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FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA MECÂNICA DA FRATURA

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SUMÁRIO
SUMÁRIO.................................................................................................................................. 1
Capítulo - I.................................................................................................................................. 4
1. 1 – Objetivos do Capítulo......................................................................................................4
1. 2 - Introdução ........................................................................................................................5
1. 3 - Comportamento Mecânico dos Materiais Sólidos até a Ruptura .....................................7
1.3.2 – Determinação do Módulo Elástico e da Flexibilidade de um Material ...................9
1.3.3 - A Energia Elástica Armazenada em um Sólido .....................................................10
1.3.4 - Comportamento Elástico ........................................................................................11
1.3.5 - Comportamento Plástico ........................................................................................11
1.3.6 - Tensão de fluência ou escoamento.........................................................................12
1.3.7 - Tensão de ruptura ...................................................................................................13
1. 4 – Propriedades Mecânicas dos Materiais..........................................................................14
1.4.1 - Tensão ...................................................................................................................14
1.4.2 - Deformação ............................................................................................................15
1.4.3 - Módulo de Elasticidade de Young (E) ...................................................................16
1.4.4 - Maleabilidade e Ductilidade...................................................................................17
1.4.5 - Diagramas Tensão-Deformação .............................................................................18
1.4.6 - Limite de Resistência à Tração ..............................................................................19
1.4.7 - Dureza ...................................................................................................................20
1.4.8 - Tenacidade .............................................................................................................22
1.4.9 - Fluência ..................................................................................................................23
1.4.10 - Resistência à Fluência ..........................................................................................25
1.4.11 - Fadiga ...................................................................................................................26
Capítulo - II .............................................................................................................................. 29
2. 1 - Introdução ......................................................................................................................29
2. 2 - Análise do Estado das Tensões ......................................................................................30
2.2.1 – Tração e Vetores de Acoplamento das Tensões ....................................................32
2.2.2 – Componentes das Tensões.....................................................................................33
2.2.3 – Tensão em um Ponto .............................................................................................35
2.2.4 – Tensões sobre um Plano Normal ...........................................................................38
2.2.5 – Representação Dyádica das Tensões .....................................................................40
2. 3 - Equações de Equilíbrio...................................................................................................41
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FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA MECÂNICA DA FRATURA
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2.3.1 – Princípios Físicos e Matemáticos ..........................................................................41
2.3.2 – Momento Linear ....................................................................................................43
2.3.2 – Momento Angular..................................................................................................44
2. 4 - Tensões Principais..........................................................................................................47

2. 5 – Análise do Movimento de uma Deformação Elástica dos Corpos u .....................49

2.5.1 - Definição do vetor deslocamento u ......................................................................49
2.5.2 - Análise das Deformações .......................................................................................51
2.5.3 – A Definição Tensor das Deformações...................................................................54
2.5.4 - A Definição do Tensor Gradiente de Deformação.................................................55
2.5.5 – Equações de Compatibilidade ...............................................................................56
Capítulo - III ............................................................................................................................. 57
3. 1 - Objetivos do Capítulo ....................................................................................................57
3. 2 - Introdução ......................................................................................................................58
3. 3 – Introdução a Elasticidade Linear .............................................................................59
3. 4 - Fundamentos da Teoria da Elasticidade Linear .......................................................60
3.4.1 – Densidade de Energia de Deformação...................................................................60
3.4.2 – Materiais Elásticos Lineares ..................................................................................61
3. 5 - Teoria Elastodinâmica Linear ........................................................................................64
3.4.2 – Equação Constitutiva o Fluxo de Deformações em um Material Sólido Elástico-
Linear ...................................................................................................................64
3.4.3 – A Lei de Hooke Generalizada para Sólidos Elásticos Lineares ............................66
3.4.4 – Equação Constitutiva o Fluxo de Deformações em um Material Sólido Elástico-
Linear ...................................................................................................................69
3.4.5 - A Visão do Contínuo para a Lei de Hooke ............................................................70
3.4.6 – - Densidade de Energia de Deformação na Elasticidade .......................................73
3.4.7 - Equações de compatibilidade .................................................................................74
3.4.8 – Equação Constitutiva dos Materiais Elásticos Lineares ........................................74
3.4.9 -– Complementaridade da Densidade da Energia de Deformação ...........................75
3.4.10 – Equação do Potencial Vetorial Generalizado para a Deformação Elástica .........77
3.4.11 - Equação Constitutiva para o Fluxo do Potencial Vetorial das Taxas de Deformações
nos Fluidos ...................................................................................................................77
3.4.12 – Equação do Potencial Vetorial Generalizado para a Massa Fluida .....................79
3.4.13 – A Equação de Movimento Elastodinâmico Linear..............................................80

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3.4.14 – Problemas de Valor de Contorno ........................................................................83
3. 6 – ...................................................................................................................84
3.7 – O Campo de Tensão Elástico Linear ..............................................................................85
3.6.1 – Equações Básicas da Elasticidade para o Corpo Homogêneo e Isotrópico...........85
3.6.2 – Equilíbrio de um corpo elástico sob uma força de corpo ......................................90
3.8 – Problemas Planos da Teoria da Elasticidade ..................................................................91
3.7.1 – Problemas Bidimensionais na Elasticidade ...........................................................91
3.7.2 - Equações de Equilíbrio e Compatibilidade para os Problemas Planos ..................92
3.7.3 – Estado Plano de Tensão ou Deformação ...............................................................93
3.7.4 – Função de Tensão de Airy para Problemas Bi-Dimensionais ...............................95
3.7.5 - Problema de Deformação Plana: ..........................................................................100
3.7.6 - Problema de Tensão Plana ...................................................................................107
3.7.7 - Funções de Airy em Coordenadas Cartesianas ....................................................108
3.7.8 - Equação Bi-harmônica .........................................................................................111
3.7.9 - Condições de Contorno ........................................................................................112
3.7.10 - Funções de Airy Coordenadas Polares...............................................................112
3.7.11 - O Laplaciano e a Equação Bi-Harmônica em termos das Variáveis Complexas115
3.7.12 - Equação de Laplace em termos de Variáveis Complexas..................................117
3.7.13 - Representação de Funções Bi-Harmônicas de Airy-Westergard por Funções
Analíticas de uma Variável Complexa ............................................................................119
3.7.14 - As Funções de Airy-Westergard em termos de uma Variável Complexa..........121
3.7.15 - Funções de Airy-Westergard para a Equação Bi-harmônica da MEL ...............123
3.7.16 – Forma Complexa da Função Harmônica de Tensão..........................................125
3.7.17 – Funções de Tensão em termos de Funções Harmônicas Complexas ................127
3.7.18 – Deslocamento Correspondente a uma dada Função de Tensão.........................129
3.7.19 - Equações de Kosolov .........................................................................................132
3. 9 - Referências Bibliográficas .....................................................................................135

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Capítulo - I

PROPRIEDADES MECÂNICAS DOS MATERIAIS

RESUMO

1. 1 – Objetivos do Capítulo

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1. 2 – Introdução as propriedades dos materiais

Vamos agora estudar as propriedades dos materiais sob o ponto de vista básico do
princípio de Causa e Efeito ou Estímulo e Resposta dado pelos sistemas físicos em estudo.
Pode-se dizer que a física que estuda as propriedades fenomenológicas dos materiais está
baseada neste princípio junto com as relações da álgebra e geometria dos corpos em estudo.

CAUSA OU ESTÍMULO  EFEITO OU RESPOSTA


+
ALGEBRA E GEOMETRIA
__________________________________________________
FÍSICA FENOMENOLÓGICA OU ESTUDO DAS PROPRIEDADES DOS
MATERIAIS

As propriedades dos materiais são classificadas basicamente em propriedades


mecânicas, térmicas, elétricas, magnéticas e ópticas, podendo haver propriedades que
envolvam duas ou mais áreas tais como: propriedades termoelétricas, eletro-ópticas, etc. tais
propriedades geralmente estão relacionadas a efeitos conjugados. Vejamos a tabela abaixo:

Tabela - I. 1.

CAUSA X EFEITO = PROPRIEDADES

Força Mecânica Deformação ou trinca Mecânica Mecânica


Força Elétrica Corrente ou transporte de cargas Elétrica
elétricas
Força Magnética Orientação de cargas magnéticas Magnética
Pulso de Luz Absorção, luminescência, Óptica
transparência
Calor ou Pulso Transporte de calor ou variação Térmica
Térmico de temperatura

Vamos inicialmente estudar as propriedades mecânicas dos materiais.

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FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA MECÂNICA DA FRATURA
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O estudo experimental das propriedades mecânicas dos materiais sólidos é feito
utilizando-se basicamente o chamado princípio de “causa” e “efeito“ ou “estímulo” e
“resposta”. Este princípio se baseia no fato de que as propriedades dos materiais podem ser
inferidas da função de transferência que associa a causa ao seu efeito.
A causa utilizada no estudo das propriedades mecânicas é a aplicação de uma
força externa F sobre o corpo de prova, conforme mostra a figura abaixo:

Figura - 1. 1. Força F aplicada sobre um corpo de prova de massa, M, e volume, V.

A condição de equilíbrio do ensaio é dada pela resistência mecânica do corpo á


força aplicada, isto é diz-se que há equilíbrio de forças quando:
 
Fext  Rint (1. 1)
A partir do momento em que o corpo começa a se deformar isso é porque a força

externa Fext começa a ultrapassar o limite de resistência do material e este se dirige para a
ruptura do mesmo. Antes da ruptura, porém nos temos dois tipos principais de comportamento
com respeito a deformação do material : o comportamento elástico, e o comportamento
plástico.

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FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA MECÂNICA DA FRATURA
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1. 3 - Comportamento Mecânico dos Materiais Sólidos até a


Ruptura

O comportamento mecânico para os materiais sólidos, no que diz respeito a


deformação, é dividido em frágeis e ducteis (Figura - 1. 2). Os frágeis, são aqueles que se
rompem logo após o fim do seu limite elástico, não apresentando quase nenhuma deformação
plástica (processo reversível).

Figura - 1. 2. Comportamento típico da tensão x deformação dos materiais frágéis e dúcteis.

A lei de Hooke diz que, de acordo com a Figura - 1. 2 e a Figura - 1. 3, um


material, dentro do seu limite elástico linear, atuado por uma força, F, ou tensão, ,
apresentará uma deformação dada por:

  E , (1. 2)
onde  = F/A é a tensão aplicada e A é a área da secção transversal do corpo sob ação da força
F. E é o módulo elástico do material. O alongamento percentual ou deformação é dada por: 
= l/l, conforme mostra a Figura - 1. 3.

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FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA MECÂNICA DA FRATURA
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Figura - 1. 3. Distensão máxima das ligações químicas de um material antes de se romper,


mostrando o tamanho crítico mínimo, lo, a partir do qual a ruptura acontece, segundo o modelo de Griffith para
um monocristal. Figura adaptada a partir da original contida em MARDER [1996].

A partir da relação (1. 2), percebe-se que um material frágil ideal apresenta
módulo elástico constante até a ruptura, enquanto que o dúctil não. Isto significa que, a
separação entre os planos cristalinos do material frágil ideal se dá continuamente, sem que
ocorra quase nenhum acúmulo de defeitos na forma de discordâncias (Figura - 1. 3).
Os dúcteis, por outro lado, são aqueles que após o limite elástico apresentam
deformações plásticas por meio de discordâncias na rede cristalina, acumulando defeitos e se
rompendo após o encruamento (processo irreversível, Figura - 1. 2). De acordo com a teoria
do encruamento (hardening) a relação entre a tensão, , e a deformação, , é dada por:

m
  
   ref   ,

(1. 3)
  ref 
onde:
ref é a tensão inical e ref é a deformação inicial e m, é um expoente fracionário.
Observe que a relação (1. 3), mostra o termo em potência, que pode ser
relacionada a uma auto-similaridade com a escala da deformação, ref, que afeta o aspecto
microestrutural da superfície de fratura. Será mostrado, no modelamento fractal da superfície
de fratura no Capítulo – IV, que este fato está relacionado com a rugosidade desta superfície,
devido a auto-similaridade fractal onde o expoente de encruamento, m, estará relacionado
com a dimensão fractal, D, da mesma. Porque o material encrua antes de abrir uma trinca
rugosa.

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A partir da relação (1. 3), percebe-se que no caso do material dúctil, tanto a tensão
de fratura, f, como o módulo elástico, E, passa a depender da presença, ou não, deste
acúmulo de defeitos microscópicos.

1.3.2 – Determinação do Módulo Elástico e da Flexibilidade de um Material

Existem diferentes métodos experimentais para se determinar o módulo elástico


ou a flexibilidade de um material. A Figura - 1. 4 apresenta uma montagem experimental que
pode ser usada para determinar o módulo elástico por meio da equação (1. 4) [DOS SANTOS
1999] abaixo.

S3  X 
E  , (1. 4)
4w3e  u 
onde
S é a separação dos cilindros de apoio, w é a largura do corpo de prova, e é a sua espessura, X
é a carga aplicada e u é a sua deflexão do ponto de aplicação da força na direção vertical.

Figura - 1. 4. Montagem experimental do ensaio de flexão a três pontos com entalhe plano.

Até o limite de ruptura, o valor do módulo elástico do material pode ser calculado
pela equação (1. 4), conforme mostra na Figura - 1. 2. Caso ocorra um crescimento de trinca
acima deste limite máximo de carga tolerável pelo material, o valor da equação (1. 4) passa a
representar a flexibilidade do material ao invés do seu módulo elástico.
Para materiais frágeis, ou até mesmo dúcteis, a relação (1. 2) é muito útil, porque
ela constitui a base da mecânica da fratura elástica linear, conforme será visto a seguir.

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1.3.3 - A Energia Elástica Armazenada em um Sólido

Considere um corpo tracionado continuamente até o limite da sua ruptura,


conforme mostra a Figura - 1. 3. A energia de deformação total armazenada em um material
até este limite é dado pela área debaixo da curva mostrada na Figura - 1. 2, isto é, pela integral
da curva,  x E, ou seja:


u ( )    ( )d . (1. 5)
o

Embora existam diferentes comportamentos mecânicos, conforme mostra a Figura


- 1. 2, é interessante, a princípio, entender o mais simples deles, que corresponde a um
material frágil que segue a “lei elástica de Hooke”. Para este material frágil, pode-se supor
que o corpo responde a solicitação externa de acordo com a equação (1. 2). Portanto,
substituindo a expressão (1. 2) em (1. 5) tem-se que a energia de deformação elástica total
armazenada em um material frágil, até o limite de sua ruptura, calculada pela lei de Hooke, é
dado por:

 
E 2
u ( )   Ed  , (1. 6)
o
2 0

reescrevendo (1. 6) em termos de (1. 2) tem-se:

2
u ( )  . (1. 7)
2E
Considerando o corpo totalmente distendido até o limite máximo de sua
resistência mecânica, tem-se que a tensão máxima de alongamento corresponde a tensão de
fratura do material, f. Logo, para o caso da fratura elástica linear (material frágil ideal), de
acordo com a lei de Hooke dado em (1. 2), tem-se:

 f  E max , (1. 8)
onde, f, é o módulo de ruptura ou a tensão de fratura do material, E é o seu módulo elástico,
máx é o alongamento máxima do corpo em relação ao seu comprimento inicial. De acordo
com a Figura - 1. 2, para os materiais frágeis, a integral é obtida susbtituindo-se (1. 8) em (1.
7) obtendo-se a energia de deformação elástica total por unidade de volume que pode ser
armazenada no corpo antes que ele se rompa, fornecendo

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f2
uf  . (1. 9)
2E
Para um corpo de volume, Vc, tem-se que:

dU
u , (1. 10)
dV
Logo, substituindo-se (1. 9) em (1. 10) tem-se:

f2
Uf  Vc . (1. 11)
2E
Esta é a quantidade máxima de energia por unidade de volume que um corpo pode
armazenar, desde que se considere que este é formado por um material idealmente frágil,
como uma cerâmica, por exemplo.

1.3.4 - Comportamento Elástico

É aquele em que a deformação é reversível, ou seja, as ligações químicas dos


átomos do material não sofreram recombinação, e a força externa aplicada não ultrapassou o
limite energético do poço de potencial destas ligações (cessando a causa cessa o efeito). Ex.
mola.

1.3.5 - Comportamento Plástico

É aquele em que a deformação é irreversível, ou seja, as ligações químicas dos


átomos do material se moveram sofrendo algum tipo de recombinação com outros átomos da
vizinhança, isto é, os planos cristalinos se deslocaram uns em relação aos outros e a força
externa aplicada removeu os átomos para fora do poço de potencial, ou seja, para fóra da
posição de equilíbrio (cessando a causa o efeito permanece). Ex. manteiga, pixe, metais.

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Figura - 1. 5. Diagrama de tensão x deformação para deformação elástica

1.3.6 - Tensão de fluência ou escoamento

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1.3.7 - Tensão de ruptura

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1. 4 – Propriedades Mecânicas dos Materiais

Os materiais estruturais usados na prática da engenharia, em sua maioria, devem


ter resistência. A resistência é uma medida das forças externas aplicadas ao material, as quais
são necessárias para vencer as forças internas de atração entre as partículas elementares do
mesmo. Resumidamente, a resistência se deve à soma das forças de atração entre os elétrons
carregados negativamente e os prótons carregados positivamente, no interior do material.
Os materiais, de acordo com suas aplicações, devem ser capazes de resistir à ação
de forças consideráveis, sofrendo apenas distorções bastante pequenas. Contudo, propriedades
muito diversas podem ser desejadas. Assim é que o material deve ser capaz de sofrer
deformação permanente, a expensas de quantidades de energia tão pequenas quanto possível.
Ou seja, o material deve ser maleável e dúctil. No caso dos processos de conformação, os
metais perdem sua maleabilidade, tornando-se duros e resistentes. Diz-se que, neste caso, o
material fica encruado. Assim sendo, o engenheiro projeta seu processo de conformação para
utilizar a maleabilidade ou ductilidade do material e ao mesmo tempo faz com que o metal,
após o processo, possua resistência suficiente para a aplicação a que se destina. Outras
propriedades mecânicas são a elasticidade, dureza e tenacidade, bem como a fluência e a
fadiga, dentre outras. Em cada caso concreto, estas propriedades estão associadas ao
comportamento do material diante da aplicação de um sistema de forças externas.
Geralmente, o engenheiro está interessado na "densidade de força" necessária para provocar
uma determinada quantidade definida de deformação, temporária ou permanente.
Vamos agora definir os conceitos mais importantes relacionados as propriedades
mecânicas dos materiais.

1.4.1 - Tensão

A tensão é uma medida da "densidade de força" e é definida como forca por


unidade de área. A tensão é expressa em Newtons por metro quadrado (N/m². Porém, em
termos de ciência dos materiais, talvez seja mais conveniente expressá-la em Newtons por
milímetro quadrado (N/mm²). Além disso, esta unidade fornece um valor de tensão que é mais
fácil de visualizar, considerando, por exemplo, que a forca necessária para romper uma barra
de aço de um metro quadrado de seção transversal, é muito elevada para poder ser visualizada

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em termos de valores finitos. Então, a tensão é calculada dividindo a forca pela área na qual
ela está agindo.

1.4.2 - Deformação

A deformação se refere à alteração (de forma) proporcional produzida em um


material sob influência de tensão. Ela é uma relação numérica, medida como o número de
milímetros de alteração para cada milímetro do comprimento original.
A deformação pode ser elástica ou plástica. A deformação elástica é reversível
e desaparece quando a tensão é removida. Quando a deformação é de natureza elástica, os
átomos são deslocados de suas posições iniciais pela aplicação de tensão. Porém, quando esta
tensão é removida, os átomos retornam às posições iniciais que tinham em relação aos seus
vizinhos. A deformação elástica é aproximadamente proporcional à tensão aplicada (Fig. 1) e,
para fins práticos, podemos dizer que o material obedece à lei de Hooke (  = E. ). Esta lei
estabelece que, para um corpo elástico, a deformação é diretamente proporcional à tensão
aplicada.

