Sie sind auf Seite 1von 294

PARTE GERAL Art.

3º São absolutamente inca- II – os ébrios habituais, os


pazes de exercer pessoalmente viciados em tóxicos, e os que,
LIVRO I  os atos da vida civil: por deficiência mental, tenham
DAS PESSOAS I – os menores de dezes- o discernimento reduzido;
seis anos; III – os excepcionais, sem
Presidência da República TÍTULO I  II – os que, por enfermidade desenvolvimento mental
Casa Civil DAS PESSOAS NATURAIS ou deficiência mental, não completo;
Subchefia para Assuntos Jurídicos tiverem o necessário dis- IV – os pródigos.
CAPÍTULO I cernimento para a prática Parágrafo único. A capacidade
LEI Nº 10.406, DA PERSONALIDADE E DA desses atos; dos índios será regulada por
DE 10 DE JANEIRO DE 2002. CAPACIDADE
III – os que, mesmo por legislação especial.
Art. 1º Toda pessoa é capaz causa transitória, não puderem
Institui o Código Civil. Art. 5º A menoridade cessa aos
de direitos e deveres na or- exprimir sua vontade.
dezoito anos completos, quando
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA dem civil. Art. 4º São incapazes, rela- a pessoa fica habilitada à prática
Faço saber que o Congresso tivamente a certos atos, ou à
Art. 2º A personalidade civil da de todos os atos da vida civil.
Nacional decreta e eu sanciono a
pessoa começa do nascimento maneira de os exercer: Parágrafo único. Cessará, para
seguinte Lei:
com vida; mas a lei põe a salvo, I – os maiores de dezesseis e os menores, a incapacidade:
desde a concepção, os direitos menores de dezoito anos;
do nascituro.
  1
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1º
I – pela concessão dos pais, completos tenha economia até dois anos após o término I – os nascimentos, casamen-
ou de um deles na falta do própria. da guerra. tos e óbitos;
outro, mediante instrumento Parágrafo único. A declaração II – a emancipação por outorga
Art. 6º A existência da pessoa
público, independentemente da morte presumida, nesses dos pais ou por sentença
natural termina com a morte;
de homologação judicial, ou casos, somente poderá ser re- do juiz;
presume-se esta, quanto aos
por sentença do juiz, ouvido o querida depois de esgotadas as III – a interdição por incapaci-
ausentes, nos casos em que a lei
tutor, se o menor tiver dezes- buscas e averiguações, devendo dade absoluta ou relativa;
autoriza a abertura de sucessão
seis anos completos; a sentença fixar a data provável IV – a sentença declaratória
definitiva.
II – pelo casamento; do falecimento. de ausência e de morte
III – pelo exercício de emprego Art. 7º Pode ser declarada a presumida.
morte presumida, sem decreta- Art. 8º Se dois ou mais indi-
público efetivo;
ção de ausência: víduos falecerem na mesma Art. 10. Far-se-á averbação em
IV – pela colação de grau em ocasião, não se podendo averi-
I – se for extremamente prová- registro público:
curso de ensino superior; guar se algum dos comorientes
vel a morte de quem estava em I – das sentenças que decre-
V – pelo estabelecimento civil precedeu aos outros, presumir-
perigo de vida; tarem a nulidade ou anulação
ou comercial, ou pela exis- se-ão simultaneamente mortos.
II – se alguém, desaparecido do casamento, o divórcio, a
tência de relação de emprego,
em campanha ou feito Art. 9º Serão registrados em separação judicial e o resta-
desde que, em função deles,
prisioneiro, não for encontrado registro público: belecimento da sociedade
o menor com dezesseis anos
conjugal;

  2
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 6º
II – dos atos judiciais ou perdas e danos, sem prejuízo de forma estabelecida em lei Art. 17. O nome da pessoa não
extrajudiciais que declararem outras sanções previstas em lei. especial. pode ser empregado por outrem
ou reconhecerem a filiação; Parágrafo único. Em se tratan- em publicações ou represen-
Art. 14. É válida, com objetivo
III – dos atos judiciais ou ex- do de morto, terá legitimação tações que a exponham ao
científico, ou altruístico, a
trajudiciais de adoção. (Alterado para requerer a medida prevista desprezo público, ainda quando
disposição gratuita do próprio
em 09) Vigência neste artigo o cônjuge sobrevi- não haja intenção difamatória.
corpo, no todo ou em parte,
vente, ou qualquer parente em para depois da morte. Art. 18. Sem autorização, não
CAPÍTULO II linha reta, ou colateral até o se pode usar o nome alheio em
DOS DIREITOS DA Parágrafo único. O ato de
quarto grau. propaganda comercial.
PERSONALIDADE disposição pode ser livremente
Art. 13. Salvo por exigência revogado a qualquer tempo. Art. 19. O pseudônimo adotado
Art. 11. Com exceção dos casos médica, é defeso o ato de dispo-
Art. 15. Ninguém pode ser para atividades lícitas goza da
previstos em lei, os direitos sição do próprio corpo, quando
constrangido a submeter-se, proteção que se dá ao nome.
da personalidade são intrans- importar diminuição perma-
missíveis e irrenunciáveis, não com risco de vida, a tratamento Art. 20. Salvo se autorizadas, ou
nente da integridade física, ou
podendo o seu exercício sofrer médico ou a intervenção se necessárias à administração
contrariar os bons costumes.
limitação voluntária. cirúrgica. da justiça ou à manutenção da
Parágrafo único. O ato previs-
Art. 16. Toda pessoa tem direito ordem pública, a divulgação
Art. 12. Pode-se exigir que cesse to neste artigo será admitido
ao nome, nele compreendidos o de escritos, a transmissão da
a ameaça, ou a lesão, a direito para fins de transplante, na
prenome e o sobrenome. palavra, ou a publicação, a expo-
da personalidade, e reclamar
  3
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 11.
sição ou a utilização da imagem fazer cessar ato contrário a Art. 23. Também se declarará a § 1º Em falta do cônjuge, a
de uma pessoa poderão ser esta norma. ausência, e se nomeará curador, curadoria dos bens do ausente
proibidas, a seu requerimento quando o ausente deixar man- incumbe aos pais ou aos
e sem prejuízo da indenização CAPÍTULO III datário que não queira ou não descendentes, nesta ordem,
que couber, se lhe atingirem a DA AUSÊNCIA possa exercer ou continuar o não havendo impedimento que
honra, a boa fama ou a respeita- mandato, ou se os seus poderes os iniba de exercer o cargo.
Seção I
bilidade, ou se se destinarem a Da Curadoria dos Bens do Ausente
forem insuficientes. § 2º Entre os descendentes, os
fins comerciais. mais próximos precedem os
Art. 22. Desaparecendo uma Art. 24. O juiz, que nomear o
Parágrafo único. Em se curador, fixar-lhe-á os poderes mais remotos.
tratando de morto ou de pessoa do seu domicílio sem
dela haver notícia, se não e obrigações, conforme as § 3º Na falta das pessoas
ausente, são partes legítimas circunstâncias, observando, no mencionadas, compete ao juiz
para requerer essa proteção o houver deixado representante
ou procurador a quem caiba que for aplicável, o disposto a a escolha do curador.
cônjuge, os ascendentes ou os respeito dos tutores e curadores.
descendentes. administrar-lhe os bens, o juiz, Seção II
a requerimento de qualquer Art. 25. O cônjuge do ausente, Da Sucessão Provisória
Art. 21. A vida privada da interessado ou do Ministério sempre que não esteja separado
pessoa natural é inviolável, e o Art. 26. Decorrido um ano
Público, declarará a ausência, e judicialmente, ou de fato por
juiz, a requerimento do interes- da arrecadação dos bens do
nomear-lhe-á curador. mais de dois anos antes da
sado, adotará as providências ausente, ou, se ele deixou re-
declaração da ausência, será o
necessárias para impedir ou presentante ou procurador, em
seu legítimo curador.
  4
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 20.
se passando três anos, poderão provisória só produzirá efeito sentença que mandar abrir a § 1º Aquele que tiver direito
os interessados requerer que cento e oitenta dias depois de sucessão provisória, proceder- à posse provisória, mas não
se declare a ausência e se abra publicada pela imprensa; mas, se-á à arrecadação dos bens do puder prestar a garantia exigi-
provisoriamente a sucessão. logo que passe em julgado, ausente pela forma estabeleci- da neste artigo, será excluído,
proceder-se-á à abertura do da nos arts. 1.819 a 1.823. mantendo-se os bens que lhe
Art. 27. Para o efeito previsto
testamento, se houver, e ao deviam caber sob a adminis-
no artigo anterior, somente se Art. 29. Antes da partilha, o
inventário e partilha dos tração do curador, ou de outro
consideram interessados: juiz, quando julgar conveniente,
bens, como se o ausente fosse herdeiro designado pelo juiz, e
I – o cônjuge não separado ordenará a conversão dos bens
falecido. que preste essa garantia.
judicialmente; móveis, sujeitos a deterioração
§ 1º Findo o prazo a que se ou a extravio, em imóveis ou em § 2º Os ascendentes, os
II – os herdeiros presumidos,
refere o art. 26, e não havendo títulos garantidos pela União. descendentes e o cônjuge, uma
legítimos ou testamentários;
interessados na sucessão pro- vez provada a sua qualidade de
III – os que tiverem sobre visória, cumpre ao Ministério Art. 30. Os herdeiros, para se herdeiros, poderão, indepen-
os bens do ausente direito Público requerê-la ao juízo imitirem na posse dos bens dentemente de garantia, entrar
dependente de sua morte; competente. do ausente, darão garantias na posse dos bens do ausente.
IV – os credores de obrigações da restituição deles, mediante
§ 2º Não comparecendo herdei- Art. 31. Os imóveis do ausente
vencidas e não pagas. penhores ou hipotecas equiva-
ro ou interessado para requerer só se poderão alienar, não sendo
lentes aos quinhões respectivos.
Art. 28. A sentença que deter- o inventário até trinta dias por desapropriação, ou hipo-
minar a abertura da sucessão depois de passar em julgado a

  5
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 26.
tecar, quando o ordene o juiz, representante do Ministério ausente, considerar-se-á, nessa sucessão provisória, poderão os
para lhes evitar a ruína. Público, e prestar anualmente data, aberta a sucessão em favor interessados requerer a sucessão
contas ao juiz competente. dos herdeiros, que o eram definitiva e o levantamento das
Art. 32. Empossados nos bens,
Parágrafo único. Se o ausente àquele tempo. cauções prestadas.
os sucessores provisórios ficarão
representando ativa e passiva- aparecer, e ficar provado que Art. 36. Se o ausente aparecer, Art. 38. Pode-se requerer a
mente o ausente, de modo que a ausência foi voluntária e ou se lhe provar a existência, sucessão definitiva, também,
contra eles correrão as ações injustificada, perderá ele, em depois de estabelecida a posse provando-se que o ausente
pendentes e as que de futuro favor do sucessor, sua parte nos provisória, cessarão para logo conta oitenta anos de idade, e
àquele forem movidas. frutos e rendimentos. as vantagens dos sucessores que de cinco datam as últimas
Art. 34. O excluído, segundo nela imitidos, ficando, todavia, notícias dele.
Art. 33. O descendente,
o art. 30, da posse provisória obrigados a tomar as medidas
ascendente ou cônjuge que for Art. 39. Regressando o ausente
poderá, justificando falta de assecuratórias precisas, até a
sucessor provisório do ausente, nos dez anos seguintes à
meios, requerer lhe seja entre- entrega dos bens a seu dono.
fará seus todos os frutos e abertura da sucessão definitiva,
rendimentos dos bens que a este gue metade dos rendimentos do Seção III ou algum de seus descendentes
couberem; os outros sucessores, quinhão que lhe tocaria. Da Sucessão Definitiva ou ascendentes, aquele ou estes
porém, deverão capitalizar Art. 35. Se durante a posse haverão só os bens existentes no
Art. 37. Dez anos depois de
metade desses frutos e rendi- provisória se provar a época estado em que se acharem, os
passada em julgado a sentença
mentos, segundo o disposto exata do falecimento do sub-rogados em seu lugar, ou o
que concede a abertura da
no art. 29, de acordo com o preço que os herdeiros e demais
  6
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 31.
interessados houverem recebido TÍTULO II  V – as demais entidades de por atos dos seus agentes que
pelos bens alienados depois DAS PESSOAS JURÍDICAS caráter público criadas por lei. nessa qualidade causem danos
daquele tempo. Parágrafo único. Salvo dispo- a terceiros, ressalvado direito
Parágrafo único. Se, nos dez CAPÍTULO I sição em contrário, as pessoas regressivo contra os causadores
anos a que se refere este artigo, DISPOSIÇÕES GERAIS jurídicas de direito público, a do dano, se houver, por parte
o ausente não regressar, e que se tenha dado estrutura destes, culpa ou dolo.
Art. 40. As pessoas jurídicas são
nenhum interessado promover de direito público, interno ou de direito privado, regem-se, Art. 44. São pessoas jurídicas de
a sucessão definitiva, os bens externo, e de direito privado. no que couber, quanto ao seu direito privado:
arrecadados passarão ao funcionamento, pelas normas I – as associações;
domínio do Município ou do Art. 41. São pessoas jurídicas de deste Código.
direito público interno: II – as sociedades;
Distrito Federal, se localizados
I – a União; Art. 42. São pessoas jurídicas III – as fundações.
nas respectivas circunscrições,
de direito público externo os IV – as organizações religiosas;
incorporando-se ao domínio II – os Estados, o Distrito
Estados estrangeiros e todas as (Alterado em 03)
da União, quando situados em Federal e os Territórios;
pessoas que forem regidas pelo V – os partidos políticos.
território federal. III – os Municípios; direito internacional público. (Alterado em 03)
IV – as autarquias, inclusive
as associações públicas; Art. 43. As pessoas jurídicas § 1º São livres a criação, a
(Alterado em 05) de direito público interno organização, a estruturação
são civilmente responsáveis interna e o funcionamento

  7
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 39.
das organizações religiosas, do ato constitutivo no respecti- II – o nome e a individua- seus poderes definidos no ato
sendo vedado ao poder público vo registro, precedida, quando lização dos fundadores ou constitutivo.
negar-lhes reconhecimento ou necessário, de autorização ou instituidores, e dos diretores;
Art. 48. Se a pessoa jurídica
registro dos atos constitutivos aprovação do Poder Executivo, III – o modo por que se tiver administração coletiva, as
e necessários ao seu funciona- averbando-se no registro todas administra e representa, decisões se tomarão pela maio-
mento. (Alterado em 03) as alterações por que passar o ativa e passivamente, judicial e ria de votos dos presentes, salvo
§ 2º As disposições concernen- ato constitutivo. extrajudicialmente; se o ato constitutivo dispuser de
tes às associações aplicam-se Parágrafo único. Decai em IV – se o ato constitutivo é modo diverso.
subsidiariamente às sociedades três anos o direito de anular reformável no tocante à admi-
Parágrafo único. Decai em
que são objeto do Livro II da a constituição das pessoas nistração, e de que modo;
três anos o direito de anular
Parte Especial deste Código. jurídicas de direito privado, V – se os membros respondem, as decisões a que se refere este
(Alterado em 03) por defeito do ato respectivo, ou não, subsidiariamente, artigo, quando violarem a lei
§ 3º Os partidos políticos serão contado o prazo da publicação pelas obrigações sociais; ou estatuto, ou forem eivadas
organizados e funcionarão de sua inscrição no registro. VI – as condições de extinção de erro, dolo, simulação ou
conforme o disposto em lei Art. 46. O registro declarará: da pessoa jurídica e o destino fraude.
específica. (Alterado em 03) I – a denominação, os fins, a do seu patrimônio, nesse caso.
Art. 49. Se a administração da
Art. 45. Começa a existência sede, o tempo de duração e o Art. 47. Obrigam a pessoa pessoa jurídica vier a faltar, o
legal das pessoas jurídicas de fundo social, quando houver; jurídica os atos dos administra- juiz, a requerimento de qual-
direito privado com a inscrição dores, exercidos nos limites de
  8
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 45.
quer interessado, nomear-lhe-á fins de liquidação, até que esta CAPÍTULO II III – os direitos e deveres dos
administrador provisório. se conclua. DAS ASSOCIAÇÕES associados;
Art. 50. Em caso de abuso § 1º Far-se-á, no registro onde a Art. 53. Constituem-se as asso- IV – as fontes de recursos para
da personalidade jurídica, pessoa jurídica estiver inscrita, ciações pela união de pessoas sua manutenção;
caracterizado pelo desvio de a averbação de sua dissolução. que se organizem para fins não V – o modo de constituição e
finalidade, ou pela confusão § 2º As disposições para a econômicos. de funcionamento dos órgãos
patrimonial, pode o juiz decidir, liquidação das sociedades deliberativos; (Alterado em 05)
Parágrafo único. Não há,
a requerimento da parte, ou do aplicam-se, no que couber, às entre os associados, direitos e VI – as condições para a altera-
Ministério Público quando lhe demais pessoas jurídicas de obrigações recíprocos. ção das disposições estatutá-
couber intervir no processo, que direito privado. rias e para a dissolução.
os efeitos de certas e determi- Art. 54. Sob pena de nulidade, VII – a forma de gestão
§ 3º Encerrada a liquidação,
nadas relações de obrigações o estatuto das associações administrativa e de aprova-
promover-se-á o cancelamento
sejam estendidos aos bens parti- conterá: ção das respectivas contas.
da inscrição da pessoa jurídica.
culares dos administradores ou I – a denominação, os fins e a (Alterado em 05)
sócios da pessoa jurídica. Art. 52. Aplica-se às pessoas sede da associação;
jurídicas, no que couber, Art. 55. Os associados devem
II – os requisitos para a
Art. 51. Nos casos de dissolução a proteção dos direitos da ter iguais direitos, mas o esta-
admissão, demissão e exclusão
da pessoa jurídica ou cassada personalidade. tuto poderá instituir categorias
dos associados;
a autorização para seu funcio- com vantagens especiais.
namento, ela subsistirá para os
  9
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 49.
Art. 56. A qualidade de termos previstos no estatuto. os incisos I e II deste artigo é destinado à entidade de fins
associado é intransmissível, (Alterado em 05) exigido deliberação da assem- não econômicos designada no
se o estatuto não dispuser o Parágrafo único.(Alterado em 05) bléia especialmente convocada estatuto, ou, omisso este, por
contrário. para esse fim, cujo quorum será deliberação dos associados, à
Art. 58. Nenhum associado o estabelecido no estatuto, bem instituição municipal, estadual
Parágrafo único. Se o asso-
poderá ser impedido de exercer como os critérios de eleição dos ou federal, de fins idênticos ou
ciado for titular de quota ou
direito ou função que lhe tenha administradores. (Alterado em 05) semelhantes.
fração ideal do patrimônio
sido legitimamente conferido, a
da associação, a transferência Art. 60. A convocação dos § 1º Por cláusula do estatuto
não ser nos casos e pela forma
daquela não importará, de per órgãos deliberativos far-se-á na ou, no seu silêncio, por delibe-
previstos na lei ou no estatuto.
si, na atribuição da qualidade forma do estatuto, garantido ração dos associados, podem
de associado ao adquirente ou Art. 59. Compete privativa- a 1/5 (um quinto) dos associa- estes, antes da destinação do
ao herdeiro, salvo disposição mente à assembléia geral: dos o direito de promovê-la. remanescente referida neste
diversa do estatuto. (Alterado em 05) (Alterado em 05) artigo, receber em restituição,
I – destituir os administrado- atualizado o respectivo valor,
Art. 57. A exclusão do associado Art. 61. Dissolvida a associação,
res; (Alterado em 05) as contribuições que tiverem
só é admissível havendo justa o remanescente do seu patrimô-
II – alterar o estatuto. prestado ao patrimônio da
causa, assim reconhecida em nio líquido, depois de dedu-
(Alterado em 05) associação.
procedimento que assegure di- zidas, se for o caso, as quotas
reito de defesa e de recurso, nos Parágrafo único. Para as § 2º Não existindo no
ou frações ideais referidas no
deliberações a que se referem Município, no Estado, no
parágrafo único do art. 56, será
  10
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 56.
Distrito Federal ou no Parágrafo único. A fundação Art. 65. Aqueles a quem o ins- § 1º Se funcionarem no Distrito
Território, em que a associação somente poderá constituir-se tituidor cometer a aplicação do Federal, ou em Território,
tiver sede, instituição nas para fins religiosos, morais, patrimônio, em tendo ciência caberá o encargo ao Ministério
condições indicadas neste culturais ou de assistência. do encargo, formularão logo, Público Federal. (Vide ADIN nº
artigo, o que remanescer do de acordo com as suas bases 2.794-8)
Art. 63. Quando insuficientes
seu patrimônio se devolverá à (art. 62), o estatuto da fundação § 2º Se estenderem a ativida-
para constituir a fundação, os
Fazenda do Estado, do Distrito projetada, submetendo-o, de por mais de um Estado,
bens a ela destinados serão, se
Federal ou da União. em seguida, à aprovação da caberá o encargo, em cada um
de outro modo não dispuser o
autoridade competente, com deles, ao respectivo Ministério
instituidor, incorporados em
CAPÍTULO III recurso ao juiz. Público.
outra fundação que se propo-
DAS FUNDAÇÕES Parágrafo único. Se o estatuto
nha a fim igual ou semelhante. Art. 67. Para que se possa
Art. 62. Para criar uma funda- não for elaborado no prazo
Art. 64. Constituída a fundação alterar o estatuto da fundação é
ção, o seu instituidor fará, por assinado pelo instituidor, ou,
por negócio jurídico entre mister que a reforma:
escritura pública ou testamento, não havendo prazo, em cento
vivos, o instituidor é obrigado a e oitenta dias, a incumbência I – seja deliberada por dois
dotação especial de bens livres,
transferir-lhe a propriedade, ou caberá ao Ministério Público. terços dos competentes para
especificando o fim a que se
outro direito real, sobre os bens gerir e representar a fundação;
destina, e declarando, se quiser, Art. 66. Velará pelas fundações
dotados, e, se não o fizer, serão II – não contrarie ou desvirtue
a maneira de administrá-la. o Ministério Público do Estado
registrados, em nome dela, por o fim desta;
mandado judicial. onde situadas.

  11
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 62.
III – seja aprovada pelo órgão qualquer interessado, lhe pro- viva, considerar-se-á domicílio Parágrafo único. A prova da in-
do Ministério Público, e, caso moverá a extinção, incorporan- seu qualquer delas. tenção resultará do que decla-
este a denegue, poderá o juiz do-se o seu patrimônio, salvo rar a pessoa às municipalidades
Art. 72. É também domicílio da
supri-la, a requerimento do disposição em contrário no ato dos lugares, que deixa, e para
pessoa natural, quanto às rela-
interessado. constitutivo, ou no estatuto, onde vai, ou, se tais declarações
ções concernentes à profissão, o
em outra fundação, designada não fizer, da própria mudança,
Art. 68. Quando a alteração lugar onde esta é exercida.
pelo juiz, que se proponha a fim com as circunstâncias que a
não houver sido aprovada por Parágrafo único. Se a pessoa
igual ou semelhante. acompanharem.
votação unânime, os admi- exercitar profissão em lugares
nistradores da fundação, ao diversos, cada um deles consti- Art. 75. Quanto às pessoas
TÍTULO III 
submeterem o estatuto ao órgão tuirá domicílio para as relações jurídicas, o domicílio é:
Do Domicílio
do Ministério Público, requere- que lhe corresponderem. I – da União, o Distrito
rão que se dê ciência à minoria Art. 70. O domicílio da pessoa Federal;
vencida para impugná-la, se natural é o lugar onde ela Art. 73. Ter-se-á por domicílio
II – dos Estados e Territórios,
quiser, em dez dias. estabelece a sua residência com da pessoa natural, que não
as respectivas capitais;
ânimo definitivo. tenha residência habitual, o
Art. 69. Tornando-se ilícita, lugar onde for encontrada. III – do Município, o lugar
impossível ou inútil a finalidade Art. 71. Se, porém, a pessoa onde funcione a administração
a que visa a fundação, ou venci- natural tiver diversas residên- Art. 74. Muda-se o domicílio, municipal;
do o prazo de sua existência, o cias, onde, alternadamente, transferindo a residência, com a IV – das demais pessoas jurídi-
órgão do Ministério Público, ou intenção manifesta de o mudar. cas, o lugar onde funcionarem
  12
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 68.
as respectivas diretorias e Art. 76. Têm domicílio ne- Art. 77. O agente diplomático LIVRO II 
administrações, ou onde elege- cessário o incapaz, o servidor do Brasil, que, citado no estran- DOS BENS
rem domicílio especial no seu público, o militar, o marítimo e geiro, alegar extraterritorialida-
estatuto ou atos constitutivos. o preso. de sem designar onde tem, no TÍTULO ÚNICO 
§ 1º Tendo a pessoa jurídica Parágrafo único. O domicílio país, o seu domicílio, poderá ser Das Diferentes Classes
diversos estabelecimentos em do incapaz é o do seu represen- demandado no Distrito Federal de Bens
lugares diferentes, cada um tante ou assistente; o do ser- ou no último ponto do territó-
deles será considerado domicí- vidor público, o lugar em que rio brasileiro onde o teve. CAPÍTULO I
lio para os atos nele praticados. exercer permanentemente suas Dos Bens Considerados em
Art. 78. Nos contratos escritos,
funções; o do militar, onde Si Mesmos
§ 2º Se a administração, ou poderão os contratantes especi-
diretoria, tiver a sede no servir, e, sendo da Marinha ficar domicílio onde se exerci- Seção I
estrangeiro, haver-se-á por ou da Aeronáutica, a sede do tem e cumpram os direitos e Dos Bens Imóveis
domicílio da pessoa jurídica, comando a que se encontrar obrigações deles resultantes.
imediatamente subordinado; Art. 79. São bens imóveis o solo
no tocante às obrigações e tudo quanto se lhe incorporar
contraídas por cada uma o do marítimo, onde o navio
estiver matriculado; e o do natural ou artificialmente.
das suas agências, o lugar do
estabelecimento, sito no Brasil, preso, o lugar em que cumprir Art. 80. Consideram-se imóveis
a que ela corresponder. a sentença. para os efeitos legais:

  13
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 76.
I – os direitos reais sobre força alheia, sem alteração da qualidade os provenientes da Seção IV
imóveis e as ações que os substância ou da destinação demolição de algum prédio. Dos Bens Divisíveis
asseguram; econômico-social.
Seção III Art. 87. Bens divisíveis são os
II – o direito à sucessão aberta. Art. 83. Consideram-se móveis Dos Bens Fungíveis e Consumíveis que se podem fracionar sem
Art. 81. Não perdem o caráter para os efeitos legais: alteração na sua substância,
Art. 85. São fungíveis os móveis
de imóveis: I – as energias que tenham diminuição considerável de
que podem substituir-se por
I – as edificações que, separa- valor econômico; valor, ou prejuízo do uso a que
outros da mesma espécie,
das do solo, mas conservando a II – os direitos reais sobre se destinam.
qualidade e quantidade.
sua unidade, forem removidas objetos móveis e as ações Art. 88. Os bens naturalmente
para outro local; correspondentes; Art. 86. São consumíveis os
divisíveis podem tornar-se
bens móveis cujo uso importa
II – os materiais provisoria- III – os direitos pessoais de indivisíveis por determinação
destruição imediata da própria
mente separados de um prédio, caráter patrimonial e respecti- da lei ou por vontade das partes.
substância, sendo também
para nele se reempregarem. vas ações.
considerados tais os destinados Seção V
Seção II Art. 84. Os materiais desti- à alienação. Dos Bens Singulares e Coletivos
Dos Bens Móveis nados a alguma construção,
Art. 89. São singulares os
enquanto não forem emprega-
Art. 82. São móveis os bens bens que, embora reunidos, se
dos, conservam sua qualidade
suscetíveis de movimento consideram de per si, indepen-
de móveis; readquirem essa
próprio, ou de remoção por dentemente dos demais.
  14
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 81.
Art. 90. Constitui universalida- CAPÍTULO II resultar da lei, da manifestação § 3º São necessárias as que têm
de de fato a pluralidade de bens Dos Bens Reciprocamente de vontade, ou das circunstân- por fim conservar o bem ou
singulares que, pertinentes à Considerados cias do caso. evitar que se deteriore.
mesma pessoa, tenham destina- Art. 92. Principal é o bem Art. 95. Apesar de ainda não Art. 97. Não se consideram ben-
ção unitária. que existe sobre si, abstrata separados do bem principal, os feitorias os melhoramentos ou
Parágrafo único. Os bens que ou concretamente; acessório, frutos e produtos podem ser acréscimos sobrevindos ao bem
formam essa universalidade aquele cuja existência supõe a objeto de negócio jurídico. sem a intervenção do proprietá-
podem ser objeto de relações do principal. rio, possuidor ou detentor.
jurídicas próprias. Art. 96. As benfeitorias podem
Art. 93. São pertenças os bens ser voluptuárias, úteis ou
Art. 91. Constitui universalida- que, não constituindo partes CAPÍTULO III
necessárias.
de de direito o complexo de re- Dos Bens Públicos
integrantes, se destinam, de
§ 1º São voluptuárias as de
lações jurídicas, de uma pessoa, modo duradouro, ao uso, ao Art. 98. São públicos os bens do
mero deleite ou recreio, que
dotadas de valor econômico. serviço ou ao aformoseamento domínio nacional pertencentes
não aumentam o uso habitual
de outro. às pessoas jurídicas de direito
do bem, ainda que o tornem
Art. 94. Os negócios jurídicos mais agradável ou sejam de público interno; todos os outros
que dizem respeito ao bem elevado valor. são particulares, seja qual for a
principal não abrangem as pessoa a que pertencerem.
§ 2º São úteis as que aumentam
pertenças, salvo se o contrário ou facilitam o uso do bem. Art. 99. São bens públicos:

  15
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 90.
I – os de uso comum do povo, bens pertencentes às pessoas estabelecido legalmente pela Art. 105. A incapacidade relativa
tais como rios, mares, estradas, jurídicas de direito público a entidade a cuja administração de uma das partes não pode ser
ruas e praças; que se tenha dado estrutura de pertencerem. invocada pela outra em benefí-
II – os de uso especial, tais direito privado. cio próprio, nem aproveita aos
como edifícios ou terrenos LIVRO III  co-interessados capazes, salvo
Art. 100. Os bens públicos de
destinados a serviço ou esta- Dos Fatos Jurídicos se, neste caso, for indivisível o
uso comum do povo e os de
belecimento da administração objeto do direito ou da obriga-
uso especial são inalienáveis,
federal, estadual, territorial ou TÍTULO I  ção comum.
enquanto conservarem a sua
municipal, inclusive os de suas qualificação, na forma que a lei Do Negócio Jurídico Art. 106. A impossibilidade
autarquias; determinar. inicial do objeto não invalida o
III – os dominicais, que CAPÍTULO I negócio jurídico se for relativa,
constituem o patrimônio das Art. 101. Os bens públicos do- Disposições Gerais
ou se cessar antes de realizada
pessoas jurídicas de direito minicais podem ser alienados,
Art. 104. A validade do negócio a condição a que ele estiver
público, como objeto de direito observadas as exigências da lei.
jurídico requer: subordinado.
pessoal, ou real, de cada uma Art. 102. Os bens públicos não I – agente capaz;
dessas entidades. Art. 107. A validade da decla-
estão sujeitos a usucapião. II – objeto lícito, possível, ração de vontade não depen-
Parágrafo único. Não dis- determinado ou determinável;
Art. 103. O uso comum dos derá de forma especial, senão
pondo a lei em contrário, III – forma prescrita ou não
bens públicos pode ser gratuito quando a lei expressamente a
consideram-se dominicais os defesa em lei.
ou retribuído, conforme for exigir.
  16
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 100.
Art. 108. Não dispondo a lei em manifestou, salvo se dela o des- Art. 114. Os negócios jurídicos por conta de outrem, celebrar
contrário, a escritura pública tinatário tinha conhecimento. benéficos e a renúncia interpre- consigo mesmo.
é essencial à validade dos tam-se estritamente. Parágrafo único. Para esse
Art. 111. O silêncio importa
negócios jurídicos que visem efeito, tem-se como celebrado
anuência, quando as circuns-
à constituição, transferência, CAPÍTULO II pelo representante o negócio
tâncias ou os usos o autori-
modificação ou renúncia de Da Representação realizado por aquele em quem
zarem, e não for necessária a
direitos reais sobre imóveis de os poderes houverem sido
declaração de vontade expressa. Art. 115. Os poderes de repre-
valor superior a trinta vezes o subestabelecidos.
sentação conferem-se por lei ou
maior salário mínimo vigente Art. 112. Nas declarações de
pelo interessado. Art. 118. O representante é
no País. vontade se atenderá mais à
intenção nelas consubstanciada Art. 116. A manifestação de obrigado a provar às pessoas,
Art. 109. No negócio jurídico com quem tratar em nome do
do que ao sentido literal da vontade pelo representante,
celebrado com a cláusula de não representado, a sua qualidade
linguagem. nos limites de seus poderes,
valer sem instrumento público, e a extensão de seus poderes,
produz efeitos em relação ao
este é da substância do ato. Art. 113. Os negócios jurídi- sob pena de, não o fazendo,
representado.
cos devem ser interpretados responder pelos atos que a estes
Art. 110. A manifestação de
conforme a boa-fé e os usos do Art. 117. Salvo se o permitir a lei excederem.
vontade subsiste ainda que o
lugar de sua celebração. ou o representado, é anulável o
seu autor haja feito a reserva Art. 119. É anulável o negócio
negócio jurídico que o repre-
mental de não querer o que concluído pelo representante
sentante, no seu interesse ou

  17
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 108.
em conflito de interesses com o CAPÍTULO III Art. 123. Invalidam os ne- terá adquirido o direito, a que
representado, se tal fato era ou Da Condição, do Termo e gócios jurídicos que lhes são ele visa.
devia ser do conhecimento de do Encargo subordinados:
Art. 126. Se alguém dispuser
quem com aquele tratou. Art. 121. Considera-se condição I – as condições física ou de uma coisa sob condição
Parágrafo único. É de cento a cláusula que, derivando juridicamente impossíveis, suspensiva, e, pendente esta,
e oitenta dias, a contar da exclusivamente da vontade das quando suspensivas; fizer quanto àquela novas dis-
conclusão do negócio ou da partes, subordina o efeito do II – as condições ilícitas, ou de posições, estas não terão valor,
cessação da incapacidade, negócio jurídico a evento futuro fazer coisa ilícita; realizada a condição, se com ela
o prazo de decadência para e incerto. III – as condições incompreen- forem incompatíveis.
pleitear-se a anulação prevista síveis ou contraditórias.
Art. 122. São lícitas, em geral, Art. 127. Se for resolutiva a
neste artigo.
todas as condições não contrá- Art. 124. Têm-se por inexisten- condição, enquanto esta se não
Art. 120. Os requisitos e os rias à lei, à ordem pública ou tes as condições impossíveis, realizar, vigorará o negócio jurí-
efeitos da representação legal aos bons costumes; entre as quando resolutivas, e as de não dico, podendo exercer-se desde
são os estabelecidos nas normas condições defesas se incluem as fazer coisa impossível. a conclusão deste o direito por
respectivas; os da representação que privarem de todo efeito o ele estabelecido.
voluntária são os da Parte Art. 125. Subordinando-se a
negócio jurídico, ou o sujeita-
Especial deste Código. eficácia do negócio jurídico à Art. 128. Sobrevindo a condição
rem ao puro arbítrio de uma das
condição suspensiva, enquanto resolutiva, extingue-se, para
partes.
esta se não verificar, não se todos os efeitos, o direito a

  18
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 119.
que ela se opõe; mas, se aposta por aquele a quem aproveita o se-á prorrogado o prazo até o instrumento, ou das circuns-
a um negócio de execução seu implemento. seguinte dia útil. tâncias, resultar que se estabe-
continuada ou periódica, a sua § 2º Meado considera-se, em leceu a benefício do credor, ou
Art. 130. Ao titular do direito
realização, salvo disposição qualquer mês, o seu décimo de ambos os contratantes.
eventual, nos casos de condição
em contrário, não tem eficácia quinto dia.
suspensiva ou resolutiva, é Art. 134. Os negócios jurídicos
quanto aos atos já praticados,
permitido praticar os atos § 3º Os prazos de meses e entre vivos, sem prazo, são
desde que compatíveis com a
destinados a conservá-lo. anos expiram no dia de igual exeqüíveis desde logo, salvo
natureza da condição pendente
número do de início, ou no se a execução tiver de ser feita
e conforme aos ditames de Art. 131. O termo inicial
imediato, se faltar exata em lugar diverso ou depender
boa-fé. suspende o exercício, mas não a
correspondência. de tempo.
aquisição do direito.
Art. 129. Reputa-se verificada, § 4º Os prazos fixados por Art. 135. Ao termo inicial e final
quanto aos efeitos jurídicos, a Art. 132. Salvo disposição legal hora contar-se-ão de minuto a aplicam-se, no que couber, as
condição cujo implemento for ou convencional em contrário, minuto. disposições relativas à condição
maliciosamente obstado pela computam-se os prazos, excluí-
Art. 133. Nos testamentos, suspensiva e resolutiva.
parte a quem desfavorecer, do o dia do começo, e incluído o
considerando-se, ao contrário, do vencimento. presume-se o prazo em favor Art. 136. O encargo não
não verificada a condição do herdeiro, e, nos contratos, suspende a aquisição nem o
§ 1º Se o dia do vencimento
maliciosamente levada a efeito em proveito do devedor, salvo, exercício do direito, salvo quan-
cair em feriado, considerar-
quanto a esses, se do teor do do expressamente imposto no

  19
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 128.
negócio jurídico, pelo disponen- que poderia ser percebido por da lei, for o motivo único ou Art. 143. O erro de cálculo
te, como condição suspensiva. pessoa de diligência normal, principal do negócio jurídico. apenas autoriza a retificação da
em face das circunstâncias do declaração de vontade.
Art. 137. Considera-se não Art. 140. O falso motivo só
negócio.
escrito o encargo ilícito ou vicia a declaração de vontade Art. 144. O erro não prejudica
impossível, salvo se constituir Art. 139. O erro é substancial quando expresso como razão a validade do negócio jurídico
o motivo determinante da quando: determinante. quando a pessoa, a quem a
liberalidade, caso em que se I – interessa à natureza do manifestação de vontade se
Art. 141. A transmissão errônea
invalida o negócio jurídico. negócio, ao objeto principal da dirige, se oferecer para executá-
da vontade por meios interpos-
declaração, ou a alguma das la na conformidade da vontade
tos é anulável nos mesmos casos
CAPÍTULO IV qualidades a ele essenciais; real do manifestante.
em que o é a declaração direta.
Dos Defeitos do Negócio II – concerne à identidade ou à
Jurídico Seção II
qualidade essencial da pessoa Art. 142. O erro de indicação
Do Dolo
Seção I a quem se refira a declaração da pessoa ou da coisa, a que
Do Erro ou Ignorância de vontade, desde que tenha se referir a declaração de Art. 145. São os negócios jurídi-
influído nesta de modo vontade, não viciará o negócio cos anuláveis por dolo, quando
Art. 138. São anuláveis os quando, por seu contexto e este for a sua causa.
relevante;
negócios jurídicos, quando pelas circunstâncias, se puder
as declarações de vontade III – sendo de direito e não Art. 146. O dolo acidental só
implicando recusa à aplicação identificar a coisa ou pessoa
emanarem de erro substancial obriga à satisfação das perdas
cogitada.
e danos, e é acidental quando,
  20
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 136.
a seu despeito, o negócio perdas e danos da parte a quem Seção III que possam influir na gravida-
seria realizado, embora por ludibriou. Da Coação de dela.
outro modo.
Art. 149. O dolo do represen- Art. 151. A coação, para viciar a Art. 153. Não se considera
Art. 147. Nos negócios jurídicos tante legal de uma das partes declaração da vontade, há de ser coação a ameaça do exercício
bilaterais, o silêncio intencional só obriga o representado a tal que incuta ao paciente fun- normal de um direito, nem o
de uma das partes a respeito de responder civilmente até a dado temor de dano iminente e simples temor reverencial.
fato ou qualidade que a outra importância do proveito que considerável à sua pessoa, à sua
Art. 154. Vicia o negócio
parte haja ignorado, constitui teve; se, porém, o dolo for do família, ou aos seus bens.
jurídico a coação exercida por
omissão dolosa, provando-se representante convencional, Parágrafo único. Se disser res- terceiro, se dela tivesse ou
que sem ela o negócio não se o representado responderá peito a pessoa não pertencente devesse ter conhecimento a
teria celebrado. solidariamente com ele por à família do paciente, o juiz, parte a que aproveite, e esta
perdas e danos. com base nas circunstâncias,
Art. 148. Pode também ser responderá solidariamente com
anulado o negócio jurídico Art. 150. Se ambas as partes decidirá se houve coação. aquele por perdas e danos.
por dolo de terceiro, se a parte procederem com dolo, ne- Art. 152. No apreciar a coação, Art. 155. Subsistirá o negócio
a quem aproveite dele tivesse nhuma pode alegá-lo para ter-se-ão em conta o sexo, a jurídico, se a coação decorrer de
ou devesse ter conhecimento; anular o negócio, ou reclamar idade, a condição, a saúde, o terceiro, sem que a parte a que
em caso contrário, ainda que indenização. temperamento do paciente e aproveite dela tivesse ou devesse
subsista o negócio jurídico, o todas as demais circunstâncias ter conhecimento; mas o autor
terceiro responderá por todas as
  21
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 146.
da coação responderá por todas Seção V Seção VI Art. 159. Serão igualmente
as perdas e danos que houver Da Lesão Da Fraude Contra Credores anuláveis os contratos onerosos
causado ao coacto. do devedor insolvente, quando
Art. 157. Ocorre a lesão quando Art. 158. Os negócios de
a insolvência for notória, ou
Seção IV uma pessoa, sob premente ne- transmissão gratuita de bens ou
houver motivo para ser conheci-
Do Estado de Perigo cessidade, ou por inexperiência, remissão de dívida, se os prati-
da do outro contratante.
se obriga a prestação manifesta- car o devedor já insolvente, ou
Art. 156. Configura-se o estado
mente desproporcional ao valor por eles reduzido à insolvência, Art. 160. Se o adquirente dos
de perigo quando alguém, pre-
da prestação oposta. ainda quando o ignore, poderão bens do devedor insolvente
mido da necessidade de salvar-
§ 1º Aprecia-se a desproporção ser anulados pelos credores ainda não tiver pago o preço
se, ou a pessoa de sua família,
das prestações segundo os quirografários, como lesivos dos e este for, aproximadamente,
de grave dano conhecido pela
valores vigentes ao tempo em seus direitos. o corrente, desobrigar-se-á
outra parte, assume obrigação
que foi celebrado o negócio § 1º Igual direito assiste aos depositando-o em juízo, com a
excessivamente onerosa.
jurídico. credores cuja garantia se tornar citação de todos os interessados.
Parágrafo único. Tratando-se
§ 2º Não se decretará a anula- insuficiente. Parágrafo único. Se inferior,
de pessoa não pertencente
ção do negócio, se for oferecido § 2º Só os credores que já o adquirente, para conservar
à família do declarante, o
suplemento suficiente, ou se a o eram ao tempo daqueles os bens, poderá depositar o
juiz decidirá segundo as
parte favorecida concordar com atos podem pleitear a anula- preço que lhes corresponda ao
circunstâncias.
a redução do proveito. ção deles. valor real.

  22
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 155.
Art. 161. A ação, nos casos que o devedor insolvente tiver ou anticrese, sua invalidade V – for preterida alguma
dos arts. 158 e 159, poderá ser dado a algum credor. importará somente na anula- solenidade que a lei considere
intentada contra o devedor ção da preferência ajustada. essencial para a sua validade;
Art. 164. Presumem-se, porém,
insolvente, a pessoa que com VI – tiver por objetivo fraudar
de boa-fé e valem os negócios
ele celebrou a estipulação CAPÍTULO V lei imperativa;
ordinários indispensáveis à ma-
considerada fraudulenta, ou Da Invalidade do Negócio VII – a lei taxativamente o
nutenção de estabelecimento Jurídico
terceiros adquirentes que hajam declarar nulo, ou proibir-lhe a
mercantil, rural, ou industrial,
procedido de má-fé. Art. 166. É nulo o negócio prática, sem cominar sanção.
ou à subsistência do devedor e
Art. 162. O credor quirogra- de sua família. jurídico quando: Art. 167. É nulo o negócio jurí-
fário, que receber do devedor I – celebrado por pessoa dico simulado, mas subsistirá o
Art. 165. Anulados os negócios
insolvente o pagamento da absolutamente incapaz; que se dissimulou, se válido for
fraudulentos, a vantagem
dívida ainda não vencida, ficará II – for ilícito, impossível ou na substância e na forma.
resultante reverterá em proveito
obrigado a repor, em proveito indeterminável o seu objeto;
do acervo sobre que se tenha de § 1º Haverá simulação nos
do acervo sobre que se tenha de III – o motivo determinante,
efetuar o concurso de credores. negócios jurídicos quando:
efetuar o concurso de credores, comum a ambas as partes, for
aquilo que recebeu. Parágrafo único. Se esses ne- I – aparentarem conferir ou
ilícito; transmitir direitos a pessoas
gócios tinham por único objeto
Art. 163. Presumem-se frauda- atribuir direitos preferenciais, IV – não revestir a forma diversas daquelas às quais
tórias dos direitos dos outros mediante hipoteca, penhor prescrita em lei;
credores as garantias de dívidas
  23
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 161.
realmente se conferem, ou Parágrafo único. As nulidades Art. 171. Além dos casos ex- já foi cumprido em parte pelo
transmitem; devem ser pronunciadas pelo pressamente declarados na lei, é devedor, ciente do vício que o
II – contiverem declaração, juiz, quando conhecer do anulável o negócio jurídico: inquinava.
confissão, condição ou cláusu- negócio jurídico ou dos seus I – por incapacidade relativa do Art. 175. A confirmação expres-
la não verdadeira; efeitos e as encontrar provadas, agente; sa, ou a execução voluntária de
III – os instrumentos particu- não lhe sendo permitido supri- II – por vício resultante de negócio anulável, nos termos
lares forem antedatados, ou las, ainda que a requerimento erro, dolo, coação, estado de dos arts. 172 a 174, importa a
pós-datados. das partes. perigo, lesão ou fraude contra extinção de todas as ações,
§ 2º Ressalvam-se os direitos de Art. 169. O negócio jurídico credores. ou exceções, de que contra ele
terceiros de boa-fé em face dos nulo não é suscetível de con- Art. 172. O negócio anulável dispusesse o devedor.
contraentes do negócio jurídico firmação, nem convalesce pelo pode ser confirmado pelas Art. 176. Quando a anula-
simulado. decurso do tempo. partes, salvo direito de terceiro. bilidade do ato resultar da
Art. 168. As nulidades dos Art. 170. Se, porém, o negócio Art. 173. O ato de confirmação falta de autorização de terceiro,
artigos antecedentes podem ser jurídico nulo contiver os deve conter a substância do será validado se este a der
alegadas por qualquer interessa- requisitos de outro, subsistirá negócio celebrado e a vontade posteriormente.
do, ou pelo Ministério Público, este quando o fim a que visavam expressa de mantê-lo. Art. 177. A anulabilidade não
quando lhe couber intervir. as partes permitir supor que o
Art. 174. É escusada a confirma- tem efeito antes de julgada por
teriam querido, se houvessem
ção expressa, quando o negócio sentença, nem se pronuncia
previsto a nulidade.
  24
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 168.
de ofício; só os interessados a Art. 179. Quando a lei dispuser Art. 182. Anulado o negócio ju- TÍTULO II 
podem alegar, e aproveita exclu- que determinado ato é anulável, rídico, restituir-se-ão as partes Dos Atos Jurídicos
sivamente aos que a alegarem, sem estabelecer prazo para ao estado em que antes dele se Lícitos
salvo o caso de solidariedade ou pleitear-se a anulação, será este achavam, e, não sendo possível
Art. 185. Aos atos jurídicos
indivisibilidade. de dois anos, a contar da data restituí-las, serão indenizadas
lícitos, que não sejam negócios
da conclusão do ato. com o equivalente.
Art. 178. É de quatro anos jurídicos, aplicam-se, no que
o prazo de decadência para Art. 180. O menor, entre Art. 183. A invalidade do couber, as disposições do Título
pleitear-se a anulação do dezesseis e dezoito anos, instrumento não induz a do ne- anterior.
negócio jurídico, contado: não pode, para eximir-se de gócio jurídico sempre que este
I – no caso de coação, do dia uma obrigação, invocar a sua puder provar-se por outro meio. TÍTULO III 
em que ela cessar; idade se dolosamente a ocultou Dos Atos Ilícitos
Art. 184. Respeitada a intenção
II – no de erro, dolo, fraude quando inquirido pela outra
das partes, a invalidade parcial Art. 186. Aquele que, por ação
contra credores, estado de parte, ou se, no ato de obrigar-
de um negócio jurídico não o ou omissão voluntária, negli-
perigo ou lesão, do dia em que se, declarou-se maior.
prejudicará na parte válida, se gência ou imprudência, violar
se realizou o negócio jurídico; Art. 181. Ninguém pode recla- esta for separável; a invalidade direito e causar dano a outrem,
III – no de atos de incapa- mar o que, por uma obrigação da obrigação principal implica a ainda que exclusivamente
zes, do dia em que cessar a anulada, pagou a um incapaz, se das obrigações acessórias, mas a moral, comete ato ilícito.
incapacidade. não provar que reverteu em pro- destas não induz a da obrigação
veito dele a importância paga. principal.
  25
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 177.
Art. 187. Também comete ato cias o tornarem absolutamente Art. 190. A exceção prescreve Art. 194. (Alterado em 06)
ilícito o titular de um direito necessário, não excedendo os no mesmo prazo em que a
Art. 195. Os relativamente inca-
que, ao exercê-lo, excede mani- limites do indispensável para a pretensão.
pazes e as pessoas jurídicas têm
festamente os limites impostos remoção do perigo.
Art. 191. A renúncia da prescri- ação contra os seus assistentes
pelo seu fim econômico ou
ção pode ser expressa ou tácita, ou representantes legais, que
social, pela boa-fé ou pelos bons TÍTULO IV 
e só valerá, sendo feita, sem derem causa à prescrição, ou
costumes. Da Prescrição e da
prejuízo de terceiro, depois que não a alegarem oportunamente.
Decadência
Art. 188. Não constituem atos a prescrição se consumar; tácita
Art. 196. A prescrição iniciada
ilícitos: é a renúncia quando se presume
CAPÍTULO I contra uma pessoa continua a
I – os praticados em legítima de fatos do interessado, incom-
Da Prescrição correr contra o seu sucessor.
defesa ou no exercício regular patíveis com a prescrição.
de um direito reconhecido; Seção I Seção II
Art. 192. Os prazos de prescri-
II – a deterioração ou destrui- Disposições Gerais Das Causas que Impedem ou
ção não podem ser alterados por Suspendem a Prescrição
ção da coisa alheia, ou a lesão Art. 189. Violado o direito, acordo das partes.
a pessoa, a fim de remover nasce para o titular a pretensão, Art. 197. Não corre a prescrição:
perigo iminente. Art. 193. A prescrição pode ser
a qual se extingue, pela prescri- I – entre os cônjuges, na cons-
alegada em qualquer grau de
Parágrafo único. No caso do ção, nos prazos a que aludem os tância da sociedade conjugal;
jurisdição, pela parte a quem
inciso II, o ato será legítimo arts. 205 e 206.
aproveita.
somente quando as circunstân-
  26
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 187.
II – entre ascendentes e Art. 199. Não corre igualmente Seção III V – por qualquer ato judicial
descendentes, durante o poder a prescrição: Das Causas que Interrompem a que constitua em mora o
familiar; I – pendendo condição Prescrição devedor;
III – entre tutelados ou suspensiva; Art. 202. A interrupção da VI – por qualquer ato inequí-
curatelados e seus tutores ou II – não estando vencido prescrição, que somente poderá voco, ainda que extrajudicial,
curadores, durante a tutela ou o prazo; ocorrer uma vez, dar-se-á: que importe reconhecimento
curatela. III – pendendo ação de evicção. I – por despacho do juiz, mes- do direito pelo devedor.
Art. 198. Também não corre a mo incompetente, que ordenar Parágrafo único. A prescrição
Art. 200. Quando a ação se
prescrição: a citação, se o interessado a interrompida recomeça a
originar de fato que deva ser
I – contra os incapazes de que promover no prazo e na forma correr da data do ato que a
apurado no juízo criminal, não
trata o art. 3º; da lei processual; interrompeu, ou do último ato
correrá a prescrição antes da
II – por protesto, nas condições do processo para a interromper.
II – contra os ausentes do respectiva sentença definitiva.
País em serviço público da do inciso antecedente; Art. 203. A prescrição pode
Art. 201. Suspensa a prescrição III – por protesto cambial;
União, dos Estados ou dos ser interrompida por qualquer
em favor de um dos credores
Municípios; IV – pela apresentação do interessado.
solidários, só aproveitam
III – contra os que se acharem título de crédito em juízo de
os outros se a obrigação for Art. 204. A interrupção da
servindo nas Forças Armadas, inventário ou em concurso de
indivisível. prescrição por um credor não
em tempo de guerra. credores;
aproveita aos outros; seme-

  27
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 198.
lhantemente, a interrupção § 3º A interrupção produzida II – a pretensão do segurado de emolumentos, custas e
operada contra o co-devedor, ou contra o principal devedor contra o segurador, ou a deste honorários;
seu herdeiro, não prejudica aos prejudica o fiador. contra aquele, contado o prazo: IV – a pretensão contra os
demais coobrigados. a) para o segurado, no caso de peritos, pela avaliação dos bens
Seção IV
§ 1º A interrupção por um dos Dos Prazos da Prescrição seguro de responsabilidade que entraram para a formação
credores solidários aproveita civil, da data em que é citado do capital de sociedade anôni-
aos outros; assim como a Art. 205. A prescrição ocorre para responder à ação de inde- ma, contado da publicação da
interrupção efetuada contra em dez anos, quando a lei não nização proposta pelo terceiro ata da assembléia que aprovar
o devedor solidário envolve os lhe haja fixado prazo menor. prejudicado, ou da data que a o laudo;
demais e seus herdeiros. Art. 206. Prescreve: este indeniza, com a anuência V – a pretensão dos credores
§ 2º A interrupção operada do segurador; não pagos contra os sócios ou
§ 1º Em um ano:
contra um dos herdeiros do b) quanto aos demais seguros, acionistas e os liquidantes,
I – a pretensão dos hospedeiros
devedor solidário não preju- da ciência do fato gerador da contado o prazo da publicação
ou fornecedores de víveres
dica os outros herdeiros ou pretensão; da ata de encerramento da
destinados a consumo no
devedores, senão quando se III – a pretensão dos tabeliães, liquidação da sociedade.
próprio estabelecimento, para
trate de obrigações e direitos auxiliares da justiça, serven- § 2º Em dois anos, a pretensão
o pagamento da hospedagem
indivisíveis. tuários judiciais, árbitros para haver prestações alimen-
ou dos alimentos;
e peritos, pela percepção tares, a partir da data em que
se vencerem.

  28
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 204.
§ 3º Em três anos: VI – a pretensão de restituição geral que dela deva tomar I – a pretensão de cobrança
I – a pretensão relativa a dos lucros ou dividendos conhecimento; de dívidas líquidas constantes
aluguéis de prédios urbanos ou recebidos de má-fé, correndo c) para os liquidantes, da de instrumento público ou
rústicos; o prazo da data em que foi primeira assembléia semestral particular;
II – a pretensão para receber deliberada a distribuição; posterior à violação; II – a pretensão dos profis-
prestações vencidas de rendas VII – a pretensão contra as VIII – a pretensão para haver sionais liberais em geral,
temporárias ou vitalícias; pessoas em seguida indicadas o pagamento de título de procuradores judiciais, cura-
III – a pretensão para haver por violação da lei ou do crédito, a contar do vencimen- dores e professores pelos seus
juros, dividendos ou quaisquer estatuto, contado o prazo: to, ressalvadas as disposições honorários, contado o prazo
prestações acessórias, pagáveis, a) para os fundadores, da pu- de lei especial; da conclusão dos serviços,
em períodos não maiores de blicação dos atos constitutivos IX – a pretensão do beneficiá- da cessação dos respectivos
um ano, com capitalização ou da sociedade anônima; rio contra o segurador, e a do contratos ou mandato;
sem ela; b) para os administradores, terceiro prejudicado, no caso III – a pretensão do vencedor
IV – a pretensão de ressar- ou fiscais, da apresentação, de seguro de responsabilidade para haver do vencido o que
cimento de enriquecimento aos sócios, do balanço refe- civil obrigatório. despendeu em juízo.
sem causa; rente ao exercício em que a § 4º Em quatro anos, a preten-
V – a pretensão de repara- violação tenha sido praticada, são relativa à tutela, a contar da
ção civil; ou da reunião ou assembléia data da aprovação das contas.
§ 5º Em cinco anos:
  29
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 206.
CAPÍTULO II aproveita pode alegá-la em qual- direito a que se referem os fatos I – data e local de sua
Da Decadência quer grau de jurisdição, mas o confessados. realização;
juiz não pode suprir a alegação. Parágrafo único. Se feita a II – reconhecimento da identi-
Art. 207. Salvo disposição legal
em contrário, não se aplicam confissão por um representan- dade e capacidade das partes e
à decadência as normas que TÍTULO V  te, somente é eficaz nos limites de quantos hajam comparecido
impedem, suspendem ou Da Prova em que este pode vincular o ao ato, por si, como repre-
interrompem a prescrição. representado. sentantes, intervenientes ou
Art. 212. Salvo o negócio a
testemunhas;
Art. 208. Aplica-se à decadência que se impõe forma especial, o Art. 214. A confissão é irrevo-
fato jurídico pode ser provado III – nome, nacionalidade,
o disposto nos arts. 195 e 198, gável, mas pode ser anulada se
mediante: estado civil, profissão, domi-
inciso I. decorreu de erro de fato ou de
cílio e residência das partes e
I – confissão; coação.
Art. 209. É nula a renúncia à demais comparecentes, com a
II – documento;
decadência fixada em lei. Art. 215. A escritura pública, indicação, quando necessário,
III – testemunha; lavrada em notas de tabelião, do regime de bens do casa-
Art. 210. Deve o juiz, de ofício, IV – presunção; é documento dotado de fé mento, nome do outro cônjuge
conhecer da decadência, quan- V – perícia. pública, fazendo prova plena. e filiação;
do estabelecida por lei.
Art. 213. Não tem eficácia a § 1º Salvo quando exigidos por IV – manifestação clara da
Art. 211. Se a decadência for confissão se provém de quem lei outros requisitos, a escritura vontade das partes e dos
convencional, a parte a quem não é capaz de dispor do pública deve conter: intervenientes;

  30
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 207.
V – referência ao cumprimento § 4º Se qualquer dos compa- Art. 216. Farão a mesma prova instrumentos públicos, se os
das exigências legais e fiscais recentes não souber a língua que os originais as certidões originais se houverem produ-
inerentes à legitimidade nacional e o tabelião não textuais de qualquer peça zido em juízo como prova de
do ato; entender o idioma em que se judicial, do protocolo das au- algum ato.
VI – declaração de ter sido expressa, deverá comparecer diências, ou de outro qualquer
Art. 219. As declarações cons-
lida na presença das partes e tradutor público para servir de livro a cargo do escrivão, sendo
tantes de documentos assinados
demais comparecentes, ou de intérprete, ou, não o havendo extraídas por ele, ou sob a sua
presumem-se verdadeiras em
que todos a leram; na localidade, outra pessoa vigilância, e por ele subscritas,
relação aos signatários.
VII – assinatura das partes e capaz que, a juízo do tabelião, assim como os traslados de au-
tenha idoneidade e conheci- tos, quando por outro escrivão Parágrafo único. Não tendo
dos demais comparecentes,
mento bastantes. consertados. relação direta, porém, com
bem como a do tabelião ou
as disposições principais ou
seu substituto legal, encerran- § 5º Se algum dos compare- Art. 217. Terão a mesma com a legitimidade das partes,
do o ato. centes não for conhecido do força probante os traslados e as declarações enunciativas
§ 2º Se algum comparecente tabelião, nem puder identificar- as certidões, extraídos por ta- não eximem os interessados
não puder ou não souber se por documento, deverão par- belião ou oficial de registro, de em sua veracidade do ônus de
escrever, outra pessoa capaz ticipar do ato pelo menos duas instrumentos ou documentos prová-las.
assinará por ele, a seu rogo. testemunhas que o conheçam e lançados em suas notas.
atestem sua identidade. Art. 220. A anuência ou a auto-
§ 3º A escritura será redigida na Art. 218. Os traslados e as rização de outrem, necessária à
língua nacional. certidões considerar-se-ão
  31
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 216.
validade de um ato, provar-se-á Art. 222. O telegrama, quando Art. 224. Os documentos vício extrínseco ou intrínseco,
do mesmo modo que este, e lhe for contestada a autenticida- redigidos em língua estrangeira forem confirmados por outros
constará, sempre que se possa, de, faz prova mediante confe- serão traduzidos para o por- subsídios.
do próprio instrumento. rência com o original assinado. tuguês para ter efeitos legais Parágrafo único. A prova re-
no País. sultante dos livros e fichas não
Art. 221. O instrumento Art. 223. A cópia fotográfica de
particular, feito e assinado, ou documento, conferida por tabe- Art. 225. As reproduções é bastante nos casos em que a
somente assinado por quem lião de notas, valerá como prova fotográficas, cinematográficas, lei exige escritura pública, ou
esteja na livre disposição e ad- de declaração da vontade, mas, os registros fonográficos e, em escrito particular revestido de
ministração de seus bens, prova impugnada sua autenticidade, geral, quaisquer outras reprodu- requisitos especiais, e pode
as obrigações convencionais deverá ser exibido o original. ções mecânicas ou eletrônicas ser ilidida pela comprovação
de qualquer valor; mas os seus de fatos ou de coisas fazem da falsidade ou inexatidão dos
Parágrafo único. A prova não
efeitos, bem como os da cessão, prova plena destes, se a parte, lançamentos.
supre a ausência do título
não se operam, a respeito de de crédito, ou do original, contra quem forem exibidos, Art. 227. Salvo os casos expres-
terceiros, antes de registrado no nos casos em que a lei ou as não lhes impugnar a exatidão. sos, a prova exclusivamente
registro público. circunstâncias condicionarem testemunhal só se admite nos
Art. 226. Os livros e fichas
Parágrafo único. A prova o exercício do direito à sua dos empresários e sociedades negócios jurídicos cujo valor
do instrumento particular exibição. provam contra as pessoas a que não ultrapasse o décuplo do
pode suprir-se pelas outras de pertencem, e, em seu favor, maior salário mínimo vigente
caráter legal. quando, escriturados sem
  32
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 220.
no País ao tempo em que foram III – os cegos e surdos, quando I – a cujo respeito, por estado necessário não poderá aprovei-
celebrados. a ciência do fato que se quer ou profissão, deva guardar tar-se de sua recusa.
Parágrafo único. Qualquer provar dependa dos sentidos segredo;
Art. 232. A recusa à perícia mé-
que seja o valor do negócio que lhes faltam; II – a que não possa responder dica ordenada pelo juiz poderá
jurídico, a prova testemunhal IV – o interessado no litígio, sem desonra própria, de seu suprir a prova que se pretendia
é admissível como subsidiária o amigo íntimo ou o inimigo cônjuge, parente em grau obter com o exame.
ou complementar da prova por capital das partes; sucessível, ou amigo íntimo;
escrito. V – os cônjuges, os ascen- III – que o exponha, ou às
dentes, os descendentes e os pessoas referidas no inciso
Art. 228. Não podem ser admi-
colaterais, até o terceiro grau antecedente, a perigo de vida,
tidos como testemunhas:
de alguma das partes, por con- de demanda, ou de dano
I – os menores de dezes- sangüinidade, ou afinidade. patrimonial imediato.
seis anos;
Parágrafo único. Para a prova Art. 230. As presunções, que
II – aqueles que, por enfermi-
de fatos que só elas conheçam, não as legais, não se admitem
dade ou retardamento mental,
pode o juiz admitir o depoi- nos casos em que a lei exclui a
não tiverem discernimento
mento das pessoas a que se prova testemunhal.
para a prática dos atos da
refere este artigo.
vida civil; Art. 231. Aquele que se nega a
Art. 229. Ninguém pode ser submeter-se a exame médico
obrigado a depor sobre fato:
  33
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 227.
PARTE ESPECIAL título ou das circunstâncias Art. 236. Sendo culpado o Art. 238. Se a obrigação for de
do caso. devedor, poderá o credor exigir restituir coisa certa, e esta, sem
LIVRO I  o equivalente, ou aceitar a coisa culpa do devedor, se perder
Art. 234. Se, no caso do artigo
DO DIREITO DAS no estado em que se acha, com antes da tradição, sofrerá o
antecedente, a coisa se perder,
OBRIGAÇÕES direito a reclamar, em um ou credor a perda, e a obrigação se
sem culpa do devedor, antes da
em outro caso, indenização das resolverá, ressalvados os seus
tradição, ou pendente a condi-
TÍTULO I  perdas e danos. direitos até o dia da perda.
ção suspensiva, fica resolvida a
DAS MODALIDADES DAS obrigação para ambas as partes; Art. 237. Até a tradição pertence Art. 239. Se a coisa se perder
OBRIGAÇÕES se a perda resultar de culpa ao devedor a coisa, com os seus por culpa do devedor, respon-
do devedor, responderá este melhoramentos e acrescidos, derá este pelo equivalente, mais
CAPÍTULO I pelo equivalente e mais perdas pelos quais poderá exigir au- perdas e danos.
DAS OBRIGAÇÕES DE DAR
e danos. mento no preço; se o credor não
Art. 240. Se a coisa restituível
Seção I anuir, poderá o devedor resolver
Art. 235. Deteriorada a coisa, se deteriorar sem culpa do
Das Obrigações de Dar Coisa Certa a obrigação.
não sendo o devedor culpado, devedor, recebê-la-á o credor,
Art. 233. A obrigação de dar coi- poderá o credor resolver a Parágrafo único. Os frutos tal qual se ache, sem direito a
sa certa abrange os acessórios obrigação, ou aceitar a coisa, percebidos são do devedor, ca- indenização; se por culpa do de-
dela embora não mencionados, abatido de seu preço o valor que bendo ao credor os pendentes. vedor, observar-se-á o disposto
salvo se o contrário resultar do perdeu. no art. 239.

  34
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 233.
Art. 241. Se, no caso do art. Seção II Art. 246. Antes da escolha, não Art. 249. Se o fato puder ser
238, sobrevier melhoramento Das Obrigações de Dar Coisa poderá o devedor alegar perda executado por terceiro, será
ou acréscimo à coisa, sem Incerta ou deterioração da coisa, ainda livre ao credor mandá-lo
despesa ou trabalho do devedor, Art. 243. A coisa incerta será que por força maior ou caso executar à custa do devedor,
lucrará o credor, desobrigado de indicada, ao menos, pelo gênero fortuito. havendo recusa ou mora deste,
indenização. e pela quantidade. sem prejuízo da indenização
CAPÍTULO II cabível.
Art. 242. Se para o melhora- Art. 244. Nas coisas deter- Das Obrigações de Fazer Parágrafo único. Em caso de
mento, ou aumento, empregou minadas pelo gênero e pela
o devedor trabalho ou dispên- Art. 247. Incorre na obrigação urgência, pode o credor, inde-
quantidade, a escolha pertence
dio, o caso se regulará pelas de indenizar perdas e danos o pendentemente de autorização
ao devedor, se o contrário não
normas deste Código atinentes devedor que recusar a prestação judicial, executar ou mandar
resultar do título da obrigação;
às benfeitorias realizadas a ele só imposta, ou só por ele executar o fato, sendo depois
mas não poderá dar a coisa pior,
pelo possuidor de boa-fé ou exeqüível. ressarcido.
nem será obrigado a prestar a
de má-fé. melhor. Art. 248. Se a prestação do CAPÍTULO III
Parágrafo único. Quanto aos fato tornar-se impossível sem
Art. 245. Cientificado da esco- Das Obrigações de
frutos percebidos, observar-se- culpa do devedor, resolver-se-á Não Fazer
lha o credor, vigorará o disposto
á, do mesmo modo, o disposto a obrigação; se por culpa dele,
na Seção antecedente. Art. 250. Extingue-se a obriga-
neste Código, acerca do possui- responderá por perdas e danos.
dor de boa-fé ou de má-fé. ção de não fazer, desde que, sem

  35
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 241.
culpa do devedor, se lhe torne CAPÍTULO IV o juiz, findo o prazo por este impossibilitou, mais as perdas e
impossível abster-se do ato, que Das Obrigações assinado para a deliberação. danos que o caso determinar.
se obrigou a não praticar. Alternativas
§ 4º Se o título deferir a opção Art. 255. Quando a escolha
Art. 251. Praticado pelo devedor Art. 252. Nas obrigações a terceiro, e este não quiser, ou couber ao credor e uma das
o ato, a cuja abstenção se alternativas, a escolha cabe ao não puder exercê-la, caberá ao prestações tornar-se impossível
obrigara, o credor pode exigir devedor, se outra coisa não se juiz a escolha se não houver por culpa do devedor, o credor
dele que o desfaça, sob pena de estipulou. acordo entre as partes. terá direito de exigir a presta-
se desfazer à sua custa, ressar- § 1º Não pode o devedor Art. 253. Se uma das duas ção subsistente ou o valor da
cindo o culpado perdas e danos. obrigar o credor a receber prestações não puder ser objeto outra, com perdas e danos; se,
Parágrafo único. Em caso parte em uma prestação e parte de obrigação ou se tornada por culpa do devedor, ambas
de urgência, poderá o credor em outra. inexeqüível, subsistirá o débito as prestações se tornarem
desfazer ou mandar desfazer, § 2º Quando a obrigação for quanto à outra. inexeqüíveis, poderá o credor
independentemente de autori- de prestações periódicas, a reclamar o valor de qualquer
Art. 254. Se, por culpa do das duas, além da indenização
zação judicial, sem prejuízo do faculdade de opção poderá ser
devedor, não se puder cumprir por perdas e danos.
ressarcimento devido. exercida em cada período.
nenhuma das prestações, não
§ 3º No caso de pluralidade de competindo ao credor a escolha, Art. 256. Se todas as prestações
optantes, não havendo acordo ficará aquele obrigado a pagar se tornarem impossíveis sem
unânime entre eles, decidirá o valor da que por último se culpa do devedor, extinguir-se-á
a obrigação.
  36
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 250.
CAPÍTULO V Art. 259. Se, havendo dois ou Art. 261. Se um só dos credores Art. 263. Perde a qualidade de
Das Obrigações Divisíveis e mais devedores, a prestação receber a prestação por inteiro, indivisível a obrigação que se
Indivisíveis não for divisível, cada um será a cada um dos outros assistirá resolver em perdas e danos.
Art. 257. Havendo mais de obrigado pela dívida toda. o direito de exigir dele em § 1º Se, para efeito do disposto
um devedor ou mais de um Parágrafo único. O devedor, dinheiro a parte que lhe caiba neste artigo, houver culpa de
credor em obrigação divisível, que paga a dívida, sub-roga-se no total. todos os devedores, responde-
esta presume-se dividida em no direito do credor em relação Art. 262. Se um dos credores rão todos por partes iguais.
tantas obrigações, iguais e aos outros coobrigados. remitir a dívida, a obrigação § 2º Se for de um só a culpa,
distintas, quantos os credores não ficará extinta para com os ficarão exonerados os outros,
Art. 260. Se a pluralidade for
ou devedores. outros; mas estes só a poderão respondendo só esse pelas
dos credores, poderá cada um
Art. 258. A obrigação é indivi- destes exigir a dívida inteira; exigir, descontada a quota do perdas e danos.
sível quando a prestação tem mas o devedor ou devedores se credor remitente.
por objeto uma coisa ou um desobrigarão, pagando: Parágrafo único. O mesmo
fato não suscetíveis de divisão, I – a todos conjuntamente; critério se observará no caso de
por sua natureza, por motivo II – a um, dando este caução transação, novação, compensa-
de ordem econômica, ou dada a de ratificação dos outros ção ou confusão.
razão determinante do negócio credores.
jurídico.

  37
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 257.
CAPÍTULO VI ou pagável em lugar diferente, Art. 270. Se um dos credores opor as exceções pessoais
Das Obrigações Solidárias para o outro. solidários falecer deixando her- oponíveis aos outros.
deiros, cada um destes só terá
Seção I Seção II Art. 274. O julgamento contrá-
Disposições Gerais direito a exigir e receber a quota
Da Solidariedade Ativa rio a um dos credores solidários
do crédito que corresponder ao
Art. 264. Há solidariedade, não atinge os demais; o
Art. 267. Cada um dos credores seu quinhão hereditário, salvo
quando na mesma obrigação julgamento favorável aproveita-
solidários tem direito a exigir se a obrigação for indivisível.
concorre mais de um credor, lhes, a menos que se funde em
do devedor o cumprimento da
ou mais de um devedor, cada Art. 271. Convertendo-se a exceção pessoal ao credor que o
prestação por inteiro.
um com direito, ou obrigado, à prestação em perdas e danos, obteve.
Art. 268. Enquanto alguns dos subsiste, para todos os efeitos, a
dívida toda. Seção III
credores solidários não de- solidariedade.
Da Solidariedade Passiva
Art. 265. A solidariedade não mandarem o devedor comum,
se presume; resulta da lei ou da Art. 272. O credor que tiver
a qualquer daqueles poderá Art. 275. O credor tem direito
vontade das partes. remitido a dívida ou recebido
este pagar. a exigir e receber de um ou de
o pagamento responderá aos
alguns dos devedores, parcial ou
Art. 266. A obrigação solidária Art. 269. O pagamento feito outros pela parte que lhes caiba.
totalmente, a dívida comum; se
pode ser pura e simples para um a um dos credores solidários
Art. 273. A um dos credores o pagamento tiver sido parcial,
dos co-credores ou co-devedo- extingue a dívida até o montan-
solidários não pode o devedor todos os demais devedores
res, e condicional, ou a prazo, te do que foi pago.

