Sie sind auf Seite 1von 31

1

SUMÁRIO

CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA, ECONÔMICA E CONTRA AS RELAÇÕES DE


CONSUMO ........................................................................................................................... 4
1. EVOLUÇÃO LEGISLATIVA DOS CRIMES TRIBUTÁRIOS ..................................................... 4
2. BEM JURÍDICO TUTELADO ............................................................................................ 5
3. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA E CRIMES TRIBUTÁRIOS .............................................. 5
4. VALOR PARA SUA APLICAÇÃO ....................................................................................... 5
5. COMPETÊNCIA CRIMINAL.............................................................................................. 6
6. CONCURSO DE CRIMES/IMPUTAÇÃO NOS CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA .......... 7
7. FISCALIZAÇÃO TRIBUTÁRIA .......................................................................................... 7
8. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE EM VIRTUDE DO PAGAMENTO OU DO PARCELAMENTO DO
DÉBITO TRIBUTÁRIO.............................................................................................................. 8
9. CRIMES TRIBUTÁRIOS MATERIAIS ................................................................................ 8
10. CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA DA LEI 8137/90 ................................................ 8
11. ELEMENTOS OBJETIVOS DO TIPO ............................................................................... 10
12. PENA DE MULTA NOS CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA ..................................... 12
13. CRIME CONTRA A ORDEM ECONÔMICA DA LEI 8137/90 ................................................ 12
14. DISPOSIÇÕES FINAIS ................................................................................................. 16
15. AÇÃO PENAL .............................................................................................................. 17
LAVAGEM DE CAPITAIS .................................................................................................... 18
1. CONCEITO ....................................................................................................................... 18
2. TRATADOS INTERNACIONAIS ............................................................................................ 19
3. LAVAGEM DE DINHEIRO ................................................................................................... 19
3.1 Bem Jurídico Tutelado .................................................................................................. 19
3.2 Natureza Acessória da Lavagem .................................................................................... 20
3.3 Gerações de Leis sobre Lavagem de Dinheiro ................................................................. 21
3.4 Sujeito Ativo................................................................................................................ 22
3.5 Autolavagem ............................................................................................................... 22
3.6 Tipo Objetivo .............................................................................................................. 23
3.7 Condutas Equiparadas .................................................................................................. 23
3.8 Aplicação da Pena ........................................................................................................ 24
2
4. PROCEDIMENTO NO JULGAMENTO DOS CRIMES DE LAVAGEM DE DINHEIRO ....................... 25
4.1 Competência para Julgamento ...................................................................................... 25
4.2 Requisitos da Denúncia ................................................................................................ 25
4.3 Autor Desconhecido ou Isento de Pena.......................................................................... 26
4.4 Fiança e Liberdade Provisória........................................................................................ 26
4.5 Medidas Assecuratórias ................................................................................................ 26
4.6 Efeitos da Condenação ................................................................................................. 28
4.7 Dever de Colaboração (Dever de Complaice) .................................................................. 29
4.8 COAF – Conselho de Controle de Atividade Financeira ..................................................... 31

3
CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA, ECONÔMICA E CONTRA AS RELAÇÕES

DE CONSUMO

ATENÇÃO!
Não confundir:
• Inadimplemento
• Elisão
• Evasão/fraude (sonegação fiscal)

1. EVOLUÇÃO LEGISLATIVA DOS CRIMES TRIBUTÁRIOS

Lei 4357/64 – incrimina o delito de apropriação indébita do imposto de renda, imposto sobre o
consumo e o imposto de selo.

Lei 4729/65 – estabeleceu o crime de sonegação fiscal. OBS: Essa lei foi posteriormente revogada
pela Lei 8137/90.

Lei 8137/90 – os arts. 1º/3º cuidam dos crimes contra a ordem tributária; o art. 4º versa sobre o
crime contra a ordem econômica; o art. 7º trata dos crimes contra as relações de consumo.
Inicialmente, a lei 8137/90 também cuidava dos crimes de sonegação fiscal, porém após a edição das
Leis 8212/91 e 9983/00, os delitos de apropriação indébita previdenciária e sonegação de
contribuição previdenciária foram extirpados da Lei 8137/90 e inseridos respectivamente nos arts.
168-A e 337-A do Código Penal.

Código Penal – O CP também cuida de crimes tributários, segundo se infere dos arts. 168-A, 316,
§1º, 318, 334 e 337-A.

4
2. BEM JURÍDICO TUTELADO
São duas correntes:

Corrente patrimonialista – o bem jurídico protegido é o patrimônio da Fazenda Pública,


ou seja, o erário e a arrecadação tributária. Essa é a posição dominante na doutrina.

Corrente funcionalista – o bem jurídico tutelado tem íntima ligação com as funções do tributo
na sociedade. Ex: o funcionamento e o custeio das atividades estatais. Essa tese é criticada por
ser genérica e indeterminada, tornando extremamente difícil a atuação do Direito Penal quanto à
aplicação do princípio da ofensividade. É a posição do professor Hugo de Brito Machado.

3. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA E CRIMES TRIBUTÁRIOS

O princípio da insignificância, que tem íntima ligação com os primados da intervenção mínima do
Estado e da fragmentariedade, gera a atipicidade material da conduta. Para tanto é necessário a presença dos
4 vetores traçados pelo Supremo Tribunal Federal:

a) mínima ofensividade da conduta do agente;

b) nenhuma periculosidade social da ação;

c) reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento e

d) inexpressividade da lesão jurídica provocada.

4. VALOR PARA SUA APLICAÇÃO

O Supremo Tribunal Federal e o Superior Tribunal de Justiça destoavam quanto ao valor empregado.
• STJ: R$10.000,00 (dez mil reais). - Lei 10522/023
• STF: R$ 20.000,00 (vinte mil reais) - Portaria do Ministério da Fazenda de nº 75, de 22 de março de
2012
• Hoje: STF e STF - R$ 20.000,00 (vinte mil reais)

5
Cuidado:
O valor considerado insignificante para a promoção da execução fiscal no âmbito da União tem repercussão
apenas para os crimes federais. Vale dizer, esse critério adotado pela União Federal não tem o condão de
afastar a tipicidade material quando se tratar de delitos concernentes a tributos que não sejam da competência
da União. Afinal, para a aplicação desse patamar a crimes praticados em detrimento dos Estados, dos
Municípios ou do Distrito Federal, seria necessária a existência de lei do ente federativo competente, porque
a arrecadação da Fazenda Nacional não se equipara à dos demais entes federativos. Ademais, um dos
requisitos indispensáveis à aplicação do princípio da insignificância é a inexpressividade da lesão jurídica
provocada, que pode se alterar de acordo com o sujeito passivo (STJ, HC 165003, Rel. Min. Sebastião Reis
Júnior, julgado em 20/3/2014)

Cuidado II:
• Nos casos de reincidência – não aplicação deste princípio.
• Sob pena de o princípio da insignificância funcionar indevidamente como verdadeiro incentivo à
prática de descaminho
✓ HC 144463 AgR, Relator: Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Segunda Turma, julgado em 11/09/2018
✓ STJ, 6ª Turma, RHC 31612, Rel. Min. Rogério Schietti Cruz

5. COMPETÊNCIA CRIMINAL

A competência para processar e julgar os crimes tributários está intimamente ligada à competência
tributária (competência para instituir e majorar tributos).

