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Sumário
LEI DE TORTURA ................................................................................................................... 4

1. PONTOS HISTÓRICOS .......................................................................................................... 4

1.1 Tortura no Brasil .............................................................................................................. 4

2. TRATADOS INTERNACIONAIS RATIFICADOS PELO BRASIL ..................................................... 6

3. AÇÃO PENAL E COMPETÊNCIA .............................................................................................. 6

4. TORTURA ............................................................................................................................. 7

5. TIPOS PENAIS NA LEI DE TORTURA ...................................................................................... 8

5.1 Tipo Penal Básico (art. 1º, I) ............................................................................................ 8

5.2 Segunda Figura Delituosa (art. 1º, II) ..............................................................................10

5.3 Terceira Figurada Delituosa (art. 1º, § 1º) .......................................................................11

5.4 Quarta Figura Delituosa (art. 1º, § 2º) .............................................................................11

5.5 Circunstâncias Qualificadoras e de Aumento de Pena (art. 1º, § 3º e § 4º) ........................12

6. CONDENAÇÃO E CUMPRIMENTO DE PENA ............................................................................14

6.1 Efeitos da Condenação ....................................................................................................14

6.2 Anistia, Graça e Indulto ...................................................................................................14

6.3 Livramento Condicional ...................................................................................................14

6.4 Regime de Cumprimento de Pena ....................................................................................14

6.5 Princípio da Extraterritorialidade ......................................................................................15

6.6 Prisão Temporária ..........................................................................................................15

LEI ANTITERRORISMO ........................................................................................................16

Lei 13.260/2016 ......................................................................................................................16

1. DIREITO INTERNACIONAL ................................................................................................16

2. CONCEITO DE TERRORISMO ............................................................................................16

3. TERRORISTA SOLITÁRIO: ................................................................................................17

4. ELEMENTOS CARACTERIZADORES DO TERRORISMO: ........................................................17

4.1 Atos de Violência ............................................................................................................17

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4.2 Elemento Teleológico ......................................................................................................18

4.3 Elemento Teatral ............................................................................................................18

4.4 Elemento de Ausência de Arrependimento ou culpa ..........................................................18

5. TERRORISMO NACIONAL E INTERNACIONAL .....................................................................18

6. CRIME HEDIONDO ...........................................................................................................18

7. ATOS DE TERRORISMO ....................................................................................................19

8. CUMULAÇÃO DE PENAS ....................................................................................................20

9. CAUSA DE ATIPICIDADE FORMAL .....................................................................................21

10. ORGANIZAÇÃO TERRORISTA ........................................................................................21

11. ATOS PREPARATÓRIOS ................................................................................................21

12. FINANCIAMENTO DO TERRORISMO ..............................................................................22

13. DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA E ARREPENDIMENTO POSTERIOR .......................................23

14. COMPETÊNCIA E ATRIBUIÇÃO: .....................................................................................23

15. MEDIDAS ASSECURATÓRIAS .........................................................................................23

16. ADMINISTRADOR JUDICIAL ..........................................................................................24

17. APLICAÇÃO DE OUTRAS LEGISLAÇÕES ..........................................................................25

18. PRISÃO TEMPORÁRIA ...................................................................................................25

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LEI DE TORTURA

1. PONTOS HISTÓRICOS

Até a 2ª Guerra Mundial, a tortura não mereceu atenção dos países em geral. Foi só após
1945 que ela passou a ser vista pelo mundo, por ter sido muito utilizada durante a guerra. Assim,
surgiram inúmeros tratados visando coibir a tortura.
No Brasil, segundo historiadores, a ditadura se valeu deste “instrumento/subterfúgio”, pois
o crime de tortura não era tipificado.

1.1 Tortura no Brasil

• Na Constituição Federal

Art. 5º
III - Ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou
degradante.

XLIII - A lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a


prática de tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e
os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os
executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem.
Obs.: norma de eficácia limitada. Necessita de atuação do legislador
infraconstitucional para que a norma produza efeitos.

XLIX - É assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral.

Existe Direito Fundamental absoluto?


A regra é que não existe. Porém, há exceções. Para alguns, a vedação a tortura, a
proibição do trabalho escravo e a não extradição de brasileiro nato são direitos
fundamentais absolutos.

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• Estatuto da Criança e do Adolescente

Estatuto da Criança e do Adolescente, em seu artigo 233, tipificou o crime de tortura, mas
somente em relação a criança (menor de 12 anos) e ao adolescente (12 a 18 anos), in verbis:

Submeter criança ou adolescente sob sua autoridade, guarda ou vigilância


a tortura.
Pena: reclusão de um a cinco anos.
§1º - se resultar lesão corporal grave.
Pena: reclusão de dois a oito anos
§2º - se resultar lesão corporal gravíssima.
Pena: reclusão de quatro a doze anos
§3º - se resultar morte.
Pena: pena de quinze a trinta anos.

