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Senhor do Bonfim/BA
Maio de 2019
1. INTRODUÇÃO
2. DESENVOLVIMENTO
2.1. Resumo dos problemas
A Constituição Federal de 1988 em seu artigo 31, versa que "A fiscalização do
município será exercida pelo Poder Legislativo municipal, mediante controle externo,
e pelos sistemas de controle interno do Poder Executivo municipal, na forma da Lei."
Sendo assim, é cristalino que Celso desempenhava suas atribuições quando buscou
vias de obter as informações e documentos respectivos as denuncias as quais
recebeu.
Explicita também é a lei da Transparência (131/2009), a qual altera a LRF
(101/2000), e inova ao determinar que as informações sobre a execução orçamentária
devem estar disponíveis de forma pormenorizadas e em tempo real. De mesmo modo,
a Lei de Acesso a Informação (12.527/2011), no parágrafo único do Art. 2º traz que “A
publicidade a que estão submetidas as entidades citadas no caput refere-se à parcela
dos recursos públicos recebidos e à sua destinação, sem prejuízo das prestações de
contas a que estejam legalmente obrigadas.”
Nesse sentido, vemos que a legislação brasileira é indubitável, ao se posicionar
que cabe aos gestores públicos proceder de forma transparente quanto aos recursos
públicos, dando acesso a qualquer momento as informações referentes a estes
recursos, de que forma foram aplicados, em que locais, quais valores, etc.
É interessante ainda trazer à baila que o STF, em julgamento de recurso
extraordinário de repercussão geral reconhecida (RE 865.401) entendeu o seguinte:
Trata-se de recurso extraordinário interposto contra acórdão do Tribunal de
Justiça do Estado de Santa Catarina, assim ementado: MANDADO DE
SEGURANÇA. NEGATIVA DO PREFEITO MUNICIPAL DE PRESTAR
INFORMAÇÕES SOLICITADAS, INDIVIDUALMENTE, POR VEREADORES.
POSTURA ADEQUADA. ART. 31 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL.
ATRIBUIÇÃO DA CÂMARA MUNICIPAL. RECURSO PROVIDO PARA
DENEGAR A ORDEM. O denominado pedido de informação é
prerrogativa que foi conferida pela Constituição Federal não ao parlamentar,
enquanto tal, mas à própria Casa Legislativa ou a uma de suas comissões
(Constituição Federal, art. 71, VII) (STF MS n. 22.471, Min. Gilmar Mendes;
STJ, MS n. 5.896, Min. Demócrito Reinaldo) (ACMS n. 2007.054094-5, Des.
Newton Trisotto). (AC em MS n. 2010.010509-5, de Imaruí, rel. Des. Luiz
Cézar Medeiros, Terceira Câmara de Direito Público, j. 25-8-2010). O
Supremo Tribunal Federal, ao apreciar o RE 865.401-RG, sob a relatoria do
Min. Dias Toffoli, concluiu pela presença da repercussão geral da questão
constitucional ora discutida. Confira-se a ementa do julgado: Direito
constitucional. Direito fundamental de acesso à informação de interesse
coletivo ou geral. Recurso extraordinário que se funda na violação do art. 5º,
inciso XXXIII, da Constituição Federal. Pedido de vereador, como
parlamentar e cidadão, formulado diretamente ao chefe do Poder Executivo,
solicitando informações e documentos sobre a gestão municipal. Pleito que
foi indeferido. Invocação do direito fundamental de acesso à informação, do
dever do poder público à transparência e dos princípios republicano e da
publicidade. Tese da municipalidade fundada na ingerência indevida, na
separação de poderes e na diferença entre prerrogativas da casa legislativa
e dos parlamentares. Repercussão geral reconhecida. Diante do exposto,
com base no art. 328, parágrafo único, do RI/STF, determino o retorno dos
autos à origem, a fim de que sejam observadas as disposições do art. 543-B
do CPC. Publique-se. Brasília, 10 de dezembro de 2015. Ministro Luís
Roberto Barroso Relator
Assim verificamos que de forma unânime o nosso órgão julgador maior
reconheceu que um parlamentar, na condição de cidadão, pode pedir informações ao
Poder Executivo, exercendo o direito de acesso à informação individual e diretamente,
estabelecendo a tese aprovada que ““o parlamentar, na condição de cidadão, pode
exercer plenamente seu direito fundamental de acesso à informação, de interesse
pessoal ou coletivo, nos termos do artigo 5º da Constituição Federal, e das normas de
regência desse direito”.
3. CONCLUSÃO
Uma vez que a nossa Carta Magna vigente traz em seu art. 31, que cabe ao
Poder Legislativo efetuar a fiscalização do município mediante o controle externo e
através dos sistemas de controle interno, é inequívoca a compreensão de que o
Magistrado apresenta deslize no quanto fundamentado em sua decisão, uma vez que
o vereador estaria respaldado pela legislação pertinente, visto que, conforme
explicitado, a Constituição Federal ampara a sua conduta.
Caberia ao vereador então quais soluções na resolução desse conflito? A
primeira seria pensar formas de pressão para que os vereadores revissem seu
posicionamento no sentido de redigirem o requerimento formal ao chefe do executivo
municipal e a partir dai fossem solicitadas as informações inerentes pelo Legislativo.
Tal atuação de pressão popular e nas mídias também poderia apresentar efeito
positivo no sentido que o próprio executivo ofertasse essas informações de forma
pacifica, no sentido de responder o requerimento direto endereço a este, por parte do
vereador.
Outra solução seria em sede de recurso a decisão do magistrado, apresentar o
remédio constitucional no sentido de rever a decisão do magistrado, que caso tenha
sido liminarmente, deveria ser através de um agravo de regimento, e se tenha sido
por decisão sentencial, por via de uma apelação de sentença. Sendo que estes
remédios constitucionais seriam apresentados em segunda estância, no Tribunal de
Justiça do Estado.
REFERÊNCIAS
LUIZ, Silvio. A. Sartre: Direito e política. 1° Edição. São Paulo: Editora Boitempo, 2016.
MARTINS, Roberto. R. O prefeito. 1° Edição. São Paulo: Editora chiado Brasil, 2018.