Dessa forma, se o tributo sonegado for da competência da União, o crime será julgado na
Justiça Federal. Exemplo: Imposto de renda, contribuição previdenciária do INSS. De outro lado, se o tributo
sonegado for da competência dos Estados (ex: IPVA) ou dos municípios (ex: ISS), a competência para julgar
será dos Estados.

Qual será a Justiça competente em caso de conexão entre crimes da Justiça Federal e Estadual
(Ex.: supressão de IR e ICMS)?
Competirá a Justiça Federal processar e julgar o fato, nos exatos termos da súmula 122 do STJ: Compete à
Justiça Federal o processo e julgamento unificado dos crimes conexos de competência federal e
estadual, não se aplicando a regra do art. 78, II, a, do Código Penal.

6
6. CONCURSO DE CRIMES/IMPUTAÇÃO NOS CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA

Se o delito de falsidade ideológica ou uso de documento falso for empregado como meio para o
cometimento de delito contra a ordem tributária, o crime tributário, por ser crime fim, absorve o crime
meio, tudo em sintonia com o princípio da consunção (crime progressivo). Todavia, se a falsidade ou o uso
de documento falso não for empregado exclusivamente para o cometimento do delito tributário não há que
se falar em absorção e sim em concurso de crimes.

Atenção – Fiscalização Tributária ATENÇÃO!

Art. 195 do CTN: Para os efeitos da


legislação tributária, não têm aplicação
quaisquer disposições legais excludentes ou
limitativas do direito de examinar
mercadorias, livros, arquivos, documentos,
papeis e efeitos comerciais ou fiscais, dos
comerciantes industriais ou produtores, ou
da obrigação de exibi-los.

7. FISCALIZAÇÃO TRIBUTÁRIA

Segundo a legislação, compete às autoridades da Administração Fazendária o dever de fiscalizar os


sujeitos passivos das obrigações tributárias. Todavia, esse poder-dever conferido a esses agentes estatais não
é ilimitado e esbarra nos direitos e garantias fundamentais.

O Fisco deve obedecer a regra da inviolabilidade domiciliar consagrada no art. 5º, XI, da
Constituição Federal.
(HC 103325, Relator: Min. CELSO DE MELLO, Segunda Turma, julgado em 03/04/2012)

A obtenção direta de informações das entidades bancárias pelos órgãos de fiscalização tributária
é constitucional? Os arts. 5º e 6º da Lei Complementar nº 105/018 são constitucionais?
O Supremo Tribunal Federal ao apreciar essa questão na ADI 2859 firmou entendimento de que a transferência
direta de informações sigilosas das instituições bancárias ao órgão de fiscalização tributária, sem autorização
judicial não caracteriza quebra de sigilo ou da privacidade, mas sim configura em mera transferência de dados
sigilosos de um órgão, que tem o dever de sigilo, para outro, que também tem a mesma obrigação de sigilo,
de forma que eventual vazamento de informações ocasionará a responsabilidade desse agente

7
8. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE EM VIRTUDE DO PAGAMENTO OU DO PARCELAMENTO DO
DÉBITO TRIBUTÁRIO

Regra geral do CP: o pagamento pode caracterizar o arrependimento posterior, também conhecido
como ponte de prata, descrito no art. 16 do Código Penal.

Art. 9º da Lei 10.684/03: É suspensa a pretensão punitiva do Estado, referente aos crimes previstos
nos arts. 1o e 2o da Lei no 8.137, de 27 de dezembro de 1990, e nos arts. 168A e 337A do Decreto-Lei no
2.848, de 7 de dezembro de 1940 – Código Penal, durante o período em que a pessoa jurídica
relacionada com o agente dos aludidos crimes estiver incluída no regime de parcelamento.

Julgado importante:
O pagamento do débito tributário, a qualquer tempo, até mesmo após o advento do trânsito em
julgado da sentença penal condenatória, é causa de extinção da punibilidade do acusado.
STJ. 5ª Turma. HC 362.478-SP, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 14/9/2017 (Info 611).

9. CRIMES TRIBUTÁRIOS MATERIAIS

Súmula Vinculante 24: Não se tipifica crime material contra a ordem tributária, previsto no art. 1º, incisos
I a IV, da Lei 8137/90, antes do lançamento definitivo do tributo.

Cuidado: Súmula 123 do TRF da 4ª Região: A caracterização do delito de descaminho prescinde da


constituição do crédito.
- Art. 334 do CP – delito formal

Cuidado II:
• Crimes conexos com os delitos materiais contra a ordem tributária não têm sua persecução penal
condicionada à decisão final do procedimento administrativo do lançamento do crédito tributário.
• Ex.: Crime Tributário, Associação Criminosa e falsidade ideológica. Não há ilegalidade na autorização
das medidas investigatórias.
• HC 148.829-RS, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 21/8/2012.

10. CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA DA LEI 8137/90

Classificação quanto ao sujeito ativo:

8
Crimes praticados por funcionários
públicos (Seção II do Capítulo 1 da Lei nº
Crimes praticados por particulares 8137/90) – são os crimes descritos no art.
(Seção I do Capítulo 1 da Lei nº 8137/90) – 3º da Lei 8137/90. Em sua essência, são
esses delitos estão previstos nos arts. 1º e delitos contra a Administração Pública,
2º da Lei 8137/90. acrescidos de elementos especializantes de
serem cometidos em desfavor da
Administração Fazendária.

Art. 1º da Lei 8137/90: Constitui crime contra a ordem tributária suprimir ou reduzir tributo, ou
contribuição social e qualquer acessório, mediante as seguintes condutas:
I – omitir informação (Declaração de Informações Econômico-Fiscais da Pessoa Jurídica caracteriza esse
delito. STJ REsp 1561442), ou prestar declaração falsa às autoridades fazendárias;
II – fraudar a fiscalização tributária, inserindo elementos inexatos, ou omitindo operação de qualquer natureza,
em documento ou livro exigido pela lei fiscal;
III – falsificar ou alterar nota fiscal, fatura, duplicata, nota de venda, ou qualquer outro documento relativo à
operação tributável;
- Em razão do princípio da especialidade, esse delito afasta a incidência dos crimes de falsificação de documento
público (art. 297 do CP) e falsificação de documento particular (art. 298 do CP)
IV – elaborar, distribuir, fornecer, emitir ou utilizar documento que saiba ou deve saber falso ou inexato;
V – negar ou deixar de fornecer, quando obrigatório, nota fiscal ou documento equivalente, relativa à
venda de mercadoria ou prestação de serviço, efetivamente realizada, ou fornecê-la em desacordo com a
legislação.
Pena – reclusão, de 2 a 5 anos, e multa.
Parágrafo único. A falta de atendimento da exigência da autoridade, no prazo de 10 (dez) dias, que poderá
ser convertido em horas em razão da maior ou menor complexidade da matéria ou da dificuldade quanto ao
atendimento da exigência, caracteriza a infração prevista no inciso V.

