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Eletrônica de Potência

 SENAI-SP, 2003

Trabalho organizado pela escola SENAI “Mariano Ferraz” do


Departamento Regional do SENAI-SP

Equipe responsável
Coordenação Geral Adelmo Belizário
Coordenação José Heroino de Sousa

Organização Paulo André dos Santos

Capa Fernando de Lima Szabo

Material adaptado da Apostila “ Eletricista de manutenção I - Eletricidade Básica – Teoria ”, SENAI-SP.

Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou processo. A
violação dos direitos autorais é punível como crime com pena de prisão e multa, e indenizações diversas
(Código Penal Leis No 5.988 e 6.895).

SENAI-SP Escola SENAI “Mariano Ferraz”


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Sumário

Tiristores 05
SCR 09
SCR em circuitos CA 17
Controle de SCR por UJT 23
TRIAC 31
Oscilador de Relaxação 41
Retificação Controlada 43
Retificação Controlada por circuito de disparo 59
Características de Máquinas CC 75
Controle eletrônico de Potência 81
Regime de funcionamento de conversores CC-CC 97
Circuitos Inversores Transistorizados 101
Circuitos Inversores com Tiristores 109
Controle de Tensão de Saída nos Inversores 112
Controle de Tensão e Freqüência nos Inversores 127
Bibliografia 137

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Esta página foi deixada em branco propositadamente.

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TIRISTORES

Introdução

Nesta unidade, iniciaremos o estudo dos dispositivos retificadores mais


comumente empregados em eletrônica.

Esses retificadores podem pertencer a dois grupos: o do retificador não


controlado (DIAC) e o dos retificadores controlados (SCR e TRIAC).

Esses retificadores são chamados de tiristores.

Tiristor é qualquer dispositivo semicondutor PNPN de quatro camadas. A


principal vantagem dos tiristores é o controle de grande quantidade de energia.

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Essa característica faz com que esses dispositivos sejam utilizados no controle
eletrônico de potência e na conversão de energia.

Nesta unidade inicial sobre os tiristores, vamos nos deter na constituição, a


utilização e o funcionamento do DIAC. Por isso, é desejável um prévio
conhecimento sobre diodos e transistores.

DIAC

DIAC é um dispositivo semicondutor de dois terminais, conhecido também


como diodo de comutação, ou diodo de corrente alternada.

Seu nome é uma sigla extraída da expressão em inglês “diodo AC”.

O DIAC é um diodo bidirecional constituído por quatro regiões estruturadas


como mostra a figura a seguir. Observe também seu símbolo.

A região P externa é chamada anodo 2. A região N externa é chamada de


anodo 1.

Utilização
O DIAC é utilizado basicamente na eletrônica de potência para disparar SCRs e
TRIACs.

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A tensão de disparo para a maioria dos DIACs pode variar entre 28V (mínimo) e
42V (máximo).

Funcionamento
O DIAC é um componente bidirecional, ou seja, para que ele dispare, não é
necessário saber de que lado a tensão é positiva (em relação ao outro lado).
A medida que a tensão sobre o DIAC aumenta, não há circulação de corrente
por ele até que a tensão de disparo seja atingida.
Nesse instante, o componente, que apresentava altíssima impedância, tem
essa impedância reduzida ao mínimo, o que permite uma intensa circulação de
corrente.
Essa corrente é limitada apenas pela resistência do circuito externo. Quando
isso acontece, o DIAC entra em condução.
Esse efeito cessa quando a corrente que circula no componente (ou a tensão
sobre ele) se aproxima de zero.
O circuito a seguir mostra um DIAC alimentado por uma corrente alternada
onde Ue é a tensão de alimentação, Id é a corrente do DIAC, Url é a tensão
sobre o resistor de carga, Ud é a tensão do DIAC.

Observe que no gráfico de Ud, enquanto a tensão de alimentação não atinge a


tensão de disparo, ela é crescente (positiva ou negativa). A partir da tensão de
disparo, a tensão sobre o DIAC é zero e toda a tensão fica sobre a carga.

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Curva característica do DIAC
A figura a seguir mostra a curva característica de um DIAC.

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SCR-DISPOSITIVO
RETIFICADOR CONTROLADO

Retificador controlado de silício

O SCR (do inglês, “silicon controlled rectifier”, ou retificador controlado de


silício) é o tiristor comumente empregado no controle de altas potências.

É um tiristor unidirecional. A figura a seguir mostra o símbolo e a representação


esquemática da estrutura de um SCR com suas quatro camadas e três
terminais: anodo (A), catodo (K) e gatilho ou “gate” (G).

O gatilho ou “gate” (portão, em inglês) é o terceiro terminal do SCR. Trata-se de


um eletrodo conectado a uma das regiões semicondutoras para controle de
corrente. Com baixos níveis de corrente de gate, é possível controlar altos
níveis de corrente de anodo.

Há SCRs de várias capacidades: os de baixa corrente que fornecem corrente


de anodo menor que 1A e os de alta corrente que permitem corrente de anodo
de centenas de ampères.

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O SCR de baixa corrente é parecido com um tiristor cujos três terminais estão
contidos em um invólucro hermeticamente fechado.

O SCR de alta corrente parece-se com o retificador de potência de silício, pois


também é montado em invólucro metálico para facilitar a dissipação de calor.

Funcionamento
O SCR funciona de modo idêntico ao de um diodo de quatro camadas (DIAC).
Porém enquanto o DIAC dispara quando atinge a tensão de disparo, e este
ponto não é controlado, o SCR permite o disparo no instante em que isso é
necessário. Isso acontece por meio de um pulso de corrente aplicado ao gate.
Uma vez que existe a circulação de corrente anodo-catodo, esta só cessará a
partir do ponto em que a corrente IAK estiver abaixo da corrente mínima de
manutenção (próxima de zero) ou a tensão anodo-catodo VAK estiver próxima
de zero.

O funcionamento do SCR é melhor compreendido a partir da análise do circuito


equivalente montado com dois transistores, como mostra a figura a seguir.

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Uma tensão positiva no gate polariza diretamente a junção base-emissor do
transistor NPN e satura-o, isto permite a passagem da corrente através do
coletor NPN (base do PNP).

Se o anodo do SCR for positivo (emissor PNP), a junção emissor-base PNP


será diretamente polarizada e saturará o transistor PNP.

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Depois de ligado, o transistor PNP supre o NPN com corrente de base.
Removidas a tensão e a corrente de gate, o SCR estará ainda em condução
devido ao ciclo: o NPN supre o PNP com corrente de base e, por sua vez, o
PNP supre o NPN com corrente de base.

O SCR continua operando até que a corrente anodo-catodo seja interrompida.


Isso ocorre em duas situações:
• Quando a tensão anodo-catodo (VAK) é gerada, ou
• Quando a corrente anodo-catodo (IAK) desce a valores inferiores ao da
corrente de manutenção (IH).
Regime de trabalho
O SCR é um tiristor extremamente sensível e pode ser facilmente danificado se
um de seus limites característicos for ultrapassado.
Constituído por junções semicondutoras, o SCR necessita de pouco tempo para
que a temperatura da junção atinja valores de fusão.
As características dos tiristores são especificadas em catálogos ou manuais
fornecidos pelo fabricante. A maioria dos parâmetros é dada em termos de
tensão ou de correntes.
Como exemplo, citamos alguns índices característicos que comumente
aparecem nos textos e catálogos dos fabricantes.
A, a = anodo
K, k = catodo
G, g = gate (porta)
D, d = estado bloqueado (“off-state”, “non-trigger”)
T, t = estado de condução (“on-state”, “trigger”)
H, h = sustentação do estado (“holding”)
(BO) = mudança de estado, ruptura (“breakover”)
Q, g = bloqueante (“turn-off”)
(TO) = limiar (“threshold”)
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Curvas características
A figura a seguir mostra uma curva característica de um SCR com o gate
aberto.

Quando o circuito anodo catodo estiver inversamente polarizado, ocorre uma


pequena corrente de fuga denominada corrente inversa de bloqueio (IDR). Essa
corrente permanece assim até que a tensão inversa de pico (VRM) seja
ultrapassada. Neste ponto, inicia-se a região de avalancha inversa e a corrente
aumenta rapidamente, danificando o SCR.

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Quando o SCR está diretamente polarizado, uma pequena corrente direta de
fuga (ou corrente direta de bloqueio - ID), permanece com baixo valor até que a
tensão de ruptura direta (VBO) seja alcançada. Inicia-se, então, a avalancha
direta.

Nesse ponto, a corrente atinge o nível de alta condução. A resistência anodo-


catodo torna-se pequena e o SCR atua como uma chave interruptora fechada.
Isso acontece mesmo sem a presença de uma corrente de gate.

Na região de condução direta, a tensão no SCR é muito baixa, pois quase toda
a tensão da fonte fica sobre a carga sem série com o retificador controlado de
silício.

Observação
É a resistência de carga que limita a corrente através do SCR a valores
adequados a sua especificação.

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Os dois estados de operação do SCR correspondem aos estados ligados e
desligado do interruptor.

Quando a tensão aplicada ao SCR abaixo do ponto de ruptura (VBO), ele não
conduz.

Se a tensão atingir um valor igual ou maior que o ponto de ruptura, o SCR será
acionado.

O SCR ficará em condução durante o tempo em que a corrente permanecer


acima do valor da corrente de manutenção IH. E deixará de conduzir quando a
tensão sobre o SCR cair para um valor insuficiente para manter esse valor de
corrente.

Controle de tensão de ruptura direta

O SCR pode ser disparado mesmo com uma tensão anodo-catodo abaixo da
tensão de ruptura. Para isso, é suficiente aplicar um pulso de gate, polarizando
diretamente a junção gate-catodo.

No circuito em que é empregado, o SCR deve ser disparado por meio de um


pulso de gate.

Quanto maior o valor da corrente do gate - respeitados os limites máximos


especificados pelo fabricante - menor será o valor da tensão de ruptura direta.
Nesta situação, o SCR se comporta como um retificador simples de silício.

Quando o SCR é levado ao estado de condução, a corrente do gate deixa de


ter efeito sobre a corrente de anodo. O SCR continua em condução até que a
tensão de alimentação de anodo seja removida e se interrompa a corrente de
anodo-catodo (IAK).

Se o SCR opera com corrente alternada, ele será levado ao corte durante a
alternância negativa de cada ciclo, quando o circuito anodo-catodo estiver
inversamente polarizado.

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Para se verificar, na prática, as características de controle do SCR, vamos
analisar o circuito a seguir.

Esse circuito permite controlar as tensões de anodo e do gate através das


fontes variáveis G1 e G2.
É possível determinar também o ponto do SCR referentes às várias correntes
de gate. Uma variação desse circuito pode ser obtida, substituindo-se a fonte
G2 por um divisor resistivo com potenciômetro.
Deve-se também utilizar um resistor para limitar o valor da tensão do gate a um
valor inferior ao especificado pelo fabricante.

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SCR EM CIRCUITOS
ALIMENTADOS POR CA

SCR em CA

O SCR, quando recebe um pulso no gate, e está funcionando com corrente


contínua, passa a conduzir entre anodo e catodo e só deixará de conduzir se
IAK = 0 ou VAK = 0, Caso contrário, ficará em constante estado de condução.
Na aplicação em corrente alternada, o SCR não poderá receber um pulso e
ficar permanentemente conduzindo. Isto acontece porque a cada ciclo, a
corrente elétrica alternada passa duas vezes pelo ponto zero e o componente é
polarizado inversamente em meio ciclo.

Observe que, caso o SCR esteja conduzindo no meio ciclo positivo, na


mudança para o meio ciclo negativo, a corrente de manutenção IAK fica abaixo
do valor mínimo, levando o SCR ao corte.

Para que o SCR permaneça sempre conduzindo, quando alimentado por CA, é
necessário que a cada meio ciclo positivo, o gate receba um pulso de disparo.

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Esse pulso deve ser fornecido por um circuito de disparo sincronizado com a
CA de alimentação.
Em função do sincronismo desse pulso, pode-se exercer um controle da forma
de onda sobre a carga. Isso permite que essa forma de onda possa variar de
zero ao máximo valor.
Nesse caso, onde é necessário exercer uma variação da tensão média sobre a
carga, os métodos de disparo mais usados são o controle por deslocamento
de fase e controle por UJT.

Deslocamento de fase

O controle do SCR por deslocamento de fase é um tipo de circuito que emprega


uma malha de defasagem com resistor e capacitor (RC).
Como podemos observar na figura a seguir, no circuito RC série em CA, uma
rede para deslocamento de fase é constituída por um resistor variável
(potenciômetro) e por um capacitor ligados em série.

A tensão de saída (ES) varia em relação à tensão de entrada (E) de zero até
aproximadamente 90º, dependendo do valor ajustado para o resistor R.
Considerando-se o valor do potenciômetro igual a zero, o circuito apresentará a
configuração mostrada a seguir.

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Nesse caso, a tensão de saída (ES) será a mesma tensão de entrada (E), e a
defasagem entre ambas é de 0º (zero grau).
A figura a seguir mostra a forma de onda do circuito onde EC está em fase e
com o mesmo valor de E. Portanto, uma forma de onda está sobreposta a
outra.

A medida que a resistência do potenciômetro é aumentada, insere-se mais


resistência em série com o capacitor. Isso provoca uma defasagem na tensão
sobre o capacitor. Quanto maior a resistência do potenciômetro, maior a
defasagem.

Quando o valor do potenciômetro for 20 vezes maior que a reatância capacitiva


(XC), a defasagem será próxima de 90º.

Como o valor ôhmico do potenciômetro é maior do que XC, a tensão total


também vai se dividir numa proporção muito maior para o potenciômetro do que
para o capacitor.
Na figura a seguir, tem-se o circuito elétrico e as formas de onda por ele
geradas. Pode-se observar que a tensão EC está defasada (em atraso) com
relação à tensão de entrada.