Figura - 1. 6. Diagrama de tensão x deformação para deformação elástica

A deformação plástica se dá quando o material é tensionado acima do seu


limite de elasticidade. Com a deformação plástica, os átomos se movimentam dentro da
estrutura do material, adquirindo novas posições permanentes com respeito a seus vizinhos.
Quando a tensão é removida, apenas a deformação elástica desaparece e toda a deformação
plástica permanece (Fig. 2)
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FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA MECÂNICA DA FRATURA
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Figura - 1. 7. Diagrama de tensão x deformação para deformação plástica

1.4.3 - Módulo de Elasticidade de Young (E)

O módulo de elasticidade de Young é a relação entre a tensão aplicada e a


deformação elástica que ela produz. Em outras palavras, é a tensão necessária para produzir
uma quantidade unitária de deformação elástica. O módulo de Young está vinculado à rigidez
do material e o seu valor é bastante importante para o engenheiro de construções. O módulo
de elasticidade é expresso em termos de tensão de tração ou de tensão de compressão e suas
unidades são as mesmas para esses dois tipos de tensão. Assim sendo:

E = tensão / deformação = N/mm² / mm/mm = N/mm², (1. 12)


Em virtude do elevado valor numérico de E, ele normalmente é expresso em
GN/m ou MN/mm.
A sofisticada tecnologia das últimas décadas do século XX, freqüentemente
envolve considerações sobre a massa de material necessária para fornecer determinada
resistência e rigidez a uma estrutura. Isto é particularmente importante na indústria
aeroespacial e em outras indústrias de transporte, ou, de fato, em qualquer situação em que se
gaste energia devido à força da gravidade. Desta maneira, o módulo de elasticidade é

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FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA MECÂNICA DA FRATURA
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geralmente expresso como módulo de elasticidade específico, no qual E está relacionado à
densidade relativa do material:

Módulo de elasticidade específico = E / densidade relativa, (1. 13)

1.4.4 - Maleabilidade e Ductilidade

A maleabilidade refere-se à capacidade do material se deformar sem fraturar,


quando submetido à compressão, enquanto que a ductilidade se refere à capacidade do
material se deformar sem fraturar, quando submetido a esforços de tração. Todos os materiais
dúcteis são maleáveis, mas nem todos os materiais maleáveis são necessariamente dúcteis.
Isto porque um material macio pode ter pouca resistência e romper facilmente quando
submetido à tração.

Figura - 1. 8. Componentes do teste de tração. A figura mostra um corpo de prova rosqueado.


Porém, em muitos equipamentos, o corpo de prova é plano, e é seguro por grampos de fricção.

A ductilidade é geralmente expressa em práticos, pela porcentagem de


alongamento do comprimento padrão de um corpo de prova padronizado, que é submetido à
tração até a ruptura. A figura 4 mostra que, para tornar os resultados comparáveis, é
necessário haver uma relação padronizada entre o comprimento padrão do corpo de prova e a
área da seção transversal do mesmo. Já que a maior parte da deformação plástica se dá no
"pescoço" (entre Z e Y), é claro que a percentagem de alongamento quando se considera ZY
como comprimento padrão, não será a mesma quando se considera XY como comprimento
padrão. Conseqüentemente, os corpos de prova para tração devem ser geometricamente
similares, sendo conhecidos como corpos de prova proporcionais.

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FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA MECÂNICA DA FRATURA
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Figura - 1. 9.

1.4.5 - Diagramas Tensão-Deformação

Quando os valores da tensão e da deformação correspondente, obtidos num


teste de tração, são colocados num gráfico, verifica-se que cada tipo de material é
representado por uma curva característica. Os materiais de ductilidade desprezível, como os
aços de alta dureza, ferro fundido e concreto, apresentam uma deformação até a fratura, de
valor nulo ou muito pequeno (Fig. 5 (i)). Ou seja, eles não apresentam limite de escoamento,
só ocorrendo a deformação elástica. Por outro lado, um material dúctil apresenta um limite de
elasticidade (ou limite de proporcionalidade) além do qual já ocorre deformação plástica. O
limite de escoamento é a tensão máxima que um material pode suportar, antes que se inicie o
escoamento plástico. Nos materiais ferrosos macios (ferro maleável e aços de baixo carbono)
e em alguns materiais plásticos, o início do escoamento plástico é caracterizado por um limite
de escoamento bastante definido (Fig. 5 (iii)). Nessas condições, é fácil calcular a tensão de
escoamento. Nos outros materiais, incluindo praticamente todos os metais e ligas dúcteis, bem
como a maioria dos materiais plásticos, o limite de elasticidade não é bem definido (Fig. 5
(iv)). Sob muitos aspectos, nos projetos de engenharia, o limite de escoamento de um material
é de maior importância que o limite de resistência (tensão máxima suportada pelo material,
durante o escoamento plástico). Por isto, derivou-se um valor de tensão para substituir o
limite de escoamento, naqueles materiais que não apresentam este limite bem definido.
Esta tensão é conhecida como tensão de prova e é definida como a tensão
necessária para produzir uma deformação plástica (ou seja, uma deformação permanente) de
0,1% ou 0,5% para alguns materiais, no comprimento padrão de corpo de prova. Esta tensão é
obtida da maneira indicada nas Figs. 5 (ii) e (iv).
Os materiais que passam por alguns tratamentos como o encruamento ou, no
caso de algumas ligas, por um tratamento térmico apropriado, elas são geralmente mais

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FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA MECÂNICA DA FRATURA
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resistentes e menos dúcteis do que os mesmos materiais que estão nas condições normais de
dureza. Isto é indicado na curva tensão/deformação da Fig. 5 (ii).

Figura - 1. 10. Diagramas tensão/deformação representativos de vários tipos de material. (i)


Material não dúctil (frágil). (ii) Material semidúctil. (iii) e (iv) Materiais dúcteis.

T = limite de resistência à tração;


B = Tensão de ruptura;
Y = Limite de escoamento;
P = Tensão de prova

1.4.6 - Limite de Resistência à Tração

O limite de resistência à tração do material é calculado através da relação entre


a força máxima aplicada durante o teste e a área inicial da seção transversal do corpo de
prova. As unidades envolvidas são as de tensão. Geralmente as mais convenientes são MN/m²
ou N/mm² que, evidentemente, são iguais numericamente. É importante notar que ao longo de
todo o ensaio de tração, a tensão é calculada com base na área inicial da seção transversal. Isto
é, não se leva em consideração a diminuição de área da seção transversal junto ao "pescoço",
nos estágios finais da deformação plástica. Por esta razão, os chamados diagramas
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FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA MECÂNICA DA FRATURA
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"tensão/deformação" na realidade são diagramas força/alongamento modificados. O diagrama
tensão/deformação verdadeiro, para ser reconstruído, necessita que se leve em consideração a
diminuição da seção transversal, medindo-se o diâmetro mínimo no pescoço para cada medida
da força aplicada (Fig. 6). Geralmente é impraticável a medida da tensão verdadeira por este
método. Na prática, usa-se mais freqüentemente o valor da tensão de engenharia.

Figura - 1. 11. Tensão de engenharia = Força / Área inicial da tensão transversal.

É conveniente lembrar que a ordenada usualmente denominada, na maioria dos


diagramas publicados, como "tensão", quase sempre se refere a esta "tensão de engenharia"
em lugar da tensão verdadeira. A redução da seção transversal nos materiais dúteis, durante o
escoamento plástico, leva à aparente anomalia de que a tensão de ruptura seja menor do que o
limite de resistência à tração. Porém, a Fig. 6 mostra que, de fato, a tensão verdadeira de
ruptura é maior que o limite de resistência à tração.

1.4.7 - Dureza

Em linhas gerais, a dureza é definida como a capacidade do material resistir à


abrasão superficial. A dureza relativa dos minerais é constatada através da escala de Moh
(Tabela 1). esta escala consiste de uma lista de materiais agrupados de tal maneira que
qualquer mineral da lista pode riscar os que se localizam abaixo dele. Então o diamante, que é
a substância mais dura que se conhece, encabeça a lista com o índice de dureza igual a 10. A

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FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA MECÂNICA DA FRATURA
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dureza superficial de qualquer substância pode ser vinculada à Escala de Mohr, determinando-
se quais as substâncias padrão desta escala que riscam a referida substância.

Tabela - I. 2. Escala de Mohr

Mineral Índice de dureza


Diamante 10
Corindo 9
Topázio 8
Quartzo 7
Feldspato 6
Apatita 5
Fluorita 4
Calcita 3
Gesso 2
Talco 1

Obviamente, a Escala de Moh é inadequada, quando se trata de uma


determinação rigorosa de dureza de materiais semelhantes às ligas metálicas. Para essas
substâncias, foram desenvolvidos vários tipos de teste de dureza. Os instrumentos
semelhantes ao Esclerômetro de Turner (que media a riscabilidade) foram logo abandonados e
substituídos por equipamentos que medem a resistência das camadas superficiais do material
à penetração de uma bilha de alguma forma geométrica. Desta forma, a dureza não é mais
definida em termos de resistência à abrasão. No ensaio de Brinell a bilha é uma esfera de aço
enquanto que no ensaio da Pirâmide de Diamante a bilha usada é uma pirâmide de diamante.
O teste de Rockwell emprega um cone de diamante ou uma esfera de aço. Em todos estes
testes, o índice de dureza (H) é obtido do valor:

Força aplicada / Área superficial da massa produzida, (1. 14)


As unidades são as mesmas da tensão. Porém, essas unidades nunca são
empregadas quando se escreve o valor da dureza, pois em qualquer escala de dureza as
condições de teste são padronizadas.

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FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA MECÂNICA DA FRATURA
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Figura - 1. 12. Componentes da maioria das máquinas de dureza. A bilha pode ser uma esfera de
aço como indicado na figura, ou então uma pirâmide de diamante ou um cone de diamante

Para a maioria das ligas metálicas, o limite de resistência à tração é


aproximadamente proporcional à dureza, apesar de não existir nenhuma conexão fundamental
entre essas duas propriedades, a não ser no que diz respeito à rigidez geral do material.

1.4.8 - Tenacidade

A tenacidade é medida em termos da energia necessária para fraturar um corpo


de prova padrão. Sendo assim, a tenacidade não deve ser confundida com o limite de
resistência à tração, o qual é medido em termos da tensão necessária para fraturar um corpo de
prova padrão. A área sob a curva tensão/deformação está diretamente relacionada à energia
necessária para fraturar o material, pois a energia é o produto da força média pela distância na
qual ele atua..

Figura - 1. 13. Diagramas tensão/deformação para (i) uma liga tratada para aumentar a resistência,
(ii) a mesma liga na condição dúctil ou de pouca dureza. A energia, indicada pela área sob a curva, necessária
para fraturar o corpo de prova, é maior no caso do material menos resistente e mais dúctil.

De fato, alguns materiais que em seu estado normal de ductilidade e pouca


dureza, são extremamente tenazes, perdem sua tenacidade quando são submetidos a
determinados processos de endurecimento e encruamento. Estas relações estão indicadas pela
área sob cada curva de tensão/deformação, pelo fato de que empregam carga de choque. Uma
parte da energia cinética de um pêndulo oscilante, é gasta na fratura de um corpo de prova
padrão, convenientemente entalhado. Em ambos os métodos de determinação da tenacidade
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FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA MECÂNICA DA FRATURA
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ao impacto, que são os métodos Izod e Charpy, a unidade utilizada é o Joule. Esses ensaios
dão uma indicação prática do comportamento do material sob condições de carga de choque.
Em muitas circunstâncias, a tenacidade é mais importante como critério de avaliação do
material, do que a resistência à tração.

Figura - 1. 14. Componentes das máquinas de ensaio de impacto. A energia necessária para
fraturar a atmosfera é medida na escala, em joules.

1.4.9 - Fluência

A fluência pode ser definida como sendo uma deformação contínua, com a
passagem do tempo, em materiais sujeitos a uma tensão constante. Esta deformação é plástica
e ocorre mesmo que a tensão atuante esteja abaixo do limite de escoamento do material. A
temperaturas abaixo de 0,4 T (onde T é a temperatura absoluta de fusão do material (escala
Kelvin)) a taxa de fluência á altamente importante. Por esta razão a fluência é muito pequena
mas a temperaturas maiores que esta, a fluência é altamente importante. Por esta razão a
fluência é comumente vista como sendo um fenômeno de elevadas temperaturas, associado a
plantas de vapor e tecnologia de turbinas de gás.
No entanto, para alguns dos metais e ligas mais macios e com baixo ponto de
fusão, a fluência ocorrerá de forma significativa a temperaturas ambientes. Antigos telhados
de chumbo fluindo ao longo dos séculos, devido ao seu próprio peso, adquiram uma diferença
de espessura mensurável entre a cumeeira, mais fina, e os beirais, mais grossos.
Quando um material metálico é tensionado de forma adequada, origina-se de
imediato uma deformação elástica (Fig. 10), que é seguida por uma deformação plástica que
ocorre em três estágios:
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FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA MECÂNICA DA FRATURA
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(i) Fluência primária, ou transiente, OP, iniciando-se com uma velocidade rápida que diminui
com o tempo, à medida que o encruamento prossegue.

(ii) Fluência secundária, ou de regime permanente, PS, na qual a velocidade de deformação é


completamente uniforme e passa por seu menor valor.

(iii) Fluência terciária, SX, na qual a velocidade de deformação aumenta rapidamente, até que
a fratura ocorra em X. Este estágio coincide com o empescoçamento da peça.
A fluência em materiais poliméricos abaixo da temperatura de transição vítrea
segue, de forma grosseira, a mesma configuração dos metais. A relação que existe entre
tensão, temperatura e a resultante taxa de fluência está mostrada na figura 11. A baixas
tensões e/ou baixas temperaturas pode ocorrer alguma fluência primária, mas essa cai a um
valor desprezível no estágio secundário e presume-se que é devido ao encruamento do
material. Com o aumento das tensões e/ou temperaturas (curvas B e C) a taxa de fluência
secundária também aumenta levando à fluência secundária também aumenta levando à
fluência terciária e inevitavelmente à fratura.

Figura - 1. 15. Curva típica de fluência mostrando os três estágios de fluência durante um ensaio à
alta temperatura e durante longo tempo.

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FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA MECÂNICA DA FRATURA
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Figura - 1. 16. Variação das velocidades de fluência com a tensão e com a temperatura. Na curva
A o estágio final de fluência torna-se desprezível, provavelmente devido ao encruamento. Na curva C a
velocidade de fluência secundária é mais elevada que na curva B, devido à utilização de uma tensão mais
elevada e/ou elevada temperatura.

1.4.10 - Resistência à Fluência

A ampliação do conhecimento do mecanismo de fluência (que sugere dois


tipos separados de deformação plástica, (i) devido ao movimento normal de discordância e
que ocorre dentro de materiais cristalinos e (ii) aquele que é de característica viscosa e está
associado com as regiões não cristalinas do contorno de grão) possibilitou aos cientistas de
materiais o desenvolvimento de materiais resistentes à fluência com maior confiança do que
era possível há poucas décadas atrás. Como a fluência depende do movimento de
discordância, é obvio que qualquer evento que reduza o movimento destas discordâncias, e
também limite a formação de novas, se oporá efetivamente a fluência. Geralmente, os metais
com estruturas cristalinas compactas (CFC ou HC) são os mais apropriados e suas resistências
à fluência podem ser levadas por um ou mais dos seguintes métodos:
(i) A adição de um elemento de liga que formará uma solução sólida com o metal base. Isto só
será realmente efetivo se os átomos solutos tiverem baixa mobilidade. Se, por outro lado, eles
se difundem livremente com a ativação térmica eles também permitirão que as discordâncias
se movimentem, e, desse modo, a recuperação- e portanto, posteriormente a fluência - pode
ocorrer.
(ii) A adição de um elemento de liga que crie o endurecimento por dispersão. Precipitados
coerentes e pequenos precipitados não coerentes são geralmente produzidos por tratamento de

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FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA MECÂNICA DA FRATURA
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precipitação, sendo essencial que à temperatura de serviço tais partículas permaneçam
finamente dispersas e não coalesçam. Os precipitados finamente dispersos formam barreiras
dispersivas ao movimento de discordâncias.
(iii) Tratamento de liga para garantir grãos grandes quando for possível, já que isto reduz a
superfície total de contornos de grão por unidade de volume do material, e, desse modo,
reduzindo a formação de vazios, o que auxilia bastante o movimento de discordâncias.

1.4.11 - Fadiga

Os engenheiros estão cientes já há longo tempo que cargas "vivas" e tensões


alternadas de pequenas amplitudes podem causar a falha num elemento que, entretanto, pode
suportar uma considerável carga "morta". Sob a ação de cargas não constantes o material pode
tornar-se fatigado. Então, enquanto a fluência é um fenômeno associado com a extensão do
componente sob uma força constante agindo durante um longo tempo e geralmente a altas
temperatura, a fadiga refere-se à falha de um material sob ação de tensões flutuantes e
repetidas.
A falha por fadiga ocorrerá, é evidente, se a tensão máxima está acima do
limite de fadiga. Apesar desta, estar ainda bem abaixo da tensão normal de escorregamento
estático para o material, sabe-se que a deformação plástica por deslizamento ocorre durante o
contínuo ciclo de tensão. Tais bandas de deslizamento, como aparecem nas superfícies, são
tanto de intrusão como de extrusão (Fig. 12).

Figura - 1. 17. O deslizamento localizado que dá origem a extrusões e intrusões que podem iniciar
as trincas de fadiga.

Embora tal intrusão seja geralmente muito pequena, aproximadamente da


ordem de 1 m, pode, é claro, agir como um concentrador de tensões e iniciar uma trinca por
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FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA MECÂNICA DA FRATURA
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fadiga. Considera-se que uma fratura por fadiga se desenvolve três estágios - nucleação,
crescimento da trinca e fratura inicial (Fig. 13).

Figura - 1. 18. Os estágios de falha de fadiga. Uma fratura por fadiga é geralmente fácil de
identificar, já que a região de crescimento da trinca surge polida devido ao esfregamento das superfícies de
fratura, uma contra a outra, a medida que a tensão se alterna. A fratura final é cristalina.

A superfície de fratura, resultante, tem uma aparência característica, sendo uma


falha por fadiga, conseqüentemente fácil de ser identificada. Como a trinca se propaga
lentamente a partir da fonte, as superfícies fraturadas atritam-se entre si devido à natureza
pulsante da tensão e, desse modo, as superfícies tornam-se polidas. Freqüentemente marcas na
forma de concha estão presentes, mostrando a direção de espalhamento da trinca de fadiga.
Finalmente a peça não é mais capaz de suportar seu carregamento e a fratura final ocorre. Esta
superfície recém-fraturada é tipicamente cristalina na aparência.

Questionário

1 - Onde se dá a diferença entre a deformação elástica e a plástica.

2 - Por que é necessário definir o módulo de elasticidade específico a = E/d.

3 - Exemplo de maleáveis não dúcteis.

4 - Por que alguns materiais não apresentam definidos os limites de elasticidade.

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FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA MECÂNICA DA FRATURA
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5 - Porque é necessário definir a tensão de estético


(estruturas) perda da ).

- Exemplo giz x quadro negro.

6 - Por que se define a tenacidade (energia) x área. (lig. primária).

7 - Em automóveis por que se usa alta tenacidade. Qual você escolheria para do
automóvel : tensão de fluência e de escoamento.

8 - Porque ciclos é mais eficiente que deformação, acúmulo de defeitos.

9 - Por que se em nucleação, crescimento e da tensão.

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FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA MECÂNICA DA FRATURA
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Capítulo - II

ELEMENTOS DE MECÂNICA DOS SÓLIDOS

RESUMO

2. 1 - Introdução

Uma abordagem a solução de problemas em mecânica dos sólidos é estabelecer


relações primeiro entre cargas aplicadas e tensões internas e, subseqüentemente, considerar as
deformações. Uma outra abordagem é examinar as deformações inicialmente, e então
proceder às tensões e as cargas aplicadas. Desprezando-se da eventual solução o caminho
selecionado, é necessário derivar as relações dos componentes individualmente. Neste
capítulo, a primeira série de equações as quais descrevem o equilíbrio entre forças externas e
tensões internas são derivadas.
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FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA MECÂNICA DA FRATURA
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2. 2 – Introdução a Mecânica do Contínuo

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2. 3 – Vetores e Tensores

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FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA MECÂNICA DA FRATURA
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2. 4 - Análise do Estado das Tensões

2.2.1 – Tração e Vetores de Acoplamento das Tensões

Um corpo deformável sujeito a um carregamento externo é mostrado na Figura -


2. 1. Podem existir cargas aplicadas sobre o exterior, propriamente chamada de forças
superficiais, e cargas distribuídas dentro do interior do corpo, conhecidas como forças
internas. Um exemplo da última é o efeito da gravidade, a qual produz o peso-específico do
corpo.

Focando a atenção sobre um elemento com uma área An sobre ou dentro do
corpo e orientada conforme especificada por um vetor normal n̂ , nós acumulamos a força
 
resultante Fn e o momento M n . Ambas são grandezas vetoriais e não são, em geral,

paralelas a n. Logo buscamos a intensidade das resultantes sobre a área An na seguinte
forma.

Figura - 2. 1. Corpo deformável sob carregamento externo.

