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A revista que valoriza o fotógrafo e a fotografia

www.fotografemelhor.com.br | n0 270 | Ano 23 |

Aprenda com o maior especialista em

fotografia de
natureza
Dicas do premiado Luciano Candisani para
você sair a campo e produzir grandes imagens

Ensaios com crianças: o mundo mágico


criado pela canadense Cassandra Jones + guia de ensin
de fotogra f
o
ia

TESTE EXCLUSIVO Retratos com light painting Conversão para P&B


A técnica criativa de Zé Avaliamos o software
canon EOS M100 Paiva na série Iluminados Silver Efex Pro 2
CONTEÚDO Ano 23 • Edição 270
Março/2019
Correio
Dúvidas e comentários dos leitores 6 Fotos de capa:
Luciano Candisani
Grande Angular
Notícias e novidades 8 e Divulgação

Revele-se
Fotos dos leitores em destaque 14
Câmeras Clássicas
Para relembrar e colecionar: Leica M3 20 CRIANÇAS COM MAGIA
Os incríveis ensaios

24
da canadense
Cassandra Jones

46 Cassandra Jones
Yassine Alaoui Ismaili

Conversão para P&B


Cesar Barreto analisa o Silver Efex Pro 2 52
FOTOGRAFIA E PINTURA
Claudio Edinger trata do tema em novo livro Canon EOS M100
Veja o teste exclusivo

30 58
com esta versátil
Luciano Candisani

mirrorless de 24 MP
ti
het
neg
Me
go
Die

Gestantes com arte


Conheça o trabalho da carioca Nila Costa 64
Guia de Ensino de Fotografia
Cursos, workshops, expedições... 69
Fotografia de natureza
Lições e reflexões de Luciano Candisani
Lição de Casa
Dicas para boas fotos em dias nublados 102
Retrato com light painting
A técnica da série Iluminados, de Zé Paiva 40 Raio X
As fotos dos leitores comentadas 108
Fotografe Melhor no 270 • 3
Diretores:
Aydano Roriz
Luiz Siqueira
Tânia Roriz

Editor e Diretor Responsável: Aydano Roriz


Diretor Executivo: Luiz Siqueira
Diretor Editorial e Jornalista Responsável:
CARTA AO LEITOR
q
Roberto Araújo – MTb.10.766 – araujo@europanet.com.br
uem busca evoluir como fotógrafo, profissional ou entusias-
REDAÇÃO ta, precisa se aperfeiçoar continuamente. A prática diária do
Diretor de Redação: Sérgio Branco (branco@europanet.com.br)
ato de fotografar é uma das lições mais conhecidas e compar-
Editor-contribuinte: Mário Fittipaldi
Editora de arte e capa: Izabel Donaire tilhadas por grandes profissionais, de todos os segmentos. A
Colaboradores especiais: Diego Meneghetti e Livia Capeli outra iniciativa é estudar, sempre. Quem acredita que sabe de
Repórter: Juliana Melguiso (estagiária)
Colaboraram nesta edição: Ana Luísa Vieira, Cesar Barreto, tudo, na realidade, nada sabe.
Érico Elias, Juan Esteves e Laurent Guerinaud
Revisão de texto: Denise Camargo
Quando descobri a fotografia, por volta dos 16 anos de idade, tudo
que sabia era apontar a Kodak Rio 400 do meu pai para registrar algum
PUBLICIDADE
publicidade@europanet.com.br evento familiar ou situação que merecesse uma foto para a memória.
São Paulo Enquadrava instintivamente, sem noção alguma de composição. Me-
Equipe de Publicidade: Angela Taddeo, Alessandro Donadio,
Elisangela Xavier, Ligia Caetano, Renato Perón e Roberta Barricelli
dição de luz? Não tinha a mais vaga ideia. A câmera fazia do jeito dela.
Esse mundo maravilhoso só se mostrou amplo diante dos meus
Outras Regiões
Head de Publicidade Regional: Mauricio Dias (11) 98536 -1555 olhos quando, aos 19, entrei na Faculdade de Jornalismo, na PUC de
Bahia e Sergipe: Aura Bahia – (71) 3345-5600/9965-8133 Campinas (SP), e passei a cursar a disciplina de Fotografia. O labora-
Brasília: New Business – (61) 3326-0205
Rio Grande do Sul: Semente Associados – (51) 8146-1010
tório P&B era um parque de diversões, e logo troquei a velha Zenit de
Santa Catarina: MC Representações – (48) 9983-2515 quinta mão por uma Topcon Unirex seminova. Daí em diante, jornalis-
Outros estados: Mauricio Dias – (11) 3038-5093
Publicidade – EUA e Canadá: Global Media, +1 (650) 306-0880
mo e fotografia passaram a fazer parte da minha vida.
ASSINATURAS E ATENDIMENTO AO LEITOR
Enquanto durou a era do filme, cursos, workshops e eventos de foto-
Gerente: Fabiana Lopes (fabiana@europanet.com.br) grafia eram poucos – e também feitos para poucos. A partir da era digi-
Coordenadora: Tamar Biffi (tamar@europanet.com.br)
Equipe: Josi Montanari, Camila Brogio, Regiane Rocha,
tal, esse setor teve uma ascensão vertiginosa, e hoje a oferta de cursos
Gabriela Silva e Bia Moreira (livres, técnicos, profissionalizantes, de graduação e pós-graduação), de
ATENDIMENTO LIVRARIAS E BANCAS – (11) 3038-5100 workshops (para todos os segmentos) e eventos (festivais e congressos) é
Equipe: Paula Hanne (paula@europanet.com.br)
enorme. Nos últimos cinco anos, outra forma de ensinar fotografia ganhou
EUROPA DIGITAL (www.europanet.com.br)
Gerente: Marco Clivati (marco.clivati@europanet.com.br)
destaque e crescimento: as expedições fotográficas, nacionais e internacio-
Equipe: Anderson Ribeiro, Anderson Cleiton, Adriano Severo, nais, comandadas por profissionais de renome.
Fábio Molliet e Karine Ferreira
Nesta edição, você vai encontrar grandes profissionais que também
PRODUÇÃO E EVENTOS
Gerente: Aida Lima (aida@europanet.com.br)
são dispostos a compartilhar conhecimento. Dois ligados à área de natu-
Equipe: Beth Macedo (produção) reza e vida selvagem, mas que são fotógrafos completos, indo muito além
DISTRIBUIÇÃO E LOGÍSTICA
do segmento a que se dedicam: Luciano Candisani e Zé Paiva – ambos
Coordenação: Henrique Guerche comandam expedições e dão workshops. A canadense Cassandra Jo-
(henrique.moreira@europanet.com.br)
Equipe: Gabriel Silva e Edvaldo Santos nes, especialista na arte de fotografar crianças, também dá concorridos
ADMINISTRAÇÃO
workshops em seu país de origem e nos EUA. A carioca Nila Costa, cra-
Gerente: Renata Kurosaki que em fotografar gestantes com uma pegada de fine art, é palestran-
Equipe: Paula Orlandini e Laura Araújo
te em diversos congressos. O mestre Claudio Edinger, que acaba de lan-
DESENVOLVIMENTO DE PESSOAL
Tânia Roriz e Elisangela Harumi
çar um livro justamente para acrescentar conhe-
Rua Alvarenga, 1.416 – São Paulo/SP, CEP: 05509-003
cimento sobre a história da fotografia. E o profes-
Telefone: 0800-8888-508 (ligação gratuita) e sor Cesar Barreto, printer de primeira linha para
(11) 3038-5050 (cidade de São Paulo)
Pela Internet: www.europanet.com.br P&B, autor de um artigo sobre o software Silver
E-mail: atendimento@europanet.com.br Efex Pro 2. Para completar, temos ainda o Guia de
A Revista Fotografe Melhor é uma publicação da Editora Europa Ltda Ensino de Fotografia, com várias opções para es-
(ISSN 1413-7232). A Editora Europa não se responsabiliza pelo
conteúdo dos anúncios de terceiros. tudar e evoluir. Aproveite e boa leitura.
Juan Esteves

DISTRIBUIDOR EXCLUSIVO PARA O BRASIL


Total Publicações Sérgio Branco
Rua Dr. Kenkiti Shimomoto, 1678, Osasco (SP), CEP 06045-390. Diretor de Redação
IMPRESSÃO: Log&Print Gráfica e Logística S.A. branco@europanet.com.br

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(11) 3038-5050 fotografe@europanet.com.br fotografemelhor.com.br • Bookplay
CORREIO
dúvidas e comentários dos leitores
assunto que está dando o que falar:
a “redescoberta” do filme. Uma no-
va geração de fotógrafos pretende
ressuscitar algo que já teve seu lu-
gar, mas que atualmente está total-
mente fora do contexto. O leitor An-
dré Motta argumentou com mui-
ta propriedade seu ponto de vista e
crítica com relação ao assunto. Con-
cordo com ele que, além de ser um
processo ultrapassado, poluidor,
que desperdiça água em excesso,
é também insalubre. Digo isso com
propriedade, pois passei mais de 30
MESTRE BRASILIO e outros), iria custar cerca de R$ 55 anos dentro de um laboratório e ho-
Acompanho o fotógrafo Brasi- mil! Dá para comprar um carro zero je sofro com as consequências. Es-
lio Wille pelo Instagram (@brasilio_ km de boa qualidade. Fora isso, sen- se retrocesso não acrescenta abso-
wille) e fico intrigado com a qualida- ti falta de câmeras da Sony. A RX 100 lutamente nada; ou a redação de Fo-
de das fotos que ele produz. Ao ler, na IV, por exemplo, é uma das melhores tografe pretende voltar a rebobinar
edição 269, a reportagem “Luz sim- compactas do mercado. filmes, reativar seu laboratório e de-
ples e criativa para imagens sensu- Hélcio Murakami, via e-mail sempoeirar as máquinas datilográfi-
ais”, tive a certeza absoluta de que cas? Filme de novo, não!
ele é um mestre, pois os esquemas CLAUDIA ANDUJAR Carlos Aliperti,
de luz são realmente simples e os re- Li o artigo de Juan Esteves so- Espírito Santo do Pinhal (SP)
sultados, sensacionais. Tenho muito bre a grande fotógrafa Claudia Andu-
interesse em produzir ensaios sen- jar na edição 269 e fui ver a exposi- SPEED GRAPHIC
suais em estúdio e sonho em um dia, ção dela no IMS da Avenida Paulista. Estougostando mui-
quem sabe, fazer um workshop so- Linda mostra! Lindo trabalho! Quem to da série sobre câme-
bre o tema com o mestre Brasilio. gosta de arte fotográfica não deveria ras clássicas. Sou da ge-
Mas, como ele mora em Curitiba (PR) deixar de ver. É impactante, emocio- ração digital, mas adoro
e eu em São Luís (MA), por enquanto nante. Pena que não temos mais fo- saber sobre a história
é apenas um desejo. tógrafos com esse brilho nos olhos, de máquinas antigas.
Josenei Oliveira, com essa garra de defender causas Não sabia que a Speed
via e-mail dignas e lutar pelos oprimidos. Para- Graphic era americana
béns, Claudia Andujar! nem que tinha tanta im-
Ione Silva, São Paulo (SP) portância. E vou come-
Library of Congress