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Para concluir, adotamos a tensão do capacitor (EC) como tensão de saída (ES).
Então, variando o valor do potenciômetro de zero ao máximo, teremos uma
defasagem da tensão de saída variando de zero até próximo de 90º.

Controle do SCR por deslocamento de fase

Como vimos, anteriormente, há necessidade de uma tensão mínima de anodo-


catodo para que, sob uma determinada tensão de gate, o SCR dispare.

O gráfico a seguir mostra o gate alimentado com a tensão VGK em fase com a
tensão VAK. Mostra também a tensão mínima do gate necessária para dispará-
lo.

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No momento “t”, a tensão de alimentação do gate ultrapassa o valor mínimo de
VG, provocando com isso o disparo. Sobre a carga obtém-se, então, a seguinte
forma de onda:

Muitas vezes, é necessária uma faixa maior de controle do ponto de disparo do


SCR dentro de todo o semiciclo positivo (0 a 180º). Nesse caso, utiliza-se um
circuito deslocador de fase.

Esse circuito permite um deslocamento da tensão do gate VG em relação à


tensão anodo-catodo (VAK). Além disso, cria condições para alterar o momento
de disparo do SCR.

Através do circuito de deslocamento de fase que supre o gate do SCR, é


possível fazer com que VG se atrase em relação a VAK.

Com isso, a tensão mínima do gate Vgmin será ultrapassada em momentos


diferentes dentro dos 180º do semiciclo positivo.

No circuito a seguir, temos um controlador de disparo do SCR por


deslocamento de fase com um circuito RC. Esse circuito apresenta a
desvantagem de controlar apenas até 90º do semiciclo positivo.

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A malha RC propicia a tensão de disparo do gate do SCR e permite que, ao se
variar o valor do potenciômetro, haja um atraso da tensão presente no gate com
relação à tensão de entrada.

Porém, por causa dessa características esse controle, só pode ser exercido até
90. Para que se controle os 180 do semiciclo positivo, é necessária a
introdução de um DIAC no circuito.

Sua otimização é obtida acrescentando-se ainda mais um resistor e um


capacitor que permitem a estabilização do circuito.

Esse circuito permite controlar cargas alimentadas por CC com tensão variável.
É um circuito retificador de meia onda.

Para uma carga que necessite funcionar com onda completa, utiliza-se o
artifício de retificar a tensão alternada através de uma ponte retificadora e
entregar esta corrente contínua ao circuito do SCR e da carga.

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CONTROLE DE SCR POR UJT

Transistor de unijunção (UJT)

A sigla UJT vem da expressão em inglês “unijunction transistor”, que quer dizer
transistor de unijunção.

Ele é fabricado com uma barra de silício do tipo N, fracamente dopada com
uma junção PN. Apresenta três terminais: emissor (E), base 1 (B1) e base 2
(B2).

As bases B1 e B2 são ligadas nas extremidades da barra e o terminal do


emissor liga-se ao cristal P.

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Veja a seguir o esquema de construção de um UJT e sua representação
simbólica.

O UJT é encapsulado e tem a forma de um transistor comum. Entretanto, suas


características elétricas são completamente diferentes, como veremos mais
adiante. É interessante notar que o UJT é um gerador de pulsos estreitos de
alta potência e de curta duração. Assim sendo, pode ser usado tanto em
circuitos de chaveamento quanto osciladores.

Constituição e características do UJT


Na figura a seguir, mostramos o esquema de um circuito equivalente
simplificado do UJT. Este circuito é usado somente para mostrar as
características e o funcionamento do UJT. Portanto, você não pode usá-lo para
substituir um UJT.

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Nesse circuito equivalente:
V é o diodo que representa a junção PN formada entre emissor-base;
VBB é a tensão de polarização aplicada entre as bases B1 e B2. Os limites
dessa tensão dependem das características de cada UJT, que são indicadas no
manual do fabricante.
VE é a tensão que se aplica à entrada do componente no qual VBB ) VE.
VV é a queda de tensão no diodo, formado pela junção PN, que é de 0,2 ou
0,6V.
Esses valores dependem do cristal empregado na fabricação do UJT (germânio
ou silício).
RBB é a resistência do cristal N entre as bases B1 e B2, representada pela
soma de RB1 e RB2. RBB é determinada pela dopagem e pela geometria da
barra de cristal N. Assim, para VE = 0, RBB terá um valor compreendido entre
4k e 10k.

Razão n (eta)
A razão n é uma das características do UJT fornecida pelo fabricante. Ela serve
para determinar a tensão de disparo do transistor. A razão n representa a
relação entre RB1 e RBB. Para calculá-la, emprega-se a seguinte fórmula:

RB1 RB1
n= =
RB1 + RB2 RBB

A razão n determinada pela geometria do UJT e depende da localização do


emissor em relação às bases B1 e B2. O valor de n varia entre 0,5 e 0,8.

Curva característica do emissor


A curva característica do emissor fornece a relação entre tensão e a corrente do
emissor.

Essa curva se caracteriza pelo ponto do pico (VP) e o ponto de vale (VV).
Indica também as regiões de corte, de saturação e de resistência negativa.

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Normalmente, a curva característica do emissor tem o formato mostrado a
seguir.

Região de corte
Observando a figura abaixo, vemos que no ponto de pico (VP), a inclinação da
curva característica do emissor é zero. Em Pontos à esquerda de VP, a junção
base-emissor 1 está inversamente polarizada e não há corrente de emissor.
Essa região é denominada de região de corte.

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Região de resistência negativa
De acordo com o gráfico a seguir, nos pontos à direita de VP, a junção está
diretamente polarizada. Nesse caso, há corrente de emissor.

No ponto de vale (VV), a inclinação da curva característica também é zero,


entre os pontos VP e VV, um aumento em IE é sempre acompanhado de uma
diminuição de VE. Essa região é denominada de região de resistência negativa.
Região de saturação
No gráfico a seguir, a região de saturação corresponde à região à direita de VV,
onde um aumento em IE é acompanhado de um aumento de VE.

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Polarização do UJT

Para que um UJT funcione, é necessário que a junção emissor-base esteja


polarizada diretamente. Quando o emissor atinge a tensão de pico (VP), a
resistência RB1 cai bruscamente.
Isso ocorre porque o emissor, nessa condição, injeta portadores na região RB1.
É o que mostra a figura a seguir.

A resistência RB1 varia inversamente em relação à corrente de emissor. Assim,


a condutividade de RB1 é uma função da corrente de emissor (IE). A esses
fenômeno dá-se o nome de modulação de condutividade.
O disparo do UJT é determinado pela tensão do ponto de pico, a qual pode ser
calculada através da fórmula:

VP = n (VBB + VV)
O esquema a seguir mostra um circuito típico de estabilização e polarização do
UJT.

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A base B2 do UJT é polarizada com potencial positivo em relação à base B1
com uma tensão VBB.
A junção do emissor deve ser polarizada inversamente e a tensão emissor-base
1 (VEB1 deve ser menor que VBB).
Observações
• Em caso de inversão da fonte, o UJT não sofre danos, apenas não dispara.
• Na polarização direta, os valores das resistências BB1D e RB2D são
pequenos e muito variados. Isso ocorre a resistência do diodo polarizado
depende diretamente da corrente que circula através dele.
• Na polarização inversa, os valores de resistência encontrados devem ser
infinitos, ou muito altos, se comparados com as outras medidas na
polarização direta, pois as junções de comportam como diodos.

Controle do SCR por UJT

O SCR também pode ser disparado a qualquer instante no ciclo com o auxílio
do UJT, empregado como oscilador de relaxação.
Este é o método mais empregado para circuitos de controle de disparo de
SCRs em equipamentos industriais.
A baixa dissipação de potência no gate, constitui-se na vantagem de se disparar
um SCR com um UJT. Isso é possível porque o UJT fornece pulsos de curta
duração, mas suficiente para disparar o SCR cujo gate permanece
desenergizado o restante do ciclo.

A figura a seguir mostra um circuito básico do UJT provocando o disparo de um


SCR. Os pulsos de tensão gerados pela oscilação do UJT atuam no gate.

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Esses pulsos são sincronizados com a tensão de entrada e permitem um
perfeito controle do semiciclo positivo variando o ângulo de disparo de zero a
180.
A freqüência de oscilação do circuito é variável através de R4, que é o
potenciômetro responsável pela alteração da constante de tempo RC (R3 + R4
e C).
Já que é possível controlar os pulsos no tempo, é possível também controlar o
instante de disparo do SCR em diferentes pontos da forma de onda que
alimenta o anodo.
A tensão responsável pelo disparo do gate é gerada pela corrente desenvolvida
sobre o resistor R1, que, por sua vez, é proveniente da descarga do capacitor.
Ela é formada por um pulso de curtíssima duração que, no osciloscópio
assemelha-se a uma agulha.

Para entender o que ocorre no circuito, basta observar as variações das formas
de onda em vários pontos do circuito em função de dois ajustes diferentes do
potenciômetro R4, conforme mostra a figura a seguir.

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TRIAC – TRIODO DE
CORRENTE ALTERNADA

TRIAC

Assim como o DIAC, o TRIAC é um tiristor bidirecional. A diferença entre um e


outro é que o TRIAC, tal qual o SCR, possui um terceiro terminal, através do
qual se faz o controle da corrente.

A figura a seguir mostra a representação esquemática de um TRIAC e seu


respectivo símbolo.

A potência do TRIAC é menor que 100A a 1kV. Por isso, ele é usado para
substituir o SCR em situações em que se necessita uma aplicação de baixa
potência, tais como controle de velocidade de pequenos motores, controle de
iluminação ou de temperatura.

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A figura a seguir mostra o circuito equivalente a um TRIAC, montado a partir de
dois SCRs.

Nesse circuito, quando o terminal T2 é mais positivo que T1, o SCR V1 fica
diretamente polarizado e V2, inversamente.
Nessa condição, o SCR está em condição de conduzir, desde que receba um
pulso em seu gate, enquanto V2 permanece em corte.

Se a polaridade da tensão aplicada for invertida, a situação se inverterá. Nesse


caso, o SCR passará à condição de polarização direta e, portanto, à condução;
e V1, por sua vez, estará inversamente polarizado ou em corte.

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Observação
Aos terminais (T) do TRIAC não se aplicam as denominações anodo e catodo,
mas usam-se os coeficientes 1 e 2 (T1 e T2) para designá-los.

Os terminais não podem ser invertidos porque, apesar de o circuito equivalente


apresentar dois SCRs, a construção do TRIAC difere do modelo.

O terminal T1 serve como referência para aplicações de pulsos de gate.

Curvas características do TRIAC


As curvas características do TRIAC apresentam um aspecto simétrico.

No esquema das curvas características, vemos que a condução do TRIAC


ocorre nos quadrantes I e III, desde que ao seu gate sejam aplicados sinais
disparadores.
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Estes sinais são positivos ou negativos, o que torna possível as seguintes
modalidades de funcionamento:

+ I - T2 positivo e gate positivo (Quadrante I)


- I - T2 positivo e gate negativo (Quadrante I)
+ III - T2 negativo e gate positivo (Quadrante
III)
- III - T2 negativo e gate negativo (Quadrante
III)

Os dispositivos fabricados atualmente são mais eficientes para as modalidades


+ I e – III. A eficiência é menor para a modalidade – I e muito pequena para a +
III. para estas modalidades (-I e + III), o TRIAC não deve ser usado.

Funcionamento
O TRIAC permanece em bloqueio enquanto não houver sinal no gate; e não
conduz se a tensão entre T1 e T2 não ultrapassa a tensão de ruptura (VBO).

Quando a tensão de ruptura é ultrapassada, o TRIAC entre em estado de


condução. A corrente que flui através dele é limitada apenas pela resistência do
circuito externo. Essa propriedade torna-o imune aos transientes elétricos,
dispensando o uso de dispositivos de proteção.
O disparo do TRIAC ocorre pela aplicação de sinal positivo ou negativo no gate.
O TRIAC pode ser acionado por corrente alternada, por corrente contínua, ou,
por fontes de pulsos, ou seja, transistor de unijunção, lâmpadas néon ou diodos
de disparo (DIAC).

No DIAC, ligado a um capacitor carregado, aparece uma resistência negativa


que provoca a descarga repentina do capacitor, o que constitui excelente fonte
de pulsos.

34
Circuitos com TRIAC

O TRIAC tem várias aplicações como veremos a seguir.

Comutador estático para corrente alternada


O circuito a seguir mostra a função do TRIAC em um comutador estático para
corrente alternada.

Nesse circuito, o TRIAC é disparado por um relé reed, que pode ser substituído
por outros elementos de controle, uma vez que a corrente que atravessa os
contatos do interruptor é mínima, com duração de microssegundos.

O controle do circuito pode, então, ser feito por termostato, interruptor a


pressão, microrrelés etc.

Variações:
a. Circuito disparado por uma fonte CC em qualquer polaridade.

35
b. Circuito disparado por sinal elétrico alternado de qualquer freqüência.

O circuito acima pode ser aperfeiçoado, se o transformador T1 for sintonizado


para responder apenas a determinadas freqüências. Assim, o circuito pode ser
usado em sistema de controle remoto, por exemplo.

Comando a distância
O circuito a seguir pode ser usado em sistemas que necessitem de pouca
potência e de baixa tensão no circuito de controle. Ele permite ligar, à distância,
equipamentos ou conjuntos de lâmpadas como os usados para evitar choques
ou prevenir incêndios.

Esse circuito utiliza um pequeno transformador para isolar magneticamente o


circuito de potência do TRIA do circuito de disparo do gate.

