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PASSOS (MG)
SETEMBRO 2013
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Passos (MG)
Setembro 2013
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COMISSÃO JULGADORA:
Presidente da Banca
DEDICATÓRIA
AGRADECIMENTOS
RESUMO:
LISTA DE ABREVIATURAS
art. artigo
arts. artigos
ed. edição
f. folha
nº. número
p. página
v. volume
11
LISTA DE SIGLAS
CF – Constituição Federal
EI – Estatuto do Idoso
SUMÁRIO
RESUMO.............................................................................................................. 06
INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 11
INTRODUÇÃO
CAPÍTULO I
O Estado, então, ao invés de ficar inerte frente à sociedade que clamava por
um posicionamento seu, passou a atuar de maneira positiva nas relações
socioeconômicas, garantindo-lhes a tão aclamada igualdade, pautada na busca da
dignidade humana.
Os ideais socialistas foram os precursores dos direitos sociais, conforme
leciona Fábio Konder Comparato “os direitos sociais surgiram como criações do
movimento socialista, que sempre colocou no pináculo da hierarquia de valores a
igualdade de todos os grupos ou classes sociais, no acesso às condições de vida
digna” (COMPARATO, 2007 p. 35).
No início de 1848 – o ano do Manifesto Comunista – um vendaval político
varreu a Europa Ocidental, ameaçando colocar por terra, em pouco tempo, o edifício
conservador e imperial, que o Congresso de Viena erigira em 1815. As palavras de
ordem eram: nacionalismo, trabalho e liberdade. Iniciando-se com a revolução
popular de Paris em 24 de fevereiro, em questão as poucas semanas o movimento
estendeu-se, como um rastilho de pólvora, ao sudoeste da Alemanha, Baviera,
Áustria, Hungria, Lombardia, os Estados Pontifícios e a Itália meridional. Foi a
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tanto na busca pela apropriação dos bens materiais, quanto na busca pelo
aprimoramento espiritual.
A igualdade material é um princípio que rege a norma programática.
Sobre as normas programáticas, ensina J. J. Gomes Canotilho:
Desde logo, cumpre ter sempre bem claro, que o referido princípio de
igualdade é o da igualdade geométrica (proporção) e não o da igualdade
aritmética (quantidade). Partindo-se do fato científico de que os homens são
iguais na Biologia e na Psicologia, a evolução social tem sido no sentido de
se igualizarem geometricamente os homens em tudo que seja desigualdade
aritmética de indivíduo para indivíduo. E esta gradual e sempre maior
tendência à igualdade geométrica entre os indivíduos, que a evolução
humana tem revelado, é regida pelo princípio de igualdade que consiste em
tratar desigualmente aos indivíduos desiguais, na proporção em que eles se
desigualam (BECKER, 1998, p.194-195).
CAPÍTULO II
Velhice é fato, é algo que não se pode fugir. Só não envelhece aquele que
morre jovem. Hoje envelhecer é diferente do que era há 100 ou 50 anos, isso,
porque para muitos, as condições de vida em sociedade não permitia envelhecer.
Contudo, o envelhecimento da população é um fato que já não pode mais ser
desconsiderado. Hoje mais pessoas estão vivendo mais e melhor, longevidade essa,
proporcionada pelos avanços da medicina e da tecnologia, além da preocupação
das próprias pessoas em viver mais com qualidade de vida e exercendo plenamente
os seus direitos.
Tem-se que, se os direitos fundamentais não são assegurados aos
indivíduos quando ainda eles são crianças, adolescentes e adultos, estes
simplesmente perdem o direito de se tornarem idosos, o que leva a simples
conclusão que, tornar-se idoso é um direito humano fundamental, já que é a própria
expressão do direito à vida, que precisa ser garantida até quando a natureza
biológica indicar.
O direito à vida não se traduz em oferecer apenas as condições de vida,
mas de vida social do idoso para que possa exercer a cidadania em todos os
sentidos, ou seja, participar do desenvolvimento da sociedade, usufruir dos direitos
assegurados a ele e ser respeitado em seus direitos.
