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FAMÍLIA E ESCOLA NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM DE ALUNOS


PORTADORES DE TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO E
HIPERATIVIDADE (TDAH)
Andréia Dalbó1; Luciana Bellé Rocha2
1Professora da Escola Municipal de Educação Infantil Antônio Roberto Feitosa; Av. Tapera, 771, Tapera, Venda Nova do
Imigrante – ES, CEP 29375-000; lucianabellerocha@hotmail.com;2Professora da Escola de Ensino Fundamental e Médio
Pedreiras -EEFM, Rua Peterle, s/n - Pedra Azul, Domingos Martins – ES.

RESUMO: O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) tem recebido


inúmeras denominações e parece ter se tornado um termo da moda, pois quase todas as crianças,
um pouco mais agitadas do que o normal, são rotuladas como hiperativas. Contudo, a relação
existente entre família, especialmente os pais, e a escola, precisa ser mais bem entendida e
possivelmente reformulada, visando à diagnose precoce e o adequado tratamento desse
distúrbio. Diante disso, foi realizada uma pesquisa exploratória, classificada quanto ao tipo
como analítica de revisão, com o objetivo de definir a participação da família na vida escolar
dos filhos hiperativos, identificando o tipo de relacionamento estabelecido entre família e escola
e a importância de ambas no processo de aprendizagem dos mesmos. A bibliografia foi coletada
na internet e em bibliotecas presenciais, sendo o material organizado por meio da técnica de
fichamento. Após acurada avaliação dos diversos argumentos e integração da literatura, foi
possível concluir que: as famílias, sem a ajuda da escola, não conseguem observar os sintomas
do TDAH, especialmente quando se tratam de filhos únicos; o portador do TDAH precisa ter,
na escola, um acompanhamento especial, já que não consegue conter seus instintos,
tumultuando o desenvolvimento de atividades pedagógicas em sala de aula; o trabalho integrado
entre família, escola e especialistas é fundamental para que os portadores de TDAH possam
desenvolver suas atividades de forma compatível com as situações apresentadas, podendo, no
decorrer do tempo, levar uma vida completamente normal e produtiva.
PALAVRAS-CHAVE: Pais. Ensino. Distúrbio. Desatenção.

ABSTRACT: The Attention Deficit and Hyperactivity Disorder (ADHD) has received
numerous denominations and seems to have become a fashionable term, because almost all
children, a little more agitated than usual, are labeled as hyperactive. However, the relationship
between family, especially the parents, and the school, needs to be better understood and
possibly reformulated, aimed at early diagnosis and proper treatment of this disorder. Therefore,
an exploratory survey was conducted, classified according to type as analytical review, with the
aim of defining family participation in school life of hyperactive children, identifying the type
of relationship established between family, school and the importance of both in learning
process. The bibliography was collected on the web and classroom libraries; the material was
organized by book report technique. After accurate assessment of the various arguments and
integration of literature, it was concluded that: families without the help of school, fail to notice
the symptoms of ADHD, especially when dealing with children only; the carrier of ADHD
needs to have special monitoring of school, since it can not contain his instincts, disrupting the
development of educational activities in the classroom The integrated work between family,
school and experts is essential for people with ADHD can develop their activities in a manner
consistent with the current situations and may, over time, lead a completely normal and
productive life.
KEYWORDS: Parents. Teaching. Disturb. Inattention.

1 INTRODUÇÃO

A Hiperatividade, também conhecida como Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade


(TDAH), é um problema de elevada ocorrência em crianças com idade escolar. Seus sintomas de

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distração, desatenção, hiperatividade, pressa e impulsividade podem levar a um baixo desempenho