 
 Fn dFn
f  lim  ; (vetor ) (a)
Vn  0 V dVn
n

 
Fn dFn
Tn  lim    ; (tensor ) (b) , (2. 1)
An  0 A dAn
n

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FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA MECÂNICA DA FRATURA
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 
M n dM n
Cn  lim  ; (tensor ) (c) ,
An  0 A dAn
n

Onde Tn é conhecido como vetor das tensões ou tração, e Cn é chamado de vetor do


acoplamento das tensões.
A teoria da elasticidade elementar procede da superposição de que Cn = 0,

enquanto a tração Tn representa a intensidade das tensões em um ponto para uma orientação

particular de elemento de área especificada por n̂ . Uma descrição completa no ponto requer

que o estado das tensões seja conhecido para todas as direções, tal que Tn ele mesmo é
necessário, mas não suficiente, para esta proposta.

2.2.2 – Componentes das Tensões

Nós agora estudamos um paralelepípedo retangular infinitesimal no ponto em


questão e construímos uma série de coordenadas cartesianas xi paralelas ao lado, conforme

mostrado na Figura – 2.2 correspondente a cada eixo coordenado existe um vetor unitário eˆi .

Mostrado na figura são as trações Ti que atuam sobre cada face i, com o subscrito escolhido

correspondente a face normal êi. Novamente enfatiza-se que, em geral, Ti não é paralelo a eˆi ,
o qual é perpendicular a face do paralelepípedo.

Figura - 2. 2. Tensor das tensões normais e cisalhantes em um corpo.

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FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA MECÂNICA DA FRATURA
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 ij , onde i é a direção do vetor normal o elemento de área e j é a direção da componente do

vetor tensão.
Cada tração pode ser escrita em termos das componentes cartesianas na forma:

f  f1eˆ1  f 2eˆ2  f 3eˆ3  fi eˆi , (2. 2)
Na notação de somatória de Einstein (convenção de soma), ou

 ê1 
  
f   f1 f 2 f 3   ê2   f i êi
    (2. 3)
31  ê  11
 3
13

Mas

Ti   ij ê j (2. 4)
a qual expandindo explicitamente em três equações fornece:

T1   11ê1   12 ê2   13ê3   1 j ê j (2. 5)


T2   21ê1   22 ê2   23ê3   2 j ê j (2. 6)


T3   31ê1   32 ê2   33ê3   3 j ê j (2. 7)
ou ainda

  11  12  13   ê1   T1 

T     21  22  23   ê2    T2    ij ê j (2. 8)
  32  33   ê3   T3 

31
 
31 13 33

ou

T     ê j   ij ê j (2. 9)
Os coeficientes 11, 12, ...., 33, são conhecidos como componentes das tensões
ou simplesmente como tensões, enquanto que toda a matriz forma o tensor das tensões quando
a regra de transformação apropriada é verificada. O subscrito e a convenção dos sinais para as
componentes das tensões ij são como segue:

34
FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA MECÂNICA DA FRATURA
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1) O primeiro subscrito i refere-se à normal eˆi , a qual denota a face sobre a qual

Ti atua.

2) O segundo subscrito j corresponde à direção eˆ j na qual a tensão atua.

3) As tão chamadas componentes normais  ii são positivas se elas produzem

tensões, e negativas se elas produzem compressões. As componentes de cisalhamento ij (i 


j) são positivas se direcionadas na direção positiva xj enquanto atuam sobre a face com a
unidade normal  eˆ j , ou se direcionadas na direção negativa xj enquanto atuam sobre a face

com unidade normal eˆ j .

Enquanto é algumas vezes vital distinguir entre tensão e compressão a diferença


entre cisalhamento positivo e negativo é igualmente arbitrário.

2.2.3 – Tensão em um Ponto

Nós agora estamos em posição de proceder o principal objetivo desta secção, e


então estabelecer condições suficientes para descrever completamente o estado tensões em um

ponto. Nós mostraremos que isto pode ser realizado por especificação das trações Ti sobre

cada um dos três planos eˆi as quais pela equação (2. 5) a (2. 7), é equivalente a especificar as

nove componentes das tensões  ij . Então, se a tração Tn atua sobre qualquer elemento

arbitrário da superfície, definida por um n̂ apropriado, pode ser avaliada, a proposição é


provada e o tensor das tensões  ij , referido a qualquer sistema cartesiano conveniente,

completamente especifica o estado das tensões no ponto.

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FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA MECÂNICA DA FRATURA
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Figura - 2. 3. Forças agindo sobre um tetraedro elementar em um ponto P.


O tetraedro diferencial na Figura - 2. 3 mostra a tração Tn atuando sobre o plano

identificado por n̂ , ao longo com trações sobre as faces indicadas por êi e a força interna f
 
por unidade de volume. A força sobre a face inclinada é Tn dAn enquanto a força sobre cada
 
uma das outras faces é Ti dAi , i  1, 2,3 , desde que elas têm normais unitárias nas direções
negativas êi.
As áreas dos planos estão relacionadas por (2. 8), onde

dAi  dAn cos(nˆ , eˆi )  dAn nˆ.êi (2. 10)


tal que

dAi dAi
dAn   (2. 11)
nˆ.eˆi ni
onde

ni  nˆ.eˆi  cos( nˆ, êi ) (2. 12)


é a componente de n̂ na direção eˆi e também a direção cosseno.
A força de equilíbrio para o tetraedro da:

    1
Tn dAn  T1dA1  T2 dA2 T 3dA3  f ( hdAn )  0 (2. 13)
3

36
FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA MECÂNICA DA FRATURA
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Onde h é a altura do tetraedro. Usando as equações (2. 10) a (2. 12), a equação (2. 13) torna-
se:

  h
(Tn dAn  Ti ni  f )dAn  0 (2. 14)
3

Logo, resolvendo Tn em componentes cartesianas Ti êi e tomando o limite quando h  0 a

condição de equilíbrio é satisfeita se:



Ti êi  Ti ni (2. 15)
O próximo passo é escrever Ti em termos das componentes das tensões usando a equação (2.
4). Contudo, é conveniente primeiro mudar o índice mudo sobre o r.h.s da equação (2. 15) de
i para j, então:
 
Ti ni  T j n j   ji n j êi (2. 16)
O qual permite que os coeficientes de êi nas equações (2. 15) e (2. 16) sejam equacionadas
fornecendo:

Ti   ji n j (2. 17)

Reciprocamente, se as componentes Ti são conhecidas, a magnitude de Tn pode ser avaliada
como:

Tn  Tn  (TiTi )1 / 2 (2. 18)
desde que Tn representa uma componente da tração que atua sobre um plano arbitrário como

definido por n̂ , o conhecimento das componentes da tensão referidas as coordenadas


cartesianas é realmente suficiente para especificar completamente o estado das tensões no
ponto. Na equação (2. 17), Ti e n j são ambas componentes dos vetores (tensor de ordem 1)

tal que a  ji são as componentes de um tensor   de ordem 2. Portanto, se as componentes

das tensões são conhecidas em um sistema de coordenadas, dito o sistema xi, elas podem ser
avaliadas por outro sistema de coordenadas, dito o sistema xi’, pela lei de transformação para
os tensores de segunda ordem.

 ij '   ik jl kl (2. 19)


Onde cada direção cosseno é:

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FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA MECÂNICA DA FRATURA
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 ij  cos( xi ' , x j ) (2. 20)


conforme introduzido anteriormente ( ) representa o cosseno do ângulo entre os eixos xi’, e xi.
Desde que a regra de transformação executa um papel importante na teoria da
elasticidade, vale a pena reafirmar que ij  ji, isto é, a direção dos cossenos não são
simétricos.

2.2.4 – Tensões sobre um Plano Normal


É algumas vezes útil resolver Tn em componentes que são normais e tangenciais
ao elemento diferencial de superfície dAn, conforme mostrado na Figura - 2. 4.

Figura - 2. 4. Elemento diferencial de superfície

A componente normal é calculada por:


 
 nn  N  Tn .nˆ (2. 21)


 Ti .êi .nˆ (2. 22)

 Ti .ni (2. 23)


ou da equação (2. 17):

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FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA MECÂNICA DA FRATURA
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 nn   ij n j ni (2. 24)
a componente tangencial é:
 
 ns  s  Tn sˆ (2. 25)


 Ti .êi .sˆ (2. 26)

 Ti .si (2. 27)

 ns   ji n j si (2. 28)
onde

si  êi .sˆ (2. 29)


Isto freqüentemente conveniente calcular ns usando o teorema de Pitágoras como

 ns  (TiTi   nn 2 )1/ 2 (2. 30)


 
conduzindo a resolução a um passo a mais, as componentes cartesianas de N e s podem ser
avaliadas:

 nn( k )  N .êk   nn nˆ.êk (2. 31)

  nn nk (2. 32)

  ji n j ni nk (2. 33)
onde k = 1, 2, 3.
a partir da equação (2. 24) para ns, a simples adição dá

 nn( k )  Tn   nn ( k ) k  1, 2, 3. (2. 34)


onde Tk são as componentes cartesianas de T conforme dado pela equação (2. 17).

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FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA MECÂNICA DA FRATURA
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2.2.5 – Representação Dyádica das Tensões

Conceitualmente, pode ser útil ver o tensor das tensões como uma grandeza tipo
vetorial tendo uma magnitude e direções associadas, especificadas por vetores unitários. O
dyádico, atribuído ao matemático J. Willard Gibbs, é uma tal representação. Nós escrevemos
o tensor das tensões ou dyádico das tensões como:

    ij .êi .ê j (2. 35)

  11.ê1.ê1   12 .ê1.ê2   13 .ê1.ê3


  21.ê2 .ê1   22 .ê2 .ê2   23 .ê2 .ê3 (2. 36)
  31.ê3 .ê1   32 .ê3 .ê2   33 .ê3 .ê3
Onde os duplos vetores justapostos são chamados dyádicos. As trações correspondentes são
avaliadas por uma operação análoga ao produto escalar ou a operação de produto na
aritmética vetorial:

Ti   .êi   ij .ê j (2. 37)
A operação ponto (.) de êi sobre [] seleciona componentes com o segundo vetor diado igual
a êi desde que êi.êj = ij. A equação (2. 37) é idêntica a equação (2. 4). Similarmente, as
componentes normais e tangenciais da tração Tn sobre um plano definido pela normal n são:

 nn   .nˆ.nˆ (2. 38)


 Tn .nˆ (2. 39)

  ij .ni .n j (2. 40)


e

 ns   .nˆ.sˆ (2. 41)


Tn .sˆ (2. 42)

40
FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA MECÂNICA DA FRATURA
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  ij .ni .s j (2. 43)


como previamente achado nas equações (2. 24) e (2. 25), respectivamente.

2. 5 - Equações de Equilíbrio

A partir de agora vamos estudar as equações de equilíbrio ara os sólidos as quais


são decorrentes da Mecânica Newtoniana.

2.3.1 – Princípios Físicos e Matemáticos

O estado das tensões em um ponto em qualquer direção tem sido mostrado ser
completamente determinado pelas componentes do tensor cartesiano das tensões ij.
Naturalmente, as tensões variam dentro do corpo. As equações que governam a distribuição
das tensões são conhecidas como as equações de equilíbrio e são derivadas a partir da
aplicação dos princípios fundamentais da física do momento angular e do momento linear à
região mostrada como na Figura - 2. 5 com a área superficial A e o volume V.

Figura - 2. 5. Corpo em equilíbrio.

O princípio do momento linear é:


  
 fdV   TdA    .udV (2. 44)
V A V

41
FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA MECÂNICA DA FRATURA
___________________________________________________________________________
..
no qual  é a densidade de massa; u é o vetor deslocamento, e o símbolo ( ) significa a
derivada em relação ao tempo duas vezes.
As equações precedentes podem ser escritas na forma de componentes
reconhecendo-se que:

f  f i .êi (a) (2. 45)
e

T  Ti êi (2. 46)
logo

  ji .n j .êi (2. 47)



a partir da equação (2. 30). Considerando o vetor posição r . Onde

r  x j .ê j (2. 48)
Mas
 
Fint   fint dV (2. 49)
V

E a resultante das forças é dada por:


 

Fext  Fint    rdV (2. 50)
V

  ij
Fext   dV (2. 51)
V
x j
Logo substituindo (2. 49) e (2. 51) em (2. 52) temos:

  ij   
V  x j  fint  dV  V  rdV (2. 52)
 

42
FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA MECÂNICA DA FRATURA
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2.3.2 – Momento Linear

Para problemas estáticos, o r.h.s. das equações (2. 44) são zero. Substituindo-se as
equações (2. 53),(2. 46) e (2. 45) em (2. 44) nós temos que as equações estáticas do momento
linear são:

 f .dV   [T ].nˆ dA  0 (2. 53)
V A

ou equivalentemente

 f i .êi dV    ji n j êi dA  0 (2. 54)


V A

 
  f i .dV    ji n j dA êi  0 (2. 55)
V A 

 f i .dV    ji n j dA  0 (2. 56)


V A

Supondo que as componentes ij das tensões são funções contínuas de classe C1 e
possuem derivadas contínuas, pode-se usar o teorema da divergência para transformar a
integral de superfície em uma integral de volume. Portanto,

 (.[T ])dV   [T ].nˆdA (2. 57)


V A

Logo substituindo (2. 57) em (2. 53) tem-se:



 f dV   (.[T ])dV  0 (2. 58)
V V

( f  .[T ])dV  0 (2. 59)


V

 ji
 ( fi  x j
)dV  0 (2. 60)
V

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FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA MECÂNICA DA FRATURA
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Como todo elemento de V em equilíbrio, a região de integração é arbitrária, valendo para
qualquer volume V, a equação (2. 60) é satisfeita se o integrado desaparece. Portanto,

 ji
fi  0 (2. 61)
x j
Esta é a condição de equilíbrio para o momento linear, a qual representa as três equações de
equilíbrio em termos das nove componentes desconhecidas da tensão ij.

2.3.2 – Momento Angular

O princípio do momento angular é:


   
 ( r  f )dV   T )dA   (r u)dV
( r (2. 62)
V A V

No qual r é o vetor posição como mostrado na Figura - 2. 5.
O equilíbrio dos momentos demanda que:
   
 ( r  f )dV    [T ])nˆdA  0
( r (2. 63)
V A

onde

r  x1ê1  x2 ê2  x3ê3 (2. 64)
a forma escalar de (2. 63) é:

  ijk x j f k dV    ijk x j lk nl dA  0 (2. 65)


V A

onde

0 se quaisquer dois i, j , k são iguais



 ijk  1 se i, j , k é uma permutação cíclica de 1, 2,3 (2. 66)
1 se i, j , k é uma permutação de 1,3, 2

Usando o teorema da divergência temos:


 xl ( ijk x j lk )dV    ijk x j lk nl dA  0 (2. 67)
V A

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FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA MECÂNICA DA FRATURA
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x j  lk
  ijk ( xl  lk  x j xl
)dV    ijk x j f k dV  0 (2. 68)
V V

 lk x j
  ijk [ x j ( xl
 f k )   lk
xl
]dV  0 (2. 69)
V

usando (2. 66) em (2. 69) temos:

x j 1 se j  l
  ijk lk xl
dV    ijk  lk  jl dV  0;  jl  
0 se j  l
(2. 70)
V V

 lk
 ijk [x j (
xl
 f k )   lk  jl ]dV  0
(2. 71)
V  
0

usando a expressão (2. 61) temos:

  ijk lk  jl dV    ijk jk dV  0 (2. 72)


V V

Como a relação é válida para qualquer volume temos:

 ijk  jk  0 (2. 73)


a equação (2. 73) pode ser avaliada para i = 1,2,3, onde

 132 32   123 23  0 (2. 74)

 231 31   213 13  0 (2. 75)

 321 21   312 12  0 (2. 76)


Logo

 32   23 (2. 77)

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FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA MECÂNICA DA FRATURA
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 31   13 (2. 78)

 21   12 (2. 79)
ou ainda de forma geral

 ij   ji (2. 80)
a qual é uma condição da simetria do tensor das tensões e que, além disso, implica que ij tem
seis componentes independentes, em vez de nove componentes. A equação (2. 80) é muito
importante em todo o campo da mecânica dos sólidos.
Nós podemos reescrever a equação (2. 17) como:

Ti   ij n j (2. 81)
e a equação (2. 61) como:

 ij
fi  0 (2. 82)
x j
A qual é agora uma série de três equações e seis incógnitas. Desde que elas são usadas
repetidamente, esta é útil escrever as últimas equações na forma explícita:

 11  12  13
f1     0 (a) (2. 83)
x1 x2 x3

 21  22  23
f2     0 (b) (2. 84)
x1 x2 x3

 31  32  33
f3     0 (c) (2. 85)
x1 x2 x3
a qual representa um sistema que é ainda estaticamente indeterminado.

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FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA MECÂNICA DA FRATURA
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2. 6 - Tensões Principais

Em todo ponto em um corpo existe um plano, chamado de plano principal, tal que
o vetor tensão se estende ao longo da normal n a este plano. Isto é,

Ti  ni   ij n j (2. 86)


onde  é a tensão normal que atua sobre este plano. A implicação é que não existe
cisalhamento agindo sobre o plano principal. A direção de n é referida à direção principal. A
introdução da equação (2. 86) na equação (2. 17) fornece:

( ji   ij )n j  0 (2. 87)
A qual é uma série de três equações homogêneas para a direção dos cossenos ni que definem a
direção principal. Desde que nini = 1, então para evitar a solução trivial (0, 0, 0) devemos ter:

det  ji   ij n j  0 (2. 88)


a qual em uma forma matricial é:

 11    12  13 
   22    23   0
 21 (2. 89)
  31  32  33   
Esta é uma equação cúbica em  que pode ser escrita como:

 3  I1 2  I 2  I 3  0 (2. 90)


Onde I1, I2, I3 são grandezas escalares que são independentes do sistema de coordenadas na
qual as componentes das tensões são expressos. Elas são chamadas invariantes das tensões
como:

I1   ii (2. 91)

1
I 2  ( ii jj   ij ij ) (2. 92)
2

1
I 3   ijk  pqr ip jq kr (2. 93)
6
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FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA MECÂNICA DA FRATURA
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Em uma forma extendida temos:

I1   11   22   33 (2. 94)

2 2 2
I 2  ( 11 22   22 33   33 11 )   12   23   31 (2. 95)

 11  12  13 
I 3   21  22  23  (2. 96)
 
 31  32  33 
Devido à simetria do tensor das tensões existem três raízes reais (1, 2, 3),
referente as tensões principais da equação (2. 89). Associado a cada tensão principal existe
uma direção principal satisfazendo a equação (2. 87) e nini =1. As três direções principais e os
planos associados são mutuamente ortogonais. Pode ser mostrado que as tensões principais
correspondem ao valor máximo, intermediário e mínimo das tensões normais em um ponto
(circulo de Mohr). Contudo, a máxima tensão de cisalhamento neste ponto é igual a metade da
diferença entre as tensões principais máxima e mínima que atua sobre o plano, fazendo um
ângulo de 45o graus com a direção das tensões. Um conhecimento das tensões principais é
importante porque elas formam a base da teoria das falhas dos materiais.

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FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA MECÂNICA DA FRATURA
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2. 7 – Análise do Movimento de uma Deformação Elástica dos



Corpos u


2.5.1 - Definição do vetor deslocamento u

A série fundamental das equações de campo que governam o movimento de um


corpo elástico isotrópico e homogêneo consiste da relação do deslocamento da deformação

para pequenas deformações. Portanto, considere o deslocamento u conforme mostrado na
Figura - 2. 6.


Figura - 2. 6. Vetor deslocamento u provocado por uma deformação elástica.

O deslocamento do corpo é dado por:


  
x  X u (2. 97)
sendo
     
u r  dr   u r   du . (2. 98)
logo
     
du  u r  dr   u r  . (2. 99)

e a diferencial de x
  
dx  dX  du (2. 100)
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FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA MECÂNICA DA FRATURA
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ou seja

 du 
du   dr . (2. 101)
dr
e a velocidade é:
  
 dx dX du
v   (2. 102)
dt dt dt
E a aceleração é então:
  
 d 2 x d 2 X d 2u
a 2  2  2 (2. 103)
dt dt dt
E o estiramento é dado por:

dx 
F    I  u (2. 104)
dX

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FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA MECÂNICA DA FRATURA
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2.5.2 - Análise das Deformações

Considere um corpo flexível como uma gelatina, sofrendo “pequenas


deformações”, conforme mostra a Figura - 2. 7.
   
r  r ( x1 , x2 , x3 ) e r '  r ' ( x1 ' , x2 ' , x3 ' ) (2. 105)

  
u  r  r '  ( x1 ' x1 )ê1  ( x2 ' x2 )ê2  ( x3 ' x3 )ê3 (2. 106)

Figura - 2. 7. Deformação tridimensional em um corpo flexível.

onde

u1 l1 u 2 l 2 u3 l3 
 ;  ;  deformações normais ou de tração (2. 107)
x1 l1 x2 l 2 x3 l3 

u1 l1 u 2 l 2 u1 l1 
 ;  ; 
x2 l 2 x1 l1 x3 l3 
defor. tangenciais ou de cisalhamento (2. 108)
u3 l3 u 2 l 2 u3 l3 
 ;  ; 
x1 l1 x3 l3 x 2 l 2 

Chamando de:

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FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA MECÂNICA DA FRATURA
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li
 ij  , (2. 109)
lj
podemos escrever:

ui   ij x j . (2. 110)
Para uma deformação qualquer temos:

ui
 ij  , (2. 111)
x j
Para o caso de i  j temos duas situações:

Figura - 2. 8. Casos de a) deformação e b) rotação do ponto de vista de deslocamento vetorial.