O enrolamento N1, de maior tensão, fica ligado ao gate do TRIAC; e o


enrolamento N2, de menor tensão, ao interruptor S1.

Quando S1 é fechado, uma baixa impedância é refletida no enrolamento N1, o


que provoca um aumento de corrente. O aumento de corrente provoca também

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aumento de tensão sobre R1 que, ao atingir o ponto de comutação do TRIAC,
dispara-o e alimenta a carga.

Observação
R1 deve ser ajustável. Para evitar disparos acidentais, deve-se ajustar R1 para
o valor máximo, mantendo o TRIAC em corte S1 aberta.

Controle de temperatura
O circuito a seguir serve para controlar temperatura automaticamente. É um
circuito de baixo custo e de alta precisão, empregado para regular a
temperatura de fornos, estufas, aquecedores, depósitos de líquidos.

O termistor R2 é o elemento sensor de temperatura e deverá apresentar


resistência de 5kM na temperatura de operação.

R3 incorpora o circuito como dispositivo de controle de estabilidade, evitando,


desse modo, variações contínuas entre as temperaturas máxima e mínima. O
ajuste de R3 proporciona satisfatória estabilidade, qualquer que seja a
temperatura desse dispositivo.

Comutador por controle de fase


Outro exemplo de aplicação do TRIAC é em um circuito de um comutador de
CA por controle de fase.

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Neste circuito, o controle de fase é realizado pelo resistor R1 com o capacitor
C1.
Ao ligar o circuito, é necessário elevar gradativamente o valor de R1 até que a
corrente que circula por ele seja suficiente para carregar o capacitor C1 ao
ponto de disparo do DIAC.

Ao disparar, o DIAC leva o TRIAC à condução. A tensão sobre o capacitor C1


cai rapidamente até zero.

No semiciclo seguinte, o capacitor começa a se carregar no sentido contrário


para disparar o DIAC e o TRIAC.

A partir do segundo ciclo, com a descarga rápida do capacitor e a inversão da


polaridade da fonte, o disparo do DIAC acontece com um ângulo menor. Em
conseqüência, haverá maior queda de tensão sobre a carga. A diminuição
dessa tensão só ocorrerá se o valor do resistor R1 for reduzido.

Esse circuito apresenta o inconveniente de, no momento em que é ligado, não


permitir a obtenção de níveis baixos de tensão. Isso se deve à assimetria dos
disparos do DIAC e do TRIAC, como também pelo efeito de histerese do
capacitor.

Variações do circuito por controle de fase


O circuito a seguir é o chamado circuito com duas constantes de tempo,
largamente empregado no controle de iluminação (“dimmer”) ou no controle de
velocidade de pequenos motores (furadeiras, ventiladores, liquidificadores).
Observe que foi colocado um resistor em série com o DIAC para evitar
descarga rápida do capacitor. Colocou-se também em segundo capacitor.

38
C1, L1, C2 e R1, colocados à entrada do circuito, constituem um filtro que evita
as interferências na rede, devido à rapidez de comutação do TRIAC.

R4 e C4 têm a função de diminuir o efeito da histerese.

Funcionamento
Com o disparo do DIAC, C4 descarrega-se rapidamente. C3 mantém-se
carregado, pois o resistor R4 dificulta sua descarga instantânea e aumenta a
constante de tempo RC.

Quando o DIAC deixa de conduzir, o capacitor C3 – carregado com tensão


maior que C4 – transfere parte de sua carga para C4 e a simetria dos disparos
do TRIAC permanece constante em todos os ciclos.

Com este circuito é possível ligar, por exemplo, uma lâmpada com
luminosidade mínima, ou seja, obtém-se níveis baixos de tensão na carga.

Com uma pequena alteração desse circuito, é possível fazer também um


controle automático de iluminação. Através dele, regula-se a intensidade
luminosa de uma lâmpada conforme a luminosidade do ambiente.

39
O LDR (do inglês “light dependent resistor”, que quer dizer resistor que
depende da luz), por ser um sensor de luz, varia a resistência de acordo com a
intensidade da luz do ambiente.

No escuro, a resistência é elevada. Quando o ambiente fica claro, a resistência


diminui
e não permite que o capacitor C se carregue o suficiente para disparar o DIAC.
Este, por sua vez, não aciona o TRIAC. Em conseqüência disso, a lâmpada é
desligada ou a luminosidade por ele emitida é reduzida.

Observação
A presença do LDR quase não altera o funcionamento do circuito.

40
OSCILADOR DE RELAXAÇÃO

UJT como oscilador de relaxação

O oscilador de relaxação é um circuito multivibrador no qual a freqüência é controlada


pela carga ou descarga de um indutor ou capacitor através de um resistor.

A figura a seguir mostra um circuito típico de oscilador de relaxação em que se utiliza o


UJT. Mostra também as formas de ondas por ele geradas, nos pontos A e B.

No circuito, o resistor R1 tem duas funções: fornecer pulsos de tensão na saída do


oscilador e limitar a corrente de descarga do capacitor e assim proteger o UJT.
O resistor R2 estabiliza termicamente o UJT, por meio da variação da tensão.

Funcionamento
O período de oscilação do circuito pode ser dividido em dois intervalos:
• No primeiro, o UJT está em corte e o capacitor se carrega com a constante de
tempo RC;
• No segundo, o transistor está saturado e capacitor se descarrega através do diodo
e da resistência R1.
41
Assim, quando S é acionada, o capacitor C começa a se carregar através de R, até
atingir a tensão de disparo VP dada por:
VP = VBB + VV

O disparo provoca a redução da resistência entre o emissor e a base 1 (RB1). C é


descarregado através de um agudo pulso da corrente que flui entre emissor e B1,
limitado por R1. Quando a tensão VE cai e atinge a tensão de vale, o UJT entra em
corte e o ciclo se repete.

A forma serrilhada da onda A é causada pela carga relativamente lenta do capacitor e


sua descarga muito rápida.

A forma de onda no ponto B corresponde a um pico de tensão provocado pela


descarga rápida de C através de R1. O período da forma de onda de saída do oscilador
de relaxação com UJT pode ser determinado utilizando a seguinte fórmula:

1
T = RC 1
1- ƒ

Como a freqüência é o inverso do período, temos:

1
ƒ=
RC

42
RETIFICAÇÃO CONTROLADA

Retificador trifásico de meia onda (um caminho)

Esse tipo de retificador aproveita apenas uma alternância do ciclo da CA e tem


um retificador em cada fase. Por causa disso, é mais eficiente que os
retificadores monofásicos. Veja a seguir esse tipo de retificador e respectiva
forma de onda.

Os principais valores desse tipo de circuito são:


• Valor médio da tensão na carga
Vcmed = 0,827Cmax
• Valor médio da corrente na carga
VC max
ICmed = 0,827 .
R
• Tensão de pico inversa de um diodo – igual à tensão de linha, ou seja:

43
Vinv = VDmax = 3 . VSmax
• Valor médio da corrente direta no diodo
1 0,827 VC max
IDmed = . VCmed = .
3 3 R
• Valor eficaz da corrente direta no diodo
ID max
IDef =
3

Retificador trifásico de onda completa (dois caminhos)

O retificador trifásico de onda completa em ponte (ou de dois caminhos) utiliza


as duas metades (positiva e negativa) do ciclo da CA da entrada.

Esse circuito é um dos mais usados na indústria para retificação de alta


potência.

Os principais valores desse circuito são:


• Valor médio da tensão na carga
VCmed = 0,95 . 3 . VFasemax = 1,65 . VFasemax. corrente média nos diodos
VCmed
IDmed =
R

44
• Corrente eficaz direta nos diodos
Im ax
IDef =
3
• Tensão de pico inversa nos diodos
VPinv = VDmax = 3 . VSmax

Retificador monofásico controlável e semicontrolável em ponte

Os conversores controláveis e semicontroláveis transformam CA em CC por


meio de tiristores (SCRs). Estes permitem a passagem da corrente somente em
um sentido, o que permite o controle dos níveis de tensão.

No retificador semicontrolável, dois dos diodos são substituídos por SCRs.


Como, em cada semiciclo, para haver tensão na saída deve haver a condução
de um SCR e de um diodo, para controlar a tensão média de saída, basta
controlar o ponto de disparo dos SCRs.

No retificador monofásico controlável em ponte, os quatro diodos são


substituídos por SCRs e o funcionamento é o mesmo que o da ponte comum
com diodos.

A variação da tensão média sobre a carga é conseguida porque os SCRs só


conduzem a partir do momento em que seus gatilhos recebem um sinal de
disparo.

45
Veja a seguir o circuito com as respectivas formas de onda para uma carga
resistiva.

Observando-se as formas de onda, vê-se que os pulsos para o disparo dos


SCRs acontecem com = 60, depois que o anodo torna-se positivo. Com

46
isso, tensão e corrente aparecem na carga e só desaparecem após a tensão da
ponte inverter seus sinal (semiciclo negativo).
Vamos ver agora como são as formas de onda do circuito se a carga conectada
à saída da ponte for indutiva.

Ao analisar as formas de onda, observa-se que existe diferença em relação às


formas de onda apresentadas anteriormente. A diferença está no tempo de
condução de cada SCR.

Mesmo que a tensão de entrada já tenha passado para o simiciclo negativo, o


tiristor ainda continua conduzindo. Isso se explica devido à indutância que se
opõe às variações de corrente e à energia armazenada pelo indutor que

47
desenvolve uma fcem. A forma de onda na carga aparece como uma tensão
negativa sobre a carga.

O caso exemplificado possui valores de, L e R de tal ordem que, no circuito, um


tiristor pára de conduzir antes que o seguinte inicie a condução.

Para casos em que o tiristor é disparado antes do anterior entrar em corte, o


gráfico da tensão e da corrente sobre a carga passa a ser o seguinte:

Observação
Quando um tiristor é disparado com o anterior ainda conduzindo, este pára de
conduzir, pois uma corrente em sentido contrário e que o bloqueia, tende a
circular.

Se o valor da indutância da carga for bastante alta, podemos considerar a


circulação da corrente de forma contínua como é mostrado a seguir.

Quando a carga do conversos for um motor de CC, este exige um regime


contínuo de alimentação. Se o circuito não oferecer tal condução por apresentar

48
combinações de L/R e tais que o regime não seja contínuo, indutores são
adicionados no ramo da carga até que um regime contínuo seja conseguido.
Nessas condições, a tensão média na carga será:

2 VR max
VCmed = . cos α
π

2 VR max
Se ∝ = 0< então cos = 1 e VCmed =
π

π
Se ∝ = , então cos ∝ = 0 e VCmed = 0
2

Se ∝ π , então cos ∝ 0 e VCmed 0

A variação do ângulo de disparo de 0 a 180 faz a tensão média (VCmed)


assumir valores positivos e negativos. Se Vcmed 0, a potência (E . I) é
positiva indicando que a carga recebe potência da linha através do retificador (0
( ( /2). Nesse caso, o circuito é retificador.
Se VCmed ( 0 ( π /2 ∝ π ), o produto E . I é negativo pois I continua no
mesmo sentido devido ao sentido de condução dos tiristores. Assim, a carga
envia potência à linha através do retificador e o circuito é chamado de inversor.

Tipos de circuitos semicontrolados

Os circuitos semicontrolados que são construídos com tiristores e diodos,


podem ser balanceados ou desbalanceados.
A ponte semicontrolada balanceada tem somente um lado controlado.

49
Observação
Para cargas altamente indutivas, existe a tendência de Q1 e D2 permanecerem
em condução. Se D2 continuar conduzindo, isso levará D4 à condução e D2 ao
bloqueio.
Com D1 e D4 em condução, a carga seria curto-circuitada e a tensão de saída
(VO) é igual a zero neste trecho. Como existe energia armazenada na
indutância da carga, esta mantém a corrente circulando pela carga. Com Q3 e
D2 ocorre algo semelhante.
Para evitar a condução simultânea de Q1-D4 ou Q3-D2 e permitir que um dado
SCR recupere a sua condição de bloqueio antes do disparo do outro SCR, é
comum conectar-se um diodo de retorno, (roda livre ou diodo volante) em
antiparalelo com a carga.

Em carga indutiva, a ponte balanceada tem a vantagem de permitir que a


corrente de carga continue fluindo através dos diodos após o corte de condução
dos tiristores até que a energia armazenada no indutor seja consumida.

A ponte desbalanceada tem somente um ramo da ponte controlado, como


mostra a figura a seguir.

50
Este circuito tem a vantagem de, em carga indutiva, permitir que a corrente
continue fluindo através dos diodos após o corte da condução dos tiristores até
que a energia armazenada no indutor seja consumida.

Observação
Quando a potência da carga ultrapassa cerca de 2kw, é conveniente utilizar
retificadores trifásicos.

Retificador trifásico controlado de meia onda

O retificador trifásico controlado de meia onda é construído de forma


semelhante ao retificador não-controlado. A diferença está na utilização de
tiristores em lugar dos diodos.

Com isso, consegue-se uma variação da tensão média de saída, variando-se o


ângulo de disparo dos tiristores. Esse circuito retificador é mostrado a seguir.

Tomando-se o tiristor com tensão de anodo mais positiva do que a dos outros
tiristores, ele pode ser disparado de 0 a 180. A referencia (0) para o disparo é o
ponto de cruzamento entre as fases (ponto de comutação natural) onde a fase
começa a ser positiva em relação às outras.

51
O disparo se dá dentro da faixa de 0 até 180 em qualquer ponto desejado. Veja
gráfico a seguir.

Para cargas resistivas, o circuito funciona como retificador de 0 até 180º. Para
cargas indutivas, o circuito funciona como retificador se o ângulo de disparo
estiver entre 0 e 90º (0 ( ( /2).

Se o ângulo de disparo estiver entre 90º e 180º ( /2 (( ) o circuito funciona


como inversor.

