Beruflich Dokumente
Kultur Dokumente
Guia
infantil
De olho no
Conteúdo especial
para educadores,
pais e cuidadores
futuro
Conheça as
consequências
das agressões
na fase adulta
guia bullying infantil
Guia de atividades
Dicas de estímulos
que podem promover
mais integração e
humanização
entre a garotada
As faces do
bullying
Como cuidar e orientar
agressores, vítimas
e testemunhas
Testes
elaborados por
profissionais
para identificar Como as formas de violência
se as crianças estão
sendo atacadas (psicológicas e físicas) repetitivas são
e se os pais
estão atentos capazes de afetar a fase mais importante
do desenvolvimento humano
Editorial
Não ao bullying!
Se você tem o prazer de viver perto de alguma
criança, conhece os amores e as dores da educação.
Orientar vai além da lista de cuidados básicos que
um pequeno exige. Necessita de um olhar profundo
para o comportamento da criança. As simples brin-
cadeiras aparentemente inofensivas ainda nas pri-
meiras fases da infância podem se transformar em
grandes problemas – situações essas que, se não
forem acompanhadas e tratadas como precisam,
podem se transformar em grandes traumas que afe-
tarão, sem sombra de dúvida, o desenvolvimento da
criança e, consequentemente, sua vida adulta.
Esse especial chega com a intenção de alertar
todos os que convivem com os pequenos: pais,
educadores, familiares e cuidadores. Por meio de
orientações de especialistas, buscamos despertar
um olhar mais sensível sobre o comportamento
infantil, a fim de identificar traços das possíveis
agressões na infância.
Desde o primeiro passo (que é a criação de ró-
tulos – aquela história da baixinha, do gordinho,
do quatro-olhos) até as condutas mais agressivas,
verbais ou físicas, você encontrará sugestões de
como buscar ajuda e apoio ao se deparar com os
ataques – seja no cenário real, seja no virtual, com
o cyberbullying –, além de dicas para sobreviver e
evitar um dos grandes problemas que afetam famí-
lias do mundo todo.
Boa leitura,
Os editores
redacao@editoraonline.com.br
www.revistaonline.com.br
Sem rótulos,
por favor!
Evitar estigmas e preconceitos transmitidos
às crianças é mostrar aos pequenos que sempre
há chance de crescer e mudar para melhor
“Ana Paula fala mais que a boca e não para quieta das a respeito dos alunos. Perceberia, por exemplo,
um minuto. Pedro, o gordinho que senta lá no fundo que a “burrice” crônica do João era, na verdade, um
da classe, é quieto, preguiçoso e chorão. O João até caso de miopia severa, que dificultava seu rendi-
que é um bom garoto, mas burrinho que só, e lê mento escolar por ele não conseguir enxergar direito
muito mal. Já o Rafael é um pestinha, vem de uma o que estava escrito na lousa?
família complicada e não desgruda dos garotos mais Outra consequência desse tipo de atitude por parte
velhos e encrenqueiros”, dizia a professora Maria, dos adultos é o sentimento de rejeição provocado pelo
do 2º ano do Fundamental, ao passar informações apelido: “A criança pode encarar a situação como uma
sobre os alunos à substituta, dias antes de sair de agressão gratuita e sentir que não é amada por não ser
licença-maternidade. boa o suficiente. Isso cria dificuldades no desenvolvi-
Os nomes são fictícios, mas a situação é real. O mento de vínculos e relações afetivas com outras pes-
hábito de rotular os menores, seja por características soas no futuro. Ela pode, ainda, se acomodar com esse
físicas, seja pelo comportamento, não é tão inofensi- rótulo, aceitando-o. Daí, não sentirá motivação para
vo quanto parece e pode trazer sérias consequências desenvolver as habilidades criticadas. A estratégia para
para o desenvolvimento social, afetivo e educacional superar ou reverter essa situação é diferente em cada
dos pequenos. caso, mas um trabalho de conscientização sobre suas
Para entender melhor o mal que causam os rótu- qualidades e seus defeitos já é um excelente primeiro
los, imagine se, no primeiro dia de aula, a professora passo”, afirma Cynthia Wood, psicóloga e psicopedago-
substituta entrasse na sala com ideias preconcebi- ga da Clínica Crescendo e Acontecendo, em São Paulo.
Abaixo as etiquetas
Pais e professores nem sempre percebem o quan- Cultive a diversidade – É fundamental que seus Em geral, as crianças
to esses rótulos podem atrapalhar o desenvolvimen- filhos ou alunos tenham a oportunidade de conviver
to emocional e cognitivo de uma criança. Por isso, com crianças de outros grupos, de diferentes idades
menores lidam melhor
é fundamental ficar alerta para evitar classificações e classes sociais. Só assim será possível mostrar com as diferenças e
e julgamentos prévios: que, sim, existem diferenças, mas que elas não
impedem ninguém de viver em harmonia. E que,
sentem que podem
Cuidado com as palavras – Ninguém é igual apesar de ser diferente, a outra pessoa não merece aprender com elas
no tempo de aprendizado, nas habilidades, nem na nenhum apelido maldoso ou ser transformada em
capacidade de se relacionar com outras pessoas. Por alvo de gozações. Em geral, as crianças menores
isso, evite perder a calma quando seu filho ou aluno lidam melhor com as diferenças e sentem que
bater no colega com ou sem motivo. Melhor dizer: podem aprender com elas. Por isso, quanto mais
“O que você fez foi maldoso e deixou seu amigo cedo os pais começarem a educá-las para aceitar a
triste” do que simplesmente disparar “Você é um diversidade, melhor. “Conversar abertamente sobre
menino mau”. Mostrar a diferença entre a pessoa o tema e ter atitudes de aceitação e empatia com
(você é mau) e sua atitude (você fez uma maldade) toda gama de pessoas deveria ser determinante na
dará à criança a oportunidade de descobrir que educação dos pequenos. Todavia, há famílias que
sempre há espaço para mudanças e tempo para que não têm isso como prioridade”, lembra a educadora
ela possa refletir sobre a atitude e agir de maneira e socióloga Sandra Bozza.
diferente da próxima vez.
Das brincadeiras
sem graça às agressões:
o caminho
do problema
Mentiras, boatos, gozações, exclusão.
Intimidação, tapas, extorsão de dinheiro. Tudo
isso faz parte da vida de milhões de jovens e
preocupa pais e educadores do mundo inteiro
O O termo bullying tem origem na língua inglesa e de maneira mais abrangente”, comenta.
pode ser traduzido como humilhação em público. No Brasil, os dados são alarmantes. O bullying é um
Não é novo, mas antes se restringia às quatro pa- dos vilões do Ensino Médio, envolvendo cerca de 30%
redes da sala de aula. Chegava, no máximo, até o dos estudantes brasileiros. Desse total, 20,8% são
pátio. Para a psiquiatra Ana Beatriz Barbosa Silva, agressores. Ou seja, um em cada cinco jovens dessa
autora do livro Bullying – Mentes perigosas nas es- faixa etária diverte-se agredindo, física ou verbalmente,
colas (Editora Objetiva, 2010), a questão não pode seus colegas de escola. Os dados são da Pesquisa Na-
ser mais tratada como um fenômeno apenas da área cional de Saúde Escolar (PeNSE), divulgada em junho
educacional. “Atualmente, ele já é definido como de 2013 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Es-
um problema de saúde pública e, por isso mesmo, tatística (IBGE). O estudo foi realizado com 109.104
deve entrar na pauta de todos os profissionais que alunos do 9º ano do Ensino Fundamental de todo o
atuam nas áreas médica, psicológica e assistencial país, o que incluiu adolescentes de 13 a 15 anos.
sua aceitação dependerá dos limites de cada partici- “O estresse constante pelo medo
pante. Porém, quando as brincadeiras se convertem
em atitudes agressivas e abusivas, com o intuito de de ataques costuma provocar
prejudicar o outro e colocá-lo em posição de inferiori-
dade e dominação, podem originar as brutalidades. sinais físicos na criança.
Portanto, para que uma atitude seja considerada
bullying, é necessário que ela apresente algumas ca- estão sofrendo humilhações. O primeiro indicador
racterísticas: surge quando a criança ou adolescente evita entrar
• Intenção de provocar dano material, físico, emo- em contato com seu agressor. Outros comportamen-
cional ou de aprendizado. tos de uma vítima de bullying:
• Persistência e continuidade das agressões sempre • Falta de interesse pela escola, fazendo birra para
contra a mesma pessoa. ir, com medo de agressão física ou verbal.
• Ausência de motivos que justifiquem os ataques. • Isolamento, evitando estar próximo dos amigos e
• Quando há um desequilíbrio de poder que dificulte da família, fechando-se no quarto e não desejando
a defesa da vítima. sair com colegas.
• Queda no rendimento escolar devido à falta de
atenção nas aulas.
Estratégia • Baixa autoestima, com várias referências a sua in-
O bullying compreende uma variedade de atitu- capacidade de fazer essa ou aquela tarefa.
des que têm como único propósito a humilhação e • Ataques de fúria e impulsividade, querendo bater
submissão de uma pessoa mais frágil, supostamente em si e nos outros ou atirando objetos.
sem condições físicas ou emocionais para se defen-
der do agressor. Devido às inúmeras formas da prá- Esses sinais podem ser indícios de tristeza, inse-
tica, os estudiosos dividiram o fenômeno em dois gurança e baixa autoestima. Além disso, o estresse
tipos: direto e indireto, ambos danosos e cruéis. constante pelo medo de ataques costuma provocar
O primeiro ocorre quando a vítima é atacada direta- sinais físicos na criança. Conheça alguns deles:
mente por meio de apelidos, humilhações, agressões • A criança (ou o adolescente) começa a andar ca-
físicas, ameaças, roubos, ofensas verbais, expressões e bisbaixa, demonstrando cansaço.
gestos que geram mal-estar. Esse tipo ocorre com mais • Tem problemas para dormir e sofre com pesadelos.
frequência entre meninos. “É comum vermos garotos • Aparece com a roupa rasgada ou suja e chega em
envolvidos em agressões físicas e verbais, reforçando casa sem os seus pertences.
as características pessoais da vítima, com o intuito de • Apresenta feridas no corpo e não sabe explicar
ridicularizá-la. Quando praticam ações agressivas, pre- como surgiram.
ferem se sentir apoiados pela presença do grupo”, diz • Tem falta de apetite, não desejando comer nem a
a especialista em educação infantil e psicopedagogia comida preferida.
Denise Tinoco, professora de Educação Básica e da • Queixa-se de dores de cabeça ou de barriga várias
Universidade Estácio de Sá, no Rio de Janeiro. vezes ao dia.