• Sujeito ativo: Cuida-se de crime comum. Além do sujeito passivo da obrigação tributária, outras
pessoas também podem concorrer para esse delito, conforme prevê o art. 11 da Lei 8137/9011.
Exemplos: advogado, contador.
• A Lei nª 8137/90 não permite a responsabilização penal da pessoa jurídica.
• Art. 173, §5º, da CF não é autoaplicável

• Sujeito passivo: É o sujeito ativo da obrigação tributária, nos moldes do art. 119 do CTN.

9
11. ELEMENTOS OBJETIVOS DO TIPO

• Suprimir deve ser compreendido como omitir, não recolher o valor devido ao Fisco.
• Reduzir é recolher um valor menor do que o devido ao Fisco, diminuir.

Na modalidade suprimir o tributo não é pago, ao passo que na conduta reduzir o tributo é pago, porém
de forma parcial. O crime em estudo é composto da redução/supressão do tributo acrescida da fraude prevista
em um dos incisos do art. 1º da Lei 8137/90.

Consumação:

• Como vimos, os crimes do art. 1º da Lei 8137/90 são delitos materiais, isto é, somente se consuma com a
ocorrência do resultado naturalístico (supressão ou redução de tributo), que se dá, segundo os Tribunais Superiores,
com o lançamento definitivo da constituição do crédito tributário.

Concurso de crimes:

• É perfeitamente possível o concurso material/ formal de crimes e a continuidade delitiva (art. 71 do CP). Em relação
à continuidade delitiva, a jurisprudência dos Tribunais Superiores tem relativizado o critério temporal de 30 dias entre
uma conduta criminosa e outra para abarcar lapso temporal mais elástico. É o caso, por exemplo, das
declarações de ajuste anual de imposto de renda de pessoa física, situação em que se tem admitido um intervalo de
1 ano.
Por quanto(s) delito(s) responde o agente que com uma única conduta consegue a supressão de
2 ou mais tributos de titularidade de entes diversos?
De acordo com os Tribunais Superiores, não há pluralidade de crimes e sim crime único. Afinal de contas, o
bem jurídico tutelado é a ordem tributária e não cada tributo isoladamente considerado, ou seja, pouco
importa se os tributos suprimidos ou reduzidos forem de entes federativos diversos, estamos diante de um
único crime praticado mediante uma conduta.

Art. 2° Constitui crime da mesma natureza:


I - fazer declaração falsa ou omitir declaração sobre rendas, bens ou fatos, ou empregar outra fraude, para
eximir-se, total ou parcialmente, de pagamento de tributo;
• Especial em relação ao art. 299 do CP
II - deixar de recolher, no prazo legal, valor de tributo ou de contribuição social, descontado ou cobrado, na
qualidade de sujeito passivo de obrigação e que deveria recolher aos cofres públicos; (crime material) - Em razão
da semelhança com o art. 168-A do CP, esse delito é nominado pela doutrina de apropriação indébita tributária - O fato
será atípico se o valor do tributo não for efetivamente descontado ou cobrado do contribuinte
III - exigir, pagar ou receber, para si ou para o contribuinte beneficiário, qualquer percentagem sobre a parcela
dedutível ou deduzida de imposto ou de contribuição como incentivo fiscal;
IV - deixar de aplicar, ou aplicar em desacordo com o estatuído, incentivo fiscal ou parcelas de imposto
liberadas por órgão ou entidade de desenvolvimento;

10
V - utilizar ou divulgar programa de processamento de dados que permita ao sujeito passivo da obrigação
tributária possuir informação contábil diversa daquela que é, por lei, fornecida à Fazenda Pública.
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa

• Sujeito ativo: Cuida-se de crime comum.


• Consumação: Os crimes do art. 2º da Lei 8137/90 são crimes formais (de consumação antecipada), à
exceção do art. 2º, II, da Lei 8137/90. A tentativa é perfeitamente admissível, porquanto
estamos diante de um delito plurissubsistente.

Atenção!
• Esses delitos são subsidiários, em relação aos do art. 1º.

Art. 3° Constitui crime funcional contra a ordem tributária, além dos previstos no Decreto-Lei n°
2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal (Título XI, Capítulo I):
I - extraviar livro oficial, processo fiscal ou qualquer documento, de que tenha a guarda em razão da função;
sonegá-lo, ou inutilizá-lo, total ou parcialmente, acarretando pagamento indevido ou inexato de tributo ou
contribuição social; (art. 334)
II - exigir, solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou
antes de iniciar seu exercício, mas em razão dela, vantagem indevida; ou aceitar promessa de tal vantagem,
para deixar de lançar ou cobrar tributo ou contribuição social, ou cobrá-los parcialmente. Pena - reclusão, de
3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. (art. 316 e 317)
III - patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a administração fazendária, valendo-se da
qualidade de funcionário público. (art. 321)
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

• Crime Próprio
• Sujeito Ativo – Art. 327 do CP

Um particular pode cometer o delito do art. 3º da Lei 8137/90 em concurso de pessoas?


A resposta é afirmativa. Como vimos, a qualidade de funcionário público da administração fazendária figura
como elementar do art. 3º da Lei 8137/90. Assim, com base no art. 30 do Código Penal16, o particular que
tiver conhecimento da qualidade de funcionário público do coautor responderá também pelo referido crime
funcional.

11
12. PENA DE MULTA NOS CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA

Art. 8° Nos crimes definidos nos arts. 1° a 3° desta lei, a pena de multa será fixada entre 10 (dez)
e 360 (trezentos e sessenta) dias-multa, conforme seja necessário e suficiente para reprovação
e prevenção do crime.
Parágrafo único. O dia-multa será fixado pelo juiz em valor não inferior a 14 (quatorze) nem superior a 200
(duzentos) Bônus do Tesouro Nacional BTN.
Art. 9° A pena de detenção ou reclusão poderá ser convertida em multa de valor equivalente a:
I - 200.000 (duzentos mil) até 5.000.000 (cinco milhões) de BTN, nos crimes definidos no art. 4°;
II - 5.000 (cinco mil) até 200.000 (duzentos mil) BTN, nos crimes definidos nos arts. 5° e 6°;
III - 50.000 (cinqüenta mil) até 1.000.000 (um milhão de BTN), nos crimes definidos no art. 7°.
Art. 10. Caso o juiz, considerado o ganho ilícito e a situação econômica do réu, verifique a insuficiência ou
excessiva onerosidade das penas pecuniárias previstas nesta lei, poderá diminuí-las até a décima parte
ou elevá-las ao décuplo.

13. CRIME CONTRA A ORDEM ECONÔMICA DA LEI 8137/90

Art. 4° Constitui crime contra a ordem econômica:


I - abusar do poder econômico, dominando o mercado ou eliminando, total ou parcialmente, a concorrência
mediante qualquer forma de ajuste ou acordo de empresas;
II - formar acordo, convênio, ajuste ou aliança entre ofertantes, visando: (Redação dada pela Lei nº 12.529,
de 2011).
a) à fixação artificial de preços ou quantidades vendidas ou produzidas; (Redação dada pela Lei nº 12.529,
de 2011).
b) ao controle regionalizado do mercado por empresa ou grupo de empresas; (Redação dada pela Lei nº
12.529, de 2011).
c) ao controle, em detrimento da concorrência, de rede de distribuição ou de fornecedores. (Redação dada
pela Lei nº 12.529, de 2011).
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos e multa. (Redação dada pela Lei nº 12.529, de 2011).
III - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 12.529, de 2011).
IV - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 12.529, de 2011).
V - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 12.529, de 2011).
VI - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 12.529, de 2011).
VII - (revogado). (Redação dada pela Lei nº 12.529, de 2011).

