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PROCESSO Nº TST-AIRR-906-48.2015.5.17.

0007

A C Ó R D Ã O
4ª Turma
GDCCAS/CGO/lcb

AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE


REVISTA. ACÓRDÃO REGIONAL PUBLICADO
NA VIGÊNCIA DA LEI 13.015/2014.
PRESCRIÇÃO. LIQUIDAÇÃO E EXECUÇÃO
INDIVIDUAL DE SENTENÇA COLETIVA. I. O
Tribunal Regional consignou que
somente após a apresentação do
requerimento do Ministério Público do
Trabalho houve decisão do Juízo da
execução coletiva em autorizar a
propositura de ações individuais para
execução. II. Esta decisão foi
proferida em 24/07/2013, tendo sido a
ação individual proposta em
19/06/2015, assim, menos de dois anos
da decisão que autorizou a
propositura das ações individuais.
III. Logo, não caracterizada a
prescrição suscitada pela Recorrente.
MULTA POR EMBARGOS DE DECLARAÇÃO
CONSIDERADOS PROTELATÓRIOS. I. A
interposição de embargos
declaratórios em descompasso com os
ditames dos arts. 897-A da CLT e 535
do CPC/1973 (art. 1.022 do CPC/2015)
autoriza o Tribunal Regional a
aplicar a penalidade do art. 538,
parágrafo único, do CPC/1973 (art.
1.026, § 2º do CPC/2015), emergindo
claramente que foi essa a ocorrência
verificada nos autos. II. As
garantias constitucionais do devido
processo legal, com direito à ampla
defesa e ao contraditório, não são
absolutas e devem ser exercitadas com
observância da legislação
infraconstitucional que disciplina o
processo judicial. Assim, não
constitui negação da referida
garantia a aplicação de penalidades
expressamente previstas na lei
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processual. Nesse contexto, não se


constata violação do art. 5º, LV, da
Constituição da República. III.
Agravo de instrumento de que se
conhece e a que se nega provimento.
Vistos, relatados e discutidos estes autos de
Agravo de Instrumento em Recurso de Revista n° TST-AIRR-906-
48.2015.5.17.0007, em que é Agravante DACASA FINANCEIRA S.A. -
SOCIEDADE DE CRÉDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO e são Agravados
LETÍCIA DE OLIVEIRA SILVA LORDELO E OUTROS.

O Presidente do Tribunal Regional do Trabalho da


17ª Região denegou seguimento ao recurso de revista interposto pela
Reclamada, o que ensejou a interposição do presente agravo de
instrumento.
Os Agravados apresentaram contraminuta ao agravo
de instrumento e contrarrazões ao recurso de revista.

Os autos não foram remetidos ao Ministério Público


do Trabalho.
É o relatório.

V O T O

1. CONHECIMENTO
Atendidos os pressupostos legais de
admissibilidade do agravo de instrumento, dele conheço.

2. MÉRITO
A decisão denegatória está assim fundamentada:
"PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS
Tempestivo o recurso (ciência da decisão em 18/05/2016 -Id
6998FB5; petição recursal apresentada em 27/05/2016 - Id b15f7cc).
Regular a representação processual - Id 3993be4 .
Satisfeito o preparo - Id c41fc8b, Id 0c043f4, Id ea2b3c5, Id 1027e83
e Id 9c6aaed.
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PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS
DIREITO CIVIL / FATOS JURÍDICOS / PRESCRIÇÃO E
DECADÊNCIA.
Alegação(ões):
- contrariedade à(s) Súmula(s) nº 150 do excelso Supremo Tribunal
Federal.
- violação do(s) artigo 7º, inciso XXIX, da Constituição Federal.
- violação do(s) Consolidação das Leis do Trabalho, artigo 11.
- divergência jurisprudencial:
Sustenta que o termo inicial da prescrição da pretensão executiva se
inicia com o trânsito em julgado da sentença, sendo que a sentença coletiva
transitou em julgado em 30/05/2011, e a presente execução individual foi
ajuizada somente em 19/06/2015, ou seja, mais de dois anos após o transito
em julgado.
Consta do v. acórdão:
"2.2.1. PRESCRIÇÃO. LIQUIDAÇÃO E EXECUÇÃO
INDIVIDUAL DE SENTENÇA COLETIVA
Pretendem os autores liquidar/executar sentença genérica que envolve
direitos individuais homogêneos, proferida nos autos do processo nº
0003200-32.2008.5.17.003, proposto em 2008 pelo MINISTÉRIO
PÚBLICO DO TRABALHO, tendo resultado na condenação da ré,
DACASA FINANCEIRA, ao pagamento de diversas verbas trabalhistas,
entre elas, as horas extras excedentes da 6ª diária e reflexos.
O trânsito em julgado da sentença condenatória se deu em
30/05/2011, conforme certidão sob ID 7f7461b.
A presente liquidação e execução individualizada foi proposta em
19/06/2015, com assistência do SINDIBANCÁRIOS, eis que a liquidação
coletiva nos autos da Ação Civil mostrou-se inviável devido à quantidade
de beneficiários.
O MM Juízo a quo rejeitou as prejudiciais de prescrição intercorrente,
bienal e quinquenal arguidas pela ré, fundamentando, verbis:
"Realmente Ação Civil Pública transitou em julgado em 30.05.2011,
conforme se verifica no doc. id. n. 54db3a0, porém, a liquidação/execução,
inicialmente, foi realizada de maneira coletiva, nos próprios autos
principais.
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Somente após a apresentação do requerimento do MPT, doc. id. n.


