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2018 - 09 - 20

Prática Constitucional - Ed. 2018


PRIMEIRA PARTE - TEÓRICA
2. REPARTIÇÃO DAS COMPETÊNCIAS CONSTITUCIONAIS

2. Repartição das competências constitucionais


Competência, em sentido estrito, é a faculdade juridicamente atribuída a uma entidade
ou a um órgão ou agente do Poder Público para emitir decisões. Pode, ainda, ser
considerada como a capacidade de distribuir poder.

Na Constituição Federal vigente, em relação à repartição de competências entre as


entidades federativas, há o princípio da predominância do interesse, segundo o qual à
União caberão as matérias e questões de predominante interesse geral, ao passo que aos
Estados ficarão as matérias e assuntos de interesse regional, e aos Municípios, as questões
de predominante interesse local.

Os poderes da União são enumerados nos arts.  21 e 22 da CF/1988; os Estados ficam


com os poderes remanescentes (art.  25, §  1.º, da CF/1988); e os Municípios ficam com os
poderes indicados genericamente no art.  30 da CF/1988. Alguns poderes podem ser
delegados, como o poder da União para legislar a respeito de certas matérias. Nesse caso, o
art.  22, parágrafo único, da CF/1988 autoriza a delegação da atribuição legislativa aos
Estados, mediante lei complementar. Em determinadas áreas, permite-se a atuação
concorrente entre União, Estados, Distrito Federal e Municípios (arts.  24 e 30, II, da
CF/1988). Por fim, há a competência comum entre os entes federativos (art. 23 da CF/1988).

Trata-se de divisão doutrinária sobre o tema “competências constitucionais”, que


segundo a doutrina majoritária, pode ser assim considerada:

2.1. COMPETÊNCIA NÃO LEGISLATIVA (ADMINISTRATIVA/MATERIAL)

Trata-se de uma competência organizacional (gerencial) do Estado, podendo ser


dividida em:

a) Exclusiva da União: só é admitida legislação federal (art. 21 da CF/1988).

b) Comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios: todos os entes
da federação podem agir de forma independente (art. 23 da CF/1988).

2.2. COMPETÊNCIA LEGISLATIVA

Trata-se da competência de fazer normas gerais e abstratas que, normalmente, são


aplicadas a todos indistintamente. É classificada da seguinte forma:

a)                      Exclusiva: cabe apenas, a uma entidade, o poder de legislar, sendo


inadmissível qualquer delegação (art. 21 da CF/1988 – só a União).

b)            Privativa: da União, mas é delegável aos Estados por lei complementar (art. 22,
parágrafo único, da CF/1988).
c)            Concorrente: da União, dos Estados e do Distrito Federal, que devem agir de
forma coordenada, segundo estabelecido nos parágrafos do art. 24 da CF/1988, onde se lê:
“(...) §  1.º No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á a
estabelecer normas gerais; § 2.º A competência da União para legislar sobre normas gerais
não exclui a competência suplementar dos Estados; §  3.º Inexistindo lei federal sobre
normas gerais, os Estados exercerão a competência legislativa plena, para atender a suas
peculiaridades; §  4.º A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a
eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário”.

d)            Residual: são as competências não previstas expressamente à União ou aos


Municípios. Essa é a previsão do art.  25, §  1.º, da CF/1988, que assim estabelece: “São
reservadas aos Estados as competências que não lhes sejam vedadas por esta
Constituição”.

e)            Local: normalmente em concursos é a competência dos municípios, conforme


previsão do art. 30, I, da CF/1988: “Compete aos Municípios: I – legislar sobre assuntos de
interesse local; (...)”.

CUIDADO

O Município pode legislar em matéria de competência legislativa concorrente desde que


suplemente a legislação federal e estadual e que a matéria seja de interesse local (art. 30, I e II c/c
§ 2.º, art. 24, da CF/1988).

Sobre o tema competência municipal o STF se manifestou no seguinte sentido:

• “O Tribunal, por maioria, declarou incidentalmente a inconstitucionalidade do art.  1.º da Lei


10.991/1991, do Município de São Paulo, o qual estabelecia que a licença de localização de novas
farmácias e drogarias seria concedida somente quando o estabelecimento ficasse situado a uma
distância mínima de duzentos metros da farmácia ou drogaria mais próxima, já existente.
Entendeu-se violado o disposto no art.  170, IV e V da CF (“A ordem econômica, fundada na
valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência
digna (...) observados os seguintes princípios: (...) IV – livre concorrência; V – defesa do
consumidor.”). Precedente citado: RE 203.909-SC (DJU de 06.02.1998).” STF, RE 193.749-SP,
j.  04.06.1998, rel. originário Min. Carlos Velloso, rel. p/ acórdão Min. Maurício Corrêa, DJ
04.05.2001).

