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FAMOSP – FACULDADE MOSARTEUM DE SÃO PAULO

Gildeã Lopes Barreira


Manoel Silva Ferreira

O ENSINO DAS ARTES E A INTERDISCIPLINARIDADE NO ENSINO


FUNDAMENTAL

SÃO PAULO
2018
Gildeã Lopes Barreira
Manoel Silva Ferreira

O ENSINO DAS ARTES E A INTERDISCIPLINARIDADE NO ENSINO


FUNDAMENTAL

Trabalho de conclusão de curso


apresentado à FAMOSP – Faculdade
Mosarteum de São Paulo, como requisito
parcial para a obtenção do titulo de
Licenciatura em Artes Visuais, sob a
orientação da Profª Edna Maria De Lima
Santiago Souza.

SÃO PAULO
2018.
Gildeã Lopes Barreira
Manoel Silva Ferreira

O ENSINO DAS ARTES E A INTERDISCIPLINARIDADE NO ENSINO


FUNDAMENTAL

Trabalho de conclusão de curso


apresentado à FAMOSP – Faculdade
Mosarteum de São Paulo, como requisito
parcial para a obtenção do titulo de
Licenciatura em Artes Visuais, Sob a
orienteção da Profª Edna Maria De Lima
Santiago Souza.

Aprovado em:

Banca Examinadora

Orientador(a) Prof(a) Ms _____________________________________


Assinatura__________________________________________________
Prof(a)_____________________________________________________
Assinatura__________________________________________________
Prof(a) Ms__________________________________________________
Assinatura__________________________________________________
DEDICATÓRIA

Dedico à nossa família por todo carinho e apoio durante a realização do trabalho,
nossa enorme gratidão.
AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradecemos a Deus por estar sempre presente em nossa vida.


Agradecemos também ao nosso orientador pelo incentivo durante esta pesquisa.
“Ninguém educa ninguém, ninguém educa
a si mesmo, os homens se educam entre
si, mediatizados pelo mundo”

Paulo Freire
RESUMO
Esse trabalho tem como objetivo investigar o trabalho da interdisicplinaridade como
recurso pedagógico, evidenciando os benefícios que essa aproximação proporciona
ao processo de ensino e aprendizagem em consonancia com uma interação dos
pais com seus filhos discutindo questões pertinentes ao ambiente escolar, de
maneira que a criança se sinta segura em ter o apoio dos mesmos no seu
desenvolvimento como ser humano. Além disso, haverá a discussao de temas como
a multiculturalidade e a questão racial abordada pela interdisciplinaridade. A
metodologia utilizada será do tipo bibliográfico, tendo como objetivo buscar
resoluções para o tema em questão, fazendo uma análise sobre as várias
contribuições científicas a respeito do tema. Esta pesquisa usará como fontes de
pesquisas livros, rede mundial de computadores, revistas científicas, teses de
mestrado e doutorado, monografias e trabalho de conclusão de curso.

Palavras-Chaves: Aprendizagem. Interdisciplinaridade. Escola. Multiculturalidade.


ABSTRACT

This work aims to investigate the work of interdisciplinary as a pedagogical resource,


showing the benefits that this approach provides to the teaching and learning
process in line with an interaction of parents and their children discussing issues
pertinent to the school environment, so that the child feel secure in having their
support in their development as a human being. In addition, there will be discussion
of topics such as multiculturalism and the racial issue addressed by interdisciplinarity.
The methodology used will be of the bibliographic type, aiming to find resolutions for
the subject in question, making an analysis about the various scientific contributions
on the subject. This research will use as sources of research books, world-wide
network of computers, scientific magazines, master's and doctoral theses,
monographs and work of conclusion of course.

Keywords: Learning. Interdisciplinarity. School. Multiculturality.


SUMÁRIO

Introdução.............................................................................................................. 10
Capítulo I. Interdisciplinaridade............................................................................. 12
1.1. Mas o que é Interdisciplinaridade?...................................................... 12
1.2. Multidisciplinaridade.............................................................................. 13
1.3. Pluridisciplinaridade.............................................................................. 13
1.4. Interdisciplinaridade............................................................................. 15
1.5. Transdisciplinaridade........................................................................... 15
1.6. Conceitos de Interdisciplinaridade....................................................... 15
1.6.1. Tipos de Interdisciplinaridade.............................................................. 15
1.6.2. Interdisciplinaridade Heterogênea....................................................... 15
Capítulo II. Escolarização e Educação.................................................................. 17
2.1. Mas o que é Interdisciplinaridade?..........................................................19
2.2. O fortalecimento dos conselhos escolares..............................................24
Capítulo III. A multiculturalidade brasileira e o currículo escolar............................ 27
Capítulo IV O ensino de artes………………………………….............................. 36
Considerações finais.............................................................................................. 44
Referências Bibliográficas...................................................................................... 38
10

INTRODUÇÃO

Sabe-se que a trajetória da Educação é longa e tortuosa, sempre se


desviando do caminho original, mas sempre ficando com expressividade, pois
através do desenvolvimento do aluno, é que terá equilíbrio, autocrítica, pensamento
divergente, criatividade nas soluções de problemas, para buscar embasamentos em
outras áreas.
A criatividade é a possibilidade de realizar uma produção inovadora na qual
a capacidade de pensar por imagens tem um papel primordial. A flexibilidade de
pensamento e o potencial criativo estão diretamente relacionados, favorecendo-se
mutuamente.
É através de experiências estéticas que poderemos adquirir capacidades
progressivamente mais complexas em sua compreensão. Esta não se dá
diretamente, há que interpretá-la e encontrar-lhe um sentido. Para além dos juízos
de gosto e de beleza, para além das primeiras impressões, há que partir para um
estádio superior de entendimento da arte, tendo em vista um consequente
desenvolvimento cognitivo.
Para conhecer o mundo precisamos de diferentes ferramentas (como a
interdisciplinaridade) e de saber como utilizá-las adequadamente. A educação,
contém potencialidades cognitivas únicas que podem constituir um auxílio precioso a
esse conhecimento, abrangendo contextos muito diversificados a nível do currículo
escolar. Compreender a linguagem corporal, em especial a gramática visual
entendida como um código próprio de uma área específica dos saberes, impõe-se
num conjunto de competências gerais a desenvolver pelos alunos ao longo do
ensino básico.
Para tanto iniciamos nossa pesquisa, dissertando sobre a
interdisciplinaridade e questionando o que é a interdisciplinaridade, dessa forma
conceituamos e apresentamos seus tipos, a fim de no capítulo seguinte, mostrar sua
importância nas na educação, através de sua origem, destino e necessidades.
O segundo capítulo discorre sobre as diferenças entre escolarização e
educação e as políticas públicas que garantem a presença familiar no
acompanhamento escolar que em consonância com projetos de
interdisciplinaridade, geram um aprendizado mais significativo.
11

O terceiro capítulo aborda questões referentes ao currículo escolar e a


multiculturalidade brasileira que através de projetos interdisciplinares, pode
ultrapassar barreiras e incluir as culturas vistas como minorias no ambiente escolar.
12

CAPÍTULO I

INTERDISCIPLINARIDADE
Interdisciplinaridade é a integração de dois ou mais componentes curriculares
na construção do conhecimento. A interdisciplinaridade surge como uma das
respostas à necessidade de uma reconciliação epistemológica, processo necessário
devido à fragmentação dos conhecimentos ocorrido com a revolução industrial e a
necessidade de mão de obra especializada.
A interdisciplinaridade buscou conciliar o conceito pertencente às diversas áreas
do conhecimento a fim de promover avanços como a produção de novos
conhecimentos ou mesmo, novas subáreas.
Com o processo de especialização do saber, a interdisciplinaridade mostrou-se
como uma das respostas para os problemas provocados pela excessiva
compartimentalização do conhecimento. No final do séc. XX surge à necessidade de
mudanças nos métodos de ensino, buscando viabilizar práticas interdisciplinares.

1.1 - MAS O QUE É INTERDISCIPLINARIDADE?


Segundo Ivani Fazenda (1999), a interdisciplinaridade surgiu na França e na
Itália em meados da década de 60, num período marcado pelos movimentos
estudantis que, dentre outras coisas, reivindicavam um ensino mais sintonizado com
as grandes questões de ordem social, política e econômica da época.
A interdisciplinaridade teria sido uma resposta a tal reivindicação, na medida em
que os grandes problemas da época não poderiam ser resolvidos por uma única
disciplina ou área do saber.
No final da década de 60, a interdisciplinaridade chegou ao Brasil e logo
exerceu influência na elaboração da Lei de Diretrizes e Bases Nº. 5.692/71. Desde
então, sua presença no cenário educacional brasileiro tem se intensificado e,
recentemente, mais ainda, com a nova LDB Nº. 9.394/96 e com os Parâmetros
Curriculares Nacionais (PCN).
13

Além de sua forte influência na legislação e nas propostas curriculares, a


interdisciplinaridade ganhou força nas escolas, principalmente no discurso e na
prática de professores dos diversos níveis de ensino.
Apesar disso, estudos têm revelado que a interdisciplinaridade ainda é pouco
conhecida. E é com o objetivo de contribuir para o entendimento desse tema que
apresentaremos a seguir um breve resumo das principais concepções e
controvérsias em torno desse tema.
Porém, antes de entrarmos na discussão sobre a interdisciplinaridade
propriamente dita, precisamos distingui-la de outros termos que têm gerado uma
série de ambigüidades por expressarem idéias muito próximas entre si.
Quando falamos em interdisciplinaridade, estamos de algum modo nos referindo
a uma espécie de interação entre as disciplinas ou áreas do saber.
Todavia, essa interação pode acontecer em níveis de complexidade diferentes.
E é justamente para distinguir tais níveis que termos como multidisciplinaridade,
pluridisciplinaridade, interdisciplinaridade e transdisciplinaridade foram criados.
Em seguida, discorreremos sucintamente sobre cada um deles buscando
esclarecer as distinções entre tais terminologias. Com isso, esperamos contribuir
para um uso mais cuidadoso de tais termos no cotidiano escolar.
A classificação apresentada abaixo é a mais comum e foi proposta
originalmente por Eric Jantsch e sofreu algumas adaptações de Hilton Japiassú
(1976), um dos pioneiros da interdisciplinaridade no Brasil.

