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Seja bem-vindo/vinda

à apostila de redação
‘ONDE JÁ SE 1000’!

Umberto Mannarino

Às minhas queridas professoras


Edgleuba e Gláucia. Sem vocês
na minha vida, minha trajetória
teria sido bem diferente.
Obrigado por tudo :)

2 | Onde Já Se 1000
Conteúdo

INTRODUÇÃO 04

NOTAS ACIMA DE 900:


Gabriel (980) 07
Carim (980) 13
Marcondes (980) 18
Catarina (980) 23
Alécio (960) 28
Umberto (960) 33
Sophia (940) 38
Marcela (920) 43
Tallyta (900) 48
Gabriel (900) 54

NOTAS ENTRE 900 E 700:


Bruna (880) 59
Wigna (860) 64
Ana Lívia (860) 69
Lucas (820) 74
Taline (800) 79
John (800) 83
Daniela (780) 88
Taís (760) 93
Isabelle (740) 97
Rafael (700) 101

NOTAS ABAIXO DE 700:


Bruna (680) 105
Sarah (680) 110
Allison (680) 116
Yasmin (640) 121
Lucas (640) 126
Eulismenia (640) 131
Caroline (620) 136
Vitor (600) 141
Geovanna (580) 145
Yasmin (440) 150
Oi! Seja bem-vindo/vinda à ONDE JÁ SE 1000:
O guia prático para a Redação do ENEM
Eu sou o Umberto Mannarino, autor da apostila, e gostaria de dedicar estas
primeiras linhas para uma breve introdução.

E
u sei que todos vocês per afiado para o ENEM 2019 ;) Aos que não conhecem, a
vieram aqui atrás das Allana tem um Instagram ma-
análises de redação, e es- Quanto ao conteúdo da apos- ravilhoso de ensino. Ela só
tão doidos para pular a parte tila, este é um material prático tira de 940 para cima na re-
chata do início... mas calma!!! (por isso “O guia prático para a dação, então já dá para ver o
Fica aqui comigo pelos pró- Redação”). Por causa disso, eu nível de nerdice da pessoa. E,
ximos minutos para eu te ex- não me preocupei em explicar diga-se de passagem, com o
plicar como vai funcionar este a teoria por trás das 5 compe- 960 que ela tirou em 2018, a
material. Vai valer a pena, juro. tências. Isso você pode apren- Allana passou em MEDICINA
der gratuitamente pela própria na Federal (parabéns, Allana)!
Antes de mais nada, muito cartilha fornecida pelo Inep: Então, se você está procuran-
obrigado pelo voto de confian- do um material para reforçar
ça em adquirir a ONDE JÁ SE http://bit.ly/CartilhaInep a teoria de redação, não tem
1000! Apesar de trabalhoso, apostila melhor!
foi muito gratificante analisar Se você não faz ideia do que
as 30 redações que constam sejam as 5 competências, su- E se liga no desconto: você
neste material. E eu tenho cer- giro dar uma olhada nesse ma- que comprou a ONDE JÁ SE
teza que os comentários am- terial do Inep, que vai te escla- 1000 vai ganhar 20% OFF na
pliados sobre cada uma vão te recer muita coisa. Mas, como primeira apostila dela, 15%
dar insights valiosos sobre o os os comentários na ONDE JÁ OFF na segunda e 15% OFF
seus próprios textos no futuro. SE 1000 são focados para as total se comprar as duas jun-
5 competências na prática, em tas. Basta mandar um e-mail
Esta apostila contém a análi- pouco tempo você já vai ser para a Allana (vempramime-
se de 30 redações do ENEM capaz de identificar os erros dicina19@gmail.com) com o
2018. Os estudantes foram e acertos em cada redação comprovante de compra da
selecionados por um sorteio analisada, entendendo intui- ONDE JÁ SE 1000 que ela vai
no meu Instagram (@assim- tivamente do que se tratam te passar as orientações ;)
contououmberto), e as notas as competências. E o melhor:
foram divididas em 3 catego- sem precisar decorar nada! (E, não, eu não tenho uma
rias: acima de 900, entre 700 apostila favorita. Comprei as
e 900, e abaixo de 700. Mas se você quer ir a fundo mes- duas, e as duas são ótimas).
mo na teoria das 5 competên-
E bota variedade nisso, viu! Eu cias eu recomento de olhos fe- Um último recado antes de
aprendi tanto com essas 30 re- chados a apostila de redação da passarmos para as análises
dações que não tem nem como Allana (@vempramimedicina). práticas: a ONDE JÁ SE 1000
colocar em palavras. E pode ter Foi com ela que eu aprendi de é uma apostila exclusiva de
certeza de que, ao final da lei- verdade sobre as 5 competên- redação, mas eu também te-
tura deste material, você, assim cias, e graças a isso eu conse- nho um material para a prova
como eu, também vai estar su- gui tirar 960 no ENEM 2018. de múltipla-escolha:

4 | Onde Já Se 1000
em menos tempo e otimizar a material. Ela é toptoptop, e tem
nota no exame. É nesse mate- um Instagram de estudos incrí-
rial que eu explico em detalhes vel: @canaldamarcela.
o meu método para tirar 814,3
no ENEM 2018 sem ter feito Obrigado, Martchela <3
cursinho (nota que me passa-
ria por ampla concorrência em Mas já estou me prolongan-
79 das 88 faculdades públicas do demais. Quem decide se a
de Medicina no Sisu 2019/1). ONDE JÁ SE 1000 é boa de
verdade é ninguém mais, nin-
guém menos, que você, meu
Meu canal do YouTube: querido leitor! Então rufem os
http://bit.ly/UmbertoMannarino tambores, senhoras e senho-
res membros do júri, porque
Meu Instagram: agora eu apresento a vocês...
@assimcontououmberto

O Guia Prático Para a


Aos que têm interesse, só se- Redação do Enem!!
Link para a PODE VIR ENEM: guir o link. É o mesmo esque-
http://hotm.art/ApostilaENEM2019 ma da ONDE JÁ SE 1000: dis-
ponível por boleto ou cartão de Boa leitura!
A PODE VIR, ENEM é a minha crédito, e o material completo
apostila com estratégias de é liberado em PDF assim que o Lembrando: as dicas que co-
prova e a resolução completa pagamento for processado. meçam em * são apenas su-
do ENEM 2018 (Linguagens, gestões da minha parte. Não
Humanas, Matemática e Na- E, aproveitando, fica o convite têm relação com as 5 compe-
tureza). São 212 páginas com para o Instagram da maravilhosa tências do ENEM. Mas decidi
técnicas para acelerar a reso- MARCELA, que teve a paciência botar porque nesses casos é
lução, acertar mais questões de diagramar e revisar todo este melhor sobrar do que faltar :)

PEÇO, POR GENTILEZA, QUE NÃO


DISTRIBUA ESSE MATERIAL.

ELE É DE USO EXCLUSIVO SEU.


AGRADEÇO IMENSAMENTE! :)

introdução
Textos motivadores - ENEM 2018

6 | Onde Já Se 1000
Notas acima de 900
Gabriel Notas:
C1: 180
C2: 200
C3: 200
C4: 200
C5: 200

980

Análise por parágrafos:

Introdução
Brás Cubas ( 1 ), o defunto-autor de Machado de Assis, diz em suas “Memórias Póstumas”
que não teria filhos, a fim de nunca ter que ( 2 ) esclarecer os legados das misérias huma-
nas para ninguém. Analogamente, o consumismo induzido pelo marketing e a manipulação
política ( 3 ) enquadram-se no posicionamento da personagem, uma vez que se constituem
como ( 4 ) desafios da humanidade para mitigar ( 5 ) a manipulação do comportamento dos
usuários pelo controle de dados na internet ( 6 ). Assim, é necessário discutir os aspectos
sociais e políticos ( 7 ) da questão, em prol do bem estar social proposto por Rousseau ( 8 ).

( 1 ) Fazer uma analogia com uma obra literária é uma das formas de se abrir um texto. Excelente
uso de repertório sociocultural, que contribui para a competência 2.
( 2 ) “ter que” pode ser interpretado como uma expressão coloquial. Dê preferência a “ter de” ou
sinônimos (“precisar”, por exemplo).
( 3 ) Excelente maneira de pincelar os temas dos dois próximos parágrafos: consumismo induzido
pelo marketing (desenvolvimento 1) e manipulação política (desenvolvimento 2). Essa organi-
zação de elementos fortalece o projeto de texto e contribui para a competência 3.
(*4 ) Na falta de espaço na folha (não é o caso, mas poderia ser), sempre escolha as expressões
mais curtas para transmitir a ideia. Ao invés de “se constituem como desafios”, apenas “cons-
tituem desafios” transmite a mesma ideia e dá mais espaço para desenvolver o resto do texto.
Pode parecer coisa pouca, mas existem diversos lugares em que é possível suprimir algumas
palavras para ganhar espaço de argumentação. E às vezes duas palavras já são o suficiente

Umberto Mannarino | 7
para precisar de mais uma linha na folha (o que seria um desastre para quem escreve muito).
No caso dessa redação, o estudante fechou o texto com exatas 30 linhas (e provavelmente
precisou suprimir alguma coisa para não extrapolar). Ou seja: já no rascunho, comece a pensar
onde é possível sintetizar as ideias para evitar esse problema.

(*5 ) Único comentário negativo que eu tenho sobre esse parágrafo. A expressão “desafios da hu-
manidade para mitigar a manipulação” soa estranha. Não são os desafios que vão mitigar a
manipulação, e sim a superação dos desafios. Então melhor teria sido “desafios da humanida-
de a serem superados para mitigar a manipulação (...)”.
Uma das formas de deixar claro o tema da redação é copiá-lo na íntegra do tema proposto
(6)
pelo ENEM: “manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet”.
Isso não é errado e não tira ponto, como fica evidente pela nota máxima que o estudante tirou
em todas as competências (com exceção da 1ª, que não tem relação com a estrutura do texto).
Mais uma vez pincelando o que vai ser abordado nos próximos parágrafos: aspectos sociais e
( 7 ) políticos. Toptoptop!

Como vai ficar mais claro nos próximos comentários, o estilo de escrita do estudante coloca as
(*8 ) referências socioculturais sempre no fim dos parágrafos (Rousseau na introdução, e Bauman e
Durkheim nos desenvolvimentos). Eu, particularmente, não acho muito legal fazer isso, porque,
se não forem muitíssimo bem inseridas, as referências podem parecer “vagas” demais e talvez
até impertinentes para a argumentação. Sempre sugiro inserir as referências não no final, mas
no início ou no meio do parágrafo, porque assim você tem espaço para explicar do que se tra-
tam e o porquê de usá-las naquela situação (por exemplo, nesta redação fica sem explicação
o que significa o “bem-estar social” proposto por Rousseau).

Comentário
sobre a
Introdução

Uma introdução forte, iniciada com uma menção a Brás Cubas (que vai ser retomado na conclu-
são) para contextualizar a problemática. A tese foi exposta de maneira impecável, com termos
escolhidos a dedo para conectar a ideia de “manipulação do comportamento” ao “controle de
dados na internet”, como “consumismo induzido” e “manipulação política”. Veremos em outras
redações mais adiante que a ausência de termos como esses prejudica a competência 3, porque
em alguns casos os estudantes até mencionaram a manipulação e o controle de dados, mas não
foram capazes de estabelecer uma ligação clara entre os dois. Esse desencontro enfraqueceria
a tese – o elemento que orienta todos os argumentos –, e, consequentemente, a organização do
texto. Mas nessa redação o estudante conseguiu traçar essa conexão com maestria.

Desenvolvimento 1
A priori, o uso de informações pessoais em detrimento de interesses privados é latente no
contexto globalizado em que o Brasil se situa. Nesse espectro , o capital corporativo se
apropria de dados partilhados pelos usuários nas redes sociais que não deveriam ser usados
para o fim publicitário, visto que o Marco Civil da Internet garante a liberdade e a segurança
dos indivíduos na rede desde sua sanção como lei , criando algoritmos que es-
timulam a classe civil a adquirir produtos e serviços. Assim, além de intensificar os impactos
de tendências supérfluas criadas pelo mercado, como o lixo eletrônico advindo da política
de obsolescência programada de produtos digitais, a manipulação das preferências dos su-
jeitos “online” influencia na própria percepção da realidade dos cidadãos com seu
meio social, cultural e político, comprometendo sua liberdade de escolha nesses âmbitos
. Logo, o Brasil vai ao encontro da homogeneidade social proposta por Bauman ,
demonstrando a imprescibilidade de políticas públicas que contenham a problemática.

8 | Onde Já Se 1000
( 1 ) O estudante usa bastantes conectivos para associar as ideias entre as frases. A habilidade de
usar pertinentemente os conectivos contribui para a nota da competência 4.
( 2 ) O Marco Civil não garante a segurança dos usuários. Ele é uma lei que garante a liberdade de aces-
so democrático a todas as páginas da internet. Esse “erro” foi um detalhe tão pequeno que passa-
ria despercebido com qualquer corretor, então nem comprometeu a nota da competência 2. Mas,
por garantia, é sempre bom se atentar aos termos usados nas referências para evitar problemas.
( 3 ) Comentário similar ao 4 do parágrafo anterior: na falta de espaço na folha, o estudante poderia ter reti-
rado toda a expressão “desde sua sanção como lei”. “O Marco Civil garante a liberdade dos indivíduos
na rede” já seria suficiente para transmitir a ideia na íntegra, e economizaria espaço para argumentação.
( 4 ) Mais uma vez, o único comentário realmente negativo que eu tenho sobre esse parágrafo. E isso tam-
bém vai valer para todas as redações adiante, então atenção: muito cuidado com o gerúndio!! Nesse
trecho, a frase inteira está ambígua, porque não fica claro ao que a expressão “criando algoritmos”
está se referindo: se é o Marco Civil que cria algoritmos manipulativos (improvável) ou se o capital
corporativo (provavelmente o que o estudante quis dizer). O gerúndio após uma frase grande quase
sempre pode se referir a mais de um elemento da frase, e em muitos casos vai causar dificuldades de
interpretação devido ao mau uso dos elementos de retomada (podendo prejudicar a competência 4).
(*5 ) Note que o sujeito da oração (“a manipulação das preferências dos sujeitos ‘online’”) só é mencio-
nado no meio da frase. Enquanto lemos pela primeira vez, todo o trecho “Assim, além de intensificar
os impactos de tendências supérfluas (...), programada de produtos digitais” está sem sujeito. São
muitas informações relevantes, mas que só vão fazer sentido após duas linhas, quando o estudante
menciona que o causador desses problemas é a manipulação. E até aí o leitor já esqueceu metade
do que foi dito no início da frase. Minha sugestão: não use ordem inversa em frases muito grandes,
porque em 99% dos casos o elemento mais importante vai ser o sujeito. Assim, a frase vai ter mais
impacto se esse sujeito vem já em primeiro plano (ordem direta: sujeito, verbo e complemento).
( 6 ) Algumas gramáticas consideram “influenciar na” correto, mas algumas julgam errado esse uso
da preposição “em”. Por via das dúvidas, o mais comum é o verbo transitivo direto: “influen-
ciam a percepção”. Como não sabemos quão chato é o corretor, melhor evitar problemas e
não usar a preposição para não comprometer a competência 1.
( 7 ) Ótima forma de sintetizar toda a informação do parágrafo: “comprometendo sua liberdade de es-
colha nesses âmbitos”. O termo “liberdade de escolha” resume bem todo o argumento. Além disso,
o uso de um termo “dissertativo”, com posicionamento forte (o verbo “comprometer”) deixa claro
que o estudante entende que isso se trata de um problema. A habilidade de expressar indignação
com a problemática contribui para a autoria do texto (competência 3). A ausência de termos desse
tipo tornaria o parágrafo apenas expositivo, o que não é desejável em uma dissertação do ENEM.
(*8 ) Mais uma vez o uso de repertório sociocultural no fim do parágrafo, sem espaço para explicar
do que se trata essa homogeneidade social proposta por Bauman. Isso não prejudicou a nota
da competência 2, mas permanece a minha sugestão de usar o repertório mais no início do
parágrafo, a fim de explicar o porquê do seu uso.
( 9 ) “Imprescibilidade” está errado. O certo é “imprescindibilidade”. O uso de uma palavra inexis-
tente pode ter comprometido a nota da competência 1. Na dúvida, sempre prefira trocar a
expressão por um sinônimo para evitar problemas (“necessidade”, talvez).

Comentário
sobre o D1

A primeira frase do desenvolvimento 1 é um tópico frasal, ou seja, uma frase que em pouco
espaço já sintetiza tudo que vai ser tratado no parágrafo. Isso contribui para a organização e o
projeto do texto como um todo (competência 3). O uso de conectivos facilita a leitura e deixa
evidente por que cada informação está sendo usada em cada situação (competência 4). A au-
sência de conectivos daria a ideia de que as informações estão “largadas”, mas o uso de “nesse
espectro”, “Assim”, “além de (...)” e “Logo” facilita a compreensão e contribui para a progres-
são temática. O parágrafo fecha com uma frase de síntese para amarrar o que já foi dito aos
que será tratado nos próximos parágrafos. Excelente para a organização e a competência 3.

Umberto Mannarino | 9
Desenvolvimento 2
A posteriori, é substancial discutir os aspectos políticos da questão e seus desdobramentos.
Partindo desse pressuposto, a disputa entre Obama e Trump ( 1 ) na última eleição presiden-
cial dos E.U.A. ratificou que, com o intuito de aprovarem leis ou de ganharem eleições, políti-
cos de todo o mundo tem ( 2 ) usado notícias falsas sobre seus opositores para manipularem
a nação como um todo. Nesse sentido ( 3 ), tal articulação ( 4 ) quanto a ( 5 ) massa de mano-
bra política influencia intensamente no ( 6 ) modo de agir dos usuários da internet ( 7 ), visto
que o controle de dados dos cidadãos “online” permite que a criação de formas mentirosas
de mobilização popular seja completamente segmentada. Assim, o uso de informações para
tais fins ( 8 ) acarreta o levante de comportamentos extremistas, como a violência física e o
“cyberbullying”, aproximando o Brasil do estado de anomia social e caos institucional pro-
posto por Durkheim ( 9 ), tendo em vista, por exemplo, as eleições de 2018 ( 10 ).

( 1 ) Um pequeno deslize: o estudante quis dizer “a disputa entre Hillary Clinton e Trump”, mas aca-
bou falando de Obama. Marquei esse trecho para mostrar que você não precisa se preocupar
tanto assim com a competência 2. Deslizes inocentes não comprometem a nota dessa compe-
tência (mas ainda assim é melhor evitar, claro).
( 2 ) Acento circunflexo para indicar plural: “têm”.
( 3 ) Mais uso de conectivos para associar as ideias. Pontos na competência 4.
( 4 ) Uso de elemento de retomada para evitar repetição de termos (“tal articulação” para substituir
“o uso de notícias faltas para manipular a nação como um todo”). Pontos na competência 4.
( 5 ) Acento grave no “a” para indicar crase: “quanto à massa de manobra”.
(*6 ) Novamente o uso do verbo “influenciar” como transitivo indireto. Não é errado, mas o mais
comum é sem a preposição. Na dúvida, melhor evitar o uso “incomum” dos termos.
(*7 ) Sugestão de economia de espaço: trocar “usuários da internet” por “internautas”.
( 8 ) Mais um excelente uso de elemento de retomada: “tais fins” para retomar o controle de dados
dos cidadãos online de maneira segmentada.
(*9 ) Mesmo comentário que os pontos 8 dos parágrafos anteriores.
( 10 ) Aqui, o estudante fechou o parágrafo com uma informação completamente nova: as eleições de
2018 (provavelmente do Brasil, já que nos EUA foram em 2016). No entanto, o final dos parágrafos
é um espaço para síntese das ideias já mencionadas anteriormente, não de inserção de ideias no-
vas. O risco de um parágrafo com informações novas no final passar a impressão de “faltar alguma
coisa” é altíssimo, porque já não há mais espaço para explicar o porquê da menção à informação
nova. E foi o que aconteceu aqui: o estudante mencionou as eleições brasileiras muito por alto, e
não explicou sua relação com o caos institucional de Durkheim. Parece que deixou a informação
implícita de propósito para fazer o corretor pensar. Mas em uma redação modelo ENEM a última
coisa que você deve fazer é deixar informações implícitas. Isso não comprometeu a competência 3
porque, sinceramente, o estudante escreve muito bem. Uma escrita agradável contribui para o cor-
retor fazer “vista grossa” para os detalhes. Mas vocês vão ver nas redações abaixo de 700 como
os mesmos erros em uma redação menos bem escrita podem prejudicar o estudante. Então, por
via das dúvidas, é melhor evitar esse tipo de construção para não comprometer a competência 3.

Comentário
sobre o D2

Novamente, o uso de conectivos facilita a conexão de ideias. Sem o “Nesse sentido”, seria
muito mais difícil entender por que o estudante falou que a articulação quanto à massa de
manobra influencia o modo de agir dos internautas. O “Nesse sentido” deixa claro que isso
foi dito para se conectar com o exemplo anterior, das eleições nos EUA.
Fechar o parágrafo com uma informação completamente nova prejudicou a organização do
texto (competência 3), mas não a ponto de tirar nota. De qualquer forma, é melhor não arriscar.

10 | Onde Já Se 1000
Conclusão
Assim, medidas exequíveis são necessárias para conter o avanço da manipulação do com-
portamento do usuário pelo controle de dados na internet brasileira ( 1 , 2 ). Primeiramente,
cabe ao poder legislativo ( 3 ), por meio de debates entre congressistas e senadores, que
é ( 4 ) a melhor maneira de garantir-se o bem estar ( 5 ) democrático do país ( 6 ), discutir
modos de fiscalização e ampliação do Marco Civil da Internet, para que o uso de dados
pessoais para a indução ao consumo por meio do marketing se mitigue ( 7 ). Além disso,
cabe ao poder executivo ( 8 ), junto ao TSE, propor um projeto de emenda constitucional,
que é ( 9 ) importantíssimo para avanços da legislação, que criminalize o uso de informa-
ções individuais dos cidadãos para a propagação de notícias falsas na internet. Dessa for-
ma, o Brasil tornar-se-á ( 10 ) mais justo e coeso, aproximando-se do bem estar social pro-
posto por Rousseau ( 11 ) e de um legado que Brás Cubas se orgulharia em repassar ( 12 ).

(*1 ) Para economizar espaço, poderia substituir toda a expressão “manipulação (...) na internet
brasileira” por “problemática”.
( 2 ) Interessantíssimo o uso do termo “brasileira”. Como no tema da redação de 2018 não ficou
claro se a problemática era referente ao Brasil ou não, foi vital que na conclusão o estudante
se referisse ao Brasil para orientar as propostas de intervenção.
( 3 ) “Poder Legislativo”, com iniciais maiúsculas.
(*4 ) Desnecessário o uso de “que é”. As pessoas usam muito “que” porque facilita a construção das
frases, mas o uso excessivo de “que” empobrece o texto (alguns chamam isso de “queísmo”...
procure na internet formas de superá-lo). Quanto mais você pratica, mais percebe que é pos-
sível ir retirando os “que”s sem prejudicar a compreensão da frase. Leia de novo o parágrafo e
repare que, sem os “que é”, as frases ficam mais fluidas.
( 5 ) Hífen no “bem-estar”.
( 6 ) Detalhamento da pergunta “como” da conclusão. Dizer que debates são a melhor maneira
de garantir o bem-estar democrático é detalhar o “como” da proposta de intervenção, o que
contribui para a competência 5.
(*7 ) Evite a voz passiva. A voz ativa sempre será mais forte e impactante que a voz passiva. Ao
invés de “para que o uso de dados pessoais se mitigue”, sugiro substituir por “para mitigar o
uso de dados pessoais”.
( 8 ) “Poder Executivo”, com iniciais maiúsculas.
(*9 ) Mais uma vez o “que é”. Cortá-lo do texto mantém o sentido e torna a frase mais fluida.
( 10 ) Evite o uso de mesóclise (“tornar-se-á”). Na minha redação do ENEM 2016, eu perdi ponto na
competência 1 sem ter cometido nenhum erro de português. Uma das prováveis causas de
terem tirado ponto foi o uso de mesóclise, considerada “formal demais” para uma redação.
( 11 ) Retomando a ideia do bem-estar de Rousseau (que, repito, não foi devidamente explicado na
introdução).
( 12 ) Excelente forma de fechar a conclusão de maneira circular. Mencionou Brás Cubas na introdu-
ção e o trouxe de volta no fim do texto para reforçar a ideia de que toda a dissertação seguiu
um plano (um projeto de texto). Isso contribui para a competência 3.

Comentário
sobre a
Conclusão

Existem diversas formas de escrever uma conclusão nota 200. A única coisa com que você
precisa se preocupar é responder as 4 perguntas: “quem”, “o quê”, “como” e “para quê”, e
detalhar alguma das 4. No caso, o estudante respondeu as 4 perguntas mais de uma vez:

Umberto Mannarino | 11
Transaction: HP15615591375004 e-mail: victormiranda13v@gmail.com

na primeira, propôs que o Poder Legislativo (quem) discutisse modos de fiscalização e


ampliação do Marco Civil (o quê), por meio de debates (como), a melhor maneira de ga-
rantir o bem-estar democrático (detalhamento do “como”) para mitigar o uso de dados
pessoais para a indução do consumo (para quê). Não satisfeito, ele ainda propôs que o
Poder Executivo (quem) fizesse uma PEC (o quê), importantíssima para avanços na legis-
lação (detalhamento do “o quê”), que criminalizasse o uso de informações individuais (...)
(continuação do “o quê”). Não teve um “como” muito concreto na segunda proposta, mas
não foi problema. Desde o ENEM 2018, já não são mais necessários dois agentes, então só
a primeira proposta já teria sido suficiente para alcançar os 200 pontos.

Comentários Gerais:
Excelente redação! Poucos erros de português, mas que infelizmente acabaram tirando 40
pontos na competência 1 na visão de um corretor (lembrando que são dois corretores por
redação, e não existe a nota 180... logo, um deu 160 e o outro deu 200). O uso do repertório
sociocultural foi suficiente para alcançar nota máxima na competência 2, apesar de eu ainda
sugerir que você não se arrisque a colocar as referências no final do parágrafo. Quanto à
competência 3, a boa organização dos argumentos, orientados por uma tese forte, contri-
buiu para um projeto de texto impecável que garantiu mais 200 pontos (o uso de termos
com posicionamento claro também foi importante para não deixar a redação apenas expo-
sitiva). O uso correto de conectivos e elementos de retomada contribuiu para a coesão e
fez a competência 4 atingir nota máxima. Responder todas as perguntas (“quem”, “o quê”,
“como” e “para quê”), com um bom detalhamento, fez a nota da competência 5 ser máxima.

12 | Onde Já Se 1000
Transaction: HP15615591375004 e-mail: victormiranda13v@gmail.com

Carim Miguel Notas:


C1: 200
C2: 200
C3: 180
C4: 200
C5: 200

980

Análise por parágrafos:

Introdução
Jean Jacques Rousseau, filósofo iluminista, afirma que o progresso de uma sociedade está in-
trinsecamente ligado à autonomia social dos cidadãos que a compõe ( 1 ). No entanto ( 2 ), no
panorama contemporâneo, a manipulação comportamental do indivíduo frente ao controle de
dados na internet vai de encontro à máxima de Rousseau, evidenciando uma das graves crises
( 3 ) da sociedade hodierna. Esse cenário antagônico é fruto tanto das relações de domínio no
meio digital, bem como ( 4 ) do atual estado de modernidade social ( 5 , 6 ).

( 1 ) O certo é “compõem”, no plural para concordar com “cidadãos”. Apenas um erro de português
não compromete a competência 1.
( 2 ) Uma das classes de conectivos mais fortes que existem é a de conectivos de contraste (no en-
tanto, porém, todavia, contudo...). Esses termos impactam o leitor e atraem sua atenção, pois
geram uma forte quebra de expectativa no texto: algo deveria acontecer, NO ENTANTO não é
bem assim na realidade.
( 3 ) Importante usar termos negativos como “crise” para se referir à problemática em questão. Isso
torna a tese mais forte e autoral, orientando com maior propriedade o projeto de texto como
um todo. Uma tese vaga e “em cima do muro” prejudicaria a nota da competência 3.
( 4 ) O “bem como” não se encaixa nessa construção. Se o primeiro elemento da frase veio introdu-
zido por “tanto das”, o segundo deve vir por “quanto do”.
( 5 ) Como na redação anterior, o estudante pincelou os dois argumentos que serão utilizados nos

Umberto Mannarino | 13
Transaction: HP15615591375004 e-mail: victormiranda13v@gmail.com

parágrafos de desenvolvimento: relações de domínio no meio digital e o estado de moderni-


dade social. Isso fortalece a organização do texto e contribui para a competência 3.
(*6 ) Por se tratar de um texto dissertativo, é importante deixar sempre claro que estamos falando
de um problema a ser resolvido. Repare que a expressão “relações de domínio no meio digital”
já remete a uma ideia negativa, mas o termo “atual estado de modernidade social” não faz ne-
nhuma referência a algo ruim. É algo completamente neutro. Minha sugestão: para reforçar a
ideia de problema a ser resolvido, coloque um adjetivo forte junto dos termos neutros: “o atual
estado caótico de modernidade social”, por exemplo.

Comentário
sobre a
Introdução

Uma excelente introdução que já no início faz bom uso de repertório sociocultural pertinente
à argumentação (competência 2). O conectivo de contraste “no entanto” já atrai a atenção
do leitor logo nas primeiras linhas, e o estilo de escrita fluido facilita a leitura como um todo.
A tese é forte devido ao uso de um termo “dissertativo” (não apenas expositivo): “grave cri-
se”, contribuindo para a competência 3.

Desenvolvimento 1
Destarte ( 1 ), vale ressaltar que ( 2 ) de acordo com o filósofo Michel Foucault, em “A Mi-
crofísica do Poder”, as diferentes instituições sociais exercem uma relação de dominação
para com o indivíduo. Sob essa análise ( 3 ), é notável que a força midiática, ao estar inse-
rido ( 4 ) nesse panorama de poder e influenciado por um viés econômico e atual ( 5 ), uti-
liza os inúmeros artifícios da internet para manipular o comportamento do usuário, o que
gera uma deturpação na mentalidade do cidadão. Nesse sentido ( 6 ), esse infortúnio ( 7 )
é legitimado na omissão ou exibição demasiada de abordagens com tendências homoge-
neizadoras ( 8 ) pelos “sites” da internet, que buscam legitimar seu poder coercitivo sobre
o usuário a partir do compartilhamento de notícias falsas ou sensacionalistas, suprimindo,
assim, uma percepção crítica e politizada da realidade social.

( 1 ) O conectivo “destarte” é sinônimo de “consequentemente”, e não se encaixa na introdução


do primeiro parágrafo de desenvolvimento. Melhor teria sido “Vale ressaltar, inicialmente, que
(...)”. O uso repetido de conectivos inadequados pode tirar ponto da competência 4, mas esse
foi um erro isolado, e não comprometeu a nota.
(*2 ) Vou fazer um comentário grande sobre vírgula. Sinta-se à vontade para pular. A vírgula aqui é faculta-
tiva, mas sugiro sempre colocar para evitar problemas. Seria obrigatória caso o estudante não tivesse
escrito “em ‘A Microfísica do Poder’” logo adiante, porque aí o adjunto adverbial de conformidade “de
acordo com o filósofo Michel Foucault” deveria vir isolado entre vírgulas (ou sem vírgula em nenhum
dos dois lados). Como “em ‘A Microfísica do Poder’” está entre vírgulas, a vírgula em # pode ter duas
funções: ou só para isolar o “em ‘A Microfísica do Poder’” ou para isolar também o “de acordo com o
filósofo Michel Foucault” (caso tivesse uma vírgula em (2)). Como o estudante não colocou vírgula em
(2), considera-se que a vírgula em # está cumprindo apenas o papel de isolar o “em ‘A Microfísica do
Poder’”. Não está errado, mas, pelo fato de haver uma pausa na leitura em #, parece que o estudante
queria isolar também o adjunto adverbial. E, sem uma vírgula em (2), parece que ele só colocou de
um lado. Perdoe o textão sobre vírgulas, mas você já pagou pela apostila, então não adianta reclamar.
( 3 ) Mais um conectivo excelente para juntar a ideia anterior com o que está por vir. Pontos na
competência 4.
( 4 ) O que está “inserido” nesse panorama? Se é a força midiática, deveria ser “inserida”, para con-
cordar em gênero, mas acho que o estudante quis dizer que é o indivíduo que está inserido no

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panorama de poder. A construção ambígua e a ausência de um elemento de retomada pode-


riam ter prejudicado a competência 4.
(*5 ) Por que dizer que o viés econômico é “atual”? É um adjetivo que não acrescenta informação nenhuma
ao texto, além de causar estranhamento: “Por que ele disse ‘atual’? Ser ‘atual’ é algo ruim? Por quê?”
( 6 ) Mais um conectivo para conectar as ideias. Toptoptop!
( 7 ) O uso de expressões negativas como “infortúnio” fortalece a autoria do texto, tornando-o mais
dissertativo e menos expositivo, configurando autoria. Pontos para a competência 3
(*8 ) Aqui, o estudante apontou problemas opostos: a omissão e a exibição demasiada de um certo
tipo de abordagens. Mas não faz sentido omitir materiais com tendências homogeneizadoras. O
que ocorre é a omissão de materiais neutros, suplantados por outros com tendências homogenei-
zadoras, que dão origem às fake news e os outros problemas tratados no restante do parágrafo.

Comentário
sobre o D1

Um bom parágrafo para introduzir a problemática de maneira mais concreta. A menção a Fou-
cault de maneira pertinente contribuiu para a nota máxima na competência 2. No entanto, fica
uma advertência: leia todo esse parágrafo novamente e pare em “a mentalidade do cidadão”.
Notou alguma coisa estranha? Bem... até a metade do parágrafo não dá para saber direito do
que se trata o argumento, porque tudo está genérico demais! Tudo bem que a “força midiática”
“influencia e manipula” o “comportamento do usuário” pela “internet”... mas não é exatamente
esse o tema da redação? Por que escrever 5 linhas para repetir essa informação? Só a partir
do conectivo “Nesse sentido” o parágrafo começa a tomar forma, quando o estudante trata
de conceitos verdadeiramente concretos, como as abordagens com tendências homogenei-
zadoras, as notícias falsas e a supressão da percepção crítica dos internautas. Mas, colocadas
ao final de tudo, essas informações perdem sua relevância. Minha sugestão para argumentar
de maneira mais impactante (não só na redação do ENEM, mas em qualquer texto) é seguir o
caminho inverso desse parágrafo: começar pelo específico para só depois partir para o geral,
e não o contrário. Talvez essas 5 linhas genéricas do início do parágrafo tenham feito um dos
corretores achar que faltava informação e tirar ponto da competência 3 (projeto de texto).

Desenvolvimento 2
Ainda sob esse viés, segundo o filósofo sul-coreano Byung-Chul Han, a sociedade moder-
na vive um estado de alienação e queda em seus valores morais ( 1 , 2 ). Sob essa análise,
entende-se que o indivíduo, ao estar imerso nesse espectro alienante, tende a aceitar de
forma automática as informações encontradas no meio digital, ( 3 ) além disso, a queda nos
valores éticos incitam ( 4 ) concepções intolerantes a respeito das opiniões divergentes,
considerando apenas uma realidade como absoluta e legítima, e que gera uma supressão
no diálogo entre os indivíduos. Dessa forma, denota-se que ( 5 ) por conta do atual estado
de modernidade social, os usuários acabam por ser manipulados comportamentalmente,
indo ( 6 ) além da esfera digital e refletindo-se na esfera social.

( 1 ) Iniciou o parágrafo com tópico frasal para organizar os argumentos. A competência 3 agradece.
( 2 ) Repertório sociocultural diversificado, trazendo (de maneira pertinente à argumentação) a ideia
de um filósofo. Bom demais. Pontos para a competência 2.
( 3 ) Não se usa “além disso” em meio de frase. O estudante deveria ter colocado ou um ponto final
ou um ponto e vírgula antes do “além disso”.
( 4 ) O verbo “incita” deveria estar no singular para concordar com “a queda”.

Umberto Mannarino | 15
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( 5 ) Vírgula obrigatória para isolar o “por conta do atual estado de modernidade social”. Das duas,
uma: ou tirava a vírgula após “social” ou colocava vírgula em (5). Vírgula apenas de um lado, não.
( 6 ) Mais uma vez um comentário sobre os perigos do gerúndio: ao que esse “indo” se refere? À
manipulação comportamental ou aos usuários? São os usuários que vão além da esfera digital
ou é a manipulação? Obviamente é a manipulação, mas o gerúndio dá margem a essas duas
interpretações. Muitas construções inconclusivas como essa podem prejudicar a competência 4.

Comentário
sobre o D2

Um parágrafo mais curto que o anterior, mas ainda bem encaixado com o restante da argu-
mentação por meio de conectivos. No entanto, uma coisa que pode ter feito um corretor
tirar pontos da competência 3 é o trecho “os indivíduos acabam por ser manipulados com-
portamentalmente”. Isso porque em momento nenhum desse parágrafo o estudante diz
quem está manipulando os indivíduos. Nem que fosse apenas uma palavra: “algoritmos”,
“mídia”... já serviria para completar o parágrafo. Ficou parecendo que os usuários estão
sendo manipulados porque a internet é assim mesmo, não porque existe uma inteligência
artificial manipulativa controlando todos os acessos por trás dos panos. Uma maneira de
evitar esse tipo de deslize é evitar ao máximo a voz passiva. Você percebe que “são mani-
pulados comportamentalmente” deixa vago quem é o agente? Mas, se a frase estivesse na
voz ativa, “a inteligência artificial manipula comportamentalmente o internauta”, seria im-
possível construir uma frase vaga, porque na voz ativa o agente é peça obrigatória da frase.

Conclusão
Portanto, cabe aos Ministérios ( 1 ) responsáveis pela comunicação, ( 2 ) alertar a sociedade
sobre as características e efeitos da manipulação comportamental pelo controle de dados
na internet, ( 3 ) utilizando as mídias de divulgação em massa de forma objetiva, clara e aces-
sível, para compartilhar maneiras de identificar e agir contra ( 4 ) essas manipulações, com
o afã ( 5 ) de gerar indivíduos críticos e politizados acerca da realidade social. Outrossim, é
imperioso que o corpo cidadão, como agente de formação moral, engaje-se no combate à
manipulação do usuário pela internet ( 6 ), de forma a sempre averiguar as fontes de notícias
no meio digital, com o fito de tornar-se autônomo ( 7 ) e mitigar o imbróglio ( 8 ).

( 1 ) Como não está especificando o ministério, colocar em minúsculo: “ministérios”. Sugiro dar
uma revisada em quais ministérios existem e a função de cada um para tornar mais concreta
a proposta de intervenção.
( 2 ) Não deveria ter vírgula. Cabe aos ministérios alertar a sociedade. Não se separa sujeito (“aler-
tar a sociedade”) de predicado (“cabe aos ministérios”).
(*3 ) A frase já estava começando a ficar longa demais. Para maior ênfase ao que está por vir, prefira
colocar um ponto final em (3) e comece outra frase com conectivo, e não com gerúndio.
( 4 ) Aqui, temos um verbo transitivo direto (identificar) e um transitivo indireto (agir contra). É errado
colocá-los juntos nesse caso, porque parece que a preposição “contra” também se refere ao verbo
“identificar”. O correto seria: “identificar essas manipulações e agir contra elas”, ou então escolher
um verbo transitivo direto para substituir o “agir”: “identificar e combater essas manipulações”.
( 5 ) O substantivo “afã” não se encaixa nessa frase. Afã quer dizer ímpeto, sofreguidão. Melhor
seria “com o intuito de gerar (...)”.
( 6 ) Novamente uma construção ambígua: o combate será pela internet ou a manipulação é pela
internet?
(*7 ) O que vai se tornar autônomo? Lendo a frase de novo, fica evidente que é o corpo cidadão,

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mas perceba que a frase é muito longa. Seria interessante colocar um ponto final antes de
“com o fito” e começar uma nova frase com um conectivo e um elemento de retomada: “Com
essas medidas, os indivíduos se tornarão mais autônomos”, etc.
(*8 ) Um comentário que eu sempre faço nos vídeos do meu canal: soa incompleto quando o estudante
defende que o grande objetivo do combate ao problema é a própria solução do problema. Depois de
uma redação inteira, fechar o texto dizendo que as medidas propostas vão “resolver o problema” (ou
mitigar o imbróglio) dá a impressão de que falta alguma coisa. E daí que o problema vai ser resolvido?
O que vai acontecer com a sociedade, com o mundo, agora que o problema foi resolvido? Por isso eu
sugiro sempre fechar com uma ideia de futuro, não de presente. Tudo bem que o problema vai ser re-
solvido, mas o que vai acontecer de diferente agora? Os indivíduos vão ter mais liberdade de escolha?
Mais autonomia? Vão se tornar um corpo cidadão mais crítico, politizado e autoconsciente? Escreva
isso! Mas resolver o problema não deveria ser o objetivo final do combate ao problema.

Comentário
sobre a
Conclusão

Excelente conclusão. Propostas plausíveis e coerentes. Os ministérios (quem) devem alertar


a sociedade sobre (...) (o quê) por meio de mídias de divulgação (...) para compartilhar ma-
neiras de identificar e combater essas manipulações (como) com o propósito de (...) (para
quê). O trecho “utilizando as mídias de divulgação (...) de forma objetiva, clara e acessível”
pode ser considerado um detalhamento do o quê, mas na minha opinião é só uma extensão
do o quê, e não contaria como detalhamento. Mas só com a segunda proposta de interven-
ção o estudante já teria tirado nota máxima nessa competência: o corpo cidadão (quem),
agente de formação moral (detalhamento do quem), vai se engajar no combate (...) (o quê),
sempre averiguando as informações (como), a fim de se tornar autônomo (para quê).

Comentários Gerais:
Toptoptop. Minha única crítica é o uso de argumentos genéricos e pouco concretos, o que
pode ter sido a causa da nota 180 na competência 3 (a competência do projeto de texto e
da autoria). Por isso repito a minha sugestão de sempre preferir a voz ativa e a ordem direta
na hora da construção das frases. É muito mais difícil escrever uma informação genérica na
voz ativa, e você corre menos risco de perder pontos por descuido.

Umberto Mannarino | 17
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Marcondes Notas:
C1: 200
C2: 200
C3: 200
C4: 200
C5: 180

980

Análise por parágrafos:

Introdução
O homem cordial é um conceito desenvolvido pelo historiador Sérgio Buarque de Ho-
landa, em seu livro “Raízes do Brasil”. Nele ( 1 ), virtudes como o altruísmo e a compai-
xão formam um traço marcado do caráter brasileiro. Todavia ( 2 ), tais valores ( 3 ) pa-
recem não assimilados a ( 4 ) autonomia intelectual e de escolha, pois, sem fiscalização
governamental, e catalisado pelo uso demasiado das mídias digitais ( 5 , 6 ), os algorit-
mos da internet manipulam escolhas, opiniões, vontades e necessidades dos usuários.

( 1 ) Ao que esse “nele” se refere? Ao homem cordial ou ao livro “Raízes do Brasil”? A construção
está ambígua.
( 2 ) Sempre bom destacar o uso de conectivos de contraste! Ótimo!
( 3 ) O estudante usou “tais valores” como elemento de retomada para as virtudes como altruísmo
e compaixão. Isso se chama “hiperônimo”, e é uma das estratégias para não repetir termos
durante o texto. Excelente para a competência 4.
( 4 ) Acento grave no “a”: “assimilados à autonomia (...)”.
( 5 ) O estudante pincelou os dois argumentos dos desenvolvimentos: a ausência de fiscalização
governamental (D1) e o uso demasiado das mídias digitais (D2).
( 6 ) Excelente o uso de um adjetivo com cunho negativo (“demasiado”) para expressar que o uso das
mídias sociais é um problema (comparar com o comentário 6 da introdução da redação anterior).

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Comentário
sobre a
Introdução

Uma excelente introdução. Não tenho comentários negativos. O estudante começou com
uma contextualização pertinente (competência 2), usou um conectivo forte (“todavia”)
para introduzir a problemática e já pincelou os dois argumentos que serão utilizados nos
parágrafos de desenvolvimento (organização: competência 3). E a última frase deixa clara
a tese que será defendida ao longo de todo o texto: os algoritmos manipulam as escolhas,
opiniões, vontades e necessidades dos usuários. Lembre-se dessa tese, porque eu vou me
referir a ela novamente em outro ponto da apostila.

Desenvolvimento 1
Em primeira instância, ao relacionar o pensamento do chanceler alemão Bismarck, de que a
política é a arte do possível, com a posição do governo tupiniquim ( 1 ) diante a ( 2 ) situação
de manipulações digitais, o mesmo ( 3 ) adquire ares de obsolescência. A negligência do Po-
der Público ( 4 ) serve como combustível para que atividades assim ( 5 ) proliferem ( 6 ), o que
gera riscos à sociedade, como a mitificação de posições políticas ( 7 ) e a indução do senso
comum ao consumismo desenfreado ( 8 ). Permitir que o cidadão seja controlado e transfor-
mado em dados estatísticos comerciais é algo de natureza facínora ( 9 ), entretanto, os líderes
políticos nacionais não demonstram ( 10 ) medidas que visem a mudança desse quadro.

( 1 ) O termo “tupiniquim” é pejorativo demais para uma dissertação do ENEM. Aqui, “brasileiro” se
encaixaria melhor.
( 2 ) O correto seria “diante da”, não “diante a”.
( 3 ) Atenção: “O mesmo” nunca será elemento de retomada. A frase “Antes de entrar no elevador, ve-
rifique se o mesmo encontra-se neste andar” está gramaticalmente errada! Em segundo lugar, ao
que esse “o mesmo” está se referindo? Tem 3 termos masculinos na frase: Bismarck, o pensamento
de Bismarck e o governo brasileiro. Qual dos 3 adquire ares de obsolescência?? Por mais “óbvio”
que o estudante esteja se referindo ao governo brasileiro, evite ao máximo construções ambíguas
do tipo, porque elas podem comprometer a nota da competência 4. Se substituísse o “o mesmo”
por “este”, ficaria claro que o estudante se referiu ao último elemento masculino mencionado, ou
seja, o governo brasileiro. Seria uma forma de resolver os dois problemas de uma só vez.
( 4 ) A negligência do Poder Público em relação a quê? Até agora o estudante não falou nada con-
creto, então o que seria essa negligência? A informação ficou vaga, incompleta.
( 5 ) O mesmo comentário do ponto anterior: “atividades assim”... mas “assim” como? Pouca informação
concreta foi dita até agora no parágrafo, então é difícil estabelecer um fio condutor para as ideias.
( 6 ) O correto seria “se proliferem”, não “proliferem”.
( 7 ) Ao longo de toda essa redação nós vamos nos deparar com termos do tipo: “mitificação de posi-
ções políticas”. Pode até ser um bom conceito para se desenvolver em um texto acadêmico, mas
em uma redação do ENEM, de no máximo 30 linhas, fica difícil desenvolver uma explicação coe-
rente sobre o que se trata esse termo. O que é essa “mitificação”? É a idealização dos políticos?
Se sim, como isso se relaciona com a manipulação do comportamento do usuário pelo controle
de dados na internet? Termos muito gerais como esse podem ter o efeito contrário do que preten-
dem, tornando o texto raso e desconexo. É arriscado usá-los demais, pois podem comprometer a
fluidez do texto, passando a impressão de que falta informação (afetando a competência 3).
( 8 ) Novamente um termo vago: “a indução do senso comum ao consumismo”. O que é esse senso
comum aplicado ao consumismo? Eu consigo pensar em algumas explicações, mas ainda fico
confuso em relação ao que o estudante quis dizer com isso. Ao invés de termos “bonitos” de-

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mais, prefira os mais simples, que transmitem bem a ideia sem muitos rebuscamentos.
( 9 ) Ótima forma de reforçar a indignação com a problemática. O adjetivo “facínora” confere autoria
para o trecho, fortalecendo o caráter dissertativo, o que contribui para a nota da competência 3.
(*10 ) Melhor que “demonstram” seria “propõem”. Os políticos propõem medidas.

Comentário
sobre o D1

Na minha opinião, toda a argumentação desse parágrafo ficou excessivamente genérica.


Ainda não consigo entender exatamente sobre o que é o texto, mesmo depois de ler e reler
diversas vezes. O estudante começou com uma frase de Bismarck (“A política é a arte do
possível”)... mas o que isso quer dizer?! Tirada de seu contexto, existem milhares de inter-
pretações possíveis para essa citação. Se o estudante tivesse explicado melhor no restante
do parágrafo, tudo bem, mas ele emendou com mais dois termos genéricos: “mitificação
de posições políticas” e “indução do senso comum ao consumismo”. Minha sugestão seria
trocar toda a citação a Bismarck por um tópico frasal mais simples e concreto.
Além disso, o estudante deveria ter sempre em mente que o tema da redação é a manipulação
do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet. Ele só fez menção a esse pro-
blema em duas situações bem curtas: “manipulações digitais” (linha 6) e “consumismo desenfre-
ado” (linha 8). Todo o restante do parágrafo é exclusivamente voltado para política, e não para o
problema em si. Por isso o tópico frasal teria sido importante para esclarecer logo de cara a rela-
ção entre manipulação e política. “A política é a arte do possível” não deixa clara essa conexão.
Apesar desses meus comentários, o estudante tirou nota máxima na competência 3, o que
indica que os corretores conseguiram compreender o encadeamento lógico dos argumen-
tos. De qualquer forma, foi como eu disse na introdução da apostila: meus comentários não
são exclusivamente para a redação do ENEM, mas para escrita num geral. E eu acredito
genuinamente que a argumentação desse parágrafo teria muito mais peso e relevância se
abandonasse os termos “difíceis” e se focasse no simples e concreto.

Desenvolvimento 2
Posteriormente, a sociedade civil, frequentadora compulsória do meio virtual, torna-se refém de
suas vontades ( 1 ), essas ( 2 ) influenciadas e diretamente coagidas por algoritmos. ( 3 ) Ao bus-
car por determinada mercadoria na internet, o indivíduo, após o ato ( 4 , 5 ) é bombardeado por
publicidades detentoras de um mesmo ou similar produto. Esse condicionamento mental mer-
cantilista é extremamente prejudicial ( 6 ) aos usuários da internet, que acabam escravos de suas
ações anteriores e presos em uma manipulação maquiavélica de necessidades ilusórias ( 7 ). Tais
consequências são, de certa forma, resquícios ( 8 ) que fortalecem a tese empírica aristotélica, a
qual diz que o ser torna-se naquilo ( 9 ) que ( 10 ) constantemente é exposto.

( 1 ) Outra ambiguidade no elemento de retomada: ao que o “suas” se refere? À sociedade civil ou


ao meio virtual? Cuidado com isso para não comprometer a competência 4.
( 2 ) Como o “essas” não está acompanhado de elemento de retomada (“essas vontades”, por exemplo),
o correto seria “estas”. É meio confuso entender a diferença entre “esse” e “este”, mas pense assim: se
estiver se referindo a algo anterior, use “esse” + elemento de retomada. Se não for usar um elemento
de retomada, o correto é “este”, e se refere exclusivamente ao último elemento já mencionado.
( 3 ) Aqui teria sido bom usar um conectivo para relacionar as duas frases. “A esse respeito”, por
exemplo, encaixaria bem.
( 4 ) Vírgula após “após o ato” para isolá-lo.

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(*5 ) Sugestão de economia de espaço: poderia apagar completamente o “após o ato”. Já fica su-
bentendida essa informação.
( 6 ) Importante sempre reforçar a indignação com o assunto, como o estudante fez com o termo
“extremamente prejudicial”.
( 7 ) Excelente, excelente, excelente! Adorei esse trecho. “Manipulação maquiavélica de necessidades ilu-
sórias” não só é uma ótima escolha de palavras, como também é bem mais concreto que a “mitifi-
cação de posições políticas” e a “indução do senso comum ao consumismo” do parágrafo anterior.
(*8 ) Eu vou bater nessa tecla em todas as redações desta apostila, então se acostume: “resquí-
cios”... mas resquícios de quê?? Se o termo pede um complemento, escreva o complemento.
( 9 ) Torna-se “aquilo”, não “naquilo”.
( 10 ) O correto seria “a que” é exposto, não “que” é exposto. Quem se expõe, se expõe a alguma coisa.

Comentário
sobre o D2

Se você deu ouvidos ao que eu falei sobre o parágrafo anterior, vai concordar comigo
quando eu digo que esse desenvolvimento está muito mais concreto que o anterior. O es-
tudante traz um exemplo sólido (um usuário que busca por um produto na internet) aliado
a um termo magnificamente elaborado: “manipulação maquiavélica de necessidades ilusó-
rias”, que resume muito bem toda a ideia. Apesar de esta ainda ser uma expressão “difícil”,
ela é muito mais concreta que as do parágrafo anterior, e isso torna toda a argumentação
mais forte e de fácil compreensão. Além disso, o uso de conectivos e elementos de retoma-
da para evitar repetição de termos contribui para a nota da competência 4.

Conclusão
Portanto, é evidente que medidas são necessárias na resolução do impasse ( 1 ). Pri-
meiramente, o Ministério Público deve, de forma rigorosa, fiscalizar empresas foca-
das em levantamento de dados digitais, para garantir que a liberdade de escolha do
cidadão não seja ofuscada ( 2 ). Já o Ministério da Comunicação, ( 3 ) deve investir
no desenvolvimento de publicidades, disseminadas na internet e televisão, que visem
persuadir o indivíduo a denunciar situações em que se sinta coagido ou pressionado
por certo esquema de dados. Além disso, o Poder Público deve taxar empresas e ins-
tituições que se beneficiarem do uso impróprio de algoritmos. Dessa forma, a socie-
dade civil, política e agora virtual brasileira, ( 4 ) dará um importante passo rumo ao
conceito virtuoso de Sérgio Buarque de Holanda ( 5 ).

