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SOBRE

RADIOTERAPIA
RUI PAULO RODRIGUES
Especialista em Radioterapia
Coordenador da Unidade de Radioterapia
do Hospital CUF Descobertas
http://ruirodrigues.pt

GAZETA MÉDICA . DEZEMBRO 2009 9


geram nos tecidos uma cascata de eventos, que se
MECANISMOS inicia no primeiro milésimo de segundo da interac-

DE ACÇÃO ção. A ionização inicial (fase física) é seguida de lesão


imediata de macromoléculas vitais a nível celular, ou
Radioterapia (RT) é o uso controlado de radiações io- indirectamente pela cisão de moléculas de água, de
nizantes para fins terapêuticos. As radiações dizem-se que resultam radicais livres de oxigénio, altamente
ionizantes por levarem à formação de iões nos meios reactivos a nível molecular (fase físico-química). Após
em que incidem, induzindo modificações mais ou alguns minutos a lesão bioquímica sobre as molécu-
menos importantes nas moléculas nativas, através de las de DNA e RNA é potencialmente letal. A sobrevi-
uma cascata de eventos que se inicia no primeiro mi- vência de cada célula atingida vai depender da sua
lésimo de segundo da interacção. A ionização inicial capacidade para reparar o dano motivado pela radia-
é seguida de lesão imediata de macromoléculas vi- ção, modulando os efeitos biológicos observáveis
tais, ou indirectamente pela cisão de moléculas de desde algumas horas ou dias após a exposição, até
água, de que resultam radicais livres de oxigénio, al- meses ou anos após conclusão da radioterapia.
tamente reactivos a nível molecular. Após alguns mi- A causa mais frequente de morte celular induzida pelas
nutos a lesão bioquímica sobre as moléculas de radiações é a devida à incapacidade de corrigir as le-
ácidos nucleicos é potencialmente letal. sões na cadeia de DNA e manifesta-se quando a célula
Dos tipos de radiação empregues distinguem-se os tenta dividir-se. Assim uma célula em G0 não é sus-
electrões, partículas directamente ionizantes, por in- ceptível de evidenciar estas lesões. É o caso de tecidos
terferência directa sobre as moléculas do hospedeiro como o osso,cujas células mantêm funções vegetativas
e os fotões que, ao interagirem num meio, induzem a durante largos períodos, sem se dividirem.
produção de electrões secundários, sendo por isso de-
signados indirectamente ionizantes. As radiações Interacção física: absorção de energia, ionização,
excitação;
Fase físico-química:
- efeito directo (macromoléculas vitais);
- efeito indirecto (radicais livres de oxigénio)
Alterações moleculares: quebra de ligações,
polimerização, despolimerização;
Lesão bioquímica:
- síntese de DNA e RNA, inibições enzimáticas;
- núcleo celular: DNA - alterações cromossómicas
- RNA - alterações funcionais
Efeitos biológicos: lesão do material genético,
alterações metabólicas.

A investigação laboratorial em culturas de tecidos


permitiu determinar a existência de zonas mais sen-
síveis no ciclo celular, sugerindo que o emprego de
medidas que induzam as células a entrar em ciclo, ou
as forcem a permanecer nas fases mais sensíveis do
FIGURA 1
mesmo, tendem a promover a sensibilização às ra-
Posicionamento para tratamento no acelerador linear
diações, o que pode explicar os resultados obtidos
com radioquimioterapia.

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INDICAÇÕES
DA RADIOTERAPIA
Perto de metade dos novos casos de cancro são su-
jeitos a radioterapia sendo ainda irradiados cerca de
500 casos de recidiva por ano e por milhão de habi-
tantes, prevendo-se anualmente cerca de 2500 doen-
tes para tratamento com radioterapia, por cada
milhão de habitantes. A radioterapia pode ser pres-
crita como único tratamento em muitas circunstân-
cias, por ser a melhor opção ou por constituir uma
alternativa válida à cirurgia ou quimioterapia. As neo-
plasias da cavidade oral, pele ou lábio, em estádios
precoces, têm respostas idênticas à radioterapia e à
cirurgia, com a vantagem de a primeira não provocar
mutilação ou deformidade local significativa. Nou-
tros casos, por deficientes condições operatórias ou
recusa do doente, a radioterapia pode constituir uma
alternativa válida, com ou sem quimioterapia asso-
ciada. A combinação da radioterapia com a cirurgia
pode ocorrer em pré-operatório, para viabilizar uma
cirurgia inicialmente impossível, reduzir a probabili-
dade de contaminação do leito operatório ou para
permitir uma cirurgia menos mutilante; pós-opera-
tório, no caso de ressecção incompleta ou quando o
FIGURA 2
risco de recidiva local é elevado; intraoperatório, prin-
cipalmente em tumores abdominais, onde a admi- Acelerador linear Elekta Synergy S