çar minha coleção de


POLÊMICA DO FILME canecas.
Na seção Correio da edição 269 Raphael Vidal,
iniciou-se uma discussão sobre um via e-mail
Divulgação

Claudia Andujar

CÂMERAS COMPACTAS
Gostei bastante da seleção de câ-
meras compactas de alta performan-
ce que saiu na edição 269. Tem pa-
ra todo tipo de gosto e conta bancá-
ria. Aquela Leica QP, que custa qua-
se US$ 5 mil, é um acinte. Tudo bem
que a câmera é uma joia, mas aqui
no Brasil, com o dólar na cotação que
está e com impostos (de importação

6 • Fotografe Melhor no 270


GRANDE ANGULAR
notícias e novidades
Martin Sanchez

A imagem Hungry Hippos, que mostra um grupo de hipopótamos disputando espaço e comida num lamaçal, foi a grande vencedora

International Drone Photography


divulga os principais premiados do concurso
A Dronestagram, comunidade de com-
partilhamento de imagens dedicada a
fotos com drones, divulgou os vencedores
de hipopótamos famintos disputando espaço
em meio à lama. O segundo lugar ficou com
o vietnamita Trung Pham (@phtrung0611)
Fotos premiadas:
a rede de um navio da quinta edição de seu concurso anual In- com a foto da rede de um navio pesqueiro
que lembra uma ternational Drone Photography. O america- que remete a uma anêmona-do-mar. Coube
anêmona-do-mar (à no Martin Sanchez, cujo perfil do Instagram ao ucraniano Yevhen Samuchenko o terceiro
dir.) e a projeção de é @zekedrone, foi o grande vencedor da edi- lugar ao fotografar o conjunto de duas som-
sombras de donos e ção 2018 com a foto Hungry Hippos (ou hi- bras de donos e cachorros em uma praia da
cachorros popótamos famintos), que mostra um grupo cidade costeira de Odessa, na Ucrânia.
Yevhen Samuchenko
Trung Pham
Ao lado e abaixo
Fotos: JeongMee Yoon

duas imagens
do ensaio
documental da
sul-coreana
JeongMee Yoon
feito desde 2005

O AZUL E O ROSA PELO OLHAR DE


UMA FOTÓGRAFA SUL-COREANA
A sul-coreana JeongMee Yoon sem-
pre se interessou em como as co-
res se relacionam com a vida das pes-
O projeto teve início em meados de
2005 e, desde essa época, a fotógrafa
percorre quartos de jovens sul-coreanos
soas, principalmente na vida das crian- e americanos buscando entender o por-
ças. A partir da experiência dentro de quê dessa particularidade de meninos
casa com sua filha, que é obcecada pe- preferirem o azul e as meninas, o rosa.
la cor rosa, Yoon resolveu criar a série Em The Pink and Blue Project, a fotógrafa
The Pink and Blue Project (Projeto Rosa questiona como as crianças têm o sub-
e Azul), no qual fotografa crianças e jo- consciente treinado para uma determi-
vens dentro dos próprios quartos rode- nada cor que “justifica” a feminilidade ou
ados por objetos da cor favorita. A ideia a masculinidade em cada um. Após mais
da série é explorar as preferências e as de uma década de trabalho, ela visitou
diferenças nos gostos de cada criança e mais de uma vez os personagens e per-
jovens com base na diversidade cultu- cebeu que esse padrão pode se diversifi-
ral e de gênero. car ao chegar na adolescência.
GRANDE ANGULAR
Uma das imagens
captadas por
Gisele Martins
no documentário
que fez com
ribeirinhos
da região do
Arquipélago de
Marajó, no Pará

Gisele Martins
Festival de Tiradentes chega à
nona edição
Abaixo, as capas dos
livros de Rita Barreto
e Gisele Martins,
O Festival de Fotografia Tiradentes - Foto em
Pauta tem a expectativa de receber cerca de
8 mil pessoas entre os dias 27 e 31 de março de
lar a produção criativa em diferentes possibili-
dades e explorar a fotografia na arte contempo-
rânea”, comenta o organizador Eugênio Sávio. A
que serão lançados 2019 na cidade histórica de Minas Gerais ofere- programação do evento contará também com
durante o Festival cendo uma programação gratuita – com exceção lançamentos de mais de 20 livros, de nomes co-
de Tiradentes dos workshops, as inscrições já estão abertas. mo Eduardo Queiroga, Cristiano Xavier, Francis-
Fotografe mais uma vez será responsável por co Andrade, Guilherme Bergamini, Gisele Mar-
uma das palestras no Centro Cultural Yves Men- tins e Rita Barreto, projeções noturnas e ativida-
des, nessa oportunidade reunindo as fotógrafas des culturais diversificadas.
Gisele Martins e Rita Barreto para falar da traje- “Faremos ainda uma ação em homenagem
tória de ambas na fotografia e dos livros que esta- a Brumadinho”, afirma o organizador Eugênio
rão lançando durante o evento – À Margem, de Gi- Sávio, referindo-se ao desastre ambiental pro-
sele (veja na edição 268), e Kuikuro, de Rita. vocado pela rompimento de uma barragem de
Ao todo, cerca de 30 artistas participa- rejeitos da Vale no município mineiro que dei-
rão da programação, entre mostras, debates, xou um saldo de 169 mortes e 141 desapareci-
workshops e atividades recreativas sobre foto- dos até o fechamento desta edição. Para saber
grafia. “Os cursos de qualificação visam estimu- mais, acesse: www.fotoempauta.com.br.
Rita Barreto

Imagem feita por


Rita Barreto com
índios da etnia
Kuikuro, do Alto
Xingu, que dá
nome ao livro

10 • Fotografe Melhor no 270


PRÊMIO PIERRE VERGER ABRE
INSCRIÇÕES PARA SÉTIMA EDIÇÃO
A s inscrições para a sétima edição
do Prêmio Nacional de Fotografia
Pierre Verger, realizado pela Funda-
Inovação e Experimentação Fotográ-
fica, de tema livre. Os vencedores de
cada categoria serão premiados com
ção Cultural do Estado da Bahia (Fun- R$ 30 mil e outros 12 artistas se-
ceb/SecultBa), vão até 25 de maio de rão indicados a participar da Exposi-
2019. Instituído em 2002 pela Coorde- ção Coletiva e do Catálogo do Prêmio
nação de Artes Visuais da Funceb, o Pierre Verger.
prêmio tem como objetivo incentivar, As inscrições são gratuitas e de-
divulgar e valorizar a produção foto- vem ser realizadas por meio postal,
gráfica nacional. via Sedex ou serviço similar de entre-
Em 2019, serão premiados fotó- ga, com aviso de recebimento. Os en-
grafos em três categorias: Ensaio fo- saios fotográficos devem ser inéditos,
tográfico e de reconstrução históri- e não podem ter sido premiados no
ca, com o tema Ancestralidade e Re- Brasil ou no exterior. Para informa-
presentação; Ensaio Fotográfico Do- ções mais detalhadas, acesse o site:
cumental, de tema livre; e Ensaio de www.fundacaocultural.ba.gov.br.

