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TRIBUNAL SUPREMO

Câmara do Cível e Administrativo, Laboral e Família

ACÓRDÃO

PROC. Nº 814/04

NO TRIBUNAL SUPREMO OS JUÍZES DA CÂMARA DO CÍVEL E

ADMINISTRATIVO, ACORDAM EM CONFERÊNCIA, EM NOME DO POVO.

João António da Costa Soares, casado, comerciante e residente nesta cidade,

intentou junto da 2ª Secção da Sala do Cível e Administrativo do Tribunal

Provincial de Luanda, a presente Acção Declarativa de Condenação, contra

DOMINGOS MANUEL DO NASCIMENTO, comerciante, residente nesta cidade,

pedindo que o réu seja condenado a indemnizar o autor na quantia de Kz.

900.000,00 e a restituir-lhe as 200 garrafas de gás de que se apossou, bem como

a pagar os honorários do advogado no valor correspondente em moeda nacional

a USD 2.000,00 com fundamento no facto de ter celebrado com o réu em 31 de

Outubro de 2001 um contrato verbal de consignação, no qual o autor entregou

ao réu duzentas garrafas de gás para este as comercializar e repartirem os lucros

das vendas do gás na proporção de 50% para cada um. Sucedeu no entanto que

após as primeiras duas vendas efectuadas, o réu deixou de repartir os lucros

provenientes do gás bem como reteve consigo as garrafas, recusando-se a

devolve-las ao autor.

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Citada para contestar o réu não o fez dentro do prazo legal, pelo que foi

condenado à revelia no pedido (v. fls. 14 a 17 e 21 a 22).

Notificado da decisão interpôs o réu recurso de apelação (fls. 27) que foi admitido

a subir imediatamente nos próprios autos e com efeito suspensivo.

Da alegação que apresentou extraiu o réu, ora apelante, as conclusões

seguintes (fls 32).

- Seja anulada a sentença recorrida, na medida em que os motivos que levaram

à sua condenação à revelia lhe são completamente alheias,

- Seja dada ao apelante a oportunidade de exercer o direito a oposição em

respeito ao direito e à justiça.

Contra alegou o autor, ora apelado, nos termos referidos a fls. 87 a 88, pugnando

pela manutenção do decidido.

O Digno Magistrado do Mº Pº junto desta instância emitiu parecer no qual

sustenta que o apelante desperdiçou, na fase do recurso, a oportunidade para

apresentar provas e fundamentos que contrariassem o pedido do autor.

Correram os vistos legais.

Apreciando e decidindo.

Sustenta o apelante nas conclusões da sua alegação, no que de essencial nela

se contem, que tem de lhe ser dada a oportunidade de exercer o direito a

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oposição, em respeito ao direito e a justiça já que os motivos que levaram a sua

condenação a revelia lhe são completamente alheios.

Estamos de acordo que o apelante tem efectivamente o direito de deduzir

oposição, sempre e quando contra si é formulado uma pretensão, em

homenagem ao princípio do contraditório consagrado no artº 3º do C.P. Civil e

artº da Lei Constitucional.

No caso vertente, o direito de exercer oposição à pretensão formulada contra o

apelante, por parte do apelado, foi rigorosamente cumprido conforme se pode

observar da certidão de citação constante a fls 16 dos autos assinada pelo

apelante. Sucedeu no entanto, que o apelante, citado para contestar no prazo

de vinte dias não o fez e veio agora, na alegação de recurso sustentar, que não

o fizera atempadamente, quer porque se deparara com dificuldades de juntar

documentos para conseguir patrocínio judiciário da Ordem dos Advogados, quer

porque o advogado que lhe fora nomeado para exercer o patrocínio adoecera

gravemente ficando impossibilitado de exercer a sua actividade atempadamente.

Como deve o apelante saber o prazo judicial de citação para contestar é um

prazo peremptório e, como tal extingue o direito de praticar o acto se este não

for efectuado dentro do prazo legalmente estabelecido (v. artº 148º nº 3).

No entanto, a lei concede aquele que estiver impossibilitado de praticar o acto

dentro do prazo estabelecido, que o pratique fora dele no caso de justo

impedimento (artº 145º nº 4).

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O nº 1 do artº 146º do C.P. Civil define o justo impedimento como sendo o evento

normalmente imprevisível, estranho à vontade da parte, que a impossibilite de

praticar o acto, por si ou por mandatário.

O nº 2 do mesmo artigo orienta que a parte que alegar o justo impedimento

oferecerá logo a respectiva prova ...

Ora, no caso dos autos, o apelante em momento algum alegou o justo

impedimento, nem em momento algum ofereceu qualquer prova de ter estado

impossibilitado, de qualquer modo, de contestar no prazo que lhe foi estabelecido

para o fazer.

As alegadas impossibilidades de apresentar atempadamente documentos

comprovativos da sua incapacidade financeira para custear as despesas

judiciais, ou a impossibilidade física do seu mandatário para exercer o patrocínio

atempado por se encontrar doente, não se acham justificados por qualquer tipo

de documento, pelo que constituem alegações destituídas de qualquer

fundamento, face ao disposto no nº 2 do artº 146º do C.P. Civil.

Dispõe o artº 342º do C. Civil que àquele que invocar um facto cabe fazer prova

do facto construtivo do direito alegado.

Tendo a prova por função a demonstração da realidade dos factos e porque o

apelante não fez prova dos factos impeditivos invocados, improcedem, pois, as

conclusões da sua alegação de recurso.

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Pelos fundamentos expostos acordam os desta Câmara em negar

provimento ao recurso confirmando a sentença recorrida.

Custas a cargo do apelante.

Luanda, 20 de Março de 2009.

André Silva Neto

Belchior Samuco

Tobias Epalanga

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