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Revista Trimestral de
Jurisprudência
COMISSÃO DE REGIMENTO
COMISSÃO DE JURISPRUDÊNCIA
COMISSÃO DE DOCUMENTAÇÃO
COMISSÃO DE COORDENAÇÃO
PROCURADOR-GERAL DA REPÚBLICA
PRIMEIRA TURMA
Pág.
ACÓRDÃOS ................................................................................................ 845
ÍNDICE ALFABÉTICO ........................................................................... 1183
ÍNDICE NUMÉRICO ............................................................................... 1365
ACÓRDÃOS
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE 554 — MT
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros do Supremo Tribu-
nal Federal, em Sessão Plenária, sob a Presidência da Ministra Ellen Gracie, na conformi-
dade da ata do julgamento e das notas taquigráficas, por unanimidade de votos, julgar
procedente a ação direta de inconstitucionalidade, nos termos do voto do Relator.
Brasília, 15 de fevereiro de 2006 — Eros Grau, Relator.
848 R.T.J. — 198
RELATÓRIO
O Sr. Ministro Eros Grau: O Governador do Estado do Mato Grosso propõe ação
direta objetivando a declaração de inconstitucionalidade do § 2º do artigo 272 da Lei
Complementar n. 4, do Estado de Mato Grosso.
2. Eis o teor do texto normativo hostilizado:
“Art. 272. São assegurados ao servidor público os direitos de associação
profissional ou sindical e o de greve [...]
§ 2º Asseguram-se aos servidores os direitos de celebrarem acordos ou
convenções coletivas de trabalho”.
3. O requerente afirma que o preceito impugnado viola os artigos 37, 39, 61, § 1º,
inciso II, alínea a, e 114 da Constituição do Brasil, todos de observância obrigatória
pelos Estados-Membros.
4. Sustenta que as disposições do artigo 37 da Constituição afiguram-se incompa-
tíveis com a negociação coletiva de trabalho, uma vez que a atribuição de vantagens
pecuniárias aos servidores públicos somente pode ser conferida por lei, sendo impossível
à Administração Pública transigir judicialmente sobre matéria reservada à lei.
5. Alega ainda que não se aplicam aos servidores públicos direitos previstos além
das disposições do artigo 39, § 2º, da Constituição, eis que esse rol seria taxativo e
restritivo, não podendo ser ampliado pelo legislador estadual.
6. Ademais, segundo o requerente, o preceito atacado afronta o artigo 114 da CB/88,
dispositivo que alcançaria tão-somente situações oriundas de contrato de trabalho, e
não aquelas que decorrem da relação legal estabelecida pelo regime estatutário instituído
pelo artigo 39 do texto constitucional.
7. Destaca, outrossim, que o disposto no art. 61, § 1º, inciso II, alínea a, da Consti-
tuição do Brasil estabelece reserva legal, com iniciativa privativa do Chefe do Poder
Executivo, sobre leis que disponham sobre direitos ou remuneração de servidores
públicos. Acrescenta que a competência atribuída ao Chefe do Poder Executivo para
propor aumento de vencimentos submete-se ainda a disponibilidades orçamentárias.
8. Por fim, o requerente cita precedentes do Superior Tribunal de Justiça e do
Supremo Tribunal Federal, destacando cautelar deferida na ADI n. 492-1/DF, Relator o
Ministro Carlos Velloso, DJ de 12-3-93, em que esta Corte unanimemente suspendeu a
eficácia da alínea d do art. 240 da Lei n. 8.112/90 e, por maioria, igualmente suspendeu
a alínea e do mesmo artigo — dispositivos que, segundo o requerente, seriam análogos
ao preceito atacado.
9. A pretensão cautelar foi deferida, consoante o acórdão de fls. 50/54.
10. A Assembléia Legislativa apresentou informações às fls. 64/69, alegando que
a Constituição de 1988 tem uma conotação amplamente progressista e que o liberalismo
proclamado pelo constituinte seria fulminado se aos servidores públicos fosse defeso
participar do patrocínio dos seus próprios direitos por meio da negociação coletiva.
R.T.J. — 198 849
VOTO
O Sr. Ministro Eros Grau (Relator): O preceito legislativo atacado prevê a possibi-
lidade de servidores públicos estaduais, submetidos a regime jurídico estatutário, cele-
brarem acordos ou convenções coletivas de trabalho.
Dado que o preceito impugnado tem o mesmo teor da parte final do artigo 57 da
Lei Complementar n. 4 do Estado de Mato Grosso, lanço mão das razões do voto exarado
na ADI n. 559-6/MT para julgar procedente o pedido e declarar inconstitucional o § 2º
do artigo 272 da mesma Lei Complementar.
VOTO
O Sr. Ministro Marco Aurélio: Senhora Presidenta, apenas ressalto que o § 3º do
artigo 39 da Constituição Federal, em reforço ao princípio da legalidade, ao aludir aos
dispositivos do artigo 7º dela constante — a versar sobre o direito dos trabalhadores
urbanos e rurais —, não remete àquele que impõe o respeito a acordos e convenções
coletivas. Portanto, reafirma que a Administração Pública, mesmo na relação mantida
com os prestadores de serviço, deve observar o princípio da legalidade.
Acompanho o Relator.
EXTRATO DA ATA
ADI 554/MT — Relator: Ministro Eros Grau. Requerente: Governador do Estado
de Mato Grosso (Advogado: Domingos Monteiro da Silva Neto). Requeridos: Governador
do Estado de Mato Grosso e Assembléia Legislativa do Estado de Mato Grosso.
Decisão: O Tribunal, à unanimidade, julgou procedente a ação direta de incons-
titucionalidade, nos termos do voto do Relator. Votou a Presidente. Ausentes, justifi-
cadamente, o Ministro Carlos Britto e, neste julgamento, o Ministro Nelson Jobim
(Presidente). Presidiu o julgamento a Ministra Ellen Gracie (Vice-Presidente).
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros do Supremo Tribu-
nal Federal, em Sessão Plenária, sob a Presidência do Ministro Nelson Jobim, na confor-
midade da ata do julgamento e das notas taquigráficas, por unanimidade de votos,
R.T.J. — 198 851
RELATÓRIO
O Sr. Ministro Eros Grau: Adoto como relatório a parte expositiva do parecer da
Subprocuradora-Geral da República Cláudia Sampaio:
“1. O Governo de Portugal formula, com base em tratado específico existente
com a República Federativa do Brasil, pedido de extensão nos autos da extradição
n. 787-4/120, a fim de submeter o cidadão português Serafim Ferreira, extraditado
no dia 27 de outubro de 2003 (fl. 436), a processo judicial em virtude da alegada
prática dos crimes de detenção de arma proibida, emissão de cheque sem provisão
de fundos, falsificação de documentos, exploração ilícita de jogo e exposição
ilícita de material de jogo.
2. O Estado requerente instruiu o pedido com documentação de fls. 456/546.
3. O Ministro Relator, no despacho de fls. 550, determinou a expedição de
carta rogatória para realização do interrogatório do extraditando, considerando
que os fatos ora imputados ocorreram em data anterior à da concessão do pleito
extradicional.
4. O Estado requerente desistiu do pedido de extradição em relação aos fatos
apurados nos Processos n.s 3296/95 e 1880/97 (fls. 560 e 568).
5. O extraditando foi interrogado às fls. 1163.
6. Nomeado defensor dativo às fls. 1173, foi apresentada a defesa do extradi-
tando às fls. 1177/1185, na qual se alega a impossibilidade de renúncia ao princí-
pio da especialidade, devendo ser desconsiderada a declaração de fl. 460, ‘já que
não é passível de aceitação documento que ateste a renúncia de garantia
benefíca ao Extraditando’.
7. Ademais, sustentou a existência de violação ao princípio da especialidade,
haja vista a impossibilidade de o extraditando sofrer restrição à sua liberdade em
virtude de fatos distintos dos que fundamentam o pedido de extradição.
8. Por fim, asseverou ser impossível a concessão do pedido de extradição em
relação ao crime de exploração ilícita de jogo por se tratar de contravenção penal
cuja pena é igual a 1 (um) ano. Além disso, também destacou ser incabível a
concessão do pedido em relação ao crime de exposição ilícita de material de jogo,
em vitude da ausência do requisito da dupla tipicidade.
9. Em seguida, vieram os autos a esta Procuradoria-Geral da República para
manifestação.
10. De início, importa registrar que o Estado requerente informou, por meio
dos documentos de fls. 560 e 568, a desistência do pedido de extensão em relação
aos processos n. 3296/95 (crime de emissão de cheque sem provisão de fundos) e n.
1880/97 (crime de detenção de arma proibida).
852 R.T.J. — 198
VOTO
O Sr. Ministro Eros Grau (Relator): Afasto a tese da defesa, de que o princípio da
especialidade (artigo 91, I, da Lei n. 6.815/801) impede o deferimento do pedido de
extensão da extradição. A regra que se extrai do texto normativo visa a impedir, em
benefício do extraditando, que o Estado requerente instaure contra ele — sem o controle
de legalidade pelo Supremo Tribunal Federal — ação penal ou execute pena por
condenação referente a fatos anteriores àqueles pelos quais foi deferido o pleito
extradicional (cf., entre outras, a Extradição n. 571, Relator o Ministro Celso de Mello,
RTJ 165/447).
2. O pedido de renúncia ao princípio da especialidade, formulado pelo extraditando
à fl. 460, é de ser tido por irrelevante, porquanto não tem a virtude de afastar o controle
de legalidade do pleito extradicional a cargo do Supremo Tribunal Federal (cf. a Extra-
dição n. 583, Relator o Ministro Celso de Mello, DJ de 4-3-1994).
3. O Estado requerente formalizou, nos termos dos documentos de fls. 560 e 568,
desistência quanto aos crimes de emissão de cheques sem provisão de fundos e detenção
de arma proibida, de modo que a análise do pedido de extensão há de ficar restrita aos
crimes de falsificação de documento, exploração ilícita de jogo e exposição ilícita de
material de jogo.
4. O delito de exploração ilícita de jogo está tipificado como contravenção no
artigo 50 do decreto-lei 3.688/1941. Logo, na linha da jurisprudência desta Corte, a
extensão, nesse ponto, não deve ser concedida, porquanto o artigo 77, II, da Lei n.
6.815/80 veda a extradição quando o fato não é crime no Brasil ou no Estado requerente
(cf. as Extradições 820, Relator o Ministro Nelson Jobim, DJ de 3-5-2002, e 716, Relator
o Ministro Maurício Corrêa, DJ de 20-2-1998).
5. De igual modo, é de ser negado o pedido de extensão quanto ao delito de
exposição ilícita de material de jogo, por ausência do requisito da dupla tipicidade.
Ainda que se admita a correlação do tipo com a figura descrita no artigo 50 da LCP, o
pedido não pode ser deferido pelos mesmos fundamentos adotados para negar-se a
pretensão relativa à exploração ilícita de jogo, como bem observado no parecer da
PGR (fls. 8/9).
6. Finalmente, no que tange ao delito de falsificação de documento, o pleito de
extensão é procedente. Leio do parecer da Subprocuradora-Geral da República Cláudia
Marques Sampaio:
1 Art. 91. Não será efetivada a entrega sem que o Estado requerente assuma o compromisso:
I - de não ser o extraditando preso nem processado por fatos anteriores ao pedido.
R.T.J. — 198 853
EXTRATO DA ATA
Ext 787-Extensão/República Portuguesa — Relator: Ministro Eros Grau. Reque-
rente: Governo de Portugal. Extraditando: Serafim Ferreira (Advogados: Wellington
Jesus Silva e outro e José Aurélio Martins Ferreira). Advogado Dativo: Osmar Mendes
Paixão.
Decisão: O Tribunal, por unanimidade, deferiu, em parte, o pedido de extensão
exclusivamente em relação ao delito de falsificação de documento referente ao Processo
n. 1879/97.7 TDPRT, da 2ª Secção do 3º Juízo do Tribunal Criminal do Porto, nos
termos do voto do Relator. Ausentes, justificadamente, a Ministra Ellen Gracie e, neste
julgamento, os Ministros Marco Aurélio e Gilmar Mendes. Presidiu o julgamento o
Ministro Nelson Jobim.
R.T.J. — 198 855
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros do Supremo Tribu-
nal Federal, sob a Presidência do Ministro Nelson Jobim, na conformidade da ata do
julgamento e das notas taquigráficas, por unanimidade de votos, deferir o pedido de
extradição e determinar a comunicação antes do trânsito em julgado, nos termos do voto
do Relator.
Brasília, 19 de dezembro de 2005 — Carlos Ayres Britto, Relator.
RELATÓRIO
O Sr. Ministro Carlos Ayres Britto: O Governo da Austrália pediu a extradição do
nacional neozelandês Lawrence James Phillips, acusado de praticar apropriação in-
débita de aproximadamente US$151.000 e operar um esquema de investimento geren-
ciado sem o devido registro. Para tanto, encaminhou os documentos formalizadores e
justificativos do pedido (fls. 08/37).
856 R.T.J. — 198
2. Pois bem, segundo o pedido de extradição, o extraditando “(a) entre o dia vinte
e oito de janeiro de 2002 e o dia vinte e oito de março de 2003, parcialmente na Nova
Zelândia e parcialmente em Gympie e em outras partes no Estado de Queensland,
Lawrence Phillips, em violação à s 480C(1)(b) e de acordo com a ss 12(4) e 568(3) do
Código Penal de Queensland, executou a apropriação indébita, a saber, de valor em
dinheiro de diferentes pessoas. E a apropriação era de um valor de mais de $5.0000,00,
notadamente US$151.000,00.; e
(b) entre o dia vinte e nove de maio de 2002 e o dia quatorze de maio de 2003 em
Gympie, no Estado de Queensland e em outros lugares, Lawrence Phillips operou um
esquema de investimento gerenciado, a saber, o Hatcher Unit Trust, esquema esse que
possuía mais de 20 membros, sendo solicitado registro em conformidade às 601EB da
Lei de Sociedades de 2001, porém tal registro não foi efetuado, em violação às
subseções 601ED(5) e 1311(1) da referida Lei.”
3. Os documentos encaminhados pelo governo requerente sinalizam a expedição
de mandado de prisão contra o extraditando (fls. 36), razão pela qual decretei a respecti-
va custódia, tendo por fundamento o art. 81 da Lei n. 6.815/80 c/c o art. 7º do Tratado de
Extradição firmado entre o Brasil e a Austrália (Decreto n. 2.010/96).
4. Avanço neste relato para anotar que, efetuada a prisão do extraditando, este, por
meio de advogado validamente constituído, manifestou-se pelo integral atendimento
do pedido, com sua imediata entrega física ao país requerente. Para tanto, alegou que
não há nenhum defeito formal no pedido de extradição e requereu a dispensa das for-
malidades que antecedem ao julgamento, com vistas a abreviar o período de sua perma-
nência na prisão (fls. 72/81).
5. Diante disso, por meio do despacho de fls. 69/70, dispensei a realização do
interrogatório, pelo que os autos foram de pronto encaminhados à Procuradoria-Geral da
República, que opinou pela procedência do pedido extradicional, nos termos da seguin-
te ementa (fls. 83):
“Pedido de extradição formulado pelo Governo da Austrália. Pedido
devidamente instruído, nos termos do art. 80 da Lei 6.815/80. Competência
do Estado requerente para o julgamento dos fatos narrados no pedido extra-
dicional. Preenchimento do requisito da dupla tipicidade. Inocorrência de
prescrição pela lei do Estado requerente, tampouco pela lei brasileira. Parecer
pela procedência do pedido.”
É o relatório.
VOTO
O Sr. Ministro Carlos Ayres Britto (Relator): Feito o relatório, passo ao voto.
8. De início, no tocante ao assentimento do extraditando, pontuo que a jurispru-
dência deste Supremo Tribunal Federal é pacífica em reconhecer a indispensabilidade
da apreciação dos requisitos legais para a concessão do pedido. Confira-se:
“Extradição concordância do extraditando — Circunstância que não dis-
pensa o controle de legalidade do pedido extradicional, a ser efetuado pelo
R.T.J. — 198 857
EXTRATO DA ATA
Ext 1.016/Comunidade da Austrália — Relator: Ministro Carlos Britto. Reque-
rente: Governo da Austrália. Extraditando: Lawrence James Phillips ou Jamie Keith
Phillips ou Vaughan Shane Phillips ou Lawrence Jamieson ou Lawrence Phillips (Advo-
gados: Marlus H. Arns de Oliveira e outros).
Decisão: O Tribunal, por unanimidade, deferiu o pedido de extradição e determinou
a comunicação antes do trânsito em julgado, nos termos do voto do Relator. Ausentes,
justificadamente, os Ministros Celso de Mello e Eros Grau. Presidiu o julgamento o
Ministro Nelson Jobim.
Presidência do Ministro Nelson Jobim. Presentes à sessão os Ministros Sepúlveda
Pertence, Carlos Velloso, Marco Aurélio, Ellen Gracie, Gilmar Mendes, Cezar Peluso,
Carlos Britto e Joaquim Barbosa. Procurador-Geral da República, Dr. Antonio Fernando
Barros e Silva de Souza.
Brasília, 19 de dezembro de 2005 — Luiz Tomimatsu, Secretário.
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros do Supremo Tri-
bunal Federal, em Sessão Plenária, sob a Presidência da Ministra Ellen Gracie, na con-
formidade da ata do julgamento e das notas taquigráficas, por unanimidade de votos,
referendar a decisão de fls. 421 a 432, nos termos do voto do Relator. Ausentes,
justificadamente, o Ministro Sepúlveda Pertence e, neste julgamento, o Ministro Eros
Grau.
Brasília, 25 de maio de 2006 — Celso de Mello, Relator.
RELATÓRIO
O Sr. Ministro Celso de Mello: Trata-se de procedimento cautelar, de caráter
preparatório (fls. 02/18), instaurado por iniciativa de diversos Estados-Membros e, ainda,
do Distrito Federal, os quais, reunidos em litisconsórcio ativo, postularam a concessão
de provimento jurisdicional destinado a neutralizar a lesão alegadamente causada —
consoante sustentado na presente sede processual — pela arbitrária inscrição dos auto-
res no Cadastro Único de Convênio (CAUC) mantido pela União Federal.
Por entender configurados, na espécie, os requisitos pertinentes ao fumus boni
juris e ao periculum in mora, proferi decisão concessiva da medida cautelar postulada,
fazendo-o com apoio nas seguintes razões (fls. 421/432):
“Trata-se de ação cautelar preparatória, com pedido de medida liminar, ajui-
zada por 18 (dezoito) Estados-Membros da Federação e, também, pelo Distrito
Federal, todos em formação litisconsorcial ativa, que tem por objetivo suspender
os efeitos da inscrição dos autores no Cadastro Único de Convênio (CAUC),
assegurando-se-lhes, ainda, as transferências de recursos federais, sem quaisquer
outros obstáculos que não os fundados em lei ou na própria Constituição, além
daquelas transferências ‘decorrentes de operações de crédito, especialmente oriun-
das de processos de autorização de empréstimo externo’ (fl. 16).
Os litisconsortes ativos também postulam seja-lhes respeitada a garantia do
contraditório e da ampla defesa, a ser exercida, previamente, no que se refere ‘a
R.T.J. — 198 861
VOTO
O Sr. Ministro Celso de Mello (Relator): Referendo, integralmente, por seus pró-
prios fundamentos, a decisão que proferi a fls. 421/432.
Assinalo, por necessário, que igual postulação foi deduzida pelo Estado de Minas
Gerais (MS 25.701-MC/DF, Rel. Min. Marco Aurélio) e pelo Estado do Espírito Santo
(AC 1.040-MC/ES, Rel. Min. Gilmar Mendes), cabendo registrar que os eminentes
Relatores de tais processos deferiram o provimento cautelar que lhes foi requerido.
O eminente Ministro Marco Aurélio, ao deferir, integralmente, a postulação
cautelar deduzida pelo Estado de Minas Gerais, suspendeu, “(...) até a decisão final
deste mandado de segurança, as inscrições do Estado de Minas Gerais no Cadastro
Único de Exigências para Transferências Voluntárias para Estados e Municípios —
CAUC —, afastando, assim, o móvel da interrupção dos repasses aludidos bem como a
inviabilidade de contração de empréstimo, tudo consideradas as inscrições envolvidas
neste caso” (grifei).
O eminente Ministro Gilmar Mendes, por sua vez, concedeu, em parte, a medida
cautelar que lhe havia sido requerida pelo Estado do Espírito Santo, em ordem a “(...)
suspender, para o autor e relativamente ao projeto de infra-estrutura descrito na peti-
ção inicial, as novas exigências contidas na IN/STN n. 01/2005, de forma a permitir-
lhe o regular prosseguimento de seus pleitos junto à União, nesta matéria, na forma da
regulamentação precedente” (grifei).
Também a eminente Ministra Ellen Gracie, em 6-1-2006, durante o período de
férias forenses, no exercício da Presidência deste Tribunal, deferiu, em parte, nos autos
da AC 1.074/PA, Rel. Min. Cezar Peluso, medida cautelar requerida pelo Estado do
Pará, em contexto virtualmente idêntico ao que se registra neste processo, em decisão
que suspendeu, em favor dessa unidade federada, “os efeitos da apontada inscrição do
requerente no Siafi, decorrente de sua situação de inadimplência relacionada ao Con-
vênio n. 047/04 (...)”.
870 R.T.J. — 198
EXTRATO DA ATA
AC 1.033-AgR-QO/DF — Relator: Ministro Celso de Mello. Agravante: União
(Advogado: Advogado-Geral da União). Agravados: Estado do Amazonas (Advogado:
PGE/AM – Ricardo Antonio Rezende de Jesus), Estado da Bahia (Advogado: Procura-
doria-Geral do Estado da Bahia), Estado do Ceará (Advogado: PGE/CE – Eduardo
Menezes Ortega), Estado do Espírito Santo (Advogado: Procuradoria-Geral do Estado
do Espírito Santo), Estado de Goiás (Advogado: Procuradoria-Geral do Estado de
Goiás), Estado de Mato Grosso (Advogado: Procuradoria-Geral do Estado de Mato
Grosso), Estado de Mato Grosso do Sul (Advogado: PGE/MS – Ulisses Schwarz Viana),
Estado do Pará (Advogado: Procuradoria-Geral do Estado do Pará), Estado da Paraíba
(Advogados: Ricardo de Sá Queiroga e outro), Estado do Paraná (Advogado: Procurado-
ria-Geral do Estado do Paraná), Estado de Pernambuco (Advogado: Procuradoria-Geral
do Estado de Pernambuco), Estado do Rio Grande do Norte (Advogado: Procuradoria-
Geral do Estado do Rio Grande do Norte), Estado do Rio Grande do Sul (Advogado:
Procuradoria-Geral do Estado do Rio Grande do Sul), Estado do Rio de Janeiro (Advogado:
Procuradoria-Geral do Estado do Rio de Janeiro), Estado de Rondônia (Advogado: Pro-
curadoria-Geral do Estado de Rondônia), Estado de Santa Catarina (Advogado: Procura-
doria-Geral do Estado de Santa Catarina), Estado de Sergipe (Advogado: Procuradoria-
Geral do Estado de Sergipe), Estado do Tocantins (Advogado: Procuradoria-Geral do
Estado do Tocantins) e Distrito Federal (Advogado: Procuradoria-Geral do Distrito Fe-
deral). Litisonsorte Ativo: Estado de Alagoas (Advogado: Procuradoria-Geral do Estado
de Alagoas).
Decisão: O Tribunal, à unanimidade, referendou a decisão de fls. 421 a 432, nos
termos do voto do Relator. Ausentes, justificadamente, o Ministro Sepúlveda Pertence e,
neste julgamento, o Ministro Eros Grau. Presidiu o julgamento a Ministra Ellen Gracie.
Presidência da Ministra Ellen Gracie. Presentes à sessão os Ministros Celso de
Mello, Marco Aurélio, Gilmar Mendes, Cezar Peluso, Carlos Britto, Joaquim Barbosa,
Eros Grau e Ricardo Lewandowski. Procurador-Geral da República, Dr. Antonio
Fernando Barros e Silva de Souza.
Brasília, 25 de maio de 2006 — Luiz Tomimatsu, Coordenador.
R.T.J. — 198 871
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros do Supremo Tribunal
Federal, por seu Tribunal Pleno, sob a Presidência do Ministro Nelson Jobim, na confor-
midade da ata do julgamento e das notas taquigráficas, por unanimidade de votos, negar
provimento ao recurso, nos termos do voto do Relator.
Brasília, 10 de novembro de 2005 — Carlos Ayres Britto, Relator.
RELATÓRIO
O Sr. Ministro Carlos Ayres Britto: Trata-se de apelação em causa própria, inter-
posta pelo advogado Abdalla Isaac Sahdo Júnior contra sentença da MMª Juíza da 4ª
Vara Criminal da Comarca de Manaus/AM, prolatada nos autos da Ação Penal n.
001.02.010062-1. Foi o réu condenado à pena de 5 (cinco) anos e 8 (oito) meses de
872 R.T.J. — 198
VOTO
O Sr. Ministro Carlos Ayres Britto (Relator): Preliminarmente, reconheço a compe-
tência do Supremo Tribunal Federal para o exame do feito, na esteira do que fora decidido
no habeas corpus mencionado no relatório. Ou seja, na AO 933, de que fui Relator, esta
colenda Corte se deu por competente para julgar o writ, por meio do qual o ora apelante
pretendia trancar a ação penal de que cuidam estes autos.
14. Dito isso, volto os olhos para o biênio prescricional de que trata o art. 41 da Lei
n. 5.250/67. De acordo com a jurisprudência da Casa, incidem, aqui, as causas de inter-
rupção da prescrição previstas no Código Penal. Menciono, ilustrativamente, os Habeas
Corpus 52.858, 67.047 e 77.962. Na ementa relativa ao Inquérito 1.034, da relatoria do
Ministro Celso de Melo, ficou assentado o entendimento:
“(...)
Tratando-se de crime de imprensa, e desde que não se tenha verificado, ain-
da, o trânsito em julgado da condenação penal, a prescrição da pretensão punitiva
do Estado ocorre, sempre, em dois (2) anos, qualquer que seja o quantum penal
cominado em abstrato.
(...)”
15. No caso, a sentença condenatória recorrível, que é uma causa interruptiva de
prescrição, foi proferida em 11-11-2003 (fls. 1644/1653). Portanto, ainda não consumado
o novo biênio prescricional, passo ao exame das razões de apelação. Ao fazê-lo, observo
que a maioria das questões levantadas pelo recorrente já havia sido enfrentada quando
do julgamento da mencionada AO 933, que resultou desfavorável ao acusado.
16. Nestes autos, o ilustrado Procurador-Geral da República atentou para tal cir-
cunstância, ao elaborar o parecer em que conclui pelo desprovimento do recurso. Porém,
antes de me ocupar da peça ministerial pública, passo ao exame de um tema a que o
recorrente deu suma importância no memorial recentemente apresentado. Refiro-me à
alegação de cerceamento de defesa, porque ele não teria sido intimado para a audiência
de instrução e julgamento, realizada no dia 25-4-2002. A falha foi atribuída ao aparato
judiciário, mais precisamente à Oficiala de Justiça, que não teve o cuidado de procurar o
réu no endereço correto: Rua Monsenhor Coutinho, n. 815.
874 R.T.J. — 198
17. Vamos, então, esclarecer os fatos. Na verdade, foram realizadas duas audiências
de instrução no espaço de dez dias: uma no dia 15 e a outra no dia 25 de abril. Na
primeira, foram ouvidas três testemunhas, além da única vítima que até então figurava
nos autos, ou seja, o Desembargador Gaspar Catunda de Souza. Na segunda audiência,
foi ouvida somente uma testemunha.
18. O réu e seu advogado não compareceram em nenhuma das oportunidades,
razão por que a MMª Juíza decretou a revelia do acusado e nomeou-lhe defensor, um
para cada ato.
19. Para a citação do réu, com respeito à audiência do dia 15, expediu-se mandado
a ser cumprido na Rua do Comércio, n. 115 (fls. 108 e 111). De acordo com a certidão de
fls. 107, esse endereço abriga o “escritório jurídico do Dr. Abdalla Isaac Sahado
Junior”, mencionado, também, no pedido de explicações de fl. 157. Anoto que, no
mesmo endereço, já havia sido cumprida, com sucesso, a diligência efetivada pouco
tempo antes, destinada à citação do então representado para oferecer defesa prévia (fl.
106). Anoto, mais, que este ato, no aludido endereço, foi considerado válido pelo pró-
prio recorrente, nas suas razões (fl. 1764).
20. Esclareço, agora, que o mandado acima referido, para a audiência do dia 15-4-
2002, foi cumprido na Rua Monsenhor Coutinho, casa n. 815 (certidão de fls. 112),
endereço que já constava, em 13-12-2001, no mandado de intimação de fl. 168.
21. Ora, realizada a audiência sem a presença do réu e de seu defensor, outra foi
marcada para o dia 25 do mesmo mês, a fim de se ouvir a testemunha faltante. Expediu-
se novo mandado, com o endereço profissional do réu: Rua do Comércio, 115. Lá, ele
não foi encontrado pela Oficiala de Justiça, que então devolveu o mandado ao Cartório,
sem diligenciar no endereço residencial (certidão de fl. 134).
22. É aqui, neste exato ponto, que se apega o autor do memorial. Segundo ele, a
negligência da serventuária é que teria motivado o não-comparecimento dele à segunda
audiência, com prejuízo da própria defesa.
23. Confesso que examinei com cuidado os autos, mas cheguei a conclusão diversa,
por várias razões. Primeira, porque todos os mandados eram expedidos com o endereço
profissional do réu. O único que continha o endereço residencial, o de 13-12-2001, foi
cumprido no interior do Cartório da 3ª Vara Criminal, “onde encontrava-se o requerido”
(certidão de fl. 168v). Todos os demais mandados — repito — mencionavam a Rua do
Comércio. O Oficial encarregado da penúltima diligência é que houve por bem se dirigir
à Rua Monsenhor Coutinho, onde foi bem sucedido. Mas a Oficiala incumbida da última
citação orientou-se pelo endereço usual, Rua do Comércio, que as razões do recurso
consideraram válido, conforme anteriormente afirmado. E o curioso é que, nessas mes-
mas razões, à fl. 1764, o apelante admite que não compareceu à audiência do dia 15 por
vontade própria — tudo levando a crer que se tratava de uma tática de defesa, repetida no
dia 25.
24. Mas não é só isso. Na audiência do dia 25, em que teria havido o cerceamento
de defesa, foi ouvida apenas uma testemunha, arrolada pela acusação, testemunha que
disse nada saber a respeito dos fatos. Nesse cenário, tudo indica que não houve prejuízo
para a defesa; e, sem prejuízo, não se declara nulidade.
R.T.J. — 198 875
25. Para fechar este tópico, cumpre-me deixar claro que todos os fatos aconteceram
na primeira fase da ação penal, isto é, antes do aditamento da denúncia, que foi feito para
incluir três outros ofendidos. Com o aditamento, realizaram-se novos atos processuais:
defesa prévia, interrogatório, inquirição de testemunhas e alegações finais. Esses atos,
por certo, convalidaram os anteriores, se é que alguma eiva pesava sobre eles.
26. Por tudo isso, eu repilo a alegação de cerceamento de defesa.
27. No mais, valho-me do parecer de fls. 1918/1920, vazado nos seguintes termos:
“Quanto ao mérito da condenação, também não procede a irresignação. Sus-
tenta o recorrente, em apertada síntese: a) ausência de justa causa para sua conde-
nação, uma vez que não atingiu a honra subjetiva, nem objetiva, das vítimas,
limitando-se a narrar os fatos trazidos ao seu conhecimento por dirigentes do Sin-
dicato dos Trabalhadores em Transporte Rodoviário de Manaus; b) ausência de
dolo nas condutas descritas na denúncia; c) imunidade profissional no exercício
da advocacia.
Durante a instrução criminal não foi provado que as vítimas tenham recebido
quaisquer quantias em dinheiro ao concederem liminares favoráveis ao Sindicato
dos Trabalhadores em Transporte Rodoviário de Manaus (fls. 121/122, 124/125,
126/128, 138/140, 952/958, 959/962, 963/966, 967/969, 1042/1045, 1047/1051,
1053/1057, 1059/1063, 1075/1077 e 1155/1156). Ressalte-se que tais fatos foram
levados ao conhecimento do Colendo Superior Tribunal de Justiça (RP n. 213),
que determinou o arquivamento das investigações em face dos Desembargadores,
atendendo a pedido do Ministério Público Federal.
Por outro lado, foi comprovada a autoria dos crimes imputados ao ora apelante.
Acrescente-se que o réu perseverou nas afirmações criminosas mesmo depois de
chamado a juízo, mediante pedido de explicação de um dos ofendidos.
Ficou demonstrado, igualmente, que o réu agiu com dolo específico, necessá-
rio à configuração dos tipos penais descritos na peça acusatória. Consta da sentença:
“Ressaltando, que utilizou ainda a frase ‘com a maior satisfação’ ao
declinar os nomes das vítimas, ficando patente, como bem ressaltou a Senhora
Promotora Pública o animus calumniiandi e diffamandi com que manifestou-se
o réu, não podendo assim, jamais aceitar-se como mero animus narrandi” (fls.
1649)
Por fim, não está configurada in casu a imunidade a que se refere o art. 133, da
Constituição Federal, e o art. 7º, §§ 1º e 2º, da Lei n. 8.906/94. Como já assentado
por essa Corte no julgamento da referida AO n. 933 “Pacificou-se também a juris-
prudência no sentido de que não é absoluta a invilabilidade do advogado, por seus
atos e manifestações, o que não infirma a abrangência que a Carta de Outubro
conferiu ao instituto, de cujo manto protetor somente se excluem atos, gestos ou
palavras que manifestamente desbordem do exercício da profissão, como a agres-
são (física ou moral), o insulto pessoal e a humilhação pública (ADI 1127).” Como
bem ressaltado por V. Exa., ao explicitar voto condutor do acórdão, “as ofensas
foram proferidas fora do âmbito judicial” e “sem nexo de causalidade” entre estas
e a causa posta em juízo.
A propósito deste tema, confira-se outro julgado dessa Corte:
876 R.T.J. — 198
VOTO
O Sr. Ministro Marco Aurélio: Presidente, apenas para ressaltar um aspecto que diz
respeito à citação ou à intimação para audiência, quando se conta, no processo, com
mais de um endereço.
Creio que há de haver o esgotamento. O oficial deve procurar o envolvido nos
endereços constantes do processo.
Existe, porém, uma peculiaridade: o acusado declarou — isso está documentado
no processo, segundo o voto do Relator — que não compareceu à audiência por vontade
própria. Admitiu, portanto, o conhecimento da data designada e do local em que ocorre-
ria a referida audiência.
Tendo em conta essa particularidade, ressaltando que a imunidade do advogado
refere-se à atuação, em si, no processo ou no âmbito administrativo, relativa ao instru-
mento de mandato e não a entrevistas dadas em televisão, acompanho o voto do Relator.
VOTO (Aditamento)
O Sr. Ministro Carlos Britto (Relator): Sem falar, Ministro Marco Aurélio, que, com
o aditamento da denúncia, realizaram-se novos atos processuais com suprimento de
eventuais falhas.
O Sr. Ministro Marco Aurélio: É que, naquela audiência em que ouvida uma teste-
munha, muito embora da acusação, sem que ela revelasse fato que pudesse levar à
apenação do acusado, não teria havido o comparecimento.
De qualquer forma, no entanto, a questão ficou suplantada pela circunstância de o
acusado ter admitido que não compareceu por vontade própria e, portanto, que tinha
conhecimento da audiência designada.
VOTO
O Sr. Ministro Sepúlveda Pertence: Sr. Presidente, quero deixar expressa a minha
reserva quanto à afirmação apodítica de que a imunidade penal do advogado não cobre
fatos que, em tese, constituam crime. A ser assim, não se cuidaria de imunidade penal. O
que temos exigido, sim, é que a pretendida ofensa se faça, ou no processo, ou em estrita
conexão com fatos do processo. Isso ficou muito claro na decisão plenária do Inquérito
n. 1.674.
R.T.J. — 198 877
EXTRATO DA ATA
AO 1.300/AM — Relator: Ministro Carlos Britto. Apelante: Abdalla Isaac Sahdo
Junior (Advogados: Abdalla Isaac Sahdo Junior e outro). Apelado: Ministério Público
do Estado do Amazonas. Assistentes: Gaspar Catunda de Souza e outro (Advogado:
Délcio Luis Santos).
Decisão: O Tribunal, por unanimidade, negou provimento ao recurso, nos termos
do voto do Relator. Ausente, justificadamente, a Ministra Ellen Gracie. Presidiu o julga-
mento o Ministro Nelson Jobim.
Presidência do Ministro Nelson Jobim. Presentes à sessão os Ministros Sepúlveda
Pertence, Celso de Mello, Carlos Velloso, Marco Aurélio, Gilmar Mendes, Cezar Peluso,
Carlos Britto, Joaquim Barbosa e Eros Grau. Procurador-Geral da República, Dr. Antonio
Fernando Barros e Silva de Souza.
Brasília, 10 de novembro de 2005 — Luiz Tomimatsu, Secretário.
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros do Supremo Tribunal
Federal, em Sessão Plenária, sob a Presidência do Ministro Nelson Jobim, na conformi-
dade da ata do julgamento e das notas taquigráficas, por unanimidade, dar provimento
ao agravo regimental.
Brasília, 2 de fevereiro de 2006 — Eros Grau, Relator.
RELATÓRIO
O Sr. Ministro Eros Grau: Trata-se de agravo regimental interposto contra decisão
monocrática do então Relator, Ministro Nelson Jobim, que negou seguimento à ação
rescisória, nos seguintes termos:
878 R.T.J. — 198
“(...)
A Ação Rescisória foi proposta em 18-9-2000 (fl. 2).
Quando os autos foram conclusos ao Min. Octavio Gallotti, a decadência já
havia-se consumado.
A citação tardia da Ré deve-se à Autora, que somente protocolizou a Ação
Rescisória no último dia do prazo decadencial.
Há precedente:
“Ação rescisória alcançada pela decadência por não haver sido pro-
movida a citação segundo os prazos e condições estabelecidos no art. 219 e
seus parágrafos do Código de Processo Civil.” (AR 1.322, Gallotti, 9-9-
1999).
No mesmo sentido: AR 1.672, Jobim, e AR 1.559, Moreira.
Na linha dos precedentes, nego seguimento à Ação Rescisória (RISTF, art.
21, § 1o).
Condeno a Autora ao pagamento das custas e dos honorários advocatícios,
estes arbitrados em 10% sobre o valor da causa.
Arquivem-se os autos”.
2. A agravante alega que a ação rescisória foi proposta dentro do prazo decadencial.
Afirma que a citação dos réus foi promovida adequadamente, embora efetivada após o
biênio.
3. Sustenta que a promoção dos atos de citação consubstancia apenas o requeri-
mento na petição inicial, com o pagamento das despesas da diligência, cabendo aos
órgãos judiciários efetivá-la. Cita o Enunciado n. 106 da Súmula do STJ, segundo o
qual, “proposta a ação no prazo fixado para o seu exercício, a demora na citação, por
motivos inerentes ao mecanismo da Justiça, não justifica o acolhimento da argüição de
prescrição ou de decadência”.
4. Destaca, por fim, a parte final do § 2º do art. 219 do CPC, que exime a responsa-
bilidade do autor quando a demora na citação é imputada exclusivamente ao serviço
judiciário.
É o relatório.
VOTO
O Sr. Ministro Eros Grau (Relator): O trânsito em julgado do acórdão rescindendo
deu-se no dia 17 de setembro de 1998, completando-se o prazo decadencial para a
propositura da ação rescisória no dia 18 de setembro de 2000.
2. A presente ação foi protocolada neste Tribunal no último dia do biênio, distri-
buída inicialmente ao Ministro Octavio Gallotti. Os autos foram encaminhados à con-
clusão em 5 de outubro, e o despacho que ordenou a citação da ré foi proferido no dia 10
de outubro de 2000.
R.T.J. — 198 879
3. Esta Corte tem entendido que a decadência da ação rescisória ocorre quando o
autor não obtiver o despacho ordinatório de citação dentro do biênio previsto no art. 495
do CPC, conforme precedente do RE n. 114.920, Relator o Ministro Carlos Madeira, DJ
de 2-9-1988:
“Ementa: Ação rescisória. Prazo de decadência (Código de Processo Ci-
vil, art. 495). Se o autor, apesar de protocolizar a petição dentro do biênio, não
obteve, por inércia, o despacho ordenando a citação naquele prazo, operou-se
a decadência do direito à rescisão. Sendo de decadência, o prazo do art. 495 não
se suspende nem se interrompe, mesmo com o advento das férias forenses. Re-
curso extraordinário conhecido e provido, para julgar extinto o processo, nos
termos do art. 269, IV, do CPC.”
4. De fato, a demora na obtenção do despacho ordinatório, bem como da citação
dos réus, quando não imputável ao autor, impedem a consumação da decadência, segundo
o disposto no art. 219, § 2º, do CPC1. Nesse sentido a jurisprudência desta Corte, conforme
trecho da ementa da AR n. 1.178, Relator o Ministro Marco Aurélio, DJ de 6-9-1996:
“Decadência — Citação tardia — Efeito. Dentre as hipóteses em que
admissível a citação após o prazo decadencial, distinguem-se aquelas ligadas a ato
ou fato estranho ao campo de atuação reservado ao autor, quando impossível é
falar de decadência, que, de resto, mostra-se incidente quando a citação tardia haja
resultado de inércia do autor, considerado um certo ônus processual.”
5. Nestes autos, no entanto, a inércia da União em obter o despacho ordinatório é
flagrante desde a petição inicial. Protocolada no último dia do biênio, não registrou no
pedido a urgência na citação da ré ou o requerimento de prorrogação prevista no art. 219,
§ 3º, do CPC2, em vista da iminência de consumar-se a decadência. Lembro, neste ponto,
o precedente da AR n. 1.327, Relator para o acórdão o Ministro Célio Borja, DJ de 26-
10-1990:
“Ação rescisória. Decadência. Citação. Prazo. Efeitos. Transcorridos os
dez dias inicialmente concedidos para a citação do réu (CPC, art. 219, § 2º), desde
que esta tiver de efetivar-se, por qualquer razão, após o biênio, deve o autor da
ação rescisória requerer, necessariamente, a prorrogação de que cogita o § 3º do
art. 219 do CPC, sob pena de configurar-se a hipótese do § 4º do aludido
dispositivo legal. Decadência declarada. Entendimento majoritário. Extinção do
processo com julgamento de mérito” [Grifos no original].
6. O autor da rescisória deve estar atento e diligente quanto ao andamento do
processo até a citação válida dos réus, especialmente quando ajuizada às vésperas do
biênio decadencial.
Nego provimento ao agravo regimental.
1 § 2º Incumbe à parte promover a citação do réu nos 10 (dez) dias subseqüentes ao despacho que a
ordenar, não ficando prejudicada pela demora imputável exclusivamente ao serviço judiciário.
2 § 3º Não sendo citado o réu, o juiz prorrogará o prazo até o máximo de 90 (noventa) dias.
880 R.T.J. — 198
VOTO
O Sr. Ministro Nelson Jobim (Presidente): Ocorre o seguinte: pelos dados que estão
aqui no registro, ele ingressou com a ação no dia 18 — que era o último dia —, o feito só
foi distribuído no dia 19 — não foi nenhuma advertência — e cinco dias depois foi para
o Relator.
O Sr. Ministro Marco Aurélio: Ministro, decadência e prescrição decorrem da ne-
gligência da parte. A União, realmente, adotou postura nada louvável, mas é a postura
dos brasileiros em geral: deixou para o último dia a prática do ato. Porém, desincumbiu-
se do ônus respectivo, para não ver incidente a decadência e, em se tratando da União, a
citação independia, inclusive, de preparo.
O Sr. Ministro Sepúlveda Pertence: Exato, porque nós já decidimos que promover
a citação, nos casos de nossa competência, resume-se simplesmente a pagar as custas
respectivas — fornecer os dados e pagar. A União não paga.
O Sr. Ministro Cezar Peluso: Fez tudo o que tinha de fazer: como exigir que fosse
à casa do Ministro Octavio Gallotti, à noite, incomodá-lo para despachar, sob argumento
de decadência.
O Sr. Ministro Marco Aurélio: Ministro, Vossa Excelência evolui?
O Sr. Ministro Eros Grau (Relator): Não. Este é um convencimento que tenho há
bastante tempo e, neste caso, quero ficar não apenas com o despacho inicial do Ministro
Nelson Jobim, mas com essa jurisprudência que mencionei, o caso do Agravo Regimen-
tal n. 1.327, Relator para o acórdão o Ministro Célio Borja, de 1990, em que houve um
grande debate na Corte, no qual ele diz:
“Transcorridos os dez dias inicialmente concedidos para a citação do réu,
desde que esta tiver de efetivar-se, por qualquer razão, após o biênio, deve o autor
da ação rescisória requerer, necessariamente, a prorrogação de que cogita o § 3º do
art. 219 (...)”
O Sr. Ministro Cezar Peluso: V. Exa. me permite só uma ponderação? O prazo ou
os prazos a que se refere o § 4º são os prazos do § 2º. E o que significa o prazo do § 2º?
Significa o ônus que tem a parte de, nesse prazo, tomar as providências necessárias para
que se proceda à citação. Isto é, se ela não consegue tomar essas providências indispen-
sáveis a que o órgão jurisdicional promova a citação, como, por exemplo, se não conse-
guiu encontrar o endereço do réu nos dez dias, tem de pedir a prorrogação. Mas isso não
tem nada a ver com o impulso oficial que o processo deve receber da autoridade que o
preside, a qual não está sujeita a prazo nenhum. A parte não tem como interferir no prazo
do exercício dos atos jurisdicionais. O prazo que deve ser prorrogado é só o previsto para
a prática de ato da parte a título de ônus. E que outro ônus tem a parte depois que tomou
todas as providências?
O Sr. Ministro Marco Aurélio: Assinado para ela se desincumbir do ônus.
O Sr. Ministro Cezar Peluso: Ônus dela. Ela já não tem nada por fazer. Vai pedir
prorrogação para fazer o quê? Vai pedir prorrogação para aliviar o órgão judiciário que está
assoberbado? Então, diria: como V. Exa. não consegue despachar em dez dias, por favor
prorrogue o seu próprio prazo. Isso não tem sentido, Ministro, com o devido respeito.
R.T.J. — 198 881
VOTO (Aditamento)
O Sr. Ministro Eros Grau (Relator): Sr. Presidente, mais de uma vez afirmei, aqui,
que o importante não é o entendimento de cada um dos Ministros isoladamente. Se o
Colegiado estiver perfeitamente de acordo no sentido de que, em uma hipótese como
esta, o que vale é o simples ajuizamento dentro do prazo, não tenho, absolutamente,
problema nenhum em aderir a esse entendimento.
EXTRATO DA ATA
AR 1.584-AgR/SC — Relator: Ministro Eros Grau. Agravante: União (Advogados:
PFN – Francisco Targino da Rocha Neto e outro). Agravado: Weg Indústrias S.A. (Advo-
gados: Romeo Piazera Júnior e outros).
Decisão: O Tribunal, por unanimidade, deu provimento ao agravo regimental, nos
termos do voto do Relator. Impedidos, a Ministra Ellen Gracie e o Ministro Gilmar
Mendes. Ausente, justificadamente, o Ministro Joaquim Barbosa. Presidiu o julgamento
o Ministro Nelson Jobim.
Presidência do Ministro Nelson Jobim. Presentes à sessão os Ministros Sepúlveda
Pertence, Celso de Mello, Marco Aurélio, Ellen Gracie, Gilmar Mendes, Cezar Peluso,
Carlos Britto e Eros Grau. Procurador-Geral da República, Dr. Antonio Fernando Barros
e Silva de Souza.
Brasília, 2 de fevereiro de 2006 — Luiz Tomimatsu, Secretário.
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros do Supremo
Tribunal Federal, em Sessão Plenária, sob a Presidência do Ministro Nelson Jobim, na
conformidade da ata do julgamento e das notas taquigráficas, por maioria de votos,
julgar improcedente a ação, nos termos do voto do Relator.
Brasília, 3 de novembro de 2005 — Eros Grau, Relator.
RELATÓRIO
O Sr. Ministro Eros Grau: A Confederação Nacional do Comércio – CNC ajuizou
ação direta, com pedido de medida cautelar, na qual pleiteia a declaração de inconsti-
tucionalidade do artigo 1º da Lei n. 7.844/92, do Estado de São Paulo.
2. O preceito impugnado tem o seguinte teor:
“Art. 1º Fica assegurado aos estudantes regularmente matriculados em esta-
belecimentos de ensino de primeiro, segundo e terceiro graus, existentes no
Estado de São Paulo, o pagamento de meia-entrada do valor efetivamente cobrado
para o ingresso em casas de diversão, de espetáculos teatrais, musicais e circenses,
em casas de exibição cinematográfica, praças esportivas e similares das áreas de
esporte, cultura e lazer do Estado de São Paulo, na conformidade da presente
Lei”.
884 R.T.J. — 198
3. A requerente sustenta que o preceito impugnado colide com os artigos 1701 e 1742
da Constituição do Brasil, porque institui indevida intervenção do Estado-Membro no do-
mínio econômico. Sustenta que há, também, no caso, inconstitucionalidade formal. Afirma
que a intervenção na economia somente é cabível, em termos excepcionais, à União.
4. A Assembléia Legislativa rebate a alegação de inconstitucionalidade formal,
ressaltando que, nos termos do artigo 24, inciso I, da CB/88, os Estados-Membros detêm
competência concorrente para legislar sobre direito econômico, que configuraria, no
caso em exame, competência legislativa plena, visto que a lei na qual se insere o dispo-
sitivo impugnado regulamenta campo não explorado por lei federal. Destaca que a
estipulação de meia-entrada não significa fixação de preços. Aduz, por fim, que o obje-
tivo da lei atacada é facultar e fomentar o acesso à cultura aos estudantes [fls. 28/50].
5. O Governador do Estado de São Paulo sustenta a existência de conformidade
entre o preceito hostilizado e os artigos 23, inciso V3, e 24, incisos I, IX e XV4, da
1 Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem
por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os
seguintes princípios:
I - soberania nacional;
II - propriedade privada;
III - função social da propriedade;
IV - livre concorrência;
V - defesa do consumidor;
VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto
ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação; (Redação dada pela
Emenda Constitucional n. 42, de 19-12-2003)
VII - redução das desigualdades regionais e sociais;
VIII - busca do pleno emprego;
IX - tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras e
que tenham sua sede e administração no País. (Redação dada pela Emenda Constitucional n. 6, de 1995)
Parágrafo único. É assegurado a todos o livre exercício de qualquer atividade econômica,
independentemente de autorização de órgãos públicos, salvo nos casos previstos em lei.
2 Art. 174. Como agente normativo e regulador da atividade econômica, o Estado exercerá, na forma
da lei, as funções de fiscalização, incentivo e planejamento, sendo este determinante para o setor
público e indicativo para o setor privado.
§ 1º A lei estabelecerá as diretrizes e bases do planejamento do desenvolvimento nacional
equilibrado, o qual incorporará e compatibilizará os planos nacionais e regionais de desenvolvimento.
§ 2º A lei apoiará e estimulará o cooperativismo e outras formas de associativismo.
§ 3º O Estado favorecerá a organização da atividade garimpeira em cooperativas, levando em conta
a proteção do meio ambiente e a promoção econômico-social dos garimpeiros.
§ 4º As cooperativas a que se refere o parágrafo anterior terão prioridade na autorização ou
concessão para pesquisa e lavra dos recursos e jazidas de minerais garimpáveis, nas áreas onde estejam
atuando, e naquelas fixadas de acordo com o art. 21, XXV, na forma da lei.
3 Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios:
(...)
V - proporcionar os meios de acesso à cultura, à educação e à ciência.
4 Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:
R.T.J. — 198 885
Constituição do Brasil. Alega que a lei paulista não contraria a liberdade de empresa
dos promotores de eventos, eis que encontra sua base na diretriz que emerge dos artigos
2055, 208, inciso V6, 2157 e 217, § 3º8, da Constituição [53/65].
6. A medida liminar foi indeferida, por ausência de periculum in mora, já que o
lapso temporal decorrido entre o início da vigência da lei questionada e o ajuizamento
da ação direta é superior a seis anos [fls. 92/101].
7. O Advogado-Geral da União pugnou pela improcedência do pleito, aduzindo
que o preceito atacado é formal e materialmente compatível com os preceitos constitu-
cionais [fls. 106/113].
8. O Procurador-Geral da República opinou pela improcedência do pedido de
declaração de inconstitucionalidade, destacando que os Estados-Membros detêm com-
petência legislativa para editar normas que assegurem aos estudantes o direito ao paga-
mento de meia-entrada em espetáculos culturais, esportivos e de lazer. Acrescentou que,
ante os termos do artigo 1º da Medida Provisória n. 2.208/019, normas sobre descontos
concedidos a estudantes são, em princípio, de caráter específico.
É o relatório, do qual deverão ser extraídas cópias para envio aos Senhores Minis-
tros [RISTF, artigo 172].
VOTO
O Sr. Ministro Eros Grau (Relator): Trata-se de ação direta na qual a Confedera-
ção Nacional do Comércio – CNC questiona a constitucionalidade da Lei n. 7.844/92,
do Estado de São Paulo, que assegura aos estudantes o direito ao pagamento de meia-
entrada em espetáculos esportivos, culturais e de lazer.
diversão e eventos culturais, esportivos e de lazer, será feita pela exibição de documento de identifica-
ção estudantil expedido pelos correspondentes estabelecimentos de ensino ou pela associação ou
agremiação estudantil a que pertença, inclusive pelos que já sejam utilizados, vedada a exclusividade de
qualquer deles.
10 Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:
I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico;
11 Vide meu A Ordem Econômica na Constituição de 1988. 9. ed. Malheiros, São Paulo: 2004. p. 268.
12 Art. 30. Compete aos Municípios:
I - legislar sobre assuntos de interesse local;
13 Do capitalismo e do socialismo. Atlântida, Coimbra: 1972. p. 125.
R.T.J. — 198 887
VOTO
O Sr. Ministro Marco Aurélio: Senhor Presidente, o caso é de abrangência maior,
envolve o entretenimento.
O preceito da Lei estadual n. 7.844/92 dispõe:
Art. 1º Fica assegurado aos estudantes regularmente matriculados em estabe-
lecimentos de ensino de primeiro, segundo e terceiro graus, existentes no Estado
18 Sobre a função como dever-poder, vide EROS, Roberto Grau; FORGIONI, Paula. O Estado, a
empresa e o contrato. São Paulo: Malheiros, 2005. pp. 118-119.
19 Vide meus A ordem econômica na Constituição de 1988, cit., pp. 150-151 e Ensaio e discurso sobre
a interpretação/aplicação do direito. 3. ed. Malheiros, São Paulo: 2005. pp. 128-132.
R.T.J. — 198 889
VOTO
O Sr. Ministro Carlos Britto: Senhor Presidente, os bens e valores culturais, em
regra, estão franqueados à exploração econômica, à iniciativa privada, mas são bens que
se põem, ao mesmo tempo, como dignos de proteção estatal, seja do ângulo da sua
produção, seja do ângulo da sua divulgação. Isso está expresso no art. 215 da Magna
Carta, a sinalizar, para mim, que esses bens e valores culturais, mesmo economicamente
explorados, têm de cumprir uma função social mais forte.
890 R.T.J. — 198
VOTO
O Sr. Ministro Cezar Peluso: Senhor Presidente, também peço vênia aos eminentes
Ministros Relator e Carlos Britto para acompanhar a divergência, acrescentando outros
fundamentos.
Na verdade, essa norma está interferindo em contratos, está tabelando prestações
de contratos; para um universo determinado de contraentes, é verdade, mas está tabelando,
ao prescrever que um universo tal de contraentes paga a metade do valor dos contratos.
Isso, a meu ver, com o devido respeito, ofende o art. 22, I. E encontro grande
dificuldade para ajustar essa norma ao art. 23, V, ao dizer que compete ao Estado:
“V - proporcionar os meios de acesso à cultura, à educação (...)”
Primeiro, o Estado não está proporcionando nada, está obrigando o particular a
proporcionar. Segundo, se o argumento fosse verdadeiro, o Estado poderia baixar norma
que estatua que menor de doze anos paga dez por cento da mensalidade escolar e outras
análogas. Aliás, o Ministro Eros Grau foi Relator da ADI n. 1.007, na qual o Plenário não
admitiu sequer fosse mudada a data de pagamento de contrato de mensalidade escolar!
O Sr. Ministro Carlos Britto: A meu ver, a situação era outra.
O Sr. Ministro Cezar Peluso: Neste caso, estamos admitindo teoricamente que o
Estado pode tabelar o valor de prestação de contratos.
R.T.J. — 198 891
EXPLICAÇÃO
O Sr. Ministro Eros Grau (Relator): Só para esclarecer: a ADI n. 1.007 tratava de
matéria de Direito Civil. A situação é inteiramente diferente.
O Sr. Ministro Cezar Peluso: Que contratos são esses, Ministro?
O Sr. Ministro Eros Grau (Relator): Se Vossa Excelência me permitir, estou sim-
plesmente mostrando que não há incoerência no vício formal.
VOTO (Aditamento)
O Sr. Ministro Marco Aurélio: Presidente, evoluo para julgar, também, improce-
dente pelo vício formal, tendo em conta o voto que proferi no caso citado pelo Ministro
Cezar Peluso.
VOTO (Aditamento)
O Sr. Ministro Carlos Britto: Senhor Presidente, complemento o meu raciocínio
lembrando que os bens e valores culturais mereceram da Constituição um tratamento em
apartado, e é evidentemente para valorizar uns e outros — exatamente a Seção II do
Título que versa sobre a ordem social.
O artigo 215, cabeça, da Constituição Federal dispõe:
“Art. 215. O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais
e acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a
difusão das manifestações culturais.”
892 R.T.J. — 198
VOTO
O Sr. Ministro Sepúlveda Pertence: Senhor Presidente, também peço vênia para não
descobrir essa inconstitucionalidade em uma intervenção na economia das empresas de
diversão pública tão consuetudinária no Brasil, como é a da meia-entrada estudantil.
EXTRATO DA ATA
ADI 1.950/SP — Relator: Ministro Eros Grau. Requerente: Confederação Nacional do
Comércio – CNC (Advogado: José Eduardo Rangel de Alckmin). Requeridos: Governador
do Estado de São Paulo e Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo (Advogados:
Yuri Carajelescov e Diana Coelho Barbosa).
R.T.J. — 198 893
Decisão: O Tribunal, por maioria, julgou improcedente a ação, nos termos do voto
do Relator, vencidos os Ministros Marco Aurélio e Cezar Peluso. Votou o Presidente,
Ministro Nelson Jobim. Ausente, justificadamente, o Ministro Carlos Velloso. Falou
pelo requerido, Governador do Estado de São Paulo, o Dr. Marcos Ribeiro de Barros,
Procurador do Estado.
Presidência do Ministro Nelson Jobim. Presentes à sessão os Ministros Sepúlveda
Pertence, Celso de Mello, Marco Aurélio, Ellen Gracie, Gilmar Mendes, Cezar Peluso,
Carlos Britto, Joaquim Barbosa e Eros Grau. Ausente, justificadamente, o Ministro Carlos
Velloso. Procurador-Geral da República, Dr. Antonio Fernando Barros e Silva de Souza.
Brasília, 3 de novembro de 2005 — Luiz Tomimatsu, Secretário.
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros do Supremo Tribu-
nal Federal, em Sessão Plenária, sob a presidência do Ministro Marco Aurélio, na confor-
midade da ata do julgamento e das notas taquigráficas, preliminarmente, por maioria,
admitir a ação cautelar, vencido o Relator, e, no mérito, também por maioria, deferir o
efeito suspensivo pleiteado no tocante ao recurso extraordinário.
Brasília, 23 de abril de 2003 — Gilmar Mendes, Relator para o acórdão.
RELATÓRIO
O Sr. Ministro Sepúlveda Pertence: O Estado de Mato Grosso do Sul, à guisa de
medida cautelar, requer se conceda efeito suspensivo a recurso extraordinário interposto
e admitido na origem contra decisão do Tribunal de Justiça que deferiu mandado de
segurança a servidores públicos estaduais.
894 R.T.J. — 198
VOTO (Preliminar)
O Sr. Ministro Gilmar Mendes: O Estado de Mato Grosso do Sul propôs esta medida
cautelar para concessão de efeito suspensivo a recurso extraordinário admitido na ori-
gem, mas ainda não processado nesta Corte.
O Termo de Recebimento, Revisão, Autuação e Registro de Processo, à fl. 82,
certificou a existência, nos registros desta Corte, da Suspensão de Segurança n. 2.139-7,
que teve como origem o mesmo acórdão recorrido extraordinariamente.
Assim, o Relator, Sepúlveda Pertence, determinou se aguardasse a decisão naquele
processo.
O então Presidente, Marco Aurélio, em decisão monocrática que transitou em julgado,
indeferiu a SS 2.139, por entender inadequada a medida, nos seguintes termos (fl. 86):
“Na espécie dos autos, nota-se particularidade intransponível. Conforme
noticiado na inicial desta medida, o acórdão prolatado pelo Tribunal de Justiça do
Estado de Mato Grosso do Sul veio a ser atacado mediante recurso extraordinário.
Ora, está-se diante de situação concreta viabilizadora de pleito ao próprio relator
do recurso, ou seja, de ajuizamento de ação cautelar para imprimir eficácia suspen-
siva ao extraordinário. A ordem jurídica em vigor é conducente à concentração, à
atuação de órgão único, não se podendo conceber que se lance mão, com êxito, de
período de suspensão de segurança, sempre de caráter excepcionalíssimo, em vez
de requerer-se ao órgão competente a concessão de providência acauteladora. O
jurisdicionado não conta com a escolha do julgador, devendo, isto sim, a partir de
896 R.T.J. — 198
Aqui, da mesma forma, não faz sentido que o Tribunal fique impedido de examinar
a ação cautelar, quando a competência atribuída ao Presidente, no âmbito da suspensão
de segurança e das suspensões de liminares em geral, parece decorrer de um fenômeno de
metonímia processual.
Por ambas essas razões, não vejo óbice à submissão da questão em sede de medida
cautelar. Assim, conheço da presente ação.
DEBATE
O Sr. Ministro Gilmar Mendes: Sr. Presidente, não haveria uma concorrência de
remédios processuais?
O Sr. Ministro Marco Aurélio (Presidente): Resulta numa negação da prestação
jurisdicional. Indeferi a suspensão, porque entendi que o caso ensejaria a ação cautelar
para imprimir a eficácia suspensiva ao extraordinário.
O Sr. Ministro Carlos Velloso: Parece-me que haveria uma concorrência, porque o
pedido de suspensão se fundamenta em razões, as quais chamo de políticas. Já o pedido
de efeito suspensivo pode ter outros fundamentos.
O Sr. Ministro Sepúlveda Pertence (Relator): Pode ter, mas, no caso, não tem.
O Sr. Ministro Marco Aurélio (Presidente): Eu sei, mas a minha decisão está
preclusa, certa ou errada, porque não houve interposição de agravo quando eu disse ser
inadmissível a suspensão. Ele veio na via da cautelar; e, agora, vamos negar?
O Sr. Ministro Moreira Alves: A meu ver, o problema é o seguinte: ainda que fosse
cabível a suspensão de segurança, o certo é que o Presidente indeferiu, não houve recurso;
898 R.T.J. — 198
O Sr. Ministro Moreira Alves: Agora, pode ocorrer que, na demonstração do periculum
in mora, essa demonstração se faça como se fosse suspensão por parte do Presidente; e, aí,
o que aconteceria?
O Sr. Ministro Sepúlveda Pertence (Relator): O Tribunal foi sempre muito zeloso
com essa reserva de competência.
O Sr. Ministro Moreira Alves: Não há dúvida. Aí seria pela improcedência, pois
não foi demonstrado o periculum in mora.
O Sr. Ministro Sepúlveda Pertence (Relator): Eu cheguei a sustentar, certa vez,
como Procurador-Geral, que, com aqueles pressupostos mais restritos — o caso era de um
litisconsorte em mandado de segurança e defendia o interesse individual, um problema
de cartório —, cabia a cautelar na suspensão de segurança, porque ele não poderia alegar
prejuízo à ordem pública, à economia. Isso seria da autoridade coatora, do Estado. O
Tribunal nem isso aceitou.
O Sr. Ministro Marco Aurélio (Presidente): Mesmo se pudesse, não ficaria fechada
a via da ação cautelar para imprimir a eficácia suspensiva ao extraordinário.
O Sr. Ministro Moreira Alves: Só me pergunto isto: se, com relação à matéria de
meio, há fundamentos — pelo menos a serem apreciados — exclusivamente jurídicos; e,
com relação ao periculum in mora, não se faz a demonstração como deveria ser feita,
então, sucede, a meu ver, que é de se conhecer e julgar improcedente, tendo em vista que
não se demonstrou o periculum in mora como deveria ter sido demonstrado. Acho que
essa é a solução, porque, senão, a parte fica em uma situação dramática: cabe em um e já
está precluso, e o outro diz: não, mas cabia naquele e está precluso. Por isso, não pode-
mos modificar e mandar de novo para que seja julgado.
O Sr. Ministro Carlos Velloso: Não há norma expressa estabelecendo que, em se
tratando de decisão contra a Fazenda Pública, deve-se aguardar o trânsito em julgado?
Nós não achamos que essa disposição é constitucional, justamente na ADC que...
O Sr. Ministro Gilmar Mendes: 9.494, ADC n. 4.
O Sr. Ministro Moreira Alves: Aí não seria, então, o pedido.
O Sr. Ministro Sepúlveda Pertence (Relator): Parece-me que o que se quer é continuar
a perceber determinadas vantagens que o Estado cortou. Aí não se aplica aquela norma.
O Sr. Ministro Gilmar Mendes: Eu conheceria e deferiria a cautelar.
O Sr. Ministro Moreira Alves: Há um problema aí, porque aí temos que examinar a
fundamentação da eficácia da suspensão, alegada com fundamentos jurídicos.
O Sr. Ministro Sepúlveda Pertence (Relator): Ninguém aqui sabe o que é.
O Sr. Ministro Moreira Alves: Por isso, acho que a solução seria esta: conhecer e
devolver ao Relator para que ele examine; ou, então, o Relator, de pronto, dizer que falta
um dos requisitos, justamente o da demonstração correta do periculum in mora.
O Sr. Ministro Marco Aurélio (Presidente): É que o Relator ficou na preliminar de
não-cabimento, porque cabível seria o pedido de suspensão que ia indeferir.
O Sr. Ministro Gilmar Mendes: Eu vejo o Tribunal, todo dia, deferir esses casos de
cautelar sem esse distinguishing. Não vejo como possamos fazer essa...
R.T.J. — 198 901
O Sr. Ministro Moreira Alves: É que precisamos ver se, realmente, há plausibilidade
do pedido de suspensão. Acho que a solução seria esta: conhecer e devolver ao Relator
para que ele examinasse.
O Sr. Ministro Sepúlveda Pertence (Relator): Sou da escola do Ministro Gallotti:
não gosto de acórdão unânime. Então, mantenho o meu voto.
O Sr. Ministro Moreira Alves: Não estou fazendo um apelo para Vossa Excelência
modificar o voto. Digo, apenas, que é uma situação...
O Sr. Ministro Marco Aurélio (Presidente): Ministro Gilmar, conhece?
O Sr. Ministro Gilmar Mendes: (Nada falou).
O Sr. Ministro Marco Aurélio (Presidente): Ministra Ellen Gracie, conhece ou não
conhece?
O Sr. Ministro Sepúlveda Pertence (Relator): Sr. Presidente, em matéria de suspen-
são de segurança, à guisa de proteção da ordem pública administrativa — alcunha plas-
mada pelo eminente Ministro Néri da Silveira —, o Tribunal tem considerado o efeito
multiplicador que possa ter uma decisão contrária ao Estado, para suspender o primeiro
caso que nos chega às mãos e os subseqüentes. Tenho dificuldade em aplicar isso no
campo da medida cautelar de um processo interpartes.
Trata-se, no caso, de duas professoras que pretendem manter uma vantagem
percentual que teria sido alterada por um regime novo de remuneração. Isso poderia dar-
lhes mais de 20% na remuneração total.
Não reconheço periculum in mora maior do que o normal da falta de efeito
suspensivo do recurso extraordinário, qualificado, quando se cuida de mandado de
segurança que mantém o status quo e não concede vantagem nova ao servidor.
Considero que a inexistência do efeito suspensivo em mandado de segurança é a regra.
Só prova inequívoca de risco de danos irreparáveis é que pode levar a inverter essa regra.
Por isso indefiro a medida cautelar.
O Sr. Ministro Gilmar Mendes: Existe precedente, no Supremo Tribunal Federal,
em relação a essa matéria de fundo que está sendo discutida?
O Sr. Ministro Sepúlveda Pertence (Relator): Ministro, eu não aprofundei. Aqui
também há uma página dizendo que é isto: houve uma mudança no regime de remune-
ração. Se é esse o problema, realmente a plausibilidade é bênção. Digo que não inverto
a regra da eficácia imediata do mandado de segurança, que vige, neste caso, de manuten-
ção de status quo, nem com relação à sentença de primeiro grau. Não vou inverter essa
regra para suspender uma sentença da mais alta instância do Estado, com relação a uma
vantagem percentual de duas funcionárias.
O Sr. Ministro Gilmar Mendes: Embora se trate de uma questão que tem repercus-
são geral, porque é uma questão de massa?
O Sr. Ministro Sepúlveda Pertence (Relator): Sim, por isso que acho que o caso era
de se pensar assim.
O Sr. Ministro Gilmar Mendes: Então, defiro a suspensão cautelar.
A Sra. Ministra Ellen Gracie: O argumento do Relator diz respeito à pequena
repercussão...
902 R.T.J. — 198
VOTO (Mérito)
O Sr. Ministro Gilmar Mendes: Sr. Presidente, o requerente demonstrou em sua
petição, articuladamente, a presença dos requisitos ordinariamente exigidos ao deferi-
mento de medidas cautelares nesta Corte para fins de concessão de efeito suspensivo a
recurso extraordinário, a saber:
I - haver tempestivamente interposto recurso extraordinário perante o Tribunal de
origem, e já haver este apelo extremo ali recebido juízo positivo de admissibilidade;
II - estar o seu recurso articulado em violação à jurisprudência reiterada e uniforme
desta Corte: inexistência de direito adquirido de servidor público a regime jurídico, no
que diz respeito à alteração de percentual de gratificações, desde que preservado o
montante global da remuneração — aliás, já se registram ao menos três decisões
monocráticas na Corte, transitadas em julgado, dando provimento aos apelos do reque-
rente (RREE n. 364.387, 365.311 e 368.975); e
R.T.J. — 198 903
EXTRATO DA ATA
Pet 2.676-QO/MS — Relator: Ministro Sepúlveda Pertence. Relator para o acórdão:
Ministro Gilmar Mendes. Requerente: Estado de Mato Grosso do Sul (Advogados: PGE/
MS – Ulisses Schwarz Viana e outro). Requeridas: Luiza Barboza de Araújo Muniz e outra
(Advogada: Renata Barbosa Lacerda Oliva).
Decisão: Preliminarmente, o Tribunal, por maioria, admitiu a ação cautelar,
vencido o Relator, e, no mérito, após os votos dos Ministros Sepúlveda Pertence,
Relator, Maurício Corrêa e Ilmar Galvão, indeferindo o efeito suspensivo, e dos votos
dos Ministros Gilmar Mendes, Ellen Gracie e Nelson Jobim, deferindo-o, pediu vista o
Ministro Carlos Velloso. Ausente, justificadamente, o Ministro Celso de Mello. Presi-
dência, sem voto, do Ministro Marco Aurélio.
Presidência do Ministro Marco Aurélio. Presentes à sessão os Ministros Moreira
Alves, Sydney Sanches, Sepúlveda Pertence, Carlos Velloso, Ilmar Galvão, Maurício
Corrêa, Nelson Jobim, Ellen Gracie e Gilmar Mendes. Procurador-Geral da República,
Dr. Geraldo Brindeiro.
Brasília, 5 de fevereiro de 2003 — Luiz Tomimatsu, Coordenador.
VOTO (Vista)
O Sr. Ministro Carlos Velloso: Trata-se de ação cautelar, com pedido de liminar,
proposta pelo Estado de Mato Grosso do Sul, com fundamento no art. 804 do CPC,
objetivando atribuir efeito suspensivo a recurso extraordinário admitido (fls. 76/79),
mas, ainda, não distribuído nesta Corte, recurso esse interposto de acórdão que decidiu
que a gratificação de regência de classe, vantagem pessoal, “uma vez incorporada,
pelo efetivo exercício, aos vencimentos do professor e levada no ato de sua aposenta-
doria, segundo a lei vigente, passa a integrar o seu patrimônio jurídico, não sendo, por
isso, suscetível de modificação ou redução por lei posterior, sob pena de violação ao
direito adquirido, ao ato jurídico perfeito e ao princípio da irredutibilidade de venci-
mentos” (fl. 37).
Sustenta o requerente, em síntese, o seguinte:
a) ocorrência do fumus boni juris, consubstanciado na ofensa aos arts. 7º da Lei
4.348/64 e 2º-B da Lei 9.494/97 (com a redação dada pelo art. 4º da Medida Provisória
2.180-34/2001), na medida em que o acórdão recorrido, em mandado de segurança,
determinou a inclusão em folha de pagamento da gratificação de regência de classe nos
percentuais fixados pelo Decreto estadual 7.524/93, e não de acordo com a Lei Comple-
mentar 87/2000 e com a Lei estadual 2.082/2000;
904 R.T.J. — 198
Na Pet 2.626/MS, Relator o Ministro Nelson Jobim, foi concedido efeito suspensivo
ao recurso extraordinário, referendada a decisão pela 2ª Turma, em 19-3-2002.
Posta a questão nesses termos, parece-me, tendo em linha de conta os inúmeros
recursos extraordinários interpostos pelo Estado de Mato Grosso do Sul em casos iguais,
que é de ser deferido o pedido de efeito suspensivo.
Peço licença, pois, ao eminente Ministro Sepúlveda Pertence para deferir o pedido,
tal como, aliás, votei na 2ª Turma, na Pet 2.626/MS, acima indicada.
Defiro o pedido.
É o voto.
EXTRATO DA ATA
Pet 2.676-QO/MS — Relator: Ministro Sepúlveda Pertence. Relator para o acórdão:
Ministro Gilmar Mendes. Requerente: Estado de Mato Grosso do Sul (Advogado: PGE/
MS – Ulisses Schwarz Viana). Requeridas: Luiza Barboza de Araújo Muniz e outra
(Advogada: Renata Barbosa Lacerda Oliva).
Decisão: Preliminarmente, o Tribunal, por maioria, admitiu a ação cautelar, vencido
o Relator, e, no mérito, também por maioria, deferiu o efeito suspensivo pleiteado no
tocante ao recurso extraordinário, vencidos os Ministros Sepúlveda Pertence, Relator,
Maurício Corrêa e Ilmar Galvão. Redigirá o acórdão o Ministro Gilmar Mendes. Presidiu
o julgamento, sem voto, o Ministro Marco Aurélio. Ausentes, justificadamente, o Ministro
Celso de Mello e, neste julgamento, os Ministros Maurício Corrêa e Nelson Jobim, que
proferiram voto anteriormente.
Presidência do Ministro Marco Aurélio. Presentes à sessão os Ministros Sydney
Sanches, Sepúlveda Pertence, Carlos Velloso, Ilmar Galvão, Maurício Corrêa, Ellen
Gracie e Gilmar Mendes. Procurador-Geral da República, Dr. Geraldo Brindeiro.
Brasília, 23 de abril de 2003 — Luiz Tomimatsu, Coordenador.
RECLAMAÇÃO 2.768 — PB
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros do Supremo Tribu-
nal Federal, em Sessão Plenária, na conformidade da ata do julgamento e das notas
taquigráficas, por unanimidade, julgar procedente a reclamação, nos termos do voto do
Relator. Ausentes, justificadamente, neste julgamento, os Ministros Nelson Jobim, Pre-
sidente, e Carlos Velloso.
Brasília, 16 de junho de 2005 — Ellen Gracie, Presidente — Marco Aurélio,
Relator.
RELATÓRIO
O Sr. Ministro Marco Aurélio: Adoto como relatório o que tive oportunidade de
consignar quando da apreciação e do deferimento da medida acauteladora:
O Estado da Paraíba assevera descumprido o acórdão prolatado na Ação
Direta de Inconstitucionalidade n. 1.662-7/SP. Afirma que, em 2 de março de 1999,
deu-se a requisição de R$ 12.982.134,66, seguindo-se a inclusão da verba no
orçamento de 2000. Paralelamente, houve impugnação ao citado valor e, realiza-
dos novos cálculos, ocorreu diminuição de mais de R$ 11.000.000,00, chegando-
se à quantia de R$ 976.592,10, com a qual concordaram os credores. Então, o
Presidente do Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba, em junho de 2003, requi-
sitou o pagamento imediato.
O reclamante sustenta não configurada a preterição, buscando demonstrar que
se teria que considerar, como termo inicial da requisição, julho de 2003, somente
vencendo o prazo para liquidação ao término do presente exercício, ou seja, deste
ano de 2004. Remete ao que decidido na Ação Direta de Inconstitucionalidade n.
1.662-7, evocando, mais, o precedente formalizado na Reclamação n. 1.892-0. Alega
ser firme a jurisprudência em admitir-se a medida reclamatória, a partir do acórdão
prolatado na mencionada Ação Direta de Inconstitucionalidade. Pleiteia o Estado a
suspensão imediata dos efeitos da ordem de seqüestro, vindo-se, após, a julgar proce-
dente o pedido formalizado, fulminando-a. Ressalta que, parcelado o seqüestro em
quatro prestações, pendem três delas, vencendo a próxima em 30 do corrente mês. A
peça primeira fez-se acompanhada dos documentos de folhas 11 a 497.
À folha 500, despachei, instando o Estado a juntar ao processo o acórdão
apontado como desrespeitado e a indicar os endereços dos interessados. À folha
502, por meio de fac-símile, a esta altura seguido do original, os interessados
ressaltam a existência de certidão a comprovar que outros precatórios com nume-
ração superior foram quitados em detrimento daquele do qual são titulares. O
Estado peticionou, dizendo-se perplexo com a certidão emitida pela Justiça do
Estado da Paraíba, a evidenciar exame e conclusão sobre o mérito do tema, sem os
necessários debate e pronunciamento judiciais. Procedeu à anexação de certidão
tida como esclarecedora sobre as idas e vindas do Precatório n. 1999.000870-2. Ao
processo veio, então, por fac-símile, petição dos interessados à qual acostada certi-
dão consignando tratar-se do 22º Precatório de 2000, havendo sido satisfeitos outros
cronologicamente posteriores. Às folhas 511 e 512, consta a relação dos interessados
e respectivos endereços, seguindo-se o acórdão atinente ao julgamento da Ação
Direta de Inconstitucionalidade n. 1.662-7/SP. O reclamante insiste na apreciação
R.T.J. — 198 907
VOTO
O Sr. Ministro Marco Aurélio (Relator): A premissa da concessão da medida
acauteladora permanece inabalada. Em síntese, situa-se a controvérsia, à luz do que
decidido na Ação Direta de Inconstitucionalidade n. 1.662-7/SP, da relatoria do
Ministro Maurício Corrêa, em saber-se se prevalente, ou não, o primeiro precatório
expedido, com inclusão do valor no orçamento de 2000 e que alcançou a importância
de R$ 12.982.134,66, sendo que, em 2003, chegou-se à conclusão de serem devidos
R$ 976.592,10. Eis como explicitei o quadro:
Inicialmente, diante das reiteradas manifestações do Tribunal, ressalvo o
entendimento pessoal quanto à harmonia da reclamação com o quadro revelador
de pronunciamento judicial formalizado no processo objetivo, no processo refe-
rente ao controle concentrado de constitucionalidade, que, como é sabido, não
deságua em execução. Tenho sido voz isolada no tocante à impertinência da medida
e, fazendo aqui as vezes do Colegiado, não posso sobrepor a óptica própria àquela
dos demais componentes da Corte, sob pena de grassar a divergência que maior
908 R.T.J. — 198
EXTRATO DA ATA
Rcl 2.768/PB — Relator: Ministro Marco Aurélio. Reclamante: Estado da Paraíba
(Advogados: PGE/PB – Luciano José Nóbrega Pires e Rodrigo de Sá Queiroga e outro).