nistração transcutânea de doses eficazes é quase


impossível.
da doença de Hodgkin e de algumas apresentações de
A combinação com a quimioterapia, tem permitido al- linfomas não Hodgkin, os resultados são sobreponí-
guns resultados encorajadores, associando o seu veis aos obtidos com terapêutica citostática.
efeito sistémico à eficácia local da radioterapia, sendo
A radioterapia externa sofreu grandes modificações
utilizada sobretudo em tumores do aparelho diges-
desde os raios-X de baixas energias (até 400kVp), pas-
tivo e da esfera ORL. Os resultados da radioterapia de-
sando pela radiação gama do Cobalto-60, até aos
pendem da localização e do estádio inicial. Por regra,
raios -X de energias entre 4 e 25MV produzidos pelos
nos estádios precoces de patologias cuja expressão é
modernos aceleradores lineares. Estes feixes de radia-
essencialmente local, os resultados são excelentes,
ção electromagnética e o uso de feixes de electrões
com alterações mínimas a nível cosmético e funcio-
permitem administrar doses terapêuticas em volumes
nal, nomeadamente no cancro da cavidade oral, la-
muito precisos. A administração numa determinada
ringe, mama, próstata e canal anal. A radioterapia é
zona do organismo de uma dose eficaz, minimizando
uma modalidade terapêutica que tem indicação for-
a irradiação dos tecidos sãos, é possível recorrendo ao
mal nos tumores avançados da mama, ginecológicos
uso simultâneo de várias portas de entrada do feixe
ou de cabeça e pescoço, associada a cirurgia e/ou a
de tratamento e usando diversos modificadores do
quimioterapia. No tratamento das formas localizadas

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feixe que permitem proteger certas zonas ou modifi-
car a distribuição de dose em profundidade. As tec-
nologias actualmente disponíveis para o diagnóstico
imagiológico, nomeadamente a tomografia axial
computorizada, ressonância magnética ou PET, em
conjunto com os actuais sistemas informáticos de pla-
neamento dos tratamentos, permitem administrar
doses cada vez maiores, em volumes de tecido cada
vez mais precisos. O uso integrado das mais recentes
tecnologias e de rigorosos princípios operacionais, per-
mite optimizar a qualidade do tratamento através de
um melhor controlo tumoral associado a menor mor-
bilidade (utilizando maior dose mas com redução do
volume de tecidos sãos irradiados).

RADIOBIOLOGIA
Teoricamente, nenhuma célula ou tecido é imune à
acção das radiações ionizantes, apenas podendo va-
riar a dose necessária. Na prática há um limite à
quantidade de radiação possível de administrar, im-
posto pelos tecidos sãos do hospedeiro. Alguns tu-
mores são intrinsecamente muito sensíveis às
radiações, pelo que a dose a administrar fica bem
abaixo da tolerância dos tecidos adjacentes, sendo
fácil o seu controlo com radioterapia. Outros apre-
sentam tão grande capacidade de resistência que
para os irradicar seria posta em causa a integridade
de todo o organismo, tal a dose necessária. A exten-
são tumoral a tecidos como o osso ou a cartilagem
determinam alterações na perfusão levando à hipó-
xia relativa, factor de resistência. A localização tumo-
ral na proximidade de estruturas vitais com baixa
tolerância às radiações impede a administração de
doses tumoricidas. Embora a presença de metásta-
ses exclua a radioterapia como terapêutica curativa,
esta pode ser usada eficazmente na paliação de si-
nais e sintomas significativos (dor, hemorragia).
Em radioterapia externa a dose total é administrada
em pequenas fracções diárias, durante um período de
várias semanas. Esta prática surgiu da observação de
FIGURA 3
que assim se obtinha uma boa taxa de curas com
Plano inclinado em fibra de carbono,
efeitos secundários pouco significativos. A adminis- para posicionamento e imobilização

