Beruflich Dokumente
Kultur Dokumente
RESENHA / REVIEW
ANAIS / PROCEEDINGS
VOLUME
32
Sede: Rua Teodoro Sampaio, 417 - Conj. 11 - CEP: 05405-000 - São Paulo - SP
Pabx: (11) 3085-2716 - 3085-7567 - www.abpp.com.br - psicoped@uol.com.br
SEÇÕES E NÚCLEOS
Triênio 2014/2016
Conselho Executivo
Maria Irene Maluf SP
Luciana Barros de Almeida GO
Consultores ad hoc
Ana Maria Maaz Acosta Alvarez
Jaime Zorzi
Lino de Macedo
Lívia Elkis
Luiza Helena Ribeiro do Valle
Saul Cypel
Sylvia Maria Ciasca
Rua Teodoro Sampaio, 417 - Conj. 11 - Cep: 05405-000
São Paulo - SP - Pabx: (11) 3085-2716 - 3085-7567
www.abpp.com.br
psicoped@uol.com.br
Quadrimestral
ISSN 0103-8486
CDD 370.15
Assessorias
Assessoras de Relações Públicas Assessora de Publicações Científicas
Débora Silva de Castro Pereira (Ba) Maria Irene Maluf (SP)
Galeára Matos de França Silva (Ce) Assessora de Formação e Regulamentação
Marilene Ribeiro de Azevedo (Go) Neide De Aquino Noffs (SP)
Assessoras de Comunicação e Divulgação
Iara Caierão (Rs)
Maria José Weyne Melo de Castro (Ce)
Maria Katiana Veluk Gutierres (Rj)
Conselheiras Vitalícias
Beatriz Judith Lima Scoz Sp Maria Irene Maluf Sp
Edith Rubinstein Sp Mônica H. Mendes Sp
Leda Maria Codeço Barone Sp Neide de Aquino Noffs Sp
Maria Cecília Castro Gasparian SP Nívea Maria de Carvalho Fabrício Sp
Maria Célia Malta Campos Sp Quézia Bombonatto SP
EDITORIAL / EDITORIAL
• Irene Maluf....................................................................................................................................115
RESENHA / REVIEW
• As crianças mais inteligentes do mundo: e como elas chegaram lá
The smartest kids in the world: and how they got there
Itale Cericato..................................................................................................................................205
ANAIS / PROCEEDINGS
• Apresentação e Programação do X Congresso Brasileiro de Psicopedagogia - 2015............... 208
EDITORIAL
À
s vésperas do X Congresso de Psicopedagogia, “Releituras de Conceitos
e Práticas Psicopedagógicas - o Aprender em diferentes contextos”, de
outubro 2015, podemos dizer que, a 98ª edição da revista Psicopeda-
gogia traz o mesmo olhar multidisciplinar e indagador sobre o conhecimento
contemporâneo que moveu a escolha de temas e os convites aos mais renomados
palestrantes desse evento trianual.
O primeiro artigo original que abre este número, “A construção e a des-
construção do rótulo do TDAH na intervenção psicopedagógica”, é de auto-
ria de Vera Helena Peres Jafferian e Leda Maria Codeço Barone. Trata-se de
uma análise construtiva-interpretativa a partir de fragmentos de atendimentos
psicopedagógicos retrospectivos, considerados tanto em relação às entrevistas
iniciais com os pais, professores e pacientes, enfatizando o efeito de destino
do diagnóstico como em relação à intervenção psicopedagógica, ressaltando
o efeito de desconstrução do rótulo.
Segue-se a importante pesquisa de Janaina Aparecida de Oliveira Augusto
e Sylvia Maria Ciasca, “Avaliação da memória em crianças e adolescentes
com histórico de acidente vascular cerebral e crianças com queixas de difi-
culdades escolares”, um trabalho cujo objetivo foi avaliar a memória de curto
e longo prazo e memória operacional em crianças/adolescentes com histórico
de acidente vascular cerebral, comparando o desempenho desse grupo com
crianças/adolescentes com e sem queixas de dificuldades escolares. Trata-se de
um assunto pouquíssimo discutido em nossa área, mas de grande relevância,
como se poderá verificar.
Uma interessante contribuição para profissionais de diversas áreas, nos foi
enviado por Cristina de Andrade Varanda, Eva Cristina de Carvalho Souza
Mendes, Nilva Nunes Campina, Maria da Graça Giordano de Marcos Cres-
centi Aulicino, Rita de Cássia Gottardi van Opstal Nascimento, Cláudia Maria
Fernandes Marczak, Karla Regina de Jesus Grilo, Fernanda Mello, Renata
Cristina Borges Corrêa, Elaine Cristina Diogo e Fernanda Dreux Miranda
Fernandes, “Aplicativos para tablets sensíveis ao toque para melhorar vo-
cabulário, processamento auditivo central e habilidades de interação social
entre pré-escolares”. Essa pesquisa objetivou detectar e intervir em dificul-
dades de linguagem e comportamento em crianças frequentando pré-escolas,
para prevenir problemas futuros, como o baixo desempenho acadêmico. A
devolutiva e a observação dos autores sugerem que essas atividades aumen-
taram os comportamentos pró-sociais, como colaboração e maior apreciação
para atividades sociais, e forneceram às crianças formas novas de expressão,
englobando habilidades de discriminação auditiva e vocabulário.
Um outro tema de grande interesse na atualidade, “Habilidades socio-
comunicativas e de atenção compartilhada em bebês típicos da primeira
infância”, de Andréa Carla Machado e Suzelei Faria Bello, teve como objetivo
apresentar dados referentes às habilidades sociocomunicativas e de atenção
compartilhada em bebês típicos na primeira infância, buscando identificar as
duas habilidades citadas e evidenciadas nos bebês em quatro distintos períodos
observados, bem como as diferentes configurações em cada idade. A pesquisa
concluiu que aquisições de comunicação intencional e os diferentes contextos
115
EDITORIAL
116
EDITORIAL
Irene Maluf
Editora
117
Jafferian VHPORIGINAL
ARTIGO & Barone LMC
A construção e a desconstrução do
rótulo do TDAH na intervenção
psicopedagógica
Vera Helena Peres Jafferian; Leda Maria Codeço Barone
118
A construção e a desconstrução do rótulo do TDAH na intervenção psicopedagógica
119
Jafferian VHP & Barone LMC
Barkley & Murphy8 afirmam que TDAH é CID-10, define os critérios para o TDAH sob o
“o termo atual para designar um transtorno de- termo Transtorno Hipercinético13.
senvolvimental específico, observado tanto em Na publicação do DSM-V12, os critérios diag
crianças quanto em adultos, com os sintomas nósticos do TDAH são similares aos do manual
de déficits na inibição comportamental, atenção anterior DSM-IV-TR14 e foi mantida a mesma
sustentada e resistência à distração”. lista de dezoito sintomas, divididos entre de-
Desde o DSM-II, o Manual de Diagnóstico e satenção, hiperatividade e impulsividade. Im-
Estatística das Perturbações Mentais – DSM, 2ª portante destacar que os pacientes com idade
edição, desenvolvido pela Associação Americana máxima de 17 anos têm que apresentar até seis
de Psiquiatria (APA)9, começou a se falar em dos sintomas listados no DSM-IV-TR e, os mais
hiperatividade, e na época, como era vigente a velhos, até cinco sintomas. Quanto à exigência
hipótese do transtorno da Disfunção Cerebral no manual anterior que os sintomas estivessem
Mínima (DCM), o mesmo foi classificado pela presentes até os 7 anos de idade, foi alterada
primeira vez nesse manual como “Reação Hiper- para os 12 anos no atual DSM-V, tendo em vis-
cinética da Infância”, enfatizando o papel da Hi- ta as mudanças comportamentais que podem
peratividade na DCM. Na 3ª edição do DSM10, ocorrer e que podem ser confundidas com esse
o DSM-III, surge o termo Distúrbio de Déficit transtorno de hiperatividade.
de Atenção (DDA), e na 4ª edição11, o DSM-IV,
foram separados os critérios de déficit de atenção A Literatura sobre o TDAH
dos critérios de hiperatividade e impulsividade, Na literatura, há muitos trabalhos escritos
e o distúrbio foi caracterizado como transtorno. sobre o TDAH, de diferentes teóricos, com di-
Recentemente, na 5ª edição do DSM12, o versas posições e informações a respeito, como
DSM-V, a Associação Americana de Psiquiatria Reis & Santana15, que fizeram um levantamen-
(APA) usou o termo ADHD (TDAH em portu- to bibliográfico de trabalhos de teóricos sobre
guês), como denominação dos “distúrbios de esse tema e relatam que alguns descrevem as
comportamento”, tendo em vista que as diretri- características do transtorno, outros teóricos
zes diagnósticas americanas, após várias revi- afirmam a não existência de tal transtorno por
sões de estudos a este respeito, denominaram o se tratar de uma forma de camuflar o problema
TDAH como um transtorno que parece provocar que está na escola ou em casa. As mesmas au-
uma alteração no comportamento e na capaci- toras concluem que, nos diferentes trabalhos
dade de manter a atenção. Desse modo, não se analisados, não há um consenso entre as várias
trata de uma disfunção. teorias citadas e que, por tudo isso, os debates
a respeito desse assunto devem ser sustentados,
O Diagnóstico por serem de grande relevância para a ciência e
O diagnóstico do TDAH é baseado nas ma- para um maior entendimento pela sociedade a
nifestações comportamentais dos pacientes, a respeito desse transtorno, o qual vem tomando
partir de critérios diagnósticos determinados grandes proporções, devido ao grande número
pelos Manuais de Diagnóstico e Estatístico das de crianças diagnosticadas.
Perturbações Mentais (DSM) desenvolvidos Segundo Reis & Santana15, no Brasil, estima-
pela Associação Americana de Psiquiatria (APA), -se que há entre 5% e 8%, ou seja, de cada 20
atualmente na 5ª edição, o DSM-V lançado em crianças 1 tem TDAH.
201312. Há muitas crianças e adolescentes diagnos-
Há, também, diagnósticos que são basea- ticados com TDA e TDAH que são medicadas
dos na Classificação Internacional de Doenças com Ritalina (metilfenidato) e há diversos estu-
(CID), desenvolvido pela Organização Mun dos na literatura sobre essa medicação. Alguns
dial de Saúde (OMS), que em sua 10ª edição, o artigos que concordam com a prescrição do
120
A construção e a desconstrução do rótulo do TDAH na intervenção psicopedagógica
metilfenidato e sua eficácia, como as pesquisas conflitos que um aluno que não-aprende-na-
de meta-análise realizadas com crianças, ado- escola gera”17.
lescentes e adultos com TDAH a curto e longo Assim se inicia um processo de rotulação
prazo (Schachter et al., 2001; Faraone et al., na vida dessas “crianças-que-não-aprendem”,
2004; Faraone et al., 2006 apud Leonardi et al.7). que pode vir a ser um destino na vida delas. E
E outros estudos que discordam do uso do me- o rótulo muitas vezes é atribuído rapidamente,
dicamento, como um dos trabalhos, que sugere tornando-se uma descrição exata dessa pessoa
a piora na impulsividade (Neef et al., 2005 apud e pode vir a ser um caminho sem volta, como
Leonardi et al.7). um destino, com danos que perduram na vida
No entanto, há na literatura trabalhos de do sujeito.
diversos autores que vão trazer elementos para Como Oakes (apud Tauber21) observou “uma
pensar o sujeito com o diagnóstico de TDAH de vez que rotulamos uma pessoa, mudamos a nossa
outras maneiras e que sustentam argumenta opinião sobre esta pessoa. Isto afeta como nós
ções que serão abordadas neste artigo, como agimos e reagimos em relação a ela. Rotular é
Goldstein & Goldstein16, que propõem um diag fácil. Nós não temos como conhecer a pessoa. Nós
nóstico baseado na história de vida do sujeito apenas supomos como a pessoa é”. Essa forma
e que não o rotule; Leonardi et al.7 que, numa de pensar está na base do preconceito porque
abordagem comportamental, argumentam quando não se conhece bem alguém não se pode
sobre a etiologia desse transtorno, bem como saber o porquê de suas atitudes. Como quando
os aspectos dos comportamentos dos sujeitos um aluno que não presta atenção na aula e não
diagnosticados com TDAH; Moysés17 discute faz lições, muitas vezes, é visto pelo professor
os dados obtidos nas suas pesquisas realizadas como desinteressado e assim será tratado como
com “crianças-que-não-aprendem”. A partir tal, não mostrando suas capacidades.
da Psicanálise, Crochik & Crochick18 abordam
esse transtorno como produto da cultura em que A Profecia Autorrealizadora, o Ganho Se-
vivemos; Janin et al.19 discorrem sobre o TDAH cundário e a Exceção
e suas implicações na vida das crianças e pro- Na literatura, encontramos os estudos refe-
põem, com base em sua prática clínica, interven- rentes à “profecia autorrealizadora” (selffulfilling
ções que possibilitem a construção da autonomia prophecy), de Rosenthal & Jacobson3, que, por
desses sujeitos rotulados, e, finalmente, Levin20 meio das pesquisas realizadas com professores
argumenta sobre a hiperatividade da criança e alunos, mostram como a expectativa que o
enquanto possibilidade de ser olhada pela mãe. professor tem de seu aluno vai influenciar o ren-
dimento escolar deste sujeito nas situações esco-
O Rótulo lares e sociais. Assim, a partir do que o professor
Na pesquisa realizada com “crianças-que- espera de seu aluno, é o que será mostrado por
-não-aprendem”, Moyses17 analisa a forma como ele. Os mesmos autores, em sua pesquisa deno-
essas crianças são diagnosticadas como porta- minada “Efeito Pigmalião”, mostram, ainda, que
doras de alguma doença e que, por isso, serão o comportamento das pessoas é determinado por
rotuladas e serão reféns de doenças inexistentes regras e expectativas que podem prever como as
e de fracassos que não são seus. A mesma autora pessoas vão se comportar em dada situação. E, a
sugere que: “feito um diagnóstico, como em um partir desse comportamento que se repetirá em
passe de mágica, cessam as pressões, como se o várias situações faz com que, naturalmente, esse
diagnóstico bastasse, prescindindo do tratamen- sujeito seja rotulado por quem convive com ele,
to. O diagnóstico não é bastante para resolver o e esse rótulo poderá ocupar o lugar de destino
problema, porém é suficiente para acalmar os em sua vida.
121
Jafferian VHP & Barone LMC
122
A construção e a desconstrução do rótulo do TDAH na intervenção psicopedagógica
haver o desejo. Janin19 considera, ainda, que, se referir ao doente que, por receber privilégios,
para aprender algo temos que prestar atenção, se acomoda no papel de doente e se fixa nele.
nos concentrarmos nesse tema, sentir curiosi- Também se discute como a intervenção psico-
dade por isso, para desarmá-lo, desvendá-lo, pedagógica pode funcionar como intervenção
quebrá-lo, para traduzi-lo em nossas próprias capaz de desconstruir o rótulo, favorecendo o
palavras, reorganizando-o e apropriando-nos sujeito a encontrar outro caminho que não seja
dele para podermos usá-lo em diferentes cir- a repetição do destino.
cunstâncias. Inicialmente, o projeto de pesquisa foi sub
Na visão de Kupfer24, o aluno-paciente deve metido à apreciação do Comitê de Ética em
desarticular, retalhar, engolir e digerir todo o Pesquisa do Centro Universitário FIEO – Osas-
conhecimento que foi transmitido pelo educador- co/SP, o qual foi aprovado com o nº CAAE
-psicopedagogo. E esse novo conhecimento se 22156113.6.0000.5435, em 30/10/2013, pelo
entrelaça no desejo do educando dando sentido parecer nº 441.321. Os representantes legais dos
para ele, e assim “pela via de transferência, o participantes assinaram um Termo de Consenti-
aluno passará por ele, usá-lo-á, por assim dizer, mento Livre e Esclarecido apenas para autorizar o
saindo dali com um saber do qual tomou verda- uso dos dados dos atendimentos desses pacientes,
deiramente posse e que constituirá a base e o fun- já que o trabalho psicopedagógico realizado com
damento para futuros saberes e conhecimentos”. tais pacientes já havia sido concluído.
Visto desse modo, o trabalho psicopedagógico Os materiais utilizados nesta pesquisa foram
com crianças rotuladas preserva a relação com
os fragmentos de atendimentos dos quatro par-
o paciente, sendo que todo o trabalho acontece
ticipantes das anotações das entrevistas realiza-
no espaço psicopedagógico, e, por meio da trans
das com os pais e com os profissionais da escola,
ferência com o paciente, durante a intervenção
com o paciente e as anotações dos atendimentos.
psicopedagógica, ele sai de um lugar de de-
pendente do outro, quebra-se o efeito do rótulo
Procedimentos
e, aos poucos, reconhece-se como sujeito do
aprender e com autonomia. Essa ética promove a Para efeito de melhor compreensão trata-se
desconstrução do diagnóstico-rótulo no trabalho dos fragmentos coletados considerando duas di-
psicopedagógico que propomos aqui. mensões. A primeira reportando-se às entrevistas
com os pais, com a criança e com a escola, salien-
MÉTODO tando o efeito de destino dado ao diagnóstico. A
Trata-se de um estudo a partir de fragmentos segunda reportando-se à intervenção psicope-
dos atendimentos psicopedagógicos retrospec- dagógica, chamando a atenção para o efeito de
tivos de quatro pacientes, diagnosticados com desconstrução do rótulo que ela pode ter.
TDAH, atendidos em consultório particular de Para a discussão, o embasamento teórico apre
psicopedagogia. senta-se a partir do trabalho de Rosenthal & Ja
A pesquisa é qualitativa com uma análise cobson3, pelo conceito da profecia autorrealizado-
construtivo-interpretativa e discute o efeito que ra, e também pelas contribuições da psicanálise,
o diagnóstico pode ter sobre o sujeito, ou seja, de Freud4,5 pelo viés do sujeito, como exceção e
ele muitas vezes, à semelhança de profecia au- pelo ganho secundário da doença, e por demais
torrealizadora, conforme estudo de Rosenthal & autores que suportaram este trabalho.
Jacobson3, fixa um destino para o sujeito, que
acaba agindo conforme o que é esperado dele. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Nesse sentido, a criança muitas vezes se aco- Nos fragmentos em que há relatos referen-
moda a esse destino, experimentando o “ganho tes à fala dos professores e dos orientadores,
secundário da doença”, como coloca Freud5 ao percebe-se que o professor não escuta a criança
123
Jafferian VHP & Barone LMC
e não vê o porquê dela não aprender e esse pro- de cada paciente, ajudou-os a interessarem-se
fessor só reconhece a criança a partir do rótulo pelo aprender.
que carrega. Assim, esses alunos rotulados ficam Fragmentos de relatos da psicopedagoga:
no lugar de incapazes, sem autonomia e não 1- Nas sessões seguintes, foi observado que
correspondem ao esperado pelos professores. Ana aproveitava o tempo das sessões para
E isso pode ter como consequência a “profecia brincar e fazer as atividades que eu pro
autorrealizadora“, conforme Rosenthal & Ja punha, mas sem se movimentar muito
cobson3, do aluno não ser ouvido como sujeito pela sala e, quando eu falava das regras
e sim como sintoma. que ela tinha que obedecer, ela reagia
Assim, a escola teria que ter como tarefa positivamente. Isto se devia ao nosso
entrar em contato com os alunos, mas a partir vínculo que se fortalecia a cada sessão
do diagnóstico a tendência da escola é olhar e, também, por ela confiar nesse espaço
pela ótica do diagnóstico, conforme apareceu acolhedor. Assim foi combinado com a
nesta pesquisa pela fala de alguns professores professora de Ana, que ela a incentivasse
e orientadores: a tentar fazer as atividades, respeitando
• a orientadora de Ana relata: “Ana era o ritmo e o tempo dela. E, assim, Ana
desatenta e não queria ficar na sala de estava começando a mostrar também na
aula e saía da classe. Era hiperativa e escola o que já sabia. Ao agir dessa forma,
quando eu a chamava na minha sala para a professora estava abrindo espaços para
conversarmos ela não ficava sentada e se Ana começar a construir sua autonomia,
movimentava pela minha sala.” (sic) aceitando as regras e aprendendo a con-
• o professor de Lucas relata: “por ter o viver com os colegas. Ana começava a
laudo com diagnóstico do TDAH, Lucas desvestir-se do rótulo, desconstruindo-o.
tinha privilégios como não entregar os 2- A professora de José relatava que ele não
trabalhos.” (sic) aceitava regras e não tinha limites, atrapa-
• o orientador de Marcelo relata: “agora lhava a aula andando pela sala, cutucando
com o diagnóstico de TDAH ele vai ser os colegas, e não aceitava quando errava
medicado com Ritalina, e daí vai ficar e desistia de fazer a atividade. Também
mais adequado em sala de aula”. (sic) colocava que ultimamente ele estava
• a professora de José relata: “sei que ele brigando com um colega. Eu intervinha
é assim por causa do TDAH, coitadinho. colocando limites e regras, trabalhando
Mas eu o ajudo”. (sic) com canais de expressão, propondo um
Na maioria dos fragmentos, percebe-se que desenho e uma história escrita ou um
os sujeitos recebem regalias por terem o diag- jogo de regras. E quando ele fazia coisas
nóstico de TDAH e, por isso, aproveitam dessa que não eram adequadas, eu intervinha
situação, de doente, e ficam nesse lugar por na hora e conversava sobre as regras que
receberem privilégios, e não mostram o que são não foram obedecidas e das consequências
capazes, o que vem de encontro ao que Freud que aconteceriam por isso. Eu mostrava
diz sobre “o ganho secundário da doença” que para José os progressos dele ao aceitar as
o paciente não quer, inconscientemente, sair do regras do jogo, do mesmo modo que eu
lugar de doente por receio de perder os privilé- fazia com Ana. Essa intervenção fez com
gios que a doença proporciona. que eles começassem a acreditar no que
Nos relatos de fragmentos referentes à des- eram capazes, contendo sua impulsivida-
construção do rótulo do TDAH na intervenção de e elaborando o que não estava bom,
psicopedagógica, nota-se que algumas atitudes fazendo melhor. Eles tinham que viver a
da psicopedagoga, respeitando o ritmo e o tempo frustração, saber que podiam perder.
124
A construção e a desconstrução do rótulo do TDAH na intervenção psicopedagógica
125
Jafferian VHP & Barone LMC
SUMMARY
The construction and the desconstruction of a label of ADHD
in the psychopedagogical intervention
The goal of this work is to discuss the effect that the diagnosis of Attention
Deficit Hyperactivity Disorder (ADHD) can have on the subject, as well as
how the pedagogical intervention can contribute to the deconstruction of
the label favoring the subject to find another way other than the repetition
of the destiny. It is a constructive-interpretative analysis from fragments of
retrospective psychopedagogic treatments considered in two dimensions.
The first dimension in relation to the initial interviews with the parents, the
teachers and the patients, emphasizing the target effect of the diagnosis.
The second dimension in relation to psychopedagogical intervention,
emphasizing the effect of deconstruction of the label. The data analysis
suggests that the diagnosis has an effect of destiny in the life of the subject,
who is without autonomy and that with the psychopedagogical intervention
the subject undresses label and gets out of place it was.
126
A construção e a desconstrução do rótulo do TDAH na intervenção psicopedagógica
tic and statistical manual of mental disor- 18. Crochik LJ, Crochick NA. Desatenção atenta
ders. DSM-V. 5ª ed. Washington: American e a hiperatividade sem ação. In: Angelucchi
Psychiatric Association; 2013. CB, Souza BP, eds. Medicalização de crian-
13. Organização Mundial de Saúde. Classifica- ças e adolescentes. Conflitos silenciados
ção de transtornos mentais e de comporta- pela redução de questões sociais a doenças
mento da CID-10. Descrições clínicas e di- de indivíduos. São Paulo: Casa do Psicólogo;
retrizes diagnósticas. Trad. Caetano D. Porto 2010. p.179-91.
Alegre: Artes Médicas Sul; 1993. 19. Janin B, Frizzera OT, Heuser C, Rojas MC,
14. American Psychiatry Association. Diagnostic Tallis J, Untoiglich G. Niños desatentos e hi-
and statistical manual of mental disorders: peractivos ADD/ ADHD: reflexiones críticas
Texto revisado- DSM-IV-TR. 4ª ed. revisada. acerca del transtorno del deficit de atencion
Washington: American Psychiatric Associa- com o sin hiperactividad. Buenos Aires: No-
tion; 2011. veduc Libros; 2010.
15. Reis GV, Santana MSR. Transtorno de Dé- 20. Levin E. A clínica psicomotora. O corpo na
ficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH): linguagem. Petrópolis: Vozes; 1995.
doença ou apenas rótulo? An. Sciencult Pa- 21. Tauber RT. Self-fulfilling prophecy: a practi-
ranaíba 2010;2(1):188-95. cal guide to its use in education. Westport:
16. Goldstein M, Goldstein S. Hiperatividade. Praeger Publishers; 1997.
Como desenvolver a capacidade de aten- 22. Merton RK. The self-fulfilling prophecy. An-
ção da criança. Campinas: Papirus Editora; tioch Review. 1948;8:193-210.
2004. 23. Pain S. A função da ignorância. Ed. rev. e
17. Moyses MAA. A institucionalização invisí- atual. Porto Alegre: Artes Médicas; 1999.
vel crianças que não-aprendem-na-escola. 24. Kupfer MC. Freud e a educação. O mestre
Campinas: Mercado de Letras Edições e Li- do impossível. 2ª ed. São Paulo: Editora Sci-
vraria; 2001. pione; 1992.
Este artigo foi escrito a partir da pesquisa da dissertação Artigo recebido: 22/5/2015
de mestrado “O diagnóstico como destino: a criança Aprovado: 13/7/2015
com TDAH e a flexibilização necessária na clínica”
de Vera Helena Peres Jafferian, sob a orientação da
professora dra. Leda Barone, do Programa de Pós-
Graduação em Psicologia Educacional do Centro
Universitário Fundação Instituto de Ensino para
Osasco (UNIFIEO), Osasco, SP, Brasil.
127
Augusto
ARTIGOJAOORIGINAL
& Ciasca SM
128
Avaliação da memória em crianças e adolescentes com histórico de acidente vascular cerebral
e crianças com queixas de dificuldades escolares
129
Augusto JAO & Ciasca SM
lescência (ANVIA) e no Laboratório de Pesquisa (TCLE) pelos pais ou responsáveis dos parti-
em Distúrbio, Dificuldades de Aprendizagem cipantes e também da assinatura do Termo de
e Transtorno de Atenção (DISAPRE), ambos Assentimento por parte das crianças e adoles-
vinculados à Faculdade de Ciências Médicas centes. Para coleta de dados nas escolas, primei-
(FCM) da Universidade Estadual de Campinas ramente foram obtidos os consentimentos das
(Unicamp), além de crianças regularmente unidades escolares para realização da pesquisa
matriculadas em duas escolas públicas dos mu- mediante carta de apresentação e autorização.
nicípios de Campinas e Limeira. Para alcançar o objetivo do trabalho foram utili-
zados quatro testes descritos abaixo.
Aspectos Éticos Figuras complexas de Rey13 – este teste ava-
O presente estudo foi realizado no Ambula lia memória visual, memória de longo prazo,
tório de Dificuldades de Aprendizagem e Trans- habilidade visuo-espacial e algumas funções de
tornos da Atenção (DISAPRE) do Hospital de planejamento e execução de ações, foi proposto
Clínicas da Unicamp – Campinas – SP e em duas por André Rey em 1942. Ele é composto por
escolas públicas do município de Campinas e uma figura geométrica complexa e abstrata, há
Limeira respectivamente, após aprovação pelo duas formas (A e B), a forma A é voltada para a
Comitê de Ética da Faculdade de Ciências Médi- avaliação de sujeitos com idade entre 5 e 88 anos
cas da Unicamp (parecer: 923.051 – 14/12/2014). e a forma B é destinada para indivíduos entre 4
Após explicação sobre a importância e obje e 7 anos de idade.
tivos da pesquisa, os responsáveis legais das Bloco de Corsi14 – avalia memória de curto
crianças/adolescentes atendidos no Laboratório prazo (ordem direta) e memória operacional (or-
de Pesquisa em Distúrbios de Aprendizagem, dem inversa), além de habilidade visuo-espacial,
Dificuldades de Aprendizagem e Transtornos da por meio de um tabuleiro de madeira, no qual
Atenção (DISAPRE) e dos estudantes do grupo estão distribuídos de forma irregular 9 blocos
controle assinaram o Termo de Consentimento de dimensões iguais. Na ordem direta, o avalia-
Livre e Esclarecido (TCLE) e os participantes as- dor toca com o dedo indicador uma sequência
sinaram o Termo de Assentimento para menores. pré-estabelecida de blocos, logo em seguida, a
Estes são documentos que contêm informações, pessoa deve tocar os blocos na mesma ordem
bem como garantia aos participantes de sigilo, em que foram realizados pelo examinador. Por
benefícios, possíveis riscos e gastos, participação outro lado, na ordem inversa, o aplicador aponta
voluntária com direito à desistência a qualquer uma sequência de blocos e o examinando deverá
momento, sem qualquer prejuízo, além de garan- tocar os blocos na ordem inversa.
tia de esclarecimentos sobre a pesquisa sempre RAVLT15 – avalia a memória episódica, com
que necessário e o uso dos dados somente para aspectos que se relacionam à memória de curto
fins científicos. prazo, à aprendizagem, à memória de longo pra-
Como benefício direto desse estudo, foram zo e à memória de reconhecimento. Ele é dividi-
realizadas devolutivas com os responsáveis e do em duas listas (A e B). A Lista A é lida cinco
entrega de relatório contendo os resultados, além vezes pelo avaliador, ao final de cada leitura, o
disso, este estudo favoreceu a compreensão do indivíduo deve falar o maior número de palavras
funcionamento dos tipos de memória avaliados que lembrar (A1-A5). Posteriormente, é lida uma
na população de crianças e adolescentes. lista de interferência (B) pelo aplicador, seguida
de nova evocação apenas para palavras da lista
Procedimentos B. Logo na sequência é pedida lembrança da
A coleta de dados iniciou-se após a assinatura lista A, porém dessa vez sem apresentá-la (A6).
do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido Depois de 20 minutos, solicita-se a evocação da
130
Avaliação da memória em crianças e adolescentes com histórico de acidente vascular cerebral
e crianças com queixas de dificuldades escolares
lista A (A7), sem repeti-la e, na sequência, faz-se ciam à classe B, 28% à classe C, 53% eram da
o reconhecimento no qual são lidas 56 palavras. classe D e 3% da classe E.
Subtestes que compõem o Índice de Me Na avaliação do desempenho da memória
mória Operacional/WISC-IV16 –Sequências de operacional, somente nos escores do subteste
Números e Letras (SNL) e Dígitos. O subteste SNL não foram encontradas diferenças esta-
SNL envolve sequenciamento, agilidade mental, tísticas. Para os demais resultados, diferenças
atenção, memória auditiva de curto prazo, ve- significativas estiveram presentes, sendo que o
locidade de processamento e imagens visuais e G1 apresentou números mais baixos do que o
espaciais. A atividade ocorre quando o aplicador G2 e o G3, nos dois testes que avaliavam essa
lê em voz alta para a criança uma sequência de habilidade (Tabela 1).
números e letras, imediatamente a criança de- Na comparação dos grupos quanto à avalia-
verá repeti-la colocando em uma série ordenada ção da memória de curto prazo, é possível ob-
nos números e as letras. O Dígito é dividido em servar que o desempenho do G1 foi inferior aos
duas etapas, a primeira ordem direta e a segunda outros grupos. Quanto à análise de comparação
a ordem inversa. A ordem direta está relacionada de pares, pode-se observar que, para os escores
principalmente com a aprendizagem por memo- CorsiOD, RAVLT - A1A5, houve aumento nos
rização, atenção, codificação e processamento escores do G1 para o G2, porém não houve au-
auditivo, dessa forma, a criança deverá repetir mento significativo do G2 para o G3 (Tabela 2).
os números que são lidos pelo aplicador em voz Os resultados na memória de longo prazo
alta. A ordem inversa engloba habilidades na indicam que apenas no RAVLT A7 não foram
memória operacional, transformação de infor- encontradas diferenças significativas. No en-
mações, agilidade mental dentre outras funções, tanto, é possível verificar que o G1 apresentou
neste sentido, o indivíduo repetirá os números resultados inferiores ao G2 e G3 nesse teste. No
que o aplicador acabou de ler em voz alta em Rey cópia, Rey reprodução e no RAVLT – A7A6,
ordem decrescente. ocorreram diferenças significativas entre os
grupos G1 e G2 e G1 e G3 (Tabela 3).
Análise dos Dados
A fim de cumprir com o objetivo estabelecido, DISCUSSÃO
os dados foram analisados no programa estatísti- Os resultados obtidos neste trabalho indicam
co SPSS (v.20.0). Dessa forma, para comparação que, nos subtestes que avaliaram a memória
dos desempenhos dos três grupos, foi realizado operacional (SNL, DgOI e CorsiOI), os indivíduos
o teste Kruskal-Wallis, em seguida, foi realizado do G1 e G2 apresentaram mais dificuldades para
o Mann-Whitney para explicar as diferenças ob- realizá-los, sendo que participantes com histórico
tidas entre os grupos, sendo considerado o nível de AVC tiverem os escores mais baixos. Nunest
de significância de 5%, isto é, p<0,05. el al.17, em sua pesquisa, encontraram os mes-
mos resultados, sugerindo possíveis alterações
RESULTADOS neurológicas em áreas específicas nesse quadro.
Participaram desse estudo 32 crianças, com Sabe-se que lesões do lado esquerdo pós-
idade variando entre 7 anos e 15 anos, idade -AVC tendem a interferirem no desempenho
média de 10 anos e 9 meses (DP = 2,4), que da memória9-11. Dados obtidos, por meio de
frequentavam do 1º ao 9º ano do Ensino Fun- levantamento de informações dos prontuários
damental. Quanto ao gênero, 69% (n= 22) da dos participantes dessa pesquisa, demonstraram
amostra era composta por participantes do sexo que, em cinco participantes, o AVC ocorreu no
masculino e 31% (n= 10) do sexo feminino; com hemisfério esquerdo, corroborando com os resul-
relação ao nível socioeconômico, 16% perten- tados encontrados no presente estudo.
131
Augusto JAO & Ciasca SM
132
Avaliação da memória em crianças e adolescentes com histórico de acidente vascular cerebral
e crianças com queixas de dificuldades escolares
133
Augusto JAO & Ciasca SM
SUMMARY
Memory test on children and teenagers with stroke history and
children with difficulties in scholar learning
This study aimed the evaluation of short and long-term memories, as well as
working memory, for children and teenagers with stroke history, by comparison
of the performance on this group with children and teenagers which claimed
difficulty at school, and with those who did not. The instruments applied for
data collection were: Rey–Osterrieth Complex Figures, Corsi block-tapping test,
RALVT and the WISC-IV subtest on working memory (using digits and sequences
of numbers and letters). The subjects that took part in the experience composed
a group of 32 children, 7 of them diagnosed in having a stroke history, 10 of them
with difficulty in learning, and 15 of them presenting no difficulties, divided in
three groups aging between 7 and 15 years, attending elemental and middle
school, male and female. The results indicated that both youngsters with a stroke
history and those with difficulty at school had a significant low handicap in their
memory performance, with a greater loss on working and short-term memories.
Furthermore, such results indicate that post-stroke subjects tend to experience
greater difficulty in retaining information on memory over the long term, in
addition to disturbances in relevant areas concerning the process of education
and schooling, such as visuomotor and visuospatial skills. The need to proceed
with the study under the short and medium term with the pattern stands out, in
order to examine how much of prejudice steps in the process of learning.
134
Avaliação da memória em crianças e adolescentes com histórico de acidente vascular cerebral
e crianças com queixas de dificuldades escolares
135
VarandaORIGINAL
ARTIGO CA et al.
Cristina de Andrade Varanda – psicóloga, mestre em Karla Regina de Jesus Grilo – educadora e com expe
Psicologia Experimental pela USP, doutora em Ciências riência no uso de novas tecnologias em ambiente escolar,
pela Faculdade de Medicina da USP, Universidade de Prefeitura Municipal de Santos - Secretaria de Educação,
São Paulo - Faculdade de Medicina - Departamento Santos, SP, Brasil.
de Departamento de Fisioterapia, Fonoaudiologia e Te Fernanda Mello – educadora e fonoaudióloga, Prefeitura
rapia Ocupacional - Rua Cipotanea, São Paulo, SP; Municipal de Santos - Secretaria de Educação, Santos,
Universidade Paulista, Santos, SP, Prefeitura Municipal SP, Brasil.
de Santos - Secretaria de Educação, Santos, SP, Brasil. Renata Cristina Borges Corrêa – educadora e psicóloga,
Eva Cristina de Carvalho Souza Mendes – pedagoga, Prefeitura Municipal de Santos - Secretaria de Educação,
doutora em Distúrbios do Desenvolvimento (Universidade Santos, SP, Brasil.
Presbiteriana Mackenzie), São Paulo, SP, Brasil. Elaine Cristina Diogo – educadora e especialista em
Nilva Nunes Campina – pedagoga, doutora em Ciências Psicopedagogia, Prefeitura Municipal de Santos - Se
(Faculdade de Medicina – USP), Universidade Paulista, cretaria de Educação, Santos, SP, Brasil.
Santos, SP, Prefeitura Municipal de Santos - Secretaria Fernanda Dreux Miranda Fernandes – fonoaudióloga,
de Educação, Santos, SP, Brasil. professor associado livre docente da Faculdade de
Maria da Graça Giordano de Marcos Crescenti Auli Medicina da Universidade de São Paulo - Departamento
cino – psicóloga, mestre em Direito (Universidade Me de Departamento de Fisioterapia, Fonoaudiologia e
tropolitana de Santos), Universidade Paulista, Santos, SP, Terapia Ocupacional, São Paulo, SP, Brasil.
Prefeitura Municipal de Santos - Secretaria de Educação,
Santos, SP, Brasil. Correspondência
Rita de Cássia Gottardi van Opstal Nascimento – edu Cristina de Andrade Varanda
cadora, fonoaudióloga, mestre em Fonoaudiologia pela Rua Visconde de Faria, 199, apto 83 – Santos, SP,
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, Brasil – CEP 11075-711
SP, Brasil. E-mail: crisvaranda@usp.br
Cláudia Maria Fernandes Marczak – educadora, psi
cóloga, especialista em Ética, valores e cidadania pela
Universidade de São Paulo, Prefeitura Municipal de
Santos - Secretaria de Educação, Santos, SP, Brasil.
136
Aplicativos para tablets sensíveis ao toque para melhorar vocabulário, processamento auditivo central
e habilidades de interação social entre pré-escolares
137
Varanda CA et al.
troca com as famílias e participação na rede de esperadas para alunos no início da aquisição da
proteção social, os seguintes indicadores apare- leitura e da escrita, mas não no 3º ano. Assim,
cem: a) respeito e acolhimento; b) garantia do os alunos de 1º ano não são bem sucedidos em
direito das famílias de acompanhar as vivências adquirirem as competências em leitura e escrita
e produções das crianças e c) participação da e os resultados obtidos dois anos depois são fru-
instituição na rede de proteção dos direitos das to dessas dificuldades não sanadas na entrada
crianças. Há, ainda, outras dimensões para ava- dessas crianças no ensino fundamental.
liação, como a formação e condições de trabalho O desenvolvimento em competência em leitu-
das professoras e demais profissionais e espaços, ra e escrita de crianças em idade escolar está in-
materiais e mobiliários e promoção da saúde. timamente relacionado ao bom desenvolvimento
No entanto, cabe ressaltar que as dimensões da linguagem e da habilidade de estar conscien-
multiplicidade de experiências e linguagens, in temente atento aos sons da fala3,4. A habilidade
terações e cooperação e troca com as famílias e de estar atento aos sons da fala, que é indis-
participação na rede de proteção social são as pensável ao bom desenvolvimento em leitura e
que abarcam os indicadores de desenvolvimento escrita, pode ser desenvolvida preventivamente,
que têm, no caso específico das escolas da Rede quando as crianças estão na fase pré-escolar. Da
Municipal de Santos, apontado para os proble- mesma forma, o desenvolvimento adequado da
mas e dificuldades apresentadas pelas crianças linguagem se inicia quando a criança começa a
atendidas e que não só comprometem seu pleno interagir com o mundo e tal habilidade pode e
desenvolvimento, mas interferem negativamente deve ser aprimorada na entrada da criança na
na aquisição de competências importantes para pré-escola.
a entrada no ensino fundamental.
No tocante à dimensão multiplicidade de Desenvolvimento e aprimoramento da lin-
experiências e linguagens, muitas crianças que guagem na educação infantil
frequentam a educação infantil na Rede Muni- Na pré-escola, os fatores preditores de habili-
cipal de Santos podem apresentar déficits de dades em competências posteriores em leitura e
linguagem que comprometerão a aquisição da escrita incluem vocabulário expressivo e recep-
competência em leitura e escrita mais tarde. A tivo, habilidades de narrativa oral e habilidades
Secretaria da Educação do Estado de São Paulo2 em consciência fonológica5.
divulga os resultados do Sistema de Avaliação Os vocabulários expressivo e receptivo di-
de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo zem respeito à linguagem oral. A linguagem
(SARESP), que é uma avaliação externa em oral implica na compreensão de palavras que
larga escala da Educação Básica, aplicada a se inicia em torno do primeiro ano de vida,
cada ano desde 1996. Segundo os resultados do aumentando com a chegada do segundo ano.
