Beruflich Dokumente
Kultur Dokumente
SUMÁRIO
3
CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA, ECONÔMICA E CONTRA AS RELAÇÕES
DE CONSUMO
ATENÇÃO!
Não confundir:
• Inadimplemento
• Elisão
• Evasão/fraude (sonegação fiscal)
Lei 4357/64 – incrimina o delito de apropriação indébita do imposto de renda, imposto sobre o
consumo e o imposto de selo.
Lei 4729/65 – estabeleceu o crime de sonegação fiscal. OBS: Essa lei foi posteriormente revogada
pela Lei 8137/90.
Lei 8137/90 – os arts. 1º/3º cuidam dos crimes contra a ordem tributária; o art. 4º versa sobre o
crime contra a ordem econômica; o art. 7º trata dos crimes contra as relações de consumo.
Inicialmente, a lei 8137/90 também cuidava dos crimes de sonegação fiscal, porém após a edição das
Leis 8212/91 e 9983/00, os delitos de apropriação indébita previdenciária e sonegação de
contribuição previdenciária foram extirpados da Lei 8137/90 e inseridos respectivamente nos arts.
168-A e 337-A do Código Penal.
Código Penal – O CP também cuida de crimes tributários, segundo se infere dos arts. 168-A, 316,
§1º, 318, 334 e 337-A.
4
2. BEM JURÍDICO TUTELADO
São duas correntes:
Corrente funcionalista – o bem jurídico tutelado tem íntima ligação com as funções do tributo
na sociedade. Ex: o funcionamento e o custeio das atividades estatais. Essa tese é criticada por
ser genérica e indeterminada, tornando extremamente difícil a atuação do Direito Penal quanto à
aplicação do princípio da ofensividade. É a posição do professor Hugo de Brito Machado.
O princípio da insignificância, que tem íntima ligação com os primados da intervenção mínima do
Estado e da fragmentariedade, gera a atipicidade material da conduta. Para tanto é necessário a presença dos
4 vetores traçados pelo Supremo Tribunal Federal:
O Supremo Tribunal Federal e o Superior Tribunal de Justiça destoavam quanto ao valor empregado.
• STJ: R$10.000,00 (dez mil reais). - Lei 10522/023
• STF: R$ 20.000,00 (vinte mil reais) - Portaria do Ministério da Fazenda de nº 75, de 22 de março de
2012
• Hoje: STF e STF - R$ 20.000,00 (vinte mil reais)
5
Cuidado:
O valor considerado insignificante para a promoção da execução fiscal no âmbito da União tem repercussão
apenas para os crimes federais. Vale dizer, esse critério adotado pela União Federal não tem o condão de
afastar a tipicidade material quando se tratar de delitos concernentes a tributos que não sejam da competência
da União. Afinal, para a aplicação desse patamar a crimes praticados em detrimento dos Estados, dos
Municípios ou do Distrito Federal, seria necessária a existência de lei do ente federativo competente, porque
a arrecadação da Fazenda Nacional não se equipara à dos demais entes federativos. Ademais, um dos
requisitos indispensáveis à aplicação do princípio da insignificância é a inexpressividade da lesão jurídica
provocada, que pode se alterar de acordo com o sujeito passivo (STJ, HC 165003, Rel. Min. Sebastião Reis
Júnior, julgado em 20/3/2014)
Cuidado II:
• Nos casos de reincidência – não aplicação deste princípio.
• Sob pena de o princípio da insignificância funcionar indevidamente como verdadeiro incentivo à
prática de descaminho
✓ HC 144463 AgR, Relator: Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Segunda Turma, julgado em 11/09/2018
✓ STJ, 6ª Turma, RHC 31612, Rel. Min. Rogério Schietti Cruz
5. COMPETÊNCIA CRIMINAL
A competência para processar e julgar os crimes tributários está intimamente ligada à competência
tributária (competência para instituir e majorar tributos).
Dessa forma, se o tributo sonegado for da competência da União, o crime será julgado na
Justiça Federal. Exemplo: Imposto de renda, contribuição previdenciária do INSS. De outro lado, se o tributo
sonegado for da competência dos Estados (ex: IPVA) ou dos municípios (ex: ISS), a competência para julgar
será dos Estados.