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tração de pequenas fracções diárias, ou por um in- duláveis, externos, nos quais podemos interferir com
tervalo mínimo de seis horas, permite a recuperação vista a aumentar o índice terapêutico. A intervenção
dos tecidos sãos sem comprometer o controlo tumo- no ciclo celular e o emprego de fármacos modulado-
ral. Na braquiterapia as fontes radioactivas são colo- res da fase físico-química, alterando a quantidade de
cadas dentro do tumor (intersticial), em cavidades ou radicais livres formados, são medidas possíveis.
‘tubos’ do organismo (intracavitária; p.e. útero ou in-
Sabe-se, há muito, que uma boa oxigenação é funda-
traluminal; p.e. esófago) ou simplesmente em con-
mental, sendo a hipóxia local um importante factor
tacto com o tumor (plesioterapia). A sobrevivência de
de resistência tumoral. O emprego de hipertermia
cada célula atingida vai depender da sua capacidade
tem a vantagem de ser mais eficaz sobre as células
para reparar o dano motivado pela radiação, modu-
menos oxigenadas, tendo uma acção complementar
lando os efeitos biológicos observáveis desde algu-
à da radioterapia. Diferentes tipos de radiação, capa-
mas horas ou dias após a exposição, até meses ou
zes de produzir maior número de ionizações ao longo
anos após conclusão da Radioterapia.
do seu trajecto (maior transferência linear de ener-
A causa mais frequente de morte celular induzida gia/LET - linear energy transfer), são igualmente mais
pelas radiações é a devida à incapacidade de corrigir eficazes (neutrões, mesões pi, partículas alfa).
as lesões na cadeia de DNA e manifesta-se quando a
A possibilidade real de controlar um tumor com radio-
célula tenta dividir-se. Assim uma célula em G0 não
terapia, ou radiocurabilidade, depende de factores que
é susceptível de evidenciar estas lesões. É o caso de
vão desde a sensibilidade intrinseca do tumor e do seu
tecidos como o osso, cujas células mantêm funções
volume , até ao estado geral do doente, que faz variar
vegetativas durante largos periodos, sem se dividi-
a capacidade de recuperação dos tecidos normais. A
rem. A investigação laboratorial em culturas de teci-
extensão tumoral a tecidos como o osso ou a cartila-
dos permitiu determinar a existência de zonas mais
gem determinam alterações na perfusão levando à hi-
sensíveis no ciclo celular. Esta observação sugere que
póxia relativa, factor de resistência. A localização
o emprego de medidas que façam as células entrar
tumoral nas imediações de estruturas vitais com baixa
em ciclo ou as forcem a permanecer nas fases mais
tolerância às radiações impede a administração de
sensíveis do mesmo, tende a promover a sensibiliza-
doses tumoricidas. Embora a presença de metástases
ção às radiações, o que pode explicar os resultados
exclua a radioterapia como terapêutica curativa, esta
obtidos com radioquimioterapia. Teoricamente ne-
pode ser usada eficazmente na paliação se sinais e sin-
nhuma célula ou tecido é imune à acção das radia-
tomas significativos (dôr, hemorragia). Os termos ra-
ções ionizantes, apenas podendo variar a dose
diossensibilidade e radiocurabilidade podem ser
necessária. Na prática há um limite à quantidade de
difíceis de integrar, tal o número de variáveis conside-
radiação possível de administrar, imposto pelos teci-
rado. Na prática é possível estabelecer uma escala de
dos sãos do hospedeiro.
sensibilidades para os tumores malignos mais fre-
Alguns tumores são intrinsecamente muito sensíveis quentes. Os tumores hemolinfáticos, leucemias e lin-
às radiações, pelo que a dose a administrar fica bem fomas, são tipicamente os mais sensíveis, sendo
abaixo da tolerância dos tecidos adjacentes, sendo frequentemente controlados com doses da ordem dos
fácil o seu controlo com radioterapia. Outros apre- 4000cGy em 4 semanas, o mesmo acontecendo com
sentam tal capacidade de resistência que para os ani- neoplasias da série germinal. No extremo oposto en-
quilar seria posta em causa a integridade de todo o contramos os melanomas, que evidenciam uma ex-
organismo, tal a dose necessária. A radiossensibili- cepcional resistência à radioterapia convencional. A
dade relativa de cada tumor está relaccionada com meio da escala encontram-se os tumores sólidos, que
características específicas das suas células, que ditam entre si exibem sensibilidades diversas, fazendo juz a
a sua capacidade para reparar as lesões no genoma, alguns dos factores determinantes da sensibilidade e
induzida pelas radiações. Há, no entanto, factores mo- curabilidade, atrás enumerados.

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com baixa tolerância às radiações impede a adminis-
RADIOSSENSIBILIDADE tração de doses tumoricidas. A administração numa
Teoricamente nenhuma célula ou tecido é imune à determinada zona do organismo de uma dose eficaz,
acção das radiações ionizantes, apenas podendo va- minimizando a irradiação dos tecidos sãos, é possível
riar a dose necessária. Na prática há um limite à recorrendo ao uso simultâneo de várias portas de en-
quantidade de radiação possível de administrar, im- trada do feixe de tratamento, usando diversos modi-
posto pelos tecidos sãos do hospedeiro. Alguns tu- ficadores do feixe que permitem proteger certas
mores são intrinsecamente muito sensíveis às zonas ou modificar a distribuição de dose em pro-
radiações, pelo que a dose a administrar fica bem fundidade. A adaptação rigorosa dos campos de tra-
abaixo da tolerância dos tecidos adjacentes, sendo tamento ao volume a tratar permite optimizar os
fácil o seu controlo com radioterapia. Outros apre- resultados. Em RT externa a dose total é administrada
sentam tal capacidade de resistência que para os ani- em pequenas fracções diárias, durante um período de
quilar seria posta em causa a integridade de todo o várias semanas. Esta prática surgiu da observação de
organismo, tal a dose necessária. A radiossensibili- que assim se obtinham boas taxas de cura com efei-
dade relativa de cada tumor está relacionada com ca- tos secundários pouco significativos. A administração
racterísticas específicas das suas células, que ditam de pequenas fracções separadas de um mínimo de
a sua capacidade para reparar as lesões no genoma, seis horas, permite a recuperação dos tecidos sãos
induzida pelas radiações. Há, no entanto, factores mo- sem comprometer o controlo tumoral.
duláveis, externos, nos quais podemos interferir com
Em radiobiologia, são descritas quatro ocorrências
vista a aumentar o índice terapêutico. A intervenção
fundamentais, permitidas pelo fraccionamento,
no ciclo celular e o emprego de fármacos modulado-
designadas abreviadamente como os 4 R’s:
res da fase físico-química, alterando a quantidade de
radicais livres formados, são medidas possíveis. Sabe- Recuperação do dano sub-letal, para o qual as
se há muito que uma boa oxigenação é fundamen- células normais são mais eficazes;
tal, sendo a hipóxia local um importante factor de Repopulação por células normais dos espaços
resistência tumoral. Uma outra modalidade, a hiper- deixados pelas que são aniquiladas;
termia, tem a vantagem de ser mais eficaz sobre as Recrutamento de clones celulares tumorais
células menos oxigenadas, tendo uma acção com- para fases mais sensíveis do ciclo celular; e
plementar à da radioterapia. Diferentes tipos de ra- Reoxigenação das zonas tumorais hipóxicas, à
diação, capazes de produzir maior número de medida que o volume do tumor é reduzido.
ionizações ao longo do seu trajecto (maior LET - linear
energy transfer), são igualmente mais eficazes (neu- Os termos radiossensibilidade e radiocurabilidade
trões, mesões pi, partículas alfa). podem ser difíceis de integrar, tal o número de variá-
veis considerado. Na prática é possível estabelecer
uma escala de sensibilidades para os tumores malig-