SARESP 2010, 59% das escolas do município de Segundo Gurgel et al.6
Santos apresentaram, na avaliação dos alunos [...] O vocabulário receptivo é a base do
de 3º ano do Ensino Fundamental, desempenho vocabulário expressivo, e o desenvolvi-
regular para leitura, conforme critério do teste, mento da compreensão de palavras pre
qual seja, 43,17 de um total de 72 pontos. É im- cede e ultrapassa o da produção de pala-
portante lembrar que desempenho regular para vras. O vocabulário receptivo relaciona-se
leitura implica em os alunos escreverem com mais diretamente ao desenvolvimento
correspondência sonora alfabética; produzirem cognitivo que à cultura, e o expressivo
texto com algumas características da linguagem demonstra a efetividade das situações de
escrita, no gênero proposto (conto); e localiza- aprendizagem linguística6”.
rem, na leitura, informações explícitas contidas Assim, a avaliação dos vocabulários expres-
no texto informativo, que seriam competências sivo e receptivo na pré-escola pode oferecer
138
Aplicativos para tablets sensíveis ao toque para melhorar vocabulário, processamento auditivo central
e habilidades de interação social entre pré-escolares
139
Varanda CA et al.
140
Aplicativos para tablets sensíveis ao toque para melhorar vocabulário, processamento auditivo central
e habilidades de interação social entre pré-escolares
há três tipos diferentes de tarefas: localização Durante a fase de intervenção, após cada
sonora, memória sequencial verbal e memória sessão, as crianças foram orientadas a forne-
sequencial não-verbal. As respostas esperadas, cer devolutivas específicas sobre as aplicações
em cada uma das tarefas são as seguintes: 1) usadas. Seus pais também foram requisitados a
localização sonora: acertar pelo menos quatro comentar, por meio de um questionário semies-
das cinco direções apresentadas; o erro esperado truturado (Anexo 1), sobre mudanças possíveis
está em uma das direções, ou à frente, ou aci- ou melhora no que se refere à linguagem e às
ma ou atrás da cabeça; 2) memória sequencial habilidades comportamentais. A frequência de
verbal: acertar pelo menos duas sequências das respostas dadas para o período em que os pais
três sílabas em três tentativas e 3) memória se- notaram diferenças com relação à linguagem e
quencial não-verbal: compreender a solicitação comportamentos foi calculada.
e acertar pelo menos uma sequência de três sons
em três tentativas. Atividades desenvolvidas
Dentre as 187 crianças, 88 constituem o grupo
As crianças desta amostra foram submetidas
experimental e foram envolvidas em uma inter-
a atividades com uso de equipamentos portáteis
venção para o desenvolvimento e refinamento de
(Ipads), em que foram disponibilizados alguns
linguagem e comportamento por meio de ativi-
aplicativos categorizados quanto à sua função:
dades desenvolvidas em aplicativos usados em
jogos; livros interativos por meio do toque; per-
tablets (IPads), atividades com material concreto,
sonagens respondendo ou repetindo o discurso
como jogos e uso de brinquedos e orientação for-
da criança; discriminando e classificando dife-
necida a seus pais e professores por uma equipe
rentes sons e tarefas para lidar com emoções e
profissional composta por fonoaudiólogos, psi-
sentimentos.
cólogos e psicopedagogos. As outras 99 crianças
Os livros interativos por meio do toque, dis-
constituem o grupo controle. A fase de pós-teste
ponibilizados por meio dos aplicativos Os Dez
aconteceu no primeiro semestre de 2015.
Para o desenvolvimento e refinamento de Amigos20, Quem soltou o pum?21 e Millie livro
vocabulário, processamento auditivo central e de história22 foram utilizados com o objetivo de
habilidades pró-sociais, um conjunto de ativida- desenvolver e aprimorar a linguagem falada e
des baseadas em aplicações que funcionam em preparar para a entrada na escrita, além de dis-
tablets sensíveis ao toque foram usadas. Essas criminação auditiva e controle da agressividade
atividades foram categorizadas em jogos; livros e ansiedade. As crianças são convidadas a repro-
interativos por meio do toque; personagens res- duzirem a história e a contá-la mais uma vez,
pondendo ou repetindo o discurso da criança; utilizando os recursos interativos a cada página,
discriminando e classificando diferentes sons facilitando o resgate das informações principais
e tarefas para lidar com emoções e sentimen- da memória. Os profissionais da equipe multidis-
tos. Algumas sugestões de uso dos aplicativos ciplinar exploraram a introdução de vocabulário
foram elaboradas, após o desenvolvimento da novo durante a leitura, além de se basearem
intervenção. no modelo de quatro leituras, em que a leitura
A avaliação das crianças e a intervenção compartilhada com as crianças deve ser feita em
foram realizadas na própria escola, em horário quatro etapas diferenciadas: 1) primeira leitura:
escolar, na própria sala de aula, por uma dupla explora-se o enredo do livro, perguntando-se às
de profissionais das áreas da Fonoaudiologia, crianças sobre o entendimento do título do livro,
Psicologia e Educação, com a participação e dos personagens e sobre o que é importante
apoio do professor titular. Ainda nessa mesma para entender a história; 2) segunda leitura:
fase, pais e professores receberam orientações exploração dos temas sociocognitivos, em que
quanto ao manejo de comportamentos-problema. os sentimentos, pensamentos, emoções, inten-
141
Varanda CA et al.
Anexo 1
142
Aplicativos para tablets sensíveis ao toque para melhorar vocabulário, processamento auditivo central
e habilidades de interação social entre pré-escolares
ções e desejos dos personagens são explorados, mas, neste caso, as tarefas se referem à identifi-
discutindo-se, também, a interação que acon- cação, discriminação, memória e sequenciação
tece entre os personagens; 3) terceira leitura: de sons verbais (fonemas e nomes de letras).
correspondência com as experiências de vida Os aplicativos classificados como “tarefas
das crianças, em que se verifica como a criança para lidar com emoções e sentimentos” incluem
se sentiria se algo parecido acontecesse com Os Dez Amigos20, Quem soltou o Pum?21, Dora a
elas e 4) quarta leitura: as crianças recontam a Aventureira34, Pip and Posy: Fun and Games35,
história, resumindo as leituras anteriores23. No Animal Face36, Doodlecast for Kids37, Quero ser
caso específico desta pesquisa, os profissionais da Turma da Mônica38, Millie livro de história22,
da equipe multidisciplinar, embora tenham uti- Meu Tom28 e câmera fotográfica do IPad. O apli-
lizado estes princípios, fundiram a proposta de cativo Os Dez Amigos20, por exemplo, permite
quatro leituras diferenciadas em duas. Após a que as crianças associem os dedos das mãos
primeira leitura, exploraram o enredo do livro, o que aparecem na história com as pessoas (cada
título, os nomes dos personagens e vocabulário dedo da mão é diferente, porém todos cumprem
novo e na segunda leitura, exploraram os temas papéis importantes, assim como as pessoas). O
sociocognitivos, a correspondência com a vidas aplicativo Pip and Posy: Fun and Games35, na
das crianças, pedindo, ao final que recontassem tarefa “Make a face”, sugere que as crianças
a história. identifiquem as diferentes expressões faciais
A categoria de aplicativos classificados como de um personagem que é apresentado. Com o
“personagens respondendo ou repetindo o dis- uso da câmera fotográfica, as crianças também
curso da criança” incluíram os aplicativos Tom, podem se ver como em um espelho, imitando
o Gato Falante para iPad24; Pierre, O Papagaio as expressões faciais, nomeando os sentimentos
Falante para iPad25; Talking Tom & Ben News demonstrados nessas expressões. O aplicativo
para iPad26; Talking Larry27 e Meu Tom28, que Animal Face36 permite que as faces de animais
tinham como objetivos psicoeducativos o apri- sejam colocadas em cima da face da fotografia
moramento da linguagem (ouvir e reconhecer o dos alunos em montagens interessantes que
próprio discurso) e das habilidades de interação possibilitem que as crianças falem de algumas
social. Esses aplicativos exploram a habilidade emoções e sentimentos comuns a elas.
das crianças do ponto de vista emocional e de Aplicativos, como Os Dez Amigos20, Pip and
linguagem em lidarem com o personagem que Posy: Fun and Games35, Checkup – Calilou39,
repete o discurso das crianças. As crianças têm Timokids40, foram classificados como jogos que
de ser capazes de ouvir e entender o discurso propõem atividades lúdicas com temas que
com sons distorcidos e concorrentes. O enten- convergem tanto para o domínio da linguagem
dimento do discurso com sons concorrentes tem quanto de comportamento. Assim, ao jogarem,
como objetivo dessensibilizar as crianças quanto as crianças retomam os temas vistos nos mesmos
à fala em presença de ruído (habilidade auditiva aplicativos ou em outros, de forma a tornarem
de figura-fundo). as rotas cognitivas utilizadas para essas tarefas
A categoria de aplicativos classificados como mais facilmente acionadas em situações futuras.
“discriminando e classificando diferentes sons” Atividades cujos objetivos eram desenvolver
incluiu os aplicativos Baby Chords29, Turma da e aprimorar a linguagem e minimizar prováveis
Galinha Pintadinha HD30; Efeitos Sonoros31 em problemas de comportamento foram desenvol-
que as crianças realizaram tarefas de discrimina- vidas por meio de jogos e material concreto
ção e memória auditiva, sequência de sons não- com temas semelhantes aos desenvolvidos nas
-verbais existentes na natureza e sons musicais. atividades desenvolvidas em tablets, porém a
Os aplicativos ABC Palavras32 e ABC Criança33 descrição dessas atividades foge ao escopo do
foram também classificados nesta categoria, presente relato.
143
Varanda CA et al.
144
Aplicativos para tablets sensíveis ao toque para melhorar vocabulário, processamento auditivo central
e habilidades de interação social entre pré-escolares
Tabela 2 – Classificação das respostas fornecidas pelos pais das duas escolas experimentais
quanto a mudanças comportamentais, de linguagem e outros.
Domínio Categorias de respostas Número de respostas dadas
Linguagem Vocabulário expressivo/auditivo 14
Habilidades conversacionais 24
Habilidades narrativas 6
Habilidades sintáticas 5
Fala Articulação de palavras 5
Comportamentos Habilidades de interação social 14
Competência emocional 11
Cognitivo Aprimoramento de habilidades cognitivas 6
Psicomotor Aprimoramento da coordenação motora 1
Autocuidados Autonomia para tarefas de autocuidados 6
Novos interesses Interesse por computador 1
Interesse por leitura 1
145
Varanda CA et al.
146
Aplicativos para tablets sensíveis ao toque para melhorar vocabulário, processamento auditivo central
e habilidades de interação social entre pré-escolares
SUMMARY
Multitouch tablet applications for ennhancing vocabulary,
central auditory processing and prosocial skills among preschoolers
147
Varanda CA et al.
expressivo. In: Capovilla FC, Negrão VB, ASEBA preschool forms & profiles. Burlington:
Damázio M, eds. Teste de vocabulário University of Vermont Research Center for
auditivo e teste de vocabulário expressivo. Children, Youth & Families; 2000.
São Paulo: Memnon Edições Científicas; 17. Bordin IAS, Mari JJ, Caeiro MF. Validação
2011. p.5-17. da versão brasileira do “Child Beha vior
8. Capovilla FC, Negrão VB, Damázio M. Teste Checklist” (CBCL) – Inventário de Com
de vocabulário auditivo e teste de vocabulário portamentos da Infância e da Adoles cên
expressivo: validado e normatizado para cia: dados preliminares. Rev Bras Psiquiatr.
o desenvolvimento da compreensão e da 1995;17(2):55-6.
produção da fala dos 18 meses aos 6 anos. 18. Rescorla L, Alley A. Validation of the Lan
São Paulo: Memnon; 2011. 582p. guage Development Survey (LDS): a parent
9. Capovilla FC, Salido LFM. Avaliando a Aspa report tool for identifying language delay in
(Avaliação Simplificada do Processamento toddlers. J Speech Lang Hear Res. 2001;
Auditivo): efeito de série escolar e de inte 44(2):434-45.
ligência não verbal sobre Localização de 19. Pereira L D, Schochat E. Processamento
Fonte Sonora e Memória Sequencial de Sons auditivo central: manual de avaliação. São
Não Verbais e Não verbais. In: Capovilla Paulo: Editora Lovise; 1997. 231p.
FC, orgs. Transtornos de aprendizagem: pro 20. Os Dez Amigos [software]. Versão 1.1.1. ©
gressos em avaliação e intervenção pre uTouchLabs Editora; 2012.
ventiva e remediativa. 2ª ed. São Paulo: 21. Quem soltou o Pum? [software]. Versão 1.2.
Memnon; 2011. p.141-57. Companhia das Letras; 2013.
10. Sharma M, Purdy SC, Kelly AS. Comorbidity 22. Millie livro de história (Millie esteve aqui
of auditory processing, language and rea livro 1: conheça Millie) [software]. Versão
ding disorders. J Speech Lang Hear Res. 2.0.2. Megapops LLC; 2015.
2009;52:706-22. 23. Aram D, Fine Y, Ziv M. Enhancing parent–
11. Toscano RDGP, Anastasio ART. Habilidades child shared book reading interactions:
auditivas de detecção, localização e me promoting references to the book’s plot and
mória em crianças de 4 a 6 anos de idade. socio-cognitive themes. Early Child Res Q.
In: Anais do 16º Congresso Brasileiro de 2013;28:111-22.
Fonoaudiologia. São Paulo, 2008. p.1-5. 24. Tom, o Gato Falante para Ipad (Talking Tom
12. American Speech-Languagem-Hearing As Cat 2 for iPad) [software]. Versão 4.8. Outfit
sociation – ASHA (1996). Central auditory 7 Limited; 2015.
processing: current status of research and 25. Pierre, o Papagaio Falante para IPad (Tal
implications for clinical practice [Technical king Pierre for Ipad) [software]. Versão 3.3.
Report]. Disponível em: <http://professional. Outfit7 Limited; 2015.
asha.org/>. Acesso em: 12/4/2015. 26. Talking Tom & Ben News para IPad [software].
13. Carvallo RMM. Processamento auditivo: Versão 2.2. Outfit 7 Limited; 2015.
avaliação audiológica básica. In: Pereira LD, 27. Talking Larry the Bird [software]. Versão 3.1.
Schochat E, eds. Processamento auditivo Outfit 7 Limited; 2015
central: manual de avaliação. São Paulo: 28. Meu Tom [software]. Versão 2.5. Outfit 7
Editora Lovise; 1997. p.27-35. Limited; 2015.
14. D’Abreu LCF, Marturano EM. Associação 29. Baby Chords [software]. Versão 3.5.1. De
entre comportamentos externalizantes e Keynote Star Inc; 2014.
baixo desempenho escolar: uma revisão de 30. Turma da Galinha Pintadinha HD [software].
estudos prospectivos e longitudinais. Estud Versão 3.2.1. Bromélia Produções Ltda; 2015.
Psicol. 2010;15(1):43-5. 31. Efeitos sonoros (Sound Effects Ringtones)
15. Petersen IT, Bates JE, D’Onofrio BM, Coyne [software]. Versão 1.0.0.0. Distribuidor Down
CA, Lansford JE, Dodge KA, et al. Language load New Ringtones; 2014.
ability predicts the development of behavior 32. ABC Palavras [software]. Versão 1.3. De
problems in children. J Abnorm Psychol. Technolio Inc.; 2013.
2013;122(2):542-57. 33. ABC Criança [software]. Versão 2.1. Cate
16. Achenbach T, Rescorla L. Manual for the goria Educação; 2014.
148
Aplicativos para tablets sensíveis ao toque para melhorar vocabulário, processamento auditivo central
e habilidades de interação social entre pré-escolares
34. Dora a Aventureira: O safari de adesivos de 37. Doodlecast for Kids (Sago Mini Doodlecast)
Dora e Diego HD [software]. Versão 3.0. De [software]. Versão 2.7. Sago Sago; 2014.
Nickelodeon; 2012. 38. Quero ser da Turma da Mônica [software].
35. Pip and Posy: Fun and Games [software]. Versão 1.1. Maurício de Sousa; 2012.
Versão 1.0.5. Categoria Books. De Nosy Crow; 39. Checkup – Caillou [software]. Versão 1.2. De
2012. Budge Studios; 2015.
36. Animal Face - IG Photo Editor Booth [soft 40. Timokids – Histórias e jogos educativos para
ware]. Animal Face: software. Versão 2.4. crianças de 0 a 5 anos [software]. Versão
Easy Tiger Apps, LLC; 2015. 1.7.1. Timokids; 2015.
149
MARTIGO
achado AC & Bello SF
ORIGINAL
Habilidades sociocomunicativas
e de atenção compartilhada em
bebês típicos da primeira infância
Andréa Carla Machado; Suzelei Faria Bello
150
Habilidades sociocomunicativas e de atenção compartilhada em bebês típicos da primeira infância
151
Machado AC & Bello SF
diálogo, manter e ampliar e tais ações implicam identificar as duas habilidades citadas e eviden-
em compartilhar a atenção entre os mediadores ciadas nos bebês em quatro distintos períodos
do sujeito. observados, bem como as diferentes configura-
Por isso, as condutas comunicativas de iniciar, ções em cada idade.
manter e rever o ato comunicativo cria movimen-
tação para ampliar o desenvolvimento, o que MÉTODO
irá buscar uma competência comunicativa, ou Participantes
seja, a tarefa primordial de oferecer intenção à Participaram deste estudo quatro díades mãe-
comunicação do bebê, e, sobretudo às respostas -bebê nas idades de três, seis, quinze e dezoito
diversas, como choro, sorriso, levantar os braços,
meses. As mães dos bebês eram casadas, mo-
balbucio será do cuidador que transformará a
ravam em suas próprias residências, tinham
intencionalidade em intenção de comunicação11.
idade média de 27 anos, (DP= 4,94) e nível de
Esses pressupostos comportamentais de inte-
instrução a partir do ensino médio completo.
ração do ato comunicativo também foram apon-
Das mães participantes deste estudo, três eram
tados12, com ênfase nas manifestações de sorriso
primíparas e uma das mães, a criança era a se
e balbucio, como deflagradores do contato social
gunda de três filhos. Segundo relato delas, os
e, por sua vez, dos atos comunicativos, pois os
bebês não apresentaram problemas de saúde
bebes despertam nos adultos comportamentos de
e nasceram a termo (idade gestacional maior
atenção, ritmo de fala diferenciado, disposição
que 38 semanas). A participação de cada díade
ao toque e à proteção.
ocorreu e foi autorizada mediante assinatura do
Nos primeiros anos de vida, os sons rudi
Termo de Consentimento e Livre Esclarecido.
mentares13, que vão sendo incorporados e apri
morados pelas habilidades sociais de sorrir, ofe
recer o contato visual, de tocar, de estender os Instrumentos
braços, superam o desejo das trocas e instauram Para conhecer os comportamentos comuni-
a comunicação não-verbal, que interpretada pela cativos intencionais dos bebês foram utilizados
díade oferece identidade às interações socioco- uma câmera de vídeo e um roteiro com os itens
municativas e qualificam os sinais do parceiro e relacionados à linguagem e socialização14,15. As
as funções progridem para meta representações díades foram observadas em suas residências,
e experiências que levam para a evolução da em situação de brincadeira com brinquedos
comunicação verbal. previamente selecionados (Quadro 1). Esse tipo
Diante do exposto, este estudo teve o objetivo de contexto pode aumentar a probabilidade
de apresentar dados referentes às habilidades do surgimento de interação durante o evento,
sociocomunicativas e de atenção compartilhada consideradas vitais para mudanças no desen-
em bebês típicos na primeira infância, buscando volvimento.
152
Habilidades sociocomunicativas e de atenção compartilhada em bebês típicos da primeira infância
153
Machado AC & Bello SF
idade para identificar ações do bebê de natureza Na Figura 1, observamos a frequência das
intencional e/ou não-intencional durante as inte- habilidades dispostas em categorias e agrupadas
rações. Por meio desse processo, foi possível iden- nas idades de 0 a 6 meses. Os dados evidencia-
tificar e caracterizar as principais modalidades ram que os bebês mais velhos, ou seja, com seis
sociocomunicativas e de atenção compartilhada meses, apresentam maior frequência nas habi-
dos bebês em cada período analisado. lidades sociocomunicativas e de atenção com-
Para verificar a fidedignidade da codificação partilhada comparados ao bebê de três meses
das habilidades dos bebês nos episódios intera- que ainda está adquirindo habilidades de jogos
tivos, o material e o roteiro foram preenchidos e vocálicos, resposta de gestos com gestos, por
analisados pelas duas pesquisadoras para que exemplo, o qual obteve uma frequência menor
fosse obtido o índice de concordância na marca- nessas categorias.
ção das categorias analisadas. As porcentagens Nessa amostra ficam evidentes que as formas
de concordância foram comparadas, obtendo-se não-verbais de comunicação estão presentes e
concordância maior que 85%. os processos interativos reforçam a presença de
cada item como preponderante para o desenvol-
RESULTADOS vimento da comunicação verbal. Os primeiros
Após a análise das interações por díade, foi níveis de comunicação não-intencional7,14 sur-
realizada uma análise por grupo de idade para gem por volta dos dois aos oito meses de vida,
demonstrar as possíveis variações ocorridas em situação delineada por contato visual que segue
termos de das habilidades dos bebês em intera- trajetória de objeto ou de pessoa, vocaliza, chora
ções com as mães. Para melhor visualização, os com intenção biológica, demonstrando a inten-
dados foram dispostos em figuras apresentadas cionalidade sociocomunicativa dos bebês frente
a seguir. ao meio em que está envolvido. Em relação à
154
Habilidades sociocomunicativas e de atenção compartilhada em bebês típicos da primeira infância
atenção compartilhada, podemos ressaltar que comunicativos, pois a criança emprega recursos
os comportamentos, de natureza triádica, como elementares para agir sobre o outro, inicia diá-
por exemplo, responder gestos com gestos, logo, usa uma gama pequena de vocabulários,
responde por vocalizações e interações, jogos responde com vocábulos simples, procurando,
vocálicos; deram-se também em função das assim, expressar seus desejos; obter algo com o
situações e atividades criadas pelas mães, o uso da comunicação; focar a atenção para o ato
que evidencia que o caráter bidirecional dessas comunicativo ou ainda iniciar um comentário
trocas seriam indicativos da habilidade comuni- da situação3,4,15. Também atos dos bebês nessas
cativa intencional8. idades que indicam a habilidade em partici-
A Figura 2 apresenta a frequência das habili-
par da interação via jogo de papéis, tais como
dades sociocomunicativas e de atenção compar-
entregar brinquedo à mãe, quando solicitado,
tilhada para os bebês com idade de quinze e de-
imitar o adulto utilizando o objeto e vocalizar
zoito meses. Verificamos que todas as categorias
olhando para a mãe, sugerindo que os bebês
relacionadas às habilidades sociocomunicativas
compartilhavam os passos de cada atividade
e atenção compartilhada, mais elaboradas, são
dominadas por bebês típicos a partir dos 15 me- da interação.
ses. No entanto, somente a produção de cinco Contudo, é importante ressaltarmos que,
palavras diferentes, nomeação de brinquedos, mesmo os bebês sendo caracterizados como tí
produção de sons de animais, respostas positi- picos do desenvolvimento infantil, é mister lem
vas de “sim” e “não” e a imitação de sons foram brar que há uma variabilidade de perfil para a
realizadas pela criança de dezoito meses. execução de algumas categorias descritas, não
Nessa fase, inicia-se a comunicação pré-lin cabendo aqui neste trabalho generalizações,
guística, ou seja, tende a verbalizações mais mesmo porque fatores extrínsecos estão envolvi-
elaboradas, já com intencionalidade nos atos dos nas construções dessas relações/interações.
155
Machado AC & Bello SF
SUMMARY
Socio comunicative skills and shared attention
in typical babies first childhood
156
Habilidades sociocomunicativas e de atenção compartilhada em bebês típicos da primeira infância
157
Frederico
RELATO DENEXPERIÊNCIA
eto F et al.
Francisco Frederico Neto – Mestre em Pediatria pela Marina Emiko Ivamoto Petlik – Doutora em Pediatria
Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, pela Faculdade de Medicina da USP, Coordenadora do
coordenador do Programa de Dificuldade de Apren Ambulatório de Especialidades em Pediatria da Socie
dizagem do Ambulatório de Especialidades em Pediatria dade Beneficente de Senhoras Hospital Sírio-Libanês,
da Sociedade Beneficente de Senhoras Hospital Sírio- São Paulo, SP, Brasil.
Libanês, São Paulo, SP, Brasil. Carolina Luísa Alves Barbieri – Doutora em Saúde Co
Andréa Cristina Cardoso – Mestre em Educação, Adminis letiva pelo Departamento de Medicina Preventiva da
tração e Comunicação pela Universidade São Marcos/ Faculdade de Medicina da USP, Professora do Programa
SP, fonoaudióloga e psicopedagoga do Ambulatório de de Pós-Graduação em Saúde Coletiva da UNISANTOS,
Especialidades em Pediatria da Sociedade Beneficente Santos, SP, Brasil e pediatra do Ambulatório de Espe
de Senhoras Hospital Sírio-Libanês, São Paulo, SP, Brasil. cialidades em Pediatria da Sociedade Beneficente de
Harumi Nemoto Kaihami – Mestre em Ciências pela Senhoras Hospital Sírio-Libanês, São Paulo, SP, Brasil.
Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo,
psicóloga do Ambulatório de Especialidades em Pedia Correspondência
tria da Sociedade Beneficente de Senhoras Hospital Sírio- Francisco Frederico Neto
Libanês e psicóloga chefe do Serviço de Psicologia do Ambulatório de Especialidade em Pediatria do Hospital
Instituto de Medicina Física e Reabilitação – HCFMUSP, Sírio-Libanês
São Paulo, SP, Brasil. Rua Peixoto Gomide, 337 – Bela Vista – São Paulo, SP,
Kátia Osternack – Doutora em Ciências - Neurologia pela Brasil – CEP: 01409-001.
Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Es E-mail: ffredericoneto@gmail.com
pecialista em Neuropsicologia credenciada pelo Conselho
Federal de Psicologia, Colaboradora do Ambulatório de
Especialidades em Pediatria da Sociedade Beneficente
de Senhoras Hospital Sírio-Libanês, São Paulo, SP, Brasil.
Gabriela Viegas Stump – Médica psiquiatra da infância
e adolescência, graduação FM-USP, especialização em
psiquiatria geral e da infância e adolescência pelo IPq
HC- FM-USP. Psiquiatra coordenadora do ensino de
médicos residentes no Ambulatório Projeto Transtorno do
Espectro Autista do Instituto de Psiquiatria do HC-FMUSP
e colaboradora do Ambulatório de Especialidades em
Pediatria da Sociedade Beneficente de Senhoras Hospital
Sírio-Libanês, São Paulo, SP, Brasil.
158
Criança com dificuldade de aprendizagem
159
Frederico Neto F et al.
discriminação pelo professor também pode estar por pediatra, fonoaudióloga, psicopedagoga,
atrelada a questões estruturais da escola e das psicóloga, neuropsicóloga e psiquiatra. Atende
condições de trabalho, como falta de material pe- a crianças de 8 a 14 anos oriundas de sete es-
dagógico, salas superlotadas, pouco investimen- colas públicas na região central, na Bela Vista,
to em capacitação dos docentes entre outros8,9. em São Paulo-SP. Desde 2013, recebe crianças
Apesar de estudos da literatura científica encaminhadas da atenção primária da região
apontarem essas barreiras, não se encontram fer centro-oeste do Município de São Paulo-SP.
ramentas de comunicação ou encaminhamento Além do contato com as crianças e suas res-
eficazes para suprir e/ou minimizar essas lacunas. pectivas famílias, o Programa de Dificuldade de
Com o intuito de aproximação dialógica e apri- Aprendizagem do AEP-HSL buscou estreitar o
moramento dos encaminhamentos de crianças diálogo entre os serviços por meio de diversas
com queixa de dificuldade de aprendizagem, estratégias, como reuniões com coordenadores
este relato tem o objetivo de compartilhar a pedagógicos e professores, discussão multidisci-
experiência da construção de uma guia de en plinar de casos específicos, conceitos, diagnósti-
caminhamento que buscou otimizar e instru- cos, encaminhamentos e propostas terapêuticas.
mentalizar o professor a identificar, discriminar Em março de 2011, foi realizado o primeiro
e dimensionar as queixas de dificuldade de encontro entre profissionais do Programa e das
aprendizagem do aluno que ele pretende enca- sete escolas Encontros subsequentes acontece-
minhar a serviços de saúde. ram a cada dois meses para troca de informações
sobre diagnóstico e propostas terapêuticas e pe-
CARACTERIZAÇÃO DA EXPERIÊNCIA dagógicas para as crianças avaliadas. Logo nos
Este estudo é um relato de experiência vi- primeiros meses observou-se que grande número
venciado entre o Programa de Dificuldade de de encaminhamentos era devido a problemas de
Aprendizagem do Ambulatório de Especialida- comportamento, enquanto as dificuldades mais
des em Pediatria da Filantropia da Sociedade específicas relacionadas à aprendizagem ainda
Beneficente de Senhoras do Hospital Sírio-Li eram pouco identificadas e encaminhadas. Outro
banês (AEP-HSL)(a) e sete escolas públicas da fato observado foi que rapidamente as escolas
região central de São Paulo-SP, entre os anos começaram a informar que estavam ficando com
de 2011 e 2013. uma lista de espera expressiva.
O Programa de Dificuldade de Aprendizagem Fruto desses encontros e da própria prática de
do AEP-HSL surgiu em 2010 fruto da percepção atendimento dos alunos encaminhados à equipe
da elevada demanda de crianças encaminhadas do programa buscou a construção de instrumen-
com queixas relacionadas a mau rendimento tos que facilitassem esse diálogo e o melhor di-
escolar encaminhadas pelas escolas da região recionamento das crianças que necessitavam de
central do Município de São Paulo-SP. Ele foi avaliação especializada na área. Essa construção
concebido com o objetivo de realizar diagnós- foi um processo dinâmico, fruto do amadureci-
tico diferencial da criança e adolescente com mento, reflexão e discussão entre a equipe do
dificuldade de aprendizagem e orientar e propor Programa de Dificuldade de Aprendizagem do
intervenções necessárias, respeitando a singu- AEP-HSL e o retorno dado pelos profissionais
laridade de cada caso. É um serviço formado das escolas. O fio condutor deste relato de expe-
por uma equipe multiprofissional constituída riência é a descrição do desenvolvimento de um
instrumento de encaminhamento de alunos com
Serviço criado em 2010 com o nome inicial ‘Núcleo de
(a)
Apoio à Aprendizagem’, foi remodelado e assumiu nova queixas escolares da escola ao serviço de saúde.
configuração. Desde 2013 passou a se chamar ‘Programa De acordo com as recomendações da Re-
de Dificuldade de Aprendizagem’ do Ambulatório de
Especialidades em Pediatria da Filantropia da Sociedade solução CNS n°196/96, do Conselho Nacional
Beneficente de Senhoras do Hospital Sírio-Libanês. de Saúde – Comissão Nacional de Ética em
160
Criança com dificuldade de aprendizagem
161
Frederico Neto F et al.
coordenadores pedagógicos das escolas, a guia Foi introduzido, então, o segundo modelo
foi se transformando e tomando novas formas. (Figura 2), que teve como inspiração a escala
Já ao final de 2011, a experiência dos primeiros SNAP IV do DSM IV10, na qual os comporta-
encaminhamentos por meio da guia modelo 1, mentos sugestivos de Hiperatividade e Déficit de
com descrições muitas vezes sucintas ou pouco Atenção são classificados em quatro categorias
detalhadas, conduziram a reformulações. Além de intensidade (nem um pouco, só um pouco,
disso, os professores apontavam para a neces- bastante e demais). Passou-se, então, de um
sidade de uma guia de encaminhamento de modelo apenas descritivo para outro que além
preenchimento mais ágil, dada a pouca dispo- deles favorecia um preenchimento mais siste-
nibilidade de tempo dos mesmos para esse fim. matizado e abrangente, buscando evitar que
162
Criança com dificuldade de aprendizagem
alguma queixa de dificuldade escolar não fosse a família do aluno e com a própria escola. Ao
apontada pela escola, e que agregava ainda o longo do período de utilização da guia de enca-
dado de quanto tempo essa criança apresenta minhamento, o dado que mais habitualmente foi
essas queixas. Assim, esse novo modelo permitia conflitante ou mal preenchido foi o ano letivo em
ao professor/coordenador pedagógico visualizar que o aluno se encontrava, já que muitas vezes
de forma organizada as diferentes queixas de di- tanto escola quanto família faziam referência à
ficuldade escolar, assim como incentivar a discri- série e não ao ano escolar, traduzindo a confusão
minação da intensidade das queixas observadas. ainda existente após a mudança na estrutura da
Da mesma forma, a equipe do serviço de saúde Educação quando o Ensino Fundamental, que
passou a receber relatórios mais qualificados, passou a ter a duração nove e não mais oito anos.
agregando agilidade, coerência e fidedignidade O conhecimento do ano letivo correto mostrou-se
aos dados descritos pelos professores. importante, pois as avaliações multiprofissionais
O uso frequente desse segundo modelo de levam em consideração as expectativas sobre o
guia de encaminhamento mostrou a necessida- desempenho acadêmico do aluno em referência
de de novos aperfeiçoamentos, dando origem ao seu nível de escolaridade.
ao terceiro modelo (Figura 3), que é o utilizado O aspecto seguinte refere-se à identificação
até hoje em nosso serviço. Além de uma melhor pelo profissional da escola sobre qual área de di-
identificação do aluno, ele buscou estruturar as ficuldade escolar é mais comprometida (compor-
queixas em quatro áreas principais de dificul- tamental, aprendizagem ou linguagem). Claro
dade escolar (comportamento, aprendizagem, que mais de uma área poderá estar comprometi-
linguagem e outras) e agregou novos dados. da, mas muitas vezes será apontada apenas uma
Dentre eles, o detalhamento das queixas de das três áreas, indicando, já de início, para onde
linguagem e fala, de comportamento (em apatia/ a investigação poderá ser direcionada. A seguir
desinteresse, agressividades e outros) e de escri- vem o detalhamento de cada uma das áreas de
ta em duas subdivisões: dificuldade na escrita dificuldade escolar, visando a uma compreensão
ao copiar e ao ouvir um ditado. Essa descrição mais ampla e minuciosa das queixas do aluno
mais pormenorizada traz informação relevante observadas pela escola.
para a equipe de saúde que avaliará o aluno, Inicialmente são descritos aspectos relacio
evidenciando possíveis dificuldades na área nados a queixas comportamentais, como agita
visual e/ou auditiva. Além disso, ele contemplou ção psicomotora, desinteresse, atenção e agres
informações acerca da existência de algum diag- sividade. Quando os sintomas nesta área se mos-
nóstico previamente conhecido desta criança, se tram intensos, costumam apontar para possíveis
ela faz reforço escolar, sua hipótese de aquisição diagnósticos de transtorno de déficit de atenção
e grau de defasagem na percepção do professor. e hiperatividade (TDAH), distúrbios de condu-
ta, distúrbios de humor, deficiência intelectual,
CONSIDERAÇÕES A PARTIR DESSA EX- distúrbio de sono, problemática psicossocial, etc.
PERIÊNCIA Será importante, no entanto, um olhar aprofun-
Em nossa experiência, a utilização da guia dado sobre aspectos psicossociais, já que muitas
melhorou a comunicação entre escola e o nosso vezes a dinâmica familiar, a falta de espaço físico
serviço, facilitou a discriminação das queixas onde a família habita, a falta de oportunidade de
pelos professores e permitiu uma melhor com- acesso a lazer e cultura, assim como a exposição
preensão inicial do quadro da criança, tanto pela à violência urbana, poderão influenciar direta-
escola quanto pela equipe de saúde. mente na ocorrência desses sintomas.
Os dados da criança (nome, escola, ano le- No tocante às queixas relacionadas propria-
tivo, data de nascimento, idade, responsáveis mente aos aspectos da aprendizagem (leitura,
e contato) são essenciais para o contato com escrita, interpretação, aritmética), quando os
163
Frederico Neto F et al.
sintomas nessa área se mostram intensos, costu Muitas vezes por trás de uma queixa de uma
mam apontar para uma ampla gama de diagnós- dificuldade de aprendizagem intensa está a sim
ticos, que vão desde uma simples defasagem ples falta de oportunidade de estudar.
pedagógica até um transtorno de aprendizagem, Alguns estudos apontam que a dificuldade
como dislexia ou discalculia. de aprendizagem é focada ou inerente ao aluno,
Nesse ponto dois aspectos merecem ser co desconectada do contexto escolar2,3,11. Na nossa
mentados. O primeiro refere-se à coerência en- experiência, as crianças com defasagens e com
tre as queixas de dificuldade de aprendizagem questões que envolvam o processo de ensino-
apontadas na guia e a idade do aluno e ano le- -aprendizagem na escola se beneficiariam de
tivo. Muitas vezes o aluno ainda se encontra em uma atenção mais individualizada, reforço esco-
processo de alfabetização e as queixas descritas lar e apoio psicopedagógico, sem a necessidade
são perfeitamente aceitáveis para a idade e ano de encaminhamento a serviço especializado. A
escolar que o aluno frequenta. O segundo aspec- equipe parte do pressuposto que cada criança
to de relevância é saber se o aluno encaminhado tem seu tempo de aprendizagem e que isso tem
foi exposto de forma regular e sistematizada que ser respeitado e não indica necessariamente
ao processo de alfabetização e aprendizagem. um atraso. Outra questão observada nesses anos
164
Criança com dificuldade de aprendizagem
foi que o foco é exclusivamente o desempenho O modelo atual deixa ainda espaço aberto para
da criança, muitas vezes sem a menção ou cor- a descrição de outras queixas de dificuldade es-
relação se a criança foi exposta adequadamente colar não contempladas anteriormente, mas que
ao processo de aprendizagem. possam ter sido observadas pela equipe da escola.
A terceira área de dificuldade escolar a ser Deve ficar claro que, apesar desse detalhamento,
detalhada refere-se a questões de linguagem esse modelo de guia deve ser analisado como um
que possam apontar para problemas de aprendi- todo e é o primeiro passo na abordagem diagnós-
zagem que mereçam investigação. Por exemplo, tica do aluno com dificuldade de aprendizagem.
fala sem sentido, descontextualizada, e dificulda- Apesar da notória melhora dos encaminha-
de em entender o que lhe é falado podem apontar mentos e da comunicação com os profissionais
para diagnósticos como deficiência intelectual, da escola quando acompanhadas pelo uso da
déficit de atenção e problemas auditivos. Queixas guia atual, esta experiência revelou a importân-
envolvendo trocas de letras F/V, T/D, P/B ao falar cia da distinção entre crianças que realmente
e escrever costuma apontar para diagnósticos precisam e se beneficiariam de uma avaliação
na área do processamento fonológico, como, por especializada daquelas que têm desajuste de
exemplo, o déficit de processamento auditivo ensino-aprendizagem, para que a utilização
central. Por outro lado, podemos encontrar alunos desse instrumento não se torne um meio de
que foram pobremente expostos ao processo de encaminhamentos indiscriminados ou que po
alfabetização com queixas muito semelhantes. tencialize o aumento dos encaminhamentos. Na
Ainda no aspecto de linguagem, a guia apre- intenção inversa, ele buscou justamente discernir
senta uma ressalva, informando que problemas os casos de dificuldade de aprendizagem que re-
articulatórios (fala de difícil compreensão, vícios almente mereçam uma avaliação especializada
de linguagem, “língua presa”), fluência (gaguei- por equipe multidisciplinar de saúde. A cons-
ra) e voz (rouquidão) poderão se beneficiar de trução desse instrumento é um primeiro passo,
fonoterapia, mas deverão ser encaminhados para mas estudos são necessários para sua validação.
outro serviço de saúde, já que em nosso serviço A construção desse modelo de guia de enca-
abordamos apenas as queixas de linguagem minhamento é resultado de uma oportunidade
diretamente relacionadas a queixas de dificul- especial de um diálogo profícuo e de uma cons-
dade de aprendizagem (transtornos fonológicos, trução conjunta envolvendo Saúde e Educação.
dislexia, etc). Esse aspecto aliado ao amadurecimento de
O último aspecto das dificuldades escolares conceitos e práticas por meio das sucessivas reu
refere-se a queixas de coordenação motora e niões de discussão de casos e temas relacionados
equilíbrio que poderão apontar para possíveis à dificuldade de aprendizagem favoreceu que
diagnósticos na área neurológica. As informa- o preenchimento da guia se tornasse cada vez
ções finais referem-se ao conhecimento ou não mais preciso, fazendo com que chegassem a nos-
pela escola de possíveis diagnósticos preexisten- so serviço cada vez mais alunos com dificuldades
tes e sua possível associação com a dificuldade escolares que justificavam o encaminhamento.
de aprendizagem descrita, além da identificação Com o advento da integração do AEP-HSL
do grau de defasagem do aluno, da hipótese de ao sistema SUS, a partir de 2013, um novo de-
alfabetização em que o mesmo se encontra e da safio foi colocado, já que passamos a receber
informação se o aluno frequenta ou não reforço alunos com queixa de dificuldade de aprendi-
na própria escola. Assim, por exemplo, a simples zagem de regiões mais remotas, com as quais
análise da hipótese de alfabetização, de acordo não existia a mesma proximidade geográfica e
com a idade da criança, poderá já apontar para oportunidade de encontros sistemáticos como
uma importante defasagem, levantando as pri- no início do nosso programa. Como para muitas
meiras suspeitas diagnósticas. dessas escolas o encaminhamento formalizado
165
Frederico Neto F et al.