escolar (PEREIRA; SANTOS; FEITOSA, 2013; GONÇALVES; PUREZA; PRANDO, 2011). No
Brasil, as pesquisas apontam que 4 a 6% das crianças em idade escolar possam ter hiperatividade. Pelo
fato de ser ainda um tema pouco difundido, o trabalho com o aluno hiperativo tem sido uma das grandes
dificuldades enfrentadas pelas escolas inclusivas. Neste sentido, é de grande relevância que a escola
desenvolva trabalhos concretos com esse tipo de estudante, e que o professor respeite e conheça suas
limitações (CAVALCANTI; LIMA, 2009).
Conforme Antony e Ribeiro (2008) chama atenção o fato de muitas pessoas usarem o termo
hiperatividade indevidamente, sejam pais, comunidade e até mesmo escola. Isso ocorre muitas vezes
por falta de conhecimento. Diante dessas constatações, há necessidade de maior informação para que
este equívoco não mais ocorra e que as crianças que realmente têm hiperatividade possam ser tratadas
pela escola em parceria com a família, uma vez que, para Leite e Tassoni (2002), a responsabilidade de
formar cidadãos pensantes e atuantes é um papel mútuo, ou seja, tanto a família quanto a escola têm sua
contribuição nessa formação.
A criança com hiperatividade tem sérias dificuldades de relacionamento. São crianças inquietas,
distraídas, impulsivas, agitadas e têm dificuldade de terminar os projetos e as tarefas. Além disso, podem
se engajar em inúmeras tarefas ao mesmo tempo, sendo que estas não serão, também, devidamente
cumpridas (RANGEL JÚNIOR, 2007).
De acordo com essas questões, presume-se que o comportamento hiperativo é logo notado na
escola. De certa maneira, as crianças hiperativas se destacam das outras crianças pela forma agitada e a
dificuldade de concentração. Essa dificuldade, é claro, interfere no aprendizado e no desempenho
escolar, e isto faz com que ela não consiga manter o mesmo ritmo das outras. Daí a baixo-estima, o
atraso e a cobrança dos pais e professores.
Pais e familiares encontram muita dificuldade na maneira como lidar com as crianças portadoras
do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade, mesmo depois da confirmação do diagnóstico.
Na realidade, determinar qual o nível de atividade normal de uma criança é um assunto polêmico. A
maioria dos pais tem grande expectativa em relação ao comportamento de seus filhos e, normalmente,
esta expectativa inclui em certo grau de agitação, bagunça e desobediência, características que são
aceitas como indicativos de saúde e vivacidade infantil (RANGEL JÚNIOR, 2007). Ainda, com base
nas considerações desses autores, pode-se acreditar que, por este motivo, a interferência da escola seja
tão relevante quanto à dos pais, uma vez que as crianças passam na escola a maior parte do dia,
convivendo com outras crianças da mesma faixa etária.
É grave, entretanto, o fato corriqueiro de inversão de papéis família/escola. Nesse caso, a família
tem transferido para a escola sua responsabilidade afetiva e educativa, especialmente quanto às questões
morais, o que pode gerar grande ineficiência no processo educativo de qualquer criança. Nesse sentido,
segundo Tiba (2002), para que consiga desenvolvimento escolar pleno, as crianças precisam ter a
sensação de que pertencem e são amparadas por uma família.
O parágrafo único do capítulo IV do Estatuto da criança e do adolescente estabelece que, é
direito dos pais ou responsáveis ter ciência do processo pedagógico, bem como participar da definição
das propostas educacionais (BRASIL, 1990). Cabe ao professor e a escola proporcionar o alcance de
tais direitos por parte da família, sempre lembrando e garantindo o respeito mútuo.
Em sua obra Quem Ama Educa, Içami Tiba (2002) reafirma a importância da família no processo
de formação dos filhos. Para esse autor, a educação com vistas á formação do caráter, da autoestima e
da personalidade da criança ainda é, na maior parte, responsabilidade dos pais.
A família deposita na escola a tarefa de educar seus filhos e cobra da escola quando seu filho
não obtém êxito na vida, ou se ele se comporta mal. Entretanto, mesmo para as questões de
comportamento, ou para as questões de aprendizagem, a família tem seu papel que em hipótese alguma
deve ser substituído pela escola.
Definir valores morais para as crianças não é tarefa da escola, ela apenas complementa o papel
da família. Em se tratando do processo de ensino-aprendizagem, a escola deve fazer seu papel e a família
tem que estar complementando, ajudando sempre no que for solicitado, especialmente quando o aluno
apresentar características especiais, como os hiperativos.
A partir do exposto, foi realizado um trabalho com o objetivo de estabelecer a
participação da família na vida escolar dos filhos hiperativos, identificando o tipo de

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relacionamento estabelecido entre família e escola e a importância de ambas no processo de


aprendizagem dos mesmos.