2f1e2e6, houve decisão do Juízo da execução coletiva em autorizar a
propositura de ações individuais para execução.
Referida decisão foi proferida em 24.07.2013, enquanto a presente
ação individual foi proposta em 19.06.2015.
Logo, não reconheço a prescrição intercorrente suscitada, pois não
havia se esgotado o prazo de dois anos para propositura da ação individual
de execução.
No que tange a prescrição total em relação a alguns reclamantes e a
prescrição parcial alegada, não há possibilidade de acolhimento, em fase de
liquidação/execução, sob pena de violação à coisa julgada.
Aludida prescrição sempre deve ser arguida na instância ordinária, o
que não foi realizado pela reclamada.
Esse, inclusive, é o entendimento consubstanciado na súmula nº 153
do TST: " Não se conhece de prescrição não arguida na instância ordinária
(ex-Prejulgado nº 27)." grifos acrescidos
Rejeito."
Inconformada, a reclamada renova os argumentos de que o termo
inicial da prescrição da pretensão executiva se inicia com o trânsito em
julgado da sentença, sendo que a sentença coletiva transitou em julgado em
30/05/2011 (doc.7f7461b), e a presente execução individual foi ajuizada
somente em 19/06/2015, ou seja, mais de dois anos após o transito em
julgado.
Além disso, discorda quanto à prescrição bienal e quinquenal dos
reclamantes Letícia e Leonardo, pois dispensados em 2005 e 2004,
respectivamente, a ação não foi ajuizada dois anos após a rescisão do
contrato de trabalho. Outrossim, alega que devem ser declarados prescritos
também os demais direitos postulados anteriores a 19/06/2010 (prescrição
quinquenal), pois a presente ação foi ajuizada em 19/06/2015.
À análise.
Consoante preceitua o artigo 189 do Código Civil de 2002, violado o
direito, nasce para o titular a pretensão, a qual se extingue pela prescrição.
O termo inicial da contagem do prazo prescricional nasce, portanto, a
partir do momento em que o titular da pretensão tem ciência do dano que
lhe fora cometido. É o princípio da "actio nata", que faz com que a
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prescrição somente comece a correr quando o indivíduo toma conhecimento


do fato e da extensão de suas consequências jurídicas.
No caso tratado nos autos, verifica-se que o Ministério Público do
Trabalho obteve a procedência dos pedidos deduzidos na ACP nº. 0003200-
32.2008.5.17.0003, com sentença transitada em julgado em 30-05-2011,
momento a partir do qual se iniciou a execução coletiva processada
naqueles autos.
Todavia, em petição apresentada em 10-06-2013, o Ministério
Público do Trabalho, ao reconhecer que a legitimação do ente coletivo para
liquidar e executar a condenação genérica surgia, tão somente, após
transcorrido o prazo a que se refere o artigo 100 do CDC, pugnou pela
suspensão da liquidação coletiva promovida pelo sindicato profissional, de
modo que fosse oportunizado aos beneficiários da condenação genérica a
liquidação individual do julgado, devendo-se, para este fim, serem
notificados os beneficiários por edital.
O pedido ministerial restou acolhido pelo d. magistrado sentenciante,
tendo o MM. Juízo de 1ª instância, em despacho datado de 24-07-2013,
determinado a expedição de edital para dar ampla publicidade do inteiro
teor da condenação genérica constante na sentença coletiva, possibilitando
aos beneficiários da ação a promoção de suas respectivas liquidações
individuais.
Neste cenário, percebe-se que, até a publicação do edital cientificando
os interessados da sentença exequenda, os beneficiários da ação civil
pública, sob a ótica dos interesses individuais homogêneos ali defendidos,
não tinham ciência do comando judicial favorável, o qual lhes havia
conferido o direito a utilizar em seu favor a sentença coletiva de
procedência proferida nos autos da ação civil pública, nos termos do artigo
103, §3º, do CDC (transporte in utilibus da coisa julgada).
Logo, somente após a notificação dos interessados por edital é que os
beneficiários tiveram ciência da possibilidade de execução individual da
sentença coletiva, iniciando-se, a partir daí, a contagem do prazo
prescricional para a liquidação e execução do julgado.
Perfilhando a este posicionamento, pode-se observar o seguinte
julgado do c. Superior Tribunal de Justiça que, embora tenha se
manifestado sobre o prazo decadencial para reparação pelo fluid
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recover(artigo 100 do CDC), adotou a tese da necessidade de prévio


conhecimento da existência da ação coletiva por meio da publicação de
edital como momento deflagrador da contagem do prazo para fulminar o
direito, independente do tempo que já havia decorrido desde o trânsito em
julgado da sentença genérica:
PROCESSO CIVIL. DIREITO DO CONSUMIDOR. RECURSO
ESPECIAL. AÇÃO DE LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA PROLATADA
EM AÇÃO CIVIL PÚBLICA. DIREITOS INDIVIDUAIS
HOMOGÊNEOS. PRECEDÊNCIA DA LEGITIMIDADE DAS VÍTIMAS
OU SUCESSORES. SUBSIDIARIEDADE DA LEGITIMIDADE DOS
ENTES INDICADOS NO ART. 82 DO CDC.Não obstante ser ampla a
legitimação para impulsionar a liquidação e a execução da sentença
coletiva, admitindo-se que a promovam o próprio titular do direito material,
seus sucessores ou um dos legitimados do art. 82 do CDC, o art. 97 impõe
uma gradação de preferência que permite a legitimidade coletiva
subsidiariamente, uma vez que, nessa fase, o ponto central é o dano pessoal
sofrido pelas vítimas. Assim, no ressarcimento individual (arts. 97 e 98 do
CDC), a liquidação e a execução serão obrigatoriamente personalizadas e
divisíveis, devendo prioritariamente ser promovidas pelas vítimas ou seus
sucessores de forma singular, uma vez que o próprio lesado tem melhores
condições de demonstrar a existência do seu dano pessoal, o nexo
etiológico com o dano globalmente reconhecido, bem como o montante
equivalente à sua parcela. Todavia, para o cumprimento de sentença, o
escopo é o ressarcimento do dano individualmente experimentado, de modo
que a indivisibilidade do objeto cede lugar à sua individualização. O art. 98
do CDC preconiza que a execução coletiva terá lugar quando já houver sido
fixado o valor da indenização devida em sentença de liquidação, a qual
deve ser - em sede de direitos individuais homogêneos - promovida pelos
próprios titulares ou sucessores. A legitimidade do Ministério Público para
instaurar a execução exsurgirá, se for o caso, após o prazo de um ano do
trânsito em julgado, se não houver a habilitação de interessados em número
compatível com a gravidade do dano, nos termos do art. 100 do CDC. É
que a hipótese versada nesse dispositivo encerra situação em que, por
alguma razão, os consumidores lesados desinteressam-se do cumprimento
individual da sentença, retornando a legitimação dos entes públicos
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indicados no art. 82 do CDC para requerer ao juízo a apuração dos danos


