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O documento resume o livro "As cores da masculinidade" da autora Mara Viveros Vigoya. O livro analisa as masculinidades na "Nossa América" a partir de uma perspectiva interseccional que considera raça, gênero e classe. Ele argumenta que não há uma única masculinidade hegemônica e sim diversas masculinidades historicamente situadas, e que a masculinidade branca é construída em oposição à feminilidade e outras masculinidades marginalizadas.
Originalbeschreibung:
Cores
Originaltitel
VIVEROS VIGOYA Mara 2018 as Cores Da Masculinidade
O documento resume o livro "As cores da masculinidade" da autora Mara Viveros Vigoya. O livro analisa as masculinidades na "Nossa América" a partir de uma perspectiva interseccional que considera raça, gênero e classe. Ele argumenta que não há uma única masculinidade hegemônica e sim diversas masculinidades historicamente situadas, e que a masculinidade branca é construída em oposição à feminilidade e outras masculinidades marginalizadas.
O documento resume o livro "As cores da masculinidade" da autora Mara Viveros Vigoya. O livro analisa as masculinidades na "Nossa América" a partir de uma perspectiva interseccional que considera raça, gênero e classe. Ele argumenta que não há uma única masculinidade hegemônica e sim diversas masculinidades historicamente situadas, e que a masculinidade branca é construída em oposição à feminilidade e outras masculinidades marginalizadas.
DOI http://dx.doi.org/10.1590/1678-49442019v25n1p281 A autora parte de uma perspectiva
VIVEROS VIGOYA, Mara. 2018. pós-colonial sobre gênero, homens e A s c o re s d a m a s c u l i n i d a d e : masculinidade para refletir acerca experiências interseccionais dos estudos sobre masculinidades na e práticas de poder na Nossa “Nossa América” e sobre a fabricação América. Trad. Alysson de Andrade das masculinidades negras e a Perez. Rio de Janeiro: Papéis hegemônica branca. O livro rejeita a Selvagens. 224 pp. ideia essencialista de um machismo latino-americano e defende que não há uma, mas diversas masculinidades Brena O’Dwyer historicamente situadas. Enquanto Universidade Federal do Rio de Janeiro, algumas masculinidades colocam as Rio de Janeiro, RJ, Brasil mulheres em posição de subordinação, outras são marginalizadas. Assim, o trabalho chama a atenção para a Escrito pela antropóloga importância de analisar os efeitos colombiana Mara Viveros Vigoya, subjetivos e objetivos da posição de fundadora e atual coordenadora dominação dos homens em relação da Escuela de Estudios de Género às mulheres e as consequências para de la Universidad Nacional de estes dos ideais de masculinidade, Colombia, em Bogotá, As cores atentando para as diversas da masculinidade: experiências experiências de homens colombianos interseccionais e práticas de poder na e para as tensões e as ambiguidades Nossa América (2018) é a primeira que caracterizam as masculinidades tradução da autora para o português. nesse contexto. Não havendo uma O livro é de grande interesse única masculinidade, a hegemônica para as/os leitoras/es brasileiras/ é construída em oposição a uma os. Primeiro, por apresentar o feminilidade hegemônica e em conceito de “Nossa América” em tensão com outras masculinidades oposição à ideia de América Latina. marginais. Também por sua contribuição aos Como mulher negra, a autora estudos de gênero a partir de uma acena para sua viv ência das perspectiva interseccional articulada hierarquias de raça e de gênero e aos estudos pós-coloniais. Por fim, aponta para o lugar do autor como pelo levantamento empreendido um recurso para a compreensão da por Mara Viveiros sobre os estudos sociedade. nossamericanos sobre masculinidades que, além de apresentarem diversas No meu caso, esta experiência pesquisas brasileiras no contexto teve a ver, primeiramente, com nacional, abordam também as minha consciência de não ser lacunas nessa área. “simplesmente” uma mulher e de 282 RESENHAS
entender que o sexismo não se base em grupos musicais afro -