Isso pode ser comprovado, calculando o valor médio da tensão na carga para
valores de ∝ 90º. O resultado da tensão será negativo e como a corrente
continua no mesmo sentido, a potência será negativa, ou seja, a carga fornece
potência para a rede.
VCmed = 0,827VCmax cos

Para ∝ = 120º, temos:


VCmed = 0,827 . VCmax (- 0,5)
VCmed = - 0,4135 VCmax

A seguir são mostradas as formas de onda para o retificador trifásico com carga
resistiva e com carga indutiva disparados com ângulo de 30 e 60
respectivamente.

52
No retificador trifásico de meia onda, a tensão reversa máxima em cada SCR
será igual `tensão de linha = 3 . VF.

53
Veja a seguir a forma de onda da tensão reversa nos SCRs quando o retificador
estiver operando com ∝ = 30º.

Retificador trifásico em ponte

O circuito retificador trifásico controlado em ponte é um dos mais usados na


indústria, principalmente em acionamentos de máquinas de corrente contínua
de grande potência.

O circuito desse retificador é montado substituindo-se os diodos do retificador


não-controlado por tiristores.

54
Assim, consegue-se uma variação da tensão média de saída variando o ângulo
de disparo dos tiristores. Veja circuito a seguir.

O retificador trifásico controlado em ponte também opera como inversor,


quando conectado a cargas indutivas. A tensão média das saídas é dada pela
seguinte relação:

6
VC = VCmax cos = VCmed cos
2

As formas de onda a seguir mostram as três fases, os pulsos de disparo dos


SCRs para um ângulo = 0, os períodos de condução dos diodos e a tensão de
saída na carga.

55
Os tiristores 1 e 6 são inicialmente envolvidos na condução de corrente através
dos pulsos de disparo. O próximo pulso dispara o tiristor 2 que corta a corrente
do tiristor 6 porque nesses instante seu potencial de catodo é menor que o do
tiristor 6. Isso pode ser observado nas curvas da tensão de fase.
Esse processo de comutação é repetido a cada 60º de acordo com a lógica da
condução.
Observação
O ângulo de condução de cada tiristor é 120º.

Para a próxima tensão de saída, os tiristores são disparados nos pontos


coincidentes com o cruzamento das tensões de fase. Esse ponto é o ponto de
referência do ângulo de disparo e é definido por ∝ = 0º.
Aumentando-se o ângulo de disparo α , diminui-se a tensão CC média na
carga.
Durante o disparo do tiristor 2 e o corte do tiristor 6 ocorre também um pulso de
disparo (pulso de confirmação) no tiristor 1 para garantir que ele continue
conduzindo a corrente de carga e do tiristor 2.
O pulso de confirmação é de máxima importância no início de funcionamento
do circuito ou se existir alguma falha pois, nesse caso, existe a necessidade de
se disparar dois SCRs simultaneamente.

No retificador trifásico totalmente controlado, a tensão reversa máxim sobre


cada tiristor é igual à tensão da linha que o alimenta.

A forma de onda da tensão reversa quando os tiristores são disparados em ∝ =


30º é mostrada a seguir.

56
Retificador trifásico semicontrolado em ponte (ou híbrido)
O controle da tensão média na carga também pode ser conseguido com um
retificador trifásico semicontrolado em ponte montado a partir de 3 SCRs e 3
diodos como mostra o circuito a seguir.

Nesse tipo de circuito, a ondulação na carga é maior que no circuito trifásico


totalmente controlado. Porém, ele tem algumas vantagens, que são:
• É mais barato;
• Necessita de disparo mais simples;
• Não apresenta problemas na partida, pois apenas em SCR é disparado e
não dois como no retificador totalmente controlado.

Comutação dos SCRs

Teoricamente, a comutação de um tiristor para outro ocorrre sem retardo.


Todavia, existem indutâncias no circuito (transformadores, reatores de
comutação, cabos) que impedem uma variação abrupta da corrente.

Assim, durante a comutação, haverá dois tiristores conduzindo ao mesmo


tempo, um que está finalizando o outro que está iniciando o período.

57
Desta forma, através dos dois tiristores haverá um curto-circuito entre os
catodos. Consequentemente, entre os catodos circulará uma corrente contrária
no tiristor em final de condução.

Quando as correntes se anulam, um tiristor bloqueia e o outro já está


conduzindo.

Veja esse curto-circuito mostrado esquematicamente a seguir.

58
RETIFICAÇÃO CONTROLADA -
CIRCUITOS DE DISPARO

Circuito de disparo tipo rampa com amplificador operacional

Uma forma de disparar um retificador controlado é através dos circuitos amplificadores


operacionais. Veja na ilustração a seguir um circuito típico para a geração de pulsos de
disparo dos SCRs que formam o retificador controlado.

Funcionamento
Para explicar o funcionamento desse circuito, vamos dividi-lo em três blocos e analisa-
los separadamente.

59
Bloco A
A entrada não-inversora liga-se à massa. Na entrada inversora é colocada a tensão da
rede, a qual é isolada por um transformador. Essa é a tensão de sincronismo para o
momento de disparo do SCR.

A forma de onda de saída do bloco A é quadrada, sincronizada e invertida em relação à


rede, conforme mostra a figura a seguir.

Bloco B
No bloco B está situado o integrador somador, cujas entradas são formadas pelos
sinais de saída do bloco A e pelo nível CC positivo. Esse nível é determinado pelo
ajuste do potenciômetro R6.

Como resultado da integração da forma de onda quadrada com o nível CC positivo,


temos uma rampa dentro do semiciclo positivo da senóide na saída do bloco B. Por
outro lado, a integração do semiciclo negativo é desviada pelo diodo (V1) em paralelo
com o capacitor C1.

60
A onda na saída do bloco B tem a forma de dente de serra e está sincronizada com a
rede conforme mostra a figura a seguir.

Bloco C
No bloco C, o amplificador operacional funciona como comparador. A entrada inversora
do operacional liga-se à massa. Por sua vez, o sinal de entrada, na entrada não-
inversora, é a soma da onda dente de serra que provém do bloco B e o nível contínuo
(tensão de referência) vindo de um potenciômetro (Rs).

Essa soma vai determinar o ponto de disparo do SCR.

61
Para entender como funciona o circuito no bloco C, mostramos a seguir a forma de
onda para dois diferentes ajustes de nível de CC.

• Ponto A
Se o valor do nível contínuo ajustado for baixo (primeiro nível de CC), o pulso de saída
ocorrerá no final do semiciclo positivo. Isso provoca o disparo do SCR no final do
semiciclo e libera uma baixa potência para a carga.

62
• Ponto B
Se o valor contínuo for maior (segundo nível), o pulso ocorrerá logo no início do
semiciclo positivo. Isso faz o SCR disparar e, como conseqüência, libera maior
potência à carga. Dessa forma, é possível regular o ângulo de disparo dos tiristores,
regulando a potência enviada à carga.

Para garantir o disparo do SCR, o circuito descrito pode ser melhorado. Isso é feito
quando se modula o pulso de saída do comparador do bloco C por meio de um
transistor e de um multivibrador astável. Desse modo, ao invés de apenas um pulso,
temos um trem de pulsos que garante o melhor funcionamento do transformador que
interliga o bloco C ao gate do SCR.

Com a utilização de três circuitos semelhantes a este, é possível montar um retificador


trifásico controlado com a seguinte alteração: substituem-se os três potenciômetros
que determinam o ponto de disparo do SCR por um único potenciômetro que
controlará os disparos das três fases.

63
TCA 780 - PPO

Outra maneira de se obter um circuito de controle de pontes trifásicas semicontroladas


ou totalmente controladas é utilizando o TCA - 780.

O TCA 780 é um circuito integrado analógico, monolítico desenvolvido para controlar o


ângulo de disparo de tiristores, TRIACs e transistores de forma contínua de 0 a 180º. É
um CI que possui 16 pinos e consome potência mínima para o seu funcionamento.

Características
As principais características do TCA 780 são:
• Amplo campo de aplicação graças à possibilidade de controle externo;
• Operação em circuitos trifásicos, utilizando-se três CIs.
• Compatibilidade com LSL (lógica digital de alta imunidade a ruído);
• Duas saídas com corrente de disparo de 55mA;
• Duas saídas adicionais complementares;
• Duração do pulso de disparo determinado por um capacitor externo;
• Detecção de passagem de tensão de 0V;
• Utilização como “chave de ponto zero” e conversor tensão/freqüência;
• Possibilidade de inibição dos pulsos de disparo;
• Faixa de tensão de alimentação de 8 a 18V;
• Consumo interno de corrente de apenas 5mA.

64
Dados técnicos
A figura a seguir mostra o diagrama de blocos do TCA - 780.

A tensão de alimentação CC no pino 16 deve estar na faixa entre 8 e 18V.


A tensão de sincronização é aplicada ao pino 5.

Sincronizadas com os “zeros” em 0 e 180º, existem duas rampas, uma para cada semi-
período, de tal forma que o início é sempre no começo do semi-período e o final no seu
término.

65
Esta rampa é gerada por uma fonte de corrente cuja amplitude é controlada por uma
resistência R9, conectada ao pino 9 do TCA. O capacitor que é conectado no pino 10
limita a inclinação da rampa.

A tensão de controle ou referência (VRef) é introduzida no pino 11. Essa tensão,


juntamente com a tensão do capacitor no pino 10 é levada ao comparador.

Quando a tensão do capacitor é maior que a tensão de referência, a saída do


comparador muda do nível alto (+) para o nível baixo (-), produzindo um pulso no pino
15 (A2). Se a tensão de sincronização for positiva, o pulso é produzido em A2; se for
negativa, é produzido em A1.

A largura desse pulso é controlada por um capacitor externo, conectado ao pino 12 do


TCA.

66
Quando a tensão de rampa, no capacitor do pino 10, atinge o valor máximo, é dado um
comando para que o transistor de descarga entre em condução, permitindo a descarga
do capacitor para que se inicie um novo semiciclo para a rampa.

O ângulo de disparo é o atraso entre a subida do pulso em A1 ou A2 e o respectivo


“zero” da tensão de sincronização.

Observação
Variando-se VRef, varia-se o ângulo de disparo.

Caso se deseje a inibição das saídas A1 e A2, o pino 6 deve ser conectado à terra via
um transistor NPN.

As saídas dos pinos 2 ( A 2 ) e 4 ( A 4 ) são os complementares lógicos de A2 e A1,


respectivamente. Dependendo da lógica, podem atuar diretamente para a geração do
pulso do temporizador.

O pino 7 fornece a saída Z que é igual a A 1 + A 2 .

67
A saída no pino 3 (tensão no pino U3) está defasada de 180º da tensão Z do pino 7.

A corrente de entrada do pino 5 pode variar de 1,5µA a 200µA e a tensão é 2 vezes


a tensão de alimentação do CI.

A corrente de fonte que vai carregar o capacitor (Ic) deve ser de, no máximo, 100µA.

O valor máximo da tensão de controle do pino 11 (V11 = VRef) é VS é a tensão de


alimentação do conversor CC-CC do pino 16. Adotando-se VS de 12V, por exemplo,
tem-se:
VRefmax = V2 - 2 = 12 - 2 = 10V

A tensão máxima da rampa deve ser VS - 2, logo:


VCmax = VS - 2 = 12 - 2 = 10V

A rampa deve atingir o máximo a cada 180º, ou a cada semi-período. Como a


freqüência da rede é de 60HZ, tem-se que:

Os diagramas a seguir mostram o comportamento do comparador de controle com as


tensões VC e VRef.

68
As tensões de rampa e de referência (controle) devem ser compatíveis de tal modo
que, para cada semi-período, elas possam se interceptar para que o comparador
apresente uma mudança de tensão na sua saída (VComp).

Este é o motivo pelo qual VCmax e VRefmax possuem a mesma amplitude, igual a VS - 2.

Quando VComp muda de +V para -V, deve ocorrer um disparo para o respectivo SCR.

Ajustes para os pinos 12, 13, 6 e 8


O pino 8 é usado para garantir uma única tensão de estabilização (VEstab) quando dois
ou mais TCAs são conectados em paralelo. Para melhorar a supressão de ruídos,
pode-se acoplar um capacitor do pino 8 ao terra.

No caso da ligação paralela, todos os pinos 8 devem ser interconectados.

O pino 12 é usado para controlar a duração dos pulsos nas saídas A1 (pino 14) e A2
(pino 15), através de um capacitor externo (C12). Caso esse pino seja conectado
diretamente ao terra, esse pulso será em torno de 180º -∝, onde ∝ é o ângulo de
disparo.

O pino 13 é usado para controlar a duração dos pulsos em A 1 (pino 4) e A 2 (pino 2).
Se este pino é conectado à terra, a duração de cada pulso A 1 e A 2 é de
aproximadamente 180º -∝. Se o pino for conectado a uma tensão positiva, as saídas
A 1 e A 2 serão as complementares normais.

Para pulsos estreitos, a tensão do pino 13 deve ser alta e igual a 3,5V. A corrente
máxima de entrada no pino 13 deve ser da ordem de 100µA.

69
O pino 6 é usado para inibir as saídas (todas elas). Isso é conseguido através de um
transistor NPN, conforme o esquema já visto.

Para que o TCA tenha as saídas inibidas, VSL deve ser de 2V e IS deve ser de 10µA.

Veja a seguir algumas unidades de controle de disparo para tiristores.

70
Unidade de controle para ponte totalmente controlada. Circuito para 2 tiristores de
potência (1 fase - R).

Circuito de controle para ponte semicontrolada com transformador de pulso e ligação


direta.

71
Circuito de controle para ponte semi controlada com 2 transformadores de pulso.

Esquema para um SCR de ponte


A figura a seguir mostra como é feita a geração do disparo para dois SCRs. As saídas
complementares A1 e A2 são usadas através dos pinos 2 e 4.