Para o caso de formação pura temos:

l1 l2

l2 l1 , (2. 112)
 12   21
e

12  12   21  12


, (2. 113)
212   21  12
logo
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FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA MECÂNICA DA FRATURA
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( 21   12 )
 12  , (2. 114)
2
e para o caso de rotação pura temos:

l1 l
 2
l2 l1 , (2. 115)
 12   21
e

 12   12   21  12
  , (2. 116)
0  21 12
2
logo

( 21   12 )
 12  0 , (2. 117)
2
Para que uma rotação pura não seja incluida no cálculo das deformações,
conforme é mostrado no exemplo da Figura - 2. 8 acima, devemos construir um tensor de
deformações simétrico onde ij = ji, logo de uma forma geral devos ter:

1 u j ui
 ij  (  ) , (2. 118)
2 xi x j
Observe que esta construção também inclui as deformações normais, sendo portanto uma
definição absolutamente geral.

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2.5.3 – A Definição Tensor das Deformações

Somando-se as contribuições de cada deformação para encontrar a deformação


resultante em uma dada direção temos:

u1   11 x1   12 x2   13 x3 , (2. 119)

u 2   21 x1   22 x2   23 x3 , (2. 120)

u3   31 x1   32 x2   33 x3 , (2. 121)
Escrevendo sob a forma de matriz nós temos que o tensor das deformações é dado por:

 u1   11  12  13  x1 
    
 u 2    21  22  23  x2  , (2. 122)
 u    33  x3 
 3   31  32
Escolhendo a origem onde o vetor u = (u1, u2, u3) é nulo, o tensor ij dá a relaçào
entre dois vetores; o vetor coordenada r = (x1, x2, x3) e o vetor deslocamento u = (u1, u2, u3).

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FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA MECÂNICA DA FRATURA
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2.5.4 - A Definição do Tensor Gradiente de Deformação

Definindo a deformação E e a torção W , como sendo:

1  
E u  u  ou E  1 u j ,i  ui , j  (2. 123)
2 2
e

1  
W u  u  ou W  1 u j ,i  ui , j  (2. 124)
2 2
onde


u  E  W (2. 125)

O u é definido como:
   
 u u u u
u     (2. 126)
xi x y z
Observe que se o tensor das deformações é simétrico o tensor das torções é nulo,
ou seja, se

 
u  u  (2. 127)
logo

W0 (2. 128)


Sendo a deformação definida como:

1  
 ij 
2
u  T u  (2. 129)

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FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA MECÂNICA DA FRATURA
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2.5.5 – Equações de Compatibilidade

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Capítulo - III

TEORIA DO CAMPO ELASTOSTÁTICO CLÁSSICO

RESUMO

Neste capítulo é apresentado o desenvolvimento da solução da equação do campo


elástico linear por meio da definição de problemas planos (deformação plana e tensão plana)
inserindo-se as equações de compatibilidade com a finalidade de se obter a equação
biharmônica. A solução geral da equação biharmônica é desenvolvida utilizando-se variáveis
complexas e as condições de Cauchy-Riemmann. Em seguida um desenvolvimento
matemático é feito para se obter as equações de Kosolov. Esta equações tornam-se facilmente
aplicável ao problema da fratura elástica linear na obtenção do campo de tensão/deformação
ao redor de uma trinca.

3. 1 - Objetivos do Capítulo

i) Apresentado o desenvolvimento da solução da equação do campo elástico linear por meio


da definição de problemas planos (deformação plana e tensão plana)
ii) Inserir as equações de compatibilidade com a finalidade de se obter a equação biharmônica
iii) Apresentar e desenvolver a solução geral da equação biharmônica utilizando-se variáveis
complexas e as condições de Cauchy-Riemmann.
iv) Apresentar desenvolvimento matemático para se obter as equações de Kosolov.

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FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA MECÂNICA DA FRATURA
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3. 2 - Introdução

Neste capítulo nós discutiremos a teoria clássica da elasticidade como uma


generalização dos métodos matemáticos dos capítulos anteriores para o contínuo

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FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA MECÂNICA DA FRATURA
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3. 3 – Introdução a Teoria da Elasticidade Linear

A teoria da elasticidade linear se desenvolveu no âmbito da Física Clássica, antes


da teoria atômica de Dalton, ou melhor, antes de se conhecer a estrutura íntima da matéria e a
natureza das ligações químicas entre os átomos ou moléculas de um sólido. Com isso, um
corpo sólido foi estudado seguindo o “princípio de causa e efeito” (ou estímulo e resposta)
usando-se a mecânica newtoniana e considerando-o como um meio contínuo. Desta forma, a
Lei de Hooke foi estabelecida pela observação experimental (empírica) onde observou-se que
a deformação sofrida (efeito ou resposta) por um corpo é proporcional a forca aplicada por
unidade de área (causa ou estímulo).

Figura - 3. 1. Estudo de causa (força) e efeito (deformação) aplicado sobre um sólido contínuo.

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FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA MECÂNICA DA FRATURA
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3. 4 - Fundamentos da Teoria da Elasticidade Linear

A teoria da elasticidade estuda o comportamento mecânico de um material em


relação a solicitação de carga ou força externa, sob o ponto de vista da deformação elástica
reversível, até o limiar da fluência ou ruptura. Esta teoria possui seu suporte fundamental na
lei de Hooke.

3.4.1 – Densidade de Energia de Deformação

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FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA MECÂNICA DA FRATURA
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3.4.2 – Materiais Elásticos Lineares

O assunto da elasticidade trata do comportamento daquelas substâncias que tem a


propriedade de restaurar seu tamanho e forma quando as forças que produzem a deformação
são removidas. Nós encontramos esta propriedade elástica de alguma forma em todos os
corpos sólidos.
Quando nós empurramos uma peça de um material, esta “cede’- o material é
deformado. Se a força é pequena o bastante, os deslocamentos relativos dos vários pontos do
material são proporcionais à força – nós dizemos que o comportamento é elástico.
Suponhamos que nos tomamos um bloco retangular de material de comprimento,
l, largura, w, e de altura, h, conforme mostra a

Figura - 3. 2. A elongação de uma barra sob uma tensão uniforme.

Se nós puxamos nas extremidades com uma força, F, então o comprimento


aumenta de uma quantidade l. Nós suporemos em todos os casos que a variação no
comprimento é uma pequena fração do comprimento original. Como é de fato, para materiais
como a madeira, e aço, o material quebrará se a variação no comprimento é mais do que
alguns por cento do comprimento original. Para um grande número de materiais, os
experimentos mostram que para extensões suficientemente pequenas a força é proporcional a
extensão.

F  l, (3. 1)
Esta relação é conhecida como Lei de Hooke. A elongação l da barra dependerá
também de seu comprimento. Nós podemos representar isto com o seguinte argumento.

61
FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA MECÂNICA DA FRATURA
___________________________________________________________________________
Se cementarmos dois blocos um ao outro, extremidade a extremidade, as mesmas
forças atuarão em cada bloco, cada um distenderá l. Então a elongação de um bloco de
comprimento, 2l, será duas vezes maior do que o de um bloco de mesma secção transversal,
mas com comprimento, l. De forma a obter um número mais característico do material, e
menos de qualquer forma particular, nós escolhemos tratar com a razão l/l da extensão do
comprimento original. Esta razão é proporcional à força mas independente de l.

F  l/l, (3. 2)
Se expressarmos a dependência de F(l) em série de Taylor teremos:

F (l) = F(l = 0) + (F/)l + (2F/l2)l2 , (3. 3)


Como os l são muito pequenos os termos de ordem superior (l2, l3, etc) são desprezíveis
portanto ficamos apenas com.

F (l) = (F/l)l , (3. 4)


Este primeiro termo é nulo porque na ausência de deformação não há forcas
aplicadas. Portanto chamando de k = F/l temos:

F (l) = kl , (3. 5)


A força F também dependerá da área do bloco. Suponhamos que nós pomos dois
blocos lado a lado. Então para uma dada elongação l nós termos a força F em cada um dos
blocos, ou duas vezes a mais a combinação dos dois blocos. A força, para uma dada
quantidade de elongação, deve ser proporcional a área A da secção transversal do bloco.

F ~ Al/l , (3. 6)
Para obter a lei na qual o coeficiente de proporcionalidade é independente das
dimensões do corpo, nós escrevemos a Lei de Hooke para um bloco retangular na forma:

F = YAl/l , (3. 7)
Como conseqüência direta da lei de Hooke nós temos que a densidade volumétrica de forças,
f, é uma constante, independente da deformação, l, dada por:

f = dF/dV = Y/l , (3. 8)


A constante Y é uma propriedade que depende exclusivamente da natureza do
material , e é conhecida cpmo “Modulus de Young”.
62
FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA MECÂNICA DA FRATURA
___________________________________________________________________________
A força por unidade de área é chamada de tensão (stress), e a elongação por
unidade de comprimento é chamada de deformação (strain). A equação pode portanto ser
reescrita da seguinte forma:

F/A = Yl/l , (3. 9)


Ou

tensão = Modulus de Young x deformação , (3. 10)


Ou ainda

 = Y , (3. 11)
Existe uma outra parte da Lei de Hooke ...

63
FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA MECÂNICA DA FRATURA
___________________________________________________________________________

3. 5 - Teoria Elastodinâmica Linear

3.4.2 – Equação Constitutiva para o Fluxo do Potencial Vetorial (Fluxo de


Deformações em um Material Sólido Elástico-Linear – Lei de Hooke)

A série fundamental das equações de campo que governam o movimento de um


corpo elástico isotrópico e homogêneo consiste da relação do deslocamento da deformação

para pequenas deformações. Portanto, considere o deslocamento u conforme mostrado na

Figura - 3. 3

O deslocamento do corpo é dado por:


  
x  X u (3. 12)
sendo
     
u r  dr   u r   du . (3. 13)
logo
     
du  u r  dr   u r  . (3. 14)

e a diferencial de x
  
dx  dX  du (3. 15)
ou seja

64
FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA MECÂNICA DA FRATURA
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 du 
du   dr . (3. 16)
dr
e a velocidade é:
  
 dx dX du
v   (3. 17)
dt dt dt
E a aceleração é então:
  
 d 2 x d 2 X d 2u
a 2  2  2 (3. 18)
dt dt dt
E o estiramento é dado por:

dx 
F    I  u (3. 19)
dX
Definindo a deformação E e a torção W , como sendo:

1  
E u  u  ou E  1 u j ,i  ui , j  (3. 20)
2 2
e

1  
W u  u  ou W  1 u j ,i  ui , j  (3. 21)
2 2
onde


u  E  W (3. 22)

O u é definido como:
   
 u u u u
u     (3. 23)
xi x y z
Observe que se o tensor das deformações é simétrico o tensor das torções é nulo,
ou seja, se

 
u  u  (3. 24)
logo

W0 (3. 25)


Sendo a deformação definida como:

65
FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA MECÂNICA DA FRATURA
___________________________________________________________________________

1  
 ij 
2

u  T u  (3. 26)

3.4.3 – A Lei de Hooke Generalizada para Sólidos Elásticos Lineares

A Lei de Hooke na sua forma generalizada é dada por:

 ij  Cijkl  kl , (3. 27)


Esta equação matricial dá origem a uma matriz Cijkl de 9 linhas e 9 colunas em um
total de 81 elementos na matriz. Porém por simetria temos que:

Cijkl  C jikl ; Cijkl  Cijlk ; Cijkl  C klij , (3. 28)


Logo reduzimos os elementos para o número de 21, os quais escritos de forma explicita
temos;

  xx   C11 C12 C13 C14 C15 C16   xx 


    
  yy   C21 C 22 C23 C24 C25 C 26   yy 
  C C32 C33 C34 C35 C36   zz 
 zz    31   , (3. 29)
  yz   C41 C 42 C43 C44 C45 C 46   yz 
    
 zx   C51 C52 C53 C54 C55 C56   zx 

   C C62 C63 C64 C65 C66   xy 
 xy   61
Definindo o módulo de cisalhamento, G, como sendo dado por:

 yz  G yz , (3. 30)
e

 zx  G zx , (3. 31)
e

 yz  G yz , (3. 32)
logo

 ij  G kl , (3. 33)
e o módulo de Poisson para i  j ,como

66
FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA MECÂNICA DA FRATURA
___________________________________________________________________________

 ii
vij   , (3. 34)
 jj
As equações de tensões podem ser escritas em termos do módulo elástico, E,
como:

 xx  E xx  vE yy  vE zz , (3. 35)


e

 yy  vE xx  E yy  vE zz , (3. 36)


e

 zz  vE xx  vE yy  E zz , (3. 37)


A matriz anterior pode ser escrita como:

  xx   E vE vE 0 0 0   xx 
    
  yy   vE E vE 0 0 0   yy 
    vE vE E 0 0 0   
 zz     zz  , (3. 38)
  yz   0 0 0 G 0 0   yz 
    
 zx   0 0 0 0 G 0   zx 

   0 0 0 0 0 G   xy 
 xy  
De uma forma geral, isto é, para um material isotrópico as equações de tensão
podem escritas como:

 ij  2 ij   ij kk , (3. 39)


para   2 v / 1  2v  temos:

v
 ij  2  ( ij   ij  kk ) , (3. 40)
1  2v
onde   G : é o módulo de cisalhamento
As equações de deformação podem ser escritas em termos do módulo elástico, E,
como:

1
 xx  [ xx  v( yy   zz )] , (3. 41)
E
e
67
FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA MECÂNICA DA FRATURA
___________________________________________________________________________

1
 yy  [ yy  v( xx   zz )] , (3. 42)
E
e

1
 zz  [ zzx  v( xx   zz )] , (3. 43)
E
Sabendo que:

E  2(1  v)G , (3. 44)


È possível também montar a matriz inversa da matriz de rigidez da equação (3.
38) acima e esta passa a se chamar de matriz de flexibilidade onde:

 ij  Sijkl kl , (3. 45)


1
Com Cijkl  Sijkl , ou seja:

 1 v v 
 E   0 0 0
E E
 
 v 1 v
0    xx 
  xx     0 0

   E E E
   yy 
  yy   v v 1  
  zz    E  0 0 0  
E E  zz
     , (3. 46)
  yz   0 0 0
1
0 0   yz 
  zx   G    zx 
     
  1 
 xy   0 0 0 0 0    xy 
 G 
 1
 0 0 0 0 0 
 G
De uma forma geral, isto é, para um material isotrópico as equações de tensão
podem escritas como:

1 v
 ij  ( ij   ij kk ) , (3. 47)
2 1 v
Onde   G : é o módulo de cisalhamento

68
FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA MECÂNICA DA FRATURA
___________________________________________________________________________
3.4.4 – Equação Constitutiva o Fluxo de Deformações em um Material Sólido
Elástico-Linear

Mais uma vez usando as mesmas considerações de Gibbs para os fluxos derivados
de potenciais os quais podem ser geralmente expressos em temos de gradiente de grandezas
escalares ou vetoriais, no calo da teoria da elasticidade temos a lei de Hooke generalizada a
qual é dada por:

J Uo  ε kk I  2 γ ij . (3. 48)
como o tensor deformação é dado por (3. 20) e (3. 26):

1  
E u  u. (3. 49)
2
Logo (3. 48) torna-se:
   
J Uo  .u   u  u  . (3. 50)
ou finalmente na notação tensorial temos:

J Uo  tr E  2 E . (3. 51)
Observe que as notações (3. 20) e (3. 26), assim como as notações (3. 40), (3. 48), (3. 50) e (3.
51) são todas equivalentes.
A equação de fluxo (3. 48) ou (3. 50) também pode ser escrita em termos da
equação geral Erro! Fonte de referência não encontrada. proposta por Gibbs usando-se a
seguinte relação:

E
 . (3. 52)
2(1  v)
e obtendo-se

   1   
JUo   .uI  u  u   (3. 53)
 2(1  v) 
 1  
como .u  .u  T .u  , pode-se definir o Tensor de Eshelby-Rice como sendo:
2

1   1   
Tv   .u  T .u  I    u  u   (3. 54)
2 (1  v) 
temos:
69
FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA MECÂNICA DA FRATURA
___________________________________________________________________________

JUo  Tv . (3. 55)

3.4.5 - A Visão do Contínuo para a Lei de Hooke

Desenvolveremos a segunda parte da Lei de Hooke considerando inicialmente a


ação de um corpo sólido elástico isotrópico que se deforma de acordo com essa lei, a qual
pode ser escrita, na sua forma generalizada, para um corpo isotrópico da seguinte forma:
Considere um corpo em sua forma primitiva, não deformada, como mostrado pela
linha cheia na Figura - 3. 4. O corpo em sua geometria deformada está mostrado pela linha
interrompida.

Figura - 3. 4. Corpo deformado mostrando o ponto a deslocado após a deformação local s.



Um elemento a desloca-se para a posição a’, da distância S . Usando

componentes paralelas a uma referência convenientes x, y, z temos S .