globalmente causados e a reversão dos valores apurados para o Fundo de
Defesa dos Direitos Difusos (art. 13 da LACP), com vistas a que a sentença
não se torne inócua, liberando o fornecedor que atuou ilicitamente de arcar
com a reparação dos danos causados. No caso, não se tem notícia da
publicação de editais cientificando os interessados da sentença exequenda,
o que constitui óbice à sua habilitação na liquidação, sendo certo que o
prazo decadencial sequer iniciou o seu curso, não obstante já se tenham
escoado quase treze anos do trânsito em julgado. Assim, conclui-se que, no
momento em que se encontra o feito, o Ministério Público, a exemplo dos
demais entes públicos indicados no art. 82 do CDC, carece de legitimidade
para a liquidação da sentença genérica, haja vista a própria conformação
constitucional deste órgão e o escopo precípuo dessa forma de execução,
qual seja, a satisfação de interesses individuais personalizados que, apesar
de se encontrarem circunstancialmente agrupados, não perdem sua natureza
disponível. (REsp 869.583-DF, Rel. Min. Luís Felipe Salomão, julgado em
5/6/2012.)
Vale registrar que, embora exista corrente jurisprudencial
considerando o trânsito em julgado como dies a quo do decurso do prazo
para liquidação, entende-se que tal posicionamento somente se revela
aplicável quando já houve a publicação de edital, durante a fase de
conhecimento, notificando-se os interessados para acompanharem o trâmite
da ação coletiva, o que não é o caso em apreço, em que os beneficiários da
sentença genérica somente foram cientificados mais de 02 (dois) anos após
o trânsito em julgado.
Aliás, acolher a tese ventilada pela recorrente traria como
consequência jurídica a extinção de todas as ações de liquidação individual
originadas da ACP nº 0003200-32.2008.5.17.0003, pois todas elas,
invariavelmente, vão ser ajuizadas fora do prazo de 02 anos contados do
trânsito em julgado, dado que a decisão que determinou o fracionamento da
execução foi exarada em 24-07-2013 e a sentença exequenda se tornou
irrecorrível em 30-05-2011.
Ao determinar o desmembramento da execução coletiva em várias
ações individuais, teve o magistrado a intenção de facilitar o acesso à
Justiça e promover a tutela dos interesses individuais homogêneos dos
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trabalhadores vítimas da conduta irregular da empresa. Evidente que não foi


seu objetivo tornar inócua a defesa dos direitos reconhecidos na via
coletiva, ante a malsinada incidência ulterior de causa extintiva da ação
individual.
Com efeito, considerando que o marco inicial da contagem do prazo
bienal da pretensão executiva ocorreu com a decisão que determinou a
publicação de edital para ciência dos interessados (24-07-2013), e tendo em
vista o ajuizamento da presente ação de execução individual realizado em
19/06/2015, improspera a insurgência no particular (prescrição da pretensão
executiva).
Por outro lado, não há que se falar em prescrição quinquenal a contar
da presente ação de liquidação/execução individual, pois tal prescrição
apenas conta-se retroativamente a partir da ação de conhecimento, que, no
caso, é a ação civil pública.
Contudo, no que concerne às prescrições bienal e quinquenal
trabalhista, assiste parcial razão à recorrente.
É que, considerando a natureza coletiva e genérica dos direitos
acolhidos na ação coletiva, as questões relativas à prescrição total e parcial
devem ser agora suscitadas e apreciadas, em sede de ação individual. Isto
porque é nessa fase que se perquire acerca da situação peculiar de cada
interessado individualmente e seu enquadramento na sentença genérica, o
que inclui obviamente as respectivas comprovações das datas de início e
término de cada contrato, o que acaba por interferir diretamente nas
respectivas prescrições total e parcial.
Assim, no caso, tem-se o seguinte:
- LETÍCIA DE OLIVEIRA SILVA LORDELO: foi admitida em
01/12/2003 e despedida em 14/02/2005.
- ALINE NASCIMENTO NOGUEIRA: foi admitida em 04/08/2005
e dispensada em 20/08/2010;
- HUGO JOSÉ VIEIRA: foi admitido em 01/10/2004 e dispensado
em 02/01/2007;
- VALÉRIA DOS SANTOS: foi admitida em 22/10/2002 e
dispensada em 05/03/2008 (ID 2374490 - Pág. 4);
- LEONARDO DOS SANTOS RODRIGUES:

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1º contrato - foi admitido em 20/08/2004 e dispensado em