Qual será a Justiça competente em caso de conexão entre crimes da Justiça Federal e Estadual
(Ex.: supressão de IR e ICMS)?
Competirá a Justiça Federal processar e julgar o fato, nos exatos termos da súmula 122 do STJ: Compete à
Justiça Federal o processo e julgamento unificado dos crimes conexos de competência federal e
estadual, não se aplicando a regra do art. 78, II, a, do Código Penal.
6
6. CONCURSO DE CRIMES/IMPUTAÇÃO NOS CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA
Se o delito de falsidade ideológica ou uso de documento falso for empregado como meio para o
cometimento de delito contra a ordem tributária, o crime tributário, por ser crime fim, absorve o crime
meio, tudo em sintonia com o princípio da consunção (crime progressivo). Todavia, se a falsidade ou o uso
de documento falso não for empregado exclusivamente para o cometimento do delito tributário não há que
se falar em absorção e sim em concurso de crimes.
7. FISCALIZAÇÃO TRIBUTÁRIA
O Fisco deve obedecer a regra da inviolabilidade domiciliar consagrada no art. 5º, XI, da
Constituição Federal.
(HC 103325, Relator: Min. CELSO DE MELLO, Segunda Turma, julgado em 03/04/2012)
A obtenção direta de informações das entidades bancárias pelos órgãos de fiscalização tributária
é constitucional? Os arts. 5º e 6º da Lei Complementar nº 105/018 são constitucionais?
O Supremo Tribunal Federal ao apreciar essa questão na ADI 2859 firmou entendimento de que a transferência
direta de informações sigilosas das instituições bancárias ao órgão de fiscalização tributária, sem autorização
judicial não caracteriza quebra de sigilo ou da privacidade, mas sim configura em mera transferência de dados
sigilosos de um órgão, que tem o dever de sigilo, para outro, que também tem a mesma obrigação de sigilo,
de forma que eventual vazamento de informações ocasionará a responsabilidade desse agente
7
8. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE EM VIRTUDE DO PAGAMENTO OU DO PARCELAMENTO DO
DÉBITO TRIBUTÁRIO
Regra geral do CP: o pagamento pode caracterizar o arrependimento posterior, também conhecido
como ponte de prata, descrito no art. 16 do Código Penal.
Art. 9º da Lei 10.684/03: É suspensa a pretensão punitiva do Estado, referente aos crimes previstos
nos arts. 1o e 2o da Lei no 8.137, de 27 de dezembro de 1990, e nos arts. 168A e 337A do Decreto-Lei no
2.848, de 7 de dezembro de 1940 – Código Penal, durante o período em que a pessoa jurídica
relacionada com o agente dos aludidos crimes estiver incluída no regime de parcelamento.
Julgado importante:
O pagamento do débito tributário, a qualquer tempo, até mesmo após o advento do trânsito em
julgado da sentença penal condenatória, é causa de extinção da punibilidade do acusado.
STJ. 5ª Turma. HC 362.478-SP, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 14/9/2017 (Info 611).
Súmula Vinculante 24: Não se tipifica crime material contra a ordem tributária, previsto no art. 1º, incisos
I a IV, da Lei 8137/90, antes do lançamento definitivo do tributo.
Cuidado II:
• Crimes conexos com os delitos materiais contra a ordem tributária não têm sua persecução penal
condicionada à decisão final do procedimento administrativo do lançamento do crédito tributário.
• Ex.: Crime Tributário, Associação Criminosa e falsidade ideológica. Não há ilegalidade na autorização
das medidas investigatórias.
• HC 148.829-RS, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 21/8/2012.
8
Crimes praticados por funcionários
públicos (Seção II do Capítulo 1 da Lei nº
Crimes praticados por particulares 8137/90) – são os crimes descritos no art.
(Seção I do Capítulo 1 da Lei nº 8137/90) – 3º da Lei 8137/90. Em sua essência, são
esses delitos estão previstos nos arts. 1º e delitos contra a Administração Pública,
2º da Lei 8137/90. acrescidos de elementos especializantes de
serem cometidos em desfavor da
Administração Fazendária.