12
Sujeito Ativo: Cuida-se de um crime próprio, ou seja, o tipo penal reclama uma
qualidade especial do sujeito ativo. No caso, o agente deve ser empresário.
Sujeito passivo: É crime vago, pois figura como sujeito passivo um ente sem personalidade
jurídica. No caso, o sujeito passivo é a sociedade, por sofrer com o abuso do poder econômico.
Esse delito tutela a regularidade e a integridade da economia nacional.

Competência: A Justiça Federal será competente para julgar os crimes


contra a ordem econômico-financeira, nos casos determinados por lei.
Essa é a regra para que seja fixada a competência da Justiça Federal,
segundo se infere do art. 109, VI, da Constituição Federal.

ASSIM A COMPETÊNCIA SERÁ DA JUSTIÇA ESTADUAL – SALVO DE


PRESENTE O INTERESSE DA UNIÃO.

Art. 109 da Constituição Federal: Aos juízes federais compete processar e julgar:
VI – os crimes contra a organização do trabalho e, nos casos determinados por lei, contra o sistema financeiro
e a ordem econômico-financeira;

- CRIMES CONTRA AS RELAÇÕES DE CONSUMO

Art. 7° da Lei 8137/90. Constitui crime contra as relações de consumo:


I - favorecer ou preferir, sem justa causa, comprador ou freguês, ressalvados os sistemas de entrega ao
consumo por intermédio de distribuidores ou revendedores;
II - vender ou expor à venda mercadoria cuja embalagem, tipo, especificação, peso ou composição esteja em
desacordo com as prescrições legais, ou que não corresponda à respectiva classificação oficial; (perícia) –
admite a forma culposa
III - misturar gêneros e mercadorias de espécies diferentes, para vendê-los ou expô-los à venda como puros;
misturar gêneros e mercadorias de qualidades desiguais para vendê-los ou expô-los à venda por preço
estabelecido para os demais mais alto custo; (admite a forma culposa)
IV - fraudar preços por meio de: a) alteração, sem modificação essencial ou de qualidade, de elementos tais
como denominação, sinal externo, marca, embalagem, especificação técnica, descrição, volume, peso, pintura
ou acabamento de bem ou serviço; b) divisão em partes de bem ou serviço, habitualmente oferecido à venda
em conjunto; c) junção de bens ou serviços, comumente oferecidos à venda em separado; d) aviso de inclusão
de insumo não empregado na produção do bem ou na prestação dos serviços;
13
V - elevar o valor cobrado nas vendas a prazo de bens ou serviços, mediante a exigência de comissão ou de
taxa de juros ilegais;
VI - sonegar insumos ou bens, recusando-se a vendê-los a quem pretenda comprá-los nas condições
publicamente ofertadas, ou retê-los para o fim de especulação;
VII - induzir o consumidor ou usuário a erro, por via de indicação ou afirmação falsa ou enganosa sobre a
natureza, qualidade do bem ou serviço, utilizando-se de qualquer meio, inclusive a veiculação ou divulgação
publicitária;
VIII - destruir, inutilizar ou danificar matéria-prima ou mercadoria, com o fim de provocar alta de preço, em
proveito próprio ou de terceiros;
IX - vender, ter em depósito para vender ou expor à venda ou, de qualquer forma, entregar matéria-prima ou
mercadoria, em condições impróprias ao consumo;
Pena - detenção, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, ou multa.
Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos II, III e IX pune-se a modalidade culposa, reduzindo-se a pena e
a detenção de 1/3 (um terço) ou a de multa à quinta parte.

INCISO I – favorecimento de comprador ou de freguês

• Sujeito ativo: O crime é próprio, eis que o tipo penal exige uma qualidade especial do agente. No
caso, o crime somente pode ser cometido por fornecedor do produto ou do serviço. Já o sujeito
passivo é o consumidor.
• Elementos objetivos: De início, cumpre destacar que os termos preferir e favorecer possuem o mesmo
significado. Favorecer/Preferir é beneficiar comprador ou freguês, não existindo qualquer motivo para
tanto. Essa situação revela um tratamento diferenciado entre consumidores que estão em
igualdade de condições. Todavia, não configura esse tipo penal nos casos de sistemas de entrega
ao consumo por meio de distribuidores ou revendedores em razão da ressalva contida no final do
inciso I. É o que ocorre, por exemplo, com os veículos novos que apenas podem ser vendidos aos
consumidores por meio das concessionárias.

INCISO II – venda ou exposição à venda irregular de mercadoria

• Sujeito ativo: O crime é próprio, eis que o tipo penal exige uma qualidade especial do agente. No
caso, o crime somente pode ser cometido por fornecedor do produto ou do serviço. Já o sujeito passivo
é o consumidor.
• Elementos objetivos: Vender é transferir a mercadoria para outrem mediante pagamento em dinheiro.
Expor à venda é ofertar o produto a fim de que alguém a adquira.

14
INCISO III – mistura de gêneros e mercadorias

• Sujeito ativo: O crime é próprio, eis que o tipo penal exige uma qualidade especial do agente. No
caso, o crime somente pode ser cometido por fornecedor do produto ou do serviço. Já o sujeito passivo
é o consumidor.
• Consumação: Cuida-se de crime formal, porquanto sua consumação se dá com a mera mistura dos
produtos.

INCISO IV – fraude de preços

• Sujeito ativo: O crime é próprio, eis que o tipo penal exige uma qualidade especial do agente. No
caso, o crime somente pode ser cometido por fornecedor do produto ou do serviço. Já o sujeito passivo
é o consumidor.

INCISO V – exigência ilegal de comissão ou taxa de juros

• Sujeito ativo: O crime é próprio, eis que o tipo penal exige uma qualidade especial do agente. No
caso, o crime somente pode ser cometido por fornecedor do produto ou do serviço. Já o sujeito passivo
é o consumidor.

INCISO VI – sonegação de insumos ou bens

• Sujeito ativo: o crime é próprio, eis que o tipo penal exige uma qualidade especial do agente. No caso,
o crime somente pode ser cometido por fornecedor do produto ou do serviço. Já o sujeito passivo é
o consumidor.
• Consumação: sonegação ou retenção da mercadoria.

INCISO VII – indução do consumidor ou do usuário a erro

• Sujeito ativo: o crime é próprio, eis que o tipo penal exige uma qualidade especial do agente. No caso,
o crime somente pode ser cometido por fornecedor do produto ou do serviço. Já o sujeito passivo é
o consumidor.
• Consumação: instante em que o consumidor é induzido a erro por meio da indicação ou afirmação
falsa sobre a natureza, qualidade do bem ou serviço.
15
INCISO VIII – destruição de matéria-prima ou de mercadoria

• Sujeito ativo: o crime é próprio, eis que o tipo penal exige uma qualidade especial do agente. No caso,
o crime somente pode ser cometido por fornecedor do produto ou do serviço. Já o sujeito passivo é
o consumidor.
• Consumação: instante em que o agente pratica uma das condutas descritas no tipo penal.
• Diferencia do crime do art. 163 do CP, pois aqui é coisa própria.