1.2 - MULTIDISCIPLINARIDADE
A multidisciplinaridade representa o primeiro nível de integração entre os
conhecimentos disciplinares. Muitas das atividades e práticas de ensino nas escolas
se enquadram nesse nível, o que não as invalida. Mas, é preciso entender que há
estágios mais avançados que devem ser buscados na prática pedagógica.
Segundo Japiassú (1976), a multidisciplinaridade se caracteriza por uma ação
simultânea de uma gama de disciplinas em torno de uma temática comum. Essa
atuação, no entanto, ainda é muito fragmentada, na medida em que não se explora
a relação entre os conhecimentos disciplinares e não há nenhum tipo de cooperação
entre as disciplinas.
14

1.3. PLURIDISCIPLINARIDADE
Na pluridisciplinaridade, diferentemente do nível anterior, observamos a
presença de algum tipo de interação entre os conhecimentos interdisciplinares,
embora eles ainda se situem num mesmo nível hierárquico, não havendo ainda
nenhum tipo de coordenação proveniente de um nível hierarquicamente superior.
Alguns estudiosos não chegam a estabelecer nenhuma diferença entre a
multidisciplinaridade e a pluridisciplinaridade, todavia, preferimos considerá-la, pois a
existência ou não de cooperação e diálogo entre as disciplinas é determinante para
diferenciar esses níveis de interação entre as disciplinas.

1.4. INTERDISCIPLINARIDADE
Finalmente, a interdisciplinaridade representa o terceiro nível de interação entre
as disciplinas. E, segundo Japiassú (1976), é caracterizado pela presença de uma
axiomática comum a um grupo de disciplinas conexas e definida no nível hierárquico
imediatamente superior, o que introduz a noção de finalidade.
Dessa forma, dizemos que na interdisciplinaridade há cooperação e diálogo
entre as disciplinas do conhecimento, mas nesse caso se trata de uma ação
coordenada. Além do mais, essa axiomática comum, mencionada por Japiassú
(1976), pode assumir as mais variadas formas. Na verdade, ela se refere ao
elemento de integração das disciplinas, que norteia e orienta as ações
interdisciplinares.
Segundo os PCN,
”a interdisciplinaridade supõe um eixo integrador, que pode ser o objeto de conhecimento,
um projeto de investigação, um plano de intervenção. Nesse sentido, ela deve partir da
necessidade sentida pelas escolas, professores e alunos de explicar, compreender, intervir,
mudar, prever, algo que desafia uma disciplina isolada e atrai a atenção de mais de um
olhar, talvez vários”. (BRASIL, 2002, p. 88).

Portanto, defende-se que a interdisciplinaridade não deveria ser considerada


como uma meta obsessivamente perseguida no meio educacional simplesmente por
força da lei, como tem acontecido em alguns casos. Pelo contrário, ela pressupõe
uma organização, uma articulação voluntária e coordenada das ações disciplinares
orientadas por um interesse comum.
Nesse ponto de vista, a interdisciplinaridade só vale à pena se forem uma
maneira eficaz de se atingir metas educacionais previamente estabelecidas e
compartilhadas pelos membros da unidade escolar. Caso contrário, ela seria um
15

empreendimento trabalhoso demais para atingir objetivos que poderiam ser


alcançados de forma mais simples.

1.5. TRANSDISCIPLINARIDADE
A transdisciplinaridade representa um nível de integração disciplinar além da
interdisciplinaridade. Trata-se de uma proposta relativamente recente no campo
epistemológico.
Japiassú (1976) a define como sendo uma espécie de coordenação de todas as
disciplinas e interdisciplinas do sistema de ensino inovado, sobre a base de uma
axiomática geral.
Agora que já distinguimos os diversos níveis de interação entre as disciplinas,
nos deteremos à discussão e análise das concepções de interdisciplinaridade mais
comuns. Inclusive, discutiremos os pontos mais polêmicos e contraditórios que

cercam essa temática.

1.6. CONCEITOS DE INTERDISCIPLINARIDADE


Embora tenhamos enfatizado na seção anterior a variedade dos níveis de
interação entre as disciplinas, dentre os quais se destaca a interdisciplinaridade.
Vale a pena dizer que, internamente, o próprio conceito de interdisciplinaridade
apresenta os seus variantes, sendo um conceito de caráter polissêmico.

1.6.1 TIPOS DE INTERDISCIPLINARIDADE


Muitas são as possibilidades quando se trata de interdisciplinaridade, não há
receitas a seguir. Os caminhos na busca da interdisciplinaridade devem ser trilhados
pela equipe docente de cada unidade escolar. O ponto de partida é determinado
pelos problemas escolares compartilhados pelos professores e por sua experiência
pedagógica. Para tanto, vamos conhecer a seguir os tipos de interdisciplinaridade.

1.6.2. INTERDISCIPLINARIDADE HETEROGÊNEA


Vem a ser uma espécie de enciclopedismo, baseada na “soma” de informações
procedentes de diversas disciplinas. Pertencem a esse tipo os enfoques de caráter
enciclopédico, combinando programas diferentemente dosados. Tais programas
16

objetivavam garantir uma formação ampla e geral. Entretanto, segundo Japiassú


(1976), as idéias gerais são geradoras de imobilismo.
17

CAPÍTULO II

ESCOLARIZAÇÃO E EDUCAÇÃO
Segundo Castro e Regattieri (2009, p.13) a escola é parte do sistema público
de ensino que é responsável primário pela educação, isto porque no que consta na
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional a educação escolar tem como
objetivo, no ensino fundamental, a formação básica do cidadão compreendida como:
“o fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de solidariedade humana e de
1
tolerância recíproca em que se assenta a vida social”.
Ainda segundo as autoras, a família exerce as funções de cuidados básicos
de higiene, saúde, alimentação, orientação e afeto, mesmo sem laços de
consanguinidade. (CASTRO e REGATTIERI, 2009, p.13).¹
Já de acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) “é de
responsabilidade da escola se articular com as famílias, e dever dos pais assumir o
seu papel perante a escola e a sociedade, e ter ciência de sua relevância na
2
participação e definição das propostas educacionais” (Brasil, 1990).
Porém, nem sempre esse princípio é considerado quando se trata do vínculo
entre a escola e a família, observa-se de forma recorrente, que a família delega toda
educação e responsabilidade para escola.
Segundo o filosofo, educador e professor Cortella:

As famílias estão confundindo escolarização com educação. É preciso lembrar que a escolarização é
apenas uma parte da educação. Educar é tarefa da família. Muitas vezes o casal não consegue com
o tempo que dispõem formar seus filhos e passa a tarefa ao professor, responsável por 35, 40 alunos.
(CORTELLA, 2014)3

A experiência escolar tem mostrado que a participação dos pais é de


fundamental importância para o bom desempenho escolar e social das crianças. O
Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), no seu artigo 4º discorre:

É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do Poder Público assegurar com


absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à saúde, à alimentação, à educação, ao
esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à liberdade e a convivência familiar e comunitária.
(BRASIL, 1990)²
1
http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=4807-escola-familia-final&Itemid=30192
2
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8069Compilado.htm
3
http://educacao.estadao.com.br/noticias/geral,cortella-a-escola-passou-a-ser-vista-como-um-espaco-de-salvacao,1168058
18

De acordo com Santos e Serrano (2015) nos diz que a educação não é uma
tarefa que a escola possa realizar sozinha sem a cooperação de outras instituições,
é nítido que a família é a instituição que mais perto se encontra da escola. Sendo
assim, se levarmos em consideração que família e escola buscam atingir os
mesmos objetivos, devem elas comungar os mesmos ideais para que possam vir a
superar dificuldades e conflitos que diariamente angustiam os profissionais
envolvidos no ambiente escolar, e também os próprios alunos e suas famílias. 4
É imprescindível discutir o que é uma família, pois ao longo da história tem se
mudado esse conceito.
Ainda para as autoras, atualmente vivemos em uma sociedade diversificada,
pois as famílias estão estruturadas de forma diferente de anos atrás. O antigo
padrão de família, antes constituído por pai, mãe e filhos deixa de existir e surgem
em seu lugar novas composições familiares desde as mais simples, formadas
apenas por pais e filhos, como também famílias formadas por casais oriundos de
outros relacionamentos, família composta por homossexuais e famílias formadas
apenas por avós e netos, o que não significa que essas novas gerações não sejam
consideradas famílias. (SANTOS e SERRANO, 2015).4
Segundo Tonet (2007) família é um conjunto de pessoas que se unem pelo
desejo de estarem juntas, de construírem algo e de se complementarem. 5
Isso porque ainda para a autora, a “escola não pode viver sem a família e a
família não pode viver sem a escola, pois uma depende da outra.” (TONET, 2007)5
Hoje vivemos em uma sociedade diversificada, com vários modelos de
famílias. A Constituição Federal através do artigo 226, § 6º decreta a união estável
como família. “Para efeito de proteção do Estado, é reconhecida a união estável
entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar a sua
conversão em casamento.” (BRASIL, 1988)6

A escola isolada é insuficiente para cumprir o papel educacional.