RADIOCURABILIDADE nos mais frequentes. Os tumores hemolinfáticos, leu-


cemias e linfomas, são por regra os mais sensíveis,
A possibilidade real de controlar um tumor com ra- sendo frequentemente controlados com doses da
dioterapia, ou radiocurabilidade, depende de facto- ordem dos 4000cGy em 4 semanas, o mesmo acon-
res que vão desde a sensibilidade intrinseca do tumor tecendo com neoplasias da série germinal. No ex-
e do seu volume , até ao estado geral do doente, que tremo oposto encontramos os melanomas, que
faz variar a capacidade de recuperação dos tecidos evidenciam uma excepcional resistência à RT con-
normais. A extensão tumoral a tecidos como o osso vencional. A meio da escala encontram-se os tumores
ou a cartilagem determinam alterações na perfusão sólidos, que entre si exibem sensibilidades diversas,
levando à hipóxia relativa, factor de resistência. A lo- fazendo juz a alguns dos factores determinantes da
calização tumoral nas imediações de estruturas vitais sensibilidade e curabilidade, atrás enumerados.

14 GAZETA MÉDICA . DEZEMBRO 2009


O uso da radioterapia é indissociável do correcto ma-
ESTRATÉGIA nuseamento dos tumores ginecológicos, da mama ou

MULTIDISCIPLINAR de cabeça e pescoço, mais avançados, em conjunto


com a cirurgia, com ou sem quimioterapia. No trata-
Os resultados colhidos na literatura relativos aos re- mento das formas iniciais da doença de Hodgkin e de
sultados do tratamento com radioterapia são variá- algumas formas de linfomas não Hodgkin, os resul-
veis para diferentes localizações e na mesma tados são iguais aos obtidos com terapêutica citos-
localização estão dependentes do estádio inicial. Nos tática. Em algumas situações a irradiação de grandes
estádios precoces de patologias cuja expressão é es- volumes tem obtido resultados bastante bons, como
sencialmente local os resultados são, em geral, exce- na irradiação corporal total (TBI) no condicionamento
lentes, com alterações mínimas a nível cosmético e para transplante medular. Embora a presença de me-
funcional, nomeadamente no cancro da cavidade tástases exclua a radioterapia como terapêutica cu-
oral, laringe, mama, próstata e canal anal. Actual- rativa, esta pode ser usada eficazmente na paliação
mente algumas destas localizações benificiam da de sinais e sintomas significativos (dor, hemorragia).
acção conjunta da quimioterapia.
A radioterapia pode ser prescrita como único trata-
mento, em muitas circunstâncias, por ser a melhor
opção ou por constituir uma alternativa válida à ci- APARELHOS
rurgia ou quimioterapia. Regra geral todas as neo-
plasias da cavidade oral, pele, lábio, nos estádios mais DE TRATAMENTO
precoces, têm respostas idênticas à radioterapia e ci-
Os equipamentos de maior impacto são os aparelhos
rurgia, com a vantagem de a primeira não provocar
de tratamento, neste caso os aparelhos de cobaltotera-
mutilação ou deformidade local significativa. Nos
pia e os aceleradores lineares, genericamente designa-
casos de deficientes condições operatórias ou recusa
dos de aparelhos de teleterapia de megavoltagem.
do doente, a radioterapia constitui uma alternativa
Com efeito, a dimensão e capacidade do serviço
válida em diversas situações. A acção conjunta com
mede-se pelo número total de aparelhos disponíveis,
outras modalidades terapêuticas assume actual-
pela aparelhagem de suporte imprescindível ao seu
mente a maior importância. A combinação com a ci-
funcionamento e pelo pessoal necessário para a sua
rurgia ocorre tradicionalmente em contexto
utilização adequada, uma vez que são todos estes
pré-operatório, para viabilizar uma intervenção inicial-
factores que determinam o número de doentes pas-
mente impossível, reduzir a probabilidade de conta-
sível de ser tratado. Cada aparelho de megavoltagem
minação do leito operatório ou permitindo uma
tem capacidade (recomendada) para tratar de 400 a
cirurgia menos mutilante, ou pós-operatório, no caso
500 doentes por ano, estimando-se a necessidade de
de ressecção incompleta ou quando o risco de recidiva
5 a 6 aparelhos de megavoltagem por milhão de ha-
local é elevado. Mais recentemente tem sido usada no
bitantes, se forem tratados todos os doentes com a
contexto intra-operatório, principalmente em tumores
indicação para radioterapia, com comprovado ganho
abdominais, onde a administração transcutânea de
terapêutico. De acordo com os valores anteriormente
doses eficazes é quase impossível. A combinação com
citados, o número de aparelhos de megavoltagem ne-
quimioterapia, tirando partido do efeito sistémico
cessário em Portugal andaria perto dos 60 (actual-
desta, com a eficácia local da radioterapia, tem permi-
mente existem cerca de 40). Assim sendo, não podem
tido alguns resultados encorajadores, principalmente
ser de facto tratados todos os doentes com indicação,
em tumores digestivos, tendo ainda uma utilização
sendo alguns casos eventualmente tratados em ser-
quase de rotina, como complemento terapêutico, em
viços sobrelotados, veiculados para centros fora do
patologias manuseadas com quimioterapia de inten-
país ou, no pior cenário, privados de tratamento.
ção curativa (leucemias e linfomas).