  38
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 264.
continuam obrigados solidaria- Art. 277. O pagamento parcial Art. 280. Todos os devedores ou mais devedores, subsistirá a
mente pelo resto. feito por um dos devedores e respondem pelos juros da mora, dos demais.
Parágrafo único. Não importa- a remissão por ele obtida não ainda que a ação tenha sido
Art. 283. O devedor que
rá renúncia da solidariedade a aproveitam aos outros devedo- proposta somente contra um;
satisfez a dívida por inteiro
propositura de ação pelo credor res, senão até à concorrência da mas o culpado responde aos
tem direito a exigir de cada um
contra um ou alguns dos quantia paga ou relevada. outros pela obrigação acrescida.
dos co-devedores a sua quota,
devedores. Art. 278. Qualquer cláusula, Art. 281. O devedor demandado dividindo-se igualmente por
Art. 276. Se um dos devedores condição ou obrigação adicio- pode opor ao credor as exceções todos a do insolvente, se o
solidários falecer deixando nal, estipulada entre um dos que lhe forem pessoais e as houver, presumindo-se iguais,
herdeiros, nenhum destes devedores solidários e o credor, comuns a todos; não lhe apro- no débito, as partes de todos os
será obrigado a pagar senão não poderá agravar a posição veitando as exceções pessoais a co-devedores.
a quota que corresponder ao dos outros sem consentimento outro co-devedor.
Art. 284. No caso de rateio
seu quinhão hereditário, salvo destes.
Art. 282. O credor pode renun- entre os co-devedores, contri-
se a obrigação for indivisível; Art. 279. Impossibilitando-se a ciar à solidariedade em favor de buirão também os exonerados
mas todos reunidos serão prestação por culpa de um dos um, de alguns ou de todos os da solidariedade pelo credor,
considerados como um devedor devedores solidários, subsiste devedores. pela parte que na obrigação
solidário em relação aos demais para todos o encargo de pagar o incumbia ao insolvente.
Parágrafo único. Se o credor
devedores. equivalente; mas pelas perdas e exonerar da solidariedade um
danos só responde o culpado.
  39
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 275.
Art. 285. Se a dívida solidária não constar do instrumento da Art. 290. A cessão do crédito de cessão, o da obrigação cedi-
interessar exclusivamente a um obrigação. não tem eficácia em relação ao da; quando o crédito constar de
dos devedores, responderá este devedor, senão quando a este escritura pública, prevalecerá a
Art. 287. Salvo disposição em
por toda ela para com aquele notificada; mas por notificado prioridade da notificação.
contrário, na cessão de um
que pagar. se tem o devedor que, em
crédito abrangem-se todos os Art. 293. Independentemente
escrito público ou particular, se
seus acessórios. do conhecimento da cessão pelo
TÍTULO II  declarou ciente da cessão feita.
devedor, pode o cessionário
Da Transmissão das Art. 288. É ineficaz, em relação
Art. 291. Ocorrendo várias exercer os atos conservatórios
Obrigações a terceiros, a transmissão de
cessões do mesmo crédito, do direito cedido.
um crédito, se não celebrar-se
prevalece a que se completar
CAPÍTULO I mediante instrumento público, Art. 294. O devedor pode opor
com a tradição do título do
Da Cessão de Crédito ou instrumento particular ao cessionário as exceções que
crédito cedido.
revestido das solenidades do § lhe competirem, bem como as
Art. 286. O credor pode ceder
1º do art. 654. Art. 292. Fica desobrigado que, no momento em que veio
o seu crédito, se a isso não se
o devedor que, antes de ter a ter conhecimento da cessão,
opuser a natureza da obrigação, Art. 289. O cessionário de
conhecimento da cessão, paga tinha contra o cedente.
a lei, ou a convenção com o crédito hipotecário tem o
ao credor primitivo, ou que,
devedor; a cláusula proibitiva direito de fazer averbar a cessão Art. 295. Na cessão por título
no caso de mais de uma cessão
da cessão não poderá ser oposta no registro do imóvel. oneroso, o cedente, ainda que
notificada, paga ao cessionário
ao cessionário de boa-fé, se não se responsabilize, fica
que lhe apresenta, com o título
  40
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 285.
responsável ao cessionário pela Art. 298. O crédito, uma vez era insolvente e o credor o rantias prestadas por terceiros,
existência do crédito ao tempo penhorado, não pode mais ser ignorava. exceto se este conhecia o vício
em que lhe cedeu; a mesma transferido pelo credor que Parágrafo único. Qualquer das que inquinava a obrigação.
responsabilidade lhe cabe nas tiver conhecimento da penhora; partes pode assinar prazo ao Art. 302. O novo devedor não
cessões por título gratuito, se mas o devedor que o pagar, credor para que consinta na pode opor ao credor as exceções
tiver procedido de má-fé. não tendo notificação dela, fica assunção da dívida, interpre- pessoais que competiam ao
exonerado, subsistindo somente tando-se o seu silêncio como
Art. 296. Salvo estipulação devedor primitivo.
contra o credor os direitos de recusa.
em contrário, o cedente não
terceiro. Art. 303. O adquirente de
responde pela solvência do Art. 300. Salvo assentimento imóvel hipotecado pode tomar
devedor. expresso do devedor primitivo,
CAPÍTULO II a seu cargo o pagamento do
Art. 297. O cedente, responsável Da Assunção de Dívida consideram-se extintas, a partir crédito garantido; se o credor,
ao cessionário pela solvência da assunção da dívida, as garan- notificado, não impugnar em
Art. 299. É facultado a terceiro tias especiais por ele originaria-
do devedor, não responde por trinta dias a transferência do
assumir a obrigação do devedor, mente dadas ao credor.
mais do que daquele recebeu, débito, entender-se-á dado o
com o consentimento expresso
com os respectivos juros; mas Art. 301. Se a substituição do assentimento.
do credor, ficando exonerado
tem de ressarcir-lhe as despesas devedor vier a ser anulada,
o devedor primitivo, salvo se
da cessão e as que o cessionário restaura-se o débito, com todas
aquele, ao tempo da assunção,
houver feito com a cobrança. as suas garantias, salvo as ga-

  41
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 295.
TÍTULO III  e à conta do devedor, salvo Art. 307. Só terá eficácia o ele ratificado, ou tanto quanto
Do Adimplemento oposição deste. pagamento que importar trans- reverter em seu proveito.
e Extinção das missão da propriedade, quando
Art. 305. O terceiro não Art. 309. O pagamento feito
Obrigações feito por quem possa alienar o
interessado, que paga a dívida de boa-fé ao credor putativo é
objeto em que ele consistiu.
em seu próprio nome, tem válido, ainda provado depois
CAPÍTULO I direito a reembolsar-se do que Parágrafo único. Se se der que não era credor.
Do Pagamento em pagamento coisa fungível,
pagar; mas não se sub-roga nos
não se poderá mais reclamar Art. 310. Não vale o pagamento
Seção I direitos do credor.
do credor que, de boa-fé, a cientemente feito ao credor
De Quem Deve Pagar Parágrafo único. Se pagar
recebeu e consumiu, ainda que incapaz de quitar, se o devedor
Art. 304. Qualquer interessado antes de vencida a dívida, só não provar que em benefício
o solvente não tivesse o direito
na extinção da dívida pode terá direito ao reembolso no dele efetivamente reverteu.
de aliená-la.
pagá-la, usando, se o credor se vencimento.
Seção II Art. 311. Considera-se autori-
opuser, dos meios conducentes Art. 306. O pagamento feito por
Daqueles a Quem se Deve Pagar zado a receber o pagamento o
à exoneração do devedor. terceiro, com desconhecimento portador da quitação, salvo se as
Parágrafo único. Igual direito ou oposição do devedor, não Art. 308. O pagamento deve circunstâncias contrariarem a
cabe ao terceiro não inte- obriga a reembolsar aquele que ser feito ao credor ou a quem presunção daí resultante.
ressado, se o fizer em nome pagou, se o devedor tinha meios de direito o represente, sob
para ilidir a ação. pena de só valer depois de por Art. 312. Se o devedor pagar ao
credor, apesar de intimado da
  42
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 304.
penhora feita sobre o crédito, devedor a pagar, por partes, se quanto possível, o valor real da quitada, o nome do devedor, ou
ou da impugnação a ele oposta assim não se ajustou. prestação. quem por este pagou, o tempo
por terceiros, o pagamento não e o lugar do pagamento, com a
Art. 315. As dívidas em dinheiro Art. 318. São nulas as conven-
valerá contra estes, que poderão assinatura do credor, ou do seu
deverão ser pagas no vencimen- ções de pagamento em ouro
constranger o devedor a pagar representante.
to, em moeda corrente e pelo ou em moeda estrangeira,
de novo, ficando-lhe ressalvado Parágrafo único. Ainda sem os
valor nominal, salvo o disposto bem como para compensar a
o regresso contra o credor. requisitos estabelecidos neste
nos artigos subseqüentes. diferença entre o valor desta e o
Seção III da moeda nacional, excetuados artigo valerá a quitação, se de
Art. 316. É lícito convencionar seus termos ou das circunstân-
Do Objeto do Pagamento e os casos previstos na legislação
Sua Prova o aumento progressivo de cias resultar haver sido paga a
especial.
prestações sucessivas. dívida.
Art. 313. O credor não é obriga- Art. 319. O devedor que paga
do a receber prestação diversa Art. 317. Quando, por moti- Art. 321. Nos débitos, cuja
tem direito a quitação regular,
da que lhe é devida, ainda que vos imprevisíveis, sobrevier quitação consista na devolução
e pode reter o pagamento,
mais valiosa. desproporção manifesta entre o do título, perdido este, poderá
enquanto não lhe seja dada.
valor da prestação devida e o do o devedor exigir, retendo o
Art. 314. Ainda que a obrigação momento de sua execução, po- Art. 320. A quitação, que pagamento, declaração do
tenha por objeto prestação derá o juiz corrigi-lo, a pedido sempre poderá ser dada por ins- credor que inutilize o título
divisível, não pode o credor da parte, de modo que assegure, trumento particular, designará desaparecido.
ser obrigado a receber, nem o o valor e a espécie da dívida

  43
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 312.
Art. 322. Quando o pagamento o pagamento e a quitação; se Parágrafo único. Designados relativamente ao previsto no
for em quotas periódicas, a ocorrer aumento por fato do dois ou mais lugares, cabe ao contrato.
quitação da última estabelece, credor, suportará este a despesa credor escolher entre eles.
Seção V
até prova em contrário, a acrescida.
Art. 328. Se o pagamento con- Do Tempo do Pagamento
presunção de estarem solvidas
Art. 326. Se o pagamento se sistir na tradição de um imóvel,
as anteriores. Art. 331. Salvo disposição legal
houver de fazer por medida, ou ou em prestações relativas a
em contrário, não tendo sido
Art. 323. Sendo a quitação do peso, entender-se-á, no silêncio imóvel, far-se-á no lugar onde
ajustada época para o paga-
capital sem reserva dos juros, das partes, que aceitaram os do situado o bem.
mento, pode o credor exigi-lo
estes presumem-se pagos. lugar da execução.
Art. 329. Ocorrendo motivo imediatamente.
Art. 324. A entrega do título ao Seção IV grave para que se não efetue o
Art. 332. As obrigações condi-
devedor firma a presunção do Do Lugar do Pagamento pagamento no lugar determi-
cionais cumprem-se na data do
pagamento. nado, poderá o devedor fazê-lo
Art. 327. Efetuar-se-á o paga- implemento da condição, ca-
Parágrafo único. Ficará sem em outro, sem prejuízo para o
mento no domicílio do devedor, bendo ao credor a prova de que
efeito a quitação assim operada credor.
salvo se as partes convencio- deste teve ciência o devedor.
se o credor provar, em sessenta narem diversamente, ou se o Art. 330. O pagamento reite-
dias, a falta do pagamento. Art. 333. Ao credor assistirá o
contrário resultar da lei, da radamente feito em outro local
direito de cobrar a dívida antes
Art. 325. Presumem-se a cargo natureza da obrigação ou das faz presumir renúncia do credor
de vencido o prazo estipulado
do devedor as despesas com circunstâncias.

  44
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 322.
no contrato ou marcado neste CAPÍTULO II III – se o credor for incapaz Art. 337. O depósito requerer-
Código: Do Pagamento em de receber, for desconhecido, se-á no lugar do pagamento,
I – no caso de falência do Consignação declarado ausente, ou residir cessando, tanto que se efetue,
devedor, ou de concurso de Art. 334. Considera-se paga- em lugar incerto ou de acesso para o depositante, os juros da
credores; mento, e extingue a obrigação, perigoso ou difícil; dívida e os riscos, salvo se for
II – se os bens, hipotecados ou o depósito judicial ou em IV – se ocorrer dúvida sobre julgado improcedente.
empenhados, forem penho- estabelecimento bancário da quem deva legitimamente re- Art. 338. Enquanto o credor
rados em execução por outro coisa devida, nos casos e forma ceber o objeto do pagamento; não declarar que aceita o
credor; legais. V – se pender litígio sobre o depósito, ou não o impugnar,
III – se cessarem, ou se se objeto do pagamento. poderá o devedor requerer
Art. 335. A consignação
tornarem insuficientes, as ga- Art. 336. Para que a consigna- o levantamento, pagando as
tem lugar:
rantias do débito, fidejussórias, ção tenha força de pagamento, respectivas despesas, e subsis-
I – se o credor não puder,
ou reais, e o devedor, intimado, será mister concorram, em tindo a obrigação para todas as
ou, sem justa causa, recusar
se negar a reforçá-las. relação às pessoas, ao objeto, conseqüências de direito.
receber o pagamento, ou dar
Parágrafo único. Nos casos quitação na devida forma; modo e tempo, todos os requisi- Art. 339. Julgado procedente o
deste artigo, se houver, no tos sem os quais não é válido o depósito, o devedor já não pode-
II – se o credor não for, nem
débito, solidariedade passiva, pagamento. rá levantá-lo, embora o credor
mandar receber a coisa no lu-
não se reputará vencido quanto consinta, senão de acordo com
gar, tempo e condição devidos;
aos outros devedores solventes. os outros devedores e fiadores.
  45
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 333.
Art. 340. O credor que, depois fim, sob cominação de perder Art. 345. Se a dívida se vencer, III – do terceiro interessado,
de contestar a lide ou aceitar o o direito e de ser depositada a pendendo litígio entre credores que paga a dívida pela qual era
depósito, aquiescer no levanta- coisa que o devedor escolher; que se pretendem mutuamente ou podia ser obrigado, no todo
mento, perderá a preferência e feita a escolha pelo devedor, excluir, poderá qualquer deles ou em parte.
a garantia que lhe competiam proceder-se-á como no artigo requerer a consignação.
Art. 347. A sub-rogação é
com respeito à coisa consigna- antecedente.
convencional:
da, ficando para logo desobriga- CAPÍTULO III
Art. 343. As despesas com I – quando o credor recebe
dos os co-devedores e fiadores Do Pagamento com
o depósito, quando julgado Sub-Rogação o pagamento de terceiro e
que não tenham anuído.
procedente, correrão à conta do expressamente lhe transfere
Art. 341. Se a coisa devida for credor, e, no caso contrário, à Art. 346. A sub-rogação opera- todos os seus direitos;
imóvel ou corpo certo que deva conta do devedor. se, de pleno direito, em favor: II – quando terceira pessoa
ser entregue no mesmo lugar I – do credor que paga a dívida empresta ao devedor a quantia
Art. 344. O devedor de obri-
onde está, poderá o devedor do devedor comum; precisa para solver a dívida, sob
gação litigiosa exonerar-se-á
citar o credor para vir ou man- II – do adquirente do imóvel a condição expressa de ficar
mediante consignação, mas, se
dar recebê-la, sob pena de ser hipotecado, que paga a credor o mutuante sub-rogado nos
pagar a qualquer dos preten-
depositada. hipotecário, bem como do ter- direitos do credor satisfeito.
didos credores, tendo conhe-
Art. 342. Se a escolha da coisa cimento do litígio, assumirá o ceiro que efetiva o pagamento
para não ser privado de direito Art. 348. Na hipótese do inciso
indeterminada competir ao risco do pagamento. I do artigo antecedente, vigora-
credor, será ele citado para esse sobre imóvel;

  46
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 340.
rá o disposto quanto à cessão do os bens do devedor não chega- imputação feita pelo credor, sal- CAPÍTULO V
crédito. rem para saldar inteiramente o vo provando haver ele cometido Da Dação em Pagamento
que a um e outro dever. violência ou dolo.
Art. 349. A sub-rogação Art. 356. O credor pode consen-
transfere ao novo credor todos Art. 354. Havendo capital e tir em receber prestação diversa
CAPÍTULO IV da que lhe é devida.
os direitos, ações, privilégios e juros, o pagamento imputar-se-
Da Imputação do
garantias do primitivo, em re- á primeiro nos juros vencidos,
Pagamento Art. 357. Determinado o preço
lação à dívida, contra o devedor e depois no capital, salvo
Art. 352. A pessoa obrigada por da coisa dada em pagamento, as
principal e os fiadores. estipulação em contrário, ou se
dois ou mais débitos da mesma relações entre as partes regular-
o credor passar a quitação por
Art. 350. Na sub-rogação legal o natureza, a um só credor, tem se-ão pelas normas do contrato
conta do capital.
sub-rogado não poderá exercer o direito de indicar a qual deles de compra e venda.
os direitos e as ações do credor, oferece pagamento, se todos Art. 355. Se o devedor não
Art. 358. Se for título de crédito
senão até à soma que tiver forem líquidos e vencidos. fizer a indicação do art. 352, e
a coisa dada em pagamento,
desembolsado para desobrigar o a quitação for omissa quanto
Art. 353. Não tendo o devedor a transferência importará em
devedor. à imputação, esta se fará nas
declarado em qual das dívi- cessão.
dívidas líquidas e vencidas em
Art. 351. O credor originário, das líquidas e vencidas quer primeiro lugar. Se as dívidas Art. 359. Se o credor for evicto
só em parte reembolsado, terá imputar o pagamento, se aceitar forem todas líquidas e vencidas da coisa recebida em pagamen-
preferência ao sub-rogado, na a quitação de uma delas, não ao mesmo tempo, a imputação to, restabelecer-se-á a obrigação
cobrança da dívida restante, se terá direito a reclamar contra a far-se-á na mais onerosa. primitiva, ficando sem efeito a
  47
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 348.
quitação dada, ressalvados os Art. 361. Não havendo ânimo aproveitará, contudo, ao credor Art. 367. Salvo as obrigações
direitos de terceiros. de novar, expresso ou tácito ressalvar o penhor, a hipoteca simplesmente anuláveis, não
mas inequívoco, a segunda obri- ou a anticrese, se os bens dados podem ser objeto de novação
CAPÍTULO VI gação confirma simplesmente a em garantia pertencerem a obrigações nulas ou extintas.
DA NOVAÇÃO primeira. terceiro que não foi parte na
Art. 360. Dá-se a novação:
novação. CAPÍTULO VII
Art. 362. A novação por subs-
Da Compensação
I – quando o devedor contrai tituição do devedor pode ser Art. 365. Operada a novação
com o credor nova dívida efetuada independentemente de entre o credor e um dos deve- Art. 368. Se duas pessoas forem
para extinguir e substituir a consentimento deste. dores solidários, somente sobre ao mesmo tempo credor e
anterior; os bens do que contrair a nova devedor uma da outra, as duas
Art. 363. Se o novo devedor for
II – quando novo devedor obrigação subsistem as prefe- obrigações extinguem-se, até
insolvente, não tem o credor,
sucede ao antigo, ficando este rências e garantias do crédito onde se compensarem.
que o aceitou, ação regressiva
quite com o credor; novado. Os outros devedores
contra o primeiro, salvo se este Art. 369. A compensação
III – quando, em virtude de solidários ficam por esse fato
obteve por má-fé a substituição. efetua-se entre dívidas líquidas,
obrigação nova, outro credor é exonerados.
vencidas e de coisas fungíveis.
substituído ao antigo, ficando Art. 364. A novação extingue
Art. 366. Importa exoneração
o devedor quite com este. os acessórios e garantias da Art. 370. Embora sejam do mes-
do fiador a novação feita sem
dívida, sempre que não houver mo gênero as coisas fungíveis,
seu consenso com o devedor
estipulação em contrário. Não objeto das duas prestações, não
principal.
  48
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 359.
se compensarão, verificando- II – se uma se originar de compensar essa dívida com a Art. 379. Sendo a mesma pessoa
se que diferem na qualidade, comodato, depósito ou que o credor dele lhe dever. obrigada por várias dívidas
quando especificada no alimentos; compensáveis, serão observa-
Art. 377. O devedor que,
contrato. III – se uma for de coisa não das, no compensá-las, as regras
notificado, nada opõe à cessão
suscetível de penhora. estabelecidas quanto à imputa-
Art. 371. O devedor somente que o credor faz a terceiros dos
ção do pagamento.
pode compensar com o credor o Art. 374. A matéria da com- seus direitos, não pode opor
que este lhe dever; mas o fiador pensação, no que concerne às ao cessionário a compensação, Art. 380. Não se admite a
pode compensar sua dívida com dívidas fiscais e parafiscais, que antes da cessão teria compensação em prejuízo de
a de seu credor ao afiançado. é regida pelo disposto neste podido opor ao cedente. Se, direito de terceiro. O devedor
capítulo. (Alterado em 03) porém, a cessão lhe não tiver que se torne credor do seu
Art. 372. Os prazos de favor,
sido notificada, poderá opor ao credor, depois de penhorado o
embora consagrados pelo Art. 375. Não haverá compen- cessionário compensação do crédito deste, não pode opor
uso geral, não obstam a sação quando as partes, por crédito que antes tinha contra o ao exeqüente a compensação,
compensação. mútuo acordo, a excluírem, ou cedente. de que contra o próprio credor
Art. 373. A diferença de causa no caso de renúncia prévia de disporia.
uma delas. Art. 378. Quando as duas dívi-
nas dívidas não impede a com-
das não são pagáveis no mesmo
pensação, exceto: Art. 376. Obrigando-se por lugar, não se podem compensar
I – se provier de esbulho, furto terceiro uma pessoa, não pode sem dedução das despesas
ou roubo; necessárias à operação.
  49
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 370.
CAPÍTULO VIII todos os seus acessórios, a a renúncia do credor à garantia por perdas e danos, mais juros e
Da Confusão obrigação anterior. real, não a extinção da dívida. atualização monetária segundo
índices oficiais regularmente
Art. 381. Extingue-se a obriga- Art. 388. A remissão concedida
ção, desde que na mesma pessoa CAPÍTULO IX estabelecidos, e honorários de
a um dos co-devedores extingue
Da Remissão das Dívidas advogado.
se confundam as qualidades de a dívida na parte a ele corres-
credor e devedor. Art. 385. A remissão da dívida, pondente; de modo que, ainda Art. 390. Nas obrigações
aceita pelo devedor, extingue a reservando o credor a solidarie- negativas o devedor é havido
Art. 382. A confusão pode
obrigação, mas sem prejuízo de dade contra os outros, já lhes por inadimplente desde o dia
verificar-se a respeito de toda a
terceiro. não pode cobrar o débito sem em que executou o ato de que se
dívida, ou só de parte dela.
dedução da parte remitida. devia abster.
Art. 386. A devolução volun-
Art. 383. A confusão operada
tária do título da obrigação, Art. 391. Pelo inadimplemento
na pessoa do credor ou devedor TÍTULO IV 
quando por escrito particular, das obrigações respondem
solidário só extingue a obri- Do Inadimplemento das
prova desoneração do devedor todos os bens do devedor.
gação até a concorrência da Obrigações
e seus co-obrigados, se o credor
respectiva parte no crédito, ou Art. 392. Nos contratos
for capaz de alienar, e o devedor
na dívida, subsistindo quanto CAPÍTULO I benéficos, responde por simples
capaz de adquirir.
ao mais a solidariedade. Disposições Gerais culpa o contratante, a quem o
Art. 387. A restituição voluntá- contrato aproveite, e por dolo
Art. 384. Cessando a confusão, Art. 389. Não cumprida a
ria do objeto empenhado prova aquele a quem não favoreça.
para logo se restabelece, com obrigação, responde o devedor
  50
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 381.
Nos contratos onerosos, CAPÍTULO II enjeitá-la, e exigir a satisfação Art. 399. O devedor em mora
responde cada uma das partes Da Mora das perdas e danos. responde pela impossibilidade
por culpa, salvo as exceções da prestação, embora essa
Art. 394. Considera-se em mora Art. 396. Não havendo fato ou
previstas em lei. impossibilidade resulte de caso
o devedor que não efetuar o omissão imputável ao devedor,
fortuito ou de força maior, se
Art. 393. O devedor não respon- pagamento e o credor que não não incorre este em mora.
estes ocorrerem durante o atra-
de pelos prejuízos resultantes quiser recebê-lo no tempo, lugar
Art. 397. O inadimplemento da so; salvo se provar isenção de
de caso fortuito ou força maior, e forma que a lei ou a convenção
obrigação, positiva e líquida, no culpa, ou que o dano sobreviria
se expressamente não se houver estabelecer.
seu termo, constitui de pleno ainda quando a obrigação fosse
por eles responsabilizado.
Art. 395. Responde o devedor direito em mora o devedor. oportunamente desempenhada.
Parágrafo único. O caso fortui- pelos prejuízos a que sua Parágrafo único. Não havendo Art. 400. A mora do credor
to ou de força maior verifica-se mora der causa, mais juros, termo, a mora se constitui subtrai o devedor isento de dolo
no fato necessário, cujos efeitos atualização dos valores mone- mediante interpelação judicial à responsabilidade pela conser-
não era possível evitar ou tários segundo índices oficiais ou extrajudicial. vação da coisa, obriga o credor a
impedir. regularmente estabelecidos, e
Art. 398. Nas obrigações prove- ressarcir as despesas emprega-
honorários de advogado.
nientes de ato ilícito, considera- das em conservá-la, e sujeita-o
Parágrafo único. Se a presta- a recebê-la pela estimação
se o devedor em mora, desde
ção, devido à mora, se tornar mais favorável ao devedor, se
que o praticou.
inútil ao credor, este poderá o seu valor oscilar entre o dia

  51
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 392.
estabelecido para o pagamento credor abrangem, além do que Parágrafo único. Provado que do pagamento de impostos
e o da sua efetivação. ele efetivamente perdeu, o que os juros da mora não cobrem o devidos à Fazenda Nacional.
razoavelmente deixou de lucrar. prejuízo, e não havendo pena
Art. 401. Purga-se a mora: Art. 407. Ainda que se não
convencional, pode o juiz
I – por parte do devedor, ofe- Art. 403. Ainda que a inexecu- alegue prejuízo, é obrigado o
conceder ao credor indenização
recendo este a prestação mais ção resulte de dolo do devedor, devedor aos juros da mora que
suplementar.
a importância dos prejuízos as perdas e danos só incluem se contarão assim às dívidas em
decorrentes do dia da oferta; os prejuízos efetivos e os lucros Art. 405. Contam-se os juros de dinheiro, como às prestações
II – por parte do credor, cessantes por efeito dela direto mora desde a citação inicial. de outra natureza, uma vez que
oferecendo-se este a receber e imediato, sem prejuízo do lhes esteja fixado o valor pe-
o pagamento e sujeitando-se disposto na lei processual. CAPÍTULO IV cuniário por sentença judicial,
aos efeitos da mora até a Dos Juros Legais arbitramento, ou acordo entre
Art. 404. As perdas e danos,
mesma data. as partes.
nas obrigações de pagamento Art. 406. Quando os juros
em dinheiro, serão pagas com moratórios não forem con-
CAPÍTULO III vencionados, ou o forem sem CAPÍTULO V
atualização monetária segundo
Das Perdas e Danos Da Cláusula Penal
índices oficiais regularmente taxa estipulada, ou quando
Art. 402. Salvo as exceções estabelecidos, abrangendo provierem de determinação da Art. 408. Incorre de pleno
expressamente previstas em lei, juros, custas e honorários de lei, serão fixados segundo a taxa direito o devedor na cláusula
as perdas e danos devidas ao advogado, sem prejuízo da pena que estiver em vigor para a mora penal, desde que, culposamente,
convencional.
  52
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 400.
deixe de cumprir a obrigação ou de outra cláusula determinada, Art. 414. Sendo indivisível a Art. 416. Para exigir a pena
se constitua em mora. terá o credor o arbítrio de exigir obrigação, todos os devedores, convencional, não é necessário
a satisfação da pena cominada, caindo em falta um deles, que o credor alegue prejuízo.
Art. 409. A cláusula penal es-
juntamente com o desempenho incorrerão na pena; mas esta só Parágrafo único. Ainda que
tipulada conjuntamente com a
da obrigação principal. se poderá demandar integral- o prejuízo exceda ao previsto
obrigação, ou em ato posterior,
mente do culpado, respondendo na cláusula penal, não pode
pode referir-se à inexecução Art. 412. O valor da cominação
cada um dos outros somente o credor exigir indenização
completa da obrigação, à de imposta na cláusula penal não
pela sua quota. suplementar se assim não foi
alguma cláusula especial ou pode exceder o da obrigação
simplesmente à mora. principal. Parágrafo único. Aos não convencionado. Se o tiver sido,
culpados fica reservada a ação a pena vale como mínimo
Art. 410. Quando se estipular Art. 413. A penalidade deve ser regressiva contra aquele que da indenização, competindo
a cláusula penal para o caso reduzida eqüitativamente pelo deu causa à aplicação da pena. ao credor provar o prejuízo
de total inadimplemento da juiz se a obrigação principal excedente.
obrigação, esta converter-se-á tiver sido cumprida em parte, Art. 415. Quando a obrigação
em alternativa a benefício do ou se o montante da penalidade for divisível, só incorre na
CAPÍTULO VI
credor. for manifestamente excessivo, pena o devedor ou o herdeiro
Das Arras ou Sinal
tendo-se em vista a natureza e a do devedor que a infringir, e
Art. 411. Quando se estipular proporcionalmente à sua parte Art. 417. Se, por ocasião da
finalidade do negócio.
a cláusula penal para o caso de na obrigação. conclusão do contrato, uma
mora, ou em segurança especial parte der à outra, a título de

  53
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 408.
arras, dinheiro ou outro bem Art. 419. A parte inocente pode haverá direito a indenização em sua execução, os princípios
móvel, deverão as arras, em pedir indenização suplementar, suplementar. de probidade e boa-fé.
caso de execução, ser restituídas se provar maior prejuízo, valen-
Art. 423. Quando houver no
ou computadas na prestação do as arras como taxa mínima. TÍTULO V 
contrato de adesão cláusulas
devida, se do mesmo gênero da Pode, também, a parte inocente Dos Contratos em Geral
ambíguas ou contraditórias,
principal. exigir a execução do contrato,
dever-se-á adotar a interpreta-
com as perdas e danos, valendo CAPÍTULO I
Art. 418. Se a parte que deu as ção mais favorável ao aderente.
as arras como o mínimo da Disposições Gerais
arras não executar o contrato,
indenização. Art. 424. Nos contratos de
poderá a outra tê-lo por desfei- Seção I
adesão, são nulas as cláusulas
to, retendo-as; se a inexecução Art. 420. Se no contrato for Preliminares
que estipulem a renúncia
for de quem recebeu as arras, estipulado o direito de arre-
Art. 421. A liberdade de con- antecipada do aderente a
poderá quem as deu haver o pendimento para qualquer das
tratar será exercida em razão e direito resultante da natureza
contrato por desfeito, e exigir partes, as arras ou sinal terão
nos limites da função social do do negócio.
sua devolução mais o equivalen- função unicamente indeniza-
contrato.
te, com atualização monetária tória. Neste caso, quem as deu Art. 425. É lícito às partes
segundo índices oficiais regu- perdê-las-á em benefício da Art. 422. Os contratantes são estipular contratos atípicos,
larmente estabelecidos, juros e outra parte; e quem as recebeu obrigados a guardar, assim na observadas as normas gerais
honorários de advogado. devolvê-las-á, mais o equiva- conclusão do contrato, como fixadas neste Código.
lente. Em ambos os casos não

  54
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 417.
Art. 426. Não pode ser objeto por meio de comunicação resultar das circunstâncias ou Art. 432. Se o negócio for
de contrato a herança de semelhante; dos usos. daqueles em que não seja
pessoa viva. II – se, feita sem prazo a Parágrafo único. Pode revogar- costume a aceitação expressa,
pessoa ausente, tiver decorrido se a oferta pela mesma via ou o proponente a tiver dispen-
Seção II
tempo suficiente para chegar a de sua divulgação, desde que sado, reputar-se-á concluído o
Da Formação dos Contratos
resposta ao conhecimento do ressalvada esta faculdade na contrato, não chegando a tempo
Art. 427. A proposta de contrato proponente; oferta realizada. a recusa.
obriga o proponente, se o con- III – se, feita a pessoa ausente,
Art. 430. Se a aceitação, por Art. 433. Considera-se inexis-
trário não resultar dos termos não tiver sido expedida a
circunstância imprevista, tente a aceitação, se antes dela
dela, da natureza do negócio, ou resposta dentro do prazo dado;
chegar tarde ao conhecimento ou com ela chegar ao proponen-
das circunstâncias do caso.
IV – se, antes dela, ou si- do proponente, este comunicá- te a retratação do aceitante.
Art. 428. Deixa de ser obrigató- multaneamente, chegar ao lo-á imediatamente ao aceitan-
conhecimento da outra parte a Art. 434. Os contratos entre
ria a proposta: te, sob pena de responder por
retratação do proponente. ausentes tornam-se perfeitos
I – se, feita sem prazo a pessoa perdas e danos. desde que a aceitação é expedi-
presente, não foi imediata- Art. 429. A oferta ao público Art. 431. A aceitação fora do da, exceto:
mente aceita. Considera-se equivale a proposta quando prazo, com adições, restrições, I – no caso do artigo
também presente a pessoa encerra os requisitos essenciais ou modificações, importará antecedente;
que contrata por telefone ou ao contrato, salvo se o contrário nova proposta.

  55
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 426.
II – se o proponente se houver sujeito às condições e normas vivos ou por disposição de Art. 440. Nenhuma obrigação
comprometido a esperar do contrato, se a ele anuir, e o última vontade. haverá para quem se compro-
resposta; estipulante não o inovar nos meter por outrem, se este,
Seção IV
III – se ela não chegar no prazo termos do art. 438. depois de se ter obrigado, faltar
Da Promessa de Fato de Terceiro
convencionado. à prestação.
Art. 437. Se ao terceiro, em
Art. 439. Aquele que tiver
Art. 435. Reputar-se-á celebrado favor de quem se fez o contrato, Seção V
prometido fato de terceiro
o contrato no lugar em que foi se deixar o direito de reclamar- Dos Vícios Redibitórios
responderá por perdas e danos,
proposto. lhe a execução, não poderá o
quando este o não executar. Art. 441. A coisa recebida em
estipulante exonerar o devedor.
Seção III Parágrafo único. Tal res- virtude de contrato comutativo
Da Estipulação em Favor de Art. 438. O estipulante pode ponsabilidade não existirá pode ser enjeitada por vícios
Terceiro reservar-se o direito de subs- se o terceiro for o cônjuge do ou defeitos ocultos, que a
tituir o terceiro designado no promitente, dependendo da sua tornem imprópria ao uso a que
Art. 436. O que estipula em
contrato, independentemente anuência o ato a ser praticado, é destinada, ou lhe diminuam
favor de terceiro pode exigir o
da sua anuência e da do outro e desde que, pelo regime do o valor.
cumprimento da obrigação.
contratante. casamento, a indenização, de Parágrafo único. É aplicável
Parágrafo único. Ao terceiro,
Parágrafo único. A substitui- algum modo, venha a recair a disposição deste artigo às
em favor de quem se estipulou
ção pode ser feita por ato entre sobre os seus bens. doações onerosas.
a obrigação, também é permi-
tido exigi-la, ficando, todavia,

  56
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 435.
Art. 442. Em vez de rejeitar a Art. 445. O adquirente decai § 2º Tratando-se de venda de Seção VI
coisa, redibindo o contrato (art. do direito de obter a redibição animais, os prazos de garantia Da Evicção
441), pode o adquirente recla- ou abatimento no preço no por vícios ocultos serão os
Art. 447. Nos contratos onero-
mar abatimento no preço. prazo de trinta dias se a coisa estabelecidos em lei especial,
sos, o alienante responde pela
for móvel, e de um ano se for ou, na falta desta, pelos usos
Art. 443. Se o alienante evicção. Subsiste esta garantia
imóvel, contado da entrega locais, aplicando-se o disposto
conhecia o vício ou defeito da ainda que a aquisição se tenha
efetiva; se já estava na posse, no parágrafo antecedente se
coisa, restituirá o que recebeu realizado em hasta pública.
o prazo conta-se da alienação, não houver regras disciplinan-
com perdas e danos; se o não
reduzido à metade. do a matéria. Art. 448. Podem as partes, por
conhecia, tão-somente resti-
§ 1º Quando o vício, por cláusula expressa, reforçar,
tuirá o valor recebido, mais as Art. 446. Não correrão os
sua natureza, só puder ser diminuir ou excluir a responsa-
despesas do contrato. prazos do artigo antecedente
conhecido mais tarde, o prazo bilidade pela evicção.
na constância de cláusula de
Art. 444. A responsabilidade contar-se-á do momento em garantia; mas o adquirente deve Art. 449. Não obstante a
do alienante subsiste ainda que dele tiver ciência, até o denunciar o defeito ao alienante cláusula que exclui a garantia
que a coisa pereça em poder do prazo máximo de cento e nos trinta dias seguintes ao seu contra a evicção, se esta se der,
alienatário, se perecer por vício oitenta dias, em se tratando de descobrimento, sob pena de tem direito o evicto a receber
oculto, já existente ao tempo da bens móveis; e de um ano, para decadência. o preço que pagou pela coisa
tradição. os imóveis. evicta, se não soube do risco da

  57
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 442.
evicção, ou, dele informado, não Parágrafo único. O preço, seja Art. 453. As benfeitorias neces- Art. 456. Para poder exercitar
o assumiu. a evicção total ou parcial, será sárias ou úteis, não abonadas o direito que da evicção lhe re-
o do valor da coisa, na época ao que sofreu a evicção, serão sulta, o adquirente notificará do
Art. 450. Salvo estipulação em
em que se evenceu, e propor- pagas pelo alienante. litígio o alienante imediato, ou
contrário, tem direito o evicto,
cional ao desfalque sofrido, no qualquer dos anteriores, quando
além da restituição integral Art. 454. Se as benfeitorias
caso de evicção parcial. e como lhe determinarem as leis
do preço ou das quantias abonadas ao que sofreu a
do processo.
que pagou: Art. 451. Subsiste para o alie- evicção tiverem sido feitas pelo
I – à indenização dos frutos nante esta obrigação, ainda que alienante, o valor delas será Parágrafo único. Não atenden-
que tiver sido obrigado a a coisa alienada esteja deterio- levado em conta na restituição do o alienante à denunciação
restituir; rada, exceto havendo dolo do devida. da lide, e sendo manifesta a
adquirente. procedência da evicção, pode
II – à indenização pelas Art. 455. Se parcial, mas con- o adquirente deixar de ofe-
despesas dos contratos e pelos Art. 452. Se o adquirente tiver siderável, for a evicção, poderá recer contestação, ou usar de
prejuízos que diretamente auferido vantagens das deterio- o evicto optar entre a rescisão recursos.
resultarem da evicção; rações, e não tiver sido con- do contrato e a restituição da
III – às custas judiciais e aos denado a indenizá-las, o valor parte do preço correspondente Art. 457. Não pode o adquirente
honorários do advogado por das vantagens será deduzido da ao desfalque sofrido. Se não for demandar pela evicção, se
ele constituído. quantia que lhe houver de dar o considerável, caberá somente sabia que a coisa era alheia ou
alienante. direito a indenização. litigiosa.

  58
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 449.
Seção VII a todo o preço, desde que de Art. 461. A alienação aleatória e desde que dele não conste
Dos Contratos Aleatórios sua parte não tiver concorrido a que se refere o artigo antece- cláusula de arrependimento,
culpa, ainda que a coisa venha a dente poderá ser anulada como qualquer das partes terá o
Art. 458. Se o contrato for
existir em quantidade inferior à dolosa pelo prejudicado, se direito de exigir a celebração do
aleatório, por dizer respeito a
esperada. provar que o outro contratante definitivo, assinando prazo à
coisas ou fatos futuros, cujo
Parágrafo único. Mas, se da não ignorava a consumação outra para que o efetive.
risco de não virem a existir
coisa nada vier a existir, aliena- do risco, a que no contrato se Parágrafo único. O contrato
um dos contratantes assuma,
ção não haverá, e o alienante considerava exposta a coisa. preliminar deverá ser levado ao
terá o outro direito de receber
integralmente o que lhe foi restituirá o preço recebido. Seção VIII registro competente.
prometido, desde que de sua Art. 460. Se for aleatório o Do Contrato Preliminar Art. 464. Esgotado o prazo,
parte não tenha havido dolo contrato, por se referir a coisas poderá o juiz, a pedido do
Art. 462. O contrato prelimi-
ou culpa, ainda que nada do existentes, mas expostas a risco, interessado, suprir a vontade da
nar, exceto quanto à forma,
avençado venha a existir. assumido pelo adquirente, terá parte inadimplente, conferindo
deve conter todos os requisitos
Art. 459. Se for aleatório, igualmente direito o alienante a essenciais ao contrato a ser caráter definitivo ao contrato
por serem objeto dele coisas todo o preço, posto que a coisa celebrado. preliminar, salvo se a isto se
futuras, tomando o adquirente já não existisse, em parte, ou de opuser a natureza da obrigação.
todo, no dia do contrato. Art. 463. Concluído o contrato
a si o risco de virem a existir Art. 465. Se o estipulante
preliminar, com observância do
em qualquer quantidade, terá não der execução ao contrato
disposto no artigo antecedente,
também direito o alienante
  59
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 458.
preliminar, poderá a outra parte adquirir os direitos e assumir as partir do momento em que este CAPÍTULO II
considerá-lo desfeito, e pedir obrigações dele decorrentes. foi celebrado. Da Extinção do Contrato
perdas e danos.
Art. 468. Essa indicação deve Art. 470. O contrato será eficaz Seção I
Art. 466. Se a promessa de ser comunicada à outra parte no somente entre os contratantes Do Distrato
contrato for unilateral, o credor, prazo de cinco dias da conclu- originários: Art. 472. O distrato faz-se pela
sob pena de ficar a mesma sem são do contrato, se outro não I – se não houver indicação de mesma forma exigida para o
efeito, deverá manifestar-se tiver sido estipulado. pessoa, ou se o nomeado se contrato.
no prazo nela previsto, ou, Parágrafo único. A aceitação recusar a aceitá-la;
inexistindo este, no que lhe for da pessoa nomeada não será II – se a pessoa nomeada era Art. 473. A resilição unilateral,
razoavelmente assinado pelo eficaz se não se revestir da insolvente, e a outra pessoa o nos casos em que a lei expressa
devedor. mesma forma que as partes desconhecia no momento da ou implicitamente o permita,
usaram para o contrato. indicação. opera mediante denúncia
Seção IX notificada à outra parte.
Do Contrato com Pessoa a Declarar Art. 469. A pessoa, nomeada Art. 471. Se a pessoa a nomear Parágrafo único. Se, porém,
Art. 467. No momento da con- de conformidade com os era incapaz ou insolvente dada a natureza do contrato,
clusão do contrato, pode uma artigos antecedentes, adquire os no momento da nomeação, uma das partes houver feito in-
das partes reservar-se a faculda- direitos e assume as obrigações o contrato produzirá seus vestimentos consideráveis para
de de indicar a pessoa que deve decorrentes do contrato, a efeitos entre os contratantes a sua execução, a denúncia
originários. unilateral só produzirá efeito

  60
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 465.
depois de transcorrido prazo Seção III Seção IV Art. 480. Se no contrato as
compatível com a natureza e o Da Exceção de Contrato não Da Resolução por Onerosidade obrigações couberem a apenas
vulto dos investimentos. Cumprido Excessiva uma das partes, poderá ela
Art. 476. Nos contratos Art. 478. Nos contratos de pleitear que a sua prestação seja
Seção II
bilaterais, nenhum dos con- execução continuada ou dife- reduzida, ou alterado o modo
Da Cláusula Resolutiva
tratantes, antes de cumprida rida, se a prestação de uma das de executá-la, a fim de evitar a
Art. 474. A cláusula resolutiva a sua obrigação, pode exigir o partes se tornar excessivamente onerosidade excessiva.
expressa opera de pleno direito; implemento da do outro. onerosa, com extrema vanta-
a tácita depende de interpelação gem para a outra, em virtude TÍTULO VI 
judicial. Art. 477. Se, depois de concluído Das Várias Espécies de
de acontecimentos extraordi-
o contrato, sobrevier a uma das Contrato
Art. 475. A parte lesada pelo nários e imprevisíveis, poderá
partes contratantes diminuição
inadimplemento pode pedir a o devedor pedir a resolução do
em seu patrimônio capaz de CAPÍTULO I
resolução do contrato, se não contrato. Os efeitos da sentença
comprometer ou tornar duvi- Da Compra e Venda
preferir exigir-lhe o cumpri- que a decretar retroagirão à
dosa a prestação pela qual se
mento, cabendo, em qualquer data da citação. Seção I
obrigou, pode a outra recusar-se
dos casos, indenização por à prestação que lhe incumbe, Art. 479. A resolução poderá ser Disposições Gerais
perdas e danos. até que aquela satisfaça a que evitada, oferecendo-se o réu a Art. 481. Pelo contrato de
lhe compete ou dê garantia modificar eqüitativamente as compra e venda, um dos con-
bastante de satisfazê-la. condições do contrato. tratantes se obriga a transferir
  61
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 474.
o domínio de certa coisa, e o que o vendedor assegura ter a Art. 486. Também se poderá sidade de preço, prevalecerá o
outro, a pagar-lhe certo preço coisa as qualidades que a elas deixar a fixação do preço à taxa termo médio.
em dinheiro. correspondem. de mercado ou de bolsa, em
Art. 489. Nulo é o contrato de
Parágrafo único. Prevalece certo e determinado dia e lugar.
Art. 482. A compra e venda, compra e venda, quando se dei-
quando pura, considerar-se-á a amostra, o protótipo ou o Art. 487. É lícito às partes fixar xa ao arbítrio exclusivo de uma
obrigatória e perfeita, desde que modelo, se houver contradição o preço em função de índices ou das partes a fixação do preço.
as partes acordarem no objeto e ou diferença com a maneira parâmetros, desde que suscetí-
pela qual se descreveu a coisa Art. 490. Salvo cláusula em
no preço. veis de objetiva determinação.
no contrato. contrário, ficarão as despesas
Art. 483. A compra e venda Art. 488. Convencionada a de escritura e registro a cargo
pode ter por objeto coisa atual Art. 485. A fixação do preço venda sem fixação de preço ou do comprador, e a cargo do
ou futura. Neste caso, ficará pode ser deixada ao arbítrio de de critérios para a sua determi- vendedor as da tradição.
sem efeito o contrato se esta terceiro, que os contratantes nação, se não houver tabela-
logo designarem ou promete- Art. 491. Não sendo a venda a
não vier a existir, salvo se a mento oficial, entende-se que
rem designar. Se o terceiro não crédito, o vendedor não é obri-
intenção das partes era de as partes se sujeitaram ao preço
aceitar a incumbência, ficará gado a entregar a coisa antes de
concluir contrato aleatório. corrente nas vendas habituais
sem efeito o contrato, salvo receber o preço.
do vendedor.
Art. 484. Se a venda se realizar quando acordarem os contra-
Parágrafo único. Na falta de Art. 492. Até o momento da tra-
à vista de amostras, protótipos tantes designar outra pessoa.
acordo, por ter havido diver- dição, os riscos da coisa correm
ou modelos, entender-se-á

  62
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 481.
por conta do vendedor, e os do Art. 493. A tradição da coisa lhe dê caução de pagar no dores, os bens confiados à sua
preço por conta do comprador. vendida, na falta de estipulação tempo ajustado. guarda ou administração;
§ 1º Todavia, os casos fortuitos, expressa, dar-se-á no lugar onde II – pelos servidores públicos,
Art. 496. É anulável a venda de
ocorrentes no ato de contar, ela se encontrava, ao tempo em geral, os bens ou direitos
ascendente a descendente, salvo
marcar ou assinalar coisas, da venda. da pessoa jurídica a que
se os outros descendentes e o
que comumente se recebem, Art. 494. Se a coisa for expedida cônjuge do alienante expressa- servirem, ou que estejam sob
contando, pesando, medindo para lugar diverso, por ordem do mente houverem consentido. sua administração direta ou
ou assinalando, e que já comprador, por sua conta corre- indireta;
Parágrafo único. Em ambos os
tiverem sido postas à disposi- rão os riscos, uma vez entregue III – pelos juízes, secretários de
casos, dispensa-se o consenti-
ção do comprador, correrão por a quem haja de transportá-la, tribunais, arbitradores, peritos
mento do cônjuge se o regime
conta deste. salvo se das instruções dele se e outros serventuários ou au-
de bens for o da separação
§ 2º Correrão também por afastar o vendedor. xiliares da justiça, os bens ou
obrigatória.
conta do comprador os riscos direitos sobre que se litigar em
Art. 495. Não obstante o prazo Art. 497. Sob pena de nulidade, tribunal, juízo ou conselho, no
das referidas coisas, se estiver
ajustado para o pagamento, se não podem ser comprados, lugar onde servirem, ou a que
em mora de as receber, quando
antes da tradição o comprador ainda que em hasta pública: se estender a sua autoridade;
postas à sua disposição no
cair em insolvência, poderá o I – pelos tutores, curadores, IV – pelos leiloeiros e seus
tempo, lugar e pelo modo
vendedor sobrestar na entrega testamenteiros e administra- prepostos, os bens de cuja
ajustados.
da coisa, até que o comprador venda estejam encarregados.

  63
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 492.
Parágrafo único. As proibições determinar a respectiva área, § 2º Se em vez de falta houver artigo antecedente o vendedor
deste artigo estendem-se à e esta não corresponder, em excesso, e o vendedor provar ou o comprador que não o fizer
cessão de crédito. qualquer dos casos, às dimen- que tinha motivos para no prazo de um ano, a contar do
sões dadas, o comprador terá o ignorar a medida exata da área registro do título.
Art. 498. A proibição contida no
direito de exigir o complemento vendida, caberá ao comprador, Parágrafo único. Se houver
inciso III do artigo antecedente,
da área, e, não sendo isso pos- à sua escolha, completar o atraso na imissão de posse no
não compreende os casos de
sível, o de reclamar a resolução valor correspondente ao preço imóvel, atribuível ao alienante,
compra e venda ou cessão entre
do contrato ou abatimento ou devolver o excesso. a partir dela fluirá o prazo de
co-herdeiros, ou em pagamento
proporcional ao preço. § 3º Não haverá complemento decadência.
de dívida, ou para garantia de
bens já pertencentes a pessoas § 1º Presume-se que a referên- de área, nem devolução de
Art. 502. O vendedor, salvo con-
designadas no referido inciso. cia às dimensões foi simples- excesso, se o imóvel for vendido
venção em contrário, responde
mente enunciativa, quando como coisa certa e discri-
Art. 499. É lícita a compra e por todos os débitos que gravem
a diferença encontrada não minada, tendo sido apenas
venda entre cônjuges, com a coisa até o momento da
exceder de um vigésimo da área enunciativa a referência às
relação a bens excluídos da tradição.
total enunciada, ressalvado ao suas dimensões, ainda que não
comunhão. comprador o direito de provar conste, de modo expresso, ter Art. 503. Nas coisas vendidas
Art. 500. Se, na venda de um que, em tais circunstâncias, sido a venda ad corpus. conjuntamente, o defeito oculto
imóvel, se estipular o preço não teria realizado o negócio. de uma não autoriza a rejeição
Art. 501. Decai do direito de
por medida de extensão, ou se de todas.
propor as ações previstas no

  64
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 498.
Art. 504. Não pode um con- que a quiserem, depositando Art. 506. Se o comprador se retrato sobre o mesmo imóvel, e
dômino em coisa indivisível previamente o preço. recusar a receber as quantias só uma o exercer, poderá o com-
vender a sua parte a estranhos, a que faz jus, o vendedor, para prador intimar as outras para
Seção II
se outro consorte a quiser, tanto exercer o direito de resgate, as nele acordarem, prevalecendo
Das Cláusulas Especiais
por tanto. O condômino, a à Compra e Venda depositará judicialmente. o pacto em favor de quem haja
quem não se der conhecimento Parágrafo único. Verificada efetuado o depósito, contanto
da venda, poderá, depositando o Subseção I a insuficiência do depósito que seja integral.
preço, haver para si a parte ven- Da Retrovenda
judicial, não será o vendedor Subseção II
dida a estranhos, se o requerer Art. 505. O vendedor de restituído no domínio da coisa, Da Venda a Contento
no prazo de cento e oitenta dias, coisa imóvel pode reservar-se o até e enquanto não for inte- e da Sujeita a Prova
sob pena de decadência. direito de recobrá-la no prazo gralmente pago o comprador.
Art. 509. A venda feita a conten-
Parágrafo único. Sendo muitos máximo de decadência de três
Art. 507. O direito de retrato, to do comprador entende-se
os condôminos, preferirá o que anos, restituindo o preço recebi-
que é cessível e transmissível a realizada sob condição suspen-
tiver benfeitorias de maior va- do e reembolsando as despesas
herdeiros e legatários, poderá siva, ainda que a coisa lhe tenha
lor e, na falta de benfeitorias, o do comprador, inclusive as que,
ser exercido contra o terceiro sido entregue; e não se reputará
de quinhão maior. Se as partes durante o período de resgate, se
adquirente. perfeita, enquanto o adquirente
forem iguais, haverão a parte efetuaram com a sua autoriza-
não manifestar seu agrado.
vendida os comproprietários, ção escrita, ou para a realização Art. 508. Se a duas ou mais
de benfeitorias necessárias. pessoas couber o direito de

  65
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 504.
Art. 510. Também a venda Subseção III dor, quando lhe constar que favor de dois ou mais indivíduos
sujeita a prova presume-se feita Da Preempção ou Preferência este vai vender a coisa. em comum, só pode ser exer-
sob a condição suspensiva de Art. 513. A preempção, ou cido em relação à coisa no seu
Art. 515. Aquele que exerce
que a coisa tenha as qualidades preferência, impõe ao compra- todo. Se alguma das pessoas, a
a preferência está, sob pena
asseguradas pelo vendedor e dor a obrigação de oferecer ao quem ele toque, perder ou não
de a perder, obrigado a pagar,
seja idônea para o fim a que se vendedor a coisa que aquele vai exercer o seu direito, poderão
em condições iguais, o preço
destina. vender, ou dar em pagamento, as demais utilizá-lo na forma
encontrado, ou o ajustado.
para que este use de seu direito sobredita.
Art. 511. Em ambos os casos, as
de prelação na compra, tanto Art. 516. Inexistindo prazo
obrigações do comprador, que Art. 518. Responderá por
por tanto. estipulado, o direito de pre-
recebeu, sob condição suspensi- perdas e danos o comprador,
empção caducará, se a coisa for
va, a coisa comprada, são as de Parágrafo único. O prazo para se alienar a coisa sem ter dado
móvel, não se exercendo nos
mero comodatário, enquanto exercer o direito de preferência ao vendedor ciência do preço e
três dias, e, se for imóvel, não
não manifeste aceitá-la. não poderá exceder a cento e das vantagens que por ela lhe
se exercendo nos sessenta dias
oitenta dias, se a coisa for mó- oferecem. Responderá solida-
Art. 512. Não havendo prazo subseqüentes à data em que o
vel, ou a dois anos, se imóvel. riamente o adquirente, se tiver
estipulado para a declaração comprador tiver notificado o
procedido de má-fé.
do comprador, o vendedor terá Art. 514. O vendedor pode vendedor.
direito de intimá-lo, judicial ou também exercer o seu direito de Art. 519. Se a coisa expropriada
Art. 517. Quando o direito de
extrajudicialmente, para que o prelação, intimando o compra- para fins de necessidade ou uti-
preempção for estipulado a
faça em prazo improrrogável. lidade pública, ou por interesse
  66
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 510.
social, não tiver o destino para domicílio do comprador para reserva de domínio após cons- O excedente será devolvido ao
que se desapropriou, ou não for valer contra terceiros. tituir o comprador em mora, comprador; e o que faltar lhe
utilizada em obras ou serviços mediante protesto do título ou será cobrado, tudo na forma da
Art. 523. Não pode ser objeto de
públicos, caberá ao expropriado interpelação judicial. lei processual.
venda com reserva de domínio a
direito de preferência, pelo
coisa insuscetível de caracteri- Art. 526. Verificada a mora do Art. 528. Se o vendedor
preço atual da coisa.
zação perfeita, para estremá-la comprador, poderá o vendedor receber o pagamento à vista,
Art. 520. O direito de preferên- de outras congêneres. Na mover contra ele a competente ou, posteriormente, mediante
cia não se pode ceder nem passa dúvida, decide-se a favor do ação de cobrança das prestações financiamento de instituição
aos herdeiros. terceiro adquirente de boa-fé. vencidas e vincendas e o mais do mercado de capitais, a esta
que lhe for devido; ou poderá caberá exercer os direitos e
Subseção IV Art. 524. A transferência de
recuperar a posse da coisa ações decorrentes do contrato,
Da Venda com Reserva de Domínio propriedade ao comprador dá-se
vendida. a benefício de qualquer outro. A
Art. 521. Na venda de coisa no momento em que o preço
operação financeira e a respecti-
móvel, pode o vendedor reservar esteja integralmente pago. Art. 527. Na segunda hipó-
va ciência do comprador consta-
para si a propriedade, até que o Todavia, pelos riscos da coisa tese do artigo antecedente, é
rão do registro do contrato.
preço esteja integralmente pago. responde o comprador, a partir facultado ao vendedor reter as
de quando lhe foi entregue. prestações pagas até o necessá-
Art. 522. A cláusula de reserva rio para cobrir a depreciação da
de domínio será estipulada por Art. 525. O vendedor somente
coisa, as despesas feitas e o mais
escrito e depende de registro no poderá executar a cláusula de
que de direito lhe for devido.
  67
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 519.
Subseção V Art. 530. Não havendo de verificar a coisa vendida, pela II – é anulável a troca de
Da Venda Sobre Documentos estipulação em contrário, o qual não responde. valores desiguais entre
Art. 529. Na venda sobre pagamento deve ser efetuado na Parágrafo único. Nesse caso, ascendentes e descendentes,
documentos, a tradição da coisa data e no lugar da entrega dos somente após a recusa do sem consentimento dos outros
é substituída pela entrega do documentos. estabelecimento bancário a descendentes e do cônjuge do
seu título representativo e dos efetuar o pagamento, poderá o alienante.
Art. 531. Se entre os documen-
outros documentos exigidos tos entregues ao comprador vendedor pretendê-lo, direta-
pelo contrato ou, no silêncio mente do comprador. CAPÍTULO III
figurar apólice de seguro que
Do Contrato Estimatório
deste, pelos usos. cubra os riscos do transpor-
Parágrafo único. Achando-se te, correm estes à conta do CAPÍTULO II Art. 534. Pelo contrato estima-
comprador, salvo se, ao ser Da Troca ou Permuta tório, o consignante entrega
a documentação em ordem,
não pode o comprador recusar concluído o contrato, tivesse o Art. 533. Aplicam-se à troca as bens móveis ao consignatário,
o pagamento, a pretexto de vendedor ciência da perda ou disposições referentes à compra que fica autorizado a vendê-
defeito de qualidade ou do avaria da coisa. e venda, com as seguintes los, pagando àquele o preço
estado da coisa vendida, salvo modificações: ajustado, salvo se preferir, no
Art. 532. Estipulado o paga-
se o defeito já houver sido I – salvo disposição em contrá- prazo estabelecido, restituir-lhe
mento por intermédio de esta-
comprovado. rio, cada um dos contratantes a coisa consignada.
belecimento bancário, caberá a
este efetuá-lo contra a entrega pagará por metade as despesas Art. 535. O consignatário não se
dos documentos, sem obrigação com o instrumento da troca; exonera da obrigação de pagar o
  68
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 529.
preço, se a restituição da coisa, CAPÍTULO IV Art. 540. A doação feita em Art. 542. A doação feita ao
em sua integridade, se tornar Da Doação contemplação do merecimento nascituro valerá, sendo aceita
impossível, ainda que por fato a do donatário não perde o cará- pelo seu representante legal.
Seção I
ele não imputável. Disposições Gerais ter de liberalidade, como não o
Art. 543. Se o donatário for ab-
perde a doação remuneratória,
Art. 536. A coisa consignada Art. 538. Considera-se doação solutamente incapaz, dispensa-
ou a gravada, no excedente ao
não pode ser objeto de penhora o contrato em que uma pessoa, se a aceitação, desde que se trate
valor dos serviços remunerados
ou seqüestro pelos credores do por liberalidade, transfere de doação pura.
ou ao encargo imposto.
consignatário, enquanto não do seu patrimônio bens ou Art. 544. A doação de ascen-
pago integralmente o preço. vantagens para o de outra. Art. 541. A doação far-se-á por
dentes a descendentes, ou de
escritura pública ou instrumen-
Art. 537. O consignante não Art. 539. O doador pode um cônjuge a outro, importa
to particular.
pode dispor da coisa antes de fixar prazo ao donatário, para adiantamento do que lhes cabe
lhe ser restituída ou de lhe ser Parágrafo único. A doação por herança.
declarar se aceita ou não a verbal será válida, se, versan-
comunicada a restituição. liberalidade. Desde que o do sobre bens móveis e de Art. 545. A doação em forma de
donatário, ciente do prazo, não pequeno valor, se lhe seguir subvenção periódica ao bene-
faça, dentro dele, a declaração, incontinenti a tradição. ficiado extingue-se morrendo
entender-se-á que aceitou, o doador, salvo se este outra
se a doação não for sujeita a coisa dispuser, mas não poderá
encargo. ultrapassar a vida do donatário.

  69
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 535.
Art. 546. A doação feita em Art. 548. É nula a doação de entende-se distribuída entre doação, caso forem a benefício
contemplação de casamento todos os bens sem reserva de elas por igual. do doador, de terceiro, ou do
futuro com certa e determinada parte, ou renda suficiente para a Parágrafo único. Se os interesse geral.
pessoa, quer pelos nubentes subsistência do doador. donatários, em tal caso, forem Parágrafo único. Se desta
entre si, quer por terceiro a um marido e mulher, subsistirá última espécie for o encargo,
Art. 549. Nula é também a doa-
deles, a ambos, ou aos filhos na totalidade a doação para o o Ministério Público poderá
ção quanto à parte que exceder
que, de futuro, houverem um do cônjuge sobrevivo. exigir sua execução, depois da
à de que o doador, no momento
outro, não pode ser impugnada morte do doador, se este não
da liberalidade, poderia dispor Art. 552. O doador não é obri-
por falta de aceitação, e só ficará tiver feito.
em testamento. gado a pagar juros moratórios,
sem efeito se o casamento não
se realizar. Art. 550. A doação do cônjuge nem é sujeito às conseqüências Art. 554. A doação a entidade
adúltero ao seu cúmplice pode da evicção ou do vício redibitó- futura caducará se, em dois
Art. 547. O doador pode estipu- rio. Nas doações para casamen- anos, esta não estiver constituí-
ser anulada pelo outro cônjuge,
lar que os bens doados voltem to com certa e determinada da regularmente.
ou por seus herdeiros neces-
ao seu patrimônio, se sobreviver pessoa, o doador ficará sujeito
sários, até dois anos depois de
ao donatário. à evicção, salvo convenção em
dissolvida a sociedade conjugal.
Parágrafo único. Não prevalece contrário.
cláusula de reversão em favor Art. 551. Salvo declaração
em contrário, a doação em Art. 553. O donatário é obri-
de terceiro.
comum a mais de uma pessoa gado a cumprir os encargos da

  70
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 546.
Seção II III – se o injuriou gravemente Art. 560. O direito de revogar judicialmente o donatário,
Da Revogação da Doação ou o caluniou; a doação não se transmite assinando-lhe prazo razoável
IV – se, podendo ministrá-los, aos herdeiros do doador, nem para que cumpra a obrigação
Art. 555. A doação pode ser
recusou ao doador os alimen- prejudica os do donatário. assumida.
revogada por ingratidão do
tos de que este necessitava. Mas aqueles podem prosseguir
donatário, ou por inexecução do Art. 563. A revogação por ingra-
na ação iniciada pelo doador,
encargo. Art. 558. Pode ocorrer também tidão não prejudica os direitos
continuando-a contra os herdei-
a revogação quando o ofendido, adquiridos por terceiros, nem
Art. 556. Não se pode renunciar ros do donatário, se este falecer
nos casos do artigo anterior, for obriga o donatário a restituir
antecipadamente o direito depois de ajuizada a lide.
o cônjuge, ascendente, descen- os frutos percebidos antes da
de revogar a liberalidade por
dente, ainda que adotivo, ou Art. 561. No caso de homicídio citação válida; mas sujeita-o a
ingratidão do donatário.
irmão do doador. doloso do doador, a ação caberá pagar os posteriores, e, quando
Art. 557. Podem ser revogadas aos seus herdeiros, exceto se não possa restituir em espécie
por ingratidão as doações: Art. 559. A revogação por aquele houver perdoado. as coisas doadas, a indenizá-la
qualquer desses motivos deverá pelo meio termo do seu valor.
I – se o donatário atentou
ser pleiteada dentro de um ano, Art. 562. A doação onerosa
contra a vida do doador ou
a contar de quando chegue ao pode ser revogada por inexecu- Art. 564. Não se revogam por
cometeu crime de homicídio
conhecimento do doador o fato ção do encargo, se o donatário ingratidão:
doloso contra ele;
que a autorizar, e de ter sido o incorrer em mora. Não havendo I – as doações puramente
II – se cometeu contra ele prazo para o cumprimento,
donatário o seu autor. remuneratórias;
ofensa física; o doador poderá notificar
  71
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 555.
II – as oneradas com encargo já I – a entregar ao locatário Art. 568. O locador resguardará III – a levar ao conhecimento
cumprido; a coisa alugada, com suas o locatário dos embaraços e tur- do locador as turbações de
III – as que se fizerem em pertenças, em estado de servir bações de terceiros, que tenham terceiros, que se pretendam
cumprimento de obrigação ao uso a que se destina, e a ou pretendam ter direitos sobre fundadas em direito;
natural; mantê-la nesse estado, pelo a coisa alugada, e responderá IV – a restituir a coisa, finda
IV – as feitas para determinado tempo do contrato, salvo cláu- pelos seus vícios, ou defeitos, a locação, no estado em que a
casamento. sula expressa em contrário; anteriores à locação. recebeu, salvas as deteriora-
II – a garantir-lhe, durante Art. 569. O locatário é obrigado: ções naturais ao uso regular.
CAPÍTULO V o tempo do contrato, o uso
I – a servir-se da coisa alugada Art. 570. Se o locatário empre-
Da Locação de Coisas pacífico da coisa.
para os usos convencionados gar a coisa em uso diverso do
Art. 565. Na locação de coisas, Art. 567. Se, durante a locação, ou presumidos, conforme a ajustado, ou do a que se destina,
uma das partes se obriga a ceder se deteriorar a coisa alugada, natureza dela e as circunstân- ou se ela se danificar por abuso
à outra, por tempo determinado sem culpa do locatário, a cias, bem como tratá-la com do locatário, poderá o locador,
ou não, o uso e gozo de coisa este caberá pedir redução o mesmo cuidado como se além de rescindir o contrato,
não fungível, mediante certa proporcional do aluguel, ou sua fosse; exigir perdas e danos.
retribuição. resolver o contrato, caso já não II – a pagar pontualmente o Art. 571. Havendo prazo
sirva a coisa para o fim a que se aluguel nos prazos ajustados,
Art. 566. O locador é obrigado: estipulado à duração do con-
destinava. e, em falta de ajuste, segundo o trato, antes do vencimento não
costume do lugar;

  72
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 565.
poderá o locador reaver a coisa independentemente de notifica- excessivo, poderá o juiz reduzi- locador não esteja obrigado
alugada, senão ressarcindo ao ção ou aviso. lo, mas tendo sempre em conta a respeitar o contrato, não
locatário as perdas e danos o seu caráter de penalidade. poderá ele despedir o locatário,
Art. 574. Se, findo o prazo, o
resultantes, nem o locatário senão observado o prazo de
locatário continuar na posse Art. 576. Se a coisa for alienada
devolvê-la ao locador, senão noventa dias após a notificação.
da coisa alugada, sem oposição durante a locação, o adquirente
pagando, proporcionalmente, a
do locador, presumir-se-á não ficará obrigado a respeitar Art. 577. Morrendo o locador
multa prevista no contrato.
prorrogada a locação pelo o contrato, se nele não for ou o locatário, transfere-se aos
Parágrafo único. O locatário mesmo aluguel, mas sem prazo consignada a cláusula da sua seus herdeiros a locação por
gozará do direito de retenção, determinado. vigência no caso de alienação, e tempo determinado.
enquanto não for ressarcido. não constar de registro.
Art. 575. Se, notificado o Art. 578. Salvo disposição em
Art. 572. Se a obrigação de locatário, não restituir a coisa, § 1º O registro a que se refere contrário, o locatário goza do
pagar o aluguel pelo tempo que pagará, enquanto a tiver em seu este artigo será o de Títulos direito de retenção, no caso
faltar constituir indenização poder, o aluguel que o locador e Documentos do domicílio de benfeitorias necessárias,
excessiva, será facultado ao juiz arbitrar, e responderá pelo dano do locador, quando a coisa for ou no de benfeitorias úteis, se
fixá-la em bases razoáveis. que ela venha a sofrer, embora móvel; e será o Registro de estas houverem sido feitas com
proveniente de caso fortuito. Imóveis da respectiva circuns- expresso consentimento do
Art. 573. A locação por tempo
crição, quando imóvel. locador.
determinado cessa de pleno Parágrafo único. Se o aluguel
direito findo o prazo estipulado, arbitrado for manifestamente § 2º Em se tratando de imóvel,
e ainda no caso em que o
  73
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 571.
CAPÍTULO VI o comodante, salvo necessidade Art. 583. Se, correndo risco o Seção II
Do Empréstimo imprevista e urgente, reconhe- objeto do comodato juntamente Do Mútuo
cida pelo juiz, suspender o uso e com outros do comodatário, an-
Seção I Art. 586. O mútuo é o emprés-
gozo da coisa emprestada, antes tepuser este a salvação dos seus
Do Comodato timo de coisas fungíveis. O
de findo o prazo convencional, abandonando o do comodante,
mutuário é obrigado a restituir
Art. 579. O comodato é o ou o que se determine pelo uso responderá pelo dano ocorrido,
ao mutuante o que dele recebeu
empréstimo gratuito de coisas outorgado. ainda que se possa atribuir a
em coisa do mesmo gênero,
não fungíveis. Perfaz-se com a caso fortuito, ou força maior.
Art. 582. O comodatário é qualidade e quantidade.
tradição do objeto.
obrigado a conservar, como Art. 584. O comodatário não
Art. 587. Este empréstimo
Art. 580. Os tutores, curadores se sua própria fora, a coisa poderá jamais recobrar do
transfere o domínio da coisa
e em geral todos os adminis- emprestada, não podendo comodante as despesas feitas
emprestada ao mutuário, por
tradores de bens alheios não usá-la senão de acordo com o com o uso e gozo da coisa
cuja conta correm todos os
poderão dar em comodato, sem contrato ou a natureza dela, sob emprestada.
riscos dela desde a tradição.
autorização especial, os bens pena de responder por perdas e
confiados à sua guarda. Art. 585. Se duas ou mais
danos. O comodatário consti- Art. 588. O mútuo feito a
pessoas forem simultaneamente
tuído em mora, além de por ela pessoa menor, sem prévia
Art. 581. Se o comodato não comodatárias de uma coisa,
responder, pagará, até restituí- autorização daquele sob cuja
tiver prazo convencional, presu- ficarão solidariamente respon-
la, o aluguel da coisa que for guarda estiver, não pode ser
mir-se-lhe-á o necessário para sáveis para com o comodante.
o uso concedido; não podendo arbitrado pelo comodante.