S  iˆ  ˆj  kˆ . (3. 56)
Onde  , , e  , para dada deformação são funções das coordenadas de posição primitiva x, y,
z dos elementos do corpo. Podemos então definir deformações normais da seguinte maneira:


 xx  , (3. 57)
x


 yy  , (3. 58)
y

70
FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA MECÂNICA DA FRATURA
___________________________________________________________________________


 zz  . (3. 59)
z
Da resistência dos materiais, sabemos que as tensões e deformações normais estão
relacionadas com pequenas deformações pela Lei de Hooke da seguinte maneira:

1
 xx  [ xx  v( yy   zz )] , (3. 60)
E

1
 yy  [ yy  v( xx   zz )] , (3. 61)
E

1
 zz  [ zz  v( xx   zz )] . (3. 62)
E
Onde E é o módulo elástico de Young e v é o coeficiente de Poisson. Recordamos que o
módulo de cisalhamento, G, é relacionado com E e v, pela seguinte relação

E
G . (3. 63)
2(1  v)
Para chegar a lei de deformação de Hooke, obtemos as tensões normais em termos
dos deslocamentos. Para fazê-lo, somamos as equações (3. 60) a (3. 62) e coletamos os termos
da seguinte forma:

1  2v
 xx   yy   zz  [ xx   yy   zz ] . (3. 64)
E
Observando as definições de (3. 56) a (3. 59) pode-se verificar que o primeiro
membro da equação (3. 64) é o divergente de S, ou .S, logo reordenando (3. 64), obtemos:

E
 xx   yy   zz  .S . (3. 65)
1  2v
Resolvendo a equação (3. 60) para xx, temos:

 xx  E xx  v( yy   zz )] , (3. 66)


Somando e subtraindo vxx no segundo membro da equação acima e substituindo xx por
/x, obtemos:

71
FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA MECÂNICA DA FRATURA
___________________________________________________________________________


 xx  E  v( xx   yy   zz )  v xx , (3. 67)
x
Empregando a equação (3. 65) para substituir a soma das tensões normais, podemos reordenar
a equação acima da seguinte forma:

 vE
 xx (1  v)  E  .S , (3. 68)
x 1  2v
Dividindo por (1 + v) e observando a equação (3. 65) junto com a definição de  , dada por:
1
   xx   yy   zz . (3. 69)
3
A partir de (3. 65) temos que:

1 E
  .S , (3. 70)
3 (1  2v)
Logo podemos escrever a equação (3. 68) na forma:

E  vE 1 E
 xx   .S  .S   , (3. 71)
(1  v) x (1  v)(1  2v) 3 (1  2v)
Onde os últimos termos são adicionais, cuja soma é zero. Logo, pondo em evidência os
termos semelhantes

E   v 1 E
 xx     .S   , (3. 72)
(1  v) x  (1  v) 3  (1  2v)
e combinado os coeficientes do termo .S, obtemos:

E   2v  1  E
 xx   .S   , (3. 73)
(1  v) x  3(1  v)  (1  2v)
Ou

E  1 E
 xx   .S   , (3. 74)
(1  v) x 3 (1  v)
Substituído agora E /(1  v ) por 2G, dado de acordo com (3. 63), obtemos:

 2
 xx  2G  G.S   , (3. 75)
x 3

72
FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA MECÂNICA DA FRATURA
___________________________________________________________________________
Coletando os termos e exprimindo as equações correspondentes para outros componentes de
tensão, obtemos as relações desejadas de tensão-deslocamento, ou seja:

 2
 xx  2G  G.S   , (3. 76)
x 3
e

 2
 yy  2G  G.S   , (3. 77)
y 3
e

 2
 zz  2G  G.S   , (3. 78)
z 3

3.4.6 – - Densidade de Energia de Deformação na Elasticidade

A densidade de energia de deformação, W = W(kl), é uma função potencial das


deformações definida como:

 kl
W ( ij )    ij d ij , (3. 79)
0

Cuja convexidade e condição de estabilidade é dada por:

W
W ( ' 'ij )  W ( ij )  ( ' ' kl  kl ) , (3. 80)
 kl  ij

Usando (3. 79) temos:

dW ( ij )   ij d ij , (3. 81)
onde

W   kl 
 ij   Cijkl  kl , (3. 82)
 ij
Logo

W ( ' 'ij )  W ( ij )   ij ( ' ' kl  kl ) , (3. 83)

73
FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA MECÂNICA DA FRATURA
___________________________________________________________________________
3.4.7 - Equações de compatibilidade

A partir da regra de Schwartz temos que:

 2W  2W
 , (3. 84)
 ij  kl  kl  ij
Portanto

 kl  ij
 , (3. 85)
 ij  kl
Desta forma o Jacobiano fica:

 2W  2W
2
 2W  ij  ij  kl
 , (3. 86)
 ij  kl  2W  2W
2
 kl  ij  kl
Logo

 2W  2W  2W  2W
2 2
  0, (3. 87)
 ij  kl  ij  kl  kl  ij

3.4.8 – Equação Constitutiva dos Materiais Elásticos Lineares

Considerando o caso de materiais elásticos lineares a densidade de energia de


deformação pode ser expandida em série de Taylor da seguinte forma:

1 W ( ij ) 
W ( kl )  W (0)   ij  kl  ... , (3. 88)
2  ij  kl 

Considerando que o primeiro termo da expansão acima se anula por ser uma posição de
equilíbrio, nível zero da densidade de energia potencial, temos:

1
W ( kl )  Cijkl  ij  kl , (3. 89)
2
Combinando as equações (3. 89) e (3. 27) ou (3. 82) temos:

74
FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA MECÂNICA DA FRATURA
___________________________________________________________________________

1
W   ij  ij , (3. 90)
2
Substituindo a equação (3. 47) em (3. 90) temos:

v
W ( ij )   ( ij  ji   ii  jj ) , (3. 91)
1  2v

3.4.9 -– Complementaridade da Densidade da Energia de Deformação

A existência de uma única inversa da relação constitutiva (3. 85)

 ij  kl
 , (3. 92)
 kl  ij
Assegura a existência da complementaridade da densidade de energia de deformação, W* =
W*(ij), definida por transformada de Legendre como:

W *   ij  ij  W , (3. 93)
A partir da regra da cadeia derivando a equação (3. 93) temos:

W * W  ij
  ij  , (3. 94)
 ij  ij  ij
 ij
Substituindo a equação (3. 27) ou (3. 82), para  0 temos:
 ij

W *  ij
  ij   ij , (3. 95)
 ij  ij
Portanto,

W *
  ij , (3. 96)
 ij
É direta a tarefa de mostrar que a convexidade de W* segue da convexidade de W.
Para um material frágil elástico linear a combinação de (3. 90) com (3. 93)
fornece:

75
FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA MECÂNICA DA FRATURA
___________________________________________________________________________

1
W  W *   ij  ij , (3. 97)
2
Pode-se escrever para este caso que:

1
W * ( kl )  C *ijkl ij kl , (3. 98)
2
Onde o tensor C*ijkl é o inverso do tensor Cijkl e da mesma forma:

C *ijkl  C * jikl ; C *ijkl  C *ijlk ; C *ijkl  C * klij , (3. 99)


Segue de (3. 96) e (3. 98) que:

W * ( kl )
 ij   C *ijkl kl , (3. 100)
 ij
Para um material isotrópico a equação (3. 100) se reduz a

1 v v
 ij   ij   ij kk , (3. 101)
E E
e W* torna-se:

1 v v
W * ( kl )   kl kl   kk ll , (3. 102)
2E 2E
Se uma lei de potência entre tensão e deformação existe, dada pela equação (3.
27), de tal forma que a deformação é uma função homogênea de grau n da tensão (equação (3.
100)), então a equação (3. 97) implica que W* deve ser uma função homogênea das
componentes da tensão de grau n+1. Isto segue do teorema de Euler para funções
homogêneas, portanto:

1 W * 1
W*   ij   ij  ij , (3. 103)
n  1  ij n 1
Combinado (3. 93) com (3. 103) temos:

n
W  ij  ij , (3. 104)
n 1
Quando a tensão é proporcional a deformação (n = 1) então as equações (3. 97),
(3. 103) e (3. 104) tornam-se idênticas a equação (3. 90) e (3. 97).

76
FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA MECÂNICA DA FRATURA
___________________________________________________________________________
3.4.10 – Equação do Potencial Vetorial Generalizado para a Deformação Elástica

Dada a equação da continuidade:

d
.J Xo   Xo . (3. 105)
dt
Substituindo (3. 53) em (3. 105) temos:

  
.   .uI 
1    
u  u    
d  
u  
. (3. 106)
  2(1  v)   dt

Para   cte , temos:



 2
  .uI 
1    d  u
.  u  u    .
  (3. 107)
 2(1  v)  dt
Onde a derivada material de X é dada por:
 
   v
d  u    u 
dt
 
 u 
t
. (3. 108)

Logo

 1       u  
 2 .uI 
2(1  v)
.u  u   v   u  
t
. (3. 109)

Caso I)
Para fluxos estacionários temos:

 1    
 2 .uI 
2(1  v)
 
.u  u    v   u . (3. 110)
 
 
Caso II) Para regimes onde os fluxos são perpendiculares aos gradientes( v    u ) temos:

 1  
 2 .uI  .u  u   0 . (3. 111)
2(1  v)
 
 
Onde v .  u  0

3.4.11 - Equação Constitutiva para o Fluxo do Potencial Vetorial das Taxas de


Deformações nos Fluidos

Nós sabemos que um fluido se dilata continuamente sob a ação de uma força.
Logo, de forma análoga, ao caso de deformação elástica podemos escrever a Lei de Hooke
77
FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA MECÂNICA DA FRATURA
___________________________________________________________________________
para a teoria de fluidos, e obter uma expressão analítica para o fluxo de energia sob a forma
de tensão nos fluidos, a partir do que chamamos tensão em um ponto, ou seja, de acordo com
a descrição da tensão em um volume qualquer, da seguinte forma:

J ij  2  ij   ij  kk , (3. 112)


onde  é o coeficiente de viscosidade, e

1  j  i
ij  (  ), (3. 113)
2 xi x j
Seguindo o mesmo raciocínio feito para os sólidos podemos escrever as relações
entre os coeficientes de viscosidade,  e  a partir da relação (3. 52).


 . (3. 114)
2(1  v)
Para um fluido incompressível onde o volume se conserva temos que o módulo de Poisson
vale v  0.5 , logo teremos uma relação entre os coeficientes de viscosidade  e  dado por:


 . (3. 115)
3
De uma forma geral a força viscosa pode ser dada substituindo-se (3. 112) em
Erro! Fonte de referência não encontrada. e considerando a situação de estado
estacionário, obtém-se:

f vis  .J ij  .(2  ij   ij  kk ) . (3. 116)
sendo

(   T )
  , (3. 117)
2
Finalmente temos:
   
J Uo  .v   v  v . (3. 118)
Na forma vetorial podemos escrever:

  
(   T ) 
J  2  .v , (3. 119)
2
chamando de:

78
FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA MECÂNICA DA FRATURA
___________________________________________________________________________

1  
D v  v . (3. 120)
2
Portanto,

J Uo  tr D  2 D . (3. 121)
A densidade de momento linear sob a forma de taxa de cisalhamento (ou gradiente
de velocidades) é dada pela transferência de momento durante a taxa de cisalhamento (ou
gradiente de velocidades) cuja densidade generalizada é dada por:

3.4.12 – Equação do Potencial Vetorial Generalizado para a Massa Fluida

Dada a equação da continuidade:

d
.J Xo   Xo . (3. 122)
dt
Substituindo Erro! Fonte de referência não encontrada. em (3. 122) temos:

d
.  Xo    Xo . (3. 123)
dt
Para  = cte, temos:

d
  2  Xo   Xo . (3. 124)
dt
Onde a derivada material de X é dada por:

d  
 Xo   . Xo  Xo . (3. 125)
dt t
Logo

 
  2  Xo   . Xo  Xo . (3. 126)
t
Caso I)
Para fluxos estacionários temos:

1 
 2  Xo   . Xo  0 . (3. 127)

Caso II)

Para regimes onde os fluxos são perpendiculares aos gradientes(   ) temos:
79
FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA MECÂNICA DA FRATURA
___________________________________________________________________________

1  Xo
 2  Xo  0. (3. 128)
 t

Onde  .  0

3.4.13 – A Equação de Movimento Elastodinâmico Linear

A partir de condições de equilíbrio nós temos que:


 
 fdV   T .dS  0 (3. 129)
V S

ou seja, o campo das tensões aplicado sobre a superfície de um sólido em equilíbrio é igual a
densidade volumétrica de força armazenada por este sólido.
Da condição de não-rotação temos:
   
 r  f dV   r  T .d S 0 (3. 130)
V S

As equações (3. 26) e (3. 27) constituem a base matemática para a teoria da

elasticidade linear. Contudo, considerando que o deslocamento u se propaga no espaço e no
tempo temos:
   
du du dr u
   (3. 131)
dt dr dt t
ou
  
du  dr u
 u  (3. 132)
dt dt t
ou
 
  dr u
u  u  (3. 133)
dt t
As equações de equilíbrio podem a partir de agora serem expressos de forma a

incluir a propagação dinâmica da deformação u , de acordo com a 2ª e 3ª Leis de Newton.
  
 fdV   T.dS   udV (3. 134)
V S V

Para o caso estático temos:

80
FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA MECÂNICA DA FRATURA
___________________________________________________________________________
 
 fdV   T.dS  0 (3. 135)
V S

Aplicando o teorema da divergência no segundo termo do lado esquerdo da equação (3. 134)
temos:

 T.d S   .TdV (3. 136)
S V

Substituindo (3. 136) em (3. 134) temos:


 
 fdV   .TdV   udV (3. 137)
V V V

Como o volume em (3. 137) é arbitrário ele pode ser escolhido igual ao volume de controle V
ficando portanto, as equações do balanço do momentum (3. 134)
  
fdV  .T  u ou Tij ,i  f j  u (3. 138)
onde  é a densidade do corpo.
Observe que de uma forma geral temos:

T.nˆ  nˆ.T  T (3. 139)
A relação tensão-deformação linear é dada a partir da Lei de Hooke, na forma
tensorial, onde:

T  Itr E   2E (3. 140)


ou

Tij   ij E kk  2 Eij (3. 141)


onde

E vE
 e (3. 142)
21  v  1  v 1  2v 
onde  e  são as constantes elásticas do sólido e E é o módulo elástico de Young e v é o
módulo de Poisson.
Substituindo (3. 140) em (3. 138) temos:
 
f  .Itr E   2 E   u (3. 143)
ou

81
FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA MECÂNICA DA FRATURA
___________________________________________________________________________
 
f  .Itr E   2 .E  u (3. 144)
Substituindo (3. 140) em (3. 139) temos:

Itr E  2Enˆ  T (3. 145)
logo

Itr E nˆ  2Enˆ  T (3. 146)
Mas a partir de (3. 26) temos:

1  
E u  u  (3. 147)
2
Substituindo (3. 26) ou (3. 147) em (3. 144) e (3. 146) temos:

   1    1   
f  . Itr  u  u     2 . u  u    u (3. 148)
 2  2
e
  
Itr
u  u   1  
nˆ  2  u  u  nˆ  T (3. 149)
2 2
ou logicamente para a equação (3. 148) temos:

      
f  ..u  .u .   .u  u    u (3. 150)
2
Reescrevendo (3. 150) temos:
   
f     .u  .u  u (3. 151)
ou
   
f    2  .u      u  u (3. 152)
e para a equação (3. 150) temos:
  
nˆ.
u  u    
 nˆ.u  u    T (3. 153)
2
sendo
   
nˆ.u  u    2 nˆ.u  nˆ    u  (3. 154)
temos:

82
FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA MECÂNICA DA FRATURA
___________________________________________________________________________

   
nˆ..u  2nˆ.u  nˆ    u   T (3. 155)
ou

   
nˆ..u  2nˆ.u  nˆ    u   T (3. 156)
Portanto,
   
f    2  .u      u  u (3. 157)
e

   
nˆ..u  2nˆ.u  nˆ    u   T (3. 158)
como
 
f  k (3. 159)
Ficamos com,
   
k    2  .u      u  u (3. 160)
e

   
nˆ .u  2nˆ.u  nˆ    u   T (3. 161)
Esta é a equação diferencial parcial dependente do tempo para problemas em elasticidade em

um corpo de volume V, onde k é a densidade volumétrica de força (força por unidade de
volume) em alguma função da posição e do tempo sujeita a condição (3. 161), sobre a
superfície S ligada ao volume V.

3.4.14 – Problemas de Valor de Contorno

83
FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA MECÂNICA DA FRATURA
___________________________________________________________________________

3. 6 –

84
FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA MECÂNICA DA FRATURA
___________________________________________________________________________

3.7 – O Campo de Tensão Elástico Linear

Existem três modos fundamentais de solicitação de carga ou de carregamento,


baseado nos três eixos fundamentais do espaço tridimensional de tensão.

Figura - 3. 5. Modos fundamentais de solicitação de carga ou carregamento para a fratura.

Nesta secção nós discutiremos a teoria clássica da elasticidade como uma


generalização dos métodos matemáticos dos capítulos anteriores para o contínuo.

3.6.1 – Equações Básicas da Elasticidade para o Corpo Homogêneo e Isotrópico

Um corpo elástico tem um único estado natural, para o qual o corpo retorna
quando todas as cargas externas são removidas. Todas as tensões, deformações e
deslocamentos de partículas são medidas a partir deste estado natural; seus valores são
contados como zero naquele estado.

85
FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA MECÂNICA DA FRATURA
___________________________________________________________________________
Existem duas formas de descrever um corpo deformado: A abordagem material e
a espacial. Considere a descrição espacial. O movimento de um contínuo é descrito pelo
campo de velocidades instantâneas vi  x1 , x2 , x3 , t  . Para descrever a deformação no corpo, um

campo de deslocamento ui  x1 , x2 , x3 , t  é especificado o qual descreve o deslocamento de uma

partícula localizada em x1 , x2 , x3 no tempo t a partir de sua posição no estado natural. Várias


medidas de deformação podem ser definidas para o campo de deslocamento. O tensor de
deformação de Almansi é expressa em termos de ui  x1 , x2 , x3 , t  de acordo com a seguinte

equação:

1  u u u u 
 ij   j  i  k k  , (3. 162)
2  xi x j xi x j 

O deslocamento ui da partícula são funções do tempo e da posição. A velocidade da partícula


é dada pela derivada material do deslocamento.

ui u
vi   vj i , (3. 163)
t x j
A aceleração da partícula é dada pela derivada material da velocidade.

vi v
i   vj i , (3. 164)
t x j
O movimento do corpo deve obedecer a equação da continuidade:

   vi  
 0, (3. 165)
xi t
e a seguinte equação de movimento:

 ij
 X j   i , (3. 166)
x j
Em acréscimo a equações de campo (3. 165) e (3. 166) a teoria da elasticidade
linear é baseada na lei de Hooke. Para um material isotrópico homogêneo, isto é:

 ij   kk  ij  2G ij , (3. 167)


onde  e G são constantes independentes das coordenadas espaciais.
Os famosos termos não-lineares em (3. 162), (3. 163) e (3. 164) são fontes de
maior dificuldade na teoria da elasticidade. Para se fazer algum progresso nós estamos
forçados a linearizar pela consideração de pequenos deslocamentos e pequenas velocidades, i.
86
FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA MECÂNICA DA FRATURA
___________________________________________________________________________
e. pela restrição a valores de ui , vi tão pequenos que os termos não-lineares em (3. 162), (3.
163) e (3. 164) podem ser desprezados. Em uma tal teoria linearizada, nós temos:

1  u j ui 
 ij    , (3. 168)
2  xi x j 

ui v
vi  ; i  i , (3. 169)
t t
A menos que se estabeleça de outra forma, tudo o que for discutido abaixo será sujeito a esta
restrição de linearização. Felizmente muitos resultados úteis podem ser obtidos a partir desta
teoria linearizada.
As equações (3. 162)-(3. 167) ou (3. 165)-(3. 169) juntos são as 22 equações para
22 variáveis  , ui , vi , eij ,  ij . Na teoria do deslocamento infinitesimal nós podemos

eliminar  ij pela substituição da equação (3. 167) em (3. 166) e usando (3. 168) para obter a

bem conhecida equação de Navier.

 2ui   u j   2ui
G     G     X i   , (3. 170)
x 2j x j  xi  t 2
Isto pode ser escrito na forma:

e  2u
G 2u     G   X i   2i , (3. 171)
x j t
onde

 u j 
e
 x j  , (3. 172)
 
e

 2 ui
 2ui  , (3. 173)
x 2j

A quantidade e é a divergência do vetor deslocamento ui .  2 é o operador

laplaciano. Se nós escrevermos x, y, z ao invés de x1 , x2 , x3 nós temos:

u v w
e   , (3. 174)
x y z
e
87
FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA MECÂNICA DA FRATURA
___________________________________________________________________________

2
2 2 2
  2 2 2, (3. 175)
x y z
Love escreveu a equação (3. 170) ou (3. 171) na forma:

     2
G 2  u , v, w      G      e   X , Y , Z    2  u , v, w  , (3. 176)
 x y z  t
a qual é a forma mais curta para as três equações do tipo:

2 e  2u
G u     G   X   2 , (3. 177)
x t
Isto também pode ser escrito como:

 1 e   2u
G   2u   X   , (3. 178)
 1  2v x  t 2
Se nós introduzirmos o vetor rotação

 w , w , w   12 rot  u, v, w  ,
x y z (3. 179)

1  w v u w v u 
  ,  ,   (3. 180)
2  y z z x x y  ,

e o uso da identidade:

    
 2  u , v, w       e  2rot  wx , wy , wz  , (3. 181)
 x y z 
então (3. 171) ou (3. 176) pode ser escrito como:

     2
   2G      e  2G.rot  wx , wy , wz    X , Y , Z    2  u, v, w  , (3. 182)
 x y z  t

3.6.2 – Equações de Movimento para Problemas Estacionários

Para os problemas estáticos, as equações de equilíbrio são substituídas pelas


equações de movimento, as quais, na ausência de forças de corpo, são dadas por:

 ij
0 (3. 183)
x j
cuja equação constitutiva para um material elástico linear é dada por:

88
FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA MECÂNICA DA FRATURA
___________________________________________________________________________

ui u j
 ij        (3. 184)
x j xi

onde x j denota as coordenadas ortogonais e cada ponto indica uma derivada no tempo. Para

problemas quasi-estáticos, o termo do lado direito de (3. 183) desaparece. Para um material
elástico linear, é possível escrever as equações de movimento em termos de deslocamentos e
constantes elásticas invocando as relações de tensão-deslocamento e tensão deformação da
seguinte forma:

  ui u j 
      0 (3. 185)
x j  x j xi 
ou

 2ui   u j 
 2       0 (3. 186)
x j x j  xi 

onde  e  são as constantes de Lamé;  é o modulo de cisalhamento e:

2 v
 (3. 187)
1  2v

 2ui  2v    u j 
 2
   1  0 (3. 188)
x j  1  2v  x j  xi 
e

 2ui  2v 1  2v    u j 
 2
     0 (3. 189)
x j  1  2v 1  2v  x j  xi 
logo

 2ui  2     u j 
    0 (3. 190)
x 2j  1  2v  x j  xi 
e

 2ui  2    u j 
   0 (3. 191)
x 2j  1  2v  x j  xi 
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89
FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA MECÂNICA DA FRATURA
___________________________________________________________________________

 2ui  2    u j 
   0 (3. 192)
x 2j  1  2v  x j  xi 

3.6.2 – Equilíbrio de um corpo elástico sob uma força de corpo

Considere as condições de equilíbrio estático. Se as forças de corpo são nulas,


X i  0 , então tomando-se a divergência da equação Eq. (3. 170) nós temos:

   2ui   2  u j 
G  2      G  2    0 , (3. 193)
xi  x j  xi  x j 
ou

 2  u j 
   0 , (3. 194)
xi2  x j 
logo isto é:

 2 2 2 
 2  2
 2 
e  0 ou  2 e  0 , (3. 195)
 x y z 
a equação (3. 195) é uma equação de Laplace. Uma função que satisfaz a equação (3. 195) é
chamada de função harmônica. Então, a dilatação é uma função harmônica quando as forças
de corpo desaparecem. Mas

 3  2G  e   xx   yy   zz  3 , (3. 196)
onde  é a tensão média. Portanto, a tensão média é também uma função harmônica:

 2  0 , (3. 197)
 2u
Se nós pormos X  0 ,  0 , e operar sobre a equação (3. 177) com o
t 2
Laplaciano  2 , nós temos:

 2
  G   e  G 2 2u  0 , (3. 198)
x
Com a equação (3. 194) ou (3. 195), isto implica que:

 4u  0 , (3. 199)
onde, em coordenadas cartesianas retangulares

90
FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA MECÂNICA DA FRATURA
___________________________________________________________________________

44 4 4 4 4 4
  4  4  4 2 2 2 2 2 2 2 2 2 , (3. 200)
x y z x y y z z y
A equação (3. 199) é chamada de equação biharmônica, e sua solução é chamada
de função biharmônica. Portanto, a componente u do deslocamento é biharmônica. De forma
semelhante, os campo v, w são biharmônicos. Segue-se que quando a força de corpo é zero,
cada componente das deformações e cada componente das tensões sendo combinações
lineares das primeiras derivadas de u , v, w , são todas funções biharmônicas.