( 1 ) Ótima maneira de sintetizar tudo que já foi dito para introduzir a proposta de intervenção. Isso
fortalece o projeto de texto (competência 3) e a coesão entre os parágrafos (competência 4).
( 2 ) “Ofuscada” pelo quê? Por quem?
( 3 ) Não deveria ter vírgula após “Ministério da Comunicação”
( 4 ) Não deveria ter vírgula após “brasileira”, pois não se separa o sujeito “a sociedade civil, política
e agora virtual brasileira” do predicado “dará um importante passo (...)”
( 5 ) Ótima forma de escrever uma conclusão circular, retomando o repertório sociocultural da in-
trodução. Isso reforça o projeto de texto como um todo, contribuindo para a imagem de que
toda a dissertação seguiu uma única linha de raciocínio estrategicamente planejada. E é exa-
tamente isso que a competência 3 quer de você.

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Comentário
sobre a
Conclusão

A única competência em que o estudante perdeu ponto foi a da proposta de intervenção. O


que pode ter acontecido é que ele citou 3 agentes diferentes, o que passa a impressão de
que nem todas as intervenções propostas estão completas. Vamos analisar cada uma das
propostas. A primeira é que o Ministério Público (quem) deve fiscalizar empresas (o quê)
de forma rigorosa (como) a fim de garantir a liberdade de escolha (para quê). Perceba que
faltou o detalhamento de alguma pergunta, e o como está muito genérico. “De maneira ri-
gorosa” não é uma resposta satisfatória para o modo como o Ministério Público vai realizar
a fiscalização. A segunda proposta de intervenção foi que o Ministério da Comunicação
(quem) invista no desenvolvimento de publicidades (o quê), disseminadas na internet e tele-
visão (detalhamento do o quê), a fim de persuadir o indivíduo (para quê). Perceba que nessa
segunda proposta faltou responder o como. A terceira proposta também está incompleta:
o Poder Público (quem) deve taxar empresas (o quê), a fim de que a sociedade civil atinja
seu ideal (para quê). Faltou o como e o detalhamento. Como nenhuma das três propostas
está completa, um dos corretores tirou ponto da proposta de intervenção. Então lembre-se:
na conclusão, menos é mais! Prefira uma única proposta bem detalhada a três incompletas.

Comentários Gerais:
Esta redação foi bem diferente das outras desta categoria (redações acima de 900). A manei-
ra de argumentar foi mais “grandiosa” que as outras – o que não necessariamente é algo bom!!
O primeiro desenvolvimento é um exemplo de como o uso de termos difíceis em excesso
pode confundir o leitor mais do que de fato impressioná-lo. O estudante tirou nota máxima na
competência 3 porque ele não cometeu efetivamente um erro de construção do texto... no en-
tanto, mesmo não tendo de fato cometido um erro, entre um texto como esse e um como o da
estudante Catarina (a próxima redação), o dela é definitivamente mais fácil e agradável de ler.
Eu avisei desde o início que também ia fazer comentários sobre escrita num geral, então
cá estou eu de novo dando pitaco. Mas, enfim, de volta às competências:
Poucos desvios da norma culta, não recorrentes, então nota máxima na competência 1.
Boa compreensão do tema e uso de repertório sociocultural pertinente para argumen-
tação: nota máxima na competência 2. Elaboração de um projeto de texto robusto, com
uma tese forte orientando os desenvolvimentos e uma conclusão bem amarrada com os
problemas citados anteriormente: nota máxima na competência 3. Bom uso de conectivos
e elementos de retomada, com poucos trechos ambíguos: nota máxima na competência
4 (mas tome cuidado com elementos ambíguos como o “o mesmo” da linha 6). Proposta
de intervenção incompleta, apesar de citar 3 agentes: um dos corretores decidiu tirar 40
pontos da competência 5 (e o outro deu nota máxima).
Fica de novo meu alerta ao uso excessivo de termos genéricos, que podem, sim, prejudicar
a nota da competência 3! Sempre que uma ideia parecer “incompleta”, sem explicação, o
projeto de texto está comprometido, e isso tem risco de prejudicar a nota final.

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Catarina @nemvemenem Notas:


C1: 180
C2: 200
C3: 200
C4: 200
C5: 200

980

Comentário
Inicial

Antes de começar a análise, eu gostaria de exaltar essa redação maravilhosa. Mesmo que
as outras redações desta categoria tenham tirado 900+, esta foi a única que me fez parar
tudo que eu estava fazendo e simplesmente aplaudir. Toda a argumentação está perfei-
tamente organizada, com os parágrafos bem conectados e as referências socioculturais
inseridas de maneira impecável. Em nenhum momento eu precisei ler duas vezes a mesma
frase para entender o que a estudante estava querendo dizer. Você pode argumentar que
as outras redações desta categoria também tiraram 900+, então em tese não tem dife-
rença entre esta redação e as outras. E é verdade: todas tiraram uma nota excelente, sem
dúvida. Mas na vida real... na vida fora das correções do ENEM... não existem pessoas que
estão sendo pagas para ler os seus textos. Não existem corretores que precisam ler várias
vezes para entender o que você quer dizer. Ou seja: se o seu texto está confuso, prolixo ou
ambíguo, ninguém vai se dar ao trabalho de ler duas vezes para entender o que você está
falando. Ninguém mesmo!! E, a depender do seu emprego futuro, você vai precisar escre-
ver para as pessoas. Sendo assim, mesmo que você tenha tirado 1001 na redação do ENEM,
um texto prolixo não vai atrair a atenção dos seus leitores. Por mais que você tenha tirado
nota máxima nas 5 competências! Então aqui fica o meu recado: inspire-se nesta redação
da Catarina para ver o que é de fato um texto impecável. Essa redação é o grande modelo
em que você deve mirar na hora de escrever qualquer texto.
(De novo, cá estou eu fazendo comentários que não se enquadram nas 5 competências
do ENEM... mil perdões, mas eu não consigo me controlar. Eu sou meio fanático por essas
coisas, então quando vejo uma pessoa que escreve maravilhosamente bem eu fico todo
arrepiado....... Ah, dane-se, me deixa ser feliz).

Umberto Mannarino | 23
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Análise por parágrafos:

Introdução
Durante a Guerra Fria ( 1 ), houve um significativo avanço das tecnologias, o qual beneficiou
a humanidade de forma imensurável. Um dos principais benefícios diz respeito à comunica-
ção, revolucionada com o surgimento da internet. Todavia ( 2 ), há questões problemáticas
quanto a essa invenção ( 3 ), como é o caso da manipulação do comportamento dos inter-
nautas pelo controle dos seus dados. Esse problema, cuja causa relaciona-se ao interesse
corporativo comercial ( 4 ), gera consequências negativas para o indivíduo ( 5 , 6 ).

( 1 ) A contextualização histórica é uma ótima forma de iniciar uma redação. No meu canal eu ainda
vou postar um vídeo com as várias formas de montar uma introdução, e a contextualização
histórica é uma delas. (PS: inscreva-se no meu canal: http://youtube.com/ExatasExatas).
( 2 ) Conectivo de contraste para provocar uma quebra de expectativa e atrair a atenção do leitor.
Excelente para a competência 4.
( 3 ) “essa invenção” retomando “a internet”. Toptoptop. Elementos de retomada bem inseridos
contribuem para a nota da competência 4.
( 4 ) Já pincelando o argumento a ser tratado no desenvolvimento: o interesse corporativo comer-
cial. Ótimo para a organização do texto – e, consequentemente, para a competência 3.
( 5 ) Ótima construção: consequências “negativas”. É importante reforçar o ponto de vista do au-
tor de que a manipulação do comportamento do usuário é um problema, senão a tese ficaria
vaga e pouco concreta. Quanto mais adjetivos com posicionamento claro você utilizar, melhor.
Termos vagos e ambíguos tornam a tese fraca e pouco organizada (vide comentário 6 da in-
trodução da 2ª redação desta apostila).
( 6 ) No caso dessa redação, a última frase da introdução foi a tese. É essa ideia que vai orientar
todo o restante do texto. Tudo que a estudante falar a partir daqui precisa necessariamente
estar atrelado à tese, senão a redação vai pecar na competência 3: organização e projeto de
texto. Tanto a ausência quanto o excesso de informações nos parágrafos seguintes pode ser
interpretado como projeto de texto incongruente. Felizmente, a estudante fez os 2 parágrafos
do desenvolvimento muito bem conectados com a tese.

Comentário
sobre a
Introdução

Texto fluido, coerente e maravilhoso. A estudante começou com uma alusão histórica, traçan-
do um paralelo entre a Guerra Fria e o contexto atual. O uso do conectivo “todavia” reforça o
contraste de ideias, que chama a atenção do leitor. E o constante uso de termos “dissertativos”
(“problema” e “consequências negativas”) demonstra autoria e indignação com o tema, o que
contribui para uma tese forte que vai orientar todos os outros parágrafos (competência 3).

Desenvolvimento 1
Nesse contexto ( 1 ), é válido apontar os interesses econômicos das grandes empresas
como a principal causa da manipulação de dados dos usuários da rede ( 2 ). O documen-
tário “What The Health”, por exemplo, apresenta o caso de indústrias alimentícias america-
nas que patrocinam estudos na área de saúde, os quais publicam resultados manipulados

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de modo a favorecer as patrocinadoras, por meio da associação de determinados produtos


à prevenção de doenças. Comprova-se, assim ( 3 ), o protagonismo das empresas relativo à
manipulação de informações para atender seus interesses. Da mesma forma ( 4 ), as indús-
trias que atuam no meio virtual visam ao lucro e, logicamente ( 5 ), usarão as ferramentas
disponíveis para maximizá-lo, como os algoritmos que coletam e controlam ( 6 ) dados
com fins de manipulação empresarial e publicitária.

( 1 ) Uso de conectivo para relacionar a ideia da introdução com o que será tratado no parágrafo. Se
você já leu até aqui, sabe muito bem de que competência eu estou falando: da competência 4.
( 2 ) A primeira frase do desenvolvimento 1 é o tópico frasal. Importantíssimo para mostrar ao cor-
retor sobre o que vai se tratar esse parágrafo (“interesses econômicos das grandes empre-
sas”). Pontos para a competência de organização do texto (3).
( 3 ) Uso de conectivo (“assim”) atrelado a um termo forte: “comprova-se”. Ou seja: a estudante está
provando com as próprias palavras o seu argumento, reforçando a autoria do texto (competência 3).
( 4 ) Excelente, excelente, excelente!! (Você, leitor, já deve estar perdendo a paciência com os meus
elogios... mas por favor, se controle, porque essa redação é realmente boa). A estudante agora
está explicando com as próprias palavras o porquê de ter usado o repertório sociocultural. O
documentário “What the Health” foi utilizado para provar um ponto, e a partir deste trecho ela
explica o porquê de ter se referido a ele. Pontos para a competência 2, que exige compreensão
do tema e uso de repertório sociocultural pertinente à argumentação (se não explicar muito
bem o porquê do uso, pode acabar perdendo ponto ao invés de ganhar).
( 5 ) “Logicamente” reforça a autoria do texto (competência 3): passa a ideia de que a estudante
está argumentando de maneira coerente com o corretor: “Se __, então __”. É lógica, é um ar-
gumento puramente racional, e, consequentemente, impossível de se questionar.
(*6 ) Um comentário similar ao comentário 4 da conclusão da redação 2: a estudante usou dois verbos
transitivos diretos (“coletam” e “controlam”) junto de um mesmo objeto direto: “dados”. Aqui a cons-
trução está correta, diferentemente do “identificar e agir contra essas manipulações” da 2ª redação.

Comentário
sobre o D1

Ótimo uso de repertório sociocultural pertinente à argumentação, com uso de conectivos


para explicar exatamente o porquê de ter escolhido esse documentário específico para a
argumentação. A frase que sintetiza toda a ideia do documentário com as próprias pala-
vras da estudante reforça a autoria (competência 3), endossando a habilidade de conectar
ideias aparentemente distintas em prol de uma argumentação coesa. O paralelo traçado
entre indústrias alimentícias e virtuais demonstra a excelente habilidade da estudante em
relacionar diversas áreas do conhecimento.

Desenvolvimento 2
Além disso ( 1 ), sabe-se que o interesse financeiro das grandes corporações é priorizado em de-
trimento dos interesses do público-alvo, ou seja, dos indivíduos. ( 2 ) De acordo com o sociólogo
Émile Durkheim, a consciência coletiva é um sistema de regras e tradições que exerce pressão
sobre o ser humano de maneira a influenciar seu comportamento ( 3 ). A mídia, portanto, é uma
forte moldadora da consciência coletiva ( 4 ). Nesse sentido ( 5 ), se, na internet, predominarem
os algoritmos que vão ao encontro dos interesses de grandes empresas, o indivíduo perderá seu
espaço. Conclui-se, pois, que a internet passa a funcionar como mecanismo de dominação dos
mais poderosos ( 6 ), uma vez que esses ( 7 ) detêm o controle sobre os algoritmos.

Umberto Mannarino | 25
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( 1 ) Mais um conectivo interessante para relacionar as ideias expostas anteriormente ao parágrafo


a seguir. Se você gosta de colocar em “caixinhas”, esses são conectivos de adição. Falo mais
sobre eles na playlist de conectivos da Unacademy (gratuita): https://bit.ly/Conectivos
( 2 ) Para eliminar qualquer chance de perder ponto na competência 4 (lembrando que a estudan-
te não perdeu), seria interessante colocar um conectivo neste ponto para relacionar o tópico
frasal ao restante do parágrafo.
( 3 ) Uso de repertório sociocultural pertinente ao tema para endossar a argumentação. Pontos
para a competência 2.
(*4 ) Mais uma vez usando as próprias palavras para sintetizar um contexto sociológico complicado.
Isso demonstra alta capacidade de síntese e argumentação. Parabéns.
( 5 ) Mais um conectivo para juntar bem as duas ideias. Lembrando que não é necessário usar co-
nectivos em todas as frases, mas é importante usá-los quando as ideias parecem muito “des-
conexas” sem eles. Não dá para explicar exatamente quando usar e quando não usar, mas de-
pois de você ler todas as 30 redações desta apostila talvez comece a perceber melhor quando
eles são essenciais e quando são desnecessários.
(*6 ) Diferente de muitas outras redações, a estudante deixou explícito o complemento do termo “domina-
ção”: dominação dos mais poderosos. Muitos dos comentários das redações anteriores são batendo
exatamente nessa tecla: se o termo exige um complemento, escreva o complemento!! Isso porque
escrever só “mecanismo de dominação” daria margem à pergunta: “dominação de quem?”... e, quan-
to menos perguntas o corretor precisar fazer em relação ao seu texto, melhor para o projeto de texto.
( 7 ) O correto seria “estes”, não “esses”! Como não tem um elemento de retomada, o termo correto é
“estes”, e se refere exclusivamente ao último elemento masculino mencionado (“os mais poderosos”).

Comentário
sobre o D2

A sequência escolhida para os argumentos foi uma maneira excelente de convencer o lei-
tor: tópico frasal para introduzir o tema (competência 3, organização), contextualização
com outra área do conhecimento (Durkheim, competência 2) e paralelo com o contexto
atual (por meio do conectivo “nesse sentido”, contribuindo para a competência 4). Por fim,
a estudante ainda concluiu o parágrafo com uma síntese de ideias para “amarrar” tudo já
exposto e começar sem nenhuma pendência a proposta de intervenção.

Conclusão
Desse modo, visando à atenuação dos impactos negativos do uso da internet, é preciso modificar
a realidade, conforme o pensamento do jornalista irlandês George Shaw, que diz que o progresso
é impossível sem mudança. Assim, o Ministério de Ciência e Tecnologia, juntamente com o Poder
Legislativo, deve regulamentar a aplicação de algoritmos na rede, exigindo por lei que o usuário
seja advertido com ênfase sempre que seus dados forem submetidos a esse controle. Ademais
( 1 ), a lei deve criar e obrigar o pagamento de altos impostos pelas empresas que utilizarem tal
recurso ( 2 ). Dessa forma, será possível garantir que os internautas estejam cientes da aplicação
dos algoritmos, assim como o seu uso por empresas será desestimulado por meio da taxação
legal. Consequentemente, a internet terá seus benefícios otimizados e seus danos, minimizados.

( 1 ) Conectivo de adição para promover a progressão temática. No entanto, apesar de ser um co-
nectivo de adição, tudo isso é uma única proposta de intervenção, com um único agente (Mi-
nistério da Ciência e Tecnologia juntamente com o Poder Legislativo). A estudante usou esse
conectivo para detalhar melhor a “lei” proposta na oração anterior.
( 2 ) “Tal recurso” como elemento de retomada da “aplicação de algoritmos na rede”. Excelente
para não repetir termos e pontuar na competência 4.

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Comentário
sobre a
Conclusão

Esta foi a única redação em que eu não coloquei um milhão de comentários em cada
parágrafo. Como eu disse, ela ficou maravilhosa, então por mais que eu tentasse eu não
conseguiria encontrar um comentário negativo para fazer. Vamos à análise da propos-
ta de intervenção: o Ministério da Ciência e Tecnologia, junto com o Poder Legislativo
(quem) deve regulamentar os algoritmos (o quê), exigindo que o usuário seja adver-
tido quando for submetido a eles (como). Essa lei deve obrigar o pagamento de altos
impostos (detalhamento do como), para fortalecer os benefícios e minimizar os danos
da internet (para quê). Todas as 5 perguntas respondidas perfeitamente, sem dados
excessivos nem ausência de informação. Nota máxima para a competência 5.

Comentários Gerais:
Adorei! De verdade. Não tenho nenhum comentário negativo sobre esta redação, e since-
ramente eu fico de queixo caído com o fato de ela ter perdido pontos na competência 1. A
única explicação é que no espelho da redação tem algumas coisinhas que o scanner não
reconheceu, e possivelmente levaram um dos corretores a tirar ponto da competência 1:
• Na linha 11, “atender os” parece “atenderos”;
• Na linha 17, parece que não tem a vírgula obrigatória após o “portanto”;
• Na linha 23, “com o” parece “como”.
Honestamente, não tem motivo nenhum para terem tirado ponto da competência 1. A es-
tudante deveria ter tirado 1000, sim.
Quanto à competência 2, está clara a excelente compreensão do tema e o uso de re-
pertório sociocultural pertinente à argumentação (Guerra Fria, documentário “What
the Health” e Durkheim).
Quanto à competência 3, fica claro o projeto de texto bem estruturado e a indignação da
estudante em relação aos fatos tratados. A tese forte, orientada por desenvolvimentos
bem conectados entre si, contribuiu para a nota máxima.
Quanto à competência 4, o bom uso de conectivos e elementos de retomada eliminou
qualquer possibilidade de ambiguidade, contribuindo para a progressão temática.
Quanto à competência 5, a estudante respondeu as 4 perguntas e detalhou a “como”, o
que garantiu os 200 pontos.

Umberto Mannarino | 27
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Alécio Notas:
C1: 180
C2: 200
C3: 200
C4: 200
C5: 180

960

Análise por parágrafos:

Introdução
O Brasil – apesar do pluralismo biológico, geográfico e cultural – ainda pode ser adjetivado
como singular ( 1 ) em relação à abordagem de assuntos vinculados ao âmbito virtual. No
que tange à manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na inter-
net no território nacional ( 2 ), o cenário não é dicotômico, haja vista a perpetuação de um
legado histórico de hábitos comportamentais perversos ( 3 ). Nesse sentido, é importante
destacar os principais desafios ( 4 ) dessa problemática frente à sociedade brasileira.

(*1 ) Interessante a antítese “plural/singular” para reforçar o contraste entre os diferentes as-
pectos da sociedade brasileira: plural biologicamente, mas ainda pouco experiente nos
aspectos do âmbito virtual.
( 2 ) Importante já deixar claro que a redação será sobre a manipulação do comportamento do
usuário no Brasil. Como o tema da redação em 2018 não exigiu que o estudante falasse es-
pecificamente de Brasil, teria sido ainda mais importante mencionar o país logo de cara na
introdução para já sinalizar ao corretor que o texto vai ser sobre a problemática no contexto
brasileiro, e não mundial (é claro que, se você quisesse falar sobre o contexto mundial, seria
possível. Mas aqui o estudante escolheu fazer um recorte para o cenário brasileiro, e colocou
estrategicamente essa informação logo no início do texto).
( 3 ) Essa expressão “hábitos comportamentais perversos” está se referindo a quem? De quem são
esses hábitos? Do brasileiro manipulado ou da internet manipuladora? Tome muito cuidado na
hora de escrever esses termos “bonitos” demais, porque você pode acabar pecando na com-
preensão do texto. O termo “perversos” dá a entender que os hábitos comportamentais são

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hábitos do lado manipulador, não do manipulado... mas a ideia de que esses hábitos vêm de
um legado histórico parece sugerir que eles estão se referindo na verdade aos brasileiros, não
à internet manipuladora. Ou troca o termo ou reorganiza a frase para evitar a ambiguidade.
( 4 ) Aqui o estudante já introduz o que vai ser dito nos desenvolvimentos: os desafios dessa pro-
blemática. Nas redações anteriores, nós vimos que os estudantes colocam dois termos na in-
trodução, que se referem aos dois parágrafos do desenvolvimento. Aqui, o estudante preferiu
resumir os dois termos em um só: “desafios”. E a partir dessa premissa ele vai se posicionar nos
parágrafos seguintes. Essa é outra forma de pincelar os argumentos, e também é uma ótima
forma de pontuar na competência de organização e projeto de texto (competência 3). Sinta-se
livre para escolher qualquer uma das duas estratégias. :)

Comentário
sobre a
Introdução

Uma introdução simples e bem escrita. A dicotomia plural/singular foi bastante criativa.
Repare que a introdução é composta por 3 frases de tamanho médio, sem muitos rodeios,
e que cada frase está claramente associada com a anterior (na segunda, o elemento de re-
tomada “cenário” se associa ao que já foi exposto anteriormente, e na terceira o conectivo
“Nesse sentido” promove a progressão temática). A introdução do problema está meio fra-
ca por causa da ambiguidade em “hábitos comportamentais perversos”, mas isso acabou
não tirando ponto da competência 3. De qualquer forma, tome cuidado com essas coisas,
porque é a tese que vai orientar todo o projeto de texto, e a tese precisa deixar bem claro
de que problema você está falando – e quem é o causador desse problema!

Desenvolvimento 1
Advém ressaltar, a princípio, a ilegitimidade ( 1 ) dos órgãos governamentais ( 2 ) mediante a
adoção de políticas de contenção dos conteúdos midiáticos disseminados nas plataformas digi-
tais ( 3 ). Sob esse aspecto, é cabível relacionar esta ( 4 ) realidade com a perspectiva de Carlos
Drummond de Andrade. Com seu poema, ( 5 ) “No Meio do Caminho”, são mencionados ( 6 )
repetidamente pedras no decorrer dos versos, as quais podem ser classificadas como obstácu-
los que impedem a concretização de avanços na sociedade. De maneira análoga ( 7 ), inacei-
tavelmente ( 8 ), o descaso público-administrativo representa um grande empecilho ( 9 ), uma
vez que o Poder Legislativo não atua na elaboração, com base em princípios constitucionais, de
autarquias destinadas ao intenso fluxo de informações na internet. Dessa forma, tristemente, o
setor terciário da economia ( 10 ) adquire o monopólio da influência ideológica dos internautas.

( 1 ) Uso de termo com posicionamento claro (“ilegitimidade”) para reforçar a autoria desde o iní-
cio do parágrafo. Pontos para a competência 3.
( 2 ) Como eu já falei em várias outras redações, se o termo pede um complemento, escreva o com-
plemento. Aqui está perfeito: a ilegitimidade “dos órgãos governamentais”. Fica evidente de
quem é a ilegitimidade, e é assim que a argumentação deve ser.
( 3 ) Essa primeira frase foi o tópico frasal, que vai orientar todo o restante do parágrafo. Tudo neste
parágrafo precisa estar de alguma forma relacionado ao que foi tratado nessa frase.
( 4 ) O correto seria “essa”, não “esta”, pois está acompanhado do elemento de retomada “realida-
de”. Portanto, “essa realidade”.
( 5 ) Não deveria ter uma vírgula antes do nome do poema, porque Carlos Drummond de Andrade
escreveu mais do que apenas “No Meio do Caminho”.
( 6 ) O correto seria “mencionadas”, no feminino, para concordar com “pedras”.

Umberto Mannarino | 29
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( 7 ) Excelente maneira de traçar um paralelo entre as informações. O conectivo “De maneira aná-
loga” deixa claro que o repertório sociocultural foi utilizado para se fazer uma analogia com a
situação contemporânea atual.
( 8 ) Mais um uso de termo com posicionamento claro (“inaceitavelmente”) para que o parágrafo
não fique apenas expositivo, e sim dissertativo. Pontos para a competência 3.
( 9 ) Um grande empecilho a quê? Faltou o complemento de “empecilho”. Nesse caso, a frase não
perdeu o significado só por causa desse deslize, mas cometer esse tipo de erro muitas vezes
pode prejudicar a leitura. Se o corretor precisar ficar voltando muitas vezes para tentar enten-
der ao que cada termo se refere, isso pode tirar pontos da competência 4.
(*10 ) Aqui é mais uma sugestão que de fato uma crítica: o “setor terciário da economia” surgiu mui-
to de repente na argumentação. Até este ponto do parágrafo, todos os argumentos apontam
para o descaso governamental e a falta de fiscalização, mas não foi dito nada sobre o porquê
de a manipulação comportamental do usuário estar associada especificamente ao setor terci-
ário da economia. Se quisesse mesmo tocar nesse assunto, que fosse no próximo parágrafo, e
não no final deste. Inserida nesse ponto, a informação ficou “sobrando”.

Comentário
sobre o D1

O uso de repertório sociocultural pertinente à argumentação (o poema de Carlos Drummond


de Andrade) contribuiu para a nota máxima da competência 2. Importante ressaltar que o
estudante traçou uma analogia entre o poema e a realidade. Algumas pessoas acham que
não se deve citar obras de arte ou filmes e séries na redação do ENEM, mas isso é bobagem.
Você pode fazer isso, sim, contanto que não seja como analogia. Lógico que não faz o menor
sentido dizer que John Lennon disse que “devemos amar as pessoas” como argumento para
acabar com a guerra. John Lennon não é um argumento de peso para esse assunto. Mas você
pode falar dessa citação e traçar um paralelo com a realidade. As formas de se usar repertório
sociocultural são diferentes quando você quer fazer uma analogia e quando você quer usar
dados estatísticos ou de especialistas para diretamente defender um ponto de vista.
Enfim, continuando: o estilo de escrita do estudante é bastante dissertativo, com muitos ele-
mentos de posicionamento claro (“inaceitavelmente”, “grande empecilho”, “tristemente”, etc.),
o que configura autoria e evita perda de pontos da competência 3. O parágrafo iniciado com
tópico frasal também colabora para a organização do texto como um todo (mais pontos para a
competência 3). Reforço a minha sugestão de não inserir informação nova no fim do parágrafo,
o que pode passar a ideia de que falta informação no texto (prejudicando a competência 3)

Desenvolvimento 2
Outrossim ( 1 ), a imprudência da população ( 2 ) contribui expressivamente na potencialização
do impasse. O intitulado “Brasil: um País do futuro” é um livro escrito por Stefan Zweig, resultado
do período em que o autor esteve exilado no Rio de Janeiro, durante a Segunda Guerra Mundial,
época da expansão nazista pela Europa. Em contraste ( 3 ) à célebre frase do escritor, é irrefutável
afirmar que o País está muito longe de corresponder a tal estereótipo idealizado. Essa situação
( 4 ) ocorre porque, lamentavelmente ( 5 ), muitas pessoas que utilizam as mídias sociais não
possuem autonomia plena no discernimento de dados tidos como passíveis de malefícios no pro-
cesso de obediência manipulada. Além disso, a população economicamente ativa, em especial,
configura-se como o público que mais permite ser influenciado pelos dados comerciais, tendo
em vista que esse grupo de consumidores é o mais cobiçado pela indústria cultural ( 6 , 7 ).

( 1 ) Conectivo de adição para introduzir um novo argumento. Pontos para a competência 4. Re-
pare que os dois parágrafos de desenvolvimento podem se encaixar no hiperônimo “desafios”
que o estudante usou para resumir as ideias na introdução.

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( 2 ) Com três palavras o estudante conseguiu resumir tudo que será tratado neste parágrafo: “im-
prudência da população”. Pontos de organização, e, consequentemente, para a competência
3. Eu ainda sinto um pouco de falta do complemento de “imprudência”, mas, por ser apenas
um tópico frasal, e a “imprudência” estar bem detalhada nos períodos seguintes, esse detalhe
acaba não prejudicando a leitura do texto como um todo.
(*3 ) Maravilhoso! Outra forma de quebrar as expectativas do leitor (além dos conectivos “todavia”,
“contudo”, etc.) é usar “Em contraste a”.
( 4 ) “Essa situação” retomando a problemática expressa anteriormente. Elemento de retomada bem utili-
zado para evitar repetição de termos e promover a progressão temática. Pontos para a competência 4.
( 5 ) Termo com posicionamento claro (“lamentavelmente”) para reforçar a autoria e tornar o pará-
grafo o mais dissertativo possível (competência 3).
(*6 ) Sinto que ficou faltando a conexão entre o fato de a PEA ser composta pelos mais cobiçados
pela Indústria Cultural e o restante do parágrafo. Na nossa cabeça, é evidente que o estudante
colocou essa informação porque esses indivíduos são os mais passíveis de ter seu comporta-
mento de compra manipulado, mas a escolha de palavras não deixou essa ligação tão clara.
( 7 ) Indústria Cultural é um conceito da Escola de Frankfurt. Não é algo tão “senso comum” a pon-
to de poder ser mencionado de passagem como foi feito nesse trecho. Isso pode comprometer
a nota da competência 2, então tome cuidado! Sempre que mencionar um repertório sociocul-
tural, dedique um mínimo de espaço para explicá-lo propriamente.

Comentário
sobre o D2

Novamente, o repertório sociocultural usado pelo estudante não foi usado diretamente
para defender um ponto de vista. Ele usou o título de um livro como estratégia para traçar
um paralelo com a realidade. Nada errado com isso, e o estudante tirou nota máxima na
competência 2. Reforço isso para mostrar que não são só os argumentos “tradicionais” que
o ENEM valoriza. Qualquer repertório, desde que pertinente, é válido.

Conclusão
Torna-se evidente, portanto, a necessidade de o Poder Legislativo consolidar ( 1 ) sua função
governamental, através de ações que visem ao bem-estar social – caminho fundamental na
resolução do problema –, como o planejamento de leis voltadas à restrição de conteúdos
comerciais que representem uma ameaça à integridade ideológica de internautas. Ademais,
cabe ao Governo Federal, por meio de suas redes comunicativas, instruir a população a res-
peito de como lidar com os anseios da mídia ( 2 ). Com isso, espera-se ( 3 ), de fato, que a cita-
ção de Zweig deixe de ser utópica e represente um lema brasileiro conhecido mundialmente.

( 1 ) São poucas as pessoas que escrevem esse tipo de construção corretamente, e o estudante foi
uma delas. Quando você usar um verbo no infinitivo (“consolidar”), o correto é exatamente
como foi escrito: “de o”, não “do”. A necessidade de o Poder Legislativo consolidar, não “do”
Poder Legislativo consolidar. Isso vale para qualquer construção desse tipo, como por exem-
plo: “Tenho medo de os meus leitores não gostarem desta apostila”.
A propósito, você está gostando da apostila? Se sim, acesse lá a sua página de compras da
Hotmart e deixe uma avaliação positiva. Vai me ajudar bastante. Obrigado :)
( 2 ) Aqui o estudante “varreu o problema para debaixo do tapete”: a proposta de intervenção foi
“instruir a população a como lidar com os anseios da mídia”, mas em nenhum momento ele fa-
lou explicou como as pessoas devem lidar com os anseios da mídia. Ele só passou o problema

Umberto Mannarino | 31
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adiante. Isso soa genérico, podendo ter feito o corretor não ver com bons olhos a resposta “o
quê” dessa proposta de intervenção.
(*3 ) Sugiro um verbo mais forte que “espera-se” para concluir a proposta de intervenção. Seja mais
incisivo: “Com essas medidas, a citação de Zweig deixará de ser utópica (...)”.

Comentário
sobre a
Conclusão

Vamos à análise da conclusão para entender por que o estudante perdeu ponto na compe-
tência 5: o Poder Legislativo (quem) deve consolidar sua função governamental (o quê) atra-
vés de (...) planejamento de leis (...) de internautas (como). Repare que tudo isso foi o como,
super detalhado, e o o quê foi simplesmente a ideia de consolidar a função governamental...
mas essa ideia é muito vaga e abstrata! O que seria a consolidação da função governamental
na prática? Isso não é um o quê satisfatório. A conclusão até aqui está sem equilíbrio: muito
espaço dedicado ao como e ao seu detalhamento, e pouquíssimo espaço para o quê.
Prosseguindo: a segunda proposta foi que o Governo (quem), por meio de redes comu-
nicativas (como), instruísse a população a respeito de como lidar com a mídia (o quê...
genérico, como falei no comentário 2). Todas essas propostas são para que a citação de
Zweig não seja mais uma utopia (para quê). Repare que nas duas propostas de intervenção
a resposta ao o quê ficou genérica. Apesar de ter respondido as 4 perguntas e detalhado
bastante o como da primeira, o texto ainda passou a ideia de estar faltando alguma coisa.

Comentários Gerais:
Uma ótima redação. Os erros de português foram pequenos o suficiente para não haver
motivo para tirar ponto na competência 1. Mas algum dos corretores acabou tirando...
infelizmente. A única coisa que eu posso sugerir aqui é que você se atente bastante às
rasuras e à letra na hora de passar para a folha definitiva, porque a imagem digitalizada
pode acabar confundindo o corretor na hora da leitura.
Quanto à competência 2, o estudante demonstrou plena compreensão do tema (todos os
argumentos estão voltados à manipulação do comportamento do usuário pelo controle
de dados na internet), e foram usadas menções pertinentes de 3 áreas do conhecimento
diferentes: Carlos Drummond de Andrade, Stefan Zweig e a Indústria Cultural.
O bom uso de tópicos frasais e parágrafos bem entrelaçados entre si contribuiu para a
organização e o projeto de texto. O uso constante de termos de indignação reforçou o
caráter dissertativo da redação, contribuindo para a competência 3.
Quando à competência 4, os elementos de retomada e os conectivos bem inseridos em
momento algum deixaram haver ambiguidade no texto. Isso contribuiu para a excelente
progressão temática.
O estudante perdeu pontos na competência 5 porque um dos corretores considerou que
a proposta de intervenção não foi completa o suficiente. Acredito que tenha sido por falta
de detalhamento das perguntas “o quê”, que, apesar de presentes, foram muito genéricas
em ambas as propostas.

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Umberto Notas:
C1: 180
C2: 200
C3: 180
C4: 200
C5: 200

960

Comentário
Inicial

E vamos agora à minha redação. É sempre mais difícil procurar os erros no próprio texto,
mas espero que com as dicas desta apostila você esteja começando a ficar mais crítico(a)
com as próprias redações. É claro que seria melhor ter alguém para corrigir, mas preparei
esta apostila com o máximo de comentários possível para justamente ajudar até quem não
tem um professor por perto para fazer as correções. Vamos lá:

Análise por parágrafos:

Introdução
Há mais de 400 anos, Cervantes narrou a história de Dom Quixote, um homem que, por
ler apenas romances de cavalaria, perdeu a sanidade e acabou por acreditar que também
era um cavaleiro ( 1 ). No contexto atual, fora da ficção, o cenário ( 2 ) é ainda mais alar-
mante ( 3 ): com uma segmentação de público “online” cada vez mais precisa por parte
das empresas ( 4 ), os internautas muitas vezes abandonam seu poder crítico de escolha,
tornando-se vulneráveis ( 5 ) à manipulação de comportamento. Assim, é necessário ana-
lisar ( 6 ) o fenômeno para que se possa contorná-lo.

Umberto Mannarino | 33
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( 1 ) Como eu já disse em uma redação anterior, você pode usar literalmente qualquer repertório so-
ciocultural para contextualização, desde que seu uso seja pertinente à argumentação. No caso, eu
escolhi começar com Dom Quixote. Importante ressaltar que não é porque 400 anos atrás não ha-
via internet que eu não posso citar Dom Quixote para falar da manipulação do comportamento do
usuário pelo controle de dados na internet. Basta encontrar um traço comum entre o livro e a situ-
ação atual. E foi o que eu fiz: na época, o personagem lia apenas um tipo de livro e acabou ficando
louco; hoje, as pessoas que são expostas a um único tipo de informação perdem o senso crítico.
( 2 ) Elemento de retomada “o cenário” para sintetizar a ideia exposta anteriormente.
( 3 ) Uso de termo com posicionamento claro (“alarmante”) para evidenciar desde o início que se
trata de um problema. Bom para a competência 3.
( 4 ) Nesse ponto a argumentação ficou meio fraca, porque eu fui específico demais em relação
ao problema: ao invés de falar de coisas amplas como os algoritmos, mirei na segmentação
de público online. Ok que ela é um problema, mas teria se encaixado melhor em um dos
desenvolvimentos, não na introdução. Essa especificidade excessiva pode ter sido o motivo
de eu perder pontos na competência 3, porque acabou prejudicando a relação entre a intro-
dução e o restante dos parágrafos (projeto de texto). Então fica a lição para pontuar bem na
competência 3: a tese não deve ser nem genérica nem específica demais.
( 5 ) Mais um termo forte: “vulnerável”. Perceba que eu estou deixando claro que isso se trata de
um problema.
( 6 ) Isso não chega a ser uma falha, mas a última frase da introdução poderia ter sido mais espe-
cífica para já pincelar os argumentos. Ao invés de simplesmente dizer “analisar o fenômeno”,
eu poderia ter feito como algumas das redações anteriores e já mencionado brevemente
sobre o que vão se tratar os parágrafos de desenvolvimento.

Comentário
sobre a
Introdução

Eu fui específico demais na tese, o que definitivamente prejudicou o meu projeto de texto.
De resto, os pontos fortes desse parágrafo são que eu usei vários termos com posiciona-
mento claro e fiz uso de repertório sociocultural pertinente à argumentação, traçando um
paralelo entre um livro da literatura clássica e os dias atuais (pontuando na competência 2).

Desenvolvimento 1
Antes de tudo, cabe destacar que a segmentação de público traz danos colaterais ( 1 ) à
capacidade de escolha. Acerca dessa premissa ( 2 ), pode-se traçar um paralelo ( 3 ) com
a filosofia contratualista do século XIX ( 4 ), segundo a qual o indivíduo abre mão de sua
liberdade em troca de direitos: o que se vê hoje é que os usuários cedem dados particu-
lares ( 5 ), como histórico de busca, por uma experiência adaptada de maneira inteligente
aos seus gostos. Contudo ( 6 ), como estudavam os teóricos da “Mass Communication Re-
search”, a passividade diante das telas abre margem ( 7 ) à sugestionabilidade. Portanto, é
necessário combater esse tipo de comportamento ( 8 ).

( 1 ) Mais um termo com posicionamento claro (“danos colaterais”) para reforçar o caráter disserta-
tivo do texto. Lembrando que um parágrafo exclusivamente expositivo (sem esses termos que
deixam claro que é um problema) poderia comprometer a nota da competência 3, por passar a
ideia de que tem coisa faltando no texto. E que “coisa” seria essa? Bem... simplesmente a infor-
mação mais importante de todas em uma redação dissertativo-argumentativa: a consciência
de que o assunto é um problema.
( 2 ) Conectivo para ligar o tópico frasal ao restante do parágrafo. Pontinhos para a competência 4.

34 | Onde Já Se 1000
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( 3 ) Já deixando claro que vou traçar um paralelo. Essa é mais uma forma de introduzir uma analo-
gia, sem precisar do conectivo “analogamente”. Desde que explique de maneira aceitável por
que está usando o repertório sociocultural, não importa como você coloque isso no papel. :)
( 4 ) Escrevi século “XIX”, mas o correto é “XVIII”. Foi um erro muito pequeno que não me tirou ponto da
competência 2 (mas é sempre bom evitar, claro). Ah, e aproveitando que tocamos nesse assunto, eu
estou postando muitos vídeos de Filosofia lá no meu canal. São resumos de Sócrates, Platão, Aristó-
teles, Kant, etc., inclusive de filosofia contratualista. Se por algum motivo você ainda não se inscreveu
no meu canal, acessa logo o link e se inscreveeeeee: http://www.youtube.com/exatasexatas . Esta-
mos com a meta de chegar a 1 milhão de inscritos até o dia do ENEM 2019.
( 5 ) Faltou o complemento de “cedem”. Para quem os usuários cedem os dados particulares? Ficou
faltando essa informação, o que também pode ter sido motivo para terem tirado ponto da compe-
tência 3 (apesar de eu achar que o motivo real foi a tese exageradamente específica na introdução).
( 6 ) Um conectivo forte de contraste para provocar a quebra de expectativa e promover a progres-
são temática. Toptoptop para a competência 4.
( 7 ) O correto é “dá margem”, não “abre margem”. Cometi o mesmo erro duas vezes ao longo do
texto, e isso pode ter sido a causa de me tirarem ponto na competência 1. Mas uma outra coi-
sa que também pode ter tirado pontos nessa competência são as rasuras... porque eu rasurei
demais o texto, então esse também é um motivo plausível. Enfim, nunca use uma expressão se
você não tiver certeza absoluta do jeito certo de usar. Eu poderia só ter substituído “dá mar-
gem” por “provoca”, e toda essa confusão teria sido evitada.
( 8 ) Ao invés de inserir informação nova no fim do parágrafo, sintetizei todas as ideias em uma úl-
tima frase. Isso não é obrigatório, mas ajuda a reforçar a ideia de que não falta nenhuma infor-
mação, contribuindo para a competência de organização e projeto de texto (competência 3).

Comentário
sobre o D1

Nesse parágrafo eu procurei usar todas as dicas que dou nos vídeos: comecei com tópico
frasal, finalizei com uma frase de síntese e demonstrei bem o meu posicionamento indigna-
do por meio de expressões fortes como “danos colaterais” e “combater”. O uso de reper-
tório sociocultural pertinente à argumentação, a partir de paralelos traçados com o tema,
contribuiu para a nota máxima da competência 2.

Desenvolvimento 2
Ademais ( 1 ), os mecanismos de personalização de dados elevam o risco de desinformação ( 2 ).
“Nenhum pastor e um só rebanho”, disse o filósofo Nietzsche sobre a ausência de criticidade
do povo, e tal conceito ( 3 ) pode ser ilustrado com o recente escândalo envolvendo a rede
social “Facebook”, no qual uma empresa de propaganda, com base em dados de usuários,
provocou uma disseminação seletiva de conteúdos políticos falsos, com impacto sobre as
intenções de voto e o resultado das últimas eleições no país ( 4 ). Dessa forma, é intolerável
( 5 ) que os benefícios da tecnologia sejam desvirtuados como arma de manipulação ( 6 ).

( 1 ) É muito comum usar um conectivo de adição no início do segundo parágrafo de desenvolvimen-


to. Caso você tenha interesse em revisar os conectivos, vou fazer um vídeo sobre o tema quando
estivermos mais perto do ENEM, mas enquanto isso você pode ir assistindo à playlist gratuita
que eu preparei na Unacademy, com 10 vídeos sobre conectivos: https://bit.ly/Conectivos .
( 2 ) Como no parágrafo anterior, iniciei o desenvolvimento com um tópico frasal para já deixar
claro para o corretor sobre o que vai se tratar o meu argumento: desinformação (“fake news”
para os íntimos).

Umberto Mannarino | 35
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( 3 ) “tal conceito” retomando a citação de Nietzsche. Um elemento de retomada para evitar repe-
tição de palavras e promover uma melhor progressão temática. Se você já leu a apostila até
este ponto, sabe que isso se trata da competência 4.
( 4 ) Como em nenhum momento eu mencionei os EUA, eu deveria ter dito “eleições nos EUA”,
não “no país”.
( 5 ) Um elemento “dissertativo” (“intolerável”) para mostrar que eu estou indignado com a situa-
ção. Sem essa última frase, o parágrafo teria ficado praticamente só expositivo, porque todos
os termos fortes estão aqui: “intolerável” e “arma de manipulação”.
( 6 ) Novamente fechando o parágrafo com uma síntese do que foi exposto para evitar informações novas.

Comentário
sobre o D2

Perceba que eu usei muitas referências socioculturais nessa redação. Até este ponto, foram
5: Dom Quixote na introdução, filosofia contratualista e Mass Communication Research
em D1, e Nietzsche e o escândalo do Facebook em D2. Você não precisa usar 5 áreas do
conhecimento diferentes, e é até pouco indicado que use. Se as referências não estiverem
bem amarradas com o resto da argumentação, pode até dar a impressão de que estão sim-
plesmente “jogadas”. E isso nunca deve acontecer!! Eu sinceramente corri um risco grande
ao colocar essas 5 referências na redação. Seria melhor ter escolhido 3 para evitar qualquer
chance de perder ponto por excesso de informação (da mesma forma que eu perdi ponto
na competência 3 por excesso de especificidade na tese).
De resto, os mesmos comentários do parágrafo anterior sobre tópico frasal, síntese e ter-
mos “dissertativos”. Vamos à conclusão:

Conclusão
Diante do exposto, é evidente que a submissão ao comodismo abre margem ( 1 ) à perda de
criticidade. Para combater o fenômeno ( 2 ), é necessário estimular as pessoas a questionarem
essa realidade ( 3 ). No Brasil, o Ministério da Cultura, em parceria com o Ministério da Educa-
ção, deve elaborar projetos nas escolas para enriquecer o repertório cultural dos jovens, por
meio de contratos com artistas e palestrantes de temas pouco explorados em sala de aula, es-
timulando atividades lúdicas que permitam a autonomia e despertem a curiosidade do público
por uma busca ativa de conhecimento. Tais medidas visam desenvolver um pensamento críti-
co nos indivíduos desde cedo, para que não se tornem escravos das informações que lhes são
ofertadas, como as que, há mais de quatro séculos, fizeram um bom homem enlouquecer ( 4 ).

( 1 ) De novo “abre margem” ao invés de “dá margem”... seria tão mais simples se eu simples-
mente trocasse por “provoca”...
( 2 ) Introduzi a proposta de intervenção com a ideia de que ela vai combater o fenômeno. Mas
repare que essa não é a resposta ao para quê!! A verdadeira resposta está mais adiante no
parágrafo. Eu só disse “para combater o fenômeno” como introdução à minha proposta.
( 3 ) Da mesma forma que o comentário anterior, “estimular as pessoas a questionarem essa
realidade” não é a resposta ao o quê. Ainda é apenas a introdução à proposta de interven-
ção. O o quê está mais adiante.
( 4 ) Fechando a conclusão de maneira circular para retomar o Dom Quixote da introdução. De
novo, isso não é obrigatório, ok?! Mas é ótimo para passar a ideia de que toda a disserta-
ção seguiu uma estratégia, um projeto de texto. Excelente para a competência 3.

36 | Onde Já Se 1000
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Comentário
sobre a
Conclusão

Vamos à análise pelas 5 perguntas: o Ministério da Cultura + da Educação (quem) vai ela-
borar projetos para enriquecer o repertório cultural dos jovens (o quê), trazendo artistas
e palestrantes de temas diversos (como), estimulando atividades lúdicas (...) busca ativa
de conhecimento (detalhamento do como). Tudo isso com a finalidade de desenvolver um
pensamento crítico desde cedo para as pessoas não serem mais escravas das informações
(para quê). Propus uma única ação, mas que foi bastante detalhada no como. Respondi
tudo que precisava responder, e por isso tirei nota máxima na competência 5.

Comentários Gerais:
Num geral, fiquei bem satisfeito com o resultado da minha redação. As falhas foram peque-
nas, mas infelizmente acabaram tirando alguns pontos: a tese excessivamente específica
prejudicou o projeto de texto – e, consequentemente, a nota na competência 3; e o uso
exagerado de repertório sociocultural poderia ter tirado ponto da competência 2 caso o
corretor entendesse que as informações não estavam bem amarradas ao resto do texto.
Felizmente ele não foi tão carrasco assim. :)
Quanto à competência 1, foram poucos os erros de português (só o “abre margem”, para ser
sincero), então o que deve ter tirado ponto foram as rasuras excessivas. Se você encontrar
algum outro erro, por favor, me avise por direct do Instagram: @assimcontououmberto.
O bom uso de conectivos e elementos de retomada não deu margem a frases ambíguas, o
que contribuiu para a nota máxima na competência 4.
A proposta de intervenção foi simples, detalhada e efetiva. Não teve informação demais
nem de menos, então tirei os 200 pontos da competência 5.

Umberto Mannarino | 37
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Sophia Notas:
C1: 160
C2: 200
C3: 200
C4: 200
C5: 180

940

Análise por parágrafos:

Introdução
Durante a Primavera Árabe, em 2011, a internet foi mister na divulgação fidedigna de dados
e na mobilização popular contra regimes ditatoriais opressores no Oriente Médio. No Brasil
pós-moderno, entretanto ( 1 ), tal ferramenta vem sendo utilizada para manipular os seus
usuários ( 2 ), o que – seja pelo cerceamento da liberdade ou pela alienação ( 3 ) – viola e
ameaça a universalidade e a integridade democrática e informacional da Nação.

( 1 ) Repare que é bem recorrente o uso de conectivos de contraste na introdução. Em quase todas
as redações da ONDE JÁ SE 1000 as pessoas fizeram isso. E essa técnica não é por acaso.
Conectivos de contraste são muito fortes, chamam a atenção. São ótimos para “fisgar” o leitor
logo de início e mantê-lo interessado no texto.
Senti falta de detalhamento no “manipula os seus usuários”. Manipula em que sentido? Ide-
(2)
ologicamente? Comportamentalmente? E que tipos de comportamento a internet manipula?
De compra? De consumo de mídia? De quê? A tese ficou meio genérica, e para um corretor
chato isso seria motivo para tirar ponto da competência 3. Felizmente não foi o caso dessa
redação, que tirou 200 nessa competência. Mas isso não deixa de ser um risco, então tente ser
um pouco mais específico na hora da tese. É ela que vai orientar todo o resto do texto. Para
um exemplo de introdução toptoptop, veja o texto do Marcondes (3ª redação da ONDE JÁ SE
1000). A tese está muito bem explicada, sem dar nenhuma margem a ambiguidades.
( 3 ) Também é muito recorrente pincelar os dois argumentos do desenvolvimento na introdução, como a
estudante fez nesse caso. Cerceamento da liberdade e alienação serão os temas dos dois próximos
parágrafos. Essa estratégia organiza o texto, contribuindo para um bom projeto de texto e mais pontos
na competência 3. Quase todos os estudantes desta apostila fizeram suas introduções dessa maneira.

38 | Onde Já Se 1000
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Comentário
sobre a
Introdução

Uma introdução simples e bem escrita. O uso de repertório sociocultural pertinente à argu-
mentação (Primavera Árabe) já contribuiu para a competência 2 logo no início do texto. A
estudante escolheu já falar de Brasil na introdução para deixar claro ao corretor que todos
os outros parágrafos terão esse mesmo recorte. Foi uma ótima estratégia para não pare-
cer que ao longo do texto está faltando alguma informação importante. O uso de termos
dissertativos como “violar” e “ameaçar” fortalece a tese, demonstrando um ponto de vista
claro por parte da estudante (competência 3).

Desenvolvimento 1
Mormente, é notório que a possibilidade de livre escolha é comprometida pela ganância finan-
ceira ( 1 , 2 ). Acerca desse tópico ( 3 ), o escritor José Saramago desenvolveu o conceito de
“falsa democracia” — sistema no qual há a ilusão de autonomia pelo povo, porém é o capitalis-
mo que detém, genuinamente, o poder. Com isso, grandes multinacionais, em posse de dados
a respeito dos interesses dos usuários, controlam os anúncios e as informações que serão exibi-
das ( 4 ) a fim de venderem seus produtos. Consequentemente ( 5 ), o indivíduo será coagido a
adquirir certas mercadorias e a adotar o padrão comportamental consumista sem que o saiba,
pois crê que exerce plenamente a sua liberdade e crê na confidencialidade da internet.

(*1 ) Se é ganância, é financeira. “Ganância financeira” é pleonasmo.


( 2 ) Esse foi o tópico frasal para sintetizar todas as informações do parágrafo. Bom para organiza-
ção do texto (competência 3).
( 3 ) Mais uma maneira de fazer a conexão entre a frase anterior e o restante do parágrafo. Qualquer
elemento de retomada/conectivo, se bem utilizado para promover a progressão temática, con-
tribui para a nota da competência 4.
( 4 ) Informações que serão exibidas onde? Repare que a única menção ao ambiente virtual foi a última
palavra do parágrafo: “internet”. Até lá, não houve uma só referência ao ambiente virtual, que em
tese era para ser o tema principal da redação. Por conta disso, as informações desse parágrafo fi-
caram genéricas. Repito minha sugestão sobre o desenvolvimento 1 da 2ª redação da ONDE JÁ SE
1000 (Carim): tudo bem ter um tópico frasal genérico (ele é só um resumo de qualquer forma), mas
logo em seguida já coloque uma informação específica para se posicionar de maneira clara. Deixar
para mencionar a internet no fim do parágrafo é perigoso, porque pode dar a impressão de que
o texto não foi bem planejado (comprometendo a competência 3, projeto de texto). Felizmente a
estudante não perdeu ponto nessa competência, mas repito: é um risco! É sempre melhor prevenir.
(*5 ) Outro tipo de conectivo é o de consequência. Ele confere um caráter bem “lógico” à argu-
mentação: “Isso acontece; consequentemente, isso acontece”. É uma ótima forma de argu-
mentar. Bem convincente.

Comentário
sobre o D1

Citando um escritor de ficção para argumentar. Ótimo! Você não precisa ficar preso às alu-
sões históricas e às citações de filósofos. Desde que a escolha da referência tenha relação
com o tema, você pode mencionar quem quiser. A competência 2 pede compreensão do
tema, então um repertório sociocultural que se encaixe no texto é sempre positivo.