A Doutrina criticou o presente dispositivo, pois o mesmo é vago (não descreve


uma conduta), o que fere o princípio da legalidade. O STF, no entanto, julgou
constitucional o dispositivo, pois o delito de tortura comporta múltiplas formas
de execução. Ainda assim, o artigo foi revogado pela Lei nº 9.455/97.

• Crimes Hediondos

O art. 2º da Lei nº 8.072/90 dispõe que os crimes hediondos e a prática de tortura são
insuscetíveis de anistia, graça ou indulto, bem como de fiança. Determinou, ainda, que o regime
inicial para esses crimes será o fechado.
A prisão temporária, nesses casos, é de 30 dias, que podem ser prorrogados por igual
período (em caso de extrema e comprovada necessidade).

Tortura é Crime Hediondo?


Não. Trata-se de crime equiparado ao hediondo. Porém,
há uma exceção: a omissão na tortura é o único delito
que não é considerado equiparado.

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• Lei de Tortura

Em 1997, em razão do princípio da Legalidade e da Reserva Legal (Inciso XXXIX, do art. 5º


da CF, bem como o art. 1º do CP), foi publicada a lei nº 9.455/97, que definiu os crimes de tortura
e é objeto de nosso estudo.

2. TRATADOS INTERNACIONAIS RATIFICADOS PELO BRASIL

Declaração Universal dos Direitos Humanos - 1948

• Art. 5 - Ninguém será submetido a tortura, nem a tratamento ou castigo cruel, desumano ou
degradante.
Convenção contra Tortura e outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou
Degradantes - 1984

• Art. 2 - Cada Estado-Parte tomará medidas eficazes de caráter legislativo, administrativo, judicial ou
de outra natureza, a fim de impedir a prática de atos de tortura em qualquer parte do território sob
sua jurisdição.
• Art. 4 - Cada Estado-Parte assegurará que todos os atos de tortura sejam considerados crimes
segundo a sua legislação penal.

Convenção Interamericana para Prevenir e Punir a Tortura - 1985

• Art. 1 - Os Estados-Parte obrigam-se a prevenir e a punir a tortura, nos termos desta Convenção.

Pacto de São José da Costa Rica - 1969 (ratificado pelo Brasil apenas em 25/09/1992)

• Art. 5, n. 2 - Ninguém deve ser submetido a tortura, nem a penas ou tratos cruéis, desumanos ou
degradantes. Toda pessoa privada de liberdade deve ser tratada com o respeito devido a dignidade
inerente ao ser humano.

3. AÇÃO PENAL E COMPETÊNCIA

A Ação Penal nos casos de crime de tortura será Pública Incondicionada, e seu titular será o
Ministério Público Estadual ou Federal. Não há necessidade de nenhuma autorização/condição para
que o parquet possa ingressar com a Ação Penal.

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Exceção: será permitida ação penal privada nos crimes de ação pública, se esta não for
intentada no prazo legal (art. 5º, LIX, CF).

A respeito da competência, esta será da Justiça Comum Ordinária, pois trata-se o crime de
tortura de crime comum, ou seja, o julgamento se dará na Justiça Estadual ou Federal (art. 109 da
CF).
Cuidado! Com o advento da Lei nº 13.491/17 – que alterou o CPM – a JMU e a JME
passaram a julgar crimes de tortura.

4. TORTURA

A Lei nº 9.455/97 não trouxe o conceito de tortura, apenas a forma como se constitui o
crime. No entanto, podemos utilizar a definição de Plácido e Silva, em seu Vocabulário Jurídico, Vol.
IV:

É o sofrimento ou dor provocada por maus tratos físicos ou morais. É o ato


desumano que atenta à dignidade humana.
Torturar a vítima é submetê-la a um tratamento desnecessário, é tornar
mias angustiante um sofrimento.

Ainda, a Convenção contra a Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou


Degradantes, dispõe:

Qualquer ato pelo qual dores ou sofrimentos agudos, físicos ou mentais,


são infligidos intencionalmente a uma pessoa a fim de obter, dela ou de
terceira pessoa, informações ou confissões; de castigá-la por ato que ela
ou terceira pessoa tenha cometido ou seja suspeita de Ter cometido; de
intimidar ou coagir esta pessoa ou outras pessoas; ou por qualquer motivo
baseado em discriminação de qualquer natureza; quando tais dores ou
sofrimentos são infligidos por um funcionário público ou outra pessoa no
exercício de funções públicas, ou por sua instigação, ou com o seu
consentimento ou aquiescência. Não se considerará como tortura as dores
ou sofrimentos que sejam consequência unicamente de sanções legítimas,
ou que sejam inerentes a tais sanções ou delas decorram.

Elemento Subjetivo: em todas as modalidades típicas de tortura, exige-se o dolo, ou seja,


a consciência e a vontade dirigida a realização da conduta.

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A Lei de Tortura pretende tutelar os seguintes bens:
1. Dignidade da pessoa humana – imediata (art. 1º, III, CF);
2. Vida, integridade corporal, mental e liberdade pessoal – mediata;
3. Secundariamente, protege-se também a Administração Pública, quando o crime for cometido
por um de seus agentes.

