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OPODER NACIONAL

Seus Móveis, Interesses e Aspirações, Realismo e Idealismo Políticos

Prof. Francisco Clementino San Thiago Dantas

24 mar 1953

1 . INTRODUÇÃQ tado Nacional pressupõe a de ou-


tros Estados Nacionais, cujas es-
O Poder Nacional pode ser feras de interesses e de influên-
definido como sendo: cia, ou coincidem convergen-.
A soma dos meios de que temente, ou se desenvolvem pa-
dispõe o Estado Nacional ralelamente com a do Estado
para assegurar, na ordem considerado.
internacional, o preenchi- Na noção de Poder Nacioinal
mento de seus fins. não fazemos entrar, por uma
o preenchimento dos fins de questão de métodos, todos os
um Estado não depende, senão meios de que o Estado dispõe
em parte, dos atos de outros Es- para atingir aos seus fins. Fi-
tados, ou do comportamento que cam excluídos os meios de ação
tenha, em relação a eles, o pró- interna, e incluídos apenas os
prio Estado interessado. Pelo que se empregam na ordem ex-
contrário, é através de atos in- terna ou internacional, isto é, os
ternos de governo, em que são que visam a exercer uma ação
partes o Estado e seus súditos, positiva ou negativa na esfera
que aqueles fins são precipua- de determinações de outro Esta-
mente alcançados, salvo em cir- do.
cunstâncias históricas excepcio- A noção de Poder Nacional
nais, quando se avantaja a in- está, .pois, intimamente ligada à
fluência do fator internacional. técnica das relações exteriores
Não há, porém, Estado cujos de um Estado. Isso não signifi-
fins possam ser alcançados sem ca que instrumentos do Poder
a consideração da influência Nacional operem exclusivamente
atual ou eventual dos fatores ex- no campo da ação diplomática
ternos. Esse isolamento absoluto ou militar. Eles podem, pelo con-
é impossível, mesmo teoricamen- trário, operar no campo da ad-
te, já que a existência de um Es- .ministração interna, da vida eco-

Revista da Escola Superi.or de Guerra - N9 1 - Vol. I - Dez. /83 21


OPODER NACIONAL
Seus Fundamentos Políticos; Instrumentos de Acão
>

Themistocles Brandão Cavalcanti

26 mar 1953

Esta conferência é uma das São as questões que tentare-


que integram uma série, cada mos examinar, sempre tendo em
qual constituindo uma fase da- vista a posição relativa do nosso
quilo que se denomina o poder assunto em função do problema
nacional. total.
O poder militar, o poder eco- O tema esta1ia a exigir, des-
nômico, o poder político, as for- de logo, uma definição do que se
ças materiais, físicas e psicológi- deva entender por poder político,
cas, são outros tantos elementos diferenciando-o dos demais po
que se reúnem para manter a deres que atuam sobre a vida so-
riqueza e a existência do Estado. cial e que, segundo alguns, nada
O poder nacional é, assim, mais são senão o desdobramen-
uma resultante de forças dirigi- to desse poder, o maior de to-
das no sentido comum. dos, porque reúne todos os atri-
Não nos deteremos, por isso butos da soberania popular, se
mesmo, na análise do problema não exercida diretamente, pelo
total, senão no aspecto peculiar menos por intermédio dos órgãos
que nos interessa, o poder políti- próprios, ou delegados.
co, embora de todos os aspectos Seria, portanto, lícito indagar
diferentes, seja a nosso ver, o desde logo se esse poder político
de maior importância. pode ser diluído,. assumindo ex-
Referimo-nos assiin ao poder pressões variadas ou se esta ma-
político, como um dos fundamen- nifestação do poder soberano de-
tos do poder nacional. ve reduzir-se a um único em suas
Qual o seu conteúdo filosófi- origens e nos seus fundamentos.
co e doutrinário, quais as suas Será possível separar o poder
realizações práticas, qual a sua político do poder econômico? O
estrutura constitucional e admi- poder político do poder militar
nistrativa, qual a sua posição em OlJ. de qualquer outro poder ou
face dos outros poderes que in- se essa discriminação constitui-
tegram o poder nacional rá uma fonte de lutas e de difi-
OPODER NACIONAL
Seus Fundamentos Econômicos
Roberto de Oliveira Campos

30 mar 1953

1. INTRODUÇÃO tos de escolha e ação racional


ao serviço do qual podem ser or~
Lançando mão do velho mas denados me~os econômicos.
sempre útil ferramental escolás· Ê economicamente concebível
tico de raciocínio, interpretarei uma economia do poder, ordena-
este ciclo de cursos como tendo da para a segurança: assim era
por objeto material a doutrina Esparta. Mas é também concebí-
de segurança nacional e como vel uma economia do bem-estar
objeto formal a visão prismática ordenada para o consumo: assirr{
que dela possam ter o militar, o era Atenas. Pois a ciência econô-
jurista, o geógrafo e o economis· mica é essencialmente uma dis-
ta. ciplina de meios e não uma dou-
A mim, membro da atribula- trina de fins.
da fraternidade dos· economistas, Se o poder nacional é prefi-
que, segundo as más línguas, xado como meta de ação social
procura explicar ·a miséria com então a segurança nacional pas~
auxílio da geometria, cabe a in- sa a ser parte essencial da orde-
grata tarefa de enfocar o objeto nação da atividade econômica
. que o poder é essencialmen-'
pois
material da doutrina de seguran-
ça nacional à luz do objeto for- te relativo e o conflito está na
mal da ciência econômica. essência mesma da busca do po-
Começarei dizendo que para der. Se, entretanto, o bem-estar
a política, assim como para o é prefixado como objetivo da
militar, e quiçá mesmo para o ação econômica, o conceito de se-
jurista, o poder nacional é uma gurança nacional é de validade
categoria intuitiva; a busca do menos intuitiva, pois, ao passo
poder um postulado existencial; que o conceito do poder é essen-
a segurança, uma preocupação cialmente competitivo, o do bem-
instintiva da sociedade. Para o estar é cooperativo.
economista, entretanto, o poder As distinções conceituais re-
é apenas um dos possíveis obje· feridas podem parecer abstratas