Umberto Mannarino | 39
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Desenvolvimento 2
Além dos interesses capitalistas ( 1 ), vale ressaltar a manipulação ideológica ( 2 ), um
agravante. Consoante ao sociólogo Pierre Levy, o “cyberespaço” ( 3 ) contribui para
democratizar o conhecimento – contudo, ele abre margem ( 4 ) para que os fatos
sejam desfigurados em prol de ideologias oportunistas. A título de ilustração ( 5 ),
muitas páginas em redes sociais ocultam e modificam tendenciosamente informações
com o intuito de persuadir e de alienar o leitor. Por conseguinte ( 6 ), este é influen-
ciado negativamente e perde seu senso crítico, sua habilidade de discernimento, pas-
sando a agir conforme algorítimos ( 7 , 8 ) e figuras desonestas. Assim, desvela-se o
impacto desse controle informacional nos sites e redes ( 9 ).

( 1 ) A estudante retomou todo o parágrafo anterior em um único termo: “interesses capitalistas”.


Ótimo para conectar as diversas partes da redação e contribuir para um projeto de texto bem
amarrado (competência 3).
( 2 ) Lembra da “alienação” da introdução? Pois é, todo esse parágrafo será sobre isso. E a estudante
ainda disse “manipulação ideológica” no tópico frasal para reforçar ainda mais essa ideia. Repare
que está tudo conectado: na introdução ela pincelou os argumentos, e em cada parágrafo ela in-
sere um tópico frasal. Está tudo bem amarrado, o que demonstra um excelente projeto de texto.
( 3 ) Aqui ela já mencionou o ambiente virtual logo no começo: “cyberespaço”. Para mim, esse se-
gundo parágrafo de desenvolvimento ficou bem mais forte por causa disso. Não há dúvidas de
que desde o início estamos falando da internet, e não de mídias genéricas como no caso do
primeiro desenvolvimento.
( 4 ) Mais uma pessoa que fala “abre margem” ao invés de “dá margem”. Será que é errado mesmo?
Eu já nem sei mais... mas, como eu falei na análise da minha redação (6ª desta apostila), esse
foi o único “erro” recorrente, então deve ter provocado estranhamento do corretor. De qual-
quer forma, “dá margem” está certo com certeza, então prefira o certo ao duvidoso.
( 5 ) Um conectivo para mostrar que o período a seguir é uma exemplificação da teoria exposta
anteriormente. A frase perderia todo o sentido se já começasse em “muitas páginas”. Precisa
desse conectivo para deixar claro que é um exemplo, não uma informação aleatória. Sem ele,
a estudante poderia ter perdido pontos na competência 4.
(*6 ) Mais uma vez um conectivo de consequência. Parece ser do estilo de escrita da estudante. Lem-
brando que não importa como você constrói seus parágrafos, desde que essa construção seja
convincente. Tem gente que gosta de causa/consequência, tem gente que gosta de analogia...
em suma, existem 1001 formas diferentes de argumentar. Pratique bastante e escolha a sua. :)
( 7 ) O único erro de português da redação. O correto seria “algoritmos”, não “algorítimos”.
( 8 ) As pessoas não “agem conforme os algoritmos”. Elas agem conforme ditam os algoritmos,
ou então conforme a influência dos algoritmos. A expressão “conforme” pede alguma dessas
duas construções. Um exemplo mais concreto: a pessoa não age conforme a mãe... ela age
conforme manda a mãe (ou conforme manda o chinelo da mãe).
( 9 ) Uma frase de síntese no fim do parágrafo para amarrar todas as informações sem deixar pen-
dências. Ótimo para a organização, e, consequentemente, para a competência 3.

Comentário
sobre o D2

Muitos termos dissertativos! Isso é ótimo para a competência 3, porque demonstra auto-
ria e consciência de que de fato estamos falando de um problema: “desfigurado”, “opor-
tunista”, “perda de senso crítico”, “influenciado negativamente”, “desonesto”, etc. O uso
recorrente de tópico frasal e frase de síntese ao final do parágrafo também é excelente
para a organização.

40 | Onde Já Se 1000
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Conclusão
Dessarte, haja vista os malefícios da manipulação virtual, é imprescindível que o Ministério
das Comunicações, em ressonância ( 1 ) com o Ministério da Ciência e da Tecnologia, modi-
fique o sistema de gerenciamento on-line ( 2 ) brasileiro e conceda aos usuários a opção de
terem ou não seus dados utilizados ( 3 ). Concomitantemente ( 4 ), o ministério ( 5 ) deve
disponibilizar um site acessível que explique as implicações de tal escolha, visando a garan-
tir a liberdade de escolha do cidadão e a orientá-lo quanto ao uso consciente e seguro do
“cyberespaço”. Com tais medidas efetivadas, poder-se-á ( 6 ) garantir a democratização jus-
ta e imparcial das informações e impedir o controle comportamental dos cidadãos do País.

( 1 ) A expressão correta é “em consonância ao”, não “em ressonância com”.


( 2 ) Em palavras estrangeiras, use aspas: “on-line”.
(*3 ) Utilizados por quem? A falta de complemento enfraquece a argumentação. Isso não tirou
ponto, mas tente evitar esse tipo de construção. Não só para a redação do ENEM, mas para
qualquer texto que você for escrever na vida.
( 4 ) Aqui foi provavelmente o motivo para a estudante não ter tirado nota máxima na competência
5 (inclusive, muito obrigado, Sophia, pelo e-mail com as suas considerações sobre a própria re-
dação): o uso de “concomitantemente” passou a impressão de que ela estava propondo duas
ações distintas, e um dos corretores considerou com isso que nenhuma delas estava completa
o suficiente. Mas na verdade a estudante quis apenas prosseguir com a mesma proposta, não
inserir uma nova! E o “concomitantemente” realmente passa a ideia de que são duas propostas
incompletas, não uma única completa.
( 5 ) Qual ministério? Se é o mesmo já mencionado, prefira “esse ministério” ou “o mesmo ministério”.
( 6 ) Sempre evite mesóclise. Na minha redação do ENEM 2016, eu não tive erros de português e
ainda assim perdi ponto na competência 1... muito provavelmente por causa da mesóclise. Ela
passa a impressão de ser “culta demais” para uma dissertação. Mas teve redação nota 1000
no ENEM 2018 que usou mesóclise, então não é necessariamente um erro. De qualquer forma,
melhor não arriscar. Os corretores não corrigem de maneira tão “padronizada” quanto a gente
pensa, então é melhor ir pelo caminho seguro.

Comentário
sobre a
Conclusão

Vamos à análise por perguntas: O Ministério (quem) deve modificar o sistema (o quê) e
conceder aos usuários a opção (...) (outro o quê). Concomitantemente, esse ministério
(quem) deve disponibilizar um site que explique as implicações da escolha (o quê), visan-
do à liberdade do cidadão (para quê) e a orientá-lo quanto ao uso consciente e seguro do
“cyberespaço” (detalhamento do para quê). Com essas medidas efetivadas (e com esse
termo no plural a estudante deu um tiro no pé, porque deixou ainda mais claro que es-
creveu duas propostas incompletas, e não apenas uma), teremos democratização justa e
impediremos o controle comportamental (outro para quê).
Repare que a estudante não respondeu o como. Se ela tivesse trocado o “concomitante-
mente” por “por meio de” (com as devidas alterações), o site acessível teria se transfor-
mado no como da proposta de intervenção: O Ministério (quem) deve modificar o sistema
(...) (o quê) por meio de um site acessível que explica as implicações da escolha (como),
visando (...) (para quê + detalhamento).
Por isso fique muito atento à escolha de palavras!!! Mesmo que você escreva tudo da ma-
neira mais bonita possível, uma palavrinha no lugar errado pode confundir o corretor e
fazer ele tirar ponto. É injusto, eu sei... mas pode acontecer, e é bom você se prevenir.

Umberto Mannarino | 41
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Comentários Gerais:
A estudante perdeu 40 pontos na competência 1, mas o único erro foi o “algorítimo”
ao invés de “algoritmo”. Talvez o “abrir margem” e o “em ressonância com” também
tenham sido considerados erros, mas o mais provável mesmo é que as rasuras na fo-
lha definitiva tenham tirado ponto. Repare na linha 24: a estudante só riscou o “m”
de “modifiquem”, mas o certo é riscar a palavra inteira e escrevê-la novamente. Além
disso, no fim dessa mesma linha ela riscou a palavra antes de “usuários”, mas parece
um “to” ou algo do tipo... algo que não se encaixa no resto do texto. Minha dica nesse
segundo caso é: se for rasurar, termine de escrever a palavra primeiro. Rasurar só uma
letra pode provocar essa falha no scanner.
Quanto à competência 2, a estudante demonstrou pleno conhecimento do problema
e não fugiu do tema em momento algum. Todos os argumentos estão amarrados à
manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet. Além
disso, ela usou repertório sociocultural pertinente e bem explicado. Nenhum comen-
tário negativo aqui.
Na competência 3, o projeto de texto inteiro está bem delineado, com parágrafos
entrelaçados entre si e orientados por uma tese forte e um parágrafo de introdução
que já pincelou os argumentos. O tópico frasal nos desenvolvimentos e as frases de
síntese ao fim dos parágrafos também contribuíram para a nota máxima.
A competência 4 foi máxima também, com elementos de retomada e conectivos que
promoveram bem a progressão temática, sem ambiguidades (“mormente”, “com isso”,
“consequentemente”, “contudo”, “a título de ilustração”, etc.)
Os comentários sobre a competência 5 estão na seção anterior. Muito cuidado com a
escolha de palavras!!

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Marcela Notas:
C1: 200
C2: 200
C3: 180
C4: 180
C5: 160

920

Comentário
Inicial

E vamos agora à redação da maravilhosa Martchela! Ela tem um Instagram de estudos


toptoptop, caso você ainda não conheça. Segue ela lá, porque com certeza as dicas dela
vão não só te ajudar nos estudos propriamente ditos, mas também a sempre te manter
motivado na vida: @canaldamarcela :)

Análise por parágrafos:

Introdução
O avanço da internet, atrelado a uma sociedade cada vez mais “líquida”, como definiu o
sociólogo Zigmund Bauman ( 1 ), que se molda facilmente e é bastante influenciada pelos
meios de comunicação de massa, fez com que crescesse, de forma exponencial, o controle
por parte de grandes empresas, de informações e dados gerais de seus usuários ( 2 , 3 ).
Essa manipulação do comportamento dos internautas vem gerando ( 4 ) debates acerca
da privacidade e das escolhas individuais no meio digital ( 5 ). Diante disso, analisar essa
problemática se torna fundamental para que se possa criar um limite a esse controle.

Umberto Mannarino | 43
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( 1 ) O nome do sociólogo se escreve “Zygmunt”, não “Zigmund”. Um detalhe muito pequeno que
não atrapalha a nota da competência 2. Então não se preocupe se você não sabe escrever o
nome de uma pessoa. Pode citar mesmo assim.
( 2 ) Repare que tudo até aqui foi uma frase só. Esse trecho não tem nenhum erro de português,
mas, se a pessoa não tomar muito, MUITO cuidado, ela pode acabar cometendo algum erro
de concordância, de paralelismo ou até mesmo de vírgula. Então a minha sugestão é nunca
dar chance ao azar. Ao invés de escrever uma única frase com todas as informações, corte-a
no meio e coloque conectivos. Isso vai até ser melhor para a competência 4. Frases excessiva-
mente grandes podem confundir o corretor e prejudicar a progressão temática.
( 3 ) Evite ao máximo a ordem inversa, especialmente em frases muito grandes como essa. Ao invés
de “controle por parte de grandes empresas de informações e dados de usuários”, prefira “o
controle de informações e dados de usuários por parte de grandes empresas”. A ordem direta
é mais simples de se entender, e, quanto mais direto ao ponto for a sua redação, melhor.
(*4 ) Apenas uma sugestão: para evitar gerúndios, qualquer construção “vem + gerúndio” pode ser
substituída por “tem + particípio”: ao invés de “vem gerando”, “tem gerado” cumpre o mesmo
papel e elimina um gerúndio desnecessário. Lembrando que o gerúndio em si não é errado,
mas, se tivesse muitos no mesmo texto (não é o caso aqui), poderia incorrer em “gerundismo”.
( 5 ) A manipulação gera debates, mas em momento nenhum a estudante deixou claro seu posicio-
namento acerca do tema. De que lado do debate ela está? Ela é a favor ou contra? Faltaram
termos com posicionamento forte, como “tendencioso”, “comprometimento do senso crítico”
ou algo do tipo. Isso enfraqueceu a tese, tornando-a genérica e ambígua, o que pode ter sido
a causa da nota 180 na competência 3 (projeto de texto).

Comentário
sobre a
Introdução

O texto está bem escrito, sem erros de português. O uso de termos sem posicionamento
próprio enfraqueceram a tese, mas não a ponto de prejudicar tanto o restante do texto. O
uso de Bauman na introdução foi pertinente, mas a minha sugestão é que você não men-
cione as teorias muito “por alto”. Se vai falar da sociedade líquida de Bauman, explique
brevemente o que ela é para mostrar que você entende a relação da teoria com o contexto
atual. Não é obrigatório, mas fica a sugestão para evitar problemas com corretores chatos.
Uma passagem excessivamente breve pela teoria pode não ser considerada uso pertinente
de repertório sociocultural, podendo prejudicar a competência 2.
Outro comentário sobre a tese foi que a estudante não conectou os dois pontos do tema.
Lembrando que era “manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados
na internet”. Leia esse parágrafo de novo e perceba que ela falou tanto de manipulação
quanto de controle de dados, mas não estabeleceu uma relação concreta entre os dois.
Uma forma de relacionar os dois seria dizer que o controle de dados é uma estratégia das
empresas para manipular os usuários, por exemplo.

Desenvolvimento 1
É essencial, inicialmente, considerar que, atualmente ( 1 ) o bombardeio de anúncios e no-
tícias que, de certo modo, atrai internautas individualmente e sem pedir permissão, vem
causando desconforto na sociedade ( 2 , 3 ). A exemplo disso ( 4 ), se um usuário se inte-
ressa por um produto e clica no anúncio, o algorítmo ( 5 ) entende o gosto do indivíduo e
inicia, desenfreadamente, o envio de diversos outros anúncios daquele produto/serviço ou
similares. Com isso, gerou-se um grande desconforto por parte dos usuários que não se
interessam por aqueles anúncios ( 6 ).

44 | Onde Já Se 1000
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( 1 ) Vírgula obrigatória após “atualmente” para isolá-lo.


(*2 ) Mais uma vez uma frase muito grande. Não tem erros de português, mas é sempre arriscado
escrever assim.
(*3 ) Outro ponto em que o “tem” + particípio se encaixaria: em vez de “vem causando”, poderia
usar “tem causado”.
( 4 ) Aqui é um grande diferencial dessa redação em comparação com as próximas desta apostila.
Nas redações que tiraram abaixo de 900, um dos erros mais comuns foi a construção de argu-
mentos excessivamente genéricos. Aqui a estudante dá um exemplo concreto para explicar a
manipulação do comportamento. E isso é importantíssimo para não parecer que “falta infor-
mação”. Na próxima seção (700 - 900), você vai ver muitas redações que usaram a mesma
noção de manipulação online, mas sem um exemplo concreto para embasar. E aí você vai en-
tender por que um exemplo concreto é tão importante.
( 5 ) O correto é “algoritmo”, não “algorítimo”.
(*6 ) Toda a ideia de bombardear publicidades de produtos nos internautas é bem mais problemática
do que apenas causar “desconforto”. Estão manipulando o comportamento da pessoa, e isso é o
mais preocupante! Aqui a estudante perdeu a chance de ir muito mais a fundo em sua indignação.

Comentário
sobre o D1

O uso de um exemplo concreto do cotidiano é importantíssimo para ilustrar o problema.


Não é muito fácil conceber a ideia de manipulação online, e os exemplos contribuem para
tangibilizar a problemática. No entanto, acho que o foco do parágrafo poderia ter se desti-
nado mais à manipulação que ao desconforto do usuário. A argumentação teria sido mais
forte, porque do jeito que está o único elemento de indignação é o próprio termo “descon-
forto”. O parágrafo está praticamente só expositivo.

Desenvolvimento 2
Dentro dessa perspectiva ( 1 ), o Facebook se envolveu recentemente em um processo a
respeito do controle de dados e coleta desses dados ( 2 ) de seus usuários sem pedir per-
missão. Como consequência, a página dos usuários eram ( 3 ) preenchidas por diversos
anúncios e notícias baseado ( 4 ) em seus gostos, mas sem sua permissão ( 5 ). Pessoas
desprovidas de senso, por conseguinte, acabam embarcando nesse jogo manipulativo, a
chamada sociedade de massa ( 6 ), que ( 7 ) segundo o sociólogo Adorno, são pessoas
que seguem o fluxo do que a Indústria Cultural coloca em sua frente e acabam sendo
completamente persuadidos pela internet e o conteúdo que ela ( 8 ) acha que melhor
encaixa no perfil do usuário.

( 1 ) Conectivo para associar o parágrafo anterior ao próximo. Ótimo para a competência 4.


(*2 ) Para evitar repetição de palavras, melhor teria sido “controle e coleta de dados”.
( 3 ) O correto seria “a página dos usuários era”, não “eram”. O verbo deve vir no singular para con-
cordar com o sujeito “a página”.
(*4 ) A construção está correta, mas você percebe que soa estranho dizer “anúncios e notícias ba-
seado em seus gostos”? Parece que o “baseado” no singular não se encaixa com o “anúncios
e notícias” no plural. Mas a construção está certa porque aqui o “baseado” substitui “com base
em”, então é certo não flexionar. De qualquer forma, minha sugestão é: se você estivesse em
dúvida entre “baseado” ou “baseados”, o melhor a se fazer seria substituir por um sinônimo.
Coloque “com base em”, que aí seria certeza absoluta que estaria certo.

Umberto Mannarino | 45
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( 5 ) Ao longo da redação, a estudante escreveu “sem sua permissão” 5 vezes. Tome cuidado com esse
uso excessivo. Por isso é bom fazer o rascunho da redação em várias etapas, porque aí você já vai
eliminando os termos repetidos. Palavras repetidas em excesso podem tirar ponto da competência 1.
( 6 ) Diferente das outras frases grandes, esta aqui de fato prejudicou a compreensão do texto. O termo “a
chamada sociedade de massa” está muito longe das “pessoas desprovidas de senso crítico”. Lendo esse
trecho pela primeira vez, parece estar se referindo ao “jogo manipulativo”, não às pessoas. Para evitar
essa interpretação, o melhor teria sido aproximar os dois termos: “Pessoas desprovidas de senso crítico,
a chamada sociedade de massa, acabam, por conseguinte, embarcando nesse jogo manipulativo”. E aí
você poderia até colocar um ponto final e iniciar outra frase com um elemento de retomada ao invés de
emendar tudo em uma frase só. Essas interpretações ambíguas prejudicam a nota da competência 4.
( 7 ) Vírgula obrigatória depois do “que” para isolar “segundo o sociólogo Adorno”.
( 8 ) Acho que o grande erro que de fato provocou a perda de pontos na competência 4 foi esse:
o uso de “ela” em uma frase muito grande. Existem 3 elementos femininos nessa frase: a so-
ciedade de massa, a Indústria Cultural e a internet. Ao que “ela” está se referindo? Depois de
muito ler, naturalmente ele retoma a “internet”, mas o corretor não deveria ler 5 vezes o mesmo
trecho para compreender. Por isso é importante escrever frases mais curtas e usar elementos
de retomada que não deem margem à ambiguidade.

Comentário
sobre o D2

Mais uma vez a estudante usou um exemplo concreto: o recente escândalo do Facebook.
Como eu disse antes, isso contribui para ilustrar um fenômeno intangível, o que facilita
a compreensão dos argumentos. O uso de repertório sociocultural pertinente contribuiu
para a nota da competência 2, e o elemento de retomada ambíguo “ela” pode ter sido
o causador da nota 180 da competência 4. O “sem sua permissão” fortaleceu o caráter
dissertativo do texto, porque sem ele o parágrafo teria sido inteiramente expositivo. Lem-
brando que, quanto mais termos com posicionamento claro, melhor para a competência 3

Conclusão
Deve-se, portanto, avaliar essa problemática em torno da manipulação de dados e comporta-
mentos dos usuários da internet afim ( 1 ) de limitar esse controle não permitido ( 2 ). É dever,
então, do Estado desenvolver uma lei que proíba o envio de informações e a coleta de dados
dos usuários sem sua permissão ( 3 ), através de multas para empresas que não a cumprirem
devidamente. Com isso, os usuários se tornarão senhores de suas próprias escolhas dentro do
ambiente virtual. Cabe também à mídia, mais precisamente a internet ( 4 ), desenvolver um
mecanismo que peça autorização do usuário para receber conteúdo que ela está disposta a
enviar. Desse modo, o poder criado pela internet, de controlar tudo e todos, passa a ser ame-
nizado até que todos possam fazer suas escolhas de forma livre, sem medo ou preocupação.

( 1 ) O certo seria “a fim”, não “afim”.


( 2 ) Uma frase de síntese para reforçar a necessidade de mudança. Importante para introduzir as pro-
postas de intervenção, o que contribui para a ideia de um texto bem amarrado (competência 3).
( 3 ) Muito cuidado com “seu”/”suas”, etc. Ao que o “sua permissão” se refere? Sem a permissão
do usuário ou sem a permissão do Estado? As duas interpretações são possíveis, apesar de a
segunda não fazer muito sentido. Mas, só de ser possível uma interpretação ambígua, você já
deve considerar trocar para evitar problemas com a competência 4.
( 4 ) “A internet” não é específico. O agente da segunda proposta de intervenção ficou muito vago,
e talvez por causa disso a estudante tenha perdido ponto da competência 5.

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Comentário
sobre a
Conclusão

É dever do Estado (quem) desenvolver uma lei que (...) (o quê) por meio de multas (como)
para que os usuários se tornem senhores de si (para quê). Além disso, cabe à internet
(quem) desenvolver um mecanismo de autorização (o quê). Assim, todos poderemos fazer
escolhas de forma livre (para quê).
Repare que a primeira proposta tem as 4 respostas, mas não detalha nenhuma. Faltou
uma informação inteira (detalhamento). Lembrando que cada uma das 5 respostas vale
40 pontos, então como faltou todo o detalhamento os dois corretores deram apenas 160
pontos na proposta de intervenção. Quanto à segunda proposta, além de não propor de-
talhamento, não tem o como. E o agente (a internet) é excessivamente vago (melhor teria
sido “os desenvolvedores dos algoritmos”, por exemplo). Melhor seria tirar toda a segunda
proposta de intervenção e detalhar mais a primeira. Assim, com certeza a estudante teria
tirado 200 na competência 5.

Comentários Gerais:
Poucos erros de português que não comprometeram a nota da competência 1. De qualquer
forma, é sempre bom evitá-los, então fique atento às vírgulas! Frases extensas demais tam-
bém podem confundi-lo, então é melhor não dar chance ao azar e preferir frases menores.
Quanto à competência 2, a estudante demonstra perfeito domínio sobre o tema (não fugiu
do assunto). O uso de repertório sociocultural diverso foi pertinente à argumentação (Bau-
man o caso Facebook e Adorno), contribuindo para a nota máxima.
Na competência 3, creio que a nota 160 por parte de um dos corretores tenha se dado por
causa da tese “em cima do muro” e a dificuldade em relacionar a manipulação do compor-
tamento ao controle de dados. Porque o resto do texto está todo amarrado, com tópico
frasal e argumentos bem relacionados entre si.
Já na competência 4, até o primeiro desenvolvimento as frases grandes não causaram proble-
mas de interpretação. Mas no desenvolvimento 2 elas começaram a causar problemas de am-
biguidade, principalmente com o elemento de retomada “ela” do fim do parágrafo. Esse pro-
blema (e o “sua” ambíguo da conclusão) pode ter sido a causa da nota 180 nessa competência.
Os comentários sobre o porquê da nota 160 na competência 5 estão na seção anterior

Umberto Mannarino | 47
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Tallyta Notas:
C1: 160
C2: 200
C3: 180
C4: 200
C5: 160

900

Análise por parágrafos:

Introdução
A dinâmica da atualidade ( 1 ) resultou de inúmeras transformações histórico-culturais que
antecederam a contemporâneidade ( 2 ). No entanto ( 3 ), tais mudanças comprometeram
o indivíduo tornando-o facilmente manipulado em redes sociais, ( 4 , 5 ) tal manipulação
vincula-se ao hiper-consumismo secular e a ( 6 ) herança histórico cultural ( 7 , 8 , 9 ).

( 1 ) Fica um pouco vago dizer simplesmente “a dinâmica da atualidade”. De que tipo de dinâmica
estamos falando? Dinâmica social? Econômica? Virtual? Em uma dissertação, é interessante
inserir adjetivos mais específico do que usar termos genéricos como esse.
( 2 ) O correto é “contemporaneidade”, sem acento circunflexo.
( 3 ) Interessante o uso do conectivo de contraste “no entanto”. No entanto, como aqui a estudante
está introduzindo o problema, teria sido ainda melhor reforçar o lado positivo das “transforma-
ções histórico-culturais” mencionadas na frase anterior. Dessa forma o contraste ficaria mais
evidente: “A dinâmica X da atualidade resultou de inúmeras transformações positivas (...). No
entanto, tais mudanças também comprometeram (...)”.
( 4 ) A estudante falou da manipulação do comportamento do usuário, mas faltou a outra parte do
tema solicitado: o controle de dados na internet. Repare que em momento algum fica claro
como se dá essa manipulação. A tese, portanto, está incompleta (podendo isso ter comprome-
tido a nota da competência 3).
( 5 ) O trecho “tal manipulação vincula-se (...)” é uma informação completamente nova, e por isso
deveria vir em uma frase nova. O correto é colocar ponto final após “redes sociais” e iniciar o
trecho seguinte com letra maiúscula.

48 | Onde Já Se 1000
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( 6 ) Acento grave em “a” para indicar crase: “vincula-se à herança histórico-cultural”.


( 7 ) Hífen em “histórico-cultural”.
( 8 ) Não ficou claro de quem é a herança. Da mesma forma que no comentário 1, aqui a informação
ficou vaga. Sempre separe algum espaço para ser mais específico nas suas colocações para
evitar problema de “falta de informação”. “Herança histórico-cultural da sociedade brasileira”
já teria resolvido o problema.
( 9 ) Aqui a estudante já preparou o terreno para os dois próximos parágrafos de desenvolvimento,
mencionando que eles serão sobre o hiper-consumismo (D1) e a herança histórico-cultural
(D2). Pontos de organização e projeto de texto, com nota na competência 3.

Comentário
sobre a
Introdução

A estudante introduz bem o assunto, mas peca um pouco na especificidade dos argumen-
tos. Termos genéricos em excesso podem enfraquecer a tese e prejudicar a compreensão
como um todo, e devem preferencialmente ser acompanhados de adjetivos com posicio-
namento claro (“dissertativos”) ou então substituídos por expressões mais concretas.
Repare também que essa redação foi a segunda de toda a apostila que não usou repertório
sociocultural na introdução. Apenas a do Alécio (5ª) seguiu o mesmo modelo. É comum
usar logo uma citação ou alusão histórica na introdução porque isso ajuda a contextualizar,
mas repare que isso não é obrigatório, porque a estudante tirou nota máxima na compe-
tência 2. Vamos ficar de olho aos próximos parágrafos para ver onde ela insere as alusões
(lembrando que é obrigatório usar repertório sociocultural para tirar nota máxima na com-
petência 2, mas como você faz isso é com você; não tem uma fórmula mágica).

Desenvolvimento 1
De acordo com as defesas do filósofo Zygmunt Bauman ( 1 ), vivemos numa época de lí-
quidez ( 2 ) e volatidade, onde ( 3 ) os valores morais foram substituídos para ( 4 ) ética do
agora e a globalização enfeita esse cenário, ( 5 ) sob essa linha de raciocínio ( 6 ), é verídico
afirmar que a ação midiática influência ( 7 ) nas escolhas do indivíduo, onde este, ( 8 , 9 )
sustenta a “ideia ilusória de liberdade de escolha”, pois propagandas através de notícias
incoerêntes ( 10 , 11 ) têm surgido como causadores da alienação dos usuários de redes so-
ciais, que não enxergam o real rumo de tais informações: consumismo e capitalismo ( 12 ).

( 1 ) Olha o repertório sociocultural aí, minha gente! Muito bem posicionado no início do parágrafo para
que a estudante tenha espaço para explicar minimamente do que se tratam essas tais “defesas” do
Bauman. Mencionar a teoria só no fim do parágrafo ou muito “por alto” poderia prejudicar a nota
da competência 2 caso o corretor não considerasse a menção como pertinente à argumentação.
( 2 ) Na folha de redação parece que a estudante escreveu “líquidez”, com acento agudo. Mesmo
que não tenha sido proposital, isso pode tirar ponto da competência 1.
( 3 ) Só se usa o conectivo “onde” para lugares. Nos outros casos, use “em que”.
( 4 ) O correto seria “substituídos pela ética”, não “para ética”.
( 5 ) Novamente, aqui a estudante começa uma ideia totalmente nova. O correto seria usar ponto fi-
nal após “esse cenário” e iniciar a frase com letra maiúscula: “Sob essa linha de raciocínio, (...)”.
( 6 ) Muito bom o uso de conectivo + elemento de retomada para juntar as ideias. “Sob essa linha
de raciocínio” mostra que o argumento seguinte tem relação direta com o anterior e contribui

Umberto Mannarino | 49
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para uma progressão temática fluida. Pontos para a competência 4.


( 7 ) O correto é “influencia”, sem acento circunflexo. Erros de acentuação recorrentes prejudicam
a nota da competência 1.
( 8 ) Novamente o uso do conectivo “onde” de forma errada. E nesse caso nem mesmo o “em que”
se encaixa. O que mais faz sentido na construção elaborada pela estudante é talvez um “mesmo
que” ou “a despeito de” (com as devidas alterações). Mas “onde” realmente não dá certo aqui. O
uso repetido de conectivos errados pode causar o efeito contrário do que se pretende, e acabar
prejudicando a progressão temática ao invés de facilitá-la. Muitos erros assim podem tirar ponto
da competência 4 (mas felizmente esse foi só um erro pontual, e a estudante tirou nota máxima).
( 9 ) Não use vírgula para separar sujeito (“este”) de predicado (“sustenta a ideia (...)”).
( 10 ) O trecho “através de notícias incoerentes” deveria vir isolado entre vírgulas.
( 11 ) O correto é “incoerentes”, sem acento circunflexo.
(*12 ) Não use o termo “capitalismo” como algo intrinsecamente negativo. O capitalismo não passa
de um sistema econômico, e não carrega nenhum juízo de valor (bom vs. mau) em si. Se você
quer apontar a problemática como a sede de ganância das grandes empresas, que alienam o
usuário atrás de lucro a qualquer custo, fale algo nesses termos. Dizer apenas “capitalismo” é
compreensível, mas não traz toda a carga de informação que o parágrafo deveria dar.

Comentário
sobre o D1

Em primeiro lugar, tenho o mesmo comentário que o do desenvolvimento 1 da redação da


Sophia (7ª desta apostila): a única menção ao ambiente virtual está no fim do parágrafo, no
termo “usuários de redes sociais”. Antes disso, ela só fala de “propaganda” e “ação midiática”.
Não fica claro que a “influência midiática” se refere à internet, porque também poderia se refe-
rir às mídias tradicionais, como TV, rádio, jornal, etc. Então é bom já colocar no início/meio do
parágrafo termos mais específicos para orientar os argumentos de maneira concreta.
Agora vamos ao lado positivo: a estudante usa de forma excelente o repertório sociocultu-
ral, dedicando espaço para explicar o porquê de ter citado Bauman. O uso de conectivos
bem inseridos também promove a progressão temática, com apenas a observação para o
uso recorrente do “onde” em construções inadequadas.
O uso de termos fortes como “alienação” e “ilusório” reforçam o posicionamento e contri-
buem para a autoria do texto, tornando-o dissertativo, e não expositivo (competência 3).

Desenvolvimento 2
Além disso, pode-se afirmar que esse impasse ( 1 ) possui raízes históricas ( 2 ), pois na Era
Vargas assistiu-se ( 3 ) uma corrente de censura e seleção quanto ao que era exposto na
mídia, ( 4 ) o mesmo ( 5 ) ainda ocorre, mas quem controla tais informações são as grandes
empresas ( 6 ). Além do hiper-consumismo por tais empresas ( 7 ), isso resulta no acúmulo
de produtos com pouca válidade ( 8 ), prejudicando unicamente o consumidor ( 9 ).

( 1 ) “Esse impasse” como elemento de retomada do parágrafo anterior. Perceba como essa primeira
frase do parágrafo conecta tudo que foi exposto até aqui aos argumentos que estão por vir. Os
dois parágrafos de desenvolvimento formam uma ideia só! De toda a apostila, este vai ser um dos
melhores exemplos de parágrafos de desenvolvimento bem amarrados. Note que a estudante
não usou só um “Ademais” para introduzir outro argumento: na verdade, os dois parágrafos for-
mam uma ideia só, tamanha a conexão entre eles. Claro que não é errado citar duas problemáti-
cas diferentes nos parágrafos de desenvolvimento, mas dá um gostinho especial (ao menos para
mim) ver duas ideias que se juntam para formar uma só. Enfim, pontos para a competência 4.

50 | Onde Já Se 1000
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(*2 ) Teria sido mais interessante terminar a frase aqui e começar uma nova. Prolongar demais a
frase “enfraquece” as informações que já foram ditas, e é bom que o “raízes históricas” pro-
voque o máximo de impacto possível, já que em tese é o termo que resume todo o parágrafo.
Sugestão: “(...) possui raízes históricas. A esse respeito, na Era Vargas (...)”.
( 3 ) O termo “assistiu-se” não se encaixa aqui. Talvez a estudante quisesse dizer “existiu”.
(*4 ) Novamente, um ponto final nesse ponto fortaleceria a ideia de manipulação e censura na Era
Vargas, pois o leitor precisaria fazer uma pequena pausa na leitura para processar a informa-
ção lida (e essa pequena pausa já provoca impacto significativo em como ele interpreta o grau
de importância daquele fato).
( 5 ) Não use “o mesmo” como elemento de retomada. O correto seria “isso”, ou então “esse fenômeno”.
(*6 ) A informação está meio vaga. De que grandes empresas estamos falando? Um exemplo mais
concreto iria fortalecer a argumentação.
( 7 ) Faltou um termo nessa construção. Não é “hiper-consumismo por tais empresas”, e sim “hiper-
-consumismo induzido por tais empresas”. Se você quisesse inserir termos mais dissertativos para
reforçar a autoria, talvez até “hiper-consumismo induzido de maneira antiética por tais empresas”.
( 8 ) O correto é “validade”, sem o acento agudo.
( 9 ) Senti falta de mais de detalhamento nesse último período. Como de fato o consumidor é preju-
dicado? Tendo sua liberdade roubada? Se sim, coloque isso. Vai até ajudar a reforçar seu posi-
cionamento indignado em relação ao tema, contribuindo para uma boa nota na competência 3.

Comentário
sobre o D2

Agora sim ficou claro do que se tratava a “herança histórico-cultural” da introdução! Mi-
nha sugestão para amarrar melhor seria colocar simplesmente um “dessa prática” ao final
do parágrafo de introdução, porque dessa forma ficaria evidente desde o começo que a
“herança histórico-cultural” (meio genérica se deixada solta assim) se referia à pratica de
consumismo do “hiper-consumismo secular”.
Ademais, eu realmente adorei a conexão que a estudante conseguiu traçar entre os dois pará-
grafos de desenvolvimento. Isso promove um ótimo encadeamento lógico de ideias, o que é
excelente para a competência 3. E fica a minha observação sobre o uso de ponto final ao invés
de vírgula: frases mais curtas têm mais impacto, além de facilitarem a hierarquização de ideias.
Quanto ao uso de termos gerais, a estudante poderia ter sido um pouco mais específica
em relação a como o consumidor é “prejudicado”. Isso teria fortalecido a autoria e não
passaria a ideia de que tem alguma peça faltando na argumentação (o que pode ter preju-
dicado a nota da competência 3).

Conclusão
Urge ( 1 ) portanto, a atuação da mídia juntamente com o Estado para reverter tal proble-
mática, onde ( 2 , 3 ) através do poder influênciador ( 4 ), a mídia ( 5 ) mostre ( 6 ) campa-
nhas que alertem os cidadãos sob ( 7 ) os aplicativos e sites por eles visitados ( 8 ). Como
também ( 9 ) a fiscalização de empresas que atuem sobre essa questão ocasionando o
impasse discutido, e as devidas punições legais ( 10 ) as ( 11 ) que persistirem, somente
assim, ( 12 , 13 , 14 ) os cidadãos poderão ter mais segurança em suas navegações on-line.

( 1 ) Vírgula antes de “portanto” para isolá-lo.


( 2 ) De novo o uso equivocado do conectivo “onde”. O mais interessante aqui teria sido colocar
ponto final após “problemática” (para enfatizar esse trecho) e começar novamente com um

Umberto Mannarino | 51
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conectivo mais adequado: “(...) reverter tal problemática. Isso deve ser feito através do (...)”.
( 3 ) Vírgula antes de “através” para isolar o “através do poder influenciador” do resto da frase.
( 4 ) O correto é “influenciador”, sem acento circunflexo.
( 5 ) Colocar “a mídia” como agente é muito vago. Mesmo que a estudante respondesse a todas as 5
perguntas, essa indeterminação do agente ainda seria motivo para perder ponto na competência 5.
(*6 ) “Mostrar” campanhas não é uma expressão muito adequada. “Veicular” campanhas ou “Pro-
mover” campanhas é um vocabulário mais apropriado para a situação.
( 7 ) Quem alerta, alerta alguém “sobre” alguma coisa. Está errado o “sob”.
( 8 ) “Alertar” sobre o quê? A resposta ao o quê da conclusão também está vaga. Simplesmente
alertar as pessoas não é uma proposta forte, porque deixa de lado a informação mais impor-
tante: qual é o perigo desses sites e aplicativos?
( 9 ) Não se começa frase com “como também”. Escolha outro conectivo de adição.
( 10 ) Aqui a estudante perdeu uma grande chance de inserir o detalhamento da proposta de inter-
venção. Ela estava com a faca e o queijo na mão (gíria de mineiro) para detalhar as “devidas
punições legais”, mas acabou não elaborando o raciocínio.
( 11 ) Acento grave em “às” para indicar crase: “punições legais às [empresas] que persistirem (...)”.
( 12 ) A partir de “somente assim”, a informação é completamente nova. O ponto final separando
“persistirem” e “somente assim” é obrigatório (ou então inserir um “e” para a frase ficar “(...)
as devidas punições legais, [e] somente assim os cidadãos (...)”). Mas o ponto final é melhor,
porque permite que o leitor faça uma pausa e processe melhor a informação.
( 13 ) Não há razão para colocar vírgula após “somente assim”. O certo seria “Somente assim os
cidadãos poderão (...)”. Talvez a estudante tenha confundido com uma construção parecida,
como “Dessa forma, os cidadãos poderão (...)”, que aí, sim, pede vírgula.
(*14 ) É meio petulante dizer que “somente assim” o problema será resolvido. Dá a entender que a
sua é a única solução possível (o que nunca é).

Comentário
sobre a
Conclusão

A mídia e o Estado (quem) desenvolverão campanhas de alerta aos cidadãos (o quê) e a


fiscalização de empresas (outro o quê), com as devidas punições legais às que persistirem
(como). Isso será feito para os cidadãos se sentirem mais seguros online (para quê).
Repare que a intervenção propõe 2 “o quês”. Isso não seria problema se alguma das 4 perguntas
trouxesse detalhamento, como eu sugeri no comentário 10. Mas o fato de nenhuma estar sufi-
cientemente detalhada fez a estudante perder os 40 pontos do detalhamento da competência 5.
Além disso, o fato de o quem e o primeiro o quê estarem meio genéricos poderia ter sido
motivo para tirarem mais pontos, mas felizmente isso não aconteceu. Nota 160.

Comentários Gerais:
Os erros recorrentes de acentuação, vírgula e crase (apesar de não comprometerem tan-
to a leitura) prejudicaram a nota da competência 1. Tome muito cuidado com isso! Sugiro
sempre ler bastante para adquirir repertório e conseguir identificar mais facilmente os
próprios erros de português.

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Quanto à competência 2, a estudante demonstrou domínio de um repertório sociocultural


pertinente ao tema, citando Bauman e a Era Vargas. Em nenhum momento ela tangenciou
o tema, o que contribuiu para a nota máxima nessa competência.
Já na competência 3, a falta do “controle de dados na internet” na tese prejudicou o proje-
to de texto como um todo, mas o bom uso de tópico frasal e termos dissertativos em todos
os parágrafos contribuiu para essa falha não tirar muitos pontos do texto. Uma coisa balan-
ceou a outra (tanto que um dos corretores até deu 200 pontos, já que a nota final foi 180).
A estudante tirou nota máxima na competência 4, mas fica meu alerta para o uso equi-
vocado do conectivo “onde”, que deve ser usado exclusivamente para se referir a lugares.
Mas fica evidente que nenhuma frase dá margem a dupla interpretação, e os elementos de
retomada conseguem promover uma boa progressão temática. Logo, nota máxima.
Na conclusão, a ausência de um detalhamento tirou os 40 pontos destinados a ele, e as
duas primeiras respostas genéricas poderiam ter tirado ainda mais. Repare que a estudan-
te ainda tinha mais 2 linhas inteiras na folha definitiva (só escreveu até a 28), então poderia
ter dedicado mais espaço à proposta de intervenção.

Umberto Mannarino | 53
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Gabriel Notas:
C1: 160
C2: 200
C3: 160
C4: 200
C5: 180

900

Comentário
Inicial

Esta foi a primeira redação da apostila com título. Algumas pessoas se perguntam se é
bom ou não fazer isso (inclusive inventando 1001 teorias sobre por que você deve ou não
colocar), mas a verdade é que não importa. Se o seu texto for bem escrito, a própria in-
trodução vai causar uma boa impressão no corretor. Título no ENEM não é obrigatório, e
qualquer erro de português pode, sim, tirar ponto na competência 1. Então, se não pensar
em uma ideia revolucionária de título, não faz diferença colocar ou não. Fica a seu critério :)

Análise por parágrafos:

Introdução
A internet e suas manipulações
Com o grande investimento em ciência durante a guerra fria ( 1 ), surgiu a internet, uma
forma implacável de comunicação e uma fonte gigantesca de informações. Nesse ínterim
( 2 ), atualmente o Brasil enfrenta problemas ( 3 ) com a manipulação do comportamento
dos usuários por causa do controle de dados. Isso se deve à falta de pensamento crítico
( 4 ) e à liberdade das empresas na internet ( 5 , 6 ).

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( 1 ) “Guerra Fria”, com iniciais maiúsculas. Trata-se do nome da guerra.


( 2 ) “Nesse ínterim” tem o significado de “enquanto isso”, “nesse intervalo de tempo”. Não se encaixa
na construção elaborada pelo estudante. “Nesse sentido” ou “Nesse contexto” seria melhor.
(*3 ) Que tipo de problemas? O estudante perdeu a chance de ir um pouco mais a fundo na expo-
sição da problemática. Poderia ter falado da supressão velada ao pensamento crítico que o
controle de dados provoca nos usuários.
( 4 ) Falta de pensamento crítico de quem? Está relativamente claro que se refere ao brasileiro,
mas também poderia estar se referindo à sociedade num geral ou algo do tipo. Mesmo que
esteja mais ou menos claro, é melhor ser bem específico para evitar problema com o corretor.
O que eu sugiro é que, na hora do rascunho, você escreva todos os detalhes e complementos
possíveis. Não importa que passe o número de linhas, porque é só um rascunho mesmo. Aí na
hora de passar para a folha definitiva você vai eliminando aos poucos os detalhes que julgar
desnecessários até caber toda a redação nas 30 linhas. Isso vai te tomar mais uns 5 minutos
de rascunho, mas vai garantir que você não deixe informações subentendidas ou genéricas. Se
isso prejudicar a compreensão do período, e se o erro for recorrente, a nota da competência 4
pode ser afetada (o que não foi o caso nesta redação porque não foi uma prática recorrente).
( 5 ) Mesmo comentário que o #6 da introdução do Carim (2ª redação desta apostila): repare que o primei-
ro elemento (“falta de pensamento crítico”) já transmite a ideia de ser algo negativo. Mas “liberdade
das empresas” é um termo completamente neutro. Para dar mais força à indignação, teria sido inte-
ressante usar um adjetivo de cunho negativo: “a excessiva liberdade das empresas na internet”, talvez.
( 6 ) O estudante já delineou os argumentos a serem elaborados nos parágrafos de desenvolvimen-
to: a falta de pensamento crítico (D1) e a liberdade excessiva das empresas na internet (D2).
Isso é positivo para a competência 3, de organização e projeto de texto.

Comentário
sobre a
Introdução

Lendo a introdução, eu honestamente não consegui entender por que o estudante perdeu
40 pontos na competência 3. A tese está bem construída, pois indica a existência de um
problema a ser resolvido e já pincela os argumentos que serão desenvolvidos nos próxi-
mos parágrafos. Foram usados bastantes termos de posicionamento forte (“problemas” e
“falta de pensamento crítico”), então ao menos nesse primeiro parágrafo não há motivos
para o estudante ter perdido ponto.
Veremos nos parágrafos de desenvolvimento por que ele não tirou 200 na competência 3,
mas a introdução está impecável.
Quanto à competência 2, a menção à Guerra Fria foi um ponto a favor, pois demonstra
domínio de repertório sociocultural variado.

Desenvolvimento 1
Segundo o revolucionário Nelson Mandela, a educação é a arma mais poderosa que pode-
mos ter. Desse modo, observa-se como a falta de matérias direcionadas ao desenvolvimen-
to de pensamentos críticos (1) deixam (2) as pessoas vulneráveis à manipulação (3), já que
as escolas são voltadas apenas para as disciplinas tradicionais (4). Em consequência, as
pessoas se formam e aprendem a não refutar (5) as informações que são passadas a elas.

( 1 ) Que matérias são essas? Um exemplo concreto fortaleceria e muito a argumentação, porque
do jeito que está parece que o estudante não sabe nem se existem matérias desse tipo ou
não. Ficou um argumento vazio. Seria o mesmo que usar um argumento do tipo: “para com-

Umberto Mannarino | 55
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bater o derretimento das calotas polares, são necessárias ferramentas destinadas a impedir o
derretimento das calotas polares”. Percebe que o argumento não leva a uma conclusão? É um
argumento circular porque falta justamente detalhar que “ferramentas” seriam essas.
( 2 ) O correto seria “deixa”, no singular, para concordar com o sujeito “a falta”.
( 3 ) De que manipulação o estudante está falando? Lembrando que o tema é a manipulação pelo
controle de dados pela internet. Apesar de ele ter citado a internet na introdução, nem a men-
cionou nesse parágrafo. Um simples “manipulação no ambiente virtual” já ia resolver o problema.
( 4 ) Faltou explicar por que as disciplinas tradicionais não ensinam senso crítico. E a História? E a
Filosofia, Sociologia? Não desenvolvem senso crítico? Ficou faltando justamente a informação
de quais matérias deveriam entrar na grade curricular.
( 5 ) Os estudantes não “aprendem a não refutar”. Eles não aprendem a refutar. É diferente. Do jeito
que está escrito, parece que as disciplinas tradicionais ensinam ativamente o estudante a não
questionar nada.

Comentário
sobre o D1

Já falei bastante nos comentários específicos. Esse parágrafo ficou genérico, pois não
apresenta uma ideia concreta sobre que matérias de fato desenvolveriam o senso crítico
dos estudantes. A menção a Nelson Mandela foi um ponto forte para a competência 2.

Desenvolvimento 2
Ademais, a liberdade das grandes empresas da internet é outro agravante do problema. As
empresas filtram as informações a serem exibidas aos usúrios ( 1 ) do modo que querem,
já que os governos não tem ( 2 ) acesso aos mecanismos utilizados nesse ato. Assim, os
empresários se sentem livres para manipularem, de maneira imperceptível, os usuários de
seus sites, seja instigando o consumo de produtos, modificando a opinião política ou até
mesmo distorcendo informações ( 3 ).

( 1 ) Na folha de redação, parece que o estudante escreveu “usúrios”, não “usuários”. Falhas pe-
quenas como essa, mesmo que não intencionais, podem prejudicar a nota da competência 1
se forem recorrentes.
( 2 ) O correto é “têm”, no plural para concordar com “os governos”.
( 3 ) Aqui o estudante foi bem concreto ao explicar que tipo de manipulação acontece no ambiente
virtual. Particularmente, acredito que esse segundo desenvolvimento ficou bem mais convin-
cente que o primeiro por causa desse detalhe.

Comentário
sobre o D2

Para compensar a ausência de menções à internet no parágrafo anterior, aqui o estudante


já toca no assunto logo na primeira frase: a liberdade das empresas da internet. Isso, aliado
ao uso recorrente de termos com posicionamento claro (“agravante do problema”, “insti-
gar” e “distorcer”) fortalecem o caráter dissertativo do texto, contribuindo para a compe-
tência 3. E repito meu elogio ao final do parágrafo, que tornou toda a ideia de manipulação
de comportamento extremamente clara para o leitor.

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Conclusão
Urge, portanto, acabar com a manipulação de usuários pela internet no Brasil. Dito
isso, cabe ao Governo Federal, em parceria com o Ministério da Educação, prover a
inclusão de disciplinas na grade curricular que desenvolvam o pensamento crítico, a
fim de instigar a crítica sobre a internet e o manuseio da mesma ( 1 ) nos estudantes
( 2 ). Não obstante, o Ministério das Telecomunicações deve criar orgãos ( 3 ) que
fiscalizem as ações dos sites com seus usuários, através de técnicos em informática
observando 24 horas por dia as ações dos sites, no intuito de combater as medidas
manipuladoras das empresas. Com essas medidas, o Brasil acabará com essa manipu-
lação e terá a educação como sua arma mais forte.

( 1 ) Não se usa “o mesmo”/“a mesma” como elemento de retomada. O correto seria “seu manuseio”.
( 2 ) Aqui o estudante usou o mesmo verbo (“instigar”) para os dois complementos: “crítica sobre
a internet” e “manuseio da internet”. Até faz sentido instigar a crítica sobre o uso da internet,
mas não faz sentido instigar o manuseio. Talvez instigar o manuseio consciente, mas simples-
mente “instigar o manuseio” soa estranho. Ele poderia ter escolhido outro verbo e montar a
frase da seguinte forma: “(...) instigar a crítica sobre a internet e instruir os estudantes sobre o
manuseio consciente dessa ferramenta”.
( 3 ) Faltou o acento agudo de “órgãos”.

Comentário
sobre a
Conclusão

A conclusão começa com uma frase de síntese. Isso é importante para amarrar o que já
foi dito ao que ainda está por vir. Excelente para a competência de projeto de texto – a
competência 3, caso você tenha caído neste trecho da apostila de paraquedas e não leu as
9 análises anteriores.
Enfim, vamos à análise com base nas 5 perguntas:
Cabe ao Governo + o Ministério da Educação (quem) incluir na grade disciplinas que de-
senvolvam o senso crítico (o quê), a fim de estimular o manuseio correto da internet etc.
(para quê). Além disso, o Ministério das Telecomunicações (quem) deve criar órgãos de
fiscalização (o quê), por meio de técnicos em informática (como) observando as ações
dos sites (detalhamento do como) a fim de acabar com as manipulações e ter a educação
como a arma mais forte (para quê).
Até que o estudante respondeu, sim, as 5 perguntas. Mas cada uma das duas propostas
de intervenção têm uma pequena falha: na primeira, falta o como (repare que “em par-
ceria com o Ministério da Educação” não é o como; é uma parte do próprio quem). Na
segunda proposta, um dos corretores deve ter considerado o detalhamento do como não
tão detalhado assim. Essa é a única explicação que eu consigo encontrar, porque todas
as outras 4 perguntas estão muito bem respondidas. Sobre o detalhamento, o estudante
poderia ter falado mais sobre como se daria essa análise 24 horas: que sites ela abrange-
ria, que ferramentas seriam usadas para fiscalizar, etc. etc. etc. No detalhamento, sinta-se
livre para usar a criatividade, porque quanto mais detalhado melhor. Pode dedicar até
umas 2 linhas a ela, como eu fiz na minha (apesar de eu ser meio exagerado, então não
precisa realmente de 2 linhas kkkkk).

Umberto Mannarino | 57
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Comentários Gerais:
Ao longo dos comentários já ficou claro o porquê de o estudante ter perdido pontos da
competência 3. Apesar de a introdução ter sido super clara, com um posicionamento forte,
o segundo parágrafo se distanciou bastante do resto da argumentação, com uma menção
a “matérias que despertam o senso crítico” a serem inseridas na grade curricular, mas sem
esclarecer o que de fato elas eram. Foi um argumento vazio, circular, que passou muito a
impressão de que faltava informação no parágrafo. Com quase certeza foi o primeiro de-
senvolvimento que tirou os 40 pontos da competência 3.
Quanto à competência 1, não houve erros de português em quantidade suficiente para ti-
rar ponto. O único erro recorrente foi o de concordância (“a falta (...) deixam” em D1 e “os
governos tem acesso” em D2). Sinceramente, o que deve ter acontecido é que algumas
palavras na folha definitiva pareceram ter sido escritas juntas. Repare na linha 16 (“demo-
doquequerem”) e na linha 18 (“deseussites”). Além disso, na linha 21, a palavra “acabar”
está praticamente ilegível devido à rasura. Pequenos erros como esses também podem
tirar ponto, então tome cuidado!
A nota foi máxima na competência 2, demonstrando bom uso de repertório sociocultural
e adesão ao tema proposto. Fica a ressalva para o estilo de argumentação do desenvol-
vimento 1: se nos parágrafos seguintes o estudante tivesse mantido a argumentação só
em cima das escolas e da educação em ambiente real (e não virtual), isso poderia se en-
quadrar em fuga ao tema, porque o ENEM 2018 pediu explicitamente a manipulação no
ambiente virtual. Então sempre escreva seus parágrafos tendo em mente o tema inicial (no
caso, a manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet).
Na competência 4, o excelente uso de conectivos e elementos de retomada, sem frases
ambíguas, promoveu uma progressão temática impecável.
Os comentários sobre a competência 5 estão na seção anterior. Não tenha medo de dedi-
car espaço ao detalhamento da proposta de intervenção!!