INCISO IX – venda de matéria-prima ou mercadoria, em condições impróprias ao consumo

• Sujeito ativo: O crime é próprio, eis que o tipo penal exige uma qualidade especial do agente. No
caso, o crime somente pode ser cometido por fornecedor do produto ou do serviço. Já o sujeito passivo
é o consumidor.
• Consumação: Cuida-se de crime formal, porquanto sua consumação se dá com a realização da venda
ou com a exposição à venda.

14. DISPOSIÇÕES FINAIS

Art. 12 da Lei 8137/90: São circunstâncias que podem agravar de 1/3 (um terço) até a metade as penas
previstas nos arts. 1º, 2º e 4º a 7º:
I – ocasionar grave dano à coletividade;
II – ser o crime cometido por servidor público no exercício de suas funções;
III – ser o crime praticado em relação à prestação de serviços ao comércio de bens essenciais à vida ou à
saúde.

Embora o legislador tenha empregado o termo agravar, cuida-se, na


verdade, de causa de aumento de pena, aplicável na terceira fase
do cálculo trifásico da penal.

O parágrafo único do art. 16 da Lei 8137/90 relata que nos


crimes descritos na referida lei, cometidos em quadrilha ou
coautoria, o coautor ou partícipe que através de confissão
espontânea revelar à autoridade policial ou judicial toda a
trama delituosa terá a sua pena reduzida de um a dois
terços. Trata-se de delação premiada.

16
15. AÇÃO PENAL

• O Art. 15 da Lei 8137/90, os crimes descritos no referido diploma legal são de ação penal pública
incondicionada.
• No mesmo sentido: Súmula 609 do STF: É pública incondicionada a ação penal de sonegação fiscal.

Caso prático:
A RFB identificou que determinado ator sonegou renda causando um prejuízo ao erário no valor de R$
1.000,00. Foi instaurado procedimento administrativo e, antes da constituição definitiva do crédito tributário,
a RFB encaminhou ofício ao MPF para cientificá-lo da situação. O MPF, de pronto, ofereceu denúncia pela
prática do crime previsto no art. 1, I, da Lei 8.137. O Juiz recebeu a inicial acusatória e determinou a citação
do acusado. Após o efetivo cumprimento da citação o Ator procura lhe procura para adoção da providência
legal cabível. Qual a medida judicial cabível? Qual tese e pedido?

Espelho:
• Resposta a Acusação – Art. 396 e 396-A
• Tese jurídica e pedido: aplicação da SV 24. Aplicação do art. 397, III da CPP.
• Absolvição sumária, pois o fato narrado não constitui crime, uma vez que o crime tributário
necessita da constituição definitiva.

17
LAVAGEM DE CAPITAIS

1. CONCEITO

Nos Estados Unidos, a máfia de Chicago começou a criar lavanderias para legalizar a origem do
dinheiro auferido ilicitamente. A partir disso, a “Lavagem de Dinheiro” passou a se popularizar, tendo sido esta
a nomenclatura utilizada no Brasil justamente por conta da incorporação a linguagem popular. Em Portugal,
França e Espanha, o ato é chamado de Branqueamento de Capitais.

Trata-se de atos ou sequência de atos praticados para encobrir a natureza, a localização ou


propriedade de bens ou valores de origem ilícita, com o objetivo de reintroduzi-los na economia formal com
aparência de lícitos.

As fases da Lavagem de Dinheiro são as seguintes:

Introdução/Ocultação Dissimulação (Re) Integração


Placement Layering Integration

➢ Introdução/Ocultação: separação física entre o agente e o produto criminoso. O dinheiro ilícito é


introduzido no mercado formal, normalmente por meio de fracionamento.
Ex.: aplicação em empresas que trabalham com dinheiro em espécie; troca de notas de menor valor
por notas de maior valor; aplicação financeira; moeda estrangeira; remessa de valores ao exterior.

➢ Dissimulação/Mascaramento: é a lavagem de dinheiro propriamente dita. Procura-se construir


uma origem lícita e legítima para o dinheiro. Espalha-se por várias empresas e instituições financeiras nacionais
e estrangeiras.

➢ Integração: nesta fase, com a aparência de lícitos, os valores são formalmente incorporados ao
sistema econômico. Utilizam-se as instituições financeiras que movimentam grande volume de dinheiro.

18
Para o STF, em recente julgado, não há necessidade de operações de maior complexidade para
caracterizar a lavagem. Ou seja, não é necessário que as três fases anteriores tenham ocorrido (introdução,
dissimulação e integração). Ex.: Máfia dos Fiscais de SP.

2. TRATADOS INTERNACIONAIS

O Brasil foi signatário de dois Tratados Internacionais onde se obrigou perante a sociedade
internacional a reprimir o delito de lavagem de dinheiro.

Convenção Contra o • Trata da conversão ou transferências de bens para ocultar sua


Tráfico Ilícito de origem ilícita;
Entorpecentes e • Ocultação ou encobrimento da natureza, origem, localização,
Substâncias Psicotrópicas destino, movimentção ou propriedade verdadeira dos bens.

Convenção das Nações


• Denominada Convenção de Palermo;
Unidas Contra o Crime
• Art. 6º trata da criminalização da Lavagem de Dinheiro.
Organizado Internacional

3. LAVAGEM DE DINHEIRO

É necessário saber se o crime de Lavagem de Dinheiro tem natureza jurídica instantânea ou


permanente, por uma questão intertemporal de aplicação da lei para fatos anteriores a Lei nº 12.683/2012
(quando existia um rol taxativo de crime).

• Crime instantâneo de efeitos permanentes. Assim, a consumação ocorre quando acontecer a ocultação
ou a dissimulação. Por essa corrente não se aplica o direito intertemporal.
• Crime permanente. A lavagem se prolonga no tempo. Para essa corrente, aplica-se a Lei 12.683/12
para crimes ocorridos antes de sua vigência, ainda que pior para o réu.

Súmula 711 do STF;

Inquérito 2471 do STF.

3.1 Bem Jurídico Tutelado

Há quatro correntes a respeito do bem jurídico que viria a ser tutelado pela Lei de Lavagem de Capitais.

19
1. O mesmo bem jurídico tutelado pela infração antecedente;
• Até tinha sentido para as leis de 1ª geração (drogas).

2. O bem jurídico é a Administração da Justiça;


• Utiliza como paradigma o crime de Favorecimento Real.

3. Ordem Econômico-Financeira;
• Cria uma concorrência desleal (imagine a concorrência com um posto de gasolina utilizado para lavar
dinheiro);
• Possibilita o uso do princípio da insignificância.

4. Para alguns, além da ordem econômico-financeira, é também objeto da lavagem o bem jurídico tutelado
pela infração antecedente (pluriofensivo).

3.2 Natureza Acessória da Lavagem

O delito de Lavagem de Dinheiro é um crime acessório (derivado/parasitário), uma vez que depende
da prática de outras infrações antecedentes, a exemplo da receptação.