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O funcionamento dos equipamentos de alta tecno-
logia carece de toda uma estrutura de suporte pré-te- ACELERADOR
rapêutica, que envolve verificações técnicas,
dosimetrias e controlo de qualidade, efectuadas pelo
LINEAR
serviço de física através de físicos e de técnicos espe- Equipamento de eleição para administrar tratamen-
cializados em mecânica e em física. Esta estrutura uti- tos de radioterapia externa. Deve dispor idealmente
liza uma panóplia de aparelhos de medição e de duas ou mais energias de fotões para tratamen-
calibração, de cujo desempenho e actualidade de- tos profundos, e diversas energias de electrões para
pende o trabalho efectuado e a concretização de uma tratamentos mais superficiais. Este equipamento é
adequação tecnológica isenta de falhas. composto por sofisticados sistemas de produção e
Os elevados custos associados à existência e funcio- controlo de administração de radiação, equipamen-
namento de um serviço de radioterapia suscitam me- tos para posicionamento do doente, localização e ve-
didas com vista a uma utilização eficiente. Uma das rificação dos campos de irradiação. Ao acelerador
possibilidades é a do funcionamento por períodos de linear estão associados 1) uma mesa de tratamento
tempo alargados. De acordo com recomendações in- específica, onde o doente é posicionado, 2) um sis-
ternacionais, o prolongamento para além do período tema de lasers de localização, habitualmente em nú-
convencional de 8 horas de funcionamento só é per- mero de três ou quatro, 3) um sistema electrónico de
missível se a qualidade do tratamento for uniforme aquisição de imagens em tempo real do campo irra-
ao longo de todo o período de trabalho. Isso implica diado, 4) um sistema de vídeo em circuito fechado
uma distribuição equitativa de pessoal, incluindo mé- para vigilância do doente durante o tratamento e 5)
dicos, físicos, enfermeiros, técnicos de radioterapia, um equipamento computorizado de comando.
pessoal administrativo e auxiliar, bem como de todos Inerente ao acelerador linear está um mecanismo de
os serviços do centro hospitalar em causa, nomeada- dimensionamento de campos, designado de sistema
mente serviços administrativos, financeiros e labora- de colimação. Este sistema é composto por dois pares
tórios. Por outro lado, quanto maior o número de de blocos metálicos alongados, orientados perpendi-
doentes em tratamento em cada aparelho, maiores cularmente entre si e que permitem adequar o ta-
as dificuldades criadas por avarias graves inespera- manho do campo de irradiação a cada tratamento.
das. A impossibilidade de recolocar todos os doentes Dado que este sistema só permite campos rectangu-
nos aparelhos restantes pode criar graves alterações lares, outro sistema é necessário para conformar os
na qualidade do tratamento prestado. campos de tratamento o mais possível às aplicações
O tempo de vida útil de um aparelho de radioterapia reais. Os sistemas mais modernos possuem para esse
externa, funcionando 8 ou 10 horas por dia, está esti- efeito um segundo sistema de colimação, composto
mado respectivamente em 15 e 8 anos,se tiver uma ma- por múltiplas pequenas lâminas motorizadas, que
nutenção adequada, se as peças necessárias estiverem permitem o tratamento de campos irregulares sem
facilmente disponíveis e se as características operacio- necessidade de recorrer, como até aqui, a protecções
nais e integridade mecânica estiverem de acordo com personalizadas fabricadas individualmente. Este sis-
os padrões de desempenho e segurança. Uma unidade tema designado por multilâminas, embora mais caro
de teleterapia de megavoltagem deve ser substituída na aquisição, reduz o custo de produção, já que não é
quando se torna tecnologicamente obsoleta ou apre- necessária a preparação de protecções específicas
senta desgaste óbvio, sob pena de pôr em risco a quali- para cada tratamento, diminuindo ainda o tempo ne-
dade dos tratamentos e/ou a segurança. cessário para cada tratamento, o que permite me-
lhorar a rentabilidade do acelerador linear. O custo
inicial é superior pelo sistema multilâminas propria-
mente dito mas também pela necessidade de recor-
rer a sistemas electrónicos de transmissão de dados
do sistema de dosimetria, já que seria pouco prático,