58 | Onde Já Se 1000
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Notas entre 700 e 900


Bruna Notas:
C1: 160
C2: 180
C3: 200
C4: 160
C5: 180

880

Análise por parágrafos:

Introdução
O crítico ( 1 ) e historiador Alfredo Bosi afirma que a cultura vivenciada no cotidiano é um le-
gado deixado por experiências vividas ao longo da vida. Nesse sentido ( 2 ), problemas como
a exposição excessiva a ( 3 ) internet tem ( 4 ) crescido atualmente, visto que o costume é
passado de geração em geração. Dessa forma, a problemática instala-se ( 5 ) seja pelo con-
trole da tecnologia sobre o usuário, seja pela negligência do uso responsável da internet ( 6 ).

( 1 ) Crítico de quê? Existem vários tipos de críticos: literário, gastronômico, de arte, etc. De qualquer
forma, a menção a Alfredo Bosi logo na introdução contribui para demonstrar que a estudante
tem amplo repertório sociocultural, um dos fatores que compõem a nota da competência 2.
( 2 ) Conectivo para relacionar as ideias. Importantíssimo para a competência 4, pois sem ele seria
mais difícil compreender o encadeamento lógico.
( 3 ) Acento grave em “à” para indicar crase: “exposição excessiva à internet”.
( 4 ) O correto é “têm”, no plural, para concordar com o sujeito “problemas”.
( 5 ) Onde se instala a problemática? Novamente o comentário das redações anteriores: se o termo
pedir um complemento, escreva o complemento. É melhor sobrar do que faltar. Isso minimiza
os riscos de o corretor precisar ler de novo para entender ao que o texto está se referindo. Se
a frase estiver ambígua ou incompreensível, e ele precisar ler muitas vezes até entender, isso
pode prejudicar a nota da competência 4.
( 6 ) Como em quase todas as redações anteriores, a estudante escolheu já pincelar com poucas
palavras os dois argumentos dos parágrafos de desenvolvimento: o controle tecnológico so-
bre o usuário (D1) e a negligência do uso responsável da internet (D2).

Umberto Mannarino | 59
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Comentário
sobre a
Introdução

A estudante inicia a redação com uma alusão a outra área do conhecimento para contex-
tualizar a problemática (competência 2). A partir daí, por meio de conectivos bem inse-
ridos (competência 4), ela explica claramente por que mencionou o historiador Alfredo
Bosi, relacionando a teoria do historiador ao tema proposto pelo ENEM: a manipulação
do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet. Repare que a estu-
dante falou tanto da manipulação do comportamento quanto do controle de dados! Era
exatamente isso que era esperado do estudante nessa redação. No entanto, diferente
deste texto, algumas redações mais adiante nesta apostila tinham uma tese incompleta:
falaram ou só da manipulação de comportamento ou só do controle de dados. Não liga-
ram os dois! Isso prejudicou bastante a nota das competências 2 e 3 desses estudantes
(da competência 2 porque o texto passava a impressão de que o estudante não tinha
entendido de fato o tema proposto; e da competência 3 porque evidentemente faltava
uma informação relevante na tese, o que prejudicou o projeto de texto como um todo).

Desenvolvimento 1
É válido ressaltar, inicialmente, que com a ascensão tecnológica os usuários tornaram-
-se dependentes da praticidade do meio virtual ( 1 ). Tal fato é comprovado pela ótica
do empresário Steve Jobs ( 2 ) que postula que a tecnologia, contemporaneamente,
move o mundo ( 3 ). Desse modo ( 4 ), embora seja um recurso que abrange a comu-
nicação ( 5 ), tende a moldar pensamentos errôneos ( 6 ) acerca da realidade. Logo,
é necessário rever os padrões de uso da internet.

( 1 ) Tópico frasal que vai orientar toda a argumentação do parágrafo. Excelente para a competên-
cia 3, de organização e projeto de texto.
( 2 ) Vírgula obrigatória após “Steve Jobs” para introduzir a oração adjetiva explicativa. Só existiu um
empresário Steve Jobs, então não faz sentido ser uma oração restritiva (caso não tenha vírgula).
(*3 ) Sugestão: O “contemporaneamente” no meio da frase quebra todo o ritmo da leitura. Ele está
separando justamente o sujeito (“tecnologia”) do predicado (“move o mundo”). Melhor teria
sido “(...) que postula que contemporaneamente a tecnologia move o mundo”.
( 4 ) Mais um conectivo para orientar a leitura do corretor. Imprescindível para ele entender sem
esforço a relação entre os períodos, o que contribui para a nota da competência 4.
( 5 ) Esse aqui foi provavelmente um dos motivos para tirarem ponto da competência 4. Está im-
plícito que o tal “recurso que abrange a comunicação” é a “tecnologia”, mas na construção
escolhida pela estudante não é possível entender isso. Faltou claramente um elemento de
retomada para resgatar “tecnologia” (talvez “ela”, ou “tal ferramenta”), ou então reorganizar
a frase como um todo.
( 6 ) A estudante fala de pensamentos errôneos, mas não explica do que se tratam. Passa a impres-
são de que falta informação no parágrafo, e ainda levanta o questionamento: “se a tecnologia
provoca pensamentos errôneos, quais são os pensamentos certos?” Algo mais concreto aqui
teria sido melhor. Mas repare que são detalhes muito pequenos, então não chegam a prejudi-
car a nota da competência 3. Estou apontando essas coisas mesmo assim porque nas redações
que tiraram menos de 700 até mesmo detalhes pequenos prejudicaram muito a nota final. A
minha teoria para isso é que, como os textos tinham mais erros de português e um vocabulário
mais simples, isso pode ter acabado causando um desconforto nos corretores, que tiraram
muitos pontos quando na verdade o texto não estava tão ruim assim. Então é sempre bom se
atentar aos detalhes, porque nunca se sabe quão chato o seu corretor vai ser.

60 | Onde Já Se 1000
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Comentário
sobre o D1

A estudante usa termos com posicionamento claro (“dependentes” e “errôneos”), o que


reforça o caráter dissertativo do texto. Pontos para a competência 3. O uso de elementos
de retomada (“tal fato” e “que”) também proporciona uma boa fluidez de leitura. A falta de
um elemento de retomada para “tecnologia” prejudicou consideravelmente o parágrafo e
foi provavelmente um dos motivos para a nota não máxima na competência 4.
Quanto à argumentação em si, permita-me um breve comentário. Não vai ser sobre as 5 compe-
tências, então pode pular esta parte, apressadinho. Vou resumir esse parágrafo em uma frase que
segue mais ou menos a mesma lógica da estudante. Tirando todas as frases de apoio, esse parágra-
fo se resume a: “a tecnologia move o mundo... logo, a tecnologia tende a moldar pensamentos errô-
neos sobre a realidade”. Percebe que esse raciocínio não faz sentido? Só o fato de mover o mundo
não significa necessariamente moldar pensamentos errôneos. Minha sugestão aqui teria sido inserir
mais um termo dissertativo, como por exemplo: “se usada de maneira indiscriminada, a tecnologia
(...)”. Aí sim a argumentação estaria perfeita. Porque, do jeito que está, não está muito convincente.

Desenvolvimento 2
Ademais, ( 1 ) de acordo com o pensador Immanuel Kant ( 2 ) o ser humano torna-se aquilo que a
educação faz dele. Nessa perspectiva, a ausência de uma preparação que oriente o indivíduo no
uso das redes sociais colabora para o aumento do problema, haja vista que a exposição ao sistema
manipula o usuário e cria uma falsa ideia de liberdade, comprometendo a relevância das informa-
ções. Assim, é necessário que seja incluso ( 3 , 4 ) a formação do cidadão a educação virtual ( 5 ).

( 1 ) Conectivo de adição para introduzir um novo argumento. Ótimo para a competência 4. Lembrando
que vou fazer vídeos de conectivos no meu canal no YouTube (http://bit.ly/UmbertoMannarino), e já
tenho 10 vídeos sobre o assunto disponíveis gratuitamente na Unacademy (http://bit.ly/Conectivos).
( 2 ) Vírgula após “Kant” para isolar o “de acordo com o pensador Immanuel Kant”.
( 3 ) O verbo “incluir” é abundante, então aceita as duas formas de particípio: incluso e incluído.
No entanto, existem algumas peculiaridades sobre o seu uso. Recomendo ler esta página para
mais informações: https://veja.abril.com.br/blog/sobre-palavras/todo-incluso-e-incluido-mas-
-nem-todo-incluido-e-incluso/. A lição que fica é: entre “incluso” e “incluído”, use sempre “in-
cluído”, que estará correto em 100% dos casos.
( 4 ) O correto seria “incluída”, no feminino, para concordar com “educação virtual”.
( 5 ) O que vai ser incluído em quê? Depois de ler algumas vezes, dá para entender que a educação
virtual será incluída na formação do cidadão. Mas só depois de bastante esforço. Isso porque
o verbo “incluir” pede a preposição “em‑”, não “a”. Ou seja, a construção correta seria: “Assim,
é necessário que seja incluída na formação do cidadão a educação virtual”.

Comentário
sobre o D2

A estudante faz uso de conectivos e expressões que contribuem para uma leitura fluida e
sem duplas interpretações. Termos como “Ademais”, “Nessa perspectiva” e “haja vista que”
são excelentes para a progressão temática (competência 4).
A menção a Kant foi interessante para demonstrar repertório sociocultural, apesar de hoje

Umberto Mannarino | 61
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em dia essa citação já ser tão “banalizada” que pode não ser vista com bons olhos pelo
corretor. É uma frase genérica que se encaixa em qualquer tema, e a partir de 2018 eles es-
tão pegando no pé dos estudantes que fazem isso. Teve um estudante que citou apenas 2
repertórios socioculturais em uma redação anterior desta apostila, e ainda assim tirou 200
na competência 2 (Alécio, a 5ª redação da ONDE JÁ SE 1000). Ou seja: não é necessário
citar 3 áreas diferentes para a nota máxima. Então o que deve ter tirado ponto da estu-
dante nessa competência foi a citação excessivamente genérica de Kant, porque não tem
outra explicação para não ter tirado 200, sendo que ela demonstra ótima compreensão do
tema como um todo (outro fator para a nota da competência 2).

Conclusão
Infere-se, portanto, que a internet não influêncie ( 1 ) no comportamento do usuário ( 2 ).
Para isso, as empresas de tecnologia devem orientar a busca de mais informações acerca
do conteúdo visualizado, por meio de anexos nas publicações indicando a confiabilidade
da informação, para, assim, garantir a relevância do conteúdo publicado. Somando ( 3 ) a
isso, as instituições de ensino devem, em uníssono a família ( 4 ), trabalhar o uso conscien-
te da internet, por meio de uma disciplina que trabalhe os pós ( 5 ) e os contras da rede,
para que assim cidadãos mais responsáveis sejam formados ( 6 ). Diante disso, será possí-
vel transmitir as ( 7 ) próximas gerações a qualidade do uso tecnológico ( 8 ).

( 1 ) O correto é “influencie”, sem o acento circunflexo.


( 2 ) A construção “Infere-se que a internet não influencie” não faz sentido. Melhor teria sido: “Infe-
re-se que a internet não deve mais influenciar”.
( 3 ) O correto é “somado a isso”, não “somando a isso”.
( 4 ) O correto é “em uníssono com a família”.
( 5 ) O correto é “prós”, não “pós”.
(*6 ) Novamente o meu comentário sobre o uso de voz passiva. Não é errado usá-la, mas a voz ativa
sempre vai provocar mais impacto que a voz passiva. Sugestão: “(...) por meio de uma discipli-
na que trabalhe os prós e os contras da rede, para assim formar cidadãos mais responsáveis”.
( 7 ) Acento grave no “as” para indicar crase: “transmitir às próximas gerações”.
(*8 ) Em nenhum momento da redação a estudante falou da qualidade do uso tecnológico. Ela falou
exclusivamente mal da tecnologia. Soa meio desconexo fechar com algo que em momento
algum foi abordado no texto.

Comentário
sobre a
Conclusão

Como eu falei nos comentários sobre a minha conclusão (6ª redação desta apostila), a pri-
meira frase dessa conclusão simplesmente serve para conectar as informações anteriores
às que estão por vir (competência 3), mas não é a resposta de nenhuma das 5 perguntas
necessárias para a proposta de intervenção. Vamos às verdadeiras respostas para enten-
der por que um dos corretores tirou ponto da redação da estudante:
As empresas de tecnologia (quem) devem orientar a busca (...) (o quê) por meio de anexos

62 | Onde Já Se 1000
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nas publicações indicando a confiabilidade (como) para assim garantir a relevância do con-
teúdo publicado (para quê). Ademais, as instituições de ensino e a família (quem) devem
trabalhar o uso consciente da internet (o quê) por meio de uma disciplina (...) (como), para
assim formar cidadãos responsáveis (para quê).
A estudante responde as 4 perguntas duas vezes: quem, o quê, como e para quê. Mas e
o detalhamento? Duas propostas de intervenção não compensam a ausência de detalha-
mento. Ela poderia ter tirado até 160 na competência 5, mas um dos corretores deu nota
200 porque deve ter interpretado “indicando a confiabilidade da informação” como de-
talhamento do como: “anexos nas publicações”. Mas na minha opinião isso é só o próprio
como, e não um detalhamento. Por isso fica a dica: destine ao menos 1 linha para detalhar,
senão você corre o risco de perder pontos, como foi o caso aqui.

Comentários Gerais:
Excelente redação como um todo, com poucos erros de português, mas que infeliz-
mente tiraram ponto da competência 1. O erro recorrente de crase (linhas 3 e 29),
junto com termos equivocados como “somando a isso”, “influêncie” e “em uníssono a
família” fez ambos os corretores darem nota 160. Além disso, cuidado com as rasuras!
Nas linhas 8, 14 e 19 a estudante riscou a mesma palavra diversas vezes. O ideal é fazer
apenas um único traço, como orienta a própria folha de redação do ENEM. Deslizes
como esse também são motivo para perda de nota.
Quanto à competência 2, mantenho o comentário do segundo desenvolvimento: a
menção genérica a Immanuel Kant deve ter sido a razão para perder ponto, porque
em momento algum houve fuga ao tema, e a menção a Alfredo Bosi está bem encai-
xada como resto da argumentação.
Na competência 3, o uso constante de termos dissertativos (“problemática”, “depen-
dente”, “errôneo”, “falsa”, “comprometer”) demonstra o posicionamento da estudan-
te. A tese forte, que associa bem os dois componentes do tema (a manipulação do
comportamento e o controle de dados na internet), contribuiu para a nota máxima.
Tudo que torne o texto ambíguo e faça o corretor ter que voltar no texto e ler nova-
mente pode prejudicar a competência 4. Isso aconteceu em três momentos: na intro-
dução (comentário 5), no desenvolvimento 1 (comentário 5) e no desenvolvimento 2
(comentário 5). Isso pode ter sido a causa da nota 160 nessa competência (apesar
de eu não considerar esses erros tão graves a ponto de realmente terem tirado nota).
Os comentários sobre a proposta de intervenção estão na seção anterior.

Umberto Mannarino | 63
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Wigna Notas:
C1: 160
C2: 160
C3: 180
C4: 160
C5: 200

860

Análise por parágrafos:

Introdução
Ao decorrer da história ( 1 ) ouve ( 2 ) vários episódios em que a população foi influenciada
por propagandas que fortaleciam um sentimento de ideal comum, como por exemplo na
campanha que elegel ( 3 ) Hitler na Alemanha por busca de melhorias no país que estava
em crise. ( 4 ) Hoje as empresas vem investindo ( 5 ) muito para vender seus produtos, e
uma de suas estratégias é direcionar suas ofertas para um público alvo ( 6 ). Dessa forma
( 7 ) essa pratica ( 8 ) pode selecionar o que intereça (9) ao usuário, porém é importante
que o consumidor esteja ciente ( 10 ) e tenha comportamento crítico.

( 1 ) O correto é “No decorrer”, não “Ao decorrer”.


( 2 ) O correto é “houve”, do verbo “haver”.
( 3 ) O correto é “elegeu”, não “elegel”.
( 4 ) Como mencionei nas redações anteriores, a leitura fica mais difícil quando a pessoa muda comple-
tamente de assunto e não usa um conectivo para ligar as ideias. Nunca vai ser tão intuitivo quanto
você acha que é, então tome cuidado com isso para não perder pontos na competência 4. Não ficou
claro logo de cara como a propaganda na Alemanha Nazista se relaciona com as empresas contem-
porâneas. Um simples “A esse respeito” já teria sido suficiente para orientar a análise do corretor.
( 5 ) O correto é “vêm investindo”, no plural para concordar com “as empresas”.
( 6 ) “Público-alvo” tem hífen.
( 7 ) Vírgula obrigatória após “Dessa forma”.
( 8 ) Faltou acento agudo em “prática”.

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( 9 ) O correto é “interessa”, não “intereça”.


( 10 ) O mesmo comentário que eu fiz em quase todas as redações anteriores: é necessário que o con-
sumidor esteja ciente de que?! Se o termo pede um complemento, escreva o complemento. Até
este ponto das análises da ONDE JÁ SE 1000, esse foi o erro mais comum de todos. Então esse
pode ser um excelente diferencial na sua redação do ENEM 2019 para causar uma boa primeira
impressão no corretor. Escreva os complementos!

Comentário
sobre a
Introdução

A estudante usou repertório sociocultural pertinente à argumentação para contextualizar a


manipulação do comportamento nos dias atuais. Pontos para a competência 2. Quanto à com-
petência 3, a estudante escreveu uma tese incompleta, e talvez isso tenha sido uma das causas
para perder ponto. Ela só falou da manipulação do comportamento, mas não associou isso ao
controle de dados na internet. Da mesma forma que em redações anteriores, isso dá a impres-
são de que falta informação, comprometendo o projeto de texto como um todo.

Desenvolvimento 1
( 1 ) Grande parte dos consumidores passam muito tempo conectado ( 2 ) com o mundo
virtual, desse modo esse ambiente é estrategicamente “perfeito” para divulgar todo tipo de
informação, ( 3 ) nesse contexto ( 4 ) é necessário ( 5 ) a organização dessas informações
para o usuário, a fim de deixar seu acesso mais prático. Visto que com o mundo globalizado é
necessário agilidade e rapidez nos meios digitais ( 6 ) foi desenvolvido ( 7 ) estes algorítmos
( 8 , 9 ) que ( 10 ) através de dados fornecido pelo usuário, manipulam ( 11 ), e julgam o que
é mais relevante para aquela pessoa.

( 1 ) Use preferencialmente um conectivo para ligar a introdução ao restante do texto. Isso melhora
a fluidez do texto e evita perda de pontos da competência 4.
( 2 ) Se grande parte “passam”, então o certo é “conectados”, no plural. Lembrando que as duas formas es-
tão certas: “grande parte passam” e “grande parte passa”. Mas o restante da frase deve concordar com
a opção escolhida. O mais usual, no entanto, é usar o singular: “grande parte dos consumidores passa”.
(*3 ) Como sugeri nas redações anteriores, teria sido interessante colocar um ponto final aqui para co-
meçar outra frase com mais impacto. Uma frase muito grande tira a força do tópico frasal. Colocar
ponto final e começar a próxima frase com um conectivo de contraste reforçaria a problemática da
situação, já que da forma que está não fica tão evidente que o exposto se trata de um problema.
( 4 ) Vírgula após “nesse contexto”.
( 5 ) O correto é “é necessária”, para concordar com o feminino “a organização”.
( 6 ) Vírgula obrigatória para isolar o “Visto que (...) meios digitais” do restante da frase.
( 7 ) O correto é “foram desenvolvidos”, no plural para concordar com “algoritmos”.
( 8 ) O correto é “algoritmos”, sem acento agudo.
( 9 ) Não faz sentido usar “estes” (ou “esses”, que em tese seria o correto nesse caso), pois até aqui
não houve menção alguma a algoritmos para retomá-los dessa forma.
( 10 ) Vírgula obrigatória após o “que” para isolar “através de dados fornecidos pelo usuário”.
( 11 ) Novamente o comentário de ausência de complemento: os algoritmos manipulam o quê? Não
fica claro, o que pode fazer o leitor ter que ler mais de uma vez os trechos. Isso, se acontecer
demais, tira ponto da competência 4.

Umberto Mannarino | 65
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Comentário
sobre o D1

O único termo verdadeiramente dissertativo desse parágrafo foi o “manipulam” na última


linha, que ainda por cima ficou vago por causa da ausência de complemento. Todo o resto
do parágrafo ficou expositivo, sem posicionamento claro. Isso levanta a dúvida: “por que
isso é um problema? O que ele está causando de tão ruim assim?” Isso pode ter sido mais
um motivo para a estudante ter perdido ponto na competência 3 (autoria e projeto de
texto). Quanto à competência 2, esse parágrafo se relaciona perfeitamente com o tema
“manipulação pelo controle de dados”, então está ótimo. O próximo parágrafo se distan-
ciou um pouco do tema, e foi provavelmente por causa dele a nota 160 na competência 2.

Desenvolvimento 2
Porém é necessário observar o quanto a indústria cultural ( 1 ) está presente na vida dos
indivíduos e qual o efeito que essa ( 2 ) exposição causa. Segundo a filosofa ( 3 ) de origem
alemã ( 4 ) Hannah Arendt, em seu conceito sobre a “banalidade do mal”, o mal que está
presente no cotidiano e que aparenta ser normal, pode alienar as pessoas de uma forma que
ela acaba ( 5 ) perdendo a conciência ( 6 ) do quanto isso pode ser prejudicial a ela ( 7 ) e aos
outros. Diante disso ( 8 ) é imprecidível ( 9 ) uma visão crítica do indivíduo sobre seu próprio
comportamento e se somente aquelas sugestões ( 10 ) importam para sua formação como
um ser social, ou ele está sendo manipulado para algumas ações.

( 1 ) Do que se trata a teoria da Indústria Cultural? Ela é uma teoria sociológica complexa da Escola de
Frankfurt, não algo a se mencionar apenas de passagem. Dedique ao menos um pequeno espaço
do seu texto para explicar a pertinência desse repertório sociocultural para a argumentação.
(*2 ) Para evitar o “queismo”, melhor teria sido “qual efeito essa exposição causa”.
( 3 ) Faltou acento agudo em “filósofa”.
(*4 ) Sugestão para ganhar espaço na dissertação: o termo “de origem alemã” não é importante para sustentar
a argumentação, então poderia ser suprimido para dar mais espaço a pontos de fato relevantes (como
a elaboração dos complementos que eu mencionei nos comentários 4 e 11 dos parágrafos anteriores).
( 5 ) Se o “ela” se refere a “pessoas”, o correto é “elas”, no plural.
( 6 ) O correto é “consciência”, não “conciência”.
( 7 ) Novamente, deveria estar no plural para concordar com “pessoas”. Ou então poderia ter subs-
tituído por “prejudicial a si mesmas”.
( 8 ) Vírgula após “diante disso”.
( 9 ) O correto é “imprescindível”, não “imprecidível”.
( 10 ) O elemento de retomada “aquelas sugestões” não evoca muito claramente o que a estudante
quer dizer. De que sugestões a estudante está falando? Sugestões por parte de quem? Algum
complemento aqui tornaria a leitura mais fluida para evitar que o corretor tenha que ficar vol-
tando para entender a frase (o que compromete a competência 4).

Comentário
sobre o D2

Aqui foi provavelmente o ponto em que a estudante perdeu ponto na competência 2. Ela
fez bom uso de repertório sociocultural (Hannah Arendt), mas a competência 2 é mais

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do que isso. Ela também exige que o estudante demonstre compreensão do tema, e esse
parágrafo tem pouca relação com a ideia de “manipulação do comportamento do usuá-
rio pelo controle de dados na internet”. Não há uma única menção à internet, e o termo
“manipulado” aparece apenas na última linha, de relance. Ou seja: o parágrafo inteiro está
tangenciando o tema, porque fica a dúvida: qual a relação dele com o resto do texto? Não
chega a ser uma fuga ao tema, mas foi quase. Tome cuidado com isso!!
O uso de elementos dissertativos fortes como “alienar” e “prejudicar” fortalecem a autoria,
contribuindo para a competência 3.

Conclusão
Logo, como dificilmente há como controlar esse tipo de prática ( 1 ), visto que estamos nos
expondo cada vez mais as ( 2 ) tecnologias, torna-se importante educar ( 3 ) a população
desde a infância, ( 4 ) assim ( 5 ) a escola deve preparar a sociedade para esse tipo de abor-
dagem, por meio de palestras que esclareça ( 6 ) tanto para os estudantes, quanto para os
pais, o modo que os meios de informação pode ( 7 ) usar seus dados para influenciar seu
comportamento, ( 8 ) a fim de incentivar a busca por conhecimento ( 9 ) diversos e mos-
trar que elas ( 10 ) também podem tomar decisões e ter diferentes pontos de vista sobre o
mesmo assunto e não ser vítima ( 11 ) da ignorância influenciada.

( 1 ) Mais uma vez um elemento de retomada genérico. Para especificar, poderia acrescentar um
adjetivo com posicionamento claro (“prática agressiva”), ou então um complemento (“prática
por parte das empresas”). Seja como for, é bom usar elementos de retomada um pouco mais
concretos do que “essa prática” ou “aquelas sugestões”, para que o corretor entenda logo de
cara ao que se referem.
( 2 ) Acento grave em “as” para indicar crase: “às tecnologias”.
( 3 ) Educar em que sentido? “Educar” pode tanto se referir à escola tradicional quanto à conscien-
tização em relação à problemática. Melhor dedicar um pouco mais de espaço para detalhar
essas pequenas coisas e tornar a leitura mais fluida.
( 4 ) Esse parágrafo inteiro é composto por apenas uma frase. Como já discutimos em redações an-
teriores, frases grandes demais “diluem” os argumentos, tornando-os fracos. Vou sugerir dois
pontos finais neste parágrafo: um aqui e um em (8).
( 5 ) Vírgula obrigatória após “Assim”.
( 6 ) O correto é “esclareçam”, no plural para concordar com “palestras”.
( 7 ) O correto é “podem”, para concordar com “meios de informação”.
( 8 ) Um ponto final aqui seria bom para enfatizar os elementos individuais da proposta de inter-
venção. Poderia terminar a frase e recomeçar com um conectivo para ligar os dois períodos.
( 9 ) O correto é “conhecimentos”, no plural para concordar com “diversos”.
( 10 ) O elemento de retomada “elas” naturalmente se refere a um termo feminino no plural. Então
o único termo no parágrafo a que “elas” poderia estar se referindo é “palestras”, porque todos
os outros termos desse parágrafo estão ou no masculino ou no singular (“pais”, “população”,
“sociedade”, etc.). E não faz sentido que palestras tomem decisões, então tem alguma coisa
errada aí! Para retomar “os estudantes e os pais”, o correto seria “eles”, não “elas”. No entanto,
fica a minha sugestão: “eles” e “elas” são elementos de retomada genéricos, e, mesmo que o
estudante tome cuidado, podem sem querer acabar se referindo a mais de um termo ao mes-
mo tempo. Para evitar ambiguidades (competência 4), prefira elementos de retomada mais
específicos, como “esses indivíduos” ao invés de “eles”.
( 11 ) Como estamos falando de estudantes e pais, no plural, o correto seria “vítimas”.

Umberto Mannarino | 67
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Comentário
sobre a
Conclusão

A escola (quem) deve preparar a sociedade para esse tipo de abordagem (o quê), por
meio de palestras que esclareçam (...) influenciar seu comportamento (como), a fim de
incentivar (...) ignorância influenciada (para quê + detalhamento).
A estudante respondeu as 5 perguntas, então tirou nota máxima na competência 5. Repare
que ela propôs apenas uma intervenção bem detalhada, nada mais. E é isso que eu sugiro
você de fazer para evitar problemas na hora da correção.

Comentários Gerais:
A redação está bem escrita, mas os muitos erros de grafia e de concordância ao longo do
texto fizeram a estudante perder 40 pontos na competência 1. Se fosse apenas 1 ou 2 erros,
isso não afetaria a nota, mas foram muitos, e repetidos. Por isso fica a minha sugestão: ao
longo deste ano, dedique-se minimamente a ler um pouco todo dia. Isso vai ampliar o seu
vocabulário e vai te ajudar a não cometer erros de grafia, porque o jeito certo de escrever
já vai estar entranhado na sua cabeça.
O motivo provável de a estudante não ter tirado nota máxima na competência 2 foi o fato de
o segundo desenvolvimento ter sido praticamente uma fuga ao tema. Então tenha sempre
a seguinte autocrítica na hora de escrever: se você acha que o argumento não é tão perti-
nente, prefira mudá-lo logo na hora do rascunho para não perder tanto tempo nele na hora
da prova. Não tenha medo de se criticar. A hora do rascunho é a hora de ser mau consigo
mesmo!! Depois que chegar em casa, aí você abre uma barra de chocolate para se redimir :)
Na competência 3, a tese incompleta e a ausência de termos dissertativos no desenvolvi-
mento 1 foram as prováveis causas de não tirar nota máxima.
Quanto à competência 4, alguns elementos de retomada genéricos deixaram a leitura pou-
co dinâmica, com margem a ambiguidades. Os corretores julgaram que as frases não esta-
vam explícitas o suficiente, e tiveram que ler alguns trechos novamente para entender do
que se tratavam. Para ajudar nessa competência, a estudante também poderia ter escrito
frases menores, a fim de conseguir encaixar mais conectivos e promover melhor a progres-
são temática entre os períodos.
Na competência 5, a estudante respondeu perfeitamente todas as perguntas. Toptoptop!

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Ana Lívia Notas:


C1: 160
C2: 200
C3: 180
C4: 180
C5: 140

860

Análise por parágrafos:

Introdução
A televisão, o rádio e a internet são consideradas redes geográficas imateriais, ou seja, são
meios capazes de transmitir informações. Para fazê-lo, a chamada mídia tradicional baseia-se
em empresas que acabam formando oligarquias e escolhendo o que deve ou não ser repas-
sado. Neste cenário surge a internet, e as redes sociais, ( 1 ) democratizando a produção de
conteúdos. ( 2 ) Mesmo com a grande diversidade de conteúdos no mundo virtual, o usuário
não consegue acessa-lo ( 3 ) por completo, por conta da interpretação de dados ( 4 ) feita
pelos servidores, que acaba guiando ( 5 ) a formação da personalidade do indivíduo.

( 1 ) O verbo “surgir” refere-se tanto à internet quanto às redes sociais. Portanto, o correto seria
“surgem a internet e as redes sociais, democratizando (...)”.
( 2 ) Um conectivo de contraste teria sido importante para orientar a progressão temática. Sem um
“no entanto”, é um pouco mais difícil entender a relação entre a frase seguinte e a anterior.
Conectivos bem inseridos contribuem para a nota da competência 4.
( 3 ) Faltou acento agudo em “acessá-lo”.
( 4 ) Mesmo comentário que já fiz em algumas redações anteriores: a “interpretação de dados” em si não
tem cunho negativo. É uma expressão neutra. Portanto, para reforçar o caráter dissertativo (e elabo-
rar uma tese forte), sugiro adjetivar essas expressões neutras com termos de posicionamento claro.
( 5 ) Novamente, o termo “guiar a formação da personalidade” não é intrinsecamente ruim. Conse-
lhos de mãe também guiam a formação da personalidade, e quase sempre são bons (ênfase
para o QUASE). Adjetivos negativos para caracterizar o fenômeno teriam tornado a tese mais
forte, diminuindo as chances de perder ponto na competência 3.

Umberto Mannarino | 69
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Comentário
sobre a
Introdução

Uma introdução boa, contextualizando a problemática com uma menção à mídia tradicio-
nal para só então falar da internet e das redes sociais. Essa foi a estratégia argumentativa
da estudante, e encaixou super bem. Perceba que, apesar de falar de mídia tradicional, ela
não se limitou a isso! Se não tivesse mencionado a internet, a nota na competência 3 teria
sido menor, porque parte do tema é justamente o controle de dados na internet.
Quanto ao uso de termos “dissertativos”, eu sempre sugiro usá-los para reforçar o seu posicionamento.
Eu recomendo ao menos dois por parágrafo, para deixar bem claro ao corretor que você entende a di-
mensão do problema. Períodos muito “vagos” e expositivos podem prejudicar a nota da competência 3.

Desenvolvimento 1
Primeiramente, é preciso compreender que o comportamento humano é baseado em es-
tímulos e que a internet é um meio de recebê-los. ( 1 ) Dados do IBGE apontam que mais
de 80% dos jovens brasileiros são usuários da internet e, sabendo que o cérebro humano
só completa sua formação por volta dos 24 anos de idade ( 2 ), vê-se que tamanha é a
influência dos conteúdos consumidos virtualmente pelos jovens para sua formação. Logo,
se o contato com estes estímulos ( 3 ) for reduzido, o internalta ( 4 ) acaba se relacionando
sempre com a mesma bolha social, não encontrando opiniões divergentes as suas ( 5 , 6 ).

( 1 ) Para amarrar a ideia introdutória ao restante do parágrafo, teria sido interessante um conecti-
vo. “A esse respeito, (...)” funcionaria bem, por exemplo.
( 2 ) Repertório científico pertinente à argumentação. Você pode usar quaisquer áreas do conhecimen-
to, desde que pertinentes. Aqui, a estudante quis falar de Biologia. Pontos para a competência 2.
( 3 ) O correto é “esses estímulos”, pois remete a algo já mencionado anteriormente.
( 4 ) O correto é “internauta”.
( 5 ) O correto é “divergentes das suas”, não “as”/“às” suas.
(*6 ) Eu precisei ler esse trecho algumas vezes para entender que o contato “reduzido” com os estímulos
se referia à filtragem de dados na internet, que limitam o que os internautas veem e acessam. Isso
porque o termo “reduzido” dá a entender outra coisa: que o acesso como um todo está sendo redu-
zido. Mas não é o acesso à internet que é reduzido, e sim o número de informações a que os usuários
são expostos. Sugiro substituir o trecho por outra construção a fim de evitar esse mal-entendido.

Comentário
sobre o D1

Sinto que o parágrafo ficou um pouco expositivo demais. O único trecho relativamente “dis-
sertativo” é a última linha: “não encontrando opiniões divergentes”. Mas por que isso é ruim?
Por que é ruim não encontrar opiniões divergentes? Por mais claro que esteja na sua cabeça,
sempre escreva considerando que o corretor é o cara mais perdido do mundo. E expor o pro-
blema como se ele simplesmente fosse um fenômeno qualquer pode tirar pontos da com-
petência 3 por não deixar claro que é um problema. Para a nota máxima nessa competência,
não tenha medo de colocar o dedo na ferida! É um problema, sim, porque está provocando
__, __ e __. Se necessário, use adjetivos com posicionamento claro para fortalecer isso.
A menção pertinente a duas áreas do conhecimento (pesquisa do IBGE e dados de Biolo-
gia) ajudou na nota da competência 2.

70 | Onde Já Se 1000
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Desenvolvimento 2
Por outro lado ( 1 ), as empresas responsáveis pelas plataformas digitais temem apresentar te-
mas diferentes à determinado usuário ( 2 ), pois seu lucro depende da permanência do mesmo
( 3 ) em seu serviço. Surge, então, a relação entre interesses comerciais e produtos oferecidos.
( 4 ) É sabido que as pessoas só consomem o que lhes agrada, dessa forma, seguindo a lógica
de produção Toyotista ( 5 ), os servidores só oferecem um determinado ponto de vista, base-
ado no histórico de acessos do consumidor. Dessa forma ( 6 ) as empresas contribuem com
a oferta limitada de estímulos, e, consequentemente, com a manipulação de comportamento.

( 1 ) Excelente começar o desenvolvimento com um conectivo para “costurar” melhor os parágra-


fos entre si. Pontos para a competência 4.
( 2 ) Sem crase em “a determinado usuário”. Nunca vai haver crase com substantivo masculino.
( 3 ) Não se usa “o mesmo” como elemento de retomada. É uma prática muito comum, e não chega
a ser motivo para tirar ponto, mas não deixa de ser errado.
( 4 ) Aqui teria sido interessante mais um conectivo para ligar os períodos. Lembrando que conec-
tivos não são obrigatórios em cada início de frase, mas em momentos-chave como esse eles
são cruciais para que o leitor não se perca.
( 5 ) Do que se trata a produção toyotista? A estudante poderia ter dedicado um pequeno espaço do
texto para explicar a pertinência da menção. A nota na competência 2 foi máxima, mas fica o meu
alerta: não dê chance ao azar!! Por mais padronizada que seja a correção do ENEM, os corretores
ainda são humanos. Portanto, para evitar qualquer questionamento por parte deles, sempre expli-
que minimamente do que se trata a sua menção e por que ela se relaciona com o tema.
( 6 ) Vírgula após “Dessa forma”.

Comentário
sobre o D2

A expressão “oferta limitada de estímulos” traduz bem melhor a filtragem de dados do que
o “contato reduzido com estímulos” do parágrafo anterior. Perceba que a escolha de pala-
vras é crucial para transmitir a ideia sem ambiguidades. Aqui ela ficou bem mais clara. Além
disso, o parágrafo desenvolve bem a tese de que o acesso restrito à informação na internet
compromete a formação de personalidade do indivíduo. Todos os trechos demonstram que
a estudante seguiu um projeto de texto, o que é importante para a competência 3.
Gostei da frase “Surge a relação entre interesses comerciais e produtos oferecidos”. Ela sin-
tetiza bem a ideia do parágrafo! Quanto mais no início do parágrafo estiver uma frase de
síntese do tipo (talvez como tópico frasal, ou até mesmo como nesse caso, na terceira linha),
mais intuitiva vai ser a leitura, porque demonstra um projeto de texto bem planejado.

Conclusão
Portanto, assim como indicado pela terceira lei de Newton ( 1 ), para que hajam ( 2 ) mu-
danças na atual situação ( 3 ), medidas são necessárias. Cabe ao poder legislativo ( 4 )
aprimorar a lei Marco Civil da Internet, garantindo que o internalta ( 5 ) tenha contato com
conteúdos que não se baseiam apenas em seu histórico. As empresas ( 6 ), por sua vez, de-
vem, em parceria com as instituições de ensino superior, investir em pesquisa e desenvol-
vimento para melhorar e tornar mais ampla a seleção de conteúdos feitas por seus algorí-
timos ( 7 ), para que nem consumidores nem servidores saiam prejudicados nessa relação.

Umberto Mannarino | 71
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( 1 ) A menção à terceira lei de Newton só faria sentido se a estudante explicasse do que ela se tra-
ta. Da forma que está, ela não é pertinente à argumentação, porque a lei da ação e reação não
tem relação alguma com a manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados
na internet. A 3ª lei de Newton só poderia ter usada como uma metáfora, e para uma metáfora
fazer sentido é necessário explicar minimamente do que se trata a lei. A estudante não perdeu
ponto da competência 2 porque ao longo do texto ela fez outras alusões mais pertinentes, mas
essa menção está simplesmente equivocada.
( 2 ) O correto é “haja”, no singular. Os verbos “ter” e “haver” não variam em número nesse tipo de
construção. Se o verbo escolhido fosse “existir”, aí sim iria para o plural.
( 3 ) De que “atual situação” a estudante está falando? Mesmo comentário que várias outras reda-
ções desta apostila.
( 4 ) “Poder Legislativo”, com iniciais maiúsculas.
( 5 ) O correto é “internauta”, com “u”.
( 6 ) Que empresas? Se não especificar, parece que são todas as empresas. E aí não faz sentido. O
tio da banquinha que vende bala a 50 centavos não deixa de ser uma empresa de uma pessoa
só, mas não tem relação com a manipulação do comportamento do usuário pelo controle de
dados na internet. Então, como eu já disse em outras redações, é melhor pecar pelo excesso
do que pela falta. Se o termo pede alguma especificação, não deixe de colocar.
( 7 ) O correto é “algoritmos”, não “algorítimos”.

Comentário
sobre a
Conclusão

O Poder Legislativo (quem) deve aprimorar o Marco Civil da Internet (o quê), garantindo
que o internauta tenha contato com conteúdos mais variados (a depender da leitura, dá
para interpretar isso tanto como o “como” quanto como o “para quê”).
Foi como eu disse em uma redação anterior: o gerúndio em frases grandes torna-as abstratas e
possivelmente ambíguas. Esse último elemento pode ser tanto uma coisa quanto outra, pois a es-
tudante não usou conectivos próprios de “como” (“por meio de”) nem de “para quê” (“a fim de”).
Mas enfim, voltando:
Ademais, as empresas e as instituições de ensino superior (quem) devem investir em P&D
para melhorar e ampliar a seleção de conteúdos (o quê), para que nem consumidores nem
servidores (...) (para quê).
Mas agora um comentário antes de passarmos para a nota: se você leu essa análise da
conclusão com calma, você provavelmente discordou de alguma coisa que eu falei. Certo?
Se não notou nada estranho, eu explico: em ambas as propostas de intervenção, eu apontei
apenas 3 respostas: [quem + o quê + ?] na primeira e [quem + o quê + para quê] na segun-
da. Então por que a estudante tirou 140, e não 120? Bem... por isso eu disse que talvez você
tenha estranhado a minha correção. Como a estudante não usou conectivos específicos
para cada uma das respostas, alguns trechos podem ser interpretados tanto como a pró-
pria resposta quanto como o detalhamento. Por exemplo, este trecho:
“investir em pesquisa e desenvolvimento para melhorar e tornar mais ampla a seleção de
conteúdos feitas por seus algoritmos”
Na minha leitura, isso foi apenas o “o quê”, pois só “investir em P&D” é vago demais para
ser um “o quê” por si só. No entanto, outra pessoa que leia pode interpretar o “investir em
P&D” como o “o quê” e o restante da frase como o detalhamento desse “o quê”. Lendo
dessa segunda maneira, a conclusão teve 4 das 5 perguntas respondidas (faltando só o
“como” da 1ª), e a estudante tiraria 160.

72 | Onde Já Se 1000
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Como ela tirou 140, isso significa que um corretor entendeu que ela respondeu apenas 3 (dando
nota 120) e outro entendeu como ela respondendo 4 (dando nota 160). A média foi 140. Então
fica a dica para evitar desencontros entre os corretores: use termos mais específicos na propos-
ta de intervenção para que não haja essas ambiguidades. E, se você quer que algum trecho seja
interpretado indubitavelmente como detalhamento, escreva detalhado de verdade!

Comentários Gerais:
Uma ótima redação! Infelizmente, perdeu 140 pontos por causa de pequenos deslizes, e
fica a dica para você que vai fazer o ENEM 2019: são as pequenas coisas que tiram nota no
ENEM! 40 pontos em cada competência dão 200 pontos perdidos na redação (o que resul-
ta em 40 pontos de média se Redação tiver peso 1 no curso que você quer). É muita coisa!!
Os poucos erros de português foram suficientes para ambos os corretores tirarem ponto
da competência 1. Errinhos de acentuação e palavras erradas (“internalta” e “algorítimo”)
prejudicaram a nota.
Na competência 2, a estudante demonstrou plena compreensão do tema e bom uso de
repertório sociocultural. No entanto, apesar da nota máxima, fica meu alerta: se não for
para explicar do que se trata o repertório sociocultural (como no caso da lei de Newton),
é melhor não usar!
Na competência 3, os parágrafos com poucos termos verdadeiramente dissertativos po-
dem ter sido a causa de um dos corretores não dar nota máxima. Fora isso, os parágrafos
estão bem amarrados, contribuindo para um bom projeto de texto.
A ausência de alguns conectivos em momentos-chave pode ter sido a causa de perder
ponto na competência 4. É importante que o corretor não precise voltar no texto para ler
mais de uma vez os trechos, e os conectivos são imprescindíveis para promover o encade-
amento lógico entre os períodos.
Na competência 5, fica o questionamento que eu levantei na seção anterior: para não dar
margem a dúvidas de que se trata de detalhamento, escreva-o de fato bem detalhado,
além de inserir as respostas ao “como” e ao “para quê” com elementos menos genéricos.

Umberto Mannarino | 73
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Lucas Notas:
C1: 160
C2: 200
C3: 140
C4: 160
C5: 160

820

Análise por parágrafos:

Introdução
A questão da manipulação do comportamento das pessoas através da influência midiática
não é uma invenção atual, ( 1 ) na Era Vargas ela já existia. Quando Getúlio Vargas percebeu
que para governar com mais facilidade necessitaria de um apoio popular, ele criou o DIP (De-
partamento de Imprensa e Propaganda), o qual delimitava as informações dispostas à popula-
ção, visando a mídia como uma oportunidade para conquistar a aceitação pessoal ( 2 ). Atual-
mente, porém, o perigo desse controle é ainda maior ( 3 ), já que com a criação da internet os
impactos dessa restrição de informações vêm crescendo cada vez mais na chamada “Era da
Informação” ( 4 ), sendo necessário políticas públicas de combate a este ( 5 ) impasse social.

( 1 ) Nesse caso, use ponto final. Para evitar a dúvida entre usar vírgula ou ponto final, faça o se-
guinte: leia a frase mentalmente como se você estivesse lendo em voz alta. A vírgula vai ser
uma pausa muito breve, feita para você continuar lendo tudo “no mesmo fôlego”. O ponto final
encerra a frase, então vai ser uma pausa mais longa. No caso desse trecho, o leitor faz uma
longa pausa após “invenção atual”, porque é aí que a frase acaba. Então o uso de vírgula está
inadequado. O ideal é um ponto final, mas o ponto e vírgula também estaria certo.
( 2 ) Aceitação pessoal de quem? A informação ficou vaga devido à ausência de um elemento de
retomada. Como a aceitação se refere a Vargas, um “sua aceitação” já teria resolvido.
( 3 ) Ótimo! Já desde o começo da redação usando termos com posicionamento claro. “O perigo é
ainda maior” mostra que o estudante entende que o tema da redação é de fato um problema
a ser resolvido.
( 4 ) A expressão “na chamada ‘Era da Informação’” não acrescenta informações novas. Mesmo sen-

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do um conceito teórico interessante para enriquecer o repertório sociocultural (e consequen-


temente a competência 2), a forma como a Era da Informação foi inserida tornou-a apenas um
“enfeite”, já que não ficou claro o motivo da inserção. Além disso, repare que, se o estudante
tivesse simplesmente eliminado esse trecho e deixado para usar o repertório sociocultural
nos parágrafos seguintes, ele teria ganhado uma linha na redação. E uma linha inteira é um
grande diferencial para todas as competências, porque você tem mais espaço para justificar
a pertinência das alusões (C2), para se posicionar criticamente (C3), para inserir conectivos e
elementos de retomada (C4) e para responder as 5 perguntas na conclusão (C5).
( 5 ) O correto é “esse”, não “este”, pois está acompanhado do elemento de retomada “impasse
social” e se refere a algo mencionado anteriormente.

Comentário
sobre a
Introdução

Conforme eu lia essa introdução, pensava: “Caramba, que texto bom! Posicionamento
claro, bem detalhado... com certeza tirou 200 na competência 3”. Quando fui ver, essa
competência tinha sido a nota mais baixa. De início eu achei estranho, mas resolvi ler os
outros parágrafos para entender. E mais para frente fica claro por que o estudante per-
deu tantos pontos na competência 3. Mas os erros começam só do segundo parágrafo
em diante! A introdução está perfeita.

Desenvolvimento 1
Após a Segunda Guerra Mundial, foi criada a ONU, que possui documentos nos quais há
artigos falando ( 1 ) sobre direitos que devem ser respeitados ( 2 ), como, por exemplo, os
civis, intitulados pelo filósofo John Locke de Direitos Inalienáveis, por quais ( 3 ) a liber-
dade está inclusa. Porém, ao haver a manipulação de dados na internet e isso influenciar
no comportamento das pessoas ( 4 ), a ideia de liberdade é infringida ( 5 ) e um direito
humano abordado no século XVIII e instaurado em meados do século XX em diversos
países ( 6 ) é desrespeitado.

(*1 ) “falando” é um termo muito coloquial para uma redação do ENEM. Esse tipo de vocabulário é
“pobre” para uma dissertação.
( 2 ) O estudante usou uma linha inteira para escrever que a ONU defende os direitos humanos.
Junto com outros “erros” semelhantes nesse e nos outros parágrafos, ele acabou perdendo
muito tempo para explicar coisas desnecessárias, o que resultou em pouco espaço para ela-
borar o que realmente importava. Ao invés dessa construção enorme, bastava um simples “(...)
a ONU, defensora incondicional dos direitos humanos, (...)”. Esse tipo de flexibilidade você
adquire com mais leitura, pois enriquece o seu vocabulário.
( 3 ) O correto é “entre os quais”, não “por quais”.
( 4 ) A informação que realmente deveria importar no parágrafo foi deixada de lado: como é feita a
influência do comportamento das pessoas? O estudante passou direto por isso. Não fica claro
o detalhamento da problemática porque ele usou muitas linhas para explicar algo que poderia
ter sido sintetizado em poucas palavras.
( 5 ) Mais uma vez informações incompletas: quem infringe a ideia de liberdade? E como se dá essa
infração? O estudante não fala.
( 6 ) Todo o trecho “direito humano abordado (...) em diversos países” se refere a um único termo:
“liberdade”. O estudante perdeu uma linha inteira para falar isso. Ele deu valor demais ao de-
talhamento de informações secundárias, o que prejudicou as primárias.

Umberto Mannarino | 75
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Comentário
sobre o D1

A partir daqui já vai ficando claro o motivo de o estudante ter perdido tantos pontos na
competência 3. Por se tratar de projeto de texto, essa competência tira ponto quando
parece faltar informação no parágrafo. E o que mais tem aqui é informação incompleta:
a “influência do comportamento” e a “infração da liberdade” não foram explicadas sa-
tisfatoriamente, então o parágrafo como um todo deixa a desejar a esse respeito.
Quanto à competência 2, a menção pertinente a John Locke e à ONU contribuiu para a
nota máxima.

Desenvolvimento 2
Segundo Immanuel Kant, filósofo alemão, a eticidade de algo é dada através de uma
lei moral, chamada por ele de Imperativo Categórico, que diz: “Age de modo que a
máxima (princípio subjetivo da tua vontade) possa valer para uma legislação uni-
versal”, ou seja, para verificar se há ética ou não em uma ação, deve-se pensar em
todos praticando tal ação, caso traga benefícios à sociedade, a ação é ética, caso
não traga ( 1 ), a ação é anti-ética ( 2 ) e deve ser extinta ( 3 ). Portanto, visto que
há diversos impactos sociais ( 4 ) com essa manipulação comportamental através
de dados da internet, isso é um exemplo de ação, que ( 5 ) segundo Kant, deve ser
exterminada da sociedade contemporânea.

(*1 ) Ao invés de repetir “traga”, poderia ter dito “caso contrário (...)”.
( 2 ) O correto é “antiética”, junto e sem hífen.
( 3 ) Se você leu o parágrafo anterior com atenção, já sabe o que eu vou falar aqui. O estudante
dedicou 6 linhas para explicar o imperativo categórico de Kant e apenas 2 para o restante
do parágrafo. Está certo que você precisa explicar um pouco para garantir nota máxima na
competência 2, mas 6 linhas já é demais! Repare que o estudante poderia ter eliminado todo o
trecho “que diz: (...) caso traga” (3 linhas) e escrito simplesmente: “(...) Imperativo Catégorico,
o qual postula que, se uma ação traz benefícios à sociedade, ela é ética, (...)”.
( 4 ) 6 linhas para explicar o Imperativo Categórico e nem uma linha para explicar que “diversos
impactos sociais” são esses. Houve uma inversão de valores muito grande nessa redação, e
eu falo isso não em tom de crítica, mas de alerta!! O mais importante de qualquer parágrafo
será sua relação com a tese – e, em última instância, com o tema. O repertório sociocultural
da competência 2 serve como coadjuvante para defender seu ponto de vista, não como o
assunto principal do parágrafo.
( 5 ) A vírgula está no lugar errado. O correto seria “(...) ação que, segundo Kant, (...)”

Comentário
sobre o D2

Já fiz basicamente os comentários na própria seção anterior. Vale destacar o bom uso
de conectivos e elementos de retomada (“Portanto” e “isso”), o que contribuiu para a
nota da competência 4.

76 | Onde Já Se 1000
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Conclusão
Sendo assim, medidas são necessárias para resolver o impasse. Uma maneira para ame-
nizar-se ( 1 ) esse problema seria ( 2 ) com a criação de um projeto chamado “Free Net”,
no qual o Estado em parceria com a OAB ( 3 ) coordenaria uma rígida fiscalização em
todas as empresas ligadas à transmissão de informações e marketing empresarial com
o objetivo de flagar ( 4 ) os praticantes desse delito ( 5 ) e através de uma nova emenda
constitucional aumentar o tempo de prisão a estas ( 6 ) pessoas a fim de que se crie um
maior respeito à população, deixando de existir uma influência midiática tão forte para
que caminhe a uma justiça maior o Brasil ( 7 ).

(*1 ) Fica de novo a sugestão de não usar voz passiva. “Amenizar-se” é “ser amenizado”. Me-
lhor teria sido só “amenizar”, na voz ativa.
( 2 ) Cuidado com verbos no futuro do pretérito na conclusão. É melhor usar verbos em um
tempo mais forte para exprimir certeza do que você está falando. Prefira o presente ou o
futuro do presente para passar essa impressão de certeza.
( 3 ) “em parceria com a OAB” deveria vir isolado entre vírgulas.
( 4 ) Faltou um “r” em “flagrar”.
( 5 ) Como no início da conclusão o estudante não retomou o “delito” ao que o texto está se refe-
rindo (manipulação do comportamento pelo controle de dados), a redação aqui ficou vaga,
confusa. Isso pode ter sido uma das causas de o estudante perder ponto na competência 4.
( 6 ) O correto é “essas pessoas”, não “estas pessoas”.
( 7 ) A ordem inversa deixou a frase extremamente confusa: por que “para que caminhe a uma
justiça maior o Brasil”? Por que não o bom e velho “para que o Brasil caminhe rumo a
uma justiça maior”?