Art. 1º da Lei 8137/90: Constitui crime contra a ordem tributária suprimir ou reduzir tributo, ou
contribuição social e qualquer acessório, mediante as seguintes condutas:
I – omitir informação (Declaração de Informações Econômico-Fiscais da Pessoa Jurídica caracteriza esse
delito. STJ REsp 1561442), ou prestar declaração falsa às autoridades fazendárias;
II – fraudar a fiscalização tributária, inserindo elementos inexatos, ou omitindo operação de qualquer natureza,
em documento ou livro exigido pela lei fiscal;
III – falsificar ou alterar nota fiscal, fatura, duplicata, nota de venda, ou qualquer outro documento relativo à
operação tributável;
- Em razão do princípio da especialidade, esse delito afasta a incidência dos crimes de falsificação de documento
público (art. 297 do CP) e falsificação de documento particular (art. 298 do CP)
IV – elaborar, distribuir, fornecer, emitir ou utilizar documento que saiba ou deve saber falso ou inexato;
V – negar ou deixar de fornecer, quando obrigatório, nota fiscal ou documento equivalente, relativa à
venda de mercadoria ou prestação de serviço, efetivamente realizada, ou fornecê-la em desacordo com a
legislação.
Pena – reclusão, de 2 a 5 anos, e multa.
Parágrafo único. A falta de atendimento da exigência da autoridade, no prazo de 10 (dez) dias, que poderá
ser convertido em horas em razão da maior ou menor complexidade da matéria ou da dificuldade quanto ao
atendimento da exigência, caracteriza a infração prevista no inciso V.
• Sujeito ativo: Cuida-se de crime comum. Além do sujeito passivo da obrigação tributária, outras
pessoas também podem concorrer para esse delito, conforme prevê o art. 11 da Lei 8137/9011.
Exemplos: advogado, contador.
• A Lei nª 8137/90 não permite a responsabilização penal da pessoa jurídica.
• Art. 173, §5º, da CF não é autoaplicável
• Sujeito passivo: É o sujeito ativo da obrigação tributária, nos moldes do art. 119 do CTN.
9
11. ELEMENTOS OBJETIVOS DO TIPO
• Suprimir deve ser compreendido como omitir, não recolher o valor devido ao Fisco.
• Reduzir é recolher um valor menor do que o devido ao Fisco, diminuir.
Na modalidade suprimir o tributo não é pago, ao passo que na conduta reduzir o tributo é pago, porém
de forma parcial. O crime em estudo é composto da redução/supressão do tributo acrescida da fraude prevista
em um dos incisos do art. 1º da Lei 8137/90.
Consumação:
• Como vimos, os crimes do art. 1º da Lei 8137/90 são delitos materiais, isto é, somente se consuma com a
ocorrência do resultado naturalístico (supressão ou redução de tributo), que se dá, segundo os Tribunais Superiores,
com o lançamento definitivo da constituição do crédito tributário.
Concurso de crimes:
• É perfeitamente possível o concurso material/ formal de crimes e a continuidade delitiva (art. 71 do CP). Em relação
à continuidade delitiva, a jurisprudência dos Tribunais Superiores tem relativizado o critério temporal de 30 dias entre
uma conduta criminosa e outra para abarcar lapso temporal mais elástico. É o caso, por exemplo, das
declarações de ajuste anual de imposto de renda de pessoa física, situação em que se tem admitido um intervalo de
1 ano.
Por quanto(s) delito(s) responde o agente que com uma única conduta consegue a supressão de
2 ou mais tributos de titularidade de entes diversos?
De acordo com os Tribunais Superiores, não há pluralidade de crimes e sim crime único. Afinal de contas, o
bem jurídico tutelado é a ordem tributária e não cada tributo isoladamente considerado, ou seja, pouco
importa se os tributos suprimidos ou reduzidos forem de entes federativos diversos, estamos diante de um
único crime praticado mediante uma conduta.
10
V - utilizar ou divulgar programa de processamento de dados que permita ao sujeito passivo da obrigação
tributária possuir informação contábil diversa daquela que é, por lei, fornecida à Fazenda Pública.
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa
Atenção!