SUMMARY
Children with learning disabilities: the process of building a
routing guide of students with school issues to health services
166
Criança com dificuldade de aprendizagem
167
Portes
ARTIGO DS
DE REVISÃO
168
A importância das Neurociências na formação do professor de inglês
169
Portes DS
coração e de outros órgãos que estes, durante o teoria capaz de descrever a personalidade de um
processo de mumificação, eram cuidadosamente indivíduo a partir de uma análise detalhada da
preservados pelos egípcios, ao passo que o cé- anatomia do crânio. Ainda segundo essa teoria,
rebro era simplesmente descartado4-7. seria possível dividir o cérebro em 35 funções
Essa crença foi desfeita apenas por volta de de acordo com o formato e tamanho do crânio.
400 a.C., na Grécia Antiga, pelo considerado “pai A essa relação entre as dimensões do crânio e
da Medicina”, Hipócrates5. Para ele, o cérebro os traços de personalidade de um indivíduo,
era responsável pelas sensações e pelo intelecto5. eles deram o nome de Frenologia. Embora tal
Abraçando as ideias de Hipócrates, o médico teoria tenha causado certo impacto na sociedade
grego Galeno (130-200), cujos experimentos e da época, ela carecia de um método científico,
dissecações foram feitos, sobretudo, em gado, não apresentando, portanto, dados consistentes.
pois as leis romanas não permitiam a autópsia, Diante disso, a comunidade científica logo a con
termo, aliás, cunhado por ele, posteriormente, siderou como pseudociência6,8. Um de seus opo-
deu um importante passo para a compreensão do sitores, Marie-Jean-Pierre Flourens (1794-1867),
sistema nervoso durante a Roma Antiga ao sepa- defendia a ideia de que as diferentes regiões do
rar o cerebelo do cérebro, antes considerados um córtex cerebral, responsáveis pela inteligência,
só4-6. Ademais, Galeno acreditava que os fluidos percepção e desejo, participavam igualmente
do sistema nervoso e da medula espinhal eram nas funções cerebrais, visão esta conhecida como
levados a diferentes do corpo. Para ele, a partir campo agregado e que, posteriormente, viu-se
do mecanismo de energias fluidas, o cérebro que também estava errada4-6,8.
atuava como um receptor de informações e era A teoria localizacionista foi retomada a partir
responsável pelo controle motor7. de um estudo do neurologista francês Paul Broca
As ideias de Galeno prevaleceram por mais (1824-1880), em 1861. Nele, Broca descrevia um
de 1500 anos. Foi durante a Renascença que paciente que, embora entendesse a linguagem,
o médico belga Andreas Vesalius (1514-1564), não conseguia falar, ou seja, sua fala era agra-
considerado o “pai da anatomia moderna”, matical. No exame post mortem desse paciente,
acrescentou descrições pormenorizadas da ana- ele descobriu que a região afetada estava loca-
tomia do corpo humano ao publicar, em 1543, o lizada no lobo frontal esquerdo. Assim, baseado
livro De Humani Corporis Fabrica5. nesse e em outros casos por ele estudados, Broca
Ao final do século XVIII, os estudiosos: (1) concluiu que essa era a área responsável pela
reconheciam a divisão do sistema nervoso em produção da linguagem4-6,8.
central (cérebro e medula espinhal) e periféri- Outro trabalho que reforçou a teoria locali
co (rede de feixes nervosos que liga o sistema zacionista foi o do neurologista alemão Carl
nervoso central às demais partes do corpo); (2) Wernicke (1848-1904). Wernicke estudou um
observaram que o tecido cerebral era composto paciente que conseguia falar fluentemente, mas
por uma substância cinzenta e uma substância suas frases eram desconexas, porém gramati-
branca; (3) identificaram os giros e sulcos que, cais. No estudo post mortem desse paciente,
no século seguinte, favoreceram a divisão do ele descobriu que a área lesionada era ao redor
cérebro em lobos e, consequentemente, servi- dos lobos temporal e parietal e, diante disso,
ram de base para o modelo localizacionista; e concluiu que essa era a área responsável pela
(4) descobriram que o sistema nervoso era de compreensão da linguagem falada e escrita4-6,8.
natureza elétrica4. Após as descobertas de Broca e Wernicke,
No início do século XIX, o médico e neuroana- e seguindo os passos dos fisiologistas alemães
tomista austríaco Franz Joseph Gall (1758-1828) Gustav Fritsch (1838-1927) e Eduard Hitzig
e seu colaborador, o médico alemão Johann Gas- (1838-1907), que observaram movimentos ca-
par Spurzheim (1776-1832), desenvolveram uma racterísticos em um cão que teve partes de seu
170
A importância das Neurociências na formação do professor de inglês
encéfalo estimuladas eletricamente, o neurolo- com o meio, isto é, as funções mentais supe-
gista alemão Korbinian Brodmann (1868-1918) riores eram construídas durante a evolução da
mapeou 52 regiões cerebrais a partir da obser- espécie e da história social e desenvolvimento
vação da organização e tipos de células diver- de cada indivíduo 11,12. Em outras palavras,
sas, assim como as fibras mielínicas presentes tem-se aqui o conceito de plasticidade cere-
nelas6,8,9. Esse mapeamento ficou conhecido bral. Além disso, para o neurologista russo, as
como arquitetura celular ou citoarquitetura e, funções cerebrais eram organizadas a partir da
curiosamente, desde o ano de sua publicação, ação de elementos diversos que trabalhavam
em 1909, inúmeros mapas citoarquitetônicos de maneira coordenada e que estavam locali-
foram publicados, porém, o mapa de Brodmann zados em diferentes áreas do cérebro, ou seja,
permanece sendo utilizado amplamente como eles não estavam necessariamente juntos em
uma referência para designar regiões corticais determinados pontos do cérebro ou em grupos
funcionais devido a sua simplicidade e pequeno de células isoladas12. Na década de 1920, por
número de áreas (44 áreas)10. exemplo, Luria investigou o caso de um pacien-
Ainda, entre o final do século XIX e o começo te que possuía uma extraordinária memória:
do século XX, com o aprimoramento técnico dos cada palavra ouvida por ele era associada a
microscópios que passaram a ter uma melhor diferentes sentidos, ou seja, a um cheiro, uma
resolução, o histologista italiano Camillo Golgi imagem visual, um gosto e uma sensação cor-
(1843-1918) descobriu uma maneira de corar os poral. Contudo, o que parecia ser um dom para
neurônios para visualizar suas partes7. Golgi, no muitos, trazia um prejuízo ao paciente, visto
entanto, acreditava que os neurônios estavam que as associações sensoriais estabelecidas por
completamente conectados uns aos outros, for- ele entre fatos e objetos facilitavam a memori-
mando “uma massa contínua”8. Porém, para o zação em detrimento da compreensão11.
histologista espanhol Santiago Rámon y Cajal A atuação de Luria durante a Segunda Guerra
(1852-1934), a ideia de Golgi não procedia, pois, Mundial também merece destaque. Ele se tor-
para ele, a comunicação entre os neurônios era nou um pioneiro nos estudos de cérebros lesiona-
descontínua4,8, isto é, os neurônios eram “discre- dos, pois era encarregado de cuidar e reabilitar
tas entidades unitárias” cujos sinais elétricos se os feridos de guerra. Luria estava interessado
propagavam em uma mesma direção7. em examinar a patologia e, concomitantemente,
Na primeira metade do século XX, muitos elucidar como a condição de vida desses feridos
cientistas, confundidos pelas descobertas do influenciou suas formas de pensar e agir12.
século anterior, adotaram uma visão holística, ou Ao se falar do século XX, é necessário mencio-
seja, eles se recusavam a aceitar que, para expli- nar, também, que o nascimento da neuroimagem
car o funcionamento cerebral, seria necessário foi decisivo para os avanços das Neurociências.
compreender a função de um único neurônio ou Após a Segunda Guerra Mundial, foi possível
de áreas menores do encéfalo8. O neurologista quantificar o fluxo e o metabolismo cerebral a
inglês Sir Henry Head (1861-1940), por exem- partir do desenvolvimento da tomografia por
plo, defendia a ideia de que o encéfalo era “um emissão de pósitrons ou, simplesmente, TEP4,8.
sistema dinâmico, interconectado e mutável”8. Posteriormente, na década de 1980, tem-se o
Um cérebro lesionado, para ele, poderia ser com- desenvolvimento da imagem por ressonância
parado a um sistema novo e não a um sistema magnética (IRM) baseada em princípios quími-
antigo no qual há a ausência de alguma parte8. cos e físicos8. Portanto, com o desenvolvimento
Por outro lado, para um dos expoentes desse dessas técnicas utilizadas para a geração de
período, o neurologista russo Alexander Ro- imagem, foi possível reproduzir, com grande
manovich Luria (1903-1978), o cérebro era um exatidão, o encéfalo e a medula espinhal em
sistema biológico aberto em constante interação vida, viabilizando o acesso a informações fisio-
171
Portes DS
lógicas e patológicas que anteriormente nunca rico Branco Lefèvre, um dos pioneiros no estudo
estiveram disponíveis2. das funções cognitivas em crianças15.
Atualmente, os cientistas e demais pesqui- Segundo Silveira16, o Brasil ocupa um lugar
sadores sustentam a visão do “conexionismo”, de destaque no que diz respeito às Neurociên-
segundo a qual as funções primárias são for- cias. É possível observar o trabalho, de mais de
temente localizadas e as funções de nível su- 50 anos, de um grande número de pesquisadores
perior resultam de interligações entre as áreas em diversas universidades e institutos de pes-
cerebrais7. Ademais, devido à complexidade do quisas. Em 2003, por exemplo, foram criados o
funcionamento do cérebro, os neurocientistas Instituto Internacional de Neurociências, em
optaram por dividi-lo em unidades de estudo, Natal, e o Instituto do Cérebro do Hospital Al-
cada qual com o seu respectivo nível de análise4. bert Einstein, em São Paulo, com o intuito de
Tal abordagem é conhecida como reducionista atrair ainda mais pesquisadores e fomentar o
e é composta por cinco níveis de complexidade, intercâmbio entre os cientistas brasileiros e do
a saber: Neurociência Molecular (estuda, de exterior, além de buscar maior aproximação entre
maneira geral, os processos químicos e físicos a academia e a sociedade. Cinco anos mais tarde,
envolvidos na função neural), Neurociência foi lançado o programa dos Institutos Nacionais
Celular (investiga, por exemplo, como todas as de Ciência e Tecnologia (INCT), financiados pelo
moléculas trabalham juntas, conferindo a cada governo federal, criando, assim, vários centros
neurônio propriedades especiais), Neurociência de pesquisa em áreas da ciência e em áreas
de Sistemas (estuda como os diferentes circui- estratégicas com vistas ao desenvolvimento sus-
tos neurais analisam as informações sensoriais, tentável16. No que diz respeito, mais especifica-
produzem a percepção do mundo exterior, etc.), mente, às Neurociências, pode-se destacar, por
Neurociência Comportamental (investiga, entre exemplo, o INCT de interface cérebro-máquina
outras coisas, a interação entre os sistemas que coordenado pelo Professor Doutor Miguel Ân-
influenciam o comportamento) e Neurociência gelo Laporta Nicolelis.
Cognitiva (estuda os processos de aprendiza- Dentre os temas pesquisados em diversas
gem, memória, linguagem etc.)2,4. universidades federais, na atualidade, desta
cam-se: memória, comportamento, sono e Cro
AS NEUROCIÊNCIAS NO BRASIL nobiologia, doença mental, sistema visual, or
Sabe-se que os primeiros cursos médicos ganização morfofuncional do sistema nervoso,
foram criados, no Brasil, em 1908 e, nesses nutrição, epilepsia, Neurociência Computacio-
primeiros anos de sua criação, a história das nal e Psicofarmacologia14. Um dado interessante
Neurociências se confunde com a história da que demonstra a força das Neurociências no
Fisiologia, dado que seu ensino era notadamen- cenário nacional é que, de acordo com o Insti-
te “livresco” e “muito pouco experimental”13. tute for Scientific Information, as Neurociências
As Neurociências passaram a ser amplamente despontam como uma das áreas de investigação
estudadas apenas a partir das décadas de 1940 mais bem sucedidas no Brasil: 20% dos neuro-
e 1950, ganhando grande impulso por meio de cientistas brasileiros estão situados dentre os
diferentes estudos como: a depressão cortical, pesquisadores mais produtivos de todas as áreas
dos pesquisadores Aristides Pacheco Leão e Hiss do conhecimento em solo brasileiro14.
Martins Ferreira; o veneno do escorpião, isolado
e caracterizado por Carlos Ribeiro Diniz; e a A ARTICULAÇÃO ENTRE AS NEUROCIÊN
eletrofisiologia do sistema nervoso, de Miguel CIAS E A EDUCAÇÃO
Covian14. Além disso, deve-se citar os estudos do Não há dúvidas de que o ser humano possui
médico, docente e pesquisador, Antônio Frede- uma capacidade única para aprender através do
172
A importância das Neurociências na formação do professor de inglês
173
Portes DS
publicados, porém a distância entre a Educação lado esquerdo do nosso cérebro é responsável
e as Neurociências é grande e está muito aquém pela linguagem e o direito pelo pensamento
de seu potencial absoluto23-27. abstrato, dentre outros31. Isto pode ser verificado,
Há, entretanto, um consenso entre alguns por exemplo, em um estudo realizado com 242
pesquisadores de que as Neurociências podem professores do ensino primário e secundário,
auxiliar nas teorias e nas práticas educacio- no Reino Unido e na Holanda, interessados em
nais19,21,25,27. Por exemplo, no caso da dislexia, Neurociências e suas implicações no processo
“dificuldade na aprendizagem da leitura, in- de aprendizagem no qual esses professores
dependentemente de instrução convencional, acreditavam em 49% dos neuromitos listados na
adequada inteligência e oportunidade sociocul- pesquisa34. Em outro estudo, os pesquisadores
tural”18, na qual se estima que entre 10% a 20% concluíram que, mesmo após ter contato com al-
das crianças são portadoras desse transtorno de guns princípios das Neurociências, a maioria dos
aprendizagem28, os estudos das Neurociências 158 participantes, todos professores pré-serviço,
têm demonstrado que ela é causada por falhas graduandos de diversas licenciaturas no Reino
no processamento fonológico ou visual25,27. Ade- Unido, acreditava numa gama de neuromitos35.
mais, outros estudos, de acordo com Fonseca18 Em terras brasileiras, um estudo revelou que, ao
e Katzir28, têm revelado subtipos de dislexia. avaliar o nível de conhecimento dos professores
Diante disso, tais descobertas podem contribuir do ensino infantil, fundamental e médio acerca
para a Educação na medida em que orientem os das Neurociências e suas potenciais implicações
professores e educadores a adequar os métodos educacionais, neuromitos como o uso de apenas
de aprendizagem por eles utilizados às neces- 10% do cérebro ainda persistiam, mesmo depois
sidades da criança disléxica18,28. desses professores terem feito um segundo curso
A conexão, talvez, potencialmente mais óbvia, de extensão sobre Neurociências e Educação36.
a aplicabilidade das descobertas das Neurociên- Para combater os neuromitos, alguns pes-
cias no dia a dia da sala de aula, tem se mostrado quisadores têm sugerido diferentes alternati-
insatisfatória, visto que pouco a respeito tem vas, como, por exemplo, a integração entre os
sido discutido1,23-25,29. Isto porque os professores conhecimentos produzidos em laboratório e em
e educadores, em geral, não consultam a litera- sala de aula, criando um ambiente propício para
tura referente às Neurociências antes de decidir que os neurocientistas aprendam com os profes-
como ensinar uma criança. Da mesma forma, sores e vice-versa17,23,26,30,31,33,37. Entretanto, para
os neurocientistas geralmente não consultam a outros, essa integração somente ocorrerá se feita
literatura pertencente à área da Educação ao le- por meio da Psicologia Cognitiva, ciência que
vantar hipóteses e conduzir suas investigações30. analisa e estuda cientificamente as faculdades
Em decorrência da falta de uma comunicação mentais19,24. Há ainda aqueles que acreditam
eficiente entre as partes, nota-se ora uma simpli- que tal integração ocorrerá por intermédio da
ficação, ora uma generalização das descobertas Psicologia Educacional, ciência interessada em
no campo das Neurociências, acarretando a desenvolver modelos de aprendizagem prescri-
presença e a propagação, no ambiente escolar e tivos, descritivos e interpretativos de um aluno
na prática docente, de neuromitos1,19,21,23,25,26,31-33. e outros fenômenos educacionais26,37. Por outro
Os neuromitos são concepções errôneas lado, a mediação entre neurocientistas e edu-
construídas a partir de um mal-entendido de cadores, por meio de um facilitador ou tradutor,
fatos cientificamente estabelecidos das Neu- pode ser vista como uma boa alternativa, uma
rociências para justificar o uso de pesquisas vez que esse indivíduo forneceria uma lingua-
dessa área na Educação34 ou, ainda, violações ao gem comum e um quadro de referência para
discutir as descobertas das Neurociências, tais contextualizar e compreender os resultados das
como somente usamos 10% do nosso cérebro, o Neurociências a partir de um treinamento na
174
A importância das Neurociências na formação do professor de inglês
interface Mind, Brain and Education, área de Vê-se, diante do exposto, que a articulação
estudos, inaugurada pela International Mind, entre as Neurociências e a Educação é possível
Brian and Education Society, que busca con e, até mesmo, “desejável”21, mas ela ainda está
gregar as mais diversas disciplinas que investi repleta de percalços e sua aplicabilidade não é
gam a aprendizagem e o desenvolvimento hu- direta e imediata17,21,30,26,37. Além disso, há que
mano17,31. Em outras palavras, estabelecer uma se observar que as Neurociências e a Educação
linguagem mediadora entre as Neurociências possuem naturezas distintas: as Neurociências
e a Educação, segundo alguns pesquisadores, são ciências naturais que têm como objetivo
poderá contribuir para o esclarecimento das descobrir os princípios da estrutura e do fun-
descobertas científicas e seu possível emprego cionamento neurais; a Educação, por sua vez,
na educação37. é uma ciência social que visa criar condições
Ainda dentro dessa perspectiva de integra- favoráveis para a aprendizagem de um indivíduo
ção, é necessário que as Neurociências e a Edu e, ao contrário das Neurociências, é regulada por
cação compartilhem os mesmos objetivos17,27. leis físicas, biológicas e aspectos humanos27,37.
É necessária, também, a inserção de conheci- As Neurociências, portanto, não prescrevem
mentos básicos das Neurociências nas diretrizes receitas para o ensino e para a solução dos
curriculares da formação de professores, a fim problemas de Educação, nem visam provocar
de torná-los consumidores informados e críticos mudanças radicais nos conteúdos pedagógicos
sobre certos programas e estratégias educacio- a serem aprendidos pelo professor pré-serviço ou
nais supostamente baseados em descobertas em atividade21,23,29,37. Elas apenas informam como
das Neurociências1,23,25,30. Uma tentativa bem o trabalho do professor pode se tornar “mais
sucedida de tal formação é atualmente oferecida significativo e eficiente quando ele conhece o
pela Universidade Flinders, na Austrália, sob a funcionamento cerebral”21.
forma de um certificado de pós-graduação em
Neurociências para os professores com vistas AS NEUROCIÊNCIAS NA FORMAÇÃO DO
a fornecer um conhecimento básico de Neuro PROFESSOR DE INGLÊS
ciência moderna em um contexto relevante para Na seção anterior, foi dito que a aprendiza-
a sua prática profissional. Mais especificamente, gem é “uma mudança de comportamento resul-
esse programa de pós-graduação pretende: (1) tante da experiência”18 e que essa experiência
proporcionar aos professores uma compreensão “transformou a informação sensorial num pro-
dos princípios da Neurociência moderna; (2) de- cesso cognitivo, inventando para esse efeito um
senvolver a capacidade de avaliar criticamente código que a representa”18, ou seja, a linguagem.
a literatura das Neurociências quando aplicadas Diante disso, pode-se dizer que a linguagem
à aprendizagem; e (3) desenvolver a capacidade humana não é apenas uma habilidade complexa
de aplicar os princípios das Neurociências no e especializada que diferencia o homem dos ou-
entendimento da prática docente e do compor- tros animais, mas ela é também uma adaptação
tamento em sala de aula25. biológica cujo objetivo é passar informação38.
Outra iniciativa, de cunho nacional, que visa Assim como a aprendizagem, a linguagem está
a inserção de docentes no campo das Neurociên- tão entrelaçada com a experiência humana que
cias é o projeto registrado na Pró-Reitoria de Ex- é quase impossível imaginar a vida sem ela38.
tensão da Universidade Federal de Minas Gerais O aparecimento da linguagem humana re-
(UFMG) chamado NeuroEduca (http://www.icb. monta à presença dos hominídeos há centenas
ufmg.br/neuroeduca/). Dentre os objetivos desse de milhares de anos. Ela se difere da linguagem
projeto, tem-se a capacitação dos profissionais dos outros animais por: (1) ser governada por
da Educação nos fundamentos neurobiológicos símbolos linguísticos, isto é, “convenções sociais
do processo ensino-aprendizagem. de significados, nos quais cada indivíduo com-
175
Portes DS
partilha sua atenção com o outro, direcionando observa-se que, em geral, ele necessita de ins-
a sua atenção ou estado mental (pensamento) trução formal para aprendê-la, o que torna a
para alguma coisa no mundo que os cerca”; (2) sua aprendizagem consciente e reflexiva; sua
ser gramatical, ou seja, os símbolos linguísticos exposição a ela depende, em geral, da frequência
associam-se dentro de estruturas padronizadas; das aulas (leva-se em consideração aqui um con-
e (3) não se encerrar em “um único sistema de texto no qual a LE não é utilizada no cotidiano
comunicação utilizado por todos os membros da de uma sociedade, como é o caso do ensino e
espécie”, isto é, “diferentes grupos de humanos aprendizagem de inglês no Brasil); em sala de
convencionaram, no decorrer da história, siste- aula, é esperado que o indivíduo use a LE desde
mas mútuos de comunicação”39. o início; e, sua aprendizagem depende de fatores
Sabe-se, também, que aprender uma língua emocionais40-42.
“depende de um aparato neurobiológico e so- No entanto, pouco é ensinado ao professor
cial” e seu desenvolvimento “implica na aquisi- de inglês sobre o conceito de neuroplasticidade
ção plena do sistema linguístico que (...) possi- cerebral, permanente capacidade do cérebro
bilita a inserção no meio social”39. Assim, desde de “fazer e desfazer ligações entre os neurô-
muito cedo, observa-se que uma criança aprende nios como consequência das interações com o
a falar a sua Língua Materna (L1) espontanea- ambiente externo e interno do corpo”21. Como
mente, a partir de seu contato com os familiares, a neuroplasticidade cerebral se faz presente ao
amigos, vizinhos, entre outros, cabendo à escola longo de toda uma vida, apesar de diminuída na
desenvolver, posteriormente, a linguagem oral/ fase adulta, pode-se concluir que a capacidade
formal que deve garantir a aprendizagem das ha- de aprendizagem é preservada21, ou seja, se um
bilidades da leitura e escrita2,21,37. Há evidências indivíduo se dispuser a aprender, em qualquer
de que os bebês consigam discriminar fonemas momento de sua vida, uma dança, um instru-
pertences não somente a sua L1, mas também a mento ou uma língua, “a plasticidade neural
qualquer LE. Contudo, tal capacidade é perdida fará com que novos caminhos sejam trilhados
durante o primeiro ano de vida21. No entanto, isto por meio de novas conexões entre neurônios que
não significa que um indivíduo não será capaz permitirão a [sua] aprendizagem”43. Em outras
de aprender uma LE mais tarde. É exatamente palavras, graças à neuroplasticidade cerebral,
neste ponto que se começa a perceber a impor- aprendemos o que é ou o que se torna signifi-
tância dos conhecimentos das Neurociências na cativo e necessário para viver, e esquecemos o
formação do professor de inglês. que não tem mais relevância37.
Teoricamente, o professor de inglês apren- Nesse sentido, as Neurociências informam,
de, durante a licenciatura, que o processo de por meio de experiências realizadas em animais,
aquisição da L1 se dá de uma maneira diversa à que apesar de existirem períodos críticos ou
aprendizagem de uma LE. Por exemplo, quando receptivos, também conhecidos como janelas
um indivíduo aprende uma L1, ele o faz de forma de oportunidade, em que determinadas apren-
inconsciente e seu início se dá no seio familiar, dizagens ocorrem de maneira ideal, há indícios
gradualmente, sem qualquer tipo de instrução que a eventual perda dessa oportunidade “pode
formal. Ademais, sua exposição à L1 é integral ser corrigida no futuro, embora somente ao custo
e os fatores emocionais, como a motivação, não de esforços muito maiores”21. Isto ilustra bem o
interferem em sua aquisição, porque ele precisa aprendizado da LE: se aprendida nos primeiros
dela para a sua sobrevivência. O indivíduo que anos de vida, esse aprendizado se realizará
aprende uma LE, por outro lado, geralmente o com perfeição. Porém, no caso do adolescente
faz um pouco mais tarde, depois de ter apren- ou adulto, a presença do sotaque, por exemplo,
dido sua L1, o que torna a comparação entre as será inevitável. É, portanto, de suma importância
línguas, muitas vezes, inevitável. Além disso, que o professor de inglês esteja a par desse co-
176
A importância das Neurociências na formação do professor de inglês
nhecimento, principalmente quando ele recebe seus alunos porque elas podem servir com um
alunos adultos, que precisam aprender uma LE incentivo ou não à aprendizagem46.
pelos mais variados motivos, e que, infelizmen- A atenção é outro fenômeno cuja compreen-
te, já adentram a sala de aula, muitas vezes, são à luz das Neurociências é indispensável para
descrentes de seu sucesso simplesmente por a formação do professor de inglês, pois ela per-
terem em mente o famoso ditado popular que mite ao indivíduo “focalizar em cada momento
sentencia impiedosamente que “papagaio velho determinados aspectos do ambiente, deixando
não aprende a falar”. de lado o que for dispensável”21. Suas bases
Neste ponto, o professor de inglês deve es- neurobiológicas, segundo Luria (1903-1978),
tar igualmente a par do papel decisivo que as que foram mais tarde confirmadas em estudos
emoções desempenham na aprendizagem, pois recentes, são: a parte superior do tronco ence-
“as emoções atuam como um sinalizador inter- fálico, a formação reticular, o córtex límbico e a
no de que algo importante está ocorrendo”21. O região frontal47. Além disso, a atenção depende:
desencadeamento das emoções colabora, ainda, “não apenas da história prévia do sistema
para a formação de memórias, uma vez que selecionador, envolvendo suas memórias
“aprendemos aquilo que nos emociona”37, isto e, portanto, o significado pessoal e emo-
é, “o sistema límbico (...) avalia as informações, cional dos estímulos, mas também de
decidindo que estímulos devem ser mantidos ou expectativas geradas sobre a pendência
descartados, dependendo a retenção da infor-
de eventos futuros com base (1) nas me-
mação no cérebro da intensidade da impressão
mórias sobre regularidades passadas e (2)
provocada nele”20.
nos seus planos de ação, que dependem
Diante do exposto, conclui-se que as Neu-
também de memórias sobre os resultados
rociências também informam que as emoções
de ações anteriores e seu significado
são elementos fundamentais ao funcionamento
afetivo”48.
cognitivo e à aquisição de conhecimento visto
que uma situação de aprendizagem que estimule Uma vez que a atenção é mobilizada por
e motive tende a ser mais eficaz43. Por isso, o uma informação nova e por aquela já existente
professor de inglês não pode, de maneira al- no cérebro, torna-se fundamental que a apren-
guma, ignorar que “o intercâmbio de estímulos dizagem seja contextualizada37. Um aluno difi-
é essencial para a aprendizagem”43, indepen- cilmente prestará atenção em algo que não seja
dentemente da idade de seus alunos. Contudo, significativo ou que não esteja relacionado ao
isto não é, infelizmente, explicado exatamente seu dia a dia e às suas experiências37. Por isso,
nestes termos durante os quatro anos de sua o professor de inglês deve envolver o aluno em
licenciatura em Letras. suas aulas e, concomitantemente, estar atento ao
Curiosamente, estudiosos como Piaget (1896- manejo da sala de aula, minimizando os elemen-
1980), Vygotsky (1896-1934) e Wallon (1879- tos que possam distrair o aluno, flexibilizando
1962), muito antes das constatações empíricas os recursos didáticos e usando postura e tom de
das Neurociências, já atribuíam à emoção um voz adequadamente21. Intervalos, mudanças de
papel relevante no processo de retenção da in- atividades, diferentes padrões de interatividade
formação. Para Piaget, “certamente a afetividade e aulas centradas no aluno são estratégias im-
ou sua privação podem ser a causa da aceleração portantes a serem utilizadas pelo professor de
ou atraso no desenvolvimento cognitivo”44. De inglês com vistas a recuperar a capacidade de
acordo com Vygotsky, as emoções são importan- focar a atenção21,37. Entretanto, durante a sua
tes, pois elas orientam e informam a cognição45. licenciatura, o professor de inglês é constante-
Wallon, por sua vez, postula que o professor deve mente instruído a utilizar tais estratégias sem
estar atento a suas reações emocionais e a de saber a razão maior de sua aplicabilidade.
177
Portes DS
178
A importância das Neurociências na formação do professor de inglês
apto para detectar e entender a dificuldade e/ou o contexto familiar, entre tantos outros. Como
transtorno de aprendizagem de um aluno, poden- bem pontuado por Cosenza & Guerra21, “saber
do encaminhá-lo para profissionais que possam como o cérebro aprende não é suficiente para
avaliá-lo e auxiliá-lo. Contudo, conhecer o funcio- a realização da mágica do ensinar e aprender”.
namento do cérebro por si só não determinará se Por isso, os cursos de licenciatura em inglês, no
a aprendizagem será bem ou mal sucedida, pois Brasil, precisam inserir em sua grade curricular
ela depende de diversos fatores, como a metodo- conhecimentos básicos das Neurociências, para
logia utilizada, a adequação do currículo à idade fundamentar a prática docente e combater os
do aluno, a qualificação e o preparo do professor, neuromitos que circulam no ambiente escolar.
SUMMARY
The importance of Neurosciences in English language
teachers’ training
179
Portes DS
emocional: contribuições da Neurociência 23. Ansari D, Coch D. Bridges over troubled wa
na formação continuada de professores [Mo ters: education and cognitive neuroscience.
nografia]. Rio de Janeiro: Universidade Cân Trends Cogn Sci. 2006;10(4):146-51.
dido Mendes; 2011. 24. Bruer JT. Education and the brain: a bridge
8. Gazzaniga MS, Ivry RB, Mangun GR. Neu too far. Educational Researcher. 1997;26(8):
rociência cognitiva: a biologia da mente. 4-16.
Porto Alegre: Artmed; 2006. p.19-40. 25. Devonshire IM, Dommett EJ. Neuroscience:
9. Bennett MR, Hacker PMS. History of cog viable applications in Education? The Neu
nitive Neuroscience. Hoboken: Wiley-Black roscientist. 2010;16(4):349-56.
well; 2008. p.15-6. 26. Mason L. Bridging Neuroscience and Edu
10. Olry R. Pioneers in neurology: Korbinian cation: a two way path is possible. Cortex.
Brodmann (1868–1918). J Neurol. 2010;257: 2009;45(4):548-9.
2112-3. 27. Willingham DT. Three problems in the
11. Lent R. Cem bilhões de neurônios? Conceitos marriage of Neuroscience and Education.
fundamentais de Neurociência. São Paulo: Cortex. 2009;45(4):544-5.
Atheneu; 2010. p.643-78. 28. Katzir T. How research in the Cognitive
12. Oliveira MK, Rego TC. Contribuições da Neuroscience sheds light on subtypes of
perspectiva histórico-cultural de Luria para children with dyslexia: implications for
a pesquisa contemporânea. Educ Pesqui. teachers. Cortex. 2009;45:558-9.
2010;36(no.spe):107-21. 29. Cubelli R. Theories on mind, not on brain, are
13. Primo PC. Neurociência no Brasil. Disponível relevant for Education. Cortex. 2009;45:562-4.
em: http://www.institutotelepsi. med.br/Links_
30. Ansari D, Coch D. Thinking about mecha
imagens/neurocienciasnobrasil.htm Acesso
nisms is crucial to connecting neuroscience
em: 12/11/2014.
and education. Cortex. 2009;45:546-7.
14. Ventura DF. Um retrato da área de Neu
31. Christodoulou, JA, Gaab N. Using and mi
rociência e comportamento no Brasil. Psic
susing neuroscience in education-related
Teor Pesq. 2010;26(no.spe):123-9.
research. Cortex. 2009;45:555-7.
15. Santos FH. Reabilitação neuropsicológica
32. Della Sala S. The use and misuse of Neu
pediátrica. Psicologia Ciência e Profissão.
roscience in Education. Cortex. 2009;45:443.
2005;25(3):450-61.
33. Greenwood R. Where are the educators?
16. Silveira LCL. Neurociência: uma revolução
tecnológica ao nosso alcance. Neurociências. What is our role in the debate? Cortex. 2009;
2009;5(2):59-65. 45:552-4.
17. Fischer KW, Daniel DB, Yang MHI, Stern 34. Dekker S, Lee NC, Howard-Jones P, Jolles J.
E, Battro A, Koizume H. Why mind, brain, Neuromyths in Education: prevalence and
and education? Why now? Mind, Brain, and predictors of misconceptions among teachers.
Education. 2007;1(1):1-2. In: Frontiers in Educational Psychology. 2012;
18. Fonseca V. Introdução às dificuldades de 3. Disponível em: http://www.frontiersin.org/
aprendizagem. Porto Alegre: Artes Médicas; Educational_Psychology/10.3389/fpsyg.2012.
1995. p.127-47, 210-12. 00429/full
19. Goswami U. Neuroscience and Education. 35. Howard-Jones P, Franey L, Mashmoushi
Br J Educ Psychol. 2004;74:1-14. R, Liao YC. The Neuroscience literacy of
20. Carvalho FAH. Neurociências e educação: trainee teachers. In: British Educational
uma articulação necessária na formação do Re
search Association Annual Conference,
cente. Trab Educ Saúde. 2001;8(3):537-50. University of Manchester, September, 2009.
21. Cosenza RM, Guerra LB. Neurociência e Disponível em: http://www.leeds.ac.uk/educol/
Educação: como o cérebro aprende. Porto documents/185140.pdf
Alegre: Artmed; 2011. p.141-6. 36. Bartoszeck, AB, Bartoszeck FK. Percepção
22. Samuels BM. Can the differences between do professor sobre a neurociência aplicada à
Education and Neuroscience be overcome educação. EDUCERE – Revista da Educação.
by mind, brain, and education? Mind, Brain, 2009;9(1):7-32.
and Education. 2009;3(1): 44-54. 37. Guerra LB. O diálogo entre a Neurociência e
180
A importância das Neurociências na formação do professor de inglês
a Educação: da euforia aos desafios e possi no dia a dia escolar e terapêutico. Rev Psi
bilidades. Revista Interlocução. 2011; 4: 3-12. copedagogia. 2006;23(71):181-90.
38. Pinker S. The language instinct: the new 44. Piaget J. A epistemologia genética; sabe
science of language and mind. London: Pen doria e ilusões da Filosofia; Problemas de
guin Books; 1994. psicologia genética. São Paulo: Abril Cul
39. Mousinho R, Schmid E, Pereira J, Lyra L, tural; 1983.
Mendes L, Nóbrega V. Aquisição e desen 45. Bakhurst D. Vygotsky’s demons. In: Daniels
volvimento da linguagem: dificuldades que H, Cole M, Wertsch VJ, eds. The Cambridge
podem surgir neste percurso. Rev Psicope companion to Vygotsky. New York: Cam
dagogia. 2008;25(78):297-306.
bridge University Press; 2007. p.50-76.
40. Cook V. The relationship between first and
46. Galvão I. Henri Wallon: uma concepção dia
second language acquisition. In: Macaro
lética do desenvolvimento infantil. Petró
E, ed. The continuum companion to second
polis: Vozes; 2010.
language acquisition. London: Continuum;
2010. p.133-57. 47. Gonçalves LA, Melo SR. A base biológica
41. Ellis R. The study of second language ac da atenção. Arq Ciências Saúde UNIPAR.
quisition. Oxford: Oxford University Press; 2009;13(1):67-71.
1994. 48. Helene AF, Xavier GF. A construção da aten
42. Lightbown PM, Spada N. How languages ção a partir da memória. Ver Bras Psiquia
are learned. Oxford: Oxford University Press; tria. 2003;25:12-20.
2006. 49. Koll MO. Vygotsky - Aprendizado e desenvol
43. Alvarez A, Lemos IC. Os neurobiomecanismos vimento: um processo sócio-histórico. São
do aprender: a aplicação de novos conceitos Paulo: Scipione; 2010.
181
CostaDE
ARTIGO K REVISÃO
et al.
182
Psicopedagogia em foco: caracterização do status atual dos estudos no Brasil
183
Costa K et al.
184
Psicopedagogia em foco: caracterização do status atual dos estudos no Brasil
Para análise do corpus foi utilizado o progra igual ou superior a 3,19 (c2> 3,19). A taxa de
ma IRAMUTEQ. Cada artigo corresponde a uma UCEs retidas para análise foi de 85,10%. Após a
unidade de contexto inicial (UCI), que por sua redução dos vocábulos às suas raízes, se obteve
vez corresponde a uma unidade de contexto 5531 lematizações, que resultou em 5205 pala-
elementar (UCE). Desse modo, o corpus foi com vras ou formas ativas analisáveis e 257 formas
posto por 82 UCIs, que deram origem a 2168 suplementares. A Classificação Hierárquica
UCEs, que continham 8898 palavras diferen- Descendente deu origem a três classes compos-
tes, com uma frequência média de ocorrência tas por segmentos de texto diferentes entre si.
de 8,59% por palavra e uma frequência média Dentre as palavras consideradas, 12 compuse-
de 35,25% de ocorrência por segmento. Para ram a classe 1, 12 a classe 2 e 10 a classe 3. As
análise foram consideradas as palavras com fre distribuições das palavras por classes podem
quência igual ou superior a três e qui-quadrado ser observadas na Figura 1.
185
Costa K et al.
Por meio da Figura 1 é possível observar que ano de 2010, em que emergiram 150 UCEs, em
houve uma primeira partição do corpus em dois segundo lugar em número de UCEs apontou
sub-corpora que, em seguida, foram subdividi- o ano de 2012, que apresentou 125 UCEs. A
dos, dando origem a três classes. O primeiro classe 1 ainda é composta por elementos que
sub-corpora, que é a classe 3, produziu as classes indicam como ocorrem os campos de atuação da
1 e 2. Em cada uma das classes foi apresentado Psicopedagogia. A presença de palavras como:
o título da classe, as palavras que compõem psicopedagógica, artigo, institucional, atuação,
as respectivas classes e o valor percentual em ensino, educação, intervenção, entre outras, que
relação ao total do corpus analisado. emergiram dos artigos selecionados, exemplifi-
cam a preocupação dos estudos em esclarecer
Causas do Déficit em quais contextos e como funciona a atuação
A classe 3 foi composta por 536 UCEs, que da psicopedagógica. Alguns trechos dos artigos
corresponde a 29,05% de todo o corpus, sendo a esclarecem o modo como essas informações fo-
base da qual deriva a formação das outras duas ram explicadas nos estudos: “[...] interlocuções
classes. Essa classe está ligada às revistas cien- entre a psicopedagogia, a educação e a pedago-
tíficas com temáticas voltadas para a Psicologia, gia se subdividem na apresentação de relações
Pesquisa, Fonoaudiologia e Psicanálise. Tem o sociais e de aprendizagem no espaço escolar
seu conteúdo agrupado ao redor de palavras [...]”21, “[...] a formação do psicopedagogo busca
como sono, distúrbio, desempenho, porcenta- garantir um corpo de conhecimento que garanta
gem, população, estresse, bullyng, entre outras. uma atuação seja na área da saúde mental ou
O seu teor trata dos problemas relacionados às escolar [...]”3.
causas do déficit de aprendizagem. Outro ele-
mento que surge do corpus analisado é que as Acompanhamento Interventivo
produções dessa classe se concentram mais no A classe 2 foi composta por 648 UCEs, o que
ano de 2009 em que emergiram 221 UCEs. Em corresponde a 35,12% das UCE analisadas. Não
segundo lugar em número de UCEs apontou está associada com uma estatística significante
o ano de 2011, que apresentou 119 UCEs. Na a nenhum ano de publicação, mesmo que os
sequência, pode-se observar trechos dos artigos números apontem para 254 UCEs no ano de
que exemplificam o conteúdo dessa classe: “[...] 2009 e 131 UCEs para o ano de 2010, porém
Os distúrbios necessitam serem reconhecidos encontra-se vinculada a revistas de educação,
permitindo o atendimento preventivo ou o trata- psicopedagogia e de abordagens cognitivistas,
mento precoce [...]”19, “[...] a psicopedagogia se que identificam a importância do acompanha-
ocupa dos fatores envolvidos na aprendizagem mento interventivo na construção do processo
onde os sintomas de estresse e os distúrbios de aprendizagem do indivíduo ou grupo. As
do sono também repercutem na aprendizagem palavras historiar, mundo, sujeito, sentido, bo-
[...]”20. neco, aprender, representação, criativo, entre
outras, indicam tal informação. Algumas UCEs
Campos de Atuação apontam essa relação: “[...] considerar os alunos
A classe número 1 foi formada por 661 UCEs, em sua dimensão ativa como sujeitos que têm
correspondendo a 35,83% do total de UCEs criatividade emoções histórias de vida e que
analisadas, se apresentando como a classe mais os faz produzir sentidos em seus processos de
importante por deter o maior número quantitati- aprendizagem [...]”22, “, [...] a prática clínica
vo de UCEs. Essa classe está ligada às revistas psicopedagógica foi marcada pela arte de con-
científicas com temáticas voltadas para as Polí- tar história, acompanhada pelas expressões por
ticas Públicas, Psicologia e Psicopedagogia. As meio de desenhos, pinturas e modelagens em
produções dessa classe se concentram mais no massinha e argila [...]”17.