5. TIPOS PENAIS NA LEI DE TORTURA

5.1 Tipo Penal Básico (art. 1º, I)

“Constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento


físico ou mental.” Constranger significa forçar, coagir, obrigar pela força, compelir ou violentar a
vítima.

Sujeito Ativo Sujeito Passivo

• Pode ser qualquer pessoa. • Pode ser qualquer pessoa.


• Nesse aspecto a legislação brasileira é • Cuidado! Tratando-se de criança,
mais amplica quando comparada com a gestante, portador de deficiência,
Convenção Internacional, vez que a adolescente ou idoso, incide a majorante
última consigna que a prática delitiva de do art. 4º, II, da Lei em análise.
tortura deve ser cometida pelos agentes
estatais.

1. Violência (vis corporalis): aplicação de algum instrumento sobre a vítima (ex.: socos,
pontapés, choques elétricos, asfixia, etc.);
2. Grave Ameaça (vis compulsivo): consiste na promessa do agente em causar na vítima um
mal futuro, verossímil, inevitável, injusto e iminente. Cuidado: a promessa de um mal poderá
recair em pessoa com a qual a vítima tenha uma forte ligação;
3. Intensidade da Violência: nem toda violência é capaz de tipificar a Tortura, pois ela deve
ser de especial relevo. Caso não enseje a tipificação do delito em análise, poderá ser caso de
outros crimes, como constrangimento ilegal (art. 146, CP), por exemplo;
• A comprovação da violência, em especial a física, se dá através do exame pericial (Exame
de Corpo de Delito, seja direto ou indireto). Já a violência mental poderá ser comprovada
pela psicologia forense.

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A consumação do crime se dá com a prática de violência ou de grave ameaça, sendo
desnecessário o atingimento do resultado pretendido pelo agente. Neste caso, se tratará de mero
exaurimento, devendo apenas ser observado quando da aplicação penal (art. 59, CP).

A tentativa é perfeitamente possível, pois o crime é realizado


em vários atos.

• Com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira


pessoa (alínea a, art. 1º, inciso I)

Confissão:
responsabilizar
Declaração: constitui verbalmente alguém
no relato ou descrição pela prática de crime.
Informação: ato de de um fato que, por
informar dados acerca regra, está escrito.
de algo ou alguém.

É também chamada de Tortura Prova.

• Para provocar ação ou omissão de natureza criminosa (alínea b, art. 1º, inciso I)
Também chamada de Tortura Crime. Emprega-se a tortura na vítima para que cometa outro
crime. Ex.: constrange alguém, mediante violência ou grave ameaça, a cometer um crime de estupro.

Cuidado! O agente que provocou a tortura para que outra pessoa cometa o crime, responderá
pelo crime de tortura + o crime cometido pelo torturado. Isso porque a vítima da tortura agiu com
a excludente de culpabilidade prevista no art. 22, CP (coação moral irresistível).

Se a vítima da tortura for obrigada a praticar uma contravenção penal, não haverá, segundo
a doutrina majoritária, o crime de tortura efetivamente, pois o tipo penal refere-se a “natureza
criminosa”. O que ocorre, no caso, é a prática de constrangimento ilegal ou lesão corporal (a
depender do caso concreto). Se aceitássemos a prática de contravenção para tipificar o delito de

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tortura, estaríamos fazendo uma analogia in malam parten, o que é vedado em nosso
ordenamento.

• Em razão de discriminação racial ou religiosa (alínea c, art. 1º, inciso I)


Chamada também de Tortura Discriminatória ou Tortura Racismo. O tipo penal cita apenas
discriminação racial ou religiosa, mas e quando for, por exemplo, contra homossexuais? Vai depender
do caso concreto. A doutrina sustenta que poderá ser caso de lesão corporal, constrangimento ilegal,
mas jamais de tortura, uma vez que essa também seria uma analogia in malam partem.

5.2 Segunda Figura Delituosa (art. 1º, II)

“Submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou
grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou
medida de caráter preventivo.” Chama-se de Tortura Castigo e consuma-se com a conduta do agente
de expor pessoa sob sua guarda, poder ou autoridade. Não se admite a tentativa nesses casos.
Trata-se de um crime bi-próprio (aquele que exige uma qualidade especial do sujeito ativo,
ou seja: pai, tutor, curador, enfermeiro, médico, policial, etc.). O sujeito passivo é a pessoa que se
encontra sob sua guarda ou autoridade.
Ocorrendo intenso sofrimento
físico ou mental, o crime será de
maus tratos (art. 136, CP).
Na mesma penalidade irá incorrer aquele que submete pessoa presa ou sujeita a medida de
segurança a sofrimento físico ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não
resultante de medida legal. A pessoa presa é qualquer uma que esteja cumprindo pena definitiva,
prisão temporária ou disciplinar (militares), incluindo, também, o menor infrator internado.
Nesse caso, há uma divergência doutrinária quanto ao sujeito ativo. Fernando Capez afirma
que se trata de crime próprio, ou seja, que somente pode ser praticado por algumas pessoas em
razão de sua função. Nucci e Rogério Sanches, no entanto, defendem que se trata de crime comum.