O pino 12 é conectado à terra via capacitor C2. Portanto, a duração dos pulsos em A1 e
A2 (pinos 15 e 14) é controlável.

Como o pino 13 é conectado à entrada “alta”, as saídas complementares A 1 e A 2


serão os próprios complementos de A1 e A2. Cada TCA pode ser usado para os dois
SCRs de uma fase.

72
Assim que A2 muda do nível alto para o nível baixo, o temporizador libera um pulso Q1
de duração de 180º que é “processado” para permitir o disparo de SCR1.
Se o circuito for usado para fase A, teremos que fazer mais dois circuitos iguais para as
fases B e C. Veja a seguir o circuito de potência para as três fases.

Observação
Para conhecer todos os dados técnicos do TCA 780, você deve consultar o “databook”.

73
Esta página foi deixada em branco propositadamente.

74
Característica da máquina de
CC

Aplicações da máquina de CC

A máquina de CC é usada para solucionar problemas de acionamento, tais como:


• Regulagem precisa de velocidade;
• Velocidade constante sob qualquer condição de carga;
• Aceleração ou desaceleração controlada;
• Conjugado constante em ampla faixa de velocidade.

Essas propriedades técnicas possibilitam a utilização da máquina de CC em diversos


tipos de aplicações, como por exemplo: máquinas operatrizes, bombas a pistão,
torques de fricção, ferramentas de avanço, bobinadeiras, mandrilhadoras, máquinas de
moagem, máquinas têxteis, veículos de tração, máquinas para indústria siderúrgicas,
químicas e petroquímicas.

Constituição da máquina de CC

Como já vimos, a máquina de CC é composta por duas partes principais: o estator e o


rotor.

O estator é a parte fixa da máquina na qual se alojam os pólos principais e os


interpólos (ou pólos de comutação).

Os pólos são constituídos de condutores enrolados sobre núcleos de chapas de aço


laminado.

Nos pólos principais localiza-se o enrolamento de excitação principal (F1 - F2, também
chamados de campo paralelo). Eventualmente, nesses pólos, podem também se

75
localizar o enrolamento de excitação auxiliar (D1-D2, também chamado de
enrolamento série) e, em casos especiais, o enrolamento de compensação (C1-C2).

Nos interpólos, ficam as bobinas do enrolamento de comutação (B1-B2). Veja figura a


seguir.

O rotor, centrado no interior do estator, é constituído por um conjunto de chapas de


ferro- silício com ranhuras onde está acomodado o enrolamento cujo contato elétrico é
fornecido pelo comutador.

O comutador, por sua vez, é constituído por lâminas de cobre isoladas umas das
outras por Lâminas de mica. Ao comutador são ligados os fios do enrolamento do rotor,
que tem a função de fazer o contato elétrico entre o rotor e a armadura.
Controle da velocidade

Como já foi visto anteriormente, os motores CC podem ser ligados de três formas:
série, paralela e mista.

76
A forma mais usada é a ligação
paralela ou de excitação
independente. Veja a seguir um
diagrama elétrico desse tipo de
ligação.

Na figura, UE é a tensão de campo;


IE é a corrente de campo;
UA é a tensão na armadura;
IA é a corrente de armadura;
RA é a resistência de armadura;
E é a força contraeletromotriz (FCEM);
O é o fluxo magnético;
DU é a queda de tensão na armadura (RA.IA)

Observando a figura, é possível definir:


DU=RA.IA
UA = E+DU

Portanto: UA=E+RA.IA

A FCEM E é gerada pelo deslocamento dos condutores da armadura no campo


magnético, é proporcional ao fluxo magnético e à velocidade, e pode ser calculada
pela fórmula:
E=KE.O.n

Onde: KE é a constante; n é a rotação; O é o fluxo magnético.

Substituindo E na primeira fórmula, podemos encontrar a fórmula para o cálculo da


rotação n, ou seja:
UA = E.RA.IU
UA = KE.O.n + RA.IA

Portanto: UA − RA.IA
n=
KE.O

77
Através da fórmula, podemos, perceber que o controle da velocidade da máquina pode
ser feito de duas formas que resultarão em duas curvas distintas de potência e
conjugado. Essas formas são:
a) Por meio da variação da tensão UA ou controle da armadura, na qual a velocidade
é diretamente proporcional à tensão;
b) Por meio da variação do fluxo O ou controle pelo campo, na qual a velocidade é
inversamente proporcional ao fluxo.

Cálculo da potência
A potência da máquina de CC pode ser calculada pela seguinte fórmula:

O.n
P=
k

Onde P é a potência; O é o fluxo; n é a velocidade; K é a constante.


Através do controle da armadura, o conjugado permanece constante e a potência varia
em função da velocidade como mostra o gráfico a seguir.

Legenda:
______ = P (potência)
___ __ = P (conjugado)
n
Então, P = Pn
nN
P N = potência nominal
n N = velocidade nominal

Através do controle pelo campo, o conjugado tem um comportamento hiperbólico,


diminuindo à medida que o fluxo diminui enquanto a potência se mantém constante.
Veja gráfico a seguir.

78
Observação
O motor CC deve trabalhar com pelo menos 20 rpm para não travar, a não ser que seja
um motor especialmente projetado para funcionar em baixa velocidade.

Faixas de operação de uma máquina de CC

Durante o funcionamento de uma máquina de CC operando como motor, há instantes


em que a carga arrasta o rotor, opondo-se ao conjugado. Isso faz a máquina se
comportar como um gerador e apresentar quatro faixas de funcionamento.

Sentido de rotação Conjugado Tipo de operação


Direita Direita Motor, gira para a direita
Esquerda Direita Gerador, gira para a
esquerda
Esquerda Esquerda Motor, gira para a esquerda
Direita Esquerda Gerador, gira para a direita

Essas quatro faixas podem ser representadas nos quatro quadrantes de um sistema
de coordenadas retangulares. Veja figura a seguir.

79
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80
Controle eletrônico de
potência

Introdução

Muitos processos e acionamentos industriais requerem alimentação contínua variável.


Quando a fonte de alimentação é CA, pode-se usar um dos circuitos retificadores já
estudados.

Entretanto, existem situações em que a tensão disponível é CC e para obter um valor


variável, utilizam-se tradicionalmente duas técnicas: a inserção de uma resistência
variável entre a fonte e a carga ou a conexão de um conjunto motor-gerador.

Com o advento dos semicondutores de potência, tornou-se possível a obtenção de


tensão CC variável através de dois métodos: uma associação de inversor-retificador ou
um conversor CC- CC ou “chopper”.

Neste capítulo, estudaremos alguns tipos de choppers que permitem a obtenção de


tensão CC variável diretamente de uma fonte CC. Esse tipo de circuito tem como
vantagens a suavidade de controle de tensão, a elevada eficiência, a velocidade de
resposta e a possibilidade de regeneração, pois permite o retorno de energia à fonte
CC.

81
Controle eletrônico de potência

O controle eletrônico de potência é feito pelos conversores estáticos, ou seja, pelos


retificadores controlados (CA - CC), pelos conversores (CC-CC), pelos inversores (CC-
CA) e pelos conversores de tensão CA e cicloconversores (CA-CA).

Geralmente os conversores estáticos são usados para conversão e/ ou controle da


energia elétrica. Dessa forma, é possível um fluxo energético ou uma troca de energia
entre sistemas elétricos quaisquer.

O funcionamento externo de um conversor estático abrange as diferentes formas de


conversão de energia bem como os tipos construtivos que resultam dos circuitos e
possibilidades de comandos do fluxo de energia. Os quatro tipos de conversão de
energia, ou seja, retificação, conversão CC-CC, inversão e conversão CA-CA estão
representados esquematicamente na ilustração.

Retificador CA-CC

Esse tipo de retificador converte tensão alternada em tensão contínua. Esse retificador
pode ser de dois tipos: controlado e não-controlado.

O retificador não-controlado produz tensão contínua proporcional à tensão alternada.


Veja figura a seguir.

82
O retificador de tensão contínua controlado funciona através de comando pulsante, ou
seja, através de fornecimento de apenas uma parte da tensão alternada que é
convertida em tensão contínua, por meio de tristores. Veja ilustração a seguir.

É possível também uma combinação de um retificador não-controlado com um


conversor como mostra o diagrama a seguir.

Observação
O fluxo magnético no retificador tem sempre o sentido do lado alternado para o lado
contínuo.

Conversor de tensão contínua em tensão contínua (CC-CC)

Esse tipo de conversor possibilita a conversão de uma dada tensão contínua em uma
outra tensão contínua constante ou variável. A conversão pode ser direta ou indireta.

A conversão é direta quando a tensão de saída é obtida diretamente da tensão de


entrada. A tensão de saída pode assumir no máximo valores iguais à da tensão de
entrada.

83
A conversão é indireta (ou com circuito intermediário de tensão alternada entre a
entrada e a saída) quando a tensão de saída independente da tensão de entrada.

Observação
O uso de transformador no circuito intermediário permite também uma separação
galvânica entra a fonte geradora e o consumidor.

Inversor (CC-CA)

O inversor é um conversor de corrente contínua em corrente alternada no qual o fluxo


energético vai do lado da tensão contínua para o da tensão alternada. Dentro de um
período de onda alternada, é possível ocorrer uma rápida inversão deste fluxo.

A figura a seguir mostra o esquema do inversor auto-controlado, que alimenta uma


rede cujas características são definidas pelo inversor.

Veja, agora, um inversor controlado pela rede ligado a uma rede com características
definidas.

84
Conversor de tensão alternada em tensão alternada (CA-CA)

Esse tipo de conversor permite a conversão de uma tensão alternada com amplitude
U 1 , freqüência f1 e número de fases M 1 em outra tensão alternada com amplitude U 2 ,
freqüência f2 e número de fases M 2 .

Esse conversor pode ser direto ou indireto.

O conversor direto opera sem circuitos intermediários. A entrada e a saída são ligadas
diretamente através de elementos estáticos controláveis. A tensão de saída de
conversores diretos é formada por pulsos da tensão de entrada e depende da
freqüência de entrada.

O conversor indireto contém um retificador e um inversor interligados por um circuito


intermediário.

Nos conversores indiretos, a freqüência da tensão de saída, em largos limites, não


depende da freqüência da tensão de entrada. Com isto, é possível manter-se uma
tensão de saída constante para freqüência e tensão de entradas variáveis.

Esse tipo de conversor é usado em geradores acionados por motores de velocidade


variável. Veja diagrama e forma de onda na ilustração a seguir.

85
Conversor “chopper”

O conversor CC-CC ou “chopper” permite a obtenção de tensão CC variável


diretamente de uma fonte CC.

O princípio de funcionamento do “chopper” baseia-se na abertura e fechamento de


uma chave colocada num circuito alimentado por CC. Com isso, consegue-se variar a
tensão média na carga. Esta variação é conseguida, variando-se o tempo de abertura
e fechamento da chave. Veja ilustração a seguir.

Normalmente, a chave S é substituída por transistores ou SCRs e circuitos eletrônicos


controlam o tempo de condução e corte desses componentes.

Quando se utiliza transistor, o circuito é mais simples pois ele conduzirá, ou não
dependendo da polarização de base.

Com SCR, o circuito precisa ser mais elaborado porque o SCR, após ser disparado,
necessita de uma redução na corrente de manutenção para deixar de conduzir e
precisa ser mantido desligado por um tempo suficiente para que ele não volte a
conduzir.

86
Para possibilitar o corte do SCR, utilizam-se pontes para fornecer uma polarização
reversa por um curto espaço de tempo. Essas fontes são geralmente formadas por
capacitores e indutores colocados no circuito.
Para um melhor entendimento, vamos recordar o funcionamento do capacitor e do
indutor quando alimentamos por uma tensão elétrica.
Carga do capacitor

Quando se liga um capacitor a uma fonte de CC, observa-se que no instante da


ligação, ele representa um curto-circuito e a corrente é máxima. A medida que suas
armaduras vão se carregando, a corrente diminui e a tensão em seus terminais
aumenta. Veja ilustração a seguir.

Carga do indutor

Quando se liga um indutor a uma fonte de CC, observa-se que, no instante da ligação,
ele representa um circuito aberto. A tenção em seus terminais é máxima, mas a
corrente não circula pelo indutor. Após um período de tempo, a corrente se estabiliza e
a energia é armazenada em forma de campo magnético. Veja ilustração a seguir.

87
Circuito LC alimentado por CC
com diodo de retorno

O circuito mostrado a seguir


representa uma das configurações
básicas dos circuitos de “chopper”
(ou recortador).

Funcionamento

Quando se liga a chave S, o capacitor começa a se carregar com a polaridade (+) e (-)
indicada e a formação do campo magnético do indutor é iniciada. Decorrido o tempo de
carga no capacitor, a corrente tenderia a não mais circular. Porém, devido ao campo
magnético armazenado no indutor, a corrente contínua circulando e carrega o capacitor
através do diodo de retorno com uma tensão igual a duas vezes a tensão da fonte.
Nesse instante, o capacitor começa a se descarregar.

Até que as tensões do capacitor e da fonte sejam iguais, essa energia em forma de
tensão devolvida pelo capacitor é armazenada pelo indutor em forma de campo
magnético que será devolvido ao capacitor descarregando-o completamente. Observe
o gráfico abaixo.

88
Circuito LC alimentado por CC através de SCR

O circuito LC alimentado por CC através de SCR é outra configuração básica dos


circuitos de “chopper”. Neste caso, o circuito é semelhante ao anterior, apenas que a
chave é trocada por um SCR e o diodo de retorno é retirado.

