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REPUBLICA DE ANGOLA

TRIBUNAL CONSTITUCIONAL

ACÓRDÃO N.°538/2019

PROCESSO N.° 688-D/2019


Recurso Extraordinário de I nconstitucional idade

Em nome do povo, acordam, em Conferência, no Plenário do Tribunal


Constitucional:

I. RELATÓRIO

José Filomeno de Sousa dos Santos, com os demais sinais de identificação


nos autos, vem, nos termos da alínea a) do artigo 49.° da Lei n.° 3/08, de 17
de Junho - Lei do Processo Constitucional (LPC), interpor o presente
Recurso Extraordinário de Inconstitucionalida.de, por não se conformar com a
decisão que apreciou o "Recurso ao despacho do Juiz de Turno que
ordenou a manutenção da medida de coacção pessoal de prisão preventiva d,
arbitrada pelo Magistrado do Ministério Público", por entender que houve / /^
violação dos direitos, princípios, liberdades e garantias constitucionais.

O Recorrente apresentou neste Tribunal as alegações para sustentar o pedido


e, em síntese, asseverou o seguinte:


Foi nomeado PCA do Fundo Soberano de Angola em 2012 e
exonerado em Janeiro de 2018;
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Foi submetido a auto de interrogatório no dia 29 de Maio de 2018 e
constituído arguido nesta mesma data;
Tendo-lhe sido aplicadas medidas de coacção, nomeadamente, Termo
de Identidade e Residência, Apresentação Periódica às Autoridades e
Proibição de Saída do País e, consequentemente, apreensão dos
passaportes;

No dia 24 de Setembro de 2018, foi submetido a um interrogatório em


aditamento, em que foi dada ordem de prisão preventiva, com
objectivo de influenciar terceiros e perturbar a instrução preparatória;

No dia 22 de Novembro foi notificado do despacho de manutenção da


medida de coacção pessoal com os mesmos argumentos;

Inconformado recorreu ao Juiz de Turno, nos termos do artigo 3.°


conjugado com artigo 51.° da Lei n.° 25/15 de 18 de Setembro - Lei
das Medidas Cautelares em Processo Penal, mas, foi-lhe negado
provimento;

O processo ainda se encontra na fase instrutória, e nos termos da


alínea a) do n.° 1 do artigo 40.° a prisão preventiva cessa quando desde
o seu início decorrerem: quatro meses sem acusação do arguido;

Não consideraram os mais elementares direitos, princípios e garantias


fundamentais, dentre os quais liberdade de ir, vir e ficar e o princípio,
da proporcionalidade;

A prorrogação da prisão preventiva é igualmente eivada de excesso, ^\O0(\-


com fundamentos inconcebíveis, pois de Maio a Setembro não
praticou quaisquer actos que importunassem a tramitação do processo;

Reitera que a prisão contraria de modo flagrante o princípio^da—~>


proporcionalidade, necessidade e subsidiariedade, nos termos do
artigo 17.° da Lei n.° 25/15 de 18 de Setembro, e 36.° n.°l e 57.° da
CRA; \jC£
A complexidade do processo não constitui fundamento para • ^^
manutenção da prisão, bastando analisar o artigo 19.° da Lei n.° 25/15 Q^^^
de 18 de Setembro;
• O reexame das medidas cautelares pressupõe alteração da medida
mais gravosa pela menos gravosa, cfr. n.° 1 e 3 do artigo 39.°
conjugado com o n.° 1 e 2 do artigo 36.° da mesma lei;

• A prisão com base na gravidade do crime constitui-se em antecipação


indevida da punição, violadora do princípio da presunção da
inocência.

Terminou pedindo que se dê provimento à sua pretensão, alterando a medida


de coacção prorrogada, por outra menos gravosa.

O processo foi à vista do Ministério Público.

Colhidos os vistos legais, cumpre agora, apreciar para decidir.

H. COMPETÊNCIA

O recurso extraordinário de inconstitucionalidade interposto pelo


Recorrente, vem previsto na alínea m) do artigo 16.° da Lei n.° 2/08, de 17 de
Junho - Lei Orgânica do Tribunal Constitucional (LOTC), e no artigo 49.°
LPC, sendo que se impõe a obrigatoriedade do esgotamento da cadeia
recursória ordinária.