4
http://www.webartigos.com/artigos/a-escola-pais-a-importancia-dessa-relacao-no-desempenho-escolar/133831/
5
http://www.webartigos.com/artigos/refletindo-sobre-a-relacao-familia-escola/926/
6
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm
19

A escola nunca educará sozinha, de modo que a responsabilidade educacional da família jamais
cessará. Uma vez escolhida a escola, a relação com ela apenas começa. É preciso o diálogo entre
escola, pais e filhos. (PARANÁ, p. 6)7

De acordo com Santana (2013) a família é:

O lugar indispensável para a garantia da sobrevivência e da proteção integral dos filhos e demais
membros, independentemente do arranjo familiar ou da forma como vêm se estruturando. É a família
que propicia os aportes afetivos e sobretudo materiais necessários ao desenvolvimento e bem-estar
dos seus componentes. Ela desempenha um papel decisivo na educação formal e informal, é em seu
espaço que são absorvidos os valores éticos e humanitários, e onde se aprofundam os laços de
solidariedade. É também em seu interior que se constroem as marcas entre as gerações e são
observados valores culturais. (SANTANA, 2013)8

Ainda a autora deixa claro que a atuação da família é decisiva no


desempenho escolar, como também nos valores morais do cidadão.
Pode-se observar o quanto a proximidade entre a escola e a família é
significante para o desenvolvimento humano, pois é através dela que se formam
cidadãos críticos e conscientes para ingressarem na sociedade. (SANTANA, 2013) 8
Segundo Piaget,

Uma ligação estreita e continuada entre os professores e os pais, leva, pois, a muita coisa mais que a
uma informação mútua: este intercâmbio acaba resultando em ajuda recíproca e, frequentemente, em
aperfeiçoamento real dos métodos. Ao aproximar a escola da vida ou das preocupações profissionais
dos pais, e ao proporcionar, reciprocamente, aos pais um interesse pelas coisas da escola, chega-se
até mesmo a uma divisão de responsabilidades. (PIAGET, 2007, p. 50 apud SOUZA, 2009, p. 6) 9

2.1 POLÍTICAS PÚBLICAS


De acordo com o manual de Políticas Públicas Sebrae-MG, entende-se como
sendo: ações, metas e planos que os governos (nacionais, estaduais ou municipais)
traçam para alcançar o bem-estar da sociedade e o interesse público. Tendo dito de
outra maneira, políticas públicas são conjunto de programas, ações e atividades
desenvolvidas pelo Estado diretamente ou indiretamente, que visam assegurar
determinado direito de cidadania, ou para desenvolver determinados assuntos de
interesse coletivo. (LOPES, AMARAL e CALDAS, 2008, p.5)
Ainda para os autores, as políticas públicas podem ser formuladas
principalmente por iniciativa dos poderes executivo, ou legislativo, separada ou
conjuntamente, a partir de demandas e propostas da sociedade, em seus diversos

7
http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/1764-6
8
http://www.webartigos.com/artigos/a-atual-organizacao-familiar-e-sua-influencia-na-aprendizagem-escolar/116080/
9
http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/1764-8.pdf
20

seguimentos. Podendo então citar três tipos de políticas públicas: as redistributivas,


as distributivas e as regulatórias. (LOPES, AMARAL e CALDAS, 2008, p.5)
Para Oliveira (p. 3) as políticas públicas redistributivas consistem em
redistribuição de renda na forma de recursos e/ou de financiamento de
equipamentos e serviços públicos. Também podemos citar como exemplos de
políticas públicas redistributivas os programas de bolsa-escola, bolsa-universitária,
cesta básica, renda cidadã etc.10
Ainda segundo esse autor as políticas redistributivas têm maior impacto nas
famílias de baixa renda, ou seja, criam melhores condições de bem-estar para os
que mais necessitam do auxilio do Estado, ou seja, essas ações são legitimas
porque trata-se de promover justiça social. (OLIVEIRA, p. 3) 10

Souza (2003, p. 13) tem uma contribuição relevante quanto ao conceito de


politicas publicas: “O processo de formulação de política pública é aquele através do
qual os governos traduzem seus propósitos em programas e ações, que produzirão
resultados ou as mudanças desejadas no mundo real.” 11
Isso porque para Oliveira (p. 3) as políticas públicas distributivas consistem
em ações cotidianas que são de responsabilidade do governo.
Elas dizem respeito à oferta de equipamentos e serviços públicos, mas sempre feita de forma pontual
ou setorial, de acordo com a demanda social ou a pressão dos grupos de interesse. São exemplos de
políticas públicas distributivas as podas de árvores, os reparos em uma creche, a implementação de
um projeto de educação ambiental ou a limpeza de um córrego, dentre outros. O seu financiamento é
feito pela sociedade como um todo através do orçamento geral de um estado. (OLIVEIRA, p. 3) 10

Ainda de acordo com Oliveira, políticas públicas regulatórias são:

Elaboração das leis que autorizarão os governos a fazerem ou não determinadas políticas públicas
redistributiva ou distributiva. Se estas duas implicam no campo de ação do poder executivo, a política
pública regulatória é, essencialmente, campo de ação do poder legislativo. (OLIVEIRA, p. 4) 10

Vale ressaltar que as políticas públicas são de responsabilidades do Estado,


isso significa dizer que cabe aos dos governos a sua definição e implementação.
No entanto, essas ações quando tem a partição popular são mais efetivas,
pois o objetivo é atender aos interesses sociais. (SOUZA, 2003, p.14) 11
Uma vez que para Oliveira, as politicas públicas educacionais são as ações
especificas que os governos fazem para promover a educação.

10
http://www.sinprodf.org.br/wp-content/uploads/2012/01/texto-4-pol%C3%8Dticas-p%C3%9Ablicas-educacionais.pdf
11
https://repositorio.ufba.br/ri/bitstream/ri/2789/1/RCRH-2006-273%5B1%5D%20ADM.pdf
21

Políticas públicas educacionais é tudo aquilo que um governo faz ou deixa de fazer em educação.
Porém, educação é um conceito muito amplo para se tratar das políticas educacionais. Isso quer dizer
que políticas educacionais é um foco mais específico do tratamento da educação, que em geral se
aplica às questões escolares. (Oliveira, p. 4)10

Por isso mesmo que segundo Carvalho (2015, p. 297) o Estado moderno e de
direito a qual conhecemos fez reduções e até mesmo obscureceu várias atribuições
da família, nos campos tanto da reprodução quanto da proteção social dos
indivíduos, isso porque nos países capitalistas a oferta de bens e serviços
proporcionados pelas políticas públicas pareceu descartar a família privilegiando
apenas o indivíduo-cidadão.
Há de se destacar ainda para essa autora que, “pode-se dizer que família e
políticas públicas tem funções correlatas e imprescindíveis ao desenvolvimento e à
proteção social dos indivíduos.”(CARVALHO, 2015, p.299)
Vale lembrar que segundo Zanzarine e Yoshida (p. 2), o modelo de família
consiste em pai, mãe e filhos, sendo este considerado como ideal na sociedade,
porém “nesta compreensão de família há um julgamento tradicional moralista porque
utiliza um padrão de referencia considerado adequado.” 12
Isso porque ainda para as autoras,

Atualmente podemos observar que existem inúmeras formas de estrutura familiar em todas as
classes sociais como: mães solteiras sendo chefas de família; pais separados onde ambos podem
assumir a responsabilidade de ser o chefe da família; casamentos de casais já separados onde o
novo casamento pode ou não reunir os filhos do novo cônjuge; homossexual e outras. (ZANZARINE e
YOSHIDA, p.2)12

A sociedade necessita de família como expressão máxima da vida privada,


um lugar de intimidade, de construção de sentidos e expressão de sentimentos,
onde se expõe o sofrimento psíquico que a vida põe e repõe a todos nós.
(CARVALHO, 2015, p.301)
Segundo Zanzarine e Yoshida,

Do ponto de vista da cultura a família é necessária, pois, toda criança tem necessidade de ter uma
família de origem, substitutos ou abrigados em instituições que cumpra a função dos pais cuidando e
transmitindo os valores sociais e culturais. (ZANZARINE e YOSHIDA, p.3) 12

Portanto, de acordo com Carvalho (p. 304) a importância da família na esfera


pública ainda causa desconfiança, porém é fato que a família em sua esfera íntima é

12
http://www.ice.edu.br/TNX/storage/webdisco/2011/02/11/outros/a0684e0d955516a23fbdf5eb2030afdb.pdf
22

um lugar de encontro humano, de construção de história de vida, de exercício do


poder moral e de reposição de valores, sendo isso necessário na esfera pública.
Através de tudo isso verifica-se que a família é um fenômeno social na qual
produz vários efeitos jurídicos, criando divergências tanto no campo jurídico quanto
no sociológico “caminhando sempre à frente das normas e convenções, e buscando
seu próprio espaço, criando soluções para sua evolução. “ (MARIANO, p. 15)13
Fraiman (1997) afirma que uma das causas que afastam as famílias da escola
são fatores como a situação socioeconômica, exaustivas cargas de trabalho e
subemprego que geram um afastamento dos pais na vida escolar de seus filhos.
De certa forma, é preciso analisar o conceito sócio-histórico e cultural em que
as instituições escola e família se encontram, pois, a instituição educacional continua
pregando como modelo certo a ser seguido, uma família tradicional, pois de acordo
com Szymanski (2007), o comportamento familiar de acordo com cada camada
social é divergente perante a escola, somente compreendendo esses elementos é
que podemos estabelecer uma relação de diálogo entre família e escola.
Essas dificuldades econômicas devem ser debatidas pelo Estado e necessita
que políticas públicas sejam implementadas para melhoria das condições de vida às
populações pobre, pois nos últimos 30 anos de acordo com Szymanski (2007) houve
uma imposição das ideias burguesas com o objetivo de manter as desigualdades
escolares e sociais.
É notório que a participação das famílias nas escolas viabilize a
democratização do ensino público e esta ação promove não só a qualidade de
ensino como também podemos perceber inúmeras melhoras no rendimento escolar
do mesmo.
As políticas públicas precisam estar voltadas para verificar quem é a família
da periferia ou das áreas mais carentes, pois como afirma Sarti (2007, p.85):
[...] a família para o pobre associa-se àqueles em que se pode confiar e sua delimitação não se
vincula à pertinência a um grupo genealógico e a extensão vertical do parentesco restringe-se
àqueles com quem convivem ou conviveram[...] o uso do sobrenome para delimitar o grupo familiar a
que se pertence, recursos utilizado pelas famílias dos grupos dominantes brasileiros para perpetuar o
status e o poder conferido pelo nome da família é pouco significativo para os pobres[...] o que
realmente define a extensão de família entre os pobres é a rede de obrigações que se estabelece:
são da família aqueles com quem se pode contar.