  74
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 579.
reavido nem do mutuário, nem V – se o menor obteve o I – até a próxima colheita, se Art. 594. Toda a espécie de ser-
de seus fiadores. empréstimo maliciosamente. o mútuo for de produtos agrí- viço ou trabalho lícito, material
colas, assim para o consumo, ou imaterial, pode ser contrata-
Art. 589. Cessa a disposição do Art. 590. O mutuante pode
como para semeadura; da mediante retribuição.
artigo antecedente: exigir garantia da restituição, se
antes do vencimento o mutuá- II – de trinta dias, pelo menos, Art. 595. No contrato de presta-
I – se a pessoa, de cuja autori-
rio sofrer notória mudança em se for de dinheiro; ção de serviço, quando qualquer
zação necessitava o mutuário
para contrair o empréstimo, o sua situação econômica. III – do espaço de tempo que das partes não souber ler, nem
ratificar posteriormente; declarar o mutuante, se for de escrever, o instrumento poderá
Art. 591. Destinando-se o qualquer outra coisa fungível.
II – se o menor, estando ausen- ser assinado a rogo e subscrito
mútuo a fins econômicos,
te essa pessoa, se viu obrigado por duas testemunhas.
presumem-se devidos juros, os CAPÍTULO VII
a contrair o empréstimo para quais, sob pena de redução, não Art. 596. Não se tendo estipu-
Da Prestação de Serviço
os seus alimentos habituais; poderão exceder a taxa a que lado, nem chegado a acordo as
III – se o menor tiver bens se refere o art. 406, permitida a Art. 593. A prestação de serviço, partes, fixar-se-á por arbitra-
ganhos com o seu trabalho. capitalização anual. que não estiver sujeita às leis mento a retribuição, segundo o
Mas, em tal caso, a execução trabalhistas ou a lei especial, costume do lugar, o tempo de
do credor não lhes poderá Art. 592. Não se tendo conven- reger-se-á pelas disposições serviço e sua qualidade.
ultrapassar as forças; cionado expressamente, o prazo deste Capítulo.
do mútuo será: Art. 597. A retribuição pagar-se-
IV – se o empréstimo reverteu
á depois de prestado o serviço,
em benefício do menor;
  75
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 588.
se, por convenção, ou costume, mediante prévio aviso, pode Art. 601. Não sendo o prestador Art. 603. Se o prestador de
não houver de ser adiantada, ou resolver o contrato. de serviço contratado para serviço for despedido sem
paga em prestações. Parágrafo único. Dar-se-á certo e determinado trabalho, justa causa, a outra parte será
o aviso: entender-se-á que se obrigou obrigada a pagar-lhe por inteiro
Art. 598. A prestação de serviço
I – com antecedência de oito a todo e qualquer serviço a retribuição vencida, e por me-
não se poderá convencionar por
dias, se o salário se houver compatível com as suas forças e tade a que lhe tocaria de então
mais de quatro anos, embora
fixado por tempo de um mês, condições. ao termo legal do contrato.
o contrato tenha por causa o
pagamento de dívida de quem o ou mais; Art. 602. O prestador de serviço Art. 604. Findo o contrato, o
presta, ou se destine à execução II – com antecipação de quatro contratado por tempo certo, ou prestador de serviço tem direito
de certa e determinada obra. dias, se o salário se tiver ajus- por obra determinada, não se a exigir da outra parte a declara-
Neste caso, decorridos quatro tado por semana, ou quinzena; pode ausentar, ou despedir, sem ção de que o contrato está
anos, dar-se-á por findo o con- III – de véspera, quando se justa causa, antes de preenchido findo. Igual direito lhe cabe, se
trato, ainda que não concluída tenha contratado por menos o tempo, ou concluída a obra. for despedido sem justa causa,
a obra. de sete dias. Parágrafo único. Se se despedir ou se tiver havido motivo justo
sem justa causa, terá direito para deixar o serviço.
Art. 599. Não havendo prazo Art. 600. Não se conta no prazo
estipulado, nem se podendo do contrato o tempo em que o à retribuição vencida, mas Art. 605. Nem aquele a quem os
inferir da natureza do contrato, prestador de serviço, por culpa responderá por perdas e danos. serviços são prestados, poderá
ou do costume do lugar, qual- sua, deixou de servir. O mesmo dar-se-á, se despedi- transferir a outrem o direito
quer das partes, a seu arbítrio, do por justa causa. aos serviços ajustados, nem
  76
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 597.
o prestador de serviços, sem ção de serviço resultar de lei de pelo ajuste desfeito, houvesse de § 1º A obrigação de fornecer
aprazimento da outra parte, dar ordem pública. caber durante dois anos. os materiais não se presume;
substituto que os preste. resulta da lei ou da vontade das
Art. 607. O contrato de Art. 609. A alienação do prédio
partes.
Art. 606. Se o serviço for prestação de serviço acaba agrícola, onde a prestação dos
prestado por quem não possua com a morte de qualquer das serviços se opera, não importa § 2º O contrato para elaboração
título de habilitação, ou não sa- partes. Termina, ainda, pelo a rescisão do contrato, salvo ao de um projeto não implica a
tisfaça requisitos outros estabe- escoamento do prazo, pela prestador opção entre continuá- obrigação de executá-lo, ou de
lecidos em lei, não poderá quem conclusão da obra, pela rescisão lo com o adquirente da pro- fiscalizar-lhe a execução.
os prestou cobrar a retribuição do contrato mediante aviso priedade ou com o primitivo Art. 611. Quando o empreiteiro
normalmente correspondente prévio, por inadimplemento contratante. fornece os materiais, correm
ao trabalho executado. Mas se de qualquer das partes ou pela por sua conta os riscos até o
deste resultar benefício para a impossibilidade da continuação CAPÍTULO VIII momento da entrega da obra,
outra parte, o juiz atribuirá a do contrato, motivada por Da Empreitada a contento de quem a enco-
quem o prestou uma compen- força maior. mendou, se este não estiver em
Art. 610. O empreiteiro de uma
sação razoável, desde que tenha mora de receber. Mas se estiver,
Art. 608. Aquele que aliciar obra pode contribuir para ela só
agido com boa-fé. por sua conta correrão os riscos.
pessoas obrigadas em contrato com seu trabalho ou com ele e
Parágrafo único. Não se aplica escrito a prestar serviço a ou- os materiais. Art. 612. Se o empreiteiro só
a segunda parte deste artigo, trem pagará a este a importân- forneceu mão-de-obra, todos
quando a proibição da presta- cia que ao prestador de serviço,
  77
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 605.
os riscos em que não tiver culpa podendo exigir o pagamento na regras técnicas em trabalhos de do trabalho, assim em razão dos
correrão por conta do dono. proporção da obra executada. tal natureza. materiais, como do solo.
Art. 613. Sendo a empreitada § 1º Tudo o que se pagou Art. 616. No caso da segunda Parágrafo único. Decairá
unicamente de lavor (art. 610), presume-se verificado. parte do artigo antecedente, do direito assegurado neste
se a coisa perecer antes de § 2º O que se mediu presume- pode quem encomendou a obra, artigo o dono da obra que
entregue, sem mora do dono se verificado se, em trinta em vez de enjeitá-la, recebê-la não propuser a ação contra o
nem culpa do empreiteiro, este dias, a contar da medição, não com abatimento no preço. empreiteiro, nos cento e oitenta
perderá a retribuição, se não forem denunciados os vícios ou dias seguintes ao aparecimento
Art. 617. O empreiteiro é do vício ou defeito.
provar que a perda resultou de defeitos pelo dono da obra ou
obrigado a pagar os materiais
defeito dos materiais e que em por quem estiver incumbido da Art. 619. Salvo estipulação em
que recebeu, se por imperícia ou
tempo reclamara contra a sua sua fiscalização. contrário, o empreiteiro que se
negligência os inutilizar.
quantidade ou qualidade. incumbir de executar uma obra,
Art. 615. Concluída a obra
Art. 618. Nos contratos de segundo plano aceito por quem
Art. 614. Se a obra constar de acordo com o ajuste, ou o
empreitada de edifícios ou a encomendou, não terá direito
de partes distintas, ou for de costume do lugar, o dono é obri-
outras construções considerá- a exigir acréscimo no preço,
natureza das que se determi- gado a recebê-la. Poderá, porém,
veis, o empreiteiro de materiais ainda que sejam introduzidas
nam por medida, o empreiteiro rejeitá-la, se o empreiteiro se
e execução responderá, durante modificações no projeto, a
terá direito a que também se afastou das instruções recebi-
o prazo irredutível de cinco não ser que estas resultem de
verifique por medida, ou segun- das e dos planos dados, ou das
anos, pela solidez e segurança
do as partes em que se dividir,
  78
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 612.
instruções escritas do dono que se lhe assegure a diferença Art. 622. Se a execução da Art. 624. Suspensa a execução
da obra. apurada. obra for confiada a terceiros, da empreitada sem justa causa,
Parágrafo único. Ainda que a responsabilidade do autor responde o empreiteiro por
Art. 621. Sem anuência de seu
não tenha havido autorização do projeto respectivo, desde perdas e danos.
autor, não pode o proprietário
escrita, o dono da obra é que não assuma a direção ou
da obra introduzir modificações Art. 625. Poderá o empreiteiro
obrigado a pagar ao empreitei- fiscalização daquela, ficará
no projeto por ele aprovado, suspender a obra:
ro os aumentos e acréscimos, limitada aos danos resultantes
ainda que a execução seja con- I – por culpa do dono, ou por
segundo o que for arbitrado, de defeitos previstos no art. 618
fiada a terceiros, a não ser que, motivo de força maior;
se, sempre presente à obra, e seu parágrafo único.
por motivos supervenientes ou II – quando, no decorrer dos
por continuadas visitas, não razões de ordem técnica, fique Art. 623. Mesmo após iniciada serviços, se manifestarem
podia ignorar o que se estava comprovada a inconveniência a construção, pode o dono dificuldades imprevisíveis
passando, e nunca protestou. ou a excessiva onerosidade de da obra suspendê-la, desde de execução, resultantes de
Art. 620. Se ocorrer diminuição execução do projeto em sua que pague ao empreiteiro as causas geológicas ou hídricas,
no preço do material ou da forma originária. despesas e lucros relativos aos ou outras semelhantes, de
mão-de-obra superior a um Parágrafo único. A proibição serviços já feitos, mais indeni- modo que torne a empreitada
décimo do preço global conven- deste artigo não abrange zação razoável, calculada em excessivamente onerosa, e
cionado, poderá este ser revisto, alterações de pouca monta, função do que ele teria ganho, o dono da obra se opuser ao
a pedido do dono da obra, para ressalvada sempre a unidade se concluída a obra. reajuste do preço inerente
estética da obra projetada.

  79
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 619.
ao projeto por ele elaborado, CAPÍTULO IX determinada pelos usos do que tiver de ser guardada. As
observados os preços; Do Depósito lugar, e, na falta destes, por despesas de restituição correm
III – se as modificações arbitramento. por conta do depositante.
Seção I
exigidas pelo dono da obra, por Do Depósito Voluntário Art. 629. O depositário é Art. 632. Se a coisa houver
seu vulto e natureza, forem obrigado a ter na guarda e sido depositada no interesse de
desproporcionais ao projeto Art. 627. Pelo contrato de
depósito recebe o depositário conservação da coisa depositada terceiro, e o depositário tiver
aprovado, ainda que o dono o cuidado e diligência que sido cientificado deste fato
se disponha a arcar com o um objeto móvel, para guardar,
até que o depositante o reclame. costuma com o que lhe perten- pelo depositante, não poderá
acréscimo de preço. ce, bem como a restituí-la, com ele exonerar-se restituindo a
Art. 626. Não se extingue o Art. 628. O contrato de depósi- todos os frutos e acrescidos, coisa a este, sem consentimento
contrato de empreitada pela to é gratuito, exceto se houver quando o exija o depositante. daquele.
morte de qualquer das partes, convenção em contrário, se
resultante de atividade negocial Art. 630. Se o depósito se entre- Art. 633. Ainda que o contrato
salvo se ajustado em conside- gou fechado, colado, selado, ou fixe prazo à restituição, o de-
ração às qualidades pessoais do ou se o depositário o praticar
por profissão. lacrado, nesse mesmo estado se positário entregará o depósito
empreiteiro. manterá. logo que se lhe exija, salvo se
Parágrafo único. Se o depósito tiver o direito de retenção a que
for oneroso e a retribuição do Art. 631. Salvo disposição em
se refere o art. 644, se o objeto
depositário não constar de lei, contrário, a restituição da
for judicialmente embargado,
nem resultar de ajuste, será coisa deve dar-se no lugar em
se sobre ele pender execução,
  80
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 626.
notificada ao depositário, ou a coisa depositada e recebido compensação, exceto se noutro se agiu com culpa na esco-
se houver motivo razoável outra em seu lugar, é obrigado a depósito se fundar. lha deste.
de suspeitar que a coisa foi entregar a segunda ao deposi-
Art. 639. Sendo dois ou mais Art. 641. Se o depositário se
dolosamente obtida. tante, e ceder-lhe as ações que
depositantes, e divisível a tornar incapaz, a pessoa que lhe
no caso tiver contra o terceiro
Art. 634. No caso do artigo coisa, a cada um só entregará assumir a administração dos
responsável pela restituição da
antecedente, última parte, o o depositário a respectiva bens diligenciará imediatamen-
primeira.
depositário, expondo o fun- parte, salvo se houver entre eles te restituir a coisa depositada e,
damento da suspeita, reque- Art. 637. O herdeiro do depo- solidariedade. não querendo ou não podendo o
rerá que se recolha o objeto ao sitário, que de boa-fé vendeu depositante recebê-la, recolhê-
Art. 640. Sob pena de responder
Depósito Público. a coisa depositada, é obrigado la-á ao Depósito Público ou
por perdas e danos, não poderá
a assistir o depositante na promoverá nomeação de outro
Art. 635. Ao depositário será o depositário, sem licença ex-
reivindicação, e a restituir ao depositário.
facultado, outrossim, requerer pressa do depositante, servir-se
comprador o preço recebido.
depósito judicial da coisa, quan- da coisa depositada, nem a dar Art. 642. O depositário não
do, por motivo plausível, não a Art. 638. Salvo os casos em depósito a outrem. responde pelos casos de força
possa guardar, e o depositante previstos nos arts. 633 e 634, não Parágrafo único. Se o deposi- maior; mas, para que lhe valha a
não queira recebê-la. poderá o depositário furtar- tário, devidamente autorizado, escusa, terá de prová-los.
se à restituição do depósito, confiar a coisa em depósito
Art. 636. O depositário, que Art. 643. O depositante é
alegando não pertencer a coisa a terceiro, será responsável
por força maior houver perdido obrigado a pagar ao depositário
ao depositante, ou opondo
  81
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 633.
as despesas feitas com a coisa, coisa para o Depósito Público, o incêndio, a inundação, o dos viajantes ou hóspedes nas
e os prejuízos que do depósito até que se liquidem. naufrágio ou o saque. hospedarias onde estiverem.
provierem. Parágrafo único. Os hospedei-
Art. 645. O depósito de coisas Art. 648. O depósito a que
Art. 644. O depositário poderá fungíveis, em que o depositário se refere o inciso I do artigo ros responderão como deposi-
reter o depósito até que se lhe se obrigue a restituir objetos antecedente, reger-se-á pela tários, assim como pelos furtos
pague a retribuição devida, o do mesmo gênero, qualidade e disposição da respectiva lei, e, e roubos que perpetrarem as
líquido valor das despesas, ou quantidade, regular-se-á pelo no silêncio ou deficiência dela, pessoas empregadas ou admiti-
dos prejuízos a que se refere disposto acerca do mútuo. pelas concernentes ao depósito das nos seus estabelecimentos.
o artigo anterior, provando voluntário. Art. 650. Cessa, nos casos do
Art. 646. O depósito voluntário
imediatamente esses prejuízos Parágrafo único. As disposi- artigo antecedente, a respon-
provar-se-á por escrito.
ou essas despesas. ções deste artigo aplicam-se sabilidade dos hospedeiros, se
Parágrafo único. Se essas Seção II aos depósitos previstos no provarem que os fatos prejudi-
dívidas, despesas ou prejuízos Do Depósito Necessário inciso II do artigo antecedente, ciais aos viajantes ou hóspedes
não forem provados suficien- Art. 647. É depósito necessário: podendo estes certificarem-se não podiam ter sido evitados.
temente, ou forem ilíquidos, I – o que se faz em desempe- por qualquer meio de prova.
Art. 651. O depósito necessário
o depositário poderá exigir nho de obrigação legal; Art. 649. Aos depósitos não se presume gratuito. Na hi-
caução idônea do depositante
II – o que se efetua por ocasião previstos no artigo antecedente pótese do art. 649, a remunera-
ou, na falta desta, a remoção da
de alguma calamidade, como é equiparado o das bagagens

  82
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 643.
ção pelo depósito está incluída trar interesses. A procuração é o exigir que a procuração traga a sido estipulada retribuição,
no preço da hospedagem. instrumento do mandato. firma reconhecida. exceto se o seu objeto cor-
responder ao daqueles que o
Art. 652. Seja o depósito Art. 654. Todas as pessoas Art. 655. Ainda quando se
mandatário trata por ofício ou
voluntário ou necessário, o capazes são aptas para dar outorgue mandato por instru-
profissão lucrativa.
depositário que não o restituir procuração mediante instru- mento público, pode substabe-
quando exigido será compelido mento particular, que valerá lecer-se mediante instrumento Parágrafo único. Se o mandato
a fazê-lo mediante prisão não desde que tenha a assinatura do particular. for oneroso, caberá ao manda-
excedente a um ano, e ressarcir outorgante. tário a retribuição prevista em
Art. 656. O mandato pode ser lei ou no contrato. Sendo estes
os prejuízos. § 1º O instrumento particular expresso ou tácito, verbal ou omissos, será ela determinada
deve conter a indicação do escrito.
CAPÍTULO X pelos usos do lugar, ou, na falta
lugar onde foi passado, a
Do Mandato Art. 657. A outorga do mandato destes, por arbitramento.
qualificação do outorgante e do
outorgado, a data e o objetivo está sujeita à forma exigida por Art. 659. A aceitação do manda-
Seção I
Disposições Gerais da outorga com a designação lei para o ato a ser praticado. to pode ser tácita, e resulta do
e a extensão dos poderes Não se admite mandato verbal começo de execução.
Art. 653. Opera-se o mandato conferidos. quando o ato deva ser celebrado
quando alguém recebe de por escrito. Art. 660. O mandato pode ser
outrem poderes para, em seu § 2º O terceiro com quem o especial a um ou mais negócios
nome, praticar atos ou adminis- mandatário tratar poderá Art. 658. O mandato presume-
se gratuito quando não houver
  83
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 651.
determinadamente, ou geral a em cujo nome foram praticados, quanto baste para pagamento Seção II
todos os do mandante. salvo se este os ratificar. de tudo que lhe for devido em Das Obrigações do Mandatário
Parágrafo único. A ratificação conseqüência do mandato.
Art. 661. O mandato em termos Art. 667. O mandatário é
gerais só confere poderes de há de ser expressa, ou resultar Art. 665. O mandatário que obrigado a aplicar toda sua
administração. de ato inequívoco, e retroagirá exceder os poderes do mandato, diligência habitual na execução
à data do ato. ou proceder contra eles, será do mandato, e a indenizar
§ 1º Para alienar, hipotecar,
transigir, ou praticar outros Art. 663. Sempre que o man- considerado mero gestor de qualquer prejuízo causado por
quaisquer atos que exorbitem datário estipular negócios negócios, enquanto o mandante culpa sua ou daquele a quem
da administração ordinária, expressamente em nome do lhe não ratificar os atos. substabelecer, sem autorização,
depende a procuração de mandante, será este o único poderes que devia exercer
Art. 666. O maior de dezesseis
poderes especiais e expressos. responsável; ficará, porém, pessoalmente.
e menor de dezoito anos não
§ 2º O poder de transigir o mandatário pessoalmente emancipado pode ser man- § 1º Se, não obstante proibição
não importa o de firmar obrigado, se agir no seu próprio datário, mas o mandante não do mandante, o mandatário se
compromisso. nome, ainda que o negócio seja tem ação contra ele senão de fizer substituir na execução do
de conta do mandante. conformidade com as regras mandato, responderá ao seu
Art. 662. Os atos praticados por constituinte pelos prejuízos
Art. 664. O mandatário tem gerais, aplicáveis às obrigações
quem não tenha mandato, ou o ocorridos sob a gerência do
o direito de reter, do objeto da contraídas por menores.
tenha sem poderes suficientes, substituto, embora prove-
são ineficazes em relação àquele operação que lhe foi cometida,
nientes de caso fortuito, salvo

  84
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 660.
provando que o caso teria so- se o substabelecido proceder o mandatário juros, desde o tes, ou subordinados a atos
brevindo, ainda que não tivesse culposamente. momento em que abusou. sucessivos. Se os mandatários
havido substabelecimento. forem declarados conjuntos,
Art. 668. O mandatário é Art. 671. Se o mandatário,
§ 2º Havendo poderes de não terá eficácia o ato praticado
obrigado a dar contas de tendo fundos ou crédito do
substabelecer, só serão impu- sem interferência de todos,
sua gerência ao mandante, mandante, comprar, em nome
táveis ao mandatário os danos salvo havendo ratificação, que
transferindo-lhe as vantagens próprio, algo que devera com-
causados pelo substabelecido, retroagirá à data do ato.
provenientes do mandato, por prar para o mandante, por ter
se tiver agido com culpa na qualquer título que seja. sido expressamente designado Art. 673. O terceiro que, depois
escolha deste ou nas instruções no mandato, terá este ação para de conhecer os poderes do
dadas a ele. Art. 669. O mandatário não
obrigá-lo à entrega da coisa mandatário, com ele celebrar
pode compensar os prejuízos a
§ 3º Se a proibição de substabe- comprada. negócio jurídico exorbitante do
que deu causa com os proveitos
lecer constar da procuração, os mandato, não tem ação contra
que, por outro lado, tenha Art. 672. Sendo dois ou mais
atos praticados pelo substabe- o mandatário, salvo se este
granjeado ao seu constituinte. os mandatários nomeados no
lecido não obrigam o mandan- lhe prometeu ratificação do
mesmo instrumento, qualquer
te, salvo ratificação expressa, Art. 670. Pelas somas que mandante ou se responsabili-
deles poderá exercer os poderes
que retroagirá à data do ato. devia entregar ao mandante ou zou pessoalmente.
outorgados, se não forem
§ 4º Sendo omissa a procuração recebeu para despesa, mas em-
expressamente declarados Art. 674. Embora ciente da
quanto ao substabelecimento, pregou em proveito seu, pagará
conjuntos, nem especificamente morte, interdição ou mudança
o procurador será responsável designados para atos diferen- de estado do mandante, deve o
  85
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 668.
mandatário concluir o negócio o esperado efeito, salvo tendo o com aqueles com quem o seu do que no desempenho do
já começado, se houver perigo mandatário culpa. procurador contratou; mas terá encargo despendeu.
na demora. contra este ação pelas perdas e
Art. 677. As somas adiantadas Seção IV
danos resultantes da inobser-
Seção III pelo mandatário, para a execu- Da Extinção do Mandato
vância das instruções.
Das Obrigações do Mandante ção do mandato, vencem juros
Art. 682. Cessa o mandato:
desde a data do desembolso. Art. 680. Se o mandato for
Art. 675. O mandante é I – pela revogação ou pela
outorgado por duas ou mais
obrigado a satisfazer todas as Art. 678. É igualmente obrigado renúncia;
pessoas, e para negócio comum,
obrigações contraídas pelo o mandante a ressarcir ao II – pela morte ou interdição
cada uma ficará solidariamente
mandatário, na conformidade mandatário as perdas que este de uma das partes;
responsável ao mandatário por
do mandato conferido, e adian- sofrer com a execução do man- III – pela mudança de estado
todos os compromissos e efeitos
tar a importância das despesas dato, sempre que não resultem que inabilite o mandante
do mandato, salvo direito
necessárias à execução dele, de culpa sua ou de excesso de a conferir os poderes, ou o
regressivo, pelas quantias que
quando o mandatário lho pedir. poderes. mandatário para os exercer;
pagar, contra os outros
Art. 676. É obrigado o man- Art. 679. Ainda que o manda- mandantes. IV – pelo término do prazo ou
dante a pagar ao mandatário a tário contrarie as instruções pela conclusão do negócio.
Art. 681. O mandatário tem so-
remuneração ajustada e as des- do mandante, se não exceder
bre a coisa de que tenha a posse Art. 683. Quando o mandato
pesas da execução do mandato, os limites do mandato, ficará
em virtude do mandato, direito contiver a cláusula de irre-
ainda que o negócio não surta o mandante obrigado para
de retenção, até se reembolsar
  86
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 674.
vogabilidade e o mandante o do mandato, obedecidas as de outro, para o mesmo negó- a morte daquele ou a extinção
revogar, pagará perdas e danos. formalidades legais. cio, considerar-se-á revogado o do mandato, por qualquer
mandato anterior. outra causa.
Art. 684. Quando a cláusula de Art. 686. A revogação do
irrevogabilidade for condição de mandato, notificada somente ao Art. 688. A renúncia do manda- Art. 690. Se falecer o manda-
um negócio bilateral, ou tiver mandatário, não se pode opor to será comunicada ao mandan- tário, pendente o negócio a ele
sido estipulada no exclusivo aos terceiros que, ignorando-a, te, que, se for prejudicado pela cometido, os herdeiros, tendo
interesse do mandatário, a de boa-fé com ele trataram; mas sua inoportunidade, ou pela ciência do mandato, avisarão o
revogação do mandato será ficam salvas ao constituinte as falta de tempo, a fim de prover à mandante, e providenciarão a
ineficaz. ações que no caso lhe possam substituição do procurador, será bem dele, como as circunstân-
caber contra o procurador. indenizado pelo mandatário, cias exigirem.
Art. 685. Conferido o mandato
Parágrafo único. É irrevogável salvo se este provar que não
com a cláusula “em causa Art. 691. Os herdeiros, no caso
o mandato que contenha podia continuar no mandato
própria”, a sua revogação não do artigo antecedente, devem
poderes de cumprimento sem prejuízo considerável, e que
terá eficácia, nem se extinguirá limitar-se às medidas conserva-
ou confirmação de negócios não lhe era dado substabelecer.
pela morte de qualquer das tórias, ou continuar os negócios
partes, ficando o mandatário encetados, aos quais se ache Art. 689. São válidos, a respeito pendentes que se não possam
dispensado de prestar contas, vinculado. dos contratantes de boa-fé, os demorar sem perigo, regulando-
e podendo transferir para si os Art. 687. Tanto que for comuni- atos com estes ajustados em se os seus serviços dentro desse
bens móveis ou imóveis objeto cada ao mandatário a nomeação nome do mandante pelo man- limite, pelas mesmas normas
datário, enquanto este ignorar
  87
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 683.
a que os do mandatário estão Art. 694. O comissário fica e ainda no caso em que, não Art. 697. O comissário não
sujeitos. diretamente obrigado para com admitindo demora a realização responde pela insolvência
as pessoas com quem contratar, do negócio, o comissário agiu das pessoas com quem tratar,
Seção V
sem que estas tenham ação de acordo com os usos. exceto em caso de culpa e no do
Do Mandato Judicial
contra o comitente, nem este artigo seguinte.
Art. 696. No desempenho das
Art. 692. O mandato judicial contra elas, salvo se o comis-
suas incumbências o comissário Art. 698. Se do contrato de
fica subordinado às normas que sário ceder seus direitos a
é obrigado a agir com cuidado comissão constar a cláusula del
lhe dizem respeito, constantes qualquer das partes.
e diligência, não só para evitar credere, responderá o comis-
da legislação processual, e,
Art. 695. O comissário é qualquer prejuízo ao comitente, sário solidariamente com as
supletivamente, às estabelecidas
obrigado a agir de conformida- mas ainda para lhe proporcio- pessoas com que houver tratado
neste Código.
de com as ordens e instruções nar o lucro que razoavelmente em nome do comitente, caso
do comitente, devendo, na falta se podia esperar do negócio. em que, salvo estipulação em
CAPÍTULO XI
Da Comissão
destas, não podendo pedi-las Parágrafo único. Responderá contrário, o comissário tem
a tempo, proceder segundo os o comissário, salvo motivo de direito a remuneração mais
Art. 693. O contrato de usos em casos semelhantes. força maior, por qualquer pre- elevada, para compensar o ônus
comissão tem por objeto a Parágrafo único. Ter-se-ão por juízo que, por ação ou omissão, assumido.
aquisição ou a venda de bens justificados os atos do comis- ocasionar ao comitente.
pelo comissário, em seu próprio Art. 699. Presume-se o comis-
sário, se deles houver resultado sário autorizado a conceder
nome, à conta do comitente. vantagem para o comitente, dilação do prazo para paga-
  88
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 691.
mento, na conformidade dos sário, será ela arbitrada segundo a qualquer tempo, alterar as Art. 707. O crédito do comis-
usos do lugar onde se realizar o os usos correntes no lugar. instruções dadas ao comissário, sário, relativo a comissões e
negócio, se não houver instru- entendendo-se por elas regidos despesas feitas, goza de privilé-
Art. 702. No caso de morte do
ções diversas do comitente. também os negócios pendentes. gio geral, no caso de falência ou
comissário, ou, quando, por
insolvência do comitente.
Art. 700. Se houver instruções motivo de força maior, não Art. 705. Se o comissário for
do comitente proibindo prorro- puder concluir o negócio, será despedido sem justa causa, terá Art. 708. Para reembolso das
gação de prazos para pagamen- devida pelo comitente uma direito a ser remunerado pelos despesas feitas, bem como para
to, ou se esta não for conforme remuneração proporcional aos trabalhos prestados, bem como recebimento das comissões
os usos locais, poderá o comi- trabalhos realizados. a ser ressarcido pelas perdas devidas, tem o comissário
tente exigir que o comissário e danos resultantes de sua direito de retenção sobre os
Art. 703. Ainda que tenha dado
pague incontinenti ou responda dispensa. bens e valores em seu poder em
motivo à dispensa, terá o comis-
pelas conseqüências da dilação virtude da comissão.
sário direito a ser remunerado Art. 706. O comitente e o co-
concedida, procedendo-se de
pelos serviços úteis prestados missário são obrigados a pagar Art. 709. São aplicáveis à
igual modo se o comissário não
ao comitente, ressalvado a este juros um ao outro; o primeiro comissão, no que couber, as
der ciência ao comitente dos
o direito de exigir daquele os pelo que o comissário houver regras sobre mandato.
prazos concedidos e de quem é
prejuízos sofridos. adiantado para cumprimento de
seu beneficiário.
suas ordens; e o segundo pela
Art. 704. Salvo disposição em
Art. 701. Não estipulada a mora na entrega dos fundos que
contrário, pode o comitente,
remuneração devida ao comis- pertencerem ao comitente.
  89
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 699.
CAPÍTULO XII Art. 711. Salvo ajuste, o pro- Art. 714. Salvo ajuste, o agente Art. 717. Ainda que dispensado
Da Agência e Distribuição ponente não pode constituir, ou distribuidor terá direito à por justa causa, terá o agente
ao mesmo tempo, mais de um remuneração correspondente direito a ser remunerado pelos
Art. 710. Pelo contrato de
agente, na mesma zona, com aos negócios concluídos dentro serviços úteis prestados ao
agência, uma pessoa assume,
idêntica incumbência; nem de sua zona, ainda que sem a proponente, sem embargo de
em caráter não eventual e sem
pode o agente assumir o encar- sua interferência. haver este perdas e danos pelos
vínculos de dependência, a
go de nela tratar de negócios prejuízos sofridos.
obrigação de promover, à conta Art. 715. O agente ou distribui-
do mesmo gênero, à conta de
de outra, mediante retribuição, dor tem direito à indenização Art. 718. Se a dispensa se der
outros proponentes.
a realização de certos negó- se o proponente, sem justa sem culpa do agente, terá ele
cios, em zona determinada, Art. 712. O agente, no desem- causa, cessar o atendimento das direito à remuneração até
caracterizando-se a distribuição penho que lhe foi cometido, propostas ou reduzi-lo tanto então devida, inclusive sobre os
quando o agente tiver à sua dis- deve agir com toda diligência, que se torna antieconômica a negócios pendentes, além das
posição a coisa a ser negociada. atendo-se às instruções recebi- continuação do contrato. indenizações previstas em lei
Parágrafo único. O proponente das do proponente. especial.
Art. 716. A remuneração será
pode conferir poderes ao agen- Art. 713. Salvo estipulação devida ao agente também Art. 719. Se o agente não puder
te para que este o represente na diversa, todas as despesas quando o negócio deixar de ser continuar o trabalho por motivo
conclusão dos contratos. com a agência ou distribuição realizado por fato imputável ao de força maior, terá direito à
correm a cargo do agente ou proponente. remuneração correspondente
distribuidor. aos serviços realizados, cabendo
  90
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 710.
esse direito aos herdeiros no nentes ao mandato e à comissão sobre o andamento do negócio. Art. 725. A remuneração é
caso de morte. e as constantes de lei especial. ( Redação dada pela Lei nº 12.236, devida ao corretor uma vez que
de 2010 ) tenha conseguido o resultado
Art. 720. Se o contrato for por
CAPÍTULO XIII Parágrafo único. Sob pena de previsto no contrato de media-
tempo indeterminado, qualquer
Da Corretagem responder por perdas e danos, ção, ou ainda que este não se
das partes poderá resolvê-lo,
o corretor prestará ao cliente efetive em virtude de arrependi-
mediante aviso prévio de noven- Art. 722. Pelo contrato de
todos os esclarecimentos mento das partes.
ta dias, desde que transcorrido corretagem, uma pessoa, não
prazo compatível com a natu- ligada a outra em virtude de acerca da segurança ou do risco Art. 726. Iniciado e concluído
reza e o vulto do investimento mandato, de prestação de do negócio, das alterações de o negócio diretamente entre as
exigido do agente. serviços ou por qualquer relação valores e de outros fatores que partes, nenhuma remuneração
de dependência, obriga-se a possam influir nos resultados será devida ao corretor; mas se,
Parágrafo único. No caso de
obter para a segunda um ou da incumbência. ( Incluído pela por escrito, for ajustada a corre-
divergência entre as partes, o
mais negócios, conforme as Lei nº 12.236, de 2010 ) tagem com exclusividade, terá o
juiz decidirá da razoabilidade
do prazo e do valor devido. instruções recebidas. Art. 724. A remuneração do corretor direito à remuneração
corretor, se não estiver fixada integral, ainda que realizado o
Art. 721. Aplicam-se ao contra- Art. 723. O corretor é obrigado
em lei, nem ajustada entre as negócio sem a sua mediação,
to de agência e distribuição, no a executar a mediação com
partes, será arbitrada segundo salvo se comprovada sua inércia
que couber, as regras concer- diligência e prudência, e a
a natureza do negócio e os usos ou ociosidade.
prestar ao cliente, espontane-
amente, todas as informações locais.

  91
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 719.
Art. 727. Se, por não haver Código não excluem a aplicação naqueles atos, sem prejuízo do § 1º O dano, resultante do
prazo determinado, o dono do de outras normas da legislação disposto neste Código. atraso ou da interrupção da
negócio dispensar o corretor, especial. viagem, será determinado
Art. 732. Aos contratos de
e o negócio se realizar poste- em razão da totalidade do
transporte, em geral, são aplicá-
riormente, como fruto da sua CAPÍTULO XIV percurso.
veis, quando couber, desde que
mediação, a corretagem lhe será Do Transporte § 2º Se houver substituição de
não contrariem as disposições
devida; igual solução se adotará algum dos transportadores
Seção I deste Código, os preceitos
se o negócio se realizar após a Disposições Gerais no decorrer do percurso, a
constantes da legislação espe-
decorrência do prazo contratu- responsabilidade solidária
Art. 730. Pelo contrato de cial e de tratados e convenções
al, mas por efeito dos trabalhos estender-se-á ao substituto.
transporte alguém se obriga, internacionais.
do corretor.
mediante retribuição, a trans- Art. 733. Nos contratos de Seção II
Art. 728. Se o negócio se portar, de um lugar para outro, Do Transporte de Pessoas
transporte cumulativo, cada
concluir com a intermediação pessoas ou coisas. transportador se obriga a cum- Art. 734. O transportador
de mais de um corretor, a
Art. 731. O transporte exercido prir o contrato relativamente ao responde pelos danos causados
remuneração será paga a todos
em virtude de autorização, respectivo percurso, responden- às pessoas transportadas e
em partes iguais, salvo ajuste
permissão ou concessão, rege-se do pelos danos nele causados a suas bagagens, salvo motivo
em contrário.
pelas normas regulamentares pessoas e coisas. de força maior, sendo nula
Art. 729. Os preceitos sobre e pelo que for estabelecido
corretagem constantes deste
  92
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 727.
qualquer cláusula excludente da Parágrafo único. Não se impeçam a execução normal do Art. 740. O passageiro tem
responsabilidade. considera gratuito o transporte serviço. direito a rescindir o contrato de
Parágrafo único. É lícito ao quando, embora feito sem Parágrafo único. Se o prejuízo transporte antes de iniciada a
transportador exigir a decla- remuneração, o transportador sofrido pela pessoa transporta- viagem, sendo-lhe devida a res-
ração do valor da bagagem auferir vantagens indiretas. da for atribuível à transgressão tituição do valor da passagem,
a fim de fixar o limite da de normas e instruções desde que feita a comunicação
Art. 737. O transportador está
indenização. regulamentares, o juiz reduzirá ao transportador em tempo de
sujeito aos horários e itinerários
eqüitativamente a indenização, ser renegociada.
Art. 735. A responsabilidade previstos, sob pena de respon-
der por perdas e danos, salvo na medida em que a vítima § 1º Ao passageiro é facultado
contratual do transportador
motivo de força maior. houver concorrido para a desistir do transporte, mesmo
por acidente com o passageiro
ocorrência do dano. depois de iniciada a viagem,
não é elidida por culpa de Art. 738. A pessoa transportada sendo-lhe devida a restituição
terceiro, contra o qual tem ação deve sujeitar-se às normas Art. 739. O transportador não
do valor correspondente ao
regressiva. estabelecidas pelo transporta- pode recusar passageiros, salvo
trecho não utilizado, desde que
dor, constantes no bilhete ou os casos previstos nos regula-
Art. 736. Não se subordina às provado que outra pessoa haja
afixadas à vista dos usuários, mentos, ou se as condições de
normas do contrato de trans- sido transportada em seu lugar.
abstendo-se de quaisquer atos higiene ou de saúde do interes-
porte o feito gratuitamente, por § 2º Não terá direito ao reem-
que causem incômodo ou preju- sado o justificarem.
amizade ou cortesia. bolso do valor da passagem o
ízo aos passageiros, danifiquem
usuário que deixar de embar-
o veículo, ou dificultem ou
  93
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 734.
car, salvo se provado que outra anuência do passageiro, por mo- Seção III o remetente lhe entregue,
pessoa foi transportada em dalidade diferente, à sua custa, Do Transporte de Coisas devidamente assinada, a
seu lugar, caso em que lhe será correndo também por sua conta relação discriminada das coisas
Art. 743. A coisa, entregue
restituído o valor do bilhete as despesas de estada e alimen- a serem transportadas, em
ao transportador, deve estar
não utilizado. tação do usuário, durante a duas vias, uma das quais, por
caracterizada pela sua natureza,
§ 3º Nas hipóteses previstas espera de novo transporte. ele devidamente autenticada,
valor, peso e quantidade, e o
neste artigo, o transportador ficará fazendo parte integrante
Art. 742. O transportador, uma mais que for necessário para
terá direito de reter até cinco do conhecimento.
vez executado o transporte, que não se confunda com
por cento da importância a tem direito de retenção sobre a outras, devendo o destinatário Art. 745. Em caso de informa-
ser restituída ao passageiro, a bagagem de passageiro e outros ser indicado ao menos pelo ção inexata ou falsa descrição
título de multa compensatória. objetos pessoais deste, para nome e endereço. no documento a que se refere
Art. 741. Interrompendo-se a garantir-se do pagamento do o artigo antecedente, será o
Art. 744. Ao receber a coisa, o
viagem por qualquer motivo valor da passagem que não tiver transportador indenizado pelo
transportador emitirá conheci-
alheio à vontade do transporta- sido feito no início ou durante o prejuízo que sofrer, devendo a
mento com a menção dos dados
dor, ainda que em conseqüência percurso. ação respectiva ser ajuizada no
que a identifiquem, obedecido o
de evento imprevisível, fica ele prazo de cento e vinte dias, a
disposto em lei especial.
obrigado a concluir o transporte contar daquele ato, sob pena de
Parágrafo único. O trans- decadência.
contratado em outro veículo
portador poderá exigir que
da mesma categoria, ou, com a

  94
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 741.
Art. 746. Poderá o transporta- de despesa decorrentes da Art. 751. A coisa, depositada solicitará, incontinenti, instru-
dor recusar a coisa cuja emba- contra-ordem, mais as perdas e ou guardada nos armazéns do ções ao remetente, e zelará pela
lagem seja inadequada, bem danos que houver. transportador, em virtude de coisa, por cujo perecimento ou
como a que possa pôr em risco a contrato de transporte, rege-se, deterioração responderá, salvo
Art. 749. O transportador con-
saúde das pessoas, ou danificar no que couber, pelas disposições força maior.
duzirá a coisa ao seu destino,
o veículo e outros bens. relativas a depósito. § 1º Perdurando o impedimen-
tomando todas as cautelas
Art. 747. O transportador necessárias para mantê-la em Art. 752. Desembarcadas as to, sem motivo imputável ao
deverá obrigatoriamente bom estado e entregá-la no mercadorias, o transportador transportador e sem manifes-
recusar a coisa cujo transporte prazo ajustado ou previsto. não é obrigado a dar aviso ao tação do remetente, poderá
ou comercialização não sejam destinatário, se assim não foi aquele depositar a coisa em
Art. 750. A responsabilidade do juízo, ou vendê-la, obedecidos
permitidos, ou que venha desa- convencionado, dependendo
transportador, limitada ao valor os preceitos legais e regula-
companhada dos documentos também de ajuste a entrega a
constante do conhecimento, mentares, ou os usos locais,
exigidos por lei ou regulamento. domicílio, e devem constar do
começa no momento em que depositando o valor.
conhecimento de embarque as
Art. 748. Até a entrega da coisa, ele, ou seus prepostos, recebem
cláusulas de aviso ou de entrega § 2º Se o impedimento for
pode o remetente desistir do a coisa; termina quando é
a domicílio. responsabilidade do transpor-
transporte e pedi-la de volta, ou entregue ao destinatário, ou
tador, este poderá depositar
ordenar seja entregue a outro depositada em juízo, se aquele Art. 753. Se o transporte não
a coisa, por sua conta e risco,
destinatário, pagando, em não for encontrado. puder ser feito ou sofrer longa
ambos os casos, os acréscimos interrupção, o transportador
  95
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 746.
mas só poderá vendê-la se cimento endossado, devendo coisa, o transportador deverá CAPÍTULO XV
perecível. aquele que as receber conferi-las vendê-la, depositando o saldo DO SEGURO
§ 3º Em ambos os casos, o e apresentar as reclamações que em juízo.
Seção I
transportador deve informar tiver, sob pena de decadência Disposições Gerais
Art. 756. No caso de transporte
o remetente da efetivação do dos direitos.
cumulativo, todos os trans- Art. 757. Pelo contrato de
depósito ou da venda. Parágrafo único. No caso de portadores respondem solida-
perda parcial ou de avaria não seguro, o segurador se obriga,
§ 4º Se o transportador manti- riamente pelo dano causado mediante o pagamento do
ver a coisa depositada em seus perceptível à primeira vista, perante o remetente, ressalvada
o destinatário conserva a sua prêmio, a garantir interesse
próprios armazéns, continuará a apuração final da responsa- legítimo do segurado, relativo a
a responder pela sua guarda e ação contra o transportador, bilidade entre eles, de modo
desde que denuncie o dano em pessoa ou a coisa, contra riscos
conservação, sendo-lhe devida, que o ressarcimento recaia, por predeterminados.
porém, uma remuneração pela dez dias a contar da entrega. inteiro, ou proporcionalmente,
custódia, a qual poderá ser naquele ou naqueles em cujo Parágrafo único. Somente
Art. 755. Havendo dúvida acerca pode ser parte, no contrato
contratualmente ajustada ou se de quem seja o destinatário, o percurso houver ocorrido
conformará aos usos adotados o dano. de seguro, como segurador,
transportador deve depositar a entidade para tal fim legalmen-
em cada sistema de transporte. mercadoria em juízo, se não lhe te autorizada.
Art. 754. As mercadorias devem for possível obter instruções do
ser entregues ao destinatário, remetente; se a demora puder Art. 758. O contrato de seguro
ou a quem apresentar o conhe- ocasionar a deterioração da prova-se com a exibição da

  96
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 754.
apólice ou do bilhete do seguro, Parágrafo único. No seguro de do prêmio, se ocorrer o sinistro declarações inexatas ou omitir
e, na falta deles, por documento pessoas, a apólice ou o bilhete antes de sua purgação. circunstâncias que possam
comprobatório do pagamento não podem ser ao portador. influir na aceitação da proposta
Art. 764. Salvo disposição
do respectivo prêmio. ou na taxa do prêmio, perderá o
Art. 761. Quando o risco for especial, o fato de se não ter
direito à garantia, além de ficar
Art. 759. A emissão da apólice assumido em co-seguro, a verificado o risco, em previsão
obrigado ao prêmio vencido.
deverá ser precedida de propos- apólice indicará o segurador do qual se faz o seguro, não
ta escrita com a declaração dos que administrará o contrato e exime o segurado de pagar o Parágrafo único. Se a inexa-
elementos essenciais do interes- representará os demais, para prêmio. tidão ou omissão nas decla-
se a ser garantido e do risco. todos os seus efeitos. rações não resultar de má-fé
Art. 765. O segurado e o segu- do segurado, o segurador terá
Art. 760. A apólice ou o bilhete Art. 762. Nulo será o con- rador são obrigados a guardar direito a resolver o contrato,
de seguro serão nominativos, trato para garantia de risco na conclusão e na execução do ou a cobrar, mesmo após o
à ordem ou ao portador, e proveniente de ato doloso do contrato, a mais estrita boa-fé sinistro, a diferença do prêmio.
mencionarão os riscos assu- segurado, do beneficiário, ou e veracidade, tanto a respeito
midos, o início e o fim de sua de representante de um ou do objeto como das circuns- Art. 767. No seguro à conta de
validade, o limite da garantia e de outro. tâncias e declarações a ele outrem, o segurador pode opor
o prêmio devido, e, quando for o concernentes. ao segurado quaisquer defesas
Art. 763. Não terá direito a que tenha contra o estipulante,
caso, o nome do segurado e o do
indenização o segurado que Art. 766. Se o segurado, por si por descumprimento das nor-
beneficiário.
estiver em mora no pagamento ou por seu representante, fizer

  97
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 758.
mas de conclusão do contrato, do segurado, poderá dar-lhe Art. 771. Sob pena de perder Art. 773. O segurador que,
ou de pagamento do prêmio. ciência, por escrito, de sua o direito à indenização, o ao tempo do contrato, sabe
decisão de resolver o contrato. segurado participará o sinis- estar passado o risco de que o
Art. 768. O segurado perderá
§ 2º A resolução só será eficaz tro ao segurador, logo que o segurado se pretende cobrir, e,
o direito à garantia se agravar
trinta dias após a notificação, saiba, e tomará as providências não obstante, expede a apólice,
intencionalmente o risco objeto
devendo ser restituída pelo imediatas para minorar-lhe as pagará em dobro o prêmio
do contrato.
segurador a diferença do conseqüências. estipulado.
Art. 769. O segurado é obrigado prêmio. Parágrafo único. Correm à Art. 774. A recondução tácita
a comunicar ao segurador, conta do segurador, até o limite
Art. 770. Salvo disposição em do contrato pelo mesmo prazo,
logo que saiba, todo incidente fixado no contrato, as despesas
contrário, a diminuição do mediante expressa cláusula
suscetível de agravar consi- de salvamento conseqüente ao
risco no curso do contrato não contratual, não poderá operar
deravelmente o risco coberto, sinistro.
acarreta a redução do prêmio mais de uma vez.
sob pena de perder o direito à
garantia, se provar que silenciou estipulado; mas, se a redução Art. 772. A mora do segurador Art. 775. Os agentes autoriza-
de má-fé. do risco for considerável, o em pagar o sinistro obriga dos do segurador presumem-se
segurado poderá exigir a revisão à atualização monetária da seus representantes para todos
§ 1º O segurador, desde que o
do prêmio, ou a resolução do indenização devida segundo os atos relativos aos contratos
faça nos quinze dias seguintes
contrato. índices oficiais regularmente que agenciarem.
ao recebimento do aviso da
estabelecidos, sem prejuízo dos
agravação do risco sem culpa
juros moratórios.

  98
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 767.
Art. 776. O segurador é prejuízo da ação penal que no do sinistro, e, em hipótese da indenização, no caso de
obrigado a pagar em dinheiro caso couber. alguma, o limite máximo da sinistro parcial.
o prejuízo resultante do risco garantia fixado na apólice, salvo
Art. 779. O risco do seguro Art. 784. Não se inclui na
assumido, salvo se convenciona- em caso de mora do segurador.
compreenderá todos os prejuí- garantia o sinistro provocado
da a reposição da coisa.
zos resultantes ou conseqüen- Art. 782. O segurado que, na por vício intrínseco da coisa
Art. 777. O disposto no presen- tes, como sejam os estragos vigência do contrato, pretender segurada, não declarado pelo
te Capítulo aplica-se, no que ocasionados para evitar o obter novo seguro sobre o mes- segurado.
couber, aos seguros regidos por sinistro, minorar o dano, ou mo interesse, e contra o mesmo Parágrafo único. Entende-se
leis próprias. salvar a coisa. risco junto a outro segurador, por vício intrínseco o defeito
deve previamente comunicar próprio da coisa, que se não
Seção II Art. 780. A vigência da garantia,
sua intenção por escrito ao encontra normalmente em
Do Seguro de Dano no seguro de coisas transpor-
primeiro, indicando a soma por outras da mesma espécie.
tadas, começa no momento
Art. 778. Nos seguros de dano, que pretende segurar-se, a fim
em que são pelo transportador Art. 785. Salvo disposição em
a garantia prometida não pode de se comprovar a obediência ao
recebidas, e cessa com a sua contrário, admite-se a trans-
ultrapassar o valor do interesse disposto no art. 778.
entrega ao destinatário. ferência do contrato a terceiro
segurado no momento da
Art. 783. Salvo disposição em com a alienação ou cessão do
conclusão do contrato, sob pena Art. 781. A indenização não
contrário, o seguro de um inte- interesse segurado.
do disposto no art. 766, e sem pode ultrapassar o valor do
resse por menos do que valha
interesse segurado no momento
acarreta a redução proporcional
  99
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 776.
§ 1º Se o instrumento contratu- causado pelo cônjuge do garantia, comunicará o fato ao obrigatórios, a indenização por
al é nominativo, a transferência segurado, seus descendentes segurador. sinistro será paga pelo segu-
só produz efeitos em relação ou ascendentes, consangüíneos § 2º É defeso ao segurado rador diretamente ao terceiro
ao segurador mediante aviso ou afins. reconhecer sua responsabili- prejudicado.
escrito assinado pelo cedente e § 2º É ineficaz qualquer ato dade ou confessar a ação, bem Parágrafo único. Demandado
pelo cessionário. do segurado que diminua como transigir com o terceiro em ação direta pela vítima do
§ 2º A apólice ou o bilhete ou extinga, em prejuízo do prejudicado, ou indenizá-lo dano, o segurador não poderá
à ordem só se transfere por segurador, os direitos a que se diretamente, sem anuência opor a exceção de contrato não
endosso em preto, datado e refere este artigo. expressa do segurador. cumprido pelo segurado, sem
assinado pelo endossante e § 3º Intentada a ação contra o promover a citação deste para
Art. 787. No seguro de respon-
pelo endossatário. segurado, dará este ciência da integrar o contraditório.
sabilidade civil, o segurador
Art. 786. Paga a indenização, garante o pagamento de perdas lide ao segurador. Seção III
o segurador sub-roga-se, nos e danos devidos pelo segurado a § 4º Subsistirá a responsabi- Do Seguro de Pessoa
limites do valor respectivo, nos terceiro. lidade do segurado perante
Art. 789. Nos seguros de
direitos e ações que competirem § 1º Tão logo saiba o segurado o terceiro, se o segurador for
pessoas, o capital segurado
ao segurado contra o autor das conseqüências de ato seu, insolvente.
é livremente estipulado pelo
do dano. suscetível de lhe acarretar a Art. 788. Nos seguros de proponente, que pode contratar
§ 1º Salvo dolo, a sub-rogação responsabilidade incluída na responsabilidade legalmente mais de um seguro sobre o
não tem lugar se o dano foi
  100
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 786.
mesmo interesse, com o mesmo do beneficiário, por ato entre Parágrafo único. Na falta das Art. 795. É nula, no seguro de
ou diversos seguradores. vivos ou de última vontade. pessoas indicadas neste artigo, pessoa, qualquer transação para
Parágrafo único. O segura- serão beneficiários os que pro- pagamento reduzido do capital
Art. 790. No seguro sobre a
dor, que não for cientificado varem que a morte do segurado segurado.
vida de outros, o proponente é
oportunamente da substitui- os privou dos meios necessários
obrigado a declarar, sob pena Art. 796. O prêmio, no seguro
ção, desobrigar-se-á pagando à subsistência.
de falsidade, o seu interesse de vida, será conveniado por
pela preservação da vida do o capital segurado ao antigo Art. 793. É válida a instituição prazo limitado, ou por toda a
segurado. beneficiário. do companheiro como benefici- vida do segurado.
Parágrafo único. Até prova Art. 792. Na falta de indicação ário, se ao tempo do contrato o Parágrafo único. Em qualquer
em contrário, presume-se o da pessoa ou beneficiário, ou segurado era separado judi- hipótese, no seguro individual,
interesse, quando o segurado se por qualquer motivo não cialmente, ou já se encontrava o segurador não terá ação para
é cônjuge, ascendente ou prevalecer a que for feita, o separado de fato. cobrar o prêmio vencido, cuja
descendente do proponente. capital segurado será pago por Art. 794. No seguro de vida ou falta de pagamento, nos prazos
metade ao cônjuge não separa- de acidentes pessoais para o previstos, acarretará, conforme
Art. 791. Se o segurado não
do judicialmente, e o restante caso de morte, o capital estipu- se estipular, a resolução do
renunciar à faculdade, ou se o
aos herdeiros do segurado, lado não está sujeito às dívidas contrato, com a restituição
seguro não tiver como causa
obedecida a ordem da vocação do segurado, nem se considera da reserva já formada, ou a
declarada a garantia de alguma
hereditária. herança para todos os efeitos de redução do capital garantido
obrigação, é lícita a substituição
direito.
  101
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 789.
proporcionalmente ao prê- ou da sua recondução depois de de humanidade em auxílio de mento de todas as obrigações
mio pago. suspenso, observado o disposto outrem. contratuais.
no parágrafo único do artigo § 2º A modificação da apólice
Art. 797. No seguro de vida Art. 800. Nos seguros de
antecedente. em vigor dependerá da anu-
para o caso de morte, é lícito pessoas, o segurador não pode
estipular-se um prazo de carên- Parágrafo único. Ressalvada a sub-rogar-se nos direitos e ações ência expressa de segurados
cia, durante o qual o segurador hipótese prevista neste artigo, é do segurado, ou do beneficiário, que representem três quartos
não responde pela ocorrência nula a cláusula contratual que contra o causador do sinistro. do grupo.
do sinistro. exclui o pagamento do capital
Art. 801. O seguro de pessoas Art. 802. Não se compreende
por suicídio do segurado.
Parágrafo único. No caso deste pode ser estipulado por pessoa nas disposições desta Seção
artigo o segurador é obrigado Art. 799. O segurador não pode natural ou jurídica em proveito a garantia do reembolso de
a devolver ao beneficiário o eximir-se ao pagamento do de grupo que a ela, de qualquer despesas hospitalares ou de
montante da reserva técnica já seguro, ainda que da apólice modo, se vincule. tratamento médico, nem o
formada. conste a restrição, se a morte custeio das despesas de luto e
§ 1º O estipulante não repre-
ou a incapacidade do segurado de funeral do segurado.
Art. 798. O beneficiário não senta o segurador perante
provier da utilização de meio de
tem direito ao capital estipu- o grupo segurado, e é o
transporte mais arriscado, da
lado quando o segurado se único responsável, para com
prestação de serviço militar, da
suicida nos primeiros dois anos o segurador, pelo cumpri-
prática de esporte, ou de atos
de vigência inicial do contrato,

  102
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 797.
CAPÍTULO XVI Art. 806. O contrato de cons- da pessoa que por aquela se determinação da parte de cada
Da Constituição de Renda tituição de renda será feito a obrigou. uma, entende-se que os seus
prazo certo, ou por vida, poden- direitos são iguais; e, salvo esti-
Art. 803. Pode uma pessoa, Art. 810. Se o rendeiro, ou
do ultrapassar a vida do devedor pulação diversa, não adquirirão
pelo contrato de constituição censuário, deixar de cumprir a
mas não a do credor, seja ele o os sobrevivos direito à parte dos
de renda, obrigar-se para com obrigação estipulada, poderá o
contratante, seja terceiro. que morrerem.
outra a uma prestação periódi- credor da renda acioná-lo, tanto
ca, a título gratuito. Art. 807. O contrato de consti- para que lhe pague as presta- Art. 813. A renda constituída
tuição de renda requer escritura ções atrasadas como para que por título gratuito pode, por ato
Art. 804. O contrato pode
pública. lhe dê garantias das futuras, sob do instituidor, ficar isenta de
ser também a título oneroso,
pena de rescisão do contrato. todas as execuções pendentes e
entregando-se bens móveis ou Art. 808. É nula a constituição
futuras.
imóveis à pessoa que se obriga a de renda em favor de pessoa Art. 811. O credor adquire o
satisfazer as prestações a favor já falecida, ou que, nos trinta direito à renda dia a dia, se a Parágrafo único. A isenção
do credor ou de terceiros. dias seguintes, vier a falecer de prestação não houver de ser prevista neste artigo prevalece
moléstia que já sofria, quando paga adiantada, no começo de de pleno direito em favor
Art. 805. Sendo o contrato a dos montepios e pensões
foi celebrado o contrato. cada um dos períodos prefixos.
título oneroso, pode o credor, ao alimentícias.
contratar, exigir que o rendeiro Art. 809. Os bens dados em Art. 812. Quando a renda for
lhe preste garantia real, ou compensação da renda caem, constituída em benefício de
fidejussória. desde a tradição, no domínio duas ou mais pessoas, sem

  103
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 803.
CAPÍTULO XVII só se excetuando os jogos e em que se estipulem a liqui- ção assumida pelo devedor, caso
Do Jogo e da Aposta apostas legalmente permitidos. dação exclusivamente pela este não a cumpra.
§ 3º Excetuam-se, igualmente, diferença entre o preço ajustado
Art. 814. As dívidas de jogo Art. 819. A fiança dar-se-á por
os prêmios oferecidos ou e a cotação que eles tiverem no
ou de aposta não obrigam a escrito, e não admite interpreta-
prometidos para o vencedor em vencimento do ajuste.
pagamento; mas não se pode ção extensiva.
recobrar a quantia, que volunta- competição de natureza espor- Art. 817. O sorteio para dirimir
tiva, intelectual ou artística, Art. 819-A. (VETADO)
riamente se pagou, salvo se foi questões ou dividir coisas
desde que os interessados se (Alterado em 04)
ganha por dolo, ou se o perden- comuns considera-se sistema
te é menor ou interdito. submetam às prescrições legais de partilha ou processo de Art. 820. Pode-se estipular a
e regulamentares. transação, conforme o caso. fiança, ainda que sem consen-
§ 1º Estende-se esta disposi-
ção a qualquer contrato que Art. 815. Não se pode exigir timento do devedor ou contra a
encubra ou envolva reconhe- reembolso do que se emprestou CAPÍTULO XVIII sua vontade.
cimento, novação ou fiança de para jogo ou aposta, no ato de DA FIANÇA
Art. 821. As dívidas futuras
dívida de jogo; mas a nulidade apostar ou jogar. Seção I podem ser objeto de fiança; mas
resultante não pode ser oposta Disposições Gerais o fiador, neste caso, não será
Art. 816. As disposições dos
ao terceiro de boa-fé. demandado senão depois que se
arts. 814 e 815 não se aplicam Art. 818. Pelo contrato de
§ 2º O preceito contido neste aos contratos sobre títulos de fizer certa e líquida a obrigação
fiança, uma pessoa garante
artigo tem aplicação, ainda que bolsa, mercadorias ou valores, do principal devedor.
satisfazer ao credor uma obriga-
se trate de jogo não proibido,
  104
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 814.
Art. 822. Não sendo limitada, Parágrafo único. A exceção Seção II II – se se obrigou como
a fiança compreenderá todos os estabelecida neste artigo não Dos Efeitos da Fiança principal pagador, ou devedor
acessórios da dívida principal, abrange o caso de mútuo feito solidário;
Art. 827. O fiador demandado
inclusive as despesas judiciais, a menor. III – se o devedor for insolven-
pelo pagamento da dívida tem
desde a citação do fiador. te, ou falido.
Art. 825. Quando alguém direito a exigir, até a contesta-
Art. 823. A fiança pode ser de houver de oferecer fiador, o ção da lide, que sejam primeiro Art. 829. A fiança conjuntamen-
valor inferior ao da obrigação credor não pode ser obrigado a executados os bens do devedor. te prestada a um só débito por
principal e contraída em condi- aceitá-lo se não for pessoa idô- Parágrafo único. O fiador que mais de uma pessoa importa o
ções menos onerosas, e, quando nea, domiciliada no município alegar o benefício de ordem, a compromisso de solidariedade
exceder o valor da dívida, ou for onde tenha de prestar a fiança, que se refere este artigo, deve entre elas, se declaradamente
mais onerosa que ela, não valerá e não possua bens suficientes nomear bens do devedor, sitos não se reservarem o benefício
senão até ao limite da obrigação para cumprir a obrigação. no mesmo município, livres de divisão.
afiançada. e desembargados, quantos Parágrafo único. Estipulado
Art. 826. Se o fiador se tornar
Art. 824. As obrigações nulas insolvente ou incapaz, po- bastem para solver o débito. este benefício, cada fiador
não são suscetíveis de fiança, derá o credor exigir que seja Art. 828. Não aproveita este responde unicamente pela
exceto se a nulidade resultar substituído. benefício ao fiador: parte que, em proporção, lhe
apenas de incapacidade pessoal couber no pagamento.
I – se ele o renunciou
do devedor. expressamente;

  105
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 822.
Art. 830. Cada fiador pode fixar este pagar, e pelos que sofrer em os efeitos da fiança, durante capacidade pessoal, salvo o caso
no contrato a parte da dívida razão da fiança. sessenta dias após a notificação do mútuo feito a pessoa menor.
que toma sob sua responsabili- do credor.
Art. 833. O fiador tem direito Art. 838. O fiador, ainda que
dade, caso em que não será por
aos juros do desembolso pela Art. 836. A obrigação do fiador solidário, ficará desobrigado:
mais obrigado.
taxa estipulada na obrigação passa aos herdeiros; mas a I – se, sem consentimento seu,
Art. 831. O fiador que pagar principal, e, não havendo taxa responsabilidade da fiança se o credor conceder moratória ao
integralmente a dívida fica sub- convencionada, aos juros legais limita ao tempo decorrido até a devedor;
rogado nos direitos do credor; da mora. morte do fiador, e não pode ul- II – se, por fato do credor, for
mas só poderá demandar a cada trapassar as forças da herança. impossível a sub-rogação nos
Art. 834. Quando o credor, sem
um dos outros fiadores pela seus direitos e preferências;
justa causa, demorar a execução Seção III
respectiva quota. III – se o credor, em paga-
iniciada contra o devedor, Da Extinção da Fiança
Parágrafo único. A parte do poderá o fiador promover-lhe o mento da dívida, aceitar
fiador insolvente distribuir-se-á Art. 837. O fiador pode opor
andamento. amigavelmente do devedor
pelos outros. ao credor as exceções que lhe
objeto diverso do que este era
Art. 835. O fiador poderá forem pessoais, e as extintivas
Art. 832. O devedor responde obrigado a lhe dar, ainda que
exonerar-se da fiança que tiver da obrigação que competem
também perante o fiador por depois venha a perdê-lo por
assinado sem limitação de ao devedor principal, se não
todas as perdas e danos que evicção.
tempo, sempre que lhe convier, provierem simplesmente de in-
ficando obrigado por todos

  106
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 830.
Art. 839. Se for invocado o be- Art. 842. A transação far-se-á § 1º Se for concluída entre o Parágrafo único. Se um dos
nefício da excussão e o devedor, por escritura pública, nas credor e o devedor, desobrigará transigentes adquirir, depois da
retardando-se a execução, cair obrigações em que a lei o exige, o fiador. transação, novo direito sobre
em insolvência, ficará exone- ou por instrumento particular, § 2º Se entre um dos credores a coisa renunciada ou trans-
rado o fiador que o invocou, nas em que ela o admite; se solidários e o devedor, extingue ferida, a transação feita não o
se provar que os bens por ele recair sobre direitos contestados a obrigação deste para com os inibirá de exercê-lo.
indicados eram, ao tempo da em juízo, será feita por escritura outros credores. Art. 846. A transação concer-
penhora, suficientes para a pública, ou por termo nos autos,
§ 3º Se entre um dos deve- nente a obrigações resultantes
solução da dívida afiançada. assinado pelos transigentes e
dores solidários e seu credor, de delito não extingue a ação
homologado pelo juiz.
extingue a dívida em relação penal pública.
CAPÍTULO XIX
Art. 843. A transação inter- aos co-devedores.
Da Transação Art. 847. É admissível, na
preta-se restritivamente, e por
Art. 845. Dada a evicção da transação, a pena convencional.
Art. 840. É lícito aos interessa- ela não se transmitem, apenas
coisa renunciada por um
dos prevenirem ou terminarem se declaram ou reconhecem Art. 848. Sendo nula qualquer
dos transigentes, ou por ele
o litígio mediante concessões direitos. das cláusulas da transação, nula
transferida à outra parte, não
mútuas. será esta.
Art. 844. A transação não apro- revive a obrigação extinta pela
Art. 841. Só quanto a direitos veita, nem prejudica senão aos transação; mas ao evicto cabe Parágrafo único. Quando a
patrimoniais de caráter privado que nela intervierem, ainda que o direito de reclamar perdas transação versar sobre diversos
se permite a transação. diga respeito a coisa indivisível. e danos. direitos contestados, indepen-

  107
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 839.
dentes entre si, o fato de não se verificar que nenhum deles para resolver divergências me- condição, ainda que não pelo
prevalecer em relação a um não tinha direito sobre o objeto da diante juízo arbitral, na forma interesse da promessa, poderá
prejudicará os demais. transação. estabelecida em lei especial. exigir a recompensa estipulada.
Art. 849. A transação só se Art. 856. Antes de prestado
CAPÍTULO XX TÍTULO VII 
anula por dolo, coação, ou erro o serviço ou preenchida a condi-
Do Compromisso Dos Atos Unilaterais
essencial quanto à pessoa ou ção, pode o promitente revogar
coisa controversa. Art. 851. É admitido compro- a promessa, contanto que o faça
misso, judicial ou extrajudicial, CAPÍTULO I com a mesma publicidade; se
Parágrafo único. A transação Da Promessa de Recompensa
não se anula por erro de direito para resolver litígios entre houver assinado prazo à execu-
a respeito das questões que pessoas que podem contratar. Art. 854. Aquele que, por anún- ção da tarefa, entender-se-á que
foram objeto de controvérsia cios públicos, se comprometer renuncia o arbítrio de retirar,
Art. 852. É vedado compro-
entre as partes. a recompensar, ou gratificar, a durante ele, a oferta.
misso para solução de questões
quem preencha certa condição, Parágrafo único. O candidato
Art. 850. É nula a transação a de estado, de direito pessoal
ou desempenhe certo serviço, de boa-fé, que houver feito des-
respeito do litígio decidido por de família e de outras que não
contrai obrigação de cumprir o pesas, terá direito a reembolso.
sentença passada em julgado, tenham caráter estritamente
prometido.
se dela não tinha ciência algum patrimonial. Art. 857. Se o ato contemplado
dos transatores, ou quando, por Art. 855. Quem quer que, nos na promessa for praticado por
Art. 853. Admite-se nos contra-
título ulteriormente descoberto, termos do artigo antecedente, mais de um indivíduo, terá
tos a cláusula compromissória,
fizer o serviço, ou satisfizer a
  108
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 849.
direito à recompensa o que § 1º A decisão da pessoa CAPÍTULO II Art. 863. No caso do artigo
primeiro o executou. nomeada, nos anúncios, como Da Gestão de Negócios antecedente, se os prejuízos da
juiz, obriga os interessados. gestão excederem o seu provei-
Art. 858. Sendo simultânea a Art. 861. Aquele que, sem
§ 2º Em falta de pessoa desig- to, poderá o dono do negócio
execução, a cada um tocará qui- autorização do interessado,
nada para julgar o mérito dos exigir que o gestor restitua as
nhão igual na recompensa; se intervém na gestão de negócio
trabalhos que se apresentarem, coisas ao estado anterior, ou o
esta não for divisível, conferir- alheio, dirigi-lo-á segundo o
entender-se-á que o promitente indenize da diferença.
se-á por sorteio, e o que obtiver interesse e a vontade presumível
a coisa dará ao outro o valor de se reservou essa função. de seu dono, ficando responsá- Art. 864. Tanto que se possa,
seu quinhão. § 3º Se os trabalhos tiverem vel a este e às pessoas com que comunicará o gestor ao dono do
mérito igual, proceder-se-á de tratar. negócio a gestão que assumiu,
Art. 859. Nos concursos que se
acordo com os arts. 857 e 858. aguardando-lhe a resposta, se
abrirem com promessa pública Art. 862. Se a gestão foi iniciada
da espera não resultar perigo.
de recompensa, é condição Art. 860. As obras premiadas, contra a vontade manifesta
essencial, para valerem, a nos concursos de que trata o ou presumível do interessado, Art. 865. Enquanto o dono não
fixação de um prazo, observadas artigo antecedente, só ficarão responderá o gestor até pelos providenciar, velará o gestor
também as disposições dos pertencendo ao promitente, se casos fortuitos, não provando pelo negócio, até o levar a cabo,
parágrafos seguintes. assim for estipulado na publica- que teriam sobrevindo, ainda esperando, se aquele falecer
ção da promessa. quando se houvesse abatido. durante a gestão, as instruções
dos herdeiros, sem se descuidar,

  109
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 857.
entretanto, das medidas que o Art. 868. O gestor responde feito, com os juros legais, desde em proveito do dono do negócio
caso reclame. pelo caso fortuito quando fizer o desembolso, respondendo ou da coisa; mas a indenização
operações arriscadas, ainda que ainda pelos prejuízos que este ao gestor não excederá, em
Art. 866. O gestor envidará
o dono costumasse fazê-las, ou houver sofrido por causa da importância, as vantagens
toda sua diligência habitual
quando preterir interesse deste gestão. obtidas com a gestão.
na administração do negócio,
em proveito de interesses seus. § 1º A utilidade, ou necessida-
ressarcindo ao dono o prejuízo Art. 871. Quando alguém, na
resultante de qualquer culpa na Parágrafo único. Querendo o de, da despesa, apreciar-se-á ausência do indivíduo obrigado
gestão. dono aproveitar-se da gestão, não pelo resultado obtido, mas a alimentos, por ele os prestar
será obrigado a indenizar o ges- segundo as circunstâncias da a quem se devem, poder-lhes-á
Art. 867. Se o gestor se fizer tor das despesas necessárias, ocasião em que se fizerem. reaver do devedor a importân-
substituir por outrem, respon- que tiver feito, e dos prejuízos, § 2º Vigora o disposto neste cia, ainda que este não ratifi-
derá pelas faltas do substituto, que por motivo da gestão, artigo, ainda quando o gestor, que o ato.
ainda que seja pessoa idônea, houver sofrido. em erro quanto ao dono do
sem prejuízo da ação que a ele, Art. 872. Nas despesas do en-
Art. 869. Se o negócio for negócio, der a outra pessoa as
ou ao dono do negócio, contra terro, proporcionadas aos usos
utilmente administrado, contas da gestão.
ela possa caber. locais e à condição do falecido,
cumprirá ao dono as obrigações Art. 870. Aplica-se a disposição feitas por terceiro, podem ser
Parágrafo único. Havendo
contraídas em seu nome, reem- do artigo antecedente, quando cobradas da pessoa que teria a
mais de um gestor, solidária
bolsando ao gestor as despesas a gestão se proponha a acudir a obrigação de alimentar a que
será a sua responsabilidade.
necessárias ou úteis que houver prejuízos iminentes, ou redunde
  110
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 865.
veio a falecer, ainda mesmo que salvo o estabelecido nos arts. CAPÍTULO III o possuidor de boa-fé ou de
esta não tenha deixado bens. 869 e 870. Do Pagamento Indevido má-fé, conforme o caso.
Parágrafo único. Cessa o Art. 875. Se os negócios alheios Art. 876. Todo aquele que Art. 879. Se aquele que inde-
disposto neste artigo e no ante- forem conexos ao do gestor, de recebeu o que lhe não era vidamente recebeu um imóvel
cedente, em se provando que o tal arte que se não possam gerir devido fica obrigado a restituir; o tiver alienado em boa-fé,
gestor fez essas despesas com o separadamente, haver-se-á o obrigação que incumbe àquele por título oneroso, responde
simples intento de bem-fazer. gestor por sócio daquele cujos que recebe dívida condicional somente pela quantia recebida;
Art. 873. A ratificação pura e interesses agenciar de envolta antes de cumprida a condição. mas, se agiu de má-fé, além do
simples do dono do negócio com os seus. valor do imóvel, responde por
Art. 877. Àquele que volun-
retroage ao dia do começo da Parágrafo único. No caso perdas e danos.
tariamente pagou o indevido
gestão, e produz todos os efeitos deste artigo, aquele em cujo incumbe a prova de tê-lo feito Parágrafo único. Se o imóvel
do mandato. benefício interveio o gestor só é por erro. foi alienado por título gratuito,
obrigado na razão das vanta- ou se, alienado por título
Art. 874. Se o dono do negócio, Art. 878. Aos frutos, acessões,
gens que lograr. oneroso, o terceiro adquirente
ou da coisa, desaprovar a gestão, benfeitorias e deteriorações agiu de má-fé, cabe ao que
considerando-a contrária aos sobrevindas à coisa dada em pagou por erro o direito de
seus interesses, vigorará o pagamento indevido, aplica-se reivindicação.
disposto nos arts. 862 e 863, o disposto neste Código sobre