01/12/2004;
2º contrato - foi admitido em 11/09/2006 e dispensado em
05/11/2008.
Destarte, considerando que ação coletiva foi proposta em
14/01/2008(ID 53250b1 - Pág. 1), tem-se por prescritos eventuais débitos
trabalhistas relativos a vínculos extintos há dois de tal data, a teor do art. 7º,
XXIX, da CF/88 c/c art.11, I, da CLT.
Nessa situação, se enquadram: 1º contrato de trabalho de Leonardo
dos Santos Rodrigues bem como o contrato de trabalho de Letícia de
Oliveira Silva Lordelo, eis que já extintos antes de janeiro de 2006.
Igualmente, prescritas também as parcelas trabalhistas anteriores a
14/01/2003, haja vista que a ação coletiva foi proposta em 14/01/2008
(prescrição parcial). Tanto isso é certo que os próprios reclamantes, na
inicial, ressalvam dos efeitos da prescrição as parcelas postuladas desde
14.01.2003 (ID e1ced87 - Pág. 4).
Por todo o exposto, dou provimento parcial ao apelo, apenas para
declarar prescritos os direitos da reclamante, Letícia de Oliveira Silva
Lordelo bem como os relativos ao 1º contrato de trabalho do reclamante,
Leonardo dos Santos Rodrigues, e, ainda, as parcelas trabalhistas anteriores
a 14/01/2003 alusivas à reclamante Valéria dos Santos."
(...)
Não há no acórdão embargado qualquer omissão a justificar os
presentes embargos.
No caso, a E. Turma firmou entendimento escorreito, expresso e
amplamente fundamentado acerca das prescrições aplicáveis e respectivos
termos iniciais de contagem.
Esta Corte consignou, inclusive com respaldo em decisão do C.TST,
que:
"(...)
Vale registrar que, embora exista corrente jurisprudencial
considerando o trânsito em julgado como dies a quo do decurso do prazo
para liquidação, entende-se que tal posicionamento somente se revela
aplicável quando já houve a publicação de edital, durante a fase de
conhecimento, notificando-se os interessados para acompanharem o trâmite
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da ação coletiva, o que não é o caso em apreço, em que os beneficiários da


sentença genérica somente foram cientificados mais de 02 (dois) anos após
o trânsito em julgado.
(...)
Com efeito, considerando que o marco inicial da contagem do prazo
bienal da pretensão executiva ocorreu com a decisão que determinou a
publicação de edital para ciência dos interessados (24-07-2013), e tendo em
vista o ajuizamento da presente ação de execução individual realizado em
19/06/2015, improspera a insurgência no particular (prescrição da pretensão
executiva).
(...)"
O julgado, em momento algum, entra em conflito com a Súmula 150
do STF; apenas delimita o marco inicial de contagem do prazo
prescricional.
Resta claro que os argumentos lançados na peça de embargos buscam
tão-somente rediscutir o entendimento adotado, pretendendo, por vias
transversas, a reforma do v. acórdão, o que não se admite pela processual
eleita.
Eventual inconformismo deve ser veiculado através de recurso
próprio, uma vez que inadequada a utilização de Embargos Declaratórios
para esse fim.
Frise-se, ainda, que o chamado "prequestionamento" não constrange o
julgador a fundamentar nos exatos moldes pretendidos pela parte, desde que
a matéria tenha sido apreciada fundamentadamente como de fato ocorreu in
casu.
Ademais, desnecessário que o d. Julgador rebata, um a um, os
argumentos suscitados pelas partes e os dispositivos legais/constitucionais
por elas invocados para se tê-los como prequestionados, conforme
inteligência da OJ-118/SBDI-1/TST.
Logo, inexistindo vícios no julgado e tendo o acórdão adotado tese
explícita acerca da matéria trazida, é suficiente a atender o
prequestionamento de que trata a Súmula 297 do C. TST.
Diante do exposto, nego provimento.
Ante o exposto, tendo a C. Turma manifestado entendimento no
sentido que o marco inicial da contagem do prazo bienal da pretensão
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executiva ocorreu com a decisão que determinou a publicação de edital para


ciência dos interessados (24-07-2013), e tendo em vista o ajuizamento da
presente ação de execução individual realizado em 19/06/2015, não há falar
em prescrição da pretensão executiva, não se verifica, em tese, a alegada
violação, conforme exige a alínea "c" do artigo 896 Consolidado.
Ademais, a análise de divergência jurisprudencial se restringe aos
arestos oriundos dos órgãos elencados na alínea "a" do art. 896, da CLT. Tal
comando não foi observado pela parte recorrente (Súmula STF),
impossibilitando o pretendido confronto de teses e, consequentemente,
inviabilizando o prosseguimento do recurso, no aspecto.
Por fim, a ementa da pág. 05 mostra-se inespecífica à configuração da
pretendida divergência interpretativa, porquanto não aborda a mesma
particularidade fática tratada no caso dos autos, em que somente após a
notificação dos interessados por edital é que os beneficiários tiveram
ciência da possibilidade de execução individual da sentença coletiva,
iniciando-se, a partir daí, a contagem do prazo prescricional para a
liquidação e execução do julgado (S. 296/TST).
DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO /
PENALIDADES PROCESSUAIS / MULTA POR ED PROTELATÓRIOS.
Alegação(ões):
- violação do(s) artigo 5º, inciso LV, da Constituição Federal.
- art. 1.026, parágrafo único, do CPC/15.
Insurge-se contra a condenação ao pagamento de multa por embargos
declaratórios.
Consta do v. acórdão:
"2.3. MULTA POR EMBARGOS PROCRASTINATÓRIOS
Uma simples leitura do teor dos embargos revela a fragilidade dos
argumentos defendidos pela embargante, evidenciando o caráter meramente
protelatório da medida, o que atrai a aplicação do parágrafo segundo do art.
1026 do NCPC.
Não se trata de obstaculizar o direito dos advogados de opor
embargos de declaração, mas tão somente de aplicar recursos pedagógicos
previstos em lei, com o objetivo de evitar o abuso dessa ferramenta,
ajustando o seu exercício à necessidade de se entregar ao jurisdicionado

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uma prestação jurisdicional não apenas de qualidade, mas dentro de um


prazo razoável (art. 5º, LXXVIII, CF/88).
Ante o exposto, condeno a reclamada a pagar multa por embargos
protelatórios no importe de 1% sobre o valor da causa, em favor de cada um
dos substituídos, reais prejudicados pela medida procrastinatória."
Ante o exposto, tendo a C. Turma manifestado entendimento no
sentido de reconhecer o caráter meramente protelatório dos embargos, não
se verifica, em tese, a alegada violação, conforme exige a alínea "c" do
artigo 896 Consolidado.
CONCLUSÃO
DENEGO seguimento ao recurso de revista" (fls.
1.127/1.133 do doc. sequencial nº 01).