Uma das imagens da série


que deu ao mineiro Pedro
David o prêmio de 2011
Pedro David

ADOBE STOCK QUER FOTÓGRAFO


QUE RETRATE A DIVERSIDADE
P ara ter um arquivo dos diversos ti-
pos de família, a Adobe criou o pro-
jeto Família é Família, no qual o obje-
Adobe Stock como exemplo. As ima-
gens mostram o dia a dia de uma fa-
mília homoafetiva (pra conferir a série,
tivo é registrar a diversidade de forma acesse: https://adobe.ly/2DBjpkH). A
natural e sem estereótipos para as no- empresa também apresenta galerias
vas gerações. Qualquer fotógrafo, pro- que mostram a diversidade em vá-
fissional ou entusiasta, que queira par- rios países, principalmente em ques-
ticipar do projeto será remunerado pe- tões relacionadas a gênero, família e
las imagens aprovadas pela empresa. etnias. Para mais informações, aces-
Há uma série de fotos disponível na se: https://adobe.ly/2vtilyA.
GRANDE ANGULAR

foto do Mês À queima-roupa


U ma multidão começava a se aglomerar em
frente ao Theatro Municipal, no centro da ci-
dade de São Paulo. Entre placas, faixas e gritos
rou que parte da equipe de polícia que acompanha-
va a passeata agia de forma diferente, formando um
cordão de isolamento e direcionando as pessoas pa-
de protesto contra o aumento das passagens de ra um cenário de tensão. “Percebi que os policiais
ônibus, jovens estudantes e vários integrantes do estavam com escudos bloqueando a passagem, e
Movimento Passe Livre (MPL) se reuniram para assim se iniciou a primeira parte da represália, que
protestar contra o aumento de 7,5% (3,59% aci- espremia jornalistas, fotógrafos e manifestantes
ma da inflação) e caminharam pacificamente em nesse bloqueio”, explica.
direção à Rua da Consolação. Mas, ao chegar ao Foi após essa ação da polícia que o fotógrafo de 37
destino, o fotógrafo Taba Benedicto percebeu que anos – profissional há 10 anos — registrou o flagran-
Policial atinge a recepção tranquila do início não seria a mesma te: o disparo de uma bala de borracha à queima-rou-
manifestante naquela quarta-feira, 16 de janeiro de 2019. pa contra um dos manifestantes, que instintivamen-
com bala de Por volta das 18h, quando a manifestação al- te tenta se proteger com a mochila. A cena ocorreu
borracha em cançou a esquina da Consolação com a Avenida pouco tempo depois de um primeiro confronto. “Cor-
São Paulo (SP) Paulista, próximo à Praça do Ciclista, Taba repa- ri o mais rápido que pude para me posicionar. Quan-
do outro grupo de policiais veio em minha di-
reção, vi que um deles ia atirar e me preparei
para fotografar”, conta o fotojornalista.
O manifestante alvejado tentava ajudar
outro que estava sendo detido. Após o tiro,
a manifestação seguiu pela Paulista e Taba
conta que em nenhum momento houve re-
sistência dos participantes. “Eles tentaram
dialogar com as autoridades, mas não foram
ouvidos”, afirma o fotógrafo, também cola-
borador da agência Folhapress, que distri-
buiu a imagem, publicada Brasil afora e que
viralizou nas redes sociais. Nesse mesmo
dia, o fotojornalista Daniel Arroyo, da Ponte
Jornalismo, também foi atingido no joelho
por uma bala de borracha.

A seção Foto do Mês é uma parceria de


Fotografe com a Arfoc-SP por meio do
Instagram @arfocsp. Podem participar apenas
fotojornalistas profissionais, contratados ou
freelancers. Para saber mais, acesse:
www.arfoc-sp.org.br.
Taba Benedicto

FOTÓGRAFO É DESTAQUE EM
Divulgação

NOVO LONGA BRASILEIRO


E strelado pelo ator Alexandre Nero, o
longa-metragem brasileiro Albatroz
mostra a vida por trás das lentes. A histó-
ção do que é realidade e ficção ao enfren-
tar seus problemas do passado.
O suspense tem roteiro assinado por
ria gira em torno de Simão (interpretado Bráulio Mantovani, que trabalhou em proje-
por Nero), fotógrafo que entra em conflito tos aclamados como Cidade de Deus e Tropa
consigo mesmo após registrar um atenta- de Elite, e direção de Daniel Augusto. A es-
do terrorista em Jerusalém. Com as ima- treia do filme estava pre- Alexandre Nero
gens do atentado, Simão se torna interna- vista para a segunda se- faz o papel de
cionalmente famoso, mas a recepção ne- mana de março de 2019. fotógrafo que
gativa das fotos e problemas pessoais o fa- O trailer pode ser visto se torna famoso
zem entrar em depressão, perdendo a no- em: bit.ly/2TTyW6w. por acaso

12 • Fotografe Melhor no 270


REVELE-SE
fotos dos leitores em destaque

:: Autor: Christian Jourdan


:: Cidade: Asahikawa (Japão)
:: Câmera: Fujifilm X-T1
:: Objetiva: Fujifilm 35 mm
:: Exposição: f/22, 30s e 1/500s e ISO 1.000

EM DOIS TEMPOS
O dia nublado e frio na cidade de perando o momento exato do pássaro pas-
Asahikawa, norte do Japão, era convi- sar no lugar certo. Ele conta que para com-
dativo para o fotógrafo de publicidade Chris- por a imagem acima foram necessárias du-
tian Jourdan praticar imagens de paisagens as fotos: uma com tempo de exposição lon-
usando o filtro ND 1000 que tinha acaba- go (30s) para dar o efeito de véu no rio e ou-
do de comprar. Segundo ele, a grande difi- tra com tempo rápido (1/500s) para conge-
culdade não foi técnica, e sim a de ficar es- lar o pássaro. Juntou-as na pós-produção.

14 • Fotografe Melhor no 270


:: Autor: Ederaldo Luiz Ribeiro
:: Cidade: Osasco (SP)
:: Câmera: Canon EOS Rebel T6i
:: Objetiva: Tokina 11-20 mm
:: Exposição: f/2.8, 30s e ISO 3.200

COMO ALCANÇAR AS ESTRELAS


Não é preciso ser fotógrafo profissional ou de luz ou poluição, para captar o céu – que deve
astrônomo para conseguir uma imagem ser limpo, sem nuvens. Foi assim que Ederaldo
maravilhosa da Via Láctea. Uma foto da imen- Luiz Ribeiro, ao passar férias com a família nu-
sidão do cosmo à noite, digna de papel de pare- ma pousada isolada no Parque Nacional da Ser-
de de computador, pode ser feita com um bom ra da Canastra, em Minas Gerais, praticou astro-
equipamento (não precisa ser top de linha) e al- fotografia com uma DSLR básica da Canon. O re-
gum conhecimento técnico. Além disso, é preci- sultado foi tão bom que ele agora quer se apro-
so ir até um local afastado, sem interferências fundar mais na técnica.

Fotografe Melhor no 270 • 15


REVELE-SE

BOM DE BICO
Morador de São Carlos, inte-
rior de São Paulo, Ronaldo de
Carvalho vive em um bairro que faz
divisa com o cerrado da Universida-
de Federal de São Carlos (UFScar).
O campus de São Carlos da UFSCar
conta com uma área de 672 hecta-
res e abriga diversos tipos de vege-
tação, fauna e flora.
Tendo o cerrado como quintal de
casa, Ronaldo sempre avista muitas
espécies de aves e, como gosta de
fotografar, faz questão de registrar
a natureza. E uma dessas imagens
envolve um martim-pescador se ali-
mentando de uma tilápia. Os galhos
ao redor do pássaro emolduraram
a cena, tornando muito intrigante o
flagrante do momento em que a tilá-
pia vai para dentro da boca dele.

:: Autor: Ronaldo de Carvalho


:: Cidade: São Carlos (SP)
:: Câmera: Canon SX50 HS
:: Objetiva: equivalente a 24-1.200 mm
:: Exposição: f/6.5, 1/160s e ISO 320

16 • Fotografe Melhor no 270


:: Autor: Paulo Fontes
:: Cidade: Passa Quatro (MG)
:: Câmera: Canon EOS 7D Mark II
:: Objetiva: Canon 70-300 mm
:: Exposição: f/16, 1/125s e ISO 800

PARTÍCULAS DE LUZ
A luz, fonte vital da fotografia, pode ser Paulo Fontes caminhava por uma dessas
capturada de várias formas, de dia, de estradinhas mineiras quando vislumbrou a luz
noite, em todos os lugares... Do Japão ao in- do sol atravessando as árvores, filtrada pelas
terior de Minas Gerais, onde uma estradinha partículas de poeira que pairavam no ar. Ten-
de terra que corta um sítio ou uma fazenda, do a moldura das árvores para cercar o doura-
na singeleza do seu traçado, pode se transfor- do da cena e o caminho de terra para conduzir
mar em algo próximo de uma pintura realista, o olhar aos fachos solares, coube a ele enqua-
aquela que se atém aos detalhes. drar com maestria a beleza da simplicidade.

Fotografe Melhor no 270 • 17


REVELE-SE

:: Autor: Danilo Cunha Nascimento


:: Cidade: Uberlândia (MG)
:: Câmera: Canon EOS Rebel T5i
:: Objetiva: Canon 50 mm
:: Exposição: f/22, 8s e ISO 400

SOM ELETRIZANTE
Para estudar técnicas de fotografia, Da- em um cordão, que foi preso ao instrumento
nilo Cunha Nascimento convidou uma musical. O efeito dos leds foi obtido por meio
amiga para ser modelo de produções em que do ajuste de abertura em f/22 e o longo tem-
usa longa exposição. Para chegar ao resulta- po de exposição (8s). O fotógrafo explica que o
do acima, ele explica que precisou fazer uma mais difícil foi conseguir que a modelo Raquel
sequência de dez fotos com tempo médio de ficasse os oito segundos completamente imó-
8 segundos cada, captando a iluminação am- vel para que ele fizesse a captação toda da ce-
biente até obter o resultado desejado. na. A picape antiga deu um charme à produ-
Já as luzes no violão são pequenos leds ção, que ficou surpreendente.

18 • Fotografe Melhor no 270


MOLDURAS DA CIDADE
André Senna estava a passeio janela do bonde. A partir daí, conse- :: Autor: André Senna
na cidade do Porto, em Portugal, guir a foto foi uma verdadeira odis- :: Cidade: Belo Horizonte (MG)
dando uma volta em um ônibus turísti- seia: André precisou conciliar a velo- :: Câmera: Nikon D5500
co que tem a parte superior descober- cidade do ônibus, do bonde e da câ- :: Objetiva: Nikkor 18-200 mm
ta e aproveitando para fotografar lá do mera. Fez algumas tentativas até :: Exposição: f/5.6, 1/250 e ISO 720
alto. De repente, avistou uma família acertar, obtendo mais que uma sim-
dentro de um bonde elétrico, próximo ples lembrança do passeio: uma tí-
às margens do Rio Douro. pica imagem de fotografia de rua, de
A cena chamou a atenção: mãe e cenas efêmeras que talvez jamais se
filho emoldurados pelos batentes da repetirão. O tal instante decisivo.