  111
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 872.
Art. 880. Fica isento de restituir Art. 882. Não se pode repetir o CAPÍTULO IV Art. 885. A restituição é devida,
pagamento indevido aquele que se pagou para solver dívida Do Enriquecimento não só quando não tenha
que, recebendo-o como parte prescrita, ou cumprir obrigação Sem Causa havido causa que justifique o
de dívida verdadeira, inutilizou judicialmente inexigível. Art. 884. Aquele que, sem justa enriquecimento, mas também
o título, deixou prescrever a causa, se enriquecer à custa de se esta deixou de existir.
Art. 883. Não terá direito à
pretensão ou abriu mão das outrem, será obrigado a restituir
repetição aquele que deu algu- Art. 886. Não caberá a restitui-
garantias que asseguravam seu o indevidamente auferido,
ma coisa para obter fim ilícito, ção por enriquecimento, se a lei
direito; mas aquele que pagou feita a atualização dos valores
imoral, ou proibido por lei. conferir ao lesado outros meios
dispõe de ação regressiva contra monetários.
Parágrafo único. No caso deste para se ressarcir do prejuízo
o verdadeiro devedor e seu
artigo, o que se deu reverterá Parágrafo único. Se o enrique- sofrido.
fiador.
em favor de estabelecimento cimento tiver por objeto coisa
Art. 881. Se o pagamento local de beneficência, a critério determinada, quem a recebeu TÍTULO VIII 
indevido tiver consistido no de- do juiz. é obrigado a restituí-la, e, se Dos Títulos de Crédito
sempenho de obrigação de fazer a coisa não mais subsistir, a
ou para eximir-se da obrigação restituição se fará pelo valor CAPÍTULO I
de não fazer, aquele que recebeu do bem na época em que foi Disposições Gerais
a prestação fica na obrigação de exigido. Art. 887. O título de crédito,
indenizar o que a cumpriu, na
documento necessário ao
medida do lucro obtido.
exercício do direito literal e au-
  112
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 880.
tônomo nele contido, somente § 2º Considera-se lugar de limites fixados em lei, exclua ou em título de crédito, como
produz efeito quando preencha emissão e de pagamento, restrinja direitos e obrigações. mandatário ou representante
os requisitos da lei. quando não indicado no título, de outrem, fica pessoalmente
Art. 891. O título de crédito,
o domicílio do emitente. obrigado, e, pagando o título,
Art. 888. A omissão de qualquer incompleto ao tempo da
§ 3º O título poderá ser emitido tem ele os mesmos direitos que
requisito legal, que tire ao emissão, deve ser preenchido de
a partir dos caracteres criados teria o suposto mandante ou
escrito a sua validade como conformidade com os ajustes
em computador ou meio técni- representado.
título de crédito, não implica a realizados.
invalidade do negócio jurídico co equivalente e que constem Art. 893. A transferência do
Parágrafo único. O descum-
que lhe deu origem. da escrituração do emitente, título de crédito implica a de
primento dos ajustes previstos
observados os requisitos míni- todos os direitos que lhe são
Art. 889. Deve o título de cré- neste artigo pelos que deles
mos previstos neste artigo. inerentes.
dito conter a data da emissão, participaram, não constitui
a indicação precisa dos direitos Art. 890. Consideram-se não motivo de oposição ao terceiro Art. 894. O portador de título
que confere, e a assinatura do escritas no título a cláusula de portador, salvo se este, ao representativo de mercadoria
emitente. juros, a proibitiva de endosso, a adquirir o título, tiver agido tem o direito de transferi-lo, de
excludente de responsabilidade de má-fé. conformidade com as normas
§ 1º É à vista o título de crédito
pelo pagamento ou por despe- que regulam a sua circulação,
que não contenha indicação de Art. 892. Aquele que, sem ter
sas, a que dispense a observân- ou de receber aquela inde-
vencimento. poderes, ou excedendo os que
cia de termos e formalidade pendentemente de quaisquer
tem, lança a sua assinatura
prescritas, e a que, além dos

  113
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 887.
formalidades, além da entrega terminada, pode ser garantido § 1º Pagando o título, tem Parágrafo único. Pagando,
do título devidamente quitado. por aval. o avalista ação de regresso pode o devedor exigir do cre-
Parágrafo único. É vedado o contra o seu avalizado e demais dor, além da entrega do título,
Art. 895. Enquanto o título de
aval parcial. coobrigados anteriores. quitação regular.
crédito estiver em circulação, só
ele poderá ser dado em garan- § 2º Subsiste a responsabili- Art. 902. Não é o credor
Art. 898. O aval deve ser dado
tia, ou ser objeto de medidas dade do avalista, ainda que obrigado a receber o pagamento
no verso ou no anverso do
judiciais, e não, separadamente, nula a obrigação daquele a antes do vencimento do título,
próprio título.
os direitos ou mercadorias que quem se equipara, a menos e aquele que o paga, antes do
§ 1º Para a validade do aval, que a nulidade decorra de vício
representa. vencimento, fica responsável
dado no anverso do título, é de forma. pela validade do pagamento.
Art. 896. O título de crédito suficiente a simples assinatura
não pode ser reivindicado do do avalista. Art. 900. O aval posterior ao § 1º No vencimento, não pode
portador que o adquiriu de vencimento produz os mesmos o credor recusar pagamento,
§ 2º Considera-se não escrito o
boa-fé e na conformidade das efeitos do anteriormente dado. ainda que parcial.
aval cancelado.
normas que disciplinam a sua Art. 901. Fica validamente § 2º No caso de pagamento
circulação. Art. 899. O avalista equipara-se parcial, em que se não opera
desonerado o devedor que paga
àquele cujo nome indicar; na a tradição do título, além da
Art. 897. O pagamento de título de crédito ao legítimo
falta de indicação, ao emitente quitação em separado, outra
título de crédito, que contenha portador, no vencimento, sem
ou devedor final. deverá ser firmada no próprio
obrigação de pagar soma de- oposição, salvo se agiu de má-fé.
título.
  114
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 894.
Art. 903. Salvo disposição entrado em circulação contra a dele, poderá obter novo título dade do endosso, dado no verso
diversa em lei especial, regem- vontade do emitente. em juízo, bem como impedir do título, é suficiente a simples
se os títulos de crédito pelo sejam pagos a outrem capital e assinatura do endossante.
Art. 906. O devedor só poderá
disposto neste Código. rendimentos. § 2º A transferência por endos-
opor ao portador exceção
fundada em direito pessoal, ou Parágrafo único. O pagamen- so completa-se com a tradição
CAPÍTULO II to, feito antes de ter ciência do título.
em nulidade de sua obrigação.
Do Título ao Portador da ação referida neste artigo, § 3º Considera-se não escrito
Art. 907. É nulo o título ao exonera o devedor, salvo se se
Art. 904. A transferência de o endosso cancelado, total ou
portador emitido sem autoriza- provar que ele tinha conheci-
título ao portador se faz por parcialmente.
ção de lei especial. mento do fato.
simples tradição.
Art. 911. Considera-se legítimo
Art. 908. O possuidor de título
Art. 905. O possuidor de título CAPÍTULO III possuidor o portador do título
dilacerado, porém identificável,
ao portador tem direito à pres- Do Título À Ordem à ordem com série regular e
tem direito a obter do emitente
tação nele indicada, mediante ininterrupta de endossos, ainda
a substituição do anterior, me- Art. 910. O endosso deve ser
a sua simples apresentação ao que o último seja em branco.
diante a restituição do primeiro lançado pelo endossante no
devedor. Parágrafo único. Aquele que
e o pagamento das despesas. verso ou anverso do próprio
Parágrafo único. A prestação é paga o título está obrigado
Art. 909. O proprietário, que título.
devida ainda que o título tenha a verificar a regularidade da
perder ou extraviar título, ou § 1º Pode o endossante desig-
for injustamente desapossado nar o endossatário, e para vali-
  115
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 903.
série de endossos, mas não a te do endosso, não responde o ra, a defeito de capacidade ou de endossar novamente o título
autenticidade das assinaturas. endossante pelo cumprimento representação no momento da na qualidade de procurador,
da prestação constante do subscrição, e à falta de requisito com os mesmos poderes que
Art. 912. Considera-se não
título. necessário ao exercício da ação. recebeu.
escrita no endosso qualquer
condição a que o subordine o § 1º Assumindo responsa- Art. 916. As exceções, fundadas § 2º Com a morte ou a su-
endossante. bilidade pelo pagamento, o em relação do devedor com os perveniente incapacidade do
endossante se torna devedor portadores precedentes, somen- endossante, não perde eficácia
Parágrafo único. É nulo o
solidário. te poderão ser por ele opostas o endosso-mandato.
endosso parcial.
§ 2º Pagando o título, tem o ao portador, se este, ao adquirir § 3º Pode o devedor opor ao
Art. 913. O endossatário de endossante ação de regres- o título, tiver agido de má-fé. endossatário de endosso-
endosso em branco pode so contra os coobrigados mandato somente as exceções
mudá-lo para endosso em preto, Art. 917. A cláusula constitutiva
anteriores. que tiver contra o endossante.
completando-o com o seu nome de mandato, lançada no endos-
ou de terceiro; pode endossar Art. 915. O devedor, além das so, confere ao endossatário o Art. 918. A cláusula constitutiva
novamente o título, em branco exceções fundadas nas rela- exercício dos direitos inerentes de penhor, lançada no endosso,
ou em preto; ou pode transferi- ções pessoais que tiver com o ao título, salvo restrição expres- confere ao endossatário o
lo sem novo endosso. portador, só poderá opor a este samente estatuída. exercício dos direitos inerentes
as exceções relativas à forma do § 1º O endossatário de ao título.
Art. 914. Ressalvada cláusula título e ao seu conteúdo literal, endosso-mandato só pode
expressa em contrário, constan- à falsidade da própria assinatu-
  116
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 912.
§ 1º O endossatário de endos- CAPÍTULO IV competente averbação em seu título constar no registro do
so-penhor só pode endossar Do Título Nominativo registro, podendo o emitente emitente.
novamente o título na qualida- exigir do endossatário que
Art. 921. É título nominativo Art. 924. Ressalvada proibição
de de procurador. comprove a autenticidade da
o emitido em favor de pessoa legal, pode o título nominativo
§ 2º Não pode o devedor opor assinatura do endossante.
cujo nome conste no registro do ser transformado em à ordem
ao endossatário de endosso- emitente. § 2º O endossatário, legitimado ou ao portador, a pedido do
penhor as exceções que tinha por série regular e ininterrupta proprietário e à sua custa.
contra o endossante, salvo se Art. 922. Transfere-se o título de endossos, tem o direito de
aquele tiver agido de má-fé. nominativo mediante termo, obter a averbação no registro Art. 925. Fica desonerado de
em registro do emitente, assi- do emitente, comprovada a responsabilidade o emitente
Art. 919. A aquisição de título à nado pelo proprietário e pelo que de boa-fé fizer a transferên-
autenticidade das assinaturas
ordem, por meio diverso do en- adquirente. cia pelos modos indicados nos
de todos os endossantes.
dosso, tem efeito de cessão civil. artigos antecedentes.
Art. 923. O título nominativo § 3º Caso o título original
Art. 920. O endosso posterior também pode ser transferido contenha o nome do primitivo Art. 926. Qualquer negócio ou
ao vencimento produz os por endosso que contenha o proprietário, tem direito o medida judicial, que tenha por
mesmos efeitos do anterior. nome do endossatário. adquirente a obter do emitente objeto o título, só produz efeito
§ 1º A transferência mediante novo título, em seu nome, perante o emitente ou terceiros,
endosso só tem eficácia perante devendo a emissão do novo uma vez feita a competente
o emitente, uma vez feita a

  117
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 919.
averbação no registro do autor do dano implicar, por sua culpados do perigo, assistir- pendentemente de culpa pelos
emitente. natureza, risco para os direitos lhes-á direito à indenização do danos causados pelos produtos
de outrem. prejuízo que sofreram. postos em circulação.
TÍTULO IX 
Art. 928. O incapaz responde Art. 930. No caso do inciso II Art. 932. São também responsá-
Da
pelos prejuízos que causar, se do art. 188, se o perigo ocorrer veis pela reparação civil:
Responsabilidade Civil
as pessoas por ele responsáveis por culpa de terceiro, contra I – os pais, pelos filhos
não tiverem obrigação de fazê- este terá o autor do dano ação menores que estiverem sob
CAPÍTULO I lo ou não dispuserem de meios regressiva para haver a impor-
Da Obrigação de Indenizar sua autoridade e em sua
suficientes. tância que tiver ressarcido ao companhia;
Art. 927. Aquele que, por ato Parágrafo único. A indeniza- lesado. II – o tutor e o curador, pelos
ilícito (arts. 186 e 187), causar ção prevista neste artigo, que Parágrafo único. A mesma pupilos e curatelados, que
dano a outrem, fica obrigado a deverá ser eqüitativa, não terá ação competirá contra aquele se acharem nas mesmas
repará-lo. lugar se privar do necessário o em defesa de quem se causou o condições;
Parágrafo único. Haverá incapaz ou as pessoas que dele dano (art. 188, inciso I). III – o empregador ou comi-
obrigação de reparar o dano, dependem. tente, por seus empregados,
Art. 931. Ressalvados outros
independentemente de culpa, serviçais e prepostos, no
Art. 929. Se a pessoa lesada, casos previstos em lei especial,
nos casos especificados em lei, exercício do trabalho que lhes
ou o dono da coisa, no caso do os empresários individuais e as
ou quando a atividade nor- competir, ou em razão dele;
inciso II do art. 188, não forem empresas respondem inde-
malmente desenvolvida pelo

  118
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 926.
IV – os donos de hotéis, pode reaver o que houver pago Art. 937. O dono de edifício embora estipulados, e a pagar as
hospedarias, casas ou estabele- daquele por quem pagou, ou construção responde pelos custas em dobro.
cimentos onde se albergue por salvo se o causador do dano for danos que resultarem de sua
Art. 940. Aquele que demandar
dinheiro, mesmo para fins de descendente seu, absoluta ou ruína, se esta provier de falta de
por dívida já paga, no todo
educação, pelos seus hóspedes, relativamente incapaz. reparos, cuja necessidade fosse
ou em parte, sem ressalvar as
moradores e educandos; manifesta.
Art. 935. A responsabilidade quantias recebidas ou pedir
V – os que gratuitamente civil é independente da crimi- Art. 938. Aquele que habitar mais do que for devido, ficará
houverem participado nos nal, não se podendo questionar prédio, ou parte dele, responde obrigado a pagar ao devedor, no
produtos do crime, até a mais sobre a existência do pelo dano proveniente das primeiro caso, o dobro do que
concorrente quantia. fato, ou sobre quem seja o seu coisas que dele caírem ou forem houver cobrado e, no segundo,
Art. 933. As pessoas indicadas autor, quando estas questões lançadas em lugar indevido. o equivalente do que dele exigir,
nos incisos I a V do artigo se acharem decididas no juízo salvo se houver prescrição.
Art. 939. O credor que deman-
antecedente, ainda que não haja criminal.
dar o devedor antes de vencida Art. 941. As penas previstas nos
culpa de sua parte, responderão Art. 936. O dono, ou detentor, a dívida, fora dos casos em que arts. 939 e 940 não se aplicarão
pelos atos praticados pelos do animal ressarcirá o dano a lei o permita, ficará obrigado quando o autor desistir da
terceiros ali referidos. por este causado, se não provar a esperar o tempo que faltava ação antes de contestada a lide,
Art. 934. Aquele que ressarcir culpa da vítima ou força maior. para o vencimento, a descontar salvo ao réu o direito de haver
o dano causado por outrem os juros correspondentes, indenização por algum prejuízo
que prove ter sofrido.
  119
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 933.
Art. 942. Os bens do responsá- CAPÍTULO II na lei ou no contrato disposição II – na prestação de alimentos
vel pela ofensa ou violação do Da Indenização fixando a indenização devida às pessoas a quem o morto os
direito de outrem ficam sujeitos pelo inadimplente, apurar-se-á devia, levando-se em conta a
Art. 944. A indenização mede-
à reparação do dano causado; o valor das perdas e danos duração provável da vida da
se pela extensão do dano.
e, se a ofensa tiver mais de na forma que a lei processual vítima.
um autor, todos responderão Parágrafo único. Se houver determinar.
excessiva desproporção entre Art. 949. No caso de lesão ou
solidariamente pela reparação.
a gravidade da culpa e o dano, Art. 947. Se o devedor não outra ofensa à saúde, o ofensor
Parágrafo único. São solida- puder cumprir a prestação na indenizará o ofendido das
poderá o juiz reduzir, eqüitati-
riamente responsáveis com espécie ajustada, substituir- despesas do tratamento e dos
vamente, a indenização.
os autores os co-autores e as se-á pelo seu valor, em moeda lucros cessantes até ao fim da
pessoas designadas no art. 932. Art. 945. Se a vítima tiver corrente. convalescença, além de algum
concorrido culposamente para outro prejuízo que o ofendido
Art. 943. O direito de exigir Art. 948. No caso de homicídio,
o evento danoso, a sua indeni- prove haver sofrido.
reparação e a obrigação de a indenização consiste, sem
zação será fixada tendo-se em
prestá-la transmitem-se com a excluir outras reparações: Art. 950. Se da ofensa resultar
conta a gravidade de sua culpa
herança. I – no pagamento das despesas defeito pelo qual o ofendido
em confronto com a do autor
do dano. com o tratamento da vítima, não possa exercer o seu ofício
seu funeral e o luto da família; ou profissão, ou se lhe diminua
Art. 946. Se a obrigação for a capacidade de trabalho, a
indeterminada, e não houver indenização, além das despesas
  120
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 942.
do tratamento e lucros cessan- causar-lhe lesão, ou inabilitá-lo Art. 953. A indenização por Parágrafo único. Consideram-
tes até ao fim da convalescença, para o trabalho. injúria, difamação ou calúnia se ofensivos da liberdade
incluirá pensão correspondente consistirá na reparação do dano pessoal:
Art. 952. Havendo usurpação
à importância do trabalho que delas resulte ao ofendido. I – o cárcere privado;
ou esbulho do alheio, além da
para que se inabilitou, ou da Parágrafo único. Se o ofendido II – a prisão por queixa ou
restituição da coisa, a indeni-
depreciação que ele sofreu. não puder provar prejuízo denúncia falsa e de má-fé;
zação consistirá em pagar o
Parágrafo único. O prejudica- valor das suas deteriorações e o material, caberá ao juiz fixar, III – a prisão ilegal.
do, se preferir, poderá exigir devido a título de lucros cessan- eqüitativamente, o valor da
que a indenização seja arbitra- tes; faltando a coisa, dever-se-á indenização, na conformidade TÍTULO X 
da e paga de uma só vez. reembolsar o seu equivalente ao das circunstâncias do caso. Das Preferências e
Art. 951. O disposto nos arts. prejudicado. Art. 954. A indenização por Privilégios Creditórios
948, 949 e 950 aplica-se ainda Parágrafo único. Para se ofensa à liberdade pessoal Art. 955. Procede-se à declara-
no caso de indenização devida restituir o equivalente, quando consistirá no pagamento das ção de insolvência toda vez que
por aquele que, no exercício não exista a própria coisa, perdas e danos que sobrevierem as dívidas excedam à importân-
de atividade profissional, por estimar-se-á ela pelo seu preço ao ofendido, e se este não puder cia dos bens do devedor.
negligência, imprudência ou ordinário e pelo de afeição, provar prejuízo, tem aplicação o
imperícia, causar a morte do contanto que este não se disposto no parágrafo único do Art. 956. A discussão entre os
paciente, agravar-lhe o mal, avantaje àquele. artigo antecedente. credores pode versar quer sobre
a preferência entre eles dispu-

  121
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 950.
tada, quer sobre a nulidade, vel pela perda ou danificação Art. 962. Quando concorrerem I – sobre a coisa arrecadada e
simulação, fraude, ou falsidade da coisa; aos mesmos bens, e por título liquidada, o credor de custas e
das dívidas e contratos. II – sobre o valor da inde- igual, dois ou mais credores da despesas judiciais feitas com a
nização, se a coisa obrigada mesma classe especialmente arrecadação e liquidação;
Art. 957. Não havendo título
a hipoteca ou privilégio for privilegiados, haverá entre eles II – sobre a coisa salvada,
legal à preferência, terão os
desapropriada. rateio proporcional ao valor dos o credor por despesas de
credores igual direito sobre os
respectivos créditos, se o produ- salvamento;
bens do devedor comum. Art. 960. Nos casos a que se to não bastar para o pagamento III – sobre a coisa beneficiada,
Art. 958. Os títulos legais de refere o artigo antecedente, o integral de todos.
devedor do seguro, ou da inde- o credor por benfeitorias
preferência são os privilégios e necessárias ou úteis;
nização, exonera-se pagando Art. 963. O privilégio especial
os direitos reais. IV – sobre os prédios rústicos
sem oposição dos credores só compreende os bens sujeitos,
Art. 959. Conservam seus hipotecários ou privilegiados. por expressa disposição de lei, ou urbanos, fábricas, oficinas,
respectivos direitos os credores, ao pagamento do crédito que ou quaisquer outras constru-
hipotecários ou privilegiados: Art. 961. O crédito real prefere ele favorece; e o geral, todos os ções, o credor de materiais,
ao pessoal de qualquer espécie; bens não sujeitos a crédito real dinheiro, ou serviços para a
I – sobre o preço do seguro da
o crédito pessoal privilegiado, nem a privilégio especial. sua edificação, reconstrução,
coisa gravada com hipoteca ou
ao simples; e o privilégio ou melhoramento;
privilégio, ou sobre a indeniza- Art. 964. Têm privilégio
especial, ao geral. V – sobre os frutos agrícolas, o
ção devida, havendo responsá- especial:
credor por sementes, instru-

  122
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 956.
mentos e serviços à cultura, ou reais, o trabalhador agrícola, IV – o crédito por despesas LIVRO II 
à colheita; quanto à dívida dos seus com a doença de que faleceu o Do Direito de Empresa
VI – sobre as alfaias e uten- salários. devedor, no semestre anterior
sílios de uso doméstico, nos à sua morte; TÍTULO I 
Art. 965. Goza de privilégio
prédios rústicos ou urbanos, o geral, na ordem seguinte, sobre V – o crédito pelos gastos Do Empresário
credor de aluguéis, quanto às os bens do devedor: necessários à mantença do
prestações do ano corrente e devedor falecido e sua família, CAPÍTULO I
I – o crédito por despesa de seu Da Caracterização e da
do anterior; no trimestre anterior ao
funeral, feito segundo a con- Inscrição
VII – sobre os exemplares da falecimento;
dição do morto e o costume
obra existente na massa do do lugar; VI – o crédito pelos impostos Art. 966. Considera-se empre-
editor, o autor dela, ou seus devidos à Fazenda Pública, no sário quem exerce profissio-
II – o crédito por custas
legítimos representantes, pelo ano corrente e no anterior; nalmente atividade econômica
judiciais, ou por despesas com
crédito fundado contra aquele VII – o crédito pelos salários organizada para a produção
a arrecadação e liquidação
no contrato da edição; dos empregados do serviço ou a circulação de bens ou de
da massa;
VIII – sobre o produto da doméstico do devedor, nos serviços.
III – o crédito por despesas
colheita, para a qual houver seus derradeiros seis meses Parágrafo único. Não se
com o luto do cônjuge sobre-
concorrido com o seu trabalho, de vida; considera empresário quem
vivo e dos filhos do devedor
e precipuamente a quaisquer VIII – os demais créditos de exerce profissão intelectual, de
falecido, se foram moderadas;
outros créditos, ainda que privilégio geral. natureza científica, literária ou

  123
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 965.
artística, ainda com o concurso III – o capital; a transformação de seu registro Art. 970. A lei assegurará trata-
de auxiliares ou colaboradores, IV – o objeto e a sede da de empresário para registro de mento favorecido, diferenciado
salvo se o exercício da pro- empresa. sociedade empresária, observa- e simplificado ao empresário
fissão constituir elemento de § 1º Com as indicações estabe- do, no que couber, o disposto rural e ao pequeno empresário,
empresa. lecidas neste artigo, a inscrição nos arts. 1.113 a 1.115 deste quanto à inscrição e aos efeitos
será tomada por termo no livro Código. (Alterado em 08) daí decorrentes.
Art. 967. É obrigatória a inscri-
ção do empresário no Registro próprio do Registro Público Art. 969. O empresário que ins- Art. 971. O empresário, cuja
Público de Empresas Mercantis de Empresas Mercantis, e tituir sucursal, filial ou agência, atividade rural constitua sua
da respectiva sede, antes do obedecerá a número de ordem em lugar sujeito à jurisdição principal profissão, pode,
início de sua atividade. contínuo para todos os empre- de outro Registro Público de observadas as formalidades de
sários inscritos. Empresas Mercantis, neste que tratam o art. 968 e seus pa-
Art. 968. A inscrição do
§ 2º À margem da inscrição, e deverá também inscrevê-la, com rágrafos, requerer inscrição no
empresário far-se-á mediante
com as mesmas formalidades, a prova da inscrição originária. Registro Público de Empresas
requerimento que contenha:
serão averbadas quaisquer Parágrafo único. Em qual- Mercantis da respectiva sede,
I – o seu nome, nacionalidade, caso em que, depois de inscrito,
modificações nela ocorrentes. quer caso, a constituição do
domicílio, estado civil e, se ficará equiparado, para todos os
casado, o regime de bens; § 3º Caso venha a admitir estabelecimento secundário
sócios, o empresário individual deverá ser averbada no Registro efeitos, ao empresário sujeito a
II – a firma, com a respectiva registro.
poderá solicitar ao Registro Público de Empresas Mercantis
assinatura autógrafa;
Público de Empresas Mercantis da respectiva sede.

  124
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 967.
CAPÍTULO II § 1º Nos casos deste artigo, constar do alvará que conceder Art. 976. A prova da eman-
Da Capacidade precederá autorização judicial, a autorização. cipação e da autorização do
após exame das circunstân- incapaz, nos casos do art. 974, e
Art. 972. Podem exercer a Art. 975. Se o representante
cias e dos riscos da empresa, a de eventual revogação desta,
atividade de empresário os que ou assistente do incapaz for
bem como da conveniência serão inscritas ou averbadas no
estiverem em pleno gozo da pessoa que, por disposição de
em continuá-la, podendo a Registro Público de Empresas
capacidade civil e não forem lei, não puder exercer atividade
autorização ser revogada pelo Mercantis.
legalmente impedidos. de empresário, nomeará, com a
juiz, ouvidos os pais, tutores ou Parágrafo único. O uso da
aprovação do juiz, um ou mais
Art. 973. A pessoa legalmente representantes legais do menor nova firma caberá, conforme o
gerentes.
impedida de exercer atividade ou do interdito, sem prejuízo caso, ao gerente; ou ao repre-
própria de empresário, se a exer- dos direitos adquiridos por § 1º Do mesmo modo será
sentante do incapaz; ou a este,
cer, responderá pelas obrigações terceiros. nomeado gerente em todos os
quando puder ser autorizado.
contraídas. casos em que o juiz entender
§ 2º Não ficam sujeitos ao re-
ser conveniente. Art. 977. Faculta-se aos cônju-
Art. 974. Poderá o incapaz, por sultado da empresa os bens que
§ 2º A aprovação do juiz não ges contratar sociedade, entre
meio de representante ou devi- o incapaz já possuía, ao tempo
exime o representante ou assis- si ou com terceiros, desde que
damente assistido, continuar a da sucessão ou da interdição,
tente do menor ou do interdito não tenham casado no regime
empresa antes exercida por ele desde que estranhos ao acervo
da responsabilidade pelos atos da comunhão universal de bens,
enquanto capaz, por seus pais daquela, devendo tais fatos
dos gerentes nomeados. ou no da separação obrigatória.
ou pelo autor de herança.

  125
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 972.
Art. 978. O empresário casado ato de reconciliação não podem Parágrafo único. A atividade um dos tipos regulados nos
pode, sem necessidade de ser opostos a terceiros, antes pode restringir-se à realização arts. 1.039 a 1.092; a sociedade
outorga conjugal, qualquer que de arquivados e averbados no de um ou mais negócios simples pode constituir-se
seja o regime de bens, alienar Registro Público de Empresas determinados. de conformidade com um
os imóveis que integrem o patri- Mercantis. desses tipos, e, não o fazendo,
Art. 982. Salvo as exceções
mônio da empresa ou gravá-los subordina-se às normas que lhe
expressas, considera-se empre-
de ônus real. TÍTULO II  são próprias.
sária a sociedade que tem por
Da Sociedade Parágrafo único. Ressalvam-se
Art. 979. Além de no Registro objeto o exercício de atividade
Civil, serão arquivados e aver- própria de empresário sujeito a as disposições concernentes à
bados, no Registro Público de CAPÍTULO ÚNICO registro (art. 967); e, simples, as sociedade em conta de parti-
Disposições Gerais cipação e à cooperativa, bem
Empresas Mercantis, os pactos demais.
e declarações antenupciais do Art. 981. Celebram contrato como as constantes de leis es-
Parágrafo único.
empresário, o título de doação, de sociedade as pessoas que peciais que, para o exercício de
Independentemente de seu ob-
herança, ou legado, de bens reciprocamente se obrigam a certas atividades, imponham
jeto, considera-se empresária a
clausulados de incomunicabili- contribuir, com bens ou servi- a constituição da sociedade
sociedade por ações; e, simples,
dade ou inalienabilidade. ços, para o exercício de ativida- segundo determinado tipo.
a cooperativa.
de econômica e a partilha, entre Art. 984. A sociedade que
Art. 980. A sentença que Art. 983. A sociedade empresá-
si, dos resultados. tenha por objeto o exercício de
decretar ou homologar a separa- ria deve constituir-se segundo
ção judicial do empresário e o atividade própria de empresário

  126
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 978.
rural e seja constituída, ou inscrição, no registro próprio Art. 987. Os sócios, nas relações Art. 990. Todos os sócios res-
transformada, de acordo com e na forma da lei, dos seus atos entre si ou com terceiros, so- pondem solidária e ilimitada-
um dos tipos de sociedade constitutivos (arts. 45 e 1.150). mente por escrito podem provar mente pelas obrigações sociais,
empresária, pode, com as for- a existência da sociedade, mas excluído do benefício de ordem,
malidades do art. 968, requerer SUBTÍTULO I  os terceiros podem prová-la de previsto no art. 1.024, aquele
inscrição no Registro Público Da Sociedade Não qualquer modo. que contratou pela sociedade.
de Empresas Mercantis da sua Personificada
Art. 988. Os bens e dívidas
sede, caso em que, depois de CAPÍTULO II
sociais constituem patrimônio
inscrita, ficará equiparada, para CAPÍTULO I Da Sociedade em Conta de
especial, do qual os sócios são Participação
todos os efeitos, à sociedade Da Sociedade em Comum
titulares em comum.
empresária. Art. 991. Na sociedade em con-
Art. 986. Enquanto não
Parágrafo único. Embora já Art. 989. Os bens sociais ta de participação, a atividade
inscritos os atos constitutivos,
constituída a sociedade segun- respondem pelos atos de gestão constitutiva do objeto social
reger-se-á a sociedade, exceto
do um daqueles tipos, o pedido praticados por qualquer dos é exercida unicamente pelo
por ações em organização, pelo
de inscrição se subordinará, sócios, salvo pacto expresso sócio ostensivo, em seu nome
disposto neste Capítulo, obser-
no que for aplicável, às normas limitativo de poderes, que individual e sob sua própria
vadas, subsidiariamente e no
que regem a transformação. somente terá eficácia contra o e exclusiva responsabilidade,
que com ele forem compatíveis,
terceiro que o conheça ou deva participando os demais dos
Art. 985. A sociedade adquire as normas da sociedade simples.
conhecer. resultados correspondentes.
personalidade jurídica com a

  127
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 984.
Parágrafo único. Obriga-se Parágrafo único. Sem prejuízo § 2º A falência do sócio subsidiariamente e no que com
perante terceiro tão-somente do direito de fiscalizar a gestão ostensivo acarreta a dissolução ela for compatível, o disposto
o sócio ostensivo; e, exclusi- dos negócios sociais, o sócio da sociedade e a liquidação para a sociedade simples, e a sua
vamente perante este, o sócio participante não pode tomar da respectiva conta, cujo liquidação rege-se pelas normas
participante, nos termos do parte nas relações do sócio os- saldo constituirá crédito relativas à prestação de contas,
contrato social. tensivo com terceiros, sob pena quirografário. na forma da lei processual.
de responder solidariamente § 3º Falindo o sócio participan- Parágrafo único. Havendo
Art. 992. A constituição da
com este pelas obrigações em te, o contrato social fica sujeito mais de um sócio ostensivo,
sociedade em conta de partici-
que intervier. às normas que regulam os as respectivas contas serão
pação independe de qualquer
formalidade e pode provar-se Art. 994. A contribuição do efeitos da falência nos contra- prestadas e julgadas no mesmo
por todos os meios de direito. sócio participante constitui, tos bilaterais do falido. processo.
com a do sócio ostensivo, Art. 995. Salvo estipulação em
Art. 993. O contrato social
patrimônio especial, objeto da contrário, o sócio ostensivo não
produz efeito somente entre os
conta de participação relativa pode admitir novo sócio sem
sócios, e a eventual inscrição de
aos negócios sociais. o consentimento expresso dos
seu instrumento em qualquer
registro não confere personali- § 1º A especialização patrimo- demais.
dade jurídica à sociedade. nial somente produz efeitos em
Art. 996. Aplica-se à sociedade
relação aos sócios.
em conta de participação,

  128
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 992.
SUBTÍTULO II  nacionalidade e sede dos VII – a participação de cada autenticado do contrato, e, se
Da Sociedade sócios, se jurídicas; sócio nos lucros e nas perdas; algum sócio nele houver sido
Personificada II – denominação, objeto, sede VIII – se os sócios respondem, representado por procurador, o
e prazo da sociedade; ou não, subsidiariamente, da respectiva procuração, bem
CAPÍTULO I III – capital da sociedade, ex- pelas obrigações sociais. como, se for o caso, da prova
Da Sociedade Simples presso em moeda corrente, po- Parágrafo único. É ineficaz em de autorização da autoridade
dendo compreender qualquer relação a terceiros qualquer competente.
Seção I
Do Contrato Social espécie de bens, suscetíveis de pacto separado, contrário ao § 2º Com todas as indicações
avaliação pecuniária; disposto no instrumento do enumeradas no artigo antece-
Art. 997. A sociedade constitui- dente, será a inscrição tomada
IV – a quota de cada sócio no contrato.
se mediante contrato escrito, por termo no livro de registro
capital social, e o modo de
particular ou público, que, além Art. 998. Nos trinta dias próprio, e obedecerá a número
realizá-la;
de cláusulas estipuladas pelas subseqüentes à sua constitui- de ordem contínua para todas
V – as prestações a que se ção, a sociedade deverá requerer
partes, mencionará: as sociedades inscritas.
obriga o sócio, cuja contribui- a inscrição do contrato social
I – nome, nacionalidade, esta-
ção consista em serviços; no Registro Civil das Pessoas Art. 999. As modificações do
do civil, profissão e residência
VI – as pessoas naturais Jurídicas do local de sua sede. contrato social, que tenham
dos sócios, se pessoas naturais,
incumbidas da administração por objeto matéria indicada no
e a firma ou a denominação, § 1º O pedido de inscrição será
da sociedade, e seus poderes e art. 997, dependem do consen-
acompanhado do instrumento
atribuições; timento de todos os sócios; as

  129
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 997.
demais podem ser decididas sal, filial ou agência deverá ser expresso em modificação do previstos, às contribuições es-
por maioria absoluta de votos, averbada no Registro Civil da contrato social. tabelecidas no contrato social,
se o contrato não determinar respectiva sede. e aquele que deixar de fazê-lo,
Art. 1.003. A cessão total ou
a necessidade de deliberação nos trinta dias seguintes ao
Seção II parcial de quota, sem a cor-
unânime. da notificação pela sociedade,
Dos Direitos e Obrigações respondente modificação do
Parágrafo único. Qualquer dos Sócios responderá perante esta pelo
contrato social com o consen-
modificação do contrato social dano emergente da mora.
Art. 1.001. As obrigações dos timento dos demais sócios, não
será averbada, cumprindo-se terá eficácia quanto a estes e à Parágrafo único. Verificada
as formalidades previstas no sócios começam imediatamente a mora, poderá a maioria
com o contrato, se este não sociedade.
artigo antecedente. dos demais sócios preferir, à
fixar outra data, e terminam Parágrafo único. Até dois anos
indenização, a exclusão do
Art. 1.000. A sociedade simples quando, liquidada a sociedade, depois de averbada a modifi-
sócio remisso, ou reduzir-lhe a
que instituir sucursal, filial ou se extinguirem as responsabili- cação do contrato, responde o
quota ao montante já realizado,
agência na circunscrição de dades sociais. cedente solidariamente com o
aplicando-se, em ambos os
outro Registro Civil das Pessoas cessionário, perante a socieda-
Art. 1.002. O sócio não pode casos, o disposto no § 1º do
Jurídicas, neste deverá também de e terceiros, pelas obrigações
ser substituído no exercício das art. 1.031.
inscrevê-la, com a prova da que tinha como sócio.
inscrição originária. suas funções, sem o consen- Art. 1.005. O sócio que, a título
timento dos demais sócios, Art. 1.004. Os sócios são
Parágrafo único. Em qualquer de quota social, transmitir do-
obrigados, na forma e prazo
caso, a constituição da sucur- mínio, posse ou uso, responde

  130
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 999.
pela evicção; e pela solvência do Art. 1.008. É nula a estipulação deliberações serão tomadas Art. 1.011. O administrador
devedor, aquele que transferir contratual que exclua qualquer por maioria de votos, contados da sociedade deverá ter, no
crédito. sócio de participar dos lucros e segundo o valor das quotas de exercício de suas funções, o
das perdas. cada um. cuidado e a diligência que todo
Art. 1.006. O sócio, cuja con-
§ 1º Para formação da maioria homem ativo e probo costuma
tribuição consista em serviços, Art. 1.009. A distribuição
absoluta são necessários votos empregar na administração de
não pode, salvo convenção de lucros ilícitos ou fictícios
correspondentes a mais de seus próprios negócios.
em contrário, empregar-se em acarreta responsabilidade
atividade estranha à sociedade, solidária dos administradores metade do capital. § 1º Não podem ser adminis-
sob pena de ser privado de seus que a realizarem e dos sócios § 2º Prevalece a decisão tradores, além das pessoas
lucros e dela excluído. que os receberem, conhecendo sufragada por maior número impedidas por lei especial, os
ou devendo conhecer-lhes a de sócios no caso de empate, e, condenados a pena que vede,
Art. 1.007. Salvo estipulação em ainda que temporariamente,
ilegitimidade. se este persistir, decidirá o juiz.
contrário, o sócio participa dos o acesso a cargos públicos;
lucros e das perdas, na pro- Seção III § 3º Responde por perdas e
ou por crime falimentar, de
porção das respectivas quotas, Da Administração danos o sócio que, tendo em
prevaricação, peita ou suborno,
mas aquele, cuja contribuição alguma operação interesse
Art. 1.010. Quando, por lei ou concussão, peculato; ou contra
consiste em serviços, somente contrário ao da sociedade,
pelo contrato social, competir a economia popular, contra o
participa dos lucros na pro- participar da deliberação que a
aos sócios decidir sobre os sistema financeiro nacional,
porção da média do valor das aprove graças a seu voto.
negócios da sociedade, as contra as normas de defesa da
quotas.
  131
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.005.
concorrência, contra as rela- Art. 1.013. A administração Art. 1.014. Nos atos de com- terceiros se ocorrer pelo menos
ções de consumo, a fé pública da sociedade, nada dispondo petência conjunta de vários uma das seguintes hipóteses:
ou a propriedade, enquanto o contrato social, compete administradores, torna-se I – se a limitação de poderes
perdurarem os efeitos da separadamente a cada um dos necessário o concurso de todos, estiver inscrita ou averbada no
condenação. sócios. salvo nos casos urgentes, em registro próprio da sociedade;
§ 2º Aplicam-se à atividade § 1º Se a administração que a omissão ou retardo das II – provando-se que era
dos administradores, no que competir separadamente a providências possa ocasionar conhecida do terceiro;
couber, as disposições concer- vários administradores, cada dano irreparável ou grave. III – tratando-se de operação
nentes ao mandato. um pode impugnar operação Art. 1.015. No silêncio do evidentemente estranha aos
pretendida por outro, cabendo contrato, os administradores negócios da sociedade.
Art. 1.012. O administrador,
a decisão aos sócios, por podem praticar todos os atos
nomeado por instrumento em Art. 1.016. Os administradores
maioria de votos. pertinentes à gestão da socie-
separado, deve averbá-lo à mar- respondem solidariamente
gem da inscrição da sociedade, § 2º Responde por perdas e dade; não constituindo objeto perante a sociedade e os tercei-
e, pelos atos que praticar, antes danos perante a sociedade o social, a oneração ou a venda de ros prejudicados, por culpa no
de requerer a averbação, respon- administrador que realizar bens imóveis depende do que a desempenho de suas funções.
de pessoal e solidariamente com operações, sabendo ou devendo maioria dos sócios decidir.
a sociedade. saber que estava agindo em Parágrafo único. O excesso Art. 1.017. O administrador
desacordo com a maioria. por parte dos administradores que, sem consentimento escrito
somente pode ser oposto a dos sócios, aplicar créditos

  132
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.012.
ou bens sociais em proveito especificados no instrumento administração, e apresentar- havendo, por intermédio de
próprio ou de terceiros, terá os atos e operações que poderão lhes o inventário anualmente, qualquer administrador.
de restituí-los à sociedade, ou praticar. bem como o balanço patrimo-
Art. 1.023. Se os bens da
pagar o equivalente, com todos nial e o de resultado econômico.
Art. 1.019. São irrevogáveis os sociedade não lhe cobrirem as
os lucros resultantes, e, se hou-
poderes do sócio investido na Art. 1.021. Salvo estipulação dívidas, respondem os sócios
ver prejuízo, por ele também
administração por cláusula que determine época própria, o pelo saldo, na proporção em que
responderá.
expressa do contrato social, sócio pode, a qualquer tempo, participem das perdas sociais,
Parágrafo único. Fica sujeito salvo justa causa, reconhecida examinar os livros e documen- salvo cláusula de responsabili-
às sanções o administrador judicialmente, a pedido de tos, e o estado da caixa e da dade solidária.
que, tendo em qualquer qualquer dos sócios. carteira da sociedade.
operação interesse contrário Art. 1.024. Os bens particulares
Parágrafo único. São revo- Seção IV dos sócios não podem ser exe-
ao da sociedade, tome parte na
gáveis, a qualquer tempo, os Das Relações com Terceiros cutados por dívidas da socieda-
correspondente deliberação.
poderes conferidos a sócio por de, senão depois de executados
Art. 1.018. Ao administrador ato separado, ou a quem não Art. 1.022. A sociedade adquire
os bens sociais.
é vedado fazer-se substituir seja sócio. direitos, assume obrigações
no exercício de suas funções, e procede judicialmente, por Art. 1.025. O sócio, admitido
Art. 1.020. Os administradores meio de administradores com em sociedade já constituída,
sendo-lhe facultado, nos limites
são obrigados a prestar aos poderes especiais, ou, não os não se exime das dívidas sociais
de seus poderes, constituir
sócios contas justificadas de sua anteriores à admissão.
mandatários da sociedade,

  133
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.017.
Art. 1.026. O credor particular não podem exigir desde logo a III – se, por acordo com os Art. 1.030. Ressalvado o
de sócio pode, na insuficiência parte que lhes couber na quota herdeiros, regular-se a substi- disposto no art. 1.004 e seu
de outros bens do devedor, social, mas concorrer à divisão tuição do sócio falecido. parágrafo único, pode o sócio
fazer recair a execução sobre o periódica dos lucros, até que se ser excluído judicialmente,
Art. 1.029. Além dos casos
que a este couber nos lucros da liquide a sociedade. mediante iniciativa da maioria
previstos na lei ou no con-
sociedade, ou na parte que lhe dos demais sócios, por falta
Seção V trato, qualquer sócio pode
tocar em liquidação. grave no cumprimento de
Da Resolução da Sociedade em retirar-se da sociedade; se de
Parágrafo único. Se a socieda- Relação a um Sócio suas obrigações, ou, ainda, por
prazo indeterminado, mediante
de não estiver dissolvida, pode incapacidade superveniente.
Art. 1.028. No caso de morte notificação aos demais sócios,
o credor requerer a liquidação com antecedência mínima de Parágrafo único. Será de pleno
da quota do devedor, cujo de sócio, liquidar-se-á sua direito excluído da sociedade
quota, salvo: sessenta dias; se de prazo deter-
valor, apurado na forma do minado, provando judicialmen- o sócio declarado falido, ou
art. 1.031, será depositado em I – se o contrato dispuser aquele cuja quota tenha sido
te justa causa.
dinheiro, no juízo da execução, diferentemente; liquidada nos termos do
II – se os sócios remanescentes Parágrafo único. Nos trinta
até noventa dias após aquela parágrafo único do art. 1.026.
optarem pela dissolução da dias subseqüentes à notifica-
liquidação.
sociedade; ção, podem os demais sócios Art. 1.031. Nos casos em que a
Art. 1.027. Os herdeiros do côn- optar pela dissolução da sociedade se resolver em relação
juge de sócio, ou o cônjuge do sociedade. a um sócio, o valor da sua
que se separou judicialmente, quota, considerada pelo mon-

  134
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.026.
tante efetivamente realizado, ou a seus herdeiros, da respon- II – o consenso unânime dos presário individual, observado,
liquidar-se-á, salvo disposição sabilidade pelas obrigações sócios; no que couber, o disposto nos
contratual em contrário, com sociais anteriores, até dois anos III – a deliberação dos sócios, arts. 1.113 a 1.115 deste Código.
base na situação patrimonial da após averbada a resolução da por maioria absoluta, na socie- (Alterado em 08)
sociedade, à data da resolução, sociedade; nem nos dois primei- dade de prazo indeterminado; Art. 1.034. A sociedade pode
verificada em balanço especial- ros casos, pelas posteriores e em IV – a falta de pluralidade de ser dissolvida judicialmente, a
mente levantado. igual prazo, enquanto não se sócios, não reconstituída no requerimento de qualquer dos
§ 1º O capital social sofrerá a requerer a averbação. prazo de cento e oitenta dias; sócios, quando:
correspondente redução, salvo Seção VI V – a extinção, na forma da lei, I – anulada a sua constituição;
se os demais sócios suprirem o Da Dissolução de autorização para funcionar. II – exaurido o fim so-
valor da quota. Parágrafo único. Não se aplica
Art. 1.033. Dissolve-se a socie- cial, ou verificada a sua
§ 2º A quota liquidada será o disposto no inciso IV caso o inexeqüibilidade.
dade quando ocorrer:
paga em dinheiro, no prazo sócio remanescente, inclusive
I – o vencimento do prazo de Art. 1.035. O contrato pode pre-
de noventa dias, a partir da na hipótese de concentração de
duração, salvo se, vencido este ver outras causas de dissolução,
liquidação, salvo acordo, ou todas as cotas da sociedade sob
e sem oposição de sócio, não a serem verificadas judicialmen-
estipulação contratual em sua titularidade, requeira no
entrar a sociedade em liquida- te quando contestadas.
contrário. Registro Público de Empresas
ção, caso em que se prorrogará
Art. 1.032. A retirada, exclusão Mercantis a transformação do Art. 1.036. Ocorrida a
por tempo indeterminado;
ou morte do sócio, não o exime, registro da sociedade para em- dissolução, cumpre aos ad-

  135
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.031.
ministradores providenciar seguintes à perda da autoriza- o liquidante será eleito por CAPÍTULO II
imediatamente a investidura do ção, ou se o sócio não houver deliberação dos sócios, podendo Da Sociedade em Nome
liquidante, e restringir a gestão exercido a faculdade assegurada a escolha recair em pessoa Coletivo
própria aos negócios inadiáveis, no parágrafo único do artigo estranha à sociedade. Art. 1.039. Somente pessoas
vedadas novas operações, pelas antecedente. § 1º O liquidante pode ser físicas podem tomar parte na
quais responderão solidária e Parágrafo único. Caso o destituído, a todo tempo: sociedade em nome coletivo,
ilimitadamente. Ministério Público não I – se eleito pela forma prevista respondendo todos os sócios,
Parágrafo único. Dissolvida de promova a liquidação judicial neste artigo, mediante delibe- solidária e ilimitadamente,
pleno direito a sociedade, pode da sociedade nos quinze dias ração dos sócios; pelas obrigações sociais.
o sócio requerer, desde logo, a subseqüentes ao recebimento II – em qualquer caso, por via Parágrafo único. Sem prejuízo
liquidação judicial. da comunicação, a autoridade judicial, a requerimento de da responsabilidade perante
competente para conceder a um ou mais sócios, ocorrendo terceiros, podem os sócios,
Art. 1.037. Ocorrendo a hipó-
autorização nomeará interven- justa causa. no ato constitutivo, ou por
tese prevista no inciso V do art.
tor com poderes para requerer unânime convenção posterior,
1.033, o Ministério Público, tão § 2º A liquidação da sociedade
a medida e administrar a limitar entre si a responsabili-
logo lhe comunique a autori- se processa de conformidade
sociedade até que seja nomea- dade de cada um.
dade competente, promoverá a com o disposto no Capítulo IX,
do o liquidante.
liquidação judicial da sociedade, deste Subtítulo. Art. 1.040. A sociedade em
se os administradores não o Art. 1.038. Se não estiver nome coletivo se rege pelas
tiverem feito nos trinta dias designado no contrato social,

  136
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.036.
normas deste Capítulo e, no que Parágrafo único. Poderá fazê- CAPÍTULO III coletivo, no que forem compatí-
seja omisso, pelas do Capítulo lo quando: Da Sociedade em veis com as deste Capítulo.
antecedente. I – a sociedade houver sido Comandita Simples
Parágrafo único. Aos coman-
Art. 1.041. O contrato deve prorrogada tacitamente; Art. 1.045. Na sociedade em ditados cabem os mesmos
mencionar, além das indicações II – tendo ocorrido prorroga- comandita simples tomam direitos e obrigações dos sócios
referidas no art. 997, a firma ção contratual, for acolhida parte sócios de duas categorias: da sociedade em nome coletivo.
social. judicialmente oposição do os comanditados, pessoas
Art. 1.047. Sem prejuízo da
credor, levantada no prazo físicas, responsáveis solidária
Art. 1.042. A administração da faculdade de participar das
de noventa dias, contado da e ilimitadamente pelas obriga-
sociedade compete exclusiva- deliberações da sociedade e de
publicação do ato dilatório. ções sociais; e os comanditários,
mente a sócios, sendo o uso da lhe fiscalizar as operações, não
obrigados somente pelo valor de
firma, nos limites do contrato, Art. 1.044. A sociedade se pode o comanditário praticar
sua quota.
privativo dos que tenham os dissolve de pleno direito por qualquer ato de gestão, nem
qualquer das causas enumera- Parágrafo único. O contrato ter o nome na firma social,
necessários poderes.
das no art. 1.033 e, se empresá- deve discriminar os comandi- sob pena de ficar sujeito às
Art. 1.043. O credor particu- ria, também pela declaração da tados e os comanditários. responsabilidades de sócio
lar de sócio não pode, antes falência. comanditado.
Art. 1.046. Aplicam-se à socie-
de dissolver-se a sociedade,
dade em comandita simples as Parágrafo único. Pode o
pretender a liquidação da quota
normas da sociedade em nome comanditário ser constituído
do devedor.
procurador da sociedade, para
  137
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.040.
negócio determinado e com lucros, antes de reintegrado trador provisório para praticar, deste Capítulo, pelas normas da
poderes especiais. aquele. durante o período referido sociedade simples.
no inciso II e sem assumir a Parágrafo único. O contrato
Art. 1.048. Somente após aver- Art. 1.050. No caso de morte
condição de sócio, os atos de social poderá prever a regência
bada a modificação do contrato, de sócio comanditário, a
administração. supletiva da sociedade limitada
produz efeito, quanto a tercei- sociedade, salvo disposição do
ros, a diminuição da quota do contrato, continuará com os pelas normas da sociedade
CAPÍTULO IV anônima.
comanditário, em conseqüência seus sucessores, que designarão
Da Sociedade Limitada
de ter sido reduzido o capital quem os represente. Art. 1.054. O contrato mencio-
social, sempre sem prejuízo dos Seção I nará, no que couber, as indica-
Art. 1.051. Dissolve-se de pleno Disposições Preliminares
credores preexistentes. ções do art. 997, e, se for o caso,
direito a sociedade:
Art. 1.049. O sócio comanditá- I – por qualquer das causas Art. 1.052. Na sociedade limita- a firma social.
rio não é obrigado à reposição previstas no art. 1.044; da, a responsabilidade de cada Seção II
de lucros recebidos de boa-fé e II – quando por mais de cento sócio é restrita ao valor de suas Das Quotas
de acordo com o balanço. e oitenta dias perdurar a falta quotas, mas todos respondem
solidariamente pela integraliza- Art. 1.055. O capital social
Parágrafo único. Diminuído de uma das categorias de sócio.
ção do capital social. divide-se em quotas, iguais
o capital social por perdas Parágrafo único. Na falta de ou desiguais, cabendo uma ou
supervenientes, não pode o co- sócio comanditado, os coman- Art. 1.053. A sociedade limi- diversas a cada sócio.
manditário receber quaisquer ditários nomearão adminis- tada rege-se, nas omissões

  138
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.048.
§ 1º Pela exata estimação de tariante do espólio de sócio fins do parágrafo único do art. a qualquer título, ainda que
bens conferidos ao capital so- falecido. 1.003, a partir da averbação do autorizados pelo contrato,
cial respondem solidariamente § 2º Sem prejuízo do disposto respectivo instrumento, subs- quando tais lucros ou quantia
todos os sócios, até o prazo de no art. 1.052, os condôminos crito pelos sócios anuentes. se distribuírem com prejuízo do
cinco anos da data do registro de quota indivisa respon- capital.
Art. 1.058. Não integralizada
da sociedade. dem solidariamente pelas a quota de sócio remisso, os Seção III
§ 2º É vedada contribuição prestações necessárias à sua outros sócios podem, sem Da Administração
que consista em prestação de integralização. prejuízo do disposto no art.
serviços. Art. 1.060. A sociedade limitada
Art. 1.057. Na omissão do 1.004 e seu parágrafo único,
é administrada por uma ou
Art. 1.056. A quota é indivisível contrato, o sócio pode ceder sua tomá-la para si ou transferi-la a
mais pessoas designadas no
em relação à sociedade, salvo quota, total ou parcialmente, a terceiros, excluindo o primitivo
contrato social ou em ato
para efeito de transferência, quem seja sócio, independente- titular e devolvendo-lhe o que
separado.
caso em que se observará o mente de audiência dos outros, houver pago, deduzidos os
juros da mora, as prestações Parágrafo único. A adminis-
disposto no artigo seguinte. ou a estranho, se não houver
estabelecidas no contrato mais tração atribuída no contrato a
§ 1º No caso de condomínio oposição de titulares de mais de
as despesas. todos os sócios não se estende
de quota, os direitos a ela um quarto do capital social.
de pleno direito aos que
inerentes somente podem ser Parágrafo único. A cessão terá Art. 1.059. Os sócios serão posteriormente adquiram essa
exercidos pelo condômino eficácia quanto à sociedade obrigados à reposição dos qualidade.
representante, ou pelo inven- e terceiros, inclusive para os lucros e das quantias retiradas,
  139
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.056.
Art. 1.061. Se o contrato permi- trador requerer seja averbada vação de titulares de quotas Art. 1.064. O uso da firma ou
tir administradores não sócios, sua nomeação no registro com- correspondentes, no mínimo, denominação social é priva-
a designação deles dependerá petente, mencionando o seu a dois terços do capital social, tivo dos administradores que
de aprovação da unanimidade nome, nacionalidade, estado salvo disposição contratual tenham os necessários poderes.
dos sócios, enquanto o capital civil, residência, com exibição diversa.
Art. 1.065. Ao término de cada
não estiver integralizado, e de de documento de identidade, § 2º A cessação do exercício do exercício social, proceder-se-á à
dois terços, no mínimo, após a o ato e a data da nomeação e o cargo de administrador deve elaboração do inventário, do ba-
integralização. prazo de gestão. ser averbada no registro com- lanço patrimonial e do balanço
Art. 1.062. O administrador Art. 1.063. O exercício do cargo petente, mediante requerimen- de resultado econômico.
designado em ato separado de administrador cessa pela to apresentado nos dez dias
seguintes ao da ocorrência. Seção IV
investir-se-á no cargo mediante destituição, em qualquer tempo,
Do Conselho Fiscal
termo de posse no livro de atas do titular, ou pelo término do § 3º A renúncia de administra-
da administração. prazo se, fixado no contrato ou dor torna-se eficaz, em relação Art. 1.066. Sem prejuízo dos
§ 1º Se o termo não for assina- em ato separado, não houver à sociedade, desde o momento poderes da assembléia dos
do nos trinta dias seguintes à recondução. em que esta toma conheci- sócios, pode o contrato instituir
designação, esta se tornará sem § 1º Tratando-se de sócio mento da comunicação escrita conselho fiscal composto de três
efeito. nomeado administrador no do renunciante; e, em relação ou mais membros e respecti-
contrato, sua destituição a terceiros, após a averbação e vos suplentes, sócios ou não,
§ 2º Nos dez dias seguintes ao
somente se opera pela apro- publicação. residentes no País, eleitos na
da investidura, deve o adminis-
  140
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.061.
assembléia anual prevista no Art. 1.067. O membro ou assembléia dos sócios que os III – exarar no mesmo livro e
art. 1.078. suplente eleito, assinando eleger. apresentar à assembléia anual
§ 1º Não podem fazer parte termo de posse lavrado no livro dos sócios parecer sobre os
Art. 1.069. Além de outras atri-
do conselho fiscal, além dos de atas e pareceres do conselho negócios e as operações sociais
buições determinadas na lei ou
inelegíveis enumerados no § 1º fiscal, em que se mencione do exercício em que servirem,
no contrato social, aos membros
do art. 1.011, os membros dos o seu nome, nacionalidade, tomando por base o balanço
do conselho fiscal incumbem,
demais órgãos da sociedade ou estado civil, residência e a data patrimonial e o de resultado
individual ou conjuntamente,
de outra por ela controlada, os da escolha, ficará investido nas econômico;
os deveres seguintes:
empregados de quaisquer delas suas funções, que exercerá, IV – denunciar os erros,
salvo cessação anterior, até a I – examinar, pelo menos
ou dos respectivos adminis- fraudes ou crimes que desco-
subseqüente assembléia anual. trimestralmente, os livros
tradores, o cônjuge ou parente brirem, sugerindo providências
e papéis da sociedade e o
destes até o terceiro grau. Parágrafo único. Se o termo úteis à sociedade;
estado da caixa e da carteira,
§ 2º É assegurado aos sócios não for assinado nos trinta dias devendo os administradores V – convocar a assembléia dos
minoritários, que represen- seguintes ao da eleição, esta se ou liquidantes prestar-lhes as sócios se a diretoria retardar
tarem pelo menos um quinto tornará sem efeito. informações solicitadas; por mais de trinta dias a sua
do capital social, o direito de convocação anual, ou sempre
Art. 1.068. A remuneração dos II – lavrar no livro de atas e
eleger, separadamente, um dos que ocorram motivos graves e
membros do conselho fiscal pareceres do conselho fiscal o
membros do conselho fiscal e o urgentes;
será fixada, anualmente, pela resultado dos exames referidos
respectivo suplente. no inciso I deste artigo;

  141
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.066.
VI – praticar, durante o perío- litado, mediante remuneração IV – o modo de sua remunera- pelos administradores nos casos
do da liquidação da sociedade, aprovada pela assembléia dos ção, quando não estabelecido previstos em lei ou no contrato.
os atos a que se refere este sócios. no contrato; § 1º A deliberação em assem-
artigo, tendo em vista as dispo- V – a modificação do contrato bléia será obrigatória se o
Seção V
sições especiais reguladoras da social; número dos sócios for supe-
Das Deliberações dos Sócios
liquidação. VI – a incorporação, a fusão rior a dez.
Art. 1.071. Dependem da e a dissolução da sociedade,
Art. 1.070. As atribuições e § 2º Dispensam-se as formali-
deliberação dos sócios, além de ou a cessação do estado de
poderes conferidos pela lei ao dades de convocação previstas
outras matérias indicadas na lei liquidação;
conselho fiscal não podem ser no § 3º do art. 1.152, quando
ou no contrato:
outorgados a outro órgão da VII – a nomeação e destituição todos os sócios comparecerem
I – a aprovação das contas da dos liquidantes e o julgamento
sociedade, e a responsabilidade ou se declararem, por escrito,
administração; das suas contas;
de seus membros obedece à cientes do local, data, hora e
regra que define a dos adminis- II – a designação dos adminis- VIII – o pedido de concordata. ordem do dia.
tradores (art. 1.016). tradores, quando feita em ato
Art. 1.072. As deliberações dos § 3º A reunião ou a assembléia
separado;
Parágrafo único. O conselho sócios, obedecido o disposto tornam-se dispensáveis quan-
III – a destituição dos
fiscal poderá escolher para no art. 1.010, serão tomadas do todos os sócios decidirem,
administradores;
assisti-lo no exame dos livros, em reunião ou em assembléia, por escrito, sobre a matéria que
dos balanços e das contas, conforme previsto no contrato seria objeto delas.
contabilista legalmente habi- social, devendo ser convocadas
  142
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.070.
§ 4º No caso do inciso VIII I – por sócio, quando os quartos do capital social, e, em § 1º Dos trabalhos e delibe-
do artigo antecedente, os administradores retardarem segunda, com qualquer número. rações será lavrada, no livro
administradores, se houver a convocação, por mais de § 1º O sócio pode ser repre- de atas da assembléia, ata
urgência e com autorização de sessenta dias, nos casos sentado na assembléia por assinada pelos membros da
titulares de mais da metade do previstos em lei ou no contra- outro sócio, ou por advogado, mesa e por sócios participantes
capital social, podem requerer to, ou por titulares de mais de mediante outorga de mandato da reunião, quantos bastem à
concordata preventiva. um quinto do capital, quando com especificação dos atos validade das deliberações, mas
§ 5º As deliberações tomadas não atendido, no prazo de oito autorizados, devendo o ins- sem prejuízo dos que queiram
de conformidade com a lei e dias, pedido de convocação trumento ser levado a registro, assiná-la.
o contrato vinculam todos os fundamentado, com indicação juntamente com a ata. § 2º Cópia da ata autenticada
sócios, ainda que ausentes ou das matérias a serem tratadas; pelos administradores, ou
§ 2º Nenhum sócio, por si ou
dissidentes. II – pelo conselho fiscal, se na condição de mandatário, pela mesa, será, nos vinte dias
§ 6º Aplica-se às reuniões dos houver, nos casos a que se pode votar matéria que lhe diga subseqüentes à reunião, apre-
sócios, nos casos omissos no refere o inciso V do art. 1.069. respeito diretamente. sentada ao Registro Público
contrato, o disposto na presen- Art. 1.074. A assembléia dos de Empresas Mercantis para
Art. 1.075. A assembléia será arquivamento e averbação.
te Seção sobre a assembléia. sócios instala-se com a presen- presidida e secretariada por
ça, em primeira convocação, § 3º Ao sócio, que a solicitar,
Art. 1.073. A reunião ou a sócios escolhidos entre os
de titulares de no mínimo três será entregue cópia autentica-
assembléia podem também ser presentes.
da da ata.
convocadas:
  143
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.073.
Art. 1.076. Ressalvado o dispos- Art. 1.077. Quando houver o balanço patrimonial e o de submetidos, pelo presidente,
to no art. 1.061 e no § 1º do art. modificação do contrato, fusão resultado econômico; a discussão e votação, nesta
1.063, as deliberações dos sócios da sociedade, incorporação de II – designar administradores, não podendo tomar parte os
serão tomadas: outra, ou dela por outra, terá quando for o caso; membros da administração e,
I – pelos votos corresponden- o sócio que dissentiu o direito III – tratar de qualquer outro se houver, os do conselho fiscal.
tes, no mínimo, a três quartos de retirar-se da sociedade, nos assunto constante da ordem § 3º A aprovação, sem reserva,
do capital social, nos casos trinta dias subseqüentes à reu- do dia. do balanço patrimonial e
previstos nos incisos V e VI do nião, aplicando-se, no silêncio do de resultado econômico,
§ 1º Até trinta dias antes da
art. 1.071; do contrato social antes vigente, salvo erro, dolo ou simulação,
data marcada para a assem-
II – pelos votos corresponden- o disposto no art. 1.031. exonera de responsabilidade os
bléia, os documentos referidos
tes a mais de metade do capital Art. 1.078. A assembléia dos no inciso I deste artigo devem membros da administração e,
social, nos casos previstos sócios deve realizar-se ao menos ser postos, por escrito, e com a se houver, os do conselho fiscal.
nos incisos II, III, IV e VIII do uma vez por ano, nos quatro prova do respectivo recebimen- § 4º Extingue-se em dois anos
art. 1.071; meses seguintes à ao término to, à disposição dos sócios que o direito de anular a aprovação
III – pela maioria de votos dos do exercício social, com o não exerçam a administração. a que se refere o parágrafo
presentes, nos demais casos objetivo de: § 2º Instalada a assembléia, antecedente.
previstos na lei ou no contrato, I – tomar as contas dos admi- proceder-se-á à leitura dos do-
se este não exigir maioria mais Art. 1.079. Aplica-se às reuniões
nistradores e deliberar sobre cumentos referidos no parágra- dos sócios, nos casos omissos
elevada. fo antecedente, os quais serão no contrato, o estabelecido
  144
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.076.
nesta Seção sobre a assembléia, § 1º Até trinta dias após a I – depois de integralizado, se sócios, ou dispensando-se
obedecido o disposto no § 1º do deliberação, terão os sócios houver perdas irreparáveis; as prestações ainda devidas,
art. 1.072. preferência para participar do II – se excessivo em relação ao com diminuição proporcional,
aumento, na proporção das objeto da sociedade. em ambos os casos, do valor
Art. 1.080. As deliberações
quotas de que sejam titulares. nominal das quotas.
infringentes do contrato ou da Art. 1.083. No caso do inciso
lei tornam ilimitada a responsa- § 2º À cessão do direito de pre- I do artigo antecedente, a re- § 1º No prazo de noventa dias,
bilidade dos que expressamente ferência, aplica-se o disposto dução do capital será realizada contado da data da publicação
as aprovaram. no caput do art. 1.057. com a diminuição proporcional da ata da assembléia que
§ 3º Decorrido o prazo da do valor nominal das quotas, aprovar a redução, o credor
Seção VI quirografário, por título líqui-
preferência, e assumida pelos tornando-se efetiva a partir da
Do Aumento e da Redução do do anterior a essa data, poderá
Capital sócios, ou por terceiros, a averbação, no Registro Público
totalidade do aumento, haverá de Empresas Mercantis, da opor-se ao deliberado.
Art. 1.081. Ressalvado o reunião ou assembléia dos ata da assembléia que a tenha § 2º A redução somente se
disposto em lei especial, sócios, para que seja aprovada a aprovado. tornará eficaz se, no prazo
integralizadas as quotas, pode modificação do contrato. estabelecido no parágrafo
ser o capital aumentado, com a Art. 1.084. No caso do inciso antecedente, não for impugna-
correspondente modificação do Art. 1.082. Pode a sociedade II do art. 1.082, a redução do da, ou se provado o pagamento
contrato. reduzir o capital, mediante a capital será feita restituindo-se da dívida ou o depósito judicial
correspondente modificação do parte do valor das quotas aos do respectivo valor.
contrato:
  145
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.079.
§ 3º Satisfeitas as condições mediante alteração do contrato Seção VIII Art. 1.089. A sociedade anô-
estabelecidas no parágrafo social, desde que prevista neste Da Dissolução nima rege-se por lei especial,
antecedente, proceder-se-á à a exclusão por justa causa. aplicando-se-lhe, nos casos
Art. 1.087. A sociedade
averbação, no Registro Público Parágrafo único. A exclusão omissos, as disposições deste
dissolve-se, de pleno direito, por
de Empresas Mercantis, da ata somente poderá ser determina- Código.
qualquer das causas previstas
que tenha aprovado a redução. da em reunião ou assembléia no art. 1.044.
especialmente convocada para CAPÍTULO VI
Seção VII Da Sociedade em
Da Resolução da Sociedade em esse fim, ciente o acusado em CAPÍTULO V Comandita por Ações
Relação a Sócios Minoritários tempo hábil para permitir seu Da Sociedade Anônima
comparecimento e o exercício Art. 1.090. A sociedade em co-
Art. 1.085. Ressalvado o do direito de defesa. Seção Única mandita por ações tem o capital
disposto no art. 1.030, quando
Art. 1.086. Efetuado o registro Da Caracterização dividido em ações, regendo-se
a maioria dos sócios, repre-
da alteração contratual, aplicar- pelas normas relativas à socie-
sentativa de mais da metade Art. 1.088. Na sociedade anô-
se-á o disposto nos arts. 1.031 dade anônima, sem prejuízo das
do capital social, entender nima ou companhia, o capital
e 1.032. modificações constantes deste
que um ou mais sócios estão divide-se em ações, obrigando-
Capítulo, e opera sob firma ou
pondo em risco a continuidade se cada sócio ou acionista
denominação.
da empresa, em virtude de somente pelo preço de emissão
atos de inegável gravidade, das ações que subscrever ou Art. 1.091. Somente o acionista
poderá excluí-los da sociedade, adquirir. tem qualidade para administrar
  146
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.085.
a sociedade e, como diretor, obrigações sociais contraídas Art. 1.094. São características fundado no número de sócios
responde subsidiária e ilimita- sob sua administração. da sociedade cooperativa: presentes à reunião, e não no
damente pelas obrigações da I – variabilidade, ou dispensa capital social representado;
Art. 1.092. A assembléia geral
sociedade. do capital social; VI – direito de cada sócio a um
não pode, sem o consentimento
§ 1º Se houver mais de um dos diretores, mudar o objeto II – concurso de sócios em só voto nas deliberações, tenha
diretor, serão solidariamente essencial da sociedade, pror- número mínimo necessário ou não capital a sociedade, e
responsáveis, depois de esgota- rogar-lhe o prazo de duração, a compor a administração da qualquer que seja o valor de
dos os bens sociais. aumentar ou diminuir o capital sociedade, sem limitação de sua participação;
§ 2º Os diretores serão nome- social, criar debêntures, ou número máximo; VII – distribuição dos resul-
ados no ato constitutivo da partes beneficiárias. III – limitação do valor da tados, proporcionalmente ao
sociedade, sem limitação de soma de quotas do capital valor das operações efetuadas
tempo, e somente poderão ser CAPÍTULO VII social que cada sócio pode- pelo sócio com a sociedade,
destituídos por deliberação de Da Sociedade Cooperativa rá tomar; podendo ser atribuído juro fixo
acionistas que representem no IV – intransferibilidade das ao capital realizado;
Art. 1.093. A sociedade coope-
mínimo dois terços do capital quotas do capital a terceiros VIII – indivisibilidade do
rativa reger-se-á pelo disposto
social. estranhos à sociedade, ainda fundo de reserva entre os
no presente Capítulo, ressalvada
§ 3º O diretor destituído ou que por herança; sócios, ainda que em caso de
a legislação especial.
exonerado continua, durante V – quorum, para a assembléia dissolução da sociedade.
dois anos, responsável pelas geral funcionar e deliberar,

  147
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.091.
Art. 1.095. Na sociedade sições referentes à sociedade geral e o poder de eleger a menos de dez por cento do
cooperativa, a responsabilidade simples, resguardadas as maioria dos administradores; capital com direito de voto.
dos sócios pode ser limitada ou características estabelecidas no II – a sociedade cujo controle, Art. 1.101. Salvo disposição
ilimitada. art. 1.094. referido no inciso antecedente, especial de lei, a sociedade não
§ 1º É limitada a responsabi- esteja em poder de outra, pode participar de outra, que
lidade na cooperativa em que CAPÍTULO VIII mediante ações ou quotas seja sua sócia, por montante
o sócio responde somente Das Sociedades CoLigadas possuídas por sociedades superior, segundo o balanço, ao
pelo valor de suas quotas e Art. 1.097. Consideram-se ou sociedades por esta já das próprias reservas, excluída a
pelo prejuízo verificado nas coligadas as sociedades que, controladas. reserva legal.
operações sociais, guardada a em suas relações de capital, Art. 1.099. Diz-se coligada Parágrafo único. Aprovado o
proporção de sua participação são controladas, filiadas, ou de ou filiada a sociedade de cujo balanço em que se verifique
nas mesmas operações. simples participação, na forma capital outra sociedade par- ter sido excedido esse limite, a
§ 2º É ilimitada a responsabi- dos artigos seguintes. ticipa com dez por cento ou sociedade não poderá exercer o
lidade na cooperativa em que mais, do capital da outra, sem direito de voto correspondente
Art. 1.098. É controlada:
o sócio responde solidária e controlá-la. às ações ou quotas em excesso,
I – a sociedade de cujo capital
ilimitadamente pelas obriga- as quais devem ser alienadas
outra sociedade possua a maio- Art. 1.100. É de simples
ções sociais. nos cento e oitenta dias seguin-
ria dos votos nas deliberações participação a sociedade de cujo
Art. 1.096. No que a lei for dos quotistas ou da assembléia capital outra sociedade possua tes àquela aprovação.
omissa, aplicam-se as dispo-
  148
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.095.
CAPÍTULO IX I – averbar e publicar a ata, V – exigir dos quotistas, quan- VII – confessar a falência da
Da Liquidação da sentença ou instrumento de do insuficiente o ativo à solu- sociedade e pedir concordata,
Sociedade dissolução da sociedade; ção do passivo, a integralização de acordo com as formalida-
Art. 1.102. Dissolvida a socie- II – arrecadar os bens, livros de suas quotas e, se for o caso, des prescritas para o tipo de
dade e nomeado o liquidante na e documentos da sociedade, as quantias necessárias, nos sociedade liquidanda;
forma do disposto neste Livro, onde quer que estejam; limites da responsabilidade de VIII – finda a liquidação, apre-
procede-se à sua liquidação, de III – proceder, nos quinze dias cada um e proporcionalmente sentar aos sócios o relatório
conformidade com os preceitos seguintes ao da sua investidura à respectiva participação nas da liquidação e as suas contas
deste Capítulo, ressalvado o e com a assistência, sempre perdas, repartindo-se, entre os finais;
disposto no ato constitutivo ou que possível, dos administra- sócios solventes e na mesma IX – averbar a ata da reunião
no instrumento da dissolução. dores, à elaboração do inventá- proporção, o devido pelo ou da assembléia, ou o instru-
rio e do balanço geral do ativo insolvente; mento firmado pelos sócios,
Parágrafo único. O liquidante,
e do passivo; VI – convocar assembléia dos que considerar encerrada a
que não seja administrador
IV – ultimar os negócios da quotistas, cada seis meses, liquidação.
da sociedade, investir-se-á
sociedade, realizar o ativo, para apresentar relatório e Parágrafo único. Em todos os
nas funções, averbada a sua
pagar o passivo e partilhar o balanço do estado da liquida- atos, documentos ou publica-
nomeação no registro próprio.
remanescente entre os sócios ção, prestando conta dos atos ções, o liquidante empregará a
Art. 1.103. Constituem deveres ou acionistas; praticados durante o semestre, firma ou denominação social
do liquidante: ou sempre que necessário; sempre seguida da cláusula “em

  149
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.102.
liquidação” e de sua assinatura liquidante gravar de ônus reais lidade pessoal, pagar integral- averbada no registro próprio a
individual, com a declaração de os móveis e imóveis, contrair mente as dívidas vencidas. ata da assembléia.
sua qualidade. empréstimos, salvo quando Parágrafo único. O dissidente
Art. 1.107. Os sócios podem
indispensáveis ao pagamento tem o prazo de trinta dias, a
Art. 1.104. As obrigações e a resolver, por maioria de votos,
de obrigações inadiáveis, nem contar da publicação da ata,
responsabilidade do liquidante antes de ultimada a liquidação,
prosseguir, embora para faci- devidamente averbada, para
regem-se pelos preceitos pecu- mas depois de pagos os credo-
litar a liquidação, na atividade promover a ação que couber.
liares às dos administradores da res, que o liquidante faça rateios
social.
sociedade liquidanda. por antecipação da partilha, à Art. 1.110. Encerrada a liquida-
Art. 1.106. Respeitados os direi- medida em que se apurem os ção, o credor não satisfeito só
Art. 1.105. Compete ao liqui-
tos dos credores preferenciais, haveres sociais. terá direito a exigir dos sócios,
dante representar a sociedade e
pagará o liquidante as dívidas individualmente, o pagamento
praticar todos os atos necessá- Art. 1.108. Pago o passivo e
sociais proporcionalmente, do seu crédito, até o limite
rios à sua liquidação, inclusive partilhado o remanescente,
sem distinção entre vencidas da soma por eles recebida em
alienar bens móveis ou imóveis, convocará o liquidante assem-
e vincendas, mas, em relação a partilha, e a propor contra
transigir, receber e dar quitação. bléia dos sócios para a prestação
estas, com desconto. o liquidante ação de perdas
Parágrafo único. Sem estar final de contas.
Parágrafo único. Se o ativo e danos.
expressamente autorizado pelo Art. 1.109. Aprovadas as contas,
for superior ao passivo, pode o
contrato social, ou pelo voto da encerra-se a liquidação, e a
liquidante, sob sua responsabi-
maioria dos sócios, não pode o sociedade se extingue, ao ser

  150
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.104.
Art. 1.111. No caso de liquida- CAPÍTULO X contrato social, o disposto no sucede em todos os direitos
ção judicial, será observado o Da Transformação, da art. 1.031. e obrigações, devendo todas
disposto na lei processual. Incorporação, da Fusão e aprová-la, na forma estabelecida
da Cisão das Sociedades Art. 1.115. A transformação não
para os respectivos tipos.
Art. 1.112. No curso de liquida- modificará nem prejudicará, em
ção judicial, o juiz convocará, Art. 1.113. O ato de transfor- qualquer caso, os direitos dos Art. 1.117. A deliberação dos
se necessário, reunião ou mação independe de dissolução credores. sócios da sociedade incorporada
assembléia para deliberar sobre ou liquidação da sociedade, deverá aprovar as bases da
Parágrafo único. A falência
os interesses da liquidação, e as e obedecerá aos preceitos operação e o projeto de reforma
da sociedade transformada
presidirá, resolvendo sumaria- reguladores da constituição e do ato constitutivo.
somente produzirá efeitos
mente as questões suscitadas. inscrição próprios do tipo em
em relação aos sócios que, no § 1º A sociedade que houver
que vai converter-se.
Parágrafo único. As atas das tipo anterior, a eles estariam de ser incorporada tomará
assembléias serão, em cópia Art. 1.114. A transformação sujeitos, se o pedirem os conhecimento desse ato, e, se o
autêntica, apensadas ao proces- depende do consentimento de titulares de créditos anteriores aprovar, autorizará os adminis-
so judicial. todos os sócios, salvo se prevista à transformação, e somente a tradores a praticar o necessário
no ato constitutivo, caso em que estes beneficiará. à incorporação, inclusive a
o dissidente poderá retirar-se subscrição em bens pelo valor
Art. 1.116. Na incorporação,
da sociedade, aplicando-se, da diferença que se verificar
uma ou várias sociedades são
no silêncio do estatuto ou do entre o ativo e o passivo.
absorvidas por outra, que lhes

  151
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.111.
§ 2º A deliberação dos sócios para os respectivos tipos, pelas § 3º É vedado aos sócios votar o § 2º Sendo ilíquida a dívida, a
da sociedade incorporadora sociedades que pretendam laudo de avaliação do patri- sociedade poderá garantir-lhe
compreenderá a nomeação dos unir-se. mônio da sociedade de que a execução, suspendendo-se o
peritos para a avaliação do pa- § 1º Em reunião ou assembléia façam parte. processo de anulação.
trimônio líquido da sociedade, dos sócios de cada sociedade, § 3º Ocorrendo, no prazo deste
Art. 1.121. Constituída a nova
que tenha de ser incorporada. deliberada a fusão e aprovado artigo, a falência da sociedade
sociedade, aos administradores
Art. 1.118. Aprovados os atos da o projeto do ato constitutivo incumbe fazer inscrever, no incorporadora, da sociedade
incorporação, a incorporadora da nova sociedade, bem como registro próprio da sede, os atos nova ou da cindida, qualquer
declarará extinta a incorpora- o plano de distribuição do relativos à fusão. credor anterior terá direito a
da, e promoverá a respectiva capital social, serão nomeados pedir a separação dos patrimô-
os peritos para a avaliação do Art. 1.122. Até noventa dias nios, para o fim de serem os
averbação no registro próprio.
patrimônio da sociedade. após publicados os atos relati- créditos pagos pelos bens das
Art. 1.119. A fusão determina a vos à incorporação, fusão ou respectivas massas.
§ 2º Apresentados os laudos, os
extinção das sociedades que se cisão, o credor anterior, por ela
administradores convocarão
unem, para formar sociedade prejudicado, poderá promover
reunião ou assembléia dos
nova, que a elas sucederá nos judicialmente a anulação deles.
sócios para tomar conheci-
direitos e obrigações. § 1º A consignação em paga-
mento deles, decidindo sobre a
Art. 1.120. A fusão será constituição definitiva da nova mento prejudicará a anulação
decidida, na forma estabelecida sociedade. pleiteada.

