03/12/2016

As exigências de
Reação ao Fogo
e a sua
compatibilização com
os Requisitos
Térmicos e Acústicos

Maria Lerer

SCIE, Térmica e Acústica

SCIE relaciona-se com as várias especialidades envolvidas nas obras de

edificação.
Em relação ao Condicionamento Acústico e ao Comportamento
Térmico, exemplos de alguns pontos de encontro:
• Soluções de obscurecimento de portas envidraçadas que sejam
saídas de emergência;
• Controlo de vãos que sirvam ventilação natural e desenfumagem;
• Requisitos de reacção ao fogo dos materiais/soluções
construtivas;
• Etc.
2

1
 03/12/2016

Reacção ao Fogo vs Térmica e Acústica

Dificuldade de encontrar no mercado materiais e soluções

construtivas que:

• dêem resposta aos requisitos térmicos e/ou acústicos

• e simultaneamente cumpram os requisitos de reacção ao fogo.

Exemplo: Auditórios de Música

Auditórios e grandes salas destinados à performance musical tipicamente

serão locais de risco B
Requisito de reacção ao fogo de paredes e tetos: A2-s1 d0

Auditórios apresentam necessidades muito específicas, especialmente

para performances acústicas (sem amplificação), tais como:
• Superfícies de reflexão / projecção
• Superfícies de absorção, em diferentes frequências
• Zonas de amplificação acústica (caixas acústicas)
• Material de eleição: madeira impossibilidade de cumprir A2-s1 d0
4

2
 03/12/2016

Materiais, Sistemas e Certificações

Dificuldade: materiais com elevado coeficiente de absorção acústica e/ou baixa

condutibilidade térmica dificilmente alcançam boas classificações em reação ao
fogo (com exceção da lã mineral e alguns rebocos especiais).
Por outro lado, frequentemente, materiais construtivos que, isoladamente,
atingem determinadas classificações de reação ao fogo, quando são
combinados em sistemas construtivos apresentam uma performance inferior.
Exemplo: absorção acústica em zonas técnicas de AVAC (risco C)
Elemento principal: painel sandwich em chapa de aço galvanizada com núcleo
em lã mineral e uma das faces microperfurada: A1
Sistema de teto falso com o painel anterior: A2-s1 d0

Ex.: Reacção ao Fogo de Fachadas vs Térmica

• Existem soluções comerciais ensaiadas satisfatórias (sistema

completo a atingir até A2-s1 d0 e isolante térmico a atingir até A1),
mas atenção à prescrição!
• Desvantagem ETICS: baixa resistência mecânica
6

3
 03/12/2016

Ex.: Reacção ao Fogo de Fachadas vs Térmica

Ex.: Reacção ao Fogo de Fachadas vs Térmica

Fachadas com revestimento exterior criando caixa de ar :

• Isolamento térmico na caixa de ar geralmente não está revestido,
limita o tipo de isolamento térmico aceitável (por exemplo, lã mineral
será aceite)
• Revestimentos das fachadas: há uma grande escolha de soluções
que cumprem requisitos de reação ao fogo
• Questão: fixação geralmente recorrendo a elementos metálicos, mas
estruturas de suporte estarão ensaiadas?

4
 03/12/2016

Reabilitação de Edifícios

No caso da Reabilitação de Edifícios, desafios adicionais são postos

aos vários projetos:
• Menos soluções tecnicamente viáveis (pré-existências, restrições de
peso, impacto na área útil, etc.);
• Soluções com materialidade e estética tradicionais e/ou compatíveis
com o carácter do edifício original.

SCIE, Térmica e Acústica em Reabilitação

SCIE: DL 224/2015 de 9 de Outubro:

Artigo 14º -A: Edifícios e recintos existentes
Térmica: DL 28/2016 de 23 de Junho:
Comportamento térmico de edifícios sujeitos a intervenção:
Artigo 28º (Habitação)
Artigo 42º (Comércio e Serviços)
“… desde que tal seja possível do ponto de vista técnico e funcional…”
Acústica: DL 96/2008 de 9 de Junho, reabilitação enquadrada através do
RJUE:
Artigo 60º - Edificações existentes
10

5
 03/12/2016

Reabilitação_1: Salas em Jardim de Infância

• Contexto: vigência do DL 224/2015, risco D

(requisito: A1)
• Revestimento de tetos para absorção
acústica em painéis de lã de madeira
mineralizada com cimento Portland,
classificação A2-s1, d0
• Não-conformidade assumida em SCIE,
referindo impossibilidade de cumprir
simultaneamente legislação de Acústica e
de SCIE; todas as salas têm porta para o
exterior e a não-conformidade foi
considerada não gravosa
11

Reabilitação_2: Auditório em Escola de Música

• Contexto: vigência do DL 220/2008, risco B

(requisito: A2-s1, d0)
• Revestimento de paredes e tetos para absorção
acústica com alusão a soluções tradicionais:
ripado de caniço suspenso em engradado de
madeira, tratado com tinta intumescente, com lã
mineral no tardoz, classificação D-s2, d0, passa
a B-s1, d0
• Não conformidade assumida em SCIE, referindo
impossibilidade de cumprir simultaneamente
legislação de Acústica e de SCIE e
apresentação de medidas compensatórias.
12

6
 03/12/2016

Reabilitação_3: Sala Polivalente

• Contexto: vigência do DL 224/2015, risco B

• Sala com cerca de 2300m2 de área útil (divisível
em 3) e pé direito de cerca de 13.5m. Fachada
fortemente envidraçada.
• Desafios: elevadas necessidades de absorção
acústica; partições móveis com performance de
isolamento e absorção acústica; sombreamento
nas saídas de emergência; cortinas para
absorção acústica; cadeiras… todos sujeitos a
requisitos de SCIE.
• SCIE considera admissível aplicar soluções
C-s1, d0, quando não exista no mercado solução
que permita cumprir simultaneamente térmica,
acústica e SCIE
13

Conclusão

Dificuldade de encontrar no mercado materiais e soluções construtivas que:

• dêem resposta aos requisitos térmicos e/ou acústicos
• e simultaneamente cumpram os requisitos de reacção ao fogo.
Solução é procurar um equilíbrio entre estes requisitos por vezes opostos e ser
muito cuidadoso na especificação – importância da Coordenação dos
projetos.
O enquadramento legal de Reabilitação permite justificar opções de
incumprimento, no entanto muitas dificuldades são comuns aos projetos de
novos edifícios.
Relevância do Projeto de SCIE baseado no Desempenho para justificar a
aceitação de soluções de reação ao fogo com performance inferior à exigida
na legislação (não só em projetos de Reabilitação!)
14

7
 03/12/2016

Obrigada pela vossa atenção

Maria Lerer, Eng.ª Física Tecnológica

mml@natural-works.com
www.natural-works.com

15