Reclamado: Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba. Interessados: José Felizardo do
Nascimento ou José Felizardo Nascimento e outro (Advogados: Adriana Cavalcanti
Marinheiro Abrantes Vieira e outro).
Decisão: O Tribunal, por unanimidade, julgou procedente a reclamação, nos ter-
mos do voto do Relator. Votou a Presidente. Subprocurador-Geral da República, Dr.
Haroldo Ferraz da Nóbrega. Ausentes, justificadamente, neste julgamento, os Ministros
Nelson Jobim (Presidente) e Carlos Velloso. Presidiu o julgamento a Ministra Ellen
Gracie (Vice-Presidente).
Presidência do Ministro Nelson Jobim. Presentes à sessão os Ministros Sepúlveda
Pertence, Celso de Mello, Carlos Velloso, Marco Aurélio, Ellen Gracie, Gilmar Mendes,
Cezar Peluso, Carlos Britto, Joaquim Barbosa e Eros Grau. Vice-Procurador-Geral da
República, Dr. Antonio Fernando Barros e Silva de Souza.
Brasília, 16 de junho de 2005 — Luiz Tomimatsu, Secretário.
R.T.J. — 198 909
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros do Supremo Tribu-
nal Federal, em Sessão Plenária, sob a Presidência da Ministra Ellen Gracie, na conformi-
dade da ata do julgamento e das notas taquigráficas, por unanimidade, negar provimento
ao agravo regimental, nos termos do voto do Relator. Ausentes, justificadamente, o
Ministro Celso de Mello e, neste julgamento, o Ministro Sepúlveda Pertence.
Brasília, 3 de agosto de 2006 — Ricardo Lewandowski, Relator.
RELATÓRIO
O Sr. Ministro Ricardo Lewandowski: Trata-se de agravo regimental interposto
contra decisão proferida pelo eminente Ministro Carlos Velloso, então Relator, o qual,
ao não conhecer da presente reclamação, assim se manifestou:
“Vistos. Trata-se de reclamação, com pedido de liminar, fundada no art. 102,
I, l, da Constituição Federal, proposta por Companhia Energética de Goiás –
CELG, em face do acórdão proferido pela Subseção II Especializada em
Dissídios Individuais do Eg. Tribunal Superior do Trabalho, no Recurso Ordi-
nário em Ação Rescisória n. TST-Roar-662.915/2000.3 (fls. 109-113), e do MM.
Juiz da 4ª Vara do Trabalho de Goiânia (Reclamação Trabalhista n. 303/96),
por desrespeito à autoridade da decisão proferida na ADI 1.552/DF.
Sustentando, em síntese, que a decisão do Supremo Tribunal Federal no
julgamento da medida liminar na ADI 1.552/DF foi desrespeitada, requer a recla-
mante, liminarmente, ‘seja sustada a execução definitiva no valor de R$
1.036.927,17 (um milhão e trinta e seis mil e novecentos e vinte e sete reais e
dezessete centavos), que se processa perante a Quarta Vara do Trabalho de
Goiânia, autos n. 303/96’ e, ao final, ‘que esse C. Supremo Tribunal Federal,
conheça da presente Reclamação, e (...) lhe dê provimento’ (fl. 16);
Requisitaram-se informações (fl. 193) que foram prestadas pelo MM. Juiz
do Trabalho Renato Hiendlmayer, da 4ª Vara do Trabalho de Goiânia (fls.
245-248) e pelo ilustre Presidente do Eg. Tribunal Superior do Trabalho, Mi-
nistro Vantuil Abdala (fls. 330-336).
910 R.T.J. — 198
VOTO
O Sr. Ministro Ricardo Lewandowski (Relator): Bem examinada a questão, e sem
embargo dos argumentos expendidos pela agravante, verifica-se que não há qualquer
reparo a ser feito na decisão recorrida.
R.T.J. — 198 911
VOTO
O Sr. Ministro Marco Aurélio: Senhora Presidente, peço apenas uma informação. À
época em que houve o ajuizamento da reclamação, já teria ocorrido a preclusão maior?
O Sr. Ministro Ricardo Lewandowski (Relator): Sim. O trânsito em julgado.
O Sr. Ministro Marco Aurélio: Admito a reclamação tendo em conta trânsito em
julgado posterior, para que a morosidade da Justiça não acabe prejudicando a própria
parte.
Estou de acordo, considerada a explicitação.
EXTRATO DA ATA
Rcl 2.795-AgR/GO — Relator: Ministro Ricardo Lewandowski. Agravante: Com-
panhia Energética de Goiás – CELG (Advogados: Alcimar Luiz de Almeida e outro).
Agravados: Tribunal Superior do Trabalho e Juiz de Direito da 4ª Vara do Trabalho de
Goiânia. Interessado: Antônio Barbosa Dantas (Advogados: Tadeu de Abreu Pereira e
outro).
Decisão: O Tribunal, por unanimidade, negou provimento ao agravo regimental,
nos termos do voto do Relator. Ausentes, justificadamente, o Ministro Celso de Mello e,
neste julgamento, o Ministro Sepúlveda Pertence. Presidiu o julgamento a Ministra
Ellen Gracie.
Presidência da Ministra Ellen Gracie. Presentes à sessão os Ministros Sepúlveda
Pertence, Marco Aurélio, Gilmar Mendes, Cezar Peluso, Carlos Britto, Joaquim Barbosa,
Eros Grau, Ricardo Lewandowski e Cármen Lúcia. Procurador-Geral da República, Dr.
Antonio Fernando Barros e Silva de Souza.
Brasília, 3 de agosto de 2006 — Luiz Tomimatsu, Secretário.
912 R.T.J. — 198
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros do Supremo Tribu-
nal Federal, em Sessão Plenária, sob a Presidência da Ministra Ellen Gracie, na conformi-
dade da ata do julgamento e das notas taquigráficas, por unanimidade, julgar procedente
a ação direta para declarar a inconstitucionalidade da Lei n. 12.618, de 24 de setembro
de 1997, do Estado de Minas Gerais, nos termos do voto do Relator. Votou a Presidente.
Brasília, 1º de agosto de 2006 — Ricardo Lewandowski, Relator.
RELATÓRIO
O Sr. Ministro Ricardo Lewandowski: Trata-se de ação direta, com pedido de
medida cautelar, ajuizada pela Confederação Nacional dos Transportes – CNT,
“objetivando a decretação judicial de inconstitucionalidade dos dispositivos da Lei
Estadual n. 12.618, de 24-9-1997” (fl. 02), que dispõe sobre o licenciamento, pelo
Departamento de Trânsito do Estado de Minas Gerais, de motocicletas destinadas ao
transporte remunerado de passageiros.
A entidade autora afirma possuir legitimidade ativa ad causam, nos termos do art.
103, IX, da Constituição Federal, e postula o reconhecimento do vínculo de pertinência
temática entre as suas finalidades estatutárias e o conteúdo das normas impugnadas em
sede de controle abstrato (fl. 03).
Alega que o art. 21, XX, e o art. 22, XI, da Lei Fundamental teriam sido violados
pela edição da Lei estadual mineira n. 12.618/97, que possui o seguinte teor (fl. 58):
R.T.J. — 198 913
Por sua vez, o Senhor Governador do Estado de Minas Gerais, ao prestar as infor-
mações que lhe foram solicitadas, afirmou que não houve criação de nova modalidade
de transporte e alegou que:
“(...)
A competência privativa da União, fixada pela Constituição da República,
para legislar sobre trânsito e transporte, conferiu, ao referido ente político-admi-
nistrativo, a legitimidade para ditar as normas gerais pertinentes à espécie, não
retirando das demais entidades da Federação as respectivas competências, signifi-
cando dizer que aos Estados ficou garantida a competência residual para o
licenciamento circulatório de veículos e, aos Municípios, esssencialmente por se
tratar de um serviço a ser prestado no âmbito local de seu território, a competência
para regulamentar a matéria.
(...).” (Fl. 159)
De outro lado, o eminente Advogado-Geral da União ressalta ser “necessária ex-
pressa autorização em lei complementar para que a unidade federada possa exercer
atividade legiferante definidora da disciplina relativa a transportes urbanos. Dessa
forma, os Estados-membros não detêm competência para dispor sobre matéria
concernente ao implemento de nova modalidade de transporte remunerado de passa-
geiros, exceto se houver a referida autorização, hipótese essa ainda não existente” (fls.
147-152, 150).
Por fim, a douta Procuradoria-Geral da República manifestou-se pelo reconheci-
mento da inconstitucionalidade formal do diploma legislativo estadual em causa e,
portanto, pela procedência do pedido formulado pela Confederação Nacional do Trans-
porte – CNT.
O então Vice-Procurador-Geral da República, Antonio Fernando Barros e Silva de
Souza, assim se manifestou:
“(...)
Ação direta de inconstitucionalidade. Lei n. 12.618/97, do Estado de
Minas Gerais. Licenciamento de motocicletas destinadas ao transporte
remunerado de passageiros. Competência legislativa privativa da União,
por força da determinação constante do art. 22, XI, da Constituição Fede-
ral. Inexistência de lei complementar federal autorizando a delegação do
poder normativo sobre a matéria ao Estado. Vício formal configurado.
Parecer pela procedência do pedido.
1. Trata-se de ação direta de inconstitucionalidade, com pedido de liminar, pro-
posta pela Confederação Nacional do Transporte em face da lei n. 12.618, de 25 de
setembro de 1997, do Estado de Minas Gerais, que ‘dispõe sobre o licenciamento de
motocicletas destinadas ao transporte remunerado de passageiros’.
2. Sustenta o requerente violação ao art. 22, XI, da Constituição Federal, que
trata da competência privativa da União para legislar sobre trânsito e transporte e,
ainda, ofensa aos arts. 21, XX, 37, § 3º, 144, 175, e 196, considerando especialmente
os riscos a que ficam sujeitos os eventuais usuários do denominado serviço de
moto-táxi instituído pela lei estadual.
916 R.T.J. — 198
moto-táxi — serviço que seria regulamentado, como dispôs o art. 2º da lei, e por força
da competência prevista no art. 30, V, da Constituição Federal, pelo Município.
11. A competência para a realização de atos formais de licenciamento e
emplacamento é realmente de órgão estadual de trânsito, como determinado por
lei federal. A lei guerreada, todavia, envolve muito mais do que simples autoriza-
ção de licenciamento, na medida em que define e torna oficial, desde logo, nova
forma de transporte coletivo remunerado, não contemplada em lei federal.
12. Incorreta, além disso, a afirmação de que seria do Município a competên-
cia para legislar sobre transporte coletivo. Ora, a norma constitucional (art. 30, V)
fala apenas em competência para organização e prestação do serviço público de
transporte coletivo. Em trecho algum permite o exercício da função legiferante
pelo Município que ultrapasse a simples regulamentação do que já previsto por
regra federal, mormente para inovar e decidir quais veículos estariam habilitados à
prestação do serviço.
13. O Código Nacional de Trânsito, ao fazer previsão dos veículos automoto-
res classificados como de aluguel, não deixa dúvida, em seu art. 97, quanto à
competência federal para o disciplinamento e caracterização dos mesmos:
‘Art. 97. As características dos veículos, suas especificações básicas,
configuração e condições essenciais para registro, licenciamento e circula-
ção serão estabelecidas pelo Contran, em função de suas aplicações’.
14. Desse modo, é inconstitucional o dispositivo de lei estadual, como a
presente, que determina a regulamentação da atividade por lei municipal, pois em
confronto direto com o próprio art. 30, V, da CF/88.
15. Igualmente relevantes as assertivas formuladas na inicial referentes à
necessidade de preservação da saúde e incolumidade dos eventuais usuários do
transporte, descritos pelo constituinte como ‘dever do Estado’. Não se pode auto-
rizar a adoção de motocicletas como transporte remunerado urbano de passageiros,
considerando os riscos que gera, sem a realização de prévio e criterioso estudo
pelas autoridades federais competentes para tanto.
16. Por oportuno, ressalte o posicionamento desse Supremo Tribunal Federal
sobre o tema, quando da análise de lei do Estado de Santa Catarina de teor idêntico
ao do ato ora examinado, nos autos da ADIn n. 2.606/SC:
‘Ação direta de inconstitucionalidade. Lei do Estado de Santa
Catarina. Licenciamento de motocicletas destinadas ao transporte remu-
nerado de passageiros. Competência da União. Inconstitucionalidade for-
mal. 1. É da competência exclusiva da União legislar sobre trânsito e trans-
porte, sendo necessária expressa autorização em lei complementar para que a
unidade federada possa exercer tal atribuição (CF, artigo 22, inciso XI, e pará-
grafo único). 2. Inconstitucional a norma ordinária estadual que autoriza a
exploração de serviços de transporte remunerado de passageiros realizado
por motocicletas, espécie de veículo de aluguel que não se acha contemplado
no Código Nacional de Trânsito. 3. Matéria originária e de interesse nacional
918 R.T.J. — 198
que deve ser regulada pela União após estudos relacionados com os requisitos
de segurança, higiene, conforto e preservação da saúde pública. Ação direta
de inconstitucionalidade procedente’. (ADIn n. 2.606, STF/Pleno, Relator
Min. Maurício Corrêa, DJ de 07.02.2003, pg. 21)
17. Porque abrangida pelo preceito que define a competência federal para
dispor sobre matéria versada na lei estadual, esta revela-se formalmente inconstitu-
cional.
Por tais razões, manifesta-se o Ministério Público Federal pela procedência
do pedido.” (Fls. 177-181)
É o relatório.
VOTO
O Sr. Ministro Ricardo Lewandowski (Relator): Reconheço, desde logo, a legiti-
midade ativa ad causam da Confederação Nacional do Transporte – CNT.
Assim é porque, como explicitado quando do julgamento da ADI 2.606/SC, Rel.
Min. Maurício Corrêa, a alteração dos Estatutos da CNT culminou no afastamento da
possibilidade de participação de “quaisquer outras pessoas jurídicas, de direito público
ou privado, que tenham transporte como seu objetivo principal” (antigo art. 5º, § 2º,
agora suprimido). Assim, permitiu-se reconhecer à entidade autora a qualidade de Con-
federação Sindical, e não mais a de entidade híbrida (ADI 1.912/RJ, Rel. Min. Marco
Aurélio), o que, em outras ocasiões, impedira o seu acesso à via de controle normativo
abstrato.
No tocante à necessidade, reafirmada pela jurisprudência do Supremo Tribunal
Federal, da existência de um vínculo de pertinência temática entre o objeto social da
entidade sindical e o conteúdo das normas impugnadas em sede de controle concentrado,
entendo ocorrente o vínculo, pois, como se vê de seu Estatuto Social, cumpre à Confede-
ração Nacional do Transporte atuar “nos casos de interesse comum de todas as modali-
dades de transporte” (art. 2º, VI).
Passo a apreciar o pedido formulado na presente ação direta.
Entendo que a Lei estadual mineira 12.618/97, ao autorizar o licenciamento de
motocicletas destinadas ao transporte remunerado de passageiros, acabou por instituir,
na prática, de modo oficial, o serviço de transporte denominado “mototáxi”.
Tendo em consideração a competência privativa da União para “legislar sobre
trânsito e transporte” (CF, art. 22, XI), resta saber se, no que diz respeito à situação em
apreço, existe expressa autorização em lei complementar (CF, art. 22, parágrafo único) a
viabilizar a possibilidade excepcional de o Estado-Membro editar norma sobre a especí-
fica questão tratada nestes autos.
No tocante a essa questão, acolho o parecer da Procuradoria-Geral da República no
ponto em que afirma que a lei estadual impugnada “envolve (...) muito mais do que simples
autorização de licenciamento, na medida em que define e torna oficial, desde logo, nova
forma de transporte coletivo remunerado, não contemplada em lei federal” (fl. 179).
R.T.J. — 198 919
mineira n. 12.618/97, porque “abrangida pelo preceito que define a competência federal
para dispor sobre matéria versada na lei estadual” (fl. 181).
Isso posto, tendo em consideração o precedente firmado por esta Corte (ADI 2.606/
SC, Rel. Min. Maurício Corrêa) quando da apreciação de matéria em tudo idêntica à que
trago à apreciação do Egrégio Plenário do Supremo Tribunal Federal, julgo procedente
esta ação direta para declarar a inconstitucionalidade da Lei estadual n. 12.618/97, haja
vista a usurpação, pelo Estado de Minas Gerais, da competência privativa da União para
legislar sobre trânsito e transporte (CF, art. 22, XI).
É o meu voto.
VOTO
A Sra. Ministra Cármen Lúcia: Senhora Presidente, Senhor Relator, Senhores Minis-
tros, até concluo acompanhando o eminente Relator, mas queria fazer duas observações
breves.
Em primeiro lugar, é a segunda vez que essa lei é submetida ao controle abstrato,
porque ela foi submetida no tribunal estadual e, agora, de novo, ao controle abstrato
neste Tribunal.
As duas observações que gostaria de fazer são no seguinte sentido: concordo que
uma inconstitucionalidade não justifica outra. A circunstância de os municípios estarem
a legislar sobre essa matéria ou sobre a matéria de um tipo de transporte coletivo que não
é criado pela legislação nacional, realmente, não os autoriza.
Mas enfatizo também que, na verdade, a inconstitucionalidade mostra-se não
porque a lei não tenha tratado da sua entidade estadual, que é o Departamento de Trân-
sito, mas porque, por isso, o Departamento poderia autorizar o transporte no âmbito
municipal. Portanto, ela convalida uma situação ou, de alguma forma, garante que aquilo
que se passa no plano municipal — porque a legislação que cria o transporte é no plano
municipal — acabará sendo cada vez mais fortalecido pelo comportamento do Estado.
Por isso, acho que há inconstitucionalidade, e a lei ficaria inclusive sem objeto.
Queria também dizer que acho muito grave a situação aqui apreciada. Não se pode
imaginar que essa matéria não tenha uma gravidade enorme. Os números trazidos, inclu-
sive nos autos desta ação direta, são de uma mortandade grande em acidentes com
mototáxis, portanto, nosso nobre Procurador Daniel Cateb tem razão. Não se pode ignorar
o fato, em que pese isso não ser de competência do Estado. Mas a lei que cuida disso não
pode, de jeito nenhum, solapar a competência da União.
Por isso, acompanho, na conclusão, o nobre Relator.
VOTO
O Sr. Ministro Carlos Britto: Senhora Presidente, também acompanho o Relator —
não exatamente pelos fundamentos, permito-me dizer, mas sigo Sua Excelência quanto
à conclusão.
R.T.J. — 198 921
VOTO
O Sr. Ministro Cezar Peluso: Senhora Presidente, se compete à União legislar e
instituir diretrizes, nos termos do artigo 21, XX, e artigo 22, XI, da Constituição, sobre
transporte urbano público em caráter geral e, portanto, sobre veículos hábeis à prestação
desse mesmo serviço e sobre condições de segurança de trânsito, que são matérias envol-
vidas na questão, evidentemente, não pode o município regulamentar e licenciar veícu-
lo não autorizado pela legislação federal para transporte público e remunerado de passa-
geiro, até porque tal regulamentação implica realmente disciplina de condições particu-
lares de trânsito, dada a periculosidade do veículo.
Acompanho o Relator.
VOTO
O Sr. Ministro Sepúlveda Pertence: Senhora Presidente, não tenho como objetar,
também, à premissa básica do voto do eminente Relator de que a legislação sobre trân-
sito envolve necessariamente a individualização dos veículos autorizados a transitar
nas vias terrestres.
Subscrevo, também, a preocupação da eminente Ministra Cármen Lúcia quanto a
um dado da realidade, que está a reclamar assim a disciplina federal competente sobre a
matéria: é uma realidade que se vê hoje em todo o país, o chamado “mototáxi”. Tão real
quanto as nossas carroças, que transitam pela via por trás do Tribunal a arrecadar papel
das repartições: uma verdadeira contemporaneidade do não coetâneo à Karl Mannheim.
Não tenho como objetar ao raciocínio do eminente Relator e o acompanho para
julgar procedente a ação.
EXTRATO DA ATA
ADI 3.136/MG — Relator: Ministro Ricardo Lewandowski. Requerente: Confedera-
ção Nacional do Transporte – CNT (Advogados: Paulo Abi-Ackel e outro). Requeridos:
Governador do Estado de Minas Gerais e Assembléia Legislativa do Estado de Minas
Gerais.
Decisão: O Tribunal, por unanimidade, julgou procedente a ação direta para declarar
a inconstitucionalidade da Lei n. 12.618, de 24 de setembro de 1997, do Estado de
Minas Gerais, nos termos do voto do Relator. Votou a Presidente, Ministra Ellen Gracie.
Falaram, pela requerente, o Dr. Juthay Magalhães Neto e, pelo requerido, Governador do
Estado de Minas Gerais, o Dr. Daniel Bueno Capeb, Procurador do Estado.
Presidência da Ministra Ellen Gracie. Presentes à sessão os Ministros Sepúlveda
Pertence, Celso de Mello, Marco Aurélio, Gilmar Mendes, Cezar Peluso, Carlos Britto,
Joaquim Barbosa, Eros Grau, Ricardo Lewandowski e Cármen Lúcia. Procurador-Geral
da República, Dr. Antonio Fernando Barros e Silva de Souza.
Brasília, 1º de agosto de 2006 — Luiz Tomimatsu, Secretário.
922 R.T.J. — 198
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros do Supremo
Tribunal Federal, em Sessão Plenária, sob a Presidência da Ministra Ellen Gracie, na
conformidade da ata do julgamento e das notas taquigráficas, por maioria, rejeitar a
questão preliminar de legitimidade das requerentes suscitada pelo Ministro Marco
Aurélio. Prosseguindo, o Tribunal, também por maioria, vencido o Ministro Marco
Aurélio, referendou a liminar concedida, nos termos do voto do Relator. Votou a
Presidente, Ministra Ellen Gracie (Vice-Presidente no exercício da Presidência).
Ausentes, justificadamente, os Ministros Gilmar Mendes e Eros Grau. Falou pelo
amicus curiae, Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho –
ANAMATRA, o Dr. Alberto Pavie Ribeiro.
Brasília, 5 de abril de 2006 — Cezar Peluso, Relator.
RELATÓRIO
O Sr. Ministro Cezar Peluso: 1. Trata-se de ação direta de inconstitucionalidade,
com pedido de liminar, movida pela Associação dos Juízes Federais do Brasil (AJUFE),
e em que se impugna a introdução, pelo art. 1º da Emenda Constitucional n. 45/2004, do
inciso I do art. 114 da Constituição Federal (fls. 02/49).
Em primeiro lugar, sustenta a autora padecer a norma de inconstitucionalidade
formal. A proposta de emenda, aprovada em dois turnos pela Câmara dos Deputados
(n. 96/1992), conferiu-lhe a seguinte redação:
“Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar:
I - as ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes de direito
público externo e da administração pública direta e indireta da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios”.
R.T.J. — 198 923
VOTO
O Sr. Ministro Cezar Peluso (Relator): 1. Esse é o teor da decisão liminar exarada
pelo Min. Nelson Jobim, ora trazida ao referendo deste Plenário:
“A Associação dos Juízes Federais do Brasil – AJUFE propõe a presente
ação contra o inciso I do art. 114 da CF, na redação dada pela EC n. 45/2004.
Sustenta que, no processo legislativo, quando da promulgação da emenda
constitucional, houve supressão de parte do texto aprovado pelo Senado.
1. Câmara dos Deputados.
Informa que a Câmara dos Deputados, na PEC n. 96/92, ao apreciar o art. 115,
924 R.T.J. — 198
“aprovou em dois turnos, uma redação (...) que (...) ganhou um inciso I
(...)” (fls. 4 e 86).
Teve tal dispositivo a seguinte redação:
“Art. 115. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar:
I - as ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes de
direito público externo e da administração pública direta e indireta da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.”
2. Senado Federal.
A PEC, no Senado Federal, tomou o número 29/200.
Naquela Casa, a Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania manifestou-
se pela divisão da
“(...) proposta originária entre (a) texto destinado à promulgação e (b)
texto destinado ao retorno para a Câmara dos Deputados” (Parecer 451/
04, fls. 4, 177 e 243).
O SF aprovou tal inciso com acréscimo.
O novo texto ficou assim redigido:
“Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar:
I - as ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes de
direito público externo e da administração pública direta e indireta da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, exceto os servidores
ocupantes de cargos criados por lei, de provimento efetivo ou em comis-
são, incluídas as autarquias e fundações públicas dos referidos entes da
federação”. (Fls. 4 e 280)
Informa, ainda, que, na redação final do texto para promulgação, nos ter-
mos do Parecer n. 1.747 (fl. 495), a parte final acima destacada foi suprimida.
Por isso, remanesceu, na promulgação, a redação oriunda da Câmara dos
Deputados, sem o acréscimo.
No texto que voltou à Câmara dos Deputados (PEC 358/2005), o SF fez
constar a redação por ele aprovada, com o referido acréscimo (Parecer 1.748/04,
fl. 502).
Diz, mais, que a redação da EC n. 45/2004, nesse inciso, trouxe dificuldades
de interpretação ante a indefinição do que seja “relação de trabalho”.
Alega que há divergência de entendimento entre os juízes trabalhistas e os
federais,
“(...) ausente a precisão ou certeza, sobre a quem coube a competência
para processar as ações decorrentes das relações de trabalho que envolvam a
União, quando versem sobre servidores ocupantes de cargos criados por lei,
de provimento efetivo ou em comissão, incluídas as autarquias e fundações
públicas.” (Fl. 7)
R.T.J. — 198 925
“(...) apreciação (...) de causas que (...) sejam instauradas entre o Poder
Público e seus servidores, a ele vinculados por típica relação de ordem esta-
tutária ou de caráter jurídico-administrativo”.
Publique-se.
Brasília, 27 de janeiro de 2005.” (Fls. 515/521) (grifos no original)
2. Entendo presentes os requisitos para a concessão e a manutenção da liminar.
A necessidade de se definir a interpretação do art. 114, inc. I, acrescido pela Emen-
da Constitucional n. 45/2004, conforme à Constituição da República, é consistente.
O Supremo Tribunal Federal já decidiu, no julgamento da ADI n. 492 (Rel. Min.
Carlos Velloso, DJ de 12-3-93), ser inconstitucional a inclusão, no âmbito de compe-
tência da Justiça do Trabalho, das causas que envolvam o Poder Público e seus servido-
res estatutários. A razão é porque entendeu alheio ao conceito de “relação de trabalho”
o vínculo jurídico de natureza estatutária, vigente entre servidores públicos e a Admi-
nistração. Como consta do voto do Relator:
“(...) não há como sustentar a constitucionalidade da citada disposição legal,
que confere competência à Justiça do Trabalho para processar e julgar os litígios
individuais dos servidores estatutários.
O eminente Ministro Orlando Teixeira da Costa, do Tribunal Superior do
Trabalho, magistrado e professor, em trabalho doutrinário que escreveu a respeito
do tema — ‘Os Servidores Públicos e a Justiça do Trabalho’, in Rev. TRT/8ª R., 25/
48, 11-23, Jan.-Jun/1992 —, registra que a Constituição de 1988 distingue o traba-
lhador do servidor público, ‘tanto que versou a respeito de ambos em partes distintas
do texto constitucional e atribuiu a cada um deles direitos e obrigações diversas,
como não poderia deixar de ser’.
O registro é procedente. A Constituição distingue, aliás, entre os seus próprios
servidores: há os servidores públicos da organização central (Poder Legislativo,
Poder Judiciário e Administração Direta do Poder Executivo), das autarquias e
fundações públicas federais e os servidores das empresas públicas, sociedades
mistas e outras entidades que explorem atividade econômica, estes últimos regidos
pela CLT, assim empregados (CF, art. 173, § 1º). Há, ainda, os temporários, sob
regime contratual (CF, art. 37, IX). É perfeitamente adequado o registro do Ministro
Orlando Costa: a Constituição distingue o servidor público daquele que trabalha
para os entes privados, assim do trabalhador. No artigo 7º a Constituição se refere
aos trabalhadores urbanos e rurais. Trabalhadores, pois, são ‘os que prestam
serviços a empregadores e a empresas privadas’, e os ‘empregados das empresas
públicas, das sociedades de economia mista e de outras entidades, estatais ou
paraestatais’, leciona o juiz e professor Floriano Corrêa Vaz da Silva (‘Servidor
Público versus Administração: Competência da Justiça Comum’, in Repertório
IOB de Jurisprudência, 1ª quinzena de agosto/91, 15/91, p. 265). Os servidores
públicos civis são referidos nos artigos 39, 40 e 41, cuidando a Constituição, tam-
bém, dos servidores militares (art. 42). Quando a Constituição quis estender ao servidor
público um direito do trabalhador, foi expressa (CF, art. 39, § 2º; art. 42, § 11).
928 R.T.J. — 198
PRELIMINAR
O Sr. Ministro Marco Aurélio: Senhora Presidente, regimentalmente, suscito ques-
tão preliminar que diz respeito à legitimidade da Associação requerente. Assento, em
primeiro lugar, o que venho sustentando no Plenário, ou seja, a necessidade de
flexibilização quanto ao processo objetivo, a qual, no entanto, não pode conduzir a
abrangência ímpar que se distancie do próprio texto constitucional.
Tem-se, no caso, como objeto da ação direta de inconstitucionalidade uma emen-
da constitucional que versa sobre competência. Ora, uma associação de classe é parte
legítima para argüir a constitucionalidade da regra de competência? Indago se a Associ-
ação conta, em termos de atividade a ser desenvolvida, com a possibilidade de, até
mesmo, extravasar o que poderia ser feito por cada qual dos associados. Questiono se um
juiz contestaria, em juízo, uma norma constitucional que disponha sobre competência
deste ou daquele órgão do Judiciário pátrio. A meu ver, não têm os juízes esse interesse
930 R.T.J. — 198
jurídico, e, não o tendo aqueles congregados, não posso reconhecer que a Associação o
tenha. No caso, perquirindo a pertinência temática, aponto que não se faz presente. Uma
coisa é a Associação defender os interesses da categoria profissional ou da categoria
econômica, os direitos e obrigações daqueles que ela congrega. Algo diverso é, a partir
de um pseudo-interesse, atacar norma de competência e fazê-lo objetivando infirmar a
atuação de um ramo do Judiciário — os órgãos da jurisdição especializada do trabalho.
Por isso, preliminarmente, assento a ilegitimidade da Associação dos Juízes Federais
do Brasil – AJUFE e, também, da Associação Nacional dos Magistrados Estaduais.
VOTO
O Sr. Ministro Ricardo Lewandowski: Senhora Presidente, peço vênia para, desde
logo, acompanhar o Relator no sentido de prestigiar a liminar concedida pelo eminente
Ministro Nelson Jobim integralmente. Afasto, também, qualquer inconstitucionalidade
formal porque entendo que a alteração feita no Senado não altera o sentido da regra
impugnada.
De outra parte, venho acompanhando essa polêmica de longa data — já no tribunal
estadual ao qual pertenci —, registrando que essa matéria causa uma grande perplexida-
de não só no âmbito da Justiça federal, mas também no da Justiça estadual.
Penso, data venia, que essa matéria deve ser examinada não só à luz da alteração
pontual operada pela Emenda Constitucional n. 45. É preciso examinar a matéria, com
932 R.T.J. — 198
VOTO
O Sr. Ministro Joaquim Barbosa: Senhora Presidente, também entendo que a rela-
ção entre a Administração e os servidores detentores de vínculo estatutário — legal,
portanto — em nada se assemelha à relação contratual que une o trabalhador do setor
privado às empresas regidas pela legislação trabalhista. Não há — todos nós sabemos —
contornos negociais. São dois universos distintos.
Por isso, com a devida vênia, considero relevante o fundamento trazido na ação
direta, razão por que confirmo a cautelar concedida.
VOTO
O Sr. Ministro Carlos Britto: Senhora Presidente, eu supero, também, na linha do
voto do eminente Relator, a questão formal. Pelos mesmos fundamentos, entendo que a
intervenção do Senado se deu sem alteração de substância.
O Sr. Ministro Sepúlveda Pertence: Não entendi bem essa argüição de inconstitu-
cionalidade formal, porque aquele adendo do Senado não foi promulgado na EC 45.
O Sr. Ministro Cezar Peluso (Relator): Mas não foi remetido novamente para a
Câmara para ser apreciado o decote do acréscimo?
O Sr. Ministro Sepúlveda Pertence: Contra o entendimento do Ministro Jobim, o
Senado entendeu que havia alteração, fosse ela, ou não, de mera explicitação. Certo é
que não a promulgou, devolvendo-a à Câmara dos Deputados.
O Sr. Ministro Marco Aurélio: Cabe uma pergunta: o texto promulgado permite
interpretação conforme no sentido da liminar?
O que ocorreria se não tivesse havido o acréscimo redacional, porque não foi
resultante de emenda, no Senado da República?
O Sr. Ministro Sepúlveda Pertence: Mas esse não existe ainda.
O Sr. Ministro Marco Aurélio: O questionamento é outro, porque estamos diante
de liminar que emprestou uma interpretação conforme, como se o texto promulgado
fosse o mesmo da redação primitiva do artigo 114 e considerada a interpretação que foi
emprestada na Ação Direta de Inconstitucionalidade n. 492-1. O texto promulgado, a
meu ver, não autoriza sequer esse entendimento, mas vou votar na oportunidade própria.
R.T.J. — 198 933
VOTO
O Sr. Ministro Marco Aurélio: Senhora Presidente, o texto primitivo da Constitui-
ção Federal quanto à competência da Justiça do Trabalho — que, a rigor, não seria,
principalmente considerado o pronunciamento na Ação Direta de Inconstitucionalidade
n. 492, uma Justiça propriamente do trabalho ou que detivesse a competência abrangente
para julgar todo e qualquer conflito de interesses resultante da relação de trabalho,
talvez fosse o caso de falar-se em Justiça dos empregados e dos empregadores e, melhor
diria, Justiça dos desempregados e dos ex-empregadores — tinha o seguinte teor:
Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho conciliar e julgar os dissídios indivi-
duais e coletivos entre trabalhadores e empregadores, abrangidos os entes de direito
público externo e da administração pública direta e indireta dos Municípios, do
934 R.T.J. — 198
Não tivesse havido aquela inserção, já reconhecida pelo próprio Senado como
indevida, seria dado questionar, a ponto de emprestar interpretação conforme a Carta,
não o texto primitivo, mas o novo teor do inciso I do artigo 114?
A resposta, para mim, é desenganadamente negativa. A interpretação conforme,
estampada na liminar do Ministro Nelson Jobim, implica, sim, a prevalência do que teria
sido inserido indevidamente — como veio a reconhecer, repito, mediante promulgação,
o próprio Senado da República — no texto. Estaremos, prevalente a liminar de Sua
Excelência, a atuar como legisladores positivos e não como legisladores negativos. Por
quê? Porque, consoante foi promulgado, o texto não permite dúvidas quanto à impossi-
bilidade de se distinguir a espécie de relação jurídica a aproximar o prestador dos servi-
ços do tomador de serviços, envolvido o ente público.
Assim, peço vênia ao Relator e aos que o acompanharam para não referendar a
liminar.
ESCLARECIMENTO
O Sr. Ministro Marco Aurélio: O texto anterior aludia a empregadores. Tanto que,
no julgamento da ação direta de inconstitucionalidade, assentamos que compete à Jus-
tiça do Trabalho julgar as ações oriundas do contrato de trabalho — porque levamos em
consideração a referência, na cabeça do artigo, a empregadores — e à Justiça Federal ou
à Justiça comum, conforme o tomador dos serviços, as causas decorrentes de regime
especial.
O Sr. Ministro Sepúlveda Pertence: Embora continue esta cláusula, acho que inu-
tilmente.
Mas, tirante a menção à administração indireta, veja V. Exa.:
No inciso I:
“Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar:
I - as ações oriundas da relação de trabalho” (...)
E, no inciso IX:
“IX - outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho, na forma da lei.”
Ficou redundante.
O certo é que a argüição de inconstitucionalidade formal, com todas as vênias, é
incompreensível, porque o texto promulgado é exatamente aquele aprovado, em dois
turnos, pela Câmara dos Deputados e pelo Senado. O Senado aditava-lhe outro texto —
não vou discutir se substancialmente novo, se redundante ou não. Esse outro texto não
foi promulgado. Então, em relação ao controle de inconstitucionalidade da norma pro-
mulgada, a argüição de inconstitucionalidade formal é absolutamente impertinente. Ela
não tem objeto.
O Sr. Ministro Cezar Peluso (Relator): Mas, se a alegação for mal, nós a rejeitamos.
O Sr. Ministro Marco Aurélio: Então, Vossa Excelência não vê distinção entre o
texto primitivo, que levou ao pronunciamento na Ação Direta de Inconstitucionalidade
n. 492-1, e o atual?
936 R.T.J. — 198
VOTO
O Sr. Ministro Sepúlveda Pertence: Sra. Presidente, devo deixar esclarecido, ape-
nas para documentação, que a minha convicção permanece a mesma do voto que proferi
na ADI 492.
Depois de haver acompanhado o eminente Relator, Ministro Carlos Velloso, no
que declarava inconstitucional a previsão de dissídios coletivos, que me pareciam efeti-
vamente incompatíveis com o estrito regime de legalidade do regime jurídico dos servi-
dores públicos, prossegui.
“Com relação aos dissídios individuais, no entanto, peço vênia ao eminente
Relator para acompanhar o brilhante voto do eminente Ministro Marco Aurélio.
Muito sinteticamente, Senhor Presidente, no artigo 114, há duas normas dis-
tintas: uma, de outorga constitucional direta e imediata de competência à Justiça
do Trabalho para os dissídios individuais e coletivos entre trabalhadores e empre-
gadores. Essa alusão a ‘empregadores’, a meu ver, na linguagem constitucional,
exclui as pessoas de direito público enquanto parte na relação de trabalho com os
seus servidores, quando regida pelo Direito Administrativo. É ela exclusiva dos
dissídios decorrentes da relação de emprego, de que podem ser partes a União, os
Estados e os Municípios, como se depreende da explícita e reiterada menção a
‘empregos públicos’ em várias passagens do artigo 37 da Constituição, as quais,
evidentemente, não se limitam a referir-se a situações residuais de emprego público:
tanto, por exemplo, que o inciso II submete ao princípio do concurso público
também o acesso aos empregos públicos. Conseqüências dessa dicotomia, cargos
e empregos públicos, em face da regra do regime único, é questão que, a meu ver,
ultrapassa os limites da presente argüição.
Mas há — acentuei então —, no artigo 114 da Constituição, outra norma,
Senhor Presidente, que já não é de outorga direta de competência à Justiça do
Trabalho, mas de expressa reserva de competência ao legislador ordinário para
estender à jurisdição da Justiça do Trabalho a ‘outras controvérsias decorrentes da
relação de trabalho’. Não consigo me convencer — concluí — que a relação do
Estado com os seus servidores, ainda que regida pelo chamado regime estatutário,
R.T.J. — 198 937
não seja uma ‘relação de trabalho’. Ficou à opção do legislador definir a Justiça
competente para compor as lides dela oriundas. Por isso, legitimamente, a meu ver,
optou a lei pela competência da Justiça do Trabalho.”
Não obstante, para não contrariar a solidão do Ministro Marco Aurélio, eu vou
acompanhar, com todas as ressalvas, o voto do eminente Ministro Relator.
Já tenho manifestado, neste Plenário, o horror que me causa o estado de incerteza
jurídica acerca de competência.
E, efetivamente, a maioria que se formou é coerente com a decisão da ADI 492.
Veja-se que o meu voto fundava-se não naquela passagem do caput do original art.
114 da Constituição, que se referia a dissídios entre empregadores e trabalhadores, mas
sim na possível inclusão por lei, na competência da Justiça do Trabalho, de “outras
controvérsias decorrentes da relação de trabalho”. Mas o Plenário, naquele caso, não
aceitou essa leitura de “relação de trabalho” e, por isso, declarou a inconstitucionalidade
da Lei do Regime Jurídico Único que as atribuía, expressamente, à Justiça do Trabalho,
no meu modo de ver, porém vencido, autorizada expressamente pela cláusula de abertura
da Constituição.
Ora, neste caso e se cuidando de medida cautelar, acho que manter essa coerência
com a decisão anterior é de alta conveniência para não deixar em aberto a discussão e
gerar uma polêmica jurisdicional entre a Justiça do Trabalho, a Justiça Federal e a Justiça
Estadual acerca da matéria.
Por isso — já não tenho esperança de participar da decisão de mérito —, creio que,
até a decisão de mérito, o mais prudente é manter o status quo, coerente, repito, com a
decisão da maioria, que entendeu que alusão constitucional à relação de trabalho não
compreendia a chamada relação estatutária da função pública.
Assim, embora concordando, no fundo, com o Ministro Marco Aurélio, eu acom-
panho o voto do Ministro Relator por esse juízo de conveniência num julgamento
liminar.
ESCLARECIMENTO
O Sr. Ministro Cezar Peluso (Relator): Sr. Presidente, eu não vou fazer objeção,
pois acho que a esta altura é inútil levantar polêmica, mas trazer um dado. Eu não quis
adentrar mais profundamente a questão, nesse juízo superficial, de cognição sumária,
mas, parece-me, também, com o devido respeito, que a expressão “relação de trabalho”
pode ser tomada em dois sentidos: primeiro, no sentido sociológico; segundo, no sentido
jurídico.
No sentido sociológico, ela tem uma abrangência dentro da qual cabe até a locação
de serviço disciplinada pelo Código Civil. A pergunta é: quando a Constituição, na sua
redação original, aludiu à relação de trabalho, remeteu ao significado corrente na área
sociológica ou tomou emprestado conceito típico do Direito do Trabalho? A relação de
trabalho é também conceito típico no campo do Direito do Trabalho e exclui do seu
âmbito as relações estatutárias.
Acho que essa era uma das causas não explicitadas que compuseram as razões da
maioria na ADI n. 492.
938 R.T.J. — 198
O Sr. Ministro Carlos Britto: Tenho para mim, Excelência, a propósito do seu
questionamento, que o uso do substantivo “trabalho”, desde a Constituição originária,
foi ampliativo, no sentido sociológico. Daí por que o artigo 193 contém a mais enfática
proclamação de prestígio a essa atividade, ao dizer a Constituição que “A ordem social
tem como base o primado do trabalho”.
O Sr. Ministro Cezar Peluso (Relator): Não me refiro à palavra “trabalho”, mas à
expressão “relação de trabalho”, que é conceito típico do Direito do Trabalho e que
equivale a “relação de emprego”.
O Sr. Ministro Carlos Britto: Ministro, é possível que, na Constituição originária, a
expressão, não a palavra, mas a expressão “relação de trabalho” se cingisse ao aspecto
trabalhista, propriamente dito, ou ao aspecto empregatício. Não mais depois da Emenda 45.
O Sr. Ministro Marco Aurélio: Ministro Carlos Ayres Britto, posso testemunhar
que, no setor público, trabalha-se muito.
O Sr. Ministro Carlos Britto: Sem dúvida. Mas, aqui, a Constituição estabelece um
vínculo, um enlace lógico entre cargo público e regime estatutário.
O Sr. Ministro Sepúlveda Pertence: Quando se negou a legitimação da CUT, o
Ministro Moreira Alves dizia que não aceitava que a sociedade se dividisse entre traba-
lhadores e vagabundos, porque ficaríamos na segunda categoria. Mas eu não concordei.
O Sr. Ministro Carlos Britto: Nesta nossa decisão, agora tomada, penso que está
claro que somente se exclui da Justiça do Trabalho a relação propriamente estatutária, a
compreender, exclusivamente, a investidura em cargo em comissão e efetivo.
O Sr. Ministro Marco Aurélio: No âmbito federal é contratual, segundo o disposto
no artigo 13 da Lei n. 8.112/90.
O Sr. Ministro Carlos Britto: V. Exa. tem essa tese da qual ouso discordar, respeito-
samente.
O Sr. Ministro Marco Aurélio: Está revelado no preceito que, na admissão do
servidor, será lavrado termo do qual constarão direitos e obrigações inalteráveis por
qualquer das partes.
O Sr. Ministro Carlos Britto: Isso na Lei do Regime Único. Mas é uma improprie-
dade técnica que me parece, assim, flagrante, data venia.
VOTO
A Sra. Ministra Ellen Gracie (Presidente): Tenho voto na matéria.
Acompanho o eminente Relator, para referendar a liminar deferida.
EXTRATO DA ATA
ADI 3.395-MC/DF — Relator: Ministro Cezar Peluso. Requerentes: Associação dos
Juízes Federais do Brasil – AJUFE (Advogados: Paulo Roberto Saraiva da Costa Leite e
outro) e Associação Nacional dos Magistrados Estaduais – ANAMAGES (Advogado:
Gustavo Alexandre Magalhães). Requerido: Congresso Nacional.
R.T.J. — 198 939
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros do Supremo Tri-
bunal Federal, em Sessão Plenária, na conformidade da ata do julgamento e das notas
taquigráficas, por maioria de votos, negar referendo à decisão que deferiu o pedido de
medida cautelar, restaurando-se, desse modo, em plenitude, a eficácia e a aplicabilidade
do diploma legislativo ora impugnado nesta sede de fiscalização abstrata, nos termos do
voto do Relator, vencidos os Ministros Carlos Britto e Marco Aurélio. Votou o Presidente,
Ministro Nelson Jobim. Ausentes, justificadamente, o Ministro Carlos Velloso e, neste
julgamento, o Ministro Gilmar Mendes. Falaram, pelo requerente, o Dr. Antonio
Fernando Barros e Silva de Souza, Procurador-Geral da República; pela Advocacia-
Geral da União, o Dr. Álvaro Augusto Ribeiro Costa, Advogado-Geral da União; pelos
amici curiae, Estados de São Paulo, Minas Gerais e Espírito Santo, pela Confederação
Nacional da Indústria – CNI e pelo Instituto Brasileiro de Mineração – IBRAM, respec-
tivamente, os Doutores José do Carmo Mendes Júnior, Procurador-Geral do Estado em
exercício, Lyssandro Norton Siqueira, Procurador-Geral do Estado, Maria Cristina de
Moraes, Procuradora-Geral do Estado em exercício, Maria Luiza Werneck dos Santos e
Marcelo Lavocat Galvão.
Brasília, 1º de setembro de 2005 — Nelson Jobim, Presidente — Celso de Mello,
Relator.
942 R.T.J. — 198
RELATÓRIO
O Sr. Ministro Celso de Mello: O eminente Senhor Procurador-Geral da República,
ao ajuizar a presente ação direta, argüiu a inconstitucionalidade do art. 4º, caput e §§
1º a 7º, da Lei n. 4.771, de 15-9-1965 (Código Florestal), na redação dada pela Medida
Provisória n. 2.166-67, de 24-8-2001.
As normas legais ora impugnadas possuem o seguinte conteúdo material (fls.
09/16):
“Art. 4º A supressão de vegetação em área de preservação permanente somente
poderá ser autorizada em caso de utilidade pública ou de interesse social, devida-
mente caracterizados e motivados em procedimento administrativo próprio, quando
inexistir alternativa técnica e locacional ao empreendimento proposto.
§ 1º A supressão de que trata o caput deste artigo dependerá de autorização
do órgão ambiental estadual competente, com anuência prévia, quando couber, do
órgão federal ou municipal de meio ambiente, ressalvado o disposto no § 2º deste
artigo.
§ 2º A supressão de vegetação em área de preservação permanente situada em
área urbana, dependerá de autorização do órgão ambiental competente, desde que
o município possua conselho de meio ambiente com caráter deliberativo e plano
diretor, mediante anuência prévia do órgão ambiental estadual competente funda-
mentada em parecer técnico.
§ 3º O órgão ambiental competente poderá autorizar a supressão eventual e
de baixo impacto ambiental, assim definido em regulamento, da vegetação em
área de preservação permanente.
§ 4º O órgão ambiental competente indicará, previamente à emissão da auto-
rização para a supressão de vegetação em área de preservação permanente, as medi-
das mitigadoras e compensatórias que deverão ser adotadas pelo empreendedor.
§ 5º A supressão de vegetação nativa protetora de nascentes, ou de dunas e
mangues, de que tratam, respectivamente, as alíneas c e f do art. 2º deste Código,
somente poderá ser autorizada em caso de utilidade pública.
§ 6º Na implantação de reservatório artificial é obrigatória a desapropriação
ou aquisição, pelo empreendedor, das áreas de preservação permanente criadas no
seu entorno, cujos parâmetros e regime de uso serão definidos por resolução do
Conama.
§ 7º É permitido o acesso de pessoas e animais às áreas de preservação perma-
nente, para obtenção de água, desde que não exija a supressão e não comprometa
a regeneração e a manutenção a longo prazo da vegetação nativa.” (Grifei)
O eminente Senhor Ministro-Presidente do Supremo Tribunal Federal, durante o
período de férias forenses (julho de 2005), ao suspender, cautelarmente, a eficácia e
aplicabilidade do art. 1º da Medida Provisória n. 2.166-67, de 24-8-2001, na parte em
que alterou o art. 4º, caput e parágrafos 1º, 2º, 3º, 4º, 5º, 6º e 7º, da Lei n. 4.771, de 15 de
setembro de 1965, que instituiu o Código Florestal, proferiu decisão que tem o seguinte
conteúdo (fls. 23/27):
R.T.J. — 198 943
cautelar com base no art. 10, § 3º, da Lei n. 9.868/99, ‘sem a audiência dos
órgãos ou das autoridades das quais emanou a lei ou o ato normativo impug-
nado’.
(...)’ (fl. 7)
Requer a concessão de medida cautelar com fundamento no art. 10, § 3º, da
Lei 9.868/99 e no art. 170 do Regimento Interno.
Decido.
Em exame prévio, verificam-se presentes os pressupostos necessários para o
deferimento da medida cautelar.
A inicial anuncia a proximidade da 78ª Reunião Ordinária do Conselho
Nacional do Meio Ambiente – CONAMA, órgão consultivo e deliberativo do
SISNAMA – Sistema Nacional do Meio Ambiente, que será realizada nos dias 27
e 28 de julho de 2005 (fls. 17/20).
Ocorre que, com fundamento no art. 4º da Medida Provisória ora impugnada,
o Conama, por meio de Resolução, pode vir a autorizar o gestor ambiental local a
suprimir a vegetação de uma área de preservação permanente, para fins de ‘empre-
endimento de mineração’ (fl. 7).
A Constituição Federal impõe ao Poder Público o dever de defender e proteger
o meio ambiente para as presentes e futuras gerações (art. 225, caput, da CF).
Ora, a extração de minério causa danos irreparáveis e irreversíveis ao meio
ambiente, eis que a área em que a atividade for desenvolvida não voltará ao seu
estado anterior, presente por este motivo o periculum in mora.
O fumus boni iuris encontra-se na norma constitucional (art. 225, § 3º, III, da
CF) que autoriza a supressão de área de preservação permanente somente por lei.
Daí que a concessão da medida permitirá uma análise mais aprofundada
sobre o tema e, ao mesmo tempo, não impedirá o perecimento do direito de even-
tuais interessados na exploração ambiental.
Assim, defiro o pedido de medida cautelar para suspender, ad referendum
do Plenário, até o julgamento final desta ação, a eficácia do art. 4º, caput, e
parágrafos 1º, 2º, 3º, 4º, 5º, 6º e 7º, da Lei n. 4.771, de 15 de setembro de 1965.
Comunique-se, com urgência, o teor desta decisão ao Diretor do Conama e
ao Procurador-Geral da República.
Solicitem-se informações.” (Grifei)
O Senhor Presidente da República prestou as informações que lhe foram solicita-
das (fls. 48/133) e, nelas, defendeu a legitimidade constitucional da Medida Provisória
n. 2.166-67/2001, editada por seu antecessor, assinalando que o diploma legislativo
em causa não transgrediu a norma constitucional de parâmetro (CF, art. 225, § 1º, n. III).
Em conseqüência de tal posição, o Chefe do Poder Executivo da União pediu a
reconsideração do ato decisório ora submetido ao referendo desta Suprema Corte (fls.
178/195), destacando, com apoio em parecer do ilustre Consultor Jurídico do Ministé-
rio do Meio Ambiente, Dr. Gustavo Trindade, as seguintes conclusões:
R.T.J. — 198 945
VOTO
O Sr. Ministro Celso de Mello (Relator): Trata-se de ação direta, que, ajuizada
pelo eminente Procurador-Geral da República, objetiva o reconhecimento da inconsti-
tucionalidade do artigo 1º da Medida Provisória n. 2.166-67, de 24-8-2001, na parte em
que alterou o art. 4º, caput e §§ 1º, 2º, 3º, 4º, 5º, 6º e 7º, da Lei n. 4.771, de 15-9-1965, que
instituiu o Código Florestal.
O eminente Chefe do Ministério Público da União, ao deduzir a pretensão de
inconstitucionalidade que motivou a decisão ora objeto de apreciação por esta Suprema
Corte, sustenta que a referida Medida Provisória teria ofendido a norma inscrita no art.
225, § 1º, inciso III, da Constituição Federal, que assim dispõe:
“Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibra-
do, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se
ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presen-
tes e futuras gerações.
§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao poder público:
(...)
III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus
componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão
permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a
integridade dos atributos que justifiquem sua proteção. (...).” (Grifei)
O autor da presente ação direta, para sustentar a pretendida declaração de
inconstitucionalidade, apóia-se na alegação de que, em face da norma de parâmetro
supostamente transgredida pela Medida Provisória em causa, os atos de modificação e/
R.T.J. — 198 947
disciplinando a forma pela qual tal supressão pode ser feita sem prejuízos para o
meio ambiente. E tal lei — genérica e abstrata como todas devem ser — já existe,
pelo menos em relação às APP’s, consubstanciando-se justamente no Código Flo-
restal.
Outro aspecto a ser considerado é que, ao prevalecer a tese defendida pelo
ilustre Procurador-Geral da República, de que haveria necessidade de lei em sen-
tido formal para qualquer caso de supressão de vegetação em espaço territorial
especialmente protegido, está-se conferindo elevado grau de casuísmo à edição
de normas que, por sua natureza, devem prever situações abstratas.
Com efeito, além de se impedir os órgãos públicos ambientais de autorizar
ou licenciar qualquer tipo de intervenção em espaços protegidos, ter-se-á a neces-
sidade de lei específica para cada caso de supressão de vegetação em tais áreas,
desde a implantação de um pequeno corredor de acesso de pessoas para obtenção
de água, por exemplo, até a construção de portos, gasodutos, hidrelétricas, dentre
inúmeras outras atividades de suma relevância para o desenvolvimento nacional.
Da mesma forma, com a concessão da medida cautelar, para que se possa derrubar
uma árvore em área protegida, é necessário que se edite uma lei.
Para que se possa vislumbrar a inviabilidade deste entendimento, vale
transcrever trecho da Informação n. 460/2005/CONJUR/MMA (em anexo), in
verbis:
‘24. Da mesma forma, haverá necessidade de lei específica, em sentido
estrito, para que possa ocorrer a supressão de uma árvore em área de Reserva
Legal. Cada autorização de corte deve, no entendimento exposto pelo Pro-
curador-Geral da República e acolhido, cautelarmente, pelo Presidente do
STF, ser objeto de aprovação de uma lei em sentido formal. Importante
referir que a Reserva Legal abrange 80% da área das propriedades rurais
situadas na Amazônia Legal, 35% da área das propriedades rurais localizadas
nas zonas de cerrado da Amazônia Legal e 20% da área das propriedades
rurais localizadas nas demais regiões do país.
25. Destaca-se, também, que supressão de qualquer vegetação em uni-
dade de conservação dependerá de autorização legislativa, caso a caso. Ve-
jamos o seguinte exemplo: a cidade de Brasília e sua região de entorno estão
localizados no interior de uma Área de Proteção Ambiental (APA do Planalto
Central), uma unidade de conservação de uso sustentável, criada nos termos
do art. 15 da Lei n. 9.985/00, que institui o Sistema Nacional de Unidades de
Conservação. Vingando o entendimento exposto na peça inicial, toda e
qualquer intervenção nos recursos naturais, como o simples corte de uma
árvore exótica, somente será possível após lei autorizativa específica.’
Diante desse panorama, resta clara a improcedência da alegação no sentido
de se exigir lei específica para cada supressão de vegetação em área especial-
mente protegida. Esvazia-se o Poder Executivo, através dos órgãos competentes,
de suas atribuições, abarrotando-se o Poder Legislativo — Federal, Estadual e
Municipal — de projetos de leis desnecessárias.
R.T.J. — 198 955
ambiente, para que não se alterem as propriedades e os atributos que lhe são inerentes,
o que provocaria inaceitável comprometimento da saúde, segurança, cultura, trabalho
e bem-estar da população, além de causar graves danos ecológicos ao patrimônio
ambiental, considerado este em seu aspecto físico ou natural.
Como precedentemente assinalado neste voto, o diploma normativo em causa,
longe de comprometer os valores constitucionais consagrados no art. 225 da Lei Fun-
damental, estabeleceu, ao contrário, mecanismos que permitem um real controle, pelo
Estado, das atividades desenvolvidas no âmbito das áreas de preservação permanente,
em ordem a impedir ações predatórias e lesivas ao patrimônio ambiental, cuja situação
de maior vulnerabilidade reclama proteção mais intensa, agora propiciada, de modo
adequado e compatível com o texto constitucional, pela MP n. 2.166-67/2001, no ponto
em que introduziu significativas alterações no art. 4º do Código Florestal.
Sendo assim, e tendo em consideração as razões expostas, peço vênia para propor,
a este Egrégio Plenário, não seja referendada a r. decisão que deferiu o pedido de medida
cautelar, restaurando-se, desse modo, em plenitude, a eficácia e a aplicabilidade do diploma
legislativo ora impugnado nesta sede de fiscalização abstrata.
É o meu voto.
VOTO
O Sr. Ministro Nelson Jobim (Presidente): Peço licença aos Colegas, considerando
que sou o autor do despacho objeto de decisão neste momento.
O Ministro Relator, Celso de Mello, propôs, em seu voto, não referendar a decisão
que proferi no dia 25 de julho de 2005. Deferi a liminar, considerando a leitura que fiz,
naquele momento, do inciso III do § 1º do art. 225, na linha suscitada pelo Excelentíssimo
Senhor Procurador-Geral.
Quero afirmar que, naquele primeiro momento, surgiram-me dúvidas em relação à
redação do artigo e, também, à abrangência da expressão “a alteração e a supressão”.
Entendi, então, conveniente, por política judiciária, a concessão da liminar, porque
evitaria as dificuldades que poderiam surgir no sentido contrário. Assim, fizemos um
apelo, prontamente atendido pelo Ministro Celso de Mello, para trazer o despacho de
imediato, uma vez que o indeferimento da liminar, naquele momento, poderia protelar a
decisão.
Então, agora, ouvindo atentamente o voto do Ministro Celso de Mello, ficou, no
meu ponto de vista, absolutamente claro que as alterações e a supressão referidas no
inciso III do § 1º do art. 225 dizem respeito à própria constituição do espaço geográfico
abrangido pela área de preservação.
Aliás, recordei-me, enquanto ouvia o voto do Ministro Celso de Mello, que chega-
mos a discutir isso no caso da Chapada dos Veadeiros, em que foi advogado, tenho
impressão, alguém relacionado ao Ministro Xavier de Albuquerque, e verificamos exa-
tamente que as alterações que tinham sido introduzidas naquele caso haviam sido feitas
por meio de ato administrativo e não de lei. Discutimos, então, se a supressão e a altera-
ção tinham de ser feitas por lei, e o Tribunal entendeu que não só a supressão, ou seja, a
962 R.T.J. — 198
VOTO
O Sr. Ministro Eros Grau: Sr. Presidente, o inciso III do § 1º do artigo 225 da
Constituição do Brasil respeita a espaços territoriais especialmente protegidos (unidades
de conservação), não à vegetação existente nessas áreas. Não impõe legalidade estrita,
reserva de lei, para que se dê a supressão da vegetação de que trata o artigo 4º da Medida
Provisória n. 2.166.
A supressão de vegetação em espaços territoriais especialmente protegidos, sujeita
à autorização do órgão ambiental competente, pode ser definida caso a caso, por esse
órgão. O que se não pode é suprimir qualquer dos espaços territoriais especialmente
protegidos sem que a lei em sentido formal o determine. Aqui se trata mesmo de lei em
sentido formal, ainda que não em sentido material. Lei, em sentido formal, que permita
a supressão de espaços territoriais especialmente protegidos consubstanciará autêntica
lei-medida, que a doutrina alemã chama de “Massnahmegesetze”, produto do movimento
que Vincenzo Spagnuolo Vigorita refere como “amministrativizzazione” do direito
público: aí a fratura entre hierarquia formal e substancial e a divergência entre força e
valor jurídico-formal e relevância efetiva dos atos legislativos e administrativos.
As leis-medida são leis apenas em sentido formal, não o sendo, contudo, em sentido
material. Cuida-se, então, de lei não-norma, lei que não é norma jurídica dotada de
generalidade e abstração; lei que não constitui preceito primário, no sentido de que se
impõe por força própria, autônoma.
A supressão de espaços territoriais especialmente protegidos depende de manifes-
tação do Legislativo, lei-medida, nos termos do disposto no inciso III do § 1º do artigo
225 da Constituição do Brasil; não, no entanto, a supressão de vegetação existente
nessas áreas.
Por essas razões, além daquelas enunciadas pelo eminente Relator, voto no sentido
de que não seja referendada a decisão, acompanhando, pois, o Ministro Relator.
VOTO
O Sr. Ministro Carlos Britto: Sr. Presidente, permito-me dizer que me preocupa a
redação da MP posta em cheque a partir do seu art. 4º ou da nova redação do art. 4º dada
ao Código Florestal, que diz:
“A supressão de vegetação em área de preservação permanente” (...)
R.T.J. — 198 963
análise, o próprio exercício, pela autoridade pública, dos seus poderes administrativos,
em ordem a impedir a manipulação de sua competência, ajustando-lhe o exercício às
exigências superiores ditadas pelo interesse público.
O Sr. Ministro Carlos Britto: Vejo que perpassa por toda a medida provisória um
espírito de leniência, frouxidão. Impressiona-me muito também o § 5º do artigo 4º da
Medida Provisória n. 2.166-67/2001, que diz:
“§ 5º A supressão de vegetação nativa protetora de nascentes, ou de dunas e
mangues, de que tratam, respectivamente, as alíneas ‘c’ e ‘f’ do art. 2º deste Código,
somente poderá ser autorizada” — quer dizer, até isso pode ser autorizado adminis-
trativamente — “em caso de utilidade pública.”
A ser definido o caso, também, administrativamente.
O Sr. Ministro Cezar Peluso: Não pode haver uma norma de caráter geral sobre
esses casos específicos?
O Sr. Ministro Carlos Britto: Até as nascentes poderão ser desprotegidas, quer
dizer, a vegetação protetora de nascentes pode ser também supressa.
O Sr. Ministro Nelson Jobim (Presidente): Por que, a priori, não pode ser supressa?
O Sr. Ministro Carlos Britto: Porque essas vegetações protegem nascentes, cursos
d’água.
O Sr. Ministro Cezar Peluso: Vai ter de ser estabelecido caso por caso. Se Vossa
Excelência estabelece uma proibição de caráter geral, não se pode mudar nada.
O Sr. Ministro Carlos Britto: Peço vênia ao eminente Ministro Relator, ao eminente
Ministro Nelson Jobim, que reconsiderou o seu voto, mas, nos termos em que está
redigida a Medida Provisória, sou, neste momento, ainda em um juízo de delibação, pelo
referendo.
VOTO
O Sr. Ministro Cezar Peluso: Sr. Presidente, peço vênia ao eminente Ministro
Carlos Britto. Estou inteiramente de acordo com a interpretação do eminente Ministro
Relator e com a que Vossa Excelência agora também deu.
Acho que a cláusula constitucional distingue duas situações, as quais me parecem
muito claras. Na primeira oração do período, ela trata da alteração e da supressão; e, na
segunda, trata do uso. Ela só impõe a exigência de lei à alteração e à supressão. Portanto,
não se cuida de alteração nem de supressão decorrentes de regulamentação do uso, porque
a disciplina do uso não depende de lei, mas de ato administrativo. Isso a mim me parece
corresponder à racionalidade da norma, em primeiro lugar, porque, de outro modo — como
os eminentes Advogados, que sustentaram da tribuna, demonstraram —, inviabilizar-se-ia
uma série de projetos, de atividades e de obras de interesse público e de caráter urgente, por
dependerem de regulamentação, de autorização ou de licenciamento mediante ato do
Poder Legislativo, o que demanda tempo. E, em segundo lugar, acho relevante tal inter-
pretação também do ângulo de controle dos atos administrativos, porque é mais fácil
controlar a prática de um ato administrativo do que a edição de uma lei em sentido formal.
966 R.T.J. — 198
Entendo que essa racionalidade da norma mostra também que o uso, diante das circunstân-
cias do caso concreto, pode, eventualmente, implicar desvio de poder, mas suscetível de
correção imediata, o que seria dificílimo se o uso dependesse de ato legislativo, o qual não
pode ser questionado sob o aspecto do seu merecimento, etc.
Acompanho integralmente o voto do eminente Ministro Relator.
VOTO
A Sra. Ministra Ellen Gracie: Sr. Presidente, também eu, pedindo vênia ao Ministro
Carlos Britto, acompanho o brilhantíssimo voto do eminente Ministro Relator, e mais,
além das razões postas por Sua Excelência, por conta dos dados que nos foram trazidos
nas sustentações orais, nas quais os amici curiae elencaram um grande número de
iniciativas de obras importantes, inviabilizadas pela manutenção desta medida liminar,
o que indica, portanto, a ocorrência do periculum in mora inverso.
VOTO
O Sr. Ministro Marco Aurélio: Senhor Presidente, no processo objetivo, todos
sabemos que a causa de pedir é aberta. O pedido, sim, deve ser específico, claro, formu-
lado pela parte. E essa causa de pedir aberta é linear. Tanto faz deparar o Plenário com o
julgamento de fundo da ação direta de inconstitucionalidade ou com pedido de conces-
são de medida cauteladora ou referendo do ato praticado — proposta de referendo que,
penso, não ocorreu ante o voto do Relator e, agora, o reajuste da óptica de Vossa Exce-
lência.
Faço esse registro para assentar, de início, que não havia campo à atuação do Chefe
do Poder Executivo. Não lhe cabia disciplinar uma matéria que pode implicar prejuízo
projetado no tempo, irrecuperável, como se urgência e necessidade concorressem para
alterar-se Código, em vigor há muitos anos, mediante medida provisória.
Creio que se configura, de início, vício formal na normatização da matéria. O tema,
evidentemente, deveria passar, considerado o conteúdo da medida provisória e por meio
de projeto de lei, pelo crivo dos representantes do povo brasileiro — os deputados
federais — e pelos representantes dos Estados — os senadores.
Os efeitos da medida provisória não são precários e efêmeros.
O Sr. Ministro Nelson Jobim: Ministro, só para lembrar: esta medida provisória
está sob a égide da Emenda Constitucional n. 32, artigo 2º.
O Sr. Ministro Marco Aurélio: Então, não temos de examiná-la; temos de declarar
inadequada a ação ajuizada, já que concorreria um bill de indenidade, sobrepondo-se,
até mesmo, a medida provisória à própria Carta da República, aos preceitos permanentes
dessa Carta.
O Sr. Ministro Nelson Jobim: O fundamento do não-uso de medida provisória está
referendado. O problema é saber se tem de ser por lei ou não.
O Sr. Ministro Marco Aurélio: Perdão, mas uma coisa é dizer que aquelas medidas
provisórias, pendentes de apreciação à época da Emenda, passariam a viger por período
R.T.J. — 198 967
Peço vênia a Vossa Excelência — aliás, não pediria se Vossa Excelência tivesse
mantido o ato formalizado —, peço vênia ao Relator e aos que o acompanharam, para
assentar que, sopesados os valores relativos ao desenvolvimento econômico, à explora-
ção — não no sentido pejorativo — econômica e à preservação visada pela Constituição
Federal, vejo risco maior em manter-se essa avenida, em termos de delegação, aberta pela
medida provisória.
E, repito, se a medida provisória vier a ser rechaçada pelo Congresso, o mal já
estará consumado — e este, no Brasil, tem um efeito incrível — em termos de alteração
que a Constituição Federal visa a afastar, que é a alteração do meio ambiente com a
supressão da vegetação, devendo ser frisado que a vegetação é indispensável, em se
tratando de território, é indispensável a ter-se como preservado o meio ambiente.
Referendo, portanto, o ato inicial de Vossa Excelência e que foi formalizado no
processo, seguindo-se a ele estardalhaço incrível, da mídia, e, hoje, com as sustentações
da tribuna, compreendi a razão de ser desse alarde.
VOTO
O Sr. Ministro Sepúlveda Pertence: Sr. Presidente, também me convenceu o bri-
lhante voto do eminente Relator. A Medida Provisória questionada não ofende — Sua
Excelência diria neste mero juízo de delibação, e fico a imaginar o que será o juízo mais
profundo — o inciso III do art. 225, § 1º.
E mais, Sua Excelência já o demonstrara e acaba de insistir no ponto, que muito me
impressionou, de que, na verdade, estamos tratando essa Medida Provisória como se ela
estivesse isolada, mas, de fato, ela veio substituir redação original do Código Florestal,
muito mais aberta do que a desta Medida Provisória, o que elide também, com todas as
vênias, o argumento de que lhe faltaria a urgência para a decretação.
Acompanho o voto do eminente Relator, com as vênias devidas aos Ministros
Carlos Britto e Marco Aurélio para negar referendo à decisão.
EXTRATO DA ATA
ADI 3.540-MC/DF — Relator: Ministro Celso de Mello. Requerente: Procurador-
Geral da República. Requerido: Presidente da República (Advogado: Advogado-Geral
da União). Interessados: Estado de São Paulo (Advogado: PGE/SP – Jose do Carmo
Mendes Junior), Estado de Minas Gerais (Advogados: José Bonifácio Borges de
Andrada e outros), Confederação Nacional da Indústria – CNI (Advogada: Maria Luiza
Werneck dos Santos), Estado do Espírito Santo (Advogada: PGE/ES – Maria Christina
de Moraes), Estado da Bahia (Advogada: PGE/BA – Cândice Ludwig Romano), Instituto
Brasileiro de Mineração – IBRAM (Advogdo: Marcelo Lavocat Galvão), Estado de
Mato Grosso do Sul (Advogado: PGE/MS – Ulisses Schwarz Viana) e Estado do Amazonas
(Advogados: PGE/AM – Patrícia Cunha e Silva Petruccelli e outra).
Decisão: O Tribunal, por maioria, negou referendo à decisão que deferiu o pedido de
medida cautelar, restaurando-se, desse modo, em plenitude, a eficácia e a aplicabilidade do
diploma legislativo ora impugnado nesta sede de fiscalização abstrata, nos termos do voto
do Relator, vencidos os Ministros Carlos Britto e Marco Aurélio. Votou o Presidente,
970 R.T.J. — 198
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros do Supremo Tribu-
nal Federal, em Sessão Plenária, sob a Presidência do Ministro Nelson Jobim, na confor-
midade da ata do julgamento e das notas taquigráficas, por unanimidade de votos,
deferir a medida cautelar para suspender a eficácia do inciso I do artigo 17 e da expressão
“e apresentação de temas em congressos relacionados com os serviços notariais e
registrais”, contida no inciso II do mesmo artigo, da Lei n. 12.919, de 29 de junho de
1998, do Estado de Minas Gerais, nos termos do voto do Relator.
Brasília, 8 de fevereiro de 2006 — Gilmar Mendes, Relator.
R.T.J. — 198 971
RELATÓRIO
O Sr. Ministro Gilmar Mendes: Trata-se de ação direta de inconstitucionalidade,
com pedido de medida cautelar, proposta pelo Procurador-Geral da República, em face
do inciso I do art. 17 e da expressão “e apresentação de temas em congressos relaciona-
dos com os serviços notariais e registrais”, constante do inciso II do mesmo artigo, da
Lei n. 12.919, de 29 de junho de 1998, do Estado de Minas Gerais.
Os dispositivos normativos impugnados possuem o seguinte teor:
“Art. 17. O candidato não eliminado nas provas de conhecimento poderá
apresentar títulos, considerando-se como tais os seguintes:
I - tempo de serviço prestado como titular, interino, substituto ou
escrevente em serviço notarial ou de registro;
II - trabalhos jurídicos publicados, de autoria única, e apresentação de
temas em congressos relacionados com os serviços notariais e registrais;”
O Procurador-Geral da República alega que os referidos dispositivos violam o
princípio da isonomia, consagrado no art. 5º, caput, da Constituição da República.
Assim está consignado nos fundamentos da peça inicial, verbis:
“A distinção imposta pelo inciso I e pela expressão combatida do inciso II,
ambos do art. 17 da lei mineira, desiguala os concorrentes, conferindo àqueles que
desempenharam atividades em cartórios extrajudiciais ou apresentaram temas em
congressos relacionados aos serviços notariais e de registro, uma melhor classifica-
ção no concurso.
Em suma, ao impor esse injustificável fator de discrímen, ou seja, essa con-
cessão de vantagem flagrantemente anti-isonômica, os textos combatidos viola-
ram o preceito magno da igualdade, que não admite a edição de lei para concessão
de privilégios ou favoritismos.” (Fls. 3-4)
Assim, diante do fumus boni iuris e do periculum in mora, que estaria consubstan-
ciado na existência de concurso público em andamento, o Procurador-Geral da República
pede a concessão de medida cautelar para suspender a eficácia dos dispositivos im-
pugnados até o advento da decisão final.
Adotado o rito cautelar do art. 10 da Lei n. 9.868/99, prestaram informações a Assem-
bléia Legislativa (fls. 58-67) e o Governador do Estado de Minas Gerais (fls. 99-115).
É o relatório.
VOTO
O Sr. Ministro Gilmar Mendes (Relator): A questão não é nova na jurisprudência
desta Corte. No recente julgamento da ADI n. 3.522/RS, Rel. Min. Marco Aurélio (julgado
em 24-11-2005), o Tribunal entendeu que existia ofensa aos princípios do concurso
público (CF, art. 37, II) e da isonomia (CF, art. 5º, caput), e julgou procedente pedido
formulado em ação direta para declarar a inconstitucionalidade dos incisos I, II, III e X do
art. 16 e do inciso I do art. 22, ambos da Lei 11.183/98, do Estado do Rio Grande do Sul,
972 R.T.J. — 198
EXTRATO DA ATA
ADI 3.580-MC/MG — Relator: Ministro Gilmar Mendes. Requerente: Procurador-
Geral da República. Requeridos: Governador do Estado de Minas Gerais e Assembléia
Legislativa do Estado de Minas Gerais.
Decisão: O Tribunal, por unanimidade, deferiu a medida cautelar para suspender a
eficácia do inciso I do artigo 17 e da expressão “e apresentação de temas em congressos
relacionados com os serviços notariais e registrais”, contida no inciso II do mesmo
artigo, da Lei n. 12.919, de 29 de junho de 1998, do Estado de Minas Gerais, nos termos
do voto do Relator. Votou o Presidente, Ministro Nelson Jobim.
Presidência do Ministro Nelson Jobim. Presentes à sessão os Ministros Sepúlveda
Pertence, Celso de Mello, Marco Aurélio, Ellen Gracie, Gilmar Mendes, Cezar Peluso,
Carlos Britto, Joaquim Barbosa e Eros Grau. Procurador-Geral da República, Dr. Antonio
Fernando Barros e Silva de Souza.
Brasília, 8 de fevereiro de 2006 — Luiz Tomimatsu, Secretário.
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros do Supremo Tribu-
nal Federal, em Primeira Turma, sob a Presidência do Ministro Sepúlveda Pertence, na
conformidade da ata do julgamento e das notas taquigráficas, por unanimidade, negar
provimento ao recurso ordinário em mandado de segurança, nos termos do voto do
Relator.
Brasília, 22 de março de 2005 — Marco Aurélio, Relator.
RELATÓRIO
O Sr. Ministro Marco Aurélio: O Superior Tribunal de Justiça denegou a segurança
impetrada pelo Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino no Estado de São Paulo, ante
fundamentos assim sintetizados (folha 307):
Sindicato — Criação — Desmembramento — Desnecessidade de autori-
zação legal — Base territorial — Definição.
Não pode o Poder Público estabelecer condições ou restrições para se criar
uma associação sindical.
A base territorial de um sindicato não é mais estabelecida e delimitada pela
lei, pelo Estado ou pelas associações sindicais, e sim pelos próprios interessados.
Sindicato dos estabelecimentos de ensino não é a mesma coisa que sindicato
de ensino médio, ensino técnico, ensino infantil ou de Escola de Ensino Funda-
mental. São entidades diversas que podem ter bases territoriais diversas.
Segurança denegada.
No recurso ordinário de folhas 310 a 328, o recorrente sustenta que a discussão
trazida a juízo não diz respeito a “saber se, com o ‘deferimento’ de registros de sindicato
de uma mesma categoria econômica em uma mesma base territorial, viola-se, ou não, a
unidade sindical recomendada na Constituição. O que se debate é a não-validade do ato
administrativo que deferiu o registro de tais outros sindicatos” (folha 311). Esclarece ter
sido constituído em 9 de novembro de 1978, sob a égide do Diploma Maior anterior, e
que representa, no Estado de São Paulo, todos os estabelecimentos de ensino infantil,
primário, fundamental, técnico e médio. Salienta que conta com autorização, reconheci-
mento e registro sindical no Ministério do Trabalho e que, após a vigência da atual
Carta, adaptou os estatutos à nova ordem constitucional, tudo devidamente registrado
no citado Ministério. Em 11 de setembro de 1997, pedira registro o Sindicato das Enti-
dades Mantenedoras de Ensino Médio do Município de São Paulo – SEMEM/SP, tendo
o recorrente impugnado o pleito, que ficou sem exame até 17 de maio de 1999. Da
mesma forma, em 6 de fevereiro de 1998, outros três entes sindicais pediram registro,
havendo o recorrente apresentado impugnação também. São eles: Sindicato das Entidades
Mantenedoras de Escolas de Ensino Técnico do Município de São Paulo – SEMET/SP;
Sindicato das Entidades Mantenedoras de Escolas de Educação Infantil do Município
de São Paulo – SEMEEI/SP e Sindicato das Entidades Mantenedoras de Escolas de
Educação Fundamental do Município de São Paulo – SEMEF/SP. O Ministério do Tra-
balho, em 17 de maio de 1999, decidira deferir o registro sindical aos quatro sindicatos
R.T.J. — 198 975
45. Poder-se-ia alegar, é bem verdade, que os registros concedidos o foram para
sindicatos municipais e que o Sindicato impetrante tem base territorial estadual.
46. A tal alegação, se vier a ser feita, responde-se, com vantagem. Primeiro
porque, este tema — base territorial municipal ou estadual — não foi objeto de
qualquer indagação ou exame do parecer em que se baseou a autoridade impetrada
para a prática do ato que, sendo vinculado, só pode ser examinado em razão dos
motivos e fundamentos que teriam autorizado sua prática.
47. E segundo porque, por princípio constitucional, (CF., 8º, II), a base
territorial de um sindicato — nacional, estadual ou municipal — há de ser definida
por trabalhadores ou empregadores e, no caso, não há a mais mínima notícia de tal
definição.
O recurso foi admitido mediante o ato de folha 331.