2 METODOLOGIA

A pesquisa realizada pode ser classificada, em relação à finalidade, como básica, e em relação
ao objetivo, como exploratória. A pesquisa é “[...] um procedimento reflexivo sistemático [...] que
permite descobrir novos fatos ou dados, relações ou leis, em qualquer campo do conhecimento”
(ANDER-EGG apud LAKATOS; MARCONI, 2001, p. 43). É, portanto, um caminho para descobrir
verdades ou encontrar soluções para problemas propostos, utilizando métodos científicos. Para alcançar
o objetivo, foi realizada, dessa forma, uma pesquisa classificada quanto ao tipo como analítica de
revisão, uma vez que se tentou explicar fenômenos por meio da avaliação crítica, e em profundidade, de
informações disponíveis sobre o tema na literatura especializada (THOMAS; NELSON; SILVERMAN,
2007). Esse tipo de pesquisa consiste em um levantamento de informações relativas ao tema, publicadas
em livros, documentos técnicos e, especialmente, artigos científicos.
A coleta de material bibliográfico foi realizada na internet em sites relacionados à educação e
sites como Scielo e Google Acadêmico. Foi também levantada literatura na Biblioteca Pública do
Município de Conceição do Castelo e em biblioteca particular. Além das palavras do título, foram
utilizadas para busca as seguintes palavras-chave: pais, ensino, distúrbio e desatenção.
O material bibliográfico coletado foi organizado em pastas índices, por meio da técnica de
fichamento, sendo o texto elaborado de acordo com um plano de desenvolvimento definido inicialmente.

3 DESENVOLVIMENTO

3.1 CONHECENDO UM POUCO MAIS SOBRE HIPERATIVIDADE

Conviver com uma criança hiperativa é muito difícil, pois em sua agitação ela consegue
transformar a rotina de todos aqueles que dela se aproximam ou convivem no dia-a-dia.
A hiperatividade se caracteriza por seu início precoce, por um comportamento hiperativo e
modulado por uma desatenção considerável e por uma falta persistente de envolvimento nas tarefas.
Gruspun (1999, p. 39) apresenta a seguinte definição para esse transtorno:

O termo usado para o diagnóstico é Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade


(TDAH). São duas as características fundamentais: atenção comprometida e
hiperatividade, evidentes em mais de uma situação (por exemplo, casa, escola,
clínica). Ambas devem estar presentes.

Ainda, de acordo com Gruspun (1999, p. 40), “é mais comum em crianças pequenas e melhora após a
puberdade, especialmente no sexo feminino. Após os 16 anos de idade, há redução da incidência, com
número reduzido de adultos em comparação com o de crianças”.
Quando recebe atenção individualizada ou se encontra em novas situações, como visita a
médicos ou tratamentos psicológicos, a criança com TDAH pode não apresentar os sintomas dos quais
professores e/ou pais se queixam. O fato dos sintomas não estarem presentes todo o tempo não significa
que a suspeita seja infundada ou que não seja necessário procurar tratamento. Portanto, é necessário o
diagnóstico clínico, que é realizado através de testes, utilizando escalas para as crianças, a família e a
escola (GRUSPUN, 1999).
O auge do TDAH é na fase escolar primária, quando problemas de aprendizagem, desatenção e
comportamento desregrado atrapalham de forma crescente a família e a escola. Tal transtorno deve ser
tratado com esclarecimento da família e da escola sobre como lidar com o portador, medicação e técnicas
psicoterápicas.
Os pais, a família como um todo e a escola devem receber orientações sobre a natureza do
transtorno, sendo essencial que a família cumpra seu papel na educação dos filhos, pois muitas vezes a
hiperatividade pode ser a causa da separação de casais e a educação é fundamental para proteger as
pessoas que convivem com a criança:

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“A hiperatividade não é um sintoma que aparece isolado, mas sim acompanhado


por outras manifestações, com uma baixa capacidade de manter a atenção é também
chamada de Distúrbio do Déficit de Atenção (DDA). Isto significa que a criança
não consegue se concentrar e, por isso, a memorização é prejudicada,
comprometendo o resultado final do seu aprendizado. Os problemas emocionais
podem determinar alterações comportamentais incluindo a hiperatividade. A carga
emocional que o paciente tem por conta dos insucessos escolares e sociais modifica
o seu comportamento, e isso, por sua vez, repercute nas relações familiares de modo
acentuado” (MENDES et al., 2007. p. 22).