• “Com base nos mesmos fundamentos do julgamento acima referido, o Tribunal, por maioria,
declarou incidentalmente a inconstitucionalidade do art.  1.º da Lei 6.545/1991, do Município de
Campinas, que restringia a instalação de farmácias e drogarias a um raio de distância de
quinhentos metros uma da outra. Vencido o Min. Carlos Velloso” (STF, RE 199.517-SP, j. 04.06.1998,
rel. originário Min. Carlos Velloso, rel. p/ acórdão Min. Maurício Corrêa, DJ 13.11.1998).

Súmula Vinculante 38: “É competente o Município para fixar o horário de funcionamento de


estabelecimento comercial”.

f)             Cumulativa: é a competência atribuída ao Distrito Federal no art. 32, § 1.º, da


CF/1988: “Ao Distrito Federal são atribuídas as competências legislativas reservadas aos
Estados e Municípios”.

Destaque-se a previsão constitucional dos arts.  147 e 155 da CF/1988: “Art. 147.
Competem à União, em Território Federal, os impostos estaduais e, se o Território não for
dividido em Municípios, cumulativamente, os impostos municipais; ao Distrito Federal
cabem os impostos municipais” (grifo nosso). “Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito
Federal instituir impostos sobre: I – transmissão causa mortis e doação, de quaisquer bens
ou direitos; II – operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de
serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as
operações e as prestações se iniciem no exterior; III – propriedade de veículos
automotores” (grifo nosso).

Decisões sobre o tema:

“Competência privativa da União para legislar sobre serviço postal. É pacífico o


entendimento deste Supremo Tribunal quanto à inconstitucionalidade de normas
estaduais que tenham como objeto matérias de competência legislativa privativa da
União. Precedentes: ADIns 2.815, Sepúlveda Pertence (propaganda comercial), n.º  2.796-
MC, Gilmar Mendes (trânsito), n.º 1.918, Maurício Corrêa (propriedade e intervenção no
domínio econômico), n.º 1.704, Carlos Velloso (trânsito), n.º 953, Ellen Gracie (relações de
trabalho), n.º 2.336, Nelson Jobim (direito processual), n.º 2.064, Maurício Corrêa (trânsito)
e n.º 329, Ellen Gracie (atividades nucleares). O serviço postal está no rol das matérias cuja
normatização é de competência privativa da União (CF, art.  22, V). É a União, ainda, por
força do art.  21, X da Constituição, o ente da Federação responsável pela manutenção
desta modalidade de serviço público” (STF, ADIn 3.080, j. 02.08.2004, rel. Min. Ellen Gracie,
DJ 27.08.2004).

“(...) Lei 11.562/2000 do Estado de Santa Catarina. Mercado de trabalho. Discriminação


contra a mulher. Competência da União para legislar sobre Direito do trabalho. (...) A Lei
11.562/2000, não obstante o louvável conteúdo material de combate à discriminação
contra a mulher no mercado de trabalho, incide em inconstitucionalidade formal, por
invadir a competência da União para legislar sobre direito do trabalho (...).” (STF, ADIn
2.487, j. 30.08.2007, rel. Min. Joaquim Barbosa, DJE 28.03.2008).

“O Tribunal, por maioria, concedeu habeas corpus impetrado em favor de condenado


pela prática do delito previsto no art. 157, § 2.º, I e II, do CP, e declarou, incidenter tantum,
a inconstitucionalidade formal da Lei paulista 11.819/2005, que previu a utilização de
aparelho de videoconferência nos procedimentos judiciais destinados ao interrogatório e
à audiência de presos – v. Informativo 518. Na espécie, o interrogatório do paciente, a
despeito da discordância de sua defesa, realizara-se sem a presença do paciente na sala da
audiência, por meio da videoconferência. Entendeu-se que a norma em questão teria
invadido a competência privativa da União para legislar sobre direito processual” (STF, HC
90.900, j.  30.10.2008, rel. p/ o ac. Min. Menezes Direito, Informativo 526). No mesmo
sentido: STF, HC 91.859, j. 04.11.2008, rel. Min. Carlos Britto, DJE 13.03.2009.

“Invade a competência da União, norma estadual que disciplina matéria referente ao


valor que deva ser dado a uma causa, tema especificamente inserido no campo do direito
processual.” (ADIn 2.655, j.  09.03.2004, rel. Min. Ellen Gracie, DJ 26.03.2004) “O Tribunal
concedeu medida liminar em ação direta de inconstitucionalidade ajuizada pelo Conselho
Federal da Ordem dos Advogados do Brasil – OAB para suspender a eficácia, ex nunc, do
art. 7.º da Lei 6.816/2007, do Estado de Alagoas, que condiciona a interposição de recurso
inominado cível nos Juizados Especiais do referido Estado-membro ao recolhimento das
custas judiciais e do depósito recursal. Entendeu-se que a norma impugnada, em
princípio, usurpa a competência privativa da União para legislar sobre direito processual
(...), bem como ofende as garantias do amplo acesso à jurisdição, do devido processo legal,
da ampla defesa e do contraditório (...)” (STF, ADIn 4.161-MC, j.  29.10.2008, rel. Min.
Menezes Direito, Informativo 526).