A União apresentou as contra-razões de folhas 333 a 347. Aponta, inicialmente,
não terem sido infirmados os fundamentos do julgado impugnado, o que leva à impos-
sibilidade de o recurso ser conhecido. Depois, ressalta o acerto da conclusão adotada
pela Corte de origem, aludindo a precedentes deste Tribunal, no mesmo sentido.
A Procuradoria-Geral da República, no parecer de folhas 357 a 361, preconiza o
não-conhecimento ou o desprovimento do recurso. Eis o resumo da peça:
Recurso Ordinário — Mandado de segurança contra ato do Ministro do Traba-
lho — Sindicatos de estabelecimentos de ensino — Desmembramento — Princípio
da unicidade sindical (CF, art. 8º, II) — Razões recursais dissociadas dos fundamentos
do aresto recorrido — Inocorrência (sic) de superposição de bases territoriais —
Esferas de representatividade diversas, sendo a do sindicato-recorrente genérica e a
dos demais sindicatos litigantes específica — Parecer pelo não-conhecimento do
recurso e, se conhecido, pelo seu improvimento.
É o relatório.
VOTO
O Sr. Ministro Marco Aurélio (Relator): Na interposição deste recurso, foram ob-
servados os pressupostos gerais de recorribilidade. Os documentos de folhas 66 e 329
evidenciam a regularidade da representação processual e do preparo. Quanto à oportuni-
dade, a notícia do acórdão atacado restou veiculado no Diário de 4 de junho de 2001,
segunda-feira (folha 309), ocorrendo a manifestação do inconformismo em 19 imediato,
terça-feira (folha 310), no prazo assinado em lei.
No tocante ao não-conhecimento do recurso, ante a circunstância de não se haver
logrado, com as razões respectivas, infirmar o acórdão proferido, admita-se a dualidade.
Descabe confundir preliminar do recurso com o mérito da impugnação, cumprindo notar
que se está no campo da recorribilidade ordinária. Conheço do recurso.
Colho da inicial que, em 1978, foi constituído o Sindicato recorrente que, a partir
da própria nomenclatura, surgiu com representatividade maior — Sindicato dos Estabe-
lecimentos de Ensino no Estado de São Paulo. Vale dizer que, conforme previsto no
artigo 1º do estatuto do recorrente, foi ele constituído “para fins de estudo, defesa,
R.T.J. — 198 977
VOTO
O Sr. Ministro Carlos Britto: Sr. Presidente, a Constituição, no artigo 8º, cabeça,
consagrou a liberdade de associação profissional ou sindical, estabelecendo, contudo,
algumas restrições. Uma delas é a do chamado princípio da unicidade sindical para
impedir que uma mesma categoria profissional ou econômica fosse representada de
modo pulverizado, de modo atomizado, na mesma base territorial, que é de âmbito
municipal.
Acontece que, em matéria de estabelecimentos de ensino, para não dizer de ensino
mesmo, estou convencido de que há várias categorias profissionais, pois a Constituição
mesma fala de ensino médio, ensino técnico, ensino infantil, ensino fundamental, ensi-
no superior isolado, ensino superior universitário. E ela faz essas distinções para vários
efeitos jurídicos, até para gozo de direito subjetivo. Por exemplo, o professor de nível
médio e fundamental se aposenta, voluntariamente, com menos cinco anos de contribui-
ção e de idade.
A Constituição também faz essa distinção entre as diversas categorias de ensino
para efeito de repasse de verbas, para efeito de definição de competências federadas. Em
suma, é a Constituição mesma que estabelece a distinção, no âmbito do ensino, distin-
ção que termina se desdobrando em categorias fundamentais específicas.
No caso, há um sindicato gênero a abarcar todos os estabelecimentos de ensino,
mas há também sindicatos que têm uma esfera de abrangência profissional menor e, a
meu ver, as duas categorias de sindicato podem conviver. Há situações em que estão em
jogo interesses de todos os estabelecimentos de ensino, indistintamente, e há situações
que só dizem respeito àqueles estabelecimentos que, por força mesmo da nova Consti-
tuição, se especializaram.
Diante do exposto e daquilo que consta do voto do Ministro Marco Aurélio, tam-
bém recebo o recurso, mas para desprovê-lo.
VOTO
O Sr. Ministro Sepúlveda Pertence (Presidente): A única restrição que o Tribunal
pôs à cisão ou desmembramento, por especialização, de entidades sindicais, de uma
categoria mais ampla, foi quando — e fiquei vencido no leading case (RMS 21.305,
Marco Aurélio) — a profissão tinha uma disciplina legal unificada. Foi o caso de
pilotos e comissários de aeronaves, quando os pilotos queriam se diferenciar, entre os
aeronautas, dos comissários. Fiquei vencido com o Ministro Célio Borja, mas a maioria
do Plenário, no RMS 21.305, entendeu que a cisão seria, então, inadmissível.
No caso, entretanto, parece patente, como demonstraram o Relator e o Ministro
Carlos Britto, que é possível diferenciar as categorias, conforme o grau de ensino a que
se dediquem os diferentes estabelecimentos.
Nem há superposição no mesmo território, dado que os litisconsortes são sindicatos
municipais da cidade de São Paulo, ao passo que o recorrente é um sindicato estadual:
apenas dele se subtraíram determinadas categorias por grau de ensino para criar sindicatos
específicos e municipais.
R.T.J. — 198 979
EXTRATO DA ATA
RMS 24.069/DF — Relator: Ministro Marco Aurélio. Recorrente: Sindicato dos Esta-
belecimentos de Ensino no Estado de São Paulo (Advogados: José Gerardo Grossi e outra).
Recorrida: União (Advogado: Advogado-Geral da União). Litisconsortes passivos: Sin-
dicato das Entidades Mantenedoras de Escolas de Educação Infantil do Município de São
Paulo – SEMEEI (Advogados: Ricardo Adolpho Borges de Albuquerque e outro), Sindicato
das Entidades Mantenedoras de Ensino Fundamental do Município de São Paulo – SEMEF
(Advogados: Ricardo Adolpho Borges de Albuquerque e outro), Sindicato das Entidades
Mantenedoras de Ensino Médio do Município de São Paulo – SEMEM e Sindicato das
Entidades Mantenedoras de Ensino Técnico do Município de São Paulo – SEMET (Advo-
gados: Ricardo Adolpho Borges de Albuquerque e outro).
Decisão: A Turma negou provimento ao recurso ordinário em mandado de segu-
rança, nos termos do voto do Relator. Unânime. Ausente, justificadamente, o Ministro
Eros Grau. Falou pelo recorrente o Dr. José Gerardo Grossi e pelos litisconsortes passivos
o Dr. Ricardo Adolpho Borges de Albuquerque.
Presidência do Ministro Sepúlveda Pertence. Presentes à sessão os Ministros Marco
Aurélio, Cezar Peluso e Carlos Britto. Ausente, justificadamente, o Ministro Eros Grau.
Subprocuradora-Geral da República, Dra. Delza Curvello Rocha.
Brasília, 22 de março de 2005 — Ricardo Dias Duarte, Coordenador.
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros do Supremo Tribu-
nal Federal, em Sessão Plenária, sob a presidência da Ministra Ellen Gracie, na conformi-
dade da ata do julgamento e das notas taquigráficas, por unanimidade de votos, acolher
os embargos de declaração, nos termos do voto do Relator.
Brasília, 3 de maio de 2006 — Gilmar Mendes, Relator.
RELATÓRIO
O Sr. Ministro Gilmar Mendes: Trata-se de embargos declaratórios opostos pela
União contra decisão que deferiu pedido em mandado de segurança para assegurar a
observância do princípio do contraditório e da ampla defesa em processo administrativo
de cancelamento de benefício previdenciário junto ao TCU, em decisão assim ementada:
“Ementa: Mandado de Segurança. 2. Cancelamento de pensão especial pelo
Tribunal de Contas da União. Ausência de comprovação da adoção por instrumento
jurídico adequado. Pensão concedida há vinte anos. 3. Direito de defesa ampliado
com a Constituição de 1988. Âmbito de proteção que contempla todos os processos,
judiciais ou administrativos, e não se resume a um simples direito de manifestação
no processo. 4. Direito constitucional comparado. Pretensão à tutela jurídica que
envolve não só o direito de manifestação e de informação, mas também o direito de
ver seus argumentos contemplados pelo órgão julgador. 5. Os princípios do con-
traditório e da ampla defesa, assegurados pela Constituição, aplicam-se a todos os
procedimentos administrativos. 6. O exercício pleno do contraditório não se limita
à garantia de alegação oportuna e eficaz a respeito de fatos, mas implica a possibi-
lidade de ser ouvido também em matéria jurídica. 7. Aplicação do princípio da
segurança jurídica, enquanto subprincípio do Estado de Direito. Possibilidade de
revogação de atos administrativos que não se pode estender indefinidamente. Poder
anulatório sujeito a prazo razoável. Necessidade de estabilidade das situações
criadas administrativamente. 8. Distinção entre atuação administrativa que
independe da audiência do interessado e decisão que, unilateralmente, cancela
decisão anterior. Incidência da garantia do contraditório, da ampla defesa e do
devido processo legal ao processo administrativo. 9. Princípio da confiança como
elemento do princípio da segurança jurídica. Presença de um componente de ética
jurídica. Aplicação nas relações jurídicas de direito público. 10. Mandado de Se-
gurança deferido para determinar observância do princípio do contraditório e da
ampla defesa (CF art. 5º LV).” (Fl. 284)
Nos embargos declaratórios, sustenta-se:
a) a existência de obscuridade e contradição, tendo em vista que o pedido do
mandado de segurança era o imediato restabelecimento do benefício previdenciário e a
decisão embargada teria se limitado a deferir a realização de novo processo administra-
tivo, com a observância do princípio do contraditório e da ampla defesa; e
b) caracterização de omissão quanto ao exato provimento expedido no julgado
embargado, ou seja, esclarecimento se a referida decisão autorizou, ou não, o restabele-
cimento imediato do pagamento de benefício previdenciário que fora cancelado pelo
Tribunal de Contas da União (fls. 288-294).
É o relatório.
R.T.J. — 198 981
VOTO
O Sr. Ministro Gilmar Mendes (Relator):
1. Conhecimento
Tempestivos os embargos (fls. 286 e 288) e regular a representação, deles conheço.
2. Mérito
Os embargos declaratórios estão previstos no Título X — Dos Recursos — do
Código de Processo Civil (arts. 496, IV). O objetivo desse recurso é o aperfeiçoamento
do pronunciamento judicial, seja para esclarecê-lo ou para complementá-lo, com a eli-
minação de contradição, obscuridade ou omissão. No entanto, por vezes, visa reformar
ou invalidar a decisão, pela ocorrência de manifesto equívoco.
Nessa hipótese é que se tem admitido o efeito infringente ou modificativo do
julgado, por não haver, no sistema legal, previsão de outro recurso para a correção de
eventual erro cometido. A única ressalva que fazem a doutrina e a jurisprudência, em tais
casos, é quanto à observância do contraditório.
No caso dos autos, o mandado de segurança foi deferido pelo Plenário do Supremo
Tribunal Federal para determinar a observância do princípio do contraditório e da
ampla defesa (CF, art. 5º, LV, da CF/88) no processo administrativo de investigação da
legalidade de pensão da Impetrante junto ao Tribunal de Contas da União (fls. 220-284),
nos seguintes termos:
“É possível que, no caso em apreço, fosse até de se cogitar da aplicação do
princípio da segurança jurídica, de forma integral, de modo a impedir o desfazi-
mento do ato. Diante, porém, do pedido formulado e da causa petendi limito-me
aqui a reconhecer a forte plausibilidade jurídica desse fundamento.
Entendo, porém, que se há de deferir a segurança postulada para determinar a
observância do princípio do contraditório e da ampla defesa na espécie (CF, art. 5º,
LV).” (Fl. 249)
A Embargante, alegando obscuridade, contradição e omissão, pretende ver sanada
dúvida quanto à exata conformação da parte dispositiva do julgado embargado. Eis as
razões dos embargos declaratórios:
“Surge, daí, a obscuridade que se visa sanar através dos presentes embargos
declaratórios, porquanto não resta claro se a segurança foi integralmente concedi-
da, o que acarretaria o restabelecimento imediato da pensão, ou se, ao contrário,
houve tão-somente a concessão parcial do writ, apenas para os fins de determinar
que o processo administrativo observe os direitos constitucionalmente previstos
da ampla defesa e do contraditório.”
(...)
“Sendo assim, é necessário que o Supremo Tribunal Federal esclareça se o
julgado proferido no presente feito autoriza, ou não, a percepção imediata do
benefício previdenciário cancelado pelo Tribunal de Contas da União, no exercí-
cio de sua competência constitucionalmente fixada.” (Fls. 291-293)
Diante das circunstâncias dos autos e da redação da parte dispositiva da decisão
embargada, reputo fundadas as razões dos presentes embargos, de forma que os acolho,
por omissão e obscuridade, para que conste expressamente da sua parte dispositiva:
982 R.T.J. — 198
EXTRATO DA ATA
MS 24.268-ED/MG — Relator: Ministro Gilmar Mendes. Embargante: União
(Advogada: Advogado-Geral da União). Embargada: Fernanda Fiuza Brito (Advogados:
Carlos Augusto de Araujo Cateb e outros).
Decisão: O Tribunal, à unanimidade, acolheu os embargos de declaração, nos
termos do voto do Relator. Presidiu o julgamento a Ministra Ellen Gracie.
Presidência da Ministra Ellen Gracie. Presentes à sessão os Ministros Sepúlveda
Pertence, Celso de Mello, Marco Aurélio, Gilmar Mendes, Cezar Peluso, Carlos Britto,
Joaquim Barbosa, Eros Grau e Ricardo Lewandowski. Procurador-Geral da República,
Dr. Antonio Fernando Barros e Silva de Souza.
Brasília, 3 de maio de 2006 — Luiz Tomimatsu, Secretário.
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros do Supremo Tribu-
nal Federal, em Sessão Plenária, sob a Presidência do Ministro Sepúlveda Pertence, na
conformidade da ata do julgamento e das notas taquigráficas, por maioria de votos,
vencido o Ministro Marco Aurélio, entender cabível, a critério do Relator, o referendo
da decisão concessiva da liminar em mandado de segurança. No mérito, o Tribunal, por
maioria, nega o referendo, vencidos os Ministros Cezar Peluso, Relator, Joaquim Bar-
bosa e Gilmar Mendes, sendo que a Ministra Ellen Gracie e os Ministros Marco Aurélio
e Joaquim Barbosa entendem, preliminarmente, prejudicado o pedido de mandado de
segurança. Ausente, justificadamente, o Ministro Nelson Jobim e, neste julgamento, o
Ministro Maurício Corrêa.
Brasília, 18 de março de 2004 — Cezar Peluso, Relator.
R.T.J. — 198 983
RELATÓRIO
O Sr. Ministro Cezar Peluso: Sr. Presidente, Law Kin Chong impetrou mandado de
segurança, com pedido de liminar, alegando, em resumo, que, intimado a comparecer,
sem que ficasse esclarecida a sua condição de depoente ou envolvido como indiciado,
para depor na data de hoje perante a Comissão Parlamentar de Inquérito da Câmara dos
Deputados formada para investigar fatos relacionados com pirataria de produtos indus-
trializados e sonegação fiscal, o impetrante já tinha sido objeto de uma liminar conce-
dida por mim, num mandado de segurança anterior, em que, em resguardo do seu direito
de imagem, foi interditada à aludida comissão o televisamento do seu depoimento.
Alega, em resumo, o impetrante, neste caso, que, no depoimento pretérito, a despeito
da eficácia clara da medida liminar, a TV Câmara pôs no ar as imagens sonoras do
depoimento que, evidentemente, foram captadas por outras emissoras de televisão e
postas no ar, alegando que isso é de certo modo uma fraude à liminar anterior e que,
como devia o impetrante depor nesta data, requeria a concessão de idêntica liminar, com
a particularidade de a garantia ser estendida contra a não-transmissão do seu depoimento
pela TV Câmara, pelo fato já relatado.
Porque nada havia por acrescentar quanto ao merecimento do pedido já apreciado
no mandado de segurança anterior, limitei-me a reiterar os termos da decisão anterior e,
para atender à particularidade deste segundo mandado de segurança, a minha decisão
estendia a interdição à TV Câmara. De modo que concedi, ontem à noite, a medida
liminar.
O Presidente da Câmara dos Deputados e o Presidente da Comissão Parlamentar de
Inquérito requereram, esta manhã, reconsideração da liminar.
Sr. Presidente, eu teria apreciado pessoalmente esse pedido de reconsideração, não
fossem dois fatos que vou justificar após o Relatório. Mas, aproveitando a oportunidade
do pedido de reconsideração, estou trazendo à consideração do Plenário a liminar.
É o relatório.
PRELIMINAR
O Sr. Ministro Cezar Peluso (Relator): Senhor Presidente, quero fazer duas conside-
rações. A primeira: poderia parecer que o pedido de reconsideração e a própria apreciação,
ad referendum, da liminar estariam prejudicados em virtude da realização do depoimento,
que deveria ter sido tomado às dez horas da manhã. Recebi, pessoalmente, no meu
gabinete, o Presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, que me comu-
nicou ter sido o depoimento suspenso até ser apreciado o pedido de reconsideração. A
segunda consideração é que recebi, neste instante, uma petição do impetrante que alega
o seguinte:
“Em obediência à intimação recebida e, juntada em ambos os processos, o
impetrante se encontra, desde às 10.00 horas, em uma sala da Câmara dos Deputados,
fechada e guardada por seguranças, aguardando para prestar seu depoimento, após
o cumprimento da liminar concedida nos autos do mandado de segurança.
984 R.T.J. — 198
QUESTÃO DE ORDEM
O Sr. Ministro Marco Aurélio: Senhor Presidente, se o Ministro Cezar Peluso me
permite, gostaria de suscitar uma questão a respeito do crivo, em si, do Colegiado.
A liminar no mandado de segurança é da competência do Relator, não ficando
sujeita ao referendo da Corte. Mais do que isso: defrontou-se o Relator — e por isso
trouxe o processo à bancada — com pedido de reconsideração. Esse pleito é suficiente
a abrir margem ao pronunciamento do Plenário? Podemos tomá-lo como um agravo, que
nossa jurisprudência, já sedimentada em verbete de súmula, aponta como incabível?
Essa é a questão de ordem que coloco.
O Sr. Ministro Cezar Peluso (Relator): Senhor Presidente, não estou trazendo ao
Plenário a liminar em virtude do pedido de reconsideração, mas nos termos do art. 21,
inciso IV, do Regimento Interno, em que se prevê o dever do Relator:
R.T.J. — 198 985
“Art. 21.
IV - submeter ao Plenário ou à Turma, nos processos de competência respec-
tiva, medidas cautelares necessárias à proteção de direito suscetível de grave dano
de incerta reparação, ou ainda destinadas a garantir a eficácia da ulterior decisão da
causa;”
Incidentalmente, na apreciação da liminar, ficará ou não prejudicado o pedido de
reconsideração. Não estou submetendo ao Plenário esse pedido, dirigido exclusivamente
ao signatário da decisão; estou submetendo ao Plenário a medida liminar como tal.
O Sr. Ministro Marco Aurélio: Senhor Presidente, jamais observamos, pelo menos
nos meus anos nesta Corte, esse dispositivo quanto ao mandado de segurança. Agora,
abriremos precedente para trazer-se toda e qualquer medida acauteladora ao referendo
do Plenário?
O Sr. Ministro Maurício Corrêa (Presidente): Senhor Ministro Marco Aurélio, a
questão, no caso, é envolver um outro Poder. Já chegam ao nosso conhecimento discursos
pronunciados na tribuna da Câmara extremamente desairosos e pesados contra o
Relator. É uma questão que merece exame da Corte.
O Sr. Ministro Marco Aurélio: É o funcionamento da democracia.
VOTO (Explicação)
O Sr. Ministro Sepúlveda Pertence: Senhor Presidente, recordo que essa mesma
preliminar já foi examinada e rejeitada pelo Tribunal algumas vezes.
Lembro-me de um dos casos de interesse do Senhor Fernando Afonso Collor de
Mello durante o curso do processo de impeachment, MS 21.564-QO, 10-9-92, Gallotti,
DJ de 27-8-93; a que se seguiu o MS 22.864, 4-6-97, Sanches (RTJ 182/148), e mais
recentemente o MS 23.047, de 11-2-98, do qual fui Relator, atinente à tramitação da já
superada proposta de Emenda Constitucional de reforma previdenciária.
Por isso, apenas para informar aos Colegas mais modernos, a orientação do Tribu-
nal sempre deixou a critério do Relator, ante a relevância e a gravidade da questão, trazer
à consideração do Plenário matérias de sua competência individual, incluída — especi-
ficamente — a liminar em mandado de segurança.
VOTO (Explicação)
O Sr. Ministro Carlos Velloso: Sr. Presidente, quero fazer um esclarecimento à Casa.
Em um dos mandados de segurança impetrados pelo então Presidente Collor con-
tra ato da Presidência do Senado — no processo de impeachment —, a mim distribuído,
trouxe a liminar à apreciação do Plenário, que, entretanto, a recusou. O argumento — o
mesmo posto agora pelo Ministro Marco Aurélio — foi que a competência é do Relator.
Assim o proclamou, naquela oportunidade, o Ministro Moreira Alves, e a Casa o seguiu.
Sustentara eu, na ocasião, haver trazido o pedido de liminar à apreciação da Casa,
porque esta admitira tal apreciação em outro mandado de segurança do então Presidente
Collor, distribuído ao Ministro Octavio Gallotti. A justificativa apresentada foi que, na
primeira vez, ou no primeiro mandado de segurança, havia como que um confronto do
986 R.T.J. — 198
Supremo com a Presidência da Câmara dos Deputados e, por isso mesmo, o Supremo
Tribunal admitiu que o então Relator, Ministro Octavio Gallotti, trouxesse a liminar
para decisão da Casa. Parece-me que este é o caso. Penso que o Plenário pode conhecer,
sim, porque acaba, inclusive, de esclarecer o Sr. Ministro-Presidente, que parece estar
surgindo uma situação conflituosa entre o Poder Legislativo e o Supremo Tribunal
Federal, certo que esta Casa, é bom registrar, está cumprindo justamente com a sua
atribuição constitucional, está tornando realidade a garantia constitucional da inafasta-
bilidade do controle judicial no caso de alegação de ofensa ou ameaça a direito (CF, art.
5º, XXXV). Onde houver tal alegação, lá deverá estar o juiz para curar a lesão ou afastar
a ameaça. Essa garantia constitucional, Senhor Presidente, é um dos pilares do Estado
Democrático de Direito.
EXPLICAÇÃO
O Sr. Ministro Cezar Peluso (Relator): V. Exa. me permite? Há um segundo motivo.
Quero fazer breves parênteses para dizer que, depois de trinta e sete anos de magistratura,
em que já ouvi — em recursos e fora deles — tudo aquilo que um Juiz tem direito a ouvir,
evidentemente não seria este o momento nem o meio pelo qual eu traria à responsabili-
dade do Plenário uma suposta posição.
Não me sinto ofendido em coisa alguma, Sr. Presidente. Sou um Juiz isento e vou
examinar com isenção o caso. Nem sei do que se trata. Não é problema de ordem pessoal.
Mas acho que se trata de problema extremamente grave, que atinge a autoridade da
Corte. E, não apenas isso, mas, diante da petição, pode configurar-se hipótese de habeas
corpus de ofício — mais uma razão para que não fosse subtraído ao conhecimento do
Plenário. Aliás, recordo-me de que, em uma das primeiras sessões após a minha posse, o
Ministro Joaquim Barbosa suscitou, não sem razão, a tese de que, sobretudo nesses
casos, deve-se privilegiar o princípio da colegialidade.
O Sr. Ministro Carlos Britto: Também penso assim. O inciso IV do artigo 21 não me
parece excepcionar classe alguma de processo. Entendo que ele é extensivo a mandados
de segurança, no tocante à faculdade que tem o Relator de submeter a sua cautelar à
decisão do Plenário.
O Sr. Ministro Carlos Velloso: Espero que isso ocorra em casos especiais, excep-
cionais.
O Sr. Ministro Cezar Peluso (Relator): E esse caso é especial.
O Sr. Ministro Sepúlveda Pertence: O apelo ao art. 21, IV e V, leva ao referendo
quando o Relator deferir individualmente a medida cautelar. No caso, creio não encon-
trar, realmente, previsão expressa. Agora, há três decisões de típico caráter regimental —
peço à Presidência que anote, pois sei que S. Exa. ainda vai propor reformas regimentais.
Para documentar, lembro o Mandado de Segurança 21.268, Gallotti; o Mandado
de Segurança 22.864, Sydney; e o Mandado de Segurança 23.047, Pertence.
VOTO
O Sr. Ministro Cezar Peluso (Relator): Sr. Presidente, vou ler — porque não é muito
longa — a minha decisão, transcrita, porque retratava caso idêntico:
“É grave e delicada a questão agora reproposta no requerimento de liminar,
porque, com o envolver modalidade de colisão de princípios constitucionais, im-
plicará o reconhecimento da limitação do âmbito de um deles, ponderada no exa-
me das circunstâncias do caso concreto, qualquer que seja o teor da resposta, que
há de ser pronta.
“O que pretende o impetrante nada tem de razoável, pois, não se furtando ao
dever de comparecimento à audiência da CPI (...) (Lê fls. ) (...) Tudo isso já foi
objeto de liminar em caso idêntico (Mandado de Segurança 24.706).”
Do exposto, concedi a liminar, de forma clara, para que não fosse permitido o
televisionamento da sessão pela TV Câmara.
988 R.T.J. — 198
Mas vou citar uma, sem identificá-la, porque acho que não é o caso, e a que assisti antes
de ter tido a honra de ser nomeado Ministro desta Corte, apenas como magistrado do
Poder Judiciário de São Paulo, estarrecido. Tratava-se de sessão de Comissão Parlamentar
de Inquérito em que um dos parlamentares, velho e experimentado, fez em relação a um
diretor de banco, que ali se encontrava na mera condição de testemunha, não diria uma
catilinária (porque Cícero, perto daquilo, foi muito suave), mais do que uma catilinária
contra o cidadão. Ele foi ali, pública e ostensivamente, ofendido, processado e condenado,
tudo sem recurso! Terminada a Comissão Parlamentar de Inquérito, o cidadão não foi
indiciado, não foi processado, não foi nada. Mas a sua imagem...
Gostaria de ser expressivo, Sr. Presidente, se pudesse imaginar a hipótese inimagi-
nável — porque se trataria de magistrado desta Corte — de que ouvisse um parlamentar,
mandasse gravar a sessão do depoimento, se permitisse — evidentemente que estou
raciocinando pelo mais absurdo dos absurdos — fazer observações sobre a culpa do
mesmo parlamentar e autorizasse que tudo fosse televisionado e divulgado!
Aliás, Sr. Presidente, Nelson Sampaio, num livro famosíssimo, Do Inquérito Parla-
mentar, diz textualmente, mas nem precisava dizê-lo:
“A inquisição parlamentar pode significar uma forma de punição sem recurso
e não prevista no Código penal. É uma pena acessória à margem da lei — à margem
do ordenamento jurídico — que atinge culpados e inocentes. Que pena é essa? A
pena do escárnio público.”
Não fiz na oportunidade da liminar, mas vou fazer agora uma observação, Sr.
Presidente, a respeito de norma que está no novo Código Civil, a qual apenas formalizou
prescrição que já seria decorrência das normas constitucionais e que está inserida no
Capítulo II, dos Direitos da Personalidade. Diz o Código Civil, nos artigos 20 e 21:
“Art. 20. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração da justiça ou
à manutenção da ordem pública, a divulgação de escritos, a transmissão da palavra,
ou a publicação, a exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa poderão ser
proibidas , a seu requerimento e sem prejuízo da indenização que couber, se lhe
atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins
comerciais.”
“Art. 21. A vida privada da pessoa natural é inviolável, e o juiz, a requerimento
do interessado, adotará as providências necessárias para impedir ou fazer cessar ato
contrário a esta norma.”
É o reconhecimento textual, por norma subalterna, de um direito irrenunciável da
personalidade.
A esse respeito, os autores, hoje, entre outras coisas, advertem:
“A hipótese de necessidade” — quero ser mais incisivo, estão cuidando da
administração da justiça, Sr. Presidente, que é a mais alta e nobre das funções —
“para administração da justiça se refere a processos judiciais ou mesmo administra-
tivos, que exijam, durante dilação probatória, a quebra de sigilo bancário, fiscal ou
telefônico (...) No caso de processo administrativo, a autoridade processante deverá
requerer autorização ao juiz competente, para que a providência seja levada a
efeito.”
992 R.T.J. — 198
Essas são as razões, em suma, Sr. Presidente, por que eu quis e quero, com grande
tranqüilidade nesse aspecto — não para, supostamente, livrar-me dos ataques a que
todos os juízes estão sujeitos no exercício da sua função —, compartilhar com o
Colegiado a apreciação deste caso grave, em que se deve definir não apenas os poderes
constitucionais da Corte mas a necessidade de preservar direitos fundamentais do cidadão
contra qualquer ato abusivo do Estado. É para isto que serve o Poder Judiciário: permitir
a cada cidadão realizar, mediante resguardo dos seus direitos fundamentais, seu projeto
histórico de convivência, sem o que ninguém pode manter uma vida digna e ninguém
teria direito de dormir tranqüilo, como lembrou Couture.
De modo que, Sr. Presidente, com o devido respeito, não vejo procedência nos
argumentos opostos à minha decisão, e o meu voto é pelo referendo da liminar.
VOTO
O Sr. Ministro Carlos Britto: Sr. Presidente, também acompanhei atentamente os
dois votos — sem dúvida, de bela feitura, notadamente o do Relator, mais circunstan-
ciado — e começo por dizer que também entendo presente a competência do Supremo
Tribunal Federal.
O caso não é absolutamente interna corporis, não diz respeito apenas às compe-
tências e aos interesses estritamente internos da Câmara dos Deputados; é de relevância
constitucional suficiente para atrair a competência desta excelsa Corte.
Proclamo a soberania do princípio insculpido no art. 5º, XXXV, da Constituição,
segundo o qual nem a lei — e aí incluo as emendas — pode excluir da apreciação do
Poder Judiciário lesão ou ameaça de direito.
Entretanto, percebi que, no início de que fala o Ministro Cezar Peluso disse que
estava a se fundamentar, na sua decisão cautelar, no eventual abuso de exposição na
mídia; ou seja, que a imagem do impetrante pudesse sofrer execração — também palavra
colhida da fala de S. Exa. Entendo que não se pode, com o receio do abuso, proibir o uso.
O Sr. Ministro Cezar Peluso (Relator): V. Exa. me permite um esclarecimento?
994 R.T.J. — 198
O Sr. Ministro Cezar Peluso (Relator): Tem que ser violada, para depois...
O Sr. Ministro Carlos Britto: Não é assim. Eu disse: simplesmente a priori.
O Sr. Ministro Cezar Peluso (Relator): V. Exa. me perdoe. Vamos deixar acontecer
para dizer: ah, então, agora vamos proteger. Proteger o quê?
O Sr. Ministro Carlos Britto: Estamos vivendo uma idade “mídia”, por paráfrase
com a idade média. Nessa idade “mídia” é natural que tudo venha a lume, porque é
próprio da democracia que todos se tomem dessa santa curiosidade pelas coisas do
poder, pelas coisas que dizem respeito a toda a coletividade. A democracia é um regime
de informação por excelência e, por isso mesmo, prima pela excelência da informação. É
claro que a informação televisada ganha essa tonalidade de excelência, de transparência.
No caso, entendo que não houve, não existe o direito líquido e certo do impetrante de
ver sua imagem subtraída do televisamento direto.
O Sr. Ministro Cezar Peluso (Relator): V. Exa. me permite? Estamos em sede de
liminar, não estamos examinando ainda o mérito do mandado de segurança. Estamos
naquilo que os técnicos do direito chamam de cognição sumária.
O Sr. Ministro Carlos Britto: Mas o núcleo da liminar é a proibição do televisamento,
quanto mais...
O Sr. Ministro Cezar Peluso (Relator): Se for denegada a segurança depois, a Co-
missão Parlamentar de Inquérito poderá chamar novamente o impetrante e fazer com ele
tudo aquilo que V. Exa. acha que pode fazer.
O Sr. Ministro Carlos Britto: Para concluir, não voto com o Relator. Peço vênia,
não dou o referendo. Digo isso sentido, peço todas as vênias.
Agora, diante dessa notíci de que a liminar do eminente Ministro foi desrespeitada,
entendo que esta Casa deve posicionar-se no sentido de apurar os fatos e tomar as
providências reativas, corretivas, que a gravidade do caso está a exigir. Estamos aqui,
graças a Deus, participando desta assentada, com o eminente Procurador-Geral da Repú-
blica a quem também concito para refletir sobre essa última notícia que nos chegou pela
balizada voz de V. Exa., Sr. Presidente.
VOTO
O Sr. Ministro Gilmar Mendes: Sr. Presidente, quanto à questão sobre se se trataria
de uma questão interna corporis ou não, tenho a impressão de que o eminente Relator já
deu a resposta cabal.
Temos aqui uma discussão clara sobre direitos fundamentais, e é pacífica e reiterada
a jurisprudência desta Corte no sentido de que nesta seara não há, então, invocar a
alegada questão política ou a questão interna corporis.
Quanto à liberdade, que foi objeto dessa discussão, tenho algumas notas:
“Muito se tem discutido entre nós sobre os limites da liberdade de imprensa
e da liberdade artística em relação aos direitos de personalidade, especialmente em
relação ao direito à intimidade, à vida privada, à honra e à imagem (...) (lê Informa-
tivo Consulex, 25-10-93, e Revista dos Tribunais n. 5, out/dez 1993, pp. 16-20 e
R.T.J. — 198 997
RIL n. 122, abr/jun, 1994, p. 297) (...) Tem-se, pois, aqui expressa a reserva legal
qualificada, que autoriza o estabelecimento de restrição à liberdade de imprensa
com vistas a preservar outros direitos individuais não menos significativos, como
os direitos da personalidade em geral.”
Essas colocações hão de servir, pelo menos, para mostrar que o tema não pode ser
tratado de maneira simples e que nós estamos diante de casos que evocam, como já foi
também aqui mencionado, a hipótese de uma colisão de direitos.
Na espécie — eu poderia fazer outras considerações, mas vou me abster, Sr. Presi-
dente, tendo em vista o adiantado da hora — vou lembrar um caso que guarda pequena
pertinência com a discussão que estamos a travar no presente momento, um caso da corte
constitucional alemã:
“o chamado ‘caso Lebach’, de 5 de junho 1973, no qual se discutiu
problemática concernente à liberdade de imprensa face aos direitos de perso-
nalidade. Cuidava-se de pedido (...) (lê ‘Colisão de Direitos Fundamentais:
Liberdade de Expressão e de Comunicação de direito à Honra e à Imagem’)
(...) que identifica o autor de fato delituoso pouco antes da concessão de seu
livramento condicional ou mesmo após a sua soltura, ameaça seriamente o
seu processo de reintegração social.”
Portanto, Sr. Presidente, isso mostra de forma muito clara — acredito que o prece-
dente guarda pertinência absoluta com a discussão que estamos a travar neste momento,
que é possível se fazer nesse juízo sumário de cognição — que é legítima a intervenção
do Judiciário no tema e, mais do que isso, parece-me plenamente legítima a decisão
tomada pelo Ministro Cezar Peluso.
De modo que, também, a referendo.
VOTO
A Sra. Ministra Ellen Gracie: Senhor Presidente, minha primeira consideração de-
corre da dificuldade que tenho e gostaria de manifestá-la ao Plenário.
Parece-me que o Poder Judiciário só se manifesta e só se movimenta quando isso
seja estritamente necessário. Tivemos notícia, por Vossa Excelência, no curso desta
sessão mesmo, de que a ordem emanada do Ministro Relator teria sido descumprida.
Diante dessa situação, indago: qual a utilidade do pronunciamento do Colegiado nessas
circunstâncias, supondo-se, e é sempre possível supor, que o Colegiado, afinal, não
confirme a decisão do eminente Relator. Teria essa circunstância o efeito de eliminar o
descumprimento da ordem judicial, que já se verificou? Entendo que não. Por isso
mesmo, manifesto, inicialmente, o prejuízo da continuidade do julgamento. Agora, já se
manifestaram quatro Colegas, pelo conhecimento e prosseguimento, enfim, da análise
do caso. De modo que essa é a minha primeira posição.
Com relação ao mérito, Senhor Presidente, peço todas as vênias ao eminente
Relator para dele divergir e conceder, em parte, o pedido que foi aviado pela Casa
Legislativa.
Já se disse que se pondera contraposição entre dois direitos de estatura constitucio-
nal, ambos válidos, ambos extremamente importantes, no estado democrático: um deles, o
998 R.T.J. — 198
direito à informação; o outro, o direito que o convocado pela CPI tem à inviolabilidade da
sua própria imagem. Eu tive, o Senhor Relator fez a gentileza de referir, oportunidade, sim,
de já deferir pedidos semelhantes, idênticos até, de outros convocados desta mesma CPI da
Pirataria. Na ocasião, garanti — era uma senhora a requerente — que ela não fosse
assediada indevidamente, mas ressalvei o direito que tem a Casa Legislativa de documen-
tar e de transmitir suas reuniões, quando isso seja da ordem natural dos trabalhos, vale
dizer, a menos que a sessão seja daquelas raríssimas em que a Casa delibera em segredo.
Portanto, entendo que se deva resguardar o depoente da indevida exposição, mas
disso não pode decorrer que se impeça a regular divulgação dos trabalhos da Casa
Parlamentar. Qualquer restrição a acesso ou divulgação pelo canal próprio da Câmara
dos Deputados só poderia, assim me parece, ser imposta pelo seu próprio Regimento
Interno. É que a sessão é pública, e a ela pode ter acesso qualquer do povo. Estamos em
tempos novos, em tempos que o Ministro Carlos Britto bem denomina, tempos de mídia,
era da mídia. Hoje, temos uma democracia muito mais participativa devido, exatamente,
a esse acesso generalizado da população não só às Casas Legislativas, mas às delibera-
ções desta Casa, em razão da divulgação feita pelos canais próprios.
A restrição feita pelo eminente Relator de que esse canal seja ainda um canal
fechado é uma questão eminentemente técnica que, ao que estou informada, deverá ser
superada brevemente para que os canais abertos também possam transmitir as delibera-
ções das Casas Legislativas e deste Supremo Tribunal.
Portanto, o que vemos hoje é que a sessão da Comissão, que é acessível a qualquer do
povo e que as presenças só se limitam, evidentemente, à capacidade física do ambiente,
amplia-se mediante essa divulgação que a Casa Legislativa, por sua deliberação, por
haver montado um sistema de rádio e teledifusão, quer fazer chegar à população.
O eventual mau comportamento de um ou outro parlamentar, vilipendiando a
pessoa de alguém que vem prestar depoimento, há de ter o seu corretivo próprio e há de
sofrer, inclusive, a mais severa das censuras, que é a censura do seu próprio eleitorado.
Apenas para concluir esse raciocínio, entendo que os exemplos que nos foram
trazidos do estado norte-americano não nos servem como parâmetro, porque lá, ao con-
trário do que aqui ocorre, as Casas Judiciárias não só não deliberam em público como
não permitem a transmissão dos seus julgamentos. Na Suprema Corte americana, sequer
notas à mão se podem tomar. Tive, pessoalmente, oportunidade de verificar isso. Ao
contrário, nas Casas Legislativas, em todas as correspondentes comissões parlamentares,
a divulgação é ampla pela televisão, em canais abertos. E, em determinadas ocasiões,
quando a matéria é de grande relevo, o país praticamente se paralisa para ouvir essas
inquirições de pessoas. Lembro-me de ter tido a oportunidade de ouvir as inquirições
dos representantes da indústria de cigarros quanto aos malefícios do fumo. Essas são
necessariamente abertas, e parece-me que a sua divulgação deve obedecer aos ditames e
ao sentido de conveniência e de oportunidade da Casa Legislativa.
Por isso, com todas as vênias do Relator, não posso pressupor que este ou aquele
convocado, seja como testemunha, seja em que qualidade for a convocação do impe-
trante, venha a ser desrespeitado pelos membros da Comissão.
É assim que voto.
R.T.J. — 198 999
VOTO
O Sr. Ministro Marco Aurélio: Senhor Presidente, creio que, quanto à matéria
preliminar — tratar-se, ou não, de um ato interna corporis —, estamos todos de acordo,
porque vinga, em um Estado Democrático de Direito, o primado do Judiciário.
É cláusula contida no rol das garantias constitucionais que não se pode — não vou
aludir sequer à lei — retirar do Judiciário o exame de lesão a direito ou o exame de
ameaça de lesão a direito. Evidentemente, a legislação é aplicável em todo o território
nacional. A soberania é do Brasil, não deste ou daquele Poder.
Na espécie, permito-me dizer que o ato, em si — e vou retroagir porque deveria ter
aludido a isso —, perdeu o seu objeto pelo descumprimento — a notícia chegou a Vossa
Excelência — pela Casa Legislativa.
Comungo com a Ministra Ellen Gracie no que Sua Excelência aponta a falta total
de utilidade e necessidade de o Colegiado reunir-se para referendar o ato do Relator. O
ato se mostrou precário e efêmero, o ato se mostrou dirigido a certa sessão da Comissão
Parlamentar de Inquérito, e essa sessão, pelo que tive notícia — repito —, mediante a fala
de Vossa Excelência, está em pleno curso, se é que ainda não terminou.
Admito que, no caso, na inicial do mandado de segurança, porque este se mostrou
preventivo, temos a evocação de ameaça a direito do impetrante e, portanto, abre-se o
campo para o pronunciamento do Tribunal.
Senhor Presidente, pelo que percebi, o ato que ora examinamos, do Relator, Ministro
Cezar Peluso, afigura-se linear. Não ouvi um dado concreto que pudesse ser imaginado,
ligado à atuação dos integrantes da Comissão Parlamentar de Inquérito, que estivesse a
respaldar, em si, o pedido formulado. Não creio que possamos pinçar o que veiculado
anteriormente em jornais quanto ao perfil do convocado. Evidentemente, precisamos ter
presente o que pode surgir do trabalho desenvolvido pela Comissão Parlamentar de Inqué-
rito. E nesse campo, devo presumir, como também na vida gregária em geral, o que normal-
mente ocorre, ou seja, uma postura razoável, digna, por parte daqueles que representam, na
Comissão Parlamentar de Inquérito, o povo brasileiro.
A rigor, estamos diante — e peço vênia para dizer isso em Plenário — de uma
liminar que serviria para toda e qualquer convocação, já que — repito — não temos
dados concretos que individualizem a situação do impetrante, a não ser o que publicado,
no âmbito da liberdade de informar, da liberdade de expressão, e com os consectários
previstos na Carta da República, por grandes jornais. Não foi pela “imprensa marrom”,
mas por grandes jornais.
A atuação do Parlamento é aberta, devendo ser acompanhada pela sociedade bra-
sileira. Não consigo imaginar um ato que obstaculize a divulgação da atividade desen-
volvida por qualquer Casa Legislativa, muito menos — e já não temos mais em vigor a
Portaria 11-B — partindo do próprio Judiciário, ou seja, o Judiciário interferindo na
Casa para ditar certas regras. Há um princípio que rege a administração — gênero —
como um grande todo, que é o princípio da publicidade, o princípio da transparência, a
pressupor — e é a forma de a sociedade acompanhar os trabalhos — a atuação da imprensa
escrita, falada, televisada.
1000 R.T.J. — 198
Conversava com o Ministro Carlos Ayres Britto e dizia a Sua Excelência de minha
preocupação quanto a esse julgamento, até mesmo em termos de funcionamento das
instituições. É um dos julgamentos mais importantes dos últimos tempos.
Senhor Presidente, torno a frisar que, entre o interesse individual e o coletivo,
homenageio o interesse coletivo. E o interesse coletivo reside na informação do que
ocorra. Não consigo conceber que se verifique, no âmbito do Parlamento, algo que possa
ser isolado e afastado do conhecimento do povo, pouco importando o veículo de comu-
nicação.
VOTO
O Sr. Ministro Carlos Velloso: Sr. Presidente, no que toca às questões interna
corporis, questões que dizem respeito, por exemplo, à interpretação regimental das
Casas Legislativas, tais questões, de regra, constituem interna corporis não sujeitas ao
controle jurisdicional. Isso ficou muito bem exposto no magnífico voto do Ministro
Cezar Peluso, Relator.
Todavia, ocorrendo alegação de ofensa a direito, o ato estará sujeito à fiscalização
judicial, ao controle jurisdicional. Essa é uma jurisprudência velha do Supremo Tribu-
nal, a partir dos primeiros anos do Supremo Tribunal republicano, com base em votos
magníficos de Pedro Lessa que, repetidos hoje, têm a maior atualidade.
Em síntese: se ocorrer alegação de lesão ou ameaça a direito, o juízo ou o Tribunal
decidirá, primeiro, se existe o direito alegado; segundo, se houve a lesão. Se existir o
direito, e a lesão tiver ocorrido, o Tribunal concederá a tutela jurisdicional. No caso,
houve essa alegação, de modo que o eminente Relator fez bem em conhecer do pedido.
Examinemos, agora, se há o direito a ser protegido e se, existindo o direito, é
procedente a alegação de lesão ou mesmo de ameaça a esse mesmo direito.
A Constituição Federal dispõe no art. 58, § 3º:
“As comissões parlamentares de inquérito, que terão poderes de investigação
próprios das autoridades judiciais, além de outros previstos nos regimentos das
respectivas Casas, serão criadas pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal
(...)”
Quero ressaltar que a Constituição confere às comissões parlamentares de inquérito
“poderes de investigação próprios das autoridades judiciárias”. Noutras palavras, a CPI
age, pois, como autoridade judicial na investigação, sem poderes para julgar, mas, simples-
mente, para investigar. Se assim é, sujeita-se a comissão parlamentar de inquérito às regras
a que estão sujeitos os magistrados. Por exemplo — e esta talvez seja a mais importante
dessas regras, e esta Corte inclusive decidiu no sentido de que está sujeita a comissão
parlamentar de inquérito —, todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão
públicos e fundamentadas todas as decisões. Já decidimos que as decisões da comissão
parlamentar de inquérito, como aquelas que quebram o sigilo bancário, fiscal ou telefôni-
co de pessoas sujeitas a investigação na comissão, devem ser fundamentadas, sob pena de
nulidade, na forma do que estabelece o art. 93, inciso IX, da Constituição. As comissões
estão sujeitas também ao que está posto no próprio inciso IX:
“IX - todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos
(...)”.
R.T.J. — 198 1003
O Sr. Ministro Cezar Peluso (Relator): Só para amenizar o debate, quero deixar
claro que não estou preocupado com minhas fotografias amanhã, com legenda embaixo,
nos jornais. Depois, o meu receio é de que retornemos ao velho faroeste. Põe-se a fotogra-
fia na parede, com a legenda: “Procurado pela CPI”.
O Sr. Ministro Carlos Velloso: Essa fotografia já foi publicada em vários jornais.
Ele tem essa fotografia nos arquivos dos jornais. Se os jornais estão a injuriá-lo, estão a
difamá-lo, estão a caluniá-lo, tem ele ação contra os jornais, ação penal e ação de inde-
nização.
O Sr. Ministro Cezar Peluso (Relator): Excelência, não são os jornais.
O Sr. Ministro Carlos Velloso: A grande imprensa noticiou.
O Sr. Ministro Cezar Peluso (Relator): A função da imprensa é noticiar mesmo o
que os outros dizem. É por isso que não admitimos censura à imprensa. Deixemos que ela
publique.
O Sr. Ministro Carlos Velloso: Ora, os excessos poderão ser coibidos. Por que esses
veículos de comunicação não são processados? Civilizadamente, todo homem que tem
a sua honra atacada tem a obrigação de se dirigir aos Tribunais.
Sr. Presidente, vou pedir vênias ao Ministro Cezar Peluso, cujos votos tenho o
costume de respeitar, de admirar, mas, no caso, peço licença a Sua Excelência para não
referendar a medida liminar. Penso que é possível e até republicano que o que se passa na
sessão da CPI seja transmitido, pela televisão, para que tenha dela conhecimento a
sociedade brasileira.
VOTO
O Sr. Ministro Sepúlveda Pertence (Presidente): O caso é de concessão de liminar —
que o Relator traz espontaneamente ao referendo do Tribunal — pela qual Sua Excelên-
cia, em mandado de segurança, proibiu fosse televisado o depoimento do impetrante
perante CPI cujos trabalhos se desenvolvem na Câmara dos Deputados.
A base para o despacho é respeitável. A base empírica desse despacho é a evidência
de que o declarante será indagado sobre práticas criminosas, conforme tem antecipado a
imprensa.
Que não se trata de questão interna corporis, também não tenho a menor dúvida.
Honrou-me o eminente Relator, recordando os votos que tenho repetido em vários casos
e nos quais tenho situado a minha posição a respeito.
A rigor, nada há de peculiar no que se tem chamado questões interna corporis das
Casas parlamentares.
No regime brasileiro, o que existe é uma indagação básica: há ou não uma preten-
são de direito subjetivo a resolver em relação a atos ou decisões de qualquer dos Poderes
da República?
Se há uma pretensão de direito, a decisão sobre ela, positiva ou negativa, é função
jurisdicional confiada ao Poder Judiciário, em última instância a esta Casa, que cumpre
o seu dever sem invadir a área dos demais Poderes.
R.T.J. — 198 1007
Isso se torna mais evidente quando se trata de uma reivindicação de direito partido
de um cidadão, de um particular, não sujeito normalmente às regras, ao direito discipli-
nar das Câmaras Legislativas, e não se cogitando do exercício do seu poder de polícia,
que, este sim, pode eventualmente alcançar particulares que estejam nas dependências
do Congresso Nacional.
No mérito, vou-me restringir ao caso concreto. Não vou tecer loas a uma liberdade
absoluta de imprensa e de informação que possa desconsiderar inteiramente os direitos
individuais à honra e à imagem. Até porque muito me preocupa, no panorama brasileiro —
mas não só brasileiro —, a multiplicação de programações da televisão absolutamente
atentatórias, mais que à honra e à imagem dos indivíduos, à dignidade da pessoa humana.
Não quero me comprometer com o absolutismo da liberdade de informação neste campo.
A questão que o caso suscita, e à qual me manterei restrito, é a possibilidade de
vedar-se a transmissão, pela televisão, e até pela televisão oficial, da sessão de uma
comissão da Câmara dos Deputados, no caso uma comissão parlamentar de inquérito.
E a minha perplexidade inicial nesta sessão de hoje se acalmou quando aqui se
frisou tratar-se de uma sessão pública, de um órgão, de um Colegiado da Câmara dos
Deputados; não vejo como, em nosso sistema, impedir sua divulgação.
Creio que, mutatis mutandis, o caso recorda e permite a evocação de um julgado do
Tribunal, antiqüíssimo, o Habeas Corpus 3.535, de 1914, da lavra do Ministro Oliveira
Ribeiro, requerido por Rui Barbosa. Na petição, conforme o resumo de Edgar Costa (Os
Grandes Julgamentos do STF, volume 1, página 190), Rui sustentara:
“A publicidade das sessões, pelo uso universal dos corpos legislativos, pres-
supõe quatro condições, igualmente imprescindíveis à sua existência real: 1ª) a
fixação taquigráfica dos debates; 2ª) o livre acesso às galerias, em ambas as câma-
ras, a todos os cidadãos; 3ª) a autenticação dos debates mediante a sua inserção
quotidiana na ata dos trabalhos, estampada no Diário do Congresso; 4ª) a sua livre
reprodução pela imprensa.”
Então, fixou o Supremo Tribunal Federal que, dada a imunidade material dos
discursos parlamentares, era inviável a proibição de que os divulgasse a imprensa escrita.
Hoje, aqui, também, se se trata de uma sessão pública, de um órgão da Câmara dos
Deputados. E não vejo como vedar-lhe a transmissão.
Claro, aqui se fala, é manifesto que, como a transmissão de discursos parlamentares,
a transmissão de uma sessão de CPI pode trazer imputações e agressões quiçá injustas à
honorabilidade do cidadão a ela convocado para depor: são conseqüências inevitáveis
da imunidade parlamentar, da inviolabilidade dos discursos parlamentares.
Fala-se que se arrisca o impetrante a ter a sua imagem vinculada a acusações talvez
improcedentes, mas não vejo como distinguir a proteção da honra da proteção da ima-
gem nessas circunstâncias.
Tanto mais que há uma circunstância: afora o problema da imagem pessoal, as
acusações, as indagações, as suspeitas contra esse cidadão poderão ser formuladas
não só na CPI, mas em Plenário ou em qualquer comissão da Câmara dos Deputados;
a sua publicação está imune à responsabilidade penal e civil, à luz da jurisprudência
firmada — repito — desde 1914.
1008 R.T.J. — 198
Há mais. Este Tribunal — que, por isso, na época também recebeu agressões —
protegeu, perante as comissões parlamentares de inquérito, uma garantia fundamental — a
de não ser compelido a incriminar-se — sem indagar, sem distinguir se a convocação se
fazia formalmente a título de testemunha ou de indiciado.
E, salvo engano, neste caso, o impetrante já é titular de uma liminar para, se enten-
der do seu interesse, calar-se. Então, o que se terá transmitido, além da imagem, que é
incensurável, serão as palavras de parlamentares, palavras dos membros da CPI, que são,
essencialmente, insuscetíveis de censura.
Evocou o eminente Ministro Relator o art. 792, § 1º, do Código de Processo Penal,
que prevê a possibilidade de se restringir a publicidade de sessões judiciais. Com efeito,
depois de o caput do art. 792 prescrever a publicidade das audiências, sessões e atos
processuais, dispõe o § 1º:
“Se da publicidade da audiência, da sessão ou do ato processual, puder resultar
escândalo, inconveniente grave ou perigo de perturbação da ordem, o juiz, ou o
Tribunal, câmara, ou turma, poderá, de ofício ou a requerimento da parte ou do
Ministério Público, determinar que o ato seja realizado a portas fechadas, limitando
o número de pessoas que possam estar presentes.”
Não discuto; admito, em princípio, que essa disposição seja aplicada às sessões das
comissões parlamentares de inquérito, se e quando for o caso. Mas, ao observar a prática
mesma dos juízos e tribunais, Brasil afora (e abstraída a publicidade, que é extensão da
publicidade das sessões do parlamento), não tenho notícia da aplicação desse dispositivo
à instrução de casos de crimes patrimoniais. E é disso que se suspeita, e é disso que se
cogita na presente comissão parlamentar de inquérito.
Por isso, com o testemunho de meu velho respeito pela figura do eminente Relator
e pela seriedade da sua decisão, peço também todas as vênias para negar o referendo.
VOTO (Retificação)
O Sr. Ministro Joaquim Barbosa: Sr. Presidente, gostaria de reformular meu voto
porque, logo após havê-lo proferido, nos chegou a informação de que a imagem do
impetrante já havia sido veiculada pela televisão. Diante desse fato novo, aliando-me ao
que sustentou a Ministra Ellen Gracie, penso que a medida realmente perdeu o objeto.
A reformulação do meu voto é nesse sentido.
EXTRATO DA ATA
MS 24.832-MC/DF — Relator: Ministro Cezar Peluso. Impetrante: Law Kin
Chong (Advogados: Elcio Scapaticio e outro). Impetrado: Presidente da Comissão Par-
lamentar de Inquérito da Câmara dos Deputados – CPI da Pirataria.
Decisão: O Tribunal, por maioria, vencido o Ministro Marco Aurélio, entendeu
cabível, a critério do Relator, o referendo da decisão concessiva da liminar em mandado
de segurança. No mérito, o Tribunal, por maioria, negou o referendo, vencidos os Ministros
Cezar Peluso, Relator, Joaquim Barbosa e Gilmar Mendes, sendo que, a Ministra Ellen
Gracie e os Ministros Marco Aurélio e Joaquim Barbosa entendiam, preliminarmente,
R.T.J. — 198 1009
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros do Supremo Tribu-
nal Federal, em Sessão Plenária, na conformidade da ata do julgamento e das notas
taquigráficas, por unanimidade, indeferir a ordem, nos termos do voto do Relator. Au-
sentes, justificadamente, o Ministro Cezar Peluso e, neste julgamento, os Ministros
Carlos Velloso e Gilmar Mendes.
Brasília, 9 de junho de 2005 — Nelson Jobim, Presidente — Marco Aurélio,
Relator.
RELATÓRIO
O Sr. Ministro Marco Aurélio: Ao proceder ao exame do pedido de concessão de
medida acauteladora e indeferi-lo, assim sintetizei o quadro revelado neste processo:
1010 R.T.J. — 198
VOTO
O Sr. Ministro Marco Aurélio (Relator): Quando do indeferimento da medida
acauteladora, tive oportunidade de consignar:
Ao proceder à leitura da peça inicial, imaginei impetração formalizada pelo
Tribunal Regional Eleitoral. É que foram tomadas de empréstimo razões por este
apresentadas no pedido de revisão encaminhado ao Tribunal de Contas da União.
Tanto é assim que se tem o seguinte trecho lançado à folha 16:
Diante dessas considerações, o Tribunal Regional Eleitoral requer seja
reexaminada a matéria e, em conseqüência, seja reformada a decisão que ora
se questiona, ampliando-se o prazo de permanência dos servidores requisita-
dos na Secretaria deste Tribunal, o que evitará um verdadeiro caos nas ativi-
dades administrativas e judiciais do TRE/PB.
De qualquer modo, extrai-se da inicial que a causa de pedir alusiva ao inte-
resse jurídico da impetrante está ligada à circunstância de a Corte de Contas não
haver convocado, para integrar o processo referente à auditoria, todos os servido-
res requisitados e que se encontram no Tribunal Regional Eleitoral da Paraíba.
Surge, neste exame preliminar, a insubsistência do que articulado. O contraditório,
consoante dispõe o inciso LV do artigo 5º da Constituição Federal, pressupõe a
existência de litigantes ou acusados, o que, a toda evidência, não ocorre quando o
cenário revela requisição sempre norteada pelo interesse não individual do servi-
dor, mas da Administração Pública. A própria impetrante admite que espontanea-
mente o Tribunal Regional da Paraíba poderia devolvê-la ao órgão de origem,
cumprindo ter presente também a possibilidade de este se manifestar em tal senti-
do. O que não cabe é potencializar o contraditório, inviabilizando, até mesmo, a
atuação fiscalizadora do Tribunal de Contas, cuja decisão, à primeira vista, está em
harmonia com o arcabouço normativo.
Ressalto que o Tribunal de Contas da União atuou no campo da fiscalização,
relativamente à gestão administrativa do Tribunal Regional Eleitoral, determinando
providência que lhe pareceu pertinente, a partir da submissão da Administração ao
princípio da legalidade estrita. Notando desvirtuamento, consideradas as balizas da Lei
1012 R.T.J. — 198
EXTRATO DA ATA
MS 25.198/DF — Relator: Ministro Marco Aurélio. Impetrante: Ana Augusta Lira
Moreno ou Ana Augusta Lira Moreno Luna (Advogados: Stanislaw Costa Eloy e outro).
Impetrado: Tribunal de Contas da União.
R.T.J. — 198 1013
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros do Supremo Tribu-
nal Federal, por seu Tribunal Pleno, sob a Presidência da Ministra Ellen Gracie (Vice-
Presidente), na conformidade da ata do julgamento e das notas taquigráficas, por maioria
de votos, negar provimento ao recurso de agravo regimental, por entender aplicável a
parte final do 2º do artigo 113 do Código de Processo Civil, vencidos, parcialmente, os
Ministros Marco Aurélio, Joaquim Barbosa, Cezar Peluso e Sepúlveda Pertence. Votou
a Presidente.
Brasília, 1º de junho de 2005 — Carlos Ayres Britto, Relator.
RELATÓRIO
O Sr. Ministro Carlos Britto: Cuida-se de agravo regimental interposto contra
decisão singular que negou seguimento ao presente mandado de segurança.
2. O decisum impugnado está assim redigido:
Trata-se de mandado de segurança, com pedido de liminar, impetrado contra
ato do Colégio Recursal do Juizado Especial de Pequenas Causas Cíveis e Crimi-
nais da Circunscrição Judiciária de Assis/SP.
2. Por ele, mandado de segurança, o acionante busca a anulação do julga-
mento daquele colegiado no Processo n. 46/04, determinando-se a realização de
outro em que lhe seja oportunizado o exercício do contraditório e da ampla defesa.
3. Todavia, à luz dos dispositivos constitucionais versantes sobre a compe-
tência originária do Supremo Tribunal Federal, verifica-se que a autoridade aqui
apontada como coatora não é nenhuma daquelas enumeradas no artigo 102, inciso
I, d, da Carta Republicana de 1988.
4. Nessa linha de raciocínio, cumpre reconhecer a total incompetência desta
Corte de Justiça para processar e julgar o mandamus, razão pela qual, com funda-
mento no artigo 21, inciso XVII, § 1º, do RISTF, nego seguimento à ação, restando
prejudicada, por conseguinte, a análise da medida liminar requestada.”
3. Pois bem, postula o impetrante seja reconhecida a competência do Supremo
Tribunal Federal para analisar o writ, ou, se assim não se entender, seja determinada a
“remessa do feito ao órgão judiciário competente para apreciá-lo e julgá-lo”.
É o relatório.
VOTO
O Sr. Ministro Carlos Ayres Britto (Relator): Consoante relatado, o agravante pede
seja reconhecida a competência do Supremo Tribunal Federal para processar e julgar
mandado de segurança impetrado contra ato proferido por Turma Recursal ou por um de
seus integrantes. Alternativamente, pretende sejam os autos encaminhados ao juízo tido
como competente para a análise da causa.
5. Em boa verdade, a questão, apesar de interessante, não é nova, já existindo
pronunciamento deste egrégio Plenário a propósito de situações semelhantes. Quero
R.T.J. — 198 1015
1 Art. 113, § 2º: Declarada a incompetência absoluta, somente os atos decisórios serão nulos, remeten-
do-se os autos ao juízo competente (sem grifos no original).
2 Excepcionando-se, aí, as hipóteses de concessão da ordem de ofício.
1016 R.T.J. — 198
modo definitivo, sobre a competência de determinado Tribunal, antes mesmo que esse
Tribunal pudesse decidir a respeito. Em típica atuação per saltum e, por isso mesmo,
concentradora de autoridade. Sem falar na grave conseqüência de transmutar esta Casa
num órgão de distribuição de processos, de maneira a estimular a lógica de que, “em caso
de dúvida, ajuíze-se no Supremo, e este dará o devido destino à causa”.
10. Há mais o que dizer: ainda que extraordinariamente se cogitasse dessa remessa,
em face de controvérsia existente sobre a definição de determinada competência, a
excepcionalidade seria de todo inexistente na espécie. É que, segundo já acentuado, a
competência das próprias Turmas Recursais para julgar mandados de segurança contra
seus atos foi definida pelo Plenário deste Supremo Tribunal em 4-12-2003, ou seja,
mais de um ano antes da presente impetração.
11. Neste ritmo de argumentação, devo consignar que a solução da causa seria
diversa se, em vez de originariamente deduzido perante o Supremo Tribunal Federal, o
presente mandado de segurança chegasse por direta remessa de outra Corte Judiciá-
ria, caso em que não caberia falar em equívoco da parte, que deve ficar a salvo de
prejuízo por erro a que não deu causa. Por isso mesmo, naquelas hipóteses de mandado
de segurança indevidamente encaminhado a esta Corte, mister se faz a devolução dos
autos ao órgão de origem, nos termos de diferenciação que já é feita por esta nossa Corte
(MS 24.793-AgR, Rel. Min. Celso de Mello; MS 24.796, Rel. Min. Sepúlveda Pertence;
MS 25.190, Rel. Min. Sepúlveda Pertence).
12. Nessa contextura, não sendo caso nem de competência originária deste STF
nem de devolução dos autos, meu voto nega provimento ao presente recurso de agravo
regimental.
VOTO
O Sr. Ministro Marco Aurélio: Senhora Presidente, o Regimento Interno vem de
uma época em que cabia ao Supremo Tribunal Federal reger ações situadas na respectiva
competência originária e recursos também alusivos à competência recursal. Ora, se mer-
gulharmos um pouco mais fundo, subsiste essa norma que autoriza, à margem da legisla-
ção processual comum — e o Código de Processo é posterior ao Regimento Interno —,
a negativa de seguimento pura e simples? A meu ver, não. Tanto quanto possível, deve-
mos homenagear a economia, a celeridade processuais e, também, a desburocratização
do processo.
É regra geral que o órgão que conclua pela própria incompetência deve apontar
o órgão competente e remeter-lhe o processo. É o que faço, acionando não o Regimento
Interno — pois entendo que não mais subsiste, no particular, o previsto no artigo 21,
§ 1º —, mas o Código de Processo Civil.
Sabemos que há lei mitigando a envergadura do mandado de segurança ao estabe-
lecer um prazo decadencial para a impetração. E o brasileiro, normalmente, deixa para
formalizar o pedido no último dia desse prazo. Resulta que, se o Tribunal, inexistente a
competência, extingue o processo sem apreciação do mérito, ter-se-á a incidência do
prazo decadencial.
R.T.J. — 198 1017
VOTO
O Sr. Ministro Cezar Peluso: Sra. Presidente, estou de acordo com a observação do
Ministro Marco Aurélio, porque já decidimos isso no Agravo Regimental no Mandado
de Segurança n. 24.700, Relator Ministro Celso de Mello, em 24 de junho do ano
passado.
A Corte modificou a sua jurisprudência e entendeu de remeter o Mandado de
Segurança para o órgão que julgava competente para conhecer da causa.
VOTO
O Sr. Ministro Joaquim Barbosa: Senhora Presidente, sobre a questão de remeter ou
não, de indicar o órgão jurisdicional competente, nesse ponto acompanho a divergência.
VOTO
O Sr. Ministro Celso de Mello: Peço vênia, Senhora Presidente, para acompanhar o
douto voto do eminente Ministro Carlos Britto, que corretamente deixou de ordenar o
encaminhamento deste processo mandamental ao órgão judiciário competente, por não
caber, ao Relator da causa, considerados os limites fixados no art. 21, § 1º, do RISTF, a
efetivação de tal medida.
Cabe registrar, por necessário, que esse entendimento encontra apoio em orien-
tação jurisprudencial firmada pelo Supremo Tribunal Federal, cujas decisões, no tema,
têm proclamado a inaplicabilidade, no âmbito desta Corte, do art. 113, § 2º, do CPC
(AO 175-AgR-ED/RN, Rel. Min. Octavio Gallotti — Inq 1.793-AgR/DF, Rel. Min.
Ellen Gracie, Pleno — MS 22.313-AgR-ED/BA, Rel. Min. Sydney Sanches, Pleno —
MS 23.621-AgR/RS, Rel. Min. Moreira Alves, Pleno — MS 24.261/DF, Rel. Min.
Celso de Mello — Pet 2.160/SP, Rel. Min. Moreira Alves, DJ de 19-3-2001):
1018 R.T.J. — 198
VOTO
O Sr. Ministro Sepúlveda Pertence: Sra. Presidente, congratulo-me com os juizados
especiais pela maioria já composta no sentido de determinar o arquivamento do mandado
de segurança.
Coerente, já que o assunto voltou à Mesa, vou acompanhar o Ministro Marco
Aurélio, não em função do que Sua Excelência sustentou — que estaria revogado no
ponto o Regimento Interno, porque o Regimento Interno, hoje, é cópia da Lei n. 8.038.
Apenas nele não leio que negar seguimento, isto é, não dar seguimento neste Tribunal ao
mandado de segurança, implica mandá-lo para o arquivo.
Agora me congratulo, repito, com a maioria que se formou em sentido contrário,
porque, com relação aos juizados especiais, eu temo muito que esses mandados de
segurança se transformem num mecanismo de chicana e de protelação absoluta, substi-
tuindo embargos da decisão, na apelação, da Turma recursal.
R.T.J. — 198 1019
EXTRATO DA ATA
MS 25.279-AgR/SP — Relator: Ministro Carlos Britto. Agravante: Valdemar Dias
Paião (Advogados: Orlando Machado da Silva Júnior e outro). Agravado: Presidente do
Colégio Recursal do Juizado Especial de Pequenas Causas Cíveis e Criminais da Cir-
cunscrição Judiciária de Assis.
Decisão: O Tribunal, por maioria, negou provimento ao recurso de agravo regi-
mental, por entender inaplicável a parte final do § 2º do artigo 113 do Código de
Processo Civil, vencidos, parcialmente, os Ministros Marco Aurélio, Joaquim Barbosa,
Cezar Peluso e Sepúlveda Pertence. Votou a Presidente. Ausente, justificadamente, neste
julgamento, o Ministro Nelson Jobim (Presidente). Presidiu o julgamento a Ministra
Ellen Gracie (Vice-Presidente).
Presidência do Ministro Nelson Jobim. Presentes à sessão os Ministros Sepúlveda
Pertence, Celso de Mello, Carlos Velloso, Marco Aurélio, Ellen Gracie, Gilmar Mendes,
Cezar Peluso, Carlos Britto, Joaquim Barbosa e Eros Grau. Procurador-Geral da República,
Dr. Cláudio Lemos Fonteles.
Brasília, 1º de junho de 2005 — Luiz Tomimatsu, Secretário.
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros do Supremo Tribu-
nal Federal, em Sessão Plenária, sob a Presidência da Ministra Ellen Gracie, na confor-
midade da ata do julgamento e das notas taquigráficas, por maioria de votos, denegar o
mandado de segurança, nos termos do voto do Relator.
Brasília, 14 de junho de 2006 — Sepúlveda Pertence, Relator.
RELATÓRIO
O Sr. Ministro Sepúlveda Pertence:
I
1. Trago para julgamento conjunto os MMSS 25.304 e 25.299, impetrados contra
o decreto do Presidente da República, de 24 de fevereiro de 2005, que declarou de
interesse social, para fins de reforma agrária, o imóvel rural denominado “São Roque –
Águas Sulfurosas”, localizado no Município de Correia Pinto, no Estado de Santa
Catarina.
2. O MS 25.304 foi impetrado por Eloi Rafaeli e a mim distribuído em 28-3-05,
tendo deferido o pedido de medida liminar no dia seguinte (29-3-05), para suspender a
eficácia do ato impugnado.
3. O MS 25.299 foi impetrado por Fernando Air Casagrande Rafaeli, Marco
Antônio Casagrande Rafaeli, Marlon Andrey Casagrande Rafaeli, Celso Arcanjo
R.T.J. — 198 1021
1 Código de Processo Civil, art. 106: “Correndo em separado ações conexas perante juízes que têm
a mesma competência territorial, considera-se prevento aquele que despachou em primeiro lugar”.
2 Lei 8.629/93, art. 4º, parágrafo único: “São insuscetíveis de desapropriação para fins de reforma
agrária a pequena e a média propriedade rural, desde que o seu proprietário não possua outra propriedade
rural”.
Constituição Federal de 1988: “Art. 185. São insuscetíveis de desapropriação para fins de reforma
agrária:
I - a pequena e média propriedade rural, assim definida em lei, desde que seu proprietário não
possua outra”.
3 Lei 4.504/64 (Estatuto da Terra), art. 46: “§ 6º No caso de imóvel rural em comum por força de
herança, as partes ideais, para os fins desta Lei, serão consideradas como se divisão houvesse, devendo
ser cadastrada a área que, na partilha, tocaria a cada herdeiro e admitidos os demais dados médios
verificados na área total do imóvel rural”.
4 Nos termos do art. 4º, III, a, da Lei 8.629/93, e do art. 3º, III, da Instrução Normativa n. 11 do Incra,
de 2003.
1022 R.T.J. — 198
5 Lei 8.629/93, art. 2º, § 4º: “Não será considerada, para os fins desta Lei, qualquer modificação,
quanto ao domínio, à dimensão e às condições de uso do imóvel, introduzida ou ocorrida até 6 (seis)
meses após a data da comunicação para levantamento de dados e informações de que tratam os §§ 2º e
3º.”
6 Código Civil, art. 1.320, caput: “A todo o tempo será lícito ao condômino exigir a divisão da coisa
comum, respondendo o quinhão de cada um pela sua parte nas despesas da divisão”.
R.T.J. — 198 1023
VOTO
O Sr. Ministro Sepúlveda Pertence:
I
1. Este, o teor do parecer do Ministério Público Federal em ambas as impetrações,
da lavra do il. Procurador-Geral Cláudio Fonteles:
“O exame das dimensões da propriedade demanda que seja avaliado o estado
dos registros públicos do imóvel em questão. Esse estudo, formulado sobre os
documentos juntados a fls. 19-21, e seus versos, nos quais está representado o
registro do imóvel em tela, dá-nos a segura idéia de estarmos defrontados com bem
sujeitado a condomínio.
É claro o registro ‘R-1/6.794’ ao assentar que o bem foi dado em doação a
inúmeros herdeiros dos originais proprietários, Sr. Artibano Rafaeli e esposa, a
título de adiantamento de herança. Mantiveram usufruto vitalício do imóvel, anota-
ção que refutaria a tese de desmembramento do bem, ao menos até o cancelamento
do ônus, realizado em 30 de janeiro de 2004.
Os registros e averbações seguintes ao cancelamento nada acrescentam a essa
idéia.
Em momento algum o bem sofreu divisão ou desmembramento. Sem registro
desses atos nos ofícios competentes, não há como se imaginar qualquer eficácia de
eventual repartição do imóvel, ao menos no que toca a terceiros. O memorial
descritivo juntado a fls. 30-33 constitui estudo que serviria de base para o
desmembramento. Não tem eficácia para, desde logo, surtir efeito jurídico algum.
Houve ainda a tentativa de se partir concretamente para a divisão da área por
meio de escritura pública — fls. 39-41 —, mas, como sobejadamente demonstrado
nos autos, não foi levada a registro. Dessa maneira, o bem permanece, para os fins
legais, constituído como se fosse uma unidade, sem repartição de qualquer espé-
cie. Está adstrito a uma única matrícula no registro de imóveis.
A existência da comunhão de direito sobre o bem é, inclusive, retratada na
mencionada escritura pública que se propõe a dividir a propriedade. Após identi-
ficar os autores da pretendida divisão, anunciava o negócio que então se formali-
zava — verso de fls. 39:
‘(…) Então, pelos outorgantes e reciprocamente outorgados me foi dito
o seguinte: Primeiro: que a justos títulos, são donos, senhores e legítimos
proprietários do imóvel constante da matrícula n. 6.794, do livro 2 — Registro
Geral, fls. 1 e 2 e versos, do Cartório do 3º Ofício do Registro de Imóveis
desta Comarca, em comunhão entre eles, ou seja, de uma gleba de terras,
com a área superficial de 12.227.733,08 m2 (…), contendo pela superfície
sangas, matas, arroios, pedra-ferro, banhados, pinheiros, todos os seus perten-
ces e acessórios naturais, situada na localidade de Águas Sulfurosas, às mar-
gens da Rodovia Federal BR-116, município e Comarca de Correia Pinto (SC
(…)’
E prosseguem mais adiante — fls. 40:
1024 R.T.J. — 198
II
3. No caso, em 11-12-85, ocorre a doação do imóvel como adiantamento da legíti-
ma: é direito dos proprietários — pais e avós dos donatários —, exercitável a qualquer
tempo.
4. Certo, este Tribunal assentou que a doação de imóvel devidamente registrada
antes do decreto expropriatório — mesmo quando já iniciada a fase administrativa —
torna impossível a desapropriação-sanção, desde que preenchidos os requisitos do art.
185, I, da Constituição Federal (MS 21.919, Pleno, Celso, DJ de 6-6-97; MS 22.591,
Pleno, Moreira, DJ de 14-11-03; MS 22.645, Pleno, Corrêa, DJ de 24-8-01; MS
23.523, Pleno, Moreira, DJ de 14-2-03; MS 23.006, Pleno, Celso, DJ de 29-8-03).
5. Em algumas dessas ocasiões, externei – inicialmente, solitário e, após, juntamente
com os eminentes Ministros Ilmar Galvão, Nelson Jobim, Néri da Silveira e Carlos
Velloso — minha convicção de que a suspeita chapada de fraude elide a liquidez e a
certeza do direito, cuja demonstração é ônus do impetrante do mandado de segurança.
6. Extrato o seguinte trecho do voto proferido pelo Ministro Ilmar Galvão no MS
22.911 (DJ de 16-4-04), que bem elucida a questão:
“Em casos análogos, de divisão do imóvel realizada com nítido objetivo de
frustrar a execução do programa de reforma agrária, tem este relator manifestado o
entendimento de que a referida divisão deve ser simplesmente desconsiderada e
tida como não realizada, pelo Poder Judiciário (MS 21.919 e MS 22.645).
(...)
A doação, na verdade, é ato jurídico que visa a transferência da propriedade,
a título gratuito, do patrimônio do doador ao patrimônio do donatário. Deve ser
simplesmente ignorada quando, como no presente caso, desviada desse escopo,
teve por causa resultado com ele incompatível.
A sanção, nesse caso, não será a nulidade do ato, mas a sua ineficácia em
relação ao titular do direito que se frustou, no caso, o Poder Público, posto que o
vício não se acha nas doações em si, que continuam a produzir efeito, como, no
caso, o de definir a titularidade do direito ao crédito indenizatório decorrente da
desapropriação, mas no elemento intencional que determinou a sua efetivação.
(...)
Na verdade, a norma introduzida pela MP n. 1.573/97 ao § 4º do art. 2º da Lei
n. 8.629/93, nada mais fez do que consagrar o entendimento acima exposto, ao
dispor que
‘Não será considerada, para os fins desta Lei, qualquer modificação,
quanto ao domínio, à dimensão e às condições de uso do imóvel, introduzida
ou ocorrida até seis meses após a data da comunicação para levantamento de
dados e informações de que trata o § 2º.’
Acertadamente, o que consagrou o novel texto não foi o princípio da
invalidade do ato jurídico, mas o da superação deste, com o que, na verdade, não
introduziu novidade em nosso sistema jurídico, que, de há muito, o acolheu, con-
forme se deduz dos inúmeros textos legais que o sancionam.
R.T.J. — 198 1027
14. É que se faz imprescindível, nos termos dos §§ 3º e 4º do art. 176 da Lei
6.015/737 — que dispõe sobre registro públicos —, a especificação das glebas resul-
tantes da divisão para a efetivação do registro.
15. Como os impetrantes não providenciaram essa individualização após o faleci-
mento do usufrutuário sobrevivente, e a escritura pública de divisão elaborada para
atender essa exigência não pôde ser registrada ante a vedação constante no § 4º do art. 2º
da Lei 8.629/93 — certo que não há notícia de registro após o decurso do prazo —,
mantém-se a unidade do imóvel para fins de reforma agrária.
V
16. Quanto à alegação de que a divisão foi efetivada, tendo-se em vista o reco-
lhimento individualizado do Imposto Territorial Rural (ITR), compartilho do entendi-
mento manifestado pelo em. Ministro Eros Grau ao proferir o seu voto no MS 24.924
(sessão do dia 10-3-2005), quando ressaltou que o procedimento previsto no Estatuto da
Terra (Lei 4.504/64) se restringe a fins tributários, “não se prestando” — de acordo com
S. Exa. — “a ser usado como parâmetro para o dimensionamento de imóveis rurais
destinados à reforma agrária, matéria afeta à Lei n. 8.629/93”.
17. As demais questões suscitadas pelos impetrantes foram devidamente respon-
didas no parecer elaborado pelo Ministério Público Federal, cujos fundamentos adoto
como razão de decidir.
VI
18. De tudo, denego os mandados de segurança, prejudicada a liminar concedida:
é o meu voto.
VOTO
O Sr. Ministro Gilmar Mendes: Senhora Presidente, na sessão do dia 12-6 tive
oportunidade de ressaltar que, verificada a divisão do imóvel de maneira lícita, desde
que não impugnável na forma prevista na medida provisória que alterou a legislação
agrária, a meu ver não se poderia realizar licitamente a desapropriação. Portanto, não
haveria por que dar seguimento, uma vez que o imóvel estaria imune.