  152
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.118.
CAPÍTULO XI derada caduca a autorização que tenha no País a sede de sua Art. 1.128. O requerimento de
Da Sociedade Dependente se a sociedade não entrar administração. autorização de sociedade nacio-
de Autorização em funcionamento nos doze nal deve ser acompanhado de
Parágrafo único. Quando a
Seção I meses seguintes à respectiva lei exigir que todos ou alguns cópia do contrato, assinada por
Disposições Gerais publicação. sócios sejam brasileiros, as todos os sócios, ou, tratando-se
ações da sociedade anônima de sociedade anônima, de cópia,
Art. 1.123. A sociedade que Art. 1.125. Ao Poder Executivo
revestirão, no silêncio da lei, a autenticada pelos fundadores,
dependa de autorização do é facultado, a qualquer tempo,
forma nominativa. Qualquer dos documentos exigidos pela
Poder Executivo para funcionar cassar a autorização concedida
que seja o tipo da sociedade, lei especial.
reger-se-á por este título, sem a sociedade nacional ou estran-
geira que infringir disposição de na sua sede ficará arquivada Parágrafo único. Se a socie-
prejuízo do disposto em lei
ordem pública ou praticar atos cópia autêntica do documento dade tiver sido constituída
especial.
contrários aos fins declarados comprobatório da nacionalida- por escritura pública, bastará
Parágrafo único. A compe- de dos sócios. juntar-se ao requerimento a
no seu estatuto.
tência para a autorização será respectiva certidão.
sempre do Poder Executivo Seção II Art. 1.127. Não haverá mudança
federal. Da Sociedade Nacional de nacionalidade de sociedade Art. 1.129. Ao Poder Executivo é
brasileira sem o consenti- facultado exigir que se proce-
Art. 1.124. Na falta de prazo Art. 1.126. É nacional a mento unânime dos sócios ou dam a alterações ou aditamento
estipulado em lei ou em ato sociedade organizada de con- acionistas. no contrato ou no estatuto,
do poder público, será consi- formidade com a lei brasileira e devendo os sócios, ou, tratando-

  153
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.123.
se de sociedade anônima, no registro próprio, dos atos autênticas do projeto do Seção III
os fundadores, cumprir as constitutivos da sociedade. estatuto e do prospecto. Da Sociedade Estrangeira
formalidades legais para revisão Parágrafo único. A sociedade § 2º Obtida a autorização Art. 1.134. A sociedade estran-
dos atos constitutivos, e juntar promoverá, também no órgão e constituída a sociedade, geira, qualquer que seja o seu
ao processo prova regular. oficial da União e no prazo de proceder-se-á à inscrição dos objeto, não pode, sem autori-
Art. 1.130. Ao Poder Executivo é trinta dias, a publicação do seus atos constitutivos. zação do Poder Executivo, fun-
facultado recusar a autorização, termo de inscrição. cionar no País, ainda que por
Art. 1.133. Dependem de
se a sociedade não atender às Art. 1.132. As sociedades aprovação as modificações do estabelecimentos subordinados,
condições econômicas, finan- anônimas nacionais, que contrato ou do estatuto de podendo, todavia, ressalvados
ceiras ou jurídicas especificadas dependam de autorização do sociedade sujeita a autorização os casos expressos em lei, ser
em lei. Poder Executivo para funcionar, do Poder Executivo, salvo se de- acionista de sociedade anônima
não se constituirão sem obtê-la, correrem de aumento do capital brasileira.
Art. 1.131. Expedido o decreto
de autorização, cumprirá à quando seus fundadores social, em virtude de utilização § 1º Ao requerimento de autori-
sociedade publicar os atos pretenderem recorrer a subscri- de reservas ou reavaliação zação devem juntar-se:
referidos nos arts. 1.128 e 1.129, ção pública para a formação do do ativo. I – prova de se achar a socieda-
em trinta dias, no órgão oficial capital. de constituída conforme a lei
da União, cujo exemplar repre- § 1º Os fundadores deverão de seu país;
sentará prova para inscrição, juntar ao requerimento cópias II – inteiro teor do contrato ou
do estatuto;
  154
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.129.
III – relação dos membros de § 2º Os documentos serão ção dos atos referidos no art. especial para as sociedades
todos os órgãos da administra- autenticados, de conformidade 1.131 e no § 1º do art. 1.134. estrangeiras, com número de
ção da sociedade, com nome, com a lei nacional da sociedade ordem contínuo para todas as
Art. 1.136. A sociedade auto-
nacionalidade, profissão, requerente, legalizados no sociedades inscritas; no termo
rizada não pode iniciar sua
domicílio e, salvo quanto a consulado brasileiro da respec- constarão:
atividade antes de inscrita no
ações ao portador, o valor da tiva sede e acompanhados de I – nome, objeto, duração
registro próprio do lugar em
participação de cada um no tradução em vernáculo. e sede da sociedade no
que se deva estabelecer.
capital da sociedade; estrangeiro;
Art. 1.135. É facultado ao § 1º O requerimento de
IV – cópia do ato que autorizou Poder Executivo, para conceder II – lugar da sucursal, filial ou
o funcionamento no Brasil inscrição será instruído com
a autorização, estabelecer agência, no País;
e fixou o capital destinado exemplar da publicação exigida
condições convenientes à defesa no parágrafo único do artigo III – data e número do decreto
às operações no território dos interesses nacionais. de autorização;
nacional; antecedente, acompanhado
Parágrafo único. Aceitas as de documento do depósito em IV – capital destinado às
V – prova de nomeação do operações no País;
condições, expedirá o Poder dinheiro, em estabelecimento
representante no Brasil, com V – individuação do seu
Executivo decreto de auto- bancário oficial, do capital ali
poderes expressos para aceitar representante permanente.
rização, do qual constará o mencionado.
as condições exigidas para a
montante de capital destinado § 2º Arquivados esses do- § 3º Inscrita a sociedade,
autorização;
às operações no País, cabendo à cumentos, a inscrição será promover-se-á a publicação
VI – último balanço. sociedade promover a publica- feita por termo em livro
  155
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.135.
determinada no parágrafo te, representante no Brasil, com e do Estado, se for o caso, as nacionalizar-se, transferindo
único do art. 1.131. poderes para resolver quaisquer publicações que, segundo a sua sua sede para o Brasil.
questões e receber citação lei nacional, seja obrigada a § 1º Para o fim previsto neste
Art. 1.137. A sociedade estran-
judicial pela sociedade. fazer relativamente ao balanço artigo, deverá a sociedade, por
geira autorizada a funcionar
Parágrafo único. O repre- patrimonial e ao de resultado seus representantes, oferecer,
ficará sujeita às leis e aos
sentante somente pode agir econômico, bem como aos atos com o requerimento, os docu-
tribunais brasileiros, quanto aos
perante terceiros depois de de sua administração. mentos exigidos no art. 1.134, e
atos ou operações praticados no
Brasil. arquivado e averbado o instru- Parágrafo único. Sob pena, ainda a prova da realização do
mento de sua nomeação. também, de lhe ser cassada capital, pela forma declarada
Parágrafo único. A sociedade
a autorização, a sociedade no contrato, ou no estatuto, e
estrangeira funcionará no Art. 1.139. Qualquer modifica-
estrangeira deverá publicar do ato em que foi deliberada a
território nacional com o ção no contrato ou no estatuto
o balanço patrimonial e o nacionalização.
nome que tiver em seu país de dependerá da aprovação do
de resultado econômico das § 2º O Poder Executivo poderá
origem, podendo acrescentar Poder Executivo, para produzir
sucursais, filiais ou agências impor as condições que julgar
as palavras “do Brasil” ou “para efeitos no território nacional.
existentes no País. convenientes à defesa dos
o Brasil”.
Art. 1.140. A sociedade estran- interesses nacionais.
Art. 1.141. Mediante autori-
Art. 1.138. A sociedade estran- geira deve, sob pena de lhe ser
zação do Poder Executivo, a § 3º Aceitas as condições pelo
geira autorizada a funcionar é cassada a autorização, reprodu-
sociedade estrangeira admi- representante, proceder-se-á,
obrigada a ter, permanentemen- zir no órgão oficial da União,
tida a funcionar no País pode após a expedição do decreto

  156
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.137.
de autorização, à inscrição que sejam compatíveis com a consentimento destes, de modo nos cinco anos subseqüentes à
da sociedade e publicação do sua natureza. expresso ou tácito, em trinta transferência.
respectivo termo. dias a partir de sua notificação. Parágrafo único. No caso de
Art. 1.144. O contrato que
tenha por objeto a alienação, Art. 1.146. O adquirente do arrendamento ou usufruto do
TÍTULO III  estabelecimento, a proibição
o usufruto ou arrendamento estabelecimento responde pelo
Do Estabelecimento prevista neste artigo persistirá
do estabelecimento, só produ- pagamento dos débitos anterio-
zirá efeitos quanto a terceiros res à transferência, desde que durante o prazo do contrato.
CAPÍTULO ÚNICO depois de averbado à margem regularmente contabilizados,
DISPOSIÇÕES GERAIS Art. 1.148. Salvo disposição
da inscrição do empresário, ou continuando o devedor primi- em contrário, a transferência
Art. 1.142. Considera-se esta- da sociedade empresária, no tivo solidariamente obrigado importa a sub-rogação do
belecimento todo complexo de Registro Público de Empresas pelo prazo de um ano, a partir, adquirente nos contratos
bens organizado, para exercício Mercantis, e de publicado na quanto aos créditos vencidos, estipulados para exploração do
da empresa, por empresário, ou imprensa oficial. da publicação, e, quanto aos estabelecimento, se não tiverem
por sociedade empresária. outros, da data do vencimento. caráter pessoal, podendo os
Art. 1.145. Se ao alienante não
Art. 1.143. Pode o estabeleci- restarem bens suficientes para Art. 1.147. Não havendo autori- terceiros rescindir o contrato
mento ser objeto unitário de solver o seu passivo, a eficácia zação expressa, o alienante do em noventa dias a contar da
direitos e de negócios jurídicos, da alienação do estabeleci- estabelecimento não pode fazer publicação da transferência, se
translativos ou constitutivos, mento depende do pagamento concorrência ao adquirente, ocorrer justa causa, ressalvada,
de todos os credores, ou do
  157
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.142.
neste caso, a responsabilidade lam-se ao Registro Público de dias, contado da lavratura dos Livro serão feitas no órgão
do alienante. Empresas Mercantis a cargo das atos respectivos. oficial da União ou do Estado,
Juntas Comerciais, e a socieda- § 2º Requerido além do prazo conforme o local da sede do
Art. 1.149. A cessão dos créditos
de simples ao Registro Civil das previsto neste artigo, o registro empresário ou da sociedade, e
referentes ao estabelecimento
Pessoas Jurídicas, o qual deverá somente produzirá efeito a em jornal de grande circulação.
transferido produzirá efeito
obedecer às normas fixadas para partir da data de sua concessão. § 2º As publicações das socie-
em relação aos respectivos
aquele registro, se a sociedade dades estrangeiras serão feitas
devedores, desde o momento § 3º As pessoas obrigadas a
simples adotar um dos tipos de nos órgãos oficiais da União
da publicação da transferência, requerer o registro responderão
sociedade empresária. e do Estado onde tiverem
mas o devedor ficará exonerado por perdas e danos, em caso de
se de boa-fé pagar ao cedente. Art. 1.151. O registro dos atos omissão ou demora. sucursais, filiais ou agências.
sujeitos à formalidade exigida § 3º O anúncio de convocação
Art. 1.152. Cabe ao órgão
TÍTULO IV  no artigo antecedente será da assembléia de sócios será
incumbido do registro verificar
Dos Institutos requerido pela pessoa obrigada publicado por três vezes, ao
a regularidade das publicações
Complementares em lei, e, no caso de omissão ou menos, devendo mediar, entre
determinadas em lei, de acordo
demora, pelo sócio ou qualquer a data da primeira inserção e
com o disposto nos parágrafos
CAPÍTULO I interessado. a da realização da assembléia,
deste artigo.
Do Registro § 1º Os documentos neces- o prazo mínimo de oito dias,
§ 1º Salvo exceção expressa, as para a primeira convocação,
Art. 1.150. O empresário e a sários ao registro deverão ser
publicações ordenadas neste
sociedade empresária vincu- apresentados no prazo de trinta

  158
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.148.
e de cinco dias, para as Art. 1.154. O ato sujeito a Parágrafo único. Equipara-se expressão “e companhia” ou sua
posteriores. registro, ressalvadas disposições ao nome empresarial, para abreviatura.
especiais da lei, não pode, antes os efeitos da proteção da lei, Parágrafo único. Ficam
Art. 1.153. Cumpre à autoridade
do cumprimento das respecti- a denominação das socie- solidária e ilimitadamente
competente, antes de efetivar o
vas formalidades, ser oposto a dades simples, associações e responsáveis pelas obrigações
registro, verificar a autenticida-
terceiro, salvo prova de que este fundações. contraídas sob a firma social
de e a legitimidade do signatá-
o conhecia. aqueles que, por seus nomes,
rio do requerimento, bem como Art. 1.156. O empresário opera
fiscalizar a observância das Parágrafo único. O terceiro sob firma constituída por seu figurarem na firma da socieda-
prescrições legais concernentes não pode alegar ignorância, nome, completo ou abreviado, de de que trata este artigo.
ao ato ou aos documentos desde que cumpridas as aditando-lhe, se quiser, designa- Art. 1.158. Pode a sociedade
apresentados. referidas formalidades. ção mais precisa da sua pessoa limitada adotar firma ou
Parágrafo único. Das irregu- ou do gênero de atividade. denominação, integradas pela
CAPÍTULO II
laridades encontradas deve ser Art. 1.157. A sociedade em palavra final “limitada” ou a sua
DO NOME EMPRESARIAL
notificado o requerente, que, que houver sócios de respon- abreviatura.
se for o caso, poderá saná-las, Art. 1.155. Considera-se nome sabilidade ilimitada operará § 1º A firma será composta com
obedecendo às formalidades empresarial a firma ou a deno- sob firma, na qual somente o nome de um ou mais sócios,
da lei. minação adotada, de conformi- os nomes daqueles poderão desde que pessoas físicas, de
dade com este Capítulo, para o figurar, bastando para formá-la modo indicativo da relação
exercício de empresa. aditar ao nome de um deles a social.
  159
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.153.
§ 2º A denominação deve “sociedade anônima” ou Art. 1.163. O nome de em- Art. 1.165. O nome de sócio que
designar o objeto da sociedade, “companhia”, por extenso ou presário deve distinguir-se de vier a falecer, for excluído ou se
sendo permitido nela figurar o abreviadamente. qualquer outro já inscrito no retirar, não pode ser conservado
nome de um ou mais sócios. Parágrafo único. Pode constar mesmo registro. na firma social.
§ 3º A omissão da palavra da denominação o nome do Parágrafo único. Se o empre- Art. 1.166. A inscrição do
“limitada” determina a respon- fundador, acionista, ou pessoa sário tiver nome idêntico ao empresário, ou dos atos cons-
sabilidade solidária e ilimitada que haja concorrido para o bom de outros já inscritos, deverá titutivos das pessoas jurídicas,
dos administradores que assim êxito da formação da empresa. acrescentar designação que o ou as respectivas averbações,
empregarem a firma ou a distinga. no registro próprio, asseguram
Art. 1.161. A sociedade em
denominação da sociedade. o uso exclusivo do nome nos
comandita por ações pode, em Art. 1.164. O nome empre-
Art. 1.159. A sociedade coope- lugar de firma, adotar deno- sarial não pode ser objeto de limites do respectivo Estado.
rativa funciona sob denomi- minação designativa do objeto alienação. Parágrafo único. O uso previs-
nação integrada pelo vocábulo social, aditada da expressão Parágrafo único. O adquirente to neste artigo estender-se-á
“cooperativa”. “comandita por ações”. de estabelecimento, por ato a todo o território nacional,
entre vivos, pode, se o contrato se registrado na forma da lei
Art. 1.160. A sociedade anô- Art. 1.162. A sociedade em
o permitir, usar o nome do especial.
nima opera sob denominação conta de participação não pode
designativa do objeto social, ter firma ou denominação. alienante, precedido do seu Art. 1.167. Cabe ao prejudicado,
integrada pelas expressões próprio, com a qualificação de a qualquer tempo, ação para
sucessor.
  160
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.159.
anular a inscrição do nome CAPÍTULO III de responder por perdas e danos Art. 1.173. Quando a lei não exi-
empresarial feita com violação Dos Prepostos e de serem retidos pelo prepo- gir poderes especiais, considera-
da lei ou do contrato. nente os lucros da operação. se o gerente autorizado a prati-
Seção I
Disposições Gerais car todos os atos necessários ao
Art. 1.168. A inscrição do nome Art. 1.171. Considera-se perfeita
exercício dos poderes que lhe
empresarial será cancelada, Art. 1.169. O preposto não a entrega de papéis, bens ou
foram outorgados.
a requerimento de qualquer pode, sem autorização escrita, valores ao preposto, encarre-
interessado, quando cessar o gado pelo preponente, se os Parágrafo único. Na falta de
fazer-se substituir no desem- estipulação diversa, conside-
exercício da atividade para que penho da preposição, sob pena recebeu sem protesto, salvo nos
foi adotado, ou quando ultimar- casos em que haja prazo para ram-se solidários os poderes
de responder pessoalmente conferidos a dois ou mais
se a liquidação da sociedade que pelos atos do substituto e pelas reclamação.
o inscreveu. gerentes.
obrigações por ele contraídas. Seção II
Do Gerente Art. 1.174. As limitações
Art. 1.170. O preposto, salvo contidas na outorga de poderes,
autorização expressa, não pode Art. 1.172. Considera-se gerente para serem opostas a terceiros,
negociar por conta própria ou o preposto permanente no dependem do arquivamento e
de terceiro, nem participar, exercício da empresa, na sede averbação do instrumento no
embora indiretamente, de desta, ou em sucursal, filial ou Registro Público de Empresas
operação do mesmo gênero da agência. Mercantis, salvo se provado
que lhe foi cometida, sob pena

  161
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.167.
serem conhecidas da pessoa que Seção III Art. 1.178. Os preponentes CAPÍTULO IV
tratou com o gerente. Do Contabilista e outros Auxiliares são responsáveis pelos atos de Da Escrituração
Parágrafo único. Para o mesmo quaisquer prepostos, praticados
Art. 1.177. Os assentos lan- Art. 1.179. O empresário e
efeito e com idêntica ressalva, nos seus estabelecimentos e
çados nos livros ou fichas do a sociedade empresária são
deve a modificação ou revoga- relativos à atividade da empresa,
preponente, por qualquer dos obrigados a seguir um sistema
ção do mandato ser arquivada ainda que não autorizados por
prepostos encarregados de sua de contabilidade, mecanizado
e averbada no Registro Público escrito.
escrituração, produzem, salvo ou não, com base na escritu-
de Empresas Mercantis. se houver procedido de má-fé, Parágrafo único. Quando tais ração uniforme de seus livros,
os mesmos efeitos como se o atos forem praticados fora em correspondência com a
Art. 1.175. O preponente
fossem por aquele. do estabelecimento, somente documentação respectiva, e a
responde com o gerente pelos
obrigarão o preponente nos levantar anualmente o balanço
atos que este pratique em seu Parágrafo único. No exercício
limites dos poderes conferidos patrimonial e o de resultado
próprio nome, mas à conta de suas funções, os prepostos
por escrito, cujo instrumento econômico.
daquele. são pessoalmente responsá-
pode ser suprido pela certidão
veis, perante os preponentes, § 1º Salvo o disposto no art.
Art. 1.176. O gerente pode ou cópia autêntica do seu teor.
pelos atos culposos; e, perante 1.180, o número e a espécie
estar em juízo em nome do
terceiros, solidariamente com o de livros ficam a critério dos
preponente, pelas obrigações
preponente, pelos atos dolosos. interessados.
resultantes do exercício da sua
função. § 2º É dispensado das exigên-
cias deste artigo o pequeno
  162
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.174.
empresário a que se refere o ser autenticados no Registro de dia, mês e ano, sem interva- de trinta dias, relativamente a
art. 970. Público de Empresas Mercantis. los em branco, nem entrelinhas, contas cujas operações sejam
Parágrafo único. A auten- borrões, rasuras, emendas ou numerosas ou realizadas fora
Art. 1.180. Além dos demais
ticação não se fará sem que transportes para as margens. da sede do estabelecimento,
livros exigidos por lei, é indis-
esteja inscrito o empresário, Parágrafo único. É permitido desde que utilizados livros
pensável o Diário, que pode ser
ou a sociedade empresária, que o uso de código de números ou auxiliares regularmente
substituído por fichas no caso
poderá fazer autenticar livros de abreviaturas, que constem autenticados, para registro
de escrituração mecanizada ou
não obrigatórios. de livro próprio, regularmente individualizado, e conservados
eletrônica.
autenticado. os documentos que permitam a
Parágrafo único. A adoção de Art. 1.182. Sem prejuízo do sua perfeita verificação.
fichas não dispensa o uso de disposto no art. 1.174, a escritu- Art. 1.184. No Diário serão
§ 2º Serão lançados no Diário
livro apropriado para o lança- ração ficará sob a responsabili- lançadas, com individuação,
o balanço patrimonial e o de
mento do balanço patrimonial dade de contabilista legalmente clareza e caracterização do
resultado econômico, devendo
e do de resultado econômico. habilitado, salvo se nenhum documento respectivo, dia a dia,
ambos ser assinados por
houver na localidade. por escrita direta ou reprodu-
Art. 1.181. Salvo disposição técnico em Ciências Contábeis
ção, todas as operações relativas
especial de lei, os livros obriga- Art. 1.183. A escrituração legalmente habilitado e pelo
ao exercício da empresa.
tórios e, se for o caso, as fichas, será feita em idioma e moeda empresário ou sociedade
antes de postos em uso, devem corrente nacionais e em forma § 1º Admite-se a escrituração empresária.
contábil, por ordem cronológica resumida do Diário, com totais
que não excedam o período
  163
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.180.
Art. 1.185. O empresário ou II – o balanço patrimonial e II – os valores mobiliários, III – o valor das ações e dos
sociedade empresária que o de resultado econômico, no matéria-prima, bens destina- títulos de renda fixa pode ser
adotar o sistema de fichas de encerramento do exercício. dos à alienação, ou que cons- determinado com base na
lançamentos poderá substi- tituem produtos ou artigos respectiva cotação da Bolsa de
Art. 1.187. Na coleta dos ele-
tuir o livro Diário pelo livro da indústria ou comércio da Valores; os não cotados e as
mentos para o inventário serão
Balancetes Diários e Balanços, empresa, podem ser estimados participações não acionárias
observados os critérios de ava-
observadas as mesmas formali- pelo custo de aquisição ou serão considerados pelo seu
liação a seguir determinados:
dades extrínsecas exigidas para de fabricação, ou pelo preço valor de aquisição;
aquele. I – os bens destinados à explo- corrente, sempre que este for IV – os créditos serão con-
ração da atividade serão ava- inferior ao preço de custo, e
Art. 1.186. O livro Balancetes siderados de conformidade
liados pelo custo de aquisição, quando o preço corrente ou
Diários e Balanços será escritu- com o presumível valor de
devendo, na avaliação dos que venal estiver acima do valor do
rado de modo que registre: realização, não se levando em
se desgastam ou depreciam custo de aquisição, ou fabrica- conta os prescritos ou de difícil
I – a posição diária de cada com o uso, pela ação do tempo ção, e os bens forem avaliados liqüidação, salvo se houver,
uma das contas ou títulos ou outros fatores, atender-se pelo preço corrente, a diferen- quanto aos últimos, previsão
contábeis, pelo respectivo à desvalorização respectiva, ça entre este e o preço de custo equivalente.
saldo, em forma de balancetes criando-se fundos de amor- não será levada em conta para
diários; tização para assegurar-lhes a Parágrafo único. Entre os
a distribuição de lucros, nem valores do ativo podem figurar,
substituição ou a conservação para as percentagens referen-
do valor; tes a fundos de reserva;
  164
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.185.
desde que se preceda, anual- real da empresa e, atendidas as Art. 1.190. Ressalvados os casos § 1º O juiz ou tribunal que
mente, à sua amortização: peculiaridades desta, bem como previstos em lei, nenhuma conhecer de medida cautelar
I – as despesas de instalação as disposições das leis especiais, autoridade, juiz ou tribunal, ou de ação pode, a requerimen-
da sociedade, até o limite indicará, distintamente, o ativo sob qualquer pretexto, poderá to ou de ofício, ordenar que os
correspondente a dez por cento e o passivo. fazer ou ordenar diligência livros de qualquer das partes,
do capital social; Parágrafo único. Lei especial para verificar se o empresário ou de ambas, sejam examina-
II – os juros pagos aos acionis- disporá sobre as informações ou a sociedade empresária dos na presença do empresário
tas da sociedade anônima, no que acompanharão o balanço observam, ou não, em seus ou da sociedade empresária a
período antecedente ao início patrimonial, em caso de livros e fichas, as formalidades que pertencerem, ou de pessoas
das operações sociais, à taxa sociedades coligadas. prescritas em lei. por estes nomeadas, para deles
não superior a doze por cento se extrair o que interessar à
Art. 1.189. O balanço de Art. 1.191. O juiz só poderá
ao ano, fixada no estatuto; questão.
resultado econômico, ou de- autorizar a exibição integral dos
III – a quantia efetivamente livros e papéis de escrituração § 2º Achando-se os livros em
monstração da conta de lucros e
paga a título de aviamento de quando necessária para resolver outra jurisdição, nela se fará
perdas, acompanhará o balanço
estabelecimento adquirido questões relativas a sucessão, o exame, perante o respecti-
patrimonial e dele constarão
pelo empresário ou sociedade. comunhão ou sociedade, admi- vo juiz.
crédito e débito, na forma da lei
Art. 1.188. O balanço patri- especial. nistração ou gestão à conta de Art. 1.192. Recusada a apre-
monial deverá exprimir, com outrem, ou em caso de falência. sentação dos livros, nos casos
fidelidade e clareza, a situação do artigo antecedente, serão

  165
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.188.
apreendidos judicialmente e, Art. 1.194. O empresário e LIVRO III  quem aquela foi havida, poden-
no do seu § 1º, ter-se-á como a sociedade empresária são Do Direito das Coisas do o possuidor direto defender a
verdadeiro o alegado pela parte obrigados a conservar em boa sua posse contra o indireto.
contrária para se provar pelos guarda toda a escrituração, TÍTULO I  Art. 1.198. Considera-se
livros. correspondência e mais papéis Da posse
detentor aquele que, achando-se
Parágrafo único. A confissão concernentes à sua atividade,
em relação de dependência para
resultante da recusa pode ser enquanto não ocorrer prescri- CAPÍTULO I com outro, conserva a posse em
elidida por prova documental ção ou decadência no tocante Da Posse e sua
nome deste e em cumprimento
em contrário. aos atos neles consignados. Classificação
de ordens ou instruções suas.
Art. 1.193. As restrições estabe- Art. 1.195. As disposições Art. 1.196. Considera-se possui- Parágrafo único. Aquele que
lecidas neste Capítulo ao exame deste Capítulo aplicam-se às dor todo aquele que tem de fato começou a comportar-se do
da escrituração, em parte ou sucursais, filiais ou agências, o exercício, pleno ou não, de modo como prescreve este arti-
por inteiro, não se aplicam às no Brasil, do empresário ou algum dos poderes inerentes à go, em relação ao bem e à outra
autoridades fazendárias, no sociedade com sede em país propriedade. pessoa, presume-se detentor,
exercício da fiscalização do estrangeiro. Art. 1.197. A posse direta, de até que prove o contrário.
pagamento de impostos, nos pessoa que tem a coisa em seu Art. 1.199. Se duas ou mais pes-
termos estritos das respectivas poder, temporariamente, em soas possuírem coisa indivisa,
leis especiais. virtude de direito pessoal, ou poderá cada uma exercer sobre
real, não anula a indireta, de
  166
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.192.
ela atos possessórios, contanto e desde o momento em que as Art. 1.205. A posse pode ser Art. 1.208. Não induzem posse
que não excluam os dos outros circunstâncias façam presumir adquirida: os atos de mera permissão ou
compossuidores. que o possuidor não ignora que I – pela própria pessoa tolerância assim como não
possui indevidamente. que a pretende ou por seu autorizam a sua aquisição os
Art. 1.200. É justa a posse que
representante; atos violentos, ou clandestinos,
não for violenta, clandestina ou Art. 1.203. Salvo prova em
II – por terceiro sem mandato, senão depois de cessar a violên-
precária. contrário, entende-se manter a
dependendo de ratificação. cia ou a clandestinidade.
posse o mesmo caráter com que
Art. 1.201. É de boa-fé a posse,
foi adquirida. Art. 1.206. A posse transmite- Art. 1.209. A posse do imóvel
se o possuidor ignora o vício,
se aos herdeiros ou legatários faz presumir, até prova contrá-
ou o obstáculo que impede a
CAPÍTULO II do possuidor com os mesmos ria, a das coisas móveis que nele
aquisição da coisa.
Da Aquisição da Posse caracteres. estiverem.
Parágrafo único. O possuidor
com justo título tem por si Art. 1.204. Adquire-se a posse Art. 1.207. O sucessor universal
desde o momento em que se CAPÍTULO III
a presunção de boa-fé, salvo continua de direito a posse do Dos Efeitos da Posse
prova em contrário, ou quando torna possível o exercício, em seu antecessor; e ao sucessor
a lei expressamente não admite nome próprio, de qualquer singular é facultado unir sua Art. 1.210. O possuidor tem
esta presunção. dos poderes inerentes à posse à do antecessor, para os direito a ser mantido na posse
propriedade. efeitos legais. em caso de turbação, restituído
Art. 1.202. A posse de boa-fé no de esbulho, e segurado de
só perde este caráter no caso

  167
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.199.
violência iminente, se tiver alguma das outras por modo Parágrafo único. Os frutos de má-fé; tem direito às despe-
justo receio de ser molestado. vicioso. pendentes ao tempo em que sas da produção e custeio.
§ 1º O possuidor turbado, ou cessar a boa-fé devem ser
Art. 1.212. O possuidor pode Art. 1.217. O possuidor de boa-
esbulhado, poderá manter-se restituídos, depois de deduzi-
intentar a ação de esbulho, fé não responde pela perda ou
ou restituir-se por sua própria das as despesas da produção
ou a de indenização, contra o deterioração da coisa, a que não
força, contanto que o faça e custeio; devem ser também
terceiro, que recebeu a coisa der causa.
logo; os atos de defesa, ou de restituídos os frutos colhidos
esbulhada sabendo que o era.
desforço, não podem ir além do com antecipação. Art. 1.218. O possuidor de
indispensável à manutenção, Art. 1.213. O disposto nos má-fé responde pela perda, ou
Art. 1.215. Os frutos naturais e
ou restituição da posse. artigos antecedentes não se deterioração da coisa, ainda
industriais reputam-se colhidos
aplica às servidões não aparen- que acidentais, salvo se provar
§ 2º Não obsta à manutenção e percebidos, logo que são
tes, salvo quando os respectivos que de igual modo se teriam
ou reintegração na posse a separados; os civis reputam-se
títulos provierem do possuidor dado, estando ela na posse do
alegação de propriedade, ou de percebidos dia por dia.
do prédio serviente, ou daqueles reivindicante.
outro direito sobre a coisa.
de quem este o houve. Art. 1.216. O possuidor de
Art. 1.219. O possuidor de boa-
Art. 1.211. Quando mais de má-fé responde por todos os
Art. 1.214. O possuidor de fé tem direito à indenização das
uma pessoa se disser possuido- frutos colhidos e percebidos,
boa-fé tem direito, enquanto ela benfeitorias necessárias e úteis,
ra, manter-se-á provisoriamente bem como pelos que, por culpa
durar, aos frutos percebidos. bem como, quanto às voluptu-
a que tiver a coisa, se não estiver sua, deixou de perceber, desde o
árias, se não lhe forem pagas, a
manifesto que a obteve de momento em que se constituiu
  168
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.210.
levantá-las, quando o puder sem torias ao possuidor de má-fé, recuperá-la, é violentamente IX – a hipoteca;
detrimento da coisa, e poderá tem o direito de optar entre o repelido. X – a anticrese.
exercer o direito de retenção seu valor atual e o seu custo; ao XI – a concessão de uso
pelo valor das benfeitorias possuidor de boa-fé indenizará TÍTULO II  especial para fins de moradia;
necessárias e úteis. pelo valor atual. Dos Direitos Reais (Alterado em 07)
Art. 1.220. Ao possuidor de XII – a concessão de direito
CAPÍTULO IV CAPÍTULO ÚNICO real de uso. (Alterado em 07)
má-fé serão ressarcidas somente
Da Perda da Posse Disposições Gerais
as benfeitorias necessárias; não Art. 1.226. Os direitos reais
lhe assiste o direito de retenção Art. 1.223. Perde-se a posse Art. 1.225. São direitos reais: sobre coisas móveis, quando
pela importância destas, nem o quando cessa, embora contra a I – a propriedade; constituídos, ou transmitidos
de levantar as voluptuárias. vontade do possuidor, o poder II – a superfície; por atos entre vivos, só se
sobre o bem, ao qual se refere o
Art. 1.221. As benfeitorias III – as servidões; adquirem com a tradição.
art. 1.196.
compensam-se com os danos, IV – o usufruto; Art. 1.227. Os direitos reais
e só obrigam ao ressarcimento Art. 1.224. Só se considera V – o uso; sobre imóveis constituídos, ou
se ao tempo da evicção ainda perdida a posse para quem não VI – a habitação; transmitidos por atos entre
existirem. presenciou o esbulho, quando,
VII – o direito do promitente vivos, só se adquirem com o
tendo notícia dele, se abstém de
Art. 1.222. O reivindicante, comprador do imóvel; registro no Cartório de Registro
retornar a coisa, ou, tentando
obrigado a indenizar as benfei- VIII – o penhor; de Imóveis dos referidos títulos

  169
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.219.
(arts. 1.245 a 1.247), salvo os nância com as suas finalidades dade ou utilidade pública ou proprietário; pago o preço,
casos expressos neste Código. econômicas e sociais e de modo interesse social, bem como valerá a sentença como título
que sejam preservados, de con- no de requisição, em caso de para o registro do imóvel em
TÍTULO III  formidade com o estabelecido perigo público iminente. nome dos possuidores.
Da Propriedade em lei especial, a flora, a fauna, § 4º O proprietário também Art. 1.229. A propriedade do
as belezas naturais, o equilíbrio pode ser privado da coisa se o solo abrange a do espaço aéreo
CAPÍTULO I ecológico e o patrimônio imóvel reivindicado consistir e subsolo correspondentes, em
Da Propriedade em Geral histórico e artístico, bem como em extensa área, na posse inin- altura e profundidade úteis ao
evitada a poluição do ar e terrupta e de boa-fé, por mais
Seção I seu exercício, não podendo o
das águas. de cinco anos, de considerável
Disposições Preliminares proprietário opor-se a ativi-
§ 2º São defesos os atos que número de pessoas, e estas dades que sejam realizadas,
Art. 1.228. O proprietário tem não trazem ao proprietário nela houverem realizado, em por terceiros, a uma altura ou
a faculdade de usar, gozar e qualquer comodidade, ou conjunto ou separadamente, profundidade tais, que não
dispor da coisa, e o direito de utilidade, e sejam animados obras e serviços considerados tenha ele interesse legítimo em
reavê-la do poder de quem quer pela intenção de prejudicar pelo juiz de interesse social e impedi-las.
que injustamente a possua ou outrem. econômico relevante.
detenha. Art. 1.230. A propriedade do
§ 3º O proprietário pode ser § 5º No caso do parágrafo
§ 1º O direito de propriedade solo não abrange as jazidas,
privado da coisa, nos casos de antecedente, o juiz fixará a
deve ser exercido em conso- minas e demais recursos mi-
desapropriação, por necessi- justa indenização devida ao
nerais, os potenciais de energia
  170
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.227.
hidráulica, os monumentos preceito jurídico especial, e à indenização pelas despesas Art. 1.236. A autoridade com-
arqueológicos e outros bens couberem a outrem. que houver feito com a conser- petente dará conhecimento da
referidos por leis especiais. vação e transporte da coisa, se o descoberta através da imprensa
Seção II
Parágrafo único. O proprie- dono não preferir abandoná-la. e outros meios de informação,
Da Descoberta
tário do solo tem o direito de Parágrafo único. Na deter- somente expedindo editais se o
explorar os recursos minerais Art. 1.233. Quem quer que minação do montante da seu valor os comportar.
de emprego imediato na ache coisa alheia perdida há de recompensa, considerar-se-á Art. 1.237. Decorridos sessenta
construção civil, desde que não restituí-la ao dono ou legítimo o esforço desenvolvido pelo dias da divulgação da notícia
submetidos a transformação possuidor. descobridor para encontrar o pela imprensa, ou do edital, não
industrial, obedecido o dispos- Parágrafo único. Não o conhe- dono, ou o legítimo possuidor, se apresentando quem compro-
to em lei especial. cendo, o descobridor fará por as possibilidades que teria ve a propriedade sobre a coisa,
encontrá-lo, e, se não o encon- este de encontrar a coisa e a será esta vendida em hasta
Art. 1.231. A propriedade
trar, entregará a coisa achada à situação econômica de ambos. pública e, deduzidas do preço
presume-se plena e exclusiva,
autoridade competente. as despesas, mais a recompensa
até prova em contrário. Art. 1.235. O descobridor res-
Art. 1.234. Aquele que restituir ponde pelos prejuízos causados do descobridor, pertencerá o
Art. 1.232. Os frutos e mais remanescente ao Município em
a coisa achada, nos termos do ao proprietário ou possuidor
produtos da coisa pertencem, cuja circunscrição se deparou o
artigo antecedente, terá direito legítimo, quando tiver procedi-
ainda quando separados, ao objeto perdido.
a uma recompensa não inferior do com dolo.
seu proprietário, salvo se, por
a cinco por cento do seu valor,

  171
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.230.
Parágrafo único. Sendo de no Cartório de Registro de sua moradia, adquirir-lhe-á a será reconhecido ao mesmo
diminuto valor, poderá o Imóveis. propriedade. possuidor mais de uma vez.
Município abandonar a coisa Parágrafo único. O prazo esta- Art. 1.240. Aquele que possuir, Art. 1.241. Poderá o possuidor
em favor de quem a achou. belecido neste artigo reduzir- como sua, área urbana de até requerer ao juiz seja declarada
se-á a dez anos se o possuidor duzentos e cinqüenta metros adquirida, mediante usucapião,
CAPÍTULO II houver estabelecido no imóvel quadrados, por cinco anos inin- a propriedade imóvel.
Da Aquisição da a sua moradia habitual, ou nele
Propriedade Imóvel terruptamente e sem oposição, Parágrafo único. A declaração
realizado obras ou serviços de utilizando-a para sua moradia obtida na forma deste artigo
Seção I caráter produtivo. ou de sua família, adquirir-lhe-á constituirá título hábil para
Da Usucapião o domínio, desde que não seja
Art. 1.239. Aquele que, não o registro no Cartório de
Art. 1.238. Aquele que, por sendo proprietário de imóvel proprietário de outro imóvel Registro de Imóveis.
quinze anos, sem interrupção, rural ou urbano, possua como urbano ou rural.
Art. 1.242. Adquire também a
nem oposição, possuir como sua, por cinco anos ininterrup- § 1º O título de domínio e a
propriedade do imóvel aquele
seu um imóvel, adquire-lhe a tos, sem oposição, área de terra concessão de uso serão conferi-
que, contínua e incontesta-
propriedade, independentemen- em zona rural não superior a dos ao homem ou à mulher, ou
damente, com justo título e
te de título e boa-fé; podendo cinqüenta hectares, tornando-a a ambos, independentemente
boa-fé, o possuir por dez anos.
requerer ao juiz que assim o produtiva por seu trabalho do estado civil.
declare por sentença, a qual ou de sua família, tendo nela Parágrafo único. Será de cinco
§ 2º O direito previsto no
servirá de título para o registro anos o prazo previsto neste
parágrafo antecedente não
  172
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.238.
artigo se o imóvel houver sido Art. 1.244. Estende-se ao § 2º Enquanto não se promo- reivindicar o imóvel, indepen-
adquirido, onerosamente, com possuidor o disposto quanto ao ver, por meio de ação própria, dentemente da boa-fé ou do
base no registro constante do devedor acerca das causas que a decretação de invalidade título do terceiro adquirente.
respectivo cartório, cancelada obstam, suspendem ou inter- do registro, e o respectivo
Seção III
posteriormente, desde que rompem a prescrição, as quais cancelamento, o adquirente
Da Aquisição por Acessão
os possuidores nele tiverem também se aplicam à usucapião. continua a ser havido como
estabelecido a sua moradia, dono do imóvel. Art. 1.248. A acessão pode
Seção II dar-se:
ou realizado investimentos de
Da Aquisição pelo Registro Art. 1.246. O registro é eficaz
interesse social e econômico. do Título I – por formação de ilhas;
desde o momento em que se
Art. 1.243. O possuidor pode, apresentar o título ao oficial do II – por aluvião;
Art. 1.245. Transfere-se entre
para o fim de contar o tempo registro, e este o prenotar no III – por avulsão;
vivos a propriedade mediante o
exigido pelos artigos antece- registro do título translativo no protocolo. IV – por abandono de álveo;
dentes, acrescentar à sua posse Registro de Imóveis. V – por plantações ou
Art. 1.247. Se o teor do registro
a dos seus antecessores (art. construções.
§ 1º Enquanto não se registrar não exprimir a verdade, poderá
1.207), contanto que todas
o título translativo, o alienante o interessado reclamar que se
sejam contínuas, pacíficas e, nos
continua a ser havido como retifique ou anule.
casos do art. 1.242, com justo
título e de boa-fé. dono do imóvel. Parágrafo único. Cancelado o
registro, poderá o proprietário

  173
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.243.
Subseção I cimos aos terrenos ribeirinhos Parágrafo único. O terreno Parágrafo único. Recusando-se
Das Ilhas fronteiros desse mesmo lado; aluvial, que se formar em fren- ao pagamento de indenização,
Art. 1.249. As ilhas que se III – as que se formarem pelo te de prédios de proprietários o dono do prédio a que se
formarem em correntes comuns desdobramento de um novo diferentes, dividir-se-á entre juntou a porção de terra deverá
ou particulares pertencem braço do rio continuam a eles, na proporção da testada aquiescer a que se remova a
aos proprietários ribeirinhos pertencer aos proprietários dos de cada um sobre a antiga parte acrescida.
fronteiros, observadas as regras terrenos à custa dos quais se margem.
Subseção IV
seguintes: constituíram.
Subseção III Do Álveo Abandonado
I – as que se formarem no Subseção II Da Avulsão
Art. 1.252. O álveo abandonado
meio do rio consideram-se Da Aluvião
Art. 1.251. Quando, por força de corrente pertence aos pro-
acréscimos sobrevindos aos natural violenta, uma porção de prietários ribeirinhos das duas
Art. 1.250. Os acréscimos
terrenos ribeirinhos fronteiros terra se destacar de um prédio e margens, sem que tenham inde-
formados, sucessiva e imper-
de ambas as margens, na se juntar a outro, o dono deste nização os donos dos terrenos
ceptivelmente, por depósitos e
proporção de suas testadas, até adquirirá a propriedade do por onde as águas abrirem novo
aterros naturais ao longo das
a linha que dividir o álveo em acréscimo, se indenizar o dono curso, entendendo-se que os
margens das correntes, ou pelo
duas partes iguais; do primeiro ou, sem indeniza- prédios marginais se estendem
desvio das águas destas, per-
II – as que se formarem entre tencem aos donos dos terrenos ção, se, em um ano, ninguém até o meio do álveo.
a referida linha e uma das marginais, sem indenização. houver reclamado.
margens consideram-se acrés-

  174
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.249.
Subseção V proprietário, as sementes, Parágrafo único. Presume-se Art. 1.258. Se a construção, feita
Das Construções e Plantações plantas e construções; se má-fé no proprietário, quando parcialmente em solo próprio,
Art. 1.253. Toda construção procedeu de boa-fé, terá direito o trabalho de construção, ou invade solo alheio em proporção
ou plantação existente em um a indenização. lavoura, se fez em sua presença não superior à vigésima parte
terreno presume-se feita pelo Parágrafo único. Se a cons- e sem impugnação sua. deste, adquire o construtor de
proprietário e à sua custa, até trução ou a plantação exceder boa-fé a propriedade da parte
Art. 1.257. O disposto no artigo
que se prove o contrário. consideravelmente o valor do do solo invadido, se o valor da
antecedente aplica-se ao caso de
terreno, aquele que, de boa-fé, construção exceder o dessa par-
Art. 1.254. Aquele que semeia, não pertencerem as sementes,
plantou ou edificou, adquirirá a te, e responde por indenização
planta ou edifica em terreno plantas ou materiais a quem
propriedade do solo, mediante que represente, também, o valor
próprio com sementes, plantas de boa-fé os empregou em solo
pagamento da indenização da área perdida e a desvaloriza-
ou materiais alheios, adquire alheio.
fixada judicialmente, se não ção da área remanescente.
a propriedade destes; mas fica Parágrafo único. O proprie-
houver acordo. Parágrafo único. Pagando
obrigado a pagar-lhes o valor, tário das sementes, plantas
em décuplo as perdas e
além de responder por perdas e Art. 1.256. Se de ambas as ou materiais poderá cobrar do
danos previstos neste artigo, o
danos, se agiu de má-fé. partes houve má-fé, adquirirá proprietário do solo a inde-
construtor de má-fé adquire a
o proprietário as sementes, nização devida, quando não
Art. 1.255. Aquele que semeia, propriedade da parte do solo
plantas e construções, devendo puder havê-la do plantador ou
planta ou edifica em terreno que invadiu, se em proporção à
ressarcir o valor das acessões. construtor.
alheio perde, em proveito do vigésima parte deste e o valor

  175
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.253.
da construção exceder consi- CAPÍTULO III Art. 1.262. Aplica-se à usu- Art. 1.265. O tesouro pertence-
deravelmente o dessa parte e Da Aquisição da capião das coisas móveis o rá por inteiro ao proprietário do
não se puder demolir a porção Propriedade Móvel disposto nos arts. 1.243 e 1.244. prédio, se for achado por ele, ou
invasora sem grave prejuízo Seção I em pesquisa que ordenou, ou
Seção II
para a construção. Da Usucapião por terceiro não autorizado.
Da Ocupação
Art. 1.259. Se o construtor esti- Art. 1.260. Aquele que possuir Art. 1.266. Achando-se em
Art. 1.263. Quem se assenho-
ver de boa-fé, e a invasão do solo coisa móvel como sua, con- terreno aforado, o tesouro
rear de coisa sem dono para
alheio exceder a vigésima parte tínua e incontestadamente será dividido por igual entre o
logo lhe adquire a propriedade,
deste, adquire a propriedade da durante três anos, com justo descobridor e o enfiteuta, ou
não sendo essa ocupação defesa
parte do solo invadido, e res- título e boa-fé, adquirir-lhe-á a será deste por inteiro quando
por lei.
ponde por perdas e danos que propriedade. ele mesmo seja o descobridor.
abranjam o valor que a invasão Seção III
Art. 1.261. Se a posse da coisa Do Achado do Tesouro Seção IV
acrescer à construção, mais o da
móvel se prolongar por cinco Da Tradição
área perdida e o da desvalori- Art. 1.264. O depósito antigo
zação da área remanescente; se anos, produzirá usucapião, Art. 1.267. A propriedade das
independentemente de título ou de coisas preciosas, oculto e de
de má-fé, é obrigado a demolir coisas não se transfere pelos
boa-fé. cujo dono não haja memória,
o que nele construiu, pagando negócios jurídicos antes da
será dividido por igual entre o
as perdas e danos apurados, que tradição.
proprietário do prédio e o que
serão devidos em dobro. achar o tesouro casualmente.
  176
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.259.
Parágrafo único. Subentende- qualquer pessoa, o alienante se não se puder restituir à forma exceder consideravelmente o
se a tradição quando o trans- afigurar dono. anterior. da matéria-prima.
mitente continua a possuir § 1º Se o adquirente estiver de Art. 1.270. Se toda a matéria Art. 1.271. Aos prejudicados,
pelo constituto possessório; boa-fé e o alienante adquirir for alheia, e não se puder nas hipóteses dos arts. 1.269 e
quando cede ao adquirente depois a propriedade, conside- reduzir à forma precedente, 1.270, se ressarcirá o dano que
o direito à restituição da ra-se realizada a transferência será do especificador de boa-fé a sofrerem, menos ao especifi-
coisa, que se encontra em desde o momento em que espécie nova. cador de má-fé, no caso do § 1º
poder de terceiro; ou quando o ocorreu a tradição.
§ 1º Sendo praticável a redução, do artigo antecedente, quando
adquirente já está na posse da
§ 2º Não transfere a proprie- ou quando impraticável, se irredutível a especificação.
coisa, por ocasião do negócio
dade a tradição, quando tiver a espécie nova se obteve de
jurídico. Seção VI
por título um negócio jurídi- má-fé, pertencerá ao dono da Da Confusão, da Comissão e da
Art. 1.268. Feita por quem não co nulo. matéria-prima. Adjunção
seja proprietário, a tradição não
Seção V § 2º Em qualquer caso, inclu- Art. 1.272. As coisas pertencen-
aliena a propriedade, exceto se
Da Especificação sive o da pintura em relação tes a diversos donos, confundi-
a coisa, oferecida ao público,
à tela, da escultura, escritura das, misturadas ou adjuntadas
em leilão ou estabelecimento Art. 1.269. Aquele que, traba-
e outro qualquer trabalho sem o consentimento deles,
comercial, for transferida em lhando em matéria-prima em
gráfico em relação à matéria- continuam a pertencer-lhes,
circunstâncias tais que, ao parte alheia, obtiver espécie
prima, a espécie nova será do
adquirente de boa-fé, como a nova, desta será proprietário, se
especificador, se o seu valor
  177
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.268.
sendo possível separá-las sem que não for seu, abatida a inde- III – por abandono; Federal, se se achar nas respec-
deterioração. nização que lhe for devida, ou IV – por perecimento da coisa; tivas circunscrições.
§ 1º Não sendo possível a sepa- renunciar ao que lhe pertencer, V – por desapropriação. § 1º O imóvel situado na zona
ração das coisas, ou exigindo caso em que será indenizado. rural, abandonado nas mesmas
Parágrafo único. Nos casos
dispêndio excessivo, subsiste Art. 1.274. Se da união de dos incisos I e II, os efeitos da circunstâncias, poderá ser
indiviso o todo, cabendo a matérias de natureza diversa se perda da propriedade imóvel arrecadado, como bem vago,
cada um dos donos quinhão formar espécie nova, à con- serão subordinados ao registro e passar, três anos depois, à
proporcional ao valor da coisa fusão, comissão ou adjunção do título transmissivo ou do propriedade da União, onde
com que entrou para a mistura aplicam-se as normas dos arts. ato renunciativo no Registro de quer que ele se localize.
ou agregado. 1.272 e 1.273. Imóveis. § 2º Presumir-se-á de modo
§ 2º Se uma das coisas puder absoluto a intenção a que se
Art. 1.276. O imóvel urbano
considerar-se principal, o dono CAPÍTULO IV refere este artigo, quando, ces-
que o proprietário abandonar,
sê-lo-á do todo, indenizando os Da Perda da Propriedade sados os atos de posse, deixar
com a intenção de não mais o
outros. o proprietário de satisfazer os
Art. 1.275. Além das causas conservar em seu patrimônio, e
ônus fiscais.
Art. 1.273. Se a confusão, consideradas neste Código, que se não encontrar na posse
comissão ou adjunção se perde-se a propriedade: de outrem, poderá ser arreca-
operou de má-fé, à outra parte I – por alienação; dado, como bem vago, e passar,
caberá escolher entre adquirir a II – pela renúncia; três anos depois, à propriedade
propriedade do todo, pagando o do Município ou à do Distrito
  178
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.272.
CAPÍTULO V limites ordinários de tolerância do dono do prédio vizinho a comum aos donos dos prédios
Dos Direitos de Vizinhança dos moradores da vizinhança. demolição, ou a reparação deste, confinantes.
quando ameace ruína, bem
Seção I Art. 1.278. O direito a que se Art. 1.283. As raízes e os ramos
Do Uso Anormal da Propriedade como que lhe preste caução pelo
refere o artigo antecedente não de árvore, que ultrapassarem a
dano iminente.
Art. 1.277. O proprietário ou prevalece quando as interfe- estrema do prédio, poderão ser
o possuidor de um prédio tem rências forem justificadas por Art. 1.281. O proprietário ou o cortados, até o plano vertical
o direito de fazer cessar as interesse público, caso em que possuidor de um prédio, em que divisório, pelo proprietário do
interferências prejudiciais à o proprietário ou o possuidor, alguém tenha direito de fazer terreno invadido.
segurança, ao sossego e à saúde causador delas, pagará ao obras, pode, no caso de dano
Art. 1.284. Os frutos caídos
dos que o habitam, provocadas vizinho indenização cabal. iminente, exigir do autor delas
de árvore do terreno vizinho
pela utilização de propriedade as necessárias garantias contra
Art. 1.279. Ainda que por deci- pertencem ao dono do solo
vizinha. o prejuízo eventual.
são judicial devam ser toleradas onde caíram, se este for de
Parágrafo único. Proíbem-se as interferências, poderá o Seção II propriedade particular.
as interferências considerando- vizinho exigir a sua redução, Das Árvores Limítrofes
Seção III
se a natureza da utilização, a ou eliminação, quando estas se
Art. 1.282. A árvore, cujo tronco Da Passagem Forçada
localização do prédio, atendi- tornarem possíveis.
estiver na linha divisória,
das as normas que distribuem Art. 1.285. O dono do prédio
Art. 1.280. O proprietário ou o presume-se pertencer em
as edificações em zonas, e os que não tiver acesso a via
possuidor tem direito a exigir
pública, nascente ou porto,
  179
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.277.
pode, mediante pagamento de imóvel vizinho, não estando o Parágrafo único. O proprie- superior, não podendo realizar
indenização cabal, constranger proprietário deste constrangi- tário prejudicado pode exigir obras que embaracem o seu
o vizinho a lhe dar passagem, do, depois, a dar uma outra. que a instalação seja feita de fluxo; porém a condição natural
cujo rumo será judicialmente modo menos gravoso ao prédio e anterior do prédio inferior
Seção IV
fixado, se necessário. onerado, bem como, depois, não pode ser agravada por obras
Da Passagem de Cabos e
§ 1º Sofrerá o constrangimento Tubulações seja removida, à sua custa, para feitas pelo dono ou possuidor
o vizinho cujo imóvel mais outro local do imóvel. do prédio superior.
natural e facilmente se prestar Art. 1.286. Mediante rece-
bimento de indenização que Art. 1.287. Se as instalações Art. 1.289. Quando as águas,
à passagem. oferecerem grave risco, será artificialmente levadas ao
atenda, também, à desvalori-
§ 2º Se ocorrer alienação zação da área remanescente, o facultado ao proprietário do prédio superior, ou aí colhidas,
parcial do prédio, de modo que proprietário é obrigado a tolerar prédio onerado exigir a realiza- correrem dele para o inferior,
uma das partes perca o acesso a a passagem, através de seu ção de obras de segurança. poderá o dono deste reclamar
via pública, nascente ou porto, imóvel, de cabos, tubulações e que se desviem, ou se lhe
Seção V
o proprietário da outra deve outros condutos subterrâneos indenize o prejuízo que sofrer.
Das Águas
tolerar a passagem. de serviços de utilidade pública, Parágrafo único. Da indeni-
§ 3º Aplica-se o disposto no em proveito de proprietários vi- Art. 1.288. O dono ou o zação será deduzido o valor do
parágrafo antecedente ainda zinhos, quando de outro modo possuidor do prédio inferior benefício obtido.
quando, antes da alienação, for impossível ou excessivamen- é obrigado a receber as águas
existia passagem através de te onerosa. que correm naturalmente do

  180
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.285.
Art. 1.290. O proprietário de Art. 1.292. O proprietário tem indústria, bem como para o menor prejuízo aos proprietá-
nascente, ou do solo onde caem direito de construir barragens, escoamento de águas supérfluas rios dos imóveis vizinhos, e a
águas pluviais, satisfeitas as açudes, ou outras obras para ou acumuladas, ou a drenagem expensas do seu dono, a quem
necessidades de seu consumo, represamento de água em seu de terrenos. incumbem também as despe-
não pode impedir, ou desviar prédio; se as águas represadas § 1º Ao proprietário prejudi- sas de conservação.
o curso natural das águas invadirem prédio alheio, será cado, em tal caso, também Art. 1.294. Aplica-se ao direito
remanescentes pelos prédios o seu proprietário indenizado assiste direito a ressarcimento de aqueduto o disposto nos arts.
inferiores. pelo dano sofrido, deduzido o pelos danos que de futuro lhe 1.286 e 1.287.
valor do benefício obtido. advenham da infiltração ou
Art. 1.291. O possuidor do
irrupção das águas, bem como Art. 1.295. O aqueduto não
imóvel superior não poderá Art. 1.293. É permitido a quem
da deterioração das obras impedirá que os proprietários
poluir as águas indispensáveis quer que seja, mediante prévia
destinadas a canalizá-las. cerquem os imóveis e constru-
às primeiras necessidades indenização aos proprietários
am sobre ele, sem prejuízo para
da vida dos possuidores dos prejudicados, construir canais, § 2º O proprietário prejudicado
a sua segurança e conservação;
imóveis inferiores; as demais, através de prédios alheios, poderá exigir que seja subterrâ-
os proprietários dos imóveis
que poluir, deverá recuperar, para receber as águas a que nea a canalização que atravessa
poderão usar das águas do
ressarcindo os danos que estes tenha direito, indispensáveis às áreas edificadas, pátios, hortas,
aqueduto para as primeiras
sofrerem, se não for possível primeiras necessidades da vida, jardins ou quintais.
necessidades da vida.
a recuperação ou o desvio do e, desde que não cause prejuízo § 3º O aqueduto será constru-
curso artificial das águas. considerável à agricultura e à ído de maneira que cause o

  181
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.290.
Art. 1.296. Havendo no aquedu- Seção VI banquetas, presumem-se, até fim, pode ser exigida de quem
to águas supérfluas, outros po- Dos Limites entre Prédios e do prova em contrário, pertencer provocou a necessidade deles,
derão canalizá-las, para os fins Direito de Tapagem a ambos os proprietários pelo proprietário, que não está
previstos no art. 1.293, mediante Art. 1.297. O proprietário tem confinantes, sendo estes obrigado a concorrer para as
pagamento de indenização aos direito a cercar, murar, valar ou obrigados, de conformidade despesas.
proprietários prejudicados e ao tapar de qualquer modo o seu com os costumes da locali-
Art. 1.298. Sendo confusos, os
dono do aqueduto, de impor- prédio, urbano ou rural, e pode dade, a concorrer, em partes
limites, em falta de outro meio,
tância equivalente às despesas constranger o seu confinante a iguais, para as despesas de sua
se determinarão de confor-
que então seriam necessárias proceder com ele à demarcação construção e conservação.
midade com a posse justa; e,
para a condução das águas até o entre os dois prédios, a aviven- § 2º As sebes vivas, as árvores, não se achando ela provada, o
ponto de derivação. tar rumos apagados e a renovar ou plantas quaisquer, que terreno contestado se dividirá
Parágrafo único. Têm pre- marcos destruídos ou arruina- servem de marco divisório, por partes iguais entre os pré-
ferência os proprietários dos dos, repartindo-se proporcio- só podem ser cortadas, ou dios, ou, não sendo possível a
imóveis atravessados pelo nalmente entre os interessados arrancadas, de comum acordo divisão cômoda, se adjudicará a
aqueduto. as respectivas despesas. entre proprietários. um deles, mediante indenização
§ 1º Os intervalos, muros, § 3º A construção de tapu- ao outro.
cercas e os tapumes divisórios, mes especiais para impedir
tais como sebes vivas, cercas de a passagem de animais de
arame ou de madeira, valas ou pequeno porte, ou para outro

  182
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.296.
Seção VII bem como as perpendiculares, atender ao disposto no artigo Art. 1.304. Nas cidades, vilas
Do Direito de Construir não poderão ser abertas a antecedente, nem impedir, ou e povoados cuja edificação
menos de setenta e cinco dificultar, o escoamento das estiver adstrita a alinhamento,
Art. 1.299. O proprietário pode
centímetros. águas da goteira, com prejuízo o dono de um terreno pode nele
levantar em seu terreno as
§ 2º As disposições deste artigo para o prédio vizinho. edificar, madeirando na parede
construções que lhe aprouver,
não abrangem as aberturas Parágrafo único. Em se tratan- divisória do prédio contíguo, se
salvo o direito dos vizinhos e os
para luz ou ventilação, não do de vãos, ou aberturas para ela suportar a nova construção;
regulamentos administrativos.
maiores de dez centímetros luz, seja qual for a quantidade, mas terá de embolsar ao vizinho
Art. 1.300. O proprietário de largura sobre vinte de altura e disposição, o vizinho metade do valor da parede e do
construirá de maneira que o comprimento e construídas a poderá, a todo tempo, levantar chão correspondentes.
seu prédio não despeje águas, mais de dois metros de altura a sua edificação, ou contra- Art. 1.305. O confinante,
diretamente, sobre o prédio de cada piso. muro, ainda que lhes vede a que primeiro construir, pode
vizinho. claridade.
Art. 1.302. O proprietário pode, assentar a parede divisória
Art. 1.301. É defeso abrir no lapso de ano e dia após a Art. 1.303. Na zona rural, não até meia espessura no terreno
janelas, ou fazer eirado, terraço conclusão da obra, exigir que se será permitido levantar edifica- contíguo, sem perder por isso o
ou varanda, a menos de metro e desfaça janela, sacada, terraço ções a menos de três metros do direito a haver meio valor dela
meio do terreno vizinho. ou goteira sobre o seu prédio; terreno vizinho. se o vizinho a travejar, caso em
§ 1º As janelas cuja visão não escoado o prazo, não poderá, que o primeiro fixará a largura e
incida sobre a linha divisória, por sua vez, edificar sem a profundidade do alicerce.