• Esses delitos são subsidiários, em relação aos do art. 1º.
Art. 3° Constitui crime funcional contra a ordem tributária, além dos previstos no Decreto-Lei n°
2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal (Título XI, Capítulo I):
I - extraviar livro oficial, processo fiscal ou qualquer documento, de que tenha a guarda em razão da função;
sonegá-lo, ou inutilizá-lo, total ou parcialmente, acarretando pagamento indevido ou inexato de tributo ou
contribuição social; (art. 334)
II - exigir, solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou
antes de iniciar seu exercício, mas em razão dela, vantagem indevida; ou aceitar promessa de tal vantagem,
para deixar de lançar ou cobrar tributo ou contribuição social, ou cobrá-los parcialmente. Pena - reclusão, de
3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. (art. 316 e 317)
III - patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a administração fazendária, valendo-se da
qualidade de funcionário público. (art. 321)
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
• Crime Próprio
• Sujeito Ativo – Art. 327 do CP
11
12. PENA DE MULTA NOS CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA
Art. 8° Nos crimes definidos nos arts. 1° a 3° desta lei, a pena de multa será fixada entre 10 (dez)
e 360 (trezentos e sessenta) dias-multa, conforme seja necessário e suficiente para reprovação
e prevenção do crime.
Parágrafo único. O dia-multa será fixado pelo juiz em valor não inferior a 14 (quatorze) nem superior a 200
(duzentos) Bônus do Tesouro Nacional BTN.
Art. 9° A pena de detenção ou reclusão poderá ser convertida em multa de valor equivalente a:
I - 200.000 (duzentos mil) até 5.000.000 (cinco milhões) de BTN, nos crimes definidos no art. 4°;
II - 5.000 (cinco mil) até 200.000 (duzentos mil) BTN, nos crimes definidos nos arts. 5° e 6°;
III - 50.000 (cinqüenta mil) até 1.000.000 (um milhão de BTN), nos crimes definidos no art. 7°.
Art. 10. Caso o juiz, considerado o ganho ilícito e a situação econômica do réu, verifique a insuficiência ou
excessiva onerosidade das penas pecuniárias previstas nesta lei, poderá diminuí-las até a décima parte
ou elevá-las ao décuplo.
12
Sujeito Ativo: Cuida-se de um crime próprio, ou seja, o tipo penal reclama uma
qualidade especial do sujeito ativo. No caso, o agente deve ser empresário.
Sujeito passivo: É crime vago, pois figura como sujeito passivo um ente sem personalidade
jurídica. No caso, o sujeito passivo é a sociedade, por sofrer com o abuso do poder econômico.
Esse delito tutela a regularidade e a integridade da economia nacional.
Art. 109 da Constituição Federal: Aos juízes federais compete processar e julgar:
VI – os crimes contra a organização do trabalho e, nos casos determinados por lei, contra o sistema financeiro
e a ordem econômico-financeira;
• Sujeito ativo: O crime é próprio, eis que o tipo penal exige uma qualidade especial do agente. No
caso, o crime somente pode ser cometido por fornecedor do produto ou do serviço. Já o sujeito
passivo é o consumidor.
• Elementos objetivos: De início, cumpre destacar que os termos preferir e favorecer possuem o mesmo
significado. Favorecer/Preferir é beneficiar comprador ou freguês, não existindo qualquer motivo para
tanto. Essa situação revela um tratamento diferenciado entre consumidores que estão em
igualdade de condições. Todavia, não configura esse tipo penal nos casos de sistemas de entrega
ao consumo por meio de distribuidores ou revendedores em razão da ressalva contida no final do
inciso I. É o que ocorre, por exemplo, com os veículos novos que apenas podem ser vendidos aos
consumidores por meio das concessionárias.
• Sujeito ativo: O crime é próprio, eis que o tipo penal exige uma qualidade especial do agente. No
caso, o crime somente pode ser cometido por fornecedor do produto ou do serviço. Já o sujeito passivo
é o consumidor.
• Elementos objetivos: Vender é transferir a mercadoria para outrem mediante pagamento em dinheiro.
Expor à venda é ofertar o produto a fim de que alguém a adquira.