Comentário
sobre a
Conclusão

Antes de ir para a análise das 5 perguntas, repare uma coisa: a proposta de intervenção in-
teira é uma frase só. A partir de “Uma maneira (...)”, não há um único ponto final. Isso pode
ter prejudicado a nota da competência 4, que exige frases fluidas e bem amarradas entre
si. Uma única frase gigante, sem conectivos, pode fazer o corretor se perder na leitura. E
isso já é motivo para perder ponto na competência 4.
Agora, sim, vamos à análise:
Deve-se criar o “Free Net” (que, apesar de ser um nome top, ainda não é uma resposta
concreta para nada), em que Estado e OAB (quem) vão coordenar uma fiscalização a fim
de flagrar os praticantes desse delito (o quê) e, por meio de uma nova emenda constitu-
cional, aumentar o tempo de prisão (como). Agindo assim, deixará de existir uma influência
midiática tão forte, etc. (para quê).
Pela nota, percebe-se que nenhum dos corretores conseguiu encontrar o detalhamen-
to dessa proposta. Por causa disso, o estudante tirou 160 de 200 (4 de 5 perguntas
respondidas).
(Repare que não é porque começa com “para” que isso necessariamente se torna uma res-
posta aceitável ao “para quê”. “para flagrar os praticantes desse delito” é só um trecho do
“o quê”, enquanto o verdadeiro “para quê” está na última frase do parágrafo).

Umberto Mannarino | 77
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Comentários Gerais:
O principal comentário sobre essa redação é a inversão de valores dos parágrafos de de-
senvolvimentos. Embora a introdução esteja impecável, o espaço excessivo que o estudan-
te destinou para explicar informações secundárias nos desenvolvimentos prejudicou imen-
samente o desempenho na competência 3, porque em ambos os parágrafos faltaram as
informações mais importantes: a manipulação do comportamento e o controle de dados.
Quanto à competência 1, na minha opinião não houve erros suficientes para o estudante
ter perdido 40 pontos. Ele escreveu “anti-ética” e “flagar”, e errou uma vírgula, mas isso
não deveria ser motivo para o 160. O que fica de lição para nós que vamos fazer o ENEM
2019 é que palavras erradas podem tirar muito ponto. Então redobre a atenção em relação
a isso. Ademais, repare que na linha 7 o estudante começa com uma vírgula vinda de lugar
nenhum, surgida das profundezas de sabe-se lá onde. Sinais de pontuação precisam vir
acompanhados de uma palavra, então essa vírgula aí está estranha.
A nota na competência 2 foi máxima, com explicações pertinentes de por que o estudante
mencionou o repertório sociocultural (Vargas, ONU e Kant). No entanto, o espaço exagera-
do para elaborar e explicação prejudicou a nota da competência 3, que precisaria de mais
espaço para fazer sentido.
Duas coisas me chamam a atenção em relação à competência 4: a ausência de conecti-
vos no início dos parágrafos de desenvolvimento (“Antes de mais nada” e “Ademais”, por
exemplo) e a proposta de intervenção contida em uma única frase sem conectivos ou ele-
mentos de retomada. Esses detalhes são as prováveis causas da nota 160.
Na competência 5, não houve uma resposta satisfatória para o detalhamento, então a nota
foi 160 de 200.

78 | Onde Já Se 1000
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Taline Notas:
C1: 180
C2: 120
C3: 160
C4: 160
C5: 180

800

Análise por parágrafos:

Introdução
Relativo a ( 1 ) manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na in-
ternet, é possível observar que os internautas estão cada vez mais restritos ( 2 ) sobre o
que devem acessar nesse meio, sendo assim influenciados ( 3 ) nas suas próprias escolhas.
Isso se deve a ( 4 ) falta de conhecimento dos usuários das restrições as ( 5 ) quais são
sujeitos em consonância ( 6 ) com o crescimento exarcebado ( 7 ) da internet.

( 1 ) Acento grave para indicar crase: “Relativo à manipulação (...)”.


( 2 ) Se os internautas estão restritos a algo, é porque tem alguém restringindo. Como a estudante
não mencionou o agente que provoca a restrição, a informação ficou vaga.
( 3 ) Novamente uma informação vaga: os internautas são influenciados, mas quem é o influen-
ciador? Empresas? Algoritmos? Inteligência artificial? Não fica claro, e isso faz a tese perder
sua força. Como a tese é a “cabeça” de toda a argumentação, isso prejudica a organização do
texto, e, consequentemente, a competência 3.
( 4 ) Acento grave para indiciar crase: “Isso se deve à falta de conhecimento (...)”.
( 5 ) Acento grave para indicar crase: “restrições às quais são sujeitos”
( 6 ) Há uma ambiguidade nessa construção. O que está “em consonância com o crescimento exa-
cerbado da internet?” Depois de ler algumas vezes, fica claro que a estudante está pincelando
os dois argumentos do desenvolvimento: falta de conhecimento e crescimento exacerbado
da internet. No entanto, do jeito que a frase foi escrita, o “em consonância com (...)” pode se
referir tanto à falta de conhecimento quanto às restrições a que os usuários são sujeitos. E
essa segunda ideia não faz sentido. Ambiguidades (mesmo que sem sentido), tiram ponto da
competência 4 se forem recorrentes.
( 7 ) O correto é “exacerbado”, não “exarcebado”.

Umberto Mannarino | 79
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Comentário
sobre a
Introdução

A recorrência de erros de grafia (palavras erradas e crase) prejudicou a nota da competência 1.


Quanto à organização do texto, faltou uma tese mais concreta para orientar de forma sa-
tisfatória o restante dos parágrafos. No entanto, um ponto positivo foi que a estudante já
pincelou na introdução o que será abordado nos parágrafos seguintes. Houve uma peque-
na ambiguidade que prejudicou a fluidez da leitura, mas, deixando esse deslize de lado,
essa organização é positiva para a competência 3.

Desenvolvimento 1
Hodiernamente, é possível observar que parte dos internáutas ( 1 ) não retém a infor-
mação de que o sistema de algorítimos ( 2 ) seleciona notícias de acordo com o que
acham ( 3 ) ser relevante para cada indivíduo. Isso acarreta diversos problemas, dentre
os quais é ( 4 ) a falta de liberdade para acessar e ter ( 5 ) informações de qualquer que
seja o assunto, sendo esse considerado de seu ( 6 ) interesse ou não. Além disso, existe
a fácil manipulação capaz de mudar o comportamento sobre o assunto ( 7 ).

( 1 ) O correto é “internautas”, sem acento agudo.


( 2 ) O correto é “algoritmos”, não “algorítimos”.
( 3 ) Quem “acham”? A estudante mencionou o “sistema de algoritmos” antes, então deveria ser
“de acordo com o que este/ele acha”, no singular.
( 4 ) O verbo “é” está sobrando nessa construção. Melhor teria sido “diversos problemas, dentre os
quais a falta de liberdade para (...)”.
( 5 ) A expressão “e ter” também está sobrando. “Acessar informações” já cumpre o papel, além de
deixar a leitura mais “limpa”.
( 6 ) Como já dito em correções anteriores, muito cuidado com o uso de “seu”, “sua”, “seus” e “suas”!! O
que acontece nesse trecho é a dificuldade para saber a quem o “seu” interesse se refere. Depois de
voltar e ler o parágrafo de novo, fica evidente que se trata do “indivíduo”, mas em tese não é para o
corretor precisar voltar no texto para entender!! Você deve usar elementos de retomada menos am-
bíguos para promover o encadeamento lógico de ideias. Sem isso, a competência 4 está prejudicada.
( 7 ) A última frase inseriu uma informação completamente nova, o que deixou o parágrafo totalmente “de-
sequilibrado”. Parece que falta alguma coisa, porque a “fácil manipulação (...)” foi mencionada muito
por alto. Se a redação passa a ideia de que falta informação, isso prejudica a competência de projeto
de texto (competência 3). Então fica a sugestão: use a última frase do parágrafo para sintetizar o que
já foi dito, não inserir informação nova. Se não for para explicar bem um conceito, nem o mencione.

Comentário
sobre o D1

Cuidado com a ambiguidade!! Prefira elementos de retomada mais concretos, porque se-
não você corre o risco de perder ponto na competência 4.
Em relação à competência 3, o uso do termo dissertativo “problemas” demonstra que a estudante
entende a dimensão negativa do fenômeno em questão, mas a informação “solta” no fim do pa-
rágrafo passou a impressão de que ela não colocou no papel tudo que tinha planejado escrever.

80 | Onde Já Se 1000
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Desenvolvimento 2
Además ( 1 ), a internet cresceu bastante nos últimos tempos e já faz parte do cotidiano de
grande parte da população. ( 2 ) De acordo com o IBGE ( 3 , 4 ) apenas 15,3% das pessoas
não utilizam o meio de comicação ( 5 ) no Brasil. Isso demonstra que grande percentual
está propensa a ser influenciada ( 6 ) através dos seus bancos de dados ( 7 ).

( 1 ) O correto é “Ademais”, não “Además”


( 2 ) Teria sido interessante inserir um conectivo para relacionar a frase inicial com o porquê de es-
tar mencionando a pesquisa o IBGE. “A esse respeito, (...)”, talvez.
( 3 ) Vírgula obrigatória após “IBGE”.
( 4 ) Alguns estudantes escrevem “Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística”. Mas não é neces-
sário! Um simples “IBGE” já resolve, e te poupa linhas para argumentação de verdade. Repare
que a redação da estudante teve apenas 25 linhas, então teria sido possível argumentar bem
mais do que ela realmente argumentou.
( 5 ) O correto é “comunicação”, não “comicação”.
( 6 ) Se é “percentual”, no masculino, ele está “propenso” e “influenciado”.
( 7 ) A argumentação não está consistente. Só porque muita gente acessa a internet, isso não significa que
muita gente está propensa a ser influenciada por ela. Como a conclusão que a estudante tirou dos dados
do IBGE está equivocada, isso torna o repertório sociocultural não pertinente à argumentação. Por isso a
importância da palavra “pertinente”: é necessário que os dados usados sejam a base dos argumentos –
e, se as conclusões que você tirar dos dados for errada, a pertinência da menção também vai ser.

Comentário
sobre o D2

Esse foi um parágrafo muito pequeno, então acabou faltando informação. A ideia era que
muita gente no Brasil tem acesso à internet, o que “comprova” que as pessoas estão pro-
pensas à manipulação. A ideia até faz sentido, mas, do jeito que foi escrita, essa conclusão
está simplesmente equivocada. Uma coisa não leva à outra (ao menos não de uma maneira
tão reducionista assim) A estudante poderia ter elaborado melhor o argumento para ligar
esses dois pontos de maneira mais convincente e evitar perder pontos na competência 2.
Além disso, não fica claro nesse parágrafo por que a manipulação é um problema. A au-
sência de termos dissertativos tornou o texto expositivo, prejudicando a competência 3.

Conclusão
Torna-se evidente, portanto, que há entraves para que a população não tenha mais restri-
ções nesse meio comunicativo. ( 1 ) É dever da mídia ( 2 ) com seu poder de persuasão,
através de panfletos e textos publicitários, divulgavar ( 3 ) a importância do conhecimento
sobre os sistemas de algorítimos ( 4 ), para que a sociedade não seja mais manipulada na
internet. Assim, todos poderão ter controle sobre sua liberdade de acesso.

( 1 ) Teria sido interessante um elemento para conectar as ideias. “Para solucionar esse impasse”, talvez.
( 2 ) Vírgula obrigatória para isolar “com seu poder de persuasão”.
( 3 ) O correto é “divulgar”, não “divulgavar”.
( 4 ) O correto é “algoritmos”, não “algorítimos”.

Umberto Mannarino | 81
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Comentário
sobre a
Conclusão

A mídia (quem), com seu poder de persuasão (detalhamento do quem), por meio de publi-
cidade (como), deve divulgar a importância do conhecimento sobre os algoritmos (o quê),
para que a sociedade não seja mais manipulada e todos tenham controle sobre a liberdade
de acesso (para quê).
Repare que a estudante respondeu todas as 5 perguntas. Mas por que então tirou 180, e
não 200 na competência 5? Acredito que tenha sido porque o “quem” e o detalhamento
do “quem” ficaram genéricos demais. “A mídia” não é um agente tão específico, e “com
seu poder de persuasão” não é um detalhamento tão detalhado assim. Para um exemplo
de detalhamento do agente realmente impecável, leia a segunda redação da ONDE JÁ SE
1000 (estudante Carim).

Comentários Gerais:
Ao longo da redação, a estudante cometeu alguns erros de português e de grafia que preju-
dicaram um pouco a nota da competência 1. No entanto, comparando com a redação ante-
rior (do estudante Lucas), é difícil entender por que esta tirou 180 e a outra tirou 160. A reda-
ção anterior praticamente não teve erros de português, e ainda assim perdeu mais pontos.
Por isso a competência 1 é considerada uma “roleta russa”. Por mais cuidado que você tenha,
é quase impossível saber se vai tirar 200 ou não, porque as correções podem ser muito dis-
crepantes entre os corretores. A lição que fica é: tome o máximo de cuidado para escrever
certo, mas não tem uma “fórmula secreta” para tirar a nota máxima nessa competência.
Em relação à competência 2, a estudante até demonstra domínio sobre o tema da manipu-
lação do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet. Contudo, houve
apenas uma menção a repertório sociocultural (dados do IBGE), e a conclusão que ela
tirou a partir dados estava equivocada. Logo, a ausência de repertórios pertinentes tirou
muitos pontos dessa competência.
Na competência 3, a tese vaga na introdução, a frase “solta” no fim de D1 e o D2 excessiva-
mente expositivo prejudicaram o projeto de texto como um todo.
A falta de conectivos em pontos chave, aliada a algumas frases ambíguas, prejudicou a
fluidez da leitura (competência 4).
Na competência 5, um dos corretores julgou que a proposta de intervenção não estava
completa o suficiente. Então fica o alerta: se for para detalhar, detalhe de verdade, sem
medo de ser feliz!

82 | Onde Já Se 1000
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John Wanderson Notas:


C1: 140
C2: 200
C3: 140
C4: 140
C5: 180

800

Análise por parágrafos:

Introdução
Em Vargas, a mídia controlada pelo governo ( 1 ) anunciava o possível “plano comunista”,
que influênciando ( 2 , 3 , 4 ) grande apoio popular, no ( 5 ) que gerou a implantação do regi-
me Estado Novo. Atualmente ( 6 ) a internet e grandes empresas compõe ( 7 ) o grupo ( 8 )
influenciadores que “impõe” ( 9 ) os assuntos relevantes ( 10 ), as melhores marcas e os me-
lhores produtos, que acabam influenciando grande parte dos usuários ( 11 ), principalmente
os que não tem ( 12 ) acesso a educação de qualidade e não possuem conhecimento crítico.

( 1 ) Inicial maiúscula em “Governo”.


( 2 ) Sem acento circunflexo em “influenciando”.
( 3 ) Não faz sentido a construção “influenciar apoio popular”. Melhor seria “provocar”, “despertar”
ou outros verbos do gênero.
( 4 ) A construção “que influenciando (...)” não pede o “o que” mais à frase. Se fôssemos manter a
escolha de palavras do estudante, o correto seria “que, influenciando grande apoio popular,
gerou a implantação (...)”. Sem esse “no que” para ligar as orações.
( 5 ) Caso a frase pedisse um conectivo, o correto seria “o que”, não “no que”.
( 6 ) Vírgula após “Atualmente”.
( 7 ) O correto seria “compõem”, no plural para concordar com o sujeito composto “a internet e
grandes empresas”.
( 8 ) O correto seria “grupo DE influenciadores”.
( 9 ) O correto seria “impõem”, no plural para concordar com “influenciadores”.

Umberto Mannarino | 83
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( 10 ) Para quem os influenciadores impõem os assuntos relevantes? Para a população? Se sim, es-
creva isso. Não deixe o complemento subentendido, porque a chance de provocar uma inter-
pretação equivocada é alta.
( 11 ) “Influenciando” em que sentido? É importante ser o mais concreto possível na sua tese, porque
é ela que vai orientar todo o restante do texto.
( 12 ) O correto é “têm”, no plural para concordar com “usuários”.

Comentário
sobre a
Introdução

O estudante fez uso de repertório sociocultural pertinente à argumentação, relacionando a mani-


pulação na Era Vargas com o fenômeno contemporâneo. Isso foi positivo para a competência 2.
No entanto, a pontuação da competência 3 foi prejudicada na medida em que ele não toca no as-
sunto do controle de dados, falando apenas da manipulação do comportamento do usuário pela
internet (e não pelo CONTROLE DE DADOS na internet). A falta de explicação de que tipo de “in-
fluência” o estudante está falando também atrapalhou a tese e o projeto de texto como um todo.

Desenvolvimento 1
( 1 ) Visto que a fascinação dos usuários da internet com seus produtos ( 2 ) é comparável a
( 3 ) fascinação dos índios brasileiros pelos produtos europeus, logo que ( 4 ) ambos estão
sendo manipulados, um exemplo dos extremos que pessoas manipuladas podem fazer para
garantir o melhor perfil ( 5 ) e se adequar ao mundo inovador da internet se ver ( 6 ) no filme
“Nerver” ( 7 ), onde ( 8 ) mostra o comportamento exagerado de pessoas alienadas ( 9 ).

( 1 ) Importante um conectivo entre a introdução e o desenvolvimento 1 para ligar a “cabeça” do


texto ao seu “corpo”. Para evitar qualquer problema com a competência 4, é bom usar conec-
tivos no início dos parágrafos. Apesar de não ser obrigatório usar em todos os parágrafos, é
uma prática que vai te poupar dor de cabeça com corretores chatos.
( 2 ) A quem o “seus” se refere? Está relativamente evidente que se refere à internet, mas também
poderia estar retomando os usuários. Seria interessante reformular a frase para “(...) a fascina-
ção dos usuários da internet com os produtos expostos no ambiente virtual (...)”. A ambiguida-
de, intencional ou não, pode prejudicar a competência 4. Ah, e mais uma coisa: não faz sentido
dizer “a internet e SEUS produtos”, porque os produtos não são DA internet. A internet é só
um espaço para as empresas exporem seus produtos.
( 3 ) Acento grave para indicar crase: “comparável à fascinação”.
( 4 ) O conectivo “logo que” não faz sentido. O correto seria “sendo que” ou “já que”.
( 5 ) Não dá para entender o que o estudante quer dizer com “melhor perfil”. Melhor perfil onde?
Em que circunstância? E “melhor” aos olhos de quem?
( 6 ) O correto seria “se vê”: “um exemplo disso se vê no filme (...)”.
( 7 ) O nome do filme é Nerve, não Nerver.
( 8 ) Não se usa o conectivo “onde” a não ser para locais físicos. Por se tratar de um filme, o correto
seria “que” ou “o qual”.
( 9 ) O estudante tirou 200 na competência 2, mas fica o meu alerta para uso de repertórios socio-
culturais da forma que ele fez: mencionar o filme sem explicar como a menção se relaciona
com o parágrafo pode ser considerado uma argumentação não produtiva. Para quem não viu
“Nerve”, não dá para entender como o “comportamento exagerado de pessoas alienadas” se
liga à temática, porque não sabemos sobre o que se trata o filme.

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Comentário
sobre o D1

O ponto que mais se sobressai nesse parágrafo é o fato de ele ser uma única frase. E é
impossível escrever uma ideia muito complexa “em uma tacada só”, porque não dá para
usar conectivos entre os períodos. Essa ausência de elementos coesivos prejudica a nota
da competência 4.
Em segunda análise, você pode perceber que o parágrafo está excessivamente expositivo.
O estudante até faz uso de alguns termos dissertativos (“exagerado” e “alienado”), mas
não deixa claro qual o problema por trás da manipulação. E daí que as pessoas querem se
adequar ao mundo inovador da internet? Teria sido interessante explorar um pouco mais
o ocorrido no filme, tanto para explicar melhor o problema (C3) quanto para a menção à
história de “Nerve” ficar mais encaixada no restante do parágrafo (C2).
Lembrando que o estudante tirou nota máxima na competência 2, mas fica o alerta: outras
redações da ONDE JÁ SE 1000 perderam ponto por menos.

Desenvolvimento 2
( 1 ) Por consequência da alienação, predominante em grande parte da população, a infor-
mação fornecida ( 2 ) se tornou duvidosa, as compras onlline ( 3 ) aumentaram conside-
ravelmente e grandes empresas como Google e Apple dominam o ranking das empresas
mais ricas do mundo ( 4 , 5 ), tudo isso sendo fruto da falta de senso crítico da população
para com produtos globalizados, ( 6 ) como já dizia Kant “o Homem não é nada além da-
quilo que a educação faz dele” ( 7 ).

( 1 ) Novamente, teria sido interessante um conectivo para ligar os parágrafos.


( 2 ) Informação fornecida para quem? A informação ficou incompleta.
( 3 ) O correto é “online”, com só 1 L e entre aspas por se tratar de termo estrangeiro.
( 4 ) Seria bom um ponto final após “do mundo” para fechar a frase e recomeçar com mais força.
Uma frase longa demais, como já conversamos antes, enfraquece os argumentos individuais e
barra a presença de um conectivo pertinente.
( 5 ) Qual o problema de Google e Apple dominarem o ranking? Até aqui, o estudante não explica con-
cretamente do que se trata o problema. Sugestão: uma das melhores formas de inserir sua autoria e
ao mesmo tempo tornar o parágrafo dissertativo é apresentar uma consequência negativa do fenô-
meno (a perda de individualidade na sociedade moderna ou algo do tipo). No caso desse parágrafo,
o estudante falou só das causas do fenômeno (a falta de senso crítico), e não das consequências ne-
gativas, o que deu a impressão de faltar uma peça chave na argumentação. Não deixar claro como o
problema se manifesta na sociedade é um dos motivos para perder ponto na competência 3.
( 6 ) Das duas, uma: ou coloca ponto final e inicia novamente com um conectivo, ou coloca um
“pois”/”sendo que” entre as orações. Continuar a frase do jeito que o estudante fez, sem co-
nectivos, soa estranho.
( 7 ) O estudante usa Kant para fazer menção à educação, mas a educação nunca foi o foco desse
parágrafo. O assunto real é a falta de senso crítico, e isso não necessariamente tem a ver com
educação. Muitas são as causas da falta de senso crítico, e, se o estudante quisesse se focar na
educação, o ideal seria mencioná-la no início do parágrafo, não no fim. Teria sido melhor para o
projeto de texto, já que na introdução foi mencionado que os usuários sem acesso à educação
são mais vulneráveis ao controle de comportamento. Fazer a menção no início do parágrafo
(talvez em um tópico frasal, por exemplo) deixaria claro logo de cara do que ele iria tratar, e
isso é importante para a organização de ideias e a competência 3.

Umberto Mannarino | 85
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Comentário
sobre o D2

De novo um parágrafo de uma frase só. A competência 4 sai bem prejudicada nesses ca-
sos, pois os elementos coesivos não são tão efetivos em frases longas demais.
Como o estudante não deixa claro qual o problema por trás do domínio das empresas de
tecnologia, faltou uma informação importante no parágrafo, o que prejudicou a competên-
cia 3. Lembre-se sempre de “colocar o dedo na ferida” e atacar o problema sem dó. (Só
não use palavrões, por favor, obrigado).

Conclusão
Dessa forma, deve aver ( 1 ) uma parceria entre Governo federal ( 2 ) e governos estaduais
e municipais para criar projeto de educação crítica, promovendo aulas extras de filosofia
e sociologia ( 3 ) nas escolas e criando debates ( 4 ) principalmente entre os jovens, ( 5 )
tudo isso com intuito de criar o pensamento duvidoso ( 6 ) em relação a ( 7 ) “liberdade”
promovida pela internet, logo investindo na razão para livrar as pessoas das correntes da
alienação e trazer o Sol a ( 8 ) caverna, como na “alegoria da caverna” de Platão, “derru-
bando” os algoritimos ( 9 , 10 ) da internet.

( 1 ) O correto é “haver”, com H.


( 2 ) Iniciais maiúsculas em “Governo Federal”.
( 3 ) Iniciais maiúsculas em “Filosofia” e “Sociologia”.
( 4 ) Vírgula para introduzir o “principalmente entre os jovens”.
( 5 ) Seria bom um ponto final para quebrar a frase e começar de novo. Para que o parágrafo não
seja uma frase só, é importante procurar alguns momentos chave para permitir ao leitor uma
breve “respirada mental”. O ponto entre a proposta de intervenção e a resposta ao “para quê”
é um espaço interessante para fazer essa quebra.
( 6 ) “pensamento duvidoso” soa estranho. Melhor seria “pensamento crítico”.
( 7 ) Acento grave para indicar crase: “em relação à ‘liberdade’”.
( 8 ) Acento grave para indicar crase: “trazer o Sol à caverna”.
( 9 ) O correto é “algoritmos”, sem o outro i.
( 10 ) Em momento algum do texto o estudante citou os algoritmos como causadores do problema, en-
tão mencioná-los na conclusão é no mínimo questionável. Inclusive, teria sido ótimo para o projeto
de texto fazer menção aos algoritmos logo na introdução, porque isso orientaria os parágrafos de
desenvolvimento e os deixaria mais concretos (os algoritmos seriam o “saco de pancada” da reda-
ção e não haveria risco de os parágrafos ficarem vagos ou excessivamente expositivos).

Comentário
sobre a
Conclusão

Se o estudante tirou 180 na competência 5, é porque um corretor deu nota 160 e outro
deu 200 (lembrando que não existe a opção de nota 180). Então por que essa diferença
de notas? Vamos analisar:

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Os governos federal + estadual + municipal (quem) devem criar projetos de educação


crítica (o quê), promovendo aulas extras e criando debates (como), a fim de desenvolver
pensamento crítico (para quê) e as paradas da caverna (detalhamento do para quê).
Segundo essa análise, o estudante teria tirado 200. No entanto, o que pode ter feito o
corretor chato dar nota 160 foi que o verbo no gerúndio “promovendo (...)” poderia estar
introduzindo tanto o “como” quanto o detalhamento do “o quê”. Percebe que as aulas e as
palestras poderiam ser o detalhamento do projeto de educação crítica? E, se interpretar-
mos desse jeito, teríamos 2 detalhamentos e nenhum “como”.
É claro que essa é uma interpretação bem maldosa, feita quase intencionalmente para ti-
rar ponto. Mas pode ter sido essa a causa do 180. Então fica a lição de não usar verbos no
gerúndio para ligar as respostas “quem”, ”o quê”, ”como” e ”para quê”. Prefira conectivos
concretos para evitar a ambiguidade na leitura. Não dê chance ao azar!
Outra possível causa do 160 por parte de um corretor foi o fato de a menção à alegoria da
caverna não ter sido considerada um detalhamento satisfatório. E, de fato, detalhar o “para
quê” é meio difícil. Não fica muito claro se de fato é um detalhamento ou se apenas uma
extensão da visão de futuro. E isso pode fazer um corretor chato achar que só tem 4 das 5
respostas exigidas para uma proposta de intervenção nota 200. Eu, particularmente, acho
muito mais fácil detalhar o “como” ou o “quem”, e é o que eu te sugiro de fazer.

Comentários Gerais:
O estudante comete bastantes erros de acentuação, vírgula e concordância, o que fez os
corretores tirarem uma boa quantidade de pontos na competência 1 (um deu 120, e o outro
deu 160, resultando na média 140).
O uso de repertório sociocultural foi produtivo para a argumentação (Vargas, processo
colonial brasileiro, o filme “Nerve” e Platão), o que contribuiu para a nota máxima na com-
petência 2. A menção à alegoria da caverna foi uma forma excelente de fechar a redação,
pois, além de contribuir para a competência 2, deu uma visão de futuro interessante. Mas
fica meu alerta para dedicar um mínimo de espaço para explicar o porquê das citações,
porque a menção ao filme em D1 ficou muito largada no parágrafo.
Na competência de autoria e projeto de texto (competência 3), o estudante perdeu pontos
por alguns motivos: a tese não abrange a problemática completa (falta a menção ao con-
trole de dados); existem informações vagas nos parágrafos de desenvolvimento; ele não
fez uso de elementos dissertativos em quantidade satisfatória. Sendo assim, fica recorren-
te a pergunta na mente do leitor: “Por que isso é um problema?” E isso é a pior coisa que
pode acontecer em uma dissertação do ENEM.
Os parágrafos de uma frase só não deram espaço para elementos coesivos (conectivos e
elementos de retomada), o que prejudicou seriamente a competência 4.
Na competência 5, as prováveis causas do 180 estão na seção anterior.

Umberto Mannarino | 87
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Daniela Notas:
C1: 140
C2: 180
C3: 140
C4: 160
C5: 160

780

Análise por parágrafos:

Introdução
Desde a Segunda Guerra Mundial, período no qual Alan Turing desenvolveu o primei-
ro computador ( 1 ) as evoluções tecnológicas vêm sido ( 2 ) perceptíveis no mundo
globalizado ( 3 ) que tem como característica primordial a internet ( 4 ), que atinge a
grande parte da população brasileira ( 5 ), trazendo consigo problemas, como a ma-
nipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet, ou seja
( 6 ) mecanismos digitais tem influênciado ( 7 , 8 ) as pessoas a fazerem escolhas que
nem sempre são as melhores ( 9 ).

( 1 ) Vírgula após “computador” para isolar o aposto “período no qual (...) computador”.
( 2 ) O correto é “vêm sendo” ou “têm sido”. “vêm sido” está errado.
( 3 ) Vírgula após “globalizado”, pois a oração adjetiva subsequente é explicativa, não restritiva.
(*4 ) A característica primordial do mundo globalizado não é a internet. A internet é apenas uma
característica de peso, mas dizer que ela é “primordial” é como dizer que a internet é a coisa
mais importante de todas do mundo globalizado. Cuidado com a escolha de palavras.
(*5 ) Dizer que a internet “atinge” a população brasileira dá a entender que a internet é algo ruim.
Melhor teria sido “alcança grande parte da população brasileira”.
( 6 ) Vírgula após “ou seja” para isolá-lo.
( 7 ) O correto seria “têm”, no plural para concordar com “mecanismos digitais”.
( 8 ) Sem acento circunflexo em “influenciado”.

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( 9 ) Que escolhas são as “melhores”? Esse trecho dá a entender que sem o controle de dados na internet
as pessoas seriam capazes de sempre fazer as melhores escolhas que existem. E a vida real não é
assim, é? Com ou sem manipulação pelo controle de dados na internet, o ser humano sempre vai
fazer besteira. Somos humanos, afinal de contas. Por exemplo, uma besteira muito grande que você
pode fazer é não se inscreve no meu canal do YouTube. Isso seria a maior besteira da face da Terra.

Comentário
sobre a
Introdução

Meu primeiro comentário é sobre a estrutura do parágrafo. Repare que ele é composto de apenas
uma só frase, e os únicos elementos escolhidos para ligar as informações foram verbos no gerún-
dio (“trazendo”) e “que”s. Como eu já disse em redações anteriores, essa é uma maneira frágil de
conectar as informações, ainda mais em uma frase muito grande. Então, para melhorar o desempe-
nho na competência 4, melhor seria inserir um ou dois pontos finais para induzir pausas na leitura,
a fim de o corretor processar melhor as ideias e entender de fato do que se trata a problemática.
Quanto à competência 2, foi interessante a menção a Alan Turing para ambientar o texto. E,
para a competência 3, a estudante poderia ter deixado mais claro de que “mecanismos digi-
tais” está falando, para já encadear de maneira mais concreta com os parágrafos seguintes.
Nessa introdução, apesar de meio dispersa, dá para ver uma tese que vai orientar os parágra-
fos seguintes: os mecanismos digitais influenciam as pessoas a tomarem decisões não plane-
jadas. E é sobre isso que vai ser o texto. Essa tese com posicionamento claro (pois fez uso de
termos não apenas expositivos) vai orientar todo o projeto, o que é bom para a competência 3.

Desenvolvimento 1
Esta ( 1 ) adversidade ( 2 ) que acabou se tornando perigosa, ( 3 ) oferece um enorme
risco as pessoas ( 4 ), visto que as mesmas ( 5 ) estão perdendo a liberdade de chegar a
mais propícia opção ( 6 , 7 ), porque cada vez que se insere uma informação pessoal ( 8 )
os programas ( 9 ) passam a disponibilizar aquilo que ele ( 10 ) acha coerente, e o público
que faz uso desse sistema perde sua própria vóz ativa ( 11 ).

( 1 ) Nesse caso, ao se referir a algo mencionado anteriormente, o correto é “essa”.


( 2 ) Vírgula após “adversidade”, pois a oração adjetiva a seguir é explicativa, não restritiva.
( 3 ) Como a estudante não colocou a vírgula após “adversidade”, essa vírgula após “perigosa” está
separando o sujeito “Essa adversidade que acabou se tornando perigosa” do predicado “oferece
(...)”. No entanto, se tivesse colocado corretamente a vírgula após “adversidade”, essa vírgula mar-
cada em (3) serve apenas para isolar a outra ponta da oração adjetiva; ou seja, seria obrigatória.
( 4 ) Acento grave para indicar crase: “risco às pessoas”.
( 5 ) Não se usa “o mesmo/a mesma/os mesmos/as mesmas” como elemento de retomada. O certo
seria “visto que elas estão perdendo (...)”
( 6 ) Acento grave para indicar crase: “Chegar à mais propícia opção”.
(*7 ) Novamente a ideia de existir sempre uma escolha “ideal” para as pessoas... mas isso não condiz
com a realidade.
( 8 ) Cada vez que se insere uma informação pessoal onde? Ficou abstrato, porque a estudante não
explicou um ponto chave do parágrafo.
( 9 ) Novamente uma informação genérica: de que “programas” ela está falando? Informações ge-
néricas demais tornam o texto fraco e passam a impressão de que falta coisa no parágrafo. Isso
pode prejudicar a nota da competência 3.

Umberto Mannarino | 89
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Aquilo que “ele” acha coerente... mas ele quem? Os programas? Se sim, deveria ser “eles”, para
concordar com o plural de “programas”: “aquilo que eles acham coerente”.
( 10 ) Sem acento agudo em “voz”.

Comentário
sobre o D1

O primeiro parágrafo de desenvolvimento ficou muito genérico: a “pessoa” insere uma


“informação” e os “programas” manipulam os dados. Mas não há um argumento forte o
suficiente para tornar isso palpável (o que prejudica a competência 3). Além disso, faltam
conectivos para enriquecer a fluidez das ideias, pois o parágrafo inteiro é uma frase só.
Alguns pontos finais, acompanhados de conectivos de causa/consequência, contraste, adi-
ção, entre outros, são vitais para promover a progressão temática do texto.
E, para fortalecer a argumentação, você pode trazer exemplos reais. Não tenha medo de falar
coisas da realidade. Se inseridas de maneira pertinente, isso pode até ajudar na competência 2.

Desenvolvimento 2
Embora ninguém seja obrigado a adotar tal metodo ( 1 , 2 ), muita gente ( 3 ) por cair no
senso comum ( 4 , 5 ) se acostuma a encontrar tudo pronto ( 6 ) como nas redes sociais ou
em sites de notícia, onde alguns itens tem ( 7 ) mais destaque que outros para proposital-
mente atrair a atenção do leitor e mais uma vez manipular sua opção de escolha.

( 1 ) “Método”, com acento agudo.


( 2 ) Que método? Mais uma vez uma informação vaga. A estudante usa “tal método” como se
referindo a algo já dito, mas não fica claro do que se trata. Elementos de retomada ambíguos
prejudicam a nota da competência 4.
( 3 ) O termo “gente” é muito coloquial para um texto dissertativo-argumentativo.
( 4 ) O termo “cair no senso comum” também é coloquial demais.
( 5 ) Pelo que ela falou em seguida, acho que a estudante quis dizer “comodismo”, não “senso comum”. O
fato de não buscar informação por conta própria define mais o “comodismo” que o “senso comum”.
( 6 ) De novo, “tudo pronto” é coloquial demais para uma redação do ENEM.
( 7 ) “têm”, com acento circunflexo (plural).

Comentário
sobre o D2

Este parágrafo do desenvolvimento ficou excessivamente expositivo. Para um texto disser-


tativo-argumentativo, é importante deixar sempre claro que o assunto é um problema. A
estudante poderia ter fechado o parágrafo com uma consequência negativa dessa mani-
pulação de opções de escolha, enfatizando a perda de individualidade ou algo assim. Isso
reforçaria o caráter dissertativo do texto, evidenciando que ela entende tratar-se de um
problema de fato (competência 3).
Eu ia comentar que o parágrafo ficou curto, mas, ao ler o espelho da redação, vi que ele
teve 6 linhas. Não é um tamanho tão curto assim, então por que parece ter tão pouca

90 | Onde Já Se 1000
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informação no texto? E a resposta é o tamanho da letra. Repare que a estudante escreve


bem redondo, com as palavras afastadas entre si. Isso não é errado, mas a redação inteira
chegou às 30 linhas e em todos os parágrafos pareceu que ainda faltava coisa para dizer.
Então a minha sugestão é que, ao longo de 2019, você pratique reduzir um pouco a sua
letra. Não a ponto de se tornar ilegível, mas reduza um pouquinho para conseguir inserir
todas as informações necessárias a uma boa dissertação.

Conclusão
Portanto ( 1 ) medidas são necessárias para resolver o impasse, ( 2 ) cabe a ( 3 ) Receita
Federal destinar maior percentual dos impostos ( 4 ) para que o Ministério da Educação
desenvolva campanhas publicitárias nas escolas ( 5 ), para consciêntizar ( 6 ) os estudantes
de pesquisar sempre novas fontes, tanto para estudos, notícias, quanto para entreterimento
( 7 ), e não ficar preso ao que a rede lhe ( 8 ) impõe de imediato. ( 9 ) Favorecendo desta
forma ( 10 ) a faixa etária alvo desse problema, que são os jovens ( 11 ), e consequentemente
inverter as posições onde ( 12 ) a mente manda na máquina e não o oposto.

( 1 ) Vírgula para isolar o “portanto”.


( 2 ) O correto seria ponto final após “impasse”, a fim de finalizar a frase e recomeçar com a pro-
posta de intervenção em si.
( 3 ) Acento grave para indicar crase: “Cabe à Receita Federal”.
( 4 ) Destinar maior percentual de impostos para quem? Se o verbo pede complemento, escreva o
complemento, senão vai ficar faltando informação.
( 5 ) Campanhas publicitárias sobre o quê? Mais uma vez uma informação incompleta.
( 6 ) Sem acento circunflexo em “conscientizar”.
( 7 ) O correto é “entretenimento”, não “entreterimento”.
( 8 ) Esse “lhe” está retomando o quê? Os estudantes? Se sim, deveria ser “lhes”, para concordar
com o plural.
( 9 ) Não se separa com ponto final essas duas frases. O “favorecendo” ainda faz parte da frase
anterior, então deveria ser uma vírgula entre “imediato” e “favorecendo”.
( 10 ) Para retomar algo dito anteriormente, o correto é “dessa forma”.
( 11 ) Quem disse que os maiores afetados são os jovens? Não foi mencionada nenhuma pesquisa
nos desenvolvimentos, então a informação, embora coerente, parece inventada. Não acrescen-
te informação nova na conclusão!
( 12 ) Não se usa “onde” a não ser em situações que indicam lugar físico. No caso, o correto seria “em que”.

Comentário
sobre a
Conclusão

A Receita Federal (quem) vai destinar maior percentual dos impostos para o Ministério da
Fazenda desenvolver campanhas publicitárias nas escolas a fim de conscientizar os estu-
dantes de pesquisar novas fontes para estudos e entretenimento (o quê).
[Antes de continuar, repare que o “o quê” está enorme. E não é porque a estudante usou
“para conscientizar” que isso se torna automaticamente o “para quê”. Ela ainda está fa-

Umberto Mannarino | 91
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lando do “o quê”, pois ainda está falando do que se tratam as campanhas publicitárias. O
“para quê” é uma visão de futuro, para quando o “o quê” for de fato implementado].
Prosseguindo:
(...) não ficar preso ao que a rede impõe e favorecer a faixa etária alvo (...), invertendo as
posições onde (...) (para quê).
A estudante respondeu 4 das 5 perguntas: quem + o quê + detalhamento do “o quê” + para
quê. Faltou o “como” para tirar a nota máxima.
Se ela tivesse feito as alterações necessárias, o “campanhas publicitárias” poderia ter se
tornado o “como”: “Cabe ao Ministério da Educação, por meio de campanhas publicitárias
nas escolas, conscientizar (...)”. Então às vezes você até já tem todas as 5 respostas no
texto, e tudo que você precisa é de uma boa escolha de palavras. Tome cuidado com isso,
porque a palavra certa pode te dar pontos, mas a palavra errada pode te prejudicar sem
que você perceba.

Comentários Gerais:
Houve uma boa progressão temática no texto, com parágrafos coerentes que dialogam
entre si, mas a falta de conectivos tornou difícil observar o projeto de texto como um todo.
Dá para contar nos dedos a quantidade de pontos finais nesse texto, e em hipótese alguma
isso é bom para a redação do ENEM!
Na competência 1, os erros de concordância e acentuação tiraram os 40 pontos.
Na competência 2, um dos corretores deu 200 e o outro deu 160. A perda de pontos deve
ter ocorrido porque esse corretor não achou suficiente a menção a Alan Turing como re-
pertório sociocultural. Como todo o texto tem boa relação com o tema proposto, a nota
180 não deve ter sido por “tangenciar o tema”, e sim pela ausência de alguma outra men-
ção ao longo do texto. Então fica a dica: utilize ao menos duas menções a repertório so-
ciocultural na sua redação para evitar problemas!!
Para a competência 3, os argumentos genéricos e os parágrafos apenas “expositivos” pre-
judicaram o impacto da redação. Parece que falta informação, o que tirou os 40 pontos.
Na competência 4, as frases grandes demais e sem conectivos prejudicaram o encadea-
mento lógico de ideias, fazendo os corretores precisarem voltar no texto para entender do
que a estudante estava falando. Quanto mais isso acontecer, pior para a competência 4.
Na conclusão, a estudante respondeu 4 das 5 perguntas, obtendo a nota proporcional.

92 | Onde Já Se 1000
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Taís Notas:
C1: 160
C2: 160
C3: 140
C4: 140
C5: 160

760

Análise por parágrafos:

Introdução
O processo de Globalização proporcionou o desenvolvimento de novas tecnologias em
todo o mundo, facilitando a comunicação entre pessoas de países diferentes através da
internet ( 1 ). Contudo ( 2 ), o mal uso ( 3 ) dessa ferramenta de comunicação ( 4 ) tem
causado problemas à sociedade contemporânea, em que muitos brasileiros tem sido ( 5 )
fortemente manipulados pelo controle de dados na internet ( 6 ).

( 1 ) Bom uso de repertório sociocultural para ambientar a problemática. Pontos para a competência 2.
( 2 ) Conectivo de contraste para provocar a quebra de expectativa e manter o leitor preso no tex-
to. Ótimo para a competência 4.
( 3 ) O correto seria “mau”, com U, pois se opõe a “bom”.
( 4 ) “essa ferramenta de comunicação” é o elemento que retoma “internet”. Bom para não precisar
repetir termos e promover uma boa progressão temática (competência 4).
( 5 ) Acento circunflexo em “têm”, pois o verbo deve estar no plural para concordar com “muitos brasileiros”.
( 6 ) Não está errado falar que o problema é a “manipulação pelo controle de dados”, mas sem um agente
concreto causador do problema fica muito mais difícil escrever argumentos consistentes nos desen-
volvimentos. Veremos nos parágrafos a seguir que a estudante acaba escrevendo informações muito
vagas, o que em parte se deve à ausência de um elemento concreto para argumentar contra. Essa
estratégia de escolher um agente concreto para atacar torna a argumentação mais fácil, com menos
risco de ela ficar vaga ou incompleta. Para uma explicação mais detalhada, leia o comentário 5 da in-
trodução do Vitor (redação #27 da ONDE JÁ SE 1000). Acho que lá foi o momento que eu expliquei da
forma mais clara essa estratégia (e as consequências de não usá-la). No caso desta redação, a estudan-
te poderia ter dito que as causadoras do problema são as empresas de tecnologia, ou os algoritmos,
ou qualquer outra coisa que efetivamente esteja manipulando os usuários (não só “a internet”). Isso
ajudaria os parágrafos seguintes a serem mais concretos (e a não perder ponto na competência 3).

Umberto Mannarino | 93
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Comentário
sobre a
Introdução

Após ler essa introdução, fiquei surpreso por ter tirado só 760. Está muito bem escrita,
com um uso interessante de repertório sociocultural (C2), conectivos (C4) e termos dis-
sertativos (C3), como “Contudo”, “mau” e “problemas”. No entanto, a partir do próximo
parágrafo a estudante começa a cometer alguns erros recorrentes que prejudicaram as
notas das competências. Vamos a eles:

Desenvolvimento 1
( 1 ) Segundo Darwin ( 2 ) os seres modificam-se conforme o ambiente em que vivem, ( 3 ) ao
analisar esse pensamento ( 4 ) vê-se que os usuários da internet expostos à ( 5 ) mudanças
de informações na internet podem mudar o seu comportamento na sociedade atual ( 6 ).
Um exemplo disso são as fortes propagandas utilizadas por “influentes digitais” através de
redes sociais como Facebook e Instagram ( 7 , 8 , 9 ).

( 1 ) Seria bom um conectivo para ligar os parágrafos. É positivo para a competência 4.


( 2 ) Vírgula para isolar “Segundo Darwin”.
( 3 ) Ponto final após “vivem”. “Ao analisar esse pensamento” é uma ideia totalmente nova, então
deve ser parte de uma frase nova.
( 4 ) “esse pensamento” é um elemento de retomada para resgatar a ideia de Darwin sem precisar
reescrevê-la. Ótimo para a progressão temática (competência 4).
( 5 ) Não deveria ter acento grave, pois o “a” é apenas uma preposição simples. Para haver crase, o
correto seria “expostos ÀS mudanças”. Como “mudanças” está no plural e “a” está no singular,
é porque “mudanças” está sem o artigo “as”. E, como a crase é o encontro entre preposição e
artigo feminino, não há crase nessa situação.
( 6 ) Mudar em que sentido? Precisa de mais informação no parágrafo para a ideia não fica vaga (o
que prejudica a competência 3).
( 7 ) Não fica evidente como as propagandas de influenciadores digitais têm relação com a “mu-
dança de comportamento da sociedade”. Como tanto as “propagandas” quanto a “mudança
de comportamento” foram informações genéricas, a relação entre elas também foi.
( 8 ) Por que as propagandas de influenciadores são um problema? Como estão afetando a socie-
dade? A estudante apenas “joga” a informação e deixa as conclusões subentendidas. Teria
sido necessário explicar as consequências negativas dessa prática, senão o parágrafo inteiro
fica expositivo – e pior: genérico. Péssimo para a competência 3.
( 9 ) De qualquer forma, não era esse o tema exigido pelo ENEM. O que a banca queria era uma
dissertação sobre algoritmos e inteligência artificial controladora do comportamento dos usu-
ários. A menção a influenciadores digitais e propagandas tradicionais não se encaixa nesse
tema, o que prejudica a nota da competência 2 (compreensão do tema).

Comentário
sobre o D1

Foram dois os problemas desse parágrafo: em primeiro lugar, foram muitas informações
genéricas, o que prejudica a competência 3; e, em segundo lugar, toda a argumentação foi

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ao redor de um tema distinto daquilo que o ENEM exigiu, o que comprometeu a compe-
tência 2. A menção a Darwin foi pertinente para a argumentação, porém a compreensão
do tema (outro ponto exigido nessa competência) não foi satisfatória.

Desenvolvimento 2
( 1 ) Conforme o IBGE ( 2 , 3 ) Cerca de 85% dos jovens de 18 a 24 anos de idade utilizam a
internet como ferramenta de comunicação. Entretanto ( 4 , 5 ) esse grupo de usuários tem
sido um dos mais controlados pelas redes sociais ( 6 ), visto que, ( 7 ) não são bem orien-
tados a usarem a internet ( 8 , 9 ) sedo facilmente manipulados por ela ( 10 ).

( 1 ) Um conectivo teria sido importante para iniciar o parágrafo.


( 2 ) Vírgula após “IBGE”.
( 3 ) Os “c” minúsculos da estudante parecem “C” maiúsculos. Apesar de isso ser um detalhe muito
pequeno, pode prejudicar a nota da competência 1, pois dá a impressão de que ela está come-
çando uma frase nova sem nenhum motivo.
( 4 ) Conectivo de contraste para estabelecer uma relação produtiva entre os períodos (competência 4).
( 5 ) Vírgula após “Entretanto”.
( 6 ) Controlados em que sentido? A estudante não explica, e a informação fica incompleta. Como
as redes sociais controlam os usuários?
( 7 ) Sem vírgula após “visto que”.
( 8 ) Vírgula após “internet”.
( 9 ) O correto é “sendo”, não “sedo”. Faltou o N.

Comentário
sobre o D2

Esse parágrafo foi o motivo para o comentário (6) da introdução. A argumentação da estudan-
te se perdeu completamente por causa da ausência de um agente concreto de manipulação, o
que tornou o parágrafo vago. A dificuldade de explicar a problemática deu-se porque ela não
especificou um causador dessa problemática na introdução, e isso culminou em um parágrafo
de desenvolvimento cuja única menção ao tema é a expressão “controlados pelas redes so-
ciais”, mas sem nenhuma explicação de como se dá o controle ou de quem está controlando.
Essa foi a grande falha do parágrafo, e o principal motivo para a nota baixa na competência 3.

Conclusão
Portanto, medidas são necessárias para resolver esse impasse, ( 1 ) O Ministério da Edu-
cação deve criar projetos para uma melhor orientação aos jovens através de palestras nas
escolas, para que assim não sejam manipulados pela internet. ( 2 ) Além disso, a Mídia pode
promover através de propagandas a conscientização de todos, para que assim a sociedade
brasileira não se torne manipulada pela internet.

Umberto Mannarino | 95
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( 1 ) Parece que a estudante escreveu uma vírgula, não um ponto. Mesmo que não seja intencional,
essas coisas podem prejudicar a competência 1.
( 2 ) A primeira proposta já foi o suficiente para a nota 160 na competência 5. A outra proposta
ficou mais vaga que a primeira, e, como já vimos em outras correções da ONDE JÁ SE 1000,
poderia ser motivo para tirar nota (no caso de um corretor chato que dá a nota com base na
pior proposta, não na melhor). Para ganhar os 40 pontos restantes dessa competência, a es-
tudante poderia ter dedicado as linhas restantes para fazer algum detalhamento ao invés de
inserir uma segunda proposta de intervenção.

Comentário
sobre a
Conclusão

O MEC (quem) deve criar projetos para orientar os jovens (o quê) por meio de palestras
nas escolas (como) para que eles não sejam manipulados (para quê). Perceba que a es-
tudante foi bem direta! Em três linhas já falou praticamente tudo. Infelizmente, faltou o
detalhamento de alguma das 4 respostas, então ela tirou 160, não 200.

Comentários Gerais:
O grande comentário dessa redação é o fato de a estudante não ter escolhido um alvo
concreto para atacar. E eu vou confessar para você: isso não é algo tão óbvio assim de se
perceber. Eu só notei que isso era um problema depois de ler 28 das 30 redações da ONDE
JÁ SE 1000. Lendo por alto, a introdução dessa redação não parecia ter um problema: a es-
tudante fala da manipulação do comportamento pelo controle de dados, então a tese não
está incompleta. Mas o fato de não ter escolhido um alvo concreto para atacar prejudicou
os parágrafos seguintes, que se tornaram vagos e incompletos. Depois de perceber isso,
ficou muito mais óbvio para mim por que cada estudante perdeu ou ganhou ponto no pro-
jeto de texto como um todo. Espero que com esse meu comentário você também comece
a adaptar as suas próprias redações para garantir aquele 200 bonito na competência 3 :)
Na competência 1, a estudante cometeu principalmente erros de vírgula e acentuação. Er-
ros pequenos, mas que acabaram tirando 40 pontos.
Na competência 2, ela fez bom uso de repertório sociocultural, mas o primeiro parágrafo
de desenvolvimento tangenciou o tema, o que também compromete essa competência.
Já fiz comentários demais sobre a competência 3 nas seções anteriores hihihi.
Na competência 4, a falta de conectivos no início dos parágrafos foi uma das causas para a
perda de pontos, mas a estudante faz bom uso de elementos de retomada e conectivos entre
os períodos, então 140 talvez tenha sido uma nota excessivamente baixa. Um dos motivos pode
ser que ela escreveu pouco na redação (apenas 25 linhas com uma letra grande), então as fra-
ses não conseguiram ser complexas o suficiente para transmitir uma ideia mais aprofundada. O
que se pode inferir disso é que a banca do Inep valoriza associações mais complexas de ideias,
então informações excessivamente rasas podem também prejudicar a nota da competência 4.
Na competência 5, a estudante respondeu brevemente 4 das 5 perguntas. Foi breve, mas
o suficiente para pontuar os 160 de 200. Substituir a segunda proposta de intervenção por
um detalhamento teria facilmente garantido os últimos 40 pontos.

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Isabelle Notas:
C1: 160
C2: 160
C3: 120
C4: 160
C5: 140

740

Análise por parágrafos:

Introdução
Na contemporaneidade, a globalização ( 1 ) torna-se cada vez mais marcante na vida das
pessoas, por meio da integração entre os países desenvolvidos e subdesenvolvidos através
da informação, cultura, tecnologia, consumo, entre outros ( 2 ), sobretudo com o avanço
da revolução técnico-científico-informacional o qual ( 3 , 4 ) resultou num grande “boom”
na propagação e desenvolvimento no setor informacional ( 5 ).