Portanto, a velhice, ou seja, tornar-se idoso, é um direito humano
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O Resultado do Censo 2010, trás a informação de que “O alargamento do topo da pirâmide etária pode ser
observado pelo crescimento da participação relativa da população com 65 anos ou mais, que era de 4,8% em
1991, passando a 5,9% em 2000 e chegando a 7,4% em 2010.” Resultados Censo 2010. www.ibge.gov.br.
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A Constituição Federal estendeu aos idosos os direitos sociais que até então
não estavam elencados constitucionalmente. Assim, houve um grande avanço na
proteção aos direitos dos idosos na Lei Maior, garantindo a eles o exercício de sua
cidadania.
A tutela constitucional do idoso se inicia de forma indireta já no art. 3º da CF:
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do
Brasil:
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;
II - garantir o desenvolvimento nacional;
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades
sociais e regionais;
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor,
idade e quaisquer outras formas de discriminação.
Art. 229. Os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos menores, e
os filhos maiores têm o dever de ajudar e amparar os pais na velhice,
carência ou enfermidade.
E finalmente o artigo 230 que amplia o rol dos responsáveis pelo idoso,
considerando como tais a família, a sociedade e o Estado, aos quais é imposto o
dever de promover os direitos sociais e de bem estar, a fim de garantir a dignidade
deles.
No que se refere aos direitos dos idosos, apesar da Lei 8.842/94, não houve
uma efetiva implementação das políticas públicas nela estabelecidas para
assegurar tais direitos. Da mesma forma, o Estado não se instrumentalizou
para assegurar aquilo que havia sido previsto em lei. E, o pior, não havia
nenhuma previsão legal de qualquer penalidade para o caso de omissão ou
descumprimento daquilo que estava disposto naquela legislação, que é
meramente programática. (JULIÃO, 2004, p. 12)
O espírito do Estatuto está nas normas gerais que referem sobre a proteção
integral; a natureza e essência encontram-se no artigo 2º, quando
estabelece a gama de direitos do idoso e visualiza sua condição como ser
constituído de corpo, mente e espírito – já prevê a preservação de seu bem
estar físico, mental e espiritual – e identifica a existência de instrumentos
que assegurem seu bem estar por lei ou outros meios. (ABREU FILHO,
2004, p. 10).
o
Art. 3 É obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do Poder
Público assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação do
direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao
lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à
convivência familiar e comunitária.
O Estatuto do Idoso foi criado para preservar os direitos dos idosos, evitar
discriminação e marginalização das pessoas nessa faixa etária, pois tendo a Ciência
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CAPÍTULO III
preferência de tramitação dos processos sempre que for uma das partes litigantes. A
simples comprovação da idade e da condição de idoso basta para garantir o acesso
prioritário à prestação jurisdicional. Seu fundamento doutrinário está em garantir
isonomia processual ao idoso em conflito com pessoa que esteja em melhores
condições de expectativa de vida (ALENCAR, 2008, p. 339).
A prioridade etária incondicionada pode ser mostrar abusiva pois pressupõe
que todo idoso estará com pouca expectativa de vida ao atingir os 60 anos de idade,
ideia comprovadamente equivocada (SANTOS, 2012, p. 147).
Já a prioridade etária condicionada vincula o deferimento da garantia à
constatação de que a questão em conflito está relacionado à tutela de direito
fundamental específico dos idosos, v.g., a proibição de discriminação por idade,
conforme dispõe o artigo 96 do Estatuto do Idoso que criminaliza a conduta de
descriminação da pessoa por motivo de idade. (SANTOS, 2012, p. 147).
A prioridade temática é aquela em que os processos deverão receber
atenção prioritária de tramitação e julgamento quando a questão colocada perante o
Poder Judiciário tiver relação com o processo de envelhecimento ou a tutela difusa e
coletiva dos direitos dos idosos. (SANTOS, 2012, p. 147).