Em muitos casos, as famílias não conseguem perceber diferenças comportamentais,


especialmente quando não tem outros filhos. Às vezes acreditam que a hiperatividade é apenas uma fase
transitória e, assim, tornam-se mais tolerantes. Topczewski (1999, p. 37) nos mostra que: “A
acomodação, por parte dos pais, a este tipo de comportamento, faz com que não percebam o quanto este
se desvia do padrão tolerável”.
É de consenso que a genética seja o fator de maior contribuição para a hiperatividade. Além
disso, crianças com lesões orgânicas também podem apresentar esse transtorno. Outros fatores também
podem influir no quadro:

Conflitos psicossociais, pelas respostas dos pais, professores e amigos para a


hiperatividade de uma criança, podem influir no prognóstico. Pais que respondem com
críticas, frieza, distanciamento e falta de envolvimento podem aumentar a chance dos
filhos se tornarem desafiantes, agressivos e antissociais. A marginalização, na escola,
no clube ou no condomínio, pode facilitar o abuso de substâncias, e crianças e
adolescentes se tornarem vítimas de narcotraficantes (GRUSPUN, 1999, p. 43).

Para Goldstein (1998), o futuro parece ser promissor, uma vez que a sociedade apresenta
crescente conscientização e compreensão em relação ao impacto significativo que os sintomas do TDAH
têm sobre as pessoas e suas famílias. Mas, infelizmente, inúmeras escolas ainda não sabem lidar com o
aluno hiperativo e, por isso, eles tendem a regredir em seu rendimento escolar:

Os pacientes que não apresentam dificuldades no aprendizado conseguem executar as


tarefas de modo rápido e eficiente, mas como terminam antes que os outros, ficam a
atrapalhar o trabalho dos colegas por conta da hiperatividade. Esse comportamento
causa insatisfação ao grupo, que passa a reclamar e a interferência do professor, ao
chamar a atenção do aluno, tem como objetivo primordial o de manter a classe
organizada, provocando uma reação agressiva por parte do aluno, além de acentuar a
hiperatividade. (TOPAZEWSKI, 1999, p. 57).

Diante disso, Fontes (2016) apresenta algumas dicas para que os professores lidem mais
adequadamente com alunos hiperativos:
● Evite colocar os alunos nos cantos da sala, onde a reverberação do som é maior. Eles devem
ficar nas primeiras carteiras das fileiras do centro da classe, e de costas para ela;
● Faça com que a rotina na classe seja clara e previsível, crianças com TDAH têm dificuldade de
se ajustar a mudanças de rotina;
● Afaste-as de portas e janelas para evitar que se distraiam com outros estímulos;
● Deixe-as perto de fontes de luz para que possam enxergar bem;
● Não fale de costas, mantenha sempre o contato visual;
● Intercale atividades de alto e baixo interesse durante o dia, em vez de concentrar o mesmo tipo
de tarefa em um só período;
● Repita ordens e instruções; faça frases curtas e peça ao aluno para repeti-las, certificando-se de
que ele entendeu;
● Permita movimento na sala de aula. Peça à criança para buscar materiais, apagar o quadro,
recolher trabalhos. Assim ela pode sair da sala quando estiver mais agitada e recuperar o
autocontrole;