Mande fotos e ganhe uma caneca da Coleção Câmeras Clássicas


Os autores das fotos selecionadas Especifique no e-mail: nome, endereço,
para publicação na revista receberão telefone, ficha da foto (equipamento,
pelo correio uma caneca da Coleção dados técnicos...) e um breve relato
Câmeras Clássicas. Para participar (local, data...) sobre as imagens que
da seção “Revele-se”, envie até você enviar. Os arquivos devem ter, no
três fotos, no máximo, em arquivo mínimo, tamanho de 13 x 18 cm
digital (formato JPEG), para o e-mail (ou aproximado) com resolução de 200
fotografe@europanet.com.br. a 300 ppi. Evite arquivos muito pesados.

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CÂMERAS CLÁSSICAS
para relembrar e colecionar

Fotos: Mário Bock

A M3 foi apresentada
durante a Photokina
de 1954: aqui, ela com
a lente de 21 mm
e visor auxiliar

Leica M3
A MELHOR DE TODOS OS TEMPOS

P
ara especialistas, não há dis- ri Cartier-Bresson, adepto de câme- tadas “a tapa” até meados dos anos
cussão: a Leica M3 foi a me- ras da Leica, fez com a M3 muitas de 1990. Ainda hoje é uma das clássicas
lhor câmera no formato 35 suas fotos históricas. Como Bresson mais desejadas por colecionadores,
mm de todos os tempos – era um fotógrafo muito discreto, o fa- e um bom exemplar alcança preços
com todo o mérito para as to de ela ser pequena, silenciosa, rá- entre US$ 5 mil e US$ 8 mil, somente
objetivas também. Simples, pida e fácil de regular fez da M3 uma o corpo, no mercado externo.
precisa, resistente e confiável, era o inseparável companheira dele. Além
equipamento-padrão do fotojornalis- disso, as lentes superluminosas que TRÊS JANELAS
mo da época. Lançada em 1954, na a equipavam captava as pessoas e o Um conjunto com objetiva Sum-
quarta edição da Photokina, a grande clima do ambiente com uma natura- micron 50 mm f/2, de nitidez e con-
feira do setor fotográfico que ocorre lidade sem precedentes. traste excepcionais, a M3 chegou com
em Colônia, Alemanha, a nova câme- Como Bresson, centenas de uma novidade na parte frontal: três ja-
ra causou impacto: avançada para a grandes fotógrafos mundo afora fize- nelas retangulares – a maior, do visor;
época e com design atraente, substi- ram da M3 seu instrumento de traba- a do meio, para iluminação dos “fra-
tuía as rangefinders da geração ante- lho durante anos a fio. Ela foi fabrica- mes” (molduras) de enquadramento;
rior, cujo visual e funcionamento re- da oficialmente até 1967, depois de se e a terceira, menor, do telêmetro. O vi-
montavam à primeira Leica com te- tornar o modelo mais vendido da Lei- sor tinha fator de ampliação de 0,91,
lêmetro, de1932. ca. Mas muitas câmeras usadas con- próximo ao da imagem real, e mos-
O grande mestre francês Hen- tinuaram no mercado e foram dispu- trava excelente visão em baixa condi-

20 • Fotografe Melhor no 270


O design era avançado
para a época: uma
novidade foi a pequena
alavanca na parte superior
para mover o filme

Ara Guller

Henri Cartier-Bresson com a versão


preta da Leica M3: a preferida dele

ção de luz. A grande sensação era o


telêmetro, que ganhou maior preci-
são devido à base mais alongada.
A M3 foi a primeira a vir com três
molduras brilhantes no visor, uma
para cada distância focal das lentes
de 50, 90 e 135 mm. O ajuste era au-
tomático: bastava encaixar a respec- Acima, os contatos para flash
tiva objetiva. Para correção da para- eletrônico e de lâmpada; abaixo,
laxe, as molduras se moviam com o o sistema de abertura traseira
para a colocação do filme
ajuste do foco, mas em distância li-
mitada até um metro.
Para mais rapidez, a M3 ganhou de somente 300. Para usar o flash,
uma alavanca de avanço do filme, acessório que se popularizava na
substituindo o arcaico botão de girar. época, ela vinha com dois con-
Mas, nas versões iniciais, era preciso tatos, um para cada lâmpada
dar duas “alavancadas” curtas (dou- descartável (bulb) e o outro
ble stroke) para movimentar a pelí- para flash eletrônico. Mas a
cula – demorou quatro anos para ela Leica decidiu instalá-los na
ganhar uma alavanca de curso nor- parte de trás da câmera,
mal. Essa conduta, típica da exigen- ao lado do visor, o que
te indústria alemã, também explica incomodava bastante.
o botão de rebobinar, idêntico ao das Ao trabalhar em
câmeras Leica mais antigas. Como baixa tensão, o obtura-
“sofisticação”, recebeu um segundo dor de cortina, feito em te-
“pontinho” vermelho, que girava pa- cido, oferecia velocidades de
ra indicar o movimento do filme. 1s a 1/1.000s, com sincronismo
de flash em 1/50s. No primeiro mo-
MODERNIDADES delo, as velocidades seguiam o pa-
Preparada para novos tempos, drão alemão: 1/10s, 1/25s, 1/50s...
as objetivas inauguraram a era da Logo depois adotaria o sistema inter-
baioneta M e tinham movimento nacional hoje utilizado. O importan-

Fotografe Melhor no 270 • 21


CÂMERAS CLÁSSICAS
Um fotômetro
podia ser
acoplado à parte
superior da M3
Fotos: Mário Bock

O Visoflex transformava
a M3 em reflex para ser
usada com tele e macro

te era que todas as velocidades ti- empresa alemã passou a ter um


nham um só botão de ajuste, inclu- monte de concorrentes que criaram
sive as mais lentas – que nas Leica imitações – empresas de Japão,
mais antigas eram reguladas por EUA, Itália, França e União Soviética
meio de um botão em separado, na foram algumas das imitadoras.
parte frontal da câmera. Com o tempo, a Leica foi sentin-
As inovações viabilizaram o uso do a perda de mercado para essa
de um fotômetro (opcional) encaixa- concorrência (principalmente japo-
do na câmera. Os primeiros, de se- nesa), que fazia ótimas câmeras por
lênio e com fotocélula CDS, eram preços menores. Até que, em 1950,
bem mais precisos e sensíveis. O “levou uma surra” da moderna Ni-
contador de exposições também kon S, descoberta por fotógrafos da Versão preta da M3,
surpreendia: era embutido, exibido revista americana Life nos campos rara de ser vista
por uma grande janela, e tinha re- de batalha da guerra da Coreia.
torno instantâneo no momento em Desafiada, quebrou um tabu de Saiba mais
que se trocava o filme. 30 anos para lançar a revolucionária
M3. Era um projeto que já durava nove
sobre a coleção
CONCORRÊNCIA anos de estudo na fábrica da peque- Até o final de 2019, a cada edição
Desde que lançou a Leica II, em na Wetzlar, na Alemanha, e tinha pas- de Fotografe, uma câmera que marcou
1932, com o formato 35 mm, telê- sado por 65 protótipos. O “M” vem de época na fotografia será destacada
nesta seção com um breve histórico.
metro e lentes intercambiáveis, a “messsucher” (com três “s” mesmo), Ao mesmo tempo será lançada a
que significa telêmetro, em alemão. caneca da Coleção Câmeras Clássicas
No lançamento, em 1954, du- com o modelo do mês. Para adquirir
rante a Photokina, a publicidade a esse produto exclusivo, acesse:
www.colecaocamerasclassicas.com.br
descreveu como “incomparável e
surpreendente”. Nada mais
adequado, dizem os espe-
cialistas, pois ninguém
mais, nem mesmo a
própria Leica, produz
câmeras como essa
hoje em dia.

A rainha Elizabeth II,


Arquivo Leica

do Reino Unido, fã
da Leica, clicando
com sua M3 em 1958

22 • Fotografe Melhor no 270


Imagem da série Casas Voadoras,

Laurent Chéhère
do francês Laurent Chéhère, um
dos fotógrafos contemporâneos
relacionados por Claudio Edinger

CLAUDIO EDINGER PROMOVE DIÁLOGO ENTRE

fotografia e pintura
O
POR JUAN ESTEVES

O renomado carioca Claudio Edinger saiu do salto mais ousado com o recente Histó-
Brasil nos anos 1970 e se radi- ria da Fotografia Autoral e a Pintura Mo-
fotógrafo transforma cou nos Estados Unidos, retor- derna (Ipsis, 2019), espécie de compên-
anotações feitas nando ao País em 1996. Des- dio sobre a relação da imagem fotográ-
sa fase, saíram dois livros im- fica e sua predecessora, a pintura, con-
durante dez anos em portantes, Chelsea Hotel (Ab- tendo cerca de 600 ilustrações, incluin-
um livro que mostra beville, 1983) e Venice Beach (Abbeville, do como verbetes cerca de 350 autores
a relação entre as 1985). Por aqui, publicou 18 livros, no- estrangeiros e brasileiros.
tabilizando-se também por colocar seu Na apresentação do livro, Edinger
duas artes ao longo pensamento sobre a fotografia em pú- diz que, ao voltar ao Brasil, começou a
da história. Confira blico e em workshops. Agora, dá um ministrar workshops em festivais de fo-

24 • Fotografe Melhor no 270


Gustave Caillebotte
Gustavo Lacerda
Acima, obra da série Albinos, do brasileiro Gustavo Lacerda (à esq.), e pintura do francês Gustave Caillebotte a partir de foto feita
pelo seu irmão Martial; abaixo, obras contemporâneas do marroquino Yassine Alaoui Ismaili (à esq.) e da americana Tina Barney