( 1 ) Inicial maiúscula em “Globalização”.


( 2 ) Em primeiro lugar, não use “entre outros” na redação do ENEM. Você vai ganhar pontos
pelo que escrever, não pelo que deixar de escrever. Em segundo lugar, a estudante usa
quase uma linha inteira para enumerar “informação, cultura, tecnologia, (...)”. E isso não é
a informação relevante do parágrafo. A introdução serve para apresentar o problema sob
o ponto de vista do estudante, e só. As outras informações são apenas para sustentar esse
ponto de vista, e, portanto, secundárias. Não dedique muito espaço para elas, senão você
perde espaço para a verdadeira argumentação.
( 3 ) O correto seria “a qual”, no feminino para concordar com “revolução”.
( 4 ) Vírgula antes de “a qual” para introduzir a oração adjetiva explicativa.
( 5 ) A introdução inteira é uma frase só. Frases grandes não dão espaço para o uso de conectivos,
o que prejudica a progressão temática do texto (competência 4).

Umberto Mannarino | 97
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Comentário
sobre a
Introdução

O que fica mais evidente nessa introdução é que a estudante não apresenta uma tese. Ela não
fala do problema, praticamente explicando só os lados positivos da Globalização. E a redação do
ENEM exige que você se posicione, que demonstre entender as dimensões do problema. Sem
essa informação, todo o projeto de texto é comprometido. Em outras redações da ONDE JÁ SE
1000, os estudantes perderam pontos na competência 3 porque fizeram uma tese incompleta;
nesse caso, a estudante não fez tese alguma, o que foi pior ainda para a nota dessa competência.
Então lembre-se: não escreva uma única palavra na sua redação sem ter o tema em mente.

Desenvolvimento 1
( 1 ) O progresso da informação ocorreu de maneira rápida no acesso à internet para di-
versas finalidades, como o uso das redes sociais, dos sites, a facilidade de comunicação e
divulgação de opiniões ( 2 ). No entanto ( 3 ), ao mesmo tempo ( 4 ) que há essa facilidade
no acesso as informações ( 5 ), muitas delas podem ser rastreadas e manipuladas por siste-
mas de inteligência artificial, podendo afetar diretamente no comportamento dos usuários
( 6 ), colaborando para que estes vivam no mundo da utopia e falsa liberdade ( 7 ).

( 1 ) Importante um conectivo para ligar a introdução ao restante do texto.


( 2 ) Novamente a estudante enumera demais elementos secundários para a argumentação. Não des-
perdice espaço na sua folha definitiva para fazer listas grandes. Use um ou outro conceitos cen-
trais, mas parta logo para a argumentação em si, que é onde você vai de fato ganhar os pontos.
( 3 ) Conectivo de contraste. Ótimo para reforçar a antítese “facilidades/perigos”. Bom para a competência 4.
( 4 ) Faltou a preposição: “ao mesmo tempo EM que há essa facilidade (...)”.
( 5 ) Acento grave para indicar crase: “acesso às informações”.
( 6 ) De que maneira os sistemas de inteligência artificial podem “afetar diretamente” o comporta-
mento dos usuários? Essa é uma das informações mais importantes do parágrafo, e não pode
ficar de fora. Esse deslize prejudica a competência 3.
( 7 ) A estudante deixou todos os termos dissertativos para o fim do parágrafo: “utopia” e “falsa liberda-
de”. Antes dessa última oração, todo o texto ficou expositivo, com a sensação de faltar coisa. Então
não deixe para se posicionar só no fim; desde o início do parágrafo, já coloque sua visão por meio de
expressões com posicionamento claro, como já mencionado em várias redações anteriores.

Comentário
sobre o D1

Uma coisa positiva que a estudante fez foi eleger um alvo concreto para atacar: sistemas
de inteligência artificial. Isso ajudou na argumentação, mas infelizmente não foi o suficien-
te para o parágrafo ficar completo. Como ficou faltando a resposta à pergunta de (6), o
texto ainda ficou vago.
A estratégia de escolher um alvo concreto é perfeita para a introdução. Se a estudante
tivesse mencionado os sistemas de inteligência artificial já no primeiro parágrafo, todo o
restante do texto teria ficado bem mais coerente e dissertativo.

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Desenvolvimento 2
( 1 ) No Brasil, somente 35,3% dos indivíduos de 10 anos ou mais de idade não utilizaram a inter-
net e só cerca de 15% dos jovens de 18 a 24 anos de idade não a utilizaram, segundo dados do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ( 2 ) isso mostra que a grande parte que
usaram ( 3 ) a internet para diferentes fins estiveram vulneráveis a ( 4 ) filtração e manipulação
da informação, a fim de moldarem ( 5 ) a forma e análise do pensamento de cada usuário.

( 1 ) Importante um conectivo para ligar os parágrafos.


( 2 ) Ponto final após “IBGE”, pois a frase termina nesse momento. “Isso mostra” já é o início de uma
nova ideia, então deve ser uma nova frase.
(*3 ) Aos que leem e acham estranho, o uso do plural “usaram” não está errado. Ao se usar “a maio-
ria”, “grande parte”, etc., o verbo pode tanto ficar no singular quanto no plural. No entanto,
como a estudante usou “usaram”, ela obrigatoriamente deve escrever “estiveram vulneráveis”
mais à frente, por questão de paralelismo.
(*4 ) O acento grave aqui é facultativo. Para explicar, vamos substituir os termos no feminino por
palavras masculinas: “sofrimento e ódio” (sei lá, foram as primeiras palavras que vieram à mi-
nha mente). Então perceba que tanto “vulneráveis a sofrimento e ódio” quanto “vulneráveis
ao sofrimento e ódio” estão certos. Ou seja, a construção não necessariamente pede o artigo.
Então, no caso do texto original, a crase pode ou não estar presente. No entanto, fica a suges-
tão de sempre usar o acento grave quando ele for facultativo, porque aí é impossível a pessoa
achar que está errado. Mesmo sendo facultativo, a ausência do acento grave provoca um pe-
queno estranhamento. (No caso da introdução da minha redação, a 6ª desta apostila, eu usei o
acento grave facultativo em: “vulneráveis À manipulação de comportamento).
( 5 ) Quem vai moldar os pensamentos dos usuários? Nesse parágrafo, a estudante não elegeu um
alvo concreto, o que o torna vago e incompleto. Isso prejudicou o projeto de texto como um
todo (competência 3).

Comentário
sobre o D2

Como quase todas as redações da ONDE JÁ SE 1000, a estudante não usou os dados do
IBGE da maneira correta. Só porque as pessoas têm acesso à internet, não significa que
elas estão sujeitas à manipulação. A única redação que conseguiu usar os dados estatísti-
cos do IBGE de maneira adequada foi a penúltima desta apostila (Geovanna). Sugiro dar
uma olhada lá para ver como seria o jeito ideal de utilizar dados estatísticos.
De maneira semelhante à introdução do texto, esse parágrafo também ficou vago. E ter uma
argumentação vaga é uma das piores coisas que você pode fazer em uma dissertação do ENEM.

Conclusão
Sendo assim, é necessário que o poder público fiscalize as empresas que dominam a infor-
mação e que notifiquem ( 1 , 2 ) sobre as transformações constantes ocorridas nesse meio
informacional ( 3 ), a população ( 4 ) e que este ( 5 ) corpo social também questione-se
sobre os dados que lhes ( 6 ) são oferecidos, para que não sejam subordinados ( 7 ) as ( 8 )
influências do mundo informacional.

( 1 ) Se o sujeito do verbo “notificar” é o poder público, ele deveria vir no singular: “notifique sobre as (...)”.
( 2 ) Quem o poder público vai notificar? A forma como o texto foi construído não responde essa
pergunta importantíssima. Então cuidado para não deixar informações incompletas.

Umberto Mannarino | 99
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( 3 ) “esse meio informacional” é um elemento de retomada, mas não tem nada para ser retomado
nesse parágrafo. A estudante não falou da internet em momento algum aqui, então não faz
sentido retomá-la se ela não foi mencionada. Esse desencontro de informação também é um
motivo para perder pontos na competência 4.
( 4 ) Depois de ler algumas vezes, entendi que “a população” é quem será notificada pelo poder pú-
blico. Então há dois erros nessa frase: o correto seria “notifique (...) à população”, com acento
grave em “à”, e sem vírgula antes de “à população”.
( 5 ) O correto seria “esse”, não “este”, porque está acompanhado de um elemento de retomada
(“corpo social”) e se refere a algo mencionado anteriormente.
( 6 ) O correto seria “lhe”, no singular para concordar com “corpo social”.
( 7 ) O correto seria “não seja subordinado”, no singular para concordar com “corpo social”.
( 8 ) Acento grave para indicar crase: “subordinados às influências do mundo”.

Comentário
sobre a
Conclusão

O poder público (quem) deve fiscalizar empresas (o quê) e notificar a população sobre as
mudanças na internet (outro “o quê”). Além disso, a população (quem) deve se questionar
sobre os dados (o quê) para não ser mais subordinada à internet (para quê).
Perceba que a estudante dividiu a conclusão em duas propostas: a primeira tem duas das
cinco respostas, e a segunda tem três. Ou seja, se o corretor fosse realmente exigente, ele
poderia ter dado até 120 na proposta de intervenção porque a proposta mais completa
ainda deixou o “como” e o detalhamento de fora. E foi isso que um dos corretores fez, en-
quanto o outro foi mais complacente e deu 160 (resultando na média 140).

Comentários Gerais:
Na competência 1, a estudante comete erros de concordância, crase e vírgula, mas foram
escassos o suficiente para ela só ter perdido 40 pontos.
Na competência 2, ela faz bom uso de repertório sociocultural e se atém ao tema proposto
pelo ENEM (sem tangenciar). No entanto, é provável que a conclusão equivocada a partir
dos dados estatísticos do IBGE tenha feito os corretores tirarem os 40 pontos por não con-
siderarem a alusão pertinente ao argumento (o que de fato não foi, pois os dados foram
usados realmente de maneira equivocada).
A nota mais baixa foi na competência 3, o que se deu principalmente pelo fato de a estu-
dante não ter apresentado uma tese na introdução e por ter escrito informações vagas nos
parágrafos de desenvolvimento.
Na competência 4, as frases excessivamente grandes não deram espaço para o uso de co-
nectivos, o que impediu a inserção de ideias mais complexas na argumentação. A falta de
conectivos no início dos parágrafos de desenvolvimento também foi um agravante.
Na competência 5, um dos corretores deu 120 e o outro deu 160. Mas eu não consegui
encontrar 4 respostas em uma única proposta de intervenção, então na minha opinião o
corretor que deu 120 foi mais preciso em sua análise.

100| Onde Já Se 1000


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Rafael Notas:
C1: 160
C2: 120
C3: 140
C4: 140
C5: 140

700

Análise por parágrafos:

Introdução
Não é de hoje, ( 1 ) que a internet vem “sugando” ( 2 ) todos os dados e preferências pos-
síveis dos seus usuários. Tendo em vista o crescente número de cadastros em novas redes
e até mesmo o consumo intenso de dados, faz-se perceber o controle que a mesma ( 3 )
pode tomar sobre nossas vidas.

( 1 ) A vírgula após “hoje” está errada.


( 2 ) “Sugando” em que sentido? A metáfora pode até estar clara na cabeça do estudante, mas
na hora de passar para o papel é melhor escrever informações mais concretas a fim de
evitar interpretações equivocadas por parte do corretor. Questões como essa prejudicam a
competência 3, porque a informação ficou imprecisa. A problemática não foi bem exposta,
o que tirou nota do projeto de texto.
( 3 ) Não se usa “a mesma” como elemento de retomada. O correto seria “ela”.

Comentário
sobre a
Introdução

O parágrafo de introdução serve para esclarecer a problemática: “___ é um problema e


precisa ser resolvido”. No caso dessa introdução, o problema não foi bem exposto por
causa da metáfora genérica de que a internet “suga” os dados e preferências dos usuários.
Mas como isso de fato acontece? Quais as consequências negativas disso? E em momento
algum foi mencionada a manipulação do comportamento do usuário, o que prejudicou
ainda mais a tese como um todo (competência 3).

Umberto Mannarino | 101


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Repare que a redação inteira teve 22 linhas, e que a introdução não passou de 4. Não há
um número “ideal” de linhas por parágrafo, mas 4 é pouco demais para conseguir explicar
de maneira satisfatória a problemática. Então, quando for escrever as suas redações, não
tenha medo de escrever!! Coloque bastante informação para que não falte nada.
Além disso, para a competência 4, perceba que não ficou claro como o aumento dos aces-
sos provoca o controle dos indivíduos. Não é porque o acesso aumenta que automatica-
mente o controle aumenta. Teria sido necessária uma construção mais complexa para dar
conta de conectar duas informações tão díspares.

Desenvolvimento 1
É recorrente, ( 1 ) lojas e estabelecimentos pedirem o número do CPF dos clientes, em
troca de benefícios, para logo depois estarem aptas a coletar dados de acordo com as
preferências dos compradores. Coisa ( 2 ) parecida ocorre na “terra sem lei”, ( 3 ) quando
sistemas estão programados para coletar informações dos usuários, com o objetivo de
permitir uma “melhor experiência” ( 4 ).

( 1 ) Não deveria ter vírgula após “recorrente”.


(*2 ) Evite usar termos coloquiais como “coisa”. Sempre será possível substituí-lo por outra expres-
são. No caso, “fenômeno” ou “prática” têm a mesma função e tornam o texto mais sério.
( 3 ) Há a menção à “terra sem lei”, mas ao que isso se refere? Depois de ler muitas vezes, suponho
que se trate da internet. Mas isso não é uma informação óbvia a ponto de só jogá-la de qual-
quer jeito no texto. Quem foi o teórico que chamou a internet de “terra sem lei”? Ao que ela se
refere? E por que o estudante fez a menção a isso? Esse tipo de pergunta deve ser respondido
para amarrar os períodos ao longo do texto e não dar a impressão de que falta informação (o
que a competência 3).
( 4 ) Novamente o problema de faltar informação no parágrafo. O estudante coloca aspas em “me-
lhor experiência” para sugerir que, na verdade, a experiência não é melhor coisa nenhuma. Mas
na redação do ENEM você não deve deixar absolutamente nada subentendido!! Se a experi-
ência virtual não é melhor, escreva isso. Use conectivos de contraste (“no entanto”, “contudo”,
etc.) para provocar uma quebra de expectativa no corretor. Faça qualquer coisa, mas escreva
tudo que tem para escrever! Seu projeto de texto agradece (e a competência 3 também).

Comentário
sobre o D1

O parágrafo também foi bem curto, então naturalmente ficou faltando informação. A
menção à pratica comum de estabelecimentos físicos coletarem dados pessoais foi
uma forma interessante de introduzir de maneira análoga a coleta de dados pela inter-
net, mas o estudante não deixou claro como isso provoca a manipulação do compor-
tamento dos usuários. Então faltou a conexão com o tema completo, o que prejudicou
mais a nota da competência 3.
A ausência de um conectivo entre a primeira e a segunda frase pode ter prejudicado a
nota da competência 4. Faltou uma explicação mais prática para o motivo de o estu-
dante ter mencionado a coleta de dados em estabelecimentos físicos para contextuali-
zar a coleta virtual. De que forma um problema se relaciona ao outro? Responder essa
pergunta teria ajudado a promover a coesão textual como um todo.

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Desenvolvimento 2
Contudo, a normatização desses métodos e a falta de interesse, ou até mesmo a falta de
conhecimento das pessoas, faz ( 1 ) com que os problemas citados passem despercebidos,
uma vez que pouco se sabe sobre suas causas e efeitos. Em razão disso ( 2 ), acabam que
transformando os usuários em uma grande massa de pessoas sem personalidade própria,
com preceitos definidos e manipulados ( 3 ).

( 1 ) O correto seria “fazem”, no plural para concordar com o sujeito “a normatização e a falta de interesse”.
( 2 ) Ótimo uso de conectivo para amarrar a ideia anterior ao que está por vir. Tente ler o mesmo
parágrafo sem o “Em razão disso” para ver como a leitura fica mais confusa.
( 3 ) De que forma o estudante comprova isso? Não houve nenhuma menção a repertório sociocultu-
ral pertinente ao tema até este ponto do texto, o que dá a impressão de que os argumentos usa-
dos não passam de “achismo”. Para ir bem na competência 2, é crucial associar suas conclusões
a dados estatísticos, a argumentos de especialistas, ou a qualquer informação que de fato en-
dosse o que você quer defender. A dissertação difere de um artigo de opinião porque neste você
não necessariamente precisa de argumentos externos para embasar o seu. Na dissertação, sim.

Comentário
sobre o D2

O parágrafo está bem dissertativo e de boa autoria, com termos de posicionamento claro
como “problemas” e “massa sem personalidade”. Pontos para a competência 3. No entan-
to, a ausência de menções a outras áreas do conhecimento tirou muitos pontos da compe-
tência 2. E, sim, é obrigatório que você cite outras áreas do conhecimento. Pode ser filmes,
séries, livros, filósofos, ou seja o que for, mas é obrigatório usar.

Conclusão
Portanto, medidas são necessárias para resolver o impasse. O papel da escola e da família, é
imprescindível, ( 1 ) quando se trata desse assunto, levando em consideração o número cres-
cente de crianças maiores de 10 anos e ( 2 ) que já possuem acesso à internet. Ambos devem
sinalizar ( 3 ) os menores para que não cresçam com pensamentos e opiniões distorcidas ( 4 )
da realidade, evitando assim, ( 5 ) que a sociedade se torne, ou cresça, alienada ( 6 ).

( 1 ) “é imprescindível” não deveria ter vindo isolado entre vírgulas. Ele é o predicado do sujeito “o
papel da escola e da família”, e não se separa sujeito de predicado. As duas vírgulas estão erradas.
(*2 ) Desnecessário o “e” aqui. Melhor seria “crianças maiores de 10 anos que já possuem (...)”.
( 3 ) Quem sinaliza, sinaliza algo a alguém. Ou seja, toda a construção está errada por causa do
verbo. Na dúvida, troque por um sinônimo: “Ambos devem alertar os menores para (...)”.
( 4 ) Se tanto os pensamentos quanto as opiniões são distorcidos, o correto seria “distorcidos”, no
masculino, porque “pensamentos” está no masculino. Estando no feminino, então “distorci-
das” se refere apenas às “opiniões”. Se fosse esse o caso, o que está escrito é que a família e
a escola devem investir esforços para evitar pensamentos e evitar opiniões distorcidas. E eu
tenho certeza que o estudante não quis dizer isso. Nós só queremos evitar os pensamentos
distorcidos, não os pensamentos num geral (assim espero).
( 5 ) Ou isola o “assim” entre duas vírgulas ou elimina a segunda vírgula. Apenas de um lado não está certo.
( 6 ) Fechou bem o texto! Uma visão de futuro interessante que demonstra compreensão das conse-
quências da problemática. Teria sido interessante fazer menção a essa alienação logo no primeiro
parágrafo do texto, lá no começo da introdução, para já dizer logo de cara que entende do tema.

Umberto Mannarino |103


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Comentário
sobre a
Conclusão

Lembre-se de que é necessário responder 5 perguntas na conclusão: quem + o quê +


como + para quê + detalhamento. O “levando em consideração o número crescente (...) à
internet”, apesar de coerente, não responde nenhuma das 5 perguntas. É só uma justifica-
tiva de por que o papel da escola e da família é importante. Ou seja: o estudante perdeu
tempo demais para escrever algo que na realidade não vai dar os pontos. Então atenção
em relação a isso!
Agora vamos às análises por perguntas:
A escola e a família (quem) devem alertar os menores para que não cresçam com pensa-
mentos e opiniões distorcidos (o quê), evitando assim que a sociedade se torne, ou cresça,
alienada (para quê).
Foram respondidas 3 das 5 perguntas. Então a nota deveria ser 120 de 200. Mas um dos
corretores deu nota 160 porque julgou que o estudante tinha respondido 4 perguntas. O
desencontro entre os dois deve ter se dado porque o “levando em consideração o número
crescente (...) à internet” pode ter sido interpretado por um dos corretores como detalha-
mento de alguma pergunta. Mas na minha opinião isso não é um detalhamento, e sim uma
contextualização da proposta de intervenção. Então, para evitar isso, associe muito bem o
detalhamento a alguma das 4 respostas (não deixe informação “solta”).

Comentários Gerais:
Os erros de português (quase exclusivamente de vírgula) prejudicaram a nota da competência 1.
A ausência absoluta de repertório sociocultural diverso tirou 80 pontos da competência 2.
Lembrando que os outros 120 pontos são destinados à boa compreensão do tema, e que
nesse quesito o estudante tirou uma boa pontuação, já que não tangenciou nem fugiu ao
tema em nenhum momento.
A tese fraca e genérica, junto com informações vagas nos parágrafos de desenvolvimento,
fez a redação parecer incompleta. Faltou muita informação, e isso é péssimo para o projeto
de texto (competência 3).
Na competência 4, faltou algum elemento para conectar melhor as ideias do parágrafo de
introdução. Não fica evidente como uma coisa leva a outra, e para isso são necessários co-
nectivos e elementos coesivos num geral. A competência 4 demanda construções comple-
xas e coerentes, e simplesmente lançar as informações de qualquer jeito não é convincente.
Para a competência 5, fica meu alerta de só detalhar quando for evidente que o que você
for escrever é um detalhamento. Informações jogadas no início do parágrafo, apesar de
fazerem sentido, podem ser interpretadas como apenas dados supérfluos. Foque-se em
responder as 5 perguntas que você tira 200 sem maiores complicações!

104| Onde Já Se 1000


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Notas abaixo de 700


Bruna Grazielle Notas:
C1: 120
C2: 120
C3: 140
C4: 120
C5: 180

680

Análise por parágrafos:

Introdução
Desde a Revolução Técnico e Científica ( 1 ), tem produzido se ( 2 ) mudança na sociedade
( 3 ), ou seja, com objetivo de unir ( 4 ) e também interação ao mundo ( 5 ), tornando a
fácil comunicação ( 6 ), e principalmente, ( 7 ) a transmissão de dados mundial. ( 8 ) Na
contemporaneidade, o avanço da internet possibilitou a transformação do comportamen-
tal do ser humano ( 9 ). Dessa forma, o controle de informações estabelece uma população
influenciada ( 10 ), como também, ( 11 ) uma arma de comércio informacional.

( 1 ) O nome correto é “Revolução Técnico-Científica”.


( 2 ) O correto seria “tem se produzido”.
( 3 ) De que mudanças estamos falando? Lembre-se de que existem milhares de interpretações
diferentes para “mudanças”, e uma redação do ENEM exige especificidade nos argumentos.
( 4 ) Novamente um termo genérico: “unir”. Mas unir quem a quem? A construção dá a entender
que a estudante quis dizer “unir as pessoas entre si”, mas isso não pode ficar subentendido.
Todas as informações precisam ficar evidentes no texto.
( 5 ) O correto seria “interação com o mundo”, não “ao mundo”. E, de qualquer forma, interação de
quem com o mundo? Também não fica claro. Teria sido necessário esclarecer melhor do que
se trata essa “união” e “interação” de que a estudante está falando.
( 6 ) O correto seria “tornando fácil a comunicação”, não “tornando a fácil comunicação”.
( 7 ) O “principalmente” deveria vir isolado entre vírgulas. A vírgula antes do “e” está errada, e falta
uma vírgula antes de “principalmente”.
( 8 ) Seria interessante um conectivo para explicar o porquê da menção à Revolução Técnico-Cien-

Umberto Mannarino |105


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tífica. Sem conectivos, as informações parecem jogadas de qualquer jeito, e isso é péssimo
para a competência 4.
( 9 ) Mais uma vez uma informação genérica e pouco dissertativa. Falta indignação da estudante
para colocar o dedo na ferida e dizer que isso se trata de um problema. Ela está falando apenas
de “mudanças” e “transformações”, mas em momento nenhum explica de que mudanças está
falando, muito menos diz por que essas mudanças constituem um problema para a sociedade.
Isso prejudica bastante a nota da competência 3 – particularmente na introdução, já que é
nesse parágrafo que toda a “ambientação” da problemática deveria ser feita.
( 10 ) “Estabelece” não se encaixa muito bem nesse contexto. Melhor teria sido “dá origem a uma
população influenciada”.
( 11 ) Se a estudante usou “como também”, deveria ter usado “não só” antes: “o controle de informa-
ções dá origem não só a uma população influenciada, como também a uma arma de comércio
internacional”. (E, de qualquer forma, na minha opinião teriam sido necessários dois verbos
diferentes para cada objeto: “o controle de informações não só dá origem a uma população
influenciada, mas também se constitui como uma arma de comércio internacional”).

Comentário
sobre a
Introdução

O parágrafo de introdução é a “cabeça” de todo o texto. Se ele estiver fraco, todo o texto
vai ficar fraco. Sem uma tese específica e com alto grau de indignação, não fica evidente
por que o tema se trata de um problema. E isso é o principal defeito que uma introdução
pode ter! A competência 3 é muito prejudicada se isso acontecer. Então fica a dica: antes
de passar do rascunho para a folha definitiva, pergunte-se: “está claro de que problema eu
estou falando? Está claro que [tema] se trata de um problema?” Se a sua resposta for “não”
para qualquer uma dessas perguntas, reescreva!

Desenvolvimento 1
Em primeira análise ( 1 ), cabe pontuar ( 2 ) o avanço/ascensão da telecomunicação no meio
social tem conduzido e persuadido na tomada de decisões dos internautas. ( 3 ) Segundo os
dados do IBGE ( 4 ), 70% da população estão vinculadas nessas ( 5 , 6 ) máquinas de infor-
mações, por exemplo: e-mail, YouTube, ( 7 ) chat de conversas. Conforme, ( 8 ) a pesquisa re-
presenta como a dependência desses mecanismos ( 9 , 10 ), e além disso, sintetizando suas
escolhas ( 11 ) nas notícias a respeito de tudo que faz parte do cotidiano ( 12 ). Em vista que
( 13 ) esses sistema manipula ( 14 ) em atos deliberadamente como músicas e filmes ( 15 ).

( 1 ) Bom conectivo para introduzir o primeiro desenvolvimento.


( 2 ) Lendo a frase como um todo, seria necessário um “que” aqui: “cabe pontuar [que] o avanço
(...) tem conduzido a (...)”.
( 3 ) Novamente, teria sido necessário um conectivo para ligar o tópico frasal (excelente, a propó-
sito) ao restante do parágrafo.
(*4 ) Esta é uma sugestão que eu sempre dou nas redações que leio: o “segundo dados do IBGE”
no início da frase torna a leitura muito mais fluida. A estudante fez muito bem! Tem gente que
prefere colocar primeiro as informações da pesquisa, para só depois de duas linhas dizer que
aqueles são dados do IBGE. Isso não estaria errado, mas, na minha opinião, colocar a fonte da
pesquisa no começo da frase já diz logo de cara que os dados a seguir têm fundamento cien-
tífico, e diminui o risco de o argumento soar incongruente.
( 5 ) O correto seria “vinculados a essas”, não “nessas”.

106| Onde Já Se 1000


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( 6 ) Como a estudante ainda vai mencionar as “máquinas de informações”, o correto seria “estas”, não
“essas”. Usa-se “esse” para falar de algo que já foi dito e “este” para algo que ainda está por vir.
( 7 ) O correto seria trocar essa última vírgula por “e”.
( 8 ) O termo “conforme” não se encaixa nessa situação. Ele é sinônimo de “de acordo com”, e não
faz sentido da forma que a frase foi construída.
( 9 ) A frase está um pouco confusa, mas suponho que a estudante quis dizer que os dados da pes-
quisa do IBGE provam que as pessoas são dependentes da internet. Mas isso não é verdade! Só
porque as pessoas usam, não quer dizer que sejam dependentes – muito menos manipuláveis.
Essa não foi a primeira redação que cometeu o erro de usar os dados estatísticos do IBGE para
“comprovar” a manipulação do comportamento. Mas tome cuidado com isso!! Você precisa
explicar muito bem como uma coisa leva à outra, e arrancar conclusões equivocadas de uma
pesquisa científica dos textos motivadores é um erro que tira ponto da competência 2 (que
exige uso de repertório sociocultural PERTINENTE à argumentação).
( 10 ) A palavra “como” exige um verbo: “A pesquisa demonstra como a dependência desses meca-
nismos [é um problema mais comum do que se imagina]”, por exemplo.
( 11 ) Sintetizando as escolhas de quem? A frase está meio confusa, e não fica claro logo de cara a quem
o “suas” se refere. Isso prejudica a competência 4. Além disso, “sintetizar” não traz uma carga
negativa. Ele é um verbo neutro. Para reforçar a indignação e ganhar pontos na competência 3,
prefira verbos fortes, como por exemplo: “cerceando/limitando/restringindo suas escolhas”.
( 12 ) Cuidado com a generalização. “Tudo que faz parte do cotidiano” é geral e vago. Prefira ser
mais específico nas suas argumentações.
( 13 ) O “em vista que (...)” ainda faz parte do mesmo contexto que a frase anterior, então deveria ter
sido antecedido por vírgula, não ponto final.
( 14 ) O correto é “manipulam”, no plural para concordar com “esses sistemas”.
( 15 ) A estudante inseriu uma informação completamente nova no fim do parágrafo: a manipulação
nas músicas e filmes. Mas, justamente por ser o fim do parágrafo, não teve espaço suficiente para
explicar do que se tratam essas manipulações. Então, como já foi dito nas redações anteriores,
prefira fechar o parágrafo com uma frase de síntese ao invés de com informações novas para
evitar dar a impressão de que falta coisa no parágrafo (o que pode prejudicar a competência 3).

Comentário
sobre o D1

Já escrevi tanta coisa na seção anterior que não tenho mais nada a falar kkkkkk.

Desenvolvimento 2
Em segunda análise, ( 1 ) atual situação da internet vem proporcionando o surgimento de
comercialização centrada no consumismo digital ( 2 ). De fato, o acesso ( 3 ) coloca como
problema ( 4 ) quando é utilizado de ( 5 ) vendas (lucros das multinformacional ( 6 )) e
outro lado positivo ( 7 , 8 ), é o aumento de emprego e desenvolvimento econômico ( 9 ).

( 1 ) Falta um artigo para o “atual situação”: “[a] atual situação da internet (...)”.
( 2 ) Excelente tópico frasal. No entanto, o restante desse parágrafo não tem relação aparente
com ele, então a informação parece vaga e desconexa. Além disso, o que seria a “atual situ-
ação da internet”? Usar um termo relativamente vago no tópico frasal não seria problema se
no restante do parágrafo a estudante tivesse ido mais a fundo para explicá-lo; no entanto,
como em momento algum ela explica com mais detalhes, a informação do tópico frasal se
torna genérica e incompleta.

Umberto Mannarino | 107


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( 3 ) O acesso a quê? Se o termo pede um complemento, escreva o complemento.


( 4 ) “coloca como problema” não se encaixa nessa construção. Melhor teria sido “torna-se um problema”.
( 5 ) O correto seria “utilizado para vendas”, não “de vendas”.
( 6 ) O correto seria “multinacionais”.
( 7 ) A estudante ainda não falou de lados positivos, então não faz sentido dizer “outro” lado positivo.
( 8 ) Não deveria ter vírgula após “outro lado positivo”, pois ele é o sujeito, e o restante da frase é
o predicado.
( 9 ) Não termine seu parágrafo com o lado positivo da situação. A redação do ENEM exige a
exposição da problemática, então é nela que você precisa se focar. Como exemplo, consi-
dere estas 2 frases (e perceba que eu falei “ESTAS”, não “essas”, porque ainda vou falar as
frases): “Ela é inconveniente, mas legal” / “Ela é legal, mas inconveniente”. Concorda que é
o segundo adjetivo o que mais fica na cabeça? A mesma coisa acontece com o parágrafo
de desenvolvimento. Se falar primeiro o lado ruim e depois o bom, é o lado bom que vai
prevalecer. E, para uma dissertação, isso não é legal.

Comentário
sobre o D2

O texto da estudante ficou bem desequilibrado. O primeiro desenvolvimento teve 9 linhas,


enquanto o segundo teve 5. Embora não seja necessário que os dois tenham o mesmo
tamanho, você vai concordar comigo que esse terceiro parágrafo tem bem menos informa-
ção que o segundo. A estudante não teve espaço para desenvolver uma explicação apro-
fundada sobre o problema, então ficou faltando muita informação no parágrafo. Isso é ruim
para a competência 3, que, além de exigir um projeto de texto bem amarrado, demanda
que você deixe claro que o tema se trata de um problema a ser resolvido.
Além disso, para melhorar a nota da competência 2, teria sido interessante trazer um dado esta-
tístico ou a opinião de um especialista no tema. Isso tanto ajudaria a endossar a argumentação
como um todo, quanto daria mais pontos nessa competência (se usado de maneira pertinente).

Conclusão
Fica claro, portanto, que medidas são necessárias ( 1 ). O Governo adjunto com a mídia
( 2 ) nesse caso as redes sociais, promova ( 3 ) uma liberdade de escolha que utilize
informações impessoais ( 4 ), por meio de aplicativos que analise ( 5 ) a filtragem ( 6 )
passada ao usuário, a fim de evitar a manipulação à ( 7 ) sociedade. Assim, produzindo
( 8 ) uma inclusão acessível e transparente ao público.

( 1 ) Medidas são necessárias para quê? Conclua a frase para deixar mais claro que de fato você
entende tratar-se de um problema.
( 2 ) “adjunto com a mídia” deveria vir isolado entre vírgulas.
( 3 ) Se a estudante falou “promova”, precisaria de um “é necessário que” antes. Como ela não usou
esse termo, o correto seria “O Governo (...) [deve promover] (...)”.
( 4 ) Não faz sentido a liberdade de escolha utilizar informações impessoais, mas, da forma que a
frase está escrita, é essa a ideia que passa. Seria necessário reformular a frase para não dar
essa possibilidade de leitura.
( 5 ) O correto seria “analisem”, no plural para concordar com “aplicativos”.
( 6 ) A filtragem de quê? A informação ficou incompleta.

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( 7 ) O correto seria “manipulação da sociedade”, não “à sociedade”.


( 8 ) O “Assim, produzindo” ainda está no mesmo contexto que a frase anterior. Então o correto
seria ou trocar o ponto final por vírgula, ou reformular a frase para que ela faça sentido por si
só: “Assim [agindo], será possível produzir uma (...)”, por exemplo.

Comentário
sobre a
Conclusão

O Governo e a mídia (quem) devem promover liberdade de escolha e fomentar o uso de


informações impessoais nas redes (o quê), por meio de apps toptoptops (como), a fim de
evitar a manipulação e promover a inclusão (para quê).
Perceba que a estudante respondeu as 4 perguntas, mas não detalhou nenhuma. Como ela
tirou 180, isso significa que um corretor deu 160 e outro deu 200. Este último provavelmen-
te entendeu as “informações impessoais” como detalhamento da “liberdade de escolha”,
mas na minha opinião isso foi só um termo a mais para o “o quê”. Para não deixar dúvidas
de que se trata realmente de um detalhamento, sugiro dedicar mais espaço para ele. Eu me
empolguei na minha redação (6ª da ONDE JÁ SE 1000), e acabei escrevendo duas linhas
inteiras de detalhamento para o “como”. Não é necessário fazer isso, mas fica a dica: no
detalhamento da proposta de intervenção, é melhor sobrar do que faltar.

Comentários Gerais:
A estudante cometeu muitos erros de concordância, acentuação e vírgula (principalmente
vírgula), o que prejudicou muito a nota da competência 1.
Na competência 2, apesar de demonstrar um domínio interessante sobre o tema (apesar
de em D2 ela não mencionar o “controle de dados na internet”, tendo quase fugido do as-
sunto), a estudante não fez bom uso do repertório sociocultural. Na introdução, a menção
à Revolução Técnico-Científica foi pertinente, mas a conclusão equivocada sobre os dados
do IBGE em D1 não foi.
Na competência 3, os erros começam já na introdução. A tese genérica, com termos ex-
cessivamente vagos, prejudicou o projeto de texto como um todo. Além disso, a pouca
presença de termos “dissertativos” nos desenvolvimentos (apenas “dependência” em D1
e “problema” em D2) enfraqueceu o posicionamento da estudante. Os tópicos frasais são
boas formas de promover a organização, mas em D2 ele não teve relação com o restante
do parágrafo.
A ausência de conectivos em pontos chave prejudicou bastante a fluidez da leitura, e ter-
mos ambíguos como “suas”, em D1, provavelmente fez os corretores voltarem no texto
para entenderem do que se tratava a informação.
Na competência 5, um dos corretores interpretou que a estudante tinha escrito o detalha-
mento, enquanto o outro julgou que não. Para evitar esse problema, detalhe muito a ponto
de não restar dúvidas de que você respondeu as 5 perguntas.

Umberto Mannarino |109


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Sarah Notas:
C1: 120
C2: 160
C3: 160
C4: 120
C5: 120

680

Análise por parágrafos:

Introdução
Uma grande plataforma de notícias, ( 1 ) é a internet, mas sempre há pós ( 2 ) e contras como:
podemos utiliza-la ( 3 ) para conversar com amigos e parentes que estão longe e também
podemos obter notícias, porém as vezes ( 4 ) elas podem ser falsas ( 5 ) chegando aos usu-
ários que possuem redes sociais sendo filtrados ( 6 ) por máquinas ou até mesmo humanos.

( 1 ) Não deveria ter vírgula após “notícias”.


( 2 ) O correto é “prós”, não “pós”.
( 3 ) Acento agudo em “utilizá-la”.
( 4 ) Acento grave em “às vezes”.
( 5 ) Vírgula após “falsas” para introduzir a explicação da ideia anterior.
( 6 ) O correto seria “filtradas”, no feminino para concordar com “notícias”.

Comentário
sobre a
Introdução

Ao longo do texto, veremos que a estudante se focou exclusivamente no tema “fake news”.
Todos os parágrafos remetem à manipulação de informações na rede, não do comportamento

110 | Onde Já Se 1000


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do usuário em si. Isso teria sido motivo para perder muitos pontos na competência 2, mas até
que ela tirou uma nota boa (160). No entanto, fica o alerta para o ENEM 2019: enquanto estiver
construindo a sua introdução, pergunte-se se o tema está presente na íntegra, sob o risco de
ficar faltando informação e prejudicar o projeto de texto como um todo (competência 3). No
caso, a estudante falou do controle de dados na internet (a filtragem de dados por máquinas e
humanos) e da desinformação provocada por notícias falsas. No entanto, faltou explicar como
as notícias falsas provocam a manipulação do comportamento do usuário (peça chave para a
argumentação). Do jeito que está, isso tiraria pontos das competências 2 e 3: da 2, porque não
houve total adesão ao tema; e da 3, por estar faltando informação na introdução.

Desenvolvimento 1
“A tecnologia move o mundo”, frase dita pelo filósofo Steve Jobs ( 1 ), mas essa tecnologia
pode fazer o mal também, ( 2 ) manipulando os pensamentos de 64,7% das pessoas de 10
anos ( 3 ) ou mais que acabaram utilizando a internet e ( 4 , 5 ) as vezes ( 6 ), muitos jo-
vens não tem ( 7 ) suas opiniões formadas e são drasticamente prejudiciais ( 8 ) pois cada
pessoa forma sua opinião com dados, mas se forem falsos ( 9 ) esses adolescentes serão
enganados e não vão aprender a pesquisar em diversos sites para terem a certeza que es-
tão sendo ajudados ( 10 ) ou não se não for com a ajuda de um adulto.

( 1 ) Steve Jobs não era filósofo. Era um empresário.


( 2 ) Mais uma vez o comentário de que uma frase excessivamente longa tira a força dos argumen-
tos. Ligar os períodos com verbos no gerúndio também prejudica o impacto do texto. Para
resolver isso, seria interessante colocar ponto final e recomeçar a frase com um conectivo.
( 3 ) Mais uma pessoa que usou os dados do IBGE de maneira equivocada. Só porque 64,7% das
pessoas têm acesso à internet, isso não quer dizer que elas são necessariamente manipuláveis!
Teria sido necessário uma elaboração melhor do argumento para chegar a essa conclusão.
Exemplo: “64,7% das pessoas da idade __ têm acesso à internet, o que as torna vulneráveis à
manipulação de comportamento [caso não se atentem a: __, __, __]”.
( 4 ) “acabaram usando a internet” soa meio estranho. Parece que usar a internet é algo intrinseca-
mente negativo. O verbo no passado também dá a ideia de que as pessoas usaram a internet
apenas uma vez. Melhor seria “que têm acesso à internet”, no presente.
( 5 ) “às vezes” deveria vir isolado entre vírgulas.
( 6 ) Acento grave em “às vezes”.
( 7 ) Acento circunflexo em “têm” para concordar com o plural “muitos jovens”.
( 8 ) Os jovens são prejudicados, não “prejudiciais”. Palavras erradas, se muito recorrentes, tiram
nota da competência 1.
( 9 ) Faltou um elemento de retomada para “dados”. Apesar de estar relativamente perto, a cons-
trução pede um elemento de retomada: “(...) cada pessoa forma sua opinião com dados, mas
se [eles] forem falsos esses adolescentes (...)”.
(*10 ) Nem todas as informações na internet são para ajudar as pessoas. Às vezes elas são só entrete-
nimento, ou então simples conteúdo informativo. Então dizer que os jovens não estão “sendo
ajudados” soa impreciso e não condiz com a realidade.

Comentário
sobre o D1

Note que o parágrafo inteiro é composto por apenas uma frase. As diversas informações
estão ligadas por verbos no gerúndio e vários “e”. Isso é péssimo para a competência 4,

Umberto Mannarino | 111


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que exige frases bem amarradas entre si por meio de conectivos. Não é para você só usar
frases curtas de uma oração só, mas também não escreva um parágrafo inteiro sem ne-
nhum ponto final.
A menção a Steve Jobs e aos dados estatísticos sobre o uso da internet foi positiva para a
competência 2, mas a conclusão de que os 64,7% são manipulados só porque têm acesso
à internet é equivocada. Se esse tivesse sido o único uso de repertório sociocultural na
redação inteira, e sendo uma conclusão errada, a estudante teria tirado menos de 160 na
competência 2 (40 pontos por ter tangenciado o tema, falando só de fake news, e mais por
não ter usado repertório sociocultural pertinente em quantidade suficiente).
O uso de um termo com posicionamento claro (“drasticamente prejudicados”), apesar do
equívoco com a palavra “prejudiciais”, reforçou o caráter dissertativo do parágrafo, sendo
positivo para a competência 3.
Sobre o fim do parágrafo, fica um comentário que não tem relação com as competências:
do jeito que está escrito, a estudante deu a entender que, se os jovens tiverem o acompa-
nhamento de um adulto, não serão manipulados. Mas isso não é verdade. Até os adultos
são manipulados por fake news.

Desenvolvimento 2
No nordeste e norte do Brasil aproximadamente 50% da população não tem ( 1 ) acesso a
internet ( 2 ), sendo assim não afetados ( 3 ), mas no sul 70% tem ( 4 ) esse acesso e aca-
bam recebendo dados errados ( 5 , 6 ) mas podem ter a capacidade de diferenciar o certo
do errado utilizando a propria ( 7 ) ferramenta que está em suas mão, pesquisando mais a
fundo e achará ( 8 ) o correto ( 9 ).

(*1 ) Apenas uma curiosidade: o acento circunflexo em “têm” para concordar com o plural “50%” é
facultativo. Por ser mais de 1% (ou seja, o número estar no plural), o verbo pode tanto concordar
com o número “50” (plural, com acento) quanto com a pessoa “população” (singular, sem acento).
( 2 ) Acento grave para indicar crase: “acesso à internet”.
( 3 ) Essa informação não procede! Só porque 50% não têm acesso, não quer dizer que o Norte e o Nor-
deste não são afetados pela manipulação de comportamento. E os outros 50% que têm acesso?
(*4 ) Mesmo comentário de (1).
( 5 ) Ficou faltando muita informação nesse parágrafo, e esse foi o momento em que isso ficou
mais evidente. As pessoas “acabam recebendo dados errados”, mas quem emite esses dados?
Quem está provocando o controle de dados para manipular o comportamento dos usuários?
Se a estudante não coloca essa informação chave, fica parecendo uma conversa informal qual-
quer, e não uma dissertação do ENEM. É preciso não apenas ir mais a fundo na argumentação,
como também explicar melhor por que o tema se trata de um problema, sob o risco de perder
pontos de projeto de texto (competência 3).
( 6 ) Teria sido interessante colocar mais um ponto final aqui para recomeçar a frase com mais for-
ça. Como todo o parágrafo foi novamente uma frase só, as diversas informações ficam perdi-
das e embaralhadas, sem uma hierarquia definida.
( 7 ) Acento agudo em “própria”.
( 8 ) Quem “achará”? Ao longo de todo o parágrafo, a estudante falou termos no plural para con-
cordar com os números das porcentagens: “afetados” e “podem”, por exemplo. Então o verbo
no singular, “achará”, não faz sentido. Este é mais um risco de usar frases longas demais: você
acaba esquecendo quem é o sujeito, e pode perder pontos de concordância (competência 1).
( 9 ) A estudante fala que, com o uso consciente da internet, as pessoas serão capazes de superar a
desinformação e encontrar a informação correta na rede. Mas... e daí achar a informação correta?

112 | Onde Já Se 1000


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Perceba que ela já parte do pressuposto de que as informações erradas são ruins, mas não ex-
plica o porquê de elas serem ruins. Por que as fake news são um problema a ser resolvido? Bem,
porque elas provocam a manipulação do comportamento ideológico dos indivíduos, induzindo
atos de violência, discriminação, etc, etc, etc. Mas em momento algum do texto essa informação
ficou clara. Lembre-se: mesmo que pareça óbvio, é importante explicar por que o tema se trata
de um problema. E nada melhor para fazer isso do que mostrar o que ele provoca na sociedade.

Comentário
sobre o D2

Mais uma vez um parágrafo inteiro composto por apenas uma frase. Isso prejudica o en-
cadeamento lógico de ideias, e por esse motivo a nota na competência 4 foi tão baixa.
Mas isso é fácil de se resolver: leia seu texto mentalmente, e, sempre que encontrar uma
informação que quer dar destaque, coloque um ponto final logo em seguida e continue a
argumentação com um conectivo adequado.
O uso dos dados estatísticos, da mesma forma que no parágrafo anterior, também não
foi pertinente para a argumentação, porque só o fato de ter acesso à internet não implica
diretamente estar sujeito à manipulação de comportamento.
Sobre o comentário (9), essa ausência de explicação sobre a problemática é motivo para
perder pontos na competência 3.

Desenvolvimento 3
( 1 ) Novos projetos são muito importantes para o crescimento dos países em geral e se toda
sua população estudar e principalmente ter ( 2 ) acesso a essa educação não vão programa-
rem ( 3 , 4 ) esse tipo de máquinas que podem prejudicar as pessoas e até outras crianças.

( 1 ) Para explicar como esse parágrafo se relaciona com os outros, seria importante um conectivo
(competência 4).
( 2 ) O correto é “se tiver”, não “se ter”.
( 3 ) Quem “vão”? Nunca, absolutamente nunca, use sujeito indeterminado em uma dissertação do
ENEM. Você precisa deixar muito claro quem está provocando o problema e no que consiste esse
problema. Deixar qualquer informação dessas faltando prejudica gravemente a competência 3.
( 4 ) O correto é “vão programar”, não “vão programarem”.

Comentário
sobre o D3

Note que esta redação teve 3 parágrafos de desenvolvimento. Isso não é errado, desde
que os três tenham uma boa conexão entre si e tragam cada um uma informação nova e
completa em si mesma (a leitura de qualquer parágrafo isolado deve ser perfeitamente
compreensível). Infelizmente, não é o que acontece com esta redação. Apesar de não ser
errado ter 3 parágrafos de desenvolvimento, esse último ficou excessivamente curto, e não
conseguiu transmitir as ideias necessárias para compor um argumento coerente. Então a
minha dica é: prefira escrever dois parágrafos completos a três incompletos. A não ser que
você já venha estudando um modelo com 3 desenvolvimentos há um tempo, e tenha plena
convicção de que não faltaria informação nos parágrafos, não se arrisque!

Umberto Mannarino | 113


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Conclusão
( 1 ) Os pais devem monitorar seus filhos atentamente por eles ( 2 ) não terem ainda uma
opinião por seus conteúdos ingeridos no dia a dia pode ( 3 ) ser prejudicial ( 4 ) e também
o governo pode ( 5 , 6 ) organizar reuniões ( 7 ) para tentarem solucionar o problema mais
atentamente e as pessoas não acreditarem em tudo que vê ( 8 ) e como diz o filósofo Epic-
teto “Só a educação liberta” pois ninguém educado iria criar e fazer o mal para o outro.

( 1 ) Importante um conectivo para ligar todas as informações anteriores à proposta de intervenção


que está por vir. Muitas das redações da ONDE JÁ SE 1000 colocam até mais do que só um
conectivo: usam uma frase de síntese para amarrar tudo que já foi dito. Isso é uma coisa legal
de se fazer. Recomendo que você nunca comece a conclusão já com a proposta, sob o risco de
os parágrafos parecerem desconectados e você perder pontos na competência 3 (e na com-
petência 4 também, por ausência de conectivo).
( 2 ) A quem o “eles” se refere? Aos pais ou aos filhos? É claro que é aos filhos, mas a forma como
a frase foi construída dá margem à ambiguidade.
( 3 ) O que “pode” ser prejudicial? A ausência dessa informação torna a frase praticamente incom-
preensível, o que tira pontos da competência 4.
( 4 ) Prejudicial a quem? Prefira ser mais específico para tornar tangível o problema.
( 5 ) O correto seria “Governo”, com inicial maiúscula. E, de qualquer forma, de que órgãos do Go-
verno a estudante está falando? Teria sido melhor ser mais específica.
(*6 ) Prefira verbos mais fortes, como “deve”, ao invés de “pode”.
( 7 ) Organizar reuniões com quem? Perceba que toda a proposta de intervenção está excessiva-
mente abstrata.
( 8 ) O correto seria “veem”, no plural para concordar com o sujeito “as pessoas”.

Comentário
sobre a
Conclusão

Mais um parágrafo de uma só frase. Isso não é bom para a competência 4, então tome
muito cuidado! Ao invés de colocar “e” e jogar mais uma informação, coloque ponto final
e use conectivos. Além disso, o agente e a ação dessa proposta foram muito genéricos, o
que é motivo para perder pontos na ponto da competência 5. Mas vamos à análise das 5
perguntas para entender exatamente o motivo da nota 120:
Os pais (quem) devem monitorar os filhos (o quê) porque estes ainda não têm opinião
formada (detalhamento do o quê, por se tratar de uma justificativa da ação). O Governo
(quem) deve organizar reuniões para solucionar o problema (o quê) e as pessoas não mais
acreditarem em tudo que veem (para quê).
Foram duas propostas, e cada uma respondeu 3 das 5 perguntas. Logo, a nota foi 3/5 do
total: 120. Mas repare que a segunda proposta foi muito vaga, então poderia ter dado até
uma nota menor que 120. Felizmente a primeira proposta foi relativamente concreta, então
a nota foi dada com base nela.

114 | Onde Já Se 1000


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Comentários Gerais:
Acho que o principal a se comentar aqui foi o uso de frases muito grandes. Cuidado com
essa prática, que tira muitos pontos da competência 4. Enquanto estiver estudando, force-
-se a colocar pontos finais no meio dos parágrafos para não cometer esse erro.
Quanto à competência 1, os mesmos erros das outras redações: vírgula, acentuação e con-
cordância. Infelizmente é uma das coisas que mais tira ponto, então ao longo do ano pra-
tique bastante isso.
Ah! Sobre isso, eu fiz um vídeo sobre os principais erros que as pessoas cometem na reda-
ção do ENEM, e vírgula e concordância estavam nele. Caso tenha interesse, aqui vai o link:
https://youtu.be/RmQ2YKm-CpA
Na competência 2, confesso que inicialmente fiquei surpreso com a nota 160, porque falar
só de fake news durante a redação toda teria sido motivo para perder muitos pontos nessa
competência (pois é considerado tangenciar o tema). No entanto, como a estudante fez
bom uso de repertório sociocultural (a citação de Steve Jobs e de Epicteto), a única razão
para ter perdido pontos nessa competência foi a não adesão ao tema proposto, então ela
não perdeu tantos pontos assim. Mas lembrando: a interpretação dos dados estatísticos
estava equivocada, então, se a estudante não tivesse feito a menção a Steve Jobs e Epic-
teto (pertinentes), só os dados estatísticos não teriam dado ponto na competência 2, e a
nota teria sido provavelmente 100 ou 120.
Na competência 3, a ausência do elemento “manipulação do comportamento” na intro-
dução enfraqueceu o projeto de texto como um todo. Além disso, como mencionado no
comentário 9 de D2, falta uma informação crucial nesse parágrafo, o que passa a impres-
são de o texto estar incompleto. O ponto positivo para essa competência foi o bom uso
de termos dissertativos (“drasticamente prejudicados” e “prejudicar”), que corroborou de
maneira adequada a indignação da estudante.
Comentários sobre a competência 5 na seção anterior.

Umberto Mannarino | 115


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Allison Notas:
C1: 140
Hodiernamente, é indiscutível que é elevado o índice alto de pes- C2: 140
soas que coletam dados onde não sabem o fato se são realmente
informações aprovadas. Desse modo, temos que tomar relevância C3: 100
e saber ter informações verídicas e saber ser bem movido ao bom
comportamento. Nesse caso é eficaz o uso controlado de internet, C4: 180
e saber mas sobre o que está fazendo para não terem problemas.
Individualmente, o usuário sabe o que realmente está fazendo,
C5: 120
caso ele esteja com um bom conhecimento sobre os dados que
ele está obtendo para melhoria do conhecimento e do seu com-
portamento. Dessa forma, certifica-se que a pessoa que tem zero 680
conhecimento de internet pode ter seu comportamento manipu-
lado. Então como o filosofo francês, Sartre afirma – O ser humano
é livre e responsável; cabe a ele escolher o seu modo de agir.
Com tudo isso o IBGE afirma que mais de 85% dos jovens usam a
internet, é o índice alto onde a maioria dos jovens se deixam levar
com tudo oque se passa na mídia, televisões e redes sociais. Além
disso, atualmente, pessoas, crianças não conseguem viver sem a
internet e tem seus psicologicos afetados. Afinal, já afirmava Pla-
tão: O importante não é viver, mas sim viver bem.
Em suma, as pessoas que tem esse acesso a internet tenha con-
trole, não exagere no uso. Logo que, podem criar leis onde exibe
dados negativos onde prejudique o ser humano seja bloqueado,
criem propagandas onde conscientize as pessoas de saber lidar
com seu comportamento em redes sociais, sites e entre outros.