Já o indireto acontece quando a vítima está au- A provável vítima de bullying, criança ou ado-
sente. Seus autores criam situações de divisão, O bullying indireto é o preferido das crianças me- Primeiros sinais lescente, deve apresentar pelo menos três desses
discórdia e indiferença, agindo por meio de fofo- nores e das mulheres, ainda que não seja impossível “Como saber se meu filho está sofrendo bullying na sinais. Além disso, alguns adolescentes podem
ca, manipulação de amigos, mentiras, isolamen- encontrar meninas partindo para as vias de fato: “As escola?” Esta é uma das perguntas mais frequentes iniciar o consumo de álcool ou drogas.
to, difamação e discriminação, com a intenção garotas buscam evidenciar e reforçar negativamente feita pelos pais em consultórios, reuniões de escola “Como posso saber se meu filho pequeno está
de excluir a vítima do grupo social. Enfim, uma características sociais, fraquezas e traços da perso- e palestras sobre o assunto. A dúvida tem razão de agredindo seus colegas na escola?” Essa é a se-
agressão silenciosa, muitas vezes feita de sorrisos nalidade da vítima. A maioria das agressões indire- ser, pois a criança pequena não consegue entender gunda dúvida que atormenta os pais preocupados
irônicos e bilhetes anônimos, que deixam a vítima tas é velada e anônima. As pesquisas demonstraram direito o que está acontecendo a sua volta na escola com a prevenção. A resposta é do profissional Lu-
sem respostas, falando sozinha, até que ela mes- também que as meninas cometem mais injúrias vir- para poder contar aos pais. Entretanto, existem si- ciano Passianotto, psicólogo clínico de São Paulo:
ma não se aproxime mais do grupo. tuais”, explica a pedagoga Denise Tinoco. nais importantes que podem indicar que as crianças “É difícil avaliar se uma criança pequena, com
Final feliz
Thalita Rocha Costa tinha 9 anos quando
começou a sofrer bullying em uma escola
Brutalidade na rede
particular no Recife, PE. A turma que Quando o cyberbullying se manifesta, mensagens e imagens ofensivas
a agredia, constituída só por meninas, repercutem rapidamente, negando à vítima o direito ao esquecimento
roubava seu dinheiro do lanche e ainda a
chamava de baleia na aula de natação. A escalada da violência mundial contra os mais jo- ONG Plan Brasil, com estudantes brasileiros entre
vens não dá trégua nos noticiários: crianças e adoles- 10 e 14 anos, nas cinco regiões do país. Dos 5.168
Atualmente, com 18 anos, Thalita não
centes que atravessam fronteiras para fugir de guerras alunos que participaram da pesquisa, 10% já sofre-
esquece os abusos. Basta se emocionar um enfrentam soldados, tornam-se bombas humanas nas ram ou praticaram bullying; 16,8% foram vítimas ao
pouco mais para aparecer uma urticária mãos de grupos extremistas ou são vítimas de balas menos uma vez e 17,7% praticaram o cyberbullying.
perdidas em meio a confrontos entre os traficantes e Entre as vítimas, 13% foram insultados pelo celular
crônica, adquirida na época, que deixa sua a polícia. Como se não bastasse viver em um mundo e as 87% restantes, por textos e imagens enviados
pele avermelhada e seus lábios inchados. permanentemente em tensão, mesmo em áreas con- por e-mail ou via sites de relacionamento.
Em um certo dia de junho de 2015, Thalita sideradas seguras, muitos deles ainda enfrentam o Em outros países, a relação entre bullying e cyber-
cyberbullying, uma modalidade de humilhação públi- bullying também é crescente. Um estudo feito em
encontrou na fila do banco uma de suas ca que tomou de assalto as redes sociais, principal- 2009 pelo pesquisador John Palfrey, professor e vi-
torturadoras. Mas o encontro não a mente por meio dos celulares. ce-reitor para a Biblioteca e Recursos de Informação
Pesquisas realizadas no Brasil e no mundo reve- da Escola de Direito da Universidade de Harvard,
abalou, de tão ocupada que estava com o lam que essa prática perversa não para de crescer. nos Estados Unidos, revela que 42,4% dos jovens
planejamento da viagem especial que faria Um dos motivos é a maior facilidade de acesso à que disseram sofrer ataques de bullying virtual tam-
no fim do mês. O destino de Thalita era a internet, que permite aos jovens estarem cada vez bém são vítimas de agressões nas escolas.
mais conectados e por mais tempo. A edição 2014
Universidade de Harvard, em Cambridge, do estudo Este Jovem Brasileiro, realizado pelo Por-
nos Estados Unidos, uma das mais tal Educacional em parceria com o psiquiatra Jairo
Bouer em 14 estados brasileiros, revela que o uso da
prestigiadas do mundo, onde estudaria
internet e das redes sociais já faz parte da rotina de
medicina. Dias antes havia recebido um 95% dos 4 mil estudantes entre 13 e 16 anos que
e-mail da instituição que confirmava sua responderam à pesquisa. Um segundo dado aponta
que as redes sociais ocupam uma parte considerável
aceitação como estudante, com direito a do tempo desses estudantes: 85% deles dizem pas-
um apartamento só para ela e uma bolsa de sar ao menos duas horas navegando pelos sites ou
estudos integral. Com o bullying, a jovem usando aplicativos de relacionamento.
Sobre os estragos produzidos pelos dois tipos, as • Ficou evidente que as meninas mais novas não têm
opiniões não são unânimes. “Considero o bullying tanta liberdade para usar a internet devido às regras Outras diferenças leira aconteceram em 2013, quando duas jovens,
No bullying presencial, bastava que a vítima saís- uma no Piauí e outra no Rio Grande do Sul, suici-
presencial mais grave do que o on-line, à medida impostas pelos pais, que temem por sua segurança.
se da escola e chegasse em casa para se sentir se- daram-se por conta do cyberbullying. A piauiense
que este último é mais visível que o primeiro. Ou • Todas as garotas mais velhas navegam pela in-
gura. Agora, como as agressões ficam gravadas nas Jane *, com 17 anos na época, enforcou-se com o
seja, muitas vezes os adultos não conseguem perce- ternet com mais frequência, mas não se sentem
páginas virtuais por tempo indeterminado, o tormen- fio do aparelho alisador de cabelos depois que um
ber a existência do bullying na escola, abandonan- seguras on-line.
to também se torna permanente. Todos podem ver os vídeo íntimo seu, com outra jovem e um homem,
do o aluno nos momentos em que isso ocorre. Já o • Cerca de 80% do total de 444 jovens entrevistadas
xingamentos a todo instante, já que as humilhações foi divulgado no WhatsApp. Na mesma semana, a
cyberbullying se torna público, deixando pegadas di- se sentem vulneráveis na internet e no celular por
não tiram férias nem somem nos fins de semana. “O adolescente Regina *, de 16 anos, de Veranópolis,
gitais que podem ser vistas posteriormente. Contu- medo de: a) terem suas fotos pessoais “roubadas”
espaço do medo é ilimitado”, diz a psicoterapeuta RS, tirou a própria vida depois que um ex-namora-
do, é importante ressaltar que não há consenso entre e expostas na rede; b) envolverem-se com pessoas
Maria Tereza Maldonado, autora do livro A face ocul- do compartilhou suas fotos íntimas na internet.
especialistas sobre esse assunto no Brasil”, afirma que se passam por outras em perfis de redes sociais
Ana Maria Albuquerque Lima, psicóloga, mestre em ou em aplicativos de mensagens; c) terem suas ta – Uma história de bullying e cyberbullying (Edito-
educação e autora do livro Cyberbullying e outros contas de e-mail invadidas; d) serem agredidas ver- ra Saraiva, 2009). Além disso:
• No pátio da escola, a vítima sabe quem é seu algoz,
De provocação a
riscos na internet: Despertando a atenção de pais e balmente ou difamadas por meio do cyberbullying.
professores (Editora Wak, 2011). quem faz parte da plateia e sente o impacto de sua
intimidação cara a cara. No cyberbulying, não. A
roubo de identidade
Já a psicopedagoga clínica Quezia Bombonatto, As práticas de cyberbullying se dão pela internet e
de São Paulo, acredita que a humilhação virtual agressão se alastra de tal maneira, que a vítima fica pelo celular – via e-mail, mensagens instantâneas, re-
produz mais estrago que a presencial: “Enquanto o sem saber ao certo quem iniciou o ataque. des sociais e outros ambientes virtuais – com o objetivo
bullying é mais focado num determinado grupo, as • Pelo uso regular da internet e do celular, os jovens de difamar a vítima de maneira deliberada e repetitiva.
agressões on-line se espalham por um público indis- estão se tornando cada vez mais vítimas em poten- De acordo com a psicóloga Ana Maria Albuquerque
criminado, pois as mensagens, as imagens e os co- cial. As meninas, em especial, acabam correndo Lima, existem oito tipos distintos dessa violência:
mais riscos pelo hábito – comum entre as adoles-
mentários depreciativos se alastram rapidamente”. • Provocação incendiária: acontece mediante
A rapidez e a abrangência desses ataques tornam centes – de enviar fotos íntimas para os namora-
discussões que se iniciam on-line e se propagam
as agressões ainda mais perversas, porque o espaço dos, que muitas vezes não hesitam em expô-las
de modo rápido, com linguagem vulgar e ofensiva.
virtual é ilimitado. O poder de destruição de quem nas redes sociais, nos e-mails e nas mensagens
• Assédio: caracterizado pelo envio de mensagens
ataca também se amplia, e o jovem agredido se sen- que se espalham rapidamente.
ofensivas, com o objetivo de insultar a vítima.
te mais acuado, mesmo fora da escola. • A tecnologia dificulta a identificação do agressor
(ou dos agressores), o que aumenta a sensação de
• Difamação e injúria: o ato ocorre por fofocas
e rumores disseminados na internet, visando
impotência e a insegurança da jovem vítima.
Insegurança na net • Uma das características mais marcantes do
causar danos à reputação.
• Roubo de identidade: quando uma pessoa se faz
Um estudo realizado mundialmente pela ONG cyberbullying é a possibilidade de o agressor agir
na sombra. Ele pode criar um perfil falso nas redes passar por outra na internet, usando os dados
Plan para o seu relatório “Porque sou uma menina”
sociais, abrir uma conta fictícia de e-mail (ou ain- pessoais em contas de e-mail ou mensagens
(Because I am a girl), divulgado em 2010, analisou
da roubar a senha de outra pessoa) para mandar instantâneas, com o intuito de constranger e
a relação de garotas, moradoras de grandes cidades
seus recados maldosos e desaforados sem ser des- gerar danos a um terceiro.
de países em desenvolvimento, com a internet e
os celulares. O estudo apontou os principais fato- coberto por muito tempo. • Violação da intimidade: divulgação
• Segundo especialistas, a internet parece ter um de segredos, informações e imagens
res que fazem com que as meninas não aproveitem
papel importante quando o assunto é suicídio ou íntimas ou comprometedoras.
plenamente a tecnologia para seu desenvolvimento
pessoal e para adquirir conhecimento. massacres em escolas, como acontece vez ou outra • Exclusão: desligamento de alguém, de modo
Parte desse estudo foi feito no Brasil com dois nos Estados Unidos. Em 2011, o serviço secreto intencional, de uma comunidade virtual.
grupos. O primeiro contou com 44 garotas, entre americano fez um estudo com histórias de massa- • Ameaça cibernética: envio repetitivo de
10 a 18 anos, que foram entrevistadas presencial- cres em escolas de 1950 a 2010. A constatação mensagens ameaçadoras ou intimidadoras.
mente. O segundo grupo contou com 400 meninas, foi de que 87% dos atentados com grande núme- • Happy slapping: é a interface mais nítida entre
entre 10 e 14 anos, que responderam a um ques- ro de mortos foram motivados pelo bullying. No o bullying presencial e o virtual. Vídeos que
tionário on-line. Brasil, o caso mais marcante foi aquele conhecido mostram a agressão física na rua a um jovem,
Veja alguns dados da pesquisa realizada com as como massacre no Realengo. Outros dois casos escolhido de modo intencional ou não, são
garotas brasileiras: que também alarmaram a opinião pública brasi- divulgados na internet para ampliar a humilhação.
Personagens
de um mesmo
drama
Agressores, vítimas e testemunhas
E
lado a lado com o problema
Especialistas costumam dizer que o bullying, em experiências ou do ambiente, que levam os jovens
geral, é um drama que se desenrola na presença de a ter dificuldade para controlar emoções, expressar
três personagens: o agressor, a vítima e a testemu- angústias ou ansiedade. Ser agressivo pode também
nha. Cada um apresenta características próprias, e ser uma maneira de chamar atenção quando a pes-
os papéis não são obrigatoriamente fixos. Uma víti- soa se sente negligenciada”, diz Luciano Passianot-
ma, por exemplo, pode eventualmente se tornar um to, psicólogo clínico de São Paulo.
agressor se encontrar alguém que considere mais Por outro lado, existem características que apa-
fraco. Uma testemunha que não goste de agressões rentemente contribuem para que crianças ou adoles-
pode apoiar os valentões mesmo quando quem apa- centes se tornem alvos de constrangimento na vida
nha é seu melhor amigo, tornando-se cúmplice si- escolar: “Pessoas com problemas físicos, magrinhas
lencioso, por medo de ser o próximo agredido. Des- demais ou obesas, de etnias e culturas diferentes ou
sa maneira, o fenômeno se expande por escolas do muito tímidas podem vir a se tornar vítimas. Isso não
mundo inteiro, muitas vezes sem que professores e quer dizer que elas obrigatoriamente vão sofrer bullying
responsáveis saibam como agir de maneira eficaz. ou que não reajam de modo adequado e revertam a
É verdade que ninguém nasce vítima ou agres- situação caso sofram ataques. Mas, em alguns casos,
sor, mas vários motivos direcionam a criança ou o a criança apenas não sabe como lidar com a situação
adolescente a desempenhar um ou outro papel: “Fa- ou tem medo de reagir e sofrer mais agressões físicas
tores genéticos, neurológicos e bioquímicos podem e psicológicas”, completa Luciano.
provocar um comportamento mais agressivo. Entre- Conheça a seguir o perfil de cada personagem des-
tanto, em muitos casos, essa tendência é reflexo de se drama que preocupa cada vez mais a sociedade.