  183
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.299.
Parágrafo único. Se a parede pondendo a outras, da mesma Parágrafo único. A disposição desmoronamento ou deslocação
divisória pertencer a um dos natureza, já feitas do lado anterior não abrange as chami- de terra, ou que comprometa a
vizinhos, e não tiver capaci- oposto. nés ordinárias e os fogões de segurança do prédio vizinho,
dade para ser travejada pelo cozinha. senão após haverem sido feitas
Art. 1.307. Qualquer dos
outro, não poderá este fazer- as obras acautelatórias.
confinantes pode altear a Art. 1.309. São proibidas
lhe alicerce ao pé sem prestar Parágrafo único. O proprie-
parede divisória, se necessário construções capazes de poluir,
caução àquele, pelo risco a que tário do prédio vizinho tem
reconstruindo-a, para suportar ou inutilizar, para uso ordiná-
expõe a construção anterior. direito a ressarcimento pelos
o alteamento; arcará com rio, a água do poço, ou nascente
Art. 1.306. O condômino da todas as despesas, inclusive de alheia, a elas preexistentes. prejuízos que sofrer, não obs-
parede-meia pode utilizá-la conservação, ou com metade, tante haverem sido realizadas
Art. 1.310. Não é permitido as obras acautelatórias.
até ao meio da espessura, não se o vizinho adquirir meação
fazer escavações ou quaisquer
pondo em risco a segurança ou também na parte aumentada. Art. 1.312. Todo aquele que
obras que tirem ao poço ou
a separação dos dois prédios, e violar as proibições estabele-
Art. 1.308. Não é lícito encostar à nascente de outrem a água
avisando previamente o outro cidas nesta Seção é obrigado
à parede divisória chaminés, indispensável às suas necessida-
condômino das obras que ali a demolir as construções
fogões, fornos ou quaisquer des normais.
tenciona fazer; não pode sem feitas, respondendo por perdas
aparelhos ou depósitos suscetí-
consentimento do outro, fazer, Art. 1.311. Não é permitida a e danos.
veis de produzir infiltrações ou
na parede-meia, armários, ou execução de qualquer obra ou
interferências prejudiciais ao
obras semelhantes, corres- serviço suscetível de provocar
vizinho.
  184
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.306.
Art. 1.313. O proprietário ou § 2º Na hipótese do inciso II, CAPÍTULO VI dar posse, uso ou gozo dela a
ocupante do imóvel é obrigado uma vez entregues as coisas Do Condomínio Geral estranhos, sem o consenso dos
a tolerar que o vizinho entre buscadas pelo vizinho, poderá outros.
Seção I
no prédio, mediante prévio ser impedida a sua entrada no Do Condomínio Voluntário Art. 1.315. O condômino é obri-
aviso, para: imóvel.
gado, na proporção de sua parte,
I – dele temporariamente usar, § 3º Se do exercício do direito Subseção I
Dos Direitos e Deveres dos a concorrer para as despesas
quando indispensável à repara- assegurado neste artigo provier de conservação ou divisão da
Condôminos
ção, construção, reconstrução dano, terá o prejudicado direito coisa, e a suportar os ônus a que
ou limpeza de sua casa ou do a ressarcimento. Art. 1.314. Cada condômino estiver sujeita.
muro divisório; pode usar da coisa conforme
sua destinação, sobre ela exercer Parágrafo único. Presumem-
II – apoderar-se de coisas suas,
todos os direitos compatíveis se iguais as partes ideais dos
inclusive animais que aí se
com a indivisão, reivindicá-la de condôminos.
encontrem casualmente.
§ 1º O disposto neste artigo terceiro, defender a sua posse e Art. 1.316. Pode o condômino
aplica-se aos casos de limpeza alhear a respectiva parte ideal, eximir-se do pagamento das
ou reparação de esgotos, ou gravá-la. despesas e dívidas, renunciando
goteiras, aparelhos higiênicos, Parágrafo único. Nenhum dos à parte ideal.
poços e nascentes e ao aparo de condôminos pode alterar a des- § 1º Se os demais condôminos
cerca viva. tinação da coisa comum, nem assumem as despesas e as dívi-

  185
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.313.
das, a renúncia lhes aproveita, proveito da comunhão, e duran- maior de cinco anos, suscetível indenizando os outros, será
adquirindo a parte ideal de te ela, obrigam o contratante; de prorrogação ulterior. vendida e repartido o apurado,
quem renunciou, na proporção mas terá este ação regressiva § 2º Não poderá exceder de preferindo-se, na venda, em
dos pagamentos que fizerem. contra os demais. cinco anos a indivisão esta- condições iguais de oferta, o
§ 2º Se não há condômino que belecida pelo doador ou pelo condômino ao estranho, e entre
Art. 1.319. Cada condômino
faça os pagamentos, a coisa testador. os condôminos aquele que
responde aos outros pelos frutos
comum será dividida. tiver na coisa benfeitorias mais
que percebeu da coisa e pelo § 3º A requerimento de qual-
valiosas, e, não as havendo, o de
Art. 1.317. Quando a dívida dano que lhe causou. quer interessado e se graves
quinhão maior.
houver sido contraída por razões o aconselharem, pode
Art. 1.320. A todo tempo será Parágrafo único. Se nenhum
todos os condôminos, sem se o juiz determinar a divisão da
lícito ao condômino exigir dos condôminos tem benfeito-
discriminar a parte de cada um coisa comum antes do prazo.
a divisão da coisa comum, rias na coisa comum e parti-
na obrigação, nem se estipular respondendo o quinhão de cada Art. 1.321. Aplicam-se à divisão cipam todos do condomínio
solidariedade, entende-se que um pela sua parte nas despesas do condomínio, no que couber, em partes iguais, realizar-se-á
cada qual se obrigou propor- da divisão. as regras de partilha de herança licitação entre estranhos e,
cionalmente ao seu quinhão na (arts. 2.013 a 2.022).
§ 1º Podem os condôminos antes de adjudicada a coisa
coisa comum.
acordar que fique indivisa a Art. 1.322. Quando a coisa for àquele que ofereceu maior
Art. 1.318. As dívidas contraídas coisa comum por prazo não indivisível, e os consortes não lanço, proceder-se-á à licitação
por um dos condôminos em quiserem adjudicá-la a um só, entre os condôminos, a fim de

  186
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.317.
que a coisa seja adjudicada a outros presume-se representan- disposição de última vontade, valer a obra e o terreno por ela
quem afinal oferecer melhor te comum. serão partilhados na proporção ocupado (art. 1.297).
lanço, preferindo, em condi- dos quinhões.
Art. 1.325. A maioria será calcu- Art. 1.329. Não convindo os
ções iguais, o condômino ao
lada pelo valor dos quinhões. Seção II dois no preço da obra, será este
estranho.
§ 1º As deliberações serão Do Condomínio Necessário arbitrado por peritos, a expen-
Subseção II obrigatórias, sendo tomadas Art. 1.327. O condomínio por
sas de ambos os confinantes.
Da Administração do Condomínio
por maioria absoluta. meação de paredes, cercas, Art. 1.330. Qualquer que seja
Art. 1.323. Deliberando a § 2º Não sendo possível muros e valas regula-se pelo o valor da meação, enquanto
maioria sobre a administração alcançar maioria absoluta, de- disposto neste Código (arts. aquele que pretender a divisão
da coisa comum, escolherá o cidirá o juiz, a requerimento de 1.297 e 1.298; 1.304 a 1.307). não o pagar ou depositar,
administrador, que poderá ser qualquer condômino, ouvidos nenhum uso poderá fazer na
Art. 1.328. O proprietário que
estranho ao condomínio; resol- os outros. parede, muro, vala, cerca ou
tiver direito a estremar um
vendo alugá-la, preferir-se-á, em § 3º Havendo dúvida quanto qualquer outra obra divisória.
imóvel com paredes, cercas,
condições iguais, o condômino ao valor do quinhão, será este muros, valas ou valados, tê-lo-á
ao que não o é. avaliado judicialmente. igualmente a adquirir meação
Art. 1.324. O condômino que Art. 1.326. Os frutos da na parede, muro, valado ou
administrar sem oposição dos coisa comum, não havendo cerca do vizinho, embolsando-
em contrário estipulação ou lhe metade do que atualmente

  187
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.323.
CAPÍTULO VII alienadas e gravadas livremen- de instituição do condomínio. de propriedade exclusiva,
Do Condomínio Edilício te por seus proprietários. (Alterado em 04) estremadas uma das outras e
§ 2º O solo, a estrutura do § 4º Nenhuma unidade das partes comuns;
Seção I
Disposições Gerais prédio, o telhado, a rede geral imobiliária pode ser privada do II – a determinação da fração
de distribuição de água, esgoto, acesso ao logradouro público. ideal atribuída a cada unidade,
Art. 1.331. Pode haver, em gás e eletricidade, a calefação relativamente ao terreno e
edificações, partes que são § 5º O terraço de cobertura é
e refrigeração centrais, e as de- parte comum, salvo disposição partes comuns;
propriedade exclusiva, e partes mais partes comuns, inclusive III – o fim a que as unidades se
que são propriedade comum dos contrária da escritura de
o acesso ao logradouro público, constituição do condomínio. destinam.
condôminos. são utilizados em comum pelos
§ 1º As partes suscetíveis de Art. 1.332. Institui-se o con- Art. 1.333. A convenção que
condôminos, não podendo ser
utilização independente, tais domínio edilício por ato entre constitui o condomínio edilício
alienados separadamente, ou
como apartamentos, escri- vivos ou testamento, registrado deve ser subscrita pelos titulares
divididos.
tórios, salas, lojas, sobrelojas no Cartório de Registro de de, no mínimo, dois terços das
§ 3º A cada unidade imobiliária frações ideais e torna-se, desde
ou abrigos para veículos, com Imóveis, devendo constar
caberá, como parte inseparável, logo, obrigatória para os titula-
as respectivas frações ideais daquele ato, além do disposto
uma fração ideal no solo e nas res de direito sobre as unidades,
no solo e nas outras partes em lei especial:
outras partes comuns, que será ou para quantos sobre elas
comuns, sujeitam-se a proprie- identificada em forma decimal I – a discriminação e indi-
dade exclusiva, podendo ser vidualização das unidades tenham posse ou detenção.
ou ordinária no instrumento

  188
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.331.
Parágrafo único. Para ser III – a competência das Art. 1.335. São direitos do II – não realizar obras que
oponível contra terceiros, a assembléias, forma de sua condômino: comprometam a segurança da
convenção do condomínio de- convocação e quorum exigido I – usar, fruir e livremente edificação;
verá ser registrada no Cartório para as deliberações; dispor das suas unidades; III – não alterar a forma e a
de Registro de Imóveis. IV – as sanções a que estão II – usar das partes comuns, cor da fachada, das partes e
Art. 1.334. Além das cláusulas sujeitos os condôminos, ou conforme a sua destinação, esquadrias externas;
referidas no art. 1.332 e das que possuidores; e contanto que não exclua IV – dar às suas partes a
os interessados houverem por V – o regimento interno. a utilização dos demais mesma destinação que tem a
bem estipular, a convenção § 1º A convenção poderá ser compossuidores; edificação, e não as utilizar de
determinará: feita por escritura pública ou III – votar nas deliberações da maneira prejudicial ao sossego,
I – a quota proporcional e por instrumento particular. assembléia e delas participar, salubridade e segurança dos
o modo de pagamento das estando quite. possuidores, ou aos bons
§ 2º São equiparados aos
contribuições dos condôminos costumes.
proprietários, para os fins Art. 1.336. São deveres do
para atender às despesas deste artigo, salvo disposição condômino: § 1º O condômino que não
ordinárias e extraordinárias do em contrário, os promitentes pagar a sua contribuição ficará
I – contribuir para as despesas
condomínio; compradores e os cessionários sujeito aos juros moratórios
do condomínio na proporção
II – sua forma de de direitos relativos às unida- convencionados ou, não sendo
das suas frações ideais, salvo
administração; des autônomas. previstos, os de um por cento
disposição em contrário na
convenção; (Alterado em 04)
  189
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.334.
ao mês e multa de até dois por reiteradamente com os seus pagar multa correspondente § 1º Nos casos deste artigo é
cento sobre o débito. deveres perante o condomínio ao décuplo do valor atribuído à proibido alienar ou gravar os
§ 2º O condômino, que não poderá, por deliberação de contribuição para as despesas bens em separado.
cumprir qualquer dos deveres três quartos dos condôminos condominiais, até ulterior § 2º É permitido ao condômino
estabelecidos nos incisos II restantes, ser constrangido a deliberação da assembléia. alienar parte acessória de sua
a IV, pagará a multa prevista pagar multa correspondente até unidade imobiliária a outro
Art. 1.338. Resolvendo o con-
no ato constitutivo ou na ao quíntuplo do valor atribuído condômino, só podendo fazê-lo
dômino alugar área no abrigo
convenção, não podendo ela ser à contribuição para as despesas a terceiro se essa faculdade
para veículos, preferir-se-á, em
superior a cinco vezes o valor condominiais, conforme a gra- constar do ato constitutivo
condições iguais, qualquer dos
de suas contribuições mensais, vidade das faltas e a reiteração, do condomínio, e se a ela não
condôminos a estranhos, e,
independentemente das perdas independentemente das perdas se opuser a respectiva assem-
entre todos, os possuidores.
e danos que se apurarem; não e danos que se apurem. bléia geral.
havendo disposição expressa, Parágrafo único. O condômino Art. 1.339. Os direitos de cada
condômino às partes comuns Art. 1.340. As despesas rela-
caberá à assembléia geral, por ou possuidor que, por seu
são inseparáveis de sua proprie- tivas a partes comuns de uso
dois terços no mínimo dos con- reiterado comportamento anti-
dade exclusiva; são também exclusivo de um condômino, ou
dôminos restantes, deliberar social, gerar incompatibilidade
inseparáveis das frações ideais de alguns deles, incumbem a
sobre a cobrança da multa. de convivência com os demais
correspondentes as unidades quem delas se serve.
condôminos ou possuidores,
Art. 1337. O condômino, ou imobiliárias, com as suas partes
poderá ser constrangido a
possuidor, que não cumpre acessórias.
  190
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1337.
Art. 1.341. A realização de obras delas dará ciência à assembléia, natureza, embora de interes- da aprovação da unanimidade
no condomínio depende: que deverá ser convocada se comum. dos condôminos.
I – se voluptuárias, de voto de imediatamente.
Art. 1.342. A realização de Art. 1.344. Ao proprietário do
dois terços dos condôminos; § 3º Não sendo urgentes, as obras, em partes comuns, em terraço de cobertura incumbem
II – se úteis, de voto da maioria obras ou reparos necessários, acréscimo às já existentes, a as despesas da sua conserva-
dos condôminos. que importarem em despesas fim de lhes facilitar ou aumen- ção, de modo que não haja
§ 1º As obras ou reparações excessivas, somente poderão tar a utilização, depende da danos às unidades imobiliárias
necessárias podem ser reali- ser efetuadas após autorização aprovação de dois terços dos inferiores.
zadas, independentemente de da assembléia, especialmente votos dos condôminos, não
convocada pelo síndico, ou, em Art. 1.345. O adquirente de
autorização, pelo síndico, ou, sendo permitidas construções,
caso de omissão ou impedi- unidade responde pelos débitos
em caso de omissão ou impe- nas partes comuns, suscetíveis
mento deste, por qualquer dos do alienante, em relação ao
dimento deste, por qualquer de prejudicar a utilização, por
condôminos. condomínio, inclusive multas e
condômino. qualquer dos condôminos, das
juros moratórios.
§ 2º Se as obras ou reparos § 4º O condômino que realizar partes próprias, ou comuns.
necessários forem urgentes obras ou reparos necessários Art. 1.346. É obrigatório o segu-
Art. 1.343. A construção de
e importarem em despesas será reembolsado das despesas ro de toda a edificação contra o
outro pavimento, ou, no solo
excessivas, determinada sua que efetuar, não tendo direito risco de incêndio ou destruição,
comum, de outro edifício,
realização, o síndico ou o con- à restituição das que fizer total ou parcial.
destinado a conter novas
dômino que tomou a iniciativa com obras ou reparos de outra
unidades imobiliárias, depende
  191
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.341.
Seção II existência de procedimento VIII – prestar contas à assem- estabelecido no § 2º do artigo
Da Administração do Condomínio judicial ou administrativo, de bléia, anualmente e quando antecedente, poderá, pelo voto
interesse do condomínio; exigidas; da maioria absoluta de seus
Art. 1.347. A assembléia
IV – cumprir e fazer cumprir IX – realizar o seguro da membros, destituir o síndico
escolherá um síndico, que
a convenção, o regimento edificação. que praticar irregularidades,
poderá não ser condômino, para
interno e as determinações da § 1º Poderá a assembléia não prestar contas, ou não
administrar o condomínio, por
assembléia; investir outra pessoa, em lugar administrar convenientemente
prazo não superior a dois anos,
V – diligenciar a conservação do síndico, em poderes de o condomínio.
o qual poderá renovar-se.
e a guarda das partes comuns representação. Art. 1.350. Convocará o
Art. 1.348. Compete ao síndico: e zelar pela prestação dos § 2º O síndico pode transferir a síndico, anualmente, reunião da
I – convocar a assembléia dos serviços que interessem aos outrem, total ou parcialmente, assembléia dos condôminos, na
condôminos; possuidores; os poderes de representação forma prevista na convenção,
II – representar, ativa e VI – elaborar o orçamento da a fim de aprovar o orçamento
ou as funções administrati-
passivamente, o condomínio, receita e da despesa relativa a das despesas, as contribuições
vas, mediante aprovação da
praticando, em juízo ou fora cada ano; dos condôminos e a prestação
assembléia, salvo disposição
dele, os atos necessários à VII – cobrar dos condôminos de contas, e eventualmente
em contrário da convenção.
defesa dos interesses comuns; as suas contribuições, bem eleger-lhe o substituto e alterar
III – dar imediato conhe- como impor e cobrar as multas Art. 1.349. A assembléia, espe- o regimento interno.
cimento à assembléia da devidas; cialmente convocada para o fim

  192
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.347.
§ 1º Se o síndico não convocar serão tomadas, em primeira Art. 1.354. A assembléia não Seção III
a assembléia, um quarto dos convocação, por maioria de poderá deliberar se todos os Da Extinção do Condomínio
condôminos poderá fazê-lo. votos dos condôminos presentes condôminos não forem convo-
Art. 1.357. Se a edificação for
§ 2º Se a assembléia não que representem pelo menos cados para a reunião.
total ou consideravelmente
se reunir, o juiz decidirá, a metade das frações ideais.
Art. 1.355. Assembléias extra- destruída, ou ameace ruína,
requerimento de qualquer Parágrafo único. Os votos ordinárias poderão ser convo- os condôminos deliberarão em
condômino. serão proporcionais às frações cadas pelo síndico ou por um assembléia sobre a reconstru-
ideais no solo e nas outras quarto dos condôminos. ção, ou venda, por votos que
Art. 1.351. Depende da aprova-
partes comuns pertencentes a representem metade mais uma
ção de 2/3 (dois terços) dos votos Art. 1.356. Poderá haver no
cada condômino, salvo dispo- das frações ideais.
dos condôminos a alteração condomínio um conselho fiscal,
sição diversa da convenção de
da convenção; a mudança da composto de três membros, § 1º Deliberada a reconstrução,
constituição do condomínio.
destinação do edifício, ou da eleitos pela assembléia, por poderá o condômino eximir-se
unidade imobiliária, depende Art. 1.353. Em segunda con- prazo não superior a dois anos, do pagamento das despesas
da aprovação pela unanimidade vocação, a assembléia poderá ao qual compete dar parecer respectivas, alienando os seus
dos condôminos. (Alterado em 04) deliberar por maioria dos votos sobre as contas do síndico. direitos a outros condôminos,
dos presentes, salvo quando mediante avaliação judicial.
Art. 1.352. Salvo quando
exigido quorum especial. § 2º Realizada a venda, em
exigido quorum especial, as
deliberações da assembléia que se preferirá, em condições
iguais de oferta, o condômino
  193
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.351.
ao estranho, será repartido o se opera a resolução, pode de coisa móvel infungível que tornando-se o devedor possui-
apurado entre os condôminos, reivindicar a coisa do poder de o devedor, com escopo de dor direto da coisa.
proporcionalmente ao valor quem a possua ou detenha. garantia, transfere ao credor. § 3º A propriedade superve-
das suas unidades imobiliárias. § 1º Constitui-se a propriedade niente, adquirida pelo devedor,
Art. 1.360. Se a propriedade
Art. 1.358. Se ocorrer desa- se resolver por outra causa fiduciária com o registro torna eficaz, desde o arqui-
propriação, a indenização superveniente, o possuidor, do contrato, celebrado por vamento, a transferência da
será repartida na proporção a que a tiver adquirido por título instrumento público ou propriedade fiduciária.
que se refere o § 2º do artigo anterior à sua resolução, será particular, que lhe serve de
Art. 1.362. O contrato, que
antecedente. considerado proprietário perfei- título, no Registro de Títulos e
serve de título à propriedade
to, restando à pessoa, em cujo Documentos do domicílio do
fiduciária, conterá:
CAPÍTULO VIII benefício houve a resolução, devedor, ou, em se tratando de
veículos, na repartição com- I – o total da dívida, ou sua
Da Propriedade Resolúvel ação contra aquele cuja proprie- estimativa;
dade se resolveu para haver a petente para o licenciamento,
Art. 1.359. Resolvida a pro- fazendo-se a anotação no II – o prazo, ou a época do
própria coisa ou o seu valor.
priedade pelo implemento da certificado de registro. pagamento;
condição ou pelo advento do III – a taxa de juros, se houver;
CAPÍTULO IX § 2º Com a constituição da
termo, entendem-se também IV – a descrição da coisa
Da Propriedade Fiduciária propriedade fiduciária, dá-se
resolvidos os direitos reais objeto da transferência, com os
o desdobramento da posse,
concedidos na sua pendência, Art. 1.361. Considera-se fidu-
e o proprietário, em cujo favor ciária a propriedade resolúvel
  194
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.358.
elementos indispensáveis à sua de seu crédito e das despesas de continuará o devedor obrigado naquilo que não for incompa-
identificação. cobrança, e a entregar o saldo, pelo restante. tível com a legislação especial.
se houver, ao devedor. (Alterado em 04)
Art. 1.363. Antes de vencida a Art. 1.367. Aplica-se à proprie-
dívida, o devedor, a suas expen- Art. 1.365. É nula a cláusula que dade fiduciária, no que couber,
TÍTULO IV 
sas e risco, pode usar a coisa autoriza o proprietário fiduciá- o disposto nos arts. 1.421, 1.425,
Da Superfície
segundo sua destinação, sendo rio a ficar com a coisa alienada 1.426, 1.427 e 1.436.
obrigado, como depositário: em garantia, se a dívida não for Art. 1.369. O proprietário pode
Art. 1.368. O terceiro, interes-
I – a empregar na guarda da paga no vencimento. conceder a outrem o direito de
sado ou não, que pagar a dívida,
coisa a diligência exigida por Parágrafo único. O devedor construir ou de plantar em seu
se sub-rogará de pleno direito
sua natureza; pode, com a anuência do cre- terreno, por tempo determina-
no crédito e na propriedade
II – a entregá-la ao credor, dor, dar seu direito eventual à do, mediante escritura pública
fiduciária.
se a dívida não for paga no coisa em pagamento da dívida, devidamente registrada no
vencimento. após o vencimento desta. Art. 1.368-A. As demais espé- Cartório de Registro de Imóveis.
cies de propriedade fiduciária Parágrafo único. O direito de
Art. 1.364. Vencida a dívida, e Art. 1.366. Quando, vendida ou de titularidade fiduciária superfície não autoriza obra no
não paga, fica o credor obrigado a coisa, o produto não bastar submetem-se à disciplina subsolo, salvo se for inerente ao
a vender, judicial ou extrajudi- para o pagamento da dívida específica das respectivas leis objeto da concessão.
cialmente, a coisa a terceiros, a e das despesas de cobrança, especiais, somente se aplicando
aplicar o preço no pagamento as disposições deste Código

  195
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.363.
Art. 1.370. A concessão da Art. 1.373. Em caso de aliena- Art. 1.376. No caso de extinção TÍTULO V 
superfície será gratuita ou ção do imóvel ou do direito de do direito de superfície em con- Das Servidões
onerosa; se onerosa, estipula- superfície, o superficiário ou seqüência de desapropriação, a
rão as partes se o pagamento o proprietário tem direito de indenização cabe ao proprietá- CAPÍTULO I
será feito de uma só vez, ou preferência, em igualdade de rio e ao superficiário, no valor Da Constituição das
parceladamente. condições. correspondente ao direito real Servidões
de cada um. Art. 1.378. A servidão pro-
Art. 1.371. O superficiário Art. 1.374. Antes do termo final,
responderá pelos encargos e resolver-se-á a concessão se Art. 1.377. O direito de superfí- porciona utilidade para o
tributos que incidirem sobre o o superficiário der ao terreno cie, constituído por pessoa jurí- prédio dominante, e grava o
imóvel. destinação diversa daquela para dica de direito público interno, prédio serviente, que pertence
que foi concedida. rege-se por este Código, no que a diverso dono, e constitui-se
Art. 1.372. O direito de superfí- mediante declaração expressa
não for diversamente discipli-
cie pode transferir-se a terceiros Art. 1.375. Extinta a concessão, dos proprietários, ou por
nado em lei especial.
e, por morte do superficiário, o proprietário passará a ter a testamento, e subseqüente
aos seus herdeiros. propriedade plena sobre o ter- registro no Cartório de Registro
Parágrafo único. Não poderá reno, construção ou plantação, de Imóveis.
ser estipulado pelo concedente, independentemente de indeni-
a nenhum título, qualquer zação, se as partes não houve- Art. 1.379. O exercício incontes-
pagamento pela transferência. rem estipulado o contrário. tado e contínuo de uma servi-
dão aparente, por dez anos, nos
  196
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.370.
termos do art. 1.242, autoriza o Art. 1.381. As obras a que se Art. 1.383. O dono do prédio agravar o encargo ao prédio
interessado a registrá-la em seu refere o artigo antecedente serviente não poderá embaraçar serviente.
nome no Registro de Imóveis, devem ser feitas pelo dono do de modo algum o exercício § 1º Constituída para certo fim,
valendo-lhe como título a prédio dominante, se o contrá- legítimo da servidão. a servidão não se pode ampliar
sentença que julgar consumado rio não dispuser expressamente a outro.
Art. 1.384. A servidão pode
a usucapião. o título.
ser removida, de um local para § 2º Nas servidões de trânsito,
Parágrafo único. Se o possui- Art. 1.382. Quando a obrigação outro, pelo dono do prédio a de maior inclui a de menor
dor não tiver título, o prazo da incumbir ao dono do prédio serviente e à sua custa, se em ônus, e a menor exclui a mais
usucapião será de vinte anos. serviente, este poderá exonerar- nada diminuir as vantagens onerosa.
se, abandonando, total ou do prédio dominante, ou pelo § 3º Se as necessidades da
CAPÍTULO II parcialmente, a propriedade ao dono deste e à sua custa, se cultura, ou da indústria, do
Do Exercício das Servidões dono do dominante. houver considerável incremento prédio dominante impuserem
Art. 1.380. O dono de uma Parágrafo único. Se o proprie- da utilidade e não prejudicar o à servidão maior largueza, o
servidão pode fazer todas as tário do prédio dominante se prédio serviente. dono do serviente é obrigado a
obras necessárias à sua con- recusar a receber a propriedade Art. 1.385. Restringir-se-á o sofrê-la; mas tem direito a ser
servação e uso, e, se a servidão do serviente, ou parte dela, exercício da servidão às neces- indenizado pelo excesso.
pertencer a mais de um prédio, caber-lhe-á custear as obras. sidades do prédio dominante, Art. 1.386. As servidões prediais
serão as despesas rateadas entre evitando-se, quanto possível, são indivisíveis, e subsistem,
os respectivos donos.

  197
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.379.
no caso de divisão dos imóveis, título hipotecário, será tam- Art. 1.389. Também se extingue TÍTULO VI 
em benefício de cada uma das bém preciso, para a cancelar, o a servidão, ficando ao dono do Do Usufruto
porções do prédio dominante, consentimento do credor. prédio serviente a faculdade
e continuam a gravar cada uma de fazê-la cancelar, mediante a CAPÍTULO I
Art. 1.388. O dono do prédio
das do prédio serviente, salvo prova da extinção: Disposições Gerais
serviente tem direito, pelos
se, por natureza, ou destino, só I – pela reunião dos dois
meios judiciais, ao cancela- Art. 1.390. O usufruto pode
se aplicarem a certa parte de um prédios no domínio da mesma
mento do registro, embora o recair em um ou mais bens,
ou de outro. pessoa;
dono do prédio dominante lho móveis ou imóveis, em um pa-
impugne: II – pela supressão das trimônio inteiro, ou parte deste,
CAPÍTULO III respectivas obras por efeito de abrangendo-lhe, no todo ou em
Da Extinção das Servidões I – quando o titular houver
renunciado a sua servidão; contrato, ou de outro título parte, os frutos e utilidades.
Art. 1.387. Salvo nas desapro- expresso;
II – quando tiver cessado, Art. 1.391. O usufruto de
priações, a servidão, uma vez para o prédio dominante, a III – pelo não uso, durante dez
anos contínuos. imóveis, quando não resulte
registrada, só se extingue, com utilidade ou a comodidade, de usucapião, constituir-se-á
respeito a terceiros, quando que determinou a constituição mediante registro no Cartório
cancelada. da servidão; de Registro de Imóveis.
Parágrafo único. Se o prédio III – quando o dono do prédio
dominante estiver hipotecado, serviente resgatar a servidão. Art. 1.392. Salvo disposição em
e a servidão se mencionar no contrário, o usufruto estende-se

  198
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.386.
aos acessórios da coisa e seus § 3º Se o usufruto recai sobre CAPÍTULO II índices oficiais regularmente
acrescidos. universalidade ou quota-parte Dos Direitos do estabelecidos.
de bens, o usufrutuário tem Usufrutuário
§ 1º Se, entre os acessórios e Art. 1.396. Salvo direito adqui-
os acrescidos, houver coisas direito à parte do tesouro Art. 1.394. O usufrutuário tem rido por outrem, o usufrutuário
consumíveis, terá o usufrutuá- achado por outrem, e ao preço direito à posse, uso, administra- faz seus os frutos naturais,
rio o dever de restituir, findo o pago pelo vizinho do prédio ção e percepção dos frutos. pendentes ao começar o
usufruto, as que ainda houver usufruído, para obter meação
Art. 1.395. Quando o usufruto usufruto, sem encargo de pagar
e, das outras, o equivalente em em parede, cerca, muro, vala ou
recai em títulos de crédito, as despesas de produção.
gênero, qualidade e quantida- valado.
o usufrutuário tem direito a Parágrafo único. Os frutos
de, ou, não sendo possível, o Art. 1.393. Não se pode trans- perceber os frutos e a cobrar as naturais, pendentes ao tempo
seu valor, estimado ao tempo ferir o usufruto por alienação; respectivas dívidas. em que cessa o usufruto, per-
da restituição. mas o seu exercício pode
Parágrafo único. Cobradas as tencem ao dono, também sem
§ 2º Se há no prédio em que ceder-se por título gratuito ou compensação das despesas.
dívidas, o usufrutuário aplica-
recai o usufruto florestas ou os oneroso.
rá, de imediato, a importância Art. 1.397. As crias dos animais
recursos minerais a que se re-
em títulos da mesma natureza, pertencem ao usufrutuário,
fere o art. 1.230, devem o dono
ou em títulos da dívida pública deduzidas quantas bastem para
e o usufrutuário prefixar-lhe a
federal, com cláusula de atu- inteirar as cabeças de gado exis-
extensão do gozo e a maneira
alização monetária segundo tentes ao começar o usufruto.
de exploração.

  199
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.392.
Art. 1.398. Os frutos civis, ven- estado em que se acham, e dará administração, entre as quais e as que não forem de custo
cidos na data inicial do usufru- caução, fidejussória ou real, se se incluirá a quantia fixada módico; mas o usufrutuário
to, pertencem ao proprietário, e lha exigir o dono, de velar-lhes pelo juiz como remuneração do lhe pagará os juros do capital
ao usufrutuário os vencidos na pela conservação, e entregá-los administrador. despendido com as que forem
data em que cessa o usufruto. findo o usufruto. necessárias à conservação, ou
Art. 1.402. O usufrutuário não
Parágrafo único. Não é aumentarem o rendimento da
Art. 1.399. O usufrutuário pode é obrigado a pagar as deterio-
obrigado à caução o doador coisa usufruída.
usufruir em pessoa, ou median- rações resultantes do exercício
te arrendamento, o prédio, mas que se reservar o usufruto da regular do usufruto. § 1º Não se consideram mó-
não mudar-lhe a destinação coisa doada. dicas as despesas superiores a
Art. 1.403 Incumbem ao dois terços do líquido rendi-
econômica, sem expressa Art. 1.401. O usufrutuário usufrutuário: mento em um ano.
autorização do proprietário. que não quiser ou não puder I – as despesas ordinárias § 2º Se o dono não fizer as
dar caução suficiente perderá de conservação dos bens no
CAPÍTULO III o direito de administrar o reparações a que está obriga-
Dos Deveres do estado em que os recebeu; do, e que são indispensáveis
usufruto; e, neste caso, os
Usufrutuário II – as prestações e os tributos à conservação da coisa, o
bens serão administrados pelo
devidos pela posse ou rendi- usufrutuário pode realizá-las,
Art. 1.400. O usufrutuário, proprietário, que ficará obriga-
mento da coisa usufruída. cobrando daquele a importân-
antes de assumir o usufruto, in- do, mediante caução, a entregar
ventariará, à sua custa, os bens ao usufrutuário o rendimento Art. 1.404. Incumbem ao dono cia despendida.
que receber, determinando o deles, deduzidas as despesas de as reparações extraordinárias

  200
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.398.
Art. 1.405. Se o usufruto recair § 2º Em qualquer hipótese, ressarcido pelo terceiro respon- IV – pela cessação do motivo
num patrimônio, ou parte des- o direito do usufrutuário sável no caso de danificação de que se origina;
te, será o usufrutuário obrigado fica sub-rogado no valor da ou perda. V – pela destruição da coisa,
aos juros da dívida que onerar o indenização do seguro. guardadas as disposições dos
patrimônio ou a parte dele. CAPÍTULO IV arts. 1.407, 1.408, 2ª parte,
Art. 1.408. Se um edifício sujei-
Da Extinção do Usufruto e 1.409;
Art. 1.406. O usufrutuário é to a usufruto for destruído sem
obrigado a dar ciência ao dono culpa do proprietário, não será Art. 1.410. O usufruto VI – pela consolidação;
de qualquer lesão produzida este obrigado a reconstruí-lo, extingue-se, cancelando-se o VII – por culpa do usufrutuá-
contra a posse da coisa, ou os nem o usufruto se restabelece- registro no Cartório de Registro rio, quando aliena, deteriora,
direitos deste. rá, se o proprietário reconstruir de Imóveis: ou deixa arruinar os bens, não
à sua custa o prédio; mas se a I – pela renúncia ou morte do lhes acudindo com os reparos
Art. 1.407. Se a coisa estiver se- de conservação, ou quando, no
indenização do seguro for apli- usufrutuário;
gurada, incumbe ao usufrutuá- usufruto de títulos de crédito,
cada à reconstrução do prédio, II – pelo termo de sua duração;
rio pagar, durante o usufruto, as não dá às importâncias rece-
restabelecer-se-á o usufruto. III – pela extinção da pessoa
contribuições do seguro. bidas a aplicação prevista no
Art. 1.409. Também fica sub- jurídica, em favor de quem o
§ 1º Se o usufrutuário fizer o parágrafo único do art. 1.395;
rogada no ônus do usufruto, em usufruto foi constituído, ou, se
seguro, ao proprietário caberá VIII – Pelo não uso, ou não
lugar do prédio, a indenização ela perdurar, pelo decurso de
o direito dele resultante contra fruição, da coisa em que o
paga, se ele for desapropriado, trinta anos da data em que se
o segurador.
ou a importância do dano, começou a exercer;
  201
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.405.
usufruto recai (arts. 1.390 e conforme a sua condição social alugar, nem emprestar, mas TÍTULO IX 
1.399). e o lugar onde viver. simplesmente ocupá-la com sua Do Direito do
§ 2º As necessidades da família família. Promitente Comprador
Art. 1.411. Constituído o
usufruto em favor de duas ou do usuário compreendem as de Art. 1.415. Se o direito real de Art. 1.417. Mediante promessa
mais pessoas, extinguir-se-á a seu cônjuge, dos filhos solteiros habitação for conferido a mais de compra e venda, em que se
parte em relação a cada uma e das pessoas de seu serviço de uma pessoa, qualquer delas não pactuou arrependimento,
das que falecerem, salvo se, por doméstico. que sozinha habite a casa não celebrada por instrumento
estipulação expressa, o quinhão Art. 1.413. São aplicáveis ao terá de pagar aluguel à outra, público ou particular, e regis-
desses couber ao sobrevivente. uso, no que não for contrário ou às outras, mas não as pode trada no Cartório de Registro
à sua natureza, as disposições inibir de exercerem, querendo, de Imóveis, adquire o promi-
TÍTULO VII  relativas ao usufruto. o direito, que também lhes tente comprador direito real à
Do Uso compete, de habitá-la. aquisição do imóvel.
Art. 1.412. O usuário usará da TÍTULO VIII  Art. 1.416. São aplicáveis à habi- Art. 1.418. O promitente
coisa e perceberá os seus frutos, Da Habitação tação, no que não for contrário comprador, titular de direito
quanto o exigirem as necessida- Art. 1.414. Quando o uso à sua natureza, as disposições real, pode exigir do promitente
des suas e de sua família. consistir no direito de habitar relativas ao usufruto. vendedor, ou de terceiros, a
§ 1º Avaliar-se-ão as neces- gratuitamente casa alheia, o quem os direitos deste forem
sidades pessoais do usuário titular deste direito não a pode cedidos, a outorga da escritura

  202
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.411.
definitiva de compra e venda, hipotecar ou dar em anticrese; correspondente da garantia, Art. 1.423. O credor anticrético
conforme o disposto no só os bens que se podem alienar ainda que esta compreenda tem direito a reter em seu poder
instrumento preliminar; e, se poderão ser dados em penhor, vários bens, salvo disposição ex- o bem, enquanto a dívida não
houver recusa, requerer ao juiz a anticrese ou hipoteca. pressa no título ou na quitação. for paga; extingue-se esse
adjudicação do imóvel. § 1º A propriedade superve- direito decorridos quinze anos
Art. 1.422. O credor hipotecário
niente torna eficaz, desde o da data de sua constituição.
e o pignoratício têm o direito
TÍTULO X  registro, as garantias reais de excutir a coisa hipotecada Art. 1.424. Os contratos de
Do Penhor, da Hipoteca estabelecidas por quem não ou empenhada, e preferir, no penhor, anticrese ou hipoteca
e da Anticrese era dono. pagamento, a outros credores, declararão, sob pena de não
§ 2º A coisa comum a dois ou observada, quanto à hipoteca, a terem eficácia:
CAPÍTULO I mais proprietários não pode prioridade no registro.
Disposições Gerais I – o valor do crédito, sua
ser dada em garantia real, na Parágrafo único. Excetuam-se estimação, ou valor máximo;
Art. 1.419. Nas dívidas garanti- sua totalidade, sem o consenti- da regra estabelecida neste ar- II – o prazo fixado para
das por penhor, anticrese ou hi- mento de todos; mas cada um tigo as dívidas que, em virtude pagamento;
poteca, o bem dado em garantia pode individualmente dar em de outras leis, devam ser pagas III – a taxa dos juros, se
fica sujeito, por vínculo real, ao garantia real a parte que tiver. precipuamente a quaisquer houver;
cumprimento da obrigação. outros créditos.
Art. 1.421. O pagamento de IV – o bem dado em garantia
Art. 1.420. Só aquele que pode uma ou mais prestações da com as suas especificações.
alienar poderá empenhar, dívida não importa exoneração
  203
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.418.
Art. 1.425. A dívida considera- V – se se desapropriar o bem outras; subsistindo, no caso Art. 1.428. É nula a cláusula que
se vencida: dado em garantia, hipótese na contrário, a dívida reduzida, autoriza o credor pignoratício,
I – se, deteriorando-se, ou qual se depositará a parte do com a respectiva garantia sobre anticrético ou hipotecário a
depreciando-se o bem dado em preço que for necessária para o os demais bens, não desapro- ficar com o objeto da garantia,
segurança, desfalcar a garan- pagamento integral do credor. priados ou destruídos. se a dívida não for paga no
tia, e o devedor, intimado, não § 1º Nos casos de perecimento vencimento.
Art. 1.426. Nas hipóteses do
a reforçar ou substituir; da coisa dada em garantia, esta artigo anterior, de vencimento Parágrafo único. Após o
II – se o devedor cair em se sub-rogará na indenização antecipado da dívida, não se vencimento, poderá o devedor
insolvência ou falir; do seguro, ou no ressarcimento compreendem os juros corres- dar a coisa em pagamento da
III – se as prestações não fo- do dano, em benefício do pondentes ao tempo ainda não dívida.
rem pontualmente pagas, toda credor, a quem assistirá sobre decorrido. Art. 1.429. Os sucessores do
vez que deste modo se achar ela preferência até seu comple-
Art. 1.427. Salvo cláusula devedor não podem remir
estipulado o pagamento. Neste to reembolso.
expressa, o terceiro que presta parcialmente o penhor ou a
caso, o recebimento posterior § 2º Nos casos dos incisos IV hipoteca na proporção dos
da prestação atrasada importa garantia real por dívida alheia
e V, só se vencerá a hipoteca seus quinhões; qualquer deles,
renúncia do credor ao seu não fica obrigado a substituí-la,
antes do prazo estipulado, se o porém, pode fazê-lo no todo.
direito de execução imediata; ou reforçá-la, quando, sem
perecimento, ou a desapropria-
culpa sua, se perca, deteriore, Parágrafo único. O herdeiro
IV – se perecer o bem dado em ção recair sobre o bem dado em
ou desvalorize. ou sucessor que fizer a remição
garantia, e não for substituído; garantia, e esta não abranger
fica sub-rogado nos direitos do
  204
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.425.
credor pelas quotas que houver represente, faz o devedor, ou Seção II o contrato, ou lhe autorizar o
satisfeito. alguém por ele, de uma coisa Dos Direitos do Credor devedor mediante procuração;
móvel, suscetível de alienação. Pignoratício V – a apropriar-se dos frutos
Art. 1.430. Quando, excutido o
penhor, ou executada a hipote- Parágrafo único. No penhor Art. 1.433. O credor pignoratí- da coisa empenhada que se
ca, o produto não bastar para rural, industrial, mercantil e de cio tem direito: encontra em seu poder;
pagamento da dívida e despesas veículos, as coisas empenha- I – à posse da coisa VI – a promover a venda
judiciais, continuará o devedor das continuam em poder do empenhada; antecipada, mediante prévia
obrigado pessoalmente pelo devedor, que as deve guardar e II – à retenção dela, até que autorização judicial, sempre
restante. conservar. o indenizem das despesas devi- que haja receio fundado de
damente justificadas, que tiver que a coisa empenhada se
Art. 1.432. O instrumento
CAPÍTULO II feito, não sendo ocasionadas perca ou deteriore, devendo o
do penhor deverá ser levado
Do Penhor por culpa sua; preço ser depositado. O dono
a registro, por qualquer dos con-
da coisa empenhada pode
Seção I tratantes; o do penhor comum III – ao ressarcimento do
impedir a venda antecipada,
Da Constituição do Penhor será registrado no Cartório de prejuízo que houver sofrido
substituindo-a, ou oferecendo
Títulos e Documentos. por vício da coisa empenhada;
Art. 1.431. Constitui-se o pe- outra garantia real idônea.
IV – a promover a execução
nhor pela transferência efetiva Art. 1.434. O credor não pode
judicial, ou a venda amigável,
da posse que, em garantia do ser constrangido a devolver
se lhe permitir expressamente
débito ao credor ou a quem o a coisa empenhada, ou uma

  205
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.430.
parte dela, antes de ser integral- II – à defesa da posse da coisa Seção IV quando restituir a sua posse
mente pago, podendo o juiz, a empenhada e a dar ciência, ao Da Extinção do Penhor ao devedor, ou quando anuir
requerimento do proprietário, dono dela, das circunstâncias à sua substituição por outra
Art. 1.436. Extingue-se o
determinar que seja vendida que tornarem necessário o garantia.
penhor:
apenas uma das coisas, ou parte exercício de ação possessória; § 2º Operando-se a confusão
I – extinguindo-se a obrigação;
da coisa empenhada, suficiente III – a imputar o valor dos tão-somente quanto a parte
para o pagamento do credor. II – perecendo a coisa;
frutos, de que se apropriar (art. da dívida pignoratícia, subsis-
1.433, inciso V) nas despesas III – renunciando o credor;
Seção III tirá inteiro o penhor quanto
de guarda e conservação, nos IV – confundindo-se na ao resto.
Das Obrigações do Credor
juros e no capital da obrigação mesma pessoa as qualidades de
Pignoratício
garantida, sucessivamente; credor e de dono da coisa; Art. 1.437. Produz efeitos a
Art. 1.435. O credor pignoratí- V – dando-se a adjudicação extinção do penhor depois de
IV – a restituí-la, com os
cio é obrigado: judicial, a remissão ou a venda averbado o cancelamento do
respectivos frutos e acessões,
I – à custódia da coisa, como da coisa empenhada, feita pelo registro, à vista da respecti-
uma vez paga a dívida;
depositário, e a ressarcir ao credor ou por ele autorizada. va prova.
V – a entregar o que sobeje
dono a perda ou deterioração do preço, quando a dívida for § 1º Presume-se a renúncia
de que for culpado, podendo paga, no caso do inciso IV do do credor quando consentir
ser compensada na dívida, até art. 1.433. na venda particular do
a concorrente quantia, a im- penhor sem reserva de preço,
portância da responsabilidade;
  206
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.434.
Seção V Art. 1.439. O penhor agrícola credor hipotecário, mas não lhe III – frutos acondicionados ou
Do Penhor Rural e o penhor pecuário somente prejudica o direito de preferên- armazenados;
podem ser convencionados, cia, nem restringe a extensão da IV – lenha cortada e carvão
Subseção I
Disposições Gerais respectivamente, pelos prazos hipoteca, ao ser executada. vegetal;
máximos de três e quatro anos, V – animais do serviço
Art. 1.438. Constitui-se o Art. 1.441. Tem o credor direito
prorrogáveis, uma só vez, até o ordinário de estabelecimento
penhor rural mediante instru- a verificar o estado das coisas
limite de igual tempo. agrícola.
mento público ou particular, empenhadas, inspecionando-as
§ 1º Embora vencidos os prazos, onde se acharem, por si ou por
registrado no Cartório de Art. 1.443. O penhor agrí-
permanece a garantia, enquan- pessoa que credenciar.
Registro de Imóveis da cir- cola que recai sobre colheita
to subsistirem os bens que a
cunscrição em que estiverem Subseção II pendente, ou em via de forma-
constituem.
situadas as coisas empenhadas. Do Penhor Agrícola ção, abrange a imediatamente
§ 2º A prorrogação deve ser seguinte, no caso de frustrar-se
Parágrafo único. Prometendo Art. 1.442. Podem ser objeto de
averbada à margem do registro ou ser insuficiente a que se deu
pagar em dinheiro a dívida, penhor:
respectivo, mediante requeri- em garantia.
que garante com penhor rural,
mento do credor e do devedor. I – máquinas e instrumentos
o devedor poderá emitir, em Parágrafo único. Se o credor
de agricultura;
favor do credor, cédula rural Art. 1.440. Se o prédio estiver não financiar a nova safra,
hipotecado, o penhor rural II – colheitas pendentes, ou em poderá o devedor constituir
pignoratícia, na forma deter-
poderá constituir-se indepen- via de formação; com outrem novo penhor, em
minada em lei especial.
dentemente da anuência do quantia máxima equivalente
  207
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.438.
à do primeiro; o segundo negligência, ameace prejudicar Seção VI Art. 1.448. Constitui-se o pe-
penhor terá preferência sobre o credor, poderá este requerer Do Penhor Industrial e Mercantil nhor industrial, ou o mercantil,
o primeiro, abrangendo este se depositem os animais sob mediante instrumento público
Art. 1.447. Podem ser objeto de
apenas o excesso apurado na a guarda de terceiro, ou exigir ou particular, registrado no
penhor máquinas, aparelhos,
colheita seguinte. que se lhe pague a dívida de Cartório de Registro de Imóveis
materiais, instrumentos, insta-
imediato. da circunscrição onde estiverem
Subseção III lados e em funcionamento, com
situadas as coisas empenhadas.
Do Penhor Pecuário Art. 1.446. Os animais da os acessórios ou sem eles; ani-
mesma espécie, comprados mais, utilizados na indústria; Parágrafo único. Prometendo
Art. 1.444. Podem ser objeto pagar em dinheiro a dívida, que
para substituir os mortos, ficam sal e bens destinados à explo-
de penhor os animais que garante com penhor industrial
sub-rogados no penhor. ração das salinas; produtos de
integram a atividade pastoril, ou mercantil, o devedor poderá
Parágrafo único. Presume-se suinocultura, animais destina-
agrícola ou de lacticínios. emitir, em favor do credor,
a substituição prevista neste dos à industrialização de carnes
Art. 1.445. O devedor não pode- e derivados; matérias-primas e cédula do respectivo crédito,
artigo, mas não terá eficácia
rá alienar os animais empenha- produtos industrializados. na forma e para os fins que a lei
contra terceiros, se não constar
dos sem prévio consentimento, especial determinar.
de menção adicional ao respec- Parágrafo único. Regula-se
por escrito, do credor. tivo contrato, a qual deverá ser pelas disposições relativas aos Art. 1.449. O devedor não pode,
Parágrafo único. Quando averbada. armazéns gerais o penhor das sem o consentimento por escri-
o devedor pretende alienar mercadorias neles depositadas. to do credor, alterar as coisas
o gado empenhado ou, por empenhadas ou mudar-lhes a

  208
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.444.
situação, nem delas dispor. O Art. 1.452. Constitui-se o Art. 1.454. O credor pigno- tem o credor direito a reter, da
devedor que, anuindo o credor, penhor de direito mediante ratício deve praticar os atos quantia recebida, o que lhe é
alienar as coisas empenhadas, instrumento público ou parti- necessários à conservação e devido, restituindo o restante
deverá repor outros bens da cular, registrado no Registro de defesa do direito empenhado e ao devedor; ou a excutir a coisa
mesma natureza, que ficarão Títulos e Documentos. cobrar os juros e mais presta- a ele entregue.
sub-rogados no penhor. Parágrafo único. O titular ções acessórias compreendidas
Art. 1.456. Se o mesmo crédito
de direito empenhado deverá na garantia.
Art. 1.450. Tem o credor direito for objeto de vários penhores,
a verificar o estado das coisas entregar ao credor pignoratício Art. 1.455. Deverá o credor só ao credor pignoratício, cujo
empenhadas, inspecionando-as os documentos comproba- pignoratício cobrar o crédito direito prefira aos demais, o
onde se acharem, por si ou por tórios desse direito, salvo se empenhado, assim que se torne devedor deve pagar; responde
pessoa que credenciar. tiver interesse legítimo em exigível. Se este consistir numa por perdas e danos aos demais
conservá-los. prestação pecuniária, deposi- credores o credor preferente
Seção VII
Art. 1.453. O penhor de crédito tará a importância recebida, de que, notificado por qualquer um
Do Penhor de Direitos
e Títulos de Crédito não tem eficácia senão quando acordo com o devedor pignora- deles, não promover oportuna-
notificado ao devedor; por tício, ou onde o juiz determinar; mente a cobrança.
Art. 1.451. Podem ser objeto de notificado tem-se o devedor se consistir na entrega da coisa,
penhor direitos, suscetíveis de Art. 1.457. O titular do crédito
que, em instrumento público ou nesta se sub-rogará o penhor.
cessão, sobre coisas móveis. empenhado só pode receber
particular, declarar-se ciente da Parágrafo único. Estando o pagamento com a anuência,
existência do penhor. vencido o crédito pignoratício, por escrito, do credor pignora-
  209
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.449.
tício, caso em que o penhor se II – usar dos meios judiciais fizer, responderá solidariamente mento público ou particular,
extinguirá. convenientes para assegurar os por este, por perdas e danos, registrado no Cartório de
seus direitos, e os do credor do perante o credor pignoratício. Títulos e Documentos do
Art. 1.458. O penhor, que
título empenhado; Parágrafo único. Se o credor domicílio do devedor, e anotado
recai sobre título de crédito,
III – fazer intimar ao devedor der quitação ao devedor do no certificado de propriedade.
constitui-se mediante instru-
mento público ou particular do título que não pague ao título empenhado, deverá Parágrafo único. Prometendo
ou endosso pignoratício, com seu credor, enquanto durar o saldar imediatamente a dívida, pagar em dinheiro a dívida
a tradição do título ao credor, penhor; em cuja garantia se constituiu garantida com o penhor, pode-
regendo-se pelas Disposições IV – receber a importância o penhor. rá o devedor emitir cédula de
Gerais deste Título e, no que consubstanciada no título e os crédito, na forma e para os fins
Seção VIII
couber, pela presente Seção. respectivos juros, se exigíveis, que a lei especial determinar.
Do Penhor de Veículos
restituindo o título ao devedor,
Art. 1.459. Ao credor, em Art. 1.463. Não se fará o penhor
quando este solver a obrigação. Art. 1.461. Podem ser objeto
penhor de título de crédito, de veículos sem que estejam
de penhor os veículos empre-
compete o direito de: Art. 1.460. O devedor do previamente segurados contra
gados em qualquer espécie de
I – conservar a posse do título título empenhado que receber furto, avaria, perecimento e
transporte ou condução.
e recuperá-la de quem quer a intimação prevista no inciso danos causados a terceiros.
III do artigo antecedente, ou se Art. 1.462. Constitui-se o
que o detenha; Art. 1.464. Tem o credor direito
der por ciente do penhor, não penhor, a que se refere o artigo
a verificar o estado do veículo
poderá pagar ao seu credor. Se o antecedente, mediante instru-

  210
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.457.
empenhado, inspecionando-o Seção IX mesmo prédio, pelos aluguéis fazer efetivo o penhor, antes de
onde se achar, por si ou por Do Penhor Legal ou rendas. recorrerem à autoridade judiciá-
pessoa que credenciar. ria, sempre que haja perigo na
Art. 1.467. São credores pigno- Art. 1.468. A conta das dívidas
demora, dando aos devedores
Art. 1.465. A alienação, ou a ratícios, independentemente de enumeradas no inciso I do
comprovante dos bens de que se
mudança, do veículo empenha- convenção: artigo antecedente será extraída
apossarem.
do sem prévia comunicação I – os hospedeiros, ou fornece- conforme a tabela impressa,
ao credor importa no venci- dores de pousada ou alimento, prévia e ostensivamente Art. 1.471. Tomado o penhor,
mento antecipado do crédito sobre as bagagens, móveis, exposta na casa, dos preços de requererá o credor, ato con-
pignoratício. jóias ou dinheiro que os seus hospedagem, da pensão ou dos tínuo, a sua homologação
consumidores ou fregueses gêneros fornecidos, sob pena de judicial.
Art. 1.466. O penhor de
tiverem consigo nas respecti- nulidade do penhor.
veículos só se pode conven- Art. 1.472. Pode o locatário im-
vas casas ou estabelecimentos,
cionar pelo prazo máximo de Art. 1.469. Em cada um dos pedir a constituição do penhor
pelas despesas ou consumo
dois anos, prorrogável até o casos do art. 1.467, o credor mediante caução idônea.
que aí tiverem feito;
limite de igual tempo, averbada poderá tomar em garantia um
a prorrogação à margem do II – o dono do prédio rústico ou mais objetos até o valor da
registro respectivo. ou urbano, sobre os bens dívida.
móveis que o rendeiro ou
inquilino tiver guarnecendo o Art. 1.470. Os credores, com-
preendidos no art. 1.467, podem

  211
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.464.
CAPÍTULO III VIII – o direito de uso es- Art. 1.474. A hipoteca abrange novo título, em favor do mesmo
Da Hipoteca pecial para fins de moradia; todas as acessões, melhora- ou de outro credor.
(Alterado em 07) mentos ou construções do
Seção I Art. 1.477. Salvo o caso de
Disposições Gerais IX – o direito real de uso; imóvel. Subsistem os ônus reais
insolvência do devedor, o credor
(Alterado em 07) constituídos e registrados,
Art. 1.473. Podem ser objeto de da segunda hipoteca, embora
X – a propriedade superficiária. anteriormente à hipoteca, sobre
hipoteca: vencida, não poderá executar
(Alterado em 07) o mesmo imóvel.
o imóvel antes de vencida a
I – os imóveis e os acessórios
§ 1º A hipoteca dos navios Art. 1.475. É nula a cláusula que primeira.
dos imóveis conjuntamente
e das aeronaves reger-se-á proíbe ao proprietário alienar Parágrafo único. Não se
com eles;
pelo disposto em lei especial. imóvel hipotecado. considera insolvente o devedor
II – o domínio direto; (Alterado em 07) Parágrafo único. Pode por faltar ao pagamento das
III – o domínio útil;
§ 2º Os direitos de garantia convencionar-se que vencerá o obrigações garantidas por hi-
IV – as estradas de ferro; instituídos nas hipóteses dos crédito hipotecário, se o imóvel potecas posteriores à primeira.
V – os recursos naturais a que incisos IX e X do caput deste for alienado.
se refere o art. 1.230, inde- Art. 1.478. Se o devedor da
artigo ficam limitados à du-
pendentemente do solo onde Art. 1.476. O dono do imóvel hi- obrigação garantida pela
ração da concessão ou direito
se acham; potecado pode constituir outra primeira hipoteca não se
de superfície, caso tenham
VI – os navios; hipoteca sobre ele, mediante oferecer, no vencimento, para
sido transferidos por período
pagá-la, o credor da segunda
VII – as aeronaves. determinado. (Alterado em 07)

  212
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.473.
pode promover-lhe a extinção, soalmente a pagar as dívidas título aquisitivo, tem o adqui- livre de hipoteca, uma vez pago
consignando a importância e aos credores hipotecários, rente do imóvel hipotecado o ou depositado o preço.
citando o primeiro credor para poderá exonerar-se da hipoteca, direito de remi-lo, citando os § 3º Se o adquirente deixar de
recebê-la e o devedor para pagá- abandonando-lhes o imóvel. credores hipotecários e propon- remir o imóvel, sujeitando-o a
la; se este não pagar, o segundo do importância não inferior ao execução, ficará obrigado a res-
Art. 1.480. O adquirente noti-
credor, efetuando o pagamento, preço por que o adquiriu. sarcir os credores hipotecários
ficará o vendedor e os credores
se sub-rogará nos direitos da § 1º Se o credor impugnar o da desvalorização que, por sua
hipotecários, deferindo-lhes,
hipoteca anterior, sem prejuízo preço da aquisição ou a impor- culpa, o mesmo vier a sofrer,
conjuntamente, a posse do imó-
dos que lhe competirem contra tância oferecida, realizar-se-á além das despesas judiciais da
vel, ou o depositará em juízo.
o devedor comum. licitação, efetuando-se a venda execução.
Parágrafo único. Poderá o ad-
Parágrafo único. Se o primeiro judicial a quem oferecer maior § 4º Disporá de ação regressiva
quirente exercer a faculdade de
credor estiver promovendo preço, assegurada preferência contra o vendedor o adquirente
abandonar o imóvel hipoteca-
a execução da hipoteca, o ao adquirente do imóvel. que ficar privado do imóvel em
do, até as vinte e quatro horas
credor da segunda depositará § 2º Não impugnado pelo conseqüência de licitação ou
subseqüentes à citação, com
a importância do débito e as credor, o preço da aquisição penhora, o que pagar a hipote-
que se inicia o procedimento
despesas judiciais. ou o preço proposto pelo ca, o que, por causa de adjudi-
executivo.
Art. 1.479. O adquirente do adquirente, haver-se-á por cação ou licitação, desembolsar
Art. 1.481. Dentro em trinta definitivamente fixado para a com o pagamento da hipoteca
imóvel hipotecado, desde que
dias, contados do registro do remissão do imóvel, que ficará importância excedente à da
não se tenha obrigado pes-

  213
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.478.
compra e o que suportar custas podendo o credor recusar o Art. 1.485. Mediante simples Art. 1.487. A hipoteca pode ser
e despesas judiciais. preço da avaliação do imóvel. averbação, requerida por ambas constituída para garantia de
Parágrafo único. Pode o credor as partes, poderá prorrogar-se dívida futura ou condicionada,
Art. 1.482. Realizada a praça,
hipotecário, para pagamento a hipoteca, até 30 (trinta) anos desde que determinado o
o executado poderá, até a
de seu crédito, requerer a da data do contrato. Desde que valor máximo do crédito a ser
assinatura do auto de arremata-
adjudicação do imóvel avaliado perfaça esse prazo, só poderá garantido.
ção ou até que seja publicada a
em quantia inferior àquele, subsistir o contrato de hipoteca § 1º Nos casos deste artigo, a
sentença de adjudicação, remir
desde que dê quitação pela sua reconstituindo-se por novo execução da hipoteca depende-
o imóvel hipotecado, oferecen-
totalidade. título e novo registro; e, nesse rá de prévia e expressa concor-
do preço igual ao da avaliação,
caso, lhe será mantida a prece- dância do devedor quanto à
se não tiver havido licitantes, Art. 1.484. É lícito aos interes- dência, que então lhe competir. verificação da condição, ou ao
ou ao do maior lance oferecido. sados fazer constar das escri- (Alterado em 04) montante da dívida.
Igual direito caberá ao cônjuge, turas o valor entre si ajustado
aos descendentes ou ascenden- dos imóveis hipotecados, o qual, Art. 1.486. Podem o credor e o § 2º Havendo divergência entre
tes do executado. devidamente atualizado, será a devedor, no ato constitutivo da o credor e o devedor, caberá
base para as arrematações, adju- hipoteca, autorizar a emissão da àquele fazer prova de seu
Art. 1.483. No caso de falência,
dicações e remições, dispensada correspondente cédula hipote- crédito. Reconhecido este, o
ou insolvência, do devedor
a avaliação. cária, na forma e para os fins devedor responderá, inclusive,
hipotecário, o direito de
previstos em lei especial. por perdas e danos, em razão
remição defere-se à massa, ou
aos credores em concurso, não
  214
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.482.
da superveniente desvaloriza- judiciais ou extrajudiciais ne- guarda ou administração dos pagamento do restante do
ção do imóvel. cessárias ao desmembramento respectivos fundos e rendas; preço da arrematação.
do ônus correm por conta de II – aos filhos, sobre os imóveis
Art. 1.488. Se o imóvel, dado em Art. 1.490. O credor da hipoteca
quem o requerer. do pai ou da mãe que passar a
garantia hipotecária, vier a ser legal, ou quem o represente,
loteado, ou se nele se constituir § 3º O desmembramento do outras núpcias, antes de fazer poderá, provando a insuficiên-
condomínio edilício, poderá ônus não exonera o devedor o inventário do casal anterior; cia dos imóveis especializados,
o ônus ser dividido, gravando originário da responsabilidade III – ao ofendido, ou aos seus exigir do devedor que seja
cada lote ou unidade autônoma, a que se refere o art. 1.430, herdeiros, sobre os imóveis do reforçado com outros.
se o requererem ao juiz o credor, salvo anuência do credor. delinqüente, para satisfação
do dano causado pelo delito Art. 1.491. A hipoteca legal
o devedor ou os donos, obedeci- Seção II
e pagamento das despesas pode ser substituída por caução
da a proporção entre o valor de Da Hipoteca Legal
judiciais; de títulos da dívida pública
cada um deles e o crédito.
Art. 1.489. A lei confere IV – ao co-herdeiro, para federal ou estadual, recebidos
§ 1º O credor só poderá se opor pelo valor de sua cotação
hipoteca: garantia do seu quinhão ou
ao pedido de desmembramento mínima no ano corrente; ou por
I – às pessoas de direito torna da partilha, sobre o
do ônus, provando que o mes- outra garantia, a critério do juiz,
público interno (art. 41) sobre imóvel adjudicado ao herdeiro
mo importa em diminuição de a requerimento do devedor.
os imóveis pertencentes aos reponente;
sua garantia.
encarregados da cobrança, V – ao credor sobre o imóvel
§ 2º Salvo convenção em
arrematado, para garantia do
contrário, todas as despesas
  215
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.488.
Seção III e esta a preferência entre as o prazo, sem que se requeira Art. 1.497. As hipotecas legais,
Do Registro da Hipoteca hipotecas. a inscrição desta, a hipoteca de qualquer natureza, deverão
ulterior será registrada e obterá ser registradas e especializadas.
Art. 1.492. As hipotecas serão Art. 1.494. Não se registrarão
preferência. § 1º O registro e a especia-
registradas no cartório do lugar no mesmo dia duas hipotecas,
do imóvel, ou no de cada um ou uma hipoteca e outro direito Art. 1.496. Se tiver dúvida lização das hipotecas legais
deles, se o título se referir a real, sobre o mesmo imóvel, em sobre a legalidade do registro incumbem a quem está obriga-
mais de um. favor de pessoas diversas, salvo requerido, o oficial fará, ainda do a prestar a garantia, mas os
se as escrituras, do mesmo dia, assim, a prenotação do pedido. interessados podem promover
Parágrafo único. Compete aos
indicarem a hora em que foram Se a dúvida, dentro em noventa a inscrição delas, ou solicitar ao
interessados, exibido o título,
lavradas. dias, for julgada improcedente, Ministério Público que o faça.
requerer o registro da hipoteca.
o registro efetuar-se-á com o § 2º As pessoas, às quais
Art. 1.493. Os registros e aver- Art. 1.495. Quando se apresen-
mesmo número que teria na incumbir o registro e a espe-
bações seguirão a ordem em que tar ao oficial do registro título
data da prenotação; no caso cialização das hipotecas legais,
forem requeridas, verificando- de hipoteca que mencione a
contrário, cancelada esta, estão sujeitas a perdas e danos
se ela pela da sua numeração constituição de anterior, não
receberá o registro o número pela omissão.
sucessiva no protocolo. registrada, sobrestará ele na
correspondente à data em que
inscrição da nova, depois de Art. 1.498. Vale o registro da
Parágrafo único. O número de se tornar a requerer.
a prenotar, até trinta dias, hipoteca, enquanto a obrigação
ordem determina a prioridade,
aguardando que o interessado perdurar; mas a especialização,
inscreva a precedente; esgotado
  216
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.492.
em completando vinte anos, Registro de Imóveis, do cance- Art. 1.503. Os credores hipote- sempre que com isso a garantia
deve ser renovada. lamento do registro, à vista da cários não podem embaraçar do débito enfraquecer.
respectiva prova. a exploração da linha, nem
Seção IV Art. 1.505. Na execução das
contrariar as modificações, que
Da Extinção da Hipoteca Art. 1.501. Não extinguirá a hi- hipotecas será intimado o
a administração deliberar, no
poteca, devidamente registrada, representante da União ou do
Art. 1.499. A hipoteca leito da estrada, em suas depen-
a arrematação ou adjudicação, Estado, para, dentro em quinze
extingue-se: dências, ou no seu material.
sem que tenham sido notifica- dias, remir a estrada de ferro
I – pela extinção da obrigação
dos judicialmente os respectivos Art. 1.504. A hipoteca será hipotecada, pagando o preço da
principal;
credores hipotecários, que não circunscrita à linha ou às linhas arrematação ou da adjudicação.
II – pelo perecimento da coisa; forem de qualquer modo partes especificadas na escritura e ao
III – pela resolução da na execução. respectivo material de explora- CAPÍTULO IV
propriedade; ção, no estado em que ao tempo Da Anticrese
IV – pela renúncia do credor; Seção V
da execução estiverem; mas os
Da Hipoteca de Vias Férreas Art. 1.506. Pode o devedor ou
V – pela remição; credores hipotecários poderão
outrem por ele, com a entrega
VI – pela arrematação ou Art. 1.502. As hipotecas sobre opor-se à venda da estrada, à de
do imóvel ao credor, ceder-lhe o
adjudicação. as estradas de ferro serão regis- suas linhas, de seus ramais ou
direito de perceber, em com-
tradas no Município da estação de parte considerável do mate-
Art. 1.500. Extingue-se ainda pensação da dívida, os frutos e
inicial da respectiva linha. rial de exploração; bem como
a hipoteca com a averbação, no rendimentos.
à fusão com outra empresa,

  217
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.498.
§ 1º É permitido estipular que seus frutos e utilidades, mas do imóvel, embora o aluguel execute, sem opor o seu direito
os frutos e rendimentos do deverá apresentar anualmente desse arrendamento não seja de retenção ao exeqüente, não
imóvel sejam percebidos pelo balanço, exato e fiel, de sua vinculativo para o devedor. terá preferência sobre o preço.
credor à conta de juros, mas se administração. § 2º O credor anticrético
Art. 1.508. O credor anticrético
o seu valor ultrapassar a taxa § 1º Se o devedor anticrético não terá preferência sobre a
responde pelas deteriorações
máxima permitida em lei para não concordar com o que se indenização do seguro, quando
que, por culpa sua, o imóvel
as operações financeiras, o contém no balanço, por ser o prédio seja destruído, nem, se
vier a sofrer, e pelos frutos
remanescente será imputado inexato, ou ruinosa a adminis- forem desapropriados os bens,
e rendimentos que, por sua
ao capital. tração, poderá impugná-lo, e, com relação à desapropriação.
negligência, deixar de perceber.
§ 2º Quando a anticrese recair se o quiser, requerer a trans-
Art. 1.509. O credor anticrético Art. 1.510. O adquirente dos
sobre bem imóvel, este poderá formação em arrendamento,
pode vindicar os seus direitos bens dados em anticrese poderá
ser hipotecado pelo devedor fixando o juiz o valor mensal
contra o adquirente dos bens, remi-los, antes do vencimento
ao credor anticrético, ou a do aluguel, o qual poderá ser
os credores quirografários e da dívida, pagando a sua
terceiros, assim como o imóvel corrigido anualmente.
os hipotecários posteriores ao totalidade à data do pedido de
hipotecado poderá ser dado em § 2º O credor anticrético pode,
registro da anticrese. remição e imitir-se-á, se for o
anticrese. salvo pacto em sentido contrá- caso, na sua posse.
rio, arrendar os bens dados em § 1º Se executar os bens por
Art. 1.507. O credor anticré-
anticrese a terceiro, mantendo, falta de pagamento da dívida,
tico pode administrar os bens
até ser pago, direito de retenção ou permitir que outro credor o
dados em anticrese e fruir

  218
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.507.
LIVRO IV  Parágrafo único. A habilitação Art. 1.515. O casamento religio- sido homologada previamente
Do Direito de Família para o casamento, o registro so, que atender às exigências da a habilitação regulada neste
e a primeira certidão serão lei para a validade do casamento Código. Após o referido prazo,
TÍTULO I  isentos de selos, emolumentos civil, equipara-se a este, desde o registro dependerá de nova
Do Direito Pessoal e custas, para as pessoas cuja que registrado no registro pró- habilitação.
pobreza for declarada, sob as prio, produzindo efeitos a partir § 2º O casamento religioso,
SUBTÍTULO I  penas da lei. da data de sua celebração. celebrado sem as formalidades
Do Casamento Art. 1.513. É defeso a qualquer Art. 1.516. O registro do exigidas neste Código, terá
pessoa, de direito público ou casamento religioso submete-se efeitos civis se, a requerimento
CAPÍTULO I privado, interferir na comunhão aos mesmos requisitos exigidos do casal, for registrado, a qual-
Disposições Gerais quer tempo, no registro civil,
de vida instituída pela família. para o casamento civil.
Art. 1.511. O casamento mediante prévia habilitação
Art. 1.514. O casamento se § 1º O registro civil do casa-
estabelece comunhão plena de perante a autoridade compe-
realiza no momento em que o mento religioso deverá ser
vida, com base na igualdade de tente e observado o prazo do
homem e a mulher manifestam, promovido dentro de noventa
direitos e deveres dos cônjuges. art. 1.532.
perante o juiz, a sua vontade de dias de sua realização, median-
te comunicação do celebrante § 3º Será nulo o registro
Art. 1.512. O casamento é civil e estabelecer vínculo conjugal, e o
ao ofício competente, ou civil do casamento religioso
gratuita a sua celebração. juiz os declara casados.
por iniciativa de qualquer se, antes dele, qualquer dos
interessado, desde que haja