Tina Barney
Yassine Alaoui Ismaili

tografia e percebeu que havia mui- dentro não conseguimos expressar mento empírico, raso, fragmentado.
tos artistas de talento, mas com cul- fora”. Esse foi o embrião do livro, diz Com um pouco de estudo, um as-
tura fotográfica escassa. Isso o le- ele, lembrando que não é um acadê- sunto foi puxando outro e a brisa foi
vou a investigar a própria formação, mico, e que tudo que aprendeu foi na virando um tufão: é um tema espe-
que afirma ser “absolutamente lite- prática. Fotografe entrevistou Clau- tacular, rico demais, um artista mais
rária”. Conta que muitas vezes pas- dio Edinger para saber mais sobre fantástico do que o outro, uma histó-
sou noites em claro lendo os clássi- esse trabalho. Acompanhe. ria melhor do que a outra. Estamos
cos da literatura, criando e recrian- todos intimamente conectados. Não
do visualmente universos na mente. Fotografe – A motivação do livro foi existe a minha fotografia, isolada.
Para entender essa relação entre as sentir a ausência de publicações do Ela só existe em cumplicidade com
leituras que fazia e a fotografia, co- gênero no Brasil ou a sua própria tudo o que os outros pensam e in-
meçou a pesquisar detalhes da his- curiosidade sobre o assunto? ventam, fotógrafos e pintores.
tória da arte na internet. Claudio Edinger – Começou como
Aprofundou a pesquisa a partir uma brisa. Fui pesquisar o que sa- Qual é a sua expectativa com rela-
de 2009 e passou a postar nas re- bia sobre a história da fotografia, ção ao livro?
des sociais o que encontrava de in- pois dava oficinas e workshops. Mas Torço para que o livro sirva de
teressante, criando assim um blo- não adianta só dizer, tem que ter o três formas. Primeiro, para que as
co de notas sobre o assunto. Tem- que dizer. Como criar trabalhos iné- pessoas percebam a amplitude ex-
pos depois, Mario Vitor Santos, di- ditos se não conhecemos o que já foi traordinária da fotografia no âmbito
retor da Casa do Saber, de São Pau- feito? Aí me perguntei: peraí, que ti- global. A fotografia é a pintura do sé-
lo (SP), o convidou para dar um cur- po de conhecimento eu tenho de fa- culo 21. Sem, de forma alguma, des-
so sobre a história da fotografia. Nos to? Nas pesquisas, descobri que sa- merecer a pintura, mas adicionando
cursos, ele falava: “O que não temos bia muito pouco. Tinha um conheci- a ela outra dimensão. Acredito que

Fotografe Melhor no 270 • 25


CULTURA

Edward Weston
Alexander Gardner
Edinger listou fotógrafos que poderiam ser vistos como artistas, desde o escocês Alexander Gardner, com fotos da Guerra
Civil Americana (acima, à eq.), passando pelos americanos Edward Weston (acima, à dir.) e Eugene Smith (abaixo, à esq.)

Você escreve que o livro é resul-


tado de suas preferências. Poderia
falar um pouco mais sobre os crité-
rios utilizados?
A fotografia que sempre me inte-
ressou, tanto para ver como para fa-
zer, é a autoral, a que reflete o estilo
único e particular de um autor. Essa
fotografia é um espelho do univer-
so extraordinário que carregamos
no íntimo, de acesso absolutamen-
te restrito. O livro é um reflexo dessa
minha busca. Procurei colocar au-
tores cujas imagens transcendem
o que mostram. Por exemplo, o es-
cocês Alexander Gardner, fotógrafo
da Guerra Civil Americana. Só que,
Eugene Smith

no campo de batalha, ele mudava os


corpos de lugar, criando assim ins-
talações, transcendendo a realida-
de, os fatos. Aliás, como fez anos
todo mundo entende a importân- grafos autorais, até hoje, arranha- mais tarde, de uma forma mais con-
cia da fotografia, mas poucas pes- ram a superfície das possibilida- temporânea, o canadense Jeff Wall
soas percebem a extensão do que des fotográficas. Cabe às novas ge- com a imitação da guerra russa no
é criado, a quantidade e qualidade rações aprofundar as pesquisas ini- Afeganistão utilizando modelos e
das obras produzidas hoje. Segun- ciadas e avançar em novas direções. maquiagem. E, lá no início, o fran-
do, que sirva de índice para os jo- E, terceiro, que sirva como um ins- cês Hippolyte Bayard, um dos inven-
vens fotógrafos. Tomara que os aju- trumento educacional nas escolas. tores da fotografia, mandava autor-
de a encontrar a direção própria de A fotografia é cada vez mais funda- retratos para a academia de ciên-
seus trabalhos e que os incentive a mental em nossa vida. E a maior ca- cias francesa se fingindo de morto
se aprofundar nela. Todos os fotó- rência é na educação. – e escrevendo atrás da foto alguma

26 • Fotografe Melhor no 270


Henri Cartier-Bresson

Nomes consagrados como os dos franceses Henri Cartier-Bresson (acima) e Robert


coisa assim: “Aqui jaz M. Bayard, que Doisneau (abaixo) estão no livro História da Fotografia Autoral e a Pintura Moderna
se afogou quando soube que a aca-
demia havia privilegiado M. Daguer-
re (que recebeu as honras como in-
ventor da fotografia) e ignorado a in-
venção (e importância) de Bayard”.
A fotografia nasceu mentirosa, se-
guindo o que explica Picasso: “Arte é
uma mentira que conta a verdade”.
No começo do livro, mostro a intimi-
dade, contaminação mesmo, entre
a fotografia e a pintura, procurando
demonstrar de forma específica que
a fotografia já nasceu arte. Recente-
mente, li uma entrevista de Don Mc-
Cullin, fotógrafo inglês de guerra
que não está no livro e que tem ex-
posição na Tate Modern de Londres,
templo sagrado da arte na Inglater-
ra. Disse: “Não sou artista, sou fo-
tógrafo”. Deveria ser assim. Quan-
do dizemos escritor ou pintor não há
dúvidas do que a pessoa faz. Deveria
Robert Doisneau

ser o mesmo com a fotografia. Fo-


tógrafo é quem cria imagens únicas,
autorais. O resto deveria ter sempre
mais um nome próprio adicionado:

Fotografe Melhor no 270 • 27


Araquém Alcântara
Com uma visão artística da fotografia de natureza e vida selvagem, Araquém Alcântara é um dos nomes selecionados por Edinger

fotógrafo de moda ou de casamento res importantes é fazer uma enciclo- em conseguir permissão de uso das
ou repórter. Isso em nada diminui a pédia. Porém, nomes como Robert imagens que queria publicar. Deixei
importância do que fazem. Cada um Frank, Maureen Bisilliat ou German também brasileiros muito impor-
tem seu papel; todos são importan- Lorca não estão no livro. Como foi li- tantes de fora por limites de espa-
tes. A palavra fotógrafo deveria esta- dar com essa situação? ço e por querer evitar a produção de
belecer o artista da fotografia. Foi muito difícil deixar alguns um livro nacional demais. Não seria
autores de fora do livro. Lembro justo com os outros. Procurei mos-
Ainda na questão dos critérios, mais dois, Sally Mann e Mapple- trar trabalhos com um caráter bem
sabe-se que incluir todos os auto- thorpe. Deles, tive muita dificuldade particular. Tentei incluir os fotógra-
fos artistas com uma visão única,
da forma mais ampla possível. Os
Mary Ellen Mark

que fazem um trabalho que segue


a linha de outros optei por não in-
cluir. Thomaz Farkas, Gaspar Gas-
parian e Geraldo de Barros são pa-
ra mim os melhores representan-
tes da fase modernista da fotogra-
fia brasileira. Além de German Lor-
ca, que tem uma obra vasta e incrí-
vel e a quem respeito demais, dei-
xei de fora outros também geniais:
Fernando Lemos, Chico Albuquer-
que, Jean Manzon, Marcel Gauthe-
rot, só para citar alguns. Quem sa-
be numa segunda edição expandida
consiga incluí-los.

Ao lado, imagem da série Circo


Indiano, da americana Mary
Ellen Mark, que atuou em
várias áreas da fotografia

28
Mário Cravo Neto

Vik Muniz
A fotografia definida como arte: acima, obras dos brasileiros Mário Cravo Neto
(à esq.) e Vik Muniz (à dir.); ao lado, retrato criado pelo americano Richard Avedon

tado por ele com dois modelos, o um trabalho brilhante. Um Museu


que já vira uma instalação. O Eu- da Fotografia Contemporânea em
gene Smith também está: criou a São Paulo é fundamental para in-
imagem da Tomoko, posando ela e centivar a arte, criando exposições
a mãe num lugar bem específico. nacionais e internacionais de pon-
Suas fotos são trabalhadas dias no ta, publicando livros, dando cursos
laboratório, criando assim trans- e palestras, distribuindo bolsas de
cendência que vai muito além do estudo, apoiando financeiramen-
que a câmera registrou. Essa foi a te a arte no estilo do Internacio-
regra de ouro que segui na escolha nal Center of Photography de Nova
dos trabalhos e autores. York. Precisamos de um lugar pa-
ra servir de elo com outros museus
Você tem falado em criar um e fundações internacionais. Temos
museu da fotografia, além de ser museu de tudo. Falta o da Fotogra-
um entusiasta da fotografia brasi- fia Contemporânea.
leira. Como você enxerga a imagem
autoral hoje?
Em 2017, durante a Art Basel
Miami, feira de arte, fui ver uma pa-
Richard Avedon

lestra do Alex Allard, francês que


comprou o Hospital Matarazzo em
São Paulo (SP). Ele é bem específi-
co: a vocação natural do Brasil, as-
E o americano Robert Frank, que sim como da França, é a economia
é considerado um dos maiores fotó- criativa. É exatamente isso. Somos
grafos de todos os tempos? um povo criativo ao extremo, mis-
O Robert Frank, para mim, tem tura deliciosa das raças principais,
um trabalho que deriva do Cartier- uma síntese do planeta. Nossa ar-
-Bresson. Daí, entre os dois, esco- te não para de florescer, principal-
lhi o Bresson. O que também é o mente na fotografia – fácil, fácil en-
caso com René Burri, Elliot Erwin, tre as cinco melhores do mundo. E
Cornell Capa e outros. O Robert por fotografia me refiro à autoral ou HISTÓRIA DA FOTOGRAFIA AUTORAL
Doisneau, por exemplo, está no à artística. Já temos dois excelen- E A PINTURA MODERNA
ISBN: 978-85-9550-043-3
livro com O Beijo no Hotel de Ville, tes museus, o de Fortaleza (CE) e o Formato: 22 x 28 cm, 376 páginas
pois é um momento decisivo mon- Instituto Moreira Salles, que fazem Preço: R$ 130 (via e-mail: pub@ipsis.com.br)