14
INCISO III – mistura de gêneros e mercadorias
• Sujeito ativo: O crime é próprio, eis que o tipo penal exige uma qualidade especial do agente. No
caso, o crime somente pode ser cometido por fornecedor do produto ou do serviço. Já o sujeito passivo
é o consumidor.
• Consumação: Cuida-se de crime formal, porquanto sua consumação se dá com a mera mistura dos
produtos.
• Sujeito ativo: O crime é próprio, eis que o tipo penal exige uma qualidade especial do agente. No
caso, o crime somente pode ser cometido por fornecedor do produto ou do serviço. Já o sujeito passivo
é o consumidor.
• Sujeito ativo: O crime é próprio, eis que o tipo penal exige uma qualidade especial do agente. No
caso, o crime somente pode ser cometido por fornecedor do produto ou do serviço. Já o sujeito passivo
é o consumidor.
• Sujeito ativo: o crime é próprio, eis que o tipo penal exige uma qualidade especial do agente. No caso,
o crime somente pode ser cometido por fornecedor do produto ou do serviço. Já o sujeito passivo é
o consumidor.
• Consumação: sonegação ou retenção da mercadoria.
• Sujeito ativo: o crime é próprio, eis que o tipo penal exige uma qualidade especial do agente. No caso,
o crime somente pode ser cometido por fornecedor do produto ou do serviço. Já o sujeito passivo é
o consumidor.
• Consumação: instante em que o consumidor é induzido a erro por meio da indicação ou afirmação
falsa sobre a natureza, qualidade do bem ou serviço.
15
INCISO VIII – destruição de matéria-prima ou de mercadoria
• Sujeito ativo: o crime é próprio, eis que o tipo penal exige uma qualidade especial do agente. No caso,
o crime somente pode ser cometido por fornecedor do produto ou do serviço. Já o sujeito passivo é
o consumidor.
• Consumação: instante em que o agente pratica uma das condutas descritas no tipo penal.
• Diferencia do crime do art. 163 do CP, pois aqui é coisa própria.
• Sujeito ativo: O crime é próprio, eis que o tipo penal exige uma qualidade especial do agente. No
caso, o crime somente pode ser cometido por fornecedor do produto ou do serviço. Já o sujeito passivo
é o consumidor.
• Consumação: Cuida-se de crime formal, porquanto sua consumação se dá com a realização da venda
ou com a exposição à venda.
Art. 12 da Lei 8137/90: São circunstâncias que podem agravar de 1/3 (um terço) até a metade as penas
previstas nos arts. 1º, 2º e 4º a 7º:
I – ocasionar grave dano à coletividade;
II – ser o crime cometido por servidor público no exercício de suas funções;
III – ser o crime praticado em relação à prestação de serviços ao comércio de bens essenciais à vida ou à
saúde.
16
15. AÇÃO PENAL
• O Art. 15 da Lei 8137/90, os crimes descritos no referido diploma legal são de ação penal pública
incondicionada.
• No mesmo sentido: Súmula 609 do STF: É pública incondicionada a ação penal de sonegação fiscal.
Caso prático:
A RFB identificou que determinado ator sonegou renda causando um prejuízo ao erário no valor de R$
1.000,00. Foi instaurado procedimento administrativo e, antes da constituição definitiva do crédito tributário,
a RFB encaminhou ofício ao MPF para cientificá-lo da situação. O MPF, de pronto, ofereceu denúncia pela
prática do crime previsto no art. 1, I, da Lei 8.137. O Juiz recebeu a inicial acusatória e determinou a citação
do acusado. Após o efetivo cumprimento da citação o Ator procura lhe procura para adoção da providência
legal cabível. Qual a medida judicial cabível? Qual tese e pedido?
Espelho:
• Resposta a Acusação – Art. 396 e 396-A
• Tese jurídica e pedido: aplicação da SV 24. Aplicação do art. 397, III da CPP.
• Absolvição sumária, pois o fato narrado não constitui crime, uma vez que o crime tributário
necessita da constituição definitiva.