186
Psicopedagogia em foco: caracterização do status atual dos estudos no Brasil
187
Costa K et al.
junho/2014, tornou-se possível perceber que a ção, o psicopedagogo é definido como o profis-
Psicopedagogia tem se preocupado principal- sional responsável pela análise e intervenção dos
mente com as causas dos déficits de aprendiza- déficits de aprendizagem presentes no processo
gem e os possíveis caminhos de intervenção. Os de aprendizagem, estando em harmonia com
déficits de aprendizagem e o baixo desempenho seu objeto de estudo, encontrando na teoria e
acadêmico encontram-se associado a variáveis na quantidade de estudos que vêm sendo publi-
sociais, escolares, comportamentais e neuro- cados respaldo para uma inserção mais ampla e
lógicas29, porém para que o profissional possa segura em equipes interdisciplinares com foco
detectar as causas dos déficits é necessário o na atuação psicopedagógica33.
conhecimento e domínio da teoria30. No que tan
ge ao processo de acompanhamento interven- CONSIDERAÇÕES FINAIS
tivo dos processos de aprendizagem, a função Seguindo os resultados deste estudo e as
do psicopedagogo durante tal processo é o de discussões tecidas, e tendo a Psicopedagogia
proporcionar ao indivíduo sua (re)organização por objetivo principal melhorar a relação e qua-
consciente e madura24. lidade de aprendizagem do indivíduo, torna-se
Os resultados permitiram, ainda, constatar cada vez mais necessário estudar o processo de
onde e como os profissionais de Psicopedagogia aprendizagem, buscando entender os desafios,
têm atuado. A formação e a atuação em Psicope- enigmas e perspectivas daquilo que o envolve,
dagogia no Brasil está inserida principalmente por meio de uma atuação efetiva nos processos
em áreas da saúde e educação, mesmo sendo de ensino-aprendizagem. Tomando por base
constatada a atuação em organizações a mesma tais apontamentos, sugere-se que estudos sejam
ainda se encontra em desenvolvimento3, tal atua desenvolvidos de modo a ampliar as discussões
ção deve estar orientada para a individualidade anteriormente descritas e especialmente os acha-
do indivíduo utilizando-se da escuta e observa- dos aqui encontrados. Porém como principal foco
ção, neste sentido torna-se importante salientar resultante é poder instrumentalizar profissionais
que a intervenção com olhar individualizado de diferentes áreas em especial atenção a Psico-
propicia o desenvolvimento das habilidades e pedagogia, de modo a facilitar procedimentos
potencialidades do indivíduo31,32. Em sua atua- de atuação, independente do contexto inserido.
188
Psicopedagogia em foco: caracterização do status atual dos estudos no Brasil
SUMMARY
Highlights of the educational psychology:
characterizing Brazilian studies
189
Costa K et al.
12. Veiga CS, Andrade MS. Atendimento na clí sobre o ensino/aprendizagem de dança na
nica-escola de psicopedagogia: percepção dos Fundação CASA. Rev Psicopedagog. 2013;
pais. Constr Psicopedag. 2013;21(22):12-25. 30(92):129-41.
13. Seabra AG, Montiel JM, Dias NM. Estudo 24. Silva SCB, Mendes MH. Dinâmicas, jogos e
fatorial dos componentes da leitura: veloci vivências: ferramentas úteis na (re)construção
dade, compreensão e reconhecimento de pa psicopedagógica do ambien te educacional.
lavras. Psico-USF. 2012;17(2):273-83. Rev Psicopedagog. 2012; 29(90): 340-55.
14. Montiel JM, Bartholomeu D, Lima FF, 25. Gomes RTM, Mello CB, Cardoso TSG,
Guidetti AA, Machado AA. Dificuldades Feldberg CF, Muszkat M, Bueno OFA.
de aprendizagem na escrita e habilidades Protocolo psicopedagógico de avaliação in
sociais em crianças do ensino fundamental. terdisciplinar de crianças com lesão cerebral.
Rev Electronica de Dificultades de Apren Rev Psicopedagog. 2012;29(90):290-300.
dizaje. 2012;1(1): 23-32. 26. Scoz BJL, Ito MCR. Ensino superior e psi
15. Lima MCC, Natel MC. A Psicopedagogia e copedagogia: a busca por uma graduação
o atendimento pedagógico hospitalar. Rev alinhada com a contemporaneidade. Rev
Psicopedagog. 2010;27(82):127-39. Psicopedagog. 2013;30(91):74-6.
16. Correa RCR. Uma proposta de reabilitação 27. Ferreira MEMP. Atuação em psicopedagogia
neuropsicológica através do programa de institucional: brincar, criar e aprender em
enriquecimento instrumental (PEI). Ciências diferentes idades. Rev Psicopedagog. 2013;
e Cognição. 2009;14(2):47-58. 30(91):77-8.
17. Silveira FV. A arte de contar histórias: um en 28. Saad MA. A orientação psicopedagógica
foque psicopedagógico. Constr Psico pe
dag. à mãe e articulações com a aprendizagem
2010;18(17):106-27. de seu filho: enfoque sobre mitos, estilos
18. Camargo BV, Justo AM. IRAMUTEQ: um cognitivo-afetivos e contribuições da artete
software gratuito para análise de dados rapia. Constr Psicopedag. 2012;20(21):48-65.
textuais. Disponível em: http://www.iramuteq. 29. Machado AC, Almeida MA. Identificação do
org/documentation/fichiers/tutoriel-en- desempenho acadêmico e comportamental
portugais Acesso em: 2/8/2014. de crianças com dificuldade de aprendiza
19. Oliveira CR, Rodrigues JC, Fonseca RP. O gem para participação em um programa de
uso de instrumentos neuropsicológicos na consultoria. Rev Psicopedagog. 2013;30(91):
avaliação de dificuldades de aprendizagem. 21-30.
Rev Psicopedagog. 2009;26(79):65-76. 30. Rodrigues SD, Ciasca SM. Aspectos da
20. Valle LER, Reimao R, Malvezzi S. Reflexões relação cérebro-comportamento: histórico e
sobre Psicopedagogia, estresse e distúrbios considerações neuropsicológicas. Rev Psico
do sono do professor. Rev Psicopedagog. 2011; pedagog. 2010;27(82):117-26.
28(87):237-45. 31. Pontes IAM. Atuação psicopedagógica no
21. Portella FO, Hickel NK. Psicopedagogia no contexto escolar: manipulação, não; con
cotidiano escolar: impasses e descobertas tri
buição, sim. Rev Psicopedagog. 2010;
com o ensino de nove anos. Rev Psicopeda 27(84):417-27.
gog. 2010;27(84):372-84. 32. Evans D. Estilos cognitivo-afetivos e cons
22. Scoz BJL, Lucchini DRMR. Alunos com trução da linguagem através das narrativas.
dificuldades na escrita: produção de senti Constr Psicopedag. 2013;21(22): 67-85.
dos subjetivos na oficina de palavras. Rev 33. Castanho MIS. Psicopedagogia em contextos
Psicopedagog. 2010;27(82):68-77. hospitalares e da saúde: três décadas de
23. Castro NQ, Castanho MIS. Autoria entre publicações na revista psicopedagogia. Rev
muros e grades: um olhar psicopedagógico Psicopedagog. 2014;31(94): 63-72.
190
Contribuições de David AusubelDE
ARTIGO REVISÃO
para a intervenção psicopedagógica
191
Distler RR
192
Contribuições de David Ausubel para a intervenção psicopedagógica
seguiremos com o estudo das teorias de David metodológicas para os anos vindouros, coinci-
Ausubel, que segue a corrente cognitivista, atri- dindo com as ideias de Ausubel.
buindo significados à realidade do indivíduo. A atuação psicopedagógica deve estar sem-
pre respaldada no eixo teórico e a pesquisa
MÉtodo continuada deve ser sua maior ferramenta, pois
Uma pesquisa científica é a “realização con- leva a uma visão interpretativa e crítica, tanto
creta de uma investigação planejada e desen- dos fatos como dos autores pesquisados.
volvida de acordo com as normas consagradas
pela metodologia científica”, conforme Silva & Contribuições de Ausubel
Menezes2. Esta pesquisa teve por objetivo gerar Quem foi David Paul Ausubel?
conhecimentos novos e úteis para o avanço da Ele nasceu em Brooklyn, Nova York, em
ciência sem aplicação prática prevista. Sua abor- 1918, casou-se com Pearl Leibowitz, em 1943, e
dagem traz referência da pesquisa qualitativa, foi pai por duas vezes. Filho de família judia e
que para os mesmos autores: pobre, imigrantes da Europa Central, teve uma
“Há uma relação dinâmica entre o mun- infância difícil.
do real e o sujeito, isto é, um vínculo Para efeito de contextualização, na época do
indissociável entre o mundo objetivo e a nascimento e infância de Ausubel ocorria um
subjetividade do sujeito que não pode ser intenso movimento migratório judaico, onde, só
traduzido a números. A interpretação dos no período de 1905 a 1914, setecentos mil judeus
fenômenos e a atribuição de significados migraram para os Estados Unidos da America4.
são básicos no processo de pesquisa qua- Essa época foi marcada por uma série de precon-
litativa. Não requer o uso de métodos e ceitos e conflitos religiosos. No romance “Judeu
técnicas estatísticas. O ambiente natural sem Dinheiro”, Michael Gold5 descreve cenas
é a fonte direta para a coleta de dados desse período, permitindo visualizar um pouco
e o pesquisador é o instrumento-chave. da educação ofertada aos judeus de baixa renda
É descritiva. Os pesquisadores tendem da época, caso de David Ausubel:
a analisar seus dados indutivamente. O “A escola era cárcere de meninos. O cri-
processo e seu significado são os focos me de todos é a pouca idade e por isso
principais de abordagem”2. os carcereiros lhe dão castigos (...). Es-
Este artigo foi embasado na pesquisa explica- candalizou-se com um palavrão que eu,
tiva, que tem por objetivo, “identificar os fatores patife de seis anos, empreguei certo dia.
que determinam ou contribuem para a ocorrên- Com sabão de lixívia lavou-me a boca.
cia dos fenômenos. Aprofunda o conhecimento Submeti-me. Fiquei em pé num canto o
da realidade porque explica a razão, o ‘porque’ dia inteiro, para servir de escarmento a
das coisas”2. uma classe de cinquenta meninos assus-
Chizzotti3 compreende a pesquisa qualitativa tados. (...) Comer sabão é desagradável.
marcada por rupturas, mais que por progressão Mas meus pais protestaram porque o
cumulativa, abrigando tensões teóricas subja- sabão era feito de sebo cristão e não de
centes, cada vez mais inovadoras que distan- kosher. Eu fora também obrigado a comer
ciam de teorias, práticas e estratégias únicas de carne de porco: isso é crime contra lei
pesquisa. Quanto à visão teórica da pesquisa, mosaica”5.
acredita que a atividade pesquisadora tende Ausubel estudou Medicina e Psicologia. Tra-
a se expandir como uma forma de ensino e de balhou como cirurgião assistente e foi residente
aprendizagem, sendo entendida como uma prá- de Psiquiatria no Serviço de Saúde Pública. Tra-
tica social relevante, trazendo questões teórico balhou na Alemanha com tratamento médico de
193
Distler RR
pessoas deslocadas depois da Segunda Guerra subel passou a considerar que “a aprendizagem
Mundial. Fez três residências psiquiátricas: uma significativa subjaz à integração construtiva en-
em E.U. Serviço de Saúde Pública, em Kentucky, tre pensamento, sentimento e ação que conduz
a segunda no Centro Psiquiátrico de Buffalo e, ao engrandecimento humano”. Nesse sentido,
por fim, no Centro Psiquiátrico do Bronx. Com Santos7 afirma que:
o apoio da GI Bill, ele ganhou seu PhD em Psi- “Joseph Novak propõe uma teoria de
cologia do Desenvolvimento pela Universidade educação ampla da qual a teoria da
de Columbia, Nova York, em 1943. Foi professor aprendizagem significativa faz parte (...).
de diversas instituições, como: Universidade de Considera a educação como o conjunto
Illinois, Universidade de Toronto, e nas univer- de experiências cognitivas, afetivas e psi-
sidades europeias, em Berna, na Universidade comotoras que contribuem para o desen-
Salesiana de Roma, e Training Officer’s College, volvimento do indivíduo, seres humanos
em Munique. que pensam, sentem e atuam (fazem).
Dentre suas publicações, as que merecem Assim, a produção de conhecimento é um
maior destaque são: processo de intercâmbio e negociação de
• (1954,1977). Theory and Problems of Ado significados; é uma construção humana
lescent Development. que coloca em jogo pensamentos, ações
• (1960). The use of advance organizers in e sentimentos e, nesse sentido, é uma
the learning and retention of meaningful
construção que se produz em dadas con-
verbal material. Journal of Educational
dições e em um determinado contexto”.
Psychology, 51, 267-272.
• (1963). The Psychology of Meaningful Sabemos que Ausubel foi discípulo do suíço
Verbal Learning. New York: Grune & Jean Piaget, pois suas teorias tiveram como
Stratton. norte os relatos deste autor sobre epistemologia
• (1969/1969). School Learning School genética. Comparando as pesquisas, nota-se que
Learning. Ausubel concentra-se mais na aprendizagem
• (1978). In defense of advance organi sistematizada, crê na aprendizagem por desco-
zers: A reply to the critics. Review of Edu berta, como Piaget, mas seu foco de pesquisa
cational Research, 48, 251-257. valoriza mais a técnica expositiva, dentro de um
• (1978). Educational Psychology: A Cog- universo prático do ensino.
nitive View (2nd Ed.). New York: Holt, Ausubel é considerado, junto com Piaget,
Rinehart & Winston. 685p. Bruner e Novak, um dos expoentes da linha
Ele completou, também, em torno de 120 ar- cognitivista. Essa linha de estudo enfatiza o
tigos científicos. Aposentou-se, em 1994, aos 76 processo da cognição, defendendo que o indi-
anos de idade, para dedicar-se aos seus escritos. víduo atribui significados à realidade em que
Ausubel faleceu no dia 9 de julho de 2008. se encontra; preocupa-se com o processo de
Suas teorias, que têm sua essência voltada compreensão, transformação, armazenamento
ao conceito dos aspectos cognitivos da apren- e a utilização das informações envolvidas na
dizagem e dos conteúdos acadêmicos, foram aprendizagem, procurando identificar padrões
criticadas por intelectuais, por não valorizar nesse processo8.
outras dimensões da aprendizagem, o que coube Não podemos confundir a teoria de Ausubel,
a Novak, amigo de Ausubel, desenvolver, atilar que é denominada de aprendizagem significa-
e tornar público os pressupostos dessa teoria, tiva, com a teoria de Carl Rogers, denominada
acrescentando os aspectos afetivos e permitindo de teoria da aprendizagem significante. Ausubel
um caráter mais humanista à teoria de Ausubel. tem seu enfoque teórico na corrente cognitivista,
Segundo Moreira6, com Novak a teoria de Au- já Carl Rogers trabalha na corrente humanísti-
194
Contribuições de David Ausubel para a intervenção psicopedagógica
ca, onde o aprendiz é visto como sujeito, mas a hierarquia conceitual, na qual elementos
ênfase é a sua autorrealização. mais específicos de conhecimento são
ligados (e assimilados) a conceitos mais
Teorias de Ausubel gerais, mais inclusivos”.
Em seus relatos, Ausubel preconiza que os É a esse “armazenamento de informações”
educadores devem criar situações no cotidiano extremamente organizado e hierarquizado que
buscando descobrir o que o indivíduo já sabe. Ausubel dá o nome de “estrutura cognitiva”,
Essa ideia está expressa da seguinte forma: “o conforme Moreira & Masini11 onde as ideias
fator isolado mais importante que influencia a são encadeadas de acordo com as relações que
aprendizagem é aquilo que o aprendiz já sabe. estabelecem entre o que o indivíduo já contém
Averigue isso e ensine-o de acordo” (Ausubel, em sua estrutura cognitiva, ou seja, o que o in-
1978 apud Moreira9). Essa afirmação é o ponto divíduo já sabe e a nova ideia.
inicial do trabalho, a aprendizagem significati- Ausubel entende que a aprendizagem é a
va leva em consideração as características do ampliação da estrutura cognitiva por meio de
indivíduo. novas ideias. E essa aprendizagem pode variar
O trabalho central de sua teoria está na iden- entre uma aprendizagem mecânica e a apren-
tificação dos fatores que efetivam e facilitam a dizagem significativa, dependendo do tipo de
aprendizagem. A praticidade de sua teoria é relação existente entre as ideias na estrutura
como solução para Aragão10, que indaga: cognitiva do indivíduo e as novas que se busca
“Como facilitar o encontro da estrutura internalizar.
lógica de um determinado conteúdo com A aprendizagem significativa ocorre quando
a estrutura psicológica de conhecimento as ideias novas vão se relacionando na mente do
do aluno? Surge daí a preocupação com indivíduo de forma não arbitrária e substantiva
a aprendizagem significativa de maté- com as ideias já internalizadas. Nas palavras de
rias escolares, ou seja, com a natureza Cruz12, o conceito de não arbitrariedade pode ser
do processo de aquisição, retenção e entendido como:
transferência de significados e com a “(...) uma relação lógica e explícita en-
natureza do material de aprendizagem, tre a nova ideia e alguma(s) outra(s) já
que caracteriza a concepção cognitivista existente(s) na estrutura cognitiva do
de aprendizagem, manifestada na teoria indivíduo, Assim, por exemplo, enten-
de David P. Ausubel”. der o conceito de termômetro só será de
A teoria da Aprendizagem Significativa pro- fato significativo para o indivíduo, se de
cura explicar como funcionam os mecanismos alguma forma houver uma clara relação
internos para a formação da aprendizagem na entre este e o conceito de temperatura”.
mente humana e como se estrutura esse conhe- Quanto à visão de substantividade, seria
cimento. Sua teoria da Aprendizagem Signifi- quando o conceito é expresso pelo indivíduo em
cativa está fundamentada na premissa de que a linguagem sinônima, acompanhe a explicação
mente humana, nos aspectos cognitivos, é uma de Cruz12:
estrutura organizada e hierarquizada de conhe- “Uma vez aprendido determinado conte-
cimentos e está continuamente se diferenciando údo desta forma, o indivíduo conseguirá
pela aquisição de novos conceitos, proposições explicá-lo com suas próprias palavras
e ideias. Para Moreira & Masini11: (...). Como exemplo, se o aluno aprende
“Ausubel vê o armazenamento de infor- significativamente que o cão é um ma-
mações no cérebro humano como sendo mífero, ele deverá ser capaz de expressar
altamente organizado, formando uma isso de diversas formas, como: ‘o filhote
195
Distler RR
196
Contribuições de David Ausubel para a intervenção psicopedagógica
197
Distler RR
dizagem mecânica, o trabalho de intervenção vel ouvir a voz interior do indivíduo, é colocada
favoreceu a organização de sua estrutura cog- diante de nós uma grande vantagem, que frente
nitiva, desse modo, E. apresentou, em poucas aos desejos pessoais nos facilita a interpretação
sessões, produção correspondente ao nível III, do discurso falado e do discurso expresso em
sem retrocessos. nível de realidade, e favorece a ação e a inter-
Toda a ação psicopedagógica deve estar venção psicopedagógica.
embasada em eixos teóricos, pois sua apropria-
ção clarividencia a interpretação da realidade, CONSIDERAÇÕES FINAIS
atrelada à correlação dos sintomas apresentados, No atendimento clínico, tanto em fase de
sejam de causas endógenas e/ou exógenas, o avaliação como em fase de intervenção psicope-
que permite ao profissional obter um diagnós- dagógica, o eixo teórico e a práxis psicopedagó
tico fidedigno e contribuindo de forma eficaz gica estão vinculados. Por isso, como muito se
nos resultados da intervenção psicopedagógica. tem falado no campo da Pedagogia, a capacita-
Nas sessões diagnósticas, há diversas técnicas ção contínua se faz imprescindível também no
e instrumentos que evidenciam as possíveis causas campo da Psicopedagogia.
que levam ao fracasso do não aprendente, mas não Quanto às contribuições de Ausubel, a apren-
podemos deixar de lado a postura do psicopeda- dizagem significativa se dá quando uma nova
gogo, que, além de pesquisador, deve ser investi- informação interage com outra existente na
gador, a fim de levantar e analisar suas hipóteses estrutura cognitiva do sujeito, levando à apren-
diagnósticas. Já, o trabalho de intervenção visa dizagem. Sua teoria propõe explicar o processo
a auxiliar o sujeito na evolução de seu quadro. de assimilação que ocorre com o indivíduo na
Nessa fase, o psicopedagogo trabalha com jogos, construção do conhecimento e na organização
atividades cognitivas e exercícios que estimulam de significados em sua estrutura cognitiva.
o desenvolvimento de diversas habilidades. Na teoria de Ausubel, fica evidente que se
As contribuições de David Ausubel se fazem deve partir do que o sujeito já conhece e de sua
interessantes quanto às condições para que a história, sendo esta a base para uma aprendi-
aprendizagem se efetive, como, por exemplo, a zagem significativa. Ele descreve que o pro-
intenção do aluno para aprender significativa- fissional deve estar atento a fazer intervenção,
mente e o material ser potencialmente signifi- tanto para a apresentação do conteúdo, como
cativo. O atendimento clínico pode esclarecer as para as formas de organização desse conteú-
reais causas do não aprender e possibilitar a apli- do, levando em consideração a formação da
cação de ferramentas e estratégias que podem estrutura cognitiva do indivíduo, trazendo im-
auxiliar o paciente em seu desenvolvimento. portantes contribuições para diversas áreas do
Devemos criar e fortalecer o vínculo afetivo conhecimento, principalmente, para o campo da
entre profissional e cliente, pois quando é possí- Psicopedagogia.
198
Contribuições de David Ausubel para a intervenção psicopedagógica
SUMMARY
Contributions of David Ausubel process for psycho educational intervention
The research aimed to understand the concepts of David Ausubel and his
interference in learning as cognitive construction in the field of educational
psychology. The method used in this study was the Explanatory Qualitative Research
with both interpretive and critical view of the factors as to the authors surveyed.
Among the results we got it can be informed that the psycho-pedagogical action
is most successful with the practice of continued research. The research offers a
reflection on the theoretical framework in order to bring benefits to the psychology
educational professional practice. We conclude that to Ausubel, the person has
already a story, which is the basis for meaningful learning. The physician must be
attentive when making an intervention, taking into account the formation of the
cognitive structure of the individual, bringing important contributions to many areas
of knowledge, particularly to the field of educational Psychology.
199
Belli AA
PONTO al.
DEetVISTA
200
Rede de apoio social na vida do indivíduo com TDAH e seus cuidadores
201
Belli AA et al.
profissionais da educação sobre o neurodesenvol- indivíduos e das instituições neste caso irão aju-
vimento infantil, portanto acaba desempenhando dar os pais a lidar com os diferentes problemas,
uma função sociopolítica no sentido de socializar evitando erros, tendo um olhar crítico e analítico
o conhecimento, de circular o saber. Já os países para a realidade próxima a eles8.
desenvolvidos, com um alto índice de desen- O enfrentamento dos conflitos associado à
volvimento humano, são mais bem servidos por criação de uma criança com TDAH pode tornar-
melhores e eficientes políticas públicas e a rede -se um dos maiores desafios e, ao mesmo tempo,
de apoio social aparece com um caráter científico a oportunidade dos modelos familiares prototí-
mais acentuado, na busca por novas pesquisas e picos serem reorganizados e reestruturados, é a
atendimento de melhor qualidade10. oportunidade dos pais de autodesenvolvimento
A Rede de Apoio Social sustenta-se em in e realização6.
tervenções primária, secundária e terciária. Con A terapia familiar surge como apoio às intera-
sidera-se intervenção primária a de caráter ções e à comunicação positiva entre os membros
preventivo, promovendo orientação a mulheres da família, pois o não controle e a não habilidade
grávidas no sentido de não usarem álcool e em lidar com os conflitos, rompimentos e insatis-
cigarro durante a gestação e sobre a prevenção fações gerados na vida familiar de uma criança
do risco de partos prematuros, inibindo a ex- com TDAH podem gerar problemas futuros à
pressão do TDAH. As intervenções secundárias família e, principalmente, no desenvolvimento
destinam-se àqueles que têm fatores de risco, o psicossocial das crianças e adolescentes. Desen-
objetivo é identificar o transtorno o quanto antes, volver um ambiente familiar com comunicação
para, possivelmente, evitar que os sintomas se positiva, circulando emoções positivas, sem
acentuem, portanto relacionam-se ao diagnós- raiva, pode minimizar as reações de estresse
tico precoce, às ações assertivas num momento que repercutem nos padrões de comportamento
que as expressões do TDAH são mais tratáveis disfuncionais, estes podem trazer como conse-
e sua progressão mais lenta. Já as intervenções quência comportamentos reativos que levam as
terciárias atuam no sentido de assistência e famílias aos maus tratos à criança, a violência
ação voltada para os indivíduos que já têm o entre os membros familiares, o uso de drogas,
diagnóstico de TDAH, minimizando o impacto entre outros13-15.
negativo do transtorno. Nesse momento, a inte- A escola também está situada num dos prin-
ração entre a escola, a família e os profissionais cipais contextos da Rede de Apoio Social, é na
da saúde é imprescindível, pois se farão neces- escola que a criança aprende a dividir, a gerar
sários treinamentos e informações para pais e suas relações sociais, desenvolver relações in-
professores, terapias cognitiva-comportamental terpessoais e essa instituição vem passando por
individual e familiar e o uso dos medicamentos mudanças e estruturações filosóficas ao longo
psicoestimulantes5. dos últimos anos, incluindo em sua prática a
A Rede de Apoio Social traz uma ênfase singularidade humana, a diferença no ritmo
para a importância da família na constituição e de aprendizagem e a flexibilidade das fases do
enfrentamento da criação de uma criança com desenvolvimento humano e, com isso, está ge-
TDAH e não partindo apenas da situação de rando um movimento na busca por metodologias
ambulatório e de uma condição clínica. Segundo e práticas de ensino novas e atualizadas14,16,17.
Phelan8, a mãe é a primeira pessoa na família As escolas, ao considerarem o TDAH e bus
a sofrer pela existência de uma criança com carem conhecimento sobre esse transtorno neu
TDAH, pois o sentimento de culpa pelo compor- robiológico, podem encaminhar essas crianças
tamento de seu filho e a impotência diante da para centros de referência e minimizar, além das
atividade exagerada e das condutas opositoras situações habitualmente ambientais, os impactos
traz muito sofrimento. Porém, a articulação dos sobre a aprendizagem. O olhar da escola sobre
202
Rede de apoio social na vida do indivíduo com TDAH e seus cuidadores
SUMMARY
Social support network in the life of individuals with
attention deficit disorder and hyperactivity and their caregivers
In this article, the authors discuss the role of social support networks in
the treatment and monitoring of children and adolescents with Attention
Deficit Disorder and Hyperactivity.
203
Belli AA et al.
4. Thapar A, Langley K, Owen MJ, O’Donovan melhor o mundo das pessoas distraídas,
MC. Advances in genetic findings on atten impulsivas e hiperativas. 3ª ed. São Paulo:
tion deficit hyperactivity disorder. Psychol Med. Gente; 2003.
2007;37(12): 1681-92. 14. Belli AA. TDAH! E agora? A dificuldade
5. Muszkat M. TDAH e interdisciplinaridade: da escola e da família no cuidado e no re
intervenção e reabilitação. São Paulo: All Print lacionamento com crianças e adolescentes
Editora; 2012. com transtornos de déficit de atenção e hi
6. Barkley RA. Transtorno de déficit de atenção/ peratividade. São Paulo: STS; 2008.
hiperatividade: guia completo e autorizado 15. Knapp P, Rohde LA, Lyszkowski L, Johan
para os pais, professores e profissionais da npeter J. Manual do terapeuta: terapia cog
saúde. Porto Alegre: Artmed; 2002. nitivo-comportamental no transtorno de défi
7. Topczewski A. Hiperatividade, como lidar? cit de atenção/hiperatividade. Porto Alegre:
São Paulo: Casa do Psicólogo; 1999. Artmed; 2002.
8. Phelan TW. TDA/TDAH Transtorno de déficit 16. Dupaul GJ, Stoner G. TDAH nas escolas:
de atenção e hiperatividade - Sintomas, diag estratégias de avaliação e intervenção. São
nósticos e tratamentos: crianças e adultos. Paulo: M. Books; 2007.
São Paulo: M. Books; 2005. 17. Sena SS, Diniz Neto O. Distraído e a 1000
9. Linton F. The development of social network por hora: guia para familiares, educadores e
analysis. Vancouver: Empirical Press; 2006. portadores de transtorno de déficit de aten
10. Mesquita RB, Landim FLP, Collares PM, ção/hiperatividade. Porto Alegre: Artmed;
Luna CG. Análise de redes sociais informais: 2007.
aplicação na realidade da escola inclusiva. 18. Mattos P. No mundo da lua: perguntas e
Interface. 2008;12(26):549-62. respostas sobre transtorno do déficit de aten
11. Juliano MCC, Yunes MAM. Reflexões sobre ção com hiperatividade em crianças, adoles
rede de apoio social como mecanismo de centes e adultos. São Paulo: Lemos; 2004.
proteção e promoção de resiliência. Ambient 19. Goldstein S, Goldstein M. Hiperatividade:
Soc. 2014;17(3):135-54. como desenvolver a capacidade de atenção
12. Rohde LA, Mattos P. Princípios e práticas da criança. Trad: Marcondes MC. São Paulo:
em TDAH: transtorno de déficit de atenção/ Papyrus; 1994.
hiperatividade. Porto Alegre: Artmed; 2003. 20. Bromberg MC. TDAH: um transtorno quase
13. Silva ABB. Mentes inquietas: entendendo desconhecido. São Paulo: Gotah; 2001.
204
Resenha: As crianças mais inteligentes
RESENHAdo mundo: e como elas chegaram lá
A obra aqui resenhada começou a ser escrita não podem ser desmerecidos, porque despertam
quando a jornalista americana Amanda Ripley interessantes reflexões que se relacionam direta-
cobriu, em 2001, os resultados do primeiro exa- mente com a qualidade da educação escolar ofe-
me do Programa Internacional de Avaliação de recida para crianças e adolescentes. Tais dados
Estudantes (PISA, sigla em inglês de Program podem se tornar ainda mais relevantes se pen-
for International Student Assessment), um teste sados em relação com o panorama educacional
internacional que avalia competências essen- brasileiro, bastante comprometido, uma vez que
ciais na solução de problemas cotidianos entre nosso país ocupa as últimas posições no PISA.
alunos de quinze anos que frequentam escolas Para compor a pesquisa, Ripley acompanhou
de diferentes países. Naquela primeira edição de perto a experiência de três jovens que foram
do PISA, os resultados surpreenderam: a Fin- estudar na Finlândia, na Coreia do Sul e na
lândia, e não outros países até então considera- Polônia. Adicionalmente, contou ainda com a
dos modelos educacionais, alcançou a primeira participação de duas centenas de estudantes
colocação. Motivada por esse resultado, Ripley intercambistas que responderam a um questio
quis saber o que a Finlândia estava fazendo de nário pela Internet. A obra se divide em três
tão especial e, para tanto, empreendeu uma partes e, em cada uma delas, a autora relata a
longa e ampla pesquisa envolvendo estudantes, experiência de um desses jovens em seu respec-
pais, gestores educacionais e professores. tivo país de destino.
Naturalmente, assim como todo texto, trata- As constatações da pesquisa indicam que o
-se de uma obra que não pode ser lida de modo sucesso educacional depende, como não poderia
acrítico. Ripley escreve com um claro viés: com- deixar de ser, de uma complexa combinação de
preender por qual razão seu país não está no fatores. Algumas particularidades foram identi-
topo do mundo educacional e chamar a atenção ficadas entre os países que apresentam elevado
das instituições de ensino americanas para isso. desempenho educacional, embora alguns aspec-
Apesar desse direcionamento e embora não se tos tenham se mostrado comuns. Dentre esses
trate de uma pesquisa científica desenvolvida últimos, três, em particular, despertam a atenção:
por profissionais da área da Educação, os dados a participação dos pais no processo escolar dos
205
Cericato I
filhos, a qualidade da formação de professores em uma dinâmica que busca ser facilitada pela
e a importância atribuída pelo país à educação. maior parte dos diretores de escola: “Não existe
Sobre o primeiro aspecto, cabe assinalar que melhor maneira de preparar um aspirante a
as crianças com melhores notas são aquelas professor para o ensino do que colocá-lo para
cujos pais preocupam-se em dedicar-lhes tempo, dar aulas – e depois fornecer a ele uma avaliação
seja com a leitura diária desde os primeiros anos criteriosa com comentários e opiniões sobre como
da escolarização, seja conversando com elas so- melhorar” (p.149).
bre assuntos cotidianos e atuais. Contudo, Ripley O prestígio dos professores também se mostra
destaca que a participação voluntária em eventos em termos salariais, embora exista controvérsia
e atividades na escola não apresenta nenhuma quanto à relação entre salários altos e qualida-
implicação significativa no aprendizado porque de de ensino. É evidente, no entanto, destaca
o importante é o que se faz em casa (p.171). Ripley, que remunerações mais elevadas con-
O valor atribuído ao sucesso escolar é outra tribuem para atrair para a docência professores
questão de fundamental importância que se com formação mais sólida, além de mantê-los no
revela, de um lado, pelo prestígio conferido emprego por mais tempo. Assim, o salário dos
à carreira do professor e, de outro, pelas altas professores nos países com êxito educacional é
expectativas que se nutrem em relação às crian similar aos salários pagos a outros profissionais
ças. Esse valor incide no segundo aspecto men com formação equivalente.
cionado: a qualidade da formação docente. Nos A importância social atribuída pelos países
países com elevado desempenho no PISA, são à educação – terceiro aspecto mencionado por
selecionados para cursarem as faculdades de Ripley – mostrou-se uma questão cultural. Por
formação de professor apenas aqueles candi- exemplo, ao passo que as crianças americanas
datos que foram considerados bons alunos no dedicam boa parte de seu tempo a atividades
ensino médio. Além disso, as instituições de esportivas, as sul-coreanas estudam doze horas
formação são extremamente prestigiosas por- por dia, todos os dias úteis da semana.
que se acredita que os estudantes merecem ser “Nos Estados Unidos, os esportes ocupa
ensinados pelos melhores e mais bem prepara- vam um papel central na vida dos estu-
dos professores do mundo. Na Finlândia, por dantes e na cultura escolar, o que não
exemplo, as instituições que não selecionam os se via na maioria das superpotências
melhores candidatos perdem o credenciamento educacionais [...]. Em muitas escolas
e as verbas governamentais de custeio, como dos Estados Unidos, os esportes incu-
informa Ripley (p.135): “O rigor começa já no tiam liderança e persistência em um
início, na hora de ingressar na carreira – que é grupo de alunos, ao mesmo tempo que
o momento certo –, e não após anos exercendo privavam todos eles da concentração e
a profissão, com complexos sistemas de avalia- dos recursos necessários aos estudos.
ção criados com o intuito de extirpar os piores A lição a se tirar não era que esportes e
profissionais e destinados a desmoralizar todos educação não poderiam coexistir, mas
os demais”. sim que esportes nada tinham a ver com
A formação dos professores finlandeses alia educação”. (p.185)
a teoria à prática. Durante o processo de for- Embora o exemplo sul-coreano seja apresen-
mação, os professores estagiam nas melhores tado pela autora como um modelo que produz
escolas públicas do país e são supervisionados sucesso educacional, considera-se necessário
por orientadores. Uma vez exercendo a ativida- avaliá-lo com cuidado. Primeiramente porque
de profissional, eles possuem tempo, todos os o sucesso dos estudantes decorre, basicamente,
dias, para observar as aulas dos colegas, para de sacrifícios desumanos concretizados em nu-
dividir planos de aula e soluções de problemas merosas horas de estudo. São estudantes que
206
Resenha: As crianças mais inteligentes do mundo: e como elas chegaram lá
passam o dia inteiro na escola e ainda enfrentam Nos países estudados por Ripley, tratar a
uma jornada noturna em escolas preparatórias educação com rigor implica uma postura de
semelhantes ao que no Brasil chama-se “cursi- não deixar nenhum estudante para trás, ou seja,
nho pré-vestibular”. Frequentar essas escolas alunos mais pobres possuem mais professores
preparatórias, no entanto, depende do poder que se debruçam sobre eles ao menor sinal de
aquisitivo de uma família que possa pagar por dificuldades com a aprendizagem, demonstran-
elas. Tanto esforço se justifica porque ingressar do que acreditam no potencial de melhora do
em uma boa universidade na Coreia do Sul desempenho de todos. Possuir uma dificuldade
significa garantia de bom emprego e salário. de aprendizado é considerado, nesses países,
Dessa forma, a preparação dos estudantes para algo passageiro e não pejorativo porque altas
o ensino superior é um compromisso não só indi- expectativas são nutridas em relação a todos.
vidual, mas familiar. Vale observar, todavia, que Ripley afirma que as pessoas levam a educação
todo esse esforço privado – isto é, do indivíduo a sério, porque a escola é séria e é séria porque
e da família –, o qual pode parecer o indício de todo mundo concorda que é assim que deve
um sucesso, decorre, na verdade, de um fracasso ser (p.290).
tanto das políticas públicas educacionais quanto Por fim, trata-se de uma obra cuja leitura vale
das próprias escolas públicas. O foco e o rigor para todos os que se interessam pela qualidade
com que se considera a educação são pontos da educação que se produz no Brasil. A pesqui-
diferenciais, sem dúvida, mas os exageros co- sa de Ripley tem o mérito de sistematizar o que
metidos em nome disso devem ser observados fazem as superpotências educacionais, muito
com atenção. embora não se possa dizer que esses achados
Ainda em termos culturais, de modo geral, sejam desconhecidos da escola brasileira porque
Ripley evidencia nos países pesquisados a mo- as temáticas levantadas pela autora americana
tivação, a persistência e a autodisciplina dos circulam em nossos meios, seja no âmbito da
estudantes como características importantes pesquisa científica, seja no âmbito das políticas
para o alcance dos resultados desejados: “Por educacionais. O problema é que não nos basta
diferentes razões culturais e históricas, a maior somente conhecer o que fizeram outros países
parte dos países mais inteligentes do mundo na busca por uma educação de excelência. Falta
parece entender a importância da resiliência ao Brasil, antes da adoção de qualquer medida,
acadêmica” (p. 311). Isso significa dizer que as eleger a educação como prioridade nacional,
crianças podem cometer erros para que depois a exemplo do que fizeram os países estudados
retomem o trabalho porque, assim, acredita-se, por Ripley, uma vez que medidas educacionais
elas desenvolvem autonomia, persistência, inte- tendem a ser mais bem sucedidas quando im-
gridade e sabem trabalhar com afinco, arcando plementadas em conjunto e no contexto de uma
com as consequências de seus atos. combinação de ações.