  219
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.511.
consorciados houver contraído tutores ou curadores revogar a I – os ascendentes com os Art. 1.522. Os impedimentos
com outrem casamento civil. autorização. descendentes, seja o parentes- podem ser opostos, até o
co natural ou civil; momento da celebração do
Art. 1.519. A denegação do
CAPÍTULO II II – os afins em linha reta; casamento, por qualquer
consentimento, quando injusta,
Da Capacidade PARA O III – o adotante com quem pessoa capaz.
CASAMENTO pode ser suprida pelo juiz.
foi cônjuge do adotado e o Parágrafo único. Se o juiz,
Art. 1.517. O homem e a mulher Art. 1.520. Excepcionalmente, adotado com quem o foi do ou o oficial de registro, tiver
com dezesseis anos podem será permitido o casamento de adotante; conhecimento da existência
casar, exigindo-se autorização quem ainda não alcançou a ida- IV – os irmãos, unilaterais ou de algum impedimento, será
de ambos os pais, ou de seus de núbil (art. 1517), para evitar bilaterais, e demais colaterais, obrigado a declará-lo.
representantes legais, enquanto imposição ou cumprimento de até o terceiro grau inclusive;
não atingida a maioridade civil. pena criminal ou em caso de CAPÍTULO IV
V – o adotado com o filho do
gravidez. Das causas suspensivas
Parágrafo único. Se houver adotante;
divergência entre os pais, VI – as pessoas casadas; Art. 1.523. Não devem casar:
CAPÍTULO III
aplica-se o disposto no pará- Dos Impedimentos VII – o cônjuge sobrevivente I – o viúvo ou a viúva que
grafo único do art. 1.631. com o condenado por homicí- tiver filho do cônjuge falecido,
Art. 1.521. Não podem casar: dio ou tentativa de homicídio enquanto não fizer inventário
Art. 1.518. Até à celebração
do casamento podem os pais, contra o seu consorte. dos bens do casal e der partilha
aos herdeiros;
  220
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.517.
II – a viúva, ou a mulher cujo Parágrafo único. É permitido ou afins, e pelos colaterais em legal estiverem, ou ato judicial
casamento se desfez por ser aos nubentes solicitar ao juiz segundo grau, sejam também que a supra;
nulo ou ter sido anulado, até que não lhes sejam aplicadas consangüíneos ou afins. III – declaração de duas teste-
dez meses depois do começo as causas suspensivas previstas munhas maiores, parentes ou
da viuvez, ou da dissolução da nos incisos I, III e IV deste CAPÍTULO V não, que atestem conhecê-los
sociedade conjugal; artigo, provando-se a inexis- Do Processo de e afirmem não existir impedi-
III – o divorciado, enquanto tência de prejuízo, respectiva- Habilitação PARA O mento que os iniba de casar;
mente, para o herdeiro, para CASAMENTO
não houver sido homologada IV – declaração do estado civil,
ou decidida a partilha dos bens o ex-cônjuge e para a pessoa Art. 1.525. O requerimento de do domicílio e da residência
do casal; tutelada ou curatelada; no caso habilitação para o casamento atual dos contraentes e de seus
IV – o tutor ou o curador e do inciso II, a nubente deverá será firmado por ambos os pais, se forem conhecidos;
os seus descendentes, ascen- provar nascimento de filho, ou nubentes, de próprio punho, ou, V – certidão de óbito do
dentes, irmãos, cunhados ou inexistência de gravidez, na a seu pedido, por procurador, cônjuge falecido, de sentença
sobrinhos, com a pessoa tute- fluência do prazo. e deve ser instruído com os declaratória de nulidade ou de
lada ou curatelada, enquanto Art. 1.524. As causas suspensi- seguintes documentos: anulação de casamento, transi-
não cessar a tutela ou curatela, vas da celebração do casamento I – certidão de nascimento ou tada em julgado, ou do registro
e não estiverem saldadas as podem ser argüidas pelos pa- documento equivalente; da sentença de divórcio.
respectivas contas. rentes em linha reta de um dos II – autorização por escrito das Art. 1.526. A habilitação será
nubentes, sejam consangüíneos pessoas sob cuja dependência feita pessoalmente perante o
  221
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.524.
oficial do Registro Civil, com Parágrafo único. A autoridade representantes nota da oposi- dias, a contar da data em que foi
a audiência do Ministério competente, havendo urgência, ção, indicando os fundamentos, extraído o certificado.
Público. (Alterado em 09) Vigência poderá dispensar a publicação. as provas e o nome de quem a
Parágrafo único. Caso haja ofereceu. CAPÍTULO VI
Art. 1.528. É dever do oficial do
impugnação do oficial, do Parágrafo único. Podem os nu- Da Celebração do
registro esclarecer os nubentes Casamento
Ministério Público ou de a respeito dos fatos que podem bentes requerer prazo razoável
terceiro, a habilitação será ocasionar a invalidade do para fazer prova contrária aos Art. 1.533. Celebrar-se-á o
submetida ao juiz. (Alterado em casamento, bem como sobre os fatos alegados, e promover as casamento, no dia, hora e
09) Vigência diversos regimes de bens. ações civis e criminais contra o lugar previamente designados
oponente de má-fé. pela autoridade que houver de
Art. 1.527. Estando em ordem a Art. 1.529. Tanto os impe-
documentação, o oficial extrairá Art. 1.531. Cumpridas as presidir o ato, mediante petição
dimentos quanto as causas dos contraentes, que se mos-
o edital, que se afixará durante suspensivas serão opostos em formalidades dos arts. 1.526 e
quinze dias nas circunscrições 1.527 e verificada a inexistência trem habilitados com a certidão
declaração escrita e assinada, do art. 1.531.
do Registro Civil de ambos os instruída com as provas do fato de fato obstativo, o oficial do
nubentes, e, obrigatoriamente, alegado, ou com a indicação do registro extrairá o certificado de Art. 1.534. A solenidade rea-
se publicará na imprensa local, lugar onde possam ser obtidas. habilitação. lizar-se-á na sede do cartório,
se houver. com toda publicidade, a portas
Art. 1.530. O oficial do registro Art. 1.532. A eficácia da
habilitação será de noventa abertas, presentes pelo menos
dará aos nubentes ou a seus duas testemunhas, parentes ou
  222
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.526.
não dos contraentes, ou, que- ção de que pretendem casar domicílio e residência atual VII – o regime do casamento,
rendo as partes e consentindo por livre e espontânea vontade, dos cônjuges; com a declaração da data e
a autoridade celebrante, noutro declarará efetuado o casamento, II – os prenomes, sobrenomes, do cartório em cujas notas foi
edifício público ou particular. nestes termos:”De acordo com datas de nascimento ou de lavrada a escritura antenup-
§ 1º Quando o casamento for a vontade que ambos acabais morte, domicílio e residência cial, quando o regime não for
em edifício particular, ficará de afirmar perante mim, de atual dos pais; o da comunhão parcial, ou o
este de portas abertas duran- vos receberdes por marido e III – o prenome e sobrenome obrigatoriamente estabelecido.
te o ato. mulher, eu, em nome da lei, vos do cônjuge precedente e a data Art. 1.537. O instrumento
declaro casados.” da dissolução do casamento
§ 2º Serão quatro as testemu- da autorização para casar
nhas na hipótese do pará- Art. 1.536. Do casamento, logo anterior; transcrever-se-á integralmente
grafo anterior e se algum dos depois de celebrado, lavrar-se-á IV – a data da publicação dos na escritura antenupcial.
contraentes não souber ou não o assento no livro de registro. proclamas e da celebração do
casamento; Art. 1.538. A celebração do
puder escrever. No assento, assinado pelo pre-
casamento será imediata-
sidente do ato, pelos cônjuges, V – a relação dos documentos
Art. 1.535. Presentes os contra- mente suspensa se algum dos
as testemunhas, e o oficial do apresentados ao oficial do
entes, em pessoa ou por pro- contraentes:
registro, serão exarados: registro;
curador especial, juntamente I – recusar a solene afirmação
com as testemunhas e o oficial I – os prenomes, sobrenomes, VI – o prenome, sobrenome,
da sua vontade;
do registro, o presidente do ato, datas de nascimento, profissão, profissão, domicílio e residên-
ouvida aos nubentes a afirma- cia atual das testemunhas;

  223
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.534.
II – declarar que esta não é § 1º A falta ou impedimento da a de seu substituto, poderá o e espontaneamente, receber-se
livre e espontânea; autoridade competente para casamento ser celebrado na pre- por marido e mulher.
III – manifestar-se presidir o casamento suprir- sença de seis testemunhas, que § 1º Autuado o pedido e
arrependido. se-á por qualquer dos seus com os nubentes não tenham tomadas as declarações, o
Parágrafo único. O nubente substitutos legais, e a do oficial parentesco em linha reta, ou, na juiz procederá às diligências
que, por algum dos fatos do Registro Civil por outro ad colateral, até segundo grau. necessárias para verificar se
mencionados neste artigo, der hoc, nomeado pelo presidente os contraentes podiam ter-se
Art. 1.541. Realizado o casa-
causa à suspensão do ato, não do ato. habilitado, na forma ordinária,
mento, devem as testemunhas
será admitido a retratar-se no § 2º O termo avulso, lavrado comparecer perante a autori- ouvidos os interessados que
mesmo dia. pelo oficial ad hoc, será regis- dade judicial mais próxima, o requererem, dentro em
trado no respectivo registro dentro em dez dias, pedindo quinze dias.
Art. 1.539. No caso de moléstia dentro em cinco dias, perante
grave de um dos nubentes, o que lhes tome por termo a § 2º Verificada a idoneidade
duas testemunhas, ficando declaração de: dos cônjuges para o casamento,
presidente do ato irá celebrá-lo arquivado.
onde se encontrar o impedido, I – que foram convocadas por assim o decidirá a autoridade
sendo urgente, ainda que à noi- Art. 1.540. Quando algum dos parte do enfermo; competente, com recurso
te, perante duas testemunhas contraentes estiver em iminente II – que este parecia em perigo voluntário às partes.
que saibam ler e escrever. risco de vida, não obtendo a de vida, mas em seu juízo; § 3º Se da decisão não se tiver
presença da autoridade à qual III – que, em sua presença, de- recorrido, ou se ela passar em
incumba presidir o ato, nem clararam os contraentes, livre julgado, apesar dos recursos

  224
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.539.
interpostos, o juiz mandará § 1º A revogação do mandato CAPÍTULO VII 1º Ofício da Capital do Estado
registrá-la no livro do Registro não necessita chegar ao conhe- Das Provas do Casamento em que passarem a residir.
dos Casamentos. cimento do mandatário; mas,
Art. 1.543. O casamento Art. 1.545. O casamento de pes-
§ 4º O assento assim lavrado celebrado o casamento sem
celebrado no Brasil prova-se soas que, na posse do estado de
retrotrairá os efeitos do casa- que o mandatário ou o outro
pela certidão do registro. casadas, não possam manifestar
mento, quanto ao estado dos contraente tivessem ciência
Parágrafo único. Justificada a vontade, ou tenham falecido,
cônjuges, à data da celebração. da revogação, responderá o
falta ou perda do registro civil, não se pode contestar em
mandante por perdas e danos.
§ 5º Serão dispensadas as é admissível qualquer outra prejuízo da prole comum, salvo
formalidades deste e do artigo § 2º O nubente que não estiver mediante certidão do Registro
espécie de prova.
antecedente, se o enfermo em iminente risco de vida Civil que prove que já era casada
convalescer e puder ratificar poderá fazer-se representar no Art. 1.544. O casamento de bra- alguma delas, quando contraiu
o casamento na presença da casamento nuncupativo. sileiro, celebrado no estrangeiro, o casamento impugnado.
autoridade competente e do § 3º A eficácia do mandato não perante as respectivas autorida-
des ou os cônsules brasileiros, Art. 1.546. Quando a prova da
oficial do registro. ultrapassará noventa dias.
deverá ser registrado em cento e celebração legal do casamento
Art. 1.542. O casamento pode § 4º Só por instrumento resultar de processo judicial, o
oitenta dias, a contar da volta de
celebrar-se mediante procura- público se poderá revogar o registro da sentença no livro do
um ou de ambos os cônjuges ao
ção, por instrumento público, mandato. Registro Civil produzirá, tanto
Brasil, no cartório do respectivo
com poderes especiais. domicílio, ou, em sua falta, no no que toca aos cônjuges como
no que respeita aos filhos, todos
  225
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.542.
os efeitos civis desde a data do II – por infringência de IV – do incapaz de consentir Art. 1.552. A anulação do casa-
casamento. impedimento. ou manifestar, de modo mento dos menores de dezesseis
inequívoco, o consentimento; anos será requerida:
Art. 1.547. Na dúvida entre as Art. 1.549. A decretação de
provas favoráveis e contrárias, nulidade de casamento, pelos V – realizado pelo mandatário, I – pelo próprio cônju-
julgar-se-á pelo casamento, se motivos previstos no artigo sem que ele ou o outro con- ge menor;
os cônjuges, cujo casamento se antecedente, pode ser promo- traente soubesse da revogação II – por seus representantes
impugna, viverem ou tiverem vida mediante ação direta, por do mandato, e não sobrevindo legais;
vivido na posse do estado de qualquer interessado, ou pelo coabitação entre os cônjuges; III – por seus ascendentes.
casados. Ministério Público. VI – por incompetência da
autoridade celebrante. Art. 1.553. O menor que não
Art. 1.550. É anulável o atingiu a idade núbil poderá,
CAPÍTULO VIII Parágrafo único. Equipara-se à depois de completá-la, con-
casamento:
Da Invalidade do revogação a invalidade do man- firmar seu casamento, com a
Casamento I – de quem não completou a dato judicialmente decretada.
idade mínima para casar; autorização de seus represen-
Art. 1.548. É nulo o casamento II – do menor em idade núbil, Art. 1.551. Não se anulará, por tantes legais, se necessária, ou
contraído: quando não autorizado por seu motivo de idade, o casamento com suprimento judicial.
I – pelo enfermo mental sem o representante legal; de que resultou gravidez. Art. 1.554. Subsiste o casamen-
necessário discernimento para III – por vício da vontade, nos to celebrado por aquele que,
os atos da vida civil; termos dos arts. 1.556 a 1.558; sem possuir a competência

  226
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.546.
exigida na lei, exercer publi- casamento, no segundo; e, no I – o que diz respeito à sua IV – a ignorância, anterior ao
camente as funções de juiz de terceiro, da morte do incapaz. identidade, sua honra e boa casamento, de doença mental
casamentos e, nessa qualidade, § 2º Não se anulará o casamen- fama, sendo esse erro tal que grave que, por sua natureza,
tiver registrado o ato no to quando à sua celebração o seu conhecimento ulterior torne insuportável a vida em
Registro Civil. houverem assistido os repre- torne insuportável a vida em comum ao cônjuge enganado.
sentantes legais do incapaz, ou comum ao cônjuge enganado;
Art. 1.555. O casamento do me- Art. 1.558. É anulável o casa-
nor em idade núbil, quando não tiverem, por qualquer modo, II – a ignorância de crime, mento em virtude de coação,
autorizado por seu representan- manifestado sua aprovação. anterior ao casamento, que, quando o consentimento de
te legal, só poderá ser anulado por sua natureza, torne insu- um ou de ambos os cônjuges
Art. 1.556. O casamento portável a vida conjugal;
se a ação for proposta em cento pode ser anulado por vício da houver sido captado mediante
e oitenta dias, por iniciativa do III – a ignorância, anterior ao fundado temor de mal conside-
vontade, se houve por parte de
incapaz, ao deixar de sê-lo, de casamento, de defeito físico rável e iminente para a vida, a
um dos nubentes, ao consentir,
seus representantes legais ou de irremediável, ou de moléstia saúde e a honra, sua ou de seus
erro essencial quanto à pessoa
seus herdeiros necessários. grave e transmissível, pelo familiares.
do outro.
contágio ou herança, capaz
§ 1º O prazo estabelecido neste Art. 1.559. Somente o cônjuge
Art. 1.557. Considera-se erro de pôr em risco a saúde do
artigo será contado do dia em que incidiu em erro, ou sofreu
essencial sobre a pessoa do outro cônjuge ou de sua
que cessou a incapacidade, coação, pode demandar a
outro cônjuge: descendência;
no primeiro caso; a partir do anulação do casamento; mas a
coabitação, havendo ciência do
  227
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.554.
vício, valida o ato, ressalvadas as dezesseis anos, contado o prazo § 1º Se um dos cônjuges estava Art. 1.563. A sentença que
hipóteses dos incisos III e IV do para o menor do dia em que de boa-fé ao celebrar o casa- decretar a nulidade do casa-
art. 1.557. perfez essa idade; e da data do mento, os seus efeitos civis só a mento retroagirá à data da sua
casamento, para seus represen- ele e aos filhos aproveitarão. celebração, sem prejudicar a
Art. 1.560. O prazo para ser
tantes legais ou ascendentes. § 2º Se ambos os cônjuges aquisição de direitos, a título
intentada a ação de anulação do
§ 2º Na hipótese do inciso estavam de má-fé ao celebrar o oneroso, por terceiros de boa-fé,
casamento, a contar da data da
V do art. 1.550, o prazo para casamento, os seus efeitos civis nem a resultante de sentença
celebração, é de:
anulação do casamento é de só aos filhos aproveitarão. transitada em julgado.
I – cento e oitenta dias, no
caso do inciso IV do art. 1.550; cento e oitenta dias, a partir da Art. 1.564. Quando o casamen-
Art. 1.562. Antes de mover a
data em que o mandante tiver to for anulado por culpa de um
II – dois anos, se incompetente ação de nulidade do casamento,
conhecimento da celebração. dos cônjuges, este incorrerá:
a autoridade celebrante; a de anulação, a de separação
III – três anos, nos casos dos Art. 1.561. Embora anulável ou judicial, a de divórcio direto I – na perda de todas as
incisos I a IV do art. 1.557; mesmo nulo, se contraído de ou a de dissolução de união vantagens havidas do cônjuge
IV – quatro anos, se houver boa-fé por ambos os cônjuges, estável, poderá requerer a parte, inocente;
coação. o casamento, em relação a estes comprovando sua necessidade, II – na obrigação de cumprir
como aos filhos, produz todos a separação de corpos, que as promessas que lhe fez no
§ 1º Extingue-se, em cento e
os efeitos até o dia da sentença será concedida pelo juiz com a contrato antenupcial.
oitenta dias, o direito de anular
anulatória. possível brevidade.
o casamento dos menores de

  228
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.559.
CAPÍTULO IX de instituições privadas ou Parágrafo único. Havendo de sua profissão, ou a interesses
Da Eficácia do Casamento públicas. divergência, qualquer dos côn- particulares relevantes.
juges poderá recorrer ao juiz,
Art. 1.565. Pelo casamento, Art. 1.566. São deveres de Art. 1.570. Se qualquer dos
que decidirá tendo em conside-
homem e mulher assumem ambos os cônjuges: cônjuges estiver em lugar
ração aqueles interesses.
mutuamente a condição de I – fidelidade recíproca; remoto ou não sabido, encarce-
consortes, companheiros e II – vida em comum, no Art. 1.568. Os cônjuges são rado por mais de cento e oitenta
responsáveis pelos encargos da domicílio conjugal; obrigados a concorrer, na dias, interditado judicialmente
família. proporção de seus bens e dos ou privado, episodicamente,
III – mútua assistência;
§ 1º Qualquer dos nubentes, rendimentos do trabalho, para o de consciência, em virtude de
IV – sustento, guarda e educa-
querendo, poderá acrescer ao sustento da família e a educa- enfermidade ou de acidente,
ção dos filhos;
seu o sobrenome do outro. ção dos filhos, qualquer que seja o outro exercerá com exclu-
V – respeito e consideração o regime patrimonial. sividade a direção da família,
§ 2º O planejamento familiar mútuos. cabendo-lhe a administração
é de livre decisão do casal, Art. 1.569. O domicílio do
Art. 1.567. A direção da socie- dos bens.
competindo ao Estado propi- casal será escolhido por ambos
ciar recursos educacionais e dade conjugal será exercida, em os cônjuges, mas um e outro
financeiros para o exercício colaboração, pelo marido e pela podem ausentar-se do domi-
desse direito, vedado qualquer mulher, sempre no interesse do cílio conjugal para atender a
tipo de coerção por parte casal e dos filhos. encargos públicos, ao exercício

  229
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.565.
CAPÍTULO X § 2º Dissolvido o casamento ano e a impossibilidade de sua a meação dos adquiridos
Da Dissolução da pelo divórcio direto ou por reconstituição. na constância da sociedade
Sociedade e do vínculo conversão, o cônjuge poderá conjugal.
§ 2º O cônjuge pode ainda pe-
Conjugal manter o nome de casado; sal- dir a separação judicial quando Art. 1.573. Podem caracterizar
Art. 1.571. A sociedade conjugal vo, no segundo caso, dispondo o outro estiver acometido de a impossibilidade da comunhão
termina: em contrário a sentença de doença mental grave, mani- de vida a ocorrência de algum
I – pela morte de um dos separação judicial. festada após o casamento, que dos seguintes motivos:
cônjuges; Art. 1.572. Qualquer dos torne impossível a continuação I – adultério;
II – pela nulidade ou anulação cônjuges poderá propor a ação da vida em comum, desde que,
II – tentativa de morte;
do casamento; de separação judicial, impu- após uma duração de dois anos,
a enfermidade tenha sido reco- III – sevícia ou injúria grave;
III – pela separação judicial; tando ao outro qualquer ato
nhecida de cura improvável. IV – abandono voluntário do
IV – pelo divórcio. que importe grave violação dos
lar conjugal, durante um ano
deveres do casamento e torne § 3º No caso do parágrafo 2º,
§ 1º O casamento válido só contínuo;
insuportável a vida em comum. reverterão ao cônjuge enfermo,
se dissolve pela morte de um V – condenação por crime
§ 1º A separação judicial pode que não houver pedido a
dos cônjuges ou pelo divórcio, infamante;
também ser pedida se um dos separação judicial, os rema-
aplicando-se a presunção esta- VI – conduta desonrosa.
cônjuges provar ruptura da nescentes dos bens que levou
belecida neste Código quanto
vida em comum há mais de um para o casamento, e se o regime Parágrafo único. O juiz poderá
ao ausente.
dos bens adotado o permitir, considerar outros fatos que

  230
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.571.
tornem evidente a impossibili- separação de corpos e a partilha Art. 1.577. Seja qual for a causa I – evidente prejuízo para a sua
dade da vida em comum. de bens. da separação judicial e o modo identificação;
Parágrafo único. A partilha de como esta se faça, é lícito aos II – manifesta distinção entre
Art. 1.574. Dar-se-á a separação
bens poderá ser feita mediante cônjuges restabelecer, a todo o seu nome de família e o
judicial por mútuo consenti-
proposta dos cônjuges e tempo, a sociedade conjugal, dos filhos havidos da união
mento dos cônjuges se forem
homologada pelo juiz ou por por ato regular em juízo. dissolvida;
casados por mais de um ano e
o manifestarem perante o juiz, este decidida. Parágrafo único. A reconci- III – dano grave reconhecido
sendo por ele devidamente liação em nada prejudicará o na decisão judicial.
Art. 1.576. A separação judicial
homologada a convenção. direito de terceiros, adquirido § 1º O cônjuge inocente na
põe termo aos deveres de coabi-
antes e durante o estado de ação de separação judicial
Parágrafo único. O juiz pode tação e fidelidade recíproca e ao
separado, seja qual for o regime poderá renunciar, a qualquer
recusar a homologação e não regime de bens.
de bens. momento, ao direito de usar o
decretar a separação judicial Parágrafo único. O procedi-
se apurar que a convenção não Art. 1.578. O cônjuge declarado sobrenome do outro.
mento judicial da separação
preserva suficientemente os caberá somente aos cônjuges, e, culpado na ação de separação § 2º Nos demais casos caberá
interesses dos filhos ou de um no caso de incapacidade, serão judicial perde o direito de usar o a opção pela conservação do
dos cônjuges. representados pelo curador, sobrenome do outro, desde que nome de casado.
pelo ascendente ou pelo irmão. expressamente requerido pelo
Art. 1.575. A sentença de
cônjuge inocente e se a altera-
separação judicial importa a
ção não acarretar:

  231
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.574.
Art. 1.579. O divórcio não será decretada por sentença, da o curador, o ascendente ou tes ao poder familiar dos filhos
modificará os direitos e deveres qual não constará referência à o irmão. comuns. (Alterado em 08).
dos pais em relação aos filhos. causa que a determinou. § 2º A guarda unilateral será
Parágrafo único. Novo casa- § 2º O divórcio poderá ser CAPÍTULO XI atribuída ao genitor que
mento de qualquer dos pais, ou requerido, por um ou por Da Proteção da Pessoa revele melhores condições para
dos Filhos
de ambos, não poderá importar ambos os cônjuges, no caso de exercê-la e, objetivamente,
restrições aos direitos e deveres comprovada separação de fato Art. 1.583. A guarda será mais aptidão para propiciar
previstos neste artigo. por mais de dois anos. unilateral ou compartilhada. aos filhos os seguintes fatores:
(Alterado em 08). (Alterado em 08).
Art. 1.580. Decorrido um ano Art. 1.581. O divórcio pode ser
do trânsito em julgado da concedido sem que haja prévia § 1º Compreende-se por guarda I – afeto nas relações com o
sentença que houver decretado partilha de bens. unilateral a atribuída a um só genitor e com o grupo fami-
a separação judicial, ou da dos genitores ou a alguém que liar; (Alterado em 08).
Art. 1.582. O pedido de o substitua (art. 1.584, § 5º) e, II – saúde e segurança; (Alterado
decisão concessiva da medida
divórcio somente competirá aos por guarda compartilhada a em 08).
cautelar de separação de corpos,
cônjuges. responsabilização conjunta e o III – educação. (Alterado em 08).
qualquer das partes poderá
requerer sua conversão em Parágrafo único. Se o cônjuge exercício de direitos e deveres § 3º A guarda unilateral
divórcio. for incapaz para propor a ação do pai e da mãe que não vivam obriga o pai ou a mãe que não
ou defender-se, poderá fazê-lo sob o mesmo teto, concernen- a detenha a supervisionar os
§ 1º A conversão em divórcio da
separação judicial dos cônjuges
  232
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.579.
interesses dos filhos. (Alterado § 1º Na audiência de conci- do Ministério Público, poderá natureza da medida, conside-
em 08). liação, o juiz informará ao basear-se em orientação rados, de preferência, o grau
§ 4º (VETADO). (Alterado em 08). pai e à mãe o significado da técnico-profissional ou de de parentesco e as relações
guarda compartilhada, a sua equipe interdisciplinar. de afinidade e afetividade.
Art. 1.584. A guarda, unilateral importância, a similitude de (Alterado em 08). (Alterado em 08).
ou compartilhada, poderá ser: deveres e direitos atribuídos § 4º A alteração não autorizada Art. 1.585. Em sede de medida
(Alterado em 08). aos genitores e as sanções ou o descumprimento imoti- cautelar de separação de corpos,
I – requerida, por consenso, pelo descumprimento de suas vado de cláusula de guarda,
pelo pai e pela mãe, ou por aplica-se quanto à guarda dos
cláusulas. (Alterado em 08). unilateral ou compartilhada,
qualquer deles, em ação filhos as disposições do artigo
§ 2º Quando não houver acor- poderá implicar a redução de antecedente.
autônoma de separação, de do entre a mãe e o pai quanto à prerrogativas atribuídas ao seu
divórcio, de dissolução de guarda do filho, será aplicada, detentor, inclusive quanto ao Art. 1.586. Havendo motivos
união estável ou em medida sempre que possível, a guarda número de horas de convivên- graves, poderá o juiz, em
cautelar; (Alterado em 08). compartilhada. (Alterado em 08). cia com o filho. (Alterado em 08). qualquer caso, a bem dos filhos,
II – decretada pelo juiz, em regular de maneira diferente
§ 3º Para estabelecer as § 5º Se o juiz verificar que o
atenção a necessidades especí- da estabelecida nos artigos
atribuições do pai e da mãe e filho não deve permanecer sob
ficas do filho, ou em razão da antecedentes a situação deles
os períodos de convivência sob a guarda do pai ou da mãe,
distribuição de tempo necessá- para com os pais.
guarda compartilhada, o juiz, deferirá a guarda à pessoa que
rio ao convívio deste com o pai
de ofício ou a requerimento revele compatibilidade com a
e com a mãe. (Alterado em 08).
  233
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.584.
Art. 1.587. No caso de invali- Art. 1.590. As disposições até o quarto grau, as pessoas parentes do outro pelo vínculo
dade do casamento, havendo relativas à guarda e prestação provenientes de um só tronco, da afinidade.
filhos comuns, observar-se-á o de alimentos aos filhos meno- sem descenderem uma da outra. § 1º O parentesco por afinidade
disposto nos arts. 1.584 e 1.586. res estendem-se aos maiores limita-se aos ascendentes, aos
Art. 1.593. O parentesco é
incapazes. descendentes e aos irmãos do
Art. 1.588. O pai ou a mãe que natural ou civil, conforme
contrair novas núpcias não resulte de consangüinidade ou cônjuge ou companheiro.
SUBTÍTULO II 
perde o direito de ter consigo outra origem. § 2º Na linha reta, a afinidade
Das Relações de
os filhos, que só lhe poderão ser não se extingue com a dissolu-
Parentesco Art. 1.594. Contam-se, na linha
retirados por mandado judicial, ção do casamento ou da união
reta, os graus de parentesco
provado que não são tratados estável.
CAPÍTULO I pelo número de gerações, e, na
convenientemente.
Disposições Gerais colateral, também pelo número
CAPÍTULO II
Art. 1.589. O pai ou a mãe, em delas, subindo de um dos paren-
Art. 1.591. São parentes em Da Filiação
cuja guarda não estejam os tes até ao ascendente comum, e
linha reta as pessoas que
filhos, poderá visitá-los e tê-los descendo até encontrar o outro Art. 1.596. Os filhos, havidos ou
estão umas para com as outras
em sua companhia, segundo o parente. não da relação de casamento,
na relação de ascendentes e
que acordar com o outro cônju- ou por adoção, terão os mes-
descendentes. Art. 1.595. Cada cônjuge ou
ge, ou for fixado pelo juiz, bem mos direitos e qualificações,
companheiro é aliado aos
como fiscalizar sua manutenção Art. 1.592. São parentes em proibidas quaisquer designações
e educação. linha colateral ou transversal,
  234
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.587.
discriminatórias relativas à embriões excedentários, decor- já decorrido o prazo a que se impugnante têm direito de
filiação. rentes de concepção artificial refere o inciso I do art. 1597. prosseguir na ação.
homóloga;
Art. 1.597. Presumem-se Art. 1.599. A prova da impo- Art. 1.602. Não basta a con-
concebidos na constância do V – havidos por inseminação tência do cônjuge para gerar, fissão materna para excluir a
casamento os filhos: artificial heteróloga, desde que à época da concepção, ilide a paternidade.
tenha prévia autorização do presunção da paternidade.
I – nascidos cento e oitenta Art. 1.603. A filiação prova-se
marido.
dias, pelo menos, depois de Art. 1.600. Não basta o adulté- pela certidão do termo de
estabelecida a convivência Art. 1.598. Salvo prova em rio da mulher, ainda que con- nascimento registrada no
conjugal; contrário, se, antes de decorrido fessado, para ilidir a presunção Registro Civil.
II – nascidos nos trezentos dias o prazo previsto no inciso II legal da paternidade.
subsequentes à dissolução da do art. 1.523, a mulher contrair Art. 1.604. Ninguém pode
sociedade conjugal, por morte, novas núpcias e lhe nascer Art. 1.601. Cabe ao marido o vindicar estado contrário ao
separação judicial, nulidade e algum filho, este se presume direito de contestar a pater- que resulta do registro de
anulação do casamento; do primeiro marido, se nascido nidade dos filhos nascidos de nascimento, salvo provando-se
III – havidos por fecundação dentro dos trezentos dias a con- sua mulher, sendo tal ação erro ou falsidade do registro.
artificial homóloga, mesmo tar da data do falecimento deste imprescritível.
Art. 1.605. Na falta, ou defeito,
que falecido o marido; e, do segundo, se o nascimento Parágrafo único. Contestada do termo de nascimento, poderá
IV – havidos, a qualquer ocorrer após esse período e a filiação, os herdeiros do provar-se a filiação por qualquer
tempo, quando se tratar de modo admissível em direito:
  235
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.596.
I – quando houver começo CAPÍTULO III II – por escritura pública Art. 1.611. O filho havido fora
de prova por escrito, prove- Do Reconhecimento ou escrito particular, a ser do casamento, reconhecido por
niente dos pais, conjunta ou dos Filhos arquivado em cartório; um dos cônjuges, não poderá
separadamente; Art. 1.607. O filho havido fora III – por testamento, ainda que residir no lar conjugal sem o
II – quando existirem veemen- do casamento pode ser reco- incidentalmente manifestado; consentimento do outro.
tes presunções resultantes de nhecido pelos pais, conjunta ou IV – por manifestação direta Art. 1.612. O filho reconhecido,
fatos já certos. separadamente. e expressa perante o juiz, enquanto menor, ficará sob a
Art. 1.606. A ação de prova ainda que o reconhecimento guarda do genitor que o reco-
Art. 1.608. Quando a mater-
de filiação compete ao filho, não haja sido o objeto único e nheceu, e, se ambos o reconhe-
nidade constar do termo do
enquanto viver, passando aos principal do ato que o contém. ceram e não houver acordo, sob
nascimento do filho, a mãe só
herdeiros, se ele morrer menor poderá contestá-la, provando Parágrafo único. O reco- a de quem melhor atender aos
ou incapaz. a falsidade do termo, ou das nhecimento pode preceder interesses do menor.
Parágrafo único. Se iniciada declarações nele contidas. o nascimento do filho ou ser
Art. 1.613. São ineficazes a
a ação pelo filho, os herdeiros posterior ao seu falecimento, se
Art. 1.609. O reconhecimento condição e o termo apostos ao
poderão continuá-la, salvo se ele deixar descendentes.
dos filhos havidos fora do casa- ato de reconhecimento do filho.
julgado extinto o processo. Art. 1.610. O reconhecimento
mento é irrevogável e será feito: Art. 1.614. O filho maior não
não pode ser revogado, nem
I – no registro do nascimento; pode ser reconhecido sem o
mesmo quando feito em
seu consentimento, e o menor
testamento.
  236
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.606.
pode impugnar o reconheci- Art. 1.617. A filiação materna constitutiva, aplicando-se, no o poder familiar aos pais; na
mento, nos quatro anos que se ou paterna pode resultar de que couber, as regras gerais da falta ou impedimento de um
seguirem à maioridade, ou à casamento declarado nulo, Lei no 8.069, de 13 de julho de deles, o outro o exercerá com
emancipação. ainda mesmo sem as condições 1990 – Estatuto da Criança e exclusividade.
do putativo. do Adolescente. (Alterado em 09) Parágrafo único. Divergindo
Art. 1.615. Qualquer pessoa,
Vigência os pais quanto ao exercício do
que justo interesse tenha,
CAPÍTULO IV poder familiar, é assegurado a
pode contestar a ação de Art. 1.620. a 1.629. (Alterado em
Da Adoção qualquer deles recorrer ao juiz
investigação de paternidade, ou 09) Vigência
maternidade. Art. 1.618. A adoção de crianças para solução do desacordo.
e adolescentes será deferida CAPÍTULO V Art. 1.632. A separação judicial,
Art. 1.616. A sentença que julgar
na forma prevista pela Lei Do Poder FAMILIAR o divórcio e a dissolução da
procedente a ação de investi-
no 8.069, de 13 de julho de união estável não alteram as
gação produzirá os mesmos Seção I
1990 – Estatuto da Criança e relações entre pais e filhos
efeitos do reconhecimento; mas Disposições Gerais
do Adolescente. (Alterado em 09) senão quanto ao direito, que aos
poderá ordenar que o filho se Art. 1.630. Os filhos estão sujei-
Vigência primeiros cabe, de terem em sua
crie e eduque fora da compa- tos ao poder familiar, enquanto
nhia dos pais ou daquele que Art. 1.619. A adoção de maiores companhia os segundos.
menores.
lhe contestou essa qualidade. de 18 (dezoito) anos depen- Art. 1.633. O filho, não reco-
derá da assistência efetiva do Art. 1.631. Durante o casamen- nhecido pelo pai, fica sob poder
poder público e de sentença to e a união estável, compete
  237
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.614.
familiar exclusivo da mãe; se a autêntico, se o outro dos Seção III cionamento anterior, os direitos
mãe não for conhecida ou capaz pais não lhe sobreviver, ou o Da Suspensão e Extinção do Poder ao poder familiar, exercendo-os
de exercê-lo, dar-se-á tutor sobrevivo não puder exercer o Familiar sem qualquer interferência do
ao menor. poder familiar; Art. 1.635. Extingue-se o poder novo cônjuge ou companheiro.
V – representá-los, até aos familiar: Parágrafo único. Igual preceito
Seção II
Do Exercício do Poder Familiar dezesseis anos, nos atos da I – pela morte dos pais ou ao estabelecido neste artigo
vida civil, e assisti-los, após do filho; aplica-se ao pai ou à mãe
Art. 1.634. Compete aos pais, essa idade, nos atos em que solteiros que casarem ou
quanto à pessoa dos filhos II – pela emancipação, nos
forem partes, suprindo-lhes o estabelecerem união estável.
menores: termos do art. 5º, parágra-
consentimento;
fo único; Art. 1.637. Se o pai, ou a mãe,
I – dirigir-lhes a criação e VI – reclamá-los de quem
educação; III – pela maioridade; abusar de sua autoridade,
ilegalmente os detenha;
IV – pela adoção; faltando aos deveres a eles
II – tê-los em sua companhia e VII – exigir que lhes prestem
V – por decisão judicial, na inerentes ou arruinando os
guarda; obediência, respeito e os
forma do artigo 1.638. bens dos filhos, cabe ao juiz,
III – conceder-lhes ou negar- serviços próprios de sua idade requerendo algum parente, ou
lhes consentimento para e condição. Art 1.636. O pai ou a mãe que o Ministério Público, adotar a
casarem; contrai novas núpcias, ou medida que lhe pareça reclama-
IV – nomear-lhes tutor por estabelece união estável, não da pela segurança do menor e
testamento ou documento perde, quanto aos filhos do rela- seus haveres, até suspendendo

  238
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.633.
o poder familiar, quando IV – incidir, reiteradamente, § 1º O regime de bens entre Quanto à forma, reduzir-se-á a
convenha. nas faltas previstas no artigo os cônjuges começa a vigorar termo a opção pela comunhão
Parágrafo único. Suspende-se antecedente. desde a data do casamento. parcial, fazendo-se o pacto an-
igualmente o exercício do § 2º É admissível alteração tenupcial por escritura pública,
poder familiar ao pai ou à TÍTULO II  do regime de bens, mediante nas demais escolhas.
mãe condenados por sentença Do Direito Patrimonial autorização judicial em pedido Art. 1.641. É obrigatório o
irrecorrível, em virtude de motivado de ambos os cônju- regime da separação de bens no
crime cuja pena exceda a dois SUBTÍTULO I  ges, apurada a procedência das casamento:
anos de prisão. Do Regime de Bens entre razões invocadas e ressalvados I – das pessoas que o contra-
os Cônjuges os direitos de terceiros.
Art. 1.638. Perderá por ato írem com inobservância das
judicial o poder familiar o pai Art. 1.640. Não havendo causas suspensivas da celebra-
CAPÍTULO I
ou a mãe que: Disposições Gerais convenção, ou sendo ela nula ou ção do casamento;
I – castigar imoderadamente ineficaz, vigorará, quanto aos II – da pessoa maior de
o filho; Art. 1.639. É lícito aos nubentes, bens entre os cônjuges, o regime sessenta anos;
antes de celebrado o casamento, da comunhão parcial. III – de todos os que depende-
II – deixar o filho em
estipular, quanto aos seus bens, rem, para casar, de suprimento
abandono; Parágrafo único. Poderão os
o que lhes aprouver. judicial.
III – praticar atos contrários à nubentes, no processo de habi-
moral e aos bons costumes; litação, optar por qualquer dos
regimes que este código regula.
  239
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.637.
Art. 1.642. Qualquer que seja ou a invalidação do aval, I – comprar, ainda a crédito, as regressivo contra o cônjuge, que
o regime de bens, tanto o realizados pelo outro cônjuge coisas necessárias à economia realizou o negócio jurídico, ou
marido quanto a mulher podem com infração do disposto nos doméstica; seus herdeiros.
livremente: incisos III e IV do art. 1.647; II – obter, por empréstimo, Art. 1.647. Ressalvado o dispos-
I – praticar todos os atos de V – reivindicar os bens as quantias que a aquisição to no art. 1.648, nenhum dos
disposição e de administração comuns, móveis ou imóveis, dessas coisas possa exigir. cônjuges pode, sem autorização
necessários ao desempenho de doados ou transferidos pelo do outro, exceto no regime da
Art. 1.644. As dívidas con-
sua profissão, com as limita- outro cônjuge ao concubino, separação absoluta:
traídas para os fins do artigo
ções estabelecida no inciso I do desde que provado que os bens
antecedente obrigam solidaria- I – alienar ou gravar de ônus
art. 1.647; não foram adquiridos pelo
mente ambos os cônjuges. real os bens imóveis;
II – administrar os bens esforço comum destes, se o
casal estiver separado de fato Art. 1.645. As ações fundadas II – pleitear, como autor ou
próprios;
por mais de cinco anos; nos incisos III, IV e V do art. réu, acerca desses bens ou
III – desobrigar ou reivindicar direitos;
os imóveis que tenham sido VI – praticar todos os atos 1.642 competem ao cônjuge
que não lhes forem vedados prejudicado e a seus herdeiros. III – prestar fiança ou aval;
gravados ou alienados sem o
seu consentimento ou sem expressamente. IV – fazer doação, não sendo
Art. 1.646. No caso dos incisos remuneratória, de bens
suprimento judicial; Art. 1.643. Podem os cônjuges, III e IV do art. 1.642, o terceiro, comuns, ou dos que possam
IV – demandar a rescisão dos independentemente de autori- prejudicado com a sentença integrar futura meação.
contratos de fiança e doação, zação um do outro: favorável ao autor, terá direito

  240
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.642.
Parágrafo único. São válidas Parágrafo único. A aprovação II – alienar os bens móveis CAPÍTULO II
as doações nupciais feitas torna válido o ato, desde que comuns; Do Pacto Antenupcial
aos filhos quando casarem feita por instrumento público, III – alienar os imóveis comuns Art. 1.653. É nulo o pacto
ou estabelecerem economia ou particular, autenticado. e os móveis ou imóveis do antenupcial se não for feito por
separada. consorte, mediante autoriza-
Art. 1.650. A decretação de escritura pública, e ineficaz se
Art. 1.648. Cabe ao juiz, nos invalidade dos atos praticados ção judicial. não lhe seguir o casamento.
casos do artigo antecedente, su- sem outorga, sem consentimen- Art. 1.652. O cônjuge, que esti- Art. 1.654. A eficácia do
prir a outorga, quando um dos to, ou sem suprimento do juiz, ver na posse dos bens particula- pacto antenupcial, realizado
cônjuges a denegue sem motivo só poderá ser demandada pelo res do outro, será para com este por menor, fica condicionada à
justo, ou lhe seja impossível cônjuge a quem cabia concedê- e seus herdeiros responsável: aprovação de seu representante
concedê-la. la, ou por seus herdeiros. I – como usufrutuário, se o legal, salvo as hipóteses de
Art. 1.649. A falta de autori- Art. 1.651. Quando um dos rendimento for comum; regime obrigatório de separação
zação, não suprida pelo juiz, cônjuges não puder exercer a II – como procurador, se tiver de bens.
quando necessária (art. 1.647), administração dos bens que lhe mandato expresso ou tácito
Art. 1.655. É nula a convenção
tornará anulável o ato pratica- incumbe, segundo o regime de para os administrar;
ou cláusula dela que contrave-
do, podendo o outro cônjuge bens, caberá ao outro: III – como depositário, se
nha disposição absoluta de lei.
pleitear-lhe a anulação, até dois I – gerir os bens comuns e os não for usufrutuário, nem
anos depois de terminada a do consorte; administrador. Art. 1.656. No pacto antenup-
sociedade conjugal. cial, que adotar o regime de
  241
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.648.
participação final nos aqüestos, com as exceções dos artigos IV – as obrigações prove- II – os bens adquiridos por
poder-se-á convencionar a livre seguintes. nientes de atos ilícitos, salvo fato eventual, com ou sem
disposição dos bens imóveis, reversão em proveito do casal; o concurso de trabalho ou
Art. 1.659. Excluem-se da
desde que particulares. V – os bens de uso pessoal, despesa anterior;
comunhão:
Art. 1.657. As convenções os livros e instrumentos de III – os bens adquiridos por
I – os bens que cada cônjuge
antenupciais não terão efeito profissão; doação, herança ou legado, em
possuir ao casar, e os que lhe
perante terceiros senão de- VI – os proventos do trabalho favor de ambos os cônjuges;
sobrevierem, na constância
pois de registradas, em livro do casamento, por doação ou pessoal de cada cônjuge; IV – as benfeitorias em bens
especial, pelo oficial do Registro sucessão, e os sub-rogados em VII – as pensões, meios-soldos, particulares de cada cônjuge;
de Imóveis do domicílio dos seu lugar; montepios e outras rendas V – os frutos dos bens co-
cônjuges. II – os bens adquiridos com semelhantes. muns, ou dos particulares de
valores exclusivamente per- cada cônjuge, percebidos na
Art. 1.660. Entram na
CAPÍTULO III tencentes a um dos cônjuges constância do casamento, ou
comunhão:
Do Regime de Comunhão em sub-rogação dos bens pendentes ao tempo de cessar
Parcial I – os bens adquiridos na a comunhão.
particulares; constância do casamento por
Art. 1.658. No regime de comu- III – as obrigações anteriores título oneroso, ainda que só Art. 1.661. São incomunicáveis
nhão parcial, comunicam-se os ao casamento; em nome de um dos cônjuges; os bens cuja aquisição tiver por
bens que sobrevierem ao casal, título uma causa anterior ao
na constância do casamento, casamento.
  242
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.656.
Art. 1.662. No regime da impliquem cessão do uso ou tário, salvo convenção diversa Art. 1.668. São excluídos da
comunhão parcial, presumem- gozo dos bens comuns. em pacto antenupcial. comunhão:
se adquiridos na constância § 3º Em caso de malversação I – os bens doados ou herdados
Art. 1.666. As dívidas, contra-
do casamento os bens móveis, dos bens, o juiz poderá atribuir com a cláusula de incomunica-
ídas por qualquer dos cônjuges
quando não se provar que o a administração a apenas um bilidade e os sub-rogados em
na administração de seus bens
foram em data anterior. dos cônjuges. seu lugar;
particulares e em benefício
Art. 1.663. A administração do destes, não obrigam os bens II – os bens gravados de
Art. 1.664. Os bens da comu-
patrimônio comum compete a comuns. fideicomisso e o direito do
nhão respondem pelas obriga-
qualquer dos cônjuges. herdeiro fideicomissário,
ções contraídas pelo marido ou
CAPÍTULO IV antes de realizada a condição
§ 1º As dívidas contraídas no pela mulher para atender aos
Do Regime de Comunhão suspensiva;
exercício da administração encargos da família, às despesas
obrigam os bens comuns e de administração e às decorren- Universal III – as dívidas anteriores ao
particulares do cônjuge que os tes de imposição legal. casamento, salvo se provierem
Art. 1.667. O regime de
administra, e os do outro na de despesas com seus aprestos,
Art. 1.665. A administração e a comunhão universal importa a
razão do proveito que houver ou reverterem em provei-
disposição dos bens constitu- comunicação de todos os bens
auferido. to comum;
tivos do patrimônio particular presentes e futuros dos cônjuges
e suas dívidas passivas, com as IV – as doações antenupciais
§ 2º A anuência de ambos os competem ao cônjuge proprie-
exceções do artigo seguinte. feitas por um dos cônjuges
cônjuges é necessária para
os atos, a título gratuito, que
  243
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.662.
ao outro com a cláusula de sabilidade de cada um dos cada cônjuge possuía ao casar e II – os que sobrevieram a
incomunicabilidade; cônjuges para com os credores os por ele adquiridos, a qual- cada cônjuge por sucessão ou
V – Os bens referidos nos do outro. quer título, na constância do liberalidade;
incisos V a VII do art. 1.659. casamento. III – as dívidas relativas a
CAPÍTULO V Parágrafo único. A adminis- esses bens.
Art. 1.669. A incomunicabi- Do Regime de Participação
lidade dos bens enumerados tração desses bens é exclusiva Parágrafo único. Salvo prova
Final nos Aqüestos
no artigo antecedente não se de cada cônjuge, que os poderá em contrário, presumem-se
estende aos frutos, quando se Art. 1.672. No regime de livremente alienar, se forem adquiridos durante o casamen-
percebam ou vençam durante o participação final nos aqüestos, móveis. to os bens móveis.
casamento. cada cônjuge possui patrimônio Art. 1.674. Sobrevindo a dis- Art. 1.675. Ao determinar-se
próprio, consoante disposto no solução da sociedade conjugal,
Art. 1.670. Aplica-se ao regime o montante dos aqüestos,
artigo seguinte, e lhe cabe, à apurar-se-á o montante dos
da comunhão universal o computar-se-á o valor das doa-
época da dissolução da socie- aqüestos, excluindo-se da soma
disposto no Capítulo antece- ções feitas por um dos cônjuges,
dade conjugal, direito à metade dos patrimônios próprios:
dente, quanto à administração sem a necessária autorização
dos bens adquiridos pelo casal,
dos bens. I – os bens anteriores ao casa- do outro; nesse caso, o bem
a título oneroso, na constância
mento e os que em seu lugar se poderá ser reivindicado pelo
Art. 1.671. Extinta a comunhão, do casamento.
sub-rogaram; cônjuge prejudicado ou por
e efetuada a divisão do ativo e Art. 1.673. Integram o patri- seus herdeiros, ou declarado
do passivo, cessará a respon- mônio próprio os bens que no monte partilhável, por valor
  244
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.669.
equivalente ao da época da do pagamento deve ser atua- Parágrafo único. Impugnada a ou de todos para reposição
dissolução. lizado e imputado, na data da titularidade, caberá ao cônjuge em dinheiro ao cônjuge
dissolução, à meação do outro proprietário provar a aquisição não-proprietário.
Art. 1.676. Incorpora-se ao
cônjuge. regular dos bens. Parágrafo único. Não se
monte o valor dos bens aliena-
dos em detrimento da meação, Art. 1.679. No caso de bens ad- Art. 1.682. O direito à meação podendo realizar a reposição
se não houver preferência do quiridos pelo trabalho conjunto, não é renunciável, cessível em dinheiro, serão avaliados e,
cônjuge lesado, ou de seus terá cada um dos cônjuges uma ou penhorável na vigência do mediante autorização judicial,
herdeiros, de os reivindicar. quota igual no condomínio ou regime matrimonial. alienados tantos bens quantos
no crédito por aquele modo bastarem.
Art. 1.677. Pelas dívidas poste- Art. 1.683. Na dissolução do
estabelecido. Art. 1.685. Na dissolução
riores ao casamento, contraídas regime de bens por separação
por um dos cônjuges, somente Art. 1.680. As coisas móveis, em judicial ou por divórcio, da sociedade conjugal por
este responderá, salvo prova face de terceiros, presumem-se verificar-se-á o montante dos morte, verificar-se-á a meação
de terem revertido, parcial do domínio do cônjuge deve- aqüestos à data em que cessou a do cônjuge sobrevivente de
ou totalmente, em benefício dor, salvo se o bem for de uso convivência. conformidade com os artigos
do outro. pessoal do outro. antecedentes, deferindo-se a
Art. 1.684. Se não for possível herança aos herdeiros na forma
Art. 1.678. Se um dos cônjuges Art. 1.681. Os bens imóveis são nem conveniente a divisão de estabelecida neste Código.
solveu uma dívida do outro com de propriedade do cônjuge cujo todos os bens em natureza,
bens do seu patrimônio, o valor nome constar no registro. calcular-se-á o valor de alguns

  245
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.675.
Art. 1.686. As dívidas de um trabalho e de seus bens, salvo com exclusividade, representar interesse da prole, mediante
dos cônjuges, quando superio- estipulação em contrário no os filhos menores de dezesseis prévia autorização do juiz.
res à sua meação, não obrigam pacto antenupcial. anos, bem como assisti-los até Parágrafo único. Podem pleite-
ao outro, ou a seus herdeiros. completarem a maioridade ou ar a declaração de nulidade dos
SUBTÍTULO II  serem emancipados. atos previstos neste artigo:
CAPÍTULO VI Do Usufruto e da Parágrafo único. Os pais I – os filhos;
Do Regime de Separação Administração dos Bens devem decidir em comum as
de Bens II – os herdeiros;
de Filhos Menores questões relativas aos filhos III – o representante legal.
Art. 1.687. Estipulada a Art. 1.689. O pai e a mãe, e a seus bens; havendo diver-
separação de bens, estes gência, poderá qualquer deles Art. 1.692. Sempre que no
enquanto no exercício do poder
permanecerão sob a adminis- recorrer ao juiz para a solução exercício do poder familiar
familiar:
tração exclusiva de cada um necessária. colidir o interesse dos pais com
I – são usufrutuários dos bens
dos cônjuges, que os poderá o do filho, a requerimento deste
dos filhos; Art. 1.691. Não podem os pais
livremente alienar ou gravar de ou do Ministério Público o juiz
II – têm a administração dos alienar, ou gravar de ônus real lhe dará curador especial.
ônus real. os imóveis dos filhos, nem con-
bens dos filhos menores sob
Art. 1.688. Ambos os cônjuges sua autoridade. trair, em nome deles, obrigações Art. 1.693. Excluem-se do
são obrigados a contribuir para que ultrapassem os limites da usufruto e da administração
Art. 1.690. Compete aos pais, dos pais:
as despesas do casal na pro- simples administração, salvo
e na falta de um deles ao outro,
porção dos rendimentos de seu por necessidade ou evidente

  246
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.686.
I – os bens adquiridos pelo SUBTÍTULO III  necessidade resultar de culpa cendentes, guardada a ordem de
filho havido fora do casamen- Dos Alimentos de quem os pleiteia. sucessão e, faltando estes, aos
to, antes do reconhecimento; irmãos, assim germanos como
Art. 1.694. Podem os parentes, Art. 1.695. São devidos os
II – os valores auferidos pelo unilaterais.
os cônjuges ou companheiros alimentos quando quem os
filho maior de dezesseis anos, pedir uns aos outros os alimen- pretende não tem bens suficien- Art. 1.698. Se o parente, que
no exercício de atividade tos de que necessitem para viver tes, nem pode prover, pelo seu deve alimentos em primeiro lu-
profissional e os bens com tais de modo compatível com a sua trabalho, à própria mantença, e gar, não estiver em condições de
recursos adquiridos; condição social, inclusive para aquele, de quem se reclamam, suportar totalmente o encargo,
III – os bens deixados ou atender às necessidades de sua pode fornecê-los, sem desfalque serão chamados a concorrer os
doados ao filho, sob a condição educação. do necessário ao seu sustento. de grau imediato; sendo várias
de não serem usufruídos, ou as pessoas obrigadas a prestar
§ 1º Os alimentos devem ser Art. 1.696. O direito à prestação
administrados, pelos pais; alimentos, todas devem concor-
fixados na proporção das ne- de alimentos é recíproco entre
IV – os bens que aos filhos cessidades do reclamante e dos rer na proporção dos respectivos
couberem na herança, quando pais e filhos, e extensivo a todos
recursos da pessoa obrigada. recursos, e, intentada ação
os pais forem excluídos da os ascendentes, recaindo a
contra uma delas, poderão as
sucessão. § 2º Os alimentos serão apenas obrigação nos mais próximos
demais ser chamadas a integrar
os indispensáveis à subsis- em grau, uns em falta de outros.
a lide.
tência, quando a situação de
Art. 1.697. Na falta dos ascen-
Art. 1.699. Se, fixados os ali-
dentes cabe a obrigação aos des-
mentos, sobrevier mudança na
  247
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.694.
situação financeira de quem os Parágrafo único. Compete o outro obrigado a prestá-los que a ação se processe em
supre, ou na de quem os recebe, ao juiz, se as circunstâncias mediante pensão a ser fixada segredo de justiça.
poderá o interessado reclamar o exigirem, fixar a forma do pelo juiz, caso não tenha sido
Art. 1.706. Os alimentos provi-
ao juiz, conforme as circuns- cumprimento da prestação. declarado culpado na ação de
sionais serão fixados pelo juiz,
tâncias, exoneração, redução ou separação judicial.
Art. 1.702. Na separação nos termos da lei processual.
majoração do encargo. Parágrafo único. Se o cônjuge
judicial litigiosa, sendo um dos
declarado culpado vier a Art. 1.707. Pode o credor não
Art. 1.700. A obrigação de cônjuges inocente e desprovido
necessitar de alimentos, e não exercer, porém lhe é vedado
prestar alimentos transmite-se de recursos, prestar-lhe-á o
tiver parentes em condições de renunciar o direito a alimentos,
aos herdeiros do devedor, na outro a pensão alimentícia que
prestá-los, nem aptidão para o sendo o respectivo crédito
forma do art. 1.694. o juiz fixar, obedecidos os crité-
trabalho, o outro cônjuge será insuscetível de cessão, compen-
rios estabelecidos no art. 1.694.
Art. 1.701. A pessoa obrigada obrigado a assegurá-los, fixan- sação ou penhora.
a suprir alimentos poderá Art. 1.703. Para a manutenção do o juiz o valor indispensável Art. 1.708. Com o casamento, a
pensionar o alimentando, ou dos filhos, os cônjuges separa- à sobrevivência. união estável ou o concubinato
dar-lhe hospedagem e sustento, dos judicialmente contribuirão
Art. 1.705. Para obter alimentos, do credor, cessa o dever de
sem prejuízo do dever de prestar na proporção de seus recursos.
o filho havido fora do casamen- prestar alimentos.
o necessário à sua educação,
Art. 1.704. Se um dos cônjuges to pode acionar o genitor, sendo Parágrafo único. Com relação
quando menor.
separados judicialmente vier facultado ao juiz determinar, a ao credor cessa, também, o
a necessitar de alimentos, será pedido de qualquer das partes, direito a alimentos, se tiver

  248
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.699.
procedimento indigno em patrimônio para instituir bem tenças e acessórios, destinando- como bem de família deverá
relação ao devedor. de família, desde que não ultra- se em ambos os casos a domicí- constar dos respectivos livros
passe um terço do patrimônio lio familiar, e poderá abranger de registro.
Art. 1.709. O novo casamento
líquido existente ao tempo da valores mobiliários, cuja renda § 3º O instituidor poderá deter-
do cônjuge devedor não
instituição, mantidas as regras será aplicada na conservação do minar que a administração dos
extingue a obrigação constante
sobre a impenhorabilidade do imóvel e no sustento da família. valores mobiliários seja confia-
da sentença de divórcio.
imóvel residencial estabelecida da a instituição financeira, bem
Art. 1.713. Os valores mobi-
Art. 1.710. As prestações em lei especial. como disciplinar a forma de
liários, destinados aos fins
alimentícias, de qualquer natu- Parágrafo único. O terceiro pagamento da respectiva renda
previstos no artigo antecedente,
reza, serão atualizadas segundo poderá igualmente instituir aos beneficiários, caso em que a
não poderão exceder o valor
índice oficial regularmente bem de família por testamento responsabilidade dos adminis-
do prédio instituído em bem
estabelecido. ou doação, dependendo a tradores obedecerá às regras do
de família, à época de sua
eficácia do ato da aceitação instituição. contrato de depósito.
SUBTÍTULO IV  expressa de ambos os cônjuges
Do Bem de Família § 1º Deverão os valores mobili- Art. 1.714. O bem de família,
beneficiados ou da entidade
ários ser devidamente indivi- quer instituído pelos cônjuges
Art. 1.711. Podem os cônjuges, familiar beneficiada.
dualizados no instrumento de ou por terceiro, constitui-se
ou a entidade familiar, median- Art. 1.712. O bem de família instituição do bem de família. pelo registro de seu título no
te escritura pública ou testa- consistirá em prédio residencial Registro de Imóveis.
§ 2º Se se tratar de títulos
mento, destinar parte de seu urbano ou rural, com suas per- nominativos, a sua instituição
  249
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.709.
Art. 1.715. O bem de família é cônjuges, ou, na falta destes, obedecendo-se, no caso de Parágrafo único. Com o faleci-
isento de execução por dívidas até que os filhos completem a falência, ao disposto sobre mento de ambos os cônjuges, a
posteriores à sua instituição, maioridade. pedido de restituição. administração passará ao filho
salvo as que provierem de mais velho, se for maior, e, do
Art. 1.717. O prédio e os valores Art. 1.719. Comprovada a
tributos relativos ao prédio, ou contrário, a seu tutor.
mobiliários, constituídos como impossibilidade da manutenção
de despesas de condomínio.
bem da família, não podem ter do bem de família nas con- Art. 1.721. A dissolução da so-
Parágrafo único. No caso destino diverso do previsto no dições em que foi instituído, ciedade conjugal não extingue o
de execução pelas dívidas art. 1.712 ou serem alienados poderá o juiz, a requerimento bem de família.
referidas neste artigo, o saldo sem o consentimento dos dos interessados, extingui-lo Parágrafo único. Dissolvida a
existente será aplicado em interessados e seus representan- ou autorizar a sub-rogação sociedade conjugal pela morte
outro prédio, como bem de tes legais, ouvido o Ministério dos bens que o constituem em de um dos cônjuges, o sobrevi-
família, ou em títulos da dívida Público. outros, ouvidos o instituidor e o vente poderá pedir a extinção
pública, para sustento familiar, Ministério Público.
Art. 1.718. Qualquer forma de do bem de família, se for o
salvo se motivos relevantes
liquidação da entidade adminis- Art. 1.720. Salvo disposição em único bem do casal.
aconselharem outra solução, a
critério do juiz. tradora, a que se refere o § 3º do contrário do ato de instituição, Art. 1.722. Extingue-se, igual-
art. 1.713, não atingirá os valores a administração do bem de mente, o bem de família com a
Art. 1.716. A isenção de que a ela confiados, ordenando o família compete a ambos os morte de ambos os cônjuges e
trata o artigo antecedente juiz a sua transferência para cônjuges, resolvendo o juiz em
durará enquanto viver um dos outra instituição semelhante, caso de divergência.
  250
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.715.
a maioridade dos filhos, desde § 2º As causas suspensivas do companheiros ao juiz e assento I – com o falecimento dos
que não sujeitos a curatela. art. 1.523 não impedirão a ca- no Registro Civil. pais, ou sendo estes julgados
racterização da união estável. ausentes;
Art. 1.727. As relações não
TÍTULO III  II – em caso de os pais decaí-
Art. 1.724. As relações pessoais eventuais entre o homem e a
DA UNIÃO ESTÁVEL rem do poder familiar.
entre os companheiros obede- mulher, impedidos de casar,
Art. 1.723. É reconhecida como cerão aos deveres de lealdade, constituem concubinato. Art. 1.729. O direito de nomear
entidade familiar a união está- respeito e assistência, e de tutor compete aos pais, em
vel entre o homem e a mulher, guarda, sustento e educação dos TÍTULO IV  conjunto.
configurada na convivência filhos. Da Tutela e da Curatela Parágrafo único. A nomeação
pública, contínua e duradoura e deve constar de testamento ou
Art. 1.725. Na união estável,
estabelecida com o objetivo de
salvo contrato escrito entre CAPÍTULO I de qualquer outro documento
constituição de família. Da Tutela
autêntico.
os companheiros, aplica-se às
§ 1º A união estável não se relações patrimoniais, no que Seção I Art. 1.730. É nula a nomeação
constituirá se ocorrerem os couber, o regime da comunhão Dos Tutores
de tutor pelo pai ou pela mãe
impedimentos do art. 1.521; não parcial de bens.
Art. 1.728. Os filhos menores que, ao tempo de sua morte,
se aplicando a incidência do
Art. 1.726. A união estável são postos em tutela: não tinha o poder familiar.
inciso VI no caso de a pessoa
casada se achar separada de poderá converter-se em casa- Art. 1.731. Em falta de tutor
fato ou judicialmente. mento, mediante pedido dos nomeado pelos pais incumbe a
  251
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.722.
tutela aos parentes consangüí- II – quando estes forem excluí- § 2º Quem institui um menor Seção II
neos do menor, por esta ordem: dos ou escusados da tutela; herdeiro, ou legatário seu, Dos Incapazes de Exercer a Tutela
I – aos ascendentes, preferindo III – quando removidos por poderá nomear-lhe curador
Art. 1.735. Não podem ser
o de grau mais próximo ao não idôneos o tutor legítimo e especial para os bens deixados,
tutores e serão exonerados da
mais remoto; o testamentário. ainda que o beneficiário se
tutela, caso a exerçam:
II – aos colaterais até o terceiro encontre sob o poder familiar,
Art. 1.733. Aos irmãos órfãos I – aqueles que não tiverem
grau, preferindo os mais pró- ou tutela.
dar-se-á um só tutor. a livre administração de
ximos aos mais remotos, e, no Art. 1.734. As crianças e os seus bens;
mesmo grau, os mais velhos § 1º No caso de ser nomeado
mais de um tutor por dis- adolescentes cujos pais forem II – aqueles que, no momento
aos mais moços; em qualquer desconhecidos, falecidos ou que
posição testamentária sem de lhes ser deferida a tutela, se
dos casos, o juiz escolherá en- tiverem sido suspensos ou desti-
indicação de precedência, acharem constituídos em obri-
tre eles o mais apto a exercer a tuídos do poder familiar terão
entende-se que a tutela foi gação para com o menor, ou
tutela em benefício do menor. tutores nomeados pelo Juiz ou
cometida ao primeiro, e que tiverem que fazer valer direitos
Art. 1.732. O juiz nomeará tutor os outros lhe sucederão pela serão incluídos em programa contra este, e aqueles cujos
idôneo e residente no domicílio ordem de nomeação, se ocorrer de colocação familiar, na forma pais, filhos ou cônjuges tiverem
do menor: morte, incapacidade, escusa ou prevista pela Lei no 8.069, de demanda contra o menor;
I – na falta de tutor testamen- qualquer outro impedimento. 13 de julho de 1990 – Estatuto III – os inimigos do menor, ou
tário ou legítimo; da Criança e do Adolescente. de seus pais, ou que tiverem
(Alterado em 09) Vigência

  252
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.731.
sido por estes expressamente Seção III Art. 1.737. Quem não for e responderá desde logo pelas
excluídos da tutela; Da Escusa dos Tutores parente do menor não poderá perdas e danos que o menor
IV – os condenados por crime ser obrigado a aceitar a tutela, venha a sofrer.
Art. 1.736. Podem escusar-se da
de furto, roubo, estelionato, se houver no lugar parente
tutela: Seção IV
falsidade, contra a família ou idôneo, consangüíneo ou afim,
I – mulheres casadas; Do Exercício da Tutela
os costumes, tenham ou não em condições de exercê-la.
II – maiores de sessenta anos; Art. 1.740. Incumbe ao tutor,
cumprido pena; Art. 1.738. A escusa apresentar-
III – aqueles que tiverem sob quanto à pessoa do menor:
V – as pessoas de mau procedi- se-á nos dez dias subseqüentes
sua autoridade mais de três I – dirigir-lhe a educação,
mento, ou falhas em probida- à designação, sob pena de
filhos; defendê-lo e prestar-lhe
de, e as culpadas de abuso em entender-se renunciado o
tutorias anteriores; IV – os impossibilitados por alimentos, conforme os seus
direito de alegá-la; se o motivo
enfermidade; haveres e condição;
VI – aqueles que exercerem escusatório ocorrer depois
função pública incompatível V – aqueles que habitarem II – reclamar do juiz que
de aceita a tutela, os dez dias
com a boa administração da longe do lugar onde se haja de providencie, como houver por
contar-se-ão do em que ele
tutela. exercer a tutela; bem, quando o menor haja
sobrevier.
VI – aqueles que já exercerem mister correção;
tutela ou curatela; Art. 1.739. Se o juiz não admitir III – adimplir os demais deve-
VII – militares em serviço. a escusa, exercerá o nomeado a res que normalmente cabem
tutela, enquanto o recurso in- aos pais, ouvida a opinião do
terposto não tiver provimento,
  253
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.736.
menor, se este já contar doze tras pessoas físicas ou jurídicas Parágrafo único. Se o patri- I – representar o menor, até
anos de idade. o exercício parcial da tutela. mônio do menor for de valor os dezesseis anos, nos atos
considerável, poderá o juiz da vida civil, e assisti-lo, após
Art. 1.741. Incumbe ao tutor, Art. 1.744. A responsabilidade
condicionar o exercício da essa idade, nos atos em que
sob a inspeção do juiz, admi- do juiz será:
tutela à prestação de caução for parte;
nistrar os bens do tutelado, em I – direta e pessoal, quando bastante, podendo dispensá-la II – receber as rendas e pen-
proveito deste, cumprindo seus não tiver nomeado o tu- se o tutor for de reconhecida sões do menor, e as quantias a
deveres com zelo e boa-fé. tor, ou não o houver feito idoneidade. ele devidas;
Art. 1.742. Para fiscalização oportunamente;
Art. 1.746. Se o menor possuir III – fazer-lhe as despesas de
dos atos do tutor, pode o juiz II – subsidiária, quando não
bens, será sustentado e educado subsistência e educação, bem
nomear um protutor. tiver exigido garantia legal do
a expensas deles, arbitrando como as de administração,
tutor, nem o removido, tanto
Art. 1.743. Se os bens e interes- o juiz para tal fim as quantias conservação e melhoramentos
que se tornou suspeito.
ses administrativos exigirem que lhe pareçam necessárias, de seus bens;
conhecimentos técnicos, forem Art. 1.745. Os bens do menor considerado o rendimento da IV – alienar os bens do menor
complexos, ou realizados em serão entregues ao tutor me- fortuna do pupilo quando o pai destinados a venda;
lugares distantes do domicílio diante termo especificado deles ou a mãe não as houver fixado. V – promover-lhe, mediante
do tutor, poderá este, mediante e seus valores, ainda que os pais preço conveniente, o arrenda-
o tenham dispensado. Art. 1.747. Compete mais
aprovação judicial, delegar a ou- mento de bens de raiz.
ao tutor:

  254
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.741.
Art. 1.748. Compete também ao de ato do tutor depende da quando houver manifesta ração proporcional à importân-
tutor, com autorização do juiz: aprovação ulterior do juiz. vantagem, mediante prévia cia dos bens administrados.
I – pagar as dívidas do menor; avaliação judicial e aprovação § 1º Ao protutor será arbitrada
Art. 1.749. Ainda com a autori-
II – aceitar por ele heranças, do juiz. uma gratificação módica pela
zação judicial, não pode o tutor,
legados ou doações, ainda que sob pena de nulidade: Art. 1.751. Antes de assumir a fiscalização efetuada.
com encargos; I – adquirir por si, ou por tutela, o tutor declarará tudo § 2º São solidariamente
III – transigir; interposta pessoa, mediante o que o menor lhe deva, sob responsáveis pelos prejuízos
IV – vender-lhe os bens contrato particular, bens pena de não lhe poder cobrar, as pessoas às quais competia
móveis, cuja conservação não móveis ou imóveis pertencen- enquanto exerça a tutoria, salvo fiscalizar a atividade do tutor,
convier, e os imóveis nos casos tes ao menor; provando que não conhecia o e as que concorreram para
em que for permitido; II – dispor dos bens do menor débito quando a assumiu. o dano.
V – propor em juízo as ações, a título gratuito; Art. 1.752. O tutor responde Seção V
ou nelas assistir o menor, e III – constituir-se cessionário pelos prejuízos que, por culpa, Dos Bens do Tutelado
promover todas as diligências de crédito ou de direito, contra ou dolo, causar ao tutelado; mas
a bem deste, assim como Art. 1.753. Os tutores não
o menor. tem direito a ser pago pelo que
defendê-lo nos pleitos contra podem conservar em seu poder
Art. 1.750. Os imóveis perten- realmente despender no exer-
ele movidos. dinheiro dos tutelados, além
centes aos menores sob tutela cício da tutela, salvo no caso do
do necessário para as despesas
Parágrafo único. No caso de art. 1.734, e a perceber remune-
somente podem ser vendidos ordinárias com o seu sustento, a
falta de autorização, a eficácia
  255
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.748.
sua educação e a administração o dinheiro proveniente de tutelado, ou a administração Seção VI
de seus bens. qualquer outra procedência. de seus bens; Da Prestação de Contas
§ 1º Se houver necessidade, os § 3º Os tutores respondem pela II – para se comprarem bens Art. 1.755. Os tutores, embora o
objetos de ouro e prata, pedras demora na aplicação dos valo- imóveis e títulos, obrigações ou contrário tivessem disposto os
preciosas e móveis serão avalia- res acima referidos, pagando letras, nas condições previstas pais dos tutelados, são obri-
dos por pessoa idônea e, após os juros legais desde o dia em no § 1º do artigo antecedente; gados a prestar contas da sua
autorização judicial, alienados, que deveriam dar esse destino, III – para se empregarem em administração.
e o seu produto convertido o que não os exime da obriga- conformidade com o disposto
em títulos, obrigações e letras ção, que o juiz fará efetiva, da por quem os houver doado, ou Art. 1.756. No fim de cada ano
de responsabilidade direta referida aplicação. deixado; de administração, os tutores
ou indireta da União ou dos submeterão ao juiz o balanço
Art. 1.754. Os valores que IV – para se entregarem aos
Estados, atendendo-se prefe- respectivo, que, depois de
existirem em estabelecimento órfãos, quando emancipados,
rentemente à rentabilidade, e aprovado, se anexará aos autos
bancário oficial, na forma do ou maiores, ou, mortos eles,
recolhidos ao estabelecimento do inventário.
artigo antecedente, não se aos seus herdeiros.
bancário oficial ou aplicado na Art. 1.757. Os tutores prestarão
poderão retirar, senão mediante
aquisição de imóveis, conforme contas de dois em dois anos, e
ordem do juiz, e somente:
for determinado pelo juiz. também quando, por qualquer
I – para as despesas com
§ 2º O mesmo destino previsto motivo, deixarem o exercício
o sustento e educação do
no parágrafo antecedente terá

  256
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.753.
da tutela ou toda vez que o juiz Art. 1.759. Nos casos de morte, Seção VII Art. 1.765. O tutor é obrigado a
achar conveniente. ausência, ou interdição do Da Cessação da Tutela servir por espaço de dois anos.
Parágrafo único. As contas tutor, as contas serão pres- Parágrafo único. Pode o tutor
Art. 1.763. Cessa a condição de
serão prestadas em juízo, e tadas por seus herdeiros ou continuar no exercício da
tutelado:
julgadas depois da audiência representantes. tutela, além do prazo previsto
I – com a maioridade ou a
dos interessados, recolhendo Art. 1.760. Serão levadas a cré- emancipação do menor; neste artigo, se o quiser e o juiz
o tutor imediatamente a esta- dito do tutor todas as despesas julgar conveniente ao menor.
II – ao cair o menor sob o
belecimento bancário oficial justificadas e reconhecidamente poder familiar, no caso de Art. 1.766. Será destituído
os saldos, ou adquirindo bens proveitosas ao menor. reconhecimento ou adoção. o tutor, quando negligente,
imóveis, ou títulos, obrigações
Art. 1.761. As despesas com prevaricador ou incurso em
ou letras, na forma do § 1º do Art. 1.764. Cessam as funções
a prestação das contas serão incapacidade.
art. 1.753. do tutor:
pagas pelo tutelado. I – ao expirar o termo, em que
Art. 1.758. Finda a tutela pela CAPÍTULO II
Art. 1.762. O alcance do tutor, era obrigado a servir;
emancipação ou maioridade, a Da Curatela
quitação do menor não produ- bem como o saldo contra o II – ao sobrevir escusa
tutelado, são dívidas de valor e legítima; Seção I
zirá efeito antes de aprovadas Dos Interditos
as contas pelo juiz, subsistindo vencem juros desde o julgamen- III – ao ser removido.
inteira, até então, a responsabi- to definitivo das contas. Art. 1.767. Estão sujeitos a
lidade do tutor. curatela:

  257
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.757.
I – aqueles que, por enfermi- II – pelo cônjuge, ou por incapaz; nos demais casos Art. 1.773. A sentença que de-
dade ou deficiência mental, qualquer parente; o Ministério Público será o clara a interdição produz efeitos
não tiverem o necessário III – pelo Ministério Público. defensor. desde logo, embora sujeita a
discernimento para os atos da recurso.
Art. 1.769. O Ministério Público Art. 1.771. Antes de pronunciar-
vida civil;
só promoverá interdição: se acerca da interdição, o juiz, Art. 1.774. Aplicam-se à curate-
II – aqueles que, por outra assistido por especialistas, la as disposições concernentes à
causa duradoura, não puderem I – em caso de doença men-
tal grave; examinará pessoalmente o tutela, com as modificações dos
exprimir a sua vontade; argüido de incapacidade. artigos seguintes.
III – os deficientes mentais, os II – se não existir ou não pro-
ébrios habituais e os viciados mover a interdição alguma das Art. 1.772. Pronunciada a Art. 1.775. O cônjuge ou
em tóxicos; pessoas designadas nos incisos interdição das pessoas a que se companheiro, não separado
I e II do artigo antecedente; referem os incisos III e IV do art. judicialmente ou de fato, é,
IV – os excepcionais sem
completo desenvolvimento III – se, existindo, forem inca- 1.767, o juiz assinará, segundo de direito, curador do outro,
mental; pazes as pessoas mencionadas o estado ou o desenvolvimento quando interdito.
no inciso antecedente. mental do interdito, os limites §1º Na falta do cônjuge ou
V – os pródigos.
da curatela, que poderão companheiro, é curador
Art. 1.770. Nos casos em que
Art. 1.768. A interdição deve ser circunscrever-se às restrições legítimo o pai ou a mãe; na
a interdição for promovida
promovida: constantes do art. 1.782. falta destes, o descendente que
pelo Ministério Público, o juiz
I – pelos pais ou tutores; nomeará defensor ao suposto se demonstrar mais apto.