16 GAZETA MÉDICA . DEZEMBRO 2009


demasiado lento e bastante arriscado, transpor ma-
nualmente dados de posicionamento de 80 ou mais FIGURA 4
lâminas. Os sistemas de multilâminas padrão têm 40 Aparelho de tomografia computorizada usado
pares de lâminas. Sistemas mais recentes possuem para a aquisição de imagens para planeamento
um número superior de lâminas (120), permitindo um e simulação de tratamentos
detalhe superior no desenho dos campos, o que pos-
sibilita a evolução para técnicas de tratamentos mais
sofisticadas, sem necessidade de adquirir equipa-
acelerador linear podendo ser colocado rapidamente
mento adicional.
na posição de aquisição de imagem. A imagem ad-
Ainda como parte integrante do acelerador linear quirida pode ser comparada com a imagem obtida
está o sistema de verificação de campos. Este consiste no sistema de planeamento e dosimetria, e a sua con-
num sistema de detecção de radiação, posicionado formidade verificada de modo manual ou electrónico,
em face do feixe de radiação e com o doente em po- dependendo do sistema informático instalado. Al-
sição de tratamento, permitindo verificar num sis- guns sistemas mais recentes permitem ainda dosi-
tema informático a adequação entre os campos metria em tempo real. Mais recentemente estes
irradiados e os campos planeados. O custo inicial equipamentos evoluíram para a chamada Imagem
deste acessório pode ser justificado por tornar ex- Volumétrica, em que é possível adquirir no acelera-
cepcionalmente seguro o sistema de tratamento, ao dor linear em posição de tratamento, imagens idên-
tornar possível a verificação da conformidade do tra- ticas às de uma tomografia axial computorizada, o
tamento imediatamente antes da sua administração, que, por comparação com as imagens de planea-
anulando a necessidade de efectuar radiografias de mento, permitem um detalhe extremo na localização
verificação. Estas implicariam a existência de pelícu- dos campos e estruturas a irradiar. Estes sistemas são
las radiográficas, sistemas de revelação, chassis de su- vulgarmente designados por Radioterapia Guiada por
porte, e um dispêndio maior de tempo na sua Imagem ou IGRT (do inglês Image Guided Radiation
realização. O sistema de verificação electrónica está Therapy).
normalmente montado no braço de tratamento do

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SIMULADOR SIMULAÇÃO
CONVENCIONAL COM TAC
O tratamento com radiações pressupõe uma locali- A existência de imprecisões na localização dos órgãos
zação geográfica detalhada da zona a tratar. O pro- internos e dos tumores, com o uso de sistemas con-
cedimento relativo ao planeamento geométrico do vencionais de simulação, tem levado à utilização cres-
tratamento (posição, dimensões e incidência dos cente da tomografia axial computorizada, como
campos de tratamento) é efectuado através de um método complementar de aquisição de imagens ana-
sistema de simulação, usando radiação de baixa ener- tómicas. A integração das imagens assim obtidas nos
gia, como a que é empregue em sistemas de diag- sistemas de dosimetria,permite uma localização muito
nóstico. mais precisa dos campos de tratamento. A evolução
dos sistemas informáticos permite actualmente que o
Os simuladores convencionais são semelhantes aos
planeamento geométrico seja efectuado num apare-
equipamentos de tratamento, possuindo um braço
lho de tomografia computorizada, equipado com aces-
rotativo, um sistema de localização, uma mesa de po-
sórios específicos. Esta capacidade, aliada à
sicionamento e um sistema de radioscopia com uma
possibilidade de verificar em tempo real as localizações
ampôla de raios-X idêntica à usada para exames de
de tratamento no próprio aparelho de tratamento, per-
diagnóstico, permitindo avaliar o posicionamento dos
mite excluir a necessidade de um simulador conven-
campos de tratamento a usar, relativamente à ana-
cional abolindo alguns dos passos do processo de
tomia radiográfica do doente. Tal como para os apa-
planeamento. Assim, é possível acelerar este procedi-
relhos de terapia, também os simuladores devem ser
mento, sem que isso altere os pressupostos de preci-
objecto de substituição ou renovação quando se tor-
são e rigor. Aliás, estes pressupostos são reforçados já
narem obsoletos ou gastos pelo uso, apresentando
que todos os casos podem beneficiar da avaliação ini-
riscos ou imprecisão na sua utilização. O tempo de
cial com tomografia computorizada, permitindo de-
utilização estimado para este tipo de equipamento é
tectar pormenores que pela simulação convencional
idêntico ao dos de terapêutica.
passariam desapercebidos.
Os equipamentos de teleterapia são os grandes pro-
Uma das características essenciais para um tomógrafo
dutores de serviço numa unidade de radioterapia,
computorizado dedicado à radioterapia é a existência
mas enquanto que um aparelho destes necessita ob-
de uma ampla abertura central, possibilitando o em-
rigatoriamente do suporte de um simulador e de um
prego dos diversos acessórios de posicionamento e
sistema de planeamento computorizado e de gestão
imobilização existentes. Uma abertura de 70 cm é o
de dados e imagem, estes últimos só serão comple-
mínimo, existindo actualmente equipamentos com
tamente explorados nas suas capacidades na pre-
mais de 80 cm. A qualidade das imagens obtidas é
sença de três ou quatro equipamentos de
também importante, pelo que um modo de aquisição
tratamento, dependendo da complexidade dos tra-
helicoidal é o ideal. Também a mesa utilizada deve ser
tamentos efectudos. De um modo geral é sugerida a
adequada. Pelo menos o tampo deve possuir as mes-
existência de 1 simulador por cada 2-4 unidades de
mas características do existente na sala do acelerador
megavoltagem, embora na bibliografia disponível
linear, visto que o processo de simulação implica o uso
não se encontrem considerações específicas sobre a
dos mesmos sistemas de imobilização utilizados para
utilização deste equipamento.
o tratamento, que são habitualmente fixados à mesa
Nos últimos anos o simulador convencional tem em posições muito específicas.
vindo a perder adeptos em favor do TAC-simulador. O
A simulação com TAC utiliza um aparelho de TAC com
desenvolvimento de ferramentas informáticas per-
software de localização e simulação virtual, sistema
mite reconstruções anatómicas exactas e rápidas, tor-
de lasers para posicionamento do doente. O sistema
nando todo o processo mais preciso.
permite obter informação tridimensional relativa à