Nas razões do recurso de revista, a Reclamada


atendeu aos requisitos do art. 896, § 1º-A, da CLT.
Nos termos do § 2º do art. 896 da CLT e do
entendimento constante da Súmula nº 266 deste Tribunal, a
admissibilidade do recurso de revista em fase de execução depende de
demonstração de violação direta e literal de norma da Constituição
Federal. Sendo assim, é inviável o conhecimento do recurso de
revista por violação de dispositivos legais ou divergência
jurisprudencial.
O agravo de instrumento não merece provimento,
pelas seguintes razões:

2.1. PRESCRIÇÃO. LIQUIDAÇÃO E EXECUÇÃO INDIVIDUAL


DE SENTENÇA COLETIVA

Na minuta do agravo de instrumento, a Reclamada


insiste no processamento do recurso de revista, sob o argumento de
que o "despacho ora agravado, quando deixou de computar o prazo
prescricional para ação individual de execução de sentença genérica
proferida em Ação Civil Pública trabalhista, sendo evidente não
poder ser motivo de interrupção do prazo prescricional a decisão de
desmembrar a execução nos autos da ação coletiva para ações
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PROCESSO Nº TST-AIRR-906-48.2015.5.17.0007

individuais, não importante a existência de edital para fins de


intimação dos interessados em executar o provimento judicial,
claramente de sabença e conhecimento dos envolvidos, dada a
publicidade evidente dos atos praticados e não podendo haver
abertura de novos prazos através de expedientes como os do aludido
edital, sob pena de eternizar a viabilidade de uma movimentação
ativa no judiciário, afastando o escopo da segurança jurídica" (fl.
1.145).
Aponta violação dos arts. 7º, XXIX, da
Constituição da República e 11 da CLT, contrariedade à Súmula 150 do
Supremo Tribunal Federal e divergência jurisprudencial.
O Tribunal Regional assim consignou:

"2.2.1. PRESCRIÇÃO. LIQUIDAÇÃO E EXECUÇÃO


INDIVIDUAL DE SENTENÇA COLETIVA
Pretendem os autores liquidar/executar sentença genérica que envolve
direitos individuais homogêneos, proferida nos autos do processo nº
0003200-32.2008.5.17.003, proposto em 2008 pelo MINISTÉRIO
PÚBLICO DO TRABALHO, tendo resultado na condenação da ré,
DACASA FINANCEIRA, ao pagamento de diversas verbas trabalhistas,
entre elas, as horas extras excedentes da 6ª diária e reflexos.
O trânsito em julgado da sentença condenatória se deu em
30/05/2011, conforme certidão sob ID 7f7461b.
A presente liquidação e execução individualizada foi proposta em
19/06/2015, com assistência do SINDIBANCÁRIOS, eis que a liquidação
coletiva nos autos da Ação Civil mostrou-se inviável devido à quantidade
de beneficiários.
O MM Juízo a quo rejeitou as prejudiciais de prescrição intercorrente,
bienal e quinquenal arguidas pela ré, fundamentando, verbis:
"Realmente Ação Civil Pública transitou em julgado em
30.05.2011, conforme se verifica no doc. id. n. 54db3a0, porém,
a liquidação/execução, inicialmente, foi realizada de maneira
coletiva, nos próprios autos principais.
Somente após a apresentação do requerimento do MPT,
doc. id. n. 2f1e2e6, houve decisão do Juízo da execução
coletiva em autorizar a propositura de ações individuais para
execução.
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Referida decisão foi proferida em 24.07.2013, enquanto a


presente ação individual foi proposta em 19.06.2015.
Logo, não reconheço a prescrição intercorrente
suscitada, pois não havia se esgotado o prazo de dois anos
para propositura da ação individual de execução.
No que tange a prescrição total em relação a alguns
reclamantes e a prescrição parcial alegada, não há
possibilidade de acolhimento, em fase de liquidação/execução,
sob pena de violação à coisa julgada.
Aludida prescrição sempre deve ser arguida na instância
ordinária, o que não foi realizado pela reclamada.
Esse, inclusive, é o entendimento consubstanciado na
súmula nº 153 do TST: "Não se conhece de prescrição não
arguida na instância ordinária (ex-Prejulgado nº 27)." grifos
acrescidos
Rejeito."
Inconformada, a reclamada renova os argumentos de que o termo
inicial da prescrição da pretensão executiva se inicia com o trânsito em
julgado da sentença, sendo que a sentença coletiva transitou em julgado em
30/05/2011 (doc.7f7461b), e a presente execução individual foi ajuizada
somente em 19/06/2015, ou seja, mais de dois anos após o transito em
julgado.
Além disso, discorda quanto à prescrição bienal e quinquenal dos
reclamantes Letícia e Leonardo, pois dispensados em 2005 e 2004,
respectivamente, a ação não foi ajuizada dois anos após a rescisão do
contrato de trabalho. Outrossim, alega que devem ser declarados prescritos
também os demais direitos postulados anteriores a 19/06/2010 (prescrição
quinquenal), pois a presente ação foi ajuizada em 19/06/2015.
À análise.
Consoante preceitua o artigo 189 do Código Civil de 2002, violado o
direito, nasce para o titular a pretensão, a qual se extingue pela prescrição.
O termo inicial da contagem do prazo prescricional nasce, portanto, a
partir do momento em que o titular da pretensão tem ciência do dano que
lhe fora cometido. É o princípio da "actio nata", que faz com que a
prescrição somente comece a correr quando o indivíduo toma conhecimento
do fato e da extensão de suas consequências jurídicas.
No caso tratado nos autos, verifica-se que o Ministério Público do
Trabalho obteve a procedência dos pedidos deduzidos na ACP nº. 0003200-
32.2008.5.17.0003, com sentença transitada em julgado em 30-05-2011,
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PROCESSO Nº TST-AIRR-906-48.2015.5.17.0007