Discutimos, na assentada de segunda-feira, exatamente a situação decorrente do
falecimento do eventual proprietário do direito de saisine. Aqui, temos uma outra situa-
ção, que foi a decisão de doação mediante escritura pública, por antecipação de herança.
Pergunto ao eminente Relator: em relação à notificação, essa doação ocorreu?
O Sr. Ministro Sepúlveda Pertence: A doação é antiga. A notificação aí se deu e
passaram-se os seis meses em que não poderia haver alteração quanto ao domínio; não
obstante não se levou a registro a escritura de divisão amigável que individualizaria as
glebas.
O Sr. Ministro Gilmar Mendes: Perante a tese que sustentei no sentido de que,
tendo havido a divisão do imóvel, a doação, não haveria a possibilidade de se fazer a
desapropriação, defiro a segurança.
VOTO
O Sr. Ministro Marco Aurélio: Senhora Presidente, já externei no Plenário que o
objeto da reforma agrária é o imóvel, tal como documentado no registro de imóveis, ou
seja, pouco importa que a propriedade seja de uma única pessoa ou esteja em condomí-
nio. Incide, de qualquer maneira, a reforma agrária. O Relator esclareceu que, até o
momento, o imóvel permanece indiviso. Não houve o desmembramento, a divisão e o
surgimento, portanto, de matrículas individualizadas.
Daí acompanhar Sua Excelência, indeferindo a ordem.
EXTRATO DA ATA
MS 25.304/DF — Relator: Ministro Sepúlveda Pertence. Impetrante: Eloi Rafaeli
(Advogados: Daltivio Alves Júnior e outro). Impetrado: Presidente da República (Advo-
gado: Advogado-Geral da União).
Decisão: O Tribunal, por maioria, denegou o mandado de segurança, nos termos do
voto do Relator, vencido o Ministro Gilmar Mendes. Ausentes, justificadamente, o Mi-
nistro Celso de Mello e, neste julgamento, o Ministro Carlos Britto. Falou pelos
impetrantes o Dr. Cid Couto Filho. Presidiu o julgamento a Ministra Ellen Gracie.
Presidência da Ministra Ellen Gracie. Presentes à sessão os Ministros Sepúlveda
Pertence, Marco Aurélio, Gilmar Mendes, Cezar Peluso, Carlos Britto, Joaquim Barbosa,
Eros Grau e Ricardo Lewandowski. Procurador-Geral da República, Dr. Antonio
Fernando Barros e Silva de Souza.
Brasília, 14 de junho de 2006 — Luiz Tomimatsu, Secretário.
1030 R.T.J. — 198
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros do Supremo Tribu-
nal Federal, em Sessão Plenária, na conformidade da ata do julgamento e das notas
taquigráficas, por maioria de votos, decidir a questão de ordem assentando a competên-
cia do Supremo Tribunal Federal para o julgamento do mandado de segurança, nos
termos do voto do Relator.
Brasília, 3 de novembro de 2005 — Nelson Jobim, Presidente — Sepúlveda
Pertence, Relator.
RELATÓRIO
O Sr. Ministro Sepúlveda Pertence: Em 3-11-2005, ao suscitar questão de ordem
relativa à competência originária do Supremo Tribunal Federal para conhecer deste
mandado de segurança, requerido pela OAB/SP contra ato do Tribunal de Justiça, assim
resumi os fatos e os fundamentos da impetração.
Cumprindo o seu papel no processo de provimento de cinco vagas de Desembargador,
correspondentes ao “quinto constitucional” da advocacia (cf. CF, art. 94), o Conselho
Seccional de São Paulo da Ordem dos Advogados do Brasil, ora impetrante, elegeu e
encaminhou ao Tribunal de Justiça do Estado cinco listas de candidatos, compostas,
cada uma, de seis diferentes nomes inscritos em seus quadros.
2. Aduz a petição inicial:
“4. Remetidas as cinco listas sêxtuplas ao E. Tribunal de Justiça de São
Paulo, o d. órgão impetrado ao votar a primeira delas e antes mencionada, apurou
os votos, tendo o candidato mais votado recebido 7 indicações.
5. Em seqüência, ao invés de proceder a novos escrutínios passou a votar as
listas subseqüentes, voltando, ao final, a escrutinar a lista inicial, substituindo-a
R.T.J. — 198 1031
por uma nova lista sêxtupla, estranha a deliberação do Conselho da OAB/SP, com
6 (seis) outros nomes figurantes das outras listas, e que não lograram integrar
suas listas originais, ficando a primeira lista correspondente a primeira vaga, assim
constituída:
Originária da
Gladys Maluf Chamma (5ª lista da OAB)
Spencer Almeida Ferreira (5ª lista da OAB)
Alcedo Ferreira Mendes (5ª lista da OAB)
Maria Tereza Rocha de Assis Moura (4ª lista da OAB)
José Carlos Ferreira Alves (3ª lista da OAB)
Martha Ochsenhofer (3ª lista da OAB)
3. Desse modo, pretende a OAB/SP que, desprezando a primeira lista sêxtupla
organizada pelo Conselho Seccional para a primeira das vagas e preterindo os seus
integrantes por nomes remanescentes das listas indicadas para as vagas subseqüentes, o
Tribunal teria usurpado a competência da Ordem e contrariado frontalmente o art. 94 e
seu parágrafo único da Constituição.
4. Pede-se, mediante liminar, a suspensão do envio da lista tríplice questionada ao
Governador do Estado e, ao final, a concessão do mandado de segurança para declarar a
nulidade de sua feitura e determinar que se proceda à escolha da lista tríplice dentre os
integrantes da primeira sêxtupla indicada pela impetrante.
5. Por constituir uma autarquia federal e dado o nível do Tribunal coator na hierar-
quia jurisdicional, a OAB sustenta a competência originária do Supremo Tribunal para
conhecer do mandado de segurança e invoca precedentes que lhe confortariam o entendi-
mento (RE 176.881, Ilmar Galvão; RE 266.689, Ellen Gracie; AO 455, Maurício
Corrêa; MS 21.452, Ilmar Galvão).
6. Submeto ao Plenário a questão de competência do Tribunal: é o relatório.
VOTO
O Sr. Ministro Sepúlveda Pertence (Relator): 7. No primeiro dos precedentes — RE
176.881, Pleno, 13-3-97, DJ de 6-3-98 — o Tribunal, por maioria, reafirmou a Súmula
511 e entendeu competente o TRF para conhecer de mandado de segurança impetrado
por empresa pública federal contra decisão concessiva de liminar em ação cautelar, na
qual a impetrante pretendia ingressar como assistente da ré.
8. A ementa, da lavra do em. Ministro Ilmar Galvão, Redator do acórdão, sintetiza
com precisão a motivação da corrente majoritária:
“Mandado de segurança impetrado por autarquia federal contra ato de
juiz de Direito. Competência.
Em princípio, qualquer ação proposta pelos entes relacionados no inc. I do
art. 109 da Constituição é de competência da Justiça Federal. Tratando-se, entre-
tanto, de mandado de segurança, que, em nosso sistema jurídico-processual, se
rege também pelo princípio da hierarquia, prevê o inc. VIII do mesmo dispositivo
1032 R.T.J. — 198
14. O assento jurisprudencial, como visto, foi reafirmado pelo Plenário, sob a
Constituição vigente e em caso de impetração dirigida contra ato de órgão judiciário
estadual (RE 178.881, cit.).
15. O mesmo entendimento prevaleceu, no que toca à competência da Justiça
Federal, no segundo precedente referido, por ser impetrante a Ordem dos Advogados.
16. Na espécie, a petição inicial parte dessas premissas para chegar à competência
do Supremo Tribunal, à base de raciocínio assim deduzido:
“8. Assim, tem a Impetrante prerrogativa de foro ratione personae, e embora
o Regimento Interno do E. TJSP preveja a competência originária do Órgão Espe-
cial para conhecer dos mandados de segurança contra atos próprios, sendo norma
hierarquicamente inferior à norma constitucional (art. 109-1), cede a prevalência à
última.
9. Como na Justiça Federal o órgão máximo estadual (regional) é o TRF, que,
entretanto, tem o mesmo patamar hierárquico que o Tribunal de Justiça, competente
para examinar o ato da autoridade estadual seria um dos Tribunais Superiores, com
jurisdição federal, ou seja, STJ ou STF; no caso, versando matéria constitucional,
a competência para o exame do mandamus é, em princípio, deste.”
17. A natureza constitucional da controvérsia, entretanto, não me bastaria para
acompanhar a impetrante na última fase do seu raciocínio, aquela em que, entre o Supre-
mo e o STJ, conclui por nossa competência.
18. Com efeito, diversamente do que ocorre quando se trata de optar entre o recurso
extraordinário e o recurso especial — e, por isso, quando se trata de suspensão de segu-
rança —, se se cuida de mandado de segurança, a alçada constitucional ou infraconstitu-
cional da lide não tem relevância na demarcação recíproca da competência originária
dos dois Tribunais.
19. O que, aí sim, me convenceu, no caso, da competência do Supremo Tribunal é
a qualificação das partes — de um lado, uma autarquia federal; do outro, o Estado-
Membro, pelo órgão mais alto de um dos seus poderes — em conflito acerca de suas
atribuições constitucionais.
20. O caso evoca a decisão tomada por este Plenário no MS 22.042 — coinciden-
temente relativo também ao “quinto constitucional” —, quando, para assentar a compe-
tência do Tribunal, aduziu o voto-condutor do em. Ministro Moreira Alves — RTJ 164/
122, 125:
“Tendo sido o presente mandado de segurança impetrado, por se tratar de ato
complexo, contra o governador e o Tribunal do Estado de Roraima, bem como
contra o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios, e versando ele a
questão de saber se a competência para a constituição da lista sêxtupla é do
impetrante — o Ministério Público desse Estado — ou de um dos impetrados — o
Ministério Público do Distrito Federal e Territórios —, não há dúvida de que, nos
termos da impetração da segurança, há causa entre órgão do Distrito Federal, confi-
gurando-se, assim, hipótese prevista na competência originária desta Corte (artigo
102, I, f, da Constituição Federal), uma vez que o litígio existente envolve conflito
de atribuições entre órgãos de membros diversos da Federação, com evidente
substrato político.”
1034 R.T.J. — 198
21. Mais recentemente, decidimos caso similar — embora versando questão di-
versa — na ACO 684, 4-8-05, em que se opunham uma autarquia corporativa federal,
mas de âmbito local — o CRM — e o Estado-Membro.
22. Relator, aduzi:
“Não têm pertinência à espécie os precedentes recordados no parecer da
Procuradoria-Geral da República, nos quais o Tribunal se declarou incompetente.
Assim, v.g., na ACO 417, Pertence, cuidava-se de mera ação de cobrança de
contribuições previdenciárias movida pelo Iapas contra Estado-Membro; na ACO
597, Celso, instituição financeira de economia mista questionava ‘a validade jurí-
dica de operações de índole financeira e de conteúdo negocial e obrigacional’.
Para temas como esses, de cunho meramente patrimonial, é que entendo
sustentável a ‘redução teleológica’ a que procedeu o Tribunal na dicção literal do
art. 102, I, f, da Constituição.
Ao contrário, não há como negar que é desta Corte a competência originária
para conhecer de causa em que pessoas jurídicas relacionadas naquele inciso liti-
gam acerca da divisão constitucional de competência entre a União e os Estados-
Membros.
Nesse sentido, por exemplo, a afirmação da competência originária do Supre-
mo na ACO 593, 7-6-01, Relator o em. Ministro Néri da Silveira, que dizia ‘com
as competências da União Federal e dos Estados, acerca do aproveitamento dos
potenciais hidráulicos e da realização de obras que atinjam rios de curso interesta-
dual e ainda a respeito da partição de competências, no âmbito federativo, sobre a
proteção ambiental e os embaraços que Estados possam opor a obras atinentes à
geração de energia elétrica’.
Estou em que, igualmente, se impõe reconhecê-la na espécie, em que
autarquia federal controverte com Estado-Membro sobre a competência federal ou
estadual para credenciar e autorizar o funcionamento de curso de nível superior de
entidade privada de ensino.
Desnecessário demonstrar que, para o fim cogitado, não se reduz o risco de
‘conflito federativo’ à iminência de guerra civil ou similar; basta cuidar-se de
controvérsia jurídica relevante sobre a demarcação dos âmbitos materiais de com-
petência dos entes que compõem a Federação.”
23. Por isso, concluo, com a impetrante, pela competência originária do Supremo
Tribunal, embora a fonte dogmática do meu convencimento não seja o art. 109, I, mas,
sim, o art. 102, I, j, da Constituição: é o meu voto.
VOTO
O Sr. Ministro Marco Aurélio: Senhor Presidente, folgo em perceber que, pela
primeira vez — pelo menos é a minha percepção —, a Ordem dos Advogados do Brasil
admite ser uma autarquia especial, uma autarquia corporativista, porque nem mesmo a
Lei n. 8.906/94, quando versa sobre a personalidade jurídica da entidade, refere-se a essa
qualificação. Há algo, porém, que deve ser alvo de reflexão: o artigo 44 daquela lei,
R.T.J. — 198 1035
Estatuto dos Advogados, revela que a Ordem é organizada na forma federativa. Isso
ocorre também com os diversos conselhos que fiscalizam certas atividades — há, geral-
mente, o Conselho Federal e os Conselhos Regionais. Esse dado, somado ao aspecto de
ser impetrante não o Conselho Federal, mas a seccional de São Paulo, conduz-me a
vislumbrar aí uma situação que não atrai, em si, a norma segundo a qual a Justiça Federal
é competente para julgar ações em que envolvida a União ou autarquias federais.
O Sr. Ministro Gilmar Mendes: A seccional também é autarquia federal.
O Sr. Ministro Sepúlveda Pertence (Relator): Abandonei o argumento do art. 109.
Estou no art. 102.
O Sr. Ministro Marco Aurélio: Aí é que está o questionamento quanto à regra da
forma federativa contida no artigo 44 da Lei n. 8.906/94.
Está-se diante de um mandado de segurança impetrado contra ato do Tribunal de
Justiça de São Paulo. Não vejo base maior para se deslocar esse mandado de segurança —
que, a meu ver, é da competência do próprio Tribunal, ante o disposto na Lei Orgânica da
Magistratura — para o Supremo.
Por isso, peço vênia ao Relator para resolver a questão de ordem assentando a
incompetência do Supremo.
O Sr. Ministro Gilmar Mendes: Essa questão, Ministro Marco Aurélio, tem seme-
lhança com aquela na qual Vossa Excelência foi Relator, em que havia conflito entre o
Ministério Público Estadual e o Ministério Público Federal, e Vossa Excelência encami-
nhou no sentido do conflito federativo.
O Sr. Ministro Marco Aurélio: Sim, mas ficara realmente configurado um conflito
federativo, porque tivemos uma situação concreta em que houve dúvida quanto à atri-
buição para denunciar. O Ministério Público do Estado da Bahia entendeu que não lhe
competia fazê-lo porque haveria um crime de competência da Justiça Federal, e o Minis-
tério Público Federal assentou justamente o contrário: que não estava em jogo o
descaminho e que, portanto, incumbia ao Ministério Público do Estado da Bahia atuar.
Aqui, não, o que temos é um mandado de segurança ajuizado contra ato do Tribunal de
Justiça, mediante o qual se reduziram cinco listas diferentes, quanto aos nomes inseridos,
a uma única lista, com mesclagem das seleções verificadas no âmbito da Ordem dos
Advogados do Brasil.
Por isso, peço vênia para solucionar a questão de ordem no sentido da competência
do próprio Tribunal de Justiça.
VOTO
O Sr. Ministro Carlos Britto: Sr. Presidente, tenho dificuldade em acompanhar o
eminente Ministro Relator.
O Sr. Ministro Sepúlveda Pertence (Relator): É coerente: Vossa Excelência ficou
vencido no caso do Conselho Regional de Medicina contra o Estado de Minas (ACO
684-QO, 4-8-05, Pertence): o caso, mutatis mutandis, é em tudo similar.
O Sr. Ministro Carlos Britto: É que o voto de Vossa Excelência, resolvendo a
questão de ordem, faz da OAB uma entidade da administração indireta para poder
encaixá-lo na letra f.
1036 R.T.J. — 198
Agora, não tenho dúvida de que — assim como este Tribunal há décadas divisou,
numa fundação, uma autarquia, inclusive para o efeito de competência jurisdicional —
essas corporações de fiscalização profissional são também autarquias. Se compõem ou
não a estrutura da administração pública stricto sensu do Poder Executivo, eu considero
irrelevante para esse fim. É que se trata de um ente estatal federal — quanto a isso acho
que nenhum de nós tem dúvida — a discutir com o Estado, presentado pelo órgão
máximo de um dos seus poderes, sobre os respectivos papéis num processo — o dos
provimentos das vagas reservadas a advogados nos Tribunais de Justiça — no qual a
Constituição mesclou a intervenção de uma autarquia federal, a OAB, e de dois poderes
do Estado-Membro.
O Sr. Ministro Marco Aurélio: Ministro, surge um problema: em que alínea enqua-
dramos, então, a situação para proclamar a competência do Tribunal, senão na alínea f?
O Sr. Ministro Sepúlveda Pertence (Relator): Na alínea f.
O Sr. Ministro Marco Aurélio: Mas a alínea f é clara.
O Sr. Ministro Carlos Britto: Exatamente a minha indagação. A minha perplexida-
de é essa.
O Sr. Ministro Marco Aurélio: Pois é. Quanto à entidade da administração indireta.
O Sr. Ministro Carlos Britto: Indireta é o pressuposto da inclusão da matéria na
competência do Supremo.
O Sr. Ministro Nelson Jobim (Presidente): Pressuposto da hipótese de existirem só
essas personalidades. É que a ordem tem outra característica, mas não deixa de ser.
O Sr. Ministro Gilmar Mendes: Senão também estaremos fazendo uma interpreta-
ção da Constituição, segundo a lei, o que não é recomendável, quer dizer, o que se
escreve como administração indireta é que vai dar esse sentido.
O Sr. Ministro Sepúlveda Pertence (Relator): O que entendemos, quando declara-
mos inconstitucional a lei que tentava converter todos esses conselhos em entidades de
Direito Privado, foi que exerciam eles uma função estatal típica, que pode chegar à
proibição do exercício de uma profissão liberal a um determinado cidadão. E, se é
função estatal e queremos classificá-la, não pode ser outra coisa que não seja administra-
ção, porque certamente não é nem jurisdição, nem legislação.
O Sr. Ministro Carlos Britto: Sr. Presidente, peço vênia ao eminente Relator para
resolver a questão de ordem, assentando a incompetência judicante desta Corte.
O Sr. Ministro Sepúlveda Pertence (Relator): E de quem será a competência?
O Sr. Ministro Carlos Britto: No caso, do Tribunal estadual.
VOTO
O Sr. Ministro Cezar Peluso: Sr. Presidente, não vejo, aí, no caso, sobretudo diante
do caráter especialíssimo dessa pessoa jurídica que é a Ordem dos Advogados, conflito
federativo típico como objeto do art. 102, f.
1038 R.T.J. — 198
EXTRATO DA ATA
MS 25.624-QO/SP — Relator: Ministro Sepúlveda Pertence. Impetrante: Ordem
dos Advogados do Brasil – Secção de São Paulo (Advogado: Roberto Ferreira Rosas).
Impetrado: Órgão Especial do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. Litisconsortes
Passivos: Spencer Almeida Ferreira, Alcedo Ferreira Mendes e Martha Ochsenhofer.
Decisão: O Tribunal, por maioria, decidiu a questão de ordem, assentando a com-
petência do Supremo Tribunal Federal para o julgamento do mandado de segurança, nos
termos do voto do Relator, vencidos os Ministros Marco Aurélio, Carlos Britto e Cezar
Peluso, que assentavam a competência do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo.
Votou o Presidente, Ministro Nelson Jobim. Ausente, justificadamente, o Ministro
Carlos Velloso.
Presidência do Ministro Nelson Jobim. Presentes à sessão os Ministros Sepúlveda
Pertence, Celso de Mello, Marco Aurélio, Ellen Gracie, Gilmar Mendes, Cezar Peluso,
Carlos Britto, Joaquim Barbosa e Eros Grau. Ausente, justificadamente, o Ministro
Carlos Velloso. Procurador-Geral da República, Dr. Antonio Fernando Barros e Silva de
Souza.
Brasília, 3 de novembro de 2005 — Luiz Tomimatsu, Secretário.
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros do Supremo Tribu-
nal Federal, em Sessão Plenária, sob a Presidência da Ministra Ellen Gracie, na conformi-
dade da ata do julgamento e das notas taquigráficas, por unanimidade, negar provimen-
to ao agravo regimental, nos termos do voto do Relator. Ausente, justificadamente, o
Ministro Celso de Mello.
Brasília, 3 de agosto de 2006 — Ricardo Lewandowski, Relator.
RELATÓRIO
O Sr. Ministro Ricardo Lewandowski: Trata-se de agravo regimental interposto
contra decisão, por mim proferida, do seguinte teor (fl. 51):
“Trata-se de mandado de segurança, com pedido de medida liminar, impetrado
‘para determinar que o Presidente da República aplique, imediata e plenamente, os
recursos já arrecadados com a cobrança pelo uso dos recursos hídricos’ (fl. 11), nos
termos da Lei n. 9.433/97.
Reconheço, desde logo, a competência do Supremo Tribunal Federal para
processar e julgar mandado de segurança impetrado em face do Presidente da
República (CF, art. 102, I, d).
O impetrante pretende ver declarada a ‘inconstitucionalidade da cobrança
pelo uso de recursos hídricos, vez que não estão sendo aplicados conforme exige a
Lei’ (fl. 12).
A presente impetração encontra óbice na Súmula 266/STF, que impede a
apreciação de mandado de segurança contra lei em tese, bem assim em assentada
jurisprudência desta Corte (MS 25.829-MC/DF, Rel. Min. Celso de Mello; MS
25.703/DF, Rel. Min. Marco Aurélio; MS 25.836/DF, Rel. Min. Eros Grau, v.g.),
que tem reafirmado a inviabilidade da utilização do writ mandamental como ins-
trumento de controle concentrado.
Sendo assim, não conheço desta ação mandamental, restando prejudicada,
em conseqüência, a apreciação do pedido de medida liminar.
Arquivem-se os presentes autos.”
Irresignado, recorre o impetrante (fls. 65-69), por entender que não se trata de
mandado de segurança contra lei em tese, já que, segundo sustenta, a Lei n. 9.433/97
versa sobre “arrecadação de recursos (ato concreto) pelo uso de recursos hídricos (ato
concreto) para aplicação na bacia hidrográfica em que os mesmos foram gerados (ato
concreto)” (fl. 68).
É o relatório.
VOTO
O Sr. Ministro Ricardo Lewandowski (Relator): Bem examinada a questão, e sem
embargo dos argumentos expendidos pelo agravante, verifica-se que não há qualquer
reparo a ser feito na decisão recorrida.
1040 R.T.J. — 198
EXTRATO DA ATA
MS 25.893-AgR/DF — Relator: Ministro Ricardo Lewandowski. Agravante: Luís
Carlos Crema (Advogado: Luís Carlos Crema). Agravado: Presidente da República (Ad-
vogado: Advogado-Geral da União).
Decisão: O Tribunal, por unanimidade, negou provimento ao agravo regimental,
nos termos do voto do Relator. Ausente, justificadamente, o Ministro Celso de Mello.
Presidiu o julgamento a Ministra Ellen Gracie.
Presidência da Ministra Ellen Gracie. Presentes à sessão os Ministros Sepúlveda
Pertence, Marco Aurélio, Gilmar Mendes, Cezar Peluso, Carlos Britto, Joaquim Barbosa,
Eros Grau, Ricardo Lewandowski e Cármen Lúcia. Procurador-Geral da República, Dr.
Antonio Fernando Barros e Silva de Souza.
Brasília, 3 de agosto de 2006 — Luiz Tomimatsu, Secretário.
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros do Supremo Tribu-
nal Federal, em Segunda Turma, sob a presidência do Ministro Gilmar Mendes (RISTF,
art. 37, II), na conformidade da ata do julgamento e das notas taquigráficas, por unanimi-
dade de votos, deferir o pedido de habeas corpus, nos termos do voto do Relator.
Brasília, 28 de março de 2006 — Gilmar Mendes, Relator.
RELATÓRIO
O Sr. Ministro Gilmar Mendes Relator: O parecer da lavra da Subprocuradora-
Geral da República Delza Curvello Rocha bem descreve a situação posta no presente
habeas corpus (fls. 233-248):
“Trata-se de habeas corpus impetrado pelos advogados Marcelo Luiz Ávila
de Bessa e Bruno Rodrigues em favor do engenheiro Sérgio Augusto Naya, que
atualmente se encontra preso na carceragem do ‘Ponto Zero’, no Rio de Janeiro, em
face da denegação do Habeas Corpus n. 34.949, pela 5ª Turma do Superior Tribunal
de Justiça, cujo acórdão, ainda não publicado à data da impetração, foi juntado por
cópia às fls. 36/47.
2. Consta dos autos que o paciente foi denunciado perante a 34ª Vara Criminal
da Comarca do Rio de Janeiro pela prática dos crimes dos artigos 297 e 304 do
Código Penal (falsificação e uso de documento falso), após ter sido encontrada,
nos autos de processo cível em trâmite perante a 4ª Vara Empresarial da Capital,
uma escritura falsa de imóvel, escritura essa que teria o escopo de possibilitar fosse
levantada a indisponibi1idade de imóvel vinculado à garantia do pagamento de
indenização das vítimas do desabamento do edifício Palace II (denúncia — fls.
114/115).
3. Inicialmente, a denúncia não foi recebida, nem deferido o pedido de prisão
preventiva que a acompanhou, tendo a magistrada que despachou o feito argu-
mentado que a denúncia encontrava-se instruída apenas com cópias parciais de
documentos, tinha origem em manchetes de jornais, não fora precedida da oitiva
de qualquer testemunha, e que a decisão judicial não poderia se lastrear em prova
produzida unilateralmente por parte no processo.
4. O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, inconformado, inter-
pôs recurso em sentido estrito alegando que a principal prova de que a escritura era
falsa, era a informação do 3º Ofício de Notas de Vitória da Conquista no sentido de
que a escritura mencionada não teria sido lavrada naquele cartório, por isso have-
ria justa causa para a ação. Ademais, entendia o representante do parquet que a
prisão preventiva era recomendada para a preservação da ordem pública, conside-
rando que o denunciado, sem escrúpulos, teria tentado desbloquear bem objeto de
garantia no processo cível de indenização. Diante da profunda repulsa no meio
1042 R.T.J. — 198
social, causada pelos fatos, seria preciso garantir a credibilidade na Justiça, que se
inclui no âmbito da ordem pública (recurso em sentido estrito — fls. 140/154).
5. Ocorre que a publicação da intimação do réu para apresentar as contra-
razões do recurso do Ministério Público ocorreu em nome do advogado Jorge Luiz
de Azevedo, que o representava no processo cível de onde fora extraída a escritura
considerada falsa. Intimado, o referido advogado peticionou informando que se-
quer havia sido constituído pelo réu para aquele processo criminal e que apenas
encontrava-se constituído para atuar no processo cível, requerendo, portanto, que
o seu nome fosse riscado da capa e intimado o réu, pessoalmente, na forma da lei
(fls. 139).
6. Não obstante tal fato, encaminhados os autos ao juiz, apreciou aquela
autoridade judiciária o recurso em sentido estrito, superando esse incidente, argu-
mentando que não era de se acreditar que aquele advogado não tivesse informado
a seu cliente do recurso, recurso esse, inclusive, noticiado amplamente pela im-
prensa. Além disso, entendeu o magistrado que a denúncia poderia ter sido ofere-
cida independentemente de inquérito penal e que existiam indícios de autoria,
tudo autorizando a atuação do Ministério Público, motivo pelo qual recebeu a
denúncia. Foi além. A maneira como o réu vinha agindo para não pagar as indeni-
zações das vítimas do desabamento do Palace II, no processo cível, impunha a sua
custódia para assegurar a instrução do processo penal, já que a mesma estratégia
poderia ser usada em sede penal, razão pela qual decretou a sua prisão preventiva
(decisão — fls. 135/138).
7. Em face dessas decisões, houve interposição do Habeas Corpus n. 1226,
distribuído à 5ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro.
A liminar requerida foi denegada, o que motivou a interposição [impetração] do
Habeas Corpus n. 34.415, perante o Superior Tribunal de Justiça, que acabou
sendo julgado prejudicado ante a breve superveniência de decisão de mérito do
Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro naquele primeiro Habeas Corpus
(n. 1226). Em síntese, as questões decididas pelo Tribunal de Justiça estadual
foram as seguintes: dispensabilidade de inquérito para o oferecimento da denún-
cia; inocorrência de cerceamento de defesa quanto à intimação do advogado do
processo cível para oferecer, no processo penal as contra-razões ao recurso em
sentido estrito; inexistência de constrangimento a ser sanado; e necessidade de
custódia cautelar do réu (HC 1226 — acórdão — fls. 194/197).
8. Com o julgamento de mérito daquele habeas corpus, foi interposto o
Habeas Corpus n. 34.949/RJ, perante o Superior Tribunal de Justiça, que denegou
a ordem em acórdão vazado nos seguintes fundamentos (acórdão — fls. 36/47).
8.1. o inquérito policial é dispensável ao oferecimento da denúncia,
existindo fase própria no processo para a dilação probatória;
8.2. a denúncia descreve a conduta com todos os seus elementos e o
contraditório e a ampla defesa foram garantidos ao réu;
8.3. a imputação, simultânea, das condutas de falsificação e do uso de
documento falso (arts. 297 e 304 do CP) não macula a denúncia, sendo a
segunda mero exaurimento da primeira, e fato impunível;
R.T.J. — 198 1043
siderá-la válida pelo fato de ter sido o recurso noticiado pela imprensa visto
que a notícia jornalística não se encontra incluída entre as formas legais de
intimação.’ (Fl. 242)
Entendo que essas razões justificam a concessão da liminar requerida. É
nesse sentido também a Súmula 707 desta Corte (‘Constitui nulidade a falta de
intimação do denunciado para oferecer contra-razões ao recurso interposto da re-
jeição da denúncia, não a suprindo a nomeação de defensor dativo.’)
Nesses termos, defiro a liminar para determinar a sustação da Ação Penal n.
2004.001.016253-3 até o julgamento do presente habeas corpus.
Comunique-se com urgência ao Juízo da Trigésima Quarta Vara Criminal da
Comarca do Rio de Janeiro.” (Fls. 270-273)
É o relatório.
VOTO
O Sr. Ministro Gilmar Mendes (Relator): Como se depreende do relatório, o presente
habeas corpus apresenta os seguintes argumentos: i) a ausência de inquérito policial
tornaria o processo nulo; e ii) a falta de intimação válida do paciente para contra-arrazoar
o recurso em sentido estrito constituiria nulidade.
I) Nulidade processual decorrente da não-realização de inquérito policial
Quanto à alegação de nulidade processual em razão da não-realização de inquérito
policial (item i), o parecer ministerial bem elucida a questão (fls. 239-240), nos seguintes
termos:
“14. A primeira alegação, de que a ausência do inquérito policial, preceden-
do a denúncia, causaria a nulidade do processo, não se sustenta. O próprio Código
de Processo Penal elenca hipóteses em que pode ocorrer a dispensabilidade do
inquérito (ex. vi. arts. 39, § 5º, e 46, § 1º). Sob esse aspecto, portanto, não se pode
alegar violação ao princípio do devido processo legal (artigo 5o, inciso LIV, da
Constituição Federal).
15. Quanto aos elementos necessários para que o inquérito fosse dispensado,
é necessário lembrar que a denúncia foi oferecida diante da informação do
Tabelionato de Notas do 3º Ofício da Comarca de Vitória da Conquista no sentido
de que a escritura apresentada no processo cível, visando liberar o imóvel da
indisponibilidade, não fora lavrada ou registrada naquela repartição, o que, por si
só, indica a sua falsidade.
16. Ademais, a afirmação de que o delito de falsificação da escritura teria
ocorrido em ‘data e local’ não conhecidos não implica em nulidade da peça
acusatória, uma vez que se trata de um crime que deixa vestígios, sendo certo que,
durante a instrução do processo, será possível realizar perícia nas assinaturas cons-
tantes do documento, além do que, não se deve esquecer que o nome do próprio
paciente consta da escritura, na qualidade de vendedor do imóvel, e, em tese, foi
ele próprio quem, representado por advogado, fez juntar aquela escritura no pro-
cesso cível a que respondia (e ainda responde).
R.T.J. — 198 1049
decisão que não recebe a denúncia; ademais, o próprio rito procedimental adotado
pelo Código de Processo Penal, impõe seja aberto para o réu o prazo para apresen-
tar as contra-razões, e, somente após, ‘com ou sem a resposta’ (e só há resposta de
algo que foi objeto de intimação) é que o juiz pode exercer o seu juízo de retrata-
ção. Assim, não poderia o Juízo retratar-se sem que fosse oferecida a oportunidade
prévia de resposta ao denunciado, refletindo, esse procedimento, o princípio cons-
titucional do contraditório.” (Fls. 241-243)
Entendo que essas razões justificam a concessão da ordem nessa parte. É nesse
sentido também a Súmula 707 desta Corte (“Constitui nulidade a falta de intimação do
denunciado para oferecer contra-razões ao recurso interposto da rejeição da denúncia,
não a suprindo a nomeação de defensor dativo.”)
Ademais, conforme se observa, essa questão não pode ser desvinculada da confor-
mação constitucional do direito de defesa.
Nesse particular, permito-me reiterar os fundamentos constantes do voto que pro-
feri no MS n. 24.268/MG (DJ de 17-9-2004):
“(...) as dúvidas porventura existentes na doutrina e na jurisprudência sobre a
dimensão do direito de defesa foram afastadas de plano, sendo inequívoco que
essa garantia contempla, no seu âmbito de proteção, todos os processos judiciais
ou administrativos.
Assinale-se, por outro lado, que há muito vem a doutrina constitucional
enfatizando que o direito de defesa não se resume a um simples direito de manifes-
tação no processo. Efetivamente, o que o constituinte pretende assegurar — como
bem anota Pontes de Miranda — é uma pretensão à tutela jurídica (Comentários
à Constituição de 1967/69, tomo V, p. 234).
Não é outra a avaliação do tema no direito constitucional comparado. Apre-
ciando o chamado ‘Anspruch auf rechtliches Gehör’ (pretensão à tutela jurídica)
no direito alemão, assinala o Bundesverfassungsgericht que essa pretensão envol-
ve não só o direito de manifestação e o direito de informação sobre o objeto do
processo, mas também o direito de ver os seus argumentos contemplados pelo
órgão incumbido de julgar (cf. decisão da Corte Constitucional alemã — BVerfGE
70, 288-293; sobre o assunto; ver, também, Pieroth e Schlink, Grundrechte —
Staatsrecht II, Heidelberg, 1988. p. 281; Battis, Ulrich, Gusy, Christoph,
Einführung in das Staatsrecht. 3. ed., Heidelberg, 1991. pp. 363-364).
Conforme se afirma, correntemente, a pretensão à tutela jurídica, que
corresponde exatamente à garantia consagrada no art. 5º, LV, da Constituição,
contém os seguintes direitos:
1) direito de informação (Recht auf Information), que obriga o órgão
julgador a informar à parte contrária dos atos praticados no processo e sobre
os elementos dele constantes;
2) direito de manifestação (Recht auf Äusserung), que assegura ao
defendente a possibilidade de manifestar-se oralmente ou por escrito sobre
os elementos fáticos e jurídicos constantes do processo;
1052 R.T.J. — 198
EXTRATO DA ATA
HC 84.392/RJ — Relator: Ministro Gilmar Mendes. Paciente: Sérgio Augusto
Naya. Impetrante: Bruno Rodrigues. Coator: Superior Tribunal de Justiça.
Decisão: A Turma, por decisão unânime, deferiu o pedido de habeas corpus, nos
termos do voto do Relator. Falou, pelo paciente, o Dr. Bruno Rodrigues. Não participou
deste julgamento a Ministra Ellen Gracie. Ausente, justificadamente, neste julgamento,
o Ministro Celso de Mello. Presidiu este julgamento o Ministro Gilmar Mendes.
Presidência da Ministra Ellen Gracie. Presentes à sessão os Ministros Gilmar Men-
des, Joaquim Barbosa e Eros Grau. Ausente, justificadamente, o Ministro Celso de
Mello. Subprocurador-Geral da República, Dr. Wagner Gonçalves.
Brasília, 28 de março de 2006 — Carlos Alberto Cantanhede, Coordenador.
R.T.J. — 198 1053
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros do Supremo Tribu-
nal Federal, em Primeira Turma, sob a presidência do Ministro Sepúlveda Pertence, na
conformidade da ata do julgamento e das notas taquigráficas, por unanimidade, indefe-
rir o pedido de habeas corpus.
Brasília, 22 de fevereiro de 2005 — Marco Aurélio, Relator.
RELATÓRIO
O Sr. Ministro Marco Aurélio: Com a inicial de folhas 2 a 17, sustenta-se que o
Presidente da República, ao editar o Decreto n. 4.904, de 1º de dezembro de 2003, e
impor condição relativamente ao indulto — manter bom comportamento e não ser
indiciado ou processado por crime doloso, excetuadas as infrações penais de menor
potencial ofensivo, por vinte e quatro meses —, acabou por legislar em campo reservado
à União, ou seja, em direito processual penal. São tecidas considerações a respeito, à luz
do princípio da legalidade, remetendo-se a artigo de autoria do Ministro do Superior
Tribunal Militar Carlos Alberto Marques Soares. Requer-se seja concedida a ordem e
declarada a extinção da punibilidade do crime praticado por Júnior César da Silva — o
crime de deserção, artigo 187 do Código Penal Militar. À inicial juntaram-se as peças de
folhas 19 a 57.
As informações do Superior Tribunal Militar, de folhas 66 e 67, consignam fatos
ligados à espécie, havendo sido encaminhado o acórdão tido como a revelar o ato de
constrangimento. Proclamou aquela Corte que, no caso, descabe cogitar de inconstituciona-
lidade, porquanto o indulto faz-se ao mundo jurídico com base nos princípios da conve-
niência e da oportunidade, não estando o Presidente da República impossibilitado de
impor balizas para a adequada implementação da medida.
A Procuradoria-Geral da República emitiu o parecer, de folhas 80 a 83, pelo
indeferimento da ordem.
Lancei visto no processo em 9 de fevereiro de 2005, designando como data de
julgamento a de hoje, 22 imediato, isso objetivando a ciência do impetrante.
É o relatório.
1054 R.T.J. — 198
VOTO
O Sr. Ministro Marco Aurélio (Relator): Observe-se a natureza, em si, do indulto.
É ato do Presidente da República — praticado a partir do disposto no inciso XII do artigo
84 da Constituição Federal — que se situa no grande âmbito da política criminal. Surge
a discricionariedade.
Pois bem, no caso, jungiu-se o aperfeiçoamento do indulto ao comportamento do
beneficiário, afastando-se a medida no caso de desvio de conduta, especialmente quando
a alcançar a instauração de processo por crime doloso. Teve-se o cuidado de aludir à
necessidade de julgamento definitivo do processo. Ora, em momento algum, versou-se
sobre matéria processual. Tomou-se de empréstimo certo fato para obstaculizar o bene-
fício, sem a óptica de, em contrariedade à Carta da República, presumir-se a culpa do
cidadão. A jurisprudência do Tribunal admite o estabelecimento de condições para a
implementação do indulto, desde que não se extravase o que previsto na Lei Máxima.
Confira-se com o que decidido nos Habeas Corpus n. 71.400-5 e 77.676-9, relatados
pelo Ministro Ilmar Galvão. Também a doutrina admite a submissão do indulto a condi-
ção, valendo notar que a estipulada, dado o próprio objetivo do fenômeno, situa-se no
campo da razoabilidade. Indefiro a ordem.
EXTRATO DA ATA
HC 84.829/PR — Relator: Ministro Marco Aurélio. Paciente: Júnior César da
Silva. Impetrante: Defensoria Pública da União. Coator: Superior Tribunal Militar.
Decisão: A Turma indeferiu o pedido de habeas corpus. Unânime.
Presidência do Ministro Sepúlveda Pertence. Presentes à sessão os Ministros Marco
Aurélio, Cezar Peluso, Carlos Britto e Eros Grau. Subprocuradora-Geral da República,
Dra. Maria Caetana Cintra Santos.
Brasília, 22 de fevereiro de 2005 — Ricardo Dias Duarte, Coordenador.
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros do Supremo Tribu-
nal Federal, em Segunda Turma, sob a presidência do Ministro Carlos Velloso, na con-
formidade da ata do julgamento e das notas taquigráficas, por unanimidade de votos,
deferir, em parte, o pedido, nos termos do voto do Relator.
Brasília, 7 de junho de 2005 — Joaquim Barbosa, Relator.
RELATÓRIO
O Sr. Ministro Joaquim Barbosa: Trata-se de recurso ordinário em habeas corpus
interposto por Marcelo Soares de Medeiros em face de acórdão do Superior Tribunal de
Justiça cuja ementa tem o seguinte teor (fl. 404):
“Processual penal. Habeas corpus. Art. 14 da Lei 6.368/76 e art. 180 do
Código Penal. Paciente condenado quanto ao delito do art. 14 da Lei de tóxicos
(mesmos fatos) nas Justiças Estadual e Federal. Bis in idem. Exclusão do delito
da r. sentença penal condenatória proferida na Justiça Federal. Pena-base fixa-
da acima do mínimo. Fundamentação.
I - Se o Superior Tribunal de Justiça, quando do julgamento do RHC 7024/RJ
reconheceu a impossibilidade de extinção da ação penal instaurada em favor do
paciente e de seus co-réus, perante a Justiça Federal, por ser essa a competente para
julgar o crime de receptação de armas contrabandeadas, e cuja competência se
prorroga aos crimes que lhe sejam conexos, não há que se falar em exclusão de sua
condenação na Justiça Federal referente ao delito insculpido do art. 14, da Lei n.
6.368/76.
II - A fixação das penas-base pouco acima do mínimo legal está devidamente
fundamentada em face da existência de circunstâncias judiciais desfavoráveis ao
paciente, nos termos do art. 59 do CP. (Precedentes).
Writ denegado.”
1056 R.T.J. — 198
O recorrente, junto com outros réus, foi condenado pela 25ª Vara Federal da Seção
Judiciária do Rio de Janeiro (absorvida pela 3ª Vara Federal) como incurso no art. 14 da Lei
6.368/1976 e no art. 180 do Código Penal. Quanto ao primeiro delito, a pena foi estipulada
em quatro anos de reclusão, em regime fechado, e vinte dias-multa; quanto ao segundo, a
pena foi definida em um ano e seis meses de reclusão, em regime semi-aberto, e quinze
dias-multa. Tal decisão (Ação Penal 95.0033871-8) data de 28 de maio de 1997.
Contudo, o recorrente já havia sido condenado a quatro anos de reclusão pelos
mesmos fatos, como incurso no art. 14 da Lei 6.368/1976, em julgamento da 3ª Vara
Criminal da Comarca do Rio de Janeiro datado de 19 de janeiro de 1996.
A defesa do recorrente interpôs, então, recurso de apelação, buscando o reconheci-
mento do bis in idem. Tal recurso foi julgado deserto, em virtude da evasão do recorrente.
No entanto, os demais co-réus tiveram os recursos parcialmente providos, tendo sido
excluída a condenação no âmbito federal pelo delito do art. 14 da Lei 6.368/1976. O
Tribunal Regional Federal da 2ª Região reconhecera a ocorrência de bis in idem, uma
vez que os acusados já haviam sido condenados pela prática do crime de associação para
o tráfico em sentença anterior da Justiça Estadual.
Transcrevo, a seguir, trecho do voto do desembargador relator da apelação inter-
posta (fls. 118-124):
“Recebida a denúncia pelo MM. Juízo da 25ª Vara Federal, após o regular
processamento do feito, foi proferida sentença condenatória (fls. 674/689), tendo
sido cominadas aos ora apelantes penas privativas de liberdade variáveis entre 5
(cindo) anos de reclusão em regime fechado e 2 (dois) anos e 6 (seis) meses em
regime semi-aberto e 4 (quatro) anos de reclusão em regime fechado e 1 (um) ano e
6 (seis) meses em regime semi-aberto, por incursão nas sanções do art. 14 da Lei n.
6.368/76 e art. 180, caput, do Código Penal, em concurso material.
Todavia, teve prosseguimento o processo instaurado no âmbito da Justiça
Estadual, autuado sob o n. 7.511/95, tendo o Ilustre Magistrado titular da 1ª Vara
Criminal do Fórum Regional da Ilha do Governador sentenciado naqueles autos
condenando os réus como incursos no mesmo art. 14 da Lei n. 6.368/76, exatamente
pelos mesmos fatos em apreciação na esfera federal. Interpostos recursos de ape-
lação por todos os condenados e pelo MP, foram os mesmos julgados pela
Colenda 3ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro
no dia 3/03/98.
Ressalte-se que, configurada a conexão entre os dois delitos, uma vez que as
armas contrabandeadas, ao que tudo indica, destinavam-se a assegurar a supremacia
da quadrilha, a competência para o julgamento do delito de associação, na espécie,
deveria ser da Justiça Federal, a teor da Súmula n. 122 do Superior Tribunal de
Justiça, que assim dispõe: ‘Compete à Justiça Federal o processo e julgamento
unificado dos crimes conexos de competência federal e estadual, não se aplicando
a regra do art. 78, II, a, do Código de Processo Penal.’
Por outro lado, tendo em vista que a decisão proferida pelo Egrégio Tribunal
de Justiça do Estado do Rio de Janeiro transitou em julgado aos 25/6/98, conforme
comprova a certidão de fls. 883, não há que se falar em conflito positivo de jurisdi-
ção, inadmissível quando já formada a coisa julgada (RT 491/292).
R.T.J. — 198 1057
VOTO
O Sr. Ministro Joaquim Barbosa (Relator): Em síntese, pretende o recorrente anular
sua condenação no âmbito federal pelo crime do art. 14 da Lei 6.368/1976, ante a
existência de sentença condenatória anterior no âmbito da Justiça Estadual, pela prática
do mesmo crime. Alega que se trata de nítido bis in idem.
Busca, ainda, a anulação da sentença condenatória federal quanto ao crime do art.
180 do Código Penal, por ausência de motivação quanto à fixação da pena.
Verifico, primeiro, a admissibilidade do recurso.
Consta dos autos que o recurso foi interposto em 12-8-2004 (fl. 407), de acórdão
publicado em 9-8-2004 (fl. 405). O recurso é, portanto, tempestivo, porquanto apresen-
tado dentro do qüinqüídio legal.
Passo ao exame do primeiro pedido.
Compulsando os autos, verifico que o recorrente, acusado pela prática do delito do
art. 14 da Lei 6.368/1976, foi condenado, na Justiça Estadual, em 19 de janeiro de 1996
(fls. 147-175) e, na Justiça Federal, em 28 de maio 1997 (fls. 65-80).
1058 R.T.J. — 198
“Art. 82. Se, não obstante a conexão ou continência, forem instaurados pro-
cessos diferentes, a autoridade de jurisdição prevalente deverá avocar os processos
que corram perante os outros juízes, salvo se já estiverem com sentença definitiva.
Neste caso, a unidade dos processos só se dará, ulteriormente, para o efeito de soma
ou de unificação das penas.” (Grifei)
Ressalto que esse entendimento foi, inclusive, adotado pelo Tribunal Regional
Federal da 2ª Região com relação aos demais co-réus. Pelas mesmas razões, tenho que tal
raciocínio deve ser aplicado ao recorrente, até porque está em total consonância com os
precedentes apontados.
Ademais, o problema relativo a eventual invalidação posterior da sentença profe-
rida pela Justiça Estadual pode ser resolvido com a comunicação da decisão proferida
nos presentes autos ao Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro e ao Juízo da
Primeira Vara Criminal do Fórum Regional da Ilha do Governador.
No tocante ao segundo pedido formulado pelo impetrante, tenho por improcedente
a alegação de ausência de fundamentação da sentença quanto à fixação da pena.
Alega o impetrante que a sentença não fundamentou o aumento da pena-base,
limitando-se a fazer referência ao dolo da ação.
Assim dispôs a referida sentença:
“Com relação ao delito previsto no artigo 180, do Código Penal, estabeleço
a pena-base em 1 (um) ano e 6 (seis) meses de reclusão [...], em razão do dolo da
ação, as quais torno definitivas por inexistirem causas de aumento ou de diminui-
ção.” (Fl. 76 — Grifei)
O uso da expressão “dolo da ação” não pode ser considerado, por si só, falta de
fundamentação, pois a expressão foi devidamente explicitada no âmbito da decisão, à fl.
73. Não se pode, portanto, analisá-la fora do contexto decisório. Senão, vejamos:
“Dessume-se da quantidade de material apreendida a intensidade do dolo do
grupo. Armamentos pesados, de alto potencial lesivo, destinados ao uso em guer-
ras, além de farta munição e até granadas, são indícios de intensa atividade e
muitos lucros da quadrilha.” (Fl. 73)
Do exposto, julgo parcialmente procedente o recurso, somente para anular a senten-
ça condenatória do paciente proferida pela Justiça Federal, no tocante ao crime do art. 14
da Lei 6.368/1976, a fim de que prevaleça a condenação proferida no âmbito estadual,
evitando-se que o recorrente sofra duas condenações pelo mesmo ato criminoso.
Comunique-se o teor desta decisão ao Tribunal de Justiça do Estado do Rio de
Janeiro e ao Juízo da Primeira Vara Criminal do Fórum Regional da Ilha do Governador.
EXTRATO DA ATA
RHC 84.904/RJ — Relator: Ministro Joaquim Barbosa. Recorrente: Marcelo Soares
de Medeiros (Advogada: Karine Faria Braga de Carvalho). Recorrido: Ministério Público
Federal.
1060 R.T.J. — 198
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da Primeira Turma
do Supremo Tribunal Federal, sob a presidência do Ministro Sepúlveda Pertence, na
conformidade da ata do julgamento e das notas taquigráficas, por maioria de votos,
indeferir o pedido de habeas corpus, nos termos do voto do Relator, vencido o Ministro
Marco Aurélio, que o deferia em parte.
Brasília, 5 de abril de 2005 — Carlos Ayres Britto, Relator.
R.T.J. — 198 1061
RELATÓRIO
O Sr. Ministro Carlos Ayres Britto: Cuida-se de habeas corpus, impetrado de deci-
são denegatória, também em habeas corpus, do egrégio Superior Tribunal de Justiça.
Decisão assim ementada:
“Criminal. HC. Execução. Progressão de regime. Falta grave. Reinício
da contagem do lapso temporal para concessão do benefício da progressão.
Manutenção do réu no regime fechado. Legalidade. Ordem denegada.
I. Não se caracteriza como constrangimento ilegal o indeferimento de pro-
gressão do regime prisional de fechado para semi-aberto quando, inequivocamen-
te, demonstrada a prática de falta grave.
II. O cometimento de falta grave interrompe a contagem do prazo exigido
para a concessão do benefício da progressão de regime prisional.
III. Ordem denegada.”
2. No caso, o paciente, condenado a pouco mais de cinqüenta e oito anos de
reclusão pela prática de dezessete delitos (roubos, furtos e dois homicídios), postula seja
determinada ao Juízo da execução a abertura “de incidente para apurar o preenchimen-
to dos requisitos subjetivos que autorizam a progressão para regime menos rigoroso”.
Já estaria preenchido o requisito objetivo, consistente no cumprimento de 1/6 da
reprimenda. É que, para o impetrante, após o “cometimento de falta grave, o sentenciado
fica obrigado a demonstrar que tem mérito para obter a progressão de regime
prisional, não sendo exigida nova contagem de 1/6 da pena”; ou seja, a tese da
impetração é a de que o cometimento de falta grave (fuga, no caso) não ensejaria a
recontagem do prazo de 1/6, exigido para fins de progressão em regime prisional.
3. Por esse modo de ver as coisas, já estaria atendido o requisito objetivo necessá-
rio à progressão, faltando, apenas, a aferição dos pressupostos subjetivos (LEP, art. 112),
a ser feita pelo juízo da execução, em cumprimento a ordem emanada desta Suprema
Corte, por efeito do julgamento desta ação. Daí o presente writ, uma vez que a progres-
são no regime foi sucessivamente negada ao paciente, que, tendo empreendido sua
última fuga em 12-5-1999 e sendo recapturado apenas em 24-4-2000, não teria cumpri-
do, a partir desta última data, 1/6 do restante da reprimenda.
4. Prossigo neste relato para informar que indeferi o pedido de medida liminar, por
entender ausentes os seus pressupostos autorizadores, ao que se seguiu manifestação do
Ministério Público Federal, que, em peça subscrita pela ilustre Subprocuradora-Geral
Dra. Delza Curvello Rocha, opinou “pelo conhecimento parcial da presente ordem de
habeas corpus e, na parte em que conhecida, pela sua denegação”.
5. No entender da ilustrada Subprocuradora, “o exame dos requisitos subjetivos
para autorização da progressão para regime menos rigoroso é matéria incabível na via
eleita, pelo que não deve ser conhecida a impetração quanto ao mencionado pleito. Já
no que concerne ao pedido de afastamento da exigência do cumprimento de 1/6 da
pena após a prática do cometimento de falta grave, a jurisprudência dessa Colenda
Corte de Justiça é farta (...)” em sentido contrário.
É o relatório.
1062 R.T.J. — 198
VOTO
O Sr. Ministro Carlos Ayres Britto (Relator): Consoante relatado, a tese da presente
impetração consiste em saber se o cometimento de falta grave (fuga) impõe o reinício do
lapso temporal de 1/6 da pena, exigido para efeito de progressão de regime penitenciário.
7. Os dispositivos da Lei de Execuções Penais relativos ao tema são os seguintes:
“Art. 112. A pena privativa de liberdade será executada em forma progres-
siva, com a transferência para regime menos rigoroso, a ser determinada pelo juiz,
quando o preso tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior
e ostentar bom comportamento carcerário, comprovado pelo diretor do esta-
belecimento, respeitadas as normas que vedam a progressão.
Art. 118. A execução da pena privativa de liberdade ficará sujeita à forma
regressiva, com a transferência para qualquer dos regimes mais rigorosos, quando
o condenado:
I - praticar fato definido como crime doloso ou falta grave;
II - sofrer condenação, por crime anterior, cuja pena, somada ao restante da
pena em execução, torne incabível o regime (...)”.
8. Pois bem, da leitura dos referidos textos legais extraem-se algumas ilações: a
primeira está em que o regime de cumprimento da pena é, em regra, progressivo, exigin-
do-se, para tanto, o cumprimento de no mínimo 1/6 do total da pena (requisito objetivo)
e a presença de elementos meritórios que recomendem a progressão do sentenciado
(requisitos subjetivos, a serem aferidos pelo exame criminológico – LEP, arts. 6º a 9º e
112); a segunda é a de que o regime de cumprimento pode se dar de forma regressiva, se,
dentre outras hipóteses, sobrevier a prática de crime doloso ou de falta grave.
9. Daqui se conclui que determinado sentenciado, cumprindo pena em regime
semi-aberto, pode vir a ser reconduzido para o regime fechado, se ocorrer falta grave.
Nessa hipótese, pergunta-se: e quando este mesmo sentenciado voltará a se beneficiar
com o regime semi-aberto? A resposta se me afigura clara, uma vez que decorrente da
própria literalidade do art. 112 da LEP: fará jus à progressão, se e quando “tiver cumprido
ao menos um sexto da pena no regime anterior e seu mérito indicar a progressão”.
10. O período de 1/6, portanto, deverá ser calculado com apoio no restante da pena a
ser cumprida, adotando-se como termo inicial de contagem a data em que o sentenciado
retornou ao regime fechado.
11. Da mesma forma ocorre com os sentenciados que já estão a cumprir suas penas
no regime fechado, que é a situação do paciente. Aqui, não há que se falar em regressão
no regime, porque não existe em nosso sistema regime mais severo que o fechado. O
condenado deverá, então, prosseguir no cumprimento da pena sob o mesmo regime em
que já se encontra.
12. Diga-se, porém, que o prazo de 1/6 exigido para a obtenção do benefício da
progressão, deverá ser reiniciado, adotando-se por paradigma o quantum remanescente
da pena. Assim, por hipótese, se determinado condenado a 10 anos de reclusão vier a
fugir após cumprir 4 anos da reprimenda, ter-se-á que poderá (presentes os requisitos
subjetivos) progredir no regime, quando vier a cumprir 1 ano de prisão, contado da data
de sua recaptura (1/6 de 6 anos, que é a pena residual).
R.T.J. — 198 1063
13. Não fosse assim, qualquer condenado que empreendesse fuga após cumprir 1/6
da pena poderia automaticamente pleitear sua transferência para o regime semi-aberto,
invocando bom comportamento, o que nulificaria o próprio objetivo da lei, que previu
sanções a incidir sobre a prática de faltas graves com o objetivo de mais severamente
coibi-las.
14. Em palavras outras, o acolhimento da pretensão do impetrante implicaria tornar
despidas de sanção as hipóteses de faltas graves praticadas por sentenciados que já
estivessem cumprindo a pena em regime fechado, de modo que não seria possível a
regressão no regime (sabido que o fechado já é o mais severo) nem seria reiniciada a
contagem do prazo de 1/6 — conduzindo ao absurdo de o condenado, imediatamente
após sua recaptura, tornar a pleitear a progressão prisional com apoio em um suposto
“bom comportamento”.
15. Vale insistir na afirmação de que este é exatamente o caso dos autos. O paciente,
condenado a mais de cinqüenta e oito anos de reclusão, fugiu do estabelecimento
prisional por duas vezes. Na primeira delas, permaneceu evadido por quase dois anos,
tendo voltado a delinqüir nesse período (fl. 32). A outra fuga ocorreu em 12-5-1999, sendo
reenclausurado em 24-4-2000. Dois anos depois, em julho de 2002, já estava a pleitear a
progressão, tendo renovado este pleito cinco meses depois, em 26-12-2002 (fls. 45/46),
quando ainda restavam aproximadamente 50 anos de reclusão a ser cumpridos (fl. 32).
16. É de se exigir, por consequência, que a fuga do preso determine o reinício da
contagem do prazo de 1/6. Até porque é a partir da captura do sentenciado foragido que
se inicia um novo prazo de readaptação, de observação mesmo, quanto ao comporta-
mento do condenado a partir de sua reinserção no sistema prisional.
17. De se consignar, no ponto, que não é outro o entendimento desta Casa Maior da
Justiça brasileira, como se vê dos HCs 82.291, Rel. Min. Nelson Jobim, e 74.249, Rel.
Min. Néri da Silveira. Mais: realço, por sua importância, o recente julgamento do HC
85.049, Rel. Min. Joaquim Barbosa, assim noticiado pelo Informativo desta Suprema
Corte (Informativo/STF n. 378):
“A prática de falta grave interrompe a contagem do prazo exigido para a
concessão do benefício da progressão de regime prisional. Com base nesse entendi-
mento, a Turma indeferiu habeas corpus em que se sustentava a possibilidade da
utilização do prazo de 1/6 da pena cumprida pela paciente antes de sua fuga do
estabelecimento prisional, para fins de nova progressão, quando de sua captura.
Entendeu-se que, havendo regressão de regime nos termos do art. 118 do LEP (...), a
paciente deverá cumprir 1/6 da pena, além de obedecer aos requisitos subjetivos para
a obtenção de novo benefício (LEP, art. 112). Asseverou-se, ainda, que seria inócua
a regressão para o regime fechado após a fuga da condenada se, imediatamente
depois de sua recaptura, ela pudesse pleitear novamente a progressão para o regime
semi-aberto, sob o fundamento de que ostenta bom comportamento.”
18. Uma última observação: mesmo que se afaste a exigência do reinício do prazo
de 1/6, ainda assim não seria possível, desde já, transferir o paciente para o regime semi-
aberto. É que o juízo da execução não só acentuou o não-atendimento do requisito
objetivo, como também pontuou não estarem preenchidos os requisitos subjetivos para
a obtenção do benefício, in verbis:
1064 R.T.J. — 198
VOTO
O Sr. Ministro Eros Grau: Sr. Presidente, acompanho o voto do Ministro Relator
fazendo referência ao Habeas Corpus n. 84.627, julgado em setembro do ano passado.
VOTO
O Sr. Ministro Marco Aurélio: Presidente, aqui não se trata de regressão quanto ao
regime de cumprimento da pena, porque ele não estava em um sistema mais benéfico
após haver passado pelo regime fechado. Questionam-se as balizas do cálculo a ser feito,
ante o fato de ele ter cometido falta grave. Realmente cometeu. Ele fugiu — e a fuga é
considerada, na Lei de Execução Penal, como falta grave —, mas foi recapturado. A meu
ver, o condenado simplesmente retorna ao statu quo ante. Então, não se pode desprezar
aquele período anterior de cumprimento de pena, porque se estaria inserindo na ordem
jurídica norma restritiva não contida na lei de execução penal; não se pode deixar de
levar em conta, para efeito de se saber se cumpriu, ou não, um sexto da pena, o período
anterior. Somente há regramento quanto à regressão e, repito, de regressão não se cuida.
O condenado é recapturado e volta ao regime que vinha cumprindo, ou seja, o mais
gravoso, que é o fechado.
Ora, a progressão fica afastada, começa um novo período, tem-se um novo termo
inicial para se chegar à conclusão sobre o cumprimento de um sexto da pena? A meu ver,
não, senão estar-se-á elastecendo norma restritiva de perda do benefício alusivo à pro-
gressão. Uma coisa é dizer-se: se estava no regime semi-aberto e fugiu, volta ao regime
fechado. Aí admito, numa interpretação até visando a beneficiar o condenado, que se
tomará para o cálculo de um sexto o que sobejou da pena, porque ele volta, tem início,
como que por uma ficção jurídica, o regime fechado. Agora, algo diverso é a situação
concreta em que ele estava no fechado, fugiu, foi recuperado e deu-se seqüência ao
cumprimento da pena. Evidentemente, não é dado partir, sem norma restritiva prevendo-a,
para a exclusão do período transcorrido antes da fuga.
R.T.J. — 198 1065
Por isso é que tendo a conceder apenas parcialmente a ordem. Não asseguro a
progressão. Somente afasto o óbice, ou seja, o que se consignou quanto ao desprezo do
período de pena cumprido antes da fuga. Penso que esse período deve ser computado
também, para se saber se ele cumpriu, ou não, o requisito temporal.
VOTO
O Sr. Ministro Sepúlveda Pertence (Presidente): Com reserva de exame mais detido
em outra oportunidade, por ora acompanho o eminente Relator.
EXTRATO DA ATA
HC 85.141/SP — Relator: Ministro Carlos Britto. Paciente: José Mário Alves Fa-
çanha. Impetrante: PGE/SP – Waldir Francisco Honorato Júnior (Assistência Judiciária).
Coator: Superior Tribunal de Justiça.
Decisão: Por maioria de votos, a Turma indeferiu o pedido de habeas corpus, nos
termos do voto do Relator; vencido o Ministro Marco Aurélio, que o deferia em parte.
Presidência do Ministro Sepúlveda Pertence. Presentes à sessão os Ministros Marco
Aurélio, Cezar Peluso, Carlos Britto e Eros Grau. Subprocurador-Geral da República, Dr.
Paulo de Tarso Braz Lucas.
Brasília, 5 de abril de 2005 — Ricardo Dias Duarte, Coordenador.
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros do Supremo Tribu-
nal Federal, em Segunda Turma, sob a Presidência do Ministro Nelson Jobim, na confor-
midade da ata do julgamento e das notas taquigráficas, por maioria de votos, negar
provimento ao agravo regimental, vencidos os Ministros Marco Aurélio, Relator, Joa-
quim Barbosa, Cezar Peluso e Gilmar Mendes.
Brasília, 17 de fevereiro de 2005 — Ellen Gracie, Relatora para o acórdão.
RELATÓRIO
O Sr. Ministro Marco Aurélio: Em 24 de dezembro de 2004, a Ministra Ellen
Gracie, com fundamento no artigo 37, inciso I, do Regimento Interno, negou seguimen-
to ao habeas, fazendo-o nos seguintes termos (folha 45):
1. Trata-se de habeas corpus impetrado em favor de Ivo Noal contra acórdão
do Superior Tribunal de Justiça que, sem prejuízo da condenação do paciente,
anulou a parte do acórdão do Tribunal Regional Federal referente à dosimetria da
pena.
Alega o impetrante que da anulação da pena imposta resulta injustificado o
encarceramento do paciente, ante a evidente ausência de pena a ser cumprida.
Noticia que peticionou ao Tribunal Regional Federal da 3ª Região e ao Superior
Tribunal de Justiça, mas não logrou a obtenção de alvará de soltura, em virtude da
ausência de deliberação expressa do órgão julgador que apreciou o writ, bem
como do desconhecimento dos termos do voto condutor daquele julgado, ainda
não publicado.
2. Inviável a impetração. A decisão proferida pela Quinta Turma do Superior
Tribunal de Justiça mostrou-se expressa quanto à manutenção da condenação im-
posta ao paciente, em consonância com a jurisprudência deste Supremo Tribunal
que já proclamou que vícios na individualização da pena não afetam o juízo
condenatório (HC 82.407, Rel. Min. Carlos Velloso, 2ª Turma, unânime, DJ de 19-
12-2002; HC 80.524, Rel. Min. Ilmar Galvão, 1ª Turma, unânime, DJ de 23-3-
2001). Por essa razão, a concessão do writ foi apenas parcial, do que não decorre
como conseqüência a expedição de alvará de soltura do paciente.
3. Nego seguimento ao habeas corpus, prejudicado o pedido de medida
liminar.
Publique-se.
Sobreveio o agravo de folhas 136 a 140, no qual os impetrantes insistem em que a
decisão proferida pelo Presidente do Superior Tribunal de Justiça está causando cons-
trangimento ilegal ao paciente. Esclarecem, de plano, que a Quinta Turma daquela Corte
concedeu parcialmente a ordem requerida no Habeas Corpus n. 39.061/SP para anular o
acórdão impugnado quanto à dosimetria da pena. Diante disso, postularam, no Tribunal
Regional Federal da 3ª Região, a expedição de alvará de soltura, uma vez que o paciente
permanece preso, sem que haja a fixação de pena. Como a relatora do processo estivesse
em férias e o substituto regimental tivesse determinado que se aguardasse a comunicação
R.T.J. — 198 1067
VOTO
O Sr. Ministro Marco Aurélio (Relator): Na interposição deste agravo, foram
atendidos os pressupostos de recorribilidade que lhe são inerentes. A peça, subscrita
pelos impetrantes do habeas, restou protocolada em 29 de dezembro de 2004, antes da
publicação do ato impugnado, ainda não verificada. Conheço.
Observo a submissão deste processo ao Plenário, tendo em conta a autoria do ato
atacado. A Ministra Ellen Gracie o praticou no exercício da Presidência. É certo que o
fez em substituição ao Relator. Não se pode deixar de levar em conta, todavia, a
organicidade do Judiciário, a circunstância de haver exercido atividade regimental pró-
pria do Presidente. Este também foi o motivo pelo qual deixei de reconsiderar a decisão
proferida, trazendo o agravo à mesa.
Convenci-me da procedência do inconformismo. Em primeiro lugar, o ato im-
pugnado ganhou contornos inerentes à apreciação do pedido formulado no habeas
corpus. Proclamou-se inviável a impetração, consignando-se que a decisão prolatada
pela Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça mostrou-se expressa no tocante à
manutenção da condenação, embora anulado o acórdão do Tribunal Regional Federal
da 3ª Região — já que se trata de crime relativo a tributo federal — quanto à dosimetria
da pena. Em síntese, ocorreu o julgamento da impetração mediante decisão monocrática.
Entendo que somente Colegiado poderia formalizar o ato.
Ainda que afastada essa fundamentação, contudo, tem-se que o processo revela
singularidades. Depreende-se da sentença condenatória que o paciente respondeu ao
1068 R.T.J. — 198
ESCLARECIMENTO
O Sr. Ministro Marco Aurélio (Relator): A situação concreta é esta: a sentença
assegurou a ele o recurso em liberdade. Não houve interposição de recurso pelo Minis-
tério Público. A apelação — ele estava, portanto, sem a custódia do Estado — foi
julgada, glosando-se o acórdão quanto à dosimetria da pena, chegando-se à declaração
de insubsistência parcial desse acórdão, determinando-se o retorno, ou seja, novo julga-
mento para fixação da pena.
Ora, não se restabeleceu a situação jurídica anterior ao acórdão glosado parcial-
mente? A meu ver, sim.
VOTO
A Sra. Ministra Ellen Gracie: Sr. Presidente, como fui a prolatora do despacho de
que ora se agrava, embora já passe algum tempo não tenho a perfeita lembrança dos
fatos. O próprio Relator, todavia, me deu alguns elementos pelos quais recordo que o
STJ, de fato, anulou em parte a decisão do Tribunal Regional Federal e o fez apenas no
que diz respeito à dosimetria da pena. Manteve a condenação, reduzindo minimamente
essa dosimetria.
Portanto, com base em precedentes da Casa, mantive e mantenho, com vênia do
eminente Relator, o entendimento de que persiste, sim, a obrigatoriedade de recolhi-
mento para efeito de apelação e de manutenção no cárcere até que se restabeleça essa
mínima parcela que houve de alteração.
O Ministro Marco Aurélio tem os autos em mãos e pode verificar e nos dar com
exatidão essa redução que houve no STJ.
O Sr. Ministro Marco Aurélio (Relator): Sem dúvida alguma foi o que ocorreu.
Declaração de nulidade parcial do acórdão proferido por força da apelação.
Agora, a premissa de meu voto é que, se não se aperfeiçoou o julgamento da
apelação, como não se aperfeiçoou até aqui — a condenação foi mantida —, temos a
cláusula da sentença, facultando, ao réu, eventual recurso em liberdade até o julgamento
desse recurso, julgamento complementado.
R.T.J. — 198 1069
A Sra. Ministra Ellen Gracie: Isso é deliberação de sentença que não foi alterada.
O Sr. Ministro Marco Aurélio (Relator): A minha dificuldade está aí, ou seja, resta-
beleceu-se o statu quo ante, no que assegurado ao paciente o julgamento da apelação
em liberdade. Se o julgamento ainda não se aperfeiçoou, porque anulado o acórdão
inicialmente proferido, tem-se que a ele assiste o direito de aguardar essa complementa-
ção do pronunciamento do órgão revisor em liberdade, tal como assegurado na sentença,
contra a qual não houve recurso do Ministério Público.
Daí ter dito que o processo revela singularidade.
O Sr. Ministro Nelson Jobim (Presidente): Qual foi a divergência em relação à
dosimetria? O regime era inicialmente fechado?
O Sr. Ministro Marco Aurélio (Relator): Não sei. Vossa Excelência está com o
processo e pode melhor informar ao Colegiado.
Para mim, não é significante o regime, no caso, diante da cláusula da sentença, a
qual permanece produzindo eficácia, ou seja, ele tem o direito — aí há preclusão — a
aguardar o aperfeiçoamento do julgamento do recurso interposto em liberdade.
O Sr. Ministro Cezar Peluso: De qualquer maneira, anulado o capítulo sobre a
pena, não se pode, a priori, dizer que dali resultaria necessidade de prisão em caso de
trânsito em julgado da condenação. É preciso que se apure qual é a pena imposta.
O Sr. Ministro Nelson Jobim (Presidente): A condenação já transitou em julgado. O
que se está discutindo é a dosimetria da pena exclusivamente. Condenado já foi. Esse
assunto já transitou.
O Sr. Ministro Cezar Peluso: Condenado, mas não se sabe a que pena. Esse é o
problema.
O Sr. Ministro Nelson Jobim (Presidente): Mas a tradição foi essa.
O Sr. Ministro Marco Aurélio (Relator): Condenado ele foi pelo Juízo. O título foi
formalizado, assegurando-se o recurso em liberdade. O recurso foi apreciado. Ele poderia,
segundo a óptica de alguns, vir a ser preso, mas logrou a declaração de insubsistência do
acórdão quanto à fixação da pena, devendo o Tribunal Regional Federal complementar,
então, o julgamento da apelação.
Ora, não ficou restabelecida a cláusula no sentido de aguardar em liberdade o
julgamento da apelação?
O Sr. Ministro Cezar Peluso: Sim. Na verdade, determinou-se fosse julgada nova-
mente a apelação no capítulo que foi objeto da anulação pelo Superior Tribunal de
Justiça. Em outras palavras, ao tribunal local resta apreciar, ainda, um capítulo residual
do recurso, que é a fixação da pena.
O Sr. Ministro Nelson Jobim (Presidente): A condenação do Tribunal Regional foi
de cinco anos de reclusão e redução da sanção pecuniária.
Qual foi o teor da decisão do STJ?
O Sr. Ministro Marco Aurélio (Relator): O Superior Tribunal de Justiça sufragou à
nossa jurisprudência, em relação à qual, com a devida vênia, ouso manter entendimento
1070 R.T.J. — 198
pessoal contrário, de que é possível — vejo nessa jurisprudência uma eficácia quanto à
prescrição — declarar-se a insubsistência parcial do acórdão como se não fosse um todo.
O Sr. Ministro Cezar Peluso: Mas essa insubsistência também implica o não-trân-
sito em julgado da decisão.
O Sr. Ministro Marco Aurélio (Relator): Sim, mas, nesse caso, temos essa singula-
ridade. É que, com a declaração de insubsistência parcial do acórdão, não se aperfeiçoou
o julgamento da apelação. Como na sentença a ele se assegurou o julgamento da apela-
ção em liberdade, há de se aguardar.
O Sr. Ministro Cezar Peluso: Enquanto não se complete o julgamento da apelação.
O Sr. Ministro Carlos Britto: A partir de que momento ele foi recolhido à prisão?
O Sr. Ministro Marco Aurélio (Relator): Ele foi recolhido a partir do momento em
que julgada a apelação. Esse julgamento, todavia, foi fulminado parcialmente, ou seja,
retirou-se do mundo jurídico a dosimetria da pena, a fixação da pena.
Aí, não se discute o problema da declaração de nulidade parcial do acórdão, mas se
aquela cláusula da sentença de aguardar o julgamento — e julgamento se entende total —
da apelação em liberdade, do recurso em liberdade, foi, ou não, restabelecida. Para mim,
a cláusula foi escancaradamente restabelecida.
O Sr. Ministro Carlos Britto: Essa cláusula não ficou vencida por efeito do julga-
mento da apelação?
A Sra. Ministra Ellen Gracie: O STJ anulou em parte.
O Sr. Ministro Cezar Peluso: Mas o julgamento da apelação não foi concluído, esse
é o problema.
Anulado foi o capítulo decisório impugnado na apelação quanto à dosimetria da
pena. O tribunal, no julgamento original da apelação, reduziu a pena, mas o Superior
Tribunal de Justiça entendeu que o capítulo do cálculo da pena devia ser revisto, por
força da apelação.
Em outras palavras, o Tribunal tem que concluir o julgamento da apelação, exami-
nando agora o capítulo da dosimetria da pena. Enquanto não o faça, não se cumpre a
condição da sentença; então que possa o réu recorrer em liberdade. O recurso dele ainda
não foi julgado totalmente.
O Sr. Ministro Nelson Jobim (Presidente): Mas, recorrer em liberdade?
O Sr. Ministro Cezar Peluso: Recorrer em liberdade.
O Sr. Ministro Nelson Jobim (Presidente): Isso é habeas. Aqui não há problema de
recurso.
O Sr. Ministro Marco Aurélio (Relator): E recorrer em liberdade não é apenas
interpor o recurso: é aguardar o julgamento do recurso.
O Sr. Ministro Nelson Jobim (Presidente): A orientação da Segunda Turma, à época,
era exatamente, nessas hipóteses em que concedíamos habeas corpus — o Ministro
Marco Aurélio era constantemente vencido — para discutir a dosimetria da pena, a de
manter-se a prisão.
R.T.J. — 198 1071
O Sr. Ministro Marco Aurélio (Relator): Não, Presidente, nunca enfrentamos preci-
samente o caso.
O Sr. Ministro Cezar Peluso: A sentença lhe tinha assegurado o direito de recorrer
em liberdade. Foi o que ele fez: apelou. Enquanto a apelação não for totalmente julgada,
a condição da sentença vige.
O Sr. Ministro Marco Aurélio (Relator): Permita-me só insistir um pouco mais: a
premissa de meu voto — não ousaria sustentar uma tese contrária ao entendimento da
maioria — é única, ou seja, a cláusula assegurou a ele — a cláusula constante da senten-
ça e não impugnada pelo Ministério Público — o julgamento da apelação em liberdade.
Se esse julgamento foi parcialmente anulado, ele não está aperfeiçoado e, aí, prevalece
a cláusula da sentença.
A Sra. Ministra Ellen Gracie: Mas a prisão sobreveio ao julgamento da primeira
apelação.
O Sr. Ministro Nelson Jobim (Presidente): O que ele não determinou foi a prisão,
tendo em vista a decisão do primeiro grau: “Faculto ao réu eventual recurso em liberda-
de”. A interposição do recurso em liberdade, ou seja, agora, a natureza e a decisão do
recurso são problemas do órgão julgador.
O Sr. Ministro Cezar Peluso: Esse é o problema, porque esse recurso ainda não foi
julgado totalmente.
O Sr. Ministro Nelson Jobim (Presidente): A condenação já está estabelecida, o
tempo da condenação não está fixado, ou seja, só o tempo da condenação, mas não havia
prejuízo quanto ao início do cumprimento da pena.
O Sr. Ministro Cezar Peluso: Sim, mas isso é objeto da apelação. É isso que o
Tribunal local tem que examinar.
VOTO
O Sr. Ministro Eros Grau: Sr. Presidente, mais um esclarecimento: a insubsistência
do julgado da primeira apelação é parcial; há uma condenação; falta única e exclusiva-
mente a dosimetria. Esse aspecto me impressiona muito.
Peço vênia ao Ministro Marco Aurélio para acompanhar o voto da Ministra Ellen
Gracie.
VOTO
O Sr. Ministro Joaquim Barbosa: Senhor Presidente, acompanho o eminente
Relator única e exclusivamente em função da situação peculiaríssima, por ele trazida ao
conhecimento do Plenário, de que ao paciente fora assegurado o direito de recorrer em
liberdade e, como disse o Ministro Cezar Peluso, o julgamento da apelação ainda não se
aperfeiçoou. Portanto, restaura-se a situação anterior.
Concedo a ordem.
1072 R.T.J. — 198
VOTO
O Sr. Ministro Carlos Britto: Sr. Presidente, deixei-me convencer pelos argumentos
lançados pela Ministra Ellen Gracie e pelo Ministro Nelson Jobim.
Peço vênia ao eminente Relator para discordar.
VOTO
O Sr. Ministro Cezar Peluso: Sr. Presidente, peço vênia aos votos divergentes para
acompanhar o Ministro-Relator, não apenas por esse fundamento, que, a meu ver, é
decisivo, mas por outro que não é de menor tomo: é fora de dúvida que a sentença não
transitou em julgado. Não tendo transitado em julgado, estamos diante de caso típico de
execução provisória, objeto da Reclamação n. 2.391 e, a meu ver, inadmissível.
O Sr. Ministro Marco Aurélio (Relator): Adiro à óptica de Vossa Excelência. É o
que sustento nesta Casa.
ESCLARECIMENTO
O Sr. Ministro Marco Aurélio (Relator): Senhor Presidente, apenas ressalto mais
uma vez que, no caso, não houve decretação de preventiva quando do julgamento da
apelação e que esse julgamento não conduziu, por si próprio, à prisão. Que a prisão
resultou da própria sentença prolatada, no que só teria assegurado ao paciente o recurso
em liberdade. Como o recurso foi julgado, entendeu-se que esse recurso seria apenas a
apelação.