13
http://www.unibrasil.com.br/arquivos/direito/20092/ana-beatriz-parana-mariano.pdf
23

Fávero (2007) afirma que a criação e a manutenção escolar da vida dos


menores são mais difíceis para as camadas mais populares, pois o acesso à rede de
serviços públicos não é garantido pelo Estado.
É preciso ficar claro que a educação é um tema muito mais abrangente e
também envolve política e a própria constituição federal coloca o ensino como direito
da criança e obrigação das famílias, em seu artigo 205 afirma que “ a educação,
direito de todos e dever do Estado e da família.
Já no artigo 227 a família deve junto com o Estado e a sociedade assegurar à
criança e ao adolescente o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação,
cultura, dignidade além de protege-los de todo e qualquer tipo de negligencia e
violência
Além disso, a Lei de Diretrizes e Bases 9394 de 20 de dezembro em seu
artigo 1º diz que “ a educação abrange os processos formativos que se desenvolvem
na vida familiar, na convivência humana, nas instituições de ensino e pesquisa”, todo
esse ensino tem como propósito desenvolver a integralidade do educando e
prepara-lo para o pleno exercício da cidadania.
Podemos estabelecer uma relação entre políticas públicas e família em que
ambas geram o desenvolvimento de uma educação de qualidade, a fim de discutir e
assegurar melhorias na política, administração e ensino dentro das instituições
escolares.
Bucci (2001) afirma que para que o Estado cumpra seu papel de direito com
os cidadãos se faz necessário a implementação das chamadas políticas públicas
que visam assegurar os interesses comuns visando a coletividade que tem como
objetivo a participação popular.
Áppio apud Matos; Bassoli (2004, p.3), afirma:
As políticas publicas podem ser conceituadas como instrumentos de execução de programas políticos
baseados na intervenção estatal na sociedade como a finalidade de assegurar igualdade de
oportunidades aos cidadãos, tendo por escopo assegurar as condições materiais de uma existência
digna a todos os cidadãos.

No entanto, Veronese (1999) afirma que política pública não é a mesma coisa
que assistencialismo, pois seu principal objetivo é assegurar os direitos
fundamentais e promoção da cidadania, todos esses elementos podem ser
adquiridos por meio da educação.
Logo, separar políticas públicas de família não seria viável como aponta
Dourado (2007), pois gera a democratização da escola e como já foi abordado aqui
24

neste trabalho, a participação da família no ambiente escolar tem justamente este


propósito.

2.2 O FORTALECIMENTO DOS CONSELHOS ESCOLARES


As escolas juntamente com seus gestores devem prover meios de facilitar o
acesso das famílias na escola por meio de uma gestão democrática e participativa
que é previsto na LDB 9394/96, nesta, pais, professores, alunos e comunidade
escolar se juntam para formar um conselho, colegiado participativo e deliberativo
que da voz as famílias e a comunidade.
Gadotti (1994) diz que o conselho de escola exerce os direitos dos cidadãos
enquanto uma sociedade democrática e que foi fruto de uma política pública criado
pela Secretaria de Educação Básica do Ministério da Educação sob o nº 2896/2004,
que tinha como principal propósito o fortalecimento dos conselhos escolares
principalmente nas escolas públicas.
De acordo com o MEC (1994) se faz necessário que a gestão escolar pense
em condições que seja possível a família e o entorno escolar participar dos debates
e decisões da instituição educativa, e estas certamente gerarão uma aproximação
entre os alunos, escola e família.
Pensando em uma educação de qualidade que visa promover um futuro
promissor para crianças e adolescentes é preciso criar mecanismos para a
participação dos pais, gerando uma escola mais dinâmica e que esteja voltada para
os interesses de seus educandos.
Não só na participação do colegiado, mas as famílias também devem estar
envolvidas no processo de criação do PPP (Projeto Político Pedagógico) da
instituição escolar como afirma a LDB/96, dando autonomia para o surgimento de
novas propostas e projetos.
Veiga (2003) ressalta que os colegiados existentes na escola como a APM
(Associação de Pais e Mestres) e o próprio Grêmio estudantil geram um
aprimoramento de todo processo educativo que deve ser construído de maneira
coletiva sempre.
Logo, a gestão da escola deve providenciar que haja um engajamento
democrática em toda sua instituição para que se evidencie a construção de uma
educação transformadora de acordo com Sarubi (2003).
25

Portanto, a criação de políticas públicas é indispensável para a melhoria da


máquina do sistema de ensino para que as instituições de ensino desenvolvam
projetos com ética e acima de tudo a participação de todos.
[...] à construção de um novo paradigma; às ações coletivas baseadas na categoria da cidadania e à
construção de novos espaços de participação, lastreados não em estruturas físicas, mas em relações
sociais novas que se colocam entre público e privado, originando o público não estatal. Participação
comunitária e participação popular cedem lugar a novas denominações: participação cidadã e
participação social. Trata-se de práticas que rompem com uma tradição de distanciamento entre a
esfera em que as decisões são tomadas e os locais onde ocorre a participação da população. O
conceito de participação cidadã está lastreado na universalização dos direitos sociais, na ampliação
do conceito de cidadania e em uma nova compreensão sobre o papel e o caráter do Estado,
remetendo à definição das prioridades nas políticas públicas. (GOHN, 2001, p. 56-57).

Os membros do Conselho de Escola devem sempre debater a respeito das


políticas educacionais, pois a questão da cidadania só se efetiva a partir da
participação da comunidade, e esta deve refletir e participar das decisões da escola.
A formulação da proposta político pedagógica da escola deve permitir o
contato e o diálogo entre Estado, famílias, alunos e profissionais da educação para
realizar uma implementação de uma gestão democrática que preze a preservação
dos direitos sociais como é possível perceber em Silva (1996, p.07)
Logo, o Conselho Escolar exerce a função de participação da comunidade
nas decisões políticas sobre a escola, que deve ser forte e organizado e que se
manifeste diante das mudanças da direção da escola, mas também mediante a troca
de governo.
Bobbio (2000), afirma que o Conselho de Escola é o estágio máximo pois
considera todo o entorno e a comunidade escolar como um todo e tem um papel
essencial na gestão escolar.
26

CAPÍTULO III

A MULTICULTURALIDADE BRASILEIRA E O CURRÍCULO ESCOLAR

O Brasil é formado por múltiplas correntes culturais, desta forma deve-se


privilegiar o ensino de todas as vertentes na Instituição escolar, pois nesse
ambiente, os educadores estão construindo indivíduos que deve ter sua identidade
cultural preservada.
Os educadores devem agir para que haja a erradicação de qualquer tipo de
discriminação ou exclusão nos bancos escolares em todas as etapas da educação
básica.
27

De acordo com Paulo Freire (1992), o educador deve trabalhar a


multiculturalidade:
(...) A multiculturalidade não se constitui na justaposição de culturas, muito menos no poder
exacerbado de uma sobre as outras, mas na liberdade conquistada, no direito assegurado de mover-
se cada cultura no respeito uma da outra, correndo risco livremente de ser diferente, sem medo de
ser diferente, de ser cada um “para si”, somente como se faz possível crescerem juntas e não na
experiência da tensão permanente, provocada pelo todo-poderosismo de uma sobre as demais,
proibidas de ser ( FREIRE, 1992, p.156)

Ao se trabalhar os elementos de multiculturalidade, tem-se a criação de um


ambiente reflexivo, que busca compreender a mentalidade e evita o surgimento de
ações discriminatórias, portanto a escola deve promover um ambiente de empatia e
respeito as múltiplas culturas.
De acordo com Vera Maria Candau (2002, p73), a partir do momento em que
a sala de aula promove a multiculturalidade como princípio a educação se
transforma em um elemento de respeito mútuo e deixa de ser excludente.
A referida autora ainda ressalta a importância da formação continuada de
docentes para que possam trabalhar na conscientização e preservação da cultura
brasileira em sala de aula.
De fato, é necessário se livrar das amarras do ensino eurocêntrico que por
muito tempo se perpetuou no Brasil e reflete sobre a visão construída por muitas
pessoas, um processo que rejeitou a riqueza e a valorização de todos, mas somente
da cultura europeia.
Portanto, a criança que cresce nesse ambiente que há a falta identitária se
interioriza de todos os estigmas negativos vinculados a uma cultura.
A escola também deve envolver em seus trabalhos a colaboração de toda a
sociedade, e contribuir para que o indivíduo tenha consciência de sua trajetória
histórica e cultural.
No que tange a cultura afro-brasileira, o resgate e a valorização de seus
elementos podem ser trabalhadas em sala de aula de várias maneiras, como
trabalhar a literatura infanto-juvenil, reforçar os modelos para que se reforce a
imagem positiva do negro e da riqueza cultural, de modo que não se foque apenas
nas questões de escravidão.