Atenção! Tais crimes encontravam-se, taxativamente,


previstos no art. 1º da Lei 9.613/98, que foi REVOGADO.

a) Apesar de haver uma conexão, a reunião não é obrigatória. Pode ser feita. Compete ao juiz que julga
a lavagem, se desejar, efetivá-la (art. 2º, II, novidade trazida pela Lei 12.863/12). Não se aplica o
CPP (art. 76, III), que afirma ser a competência para determinar a reunião dos processos do juiz que
julga o processo com o crime com maior pena;
b) A condenação na infração antecedente não é condição para condenação por lavagem. Todavia, no
caso de não tramitarem simultaneamente, deve haver a verificação – pelo juízo da lavagem – da
condenação pela infração antecedente como condição prejudicial homogênea (art. 2º, II, primeira
parte);
c) Teoria da acessoriedade limitada: para punição do partícipe, a conduta do autor deve ser típica e
ilícita. Não precisamos verificar a culpabilidade e punibilidade. Assim, é possível punir pela lavagem
se houve (a depender do fundamento) absolvição da infração antecedente (art. 2º, § 1º, da Lei nº
9.613/98).

20
3.3 Gerações de Leis sobre Lavagem de Dinheiro

Existem três gerações:

1ª Geração 2ª Geração 3ª Geração

• Trazem apenas o delito de • Admitem um rol taxativo de • Admitem qualquer infração


Tráfico de Drogas como delitos antecedentes. penal antecedente). Lei
crime antecedente. 12.683/2012.

*Percebe-se que a Lei Brasileira (Lei 9.613/98, com a alteração) é uma Lei de 3ª Geração.

• Redação Antiga da Lei 9.613/98

Art. 1º Ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização, disposição,


movimentação ou propriedade de bens, direitos ou valores provenientes, direta ou
indiretamente, de crime:
I - de tráfico ilícito de substâncias entorpecentes ou drogas afins;
I - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 12.683, de 2012)
II - de terrorismo;
II – de terrorismo e seu financiamento; (Redação dada pela Lei nº 10.701, de 2003)
II - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 12.683, de 2012)
III - de contrabando ou tráfico de armas, munições.......

• Redação Nova da Lei 9.613/98

Art. 1o Ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização, disposição,


movimentação ou propriedade de bens, direitos ou valores provenientes, direta ou
indiretamente, de infração penal. (Redação dada pela Lei nº 12.683, de 2012)

Lei Velha
Crime Rol taxativo

Lei Nova
Infração Penal Não há rol taxativo

Atenção! Nem toda infração pode ser antecedente da lavagem. A prevaricação (art. 319, CP), por
exemplo, não pode, uma vez que não é produtora.

Infração penal produtora: é aquela que


deixa “bens” para serem “lavados”.
21
• Importância no caso do “jogo do bicho”:
O chamado “jogo do bicho” não é previsto como crime no Brasil, sendo considerado apenas
contravenção penal tipificada no art. 51 do Decreto-Lei nº 3.688/1941.

Tal conduta de ocultação ou dissimulação do dinheiro “sujo” passa somente agora a ser punida como
lavagem.

3.4 Sujeito Ativo

Trata-se de um crime comum, logo pode ser cometido por qualquer pessoa, inclusive pelo agente que
praticou a infração penal antecedente. Pessoas Jurídicas não podem ser responsabilizadas criminalmente, mas
nada impede ao âmbito administrativo (art. 12)

Mas cuidado! Não há necessidade de o agente ter efetivamente cometido a infração penal
antecedente. Assim já decidiu o STJ:

Não há que se falar em inépcia da denúncia correspondente ao crime de – lavagem de dinheiro


– ao argumento de que não foi imputada a prática de algum dos crimes anteriores arrolados no
rol taxativo do artigo 1º, da Lei 9.613/98, à paciente, pois é inexigível que o autor do crime
acessório tenha concorrido para a prática do crime principal, bastando que tenha
conhecimento quanto à origem criminosa dos bens ou valores (HC 88791/SP).

3.5 Autolavagem

Nada mais é do que o autor da infração antecedente ser responsabilizado pela lavagem de capitais.
Há, no entanto, uma discussão doutrinária a respeito do assunto:

1ª Corrente 2ª Corrente

• Não é possível, pois (i) guarda relação com • É possível, pois (i) a redação da lei
o favorecimento real (art. 349, CP), e (ii) há 9.613/98 é diversa do art. 349, CP, e (ii)
o princípio que impede a auto incriminação. não há que se falar em auto incriminação
(não está pedindo que se incrimine).

*Para o STF (HC 92.279) e STJ (Resp. 1.234.097), a autolavagem é punível

22
Advogado pode responder criminalmente pela lavagem?

• O exercício da advocacia não é causa de imunidade em relação ao crime de lavagem (STJ -


HC 50.933). Assim, o advogado responde sim pelo crime.

O advogado é obrigado a informar operação suspeita? E o sigilo profissional?

• A lei 12.683/12 (art. 9º, § único) trouxe a obrigação de complaice para algumas pessoas
(físicas ou jurídicas). Diante disso, a doutrina passou a diferenciar o advogado de
representação contenciosa (atuam na defesa judicial – não estariam obrigados – fundamento
art. 133 da CF), do advogado de operação (presta atividade de consultoria – empresaria e
tributária – e deve comunicar a operação suspeita). Isso não tem sido aceito pela
Jurisprudência e pela própria OAB. O COAF editou a resolução n.º 24/2013.

Caso o advogado esteja sendo pago com dinheiro ilícito, estará lavando capitais?

• O simples usufruto do proveito do crime é mero exaurimento do crime antecedente. Não é


lavagem (ex.: Gang Playboys - São Paulo). Agora, quando há intenção de encobrir valores
ilícitos, com o objetivo de conferir a eles status lícitos, há lavagem de capitais sim.

➢ Teoria da Cegueira Deliberada (Teoria das Instruções do Avestruz)


Oriunda do direito americano, estava inicialmente ligada ao tráfico de drogas, e foi utilizada no caso
do furto do BACEN de Fortaleza. Diz respeito à tentativa de o agente fingir não perceber atos ilícitos e, com
isso, obter vantagens indevidas.

3.6 Tipo Objetivo

A lavagem consiste em ocultar (esconder a coisa) ou dissimular (disfarçar) a natureza, origem,


localização, disposição, movimentação ou propriedade de bens, direitos ou valores provenientes de infrações
penais (crime de conteúdo variado – múltiplo).

3.7 Condutas Equiparadas

• Art. 1º, § 1º da Lei nº 9.613/98


Nas mesmas penas previstas para a Lavagem (de 3 a 10 anos e multa) incorre quem:
23
a) Converte em ativos ilícitos;
b) Adquire, recebe, troca, negocia, dá ou recebe em garantia, tem em depósito, movimenta ou transfere;
c) Importa ou exporta bens com valores não correspondentes aos verdadeiros (DASLU).