207
www.congressoabpp.com.br
INFORMAÇÕES, INSCRIÇÃO
EXPOSIÇÃO E PATROCÍNIOS
Tel.: 11 3062-1722
congressoabpp.com.br
22 a 24 de outubro de 2015
FECAP - São Paulo - SP
Comissões
Presidente do Congresso
Luciana Barros de Almeida (GO)
Vice-Presidente do Congresso
Edimara de Lima (SP)
Comissão Científica
Marisa Irene Siqueira Castanho (Sp) - Coordenadora
Galeára Matos de França Silva (Ce) - Coordenadora
Andréa Aires Costa (Ce)
Clarissa Farinha Candiota (Rs)
Débora Silva Castro Pereira (Ba)
Evelise Labatut Portilho (Pr)
Fabiani Ortiz Portella (Rs)
Francisca Francineide Cândido (Ce)
Heloísa Beatriz Alice Rubman (Rj)
Iara Caierão (Rs)
Joyce Maria Barbosa de Pádua (Pi)
Luciana Queiroz Bem Portella (Ce)
Márcia Alves Simões Dantas (Sp)
Maria Alice Moreira Bampi (Sc)
Maria Cristina Natel (Sp)
Maria Irene de Matos Maluf (Sp)
Neide de Aquino Noffs (Sp)
Regina Rosa dos Santos Leal (MG)
Pareceristas ad hoc:
Gilca Lucena Kortmann (Rs)
Janete Carrer (Go)
Leá Chuster Albertoni (Sp)
Márcia Siqueira de Andrade (Sp)
Maria Cecília Castro Gasparian (Sp)
Marisa Claudia Jacometo Durante (Mt)
Rosa Maria Junqueira Sccichitano (Pr)
Sonia Maria Colli de Souza (Sp)
209
22 a 24 de outubro de 2015
FECAP - São Paulo - SP
Comissão Organizadora
Quézia Bombonatto (Sp) - Coordenadora
Ana Paula Loureiro e Costa (Rj) - Coordenadora
Cheila Araújo Mussi Montenegro (Es)
Janaína Cristiane Guidi Pereira (Mg)
Loriane Ferreira (Pr)
Lucila Menezes Guedes Monferrari (Go)
Maria Alice Moreira Bampi (Sc)
Maria Alice de Santana Resende (Pi)
Maria José Weyne Melo de Castro (Ce)
Maria Katiana Veluk Gutierrez (Rj)
Maria Nazaré do Vale Soares (Pa)
Maria Teresa Messeder Andion (Sp)
Marilene Ribeiro de Azevedo (Go)
Nielza Silva Maia de Souza (Se)
Nilzan Gomes Santos (Ba)
Sandra Lia Nisterhofen Santilli (Sp)
Walderlene Ramalho (Df)
210
22 a 24 de outubro de 2015
FECAP - São Paulo - SP
APRESENTAÇÃO
A
Associação Brasileira de Psicopedagogia, assegurando a promoção e a
divulgação dessa área de conhecimento, promove de 22 a 24 outubro
de 2015, o X Congresso Brasileiro de Psicopedagogia, cujo tema
é: “Releituras de Conceitos e Práticas Psicopedagógicas – o aprender em
diferentes contextos”.
Esse tema oportuniza mostrar a trajetória da Psicopedagogia nesses 35
anos de atuação da ABPp no Brasil, onde nos respaldamos na ética, na qua-
lidade da formação do psicopedagogo e no comprometimento com a ciência,
caminho pelo qual alcançamos, além do reconhecimento social, a conquista
de um espaço para exercitar a interdisciplinaridade, dialogando com outros
profissionais que transitam entre as áreas da educação e da saúde em prol da
aprendizagem.
De modo a enriquecer a programação científica desse evento, diversifica
mos os eixos temáticos que percorrem os variados espaços e abordagens que
compõem os estudos em Psicopedagogia, assim selecionamos nossos con-
vidados, dentre eles profissionais renomados e qualificados em sua prática
profissional, garantimos a participação de palestrantes de diversos estados
brasileiros, além de outros países da América Latina.
Para compreender e aprimorar as releituras e os avanços dos conceitos e
das práticas em Psicopedagogia, a ABPp organiza esse momento ímpar para
promover um encontro primordial com nossos pares, visando ao bem-estar e
à melhoria da nossa própria aprendizagem e da aprendizagem de cada um
que está conosco.
Teremos um ambiente privilegiado onde se juntam alta qualificação cien-
tífica e cultural.
Confiantes da importância desse momento histórico e satisfeitos em rece-
ber vários psicopedagogos e demais profissionais interessados, já desejamos
a todos um Congresso repleto de aprendizagem.
211
22 a 24 de outubro de 2015
FECAP - São Paulo - SP
212
22 a 24 de outubro de 2015
FECAP - São Paulo - SP
213
22 a 24 de outubro de 2015
FECAP - São Paulo - SP
214
22 a 24 de outubro de 2015
FECAP - São Paulo - SP
215
22 a 24 de outubro de 2015
FECAP - São Paulo - SP
Ementa
Serão apresentadas novas intervenções do Projeto Cuca Legal (UNIFESP) para o desenvolvimento
socioemocional e a saúde mental na Escola, será discutido o impacto do medo e negligência dos aspectos
emocionais na educação.
RODRIGO AFFONSECA BRESSAN (SP)
Psiquiatra, PhD pelo King’s College London, Diretor do LiNC – Laboratório de Neurociência Integrativa que
trabalha com sofisticadas técnicas de Neuroimagem funcional, Genética, Neuropsicologia e biomarcadores.
Autor de mais de 100 artigos científicos de alto impacto, patente e dedicado à disseminação de conhecimento
sobre saúde mental. Coordenador do Projeto Cuca Legal que trabalha com educação socioemocional e em
saúde mental na Escola. Autor de diversos livros entre eles “Saúde Mental na Escola – o que os educadores
devem saber”.
11h20 às 12h10 Palestras
(P13) As letras falam: como podemos facilitar o aprendizado da leitura e da escrita no processo de
alfabetização
Ementa
Fundamentação da proposta; competências e habilidades envolvidas no aprendizado da leitura e da escrita de
sistemas alfabéticos; apresentação de amostra sequencial das atividades para alfabetização.
JAIME ZORZI (SP)
Fonoaudiólogo, Especialista em Linguagem e Aprendizagem, Mestre em Distúrbios da Comunicação e Doutor
em Educação. Atua no atendimento de crianças e jovens com alterações da linguagem oral e escrita. Presta
assessoria e consultoria junto a rede pública e privada de ensino. Trabalha na formação de professores e
outros profissionais da área da aprendizagem e educação. Diretor e professor do CEFAC Saúde e Educação.
Autor de várias obras sobre linguagem oral, escrita, aprendizagem e transtornos de aprendizagem. Autor de
"As letras falam: metodologia para alfabetização".
(P14) Neurociência e Educação: hora de conectar
Ementa
A Neurociência já reúne um poderoso conjunto de evidências sobre como o cérebro aprende, e como se
comunica com outro no contexto ensino-aprendizagem. É preciso agora estabelecer pontes entre essa
informação científica e as práticas educacionais. Como poderemos construí-las, eis a questão.
ROBERTO LENT (RJ)
Graduado em Medicina pela UFRJ, com Mestrado e Doutorado no Instituto de Biofísica (UFRJ), e pós-
doutoramento no Massachusetts Institute of Technology. Professor Titular da UFRJ, Membro Titular da
Academia Brasileira de Ciências, Pesquisador 1A do CNPq, e Cientista do Nosso Estado da FAPERJ. Na UFRJ,
chefia o Laboratório de Neuroplasticidade do Instituto de Ciências Biomédicas. Possui numerosos trabalhos
científicos sobre desenvolvimento, plasticidade e evolução do cérebro, bem como livros de divulgação da
neurociência para adultos e crianças.
(P15) A sociedade em evolução e o impacto sobre o diagnóstico psiquiátrico infanto-juvenil
Ementa
Nessa palestra, serão abordados temas como a forma pela qual mecanismos neurobiológicos são afetados
por mudanças ambientais, levando a alterações das apresentações fenotípicas dos transtornos mentais
na infância, bem como a ação de mecanismos evolucionários e da pressão ambiental imediata sobre a
prevalência e a definição fenotípica desses quadros. Discute-se como mudanças de paradigma podem avançar
o diagnóstico em saúde mental na infância e adolescência.
216
22 a 24 de outubro de 2015
FECAP - São Paulo - SP
217
22 a 24 de outubro de 2015
FECAP - São Paulo - SP
218
22 a 24 de outubro de 2015
FECAP - São Paulo - SP
Doutorado (2009) e Mestrado (1997) em Educação pela Universidade UNISINOS. Professora e Coordenadora
da graduação e pós-graduação em Psicopedagogia do Centro Universitário La Salle -Canoas/RS. Professora
do Mestrado em Saúde e Desenvolvimento Humano-UNILASALLE-Canoas. Pesquisas na área de Educação e
Promoção em Saúde. Coordenadora o NAPSI-Núcleo de atendimento Psicopedagógico Unilasalle. Especialista
em Psicopedagogia, Educação Especial, Psicomotricidade, Estimulação Precoce para bebês com patologias,
Terapia de Casal e Família (CEFI) e Neuropsicologia (UFRGS). Estudos Lacanianos em criança e adolescência
pelo Centro Lydia Coriat (1993). Vice-Presidente da ABPp-RS 2011-2013 e 2014-2016. Tem experiência na
área de Educação, com ênfase em Educação Especial por mais de 30 anos. Participo en la Sesión de formación
sobre Derechos Humanos, derecho a la educación y educación a los derechos humanos en Genebra/ONU-
UNESCO-2011.
História da produção científica em Psicopedagogia no Brasil, do fazer ao saber
Ementa
Apresenta o percurso da produção científica brasileira em Psicopedagogia nos últimos 25 anos. Propõe a
recuperação da memória desse campo de conhecimento, apreendendo parte do estado da arte. Discorre
sobre temáticas pesquisadas, principais lacunas e métodos científicos utilizados, caracterizando o
pesquisador da Psicopedagogia. Oferece aos profissionais interessados visão sobre recursos disponíveis para o
aprofundamento de práticas e pesquisas em Psicopedagogia.
MÁRCIA SIQUEIRA DE ANDRADE (SP)
Professora Doutora em Psicologia da Educação pela PUC/SP, atuou como psicopedagoga clínica por mais
de 25 anos. Implantou e coordenou o curso de Graduação em Psicopedagogia (bacharelado) do UNIFIEO
até 2014. Atualmente, é responsável pela Clínica-escola de Psicopedagogia do UNIFIEO, coordenadora do
curso de Especialização em Psicopedagogia do UNIFIEO, coordenadora e professora titular do Programa
de Psicologia Educacional do UNIFIEO (Mestrado e Doutorado), pesquisadora, com artigos publicados em
diversos países, autora de vários livros.
(M20) TENDÊNCIAS DA TECNOLOGIA NO CENÁRIO DA APRENDIZAGEM
Mídias sociais e aprendizagem
Ementa
Vamos discutir o uso de mídias sociais na Educação, em especial plataformas de redes sociais online, e como
isso afeta as relações entre os professores e alunos. Também serão brevemente apresentados conceitos da
Comunidade de Investigação (CoI), análise de redes sociais e análise de ensino e de aprendizagem (teaching
and learning analytics).
SEAN WOLFGAND MATSUI (RJ)
Doutor em Informática pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio, 2005); Professor
associado da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO). Tem experiência na área de Ciência
da Computação, com ênfase em Sistemas de Informação e Informática na Educação. Foi o coordenador
do Programa de Pós-Graduação em Informática (PPGI) da UNIRIO de julho/2012 a setembro/2014;
Atualmente, está no comitê organizador do Congresso Brasileiro de Informática na Educação - CBIE 2015,
além de ser um dos editores-chefes da iSYS: Revista Brasileira de Sistemas de Informação, Vice-coordenador
da Comissão Especial de Sistemas de Informação (CESI) da Sociedade Brasileira de Computação (SBC) e um
dos membros da Comissão Especial de Informática na Educação (CEIE) da SBC.
Uma nova dimensão para a aprendizagem
Ementa
Reflexão sobre como a tecnologia pode ajudar na emancipação do sujeito, potencializando a construção de
uma nova sociedade. Perceber a dimensão virtual como uma grande possibilidade de troca de saberes, em
cooperação, para busca constante da compreensão do processo de aprendizagem que rompe com a cultura da
transmissão de informações e nos conduz para a cultura da comunicação colaborativa.
219
22 a 24 de outubro de 2015
FECAP - São Paulo - SP
Possui graduação em Pedagogia pela Universidade Federal do Espírito Santo (1978) e mestrado em Educação
pela Universidade Federal do Espírito Santo (2004). Trabalhou como psicopedagoga em atendimentos
individuais e de grupo em escolas de ensino fundamental, médio e superior. Foi psicopedagoga da Escola
Superior de Ciências da Santa Casa de Misericórdia de Vitória. Tem experiência em Tecnologia Educacional.
De 1998 a 2013, coordenou a Associação Brasileira de Psicopedagogia- Núcleo Espírito Santo, que desenvolve
trabalhos ligados à educação permanente e orientação de atendimentos psicopedagógicos. Leciona em Curso
de Pós-Graduação.
15h20 às 16h10 Palestras
(P21) Intervenção psicopedagógica nas dificuldades de leitura e escrita a partir da avaliação
neuropsicológica
Ementa
Dificuldades de leitura e escrita são multicausais; logo, diferentes intervenções podem ser necessárias
conforme as características de cada caso. Essa palestra exemplificará como a avaliação neuropsicológica pode
auxiliar a identificar pontos fortes e áreas deficitárias, orientando intervenções mais eficazes.
ALESSANDRA GOTUZO SEABRA (SP)
Psicóloga, doutora e com pós-doutorado em Psicologia pela USP. Docente e pesquisadora dos Programas
de Mestrado e Doutorado em Distúrbios do Desenvolvimento da Universidade Presbiteriana Mackenzie.
Desenvolve pesquisas e tem publicações principalmente sobre desenvolvimento infantil, neuropsicologia,
alfabetização, dislexia, funções executivas, autorregulação e intervenção precoce. Coordenadora do Grupo de
Neuropsicologia Infantil. Bolsista de Produtividade pelo CNPq, autora de livros, artigos científicos e capítulos
de livros na área.
(P22) Saúde emocional: transtornos disruptivos na infância e adolescência
Ementa
Os transtornos disruptivos (TDAH, T. Oposição e desafio e T. de conduta) estão entre os transtornos da
infância e da adolescência mais prevalentes. Pesquisas mostram que crianças portadoras desses transtornos
apresentam maiores dificuldades de alfabetização e alcance acadêmico. Além de maior vulnerabilidade ao uso
de álcool e outras drogas, esses transtornos também estão relacionados com a evolução para a delinquência
e criminalidade.
IVETE GIANFALDONI GATTÁS (SP)
Formada em Medicina em 1983 (UNIFESP), psiquiatra da Infância e da Adolescência. Coordenadora da
Unidade de Psiquiatria da Infância e Adolescência (UPIA)/ UNIFESP. Professora do CESMIA (Curso de
Especialização em Saúde Mental da Infância e da Adolescência) da UPIA/UNIFESP.
(P23) Tecnologias digitais: educação 3.0 e os recursos educacionais emergentes
Ementa
Com a popularização dos dispositivos móveis e da Internet, emerge um novo perfil de aluno: mais crítico,
participativo e que é estimulado por desafios. Nessa palestra, faremos uma análise das mudanças que vêm
ocorrendo na sociedade, seu impacto na Educação e as possibilidades apresentadas por esses recursos para
viabilizar estratégias de ensino que engajem mais os alunos na aprendizagem.
LUCIANA ALLAN (SP)
Professora Doutora em Educação pela Faculdade de Educação/ USP, Mestra em Ciências da Comunicação
pela ECA/USP, redatora dos PCNs em Ação e PCNs + Conceitos Estruturantes para o MEC, idealizadora da
Avaliação de Práticas Educacionais Inovadoras apoiadas pelas tecnologias digitais, autora do Guia Crescer
em Rede, financiado pela Fundação Odebrecht e do curso Melhor Gestão, Melhor Ensino para a Secretaria de
Educação do Estado de São Paulo. Diretora técnica do Instituto Crescer, onde há mais de 10 anos coordena
projetos na área de Educação, muitos deles voltados à formação de professores para adoção de tecnologias
digitais nas estratégias de ensino e aprendizagem. Articulista da Revista Profissão Mestre, Blog da Revista
Exame e do Portal Educar para Crescer.
220
22 a 24 de outubro de 2015
FECAP - São Paulo - SP
15h20 às 16h10 (P24) Qualidade de vida na infância e adolescência: aspectos do desenvolvimento na fase escolar
Ementa
Qualidade de vida na infância e adolescência: conceito, histórico e instrumentos.
FRANCISCO ASSUMPÇÃO (SP)
Professor livre docente pela Faculdade de Medicina da USP, Professor Associado do Instituto de Psicologia da
USP, Membro da Academia Paulista de Medicina (cadeira 103) e Psicologia (cadeira 17).
16h10 às 16h30 Intervalo
16h30 às 17h40 Workshop
221
22 a 24 de outubro de 2015
FECAP - São Paulo - SP
Ementa
A partir da aprovação do Plano Nacional de Educação, em junho de 2014, o Brasil tem um novo mapa de
navegação na educação básica e superior. As perspectivas são boas, mas o desafio imenso. Além das metas para
garantir o acesso de todos, existe a qualidade a ser alcançada. Planejar uma escola que garanta a aprendizagem
e, ao mesmo tempo, seja democrática e contemporânea. As melhores experiências são aquelas que traduzem
em práticas os conceitos da educação integral: flexibilização dos tempos e espaços, diálogo com o território,
integração de políticas, para garantir o desenvolvimento físico, intelectual, afetivo e social das pessoas.
MARIA PILAR LACERDA (BH)
Graduada em História pela Universidade Federal de Minas Gerais, Especialização em Gestão de sistemas
Educacionais/PUC-MG; Professora de História em escolas privadas e públicas de 1976 a 2001; Diretora
do Centro de formação de Professores da Prefeitura da Cidade de Belo Horizonte; Secretária Municipal de
Educação da cidade de Belo Horizonte – 2002 a 2007; Presidente Nacional da União Nacional dos Dirigentes
Municipais de educação 2005 a 2007; Secretária Nacional de Educação Básica do Ministério da Educação –
2007 a 2012; Diretora da Fundação SM/Brasil.
(W27) Plasticidade cerebral e aprendizagem
Ementa
Na palestra "Plasticidade cerebral e Aprendizagem", são abordados os seguintes aspectos: desenvolvimento
cerebral normal desde a concepção até a idade adulta, considerando os aspectos da plasticidade cerebral
normal; plasticidade cerebral no sistema nervoso lesado; tipos de aprendizagem e sua relação com o
desenvolvimento do cérebro normal e lesionado.
NEWRA TELLECHEA ROTTA (RS)
Graduação em Medicina - UFRGS, 1963; Especialização em neurologia infantil - USP, 1964; Livre Docência
em Neurologia - "Avaliação Neurológica Evolutiva, Eletrencefalográfica e Psicológica em crianças com
Rendimento Escolar Deficiente" - Fundação Faculdade Federal de Ciências Médicas, Porto Alegre, 1975
(FFFCMPA); Professora de Pós-Graduação e Graduação na UFRGS de 1973 a 2007; Professora e Coordenadora
dos Cursos de Extensão e de Educação Médica Continuada em Neurologia Infantil e Neurologia do Recém-
Nascido até 2007; Fundadora e Coordenadora da Residência Médica em Neurologia Pediátrica no HCPA de
1985 a 2007; Professora de Neurologia da FFFCMPA de 1965 a 1989; onde iniciou a unidade de Neurologia
Infantil do Departamento de Neurologia e Neurocirurgia, tendo formado lá vários especialistas; Professora
do Curso de Neurologia para Profissionais das Áreas da Saúde e Educação desde 2007.
(W28) Cuidando e educando no século XXI: mitos e ciência do desenvolvimento humano
Ementa
Os primeiros anos de vida da criança são determinantes para sua saúde mental e irão determinar como
serão as próximas fases do desenvolvimento. Cuidados, afeto e limites é a tríade necessária para que um
sujeito possa criar o 'sentimento de pertinência' ao mundo, às pessoas e às possíveis escolhas que faça.
Também temos que compreender o funcionamento normal do Sistema Límbico, principalmente a dinâmica
da amígdala cerebral, cujos recentes estudos nos mostram sua participação nos processos comportamentais
cognitivos, que envolvem a aprendizagem, a motivação, a angústia e a construção da afetividade. Essa
palestra organizará esses conceitos com o objetivo de levar aos ouvintes uma compreensão mais profunda
da dinâmica do psiquismo humano e os danos que ocorrem quando os cuidados não se fazem saudáveis às
necessidades intrínsecas da formação desse psiquismo.
IVAN CAPELATTO (SP)
Psicoterapeuta de crianças, adolescentes e famílias; Mestre em Psicologia Clínica pela PUC-CAMP; Supervisor
e professor do GEIC de Londrina - PR; (grupo de estudos e pesquisas em psicopatologias da família, da
infância e da adolescência); Professor convidado do curso de Terapia Breve Familiar do The Milton H.
Erickson Foundation Inc. (Phoenix, Arizona, e New York, NY, USA); Colaborador da UNESCO com o Projeto
de Vida, apoio do jornal O Estado de São Paulo; Professor-convidado do Curso de Medicina da Família e da
Comunidade da Faculdade de Medicina da UNICAMP; Escritor e conferencista.
17h40 Finalização das atividades do dia
222
22 a 24 de outubro de 2015
FECAP - São Paulo - SP
24 de outubro - Sábado
8h às 10h (TC29) APRESENTAÇÕES DE TRABALHOS CIENTÍFICOS
Comunicação Oral e Sessão de Pôster
(TC30) Encontro de Coordenadores e Docentes de Cursos de Psicopedagogia
10h00 às 10h20 Intervalo
10h20 às 11h10 Palestras
(P31) Abordagem sistêmica no contexto da psicopedagogia dinâmica: o uso do construcionismo
social como dissolução de desafios e conflitos
Ementa
O Psicopedagogo que intervém em contextos institucionais ou clínicos se depara com desafios e conflitos que
demandam capacidade para dialogar com os agentes presentes nos diferentes sistemas, a fim de construírem
juntos o "empoderamento" necessário para encontrar possíveis caminhos que conduzam à dissolução de
conflitos. Pretende-se nessa oportunidade descrever experiências clínicas e institucionais indicadoras de
gerenciamento em equipe.
EDITH RUBINSTEIN (SP)
Psicopedagoga, Mestre em Psicologia da Educação, Terapeuta Familiar pelo Instituto Família e, Aplicadora de
PEI e formadora pelo Instituto ICELP de Jerusalém, Coordenadora e docente do "Centro de Estudos Seminários
de Psicopedagogia". Autora da obra: O estilo de aprendizagem e a queixa escolar: entre o saber e o conhecer,
Casa do Psicólogo, 2003; organizadora das obras: Psicopedagogia: uma prática, diferentes estilos, Casa do
Psicólogo, 1999; Psicopedagogia: fundamentos para a construção de um estilo, Casa do Psicólogo, 2006.
(P32) Inclusão – Leitura e compreensão leitora
Ementa
Essa palestra tem o objetivo de desconstruir mitos sobre compreensão leitora por meio de propostas de atuação
tão simples e eficazes, que todos os educadores desejarão aplicar no dia seguinte. É possível fazer inclusão no
Brasil? Sim. Desde que tenhamos em mente a meta, a nossa capacidade executiva, as etapas a serem seguidas
e a colaboração do professor. O tema – Leitura e compreensão leitora – é de grande importância, uma vez que
todos precisam da leitura para serem capazes de analisar, julgar e criar conteúdos e saberes.
ANA MARIA BADRA MAAZ DE A. ALVAREZ (SP)
Graduada em Fonoaudiologia pela Universidade Federal de São Paulo e Doutora em Ciências pela
Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Especialista na área de Linguagem com ênfase em
Neuroaudiologia. Atua de forma dedicada nas seguintes áreas: memória, processos de aprendizagem,
treinamento cognitivo, processamento auditivo, comunicação, atenção e alfabetização. Professora de
comunicação no Instituto de Ensino e Pesquisa – Insper. Autora de livros sobre memória, comunicação e
Liderança. Atua também como consultora na área.
(P33) Disgrafia e disortografia: diagnóstico diferencial e estratégias de intervenção
Ementa
A escrita é, sem dúvida, uma das habilidades mais importantes na sociedade atual. Tarefas simples e
rotineiras do cotidiano não poderiam ser realizadas com facilidade sem o domínio da linguagem escrita.
Aprender a escrever, no entanto, não é um processo simples, já que depende de dois fatores que se
completam, ou seja, o desenvolvimento e integração do sistema nervoso (SN) e a estimulação oferecida
pelo meio social. A disfunção do sistema nervoso central pode resultar em transtornos da expressão escrita
e, nesses casos, tem o que se denomina de disgrafia e disortografia. Pouco estudados na literatura, esses
transtornos são praticamente desconhecidos no contexto escolar e clínico, fato que tem contribuído para o
baixo desempenho acadêmico e, por vezes, para prejuízos em outras áreas do desenvolvimento da criança
(emocional, por exemplo). Nesse sentido, é importante que sejam precocemente identificados, diferenciados
e tratados. Isso requer conhecimento estruturado sobre a disgrafia e a disortografia, bem como sobre
as estratégias adequadas de intervenção (clínica e institucional), específicas a cada caso. Com isso, pode-
se minimizar os efeitos desses transtornos na vida dos indivíduos, que convivem com a dificuldade na
expressão escrita no seu cotidiano.
223
22 a 24 de outubro de 2015
FECAP - São Paulo - SP
224
22 a 24 de outubro de 2015
FECAP - São Paulo - SP
225
22 a 24 de outubro de 2015
FECAP - São Paulo - SP
226
22 a 24 de outubro de 2015
FECAP - São Paulo - SP
227
22 a 24 de outubro de 2015
FECAP - São Paulo - SP
228
22 a 24 de outubro de 2015
FECAP - São Paulo - SP
229
22 a 24 de outubro de 2015
FECAP - São Paulo - SP
15h40 às 16h30 (P45) Refletindo sobre o cotidiano escolar na educação infantil: espaços para a infância
Ementa
A criança protagonista de ações por meio de espaços planejados pelos educadores respeitando o brincar na
organização de seu cotidiano. Nesta oportunidade apresentaremos e conversaremos sobre estes espaços
visitados no 2º semestre de 2014, que se localizam em 4 cidades do norte da Califórnia, são reconhecidas
pelo World Forum Foundation on Design Group vinculadas a NAREA e servem de referências em nossa
prática.
NEIDE NOFFS (SP)
Profa. Dra. Neide de Aquino Noffs - Doutora em Educação pela Universidade de São Paulo, Psicopedagoga
Clínica e Institucional. Atualmente, é Diretora e Professora da Faculdade de Educação da PUC-SP, Docente do
Programa Stricto Sensu em Educação: Currículo – Linha de Pesquisa: Formação de Professores e Coordenadora
da linha de pesquisa Educação Infantil e o Brincar da PUC-SP. Professora do curso de especialização stricto
sensu Psicopedagogia PUC-SP, Coordenadora do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência
- PIBID/PUCSP e Coordenadora do Projeto Institucional para Formação de professores da Educação básica –
PIFPEB na modalidade presencial e EADPUCSP. Membro da Comissão da elaboração do atual projeto pedagógico
do curso de Pedagogia da PUC/SP. Presidente Vitalícia da ABPp e Coordenadora da Comissão do Conselho
Nacional da ABPp: regulamentação e formação do Psicopedagogo. Assessora institucional em rede municipal
de ensino e responsável pela formação em serviço dos profissionais da Educação.
(P46) Avaliação e intervenção motora em criança com dificuldade de aprendizagem
Ementa
Avaliação do desenvolvimento motor em crianças matriculadas na Educação Infantil, Ensino Fundamental
e Educação Especial, utilizando como instrumento a Escala de Desenvolvimento Motor "EDM" (Rosa Neto,
2002, 2014), considerando os elementos básicos da motricidade humana, tais como: motricidade fina
(movimentos de preensão, precisão e controle óculo motriz); motricidade global (controle motor mais
amplo, dissociação segmentar de membros superiores e inferiores); equilíbrio (controle postural, tônus e
proprioceptivo); esquema corporal (controle da respiração, imagem corporal e representação corporal);
organização espacial (área perceptiva do espaço corporal, noção de direita e esquerda); organização temporal
(memória, ritmo, velocidade, concentração); lateralidade (identificação da preferência lateral, tipos de
lateralidade). Relação entre o desenvolvimento motor e as dificuldades de aprendizagem.
FRANCISCO ROSA NETO (SC)
Doutorado em Medicina do Esporte, Universidade de Zaragoza (Espanha); Mestrado em Deficiência Mental
e Transtornos de Aprendizagem, Universidade de Sevilha (Espanha); especialização em Educação Especial e
Educação Infantil, Centro de Ciências da Saúde (UDESC). Coordenador do Laboratório de Desenvolvimento
Humano e professor do programa de Mestrado e Doutorado em Ciência do Movimento Humano da Universidade
do Estado de Santa Catarina - UDESC. Presidente da Sociedade Brasileira de Motricidade Humana - SBMH.
16h30 às 16h50 Intervalo
16h50 às 17h40 Atividade Exclusiva
(AE47) SESSÃO INÉDITA - HOMENAGEM PÓSTUMA
Despedida de ALÍCIA FERNÁNDEZ
Pontos de partida: A HERANÇA
Ementa
Herdamos uma obra que tem por objetivo possibilitar e fomentar o desenvolvimento da capacidade
de pensar do ser humano e a autoria de pensamento. Uma proposta que amplia o olhar e a escuta do
profissional para a singularidade das diferentes modalidades de aprendizagem e ensino. Um enfoque que
considera a inteligência como desadaptação criativa e a aprendizagem como processo de construção de
si mesmo como pessoa interessante a partir do que recebe do(s) outro(s). Uma abordagem que valoriza
os espaços de heteroestima que podem levar à autoria, além do já conhecido sentimento de autoestima.
Uma postura de "prestar atenção" e desencorajar a hipoatividade, transformando-a em atividade, seja ela
pensante, lúdica e/ou criativa. Uma filosofia de vida que encontra na alegria a potência do aprender e viver
criativo, pois "o contrário da alegria não é a tristeza, mas o aborrecimento, a omissão, o desaparecimento".
230
22 a 24 de outubro de 2015
FECAP - São Paulo - SP
231
Resumo DOS
RESUMO Trabalhos -- C
dos TRABALHOS ategoria O
Categoria oral
ral
232
Resumo dos Trabalhos - Categoria Oral
233
Resumo dos Trabalhos - Categoria Oral
234
Resumo dos Trabalhos - Categoria Oral
do Espectro Autista (TEA), com proposição de ala Eixo: Dificuldades e Transtornos na Aprendizagem
vancar os processos das aprendizagens em Feira
de Santana - BA. Método: As ações exigiram le O TRANSTORNO DO ESPECTRO
vantamentos de referenciais bibliográficos: Cunha DO AUTISMO NO CONTEXTO
(2013), Fonseca (2014), Kohl (1993), Visca (1987), PSICOPEDAGÓGICO:
etc. Utilizamos abordagem qualitativa com base no DA AVALIAÇÃO À INTERVENÇÃO
relato de experiência contextualizada e fundamenta SUZANA ALVES BANDEIRA
da por um aporte teórico com posteriores discus
sões dos conceitos envolvidos em cada estratégia Os Transtornos do Espectro do Autismo (TEA) refe
de intervenção dos materiais psicopedagógicos rem-se a um grupo de transtornos caracterizados por
que provocassem mudanças substanciais no pro um espectro compartilhado de prejuízos qualitativos
cesso ensino e aprendizagem, a exemplo dos Mon na interação social, associados a comportamen
tessorianos, Método TEACCH, Método Clínico Piaget tos repetitivos e interesses restritos pronunciados.
(1982), vai além do óbvio, da resposta estereotipada, Sendo assim, a versão mais recente do DSM (V)
busca compreender o ponto de vista das análises reestruturou os critérios, os quais passaram a ser
do sujeito. Resultado: A experiência relatada deu arranjados sob dois domínios, a saber: Déficits na
evidências de que esta prática é adequada para que comunicação social, comportamentos/ interesses
o aluno com TEA, imerso em ações eficazes, cons restritos e repetitivos. Dessa forma, o trabalho em
titui conhecimentos convenientes, tendo em vista questão tem como objetivo precípuo descrever,
a relevância do mesmo. Embora fossem observados analisar e auxiliar profissionais da Psicopedagogia
no fazer Psicopedagógicos junto ao sistema formal na compreensão e atuação em casos que apresentem
de ensino ainda é complexo, pois apresentam TEA, resguardadas as particularidades de cada um.
dúvida e dificuldade de como intervir com essas Método: O estudo refere-se à avaliação e intervenção
crianças. Conclusão: Resultados positivos nas suas realizadas com 4 crianças entre 4 e 8 anos (sexo
aprendizagens com atividades psicopedagógicas masculino) e um adolescente (17 anos) que foram
adaptadas para o TEA. O psicopedagogo tem um pa submetidos a avaliação (nos anos de 2012, 2013, 2014
pel fundamental ao avaliar e elaborar estratégias de e 2015) e estão em processo interventivo no Espaço
ensino para o estímulo do autista para que conquiste Crescer – Núcleo de Aprendizagem e Cognição
autonomia nas aprendizagens. Os educadores devem (BA), por um período superior a seis meses. Nesse
focalizar nas habilidades das crianças autistas, para sentido, o trabalho psicopedagógico se configurou
que elas tenham melhores condições de se integrar em duas etapas: processos avaliativos envolvendo
à sociedade. Entendemos que as crianças autistas o contexto clínico, escolar e familiar, elaboração e
devem ser impulsionadas a se especializar em alguma aplicação de planos interventivos individualizados
atividade do sistema formal e ensino. Referências: com materiais estruturados e semiestruturados, com
Cunha E. Autismo na escola: um jeito diferente de monitoramento de desempenho nas habilidades
aprender, ensinar-ideias e práticas pedagógicas. Rio sociais e acadêmicas que deram origem à queixa.
de Janeiro: Wak; 2013. Kohl M. Vygotsky: aprendizado Para avaliação dos resultados foram criadas pautas de
e desenvolvimento. São Paulo: Scipione; 1993. Fonse observação, fichas de feedbacks, gravação e análise
ca, Maria E. Granchi, Baptistella, Juliana de Cássia. de vídeos, acompanhamento por meio de boletins e
Vejo e Aprendo - TEACCH: o ensino estruturado relatórios escolares, conforme metas estabelecidas
para pessoas com autismo. Ciola. Ribeirão Preto: conjuntamente com a escola e a família. Além disso,
Booy Toy; 2014. Piaget J. A representação do mundo ao longo das sessões foram inseridos jogos que es
na criança. Rio de Janeiro: Difel; 1982. Visca Jorge. timulassem habilidades sociais de contato visual,
Clínica Psicopedagógica: epistemologia convergente. empatia e atendimento de ordem. Conclusão: Os
Porto Alegre: Arte Médicas, 1987. Coleção Memória resultados evidenciaram melhora significativa tanto
da Pedagogia, n. 3. Maria Montessori: o indivíduo em nas habilidades comunicativas, sociais e acadêmicas.
liberdade. Rio de Jabeiro: Ediouro, SP: Segmento- Logo, a avaliação e intervenção psicopedagógica foi
Duetto, 2005. de extrema relevância por se caracterizarem como
235
Resumo dos Trabalhos - Categoria Oral
facilitadoras e possibilitar uma reestruturação de com foco na leitura e escrita para que a criança com
processos de aprendizagem deficitários. Referências: plete seu processo de alfabetização, respeitando a
Brentani et al. Autism spectrum disorders: an overview sua modalidade de aprendizagem, os seus interesses,
on diagnosis and treatment. Rev Bras Psiquiatr. promovendo a aprendizagem significativa.
2013;35(suppl.1):S62-S72. American Psychiatric
Association APA. Manual Diagnóstico e Estatístico
de Transtornos Mentais. 5ª ed. DSM-5. Porto Alegre: Eixo: Dificuldades e Transtornos na Aprendizagem
Arte Médica Editora; 2014.
PROGRAMA DE INTERVENÇÃO EM
CRIANÇAS COM DIFICULDADE
Eixo: Dificuldades e Transtornos na Aprendizagem DE APRENDIZAGEM: CONTEXTO
FONOAUDIOLÓGICO/PSICOPEDAGÓGICO
OLHAR PSICOPEDAGÓGICO PARA A
ANDRÉA CARLA MACHADO,
INTERVENÇÃO COM CRIANÇA COM
FERNANDA APARECIDA AGUIAR
SÍNDROME DE DOWN
As dificuldades de aprendizagem podem surgir
TERESINHA DE JESUS DE PAULA COSTA
em qualquer etapa do desenvolvimento acadêmico
Objetivo: O presente trabalho tem por objetivo refletir do escolar e podem comprometer o desempenho
sobre o atendimento psicopedagógico de uma criança deste em atividades de leitura, escrita e cálculo-
com síndrome de Down, cuja queixa estava centrada matemático1. Nessas condições, intervenções espe
na alfabetização. Método: Fez-se um estudo de caso cíficas para amenizar os prejuízos acadêmicos per
levando em conta o histórico de vida do cliente, passam os atendimentos especializados, como a
principalmente, seu processo de aprendizagem fonoaudiologia e psicopedagogia, pois são comuns
escolar, por conta dele já estar frequentando uma escola os déficits relacionados aos componentes cogniti
particular estando matriculado no 5º ano do Ensino vos-linguísticos. Assim, o objetivo do presente re
Fundamental. Constatou-se, ao longo do processo lato de experiência é apresentar dois programas
diagn óstico, que seu percurso de aprendizagem de intervenção, um no contexto fonoaudiológico e
apresentava fraturas devido às trocas dos profissio o outro no contexto psicopedagógico, em crianças
nais que o acompanhavam nesse processo. Por conta com dificuldades de aprendizagem. Participaram do
disso, não estabelecia bom vínculo com as pessoas programa duas crianças com dificuldade de apren
que desejavam ajudá-lo. Resultados: As intervenções dizagem, uma com idade de 7 anos e 5 meses e a
foram realizadas por meio de propostas de atividades outra com 7 anos e 6 meses encaminhadas pela
significativas para a criança, considerando o estímulo família e pela escola, respectivamente. As crianças
visual como apoio para a leitura e escrita. Ao longo eram oriundas de escolas diferentes, sendo uma de
das sessões, o cliente estabeleceu bom vínculo com a caráter privado e a outra pública de um cidade de
psicopedagoga, fato que possibilitou maior enfoque às médio porte do interior do Estado de São Paulo. Ambas
propostas de leitura e escrita, ampliando seu interesse as crianças foram avaliadas por meio do Protocolo de
pelos materiais utilizados, como jogos pedagógicos, avaliação cognitivo-linguístico e Provas de Leitura de
livros de imagens e textos, filmes e atividades escritas. compreensão de frases. O programa de fonoaudiologia
Conclusão: O cliente continua mantendo bom vínculo foi realizado em 10 sessões de 50 minutos cada, duas
com a psicopedagoga, apresenta-se interessado em vezes por semana. Foram utilizadas estratégias para
ampliar sua aprendizagem, aumentando, cada vez as habilidades oral e escrita, com reconhecimento,
mais, sua atenção e concentração. Aprecia a contação manipulação, combinação, exclusão de letras e
de histórias, escolhe seus próprios livros para ler com a sílabas, além de tarefas metalinguísticas, como rima e
família, consegue ler palavras de sílabas simples, vem aliteração. Os encontros no contexto psicopedagógico
ampliando seu repertório na escrita, pois já passou eram diários, com uma hora de duração, realizados
da hipótese de escrita pressilábica para a silábica. A no período de 30 dias. O ensino partiu das letras de
intervenção psicopedagógica continua acontecendo forma e cursiva, reconhecimento de letra e sílabas,
236
Resumo dos Trabalhos - Categoria Oral
as lições diárias com cada letra do alfabeto com es Constatou-se importante melhora no desempenho
timulação das habilidades perceptovisomotoras, e acadêmico dos estudantes, demonstrando, de modo
jogos com textos direcionados à memória auditiva. geral, significativo salto nos resultados acadêmicos e
Os dados demonstraram que intervenções pautadas confirmando o trabalho com o lúdico como um forte
em processos avaliativos sistemáticos, que condizem aliado no processo de aprendizagem, no desempenho
com as reais dificuldades da criança, direcionam efe escolar, no desenvolvimento intelectual e autoestima
tivamente a construção de programas interventivos e dos estudantes.
garantem aos profissionais envolvidos fidedignidade
nos resultados, em ambos os contextos trabalhados.
Eixo: Dificuldades e Transtornos na Aprendizagem
237
Resumo dos Trabalhos - Categoria Oral
de ensino superior é uma das maneiras de contribuir comunicação não-verbal. As dificuldades continuam
para a melhora da qualidade da formação dos futuros a requerer intervenção sistemática e transdiscipli
profissionais. nar, incluindo a família, nos esforços de adequar
estratégias coerentes e comuns a todos. Referên
cias: Cardoso C, Fernandes FDM. A comunicação
Eixo: Dificuldades e Transtornos na Aprendizagem de crianças do espectro autístico em atividades em
grupo. Pró-Fono Revista de Atualização Científica.
SÍNDROME DE ASPERGER:
2004;16(1):67-74. Gadia C. Aprendizagem e autismo.