EXTRATO DA ATA
HC 85.340-AgR/SP — Relator: Ministro Marco Aurélio. Relatora para o acórdão:
Ministra Ellen Gracie. Agravante: Ivo Noal (Advogados: Newton Azevedo e outro).
Agravada: Presidência do Superior Tribunal de Justiça.
Decisão: O Tribunal, por maioria, negou provimento ao agravo regimental, vencidos
os Ministros Marco Aurélio, Relator, Joaquim Barbosa, Cezar Peluso e Gilmar Mendes.
Votou o Presidente, Ministro Nelson Jobim. Redigirá o acórdão a Ministra Ellen Gracie.
Ausentes, justificadamente, os Ministros Sepúlveda Pertence e Carlos Velloso.
Presidência do Ministro Nelson Jobim. Presentes à sessão os Ministros Celso de
Mello, Marco Aurélio, Ellen Gracie, Gilmar Mendes, Cezar Peluso, Carlos Britto, Joaquim
Barbosa e Eros Grau. Vice-Procurador-Geral da República, Dr. Antonio Fernando Barros
e Silva de Souza.
Brasília, 17 de fevereiro de 2005 — Luiz Tomimatsu, Secretário.
R.T.J. — 198 1073
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros do Supremo Tribu-
nal Federal, em Primeira Turma, sob a Presidência do Ministro Sepúlveda Pertence, na
conformidade da ata do julgamento e das notas taquigráficas, por unanimidade, negar
provimento ao recurso ordinário em habeas corpus.
Brasília, 22 de junho de 2005 — Marco Aurélio, Relator.
RELATÓRIO
O Sr. Ministro Marco Aurélio: Mediante o acórdão de folhas 157 a 165, o Superior
Tribunal de Justiça concedeu parcialmente a ordem, ante fundamentos assim sintetizados:
Processual Penal. HC. Prefeito. Crime de responsabilidade. Audiência
de julgamento. Presença do advogado de defesa. Sustentação oral. Abdicação
do direito de falar na tribuna. Cerceamento de defesa. Nulidade inexistente.
Embargos declaratórios interpostos pelo Parquet. Tempestividade. Dúvida.
Interpretação em favor do embargante. Efeito modificativo. Inexistência de
intimação da defesa. Ofensa aos princípios do contraditório e da ampla defesa.
Constrangimento ilegal evidenciado. Precedentes do STF e do STJ. Ordem
parcialmente concedida.
I - Evidenciada a presença do advogado do paciente na sessão de julgamento
da ação penal originária, o qual renunciou ao direito de utilizar a tribuna para a
realização de sustentação oral, é imprópria a alegação posterior de nulidade por
cerceamento de defesa.
II - O acolhimento da pretensão de anulação do aresto, por falta de exposição
oral do patrono do réu, representaria in casu, um contra-senso, pois demonstraria a
aquiescência com a possibilidade de a defesa, em processos de competência originá-
ria, simplesmente declinar da realização da sustentação oral para, posteriormente,
alegar a nulidade do ato em proveito próprio.
III - Havendo discrepância entre a data do despacho que abre vista dos autos
para o Ministério Público e a data do recebimento destes na Secretaria do Órgão,
ocasionando dúvida relevante, esta deve ser interpretada em favor do embargante,
considerando-se tempestivos os embargos de declaração. Precedentes do STJ.
1074 R.T.J. — 198
VOTO
O Sr. Ministro Marco Aurélio (Relator): Na interposição deste recurso, foram aten-
didos os pressupostos de recorribilidade que lhe são inerentes. A peça, subscrita por
advogado credenciado pelos instrumentos de folhas 12 e 15, restou protocolada no
prazo. Publicado o acórdão dos declaratórios no Diário de 3 de novembro de 2004,
quarta-feira (folha 202), veio à balha o inconformismo, por meio de fac-símile, em 8
imediato, segunda-feira (folha 204), ocorrendo a apresentação do original em 9 subse-
qüente, terça-feira (folha 212). Conheço.
Inicialmente, tenho como prejudicado o pedido formulado no recurso, por falta de
objeto, relativamente à intempestividade dos embargos declaratórios, cujo julgamento
implicou a ordem de afastamento imediato do recorrente do cargo ocupado, de prefeito
municipal. A impetração data de 17 de dezembro de 2003 e, portanto, a citada ordem fez-
se ligada ao mandato em curso, que findou em dezembro de 2004, consideradas as
eleições realizadas nesse mesmo ano para mandatos que tiveram início em 2005.
A celeuma relativa à nulidade do julgamento originário verificado no Tribunal de
Justiça do Estado de Minas Gerais fez-se a partir da seguinte óptica exteriorizada pelo
revisor (folha 40):
Antes de adentrar na preliminar, com devido respeito a Vossa Excelência e
aos demais acompanhantes da Turma Julgadora, entendo que, tratando-se de jul-
gamento final de um processo-crime originário, as partes, obrigatoriamente, teriam
que fazer uso da palavra, conforme comanda o art. 12 da Lei 8.038 e dispõe o art.
362 do Regimento Interno (...)
Observe-se que o artigo 12 da Lei n. 8.038/90 versa, estritamente, sobre o julgamento
pelo Plenário. Tanto é assim que o texto legal tem início com alusão ao término da instru-
ção. Fosse a audiência, no Tribunal, de instrução e julgamento, não teria a menor dúvida
em placitar a óptica do revisor na Corte de origem, entendendo olvidado o devido processo
legal e, portanto, a necessidade de se contar com a participação da defesa, pouco importando
se credenciada pela própria parte ou feita por defensor dativo. Todavia, a fase de que trata
o artigo 12 referido é de deliberação pelo Tribunal e aí a ocupação da tribuna, nos prazos
estabelecidos, não é obrigatória. Por isso mesmo, o Supremo, ao julgar o Habeas Corpus n.
80.717-8/SP, proclamou que a falta da sustentação oral não implica violência ao princípio
da ampla defesa, sendo facultativa a participação do causídico. No precedente, também
comparecera à sessão a advogada credenciada.
Nego provimento ao recurso.
EXTRATO DA ATA
RHC 85.510/MG — Relator: Ministro Marco Aurélio. Recorrente: Getúlio
Andrade Braga (Advogados: Wagner de Oliveira Lopes e outro). Recorrido: Ministério
Público Federal.
Decisão: A Turma negou provimento ao recurso ordinário em habeas corpus.
Unânime.
1076 R.T.J. — 198
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da Primeira Turma
do Supremo Tribunal Federal, sob a Presidência do Ministro Sepúlveda Pertence, na
conformidade da ata do julgamento e das notas taquigráficas, por unanimidade de votos,
indeferir o pedido de habeas corpus.
Brasília, 23 de agosto de 2005 — Carlos Ayres Britto, Relator.
RELATÓRIO
O Sr. Ministro Carlos Ayres Britto: Trata-se de habeas corpus, no qual se argúi
constrangimento ilegal por efeito do provimento de recurso especial pelo Superior Tri-
bunal Justiça. Recurso, esse, interposto pelo Ministério Público Federal contra acórdão
do Tribunal Regional Federal da 2ª Região, tribunal que reformou sentença condenató-
ria do paciente, absolvendo-o da acusação de infração ao art. 168-A do Código Penal.
2. Pois bem, no entender do impetrante, como deixou de ser manejada apelação
pelo Parquet após a prolação da sentença condenatória, esta passou em julgado para a
acusação. Daí reputar inaceitável a admissão do recurso especial interposto pelo órgão
ministerial público, já agora contra a decisão absolutória que veio de proferir a Corte
Regional, em recurso do réu. Por esse motivo, o impetrante pede, liminarmente, a expe-
dição de alvará de soltura em favor do paciente, e, no mérito, a decretação de nulidade do
recurso especial.
R.T.J. — 198 1077
VOTO
O Sr. Ministro Carlos Ayres Britto (Relator): Conforme relatado, a controvérsia
jurídica a ser equacionada no presente mandamus consiste em saber se é processual-
mente possível que, à ausência de interposição de recurso de apelação da sentença
condenatória, o Ministério Público venha a recorrer da decisão de segunda instância
em sentido contrário àquela com a qual se satisfez. In casu, houve condenação em
primeira instância, com a qual se conformou o Parquet. O paciente, entretanto, recorreu,
logrando absolvição no Tribunal Regional Federal da 2a Região. Daí a interposição
do recurso especial pelo órgão ministerial público, visando à restauração da sentença
condenatória.
6. Pois bem, o que alega o impetrante é estar a sofrer constrangimento ilegal decor-
rente da admissibilidade e do julgamento do referido recurso especial. Isso porque a
decisão monocrática transitou em julgado para a acusação, não havendo mais ensejo
processual para atuação do órgão ministerial público.
7. Começo por anotar que, ao despachar a liminar, deixei consignado (fls. 73/74):
“É bem verdade que o Ministério Público, ao não recorrer da sentença conde-
natória, se deu por satisfeito com a decisão, tal como proferida, vedado recurso
posterior para aumentar a pena ou qualquer outro pedido que prejudique o réu.
Mas o parâmetro a ser observado não deixa de ser a condenação, sendo este o
pronunciamento judicial aceito pela acusação. Assim, posterior decisão absolutó-
ria do tribunal de apelação alterando esse quadro, por certo, devolve legitimidade
ao Parquet, que pode contra ela se insurgir, muito embora tal recurso fique adstrito
aos parâmetros da sentença condenatória reformada”.
8. Prossigo neste voto para dizer que a primeira impressão acerca da quaestio juris,
expressa quando da sumária cognição da medida liminar, está a se confirmar neste exame
mais aprofundado do mérito da impetração, sobretudo por mérito do parecer ofertado
pela Procuradoria-Geral da República, parecer do qual se extrai o seguinte trecho (fls.
109/110):
“No caso em tela, quer o impetrante fazer crer que se o MP não recorreu da
sentença, não teria ele direito de demonstrar sua insatisfação em outro momento.
Ora, deve-se ter em mente que o único efeito de não ter recorrido, já que se confor-
mou com a pena aplicada, seria a impossibilidade, em sede de recurso, de agravar
a sanção imposta ao ora paciente, tendo em vista que, nesse ponto, de fato, houve
o trânsito em julgado para o parquet.
Entretanto, em havendo, como houve, uma decisão do TRF Segunda Região
no sentido de extinguir a sanção outrora aplicada, com a qual concordou o órgão
1078 R.T.J. — 198
EXTRATO DA ATA
HC 85.526/RJ — Relator: Ministro Carlos Britto. Paciente: João Batista Bernardo.
Impetrantes: Alberto Silva dos Santos Louvera e outro. Coator: Superior Tribunal de
Justiça.
Decisão: A Turma indeferiu o pedido de habeas corpus. Unânime.
Presidência do Ministro Sepúlveda Pertence. Presentes à sessão os Ministros Marco
Aurélio, Cezar Peluso, Carlos Britto e Eros Grau. Subprocurador-Geral da República, Dr.
Eitel Santiago de Brito Pereira.
Brasília, 23 de agosto de 2005 — Ricardo Dias Duarte, Coordenador.
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da Primeira Turma
do Supremo Tribunal Federal, sob a Presidência do Ministro Sepúlveda Pertence, na
conformidade da ata do julgamento e das notas taquigráficas, por unanimidade de votos,
deferir o pedido de habeas corpus, nos termos do voto do Relator.
Brasília, 28 de junho de 2005 — Carlos Ayres Britto, Relator.
RELATÓRIO
O Sr. Ministro Carlos Ayres Britto: Cuida-se de habeas corpus, impetrado contra
decisão do Superior Tribunal de Justiça. Decisão assim ementada:
“Habeas corpus. Direito Processual Penal. Homicídio. Anulação do julga-
mento por fundamento diverso. Identidade do quesito impugnado. Súmula n.
160 do Supremo Tribunal Federal. Inaplicabilidade.
1. Em se mostrando induvidoso que a nulidade declarada foi precisamente a
do quesito impugnado como nulo, nada importa que o vício reconhecido seja
diverso daqueloutro apontado pelo Ministério Público, cabendo, como cabe, ao
Estado-Jurisdição dizer o direito incidente.
2. Ordem denegada.”
2. Pois bem, a paciente foi pronunciada por haver “ajustado a execução do crime
de homicídio contra o seu esposo, José Luiz da Silva”. Submetida a Júri, foi condenada
a 10 anos de reclusão por homicídio privilegiado qualificado (inciso IV do § 2º do art.
1211 e § 1º do art. 1212).
3. Em seguida, e inconformado com o decisum, apelou o Ministério Público local.
Em sua petição de interposição, pontuou o Parquet:
“O Ministério Público, por sua 18ª Promotoria de Justiça que oficia junto a
essa d. 1ª Vara do Júri, irresignado com a decisão do E. Tribunal Popular do Júri,
ocorrido ontem, 13.03.03, no julgamento dos autos acima identificados, em que é
ré Lucilene Cunha da Silva dos Santos, com fulcro no art. 593 do CPP, vem,
tempestivamente, manifestar o desejo de apelar à superior instância, requerendo,
para tanto, baixa dos autos para oferecimento de suas razões de apelo”.
(Sem grifos no original)
4. Muito bem. Apesar de não declinar, no momento da interposição, qual vício
conspurcaria o pronunciamento do Júri, as razões de apelação (tempestivamente apre-
sentadas) incorporaram a seguinte passagem:
1 Art. 121, § 2º, IV: “(...) à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que
dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido”.
2 Art. 121, § 1º: “Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral,
ou sob o domínio de violente emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode
reduzir a pena de um sexto a um terço”.
1080 R.T.J. — 198
“(...)
Lucilene Cunha dos Santos da Silva (...) foi julgada e condenada (...), por ter
ajustado a execução de crime, em que terceira pessoa, utilizando-se de um revól-
ver, efetuou disparo contra a vítima José Luiz da Silva, à época seu esposo, matan-
do-o. A conduta delitiva da ré foi julgada como homicídio privilegiado e qualifi-
cado, ou seja, art. 121, § 1º e 2º, IV), tendo o Magistrado que presidiu o feito fixado
a pena definitiva (...) em 10 anos de reclusão (...).
O Ministério Público insurgiu-se contra os termos da elaboração dos quesi-
tos estipulados no item 5º do Termo de Votação, requerendo constasse da Ata o
pedido de impugnação, no que foi atendido.
Primeiro, a quesitação que versa sobre o incompatível quesito do privilégio
restou incorreta, pois é cediço no nosso ordenamento jurídico que ‘é creto que, três
são as condições para que se autorize a diminuição da pena, pelo homicidium
privilegiatum: 1º) a emoção violenta; 2º) a injusta provocação da vítima; 3º a
sucessão imediata entre a provocação e a reação’(...).
Ainda, ‘para a caracterização do homicídio privilegiado pelo relevante valor
social ou moral exige-se o preenchimento de duplo pressuposto, qual seja, reação
em seguida mais injusta provocação da vítima’(...).
Assim, temos que o quesito de n. 5º incidiu em falta de fórmula na quesitação,
vício esse previsto no art. 564, III, letra k do CPP.
Não é compreensível, Senhores Julgadores, que tenha sido reconhecida a ré
como mandante mediante promessa de recompensa, na consumação criminosa, e,
ao mesmo tempo, que ela tenha pautado sua conduta sob o manto do ‘homicídio
privilegiado’ que como se sabe é próprio do executor e não daquele que ajustou o
homicídio.
Em outras palavras: não se pode mandar alguém cometer um assassinato e
alegar em seu favor o privilégio do parágrafo 1º do art. 121.
Não resta dúvida de que o valor moral, para justificar o crime privilegiado,
não pode nem deve aproveitar a terceiros. Outra interpretação não cabe, a não ser
que a causa de diminuição de penal atinja subjetivamente o executor do ilícito que
tenha sofrido por parte da vítima uma provocação severa e, ao mesmo tempo, injusta.
Tal instituto, a toda evidência, não se comunica a terceiros contratados sob pro-
messa de recompensa que executaram a empreitada criminosa.
Tal tipo (o privilégio) é impregnado de circunstâncias legais ou especiais, mas
destituído por completo de elementares. O crime permanece com a mesma
tipificação, mudando-se tão-somente a qualidade da pena.
O caso em julgamento envolveu vários agentes, que não podem ser atingidos
pelos mesmos motivos de relevância moral que somente permeia, repetido, a ação
do executor, quando ele tiver sofrido provocação antijurídica.
A interpretação literal, gramatical, da norma jurídica do artigo 30, do Código
Penal, conduz ao entendimento inquebrantável de que havendo concursos de
pessoas, não podem nem devem as circunstâncias aproveitar aos concorrente.
R.T.J. — 198 1081
PEDIDO DE ESCLARECIMENTO
O Sr. Ministro Sepúlveda Pertence (Presidente): Indago ao Ministro Relator: O
Tribunal rejeitou, por motivo de nulidade, o invocado pelo Ministério Público?
O Sr. Ministro Carlos Britto (Relator): Sim, e acolheu o outro.
O Sr. Ministro Sepúlveda Pertence (Presidente): Acolheu o outro, embora com
relação ao mesmo quesito?
O Sr. Ministro Carlos Britto (Relator): Sim, ao mesmo quesito impugnado pelo
Ministério Público.
O Sr. Ministro Marco Aurélio: Senhor Presidente, lendo o parecer da Procuradoria,
atentando para as razões do Ministério Público e para o voto do Relator, não vislumbrei
descompasso entre a causa de pedir do recurso do Ministério Público e o pronunciamento
da Corte. Por quê? Veja, Vossa Excelência, o trecho transcrito no parecer da peça do
Ministério Público:
(...) restou mal formulado o quesito referente à tese do privilégio, pois, ao
questionar sobre a ocorrência da modalidade de relevante valor moral, utilizou-se
de expressão (= injusta provocação da vítima) que é requisito para a caracterização
da modalidade do privilégio por ter o agente agido sob o domínio da violenta
emoção, causando, sem dúvida, confusão nos jurados. (Folha 94)
Essas são as razões.
R.T.J. — 198 1083
O Sr. Ministro Marco Aurélio: Não houve esse descompasso. Há sutileza no jogo
das palavras, apenas isso.
O Sr. Ministro Sepúlveda Pertence (Presidente): Sutileza excessiva.
O Sr. Ministro Carlos Britto (Relator): Então, Sr. Presidente, vou requerer uma
revisão. Volto com os autos ao meu gabinete para reestudar, a partir das contraditas aqui
lançadas por V. Exas.
EXTRATO DA ATA
HC 85.609/MS — Relator: Ministro Carlos Britto. Paciente: Lucilene Cunha dos
Santos da Silva. Impetrantes: Ricardo Trad e outro. Coator: Superior Tribunal de Justiça.
Decisão: Adiado o julgamento por indicação do Relator.
Presidência do Ministro Sepúlveda Pertence. Presentes à sessão os Ministros Marco
Aurélio, Cezar Peluso, Carlos Britto e Eros Grau. Subprocuradora-Geral da República,
Dr. Edson Oliveira de Almeida.
Brasília, 14 de junho de 2005 — Ricardo Dias Duarte, Coordenador.
VOTO
O Sr. Ministro Carlos Ayres Britto (Relator): Consoante relatado, a tese da
impetração consiste em saber se o Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso do Sul
poderia, ou não, prover o apelo ministerial em ordem a acolher fundamento diverso
daquele aventado pelo Ministério Público.
13. O Superior Tribunal de Justiça respondeu que sim. Isso porque o quesito anu-
lado pelo TJ/MS (5º quesito) era o mesmo impugnado pelo Parquet. O objeto do
acórdão, portanto — no entender do STJ —, não transbordou dos limites materiais do
recurso da acusação, muito embora haja utilizado razões não gizadas pelo órgão minis-
terial público.
14. E o Supremo Tribunal Federal, como tem tratado o assunto? Sobre o tema,
anoto que esta Casa da Justiça brasileira conta com duas súmulas pertinentes: as de
números 160 e 713, assim legendadas:
“É nula a decisão do Tribunal que acolhe, contra o réu, nulidade não argüida
no recurso da acusação, ressalvados os casos de recurso de ofício”. (Súmula 160)
“O efeito devolutivo da apelação contra decisões do Júri é adstrito aos fun-
damentos da sua interposição”. (Súmula 713)
15. Ora bem, de logo se percebe que os limites do campo de atuação da Corte de
segunda instância hão de ser dimensionados pela peça de interposição recursal-
acusatória. Este o marco temático a ser respeitado pelos Tribunais, na linha da jurispru-
dência firmada por esta Suprema Corte de Justiça (HCs 59.594, Rel. Min. Rafael Mayer;
68.878, Rel. Min. Celso de Mello).
16. Nada obstante, casos há em que a peça de interposição do apelo é vaga, genérica,
não especificando qual vício de nulidade contamina a decisão recorrida. É a situação dos
R.T.J. — 198 1085
da vítima), tal como redigido no 5º quesito (quesito que estaria incompleto quanto aos
pressupostos necessários ao reconhecimento do privilégio); e b) aplicabilidade do privi-
légio tão-somente ao executor do crime, e não ao seu mandante.
21. Pois bem, o primeiro ponto levantado pelo Ministério Público estadual foi
assim rechaçado pela Corte de segunda instância:
“É certo que o representante ministerial aduz que o vício de quesitação resi-
de no fato de ter sido reconhecido o privilégio na modalidade de violenta emoção,
sem que tivessem ocorrido os demais requisitos necessários à sua caracterização.
Entretanto, analisada a ata de julgamento, constata-se que o privilégio foi reco-
nhecido na modalidade de relevante valor moral (...)”.
22. Quanto ao segundo ponto, este nem sequer foi apreciado. Ficou prejudicado
por efeito do acolhimento do apelo, “por motivo diverso do alegado pelo promotor”.
23. Ora, de toda esta narrativa, tenho como inválida a atuação do Tribunal de
Justiça do Estado de Mato Grosso do Sul, tribunal que se valeu de fundamento não
esgrimido pela acusação, pois o vício reconhecido no 5º quesito foi absolutamente
distinto daquele apontado pelo Parquet.
24. No caso, pouco importa que o quesito anulado seja exatamente o mesmo que
foi impugnado pelo Ministério Público. O que realmente conta é o fato de que as razões
de tais nulidades são idênticas às apontadas pelo Parquet, não outras, pois, se assim não
for, o acusado fica prejudicado por nulidade de cujo reconhecimento não teve a oportu-
nidade de contraditar. Em desconformidade, repise-se, com os próprios motivos
subjacentes à Súmula 160, aplicável até mesmo às nulidades absolutas (HC 80.263, Rel.
Min. Ilmar Galvão, Pleno)
25. Por tudo quanto colocado, meu voto acolhe o parecer do Ministério Público e
concede a ordem, para restabelecer o primeiro julgamento do Júri (efetuado nos autos da
Ação Penal n. 001.02.003573-8), julgamento que condenou Lucilene Cunha dos Santos
da Silva à pena de 10 anos de reclusão em regime inicialmente fechado.
VOTO
O Sr. Ministro Marco Aurélio: Senhor Presidente, a esta altura, estou mais bem
esclarecido pelo Relator. Realmente, nas razões do Ministério Público, nada se disse
sobre matéria ligada à motivação do acórdão. O Fiscal da Lei não atacou o que decidido,
no quesito alusivo ao privilégio — o valor moral —, sobre o questionamento quanto à
violenta emoção, à prática do crime mediante violenta emoção. E o órgão julgador,
apreciando uma apelação restrita a certas matérias, a certas causas de pedir, acabou
adentrando tema que não compôs aquelas razões, fazendo-o numa via muita estreita, que
é a via que leva à declaração de insubsistência do veredicto dos jurados.
Por isso acompanho o Relator, deferindo a ordem.
VOTO
O Sr. Ministro Sepúlveda Pertence (Presidente): Também eu, que na primeira cha-
mada do processo tivera dúvidas, hoje me dou por esclarecido e acompanho o voto do
eminente Relator.
R.T.J. — 198 1087
EXTRATO DA ATA
HC 85.609/MS — Relator: Ministro Carlos Britto. Paciente: Lucilene Cunha dos
Santos da Silva. Impetrantes: Ricardo Trad e outro. Coator: Superior Tribunal de Justiça.
Decisão: A Turma deferiu o pedido de habeas corpus, nos termos do voto do
Relator. Unânime.
Presidência do Ministro Sepúlveda Pertence. Presentes à sessão os Ministros Marco
Aurélio, Cezar Peluso, Carlos Britto e Eros Grau. Subprocuradora-Geral da República,
Dra. Delza Curvello Rocha.
Brasília, 28 de junho de 2005 — Ricardo Dias Duarte, Coordenador.
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros do Supremo Tribu-
nal Federal, em Segunda Turma, sob a presidência do Ministro Carlos Velloso, na con-
formidade da ata do julgamento e das notas taquigráficas, por unanimidade de votos,
indeferir a ordem.
Brasília, 4 de outubro de 2005 — Joaquim Barbosa, Relator.
RELATÓRIO
O Sr. Ministro Joaquim Barbosa: Trata-se de habeas corpus impetrado em favor de
Rafaela de Mattos Moraes, em que se alega ausência de justa causa na propositura de
ação penal ao Juizado Especial Criminal da Comarca de Pelotas (RS).
1088 R.T.J. — 198
VOTO
O Sr. Ministro Joaquim Barbosa (Relator): O presente habeas corpus tem por obje-
tivo o trancamento da ação penal, por ausência de justa causa, pois o querelante não teria
apresentado nenhum elemento de prova para embasar a pretensão.
Desde logo, ressalto que o trancamento da ação penal pela via do habeas corpus,
por ausência de justa causa, apesar de perfeitamente possível, é tido como medida de
caráter excepcional, conforme entendimento pacífico da Corte (cf. HC 82.393, Rel. Min.
Celso de Mello, Segunda Turma, DJ de 22-8-2003).
Assim, a questão central a ser resolvida diz respeito a saber se a queixa-crime está
em consonância com o que dispõe o art. 41 do Código de Processo Penal.
A meu ver, os requisitos desse dispositivo estão adequadamente preenchidos. Verifico
que estão presentes, na queixa-crime de fls. 11-13, elementos indicativos de materialidade
do crime e de indícios de autoria suficientes para deflagração da ação penal.
Sobre esse aspecto, elucidativo é o teor do parecer da Subprocuradora-Geral da
República Dra. Delza Curvello Rocha, do qual transcrevo o seguinte trecho (fls. 105-106):
“7. Após a análise dos autos, entende o Ministério Público Federal que a
fundamentação exarada no voto condutor do acórdão guerreado está perfeitamente
apta a rechaçar in totum as teses trazidas pela impetrante para justificar um suposto
constrangimento ilegal, por justa causa para trancamento da ação penal, merecendo
destaque os seguintes trechos do referido decisum, quais sejam:
‘(...)
R.T.J. — 198 1089
EXTRATO DA ATA
HC 86.042/RS — Relator: Ministro Joaquim Barbosa. Paciente: Rafaela de Mattos
Moraes ou Rafaela de Matos Moraes ou Rafaela Mattos Moraes. Impetrante: Rafaela de
Mattos Moraes (Advogada: Nara Dias da Costa Moraes). Coatora: Turma Recursal Cri-
minal do Estado do Rio Grande do Sul.
1090 R.T.J. — 198
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da Primeira Turma
do Supremo Tribunal Federal, sob a Presidência do Ministro Sepúlveda Pertence, na
conformidade da ata do julgamento e das notas taquigráficas, por unanimidade de votos,
indeferir o pedido de habeas corpus.
Brasília, 8 de novembro de 2005 — Sepúlveda Pertence, Relator.
RELATÓRIO
O Sr. Ministro Sepúlveda Pertence: Insurge-se a impetração contra acórdão da
Turma Recursal de Cuiabá/MT, que negou provimento à apelação do paciente, conde-
nado à pena de 3 meses de detenção — substituída por restritiva de direitos —, por
infração do art. 129, caput, do Código Penal.
Alega-se: (a) ausência de fundamentação no despacho de recebimento da denúncia
(CF/88, art. 93, IX); (b) falta de motivação, quanto aos “maus antecedentes”, para a
recusa de proposta de suspensão condicional do processo pelo Ministério Público; (c)
extinção da punibilidade pela decadência; (d) ausência de exame de corpo de delito.
Indeferida a liminar (fls. 219/220), sobreveio o parecer do Ministério Público Federal,
da lavra da Il. Subprocuradora-Geral Delza Rocha, que opinou pelo conhecimento parcial
do habeas corpus — dado que a alegada ausência de fundamento da decisão que recebeu
a denúncia não foi examinada pelo acórdão da apelação — e, na parte conhecida, pela sua
denegação (fls. 222/227).
É o relatório.
VOTO
O Sr. Ministro Sepúlveda Pertence (Relator):
I
No HC 70.497, de que fui Relator, em 25-8-93, o Plenário assentou, por unanimi-
dade — RTJ 152/553:
“1. É da jurisprudência consolidada no STF que lhe compete conhecer origina-
riamente do habeas corpus, se o Tribunal inferior, em recurso de defesa, manteve a
condenação do paciente, ainda que sem decidir explicitamente dos fundamentos da
subseqüente impetração da ordem; na apelação do réu, salvo limitação explícita
quando da interposição, toda a causa se devolve ao conhecimento do Tribunal com-
petente, que não está adstrito às razões aventadas pelo recorrente.”
Regra geral, a apelação da defesa à Turma Recursal, como no caso, também possui
devolutividade ampla.
Conheço do habeas corpus.
II
Assente a jurisprudência do STF em que, regra geral — da qual o caso não constitui
exceção —, o “despacho que recebe a denúncia ou a queixa, embora tenha também
1092 R.T.J. — 198
conteúdo decisório, não se encarta no conceito de ‘decisão’, como previsto no art. 93, IX,
da Constituição, não sendo exigida a sua fundamentação — art. 394 do CPP; a funda-
mentação é exigida, apenas, quando o juiz rejeita a denúncia ou a queixa — art. 516 do
CPP, aliás, único caso em que cabe recurso — art. 581, do CPP.” (v.g., HHCC 72.286, 2ª
T., Maurício Corrêa, DJ de 16-2-96; 70.763, 1ª T., Celso de Mello, DJ de 23-9-94).
III
Também não há falar em suspensão condicional do processo, nem em ausência de
exame de corpo de delito.
Correto, no ponto, o acórdão impugnado, do qual extrato (fl. 126/127):
“A respeito da primeira preliminar argüida, de que o processo é nulo por
omissão de formalidade, notadamente com que se refere à falta de oportunidade
para a suspensão condicional do processo, conforme norma estampada no artigo
89 da Lei n. 9.099/95, tenho que não procede.
Como bem salientou os ilustres Representantes do Ministério Público, so-
mente é aplicável a suspensão condicional do processo, prevista no artigo 89 da
Lei n. 9.099/95, se preenchidos os requisitos legais, dentre os quais não estar o réu
respondendo a outro processo, bem como, recomendar seus antecedentes.
Consta às fls.63 [fl. 77 – STF] que o apelante responde por outros crimes, de
modo que não preenche os requisitos para admissibilidade da suspensão do feito.
(...)
A respeito da segunda preliminar levantada, tratando-se da ausência de exame
pericial, nos crimes que deixam vestígios, leva-se em consideração que o laudo
juntado às fls. 50, consiste em exame de corpo de delito, pois contêm os requisitos,
imprescindíveis à existência de crime.
(...)
Deste modo, o relatório médico, as fotografias juntadas nos autos, foi sufi-
ciente para demonstrar a materialidade do delito e de conseqüência, elementos
suficientes para o oferecimento da denúncia.”.
Ressalte-se que o art. 77, § 1º, da Lei 9.099/95, admite, no procedimento sumarís-
simo dos Juizados Especiais, o suprimento do exame de corpo de delito pelo boletim
médico ou prova equivalente.
E, no caso, foi realizado o referido exame médico, que verificou as lesões corporais
(fl. 20).
IV
Por fim, conforme destacou o parecer do Ministério Público Federal, também não
há falar de decadência do direito de representação, que foi oferecida tempestivamente
(fl. 4 do Apenso).
Os fatos ocorreram no dia 7 de setembro de 2002 e, já no dia 3 de outubro seguinte,
a vítima foi à Delegacia da Mulher e manifestou seu interesse na persecução penal (fl. 4
e verso, do apenso).
Este o quadro, indefiro a ordem: é o meu voto.
R.T.J. — 198 1093
EXTRATO DA ATA
HC 86.248/MT — Relator: Ministro Sepúlveda Pertence. Paciente e Impetrante:
Adalto de Freitas Filho (Advogados: Ismar Estulano Garcia e outro). Coatora: Turma
Recursal Criminal dos Juizados Especiais Criminais de Cuiabá.
Decisão: A Turma indeferiu o pedido de habeas corpus. Unânime. Não participou
deste julgamento o Ministro Marco Aurélio.
Presidência do Ministro Sepúlveda Pertence. Presentes à sessão os Ministros Marco
Aurélio, Cezar Peluso, Carlos Britto e Eros Grau. Subprocurador-Geral da República, Dr.
Paulo de Tarso Braz Lucas.
Brasília, 8 de novembro 2005 — Ricardo Dias Duarte, Coordenador.
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da Primeira Turma
do Supremo Tribunal Federal, sob a Presidência do Ministro Sepúlveda Pertence, na
conformidade da ata do julgamento e das notas taquigráficas, por maioria de votos,
indeferir o pedido de habeas corpus, vencido o Ministro Marco Aurélio, que o deferia.
Brasília, 6 de junho de 2006 — Ricardo Lewandowski, Relator.
1094 R.T.J. — 198
RELATÓRIO
O Sr. Ministro Ricardo Lewandowski: Trata-se de habeas corpus impetrado em
favor de Carlos Alberto Guerreiro do Valle, contra acórdão proferido pela 6ª Turma do
Egrégio Superior Tribunal de Justiça, que denegou o HC 24.858/GO, assim ementado:
“Habeas Corpus.
— Competência da Justiça Federal estabelecida no art. 109, V, da Constitui-
ção de 1988, para o processo e julgamento de crime previsto ‘em tratado ou con-
venção internacional, quando iniciada a execução no País, o resultado tenha ou
devesse ter ocorrido no estrangeiro (...)’
— Ordem denegada.” (Fl. 24)
Consta dos autos que o paciente foi condenado pela 5ª Vara da Seção Judiciária
Federal do Estado de Goiás, às penas de 03 (três) anos e 04 (quatro) meses de reclusão,
como incurso no art. 241 da Lei 8.069/90 (divulgar ou publicar, pela internet, fotografias
pornográficas ou cenas de sexo explícito envolvendo criança ou adolescente) e a 03
(três) anos e 09 (nove) meses de reclusão pelo delito tipificado no art. 218 do Código
Penal (corrupção de menores).
Sustenta a impetração a incompetência da Justiça Federal para processar o feito,
porquanto a ação e o resultado do delito teriam ocorrido integralmente no território
brasileiro. Afirma que o delito não se consumou no exterior. O fato de os acessos às fotos
que veiculavam pedofilia ter ocorrido na França e na Bélgica consubstanciam, tão-
somente, o exaurimento do crime.
Requer, por fim, seja concedida a ordem para que se declare a incompetência da
Justiça Federal, com a conseqüente anulação dos atos processuais praticados, bem como
a declaração de competência da Justiça estadual para o processamento do feito.
A liminar foi indeferida às fls. 49-50.
O Ministério Público Federal, pelo parecer da douta Subprocuradora-Geral da Re-
pública, Dra. Delza Curvello Rocha, oficiando às fls. 52-57, opina pelo conhecimento e
indeferimento da ordem.
É o relatório.
VOTO
O Sr. Ministro Ricardo Lewandowski (Relator): Insurge-se a impetração contra o
acórdão da 6ª Turma do Superior Tribunal de Justiça que denegou o HC 24.858/GO,
reconhecendo “a competência da Justiça Federal para o processo e julgamento de
crime previsto ‘em tratado ou convenção internacional, quando iniciada a execução
no País, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro’” (fl. 24).
Consta dos autos que o paciente foi condenado pela 5ª Vara da Seção Judiciária
Federal do Estado de Goiás, às penas de 03 (três) anos e 04 (quatro) meses de reclusão,
como incurso no art. 241 da Lei 8.069/90 (divulgar ou publicar, pela internet, fotografias
com pornografia ou cenas de sexo explícito envolvendo criança ou adolescente) e a 03
(três) anos e 09 (nove) meses de reclusão pelo delito tipificado no art. 218 do Código
Penal (corrupção de menores).
R.T.J. — 198 1095
Ora, tradicionalmente a ofensa ao bem jurídico tutelado ocorria por meio da divul-
gação, impressa ou transmitida, de imagem ao público em geral. Publicar teria o signifi-
cado, então, de disponibilizar visualmente, independentemente da ação do receptor.
No ambiente virtual há a disponibilização de material eletrônico, o qual somente
passa a ser inteligível ao ser humano quando de seu acesso por outro usuário. A sensação
de imediatidade da imagem nos leva a crer que tenhamos entrado em outro ambiente,
mas, na verdade, solicitamos o envio da informação digital. Acessar, portanto, em ambi-
ente virtual, significa solicitar o envio de informações, e recebê-las. Ao recebermos o
sinal transmitido pelo servidor de arquivos, essa informação é então processada e trans-
formada em imagem. A consumação da conduta “publicar”, em ambiente virtual, na
modalidade de disponibilizar imagens, como é o caso que se apresenta, somente ocorre
quando a informação binária passa a ser inteligível ao receptor. E isso somente ocorre
após o efetivo recebimento das informações eletrônicas pelo solicitador do acesso.
Exaure-se o crime no mesmo instante da consumação, sendo dela dependente.
O ambiente utilizado, o meio pelo qual a prática delituosa é efetivada, implica,
portanto, na diferenciação das conseqüências daí decorrentes, entre as quais a aferição
da competência.
Conforme observa Guilherme de Souza Nucci, “exaurimento do crime significa a
produção de resultado lesivo a bem jurídico após o delito já estar consumado, ou seja,
é o esgotamento da atividade criminosa, implicando em outros prejuízos, além dos
atingidos pela consumação” (Código Penal Comentado. São Paulo: Editora Revista
dos Tribunais, 5. ed., 2005. p. 153). Mas somente podemos tratar de exaurimento crimi-
noso do tipo penal consumado. Neste caso em concreto, o tipo penal examinado, pelo
meio empregado, somente pode gerar a consumação quando há a ocorrência da efetiva
disponibilização da imagem. Até aquele momento, ao teor do tipo analisado em sua
redação originária, viabilizar a transmissão de imagens configuraria, em tese, eventual-
mente outro tipo penal qualquer, mas não o do artigo 241 do ECA.
Essa a razão pela qual, ainda que seja da lógica da proteção da criança e do adoles-
cente que esta se dê em bases abstratamente consideradas, a impossibilidade do mero
exaurimento da conduta criminosa quando da obtenção das imagens com cenas de sexo
explícito ou pornográficas envolvendo criança ou adolescente.
A competência firmada no caso em concreto deveu-se ao fato de que a consumação
do ilícito ocorreu além das fronteiras nacionais, especificamente em território europeu.
Portanto, por considerar que, na redação original do artigo 241 do Estatuto da
Criança e do Adolescente, o núcleo do tipo “publicar”, quando utilizado o meio eletrô-
nico de disponibilização de arquivos, exaure-se o crime concomitantemente à sua con-
sumação, tenho por correto o acórdão impugnado ao fixar a competência da Justiça
Federal para o processamento e julgamento da causa.
Isso posto, denego a ordem.
VOTO
O Sr. Ministro Carlos Britto: Senhor Presidente, creio irretocável o voto do Minis-
tro Ricardo Lewandowski, com todo respeito, pelo desempenho como sempre elogiável
do eminente Advogado Vicente Cernicchiaro.
R.T.J. — 198 1097
VOTO
O Sr. Ministro Cezar Peluso: Senhor Presidente, também agradeço as gentis refe-
rências do eminente Professor e Ministro, muito próprias de sua postura sempre cava-
lheiresca, mas receio que a causa lhe seja ingrata.
O tipo era publicar. Com inserção das fotos na rede internacional, deu-se a publica-
ção instantaneamente, de modo que os resultados, também, se produziram no exterior
desde aí.
Assim, acompanho inteiramente o voto do eminente Relator.
VOTO
O Sr. Ministro Marco Aurélio: Senhor Presidente, observo a competência da Justiça
Federal, contida no artigo 109, inciso V, da Constituição Federal, como a encerrar exce-
ção, no que se passa a ter o deslocamento da competência da Justiça comum para a
Justiça Federal. O dispositivo, a meu ver, está — em bom vernáculo e não há, na Cons-
tituição, vocábulo inútil — a revelar que:
1098 R.T.J. — 198
que está na Carta da República, para concluir-se pela competência da Justiça Federal, e
não da Justiça comum, que, normalmente, há de atuar em crimes tais que não se enqua-
drem no preceito, terei de assentar que a apreciação de todo e qualquer crime cometido
contra a criança incumbirá doravante à Justiça Federal.
Presidente, para mim, a referência, na norma constitucional, a crime previsto em
tratado é específica e — repito — a Convenção apenas direciona os países convenentes a
adotarem medidas visando a proteger a criança. Mais do que isso, vislumbro, na parte final
do dispositivo, a necessidade de envolvimento de ato, a compor o tipo penal, verificado no
Brasil ou no exterior, e a respectiva consumação no estrangeiro ou neste País.
Reconhecendo o bom voto elaborado do Relator, digo que não logrei, considerados
esses parâmetros, formar convencimento sobre a improcedência da impetração. Por isso
peço vênia a Sua Excelência e aos colegas que já o acompanharam para, divergindo,
conceder a ordem e assentar a competência da Justiça comum.
VOTO
O Sr. Ministro Sepúlveda Pertence (Presidente): Peço vênia ao eminente Ministro
Marco Aurélio para acompanhar o voto do Relator, Ministro Ricardo Lewandowski.
Não dou à locução constitucional “crimes previstos em tratado ou convenção
internacional” o sentido de crimes tipificados nos tratados ou convenções: ou seria a
mais inócua das disposições constitucionais, porque, séculos afora, não conheço nenhu-
ma convenção ou tratado que haja tipificado crime e cominado pena.
Por outro lado, também não me convenceu a argumentação exposta com brilho
pelo ilustre professor e impetrante de que, no caso, a acessibilidade, no exterior, da
publicação tenha ocorrido em momento diverso daquele em que se consumou a publica-
ção. Realmente, creio que há certo anacronismo, quando o ilustre advogado referiu-se à
mensagem, atravessando de Goiás, pelo Pacífico ou pelo Atlântico, até chegar à Europa,
como se tivesse sido remetida por via postal.
A mim, também, me parece que não há a cogitar aqui de que este momento no
estrangeiro fosse simples exaurimento do crime. Exaurimento tem-se, por exemplo, no
próprio artigo 241 do ECA, na hipótese prevista no seu § 2º, II:
“Art. 241.(...)
§ 2º A pena é de reclusão de 3 (três) a 8 (oito) anos:
I - (...)
II - se o agente comete o crime com o fim de obter para si ou para outrem
vantagem patrimonial.”
Aí, sim, como em todo crime de mera conduta, ter-se-ia a consumação e, no mo-
mento posterior e eventual, indiferente à realização do tipo, é que se teria ou não a
obtenção da vantagem patrimonial pretendida.
Aqui, não. Aqui o crime se consuma com a publicação, que é tornar disponível,
acessível, pela rede da internet, determinada mensagem.
Então, não há a cogitar de momentos distintos.
Por isso, peço vênia ao Ministro Marco Aurélio e, também, indefiro a ordem.
1100 R.T.J. — 198
VOTO (Confirmação)
O Sr. Ministro Carlos Britto: Senhor Presidente, também entendo que, hoje em dia,
quem entra na rede mundial de computadores em casos tais não tem como deixar de
iniciar o crime no Brasil e se expor ao risco da consumação fora do Brasil. É imediata.
Uma coisa puxa a outra. É da natureza desse tipo de comunicação eletrônica.
Também, como Vossa Excelência, não interpreto o artigo 109, V, da Constituição
com esse rigor científico a ponto de exigir que tratado ou convenção internacional
defina, contenha todos os elementos do crime. A mim me basta a previsibilidade, que,
aliás, encontramos até na Carta da ONU, embora não se possa considerá-la rigorosamente
um tratado ou convenção, mas a proteção à criança e ao adolescente, esse cuidado
especial, está também na declaração universal dos direitos humanos.
Então, mantenho o voto com os adendos que Vossa Excelência acaba de vocalizar.
EXTRATO DA ATA
HC 86.289/GO — Relator: Ministro Ricardo Lewandowski. Paciente: Carlos Alberto
Guerreiro do Valle. Impetrantes: Luiz Vicente Cernicchiaro e outros. Coator: Superior
Tribunal de Justiça.
Decisão: Por maioria de votos, a Turma indeferiu o pedido de habeas corpus;
vencido o Ministro Marco Aurélio, que o deferia. Falou pelo paciente o Dr. Luiz Vicente
Cernicchiaro.
Presidência do Ministro Sepúlveda Pertence. Presentes à sessão os Ministros Marco
Aurélio, Cezar Peluso, Carlos Britto e Ricardo Lewandowski. Subprocurador-Geral da
República, Dr. Edson Oliveira de Almeida.
Brasília, 6 de junho de 2006 — Ricardo Dias Duarte, Coordenador.
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros do Supremo Tribu-
nal Federal, em Segunda Turma, sob a presidência do Ministro Carlos Velloso, na con-
formidade da ata do julgamento e das notas taquigráficas, por unanimidade de votos,
deferir a ordem, nos termos do voto do Relator.
Brasília, 29 de novembro de 2005 — Joaquim Barbosa, Relator.
RELATÓRIO
O Sr. Ministro Joaquim Barbosa: Trata-se de habeas corpus, com pedido de
liminar, impetrado em favor de Jaime Catarino de Almeida Filho, em face de acórdão da
5ª Turma do Superior Tribunal de Justiça cuja ementa tem o seguinte teor (fl. 36):
“Habeas corpus. Processual Penal. Sentença que condiciona a expedição
de mandado de prisão ao trânsito em julgado. Recurso apenas da defesa, im-
procedente. Determinação de imediato cumprimento da pena. Interposição de
recurso extraordinário. Reformatio in pejus. Inocorrência. O acórdão substitui
a sentença, não ficando adstrito à determinação de primeiro grau. Fiança.
Matéria a ser questionada nas instãncias inferiores. Ordem denegada. Liminar
cassada.
1. Não há que se falar em piora na situação do condenado por acórdão que, ao
manter a condenação, determina seu imediato cumprimento, em oposição à sen-
tença que determinara que tal só ocorresse após o trânsito em julgado.
2. O acórdão substitui a sentença recorrida, que perde toda sua eficácia em
face do pronunciamento em sentido contrário do Tribunal.
3. Quanto ao cabimento da fiança, a matéria não foi ventilada nas instâncias
inferiores, devendo o Juízo a quo decidir a respeito de sua aplicação.
4. Ordem denegada. Liminar cassada.”
Alega-se constrangimento ilegal do paciente, em virtude de violação do princípio
da vedação à reformatio in pejus. Argumenta-se que, embora a sentença condenatória
tenha determinado que o mandado de prisão fosse expedido somente após o trânsito em
julgado da decisão, o Tribunal de Justiça, ao julgar apelação exclusiva da defesa, man-
teve a decisão e determinou a expedição do referido mandado.
Deferi a liminar (fls. 44-45), para que o paciente aguardasse em liberdade o julga-
mento do recurso extraordinário.
A Procuradoria-Geral da República, em parecer da lavra do Dr. Haroldo Ferraz da
Nóbrega (fls. 76-82), manifesta-se pelo indeferimento da ordem.
É o relatório.
VOTO
O Sr. Ministro Joaquim Barbosa (Relator): O ponto central da presente impetração
é o velho tema da reformatio in pejus. Extraio dos autos o que segue.
1102 R.T.J. — 198
EXTRATO DA ATA
HC 86.597/RJ — Relator: Ministro Joaquim Barbosa. Paciente: Jaime Catarino de
Almeida Filho ou Jayme Catarino de Almeida Filho. Impetrante: Gilberto Talésfero.
Coator: Superior Tribunal de Justiça.
Decisão: Deferiu-se a ordem; decisão unânime. Ausente, justificadamente, neste
julgamento, o Ministro Celso de Mello. Presidiu este julgamento o Ministro Carlos
Velloso.
Presidência do Ministro Carlos Velloso. Presentes à sessão a Ministra Ellen Gracie
e os Ministros Gilmar Mendes e Joaquim Barbosa. Ausente, justificadamente, o Ministro
Celso de Mello. Subprocurador-Geral da República, Dr. Haroldo Ferraz da Nóbrega.
Brasília, 29 de novembro de 2005 — Carlos Alberto Cantanhede, Coordenador.
R.T.J. — 198 1103
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros do Supremo Tribu-
nal Federal, em Segunda Turma, sob a Presidência da Ministra Ellen Gracie (RISTF, art.
37, II), na conformidade da ata do julgamento e das notas taquigráficas, por unanimidade
de votos, negar provimento ao recurso extraordinário, nos termos do voto do Relator.
Brasília, 14 de fevereiro de 2006 — Gilmar Mendes, Relator.
RELATÓRIO
O Sr. Ministro Gilmar Mendes: Trata-se de habeas corpus impetrado por Khaled
Ali Fares, em favor de Giovani Silva Mendes de Brito, contra decisão da Quinta Turma
do Superior Tribunal de Justiça, que negou ordem de habeas corpus no HC n. 43.806/SP,
cujo acórdão restou assim ementado:
“Habeas corpus. Prisão preventiva. Constrangimento ilegal. Violação
aos requisitos legais. Inexistência. Vinculação concreta.
A decretação da prisão preventiva é justificada para garantir a ordem pública,
assegurar a instrução criminal e a aplicação da lei penal, requisitos devidamente
demonstrados.
Se o Juiz, frente aos indícios do crime e da autoria, entendeu de forma concreta
pela prisão, indicando a proteção da ordem pública e o resguardo da instrução,
porquanto o delito é tido por grave e o agente mostrou-se perigoso e habilidoso em
tentar ludibriar as autoridades, cumpridos estão os requisitos da medida extrema.
Ordem denegada.”
1104 R.T.J. — 198
VOTO
O Sr. Ministro Gilmar Mendes (Relator): A decisão que decretou a prisão preventiva
do paciente está assim fundamentada:
“A materialidade está demonstrada e há indícios da autoria (o indiciado
Giovani confessou a autoria, além do que ficou demonstrado vínculo entre referi-
do agente e o veículo utilizado na realização do crime — fls. 21/23 e 34/37).
E o delito em tese praticado é gravíssimo e desassossega a sociedade, pondo-
a em pânico permanente, circunstância apta a demonstrar a periculosidade e má
índole do agente que, pois, deve ser encaminhado ao cárcere, para garantia da
ordem pública.
Vale anotar que não há prova relativa a residência fixa ou a exercício de
atividade lícita, de modo que nada vincula o agente ao ‘distrito da culpa’, daí a
necessidade de encaminhá-lo ao cárcere, agora para assegurar a aplicação da lei.
Por fim, deve-se garantir a presença do indiciado à audiência de instrução,
para o reconhecimento, daí, também, a necessidade da prisão.
Assim, para garantia da ordem pública, para assegurar a aplicação da lei e em
prol da instrução, decreto a prisão preventiva de Giovani Silva Mendes de Brito,
qualificado no inquérito, consoante o artigo 312 do Código de Processo Penal.”
Como se pode constatar, o decreto de prisão preventiva está baseado em quatro
fundamentos: a) existência de indícios da autoria dos crimes; b) garantia da ordem
pública; c) necessidade de assegurar a aplicação da lei; d) conveniência da instrução
criminal.
Quanto ao primeiro fundamento, a decisão deixa expresso que o paciente confes-
sou a autoria, além de ter ficado demonstrado o “vínculo entre referido agente e o
veículo utilizado na realização do crime” (fl. 85, apenso). Segundo a jurisprudência
desta Corte, os indícios da autoria do crime não são suficientes para respaldar a prisão
preventiva (HC 85.646/SP, Rel. Min. Marco Aurélio, DJ de 21-6-2005; HC 85.713/SP,
Rel. Min. Marco Aurélio, DJ de 17-5-2005). No entanto, quando a presença de indícios
da autoria e materialidade do delito vem acompanhada da necessidade de garantir a
R.T.J. — 198 1105
EXTRATO DA ATA
HC 86.605/SP — Relator: Ministro Gilmar Mendes. Paciente: Giovani Silva Mendes
de Brito. Impetrante: Khaled Ali Fares. Coator: Superior Tribunal de Justiça.
Decisão: A Turma, por unanimidade, denegou o habeas corpus, nos termos do
voto do Relator. Ausente, justificadamente, neste julgamento, o Ministro Celso de
Mello. Presidiu este julgamento a Ministra Ellen Gracie.
R.T.J. — 198 1107
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da Primeira Turma
do Supremo Tribunal Federal, sob a presidência do Ministro Sepúlveda Pertence, na
conformidade da ata do julgamento e das notas taquigráficas, por unanimidade de votos,
deferir o pedido de habeas corpus, nos termos do voto do Relator.
Brasília, 8 de novembro de 2005 — Sepúlveda Pertence, Relator.
RELATÓRIO
O Sr. Ministro Sepúlveda Pertence: Trata-se de habeas corpus — substitutivo de
recurso ordinário —, com pedido de liminar, contra acórdão do STJ, de cuja ementa se
extrai (fl. 14):
1108 R.T.J. — 198
VOTO
O Sr. Ministro Sepúlveda Pertence (Relator):
I
Sedimentou-se em nossa jurisprudência que, se a pronúncia, para conservar preso
o réu, silencia totalmente a respeito ou se remete aos fundamentos do decreto de prisão
cautelar anterior, a eventual inidoneidade deles contamina de nulidade a prisão proces-
sual e, por isso, não prejudica o habeas corpus pendente que o impugna (v.g., HHCC
79.200, 1ª T., 22-6-99, Pertence, RTJ 172/184; 82.797, 1ª T., 1º-4-03, Pertence, 2-5-03;
85.583, 1ª T., 9-8-05, Pertence, pp.; 84.474, 1ª T., 10-10-04, Pertence, DJ de 12-11-04;
RHC 83.465, 1ª T., 25-11-03, Britto, DJ de 19-12-03).
Conheço do habeas corpus.
II
No mérito, estou convencido de que a ordem deve ser deferida.
Conforme ressaltei ao deferir a liminar, o Supremo Tribunal tem repelido, sistema-
ticamente, a prisão preventiva que se funda na gravidade abstrata ou concreta do delito
imputado, definido ou não como hediondo (v.g., HHCC 69.950, Rezek, RTJ 128/147;
68.631, Pertence, RTJ 137/287; 76.730, Gallotti, 1º-3-98; 79.204, Pertence, 1º-6-99;
79.392, Pertence, 31-8-99), fundamento real da prisão.
1110 R.T.J. — 198
EXTRATO DA ATA
HC 86.703/ES — Relator: Ministro Sepúlveda Pertence. Paciente: Maria das Graças
Santos Reginaldo. Impetrantes: Leonardo Picoli Gagno e outro. Coator: Superior Tribunal
de Justiça.
Decisão: A Turma deferiu o pedido de habeas corpus, nos termos do voto do
Relator. Unânime. Não participou deste julgamento o Ministro Eros Grau.
Presidência do Ministro Sepúlveda Pertence. Presentes à sessão os Ministros Marco
Aurélio, Cezar Peluso, Carlos Britto e Eros Grau. Subprocurador-Geral da República, Dr.
Paulo de Tarso Braz Lucas.
Brasília, 8 de novembro de 2005 — Ricardo Dias Duarte, Coordenador.
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da Primeira Turma
do Supremo Tribunal Federal, sob a presidência do Ministro Sepúlveda Pertence, na
conformidade da ata do julgamento e das notas taquigráficas, por unanimidade de votos,
deferir, de ofício, a ordem, nos termos do voto do Relator.
Brasília, 13 de dezembro de 2005 — Sepúlveda Pertence, Relator.
RELATÓRIO
O Sr. Ministro Sepúlveda Pertence: No dia 9-8-02, J. Câmara & Irmãos S.A. —
Jornal O Popular e Rádio Araguaia Ltda. ofereceram queixa-crime contra o paciente e
dois co-réus, imputando-lhes a prática do crime de difamação previsto no art. 21 da Lei
de Imprensa, combinado com os arts. 29; 61, a e g; e 70 (segunda parte) do Código Penal
(fls. 9/30).
Colhida a resposta preliminar, o Juízo da 12ª Vara Criminal de Goiânia/GO decli-
nou da competência para o Juizado Especial Criminal, com estes fundamentos:
“Versam os presentes autos de suposta prática de crime de difamação, capitu-
lada no art. 21 da Lei 5.250/67, o qual prevê pena máxima de 18 (meses) de
detenção, sendo, portanto, crime de menor potencial ofensivo, de acordo com o
parágrafo único do artigo segundo da Lei 10.259/01, tornando esse Juízo incom-
petente para apreciação do presente feito. Muito embora o delito em tela preveja
rito especial, é certo que a Lei 10.259/01, que dispõe sobre a instituição dos
Juizados Especiais Cíveis e Criminais no âmbito da Justiça Federal, não menciona
a exceção ocorrida no artigo 61 da Lei 9.099/95. Assim, de acordo com o parágrafo
único do artigo segundo da Lei 10.359/01, deverão ser considerados delitos de
menor potencial ofensivo todos os crimes com pena máxima de 02 (dois) anos.”
Distribuído o feito ao 4º Juizado Especial Criminal de Goiânia, este recebeu “a
queixa-crime na sua integralidade” (fls. 31/32).
Alegando incompetência do Juizado Especial, o paciente impetrou habeas corpus
à Turma Recursal de Goiânia, que dele não conheceu.
Lê-se da ementa do julgado (fls. 50/53):
“I - Se possível a interposição de exceção e de conflito de jurisdição por parte
do querelado, temerária se torna a utilização do habeas corpus, máxime se o obje-
tivo da ordem consiste primacialmente em resolver conflito de jurisdição. II -
1112 R.T.J. — 198
Provas deficientes obstam ao conhecimento do writ, vez que o estreito âmbito que
lhe é próprio impede a dilação probatória. III - Não é a Turma Recursal competente
para resolver eventual conflito de competência entre Juiz de Vara Criminal Comum
e Juiz de Juizado Especial Criminal. IV - Ordem não conhecida.”
Donde a presente impetração, na qual se repisa a alegação de que o concurso
formal (Código Penal, art. 70, segunda parte) objeto da queixa, que fora recebida inte-
gralmente, não pode ser desconsiderado para o fim de estabelecer-se a competência do
Juizado Especial.
Aduz que, com o advento da Lei 10.259/01 (art. 2º, parágrafo único), devem ser
considerados delitos de menor potencial ofensivo todos aqueles a que a lei comine pena
máxima não superior a 2 (dois) anos, independentemente do procedimento ao qual
submetido.
Daí que, como a pena máxima prevista no art. 21 da Lei 5.250/67 é de 18 meses,
dada a imputação de concurso formal resultante de “desígnios autônomos” — que im-
põe a cumulação das penas —, esta passa a ser de 36 meses, inviabilizando a aplicação
da Lei 10.259/01.
Nesse sentido, invoca o HC 80.811, 1ª T., Moreira, DJ de 22-3-02, assim
ementado:
“Habeas corpus. Incompetência do Juizado Especial Criminal — Havendo
concurso de infrações penais, que isoladamente sejam consideradas de menor po-
tencial ofensivo, deixam de sê-lo, levando-se em consideração, em abstrato, a
soma das penas ou do acréscimo em virtude desse concurso. Habeas corpus defe-
rido para declarar a incompetência do Juizado Especial Criminal, e determinar que
os autos sejam encaminhados à Justiça Estadual comum”.
Requer a concessão da liminar, para suspender o curso da ação penal e, no mérito,
que seja reconhecida a competência da Justiça Comum.
Deferida a liminar, sobreveio o parecer do Ministério Público Federal, da lavra do
Il. Subprocurador-Geral Edson de Almeida (fl. 95), que opinou pelo sobrestamento do
feito até a decisão no HC 83.163, Pertence, no qual o Plenário rediscute “o cabimento
ou não da suspensão condicional do processo na hipótese de crimes cometidos em
concurso” (Inf. 317).
É o relatório.
VOTO
O Sr. Ministro Sepúlveda Pertence (Relator):
I
Já decidiu a Turma que cabe recurso ordinário das decisões de Turma Recursal
denegatórias de habeas corpus (v.g., RHC 85.241, 1ª T., 6-9-05, Marco Aurélio, DJ de
28-10-05).
Daí que, a rigor, o presente habeas corpus é substitutivo do recurso ordinário e,
sendo assim, deve conter “fundamentação pertinente à decisão denegatória que im-
R.T.J. — 198 1113
pugna”, ou ao menos “desenvolva tese contrária à sua motivação” (v.g., HHCC 79.804,
1ª T., 8-2-00, Pertence, DJ de 3-3-00; 80.620, 1ª T., 6-3-01, Pertence, DJ de 27-4-91), o
que não ocorre: limitou-se a impetração a afirmar que a competência, no caso, seria do
Juízo da 12ª Vara Criminal de Goiânia/GO.
Não atacou, pois, os fundamentos pelos quais a Turma Recursal não conheceu da
impetração lá requerida.
II
Ocorre que esta 1ª Turma, recentemente, reconheceu a incompetência, na hipótese
de crime de imprensa, do Juizado Especial estadual (v.g., HC 86.102, 27-9-05, Eros
Grau, Inf. 403).
Na mesma linha o HC 83.814, 16-3-04, Sepúlveda Pertence, DJ de 2-4-04, invocado
no precedente.
Este o quadro, defiro de ofício a ordem, para anular o processo a partir do recebi-
mento da denúncia, inclusive, e determinar a remessa dos autos ao Juízo competente,
qual seja, a da 12ª Vara Criminal de Goiânia/GO: é o meu voto.
EXTRATO DA ATA
HC 86.843/GO — Relator: Ministro Sepúlveda Pertence. Paciente: Jorge Reis da
Costa. Impetrante: Aldo de Campos Costa. Coatora: Turma Julgadora Criminal dos
Juizados Especiais da Comarca de Goiânia.
Decisão: A Turma deferiu, de ofício, a ordem, nos termos do voto do Relator.
Unânime. Falou pelo paciente o Dr. Aldo de Campos Costa.
Presidência do Ministro Sepúlveda Pertence. Presentes à sessão os Ministros Marco
Aurélio, Cezar Peluso, Carlos Britto e Eros Grau. Subprocurador-Geral da República, Dr.
Rodrigo Janot Monteiro de Barros.
Brasília, 13 de dezembro de 2005 — Ricardo Dias Duarte, Coordenador.
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros do Supremo Tribu-
nal Federal, em Segunda Turma, sob a Presidência do Ministro Celso de Mello, na
conformidade da ata do julgamento e das notas taquigráficas, por unanimidade de votos,
conceder, de ofício, o habeas corpus em favor do paciente, determinando a imediata
expedição de alvará de soltura se, por al, não estiver preso, nos termos do voto do
Relator.
Brasília, 21 de fevereiro de 2006 — Gilmar Mendes, Relator.
RELATÓRIO
O Sr. Ministro Gilmar Mendes: Trata-se de habeas corpus impetrado em favor de
Jakson Gonçalves de Macedo contra decisão da Quinta Turma do Superior Tribunal de
Justiça no HC n. 42.378/SP, Rel. Min. Laurita Vaz. Eis o teor da ementa (fl. 36):
“Habeas corpus. Processual Penal. Crimes de homicídio qualificado e ten-
tativas de homicídios. Réu que, preso em flagrante delito, permaneceu durante
toda a instrução criminal custodiado cautelarmente. Possibilidade de manu-
tenção do cárcere em sede de pronúncia que, inclusive, guarda fundamentação
legal. Excesso de prazo. Instrução criminal desenvolvida normalmente e que
aguarda, para a designação do júri popular, o julgamento do recurso em senti-
do estrito nos próprios autos e a realização de incidente de sanidade mental
requerido pela própria defesa.
1. Tendo sido o paciente, preso em flagrante delito e mantido sob cárcere
durante toda a instrução criminal, deverá o acusado aguardar segregado a realiza-
ção do julgamento popular, nos termos do artigo 408, § 1º, do Código de Processo
Penal. Precedentes do STJ.
2. Verifica-se, na hipótese, ainda, que a necessidade da manutenção da custó-
dia cautelar do paciente foi satisfatoriamente motivada na gravidade dos delitos —
que são hediondos — e na periculosidade do agente demonstrada na execução do
crime.
3. Pronunciado o réu, resta superada a alegação de excesso de prazo na forma-
ção da culpa, mormente se, afastadas as qualificadoras pelo juízo processante, o
feito aguarda para a designação da sessão plenária, o julgamento do recurso em
sentido estrito, nos próprios autos, interposto pelo Ministério Público e, também,
a realização de incidente mental do acusado, requerido pela defesa do paciente.
4. Ordem denegada, recomendando-se, todavia, urgência no julgamento do
recurso em sentido estrito interposto pelo órgão ministerial, em se tratando de
recurso contra pronúncia prolatada há mais de um ano.”
R.T.J. — 198 1115
O paciente foi preso preventivamente como incurso no art. 121, caput e § 2º (crime
de homicídio e homicídio duplamente qualificado), juntamente com o art. 14, II (crime
tentado, por duas vezes), todos do Código Penal.
Alega-se: a) que o paciente é réu primário, com bons antecedentes, exercendo
ocupação lícita e residindo no distrito da culpa; b) que o princípio da presunção da
inocência, de que nenhuma pessoa poderá ser considerada culpada antes do trânsito em
julgado da sentença; e, por fim, c) que o crime se deu em um clima de forte emoção,
configurando um desajuste entre amantes.
E ainda, sustenta-se o constrangimento ilegal decorrente da falta de fundamenta-
ção do decreto de prisão cautelar, nos termos do art. 93, IX, da CF, assim como em razão
do descumprimento dos requisitos do art. 312 do CPP.
Indeferi o pedido de liminar (fls. 50-53).
O parecer do Parquet é pelo indeferimento do writ (fls. 56-60).
É o relatório.
VOTO
O Sr. Ministro Gilmar Mendes (Relator): Na sentença de pronúncia, são esclarecidas
as circunstâncias do crime:
“Consta dos autos que o acusado teria, quando do inquérito policial, confes-
sado à Autoridade Policial haver produzido os disparos que atingiram as vítimas,
acrescendo que o fez em face de Antonia porque, tendo rompido o relacionamento
amoroso com ela antes mantido, no dia dos fatos a viu dançar com terceiros
provocativamente, animando-se então o acusado a ir até a sua casa, armar-se e
retornar ao local para, afinal, disparar em Antonia e, em acréscimo, também nas
demais vítimas (fls. 11-12). Já em juízo, embora dizendo o réu não ter qualquer
recordação desses fatos, todavia a testemunha de fl. 116 confirmou haver dele
colhido, logo após os acontecimentos, a confissão de autoria dos disparos em face
de Antonia. Outrossim, os depoimentos de pessoas então presenciais confirmaram
que o réu realmente disparou contra Antonia, Estefânia e Cloves (fls. 117-117-v e
119). (Fl. 11)
À fl. 12, constam as razões da negativa do direito de aguardar em liberdade o
julgamento, dentre as quais destaco o seguinte excerto, verbis:
“De resto, em que se pese ser o réu primário e não registrar outros envolvi-
mentos com a Justiça criminal, não poderá ele aguardar seu julgamento em liberdade.
É que se trata de fatos demonstrativos de alto potencial criminógeno do agente,
havendo notícias de promessas de morte anteriores que teriam apenas em parte se
consumado, razão pela qual se fundamenta concreta preocupação quanto à possi-
bilidade de uma soltura ainda precipitada. Assim, em razão de sua estrita necessi-
dade para exata garantia da ordem pública, mantenho a prisão cautelar do acusado.
(Fl. 12)”
1116 R.T.J. — 198
Como se pode constatar, o decreto de prisão preventiva está baseado em três funda-
mentos: a) periculosidade do agente; b) garantia da ordem pública; c) conveniência da
instrução criminal.
Em relação à periculosidade e à garantia da ordem pública, a decisão analisa a má
índole do agente, que, no entendimento do Juiz de primeira instância, representa uma
ameaça para a sociedade.
O impetrante alega que o princípio da presunção da inocência estaria sendo violado
com a manutenção dos fundamentos do decreto de sua custódia preventiva. Nesse ponto,
vale destacar o seguinte excerto do parecer da PGR, verbis:
“Sobre o invocado princípio da presunção da inocência, ‘conforme já decidiu
esta Corte, tal postulado não é absoluto, sendo admitida a prisão cautelar na hipó-
tese em que verificada a necessidade e conveniência da medida’, o que aliás, restou
devidamente assentado pela Eg. Quinta Turma do STJ, ao julgar o acórdão impug-
nado (HC n. 42.378/SP).” (Fl. 58)
A ordem pública, como requisito da prisão preventiva, foi discutida pelo Plenário
desta Corte no HC 80.717, Relatora para o acórdão Min. Ellen Gracie, DJ de 5-3-04.
Nesse precedente, firmou-se entendimento no sentido de que a ordem pública funda-se
na magnitude da lesão causada, bem como na necessidade de se resguardar a credibilidade
das instituições públicas.
Vale destacar, no ponto, o seguinte excerto do voto do Min. Carlos Britto no HC
84.680 (DJ de 15-4-05), verbis:
“15. Muito já se escreveu sobre esse fundamento específico da prisão preven-
tiva, previsto no art. 312 do CPP. Para alguns estudiosos, serviria ele de instrumen-
to a evitar que o delinqüente, em liberdade, praticasse novos crimes ou colocasse
em risco a vida das pessoas que desejassem colaborar com a Justiça, causando
insegurança no meio social. Outros associam a ‘ordem pública’ à credibilidade do
Poder Judiciário e às instituições públicas. Por fim, há também aqueles que encai-
xam no conceito de ‘ordem pública’ a gravidade do crime ou a reprovabilidade da
conduta, sem falar no famoso clamor público, muitas vezes confundido com a
repercussão na mídia causada pelo delito.”
Cito, ainda, os seguintes julgados, que traduzem o entendimento da Corte sobre as
hipóteses em que se conforma o requisito ordem pública:
“(...)
Além de a prisão preventiva ter como objetivo, no caso, a prevenção quanto
à reprodução de outros fatos criminosos — e a ocorrência de quatro incêndios
anteriores recomenda essa cautela —, objetiva ela, também, garantir a incolumidade
física das pessoas, que traduz uma das dimensões do conceito de ordem pública,
tendo em vista que o crime em questão é daqueles que podem causar tumulto e
pânico.” (HC 82.149, Rel. Min. Ellen Gracie, DJ de 13-12-02.)
“Prisão preventiva. Decreto que se encontra suficientemente fundamentado na
garantia da ordem pública, por ser o acusado dono de outros ‘desmanches’, havendo,
inclusive, receio de que, se permanecesse solto, continuasse a delinqüir.” (HC
82.684, Rel. Min. Maurício Corrêa, 1º-8-03.)
R.T.J. — 198 1117
(CF, art. 5º, LIV) — Habeas corpus conhecido em parte e, nessa parte, deferido.
O excesso de prazo, mesmo tratando-se de delito hediondo (ou a este equipara-
do), não pode ser tolerado, impondo-se, ao Poder Judiciário, em obséquio aos
princípios consagrados na Constituição da República, o imediato relaxamento
da prisão cautelar do indiciado ou do réu. — Nada pode justificar a permanência
de uma pessoa na prisão, sem culpa formada, quando configurado excesso irrazo-
ável no tempo de sua segregação cautelar (RTJ 137/287 — RTJ 157/633 — RTJ
180/262-264 — RTJ 187/933-934), considerada a excepcionalidade de que se
reveste, em nosso sistema jurídico, a prisão meramente processual do indiciado ou
do réu, mesmo que se trate de crime hediondo ou de delito a este equiparado. — O
excesso de prazo, quando exclusivamente imputável ao aparelho judiciário — não
derivando, portanto, de qualquer fato procrastinatório causalmente atribuível ao
réu — traduz situação anômala que compromete a efetividade do processo, pois,
além de tornar evidente o desprezo estatal pela liberdade do cidadão, frustra um
direito básico que assiste a qualquer pessoa: o direito à resolução do litígio, sem
dilações indevidas (CF, art. 5º, LXXVIII) e com todas as garantias reconhecidas
pelo ordenamento constitucional, inclusive a de não sofrer o arbítrio da coerção
estatal representado pela privação cautelar da liberdade por tempo irrazoável ou
superior àquele estabelecido em lei. — A duração prolongada, abusiva e irrazoável
da prisão cautelar de alguém ofende, de modo frontal, o postulado da dignidade da
pessoa humana, que representa — considerada a centralidade desse princípio es-
sencial (CF, art. 1º, III) — significativo vetor interpretativo, verdadeiro valor-fonte
que conforma e inspira todo o ordenamento constitucional vigente em nosso País
e que traduz, de modo expressivo, um dos fundamentos em que se assenta, entre
nós, a ordem republicana e democrática consagrada pelo sistema de direito consti-
tucional positivo. Constituição Federal (art. 5º, incisos LIV e LXXVIII). EC 45/
2004. Convenção Americana sobre Direitos Humanos (art. 7º, n. 5 e 6). Doutrina.
Jurisprudência. — O indiciado ou o réu, quando configurado excesso irrazoável na
duração de sua prisão cautelar, não podem permanecer expostos a tal situação de
evidente abusividade, ainda que se cuide de pessoas acusadas da suposta prática
de crime hediondo (Súmula 697/STF), sob pena de o instrumento processual da
tutela cautelar penal transmudar-se, mediante subversão dos fins que o legitimam,
em inaceitável (e inconstitucional) meio de antecipação executória da própria
sanção penal. Precedentes.” (HC 85.237/DF, Rel. Min. Celso de Mello, Pleno,
17-3-05.)
Outrossim, desde algum tempo, a jurisprudência da Corte vem sendo consolidada
no sentido de que a demora na instrução e julgamento da ação penal, desde que gritante,
abusiva e irrazoável, caracteriza o excesso de prazo, não sendo admissível manter uma
pessoa sob coerção estatal, cautelarmente, por tempo indeterminado. Nesse sentido, os
precedentes mais recentes: RHC 83.177/PI, Rel. Min. Nelson Jobim, Segunda Turma, DJ
de 19-3-04; HC 85.237/DF, Rel. Min. Celso de Mello, Pleno, 17-3-05; HC 85.068/RJ,
Rel. Min. Sepúlveda Pertence, Primeira Turma, DJ de 3-6-05; HC 86.019/RS, Rel. Min.
Carlos Britto, Segunda Turma, julgamento em 27-9-05.
Com essas considerações, o meu voto é pela concessão de ofício da ordem de
habeas corpus, determinando seja expedido alvará de soltura em favor do ora Paciente,
se por outro motivo não estiver preso.
R.T.J. — 198 1119
VOTO
O Sr. Ministro Joaquim Barbosa: Senhor Presidente, entendo que seja o caso de se
conceder; sobretudo nessa região de São Paulo, há precedentes, envolvendo situações
bem mais graves, em que temos concedido.
DEBATE
O Sr. Ministro Celso de Mello (Presidente): Da tribuna, afirmou-se que o paciente
estaria preso há dois anos, aguardando julgamento. Vossa Excelência, no entanto, men-
cionou, se não me engano, um ano.
O Sr. Ministro Gilmar Mendes (Relator): No habeas corpus falava-se em um ano,
isso quando do julgamento no STJ.
O Sr. Ministro Celso de Mello (Presidente): Quando ocorreu o julgamento no
Superior Tribunal de Justiça?
O Sr. Ministro Gilmar Mendes (Relator): Setembro de 2005.
Nesse caso, houve a pronúncia, e pendia de julgamento o recurso em sentido
estrito contra a decisão.
O Sr. Ministro Joaquim Barbosa: Houve um caso recente, de minha relatoria, no
final do ano passado, em que se tratava de uma situação muito mais grave do que essa —
réu envolvido em atividades criminosas em dois Estados: Goiás e Rio de Janeiro — ao
qual concedemos a ordem.
O Sr. Ministro Gilmar Mendes (Relator): Prazo menor?
O Sr. Ministro Joaquim Barbosa: Mais ou menos o mesmo prazo: dois anos e meio.
O Sr. Ministro Celso de Mello (Presidente): Trata-se de homicídio simples?
O Sr. Ministro Gilmar Mendes (Relator): Crime de homicídio e homicídio qualificado.
Senhor Presidente, na verdade, a questão pende desse recurso em sentido estrito e
há esse incidente quanto à sanidade mental.
Vossa Excelência tenderia a considerar excessivo o prazo?
O Sr. Ministro Celso de Mello (Presidente): Manter-se presa uma pessoa, sem jul-
gamento, por um período tão prolongado, especialmente conhecendo-se a realidade do
foro paulistano, cujos julgamentos nem sempre são tão céleres como deveriam ser, ainda
mais perante o Tribunal do Júri, não obstante a inteira dedicação de seus ilustres magis-
trados, parece-me que o caso em exame justificaria a concessão, ex officio, da ordem de
habeas corpus.
O Sr. Ministro Gilmar Mendes (Relator): Sim, poderíamos conceder de ofício, não
haveria nenhuma dificuldade em fazê-lo.
O Sr. Ministro Celso de Mello (Presidente): O Ministro Joaquim Barbosa entende
possível essa solução?
O Sr. Ministro Joaquim Barbosa: Sobretudo nessa região de São Paulo. Nós temos
precedentes, envolvendo situações bem mais graves, em que temos concedido.
A Sra. Ministra Ellen Gracie: A rigor, a instrução está completa?
1120 R.T.J. — 198
O Sr. Ministro Gilmar Mendes (Relator): Sim. Eu não tive oportunidade de verificar.
Imagino que não deva ter havido o exame do recurso estrito da pronúncia. Por essa razão,
óbvio, que há demora na definição do júri.
O Sr. Ministro Celso de Mello (Presidente): Especialmente se se considerar o que
dispõe o art. 416 do CPP.
A Sra. Ministra Ellen Gracie: De modo que, toda vez que o réu, paciente, manifestar
recurso, teremos que liberar.
O Sr. Ministro Gilmar Mendes (Relator): Nesse caso, o recurso é do Ministério
Público?
O Sr. Ministro Celso de Mello (Presidente): Foi interposto pelo Ministério Público.
A Sra. Ministra Ellen Gracie: Então, nesse caso, com mais razão.
O Sr. Ministro Celso de Mello (Presidente): interposto o recurso em sentido estrito
da sentença de pronúncia, suspende-se o julgamento pelo júri, consoante determina o
art. 584, § 2º, do CPP.
O Sr. Ministro Gilmar Mendes (Relator): Teremos que fazer ponderações, claro,
tendo em vista os recursos interpostos, eventualmente, pelo réu e os fundamentos da
prisão.
Então, neste caso, concedemos a ordem de ofício.
EXTRATO DA ATA
HC 86.915/SP — Relator: Ministro Gilmar Mendes. Paciente: Jakson Gonçalves de
Macedo. Impetrante: Damião Tavares dos Santos. Coator: Superior Tribunal de Justiça.
Decisão: A Turma, por votação unânime e nos termos do voto do Relator, concedeu,
de ofício, o habeas corpus em favor do paciente, determinando a imediata expedição de
alvará de soltura se por al não estiver preso. Falou, pelo paciente, o Dr. Damião Tavares
dos Santos.
Presidência do Ministro Celso de Mello. Presentes à sessão a Ministra Ellen Gracie
e os Ministros Gilmar Mendes e Joaquim Barbosa. Subprocurador-Geral da República,
Dr. Paulo da Rocha Campos.
Brasília, 21 de fevereiro de 2006 — Carlos Alberto Cantanhede, Coordenador.
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da Primeira Turma
do Supremo Tribunal Federal, sob a presidência do Ministro Sepúlveda Pertence, na
conformidade da ata do julgamento e das notas taquigráficas, por unanimidade, deferir
o pedido de habeas corpus, nos termos do voto do Relator. Impedido o Ministro Carlos
Britto.