“Se a pessoa acumula na sua memória as referências positivas do seu povo, é natural que venha à
tona o sentimento de pertencimento como reforço à sua identidade racial. O contrário é fácil de
acontecer, se se alimenta uma memória pouco construtiva para sua humanidade”. (LIMA, In:
MUNANGA, 2005, p.120).
28

Kabengele Munanga (200, p.120) ressalta a importância de os professores


ajudarem a disseminar a cultura africana que foi por muito tempo ignorada, para que
todos tomem consciência que tem uma grande contribuição para nossa formação
cultural.
De acordo com Maria José da Silva (2001, p.8), em seu artigo ressalta que o
teatro, um importante elemento ocidental de expressão artística que sua gênese é
creditada aos gregos, existe a muito tempo na forma de uma tradição ioruba
conhecida por Irin Ajo, que tinha como princípios garantir a diversão e
entretenimento do público.
É preciso de fato, acabar com a estereotipação e na sala de aula deve se
lutar pelo reconhecimento da história, o docente deve trabalhar com lendas, comida,
dança e todos os elementos que retratem a história do povo negro.
De acordo com Silva (2001, p.31), também se pode trabalhar com contos e
fábulas que foram elementos deixados de herança pelo povo africano e também
trabalhar aspectos como a musicalidade e a corporeidade, além do ritmo que está
presente em vários elementos da dança afro-brasileira, trabalhando com esses
elementos é possível despertar o interesse a curiosidade e a criatividade dos
educandos.
O ensino da capoeira também é primordial, pois faz com que o aluno tenha
uma total compreensão do tema além de se relacionar com todas as disciplinas,
trabalha-se também as questões de musicalidade, pois de acordo com Sinval Farina
(2011, p.47), a música está totalmente ligada aos sentimentos e possibilita trabalhos
diferenciados como história, pintura, roda de conversa, além de ser um símbolo da
cultura afro-brasileira e uma das formas realizadas de resistência de escravidão no
Brasil.
O professor deve ressaltar a luta de um povo através da capoeira, que está
intimamente ligada a Lei nº 10.639/03 que a obrigatoriedade do ensino da cultura
afro-brasileira em todo o currículo escolar, desta maneira, todos os educadores têm
a responsabilidade de incluir a temática a cultura africana em seus conteúdos.
Uma alternativa para se trabalhar o conteúdo capoeira na escola, seria por
meio de projetos e de maneira interdisciplinar, pois como afirma Everton Soares e
Marli Julio (2011, p.32), a capoeira é um esporte rico em corporeidade e cultura e
29

possibilita o desenvolvimento de conviver com as diferenças entre crianças e


adolescentes, além de fazer com que estes aprendam de maneira lúdica e afetiva.
Pois ao se trabalhar de maneira lúdica, desperta o interesse do aluno, pois de
acordo com Henri Wallon (1971, p.98), a participação das brincadeiras em diferentes
grupos, fortalece as relações sociais e estimulam o desenvolvimento da formação
identitária, desta forma, a intencionalidade do educador em desenvolver as
brincadeiras propostas, fortalecerá a afetividade entre o professor, os alunos e as
próprias crianças.
As brincadeiras devem ser realizadas de forma lúdica, garantindo a
autonomia de cada aluno, respeitando suas individualidades, garantindo dessa
forma o afeto, a aprendizagem e o respeito com o outro. (Wallon, 1971, p.38).
Além destes aspectos, uma forma prazerosa de se trabalhar os elementos do
cultura afro-brasileira é por meio da culinária por meio de projetos, desta forma,
haverá o trabalho coletivo de professores e alunos além de ser a apreensão da
cognição de forma significativa, os educandos poderão aprender na prática os
elementos culturais.
Ao se trabalhar dessa maneira, a escola estará agindo na promoção do
respeito às diferenças, de acordo com Jacques Delors (2003):
A educação deve, pois procurar tornar o individuo mais consciente de suas raízes, a fim de dispor de
referências que lhe permitam situar-se no mundo, e deve ensinar-lhe o respeito pelas outras culturas
(...) O conhecimento das outras culturas tornamos, pois, conscientes da singularidade da nossa
própria cultura mas também existência de um patrimônio comum ao conjunto da humanidade
(DELORS, 2003, p.48).

É importante que os professores se utilizem de métodos para colocar em


prática a Lei 10.639/03, são fundamentais a formação e o conhecimento do
professor sobre conteúdos referentes aos africanos para que possam ensinar e
formar alunos críticos e participativos da sociedade que não aceitam formas de
segregação e discriminação racial.
O educador também deve conscientizar seus alunos dos reais motivos de se
estudar a História da África, pois ao se perguntar aos alunos o que vem à cabeça
quando se trata do continente africano virá à tona elementos como fome, pobreza,
por isso a importância de conscientizá-los que nem sempre foi desta maneira, que é
reflexo da colonização e mais tarde do neocolonialismo, que infelizmente permanece
até na atualidade.
De acordo com Leila Maria Gonçalves Leite Hernandez (2012):
30

[...] como aceleraram o processo de “roedura” do continente e tornaram acaloradas as discussões


sobre a partilha, precipitadas pela forte crise do Império Otomano e pelo final do trato negreiro. O
marco foi à conferência de Berlim, cujas consequências para a África fazem-se presentes até os dias
atuais. (HERNANDEZ, 2012, p. 59).

Logo, o professor tem a missão de renascer o passado de esplendor do


continente africano, antes do processo de disputa e dizimação da cultura africana e
fazer ter o conhecimento e a consciência de que elementos culturais dos africanos,
permeiam a nossa vida.
É necessário um trabalho com seriedade que trate a valorização da
diversidade cultural brasileira, que acabe com as visões de que os povos africanos
não têm importância, mas que foram sufocados e saqueados por longos séculos,
não com o objetivo de vitimizar, pois a ciência História não rotula os agentes
históricos como bandidos ou heróis, mas que haja uma reflexão e um entendimento
mais preciso sobre o povo negro e a cultura afro-brasileira.
De acordo com Janeslei Albuquerque:
Os estereótipos que cercam a pessoa negra são fontes de dor e sofrimento para muitos desses
jovens e crianças, que acabam tomando a iniciativa de autoproteção, fazendo de conta que não
escutam o que não veem. (ALBUQUERQUE, 2003, p. 100)

Circe Bittencourt (1997) ressalta a questão dos estereótipos através do uso


de livros didáticos:
[...] é um importante veículo portador de um sistema de valores, de uma ideologia, de uma cultura.
Várias pesquisas demonstraram como textos e ilustrações de obras didáticas transmitem estereótipos
e valores dos grupos dominantes, generalizando temas, como família, criança, etnia, de acordo com
os preceitos da sociedade branca. (BITTENCOURT, 1997, p. 72).

A questão da imagem que o livro didático ressalta em sala de aula, a falta de


elementos que valorizem a cultura do negro, contribui para a inferiorização dos
indivíduos.
Além disso, de acordo com Tomaz Tadeu da Silva (2007, p.63), o currículo
não é algo inocente pois simboliza o poder, desta forma, a ausência por tanto tempo
da história da África e do movimento negro não foi inocente, mas sim proposital em
não se contar essa história.
Contudo, para Antônio Flávio Moreira (1997, p.19), o currículo é uma
ferramenta que ajuda a formar a identidade, e se por muito tempo a história da África
foi inferiorizada, essa ação reflete sobre o aluno.
Ao ensinar a História da África deve ser evidenciado a participação do povo
31

negro no país, a pluralidade cultural, a existência de um grande preconceito e se


posicionar de maneira clara que todas essas manifestações devem ser combatidas,
pois o currículo deve ser atraente e que impulsiona a formação de um cidadão
crítico, por isso a importância dessas práticas preconceituosas serem combatidas,
pois estamos formando o aluno para a vida em sociedade.
A diversidade está presente na sala de aula e também na sociedade, por isso
a importância da formação do professor de maneira multicultural, o que o corre é
que se por muitos anos o negro foi esquecido do currículo e do livro didático, não
houve uma preocupação na formação profissional do docente, todos esses
elementos caminham para inferiorizar uma cultura que desde o período da
colonização sofre uma forte violência cultural, ideológica e política.
Desta forma, podemos afirmar que a inclusão do ensino da cultura e história
afro-brasileira no currículo da educação básica brasileira, em consonância com a lei
10.639/03, caracteriza um momento histórico de grande importância, pois há uma
preocupação na formação inicial e continuada do corpo docente para que haja uma
valorização da história e cultura afro-brasileira.
É possível perceber que a vida escolar de uma criança negra não é nada fácil,
pois precisa viver sob os estigmas do seu povo, e que muitas nomenclaturas e
conceitos históricos utilizados são preconceituosos, é o caso da “peste negra”,
doença que assolou a Europa durante a Idade Média, conforme reflexões da
professora Vera Lúcia Menezes de Oliveira (1998, p.85), em seu livro Metáforas do
Cotidiano e que contribuem para a inferiorização do negro na sala de aula.
Ana Célia da Silva (1995, p.44), aborda que os alunos sofrem angústia e
pressões da sociedade por serem considerados por muitos, como inferiores e esses
aspectos contribuem para a diminuição da imagem destes educandos, e ainda se
tem na sociedade várias imagens que valorizam somente um grupo específico, pois
em cartazes, novelas e filmes apenas se exaltam a figura do branco, e quando se
retrata o negro é sempre na condição de pobreza e empregado, dificilmente como
alguém poderoso que exerce influências.
Se levarmos em consideração o currículo sempre desconsiderou uma
abrangência da diversidade cultural e social, pois sempre esteve preocupado em
transmitir uma imagem eurocêntrica, de acordo com Luiz Alberto Oliveira Gonçalves
e Petronilha Beatriz Silva (2006, p.105), sempre enalteceu a cultura do branco, do
sexo masculino e cristão, estes aspectos não sofreram inferioridade dentro da
32

instituição escolar, pois qualquer personagem por exemplo, que se encontra em


cartazes ou mural terá uma quantidade expressiva de modelos europeus, e os livros
didáticos carregavam o desprezo e a construção de uma inferioridade.
De acordo com Ana Célia Silva (1995,p.21), o livro didático serve como um
instrumento de divulgação de preconceitos:

No livro didático a humanidade e a cidadania, na maioria das vezes, são representadas pelo
homem branco e classe média. A mulher, o negro, os povos indígenas, entre outros, são
descritos pela cor da pele ou pelo gênero, para registrar sua existência.