• Art. 1º, § 2º, da Lei nº 9.613/98


Aqui, o que se busca punir é a utilização do dinheiro já “limpo”. Na mesma pena (de 3 a 10 anos e
multa) incorre quem:

a) Utiliza, na atividade econômica ou financeira, bens, direitos ou valores provenientes de infração penal;
b) Participa de grupo, associação ou escritório tendo conhecimento de que sua atividade principal ou
secundária é dirigida à pratica de crimes previstos na Lei 9.613/98.

3.8 Aplicação da Pena

• Causas de Aumento de Pena


Aumenta-se de um a dois terços a pena quando o crime previsto nos incisos I a Vi do caput for
cometido de forma reiterada ou por intermédio de uma organização criminosa.

• Pena de Tentativa
Prevista no art. 1º, § 3º da Lei 9.613/98, e pune-se na forma do art. 14 do Código Penal.

Art. 14, II, CP - Tentado, Pena - Salvo disposição em contrário,


quando, iniciada a execução, não pune-se a tentativa com a pena
se consuma por circunstâncias correspondente ao crime consumado,
alheias à vontade do agente. diminuída de um a dois terços.

• Delação Premiada
Dispõe o art. 1º, § 5º, da Lei 9.613/98 que, em caso de colaboração espontânea, o autor, coautor ou
partícipe terão os seguintes benefícios:

a) Redução da pena, de 1 a 2/3; Autoridades: Juiz,


b) Pena cumprida em regime aberto ou semiaberto; Representante do
c) Possibilidade de o juiz deixar de aplicar a pena; MP e Delegado.

d) Possibilidade de substituição da PPL por PRD (a qualquer tempo).

24
4. PROCEDIMENTO NO JULGAMENTO DOS CRIMES DE LAVAGEM DE DINHEIRO

Aplicam-se as disposições relativas aos procedimentos comuns dos crimes punidos com reclusão,
porém, não se aplica o disposto no art. 366 do Código de Processo Penal (suspensão do processo e do prazo
prescricional).

A lei conferiu autonomia processual quando afirmou que basta prova da existência da infração penal
antecedente. O julgamento do crime antecedente, portanto, não será questão prejudicial para o julgamento
do crime de lavagem de dinheiro. Isso também se aplica aos crimes cometidos no estrangeiro, no entanto,
aqui se deve observar a dupla tipicidade, ou seja, o fato deve ser também considerado crime no país
estrangeiro.

Será também possível o julgamento pelo crime de lavagem de dinheiro (capitais) mesmo que o crime
antecedente seja tentado, desde que tenha gerado bens.

A absolvição do agente pelo crime antecedente não impede que seja ele o autor do delito de lavagem
de dinheiro, exceto se a absolvição se fundar em inexistência do fato (art. 386, I, CPP) ou atipicidade da
conduta (art. 386, III, CPP).

4.1 Competência para Julgamento

Como regra, a competência é da Justiça Comum Ordinária, ou seja, do Juiz Singular.

Excepcionalmente, será de
competência da Justiça Federal
quando:

Praticado contra o sistema financeiro e


a ordem econômico-financeira;
Em detrimento de bens, serviços ou
interesses da União, suas entidades
autárquicas ou empresas públicas;
Quando a infração penal antecedente
for de competência da Justiça Federal.

4.2 Requisitos da Denúncia

Além dos requisitos genéricos do art. 41 do CPP, a lei exigiu também que traga a denúncia indícios
suficientes da existência da infração penal antecedente . Exemplos de indícios:

• Comprovação de existência de cocaína nas cédulas;


• Constatação de volumoso patrimônio somada a falta de declaração de rendimentos;
• Comprovado envolvimento com tráfico de drogas;
• Desproporção entre patrimônio e sua movimentação financeira.

25
4.3 Autor Desconhecido ou Isento de Pena

Segundo a Lei 9.613/98, nem mesmo o fato de o autor do crime antecedente ser desconhecido ou
isento de pena ou de estar extinta a punibilidade da infração penal antecedente (lei nova) vai obstar o início
da ação penal pelo crime de lavagem de dinheiro.

Assim sendo, mesmo que praticado por um inimputável (menor de 18 anos, por exemplo), haverá
lavagem de dinheiro (comum no tráfico de drogas).

4.4 Fiança e Liberdade Provisória

Antes da Lei 12.683/2012 Depois da Lei 12.683/2012

Art. 3º - Os crimes disciplinados


nesta Lei são insuscetíveis de fiança O artigo em questão foi revogado.
e liberdade provisória e, em caso Logo, cabe fiança e liberdade
de sentença condenatória, o juiz provisória nos crimes previstos
decidirá fundamentadamente se o nesta Lei.
réu poderá apelar em liberdade.

4.5 Medidas Assecuratórias

Advém do poder geral de cautela do Magistrado. Dessa forma pode, no curso do Inquérito ou da Ação
Penal determinar as medidas assecuratórias previstas em lei, quais sejam: apreensão, sequestro, arrestos e
hipoteca legal.

Atenção!

1. Antes havia previsão apenas de apreensão e


sequestro;
2. Os bens sujeitos a estas medidas podem estar em
nome do agente ou de terceiro;
3. Art. 4º da Lei (leitura).

➢ Administrador
A autoridade judicial poderá nomear pessoa idônea para administrar os bens, em caso de
implementação de alguma medida assecuratória. O Administrador fará jus a uma remuneração (obtida com o

26
produto dos bens apreendidos) e deverá prestar informações periódicas. Pela Administração velará o Ministério
Público, requerendo o que entender cabível.

➢ Venda Antecipada
Pode-se alienar antecipadamente os bens para preservar o seu valor (no caso de ser possível sua
deterioração ou depreciação). Tal medida poderá ser de ofício pelo Juiz, mediante requerimento do MP ou
solicitação de parte interessada.

Feita a avaliação ela será homologada por sentença pelo Magistrado que, após sanar possíveis dúvidas,
determinará alienação.

• O preço nunca será inferior a 75% do valor da avaliação;


• O valor arrecadado será depositado em conta judicial remunerada: Justiça Federal ou do Distrito
Federal – Caixa Econômica Federal; Justiça dos Estados – Instituição Financeira designada em lei, de
preferência pública.

➢ Destino dos Valores após Trânsito em Julgado da Sentença


Serão deduzidos os tributos e multas, quando incidentes.

Sentença Condenatória:

• Crimes de Competência da JF ou do TJDF: o valor é definitivamente incorporado ao patrimônio da


União;
• Crimes de Competência da Justiça Estadual: o valor é incorporado ao patrimônio do Estado membro.

Sentença Absolutória:

• O valor é colocado a disposição do réu pela instituição financeira.

➢ Bens não Reclamados


Os bens que não forem reclamados em até 90 dias após o trânsito em julgado da Sentença Penal
condenatória serão “perdidos” em favor do Estado. Aqui se ressalva apenas o direito do lesado e do terceiro
de boa-fé.

Recursos decorrentes de alienação de bens, direitos ou valores relacionados a tráfico de drogas serão
regidos pela Lei 11.343/06 – Lei de Drogas.

➢ Pedido de Restituição
Para ser conhecido o pedido de restituição dos bens é indispensável a presença pessoal do acusado
ou de interposta pessoa (lei nova).