Brasília, 6 de junho de 2006 — Ricardo Lewandowski, Relator.
RELATÓRIO
O Sr. Ministro Ricardo Lewandowski: Trata-se de habeas corpus impetrado em
favor de Luciano Franco Barreto contra decisão da Turma Recursal dos Juizados Cri-
minais da Capital do Estado de Sergipe que considerou intempestivos os embargos de
declaração opostos.
Os impetrantes sustentam que o teor do acórdão da Turma Recursal fora disponi-
bilizado em 13-8-05 (fl. 124, verso), com publicação em 21-9-05 (fl. 129), e que o
prazo para recurso de embargos somente correria da data da publicação da decisão
pela imprensa oficial.
Indeferida a liminar (fl. 153), foram prestadas as informações de estilo pela auto-
ridade apontada como coatora, com cópia integral dos autos (fls. 165-249). A Procurado-
ria-Geral da República opina pelo indeferimento da ordem (fls. 255-257).
É o relatório.
VOTO
O Sr. Ministro Ricardo Lewandowski (Relator): Trata-se de habeas corpus que
ventila, em essência, questão acerca do termo inicial do prazo para oferecimento de
recurso perante Turma Recursal de Juizado Especial Criminal.
No caso sob exame, o paciente viu-se impossibilitado de tomar conhecimento do
conteúdo da decisão, conforme depreende-se das certidões constantes nos autos.
Com efeito, vê-se que os embargos de declaração do paciente, ora querelado, foram
opostos no período legal de cinco dias da data da publicação do acórdão da Turma
Recursal. Tempestivos, portanto.
1122 R.T.J. — 198
Em que pese aos princípios inerentes aos Juizados Especiais, há que ser observado
o princípio maior da garantia do contraditório e da ampla defesa. Não é razoável a
declaração de intempestividade em razão da existência de sustentação oral dos procura-
dores, muito menos quando inexistentes registros expressos da ciência do conteúdo da
decisão colegiada.
Inaplicável o art. 19, § 1º, da Lei 9.099/95, que segue transcrito:
“Art. 19. As intimações serão feitas na forma prevista para a citação, ou por
qualquer outro meio idôneo de comunicação.
§ 1º Dos atos praticados na audiência, considerar-se-ão desde logo cientes as
partes.”
O disposto no § 1º do referido artigo tem por objeto tão-somente os atos praticados
em audiência, entendidos, restritivamente, como os atos de primeira instância ou, quando
nas Turmas Recursais, aqueles que podem ser aferidos mediante termo de ciência nos
autos.
Sem razão, também, a fundamentação dada com base no art. 49 da Lei dos Juizados
Especiais, uma vez que trata das ocorrências em matéria civil, ainda que de conteúdo
igual ao § 1º do art. 83. O art. 49 possui o seguinte teor:
“Art. 49. Os embargos de declaração serão interpostos por escrito ou oral-
mente, no prazo de cinco dias, contados da ciência da decisão.”
A questão é tratada, quanto aos juizados criminais, no art. 83 da Lei 9.099/95, o
qual impõe a contagem do prazo também a partir da ciência da decisão, que se dá com a
intimação ou com o recibo de ciência do decidido. Registro, por oportuno, que a Reso-
lução n. 8/1999 do Tribunal de Justiça de Sergipe trata da matéria em seu art. 112, que
impõe a publicação das decisões e a certificação da data de intimação nos autos.
Isso posto, concedo a ordem do presente writ para declarar a tempestividade dos
embargos de declaração opostos perante a Turma Recursal Criminal, que deverá analisar
o recurso e proceder como entender de direito.
É como voto.
EXTRATO DA ATA
HC 87.338/SE — Relator: Ministro Ricardo Lewandowski. Paciente: Luciano
Franco Barreto. Impetrantes: Ana Cláudia Maranhão Alves e outro. Coator: Turma
Recursal dos Juizados Especiais Criminais da Comarca de Aracaju.
Decisão: A Turma deferiu o pedido de habeas corpus, nos termos do voto do
Relator. Unânime. Impedido o Ministro Carlos Britto.
Presidência do Ministro Sepúlveda Pertence. Presentes à sessão os Ministros Marco
Aurélio, Cezar Peluso, Carlos Britto e Ricardo Lewandowski. Subprocurador-Geral da
República, Dr. Edson Oliveira de Almeida.
Brasília, 6 de junho de 2006 — Ricardo Dias Duarte, Coordenador.
R.T.J. — 198 1123
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da Primeira Turma
do Supremo Tribunal Federal, sob a Presidência do Ministro Sepúlveda Pertence, na
conformidade da ata do julgamento e das notas taquigráficas, por decisão unânime,
negar provimento ao agravo regimental no habeas corpus.
Brasília, 8 de agosto de 2006 — Ricardo Lewandowski, Relator.
RELATÓRIO
O Sr. Ministro Ricardo Lewandowski: Trata-se de agravo regimental interposto
por André Sniadower, da decisão de fls. 122-130, que negou seguimento a pedido de
habeas corpus, tendo em vista a aplicação da Súmula 691/STF.
Alega que o decreto de prisão preventiva carece de fundamentação, dado que o
agravante permaneceu preso somente pelo fato de se tratar de crime hediondo. Sustenta,
ainda, que há nos autos comprovação da dependência química do agravante, não havendo
qualquer indício de que ele seja um traficante.
Aduz, mais, que não foi observado o rito previsto na Lei 10.409/02 e que se trata de
acusado primário, com residência certa. Assim, tem-se, no caso, situação excepcional,
que ensejaria o conhecimento do habeas corpus.
Diz, ainda, que, em caso semelhante — HC 86.864/SP, impetrado em favor de
Flávio Maluf —, foi deferido o pedido de medida liminar.
Ao final, requer o agravante a reconsideração da decisão impugnada ou, caso assim
não se entenda, o provimento do presente agravo regimental, objetivando reformar a deci-
são agravada, com a conseqüente expedição de alvará de soltura em favor do agravante.
É o relatório.
1124 R.T.J. — 198
VOTO
O Sr. Ministro Ricardo Lewandowski (Relator): Trata-se de agravo regimental
interposto por André Sniadower contra decisão monocrática proferida pelo eminente
Ministro Carlos Velloso, então Relator, que negou seguimento a pedido de habeas
corpus, dada a aplicação, ao caso, do teor da Súmula 691/STF.
Sustentando a inaplicabilidade da Súmula 691/STF, o recorrente argumenta, em
síntese, o seguinte:
a) a carência de fundamentação do decreto de prisão preventiva;
b) inexistência de comprovação de que o recorrente é traficante de drogas;
c) inobservância do rito previsto na Lei 10.409/02.
Bem examinados os autos, penso não ter razão o recorrente.
A decisão proferida pela eminente Ministra Laurita Vaz, do Superior Tribunal de
Justiça, ao indeferir o pedido de liminar nos autos do HC 51.228/RS, consignou:
“(...)
Observo, em juízo de cognição sumária, após a leitura do acórdão ora atacado,
que a tese relativa à inobservância, pelo juízo processante, do rito procedimental
previsto na Lei n. 10.409/02, não foi objeto de apreciação pelo Tribunal a quo,
razão pela qual o seu exame, pelo Superior Tribunal de Justiça, implicaria em
vedada supressão de instância.
Ademais, impende dizer que o imediato reconhecimento do noticiado constran-
gimento ilegal, no tocante à validade do decreto judicial de prisão preventiva, com a
conseqüente reforma do julgado hostilizado, confunde-se com o próprio mérito da
impetração, cuja análise competirá ao órgão colegiado, no momento oportuno.
(...).” (Fls. 116-117)
O caso está a revelar, de forma clara, a aplicabilidade do entendimento já sumulado
desta Casa, no sentido de que não compete ao Supremo Tribunal Federal conhecer de
habeas corpus impetrado contra decisão do Relator que, em habeas corpus requerido a
tribunal superior, indefere a liminar, nos exatos termos da Súmula 691/STF.
Observo, ainda, que os argumentos expostos pelo recorrente não foram enfrenta-
dos pela decisão que motivou a impetração do presente writ, tornando impossível a
atuação jurisdicional desta Corte, sob pena de supressão de instância.
Portanto, no presente caso, não reconheço a existência de elementos suficientes a
superar o óbice decorrente do entendimento firmado na Súmula 691 do Supremo Tribunal
Federal.
Nego provimento ao agravo.
VOTO
O Sr. Ministro Marco Aurélio: Senhor Presidente, tenho estabelecido, nessas
impetrações contra ato que implique o indeferimento de medida acauteladora, distin-
ções. Examino sempre a excepcionalidade do caso.
O Sr. Ministro Ricardo Lewandowski (Relator): Também eu, Ministro Marco Aurélio.
R.T.J. — 198 1125
O Sr. Ministro Marco Aurélio: Vossa Excelência, procedendo a esse exame, entende
que não se tem constrangimento ilegal configurado?
O Sr. Ministro Ricardo Lewandowski (Relator): Exatamente. Examinei, o decreto
de prisão preventiva, está bem fundamentado. Trata-se de uma acusação de tráfico de
drogas. E não vi nada de excepcional que justificasse o provimento.
O Sr. Ministro Marco Aurélio: Ante essas premissas, Senhor Presidente, acompanho
o Relator no voto proferido e desprovejo o agravo.
EXTRATO DA ATA
HC 87.580-AgR/RS — Relator: Ministro Ricardo Lewandowski. Agravante:
André Sniadower (Advogado: Antônio Dionísio Lopes). Agravada: Relatora do Habeas
Corpus n. 51.228 do Superior Tribunal de Justiça.
Decisão: A Turma negou provimento ao agravo regimental no habeas corpus.
Unânime.
Presidência do Ministro Sepúlveda Pertence. Presentes à sessão os Ministros Marco
Aurélio, Carlos Britto, Ricardo Lewandowski e Cármen Lúcia. Subprocuradora-Geral da
República, Dra. Cláudia Sampaio Marques.
Brasília, 8 de agosto de 2006 — Ricardo Dias Duarte, Coordenador.
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da Primeira Turma
do Supremo Tribunal Federal, sob a Presidência do Ministro Sepúlveda Pertence, na
conformidade da ata do julgamento e das notas taquigráficas, por decisão unânime,
deferir o pedido de habeas corpus, nos termos do voto do Relator. Não participou,
justificadamente, deste julgamento a Ministra Cármen Lúcia.
Brasília, 29 de junho de 2006 — Ricardo Lewandowski, Relator.
1126 R.T.J. — 198
RELATÓRIO
O Sr. Ministro Ricardo Lewandowski: Trata-se de habeas corpus impetrado em
favor de Wilson Alfredo Perpétuo contra acórdão da 5ª Turma do Superior Tribunal de
Justiça que denegou o HC 45.818/SP. Esta a ementa do julgado:
“Processual Penal. Habeas corpus. Operação Lince. Prevenção não confi-
gurada. Lavagem de dinheiro por delegado e agente da Polícia Federal. Prisão
preventiva. Decisão devidamente fundamentada. Prevenção à reiteração de prá-
ticas criminosas. Excesso de prazo para o encerramento da instrução criminal.
Incidência, na hipótese, da Súmula 52/STJ. Constrangimento ilegal inexistente.
Ordem denegada.
1. Nos termos do art. 71 do RISTJ, a distribuição do habeas corpus torna
preventa a competência do relator para todos os recursos posteriores, tanto na ação
como na execução, referentes ao mesmo processo. Não-ocorrência na hipótese.
2. A existência de uma organização criminosa, pelo menos em tese, incrustada
dentro de uma delegacia de polícia federal, com a finalidade de praticar variados
delitos, utilizando-se das prerrogativas das funções públicas ocupadas pelos seus
integrantes (delegados e agentes), configura grave ameaça à ordem pública, tendo
em vista a potencialidade corrosiva das estruturas sociais formais, que deveriam
estar voltadas ao combate à criminalidade que assola a sociedade, ao invés de com
ela estar compactuada.
3. Estando o processo penal na fase de alegações finais, com recente expedi-
ção de mandado para a intimação da defesa, incide o disposto na Súmula 52/STJ,
segundo a qual: ‘Encerrada a instrução criminal, fica superada a alegação de cons-
trangimento por excesso de prazo’.
4. Ordem denegada.” (Fl. 45)
O paciente, Delegado da Polícia Federal, foi denunciado como incurso nas sanções
do art. 1º, V e VII, da Lei 9.613/98 (lavagem de dinheiro), juntamente com outros co-réus.
Com base no art. 312 do Código de Processo Penal, foi decretada prisão preventiva
do paciente em 19-7-2004.
Sustentam as impetrantes, em síntese, a carência de fundamentação no decreto de
prisão preventiva, bem como o excesso de prazo para o encerramento da instrução crimi-
nal, dado que o paciente encontra-se preso há quase 2 (dois) anos.
Postulam, ao final, a concessão da ordem para que seja cassado o decreto de prisão
preventiva “ou, quando menos, seja reconhecido a final o excesso de prazo na prisão
cautelar” (fl. 10).
Indeferida a liminar pelo então Presidente, Ministro Nelson Jobim (fls. 19-20), a
douta Procuradoria-Geral da República opinou pela denegação da ordem (fls. 22-28).
Requisitadas as informações de estilo, foram elas prestadas pelo eminente Ministro
Barros Monteiro, Presidente do Superior Tribunal de Justiça (fls. 37-50).
É o relatório.
R.T.J. — 198 1127
VOTO
O Sr. Ministro Ricardo Lewandowski (Relator): Trata-se de habeas corpus
impetrado em favor de Wilson Alfredo Perpétuo contra acórdão da 5ª Turma do Supe-
rior Tribunal de Justiça que denegou o HC 45.818/SP ao argumento de que, “estando o
processo penal na fase de alegações finais, com recente expedição de mandado para a
intimação da defesa, incide o disposto na Súmula 52/STJ, segundo a qual: ‘Encerrada
a instrução criminal, fica superada a alegação de constrangimento por excesso de
prazo’” (fl. 40).
Observo, de início, que a persecução penal contra o paciente iniciou-se como
desdobramento das investigações realizadas pela chamada “Operação Lince”, intentada
pelo Serviço de Inteligência da Polícia Federal, na qual “foram coletadas provas da
participação de agentes e delegados da Polícia Federal na prática de diversos crimes,
que deram origem a diversos processos criminais” (fl. 42).
O ora paciente, Delegado da Polícia Federal, foi denunciado pela prática do crime
previsto no art. 1º, V e VII, da Lei 9.613/98 (lavagem de dinheiro), juntamente com
outros co-réus, por haver ocultado e dissimulado a origem e a movimentação de valores
obtidos na prática de crime contra a administração pública.
Após o recebimento da denúncia pelo juízo federal de 1º grau (fl. 44 do apenso), foi
decretada a prisão preventiva do paciente (fls. 38-43 do apenso), em 19-7-2004, lastreada
em farto material investigatório, em especial material oriundo de interceptação telefônica,
judicialmente autorizada, que originou a instauração de 12 (doze) ações penais contra o
paciente e outros envolvidos.
Da decisão cautelar constritiva da liberdade do paciente foram impetrados habeas
corpus perante o Tribunal Regional Federal da 3ª Região e o Superior Tribunal de
Justiça, os quais restaram denegados. Em ambas as ações, com pouquíssimas variações,
a impetração sustenta a inocorrência dos pressupostos para a decretação da medida
extrema, dispostos no art. 312 do Código de Processo Penal.
Ao denegar a ordem no âmbito do Superior Tribunal de Justiça, julgando presentes
os pressupostos da prisão preventiva, bem como por não reconhecer o alegado excesso
de prazo da constrição da liberdade, o eminente Ministro Arnaldo Esteves Lima, Relator
do HC 45.818/SP, consignou:
“(...)
Verifica-se, assim, que, tanto a decisão do Juízo processante como o acórdão
que denegou o writ, originário demonstraram de forma satisfatória a necessidade da
medida, principalmente pelo fato da existência de fortes indícios de que o paciente
utiliza-se do cargo para a reiteração de práticas delituosas, sendo um dos integrantes
da organização criminosa instalada no âmbito da Polícia Federal, com papel de
destaque em razão de sua ascendência funcional como delegado de polícia.
(...)
Portanto, conforme relatado pelo Juízo processante, por meio de monitoramento
telefônico autorizado judicialmente, chega-se à conclusão de que a Delegacia de
1128 R.T.J. — 198
VOTO
O Sr. Ministro Sepúlveda Pertence (Presidente): Também restrinjo-me, por ora, ao
excesso de prazo. Ultrapassou-se o limite da razoabilidade, a que temos condicionado o
reconhecimento do excesso de prazo, depois de finda a instrução ou após a pronúncia.
EXTRATO DA ATA
HC 87.776/SP — Relator: Ministro Ricardo Lewandowski. Paciente: Wilson
Alfredo Perpétuo. Impetrantes: Maria Elizabeth Queijo e outro. Coator: Superior Tribunal
de Justiça.
Decisão: A Turma deferiu o pedido de habeas corpus, nos termos do voto do
Relator. Unânime. Não participou, justificadamente, deste julgamento a Ministra Cármen
Lúcia. Falou pelo paciente a Dra. Maria Elizabeth Queijo.
Presidência do Ministro Sepúlveda Pertence. Presentes à sessão os Ministros Marco
Aurélio, Carlos Britto e Ricardo Lewandowski. Ausente, justificadamente, a Ministra
Cármen Lúcia. Compareceu o Ministro Cezar Peluso a fim de julgar processos a ele
vinculados, assumindo a cadeira da Ministra Cármen Lúcia. Subprocurador-Geral da
República, Dr. Rodrigo Janot.
Brasília, 29 de junho de 2006 — Ricardo Dias Duarte, Coordenador.
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros do Supremo Tribu-
nal Federal, em Segunda Turma, sob a presidência do Ministro Celso de Mello, na
conformidade da ata do julgamento e das notas taquigráficas, por maioria de votos,
conhecer e negar provimento ao recurso extraordinário, vencida a Ministra Relatora
Ellen Gracie, que lhe dava provimento.
Brasília, 28 de junho de 2005 — Joaquim Barbosa, Relator para o acórdão (RISTF,
art. 38, IV, b).
RELATÓRIO
A Sra. Ministra Ellen Gracie: Trata-se de recurso extraordinário interposto contra
acórdão do Tribunal de Justiça do Estado de Santa Catarina que concedeu parcialmente
mandado de segurança à recorrida, para assegurar-lhe o gozo da licença-maternidade,
com as vantagens constitucionalmente asseguradas. É esta a ementa do acórdão:
“Administrativo. Professora temporária.
A temporariedade do contrato das professoras admitidas no regime da Lei n.
8.391/91 não prejudica a percepção da licença à gestante, se os últimos 120 dias da
gestação têm início na vigência do contrato.
É que, à duração por prazo certo do contrato sobrevém acontecimento natural
que a Constituição Federal protege com licença por 120 dias que não é uma
benesse ao trabalhador, mas uma proteção ao nascituro e ao infante.
Quanto à admissão da impetrante com professora temporária em 1998, não há
prova de que ela tivesse se submetido a processo seletivo ou comparecido perante
a Junta Médica, como alega.
Segurança parcialmente deferida.” (Fl. 62)
Alega o recorrente ofensa aos arts. 2º; 7º, XVIII; c/c 39, § 2º; 37, caput, II e IX, da
CF, eis que se “estará conferindo estabilidade, mesmo que temporária, à contratação
por tempo certo, já que implica em elastecer o prazo para o qual a Recorrida foi
admitida” (fl. 78). Argumenta, apontando julgados do TST, que o art. 10, II, b, do ADCT
é inaplicável ao caso, pois, “quando finda a admissão por prazo certo, tal ocorrência
não implica em exoneração ou demissão, mas tão somente concretiza o termo final de
prazo para o qual houve a admissão, portanto a idéia de estabilidade mesmo que
transitória choca de frente com a característica da admissão, sendo incompatíveis (...)”
(fl. 77).
O parecer do Ministério Público Federal é pelo parcial conhecimento do recurso e,
nessa parte, pelo seu improvimento (fls. 100-102).
É o relatório.
VOTO (Antecipação)
A Sra. Ministra Ellen Gracie (Relatora): Sr. Presidente, chamo a atenção dos Cole-
gas porque, ainda na sessão anterior, julgamos um caso assemelhado, relativo a professora
temporária do Estado de Minas Gerais. Neste caso, estamos diante também de situação
R.T.J. — 198 1131
VOTO
A Sra. Ministra Ellen Gracie (Relatora): Colho dos autos que a recorrida foi contra-
tada temporariamente como professora no período entre 3-2-1997 e 30-12-1997. Em 2-
2-1998, compareceu à Delegacia de Polícia de Chapecó e disse ter procurado a 11ª CRE
para solicitar sua admissão como professora no ano de 1998, o que lhe teria sido negado
tendo em vista estar a impetrante no 8º mês de gravidez.
Sob o fundamento de que “não fez prova a impetrante de que tivesse se submetido
a processo seletivo e a perícia médica”, o Tribunal de Justiça do Estado de Santa
Catarina indeferiu o pedido de recontratação para o ano de 1998. No entanto, concedeu
parcialmente a ordem “para assegurar à impetrante, independentemente do término do
contrato de trabalho para professora temporário em 1997, o gozo de licença materni-
dade, com as vantagens constitucionalmente asseguradas (art. 7º, XVIII)” (fl. 66).
O acórdão recorrido tem por fundamento, verbis:
“Estando a menos de dois meses do parto ao encerrar-se o contrato de trabalho,
neste há de integrar-se, sem dúvida, a licença a gestante que a Constituição garante
por 120 dias, sem prejuízo do salário, pois à duração por prazo certo do contrato,
sobreveio acontecimento natural que a Constituição protege com licença por 120
dias, o que não é uma benesse ao trabalhador, mas uma proteção ao nascituro e
ao infante” (fl. 65).
A tese deduzida no recurso extraordinário merece prosperar.
O art. 10 do ADCT estabelece:
“Art. 10. Até que seja promulgada a lei complementar a que se refere o art. 7º,
I, da Constituição:
(...)
II - fica vedada a dispensa arbitrária ou sem justa causa:
(...)
b) da empregada gestante, desde a confirmação da gravidez até cinco meses
após o parto.”
Com efeito, não se tratando de dispensa arbitrária ou sem justa causa, mas de
encerramento do prazo regular de duração de contrato temporário sob regime adminis-
1132 R.T.J. — 198
trativo especial regulado pela Lei estadual 8.391/19911, não há se falar em incidência
do art. 10, II, b, do ADCT ao caso. Nesse sentido, a decisão proferida pelo Ministro
Marco Aurélio no AI 253.844 (DJ de 14-12-1999).
Dessa forma, a interpretação dada pelo Tribunal estadual ao art. 7º, XVIII, c/c o art.
39, § 2º (redação original), CF, importa em ter por absoluta a estabilidade garantida à
gestante no art. 10, II, b, do ADCT, exegese contrária à própria literalidade do dispositivo.
Ante o exposto, conheço do recurso e lhe dou provimento, para cassar a segurança
concedida. Custas ex lege.
EXTRATO DA ATA
RE 287.905/SC — Relatora: Ministra Ellen Gracie. Relator para o acórdão: Ministro
Joaquim Barbosa (art. 38, IV, b, do RISTF). Recorrente: Estado de Santa Catarina (Advo-
gado: PGE/SC – Ivan S. Thiago de Carvalho). Recorrida: Elizandra Maria Fontana (Ad-
vogados: Luís Claudio Fritzen e outra).
Decisão: Após o voto da Ministra Relatora, conhecendo do recurso e dando-lhe
provimento, pediu vista o Ministro Joaquim Barbosa. Ausentes, justificadamente, neste
julgamento, os Ministros Celso de Mello e Gilmar Mendes. Presidiu este julgamento o
Ministro Carlos Velloso.
Presidência do Ministro Carlos Velloso. Presentes à sessão a Ministra Ellen Gracie
e o Ministro Joaquim Barbosa. Ausentes, justificadamente, neste julgamento, os Minis-
tros Celso de Mello e Gilmar Mendes. Subprocurador-Geral da República, Dr. Haroldo
Ferraz da Nóbrega.
Brasília, 5 de outubro de 2004 — Carlos Alberto Cantanhede, Coordenador.
VOTO (Vista)
O Sr. Ministro Joaquim Barbosa: Antes de proferir meu voto, farei uma breve
recapitulação do caso.
O Estado de Santa Catarina ajuizou recurso extraordinário (art. 102, III, a, da Cons-
tituição) alegando violação dos arts. 2º; 7º, XVIII; 37, caput, II e IX; e 39, § 2º, da Carta
Magna.
1 Lei 8.391/1991/SC
Art. 2º A admissão de professor dar-se-á, exclusivamente, para o desempenho de atividades
docentes por tempo determinado, em substituição aos afastamentos legais dos titulares.
§ 1º A admissão de que trata este artigo poderá ocorrer excepcionalmente nos seguintes casos:
I - em virtude de existência de vaga não ocupada em concurso público;
II - por imperativo de convênio com a Fundação Catarinense de Educação Especial – FCEE ou
desta com Associação de Pais e Amigos de Excepcionais – APAE;
III - em decorrência de abertura de novas vagas por criação ou por dispensa de seu ocupante;
§ 2º Nas hipóteses referidas nos incisos acima, a necessidade da admissão deverá estar devidamente
comprovada e o prazo não poderá exceder ao término do ano civil.”
R.T.J. — 198 1133
VOTO (Vista)
O Sr. Ministro Carlos Velloso: Sr. Presidente, qual foi o prazo?
O Sr. Ministro Joaquim Barbosa: Ministro Carlos Velloso, não tenho esse dado
aqui, mas o fato é que ela ficou grávida no curso do contrato temporário.
O Sr. Ministro Carlos Velloso: Foi um contrato só?
O Sr. Ministro Joaquim Barbosa: Sim.
O Sr. Ministro Carlos Velloso: Sr. Presidente, peço vista.
R.T.J. — 198 1135
EXTRATO DA ATA
RE 287.905/SC — Relatora: Ministra Ellen Gracie. Relator para o acórdão: Ministro
Joaquim Barbosa (art. 38, IV, b, do RISTF). Recorrente: Estado de Santa Catarina (Advo-
gado: PGE/SC – Ivan S. Thiago de Carvalho). Recorrida: Elizandra Maria Fontana (Ad-
vogados: Luís Claudio Fritzen e outra).
Decisão: Depois dos votos da Ministra Relatora e do Ministro Joaquim Barbosa,
conhecendo e dando provimento ao recurso extraordinário, o julgamento foi suspenso
em virtude do pedido de vista formulado pelo Ministro Carlos Velloso. Ausente,
justificadamente, neste julgamento, o Ministro Gilmar Mendes.
Presidência do Ministro Celso de Mello. Presentes à sessão os Ministros Carlos
Velloso, Ellen Gracie e Joaquim Barbosa. Ausente, justificadamente, o Ministro Gilmar
Mendes. Subprocurador-Geral da República, Dr. Paulo da Rocha.
Brasília, 26 de abril de 2005 — Carlos Alberto Cantanhede, Coordenador.
VOTO (Vista)
Ementa: Constitucional. Gestante: Licença. CF, art. 7º, XVIII; ADCT, art.
10, II, b. Contrato temporário.
I - À duração por prazo certo do contrato sobrevém gravidez que a Constitui-
ção protege com licença por 120 dias — CF, art. 7º, VIII — que não protege a
mulher-trabalhadora, mas ao nascituro e ao infante. Por isso, a temporariedade do
contrato não prejudica a percepção da licença à gestante, se os últimos 120 dias da
gestação têm início ainda na vigência do contrato.
II - RE conhecido e não provido.
O Sr. Ministro Carlos Velloso: O Segundo Grupo de Câmaras do eg. Tribunal de
Justiça do Estado de Santa Catarina, às fls. 62-66, em mandado de segurança, decidiu
pelo direito da professora admitida em caráter temporário na rede oficial de ensino
catarinense à percepção da licença à gestante, desde que os últimos cento e vinte dias
da gestação se iniciem na vigência do contrato de trabalho, por se tratar de proteção
conferida pela Lei Maior ao nascituro.
Daí o recurso extraordinário interposto pelo Estado de Santa Catarina, às fls.
71-79, fundado no art. 102, III, a, da Constituição Federal, com alegação de ofensa aos
arts. 2º; 7º, XVIII; 37, caput, II e IX; e 39, § 2º, da mesma Carta.
Inadmitido o recurso (fl. 87), subiram os autos em virtude do provimento do
agravo de instrumento em apenso.
A Procuradoria-Geral da República, em parecer lavrado pela ilustre Subprocura-
dora-Geral da República Maria Caetana Cintra Santos, opinou pelo parcial conheci-
mento do recurso e, nessa parte, pelo seu desprovimento (fls. 98-102).
Na sessão de 5-10-2004, a eminente Relatora, Ministra Ellen Gracie, conheceu
do recurso e deu-lhe provimento, no que foi acompanhada, posteriormente, pelo emi-
nente Ministro Joaquim Barbosa, em voto vista proferido em 26-4-2005 (certidões de
fls. 104 e 107).
1136 R.T.J. — 198
adquire a empregada estabilidade provisória até cinco meses após o parto. Ora, se a
dispensa, com o término do prazo contratual, ocorreu quando a gravidez já existia,
ofendeu ela o dispositivo constitucional.
No caso, o acórdão concedeu apenas a licença à gestante (CF, art. 7º, XVIII), bene-
fício estendido aos servidores públicos pelo art. 39, § 3º, da mesma Carta.
Com acerto, decidiu o acórdão, conforme voto do eminente Desembargador João
José Schaefer:
“(...)
Estando a menos de dois meses do parto ao encerrar-se o contrato de trabalho,
neste há de integrar-se, sem dúvida, a licença a gestante que a Constituição garante
por 120 dias, sem prejuízo do salário, pois à duração por prazo certo do contrato,
sobreveio acontecimento natural que a Constituição protege com licença por 120
dias, o que não é uma benesse ao trabalhador, mas uma proteção ao nascituro e ao
infante.
(...).” (Fl. 65)
Nos AI 448.572/SP e 395.255/SP, o eminente Ministro Celso de Mello, examinan-
do questões semelhantes, anotou que “a empregada gestante tem direito subjetivo à
estabilidade provisória prevista no art. 10, II, b, do ADCT/88, bastando, para efeito de
acesso a essa inderrogável garantia social de índole constitucional, a confirmação
objetiva do estado fisiológico de gravidez, independentemente, quanto a este, de sua
prévia comunicação, revelando-se írrita, de outro lado e sob tal aspecto, a exigência de
notificação à empresa, mesmo quando pactuada em sede de negociação coletiva” (DJ
de 22-4-2004 e 2-12-2003).
Do exposto, com a vênia da eminente Relatora e do não menos eminente Ministro
Barbosa, conheço do recurso e nego-lhe provimento.
EXPLICAÇÃO
A Sra. Ministra Ellen Gracie (Relatora): Sr. Presidente, com a devida vênia do meu
eminentíssimo Colega Carlos Velloso, relembrando o que disse na sessão anterior em
que apresentei esse relatório e voto, temo sinceramente que esta decisão da Corte Suprema
venha exatamente em prejuízo das mulheres trabalhadoras, porque nenhum empregador
haverá mais de querer contratar por tempo determinado, se ele ficar sujeito, desde que a
contratada esteja em idade fértil, à prorrogação de tal contrato por mais alguns meses.
Quer dizer, o empregador que contrata por esse tempo, e só precisa daquela trabalhadora
por três meses, não vai mais contratar mulheres. Vai procurar contratar ou mulheres mais
idosas, ou homens.
O Sr. Ministro Carlos Velloso: Vai exigir exame de gravidez?
A Sra. Ministra Ellen Gracie (Relatora): Não. Acho que seria inconstitucional.
Agora, dentro da atividade negocial, é perfeitamente possível que o empregador, agente
econômico, faça este raciocínio: não contratarei dentro de uma determinada faixa da
população.
1138 R.T.J. — 198
O Sr. Ministro Carlos Velloso: Vossa Excelência sabe que esse mesmo argumento
foi utilizado na Assembléia Nacional Constituinte com relação à concessão dessa esta-
bilidade provisória e dessa licença à gestante. Está-se protegendo tanto que vai acabar
prejudicando a mulher trabalhadora, argumentavam.
A Sra. Ministra Ellen Gracie (Relatora): Aí não divirjo de Vossa Excelência. Quando
o contrato é por prazo indeterminado, realmente, a ocorrência de gravidez não pode ser
causa, e esse contrato não pode ser rescindido. Agora, neste caso, em que o contrato é por
prazo determinado e já tem a sua extinção fixada para uma determinada data, a situação
é diferente.
O Sr. Ministro Carlos Velloso: Veja Vossa Excelência como o Estado foi cruel:
terminou o contrato, ela grávida, e não admitiu um novo contrato porque estava ela
grávida, o que equivale à despedida.
O Sr. Ministro Gilmar Mendes: Por quanto tempo?
O Sr. Ministro Carlos Velloso: Certamente pelo prazo do ano letivo. Não cheguei
a consultar.
A Sra. Ministra Ellen Gracie (Relatora): É exatamente a mesma situação das profes-
soras temporárias de Minas Gerais, que julgamos aqui na Turma.
O Sr. Ministro Carlos Velloso: Foi uma crueldade praticada pelo Estado.
A Sra. Ministra Ellen Gracie (Relatora): A Justiça, no caso concreto, não se faz
nesse nível.
O Sr. Ministro Carlos Velloso: Não reconheceu a licença à gestante, nem a estabi-
lidade provisória, até cinco meses, que deflui da Constituição.
A Sra. Ministra Ellen Gracie (Relatora): Sim, mas a estabilidade é para o contrato
de prazo indeterminado.
O Sr. Ministro Carlos Velloso: Ora, a Constituição não distingue.
O Sr. Ministro Joaquim Barbosa: A jurisprudência do TST, a Justiça especializada,
é unânime e sem discrepância com relação a isso: ela não se aplica a contrato por prazo
determinado.
O Sr. Ministro Carlos Velloso: Prefiro ficar com o entendimento do Supremo Tri-
bunal Federal, com o nosso entendimento a respeito da Constituição — e somos os
guardiões da Constituição — do que invocar jurisprudência, não obstante de um notável
Tribunal, mas que decide as questões sob o ponto de vista infraconstitucional. Esta
questão, que estamos a examinar, é eminentemente constitucional.
O Sr. Ministro Joaquim Barbosa: Mas aí, acho, o contrato de trabalho ainda está em
vigência.
O Sr. Ministro Gilmar Mendes: E o TST admitiu?
O Sr. Ministro Joaquim Barbosa: Mas, na colocação da Ministra Ellen Gracie, essa
preocupação com relação às conseqüências da decisão é que me levou a aderir ao voto
da Relatora.
Lembro-me de que na ADI 1.946, se não me engano, o Supremo se defrontou com
algo parecido, que é aquela questão da limitação do valor do auxílio à licença à gestante.
R.T.J. — 198 1139
VOTO
O Sr. Ministro Gilmar Mendes: Sr. Presidente, peço vênia à Ministra Ellen Gracie,
mas também não tenho como não acompanhar o voto proferido pelo Ministro Carlos
Velloso na espécie. Mas tão bem caracterizado que, no caso, a prorrogação do contrato
não se deu a mandado de segurança, exatamente porque a impetrante estava no oitavo
mês de gestação e aí me parece que isso gera um modelo de summum jus, summa injuria.
Tenho a impressão de que não faríamos justiça à cláusula do art. 7º, referente a esse tema,
se aplicássemos a norma nessa perspectiva restritiva.
Assim, pedindo vênias enfáticas à Ministra Ellen Gracie e ao Ministro Joaquim
Barbosa...
O Sr. Ministro Joaquim Barbosa: Eu vou reformular em razão de um dado que foi
realçado pelo Ministro Carlos Velloso: o fato de que houve sucessivas recontratações.
O Sr. Ministro Gilmar Mendes: Neste caso não me pareceu; até tinha ouvido isso.
Fala-se que foi admitida no ano de 97 para lecionar em duas escolas públicas.
O Sr. Ministro Joaquim Barbosa: Esse detalhe me escapou.
1140 R.T.J. — 198
VOTO
O Sr. Ministro Celso de Mello (Presidente): Ao apreciar o tema versado na pre-
sente sede recursal, tive o ensejo de proferir decisão que está assim ementada:
“Empregada gestante. Estabilidade provisória (ADCT, art. 10, II, b). Pro-
teção à maternidade e ao nascituro. Desnecessidade de prévia comunicação do
estado de gravidez ao empregador. Recurso conhecido e provido.
— A empregada gestante tem direito subjetivo à estabilidade provisória
prevista no art. 10, II, b, do ADCT/88, bastando, para efeito de acesso a essa
inderrogável garantia social de índole constitucional, a confirmação objetiva
do estado fisiológico de gravidez, independentemente, quanto a este, de sua pré-
via comunicação ao empregador, revelando-se írrita, de outro lado e sob tal as-
pecto, a exigência de notificação à empresa, mesmo quando pactuada em sede de
negociação coletiva. Precedentes.”
(AI 448.572/SP, Rel. Min. Celso de Mello, in Informativo/STF n. 338/2004)
É importante rememorar, neste ponto, que o legislador constituinte, consciente
das responsabilidades assumidas pelo Estado brasileiro no plano internacional (Con-
venção OIT n. 103, de 1952, promulgada pelo Decreto n. 58.821/66, Artigo VI) e
tendo presente a necessidade de dispensar efetiva proteção à maternidade e ao nascituro
(Francisco Antonio de Oliveira, “Comentários aos Enunciados do TST”, p. 614, 4ª
ed., 1997, RT), veio a estabelecer, em favor da empregada gestante (e, também, do
próprio nascituro), expressiva garantia de índole social consistente na outorga, a essa
trabalhadora, de estabilidade provisória, nos termos previstos no art. 10, II, b, do
ADCT.
O e. Tribunal de Justiça do Estado de Santa Catarina, ao apreciar a controvérsia
ora em exame, observou, com absoluta fidelidade, a diretriz jurisprudencial consagrada
tanto pelo órgão de cúpula da Justiça do Trabalho quanto por esta Suprema Corte.
Com efeito, o e. Tribunal Superior do Trabalho, demonstrando possuir plena com-
preensão do alto significado dessa relevante conquista da mulher trabalhadora, tem
enfatizado, a respeito do alcance da garantia constitucional da estabilidade provisória
(ADCT, art. 10, II, b), que esta — precisamente por visar à tutela da maternidade e do
nascituro — prescinde da comunicação prévia da gravidez ao empregador, assim se
pronunciando, em sucessivos julgamentos, sobre a questão em exame:
R.T.J. — 198 1141
atividade empresarial, satisfazendo-se, esta Corte, por isso mesmo e para efeito de
incidência da garantia constitucional da estabilidade provisória da gestante, com o
mero estado fisiológico de gravidez da trabalhadora, independentemente do prévio
conhecimento desse fato pelo empregador, mesmo que se cuide, como na espécie, do
Estado-empregador.
Cabe mencionar, ainda, que essa percepção da ratio subjacente à cláusula consti-
tucional asseguradora da estabilidade provisória instituída em favor da trabalhadora
gestante reflete-se, por igual, no magistério da doutrina (Eduardo Gabriel Saad,
“Constituição e Direito do Trabalho”, p. 92, item n. 6.1, 2ª ed., 1989, LTr; Nei
Frederico Cano Martins, “Estabilidade Provisória no Emprego”, pp. 84-87, itens n.
4.2.1, 4.3.1 e 4.3.3, 1995, LTr; Alice Monteiro de Barros, “Proteção do Trabalho da
Mulher e do Menor”, in “Curso de Direito do Trabalho”, pp. 325-326, item n. 1.8.15,
2000, Forense; João Carlos Franckini, “Contrato de prova — Instrumento de fraude
à legislação trabalhista, como forma de frustrar a estabilidade provisória da empre-
gada gestante”, in Síntese Trabalhista, Ano VII — Março de 1996, n. 81/27-29; Zéu
Palmeira Sobrinho, “A Estabilidade da Empregada Gestante”, in Síntese Trabalhista,
Ano XII — Setembro de 2000, n. 135/35-40, 36; Ari Pedro Lorenzetti, “Os Limites da
Garantia de Emprego da Gestante”, in Revista do TRT/18ª Região, Ano 4 — Dezem-
bro de 2001, n. 1/39-46).
O acórdão objeto do presente recurso extraordinário, ao dirimir a controvérsia
constitucional em questão, deu correta interpretação à norma inscrita no art. 10, II, b,
do ADCT, ajustando-se, quanto a tal exegese, à orientação jurisprudencial prevalecente
nesta Suprema Corte.
Sendo assim, e pelas razões expostas, peço vênia à eminente Relatora para acom-
panhar a divergência inaugurada pelo eminente Ministro Carlos Velloso, negando
provimento, em conseqüência, ao presente recurso extraordinário interposto pelo Estado
de Santa Catarina.
É o meu voto.
EXTRATO DA ATA
RE 287.905/SC — Relatora: Ministra Ellen Gracie. Relator para o acórdão: Ministro
Joaquim Barbosa (art. 38, IV, b, do RISTF). Recorrente: Estado de Santa Catarina (Advo-
gado: PGE/SC – Ivan S. Thiago de Carvalho). Recorrida: Elizandra Maria Fontana (Ad-
vogados: Luís Claudio Fritzen e outra).
Decisão: A Turma, por votação majoritária, conheceu e negou provimento ao re-
curso extraordinário, vencida a Ministra Relatora, que lhe dava provimento. O Ministro
Joaquim Barbosa retificou o seu voto. Redigirá o acórdão o Ministro Carlos Velloso.
Presidência do Ministro Celso de Mello. Presentes à sessão os Ministros Carlos
Velloso, Ellen Gracie, Gilma Mendes e Joaquim Barbosa. Subprocuradora-Geral da Re-
pública, Dra. Sandra Verônica Cureau.
Brasília, 28 de junho de 2005 — Carlos Alberto Cantanhede, Coordenador.
R.T.J. — 198 1143
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros do Supremo Tribu-
nal Federal, em Segunda Turma, sob a Presidência do Ministro Celso de Mello, na
conformidade da ata do julgamento e das notas taquigráficas, por unanimidade de votos,
conhecer e dar provimento ao recurso extraordinário, nos termos do voto do Relator.
Brasília, 7 de fevereiro de 2006 — Gilmar Mendes, Relator.
RELATÓRIO
O Sr. Ministro Gilmar Mendes: Trata-se de recurso extraordinário fundado no art.
102, III, a e c, da Constituição Federal, contra acórdão assim ementado (fls. 253-254):
“Direito Administrativo — Nulidade de ato jurídico — Concurso público.
1. Candidatos aprovados e nomeados, mas que não tomaram posse — Falta
de prova desta — Inexistência de termo de compromisso perante a autoridade
competente — art. 37 do Estatuto dos Funcionários Civis do Estado — Aplica-
ção subsidiária ao servidor municipal.
2. Possibilidade de anulação do concurso pela administração antes da
posse, ainda que posterior ao ajuizamento da presente demanda.
3. Ausência de violação ao art. 517 do CPC — Fato superveniente —
Extintivo do direito dos autores — Incumbe ao Tribunal levar em considera-
ção no julgamento — Inteligência do art. 462 do Código de Processo Civil.
4. Perda de objeto — Falta de interesse processual — Carência de ação —
Inexistência de sucumbência — Recurso provido.
Antes da posse do servidor nomeado pode a administração anular o concurso,
observando que antes de tudo deve prevalecer o interesse público sobre o indivi-
dual. A Súmula n. 16 do STF deve ser interpretada em consonância com as Súmulas
n. 346 e 473 do Excelso Pretório.”
Alega-se violação ao art. 5º, LIV e LV, da Carta Magna. Sustenta-se que (fl. 284):
“O ponto fundamental para o deslinde do feito é a questão de como pôde a
Câmara Municipal revogar e depois anular o concurso imotivadamente, apenas
por supor que ocorreram irregularidades no concurso, sem a instauração de proce-
dimento administrativo que comprovasse inequivocamente as supostas nulidades.
1144 R.T.J. — 198
VOTO
O Sr. Ministro Gilmar Mendes (Relator): O presente caso refere-se a concurso público
para os cargos de Escriturário, Técnico de Contabilidade e Advogado da Câmara Muni-
cipal de Cafelândia, realizado em 1990. Os habilitados no concurso foram nomeados pelos
Decretos n. 004/90, n. 005/90 e n. 006/90, publicados em 29-12-90. Em 3-1-91, com o
início da nova legislatura municipal, por um Ato da Mesa Diretiva da Câmara Municipal
(Ato da Mesa n. 001/91), foram revogadas tais nomeações, pois somente após a realização
do concurso foi publicada a lei que criou os cargos. Em ato posterior, datado de 4-11-91,
a Câmara Municipal de Cafelândia anulou o referido concurso (fl. 166).
Questionam os recorrentes a ilegalidade do ato da Câmara Municipal, visto que
não lhes foi concedida a oportunidade do contraditório e da ampla defesa após a nomea-
ção para os cargos.
No voto do Relator da apelação, restou consignado (fls. 218-260):
“16. Em segundo lugar, em consequência da falta de posse dos autores nos
cargos respectivos, poderia a Administração Pública anular o concurso como fez,
ainda que depois do ingresso da presente demanda (fls. 165/172). Cumpre salientar
que antes de tudo deve prevalecer o interesse público sobre o individual.
[...]
18. Sobreleva frisar que a Súmula n. 16 do STF (funcionário público nomeado
por concurso tem direito à posse) deve ser interpretada em consonância com as
Súmulas n. 346 e 473 do Excelso Pretório. Por outras palavras significa dizer que
seria absurdo que constatado pela Administração vícios graves (fls. 56/63 e 165/
172) em concurso público, após a nomeação e antes da posse, não pudesse anulá-lo.
R.T.J. — 198 1145
EXTRATO DA ATA
RE 351.489/PR — Relator: Ministro Gilmar Mendes. Recorrentes: Edir Jasper e
outros (Advogados: Arnaldo David Baracat e outros e Lauro Franco Leitão e outro).
Recorrido: Município de Cafelândia (Advogados: Ulysses Vieira Silva e outros).
Decisão: A Turma, por votação unânime, conheceu e deu provimento ao recuso
extraordinário, nos termos do voto do Relator. Falou, pelos recorrentes, o Dr. José Anto-
nio Fischer Dias. Ausente, justificadamente, neste julgamento, a Ministra Ellen Gracie.
Presidência do Ministro Celso de Mello. Presentes à sessão os Ministros Gilmar
Mendes e Joaquim Barbosa. Ausente, justificadamente, a Ministra Ellen Gracie.
Subprocurador-Geral da República, Dr. Paulo da Rocha Campos.
Brasília, 7 de fevereiro de 2006 — Carlos Alberto Cantanhede, Coordenador.
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros do Supremo Tribu-
nal Federal, em Primeira Turma, sob a Presidência do Ministro Sepúlveda Pertence, na
conformidade da ata do julgamento e das notas taquigráficas, por unanimidade, negar
provimento ao agravo regimental no recurso extraordinário.
Brasília, 23 de novembro de 2004 — Marco Aurélio, Relator.
R.T.J. — 198 1147
RELATÓRIO
O Sr. Ministro Marco Aurélio: Por meio da decisão de folha 125, neguei seguimento
ao extraordinário, consignando:
Recurso extraordinário — Decisão passível de impugnação na ori-
gem — Impropriedade.
1. O recurso extraordinário pressupõe o esgotamento da jurisdição na ori-
gem — inciso III do artigo 102 da Constituição Federal. Nota-se que a relatora, na
Turma Recursal, acionou o disposto no artigo 557 do Código de Processo Civil.
Contra essa decisão era cabível o agravo previsto no § 1º do citado artigo 557. No
caso, foi realmente observada esta regra. A relatora, todavia, recebeu o agravo
como embargos declaratórios e os julgou, passando tal decisão a integrar a anterior.
Surgiu oportunidade, então, para acionar-se o § 1º referido. Isso não ocorreu, inter-
pondo-se, de imediato, o extraordinário.
2. Ante o quadro, nego seguimento a este extraordinário.
3. Publique-se.
A Caixa, no agravo de folhas 128 a 132, evoca as Leis n. 9.099/95 e 10.259/2001,
além dos Verbetes n. 25 e 26 das Turmas Recursais da Seção Judiciária do Rio de Janeiro,
e sustenta que os recursos, no âmbito do Juizado, ficaram limitados ao recurso de senten-
ça definitiva e às medidas de urgência para atacar liminares. Restou autorizada, ainda, a
utilização de embargos de declaração. Na espécie, a recorrente diz ter protocolado dois
agravos inominados: um contra a sentença e o outro contra a decisão do relator. Trans-
creve os Verbetes n. 25 e 26 citados. No primeiro, há autorização para o relator negar
seguimento ao recurso; no segundo, prevê-se o não-cabimento de agravo para a Turma
Recursal, na hipótese de decisão monocrática do relator. Dessa forma, conclui, não
havendo outro recurso, a decisão impugnada era de última instância, mostrando-se viá-
vel o extraordinário. Passa a discorrer sobre o tema de fundo, relativo à impossibilidade
de se proceder à anulação do termo de adesão, conforme ocorrido no âmbito do Juizado
Especial.
A agravada, apesar de instada a manifestar-se, permaneceu silente (folha 146).
É o relatório.
VOTO
O Sr. Ministro Marco Aurélio (Relator): Na interposição deste agravo, foram
observados os pressupostos de recorribilidade que lhe são inerentes. A peça, subscrita
por profissional da advocacia credenciada mediante o documento de folha 133, restou
protocolada no qüinqüídio. Conheço.
A regência do processo nos juizados especiais faz-se no sentido de, tanto quanto
possível, simplificar-se a tramitação, afastadas normas que têm conteúdo formal maior.
Daí entender-se viável, na Turma Recursal, a evocação do disposto no artigo 557 do
Código de Processo Civil, atuando o próprio relator nos casos contemplados. Ora, assen-
tada essa premissa, forçoso é concluir que o ato do relator não pode ficar imune ao crivo
1148 R.T.J. — 198
EXTRATO DA ATA
RE 422.740-AgR/RJ — Relator: Ministro Marco Aurélio. Agravante: Caixa Econô-
mica Federal – CEF (Advogados: Alison Miranda de Freitas e outro). Agravada: Maria
Clara Ferreira de Oliveira Leitão (Advogados: Ana Maria de Souza Gomes Milioni e
outros).
Decisão: A Turma negou provimento ao agravo regimental no recurso extraordiná-
rio. Unânime.
Presidência do Ministro Sepúlveda Pertence. Presentes à sessão os Ministros Marco
Aurélio, Cezar Peluso, Carlos Britto e Eros Grau. Subprocuradora-Geral da República,
Dra. Delza Curvello Rocha.
Brasília, 23 de novembro de 2004 — Ricardo Dias Duarte, Coordenador.
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da Primeira Turma
do Supremo Tribunal Federal, sob a presidência do Ministro Sepúlveda Pertence, na
conformidade da ata do julgamento e das notas taquigráficas, por unanimidade de votos,
negar provimento ao agravo regimental no recurso extraordinário, nos termos do voto
do Relator.
Brasília, 30 de agosto de 2005 — Carlos Ayres Britto, Relator.
RELATÓRIO
O Sr. Ministro Carlos Ayres Britto: Cuida-se de agravo regimental contra decisão
singular assim redigida:
“Recurso extraordinário, com fundamento no artigo 102, inciso III, alínea a,
da Constituição Republicana, contra acórdão do Tribunal de Justiça do Estado de
Pernambuco.
2. A Corte de origem decidiu que os recorridos, servidores públicos estaduais,
têm direito a receber a estabilidade financeira que incorporaram de acordo com os
novos valores dos cargos comissionados estabelecidos pela Lei n. 11.200/95, em
respeito ao princípio do direito adquirido. Com isso, entendeu inaplicáveis, ao
caso, os preceitos da Lei Complementar estadual n. 13/95, que estabeleceu nova
forma de cálculo da estabilidade financeira, sujeitando-a aos índices de reajustes
gerais do funcionalismo.
3. O recorrente aponta violação aos artigos 5º, incisos XXXVI, LIV e LV; 7º,
inciso VI; 37, incisos XI, XIII e XV; 39; 40, § 4º; e 169, todos da Carta de Outubro.
Sustenta que o Tribunal a quo se distanciou do entendimento firmado nesta
colenda Corte a respeito da matéria.
4. É o que se verifica, de fato.
5. Como se sabe, a chamada ‘estabilidade financeira’ garante ao servidor
efetivo, após certo tempo de exercício de cargo em comissão ou assemelhado, a
continuidade da percepção da diferença entre os vencimentos desse cargo e os do
seu cargo efetivo. Ocorre que a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal admi-
te que tal benefício seja desvinculado dos vencimentos do cargo em comissão que
ensejou a sua incorporação (tal como fez a Lei Complementar estadual n. 13/95) e
fique sujeito apenas aos índices gerais de reajuste da remuneração do funcionalis-
mo. Isso por conta de outra remansosa jurisprudência deste excelso Tribunal: a de
que não existe direito adquirido a regime jurídico, assim como não se constata
ofensa à garantia da irredutibilidade de vencimentos se preservado o valor nomi-
nal da remuneração do servidor.
1150 R.T.J. — 198
VOTO
O Sr. Ministro Carlos Ayres Britto (Relator): Continuam incólumes os fundamentos
da decisão agravada.
6. Com efeito, a matéria ventilada no extraordinário foi devidamente prequestio-
nada pelo recorrente, por meio dos competentes embargos de declaração (fls. 95-98). E a
R.T.J. — 198 1151
alegação de ofensa meramente indireta ou reflexa também não prospera, pois o aresto
atacado está calcado na garantia constitucional do direito adquirido. Sucede que, no
caso, tal garantia não pode ser reconhecida, ante o repisado entendimento de que o
servidor não possui direito adquirido a regime jurídico.
7. Não bastasse, o fato é que existe pronunciamento explícito e específico desta
colenda Corte sobre a matéria em apreço (desvinculação e cálculo da “estabilidade
financeira”). Inclusive em relação a casos semelhantes, oriundos do Estado de Pernam-
buco e envolvendo os mesmos diplomas legais (Lei Complementar estadual n. 13/95 e
Lei estadual n. 11.220/95).
8. São exemplos: RE 423.886-AgR, Relator Ministro Carlos Velloso; RE 358.788-
AgR, Relator Ministro Nelson Jobim; RE 235.299-AgR, Relatora Ministra Ellen Gracie;
RE 288.374-AgR, Relator Ministro Cezar Peluso; RE 384.903-AgR, Relator Ministro
Eros Grau; e AI 465.090-AgR, Relator Ministro Sepúlveda Pertence, que ementou o
acórdão nos seguintes termos:
“Servidor público estadual: ‘estabilidade financeira’: é legítimo que por lei
superveniente, sem ofensa a direito adquirido, o cálculo da vantagem seja
desvinculado, para o futuro, dos vencimentos do cargo em comissão outrora
ocupado pelo servidor, passando a quantia a ela correspondente a ser reajustada
segundo os critérios das revisões gerais de remuneração do funcionalismo. Ademais,
não havendo ‘decesso de remuneração’, não cabe a invocação da garantia da
irredutibilidade de vencimentos. Precedente: RE 233.958, Sepúlveda Pertence, 1ª
T., DJ de 17-9-99.”
9. Como já assinalara o mesmo Ministro Pertence ao votar no RE 233.958, DJ de
17-9-99, “malgrado constitucional o instituto da estabilidade financeira, nada impede
que o legislador desvincule o cálculo da referida vantagem da remuneração atribuída
aos cargos ou funções em que se dera a incorporação, desde que o faça para o futuro,
hipótese em que o STF não reconhece a existência de direito adquirido dos titulares da
vantagem ao regime remuneratório anterior”.
10. Portanto, firme na jurisprudência da Casa, desprovejo o agravo regimental.
11. É o meu voto.
EXTRATO DA ATA
RE 446.767-AgR/PE — Relator: Ministro Carlos Britto. Agravantes: Albertina
Batista Pereira e outro (Advogados: Edgar Arlindo de Mattos Oliveira e outro). Agra-
vado: Estado de Pernambuco (Advogado: PGE/PE – Edgar Moury Fernandes Neto).
Decisão: A Turma negou provimento ao agravo regimental no recurso extraordiná-
rio, nos termos do voto do Relator. Unânime.
Presidência do Ministro Sepúlveda Pertence. Presentes à sessão os Ministros Marco
Aurélio, Cezar Peluso, Carlos Britto e Eros Grau. Subprocurador-Geral da República, Dr.
Rodrigo Janot Monteiro de Barros.
Brasília, 30 de agosto de 2005 — Ricardo Dias Duarte, Coordenador.
1152 R.T.J. — 198
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da Primeira Turma
do Supremo Tribunal Federal, sob a Presidência do Ministro Sepúlveda Pertence, na
conformidade da ata do julgamento e das notas taquigráficas, por unanimidade de votos,
conhecer do recurso extraordinário e lhe dar provimento, nos termos do voto do Relator.
Brasília, 6 de dezembro de 2005 — Sepúlveda Pertence, Relator.
RELATÓRIO
O Sr. Ministro Sepúlveda Pertence: Cuida-se de ação ordinária proposta por servi-
dores públicos da Polícia Civil do Distrito Federal, visando à restituição da quantia paga
a título de contribuição social — no período que intermedeia julho de 1994 e abril de
1998 — em porcentagem superior a 6% (seis por cento), conforme o previsto na Lei
6.439/77.
Alegam os autores que o Distrito Federal, por meio de disposições legais próprias,
acolheu, em seu ordenamento jurídico, a legislação federal que disciplina o regime
jurídico administrativo e o regime de contribuição previdenciária dos servidores da
União.
Com isso, passou a ser descontada de suas remunerações a contribuição previden-
ciária instituída pela Medida Provisória 560/94 e sucessivas reedições, ou seja, em
escala progressiva e porcentagem superior à da legislação precedente.
Sustentam que ditas medidas provisórias são inconstitucionais por não atenderem
aos requisitos de relevância e urgência e por não respeitarem o princípio da anterioridade
mitigada previsto no art. 195, § 6º, da Constituição Federal.
O Distrito Federal, na contestação, primeiramente, afirma serem os autores policiais
civis, integrantes de carreira mantida e organizada pela União, nos termos do art. 21,
XIV, da Constituição.
Defende a constitucionalidade das medidas provisórias, alegando que não houve
criação ou majoração de contribuição que fizesse incidir o princípio da anterioridade
mitigada: para o DF, a MP 560/94 simplesmente prorrogara o termo ad quem previsto na
Lei 8.688/93.
R.T.J. — 198 1153
que majorou e exigiu o desconto das contribuições sociais, sem observar o disposto
no art. 195, § 6º, da CF/88. Logo, apenas com o advento da Lei Federal n. 9.630/98
é que a alíquota previdenciária sofreu alteração, passando a ser fixada em 11%. No
âmbito local, a referida lei passou a ser aplicada aos servidores públicos distritais
por força da Lei Complementar n. 196/99, revogada pela Lei Complementar n.
232/99, hoje em vigor.
Conclui-se, portanto, que os descontos realizados com esteio na MP 560/94
e suas reedições foram indevidos, razão pela qual o que foi cobrado acima da
alíquota de 6%, deve ser devidamente reembolsado.”
Daí a interposição pelo Distrito Federal do RE, a e b: invoca-se a violação dos arts.
62, caput e parágrafo único; 84, XXVI; 150, I; e 195, §§ 4º e 6º, da Constituição Federal.
É o relatório.
VOTO
O Sr. Ministro Sepúlveda Pertence (Relator):
I
Policiais civis do Distrito Federal, estão os recorridos submetidos ao regime jurídico
e previdenciário dos servidores da União: de todo ociosa, por conseguinte, a discussão
acerca de leis locais, aliás, sem relevância para o deslinde da causa.
II
No julgamento da ADIn 1.135, 13-8-1997, de cujo acórdão fui redator, o Supremo
Tribunal Federal declarou a inconstitucionalidade da cláusula “com vigência a partir
de 1º de julho de 1994” contida no art. 1º da MP 560/94 e suas sucessivas reedições, até
a MP 1.482-33/97.
Naquela oportunidade ressaltei:
“A Lei 8.688/93, ao instituir alíquotas progressivas para a contribuição do
servidor público para o Plano de Seguridade Social, estabeleceu, no § 1º do art. 2º,
que as referidas alíquotas seriam aplicadas ‘até 30 de junho de 1994’.
Essa lei, é claro, revogou a legislação anterior sobre a matéria.
Desse modo, cessada a sua vigência em 30 de junho de 1994, à falta de
alíquotas, a própria contribuição social dos servidores públicos se tornou inope-
rante; um sino sem badalo.
Reviveu-a a primeira das medidas provisórias da série — a MP 560, de 26-7-
94 ao estabelecer nova tabela progressiva de alíquotas, que valeu pela própria
reinstituição do tributo, o que torna induvidosa a submissão de sua exigibilidade
à regra da anterioridade mitigada do art. 195, § 6º, da Constituição:
‘§ 6º As contribuições sociais de que trata este artigo só poderão ser
exigidas após decorridos noventa dias da data da publicação da lei que as
houver instituído ou modificado (...)’
R.T.J. — 198 1155
Não obstante, dispôs o edito, no art. 1º, que a contribuição do servidor público
passaria a ser calculada ‘mediante aplicação das alíquotas estabelecidas na tabela
a seguir, com vigência a partir de 1º de julho de 1994’.
Essa cláusula temporal — que, em 26 de julho, data da primeira medida
provisória da cadeia, visou a cobrir o lapso corrido desde 30 de junho, termo final
da vigência da tabela legal anterior — se me afigura de patente inconstitucionali-
dade pelo desrespeito ao referido § 6º do art. 195 da Constituição.”
Com a declaração de inconstitucionalidade, não poderia a Administração Pública —
evidentemente, quando regida pelas disposições da norma impugnada — efetuar des-
contos a título de contribuição previdenciária — fosse qual fosse o índice utilizado —
relativa ao período compreendido entre 1º-7-1994 até os noventa dias posteriores à publi-
cação da MP 560/94: de todo esse período, vinte e sete dias correspondem à total ausência
de previsão de alíquotas e os demais, à aplicação do princípio da anterioridade mitigada.
Poderia questionar-se incidência da alíquota única de 11%, instituída a partir da
MP 1.482-34/97 — integrante da cadeia sucessória que se iniciou com a MP 560/94 e
culminou na Lei 9.630/98.
Ocorre que aquela medida provisória foi editada em 14-3-1997, prevendo a inci-
dência da alíquota única apenas em 1º-7-1997, ou seja, com observância do art. 195, §
6º, da Constituição.
Teriam os recorridos direito à restituição do que lhes foi descontado apenas com
relação ao período que se inicia em 1º-7-1994 até os noventa dias subseqüentes à edição
da MP 560/94, da qual, como visto, só se declarou inconstitucional a norma de retroação
dos seus efeitos a 1º-7-94.
No entanto, o Juízo de primeira instância, ao verificar a ocorrência de prescrição
em relação a algumas parcelas, limitou o direito dos recorridos à restituição do que
contribuído entre 24-11-1995 e 24-7-1998 (fl. 235): assim, em razão da prescrição, não
há mais o que lhes deva ser restituído.
Conheço do recurso extraordinário e lhe dou provimento para julgar improcedente
a ação: é o meu voto.
EXTRATO DA ATA
RE 453.365/DF — Relator: Ministro Sepúlveda Pertence. Recorrente: Distrito
Federal (Advogado: PG/DF – Felix Angelo Palazzo). Recorridos: Agnaldo Machado
Cruz e outro (Advogados: Verônica Balbino de Souza e outro).
Decisão: Após os votos dos Ministros Sepúlveda Pertence, Relator, Cezar Peluso,
Carlos Britto e Eros Grau, dando provimento ao recurso extraordinário, pediu vista dos
autos o Ministro Marco Aurélio.
Presidência do Ministro Sepúlveda Pertence. Presentes à sessão os Ministros Marco
Aurélio, Cezar Peluso, Carlos Britto e Eros Grau. Subprocuradora-Geral da República,
Dra. Delza Curvello Rocha.
Brasília, 28 de junho de 2005 — Ricardo Dias Duarte, Coordenador.
1156 R.T.J. — 198
VOTO (Vista)
O Sr. Ministro Marco Aurélio: Na ocasião em que iniciado o julgamento, o Relator
concluiu no sentido do conhecimento e provimento do extraordinário para julgar im-
procedente o pedido formulado pelos recorridos. Fez consignar que, a rigor, presente o
que decidido na Ação Direta de Inconstitucionalidade n. 1.135-9/DF, ter-se-ia o afasta-
mento da majoração da contribuição social relativamente aos primeiros noventa dias de
vigência do ato normativo, mas que, diante da prescrição, nada havia a acolher, tal como
assentado pelo Juízo.
O voto é irreprochável. Vale ressaltar que a fundamentação do acórdão impugnado
mediante o extraordinário conduziria apenas a afastar-se, ante o que seria o desrespeito
ao princípio da anterioridade mitigada, a cobrança nos noventa dias, mas chegou-se ao
acolhimento em extensão maior do pedido formulado, como se o vício levasse a tanto e
não apenas à devolução do que cobrado dentro daquele período. Acompanho o Relator,
conhecendo e provendo o recurso.
EXTRATO DA ATA
RE 453.365/DF — Relator: Ministro Sepúlveda Pertence. Recorrente: Distrito
Federal (Advogado: PG/DF – Felix Angelo Palazzo). Recorridos: Agnaldo Machado
Cruz e outro (Advogados: Verônica Balbino de Souza e outro).
Decisão: Renovado o pedido de vista do Ministro Marco Aurélio, de acordo com
o art. 1º, § 1º, in fine, da Resolução n. 278/2003. 1ª Turma, 30-8-2005.
Decisão: Adiado o julgamento por indicação do Ministro Marco Aurélio. 1ª Turma,
13-9-2005.
Decisão: A Turma conheceu do recurso extraordinário e lhe deu provimento, nos
termos do voto do Relator. Unânime.
Presidência do Ministro Sepúlveda Pertence. Presentes à sessão os Ministros Marco
Aurélio, Cezar Peluso, Carlos Britto e Eros Grau. Subprocurador-Geral da República, Dr.
Francisco Xavier Pinheiro Filho.
Brasília, 6 de dezembro de 2005 — Ricardo Dias Duarte, Coordenador.
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros do Supremo Tribu-
nal Federal, em Sessão Plenária, na conformidade da ata do julgamento e das notas
taquigráficas, por unanimidade de votos, conhecer e negar provimento ao recurso extraor-
dinário, nos termos do voto do Relator.
Brasília, 15 de dezembro de 2005 — Nelson Jobim, Presidente — Sepúlveda Per-
tence, Relator.
RELATÓRIO
O Sr. Ministro Sepúlveda Pertence: O recorrido, Deputado Distrital José Edmar de
Castro Cordeiro, foi preso em flagrante delito, sob a acusação da prática de crimes de
formação de quadrilha, corrupção passiva, parcelamento irregular do solo urbano e lava-
gem de dinheiro.
Posteriormente, o TRF/1ª Região decretou sua prisão preventiva e confirmou o
auto de prisão em flagrante, que, no entanto, foi posteriormente relaxada por decisão da
Câmara Distrital, conforme a Resolução n. 196/03.
Impetrou-se então habeas corpus ao STJ, alegando que o auto de prisão em fla-
grante e o decreto da prisão preventiva são nulos, pois infringem os preceitos inscritos
nos arts. 53, § 2º; 27, § 1º; e 32, § 3º, todos da Constituição.
Quanto ao flagrante, sustentou-se que, além de não estarem preenchidos os pressu-
postos do art. 5º, LXI, da Constituição, os supostos crimes atribuídos ao Deputado eram
afiançáveis.
Alegou-se ainda a impossibilidade de decretar a prisão preventiva do Deputado,
bem como a ausência de motivação cautelar idônea.
O Superior Tribunal de Justiça deferiu a ordem, considerando que a questão
concernente ao flagrante estaria superada pela superveniente deliberação da Câmara
Distrital, que relaxou a prisão.
Após invocar o Inq 510, Pleno, Celso de Mello, DJ de 19-4-91, decidiu o STJ que
a prisão preventiva, no caso, não possui amparo constitucional e, por isso, a revogou.
Donde o RE, do Ministério Público Federal (fls. 16-22).
As contra-razões, da lavra do Il. Advogado Nabor Bulhões, expõem o caso e
aduzem (fls. 324-9):
1158 R.T.J. — 198
“(...)
Para o recorrente, o acórdão recorrido teria violado ‘as normas contidas nos
dispositivos constitucionais apontados, na medida que considerou como irrestrita
a imunidade formal conferida aos parlamentares estaduais, quando, na verdade, tal
instituto restringe-se ao âmbito de atuação de seu mandato, ou seja, a crimes que
atinjam bens ou interesses estaduais ou distritais, já que essa garantia constitucional
qualifica-se como condição e instrumento de independência do Poder Legislativo
local’.
Prossegue dizendo que ‘O constituinte originário, ao inserir a norma do art.
27, § 1º, na Constituição Federal não pretendeu que essa imunidade fosse ampla,
podendo ser invocada em face de crimes cometidos por parlamentar estadual que
atinjam bens ou interesses da União, mas que tenham limite no âmbito de sua
representação política!’.
Acresce que esse entendimento teria sido, inclusive, sumulado pela Suprema
Corte, ‘dando origem à Súmula n. 3, que, embora em desuso, não foi cancelada’,
sendo esse o seu teor: ‘A imunidade concedida a Deputados Estaduais é restrita à
Justiça do Estado’.
(...)
Concessa vênia, não assiste qualquer razão ao Ministério Público Federal,
porquanto a matéria questionada encontra-se resolvida por texto constitucio-
nal expresso, como destacado, aliás, pelo v. acórdão injustamente impugnado.
Como ressabido, dentre as prerrogativas de caráter político-institucional
irrenunciáveis que a Constituição Federal de 1988 estabeleceu em defesa da inde-
pendência do Poder Legislativo e dos que o integram, seja no âmbito federal, seja
no âmbito estadual ou distrital, destaca-se o instituto da imunidade parlamentar,
que se projeta em duas dimensões de induvidoso relevo jurídico, com a seguinte
configuração após a edição da Emenda Constitucional n. 35/2001:
— A primeira, de natureza material (imunidade parlamentar material), a
consagrar a inviolabilidade dos membros do Congresso Nacional, das As-
sembléias Legislativas Estaduais e da Câmara Legislativa do Distrito Federal,
por suas opiniões, palavras e votos (art. 53, caput, c/c os arts. 27, § 1º, e 32, §
3º, todos da Constituição Federal); e
— A segunda, de caráter formal (imunidade parlamentar formal), a gerar
o estado de relativa incoercibilidade pessoal dos membros do Poder Legislativo
Federal, Estadual e Distrital (freedom from arrest), pelo que só poderão eles
sofrer prisão provisória ou cautelar numa única e singular hipótese: situação
de flagrância em crime inafiançável (art. 53, § 2º, c/c os arts. 27, § 1º, e 32, §
3º, todos da Constituição Federal).
Esse, aliás, é o entendimento desde sempre proclamado pelo Supremo Tribunal
Federal — Corte incumbida de dizer de forma terminante o direito constitucional
(art. 102, I, a e III, a, b e c e § 1º da CF) —, como se vê do julgamento de questão
incidente do Inquérito n. 510/DF, de que foi relator perante o Plenário o eminente
Ministro Celso de Mello.
R.T.J. — 198 1159
I
Extrato do voto que então proferi, que se referia a Deputado estadual:
Certo, ao tempo do fato, e cuidando-se de um Deputado estadual — além de
a Constituição do Paraná ainda excluir, então, do âmbito da inviolabilidade, os
crimes contra a honra (art. 12) —, as imunidades parlamentares, segundo se assen-
tou na Súmula 3, não eram oponíveis à jurisdição federal, incluída a da Justiça
Eleitoral.
Todavia, estou em que a situação se inverteu, sob ambos os prismas, com o
advento da Constituição de 1988 (art. 27, § 1º) que, ela própria, tornou aplicáveis,
sem restrições aos da Assembléias Legislativas dos Estados, as normas sobre imu-
nidades parlamentares dos integrantes do Congresso Nacional.
Convenci-me de que a tese da Súmula 3 ficou efetivamente superada com a
inovação constitucional, que não tem precedentes no texto das anteriores Consti-
tuições da República.
É sabido, aliás, que, no Brasil, curiosamente, no tema das imunidades par-
lamentares, a Federação, com a autonomia dos Estados-Membros, acabara —
segundo a jurisprudência vitoriosa da Corte — por situar os deputados estaduais
em situação mais precária que a dos membros das Assembléias Provinciais do
Império unitário.
A esses últimos, com efeito, o Ato Adicional de 1834 fizera “invioláveis
pelas opiniões que emitirem no exercício de suas funções” (art. 21), e a imunidade
sobreviveu à sístole centralizadora da Lei de Interpretação de 1840.
Deu-se que, na República, na linha do modelo norte-americano, a Constitui-
ção de 1891 calou sobre as imunidades dos deputados estaduais, silêncio que, até
1988, os sucessivos documentos constitucionais mantiveram.
A omissão das Constituições Federais alimentou polêmica revivida sob cada
uma delas (cf. para a resenha das questões suscitadas a propósito, v.g., Barbosa
Lima Sobrinho, As Imunidades dos Deputados Estaduais, ed. Revista Brasileira de
Estudos Políticos, BH, 1966, pp 79 e ss.; Raul Machado Horta, Imunidades Parla-
mentares, Revista de Informação Legislativa, 16/41,57; J. Flósculo da Nóbrega, As
imunidades Parlamentares e as Constituições Estaduais, Revista Forense, 115/32;
Antônio E. Caccuri, “Imunidades Parlamentares”, Revista de Informação Legislati-
va, 75/45,65).
Poucos, é certo, são os que extraíram, da mudez constitucional a respeito, a
inadmissibilidade da concessão de quaisquer imunidades aos parlamentares esta-
duais (v.g., Flósculo da Nóbrega, ob. loc. cits.; Antônio E. Caccuri, ob. loc. cits.).
No extremo oposto, vozes autorizadíssimas defenderam que as imunidades,
porque inerentes ao livre exercício do mandato legislativo, e, pois, essencial à
independência do Poder, constituíam princípio constitucional de observância
compulsória no regime de poderes do Estado-Membro (v.g., Ruy Barbosa, apud
Leitão de Abreu, RTJ 95/107; Carlos Maximiliano, Comentários à Constituição
Brasileira, 1928, p. 301; Castro Nunes, As Constituições Estaduais no Brasil,
1922, p. 27).
R.T.J. — 198 1161
Certo, jurista de grande e merecida autoridade, Raul Machado Horta (ob. loc.
cits.) dissocia os dois problemas: malgrado entender que “Os dispositivos sobre
imunidades, nas Constituições Estaduais, dispõem da natureza de normas autôno-
mas em relação às quais ‘não ocorre vinculação obrigatória entre Constituição
Federal e Constituição Estadual’ (Rev. cit., 16/58) — até aí, pois, conforme a
jurisprudência do STF —, dela dissente o renomado mestre de Minas para sustentar
que, uma vez asseguradas nas Constituições locais, “As imunidades dos Deputados
Estaduais, decorrendo do exercício de competência constitucional do Estado-
Membro, sem afronta aos princípios da Constituição Federal, são, portanto,
oponíveis às autoridades federais”(Rev. cit., 16/63).
Sob a ótica da jurisprudência da Corte, entretanto, a inoponibilidade à juris-
dição da União das imunidades do deputado estadual, depois consagrada na
Súmula 3, sempre esteve, histórica e logicamente, vinculada à premissa de não
constituírem elas decorrência da Constituição Federal, mas, sim, de decisão autô-
noma do constituinte local, por isso, sem força bastante para criar embaraço ao
exercício da competência constitucional dos poderes centrais.
Assim, é clara a associação entre a doutrina da sua fonte local e o alcance
limitado das imunidades dos Deputados estaduais na interpelação de Pires e
Albuquerque, à época em que se firmava a mudança do entendimento do Tribunal
(apud Barbosa Lima Sobrinho, ob. cit., p. 92):
“Admitis que uma Lei ordinária, que uma Constituição ou uma Lei
local tenha poder de subtrair da jurisdição do Poder Judiciário Federal, nos
casos de sua competência constitucional, outras pessoas, além daquelas que
a Própria Constituição excetuou? Admitis que uma Lei ordinária, uma Cons-
tituição ou Lei estadual possa subordinar o exercício da função jurisdicional
do Poder Judiciário Federal ao cometimento de uma autoridade federal ou
local?”
Também em Muniz Barreto fica clara a conexão entre os dois problemas, na
passagem do RCr 427, também citada por Barbosa Lima Sobrinho (ob. cit., p. 92),
quando se reafirmava que, tratando-se “de crime sujeito constitucionalmente à juris-
dição do Judiciário Federal e qualquer que seja o lugar em que a infração haja
ocorrido esse órgão da soberania nacional não pode ter a lhe estorvar a função
julgadora dispositivo de lei estadual, ainda que emanada de autoridade constituinte
(...)”.
Tempos depois, no HC 30.256, de 20-4-48, o voto de Orozimbo Nonato demons-
trava como o seu dissenso com Hahnemann, quanto à premissa da fonte da imunidade
dos legisladores locais, é que levava à conseqüência de negar-lhes eficácia em relação à
Justiça Federal (Revista Forense 120/213, 223):
“(...) a imunidade parlamentar — encontra entre os publicistas caloro-
sos elogistas e pindarizadores (...).
Não o tenho a esse privilégio, como conseqüência necessária do princí-
pio da harmonia e independência dos poderes, embora ele se explique e
justifique amplamente.
R.T.J. — 198 1163
VOTO
O Sr. Ministro Carlos Britto: Sr. Presidente, também entendo que houve uma supe-
ração da súmula por efeito da edição da Constituição de 88, a qual, de fato, estendeu aos
deputados estaduais o seu próprio sistema de inviolabilidade e imunidade, no campo
parlamentar, sem fazer a restrição que fez para os vereadores. Prevê a Constituição:
“Art. 29. (...)
VIII - inviolabilidade dos Vereadores por suas opiniões, palavras e votos no
exercício do mandato e na circunscrição do Município;” — Coisa que não fez com
o Estado.
Em verdade, a nossa Constituição tomou de empréstimo, na matéria de inviolabi-
lidade dos deputados e dos vereadores, a própria normatividade da Constituição de
1967. A Constituição de 1967 dispôs sobre a imunidade dos deputados estaduais em
condições igualitárias às imunidades dos deputados federais — art. 27, § 1º. Em matéria
de imunidade dos vereadores, também a Constituição de 1967 limitou essa imunidade à
circunscrição do município — de sorte que não houve novidade normativa nesse ponto;
foi uma reprodução quase ipisis litteris da Constituição anterior.
1166 R.T.J. — 198
O Sr. Ministro Nelson Jobim (Presidente): Só que ele saiu no exercício do mandato.
O Sr. Ministro Carlos Britto: No exercício do mandato e na circunscrição do
município.
O Sr. Ministro Nelson Jobim (Presidente): Na federação, a expressão “do exercício
do mandato” foi retirada.
O Sr. Ministro Carlos Britto: No exercício do mandato e na circunscrição do
município.
O Sr. Ministro Nelson Jobim (Presidente): Sim, mas para os federais a expressão
“exercício do mandato” desapareceu.
O Sr. Ministro Carlos Britto: Não tenha dúvida de que desapareceu. Aliás, também
não aparecia na Constituição de 1967.
De outra parte, permito-me discutir com V. Exas. o seguinte: a propósito de tutela do
princípio de separação dos Poderes, a Constituição, algumas vezes, também tutela o pró-
prio princípio federativo. Ou seja, há uma zona de intercessão entre o princípio da separa-
ção dos Poderes e o princípio da Federação, de modo que ambos os princípios saiam
fortalecidos. Por exemplo: as Assembléias Legislativas dos Estados podem participar do
processo legislativo federal, emendando a Constituição Republicana. Quero dizer, inicia-
tiva de emenda à Constituição Federal por parte das assembléias legislativas.