Funcionamento

O funcionamento desse circuito é semelhante ao funcionamento do circuito anterior:


após o disparo do SCR, o capacitor e indutor começam a se carregar. Decorrido o
tempo de carga do capacitor, a corrente tenderia a deixar de percorrer o circuito.
Todavia, devido ao campo magnético armazenado no indutor, ela continua a circular
carregando o capacitor com duas vezes a tensão da fonte. Nesse instante, o SCR
deixa de conduzir e o circuito se estabiliza com o capacitor carregando com 2U. Veja
gráficos a seguir.

Inversão da polaridade de um capacitor

Muitas vezes, nos circuitos de recortadores ou inversores, existe a necessidade da


inversão da polaridade de capacitores para possibilitar a comutação do SCR.

89
No circuito mostrado, vamos considerar que o capacitor está carregado inicialmente
com a polaridade (+) (-) indicada. Quando o SCR é disparado, o capacitor começa a se
descarregar através do indutor e do SCR. Quando a tensão entre seus terminais for
zero, a energia acumulada no indutor em forma de campo magnético será máxima e
será devolvida ao capacitor em forma de tensão. Isso faz com que o capacitor se
carregue agora com a tensão (+) (-) indicada na figura e o SCR deixa de conduzir.

Comutação com auxílio de indutor para carga do capacitor

O esquema mostra um circuito de comutação com auxílio de indutor para carga do


capacitor.

No circuito, para garantir a carga inicial do capacitor com a polaridade (+) (-) indicada,
Ta (tiristor auxiliar) é disparado.

Quando Tp (tiristor principal) é disparado, a corrente de carga mais a corrente de


descarga do capacitor que circulam por C,L e o diodo passam por Tp.

Após a descarga do capacitor, sua energia está acumulada no campo magnético do


indutor e será devolvida em forma de tensão, invertendo a polaridade de carga do
capacitor para (+) (-). Depois disso, o tiristor Ta pode novamente ser disparado para
bloquear Tp e reiniciar o ciclo de funcionamento.

90
A principal desvantagem desse circuito é que uma eventual falha de comutação de Tp
faz com que o capacitor se descarregue o que impossibilita comutações posteriores.
Neste caso, o circuito deve ser desligado e, quando novamente energizado, Ta deve
ser disparado em primeiro lugar.

Comutação por impulso auxiliar (“Chopper “ de Mac Murray)

A ilustração a seguir mostra um circuito de comutação por impulso auxiliar.

Inicialmente, Tp é disparado e o capacitor C está previamente carregado com a


polaridade (+) (-) indicada. A corrente flui para a carga RL através de Tp.

Dado o disparo em T1, C se carrega através de T1, L e RL e provoca uma corrente


contrária à de carga em Tp.

91
Esta corrente aumenta até Ic = IL. Neste momento, a corrente se anula e Tp se abre.
O diodo Dp começa a conduzir.

Quando a corrente Ic é
menor que IL, Dp pára de
conduzir e D começa a
conduzir devido à fcem da
carga.

Quando Ic = O, T1 se abre e o diodo D permanece fechando o circuito de carga.

Observação
A carga é altamente indutiva.
Quando T2 é disparado, C se descarrega sobre T2, D e L. O capacitor, então, se
carrega com polaridade contrária (-) (+), em virtude da ação do circuito oscilante LC.

Dado o disparo em Tp, D pára de conduzir. A tensão em RL passa de 0V para +V. O


capacitor continua a se carregar através de Tp, L e T2.
Quando Ic se anula, T2 pára de conduzir e Tp conduz a corrente de carga IL.
Esta condição corresponde ao estado inicial, completando o ciclo de operação do
chopper.

92
Chopper de Jones

Este circuito apresenta ótimas características de comutação devidas á tensão elevada


com que carrega o capacitor e ao aumento da corrente de carga.

Funcionamento

Na condição inicial, C está descarregado. Quando Tp é disparado, L1 induz uma


corrente em L2 que através do diodo D carrega o capacitor com a polaridade (+) e (-)
indicada no diagrama.
Quando Ta é disparado, Tp recebe toda a carga do capacitor e entra em corte. Em
seguida, C é carregado com polaridade oposta (-) e (+) indicada no diagrama e Ta se
desliga por comutação natural assim que a corrente de carga do capacitor cai abaixo
da corrente de manutenção (IH) deste tiristor.

No próximo disparo de Tp, o capacitor é descarregado através de Tp, L2 e D e em


seguida, carregado em sentido reverso devido à ação da indutância entre L1 e L2,
deixando-o pronto para a próxima comutação de Ta para Tp.

93
Observação
O valor da carga adquirida pelo capacitor irá depender diretamente da corrente de
carga, pois quanto maior for a corrente que circula em L1, maior será a tensão em L2.
Considerando-se que o tempo de desligamento dos tiristores (toff) aumenta com a
corrente, a carga adicional recebida pelo capacitor ajuda na comutação do tiristor
principal.

Circuito de disparo para “chopper”

O circuito de disparo para “chopper” dispara os SCRs do recortador. É um circuito


composto por um gerador de rampa, um comparador, um integrador e separador de
pulsos e um amplificador de pulsos.
O gerador de rampa é formado por um transistor de unijunção 2646 que funciona como
oscilador de relaxação. A carga do capacitor é feita através de uma fonte de corrente
constante (transistor BC557).
A rampa é comparada com um nível contínuo e provoca na saída do operacional
pulsos quadrados com duração que dependerá do nível contínuo ajustado no
potenciômetro P1.
Os pulsos quadrados da saída do operacional passam pelo capacitor C2 e os diodos
D1 e D2 e aí são diferenciados e separados de modo que os positivos disparem o
transistor T1 e os negativos sejam responsáveis pela condução de T2.

94
Os pulsos positivos acontecerão sempre no início da rampa e os negativos devem
aparecer no intervalo entre dois pulsos positivos. O momento em que ocorre o pulso
negativo depende do ajuste do nível contínuo no potenciômetro P1.

Os trimpots P2 e P3 devem ser ajustados de tal forma que, ao girarmos P1 de um


extremo ao outro, o pulso negativo se deslocará entre dois pulsos positivos
consecutivos sem, no entanto, que eles coincidam.

O funcionamento do circuito e seu ajuste são esclarecidos pelas formas de onda


mostradas a seguir.

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96
Regimes de funcionamento
dos conversores CC-CC

Introdução

A carga para um conversor CC-CC pode ser de três tipos: puramente resistiva (R),
muito rara na prática; indutiva (R+L) e indutiva com fcem em série (R + L + E).

O terceiro tipo (carga indutiva com fcem em série) é o mais comum na prática porque
representa exatamente o comportamento de um motor CC. Este é o assunto do
presente capítulo.

Para aprender este conteúdo com mais facilidade, você deve ter conhecimentos
anteriores relativos a comportamento de indutores e capacitores e funcionamento dos
circuitos recortadores (chopper).

Conversor com carga indutiva

O diagrama a seguir mostra o circuito com carga indutiva.

No diagrama, Ra é a resistência da armadura; La é a indutância da armadura Ea é a


tensão rotacional da armadura.

97
Neste circuito, quando Tp (tiristor principal)
começa a conduzir, surge uma corrente na
carga que cresce exponencialmente
acumulando energia na indutância durante
o tempo em que Tp estiver conduzindo
(Ton).

Logo após a abertura de Tp, a corrente de carga é comutada para o diodo Dr quando a
indutância La passa a restituir energia acumulada para Ra e Ea.

Regimes de condução

Para esse tipo de carga, o chopper pode operar em dois regimes de condução:
condução descontínua e condução contínua.

A condução descontínua acontece quando a corrente de carga II se anula antes do


próximo disparo de Tp e com Dr estando em corte. Veja gráfico a seguir.

A condução contínua acontece quando Tp é disparado antes da corrente de carga se


anular, ou seja, com Dr ainda em condução. Veja gráfico a seguir.

98
Tensão média na carga

Para se calcular a tensão média Vo na carga, vamos analisar as formas de onda da


condução contínua: apartir do instante em que Tp é disparado, a corrente começa
aumentar de modo exponencial e passa existir uma energia armazenada no campo
magnético de indutância L. A tendência da corrente de carga seria estabilizar-se em
um valor dado por U/R.
No instante em que Tp se abre, como a corrente não pode cair instantaneamente a
zero na indutância, o diodo de retorno entra em condução mantendo tensão nula na
saída. Então, a corrente de carga decairá exponencialmente até o novo disparo de Tp.

A tensão de carga apresentará a seguinte forma de onda.

A tensão média na carga Vo será:

Ton
Vo =
T

Onde Vo é o valor médio da tensão de saída; Ton = tempo em que Tp fica ligado; Toff
é o tempo em que Tp fica bloqueado e T é o período Ton + Toff.

O valor médio da tensão de saída pode ser variado de três maneiras:


1. Variando o tempo de permanência de Tp ligado (Ton) e mantendo o período T. Este
método é chamado de modulação por largura de pulso e é o mais utilizado.

2. Mantendo constante o tempo de permanência de Tp (Ton) ou tempo bloqueado


(Toff) e variando o período T. Este método é chamado modulação em freqüência.

3. Variando tanto Ton como T.

99
Observação
Existe ainda o regime crítico em que o próximo disparo de Tp ocorre exatamente no
instante em que a corrente de carga chega a zero. Veja o gráfico a seguir.

100
Circuitos inversores
transistorizados

Introdução

Os circuitos inversores CC-CA fazem a conversão da energia elétrica sob a forma de


corrente contínua para corrente alternada. Essa conversão é realizada por dispositivos
semicondutores de potência (transistores e tiristores) e encontra vasta aplicação em
todas as áreas em que há necessidade de fornecer à carga uma tensão CA de
amplitude e freqüência variáveis.

Um exemplo é o acionamento de motores de indução no qual para se obter um


conjugado constante, é necessário manter uma relação tensão/freqüência constante.
Para variar a velocidade do motor varia-se a freqüência e, para manter U/f constante,
varia-se a amplitude da tensão aplicada.

Na transmissão de energia elétrica por corrente contínua, os inversores são utilizados


para a conversão em corrente alternada, nas freqüências de 50 ou 60 Hz.

Os inversores são também usados nos sistemas ou instalações elétricas de elevada


confiabilidade para fornecer alimentação de emergência tendo como fonte um conjunto
de baterias de corrente contínua.

Em aplicações de baixa e média potência, os conversores são de grande utilidade na


alimentação de equipamentos portáteis onde a conversão é feita a partir de baterias
de 12 ou 24 volts.

Neste capítulo, vamos estudar algumas configurações de inversores transistorizados


monofásicos e trifásicos e, também um circuito de disparo.

101
Circuitos inversores transistorizados

Apesar da facilidade de comutação dos transistores, seu uso é limitado pela potência
de dissipação. Por isso, eles são empregados nos inversores de baixa e média
potência (5 a 10 kWs).

Tipos de circuitos inversores transistorizados


Os circuitos inversores transistorizados que serão estudados neste capítulo são:
• Inversor monofásico em ponte;
• Inversor monofásico de fonte com tomada central;
• Inversor monofásico de carga com tomada central;
• Inversor monofásico com configuração “push - pull”;
• Inversor transistorizado trifásico.

O inversor monofásico em ponte é constituído por quatro transistores que são


comutados dois a dois. Desta forma, a corrente se alternará na carga, ora da esquerda
para a direita, ora da direita para esquerda. Veja a seguir a representação esquemática
desse circuito e a forma de onda de tensão na carga.

O inversor monofásico de fonte com tomada central necessita de uma fonte


simétrica para a sua alimentação. Dois transistores (um de cada vez) são responsáveis
pela comutação. Isso permite a inversão da polaridade na carga através da ligação a
ambos os extremos da fonte alternadamente. Veja circuito e forma de onda a seguir.

102
O inversor monofásico de carga com tomada central normalmente utiliza um
transformador com tomada central (center tap) para simular uma carga simétrica e a
comutação é feita por dois transistores (um de cada vez) alternando a ligação ora num
extremo do transformador, ora no outro extremo.

Configuração com carga indutiva

Todas as configurações mostradas até o momento têm cargas resistivas. Mudando-se


a carga resistiva por carga indutiva, os transistores são curtocircuitados com diodo
entre o emissor e o coletor no sentido inverso de sua condução para permitir o retorno
da fcem produzida pela carga. Essa configuração e suas respectivas formas de onda
de tensão e corrente é mostrada a seguir.

103
Funcionamento

Do instante t0 até o instante t2, o transistor T1 está conduzindo a corrente de carga


que atinge um valor máximo + IL. No instante t1, tira-se a corrente da base de T1 e
pôe-se corrente na base de T2.

Como a corrente na indutância não muda instantaneamente o seu sentido e, neste


momento, a corrente de carga em T1 é positiva, a condução será feita por D2 até o
instante t2.

Durante o período compreendido entre t1 e t2, a energia armazenada na indutância da


carga é dissipada: parte na resistência de carga e parte no retorno para a fonte de CC.
Esse fluxo de corrente entre t1 e t2 corresponde ao retorno ou recuperação da
potência reativa.

Devido à inversão da corrente, no instante t2, esta deixa de passar por D2 e começa a
circular por T2.

A corrente de carga contínua crescente no sentido negativo até que, no instante t3, o
transistor T2 é cortada e T1 entra em saturação. Com isso, completa-se o semiciclo de
operação do inversor. O outro semiciclo é idêntico, com T1 e T2 alternando os estados
de corte e condução.

Observação
Os sinais de comando aplicados às bases dos transistores T1 e T2 podem variar a
freqüência da tensão de saída, porém não podem variar a freqüência da tensão de
saída, porém não podem variar seu valor eficaz.

Inversor monofásico com configuração “push-pull”

Este tipo de inversor leva este nome devido à sua semelhança com a configuração dos
amplificadores de potência que têm esse mesmo nome .

