz também que o negro é injustiçado e julgado precocemente pela sua
cor. A música nos mostra também que a mídia tem sido a grande influência
Essa música também lembra um pouco de como era antigamente, os negros viviam com medo de serem em propor um padrão à sociedade, em que ser negro e ter cabelo
mortos a qualquer momento. crespo não está no padrão. A sociedade propõe que somos todos
O negro sempre sofre com o preconceito todos os dias que só por serem negros tem classe baixa, um iguais, mas ainda há preconceito e discriminação com o negro, e que
exemplo foi o antigo presidente Barack Obama, ele era negro, então olhe o seu conceito antes de julgar apesar do passar dos anos, muitos ainda têm a visão de que negro é
alguém. inferior. Ainda existe muitas pessoas que acham que o dia da
Não é porque a pessoa é negra que ela não tem potencial para ter um futuro, existem e existiram muitos consciência negra é regresso, e que as cotas são segregações e não
negros que fizeram história, como por exemplo Machado de Assis, Fundador da Academia Brasileira de inclusões. Eles pensam que 400 anos de escravidão podem ser
Letras, uma de suas frases que ficou marcada foi: “A vida sem luta é um mar morto no centro do organismo
apagados com um dia de conscientização.
universal”. Não só ele, mas como muitos negros que existem, sofreram e sofrem com o preconceito racial,
mas isso não diz que você não tem futuro, estude, siga seus sonhos, esforce-se, pois só assim você Seja Negro e Não Negue!
independentemente de cor ou etnia poderá mudar o mundo mais importante que existe, o seu.
Nomes: Ana Beatriz Corrêa, Clara Vieira, Fábia Correia, Laura
Alunos: Breno Robert, Marlon Santos, Adenilson e Sávio. Isabel e Vitória Firmiano Simões.

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