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Estes conceitos, segundo meu juízo, bastam para definir o valor de um poeta e
de suas crias poéticas, pois Kissyan Castro saiu daquele território em que todos nós
caminhamos na juventude e no aprendizado, sofrendo influências positivas de outros
que vieram antes e abriram essas portas por onde entramos, para também tentarmos
alçar nossos vôos particulares, pessoais, intransferíveis, marcas indeléveis do que
apreendemos, vivemos, experimentamos.
Saiu de Barra do Corda, peregrinou pelo país afora, rompeu e construiu laços e
hoje reside na mesma cidade em que as águas paralelas de dois rios, o Corda e o
Mearim, singram buscando virtudes imortais que só a Arte nos permite conhecer. E
talvez a religiosidade, o ecumenismo, a retidão de caráter, que não são dogmas
artísticos, mas que aperfeiçoam o que é humano na arte.
É esta poesia que lhes convido a conhecer e a meditar sobre ela. Uma poesia
caudalosa como as águas desses rios, uma poesia livre de entulhos e empulhações:
poesia verdadeira, limpa, que toca o sagrado com a mesma profundidade com que toca
o profano. E é isto que importa na arte: tornar-se instrumento de êxtase e beleza, não
importa que não nos leve de imediato ao purgatório ou ao paraíso e nos faça primeiro
conhecer as sombras infernais de um cotidiano perverso.
RAIMUNDO FONTENELE
poeta