Em conseqüência, o artigo 53.° da LPC estabelece que a competência para


decidir os recursos extraordinários de inconstitucionalidade previstos no artigo 49. °da
presente lei é do Plenário deJuizesdo Tribunal Constitucional.

Nestes termos, o Plenário do Tribunal Constitucional é o órgão competente


para apreciar e decidir o presente recurso extraordinário de
inconstitucionalidade.

m. LEGITIMIDADE

Tem legitimidade activa quem possui interesse directo em demandar >€".


legitimidade passiva quem tem interesse directo em responder à demanda.

Ora, o Recorrente tem legitimidade activa nos termos da alínea a) do artigo


50.° da Lei n.° 3/08, de 17 de Junho - LPC, porquanto, viu prorrogada a
medida de coacção pessoal - prisão preventiva, isto é, improcedente o seu
recurso.
IV. OBJECTO

O recurso em causa tem por objecto apreciar o Acórdão do Tribunal


Supremo que manteve a medida de coacção pessoal - prisão preventiva
arbitrada pelo Digno Magistrado do Ministério Público.

V. APRECIANDO

Constitui facto de conhecimento público que o Recorrente nos presentes


autos já se encontra em liberdade.

Assim sendo, revela-se a inutilidade superveniente do presente recurso, tal


como promove a Magistrada do Ministério Público junto deste Tribunal, cfr.
a fls. 88 versos dos autos.

A semelhança do que acontece com as acções, a forma normal de extinção


dos recursos é o julgamento, o que nos leva a concluir que todo o recurso em
princípio tem a sua instância extinta, por via do julgamento.

Todavia, ao longo da marcha processual dos recursos, podem ser praticados


actos que impliquem a sua extinção mesmo antes do julgamento, o que é
comummente entendido como causas anômalas de extinção da instância.

As causas de extinção da instância estão previstas no artigo 287.° do CPC,


no entanto, no caso em apreço, estamos diante da inutilidade superveniente j
da lide, aplicável por força do artigo 2.° da Lei n.° 3/08, de 17 de Junho -/ /
LPC.

Atendendo a que a decisão é o objecto do recurso, há, efectivamente,C/ ' sjfr


inutilidade quando as razões que estiveram na base da sua interposição
desapareceram, ou seja, não subsistem razões para a manutenção do recurso.
No caso, visando o recurso atacar a manutenção da decisão que em atenção
a alteração das circunstâncias despareceu, há claramente inutilidade da lide
na medida em que cai por terra o efeito útil normal do recurso.

Por último, importa frisar, o segmento constante da jurisprudência deste


Tribunal nos Acórdãos n.° 422/2017, 475/2018 e 485/2018.
DECIDINDO

Nestes termos,

Tudo visto e ponderado, acordam em Plenário, os Juizes Conselheiros do


Tribunal Constitucional, em: Sul-cÁo-*^**- jo<.JVvlT«c r*. ^f^c-V

Sem custas, nos termos do artigo 15.° da Lei n.° 3/08, de 17 de Junho - Lei
do Processo Constitucional.

Notifique.

Tribunal Constitucional, em Luanda, aos 9 de Abril de 2019.

OS JUIZES CONSELHEIROS

Dr. Manuel Miguel da Costa Aragão (Presidente) (MfJ.


V
Dr. Américo Maria de Morais GarciaOtQ^uL^t^ 'wàql, t%x *^- (^-f.{uÀck
Dr. Antônio Carlos Pinto Caetano de Sousa

Dr. Carlos Magalhães Z±


Dra. Josefa Antónia dos Santos Neto \cSj£)<^ /Wí-Oviaju &JJ> -><^viUs /UCif)
Dr. Raul Carlos Vasques Araújo (Relator) ÇL^*À*^Ar^<~^ y"
Dr. Simão de Sousa Victor '^H-^ \ ;>r&^^
Dra. Teresinha Lopes_

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