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● Esteja sempre em contato com os pais: anote no caderno do aluno as tarefas escolares, mande
bilhetes diários ou semanais e peça aos responsáveis que leiam as anotações;
● O aluno deve ter reforços positivos quando for bem-sucedido. Isso ajuda a elevar sua autoestima.
Procure elogiar ou incentivar o que aquele aluno tem de bom e valioso;
● Coloque a criança perto de colegas que não o provoquem, perto da mesa do professor na parte
de fora do grupo;
● Proporcione um ambiente acolhedor, demonstrando calor e contato físico de maneira
equilibrada e, se possível, fazer os colegas também terem a mesma atitude;
● Nunca provoque constrangimento ou menospreze o aluno;
● Proporcione trabalho de aprendizagem em grupos pequenos e favoreça oportunidades sociais.
Grande parte das crianças com TDAH consegue melhores resultados acadêmicos,
comportamentais e sociais quando no meio de grupos pequenos;
● Adapte suas expectativas quanto à criança, levando em consideração as deficiências e
inabilidades decorrentes do TDAH. Por exemplo: se o aluno tem um tempo de atenção muito
curto, não espere que se concentre em apenas uma tarefa durante todo o período da aula;
● Proporcione exercícios de consciência e treinamento dos hábitos sociais da comunidade.
Avaliação frequente sobre o impacto do comportamento da criança sobre ela mesma e sobre os
outros ajuda bastante.
● Coloque limites claros e objetivos; tenha uma atitude disciplinar equilibrada e proporcione
avaliação frequente, com sugestões concretas e que ajudem a desenvolver um comportamento
adequado;
● Desenvolva um repertório de atividades físicas para a turma toda, como exercícios de
alongamento ou isométricos;
● Repare se a criança se isola durante situações recreativas barulhentas. Isso pode ser um sinal de
dificuldades: de coordenação ou audição, que exigem uma intervenção adicional.
● Desenvolva métodos variados utilizando apelos sensoriais diferentes (som, visão, tato) para ser
bem sucedido ao ensinar uma criança com TDAH. No entanto, quando as novas experiências
envolvem uma miríade de sensações (sons múltiplos, movimentos, emoções ou cores), esse
aluno provavelmente precisará de tempo extra para completar sua tarefa.
● Permaneça em comunicação constante com o psicólogo ou coordenador da escola. Ele é a
melhor ligação entre a escola, os pais e o médico.

Ao se tratar o paciente hiperativo, é notada marcante melhoria no seu rendimento escolar. Para
que tais alunos possam ter o mesmo nível de aprendizagem dos demais, sugere-se que os professores
utilizem o maior número de recursos possíveis, pois eles se interessam muito por jogos, multimídia,
esportes e brincadeiras que exigem força e uso de energia.
É importante que a escola utilize uma prática pedagógica compreensiva, acolhedora,
mas que não deixe de estabelecer os limites necessários à educação desses alunos em relação a
suas condutas atípicas. O que não pode acontecer é uma rotulação e discriminação, que não
ajudará de nenhuma forma os portadores de TDAH.

3.2 FAMÍLIA E ESCOLA: O CONFLITO ENTRE AS DUAS INSTITUIÇÕES

Considerando as relações existentes entre família e escola, no que concerne à educação dos
alunos, alguns pais transferem a responsabilidade da educação de seus filhos unicamente para a escola.
Quando esta reclama do mau comportamento ou da indisciplina de certos estudantes, boa parte dos pais
devolve à escola a função de correção do desvio (TIBA, 2002). Nesse caso, fica difícil um acordo entre
essas duas instituições, sobretudo quando se refere a alunos portadores de alguma característica que os
diferencia dos demais, como a hiperatividade.
Os pais, geralmente, estão sobrecarregados pelo trabalho (MACHADO, 2013). Usando esse
argumento, deixam os filhos fazerem tudo que querem, sem nenhuma cobrança, quando na realidade
seu papel seria propor limites, não abrindo mão de sua responsabilidade na educação dos mesmos.
Para Tiba (1996. p. 170-171):

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Em caso de mau comportamento, não cabe ao professor tratar o aluno com base em
sua visão pessoal do caso, pois, além de estar abandonando sua função de dar aula,
acabará invadindo uma área para o qual não foi preparado. Assim sendo, ele deve
avisar à direção da escola, que se encarrega de chamar os pais e, com eles, discutir
formas de disciplinar aquele aluno/filho.

Se a família não colabora na educação dos seus filhos, o aluno percebe essa condescendência
dos pais e se aproveita disso para o não cumprimento das regras. Sendo assim, família e escola acabam
funcionando como um casal que não se entende para chegar a um acordo quanto à educação das crianças.
Nesse caso, o filho irá se aproveitar desse conflito escola/família da mesma forma em que acaba tirando
algum lucro quando há divergências entre pai e mãe.
Assim como nos casos de indisciplina, em relação aos alunos portadores de hiperatividade é
fundamental o diálogo entre família e escola. Alunos hiperativos, principalmente, precisam da atenção
das duas instituições, bem como de especialistas, que lidem com suas diferenças. Ao tomar
conhecimento das dificuldades que ocorrem numa família com membros portadores de TDAH, é
provável que os professores comecem a entender a atitude dos pais, da mesma forma que os pais podem
se sensibilizar com a situação dos professores se souberem das reais dificuldades que seus filhos
encontram na escola.