“Por vislumbrar afronta ao art. 22, XI, da CF/1988, que atribui à União a competência
privativa para legislar sobre trânsito, o Tribunal, por maioria, julgou procedente pedido
formulado em ação direta proposta pelo Governador do Distrito Federal para declarar a
inconstitucionalidade da Lei distrital 1.925/1998, que dispõe sobre a obrigatoriedade da
iluminação interna dos veículos automotores fechados, no período das dezoito às seis
horas, quando se aproximarem de blitz ou barreira policial. Salientou-se que inexiste lei
complementar que autorize o DF a legislar sobre a fiscalização e o policiamento de
trânsito e que tal matéria, que envolve tipificação de ilícitos e cominação de penas, foi
objeto de tratamento específico do Código de Trânsito Brasileiro – CTB, editado no
exercício daquela competência privativa” (STF, ADIn 3.625, j.  04.03.2009, rel. Min. Cezar
Peluso, Plenário, Informativo 537). No mesmo sentido: STF, ADIn 3.897, j.  04.03.2009, rel.
Min. Gilmar Mendes, Informativo 537.

“O art.  24 da CF compreende competência estadual concorrente não cumulativa ou


suplementar (art. 24, § 2.º) e competência estadual concorrente cumulativa (art. 24, § 3.º).
Na primeira hipótese, existente a lei federal de normas gerais (art.  24, §  1.º), poderão os
Estados e o DF, no uso da competência suplementar, preencher os vazios da lei federal de
normas gerais, a fim de afeiçoá-la às peculiaridades locais (art.  24, §  2.º); na segunda
hipótese, poderão os Estados e o DF, inexistente a lei federal de normas gerais, exercer a
competência legislativa plena ‘para atender a suas peculiaridades’ (art.  24, §  3.º).
Sobrevindo a lei federal de normas gerais, suspende esta a eficácia da lei estadual, no que
lhe for contrário (art.  24, §  4.º). A Lei 10.860, de 31.08.2001, do Estado de São Paulo foi
além da competência estadual concorrente não cumulativa e cumulativa, pelo que
afrontou a Constituição Federal, art. 22, XXIV, e art. 24, IX, § 2.º e § 3.º” (STF, ADIn 3.098,
j. 24.11.2005, rel. Min. Carlos Velloso, DJ 10.03.2006).

“Ação direta de inconstitucionalidade. Lei distrital 3.460. Instituição do Programa de


Inspeção e Manutenção de Veículos em uso no âmbito do Distrito Federal. Alegação de
violação do disposto no art.  22, XI, da Constituição do Brasil – Inocorrência – O ato
normativo impugnado não dispõe sobre trânsito ao criar serviços públicos necessários à
proteção do meio ambiente por meio do controle de gases poluentes emitidos pela frota de
veículos do Distrito Federal. A alegação do requerente de afronta ao disposto no art. 22, XI,
da CF/1988 não procede. A lei distrital apenas regula como o Distrito Federal cumprirá o
dever-poder que lhe incumbe – proteção ao meio ambiente. O DF possui competência para
implementar medidas de proteção ao meio ambiente, fazendo-o nos termos do disposto no
art. 23, VI, da CF/1988. Ação Direta de Inconstitucionalidade julgada improcedente” (STF,
ADIn 3.338, j. 31.08.2005, rel. p/ o ac. Min. Eros Grau, DJ 06.09.2007).

“Competência legislativa. Direito do trabalho. Profissão de motoboy. Regulamentação.


Inadmissibilidade. (...) Competências exclusivas da União. (...) É inconstitucional a lei
distrital ou estadual que disponha sobre condições do exercício ou criação de profissão,
sobretudo quando esta diga à segurança de trânsito.” (STF, ADIn 3.610, j 01.08.2011, rel.
Min. Cezar Peluso, DJE 21.09.2011). Vide: STF, ADIn 3.679, j.  18.06.2007, rel. Min.
Sepúlveda Pertence, DJ 03.08.2007. “São da competência legislativa da União a definição
dos crimes de responsabilidade e o estabelecimento das respectivas normas de processo e
julgamento.” (Súmula 722 do STF)

Supremo Tribunal Federal julgou inconstitucional expressão de lei paranaense que


fixava como condição para participação de empresas em licitação destinada à compra de
veículos oficiais a exigência de os carros serem produzidos no Paraná (STF, ADI 3.583,
Plenário, j. 21.02.2008, rel. Min. Cezar Peluso, DJe 14.03.2008).

Súmula Vinculante 39: “Compete privativamente à União legislar sobre vencimentos


dos membros das polícias civil e militar e do corpo de bombeiros militar do Distrito
Federal”.

Súmula Vinculante 46: “A definição dos crimes de responsabilidade e o estabelecimento


das respectivas normas de processo e julgamento são da competência legislativa privativa
da União”.
© desta edição [2018]

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