18 GAZETA MÉDICA . DEZEMBRO 2009


anatomia do doente, delinear o tumor e outras estru- Qualquer técnica de tratamento, primariamente ba-
turas, determinar um volume alvo para o tratamento, seada em imagens, pode ser adaptada ou desenvol-
efectuar marcações de referência na pele do doente, si- vida para se tornar numa técnica com simulação por
mular e modificar os campos de irradiação, produzir e TAC. Na sua forma mais básica a simulação por TAC
imprimir radiografias reconstruídas digitalmente. apenas quer dizer que a técnica não utiliza um simu-
Usando software de reconstrução 3D, os campos lador convencional.
podem ser visualizados na superfície cutânea através
de sistemas de lasers móveis. Este método é superior à
simulação convencional, tirando partido de um sis-
tema de simulação geométrica. A simulação virtual é
inteiramente baseada na anatomia individual. É uma
simulação volumétrica, que tem em conta cada curva
e cada ângulo do indivíduo. A informação é completa
e precisa relativamente ao tamanho, localização e po-
sição de qualquer estrutura anatómica. O tumor pode
ser delimitado com exactidão e o feixe de tratamento
orientado para o seu centro. A dependência nas carac-
terísticas individuais de cada doente estabelece este
método como uma ferramenta essencial para a radio-
terapia conformacional, permitindo minimizar o vo-
lume de tecido normal tratado.
A simulação com TAC permite visualizar a anatomia
do doente nos três eixos espaciais (axial, sagital e co-
ronal), com a vantagem acrescida de permitir ainda
uma visualização mais avançada da anatomia. Atra-
vés de ferramentas específicas, os dados obtidos com
TAC podem ser associados aos obtidos com RMN, PET
ou SPECT, para atingir um elevado nível de visualiza-
ção morfológico e funcional. O planeamento de tra- FIGURA 5
tamentos com precisão é cada vez mais indissociável
Máscara de imobilização cranio-facial
da simulação com TAC. Integrado com um sitema de para tratamento de tumores cerebrais ou ORL
Planemento de Radioterapia Tridimensional, a simu-
lação com TAC tira partido da precisão geométrica da
TAC para proporcionar uma simulação através da re-
presentação volumétrica permitida pela adição de
planos axiais. Trata-se de um processo altamente efi- PLANEAMENTO
ciente que permite uma sessão única de simulação
por doente. Uma vez adquirida a informação relativa
COMPUTORIZADO
ao volume de interesse, podem ser efectuados vários Os sistemas de planeamento computorizado consis-
planeamentos e dosimetrias sem ter que repetir a tem em aplicações informáticas específicas que con-
aquisição de imagens. Foi já demonstrada a sua apli- têm os dados relativos às características do
cabilidade numa grande gama de processos clínicos, acelerador linear e dos feixes que este é capaz de for-
desde os mais sofisticados, envolvendo a utilização necer, e com a capacidade de as processar em con-
de feixes de tratamento não coplanares, aos mais junto com as imagens obtidas do doente, no processo
simples, AP/PA para o tratamento de situações mais de planeamento geométrico, de modo a obter uma
simples. distribuição teórica das doses no interior do corpo,