O agressor
De acordo com a psiquiatra Ana Beatriz Barbosa Silva, autora do livro Bullying –
Mentes perigosas nas escolas (Editora Objetiva, 2010), os bullies podem ser de ambos
os sexos, agir sozinhos ou em grupo. A maioria, porém, tem um poder de liderança que
geralmente é legitimado pela força física e/ou psicológica.
É fundamental saber também que o agressor e sua turma não têm uma razão espe-
cial ou motivação específica para praticar bullying. Segundo Ana Beatriz, isso significa
dizer que, como se fosse a atitude mais natural do mundo, os mais fortes se utilizam
dos mais fracos para a própria diversão, prazer e demonstração de força, com o intuito
de maltratar, intimidar, humilhar e amedrontar as vítimas.
Saiba mais sobre suas características:
• A personalidade do bullie é marcada por traços de maldade. Ele não respeita nin-
guém, a não ser uma pessoa mais forte e mais agressiva que ele. “Não sente afeto
pelo outro, nem sente culpa por seus atos, tampouco remorso”, diz a psiquiatra.
• Abuso de poder, intimidação e prepotência são algumas das estratégias adotadas
pelos praticantes de bullying para impor autoridade e dominar as vítimas.
• De acordo com o filósofo e teólogo Pedrinho Guareschi, professor da pós-gradua-
ção em Psicologia Social e Institucional da Universidade Federal do
Rio Grande do Sul (UFRGS) e autor do livro Bullying: Mais sério
do que se imagina (EDIPUCRS, 2008), outras características
comuns nos valentões são: impulsividade, intolerância,
falta de controle dos sentimentos, baixa resistência a
frustrações e ideia de superioridade perante os outros.
• Seu desempenho escolar pode até ser normal ou supe-
rior à média, mas tende a piorar ao longo dos anos.
• “O agressor usa de sua extroversão, da facilidade
de expressão, da falta de caráter e ética para fazer
o que quer, agindo por meio da transgressão ou
contravenção e abusando do poder de manipula-
ção de outras pessoas a seu favor” diz o artigo
Bullying: como reconhecer o agressor e o agredi-
do?, publicado no site www.tiba.com.br/artigos.
php, do renomado psiquiatra e educador Içami
Tiba, falecido em agosto de 2015.
A vítima
Em seus depoimentos e escritos, Içami Tiba também revelou que a
chantagem emocional é um dos mecanismos que levam uma criança ou
um adolescente a se transformar em alvo favorito dos bullies: “O agressor
se vale das frágeis condições de reação da vítima e ainda a ameaça de
fazer pior, caso ela conte para alguém. Assim, a pessoa fica sem saída: ao
se calar, o bullying continua; e, se tentar reagir, a agressão pode piorar”.
A psicóloga Tahiana Borges concorda com o psiquiatra: “Seja por timi-
dez ou por tentar se proteger de maneira inadequada, a falta de habilida-
de social para se posicionar diante das constantes provocações é o que a
mantém na posição de vítima”.
De acordo com especialistas, como a psiquiatra Ana Beatriz Barbosa
Silva, essa personagem pode ser classificada em três categorias:
{
Conselhos
Morte anunciada
No dia 7 de abril de 2011, Wellington
“Minha primeira sugestão é para Menezes de Oliveira, de 23 anos, ganhou os
que o jovem acredite em si mesmo. noticiários ao entrar armado em uma escola
Não importa o que digam, não somos municipal do Rio de Janeiro e promover uma
tragédia semelhante àquelas assistidas nos
o que pensam que somos! Se você canais de televisão norte-americanos.
acreditar nisso, será muito mais fácil Por volta das 8h30 da manhã, o ex-aluno
entrou na Escola Tasso da Silveira, no bair-
se defender. Portanto, demonstre
ro de Realengo, dizendo ter sido convidado
autoconfiança e coragem. Ainda que para uma palestra. Subiu três andares e in-
pareça difícil, não permita que os vadiu uma sala com 40 alunos que assistiam
à aula de língua portuguesa. Sem dizer uma
provocadores percebam o sofrimento palavra, disparou 50 tiros contra os estudan-
sentido: defenda-se, peça-lhes tes, deixando 12 crianças mortas – dois me-
para parar, revide os apelidos e ninos e dez meninas, com idades entre 12 e
A testemunha
14 anos –, e se matou em seguida.
brincadeiras sem ser agressivo ou Um ex-colega do atirador revelou à po-
chorar. Para se defender do bullying, lícia que Wellington sofria constantes inti-
midações de alunos da sua turma. Quieto e
é preciso encontrar um caminho entre retraído, só falava o básico, não jogava fu-
Para a pedagoga e pesquisadora Cleo Fante, “o
aluno que presencia o bullying mas que não sofre
Passiva: tem medo de se tornar a próxima víti- a passividade e a agressividade, o tebol, não namorava e não tinha o costume
ma. Se for questionada, não concorda e até repele que nós, psicólogos, chamamos de de beber ou fumar. Testemunha dos males
nem pratica a violência representa a grande maioria as ações dos bullies. Entretanto, ao assistir a uma sofridos pelo atirador, o rapaz também con-
dos envolvidos com o problema. Por temer se trans- agressão sofrida por um colega, não denuncia nem
assertividade. Em seguida, conte tou que, apesar de nunca arrumar brigas,
formar em novo alvo para o agressor, acaba adotando toma qualquer atitude em defesa das vítimas por te- o ocorrido a alguém de confiança, alguns estudantes da turma sempre tive-
a lei do silêncio”, escreve a autora no livro Fenôme- mer represálias. ram medo de que Wellington desenvolvesse
no bullying: Como prevenir a violência nas escolas e preferencialmente a um adulto,
algum comportamento violento. Foi o que
educar para a paz (Verus Editora, 2011). Ativa: não se envolve diretamente nos ataques, que possa ajudar você a resgatar aconteceu anos depois, aparentemente sem
Pedrinho Guareschi alerta que “apesar de não so- mas dá apoio moral aos agressores, com risadas e
a autoestima e também resolver o aviso-prévio. Ou melhor, sem que os adul-
frerem nem participarem de forma direta das agres- palavras de incentivo.
tos, pais e professores prestassem atenção e
sões, os espectadores podem se sentir incomodados Neutra: não demonstra nada, nem desagrado nem problema junto à escola. Ninguém tomassem providências frente ao bullying a
com o que veem e inseguros sobre o que fazer. Al- agrado. O fato de um colega sofrer agressões parece vence o bullying sozinho.” que Wellington foi submetido durante anos.
guns reagem negativamente diante do bullying, por não ter nenhum significado psíquico ou moral, como
Tahiana Borges, autora do livro Memórias do
desejar que sua escola seja um ambiente seguro, so- se ficasse anestesiada emocionalmente frente ao bullying (Novo Século Editora, 2015), que foi vítima
lidário e sem temores. Tudo isso pode influenciar de acontecimento. De acordo com especialistas, esse de agressões verbais em seu tempo de escola. Fontes: Bullying – Combater o bullying é um sinal de justiça.
maneira prejudicial sua capacidade de progredir nos tipo de testemunha, em geral, vem de famílias Cartilha da Comissão Nacional de Justiça, de Ana Beatriz Bar-
estudos e socialmente”. desestruturadas e constantemente presencia atos bosa Silva, 2015. Disponível para download em goo.gl/C7BJcy
A testemunha pode ser dividida em três grupos: de agressão no próprio lar. Site: www.tiba.com.br
Direto das
salas de aula
O primeiro passo para enfrentar de maneira eficaz
a violência entre alunos é estimular a comunidade
O
escolar a desenvolver um olhar observador
O bullying é um fenômeno que não faz distinção en- sentarem uma postura agressiva em relação a um
tre classes sociais e está presente em escolas públicas ou outro aluno, servindo de exemplo negativo.
e privadas pelo Brasil afora com características seme- • Muitos profissionais da educação revelaram na pes-
lhantes, independentemente da cultura do país. Porém, quisa que não sabem diferenciar o bullying de uma
a situação por aqui apresenta uma particularidade. Em brincadeira comum, o que denota o desconheci-
21% dos casos, as agressões físicas ou verbais ocorrem mento de boa parte do corpo docente em relação
dentro da sala de aula – e não no pátio da instituição. ao fenômeno.
Esse foi um dos dados revelados pela pesquisa • O estudo demonstra que há despreparo da maioria
Bullying escolar no Brasil, de 2010, organizada pela das escolas pesquisadas para reduzir ou eliminar a
Plan Internacional, uma ONG voltada para os direitos ocorrência da violência escolar. O principal moti-
da infância, que ouviu 5.168 alunos do 5° ao 9° ano vo para essa atitude passiva perante uma situação
do Ensino Fundamental, professores, gestores escola- que se mostra cada dia mais grave é a escassez de
res e familiares de todas as regiões do país. “Em outros recursos materiais e humanos e a falta de capacita-
países, a violência costuma acontecer com mais frequ- ção dos professores e das equipes técnicas.
ência no pátio das escolas”, revela a educadora e pes- • Como professores, auxiliares, funcionários e ges-
quisadora Cleo Fante, coordenadora do estudo e autora tores muitas vezes acreditam que as causas da
de vários livros sobre bullying. As razões seriam: violência entre alunos estão na família ou na co-
• Nas escolas públicas, a falta de professores é fre- munidade em que vivem fora do âmbito escolar,
quente, e os alunos ficam dentro da sala sem super- são feitas poucas ações institucionais com foco no
visão, o que facilita a ocorrência de violência. combate ao problema. De acordo com a pesquisa,
• Porém, muitos casos também acontecem na pre- as ações mais comuns são pontuais e direcionadas
sença do professor, especialmente quando há su- especificamente aos agressores. Na maioria dos
perlotação, salas com mais de 30 alunos, o que casos, os únicos recursos adotados são a punição
dificulta o monitoramento de todos. dos bullies com advertências e suspensões e con-
• Também acontece de os próprios professores apre- versas com os pais deles.
Atitudes assertivas
O professor é a melhor pessoa para resolver o pro- específicas, como racismo, homofobia e preconceitos
blema. Afinal, ele presenciou o acontecido, lida com os relacionados à obesidade e etnia, entre outros. Os te-
envolvidos quase diariamente e conhece a personalida- mas devem ser abordados com objetividade, tendo em
de de seus alunos. Para isso, vale ter alguns cuidados: vista um projeto maior, o combate ao bullying.
• O ideal seria não mandar os alunos para a direção • Ainda que as intenções sejam boas, o docente
ou supervisão, dando a entender que não se sente deve se lembrar de que não é conveniente citar
com autoridade para controlar o comportamento uma criança em particular durante as aulas, rela-
da classe. Ele só deve agir assim em casos ex- cionando-a a um assunto que possa vir a ser usado
cepcionalmente graves. Por outro lado, isso não como chacota.
significa que o gestor escolar não deva saber o que • Interfira diretamente nos grupos sempre que
se passa em sala de aula. Ele deve ser informado isso for necessário para romper a dinâmica do
de toda e qualquer situação de bullying para que, bullying. Faça os alunos se sentarem em lugares
junto com toda a equipe da escola, tome medidas previamente indicados, mantendo afastados os
preventivas ou punitivas, de acordo com o caso. possíveis agressores das vítimas.