Art. 38, CP - O preso conserva todos os direitos não atingidos pela perda
de liberdade, impondo-se a todas as autoridades o respeito à sua
Direitos do integridade física e moral.
Preso
Art. 5º, XLIX, CF - É assegurado aos presos o respeito à integridade
física e moral.

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5.3 Terceira Figurada Delituosa (art. 1º, § 1º)

Incorrerá nas penas do crime de tortura aquele que submeter pessoa presa ou sujeita a
medida de segurança a sofrimento físico ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto
em Lei ou não resultante de medida legal.

Não é violência ou grave ameaça. É a prática de


Meio de Execução ato não previsto em lei ou regulamento. Segundo
o STJ, não se exige dolo específico.

Exemplos:
• Deixar o preso em cela insalubre, escura;
• Menina de 14 anos, menor infratora, colocada em cela com homens adultos (como este caso
não tem finalidade específica, se enquadra aqui);

Por qual delito responde o agente que causa vexame ou constrangimento ao preso, sem
acarretar sofrimento físico ou mental?
a) Se a vítima for um adulto, o agente responderá pelo delito de abuso de autoridade, nos
termos do art. 4º, “b”, da Lei nº 4.898/65;
b) Se a vítima for uma criança, o crime será do art. 234 do ECA.

5.4 Quarta Figura Delituosa (art. 1º, § 2º)

A pessoa que se omitir diante das condutas tipificadas na Lei de Tortura, quando tinha o
dever de evita-las (omissão imprópria) ou apura-las (omissão própria), incorre na pena de detenção
de 1 a 4 anos. Trata-se de um crime próprio.
Além disso, a Constituição Federal, em seu art. 5º, dispõe:

XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou


anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins,
o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo
os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem;

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Adota-se a Teoria Pluralista. Pelo Código Penal, em seu art. 29, os coautores e os partícipes
respondem pelas mesmas penas dos executores. Neste caso não, pois quis a Lei que aquele que
pode evitar e não evita, ou quem deva apurar e não apura, não irá responder pelo delito de tortura,
mas sim como no incurso do § 2º em estudo. Exemplo: policial que observa colegas torturarem para
obter confissão e nada faz, quando deveria fazer, responderá pelo § 2º, e não pelo crime de Tortura.
A consumação se dá, portanto, com a inação do superior em não evitar ou não apurar. Não
se admite, nesses casos, a tentativa.

O que se entende por apuração dos fatos? De ser vista


em sentido lato. Ex.: sindicância, processo administrativo,
inquérito policial, inquérito policial militar, etc.

• Omissão e Prevaricação
Pelo princípio da especialidade, o agente público que deixar de apurar a conduta de um
subordinado não incidirá nas penas do crime de prevaricação, mas sim por omissão em crime de
tortura.

Observação Observação 2 Observação 3

• Existe corrente minoritária • Não haverá a incidência da •A doutrina admite a


sustentando que esse majorante descrita no art. suspensão do condicional do
dispositivo, no tocante a 1º, § 4º , I, da Lei 9.455/97 Processo (art. 89 da Lei
omissão imprópria, é (crime cometido por agente 9.099/95), pois a pena
inconstitucional, pois fere o público) sob de caracterizar mínima é de um ano.
art. 5º, XLIII, da CF, que o indevido bis in idem, • Segundo eles, não se trata
equipara o agente omisso a isto é, um fato penal sendo de um delito de tortura, mas
torturadores. valorado por duas vezes. sim um delito previsto na lei
• A corrente que prevalece é de tortura.
a que estudamos - exceção
legal a Teoria Monista.

5.5 Circunstâncias Qualificadoras e de Aumento de Pena (art. 1º, § 3º e § 4º)

O crime será qualificado se a tortura resultar em lesão corporal de natureza grave ou


gravíssima ou se houver a morte da vítima. No caso das lesões corporais, a pena será de reclusão
de 4 a 10 anos. Já no caso da morte, a reclusão será de 8 a 16 anos.

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O resultado morte é preterdoloso (dolo no antecedente – tortura – e culpa no consequente
– morte).
Se o agente deseja o resultado morte e para isso lança mão da tortura, o crime será de
homicídio qualificado pela tortura.
Outra situação é quando o agente, após tortura a vítima, decide mata-la. Neste caso,
responderá ele por tortura em concurso material com o homicídio ( progressão criminosa).

A pena será aumenta de 1/6 até 1/3 se:


a) O crime é cometido por agente público;
b) O crime é cometido contra criança (até 12 anos), gestante, portador de deficiência,
adolescente (12 a 18 anos) ou maior de 60 anos;
c) Se o crime é cometido mediante sequestro.

• Crime cometido por agente público


Prevalece o conceito mesmo aplicado aos funcionários públicos (art. 327, CP);
“Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora
transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública.”

• Crime cometido contra criança, adolescente, gestante, etc.