Desta forma, é possível afirmar que inúmeros fatores contribuem para


interferir no processo de ensino-aprendizagem do negro e cabe a escola mudar essa
situação, pois segundo Silva (1995, p.34), se tem um caráter urgente a reconstrução
da identidade e cultura do povo negro, em que o educador deve ensinar a história do
povo negro, para que este realmente se sinta pertencente da história e tenha noção
de seu papel como agente social.
A escola deve ser vista como um espaço que propicia grandes
transformações sociais, que erradique qualquer tipo de discriminação e preconceito,
e que tem o papel de formar um cidadão crítico, autônomo que tenha acima de tudo,
tolerância ao outro.
De acordo com Miriam Abramovay (2013, p.38), houve poucas pesquisas em
relação as crianças negras e sempre quando são mencionadas seja em estudos ou
imagens, mostra-se este indivíduo legado ao trabalho, que quando não estava
realizando as tarefas, encontra-se às costas de suas mães, para que seja possível
trabalhar tendo as mãos livres.
Se compararmos as constituições promulgadas em 1824 e 1988, podemos
ver claramente que a primeira constituição brasileira proibia os negros de frequentar
as escolas de acordo com Hélio Santos (2002, p.69), essa intervenção também
estava ligada ao fato de que o acesso a educação significa um processo para
ascensão social. Contudo, em nosso atual conjunto de leis, em seu artigo 205 prevê
a igualdade de direitos e que o estado está incumbido de promover e incentivar
políticas de reparação, no caso da população afro-brasileira que foram por muitas
vezes ignoradas no processo de aquisição de direitos.
De acordo com Hélio Santos (2002, p.11), a partir do momento em que grande
parte do litoral brasileiro estava ocupado por Quilombos, houve a necessidade da
33

criação da lei de terras de 1850, que garantia o direito de posse a partir de títulos de
compra, deste modo, gerou-se mais um artifício de exclusão da população negra,
pois naquele momento o país estava sob as ideologias de embranquecimento da
população.
Ainda de acordo com o mesmo autor, a Guerra do Paraguai foi um dos
mecanismos para a diminuição da população negra no país, pois, os negros que iam
ao combate recebiam liberdade ou terras, contudo, poucos retornavam e muitas
vezes os negros lutavam no lugar dos filhos de grandes fazendeiros.
As próprias legislações criadas em relação a escravidão são motivos de
chacota, como a lei dos sexagenários, pois era muito raro um escravo chegar a essa
idade devido a realização de trabalhos compulsórios e a lei do ventre livre como
afirma Santos (2002, 27), que as crianças que nasciam a partir de 1871 estavam
libertas, mas que de certa forma, a aplicação desta lei serviu para a desestruturação
das famílias negras e que muitas crianças eram encaminhadas aos abrigos e muitas
não sobreviviam, em que podemos perceber de se tratar de mais uma artimanha
para exterminar a negritude.
O trabalho também foi negado a esta população que através do decreto de 28
de junho de 1890, todos os estrangeiros aptos estavam autorizados a entrar no
Brasil, mas que somente os oriundos da Ásia ou África necessitavam de autorização
do Congresso Nacional para serem admitidos, conforme explica Abdias do
Nascimento (1978, p.71)
Deste modo é importante frisar que estas foram apenas algumas medidas
utilizadas para excluir e segregar a população negra no pais, mas se ressalta que de
acordo com Fanon (1979, p.68), as pessoas não devem assumir a culpa pelas
atrocidades cometidas no passado, mas devem ter a responsabilidade moram e
política de erradicar qualquer tipo de preconceitos e discriminações.
Contudo todas essas situações ligadas fortemente ao racismo, pode explicar,
de acordo com pesquisas de Maria Helena Souza Patto (1991, p.74) que o racismo
presente nas escolas pode ser um dos fatores que geram a baixa escolaridade e o
baixo rendimento das crianças negras em relação às brancas.
Outra pesquisa realizada no ano de 2009, os pesquisadores Ricardo Madeira,
Marcos Rangel e Fernando Botelho, com base em estudos da prova Saresp –
Sistema de Avaliação do Rendimento Escolar do governo estadual da cidade de São
Paulo, constatou que os melhores desempenhos estavam entre as crianças brancas.
34

Tais elementos afirmam a exclusão social que existe nas instituições


escolares e que os educadores devem estar preparados para reconhecer e eliminar
práticas racistas a fim de promover o acesso e permanência de todas à escola, pois
muitas vezes o baixo desempenho dos alunos negros se deve a existência de
práticas racistas na escola que muitas vezes estão presentes no currículo oculto da
instituição.
Abdias Nascimento (1978) afirma, que além das questões de preconceito
existentes, o currículo possui uma estrutura eurocêntrica, o que colabora para
inferiorizar a imagem do negro:
O sistema educacional [brasileiro] é usado como aparelhamento de controle nesta estrutura de
discriminação cultural. Em todos os níveis do ensino brasileiro – elementar, secundário, universitário –
o elenco das matérias ensinadas, como se executasse o que havia predito, a frase de Silvio Romero,
constitui um ritual de formalidade e da ostentação da Europa, e, mais recentemente dos Estados
Unidos. Se a consciência é memória e futuro, quando e onde está a memória africana, parte
inalienável da cultura brasileira? Onde e quando a história da África, o desenvolvimento de suas
culturas e civilizações, as características de seu povo, foram ou são ensinadas nas escolas
brasileiras? Quando há alguma referencia ao africano ou negro, é no sentido do afastamento e da
alienação da identidade negra.
[...]. Falar em identidade negra numa universidade do país é o mesmo que provocar todas as iras do
inferno, e constitui um difícil desafio aos raros universitários afro-brasileiros (Nascimento, 1978 p.95).

Apesar do ano da publicação das ideias de Abdias Nascimento, se faz


completamente contemporâneo em nossa sociedade, pois mesmo após a criação da
lei, ainda se tem muitas dificuldades em relação ao ensino da cultura afro-brasileira,
se faz necessário a formação continuada de docentes que muitas vezes se
formaram pela ótica eurocêntrica, e que as esferas públicas realmente estejam
engajadas na formação de uma sociedade mais justa e igualitária.
De acordo com Sérgio Buarque de Holanda (1936), em sua célebre obra,
Raízes do Brasil, afirma que:
“O trágico da situação está justamente em que o quadro formado pela monarquia ainda guarda seu
prestígio, tendo perdido sua razão de ser, e trata de manter-se como pode, não sem grande artificio.
O estado brasileiro preserva como relíquias respeitáveis algumas das formas exteriores do sistema
tradicional depois de desaparecida a base que a sustentava. Uma periferia sem um cetro. A
maturidade precoce, o estranho requinte de nosso aparelhamento de Estado, é umas das
consequências mais típicas desta situação. “ (Holanda, 1936, p.141).

Nesse trecho podemos perceber que a tradicionalidade ainda persiste, desta


forma a questão do ensino foi pautada nessas teorias em que se valoriza somente o
eurocentrismo e uma sociedade monárquica e escravocrata, que deixa de lado a
história de outros legados tão importantes quanto os europeus na formação da
história do Brasil
No entanto, trabalhar de forma interdisicplinar e em formas de projetos,
35

permite que haja um entendimento maior por parte do educando.

CAPÍTULO IV – O ENSINO DE ARTES

Ferreira (2008) afirma que arte favorece a espontaneidade e a liberdade de


expressão além de favorecer a comunicação, acima de tudo colabora para a
formação sensível do educando.
É pela arte que o educando se expressa sua criatividade, e ao fazer suas
produções artísticas ele precisa ser incentivado constantemente em sala de aula, de
modo que este educando possa criar uma identidade com tudo o que ele produz.
Nessa perspectiva a criança constrói o conhecimento a partir das interações
com o meio em que vive e a arte é uma maneira de demostrar a interpretação da
vida, além de contribuir para desenvolvimento das habilidades relacionadas ao
expressivo, comunicativo, criativo e cognitivo.
O principal objetivo da arte na educação é formar o ser criativo e reflexivo que
possa relacionar-se como pessoa. A arte permeia nossas vidas, nos encoraja a
dialogar com o mundo, nos permite refletir sobre nós mesmos, ensina a criança a
valorizar o trabalho do outro respeitando assim a diversidade cultural.
É importante que o educador como um mediador do processo de
aprendizagem, apresente obras de arte de diferentes artistas e movimentos da
história da arte, mas sempre deixando o educando criar a sua própria obra, pois
valorizar as produções dos alunos, é o mesmo que valorizar o ser humano em seu
desenvolvimento.
36

Os objetivos do ensino de arte se sustentam sobre três pilares: formação dos


sentidos, conhecimento artístico, atividade de apreciação e produção artística”.
(Tavares 2004, p. 17). Embora o objetivo seja o de se trabalhar os três eixos em
conjunto, falaremos deles separadamente. A formação dos sentidos nos ensina a ver
e ouvir, observar além das aparências dos objetos, percebendo os aspectos que
traduzem seu significado no cotidiano.
Para Tavares (2004), o ensino artístico é primordial para a compreensão do
que acontece ao nosso redor e o trabalho com utilização dos sentidos é bastante
significativo, pois estes são altamente desenvolvidos durante as aulas de educação
artística
O ensino da arte aborda acima de tudo a cultura, que não é apenas o
conhecimento da História da Arte, das técnicas e o contato com os objetos, mas
também, que é fundamental ao aluno, a exploração do universo das imagens, dos
sons e dos movimentos que fazem parte do nosso entorno e do nosso cotidiano
como, cartazes, programas de radio e TV, arquiteturas, fachadas e outros. O contato
com a cultura de outros grupos, estabelece relações entre o significado que possui
para aquele grupo e para nós, além de ser bastante enriquecedor para a formação
integral do indivíduo.
Segundo os PCN’s que abordam sobre a forma e avaliar em Arte, fica claro
que os educadores devem considerar a capacidade do aluno em criar formas
artísticas estabelecendo relação entre seu trabalho e dos outros e identificando os
elementos de linguagem visual encontrados nas múltiplas realidades
A arte vista como um meio pedagógico de ensino e possui também uma
função social, quer seja: decorar, espelhar, ajudar, descrever a história, vemos o
mundo através da arte, o tempo, o modo, como foi feita descreve fatos históricos,
sociais.
Além de todo papel histórico e social da arte, Moura (2004) afirma que para o
ensino da arte há um grande objetivo, que seria o de possibilitar ao aluno, de acordo
com seu olhar e o seu conhecimento, o domínio de diferentes formas interpretativas
do significado dos objetos.
A arte é vista por crianças e adultos como distintas, o adulto associa ao belo e
as crianças a uma forma de expressar, brincar e desenhar, além disso, a arte pode
contribuir para o desenvolvimento e aprendizagem, pois permite a interação da
criança com o meio.
37