• De maneira cordial, o professor pode pedir ao • Os funcionários da escola também são importantes
agressor, por exemplo, que se coloque no lugar da agentes na luta contra o bullying. São eles que es-
“
vítima. Será que ele gostaria de ser chamado pelo tão em contato com os alunos quando os professo-
apelido ou de ter seu dinheiro para o lanche “rou- res não estão por perto. Com o convívio diário, eles
bado”, ainda que por brincadeira? aprendem a conhecer o comportamento da maioria,
• É importante também envolver os espectadores principalmente dos mais rebeldes e criadores de
encrencas. Esse aprendizado será de grande valia
Entre quatro paredes que, queiram ou não, se tornam cúmplices do bullie
ao se divertirem à custa da vítima. O professor pode para docentes e gestores identificarem os agresso-
Ao surgir uma situação em classe, a intervenção res e conterem situações de risco. Quanto maior for
lembrar a todos que brincadeiras de mau gosto só
deve ser imediata. “Se algo ocorre e o professor se a capacitação desses funcionários, mais eficaz será
funcionam bem quando há uma plateia que ri da
omite, dá uma risadinha por causa de uma piada ou a ajuda no combate à violência escolar.
humilhação do colega. O objetivo deve ser transfor-
de um comentário, vai pelo caminho errado. Ele deve
mar as testemunhas em aliadas contra o bullying,
ser o primeiro a mostrar respeito e dar o exemplo”,
diz Aramis Lopes Neto, presidente do Departamento
“Ao perceber um ao mostrar que as risadas e o desprezo podem ferir
tanto ou mais que uma violência física.
Científico de Segurança da Criança e do Adolescente
da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).
comportamento • Questionar a vítima sobre o acontecimento só vai
deixá-la ainda mais constrangida. Esse aluno precisa
Se não houver uma manifestação rápida por parte
do docente, o agressor percebe que, além de suas
inadequado, uma de ajuda e não que o lembrem que fez papel de bobo
perante os colegas. De preferência, falar com ele em
atitudes serem ignoradas, não vai sofrer punição,
sentindo-se livre para agir como bem entender. Já a
falta de respeito particular, no mesmo dia ou antes da próxima aula,
para saber mais sobre a situação do bullying e de-
vítima acaba confirmando o que já desconfiava: que
ninguém se importa com o que acontece com ela. ao outro, o docente monstrar seu interesse na resolução do problema.
• O professor também deve chamar o agressor para
“Ao perceber um comportamento inadequado, uma
falta de respeito ao outro, o docente deve imediata- deve imediatamente uma conversa em separado após a aula, mas é im-
portante que seja no mesmo dia. Mostre a ele as
mente esclarecer, falar sobre o acontecido, tanto para
a vítima quanto para o agressor. Quando nada se faz, esclarecer, falar sobre consequências de seus atos naquele momento e
toda a raiva represada vai se acumulando e uma hora no futuro. Na conversa, procure indícios do motivo
deságua, é inevitável. Só não é possível prever quan- o acontecido, tanto de seu comportamento agressivo e mostre a cruel-
do e como acontecerá”, diz a psicopedagoga Luciana dade que existe por trás das brincadeiras.
Barros de Almeida, presidente nacional da Associa- para a vítima quanto • E não perder a chance de conversar com os alunos
ção Brasileira de Psicopedagogia (ABPp). quando surgirem comentários, casos, notícias ou acon-
para o agressor” tecimentos na própria escola que envolvam situações
A vez dos
pais A importância do acolhimento no lar e
da participação ativa na vida dos filhos
é vítima?
sentem-se mais seguros para contar os acontecimentos venciou”, diz a psicopedagoga Bianca Acampora.
pais é que não vejam seus filhos somente como
bons e ruins. “É importante não minimizar nem relati- Se perceber que ele quer contar alguma coisa da
vítimas. Esse primeiro olhar da família parece
vizar o que está ocorrendo. O assunto deve ser levado escola, mas não se decide a falar, converse bastan-
ser uma tendência quando surge o problema e
a sério. Mantenha um diálogo aberto com as crianças, te, tentando vencer sua resistência e ajudando-o
os pais são chamados para uma conversa na es-
busque entender se estão passando por alguma dificul- a lidar com a questão. Procure não transformar a
cola. É preciso lembrar que muitas crianças na
dade que as esteja fazendo agredir ou se submeter às conversa em um inquérito policial. Desse modo, ele
escola adotam comportamentos diferentes dos
agressões. Fale com outros pais, professores, coordena- dificilmente se sentirá seguro para contar que sofreu
adotados em casa. “Por isso, é importante que
dores e adultos próximos às crianças envolvidas. Tentar agressão. Menos ainda se tiver sido ele quem come-
fiquem atentos a qualquer mudança comporta-
resolver tudo sozinho pode não ser tão eficiente. Não çou a “brincadeira” de mau gosto.
mental, mesmo que lhes pareça insignificante.
acredite que a situação mudou só porque as crianças Se a criança não sabe o que falar para se defen-
Alterações de humor, insônia, aspecto triste, de-
pararam de falar sobre o assunto. Certifique-se de que der quando sofre um ataque de bullying, é melhor
primido ou irritado, desejo de mudança de esco-
as coisas realmente mudaram. Por último, mostre estar aconselhá-la a não responder nada, mas que procure
la sem justificativas convincentes, queda brusca
sempre disponível e ao lado delas”, orienta Luciano Pas- não demonstrar medo. E preste bastante atenção no
no rendimento escolar, sintomas psicossomáti-
sianotto, psicólogo clínico de São Paulo. relato do seu filho, não apenas em suas palavras,
cos, como dores de cabeça e de estômago, ton-
Em casa, é fundamental que os pais conversem mas em seu comportamento como um todo. Lembre-
turas, vômitos e diarreia pouco antes de irem
todos os dias com os filhos a respeito da escola, dos se de que nem sempre o agressor é quem deu início
à escola podem ser indícios de vitimização”,
cursos e atividades que realizam fora, mesmo que as ao bullying. As vítimas também podem “provocar”
aponta a autora em seu livro Bullying escolar –
crianças tenham uma reação negativa, do tipo “Que uma reação negativa de quem já tem uma tendên-
Perguntas e respostas (Editora Artmed, 2008).
conversa chata!”. Você não precisa pedir um relatório cia à agressividade. Ainda que esse não seja o me-
Por outro lado, ela também aconselha aos
diário de tudo o que aconteceu em sala de aula, mas lhor caminho para se sobressair perante um grupo,
pais a ficarem alertas se o filho começar a ter
demonstre interesse pelo que seu filho conta, seja uma o comportamento provocador pode ser uma forma
“condutas abusivas, desafiadoras, humilhan-
conversa, brincadeira ou o problema de um amigo. desesperada de quem se sente excluído para chamar
tes, agressividade exacerbada, envolvimento
Sempre procure saber dos colegas, re- a atenção de seu grupo.
frequente em desentendimentos, expressão de
tome as histórias e pergunte como
sentimentos de superioridade, de intolerância e
tal encrenca foi resolvida. Dessa
de desrespeito, pois são alguns sinais emitidos
maneira, você estará demons-
pelos praticantes de bullying”.
trando a seu filho que real-
Em ambos os casos, é fundamental que os
mente se interessa pela vida
pais procurem a escola não apenas para conver-
escolar dele, o que vai além
sar sobre os acontecimentos, mas também para
de cobranças por notas e
trocar informações e procurar soluções em con-
bom comportamento.
junto. O ideal é que estabeleçam uma parceria
O mais importante é criar
com a escola e se preocupem tanto com os filhos
o hábito da conversa em fa-
que são alvos como com os autores de maus-
mília. Acomode os horários
tratos. Ambos necessitam de ajuda e muitas ve-
de trabalho dos pais e da
zes de encaminhamento a outros profissionais,
escola dos filhos e apro-
especialmente os da área da saúde. Porém, se
veite uma das refeições,
a escola não tomar providências, os pais devem
como o jantar, para
procurar o Conselho Tutelar. Dependendo da
promover essa reunião
gravidade do caso (cyberbullying, lesão corpo-
familiar, quando cada
ral, calúnia e difamação), é necessário registrar
um pode falar um pou-
boletim de ocorrência na delegacia de polícia.
co de si mesmo.
Mudança
Em um primeiro momento,
não pense em tirar seu filho
da escola, do curso ou mudar
de prédio, ainda que ele in-
sista. Será muito importante
física só em
para a autoestima de seu filho
quando ele vencer o bullying
no ambiente onde foi vítima.
Além disso, é bem possível
que esta seja a primeira lição
de vida na qual ele terá a
oportunidade de aprender não
último caso
apenas a se defender de seus
perseguidores, mas que gente
agressiva existe em toda a
parte, inclusive em seu futuro
ambiente de trabalho.
A prevenção
é o melhor
remédio
A conscientização por meio de informação
e acolhimento promove resultados
significativos no combate às agressões
Parcerias
É preciso que as escolas, juntamente com as fa- com que a criança sinta que possui o controle da
mílias dos alunos, primeiro reconheçam a existência situação, permitindo que ela perceba que pode fazer
do bullying como um fenômeno presente no cotidia- algo de positivo em relação a si mesma.
no escolar. Em segundo lugar, professores, pais e Conheça outras orientações da educadora Bianca
profissionais das áreas de educação e saúde devem Acampora, psicopedagoga e arteterapeuta, doutora em
estar conscientes dos prejuízos causados aos jovens Ciências da Educação, Cognição e Linguagem e profes-
não apenas para o desenvolvimento educativo, mas sora da Universidade Estácio de Sá, no Rio de Janeiro:
também para o futuro, seja na área emocional, social • Fique conectado a seu filho. Quanto mais você sou-
ou profissional. “Encontro pessoas que culpam as ví- ber sobre os amigos dele e os detalhes sobre seu rela-
timas pelo bullying que sofrem por não saberem se cionamento com os colegas, mais fácil será detectar
defender perante as agressões. Essa ideia faz algum qualquer alteração nas interações sociais da criança.
sentido se partirmos do ponto de vista de que a pas- • Converse com ele todos os dias especificamente so-
sividade da vítima alimenta a agressividade do bullie. bre assuntos relacionados à escola e às atividades do
Desse modo, uma das melhores maneiras de prevenir dia, como: com quem a criança tomou seu lanche
o problema é ensinar a criança a se defender de ma- ou qual foi a pior parte do seu dia. Essa é uma for-
neira adequada”, diz a psicóloga Tahiana Borges. ma importante de estabelecer uma boa comunicação
Segundo Joel Haber, psicólogo clínico norte-ame- com seu filho, para que ele saiba que pode contar
ricano, especialista em estratégias antibullying e au- com seu apoio quando houver algum problema.
tor do livro Seu filho x Bullying: Ajude seu filho a lidar • Explique a ele o que é bullying. As crianças sabem
com provocações, insultos e agressões (Novo Sécu- que bater ou empurrar um colega está errado. Por
lo Editora, 2012), “se os pais tiverem uma atitude isso, quando são agressivas com outras crianças,
protetora em relação a seu filho, sempre o salvando procuram agir quando pais e professores não estão
de situações difíceis, ele aprenderá a ser indefeso e olhando. Daí, nem sempre é fácil descobrir quem
não terá oportunidade de crescimento”. Segundo o bateu em quem numa sala de aula de pequenos,
autor, os responsáveis devem agir de modo a fazer por exemplo. Você pode explicar a ele que outras
formas de bullying, como excluir e ignorar alguém,
também podem ser prejudiciais.
• Explique para a criança o que fazer caso teste-
munhe alguma situação de bullying. Diga para ela
alertar imediatamente os professores, pois é uma
maneira de impedir que alguém se machuque.