Apesar de serem os pais os responsáveis pela saúde física e mental dos filhos, bem
como pelo seu bem-estar social, a escola e os educadores não devem eximir-se da
responsabilidade que assumem com a família do aluno no tocante à observação,
detecção de distúrbios e orientação no encaminhamento dos mesmos (JOSÉ;
COELHO, 2008. p. 206).

Se os pais são conscientes de que seu filho requer cuidados diferenciados, devido ao TDAH,
precisam verificar se a direção da escola e os professores têm algum conhecimento sobre o mesmo, ou
se pelo menos a equipe pedagógica está disposta a ajudar seus filhos da maneira mais adequada.
Além disso, a comunicação frequente entre a escola e a família é extremamente
importante para garantir um bom relacionamento entre ambas e, por conseguinte, favorecer a
troca de experiências relevantes nos momentos mais difíceis. Mas essa comunicação deve ser
usada com bom senso, muito mais para buscar a cooperação do que para cobrança ou rivalidade.

3.3 FAMÍLIA E ESCOLA NO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA HIPERATIVA

Geralmente são os professores que percebem mais facilmente sinais de hiperatividade,


pois eles notam quando um aluno demonstra problemas de atenção, aprendizagem,
comportamentos ou aspectos emocionais/afetivos e sociais.
“Dentro da escola é o professor que, pelo contato direto, tem as melhores oportunidades de
observar as condições de seus alunos e de tomar providências junto aos pais e aos órgãos de atendimento
para a solução dos problemas” (JOSÉ; COELHO, 2008. p. 207). Assim, o primeiro passo a ser dado é
tentar verificar o que realmente está acontecendo e conversar com a família para que a escola transmita
suas preocupações e sugira algumas opções para um diagnóstico correto, que inúmeras vezes necessita
de avaliações de profissionais de outras áreas da saúde como, neuropediatra, psicólogo, fonoaudiólogo,
psicopedagogo, entre outros. Contudo, os professores devem ter o cuidado de não diagnosticar, mas
apenas descrever o comportamento e o rendimento do aluno, propondo possíveis estratégias. Gruspun
(1999, p. 39) afirma:

Quando acompanhamos queixas da escola, porque as crianças perturbam o ambiente


ou rendem pouco na classe, a taxa é mais alta; falta de atenção é uma queixa comum
que as escolas fazem sobre seus alunos. Quando os critérios são sobre os casos graves
de hiperatividade e falta de atenção, as taxas são baixas.

Após o relato e diagnóstico do problema, continua sendo necessário um trabalho


multidisciplinar envolvendo pais, professores, terapeutas, que devem fazer um planejamento quanto às

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estratégias e intervenções que serão utilizadas no atendimento a esse aluno portador de TDAH. Por
exemplo: modificação do ambiente, adaptação do currículo, flexibilidade na realização e apresentação
das tarefas, na adequação do tempo das atividades, na administração e acompanhamento do uso de
medicação, se necessário, dentre outros.
A criança, para ser considerada portadora de TDAH, deve apresentar a maioria das seguintes
características:

No playground, a criança hiperativa pode não estar mais ativa do que as outras, mas
o que chama a atenção é que na hora em que se requer silêncio, ela não é capaz de
suprimir a atividade, por exemplo, na sala de aula. A criança com atenção
comprometida não executa uma tarefa inteira, deixa as atividades inacabadas: ler,
desenhar, jogar sozinho ou com um amigo, sempre é interrompido, mudando de uma
ocupação para outra, parecendo perder o interesse em uma mesma tarefa. As crianças
hiperativas são também impulsivas e às vezes agressivas. Agem antes de pensar.
Respondem aos professores, atrapalham os jogos dos outros e se envolvem em
comportamentos perigosos para si e para os outros (GRUSPUN, 1999, p. 40).

Frequentemente associam-se algumas alterações no sono como a agitação, virar-se de um lado