Trata-se de medida afirmativa de proteção e de promoção, a favor dos
idosos, com o objetivo de contribuir para a eliminação das desigualdades sociais,
jurídicas e institucionais, de modo a assegurar o gozo da igualdade substancial, em
relação a outros setores da população. (SANTOS, 2012, p. 147).
A prioridade temática de acesso à justiça é, portanto, uma garantia de
prioridade à tutela coletiva de direitos. (SANTOS, 2012, p. 147).
No que tange à área penal a prioridade processual passiva conceitua-se
como aquela destinada a proteger o idoso que se encontra privado da liberdade em
razão da prática de crime e como regra, estabelecem-se mecanismos de
agravamento das penas quando a vítima do crime for pessoa idosa, porém, somente
concedem benefícios ao acusado idoso quando o mesmo atinge idade avançada ou
é acometido de moléstia incapacitante, procurando a adoção de medidas
alternativas à privação da liberdade do idoso acusado ou condenado pela prática de
crime e a adoção de providências para a melhor individualização da execução da
pena privativa de liberdade. (SANTOS, 2012, p. 148).
Finalmente, tem-se que o acesso prioritário também se concretiza com a
criação e a implementação de órgãos judiciários especializados no julgamento das
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Toda pessoa tem o direito a ser ouvida com as devidas garantias e dentro
de um prazo razoável, por um juiz ou tribunal competente, independente e
imparcial, estabelecido anteriormente por lei, na apuração de qualquer
acusação penal formulada contra ela, ou para que se determinem os seus
direitos ou obrigações de natureza cível, trabalhista, fiscal ou de qualquer
natureza.
Teori Albino Zavascki foi feliz ao referir que sob a denominação de direito à
efetividade de jurisdição queremos designar o conjunto de direitos e garantias que a
Constituição atribuiu ao indivíduo que provoca a atividade jurisdicional ao reivindicar
bem da vida de que se considera titular, por ser impedido de fazer justiça pelas
próprias mãos (autotutela). A estes são assegurados meios expeditos e eficazes de
exame da demanda a serem apreciados pelo Estado (ZAVASCKI, 2007, p.66).
Então, o Estado, que detém o privilégio exclusivo do poder jurisdicional,
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Não se pode olvidar que tanto o direito ao processo célere, quanto o direito
ao contraditório e à ampla defesa, direitos e garantias, em princípio, não
devem conflitar, mas se harmonizar na busca da efetividade. Da mesma
forma, se de um lado da balança encontramos o princípio da celeridade do
processo, que visa a sua utilidade, não podemos sacrificar o ideal de justiça
da decisão, que demanda um processo dialético-cognitivo exauriente que,
por sua vez, demanda tempo. É por isso que o Poder Constituinte Derivado
inseriu mecanismo harmonizador ao determinar que a duração do processo
seja razoável. (GUAGLIARIELLO, 2007, p. 02).
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Capítulo IV
A prioridade de tramitação para a pessoa idosa não significa que esta seja
mais digna que as demais pessoas, nem que o princípio da dignidade da
pessoa humana só se aplique aos idosos. Não. Em verdade, para se
entender que a relação entre prioridade de tramitação para as pessoas
idosas e o primado do homem atende ao postulado da isonomia, deve-se
ter presente a noção do princípio da diferença, consistente em uma
distribuição que melhore a situação de todas as pessoas – trazendo
benefício ao idoso que o iguale à pessoa que esteja em melhores condições
de expectativa de vida visando a efetivar a justiça social, especialmente
quando confere esperança à pessoa idosa de que seu conflito será
solucionado em prazo mais curto, aumentando, assim, a efetividade do
princípio da dignidade humana de forma compatível com o princípio da
igualdade. (ALENCAR, 2008, p.340).
o
§ 3 A prioridade se estende aos processos e procedimentos na
Administração Pública, empresas prestadoras de serviços públicos e
instituições financeiras, ao atendimento preferencial junto à Defensoria
Pública da União, dos Estados e do Distrito Federal em relação aos
Serviços de Assistência Judiciária.
o
§ 4 Para o atendimento prioritário será garantido ao idoso o fácil acesso
aos assentos e caixas, identificados com a destinação a idosos em local
visível e caracteres legíveis.