• É importante também estabelecer e rever periodi-
camente com seu filho os conceitos básicos sobre
o que fazer se encontrar um comportamento preju-
dicial dirigido a ele ou a algum colega.
pante de fúria e armado, de médio e longo prazo.” hoje não é tão maior se Desse modo, podem acei-
acabou matando e ferindo Denise Tinoco, professora comparado ao de dez tar como verdade o rótulo
vários alunos até cometer de Educação Básica e da anos atrás. O fenômeno de incapaz, por exem-
o suicídio. Nas investi- Universidade Estácio de tornou-se apenas mais po- plo, e não se sentirem
“Parte da mídia e dos gações do caso, a Polícia Sá, pedagoga, especialis- pular e foi divulgado entre motivados a se desen-
formadores de opinião Federal conseguiu fazer ta em Educação Infantil e a população escolar por volver nas áreas em que
afirmam que hoje existe perícia no computador do psicopedagogia meio da internet. Além são criticados. A criança
um tratamento iguali- atirador e salvou alguns disso, vivemos uma era também pode entender
tário para minorias e vídeos nos quais ele co- “Em vários casos, a na qual o individualismo o xingamento como uma
para as pessoas consi- mentava sobre o plano de criança até suporta os prevalece, com pessoas agressão gratuita e sentir
“Um dos motivos para deradas diferentes. Não sair atirando pela escola. ataques na escola sem que acreditam que suas que não é amada por não
o aumento do bullying é o que observamos na O vídeo vazou para a in- demonstrar revolta, justificativas são suficien- ser boa o suficiente. Isso
é que os pais estão prática. No meio desse ternet, o que não poderia mesmo sentindo muito tes para explicar qualquer cria dificuldades no de-
distantes demais de seus discurso hipócrita, está ter acontecido. Esse tipo medo e insegurança. Mas coisa. Como se julgam senvolvimento de vínculos
filhos. Há pouco diálogo uma criança ou um de material pode servir quando chega em casa, em maior dificuldade, em e relações afetivas com
e pouca interatividade. adolescente vivendo de inspiração para outras põe a agressividade para maior necessidade, aca- outras pessoas no futuro.”
Às vezes, a distância é seus primeiros anos de pessoas igualmente fora, como se fosse uma bam se fazendo vítimas e Cynthia Wood, psicóloga e
tanta, que parecem viver relacionamento, louco adoecidas, motivando-as panela de pressão. Além sentindo-se no direito de psicopedagoga
em mundos distintos. para ser aceito, louco a realizar algo parecido e, disso, passa a ter proble- não considerar o outro.
Pais que participam da para participar deste assim, continuar o ciclo mas de aprendizagem. Outro fator agravante é “Sem dúvida, é muito
vida dos filhos e sabem mundo ilusório, no qual da violência. É importante Ela fica tão angustiada e o sentimento de onipo- mais fácil trabalhar na
o que eles estão vivendo (aparentemente) todos que esses conteúdos di- com medo, que paralisa tência das crianças e dos prevenção, começando
dificilmente terão proble- recebem o mesmo tra- gitais não sejam postados e não consegue aprender. jovens de hoje por terem com as crianças peque-
mas com bullying. Por tamento. Mas o dia de em sites especializados Dependendo do modo todas as necessidades nas. Quanto mais cedo
isso, a participação dos hoje não é tão diferente em bullying, para não de lidar com a situação, imediatamente atendidas. puder discutir essa ques-
pais e educadores na do de ontem no que se disseminar mensagens pode se tornar um adulto Não saber lidar com as tão com os pequenos,
vida das crianças e dos refere a esse fenômeno. provocadoras de novas que se deixar dominar, frustrações ou escutar melhor será sua socializa-
adolescentes poderá Mudaram apenas as mo- violências e consequên- pois não sabe se colocar “não” é apontado como ção baseada na empatia
fazer a diferença neces- tivações dos agressores. cias imprevisíveis.” nem se posicionar peran- um dos fatores princi- e na cooperação, e não
sária para colocarmos O orgulho, o preconcei- Ana Maria Albuquerque te um fato que o agrida pais para o aumento da na competição e na alta
fim a esse mal que nos to, a incompreensão e a Lima, psicóloga, mestre fisicamente ou com pala- violência e das situações necessidade de suplantar
Psicólogos, educadores e pesquisadores são assombra.” falta de empatia de mui- em Educação e autora vras. Nos casos extre- caracterizadas como o colega para poder se
unânimes ao afirmar que só o trabalho em Teuler Reis, psicólogo, tas pessoas continuam do livro Cyberbullying e mos, pode atuar como o bullying.” sobressair.”
conjunto da escola, família, comunidade e coordenador do Projeto os mesmos.” outros riscos na internet: atirador do Realengo, por Luciana Barros de Almei- Sandra Bozza, professora,
demais profissionais que lidam com crianças Educação Para a Paz e João Pedro Roriz, escri- Despertando a atenção de exemplo.” da, Presidente Nacional mestre em Ciências da
autor do livro Bullying...Tô tor de livros infantojuve- pais e professores (Edito- Quezia Bombonatto, psi- da Associação Brasileira Educação, socióloga e
e jovens é capaz de acabar com o bullying.
fora, (Wak Editora, 2012) nis contra o bullying. ra Wak, 2011) copedagoga clínica de Psicopedagogia (ABPp) linguista
ganhem vez e voz! dinâmica do bullying. S. Borges (Talentos da Literatura Brasileira, selo da Novo
Século Editora, 2015).
Influências
inevitáveis
Perturbações na infância e na adolescência
podem interferir na vida adulta, provocando
distúrbios físicos e emocionais, além de
dificuldades nos relacionamentos e no trabalho
Alterações no corpo
De acordo com Dieter Wolke, “o bullying não pode dice elevado de PCR também estão mais sujeitos a ter
mais ser encarado como uma parte inofensiva, qua- dores físicas com maior intensidade.
se inevitável, do crescimento. É fundamental mudar Dores físicas generalizadas ou doenças de fundo
esse pensamento e reconhecer as agressões como emocional são as respostas do organismo aos traumas
um problema sério, tanto para o indivíduo como emocionais que foram abafados e não receberam a
para a sociedade, já que seus efeitos são duradou- devida atenção: “As emoções ignoradas na infância
ros e significativos”. relacionadas a isolamento social, humilhações, situ-
Uma das conclusões da pesquisa é que as crian-
ças que sofriam e praticavam perturbações, as víti-
ações vexatórias e agressões físicas e verbais podem
gerar doenças psicossomáticas como psoríase, dores Consequências físicas
mas-bullies, foram as que apresentaram maior risco de estômago, asma, alergias e dores crônicas injusti- 19% das que não haviam passado por esse tipo
Um estudo mais recente, divulgado em maio de
de desenvolver problemas de saúde quando adultas. ficadas nas articulações”, explica a psicóloga Tahiana de experiência.
2015 por pesquisadores do Instituto de Psiquiatria
Tinham, por exemplo, seis vezes mais chances de Andrade S. Borges, especialista em gestão de pessoas • Os estudiosos calcularam também a gordura ab-
do Kings College London – uma das instituições de
serem diagnosticadas com uma grave doença, de fu- e autora do livro Memórias do Bullying (Novo Século dominal por meio da relação cintura/quadril (RCQ)
ensino mais conceituadas do mundo –, encontrou
mar com frequência ou desenvolver algum tipo de Editora, 2015), em que revela as próprias experiên- e constataram que, independentemente do sexo,
relações entre bullying e excesso de peso, diabetes
transtorno psiquiátrico do que aquelas que não pas- cias como vítima de bullying durante a adolescência aqueles que haviam sofrido bullying quando ainda
tipo 2 e maior risco de ataque cardíaco.
saram por essa situação. em uma escola no interior da Bahia. eram pequenos mostraram índices mais elevados
Junto com sua equipe, a psicóloga e coordenado-
Ao analisar as amostras de sangue coletadas dos O motivo real do maior comprometimento da nessa medida na maturidade. É bom lembrar que,
ra da investigação, Louise Arseneault, usou dados
voluntários, os pesquisadores também perceberam saúde física e emocional de vítimas e agressores quanto maior a circunferência abdominal, maiores
do Estudo Nacional Britânico do Desenvolvimento
que os índices da proteína C-reativa (PCR), um mar- parece ser as lembranças que trazem de dias mais os riscos de doenças cardíacas, com maior predo-
Infantil – uma pesquisa de longo prazo sobre crian-
cador de inflamação do organismo humano encontra- tumultuados: “A vítima nunca esquece. Não es- minância para os homens.
ças na Inglaterra, na Escócia e no País de Gales –
do na corrente sanguínea, eram mais elevados nos quece as agressões, não esquece as humi- • Aproximadamente 20% dos que passaram por in-
e entrevistou os pais de 7.102 crianças nascidas
que sofreram hostilidades na infância e/ou ado- lhações, não esquece nem o nome nem a timidação frequente apresentavam, na meia-ida-
em uma determinada semana de 1958, para saber
lescência. Segundo eles, quanto maior o PCR, fisionomia do agressor. Uma criança ou de, níveis maiores da proteína C-reativa (CRP),
se, entre os 7 e os 11 anos, elas tinham passado
maiores as possibilidades de o organismo adolescente que for vítima de bullying o que tende a proporcionar um quadro de ate-
por situações que poderiam ser classificadas como
responder com inflamações às agressões de carregará para sempre as marcas dessa rosclerose, problema inflamatório e degenerativo
bullying. Os cientistas também utilizaram registros
agentes externos, como traumas físicos violência, que podem se transfor- que deixa as artérias endurecidas e entupidas por
oficiais do sistema de saúde do Reino Unido para
(por menores que sejam) e micror- mar em sequelas negativas substâncias gordurosas, aumentando o risco de
coletar informações sobre peso e saúde do coração
ganismos. É bom lembrar que os ou superações positivas”, doenças cardíacas. Além disso, esses voluntários
dos envolvidos quando estavam com 45 anos.
indivíduos que possuem um ín- confirma Tahiana. mostravam também quantidade elevada de fibri-
Para imprimir um maior rigor na verificação dos
resultados, os cientistas controlaram também outros nogênio, uma proteína que estimula a formação
fatores de risco, como a classe social dos pais, o de coágulos sanguíneos, o que leva a um maior
índice de massa corporal (IMC) dos participantes e risco de ataques cardíacos.
a existência de psicopatologias na família, além de
outras variáveis importantes na fase adulta, como Embora as razões exatas para a influência do bullying
estabilidade econômica, tabagismo, dieta e exercí- sobre o peso ainda não tenham sido perfeitamen-
cios físicos. E, mesmo assim, os resultados para as te elucidadas, os cientistas acreditam que crianças
vítimas de bullying se apresentaram mais significa- vítimas de brincadeiras maldosas na escola podem
tivos em comparação aos dos que não passaram por comer mais para conseguir um alívio para o estresse.
esse tipo de constrangimento. “As intervenções precoces em apoio às crianças víti-
Veja alguns resultados: mas de bullying não só poderiam limitar o sofrimen-
• Aos 45 anos, 26% das mulheres que tinham so- to psicológico como também reduzir os problemas
frido intimidação ocasional ou frequente durante de saúde física na vida adulta”, disse a pesquisado-
a infância estavam obesas, em comparação com ra Louise Arsenault.
Memórias dolorosas
Para a psiquiatra Ana Beatriz B. Silva, autora Autoimagem borrada
do livro Bullying – Mentes Perigosas nas Escolas Para o psiquiatra Pérsio Ribeiro Gomes de
(Editora Objetiva, 2010), “um trauma psicológico Deus, existem outros transtornos, além dos de-
é capaz de deixar cicatrizes não apenas na alma, pressivos, que podem ser desencadeados pelas
mas também no cérebro”. Isso porque, segundo agressões verbais:
ela, as relações interpessoais são os fatores que • Distúrbios cognitivos (dificuldades de con-
mais influenciam a biologia cerebral. Isso signifi- centração e memorização).
ca dizer que o sofrimento psíquico altera a forma • Presença constante de pesadelos e confusão.
de uma pessoa relacionar-se com o mundo à sua • Autoimagem negativa e sentimento de infe-
volta, modificando a percepção de si mesma e dos rioridade.
outros. Diante desse trauma, ela tende a agir de • Dificuldades de se relacionar por conta de ti-
modo diferente, para se proteger, se defender ou midez (ou vergonha) excessiva e isolamento,
se superar. mesmo em relação aos familiares e amigos
E, quando essas agressões não são enfrenta- mais próximos.
das e atendidas na infância e na adolescência, • Autodesvalorização, falta de confiança e sen-
de acordo com Ana Beatriz, muitos jovens ten- timentos de impotência.
dem a carregar consigo os traumas da vitimização • Distúrbios de ansiedade com sintomas como
para a vida adulta. Tornam-se adultos ansiosos, medo exagerado, fobias e ataques de pânico,
inseguros, depressivos ou mesmo agressivos, pois perturbações do sono, desordens da alimen-
tendem a reproduzir nos relacionamentos profis- tação e disfunções sexuais.
sionais e/ou familiares a violência que sofreram • Possíveis dificuldades de adequação de com-
no ambiente escolar. portamento nas relações de intimidade e na
De acordo com o psiquiatra Pérsio Ribeiro Gomes integração social.
de Deus, diretor técnico de saúde do Hospital Psi-
quiátrico da Água Funda, em São Paulo, as agres-
sões verbais por meio de insultos, desvalorizações dar com a situação, a agressão é vivida ou codificada
constantes, humilhações em público e rótulos são principalmente sob a ótica dos afetos. Isso faz com
extremamente danosas às crianças e aos adolescen- que se sinta rejeitada e não consiga encontrar seu
tes, em geral, pelo resto da vida desses indivíduos. lugar na família, nem organizar seus pensamentos:
Os males, segundo ele, são causados por uma sente-se confusa, perdida e só”, explica o psiquiatra
violência real, que “esmaga” a criança justamente – coautor do livro Eclipse de Almas (Fonte Edito- As agressões verbais
por ela não compreender direito o motivo de tanta rial, 2010), que busca responder questões ligadas à
agressão: “Como ainda não tem a área da lógica depressão a partir da psiquiatria, da psicologia, da por meio de insultos,
no cérebro suficientemente desenvolvida para li- teologia e da experiência profissional de cada um.
desvalorizações constantes,
humilhações em público e
rótulos são extremamente
danosas às crianças e aos
adolescentes, em geral, pelo
resto da vida desses indivíduos.