Revista da Escola Superior de Guerra - Nç 1 - Vol. J - Dez. / 83 55


OPODER NACIONAL
Seus Fundamentos Psico-Sociais; Instrumentos de Acão
>

A. Carneiro Leão

27 mar 1953

1. INTRODUÇÃO - não serão bem resolvidos senão


por meio de valores ideais. To-
Nada se impõe de maneira da força temporal se tem de
mais flagrante, no Brasil, que a apoiar em força espiritual. se se
preocupação da segurança n~­ afastam desse princípio as na-
cional. É ela nosso problema nu- ções perdem a ·segurança, mes- .
mero um, cuja solução é das mo quando florescentes e pode-
mais complexas e para a qual o rosas. Não nos esqueçamos dos
país inteiro é chamado a cola- apogeus , eles possuem suas fra-
borar de corpo e alma. As reper- quezas e sua melancolia, porque
cussões da situação internacio- anunciam o declínio. Temos vis-
nal atingem cada vez mais a vt- to como os grandes séculos pre-
da interior das nações. Vivemos . cederam a decadência. E é re-
numa época de tensão e incerte- gra sem exceção. Nos tempos fa-
zas sem precedentes. O amanhã moso~ da história, ricos de arte,
é inquietante e nos sentimos for- de saber, de prosperidade mate-
çados a concordar em que as cri- rial, os desregramentos de cos-
ses na esfera política mundial tumes, precipitando o desaba-
a que assistimos, há quase meio mento das energias do povo, pro-
século, não fazem senão crescer vocaram terríveis calamidades
e agravar-se. Todas as boas-von- públicas. E a história se repete
tades, todas as energias devem impiedosamente, porque são os
procurar aclarar os horizontes. · homens que a realizam. Não nos
As bases, sem as quais fra- olvidemos porém: cada momento
cassariam os melhores progra- hjstórico possui seus grupos so-
mas, elaborados por aqueles que ciais, com características pró-
presidem aos destinos de um po- prias, jungidos aos elementos que
vo, são a saúde do corpo e do os cercam e os conduzem, às for-
espírito. ças espirituais que os singulari-
Os problemas, em aparência zam e definem. Se ficarmos aten-
os mais materiais: - trabalho tos às qualidades típicas que nos
mecânico, produção, economia caracterizam e procurarmos agir,

"'
OPODER NAGIONAL
Seus Fundamentos Militares; Instrumentos de Acãn
)

Canrobert Pereira da Costa

1 abr 53

CAP1TULO I Parece que, neste particular,


se confirma a sentença contista:
"O homem se· agita e a humani-
INTRODUÇÃO dade o conduz."
A medida dos tempos, a guer-
A guerra é uma penosa ra se vai tornando cada vez mais
contingência que emana da pró- complexa pela multiplicidade e
pria imperfeição da humanida- eficiência crescente dos instru-
de. Em todos os tempos, levados mentos de morte e de destruição,
pelos seus anseios de progresso, e isto porque, .após cada conflito,
suas aspirações de domínio e a par das duras perdas advin-
suas intransigências políticas ou das, surgem novo.s implementos
religiosas, os povos se envolve- técnicos e assim também novos
ram em conflitos armados. Ino- horizontes políticos e sociais que
perantes têm sido até hoje todas contêm, apesar de todos os es-
as soluções apresentadas pelos forços, os germes de futuras lu-
homens de boa vontade para im- tas.
pedir ou dificultar ·o flagelo das Ao término da guerra 1914/
guerras: limitações e paridade de 1918, estimulados por ela pró-
armamentos, organizações inter- pria, os aperfeiçoamentos indus-
nacionais como a Liga das Na- triais possibilitaram uma explo-
ções e, modernamente, a ONU, ração maior e mais generalizada
tudo tem resultado inútil no ele- no campo da técnica, de forma
vado sentimento de propiciar a que fosse permitida, na 2~ Gran"'.
tão almejada paz universal, an- de Guerra, pelo menos, o equilí-
seio de cada um individualmen~ brio inicial nos campos de bata-
.te, mas cuja conquista vem sen- lha, rompido, no entanto, desde
do, no entanto, impossibilitada logo, .em benefício daqueles que
pelo choque das aspirações anta- melhor compreenderam o valor
gônicas dos agrupamentos hu- da técnica, sobretudo pela explo-
manos. ração:

92 Revista da Escola Superior de Guerra - N9 1 - Vol. 1 - Dez./83

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