27
➢ Suspensão de Ordem de Prisão e de Medidas Assecuratórias
Permite-se que a prisão e as medidas assecuratória sejam suspensas pelo Magistrado – após
manifestação Ministerial – quando suas execuções possam comprometer as investigações.

➢ Bens, Direitos ou Valores Oriundos de Crimes Praticados no Estrangeiro


Havendo Tratado ou promessa de reciprocidade o Juiz, a pedido da Autoridade Estrangeira,
determinará as medidas assecuratórias cabíveis de bens ou valores oriundos do Estrangeiro.

No caso de não haver tratado haverá repartição – após o Trânsito em Julgado – dos bens privados
(em partes iguais) entre o Estado Requerente e o Brasil.

4.6 Efeitos da Condenação

São efeitos da condenação pelo crime de lavagem de dinheiro, além daqueles previstos no Código
Penal (art. 91 e ss), os seguintes:

Perdimento de bens, direitos e valores que tenham relação direta


ou indireta com a prática dos crimes previstos nesta lei.

• Inclusive aqueles bens usados para prestar fiança.

Interdição do exercício de cargo ou função pública de qualquer


natureza.

• Também de Diretor, Membro de Conselho de Administração ou gerência de


Pessoas Jurídicas (art. 9º da presente lei);
• Atenção: aqui temos efeitos para o futuro (dobro do tempo da condenação).

Art. 9o Sujeitam-se às obrigações referidas nos arts. 10 e 11 as pessoas físicas e


jurídicas que tenham, em caráter permanente ou eventual, como atividade principal
ou acessória, cumulativamente ou não: (Redação dada pela Lei nº 12.683, de 2012)

I - a captação, intermediação e aplicação de recursos financeiros de terceiros, em


moeda nacional ou estrangeira;

II – a compra e venda de moeda estrangeira ou ouro como ativo financeiro ou


instrumento cambial;

III - a custódia, emissão, distribuição, liqüidação, negociação, intermediação ou


administração de títulos ou valores mobiliários.

[...]

28
4.7 Dever de Colaboração (Dever de Complaice)

Algumas pessoas, físicas ou jurídicas, em razão da atividade que exercem, devem colaborar com o
Estado, pois tais atividades podem ser “meio” para lavagem de dinheiro. São exemplos, entre outras:

a) Captação de recursos financeiros;


b) Compra e venda de moeda estrangeira;
c) Custódia, emissão, liquidação, negociação de títulos ou valores mobiliários;
d) Bolsas de valores;
e) Seguradoras, corretoras;
f) Administradoras de Cartões de Crédito;
g) Empresas de Arrendamento mercantil (leasing);
h) Fomento comercial (factoring);
i) Imobiliárias;
j) Mercados de Luxo;
k) Junta Comerciais.

➢ Identificação dos Clientes e Manutenção de Registros

Art. 10. As pessoas referidas no art. 9º:

I - identificarão seus clientes e manterão cadastro atualizado, nos termos de


instruções emanadas das autoridades competentes; (5 anos)

II - manterão registro de toda transação em moeda nacional ou estrangeira,


títulos e valores mobiliários, títulos de crédito, metais, ou qualquer ativo passível
de ser convertido em dinheiro, que ultrapassar limite fixado pela autoridade
competente e nos termos de instruções por esta expedidas; (5 anos)

III - deverão adotar políticas, procedimentos e controles internos, compatíveis


com seu porte e volume de operações, que lhes permitam atender ao disposto neste
artigo e no art. 11, na forma disciplinada pelos órgãos competentes;

IV - deverão cadastrar-se e manter seu cadastro atualizado no órgão regulador ou


fiscalizador e, na falta deste, no Conselho de Controle de Atividades
Financeiras (Coaf), na forma e condições por eles estabelecidas;

V - deverão atender às requisições formuladas pelo Coaf na periodicidade,


forma e condições por ele estabelecidas, cabendo-lhe preservar, nos termos da lei,
o sigilo das informações prestadas.

29
➢ Comunicação de Operações Financeiras

Art. 11. As pessoas referidas no art. 9º:

I - dispensarão especial atenção às operações que, nos termos de instruções


emanadas das autoridades competentes, possam constituir-se em sérios indícios
dos crimes previstos nesta Lei, ou com eles relacionar-se;

II - deverão comunicar ao Coaf, abstendo-se de dar ciência de tal ato a


qualquer pessoa, inclusive àquela à qual se refira a informação, no prazo de 24
(vinte e quatro) horas, a proposta ou realização

a) de todas as transações referidas no inciso II do art. 10, acompanhadas da


identificação de que trata o inciso I do mencionado artigo;

b) das operações referidas no inciso I.

Atenção!

• As comunicações de boa-fé, feitas na forma prevista neste artigo,


não acarretarão responsabilidade civil ou administrativa.
• Segundo a OAB/Tribunais, o Advogado não precisa comunicar.

Art. 11-A. As transferências internacionais e os saques em espécie deverão


ser previamente comunicados à instituição financeira, nos termos, limites, prazos e
condições fixados pelo Banco Central do Brasil.

➢ Responsabilidade Administrativa
As pessoas constantes do Art. 9º, bem como aos administradores das pessoas jurídicas, que deixem
de cumprir as obrigações previstas nos arts. 10 e 11 serão aplicadas, cumulativamente ou não, pelas
autoridades competentes, as seguintes sanções:

a) Advertência, pelo descumprimento das obrigações dos incisos I e II, do art. 10;
b) Multa pecuniária variável, não superior:
• ao dobro do valor da operação;
• ao dobro do lucro real obtido ou que presumivelmente seria obtido pela realização da operação; ou
• ao valor de R$ 20.000.000,00 (vinte milhões de reais).
c) Inabilitação temporária, pelo prazo de até 10 anos, para o exercício do cargo de administrador das
pessoas jurídicas referidas no art. 9º;
d) Cassação ou suspensão da autorização para o exercício de atividade, operação ou funcionamento
(reincidência específica, devidamente caracterizada em transgressões anteriormente punidas com multa).

30
4.8 COAF – Conselho de Controle de Atividade Financeira

Criado pela Lei 9.613/98 o COAF tem, entre outras, as seguintes competências (sem prejuízo de outros
órgãos):

• Aplicar penas administrativas;


• Receber, examinar e identificar ocorrências suspeitas de atividade ilícitas.

Poderá o COAF requerer, aos Órgãos da Administração Pública, informações cadastrais e bancárias de
pessoas envolvidas com atividades ilícitas, e das decisões do COAF cabe recurso ao Ministro de Estado da
Fazenda.

➢ Composição do COAF

Art. 16. O Coaf será composto por servidores públicos de reputação ilibada e
reconhecida competência, designados em ato do Ministro de Estado da
Fazenda, dentre os integrantes do quadro de pessoal efetivo do Banco Central do
Brasil, da Comissão de Valores Mobiliários, da Superintendência de Seguros
Privados, da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, da Secretaria da Receita
Federal do Brasil, da Agência Brasileira de Inteligência, do Ministério das
Relações Exteriores, do Ministério da Justiça, do Departamento de Polícia
Federal, do Ministério da Previdência Social e da Controladoria-Geral da União,
atendendo à indicação dos respectivos Ministros de Estado.

31

Das könnte Ihnen auch gefallen