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*Estimativa com base nas estimativas populacionais (IBGE, 2007) e na proporção de crianças e adolescentes (Censo 2000).
Fonte: Costa e Ferreira (2008), IBGE (2000, 2007).
Para eliminar esse efeito foi necessário calcular situação de rua. Ao contrário, localidades de grande
o número relativo das crianças em situação de rua. porte como Belo Horizonte, Juiz de Fora, Montes
Essa variável foi obtida a partir do quociente entre o Claros e Betim apresentaram porcentuais menores.
número encontrado na pesquisa e o total da popula- Deve-se observar que a variação relativa do número
ção com até 18 anos incompletos estimado para cada de crianças é a variável que desejamos analisar
municipalidade no ano de 2007 vezes 100. (dependente).
Relativamente, os municípios que apresentaram Por sua vez, a Tabela 2 fornece um detalhamento
uma maior proporção de crianças e adolescentes do IDH-M para cada um dos municípios considera-
em situação de rua não foram aqueles com maiores dos. Os dados desse índice são referentes ao ano
populações. Nesse caso, Almenara e Muriaé foram 2000.
as cidades com maiores proporções de jovens em
Nessa perspectiva é importante registrar que, Nesse sentido e de acordo com Fukuda-Parr e
dado o caráter exploratório desse estudo, um dos Kumar:
principais objetivos foi identificar correlações entre A desagregação do IDH tem se mostrado particu-
as diversas variáveis analisadas que compreendem larmente útil para a defesa e análise de políticas.
características municipais sintetizadas nos subín- A construção de IDH subnacionais tem contri-
dices e componentes do Índice de Desenvolvimento buído para chamar a atenção para níveis baixos
Humano – IDH (PNUD, 2003). e para desigualdades gritantes do processo de
Basicamente, o IDH foi criado no início da dé- desenvolvimento – entre áreas urbanas e rurais,
cada de 1990 para o PNUD (Programa das Nações ao longo de estados e de províncias, e entre comu-
Unidas para o Desenvolvimento) combinando nidades étnicas diferentes. Tentativas têm sido
três componentes do desenvolvimento humano: a feitas também no sentido de avaliar progressos
longevidade, que reflete as condições de saúde da a curto prazo no desenvolvimento humano
população, medida pela esperança de vida ao nas- (Fukuda-Parr e Kumar, 2007, p. 30).
cer; a educação, medida pela combinação da taxa Assim, os modelos e seus respectivos testes de
de alfabetização de adultos e a taxa combinada de hipóteses foram formulados a partir das combina-
matrícula; e a renda, medida pelo poder de compra ções dos componentes do IDH-M, que se mostraram
da população (PIB per capita ajustado ao custo de mais significativos, e também de alguns indicadores
vida local) (PNUD, 2003). que os compõem.
Tabela 3 - Modelos: Variável dependente “Distribuição Relativa de Crianças e Adolescentes em Situação de Rua”
por municípios, Variáveis independentes IDH-M componentes
1,91 -1,986
Modelo 5 - - 0,329
(0,002) (0,005)
0,608 -0,603
Modelo 6 - - 0,003
(0,155) (0,319)
1,667 -1,941
Modelo 7 - - 0,173
(0,022) (0,039)
Além da constante (ßo), os coeficientes calculados Especificamente no caso da renda, como já obser-
e relacionados ao componente Educação se mostra- vado por alguns autores na parte teórica, a pobreza
ram bastantes significativos. Nesse caso, melhorias não necessariamente seria um determinante para a
nesse subíndice significam reduções consideráveis permanência das crianças nas ruas.
no número relativo de crianças e adolescentes en- Esses resultados podem estar indicando que se
contrados nas ruas. devem aprofundar as discussões da relação pobreza
Nos modelos, chama também a atenção o fato de x crianças e adolescentes em situação de rua, tanto a
os coeficientes estimados para a componente renda partir dos impactos da pobreza enquanto categoria
não serem significativos e nem os modelos que as “individual”, ou seja, domiciliar/familiar, quanto sob
levam em consideração serem robustos (existem uma perspectiva mais geral, através de indicadores
coeficientes com sinais trocados). médios das comunidades nas quais essas crianças
Tabela 4 - Modelos: Variável Dependente “Distribuição Relativa de Crianças e Adolescentes em Situação de Rua”
por Municípios, Variáveis Independentes IDH-M Indicadores Educação
1,668 -1,654
Modelo 9 - 0,373
(0,001) (0,003)
1,013 -0,010
Modelo 10 - 0,009
(0,201) (0,295)
* Taxa de alfabetização de adultos (%) – percentual de pessoas acima de 15 anos de idade que sabem ler e escrever.
** Taxa bruta de frequência combinada – somatório da quantidade de pessoas (todas as idades) que frequentam os cursos fundamental, secundário e superior
dividido pelo total de pessoas na faixa etária de 7 a 22 anos.
Nota-se que o fato da taxa bruta de frequência Dessa maneira, por exemplo, Januária, onde foi
combinada não se mostrar significativa em nenhum encontrada a maior quantidade relativa de jovens
modelo vai de encontro aos resultados obtidos pela nas ruas, também apresentou a maior proporção
pesquisa, que podem ser verificados na Tabela 5. de crianças que declararam estar frequentando
Foi observado que a grande maioria das crianças aulas. Por sua vez, Poços de Caldas obteve a menor
e adolescentes que se encontravam nas ruas estava proporção de crianças nas escolas, 60,71% do total
frequentando a escola. pesquisado no município. Na média geral do público
Tabela 5 - Frequência Escolar, População de Crianças e Adolescentes em Situação de Rua por Municípios Sele-
cionados – Minas Gerais, 2007
5 É interessante observar que alguns estudos já vêm demonstrando a relação entre escolaridade e experiência laboral prévia dos pais com
a ocorrerência de trabalho entre os filhos ou trabalho infantil. Vide Emerson e Souza, 2002.