Na própria pele
“Sofri bullying por quatro anos consecutivos em uma escola
particular no interior da Bahia. Os motivos eram muitos: eu era
muito magra, calada e estudiosa, além de ser de família evangélica.
Mas o motivo principal era a timidez. Eu não sabia como me
defender das ‘brincadeiras’, e isso tornava tudo mais divertido
para os agressores. Durante esse tempo, recebi inúmeros apelidos,
a maioria com o objetivo de me denegrir, humilhar e desmoralizar.
Comecei a ser excluída de todas as atividades coletivas. Não me
chamavam para participar das brincadeiras e ninguém fazia as
Salários menores tarefas em grupos ou duplas comigo. Aos poucos, deixaram de me
Por mais preparado e esforçado que cumprimentar e, muitas vezes, entrei e saí da escola sem que me
seja um profissional, sua carreira pode dirigissem nenhuma palavra. A biblioteca se tornou meu esconderijo
ser prejudicada indiretamente se ele tiver Volta por cima durante esse período e lá adquiri amor pela literatura e pelas
sido vítima de bullying na infância ou na Ainda que a vítima de bullying tenha recebido
adolescência. Essa foi a conclusão a que apoio familiar e da escola e o devido acompanha- palavras. Foi quando comecei a escrever minhas primeiras angústias
chegaram os pesquisadores da Universida- mento psicológico, existe a possibilidade de, na vida e dificuldades, além de transformar os livros em lazer. Consegui
de Anglia Ruskin, em Cambridge, na Ingla- adulta, ainda surgirem consequências – menos gra-
terra, comandados pelo cientista social e ves, é verdade –, que podem ir de uma dificulda- superar o problema com o apoio da família. Felizmente, eu vivia em
economista Nick Drydakis, em um estudo de em desenvolver novos relacionamentos até uma um lar estruturado, onde a fé e o amor sempre estiveram presentes.
divulgado em novembro de 2013. constante sensação de inadequação social. Mas é
Foi por meio do auxílio da minha família que encontrei forças para
Segundo os pesquisadores, as vítimas possível também que esse jovem que receba apoio
de bullying (físico ou psicológico) ganham consiga superar seus traumas e tirar resultados posi- superar cada problema e, principalmente, resgatar a autoestima
salários menores que a média. O percentu- tivos das experiências negativas. e o amor próprio! Minha primeira experiência profissional como
al pode chegar a 12,4% menos do que os Em seu livro, Ana Beatriz afirma que é no sofrimen-
profissionais que não passaram por essa si- to que muitos descobrem que possuem um traço de
psicóloga aconteceu em uma escola pública, na qual os casos de
tuação traumática. Os dados também revela- personalidade que antes desconheciam: a resiliência. intimidação eram evidentes. Criei um projeto de combate ao bullying
ram que 3,3% têm menos chances de serem Essa pode ser definida, de acordo com Boris Cyrulnik, e, a partir daí, tudo foi tomando forma. Muitas crianças passaram a
contratados e 4,1% têm maior dificuldade neuropsiquiatra e psicólogo francês, como “a capa-
de participar do mercado de trabalho. cidade humana de enfrentar, superar, fortalecer-se e me enviar bilhetes anônimos, contando suas dores diante da violência
“O problema dos baixos salários pode es- transformar-se a partir dos efeitos adversos”. escolar. Assim, a ideia foi crescendo à medida que via outras crianças
tar relacionado ao perfil das vítimas, que O grau de resiliência depende do grau de adap-
tação e de superação que cada um apresenta frente
sofrendo o que eu sofri. Após anos de atuação profissional na área e
tendem a ser passivas, tímidas e com difi-
culdades de se afirmarem diante de outras às adversidades que encontra pela vida. Uma pessoa três anos de estudos específicos sobre o bullying e suas consequências,
pessoas. Esse é o mesmo perfil comporta- com baixo grau de resiliência tenderá a lidar com o transformei todo o meu conhecimento profissional e a minha
mental que faz com que muitos adultos se sofrimento de forma inadequada, desencadeando,
tornem vítimas de assédio moral no traba- no caso específico do bullying, os problemas citados experiência infantil em um livro. Não foi fácil rever o que passei no
lho, alguns até mais de uma vez”, conside- anteriormente. Uma criança ou um adolescente com início da adolescência, mas foi uma experiência libertadora.”
ra a psicóloga Tahiana Borges. pouca resiliência precisará de anos de terapia e acom-
Tahiana Andrade S. Borges, psicóloga, especialista em Gestão de pessoas
panhamento psicológico e/ou psiquiátrico para supe-
rar o sofrimento gerado durante os anos escolares. e autora do livro Memórias do bullying (Novo Século Editora, 2015)
&
Perguntas
respostas Especialistas tiram
todas as dúvidas sobre
este problema que
atrapalha o sono (e a
vida) de muitos jovens,
pais e professores
bullying na escola e que, ao as- para discussões sobre prevenção do (se o bullying é físico ou não),
E quem tem perfil sistir um colega apanhar brutal- do bullying e valer-se do desenvol- mas também ao teor da agressão
de agressor? mente, não sai em defesa do mais vimento dos temas transversais no verbal. Deve-se chamar a atenção
Via de regra, o agressor tem um fraco nem vai pedir ajuda. Fica de ambiente escolar para promover os para qualquer tipo de brincadeira
comportamento provocador e de lado, em silêncio, como que “tor- conceitos de justiça, igualdade e inapropriada, mesmo que não pa-
intimidação. Tem pouca empatia cendo” pelo agressor. respeito. A assimilação desses con- reça grave, de modo a evitar que
com as pessoas, ou seja, possui ceitos deve ser feita não apenas por o problema aumente. As ofensas
palavras, mas principalmente pelo devem sempre ter consequências
grande dificuldade de se colocar O bullying pode ser uma
no lugar do outro. Geralmente, exemplo do educador, de modo proporcionais à seriedade.
sua relação familiar não é base-
causa de depressão prático, visível e coerente.
ada no afeto e, sim, em conflitos. entre crianças e jovens? Ignorar o agressor é
Especialistas, como psicólogos Pode, se não for identificado pe- O que o professor pode suficiente para que ele
e criminalistas, acreditam que a los pais ou coordenadores peda-
criança ou o jovem que pratica o gógicos e, sim, pela reincidência
fazer para evitar que pare de cometer
bullying é um indivíduo que gos- e persistência. isso aconteça? o bullying?
ta de provar a sensação de poder, Pode ficar atento à dinâmica dos Pode ser uma das formas de lidar
podendo sofrer intimidações na relacionamentos dos alunos, dentro
Os efeitos psicológicos escola ou na família e até mesmo
De que maneira é com o problema, mas só isso não
e fora da sala de aula, e identificar basta, uma vez que o perfil de com-
são tão dolorosos quanto ser humilhado ou pressionado por tratada a depressão as brincadeiras que passam dos li- portamento e de personalidade do
os ataques físicos
adultos com frequência. causada pelo bullying? mites. Para saber se uma situação agressor, bem como seu modus
É possível identificar Todos da família devem é ofensiva, o educador só precisa operandi, não leva muito em conta
quem tem o perfil de Quais as consequências se colocar no lugar do aluno e per- o “ignorar”. Eles são persistentes e
ser envolvidos? guntar “Como eu me sentiria se
vítima de bullying? do bullying e os O tratamento é o mesmo usado alguém fizesse o mesmo comigo?”.
insistentes, intimidam e amedron-
Meninas e meninos Na maioria das vezes, são crian- prejuízos que crianças para depressão por outras causas: Quando perceber a ocorrência de
tam. Não usam apenas um modo
de ação. Eventualmente, por dois
agem da mesma ças ou adolescentes mais tímidos,
e jovens levam para a com o apoio de um especialista bullying, mesmo em estágios ini- ou três dias, pode funcionar, mas
maneira quando retraídos, submissos, com difi- (psiquiatra ou psicólogo). Entre- ciais, deve tomar de imediato me-
e depois? Por isso, o ideal é utili-
culdade de se defender ou de se vida adulta? tanto, se for identificada a exis- didas cabíveis, conforme o código
praticam o bullying? expressar. Esses indivíduos tam- As vítimas de bullying são sem- tência do bullying, é fundamental disciplinar da escola.
zar outros meios de coibir, como a
interferência da escola.
Não. Em geral, o bullying cometi- bém apresentam dificuldade de pre pessoas com problemas de que este seja combatido. Todos
do pelos garotos é bem mais fácil relacionamento interpessoal, têm baixa autoestima, e isso refle-
de identificar, pois eles agem de um ou dois amigos, quase sempre te no processo de socialização.
da casa devem saber do proble- É preciso tratar
ma para que possam auxiliar a
modo mais agressivo, violento, com o mesmo perfil que o seu. Muitas vezes, são incapazes de criança a lidar com a situação. As diferentes tipos de
com ataques físicos. Já as garotas Também são alvos aqueles con- se fazer ouvir pelos demais do saídas criativas sempre aparecem bullying com a mesma
agem de maneira mais discreta, siderados diferentes, por questão grupo por temor de serem hosti- mais em grupos. E, como a famí-
verbal, mas podem ser tão cru- de sexualidade, etnia, desempe- lizados, ficando com essa marca lia não deixa de ser um pequeno
seriedade? Por exemplo,
éis e malvadas quanto os garo- nho acadêmico, religião, modo de que estar em grupo é sempre grupo social, é essencial que to- piadas são mais leves
tos. Geralmente, elas excluem a de se vestir, maneira de falar, uso uma situação desagradável. Isso dos participem. que agressões físicas?
vítima do grupo sem maiores sa- de óculos ou sobrepeso, entre ou- pode levá-los a reproduzir uma
Existem diferentes graus de vio-
tisfações, fazem fofocas, lançam tras características. As crianças certa atitude grupal semelhante
olhares de reprovação, espalham que não dispõem de recursos ou às que sofreram. Trata-se de um
Qual é o papel do lência, mas convém lembrar que,
às vezes, a persistência ou a mal-
boatos... Daí, quem sofre esses habilidades para reagir são pou- mecanismo de defesa, no qual a professor na prevenção dade da agressão verbal pode ter o
ataques, sem saber o porquê, na co sociáveis, sensíveis e frágeis. vítima acaba se identificando com do bullying? mesmo impacto emocional que a
maioria das vezes se sente culpa- Tornam-se os “escravos” do grupo o agressor, repetindo de uma ou
O docente pode exercer forte influ- física. Cabe aos pais, educadores
do, excluído. Os efeitos psicológi- e não sabem revidar, por vergonha outra maneira uma atitude violen-
ência positiva ao usar os conteúdos e outros responsáveis ficar atentos
cos são tão dolorosos quanto os ou conformismo, sendo vitimadas ta. Pode ser o caso, por exemplo,
de estudo como ponto de partida não apenas ao que está acontecen-
ataques físicos. por ameaças e agressões. de um adolescente que sofreu
Vida
Relatos anônimos ou
que viraram notícia,
com finais trágicos
ou não, reforçam a
real“ Meu filho sempre foi apaixona-
do pela escola. O local tinha
ótima estrutura, inclusive uma
área que promovia o contato
dos pequenos com a nature-
za. Como frequenta o colégio
desde o berçário, sempre foi
“
Quantas pessoas você conhece que
usam óculos? Para nós, adultos, é um
recurso considerado ‘normal’, apesar
de não ser incrível ter de carregá-lo por
onde andamos. Meu filho, aos 12 anos,
começou a ter dificuldades para acom-
panhar o conteúdo que era colocado na
intensidade do problema conhecido pelos funcionários lousa. Foi diagnosticado com miopia
e suas temíveis
“
da Educação Infantil. Seu des- e os óculos foram o melhor recurso.