17
LAVAGEM DE CAPITAIS
1. CONCEITO
Nos Estados Unidos, a máfia de Chicago começou a criar lavanderias para legalizar a origem do
dinheiro auferido ilicitamente. A partir disso, a “Lavagem de Dinheiro” passou a se popularizar, tendo sido esta
a nomenclatura utilizada no Brasil justamente por conta da incorporação a linguagem popular. Em Portugal,
França e Espanha, o ato é chamado de Branqueamento de Capitais.
➢ Integração: nesta fase, com a aparência de lícitos, os valores são formalmente incorporados ao
sistema econômico. Utilizam-se as instituições financeiras que movimentam grande volume de dinheiro.
18
Para o STF, em recente julgado, não há necessidade de operações de maior complexidade para
caracterizar a lavagem. Ou seja, não é necessário que as três fases anteriores tenham ocorrido (introdução,
dissimulação e integração). Ex.: Máfia dos Fiscais de SP.
2. TRATADOS INTERNACIONAIS
O Brasil foi signatário de dois Tratados Internacionais onde se obrigou perante a sociedade
internacional a reprimir o delito de lavagem de dinheiro.
3. LAVAGEM DE DINHEIRO
• Crime instantâneo de efeitos permanentes. Assim, a consumação ocorre quando acontecer a ocultação
ou a dissimulação. Por essa corrente não se aplica o direito intertemporal.
• Crime permanente. A lavagem se prolonga no tempo. Para essa corrente, aplica-se a Lei 12.683/12
para crimes ocorridos antes de sua vigência, ainda que pior para o réu.
Há quatro correntes a respeito do bem jurídico que viria a ser tutelado pela Lei de Lavagem de Capitais.
19
1. O mesmo bem jurídico tutelado pela infração antecedente;
• Até tinha sentido para as leis de 1ª geração (drogas).
3. Ordem Econômico-Financeira;
• Cria uma concorrência desleal (imagine a concorrência com um posto de gasolina utilizado para lavar
dinheiro);
• Possibilita o uso do princípio da insignificância.
4. Para alguns, além da ordem econômico-financeira, é também objeto da lavagem o bem jurídico tutelado
pela infração antecedente (pluriofensivo).
O delito de Lavagem de Dinheiro é um crime acessório (derivado/parasitário), uma vez que depende
da prática de outras infrações antecedentes, a exemplo da receptação.
a) Apesar de haver uma conexão, a reunião não é obrigatória. Pode ser feita. Compete ao juiz que julga
a lavagem, se desejar, efetivá-la (art. 2º, II, novidade trazida pela Lei 12.863/12). Não se aplica o
CPP (art. 76, III), que afirma ser a competência para determinar a reunião dos processos do juiz que
julga o processo com o crime com maior pena;
b) A condenação na infração antecedente não é condição para condenação por lavagem. Todavia, no
caso de não tramitarem simultaneamente, deve haver a verificação – pelo juízo da lavagem – da
condenação pela infração antecedente como condição prejudicial homogênea (art. 2º, II, primeira
parte);
c) Teoria da acessoriedade limitada: para punição do partícipe, a conduta do autor deve ser típica e
ilícita. Não precisamos verificar a culpabilidade e punibilidade. Assim, é possível punir pela lavagem
se houve (a depender do fundamento) absolvição da infração antecedente (art. 2º, § 1º, da Lei nº
9.613/98).
20
3.3 Gerações de Leis sobre Lavagem de Dinheiro
*Percebe-se que a Lei Brasileira (Lei 9.613/98, com a alteração) é uma Lei de 3ª Geração.
Lei Velha
Crime Rol taxativo
Lei Nova
Infração Penal Não há rol taxativo
Atenção! Nem toda infração pode ser antecedente da lavagem. A prevaricação (art. 319, CP), por
exemplo, não pode, uma vez que não é produtora.
Tal conduta de ocultação ou dissimulação do dinheiro “sujo” passa somente agora a ser punida como
lavagem.
Trata-se de um crime comum, logo pode ser cometido por qualquer pessoa, inclusive pelo agente que
praticou a infração penal antecedente. Pessoas Jurídicas não podem ser responsabilizadas criminalmente, mas
nada impede ao âmbito administrativo (art. 12)
Mas cuidado! Não há necessidade de o agente ter efetivamente cometido a infração penal
antecedente. Assim já decidiu o STJ:
3.5 Autolavagem
Nada mais é do que o autor da infração antecedente ser responsabilizado pela lavagem de capitais.