Em todos os casos, o agente deve saber da qualidade de vítima, ou seja, deve ter ciência da
situação.
Cuidado! Pelo Estatuto do Idoso, considera-se idoso a pessoa com 60 anos ou
mais. A Lei de Tortura resolveu apenas proteger quem tem mais de 60 anos.

• Sequestro
É o ato de privação da liberdade de locomoção da vítima, independentemente de sua
finalidade. Quando houver sofrimento físico ou mental, ou a submissão da vítima tiver sido para
obter confissão, declaração ou informação incidirá esta causa de aumento de pena.
Cuidado! Caso haja privação da liberdade com o objetivo de cobrar resgate (extorsão), neste
caso haverá concurso entre tortura e sequestro.

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6. CONDENAÇÃO E CUMPRIMENTO DE PENA
6.1 Efeitos da Condenação

A condenação pelos crimes da Lei de Tortura acarretará a perda do cargo, da função ou do


emprego público, além da interdição para o seu exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada.
O Código Penal já trata deste tema, em seu art. 92, porém, a Lei nº 9.455/97 quis dispor
também, e de forma mais rígida:
• Sendo condenado, perderá o cargo. Não importa a pena e nem o tempo dela, a condenação
gera a perda do cargo;
• Após o cumprimento da pena, o agente ficará interditado pelo dobro do prazo.

Cuidado! Diferentemente do efeito da condenação previsto no Código Penal, aqui não há


necessidade de manifestação em sentença, pois seus efeitos são automáticos.

6.2 Anistia, Graça e Indulto

O parágrafo 6º dispõe que o crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça ou anistia.


Portanto, para a doutrina majoritária, também não será possível conceder o Indulto a esses crimes,
tendo em vista se tratar de uma espécie de Graça Coletiva.
A liberdade provisória, no entanto, tem sido admitida.

6.3 Livramento Condicional

Poderá ser concedido o livramento condicional nos casos de crime de tortura.

Art. 83, V, CP - cumpridos mais de dois terços da pena, nos casos de


condenação por crime hediondo, prática de tortura, tráfico ilícito de
entorpecentes e drogas afins, tráfico de pessoas e terrorismo, se o
apenado não for reincidente específico em crimes dessa
natureza. (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016)

6.4 Regime de Cumprimento de Pena

Em regra, o condenado por crime previsto na Lei de Tortura, salvo a hipótese do § 2º,
iniciará o cumprimento da pena em regime fechado.

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§ 2º - Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o dever de
evita-las ou apura-las, incorre na pena de detenção de um a quatro anos.

O STF, no entanto, admite o início do cumprimento de pena em outro regime, de acordo


com o HC 286.925/RR.
Ainda, a Lei 11.464/07 possibilitou a progressão de regime nos crimes hediondos e
equiparados (TTT) quando cumpridos 2/5 da pena, se primário, ou 3/5 se reincidente.

6.5 Princípio da Extraterritorialidade

Art. 2º O disposto nesta Lei aplica-se ainda quando o crime não tenha
sido cometido em território nacional, sendo a vítima brasileira ou
encontrando-se o agente em local sob jurisdição brasileira.

Ou seja, há duas possibilidades para a aplicação do Princípio da Extraterritorialidade:


a) Ser a vítima brasileira. É independente o agente ser ou não brasileiro, o que a Lei exige é
que a vítima seja; ou
b) O crime ter sido cometido em local sob jurisdição brasileira. Ex.: navios de guerra,
embarcações mercantes em alto mar, embaixadas brasileiras, etc.

6.6 Prisão Temporária

A regra da prisão temporária é que ela deve durar 5 dias, que poderão ser ou não
prorrogados. No entanto, a Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos) estabelece que, nos casos
em que há o crime de tortura, a prisão temporária será de 30 dias, prorrogável por igual período,
em casos de extrema e comprovada necessidade.

Cuidado! Não é possível a substituição da Pena Privativa de Liberdade por


Restritivas de Direitos nos crimes de tortura, pois o art. 44 do CP exige que o
crime não seja praticado com violência ou grave ameaça.

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LEI ANTITERRORISMO
Lei 13.260/2016

Regulamenta o disposto no inciso XLIII do art. 5º da Constituição Federal, disciplinando o terrorismo,


tratando de disposições investigatórias e processuais e reformulando o conceito de organização
terrorista; e altera as Leis nos 7.960, de 21 de dezembro de 1989, e 12.850, de 2 de agosto de 2013.

Art. 4, VIII, CF: repúdio ao terrorismo e ao racismo;


Art. 5, XLIII: a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da
tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes
hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se
omitirem;

1. DIREITO INTERNACIONAL

O Brasil é signatário de 12 tratados internacionais que visam combater o terrorismo.

No âmbito doméstico não havia norma tipificando tais condutas. Poderia o ato de
terrorismo tipificar outras condutas (homicídio, lesão corporal etc).

Art. 20 da Lei 7.170/83

• Não era aceito por ser muito vago;


• O STF já negou extradição em razão da falta de dupla tipicidade;
• 11 de setembro de 2001.