momento a partir do qual se iniciou a execução coletiva processada


naqueles autos.
Todavia, em petição apresentada em 10-06-2013, o Ministério
Público do Trabalho, ao reconhecer que a legitimação do ente coletivo para
liquidar e executar a condenação genérica surgia, tão somente, após
transcorrido o prazo a que se refere o artigo 100 do CDC, pugnou pela
suspensão da liquidação coletiva promovida pelo sindicato profissional, de
modo que fosse oportunizado aos beneficiários da condenação genérica a
liquidação individual do julgado, devendo-se, para este fim, serem
notificados os beneficiários por edital.
O pedido ministerial restou acolhido pelo d. magistrado sentenciante,
tendo o MM. Juízo de 1ª instância, em despacho datado de 24-07-2013,
determinado a expedição de edital para dar ampla publicidade do inteiro
teor da condenação genérica constante na sentença coletiva, possibilitando
aos beneficiários da ação a promoção de suas respectivas liquidações
individuais.
Neste cenário, percebe-se que, até a publicação do edital cientificando
os interessados da sentença exequenda, os beneficiários da ação civil
pública, sob a ótica dos interesses individuais homogêneos ali defendidos,
não tinham ciência do comando judicial favorável, o qual lhes havia
conferido o direito a utilizar em seu favor a sentença coletiva de
procedência proferida nos autos da ação civil pública, nos termos do artigo
103, § 3º, do CDC (transporte in utilibus da coisa julgada).
Logo, somente após a notificação dos interessados por edital é que os
beneficiários tiveram ciência da possibilidade de execução individual da
sentença coletiva, iniciando-se, a partir daí, a contagem do prazo
prescricional para a liquidação e execução do julgado.
Perfilhando a este posicionamento, pode-se observar o seguinte
julgado do c. Superior Tribunal de Justiça que, embora tenha se
manifestado sobre o prazo decadencial para reparação pelo fluid
recover(artigo 100 do CDC), adotou a tese da necessidade de prévio
conhecimento da existência da ação coletiva por meio da publicação de
edital como momento deflagrador da contagem do prazo para fulminar o
direito, independente do tempo que já havia decorrido desde o trânsito em
julgado da sentença genérica:
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PROCESSO Nº TST-AIRR-906-48.2015.5.17.0007

PROCESSO CIVIL. DIREITO DO CONSUMIDOR.


RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE LIQUIDAÇÃO DE
SENTENÇA PROLATADA EM AÇÃO CIVIL PÚBLICA.
DIREITOS INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS. PRECEDÊNCIA
DA LEGITIMIDADE DAS VÍTIMAS OU SUCESSORES.
SUBSIDIARIEDADE DA LEGITIMIDADE DOS ENTES
INDICADOS NO ART. 82 DO CDC. Não obstante ser ampla a
legitimação para impulsionar a liquidação e a execução da
sentença coletiva, admitindo-se que a promovam o próprio
titular do direito material, seus sucessores ou um dos
legitimados do art. 82 do CDC, o art. 97 impõe uma gradação
de preferência que permite a legitimidade coletiva
subsidiariamente, uma vez que, nessa fase, o ponto central é o
dano pessoal sofrido pelas vítimas. Assim, no ressarcimento
individual (arts. 97 e 98 do CDC), a liquidação e a execução
serão obrigatoriamente personalizadas e divisíveis, devendo
prioritariamente ser promovidas pelas vítimas ou seus
sucessores de forma singular, uma vez que o próprio lesado tem
melhores condições de demonstrar a existência do seu dano
pessoal, o nexo etiológico com o dano globalmente
reconhecido, bem como o montante equivalente à sua parcela.
Todavia, para o cumprimento de sentença, o escopo é o
ressarcimento do dano individualmente experimentado, de
modo que a indivisibilidade do objeto cede lugar à sua
individualização. O art. 98 do CDC preconiza que a execução
coletiva terá lugar quando já houver sido fixado o valor da
indenização devida em sentença de liquidação, a qual deve ser
- em sede de direitos individuais homogêneos - promovida
pelos próprios titulares ou sucessores. A legitimidade do
Ministério Público para instaurar a execução exsurgirá, se for
o caso, após o prazo de um ano do trânsito em julgado, se não
houver a habilitação de interessados em número compatível
com a gravidade do dano, nos termos do art. 100 do CDC. É
que a hipótese versada nesse dispositivo encerra situação em
que, por alguma razão, os consumidores lesados
desinteressam-se do cumprimento individual da sentença,
retornando a legitimação dos entes públicos indicados no art.
82 do CDC para requerer ao juízo a apuração dos danos
globalmente causados e a reversão dos valores apurados para
o Fundo de Defesa dos Direitos Difusos (art. 13 da LACP),
com vistas a que a sentença não se torne inócua, liberando o
fornecedor que atuou ilicitamente de arcar com a reparação
dos danos causados. No caso, não se tem notícia da publicação
de editais cientificando os interessados da sentença exequenda,
o que constitui óbice à sua habilitação na liquidação, sendo
certo que o prazo decadencial sequer iniciou o seu curso, não
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PROCESSO Nº TST-AIRR-906-48.2015.5.17.0007

