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BOLETIM OPERÁRIO

Caxias do Sul, 03 de agosto de 2019 | Edição nº 557

O Paiz Bricou foi retirado da rua, num estado miserável e Os dois famosos anarquistas que a polícia procura

Rio de Janeiro levado para o hospital, onde reconheceram a hoje por todos os recantos do mundo – estiveram,

23 de julho de 1892 identidade da vítima. Os ferimentos eram graves; no entanto, já nas garras dessa terrível polícia

Edição nº 3735 – Ano VIII mas, no entanto, pode escapar e o caso é que hoje parisiense, que teve o pouco faro de não descobri

Página 2 se encontra em via de completo restabelecimento, neles os dois dinamitistas que todos procuravam.

Carta Parisiense na enfermaria da prisão em Paris. Interrogado de Tanto Francis como Meunier foram presos no dia

Paris, 28 de junho novo, ele e a mulher, sobre a explosão do imediato ao da explosão. Mas ambos forneceram

Estão enfim descobertos os autores da terrível boulevard Magenta responderam evasivamente. um álibi qualquer, que foi comprovado e julgado

explosão do boulevard Magenta, no Restaurante No entanto a polícia tinha sobre eles informações certo. Que ingênua a polícia! Teve os dois

Véry. Estão descobertos os criminosos, mas comprometedoras. Entretanto um dos presos pássaros na mão e deixou-os fugir. Agora

infelizmente ainda não estão presos nem o serão implicados no roubo da dinamite principiou “assoprem as bolas” como diz o povo. Francisc e

tão cedo, porque a imprensa na fúria da também a dar a língua. Dronet denunciou um repris de justice, isto é, um velho criminoso,

reportagem, descobriu as diligências e desvendou abertamente Bricou e a sua mulher assim como condenado já por crime de roubo e deserção,

os planos da polícia política. Os dinamitistas Francis e Mounier. Temos, portanto, como muito bulhento, personagem bastante em

avisados pelos jornais tiveram o tempo necessário implicados na explosão do boulevard Magenta os evidência no partido anarquista. É casado e pai de

de fugir e neste momento estão ao abrigo de todas seguintes indivíduos: Bricou, a mulher de Bricou e dois filhos, de 2 e 4 anos. A mulher é também

as perseguições. Eis como o segredo deste crime Dronet, hoje presos; e Francis e Meunier que anarquista e o petiz mais velho já grita na rua

foi descoberto. Convém desde já declarar que estão fugidos não se sabe onde, mas dizem que quando vê passar um homem bem arranjado:

polícia francesa se não pode vangloriar de haver em Londres e outros na Bélgica. Eis como o crime - Aí vai mais um burguês. Corja de ladrões. Estes

metido uma lança em África. Mostrou mais uma foi cometido: A bomba foi fabricada em casa de capitalistas deviam todos ser esquartejados de

vez que embora seja a primeira polícia de mundo Bricou, por Francis e pelos outros indivíduos dinamitados. As teorias do papai seduziam o

na busca de larápios, é muito inferior a polícia comprometidos no caso. O engenho infernal menino Gustavo. Uma semente de Ravachol. Um

alemã e russa em desvendar mistérios de continha 16 cartuchos de dinamite, um foguete Ravacholito por vir. Francis habitava uma casa de

conspiração política. A polícia parisiense prendeu, Picford munido, na sua extremidade de uma um faubourg, em uma água-furtada, em um sexto

há tempos (e aqui mesmo nos referimos a esta simples mecha com bi cromato de chumbo. A andar, onde toda a malta anarquista fazia quase

prisão), os autores do roubo dos cartuchos de caixa explosiva foi colocada numa pequena mala todas as noites um chinfrim infernal. O proprietário

dinamite de Sosy Sous E’tiolles. Os larápios de mão, um pouco mais pequena do que a malda mandou o seu inquilino para os quintos do inferno,

presos principiaram a negar, mas depois em frente que serviu a Ravachol na explosão da rua de porque o famoso anarquista, fiel ao programa da

das provas de criminalidade, confessaram tudo e Clichy. A caixa continha também uns três a quatro seita, não pagava a renda da casa.

um deles, um tal Bricou, desejando reaver a sua quilos de pólvora de mina embrulhada numa folha - Pagar a renda da casa! Dizia ele. Essa não é má.

liberdade, relatou tudo quanto sabia sobre o roubo de papel de música. Esta folha de papel, toda em Seria um crime horrendo porque era encher o

e sobre o destino que haviam tido os cartuchos pedações, foi encontrada entre as ruínas do papo aos capitalistas. Se o meu proprietário não

roubados. Por fim disse a polícia onde estavam restaurante dinamitado, como todos se recordam. está contente, o mais que lhe posso fazer é lançar

escondidos os cartuchos que ainda não tinham Meunier partiu as 9 horas menos um quarto da uma bomba de dinamite na escada, para lhe

sido empregados em explosões, indicando o casa de Bricou, no número 5 da rua de Gravilliers, mostrar quem sou. Afinal a porteira, por boas

esconderijo, toda a dinamite foi desenterrada e trazendo na mão direita a pequena mala onde maneiras, lá conseguiu que ele se fosse embora,

depois inutilizada no campo de manobras. O juiz estava a carga de dinamite. Dirigiu-se ao mesmo sem pagar a renda em dívida. A

que dirige o processo cumpriu a sua palavra e pôs boulevard Magenta, olhou rapidamente para o vizinhança toda respirou. Um vizinho destes era

em liberdade provisória o criminoso que revelara interior do restaurante, deu uma meia volta e para criar cabelos brancos! Meunier, o indivíduo

em segredo o local em que a dinamite roubada entrou num mictório circular, onde acendeu a que depôs a bomba no restaurante, é também um

estava enterrada. Mas o anarquista Bricou ou mecha, dissimulada dentro da mala. Entrou então personagem com várias condenações, o que se

porque tivesse as represálias dos seus no restaurante Véry, depôs a pequena mala junto chama em França um repris de justice. Tem 32

correligionários ou porque tivesse a consciência do balcão e pediu um cálice de conhaque. Pagou anos. É alto, olhar duro, olhos castanhos, dentes

um pouco carregada de outros crimes, apenas se e bebeu o cálice pedido, saindo precipitadamente. brancos, um pouco corcovado e magro.

viu em liberdade, em vez de se conservar em Paris Alguns segundos depois dava-se a terrível Ultimamente não trabalhava. Um anarquista que

as ordens das autoridades competentes, não; explosão, que vitimou Véry e um cliente. se preza nunca trabalha. Trabalhar, segundo o

fugiu para o Havre onde andou errante um dia e evangelho anarquista, é enriquecer os burgueses.

uma noite, acabando por se lançar na rua debaixo Xavier de Carvalho

de um carro que lhe passou por cima de um braço.

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