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DICAS DO ESPECIALISTA

Jubarte fotografada durante mergulho no Arquipélago de Tonga, no Pacífico Sul: o barco na dimensão do tamanho da baleia

SEGREDOS PARA SER UM VERDADEIRO


fotógrafo de natureza POR SÉRGIO BRANCO

Confira as lições

A
fotografia de natureza, meio am- do nelas. É um estágio quase tão impor-
biente, vida selvagem e popula- tante quanto o de fotografar, já que essa
e reflexões do ções tradicionais não se resume reflexão balizará todo o trabalho que ve-
consagrado a registrar paisagens, ecossis- nha a ser produzido.
temas, animais e pessoas. Pa- Candisani defende que a inspiração
Luciano Candisani ra Luciano Candisani, profissio- de um fotógrafo deve partir, sobretudo,
para evoluir na nal consagrado do segmento, o primeiro do desejo de passar uma interpretação
área e ter mais e fundamental passo para um fotógrafo sobre temas relevantes, e não da vonta-
que quer se dedicar ao setor é entender de de apenas produzir belas imagens. As-
qualidade nos o que realmente o atrai, ou seja, que his- sim, as fotos não se tornam meros regis-
seus projetos tórias pretende contar e mergulhar fun- tros desconexos de paisagens, ecossiste-

30 • Fotografe Melhor no 270


Pastor na etnia Masai
Fotos: Luciano Candisani

em seu quintal, em
Ngorongoro, na
Tanzânia: documentar
populações tradicionais
também faz parte do
trabalho do fotógrafo

mas e animais. Cada ensaio deve ter estilo, pois ele não é construído in- sem temer a crítica dos outros so-
fotos que se relacionam para cons- tencionalmente. O estilo encontra o bre o trabalho. Ter boas referên-
truir uma mensagem – e não ter uma fotógrafo, não o contrário. Ele apare- cias, por exemplo, é uma boa manei-
coleção de imagens apenas didáticas ce naturalmente, vem com tempo e ra de evoluir. De uma lista não mui-
e informativas. É fundamental traba- trabalho. Porém, é preciso abrir es- to extensa, Candisani cita três nomes
lhar pela estética atraente e perse- paço para que surja. Ideias criativas que aprecia: os americanos Nick Ni-
guir a união do documental com o in- e projetos interessantes ajudam a chols e David Doubilet e o canaden-
terpretativo autoral. “Isso só é possí- amadurecer um estilo”, afirma. se Paul Nicklen. Trabalhos desses
vel com envolvimento, transpiração e Por isso, cada fotógrafo deve tra- mestres servem como fonte de inspi-
desejo profundo de fazer um mate- balhar duro para contar suas his- ração, além de ajudar a desenvolver
rial de boa qualidade”, explica. tórias da forma mais íntegra e es- um senso estético e uma espécie de
Candisani aponta que há certa pontânea possível, fiel a si mesmo padrão de qualidade a ser alcançado.
confusão sobre o que muitos defi-
nem como fotografia autoral, atre-
lando o termo ao experimentalis-
mo, como cortes inusitados, desfo-
ques, movimento ou supersatura-
ção. Ele ensina que o autoral tam-
bém pode estar ligado à represen-
tação real do assunto, em que exis-
ta um esforço de interferência ou de
interpretação do fotógrafo.
O desenvolvimento do estilo, que
todo fotógrafo tanto busca, é conse-
quência da visão que cada um tem
em seu horizonte para guiar passos
e projetos. Está ligado à maneira co-
mo a criatividade será trabalhada a
partir das ferramentas técnicas dis-
poníveis para transmitir ideias. “Na
maioria dos casos, não se força um

Gorila nas montanhas do Parque


Nacional das Florestas de Bwindi,
em Uganda, centro-leste da África

Fotografe Melhor no 270 • 31


DICAS DO ESPECIALISTA

Imagem noturna
captada na
Alameda dos
Baobás, em
Morondava,
Madagáscar

Fotos: Luciano Candisani


PLANEJAMENTO um projeto, de uma viagem ou de um quisa a fundo o tema escolhido para
Um passo fundamental pa- único dia fotografando em campo. descobrir o que foi publicado a res-
ra quem busca se destacar no se- Candisani diz que seus projetos peito e como foi fotografado. A par-
tor é desenvolver bons projetos – nascem com a ideia de publicar um tir daí, começa a definir a sua abor-
uma maneira de evoluir tecnicamen- livro. Ou a partir de uma reportagem dagem, que história irá contar, quais
te, desenvolver um estilo e inserir-se que, posteriormente, se desdobra imagens precisará registrar e quan-
no mercado. Esse processo tem uma em um livro. No entanto, até chegar tas serão as viagens necessárias.
palavra-chave: planejamento. É dele o dia de viajar para fotografar há um A pesquisa é feita em livros es-
que depende (e muito) o sucesso de longo caminho de estudos. Ele pes- pecializados, na internet e, principal-
mente, com especialistas no assun-
to. “Existe um trabalho de coopera-
Os raros macacos-gelada
ção entre o fotógrafo da área e pes-
no Parque Nacional das
Montanhas Simien, na Etiópia, quisadores. Mas é preciso mostrar
região nordeste da África que o tema será registrado de for-
ma adequada e publicado em bons
veículos para que os pesquisadores
possam passar informações. Para
descobrir quem são e onde estão os
especialistas, a solução é buscar na
internet, em ONGs conservacionistas
e em universidades”, explica.
Um dos segredos para conseguir
fotos relevantes de uma determina
espécie (mamífero, ave, réptil ou in-
seto) é conhecer o comportamento
dela, seu hábitat, do que se alimenta,
entre outros detalhes. “Esse conheci-
mento, vindo de pesquisas e informa-
Aurora boreal registrada
no Cabo Norte, Finlândia,
durante expedição
comandada por Candisani

ções de pesquisadores, será comple-


mentado pelo dos guias e mateiros do
local, que sabem onde e como encon-
trar os animais”, comenta. E o mes-
mo vale quando o tema é a documen-
tação da cultura de uma população
tradicional. “Conhecer o tema em
profundidade gera algo muito precio-
so, o poder da antecipação”, diz.
Na fase inicial de estudos do
projeto, Candisani procura elaborar
uma lista de imagens que conside-
ra necessárias para contar a histó-
ria, já pensando na narrativa. Obvia-
mente, faz fotos que não tinha pla-
nejado, pois sempre há surpresas,
mas sempre tem um ponto de par-
tida. Definir as viagens e o tempo
necessário para cada uma é o pas-
so seguinte. Por isso, pesquisa tam-
bém é fundamental para saber em
qual época fotografar, pois muitos
eventos na natureza são sazonais: o
período de chuvas, o nível dos rios,
as florações, as fases de seca...

MATURAÇÃO
Um ano tem sido a média para
Candisani realizar um projeto des- Abaixo, o fotógrafo em ação em um dos projetos que virou livro: Atol das Rocas
de a concepção, pesquisa, realiza-
ção das fotos até a publicação do li-
vro. E uma questão importante an-
tes de viajar é ter autorizações pré-
vias no caso de parques e reservas,
sejam de administração pública ou
privada. “É burocrático, e muitas
vezes demorado, já que pode levar
semanas. E apenas trabalhos jor-
nalísticos ou científicos são permi-
tidos sem a necessidade de paga-
mento de taxas”, afirma.
Só depois de ter reunido a maior
quantidade possível de informações e
Arquivo Pessoal

de ter definido a ajuda de um guia (ou


mateiro), ele sai a campo. Para essa
etapa, Candisani elabora um crono-
grama diário para cada viagem – um
plano inicial que costuma sofrer alte- gem, caso o resultado não seja o es- calor, frio, chuva, mosquitos, entre
rações conforme o andamento do tra- perado, como quando não se encontra outros, é crucial. “Um fotógrafo com
balho ou das condições climáticas. o animal ou ele está em situação de frio, sede, fome ou alergia a mosqui-
“Às vezes pode ser necessário inves- luz ou posição desfavorável”, analisa. to não vai conseguir se concentrar.
tir mais tempo em determinada ima- Prever possíveis percalços, como Qualquer detalhe não planejado pode