Há, no entanto, uma discussão doutrinária a respeito do assunto:
1ª Corrente 2ª Corrente
• Não é possível, pois (i) guarda relação com • É possível, pois (i) a redação da lei
o favorecimento real (art. 349, CP), e (ii) há 9.613/98 é diversa do art. 349, CP, e (ii)
o princípio que impede a auto incriminação. não há que se falar em auto incriminação
(não está pedindo que se incrimine).
22
Advogado pode responder criminalmente pela lavagem?
• A lei 12.683/12 (art. 9º, § único) trouxe a obrigação de complaice para algumas pessoas
(físicas ou jurídicas). Diante disso, a doutrina passou a diferenciar o advogado de
representação contenciosa (atuam na defesa judicial – não estariam obrigados – fundamento
art. 133 da CF), do advogado de operação (presta atividade de consultoria – empresaria e
tributária – e deve comunicar a operação suspeita). Isso não tem sido aceito pela
Jurisprudência e pela própria OAB. O COAF editou a resolução n.º 24/2013.
Caso o advogado esteja sendo pago com dinheiro ilícito, estará lavando capitais?
a) Utiliza, na atividade econômica ou financeira, bens, direitos ou valores provenientes de infração penal;
b) Participa de grupo, associação ou escritório tendo conhecimento de que sua atividade principal ou
secundária é dirigida à pratica de crimes previstos na Lei 9.613/98.
• Pena de Tentativa
Prevista no art. 1º, § 3º da Lei 9.613/98, e pune-se na forma do art. 14 do Código Penal.
• Delação Premiada
Dispõe o art. 1º, § 5º, da Lei 9.613/98 que, em caso de colaboração espontânea, o autor, coautor ou
partícipe terão os seguintes benefícios:
24
4. PROCEDIMENTO NO JULGAMENTO DOS CRIMES DE LAVAGEM DE DINHEIRO
Aplicam-se as disposições relativas aos procedimentos comuns dos crimes punidos com reclusão,
porém, não se aplica o disposto no art. 366 do Código de Processo Penal (suspensão do processo e do prazo
prescricional).
A lei conferiu autonomia processual quando afirmou que basta prova da existência da infração penal
antecedente. O julgamento do crime antecedente, portanto, não será questão prejudicial para o julgamento
do crime de lavagem de dinheiro. Isso também se aplica aos crimes cometidos no estrangeiro, no entanto,
aqui se deve observar a dupla tipicidade, ou seja, o fato deve ser também considerado crime no país
estrangeiro.
Será também possível o julgamento pelo crime de lavagem de dinheiro (capitais) mesmo que o crime
antecedente seja tentado, desde que tenha gerado bens.
A absolvição do agente pelo crime antecedente não impede que seja ele o autor do delito de lavagem
de dinheiro, exceto se a absolvição se fundar em inexistência do fato (art. 386, I, CPP) ou atipicidade da
conduta (art. 386, III, CPP).
Excepcionalmente, será de
competência da Justiça Federal
quando:
Além dos requisitos genéricos do art. 41 do CPP, a lei exigiu também que traga a denúncia indícios
suficientes da existência da infração penal antecedente . Exemplos de indícios:
25
4.3 Autor Desconhecido ou Isento de Pena
Segundo a Lei 9.613/98, nem mesmo o fato de o autor do crime antecedente ser desconhecido ou
isento de pena ou de estar extinta a punibilidade da infração penal antecedente (lei nova) vai obstar o início
da ação penal pelo crime de lavagem de dinheiro.
Assim sendo, mesmo que praticado por um inimputável (menor de 18 anos, por exemplo), haverá
lavagem de dinheiro (comum no tráfico de drogas).
Advém do poder geral de cautela do Magistrado. Dessa forma pode, no curso do Inquérito ou da Ação
Penal determinar as medidas assecuratórias previstas em lei, quais sejam: apreensão, sequestro, arrestos e
hipoteca legal.
Atenção!