2. CONCEITO DE TERRORISMO
• Existe um consenso na doutrina nacional e estrangeira quanto a dificuldade de conceituá-lo.
• Nossa legislação, porém, em seu art. 2 trouxe um conceito: (norma penal explicativa)

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Art. 2o. O terrorismo consiste na prática por um ou mais indivíduos dos atos previstos neste
artigo, por razões de xenofobia, discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia e religião, quando
cometidos com a finalidade de provocar terror social ou generalizado, expondo a perigo pessoa,
patrimônio, a paz pública ou a incolumidade pública.

3. TERRORISTA SOLITÁRIO:

A premissa do legislador não foi a


reunião de pessoas para a prática
Figura positivada em nosso de ato de terrorismo, mas sim que
ordenamento. sua prática atinja ou possa atingir
um grande/indeterminado grupo de
pessoas.

Atenção: É possível a exposição de perigo de apenas uma pessoa ou de apenas um patrimônio?


Sim, desde que isso seja capaz de causar terror dirigido a um número indeterminado de pessoas.

4. ELEMENTOS CARACTERIZADORES DO TERRORISMO:


1) Atos de Violência

2) Elemento Teleológico
A doutrina apresenta
quatro elementos
caracterizadores: 3) Elemento Teatral

4) Ausência de Arrependimento ou culpa

4.1 Atos de Violência


• Emprego de violência extrema;
• Homicídios, lesões corporais, sequestros...
• Não possuem ligações com delitos como tráfico de drogas... Crimes contra o patrimônio

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4.2 Elemento Teleológico
• Finalidade que motiva o ataque terrorista;
• Religioso (impor uma religião), político (subversão da ordem constitucional constranger o
Estado (poder público) a fazer ou deixar de fazer alguma coisa), gerar pânico ou medo difuso
etc...
• Muitas vezes esse elemento não é todo claro.

4.3 Elemento Teatral


• Necessidade de atrair a atenção de um expressivo número de pessoas;
• Elemento mais essencial – na ótica dos terroristas;
• Elemento obrigatório
• Ataque de 11 de setembro

4.4 Elemento de Ausência de Arrependimento ou culpa


• Os autores dos ataques não demonstram nenhum arrependimento ou culpa em relação aos
mesmos.
• Muito pelo contrário. Demonstram orgulho pelo ataque.

5. TERRORISMO NACIONAL E INTERNACIONAL

Espaço físico onde o ataque é realizado;

O Nacional tem por


elemento teleológico, Internacional: alvo

como regra, os objetivos pessoas e objetivos de

restritos ao Estado e outro estado.

autores e vítimas
nacionais;

6. CRIME HEDIONDO
O terrorismo é crime equiparado a hediondo e está sujeito as normas penais e processuais
da Lei 8.072/90.

Cuidado: No que conflitarem com as normas desta Lei, em razão do princípio da


especialidade, estas prevalecerão.

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7. ATOS DE TERRORISMO

Art. 2º - § 1o São atos de terrorismo:


I - usar ou ameaçar usar, transportar, guardar, portar ou trazer consigo explosivos, gases tóxicos,
venenos, conteúdos biológicos, químicos, nucleares ou outros meios capazes de causar
danos ou promover destruição em massa;
II – (VETADO);
III - (VETADO);
IV - sabotar o funcionamento ou apoderar-se, com violência, grave ameaça a pessoa ou servindo-
se de mecanismos cibernéticos, do controle total ou parcial, ainda que de modo temporário, de
meio de comunicação ou de transporte, de portos, aeroportos, estações ferroviárias ou
rodoviárias, hospitais, casas de saúde, escolas, estádios esportivos, instalações públicas
ou locais onde funcionem serviços públicos essenciais, instalações de geração ou
transmissão de energia, instalações militares, instalações de exploração, refino e
processamento de petróleo e gás e instituições bancárias e sua rede de atendimento;
V - atentar contra a vida ou a integridade física de pessoa:
Pena - reclusão, de doze a trinta anos, além das sanções correspondentes à ameaça ou à violência.

I - usar ou ameaçar usar, transportar, guardar, portar ou trazer consigo explosivos, gases tóxicos, venenos,
conteúdos biológicos, químicos, nucleares ou outros meios capazes de causar danos ou promover
destruição em massa;

• Crime comum;
• Sujeito ativo é a coletividade;
• Tipo misto alternativo (a prática de mais de uma conduta caracteriza crime único)
• Nos verbos guardar, portar ou trazer consigo ocorrem crimes permanentes;
• Crime de perigo concreto, pois o legislador inseriu no caput do art. 2 a expressão: expondo a perigo
pessoa, patrimônio, a paz pública ou a incolumidade pública. Dessa forma, para a consumação é
necessária a exposição a perigo.