contentamento com a escola Ele relutou em usar. Ainda tentamos
consequências
“
Trocar o ‘r’ pelo ‘l’ não era algo foi progressivo. Certo dia, per- mostrar vários famosos que também
apenas do Cebolinha, perso- guntou se precisava mesmo ir precisavam usar, mas ele sempre finali-
Minha filha nunca foi magra, nagem do Mauricio de Souza. à aula. Tempos depois, pediu zava a conversa com a frase: ‘Mãe, pai,
mas também nunca atingiu o Meu filho sempre apresentou para ficar vendo filme, até o vão me zoar no inglês’. Achamos que
sobrepeso. Sempre escutava essa dificuldade. Aos 11 anos, dia em que se recusou a entrar era bobeira, coisa de criança. Mas não
piadinhas, que nunca a afe- mesmo com acompanhamen- no colégio, com uma intensa foi. Assim que meu filho entrou na sala
tavam. Até que, durante uma to de fonoaudiólogas, tinha crise de choro. Chegamos em de seu curso de inglês, ouviu: ‘Aqui
festa junina na escola em que apresentado pouca melhora. casa e, com apenas 4 anos, ele não suportamos ninguém de óculos.
ela usou um vestido um pouco Em sala de aula, apresentações contou tudo. Depois de uma Durante toda a aula, enviaram bilhetes
justo (nada de escandaloso), de trabalho – e até uma sim- cena em que ele não conse- ameaçadores – por papel e mensagens
outras meninas resolveram ples confirmação de presença guiu segurar as fezes por conta por WhatsApp. Ao sair do prédio, ele
fotografá-la, e esse foi o início (com seu ‘plesente!’) – eram de um distúrbio intestinal, dois foi agredido. Prometeram fazer lentes
do tormento. Na segunda-feira constrangedoras. Três meninos amigos passaram a perseguir roxas no rosto do meu filho, com os so-
após o evento no colégio, ela começaram a pegar pesado com meu filho toda vez que ele ia cos que ele iria ganhar. Ele foi espan-
encontrou dezenas de fotos ele. Passaram a fotografá-lo e, ao banheiro. Lá, chamavam- cado por três meninos, enquanto duas
dela impressas e espalhadas para ilustrar a imagem, usavam no de “cagão” e convidavam garotas morriam de rir bem próximo.
pelos corredores. Todas com frases que ele sempre falava os outros alunos de sua turma Um carro parou, desceu um rapaz de
seu nome e série, para identi- errado. Criavam os chamados a fazer o mesmo. Então, meu 25 anos com dois amigos e pararam
ficar e provocar as acusações. “memes” e disparam em grupos marido e eu nos reunimos com tudo. Socorreram meu filho, me
Fiquei sabendo do ato apenas do WhatsApp e nas redes so- com a coordenação da escola ligaram e aguardaram minha chegada.
três dias depois, quando a mãe ciais. Meu filho parou de comer. e levamos o problema – que a Fizeram questão de me acompanhar no
de uma amiga da minha filha Parou de falar. Entrou em esta- professora desconhecia. Eram hospital. Por quê? O motorista do carro
comentou comigo. Confesso do de choque, sendo necessário cenas rápidas, mas cotidianas, havia passado pela mesma situação
que minhas pernas tremeram. levá-lo a um hospital, onde teve que destruíram o emocional do quando pequeno. Meu filho ficou com
Ao chegar à escola, fui surpre- tratamento físico (para evitar meu filho. Foram necessárias lesões leves no físico (arranhões e leves
endida, pois já haviam com- a desnutrição) e psicológico. A dezenas de conversas. Na sala hematomas) mas, no aspecto emocio-
batido o problema e chegaram escola nos deu toda a estrutura. de aula, a professora promoveu nal, foi tudo bem diferente. Documen-
para nós com todas as solu- Foram exatos 550 dias para ter o acolhimento – mesmo com tei tudo o que aconteceu, entreguei
ções. Foi lançada uma campa- meu filho de volta. Hoje adota- a mãe de um dos dois peque- na escola e disse que aguardaria um
nha contra o bullying, da qual mos o homeschooling (ensino nos agressores se recusando a retorno do posicionamento da institui-
minha filha foi a embaixadora, em casa), e a reintegração dele acreditar nos atos de seu filho. ção. Os alunos foram expulsos. Não sei
com apenas 12 anos. Ela quer é feita aos poucos por meio Dois anos depois, está tudo como os pais reagiram e orientaram.
contar sua história em um livro de sua frequência em cursos e bem. Aparentemente, as se- Torço, muito, para que eles não encon-
para ajudar outras garotas.” atividades esportivas.” quelas não se manifestaram.” trem uma próxima vítima.”
T. M., São Paulo (SP) V. M. M., Salvador (BA) C. S. F., Piracicaba (SP) D. M. L., Campinas (SP)
Testes
Avaliações elaboradas por especialistas
para ajudar no combate ao bulllying
Resultado:
Meu filho pode ser vítima? De 6 a 8 respostas “Sim”
Sinal vermelho
Seu filho pede, de maneira De uns tempos para Seu filho mudou de comportamento e
Consultoria: Cynthia Wood, psicopedagoga da Clínica Crescendo e Acontecendo; e Luciano Passianotto, psicólogo clínico
frequente, para não ir à escola? cá, seu filho passou a tem dado diversos sinais de alerta que
a) Sim se queixar de dores de podem indicar que ele está sofrendo
b) Não cabeça e no estômago bullying. Procure conversar com ele e
(e você já o levou ao buscar a ajuda da escola em que ele
É comum seu filho relatar médico e não identificou estuda para tentar identificar e solucio-
a “perda” de brinquedos, problemas de saúde)? nar o problema.
dinheiro, livros, roupas a) Sim.
ou aparelhos eletrônicos? b) Não. De 4 a 5 respostas “Sim”
a) Sim. Sinal amarelo
b) Não. Você percebeu Apesar dos sintomas não serem genera-
que seu filho lizados, você deve ficar alerta. Talvez ele
Você notou alguma passou a apresentar esteja começando a ser vítima de per-
mudança de comportamento dificuldade para dormir, seguições ou agressões. Fique atento e
recente (seu filho ficou mais a ter pesadelos e a fazer procure investir no diálogo, deixando seu
quieto, agressivo ou triste)? xixi na cama? filho confortável para desabafar – isso
a) Sim. a) Sim. ajuda a impedir que o problema avance.
b) Não. b) Não.
De 0 a 03 respostas “Sim”
Seu filho começou a tirar Você tem notado Sinal verde
notas mais baixas no colégio? marcas físicas no Aparentemente, está tudo caminhando
a) Sim. seu filho, como roxos, bem com seu filho. Em geral, ele conti-
b) Não. cortes e arranhões? nua sendo o mesmo de sempre e não tem
a) Sim. demonstrado mudanças significativas. Con-
Seu filho tem menos amigos b) Não. tinue sempre atenta ao comportamento do
e está mais solitário? seu filho. Assim, ao primeiro sinal de que
a) Sim. ele possa estar sendo vítima de persegui-
b) Não. ção, você poderá ajudá-lo.
Capítulo X
Resultado:
Consultoria: Elizabete Duarte, psicopedagoga, e Itamara Barra, coordenadora pedagógica do colégio Nossa Senhora do Morumbi
Você é capaz de perceber se seu filho está sofrendo bullying?
De 6 a 3 respostas A De 6 a 4 respostas C
Metade de respostas A e metade de respostas B Modelo
Seu filho começa, de repente, a tempos para cá, passa a tirar Você começa a perceber que seu Metade de respostas A e metade C (orientação possível) Você procura estabelecer um canal
mudar de comportamento: ele notas baixas e a se desinteres- filho chega da escola com roxos Falta diálogo de diálogo com seu filho e está
fica mais triste, agressivo e se sar pelos estudos. Como você ou arranhões. O que você faz? Você não conversa muito com o seu filho e diversas vezes usa a sempre atento aos sinais que ele
isola. Como você reage? lida com isso? a) Ele é muito estabanado, então bronca ou o castigo para tentar solucionar o que acha que está dá e que podem indicar problemas
a) Pergunto o que está aconte- a) Chamo a atenção dele para converso seriamente para ele errado. Desta forma, além de prejudicar a relação entre você e (como o bullying). Além disso,
cendo e pressiono-o até que que preste mais atenção nas tomar mais cuidado. seu filho, dificilmente conseguirá identificar o bullying (ou outros sabe que é importante conversar
ele responda. aulas e o coloco de castigo. b) Isso é normal na infância. problemas) e ajudá-lo de fato. Procure conversar mais e ficar com a escola para solucionar
b) Acredito que é só uma fase. b) Acredito que isso acontece vez c) Pergunto onde ele se machu- atento aos sinais que seu filho dá. possíveis conflitos.
Até pergunto o que está aconte- ou outra com qualquer um. Con- cou e, se ele se esquivar, fico
cendo, mas não levo a conversa verso com o meu filho e passo alerta e procuro a escola. De 6 a 4 respostas B
adiante. a cobrá-lo um pouco mais, mas Metade de respostas B e metade C
c) Fico atento aos sinais e não acredito que seja algo para Depois de ficar mais isolado,
busco dialogar, tentando fazer esquentar a cabeça. não querer sair de casa e perder Cucas frescas
com que ele se sinta confortável c) Assim que percebo a queda alguns amigos, seu filho começa Você até conversa com o seu filho e percebe
para desabafar. de rendimento, sento com o meu a pedir insistentemente para mudanças comportamentais, mas, frequentemente,
filho para conversar e busco com- mudar de escola. O que você relaciona os sinais a algo natural, parte da vida e da
Seu filho mais novo frequen- preender o que ele está passando. acha que isso pode ser e como infância. Às vezes, as mudanças são mesmo uma fase
temente “perde” brinquedos e Também busco falar com a escola. lida com a situação? de transição mas, em outros casos, podem indicar
aparelhos eletrônicos ou aparece e os professores para saber se eles a) Provavelmente é frescura de problemas sérios como o bullying. Procure ficar mais
com esses bens danificados. identificaram algum problema. criança. Não dou muita atenção e atento e aprofundar conversas com o seu filho.
O que você faz? peço para ele parar.
a) Dou uma bronca para ele Seu filho, de repente, passa a b) Num primeiro momento não
aprender a cuidar melhor das arrumar desculpas para não ir à me preocupo e, se ele insistir,
próprias coisas. aula e vive pedindo para faltar, acabo atendendo ao pedido.
b) Desconfio que talvez possa ser até mesmo alegando estar doen- c) Pergunto por que ele quer
um colega, mas não acho que te. Sua reação é: tanto sair da escola e, a partir da
isso seja grave. Acredito que o a) Explico que ele precisa ir para sua reação, busco fazer alguma
problema pode ser resolvido proi- o colégio e, se insistir em faltar, intervenção junto com os educa-
bindo meu filho de levar coisas dou-lhe uma bronca. dores para identificar e solucio-
caras para o colégio. b) Acredito que isso faz parte do nar o problema.
c) Converso com o meu filho e comportamento normal da crian-
procuro a escola para entender ça e vou apenas explicando que
o que está acontecendo e tentar ir à escola é importante.
solucionar o problema. c) Se o comportamento é recor-
rente e percebo que ele não está
Seu filho costumava tirar notas doente, fico alerta e converso
boas no colégio e não enfren- com o meu filho, buscando sinais
tava muitas dificuldades para que me ajudem a identificar qual
fazer as tarefas. Mas, de uns o verdadeiro problema.