Na sala de aula que pode-se ampliar o conhecimento e ações das crianças


através do ensino artístico os professores devem estimular seus alunos a explorar,
inventar e incentivar as produções realizadas pelas crianças, deixando de lado os
ensinamentos mecânicos, mas que possa ser de fato significativo para o educando.
É necessário que os alunos aprendam sozinhos ou em grupo a se expor
diferentemente, isto é, procurando métodos que os levem a criação e não somente a
cópia ou reprodução de coisas existentes. Os alunos devem entender como se
utiliza nas aulas de materiais diferenciados nas linguagens musicais, corporais ou
em artes visuais.
Assim sendo, é notório a necessidade de fazer os alunos notarem que os
trabalhos artísticos que criam têm importância expressiva. Os mesmos precisam
entender que o essencial não é apenas a aquisição de um trabalho lindo e perfeito.
Esse entendimento fará com que criem gosto pelo que fazem, valorizando não
apenas seu próprio trabalho, mas dos outros colegas também (PCN de Artes, 2000).
Souza (2010) diz que os alunos necessitam adquirir informações sobre as
obras de arte, em quais circunstâncias elas foram produzidas, sua influência no
mundo, seus significados, e suas ideias em relação à cultura do Pais.
Sendo assim o mesmo autor completa dizendo que as aulas de Arte não
consistem em apenas desenhar, pintar ou dançar, os objetivos traçados no PCN,
trazem uma visão diferenciada em relação a seu ensino.
Segundo o PCN, a Arte desenvolve o pensamento, a percepção, a
sensibilidade, a imaginação e o lado artístico de cada criança. Compreender a
metodologia no Ensino de Artes, que pode influenciar o desenvolvimento criativo da
criança.
“A educação em Arte propicia o desenvolvimento do pensamento artístico e
da percepção estética, que caracteriza um modo próprio de ordenar e dar sentido à
experiência humana: o aluno desenvolve sua sensibilidade, percepção e
imaginação, tanto ao realizar formas artísticas, quanto na ação de apreciar e
conhecer as formas produzidas por ele e pelos colegas, pela natureza e nas
diferentes culturas. “( PCN, 2001, p.19 )
A disciplina Educação Artística é caracterizada pela imposição de atividades
já prontas, onde os alunos devem se submeter. Trabalhando com desenhos prontos,
somente para pintar, tirando todo o sentido da arte, que é incentivar a produção do
aluno, uma vez que as experiências estimuladoras da criatividade pressupõem o
38

desenvolvimento das relações e das descobertas pessoais.


Os objetivos estabelecidos para a elaboração deste projeto de pesquisa é o
intuito de mostrar métodos e técnicas prazerosas de trabalhar Artes na sala de aula.
A educação em arte é uma prática ligada a produção e reconstrução do aluno,
conhecendo a arte o aluno torna-se capaz de perceber sua realidade cotidiana mais
vivamente, reconhecendo objetos e formas que estão a sua volta. Solicitando todos
os sentidos, como portas de entrada para uma compreensão mais significativa. Este
trabalho evidência a importância de uma educação de qualidade, onde o professor
deve criar um ambiente de construção e de descoberta, encorajando as crianças a
desenvolver a sua criatividade.
Assim o professor conduz o ensino, proporcionando ao aluno, mais prazer na
construção do conhecimento artístico, despertando na criança o prazer de criar, por
entender que toda criança é dotada naturalmente de potencial criador, mas
necessita de incentivos adequados para o seu desenvolvimento.
A Educação Artística é fragmentada muitas vezes pela falta de visão e de
preparação do professor, em trabalhar artes no desenvolvimento do indivíduo.
A Arte tem uma função tão importante quanto a dos outros conhecimentos,
no processo de ensino e aprendizagem.
Através da Arte pode-se despertar a atenção de cada um para a sua maneira
particular de sentir, sobre a qual se elaboram todos os outros processos racionais.
Aprender Arte envolve não apenas uma atividade artística, mas também, a
conquista da significação do que fazem. Na caracterização da área de Arte, destaca
que o ser humano que não conhece Arte, tem uma experiência de aprendizagem
limitada.
Todas as pessoas comprometidas com a aprendizagem devem ver a Arte
como forma de conhecimento e trabalhar para que esses conhecimentos se
desenvolvam.
Todo e qualquer professor das séries iniciais, deveriam se qualificar nesta
área, pois não sendo habilitados, prejudicam o gosto do trabalho em Artes. Deve-se
trabalhar Educação em Arte como processo de conhecimento dos alunos.
A Educação Artística se faz necessária no processo de ensino e
aprendizagem, seu caráter contextualizaste, pois, trabalhar a Arte é uma forma de
trabalhar a história e a crítica às questões sociais. Buscar a Arte nas escolas é
contribuir para a formação de pessoas críticas, participativas, criativas, e contribuir
39

com a democracia.
A questão do Ensino da Arte no Brasil sempre foi polêmica. A sua importância
dentro do currículo, foi constantemente reconhecida, sem porém, se desenvolver
meios para a sua efetiva aplicação em sala de aula, apenas polarizada em
atividades artísticas direcionadas para desenhos, trabalhos manuais e artes
aplicadas.
Um aluno pode criar e recriar seu mundo e a si mesmo, dentro e fora do
universo escolar, num natural inconformismo com o “pronto”, o “estabelecido”. Para
viver a criatividade como um potencial humano é preciso viver a capacidade de
crítica, a atitude de pensar o mundo e refletir sobre tal pensamento como um
processo em construção do qual se é mais espectador, se é autor do processo.
Devendo levar em conta que a Arte é uma interpretação da vida e vincula-se a
fatores religiosos, sociais, políticos e simbólicos ultrapassando o utilitário, ou seja, a
Arte está intimamente relacionada a uma época, lugar, estrutura social e a
personalidade do ser humano.
Devemos ressaltar que as teorias são importantes, mas cabe ao professor
construir sua prática embasado nelas, sendo elementos norteadores e não “receitas”
prontas, vêem que na prática escolar os condicionamentos sócio-políticos exercem
forte ascendência.
As artes visuais favorecem compreensões mais amplas para que o aluno
desenvolva sua sensibilidade e afetividade, construa conceitos e se posicione
criticamente. Sendo a manifestação artística bastante presente na humanidade e
considerando-se a música como uma segunda língua materna, vê-se a importância
dos seus elementos no processo de desenvolvimento educacional e social da
criança. “Composição, improvisação e interpretação são produtos da música” (PCN
-Arte, 1997, p.53). Envolver as crianças num processo que objetive tais construções
é colocá-las frente a um desafio, num primeiro momento, talvez, difícil, mas
superável, que possibilitará a colheita de frutos valiosos. No contato com a música, a
criança poderá criar e expressar-se, por análise, através da apreciação, do canto, da
composição e manuseio de instrumentos musicais.
O teatro exige do homem “a sua presença de forma completa: seu corpo, sua
fala, seu gesto, manifestando a necessidade de expressão e comunicação. “ (PCN -
Arte, 1997, p. 57). No desenvolvimento da dramatização na escola, é preciso que se
leve em conta os níveis de envolvimento que uma criança estabelece com a
40

atividade. A atividade teatral evolui, gradativamente, da espontaneidade para o


cumprimento de regras, e do plano individual para uma visão coletiva.
Fundamentado em ideias, experiências e sentimentos, o trabalho teatral
envolve os alunos na compreensão de si mesmos e dos outros, e no
compartilhamento de emoções e valores, pois cada um se expressa através dos
personagens vivenciados. Pelo que foi até aqui levantado sobre a arte na Educação
Infantil e nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental, sobre a contribuição dos
precursores da escolar infantil, sobre os Referenciais Curriculares Nacionais para a
Educação Infantil e sobre os Parâmetros Curriculares Nacionais em Arte, pode-se
avaliar a importância da vivência das artes no ensino de crianças de 0 a 10 anos.
Porém, a realidade observada nas escolas é a supervalorização de disciplinas
relacionadas aos aspectos lógicos e à escrita, assim como, à memorização de
informações, e a negligência em relação aos aspectos intuitivos e criativos que as
artes proporcionam. Por esta razão, é evidente a necessidade de se promover mais
atividades artísticas na escola, de se desenvolver projetos que envolvam a
capacidade das crianças e de se realizar exposições que possibilitem a apreciação
dos próprios alunos e da comunidade escolar, valorizando o criar e favorecendo a
auto- estima dos alunos.
As artes incorporam um grande acervo de conhecimentos necessários à
formação do indivíduo, contribuem para desenvolvimento expressivo, comunicativo,
criativo e cognitivo e favorecem a interação social, fatores indispensáveis para o
processo de educação na infância.
O ideal de formação humana passou, portanto, a ser determinado pelas
relações de mercado, onde havia o predomínio de uma educação técnica. A
centralidade da organização curricular visa sobretudo ajustar as finalidades da
educação e do ensino às demandas dos processos produtivos da sociedade.
O ensino de artes era “aparentemente a única matéria que poderia mostrar
alguma abertura em relação às humanidades e ao trabalho criativo, porque mesmo
filosofia e história haviam sido eliminadas do currículo” (BARBOSA, 2013, p.170).
No entanto, apesar de a disciplina de arte estar inclusa no currículo, não
havia espaço para o trabalho criativo, já que esta perspectiva não condizia com o
ideal de formação humana da época. Assim, a ênfase recaia sobre o ensino de
técnicas, predominantemente sobre o desenho geométrico.
As Escolinhas de Arte do Brasil estavam em vigor desde 1948 e tinham como
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concepção a busca pelo desenvolvimento da auto-expressão das crianças em