 2 ij  0 , (3. 201)
e

 2 ij  0 , (3. 202)

3.8 – Problemas Planos da Teoria da Elasticidade

Os problemas planos da elasticidade [Ref] são geralmente designados como


problemas de deformação plana e problemas de tensão plana.
As condições de deformação plana são tipicamente encontradas em placas
espessas que são carregadas no plano enquanto que as condições de tensão plana são
tipicamente encontradas em finas placas. Em todos os nossos problemas, a coordenada z será
perpendicular ao plano de simetria, que seja de tensão ou de deformação, seja em coordenadas
cartesianas  x, y  , polares  r ,  , ou em algum outro sistema bi-dimensional ortogonais,

 u, v  . Os problemas generalizados de tensão plana requerem uma média das tensões e

deslocamentos através da espessura da placa tal que eles tornam-se verdadeiramente


problemas bi-dimensionais [Ref]. Nós, portanto no referiremos a eles como problemas de
tensão plana neste texto.

3.7.1 – Problemas Bidimensionais na Elasticidade

A aplicação das funções de tensão de Airy reduz os problemas elastostáticos em


problemas de tensão plana e deformação plana para problemas de valor de contorno de uma
equação biharmônica. Um método geral de solução usando a teoria das funções de uma

91
FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA MECÂNICA DA FRATURA
___________________________________________________________________________
variável complexa é disponível. Nós discutiremos este método brevemente e ilustramos sua
utilidade na solução de alguns problemas importantes.
Em todo este capítulo x, y, z representa uma série de coordenadas Cartesianas
retangulares, com relação as quais as componentes dos deslocamentos são escritas como
u , v, w , e as componentes da deformação são  xx ,  xy ,... , etc e as componentes das tensões são

1
 xx ,  xy ,... , etc. Nós usaremos o fator em nossas definições das componentes das
2
deformações:

1  u j ui 
 ij    , (3. 203)
2  xi x j 

quando as coordenadas curvilíneas são usadas nós reteremos as notações do Capítulo IV, no
qual ui e  ij denotam as componentes do tensor deslocamento e do tensor deformação,

respectivamente; enquanto que i ,  ij denotam as componentes físicas destes tensores.

3.7.2 - Equações de Equilíbrio e Compatibilidade para os Problemas Planos

As duas tensões de cisalhamento remanescentes são nulas para ambos os


problemas

 xz   yz  0 . (3. 204)
As tensões normais na direção z,  z diferem entre as duas classes de problemas
planos; notadamente:
Claramente as equações de equilíbrio dos estados de tensões simplificados (3.
183)( )-( ) reduz-se à:

 x , x  xy , y  0 . (3. 205)
e

 y , y  xy , x  0 . (3. 206)
em (3. 206), as forças de corpo foram desprezadas.
A equação de compatibilidade das deformações em ambos os problemas planos é:

 e x , yy   e y , xx   e xy , xy  2 e xy , xy . (3. 207)
onde a superscrito “e” denota o estado elástico.
92
FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA MECÂNICA DA FRATURA
___________________________________________________________________________
3.7.3 – Estado Plano de Tensão ou Deformação

Se as componentes da tensão  zz ,  zx ,  zy são nulas em todo lugar.

 zz   zx   zy  0 , (3. 208)
O estado de tensão é dito ser tensão plana paralelo ao plano x  y . Neste caso,

1 1
 xx 
E
  xx  v yy  ;  yy   yy  v zz  ,
E
(3. 209)

v 1
 zz  
E
  xx   yy  ;  xy 
2G
 xy (3. 210)
,
 xz   yz  0
, (3. 211)
e

E E
2  xx
 xx    v yy  ;  yy   yy  v xx  , (3. 212)
1 v 1  v2

E
 xy   xy (3. 213)
1 v ,

E
 xx   yy 
1 v
 xx   yy  (3. 214)
,
u v
 xx   yy   (3. 215)
x y ,

Substituindo a equação (3. 212) e (3. 213) na equação de equilíbrio,

 ij
 X j   i , (3. 216)
x j
Nós obtemos as equações básicas para a tensão plana.

  2u  2u   1  v    u v   2u
G 2  2 G      X   , (3. 217)
 x y   1  v  x  x y  t 2

  2 v  2v   1  v    u v   2v
G 2  2 G     Y   2 (3. 218)
 x y   1  v  y  x y  t ,

93
FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA MECÂNICA DA FRATURA
___________________________________________________________________________
Se a componente z do deslocamento w desaparece em todo lugar, e se os deslocamentos u e v
são funções de x,y somente, e não de z, o campo é dito estar em deformação plana paralela ao
plano x,y. Na deformação plana nós devemos ter:

u v
  w  0 ;  zz  v  xx   yy  , (3. 219)
z z
Uma vez que  zz  0 .
A equação básica

e  2u
G 2ui     G   X i   2i , (3. 220)
xi t
torna-se na deformação plana:

  2u  2u   1    u v   2u
G 2  2 G     X   2 (3. 221)
 x y   1  2v  x  x y  t ,

  2 v  2v   1    u v   2v
G 2  2 G      Y   (3. 222)
 x y   1  2v  y  x y  t 2 ,

Se v é substituído por v / 1  v  na equação (3. 221) e (3. 222), então ela assume a forma (3.

217) e (3. 218). Portanto, qualquer problema de um estado plano de deformação pode ser
resolvido como um problema de estado plano de tensão após a substituição do valor
verdadeiro de v pelo seu “valor aparente” v / 1  v  . Inversamente, qualquer problema de

tensão plana pode ser resolvido como um problema de deformação plana substituindo o valor
verdadeiro de v por um valor aparente v / 1  v  .

Estas substituições referem-se somente à equações de campo (3. 217), (3. 218) e
(3. 221), (3. 222). As condições de contorno, a relação tensão-deformação, e o módulo de
cisalhamento G não deve ser mudado.
O estado de deformação em um longo corpo cilíndrico atuado por cargas que são
normais ao eixo do cilindro e uniforme na direção axial freqüentemente pode ser aproximado
por um estado plano de deformação. Uma deformação axial  zz constante pode ser imposta
sobre um estado de deformação plana sem qualquer variação nas tensões no plano-x,y.
Portanto, uma extensão mínima da definição da deformação plana pode ser formulada
requerendo que  zz seja uma constante e que u e v sejam funções de x,y somente, e que w seja
uma função linear de z somente.

94
FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA MECÂNICA DA FRATURA
___________________________________________________________________________
3.7.4 – Função de Tensão de Airy para Problemas Bi-Dimensionais

Para problemas de tensão ou deformação plana, nós podemos tentar achar


sistemas de tensão gerais que satisfazem as equações de equilíbrio e as equações de
compatibilidade e então determinar a solução para um problema particular pelas condições de
contorno.
Seja x,y uma série de coordenadas Cartesianas retangulares. Para problemas de
tensão e deformação plana no plano-x,y as equações de equilíbrio são:

 ji
 Xi  0 , (3. 223)
x j
são explicitamente escritas como:

 xx  xy
  X , (3. 224)
x y

 yy  yx
  Y (3. 225)
y x ,
com as condições de contorno

l xx  m xy  p
, (3. 226)

m yy  l xy  q
, (3. 227)
onde l , m são os cossenos diretores do vetor normal externo à curva do contorno e p, q , são
as trações superficiais que atuam sobre a superfície do contorno.
As componentes da deformação são:
a) No caso de tensão plana

1 1
 xx 
E
  xx  v yy  ;  yy   yy  v xx  ,
E
(3. 228)

 xy 
1
 xy 
1  v  
2G E
xy (3. 229)
,
b) No caso de deformação plana

95
FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA MECÂNICA DA FRATURA
___________________________________________________________________________

1
 xx 
E   
1  v 2  xx  v 1  v   yy 

, (3. 230)
1
 yy
E
 
  1  v 2  yy  v 1  v   xx 

 xy 
1  v  
E
xy (3. 231)
,
Na visão do que foi discutido na secção precedente, para muitas placas finas nós
podemos supor  xx ,  yy ,  xy serem independente de z. Então o problema da tensão plana

torna-se verdadeiramente bidimensional, bem como o problema da deformação plana.


As equações das condições de compatibilidade são como segue:
2
 2 xx   yy  2 xy
  2 (3. 232)
y 2 x 2 xy ,

 2 yy  2 zz  2 yz
 2 (3. 233)
z 2 y 2 yz ,

 2 zz  2 xx  2 xz
  2 (3. 234)
x 2 z 2 xz ,

 2 xx    yz  xz  xy 
     (3. 235)
yz x  x y z  ,

 2 yy    yz  xz  xy 
     (3. 236)
xz y  x y z  ,

 2 xx    yz  xz  xy 
     (3. 237)
yz x  x y z  ,

i) A substituição de (3. 228) e (3. 229) nas equações (3. 232) e (3. 235), nós obtemos, no caso
de tensão plana,

2 2  2 xy
y 2
 xx  v yy   x 2  yy  v xx   2 1  v  xy (3. 238)
,
Derivando (3. 224) em relação a x e (3. 225) em relação a y e somando, nós obtemos:

96
FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA MECÂNICA DA FRATURA
___________________________________________________________________________

2
 2 xx   yy X Y  2 xy
    2 (3. 239)
x 2 y 2 x y xy ,

Eliminando  xy entre (3. 238) e (3. 239), nós obtemos:

 2 2   X Y 
2   xx
 2     yy    1  v     (3. 240)
 x y   x y  ,
ii) A substituição de (3. 230) e (3. 231) nas equações (3. 232) e (3. 235), nós obtemos, no
caso de deformação plana,

2 2  2 xy
y 2
 xx  v yy   x 2  yy  v xx   2 1  v  xy (3. 241)
,
Derivando (3. 224) em relação a x e (3. 225) em relação a y e somando, nós obtemos:
2
 2 xx   yy X Y  2 xy
    2 (3. 242)
x 2 y 2 x y xy ,

Eliminando  xy entre (3. 241) e (3. 242), nós obtemos de forma análoga ao caso de tensão

plana:

 2 2  1  X Y 
2   xx
 2     yy     (3. 243)
 x y  1  v   x y 
,
As equações (3. 224), (3. 225), (3. 226), (3. 227) e (3. 240) ou (3. 243) definem os
problemas planos em termos das componentes das tensões  xx ,  yy ,  xy . Se as condições de

contorno de um problema são tais que as superfícies de tração são bem conhecidas, então o
problema pode ser resolvido em termos das tensões, sem necessidade de mencionar os
deslocamentos a menos que eles sejam desejados. Mesmo em um problema de valor de
contorno misto no qual parte do contorno possui deslocamentos prescritos, ele ainda pode ser
vantajoso resolver para o primeiro estado de tensão. Estas considerações práticas levam-nos
ao método das funções de tensão de Airy. Para problemas de deslocamentos prescritos sobre
todo o contorno do corpo, o potencial do deslocamento ou outros dispositivos devem ser
tentados primeiro.
O método de Airy é baseado na observação de que o lado esquerdo das equações
(3. 224) e (3. 225) aparecem como a divergência de um vetor. Na hidrodinâmica nós estamos
familiarizados com o fato de que a conservação da massa, se expressa na equação da
continuidade.

97
FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA MECÂNICA DA FRATURA
___________________________________________________________________________

u v
 0 (3. 244)
x y ,
onde u, v são as componentes do vetor velocidade, pode ser derivadas a partir de uma função
corrente   x, y  ,onde:

 
u ; v (3. 245)
y x ,

Em outras palavras, se u, v são derivadas de uma função arbitrária   x, y  de acordo com (3.

245), então a equação (3. 244) é identicamente satisfeita.


Vamos usar a mesma técnica para a equação (3. 224) e (3. 225). Estas equações
podem ser postas na forma de (3. 244) se nós supormos que as forças de corpo podem ser
derivadas de um potencial V, tal que:

V V
X  ; y (3. 246)
x y ,

A substituição de (3. 246) em (3. 224) e (3. 225) resultam em

 
 xx  V   xy  0 , (3. 247)
x y

 xy 
x

y
 yy  V   0 (3. 248)
,
Agora, como em (3. 244), estas equações são identicamente satisfeitas se nós introduzimos
duas funções de corrente  e  de tal forma que:

 
 xx  V  ;  xy   , (3. 249)
y x

 
 xy   ;  yy  V  (3. 250)
y x ,

Em outras palavras, a substituição de (3. 249) e (3. 250) em (3. 247) e (3. 248) reduzem (3.
247) e (3. 248) a uma identidade em  e  . Agora, as equações (3. 249) e (3. 250) podem ser
combinadas se nós fizermos:

 
 ;   , (3. 251)
x y
isto é:

98
FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA MECÂNICA DA FRATURA
___________________________________________________________________________

 2  2
 xx  V  2 ;  xy   , (3. 252)
y xy

 2  2
 xy   ;  yy  V  2 (3. 253)
yx x ,

È prontamente verificado que se  xx ,  xy ,  yy são derivadas de uma função

arbitrária   x, y  de acordo com (3. 249) e (3. 250) então as equações (3. 247) e (3. 248) são

identicamente satisfeitas. A função   x, y  é chamada de função de tensão de Airy, em

referência a este inventor, o famoso astrônomo.


Uma função arbitrária   x, y  gera tensões que satisfazem as equações de

equilíbrio, mas   x, y  não é inteiramente arbitrária, uma vez que é requerido gerar somente

funções cujos campos de tensão satisfazem as condições de compatibilidade. Logo a condição


de compatibilidade é dada por (3. 240) ou (3. 243), uma substituição dá o requerimento que,
no caso de tensão plana:

 4  4  4   2V  2V 
 2    1  v   2  2  (3. 254)
x 4 x 2 y 2 y 4  x y ,
E no caso de deformação plana:

 4
 2
 4

 4
 
1  2v    2V   2V 
(3. 255)
x 4 x 2 y 2 y 4 1  v   x 2 y 2  ,
Se as forças de corpo são nulas, então em ambos os casos tensão plana e deformação plana,
  x, y  é governada pela equação:

 4  4  4
 2  0 (3. 256)
x 4 x 2y 2 y 4 ,
Uma solução regular da equação (3. 256) é chamada de uma função biharmônica.
A solução de problemas da elasticidade plana pelas funções biharmônicas serão discutidas nas
secções seguintes.
Contudo, a respeito das outras cinco condições de compatibilidade nas equações
(3. 232) a (3. 237) “left alone so far”? No caso da deformação plana é claro que elas são
identicamente satisfeitas. No caso da tensão plana, contudo, elas não podem ser satisfeitas em

99
FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA MECÂNICA DA FRATURA
___________________________________________________________________________
geral se supormos  xx ,  xy ,  yy serem independentes da coordenada z . Sob uma tal suposição

estas condições de compatibilidade implica que:

 2 zz  2 zz  2 zz
  0 (3. 257)
x 2 y 2 xy ,
Portanto,  zz e então  xx   yy deve ser uma função linear de x e y , ou seja:

v
 zz  
E
 xx   yy  (3. 258)
,
A qual é a exceção além do que a regra na solução dos problemas de tensão plana. Portanto,
em geral, a suposição de que o estado de tensão plana é bi-dimensional, tal que  xx ,  xy ,  yy

são funções de x, y somente, não pode ser verdade; e as soluções obtidas sob esta suposição
pode não serem exatas. Contudo, como nós temos discutidos previamente, elas são boas
aproximações para placas finas. De qualquer forma, o método de função-tensão pode ser
estendido para três dimensões.

3.7.5 - Problema de Deformação Plana:

Sabendo que para o problema de deformação plana temos:

u1  u1  x, y  , u2  u2  x, y  , u3  0 . (3. 259)
ele será desenvolvido de acordo com a seguinte equação

1  u u 
 ij   i  j  . (3. 260)
2  x j xi 

Logo

1  u u 
 3i   3  i   0 . (3. 261)
2  xi x3 

Ele será desenvolvido e as componentes das deformações  3i desaparecerão, e a partir de (3.


259) temos:

1  u u 
 3i   3  i   0 . (3. 262)
2  xi x3 
onde

100
FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA MECÂNICA DA FRATURA
___________________________________________________________________________

 
1  u3 u1 
 31      0. (3. 263)
2  x1 x3 
 
 0 0 

 
1  u3 u2 
 32      0. (3. 264)
2  x2 x3 
 
 0 0 

 
1  u3 u3 
 33      0. (3. 265)
2  x3 x3 
 
 0 0 

Segue-se a partir da equação (3. 167) que:


i) Do ponto de vista da tensão temos que:

 v 
   2         . (3. 266)
 1  2v    
para    , a partir de (3. 266) nós temos que:

 v 
   2         . (3. 267)
 1  2v    
Portanto, usando o fato de que para   3 ,  33  0,   1, 2 , temos que:

   2  . (3. 268)


Portanto, para o problema de deformação plana as relações de tensão-deformação
são

E
x  1  v   xe  v ye  . (3. 269)
1  v 1  2v 
E
y  1  v   ye  v xe  . (3. 270)
 
1  v 1  2v 
vE
z   xe   ye   xy  G xye . (3. 271)
1  v 1  2v 
101
FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA MECÂNICA DA FRATURA
___________________________________________________________________________

 xy  G xye . (3. 272)

 xy   yz  0 . (3. 273)
usando-se (3. 263) a (3. 265) em (3. 266) temos que:

 v 
 31  2   31   31    . (3. 274)
  1  2v   
 0 0 
logo

 31  0 . (3. 275)
e ainda

 v 
 32  2   32   32   . (3. 276)
  1  2v   
 0 0 
logo

 32  0 . (3. 277)
e

 v  
 33  2   33  .
         (3. 278)
 33 1  2v   33
 11 22  
 0 1  0  

logo

2 v
 33      . (3. 279)
1  2v  11 22

ii) Do ponto de vista da deformação temos que, os mesmos resultados podem ainda serem
obtidos a partir de ( ) onde:

 1 v  v
           . (3. 280)
 E  E
para    , temos:

 1 v  v
           . (3. 281)
 E  E
Portanto, usando o fato de que   3 ,  33  0,   1, 2 ,

102
FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA MECÂNICA DA FRATURA
___________________________________________________________________________

 1 v  v
          . (3. 282)
 E  E
Portanto para o problema de deformação plana as relações de tensão-deformação
são

 xe 
1  v   1  v   v  .
E   x y (3. 283)

 ye 
1  v   1  v   v  .
E   y x (3. 284)

1
 xye   xy . (3. 285)
G

 ze   xze   yze  0 . (3. 286)


então a partir de (3. 263) a (3. 265) temos:

 1 v  v
 31      31   . (3. 287)
  E  31 E 
0 0

logo

 31  0 . (3. 288)
e ainda

1 v  v
 32      32   . (3. 289)
  E  32 E 
0 0

logo

 32  0 . (3. 290)
e também

1 v  v
 33      33   . (3. 291)
  E  33 E 
0 1

logo a partir de (3. 265) temos:

 v 
 33      . (3. 292)
 1 v 
ou

103
FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA MECÂNICA DA FRATURA
___________________________________________________________________________

 v 
 33     11   22   33  . (3. 293)
1 v 
logo

 v   v 
1    33     11   22  . (3. 294)
 1 v   1 v 
ou

1 v v   v 
    33     11   22  . (3. 295)
1 v 1 v   1 v 
ou

1 v  v   v 
   33     11   22  . (3. 296)
 1 v   1 v 
ou

 1   v 
   33     11   22  . (3. 297)
 1 v   1 v 
Logo, cancelando os termos semelhantes:

 33  v  11   22  . (3. 298)
Portanto,

 z  v  x   y  . (3. 299)
onde v é a razão de Poisson.
Portanto,

 3  0 . (3. 300)
e

 33  v  . (3. 301)
onde       x1 , x2  .