Já, para Eduardo Henrique Rufini, além de adequar a redação do EI, a lei
introduziu uma nova modalidade de beneficiados:
O requerimento para que o feito tramite com prioridade será feito pela
parte que assim desejar, podendo ser pleiteado em petição apartada ou mesmo na
peça inicial, ou quando for o caso, na contestação, juntando documento de forma a
comprovar a idade igual ou superior a sessenta anos.
Para Carlos Henrique Abrão o requerimento se dá seguinte forma:
Art. 75. Nos processos e procedimentos em que não for parte, atuará
obrigatoriamente o Ministério Público na defesa dos direitos e interesses de
que cuida esta Lei, hipóteses em que terá vista dos autos depois das partes,
podendo juntar documentos, requerer diligências e produção de outras
provas, usando os recursos cabíveis.
Assim, uma vez que o MP atuará como fiscal da lei e defensor dos direitos e
interesses dos idosos e, nessa condição, o Parquet pode elaborar o pedido de
prioridade de que trata o Art. 71, no caso de inércia do interessado.
Do mesmo modo, é imprescindível a participação do Ministério Público nos
processos e procedimentos, mesmo que não for parte, atuando na defesa dos
direitos e interesses das pessoas com mais de sessenta anos, pois o art. 77 do
mesmo diploma legal adverte que a falta de intervenção do MP acarreta a nulidade
do feito, podendo ser declarada de ofício pelo juiz ou ser requerida por qualquer
interessado.
Quanto à abrangência do benefício, a lei processual civil, assim como o EI,
contempla a parte ou interveniente pessoa com idade de sessenta anos, de modo
que são beneficiários também todos aqueles que tenham sido admitidos no
processo, seja por intervenção voluntária ou provocada. Da mesma forma, não há
empecilho à concessão do benefício ao réu que tenha interesse legítimo na
celeridade do processo. A lei faz menção à parte, não importando se autor ou réu.
Vale considerar que a tramitação processual prioritária não abrange a
pessoa jurídica, mas simplesmente as pessoas físicas que completaram sessenta
anos. Conforme leciona Carlos Henrique Abrão, 2012, p. 31:
renunciar a mesma, desde que não seja com intenção de prejudicar ou causar dano,
ou mesmo delongar a satisfação da obrigação, pode perfeitamente assim o fazer,
entretanto, caberá ao juiz, na hipótese em que ocorra prejuízo ou dano a uma das
partes, analisar no caso concreto a concessão ou não da renúncia postulada.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARBOSA, RUI. Oração aos moços (1920). São Paulo: Martin Claret, 2003.
BRASIL. Lei nº. 12.008, de 29 de julho de 2009. Altera os arts. 1.211-A, 1.211-B e
1.211-C da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil, e
acrescenta o art. 69-A à Lei no 9.784, de 29 de janeiro de 1999, que regula o
processo administrativo no âmbito da administração pública federal, a fim de
estender a prioridade na tramitação de procedimentos judiciais e
administrativos às pessoas que especifica. Diário Oficial da República Federativa
do Brasil, 2009.
DINIZ, MARIA HELENA DINIZ. Norma Constitucional e seus Efeitos. 8. ed. São
Paulo: Saraiva, 2009.
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JULIÃO, SANDRA DE OLIVEIRA. Uma nova lei: o Estatuto do Idoso. In: Revista
Reviva, 2004. Disponível em: <www.mpdft.gov.br/pdf/promotorias/revista.pd>.
Acesso em: 02 out. 2012.
MORAES, ALEXANDRE DE. Direito constitucional. 15. ed. São Paulo: Atlas, 2004,
p. 45.
SILVA, JOSÉ AFONSO DA. Curso de Direito Constitucional Positivo. 33. ed.,
São Paulo: Malheiros, 2010.