detrimento do predomínio das atividades manuais que haviam sido enfatizados entre
os anos de 1930 a 1947.
Ao todo eram 32 escolinhas (a maioria delas particulares) distribuídas por
todo o país oferecendo arte para crianças e adolescentes e cursos de arte-educação
para professores e artistas.
No entanto os profissionais formados pelas Escolinhas de Arte no Brasil2 não
foram absorvidos pelo Governo Federal para atender a nova demanda frente as
alterações provocadas pela LDB 5691/71.
Diante deste quadro, em 1973, o Governo Federal criou os cursos arte-
educação em nível superior os quais continham um currículo básico para ser
aplicado em todo o país.
Somente a partir da promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação
n.9394/1996 (em seu artigo 26), que a Arte passa a ser considerada um componente
curricular obrigatório nos diversos níveis da educação básica: § 2º O ensino da arte
constituirá componente curricular obrigatório, nos diversos níveis da educação
básica, de forma a promover o desenvolvimento cultural dos alunos (BRASIL, 1996).
Um ano depois foram publicados os Parâmetros Curriculares Nacionais para
o ensino da arte que trouxeram em seu conteúdo os critérios para a seleção de
conteúdos, critérios de avaliação e orientações didáticas para o ensino da arte em
suas diferentes linguagens, quais sejam: Artes Visuais, Dança, Música e Teatro
(BRASIL, 1997).
Além disso, a LDB 9394/96 prevê em seu artigo 24 que “IV - poderão
organizar-se classes, ou turmas, com alunos de séries distintas, com níveis
equivalentes de adiantamento na matéria, para o ensino de línguas estrangeiras,
artes, ou outros componentes curriculares” (BRASIL, 1996).
Apesar da possibilidade de diferentes arranjos curriculares, continua
prevalecendo nas escolas a organização por turmas, o que interfere diretamente na
qualidade das intervenções educativas em Arte e principalmente nas condições para
explorar as potencialidades individuais dos alunos.
A partir do entendimento de que não se trata de Arte mas de Artes visto a
pluralidade de linguagens que compõem esta área de saber e entendendo que “[...]
o ensino da arte não se dá em abstrato, e sim por meio de uma determinada Arte, e
esta está em dependência direta das aptidões dos alunos. Não há, [...] por que
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obrigar todos os alunos a estudar música ou cinema; e, em música não tem


cabimento obrigar todos a estudar flauta, por exemplo. [...]” (PILETTI, 2004, p.80).
Em 2010 redação da LDB 9394/96 foi modificada pela Lei n. 12287 de 2010
que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, no tocante ao ensino da
arte prevendo: § 2o O ensino da arte, especialmente em suas expressões regionais,
constituirá componente curricular obrigatório nos diversos níveis da educação
básica, de forma a promover o desenvolvimento cultural dos alunos (BRASIL, 2010).
Também, no ano de 2008, foi aprovada a Lei n. 11769 de agosto de 2008 que
altera a Lei no 9.394/1996 e dispõe sobre a obrigatoriedade do ensino da música na
educação básica.
O professor é formador! Não só em arte, mas também em ética e estética.
Objetiva ou subjetivamente o professor forma social, atitudinal, conceitual e
procedimentalmente. Outro aspecto que precisa ser apontado trata-se das visitas à
exposições, que em geral são raras e quando acontecem são destituídas de sentido,
não havendo uma preparação e/ou estudos prévios o que acaba por contribuir para
promover um esvaziamento de conteúdo e em muitos casos, “a viagem de ônibus
[acaba sendo] mais significativa para as crianças do que a apreciação das obras de
arte (BARBOSA, 2013, p.172).
Na escola, apesar de toda uma discussão sobre a centralidade dos sujeitos e
da necessidade de diálogo entre os saberes, permanece um currículo hierarquizado,
um currículo que se materializa pela fragmentação nas disciplinas.
E apesar de ter sido um avanço a Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional n. 9394/1996 incluir a Arte como disciplina. A arte continua ocupando um
lugar secundário em detrimento de disciplinas consideradas “mais importantes”
A própria avaliação em Arte tem sido muito discutida por sua subjetividade,
em geral o “[...] o professor deixa as crianças se auto-avaliarem ou as avalia a partir
do interesse, do bom comportamento e da dedicação ao trabalho” (BARBOSA, 2013,
p.172). Em alguns casos, a “avaliação está submetida à frequência, a julgamento de
valores do próprio professor, sem nenhum embasamento teórico e sem levar em
consideração qualquer linguagem artística.
Assim é a partir do entendimento da arte enquanto prática social que se torna
possível estabelecer os fundamentos para nortear a prática educativa em torno da
arte. Entender “[...]todo o panorama social, político, histórico cultural em que [a arte]
foi produzida; como ela se insere no momento de sua produção e como esse
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momento se reflete nela. Pensar a Arte como objeto de conhecimento (VENTRELA;


GARCIA, 2006, p.10) é fundamental para subsidiar o trabalho do professor.
Até porque, para muitos, a escola é o único meio da criança se aproximar do
universo artístico e da erudição. Sabe-se que para a maioria das crianças a “fonte
mais frequente de imagens [...] é a TV, os fracos padrões dos desenhos para colorir
e cartazes pela cidade (outdoors). As crianças de escolas públicas, na sua grande
maioria, não têm revistas em casa, sendo o acesso à TV mais frequente [...]”
(BARBOSA, 2013, p.172).
Os aspectos didáticos ganham especial relevo quando se pensa a partir de
uma estrutura organizacional da construção do conhecimento. É importante ressaltar
que não são aspectos que se sobressaem em detrimento dos elementos
epistemológicos, mas são norteadores da organização do trabalho do professor.
Assim, a rotina e a organização dos espaços e materiais se constituem em
instrumentos fundamentais para a prática educativa com crianças.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Além disso, foi discutida a visão de alguns teóricos Fraiman e Szymanki que
afirmam que é notório que a participação das famílias nas escolas viabilize a
democratização do ensino público e esta ação promove não só a qualidade de
ensino como também podemos perceber inúmeras melhoras no rendimento escolar
do mesmo.
A educação é algo muito complexa e não é uma tarefa que a escola possa
realizar sozinha sem a cooperação de outras instituições, é nítido que a família é a
instituição que mais perto se encontra da escola. Sendo assim, se levarmos em
consideração que família e escola buscam atingir os mesmos objetivos, devem elas
comungar os mesmos ideais para que possam vir a superar dificuldades e conflitos
que diariamente angustiam os profissionais envolvidos no ambiente escolar, e
também os próprios alunos e suas famílias para que não haja consequência severas
ao aprendizado dos indivíduos.
Por fim, abordou que a gestão democrática em consonância com as políticas
públicas, pois estas instituições em conjunto com as políticas desenvolvidas pelo
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Estado exercem funções correlatas e imprescindíveis ao desenvolvimento e à


proteção social dos indivíduos, ou seja, uma educação de qualidade e significativa.
De acordo com os estudos apontados, a educacao por meio da
transdisciplinaridade promove um conhecimento mais abrangente e eficaz,
derrubando barreiras das matérias sendo mais plausível o trabalho por meio de
projetos, pelo qual o aluno nao precise estar preso às disciplinas e trabalhar por
meio de temáticas.
Além disso, fica claro que o ensino por meio da interdisciplinaridade a
aprendizagem não ocorre somente por meio da teoria, mas a práxis faz toda a
diferença nesse processo, todas as experiências anteriores ao educando são
valiosas para o conhecimento cognitive, assim como suas experiências cotidianas,
isso faz com que o aluno aprenda e dê mais significância aos conceitos.
O estudo por meio da interdisiciplinaridade se dá por meio da valorização do
cotidiano do indivíduo, formando um currículo abrangente e integrador para a
formação de um profissional crítico e ativo da sociedade.
Logo, pensar em um ensino interdisicplinar não é ignorer todo o conhecimento
produzido pelas disciplinas, mas algo que faça romper os métodos engessados,
para que a educação seja globalizada e seja significativa ao aluno, podendo estudar
assuntos amplos como a multiculturalidade, desta maneira, não podemos ignorar os
benefícios que a família também acarreta no ensino, devemos pensar em uma
junção entre a interdisicplinaridade e o acompanhamento escolar para o sucesso na
educação.
É preciso transcender a perspectiva instrumental. Enquanto o ensino de arte
estiver limitado ao desenho mimeografado para as crianças pintarem, musicas
indicando ações para a rotina escolar (hora do lanche, hora da saída) (BRASIL,
1997) a escola estará negando o direito do aluno ao acesso ao conhecimento
artístico em sua plenitude.
Além disso, a mídia e a tecnologia vêm influenciando constantemente as
crianças na sociedade brasileira, através de desenhos, filmes, novelas e
principalmente propagandas que através de uma construção de valores errôneas
mexem com o psicológico e o cognitivo da criança, uma vez que as construções de
valores e as representações que a mídia constrói, confundem os educandos.
Claro, que a família é muito importante nesse processo, pois cabe a eles
educar, regrar e principalmente vigiar aquilo o que a criança assiste, uma boa
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educação fortalece a futura autoestima deste educando, e através da figura do


professor mediador, que vai facilitar junto a família a construção da ética e moral
deste individuo, fazendo com que este não seja facilmente manipulado por toda
mídia que o rodeia, desta forma cria-se uma identidade que leva autonomia.
O ensino das artes visuais, sobretudo da arte abstrata tem um grande papel
de desenvolvimento das crianças, além de trabalhar principalmente na educação
infantil aspectos como o cognitivo, o afetivo e a motricidade.

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