Uma forma alternativa de se obter o mesmo resultado segue de (3. 278), ou seja:

 v  
 33  2   33  .
         (3. 302)
 33 1  2v   33
 11 22  
 0 1  0  

logo

104
FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA MECÂNICA DA FRATURA
___________________________________________________________________________

2 v
 33   33  11   22  . (3. 303)
1  2v  1

mas a partir de (3. 281) temos:

 1 v  v
11     11   11   22   33  . (3. 304)
 E  E
e

 1 v  v
 22     22   11   22   33  . (3. 305)
 E  E
Somando as duas equações acima tem-se:

  1  v  2v  2v
11   22       11   22    33 . (3. 306)
 E  E  E
Substituindo (3. 303) em (3. 306) tem-se:

1  2v     1  v  2v  2v
33       11   22    33 . (3. 307)
2 v  E  E  E
e

 1  2v 2v    1  v  2v 
 2  v  E   33   E   E   11   22  . (3. 308)
    
Mas a constante  é dada por:

E 1 1 v
   . (3. 309)
2 1  v  2 E
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 1 1 2v    1  v  2v 
 2  v    E   33   E   E   11   22  . (3. 310)
    
e

 1  v  1 2 1  v  2v  1  v 
      33    11   22  . (3. 311)
 E  v E E  E 
e

1  v  2 1  v  v  2v 2  1  v 


  33     11   22  . (3. 312)
 Ev   E 
e

105
FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA MECÂNICA DA FRATURA
___________________________________________________________________________

 1  v  2v  2v 2  2v 2 
   33  1  v   11   22  . (3. 313)
 v 
e

1  v 
 v   33  1  v   11   22  . (3. 314)
 
Portanto,

 33  v  11   22  . (3. 315)

Na ausência de forças internas as equações de equilíbrio (3. 205) , (3. 206) se


reduzem à:

 
0. (3. 316)
x
ou

  11  21
 x  x  0 ,   1, 2 ;   1
 1 2
 . (3. 317)
  12   22  0 ,   1, 2 ;   2
 x1 x2
a equação de compatibilidade não-trivial (3. 207) torna-se:

 2   2 
 0 . (3. 318)
x x x2
para   1, 2 e   1, 2 temos:

  211  211    2 21  2 22 
 2    
x1 x12   x2 x1 x12 

0
. (3. 319)
  12  211    2 22  2 22 
2

  
2  
 0
 x1x2 x2   x22 x22 

0

ou

  2 21  2 22    212  211 
  2  
  2 0 . (3. 320)
 x2x1 x1   x1x2 x2 
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FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA MECÂNICA DA FRATURA
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 212  211  2 22
2    0. (3. 321)
x1x2 x22 x12
Substituindo (3. 280) em (3. 318) ficamos com:

 1  v  v  2  1  v  v 
 2                   
 E  E    E  E  0 . (3. 322)
2
x x x
ou
2 2 2 2
 1  v     v     1  v     v   
       2
   0 . (3. 323)
 E  x x E x x  E  x E x2
ou

2 2
 1  v           v     
2
 2  
              0 . (3. 324)
 E   x x x2   E   x x x2 
Observe que para    o termo se anula totalmente e para   

2
 1  v        
2   v   2 
     0 . (3. 325)
 E   x x x2   E  x
2

a partir de (3. 301) temos que:

   v  . (3. 326)
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2
 1  v        v 2   1  v    2 
         0 . (3. 327)
 E   x x
2
  E   E   x

3.7.6 - Problema de Tensão Plana

z  0. (3. 328)
i) Do ponto de vista da tensão temos que:
Portanto, para o problema de tensão plana as relações de tensão-deformação são

E
x  
v  xe  v ye .  (3. 329)
1 v 2

107
FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA MECÂNICA DA FRATURA
___________________________________________________________________________

E
y  
v  ye  v xe .  (3. 330)

1 v 2

 xy  G xye . (3. 331)

 z   xy   yz  0 . (3. 332)
ii) Do ponto de vista da deformação temos que:
Portanto, para o problema de tensão plana as relações de tensão-deformação são

1
 xe  v  x  v y  . (3. 333)
E

1
 ye  v  y  v x  . (3. 334)
E

v
 ze  
E
 x   y  . (3. 335)

1
 xye   xy . (3. 336)
G

 xze   yze  0 . (3. 337)

3.7.7 - Funções de Airy em Coordenadas Cartesianas

As equações de equilíbrio serão identicamente satisfeitas se as componentes das


tensões são expressas em termos das funções de tensão de Airy     x, y  . Esta função pode

ser interpretada como uma superfície.

z    x, y  . (3. 338)
Portanto, para ambos os problemas planos a função de tensão   x, y  são comuns

e possuem segundas derivadas parciais que estão relacionadas a um estado equilibrado de


tensões da seguinte forma:

 2  2
     2  . (3. 339)
x x x
e

108
FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA MECÂNICA DA FRATURA
___________________________________________________________________________

 2  2
    2  2  . (3. 340)
x x
que pode ser escrita como:

 2
     p /    . (3. 341)
x x
e

 2  2
      p /    . (3. 342)
x2 x2

Em um sistema de coordenadas cartesianas  x, y, z  . As derivadas segundas de   x, y  serão

relacionadas às tensões como segue [Ref].

 x   , yy . (3. 343)

 y   , xx . (3. 344)

 xy   , xy . (3. 345)
Substituindo (3. 343) e (3. 344) em (3. 299) temos:

 z  v  , yy  , xx  . (3. 346)
ou

 z  v 2 . (3. 347)
as equações de equilíbrio dos estados de tensões simplificados são satisfeitas automaticamente
pelas tensões (3. 343)-(3. 345), derivadas a partir da função de tensão   x, y  .

Substituindo (3. 341) e (3. 342) em (3. 327) temos:

 1 v  
2   2   v 2   1  v   2   2  2 
         2   2  2   0 . (3. 348)
 E  x x  x x   E   E   x  x x 
ou

 1 v  
2   2   v 2   1  v   2   2  2 
        2  2  2   0 . (3. 349)
 E  x x  x x   E   E   x  x x 
ou

109
FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA MECÂNICA DA FRATURA
___________________________________________________________________________

1 v  
2   2   v 2   1  v    2   2 
          2  2
 E  x x  x x   E   E   x  x  .
(3. 350)
 v 2   1  v    2   2 
      2  2   0
 E   E   x  x 
a partir de (3. 279) podemos escrever:

2 v
    . (3. 351)
1  2v  
Logo

 2 2 v
   . (3. 352)
x 1  2v 
2

Logo substituindo (3. 352) em (3. 349) temos:

 1 v  
2   2   v 2   1  v    2   2 
          2  2
 E  x x  x x   E   E   x  x 
. (3. 353)
 v 2   1  v    2  2 v 
      2      0
 E   E   x  1  2v  
trocando a ordem das derivadas temos:

2
 1 v     2   v 2   1  v    2   2 
  2  2        2  2
 E  x  x   E   E   x  x 
. (3. 354)
 v 2   1  v    2  2 v 
      2      0
 E   E   x  1  2v  
Cancelando os termos semelhantes

 v 2   2   2   v 2   1  v   2  2 v 
   2  2      2      0
 E  x  x   E   E   x  1  2v   . (3. 355)

Considerando o último termo nulo tanto para deformação plana como para tensão plana
temos:

 v2  2   2 
  2  2 0 . (3. 356)
 E  x  x 
note que;

110
FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA MECÂNICA DA FRATURA
___________________________________________________________________________

2   2 
x2
2 2
 2    0 .  (3. 357)
 x 

3.7.8 - Equação Bi-harmônica

Expressando as relações das tensões em termos das funções de Airy,   x, y  e

substituindo-as nas relações para deformações, e então substituindo as equações resultantes,


para as deformações nas equações de compatibilidade (3. 207), nós obtemos tanto para
deformações planas como para tensões planas as mesmas equações governantes, dada por:

 , xxxx 2 , xxyy  , yyyy  0 . (3. 358)


Esta é chamada de equação bi-harmônica e é representada simbolicamente por:

 4  0 . (3. 359)
onde

4    2 2   . (3. 360)


com  2   sendo o usual operador Laplaciano.
As funções de tensão   x, y  que satisfazem a equação biharmônica são

chamadas de funções de tensão de Airy. Esta função   x, y  representa a solução plana que

satisfaz ambas as equações de equilíbrio (3. 205), (3. 206) e as equações de compatibilidade
(3. 207).
Uma representação de uma solução da equação biharmônica em coordenadas
cartesianas é [Ref]

  x, y   x1  x, y   y2  x, y   3  x, y  . (3. 361)


Onde 1  x, y  , 2  x, y  , 3  x, y  são funções harmônicas, isto é, que satisfazem

 2i  x, y   0 i  1, 2,3 . (3. 362)

111
FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA MECÂNICA DA FRATURA
___________________________________________________________________________
3.7.9 - Condições de Contorno

Existem dois tipos fundamentais de problemas de valor de contorno na


elasticidade. O primeiro é especificando a tração sobre o contorno, e o segundo é
especificando o deslocamento sobre o contorno.
Em relação às funções de tenso de Airy   x, y  e a correspondente solução da

equação bi-harmônica, acha-se que a tração prescrita sobre um contorno  necessita


também da especificação de ambas as derivadas parciais [Ref].

 ,x  s  e  , y  s  em  . (3. 363)
onde s é um parâmetro que define as funções sobre  , ou especificando a função de tensão
em si e sua derivada parcial normal ao contorno  / n , isto é:

  s  e   / n s    .nˆ  em  . (3. 364)


onde n̂ é um vetor unitário dirigido para fora do contorno e    é o operador gradiente.

Pode-se mostra que estes dois métodos são equivalentes.

3.7.10 - Funções de Airy Coordenadas Polares

A transformação entre coordenadas cartesianas  x, y  e polares  r ,  é:

x  r cos  . (3. 365)


e

y  r sen  . (3. 366)


algumas derivadas parciais úteis entre os dois sistemas são:

r , x  cos  . (3. 367)


e

r , y  sen  . (3. 368)


e

 , x   sen  / r . (3. 369)


e

112
FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA MECÂNICA DA FRATURA
___________________________________________________________________________

 , y  cos  / r . (3. 370)


Estas podem ser usadas para gerar as seguintes relações entre a primeira e a segunda
derivadas parciais entre os dois sistemas de coordenadas para uma função arbitrária  (tais
como as funções de Airy).
i) Para a primeira derivada parcial com relação à x, nós temos:

 , x   ,r r , x   ,  , x
. (3. 371)
  ,r cos    , sen  / r
Para a primeira derivada parcial com relação à y, nós temos:

 , y   ,r r , y   ,  , y
. (3. 372)
  ,r sen    , cos  / r
ii) Para a segunda derivada com relação à x nós temos:

 , xx   , x  ,r r , x    , x  ,  , x
. (3. 373)
  ,r cos    , sen  / r  , r r , x   , r cos    , sen  / r  ,  , x

 , xx   ,rr cos 2    , 2sen  cos  / r 2   ,r 2sen  cos  / r   ,r sen 2  / r


 , sen 2  / r 2 . (3. 374)
  ,rr cos 2    , / r 2   , r / r  sen 2    , / r 2   ,r / r  2sen  cos 

Para a segunda derivada com relação à y nós temos:

 , yy   , y  ,r r , y    , y  ,  , y
. (3. 375)
  ,r cos    , sen  / r  ,r r , y   ,r cos    , sen  / r  ,  , y

 , yy   ,rr cos 2    , 2sen  cos  / r 2   ,r 2sen  cos  / r   ,r sen 2  / r


 , sen 2  / r 2 . (3. 376)
  , rr cos 2    , / r 2   , r / r  sen 2    , / r 2   ,r / r  2sen  cos 

Para a segunda derivada com relação à x e y nós temos:

 , xy   , x  , r r , y    , x  ,  , y
. (3. 377)
  ,r cos    , sen  / r  ,r r , y   ,r cos    , sen  / r  ,  , y

 , xx   ,rr cos 2    , 2sen  cos  / r 2   ,r 2sen  cos  / r   ,r sen 2  / r


 , sen 2  / r 2 . (3. 378)
2 2 2 2
  ,rr cos    , / r   , r / r  sen    , / r   ,r / r  2sen  cos 

113
FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA MECÂNICA DA FRATURA
___________________________________________________________________________
A convenção dos sinais para as tensões expressas em um sistema de coordenadas
polares são mostradas na Figura - 3. 6. As fórmulas entre uma função de tensão   r ,  e

as tensões em coordenadas polares são:

 r   , / r 2   ,r r
    ,rr . (3. 379)
2
 r    , / r  ,r   , r / r   , / r

Figura - 3. 6. Coordenadas polares e a convenção dos sinais das tensões

A conversão das tensões entre os dois sistemas de coordenadas é:

 x   r cos 2     sen 2    r 2sen  cos 


 y   r sen 2     cos 2    r 2sen  cos  . (3. 380)
 xy   r     sen  cos   cos   sen    r
2 2

ou

 r   x cos 2    y sen 2    xy 2sen  cos 


    x sen 2    y cos 2    xy 2sen  cos  . (3. 381)
 r   y   x  sen  cos   cos 2   sen 2    xy

As equações de equilíbrio em coordenadas polares [Ref] são:

114
FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA MECÂNICA DA FRATURA
___________________________________________________________________________

 r ,r  r ,   r     / r  0
. (3. 382)
  , / r   r ,r 2 r / r  0

O operador Laplaciano  2   em coordenadas polares é expressível como:

2      ,rr    ,r / r    ,  / r 2  0 . (3. 383)


A equação (3. 383) pode ser usada sucessivamente como em (3. 360) para gerar o operador
bi-harmônico em coordenadas polares.
Relações de deformação-deslocamento em coordenadas polares para pequenas
variações geométricas são [Ref]:

 r  ur ,r
    u , ur  / r . (3. 384)
 r  2 r   ur , u  / r  u , r
onde  r e   são deformações normais nas direções r e  , respectivamente, e  r e  r são a
deformação de cisalhamento de engenharia e a deformação de cisalhamento, respectivamente,
no plano r . Estas equações são aplicáveis a ambas as deformações elásticas e totais.

3.7.11 - O Laplaciano e a Equação Bi-Harmônica em termos das Variáveis


Complexas

Para resolver a equacão bi-harmônica precisamos recorrer as variáveis complexas.


Uma transformação de coordenada é executada a partir das coordenadas cartesianas  x, y 
para variáveis complexas  z, z  , dadas por:

x   z  z  / 2 ; y   z  z  / 2i . (3. 385)
onde i  1
Seja

z  x  iy . (3. 386)
ou

z  rei . (3. 387)


onde i  1 e o complexo conjugado

115
FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA MECÂNICA DA FRATURA
___________________________________________________________________________

z  x  iy . (3. 388)
ou

z  re  i . (3. 389)
Logo segue que:

x  Re  z    z  z  / 2 ; y  Im  z    z  z  / 2i . (3. 390)
nós temos que:

  x  y
  . (3. 391)
z x z y z
x 1 y 1
sendo  e  então
z 2 z 2i

  1  1
  . (3. 392)
z x 2 y 2i
logo

  
2  i . (3. 393)
z x y
e ainda

  x  y
  . (3. 394)
z x z y z
x 1 y 1
sendo  e  então
z 2 z 2i

  1  1
  . (3. 395)
z x 2 y 2i
logo

  
2  i . (3. 396)
z x y
e portanto

2     
2   i . (3. 397)
z z z  x y 
Substituindo (3. 396) em (3. 397)

116
FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA MECÂNICA DA FRATURA
___________________________________________________________________________

2   x   y
2  i . (3. 398)
z z x x z y xy z
então

2 2 1  2  1 
2  i  . (3. 399)
z z x 2 2 y 2  2i 
logo

2 2 1 2 1
2   . (3. 400)
z z x 2 2 y 2 2
Portanto,

2 2 2
4  2  2  2 . (3. 401)
z z x y
Portanto, a equação (3. 347) pode ser escrita como:

 2
 z  4v . (3. 402)
z z
Portanto, as equações (3. 358), (3. 359) e (3. 360) pode ser escrita como:

 2   2 

 4   2  2  4 4 0.
z z  z z 
(3. 403)

Portanto, o operador bi-harmônico dado em (3. 360) e a equação bi-harmônica


dada em (3. 359) torna-se respectivamente:

 4  8 , zzzz ,  4  0   , zzzz  0 . (3. 404)

3.7.12 - Equação de Laplace em termos de Variáveis Complexas

Considerando f  z  uma função holomórfica da variável complexa z , podemos

escrever:

f  z   u  x, y   iv  x, y  . (3. 405)
onde u e v são funções reais de x e y dadas por:

117
FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA MECÂNICA DA FRATURA
___________________________________________________________________________

1
u  x, y   Re  f  z     f  z   f  z  
2 . (3. 406)
1
v  x, y   Im  f  z     f  z   f  z  
2i
sendo permitido escrever:

f f z
 . (3. 407)
x z x

f f z
 . (3. 408)
y z y
como z  x  iy

z
 1. (3. 409)
x

z
i. (3. 410)
y
Portanto,

f f z f
   f ' z 
x z x z
. (3. 411)
f f z f
 i  if '  z 
y z y z
logo

f f
f ' z    i . (3. 412)
x y
Substituindo (3. 405) em (3. 412) temos:

u v v u
f ' z   i  i . (3. 413)
x x y y
Logo igualando as partes reais e imaginárias temos:

 u v   u v 
    i    . (3. 414)
 x y   y x 
satisfaz as condições da Cauchy-Riemann

u v u v
 e  . (3. 415)
x y y x
Tomando a segunda derivada temos:

118
FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA MECÂNICA DA FRATURA
___________________________________________________________________________

 2u  v  2u  v
2
 e 2
 . (3. 416)
x x y y y x
Por outro lado temos:

 u  2 v  u  2v
  e  2 . (3. 417)
y x y 2 x y x
Somando o primeiro grupo de equações e subtraindo o segundo grupo temos:

 2 u  2u  2 v  2 v
    0. (3. 418)
x 2 y 2 y 2 x 2
Desde que seja satisfeita a desigualdade de Cauchy-Schwartz:

 v  v  u  u
 e  . (3. 419)
x y y x y x x y
A partir de (3. 418) vemos então as partes reais e imaginárias de qualquer função holomórfica
são soluções da equação de Laplace.

 2 f  z   2u  x, y   i 2v  x, y   0 . (3. 420)


Note que qualquer função analítica complexa   z  satisfaz a equação de Laplace

 2  z   0 . (3. 421)

3.7.13 - Representação de Funções Bi-Harmônicas de Airy-Westergard por Funções


Analíticas de uma Variável Complexa

Uma função é chamada de harmônica quando satisfaz a equação de Laplace.

 2  z   0 . (3. 422)
Na secção anterior mostramos que a parte real e a parte imaginária de qualquer
função analítica de variável complexa z  x  iy , onde i  1 , é harmônica, ou seja, satisfaz

a equação de Laplace. Então, se f  z  é uma função complexa de z, e u  x, y  e v  x, y  são

as partes reais e imaginárias de f  z  , respectivamente, nós podemos expressar f  z  da

seguinte forma:

f  z   u  x, y   iv  x, y  . (3. 423)
a derivada desta função f  z  é:
119
FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA MECÂNICA DA FRATURA
___________________________________________________________________________

df  z  u v v u
 i  i . (3. 424)
dx x x y y
onde

u v  v u 
  i    0. (3. 425)
x y  x y 
logo

u v
 0. (3. 426)
x y
e

v u
 0. (3. 427)
x y
Então ela satisfaz as condições de Cauchy-Riemmann:

u v v u
 e  . (3. 428)
x y x y
Derivando (3. 428) em relação a x temos:

 2u   v   2v   u 
2
   e 2
   . (3. 429)
x x  y  x x  y 
agora derivando (3. 428) em relação a y temos:

  u   2 v   v   2u
   e     . (3. 430)
y  x  y 2 y  x  y 2
Usando a fórmula de Cauchy-Schwartz, onde:

  u    u    v    v 
    e     . (3. 431)
x  y  y  x  x  y  y  x 
temos que:

 2u  2u  2v  2v
  e   . (3. 432)
x 2 y 2 x 2 y 2
logo

 2u  2u  2v  2 v
  0 e  0. (3. 433)
x 2 y 2 x 2 y 2
Então

120
FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA MECÂNICA DA FRATURA
___________________________________________________________________________

 2 u  x, y   0 e  2 v  x , y   0 . (3. 434)
2 2
onde  2   . Retornando a equação (3. 423) temos finalmente que:
x 2 y 2

 2 f  z   2u  x, y   i 2v  x, y   0 . (3. 435)

3.7.14 - As Funções de Airy-Westergard em termos de uma Variável Complexa

Seja   z  uma função bi-harmônica de Airy, que obviamente satizfaz a seguinte

equação:

 2  2  z    0 . (3. 436)


Se chamarmos a parte interna do parêntesis da equação (3. 436) de P  x, y  , podemos

escrever  2 igualando-a identicamente a P  x, y  da seguinte forma:

P  x, y    2  z  . (3. 437)
Observamos, naturalmente, que a função P  x, y  no interior do parêntesis da equação (3.