O Sr. Ministro Sepúlveda Pertence (Relator): Usei de argumento semelhante a
propósito da necessidade da autorização das assembléias para o processo criminal con-
tra os governadores, mostrando (RE 159.230, Pleno, 28-3-94): mais do que o princípio
da separação de poderes, incide princípio da Federação, na medida em que o recebimento
da denúncia — conforme o modelo federal do Presidente da República — envolve o
afastamento do governador do Estado.
O Sr. Ministro Carlos Britto: Para terminar, a Constituição, no seu art. 85, inciso II,
estatui:
“Art. 85. São crimes de responsabilidade os atos do Presidente da República
que atentem contra a Constituição Federal e, especialmente, contra:
(...)
II - o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Judiciário, do Ministério
Público e dos Poderes constitucionais das unidades da Federação;”
Então, essa zona de confluência ou intercessão dos dois princípios foi bem captada
no voto magistral do Ministro Sepúlveda Pertence, de sorte que concordar com S. Exa. é
fortalecer a um só tempo o princípio da separação dos Poderes e o princípio da Federação.
O Sr. Ministro Nelson Jobim (Presidente): Registro que a Constituição de 1967,
art. 34, e a de 1969, art. 39, quanto à imunidade dos deputados e senadores, referiam-se
a exercício de mandato.
A supressão da expressão “do exercício do mandato” apareceu na Constituição de
1988.
R.T.J. — 198 1167
VOTO
O Sr. Ministro Carlos Velloso: Sr. Presidente, quero dizer que estou de acordo com
o voto do Sr. Ministro Sepúlveda Pertence.
Gostaria de dizer duas palavras de agradecimento ao Dr. Antônio Nabor Areias
Bulhões, notável advogado. As palavras de Sua Excelência tocaram fundo o meu cora-
ção; agradeço-as, sensibilizado. Elas vêm de um advogado, o Dr. Nabor, que aprendi a
respeitar, admirar e estimar. As suas palavras, tão significativas, brotaram do seu coração
generoso, estou certo. Vou lembrar o cancioneiro popular de minha Minas, Milton Nas-
cimento, quando diz: “o que importa é ouvir a voz que vem do coração”. Eu sinto, Dr.
Nabor, que ouvi a voz do seu coração generoso. E é isto o que importa, ela me fez feliz.
Muito e muito obrigado.
VOTO
O Sr. Ministro Celso de Mello: O e. Superior Tribunal de Justiça, ao deferir ordem
de habeas corpus em favor do ora recorrido, que é Deputado Distrital, proferiu decisão
consubstanciada em acórdão assim ementado:
“Processual Penal. Habeas corpus. Crimes contra o parcelamento do solo
urbano. Deputado distrital. Prisão em flagrante. Prisão preventiva.
I - Aos deputados distritais, em sede de prisão em flagrante, aplica-se o
disposto no art. 53 § 2º, ex vi arts. 27 § 1º e 32 § 3º, todos da Lex Maxima.
II - Os deputados distritais só poderão, em princípio, sofrer prisão cautelar
decorrente de situação de flagrância (Precedente do Pretório Excelso, Inq. n.
510, Pleno).
Writ concedido.”
(HC 29.951/DF, Rel. Min. Felix Fischer — grifei)
O Ministério Público Federal insurge-se contra tal decisão, invocando, como su-
porte de sua pretensão recursal, a Súmula 3 do Supremo Tribunal Federal, cujo enunciado
assim dispõe: “A imunidade concedida a deputados estaduais é restrita à Justiça do
Estado”.
Não assiste razão ao Ministério Público, pois a Súmula 3/STF não mais subsiste
em face da nova ordem jurídica fundada na vigente Constituição republicana.
Como se sabe, a Constituição promulgada em 1988 ampliou, de modo significa-
tivo, as prerrogativas deferidas aos Deputados Estaduais (art. 27, § 1º) e aos Deputados
Distritais (art. 32, § 3º), outorgando-lhes as mesmas garantias de imunidade e de
inviolabilidade reconhecidas aos membros do Congresso Nacional, tais como previstas
no art. 53 da Lei Fundamental.
O legislador constituinte, ao assim proceder, objetivou dispensar, aos membros das
Assembléias Legislativas estaduais (CF, art. 27, § 1º) e da Câmara Legislativa do Distrito
Federal (CF, art. 32, § 3º), um grau maior de proteção, em ordem a permitir-lhes — à
semelhança do que sucede com os Deputados Federais e Senadores da República (CF, art.
53) — o desempenho independente do mandato representativo, assegurando-lhes, por
1168 R.T.J. — 198
isso mesmo, desde que na prática das múltiplas funções que compõem o ofício parla-
mentar, não só a liberdade de expressão, ainda que exercida fora do recinto da própria
Casa legislativa (RTJ 131/1039 — RTJ 133/90 — RTJ 135/509-510 — RTJ 155/396-
397 — RT 648/318), mas garantindo-lhes, também, especial prerrogativa consistente na
outorga de um estado de relativa incoercibilidade pessoal (freedom from arrest), de tal
modo que os membros integrantes do Poder Legislativo da União, dos Estados-Membros
e do Distrito Federal só possam ser presos em situação de flagrância, por crime
inafiançável, vedada, em conseqüência, contra eles, a efetivação de prisão preventiva.
Na realidade, todas essas prerrogativas de ordem político-jurídica, deferidas,
ratione muneris, aos membros do Congresso Nacional — e, agora, também, aos inte-
grantes das Assembléias Legislativas (Deputados Estaduais) e da Câmara Legislativa do
Distrito Federal (Deputados Distritais) — compõem o estatuto constitucional dos par-
lamentares (José Afonso da Silva, “Curso de Direito Constitucional Positivo”, pp.
532/539, 23ª ed., 2004, Malheiros), que representa um complexo de direitos (e de
limitações) concebido com o propósito de tornar mais efetiva a independência do
parlamentar no exercício do mandato representativo, tal como tem sido proclamado,
em sucessivos pronunciamentos, pelo magistério da doutrina (Pontes de Miranda,
“Comentários à Constituição de 1967 com a Emenda n. 1 de 1969”, tomo III/10 e 43,
2ª ed., 1970, RT; João Barbalho, “Constituição Federal Brasileira”, p. 64, edição
fac-similar, 1992, Senado Federal; Pinto Ferreira, “Comentários à Constituição
Brasileira”, vol. 2/625, 1990, Saraiva; José Cretella Júnior, “Comentários à Consti-
tuição de 1988”, vol. V/2624-2625, item n. 204, 1991, Forense Universitária; Michel
Temer, “Elementos de Direito Constitucional”, pp. 129/130, item n. 5, 18ª ed., 2002,
Malheiros; Pedro Aleixo, “Imunidades Parlamentares”, p. 59/65, 1961, Belo Hori-
zonte; Celso Ribeiro Bastos, “Comentários à Constituição do Brasil”, vol. 4, tomo I/
187, 1995, Saraiva; René Ariel Dotti, “Curso de Direito Penal — Parte Geral”, p. 398,
item n. 25, 2001, Forense, v.g.).
Como precedentemente salientado, as imunidades e prerrogativas dos Deputados
Estaduais e dos Deputados Distritais, porque ampliadas, estendem-se para além dos
limites delineados pela Súmula 3/STF, eis que são, agora, oponíveis a qualquer órgão do
Poder Judiciário, não mais se restringindo, portanto, como antes, à esfera da Justiça local.
Eis o motivo pelo qual não mais subsiste o enunciado constante da formulação
contida na referida Súmula 3/STF, tornada incompatível por efeito da superveniência
da Constituição de 1988, notadamente por força do que prescrevem o art. 27, § 1º, e o
art. 32, § 3º, ambos da Lei Fundamental da República.
Cabe observar, finalmente, considerado o contexto ora em exame, que se revela
incensurável a decisão objeto do presente recurso extraordinário, eis que os Deputados
Distritais (CF, art. 32, § 3º) e os Deputados Estaduais (CF, art. 27, § 1º) também gozam,
por efeito do estatuto constitucional que lhes rege a atividade legislativa, de imunidade
à prisão cautelar, pois, à semelhança do que dispõe o art. 53, § 2º, da Constituição da
República, quanto aos Deputados Federais e Senadores, os membros integrantes das
Assembléias Legislativas dos Estados-Membros e da Câmara Legislativa do Distrito
Federal não poderão ser presos, desde a expedição do diploma, “salvo em flagrante de
crime inafiançável”.
R.T.J. — 198 1169
Daí a clara advertência que resulta da lição expendida pelo eminente Professor
José Afonso da Silva (“Curso de Direito Constitucional Positivo”, p. 533, item n. 15,
23ª ed., 2004, Malheiros):
“‘Quanto à prisão’, estatui-se que, salvo flagrante de crime inafiançável,
os membros do Congresso Nacional não poderão ser presos dentro do período que
vai desde a sua diplomação até o encerramento definitivo de seu mandato por
qualquer motivo, incluindo a não reeleição. Podem, pois, ser presos nos casos de
flagrante de crime inafiançável, mas, nesse caso, os autos serão remetidos, dentro
de 24 horas, à Câmara respectiva, para que, pelo voto da maioria (absoluta) de seus
membros, resolva sobre a prisão (art. 53, § 2º, EC-35/2001). Convém ponderar a
respeito da questão da afiançabilidade de crime, hoje importante, diante do dis-
posto no art. 5º, LXVI, segundo o qual ninguém será levado à prisão ou nela
mantido, quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança. Se o
crime for daqueles que admitem liberdade provisória, o tratamento a ser dado
ao congressista há de ser idêntico ao dos crimes afiançáveis, ou seja: ‘vedada a
prisão’.” (Grifei)
Não foi por outra razão que o Plenário do Supremo Tribunal Federal, examinando
o alcance da cláusula constitucional garantidora das imunidades deferidas aos con-
gressistas (CF, art. 53) — estendidas aos Deputados Estaduais (CF, art. 27, § 1º) e aos
Deputados Distritais (CF, art. 32, § 3º) —, advertiu, após destacar a teleologia da norma
constitucional em referência, que o estatuto jurídico dos parlamentares outorga-lhes,
dentre as várias prerrogativas previstas na Carta Política, aquela que lhes assegura um
“estado de relativa incoercibilidade pessoal (...) (freedom from arrest)”, pois “só pode-
rão sofrer prisão provisória ou cautelar numa única e singular hipótese: situação de
flagrância em crime inafiançável” (RTJ 135/509-510, Rel. Min. Celso de Mello).
Com estas considerações, Senhor Presidente, acompanho o brilhante voto profe-
rido pelo eminente Ministro Relator.
É o meu voto.
EXTRATO DA ATA
RE 456.679/DF — Relator: Ministro Sepúlveda Pertence. Recorrente: Ministério
Público Federal. Recorrido: José Edmar de Castro Cordeiro (Advogados: Antonio Nabor
Areias Bulhões e outro).
Decisão: O Tribunal, por unanimidade, conheceu e negou provimento ao recurso
extraordinário, nos termos do voto do Relator, e declarou superada a Súmula n. 3 desta
Corte. Votou o Presidente, Ministro Nelson Jobim.
Presidência do Ministro Nelson Jobim. Presentes à sessão os Ministros Sepúlveda
Pertence, Celso de Mello, Carlos Velloso, Marco Aurélio, Ellen Gracie, Gilmar Mendes,
Cezar Peluso, Carlos Britto, Joaquim Barbosa e Eros Grau. Procurador-Geral da República,
Dr. Antonio Fernando Barros e Silva de Souza.
Brasília, 15 de dezembro de 2005 — Luiz Tomimatsu, Secretário.
1170 R.T.J. — 198
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros do Supremo Tribu-
nal Federal, em Segunda Turma, sob a Presidência da Ministra Ellen Gracie (RISTF, art.
37, II), na conformidade da ata do julgamento e das notas taquigráficas, por unanimidade
de votos, dar provimento ao recurso extraordinário, nos termos do voto do Relator.
Brasília, 14 de fevereiro de 2006 — Gilmar Mendes, Relator.
RELATÓRIO
O Sr. Ministro Gilmar Mendes: Trata-se de recurso extraordinário interposto com
fundamento no art. 102, III, a, da Constituição Federal, no qual se alega ofensa aos arts.
5º, LV; 37, caput; e 93, IX, da Carta Magna.
O Relator do acórdão recorrido, ao apreciar a controvérsia, assim se pronunciou
(fls. 296-313):
“Entre as nulidades levantadas pelos embargantes consta a mirante a tornar
absolutamente nulo o julgamento, a pretexto de o advogado Homero Sabino de
Freitas, na condição de Diretor-Geral do Tribunal Regional Eleitoral de Goiás,
encontrar-se no desempenho de atividade incompatível, mesmo em causa própria,
com o exercício da advocacia.
Na verdade, a Lei n. 8.906, de 04 de julho de 1994, que dispõe sobre o
Estatuto da Advocacia e a Ordem dos Advogados do Brasil – OAB, é taxativa, na
textura do seu art. 28, quanto à incompatibilidade da advocacia, ainda que em
causa própria, dentre outras atividades, dos membros do Poder Judiciário.
A rigor, portanto, tal como suscitado pelos embargantes, o fato de o Dr.
Homero Sabino de Freitas ter sido nomeado para o cargo de Diretor-Geral do Tribu-
nal Regional Eleitoral de Goiás, o colocaria na condição de ocupante de atividade
incompatível com o exercício da advocacia.
Impende ressaltar, a propósito, que o Pretório Excelso, no julgamento da
Medida Liminar na Ação Direta de Inconstitucionalidade n. 1.127-8-DF (in DJU
de 14.10.94, seção 1, p. 27.596), deu ao dispositivo em relevo a interpretação de
que, de sua abrangência, estão excluídos os membros da Justiça Eleitoral e os
Juízes Suplentes não remunerados.
R.T.J. — 198 1171
[...]
3.1. Além da nulidade suscitada nos itens anteriores, nos embargos de decla-
ração os ora recorrentes suscitaram também nulidade absoluta consubstanciada
no fato de que a filha do patrono do ora recorrido, Dra. Yasmine Saad Sabino de
Freitas, participou do julgamento do feito como Diretora da 1ª Secretaria da
Câmara Cível, tendo até mesmo assinado o extrato da ata (cf. certidão de fl.
211).
[...]
3.3. Em sendo parente consangüíneo em linha reta, a Dra. Yasmine Saad
Sabino de Freitas jamais poderia ter praticado ato no processo em que seu pai, o
Doutor Homero Sabino de Freitas, é advogado de uma das partes. Se não bastasse
ter participado do julgamento e assinado o extrato da ata (cf. certidão de fl. 211),
tal servidora impedida também praticou outros atos no processo após o ingresso de
seu pai como procurador do embargado (cf. fls. 205/206). Basta conferir as certi-
dões de fls. 212 e 221.
3.4. Da mesma forma da nulidade anterior, a Colenda Turma do TJGO rejei-
tou tal nulidade ao fundamento de que ocorreu a preclusão e que não houve preju-
ízo. Ao reconhecer a inexistência de prejuízo como fundamento da rejeição da
nulidade, tal decisão também violou manifestamente o caput do artigo 37 da CF.
3.5. E o fundamento de tal violação é o mesmo do exposto para a nulidade
anterior. Sem dúvida, a matéria evidentemente não pode ser analisada pela face do
prejuízo que tenham sofrido as partes, pois a decretação da nulidade em face da
prática de ato por serventuária da justiça impedida não pretende garantir apenas a
regularidade do processo, mas proteger a moralidade administrativa consagrada
no artigo 37, caput, da Constituição Federal.”
O Subprocurador-Geral da República, Dr. Paulo de Tarso Braz Lucas, em parecer
de fls. 521-523, manifestou-se pelo improvimento do recurso nos seguintes termos:
“Ementa: Recurso extraordinário — Ausência de fundamentação do
acórdão — Nulidade absoluta — Incompatibilidade do advogado — Impedi-
mento do serventuário da Justiça — Alegação de ofensa aos arts. 5º, LV, e 93,
IX, e 37, caput — Incabível — Ofensa reflexa à CF — Matéria infraconstitu-
cional — Ausência da pretendida dimensão constitucional — Parecer pelo não
conhecimento do recurso e, se conhecido, pelo seu improvimento.”
É o relatório.
VOTO
O Sr. Ministro Gilmar Mendes (Relator): O acórdão recorrido deu provimento à
apelação, para reformar a sentença e julgar improcedentes os embargos de terceiros
interpostos pelos recorrentes, invertendo a condenação por litigância de má-fé.
Dessa decisão foram opostos embargos de declaração nos quais se argüiu a nulidade
absoluta do julgado, por ter o Dr. Homero Sabino de Freitas, na qualidade de Diretor-
Geral do Tribunal Regional Eleitoral do Estado de Goiás, proferido, no julgamento da
apelação, sustentação oral como patrono dos ora recorridos.
1174 R.T.J. — 198
riência de sessenta anos a esse respeito, e não me consta ter havido, nesses anos,
motivo de queixa, de censura, de critica, à atuação desses juízes; ao contrário, do
depoimento de todos que têm servido ou freqüentado a Justiça Eleitoral, os juízes
saídos da classe dos advogados têm prestado à Justiça Eleitoral os maiores e me-
lhores serviços.
Assim, defiro em parte a liminar para dar ao dispositivo a interpretação de
que a abrangência nele contida não se estende aos advogados membros da Justiça
Eleitoral e aos Juízes Suplentes não remunerados, em respeito ao que dispõe os
artigos 119, II, e 120, § 1º, III, da Constituição.”
Assim, entendo que existe, no caso em exame, violação aos princípios da morali-
dade, no sentido já delineado no citado precedente desta 2ª Turma (RE 199.088, Rel.
Min. Carlos Velloso, DJ de 16-4-99) e do devido processo legal.
O princípio do devido processo legal, que lastreia todo o leque de garantias cons-
titucionais voltadas para a efetividade dos processos jurisdicionais e administrativos,
assegura que todo julgamento seja realizado com a observância das regras procedimentais
previamente estabelecidas, e, além disso, representa uma exigência de fair trial, no
sentido de garantir a participação equânime, justa, leal, enfim, sempre imbuída pela boa-
fé e pela ética dos sujeitos processuais.
A máxima do fair trial é uma das faces do princípio do devido processo legal
positivado na Constituição de 1988, a qual assegura um modelo garantista de jurisdi-
ção, voltado para a proteção efetiva dos direitos individuais e coletivos, e que depende,
para seu pleno funcionamento, da boa-fé e da lealdade dos sujeitos que dele participam,
condição indispensável para a correção e a legitimidade do conjunto de atos, relações e
processos jurisdicionais e administrativos.
Nesse sentido, tal princípio possui um âmbito de proteção alargado, que exige o
fair trial não apenas dentre aqueles que fazem parte da relação processual, ou que atuam
diretamente no processo, mas de todo o aparato jurisdicional, o que abrange todos os
sujeitos, instituições e órgãos, públicos e privados, que exercem, direta ou indiretamente,
funções qualificadas constitucionalmente como essenciais à Justiça.
Contrárias à máxima do fair trial — como corolário do devido processo legal, e
que encontra expressão positiva, por exemplo, nos arts. 14 e seguintes do Código de
Processo Civil — são todas as condutas suspicazes praticadas por pessoas às quais a lei
proíbe a participação no processo em razão de suspeição, impedimento ou incompatibi-
lidade; ou nos casos em que esses impedimentos e incompatibilidades são forjados pelas
partes com o intuito de burlar as normas processuais.
Em face do exposto, tendo em vista as condições que levaram à produção de um
julgamento contaminado por fortes irregularidades e eventual suspicácia, entendo
como violados, no presente caso, tanto o princípio da moralidade como o do devido
processo legal.
Assim, conheço e dou provimento ao recurso extraordinário. Determino o retorno
dos autos ao Tribunal de origem, para que seja realizado novo julgamento da apelação
cível.
1176 R.T.J. — 198
EXTRATO DA ATA
RE 464.963/GO — Relator: Ministro Gilmar Mendes. Recorrentes: Ângela Pinto
Ribeiro Miro e outro (Advogados: José Leite Saraiva Filho e outro). Recorrido: Lenir de
Souza e Silva (Advogados: Homero Sabino de Freitas e outro).
Decisão: A Turma, por unanimidade, deu provimento ao recurso, para anular o
julgamento e determinar que um novo seja realizado na Corte de origem, nos termos do
voto do Relator. Ausente, justificadamente, neste julgamento, o Ministro Celso de
Mello. Presidiu este julgamento a Ministra Ellen Gracie.
Presidência da Ministra Ellen Gracie. Presentes à sessão os Ministros Gilmar Mendes
e Joaquim Barbosa. Ausente, justificadamente, o Ministro Celso de Mello. Subprocura-
dor-Geral da República, Dr. Paulo da Rocha Campos.
Brasília, 14 de fevereiro de 2006 — Carlos Alberto Cantanhede, Coordenador.
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros do Supremo Tribu-
nal Federal, em Primeira Turma, sob a Presidência do Ministro Sepúlveda Pertence, na
conformidade da ata do julgamento e das notas taquigráficas, por unanimidade de votos,
negar provimento ao agravo regimental no recurso extraordinário, nos termos do voto da
Relatora. Não participaram, justificadamente, deste julgamento os Ministros Marco
Aurélio e Carlos Britto.
Brasília, 15 de agosto de 2006 — Cármen Lúcia, Relatora.
RELATÓRIO
A Sra. Ministra Cármen Lúcia: Trata-se de agravo regimental contra decisão profe-
rida em 3 de fevereiro de 2006 (DJ de 24-2-2006 — fl. 120), pela eminente Ministra
Ellen Gracie, então Relatora, cujo teor é o seguinte:
R.T.J. — 198 1177
VOTO
A Sra. Ministra Cármen Lúcia (Relatora): A agravante não tem razão de direito.
A leitura atenta do voto condutor do acórdão recorrido da lavra do Il. Desembargador
Federal do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, Edgard Lippmann Jr., evidencia que
todo o esforço interpretativo empreendido para concluir-se, na espécie, pela limitação dos
juros cobrados pela instituição financeira, lastreou-se na premissa de que contratos bancá-
rios devem sujeitar-se aos princípios e regras do Código de Defesa do Consumidor.
Confira-se, a propósito, a seguinte passagem do voto acima mencionado:
1178 R.T.J. — 198
“No caso em exame, estamos diante de contrato de mútuo, logo, típica moda-
lidade de contrato de adesão cujas cláusulas e condições vieram pré-impressas,
conforme documentos juntados aos autos. Assim, não vejo como excluí-lo de
subsunção às normas da legislação protetora do consumidor”.
Correta, portanto, a decisão agravada ao fazer incidir, no caso, a Súmula 283 deste
Supremo Tribunal Federal, em face da preclusão do fundamento infraconstitucional do
acórdão recorrido (RE-AgR 465.985, Ricardo Lewandowski, DJ de 23-6-06; RE-AgR
412.346, Ellen Gracie, DJ de 20-4-06; RE-AgR 450.919, Sepúlveda Pertence, DJ de 16-
9-05).
Pelos fundamentos acima expostos, nego provimento ao agravo regimental: é
como voto.
EXTRATO DA ATA
RE 466.211-AgR/RS — Relatora: Ministra Cármen Lúcia. Agravante: Caixa Eco-
nômica Federal – CEF (Advogados: José Linhares Prado Neto e outro). Agravado: Luiz
Antônio Teixeira Raguzoni (Advogado: João Batista Martins).
Decisão: A Turma negou provimento ao agravo regimental no recurso extraordiná-
rio. Unânime. Não participaram, justificadamente, deste julgamento os Ministros Marco
Aurélio e Carlos Britto.
Presidência do Ministro Sepúlveda Pertence. Presentes à sessão os Ministros Marco
Aurélio, Carlos Britto, Ricardo Lewandowski e Cármen Lúcia. Subprocurador-Geral da
República, Dr. Edson Oliveira de Almeida.
Brasília, 15 de agosto de 2006 — Ricardo Dias Duarte, Coordenador.
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da Primeira Turma
do Supremo Tribunal Federal, sob a Presidência do Ministro Sepúlveda Pertence, na
conformidade da ata do julgamento e das notas taquigráficas, por maioria de votos,
converter os embargos de declaração no agravo de instrumento em agravo regimental no
agravo de instrumento, vencido, nesta parte, o Ministro Marco Aurélio. Por unanimidade,
negar-lhe provimento, nos termos do voto do Relator. Não participou, justificadamente,
deste julgamento a Ministra Cármen Lúcia.
Brasília, 29 de junho de 2006 — Ricardo Lewandowski, Relator.
RELATÓRIO
O Sr. Ministro Ricardo Lewandowski: Trata-se de embargos de declaração opostos
pelo Espólio de Eduardo Pereira Mendes e outros (fls. 84-96) contra decisão do emi-
nente Ministro Carlos Velloso, então Relator, que deu provimento ao agravo de instru-
mento e, desde logo, conheceu do recurso extraordinário e lhe deu provimento em parte,
com base na jurisprudência da Corte, para excluir da condenação a incidência dos juros
compensatórios no caso de pagamento de parcelas de precatório sem a observância do
disposto no art. 33 do ADCT, mantidos os juros moratórios, a serem pagos mediante
expedição de novo precatório (fls. 80-81).
Irresignados, os recorridos interpõem os presentes embargos de declaração. Sus-
tentam, em suma, a existência de obscuridade na decisão embargada, uma vez que a
decisão embargada não mencionou se a expedição de novo precatório será realizada
com ou sem nova citação da Fazenda Pública.
Alegam, ainda, que a matéria envolve aspectos infraconstitucionais que já foram
decididos pelo Superior Tribunal de Justiça.
Diante do caráter infringente atribuído aos embargos, foi concedida vista à parte
embargada, que apresentou impugnação às fls. 101-104.
É o relatório.
VOTO
O Sr. Ministro Ricardo Lewandowski (Relator): Recebo os embargos de declaração
como agravo regimental, dado que opostos a decisão monocrática.
Assim a decisão agravada, proferida pelo eminente Ministro Carlos Velloso:
“O acórdão recorrido, em fase de execução, manteve a decisão que determi-
nou a expedição de ofício requisitório complementar, sem citação da Fazenda
Pública, para cobrança de juros moratórios e compensatórios no caso de atraso no
pagamento do parcelamento obtido com base no art. 33 do ADCT.
1180 R.T.J. — 198
VOTO
O Sr. Ministro Marco Aurélio: Senhor Presidente, quanto a receber os embargos de
declaração como agravo regimental, divirjo de Vossa Excelência, ante razões já expostas
nos Embargos de Declaração no Agravo de Instrumento n. 278.549-5/SP:
Entendo que os embargos declaratórios são cabíveis, quer direcionados a
decisão definitiva, terminativa do processo, interlocutória, de colegiado ou indi-
vidual, não sofrendo, sequer, esse recurso sui generis, as peias decorrentes da
cláusula da irrecorribilidade, já que prescinde até mesmo do gravame, ou seja, da
sucumbência.
No caso, a parte, vislumbrando não sei se omissão, obscuridade ou contradi-
ção na decisão que implicara a apreciação do agravo de instrumento, protocolizou
os declaratórios. A meu ver, incumbia o julgamento desses declaratórios, não sen-
do possível — como ia iniciando o voto, antes do pregão do processo — inverter
o princípio da fungibilidade, mesmo porque, caso se assentasse que não cabem os
embargos declaratórios, estaríamos diante de um erro grosseiro, que não ensejaria,
portanto, a conversão desse recurso em agravo regimental.
Penso que há um prejuízo enorme para a parte, quando se procede a essa
conversão. É que as causas de pedir dos embargos declaratórios são diversas e
devem estar centradas num daqueles defeitos que os respaldam — em omissão,
contradição ou dúvida —, enquanto, no agravo, a articulação é outra: afirma-se o
desacerto da decisão proferida, sob o ângulo do vício de procedimento ou de
julgamento. Por isso, peço vênia para não conhecer do recurso interposto como
agravo inominado, agravo interno, na dicção do professor Sálvio de Figueiredo.
Nessa parte, quanto à conversão, fico vencido.
É como voto.
EXTRATO DA ATA
AI 499.022-ED/SP — Relator: Ministro Ricardo Lewandowski. Embargantes: Es-
pólio de Eduardo Pereira Mendes e outro (Advogados: Renato Rodrigues Tucunduva
Junior e outro). Embargado: Estado de São Paulo (Advogado: PGE/SP – Amilcar Aquino
Navarro).
Decisão: Por maioria de votos, a Turma converteu os embargos de declaração no
agravo de instrumento em agravo regimental no agravo de instrumento, vencido, nesta
1182 R.T.J. — 198
parte, o Ministro Marco Aurélio. Por unanimidade, negou-lhe provimento, nos termos
do voto do Relator. Não participou, justificadamente, deste julgamento a Ministra Cár-
men Lúcia.
Presidência do Ministro Sepúlveda Pertence. Presentes à sessão os Ministros Marco
Aurélio, Carlos Britto e Ricardo Lewandowski. Ausente, justificadamente, a Ministra
Cármen Lúcia. Compareceu o Ministro Cezar Peluso a fim de julgar processos a ele
vinculados, assumindo a cadeira da Ministra Cármen Lúcia. Subprocurador-Geral da
República, Dr. Rodrigo Janot.
Brasília, 29 de junho de 2006 — Ricardo Dias Duarte, Coordenador.
ÍNDICE ALFABÉTICO
A
Int “Abolitio criminis”: inocorrência. (...) Extradição. Ext 925 RTJ 197/18
PrPn Absolvição. (...) Habeas corpus. RHC 84.849 RTJ 195/518
Ct Abuso do poder de legislar: inocorrência. (...) Medida provisória. ADI 3.290
RTJ 196/506
Adm Ação cível originária: prosseguimento. (...) Acordo administrativo. ACO
541-AgR RTJ 196/371
Ct Ação de interesse da magistratura. (...) Competência originária. Rcl 2.370-
AgR RTJ 196/484
PrCv Ação de interesse da magistratura: não-configuração. (...) Competência
jurisdicional. AO 1.122-AgR RTJ 197/815
Adm Ação declaratória em curso: irrelevância. (...) Desapropriação. MS 25.006
RTJ 197/522
PrSTF Ação direta de inconstitucionalidade. Cabimento. Ato normativo. Regula-
mento de Tribunal de Justiça. ADI 3.443 RTJ 196/552
PrSTF Ação direta de inconstitucionalidade. Cabimento. Ato normativo. Resolu-
ção administrativa do TSE. ADI 2.321-MC RTJ 195/812
Ct Ação direta de inconstitucionalidade. (...) Competência jurisdicional. RE
199.293 RTJ 196/320
PrSTF Ação direta de inconstitucionalidade. Conversão em ação direta de
inconstitucionalidade por omissão: impossibilidade. ADI 1.442 RTJ 195/752
PrSTF Ação direta de inconstitucionalidade. Descabimento. Ato regulamentar.
ADI 2.618-AgR RTJ 197/204
PrSTF Ação direta de inconstitucionalidade. Descabimento. Omissão parcial. ADI
1.442 RTJ 195/752
1186 Açã-Açã — ÍNDICE ALFABÉTICO
PrPn Ação penal privada. (...) Busca e apreensão. HC 85.177 RTJ 195/208
PrPn Ação penal privada. Injúria. Complexidade da matéria. Rito: decisão do
juiz. Lei n. 9.099/95, art. 77, § 3º. HC 86.049 RTJ 197/1077
PrPn Ação penal: proposição. (...) Ministério Público. HC 86.711 RTJ 198/231
PrPn Ação penal pública condicionada. Legitimidade ativa. Ministério Público.
Estupro e atentado violento ao pudor. Miserabilidade: presunção. Represen-
tação: comparecimento à autoridade policial. HC 85.556 RTJ 195/266
PrPn Ação penal pública condicionada. Representação do ofendido. Identifica-
ção do autor: termo inicial. Decadência: inocorrência. CP/40, art. 103. CPP/41,
art. 38. HC 85.872 RTJ 196/644
PrPn Ação penal pública incondicionada. (...) Busca e apreensão. HC 85.177 RTJ
195/208
Ct Ação popular. (...) Competência originária. Rcl 2.833 RTJ 195/24
Ct Ação popular. Competência originária do STF: ausência. Ato do presidente
da República. Pet 3.422-AgR RTJ 197/499
PrSTF Ação popular. Negativa de seguimento. Remessa dos autos ao juízo com-
petente: impossibilidade. Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal –
RISTF, art. 21, § 1º. CPC/73, art. 113, § 2º: inaplicabilidade. Pet 3.422-AgR
RTJ 197/499
PrCv Ação principal: demora no julgamento e sobrestamento. (...) Arresto. AC
244-QO RTJ 198/421
PrSTF Ação rescisória. Acórdão de Turma do STF. Recurso extraordinário
inadmitido. Agravo de instrumento: negativa de seguimento. Decisão de
mérito: inexistência. Competência originária do STF: ausência. AR 1.848-
AgR RTJ 197/67
PrCv Ação rescisória. Acórdão rescindendo. Recurso extraordinário: mérito não
apreciado. Competência originária do STF: ausência. AR 1.850-AgR RTJ
195/416
PrSTF Ação rescisória. (...) Competência jurisdicional. Rcl 2.314 RTJ 198/47
PrCv Ação rescisória. Decadência: inocorrência. Protocolização no último dia do
prazo. Despacho de citação após o biênio: irrelevância. AR 1.584-AgR RTJ
198/877
PrSTF Ação rescisória. Decisão rescindenda conforme jurisprudência do STF. De-
cisão de relator. Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal – RISTF,
art. 21, § 1º. AR 1.754-AgR RTJ 195/3 – AR 1.766-AgR RTJ 195/414
PrCv Ação rescisória. Improcedência. Acórdão rescindendo do STF. Imposto sobre
Operações Financeiras – IOF: cobrança. Matéria declarada constitucional.
Inconstitucionalidade no tribunal “a quo”. AR 1.866-AgR RTJ 196/463
1190 Açã-Acó — ÍNDICE ALFABÉTICO
Adm ADCT da Constituição Federal/88, art. 19. (...) Servidor público estadual.
ADI 3.332 RTJ 196/155
Ct ADCT da Constituição Federal/88, art. 29, § 3º. (...) Ministério Público
estadual. ADI 2.836 RTJ 197/446
Ct ADCT da Constituição Federal/88, art. 33. (...) Precatório. AI 499.022-ED
RTJ 198/1178
Trbt ADCT da Constituição Federal/88, art. 41, §§ 1º, 2º e 3º. (...) Imposto sobre
Serviços – ISS. RE 361.829-AgR RTJ 195/299
Adm ADCT da Constituição Federal/88, art. 67. (...) Demarcação administrativa.
MS 24.566 RTJ 196/807
Adm ADCT da Constituição Federal/88, art. 89: inaplicabilidade. (...) Policial
militar. RMS 25.386 RTJ 196/819
Adm Adicional de etapa alimentar: não-extensão. (...) Proventos. RE 411.998 RTJ
196/1028
Adm Adicional de insalubridade. (...) Servidor público. RE 255.827 RTJ 197/360
Adm Adicional de magistério: incidência. (...) Servidor público estadual. RE
208.156 RTJ 195/288
Adm Adicional por tempo de serviço. (...) Remuneração. MS 24.527 RTJ 195/51
Adm Adicional por tempo de serviço. (...) Servidor público. RE 235.623 RTJ
195/639
Adm Adicional por tempo de serviço: cálculo. (...) Vantagem. AI 242.946-AgR
RTJ 198/370 – RE 254.602 RTJ 195/654
PrSTF Aditamento à inicial. (...) Ação direta de inconstitucionalidade. ADI 3.290
RTJ 196/506
PrPn Aditamento da denúncia. (...) Ação penal. AO 1.300 RTJ 198/871
PrPn Aditamento por instância superior: impossibilidade. (...) Prisão preventiva.
HC 83.782 RTJ 196/598
Adm Administração pública indireta. Entidade estadual: inadimplemento de obri-
gação. Cadastro Único de Convênio – CAUC: inclusão. Estado-Membro:
limitação de direito. Princípio da intranscendência: ofensa. Princípio do devido
processo legal: observância necessária. AC 1.033-AgR-QO RTJ 198/858
Ct Advocacia. Exercício por diretor-geral de TRE. Atos praticados: nulidade.
Princípio da moralidade e do devido processo legal: ofensa. Lei n. 8.906/94,
arts. 27 e 28. RE 464.963 RTJ 198/1170
Pn Advogado. (...) Imunidade judiciária. AO 1.300 RTJ 198/871 – RHC 80.429
RTJ 197/262 – HC 82.992 RTJ 195/953 – RE 387.945 RTJ 198/823
PrPn Advogado da ação cível: ausência de procuração para a ação penal. (...)
Intimação criminal. HC 84.392 RTJ 198/1040
ÍNDICE ALFABÉTICO — Adv-Agr 1193
B
Ct Banco estadual: privatização. (...) Estado-Membro. ADI 3.578-MC RTJ
198/92
Ct Banco: porta eletrônica. (...) Competência legislativa. AI 347.717-AgR RTJ
197/645 – AI 429.070-AgR RTJ 195/711
Ct Banco: tempo máximo de espera na fila. (...) Competência legislativa. RE
432.789 RTJ 196/345
Adm Base de cálculo. (...) Gratificação. RE 433.233 RTJ 196/348
PrSTF Base de cálculo do PIS e da Cofins: majoração. (...) Medida cautelar. AC
754-AgR RTJ 196/739
Trbt Base de cálculo: potencial de poluição. (...) Taxa de Controle e Fiscalização
Ambiental – TCFA. RE 416.601 RTJ 196/686
Trbt Base de cálculo: redução. (...) Imposto sobre Circulação de Mercadorias e
Serviços – ICMS. RE 174.478 RTJ 198/724
Trbt Base de cálculo: redução por lei estadual. (...) Imposto sobre Circulação de
Mercadorias e Serviços – ICMS. AI 389.871-AgR-ED RTJ 195/682
TrGr Base territorial mínima: mitigação. (...) Unicidade sindical. RMS 24.069
RTJ 198/973
Pn Bem de pequeno valor. (...) Pena. HC 84.424 RTJ 196/235
Trbt Bem destinado a uso próprio. (...) Imposto sobre Produtos Industrializados –
IPI. RE 255.682-AgR RTJ 197/636
Cv Bem penhorado: não-restituição. (...) Prisão civil. HC 84.484 RTJ 196/240
Ct Bem público. União Federal. Utilização pelo Território de Roraima. Transfe-
rência para o Estado de Roraima. Lei Complementar n. 41/81, art. 15. ADCT
da Constituição Federal/88, art. 14, § 2º. ACO 640 RTJ 198/437
ÍNDICE ALFABÉTICO — Ben-Cad 1203
C
PrSTF Cabimento. (...) Ação direta de inconstitucionalidade. ADI 2.321-MC RTJ
195/812 – ADI 3.443 RTJ 196/552
Ct Cabimento. (...) Controle concentrado de constitucionalidade. ADI 2.925
RTJ 197/842
PrPn Cabimento. (...) Habeas corpus. RHC 81.740 RTJ 195/80 – HC 83.346 RTJ
195/85 – HC 84.869 RTJ 195/183 – HC 85.410 RTJ 198/694 – HC 85.457
RTJ 195/253 – HC 85.673 RTJ 195/274
PrSTF Cabimento. (...) Reclamação. Rcl 1.013 RTJ 197/389
Adm Cadastro Único de Convênio – CAUC: inclusão. (...) Administração pública
indireta. AC 1.033-AgR-QO RTJ 198/858
Cv Caderneta de poupança. Contrato de depósito. Ato jurídico perfeito. Lei
nova: inaplicabilidade. RE 393.021-AgR RTJ 197/660
1204 Cál-Car — ÍNDICE ALFABÉTICO
Adm CF/88, art. 37, XI, redação anterior às EC n. 19/98 e EC n. 41/03. (...)
Remuneração. RE 174.742 RTJ 198/735
Adm CF/88, art. 37, § 6º. (...) Responsabilidade civil do Estado. AI 473.381-AgR
RTJ 198/837
Adm CF/88, art. 37, § 6º: interpretação. (...) Responsabilidade civil do Estado. RE
302.622 RTJ 195/1036
Adm CF/88, art. 40, III, “c”, redação anterior à EC n. 20/98. (...) Servidor público
estadual. RE 400.344 RTJ 195/686
Adm CF/88, art. 40, § 2º, redação original. (...) Aposentadoria. RE 408.674-AgR
RTJ 196/673
Adm CF/88, art. 40, § 2º, redação original: ofensa inocorrente. (...) Aposentadoria.
RE 229.348 RTJ 197/358
Adm CF/88, art. 40, § 8º. (...) Proventos. RE 349.465-AgR RTJ 196/1005 – RE
411.998 RTJ 196/1028 – AI 518.402-AgR RTJ 196/1054
Adm CF/88, art. 40, § 8º, redação da EC n. 20/98. (...) Proventos. RE 372.503 RTJ
197/1107
Adm CF/88, art. 40, § 13, redação da EC n. 20/98. (...) Aposentadoria. RE
408.674-AgR RTJ 196/673
Ct CF/88, art. 53, § 2º, c/c arts. 27, § 1º, e 32, § 3º. (...) Imunidade parlamentar.
RE 456.679 RTJ 198/1156
Ct CF/88, art. 53, § 3º, redação da EC n. 35/01. (...) Imunidade parlamentar. AC
700-AgR RTJ 196/31
Ct CF/88, art. 60, § 2º: ofensa inocorrente. (...) Processo legislativo. ADI 3.367
RTJ 197/909 – ADI 3.395-MC RTJ 198/922
Adm CF/88, art. 61, § 1º, II, “a” e “c”. (...) Servidor público estadual. ADI 554 RTJ
198/847
Ct CF/88, art. 61, § 1º, II, “a” e “c”: ofensa. (...) Processo legislativo. ADI 3.051
RTJ 197/871
Ct CF/88, art. 61, § 1º, II, “e”. (...) Processo legislativo. ADI 2.405-MC RTJ 197/
176 – ADI 2.750 RTJ 195/19
Ct CF/88, art. 62, § 1º, I, “b”: ofensa inocorrente. (...) Medida provisória. ADI
3.290 RTJ 196/506
Ct CF/88, art. 71, II. (...) Tribunal de Contas da União – TCU. MS 25.092 RTJ
198/166
Ct CF/88, arts. 73, § 2º, I, e 75. (...) Tribunal de Contas estadual. ADI 3.361-MC
RTJ 195/444
PrPn CF/88, art. 84, XII. (...) Indulto. HC 84.829 RTJ 198/1053
ÍNDICE ALFABÉTICO — CF/-CF/ 1209
Adm CF/88, art. 84, parágrafo único. (...) Cargo público. RMS 24.128 RTJ 195/42
Adm CF/88, art. 93, II, “b”: inaplicabilidade. (...) Magistrado. MS 23.789 RTJ
195/926
PrSTF CF/88, art. 93, II, “b” e “d”. (...) Reclamação. Rcl 2.772 RTJ 198/551
Ct CF/88, art. 94. (...) Tribunal Regional Eleitoral – TRE. RMS 24.232 RTJ
198/143 – RMS 24.334 RTJ 195/456
Ct CF/88, art. 96, II, “d”, c/c art. 236, § 1º. (...) Competência legislativa. ADI
3.151 RTJ 197/889
Ct CF/88, art. 97. (...) Controle difuso de constitucionalidade. RE 432.597-
AgR RTJ 196/713
Ct CF/88, art. 98, II. (...) Competência legislativa. ADI 2.938 RTJ 197/452
Adm CF/88, arts. 98, II, e 225. (...) Juiz de paz. ADI 2.938 RTJ 197/452
Ct CF/88, art. 100, § 1º, redação anterior à EC n. 30/2000. (...) Precatório. AI
343.804-AgR-ED RTJ 196/1003
Ct CF/88, art. 100, §§ 3º e 5º. (...) Precatório. ADI 3.344-MC RTJ 196/801
Ct CF/88, art. 102, I, “d”. (...) Competência originária. MS 24.189-AgR RTJ
196/173 – MS 25.271-AgR RTJ 197/534
Ct CF/88, art. 102, I, “f”. (...) Competência originária. ACO 684-QO RTJ 196/
25 – Rcl 2.833 RTJ 195/24 – MS 25.624-QO RTJ 198/1030
Ct CF/88, art. 102, I, “i”. (...) Competência originária. HC 80.240 RTJ 197/1021
Ct CF/88, art. 102, I, “n”. (...) Competência originária. AO 1.300 RTJ 198/871 –
Rcl 2.370-AgR RTJ 196/484
Ct CF/88, art. 102, I, “r”. (...) Conselho Nacional de Justiça – CNJ. ADI 3.367
RTJ 197/909
PrSTF CF/88, art. 102, III, “b”. (...) Recurso extraordinário. RE 401.102-AgR RTJ
195/691
Ct CF/88, art. 103. (...) Argüição de descumprimento de preceito fundamental.
ADPF 75-AgR RTJ 198/3
PrSTF CF/88, art. 103-A, § 3º: inaplicabilidade. (...) Reclamação. Rcl 3.979-AgR
RTJ 198/127
Ct CF/88, art. 105, I, “d”: interpretação extensiva. (...) Conflito de atribuições.
ACO 756 RTJ 197/797
PrSTF CF/88, art. 105, III: ofensa inocorrente. (...) Recurso extraordinário. RE
397.551-AgR RTJ 196/1017
Adm CF/88, art. 107, II. (...) Magistrado. MS 23.789 RTJ 195/926
PrPn CF/88, art. 108, I, “a”, c/c art. 128, I, “d”. (...) Competência criminal. RE
467.923 RTJ 198/397
1210 CF/-CF/ — ÍNDICE ALFABÉTICO
PrPn CF/88, art. 109, IV. (...) Competência criminal. RE 135.243 RTJ 195/626
PrPn CF/88, art. 109, V. (...) Competência criminal. HC 86.289 RTJ 198/1093
Ct CF/88, art. 109, § 3º. (...) Competência jurisdicional. RE 390.664 RTJ
195/1060
Ct CF/88, art. 114, I, redação da EC n. 45/04: interpretação conforme à Consti-
tuição. (...) Competência jurisdicional. ADI 3.395-MC RTJ 198/922
Ct CF/88, art. 114, VI. (...) Competência jurisdicional. CC 7.204 RTJ 197/236
Pn CF/88, art. 133. (...) Imunidade judiciária. RHC 80.429 RTJ 197/262 – RE
387.945 RTJ 198/823
Trbt CF/88, art. 145, II. (...) Taxa de Controle e Fiscalização Ambiental – TCFA.
RE 416.601 RTJ 196/686
Trbt CF/88, art. 146, III: natureza exemplificativa. (...) Tributo. RE 407.190 RTJ
197/1111
Trbt CF/88, art. 146, III, “b”. (...) Crédito tributário. ADI 2.405-MC RTJ 197/176
Trbt CF/88, art. 150, VI, “a”, e § 2º. (...) Imunidade tributária recíproca. RE
388.838-AgR RTJ 195/306
Trbt CF/88, art. 150, § 6º. (...) Benefício fiscal. ADI 3.462-MC RTJ 195/918
Trbt CF/88, arts. 150, § 6º, e 155, XII, “g”. (...) Crédito tributário. ADI 2.405-MC
RTJ 197/176
Trbt CF/88, art. 151, III. (...) Imposto sobre Serviços – ISS. RE 361.829-AgR RTJ
195/299
Trbt CF/88, art. 155, § 2º, II, “b”. (...) Imposto sobre Circulação de Mercadorias
e Serviços – ICMS. RE 174.478 RTJ 198/724
PrCv CF/88, art. 155, § 2º, X, “b”. (...) Embargos de declaração. RE 338.681-AgR-
ED RTJ 197/642
Trbt CF/88, art. 155, § 2º, XII, “g”. (...) Imposto sobre Circulação de Mercadorias
e Serviços – ICMS. ADI 2.823-MC RTJ 198/51
PrCv CF/88, art. 156, III e § 3º, I, II e III. (...) Embargos de declaração. RE 361.829-
AgR-ED RTJ 196/661
Trbt CF/88, arts. 156, § 1º, e 182, §§ 2º e 4º. (...) Imposto Predial e Territorial
Urbano – IPTU. AI 500.920-AgR RTJ 196/1041
Trbt CF/88, arts. 156, § 1º, e 182, § 4º, II. (...) Imposto Predial e Territorial
Urbano – IPTU. AI 488.871-AgR RTJ 195/733
Trbt CF/88, art. 158, III e parágrafo único. (...) Receita tributária estadual. ADI
2.405-MC RTJ 197/176
Trbt CF/88, arts. 158, IV e parágrafo único, e 161, I. (...) Imposto sobre Circulação
de Mercadorias e Serviços – ICMS. RE 253.906 RTJ 195/643
ÍNDICE ALFABÉTICO — CF/-Cir 1211
Ct CF/88, art. 164, § 3º. (...) Estado-Membro. ADI 3.578-MC RTJ 198/92
Adm CF/88, art. 164, § 3º. (...) Remuneração. Rcl 3.872-AgR RTJ 198/112
Trbt CF/88, art 167, IV. (...) Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços –
ICMS. ADI 2.823-MC RTJ 198/51
Adm CF/88, art. 168. (...) Vencimentos. ADI 2.321-MC RTJ 195/812
PrSTF CF/88, art. 169. (...) Ação direta de inconstitucionalidade. ADI 2.321-MC
RTJ 195/812
Adm CF/88, art. 173: inaplicabilidade. (...) Autarquia. RE 356.711 RTJ 197/1094
Ct CF/88, art. 173, § 1º. (...) PIS/Pasep. RE 369.252-AgR RTJ 195/1056
Adm CF/88, art. 173, § 1º, II. (...) Sociedade de economia mista. AC 669 RTJ
198/441
Trbt CF/88, art. 177, § 4º, II, “a”, “b” e “c”. (...) Lei orçamentária. ADI 2.925 RTJ
197/842
Trbt CF/88, art. 195, I. (...) Contribuição social. RE 451.988-AgR RTJ 198/832
Trbt CF/88, art. 195, § 7º: inaplicabilidade. (...) Contribuição social. AC 720-
AgR RTJ 196/375
Ct CF/88, art. 211, § 2º, redação da EC n. 14/96. (...) Educação infantil. RE
463.210-AgR RTJ 197/1124
Pn CF/88, art. 220. (...) Crime contra a honra. HC 85.629 RTJ 195/985
Ct CF/88, art. 225, § 1º, III. (...) Meio ambiente. ADI 3.540-MC RTJ 198/939
Ct CF/88, art. 225, § 1º, VII: ofensa. (...) Meio ambiente. ADI 2.514 RTJ 197/442
Ct CF/88, art. 231, § 5º. (...) Comissão Parlamentar de Inquérito – CPI. HC
80.240 RTJ 197/1021
Adm CF/88, art. 236: ofensa inocorrente. (...) Servidor público. RE 235.623 RTJ
195/639
Pn Chamada de co-réu. (...) Roubo. HC 85.457 RTJ 195/253
PrPn Chamada de co-réu. (...) Sentença condenatória. RHC 81.740 RTJ 195/80
PrPn Chamada de co-réu: fundamento único. (...) Sentença criminal. RHC 84.845
RTJ 195/179
Pn Circunstância agravante: não-consideração. (...) Pena. HC 85.176 RTJ
195/553
Pn Circunstância judicial desfavorável. (...) Pena. HC 86.002 RTJ 196/969
Pn Circunstância judicial desfavorável. (...) Pena-base. HC 83.658 RTJ 197/557
Pn Circunstância judicial desfavorável. (...) Regime prisional. RHC 86.807 RTJ
197/344
1212 Cir-Coe — ÍNDICE ALFABÉTICO
Pn CP/40, arts. 109, III; 111, I; 115 e 299. (...) Extinção da punibilidade. HC
73.033 RTJ 197/259
Pn CP/40, arts. 115 e 117, IV. (...) Prescrição. AI 394.065-AgR-ED-ED RTJ
195/310
PrPn CP/40, art. 121, § 2º, IV. (...) Pronúncia. HC 86.163 RTJ 196/980
Pn CP/40, art. 157, § 2º, II. (...) Roubo. HC 85.262 RTJ 195/228
PrPn CP/40, art. 184, “caput”. (...) Busca e apreensão. HC 85.177 RTJ 195/208
PrPn CP/40, art. 184, §§ 1º e 2º. (...) Busca e apreensão. HC 85.177 RTJ 195/208
PrPn CP/40, art. 299. (...) Denúncia. Inq 1.608 RTJ 195/395
Pn CP/40, art. 299. (...) Falsidade ideológica. HC 85.064 RTJ 197/1063
Pn CP/40, art. 315. (...) Emprego irregular de verbas ou rendas públicas. AP
375 RTJ 196/366
PrCv CPC/73, art. 113, § 2º. (...) Competência jurisdicional. AO 1.139-AgR RTJ
196/460
PrSTF CPC/73, art. 113, § 2º: inaplicabilidade. (...) Ação popular. Pet 3.422-AgR
RTJ 197/499
PrCv CPC/73, art. 113, § 2º: inaplicabilidade. (...) Mandado de segurança. MS
25.258-AgR RTJ 198/617 – MS 25.279-AgR RTJ 198/1013
PrCv CPC/73, art. 134, I a VI. (...) Magistrado. RMS 24.613-AgR RTJ 195/60
PrCv CPC/73, art. 134, parágrafo único, segunda parte: aplicação analógica. (...)
Competência jurisdicional. AO 1.158 RTJ 196/89
PrCv CPC/73, art. 138, § 1º. (...) Magistrado. RMS 24.613-AgR RTJ 195/60
PrCv CPC/73, art. 191. (...) Litisconsórcio. AI 530.658-AgR RTJ 196/354
PrCv CPC/73, art. 236, § 1º. (...) Intimação. RE 255.967-AgR RTJ 195/657
Adm CPC/73, art. 241: inaplicabilidade. (...) Desapropriação. MS 24.484 RTJ
198/145
PrSTF CPC/73, art. 267, VI. (...) Ação direta de inconstitucionalidade. ADI 3.367
RTJ 197/909
PrCv CPC/73, art. 296, parágrafo único: interpretação conforme à Constituição.
(...) Petição inicial. AI 427.533-AgR RTJ 198/387
PrCv CPC/73, art. 301, §§ 1º, 2º e 3º. (...) Litispendência. RMS 25.153 RTJ 196/581
PrCv CPC/73, art. 344 c/c art. 411 e parágrafo único. (...) Presidente da República.
HC 85.029 RTJ 195/538
PrCv CPC/73, art. 538, parágrafo único. (...) Embargos de declaração. AI
284.847-AgR-ED-ED RTJ 196/657
ÍNDICE ALFABÉTICO — CPC-CPP 1231
PrSTF CPC/73, art. 542, § 3º: inaplicabilidade. (...) Medida cautelar. AC 929-QO
RTJ 196/58
PrSTF CPC/73, art. 542, § 3º: inaplicabilidade. (...) Recurso extraordinário. Pet
3.515-QO RTJ 196/166
PrSTF CPC/73, arts. 542, § 3º, e 800, parágrafo único. (...) Medida cautelar. Pet
3.515-QO RTJ 196/166
PrCv CPC/73, art. 544, § 1º. (...) Agravo de instrumento. AI 466.032-AgR RTJ
195/720 – AI 549.756-AgR RTJ 196/358
PrSTF CPC/73, art. 557, § 1º. (...) Recurso extraordinário. RE 422.740-AgR RTJ
198/1146 – RE 426.183-AgR RTJ 197/698
PrCv CPC/73, art. 557, § 2º. (...) Agravo regimental. AI 268.866-AgR-ED-ED-AgR
RTJ 197/363
PrCv CPC/73, art. 557, § 2º. (...) Embargos de declaração. AI 546.296-AgR-ED
RTJ 196/356
PrCv CPC/73, art. 557, § 2º, c/c arts. 14, II e III, e 17, VII. (...) Agravo regimental.
RE 397.551-AgR RTJ 196/1017
Adm CPC/73, art. 678. (...) Sociedade de economia mista. AC 669 RTJ 198/441
PrSTF CPC/73, arts. 796 e seguintes: inaplicabilidade. (...) Medida cautelar. Pet
1.886-AgR-QO RTJ 198/39
Ct CPI do Banestado. (...) Comissão Parlamentar de Inquérito – CPI. MS
24.749 RTJ 196/186
PrPn CPP/41, art. 2º. (...) Interrogatório. HC 83.836 RTJ 196/840
PrPn CPP/41, art. 18. (...) Inquérito policial. HC 84.253 RTJ 196/223
PrPn CPP/41, art. 18: inaplicabilidade. (...) Inquérito policial. HC 84.253 RTJ
196/223
PrPn CPP/41, art. 38. (...) Ação penal pública condicionada. HC 85.872 RTJ
196/644
PrPn CPP/41, art. 41. (...) Ação penal. HC 85.478 RTJ 196/640 – HC 86.042 RTJ
198/1087
PrPn CPP/41, art. 41. (...) Denúncia. Inq 1.608 RTJ 195/395
PrPn CPP/41, arts. 41 e 569. (...) Denúncia. HC 85.424 RTJ 196/278
PrPn CPP/41, art. 44. (...) Queixa. HC 85.863 RTJ 196/315
PrPn CPP/41, art. 80. (...) Ação penal. HC 84.301 RTJ 197/1033
PrPn CPP/41, art. 82. (...) Competência criminal. RHC 84.904 RTJ 198/1054
PrPn CPP/41, art. 84, §§ 1º e 2º, redação da Lei n. 10.628/02. (...) Competência
criminal. Inq 1.871-AgR RTJ 198/35
1232 CPP-Cré — ÍNDICE ALFABÉTICO
PrPn CPP/41, arts. 92, 93, 225 e 366. (...) Processo criminal. RHC 83.709 RTJ
196/589
PrPn CPP/41, art. 158. (...) Prova pericial. HC 85.744 RTJ 195/987
PrPn CPP/41, art. 175, redação da Lei n. 10.792/03. (...) Interrogatório. RHC
87.172 RTJ 198/716
PrPn CPP/41, art. 186. (...) Instrução criminal. HC 84.969 RTJ 195/528
PrPn CPP/41, art. 240, § 1º. (...) Busca e apreensão. HC 85.177 RTJ 195/208
Pn CPP/41, arts. 261, 263 e 366: inaplicabilidade. (...) Denúncia. Inq 1.608 RTJ
195/395
PrPn CPP/41, art. 271. (...) Instrução criminal. HC 86.711 RTJ 198/231
PrPn CPP/41, art. 312. (...) Apelação criminal. HC 85.569 RTJ 195/603
PrPn CPP/41, art. 312. (...) Prisão preventiva. HC 84.680 RTJ 195/155
PrPn CPP/41, art. 384: inaplicabilidade. (...) Acórdão criminal. RHC 85.623 RTJ
198/703
PrPn CPP/41, art. 384: ofensa. (...) Ação penal. HC 86.276 RTJ 197/630
PrPn CPP/41, art. 527. (...) Busca e apreensão. HC 85.177 RTJ 195/208
PrPn CPP/41, art. 568: inaplicabilidade. (...) Defesa criminal. RHC 83.800 RTJ
196/604
PrPn CPP/41, art. 580. (...) Habeas corpus. HC 84.409-AgR RTJ 195/149
PrPn CPP/41, art. 617. (...) Sentença criminal. HC 86.597 RTJ 198/1100
Pn CPP/41, art. 637. (...) Pena. HC 85.886 RTJ 196/964
PrPn CPP/41, art. 664. (...) Sustentação oral. HC 85.789 RTJ 195/616
PrPn CPP/41, art. 732. (...) Livramento condicional. RHC 85.287 RTJ 195/577
Pn CPP/41, arts. 732 e 733. (...) Livramento condicional. RHC 86.317 RTJ
197/341
PrPn Credibilidade das instituições públicas. (...) Prisão preventiva. HC 85.298-QO
RTJ 196/258
Trbt Crédito decorrente de dação em pagamento. (...) Receita tributária estadual.
ADI 2.405-MC RTJ 197/176
Trbt Crédito: possibilidade. (...) Imposto sobre Circulação de Mercadorias e
Serviços – ICMS. AI 389.871-AgR-ED RTJ 195/682
Trbt Crédito suplementar. (...) Lei orçamentária. ADI 2.925 RTJ 197/842
Trbt Crédito tributário. Compensação. Precatório: cessão a pessoa jurídica. ADI
2.405-MC RTJ 197/176
ÍNDICE ALFABÉTICO — Cré-Cri 1233
Trbt Crédito tributário. Extinção. Dação em pagamento: criação por lei estadual.
CF/88, art. 146, III, “b”. ADI 2.405-MC RTJ 197/176
Trbt Crédito tributário. Extinção. Transação e moratória. CF/88, arts. 150, § 6º, e
155, XII, “g”. ADI 2.405-MC RTJ 197/176
Ct Criação e atribuição. (...) Conselho de Governo. ADI 106 RTJ 196/3
Ct Criação e composição. (...) Conselho Nacional de Justiça – CNJ. ADI 3.367
RTJ 197/909
Ct Criação: impossibilidade. (...) Município. ADI 687 RTJ 198/452
Ct Criação por Estado-Membro. (...) Tribunal de Contas dos Municípios. ADI
687 RTJ 198/452
PrPn Crime ambiental. (...) Ação penal. RHC 85.214 RTJ 196/923
Ct Crime após diplomação. (...) Imunidade parlamentar. AC 700-AgR RTJ
196/31
Pn Crime autônomo. (...) Falsidade ideológica. HC 80.801 RTJ 196/192
PrPn Crime conexo da Justiça estadual: extensão. (...) Competência criminal. RE
135.243 RTJ 195/626
Pn Crime continuado. (...) Extinção da punibilidade. HC 83.960 RTJ 196/843
Pn Crime contra a honra. Difamação contra magistrado: não-configuração.
Secretário de juiz conduzindo a audiência. Fato veiculado em jornal. Direito
de informação. CF/88, art. 220. HC 85.629 RTJ 195/985
Pn Crime contra a honra. Difamação contra promotor de justiça: não-configu-
ração. Crítica à atuação de agente público. Lei de Imprensa. Inq 2.154 RTJ
197/436
Pn Crime contra a honra. Injúria e difamação contra magistrado: não-configu-
ração. Crítica à decisão judicial. HC 85.797 RTJ 198/206
PrPn Crime contra a honra de magistrado. (...) Ação penal. HC 82.992 RTJ 195/953
PrPn Crime contra a ordem tributária. (...) Inquérito policial. RHC 83.717 RTJ
196/836
Adm Crime contra a ordem tributária. (...) Procedimento administrativo fiscal. HC
85.088 RTJ 195/978
PrPn Crime contra a propriedade intelectual. (...) Busca e apreensão. HC 85.177
RTJ 195/208
Pn Crime contra o sistema financeiro. Consórcio sem autorização legal. Con-
sórcio e instituição financeira: equiparação. Lei n. 7.492/86, arts. 1º, parágrafo
único, I, e 16. RHC 84.182 RTJ 196/611
PrPn Crime de apropriação indébita previdenciária. (...) Recurso em “habeas
corpus”. RHC 86.072 RTJ 197/1081
1234 Cri-Cri — ÍNDICE ALFABÉTICO
PrPn Crime material contra a ordem tributária. (...) Inquérito policial. HC 86.120
RTJ 196/972
PrPn Crime militar praticado por civil. (...) Competência criminal. HC 86.430 RTJ
196/988
Pn Crime permanente. (...) Extinção da punibilidade. HC 86.711 RTJ 198/231
PrPn Crime praticado a bordo de aeronave. (...) Competência criminal. HC 85.059
RTJ 195/194
PrPn Crime praticado durante o exercício do cargo. (...) Competência criminal.
Inq 1.871-AgR RTJ 198/35
Pn Crime previsto em lei especial. (...) Pena. HC 84.721 RTJ 195/166
PrPn Crime societário. (...) Denúncia. HC 85.549 RTJ 198/698 – HC 86.294 RTJ
197/328
PrPn Crime societário. (...) Habeas corpus. HC 85.549 RTJ 198/698
Adm Critério diferenciado em razão do sexo. (...) Militar. RE 316.882-AgR RTJ
196/1001
PrPn Critério trifásico: inobservância. (...) Sentença condenatória. RHC 84.295
RTJ 198/640
Pn Crítica à atuação de agente público. (...) Crime contra a honra. Inq 2.154
RTJ 197/436
Pn Crítica à decisão judicial. (...) Crime contra a honra. HC 85.797 RTJ 198/206
Pn Culpabilidade: fundamento. (...) Pena-base. RE 427.339 RTJ 196/703
Ct Cultura e lazer. Meia-entrada: pagamento. Estudante: matrícula regular em
estabelecimento de ensino. Lei estadual n. 7.844/92/SP, art. 1º. ADI 1.950
RTJ 198/882
Trbt Custo do serviço: desproporcionalidade. (...) Taxa de expediente. ADI
2.551-MC-QO RTJ 198/508
D
Trbt Dação em pagamento: criação por lei estadual. (...) Crédito tributário. ADI
2.405-MC RTJ 197/176
Cv Dano moral. (...) Responsabilidade civil. AI 356.810-AgR RTJ 196/1009
PrCv Data do protocolo: carimbo ilegível. (...) Agravo de instrumento. AI
498.494-ED RTJ 196/352
Pn Débito: pagamento após o recebimento da denúncia. (...) Extinção da
punibilidade. HC 85.452 RTJ 195/249
PrCv Decadência. (...) Mandado de segurança. RMS 25.040 RTJ 196/568
1236 Dec-Dec — ÍNDICE ALFABÉTICO
PrPn Denúncia: ciência dos termos. (...) Instrução criminal. HC 84.969 RTJ
195/528
PrPn Denúncia e sentença: descompasso. (...) Sentença condenatória. HC 85.043
RTJ 196/895
Ct Depoimento. (...) Comissão Parlamentar de Inquérito – CPI. HC 80.240
RTJ 197/1021
Ct Depoimento de indiciado: transmissão e gravação da sessão. (...) Comissão
Parlamentar de Inquérito – CPI. MS 24.832-MC RTJ 198/982
PrPn Depoimento do réu: fundamento da condenação. (...) Interrogatório. RHC
87.172 RTJ 198/716
PrPn Depoimento em CPI. (...) Testemunha. HC 83.703 RTJ 197/318
El Depoimento pessoal: inexigibilidade. (...) Investigação judicial eleitoral.
HC 85.029 RTJ 195/538
PrCv Depoimento pessoal: prerrogativa de função. (...) Presidente da República.
HC 85.029 RTJ 195/538
PrPn Depositário infiel. (...) Competência criminal. HC 85.096 RTJ 196/917
Cv Depositário infiel e devedor fiduciante: equiparação. (...) Prisão civil. HC
81.319 RTJ 197/267
Cv Depositário infiel: não-caracterização. (...) Prisão civil. HC 83.416 RTJ
197/294
Cv Depositário judicial. Contrato de venda de cota de sociedade. Transferência
do encargo: impossibilidade. HC 86.160 RTJ 197/1088
PrCv Depositário judicial. Intimação por edital: nulidade. Meios para localização
do depositário não esgotados. HC 86.160 RTJ 197/1088
Cv Depositário judicial infiel. (...) Prisão civil. HC 84.484 RTJ 196/240
Adm Depósito em banco privado. (...) Remuneração. Rcl 3.872-AgR RTJ 198/112
Ct Depósito judicial: manutenção. (...) Estado-Membro. ADI 3.578-MC RTJ
198/92
Cv Depósito necessário. (...) Prisão civil. HC 84.484 RTJ 196/240
Ct Deputado distrital: extensão. (...) Imunidade parlamentar. RE 456.679 RTJ
198/1156
Ct Deputado estadual. (...) Imunidade parlamentar. AC 700-AgR RTJ 196/31
Ct Deputado estadual. (...) Mandato parlamentar. ADI 2.461 RTJ 195/897 –
ADI 3.208 RTJ 198/561
PrPn Deputado federal. (...) Denúncia. Inq 2.170 RTJ 197/439
Ct Deputado federal. (...) Imunidade parlamentar. RE 456.679 RTJ 198/1156
1244 Dep-Des — ÍNDICE ALFABÉTICO
E
Ct Educação. Serviço público não privativo. Concessão, permissão ou autori-
zação: desnecessidade. Norma geral e suplementar: obediência. ADI 1.266
RTJ 196/92
Ct Educação infantil. Garantia de vaga em creche. Atribuição de Município.
Poder Judiciário: dever de proteção. CF/88, art. 211, § 2º, redação da EC n.
14/96. RE 463.210-AgR RTJ 197/1124
Ct Educação: norma geral. (...) Competência legislativa concorrente. ADI
3.098 RTJ 197/879
PrSTF Efeito. (...) Recurso extraordinário. AI 500.920-AgR RTJ 196/1041
Adm Efeito devolutivo. (...) Recurso administrativo. MS 25.304 RTJ 198/1019
1250 Efe-Emb — ÍNDICE ALFABÉTICO
PrPn Entrada dos autos em setor administrativo do MP: termo inicial. (...) Apela-
ção criminal. RHC 81.787 RTJ 198/632
PrPn Entrada dos autos em setor administrativo do MP: termo inicial. (...) Embargos
de declaração. HC 83.915 RTJ 195/104
PrPn Entrada dos autos em setor administrativo do MP: termo inicial. (...) Recurso.
HC 83.255 RTJ 195/966
Int Entrega do extraditando. (...) Extradição. Ext 855 RTJ 196/403 – Ext 936
RTJ 196/443 – Ext 947 RTJ 196/64 – Ext 962 RTJ 196/69 – Ext 976 RTJ
198/11
Int Entrega do extraditando adiada até o término da ação penal. (...) Extradição.
Ext 944 RTJ 197/384
Pn Entrevista. (...) Imunidade judiciária. AO 1.300 RTJ 198/871
PrSTF Enunciado do TST: aplicação. (...) Recurso extraordinário. AI 529.942-AgR
RTJ 197/1129
TrGr Enunciado n. 21 das Turmas Recursais da Seção Judiciária do Rio de Janeiro:
inconstitucionalidade. (...) Fundo de Garantia do Tempo de Serviço – FGTS.
RE 418.918 RTJ 195/321
Adm Equiparação com os de procurador de Estado. (...) Vencimentos. Rcl 1.865
RTJ 197/819
Pn Erro de cálculo. (...) Pena. HC 83.545 RTJ 198/635
PrPn Erro no não-conhecimento. (...) Embargos infringentes. HC 81.263 RTJ
198/626
PrPn Erro ou perplexidade: inocorrência. (...) Júri. HC 84.560 RTJ 197/1056
Adm Esbulho possessório: não-caracterização. (...) Desapropriação. MS 24.484
RTJ 198/145
Ct Estabelecimento comercial: horário de funcionamento. (...) Competência
legislativa. AI 481.886-AgR RTJ 195/356
Adm Estabilidade da situação criada administrativamente. (...) Ato administrativo.
RE 442.683 RTJ 197/700
Adm Estabilidade financeira. (...) Servidor público estadual. RE 446.767-AgR
RTJ 198/1148
TrGr Estabilidade provisória. (...) Acidente de trabalho. RE 409.919-AgR RTJ
195/313
Ct Estabilidade provisória. (...) Licença-maternidade. RE 287.905 RTJ 198/1129
Adm Estabilidade “versus” efetivação. (...) Cargo público. RE 199.293 RTJ
196/320
Ct Estacionamento em local proibido: aquisição de medicamento. (...) Compe-
tência legislativa. ADI 2.928 RTJ 195/33
ÍNDICE ALFABÉTICO — Est-Est 1255
Ct Estádio: acesso gratuito. (...) Polícia Civil. ADI 3.000 RTJ 198/60
Adm Estado de Rondônia. (...) Policial militar. RMS 25.386 RTJ 196/819
Ct Estado-Membro. (...) Competência legislativa. ADI 2.819 RTJ 197/834 –
ADI 2.938 RTJ 197/452
Ct Estado-Membro. (...) Competência legislativa concorrente. ADI 1.950 RTJ
198/882
Ct Estado-Membro. Disponibilidade de caixa: depósito. Depósito judicial:
manutenção. Instituição financeira privada. Banco estadual: privatização.
Princípio da moralidade. CF/88, art. 164, § 3º. ADI 3.578-MC RTJ 198/92
Ct Estado-Membro e autarquia federal. (...) Competência originária. ACO 684-
QO RTJ 196/25 – Rcl 3.074 RTJ 196/142
Adm Estado-Membro: limitação de direito. (...) Administração pública indireta.
AC 1.033-AgR-QO RTJ 198/858
Ct Estado-Membro: restrição de direito. (...) Poder Executivo. AC 1.033-AgR-
QO RTJ 198/858
Adm Estágio probatório. (...) Defensor público. RE 452.721 RTJ 196/1030
Adm Estágio probatório. (...) Servidor público. RE 378.041 RTJ 195/677
Pn Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA, arts. 110, 111 e 122. (...)
Medida socioeducativa. HC 84.682 RTJ 197/611
PrPn Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA, art. 136, IV. (...) Ministério
Público. HC 86.711 RTJ 198/231
PrPn Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA, art. 201, VII e VIII. (...)
Procedimento administrativo. HC 86.711 RTJ 198/231
PrPn Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA, art. 241. (...) Competência
criminal. HC 86.289 RTJ 198/1093
Int Estelionato. (...) Extradição. Ext 787-extensão RTJ 198/850 – Ext 931 RTJ
197/376 – Ext 939 RTJ 195/393 – Ext 977 RTJ 198/21
Int Estelionato e sonegação de imposto. (...) Extradição. Ext 925 RTJ 197/18
Adm Estrangeiro. (...) Concurso público. RE 264.848 RTJ 196/325
Ct Estudante: matrícula regular em estabelecimento de ensino. (...) Cultura e
lazer. ADI 1.950 RTJ 198/882
Ct Estudante: pagamento de meia-entrada. (...) Competência legislativa con-
corrente. ADI 1.950 RTJ 198/882
PrPn Estupro e atentado violento ao pudor. (...) Ação penal pública condicionada.
HC 85.556 RTJ 195/266
Int Estupro e atentado violento ao pudor. (...) Extradição. Ext 917 RTJ 197/803
1256 Exa-Exe — ÍNDICE ALFABÉTICO
PrPn Exame de corpo de delito. (...) Prova criminal. HC 86.248 RTJ 198/1090
PrPn Exame de corpo de delito: inexistência. (...) Prova pericial. HC 85.744 RTJ
195/987
PrPn Exame de corpo de delito: realização. (...) Júri. HC 69.179 RTJ 195/482
Int Exame de mérito: impossibilidade. (...) Extradição. Ext 915 RTJ 196/43 –
Ext 917 RTJ 197/803 – Ext 925 RTJ 197/18 – Ext 972 RTJ 197/812
Pn Exame de ofício pelo STF. (...) Prescrição. HC 86.149 RTJ 197/325
PrCv Exaurimento da via administrativa: desnecessidade. (...) Mandado de segu-
rança. MS 23.789 RTJ 195/926
PrCv Exceção de suspeição. Descabimento. Ação direta de inconstitucionalidade:
natureza objetiva. AC 349 RTJ 196/15
PrPn Exceção de suspeição. Prazo. Júri. HC 88.188 RTJ 198/244
PrSTF Excepcional urgência. (...) Medida cautelar. ADI 3.578-MC RTJ 198/92
PrPn Excepcionalidade. (...) Competência jurisdicional. RHC 84.944 RTJ 195/523
PrPn Excesso de diligência: não-configuração. (...) Prova criminal. HC 84.869
RTJ 195/183
PrPn Excesso de linguagem: inocorrência. (...) Pronúncia. HC 86.163 RTJ 196/980
PrPn Excesso de prazo. (...) Prisão. HC 83.579 RTJ 196/824
PrPn Excesso de prazo. (...) Prisão preventiva. HC 84.907 RTJ 196/875 – HC
85.068 RTJ 196/907 – HC 85.237 RTJ 195/212 – HC 86.915 RTJ 198/1113 –
HC 87.776 RTJ 198/1125
PrPn Excesso de prazo: indício de discriminação em relação aos co-réus. (...)
Prisão preventiva. HC 85.238 RTJ 198/687
PrPn Excesso de prazo: inocorrência. (...) Habeas corpus. HC 85.670 RTJ 195/271
PrPn Excesso de prazo: inocorrência. (...) Prisão preventiva. Ext 946 RTJ 196/751 –
HC 85.764 RTJ 196/306
Adm Exclusão da corporação. (...) Policial militar. AI 510.503-AgR RTJ 198/839
PrPn Ex-deputado federal e ministro aposentado do STJ. (...) Competência criminal.
Inq 1.871-AgR RTJ 198/35
Adm Ex-diretor: quarentena. (...) Agência reguladora de serviço público. ADI
3.244 RTJ 196/793
Ct Execução fiscal. (...) Competência jurisdicional. RE 390.664 RTJ 195/1060
PrPn Execução penal. Crime hediondo. Indulto coletivo: não-extensão. Comuta-
ção da pena: impossibilidade. Decreto n. 3.226/99. Lei n. 8.072/90, art. 2º, I.
HC 85.279 RTJ 195/234
ÍNDICE ALFABÉTICO — Exe-Ext 1257
PrPn Execução penal. Falta grave. Nova progressão de regime: reinício do prazo.
Lei de Execução Penal – LEP, arts. 112 e 118. HC 85.141 RTJ 198/1060
PrPn Execução penal. Falta grave. Regressão de regime. Nova progressão de
regime: reinício do prazo. Lei de Execução Penal – LEP, art. 118. HC 85.049
RTJ 196/904
Adm Execução por precatório. (...) Autarquia. RE 356.711 RTJ 197/1094
Pn Execução provisória. (...) Pena. HC 85.886 RTJ 196/964
PrPn Execução provisória: inadmissibilidade. (...) Sentença condenatória. HC
84.802 RTJ 197/621
Pn Execução provisória: vedação. (...) Pena. HC 84.741 RTJ 196/868 – HC
84.859 RTJ 195/520 – HC 85.289 RTJ 195/241
Ct Exercício por diretor-geral de TRE. (...) Advocacia. RE 464.963 RTJ 198/1170
Adm Exercício temporário de cargo no TSE. (...) Remuneração. MS 24.527 RTJ
195/51
PrPn Existência de crime continuado ou concurso material: definição. (...) De-
núncia. Inq 1.608-ED RTJ 196/98
Adm Exoneração “ad nutum”. (...) Defensor público. RE 452.721 RTJ 196/1030
Adm Exoneração “ad nutum”. (...) Servidor público. RE 378.041 RTJ 195/677
Adm Ex-prefeito. (...) Pensão. RE 290.776 RTJ 195/1023
Int Extensão. (...) Extradição. Ext 787-extensão RTJ 198/850 – Ext 900-extensão
RTJ 196/35
PrPn Extensão a co-réu. (...) Interrogatório. RHC 87.172 RTJ 198/716
PrPn Extensão a co-réu delatado: impossibilidade. (...) Delação premiada. HC
85.176 RTJ 195/553
PrPn Extensão a co-réu: descabimento. (...) Habeas corpus. HC 84.409-AgR RTJ
195/149
PrPn Extensão a co-réu: impossibilidade. (...) Habeas corpus. HC 85.260-extensão
RTJ 196/927
PrPn Extensão a co-réu: indeferimento. (...) Habeas corpus. HC 84.409-AgR RTJ
195/149
Int Extensão: indeferimento. (...) Extradição. Ext 900-extensão RTJ 196/35
Adm Extinção. (...) Cargo público. ADI 3.051 RTJ 197/871
Trbt Extinção. (...) Crédito tributário. ADI 2.405-MC RTJ 197/176
Pn Extinção da punibilidade. Apropriação indébita previdenciária. Débito:
pagamento após o recebimento da denúncia. Retroatividade de lei benéfica.