Análise por parágrafos:

Introdução
Hodiernamente, é indiscutível que é elevado o índice alto ( 1 ) de pessoas que coletam dados
( 2 ) onde não sabem o fato se são ( 3 ) realmente informações aprovadas ( 4 ). Desse modo,
temos que tomar relevância ( 5 ) e saber ter ( 6 ) informações verídicas e saber ser bem
movido ( 7 ) ao bom comportamento ( 8 ). Nesse caso é eficaz o uso controlado de internet,
( 9 ) e saber mas ( 10 ) sobre o que está fazendo ( 11 ) para não terem problemas ( 12 , 13 ).

( 1 ) “É elevado o índice alto” é pleonasmo. Escolha um dos dois adjetivos.


( 2 ) O estudante quis dizer pessoas “que têm seus dados coletados”, não “que coletam dados”.
( 3 ) Não sabem se [o quê?] são informações aprovadas. Sem explicar do que se tratam, a frase “não
sabem se são aprovadas” está incompleta. De que informações aprovadas estamos falando?
( 4 ) Aprovadas por quem? A redação começou há pouco tempo, e já tem muita informação faltan-
do. A ideia de aprovar informações dá margem a muita especulação: o estudante está falando
de censura? De fact checking? De quê? Não dá para saber com base no que foi escrito, o que
prejudica consideravelmente a nota da competência 3.
( 5 ) A expressão “tomar relevância” não faz sentido. Talvez o estudante quisesse dizer “tomar consciência”.
( 6 ) A expressão “saber ter” é informal demais. Melhor teria sido “saber como obter (...)”.
( 7 ) Como o estudante está falando na primeira pessoa do plural (“temos que tomar consciência”),
o correto seria “movidos”, no plural.
( 8 ) De que “bom comportamento” ele está falando? Não fica claro, então é mais uma informação incom-
pleta no parágrafo de introdução. Até agora, a ausência de dados prejudicou bastante a contextua-
lização do problema, o que enfraquece a tese e o projeto de texto como um todo (competência 3).

116 | Onde Já Se 1000


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Não deveria ter vírgula antes de “e saber (...)”.


( 10 ) O correto é “saber mais”, não “mas”.
( 11 ) Saber o que [quem] está fazendo? Mais uma vez ausência de informação relevante.
( 12 ) Para [quem] não ter problemas? Mesmo comentário que em (3), (4) e (11). Falta informação.
E de que problemas o estudante está falando? Essa é simplesmente a informação mais impor-
tante do parágrafo!! É vital apresentar claramente do que se trata o problema, e falar só “para
não ter problemas” é perder a chance de detalhar essa informação.

Comentário
sobre a
Introdução

O principal comentário é que falta muita informação no parágrafo. A tese está pouco clara, e, como
é ela que orienta todo o texto, isso prejudica muito a competência 3. Além disso, como a internet
não foi mencionada na apresentação do problema (apenas na proposta de uma possível solução),
o tema “manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet” não foi
integralmente coberto no parágrafo. Mais um motivo para perder pontos na competência 3.
Quanto à competência 4, há bom uso de conectivos e elementos de retomada (“Dessa forma”,
“nesse caso”, etc.), o que promove a boa progressão temática e o encadeamento lógico de ideias.

Desenvolvimento 1
Individualmente, o usuário ( 1 ) sabe o que realmente está fazendo, caso ele esteja com
um bom conhecimento ( 2 ) sobre os dados ( 3 ) que ele está obtendo para melhoria do
conhecimento e do seu comportamento ( 4 ). Dessa forma, certifica-se ( 5 ) que a pessoa
que tem zero conhecimento de internet pode ter seu comportamento manipulado. Então
( 6 ) como o filosofo francês, Sartre ( 7 ) afirma – O ser humano é livre e responsável; cabe
a ele escolher o seu modo de agir ( 8 ).

( 1 ) Usuário de quê? Da internet? É necessário deixar isso claro!


(*2 ) “esteja com um bom conhecimento” soa estranho. Melhor teria sido “tenha um bom conheci-
mento”, ou “tenha pleno domínio”.
( 3 ) De que dados o estudante está falando? Como não houve menção à internet neste parágrafo,
não dá para entender que “dados” são esses. A informação está genérica.
( 4 ) Vou pontuar isto durante toda esta redação: por mais que a informação esteja clara na sua ca-
beça, é importante que ela também fique clara na hora de você passar para o papel. “Melhoria
do conhecimento e do seu comportamento” é genérico a ponto de não ser possível compre-
ender o que o estudante está falando.
( 5 ) Lendo novamente o período, percebe-se que o correto seria “conclui-se”, e não “certifica-se”.
( 6 ) Vírgula para isolar “como o filósofo francês, Sartre”.
( 7 ) Vírgula para isolar “Sartre”.
( 8 ) A que conclusão o estudante quer chegar com essa frase de Sartre? Depois de ler algumas ve-
zes, suponho que seja a necessidade de as pessoas tomarem a iniciativa de aprender a mexer
na internet para que não tenham mais seu comportamento manipulado. Mas isso é uma con-
clusão a que eu cheguei com base nas informações expostas. Em uma dissertação do ENEM,
você precisa colocar no papel essa conclusão. Não deixe nada implícito para o corretor deduzir,
porque isso é interpretado como ausência de informação – o que prejudica a competência 3.

Umberto Mannarino | 117


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Comentário
sobre o D1

O principal comentário é a falta da conclusão nesse parágrafo. O estudante vai elaborando


bem o argumento, conduzindo bem a leitura: pessoas que não têm conhecimento são mani-
puladas, e as que entendem de internet são menos vulneráveis, e Sartre disse que nós somos
livres e responsáveis, e............ e não termina. Falta a conclusão, a informação que vai amarrar
tudo e demonstrar para o corretor que todas as informações foram inseridas por um motivo.
E é esse encadeamento de ideias que configura um bom projeto de texto (competência 3).
Os conectivos (competência 4) foram bem utilizados para promover a progressão temática
(ou seja, costurar as frases entre si), mas informação faltante é questão de competência 3.

Desenvolvimento 2
Com tudo isso o IBGE afirma que mais de 85% dos jovens usam a internet, ( 1 ) é o índi-
ce alto onde ( 2 ) a maioria dos jovens se deixam levar com tudo oque ( 3 ) se passa na
mídia, televisões e redes sociais ( 4 ). Além disso, atualmente, pessoas, ( 5 ) crianças não
conseguem viver sem a internet e tem ( 6 ) seus psicologicos ( 7 ) afetados ( 8 ). Afinal, já
afirmava Platão: O importante não é viver, mas sim viver bem ( 9 ).

( 1 ) Deveria ser ponto final, e não vírgula (ou então dois pontos, ou travessão; qualquer coisa, me-
nos vírgula).
( 2 ) Não se usa “onde”, a não ser em situações que exprimem locais. Como não é o caso, deveria
ser “em que”.
( 3 ) O correto é “o que”, não “oque”.
( 4 ) O estudante não conectou o fato de 85% terem acesso à internet com o fato de serem mani-
puláveis. Lembrando que só ter acesso não implica ser manipulado.
( 5 ) O “pessoas” está sobrando nessa frase. Fica até engraçado de ler, porque parece que é um
vocativo: “além disso, atualmente, galerinha, crianças não conseguem (...)”.
( 6 ) O correto é “têm”, no plural para concordar com “crianças”.
( 7 ) Acento agudo em “psicológicos”.
( 8 ) De que maneira o psicológico das crianças é afetado? Mais uma vez uma das informações mais
importantes do parágrafo ficou faltando.
( 9 ) Mesmo comentário que o último do parágrafo anterior: a que conclusão o estudante quer che-
gar com essa frase de Platão? Como ela se relaciona com o restante do parágrafo? É impres-
cindível deixar isso bem claro, senão as citações parecem “largadas” e impertinentes.

Comentário
sobre o D2

Como em outras redações da ONDE JÁ SE 1000, a menção aos dados do IBGE foi usada
para sustentar o argumento de que as pessoas estão sendo manipuladas pela internet. No
entanto, como eu já disse antes, não é porque as pessoas têm acesso à rede que automati-
camente se tornam manipuláveis. Chegar a essa conclusão a partir de um dado estatístico
é equivocado, e pode prejudicar a competência 2. A citação fora de contexto a Platão tam-

118 | Onde Já Se 1000


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bém é motivo para perder ponto nessa competência – pois, lembre-se, a menção não pode
apenas estar presente, mas também precisa ser pertinente para a argumentação.
A ausência de explicação a “como” o psicológico das crianças é afetado (talvez uma con-
sequência concreta disso) torna o argumento vago e pouco convincente.

Conclusão
Em suma, ( 1 ) as pessoas que tem ( 2 ) esse acesso a ( 3 ) internet tenha ( 4 ) controle,
não exagere ( 5 ) no uso. Logo que ( 6 ), podem ( 7 ) criar leis onde exibe ( 8 , 9 ) dados
negativos onde ( 10 ) prejudique o ser humano seja bloqueado ( 11 , 12 ), criem propagan-
das ( 13 ) onde conscientize as pessoas de saber lidar com seu comportamento em redes
sociais, sites e entre outros ( 14 , 15 ).

( 1 ) A forma como a frase foi construída, com o verbo no presente do subjuntivo (“tenham”), exige
um “é necessário que” antes de. “É necessário que as pessoas tenham”.
( 2 ) “Têm”, com acento circunflexo para indicar plural e concordar com “pessoas”.
( 3 ) Acento grave em “à” para indicar crase: “acesso à internet”.
( 4 ) “Tenham”, no plural para concordar com “pessoas”.
( 5 ) “Exagerem”, no plural para concordar com “pessoas”.
( 6 ) O conectivo “Logo que” não se encaixa nessa frase. Faria mais sentido um “Para superar a
problemática, [agente] deve criar leis que (...)”.
( 7 ) Quem “podem criar leis”? Falta o agente! Para uma proposta de intervenção completa, você
precisa responder quem, o quê, como e para quê. Aqui faltou o “quem”.
( 8 ) Novamente, não se usa “onde” para se referir a elementos que não sejam lugares. O certo seria
“leis QUE exibem (...)”.
( 9 ) “Exibem”, no plural para concordar com “leis”. E, de qualquer forma, não são as leis que vão
exibir os dados negativos, e sim veículos de comunicação ou quaisquer outros meios. As leis
apenas tornariam obrigatória essa veiculação.
( 10 ) Mesmo comentário que (8).
( 11 ) O que vai ser bloqueado? Os “dados negativos”? Se sim, deveria vir no plural (“sejam bloqueados”).
E que dados negativos são esses? Como durante toda a redação os argumentos ficaram genéricos,
não dá para entender a que ponto o estudante quer chegar com essa proposta de intervenção.
( 12 ) A frase inteira ficou sem nexo. “Podem criar leis que exibem dados negativos que prejudiquem
o ser humano sejam bloqueados”. Lendo novamente, entendi que o estudante quis propor leis
que obriguem os veículos de comunicação a bloquear conteúdos prejudiciais. Mas, da forma
que a frase foi escrita, está confuso.
( 13 ) Mesmo comentário que (7). Quem vai criar as propagandas? Falta o agente. E o “onde” a se-
guir deveria ser substituído por “que” ou “as quais”.
( 14 ) O correto seria “[vírgula] entre outros”. Não se usa “e” nesse caso.
( 15 ) Não escreva “entre outros” na redação do ENEM – principalmente na proposta de intervenção.
Você vai ganhar pontos pelo que escreveu, não pelo que deixou de escrever. Então seja con-
creto, não deixe informação faltando.

Umberto Mannarino | 119


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Comentário
sobre a
Conclusão

O estudante tirou 120 na competência 5, o que significa que os corretores entenderam que ele
respondeu 3 das 5 perguntas necessárias (obtendo a nota proporcional). Vamos identificá-las:
[Agente inexistente] deve criar leis (o quê) que exigem dos veículos o bloqueio de conte-
údo prejudicial (como). Além disso, [agente inexistente] deve criar propagandas (o quê)
que conscientizem as pessoas (como).
Com todo o respeito ao estudante (porque eu não estou aqui para julgar as redações como
“boas” ou “ruins”), eu não consigo encontrar mais do que 2 das 5 respostas: o “o quê” e o
“como”. Duas de cada, claro, mas ainda assim apenas duas. Além disso, se fosse para ser
MAU de verdade, daria até para ler o “como” só como uma extensão do “o quê”, o que
resultaria em apenas 1 pergunta respondida (do total de 5 necessárias).
Então, apesar da nota 120 na competência 5, se fosse para ser mau de verdade essa pro-
posta de intervenção poderia ter tirado 80 (ou até 40, a depender).
Além do agente e do detalhamento da intervenção, faltou responder o “para quê”. Caso essas
medidas sejam implementadas, o que vai mudar no mundo? Como a realidade vai se tornar
melhor? É importante terminar com uma visão de futuro para responder essa última pergunta.

Comentários Gerais:
Olhando para a nota das 5 competências, perceba que a competência 4 teve uma nota
bem alta em comparação com as demais. E isso faz todo o sentido quando você percebe
que o estudante usou ótimos conectivos para juntar as ideias ao longo dos parágrafos. Isso
liga muito bem os períodos, contribuindo para uma boa progressão temática. Infelizmente
as frases confusas prejudicaram a leitura, senão muito provavelmente a nota teria sido 200.
Quanto à competência 1, houve muitos erros de português ao longo do texto, principal-
mente de concordância e acentuação. São detalhes pequenos que, quando acumulados,
viram uma bola de neve e prejudicam bastante a nota final.
Na competência 2, as menções desconexas no final dos parágrafos (Sartre e Platão), usa-
das sem explicar o porquê, fez baixar a nota. No entanto, como nos dois parágrafos de de-
senvolvimento o estudante faz referência à internet e à manipulação do comportamento,
ele não tangenciou o tema em nenhum momento, o que contribuiu para uma nota razoável
nessa competência.
A competência 3 teve a menor nota dentre as 5. O motivo principal foi a recorrente au-
sência de informação ao longo do texto, que em momento nenhum partiu para exemplos
concretos. Desde a tese, na introdução, os argumentos ficaram genéricos e pouco convin-
centes, o que prejudicou o projeto de texto como um todo.
Na competência 5, fica o alerta de sempre responder as 5 perguntas: quem + o quê + como
+ para quê + detalhamento. O estudante tirou 120, mas a nota poderia ter sido menor se
os corretores tivessem sido mais rígidos. E, enquanto você escreve a redação, é melhor
sempre supor que o seu corretor vai ser o cara mais rígido de todos, porque assim vai ser
certeza que seu texto estará impecável.

120| Onde Já Se 1000


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Yasmin Notas:
C1: 100
C2: 140
C3: 140
C4: 140
C5: 120

640

Análise por parágrafos:

Introdução
Desde muito tempo, a sociedade sofre com a manipulação de suas idéias ( 1 , 2 ), na era
Vargas ( 3 ) por exemplo, o Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP) era responsá-
vel por influenciar as pessoas ( 4 ), atraves ( 5 ) de uma boa propaganda do governo e da
censura aos pensamentos que não queriam ( 6 ) nos veículos de comunicação. O mesmo
( 7 ) ocorre atualmente, onde ( 8 ) os usuários da internet vêm perdendo a autonomia de
sua personalidade ao receberem opiniões já prontas em redes sociais ( 9 ).

( 1 ) “Ideias” já não tem mais acento agudo.


( 2 ) O correto seria ponto final, não vírgula. Se quisesse usar vírgula, a frase deveria ser totalmente
reformulada, como por exemplo: “Desde muito tempo, a sociedade sofre com a manipulação
de suas ideias, [como era caso da Era Vargas], época em que o DIP (...)”.
( 3 ) “por exemplo” deveria estar isolado entre vírgulas.
( 4 ) O DIP “influenciar as pessoas” é uma informação genérica. Como precisamente ele fazia isso?
Esse é um dado importante se a estudante quer contextualizar a problemática por meio de
uma analogia. Então fica a observação: tome cuidado com informações que dão margem a
múltiplas interpretações (como é o caso dos verbos “influenciar”, “manipular”, etc).
( 5 ) Acento agudo em “através”.
( 6 ) Quem não queria? O verbo na 3ª pessoa do plural torna o sujeito indeterminado, e a última coi-
sa que você quer em uma dissertação do ENEM é um sujeito indeterminado. A redação deve
ser o mais precisa e concreta possível. Nada de “pontas soltas”!!

Umberto Mannarino | 121


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( 7 ) Não se usa “o mesmo” sozinho como elemento de retomada. O correto seria “o mesmo [fenômeno]”.
( 8 ) Não se usa “onde”, não ser em situações que remetam a lugares físicos. No caso, melhor teria
sido “quando”, por se referir a algo temporal (“atualmente”).
( 9 ) Uma tese muito bem escrita! A estudante usou um termo bem forte (“perda de autonomia e per-
sonalidade”) para apontar a problemática, reforçando que isso é causado por opiniões já pron-
tas nas redes sociais. Ótimo. Só não ficou perfeita porque infelizmente faltou a segunda parte
do tema: o controle de dados na internet. Ela falou apenas da manipulação de comportamento,
mas não relacionou isso ao controle de dados propriamente dito. Essa ausência de um dos pon-
tos chave do tema prejudica o projeto de texto como um todo e tira pontos da competência 3.

Comentário
sobre a
Introdução

A menção à Era Vargas é interessante para traçar uma analogia com a situação atual (com-
petência 2), mas, como naquela época o controle não era por meio da internet, teria sido
imprescindível mencionar “internet” na tese. Do jeito que a redação foi escrita, faltou uma
peça chave da argumentação, o que infelizmente tirou pontos da competência 3. Fora isso,
a introdução está ótima. A menção às informações prontas nas redes sociais já é uma boa
forma de orientar o restante do texto, e é positiva para a competência 3.

Desenvolvimento 1
Prova disso é que, ( 1 ) a maioria das pessoas desconhecem a origem das informações
que recebem ( 2 ), mas ainda acreditam nelas, então tais notícias foram bem veiculadas
para atingir um público que acreditaria no fim sem questionar os meios. Isso ( 3 ) tem
gerado um enorme problema, que é uma comunidade cheia de informação ( 4 ) porém,
vazias ( 5 , 6 ) de conhecimento ( 7 ) tornando-os ( 8 ) facilmente manipuláveis.

( 1 ) Não deveria ter vírgula após “que”. A leitura precisa ser fluida: “Prova disso é que a maioria (...)”.
( 2 ) A estudante não insere provas concretas para comprovar que “a maioria” das pessoas desco-
nhece a origem das informações. Sem um dado estatístico, essa informação parece ter sido
apenas largada de qualquer jeito. No entanto, isso não significa que você não pode usar da-
dos do senso comum, mas tenha em mente que, para falar “maioria” e “minoria”, você precisa
de respaldo teórico. Para resolver o problema de uma forma simples, bastaria ter substituído
“maioria” por “boa parte”. Boa parte da população não tem consciência da origem das infor-
mações – e isso é impossível de se questionar.
( 3 ) “Isso” é um dos elementos de retomada mais simples para ligar os períodos. Não está errado
(muito pelo contrário), e já facilita bastante a fluidez da leitura. Ótimo para a competência 4.
Fica apenas a sugestão de trocar elementos de retomada “neutros” por um termo com posi-
cionamento mais definido, como trocar o “Isso” por “Esse comportamento abominável”. Isso
já mataria 2 coelhos de uma só vez: ligaria os períodos (competência 4) tão bem quanto e
reforçaria a indignação (competência 3).
( 4 ) Vírgula antes de “porém”.
( 5 ) Não deveria ter vírgula após “porém”
( 6 ) “Vazia” deveria estar no singular, para concordar com “comunidade”.
( 7 ) Vírgula antes de “tornando-os”.
( 8 ) O verbo “tornando-os manipuláveis” gera duas ambiguidades: Quem está sendo manipulado?
Se “a comunidade”, o certo seria “tornando-a”. E, de qualquer forma, quem está manipulando?
Se a comunidade é manipulada, é porque alguém está manipulando. Teria sido necessário dei-

122 | Onde Já Se 1000


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xar bem claro quem é esse agente da manipulação, porque é ele que deve ser combatido. Em
uma dissertação, é preciso primeiro revelar o causador do problema, para só então atacá-lo. E a
construção vaga (especialmente por causa do verbo no gerúndio) não revela quem está provo-
cando a manipulação da sociedade. Além disso, teria sido interessante explicar em que sentido
a comunidade está sendo “manipulada”, porque, como eu falei no comentário da introdução,
esse é um termo muito abstrato, que precisa de situações concretas para se tornar convincente.

Comentário
sobre o D1

Mais uma vez, esse parágrafo não trouxe referência ao controle de dados na internet. Fala
apenas da manipulação do comportamento – e ainda deixa vago em que sentido ela se dá.
Ou seja, falta muita informação no parágrafo para que ele fique completo, o que prejudica
a nota do projeto de texto (competência 3).

Desenvolvimento 2
Tudo isso é consequência dagrande ( 1 ) quantidade de dados pessoais que as pessoas
postam na internet, ( 2 ) essas informações são filtradas pelos algoritmos que construirão
um espaço virtual atraente ao usuário, que ( 3 ) com isso, dão maior credibilidade ao que
lhe é oferecido pelas mídias. Porém o que é ( 4 ) oferecido são: opiniões já prontas, verda-
des contorcidas ( 5 ) entre outros ( 6 ), e ( 7 ) a partir do controle da informação do usuário,
o próprio passa a ser controlado.

( 1 ) A maneira como a estudante escreveu na folha definitiva parece “dagrande”, não “da grande”.
Muitos errinhos assim podem prejudicar a nota da competência 1.
( 2 ) Mesmo comentário que o (2) da introdução. O correto seria ponto final, não vírgula.
( 3 ) Vírgula após “que” para isolar o “com isso”. Repare que, se simplesmente removesse o “com
isso”, a frase continuaria a fazer sentido. Expressões inseridas no meio de uma frase que faz
sentido por si só devem estar entre vírgulas (ou sem vírgula nenhuma). Outro exemplo é a
própria frase que eu escrevi: “Repare que [VÍRGULA] se simplesmente removesse o ‘com isso’
[VÍRGULA] a frase continuaria a fazer sentido”. É obrigatório vírgula dos dois lados.
(*4 ) Sugiro colocar um “de fato” na frase para reforçar o contraste entre prometido e realidade:
“Porém o que é [de fato] oferecido são (...)”.
( 5 ) O correto é “distorcidas”, não “contorcidas”.
( 6 ) Não use “entre outros” em uma redação do ENEM. Dá a impressão de que você já não sabe
mais o que falar. Você precisa transmitir certeza na sua argumentação, e termos como esse
fazem o texto parecer incompleto e frágil.
( 7 ) Vírgula após “e” para isolar “a partir do controle da informação do usuário”. É o mesmo caso
que o comentário (3) deste parágrafo.

Comentário
sobre o D2

Esse parágrafo foi mais assertivo que o anterior em relação à manipulação do com-
portamento pelo controle de dados na internet. A menção à internet e aos algoritmos

Umberto Mannarino | 123


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seguida pelo contraste “prometido/real” mostrou de fato qual é o problema a ser re-
solvido. Uma sugestão para ir melhor na nota da competência 2 seria retomar nesse
parágrafo a menção a Vargas. A manipulação por meio de algoritmos se encaixa perfei-
tamente com o que foi mencionado sobre o DIP na introdução, então “casaria” bem. E
essa ainda teria sido uma boa forma de apresentar um exemplo (por meio de analogia)
mais concreto do real perigo dos algoritmos.

Conclusão
Portanto ( 1 ) medidas como palestras em escolas dadas por especialistas em tecnologia
são muito importantes ( 2 ) para que desde cedo todos fiquem cientes do risco da ma-
nipulação, pois como dizia Immanuel Kant: “O ser humano é, ( 3 ) aquilo que a educação
faz dele.” e ( 4 ) para que as pessoas não sejam influenciadas mais, essa conscientização
deverá fazer parte da sua pose educacional.

( 1 ) Vírgula após “Portanto”.


(*2 ) É sempre possível substituir construções como “muito + [adjetivo]” por algum outro adjetivo.
É bom para enriquecer o vocabulário do seu texto. Ao invés de “muito importantes”, prefira
“cruciais”, “imprescindíveis”, “vitais”, etc.
( 3 ) Não deveria ter uma vírgula após “é”, pois não se separa o verbo de seu objeto.
( 4 ) Vírgula após “E” para isolar “para que as pessoas não sejam influenciadas mais”.

Comentário
sobre a
Conclusão

A estudante falou das medidas necessárias (o quê), mas deixou de lado o agente dessa ação.
Ou seja, só aí já perdeu 40 pontos por desatenção ao modelo. Mas vamos à análise completa:
[Agente inexistente] deve promover palestras em escolas (o quê) ministradas por especia-
listas (detalhamento do “o quê”), para que todos estejam cientes dos riscos desde cedo
(para quê). Ficou faltando o “como” e o “quem”, ou seja, somente 3 das 5 perguntas foram
respondidas. A nota foi proporcional: 120 de 200.

Comentários Gerais:
A estudante cometeu alguns erros de português que tiraram ponto da competência 1. No
entanto, sinceramente, não acho que tenham sido graves a ponto de tirarem 100 pontos.
Outras redações da ONDE JÁ SE 1000 tiveram até mais erros de português e tiraram 120,
140, o que prova que os corretores não são tão imparciais assim na hora de dar a nota. Os
erros mais recorrentes foram vírgulas erradas e palavras erradas (“verdades contorcidas”).
Mas o que também deve ter tirado ponto foram os erros na própria folha definitiva. Repare
nas linhas 7, 12, 15 e 28. Em 7, “vêm” está rasurado de uma forma estranha, dando a impres-
são de que o “e” tem um til. Em 12, “meios” está colado a “Isso”, sem espaço para o ponto

124 | Onde Já Se 1000


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final (e a palavra “problema”, no fim da linha, não teve o hífen obrigatório da separação
silábica). Em 15, “da grande” está escrito junto, e em 28 o ponto final dentro da citação de
Kant exigiria que a estudante começasse a frase a seguir com letra maiúscula.
Na competência 2, uma das prováveis causas da perda de pontos foi o fato de os dois
primeiros parágrafos não fazerem menção alguma ao “controle de dados na internet”. Ou
seja, até metade do texto a redação praticamente tangenciou o tema. Quanto ao repertó-
rio sociocultural, a Era Vargas e a menção a Kant foram pertinentes para a argumentação
(apesar de eu sugerir que você não use citações prontas como a de Kant, porque hoje em
dia estão mais exigentes quanto à real pertinência das alusões).
Na competência 3, a tese incompleta prejudicou o projeto de texto, e a menção à “manipulação”
sem explicar do que ela se trata na prática dá a impressão de que falta informação na argu-
mentação. No entanto, o bom uso de termos dissertativos (“perda de autonomia” e “vazio de
conhecimento”) não deixou a redação ficar expositiva, o que é positivo para essa competência.
Demorei um ponto para entender por que a nota tão baixa na competência 4, apesar de a
estudante fazer bom uso de elementos de retomada. Mas depois de ler algumas vezes eu
encontrei o problema. Repare que a redação inteira, apesar de possuir muitos elementos
de retomada (“prova disso”, “isso”, “essas informações”, “o próprio”, etc.), praticamente
não tem conectivos. Usou só “Porém” e o “Portanto”, mas não há mais nada. Faltaram ter-
mos como “Nesse sentido”, “A esse respeito”, “Sob tal perspectiva”, etc.
Lembrando que conectivos e elementos de retomada cumprem papéis diferentes na redação,
então é necessário fazer bom uso dos dois para alcançar a nota máxima na competência 4.
Na competência 5, a estudante respondeu apenas 3 das 5 perguntas na conclusão, o que
lhe garantiu a nota proporcional.

Umberto Mannarino | 125


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Lucas Notas:
C1: 120
C2: 120
C3: 120
C4: 160
C5: 120

640

Análise por parágrafos:

Introdução
Vê-se que a manipulação do comportamento do usuario (1) pelo controle de dados (2, 3), é
um tema pouco discutido pela população e isso leva à desinformação do usuario ( 4 ), que tem
a ilusão de que tem a total liberdade de escolher o que quer ver e acessar ( 5 , 6 ). A venda
de dados e a falta de informação e liberdade, ( 7 , 8 ) são tópicos a serem analisados ( 9 , 10 ).

( 1 ) Acento agudo em “usuários”.


( 2 ) Faltou apenas a informação mais importante de toda a redação: NA INTERNET. Tudo revolve
o controle de dados na internet. Sem essa informação, o “controle de dados” se torna algo
genérico e impreciso.
( 3 ) Não deveria ter vírgula antes de “é um tema (...)”, pois não se separa sujeito de predicado.
( 4 ) Acento agudo em “usuário”.
( 5 ) Qual o problema de o usuário ter a ilusão de liberdade? Na redação do ENEM, o importante é você
apontar a problemática por trás dos fenômenos. Simplesmente apontar o fenômeno não é o sufi-
ciente. Você precisa deixar claro que entende as consequências disso para a sociedade, e isso é cru-
cial para uma tese de qualidade. Se não esclarecer as consequências, a competência 3 é prejudicada.
( 6 ) Teria sido bom um conectivo para iniciar a frase seguinte. Sem ele, tudo parece desconexo.
Qual a relação entre a ilusão de liberdade e os tópicos a serem analisados? Um “Nesse sentido”
resolveria a questão.
( 7 ) Falta de liberdade onde? Não fica claro. O estudante deveria ter explicado que a ausência de
liberdade se refere ao ambiente virtual, pois foi essa a exigência do ENEM.
( 8 ) Não deveria ter vírgula após liberdade, pois não se separa sujeito de predicado.

126 | Onde Já Se 1000


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( 9 ) Por que esses temas são tópicos a ser analisados? Tem que ter um motivo. Para já sugerir que
na conclusão você vai propor uma intervenção para solucionar a problemática, coloque algo
na introdução que passe essa ideia. Sugestão: “(...) são tópicos a serem analisados para que se
( 10 )
possa enfim compreender e contornar a problemática”.
Na introdução, o estudante já delineia sobre o que serão os parágrafos de desenvolvimento:
a venda de dados e a falta de informação e liberdade. Isso é positivo para o projeto de texto!

Comentário
sobre a
Introdução

Faltou só uma peça para esse parágrafo ter ficado completo: o motivo de a ilusão de liber-
dade ser um problema. Sem isso, a introdução perde completamente o seu propósito. A
competência 3 exige que você siga um projeto de texto coerente, e, para isso, é necessário
que explique desde o começo do texto o porquê de estar trazendo esse tema à tona. Sem
deixar claro por que se trata de um problema, a dissertação não faz sentido.

Desenvolvimento 1
Em primeira analise ( 1 ) destaca que ( 2 ), ao procurarmos produtos na internet, logo em
seguida, ( 3 ) nós ( 4 ) deparamos com anuncios ( 5 ) daquele mesmo produto em outros
sites, ( 6 ) isso ocorre por conta dos algoritimos ( 7 ) matemáticos que seleciona e coleta
( 8 ) nossos padrões de acesso para a venda para empresas ( 9 ) essa tática tem a função
de nos manipular e coagir e ( 10 , 11 ) adquirir ou assinar tal produto ( 12 ), portanto, acaba
influênciando ( 13 ) os usuarios ( 14 ) de forma forçada e manipulada ( 15 ).

( 1 ) Acento agudo em “análise”. De qualquer forma, esse foi um bom conectivo para iniciar o pri-
meiro parágrafo de desenvolvimento.
( 2 ) Não faz sentido essa construção. Melhor seria “vale destacar que (...)”.
( 3 ) Sem vírgula após “logo em seguida”.
( 4 ) Faltou o pronome oblíquo “nos”: “nós NOS deparamos”.
( 5 ) Acento agudo em “anúncios”. Esses erros recorrentes de acentuação prejudicam a competência 1.
( 6 ) O correto seria ponto final, e não vírgula antes do “isso”. Se quiser mesmo usar vírgula (o que
eu não recomendo, porque frases longas demais não deixam espaço para conectivos), seria
necessário reformular para “(...) em outros sites, e isso ocorre por conta dos (...)”.
( 7 ) O correto é “algoritmos”.
( 8 ) O correto seria “selecionam e coletam”, no plural para concordar com algoritmos.
( 9 ) Ponto final após “empresas” para iniciar a próxima frase.
( 10 ) Muito boa escolha de palavras: manipular e coagir! São termos dissertativos fortes que contri-
buem para a competência 3.
( 11 ) O correto seria coagir “a” adquirir, não “e” adquirir.
(*12 ) “tal produto” é muito informal para uma dissertação. “(...) assinar determinado produto” é melhor.
( 13 ) Sem acento circunflexo em “influenciando”.
( 14 ) Acento agudo em “usuários”.
( 15 ) Mais termos com posicionamento forte: “forçada e manipulada”. Ótimo para a autoria e a
competência 3!

Umberto Mannarino | 127


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Comentário
sobre o D1

O tema do parágrafo está perfeitamente alinhado com o tema “manipulação do comportamen-


to do usuário pelo controle de dados na internet”. Os elementos de retomada bem inseridos
(“isso” e “essa tática”) contribuem para a progressão temática e ajudam na competência 4.
Infelizmente, os erros recorrentes de português prejudicaram bastante a leitura fluida e
comprometeram a competência 1.

Desenvolvimento 2
Diante disso, a falta de conhecimento do usuario ( 1 ) sobre tal conduta por parte das em-
presas ( 2 , 3 ), leva a ( 4 ) desinformação dos usuarios ( 5 ). Contudo ( 6 ), a filtragem e
seleção das informações são feitas artificialmente por algoritimos (7), por meios de cálculos
matemáticos. ( 8 ) A falta de liberdade por parte dos usuarios ( 9 ) é totalmente ignorada por
parte das empresas ( 10 ) capitalistas que só pensam em lucrar em cima da população ( 11 ).

( 1 ) Acento agudo em “usuário”.


( 2 ) “tal conduta” foi um excelente elemento de retomada para resgatar o parágrafo anterior. Bom
para a competência 4.
( 3 ) Não deveria ter vírgula após “empresas”, pois não se separa sujeito de predicado.
( 4 ) Acento grave para indicar crase: “leva à desinformação”.
( 5 ) Acento agudo em “usuários”.
( 6 ) O conectivo de contraste “Contudo” não se encaixa aqui, porque ambas as frases estão no
mesmo contexto. Um conectivo mais apropriado teria sido “Nesse sentido”. Isso pode ter sido
um dos motivos para perder ponto na competência 4.
( 7 ) O correto é “algoritmos”.
( 8 ) Seria necessário um conectivo para ligar as duas frases. Sem um elemento coesivo apropriado,
as duas informações parecem não ter relação lógica.
( 9 ) Acento agudo em “usuários”.
( 10 ) Para evitar a repetição do “por parte de”, substituir por “pelas empresas”.
(*11 ) Mesmo comentário que fiz na 9ª redação desta apostila (Tallyta): o capitalismo em si não é algo
negativo. Trata-se apenas de um sistema econômico. Usar o termo “capitalista” como crítica soa
estranho, e resumir o que as empresas fazem a “só pensam em lucrar” é reducionista demais.
Minha sugestão: “empresas que, em busca de lucro constante, deixam de lado a privacidade e a
integridade dos usuários” (com as devidas alterações para não repetir tanto a palavra “usuário”).

Comentário
sobre o D2

O estudante repetiu três vezes a palavra “usuário” apenas nesse parágrafo. Se formos
somar todas as vezes que ele escreveu na redação, ficaria evidente que usou a mesma pa-
lavra de forma exagerada. Para evitar problemas com a competência 1, procure sinônimos
(hiperônimos e hipônimos, por exemplo).

128 | Onde Já Se 1000


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Acho que o principal comentário sobre esse parágrafo é coesão. Como o “Contudo” não
fez sentido, e no comentário (8) faltou um conectivo para ligar as frases, todo o parágrafo
pareceu uma série de frases sem relação entre si. E, diferentemente do parágrafo anterior,
este ficou expositivo demais. Não foram usados termos dissertativos, o que enfraqueceu a
argumentação e o projeto de texto como um todo (competência 3).

Conclusão
Portanto, medidas são necessarias (1) para resolver o impasse, (2) uma dessas medidas é a li-
mitação e fiscalização (3) por parte do poder publico (4), pois muitas dessas vendas de dados
são até ilegais. O governo (5, 6) por meio da mídia e instituições de ensino, poderia (7) forne-
cer à população, (8) informações com intuíto (9) de alertar (10) e acabar com a manipulação.

( 1 ) Acento agudo em “necessárias”.


( 2 ) Ponto final após “impasse” para começar uma nova frase.
( 3 ) Limitação e fiscalização de quê? O que o poder público vai limitar e fiscalizar? Do jeito que
foi escrito, a informação está genérica. Só as informações do texto não são suficientes para
deduzir o que será limitado.
( 4 ) Acento agudo em “público”.
( 5 ) Inicial maiúscula em “Governo”.
( 6 ) Vírgula após “Governo” para isolar “por meio da mídia e instituições de ensino”.
( 7 ) Cuidado com verbos no futuro do pretérito! Você quer exprimir certeza, não dúvida. Então
prefira verbos no presente ou no futuro do presente.
( 8 ) Sem vírgula após “população”, porque não se separa o verbo (“fornecer”) do seu objeto
(“informações”).
( 9 ) Sem acento agudo em “intuito”.
( 10 ) Quem será alertado? Não fica claro com essa construção. Já falei várias vezes na ONDE JÁ SE
1000, e repito: se o termo pede um complemento, escreva-o!

Comentário
sobre a
Conclusão

Se você já leu a ONDE JÁ SE 1000 até aqui, sabe que a nota 120 significa que o estudante
respondeu 3 das 5 perguntas na proposta de intervenção. Vamos descobrir quais foram as
2 que faltaram:
O poder público (quem) vai limitar e fiscalizar (o quê), pois muitas práticas são até ilegais
(detalhamento do “o quê”). Além disso, o Governo (quem), por meio da mídia e institui-
ções de ensino (como), deve fornecer à população informações com o intuito de alertar e
acabar com a manipulação (o quê).
Repare uma coisa interessante nessa conclusão: mesmo que “alertar e acabar com a ma-
nipulação” pareça um “para quê”, da forma que foi escrito ele é só uma extensão do “o
quê”. O Governo vai fornecer informações para alertar, e isso tudo é só um “o quê”, porque
o “alerta” é parte intrínseca das informações que o Governo vai fornecer. Ou seja, não é
uma visão de futuro para ser classificado como “para quê”. Reformulando a frase, teríamos

Umberto Mannarino | 129


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as outras duas resposta sem precisar inserir quase nenhuma informação nova: “o Governo
(quem), por meio da mídia e instituições de ensino (como) deve limitar e fiscalizar XXX
(...) (o quê + detalhamento), com o intuito de assim alertar a todos sobre os riscos da ma-
nipulação e libertar o povo dessas amarras manipulativas (para quê)”. Ou seja: sem alterar
em praticamente nada o texto, isso já garantiria os 80 pontos restantes na competência 5.
Então tome cuidado com a escolha de palavras!!

Comentários Gerais:
Antes de mais nada, não consegui entender por que todos os parágrafos começam com
ponto final. Tente não fazer isso na sua redação, porque nunca se sabe se os corretores
podem interpretar isso como tentativa de fazer uma identificação no seu próprio texto.
Enfim! Na competência 1, os erros recorrentes de acentuação, junto com as vírgulas erra-
das, prejudicaram consideravelmente a nota.
O estudante perdeu pontos na competência 2 provavelmente porque não estava ciente so-
bre o modelo exigido pelo ENEM, que pede referência a outras áreas do conhecimento. Ele
demonstrou boa compreensão do tema, mas não fez nenhuma alusão a fatos históricos,
livros, filmes, filósofos, etc. No ENEM, isso é obrigatório (e, com base nas conclusões que eu
tirei lendo as redações anteriores, o número ideal gira em torno de 2-3 alusões por redação).
Na competência 3, o principal problema foi não ter mencionado o controle de dados na
internet logo de cara na introdução. Por conta disso, todo o primeiro parágrafo ficou ge-
nérico e desconectado do restante do texto. Isso, junto com o fato de o desenvolvimento 2
não ter elementos dissertativos, prejudicou a nota. No entanto, na minha opinião um 160 já
teria sido suficiente. 120 foi uma nota muito baixa, e o projeto de texto não ficou tão ruim
assim. Talvez os corretores sejam mais sensíveis em relação ao primeiro parágrafo, então já
fica o alerta: capriche na sua introdução no ENEM 2019!!
Na competência 4, o conectivo errado em D2 e a ausência de conectivos em outros trechos
do texto prejudicaram um pouco a nota. No entanto, o estudante fez bom uso dos elementos
de retomada e dos conectivos nos outros trechos, o que lhe garantiu uma nota boa.
Na proposta de intervenção, ele deixou de responder 2 das 5 perguntas, então perdeu 40
+ 40 = 80 pontos. Fica novamente o alerta sobre a escolha de palavras, que pode ser o
diferencial entre ser aprovado ou não no curso que você quer!!

130| Onde Já Se 1000


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Eulismenia Notas:
C1: 160
C2: 120
C3: 120
C4: 120
C5: 120

640

Análise por parágrafos:

Introdução
Na mitologia grega, Sísifo foi condenado por Zeus a rolar uma enorme pedra morro a cima
( 1 ) eternamente. Todos os dias ele alcançava o topo, contudo era vencido pelo cansaço
e a pedra retornava a base ( 2 , 3 ). No mesmo contexto ( 4 ) encontra-se o aumento ao
acesso ( 5 ) a internet no Brasil ( 6 ), no qual ( 7 ) apresenta vários pontos positivos, porém
acarreta a manipulação do direito de escolha do indivíduo ( 8 ), como também ( 9 ) a mu-
dança ( 10 ) no comportamento da sociedade.

( 1 ) O correto é “acima”, não “a cima”.


( 2 ) Acento grave no “a” para indicar crase: “retornava à base”.
( 3 ) Essa introdução está idêntica à introdução de uma redação nota 1000 do ENEM 2017, da
estudante Thaís de Oliveira. O que provavelmente aconteceu foi que nesse caso a estudante
memorizou a referência para citá-la na redação do ENEM 2018. Mas isso é um dos erros mais
graves que você pode cometer!! Por isso eu não sou a favor de “modelos prontos de redação”
e “citações que encaixam em qualquer tema”. Nenhuma citação, por mais ampla que seja, vai
se encaixar em qualquer tema, e não é porque uma alusão funcionou bem para um tema de
redação (em 2017 era desafios para a educação de surdos) que ele vai funcionar nos outros. A
menção ao mito de Sísifo pode até ter feito a estudante Thaís tirar 1000 no ENEM 2017, porém,
nesta redação, o mesmo mito não fez sentido. Os próximos comentários vão explicar melhor o
porquê, mas já fica o meu alerta: não decore alusões, não decore citações, não decore mode-
los. Estamos no início do ano de preparação para o ENEM. Ainda tem muito chão pela frente,
e você tem criatividade suficiente para criar os seus próprios argumentos!
( 4 ) A estudante usou um conectivo interessante para relacionar a alusão anterior ao resto da
introdução. No entanto, como o mito de Sísifo não está “no mesmo contexto” que a mani-
pulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet, isso pode até ter

Umberto Mannarino | 131


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prejudicado a nota da competência 4. Lembrando que para tirar nota máxima nessa compe-
tência é necessário deixar muito claro como os períodos se relacionam (causa/consequência;
exemplificação; elaboração; etc.), e dizer que o mito de Sísifo está “no mesmo contexto” que
o “aumento do acesso à internet” deixa o texto confuso. A alusão desconexa tirou ponto da
competência 2, mas o conectivo mal inserido se refere à competência 4.
( 5 ) O correto é “aumento do acesso”, não “aumento ao acesso”.
( 6 ) O correto é “acesso à internet”, com acento grave no “à”.
( 7 ) O conectivo “no qual” é sinônimo de “em que”, e só deve ser usado se houver a necessidade da pre-
posição “em”. Como no caso bastaria um “que”, e não “em que”, o correto é “o qual”, não “no qual”.
( 8 ) Excelente escolha de palavras: “manipulação do direito de escolha do indivíduo”. No entanto,
ficou faltando a segunda parte do tema: o controle de dados na internet. Isso foi um dos mo-
tivos para a estudante ter perdido ponto na competência 3 (organização e projeto de texto),
porque faltou uma informação importantíssima na introdução.
( 9 ) Se usou “como também”, a estudante deveria ter usado “não só” anteriormente, por questão
de paralelismo: “acarreta não só a manipulação (...), como também (...)”.
( 10 ) Se você já leu todas as 20 análises de redação até aqui, sabe exatamente do que eu vou falar.
Para reforçar o caráter dissertativo do texto, não deixe termos “neutros” sem um adjetivo forte.
A “mudança no comportamento da sociedade” não é intrinsecamente algo ruim (diferente da
“manipulação do direito de escolha do indivíduo”, que obviamente já é algo negativo). Para
dar força à argumentação, coloque um adjetivo, como por exemplo: “a mudança opressiva do
comportamento da sociedade”.

Comentário
sobre a
Introdução

Já falei bastante sobre o risco de usar citações prontas no comentário 3, mas agora preciso
explicar por que o mito de Sísifo não se encaixa nessa redação. No caso da estudante que
tirou 1000 em 2017, o mito foi usado para ilustrar a situação de desamparo dos surdos na
sociedade, como ilustração do movimento de ida e volta, sempre retornando ao estágio
inicial de direitos desiguais. Nesta redação, a estudante citou Sísifo e disse que ele estava
“no mesmo contexto” que a internet brasileira. E isso não é verdade. Sísifo é só uma me-
táfora, e não está “no mesmo contexto”! Por esse motivo eu não recomendo usar citações
prontas de outra pessoa: é difícil inferir exatamente o que ela estava pensando na hora de
escrever o texto, e simplesmente retirar a citação e “dar Ctrl+C / Ctrl+V” dá margem a esse
tipo de problema, que prejudica muito a nota da competência 2.
A competência 3 também foi prejudicada pela exposição incompleta do tema na introdu-
ção. A estudante falou da manipulação, mas não falou do controle de dados.

Desenvolvimento 1
( 1 ) Segundo o pensador Zigmunt Bauman ( 2 ), a sociedade atual vive em uma moder-
nidade líquida, movida pela fluidez em seus relacionamentos. O imediatismo apresenta-se
como fator determinante para tal, visto que a totalidade demográfica está inserida em um
meio capitalista onde há necessidade constante pela geração de lucro. ( 3 ) Indubitavel-
mente ( 4 ) moldando as ações humanas ( 5 ).

( 1 ) Seria interessante colocar um conectivo de prioridade a fim de ligar os dois primeiros parágra-
fos. Conectivos fortalecem a progressão temática e o encadeamento lógico de ideias, contri-
buindo para a competência 4.

132 | Onde Já Se 1000


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( 2 ) O correto é “Zygmunt”, mas não se preocupe com a grafia. Um erro pequeno como esse não
tira ponto da competência 2.
( 3 ) Não deveria ser um ponto final, porque “indubitavelmente moldando (...)” ainda está no mes-
mo contexto da frase anterior. Deveria ser uma vírgula, não um ponto.
( 4 ) Um dos termos mais fortes a se usar na redação é “indubitavelmente”. Demonstra confiança
sobre o tema, reforçando que você sabe, sim, do que está falando.
( 5 ) A informação ficou vaga, abstrata. Como a sede de lucro molda as ações humanas? Ela molda
o comportamento de compra das pessoas? O comportamento de escolha? O comportamento
ideológico, amoroso, social...? Como se dá essa manipulação? Faltou o ponto chave do pará-
grafo, o que prejudica o projeto de texto como um todo (competência 3).

Comentário
sobre o D1

A citação a Bauman está ótima, o que ajuda na nota da competência 2. Infelizmente, a es-
tudante não relacionou o “imediatismo” com a “manipulação de comportamento”. Parece
que ela só falou de imediatismo e manipulação, mas que os dois não têm relação entre si.
Faltou uma explicação de como o imediatismo da sociedade torna-a manipulável (o que
também pode ter comprometido a competência 3).
Repare que esta redação só teve 26 linhas, e que a letra da estudante é bem grande com-
parada com os outros textos. Além disso, a citação a Sísifo tomou 4 linhas da introdução.
Isso significa que a estudante teria ainda ao menos umas 5 ou 6 linhas em branco para es-
crever caso quisesse. E é o que eu te recomendo fazer: para não faltar informação, diminua
um pouco a letra e elimine já no rascunho os termos desnecessários. Isso vai te ajudar a
ganhar espaço na redação, e você vai correr menos risco de deixar informação faltando.

Desenvolvimento 2
Por conseguinte, o gradativo aumento no uso da tecnologia por jovens e adultos provoca
a ascendente dependência digital e a alienação ( 1 , 2 ). A mídia acaba por contribuir com o
fator supracitado, criando ferramentas ( 3 ) que prendem a atenção do usuário na tentativa
de manter-lo ( 4 ) o maior tempo possível em suas plataformas digitais.

( 1 ) Excelente tópico frasal! A estudante não só sintetiza a ideia do parágrafo, como também insere ter-
mos com posicionamento claro (“dependência” e “alienação”) para fortalecer o caráter dissertativo
do texto. Agora que eu li esse tópico frasal, vou procurar sempre fazer os meus nesse formato. Muito
bem escrito, de verdade. Infelizmente a redação teve muitos erros de projeto de texto que prejudica-
ram a competência 3, porque esse tópico frasal merecia uma nota maior nessa competência.
( 2 ) Teria sido interessante colocar um conectivo para ligar as duas primeiras frases. Sem o conec-
tivo, não fica claro o tipo de relação que a estudante pretende estabelecer entre os períodos.
Isso prejudica a fluidez da leitura e a nota da competência 4. Um simples “A esse respeito, é
evidente que (...)” resolveria muito bem a questão, para evitar que o corretor precise ir e voltar
no texto para entender a argumentação.
( 3 ) De que ferramentas estamos falando? Apesar de um tópico frasal promissor, esse parágrafo
ficou excessivamente abstrato. Faltam exemplos concretos para tornar tangível o problema e
não dar a impressão de que falta coisa no texto (competência 3).
( 4 ) O correto é “mantê-lo”.

Umberto Mannarino | 133


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Comentário
sobre o D2

O tópico frasal está realmente muito bom. Infelizmente, o restante do parágrafo peca na
especificidade. Ficou genérico demais. Além disso, não fica evidente por que o fato de os
usuários estarem presos às plataformas digitais é um problema. Faltou autoria e indigna-
ção nesse aspecto, o que também é motivo para perder ponto na competência 3.

Conclusão
Portanto, medidas são necessárias solucionar o problema ( 1 , 2 ), como o ministé-
rio da educação ( 3 ) implementar na grade curricular das escolas aulas sobre o uso
correto das tecnologias e como se livrar da manipulação ( 4 ) causada por esta ( 5 ),
outrossim, a criação de leis pelo legislativo com o objetivo de punir os criadores de
plataformas que instigam a dependência ( 6 ). Desse modo a realidade dos Sísifos
brasileiros distanciar-se-á do mito grego.

( 1 ) Faltou o “para”: “medidas são necessárias para solucionar o problema”. A ausência de palavras
também pode prejudicar a nota da competência 1.
(*2 ) Mesmo comentário que eu já fiz em várias redações anteriores: se você prolongar excessiva-
mente uma frase, ela vai começar a perder força. Para enfatizar que medidas são necessárias
para solucionar o problema, coloque um ponto final para obrigar o leitor a fazer uma pausa
e processar essa informação. Sugiro fazer isso e começar outra frase com um verbo forte: “O
Ministério da Educação deve (...)”.
( 3 ) Iniciais maiúsculas por se tratar do nome do ministério: Ministério da Educação.
( 4 ) “se livrar da manipulação” é uma expressão coloquial demais para uma redação do ENEM.
Prefira termos um pouco mais formais.
( 5 ) “esta” quem? Se “as tecnologias”, o melhor teria sido “elas”.
( 6 ) Excelente! Diferente de outras redações desta apostila, aqui a estudante foi bastante explícita
sobre as punições: vamos punir os criadores de plataformas que instigam dependência (e não
apenas “punir a mídia”). Na redação do ENEM, quanto mais explícito você for, melhor.

Comentário
sobre a
Conclusão

O Ministério da Educação (quem) deve implementar aulas na grade curricular (...) (o quê).
Além disso, o Legislativo (quem) deve criar leis para punir os criadores de plataformas
(o quê). Dessa forma, a realidade dos Sísifos (...) (para quê). Repare que ela propôs duas
intervenções, e que nas duas ficou faltando o como e o detalhamento. Por ter deixado de
informar 2 das 5 respostas, a estudante perdeu a nota proporcionalmente, tirando 3/5 da
nota máxima (120/200). Repare que não importa que tenha 2 quem e 2 o quê. Para a nota
máxima nessa competência, é obrigatório responder ao menos 1 de cada: quem vai fazer
o quê, como e para quê (detalhando alguma dessas perguntas).