ESTUDO DE CASO
In: Rotta NT, Ohlweiler L, Riesgo RS. Transtornos da
PINTO, D. R. M.; QUEIROZ, F. R. M.A.; aprendizagem. Porto Alegre: Artmed; 2006. Vigotsky
BRANCO, E. S. C. LS. (1998). A Formação Social da Mente. São Paulo:
Objetivo: O presente trabalho teve como objetivo Martins Fontes.
avaliar uma criança com Síndrome de Asperger, a
partir da observação clínica realizada sob avaliação Eixo: Dificuldades e Transtornos na Aprendizagem
nas áreas de fonoaudiologia, pedagogia e psicopeda
gogia, cujos achados foram submetidos ao descrito SISTEMA DE TRIAGEM PRÉ-ESCOLAR
na literatura pertinente. Método: A metodologia do (PSS) – COMPARAÇÃO DE RESULTADOS
referente estudo baseou-se na avaliação específica
MARIA TEREZA COSTA
de cada área, focando nas habilidades e nas difi
culdades de evolução apresentadas pela criança, Objetivo: Comparar, por meio da aplicação do PSS,
caracterizado por um desenvolvimento anormal ou os resultados obtidos em crianças brasileiras com os
alterado, manifestado antes dos três anos de idade resultados obtidos em crianças americanas. Méto
e apresentando uma perturbação característica do do: Estudo observacional, transversal e descritivo
funcionamento nos seguintes aspectos: interação realizado em unidades de Educação Infantil e início
social, comunicação, comportamento restrito e re do Ensino Fundamental, na cidade de Curitiba.
petitivo, áreas presentes em todos os critérios de Áreas investigadas: Consciência e Controle Corpo
diagnóstico, sendo a inadaptação ao contexto social ral, Visuoperceptivo-motor e Linguagem. Amostra:
em que se insere uma das principais características 411 crianças de 4 anos e 4 meses a 6 anos e 7 meses,
da Síndrome de Aspeger. Resultados: Ao integrar distribuídas em sete faixas etárias. Pontuação total
os resultados obtidos durante todo o processo de e dos Subtestes registrados em planilha eletrônica,
investigação à queixa inicial, pode-se perceber o demonstrados por meio de dois gráficos para cada
que o analisando apresenta como comportamento variável, um com medidas descritivas e outro com
destoante. Como síntese diagnóstica, o indivíduo em curvas ajustadas. Resultados: Comparando os resul
estudo apresenta evidências hábeis que o permitem tados das crianças brasileiras com as crianças ame
realizar determinadas tarefas, seja como resultados ricanas, constatou-se que as primeiras encontram-se
de um exercício ou de um processo de ensino, bem em desvantagem nas faixas etárias de 4 anos e 4
como, dificuldades que obstaculizam a aquisição meses a 4 anos e 11 meses. A partir de 5 anos, as
de determinados conteúdos que permitam novas crianças brasileiras passam a ter resultados equi
elaborações de aprendizagem. Conclusões: Reuni valentes ou superiores às crianças americanas. Con
das as informações relativas ao desenvolvimento e clusão: A aplicação do PSS na Educação Infantil
comportamento, evidenciaram-se de forma global, possibilitou identificar áreas e faixas etárias em que
comparativamente à primeira avaliação, progressos as crianças brasileiras, em comparação às america
positivos na interação social e na linguagem, com nas, apresentaram resultados compatíveis bem co
maior receptividade às iniciativas dos adultos e maior mo a indicação de risco de atraso e necessidade de
intencionalidade comunicativa. A comunicação social intervenção precoce ou investigação aprofundada.
e o contato visual continuam sendo áreas prioritárias, Considerou-se a amostra representativa por abranger
necessitando serem estimuladas, em conjunto com a instituições públicas e privadas, mas os resultados
238
Resumo dos Trabalhos - Categoria Oral
indicam a importância de novos estudos que for percorreu vias próprias para conhecer e alcançar sua
taleçam estes achados. autonomia intelectual, registrando suas sensações
e ampliando o universo vocabular e de expressão
fortalecendo sua marca pessoal em seu processo de
Eixo: Formação, Atuação e Pesquisa em Psicopedagogia evolução cognitiva, histórica e social. Referências: 1.
Cavalcante FSJ. Por uma escola do sujeito. O método
A RAZÃO SECRETA DAS PALAVRAS -
con(texto) dos letramentos múltiplos. Fortaleza:
A IMPORTÂNCIA DO VÍNCULO AFETIVO
Ed. Demócrito Rocha; 2001. 2. Rubinstein E (org).
NA PRODUÇÃO TEXTUAL
Psicopedagogia: uma prática, diferentes estilos. São
SUELY FERMON DE MORAIS OLIVEIRA Paulo: Casa do Psicólogo; 1999.
Objetivo: Apontar alternativas para um professor
despertar num aprendente o prazer pela produção Eixo: Formação, Atuação e Pesquisa em Psicopedagogia
textual, através de seu olhar e da técnica dos Letra
mentos Múltiplos, podendo levá-lo à produção de tex A VIVÊNCIA DE ESTÁGIO
tos em seus mais diversos níveis: escolares, acadêmi SUPERVISIONADO EM PSICOPEDAGOGIA
cos e artísticos-culturais. Método: A pesquisa ocorreu CLÍNICA NA UNIVERSIDADE
em duas escolas públicas estaduais de Fortaleza, FEDERAL DO CEARÁ
utilizando observação sistemática, entrevistas livres
WANESSA JHENIFFER FIRMINO DA SILVA
e dirigidas, questionário e análise documental das
produções dos alunos. Os temas foram subjetivos, Objetivo: Apresentar a experiência de estágio super
revelando a inicial dificuldade da escrita dissertativa visionado vivenciada por uma psicopedagoga no
e posicionamento oral, embasando nossa proposta período de um ano. Relatar a abordagem aos pais,
vincular para a produção com letramentos múltiplos, os planejamentos das sessões e as supervisões. Con
apresentando instrumentos, como: desenho, colagem, textualizar as atividades ocorridas no laboratório,
música e a fala na realização dessas produções. através dos dados sobre os atendimentos. Método:
Alicia Fernandez, Perrenoud, Rubem Alves, Edith Analisaram-se as atividades que foram realizadas
Rubstein, Cavalcante, Isabel Alarcão, Elisabteh Polity durante o período de estágio supervisionado destina
e Luckesi referenciam nosso trabalho. Resultados: do aos alunos oriundos do curso de especialização
Através da coleta de material produzido pelos alu em Psicopedagogia. Foram relatadas as etapas rea
nos participantes e da escuta de seus “textos orais”, lizadas nesse período, como: abordagem aos pais,
foi possível constatar a eficácia de nossa proposta na planejamento da sessão inicial, planejamento da
construção da rede vincular, percebida inclusive pelos anamnese, supervisão, planejamento das sessões
próprios alunos, quando socializávamos as ocasiões de posteriores. Descrevemos as atividades, testes e
construções destes textos, nas variadas modalidades jogos utilizados durante as sessões psicopedagó
que a técnica dos Letramentos Múltiplos oferta. Em gicas. Avaliaremos a importância da supervisão
seus relatos, há o registro escrito da experiência psicopedagógica dentro desse contexto. As bases
pela qual passaram e do quanto essa “escrita” foi teóricas foram: Fernández (1991,2001), Weiss (2012),
libertadora, mostrando-lhes que produzir um texto Sampaio (2012), Chamat (2004). Resultados: Os re
estava para além da função da escrita formal e que sultados obtidos revelam-se na evolução de cada
podia ser bem prazerosa. Uma prática coletiva e rica aprendente que chegou ao laboratório com queixa
de significados para todos. Conclusão: Esta pes de aprendizagem e que, após o atendimento, pode
quisa mostra ações implementadas com alunos de relacionar-se positivamente com o aprender. Portanto,
duas escolas públicas estaduais em Fortaleza, com não obtivemos consideráveis resultados quantitativos,
atividades de produção textual a partir da técnica dos visto que não era o objetivo do atendimento, porém
Letramentos Múltiplos, aliando ao processo a propos os alcances qualitativos do trabalho psicopedagógico
ta vincular nas interações entre professor e aluno. foram notórios e satisfatórios. Considerando que
Partindo do repertório pessoal de vivências, cada um dentro das limitações de tempo e profissionais, foi
239
Resumo dos Trabalhos - Categoria Oral
Eixo: Formação, Atuação e Pesquisa em Psicopedagogia Eixo: Formação, Atuação e Pesquisa em Psicopedagogia
240
Resumo dos Trabalhos - Categoria Oral
escola, em local reservado. Resultado: A análise das O objetivo geral é identificar e analisar como os pro
avalições até o momento indica um desenvolvimento fessores e gestores escolares compreendem e atuam
cognitivo e uma construção da língua escrita aquém frente às crianças que apresentam dificuldades de
do que é esperado para a idade e para o ano escolar aprendizagem no contexto da rede municipal de
das crianças. Eles apresentam respostas ao nível do educação de Uberlândia. Como objetivos específicos
estágio pré-operatório do desenvolvimento cognitivo. busca-se: identificar e analisar as ações desenvol
Isso significa que em sua conduta predominam os vidas dentro da escola campo determinada para
aspectos figurativos do pensamento, ou seja, ele é esses indivíduos, compreender qual a dinâmica de
ainda predominantemente construído pela percepção identificação, diagnóstico e intervenção para essas
e imitação que são estruturas estáveis pouco rever crianças, verificar os resultados obtidos nestes pro
síveis. Sua escrita e leitura são pré-silábicos. Não cessos interventivos e as ações orientadas dentro
há ainda relação entre os grafemas e o som das pa e fora de sala de aula, inquirir sobre a coerência
lavras. Discussão: A pesquisa está em andamento dessas práticas, e averiguar o que poderia ser mu
e os dados iniciais indicam a necessidade de uma dado na visão da equipe escolar em intersecção com
revisão dos procedimentos políticos pedagógicos a visão psicopedagógica. A relevância desta pes
da escola. Parece-nos inconcebível que as crianças quisa sustenta-se na necessidade de compreender
passem pela escola sem conseguirem desenvolver as dificuldades de aprendizagem como um fato
adequadamente suas capacidades cognitivas. Suge incontestável, e que o não entendimento de suas
rimos uma problematização principalmente junto ao peculiaridades através de uma visão sistêmica pe
corpo docente. los profissionais da educação envolvidos pode,
primeiramente, determinar todo o processo de cons
trução de conhecimento e aprendizagem de um
Eixo: Formação, Atuação e Pesquisa em Psicopedagogia indivíduo, em todos contextos. Além disto, a com
preensão mais aprofundada resultaria em um dire
AS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM
cionamento coerente e apropriado pelos e para os
DENTRO DA REDE MUNICIPAL
profissionais da educação dentro de suas práticas
DE UBERLÂNDIA: CONTEXTOS E
pedagógicas, visando uma educação transformadora
INQUIETAÇÕES
e prestativa à construção do ser humano, respeitando
CAROLINA ALVIM SCARABUCCI DE OLIVEIRA o direito a todos de acesso ao conhecimento, per
manência escolar com equidade, considerando que
O presente trabalho é resultado de uma pesquisa
existem processos diferenciados para a aquisição
em andamento realizada no Programa de Mestra
da aprendizagem e refletindo sobre as crenças e os
do em Educação, pela Universidade Federal de
paradigmas educacionais.
Uberlândia, sob orientação da Profa. Dra. Maria Ire
ne Miranda, na linha da Psicopedagogia. Atuando
como psicopedagoga clínica há 6 anos, entre vi Eixo: Formação, Atuação e Pesquisa em Psicopedagogia
sitas às escolas da rede privada e municipal para
discussão dos casos, pude perceber que existia uma ATENDIMENTO PSICOPEDAGÓGICO A
incoerência entre os discursos e as práticas dos ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS:
docentes em sala de aula e da gestão escolar quanto UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
ao direcionamento e orientação dos casos quando o
MARIA ELISA ALMEIDA, ZENA WINONA
assunto era dificuldades de aprendizagem. Havia
EISENBERG, MARIA LUIZA TEIXEIRA,
muita confusão entre os conceitos e as práticas
MÔNICA N. NOTARI CERNIGOI, JULIANA CABRAL
eram excluditivas, afetando muito além da realidade
escolar. Inquieta com o que presenciei durante esses Objetivo: Este trabalho objetiva apresentar um relato
anos, resolvi investigar a respeito das dificuldades de experiência de atuação do psicopedagogo no
de aprendizagem dentro do contexto escolar para contexto do ensino superior, em núcleo de atendimento
ampliar as possibilidades de mudar essa situação. especializado. Nossa hipótese é de que o serviço
241
Resumo dos Trabalhos - Categoria Oral
acarretará em melhora na organização, rendimento área com vários campos de atuação, dentre eles,
acadêmico e bem-estar do aluno. Método: Atualmente, encontra-se o contexto hospitalar, que ora atua nu
são atendidos 70 alunos no núcleo, nas modalidades ma identidade clínica, ora atua numa identidade
individual ou em grupo. O estudante que busca o institucional. O atendimento psicopedagógico pode
atendimento no núcleo passa, inicialmente, por uma ocorrer em hospitais gerais, bem como através do
triagem com a psicopedagoga, a fim de compreender a serviço ambulatorial da psicopedagogia, este podendo
sua demanda e encaminhá-lo, seja para o atendimento integrar as equipes multiprofissionais que trabalham
psicopedagógico semanal, seja para outras atividades na perspectiva de atenção à criança (Nascimento,
da universidade. Para avaliar a qualidade do trabalho 2004). O objetivo deste trabalho é oferecer de forma
desenvolvido no núcleo, elaboramos um questioná voluntária a assistência psicopedagógica às crianças
rio de avaliação que foi preenchido por 41 dos 70 com dificuldades de aprendizagem no ambulatório
alunos em atendimento. Resultados: Nas avaliações de um hospital infantil que atende exclusivamente
dos 41 alunos, apenas 4 relataram não conseguir fre ao SUS, na cidade de Natal/RN. Após a entrevista
quentar com regularidade o serviço, 40 dizem que psicopedagógica realizada com os pais para conhecer
o núcleo atendeu à sua demanda, 35 notaram uma a realidade da criança, suas queixas e sintomas,
melhora no desempenho acadêmico. Isso sugere iniciou-se a avaliação psicopedagógica, considerando
grande satisfação com o serviço. Os respondentes teóricos da psicopedagogia e da aprendizagem. A
sublinham a importância do espaço de acolhimento e Avaliação Psicopedagógica possibilitou a identifica
cuidado e ressaltam que o processo os ajudou e vem ção de dificuldade significativa no processo aquisição
ajudando principalmente nos seguintes aspectos: da leitura/ escrita, além do comprometimento nas
autoconhecimento, organização pessoal e nos estudos, relações vinculares familiares, sendo este o maior
identificação de áreas em que precisam melhorar, obstáculo para que a aprendizagem e o conhecimento
rendimento acadêmico, foco, realização de objetivos, acontecessem, tendo como consequência o des
melhora nas inseguranças e medos. Conclusão: Os conforto no ambiente escolar. O trabalho desenvolvido
resultados positivos e o aumento da demanda dos no Ambulatório de Psicopedagogia pauta-se nas
alunos apontam para a necessidade de ampliação do intervenções do processo leitura/escrita, raciocínio
serviço, de modo a contemplar um maior número de logico-matemático, permeado pela escuta psico
estudantes. Além disso, destaca-se a importância do pedagógica e que através de estratégicas lúdicas,
atendimento psicopedagógico no contexto do ensino poderem disparar o desejo e o despertar para a apren
superior, que possa contemplar as dificuldades que dizagem de maneira mais prazerosa (Fernandéz,
1990). Atualmente, como resultado, verifica-se nas
o estudante universitário encontra em seu percurso
crianças evolução no processo de aprendizagem, re
acadêmico.
fletindo no ambiente educacional escolar, e os seus
pais demonstram terem internalizado as orientações
Eixo: Formação, Atuação e Pesquisa em Psicopedagogia com relação às novas posturas para lidar com seus
filhos, ressignificando as suas relações vinculares
ATENDIMENTO PSICOPEDAGÓGICO (Chamat, 2008). Concluímos que este trabalho aponta
AMBULATORIAL: EXPERIÊNCIA DE para a necessidade e importância da implantação
UM TRABALHO VOLUNTÁRIO EM UM desse serviço na rede pública, tendo em vista que há
HOSPITAL INFANTIL EM NATAL-RN escassez desse serviço no SUS. Referências: Chamat
LSJ. Técnicas de intervenção psicopedagógica para
ADRIANNA FLÁVIA DE FIGUEIREDO MELO
dificuldades e problemas de aprendizagem. São
PEREIRA GUIMARÃES, RAFAELLA MARIA
Paulo: Vetor; 2008. Fernandéz A. A inteligência
VARELLA DOMINGUES,
aprisionada. Trad. Iara Rodrigues. Porto Alegre: Artes
ANAZÉLIA FRANCA LIRA
Médicas; 1990.
A Psicopedagogia nasceu da necessidade de prestar
um serviço de atendimento às crianças que apre
sentavam problemas de aprendizagem. É uma
242
Resumo dos Trabalhos - Categoria Oral
Eixo: Formação, Atuação e Pesquisa em Psicopedagogia e capacitados para intervirem nas aprendizagens
significativas, fortalecendo os espaços inclusivo e
ATUAÇÃO PSICOPEDAGÓGICA NAS especial escolar. Referências: Brasil. MEC/SEESP.
SALAS DE RECURSOS MULTIFUNCIONAIS Ministério Educação. Sala Recursos Multifuncionais:
NA SEC MUNICIPAL DE ITABUNA/BA Espaço AEE. Brasília, 2007. Fazenda I. Metodologia
GENIGLEIDE SANTOS DA HORA, Pesquisa Educacional. 3ª ed. São Paulo: Cortez;
JEANE SANTOS CAFESEIRO, 1994. Mendes EG. Observatório Nacional Educação
HELOISA HELENA DOS SANTOS CAVALCANTE Especial: estudo em rede nacional sobre as SRM nas
OLIVEIRA, GENIGLEIDE SANTOS DA HORA escolas comuns. 2010. Scoz BJL. Psicopedagogia:
O caráter interdisciplinar na formação e atuação
Objetivo: Desenvolver reflexões do fazer Psicope profissional. Porto Alegre: Artes Médicas; 1987.
dagógico nas escolas do ensino regular junto alunos Visca J. Clínica Psicopedagógica: epistemologia con
matriculados no ensino fundamental I, Salas de Re vergente. Porto Alegre: Artes Médicas; 1987.
cursos Multifuncionais (SRM, BRASIL, 2007, 2009),
Atendimento Educacional Especializado (AEE),
Educação Básica Secretaria Municipal de Itabuna/BA. Eixo: Formação, Atuação e Pesquisa em Psicopedagogia
Método: Análise documental e abordagem quantita
tiva, de corte transversal entre 2006 e 2012, indicaram CARACTERIZAÇÃO INSTITUCIONAL:
atribuições com proposição colaborativa entre pro UMA ABORDAGEM DA PRÁTICA
fissionais especializados de saúde, Psicopedagogia PSICOPEDAGÓGICA
e professores de ensino comum e das SRMs. Dados CASSIA DE FATIMA DA SILVA SOUZA,
do AEE, Centro Psicopedagógico da Educação ERIKA PRISCILA DA CONCEIÇÃO CHAGAS
Inclusiva (CEPEI), contava com 12 (doze) salas de
acolhimento às crianças e à família. Na identificação O presente trabalho trata-se de um estágio institucional
das deficiências, limitações e encaminhamentos do curso de Pós-graduação em Psicopedagogia que
das NEE e distúrbios das aprendizagens (Dislexias, teve por objetivo caracterizar a Escola Estadual P. F.
com indicadores de Discalculia, Disgrafia etc.), P. localizada na cidade de Aracaju/SE, com o intuito
referência de inclusão no sul - BA. Resultados: In de identificar a demanda da instituição e elaborar
dicaram e reforçaram percepções inclusivas dos psi uma proposta de intervenção. Os participantes foram
copedagogos nas SRM, abordagem de Visca (1987), professores do 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental.
Epistemologia Convergente (Psicanálise, Cons Os materiais utilizados foram folder informativo,
trutivismo e Psicologia Social. Devido às carências questionários semi-estruturados e observação par
de intervenções Cognitivas/Obstáculos Epistêmico ticipante. Após a coleta dos dados, foi elaborado o
(limitações lógico matemático), Afetivas/Obstáculos projeto de intervenção. Através das análises realizadas
Epistemofílico (medos, inseguranças nas avaliações), constatou-se que as questões que norteiam todos
e acompanhamentos das Relações Interpessoais/ os problemas encontrados na escola, podem sob
Social ao contextualizarem conteúdos com hipóte hipótese, estarem diretamente ligadas às relações
ses das aprendizagens significativas. Elaboraram hierárquicas e de poder exercidas sobre os demais
conhecimentos (Fazenda, 1994) ao estabelecerem componentes desta instituição escolar. Desta forma,
convergências e divergências interdisciplinares de foram pontuados apenas alguns dos vários problemas
ações e saberes inclusivos (Brasil, 2001). Análises que giram em torno da Escola Estadual P. F. P. como
dessa inclusão assentaram-se nos princípios legais a ociosidade das crianças na hora do recreio, as
democráticos da diversidade, abordagem Sócio dificuldades dos professores em lidar com o excesso
Histórico Cultural, Vygotsky (1991), González (2002), de alunos em sala e as dificuldades na leitura. Através
Scoz (1987), Mendes (2010) e Miranda (2011). Con do Projeto de Intervenção ? Pequenas Ações Geram
clusão: Para inclusão, se faz necessário uso das Grandes Transformações? foi apresentada a primeira
avaliações e acompanhamentos Psicopedagógicos, proposta que consiste em convidar os alunos a
que requerem atuação de profissionais competentes participar, de forma construtiva, das atividades em
243
Resumo dos Trabalhos - Categoria Oral
sala de aula como auxiliares dos colegas. Na segunda apresentar desde sinais sutis até alterações mais graves
proposta, foram sugeridas atividades lúdicas para em suas habilidades de linguagem, motora, cognitiva
o recreio, como forma de reduzir a ociosidade. A ou social. O Centro de Pesquisa e Desenvolvimento
terceira proposta está ligada ao desenvolvimento da Infantil (CPEDi) está composto por profissionais da
leitura de maneira mais fácil e agradável, contando área da Psicopedagogia, Fonoaudiologia e Psicologia,
histórias. Concluiu-se que o estágio não apenas que valorizam a estratégia de orientações precoces
permitiu a realização do diagnóstico psicopedagógi às famílias com criança de risco de desenvolvimento
co institucional e identificação da demanda através infantil, iniciando o processo de avaliação por triagens
da utilização de recursos para reflexão e análise, sistemáticas, bem como avaliações estruturadas
mas também a construção de propostas coerentes nas três áreas, além da elaboração de programas
dentro das possibilidades e limitações da atuação terapêuticos com base em protocolos de habilidades
psicopedagógica. Portanto, o objetivo do estágio foi que permitem direcionar suporte também para pes
alcançado com sucesso, através das ações realizadas quisas embasadas em evidências científicas. Dessa
indicando os possíveis desafios da profissão dentro forma, o foco do CPEDi é identificar precocemente
da instituição de ensino. Referências: Barbosa LMS. os sinas de atraso no desenvolvimento infantil, nos
A Psicopedagógica no Âmbito da Instituição Escolar. primeiros anos de vida, e intervir com programas
Curitiba: Expoente; 2001. Noffs NA. Psicopedagogo estruturados, visando a minimizar os efeitos dos
na rede de ensino: a trajetória institucional de seus desvios e possibilitar um desenvolvimento propício
atores /autores. São Paulo: Elevação; 2003. Scoz para as áreas de linguagem, motora, cognitiva e
BJL. Psicopedagogia e Realidade Escolar. 10ª ed. sociopessoal, condizente com o desenvolvimento
Petrópolis: Vozes; 2002. padrão.
Eixo: Formação, Atuação e Pesquisa em Psicopedagogia Eixo: Formação, Atuação e Pesquisa em Psicopedagogia
244
Resumo dos Trabalhos - Categoria Oral
recorte da análise dos depoimentos dos educado que oferece relevante contribuição para aquisição de
res: 1. Educadores ao realizar a Roda de Conversa saberes relacionados às dificuldades de aprendiza
com estudantes “...com a Roda de Conversa aprendi gem com o uso do Cubo de Rubik como instrumento
a ouvi-los, conhecer sua realidade fora da escola interventivo nesse processo. Para a análise desse
(pai preso...) são problemas que trazem para a sala trabalho, utilizaram-se as pesquisas de Barkley, por
de aula.” “Roda de Conversa, não acredito. Dar li trazer informações indispensáveis que desenvolvem
berdade de conversa para os alunos, perdem os habilidades de atenção e concentração nas práti
limites. A gente se expõe e nós estamos aqui é pra cas dos profissionais que trabalham com crianças,
ensinar”. “...precisamos criar uma cultura, cultura a adolescentes e adultos. Resultados: Como instrumento
ser trabalhada”. 2. Projeto Cuca Legal ao realizar a interventivo nas dificuldades de aprendizagem, o
Roda de Conversa com os educadores “...mostrou a uso do Cubo de Rubik proporcionou significativa
força que tem esse grupo...formou-se vínculos”, “... contribuição no desenvolvimento das habilidades
processo de integração dos professores”, “...ajuda a de atenção e concentração e uma diminuição nas
trabalhar o nosso interior...”. A Roda de Conversa, condutas indisciplinadas. No que se refere ao me
processo de construção contínuo e complexo, explica- lhoramento do desempenho escolar e maior apro
se pela necessidade de integralidade dialógica e veitamento cognitivo, o uso desse instrumento lúdi
ressignificação para a produção coletiva. O Projeto co proporcionou aos alunos uma maior capacidade
Cuca Legal contribuiu na formação dos educadores de focalizar a atenção e concentração. Conclusão:
nas competências socioemocionais por meio da O trabalho com o Cubo de Rubik como instrumento
Roda de Conversa. Referências: Novais TO. Roda interventivo em sala de aula mostrou que existe
de conversa. Anais do IV MOPESCO, II Encontro a possibilidade de superação das dificuldades de
PET- SAUDE da UFG/SMS, 2010; p.14-5. http:// aprendizagem através de um recurso lúdico e atrati
www.prograd.ufg.br/uploads/90/original_ANAIS_ vo. Com esse trabalho, a criança torna-se consciente
IV_MOPESCO_2011.pdf Acess, on: 15 Oct.2013. de sua dificuldade, autorizando-se e sendo capaz
Ryckebusch GCA. Roda de conversa na Educação de desenvolver habilidades. Referências: Barbosa
Infantil: uma contribuição critico-colaborativa na LMS. O projeto de trabalho: uma forma de atuação
produção de conhecimento (Tese de doutorado). São psicopedagógica. Curitiba: Pulso; 1998. Barbosa LMS,
Paulo: PUC; 2011. Norgren MBP. Competência social Sousa MST. O segredo de aprender: a psicopedagogia
e as elaborações simbólicas. São José dos Campos:
e arte terapia em um programa de intervenção na
Pulso; 2010. Barkley RA. Transtorno de deficit de
escola (Tese de doutorado). São Paulo: PUC; 2009.
atenção/hiperatividade (TDAH): guia completo para
pais, professores e profissionais da saúde. Porto
Eixo: Formação, Atuação e Pesquisa em Psicopedagogia Alegre: Artmed; 2002. Brian R. Puzzling Science.
Using the Rubik s cube to teach problem solving.
CUBO DE RUBIK: INSTRUMENTO DE 2009. Huete JCS, Bravo JAF. O ensino de matemática:
INTERVENÇÃO NAS DIFICULDADES fundamentos teóricos e bases psicopedagógicas. Porto
DE APRENDIZAGEM Alegre: Artmed; 2006.
JANAINA ERIKA DOS SANTOS MOURA,
ANTONIO MARCOS OLIVEIRA SILVA
245
Resumo dos Trabalhos - Categoria Oral
Eixo: Formação, Atuação e Pesquisa em Psicopedagogia exercícios propostos para eles, porém não conseguem
identificar as letras pedidas ou ler palavras e frases.
DIAGNOSTICO PSICOINSTITUCIONAL – Com base nesses pontos levantados e entre outros,
UMA EXPERIÊNCIA apresentamos à diretora da escola uma proposta de
ROSANE DE ALBUQUERQUE COSTA, intervenção, que foi aceita e iniciamos nossa atuação.
BRUNA CARRIONE PAHIM, CRISTIANE O Psicodiagnóstico é um dispositivo fundamental para
GUIMARÃES, VIVIANE MARIA SANTOS DE entendermos o funcionamento da escola e podermos
OLIVEIRA, CRISTIANE TEIXEIRA DE ALMEIDA pensar a relação entre o funcionamento institucional
e o desempenho escolar.
Nesse trabalho, apresentaremos uma pesquisa rea
lizada numa escola da rede pública municipal da
Baixada Fluminense. Escolhemos pesquisar essa Eixo: Formação, Atuação e Pesquisa em Psicopedagogia
escola porque ela possui um dos menores índices
de aproveitamento escolar (Prova Brasil). Nosso FORMAÇÃO DO PSICOPEDAGOGO:
instrumento de pesquisa é o Diagnóstico Psicoins OFICINA DA VIDA – TATADRAMA
titucional. Esse instrumento permite conhecer de APRENDER A AUTORRECONHECER
forma aprofundada o funcionamento da escola. Ele FABIANE LEMOS LEITE,
é composto de alguns passos. Levantamento das AURICELIA MELO FEIJÃO,
condições de oferta, avaliação da dinâmica ins MARIA DE FATIMA MARTINS LEMOS LEITE
titucional, avaliação do nível de aprendizagem dos
alunos, avaliação das regras explícitas e implícitas A presente pesquisa é o relato vivencial e apresen
e de como se estruturam as relações professor x tação da “Oficina da vida: Tatadrama Aprender a
aluno, professor x direção, direção x aluno, aluno autoconhecer ”, como um recurso para preparação
x aluno. Nessa pesquisa, realizada no ano de 2014, emocional na formação dos futuros psicopedagogos.
obtivemos alguns resultados. Condições de oferta: Esta pesquisa surge pela inquietação e necessidade
a escola tem material didático suficiente e de boa que o futuro psicopedagogo tem de autoconhecer-se,
qualidade, mesas, carteiras e quadro branco em boas tratando suas inquietudes internas para atender a
condições. Os banheiros dos professores são limpos e seus aprendentes, na busca do aprender. O método
confortáveis. O banheiro dos alunos é sujo, quebrado, utilizado foi pesquisa qualitativa com ênfase na
sem portas nas cabines e sem papel higiênico, falta pesquisa-ação. Este trabalho de pesquisa iniciou
água nas pias do banheiro. A cozinha tem gordura nas turmas de 2012 a 2014 da Faculdade INTA de
espalhada em todo canto. Os canecos, pratos e ta pós-graduação, no interior do Ceará, sendo apli
lheres são de plástico e estão sempre engordurados. cado a 40 estudantes tendo em vista preparação
Quando apresentamos esse ponto aos professores e emocional do futuro psicopedagogo para o estágio
funcionários, eles alegaram que não colocam, pois supervisionado através de uma intervenção direta
os alunos quebram e destróem os materiais, como com eles. Utilizando o método Psicodramático Tata
destróem, ficam sem e ponto final, sem nenhuma drama (Tata - Transformação e Drama – Ação) criado
explicação ou ensinamento sobre o porquê esses pela psicóloga e psicodramatista Elisete Leite Gar
materiais deveriam estar ali e sobre a sua importância. cia apresentado em seu livro “Tramas e Dramas do
Outro ponto é que toda sexta feira, sem exceção, uma boneco de pano no Tatadrama”. Este trabalho é fun
turma fica sem aula (parece até que é rodízio de damentado em Fernández, Moreno, Romanã, Garcia
folga, pois toda sexta um professor falta, ocasionando e Drummond. Como resultados obtidos através de
suspensão das aulas para uma turma). A participação entrevista semi-estruturada, antes e após aplicação
dos pais é pouca e, quando foram entrevistados, do Método Tatadrama, podemos observar que 90%
disseram que não participam por não se sentirem à dos alunos que vivenciaram apresentaram mais
vontade na escola. Uma questão muito importante que segurança no momento do estágio supervisionado e
chamou a atenção é que os aluno, em sua maioria e os outros 10% que apresentaram insegurança foram
independentemente de suas classes, copiam todos os os alunos que tiveram resistência em relacionar-se
246
Resumo dos Trabalhos - Categoria Oral
247
Resumo dos Trabalhos - Categoria Oral
dos profissionais da área da psicopedagogia e com atender somente a discentes (46%), enquanto 29% para
os novos hábitos presentes na sociedade moderna, atender a discentes e docentes, 17% para atender a
esta atuação pode ganhar espaços extraconsultório discentes, docentes e funcionários, 6% para discentes
e extrainstitucionais, e algumas dúvidas acerca do e funcionários e 4% somente docentes. Com relação ao
tema geram muitas discussões quanto ao formato de profissional que trabalha ou coordena o núcleo, 23%
sessão a ser realizado, orientações de como proceder são professores da instituição, 23% são psicólogos,
quanto a esta modalidade de atendimento, uma vez 17% pertencem à equipe multidisciplinar, 12% são
que se trata de uma sessão clínica individualizada, psicopedagogos e 25% não indicaram o responsável.
mas em um espaço diferente do consultório tradi Sobre as atividades apresentadas, a maioria (33%)
cional. O método para este estudo são os relatos de realiza atendimentos individuais, 13% atendimentos
experiência vivenciados na prática do atendimento em grupos, 13% trabalham com a formação continuada
psicopedagógico domiciliar, que abrangem contrato docente, 10% realizam ações de educação inclusiva, 9%
de prestação de serviço com os pais, anamnese do têm atividades de recepção aos calouros, 5% ofertam
paciente, propostas de intervenção a serem realizadas cursos de nivelamento, 5% atividades diagnósticas
no ambiente do paciente e que necessitam de manejos e preventivas, 3% ofertam monitoria, 4% ocupam-se
de comportamento mais adequados para eficácia com atividades organizacionais, 5% auxiliam nas ati
de sua prática e propostas de intervenção, além de vidades de pesquisa e extensão. Conclusão: A partir
orientação aos pais, que devem ser de extrema eficácia deste estudo, conclui-se que, apesar do incentivo à
em se tratando do ambiente familiar. Os resultados promoção de políticas de apoio ao docente e discente,
encontrados neste modelo de atendimento se mostram as instituições apresentam um panorama muito varia
viáveis dentro da atuação individualizada, uma vez do de público atendido, profissional que atendem e
que atinge os resultados esperados igualmente como atividades realizadas. Percebe-se a legitimação de um
em um espaço de consultório clínico. lugar que poderia ser ocupado pelo profissional de
psicopedagogia, enfocando principalmente atividades
preventivas e de promoção da qualidade acadêmica.
Eixo: Formação, Atuação e Pesquisa em Psicopedagogia
248
Resumo dos Trabalhos - Categoria Oral
e funções executivas (FE), poderiam ser investigadas uma pesquisa exploratória, descritiva. A pesquisa
de forma mais psicométrica, por meio de instrumentos foi realizada em nove clínicas privadas e em um
padronizados e normatizados para amostras brasilei hospital público que fazem diagnósticos e inter
ras. Uma das ciências interdisciplinares que auxilia venções psicopedagógicas. Os participantes fo
diretamente nesse processo é a NC. Para atingir o ram 10 profissionais, todos pertencentes ao sexo
objetivo deste trabalho foi realizada uma análise feminino. Dentre estas, seis possuem formação em
bibliográfica qualitativa, com base nos instrumentos Pedagogia e quatro em Psicologia, bem como possuem
não-restritos disponíveis no mercado nacional. Foram Especialização em Psicopedagogia. Duas são tam
identificados 19 instrumentos de avaliação no total, bém Neuropsicólogas, com idade média de 43 anos.
sendo 6 deles para avaliação de LO (CONFIAS, Os instrumentos de coleta de dados compreenderam
PCFO, PCFF, TDF, TIN e TRPP), que investigam entrevistas semiestruturadas, realizadas através de
diferentes habilidades: consciência, discriminação um roteiro contendo 13 perguntas. Os resultados
e memória fonológica, além de nomeação. Em LE, demonstram que a maior causa das queixas básicas
foram identificados 7 instrumentos (TCLPP, TDE, são o baixo rendimento escolar, a escola é quem mais
PROHMELE, PROLEC, PAHCL, TCCAL e PED-vr), indica os alunos ao atendimento psicopedagógi
que investigam processamentos de leitura (reco co, a maioria dos encaminhamentos feitos pelas
nhecimento de palavras/ pseudopalavras, desen instituições de ensino com hipótese de problemas
volvimento das estratégias de leitura, compreensão e/ou distúrbios de aprendizagem, que no caso, teriam
auditiva e de leitura), assim como processamentos o ser cognoscente como protagonista nesse proces
de escrita (escrita do próprio nome e ditado de so, é, na verdade, diagnosticada como dificuldades
palavras/ pseudopalavras). Para avaliação da CA escolares reativas, derivadas de metodologias, di
foram identificados 3 instrumentos (PA, TDE e dáticas e de atitudes inadequadas em relação ao
PAHCL) que investigamm em linhas gerais, pro processo ensino-aprendizagem que contribuem pa
cessamento numérico e cálculo. Em FE, foram ra que o ser cognoscente não consiga se apropriar
identificados 3 instrumentos (TAC, TT e ToL), que dos conhecimentos socializados nas instituições de
investigam habilidades atencionais, flexibilidade ensino. Conclui-se ressaltando que ensinar envolve
cognitiva e planejamento. O uso de instrumentos mais que o simples domínio do conteúdo, é necessá
neuropsicológicos na avaliação psicopedagógica rio possuir conhecimentos sobre a aprendizagem
humana, seus padrões normais e patológicos. Deve-se
contribui para uma melhor compreensão dos pro
conhecer o modelo de aprendizagem do aluno, seu
blemas de aprendizagem por meio de resultados mais
estilo cognitivo, os fatores internos e externos que
psicométricos. Porém, é importante ressaltar que a
podem facilitar e/ou dificultar o processo ensino-
análise qualitativa da situação de avaliação, por meio
aprendizagem e a Psicopedagogia tem um importante
de entrevistas com os pais e a escola, continua sendo
papel nesse processo, visto que esse profissional
igualmente relevante para uma avaliação global.
encontra-se qualificado para diagnosticar e intervir
nos casos que envolve a não aprendizagem do ser
Eixo: Formação, Atuação e Pesquisa em Psicopedagogia cognoscente.
PERCEPÇÕES DE PSICOPEDAGOGOS
CLÍNICOS EM RELAÇÃO ÀS QUEIXAS DE
FRACASSO ESCOLAR
THELMA HELENA COSTA CHAHINI,
ALINE PAIVA PACHECO
249
Resumo dos Trabalhos - Categoria Oral
Eixo: Formação, Atuação e Pesquisa em Psicopedagogia Eixo: Formação, Atuação e Pesquisa em Psicopedagogia
250
Resumo dos Trabalhos - Categoria Oral
nas áreas de fonologia, vocabulário, fluência e prag significativos para a empresa e seus colaboradores,
mática. Carapicuiba (SP): PróFono, 90 p 2000. 3. permitindo manterem-se atualizados e em constante
Portilho EML. Avaliação de estilos de aprendizagem: crescimento mercadológico. Referências: Campos
uma comparação entre professores que optaram por MCRMC, Amaro DG, Levy DS, Mrech LM, Penalta,
novas tecnologias e professores que optaram por Telma Martins. Atuação em psicopedagogia ins
continuar com tecnologias tradicionais. Curitiba, titucional: brincar, criar e aprender em diferentes
PUCPR, 2004, p. 26. Trabalho apresentado para a idades. Rio de Janeiro: Wak Editora; 2012, p.113-49.
defesa de Professor Titular. 4. Capovilla AGS, Montiel Costa MM. Psicopedagogia empresarial. 2ª ed. Rio
JM. Teste de atenção por cancelamento-Parte B. In: de Janeiro: Wak Editora; 2011. Datner Y. Jogos para
Prova de aritmética. Teoria e Pesquisa em avaliação Educação Empresarial: Jogos, Jogos Dramáticos,
neuropsicológica. São Paulo: Menmon; 2007. Role-playing, Jogos de Empresa. São Paulo: Ágora;
2006. Demo P. Pesquisa Participante: mito e realidade.
Brasília: UnB/ INEP, 1989. Disponível em: http://www.
Eixo: Formação, Atuação e Pesquisa em Psicopedagogia dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.
do?select_action=Eco_obra=26105 Acesso em: 20 de
PSICOPEDAGOGIA EMPRESARIAL:
junho de 2015. Militão A, Militão R. S.O.S.: dinâmica
INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA EM
de grupo. Rio de Janeiro: Qualitymark; 1999. Senge
UMA EMPRESA DE SOFTWARES
PM. A quinta disciplina: arte e prática da organização
AURICÉLIA MELO FEIJÃO, que aprende. 2ª ed. São Paulo: Ed. Best Seller; 1998.