experimenta sempre da mesma colombianos. O quarto capítulo maneira, já que o sexo não é a única versa sobre a história da branquitude fonte de opressão das mulheres no contexto “ nossamericano ” colombianas (:19). colombiano desde o período colonial A obra conta com prefácio da até os dias atuais, de forma a cientista social australiana Raewyn demonstrar uma relação distintiva Connel, e as principais influências entre raça e sexo que produz da autora para analisar as interações hierarquias, especificamente uma entre raça e gênero são Fanon, Du masculinidade branca hegemônica, Bois e o Black Feminism. que subordina simultaneamente O livro está dividido em duas mulheres e homens não brancos. partes. A primeira parte, Teorias Mara Viveros utiliza o exemplo do feministas e masculinidades, é ex-presidente colombiano Álvaro composta por dois capítulos. O Uribe Vélez para explorar como primeiro versa sobre as lacunas e valores positivos associados à os pressupostos da teoria feminista masculinidade e à branquidade e de gênero no tocante à dominação foram importantes na sua trajetória masculina, os novos tipos de política. Por fim, o quinto capítulo homens e de masculinidades. relaciona a violência simbólica e No segundo, a autora realiza um doméstica contra as mulheres com levantamento dos estudos sobre a violência estrutural advinda da homens e masculinidades na “Nossa colonização, demonstrando como América” para refletir sobre como as mortes violentas de mulheres o tema aparece e quais questões estão ligadas a atitudes masculinas são privilegiadas, em contraponto f a v o r e c i d a s p e l o c o n t ex t o d e à maior parte da literatura sobre neoliberalismo da região. o assunto publicada em inglês A autora faz uma crítica ao com foco nas sociedades norte- uso esvaziado do conceito de americanas e europeias. interseccionalidade, apontando A segunda parte do livro, que é preciso pensar as relações intitulada Masculinidades de dominação em um processo nossamericanas, contém três c o m p l exo e c o n t r a d i tó r i o , n o capítulos. O terceiro capítulo traz qual os sujeitos dominados têm entrevistas com homens colombianos também agência. Assim, é preciso para analisar estereótipos reconhecer que não existem sujeitos associados à masculinidade negra “exclusivamente dominados, como na Colômbia. A autora analisa as mulheres, ou exclusivamente também imaginários sobre corpos dominantes, como os homens” negros masculinos no país com (:23). Mara Viveros ressalta que, RESENHAS 283
embora a dominação masculina Estados Unidos na região e questiona
seja estr utural, é também um ainda a utilização de marcos teóricos processo paradoxal, historicamente produzidos nos EUA e na Europa. determinado e dinâmico no qual “Nossa América” busca uma as variáveis não são aditivas, mas reapropriação e um deslocamento distintivas. do significado do caráter mestiço A dominação não se exerce a partir de nossa história... É também da soma de certas condições, mas a afirmação da capacidade de a partir de uma determinada forma ressonância que produz habilidade de habitar o gênero, a classe, a para viver nos limites, na raça, a idade, a nacionalidade fronteira, nesse espaço Che’je etc., como relações sociais onde coexistem, em tensão e que se coproduzem... Em meu em conversação, o colonial e trabalho, proponho uma análise o colonizado. Falar de Nossa interseccional não apenas dos América em vez de América grupos sociais marginalizados, Latina é, finalmente, escolher aos quais está vinculada uma denominação que não foi historicamente esta teoria, mas criada nos contextos acadêmicos também daqueles que ocupam hegemônicos metropolitanos para posições dominantes em distintas dar conta de experiências sociais ordens sociais, como os homens, particulares (:29, 30). as pessoas brancas ou mestiças Outras publicações de pele clara na Colômbia e as da autora são: “Sexuality and pessoas heterossexuais (:23). Desire in Racialized Contexts”, O conceito de “Nossa América” capítulo do livro Understanding surge como crítica à ideia de Global Sexualities: New América Latina, sendo ela resultante Frontiers, organizado por Peter do processo de independência do Aggleton, Paul Boyce, Henriette controle português e espanhol, Moore e Richard Parker (2012) marcada pela desvalorização e De quebradores y cumplidores: da participação indígena e de sobre hombres, masculinidades y afrodescendentes nessas nações. relaciones de género em Colombia A “Nossa América” também se (2002), publicado pela Universidad contrapõe ao imperialismo dos Nacional de Colombia.
Martín-Baró, Ignacio. (2013) - Psicologia Política Latino-Americana Ignacio Martín-Baró Tradução: Fernando Lacerda - Universidade Federal de Goiás - Brasil