Fotografe Melhor no 270 • 33


Fotos: Luciano Candisani
Flagrante de um leopardo descendo da árvore no Parque Nacional de Serengeti, reserva natural dividida entre Tanzânia e Quênia

arruinar tudo”, ensina. E aí, até o pe- Não se escapa de imprevistos: areia, batidas...), é fundamental para
so do equipamento precisa ser leva- mesmo com todos os cuidados, pes- um fotógrafo na área. Candisani tra-
do em conta, já que é preciso trans- quisando as espécies e planejando balha apenas com DSLRs robustas
portá-lo com certo conforto. “Dividir para prever as situações, o inesperado e objetivas profissionais luminosas,
o peso com o guia é uma alternati- está à espreita. É preciso estar prepa- construídas com óptica superior e
va, mas deixar de levar o necessário rado para superar desafios, evitar pe- mecânica mais durável. Na mochi-
por causa do peso não dá, a menos rigos e aproveitar oportunidades. la leva as objetivas 17-35 mm, 14-24
que isso impeça o fotógrafo de che- mm, 24-70 mm, 70-200 mm e ma-
gar ao local”, diz ele. Ou seja, equi- EQUIPAMENTO cro 100 mm, todas de abertura f/2.8,
pamento também depende do pla- A resistência de câmeras e ob- além da supertele 500 mm f/4.
nejamento tendo em vista necessi- jetivas, expostas a condições extre- A escolha da câmera depende
dades específicas. mas (calor, umidade, sujeira, chuva, da finalidade do trabalho. Para fo-
tos de fauna, em que é necessário
captar o momento decisivo, prefe-
re a DSLR que em modo de disparo
contínuo é capaz de fazer até 10 fo-
tos por segundo. Já para paisagens,
retratos de pessoas ou quando há
tempo para compor a cena, usa ou-
tra DSLR com resolução mais alta –
ambas com sensor full frame. Além
disso, ter uma câmera reserva ga-
rante a segurança da continuidade
do trabalho para o caso de surgir al-
gum imprevisto, acidente ou avaria.
Prefere câmeras full frame pela
qualidade da imagem e a ótima per-

Mamãe elefante e seu filhote no


Parque Serengeti, onde é possível
registrar vários tipos de mamíferos

34 • Fotografe Melhor no 270


Jubarte e seu filhote em Tonga: ser um mergulhador certificado é exigência para o fotógrafo que deseja fazer imagens subaquáticas

formance em ISOs mais altos, com Com a 500 mm f/4, grande e pe- de paisagem. Prefere não usar filtro
nível de ruído aceitável. Porém, ele sada para usar na mão, o tripé é UV em nenhuma objetiva, assumin-
não descarta as DSLRs com sen- crucial. O peso do conjunto para ser do o risco de danificar o elemento
sor APS-C, que também podem ser deslocado em andanças e a demo- óptico frontal da lente. Por isso, re-
usadas com eficiência. Para ele, em ra em montá-lo não desencorajam dobra a atenção para possíveis bati-
ISO baixo não existe grande diferen- Candisani. “Consigo trabalhar em das. “Prefiro esse cuidado extra a in-
ça entre as câmeras full frame e as situações dinâmicas com o tripé e cluir mais um elemento que não te-
de sensor menor. Já no caso de obje- a tele, não preciso ficar necessaria- rá a mesma qualidade óptica da ob-
tivas, o ideal é investir em lentes lu- mente parado. Caminho com o con- jetiva”, justifica. Leva ainda controle
minosas, de abertura f/2.8. “De nada junto sem qualquer problema”, diz. remoto para fotos noturnas em mo-
adianta ter uma câmera top de linha Usa filtro polarizador e gradua- do Bulb (B), bateria e carregador ex-
com uma objetiva ruim”, comenta. do neutro geralmente em objetiva tra, além de cartões de memória ve-
Tripé é um acessório fundamen- grande angular para reduzir o con- lozes e de grande capacidade de ar-
tal e imprescindível. Candisani tem traste entre o céu e o chão em foto mazenamento para não precisar fi-
um modelo da Gitzo, de fibra de car-
bono, com duas opções de cabe-
Pelicanos sobrevoando o
ças, o ball-head (para paisagens) e o Lago Manyara, na Tanzânia,
Wimberley (específica para uso com em imagem feita com a
teles longas, no caso, a 500 mm f/4). supertele de 500 mm f/4
O tripé é utilizado em quase todas
as situações, mesmo durante o dia,
pois com ele fica mais fácil diminuir
o risco de fotos tremidas. Também
serve para macrofotografia com luz
ambiente, e a razão é a pouca pro-
fundidade de campo da lente macro,
que dificulta a focagem, e a neces-
sidade do ajuste de baixas velocida-
des de obturador. “Para macro, o tripé
deve ter o recurso que permita usá-lo
quase ao nível do chão”, explica.
Fotos: Luciano Candisani
Grupo de jacarés pantaneiros:
Um conservacionista documentário deu origem ao
livro Pantanal na linha d’água
Segundo Luciano Candisani, A guinada veio em 1995, quando o
a fotografia é a ferramenta para fotógrafo participou como mergulhador e
mostrar uma visão particular do fotógrafo da equipe do navio oceanográfico
mundo. No seu caso, estar em grandes Ary Rongel, que foi para a Antártica. As
car economizando disparos.
espaços naturais e o agir em prol da imagens do continente gelado abriram Conta com um flash top de linha,
conservação do planeta são os pilares portas para diversas revistas, como Terra, que pode ser usado tanto na sapa-
que sustentam seu trabalho. Globo Ciência e Superinteressante. Em ta quanto deslocado, disparado por
Aos 47 anos, ele vive entre o mar seguida, passou a propor suas próprias
e a floresta em Ilhabela , litoral norte pautas – cinco delas reconhecidas com o cabo de sincronismo, sempre co-
paulista, seu refúgio quando não está prestigioso Prêmio Abril de Jornalismo. mo luz de preenchimento. Na maio-
viajando ao redor do mundo na produção No ano 2000 ingressou na revista National ria das vezes, ajusta-o para o modo
de seus projetos. Ele é hoje apontado Geographic Brasil. Em 2010 tornou-se o TTL, compensando entre um e dois
como um dos grandes fotógrafos de único brasileiro a integrar o seleto grupo
natureza do mundo, sendo que seu de fotógrafos da edição principal da revista, pontos a menos depois de avaliar o
trabalho é mais reconhecido e publicado nos Estados Unidos. histograma da imagem. “Em fotos
no exterior do que no Brasil. Hoje, produz imagens, reconhecidas de aves, animais em situações de
Mas a trajetória dele até o sucesso com alguns dos principais prêmios da
não foi nada fácil. Deu-se com muito fotografia mundial. Elas reúnem uma
alto contraste, para aliviar as som-
estudo e esforço em cada etapa de identidade estética e se equilibram de bras escuras ou no interior da mata,
crescimento profissional, a partir forma peculiar entre arte e documento. quando a luz deixa a pelagem dos bi-
do final da década de 1980, ainda na Tem trabalhos que podem ser vistos em chos sem vida, o flash dá um brilho.
adolescência, quando a paixão pelo exposições, galerias de arte e museus
mar e pelos ambientes naturais o ao redor do mundo e são publicadas em Mas o ideal é que fique suave, quase
guiariam rumo ao curso de Biologia na revistas europeias conceituadas, como imperceptível, apenas completando
Universidade de São Paulo (USP). a alemã GEO, além de grandes jornais a luz ambiente”, ensina.
Já na faculdade direcionou o interesse nacionais e estrangeiros.
para a biologia marinha e tornou-se A relevância da obra de Candisani
Para macrofotografia, usa um
estagiário do Instituto Oceanográfico. o levou a integrar o júri de alguns dos adaptador circular preso à frente da
Ali, começou a fotografar as primeiras mais respeitados prêmios da fotografia, objetiva 100 mm e duas cabeças de
expedições científicas para documentar o como o World Press Photo, na Holanda, flash acopladas a um suporte (bracket),
trabalho dos pesquisadores. e o Wildlife Photographer of the Year, na
Inglaterra. É ainda participante de ambas com ajuste independente de
importantes coletivos fotográficos, potência. A vantagem desse sistema
como o Internacional League é mobilidade no posicionamento dos
of Conservation Photographers flashes, pois ele pode tirar do suporte
(ILCP), o Sea Legacy e o The Photo
Society, que agrupa fotógrafos e colocar onde achar mais adequado.
que são colaboradores da edição Na hora de escolher o que levar,
principal da National Geographic. a primeira providência é avaliar a ne-
cessidade de cada item para não car-
Candisani em mergulho nas
regar peso extra. Se for sair a cam-
águas geladas da Antártica
po para fotografar animais de grande
Candisani ministra workshops em
expedições, tanto no exterior (ao
lado, girafas na África) como no Brasil
(abaixo, registro da Mata Atlântica)

porte, por exemplo, o kit macro pode


ficar em casa. “O ideal é levar o equi-
pamento mais enxuto e prático pos-
sível. Mas nem sempre é fácil fazer
essa equação. Muitas vezes, carrega--
-se peso excessivo, e em outras situa-
ções arrepende-se por não ter levado
uma lente a mais”, resigna-se.
Para fotografia subaquática,
uma especialidade dele, Candisa-
ni conta com uma caixa-estanque
e flashes apropriados. Lembra que,
para fazer esse tipo de imagem, o
fotógrafo deve fazer um curso de
mergulho para saber como se com-
portar debaixo d’água, dominar téc-
nicas de respiração e operação do
equipamento de mergulho.
E, depois de um dia de trabalho,
a limpeza do equipamento é sempre
necessária. Com o pincel e a bom-
binha de ar, Candisani retira a areia
e poeira do corpo da câmera, que
também ganha uma lustrada com
pano macio. Com líquido e papel da
marca Rosco, faz a limpeza das len-
tes. Jamais limpa o sensor da câ-
mera, o máximo é usar a bombinha
de ar para remover a poeira. Pa-
ra sujeiras que ficam grudadas, en-
via a câmera para assistência técni-
ca. E até que possa mandá-la para a
oficina remove pontos de sujeira nas
imagens na pós-produção. querem saber como eu faço. Inver- jo ajustes completamente diferentes,
to a pergunta: O que você quer fa- cada um com visão própria. Percebi
EXPEDIÇÕES zer? Isso muda tudo, fica mais es- que tem muita gente talentosa nos
Depois de duas décadas rodan- timulante. Não me via fazendo isso, grupos e também muitos ligados à
do o Brasil e o mundo para fotogra- mas faz quatro anos que venho me conservação da natureza, o que é óti-
far, Luciano Candisani também tem envolvendo mais em expedições e mo, pois é uma forma de replicar a
se dedicado nos últimos anos a uma workshops”, afirma. luta pela preservação”, comenta.
nova atividade: comandar expedi- Para ele, compartilhar conheci- Ele sempre faz uma viagem pré-
ções fotográficas em parceria com mento e fazer algo motivador, como via para conhecer o lugar da expe-
a empresa One Lapse, passando pa- identificar nas pessoas a visão de fo- dição e ter noção das dificuldades
ra pequenos grupos conhecimentos tografia que elas têm, é muito grati- que o grupo encontrará, como fez
práticos e teóricos em viagens na- ficante. Diz que não busca ensinar em 2018 antes da expedição para
cionais e internacionais. fórmulas. Incentiva que cada um te- fotografar a aurora boreal no nor-
Segundo ele, o público é de en- nha a sua solução. Verifica o trabalho te da Noruega e na Finlândia. “Ca-
tusiastas avançados ou mesmo pro- de um a um e se esforça em propor- da expedição pede uma prepara-
fissionais. E a ideia é ensinar o pro- cionar uma boa experiência, pois ca- ção. Sempre tem alguma particu-
cesso por trás da foto, e não exata- da participante tem uma reposta di- laridade que requer algo específico
mente como ela é feita. “Em geral, ferente para a mesma situação. “Ve- em termos de equipamento e téc-