IV - sabotar o funcionamento ou apoderar-se, com violência, grave ameaça a pessoa ou servindo-se de mecanismos
cibernéticos, do controle total ou parcial, ainda que de modo temporário, de meio de comunicação ou de
transporte, de portos, aeroportos, estações ferroviárias ou rodoviárias, hospitais, casas de saúde, escolas,
estádios esportivos, instalações públicas ou locais onde funcionem serviços públicos essenciais,
instalações de geração ou transmissão de energia, instalações militares, instalações de exploração, refino
e processamento de petróleo e gás e instituições bancárias e sua rede de atendimento;

• Crime comum;
• Sujeito ativo é a coletividade;
• Crime de perigo concreto, pois o legislador inseriu no caput do art. 2 a expressão: expondo a perigo
pessoa, patrimônio, a paz pública ou a incolumidade pública. Dessa forma, para a consumação é
necessária a exposição a perigo.
• Consuma-se com a pratica do atos, independente de qualquer resultado anterior.
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V - atentar contra a vida ou a integridade física de pessoa:

• Delito de atentado, pois a tentativa já punida.


• Haverá o esgotamento da figura típica pela tentativa.
• Não é possível a tentativa.

Cuidado: É possível o concurso entre o inciso V e o inciso I? Sim.


O agente traz consigo explosivo (I) e depois coloca em uma estação do metrô (V). Mesmo
que o explosivo não seja detonado responderá pelo inciso (V).

Atenção: Segundo a doutrina não seria possível o


concurso entre os delitos de homicídio e lesão corporal
com o delito do inciso V (atentar contra a vida ou a
integridade física de pessoa), pois se trata de aplicação
do princípio da consunção (crime progressivo). Neste
caso o agente responderá apenas pelos delitos de
homicídio e lesão corporal.

8. CUMULAÇÃO DE PENAS
CUMULAÇÃO DE
PENAS

Para todos os delitos até então estudados o legislador previu, no


preceito secundário, a possibilidade de cumulação de penas: "de
doze a trinta anos, além das sanções correspondentes à ameaça ou
à violência"

Assim, o agente terrorista poderá responder por terrorismo e


lesão corporal, ameaça etc....

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9. CAUSA DE ATIPICIDADE FORMAL

Art. 2º, § 2o O disposto neste artigo não se aplica à conduta individual ou coletiva de pessoas
em manifestações políticas, movimentos sociais, sindicais, religiosos, de classe ou de categoria
profissional, direcionados por propósitos sociais ou reivindicatórios, visando a contestar, criticar,
protestar ou apoiar, com o objetivo de defender direitos, garantias e liberdades constitucionais, sem
prejuízo da tipificação penal contida em lei.
Atenção: poderá a conduta tipificar outro delito (crime de dano, por exemplo).

10. ORGANIZAÇÃO TERRORISTA

Art. 3o Promover, constituir, integrar ou prestar auxílio, pessoalmente ou por interposta pessoa, a
organização terrorista:

Pena - reclusão, de cinco a oito anos, e multa.

Número de agentes: com o a Lei não trouxe o número mínimo bastam duas pessoas.

Necessário, porém, que haja estabilidade e permanência e um especial fim de agir;

Cuidado: no verbo prestar auxílio o agente não integra a organização, mas apenas pratica ato de auxílio a
mesma.

Quando pratica outros atos de terrorismo poderá haver concurso com o delito de organização terrorista.

11. ATOS PREPARATÓRIOS

Art. 5o Realizar atos preparatórios de terrorismo com o propósito inequívoco de consumar


tal delito:
Pena - a correspondente ao delito consumado, diminuída de um quarto até a metade.

§ lo Incorre nas mesmas penas o agente que, com o propósito de praticar atos de terrorismo:
I - recrutar, organizar, transportar ou municiar indivíduos que viajem para país distinto daquele de
sua residência ou nacionalidade; ou
II - fornecer ou receber treinamento em país distinto daquele de sua residência ou nacionalidade.

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§ 2o Nas hipóteses do § 1o, quando a conduta não envolver treinamento ou viagem para país distinto
daquele de sua residência ou nacionalidade, a pena será a correspondente ao delito
consumado, diminuída de metade a dois terços.

• Qualquer ato que possa proporcionar a execução do delito de terrorismo;


• Aqui temos uma antecipação expressa da tutela penal – o Estado intervêm antecipadamente
a consumação do delito;
• Viagem – necessidade efetiva de sua ocorrência;

12. FINANCIAMENTO DO TERRORISMO

Art. 6o. Receber, prover, oferecer, obter, guardar, manter em depósito, solicitar, investir, de
qualquer modo, direta ou indiretamente, recursos, ativos, bens, direitos, valores ou serviços
de qualquer natureza, para o planejamento, a preparação ou a execução dos crimes previstos
nesta Lei.

Art. 6, Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem oferecer ou receber, obtiver, guardar,
mantiver em depósito, solicitar, investir ou de qualquer modo contribuir para a obtenção de
ativo, bem ou recurso financeiro, com a finalidade de financiar, total ou parcialmente,
pessoa, grupo de pessoas, associação, entidade, organização criminosa que tenha como atividade
principal ou secundária, mesmo em caráter eventual, a prática dos crimes previstos nesta Lei.