O inversor “push-pull” é auto-excitado, ou seja, não usa comando externo para ligar e
desligar os transistores. Possui, portanto uma freqüência natural de funcionamento.

104
Veja essa configuração no diagrama que abaixo.

Funcionamento

Na condição inicial, supõe-se que o transistor T1 esteja conduzindo uma corrente


crescente. O sinal de realimentação na base de T1 é elevado e esse transistor é
levado ao estado de saturação, enquanto que T2 permanece em corte devido à
polaridade da tensão induzida na metade do enrolamento do transformador que está
ligado à sua base.

Com T1 saturado, sua tensão coletor emissor é praticamente desprezível e toda a


tensão de alimentação VCC é aplicada à metade do enrolamento primário do
transformador.

A taxa de variação da corrente e do fluxo magnético é constante durante este período.


A corrente em T1 continua crescendo com variação constante até que o núcleo do
transformador se sature. Nesse ponto, o fluxo magnético cessa sua variação e a
tensão induzida de realimentação se torna nula nos outros enrolamentos.

A corrente de coletor de T1, então começa a decrescer, uma vez que não existe mais o
sinal de realimentação que o mantinha saturado. Nesse momento, há o colapso do
campo magnético, ou seja, o núcleo saí do estado de saturação. Este retorno gera um
sinal de realimentação com polaridade tal que leva T2 ao estado de saturação e força
T1 a manter o estado de corte.

105
A corrente em T2 agora aumenta linearmente seguindo a mesma relação vista
anteriormente até que o núcleo seja saturado, desta vez com o fluxo magnético em
sentido contrário.

A partir desse ponto, o ciclo se repete de forma análoga com cada transistor mudando
de estado (saturado ou em corte) o que resulta numa corrente alternada no secundário
do transformador.

A ilustração abaixo mostra as formas de onda desse circuito.

a) Da variação do fluxo que é triangular como a da corrente uma vez que ambos
crescem e decrescem linearmente.
b) Da tensão no secundário do transformador que será constante durante cada meio
ciclo e de forma quadrada.

A freqüência de oscilação é determinada pela equação:

Vcc
f=
n1. 0s

Onde 0s é o fluxo de saturação do núcleo; n1 é o número de espiras de meio


enrolamento primário do transferidor; Vcc é a tensão da fonte de alimentação.

Observação
1. Essa configuração pode ser usada na conversão CC/CC, mediante o acréscimo de
um retificador e um filtro no secundário do transformador do inversor.

106
2. Para se conseguir uma componente senoidal fundamental nestes inversores, usa-
se em sua saída um filtro passa-baixa (LC). Esse procedimento, porém, reduz o
rendimento geral do inversor.

Inversor transistorizado trifásico

O inversor transistorizado trifásico é semelhante a outros circuitos trifásicos em ponte.


É composto por seis transistores e um circuito de chaveamento para os transistores.

Os sinais para o chaveamento dos seis transistores são gerados por multivibradores
que operam em sincronismo de freqüência, porém defasados de 120º com a finalidade
de simular as condições de um sistema trifásico real.

Veja a seguir o circuito de potência do inversor trifásico bem como as formas de onda
dos sinais na base dos transistores e a corrente resultante em cada fase para os
diversos intervalos de condução dos dispositivos.

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108
Circuitos inversores com
tiristores

Introdução

Neste capítulo estudaremos algumas configurações de inversores tiristorizados


monofásicos e trifásicos. Veremos que o uso dos tiristores está limitado a inversores de
maior potência devido à dificuldade de comutação.

A escolha entre a utilização do transistor ou do tiristor nos circuitos inversores deve


estar fundamentada em fatores tais como: freqüência de operação, facilidade de
comutação dos dispositivos , forma de onda de saída, reversibilidade, proteção contra
sobre-corrente, custo por kW convertido, além da potência convertida que, para o
tiristor fica acima de 10 kW na maioria dos casos.

Tipos de inversores a tiristores

Os circuitos inversores a tiristores que serão estudados neste capítulo são:


• Inversor com capacitor em paralelo;
• Inversor comutado por impulso auxiliar;
• Inversor comutado por impulso complementar;
• Inversor com fonte de corrente constante.

109
Um esquema simplificado de um
circuito inversor com capacitor em
paralelo é mostrado a seguir.

Funcionamento:
A fonte E é ligada alternadamente aos primários do transformador através dos SCRs
V1 e V2. Ao ser disparado o SCR V1, a corrente circula pela metade (N1) do
transformador, pelo SCR, pela fonte e pela indutância L. Com isto, o capacitor é
carregado com tensão 2E indicada e no secundário aparecerá uma tensão induzida
que dependerá do número de espiras.

Quando V2 é disparado, a tensão 2E armazenada no capacitor levará o SCR V1 ao


corte e a corrente passa a circular pela metade N1 do transformador, pelo SCR V2,
pela fonte e indutor L invertendo a polaridade do capacitor.

A indutância L colocada em série com a fonte tem a finalidade de impedir que o


capacitor se descarregue instantaneamente pela fonte quando da comutação dos
SCRs.

O diagrama esquemático do
circuito inversor comutado
por impulso auxiliar é
mostrado a seguir.

Funcionamento:
Inicialmente, o capacitor está carregado com a polaridade (+,-) indicada no desenho.
Suponhamos também que Q1 está conduzindo a corrente de carga. Ao ser disparado

110
Q1’ , uma corrente circulará através de Q1, indutor e capacitor e levará Q1 ao corte
pois, à medida que a corrente cresce em Q1’, diminui em Q1.

Considerando a carga indutiva, quando Q1 parar de conduzir, a indutância da carga


força o capacitor C a se carregar, através de D2, com uma tensão inversa à inicial de
valor igual a 2E.

Com o capacitor carregado inversamente, D2 deixa de conduzir e se Q2 for disparado,


a corrente pela carga inverterá e passará a circular por Q2. Dessa forma, o circuito
está agora com tensão negativa na carga e preparado para a comutação de Q2
bastando para tanto o disparo do tiristor Q2. O processo de comutação de Q2 é
semelhante ao descrito para Q1.
Normalmente, encontra-se o circuito inversor comutado por circuito auxiliar na
configuração em ponte, uma vez que esta não requer o uso de fonte com derivação
central. Veja circuito a seguir.

Nota-se que o circuito mostrado é composto de duas metades idênticas ao circuito da


figura anterior. Como não existe uma ligação direta entre a carga e a fonte, para que
haja circulação de corrente, devem ser disparados dois tiristores simultaneamente (um
para cada metade). Os tiristores Q1 e Q4 com tensão na carga em um sentido e, no
sentido oposto, os tiristores Q2 e Q3.

A figura a seguir mostra o circuito de um inversor comutado por impulso complementar


na configuração ponte (também como MacMurray- Bedford).

111
Funcionamento:
supondo inicialmente que Q1 e Q4 estão
em condução, o capacitor C2 estará
carregado com polaridade (+ -) indicada
no circuito acima. Para simplificar, o
circuito pode ser apresentado da seguinte
maneira:

Quando Q2 for disparado, a tensão E armazenada no capacitor C2 é aplicada em L2.


Como existe uma relação 1:1 entre as espiras de L1 e L2, será induzida em L1 uma
tensão E de sentido contrário a E da fonte. Com isto, o catodo de Q1 ficará sujeito a
um potencial maior que o anodo e deixará de conduzir. A energia armazenada em L2
tenderá a carregar o capacitor C2 com capacidade invertida, porém isso é evitado pela
condução do diodo D2. A comutação de Q4 acontece da mesma maneira que a de Q1
quando Q3 for disparado.

A figura a seguir mostra um inversor com fonte de corrente constante.

No circuito mostrado, ao invés da alimentação do circuito ser realizada através de uma


fonte de tensão constante, ela é realizada por uma fonte de corrente constante
112
implementada com uma fonte de tensão e uma indutância elevada. Assim, o circuito de
comutação é simplificado, embora a tensão na carga possua “picos” nos instantes de
comutação.

Como nos circuitos anteriores, o disparo de Q1 e Q4 fará com que a corrente na carga
seja positiva, ao passo que a condução de Q2 e Q3 será negativa.

Funcionamento:
Na condição inicial, vamos considerar Q1 e Q2 conduzindo. Nessa condição, a
corrente na carga circulará por Q1 e D1, pela carga, por D4 e Q4. Com isso, temos os
capacitores C1 e C2 carregados com a polaridade + - indicada no desenho.

A comutação de Q1 e Q4 acontece quando são disparados Q2 e Q3. O disparo de Q2


e Q3. O disparo de Q2 e Q3 provoca a aplicação da tensão dos capacitores nos
tiristores Q1 e Q4 polarizados reversamente.

Como carga é geralmente indutiva, a corrente Io não pode mudar instantaneamente.


Desta forma, tanto D1 como D4, permanecem em condução, com a corrente circulando
por Q2, D4 e D1, pela carga, por D4, C2 e Q3.

À medida que a corrente na carga diminui, haverá uma mudança gradual da corrente
que circula por D1 e D4, para D2 e D3 respectivamente.

Quando essa transição tiver sido completada, as tensões Vc1 e Vc2 serão ambas
negativas (+), (-) indicadas no desenho, a corrente de carga estará circulando por Q2 e
D2, pela carga, por D3 e Q3 e o circuito estará preparado para uma nova comutação.

113
Inversores trifásicos

Os inversores descritos até aqui podem ser arranjados de forma a gerar em sua saída
tensão trifásica. Veja ilustrações a seguir.

Dependendo do tipo de inversor e do circuito de disparo, poderemos ter dois ou três


tiristores conduzindo simultaneamente. quando dois SCRs conduzem
simultaneamente, o período de condução de cada SCR é de 180º.

O funcionamento dos dois tipos pode ser melhor entendido observando-se as formas
de onda mostradas a seguir.

114
a) Formas de onda para inversor com dois tiristores conduzindo simultaneamente.

115
b) Formas de onda para inversor com três transistores conduzindo simultaneamente.
Circuitos inversores com tiristores

116
Controle da tensão de saída
nos inversores

Introdução

O problema do controle da tensão produzida pelo inversor ocorre principalmente


quando estes são utilizados no controle da velocidade de motores de indução ou
motores síncronos. Em tais aplicações, quando a freqüência a fim de aumentar a
rotação do motor, é necessário um aumento proporcional na tensão para manter
constante a densidade do fluxo magnéticos nos enrolamentos das máquinas. Se isso
não ocorrer, a capacidade de acionamento (torque) será sensivelmente reduzida. Isso
acontece, porque em freqüências mais elevadas, a maior reatância apresentada pelos
enrolamentos provoca uma redução na corrente sobre eles.

Um efeito contrário ocorre com a redução da freqüência. Por isso, quando os


inversores são utilizados para o controle da velocidade de motores de indução, é
necessário manter constante a relação tensão/freqüência.

Neste capítulo, estudaremos os métodos para se controlar a tensão de modo que essa
relação se mantenha em níveis ideais.

Processos de variação de tensão

A variação de tensão produzida pelos inversores pode ser conseguida pelos seguintes
processos:
• Controle da tensão na saída;
• Controle da tensão na entrada;
• Controle da tensão dentro do inversor.

117
Controle da tensão na saída
Este processo consiste na inserção de um transformador com taps ajustáveis entre a
saída do inversor e a carga. A tensão no secundário do transformador pode ser
ajustada automaticamente mediante realimentação. A ilustração a seguir exemplifica
uma aplicação prática.

Neste caso, a tensão de saída (secundário do transformador) é comparada com a


tensão proporcional a freqüência proveniente de um conversor freqüência-tensão. O
resultado dessa comparação é um sinal de erro que comanda a mudança de taps no
transformador, ajustando a tensão proporcionalmente à freqüência do inversor.

Na prática, esse processo atinge uma precisão de +1% na relação tensão/freqüência.


Apresenta, anda as seguintes vantagens:
1. Forma de onda não varia com a freqüência;
2. Fator de potência alto devido à retificação não-controlada;
3. Possibilidade de partidas suaves do motor mediante ajuste do auto-transformador.
Isso significa que a capacidade de corrente na partida é consideravelmente aumentada
em virtude da relação de transformação existente entre primário e secundário.

Por outro lado, esse processo apresenta as seguintes desvantagens:


1. Operação do transformador com tensão constante no primário freqüência variável.
Isto requer um aumento considerável nas dimensões do núcleo a fim de evitar
saturação magnética nas baixas freqüências.
2. Utilização no sistema de um dispositivo eletroeletrônico de potência para alterar a
relação de transformação do auto-transformador. Isso implica em uma redução de sua
capacidade de responder a variações rápidas do comando ou da carga.
118
Controle da tensão na entrada
Nos inversores a tiristores, a amplitude da tensão de saída é diretamente proporcional
à tensão contínua que alimenta o inversor. Essa característica permite a utilização de
diferentes métodos para variação da tensão de entrada.

O controle da tensão CC na saída apresenta uniformidade na forma de onda produzida


dentro de ampla faixa de freqüência, porém apresenta problemas de comutação
quando o inversor é alimentado com tensões muito baixas. Isso acontece porque os
capacitores de comutação não atingiram carga suficiente para desligar os tiristores do
inversor.

Se o circuito de comutação for dimensionado para operar satisfatoriamente na


condição de baixa tensão (baixa freqüência) e carga elevada as perdas por comutação
nos tiristores serão muito elevadas nas freqüências altas.

Essa dificuldade limita a faixa de variação de freqüência a um máximo de 4:1. Para


variação de freqüência dentro de limites mais amplos, usa-se uma fonte de tensão
constante para carregar os capacitores de comutação. Isso fará com que a capacidade
de comutação seja independente da freqüência de tensão de alimentação e das
condições de carga. Esse recurso pode ampliar os limites de variação da freqüência
para uma relação de até 20:1.