FABIANE LEMOS LEITE
A gestão empresarial perpassa por reformas cons Eixo: Formação, Atuação e Pesquisa em Psicopedagogia
tantes em seu processo de atualização e manter-se
no mercado. A empresa de Softwares: contábil, admi PSICOPEDAGOGIA NA COMUNIDADE
nistrativo e gestão está passando por dificuldades PROJETO LEITURA NA PRAÇA
na estrutura física, organizacional, financeira e de
AURICÉLIA MELO FEIJÃO,
gestão interna, que influenciam diretamente no
FABIANE LEMOS LEITE
relacionamento interpessoal entre os colaboradores.
Esta pesquisa tem como objetivo analisar a atuação Esta é uma pesquisa que tem como objetivo apresen
do psicopedagogo no ambiente empresarial, com tar o Projeto Leitura na Praça com aintervenção psi
foco na organização e estruturação em relação aos copedagógica incentivando a leitura em momentos
setores financeiro, social, organizacional e estrutural de lazer, funcionando na comunidade do Bairro
da empresa. Esta analise foi realizada de agosto de Parque Granjeiro, Município de Crato, no interior do
2008 a dezembro de 2014 na empresa de Softwares: Ceará, na Praça João Vicente Crispim. Este projeto
contábil, administrativo e gestão, localizada no in tem como meta influenciar no processo de aprendiza
terior do Estado do Ceará, utilizando a metodologia gem das crianças e dos seus membros, modificando o
da pesquisa qualitativa e quantitativa, com análise comportamento da cultura letrada da comunidade. A
de dados, entrevistas, questionários e atividades leitura transforma quem ler e quem escuta. O método
dinâmicas em grupo, com bases da pesquisa par acontece através da intervenção psicopedagógica,
ticipante de acordo com Demo. Resultados a partir com orientação para leitura e incentivo à mesma.
da atuação do psicopedagogo empresarial: aumento Promovendo a socialização de forma dinâmica e
da produtividade, redução da rotatividade de fun prazerosa utilizando recurso didático pedagógico.
cionários, proatividade, motivação para participar O projeto teve início em setembro de 2014 e até a
das formações continuadas da empresa no ambiente presente data, a cada encontro há um grande número
de trabalho e efetivação da qualidade ensino apren de novos leitores, recebe mais doações de livros e
dizagem dos colaboradores. Conclui-se que a par outras instituições tornam-se parceiras no incentivo
tic ip ação contínua e parceira do psicopedagogo à leitura. Logo, percebemos que o psicopedagogo tem
empresarial junto ao RH e à gestão promove avanços muito a contribuir para as atividades de incentivo à
251
Resumo dos Trabalhos - Categoria Oral
252
Resumo dos Trabalhos - Categoria Oral
de dois encontros com professores de cada nível Eixo: Psicopedagogia em Diversas Linguagens
de ensino, na modalidade de oficina, intitulado
“Tessituras – De quantos fios somos feitos?”, a fim A ATUAÇÃO DO PSICOPEDAGOGO NO
de congregar os professores num espaço de escuta AMBIENTE HOSPITALAR:
psicopedagógica1,2 perante a trajetória percorrida no UMA EXPERIÊNCIA NO HEC
semestre letivo, bem como refletir sobre as diferentes ADRIANA FREITAS CASTELO BRANCO
relações inter e transdisciplinares3 de suas práticas,
caracterizando a dimensão das tessituras que os A atuação psicopedagógica no ambiente hospitalar
constituem? tanto nas reuniões de planejamento, possibilita a identificação do significado de cada
quanto nos atendimentos individualizados e suas aprendizagem para cada criança e adolescente hos
aprendizagens a partir do conceito de dinâmica de pitalizados no Hospital Estadual da Criança (HEC),
grupo?. Resultados: Os dois encontros se constituíram essa atuação contribui para compreender como se
num espaço de acolhida e reflexão frente a tramas e dá a aprendizagem desses sujeitos, respeitando o
enredos que perpassam as interrelações enquanto processo cognitivo de cada um, além de possibilitar
membros de um grupo de trabalho. Os resultados a realização de um planejamento condizente com
obtidos foram de grande significância, principalmente as demandas que surgem nesse espaço. Gasparian
em relação à teia produzida em grupo, representando ressalta que, dentre as características da aprendi
a dinâmica do grupo frente aos vínculos, aos “nós” zagem, o psicopedagogo também deve estar atento
que os constituem, representando o percurso até às reações de todos os elementos que compõem
então tecido, além de favorecer o “ouvir” o outro e a um ambiente para que ocorra a aprendizagem.
possibilidade de “ouvir-se” frente ao outro que neste Com o intuito de demonstrar as contribuições da
contexto organizacional caracteriza-se como (co) atuação psicopedagógica no ambiente hospitalar
lega, ou seja, aquele que comigo constrói o legado. no HEC é que relatarei as experiências vivenciadas
Conclusão: Abrir o espaço de escuta psicopedagógica enquanto Pedagoga/Psicopedagoga neste espaço.
no ambiente organizacional, mais especificamente Nesse sentido, atuo neste hospital, localizado no
na escola, compreendendo o professor enquanto município de Feira de Santana, Bahia, há mais de
ensinante e, também, aprendente favorece a cons quatro anos, realizando o atendimento pedagógico e
trução de suas relações (intra) interpessoais, além psicopedagógico as crianças e adolescentes interna
de propiciar as ressiginificações de sua prática dos nesta instituição. Vale ressaltar a importância da
pedagógica enquanto autor deste processo. Refe atuação do psicopedagogo no ambiente hospitalar,
rências: 1. Fernandez A. Inteligência aprisionada: em todo o processo de aprendizagem, tano no pla
abordagem psicopedagógica clínica da criança e da nejamento das atividades, na formação, discussões
família. Porto Alegre: Artmed; 1991. 2. Fernandez de casos e na intervenção das possíveis dificuldades
A. A mulher escondida na professora: uma leitura de aprendizagem. O resultado dessa prática é muito
psicopedagógica do ser mulher, da corporalidade positiva, pois nos faz compreender a importância
e da aprendizagem. Porto Alegre: Artmed; 1994. 3. desse profissional no espaço hospitalar, atuando em
Morin E. Os sete saberes necessários à Educação do conjunto com a equipe multidisciplinar, proporcionan
Futuro. 9ª ed. São Paulo: Cortez; 2004. 4. Sampaio JR. do um trabalho mais humanizado, contribuindo no
A “Dinâmica dos Grupos” de Bion e as organizações processo de aprendizagem de cada paciente, além
de trabalho. Psicologia USP. 2002,13(2):277-91. 5. da diminuição do tempo de internação e a melhoria
Fernandez A. Os idiomas do aprendente: análise das do seu quadro clínico. Referência: Gasparian MCC.
modalidades ensinantes com famílias, escolas e meios Psicopedagogia institucional sistemática. São Paulo:
de comunicação. Porto Alegre: Artmed; 2001. Abril Cultural; 1997.
253
Resumo dos Trabalhos - Categoria Oral
Eixo: Psicopedagogia em Diversas Linguagens contínua com a Arte. Estudo realizado entre janeiro
de 2014 a julho de 2015. Referências: Hauschka M.
A LINGUAGEM ARTÍSTICA NA Terapia artística: contribuições para uma atuação
INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA terapêutica. São Paulo: Antroposófica; 1987. Steiner
REIS, M. A. R. Pedagogia, arte e moral. São Paulo: João de Barro;
2008. Petraglia MS. A música e sua relação com o ser
Objetivo: Propósito do estudo: pesquisar como a lin humano. São Paulo: OuvirAtivo; 2010.
guagem artística atravessa questões interventivas
na Psicopedagogia, possibilitando atuação que fa
voreça a relação com a aprendizagem, mediando Eixo: Psicopedagogia em Diversas Linguagens
contextos e situações que envolvem a pessoa que
aprende em diferentes fases do desenvolvimento, A PSICOPEDAGOGIA E ARTETERAPIA:
com ludicidade. Método: Utilização da linguagem PONTES DE UMA BELA PARCERIA
artística, instrumentos: pintura, desenho, modelagem CASSIA DE FATIMA DA SILVA SOUZA,
com argila, música (Chopin), ambiente de sala NÉCLEA DANTAS DE CARVALHO
com mesa iluminada, temperatura amena, assunto
tratado: aprendizagem, a análise foi baseada na O presente artigo tem o propósito de relacionar a
observação participativa e registro da evolução a Psicopedagogia e Arteterapia como possibilidade
partir da queixa, atuação para diagnóstico de dis de “cura” do SER a partir da descoberta e do de
lexia e dificuldade de aprendizagem. Hauschka senvolvimento do processo criativo, levando o su
(1987) vem dizer que a terapia artística pode mini jeito a ser autor de sua trajetória. O trabalho foi
mizar sofrimentos. Para Steiner (2008), o sentido desenvolvido com um jovem de 19 anos, que, se
artístico estimula capacidades. Petraglia (2010) afir gundo a família, tem diagnóstico de autismo e a
ma que a música carrega pessoas em uma viagem intervenção em psicopedagogia surge com o objeti
que transforma. Resultados: Em 100% das inter vo de potencializar o processo criativo do ser, como
venções com o elemento artístico, o aprendente, caminho para ressignificações do que este jovem criou
ao final das sessões, apresentou expressão facial com o empecilho de seu crescimento a partir do au
relaxada, esboçando sorriso, indicativo do bem-estar tismo. Foi utilizando os recursos da psicopedagogia
presente nas atividades, algumas com contribuição e da arteterapia em oficinas criativas (Allessandrini,
musical, houve ganho de estrutura intelectiva de 1996), método utilizado em ateliê arteterapêutico,
concentração e atenção no fazer criativo com desenho com o objetivo de potencializar o processo criativo,
e pintura, melhor capacidade de distinção de sons trabalhando a percepção de si mesmo, sua reelaboração
na comunicação oral pela atenção às orientações do que é belo, seus movimentos, pulsões, limites e
geradoras de interesse, desenvoltura com a letra possibilidades, desenvolvendo a autonomia do su
cursiva na aplicação da intervenção com disléxico, jeito frente às suas criações e potencial escondido e
onde para este atendimento foi usada modelagem cristalizado no diagnóstico. As oficinas são realizadas
das letras do alfabeto, as atividades acrescentaram a partir de etapas, que seguem uma ordem própria:
facilitação ao relacionamento do aprendente com a sensibilização, expressão livre, elaboração de ex
família e a escola. Conclusão: A linguagem artís pressão, transposição de linguagem e avaliação. As
tica aplicada ao atendimento psicopedagógico pode oficinas criativas proporcionam aos participantes a
resultar: no aprimoramento da capacidade de con utilização de recursos artísticos, estabelecendo re
centração e atenção, bem-estar pela expressão da lações entre a teoria, a prática e o aprender fazendo,
subjetividade no fazer artístico, gosto pelo aprender. até chegar a substituir uma resposta por outra mais
Para delimitar o estudo, não fez parte da aplicação das elaborada, o que significa, em contraposição, delegar
atividades a busca pela distração ou mesmo alcançar ao sujeito o papel que deve ser seu, o de construtor
aperfeiçoamento técnico, mas o processo vivencial ativo do seu conhecimento, possibilitando superar
interventivo, mobilizado pelo aspecto lúdico e pela suas dificuldades. Referências: Allessandrini CD.
capacidade própria do aprendente numa interação Oficina criativa e psicopedagogia. São Paulo: Casa
254
Resumo dos Trabalhos - Categoria Oral
do Psicólogo; 1996. Noffs NA, Fabríco NC, Souza de comparar, na busca da perfilização do objeto ou
VCB. A Psicopedagogia em direçção ao espaço do achado de sua razão de ser (Freire, 2014). Con
transdisciplinar. São Paulo: Frôntis Editorial; 2000. clusão: Com as aulas sendo semipresenciais, en
Rubinstein E. Psicopedagogia uma prática, diferen contramos desafios. Entretanto, com a colaboração
tes estilos. São Paulo: Casa do Psicólogo; 1999. Pain da docente responsável pela turma, do núcleo gestor
S, Jarreau G.Teoria e técnica da arte-terapia: a com e, principalmente, dos educandos, conseguimos
preensão do sujeito. Porto Alegre: Artes Médicas; des envolver a proposta pedagógica envolvendo
1996. todos. Além disso, vivenciamos a oportunidade de
compreender a importância do psicopedagogo no
chão da escola e de como este profissional poderá
Eixo: Psicopedagogia em Diversas Linguagens contribuir, junto à comunidade escolar, na condução
do processo de ensino e aprendizagem de educado
A PSICOPEDAGOGIA E SUAS
res e educandos. Referências: 1. Bassedas E, et al.
CONTRIBUIÇÕES ATRAVÉS DA
Intervenção educativa e diagnóstico psicopedagógico.
AÇÃO INTERDISCIPLINAR E LÚDICA
3ª ed. Porto Alegre: Artes Médicas; 1996. 2. Freire
GLEICIANE SOUSA LIMA, ANA CARMEN P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à
SILVA, NÁDIA RAQUEL OLIVEIRA DE ALMEIDA, pratica educativa. 49ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra;
MARIA ISABEL SILVA BEZERRA LINHARES 2014. 3. Brandão CR. O que é o método Paulo Freire.
São Paulo: Brasiliense; 1981.
Objetivo: Este trabalho objetiva explanar um relato
de experiência realizado a partir da disciplina de Es
tágio Supervisionado Institucional, onde buscamos Eixo: Psicopedagogia em Diversas Linguagens
perceber a contribuição do psicopedagogo no pro
cesso de aprendizagem de discentes inseridos na ACESSIBILIDADE E INCLUSÃO NO
modalidade de Educação de Jovens e Adultos (EJA). ENSINO SUPERIOR: DESAFIOS ATUAIS E
Método: O estágio foi desenvolvido no Centro de Edu A CONTRIBUIÇÃO DA PSICOPEDAGOGIA
cação de Jovens e Adultos Professora Cecy Cialdine,
DAIANE LIRA, FRANCIELE FÁTIMA MARQUES,
localizado na cidade de Sobral-Ceará. A partir de
DENISE APARECIDA MARTINS SPONCHIADO
uma abordagem qualitativa, realizamos observações
devidamente registradas no diário de campo, onde Objetivo: Investigar que procedimentos os Cursos de
percebemos que os educandos se mantinham cada Graduação da Universidade Regional Integrada do
um com seu módulo, apresentando dificuldades Alto Uruguai e das Missões estão adotando quanto
para fazer uma relação entre as disciplinas. Com à acessibilidade no Ensino Superior e que contribui
isso, elaboramos uma proposta onde pudéssemos ções a psicopedagogia possibilita nessa demanda
trazer a interdisciplinaridade e, consequentemente, de incluir a todos. Método: O estudo apresenta um
a ludicidade como um caminho para docentes e dis enfoque metodológico quanti/qualitativo, embasado
centes construírem conhecimento contextualizado. numa pesquisa empírica que entrelaça um estudo
Resultados: Na construção desta intervenção, ti bibliográfico e documental, permitindo uma com
vemos Paulo Freire como embasamento teórico, no preensão eficiente do fenômeno estudado. A mesma
intuito de oportunizarmos aos educandos a vivenciar faz parte de uma pesquisa que vem sendo desen
experiências pedagógicas, onde o lúdico estivesse volv ida ao longo do ano, em uma Universidade
presente. Através das atividades como a feira dos jogos, do norte do RS (Universidade Regional Integrada
os poemas e as músicas, a ideia de aprendizado tendo do Alto Uruguai e das Missões) e busca trazer à
como base somente os módulos e o caderno foi sendo tona um olhar para os estudantes com deficiência,
desconstruída, havendo por parte dos educandos e o que se constitui em um desafio da atualidade.
educadores a participação e, consequentemente, o Resultados: A partir das ideias de Perrenoud (2002),
despertar da curiosidade, que convocou a imaginação, o educador, neste contexto universitário, necessita de
a intuição, as emoções, a capacidade de conjecturar, reflexões, capacitação e uma preparação que garanta
255
Resumo dos Trabalhos - Categoria Oral
256
Resumo dos Trabalhos - Categoria Oral
acontecia em três etapas: 1) Escuta da demanda trabalho, contribuindo, assim, para a promoção do
dos professores e coordenadores em relação à inclu desenvolvimento social. O estudo apresenta dados do
são; 2) Formação dos professores para o trabalho Programa de Apoio aos Períodos Iniciais da UNISUAM
com a diversidade e inclusão. O estudo teórico dos (PAPI) desde o primeiro semestre de 2013, nos diferentes
principais conceitos da psicanálise e da educação cursos de graduação da UNISUAM, localizado na Zona
que sustentam a prática inclusiva. Alguns conceitos da Leopoldina, da cidade do Rio de Janeiro. Os dados
trabalhados foram: constituição do sujeito, função apresentados foram levantados pelo Núcleo de Apoio
materna, desenvolvimento cognitivo entre outros; 3) Psicopedagógico (NAPp). Acredita-se que os mesmos
Implantação do Projeto. Conclusão: Podemos concluir possam contribuir para a reflexão do alunado e servir de
que o modelo criado permite uma aproximação indicadores para uma Intervenção Psicopedagógica, por
máxima do universo subjetivo dentro de um espaço meio da construção de um Programa que disponibilize
objetivo que é a instituição escolar. Tal modelo reforça suporte e aportes na busca da superação das defasagens
a ideia que a inclusão passa pela diferenciação e que dos conteúdos apresentados.
adianta pouco às crianças com necessidades especiais
estarem na escola se elas não forem vistas, tratadas
e consideradas respeitosamente na sua diferença e Eixo: Psicopedagogia em Diversas Linguagens
também nas possibilidades que possuem.
INVESTIGANDO POSSIBILIDADES
DA ARTE-EDUCAÇÃO COMO SUPORTE
Eixo: Psicopedagogia em Diversas Linguagens PARA DESENVOLVIMENTO DO
PROCESSO DE APRENDIZAGEM
INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA
ANDREA ALVARO ALBERTO BACELLAR
NO ENSINO SUPERIOR- PROGRAMADA
DE ACOMPANHAMENTO AOS Objetivo: O objetivo desse trabalho é, através de um
PERÍODOS INICIAIS DOS CURSOS DE estudo de caso, investigar como a arte-educação
GRADUAÇÃO DA UNISUAM pode servir de suporte para auxiliar questões no
processo de aprendizagem de modo geral, e suas al
MARILANE DA COSTA GONÇALVES
ternativas de uso em sala de aula. Método: O Projeto
Este artigo se propõe a analisar os impactos do Eu Sou oferece atividades de artes para crianças na
Programa de Acompanhamento aos Períodos Ini comunidade do Jacarezinho/RJ. A melhora na escola
ciais-PAPI da UNISUAM, disponibilizados aos dis é frequentemente relatada pelos pais dos alunos.
centes dos cursos de graduação. A partir dos dados Em 2015, fizemos uma parceria com a E. M. Delfim
levantados em pesquisas anteriores junto aos atores Moreira, para avaliar objetivamente onde ocorre esta
envolvidos nos programas, serão apresentados melhora. Na postura na classe? Na capacidade de
resultados que confirmam a dificuldade do alunado abstração? Na elaboração de textos? Apresentamos
no que se refere às habilidades básicas em leitura, o estudo do caso de Marcos, 11 anos, do 6º ano. Pai
escrita, interpretação de textos e matemática. Serão falecido há 4 anos. Descrito como agitado, agressivo,
apresentados dados que sinalizam a necessidade de encaminhado ao Projeto por dificuldades de aten
Intervenção Psicopedagógica efetiva, tendo como ção, socialização e elaboração textual. Resultados:
referencial teórico Vygotsky, Tfouni e Zago, que No Projeto, Marcos tem um comportamento bem di
consideram a importância de disponibilizarmos verso: atencioso, educado, falante e sociável, nunca
suportes e aportes para o desenvolvimento das ha implicante. Não apresenta traços de desatenção:
bilidades básicas acima mencionadas nos alunos consegue se concentrar facilmente nas propostas,
ingressantes no ensino superior. Nossas conclusões não atrapalha o andamento da aula. Em pouco tempo,
antecipam a importância de um Programa que começou a se destacar justamente pela criatividade de
sirva como suporte à formação acadêmica sólida, suas histórias. Em propostas usando teatro, pintura,
que possibilite aos estudantes o desenvolvimento criação de personagens com sucata e animação
da autonomia e os preparem para o mercado de digital, ele elabora personagens interessantes e his
257
Resumo dos Trabalhos - Categoria Oral
tórias criativas, estruturadas, com começo, meio e na estrutura familiar, o desejo de vingança e a falta
fim determinados. Os resultados no Projeto trouxeram de humanização nas relações sociais, a escola como
para a escola um outro olhar sobre ele. Possibilidades meio social onde mais se produz bullying e o sofrer
de que, através da arte, ele possa desenvolver poten calado predomina, mesmo sabendo da presença de
cialidades também na sala de aula. Conclusão: Vemos a pessoas que poderiam ajudar. As revelações presen
arte como aquela que é capaz de transitar entre o lógico tes nos contos produzidos, o diálogo estabelecido
e o simbólico, o objetivo e o subjetivo, e ajudar a “desatar entre professor/aluno com relação às várias formas de
os nós” que podem ter se formado nesse processo de violência apresentadas nas narrativas apontam para
metaforização das operações. Se a arte pode ajudar uma sociedade (des)humana que dita os padrões e
Marcos a contar sua história e se descolar do personagem exclui as pessoas que não se enquadram neles. Os
de fora-da-ordem no ambiente do Projeto, nossa hipótese resultados obtidos despertou-nos um olhar precioso
é que em breve ele seja capaz de contar muitas outras sobre as angústias com que convivem os educandos
histórias dentro do universo formal da escola. e a necessidade de apoio para superar os danos que
carregam dentro de si. Necessário se faz fortalecer,
estimular nossos adolescentes a serem cidadãos me
Eixo: Psicopedagogia em Diversas Linguagens lhores e mais humanos, se aceitando e aceitando o
outro como realmente é, com seus valores e limitações.
NARRATIVAS ESCOLARES: REVELAÇÕES
DO CONVÍVIO SOCIAL, RELAÇÕES DE
PODER, VIOLÊNCIA E EXCLUSÃO Eixo: Psicopedagogia em Diversas Linguagens
LOPES, M. DA C., RODRIGUES, L. E.
O BRINCAR NO PROCESSO DE
O presente trabalho investiga narrativas escolares APRENDIZAGEM NO CONTEXTO
de adolescentes da 2ª série do Ensino médio do PSICOPEDAGÓGICO
Colégio de Aplicação da Universidade Federal de
NADIA ESTER OHLWEILER
Roraima, objetivando analisar as revelações do con
vívio social presentes na escola, relações de poder, Psicomotricidade é o corpo em movimento, consi
violência e exclusão. O material empírico da pesquisa derando o ser em sua totalidade. Nesse sentido, o
constitui-se de cinquenta contos produzidos em sala objetivo geral do estudo foi verificar como a psico
de aula seguindo a proposta: “Produza um conto motricidade pode influenciar no desenvolvimento
onde o protagonista seja uma pessoa com síndrome, dos alunos do ensino fundamental. Especificamente
cadeirante, obeso e/ou outro que tenha necessidades buscou-se: a) Entender como a psicomotricidade se
especiais”. A professora sorteou os pontos para faz presente no ensino fundamental, b) Identificar
pesquisa e posterior caracterização desse personagem. as dificuldades de aprendizagem mais frequentes
As narrativas são práticas discursivas que implicam no ensino fundamental, c) Reconhecer as possíveis
a relação entre discursos e identidades. Este tra relações entre a psicomotricidade e a dificuldade
balho foi estruturado com base nas contribuições de aprendizagem do educando. Desenvolveu-se uma
de Leonor Arfuch, Mikhail Bakhtin, Dominique pesquisa do tipo explicativa, uma vez que existe por
Maingueneau, Claudia Fonseca, dentre outros. As parte dos pesquisadores a preocupação de iden
análises desenvolvidas possibilitaram identificar tificar os fatores que determinam a ocorrência de
uma diversidade de experiências socioculturais, determinados fenômenos. O método é o indutivo,
desejos, valores, cuidados, relações de poder, por caminhar para planos mais abrangentes, pois vai
violência, preconceito e discriminação para com o de um problema particular para um geral. Quanto
outro que é diferente dos padrões pré-estabelecidos à tipologia, é qualitativa, uma vez que se busca
pela sociedade. Legitimam significados e revelam apresentar e entender as causas dos fenômenos
as diversas formas de olhar/desaprovar no “outro” estudados. Trata-se de um estudo desenvolvido em
aquilo que não aceitam neles mesmos, a morte como uma amostra de 12 professores, com faixa etária
alternativa para fim do sofrimento, a ausência de apoio entre 20 e 45 anos, do sexo feminino, que atuam na
258
Resumo dos Trabalhos - Categoria Oral
creche, no 1º ano ao 5º ano do Ensino Fundamental, cos, envolvendo operações básicas e raciocínio logico,
em uma escola da rede particular, com tempo de realização de oficinas e gincanas, despertando a so
atuação que variam entre um e quinze anos de cialização entre o grupo. Resultados: Entendemos que
profissão. Como critério de participação na pesquisa, foi possível desenvolvendo a autonomia dos alunos
os professores deveriam estar atuando em sala de no sentido de que eles foram capazes de superar
aula, na escola referida, no ano letivo de 2015. Após suas dificuldades de aprendizagem, mesmo que, de
essa etapa, com os dados analisados, realizou-se a uma forma rápida, conseguimos de algumas forma
comparação deste com a literatura encontrada. Os alcançar os objetivos propostos no início do estágio.
principais resultados indicam que os professores Ficou claro que as atividades que envolvem o lúdico
percebem o quanto é importante um trabalho conjunto despertam o interesse, elevando o potencial de
entre todas as áreas da educação para um melhor aprendizagem dos alunos, na medida em que eles
desempenho educacional do estudante, bem como vão interagindo e realizando os comandos solicitados
programas educacionais de ensino e aprendizagem pelo professor, onde para eles estão apenas brin
centrados na criança e integrados com os princípios cando e, ao mesmo tempo, construindo um apren
dizado significativo. Conclusão: Acreditamos ter
e fundamentos da psicomotricidade auxiliam no
contribuímos para a superação das dificuldades de
desenvolvimento cognitivo, afetivo, motor e social.
aprendizagem dos alunos do 4° ano B, pois o lúdico
Considera-se que, mais do que nunca, a infância
despertou neles um interesse, com isso, a percepção
necessita de uma atenção especial no que diz respeito
de que são capazes de superar suas limitações, no
às suas necessidades afetivas, cognitivas, motoras e
que se às habilidades nas disciplinas de português e
de interação social e que o professor necessita ter
matemática, aumentando sua autoestima, bem como
claro sua função enquanto docente e educador para
a socialização entre os mesmos respeitando seus
que desta forma atenda com qualidade às demandas
colegas e aprendendo com os erros e acertos do grupo.
e às necessidades da infância atual.
Referências: Dockrell J, et. al. Crianças com dificulda
des de aprendizagem: Uma abordagem cognitiva.
Eixo: Psicopedagogia em Diversas Linguagens Porto Alegre: Artes Médicas; 2000. Campos MCRM.
A importância do jogo no processo de aprendizagem.
O LÚDICO COMO ESTRATÉGIA DE Disponível em: http://www.psicopedagogia.com.br/
SUPERAÇÃO DAS DIFICULDADES DE entrevistas/entrevista.asp?entrID=39. Acesso no
APRENDIZAGEM dia 20 de março de 2015. Maurício JT. Aprender
brincando: o lúdico na aprendizagem. Disponível em:
ANA CARMEN SILVA, JOELMA DAMASCENO http://www.psicopedagogia.com.br/opiniao/opiniao.
ALVES, KELCIANE DE FATIMA PORTELA VIEIRA asp?entrID=678 Acesso no dia 16 de março de 2015.
Objetivo: Contribuir com a superação das dificulda
des de aprendizagem dos alunos do 4° ano através
Eixo: Psicopedagogia em Diversas Linguagens
do lúdico, buscando melhorar suas habilidades
nas disciplinas de português e matemática, desen OFICINAS DE JOGOS COMO RECURSO
volvendo a socialização e cooperação, através de DE INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA
temas transversais. Método: Realizamos uma pré
CINTIA RIBEIRO CARNEIRO
via observação na escola, nossa abordagem foi
estabelecida mediante as hipóteses que foram le Objetivo: Reconhecer o uso de jogos como recurso
vantadas mediante conversas com a família, o pro significativo para aprendizagem na prática psico
fessor e coordenação pedagógica, considerando pedagógica. Método: Foram realizadas oficinas psi
vários organismos que faziam parte da história de copedagógicas com alunos do ensino Fundamental I,
vida de cada criança, desde seus avanços, retrocessos, apresentando queixas de dificuldade na Matemática
dificuldades. Buscamos trabalhar essas dificuldades (raciocínio lógico, noção de quantidade, contagem
por intermédio de um projeto lúdico, com contação termo a termo, cálculo mental, valor posicional do
de historias, recontos, atividades com jogos matemáti número, conservação) e diagnosticadas através
259
Resumo dos Trabalhos - Categoria Oral
das provas operatórias. Piaget (1978) afirma que o culdades de aprendizagem através da Consciência
conhecimento lógico-matemático é uma construção Fonológica. Método: Abordagem qualitativa, relato
e resulta da ação mental da criança sobre o mundo. de experiência com aplicação de questionário acerca
Não é inerente ao objeto, contudo, da mesma forma do saber e do fazer de professores da rede pública
que o conhecimento físico, ele também é construído a municipal com formação em Psicopedagogia, sobre
partir das ações sobre os objetos. E, segundo Cerquetti a temática Consciência Fonológica para prevenir/
(1997), os jogos desenvolvem a socialização, toma amenizar as dificuldades em leitura e escrita. Estudo
da de decisões, uso de estratégias. A escolha pelas fundamentado: Adams, Foorman e Lundberg (2006),
oficinas foi feita por ser um trabalho em grupo, pois, Bernadino (2006), Capovilla (2000), contribuições
para Vygotsky (1989), o jogo de regra é aprendido com para o desenvolvimento das habilidades em leitura
a interação com os outros. Resultados: Os participantes
e escrita que favorecem o processo de Alfabetização
das oficinas foram desenvolvendo habilidades e
segundo Ferreiro e Teberosky (1999). Resultados: Após
construindo uma aprendizagem significativa, além de
coleta e análise do material, foi evidenciado que a
resgatar a autoestima e confiança em suas hipóteses,
maioria dos professores alfabetizadores com formação
pois ao longo do processo foram sendo estimulados a
em Psicopedagogia pouco conhece e/ou utilizam as
construir e reconstruir, trabalhando com o erro para
atividades práticas acerca da temática Consciência
a possibilidade do acerto. Os jogos selecionados
Fonológica o que é de suma importância para o
respeitavam os resultados encontrados nas provas
operatórias de Piaget. Conclusão: O trabalho com desenvolvimento das habilidades em leitura e escrita.
jogos na prática psicopedagógica, especificamente nas Assim, pretendeu-se não apenas averiguar o saber
dificuldades relacionadas ao campo da Matemática, fazer do professor psicopedagogo como interventor
torna-se significativo, pois, além de ser uma atividade do processo de alfabetização e das dificuldades
lúdica que atrai a atenção e motivação dos sujeitos em leitura e escrita, como também analisar de que
em questão, desenvolve habilidades necessárias para forma o trabalho com atividades de Consciência
o avanço de suas hipóteses. As oficinas com jogos Fonológica pode favorecer o desenvolvimento des
permitem um trabalho pontual que começa através sas habilidades em estudantes de diferentes níveis
do diagnóstico das dificuldades encontradas nas socioeconômicos (NSE). Conclusão: Assim sendo,
provas operatórias e decorrem com as intervenções atividades de Consciência Fonológica surgem como
feitas com as atividades indicadas para cada fase. alternativa motivadora, como estratégias par a
Referências: Cerquetti-Aberkane F, Berdonneau C. intervenção e prevenção de possíveis dificuld a
O ensino da matemática na educação infantil. Porto des em leitura e escrita para os profissionais da
Alegre: Artes Médicas; 1997. Piaget J. O nascimento Educ ação, em particular psicopedagogos e pro
da inteligência na criança. 3ª ed. Rio de Janeiro: fessores alfabetizadores. Conclusão: Atividades de
Zahar; 1978. Vygotsky L. A formação social da mente. Consciência Fonológica surgem como alternativa
São Paulo: Martins Fontes; 1989. Psicopedagógica motivadora, como estratégias para
intervenção e prevenção de possíveis dificuldades
em leitura e escrita para uso dos profissionais da
Eixo: Psicopedagogia em Diversas Linguagens
Educação, em particular psicopedagogos e pro
OLHAR PSICOPEDAGÓGICO: fessores alfabetizadores. Referências: Adams MJ,
DIFICULDADES EM LEITURA - ESCRITA E Foorman BR, Lundberg B. Consciência fonológica
CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA em crianças pequenas. Porto Alegre: Artmed; 2006.
Bernadino JA. Aquisição de leitura e escrita como
ANDRÉIA MARQUES DOS REIS LACERDA, resultado de ensino de habilidades de consciência
PRISCILA RUIZ CARAPIÁ, HELOISA HELENA
fonológica. Bras. Educ. espec. [online]. 2006. Capovila
DOS SANTOS CAVALCANTE OLIVEIRA,
AGS, Capovila FC. Efeitos do treino de consciência
GENIGLEIDE SANTOS DA HORA
fonológica. Psicol. Reflex. Crit. [online]. 2000. Ferreiro
Objetivo: Investigar o fazer psicopedagógico no E, Teberosky A. Psicogênese da língua escrita. Porto
processo de Alfabetização de estudantes com difi Alegre: Artmed; 1999.
260
Resumo dos Trabalhos - Categoria Oral
Eixo: Psicopedagogia em Diversas Linguagens 1997. Paiva F. Eu era assim: infância, cultura e con
sumismo. São Paulo: Cortez; 2009. Silva Jr. H. Dis
OS CONTOS AFRICANOS NO criminação racial nas escolas. São Paulo: Unesco; 2002.
ATENDIMENTO PSICOPEDAGÓGICO
EDNA BARBERATO GENGHINI, CINTHYA DE
Eixo: Psicopedagogia em Diversas Linguagens
CÁSSIA GOMES DE MELLO RUBIO
Objetivo: Esse trabalho propõe uma reflexão sobre REFLEXÕES SOBRE DIAGNÓSTICO/
o uso dos contos africanos no atendimento psico INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICAS
pedagógico, para auxiliar crianças e adolescentes E ADAPTAÇÕES METODOLÓGICAS NO
no seu desenvolvimento afetivo, de identidade e ENSINO DE MÚSICA PARA SURDOS
autoestima. A partir do método de abordagem de HATHENHER, M. L. A., MIRANDA, M. I.
dutivo, pretendeu-se explicar o conteúdo subjetivo
dos Contos Africanos e sua utilização, em diferentes Objetivos: Trata-se de um estudo sobre Diagnósticos/
formas de expressão, como ferramenta nas sessões Intervenções Psicopedagógicas utilizadas na educação
de atendimento psicopedagógico. A pesquisa, de de pessoas surdas e possíveis adaptações de me
caráter bibliográfico e exploratório, foi enriquecida todologias nessas aulas em um conservatório de Mú
com consultas a arquivos digitais, vídeos e sites sica, compreendendo os processos de aprendizagem
de ONGs. Resultados: A pesquisa comprovou que musical desses aprendentes, observando as aulas de
existe a possibilidade de se trabalhar com os contos musicalização e instrumentos. Métodos: Foram feitos
africanos, de forma lúdica e criativa, com o pro atendimentos individualizados e/ou grupos, de acordo
pósito de desenvolver a autoestima das crianças com o planejamento, semanalmente com cinquenta
e adolescentes e auxiliá-los na formação de sua minutos ou junto com outros professores nas aulas e
identidade, na relação afetiva consigo próprios e com após diagnóstico realizado por meio de instrumentais
os outros. Conclusão: Os resultados nos levaram a Psicopedagógicos, o trabalho foi direcionado para
crer que os contos africanos são capazes de facilitar o apoio ao professor em sala e individualmente ao
o trabalho terapêutico em um setting de atendimento aluno, incentivando-os a usar instrumentos e téc
psicopedagógico por meio do uso de suas riquezas nicas que foram descobertas conjuntamente. Desta
verbais e iconográficas, a serem trabalhados por meio maneira, têm-se o Conservatório e os professores
de leitura, uso de dramatizações, questionamentos, de música, participantes ativos desta produção,
desenhos, pinturas, esculturas feitas com argila e/ou sendo vistos como mediadores do conhecimento
massa de modelar, interpretação do texto por meio no processo de ensino/aprendizagem. Resultados:
de uso de caixa de areia, teatros de fantoches, entre A Psicopedagogia buscou diagnosticar/ intervir nas
outros, de forma que o cliente possa internalizar dificuldades de aprendizagem tornando-se evidente
conceitos, se fazer presente nos grupos em que vive, também quando o assunto é o ensino de música para
repensar sua história e valores pessoais e sociais surdos. A partir desse diagnóstico, propomos para
e, consequentemente, aprendendo a respeitar e intervenção, metodologias apropriadas e tentamos,
construir o conhecimento de si em suas relações assim, adaptar materiais e instrumentos, enfatizando
com o coletivo. Referências: Araujo JA, Morais RS. A o estímulo visual que lhes são pertinentes. Sugerimos,
relevância em se trabalhar a literatura infantil afro- também, uma reflexão sobre a importância do uso de
brasileira na educação infantil. Disponível em http:// recursos adaptados como materiais visuais, das novas
www.africaniasc.uneb.br/pdfs/n_5_2014/jurandir_de_ tecnologias existentes a favor do melhor entendimento/
almeida_araujo.pdf. Acesso em 04/05/14. Ferrero M, aproveitamento nas aulas, principalmente na questão
Besse JM. A criança e os seus complexos. São Paulo: rítmica e corporal. Contribuindo, assim, para uma
Verbo; 1986. Goes LP. Introdução à literatura infantil futura base de ação a ser aplicada como suporte
e juvenil. São Paulo: Ed. Pioneira; 1984. Oliveira para a formação de futuros professores de música
MK. Vygotsky: aprendizado e desenvolvimento: um para surdos. Conclusão: Como resultado, é possível
processo sócio-histórico. São Paulo: Ed. Scipione; acreditar no ensino-aprendizagem na educação
261
Resumo dos Trabalhos - Categoria Oral
musical para surdos, e, este assunto certamente relação com a habilidade de reconhecer os sons das
merecerá mais pesquisas e futuros estudos, pois as letras e com a consciência fonológica assim como
limitações que são impostas aos surdos, são, muitas são importantes bases para a alfabetização. Portan
vezes, maiores que a própria limitação sensorial to, a presente pesquisa corroborou os pressupostos
que eles apresentam. Este produto foi retirado da teóricos, assim como revelou correlações entre as
realidade vivida pelos alunos surdos nas aulas de habilidades avaliadas, reforçando a importância de
música no Conservatório, que não será uma produção avaliações precoces.
meramente teórica ou ideal, podendo afirmar que a
relação entre música e surdez não é um paradoxo.
Eixo: Psicopedagogia, Família e Escola
262
Resumo dos Trabalhos - Categoria Oral
seguro, promovendo um diagnóstico mais claro so Indicadores de risco e proteção no relacionamento
bre os aspectos analisados. Referências: Fernández mãe-criança e representação mental da relação de
A. A inteligência aprisionada. Paín S. Diagnóstico e apego. Psico. 2000;31:81-122. 2. Sisto FF. Dificuldades
tratamento dos problemas de aprendizagem. na aprendizagem em escrita: um instrumento de
avaliação (ADAPE). In: Sisto FF, Borichivitch E, Fini
LDT, Brenelli RP, Martinelli SC, orgs. Dificuldade
Eixo: Psicopedagogia, Família e Escola de aprendizagem no contexto psicopedagógico.
Petrópolis: Vozes; 2001. 3. Barbieri V, Pavelqueires
DESEMPENHO EM ESCRITA E
JG. Personalidade paterna como fator prognóstico
SINAIS DE ANSIEDADE NA RELAÇÃO
no tratamento da tendência antissocial. Paidéia.
ENTRE CONVIVÊNCIA PATERNA
2012;22(51):101-10.