obstante já se tenham escoado quase treze anos do trânsito em


julgado. Assim, conclui-se que, no momento em que se encontra
o feito, o Ministério Público, a exemplo dos demais entes
públicos indicados no art. 82 do CDC, carece de legitimidade
para a liquidação da sentença genérica, haja vista a própria
conformação constitucional deste órgão e o escopo precípuo
dessa forma de execução, qual seja, a satisfação de interesses
individuais personalizados que, apesar de se encontrarem
circunstancialmente agrupados, não perdem sua natureza
disponível. (REsp 869.583-DF, Rel. Min. Luis Felipe Salomão,
julgado em 5/6/2012.)
Vale registrar que, embora exista corrente jurisprudencial
considerando o trânsito em julgado como do decurso do prazo para
liquidação, dies a quo entende-se que tal posicionamento somente se revela
aplicável quando já houve a publicação de edital, durante a fase de
conhecimento, notificando-se os interessados para acompanharem o trâmite
da ação coletiva, o que não é o caso em apreço, em que os beneficiários da
sentença genérica somente foram cientificados mais de 02 (dois) anos após
o trânsito em julgado.
Aliás, acolher a tese ventilada pela recorrente traria como
consequência jurídica a extinção de todas as ações de liquidação individual
originadas da ACP nº 0003200-32.2008.5.17.0003, pois todas elas,
invariavelmente, vão ser ajuizadas fora do prazo de 02 anos contados do
trânsito em julgado, dado que a decisão que determinou o fracionamento da
execução foi exarada em 24-07-2013 e a sentença exequenda se tornou
irrecorrível em 30-05-2011.
Ao determinar o desmembramento da execução coletiva em várias
ações individuais, teve o magistrado a intenção de facilitar o acesso à
Justiça e promover a tutela dos interesses individuais homogêneos dos
trabalhadores vítimas da conduta irregular da empresa. Evidente que não foi
seu objetivo tornar inócua a defesa dos direitos reconhecidos na via
coletiva, ante a malsinada incidência ulterior de causa extintiva da ação
individual.
Com efeito, considerando que o marco inicial da contagem do prazo
bienal da pretensão executiva ocorreu com a decisão que determinou a
publicação de edital para ciência dos interessados (24-07-2013), e tendo em
vista o ajuizamento da presente ação de execução individual realizado em

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PROCESSO Nº TST-AIRR-906-48.2015.5.17.0007

19/06/2015, improspera a insurgência no particular (prescrição da pretensão


executiva).
Por outro lado, não há que se falar em prescrição quinquenal a contar
da presente ação de liquidação/execução individual, pois tal prescrição
apenas conta-se retroativamente a partir da ação de conhecimento, que, no
caso, é a ação civil pública.
Contudo, no que concerne às prescrições bienal e quinquenal
trabalhista, assiste parcial razão à recorrente.
É que, considerando a natureza coletiva e genérica dos direitos
acolhidos na ação coletiva, as questões relativas à prescrição total e parcial
devem ser agora suscitadas e apreciadas, em sede de ação individual. Isto
porque é nessa fase que se perquire acerca da situação peculiar de cada
interessado individualmente e seu enquadramento na sentença genérica, o
que inclui obviamente as respectivas comprovações das datas de início e
término de cada contrato, o que acaba por interferir diretamente nas
respectivas prescrições total e parcial.
Assim, no caso, tem-se o seguinte:
- LETÍCIA DE OLIVEIRA SILVA LORDELO: foi admitida em
01/12/2003 e despedida em 14/02/2005.
- ALINE NASCIMENTO NOGUEIRA: foi admitida em 04/08/2005
e dispensada em 20/08/2010;
- HUGO JOSÉ VIEIRA: foi admitido em 01/10/2004 e dispensado
em 02/01/2007;
- VALÉRIA DOS SANTOS: foi admitida em 22/10/2002 e
dispensada em 05/03/2008 (ID 2374490 - Pág. 4);
- LEONARDO DOS SANTOS RODRIGUES:
1º contrato - foi admitido em 20/08/2004 e dispensado em
01/12/2004;
2º contrato - foi admitido em 11/09/2006 e dispensado em
05/11/2008.
Destarte, considerando que ação coletiva foi proposta em
14/01/2008(ID 53250b1 - Pág. 1), tem-se por prescritos eventuais débitos
trabalhistas relativos a vínculos extintos há dois de tal data, a teor do art. 7º,
XXIX, da CF/88 c/c art.11, I, da CLT.

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PROCESSO Nº TST-AIRR-906-48.2015.5.17.0007

Nessa situação, se enquadram: 1º contrato de trabalho de Leonardo


dos Santos Rodrigues bem como o contrato de trabalho de Letícia de
Oliveira Silva Lordelo, eis que já extintos antes de janeiro de 2006.
Igualmente, prescritas também as parcelas trabalhistas anteriores a
14/01/2003, haja vista que a ação coletiva foi proposta em 14/01/2008
(prescrição parcial). Tanto isso é certo que os próprios reclamantes, na
inicial, ressalvam dos efeitos da prescrição as parcelas postuladas desde
14.01.2003 (ID e1ced87 - Pág. 4).
Por todo o exposto, dou provimento parcial ao apelo, apenas para
declarar prescritos os direitos da reclamante, Letícia de Oliveira Silva
Lordelo bem como os relativos ao 1º contrato de trabalho do reclamante,
Leonardo dos Santos Rodrigues, e, ainda, as parcelas trabalhistas anteriores
a 14/01/2003 alusivas à reclamante Valéria dos Santos" (fls.
1.086/1.091).

O Tribunal Regional consignou que somente após a


apresentação do requerimento do Ministério Público do Trabalho houve
decisão do Juízo da execução coletiva em autorizar a propositura de
ações individuais para execução. Esta decisão foi proferida em
24.07.2013, tendo sido a ação individual proposta em 19.06.2015,
assim, menos de dois anos da decisão que autorizou a propositura das
ações individuais. Logo, não caracterizada a prescrição suscitada
pela Recorrente. Desse modo, não prospera a alegação de violação dos
arts. 7º, XXIX, da Constituição da República.
Cumpre esclarecer que a alegação de negativa de
prestação jurisdicional constitui inovação recursal, uma vez que não
constou das razões de recurso de revista, por isso não será
analisado.