436) deve ser uma funçào harmônica e analítica, pois reescrevendo a equação (3. 436) em
termos da equação (3. 437) temos:

 2 P  x, y   0 . (3. 438)
que é a definição de função harmônica (pois satisfaz a equação de Laplace).
Agora temos uma função P  x, y  garantidamente harmônica. A estratégia é

escrevê-la em termos de uma funcão f  z  de uma variável complexa. Portanto, se este é o

caso, temos por meio das condições de Cauchy-Riemann que deve existir uma função
conjugada a P  x, y  chamada de Q  x, y  que é também harmônica, pois satisfaz a equação

de Laplace.

 2 Q  x, y   0 . (3. 439)
Logo, uma função geral f  z  dada por:

121
FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA MECÂNICA DA FRATURA
___________________________________________________________________________

f  z   P  x, y   iQ  x, y  . (3. 440)
cuja função conjugada também existe e é dada por:

f  z   P  x, y   iQ  x, y  . (3. 441)
que também são funções harmônicas que satisfazem ambas a equação de Laplace.

 2 f  z   2 P  x, y   i2Q  x, y   0 . (3. 442)


e

 2 f  z    2 P  x, y   i 2Q  x, y   0 . (3. 443)
De posse de todas estas informações importantes podemos escrever funções
P  x, y  e Q  x, y  em termos das funções de variáveis complexas f  z  e f  z  da seguinte

forma:

1
P  x, y    f  z   f  z   . (3. 444)
2
e a sua conjugada fica:

1
Q  x, y    f  z   f  z   . (3. 445)
2
Logo, para que a equação (3. 438) e (3. 439) sejam satisfeitas devemos utilizar as funções
complexas f  z  e f  z  , da seguinte forma:

1 2
 2 P  x, y     f  z   f  z    0 . (3. 446)
2 
e

1 2
 2 Q  x, y     f  z   f  z    0 . (3. 447)
2 
Substituindo-se a equação (3. 444) na (3. 437) temos que:

1
 2  z    f  z   f  z   . (3. 448)
2
Observamos que a função real   x, y  agora está expressa em termos de duas funções f  z 

e f  z  de variáveis complexas dadas por (3. 440) e (3. 441). Esta estratégia matemática

permitirá resolver a equação bi-harmônica analiticamente. Como queremos trabalhar no


espaço complexo o laplaciano também deve ser expresso em termos de variáveis complexas.
122
FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA MECÂNICA DA FRATURA
___________________________________________________________________________
Isto significa que podemos usar o resultado (3. 357) escrevendo a equação (3. 448) da
seguinte forma:

 2 1
 2  x, y   4   f  z   f  z   . (3. 449)
z z 2 

3.7.15 - Funções de Airy-Westergard para a Equação Bi-harmônica da MEL

Logo podemos escrever a solução de (3. 357) de forma análoga ao problema


antiplano de forma que:

 2
 2  4  f z  f z  . (3. 450)
z z
Onde f  z  é uma função holomórfica. A equação (3. 450) pode ser integrada para fornecer a

função real:

 1
 f  z   f  z  dz . (3. 451)
z 4 
Integrando mais uma vez:

1 1 
    f  z   f  z  dz  dz . (3. 452)
2 2 
ou

1 1 1 
    f  z  dz   f  z  dz  dz . (3. 453)
2 2 2 
ou reescrevendo temos:

1 1  1 1 
    f  z  dz  dz     f  z  dz  dz . (3. 454)
2 2  2 2 
Como f  z  e f  z  são analíticas podemos trocar a ordem das integrações obtendo:

1 1  1 1 
    f  z  dz  dz     f  z  dz  dz .
2 2   2 
2   (3. 455)
F  z Fz 

Chamando de:

1 1
F z   f  z  dz e F  z    f  z  dz . (3. 456)
4 4

123
FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA MECÂNICA DA FRATURA
___________________________________________________________________________
temos:

   F  z  dz   F  z  dz . (3. 457)
Integrando por partes temos:

 dF  z    dF  z  
  F  z  z   z dz    F  z  z   z dz  . (3. 458)
 dz   dz 
chamando de:

dF  z  dF  z 
G  z    z dz e G  z     z dz . (3. 459)
dz dz
Temos:

   F  z  z  G  z     F  z  z  G  z   . (3. 460)
onde F  z  e G  z  são funções holomórficas.

Portanto, a equação diferencial parcial de quarta ordem em (3. 404) pode agora ser
integrada para fornecer uma função real de  da forma:

  z , z   zF  z   zF  z   G  z   G  z  . (3. 461)
onde F  z  e G  z  são funções holomórficas arbitrárias. Este resultado foi primeiro obtido

por E. Goursat em 1898 [Ref].


Considerando que z  x  iy e z  x  iy temos:

  z , z    x  iy  F  z    x  iy  F  z   G  z   G  z  . (3. 462)
ou

  z , z   x  F  z   F  z    iy  F  z   F  z   G  z   G  z  . (3. 463)


Sendo

1
Re   z     F  z   F  z   . (3. 464)
2

1
Im   z     F  z   F  z   . (3. 465)
2i 

1
Re   z    G  z   G  z   . (3. 466)
2
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124
FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA MECÂNICA DA FRATURA
___________________________________________________________________________

  z , z   2 x Re   z    2 y Im   z    2 Re   z  . (3. 467)


e

  z, z   2 xP  x, y   2 yQ  x, y   2 P1  x, y  . (3. 468)

  z, z   xp  x, y   yq  x, y   p1  x, y  . (3. 469)

3.7.16 – Forma Complexa da Função Harmônica de Tensão

Designando o operador Laplaciano:

2 2 2
2    . (3. 470)
x 2 y 2 z 2
a equação

 4  4  4
 2   0. (3. 471)
x 4 x 2y 2 y 4
pode ser escrita como:

 
 2  2  0 . (3. 472)
ou

4  0 . (3. 473)
Chamando  2 de P, observe que P é uma função harmônica, de modo que
existirá uma função harmônica conjugada Q. Consequentemente, P  iQ é uma função
analítica de z, e podemos escrever:

f  z   P  iQ . (3. 474)
A integral dessa função com relação a z será outra função analítica. Seja esta outra função
analítica igual a 4  z  . Então, chamando de p e q a parte real e imaginária de   z  , temos:

 f  z  dz  4  z   p  iq . (3. 475)
Veja que esta integral é novamente analítica seja nas partes real e imaginária denotadas por R
e I , respectivamente:

125
FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA MECÂNICA DA FRATURA
___________________________________________________________________________

z
1
  z     P  iQ  dz  R  iI . (3. 476)
4 z0

de forma que:

1
 ' z   f z. (3. 477)
4
teremos também:

  z  d z z 1
  ' z   f  z  . (3. 478)
x dz x x 4

1 p q
  P  iQ    i . (3. 479)
4 x x
igualando as partes reais do primeiro e do segundo membros encontramos:

p 1
 P. (3. 480)
x 4
Uma vez que p e q são funções conjugadas, elas satisfazem as equações de Cauchy-Riemann
e assim

q 1
 P. (3. 481)
x 4
recordando que P   2 , as equações (3. 480) e (3. 481) nos permite mostrar que   xp  yq
é uma função harmônica, pois

p q
 2   xp  yq    2  2 2  0. (3. 482)
x y
temos então, para qualquer função de tensão ,

  xp  yq  p1 . (3. 483)
onde p1 é uma função harmônica. Consequentemente

  xp  yq  p1 . (3. 484)
o que demonstra que qualquer função de tensão pode ser formada por meio de duas funções
conjugadas p e q , e uma função harmônica p1 , convenientemente escolhidas.

126
FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA MECÂNICA DA FRATURA
___________________________________________________________________________
3.7.17 – Funções de Tensão em termos de Funções Harmônicas Complexas

Sendo  uma função qualquer de x e y teremos por derivação:

 2 2    2  2  
 2  2   x   x  2  2 2 . (3. 485)
 x y   x y  x
Se  for harmônica, o parêntesis do segundo membro desta equação será zero. Também
 / x será uma função harmônica, pois:

 2  2      2  2 
 2  2 
  2  2   0. (3. 486)
 x y  x x  x y 
Então, uma outra aplicação do operador laplaciano em (3. 470) resulta em:

 2 2   2 2 
2 
 2  2  2
 x   0 . (3. 487)
 x y   x y 
que é o mesmo que:

 4 4 4 
 4  2 2 2  4   x   0 . (3. 488)
 x x y y 
A comparação com a equação (3. 471) mostra que x pode ser utilizada como
uma função de tensão, contando que  seja harmônica. O mesmo resultado é válido para y
e também evidentemente para a função  isoladamente. Logo a partir da equação (3. 471) e
(3. 475) podemos ver que as seguintes relações são satisfeitas:

p d P
 2  xp   x 2 p  2
 2 pq 
x dz 2
. (3. 489)
2 2 q d P
  yq   y q  2  2 pq 
y dz 2
Portanto,

  xp  yq  p1 . (3. 490)
onde p1 é uma função harmônica. A última fórmula (3. 490) pode ser escrita como uma parte
real de uma função analítica na forma:

  Re  z  z     z   . (3. 491)

127
FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA MECÂNICA DA FRATURA
___________________________________________________________________________

onde z  x  iy é o complexo conjugado de z , e   z  é uma função analítica cuja parte real

é p1 . A fórmula (3. 491) é devido ao matemático Frances Goursat. Esta fórmula é o ponto de
partida de um método muito poderoso de solução por problemas elásticos bidimensionais.
A utilidade da equação (3. 484) será provada adiante, mas pode-se constatar de
imediato que o uso das funções p e q não necessárias. Em lugar de (3. 482), podemos
escrever:

p
 2   2 xp    2  4  0. (3. 492)
x
demonstrando assim que   2xp é uma função harmônica, digamos igual a p2 , de maneira
que qualquer função de tensão pode ser expressa da forma:

  2xp  p2 . (3. 493)


onde p e p2 são funções harmônicas adequadamente escolhidas. De maneira análoga,

considerando   2 yq , podemos mostrar que qualquer função de tensão também pode ser
expressa na forma:

  2 yq  p3 . (3. 494)
onde q e p3 são funções harmônicas convenientes.

Retornando à equação (3. 491)(3. 484), introduzamos a função q1 , que é a

harmônica conjugada de p1 , e escrevamos:

  z   p1  iq1 . (3. 495)


Então é facilmente verificado que a parte real de  x  iy  p  iq   p1  iq1 é

idêntica ao segundo membro da equação (3. 484):

Re  z  f  z  dz  p1  iq1   Re  z 4  z   p1  iq1  
  . (3. 496)
Re  x  iy  p  iq   p1  iq1   xp  yq  p1

Portanto, qualquer função de tensão pode ser colocada na forma:

  Re  z  z     z   . (3. 497)
onde Re significa a “parte real de”, z representa x  iy , e   z  e   z  são funções

analíticas corretamente escolhidas. Reciprocamente, (3. 497) produz uma função de tensào,

128
FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA MECÂNICA DA FRATURA
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que é uma solução da equação (3. 471) quaisquer que sejam   z  e   z  . Isto será aplicado

posteriormente na solução de vários problemas de interesse prático.


Escrevendo a “função complexa de tensão” entre colchetes na expressão (3. 497)
como:

   z 
  Re  zz    z  . (3. 498)
 z 
e observando que zz  r 2 e que   z  / z é ainda uma função de z, achamos que qualquer

função de tensão pode também ser expressa como:

  r 2 p4  p5 . (3. 499)
onde p4 e p5 são funções harmônicas.

3.7.18 – Deslocamento Correspondente a uma dada Função de Tensão

As relações de tensão-deformação para o estado plano de tensões, equações (3.


333) e (3. 337)

1
 xe  v  x  v y  . (3. 500)
E

1
 ye  v  y  v x  . (3. 501)
E

1 2 1  v 1
 xye   xy   xy . (3. 502)
G E
podem ser escritas da seguinte forma:

u
E   x  v y . (3. 503)
x
e

v
E   y  v x . (3. 504)
y
e

 v u 
G      xy . (3. 505)
 x y 

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FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA MECÂNICA DA FRATURA
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Introduzindo a função de tensão na equação (3. 503) e (3. 504) lembrando que P   2
temos:

u  2  2   2   2
E  2 v 2  P 2 v 2
x y x  x  x
. (3. 506)
2

  1  v  2  P
x
e analogamente

v  2  2   2   2
E  2 v 2  P 2 v 2
y x y  y  y
2
. (3. 507)

  1  v  2  P
y
Mas, de acordo com as equações (3. 480) e (3. 481) e (3. 482), podemos substituir P na
equação (3. 506) por 4p / x e na equação (3. 507) por 4q / y . Então, após a divisão por

1  v  , temos:

u  2  4  p
2G   2   . (3. 508)
x x  1  v  x

v  2  4  q
2G   2   . (3. 509)
y y  1  v  y
e estas, por integração nos fornecem

  4 
2Gu     p  f  y . (3. 510)
x  1  v 

  4 
2Gv     q  f1  x  . (3. 511)
y  1  v 

onde f  y  e f1  x  são arbitrárias. Se essas expressões foram substituídas no primeiro

membro da equação (3. 505) obteremos:

 2  2   p q  1 df 1 df1
         xy . (3. 512)
xy  1  v   y x  2 dy 2 dx
O primeiro termo do primeiro membro da equação é igual a  xy , e a expressào

entre parêntesis se anula, pois p e q são funções harmônicas conjugadas que satisfazem as
equações de Cauchy-Riemann. Portanto,

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FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA MECÂNICA DA FRATURA
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df df1
  0. (3. 513)
dy dx
o que implica que:

df df1
A ;  A . (3. 514)
dy dx

Sendo A uma constante. Segue-se disto que os termos f  y  e f1  x  nas equações (3. 510)

e (3. 511) representam um deslocamento de corpo rígido suprimindo estes termos, podemos
escrever as equações (3. 510) e (3. 511) como:

  4 
2Gu    p. (3. 515)
x  1  v 

  4 
2Gv    q . (3. 516)
y  1  v 
entendendo-se que um deslocamento de corpo rígido pode ser adicionado. Essas equações nos
possibilitam obter u e v quando  é conhecido. Temos primeiramente que encontrar P   2 ,
em seguida, determinamos sua função conjugada Q por meio das equações de Cauchy-
Riemann.

P Q P Q
 ;  . (3. 517)
x y y x

formamos a função f  z   P  iQ e obtemos p e q por integração de f  z  como na equação

(3. 475). Os termos das equações (3. 515) e (3. 516) podem ser calculados.
A utilidade das equações (3. 515) e (3. 516) será vista em aplicações posteriores,
nos quais o método de determinação dos deslocamentos usados nos Capítulos – III e IV são
adequados.

Substituindo-se ( ) em ( ) podemos escrever:

 2
     p /    . (3. 518)
x x
e

 2  2
   2  2  p /    . (3. 519)
x x
Logo
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FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA MECÂNICA DA FRATURA
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2
    zF  z   zF  z   G  z   G  z   . (3. 520)
x x 
e

2
     zF  z   zF  z   G  z   G  z  
x2 
. (3. 521)
2
 2  zF  z   zF  z   G  z   G  z  
x

3.7.19 - Equações de Kosolov-Mushkelishvili

As equações de Kosolov resultam da integrabilidade da equação biharmônica (3.


256) ou (3. 358) ou (3. 359) em termos de variveis complexas.
Em termos dos potenciais de Kosolov de ( )-( ), F  z  e G  z  de ( ) são:

1 1
F z  z ; G z    z  dz . (3. 522)
2 2

I) A Primeira e Segunda Equação


A partir do resultado anterior obtido por Goursat em 1898, nós podemos chegar às
equações de Kosolov, da seguinte forma. Seja a função:

  z , z   zF  z   zF  z   G  z   G  z  . (3. 523)
e

1
  z, z   z  z     z   z  z     z  . (3. 524)
2
da qual por derivação resulta em:


2  z '  z     z    '  z   z '  z     z    '  z  . (3. 525)
x


2  i  z '  z    z    '  z   z '  z     z    '  z   . (3. 526)
y

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FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA MECÂNICA DA FRATURA
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Estas duas expressões podem ser combinadas em uma única, multiplicando a
segunda por i e somando com a primeira. Logo,

 
i    z   z '  z    '  z  . (3. 527)
x y
as componentes de tensão  x ,  y e  xy podem obtidas diretamente a partir das derivadas

segundas de (3. 524). Mas tendo em vista aplicações posteriores em coordenadas curvilíneas,
é preferível proceder de outro modo. Derivando a equação (3. 527) em relação a x, temos:

 2  
2
i   '  z   z "  z   '  z    "  z  . (3. 528)
x x y
Derivando a equação (3. 527) em relação a y, e multiplicando por i temos:

   2
i    '  z   z "  z   '  z    "  z  . (3. 529)
x y y 2
Formas mais simples são obtidas somando e subtraindo as equações (3. 528) e (3. 529). Assim
obtendo:

 x   y  2 '  z   2 '  z   4 Re  '  z   . (3. 530)

 y   x  2i xy  2  z "  z    "  z   . (3. 531)


A troca de i por i em ambos os membros da equação (3. 531) conduz à forma alternativa.

 y   x  2i xy  2  z "  z    "  z   . (3. 532)


A separação das partes real e imaginária no segundo membro da equação (3. 531) ou (3. 532)
fornece  y   x e 2i xy . As duas equações (3. 530) e (3. 532) determinam as componentes de

tensão em termos dos potenciais complexos   z  e   z  .

II) A Terceira Equação de Kosolov

As duas expressões da equação (3. 515) e (3. 516) podem ser combinadas em
uma única, multiplicando-se a segunda por i e somando a primeira encontramos.

     4 
2G  u  iv     i    p  iq  . (3. 533)
 x y   1  v 
ou, usando a equação (3. 529) e a equaçào (3. 527) da secção anterior temos:

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FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA MECÂNICA DA FRATURA
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 3 v 
2G  u  iv      z   z '  z    '  z  . (3. 534)
 1 v 
Esta equação determina u e v para os estados planos de tensão quando são
conhecidos os potenciais complexos   z  e   z  . Para os estados planos de deformação de

acordo com a secção a secção 9.1, devemos substituir v por v / 1  v  no segundo membro da

equação (3. 534).


Logo, pela escolha de determinadas funções para   z  e   z  , encontramos um

possível estado de tensão segundo as equações (3. 530) e (3. 532), por meio de (3. 534) os
deslocamentos correspondentes são facilmente determinados.

Portanto, a formulação de Kosolov para os problemas planos da elasticidade [ ]


segue:

 x   y  2  '  z    '  z   . (3. 535)

 y   x  2i xy  2  z  "  z    '  z   . (3. 536)

2G  u x  iu y   k   z   z '  z     z  . (3. 537)


Onde a “linha” denota as derivadas em relação a z , então  '  z   d  / dz e  '  z   d  / dz

k  3  4v . (3. 538)
Para a deformação plana e

3v
k . (3. 539)
1 v
Para a tensão plana.

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FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA MECÂNICA DA FRATURA
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3. 9 - Referências Bibliográficas

DOS SANTOS, Sergio Francisco; Aplicação do conceito de fractais para análise do processo
de fratura de materiais cerâmicos, Dissertação de Mestrado, Universidade Federal de São
Carlos. Centro de Ciências Exatas e de Tecnologia, Programa de Pós-Graduação em
Ciência e Engenharia de Materiais, São Carlos, 1999.
MARDER, Michael and Jay Fineberg, “How things break”, Physics Today, p. 24-29,
September 1996.

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