GAZETA MÉDICA . DEZEMBRO 2009 19


portação de imagens obtidas em equipamentos de to-
mografia computorizada ou ressonância magnética.
Esta partilha de imagens requer a utilização por parte
destes sistemas de protocolos de comunicação co-
muns, dos quais se destaca a norma DICOM. Existem
várias revisões desta norma, sendo a mais comum a
designada DICOM-3. Dados muito específicos de cer-
tos equipamentos podem requerer especificações di-
versas (DICOM-RT, DICOM-CT). Estes sistemas são
compostos por um programa de base ao qual são adi-
cionados diversos módulos para possibilitar tarefas
específicas, como seja o tratamento com intensidade
modulada ou com braquiterapia. Estes módulos
podem ser adquiridos em separado e em tempos di-
ferentes da aquisição do sistema básico.
O desenvolvimento recente de novas modalidades de
aplicação da radioterapia (radioterapia conformacio-
nal com dosimetria tridimensional) implica o recurso
incondicional a sistemas de planeamento de cres-
cente sofisticação. Do mesmo modo, a aquisição de
imagens com maior detalhe da anatomia humana e
da localização tumoral leva a uma crescente comple-
xidade no tratamento de dados. A implementação de
ferramentas informáticas adequadas é crucial ao de-
senvolvimento destas técnicas.
FIGURA 6
Detalhe da cabeça de tratamento do acelerador li-
near Elekta Synergy S
DOSIMETRIA
para determinadas configurações de tratamento. A A utilização dos equipamentos de tratamento e si-
possibilidade de estas distribuições de dose teóricas, mulação requer um controlo operacional minucioso,
serem de facto administradas, dependem do processo que possa garantir todos os pressupostos relativos à
de dosimetria e calibração prévia do acelerador linear qualidade dos tratamentos administrados.
e das verificações de tratamento e dosimetria in vivo
efectuadas durante os tratamentos (ver em Sistema
de Dosimetria).
Os programas utilizam algoritmos de cálculo e de
SISTEMA BÁSICO
processamento de imagem bastante elaborados, pelo DE DOSIMETRIA E
que o seu funcionamento adequado depende de
equipamentos (computadores, monitores, drivers, di- CALIBRAÇÃO
gitalizadores, impressoras, ligações em rede) de ele-
O processo de controlo passa pela calibração dos
vado desempenho. Estes sistemas são por regra
equipamentos e aquisição de dados dos feixes de ra-
ligados, através de redes informáticas, aos restantes
diação. Esta calibração é efectuada aquando da acei-
equipamentos para permitir a partilha de dados e
tação dos equipamentos, e regularmente para efeitos
imagens. Podem ainda ser ligados a sistemas exte-
de controlo de qualidade ou sempre que houver lugar
riores, nomeadamente sistemas de imagem, para im-
a reparações que envolvam determinados compo-

20 GAZETA MÉDICA . DEZEMBRO 2009


nentes. O processo de calibração e dosimetria carece
da existência de material específico para o efeito e REDES DE DADOS
que consiste numa tina de água contendo um su- Dada a complexidade e quantidade de dados e de ima-
porte motorizado para dosímetros e diversos dosí- gens que é necessário movimentar,de modo a obter um
metros, adequados aos feixes de radiação a usar e aos tratamento de radioterapia, têm-se vulgarizado os sis-
modelos de tratamento a usar. A prática de radiote- temas de redes de dados e imagem, permitindo uma
rapia de intensidade modulada ou de outras técnicas interligação total entre todos os equipamentos. A utili-
específicas implica a existência de acessórios ade- zação destas redes tem impacto,não só na rapidez e se-
quados para dosimetria e calibração. gurança na transmissão de dados, mas também na
possibilidade de utilizar novas ferramentas, nomeada-
mente na área do processamento de imagem,com me-
SISTEMA DE lhorias sensíveis na qualidade de todo o processo de
tratamento. As redes integradas para unidades de ra-
DOSIMETRIA IN VIVO dioterapia consistem basicamente numa rede infor-
mática e em programas dedicados a tarefas específicas.
Para além da dosimetria dos feixes de radiação, a
Destas tarefas destaca-se,para além da transmissão de
dose efectivamente administrada ao doente pode
dados e imagens entre equipamentos,a planificação da
também ser verificada num processo designado do-
agenda de tratamentos, ocupação dos aparelhos e re-
simetria in vivo. Este procedimento é a garantia má-
latórios técnicos de tratamento. Habitualmente é pos-
xima relativa à adequação entre o tratamento
sível ligar a rede interna da radioterapia a uma rede
planeado e o efectivamente administrado. Embora
externa pré-existente, de modo a partilhar dados co-
não seja actualmente obrigatório utilizar em rotina
muns aos dois sistemas, nomeadamente dados pes-
estes sistemas, a sua aquisição deverá ser ponderada.
soais, identificação,diagnóstico,facturação.Esta ligação
A utilização de técnicas não convencionais de trata-
depende de um processo levado a cabo entre o vende-
mento, como são a radioterapia de intensidade mo-
dor do sistema de dados e o responsável pela rede hos-
dulada e a radioterapia estereotáxica, requerem a
pitalar pré-existente.
existência deste equipamento.

FIGURA 7
Posicionamento para tratamento
no acelerador linear

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