  258
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.768.
§ 2º Entre os descendentes, os aos bens dos filhos do curatela- 1.768, dar-se-lhe-á curador para Art. 1.783. Quando o curador
mais próximos precedem aos do, observado o art. 5º. cuidar de todos ou alguns de for o cônjuge e o regime de bens
mais remotos. seus negócios ou bens. do casamento for de comunhão
Seção II
§ 3º Na falta das pessoas men- universal, não será obrigado
Da Curatela do Nascituro e Seção III
cionadas neste artigo, compete do Enfermo ou Portador de à prestação de contas, salvo
Do Exercício da Curatela
ao juiz a escolha do curador. Deficiência Física determinação judicial.
Art. 1.781. As regras a res-
Art. 1.776. Havendo meio de Art. 1.779. Dar-se-á curador peito do exercício da tutela LIVRO V 
recuperar o interdito, o curador ao nascituro, se o pai falecer aplicam-se ao da curatela, com Do Direito das Sucessões
promover-lhe-á o tratamento estando grávida a mulher, e não a restrição do art. 1.772 e as
em estabelecimento apropriado. tendo o poder familiar. desta Seção. TÍTULO I 
Art. 1.777. Os interditos Parágrafo único. Se a mulher Da Sucessão em Geral
Art. 1.782. A interdição do
referidos nos incisos I, III e IV do estiver interdita, seu curador
pródigo só o privará de, sem
art. 1.767 serão recolhidos em será o do nascituro. CAPÍTULO I
curador, emprestar, transigir,
estabelecimentos adequados, Disposições Gerais
Art. 1.780. A requerimento do dar quitação, alienar, hipotecar,
quando não se adaptarem ao enfermo ou portador de defici- demandar ou ser demanda- Art. 1.784. Aberta a sucessão,
convívio doméstico. ência física, ou, na impossibi- do, e praticar, em geral, os a herança transmite-se, desde
Art. 1.778. A autoridade do lidade de fazê-lo, de qualquer atos que não sejam de mera logo, aos herdeiros legítimos e
curador estende-se à pessoa e das pessoas a que se refere o art. administração. testamentários.

  259
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.776.
Art. 1.785. A sucessão abre-se o testamento caducar, ou for tocar-lhe-á a metade do que e regular-se-á pelas normas
no lugar do último domicílio do julgado nulo. couber a cada um daqueles; relativas ao condomínio.
falecido. III – se concorrer com outros
Art. 1.789. Havendo herdeiros Art. 1.792. O herdeiro não res-
Art. 1.786. A sucessão dá-se por necessários, o testador só parentes sucessíveis, terá ponde por encargos superiores
lei ou por disposição de última poderá dispor da metade da direito a um terço da herança; às forças da herança; incumbe-
vontade. herança. IV – não havendo parentes lhe, porém, a prova do excesso,
sucessíveis, terá direito à salvo se houver inventário que a
Art. 1.787. Regula a sucessão e Art. 1.790. A companheira ou totalidade da herança. escuse, demostrando o valor dos
a legitimação para suceder a lei o companheiro participará da
bens herdados.
vigente ao tempo da abertura sucessão do outro, quanto aos CAPÍTULO II
daquela. bens adquiridos onerosamente Da Herança e de sua Art. 1.793. O direito à sucessão
na vigência da união estável, Administração aberta, bem como o quinhão
Art. 1.788. Morrendo a pessoa
nas condições seguintes: de que disponha o co-herdeiro,
sem testamento, transmite a Art. 1.791. A herança defere-se
I – se concorrer com filhos pode ser objeto de cessão por
herança aos herdeiros legítimos; como um todo unitário, ainda
comuns, terá direito a uma escritura pública.
o mesmo ocorrerá quanto aos que vários sejam os herdeiros.
bens que não forem com- quota equivalente à que por lei § 1º Os direitos, conferidos ao
for atribuída ao filho; Parágrafo único. Até a parti- herdeiro em conseqüência de
preendidos no testamento; e lha, o direito dos co-herdeiros,
subsiste a sucessão legítima se II – se concorrer com descen- substituição ou de direito de
dentes só do autor da herança, quanto à propriedade e posse acrescer, presumem-se não
da herança, será indivisível,
  260
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.785.
abrangidos pela cessão feita Art. 1.795. O co-herdeiro, a liquidação e, quando for o caso, cedentes, ou quando tiverem
anteriormente. quem não se der conhecimento de partilha da herança. de ser afastadas por motivo
§ 2º É ineficaz a cessão, pelo da cessão, poderá, depositado grave levado ao conhecimento
Art. 1.797. Até o compromisso
co-herdeiro, de seu direito o preço, haver para si a quota do juiz.
do inventariante, a adminis-
hereditário sobre qualquer cedida a estranho, se o requerer
tração da herança caberá,
bem da herança considerado até cento e oitenta dias após a CAPÍTULO III
sucessivamente:
singularmente. transmissão. Da Vocação Hereditária
I – ao cônjuge ou companhei-
§ 3º Ineficaz é a disposição, Parágrafo único. Sendo vários ro, se com o outro convivia Art. 1.798. Legitimam-se a
sem prévia autorização do os co-herdeiros a exercer ao tempo da abertura da suceder as pessoas nascidas ou
juiz da sucessão, por qualquer a preferência, entre eles se sucessão; já concebidas no momento da
herdeiro, de bem componente distribuirá o quinhão cedido, abertura da sucessão.
II – ao herdeiro que estiver
do acervo hereditário, penden- na proporção das respectivas
na posse e administração Art. 1.799. Na sucessão tes-
te a indivisibilidade. quotas hereditárias.
dos bens, e, se houver mais tamentária podem ainda ser
Art. 1.794. O co-herdeiro Art. 1.796. No prazo de trinta de um nessas condições, ao chamados a suceder:
não poderá ceder a sua quota dias, a contar da abertura da mais velho; I – os filhos, ainda não con-
hereditária a pessoa estranha à sucessão, instaurar-se-á inven- III – ao testamenteiro; cebidos, de pessoas indicadas
sucessão, se outro co-herdeiro a tário do patrimônio hereditário, IV – a pessoa de confiança do pelo testador, desde que vivas
quiser, tanto por tanto. perante o juízo competente no juiz, na falta ou escusa das estas ao abrir-se a sucessão;
lugar da sucessão, para fins de indicadas nos incisos ante-
  261
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.794.
II – as pessoas jurídicas; assim nomeado, regem-se pelas Art. 1.801. Não podem ser Art. 1.802. São nulas as dispo-
III – as pessoas jurídicas, cuja disposições concernentes à nomeados herdeiros nem sições testamentárias em favor
organização for determinada curatela dos incapazes, no que legatários: de pessoas não legitimadas a
pelo testador sob a forma de couber. I – a pessoa que, a rogo, escre- suceder, ainda quando simu-
fundação. § 3º Nascendo com vida o veu o testamento, nem o seu ladas sob a forma de contrato
herdeiro esperado, ser-lhe-á cônjuge ou companheiro, ou os oneroso, ou feitas mediante
Art. 1.800. No caso do inciso I interposta pessoa.
deferida a sucessão, com os seus ascendentes e irmãos;
do artigo antecedente, os bens
da herança serão confiados, frutos e rendimentos relativos II – as testemunhas do Parágrafo único. Presumem-se
após a liquidação ou partilha, a à deixa, a partir da morte do testamento; pessoas interpostas os ascen-
curador nomeado pelo juiz. testador. III – o concubino do testador dentes, os descendentes, os
§ 4º Se, decorridos dois anos casado, salvo se este, sem culpa irmãos e o cônjuge ou com-
§ 1º Salvo disposição testamen- panheiro do não legitimado a
após a abertura da sucessão, sua, estiver separado de fato do
tária em contrário, a curatela suceder.
não for concebido o herdeiro cônjuge há mais de cinco anos;
caberá à pessoa cujo filho
o testador esperava ter por esperado, os bens reservados, IV – o tabelião, civil ou militar, Art. 1.803. É lícita a deixa ao
herdeiro, e, sucessivamente, às salvo disposição em contrário ou o comandante ou escrivão, filho do concubino, quando
pessoas indicadas no art. 1.775. do testador, caberão aos perante quem se fizer, assim também o for do testador.
herdeiros legítimos. como o que fizer ou aprovar o
§ 2º Os poderes, deveres e testamento.
responsabilidades do curador,

  262
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.800.
CAPÍTULO IV § 1º Não exprimem aceitação requerer ao juiz prazo razoável, Art. 1.809. Falecendo o herdeiro
Da Aceitação e Renúncia da de herança os atos oficiosos, não maior de trinta dias, para, antes de declarar se aceita a he-
Herança como o funeral do finado, os nele, se pronunciar o herdeiro, rança, o poder de aceitar passa-
Art. 1.804. Aceita a herança, meramente conservatórios, ou sob pena de se haver a herança lhe aos herdeiros, a menos que
torna-se definitiva a sua os de administração e guarda por aceita. se trate de vocação adstrita a
transmissão ao herdeiro, desde provisória. uma condição suspensiva, ainda
Art. 1.808. Não se pode aceitar
a abertura da sucessão. § 2º Não importa igualmente não verificada.
ou renunciar a herança em
Parágrafo único. A transmis- aceitação a cessão gratuita, parte, sob condição ou a termo. Parágrafo único. Os chamados
são tem-se por não verificada pura e simples, da herança, aos à sucessão do herdeiro falecido
§ 1º O herdeiro, a quem se
quando o herdeiro renuncia à demais co-herdeiros. antes da aceitação, desde que
testarem legados, pode aceitá-
herança. concordem em receber a segun-
Art. 1.806. A renúncia da los, renunciando a herança; ou,
da herança, poderão aceitar ou
Art. 1.805. A aceitação da herança deve constar expressa- aceitando-a, repudiá-los.
renunciar a primeira.
herança, quando expressa, mente de instrumento público § 2º O herdeiro, chamado, na
faz-se por declaração escrita; ou termo judicial. mesma sucessão, a mais de Art. 1.810. Na sucessão legí-
quando tácita, há de resultar um quinhão hereditário, sob tima, a parte do renunciante
Art. 1.807. O interessado em
tão-somente de atos próprios da títulos sucessórios diversos, acresce à dos outros herdeiros
que o herdeiro declare se aceita,
qualidade de herdeiro. pode livremente deliberar da mesma classe e, sendo ele o
ou não, a herança, poderá, vinte
quanto aos quinhões que aceita único desta, devolve-se aos da
dias após aberta a sucessão,
e aos que renuncia. subseqüente.

  263
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.804.
Art. 1.811. Ninguém pode § 1º A habilitação dos credores sucessão se tratar, seu cônjuge, Parágrafo único. O direito
suceder, representando herdeiro se fará no prazo de trinta dias companheiro, ascendente ou de demandar a exclusão do
renunciante. Se, porém, ele for seguintes ao conhecimento descendente; herdeiro ou legatário extingue-
o único legítimo da sua classe, do fato. II – que houverem acusado se em quatro anos, contados da
ou se todos os outros da mesma § 2º Pagas as dívidas do renun- caluniosamente em juízo o abertura da sucessão.
classe renunciarem a herança, ciante, prevalece a renúncia autor da herança ou incor- Art. 1.816. São pessoais os efei-
poderão os filhos vir à suces- quanto ao remanescente, que rerem em crime contra a sua tos da exclusão; os descendentes
são, por direito próprio, e por será devolvido aos demais honra, ou de seu cônjuge ou do herdeiro excluído sucedem,
cabeça. herdeiros. companheiro; como se ele morto fosse antes
Art. 1.812. São irrevogáveis os III – que, por violência ou da abertura da sucessão.
atos de aceitação ou de renúncia CAPÍTULO V meios fraudulentos, inibirem
Parágrafo único. O excluído
da herança. Dos Excluídos da Sucessão ou obstarem o autor da
da sucessão não terá direito ao
herança de dispor livremente
Art. 1.813. Quando o herdeiro Art. 1.814. São excluídos usufruto ou à administração
de seus bens por ato de última
prejudicar os seus credores, da sucessão os herdeiros ou dos bens que a seus sucessores
vontade.
renunciando à herança, legatários: couberem na herança, nem à
poderão eles, com autorização I – que houverem sido autores, Art. 1.815. A exclusão do her- sucessão eventual desses bens.
do juiz, aceitá-la em nome do co-autores ou partícipes de deiro ou legatário, em qualquer
Art. 1.817. São válidas as
renunciante. homicídio doloso, ou tentativa desses casos de indignidade,
alienações onerosas de bens
deste, contra a pessoa de cuja será declarada por sentença.

  264
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.811.
hereditários a terceiros de boa- expressamente reabilitado em sob a guarda e administração de Art. 1.822. A declaração de
fé, e os atos de administração testamento, ou em outro ato um curador, até a sua entrega vacância da herança não
legalmente praticados pelo autêntico. ao sucessor devidamente prejudicará os herdeiros que
herdeiro, antes da sentença de Parágrafo único. Não havendo habilitado ou à declaração de legalmente se habilitarem;
exclusão; mas aos herdeiros reabilitação expressa, o indig- sua vacância. mas, decorridos cinco anos
subsiste, quando prejudicados, no, contemplado em testa- da abertura da sucessão, os
Art. 1.820. Praticadas as
o direito de demandar-lhe mento do ofendido, quando o bens arrecadados passarão ao
diligências de arrecadação e
perdas e danos. testador, ao testar, já conhecia domínio do Município ou do
ultimado o inventário, serão
Parágrafo único. O excluído da a causa da indignidade, pode Distrito Federal, se localizados
expedidos editais na forma da
sucessão é obrigado a restituir suceder no limite da disposição nas respectivas circunscrições,
lei processual, e, decorrido um
os frutos e rendimentos que testamentária. incorporando-se ao domínio
ano de sua primeira publicação,
dos bens da herança houver da União quando situados em
sem que haja herdeiro habilita-
percebido, mas tem direito a CAPÍTULO VI território federal.
do, ou penda habilitação, será a
ser indenizado das despesas Da Herança Jacente herança declarada vacante. Parágrafo único. Não se
com a conservação deles. habilitando até a declaração de
Art. 1.819. Falecendo alguém Art. 1.821. É assegurado aos vacância, os colaterais ficarão
Art. 1.818. Aquele que incorreu sem deixar testamento nem credores o direito de pedir o excluídos da sucessão.
em atos que determinem a ex- herdeiro legítimo notoriamente pagamento das dívidas reco-
clusão da herança será admitido conhecido, os bens da herança, nhecidas, nos limites das forças Art. 1.823. Quando todos os
a suceder, se o ofendido o tiver depois de arrecadados, ficarão da herança. chamados a suceder renuncia-

  265
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.817.
rem à herança, será esta desde Art. 1.826. O possuidor Parágrafo único. São eficazes TÍTULO II 
logo declarada vacante. da herança está obrigado à as alienações feitas, a título Da Sucessão Legítima
restituição dos bens do acervo, oneroso, pelo herdeiro aparente
CAPÍTULO VII fixando-se-lhe a responsabi- a terceiro de boa-fé. CAPÍTULO I
Da petição de herança lidade segundo a sua posse, Da Ordem da Vocação
Art. 1.828. O herdeiro aparente, Hereditária
observado o disposto nos arts.
Art. 1.824. O herdeiro pode, que de boa-fé houver pago um
1.214 a 1.222. Art. 1.829. A sucessão legítima
em ação de petição de herança, legado, não está obrigado a
demandar o reconhecimento Parágrafo único. A partir da prestar o equivalente ao ver- defere-se na ordem seguinte:
de seu direito sucessório, para citação, a responsabilidade do dadeiro sucessor, ressalvado a I – aos descendentes, em
obter a restituição da herança, possuidor se há de aferir pelas este o direito de proceder contra concorrência com o cônjuge
ou de parte dela, contra quem, regras concernentes à posse de quem o recebeu. sobrevivente, salvo se casado
na qualidade de herdeiro, ou má-fé e à mora. este com o falecido no regime
mesmo sem título, a possua. Art. 1.827. O herdeiro pode da comunhão universal, ou
demandar os bens da herança, no da separação obrigatória
Art. 1.825. A ação de petição
mesmo em poder de terceiros, de bens (art. 1.640, parágrafo
de herança, ainda que exercida
sem prejuízo da responsabilida- único); ou se, no regime da
por um só dos herdeiros, poderá
de do possuidor originário pelo comunhão parcial, o autor da
compreender todos os bens
valor dos bens alienados. herança não houver deixado
hereditários.
bens particulares;

  266
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.823.
II – aos ascendentes, em que lhe caiba na herança, o Art. 1.834. Os descendentes da mais remoto, sem distinção de
concorrência com o cônjuge; direito real de habitação relati- mesma classe têm os mesmos linhas.
III – ao cônjuge sobrevivente; vamente ao imóvel destinado à direitos à sucessão de seus § 2º Havendo igualdade em
IV – aos colaterais. residência da família, desde que ascendentes. grau e diversidade em linha, os
seja o único daquela natureza a ascendentes da linha paterna
Art. 1.830. Somente é reconhe- Art. 1.835. Na linha descen-
inventariar. herdam a metade, cabendo a
cido direito sucessório ao côn- dente, os filhos sucedem por
Art. 1.832. Em concorrência cabeça, e os outros descenden- outra aos da linha materna.
juge sobrevivente se, ao tempo
da morte do outro, não estavam com os descendentes (art. 1.829, tes, por cabeça ou por estirpe, Art. 1.837. Concorrendo
separados judicialmente, nem inciso I) caberá ao cônjuge conforme se achem ou não no com ascendente em primeiro
separados de fato há mais de quinhão igual ao dos que mesmo grau. grau, ao cônjuge tocará um
dois anos, salvo prova, neste sucederem por cabeça, não terço da herança; caber-lhe-á
Art. 1.836. Na falta de des-
caso, de que essa convivência se podendo a sua quota ser inferior a metade desta se houver um
cendentes, são chamados à
tornara impossível sem culpa do à quarta parte da herança, se for só ascendente, ou se maior for
sucessão os ascendentes, em
sobrevivente. ascendente dos herdeiros com aquele grau.
concorrência com o cônjuge
que concorrer.
Art. 1.831. Ao cônjuge sobre- sobrevivente. Art. 1.838. Em falta de des-
vivente, qualquer que seja o Art. 1.833. Entre os descenden- § 1º Na classe dos ascendentes, cendentes e ascendentes, será
regime de bens, será assegura- tes, os em grau mais próximo o grau mais próximo exclui o deferida a sucessão por inteiro
do, sem prejuízo da participação excluem os mais remotos, salvo ao cônjuge sobrevivente.
o direito de representação.
  267
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.830.
Art. 1.839. Se não houver cônju- herdarão, em partes iguais, os Art. 1.844. Não sobrevivendo a metade dos bens da herança,
ge sobrevivente, nas condições unilaterais. cônjuge, ou companheiro, nem constituindo a legítima.
estabelecidas no art. 1.830, serão parente algum sucessível, ou
Art. 1.843. Na falta de irmãos, Art. 1.847. Calcula-se a legítima
chamados a suceder os colate- tendo eles renunciado a heran-
herdarão os filhos destes e, não sobre o valor dos bens existen-
rais até o quarto grau. ça, esta se devolve ao Município
os havendo, os tios. tes na abertura da sucessão,
ou ao Distrito Federal, se
Art. 1.840. Na classe dos colate- § 1º Se concorrerem à herança abatidas as dívidas e as despesas
localizada nas respectivas
rais, os mais próximos excluem somente filhos de irmãos do funeral, adicionando-se,
circunscrições, ou à União,
os mais remotos, salvo o direito falecidos, herdarão por cabeça. em seguida, o valor dos bens
quando situada em território
de representação concedido aos sujeitos a colação.
§ 2º Se concorrem filhos de federal.
filhos de irmãos.
irmãos bilaterais com filhos de Art. 1.848. Salvo se houver justa
Art. 1.841. Concorrendo à irmãos unilaterais, cada um CAPÍTULO II causa, declarada no testamento,
herança do falecido irmãos destes herdará a metade do que Dos Herdeiros Necessários não pode o testador estabelecer
bilaterais com irmãos unilate- herdar cada um daqueles. cláusula de inalienabilidade,
Art. 1.845. São herdeiros
rais, cada um destes herdará § 3º Se todos forem filhos de impenhorabilidade, e de inco-
necessários os descendentes, os
metade do que cada um daque- irmãos bilaterais, ou todos de municabilidade, sobre os bens
ascendentes e o cônjuge.
les herdar. irmãos unilaterais, herdarão da legítima.
por igual. Art. 1.846. Pertence aos herdei- § 1º Não é permitido ao testa-
Art. 1.842. Não concorrendo
ros necessários, de pleno direito, dor estabelecer a conversão dos
à herança irmão bilateral,

  268
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.839.
bens da legítima em outros de de seu patrimônio sem os presentação em favor dos filhos TÍTULO III 
espécie diversa. contemplar. de irmãos do falecido, quando DA SUCESSÃO
§ 2º Mediante autorização com irmãos deste concorrerem. TESTAMENTÁRIA
judicial e havendo justa causa, CAPÍTULO III
Art. 1.854. Os representantes
podem ser alienados os bens Do Direito de CAPÍTULO I
Representação só podem herdar, como tais, o
gravados, convertendo-se o DO TESTAMENTO EM GERAL
que herdaria o representado, se
produto em outros bens, que Art. 1.851. Dá-se o direito vivo fosse. Art. 1.857. Toda pessoa capaz
ficarão sub-rogados nos ônus de representação, quando a pode dispor, por testamento,
dos primeiros. lei chama certos parentes do Art. 1.855. O quinhão do repre-
da totalidade dos seus bens, ou
falecido a suceder em todos os sentado partir-se-á por igual
Art. 1.849. O herdeiro necessá- de parte deles, para depois de
direitos, em que ele sucederia, entre os representantes.
rio, a quem o testador deixar a sua morte.
sua parte disponível, ou algum se vivo fosse. Art. 1.856. O renunciante à § 1º A legítima dos herdeiros
legado, não perderá o direito à Art. 1.852. O direito de repre- herança de uma pessoa poderá necessários não poderá ser
legítima. sentação dá-se na linha reta representá-la na sucessão incluída no testamento.
descendente, mas nunca na de outra.
Art. 1.850. Para excluir da § 2º São válidas as disposições
sucessão os herdeiros colaterais, ascendente. testamentárias de caráter
basta que o testador disponha Art. 1.853. Na linha transversal, não patrimonial, ainda que
somente se dá o direito de re- o testador somente a elas se
tenha limitado.
  269
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.849.
Art. 1.858. O testamento é ato Art. 1.861. A incapacidade Art. 1.863. É proibido o testa- pelo testador, se o quiser, na
personalíssimo, podendo ser superveniente do testador não mento conjuntivo, seja simultâ- presença destas e do oficial;
mudado a qualquer tempo. invalida o testamento, nem neo, recíproco ou correspectivo. III – ser o instrumento, em
o testamento do incapaz se seguida à leitura, assinado pelo
Art. 1.859. Extingue-se em Seção II
valida com a superveniência da testador, pelas testemunhas e
cinco anos o direito de impug- Do Testamento Público
capacidade. pelo tabelião.
nar a validade do testamento,
Art. 1.864. São requisitos essen-
contado o prazo da data do seu Parágrafo único. O testamento
CAPÍTULO III ciais do testamento público:
registro. público pode ser escrito manu-
Das formas ordinárias do I – ser escrito por tabelião ou almente ou mecanicamente,
testamento por seu substituto legal em seu
CAPÍTULO II bem como ser feito pela inser-
Da Capacidade de Testar Seção I livro de notas, de acordo com ção da declaração de vontade
Disposições Gerais as declarações do testador, po- em partes impressas de livro
Art. 1.860. Além dos incapazes, dendo este servir-se de minuta,
Art. 1.862. São testamentos de notas, desde que rubricadas
não podem testar os que, no ato notas ou apontamentos;
ordinários: todas as páginas pelo testador,
de fazê-lo, não tiverem pleno II – lavrado o instrumento, ser se mais de uma.
discernimento. I – o público; lido em voz alta pelo tabelião
Parágrafo único. Podem testar II – o cerrado; ao testador e a duas teste- Art. 1.865. Se o testador não
os maiores de dezesseis anos. III – o particular. munhas, a um só tempo; ou souber, ou não puder assinar, o
tabelião ou seu substituto legal
assim o declarará, assinando,
  270
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.858.
neste caso, pelo testador, e, a Seção III nhas, e o leia, em seguida, ao testemunhas; passando a cerrar
seu rogo, uma das testemunhas Do Testamento Cerrado testador e testemunhas; e coser o instrumento aprovado.
instrumentárias. IV – que o auto de aprovação Parágrafo único. Se não
Art. 1.868. O testamento
Art. 1.866. O indivíduo escrito pelo testador, ou por seja assinado pelo tabelião, houver espaço na última
inteiramente surdo, sabendo outra pessoa, a seu rogo, e por pelas testemunhas e pelo folha do testamento, para
ler, lerá o seu testamento, e, se aquele assinado, será válido se testador. início da aprovação, o tabelião
não o souber, designará quem aprovado pelo tabelião ou seu Parágrafo único. O testamento aporá nele o seu sinal público,
o leia em seu lugar, presentes as substituto legal, observadas as cerrado pode ser escrito mencionando a circunstância
testemunhas. seguintes formalidades: mecanicamente, desde que seu no auto.
I – que o testador o entregue subscritor numere e auten- Art. 1.870. Se o tabelião tiver
Art. 1.867. Ao cego só se tique, com a sua assinatura,
ao tabelião em presença de escrito o testamento a rogo do
permite o testamento público, todas as paginas.
duas testemunhas; testador, poderá, não obstante,
que lhe será lido, em voz alta,
duas vezes, uma pelo tabelião II – que o testador declare que Art. 1.869. O tabelião deve aprová-lo.
ou por seu substituto legal, e aquele é o seu testamento e começar o auto de aprovação Art. 1.871. O testamento pode
a outra por uma das testemu- quer que seja aprovado; imediatamente depois da ser escrito em língua nacional
nhas, designada pelo testador, III – que o tabelião lavre, desde última palavra do testador, ou estrangeira, pelo próprio
fazendo-se de tudo circunstan- logo, o auto de aprovação, na declarando, sob sua fé, que testador, ou por outrem, a
ciada menção no testamento. presença de duas testemu- o testador lhe entregou para seu rogo.
ser aprovado na presença das
  271
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.865.
Art. 1.872. Não pode dispor que o testamento foi aprovado e assinado por quem o escreveu, da disposição, ou, ao menos,
de seus bens em testamento entregue. na presença de pelo menos três sobre a sua leitura perante elas,
cerrado quem não saiba ou não testemunhas, que o devem e se reconhecerem as próprias
Art. 1.875. Falecido o testador, o
possa ler. subscrever. assinaturas, assim como a do
testamento será apresentado ao
§ 2º Se elaborado por pro- testador, o testamento será
Art. 1.873. Pode fazer testa- juiz, que o abrirá e o fará regis-
cesso mecânico, não pode confirmado.
mento cerrado o surdo-mudo, trar, ordenando seja cumprido,
contanto que o escreva todo, e se não achar vício externo que conter rasuras ou espaços em Parágrafo único. Se faltarem
o assine de sua mão, e que, ao o torne eivado de nulidade ou branco, devendo ser assinado testemunhas, por morte ou
entregá-lo ao oficial público, suspeito de falsidade. pelo testador, depois de o ausência, e se pelo menos uma
ante as duas testemunhas, es- ter lido na presença de pelo delas o reconhecer, o testamen-
Seção IV menos três testemunhas, que o to poderá ser confirmado, se,
creva, na face externa do papel
Do Testamento Particular subscreverão. a critério do juiz, houver prova
ou do envoltório, que aquele é o
seu testamento, cuja aprovação Art. 1.876. O testamento parti- suficiente de sua veracidade.
Art. 1.877. Morto o testador,
lhe pede. cular pode ser escrito de próprio publicar-se-á em juízo o Art. 1.879. Em circunstâncias
punho ou mediante processo testamento, com citação dos excepcionais declaradas na
Art. 1.874. Depois de aprovado
mecânico. herdeiros legítimos. cédula, o testamento particular
e cerrado, será o testamento
entregue ao testador, e o § 1º Se escrito de próprio de próprio punho e assinado
Art. 1.878. Se as testemunhas
tabelião lançará, no seu livro, punho, são requisitos essen- pelo testador, sem testemu-
forem contestes sobre o fato
nota do lugar, dia, mês e ano em ciais à sua validade seja lido e

  272
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.872.
nhas, poderá ser confirmado, a jóias, de pouco valor, de seu uso Art. 1.885. Se estiver fechado o Seção II
critério do juiz. pessoal. codicilo, abrir-se-á do mesmo Do Testamento Marítimo e do
modo que o testamento Testamento Aeronáutico
Art. 1.880. O testamento parti- Art. 1.882. Os atos a que se
cerrado. Art. 1.888. Quem estiver
cular pode ser escrito em língua refere o artigo antecedente,
estrangeira, contanto que as salvo direito de terceiro, valerão em viagem, a bordo de navio
CAPÍTULO V nacional, de guerra ou mer-
testemunhas a compreendam. como codicilos, deixe ou não
Dos Testamentos Especiais
testamento o autor. cante, pode testar perante o
CAPÍTULO IV Seção I comandante, em presença de
Art. 1.883. Pelo modo esta- Disposições Gerais duas testemunhas, por forma
Dos Codicilos
belecido no art. 1.881, poder- que corresponda ao testamento
Art. 1.881. Toda pessoa capaz se-ão nomear ou substituir Art. 1.886. São testamentos
público ou ao cerrado.
de testar poderá, mediante testamenteiros. especiais:
escrito particular seu, datado Parágrafo único. O registro do
I – o marítimo;
Art. 1.884. Os atos previstos testamento será feito no diário
e assinado, fazer disposições II – o aeronáutico;
nos artigos antecedentes de bordo.
especiais sobre o seu enterro, III – o militar.
revogam-se por atos iguais, e
sobre esmolas de pouca monta a Art. 1.889. Quem estiver em
consideram-se revogados, se, Art. 1.887. Não se admitem
certas e determinadas pessoas, viagem, a bordo de aeronave
havendo testamento posterior, outros testamentos especiais
ou, indeterminadamente, aos militar ou comercial, pode
de qualquer natureza, este os além dos contemplados neste
pobres de certo lugar, assim testar perante pessoa designada
não confirmar ou modificar. Código.
como legar móveis, roupas ou
  273
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.879.
pelo comandante, observado o Art. 1.892. Não valerá o tes- se o testador não puder, ou não Art. 1.894. Se o testador
disposto no artigo antecedente. tamento marítimo, ainda que souber assinar, caso em que souber escrever, poderá fazer
feito no curso de uma viagem, assinará por ele uma delas. o testamento de seu punho,
Art. 1.890. O testamento
se, ao tempo em que se fez, o § 1º Se o testador pertencer contanto que o date e assine por
marítimo ou aeronáutico ficará
navio estava em porto onde o a corpo ou seção de corpo extenso, e o apresente aberto
sob a guarda do comandante,
testador pudesse desembarcar e destacado, o testamento será ou cerrado, na presença de duas
que o entregará às autoridades
testar na forma ordinária. escrito pelo respectivo coman- testemunhas ao auditor, ou ao
administrativas do primeiro
dante, ainda que de graduação oficial de patente, que lhe faça
porto ou aeroporto nacional, Seção III
ou posto inferior. as vezes neste mister.
contra recibo averbado no Do Testamento Militar
diário de bordo. § 2º Se o testador estiver em Parágrafo único. O auditor,
Art. 1.893. O testamento dos ou o oficial a quem o testa-
tratamento em hospital, o tes-
Art. 1.891. Caducará o testa- militares e demais pessoas a mento se apresente notará,
tamento será escrito pelo res-
mento marítimo, ou aeronáuti- serviço das Forças Armadas em qualquer parte dele, lugar,
pectivo oficial de saúde, ou pelo
co, se o testador não morrer na em campanha, dentro do País dia, mês e ano, em que lhe for
diretor do estabelecimento.
viagem, nem nos noventa dias ou fora dele, assim como em apresentado, nota esta que
subseqüentes ao seu desem- praça sitiada, ou que esteja de § 3º Se o testador for o oficial
será assinada por ele e pelas
barque em terra, onde possa comunicações interrompidas, mais graduado, o testamento
testemunhas.
fazer, na forma ordinária, outro poderá fazer-se, não havendo será escrito por aquele que o
testamento. tabelião ou seu substituto legal, substituir. Art. 1.895. Caduca o testamento
ante duas, ou três testemunhas, militar, desde que, depois dele,

  274
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.889.
o testador esteja, noventa dias CAPÍTULO VI a observância da vontade do V – que favoreça as pessoas a
seguidos, em lugar onde possa Das Disposições testador. que se referem os arts. 1.801
testar na forma ordinária, salvo Testamentárias e 1.802.
Art. 1.900. É nula a disposição:
se esse testamento apresentar Art. 1.897. A nomeação de I – que institua herdeiro Art. 1.901. Valerá a disposição:
as solenidades prescritas no herdeiro, ou legatário, pode
parágrafo único do artigo ou legatário sob a condição I – em favor de pessoa incerta
fazer-se pura e simplesmente, captatória de que este dispo- que deva ser determinada por
antecedente. sob condição, para certo fim ou nha, também por testamento, terceiro, dentre duas ou mais
Art. 1.896. As pessoas desig- modo, ou por certo motivo. em benefício do testador, ou de pessoas mencionadas pelo
nadas no art. 1.893, estando Art. 1.898. A designação do terceiro; testador, ou pertencentes a
empenhadas em combate, ou tempo em que deva começar II – que se refira a pessoa uma família, ou a um corpo
feridas, podem testar oral- ou cessar o direito do herdeiro, incerta, cuja identidade não se coletivo, ou a um estabeleci-
mente, confiando a sua última salvo nas disposições fidei- possa averiguar; mento por ele designado;
vontade a duas testemunhas. comissárias, ter-se-á por não III – que favoreça a pessoa II – em remuneração de
Parágrafo único. Não terá escrita. incerta, cometendo a deter- serviços prestados ao testador,
efeito o testamento se o minação de sua identidade a por ocasião da moléstia de
Art. 1.899. Quando a cláusula
testador não morrer na guerra terceiro; que faleceu, ainda que fique
testamentária for suscetível de
ou convalescer do ferimento. IV – que deixe a arbítrio do ao arbítrio do herdeiro ou de
interpretações diferentes, pre-
herdeiro, ou de outrem, fixar o outrem determinar o valor do
valecerá a que melhor assegure
valor do legado; legado.

  275
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.895.
Art. 1.902. A disposição anula a disposição, salvo se, Art. 1.906. Se forem deter- Art. 1.909. São anuláveis as
geral em favor dos pobres, dos pelo contexto do testamento, minadas as quotas de cada disposições testamentárias
estabelecimentos particulares por outros documentos, ou herdeiro, e não absorverem toda inquinadas de erro, dolo ou
de caridade, ou dos de assis- por fatos inequívocos, se puder a herança, o remanescente per- coação.
tência pública, entender-se-á identificar a pessoa ou coisa a tencerá aos herdeiros legítimos, Parágrafo único. Extingue-se
relativa aos pobres do lugar que o testador queria referir-se. segundo a ordem da vocação em quatro anos o direito de
do domicílio do testador ao hereditária. anular a disposição, contados
Art. 1.904. Se o testamento
tempo de sua morte, ou dos de quando o interessado tiver
nomear dois ou mais herdeiros, Art. 1.907. Se forem determina-
estabelecimentos aí sitos, salvo conhecimento do vício.
sem discriminar a parte de cada dos os quinhões de uns e não os
se manifestamente constar que
um, partilhar-se-á por igual, de outros herdeiros, distribuir- Art. 1.910. A ineficácia de
tinha em mente beneficiar os de
entre todos, a porção disponível se-á por igual a estes últimos o uma disposição testamentária
outra localidade.
do testador. que restar, depois de completas importa a das outras que,
Parágrafo único. Nos casos as porções hereditárias dos
Art. 1.905. Se o testador nomear sem aquela, não teriam sido
deste artigo, as instituições primeiros.
certos herdeiros individual- determinadas pelo testador.
particulares preferirão sempre
às públicas. mente e outros coletivamente, a Art. 1.908. Dispondo o testador Art. 1.911. A cláusula de
herança será dividida em tantas que não caiba ao herdeiro inalienabilidade, imposta aos
Art. 1.903. O erro na designa- quotas quantos forem os indiví- instituído certo e determinado bens por ato de liberalidade,
ção da pessoa do herdeiro, do duos e os grupos designados. objeto, dentre os da herança, to-
legatário, ou da coisa legada cará ele aos herdeiros legítimos.
  276
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.902.
implica impenhorabilidade e CAPÍTULO VII ou ao legatário, só quanto a essa Art. 1.917. O legado de coisa que
incomunicabilidade. Dos Legados parte valerá o legado. deva encontrar-se em deter-
Parágrafo único. No caso de minado lugar só terá eficácia
Seção I Art. 1.915. Se o legado for de
desapropriação de bens clau- Disposições Gerais se nele for achada, salvo se
coisa que se determine pelo
sulados, ou de sua alienação, removida a título transitório.
Art. 1.912. É ineficaz o legado gênero, será o mesmo cumprido,
por conveniência econômica ainda que tal coisa não exista Art. 1.918. O legado de crédito,
do donatário ou do herdeiro, de coisa certa que não pertença
ao testador no momento da entre os bens deixados pelo ou de quitação de dívida, terá
mediante autorização judicial, testador. eficácia somente até a impor-
o produto da venda converter- abertura da sucessão.
tância desta, ou daquele, ao
se-á em outros bens, sobre os Art. 1.913. Se o testador ordenar Art. 1.916. Se o testador legar
tempo da morte do testador.
quais incidirão as restrições que o herdeiro ou legatário en- coisa sua, singularizando-a,
só terá eficácia o legado se, § 1º Cumpre-se o legado, entre-
apostas aos primeiros. tregue coisa de sua propriedade
ao tempo do seu falecimento, gando o herdeiro ao legatário o
a outrem, não o cumprindo ele, título respectivo.
entender-se-á que renunciou à ela se achava entre os bens da
herança ou ao legado. herança; se a coisa legada existir § 2º Este legado não compreen-
entre os bens do testador, mas de as dívidas posteriores à data
Art. 1.914. Se tão-somente em em quantidade inferior à do do testamento.
parte a coisa legada pertencer legado, este será eficaz apenas
ao testador, ou, no caso do Art. 1.919. Não o declarando
quanto à existente.
artigo antecedente, ao herdeiro expressamente o testador, não

  277
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.911.
se reputará compensação da sua Art. 1.922. Se aquele que legar salvo se o legado estiver sob esteja pendente a condição ou o
dívida o legado que ele faça ao um imóvel lhe ajuntar depois condição suspensiva. prazo não se vença.
credor. novas aquisições, estas, ainda § 1º Não se defere de imediato a Art. 1.925. O legado em dinhei-
Parágrafo único. Subsistirá que contíguas, não se compre- posse da coisa, nem nela pode o ro só vence juros desde o dia
integralmente o legado, se endem no legado, salvo expressa legatário entrar por autoridade em que se constituir em mora a
a dívida lhe foi posterior, e declaração em contrário do própria. pessoa obrigada a prestá-lo.
o testador a solveu antes de testador.
§ 2º O legado de coisa certa
morrer. Parágrafo único. Não se Art. 1.926. Se o legado consistir
existente na herança transfere
aplica o disposto neste artigo em renda vitalícia ou pensão
Art. 1.920. O legado de alimen- também ao legatário os frutos
às benfeitorias necessárias, periódica, esta ou aquela corre-
tos abrange o sustento, a cura, que produzir, desde a morte do
úteis ou voluptuárias feitas no rá da morte do testador.
o vestuário e a casa, enquanto o testador, exceto se dependente
prédio legado. de condição suspensiva, ou de Art. 1.927. Se o legado for de
legatário viver, além da educa-
ção, se ele for menor. Seção II termo inicial. quantidades certas, em pres-
Dos Efeitos do Legado e do seu tações periódicas, datará da
Art. 1.921. O legado de usu- Art. 1.924. O direito de pedir o
Pagamento morte do testador o primeiro
fruto, sem fixação de tempo, legado não se exercerá, enquan-
período, e o legatário terá di-
entende-se deixado ao legatário Art. 1.923. Desde a abertura da to se litigue sobre a validade do
reito a cada prestação, uma vez
por toda a sua vida. sucessão, pertence ao legatário a testamento, e, nos legados con-
encetado cada um dos períodos
coisa certa, existente no acervo, dicionais, ou a prazo, enquanto

  278
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.919.
sucessivos, ainda que venha a Art. 1.930. O estabelecido Art. 1.932. No legado alterna- herdeiro ou legatário incum-
falecer antes do termo dele. no artigo antecedente será tivo, presume-se deixada ao bido pelo testador da execução
observado, quando a escolha for herdeiro a opção. do legado; quando indicados
Art. 1.928. Sendo periódicas as
deixada a arbítrio de terceiro; mais de um, os onerados
prestações, só no termo de cada Art. 1.933. Se o herdeiro ou
e, se este não a quiser ou não a dividirão entre si o ônus, na
período se poderão exigir. legatário a quem couber a
puder exercer, ao juiz competirá proporção do que recebam da
Parágrafo único. Se as pres- opção falecer antes de exercê-
fazê-la, guardado o disposto herança.
tações forem deixadas a título la, passará este poder aos seus
na última parte do artigo
de alimentos, pagar-se-ão herdeiros. Art. 1.935. Se algum legado
antecedente.
no começo de cada período, consistir em coisa pertencente a
Art. 1.934. No silêncio do
sempre que outra coisa não Art. 1.931. Se a opção foi herdeiro ou legatário (art. 1.913),
testamento, o cumprimento
tenha disposto o testador. deixada ao legatário, este só a ele incumbirá cumpri-lo,
dos legados incumbe aos
poderá escolher, do gênero de- com regresso contra os co-her-
Art. 1.929. Se o legado consiste herdeiros e, não os havendo, aos
terminado, a melhor coisa que deiros, pela quota de cada um,
em coisa determinada pelo legatários, na proporção do que
houver na herança; e, se nesta salvo se o contrário expressa-
gênero, ao herdeiro tocará herdaram.
não existir coisa de tal gênero, mente dispôs o testador.
escolhê-la, guardando o meio- dar-lhe-á de outra congênere o Parágrafo único. O encargo
termo entre as congêneres da estabelecido neste artigo, não Art. 1.936. As despesas e os
herdeiro, observada a disposição
melhor e pior qualidade. havendo disposição testamen- riscos da entrega do legado
na última parte do art. 1.929.
tária em contrário, caberá ao correm à conta do legatário, se

  279
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.927.
não dispuser diversamente o I – se, depois do testamento, V – se o legatário falecer antes não quiser aceitá-la, a sua parte
testador. o testador modificar a coisa do testador. acrescerá à dos co-herdeiros,
legada, ao ponto de já não salvo o direito do substituto.
Art. 1.937. A coisa legada Art. 1.940. Se o legado for de
ter a forma nem lhe caber a
entregar-se-á, com seus duas ou mais coisas alterna- Art. 1.942. O direito de acrescer
denominação que possuía;
acessórios, no lugar e estado tivamente, e algumas delas competirá aos co-legatários,
em que se achava ao falecer o II – se o testador, por qual- perecerem, subsistirá quanto quando nomeados conjunta-
testador, passando ao legatário quer título, alienar no todo às restantes; perecendo parte mente a respeito de uma só
com todos os encargos que a ou em parte a coisa legada; de uma, valerá, quanto ao seu coisa, determinada e certa, ou
onerarem. nesse caso, caducará até onde remanescente, o legado. quando o objeto do legado não
ela deixou de pertencer ao puder ser dividido sem risco de
Art. 1.938. Nos legados com testador;
CAPÍTULO VIII desvalorização.
encargo, aplica-se ao legatário III – se a coisa perecer ou for Do Direito de Acrescer en-
o disposto neste Código quanto evicta, vivo ou morto o testa- tre Herdeiros e Legatários Art. 1.943. Se um dos co-
às doações de igual natureza. dor, sem culpa do herdeiro ou herdeiros ou co-legatários, nas
Art. 1.941. Quando vários her- condições do artigo anteceden-
Seção III legatário incumbido do seu
deiros, pela mesma disposição te, morrer antes do testador; se
Da Caducidade dos Legados cumprimento;
testamentária, forem conjunta- renunciar a herança ou legado,
IV – se o legatário for excluído
Art. 1.939. Caducará o legado: mente chamados à herança em ou destes for excluído, e, se a
da sucessão, nos termos do
quinhões não determinados, condição sob a qual foi institu-
art. 1.815;
e qualquer deles não puder ou ído não se verificar, acrescerá
  280
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.936.
o seu quinhão, salvo o direito ao legatário incumbido de sa- Parágrafo único. Se não houver aceitar a herança ou o legado,
do substituto, à parte dos tisfazer esse legado, ou a todos conjunção entre os co-legatá- presumindo-se que a substi-
co-herdeiros ou co-legatários os herdeiros, na proporção dos rios, ou se, apesar de conjuntos, tuição foi determinada para as
conjuntos. seus quinhões, se o legado se só lhes foi legada certa parte duas alternativas, ainda que o
Parágrafo único. Os co- deduziu da herança. do usufruto, consolidar-se-ão testador só a uma se refira.
herdeiros ou co-legatários, na propriedade as quotas dos
Art. 1.945. Não pode o benefi- Art. 1.948. Também é lícito
aos quais acresceu o quinhão que faltarem, à medida que eles
ciário do acréscimo repudiá-lo ao testador substituir muitas
daquele que não quis ou não forem faltando.
separadamente da herança ou pessoas por uma só, ou vice-
pôde suceder, ficam sujeitos às legado que lhe caiba, salvo se versa, e ainda substituir com
obrigações ou encargos que o CAPÍTULO IX
o acréscimo comportar encar- reciprocidade ou sem ela.
oneravam. Das Substituições
gos especiais impostos pelo
Art. 1.949. O substituto fica
Art. 1.944. Quando não se testador; nesse caso, uma vez Seção I
Da Substituição Vulgar e da
sujeito à condição ou encargo
efetua o direito de acrescer, repudiado, reverte o acréscimo
Recíproca imposto ao substituído, quando
transmite-se aos herdeiros legí- para a pessoa a favor de quem os
não for diversa a intenção ma-
timos a quota vaga do nomeado. encargos foram instituídos. Art. 1.947. O testador pode nifestada pelo testador, ou não
Parágrafo único. Não existindo Art. 1.946. Legado um só substituir outra pessoa ao resultar outra coisa da natureza
o direito de acrescer entre os usufruto conjuntamente a duas herdeiro ou ao legatário da condição ou do encargo.
co-legatários, a quota do que ou mais pessoas, a parte da que nomeado, para o caso de um ou
faltar acresce ao herdeiro ou faltar acresce aos co-legatários. outro não querer ou não poder

  281
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.943.
Art. 1.950. Se, entre muitos resolvendo-se o direito deste, Art. 1.953. O fiduciário tem ciário, se não houver disposição
co-herdeiros ou legatários de por sua morte, a certo tempo a propriedade da herança ou contrária do testador.
partes desiguais, for estabele- ou sob certa condição, em favor legado, mas restrita e resolúvel.
Art. 1.956. Se o fideicomissário
cida substituição recíproca, a de outrem, que se qualifica de Parágrafo único. O fiduciário aceitar a herança ou o legado,
proporção dos quinhões fixada fideicomissário. é obrigado a proceder ao terá direito à parte que, ao
na primeira disposição enten- inventário dos bens gravados, e
Art. 1.952. A substituição fidei- fiduciário, em qualquer tempo
der-se-á mantida na segunda; a prestar caução de restituí-los
comissária somente se permite acrescer.
se, com as outras anteriormente se o exigir o fideicomissário.
em favor dos não concebidos ao
nomeadas, for incluída mais Art. 1.957. Ao sobrevir a suces-
tempo da morte do testador. Art. 1.954. Salvo disposição em
alguma pessoa na substituição, são, o fideicomissário responde
o quinhão vago pertencerá em Parágrafo único. Se, ao tempo contrário do testador, se o fidu- pelos encargos da herança que
partes iguais aos substitutos. da morte do testador, já houver ciário renunciar a herança ou o ainda restarem.
nascido o fideicomissário, legado, defere-se ao fideicomis-
Seção II adquirirá este a propriedade sário o poder de aceitar. Art. 1.958. Caduca o fideicomis-
Da Substituição Fideicomissária dos bens fideicometidos, so se o fideicomissário morrer
Art. 1.955. O fideicomissário antes do fiduciário, ou antes de
Art. 1.951. Pode o testador convertendo-se em usufruto o
pode renunciar a herança ou o realizar-se a condição resolu-
instituir herdeiros ou legatários, direito do fiduciário.
legado, e, neste caso, o fideico- tória do direito deste último;
estabelecendo que, por ocasião misso caduca, deixando de ser nesse caso, a propriedade
de sua morte, a herança ou o le- resolúvel a propriedade do fidu-
gado se transmita ao fiduciário,
  282
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.950.
consolida-se no fiduciário, nos autorizam a deserdação dos des- marido ou companheiro da anos, a contar da data da
termos do art. 1.955. cendentes por seus ascendentes: filha ou o da neta; abertura do testamento.
Art. 1.959. São nulos os fideico- I – ofensa física; IV – desamparo do filho ou
II – injúria grave; neto com deficiência mental CAPÍTULO XI
missos além do segundo grau.
ou grave enfermidade. Da Redução das Disposições
III – relações ilícitas com a
Art. 1.960. A nulidade da Testamentárias
madrasta ou com o padrasto; Art. 1.964. Somente com
substituição ilegal não prejudica Art. 1.966. O remanescente
IV – desamparo do ascendente expressa declaração de causa
a instituição, que valerá sem o pertencerá aos herdeiros
em alienação mental ou grave pode a deserdação ser ordenada
encargo resolutório. legítimos, quando o testador
enfermidade. em testamento.
só em parte dispuser da quota
CAPÍTULO X Art. 1.963. Além das causas Art. 1.965. Ao herdeiro institu- hereditária disponível.
Da Deserdação enumeradas no art. 1.814, auto- ído, ou àquele a quem aproveite
rizam a deserdação dos ascen- a deserdação, incumbe provar Art. 1.967. As disposições que
Art. 1.961. Os herdeiros neces- excederem a parte disponível
dentes pelos descendentes: a veracidade da causa alegada
sários podem ser privados de reduzir-se-ão aos limites dela,
sua legítima, ou deserdados, em I – ofensa física; pelo testador.
II – injúria grave; de conformidade com o dispos-
todos os casos em que podem Parágrafo único. O direito de
to nos parágrafos seguintes.
ser excluídos da sucessão. III – relações ilícitas com a provar a causa da deserdação
mulher ou companheira do extingue-se no prazo de quatro § 1º Em se verificando excede-
Art. 1.962. Além das causas rem as disposições testamentá-
filho ou a do neto, ou com o
mencionadas no art. 1.814,
  283
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.958.
rias a porção disponível, serão § 1º Se não for possível a parte subsistente do legado lhe Art. 1.971. A revogação produzi-
proporcionalmente reduzidas divisão, e o excesso do legado absorverem o valor. rá seus efeitos, ainda quando o
as quotas do herdeiro ou montar a mais de um quarto testamento, que a encerra, vier
herdeiros instituídos, até onde do valor do prédio, o legatário CAPÍTULO XII a caducar por exclusão, incapa-
baste, e, não bastando, também deixará inteiro na herança o Da Revogação do cidade ou renúncia do herdeiro
os legados, na proporção do imóvel legado, ficando com o Testamento nele nomeado; não valerá, se o
seu valor. direito de pedir aos herdeiros Art. 1.969. O testamento pode testamento revogatório for anu-
§ 2º Se o testador, prevenindo o o valor que couber na parte ser revogado pelo mesmo modo lado por omissão ou infração de
caso, dispuser que se inteirem, disponível; se o excesso não e forma como pode ser feito. solenidades essenciais ou por
de preferência, certos herdeiros for de mais de um quarto, vícios intrínsecos.
e legatários, a redução far- aos herdeiros fará tornar em Art. 1.970. A revogação do
testamento pode ser total ou Art. 1.972. O testamento
se-á nos outros quinhões ou dinheiro o legatário, que ficará
parcial. cerrado que o testador abrir ou
legados, observando-se a seu com o prédio.
dilacerar, ou for aberto ou dila-
respeito a ordem estabelecida § 2º Se o legatário for ao mes- Parágrafo único. Se parcial, ou
cerado com seu consentimento,
no parágrafo antecedente. mo tempo herdeiro necessário, se o testamento posterior não
haver-se-á como revogado.
poderá inteirar sua legítima no contiver cláusula revogatória
Art. 1.968. Quando consistir expressa, o anterior subsiste
mesmo imóvel, de preferencia
em prédio divisível o legado em tudo que não for contrário
aos outros, sempre que ela e a
sujeito a redução, far-se-á esta ao posterior.
dividindo-o proporcionalmente.

  284
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.968.
CAPÍTULO XIII de cuja existência saiba, ou imediata, ou devolução da he- Art. 1.980. O testamenteiro é
Do Rompimento do quando os exclua dessa parte. rança, habilitando o testamen- obrigado a cumprir as dis-
Testamento teiro com os meios necessários posições testamentárias, no
Art. 1.973. Sobrevindo descen- CAPÍTULO XIV para o cumprimento dos prazo marcado pelo testador, e
dente sucessível ao testador, que Do Testamenteiro legados, ou dando caução de a dar contas do que recebeu e
não o tinha ou não o conhecia prestá-los. despendeu, subsistindo sua res-
Art. 1.976. O testador pode
quando testou, rompe-se o ponsabilidade enquanto durar a
nomear um ou mais testamen- Art. 1.978. Tendo o testamen-
testamento em todas as suas execução do testamento.
teiros, conjuntos ou separados, teiro a posse e a administração
disposições, se esse descendente para lhe darem cumprimento às dos bens, incumbe-lhe reque- Art. 1.981. Compete ao tes-
sobreviver ao testador. disposições de última vontade. rer inventário e cumprir o tamenteiro, com ou sem o
Art. 1.974. Rompe-se também o testamento. concurso do inventariante e dos
Art. 1.977. O testador pode
testamento feito na ignorância herdeiros instituídos, defender
conceder ao testamenteiro a Art. 1.979. O testamenteiro
de existirem outros herdeiros a validade do testamento.
posse e a administração da nomeado, ou qualquer parte in-
necessários. herança, ou de parte dela, não teressada, pode requerer, assim Art. 1.982. Além das atribuições
Art. 1.975. Não se rompe o tes- havendo cônjuge ou herdeiros como o juiz pode ordenar, de exaradas nos artigos antece-
tamento, se o testador dispuser necessários. ofício, ao detentor do testamen- dentes, terá o testamenteiro as
da sua metade, não contem- Parágrafo único. Qualquer to, que o leve a registro. que lhe conferir o testador, nos
plando os herdeiros necessários herdeiro pode requerer partilha limites da lei.

  285
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.973.
Art. 1.983. Não concedendo o teiro, nem é delegável; mas o deiro ou legatário, terá direito perder, por ser removido ou por
testador prazo maior, cumprirá testamenteiro pode fazer-se a um prêmio, que, se o testador não ter cumprido o testamento.
o testamenteiro o testamento representar em juízo e fora não o houver fixado, será de um
Art. 1.990. Se o testador tiver
e prestará contas em cento dele, mediante mandatário com a cinco por cento, arbitrado pelo
distribuído toda a herança em
e oitenta dias, contados da poderes especiais. juiz, sobre a herança líquida,
legados, exercerá o testamentei-
aceitação da testamentaria. conforme a importância dela e
Art. 1.986. Havendo simulta- ro as funções de inventariante.
Parágrafo único. Pode esse maior ou menor dificuldade na
neamente mais de um testa-
prazo ser prorrogado se houver execução do testamento.
menteiro, que tenha aceitado TÍTULO IV 
motivo suficiente. o cargo, poderá cada qual Parágrafo único. O prêmio Do Inventário e da
exercê-lo, em falta dos outros; arbitrado será pago à conta Partilha
Art. 1.984. Na falta de testa-
mas todos ficam solidariamente da parte disponível, quando
menteiro nomeado pelo testa-
obrigados a dar conta dos bens houver herdeiro necessário. CAPÍTULO I
dor, a execução testamentária
compete a um dos cônjuges, que lhes forem confiados, salvo Art. 1.988. O herdeiro ou o Do Inventário
e, em falta destes, ao herdeiro se cada um tiver, pelo testamen- legatário nomeado testamen- Art. 1.991. Desde a assinatura
nomeado pelo juiz. to, funções distintas, e a elas se teiro poderá preferir o prêmio à do compromisso até a homolo-
limitar. herança ou ao legado.
Art. 1.985. O encargo da gação da partilha, a adminis-
testamentaria não se transmite Art. 1.987. Salvo disposição Art. 1.989. Reverterá à herança tração da herança será exercida
aos herdeiros do testamen- testamentária em contrário, o o prêmio que o testamenteiro pelo inventariante.
testamenteiro, que não seja her-
  286
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.983.
CAPÍTULO II Art.1.994. A pena de sonegados depois de encerrada a descrição constantes de documentos,
Dos Sonegados só se pode requerer e impor em dos bens, com a declaração, revestidos de formalidades
ação movida pelos herdeiros ou por ele feita, de não existirem legais, constituindo prova
Art.1.992. O herdeiro que
pelos credores da herança. outros por inventariar e partir, bastante da obrigação, e houver
sonegar bens da herança, não
Parágrafo único. A sentença assim como argüir o herdeiro, impugnação, que não se funde
os descrevendo no inventário
que se proferir na ação de depois de declarar-se no inven- na alegação de pagamento,
quando estejam em seu poder,
sonegados, movida por tário que não os possui. acompanhada de prova valiosa,
ou, com o seu conhecimento,
qualquer dos herdeiros ou o juiz mandará reservar, em
no de outrem, ou que os omitir
na colação, a que os deva levar, credores, aproveita aos demais CAPÍTULO III poder do inventariante, bens
interessados. Do Pagamento das Dívidas suficientes para solução do
ou que deixar de restituí-los,
débito, sobre os quais venha
perderá o direito que sobre eles Art. 1.995. Se não se restituírem Art. 1.997. A herança responde
a recair oportunamente a
lhe cabia. os bens sonegados, por já não os pelo pagamento das dívidas do
execução.
ter o sonegador em seu poder, falecido; mas, feita a partilha,
Art. 1.993. Além da pena § 2º No caso previsto no pa-
pagará ele a importância dos só respondem os herdeiros, cada
cominada no artigo anteceden- rágrafo antecedente, o credor
valores que ocultou, mais as qual em proporção da parte que
te, se o sonegador for o próprio será obrigado a iniciar a ação
perdas e danos. na herança lhe coube.
inventariante, remover-se-á, de cobrança no prazo de trinta
em se provando a sonegação, § 1º Quando, antes da partilha,
Art. 1.996. Só se pode argüir dias, sob pena de se tornar de
ou negando ele a existência dos for requerido no inventário
de sonegação o inventariante
bens, quando indicados. o pagamento de dívidas

  287
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.993.
nenhum efeito a providência em concurso com os credores que dele em vida receberam, sob legítima, não houver no acervo
indicada. deste, ser-lhes-ão preferidos no pena de sonegação. bens suficientes para igualar
pagamento. Parágrafo único. Para cálculo as legítimas dos descendentes
Art. 1.998. As despesas fune-
da legítima, o valor dos bens e do cônjuge, os bens assim
rárias, haja ou não herdeiros Art. 2.001. Se o herdeiro for
conferidos será computado na doados serão conferidos em es-
legítimos, sairão do monte da devedor ao espólio, sua dívida
parte indisponível, sem aumen- pécie, ou, quando deles já não
herança; mas as de sufrágios será partilhada igualmente
tar a disponível. disponha o donatário, pelo seu
por alma do falecido só obriga- entre todos, salvo se a maioria
valor ao tempo da liberalidade.
rão a herança quando ordena- consentir que o débito seja Art. 2.003. A colação tem
das em testamento ou codicilo. imputado inteiramente no por fim igualar, na proporção Art. 2.004. O valor de colação
quinhão do devedor. estabelecida neste Código, as dos bens doados será aquele,
Art. 1.999. Sempre que houver
legítimas dos descendentes e do certo ou estimativo, que lhes
ação regressiva de uns contra
CAPÍTULO IV cônjuge sobrevivente, obrigando atribuir o ato de liberalidade.
outros herdeiros, a parte do co-
Da Colação também os donatários que, § 1º Se do ato de doação não
herdeiro insolvente dividir-se-á
em proporção entre os demais. Art. 2.002. Os descendentes ao tempo do falecimento do constar valor certo, nem
que concorrerem à sucessão do doador, já não possuírem os houver estimação feita naquela
Art. 2.000. Os legatários e cre- bens doados. época, os bens serão conferidos
ascendente comum são obriga-
dores da herança podem exigir na partilha pelo que então se
dos, para igualar as legítimas, Parágrafo único. Se, compu-
que do patrimônio do falecido calcular valessem ao tempo da
a conferir o valor das doações tados os valores das doações
se discrimine o do herdeiro, e, liberalidade.
feitas em adiantamento de
  288
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 1.998.
§ 2º Só o valor dos bens doados chamado à sucessão na quali- apurado; a restituição será em reduzidas a partir da última,
entrará em colação; não assim dade de herdeiro necessário. espécie, ou, se não mais existir até a eliminação do excesso.
o das benfeitorias acrescidas, o bem em poder do donatário,
Art. 2.006. A dispensa da Art. 2.008. Aquele que re-
as quais pertencerão ao herdei- em dinheiro, segundo o seu
colação pode ser outorgada pelo nunciou a herança ou dela foi
ro donatário, correndo também valor ao tempo da abertura
doador em testamento, ou no excluído, deve, não obstante,
à conta deste os rendimentos da sucessão, observadas, no
próprio título de liberalidade. conferir as doações recebidas,
ou lucros, assim como os danos que forem aplicáveis, as regras
para o fim de repor o que
e perdas que eles sofrerem. Art. 2.007. São sujeitas à redu- deste Código sobre a redução
exceder o disponível.
ção as doações em que se apurar das disposições testamentárias.
Art. 2.005. São dispensadas da
excesso quanto ao que o doador § 3º Sujeita-se a redução, nos Art. 2.009. Quando os netos,
colação as doações que o doador
poderia dispor, no momento da termos do parágrafo antece- representando os seus pais,
determinar saiam da parte
liberalidade. dente, a parte da doação feita sucederem aos avós, serão obri-
disponível, contanto que não
§ 1º O excesso será apurado a herdeiros necessários que gados a trazer à colação, ainda
a excedam, computado o seu
com base no valor que os bens exceder a legítima e mais a que não o hajam herdado, o que
valor ao tempo da doação.
doados tinham, no momento quota disponível. os pais teriam de conferir.
Parágrafo único. Presume-se
da liberalidade. § 4º Sendo várias as doações Art. 2.010. Não virão à colação
imputada na parte disponível a
liberalidade feita a descendente § 2º A redução da liberalidade a herdeiros necessários, feitas os gastos ordinários do as-
que, ao tempo do ato, não seria far-se-á pela restituição ao em diferentes datas, serão elas cendente com o descendente,
monte do excesso assim enquanto menor, na sua

  289
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 2.005.
educação, estudos, sustento, CAPÍTULO V pública, termo nos autos do Art. 2.019. Os bens insusce-
vestuário, tratamento nas Da Partilha inventário, ou escrito particu- tíveis de divisão cômoda, que
enfermidades, enxoval, assim lar, homologado pelo juiz. não couberem na meação do
Art. 2.013. O herdeiro pode
como as despesas de casamento, cônjuge sobrevivente ou no
sempre requerer a partilha, Art. 2.016. Será sempre judicial
ou as feitas no interesse de sua quinhão de um só herdeiro,
ainda que o testador o proíba, a partilha, se os herdeiros di-
defesa em processo-crime. serão vendidos judicialmente,
cabendo igual faculdade aos vergirem, assim como se algum
partilhando-se o valor apurado,
Art. 2.011. As doações remu- seus cessionários e credores. deles for incapaz.
a não ser que haja acordo para
neratórias de serviços feitos ao
Art. 2.014. Pode o testador Art. 2.017. No partilhar os bens, serem adjudicados a todos.
ascendente também não estão
indicar os bens e valores que observar-se-á, quanto ao seu § 1º Não se fará a venda judicial
sujeitas a colação.
devem compor os quinhões valor, natureza e qualidade, a se o cônjuge sobrevivente ou
Art. 2.012. Sendo feita a hereditários, deliberando ele maior igualdade possível. um ou mais herdeiros reque-
doação por ambos os cônjuges, próprio a partilha, que prevale- rerem lhes seja adjudicado o
Art. 2.018. É válida a partilha
no inventário de cada um se cerá, salvo se o valor dos bens bem, repondo aos outros, em
feita por ascendente, por
conferirá por metade. não corresponder às quotas dinheiro, a diferença, após
ato entre vivos ou de última
estabelecidas. avaliação atualizada.
vontade, contanto que não pre-
Art. 2.015. Se os herdeiros judique a legítima dos herdeiros § 2º Se a adjudicação for reque-
forem capazes, poderão fazer necessários. rida por mais de um herdeiro,
partilha amigável, por escritura

  290
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 2.010.
observar-se-á o processo da partilha dos outros, reservando- herdeiros circunscrito aos bens os demais na mesma proporção,
licitação. se aqueles para uma ou mais do seu quinhão. pela parte desse, menos a
sobrepartilhas, sob a guarda quota que corresponderia ao
Art. 2.020. Os herdeiros em Art. 2.024. Os co-herdeiros são
e a administração do mesmo indenizado.
posse dos bens da herança, reciprocamente obrigados a
ou diverso inventariante, e
o cônjuge sobrevivente e o indenizar-se no caso de evicção
consentimento da maioria dos CAPÍTULO VII
inventariante são obrigados a dos bens aquinhoados.
herdeiros. Da Anulação da Partilha
trazer ao acervo os frutos que
Art. 2.025. Cessa a obrigação
perceberam, desde a abertura da Art. 2.022. Ficam sujeitos a Art. 2.027. A partilha, uma vez
mútua estabelecida no artigo
sucessão; têm direito ao reem- sobrepartilha os bens sonegados feita e julgada, só é anulável
antecedente, havendo conven-
bolso das despesas necessárias e e quaisquer outros bens da pelos vícios e defeitos que in-
ção em contrário, e bem assim
úteis que fizeram, e respondem herança de que se tiver ciência validam, em geral, os negócios
dando-se a evicção por culpa do
pelo dano a que, por dolo ou após a partilha. jurídicos.
evicto, ou por fato posterior à
culpa, deram causa. Parágrafo único. Extingue-se
partilha.
CAPÍTULO VI em um ano o direito de anular
Art. 2.021. Quando parte da
Da Garantia dos Quinhões Art. 2.026. O evicto será inde- a partilha.
herança consistir em bens Hereditários nizado pelos co-herdeiros na
remotos do lugar do inventário,
Art. 2.023. Julgada a partilha, proporção de suas quotas here-
litigiosos, ou de liquidação
fica o direito de cada um dos ditárias, mas, se algum deles se
morosa ou difícil, poderá
achar insolvente, responderão
proceder-se, no prazo legal, à
  291
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 2.020.
LIVRO COMPLEMENTAR  anterior, Lei no 3.071, de 1º de Art. 2.032. As fundações, antecedente, quando iniciadas
DAS Disposições Finais e janeiro de 1916. instituídas segundo a legis- antes da vigência deste Código,
Transitórias lação anterior, inclusive as de obedecerão ao disposto nas leis
Art. 2.030. O acréscimo de que
fins diversos dos previstos no anteriores.
Art. 2.028. Serão os da lei trata o artigo antecedente, será
parágrafo único do art. 62,
anterior os prazos, quando feito nos casos a que se refere o Art. 2.035. A validade dos ne-
subordinam-se, quanto ao seu
reduzidos por este Código, e se, § 4º do art. 1.228. gócios e demais atos jurídicos,
funcionamento, ao disposto
na data de sua entrada em vigor, constituídos antes da entrada
Art. 2.031. As associações, so- neste Código.
já houver transcorrido mais da em vigor deste Código, obedece
ciedades e fundações, constituí-
metade do tempo estabelecido Art. 2.033. Salvo o disposto em ao disposto nas leis anteriores,
das na forma das leis anteriores,
na lei revogada. lei especial, as modificações dos referidas no art. 2.045, mas os
bem como os empresários, deve-
atos constitutivos das pessoas seus efeitos, produzidos após
Art. 2.029. Até dois anos após a rão se adaptar às disposições
jurídicas referidas no art. 44, a vigência deste Código, aos
entrada em vigor deste Código, deste Código até 11 de janeiro de
bem como a sua transformação, preceitos dele se subordinam,
os prazos estabelecidos no 2007. (Alterado em 05)
incorporação, cisão ou fusão, salvo se houver sido prevista
parágrafo único do art. 1.238 Parágrafo único. O disposto regem-se desde logo por este pelas partes determinada forma
e no parágrafo único do art. neste artigo não se aplica às Código. de execução.
1.242 serão acrescidos de dois organizações religiosas nem
anos, qualquer que seja o tempo Art. 2.034. A dissolução e Parágrafo único. Nenhuma
aos partidos políticos. (Alterado
transcorrido na vigência do a liquidação das pessoas convenção prevalecerá se
em 03))
jurídicas referidas no artigo contrariar preceitos de ordem

  292
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 2.028.
pública, tais como os estabe- subenfiteuses, subordinando-se na vigência do Código Civil prevalecendo o disposto na lei
lecidos por este Código para as existentes, até sua extinção, anterior, Lei no 3.071, de 1º anterior (Alterado em 16).
assegurar a função social da às disposições do Código de janeiro de 1916, é o por ele
Art. 2.042. Aplica-se o disposto
propriedade e dos contratos. Civil anterior, Lei no 3.071, estabelecido.
no caput do art. 1.848, quando
de 1º de janeiro de 1916, e leis
Art. 2.036. A locação de prédio Art. 2.040. A hipoteca legal aberta a sucessão no prazo
posteriores.
urbano, que esteja sujeita à lei dos bens do tutor ou curador, de um ano após a entrada em
especial, por esta continua a ser § 1º Nos aforamentos a que se inscrita em conformidade com vigor deste Código, ainda que
regida. refere este artigo é defeso: o inciso IV do art. 827 do Código o testamento tenha sido feito
I – cobrar laudêmio ou presta- Civil anterior, Lei no 3.071, de na vigência do anterior, Lei no
Art. 2.037. Salvo disposição ção análoga nas transmissões 1º de janeiro de 1916, poderá ser 3.071, de 1º de janeiro de 1916;
em contrário, aplicam-se aos de bem aforado, sobre o valor cancelada, obedecido o disposto se, no prazo, o testador não adi-
empresários e sociedades em- das construções ou plantações; no parágrafo único do art. 1.745 tar o testamento para declarar
presárias as disposições de lei
II – constituir subenfiteuse. deste Código. a justa causa de cláusula aposta
não revogadas por este Código,
§ 2º A enfiteuse dos terrenos de à legítima, não subsistirá a
referentes a comerciantes, ou Art. 2.041. As disposições deste
marinha e acrescidos regula-se restrição.
a sociedades comerciais, bem Código relativas à ordem da
como a atividades mercantis. por lei especial. vocação hereditária (arts. 1.829 a Art. 2.043. Até que por outra
Art. 2.039. O regime de bens 1.844) não se aplicam à sucessão forma se disciplinem, continu-
Art. 2.038. Fica proibida a
nos casamentos celebrados aberta antes de sua vigência, am em vigor as disposições de
constituição de enfiteuses e
natureza processual, adminis-
  293
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 2.036.
trativa ou penal, constantes de Brasília, 10 de janeiro de 2002;
leis cujos preceitos de natureza 181º da Independência e 114º da
civil hajam sido incorporados a República.
este Código.
FERNANDO HENRIQUE
Art. 2.044. Este Código entrará CARDOSO
em vigor 1 (um) ano após a sua Aloysio Nunes Ferreira Filho
publicação. Este texto não substitui o publi-
Art. 2.045. Revogam-se a Lei no cado no D.O.U. de 11.1.2002
3.071, de 1º de janeiro de 1916 –
Código Civil e a Parte Primeira
do Código Comercial, Lei no diagramação desta edição:
Paulo Gurjão
556, de 25 de junho de 1850.
Art. 2.046. Todas as remissões,
em diplomas legislativos, aos
Códigos referidos no artigo an-
tecedente, consideram-se feitas
às disposições correspondentes
deste Código.

  294
Legislação Lei 10.406 – Código Civil  Art. 2.043.

Das könnte Ihnen auch gefallen