Lei n. 10.684/03, art. 9º, § 2º. HC 85.452 RTJ 195/249
1258 Ext-Ext — ÍNDICE ALFABÉTICO
Pn Fato veiculado em jornal. (...) Crime contra a honra. HC 85.629 RTJ 195/985
Cv Fator de deflação (tablita): aplicação imediata. (...) Contrato. RE 247.593-
AgR RTJ 197/634
Trbt Fator de indexação: substituição legal. (...) Imposto de Renda – IR. RE
196.336-AgR RTJ 195/635
Adm “Faute de service” (falta do serviço): não-configuração. (...) Responsabilidade
civil do Estado. AI 489.254-AgR RTJ 195/359
PrSTF “Fax” e original não recebidos. (...) Agravo regimental. AI 519.283-AgR
RTJ 196/722
Ct Federação Nacional dos Condomínios – FENACOND. (...) Ação direta de
inconstitucionalidade. ADI 3.506-AgR RTJ 195/924
PrSTF Federação Nacional dos Trabalhadores do Judiciário Federal e Ministério
Público da União – FENAJUFE. (...) Ação direta de inconstitucionalidade.
ADI 2.321-MC RTJ 195/812
PrPn Feito criminal genérico. (...) Competência jurisdicional. RHC 84.944 RTJ
195/523
Ct Feriado para todos os efeitos legais. (...) Competência legislativa. ADI 3.069
RTJ 197/485
Int Filho brasileiro. (...) Extradição. Ext 947 RTJ 196/64 – Ext 972 RTJ 197/812
Ct Filho de pai ou mãe brasileiros. (...) Nacionalidade. RE 415.957 RTJ 196/679
Ct Filiação: necessidade. (...) Contribuição confederativa. RE 461.451-AgR
RTJ 198/835
Adm Filiação partidária: obrigatoriedade. (...) Juiz de paz. ADI 2.938 RTJ 197/452
Cv Finalidade: conotação penal. (...) Prisão civil. HC 83.416 RTJ 197/294
Trbt Finalidade extrafiscal. (...) Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI.
AI 515.168-AgR-ED RTJ 196/1047
Pn Fixação abaixo do mínimo legal: impossibilidade. (...) Pena-base. HC
87.263 RTJ 198/720
Pn Fixação acima do máximo legal. (...) Pena. HC 85.673 RTJ 195/274
Pn Fixação acima do mínimo legal. (...) Pena-base. HC 83.658 RTJ 197/557 –
HC 83.960 RTJ 196/843 – HC 85.033 RTJ 195/547 – HC 85.297 RTJ 195/
580 – HC 85.554 RTJ 195/599 – HC 85.789 RTJ 195/616 – RE 427.339 RTJ
196/703
Pn Fixação no máximo legal. (...) Pena. HC 86.002 RTJ 196/969
Pn Fixação no máximo legal. (...) Pena-base. HC 87.263 RTJ 198/720
PrCv Formação perante o juízo “a quo”. (...) Agravo de instrumento. AI 525.293-
AgR RTJ 196/724
1264 For-Fun — ÍNDICE ALFABÉTICO
PrSTF Formalização do pedido: necessidade. (...) Processo. Inq 1.884 RTJ 195/796
PrPn Fraude em financiamento junto a instituição financeira. (...) Denúncia. Inq
1.608 RTJ 195/395
Int Fraude postal, telegráfica e estelionato. (...) Extradição. Ext 915 RTJ 196/43
PrPn Fuga do acusado. (...) Prisão preventiva. HC 85.335 RTJ 195/980 – HC
85.764 RTJ 196/306
PrPn Fuga e deserção. (...) Citação-edital. HC 85.950 RTJ 198/709
Ct Função fiscalizadora: “checks and counterchecks”. (...) Comissão Parla-
mentar de Inquérito estadual. ACO 730 RTJ 196/379
Trbt Função social da propriedade. (...) Imposto Predial e Territorial Urbano –
IPTU. AI 488.871-AgR RTJ 195/733
Adm Fundação pública: pessoa jurídica de direito público. (...) Cargo público. RE
381.204 RTJ 196/670
PrPn Fundamentação: ausência. (...) Suspensão condicional do processo penal –
“sursis” processual. HC 84.643 RTJ 195/516
PrPn Fundamentação em fato ocorrido no período. (...) Suspensão condicional do
processo penal – “sursis” processual. HC 84.660 RTJ 197/608
Ct Fundamentação exaustiva: desnecessidade. (...) Comissão Parlamentar de
Inquérito – CPI. MS 24.749 RTJ 196/186
PrPn Fundamentação inidônea. (...) Prisão preventiva. HC 85.238 RTJ 198/687
Pn Fundamentação insuficiente. (...) Pena-base. HC 85.033 RTJ 195/547 – HC
87.263 RTJ 198/720
PrPn Fundamentação insuficiente. (...) Prisão preventiva. HC 83.040 RTJ 196/
200 – HC 83.148 RTJ 195/960 – HC 83.782 RTJ 196/598
PrPn Fundamentação insuficiente. (...) Sentença condenatória. RHC 81.740 RTJ
195/80 – HC 84.802 RTJ 197/621
PrPn Fundamentação: necessidade. (...) Habeas corpus. HC 86.843 RTJ 198/1110
PrPn Fundamentação suficiente. (...) Acórdão criminal. HC 85.192 RTJ 195/556
Pn Fundamentação suficiente. (...) Pena-base. HC 85.297 RTJ 195/580
PrPn Fundamentação suficiente. (...) Prisão preventiva. HC 82.770-ED RTJ 197/
553 – HC 83.040 RTJ 196/200 – HC 84.202 RTJ 195/109 – HC 84.301 RTJ
197/1033 – HC 84.352 RTJ 196/614 – HC 84.680 RTJ 195/155 – HC
84.761 RTJ 195/175 – HC 84.949 RTJ 196/883 – HC 85.298-QO RTJ 196/
258 – HC 85.335 RTJ 195/980 – HC 85.764 RTJ 196/306 – HC 85.880 RTJ
198/208 – HC 86.605 RTJ 198/1103 – HC 86.751 RTJ 196/993 – HC
86.915 RTJ 198/1113
PrPn Fundamentação suficiente. (...) Prova criminal. HC 84.869 RTJ 195/183
ÍNDICE ALFABÉTICO — Fun-Gar 1265
G
TrGr Garantia da despedida arbitrária ou sem justa causa. (...) Empregado. RE
449.420 RTJ 196/716
1266 Gar-Hab — ÍNDICE ALFABÉTICO
PrPn Garantia da ordem pública. (...) Prisão preventiva. HC 82.770-ED RTJ 197/
553 – HC 83.148 RTJ 195/960 – HC 84.680 RTJ 195/155 – HC 84.761 RTJ
195/175 – HC 84.949 RTJ 196/883
PrPn Garantia da ordem pública, aplicação da lei penal e conveniência da instru-
ção criminal. (...) Prisão preventiva. HC 86.605 RTJ 198/1103
PrPn Garantia da ordem pública e conveniência da instrução criminal. (...) Prisão
preventiva. HC 86.915 RTJ 198/1113
Ct Garantia de vaga em creche. (...) Educação infantil. RE 463.210-AgR RTJ
197/1124
Adm Glebas autônomas. (...) Desapropriação. MS 24.764 RTJ 198/594
Adm Gratificação. Servidor público. Incorporação. Sentença judicial transitada
em julgado. Supressão pelo TCU: impossibilidade. Coisa julgada. MS
25.460 RTJ 197/537
Adm Gratificação. Servidor público estadual. Base de cálculo. Vinculação ao
salário mínimo. Lei estadual n. 9.503/94/SC, art. 1º, § 6º: inconstitucionali-
dade. RE 433.233 RTJ 196/348
Ct Gratificação de apoio fazendário. (...) Processo legislativo. ADI 2.249 RTJ
196/480
Adm Gratificação de Desempenho de Atividade Tributária – GDAT: extensão. (...)
Proventos. RE 349.465-AgR RTJ 196/1005
Adm Gratificação de incentivo: extensão. (...) Proventos. AI 518.402-AgR RTJ
196/1054
PrSTF Gratificação de incentivo: incorporação. (...) Benefício previdenciário. Rcl
2.380-AgR RTJ 196/489
Adm Gratificações administrativas (GATA, GAAS e GAAF): extensão. (...)
Proventos. RE 372.503 RTJ 197/1107
PrPn Gravação por interlocutor. (...) Prova criminal. AI 503.617-AgR RTJ 195/363
PrPn Gravidade do delito, clamor público e credibilidade da justiça. (...) Prisão
preventiva. HC 83.782 RTJ 196/598
H
PrPn Habeas corpus. Cabimento. Decisão denegatória de mandado de segurança.
HC 84.869 RTJ 195/183
PrPn Habeas corpus. Cabimento. Decisão do STJ: dissídio jurisprudencial. HC
85.410 RTJ 198/694
PrPn Habeas corpus. Cabimento. Idoneidade jurídica da prova: aferição. RHC
81.740 RTJ 195/80 – HC 85.410 RTJ 198/694 – HC 85.457 RTJ 195/253
ÍNDICE ALFABÉTICO — Hab-Hab 1267
I
Trbt Ibama. (...) Taxa de Controle e Fiscalização Ambiental – TCFA. RE 416.601
RTJ 196/686
Pn Idade inferior a setenta anos. (...) Prescrição. AI 394.065-AgR-ED-ED RTJ
195/310
PrCv Identidade de causa de pedir: inocorrência. (...) Litispendência. AOE 16 RTJ
197/3
PrCv Identidade de parte e objeto. (...) Litispendência. RMS 25.153 RTJ 196/581
Adm Identidade dos cargos: inocorrência. (...) Cargo público. ADI 3.051 RTJ
197/871
PrPn Identificação do autor: termo inicial. (...) Ação penal pública condicionada.
HC 85.872 RTJ 196/644
PrPn Idoneidade jurídica da prova: aferição. (...) Habeas corpus. RHC 81.740 RTJ
195/80 – HC 85.410 RTJ 198/694 – HC 85.457 RTJ 195/253
TrPrv Idoso ou deficiente. (...) Assistência social. Rcl 2.303-AgR RTJ 195/419
PrPn Ilegalidade da citação por edital. (...) Habeas corpus. HC 85.297 RTJ 195/580
PrPn Ilegalidade inocorrente. (...) Habeas corpus. RHC 84.404 RTJ 197/1042
PrCv Ilegitimidade. (...) Mandado de segurança. MS 24.999-ED RTJ 195/75
Ct Ilegitimidade ativa. (...) Ação direta de inconstitucionalidade. ADI 1.442
RTJ 195/752 – ADI 3.506-AgR RTJ 195/924
PrCv Ilegitimidade da Mesa do Senado Federal. (...) Mandado de segurança. MS
24.527 RTJ 195/51
PrCv Ilegitimidade passiva. (...) Mandado de segurança. MS 25.045 RTJ 196/577 –
MS 25.192 RTJ 195/478
PrPn Ilegitimidade passiva “ad causam”. (...) Habeas corpus. HC 83.966-AgR RTJ
197/587
Adm Ilicitude da prova: inocorrência. (...) Processo administrativo. RE 415.760
RTJ 196/333
Trbt Iluminação pública, coleta de lixo e limpeza pública. (...) Taxa. AI 500.920-
AgR RTJ 196/1041
Adm Imóvel invadido. (...) Desapropriação. MS 25.006 RTJ 197/522
PrSTF Impedimento. Inocorrência. Ministro do STF. Ação direta de inconstitucio-
nalidade. Atuação como ministro do TSE. Ato impugnado: participação na
elaboração. ADI 2.321-MC RTJ 195/812
PrSTF Impedimento. Inocorrência. Ministro do STF. Ação direta de inconstitucio-
nalidade. Informações como presidente do TSE. Ato impugnado: resolução
de tribunal. ADI 2.321-MC RTJ 195/812
ÍNDICE ALFABÉTICO — Imp-Imp 1271
Adm Improbidade administrativa. (...) Servidor público. RMS 24.699 RTJ 195/64
PrCv Improcedência. (...) Ação rescisória. AR 1.866-AgR RTJ 196/463
Adm Improdutividade. (...) Desapropriação. MS 24.764 RTJ 198/594
PrPn Impropriedade. (...) Denúncia. Inq 1.608-ED RTJ 196/98
Pn Imunidade judiciária. Limite. Advogado. Entrevista. Calúnia e difamação
contra magistrado. AO 1.300 RTJ 198/871
Pn Imunidade judiciária. Limite. Advogado. Ofensa irrogada em sede pessoal.
CF/88, art. 133. RE 387.945 RTJ 198/823
Pn Imunidade judiciária. Limite. Advogado. Prerrogativa profissional: defesa.
HC 82.992 RTJ 195/953
Pn Imunidade judiciária. Limite. Advogado. Representação contra magistrado.
CF/88, art. 133. RHC 80.429 RTJ 197/262
Ct Imunidade parlamentar. Deputado estadual. Crime após diplomação. CF/88,
art. 53, § 3º, redação da EC n. 35/01. AC 700-AgR RTJ 196/31
Ct Imunidade parlamentar. Deputado federal. Deputado distrital: extensão.
CF/88, art. 53, § 2º, c/c arts. 27, § 1º, e 32, § 3º. RE 456.679 RTJ 198/1156
Ct Imunidade parlamentar. Licença prévia: extinção. Retomada do curso do
processo. Prescrição inocorrente. Emenda Constitucional n. 35/01. Inq 1.326
RTJ 198/488
PrSTF Imunidade tributária. (...) Embargos de divergência. RE 214.788-ED-EDv-
AgR RTJ 195/1012
Trbt Imunidade tributária: inocorrência. (...) Contribuição social. AC 720-AgR
RTJ 196/375
Trbt Imunidade tributária recíproca. Imposto Predial e Territorial Urbano –
IPTU. Autarquia. Locação de imóvel a terceiro. CF/88, art. 150, VI, “a”, e § 2º.
RE 388.838-AgR RTJ 195/306
PrPn Inadmissibilidade. (...) Suspensão condicional do processo penal – “sursis”
processual. HC 86.248 RTJ 198/1090
Adm Inativo. (...) Servidor público estadual. RE 208.156 RTJ 195/288
Trbt Incentivo e benefício fiscal. (...) Imposto sobre Circulação de Mercadorias
e Serviços – ICMS. ADI 2.823-MC RTJ 198/51
Trbt Incidência. (...) Taxa de expediente. ADI 2.551-MC-QO RTJ 198/508
PrPn Inclusão antes do recebimento da denúncia: desnecessidade. (...) Ação penal.
RE 409.730 RTJ 197/672
PrSTF Inclusão ou recusa formal da impetrante: necessidade. (...) Reclamação. Rcl
2.772 RTJ 198/551
1274 Inc-Ind — ÍNDICE ALFABÉTICO
PrPn Instância superior: vinculação. (...) Sentença criminal. HC 83.128 RTJ 195/
503 – HC 85.429 RTJ 195/594 – HC 86.597 RTJ 198/1100
Adm Instauração. (...) Processo administrativo. MS 23.219-AgR RTJ 195/38
Trbt Instituição autorizada a funcionar pelo Banco Central. (...) Imposto sobre
Serviços – ISS. RE 361.829 RTJ 198/811
Adm Instituição de ensino congênere: matrícula. (...) Ensino superior. ADI 3.324
RTJ 198/64
Ct Instituição financeira privada. (...) Estado-Membro. ADI 3.578-MC RTJ
198/92
PrPn Instrução criminal. Audiência. Inquirição de testemunha. Ministério Público:
ausência. Intimação regular. Nulidade inocorrente. HC 70.231 RTJ 197/543
PrPn Instrução criminal. Audiência. Oitiva de testemunha. Juízo deprecado.
Intimação das partes: ausência. Princípio da ampla defesa: ofensa
inocorrente. HC 85.314 RTJ 195/583
PrPn Instrução criminal. Nulidade inocorrente. Interrogatório. Denúncia: ciência
dos termos. CPP/41, art. 186. HC 84.969 RTJ 195/528
PrPn Instrução criminal. Oitiva de testemunha e vítima. Retirada do réu da sala de
audiência. Termo de Audiência: motivação. Advogado de defesa: acompa-
nhamento. Nulidade inocorrente. CPP/41, art. 271. HC 86.711 RTJ 198/231
PrPn Instrução criminal. Termo de audiência. Assinatura do MP: falta. Nulidade
inocorrente. HC 70.231 RTJ 197/543
PrPn Instrução criminal encerrada. (...) Prisão preventiva. HC 87.776 RTJ 198/1125
Int Instrução deficiente. (...) Extradição. Ext 988-QO RTJ 198/31
Adm Integração por decreto-lei. (...) Policial militar. RMS 25.386 RTJ 196/819
PrCv Intempestividade. (...) Agravo regimental. AI 179.337-AgR RTJ 197/356 –
AI 396.789-AgR RTJ 196/1015 – AI 409.545-AgR RTJ 196/1026 – AI
519.283-AgR RTJ 196/722 – AI 532.180-AgR RTJ 196/1056
PrCv Intempestividade. (...) Embargos de declaração. AC 738-QO-ED RTJ
197/373
PrSTF Intempestividade. (...) Recurso extraordinário. AI 504.961-AgR RTJ
195/1071
PrPn Interceptação telefônica. Nulidade inocorrente. Autoridade competente:
TRF. Prazo: renovação. Lei n. 9.296/96, art. 5º. HC 84.301 RTJ 197/1033
PrPn Interceptação telefônica. Policial federal e magistrado: envolvimento em
crime. Fato em tese estranho às investigações. Desvio de finalidade:
inocorrência. HC 84.388 RTJ 198/643
PrPn Interceptação telefônica. Prorrogação sucessiva: possibilidade. Decisão
fundamentada e razoável. HC 84.388 RTJ 198/643
1278 Int-Int — ÍNDICE ALFABÉTICO
PrPn Irregularidade eventual sanada. (...) Ação penal. AO 1.300 RTJ 198/871
Adm Irregularidade inocorrente. (...) Procedimento administrativo fiscal. HC
85.088 RTJ 195/978
PrCv Irregularidade não sanada. (...) Mandado de segurança. MS 25.291-AgR
RTJ 196/189
PrPn Irregularidade: não-comprovação. (...) Ação penal. HC 86.052 RTJ 195/991
PrPn Irregularidade sanável. (...) Denúncia. HC 85.424 RTJ 196/278 – HC 85.726
RTJ 196/945
Trbt Isenção concedida pela União: revogação. (...) Imposto sobre Serviços – ISS.
RE 361.829-AgR RTJ 195/299
Trbt Isenção parcial. (...) Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços –
ICMS. RE 174.478 RTJ 198/724
Trbt Isenção: revogação pela Lei n. 9.430/96. (...) Contribuição social. RE
451.988-AgR RTJ 198/832
J
Int Jogo de azar. (...) Extradição. Ext 787-extensão RTJ 198/850
Adm Jornada de quatro horas. (...) Servidor público. MS 25.027 RTJ 196/560
PrPn Jornal: local da impressão. (...) Competência territorial. HC 86.102 RTJ
197/626
PrPn Juiz da Vara da Infância e Juventude. (...) Competência jurisdicional. HC
85.503 RTJ 195/259
PrPn Juiz de direito como juiz-auditor da jurisdição militar. (...) Competência
jurisdicional. RHC 84.944 RTJ 195/523
Adm Juiz de paz. Competência funcional. Defesa do meio ambiente. Vigilância
sobre mata, rio e fonte. CF/88, arts. 98, II; e 225. ADI 2.938 RTJ 197/452
Adm Juiz de paz. Eleição e investidura. Filiação partidária: obrigatoriedade. CF/88,
arts. 14, § 3º; e 98, II. ADI 2.938 RTJ 197/452
Adm Juiz de paz. Legislação estadual: criação da justiça de paz. Código Eleitoral e
norma federal específica: observância compulsória. ADI 2.938 RTJ 197/452
Ct Juiz de paz: arrecadar bem, funcionar como perito, nomear escrivão “ad hoc”.
(...) Competência legislativa. ADI 2.938 RTJ 197/452
Ct Juiz de paz: assistência a empregado em rescisão de contrato de trabalho. (...)
Competência legislativa. ADI 2.938 RTJ 197/452
Ct Juiz de paz: elegibilidade. (...) Competência legislativa. ADI 2.938 RTJ
197/452
ÍNDICE ALFABÉTICO — Jui-Jul 1281
Ct Juiz de paz: prisão especial. (...) Competência legislativa. ADI 2.938 RTJ
197/452
Ct Juiz de paz: processar auto de corpo de delito, lavrar auto de prisão. (...)
Competência legislativa. ADI 2.938 RTJ 197/452
Adm Juiz federal. (...) Magistrado. MS 23.789 RTJ 195/926
PrPn Juiz federal. (...) Prisão especial. HC 84.301 RTJ 197/1033
PrPn Juizado Especial. (...) Apelação criminal. HC 85.210 RTJ 196/627
PrPn Juizado Especial. (...) Intimação criminal. HC 83.801 RTJ 196/609
PrPn Juizado Especial. (...) Prova criminal. HC 86.248 RTJ 198/1090
PrPn Juizado Especial. (...) Sentença condenatória. HC 85.043 RTJ 196/895
PrPn Juizado Especial: competência. (...) Processo criminal. HC 86.276 RTJ
197/630
PrPn Juizado Especial: incompetência. (...) Ação penal. HC 86.102 RTJ 197/626 –
HC 86.843 RTJ 198/1110
PrPn Juízo competente ao início da investigação. (...) Competência. HC 84.388
RTJ 198/643
PrPn Juízo condenatório: manutenção. (...) Sentença criminal. HC 85.226 RTJ
195/573
PrSTF Juízo de admissibilidade imediato. (...) Recurso extraordinário. Pet 3.515-QO
RTJ 196/166
PrSTF Juízo de admissibilidade não realizado. (...) Reclamação. Rcl 3.366-AgR
RTJ 196/158
Adm Juízo de conveniência e oportunidade. (...) Autorização. RMS 22.665 RTJ
198/584
Ct Juízo de oportunidade e conveniência. (...) Anistia. ADI 1.231 RTJ 197/413
PrPn Juízo deprecado. (...) Instrução criminal. HC 85.314 RTJ 195/583
PrPn Juízo provisório: não-designação. (...) Habeas corpus. HC 86.360 RTJ
196/984
PrSTF Julgamento. (...) Medida cautelar. ADI 3.578-MC RTJ 198/92
PrPn Julgamento: adiamento. (...) Acórdão criminal. RHC 84.174 RTJ 196/848
Ct Julgamento anterior à EC n. 45/04. (...) Competência. SEC 5.404 RTJ 195/448
PrPn Julgamento anterior à EC n. 45/04. (...) Competência criminal. HC 85.096
RTJ 196/917
PrPn Julgamento: demora excessiva. (...) Apelação criminal. HC 84.539-MC-QO
RTJ 196/852
1282 Jul-Jus — ÍNDICE ALFABÉTICO
Adm Justa causa: necessidade. (...) Agência reguladora de serviço público. ADI
1.949-MC RTJ 197/70
PrPn Justiça comum. (...) Competência criminal. HC 85.350 RTJ 195/243
Ct Justiça comum. (...) Competência jurisdicional. ADI 3.395-MC RTJ 198/922
Ct Justiça do Trabalho. (...) Competência jurisdicional. CC 7.204 RTJ 197/236
Ct Justiça do Trabalho: incompetência. (...) Competência jurisdicional. ADI
3.395-MC RTJ 198/922
Ct Justiça estadual. (...) Competência jurisdicional. RE 390.664 RTJ 195/1060
PrPn Justiça estadual: primeira sentença condenatória. (...) Competência criminal.
RHC 84.904 RTJ 198/1054
PrPn Justiça Federal. (...) Competência criminal. Inq 1.819-AgR RTJ 198/500 – HC
85.059 RTJ 195/194 – HC 86.289 RTJ 198/1093 – RE 135.243 RTJ 195/626
PrPn Justiça Federal de Alagoas. (...) Competência. HC 84.388 RTJ 198/643
PrPn Justiça Militar da União. (...) Competência criminal. HC 86.430 RTJ 196/988
PrPn Justiças Federal e estadual. (...) Competência criminal. RHC 84.904 RTJ
198/1054
L
Int Latrocínio. (...) Extradição. Ext 972 RTJ 197/812
Adm Latrocínio praticado por presidiário foragido. (...) Responsabilidade civil do
Estado. AI 489.254-AgR RTJ 195/359
Adm Laudo Agronômico de Fiscalização. (...) Desapropriação. MS 24.484 RTJ
198/145
PrPn Laudo pericial. (...) Júri. HC 69.179 RTJ 195/482
Adm Laudo pericial: prazo de validade. (...) Desapropriação. MS 25.016 RTJ
198/163
PrPn Lavagem de dinheiro: suspeita razoável. (...) Prova criminal. HC 84.869 RTJ
195/183
Int “Leasing”: não-devolução do objeto. (...) Extradição. Ext 900-extensão RTJ
196/35
Adm Legislação estadual: criação da justiça de paz. (...) Juiz de paz. ADI 2.938
RTJ 197/452
PrPn Legitimidade. (...) Ministério Público. HC 86.711 RTJ 198/231
Ct Legitimidade ativa. (...) Ação direta de inconstitucionalidade. ADI 2.618-
AgR-AgR RTJ 197/822 – ADI 3.395-MC RTJ 198/922
1284 Leg-Lei — ÍNDICE ALFABÉTICO
PrPn Legitimidade ativa. (...) Ação penal pública condicionada. HC 85.556 RTJ
195/266
Ct Legitimidade ativa. (...) Argüição de descumprimento de preceito funda-
mental. ADPF 75-AgR RTJ 198/3
PrCv Legitimidade ativa. (...) Mandado de segurança. MS 23.789 RTJ 195/926
PrSTF Legitimidade ativa. (...) Reclamação. Rcl 2.190 RTJ 196/134
PrCv Legitimidade passiva. (...) Mandado de segurança. MS 24.544 RTJ 197/503 –
MS 25.045 RTJ 196/577 – MS 25.192 RTJ 195/478
PrCv Legitimidade passiva da Mesa da Câmara dos Deputados. (...) Mandado de
segurança. MS 24.527 RTJ 195/51
PrCv Legitimidade passiva do TCU. (...) Mandado de segurança. MS 23.780 RTJ
197/994
Ct Lei complementar. Lei materialmente ordinária. Revogação por lei ordinária.
Princípio da hierarquia das leis: ofensa inocorrente. RE 451.988-AgR RTJ
198/832
Ct Lei complementar: ausência. (...) Competência legislativa. ADI 3.323 RTJ
196/797
Adm Lei Complementar estadual n. 4/90/MT, art. 272, § 2º: inconstitucionalidade.
(...) Servidor público estadual. ADI 554 RTJ 198/847
Adm Lei Complementar estadual n. 43/92/SC. (...) Remuneração. RE 192.364
RTJ 198/752
Adm Lei Complementar estadual n. 66/99/MT, art. 9º, parágrafo único: inconsti-
tucionalidade. (...) Agência reguladora de serviço público. ADI 3.244 RTJ
196/793
Ct Lei Complementar estadual n. 106/03/RJ, art. 9º, § 1º, “c”. (...) Ministério
Público estadual. ADI 2.836 RTJ 197/446
Ct Lei Complementar estadual n. 106/03/RJ, art. 165. (...) Ministério Público
estadual. ADI 2.836 RTJ 197/446
Ct Lei Complementar estadual n. 239/02/ES: inconstitucionalidade. (...) Pro-
cesso legislativo. ADI 2.750 RTJ 195/19
Adm Lei Complementar estadual n. 645/89/SP. (...) Servidor público estadual. RE
208.156 RTJ 195/288
Ct Lei Complementar estadual n. 836/97/SP, art. 25, parágrafo único. (...) Pro-
cesso legislativo. ADI 3.114 RTJ 197/488
Adm Lei Complementar estadual n. 836/97/SP, art. 46: inconstitucionalidade. (...)
Professor. ADI 3.114 RTJ 197/488
Ct Lei Complementar estadual n. 851/98/SP, art. 26: inconstitucionalidade. (...)
Competência legislativa. ADI 2.257 RTJ 195/16
ÍNDICE ALFABÉTICO — Lei-Lei 1285
Int Lei n. 6.815/80, art. 82, § 2º. (...) Prisão preventiva. Ext 946 RTJ 196/751
Int Lei n. 6.815/80, art. 84, parágrafo único. (...) Prisão preventiva. HC 85.381
RTJ 198/202
Int Lei n. 6.815/80, art. 85, § 1º. (...) Extradição. Ext 936 RTJ 196/443 – Ext 972
RTJ 197/812
Int Lei n. 6.815/80, art. 89. (...) Extradição. Ext 855 RTJ 196/403 – Ext 962 RTJ
196/69
Int Lei n. 6.815/80, art. 89 c/c arts. 66 e 67. (...) Extradição. Ext 976 RTJ 198/11
Int Lei n. 6.815/80, art. 89 c/c arts. 67 e 90. (...) Extradição. Ext 936 RTJ 196/
443 – Ext 947 RTJ 196/64
Trbt Lei n. 6.938/81, arts. 17-B, 17-C, 17-D e 17-G, redação da Lei n. 10.165/
2000. (...) Taxa de Controle e Fiscalização Ambiental – TCFA. RE 416.601
RTJ 196/686
Adm Lei n. 6.999/82. (...) Servidor público. MS 25.194 RTJ 197/524 – MS 25.198
RTJ 198/1009
Pn Lei n. 7.492/86, arts. 1º, parágrafo único, I; e 16. (...) Crime contra o sistema
financeiro. RHC 84.182 RTJ 196/611
PrPn Lei n. 7.492/86, arts. 19 e 20. (...) Denúncia. Inq 1.608 RTJ 195/395
PrPn Lei n. 8.038/90, art. 6º. (...) Denúncia. Inq 1.608 RTJ 195/395 – HC 83.595
RTJ 196/828
PrPn Lei n. 8.038/90, art. 12. (...) Sessão de julgamento. RHC 85.510 RTJ 198/1073
PrSTF Lei n. 8.038/90, art. 15. (...) Reclamação. Rcl 2.772 RTJ 198/551
Pn Lei n. 8.069/90, arts. 112, IV, e 122, III. (...) Medida socioeducativa. HC
85.503 RTJ 195/259
PrPn Lei n. 8.069/90, art. 122, I e II. (...) Competência jurisdicional. HC 85.503
RTJ 195/259
PrPn Lei n. 8.072/90, art. 2º, I. (...) Execução penal. HC 85.279 RTJ 195/234
PrPn Lei n. 8.072/90, art. 2º, II: inteligência. (...) Liberdade provisória. HC 86.703
RTJ 198/1107
Pn Lei n. 8.072/90, art. 2º, § 1º. (...) Pena. HC 85.585 RTJ 195/268 – HC 85.906
RTJ 195/621
Pn Lei n. 8.072/90, art. 2º, § 1º. (...) Regime prisional. HC 85.379 RTJ 195/588 –
HC 85.906 RTJ 195/621
Pn Lei n. 8.072/90, art. 2º, § 1º: inconstitucionalidade declarada no HC n. 82.959.
(...) Regime prisional. HC 86.711 RTJ 198/231
Pn Lei n. 8.072/90, art. 8º. (...) Pena. HC 85.673 RTJ 195/274
ÍNDICE ALFABÉTICO — Lei-Lei 1289
Adm Lei n. 8.112/90, art. 19, § 2º. (...) Servidor público. MS 25.027 RTJ 196/560
Adm Lei n. 8.112/90, arts. 45 e 46. (...) Proventos. MS 24.544 RTJ 197/503
Adm Lei n. 8.112/90, art. 142, I e § 3º. (...) Prescrição. MS 23.219-AgR RTJ 195/38
Adm Lei n. 8.112/90, arts. 143 e 149. (...) Processo administrativo. MS 22.127
RTJ 195/36
PrPn Lei n. 8.137/90, art. 1º. (...) Ação penal. HC 84.092 RTJ 196/218 – HC
84.262 RTJ 195/114
PrPn Lei n. 8.137/90, art. 1º. (...) Inquérito policial. HC 86.120 RTJ 196/972
PrPn Lei n. 8.137/90, arts. 1º, I e II; e 3º, III. (...) Ação penal. RHC 85.513 RTJ
196/302
PrPn Lei n. 8.137/90, art. 1º, II e III. (...) Ação penal. HC 85.207 RTJ 195/567
PrSTF Lei n. 8.162/91, art. 7º, I e III. (...) Recurso extraordinário. RE 394.677-AgR
RTJ 198/824
Cv Lei n. 8.177/91, art. 27. (...) Contrato. RE 247.593-AgR RTJ 197/634
Trbt Lei n. 8.200/91, art. 3º, I. (...) Imposto de Renda – IR. RE 196.336-AgR RTJ
195/635
Trbt Lei n. 8.212/91, art. 35, redação da Lei n. 9.528/97: inconstitucionalidade.
(...) Tributo. RE 407.190 RTJ 197/1111
TrGr Lei n. 8.213/91, art. 118. (...) Acidente de trabalho. RE 409.919-AgR RTJ
195/313
TrPrv Lei n. 8.213/91, art. 118. (...) Contrato de trabalho. ADI 639 RTJ 196/731
Adm Lei n. 8.429/92. (...) Servidor público. RMS 24.699 RTJ 195/64
Adm Lei n. 8.429/92, art. 20. (...) Servidor público. RMS 24.699 RTJ 195/64
Ct Lei n. 8.443/92, art. 1º, I. (...) Tribunal de Contas da União – TCU. MS
25.092 RTJ 198/166
Adm Lei n. 8.443/92, art. 28, I. (...) Proventos. MS 24.544 RTJ 197/503
Adm Lei n. 8.629/93, art. 2º, § 2º. (...) Desapropriação. MS 25.360 RTJ 197/1017
Adm Lei n. 8.629/93, art. 2º, § 4º. (...) Desapropriação. MS 24.657 RTJ 195/472 –
MS 25.016 RTJ 198/163 – MS 25.304 RTJ 198/1019
Adm Lei n. 8.629/93, art. 2º, § 6º, redação da MP n. 2.183/01. (...) Desapropriação.
MS 24.484 RTJ 198/145
Adm Lei n. 8.629/93, art. 2º, § 6º, redação da MP n. 2.183-56/01. (...) Desapropria-
ção. MS 24.764 RTJ 198/594
PrPn Lei n. 8.666/93, art. 89. (...) Ação penal. Inq 1.957 RTJ 196/101
Adm Lei n. 8.666/93, arts. 109 e 110. (...) Licitação. RMS 23.546 RTJ 198/140
1290 Lei-Lei — ÍNDICE ALFABÉTICO
PrPn Lei n. 8.906/94, art. 4º. (...) Defesa criminal. RHC 83.800 RTJ 196/604
Ct Lei n. 8.906/94, arts. 27 e 28. (...) Advocacia. RE 464.963 RTJ 198/1170
Ct Lei n. 8.985/95. (...) Anistia. ADI 1.231 RTJ 197/413
PrPn Lei n. 9.099/95, art. 61. (...) Ação penal. HC 86.102 RTJ 197/626 – HC
86.843 RTJ 198/1110
PrPn Lei n. 9.099/95, art. 77, § 1º. (...) Prova criminal. HC 86.248 RTJ 198/1090
PrPn Lei n. 9.099/95, art. 77, § 3º. (...) Ação penal privada. HC 86.049 RTJ
197/1077
PrPn Lei n. 9.099/95, art. 82, § 1º. (...) Apelação criminal. HC 85.210 RTJ 196/627
PrPn Lei n. 9.099/95, art. 83. (...) Embargos de declaração. HC 87.338 RTJ
198/1120
PrPn Lei n. 9.099/95, art. 89. (...) Suspensão condicional do processo penal –
“sursis” processual. HC 86.248 RTJ 198/1090
PrPn Lei n. 9.099/95, art. 89, § 5º. (...) Suspensão condicional do processo penal –
“sursis” processual. HC 84.660 RTJ 197/608
PrPn Lei n. 9.296/96, art. 5º. (...) Interceptação telefônica. HC 84.301 RTJ
197/1033
Adm Lei n. 9.436/97, art. 1º. (...) Servidor público. MS 25.027 RTJ 196/560
El Lei n. 9.504/97, art. 96. (...) Investigação judicial eleitoral. HC 85.029 RTJ
195/538
Adm Lei n. 9.536/97, art. 1º: interpretação conforme à Constituição. (...) Ensino
superior. ADI 3.324 RTJ 198/64
PrPn Lei n. 9.605/98, art. 46, parágrafo único. (...) Ação penal. RHC 85.214 RTJ
196/923
PrSTF Lei n. 9.718/98. (...) Medida cautelar. AC 754-AgR RTJ 196/739 – AC 959-
MC-QO RTJ 196/458
Adm Lei n. 9.784/99, art. 61. (...) Recurso administrativo. MS 25.304 RTJ 198/1019
PrCv Lei n. 9.800/99, art. 2º. (...) Agravo regimental. AI 532.180-AgR RTJ
196/1056
PrSTF Lei n. 9.868/99, art. 3º. (...) Ação direta de inconstitucionalidade. ADI
2.321-MC RTJ 195/812
PrSTF Lei n. 9.868/99, art. 7º, § 2º. (...) Ação direta de inconstitucionalidade. ADI
2.321-MC RTJ 195/812
PrSTF Lei n. 9.868/99, art. 10, § 3º. (...) Medida cautelar. ADI 3.578-MC RTJ 198/92
Trbt Lei n. 9.868/99, art. 27: inaplicabilidade. (...) Imposto Predial e Territorial
Urbano – IPTU. AI 488.871-AgR RTJ 195/733
ÍNDICE ALFABÉTICO — Lei-Lei 1291
PrSTF Lista tríplice: recomposição. (...) Reclamação. Rcl 2.772 RTJ 198/551
PrCv Litigância de má-fé. (...) Agravo regimental. AI 268.866-AgR-ED-ED-AgR
RTJ 197/363 – RE 397.551-AgR RTJ 196/1017
PrSTF Litigância de má-fé. (...) Recurso extraordinário. AI 403.312-ED RTJ
196/1023
PrCv Litisconsórcio. Advogado único. Prazo em dobro: inaplicabilidade. CPC/73,
art. 191. AI 530.658-AgR RTJ 196/354
PrCv Litispendência. Ação ordinária e mandado de segurança. Identidade de parte
e objeto. CPC/73, art. 301, §§ 1º, 2º e 3º. RMS 25.153 RTJ 196/581
PrCv Litispendência. Ação originária especial e ação em curso na Justiça Federal.
Identidade de causa de pedir: inocorrência. AOE 16 RTJ 197/3
PrPn Livramento condicional. Condenação intercorrente: conhecimento após
termo final. Revogação após período de prova: impossibilidade. Pena:
extinção. CP/40, arts. 86, I, e 90. CPP/41, art. 732. Lei de Execução Penal –
LEP, arts. 145 e 146. RHC 85.287 RTJ 195/577
Pn Livramento condicional. Crime intercorrente: conhecimento após termo
final. Revogação após período de prova: impossibilidade. Pena: extinção.
CP/40, arts. 86, I; 89 e 90. CPP/41, arts. 732 e 733. Lei de Execução Penal –
LEP, arts. 145 e 146. RHC 86.317 RTJ 197/341
Trbt Locação de imóvel a terceiro. (...) Imunidade tributária recíproca. RE
388.838-AgR RTJ 195/306
Ct Local diverso do “habitat”. (...) Comissão Parlamentar de Inquérito – CPI.
HC 80.240 RTJ 197/1021
PrPn Local do crime: insegurança, isolamento e falta de apoio estatal. (...) Prisão
preventiva. HC 84.680 RTJ 195/155
Adm Loman/79, arts. 80, 82, 84 e 88. (...) Magistrado. MS 23.789 RTJ 195/926
PrCv Loman/79, art. 102. (...) Competência jurisdicional. AO 1.160-AgR RTJ
197/396
Ct Loman/79, art. 112, § 2º. (...) Competência legislativa. ADI 2.938 RTJ 197/452
PrCv Lubrificante e combustível derivado de petróleo. (...) Embargos de declara-
ção. RE 338.681-AgR-ED RTJ 197/642
M
Ct Magistrado. Convocação para depor em CPI. Matéria de atribuição do
Judiciário. Princípio da independência e harmonia dos Poderes: ofensa.
Regimento Interno do Senado Federal, art. 146, II. HC 86.581 RTJ 198/224
PrCv Magistrado. Impedimento: inocorrência. CPC/73, art. 134, I a VI. RMS
24.613-AgR RTJ 195/60
1294 Mag-Man — ÍNDICE ALFABÉTICO
Adm Magistrado. Juiz federal. Promoção a TRF. Tempo como juiz substituto:
contagem. CF/88, art. 107, II. CF/88, art. 93, II, “b”: inaplicabilidade. MS
23.789 RTJ 195/926
Adm Magistrado. (...) Processo administrativo. RE 415.760 RTJ 196/333
Adm Magistrado. Promoção por merecimento a TRF. Duas vagas. Lista quádrupla.
Duas listas tríplices: equivalência. Loman/79, arts. 80, 82, 84 e 88. MS
23.789 RTJ 195/926
Adm Magistrado. Promoção por merecimento a TRF. Lista tríplice: composição.
“Quorum”: maioria absoluta. Regimento Interno do TRF da 2ª Região, art. 34.
MS 25.118 RTJ 195/933
PrCv Magistrado. Suspeição. Presunção relativa. Preclusão. CPC/73, art. 138, § 1º.
RMS 24.613-AgR RTJ 195/60
Adm Magistrado. (...) Vencimentos. AO 1.056-AgR RTJ 197/392
PrSTF Magistrado: promoção por merecimento a TRT. (...) Reclamação. Rcl 2.772
RTJ 198/551
Ct Maioridade. (...) Nacionalidade. RE 415.957 RTJ 196/679
Adm Majoração. (...) Subsídio. AO 1.230-AgR RTJ 197/407
PrPn Mandado de busca e apreensão irregular. (...) Denúncia. HC 84.679-ED RTJ
197/322
Ct Mandado de injunção. Perda do objeto. Norma constitucional revogada. MI
646-AgR RTJ 195/749
PrCv Mandado de segurança. Assistência e intervenção de terceiro. Ilegitimidade.
Incra. Desapropriação. MS 24.999-ED RTJ 195/75
PrCv Mandado de segurança. Ato de Turma Recursal de Juizado Especial. Com-
petência do STF: inocorrência. Remessa dos autos ao juízo competente:
impossibilidade. CPC/73, art. 113, § 2º: inaplicabilidade. Regimento Interno
do Supremo Tribunal Federal – RISTF, art. 21, § 1º. MS 25.258-AgR RTJ
198/617 – MS 25.279-AgR RTJ 198/1013
PrSTF Mandado de segurança. (...) Competência jurisdicional. AO 1.160-AgR RTJ
197/396 – MS 24.700-AgR RTJ 196/181
Ct Mandado de segurança. (...) Competência originária. MS 24.189-AgR RTJ
196/173 – MS 25.271-AgR RTJ 197/534
PrCv Mandado de segurança. Conversão em reclamação. Fungibilidade: impossi-
bilidade. Recurso extraordinário inadmitido. Agravo de instrumento: negativa
de seguimento. MS 23.605-AgR-ED RTJ 196/170
PrCv Mandado de segurança. Decadência. Prazo: termo inicial. Lei n. 1.533/51,
art. 18. Súmula 632. RMS 25.040 RTJ 196/568
PrCv Mandado de segurança. Decadência: inocorrência. Prazo: termo inicial. MS
24.579 RTJ 196/810
ÍNDICE ALFABÉTICO — Man-Man 1295
PrPn Memorial: ausência. (...) Defesa criminal. RHC 85.512 RTJ 196/299
Ct Menor nascido no estrangeiro e residente no Brasil. (...) Nacionalidade. RE
415.957 RTJ 196/679
Int Mérito da acusação. (...) Extradição. Ext 936 RTJ 196/443
PrCv Mérito da causa: rediscussão. (...) Embargos de declaração. RMS 23.841-
AgR-ED RTJ 195/454
Adm Metrô/SP. (...) Sociedade de economia mista. AC 669 RTJ 198/441
Adm Militar. Aeronáutica. Promoção. Critério diferenciado em razão do sexo.
Carreiras distintas. Princípio da isonomia: ofensa inocorrente. RE 316.882-
AgR RTJ 196/1001
Ct Militar. “Cassação”: alcance da expressão. “Vício grave”: formal e material.
Promoção por merecimento: critério subjetivo e objetivo. ADCT da Consti-
tuição Federal/88, art. 9º. AOE 16 RTJ 197/3
PrPn Militar. (...) Citação-edital. HC 85.950 RTJ 198/709
Adm Militar. (...) Vencimentos. RE 398.778-AgR RTJ 195/1066 – RE 442.334-
AgR RTJ 195/716
Adm Militar: extensão a outra hierarquia. (...) Vencimentos. RE 410.778 RTJ
195/700
Adm Militar reformado. (...) Proventos. MS 24.742 RTJ 197/515 – MS 24.958 RTJ
198/154 – MS 25.045 RTJ 196/577 – MS 25.192 RTJ 195/478
PrPn Ministério Público. (...) Ação penal pública condicionada. HC 85.556 RTJ
195/266
PrPn Ministério Público. (...) Apelação criminal. HC 85.609 RTJ 198/1078 – HC
85.702 RTJ 196/935
PrPn Ministério Público. Legitimidade. Ação penal: proposição. Conselho Tutelar:
provocação. Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA, art. 136, IV. HC
86.711 RTJ 198/231
PrPn Ministério Público. Princípio do promotor natural. Lei regulamentar: ausên-
cia. HC 85.424 RTJ 196/278
PrPn Ministério Público: ausência. (...) Instrução criminal. HC 70.231 RTJ 197/543
PrPn Ministério Público: competência. (...) Procedimento administrativo. HC
86.711 RTJ 198/231
PrPn Ministério Público: divulgação de fato estranho ao processo. (...) Júri. RHC
85.166 RTJ 198/190
Ct Ministério Público estadual. Membro admitido antes da CF/88. Regime
anterior: opção a qualquer tempo. Cargo ou função de confiança: exercício
na própria instituição. ADCT da Constituição Federal/88, art. 29, § 3º. Lei
Complementar estadual n. 106/03/RJ, art. 165. ADI 2.836 RTJ 197/446
ÍNDICE ALFABÉTICO — Min-Mul 1301
N
Ct Nacionalidade. Aquisição sob condição resolutiva. Filho de pai ou mãe
brasileiros. Menor nascido no estrangeiro e residente no Brasil. Registro
civil provisório. Lei n. 6.015/73, art. 32, § 2º. RE 415.957 RTJ 196/679
Ct Nacionalidade. Aquisição sob condição suspensiva. Filho de pai ou mãe
brasileiros. Maioridade. Opção: caráter personalíssimo. Homologação judi-
cial: necessidade. RE 415.957 RTJ 196/679
Pn Não-configuração. (...) Emprego irregular de verbas ou rendas públicas. AP
375 RTJ 196/366
Pn Não-configuração. (...) Falsidade ideológica. HC 85.064 RTJ 197/1063
Pn Não-configuração. (...) Peculato. AP 375 RTJ 196/366
PrSTF Não-conhecimento. (...) Ação direta de inconstitucionalidade. ADI 3.367
RTJ 197/909
PrCv Não-conhecimento. (...) Embargos de declaração. AI 546.296-AgR-ED RTJ
196/356
ÍNDICE ALFABÉTICO — Não-Nor 1303
PrPn Nulidade inocorrente. (...) Acórdão criminal. RHC 84.174 RTJ 196/848 –
RHC 85.623 RTJ 198/703
PrPn Nulidade inocorrente. (...) Citação-edital. HC 85.438 RTJ 196/292
PrPn Nulidade inocorrente. (...) Defesa criminal. HC 70.175 RTJ 195/489
PrPn Nulidade inocorrente. (...) Denúncia. HC 84.301 RTJ 197/1033 – HC 86.248
RTJ 198/1090
PrPn Nulidade inocorrente. (...) Instrução criminal. HC 70.231 RTJ 197/543 – HC
84.969 RTJ 195/528 – HC 86.711 RTJ 198/231
PrPn Nulidade inocorrente. (...) Interceptação telefônica. HC 84.301 RTJ 197/1033
PrPn Nulidade inocorrente. (...) Interrogatório. HC 83.836 RTJ 196/840
PrPn Nulidade inocorrente. (...) Júri. HC 69.179 RTJ 195/482
PrPn Nulidade inocorrente. (...) Sentença condenatória. HC 85.410 RTJ 198/694 –
HC 85.906 RTJ 195/621
PrPn Nulidade parcial. (...) Sentença criminal. HC 85.226 RTJ 195/573
PrPn Nulidade processual: não-configuração. (...) Prova pericial. HC 85.744 RTJ
195/987
O
Ct Objeto restrito. (...) Ação originária especial. AOE 16 RTJ 197/3
Adm Obra pública. (...) Concessão. ADI 2.733 RTJ 197/219
Ct Obrigação de pequeno valor. (...) Precatório. ADI 3.344-MC RTJ 196/801
Adm Obrigatoriedade de retorno após período de concessão: descumprimento. (...)
Servidor público. MS 24.519 RTJ 197/999
PrSTF Ofensa indireta. (...) Ação direta de inconstitucionalidade. ADI 2.321-MC
RTJ 195/812
PrSTF Ofensa indireta. (...) Recurso extraordinário. RE 329.391-AgR RTJ 195/664 –
AI 356.810-AgR RTJ 196/1009 – RE 398.407 RTJ 196/331 – RE 414.828-
AgR RTJ 197/1118 – RE 436.580-AgR RTJ 195/1069 – RE 437.829-AgR
RTJ 195/714 – AI 498.757-AgR RTJ 195/738 – AI 529.942-AgR RTJ 197/
1129 – AI 543.822-AgR-ED RTJ 196/726
Pn Ofensa irrogada em sede pessoal. (...) Imunidade judiciária. RE 387.945 RTJ
198/823
PrPn Oitiva de testemunha. (...) Instrução criminal. HC 85.314 RTJ 195/583
PrPn Oitiva de testemunha e vítima. (...) Instrução criminal. HC 86.711 RTJ
198/231
PrCv Omissão. (...) Embargos de declaração. RE 361.829-AgR-ED RTJ 196/661 –
AI 543.822-AgR-ED RTJ 196/726
1306 Omi-Par — ÍNDICE ALFABÉTICO
P
Ct Pagamento irregular. (...) Precatório. Rcl 2.848 RTJ 198/55
Pn Parâmetro de aplicação. (...) Princípio da insignificância. HC 84.424 RTJ
196/235
PrCv Parâmetro de controle: decisão embargada. (...) Embargos de declaração.
ADI 1.878-ED RTJ 195/793
ÍNDICE ALFABÉTICO — Par-Pen 1307
PrPn Perda de mandato. (...) Competência criminal. Rcl 2.123 RTJ 197/428
Ct Perda do objeto. (...) Mandado de injunção. MI 646-AgR RTJ 195/749
Ct Perda superveniente da representação no Congresso Nacional. (...) Ação
direta de inconstitucionalidade. ADI 2.618-AgR-AgR RTJ 197/822
Ct Perda: voto aberto. (...) Mandato parlamentar. ADI 2.461 RTJ 195/897 –
ADI 3.208 RTJ 198/561
PrPn Periculosidade do réu e aplicação da lei penal. (...) Prisão preventiva. HC
83.040 RTJ 196/200
PrPn Periculosidade do réu e garantia da ordem pública. (...) Prisão preventiva.
HC 84.981 RTJ 195/534
Adm Período anterior à EC n. 20/98. (...) Proventos. MS 24.742 RTJ 197/515 – MS
24.958 RTJ 198/154 – MS 25.045 RTJ 196/577 – MS 25.192 RTJ 195/478
Adm Período de afastamento: término. (...) Servidor público. MS 25.194 RTJ 197/
524 – MS 25.198 RTJ 198/1009
Ct Período de prova do “sursis”: irrelevância. (...) Direitos políticos. RMS
22.470-AgR RTJ 198/130
PrPn Período de prova findo. (...) Suspensão condicional do processo penal –
“sursis” processual. HC 84.660 RTJ 197/608
Ct Período entre a expedição e o pagamento. (...) Precatório. AI 343.804-AgR-ED
RTJ 196/1003
PrPn Pertinência com a decisão recorrida. (...) Habeas corpus. HC 86.843 RTJ
198/1110
Ct Pertinência temática. (...) Ação direta de inconstitucionalidade. ADI 3.395-
MC RTJ 198/922
Pn Petição de advogado: documento inidôneo. (...) Falsidade ideológica. HC
85.064 RTJ 197/1063
PrSTF Petição inicial. (...) Ação direta de inconstitucionalidade. ADI 3.324 RTJ
198/64
PrCv Petição inicial. Indeferimento. Apelação. Citação para contra-razões: des-
necessidade. Coisa julgada material ou preclusão: inocorrência. CF/88, art.
5º, LIV e LV. CPC/73, art. 296, parágrafo único: interpretação conforme à
Constituição. AI 427.533-AgR RTJ 198/387
PrSTF Petição inicial: inépcia inocorrente. (...) Ação direta de inconstitucionalidade.
ADI 2.321-MC RTJ 195/812
PrSTF Petição: negativa de seguimento. (...) Competência jurisdicional. Pet 3.476-
AgR RTJ 198/88
Ct PIS/Pasep. Empresa pública e privada. Sociedade de economia mista. Tra-
tamento diferenciado. Princípio da isonomia: ofensa inocorrente. CF/88, art.
173, § 1º. RE 369.252-AgR RTJ 195/1056
ÍNDICE ALFABÉTICO — Pla-Pol 1311
Trbt Previsão legal: ausência. (...) Imposto de Renda – IR. RE 415.322-AgR RTJ
196/677
Pn Primariedade e bons antecedentes. (...) Regime prisional. HC 85.108 RTJ
195/550
PrPn Primariedade e bons antecedentes: irrelevância. (...) Prisão preventiva. HC
84.949 RTJ 196/883 – HC 86.751 RTJ 196/993
Pn Primariedade: irrelevância. (...) Pena-base. HC 85.554 RTJ 195/599
PrPn Princípio da ampla defesa. (...) Sentença condenatória. HC 73.681 RTJ
195/498
PrCv Princípio da ampla defesa e do contraditório. (...) Embargos de declaração.
MS 24.268-ED RTJ 198/979
Adm Princípio da ampla defesa e do contraditório. (...) Processo administrativo.
RE 415.760 RTJ 196/333
PrPn Princípio da ampla defesa e do contraditório: ofensa. (...) Intimação criminal.
HC 84.392 RTJ 198/1040
Ct Princípio da ampla defesa e do contraditório: ofensa inocorrente. (...) Tribunal
de Contas da União – TCU. MS 25.198 RTJ 198/1009 – MS 25.200 RTJ
197/1005
Adm Princípio da ampla defesa: ofensa. (...) Processo administrativo. RMS
24.699 RTJ 195/64
PrPn Princípio da ampla defesa: ofensa inocorrente. (...) Denúncia. HC 84.301 RTJ
197/1033
PrPn Princípio da ampla defesa: ofensa inocorrente. (...) Instrução criminal. HC
85.314 RTJ 195/583
PrPn Princípio da ampla defesa: ofensa inocorrente. (...) Sessão de julgamento.
RHC 85.510 RTJ 198/1073
PrPn Princípio da ampla defesa: ofensa inocorrente. (...) Testemunha. RE 427.339
RTJ 196/703
Trbt Princípio da anterioridade nonagesimal: ofensa. (...) Contribuição previden-
ciária. RE 453.365 RTJ 198/1152
Trbt Princípio da anterioridade tributária: ofensa. (...) Imposto Territorial Rural –
ITR. RE 448.558 RTJ 197/712
Pn Princípio da consunção. (...) Concurso material. Ext 931 RTJ 197/376
Adm Princípio da continuidade da atividade estatal. (...) Servidor público. ADI
3.068 RTJ 196/772
Adm Princípio da continuidade do serviço público. (...) Sociedade de economia
mista. AC 669 RTJ 198/441
1318 Pri-Pri — ÍNDICE ALFABÉTICO
PrPn Princípio do contraditório: ofensa. (...) Processo criminal. RHC 83.709 RTJ
196/589
PrSTF Princípio do devido processo legal. (...) Recurso extraordinário. RE
398.407 RTJ 196/331
Adm Princípio do devido processo legal, da ampla defesa e do contraditório. (...)
Concurso público. RE 452.721 RTJ 196/1030
Adm Princípio do devido processo legal: observância necessária. (...) Administra-
ção pública indireta. AC 1.033-AgR-QO RTJ 198/858
PrPn Princípio do devido processo legal: ofensa. (...) Defesa criminal. RHC
85.512 RTJ 196/299
PrCv Princípio do devido processo legal: ofensa. (...) Embargos de declaração.
RE 398.407 RTJ 196/331
Ct Princípio do devido processo legal: ofensa. (...) Mandato eletivo. RE
413.327 RTJ 195/702
PrCv Princípio do juiz natural. (...) Competência jurisdicional. AO 1.158 RTJ
196/89
PrPn Princípio do juiz natural: ofensa. (...) Denúncia. Inq 2.051-QO RTJ 195/5
Int Princípio do “non bis in idem”. (...) Extradição. Ext 936 RTJ 196/443
PrPn Princípio do promotor natural. (...) Ministério Público. HC 85.424 RTJ
196/278
Ct Princípio federativo: ofensa inocorrente. (...) Conselho Nacional de Justiça –
CNJ. ADI 3.367 RTJ 197/909
PrSTF Princípio “jura novit curia”: inaplicabilidade. (...) Recurso extraordinário.
AI 347.717-AgR RTJ 197/645
Pn Princípio “nemo tenetur se detegere”. (...) Pena-base. HC 83.960 RTJ 196/843
PrPn Prisão. Pronúncia. Revogação. Prisão preventiva: nulidade. HC 83.782 RTJ
196/598
PrPn Prisão. Recurso sem efeito suspensivo. Princípio da não-culpabilidade:
ofensa inocorrente. HC 84.500 RTJ 196/247
PrPn Prisão. Relaxamento. Excesso de prazo. Fase de alegações finais e crime
inafiançável: irrelevância. HC 83.579 RTJ 196/824
PrPn Prisão. Sentença condenatória recorrível. Recurso sem efeito suspensivo.
HC 85.351 RTJ 195/247
PrPn Prisão. (...) Sentença criminal. HC 86.328 RTJ 196/647
PrPn Prisão cautelar: fundamento inocorrente. (...) Sentença criminal. HC 85.429
RTJ 195/594
PrPn Prisão cautelar: manutenção. (...) Apelação criminal. HC 85.569 RTJ 195/603
1322 Pri-Pri — ÍNDICE ALFABÉTICO
Q
Pn Quadrilha ou bando. Associação de mais de três pessoas: necessidade. HC
85.457 RTJ 195/253
PrPn Quadrilha ou bando. (...) Denúncia. HC 84.409 RTJ 195/126
Int Quadrilha ou bando. (...) Extradição. Ext 939 RTJ 195/393
PrPn Quadrilha ou bando e facilitação de contrabando ou descaminho. (...)
Acórdão criminal. HC 85.192 RTJ 195/556
Adm Quadro de pessoal permanente: inexistência. (...) Servidor público. ADI
3.068 RTJ 196/772
PrPn Qualificadora não examinada. (...) Pronúncia. RE 329.391-AgR RTJ 195/
664
Ct Quantia: alteração substancial. (...) Precatório. Rcl 2.768 RTJ 198/905
Pn Quantidade apreendida: divergência irrelevante. (...) Tráfico de entorpecente.
HC 70.231 RTJ 197/543
Adm Quebra de sigilo bancário. (...) Procedimento administrativo fiscal. HC
85.088 RTJ 195/978
PrPn Queixa. Procuração: requisitos. Descrição suficiente do fato. CPP/41, art. 44.
HC 85.863 RTJ 196/315
PrPn Queixa. Rejeição. Ministro de Estado. Calúnia, difamação e injúria. Lei de
Imprensa. Inq 2.081 RTJ 196/467
PrPn Quesito: formulação adequada. (...) Júri. HC 84.560 RTJ 197/1056
1332 Que-Rea — ÍNDICE ALFABÉTICO
PrPn Recurso exclusivo da defesa. (...) Acórdão criminal. HC 83.509 RTJ 196/204
Pn Recurso exclusivo da defesa. (...) Pena. HC 83.545 RTJ 198/635
PrPn Recurso exclusivo da defesa. (...) Sentença criminal. HC 83.128 RTJ 195/
503 – HC 85.144 RTJ 198/682 – HC 85.429 RTJ 195/594 – HC 86.597 RTJ
198/1100
PrSTF Recurso extraordinário. Caráter abusivo. Litigância de má-fé. Multa imposta
pelo presidente do STJ. Competência do STF: usurpação inocorrente. AI
403.312-ED RTJ 196/1023
PrSTF Recurso extraordinário. Controle difuso de constitucionalidade. Lei muni-
cipal: inconstitucionalidade. Efeito. AI 500.920-AgR RTJ 196/1041
PrSTF Recurso extraordinário. Descabimento. Ação rescisória. Fundamentos da
decisão rescindenda: impugnação. AI 506.691-ED RTJ 196/1043
PrSTF Recurso extraordinário. Descabimento. Acórdão recorrido: ausência de
declaração de inconstitucionalidade. CF/88, art. 102, III, “b”. RE 401.102-
AgR RTJ 195/691
PrSTF Recurso extraordinário. Descabimento. Decisão que concede ou denega
medida liminar. RE 289.764-AgR RTJ 195/293
PrSTF Recurso extraordinário. Descabimento. Instância ordinária não esgotada.
Decisão de relator de Turma Recursal de Juizado Especial. Agravo: necessi-
dade. CPC/73, art. 557, § 1º. RE 422.740-AgR RTJ 198/1146 – RE 426.183-
AgR RTJ 197/698
PrSTF Recurso extraordinário. Descabimento. Instância ordinária não esgotada.
Decisão de relator do TST. Agravo: necessidade. AI 483.466-AgR RTJ
198/415
PrSTF Recurso extraordinário. Descabimento. Recurso especial: pressupostos de
admissiblidade. CF/88, art. 105, III: ofensa inocorrente. RE 397.551-AgR
RTJ 196/1017
PrSTF Recurso extraordinário. Efeito devolutivo limitado. Princípio “jura novit
curia”: inaplicabilidade. AI 347.717-AgR RTJ 197/645
PrSTF Recurso extraordinário. Fundamento inatacado. Súmula 283. RE 234.951-
AgR RTJ 196/997
PrSTF Recurso extraordinário. Intempestividade. Interposição por “fax” no prazo:
não-comprovação. AI 504.961-AgR RTJ 195/1071
PrSTF Recurso extraordinário. Limitação temática. Questão suscitada na interpo-
sição. RE 432.597-AgR RTJ 196/713
PrSTF Recurso extraordinário. Matéria constitucional. Prequestionamento ex-
plícito: necessidade. Súmulas 282 e 356. AI 495.880-AgR RTJ 196/1037
PrSTF Recurso extraordinário. Matéria infraconstitucional. Ação rescisória: cabi-
mento e aplicação da Súmula 343. AI 460.868-AgR RTJ 197/716
1336 Rec-Rec — ÍNDICE ALFABÉTICO
PrCv Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal – RISTF, art. 21, § 1º. (...)
Mandado de segurança. MS 25.258-AgR RTJ 198/617 – MS 25.279-AgR
RTJ 198/1013
PrSTF Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal – RISTF, art. 86. (...) Pro-
cesso. Inq 1.884 RTJ 195/796
PrSTF Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal – RISTF, art. 337, § 1º. (...)
Embargos de declaração. HC 83.157-ED RTJ 196/822
Adm Regimento Interno do TCU, art. 1º, X. (...) Servidor público. MS 24.519 RTJ
197/999
Adm Regimento Interno do TCU, art. 244. (...) Fundo de Participação dos Muni-
cípios. MS 24.151 RTJ 197/253
Adm Regimento Interno do TRF da 2ª Região, art. 34. (...) Magistrado. MS 25.118
RTJ 195/933
Adm Registro até seis meses após notificação de vistoria. (...) Desapropriação. MS
24.657 RTJ 195/472
Ct Registro civil provisório. (...) Nacionalidade. RE 415.957 RTJ 196/679
Adm Registro no TCU: necessidade. (...) Aposentadoria. MS 24.958 RTJ 198/154 –
MS 25.192 RTJ 195/478 – MS 25.256 RTJ 197/1009
PrPn Registro público: informação. (...) Prova criminal. HC 84.869 RTJ 195/183
Ct Registros públicos. (...) Competência legislativa. ADI 3.151 RTJ 197/889
PrPn Regressão de regime. (...) Execução penal. HC 85.049 RTJ 196/904
Ct Regulamentação. (...) Precatório. ADI 3.344-MC RTJ 196/801
PrSTF Regulamento de Tribunal de Justiça. (...) Ação direta de inconstitucionali-
dade. ADI 3.443 RTJ 196/552
Adm Regulamento n. 7/04-TJ/MA, art. 31, I e II: inconstitucionalidade. (...) Con-
curso público. ADI 3.443 RTJ 196/552
Adm Regularidade. (...) Processo administrativo. MS 22.127 RTJ 195/36
PrPn Reincidência. (...) Acórdão criminal. HC 83.509 RTJ 196/204
PrSTF Reintegração de posse contra indígena. (...) Recurso extraordinário. Pet
3.515-QO RTJ 196/166
PrPn Reiteração de prática criminosa. (...) Prisão preventiva. HC 84.761 RTJ
195/175
PrPn Reiteração: inocorrência. (...) Habeas corpus. HC 84.798 RTJ 196/621
PrPn Rejeição. (...) Denúncia. HC 84.653 RTJ 196/855
PrPn Rejeição. (...) Queixa. Inq 2.081 RTJ 196/467
ÍNDICE ALFABÉTICO — Rel-Rem 1341
S
Ct Salário mínimo. Reajuste. Índice. ADI 1.442 RTJ 195/752
Ct Salário mínimo. Valor insuficiente. Inconstitucionalidade por omissão par-
cial. ADI 1.442 RTJ 195/752
Pn Sanção civil e penal: cumulação. (...) Crime de desobediência. HC 86.047
RTJ 198/712
PrCv Saneamento: impossibilidade. (...) Agravo de instrumento. AI 496.967-AgR
RTJ 196/721
PrCv Saneamento: momento. (...) Processo. Rcl 2.370-AgR RTJ 196/484
Pn Secretário de juiz conduzindo a audiência. (...) Crime contra a honra. HC
85.629 RTJ 195/985
Ct Secretário de Estado. (...) Competência originária. Inq 2.051-QO RTJ 195/5
Adm Secretário de Estado: parâmetro. (...) Remuneração. RE 192.364 RTJ 198/752
PrPn Segundo “habeas corpus”: questão não apreciada. (...) Habeas corpus. HC
84.798 RTJ 196/621
1346 Seg-Sen — ÍNDICE ALFABÉTICO
Int Sistema de contenciosidade limitada. (...) Extradição. Ext 917 RTJ 197/803 –
Ext 936 RTJ 196/443
Adm Sistema previdenciário diverso. (...) Servidor público estadual. RE 255.827
RTJ 197/360
PrPn Situação objetivamente idêntica: inocorrência. (...) Habeas corpus. HC
84.409-AgR RTJ 195/149
Trbt Sociedade civil de profissão. (...) Contribuição social. RE 451.988-AgR RTJ
198/832
Ct Sociedade de economia mista. (...) PIS/Pasep. RE 369.252-AgR RTJ 195/1056
Adm Sociedade de economia mista. Prestação de serviço público. Metrô/SP.
Penhora: suspensão. Princípio da continuidade do serviço público. CPC/73,
art. 678. CF/88, art. 173, § 1º, II. AC 669 RTJ 198/441
Ct Sociedade de economia mista: criação. (...) Processo legislativo. ADI 2.750
RTJ 195/19
Pn Sonegação fiscal: desvinculação. (...) Falsidade ideológica. HC 80.801 RTJ
196/192
PrPn Subprocurador-geral da República. (...) Processo criminal. HC 84.301 RTJ
197/1033
Adm Subsídio. Majoração. Ministro do STF. Associação Nacional dos Magistrados
da Justiça do Trabalho – ANAMATRA: ilegitimidade ativa. AO 1.230-AgR
RTJ 197/407
Adm Subsídio mensal e vitalício. (...) Pensão. RE 290.776 RTJ 195/1023
PrCv Substituição de ação direta de inconstitucionalidade. (...) Mandado de segu-
rança. MS 25.456-AgR RTJ 198/624
PrPn Substituição: decisão fundamentada. (...) Testemunha. RE 427.339 RTJ
196/703
Ct Substituição ou sucessão de prefeito: não-transmissão do cargo. (...) Compe-
tência legislativa. ADI 687 RTJ 198/452
Ct Substituição ou sucessão: irrelevância. (...) Mandato eletivo. RE 366.488
RTJ 196/665
Ct Substituição ou sucessão por juiz de direito: impossibilidade. (...) Município.
ADI 687 RTJ 198/452
Pn Substituição por internação sem prazo determinado: impossibilidade. (...)
Medida socioeducativa. HC 84.682 RTJ 197/611
Pn Substituição por outra de internação: impossibilidade. (...) Medida socioe-
ducativa. HC 85.503 RTJ 195/259
Pn Substituição por restritiva de direitos. (...) Pena. HC 84.988 RTJ 196/888 –
HC 85.744 RTJ 195/987
1352 Sub-Súm — ÍNDICE ALFABÉTICO
T
Trbt Tabela progressiva: correção monetária. (...) Imposto de Renda – IR. RE
415.322-AgR RTJ 196/677
Trbt Taxa. Iluminação pública, coleta de lixo e limpeza pública. Serviço público
indivisível e inespecífico. AI 500.920-AgR RTJ 196/1041
Trbt Taxa de Controle e Fiscalização Ambiental – TCFA. Ibama. Fato gerador:
poder de polícia. Base de cálculo: potencial de poluição. Princípio da
proporcionalidade. CF/88, art. 145, II. Lei n. 6.938/81, arts. 17-B, 17-C, 17-D
e 17-G, redação da Lei n. 10.165/2000. RE 416.601 RTJ 196/686
Trbt Taxa de expediente. Incidência. Prêmio do seguro DPVAT. Custo do serviço:
desproporcionalidade. Princípio da não-confiscatoriedade e da proporciona-
lidade: ofensa. ADI 2.551-MC-QO RTJ 198/508
Adm Televisão a cabo: distribuição de sinal. (...) Autorização. RMS 22.665 RTJ
198/584
PrPn Tempestividade. (...) Recurso. HC 83.915 RTJ 195/104
PrCv Tempestividade: prova. (...) Agravo de instrumento. AI 498.494-ED RTJ
196/352 – AI 525.293-AgR RTJ 196/724
PrPn Tempestividade: prova. (...) Apelação criminal. HC 70.119 RTJ 197/255
PrCv Tempestividade: reconsideração. (...) Agravo de instrumento. AI 495.880-
AgR RTJ 196/1037
PrSTF Tempestividade: verificação. (...) Recurso extraordinário. AI 498.494-ED
RTJ 196/352
Adm Tempo como juiz substituto: contagem. (...) Magistrado. MS 23.789 RTJ
195/926
Adm Tempo: cômputo. (...) Servidor público. RE 235.623 RTJ 195/639
PrSTF Tempo de serviço: contagem. (...) Recurso extraordinário. RE 394.677-AgR
RTJ 198/824
Adm Tempo de serviço: contagem recíproca. (...) Servidor público estadual. RE
255.827 RTJ 197/360
Adm Tempo de serviço na administração pública e na iniciativa privada: contagem
recíproca. (...) Aposentadoria. RE 229.348 RTJ 197/358
Adm Tempo de serviço: reconhecimento. (...) Serviço público. RE 400.896-AgR
RTJ 196/1021
Adm Tempo mínimo de serviço na administração pública. (...) Aposentadoria. RE
229.348 RTJ 197/358
Pn Tempo remido: perda. (...) Remição. HC 86.093 RTJ 197/1084 – HC 86.990
RTJ 198/241 – RE 140.541 RTJ 197/351
ÍNDICE ALFABÉTICO — Teo-Tít 1357
Adm Teoria do fato consumado: rejeição. (...) Cargo público. RE 381.204 RTJ
196/670
PrSTF Teoria dos frutos da árvore envenenada. (...) Recurso extraordinário. AI
503.617-AgR RTJ 195/363
PrPn Termo Circunstanciado de Ocorrência – TCO. Trancamento. Prevaricação:
não-configuração. Atipicidade da conduta. Delegado de polícia. Pequena
quantia em dinheiro: devolução a traficante. HC 85.910 RTJ 198/707
TrGr Termo de adesão: desconsideração. (...) Fundo de Garantia do Tempo de
Serviço – FGTS. RE 418.918 RTJ 195/321
PrPn Termo de audiência. (...) Instrução criminal. HC 70.231 RTJ 197/543
PrPn Termo de Audiência: motivação. (...) Instrução criminal. HC 86.711 RTJ
198/231
PrPn Termo de compromisso: falta de assinatura. (...) Defesa criminal. HC 70.175
RTJ 195/489
Adm Termo inicial. (...) Licitação. RMS 23.546 RTJ 198/140
Pn Termo inicial: dia do término da permanência. (...) Extinção da punibilidade.
HC 86.711 RTJ 198/231
Adm Termo inicial: recebimento. (...) Desapropriação. MS 24.484 RTJ 198/145
PrPn Tese examinada. (...) Apelação criminal. HC 84.560 RTJ 197/1056
PrPn Testemunha. Depoimento em CPI. Condição de investigado. Assinatura do
termo de compromisso: desobrigação. Direito ao silêncio. HC 83.703 RTJ
197/318
PrPn Testemunha. Júri: desaforamento. Substituição: decisão fundamentada.
Intimação para depoimento em Plenário: ausência. Princípio da ampla defesa:
ofensa inocorrente. RE 427.339 RTJ 196/703
Adm Teto constitucional. (...) Remuneração. MS 24.527 RTJ 195/51 – RE
174.742 RTJ 198/735 – RE 215.612 RTJ 198/761
Adm Teto constitucional: exclusão. (...) Vantagem. AI 242.946-AgR RTJ 198/
370 – RE 254.602 RTJ 195/654
Adm Teto estadual. (...) Remuneração. RE 192.364 RTJ 198/752
Adm Teto estadual inferior ao federal: possibilidade. (...) Remuneração. RE
192.364 RTJ 198/752
Adm Titular: efetivação. (...) Cartório de notas e registro. ADI 3.519-MC RTJ
196/557
PrCv Título da Dívida Agrária – TDA. (...) Mandado de segurança. RMS 24.613-
AgR RTJ 195/60
1358 Tít-Tra — ÍNDICE ALFABÉTICO
Ct Trânsito. (...) Competência legislativa. ADI 2.432 RTJ 195/431 – ADI 2.796
RTJ 196/491 – ADI 2.819 RTJ 197/834 – ADI 2.928 RTJ 195/33 – ADI 3.254
RTJ 196/500 – ADI 3.323 RTJ 196/797
Ct Trânsito e transporte. (...) Competência legislativa. ADI 3.136 RTJ 198/912
PrSTF Trânsito em julgado da decisão reclamada. (...) Reclamação. Rcl 2.795-AgR
RTJ 198/909
PrPn Trânsito em julgado: inocorrência. (...) Sentença condenatória. HC 84.802
RTJ 197/621
Adm Trânsito em julgado: necessidade. (...) Servidor público. RMS 24.699 RTJ
195/64
Pn Trânsito em julgado: termo inicial. (...) Pena. HC 84.741 RTJ 196/868 – HC
84.859 RTJ 195/520 – HC 85.289 RTJ 195/241
Int Trânsito: excesso de velocidade. (...) Extradição. Ext 900-extensão RTJ
196/35
Ct Transporte coletivo urbano: vedação de gratuidade. (...) Competência
legislativa. ADI 2.349 RTJ 197/172
Adm Transposição de cargo. (...) Servidor público estadual. ADI 3.332 RTJ 196/155
PrSTF Traslado. (...) Agravo de instrumento. AI 515.168-AgR-ED RTJ 196/1047
PrCv Traslado de peça: autenticidade. (...) Agravo de instrumento. AI 466.032-
AgR RTJ 195/720
PrCv Traslado deficiente. (...) Agravo de instrumento. AI 179.560-AgR RTJ 195/
281 – AI 498.494-ED RTJ 196/352 – AI 525.293-AgR RTJ 196/724 – AI
549.756-AgR RTJ 196/358
Int Tratado Brasil—Argentina. (...) Extradição. Ext 972 RTJ 197/812
Int Tratado Brasil—Chile. (...) Extradição. Ext 855 RTJ 196/403
Int Tratado Brasil—Estados Unidos da América. (...) Extradição. Ext 915 RTJ
196/43 – Ext 939 RTJ 195/393 – Ext 944 RTJ 197/384
Int Tratado Brasil—França. (...) Extradição. Ext 917 RTJ 197/803
Int Tratado Brasil—Itália. (...) Extradição. Ext 923 RTJ 196/52 – Ext 936 RTJ
196/443 – Ext 973 RTJ 196/757
Int Tratado Brasil—Paraguai. (...) Extradição. Ext 925 RTJ 197/18 – Ext 947
RTJ 196/64
Int Tratado Brasil—Portugal. (...) Extradição. Ext 787-extensão RTJ 198/850 –
Ext 976 RTJ 198/11 – Ext 977 RTJ 198/21
Int Tratado Brasil—Suíça. (...) Extradição. Ext 900-extensão RTJ 196/35
1360 Tra-Tri — ÍNDICE ALFABÉTICO
U
Ct União Federal. (...) Bem público. ACO 640 RTJ 198/437
Ct União Federal. (...) Competência. ADI 2.639 RTJ 198/536
Ct União Federal. (...) Competência legislativa. ADI 106 RTJ 196/3 – ADI 687
RTJ 198/452 – ADI 2.257 RTJ 195/16 – ADI 2.432 RTJ 195/431 – ADI 2.796
RTJ 196/491 – ADI 2.819 RTJ 197/834 – ADI 2.928 RTJ 195/33 – ADI 2.938
RTJ 197/452 – ADI 2.938 RTJ 197/452 – ADI 3.069 RTJ 197/485 – ADI 3.136
RTJ 198/912 – ADI 3.151 RTJ 197/889 – ADI 3.254 RTJ 196/500 – ADI 3.258
RTJ 195/915 – ADI 3.323 RTJ 196/797 – RE 313.060 RTJ 197/367
Ct União Federal. (...) Competência legislativa concorrente. ADI 3.098 RTJ
197/879
TrGr Unicidade sindical. Base territorial mínima: mitigação. Desmembramento:
viabilidade. CLT/43, arts. 570 e 571: recepção. CF/88, arts. 5º, XVII, e 8º, II.
RMS 24.069 RTJ 198/973
PrPn Uso de documento falso e estelionato. (...) Competência criminal. RE
135.243 RTJ 195/626
PrSTF Usurpação de competência do STF: inocorrência. (...) Reclamação. Rcl
3.366-AgR RTJ 196/158
Ct Utilização pelo Território de Roraima. (...) Bem público. ACO 640 RTJ
198/437
V
Ct Vaga de advogado. (...) Tribunal Regional Eleitoral – TRE. RMS 24.232
RTJ 198/143 – RMS 24.334 RTJ 195/456
Ct Vaga reservada ao Legislativo e ao Executivo: proporção. (...) Tribunal de
Contas estadual. ADI 397 RTJ 198/433 – ADI 3.361 RTJ 196/549 – ADI
3.361-MC RTJ 195/444
PrSTF Vale-refeição: reajuste. (...) Recurso extraordinário. RE 437.829-AgR RTJ
195/714
Trbt Valor adicionado: cálculo. (...) Imposto sobre Circulação de Mercadorias e
Serviços – ICMS. RE 253.906 RTJ 195/643
Ct Valor insuficiente. (...) Salário mínimo. ADI 1.442 RTJ 195/752
Adm Vantagem. Adicional por tempo de serviço: cálculo. Teto constitucional:
exclusão. Remuneração total: incidência. CF/88, art. 37, XI. AI 242.946-
AgR RTJ 198/370 – RE 254.602 RTJ 195/654
Adm Vantagem. (...) Servidor público estadual. ADI 554 RTJ 198/847
Adm Vantagem de caráter específico. (...) Proventos. RE 411.998 RTJ 196/1028
ÍNDICE ALFABÉTICO — Van-Ver 1363