para o outro excessivamente, falar ou gritar dormindo. A melhor maneira de se lidar com o TDAH é,
sem dúvidas, o trabalho em equipe. Este deve envolver tanto abordagens individuais com o aluno
(medicação, acompanhamento terapêutico, uso de terapias específicas, técnicas pedagógicas
adequadas), e também estratégias para se lidar com as pessoas que convivem com hiperativos, como
pais, professores, entre outros. Dessa forma, busca-se esclarecer as dúvidas destes sobre o assunto, além
de oferecer um treinamento com profissionais especializados.
Para garantir que um aluno portador de TDAH consiga desenvolver seu potencial e exercer sua
cidadania dignamente, é essencial que todas as pessoas envolvidas no processo de formação e de ensino-
aprendizagem, mantenham uma atitude de estreita comunicação e forte colaboração.
Quando o aluno apresenta características de hiperatividade e esta não é diagnosticada por
profissionais competentes, consequentemente, não é oferecido o tratamento adequado. Com isso, suas
relações familiares, com os amigos e professores, tendem a piorar cada vez mais. A criança passa a ser
muito criticada por todos os que estão a sua volta, manifestando inúmeros problemas na escola, inclusive
de isolamento, já que os colegas tendem a se afastar.
Na família, é importante que seja estabelecida uma rotina estável para a criança com
hiperatividade. Para evitar o excesso de estímulos e a confusão, os pais devem definir horários
específicos para atividades diárias, como comer e dormir. Outras atitudes são bastante úteis no manejo
com essas crianças (OLIVEIRA, 2007):
- Falar um pouco mais alto, dando ênfase às palavras mais importantes que designem tempo,
espaço e modo, por exemplo: “essa tarefa é para amanhã”.
- Ser breve e evitar dar várias ordens ao mesmo tempo.
- Não solicitar que a criança faça algo gritando de outro cômodo da casa, porque ela não irá
atender.
- Preparar um local de estudo adequado, com horários predeterminados para se realizar as tarefas
escolares.
- É melhor solicitar a criança tarefas pequenas e rápidas, insistindo delicadamente para que seja
concluída, não deixando de agradecer e elogiar.
- Fazer com que a criança participe de projetos de seu interesse, pois isso pode melhorar sua
concentração. O que oferecerá uma ideia de competência, melhorando sua autoestima.
- É muito importante que os pais busquem ajuda de um psicólogo para adquirirem informações
adequadas e apoio, diminuindo, por conseguinte, o sentimento de frustração e de isolamento que pode
atingir a família.
Para Borges (1997), o comportamento agitado da criança, que antes era tolerado pela família,
passa a ser inconcebível quando ela inicia a escolarização, por ser a escola o primeiro espaço estruturado
e com regras de comportamento. A criança hiperativa, apesar da dificuldade de aprendizado, em geral
é muito inteligente, sabe que determinados comportamentos não são aceitáveis, mas apesar do desejo
de agradar e de ser educada, ela não consegue se controlar e assim pode ocorrer a vergonha, o desânimo
e até a depressão.

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Nesse sentido, a escola deve, por exemplo, convidar os pais a observarem a criança na
escola, pois algumas vezes os pais não têm outra oportunidade de observar as diferenças entre
seu filho e as outras crianças. Isso pode ajudá-los a se sensibilizar para o problema da criança,
principalmente se for filho único. O melhor é que os pais verifiquem seu comportamento
durante uma aula e em interação com os colegas.

4 CONCLUSÕES

Há, atualmente, transferência de responsabilidade dos pais para a escola, em relação à educação
dos filhos, sustentada, em sua maioria, no excesso de carga de trabalho.
A dificuldade de convivência e o fracasso escolar, gerados pelo TDAH, podem ser confundidos
com falta de educação e de regras, o que tende a agravar o problema.
A identificação dos sintomas do TDAH deve ser realizada por professores em conjunto com os
pais, mas o diagnóstico cabe unicamente a especialistas competentes na área.
A família, sem a ajuda da escola, pode não conseguir observar os sintomas do TDAH,
especialmente quando se tratam de filhos únicos.
O portador do TDAH precisa ter, na escola, um acompanhamento especial, já que não consegue
conter seus instintos, tumultuando o desenvolvimento de atividades pedagógicas em sala de aula.
O trabalho integrado entre família, escola e especialistas é fundamental para que os portadores
de TDAH possam desenvolver suas atividades de forma compatível com as situações apresentadas,
podendo, no decorrer do tempo, levar uma vida completamente normal e produtiva.

REFERÊNCIAS

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Gestalt-Terapia. Comunicação em Ciências da Saúde, v.19, n.3, p.215-224, 2008. Disponível
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Recebido para publicação: 05 de março de 2016


Aprovado: 10 de junho de 2016

Revista Científica Intelletto Venda Nova do Imigrante, ES, Brasil v.1, n.1, 2016 p.55-63

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