➢ Administrador
A autoridade judicial poderá nomear pessoa idônea para administrar os bens, em caso de
implementação de alguma medida assecuratória. O Administrador fará jus a uma remuneração (obtida com o
26
produto dos bens apreendidos) e deverá prestar informações periódicas. Pela Administração velará o Ministério
Público, requerendo o que entender cabível.
➢ Venda Antecipada
Pode-se alienar antecipadamente os bens para preservar o seu valor (no caso de ser possível sua
deterioração ou depreciação). Tal medida poderá ser de ofício pelo Juiz, mediante requerimento do MP ou
solicitação de parte interessada.
Feita a avaliação ela será homologada por sentença pelo Magistrado que, após sanar possíveis dúvidas,
determinará alienação.
Sentença Condenatória:
Sentença Absolutória:
Recursos decorrentes de alienação de bens, direitos ou valores relacionados a tráfico de drogas serão
regidos pela Lei 11.343/06 – Lei de Drogas.
➢ Pedido de Restituição
Para ser conhecido o pedido de restituição dos bens é indispensável a presença pessoal do acusado
ou de interposta pessoa (lei nova).
27
➢ Suspensão de Ordem de Prisão e de Medidas Assecuratórias
Permite-se que a prisão e as medidas assecuratória sejam suspensas pelo Magistrado – após
manifestação Ministerial – quando suas execuções possam comprometer as investigações.
No caso de não haver tratado haverá repartição – após o Trânsito em Julgado – dos bens privados
(em partes iguais) entre o Estado Requerente e o Brasil.
São efeitos da condenação pelo crime de lavagem de dinheiro, além daqueles previstos no Código
Penal (art. 91 e ss), os seguintes:
[...]
28
4.7 Dever de Colaboração (Dever de Complaice)
Algumas pessoas, físicas ou jurídicas, em razão da atividade que exercem, devem colaborar com o
Estado, pois tais atividades podem ser “meio” para lavagem de dinheiro. São exemplos, entre outras:
29
➢ Comunicação de Operações Financeiras
Atenção!
➢ Responsabilidade Administrativa
As pessoas constantes do Art. 9º, bem como aos administradores das pessoas jurídicas, que deixem
de cumprir as obrigações previstas nos arts. 10 e 11 serão aplicadas, cumulativamente ou não, pelas
autoridades competentes, as seguintes sanções:
a) Advertência, pelo descumprimento das obrigações dos incisos I e II, do art. 10;
b) Multa pecuniária variável, não superior:
• ao dobro do valor da operação;
• ao dobro do lucro real obtido ou que presumivelmente seria obtido pela realização da operação; ou
• ao valor de R$ 20.000.000,00 (vinte milhões de reais).
c) Inabilitação temporária, pelo prazo de até 10 anos, para o exercício do cargo de administrador das
pessoas jurídicas referidas no art. 9º;
d) Cassação ou suspensão da autorização para o exercício de atividade, operação ou funcionamento
(reincidência específica, devidamente caracterizada em transgressões anteriormente punidas com multa).
30
4.8 COAF – Conselho de Controle de Atividade Financeira
Criado pela Lei 9.613/98 o COAF tem, entre outras, as seguintes competências (sem prejuízo de outros
órgãos):
Poderá o COAF requerer, aos Órgãos da Administração Pública, informações cadastrais e bancárias de
pessoas envolvidas com atividades ilícitas, e das decisões do COAF cabe recurso ao Ministro de Estado da
Fazenda.
➢ Composição do COAF
Art. 16. O Coaf será composto por servidores públicos de reputação ilibada e
reconhecida competência, designados em ato do Ministro de Estado da
Fazenda, dentre os integrantes do quadro de pessoal efetivo do Banco Central do
Brasil, da Comissão de Valores Mobiliários, da Superintendência de Seguros
Privados, da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, da Secretaria da Receita
Federal do Brasil, da Agência Brasileira de Inteligência, do Ministério das
Relações Exteriores, do Ministério da Justiça, do Departamento de Polícia
Federal, do Ministério da Previdência Social e da Controladoria-Geral da União,
atendendo à indicação dos respectivos Ministros de Estado.
31