O controle de tensão CC na entrada pode ser conseguido por meio de:


1. Transformador com taps na entrada;
2. Retificador controlado;
3. Retificador e conversor CC-CC (“chopper”).

O processo que usa transformador com taps na entrada consiste em inserir um auto-
transformador na entrada do retificador. O ajuste dos taps pode ser feito por um
processo semelhante através de um controle em malha fechada, com o auxílio de um
servo-motor.

O processo que emprega um retificador controlado consiste na utilização de um


retificador controlado por tiristores como fonte de tensão variável. Apresenta duas
vantagens: resposta muita rápida e caráter estático do sistema de conversão.

119
Entretanto, para baixas tensões de saída (ângulo de disparo grande para os tiristores),
o fator de potência fica bastante reduzido.
Além disso, em baixas tensões, o aumento da ondulação (“ripple”) exige a utilização de
filtros de grande capacidade de aplainamento antes da alimentação do inversor. Veja
circuito a seguir.

O processo que utiliza um retificador e conversor CC-CC (“chopper”) consiste em


retificar o sistema trifásico convencional por meio de um retificador não-controlado e
em controlar a tensão contínua de entrada no inversor através de um conversor CC-
CC ou “chopper”.

O valor médio da tensão de saída do “chopper” pode ser controlado por dois processos
diferentes:
1. Com período constante e TON variável,
2. Com TON constante e período variável.

120
Veja esquema básico a seguir.

A utilização do “chopper” oferece a vantagem de resposta rápida ao comando. A


utilização de freqüências mais elevadas para comutação dos tiristores do “chopper”
reduz as dimensões dos componentes do filtro.

Deve-se observar também o limite de freqüência para o qual as perdas na comutação


aumentam excessivamente, produzindo o rendimento geral do sistema.

Controle dentro do inversor (por chaveamento)

O controle por chaveamento é feito basicamente de duas maneiras diferentes.

1. Controle por deslocamento de fase;


2. Modulação por largura de pulso.

O controle por deslocamento de fase consiste em combinar a saída de dois inversores


trifásicos idênticos com a mesma freqüência e alimentados pela mesma fonte CC-CC
com deslocamento de fase de saída de um em relação ao outro.

121
O esquema a seguir mostra o
princípio de ligação dos dois
inversores. Para simplificação,
foram omitidos os circuitos de
disparo e comutação.

O deslocamento de fase é conseguido através do atraso ou adiantamento dos pulsos


para os gatilhos dos tiristores de um dos inversores, enquanto que os pulsos do outro
são mantidos como referência.

A seguir são mostradas algumas formas de onda de saída para defasagens diferentes.

122
Esse processo de controle de tensão dos inversores trifásicos é bastante complexo e
implica em custos elevados para sua instalação. Assim, seu uso não se justifica em
níveis pequenos de potência.

Em aplicações de alta potência, contudo, o sistema merece maior atenção e pode ser
o mais indicado para determinados tipos de acionamento. Cabe lembrar ainda que
para baixas tensões de saída o conteúdo de harmônicos de alta freqüência é elevado.
Isso desaconselha sua utilização no acionamento de motores em baixas rotações
durante longos períodos de tempo já que as perdas aumentam consideravelmente em
tais condições.

Na prática, relações da ordem de até 5:1 podem ser obtidas na variação da freqüência
utilizando este processo.

Modulação por largura de pulso (PWM)

A modulação por largura de pulso (PWM) é um processo de controle de tensão de


saída que consiste na introdução de trechos de tensão nula na saída através do
disparo e bloqueio dos tiristores.

123
O momento do disparo e bloqueio dos
tiristores é conseguido através da
comparação de uma onda triangular
com um nível de tensão contínuo
conforme ilustração a seguir.

A forma de onda conseguida com esse processo é rica em harmônicos que geralmente
não interessam para o funcionamento da carga e ainda podem perturbar o
funcionamento dos aparelhos das proximidades.O conteúdo harmônico da tensão de
saída pode ser muito reduzido se os intervalos de permanência da tensão de saída em
um valor máximo forem diferentes. A largura do pulso é regulada de forma que fique
maior nas proximidades do pico da senóide fundamental, como pode ser visto na figura
a seguir.

A obtenção dos instantes de disparo do SCR é realizada com a comparação de uma


onda triangular com uma senóide de referência. A cada cruzamento da senóide de
referência com a onda triangular, os SCRs mudam de estado. A figura a seguir ilustra
os momentos de disparo dos SCRs.

124
Ao se variar a amplitude da senóide de referência altera-se o tempo em que os SCRs
icam ligados ou desligados. Assim, se a amplitude da senóide for reduzi da pela
metade, o tempo em que os SCRs permanecem ligados também são reduzidos pela
metade. Isso pode ser melhor entendido, observando-se a figura a seguir.

Em caso de se desejar uma mudança de freqüência na tensão de saída, basta mudar


a freqüência da senóide de referência conforme pode ser visto no diagrama a seguir.

125
Em todos os exemplos citados até agora, a forma de onda na saída possui intervalos
em que a tensão se mantém em zero, ou seja, a tensão de saída e só positiva ou só
negativa. desejarmos evitar esses intervalos em que a tensão permanece em zero
devemos ter onda triangular variando entre + V e - V como ilustrado a seguir.

126
Controle de tensão e
freqüência em inversores

Introdução

Neste capítulo estudaremos maneiras de se variar a freqüência e a tensão de circuitos


inversores. Estudaremos também como minimizar as harmônicas e quais os tipos de
comando em baixa, média e alta freqüência de saída para os inversores como PWM.

Controle de freqüência

O circuito a seguir mostra um inversor comutado por impulso complementar sem os


elementos de comutação (simplificado).

Sabemos que o disparo de um tiristor comuta o tiristor complementar. No circuito


mostrado, se a carga for indutiva, se Q1 e Q4 forem disparados ao mesmo tempo e Q2
e Q3 tiverem disparo simultâneo, as formas de onda do circuito serão as seguintes:

No instante T1, Q1 e Q4 iniciam a condução fazendo com que a tensão de saída seja
V. No instante T/2, Q2 e Q3 são disparados, comutando Q1 e Q4.

127
Como a carga é indutiva, a corrente deve continuar circulando no mesmo sentido. Para
que isto ocorra, D2 e D3 conduzem até t2, quando a corrente se anula e, invertendo a
polaridade, passa a circular por Q2 e Q3.

No instante T, Q1 e Q4 voltam a ser disparados e só assumirão a condução da


corrente no instante t3 porque a carga de D1 e D4 é indutiva no período de condução.

Observação
É interessante observar a necessidade de disparo contínuo ou de pulsos de alta
freqüência para disparar os tiristores, pois não se sabe em que ponto a corrente de
carga se anula para que os SCRs possam começar a conduzir.

128
Controle da tensão de saída

A tensão de saída é controlada através da defasagem entre os sinais de disparo.


Pode-se adiantar o início dos pulsos de disparo pelo espaço de tempo correspondente
a 0 como mostram os gráficos a seguir.

No instante t1, Q1 e Q4 iniciam a condução e a tensão na carga positiva.

Em T2, o disparo de Q2 bloqueia Q1. Como a carga é indutiva, a corrente continua a


circular no mesmo sentido através de D2 e Q4.

Deve-se observar que Q4 não entrou em bloqueio porque a corrente não se anulou e
porque Q3 não foi disparado. Deste modo, a tensão na carga se anula e a corrente cai
exponencialmente.

129
Em T/2, o disparo de Q3 faz com que Q4 seja bloqueado uma vez que a i0 ainda é
positiva, a condução se dá através de D2 e D3.
Quando i0 se anula, Q2 e Q3 assumem condução da corrente de carga até t4, quando
Q1 é disparado e comuta Q2. A corrente i0 ainda negativa passa a circular por D1 e Q3
até o disparo de Q4 em T.

Nesse instante, Q3 bloqueia e a corrente passa a fluir por D1 e D4 até se anular.


quando i0 se anula, Q1 e Q4 voltam a assumir a condução.

Outra maneira de variar a tensão de saída consiste na introdução de trechos de tensão


nula através do disparo e bloqueio dos tiristores. Uma forma de onda desse tipo é
mostrada a seguir.

O momento do disparo e do
bloqueio dos tiristores é
conseguido através da
comparação de um onda
triangular com um nível contínuo
de tensão conforme gráfico
abaixo.

A forma de onda conseguida com esse processo é rica em harmônicos que geralmente
não interessam ao funcionamento da carga e ainda podem perturbar o funcionamento
dos aparelhos das proximidades.

Redução de harmônicos

O conteúdo harmônico da tensão de saída pode ser muito reduzido por uma técnica
chamada PWM (“pulse width modulation”, ou seja, modulação de largura de pulso) que

130
consiste em fazer com que os intervalos de permanência da tensão de saída em valor
máximo sejam diferentes. A largura do pulso é maior nas proximidades do pico da
senóide fundamental. Veja gráfico a seguir, onde também é mostrada a obtenção dos
instantes de disparo dos SCRs.
No gráfico, uma senóide de referência é superposta a uma onda triangular de
amplitude constante. A cada cruzamento da senóide de referência com a onda
triangular, os SCRs mudam de estado.

O uso de uma onda triangular pode ser justificado se observarmos a figura a seguir.

No gráfico mostrado, apenas um trecho do período de duas senóides superpondo a


mesma onda triangular, é mostrado. A relação de amplitude das senóides é de até 2:1
e, se deve ser mantida uma proporção entre amplitude e largura de pulso, a relação
entre as larguras dos pulsos também deve ser de 2:1. Dentro do trecho em que é feita
a comparação, as senóides podem ser comparadas trechos de reta e, sendo assim, as
larguras de pulso mantêm a proporção.

Se for desejada uma mudança na freqüência da fundamental da tensão de saída,


basta mudar a freqüência da senóide de referência.

131
As formas de onda mostradas foram obtidas pela introdução de zeros tanto no semi-
ciclo positivo quanto no negativo da senóide fundamental. Isso significa que a tensão
PWM resultante é ou só positiva ou só negativa.

Isso é conseguido no circuito da figura abaixo através da comutação de um tiristor de


cada vez.

Se desejarmos evitar os períodos de zero na tensão PWM resultante, Q1 e Q4 ou Q2 e


Q3 devem ser disparados simultaneamente como mostra o gráfico a seguir.

Todos os processos em que há chaveamento constante dos SCRs durante o período,


proporcionam uma redução na amplitude dos harmônicos de baixa ordem e facilitam
uma eventual filtragem. Todavia, essa redução na amplitude dos harmônicos causa
perdas maiores de comutação, pois o número de comutações é maior de quando a
tensão de saída é uma onda quadrada.

132
Comando do módulo de potência

Conforme o ponto de trabalho na curva característica V/f é realizada a modulação


através da qual se obtém o comando dos tiristores da parte inversora do inversor de
referência (PWM).

A modulação é realizada através da comparação de uma curva senoidal ou retangular


com uma triangular. Desse modo, o sistema de modulação apresenta uma ótima onda
fundamental com pequenas ondas de ordem superior que, em altas freqüências,
diminuem as amplitudes da corrente e do momento.

Isso é conseguido utilizando-se vários sistemas de modulação, dependendo do ponto


de trabalho V/f.

Dentro do possível, as inevitáveis harmônicas de ordem superior devem apresentar


alta freqüência para que assim possa haver pequenas amplitudes de corrente e
conjugado. Isso permite ótimas rotações concêntricas (em baixa rotação).

Por isso, é escolhida a relação de freqüência dos pulsos (Fp) pela freqüência dos
Fp
pulsos pela freqüência da onda fundamental (FG), segundo a relação = K .Veja a
Fg
tabela a seguir.

Distribuição do Sistema de Modulação


Modulação Chaveamento
Senoidal livre 12
Senoidal 9
Retangular 9
Retangular 7
Retangular 6
Retangular 3
Retangular 3
(Flancos)

133
Comandos de baixas freqüências

No caso de baixa freqüência de saída, a modulação é realizada pela comparação entre


o sinal de referência senoidal com o sinal de onda triangular. Com isso, obtém-se a
modulação senoidal.

Através desse sistema de modulação senoidal, pode-se trabalhar com freqüência de


saída até zero. Isso fornece uma faixa de freqüência extremamente grande com
possibilidade de se manter o conjugado com o rotor parado.

Comando em médias freqüências de saída

À medida que a freqüência de saída aumenta, deve ser diminuída a relação Fp/FG = K,
ou seja, o chaveamento da onda é reduzido.

Para uma melhor taxa fundamental, a tensão passa a ser modulada a partir de uma
tensão de referência não mais senoidal e sim retangular.

134
Comando em altas freqüências de saída

A melhor taxa da fundamental é obtida, com o bloco completo da tensão de referência


Uref, sem modulação. Contudo, a passagem de um sistema modulado para um não
modulado é realizada através da modulação dos flancos para não ocorrer uma rotação
não-concêntrica que provocaria ondas inadmissíveis de conjugado.

Como ocorrem 6 comutações durante cada período da fundamental (devido ao tempo


mínimo do processo ser de 250 µs), o tempo total será de 1,5 ms e, por conseqüência,
a freqüência (FG) será de 666,66 Hz.

Porém, considerando-se as perdas de chaveamento, o circuito comutador é limitado a


uma freqüência máxima de 400 Hz, o que corresponde a uma onda de tensão não-
modulada em freqüência altas de saída.
À medida em que a variação de freqüência ocorre, o sistema de modulação é mudado
(num total de 7) conforme o ponto de trabalho da linha característica V/f.

É necessário lembrar que a transição do sistema modulado para não-modulado ocorre


com passagem de modulação de flancos. Isso evita que se produza degraus
indesejáveis de tensão na saída.

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BIBLIOGRAFIA

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