Capítulo XI
Para crianças
Livros, filmes No reino de Pirapora
Janine Rodrigues,
Pedro e o menino valentão
Ruth Rocha, Editora
Morango sardento
Julianne Moore,
Editora Cosac Naify, 2010
A famosa atriz norte-americana escre-
veu esse livro baseado em sua infância.
Conta a história de uma garota que so-
fria bullying no colégio por ser diferen-
te das outras crianças. Com vergonha
de suas sardas, ela tenta fazer de tudo
– até tomar banho com suco de limão –
para se livrar das pintinhas. Com belas
ilustrações, a mensagem principal para
as crianças é a de autoaceitação.
Para adolescentes
Céu de um verão proibido
Todos contra Dante
João Pedro Roriz, Ed. Besouro Box, 2014
Luis Dill, Editora Companhia
Alexia é uma garota que percebe que sua
das Letras, 2008
infância acabou com o fim das férias de
Baseado em fatos reais, o livro traz
verão. Sua visão de mundo muda, assim
a história de Dante, um garoto que
como seus gostos e interesses, e isso
mora em um bairro pobre e gosta
passa a afetar seus relacionamentos, in-
de ler A divina comédia, de Dante
clusive os familiares. A obra fala de ama-
Alighieri. Novato no colégio, o garoto
durecimento e, com um texto leve, trata
passa a ser perseguido por sua clas-
de questões pesadas – como bullying,
se social e aparência. As consequên-
drogas e perdas – presentes no desenvol-
cias das “brincadeiras” são trágicas.
vimento de uma adolescente da década
Com a obra, o autor propõe uma
de 1990, quando o país passa por uma
reflexão sobre a sociedade atual.
crise econômica, política e social.
A lista negra
Jennifer Brown, Ed. Gutenberg, 2012
Nick e Valerie eram namorados e
sofriam com o bullying praticado por
alguns alunos do colégio. Isso até o dia
em que Nick atira em vários colegas
e, depois, suicida-se. Valerie tenta
detê-lo, salvando a vida de uma pessoa
que a maltratava. Mesmo assim, ela
tem de conviver com o julgamento dos
outros e com a culpa. O livro promove
uma interessante reflexão sobre as
atitudes e suas consequências e sobre
o comportamento humano.
Para adultos
Bullying: O que você precisa saber
Lélio Braga Calhau, Ed.Impetus, 2011 Bullying: Como combatê-lo?
Um manual de orientação para pais, Alessandro Costantini,
diretores e educadores, com destaque Editora Itália Nova, 2004
para o bullying no ambiente escolar. Diariamente nos deparamos com
Com experiência em implantação de cenas de violência e agressivida-
programas de combate ao problema, o de. Mas, quando essas questões
autor apresenta soluções para todos os se tornam próximas e reais, seja
envolvidos: família, escola e vítimas. no ambiente familiar, seja no
Além disso, aborda a questão do cyber- escolar, envolvendo diretamente
bullying, com depoimentos de vítimas, nossos filhos e alunos, é hora de
casos que foram aos tribunais e formas entender esses mecanismos.
de combater a violência pela internet.
Brincadeiras que
fazem chorar!
Carolina Giannoni Camargo,
Editora All Print, 2009
Apresenta o tema de maneira ampla a
pais e professores, dando orientações
sobre formas de identificar e ajudar
as vítimas, bem como os agressores.
A autora também apresenta uma
reflexão sobre a educação de maneira
geral e sobre o papel dos pais e edu-
cadores no combate ao bullying.
Bullying -
Estratégias de sobrevivência
para crianças e adultos
Jane Middelton-Moz e Mary
Lee Zawadski, Editora Penso, 2007
Em um dos poucos títulos a explorar o
bullying da infância à idade adulta, as
autoras oferecem uma valiosa ajuda:
usam estudos de caso sobre os bullies
e suas vítimas para chegar ao centro do
problema, examinando os aspectos de
hostilidade explícita e proporcionando
um plano para dar um fim a ele.
Guia de atividades
Estímulos que
podem promover
integração e
humanização e,
assim, evitar o
bullying
Consultoria:
Graziela Vanni,
psicóloga cognitiva
comportamental
F iq u e o ff -l in e . Promova
celulares, tele-
Faça um piquenique no
parq
va a criança da organização ue e envol-
à finalização.
momentos em que tablets, Agressor: é um ato voltado
fiquem desli- para a hu mani-
visões e outros eletrônicos zação, perfeito para as fam
família ficará ílias que precisam
Deixe que a criança contemple gados. Assim, o diálogo em cuidar de uma criança co
m perfil agressor. In-
os terão de usar
adultos ajudando outras pessoas, mais próximo, e os membr centive a escolha de alime
ntos e a colaboração
ter.
de maneira natural. a criatividade para se entre com ideias. Isso ajudar a
trazer a consciência
por muito tem- a respeito de atividades qu
Agressor: consegue ter contato com Agressor: ao ficar conectado Portanto, negrir ninguém para trazer
e não precisam de-
tencializa.
o lado humano dos relacionam po, a parte agressiva se po felicidade.
entos. rigeram o emocional. Vítima: ao ver uma tarefa qu
Vítima: Pode se identificar e se sen momentos como esse ref e conseguiu re-
de interação com alizar do começo ao fim,
tir capaz de ajudar também,
saindo
-
Vítima: por meio de atitudesr a ter confiança e potencial para participa
reconhece que tem
ssa
do papel de quem é apenas aju entrega total, a criança pa r de maneira impor-
dado. un idade de conversar com os pais, tante do dia a dia.
encontra a oport
ada promove a intro-
sem contar que ficar conect
em sofre bullying.
versão, característica de qu
bullying
Centro Regional de Atenção aos Maus Tratos na Infância (Crami)
Guia
Rua Humberto Olivieri, n° 114 – Santo André, SP
(11) 4992-1234 • crami@org.br • www.crami.org.br
infantil
Cynthia Wood
Psicóloga e psicopedagoga na clínica Crescendo e Acontecendo
Rua Nilza Medeiros Martins, 187, sala A – São Paulo, SP
(11) 4113-2761 • crescendoeacontecendo@gmail.com REDAÇÃO
Jornalista Responsável: Andrea Calmon – MTB 47714
Editora: Aline Ribeiro
Elizabete Duarte e Itamara Barra
Colégio Nossa Senhora do Morumbi colaboraram nesTa ediÇão:
www.nsmorumbi.com.br • Tels.:(11) 3742-5513 / 3744-0015 Coordenação e finalização: Daniella Marcos; Edição: Elaine Iorio;
Texto: Rose Mary Ribeiro Mercatelli; Revisão: Lila de Oliveira; Arte: Shantala Ambrosi
Tahiana Andrade – Psicóloga na Clínica Provida Impresso por Log&Print Gráfica e Logística S.A.
Distribuição no Brasil por Dinap
Estrada da Paciência, 2.009 – Salvador, BA
Tel.: (75) 8215-0654 e (71) 3351-8878 Guia Bullying Infantil é uma publicação do IBC - Instituto Brasileiro de Cultura Ltda. –
taiborges.psicologa@hotmail.com Caixa Postal 61085 – CEP 05001-970 – São Paulo – SP – Tel.: (0**11) 3393-7777
A reprodução total ou parcial desta obra é proibida sem a prévia autorização do editor.
Thelma Armidoro Velasco Números Atrasados com o IBC ou por intermédio do seu jornaleiro ao preço
Psicóloga e assistente técnica do Centro Regional da última edição acrescido das despesas de envio.
de Atenção aos Maus Tratos na Infância (Crami) Para adquirir com o IBC – www.revistaonline.com.br, Tel.: (0**11) 3512-9477
ou Caixa Postal 61085 - CEP 05001-970 - São Paulo - SP.
Consultório: Avenida Pereira Barreto, 1.395, sala 111 – Santo André, SP
Tel.: (11) 99806-2483 Compras pela internet: www.revistaonline.com.br
thelma@arcospsicologia.com.br
A On Line Editora tem a revista que você procura. Confira algumas das nossas publicações e boa leitura.
ASTROLOGIA: Guia Astros & Você – Desvende seus Sonhos • BIBLIOTECA JURIDICA: Código Civil
• Código de Defesa do Consumidor, Constituição Federal • Código Penal • Consolidação das Leis
do Trabalho e Estatuto do Idoso • DECORAÇÃO: Delícias da Cozinha • DECORAÇÃO: Guia Casa
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO & Ambiente Bebê e Gestante • GUIA CASA & DECORAÇÃO • Guia de Paisagismo • Guia do Feng
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ Shui • Armários de Cozinha • CASA & AMBIENTE BEBÊ • CASA & DECORAÇÃO • Coleção Casa e
Decoração • Pequenos Ambientes Extra • Projeto para Cozinhas • Projetos para Banheiros • Guia
________________________________________
de Salas de TV • Guia Casa & Ambiente Bebê Luxo • EDUCAÇÃO: Almanaque do Estudante • Alma-
G971 naque do Estudante Especial • Almanaque do Estudante Extra • O Guia Projetos Escolares Manual
para o Professor • Projetos Escolares Especial • FEMININA: TUA • FIGURINO NOIVAS • Guia de
Noivas Figurino FUTEBOL: Show de Bola Especial • Show de Bola Extra • Show de Bola Magazine
Guia bullying infantil / [Dani Marcos]. - 1. ed. - São Paulo : On Line, 2015. SuperPôster • INFORMÁTICA: Coleção Guia Fácil Informática em CD Room • Coleção Guia Fácil In-
il. formática Extra em CD Room • MODA: MODA MOLDES • Moda Moldes Especial • Guia Moda Moldes
• NEGÓCIO: Anuário de Franquias • Guia Meu Próprio Negócio • MEU PRÓPRIO NEGÓCIO • Meu
Próprio Negócio Especial • Meu Próprio Negócio Extra • PLANTAS: Guia de Hortas • Guia de Plantas
ISBN 978-85-432-1015-5 em Casa • Guia de Plantas em Casa Especial • Guia de Plantas em Casa Extra • PUERICULTURA:
Almanaque do Bebê SAÚDE E BEM ESTAR: Guia de Yoga • O Guia de Pilates • REVISTA OFICIAL
1. Assédio nas escolas. 2. Bullying - Manuais, guias, etc. I. Marcos, Dani. DE PILATES • O Livro de Pilates • Guia de Cuidados com a Saúde • TEEN: yes!Teen Books • TU-
RISMO: Buenos Aires, Lisboa, Londres, Madri/Barcelona, Nova York, Orlando, Paris, Roma, Salvador,
15-28050 CDD: 371.58 São Paulo, • Guia de Pousadas de Praia • Guia de Resorts Brasileiros • VEÍCULOS: Fusca & Cia
CDU: 37.064
Aviso importante: A On Line Editora não se responsabiliza pelo conteúdo e pela procedência dos
________________________________________ anúncios publicados nesta revista, de modo que não restará
12/11/2015 13/11/2015 configurado nenhum tipo de responsabilidade civil em decorrência de eventual não cumprimento de
pactos firmados entre anunciantes e leitores.
infantil
Entre as dores e os amores
da educação, existe o estado
de alerta no qual pais, profes-
sores e cuidadores precisam
estar para acompanhar as
transformações e alterações de
comportamento das crianças.
O Guia Bullying Infantil traz
dezenas de orientações de
especialistas para despertar
um olhar mais sensível sobre
o comportamento infantil, em
busca identificar traços das
possíveis agressões na infância.
Desde o primeiro passo (que
é a criação de rótulos – aquela
história da baixinha, do gor-
dinho, do quatro-olhos) até
as condutas mais agressivas,
verbais ou físicas, você en-
contrará sugestões de como
buscar ajuda e apoio ao se
deparar com os ataques – seja
nos cenários real, ou no virtual,
com o cyberbullying –, além de
dicas para sobreviver e evitar
um dos grandes problemas que
afetam famílias do mundo todo.
Neste Guia você encontra um
conteúdo especial para enten-
der e combater o bullying.