134 | Onde Já Se 1000


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Comentários Gerais:
Num geral, a redação foi bem escrita. Infelizmente, a estudante não se atentou ao modelo
exigido pelo ENEM, então acabou perdendo muitos pontos que não precisaria ter perdido.
Por isso eu sempre recomendo que você primeiro estude as 5 competências para só de-
pois começar a praticar. Mas não se preocupe se você não tem um professor para analisar
as suas redações! Fiz esta apostila com comentários ampliados justamente para esclarecer
os pontos fortes e fracos de cada uma das competências, na prática. Isso nunca vai substi-
tuir uma análise individual da sua própria redação, mas procurei fazer muitos comentários
exatamente para tentar ajudar o máximo de pessoas possível sem que elas precisem de-
corar modelos prontos. Se você leu até aqui, espero que esteja gostando da ONDE JÁ SE
1000, porque sinceramente eu estou bem orgulhoso do resultado!!
ENFIM! Vamos deixar de drama e partir aos comentários com base nas 5 competências:
Os erros de crase e pontuação, apesar de não muito frequentes, foram suficientes para os
dois corretores darem nota 160 na competência 1.
A estudante demonstra boa compreensão do tema, mas o repertório cultural da intro-
dução (o mito de Sísifo) não foi pertinente à argumentação, o que com certeza tirou
pontos da competência 2. Repito o alerta: não use citações prontas!! Nem mesmo cita-
ções de redações nota 1000. Como só teve uma citação pertinente (Bauman em D1), a
nota foi baixa nessa competência.
Quanto ao projeto de texto, na introdução a estudante não falou do “controle de dados”
(peça crucial da argumentação), e em ambos os parágrafos de desenvolvimento ficaram
faltando informações importantes do tipo: como é feita a manipulação? Por que isso é um
problema? Isso comprometeu seriamente a competência 3.
Na competência 4, a nota foi 120 não por causa de frases ambíguas (não tem nenhuma
nessa redação), mas pela ausência de conectivos. Nos parágrafos de desenvolvimento,
a estudante começa todas as frases já com uma informação nova, mas não usa conec-
tivos para explicar por que ela se relaciona com a frase anterior. Isso prejudica muito a
progressão temática, porque passa a ideia de que as informações estão “largadas”, sem
relação entre si.
Na competência 5, a estudante perdeu 80 pontos (40 + 40) por não ter respondido duas
das cinco perguntas necessárias a uma proposta de intervenção nota 200.

Umberto Mannarino | 135


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Caroline Notas:
C1: 120
C2: 120
C3: 120
C4: 140
C5: 120

620

Análise por parágrafos:

Introdução
Atualmente, com a maior presença da tecnologia em nossas vidas e sua ( 1 ) aprimoração,
tornou-se mais fácil a manipulação de dados ( 2 ), assim como a dependência ( 3 ) da so-
ciedade em relação à ( 4 ) ela.

( 1 ) A quem o “sua” se refere? Naturalmente à tecnologia, mas a construção pode dar a entender
que está retomando “nossas vidas”. Então fica o alerta para sempre tomar cuidado com as
possíveis ambiguidades que o “seu”/”sua” pode provocar. Muitos elementos de retomada am-
bíguos prejudicam a nota da competência 4.
( 2 ) A manipulação de dados em que contexto? O tema exigido pelo ENEM refere-se à manipula-
ção de dados no ambiente virtual (e a relação disso com a manipulação de comportamento
do usuário). Do jeito que a estudante escreveu, ficou faltando muita informação importante na
introdução, o que é negativo para o projeto de texto (competência 3).
( 3 ) A dependência não era o tema solicitado pelo ENEM. Tudo bem mencioná-la por alto, mas,
como a estudante não direcionou o olhar para nada mais concreto em relação à manipulação
do comportamento do usuário (o verdadeiro tema), a dependência ganhou mais destaque do
que deveria, passando até a impressão de ser o foco dessa redação (o que pode fazer os cor-
retores interpretarem como fuga ao tema e tirar pontos da competência 2).
( 4 ) Sem acento grave em “a ela”. O pronome “ela” não pede um artigo, então não existe a contra-
ção “a+a” para resultar em crase.

136 | Onde Já Se 1000


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Comentário
sobre a
Introdução

Falta muita informação nesse primeiro parágrafo. O propósito da introdução é explicar a pro-
blemática e sugerir em poucas palavras que no restante do texto serão detalhados certos
aspectos dela. No entanto, da forma como foi escrita, essa introdução não trouxe nenhum pro-
blema concreto, mencionando apenas por alto a “manipulação de dados”, sem falar do con-
trole do usuário no ambiente virtual nem escolher um agente concreto que esteja provocando
a manipulação. Ou seja, a tese é praticamente inexistente, e o restante do texto perde sua “ân-
cora”. O projeto de texto foi comprometido, o que implica uma nota baixa na competência 3.
A letra da estudante é bem grande, então a redação inteira deu 30 linhas. Mas há pouca
informação no texto, então o que eu sugiro a você que se identifica com essa situação é
que pratique reduzir a letra nos textos que escrever ao longo de 2019. Com isso, você vai
ganhar espaço para conseguir explicar melhor a problemática e não deixar nada vago.

Desenvolvimento 1
( 1 ) A cada aplicativo que baixamos e utilizamos ( 2 ) somos, sem percebemos, induzidos,
influênciados ( 3 , 4 ). Por exemplo, se procurarmos uma loja de roupas na internet, auto-
maticamente as outras redes sociais inserem anúncios relacionados à sua ( 5 ) pesquisa.
Assim como ( 6 ) os apps de música, que sempre apresentam à você ( 7 ) uma série de
sugestões ligadas à seu ( 8 ) gosto musical, que analisaram e estudaram.

( 1 ) Importante um conectivo para ligar a introdução ao restante do texto. É uma prática positiva
para a competência 4.
( 2 ) Uma vírgula aqui facilitaria a fluidez da leitura.
( 3 ) Sem acento circunflexo em “influenciados”.
( 4 ) Induzidos e influenciados a quê? Essa é uma informação importante para o argumento não ser ge-
nérico. Sem esse complemento, parece que a estudante não sabe as reais dimensões da problemá-
tica, e está escrevendo apenas para “cumprir tabela”. Nunca deixe seu texto passar essa impressão!!
( 5 ) Se a estudante escolheu escrever a frase em primeira pessoa (“procurarmos”), então o prono-
me correto seria “nossa”, não “sua”.
( 6 ) Para ligar melhor os períodos e pontuar nas competências 3 e 4 ao mesmo tempo, a estudante
poderia ter escrito: “Essa prática predatória e manipulativa ocorre também no caso de apps de mú-
sica, que (...)”. Seriam pontos para a competência 3 por ela demonstrar com termos dissertativos
(“predatória e manipulativa”) que entende se tratar de um problema, e pontos para a competência
4 por fazer bom uso de elemento de retomada (“ essa prática”) para resgatar a informação anterior.
( 7 ) Sem acento grave em “a você”. O pronome “você” não pede o artigo “a” para ocorrer o “a+a” da crase.
( 8 ) Sem acento grave em “a seu gosto”. Se o “seu” fosse ter um artigo (facultativo nesse caso), ele
seria masculino. Ou seja, o correto seria “ligadas AO seu gosto”.

Comentário
sobre o D1

A ausência de complemento do “somos influenciados” deixa o parágrafo incompleto. Além dis-


so, a falta de termos dissertativos também omite uma peça chave necessária a uma boa redação
do ENEM: o posicionamento da estudante. Não dá para saber por que a influência se trata de um
problema, então todo o desenvolvimento 1 ficou expositivo, o que prejudicou a competência 3.

Umberto Mannarino | 137


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Desenvolvimento 2
Por um lado damos esse poder a ( 1 ) internet, respondendo frequentemente, à pesquisas ( 2 )
para aprimorarem seu serviço à ( 3 ) nosso favor, ou até mesmo “apoiando-se” nela para “toma-
rem conta” ( 4 ), adquirirem, ( 5 ) dados pessoais, contas, documentos importantes, entre outros
( 6 ). Mas, por outro lado ( 7 ), a mídia ( 8 ), por si só ( 9 ) consegue construir sua ( 10 ) opinião,
através de como passam a notícia para o público, se redigirem ( 11 ) o texto com certa estrutura,
encaminham o pensamento para certo lado, caso contrário, para outro lado.

( 1 ) Acento grave para indicar crase: “damos esse poder à internet”.


( 2 ) Sem acento grave em “respondendo a pesquisas”. Como “pesquisas” está no plural, então o
“a” no singular só pode ser uma preposição pura. Não houve a contração “a+a”, senão o corre-
to seria “respondendo ÀS perguntas”.
( 3 ) Sem acento grave em “serviço a nosso favor”. “Nosso favor” é masculino, então caso houvesse
o encontro da preposição com o artigo o correto seria “serviços AO nosso favor”.
( 4 ) Quem vai “tomar conta”? A internet é só um veículo, não um agente. E o que “tomar conta”
quer dizer? Está tudo muito indefinido e confuso nesse trecho.
( 5 ) Sem vírgula após “adquirirem”, pois não se separa o verbo do seu objeto.
( 6 ) Como já falei em outras redações da ONDE JÁ SE 1000, não use “entre outros”, “etc”, porque
você ganha pontos pelo que botou de fato no papel, não pelo que deixou de botar. Além
disso, a enumeração com vários elementos somente ocupou espaço no parágrafo, sem trazer
nenhuma informação concreta sobre a problemática em si. Então fica o mesmo alerta que eu
fiz em redações anteriores: limite as “listas” a poucos elementos chave, porque a informação
realmente importante (a defesa do ponto de vista) precisa de espaço para ficar completa.
(*7 ) Interessante o uso de “Por um lado” no início e “Por outro lado” no meio do parágrafo. São
excelentes conectivos para apresentar os “dois lados da moeda” de um fenômeno.
( 8 ) “Mídia” é um elemento muito vago. Ela é só um meio, um veículo, então não faz sentido que ela
construa a opinião dos usuários. Teria sido necessário explicar melhor esse agente causador
da problemática.
( 9 ) O “por si só” deveria ou vir isolado entre vírgulas ou sem vírgula nenhuma. A vírgula apenas
de um lado está errada.
( 10 ) A quem o “sua” se refere? Diferente do “sua” da introdução, aqui realmente fica difícil enten-
der. O “sua” remete à opinião da própria mídia ou é um “sua” sinônimo de “de você”? Depois
de ler algumas, dá para entender que é o segundo caso, mas essa construção prejudicou a
fluidez (competência 4).
( 11 ) Quem “redige”? A estudante estava falando da “mídia”, o que já era genérico, e agora um “re-
digirem” com sujeito indeterminado tornou o texto ainda mais vago. E uma redação do ENEM
precisa ser concreta, concreta, concreta! Se não for, a competência 3 sai comprometida.

Comentário
sobre o D2

Esse parágrafo, além dos problemas de especificidade nos argumentos, acabou fugindo
do tema, o que comprometeu gravemente a competência 2. Perceba que o tema exigido
pelo ENEM foi a manipulação do comportamento pelo controle de dados na internet, mas
a estudante falou da manipulação de pensamento pelo controle manual de informações. A
diferença é sutil, mas perceptível. Os textos motivadores orientavam o estudante a argu-
mentar contra os sistemas de algoritmos e inteligência artificial, e não contra as redes de
notícias tendenciosas em si. Em outras palavras: a estudante deveria atacar a forma como
as fake news são distribuídas para as pessoas, e não a elaboração das fake news em si.

138 | Onde Já Se 1000


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Conclusão
Contudo, cabe ao indivíduo unido a outros, ( 1 ) primeiramente ter consciência de que é ma-
nipulado, para somente assim começar a olhar diferente perspectivas passadas ao público e
tirar conclusões próprias. ( 2 ) Além disso, somos nós, ( 3 ) quem damos todo esse poder à
mídia, a internet, já que dependemos dela, ( 4 ) para mandar mensagens, nos comunicar, nos
informar. E para se ter uma noção esta é utilizada dentre as várias faixas etárias ( 5 ).

( 1 ) O “unido a outros” deveria ou vir isolado entre vírgulas ou sem vírgula nenhuma dos dois lados.
Apenas uma vírgula está errado.
( 2 ) A partir daqui, a estudante já não dá mais uma proposta de intervenção. Foram linhas desper-
diçadas, porque na conclusão a única coisa que vai garantir os 200 pontos são as respostas às
5 perguntas: quem + o quê + como + para quê + detalhamento.
( 3 ) Sem vírgula após “nós”.
( 4 ) Sem vírgula entre “dependemos dela” e “para mandar (...)”.
( 5 ) Essa última frase ficou “solta” na redação. A conclusão não é espaço para acrescentar mais
informação, e sim retomar o que já foi dito e fazer uma boa proposta de intervenção.

Comentário
sobre a
Conclusão

Os indivíduos (quem) devem ter consciência de que são manipulados (o quê) para come-
çar a ter diferentes perspectivas (para quê). Perceba que foram 3 das 5 respostas, o que
conferiu à estudante a nota proporcional (120 de 200). Para fechar os 200 pontos, teriam
sido necessários o “como” e o detalhamento.

Comentários Gerais:
Dos 30 estudantes que tiveram a redação compondo a ONDE JÁ SE 1000, a Caroline foi a
que ficou mais feliz de ter sido sorteada. Recebi um monte de áudios super felizes, e isso
fez o meu dia. Espero que ela não me odeie agora que eu analisei a redação dela kkkkk
Brincadeiras à parte, espero que os comentários até agora estejam ajudando. Não só a própria
estudante, mas a todos que estejam lendo. Se você está curtindo mesmo, lembre-se de deixar
um depoimento lá na Hotmart (a mesma página que você acessou para baixar este PDF).
ENFIM! Vamos à análise do texto como um todo:
Ficou faltando muita informação na redação, o que se deve principalmente ao tamanho da letra
da estudante. Se ela reduzisse a letra um pouquinho, teria muito mais espaço para detalhar a
problemática e escrever mais termos dissertativos, o que aumentaria a nota da competência 3.
Sobre a competência 1, ela comete muitos erros de crase e vírgula, então isso afetou bas-
tante a nota.
Na competência 2, o fato de ter tangenciado o tema em D2 foi um dos fatores para a perda
de pontos, mas a ausência de menção a outras áreas do conhecimento também deve ter
tirado pontos. Fica até uma observação: outras redações da ONDE JÁ SE 1000 tiraram 120
quando não fizeram menção a repertórios socioculturais, mesmo quando não fugiam do
tema. Então, como a estudante neste caso não só deixou de usar repertório sociocultural

Umberto Mannarino | 139


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como também tangenciou o tema, a nota na competência 2 poderia ter sido até mais baixa.
Na competência 4, a falta de conectivos e os elementos de retomada ambíguos foram os
responsáveis pela nota 140.
Na competência 5, a estudante respondeu 3 das 5 perguntas, obtendo a nota propor-
cional. E teria tido muito espaço para responder as outras duas caso não tivesse escrito
o que escreveu após “Além disso (...)”. E é esse o porquê de você precisar entender as 5
competências antes de escrever redações. Porque às vezes são os pequenos detalhes que
diferenciam uma nota 600 de uma 800 (ou até 900, 1000).

140| Onde Já Se 1000


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Vitor Notas:
C1: 140
C2: 120
C3: 100
C4: 120
C5: 120

600

Análise por parágrafos:

Introdução
O avanço da tecnologia trouxe inúmeras mordomias ao ser humano, como a internet, porém
a internet juntamente com as mordomias ( 1 , 2 ) trazem ( 3 ) consequências ( 4 ), tais como
a manipulação dos usuários ( 5 ) através dos dados publicados em redes sociais ( 6 ), e tam-
bém a dependência do usuário de aparelhos eletrônicos.

(*1 ) “juntamente com as mordomias” deveria preferencialmente vir isolado entre vírgulas.
( 2 ) Repetir palavras desse jeito não é aconselhável. Nas 3 primeiras linhas o estudante já repetiu
duas palavras: “internet” e “mordomias”. Evite isso, porque repetir demais pode tirar pontos
da competência 1.
( 3 ) O correto seria “traz”, no singular. Apesar de parecer que o sujeito é “a internet e as mordomias”, na
verdade ele é só “a internet”. O “juntamente com as mordomias” é um detalhamento do “a internet”,
mas o sujeito mesmo é só a primeira parte. Logo, ele está no singular, e o verbo também deve estar.
( 4 ) “consequências” é uma expressão ambígua. Existem consequências positivas e negativas para
tudo no mundo. Por exemplo, a consequência de eu estar escrevendo este comentário em um ôni-
bus em movimento é que eu vou terminar a ONDE JÁ SE 1000 a tempo, e vai ser um grande suces-
so porque vai ajudar muitas pessoas a verem que redação do ENEM não é um bicho de 7 cabeças.
Isso é a consequência positiva do meu trabalho. Então, para evitar ambiguidades (e ainda reforçar
o caráter dissertativo do texto, que é uma exigência da competência 3), use adjetivos com posicio-
namento claro junto de expressões desse tipo. Talvez consequências “negativas”, “perigosas”, etc.
( 5 ) O tema da redação era “manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na inter-
net”. Mas isso não significa que apenas transcrevê-lo vai garantir que sua tese esteja completa. O tema
proposto pelo ENEM serve apenas para te guiar, mas você deve se aprofundar mais para ter uma tese

Umberto Mannarino | 141


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realmente boa. Por exemplo, nesse caso ficou a indagação: quem está manipulando o comportamento
do usuário? E essa é uma informação importantíssima para orientar o restante dos parágrafos. Então fica
a dica: não se contente em transcrever o tema; procure tangibilizar o problema de uma forma que ele se
torne “atacável” nos parágrafos seguintes. Se ficar genérico, toda a sua argumentação vai ficar genérica.
( 6 ) O estudante falou de redes sociais na introdução, mas ao longo do texto ele não vai mais men-
cioná-las. Isso passa a impressão de que faltou informação importante, o que compromete o
projeto de texto como um todo (competência 3).

Comentário
sobre a
Introdução

Dois comentários principais sobre o porquê de o estudante ter perdido tantos pontos na
competência 3: a tese incompleta (5) e a menção às redes sociais, que não serão mais re-
tomadas no restante do texto (6).

Desenvolvimento 1
Como foi citado acima ( 1 ), por meio da internet pode-se manipular o pensamento dos indivíduos,
através de notícias, filmes, ( 2 ) séries, que não há como saber se além de informar ou entreter há
outro propósito, como o de manipular o intelecto pessoal e influênciar ( 3 ) na atitude e pensa-
mento do indivíduo, para agirem e pensarem sempre da mesma forma, ou seja, como robôs ( 4 ).

(*1 ) Esse não é um bom conectivo para ligar os parágrafos. É uma expressão informal forçaca-
demente formal (se é que dá para entender). Sugestão de conectivos para usar nesse caso:
“Nesse sentido”, “A esse respeito”, “Em primeira análise”, etc.
( 2 ) Para separar o penúltimo e o último termo de uma enumeração, use “e”, não vírgula.
( 3 ) Sem acento circunflexo em “influenciar”.
( 4 ) Esse é um posicionamento que condiz mais com uma conversa informal do que com um tex-
to dissertativo-argumentativo do ENEM. Dizer que as pessoas se comportam como robôs é
“conspiratório” demais para uma dissertação. Em um texto sério, é melhor evitar esses clichês.
Procure argumentar sobre o porquê de as pessoas perderem a sua atonomia, mas não “jogue”
a informação desse jeito. Você precisa ser o mais específico possível na sua argumentação.

Comentário
sobre o D1

Antes de mais nada, perceba que esse parágrafo foi uma frase só. E isso é prejudicial para
a competência 4, que exige coesão entre os períodos. Apesar de ser possível utilizar ele-
mentos de coesão entre as orações (“como”, “para” e “ou seja”), isso não é suficiente. Nada
substitui um bom e velho ponto final seguido de conectivo! Além disso, o “que” após “sé-
ries” não faz sentido. A que ele se refere? Um conectivo mais adequado teria sido “pois”.
Além disso, um comentário sobre o processo de argumentação do estudante: repare que ele usa
fato de não ser possível saber se existem “outros propósitos” na internet para comprovar que
existem, sim, “outros propósitos” ocultos na internet. Se fôssemos resumir o parágrafo, chegar-
ímos à seguinte conclusão: “não tem como saber se a internet tem o propósito oculto de mani-
pular o pensamento das pessoas, logo ela tem o propósito oculto de manipular o pensamento

142 | Onde Já Se 1000


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das pessoas”. Essa é exatamente a lógica que sustenta as chamadas “teorias da conspiração”:
não existem provas para tal fenômeno, logo é evidente que ele aconteceu, porque o fato de não
haver provas comprova que alguma conspiração está encobrindo o acontecido. E foi isso que o
estudante sem querer escreveu, o que provocou a sensação de ter faltado informação importan-
te no parágrafo (uma comprovação concreta, por exemplo). Isso tira pontos da competência 3.
Tem umas teorias da conspiração bem legais por aí. É divertido ler algumas. Mas não use
essa lógica em uma redação do ENEM. Você precisa comprovar um fenômeno, e para isso
é necessário apresentar argumenos concretos.

Desenvolvimento 2
E também ( 1 ), com o advanco ( 2 ) da tecnologia a população está se tornando cada vez
mais dependente da internet e de aparelhos eletrônicos, visto que está mais fácil e ágil de
se comunicar, ler notícias, ( 3 ) saber o que está acontecendo no mundo instantâneamente
( 4 ), o que acarreta em ( 5 ) sérios problemas, tanto de dependência, quanto de depressão,
pelo fato de o aparelho eletrônico tornar a vida ( 6 ) de quem ao mesmo tempo usufrui ( 7 ).

(*1 ) Sugestão de conectivo para o desenvolvimento 2: “Ademais”.


( 2 ) O correto é “avanço”, não “advanco”
( 3 ) Novamente o comentário (2) do parágrafo anterior: para separar o penúltimo e o último ter-
mos de uma enumeração, use “e”, não vírgula.
( 4 ) Sem acento circunflexo em “instantaneamente”.
( 5 ) O verbo “acarretar” não pede preposição. O correto é “acarreta sérios problemas”.
( 6 ) Faltou o complemento de “tornar”. O aparelho torna a vida de quem o usufrui [o quê?]. Precisa de
um adjetivo, como no caso: o aparelho torna incompleta a vida de quem usufrui de seus benefícios.
( 7 ) Usufrui de quê? Faltou o complemento. No comentário anterior, eu já dei uma sugestão de
como resolver isso: “usufrui [de seus benefícios]”.

Comentário
sobre o D2

Enquanto o parágrafo anterior usou um argumento circular que tornou o texto incompleto, nesse
parágrafo houve um erro ainda mais grave: o estudante fugiu completamente ao tema proposto
pelo ENEM. Tudo bem falar da dependência de equipamentos eletrônicos, mas como argumento
para sustentar a defesa do tema principal. Falar apenas de dependência e depressão, sem asso-
ciar isso com a manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet,
está errado. Tira muitos pontos da competência 2 (compreensão do tema e adesão a ele).
E fica aqui um alerta: a competência 2 pede tanto adesão ao tema quanto utilização de re-
pertório sociocultural pertinente para a argumentação. Se formos comperar esta redação
com outras da ONDE JÁ SE 1000, podemos perceber que esta teria chance de tirar até me-
nos do que 120 nessa competência. Isso porque o estudante não apenas não usou nenhum
repertório sociocultural (o que nas outras redações já fez os estudantes tirarem 120), mas
também fugiu ao tema nesse segundo desenvolvimento. Ou seja, se a ausência de repertório
sociocultural já tira 80 pontos da competência 2, a fuga ao tema deveria tirar ainda mais. A
conclusão a que chegamos é que corretores foram complaentes com o estudante nessa re-
dação, senão ele poderia ter tirado 80-100, e não 120. Mas fica o alerta: não conte com a bon-
dade dos corretores!! Lembre-se de usar sempre menções a outras áreas do conhecimento
e sempre escreva com o tema em mente para não ter problemas com essa competência.

Umberto Mannarino | 143


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Conclusão
Em suma, para que não sejamos manipulados ou dependentes da tecnologia ( 1 ) o Estado
deve promover campanhas, juntamente com o Ministério da Educação, para conscientizar
crianças e adolescentes a buscarem outras formas de informar-se e não se deixem ( 2 ) ser
manipulados pelo avanço da tecnologia, pois os jovens são o futuro da humanidade.

( 1 ) Vírgula para separar “para que (...)” de “o Estado deve (...)”.


( 2 ) Se o estudante usou o verbo anterior na forma “buscarem”, o correto aqui seria “deixarem”.

Comentário
sobre a
Conclusão

Para não sermos mais manipulados (para quê), o Estado e o MEC (quem) devem promover campa-
nhas de conscientização (o quê), que vão ensinar jovens a buscar outras fontes de informação e não
se deixarem manipular (e isso pode ser o “como”, o “para quê” ou o detalhamento do “o quê”... não
fica claro). Seja qual for a interpretação desse elemento da proposta de intervenção, parece que o
estudante respondeu 4 das 5 perguntas. Então por que tirou 120, e não 160 na competência 5?
Suponho que tenha sido porque os corretores interpretaram o “não se deixarem manipular
pelo avanço da tecnologia” como um segundo “para quê”. E isso significa que teria apenas
3 respostas na conclusão: “para quê” (2) + “quem” + “o quê”. E não importa que tenha 50
“para quê”s se não tiver o “como” e o detalhamento. Perdeu 80 pontos porque deixou de
responder duas perguntas. Então por isso fica a minha sugestão de sempre reler sua con-
clusão antes de passá-la para a folha definitiva. Se você ler de uma forma crítica (como
a que eu estou tentando fazer em todas as redações da ONDE JÁ SE 1000), vai dar para
corrigir essas ambiguidades a tempo e escrever uma proposta de intervenção nota 200.

Comentários Gerais:
Com todo o respeito às redações que tiraram mais de 900, esta foi a que mais me ensinou
sobre dissertação modelo ENEM. Cada um dos parágrafos foi um insight valioso sobre o
que pode e o que não pode em cada uma das competências. Vou até fazer um vídeo sobre
o que eu aprendi corrigindo 30 redações do ENEM, e o que eu falei em (5) na introdução
definitivamente vai entrar em posição de destaque!
Enfim! Sobre as competências, as palavras erradas (“influênciar”, “advanco” e “instantêna-
mente”, por exemplo), junto com os erros de vírgula e concordância, foram as responsáveis
pela perda de pontos na competência 1.
Sobre a competência 2, já falei bastante nos comentários gerais do desenvolvimento 2.
Na competência 3, a tese genérica (sem um alvo concreto) prejudicou o projeto de texto.
Além disso, a menção às redes sociais na introdução, ao não ser retomada nos parágrafos
seguintes, foi um agravante. Por fim, o argumento circular de D1 fez parecer que o estudan-
te não entendia de fato a dimensão do problema.
Para a competência 4, o alerta é o uso de frases excessivamente longas e sem conexão
entre si. Use mais conectivos e prefira frases não tão longas. Não existe um número ideal,
mas eu recomendo umas 3 ou 4 frases por parágrafo. Mas 1 apenas, de jeito nenhum.
Na competência 5, fica o alerta de reler seu texto antes de passá-lo para a folha definitiva.
Isso pode ser a diferença entre um 120 e um 160 (ou até um 200).

144| Onde Já Se 1000


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Geovanna Notas:
C1: 120
C2: 100
C3: 120
C4: 120
C5: 120

580

Comentário
Inicial

A partir deste ponto, começamos uma 4ª seção da ONDE JÁ SE 1000 que eu gosto
de chamar de:
REDAÇÕES QUE TIRARAM NOTAS MUITO INJUSTAS
Apesar de uma redação nota 980 na seção 900+ ter merecido 1000 (na minha opi-
nião), aquilo foi questão de 20 pontinhos de diferença. Foi pouca coisa. O que nós
vamos ver aqui são duas redações que tiraram MUITO menos do que mereciam. Muito,
muito, muito menos.
Esta primeira tirou 580 quando deveria ter tirado 900 para cima (a ponto de eu du-
vidar que a estudante tinha tirado 580 de verdade, e mandar um e-mail para ela pe-
dindo os prints da Página do Participante). A segunda redação desta seção tirou 440,
mas estava no mesmo nível que redações 680-700. Então foi coisa de 300 pontos
de diferença entre o que deveriam ter tirado e o que realmente tiraram. 300 dividido
por 5 dá 60 pontos de diferença na média aritmética final. Isso quando a redação tem
peso 1! Imagina só para cursos que dão peso 2 ou 3 para a redação. É muita coisa...
Mas fica a seu critério concordar ou não comigo. Vou fazer os comentários, e depois
você me manda uma mensagem lá pelo Instagram para a gente ter uma conversa pro-
dutiva sobre estes dois casos específicos. Vamos lá:

Umberto Mannarino | 145


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Análise por parágrafos:

Introdução
É notável a forma como a utilização da internet se popularizou no Brasil, pois em 2016, de
acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), ( 1 ) cerca de 85% dos
jovens de 18 a 24 anos de idade a utilizaram. Por tornar-se tão comum aos afazeres em
geral, muitos acreditam, ingenuamente ( 2 ), não estar sob nenhuma influência, quando, na
verdade, a “rede”, patrocinada por empresas com interesses comerciais ( 3 ), tenta moldar
seus pensamentos e, consequentemente, suas maneiras de agir ( 4 ).

(*1 ) Desnecessário escrever o nome do instituto por extenso. Não foi o caso desta redação, mas estudantes
que escrevem muito podem acabar perdendo uma linha inteira de texto por conta disso. E uma linha in-
teira é espaço de sobra para argumentação. Como no caso a redação da estudante fechou em 28 linhas,
espaço aqui não foi problema, mas sempre é válida a sugestão de eliminar informação desnecessária.
( 2 ) Ótimo termo para mostrar que a estudante entende a dimensão do problema. Falar que “in-
genuamente” acreditamos ser livres já deixa claro que na verdade nós não somos. Bom para
a competência 3.
( 3 ) Excelente forma de tangibilizar o tema. Foi o comentário que eu fiz na redação anterior: na in-
trodução, você não pode só transcrever o tema; precisa também escolher um agente concreto
causador do problema. No caso, a estudante escolheu as empresas. E é sobre as empresas que
ela vai falar ao longo do texto. Isso não só fortalece a tese, como também é a introdução de
um bom projeto de texto. Ótimo para a competência 3.
( 4 ) Aqui eu vou começar a procurar problema onde não tem, porque, como você já deve ter percebi-
do (espero), esta redação está muito bem escrita. Então vamos tentar achar algum motivo para os
corretores tirarem ponto. Na introdução, a estudante falou da manipulação de comportamento e
da internet, mas não falou do controle de dados. Ela disse apenas que a internet manipula, quando
na verdade a internet é só o meio que facilita a manipulação. (Eu precisei ler essa introdução um
milhão de vezes para encontrar esse “erro”, então é algo muito pequeno, de verdade. Não é motivo
para perder tantos pontos na redação, mas é algo a se ficar atento para os seus textos).

Comentário
sobre a
Introdução

Essa foi a única redação da ONDE JÁ SE 1000 que usou corretamente os dados da pesquisa do
IBGE. A estudante não fez o que os outros fizeram, de escrever que “X% das pessoas têm aces-
so à internet, logo são manipuladas”. Já falei em umas 6 ou 7 redações anteriores que o simples
fato de ter acesso não significa estar sujeito à manipulação de comportamento, e esta redação
foi a única que usou os dados de maneira pertinente. A estudante cita que 85% das pessoas
tinham acesso à internet, mas associa esse número ao fato de a internet ter se tornado COMUM.
E é o fato de ter se tornado comum que coloca em risco as pessoas. Percebeu a diferença? Nas
outras redações, as pessoas tinham dito que o fato de muita gente acessar a internet provocava
manipulação, mas aqui a estudante usou esse mesmo dado para dizer que foi a POPULARIZA-
ÇÃO da internet que deu margem à manipulação. E esse argumento faz todo sentido.
Enfim, só para mostrar que esse foi um uso pertinente de repertório sociocultural, o que EM
TESE deveria ter dado uma boa pontuação na competência 2. Mas talvez, talvez, TALVEZ o fato
de a estudante ter feito um recorte para o público jovem tenha feito os corretores acharem que
foi fuga ao tema, porque em tese deveria ser para o público num geral. Mas convenhamos que
o tema “manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet” é um
tema relativamente vago, então fazer um recorte para um público específico é só uma estraté-

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gia para ter uma argumentação consistente. Mas, depois de ler essa redação várias vezes e não
encontrar outro motivo para a nota 100 na competência 2, só nos resta essa explicação.
Depois de eu ler esse parágrafo, pensei “Não é possível que ela tenha cometido tantos er-
ros nos parágrafos seguintes para tirar 580”. Porque essa introdução está ótima. Sério. Não
tem erros de português, é simples, bem escrita, coerente... enfim, é praticamente perfeita
(tirando o “erro” de ter faltado a menção ao controle de dados). Conforme eu ia lendo os
parágrafos seguintes e também não encontrava nada ruim no texto, ficava mais e mais
surpreso com a nota 580. Mas, enfim, vamos continuar:

Desenvolvimento 1
Cabe comentar, dessa maneira, que a navegação na internet é feita sem a devida consci-
ência. Percebe-se rotineiramente essa situação ( 1 ), pois os internautas recebem todos os
dias sugestões de novos sites, aplicativos e músicas que os conduzem a determinada for-
ma de pensar ( 2 ) e, ao invés de questionarem a maneira como tais sugestões são feitas,
se acomodam nesse círculo de interesses virtual.

( 1 ) “essa situação” resgata e resume tudo que foi informado no tópico frasal. Trata-se de um ele-
mento de retomada, bom para a competência 4.
(*2 ) Para fortalecer a coesão, teria sido interessante colocar um ponto final e recomeçar com outro
conectivo. Uma frase longa demais com as orações ligadas apenas por “e” pode ser motivo
para perder ponto na competência 4.

Comentário
sobre o D1

Na minha opinião, esta redação deveria ter tirado uns 880-920, perdendo pontos apenas na com-
petência 3 e 4. E esse parágrafo é um dos motivos de eu não dar nota máxima na competência
3. Isso porque a estudante não explica por que o bombardeio de informações aos usuários é um
problema. Ela não faz uso de termos dissertativos, o que passa a impressão de o parágrafo ser
apenas expositivo. Por que o círculo de interesse virtual é um problema? O que ele está provocan-
do na sociedade? Como essa manipulação acontece exatamente? E qual o problema de as pes-
soas receberem sugestões de sites, apps e músicas? São essas perguntas que você precisa res-
ponder na sua redação para escrever um texto com autoria e tirar nota máxima na competência 3.
Quanto à competência 4, no próximo parágrafo vai ficar mais claro o porquê de eu não
achar que merecia 200 (não que valha de alguma coisa, porque nada vai mudar o fato de
a estudante ter tirado 120... o que foi, repito, absurdamente injusto)

Desenvolvimento 2
É fundamental destacar, ainda, que os algoritmos sugerem ( 1 ) as empresas que contrataram o
serviço de propaganda. ( 2 ) Por serem tão comumente utilizadas, as redes sociais, por exem-
plo, são tidas como “palcos” perfeitos para tais algoritmos agirem e apresentarem objetos que
logo se tornam um desejo, ( 3 ) moldando, assim, o pensamento ( 4 ) de toda uma população.

Umberto Mannarino | 147


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( 1 ) Se sugere, sugere algo a alguém. A quem os algoritmos sugerem as empresas? É uma infor-
mação importante que, ausente, passa a imagem de estar faltando alguma coisa na frase. Pe-
ríodos incompletos prejudicam o seu desempenho na competência 3.
( 2 ) Aqui teria sido imprescindível colocar um conectivo para ligar os dois períodos. Sinceramente,
entre o tópico frasal e a segunda frase do parágrafo é quase impossível não precisar de um
conectivo. Esse foi um dos prováveis motivos para ela perder ponto na competência 4.
( 3 ) Mais um espaço em que teria sido interessante colocar um elemento coesivo. Ao invés de pro-
longar a frase com um verbo no gerúndio (que já discutimos bastante nas outras redações), a
estudante poderia ter colocado ponto final e recomeçado com um elemento de retomada para
melhorar a coesão – e, consequentemente, a competência 4.
( 4 ) Não tem problema dizer que molda o pensamento, mas o tema solicitado pelo ENEM foi
a manipulação do COMPORTAMENTO do usuário. Está certo que o pensamento é um tipo
de comportamento ideológico, mas teria sido melhor não alterar a palavra nesse caso.
TALVEZ (só talvez) esse tenha sido o motivo para tirarem ponto da competência 2, por
não adesão ao tema proposto. Mas o corretor tinha que estar de muito mau humor para
considerar a expressão “manipulação do pensamento” como tangenciar o tema, porque
convenhamos: o parágrafo inteiro se encaixa no tema, pois fala da manipulação do com-
portamento (de compra) do usuário pelo controle de dados na internet (algoritmos).

Comentário
sobre o D2

Esse parágrafo ficou expositivo. Faltaram termos com posicionamento claro para confi-
gurar a autoria da estudante e pontuar na competência 3. A competência 4 também foi
comprometida pela ausência de conectivos.
Mas vamos combinar: até agora, a redação está muito bem escrita. Merecia mesmo 580?

Conclusão
Evidencia-se, portanto, que o filósofo Immanuel Kant estava correto ao refletir que o
“homem é o que a educação faz dele”, pois a família deve ensinar o uso consciente
da internet e a escola deve reforçar ( 1 ), por meio de atividades online em tablets e
computadores enviados pelo Ministério da Educação ao ensino básico e médio ( 2 ),
contribuindo, dessa maneira, para o senso crítico dos estudantes. É necessário, tam-
bém, que leis sejam elaboradas para tornar mais transparente ( 3 ) as sugestões feitas
pelos algoritmos, pois, somente assim, os brasileiros se tornarão um pouco mais livres
nessa enorme “teia” de informações.

( 1 ) O que a escola deve reforçar? Lendo a frase inteira de novo, dá para entender que a escola vai re-
forçar o ensino do uso consciente da internet dado pelas famílias. Mas da forma que foi construído,
o período não “fecha”. Melhor teria sido só colocar família e escolas como agentes, as duas juntas:
“a família e as escolas devem ensinar (...)”.
( 2 ) O correto seria “ensinos”, no plural, porque o termo está ligado a dois complementos: “Básico e
Médio”. Ou seja, o certo é “ensinos Básico e Médio” (com iniciais maiúsculas, claro, mas o comen-
tário em si é sobre o plural em “ensinos”).
( 3 ) O correto seria “transparentes”, no plural para concordar com “as sugestões”.

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Comentário
sobre a
Conclusão

De jeito nenhum essa proposta de intervenção merecia só 120. A estudante respondeu to-
das as 5 perguntas, e portanto deveria ter tirado 200. Vamos à análise:
As famílias e escolas (quem) devem ensinar o uso consciente da internet (o quê), por meio
de atividades online (como) em tablets e computadores enviados pelo MEC (detalhamento do
“como”), de forma a contribuir para o senso crítico e a liberdade no ambiente virtual (para quê).
Nem precisaríamos analisar a segunda proposta de intervenção, que falou só de “leis” (ou
seja, que só respondeu uma das cinco perguntas). A primeira proposta já respondeu as 5
perguntas, e merecia 200.
Mas por que será que a estudante tirou 120? Talvez porque a segunda proposta de inter-
venção só falou de “leis”, tendo ficado genérica demais. Mas o que é necessário é UMA
ÚNICA proposta completa, e isso a estudante fez (muito bem, por sinal). Muitas das reda-
ções da seção 900+ também fizeram duas propostas com só uma detalhada e tiraram 200.
Porém, nesse caso, a estudante fez a mesma coisa que outras redações e tirou 120.
Uma pena... a redação está realmente boa.

Comentários Gerais:
\Sério... fiquei muito triste ao ler uma redação tão bem escrita que tirou só 580 :/

Umberto Mannarino |149


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Yasmin Notas:
C1: 160
C2: 40
C3: 40
C4: 160
C5: 40

440

Comentário
Inicial

Diferente da redação anterior, esta até que teve, sim, alguns erros significativos. Mas defini-
tivamente não merecia 440. Está no mesmo nível que algumas redações nota 600 e pouco,
então foi uma variação muito grande entre o que poderia ter tirado e o que tirou.

Análise por parágrafos:

Introdução
Intitulada inicialmente de Alparnet, a internet foi criada no auge da Guerra Fria com obje-
tivo de interligar laboratórios de pesquisa ( 1 ). Todavia ( 2 , 3 ) esse meio de comunicação
( 4 , 5 ) hoje, tem influenciado de maneira imprudente ( 6 , 7 ) o comportamento de seus
usuários, acarretando um impasse.

( 1 ) Menção pertinente a repertório sociocultural para ambientar a argumentação.


( 2 ) Conectivo de contraste para mostrar que o propósito inicial da internet não é mais o mesmo de
quando começou. Esse tipo de conectivo é excelente para provocar a quebra de expectativa do
leitor e mantê-lo “preso” ao texto. Bom para a competência 4.
( 3 ) Vírgula obrigatória após “Todavia”.

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( 4 ) “esse meio de comunicação” é o elemento de retomada para “internet”. Excelente forma de não
repetir termos e promover de maneira fluida a progressão temática. Novamente competência 4.
( 5 ) Vírgula para isolar “hoje”.
( 6 ) Quem é imprudente são os usuários da internet, não a manipulação em si. Melhor teria sido “tem
influenciado de maneira perigosa/velada/oculta/maquiavélica/etc.”
( 7 ) Mesmo comentário da redação anterior: não é a internet que manipula o comportamento dos usu-
ários; ela é apenas uma ferramenta para os verdadeiros agentes de manipulação agirem. Teria sido
interessante eleger um agente mais concreto do que a própria internet para combater ao longo
dos parágrafos (o que no caso a estudante não fez, prejudicando a solidez do projeto de texto e,
consequentemente, a nota da competência 3).

Comentário
sobre a
Introdução

A menção ao tema foi demasiadamente vaga, apenas falando da internet como agente de ma-
nipulação. No caso da redação anterior, a estudante mencionou as empresas como o agente
específico, o que facilitou a argumentação. Em contraste, nesse caso a tese ficou abstrata, o
que prejudicou a competência 3. Outro perigo de ter uma tese vaga é não ser capaz de susten-
tar bem os argumentos ao longo dos desenvolvimentos, o que pode incorrer em fuga ao tema.

Desenvolvimento 1
( 1 ) A influencia ( 2 ) por meios de comunicação no ser humano não gera bons resultados.
Semelhantemente ocorreu no início da Segunda Guerra Mundial, onde ( 3 ) a primeira ima-
gem televisionada da história, ( 4 ) foi um discurso nazista. Tal ideologia causou enormes
problemas a humanidade ( 5 , 6 ). Referente a isso, cabe concluir que a doutrinação ciber-
nética ( 7 ) pode causar a alienação de um todo e o prejudicar futuramente ( 8 ).

( 1 ) Importante um conectivo aqui para ligar a introdução ao restante do texto.


( 2 ) Acento circunflexo em “influência”.
( 3 ) Não se usa “onde” a não ser em casos que expressam localidades físicas. No caso, o correto seria
“quando”, pois a 2ª Guerra Mundial foi um período na História.
( 4 ) Não se separa sujeito (“a primeira imagem televisionada da história”) do predicado (“foi um dis-
curso nazista”). A vírgula aqui está errada.
( 5 ) Acento grave para indicar crase: “problemas à humanidade”.
( 6 ) Que tipo de problemas essa ideologia causou? Seria necessário explicar minimamente, apesar de
ser uma informação óbvia. Mas o mais importante é: como os problemas provocados pelo nazismo
têm relação com a manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na inter-
net? É evidente que a estudante quis fazer uma analogia, mas sem os conectivos adequados essa
parece uma informação jogada ao acaso, não pertinente para a argumentação.
( 7 ) Não está consistente a conexão entre doutrinação nazista e doutrinação cibernética. Durante esse
parágrafo, a estudante falou só das mídias tradicionais (TV), e praticamente nada da manipulação
no ambiente virtual (o verdadeiro tema da redação). Então fica a dica: para evitar perder pontos
na competência 3, não deixe para mencionar o real problema no fim do parágrafo. Deixe ele claro
já nas primeiras linhas, porque senão parece que falta informação no texto.
( 8 ) De que maneira a doutrinação cibernética pode prejudicar os usuários? Essa é a informação mais
importante do parágrafo, e não pode ficar sem resposta!

Umberto Mannarino | 151


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Comentário
sobre o D1

Houve uma inversão de valores nesse parágrafo: a estudante fala muito da ideologia na-
zista, mas pouco do verdadeiro tema da redação. Isso prejudica várias das competências:
a 2, pois o uso de repertório sociocultural não foi produtivo para a argumentação; a 3, por
ficar faltando informação sobre o tema; e a 4, por não terem sido usado os conectivos
adequados para promover a progressão temática (a doutrinação nazista e a doutrinação
cibernética não se “encaixaram”).
Até agora já entendemos por que a estudante tirou 160, e não 200 na competência 4. No
entanto, as notas 40 nas outras competências ainda estão (e vão continuar) sem explica-
ção. É claro que não deveriam ter sido 200, mas 40 também já é baixo demais.

Desenvolvimento 2
Faz-se mister, ainda, salientar que tal conduta da internet é executada sem o concentimen-
to ( 1 ) do publico alvo ( 2 ). Esse tipo de ação fere a Constituição Federal ( 3 ) que afirma
que ( 4 ) a partir dos 18 anos de idade, o individuo ( 5 ) tem o direito de pensar e escolher
por conta própria ( 6 , 7 ). Alem ( 8 ) do mais, a influencia ( 9 , 10 ) prejudica as crianças,
já que ( 11 ) de acordo com pesquisa de 2016 do IBGE, o uso da internet por crianças de 10
anos é de 64,7% ( 12 ). Como os pais tambem ( 13 ) não são alertados desse risco, é ainda
mais difícil prevenir os menores da doutrinação via internet.

( 1 ) O correto é “consentimento”, com S.


( 2 ) O correto é “público-alvo”, com acento agudo e hífen.
( 3 ) Vírgula após “Constituição Federal” para introduzir a oração adjetiva explicativa (e não restri-
tiva, porque só existe uma Constituição Federal).
( 4 ) Vírgula para isolar “a partir dos 18 anos de idade”.
( 5 ) Acento agudo em “indivíduo”.
( 6 ) A Constituição Federal não diz que a partir dos 18 os indivíduos têm o direito de pensar e escolher
por conta própria. Isso implicaria dizer que antes dos 18 as pessoas não têm direito de pensar por
conta própria. Esse foi um uso não pertinente de repertório sociocultural, o que não dá pontos
para a competência 2 (e talvez, para os corretores dessa redação, tenha até tirado pontos).
( 7 ) A argumentação da estudante defende o seguinte ponto: a manipulação na internet fere o
direito de pensar por conta própria dos cidadãos acima de 18 anos. Mas e os cidadãos com
menos de 18 anos? Eles podem ser manipulados à vontade? Isso não faz sentido, mas, do jeito
que a argumentação foi construída, é isso que dá a entender.
( 8 ) Acento agudo em “Além”.
( 9 ) Acento circunflexo em “influência”.
( 10 ) Que influência? A peça central do parágrafo não pode de jeito nenhum ser vaga. E mais uma
coisa: de que forma a influência “prejudica as crianças”? Essas informações abstratas prejudi-
cam e muito a nota da competência 3. Tudo precisa ser muito bem explicado para tirar uma
boa nota na dissertação do ENEM.
( 11 ) Vírgula para isolar “de acordo com [a] pesquisa de 2016 do IBGE”.
( 12 ) Diferente da redação anterior, aqui a estudante usou de maneira equivocada os dados do
IBGE. Como eu comentei em outros textos, só o fato de as pessoas terem acesso à internet não
significa que elas estão automaticamente sujeitas à manipulação.
( 13 ) Acento agudo em “também”.

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Comentário
sobre o D2

Os erros recorrentes de acentuação e vírgula prejudicaram a nota da competência 1, e os


argumentos vagos foram muito prejudiciais para a competência 3. No caso da competên-
cia 2, o uso de menções pouco produtivas para a argumentação foi uma das causas da
nota baixa, mas os corretores também devem ter entendido que houve tangenciação ao
tema (existe a palavra “tangenciação”?). E isso provavelmente se deu porque a estudante
fala muito pouco da manipulação pelo controle de dados em si.

Conclusão
Portanto, é de suma importancia (1) a solução do problema ( 2 ). O Ministério da Educação em
parceria com instituições privadas e estatais ( 3 ) deve promover palestras entre professores,
pais e estudantes a respeito do assunto para a concientização ( 4 ) destes. Ademais ( 5 ), o
Marco Civil da Internet deve exigir que plataformas digitais como “YouTube” e “Instagram” di-
vulguem “posts” sobre essa mà doutrinação ( 6 , 7 ) e alerte seus usuarios ( 8 ) dentro da própria
internet ( 9 ). Desse modo ( 10 ), a manipulação cibernetica ( 11 ) terá fim e não prejudicará o país.

( 1 ) Acento circunflexo em “importância”.


(*2 ) Essa frase inicial é o mínimo que um estudante deve fazer para conectar os parágrafos anteriores
ao que está por vir na proposta de intervenção. É positivo para a competência 4. Mas, se você qui-
ser, também dá para ir um pouco além e falar que a solução do problema é importante para [...].
Dar uma breve visão de futuro logo no começo pode ser uma boa, apesar de não ser obrigatório.
( 3 ) O “em parceria com instituições privadas e estatais” deveria vir isolado entre vírgulas.
( 4 ) O correto é “conscientização”, com sc.
( 5 ) Conectivo importante para prosseguir com a proposta de intervenção. No entanto, fica o aler-
ta: usar “Ademais” deixa claro que você está usando duas propostas diferentes. Se esse não for
seu objetivo, use outro conectivo, senão pode passar a impressão de que você deu duas ações
incompletas ao invés de uma completa.
( 6 ) Da forma como foi escrito, parece que “má” está com acento grave. Mesmo que não tenha sido
intencional, isso pode prejudicar a nota da competência 1.
( 7 ) De que “má doutrinação” estamos falando? Já que durante toda a redação a estudante apresen-
tou problemas genéricos, a conclusão também ficou genérica ao retomar a tal “doutrinação”.
( 8 ) Acento agudo em “usuários”.
( 9 ) Como o Marco Civil da Internet trata-se de uma lei, não faz sentido dizer que ele deve alertar
os usuários. Não é um agente coerente com a ação proposta.
( 10 ) Conectivo importante para ligar os períodos. Positivo para a competência 4.
( 11 ) Acento agudo em “cibernética”.

Comentário
sobre a
Conclusão

Essa não foi uma proposta de intervenção completa, mas também não mereceu só 40. A es-
tudante respondeu 3 das 5 perguntas, como veremos agora, então a nota poderia ter sido 120:

Umberto Mannarino | 153


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O MEC e as instituições privadas e estatais (quem) devem promover palestras (o quê) a fim de
conscientizar os estudantes e dar um fim à manipulação cibernética (para quê). Faltou o “como”
e algum detalhamento, mas você vai concordar comigo que definitivamente tem 3 das 5.
A segunda proposta ficou inconsistente, porque o Marco Civil da Internet não pode fazer
o que a estudante propôs, além de não poder alertar os usuários de nada por se tratar
apenas de uma lei. Mas a primeira proposta foi consistente, então não fez sentido tirar só
40 na competência 5.
Talvez o motivo de darem nota baixa tenha sido a segunda proposta incoerente. Apesar
de ser necessário apenas uma proposta completa, aparentemente alguns corretores não
seguem essa orientação, e dão a nota com base na proposta “ruim”, e não na “boa”. Então
fica a lição para as suas redações: foque-se em uma única proposta, porque aí não tem o
risco de te tirarem pontos pela segunda.

Comentários Gerais:
Como eu falei antes de começar: essa redação não ficou perfeita, mas também não foi lá
TÃO ruim para ter tirado 440.
A nota 160 na competência 1 foi coerente, porque a estudante comete alguns erros de
grafia (“concentimento” e “publico alvo”), erros de acentuação recorrentes e vírgulas em
lugares incorretos.
Na competência 2, houve menção pertinente a repertório sociocultural (a Guerra Fria na
introdução), mas as menções dos outros parágrafos foram improdutivas para a argumen-
tação (ou simplesmente foram conclusões equivocadas). A quase fuga ao tema nos pa-
rágrafos de desenvolvimento fez a nota cair bastante nessa competência, mas não sei se
merecia só 40. Talvez 80 ou 100, já que a estudante até menciona a manipulação e a inter-
net (só não da maneira ideal).
Na competência 3, a tese fraca e os parágrafos com foco nas questões secundárias do
tema (o exemplo do Nazismo em D1), junto com o pouco detalhamento da problemática
e o uso de construções apenas expositivas, prejudicaram o projeto de texto e tornaram a
redação vaga e pouco autoral.
A estudante foi excelente na competência 4, pois se utilizou bastante de conectivos e ele-
mentos de retomada que não davam margem a ambiguidade. No entanto, houve alguns
poucos pontos em que um conectivo seria essencial para promover a progressão temática
(início de D1, por exemplo). Talvez por isso não tenha tirado 200.
Sobre a competência 5, acho que a grande lição que fica é não escrever duas propostas
de intervenção. Aparentemente alguns corretores dão a nota com base na proposta mais
incompleta, e não na mais completa. Se isso é justo ou não, não cabe a nós dizer (na ver-
dade cabe, sim: é injusto pra caramba). Mas, entendido isso, é melhor prevenir! Não vamos
dar chance ao azar e vamos escrever só uma proposta bem completa pra tirar 200 sem
dúvida nenhuma :)

154 | Onde Já Se 1000


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Gente do céu!! Terminamos! Obrigado mesmo pela paciência de te-


rem lido até aqui. Eu estou com um prazo super apertado para subir a
apostila na Hotmart, então não vou conseguir fazer um agradecimen-
to mais bonitinho (que nem na PODE VIR, ENEM). Mas muito obri-
gado pelo voto de confiança em adquirir esta apostila, sério mesmo.
Espero de coração que ela te ajude no ENEM 2019 e que você passe
logo na faculdade e nunca mais precise fazer o cão chamado ENEM.
Agora eu vou fazer uma macarronada gostosa e abrir um vinho, por-
que eu mereço.
Tchau e bênção.

Umberto Mannarino | 155

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