MORAES C.A.L, ANDRADE M.S, SEABRA A.G
Objetivo: Esta pesquisa buscou compreender qual Eixo: Psicopedagogia, Família e Escola
a relação entre convivência paterna de pais não re
sidentes e o desempenho da escrita e sinais de an MEDIAÇÃO DE CONFLITOS FAMILIARES
siedade nos filhos. Método: 50 alunos dos 3º, 4º e COM ENFOQUE NA CONCILIAÇÃO
5º anos Fund. I. Perfil: presença constante da mãe
LISIANI ELIZABETE RODRIGUES,
e não coabitação do pai, convivência frequente ou
MARIA DA CONCEIÇÃO LOPES
participação esporádica. Os instrumentos utilizados
foram: prontuário escolar do participante, entrevista Com o propósito de levantar os motivos do conflito
semiestruturada com a mãe, Teste do Desenho entre pais e sua filha adolescente, que resulta em
da Família (TDF) e Avaliação da Dificuldade de retenção escolar e aumento dos conflitos, conflitos
Aprendizagem, na Escrita (ADAPE). Os dados foram esses que estão caminhando para o lado de agressão
analisados de forma descritiva e foi utilizada a física, entrevistamos a referida família, com a hipótese
Correlação Linear de Pearson e a Statistical Package de rejeição entre os dois lados. Realizada entrevista
for Social Sciences- SPSS v.17.0 para construção inicial com cada membro e depois com os três
do banco de dados. Resultados: Os resultados desta juntos, para termos embasamento na mediação dos
pesquisa revelaram que as crianças que vivem com conflitos entre a adolescente e seus pais, observamos
a privação paterna, no sentido de total ausência de os tipos de diálogo da família, estabelecimento do
convivência ou visitações, apresentam mais sinais vínculo, relações vinculares familiares, fantasias de
ansiosos, inseguros do que crianças que têm alguma saúde ou de doenças, nível de estresse e ansiedade
convivência com o pai, o que pode ser considerado familiar, cobranças, significado da queixa para a
um fator de risco para dificuldades posteriores. família. Percebeu-se, durante as entrevistas, um
Porém, a falta de convivência com o pai em si deve distanciamento entre a mãe e a adolescente, como
ser considerada com cautela, quando se avaliam as se fossem estranhas e não estivessem se vendo. Da
repercussões no desenvolvimento dos filhos já que parte da adolescente existe um interesse de melho
esse vínculo não deve ser pensado como exclusivo rar a relação, mas a mãe parece que não quer dar
linear ou monotônico. Conclusão: Os dados deste nenhum passo em direção a sua filha, pareceu-nos
estudo apoiam a ideia de que não há um único modelo que a mesma desistiu e tem preferência pelos outros
familiar que garanta o desenvolvimento saudável filhos. Aconselhou-se a procurarem profissionais, tais
dos filhos. As necessidades dos filhos podem ser como psiquiatra e psicólogo, prontamente aceitos
supridas por uma série de novos arranjos sociais pela adolescente, e rejeitado firmemente pela mãe.
e familiares. O que parece ser importante é que Pai ficou mais calado, aceitando ser manipulado,
aqueles que arcam com as responsabilidades, pelo mostra interesse em receber ajuda e procurar ajuda,
bem estar da criança, tenham recursos emocionais, mas não toma atitude nesse sentido. Pedimos ao pai
sociais e materiais adequados a essa finalidade. que se posicionasse, como conciliador, mediador
Referências: 1. Cecconello AM, Krum FM, Koller S. durante os conflitos. Estamos dando suporte aos dois
263
Resumo dos Trabalhos - Categoria Oral
lados, mediando a relação, amenizando, cobrando mas distribuído em abundância ao filho mais novo
atitudes e posicionamentos, enfatizando os lados considerado inteligente e obediente. Nesta dinâmica
positivos de cada um, citando exemplos de outros interrelacional, JR nega-se a aprender como forma
conflitos resolvidos e de que forma. Enfocando que a de punição à mãe, que por sua vez lhe nega carinho
filha é responsabilidade dos pais, com autoridade, e e atenção, aspectos cobrados todos os dias por ele,
não autoritarismo. O caso ainda está em andamento, causando-lhe sofrimento e apatia aos estudos. A mãe
concluímos que se faz necessária maior sensibiliza afirma estar entrando em depressão preocupada com
ção dos pais, e acompanhamento de profissionais o filho, porém promete ser carinhosa se este melhorar
capacitados, onde os conflitos serão resolvidos se as notas, as considerações a respeito deste estudo
houver boa vontade de ambas as partes. Pedimos a co de caso são apresentadas em partes, pois JR e sua
laboração da família toda para amenizar os conflitos. mãe continuam em atendimento psicopedagógico e
psicanalítico. Referências: Fernandez A. Inteligência
aprisionada: abordagem psicopedagógica clínica da
Eixo: Psicopedagogia, Família e Escola criança e sua família. Porto Alegre: Artes Médicas;
1991. Freud S. Sobre o narcisismo: uma introdução.
O SOFRIMENTO PSÍQUICO
Em Edição standart brasileira das obras psicológicas
CONFIGURADO NA DINÂMICA
Completas de Sigmund Freud. Volume XIV. Rio de
INTERRELACIONAL DA MÃE DE UM Janeiro: Imago; 1976. Publicado originalmente em
SUJEITO COM DIFICULDADES DE 1914. Klein M. Contribuições à psicanálise. São
APRENDIZAGEM Paulo: Mestre Jou; 1970. Mannoni M. A criança atra
GRAÇA MARIA DE MORAIS AGUIAR E sada e a mãe. 2ª ed. Lisboa: Moraes Editores; 1977.
SILVA,; FRANCISCO ULLISSIS PAIXÃO E Pain S. Diagnóstico e tratamento dos problemas de
VASCONCELOS aprendizagem. Porto Alegre: Artes Médica; 1992.
264
Resumo dos Trabalhos - Categoria Oral
265
ResumoDOS
RESUMO Trabalhos -- C
dos TRABALHOS ategoria PPôster
Categoria ôster
266
Resumo dos Trabalhos - Categoria Pôster
Presbiteriana Mackenzie; 2010. 2. Seabra AG. Teste de básicas e Teoria da Mente a partir de situações e
repetição de palavras e pseudopalavras. In: Avaliação emoções complexas. Os itens que compõem os 3
neuropsicológica cognitiva/linguagem oral. 2ª ed. primeiros domínios são compostos por histórias e
São Paulo: Memnon; 2012. 3. Trevisan BT, Seabra materiais como cartões com figuras, bonecos e demais
AG. Teste de Trilhas para Pré-Escolares. In: Seabra acessórios. Já o subteste 4 é composto por vinhetas.
AG, Dias NM, eds. Avaliação neuropsicológica Os itens e os subtestes possuem nível gradual de
cognitiva: atenção e funções executivas. São Paulo: complexidade, ou seja, do mais fácil para o mais
Memnon; 2012. 4. Wellman HM, Liu D. Scaling difícil. Após elaboração das tarefas, o teste foi enviado
of theory-of-mind tasks. Child Development. New para 5 juízes, os quais avaliaram diversos aspectos,
York: Oxford; 2004. p.523-41. 5. Sodian BHC. tais como: adequação para a faixa etária proposta,
The developmental relation of theory of mind and clareza das instruções e formas de pontuação, entre
executive functions: a study of advanced theory outras. Após as análises os itens foram ajustados
of mind abilities in children with attention deficit conforme sugestões e então elaborada a versão final
hyperactivity disorder. In: Schneider W, Schumann- do instrumento. Esta é composta por 4 subtestes,
Hengsteler R, Sodian B. Young children’s cognitive somando 23 itens e 7 vinhetas, com duração prevista
development: interrelationships among executive de 30 minutos para aplicação. Neste momento, o
functioning, working memory, verbal ability, theory TMEC está em fase de teste piloto e estudos futuros
of Mind. New Jersey: LEA; 2005. p.175-7. serão feitos para verificar as evidências de validade
e precisão.
267
Resumo dos Trabalhos - Categoria Pôster
268
Resumo dos Trabalhos - Categoria Pôster
Eixo: Dificuldades e Transtornos na Aprendizagem de transtornos mentais DSM-5. Porto Alegre: Artmed;
2014. 2. Perissinoto J. Conhecimentos essenciais
TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA para entender bem as crianças com autismo. São
(TEA) E O ACOMPANHAMENTO José dos Campos: Pulso; 2003. 3. Bowlby J. A secure
FAMILIAR EM TAREFAS PEDAGÓGICAS base: parent-child attachment and healthy human
Andréa Carla Machado, Suzelei Faria Bello development. Basic Books; 2008.
269
Resumo dos Trabalhos - Categoria Pôster
de caso foram realizadas para adoção da melhor para a interação, não fazendo interpretações fecha
conduta psicopedagógica diante de cada dificuldade das que limitem o desenvolvimento da história, bem
ou transtorno de aprendizagem em acompanhamento. como a expressão das emoções e da aprendizagem.
A Caixa de Areia é um instrumento que permite
formular hipóteses para a avaliação diagnóstica e
Eixo: Formação, Atuação e Pesquisa em Psicopedagogia definir atividades de intervenção psicopedagógica.
Partindo das vivências realizadas no consultório
A CAIXA DE AREIA (SANDPLAY):
nos atendimentos com crianças, observa-se que, no
INTERVENÇÕES CLÍNICAS EM
transcorrer do contato com a caixa de areia, manifes
PSICOPEDAGOGIA
ta-se uma evolução de cada caso em particular. Ao
Anelise Gil Ferreira Fontoura representar os conteúdos inconscientes no seu cenário
individual esta ação resulta em associações livres
O atendimento psicopedagógico clínico com crianças
e elaborações que são fundamentais no processo
com estruturação neurótica ou psicótica demanda
terapêutico de base psicanalítica.
um grande nível de observação e atenção por parte
do profissional que está recebendo estes pacientes
no consultório. O uso da caixa de areia surge como Eixo: Formação, Atuação e Pesquisa em Psicopedagogia
oportunidade da criança em sessão terapêutica, fazer
ressignificações nos dando pistas da modalidade A DIMENSÃO PSICODRAMÁTICA DOS
de aprendizagem, dos limites de seu corpo com os CONTOS DE FADAS COMO PROPOSTA DE
objetos e de sua subjetividade frente ao brincar. INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA
Tendo em vista essa peculiaridade, apontamos o tra
Luciana Corrêa Borel, Vanessa Ferreira De Souza
balho com caixa de areia como espaço simbólico de
expressão das emoções ou bloqueios que a criança Psicodrama é uma ferramenta de investigação da
possa estar enfrentando. A metodologia utilizada na alma humana mediante a ação e a observação da
caixa de areia tem como prerrogativa um enfoque relação do sujeito ao seu meio e o seu eu, sendo de
verbal e não-verbal, integrando material inconsciente grupos, dos grupos ou consigo mesmo. O objetivo é
através da produção de cenas, esta manifestação será buscar o reconhecimento do conflito vivenciado em si
apresentada e interpretada através do olhar atento e nos outros (ego-auxiliar), facilitando as alternativas
e observador do psicopedagogo. É um método de para resoluções do que é revelado e criando opções
cura silencioso, que consiste em um instrumento de disponíveis à intervenção psicopedagógica no edu
diagnóstico e intervenção onde por meio da constru cando. Procedimentos metodológicos concentram-se
ção de cenários pode-se qualificar o diagnóstico na revisão de literatura e relatos vivenciados em
do paciente observando as defasagens cognitivas escolas da rede pública enquanto professoras do ensino
e emocionais, possíveis déficits, desejos, conflitos fundamental I. Resultando na criatividade literária,
e demais dimensões relacionadas à afetividade e sendo rica em detalhes críticos e investigativos e, por
cognição. Dessa forma, as histórias terapêuticas consequência, o aprimoramento textual do discente.
que vão sendo apresentadas trazem a possibilidade
de utilizar a criatividade, imaginação e a empatia
Eixo: Formação, Atuação e Pesquisa em Psicopedagogia
como forma de entender conteúdos psíquicos que
não podem ser ditos pela criança. Em algumas situa A IMPORTÂNCIA DA AVALIAÇÃO DA
ções, esses sentimentos represados aparecem como LINGUAGEM ORAL NO DIAGNÓSTICO
sintomas da “não aprendizagem” e podem apresentar PSICOPEDAGÓGICO
caminhos que apontem saídas para esta dificuldade.
León CBR, Pazeto TCB, Pereira APP, Seabra AGS
A postura do psicopedagogo é fundamental para
acolher a história que vai ser contada. É necessário Diversas pesquisas ressaltam forte relação entre
saber ouvir, ter atenção no que está sendo dito, habilidades de linguagem oral (LO) e posterior de
participar conforme a criança vai abrindo espaço sempenho em leitura e escrita. Considerando que
270
Resumo dos Trabalhos - Categoria Pôster
271
Resumo dos Trabalhos - Categoria Pôster
Eixo: Formação, Atuação e Pesquisa em Psicopedagogia Eixo: Formação, Atuação e Pesquisa em Psicopedagogia
A Divisão de Psicopedagogia e Psicologia atua des O objetivo deste estudo é apresentar a transforma
de 2013 na rede escolar do município de Paço do ção histórica do trabalho de atendimento do psico
Lumiar/MA, com o objetivo de prevenir e intervir nos pedagógico institucional em um percurso de mais
transtornos de aprendizagem, problemas escolares de 17 anos, atualmente em 106 escolas do ensino
e comportamentais. A Divisão tem como público- municipal, abrangendo maternais, pré-escola, en
alvo os alunos e demais envolvidos no processo en sino fundamental I e II. Embasado na perspectiva
sino-aprendizagem, realizando atendimento psico histórica-dialética, enfoca um processo de constru
pedagógico, psicológico, social e pedagógico. Os aten ção da identidade do psicopedagogo, considerando
dimentos ocorrem a partir dos ofícios encaminhados a identidade individual inserida em um conjunto de
pelas escolas direcionados à coordenação da divisão, experiências e atuações que conduz à identidade co
que são agendados pela equipe multiprofissional para letiva. O método enfatiza que a identidade se constrói
visita técnica. Nesta, promove-se o atendimento na entre indivíduo e sociedade em uma dialética histórica
escola, realizando avaliação diagnóstica utilizando que possibilita a manutenção e transformação do
instrumentais das distintas áreas (mapeamento ins psicopedagogo, portanto da Psicopedagogia (Mendes,
titucional psicopedagógico, diagnóstico dos níveis de
1998: 16-8). Representa os cenários de atuação do
alfabetização, etc). De acordo com os atendimentos,
psicopedagogo em contextos contingenciais históri
realizam-se as intervenções e orientações aos ges
cos de manutenção e transformação (ibdem:7-10). 1998
tores, coordenadores, educadores, pais e alunos.
– Serviço de Orientação Educacional - Dificuldades
Como resultados, a referida divisão possibilita a
de aprendizagem - 1ª a 8ª série; 2001 – Departamento
redução dos problemas escolares, o favorecimento
de Apoio ao Desenvolvimento Educacional - Difi
da integração entre professores, alunos e familiares,
culdades de aprendizagem e TGD/deficiências -
o processo de ensino-aprendizagem, desenvolve
Municipal - 1ª a 8ª série; 2005 – Departamento de
competências socioemocionais nos educadores e nos
Apoio Especializado - TGD/deficiências - Municipal -
alunos, viabiliza o atendimento e acompanhamento
Ensino Infantil/ Fundamental 2010 – Departamento
integrado às famílias e aos alunos da rede municipal
de Paço do Lumiar. Pode-se avaliar que as atividades Técnico de Educação Especial - TGD/deficiência -
desenvolvidas no Município, proposta através de uma Municipal, estadual e particular: Ensino Infantil/
intervenção multiprofissional, promove uma melhor Fundamental/Médio; 2013 – Departamento de As
interação entre os atores do processo de ensino- sessoria Psicopedagógica de Educação Inclusiva -
aprendizagem, com vistas a realizar mudanças que Dificuldade de aprendizagem - Municipal - Ensino
busquem a transformação de um contexto escolar Infantil/ Fundamental. Incrustrado em um contexto
marcado por problemas em aspectos pedagógicos, eminentemente social, o psicopedagogo atua na
comportamentais, familiares, socioeconômicos e cul educação para contribuir com a aprendizagem
turais. Nesse sentido, o diálogo entre os diferentes humana. Sua prática específica canaliza a inter
saberes dos profissionais da equipe (psicopedagogos, disciplinaridade para os múltiplos aspectos-di
psicólogos, assistente social e pedagogo) deve compor mensões da aprendizagem. Tendo como maior de
uma nova rede de interrelações, de forma a constituir manda a dificuldade de aprendizagem escolar, sua
um trabalho que, ultrapassando a lógica do modelo atuação aponta uma crescente lacuna na formação
simples de atendimento, alcance uma reflexão na do professor e dos atores escolares (Noffs, 2003:
perspectiva da interdisciplinaridade. 128-33). Ainda confundido como um agente da
272
Resumo dos Trabalhos - Categoria Pôster
escolarização, o trabalho apresentado enfatiza que a administrativas da escola. Embora ainda não tenha
interdisciplinaridade psicopedagógica ultrapassa os sido concluído, este trabalho busca refletir sobre a
limites da aprendizagem escolar, pois esta está contida atuação psicopedagógica no ambiente escolar como
na aprendizagem humana, sem, contudo, ser o objeto ferramenta na formação continuada de professores.
da Psicopedagogia (Bossa, 2007: 24). Este trabalho faz parte da conclusão do curso de
formação do Espacio Psicopedagógico de Buenos
Aires (EPsiBA), tendo sido desenvolvido até dezembro
Eixo: Formação, Atuação e Pesquisa em Psicopedagogia de 2014 sob a orientação da professora e pesquisado
ra Alicia Fernández. Atualmente, encontra-se sob
INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA NO
orientação do professor Jorge Gonçalves da Cruz.
AMBIENTE ESCOLAR EM PROFESSORES
DO ENSINO FUNDAMENTAL COMO
ESTRATÉGIA DE FORMAÇÃO Eixo: Formação, Atuação e Pesquisa em Psicopedagogia
CONTINUADA
O DESENVOLVIMENTO MOTOR DE
Ilkeline de Paula
GÊMEOS PRÉ-TERMO EXTREMO DE
O presente trabalho descreve uma intervenção psi MUITO BAIXO PESO
copedagógica em professores no ambiente escolar.
Wirla Lima Iatalesi
Método: participaram da intervenção 17 professores
do Ensino Fundamental da rede municipal de Belo Objetivo: O estudo avaliou o desenvolvimento mo
Horizonte/MG. A escolha dos participantes foi tor de gêmeos pré-termo extremo de muito baixo
realizada pela escola de forma aleatória. O grupo peso matriculados em creche para verificar a ne
foi subdividido em grupos menores de 3 a 7 pro cessidade de acompanhamento psicopedagógico
fessores. As atividades tinham a duração de 60 mi por serem considerados Bebês de Risco, conforme o
nutos por grupo e foram realizadas com intervalos Referencial Curricular Nacional para Educação In
de aproximadamente 3 semanas. Inicialmente foram fantil. Buscou-se, também, definir o melhor critério de
previstas duas fases: a fase 1, de diagnóstico, quando avaliação psicopedagógica para criança prematura:
foram realizadas reuniões com a direção, coordenação idade cronológica ou idade corrigida. Método: Os
pedagógica e professores; a fase 2, distribuída participantes eram gêmeos do sexo masculino, com
em três etapas: levantamento dos alunos com ne nascimento à 28ª semana de gestação (pré-termo
cessidades psicopedagógicas, encaminhamentos extremo) e peso 1500, matriculados em creche.
e acompanhamento dos encaminhamentos. Após No início da pesquisa, os participantes estavam com
as primeiras sessões com os grupos de professores, idade cronológica de 6 meses e corrigida de 3 me
verificou-se uma necessidade premente de escuta ses. Os participantes foram submetidos a tarefas
dos mesmos. Para tanto, houve a adequação da para verificar a evolução dos reflexos primitivos/
primeira etapa da fase 2 para: “refletir sobre a própria estereotipias motoras e das habilidades motoras
modalidade de aprendizagem como instrumento rud imentares, conforme descritas por Gallahue.
na formação continuada de professores do Ensino Cada tarefa era realizada três vezes, filmadas e os
Fundamental”. Como estratégia de intervenção vídeos eram analisados posteriormente para coleta
foram realizados com os grupos, desenhos de “si de dados. Resultados: Os resultados mostraram de
tuação pessoa aprendendo” (SPA) (Fernández, senvolvimento motor abaixo do esperado na fase
2001), relato escrito e oral das brincadeiras quando dos reflexos primitivos e estereotipias motoras, con
criança e o significado do brincar no contexto escolar. siderando-se tanto a idade corrigida como a idade
Os encontros eram intercalados entre atividades cronológica, em razão de questões maturacionais
práticas e “Rodas de Reflexão”. Esta fase durou relacionadas ao parto prematuro. O desenvolvimento
de março a dezembro de 2013. Desde fevereiro de das habilidades motoras rudimentares demonstrou
2014, o projeto encontra-se interrompido em função atraso apenas considerando-se a idade cronológica.
da greve dos professores municipais e por questões Seria necessário mais tempo de avaliação para
273
Resumo dos Trabalhos - Categoria Pôster
verificar o impacto da idade corrigida sobre essas atuando em diversos ambientes, é preciso desenvol
habilidades. Algumas habilidades surgiram antes da ver, para além das metodologias de diagnóstico e
idade corrigida esperada, como consequência dos intervenção um espaço de diálogo/silêncio e de
estímulos do ambiente. Verificou-se, ainda, diferença interação saudável que caracteriza o modo singular
no desempenho entre os gêmeos, como resultado do do fazer psicopedagógico que convive e ressignifica
impacto da prematuridade sobre cada organismo os paradoxos necessários ao ensino e aprendizagem.
individualmente. Conclusão: Com base na atual de Referências: 1. Freire P. Pedagogia do oprimido. Rio
manda social, a creche compartilha com a família de Janeiro: Paz e Terra; 1987. 2. Freire P. Educação
o apoio e a estimulação da criança prematura. Este como prática da liberdade. Rio de Janeiro: Paz e Terra;
estudo sugere o acompanhamento psicopedagógico 1983. 3. Amatuzzi MM. O resgate da fala autêntica:
do prematuro considerando a idade corrigida com filosofia da psicoterapia e da educação. Campinas:
base nas questões maturacionais resultantes da in Papirus; 1989. 4. Fernández A. A atenção aprisionada:
terrupção da gestação. O apoio do Psicopedagogo à psicopedagogia da capacidade atencional. Trad.
unidade escolar torna-se importante para avaliar e Hickel NK. Porto Alegre: Penso; 2012. 5. Fernández
acompanhar prematuros enquanto grupo de risco, A. A mulher escondida na professora: uma leitura
além de orientar a equipe na estimulação da crian psicopedagógica do ser mulher, da corporalidade e
ça e, se necessário, encaminhá-la para programas da aprendizagem. Trad. Hickel NK. Porto Alegre:
de Estimulação Precoce em salas de atendimento Artes Médicas; 1994. 6. Orlandi EP. A linguagem
educacional especializado (AEE - Estimulação e seu funcionamento: as formas do discurso. 4ª ed.
Precoce). Campinas: Pontes; 1996. 7. Orlandi EP. As formas do
silêncio: no movimento dos sentidos. 3ª ed. Campinas:
Editora da UNICAMP; 1995. 8. Paín S. Subjetividade
Eixo: Formação, Atuação e Pesquisa em Psicopedagogia e objetividade: relação entre desejo e conhecimento.
São Paulo: CEVEC; 1996.
O FAZER PSICOPEDAGÓGICO: REVENDO
TEORIAS/PRÁTICAS NO CONTEXTO DA
PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA EM E.PSI.B.A. Eixo: Formação, Atuação e Pesquisa em Psicopedagogia
Patrícia Maria Castello Branco Lopes,
RELATO DE EXPERIÊNCIA DE UM
Kelly Soares Rosa
NÚCLEO DE INCLUSÃO, ACESSIBILIDADE
Objetivo: Promover uma reflexão a respeito da sin E APRENDIZAGEM NO
gularidade, multidisciplinaridade e ética na atuação ENSINO SUPERIOR
Psicopedagógica partindo das reflexões teórico-
Gustavo Henrique Mattos, Carla Spolavori
práticas vivenciadas e desenvolvidas durante o curso
de formação em Psicopedagogia Clínica oferecido Objetivo: Apresentação dos resultados obtidos pelo
pelo Espaço Psicopedagógico de Buenos Aires (E. trabalho do Núcleo de Inclusão, Acessibilidade e
Psi.Ba), no período de 2009 a 2012. Método: Pes Aprendizagem (NIAAP) no Ensino Superior, no que
quisa qualitativa a partir de nossas vivências, do se refere ao atendimento de discentes com Necessida
relato e reflexões teórico-práticas, sedimentando e des Educacionais Especiais (NEE), dificuldades de
comparando os autores bem como as experiências aprendizagem e altas habilidades. Método: O Nú
advindas de nossa atuação em consultório e sala de cleo está localizado em uma Instituição de Ensino
aula, enquanto psicopedagogas que participaram, Superior. No primeiro semestre de 2015, os principais
ao longo de quatro anos, do curso de formação em desafios diagnosticados foram: adaptação de alunos
Psicopedagogia Clínica em E.Psi.B.A, ministrado por com NEE, dificuldade de concentração, organização
Alícia Fernandez. Conclusão: A atuação e o olhar para estudos, falta de motivação, dificuldade de
clínico psicopedagógicos não se restringem aos leitura, escrita e compreensão. Após a realização da
espaços de atendimentos em consultório, revelando- anamnese, iniciaram-se encontros. Desenvolveram-se
se ensinante e aprendente como diferentes pessoas, intervenções que estimularam as funções cognitivas,
274
Resumo dos Trabalhos - Categoria Pôster
afetivas e sociais, de acordo com a necessidade atingidas dentro da proposta curricular de cada
de cada indivíduo, seguindo as orientações de sistema de ensino. Trata-se de um relato de experiên
Bossa (2007, p. 67): “compreender de forma global cia com uma turma de primeiro ano da rede de ensino
e integrada os processos cognitivos, emocionais, de Socorro que regulamentou sua prática aderindo
sociais, culturais, orgânicos, e pedagógicos que ao Pacto Nacional PNAIC, no ensino por ciclo. A refe
interferem na aprendizagem, a fim de possibilitar rida turma é composta por 27 alunos de idade entre 6 e
situações que resgatam o prazer de aprender em 7 anos em sua maioria e pouco mais de três alunos com
sua totalidade”. Resultados: Após as intervenções, idade entre 8 e 10 anos. Constitui-se um dos primeiros
constatou-se excelente adaptação dos alunos com desafios atender à demanda do processo de escrita
NEE na instituição, verificou-se, ainda, melhora sig de cada aluno que compõe o ambiente sistemático
nificativa no desempenho acadêmico, maior atenção de sala de aula, com necessidades, possibilidades e
e concentração durante as aulas, motivação para limites que se revelam ao passo que cada um entrar
os estudos, aperfeiçoamento na leitura e escrita, em contato com os desafios próprios do processo. A
aprimoramento nos hábitos de estudo, melhora na escrita da criança não resulta de simples cópia de um
expressão oral e na exposição de ideias em sala de modelo externo, mas é um processo de construção
aula, maior segurança frente aos desafios, capacidade pessoal (Ferreiro, 2001) Em avaliação de sondagem,
de controlar medos e ansiedade, desenvolvimento no início do ano letivo, constatou-se que das 27
de habilidades sociais. Tais resultados foram notados crianças matriculadas apenas duas estavam com o
por meio de feedback dos alunos, professores e nível de leitura e escrita alfabética e os demais no nível
coordenadores de curso, bem como acompanhamen II, segundo a psicogênese da leitura e da escrita de
to das notas no decorrer do semestre. Conclusão: Emília Ferreiro, compatível com crianças de 4 anos.
Conclui-se que a implantação do Núcleo de Inclusão, Trabalhar com essas disparidades na leitura e na
Acessibilidade e Aprendizagem foi de demasiada escrita como orienta o pacto nacional não é suficiente,
importância para o desenvolvimento dos alunos pois essa defasagem de níveis demanda atividades
atendidos. O psicopedagogo tem papel fundamental diferenciadas. Percebeu-se a necessidade de se lançar
na instituição de Ensino Superior, favorecendo mão de atividades padronizadas e, a partir do olhar
significativamente os processos de aprendizagem. sistêmico e dos fundamentos da psicopedagogia,
Embora tenhamos encontrado registros de iniciati montar estratégias que pudessem atender a essas
vas deste trabalho em outras Instituições de Ensino diferenças e entre elas entender que a aprendizagem
Superior, notamos que ele ainda precisa ganhar não envolve apenas os aspectos cognitivos, mas
forças, para isso é necessário que as IES criem es também afetivo e da ordem do corpo que está em pleno
paços para que este trabalho se fortaleça e, de fato, desenvolvimento. Referências: Ferreiro E. Reflexões
todos tenham acesso a uma formação de qualidade, sobre alfabetização. São Paulo: Cortez; 2001. Scoz
adequada e igualitária no contexto acadêmico. B. Psicopedagogia e realidade escolar: o problema
escolar e de aprendizagem. Petrópolis: Vozes; 1994.
O objetivo do presente trabalho é trazer para dis Manter parcerias com grupos de voluntários para
cussão a importância do professor lançar um olhar minimização dos problemas de aprendizagem de
psicopedagógico para as relações de ensino-apren tectados nas crianças e adolescentes, faixa etária de
dizagem e que dialogam com as metas a serem 9 a 15 anos, na Entidade Fraternidade do Triângulo
275
Resumo dos Trabalhos - Categoria Pôster
Ramatis. Uma amostra do público atendido nos Eixo: Psicopedagogia em Diversas Linguagens
Projetos da Entidade Fraternidade do Triângulo
Ramatis apresenta sérias dificuldades de leitura, APOIO PSICOPEDAGÓGICO AO JOVEM
escrita e matemática. Apesar da ONG não ter como ADULTO COM SÍNDROME DE DOWN EM
principal objetivo a educação, há empenho para PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO:
sanar as principais dificuldades diagnosticadas na ESTUDO DE CASO
avaliação inicial, no ingresso à ONG. Assim, esta
Juliana Moreira Ribeiro
beleceu-se parceria com uma das Universidades
de Limeira, Projeto Edhuca Unicamp e Projeto de Este trabalho trata-se de um trabalho de conclusão
Intercâmbio (AIESEC), conseguindo vinte e nove de curso em Bacharelado em Psicopedagogia Clínica
voluntários para atender aos casos emergenciais e Institucional. O objetivo geral desta pesquisa foi
de forma totalmente individualizada. As atividades a importância do apoio psicopedagógico ao jovem
foram programadas com antecedência e visaram adulto com síndrome de Down em processo de al
sanar as dificuldades detectadas na avaliação inicial. fabetização. Trata-se de um estudo de caso de um
As crianças e os adolescentes demonstraram maior estudante de 21 anos com síndrome de Down de um
interesse e conseguiram se manter focados por mais Núcleo de Prática Pedagógica Educacional a Jovens
tempo, já que o atendimento foi feito individualmen e Adultos, em fase de alfabetização. O jovem passou
te (voluntários Projeto Edhuca Unicamp). O contato por uma avaliação e intervenção psicopedagógica
dos voluntários do Projeto de Intercâmbio permitiu no período de agosto a dezembro de 2014 e de
vivência nos idiomas inglês e espanhol, sendo fevereiro a julho de 2015. Nesta pesquisa de natureza
bastante enriquecedor. A coordenadora de projetos qualitativa, em nível exploratório através de estudo
da ONG, Tatiana, faz as traduções e proporcionou de caso, fazendo uso de ferramentas especificas,
atividades dinâmicas de vivência com todo grupo. M.T mostrou-se afetuoso, educado, aceitando bem
No primeiro semestre, houve a participação de vo as propostas durante os atendimentos, apresentou
luntários da Alemanha, México, Colômbia, Rússia, dificuldades nas áreas cognitiva/pedagógica e afetivo/
Egito e Inglaterra. O sucesso das parcerias foi tão social. O jovem possuía uma discrepância entre a
grande que, nesse segundo semestre, o número de idade de desenvolvimento e a idade cronológica,
voluntários inscritos no Projeto Edhuca UNICAMP foi dificultando sua aprendizagem, bem como um víncu
o dobro do número de vagas oferecidas. As crianças lo insatisfatório, baixa autoestima, frustração consigo
e adolescentes atendidos demonstraram melhora na mesmo, falta de autonomia e autodeterminação. A
autoestima e, principalmente, na vontade de aprender. partir dos atendimentos psicopedagógicos pode-se
Já o Projeto de Intercâmbio proporcionou, além de elaborar um plano terapêutico na busca da estimulação
maior estímulo pelo estudo de outra língua, maior de sua aprendizagem escolar e também orientações
divulgação da Entidade, já que os voluntários também para atividades de vida diária em parceria conjunta
contribuíram para manutenção da página online e com a família e demais profissionais envolvidos. Com
vídeos de conscientização do trabalho desenvolvido. base nos testes aplicados foi desenvolvido com M.T
Referência: Muitos lugares para aprender/Centro de aspectos que o auxiliassem a se ajustar às expectativas
Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação escolares e de vida diária, visando a desenvolver seu
Comunitária – CENPEC – São Paulo, CENPEC/ Fun potencial, além de exercer o controle sobre a sua própria
dação Itaú Social/ UNICEF, 2003. aprendizagem, estimular um trabalho multidiscipli
nar, com o acompanhamento fonoaudiológico, psicoló
gico, neurológico e psicopedagógico. Através de
jogos, diálogo, acompanhamento do calendário M.T
desenvolveu o interesse pela leitura e escrita, pela a
rotina do seu dia, também passou a compreender o
significado de mais e menos, passou a participar de
uma oficina psicopedagógica e a ter mais paciência
diante das dificuldades. Através desta pesquisa
276
Resumo dos Trabalhos - Categoria Pôster
277
Resumo dos Trabalhos - Categoria Pôster
intervenção psicopedagógica por meio do lúdico, leitura e escrita em idades precoces desenvolvidos
no processo de aprendizagem, oferece às crianças para a população brasileira, portanto o presente
com dificuldades de aprendizagem, alternativas teste desenvolvido contribui para área de avaliação
para desenvolver técnicas e planejamento para cognitiva infantil assim como apresentou correlações
obter melhores resultados escolares1, possibilitando significativas com outras habilidades cognitivas
uma retenção mais qualificada do conteúdo e, avaliadas importantes para a aprendizagem.
consequentemente, melhor desempenho acadêmico.
Referências: 1. Cordeiro ML (org.) et al. Brincar para
Aprender: A Neurociência e a Psicopedagogia no Eixo: Psicopedagogia em Diversas Linguagens
Processo de Aprendizagem. Curitiba: Associação
LEITURA E ESCRITA: UMA INTERVENÇÃO
Hospitalar de Proteção à Infância Dr. Raul Carneiro;
PSICOPEDAGÓGICA
2015.
Patricia dos Santos Pessoa,
Márcia Siqueira de Andrade
Eixo: Psicopedagogia em Diversas Linguagens
Objetivo: O objetivo deste trabalho é a utilização
INSTRUMENTO DE AVALIAÇÃO DE de obras da literatura infantil no atendimento psi
HABILIDADES INICIAIS DE LEITURA E copedagógico. Relata atendimento de intervenção
ESCRITA EM PRÉ-ESCOLARES de menina de nove anos, cursando o terceiro ano
do Ensino Fundamental I, apresentando problemas
Pazeto TCB, Léon CBR, Pereira APP, Seabra AG
de aprendizagem de leitura e escrita. Método: Os
A avaliação cognitiva de pré-escolares é importante atendimentos aconteceram semanalmente duran
para a detecção precoce de possíveis dificuldades1. te um semestre no ano de 2013, na clínica de Psi
A pesquisa teve como objetivo avaliar as habilidades copedagogia do Centro Universitário Fieo. Foram
de linguagem escrita por meio do desenvolvimento utilizadas diversas obras da literatura infantil, tais
de um teste para a avaliação inicial da leitura e como: Chapeuzinho Amarelo e livros de poesias. A
escrita. Participaram 90 crianças, de 4 a 6 anos, das cada sessão lhe era apresentado um livro diferente
séries Jardim I e II de uma escola particular de São para que as atividades pudessem ser abordadas. Foi
Paulo. O Teste de Leitura e Escrita2 tem como objetivo feito um trabalho com leituras, recortes e desenhos
avaliar as habilidades iniciais de leitura e de escrita utilizando-se de materiais escolares. Para Abramovich
sob ditado. Cada etapa do teste é composta por 8 (2001, p.22), o significado de escutar histórias
palavras e 2 pseudopalavras, divididas em regulares e amplo e fornece possibilidades e descobertas.
de alta frequência e baixa frequência, irregulares Resultados: Os resultados indicam que a utilização
de alta e baixa frequência e pseudopalavras. As das obras literárias no processo de intervenção
palavras progridem em grau de dificuldade. O teste psicopedagógica possibilitou trabalhar a percepção,
apresentou evidências de validade com efeito de autonomia, leitura e escrita, de forma dinâmica,
série e idade, assim como correlações com outras para que o aprendizado pudesse acontecer de forma
habilidades de linguagem oral e funções executivas. lúdica e criativa, levando-a ao entendimento de que
Foram verificadas altas correlações entre o teste de a aprendizagem é possível. No final do trabalho,
senvolvido e habilidades de consciência fonológica verificou-se que a criança já conseguia fazer as pri
e de reconhecimento de sons. Por ser composto por meiras leituras e escritas. Conclusão: A utilização de
poucos itens o teste se mostrou eficaz e de rápida livros literários infantis foi muito positiva durante a
aplicação na idade avaliada3,4. Cada palavra do teste intervenção psicopedagógica, pois ela foi instrumento
é pontuada por meio de uma porcentagem de letras principal para o auxílio durante as sessões, levando
escritas corretamente, o que permite compreender tanto paciente quanto psicopedagoga à reflexão da
em que fase de desenvolvimento da leitura e da afetividade, os motivos das dificuldades e para que a
escrita a criança se encontra5. Atualmente, poucos intervenção pudesse ser de fato realizada. O trabalho
são os instrumentos de avaliação das habilidades de realizado foi positivo, pois conseguiu proporcionar
278
Resumo dos Trabalhos - Categoria Pôster
279
Resumo dos Trabalhos - Categoria Pôster
280
Resumo dos Trabalhos - Categoria Pôster
que exerçam função parental ou relação de poder ano do Ensino Fundamental I de uma escola particular
a outra, pode ser física, sexual ou psicológica. Um de São Paulo, bem como seus pais. As crianças
ambiente violento poderá interferir diretamente no responderam ao Teste de Atenção por Cancelamento
desenvolvimento da criança em formação. A literatura (TAC) e os pais preencheram o Inventário de Fun
pesquisada comprova que há uma relação direta entre ções Executivas e Autorregulação (IFERI). Houve
ambiente familiar e problemas de comportamento correlação significativa moderada entre medidas
apresentados por crianças com baixo desempenho do TAC e do IFERI. O resultado geral do IFERI cor
escolar, comprovados em estudos empíricos. No relacionou-se de forma positiva e significativa com
contexto escolar, a violência intrafamiliar pode ser a parte 3 do TAC, que avalia atenção alternada.
detectada a partir de algumas observações, como Já a escala de Flexibilidade cognitiva do IFERI
ausência frequente, baixo rendimento, falta de atenção correlacionou-se, de forma positiva e significativa,
e concentração, apatia, agressividade e choro. Muitas com os escores na parte 2 (que avalia atenção seletiva)
crianças são retidas nas séries iniciais do ensino e no total do TAC. Dessa forma, o estudo revelou que
fundamental com dificuldades de aprendizagem ou, algumas medidas de relato dos pais, avaliadas pelo
às vezes, adquirem um diagnóstico equivocado de IFERI, têm relação significativa com algumas medidas
um transtorno ou distúrbio de aprendizagem, quando de desempenho em testes de atenção, avaliadas pelo
muitas vezes, na verdade, ela é vítima de violência TAC. Tal resultado fornece evidências de validade a
intrafamiliar e o sintoma de sua vitimização reflete na ambos os instrumentos e corrobora a importância de
escola. Pais e professores discutem de quem é a culpa se usar diferentes tipos de medidas e de informantes
da “dificuldade” que ali surge, quando na verdade o na avaliação de crianças.
sintoma revela uma causa que requer outro tipo de
cuidado. Destaca-se a importância de estudar um
fenômeno complexo, como o impacto da violência
intrafamiliar e as dificuldades de aprendizagem
apresentadas pela criança vítima de violência em
seu próprio lar.
FUNÇÕES EXECUTIVAS E
AUTORREGULAÇÃO: RELATO DOS PAIS E
DESEMPENHO NOS TESTES
Ana Paula Prust, Luma Graciela Costa Oliveira,
Mariana Emi Kimura, Mayara Miyahara Moraes
Silva, Gabriela Yumi Castilho Iano
281
ASSOCIADOS TITULARES – 2015
GLEIDE MOREIRA TEIXEIRA GUIMARÃES FRANCISCA FRANCINEIDE CÂNDIDO ELINE LIMA MOREIRA DE AZEVEDO
cops_psicopedagogia@hotmail.com franciscafrancineide@yahoo.com.br elineazevedo@ig.com.br
(71) 3498-5000 – Graça (85) 3272-3966 – Fátima (61) 3901-7583 – Vila Tecnológica
ELISA MARIA DIAS DE TOLEDO PITOMBO NÁDIA APARECIDA BOSSA VERA MEIDE MIGUEL RODRIGUES
elisapitombo@ig.com.br nbossa@terra.com.br verameide@uol.com.br
(11) 5184-1340 – Granja Julieta (11) 2268-4545 – Mooca (11) 3511-3888 – Pacaembu
www.congressoabpp.com.br
REALIZAÇÃO
Associação Brasileira
de Psicopedagogia
Tel.: 11 3085.7567
www.abpp.com.br
INFORMAÇÕES, INSCRIÇÃO
EXPOSIÇÃO E PATROCÍNIOS
Tel.: 11 3062-1722
congressoabpp.com.br