2.2. MULTA POR EMBARGOS DE DECLARAÇÃO


PROTELATÓRIOS

A Reclamada insiste no processamento do recurso de


revista, sob o argumento de que houve "ausência de enfrentamento
específico de ponto essencial, ainda mais quando a questão se refere
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PROCESSO Nº TST-AIRR-906-48.2015.5.17.0007

a violação constitucional, no caso, de evidente cerceio de defesa em


não considerar documentação apropriada na execução apta a demonstrar
a prescrição da referida demanda em conformidade com a Súmula nº 150
do STF. Efetivamente, isso não poderia passar sem a devida
apreciação pelo eg. TRT, o que de fato ocorreu, com todo respeito ao
r. Despacho agravado" (fl. 1.144).
Sustenta que ficou "evidente que o v. acórdão
regional foi omisso e negou a prestação jurisdicional, não cumprindo
com a determinação do art. 93, inciso IX, da CF. Muitos do próprio
art. 5º, inciso XXXV e LV, da CF. Portanto, incorreto o r. Despacho
agravado, impondo-se o provimento do presente agravo de instrumento
por ser evidente a negativa de prestação jurisdicional" (fl. 1.145).
Aponta violação dos arts. 5º, LV, da Constituição
da República e 1.026, § 2º, do CPC/15.
Consta do acórdão regional em embargos de
declaração:

"2.2. MÉRITO
Não há no acórdão embargado qualquer omissão a justificar os
presentes embargos.
No caso, a E. Turma firmou entendimento escorreito, expresso e
amplamente fundamentado acerca das prescrições aplicáveis e respectivos
termos iniciais de contagem.
Esta Corte consignou, inclusive com respaldo em decisão do C.TST,
que:
"(...)
Vale registrar que, embora exista corrente
jurisprudencial considerando o trânsito em julgado como dies
a quo do decurso do prazo para liquidação, entende-se que tal
posicionamento somente se revela aplicável quando já houve a
publicação de edital, durante a fase de conhecimento,
notificando-se os interessados para acompanharem o trâmite
da ação coletiva, o que não é o caso em apreço, em que os
beneficiários da sentença genérica somente foram cientificados
mais de 02 (dois) anos após o trânsito em julgado.
(...)
Com efeito, considerando que o marco inicial da
contagem do prazo bienal da pretensão executiva ocorreu com
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PROCESSO Nº TST-AIRR-906-48.2015.5.17.0007

a decisão que determinou a publicação de edital para ciência


dos interessados (24-07-2013), e tendo em vista o ajuizamento
da presente ação de execução individual realizado em
19/06/2015, improspera a insurgência no particular
(prescrição da pretensão executiva).
(...)"
O julgado, em momento algum, entra em conflito com a Súmula 150
do STF; apenas delimita o marco inicial de contagem do prazo
prescricional.
Resta claro que os argumentos lançados na peça de embargos buscam
tão-somente rediscutir o entendimento adotado, pretendendo, por vias
transversas, a reforma do v. acórdão, o que não se admite pela processual
eleita.
Eventual inconformismo deve ser veiculado através de recurso
próprio, uma vez que inadequada a utilização de Embargos Declaratórios
para esse fim.
Frise-se, ainda, que o chamado "prequestionamento" não constrange o
julgador a fundamentar nos exatos moldes pretendidos pela parte, desde que
a matéria tenha sido apreciada fundamentadamente como de fato ocorreu in
casu.
Ademais, desnecessário que o d. Julgador rebata, um a um, os
argumentos suscitados pelas partes e os dispositivos legais/constitucionais
por elas invocados para se tê-los como prequestionados, conforme
inteligência da OJ-118/SBDI-1/TST.
Logo, inexistindo vícios no julgado e tendo o acórdão adotado tese
explícita acerca da matéria trazida, é suficiente a atender o
prequestionamento de que trata a Súmula 297 do C. TST.
Diante do exposto, nego provimento.
2.3. MULTA POR EMBARGOS PROCRASTINATÓRIOS
Uma simples leitura do teor dos embargos revela a fragilidade dos
argumentos defendidos pela embargante, evidenciando o caráter meramente
protelatório da medida, o que atrai a aplicação do parágrafo segundo do art.
1.026 do NCPC.
Não se trata de obstaculizar o direito dos advogados de opor
embargos de declaração, mas tão somente de aplicar recursos pedagógicos
previstos em lei, com o objetivo de evitar o abuso dessa ferramenta,
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ajustando o seu exercício à necessidade de se entregar ao jurisdicionado


uma prestação jurisdicional não apenas de qualidade, mas dentro de um
prazo razoável (art. 5º, LXXVIII, CF/88).
Ante o exposto, condeno a reclamada a pagar multa por embargos
protelatórios no importe de 1% sobre o valor da causa, em favor de cada um
dos substituídos, reais prejudicados pela medida procrastinatória" (fl.
1.106/1.109).

Na hipótese em análise, o Tribunal Regional


entendeu ter ficado claro que "os argumentos lançados na peça de
embargos buscam tão-somente rediscutir o entendimento adotado,
pretendendo, por vias transversas, a reforma do v. acórdão, o que
não se admite pela processual eleita".
Assim, a Corte Regional considerou protelatórios
os embargos de declaração opostos pela Reclamada e, por isso,
condenou-a ao pagamento da multa de 1% sobre o valor da causa, nos
termos do parágrafo único do art. 538 do CPC/73 (1.026, § 2º do
CPC/15).
A interposição de embargos declaratórios em
descompasso com os ditames dos arts. 897-A da CLT e 535 do CPC/73
(1.022 do CPC/15) autoriza o Tribunal Regional a aplicar a
penalidade do art. 538, parágrafo único, do CPC/73 (1.026, § 2º do
CPC/15), emergindo claramente que foi essa a ocorrência verificada
nos autos.
As garantias constitucionais do devido processo
legal, com direito à ampla defesa e ao contraditório, não são
absolutas e devem ser exercitadas com observância da legislação
infraconstitucional que disciplina o processo judicial. Assim, não
constitui negação da referida garantia a aplicação de penalidades
expressamente previstas na lei processual. Nesse contexto, não se
constata violação do art. 5º, LV, da Constituição da República.
Diante do exposto, nego provimento ao agravo de
instrumento.

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ACORDAM os Ministros da Quarta Turma do Tribunal


Superior do Trabalho, à unanimidade, conhecer do agravo de
instrumento e, no mérito, negar-lhe provimento.
Brasília, 17 de maio de 2017.

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CILENE FERREIRA AMARO SANTOS
Desembargadora Convocada Relatora

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