Causa de Aumento de Pena:

Art. 7o Salvo quando for elementar da prática de qualquer crime previsto nesta Lei, se de algum
deles resultar lesão corporal grave, aumenta-se a pena de um terço, se resultar morte, aumenta-
se a pena da metade.

• Evitou o bis in idem

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13. DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA E ARREPENDIMENTO POSTERIOR

Impossibilidade:

Art. 10. Mesmo antes de iniciada a execução do crime de terrorismo, na hipótese do art.
5o desta Lei, aplicam-se as disposições do art. 15 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de
1940 - Código Penal.

Absolutamente impossível sua aplicação, pois o art. 15 do CP exige que o agente desiste após
o INÍCIO da execução... Assim como aplicar o arrependimento.

14. COMPETÊNCIA E ATRIBUIÇÃO:

Art. 11. Para todos os efeitos legais, considera-se que os crimes previstos nesta Lei são
praticados contra o interesse da União, cabendo à Polícia Federal a investigação criminal, em
sede de inquérito policial, e à Justiça Federal o seu processamento e julgamento, nos termos
do inciso IV do art. 109 da Constituição Federal.

15. MEDIDAS ASSECURATÓRIAS

Art. 12. O juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público ou mediante representação


do delegado de polícia, ouvido o Ministério Público em vinte e quatro horas, havendo indícios
suficientes de crime previsto nesta Lei, poderá decretar, no curso da investigação ou da ação penal,
medidas assecuratórias de bens, direitos ou valores do investigado ou acusado, ou existentes em
nome de interpostas pessoas, que sejam instrumento, produto ou proveito dos crimes previstos
nesta Lei.

§ 1o Proceder-se-á à alienação antecipada para preservação do valor dos bens sempre que
estiverem sujeitos a qualquer grau de deterioração ou depreciação, ou quando houver dificuldade
para sua manutenção.

§ 2o O juiz determinará a liberação, total ou parcial, dos bens, direitos e valores quando comprovada
a licitude de sua origem e destinação, mantendo-se a constrição dos bens, direitos e valores

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necessários e suficientes à reparação dos danos e ao pagamento de prestações pecuniárias, multas
e custas decorrentes da infração penal.
§ 3o Nenhum pedido de liberação será conhecido sem o comparecimento pessoal do acusado
ou de interposta pessoa a que se refere o caput deste artigo, podendo o juiz determinar a prática
de atos necessários à conservação de bens, direitos ou valores, sem prejuízo do disposto no § 1 o.
§ 4o Poderão ser decretadas medidas assecuratórias sobre bens, direitos ou valores para reparação
do dano decorrente da infração penal antecedente ou da prevista nesta Lei ou para pagamento de
prestação pecuniária, multa e custas.

16. ADMINISTRADOR JUDICIAL

Art. 13. Quando as circunstâncias o aconselharem, o juiz, ouvido o Ministério


Público, nomeará pessoa física ou jurídica qualificada para a administração dos
bens, direitos ou valores sujeitos a medidas assecuratórias, mediante termo de
compromisso.

Art. 14. A pessoa responsável pela administração dos bens:


I - fará jus a uma remuneração, fixada pelo juiz, que será satisfeita
preferencialmente com o produto dos bens objeto da administração;
II - prestará, por determinação judicial, informações periódicas da situação dos bens
sob sua administração, bem como explicações e detalhamentos sobre investimentos
e reinvestimentos realizados.

Parágrafo único. Os atos relativos à administração dos bens serão levados ao


conhecimento do Ministério Público, que requererá o que entender cabível.

Art. 15. O juiz determinará, na hipótese de existência de tratado ou convenção


internacional e por solicitação de autoridade estrangeira competente, medidas
assecuratórias sobre bens, direitos ou valores oriundos de crimes descritos nesta Lei
praticados no estrangeiro.
§ 1o Aplica-se o disposto neste artigo, independentemente de tratado ou
convenção internacional, quando houver reciprocidade do governo do país da
autoridade solicitante.

§ 2o Na falta de tratado ou convenção, os bens, direitos ou valores sujeitos a


medidas assecuratórias por solicitação de autoridade estrangeira competente ou os
recursos provenientes da sua alienação serão repartidos entre o Estado requerente e
o Brasil, na proporção de metade, ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de
boa-fé.

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17. APLICAÇÃO DE OUTRAS LEGISLAÇÕES

Art. 16. Aplicam-se as disposições da Lei nº 12.850, de 2 agosto de 2013, para a


investigação, processo e julgamento dos crimes previstos nesta Lei. (alteração introduzidas pelo art.
19 desta lei)
Art. 17. Aplicam-se as disposições da Lei no 8.072, de 25 de julho de 1990, aos crimes previstos
nesta Lei.

18. PRISÃO TEMPORÁRIA

Art. 18. O inciso III do art. 1o da Lei no 7.960, de 21 de dezembro de 1989, passa a vigorar
acrescido da seguinte alínea p:
“Art. lo ......................................................................
...........................................................................................
III - .............................................................................
............................................................................................
p) crimes previstos na Lei de Terrorismo.” (NR)

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