Fotografe Melhor no 270 • 37


Luciano Candisani
Tamanduá-mirim em posição
de defesa diante do fotógrafo;
ao lado, Candisani produzindo
imagens subaquáticas

nica. Nesses workshops, tenho um


canal direto para conversar com os
inscritos bem antes da partida. É o
momento em que o equipamento
de cada um é analisado de acordo
com a expectativa em termos de fo-
tografia”, esclarece.
Ele dá como exemplo a viagem
à região do Círculo Polar Ártico, on-
de o objetivo principal era registrar

Leandro Cagiano
a aurora boreal e, para tanto, todos
sabiam que seria necessário muito
tempo de exposição ao frio em tem-
peraturas extremas (chegaram a
pegar -37 oC). Nas conversas, perce-
beu que algumas pessoas não gos- vai levar em breve uma turma pa- Entre as viagens para seus pro-
tariam de carregar a mochila pesa- ra fotografar as baleias jubarte. En- jetos pessoais de longo prazo, como
da, além do peso de toda a roupa tre questões que apurou, escolheu a documentação de populações tra-
polar, a cada parada. E entrar com a os barcos mais adequados para fo- dicionais (como está fazendo na Co-
câmera gelada, fora da mochila, no tógrafos e também detalhes como reia do Sul) , e o comando de expedi-
veículo aquecido, significa conden- o tamanho das nadadeiras a serem ções (como a que está prevista para
sação nas lentes, o que poderia ar- usadas. “É que para fotografar a ju- a Patagônia em maio próximo), Lu-
ruinar uma boa oportunidade com barte é preciso nadar até elas pela ciano Candisani há muito deixou de
a aurora boreal, fenômeno efême- superfície da água. Na prática, per- ser o clássico fotógrafo de natureza
ro. “Para contornar isso, instituímos cebi que nadadeiras longas de mer- e vida selvagem. Profissional com-
o uso de pequenas bolsas plásticas gulho livre, muito boas para afun- pleto, inclusive atuando também co-
para que a câmera nunca ficasse ex- dar, não dão velocidade na superfí- mo filmmaker, ele prova que acima
posta diretamente ao ar quente após cie. Testei modelos médios que ti- de rótulos há o talento do fotógra-
cada saída para fotografar”, explica. veram uma ótima resposta. É o que fo para múltiplas tarefas, inclusive a
Ele voltou recentemente de vou indicar aos participantes, antes de saber ensinar – já que muitos até
Tonga, no Pacífico Sul, para onde da viagem”, explica. tentam, mas não sabem.

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38 • Fotografe Melhor no 270 com a Editora Europa. O exemplar é enviado para todo o Brasil.
TÉCNICA

Fotos: Zé Paiva

Retratos
Personagens iluminados: Antonio Bitencourt de Matos, luthier (à esq.), e Jaime Francisco dos Santos, fazedor de balaios e cestos

SOB A LUZ DE UMA IDEIA


Conheça o processo criativo que deu origem ao premiado ensaio Iluminados, em que o
fotógrafo de natureza Zé Paiva retratou personagens com a técnica do light painting
POR ÉRICO ELIAS

40 • Fotografe Melhor no 270


Alésio dos Passos Santos, cultivador de plantas medicinais (à esq.), e Arnoldo Manoel Feliciano, Seu Dedinha, percussionista

Z
é Paiva é um fotógrafo gaú- ria a experimentações e a uma no- indicações de amigos ou terceiros,
cho radicado em Florianópo- va especialidade: retratos. que foram tomando conhecimen-
lis (SC) desde 1985. Depois A série Iluminados é composta por to do projeto. Ele queria ir além dos
de trabalhar para o merca- 20 imagens de moradores de Floria- personagens mais característicos
do publicitário por alguns nópolis, todos com um mesmo perfil: da cidade, como a rendeira e o pes-
anos, tendo um dos estúdios pessoas com mais de 60 anos conhe- cador. Também buscou representar
mais importantes da capital catari- cidas na cidade por suas habilidades a variedade de origens dos habitan-
nense, migrou para a fotografia de com o trabalho manual. Zé Paiva uti- tes de Florianópolis, gente de Esta-
natureza, na qual se firmou como lizou a técnica de light painting pa- dos e países diversos. “O trabalho
um dos principais nomes do Bra- ra retratá-los, uma decisão ousada e acabou tendo essa dimensão antro-
sil, publicando vários livros, produ- em nada gratuita. pológica”, diz Zé Paiva.
zindo imagens para fine art e com- Os personagens foram escolhi- A realização de cada retrato en-
partilhando conhecimento por meio dos a partir de uma teia de contatos volveu aspectos psicológicos, ceno-
de workshops e expedições. Duran- tramada pelo fotógrafo, começando gráficos e técnicos, que desafiaram
te um curso de pós-graduação que por pessoas que eram suas conhe- o fotógrafo especializado em natu-
ele fazia nasceu a ideia que o leva- cidas e depois se ampliando com reza. Os aspectos psicológicos es-

Fotografe Melhor no 270 • 41


TÉCNICA

Fotos: Zé Paiva

Valmor F. de Melo faz vários tipos de trabalhos manuais (à esq.) e Marisa Gularte é cozinheira especializada em macrobiótica

tão ligados à interação entre retra- pessoa acha que você é uma espécie “Tinha que reunir o máximo de
tista e retratado, fundamental nesse de bruxo, quando mostra a imagem informações em uma só imagem.
segmento. Zé Paiva conta que o pri- e fala que ela foi feita no escuro, com Para construir a cenografia pedia
meiro desafio foi tentar explicar qual uma lanterna”, informa. para conhecer um pouco da casa e
era o projeto e a intenção ao persona- descobrir objetos interessantes. Aí
gem para convencê-lo a participar, o IMAGEM E INFORMAÇÃO muitas vezes entrou a interação e a
que não ocorreu em todos os casos. O envolvimento com o retratado participação dos personagens, dan-
“A maioria das pessoas eu ti- evolui para a cumplicidade no mo- do sugestões ou escolhendo os ob-
ve que visitar e conhecer melhor em mento do clique. É aí que entram os jetos de sua predileção”, recorda ele.
uma primeira conversa, para só en- aspectos cenográficos, como mon- Um caso curioso foi o do pintor
tão marcar um dia para fazer a foto. tar a cena, posicionar e dirigir o mo- Rodrigo de Haro, para quem o fotó-
Nenhuma das imagens do projeto foi delo. No contexto da série Ilumina- grafo havia escolhido uma bela ca-
feita sem o mínimo de uma hora de dos, que visava exaltar o papel do deira antiga para se sentar. Na hora
conversa preliminar. Para quem não trabalho manual, Zé Paiva realiza- de fazer o retrato, ele preferiu sen-
está acostumado com a técnica fo- va uma busca de objetos que pudes- tar-se em uma cadeira de plástico,
tográfica, é difícil explicar como fun- sem indicar a atividade de cada per- colocou para o lado a cadeira antiga
ciona o light painting. Muitas vezes, a sonagem retratado. e nela posicionou uma bandeira do

42 • Fotografe Melhor no 270


Isolina Machado Oliveira, rendeira na Praia da Armação (à esq.), e Cassio de Andrade, produtor de farinha de mandioca

Brasil Império (veja na página 45). lanterna do objeto iluminado, mais painting você só pode passar a lan-
“Foi um personagem que ajudou na concentrado o facho de luz e maior terna pelo personagem uma vez. Se
criação do cenário”, diz Zé Paiva. a impressão de artificialidade. você voltar a iluminar o rosto, por
Zé Paiva conta que com a prá- exemplo, ele vai sair borrado, por
ASPECTOS TÉCNICOS tica foi aprendendo a construir um mais que a pessoa tente ficar está-
O fotógrafo escolheu um enqua- mapa mental da cena e um per- tica, na mesma posição”, diz. Com o
dramento vertical, ideal para retra- curso a ser seguido. Ele optou por tempo ele percebeu que o mais fácil
tos, e objetiva grande angular, de se aproximar bastante dos objetos era começar iluminando o persona-
forma a captar os objetos em cena iluminados, dando ênfase a alguns gem, para depois iluminar os obje-
ao redor do personagem. O princí- aspectos da cena. Uma vez que a tos da cena. “Passava os primeiros
pio do light painting consiste em dei- escuridão toma conta do ambien- 10 a 15 segundos pintando o perso-
xar o obturador da câmera aberto te e o disparador é acionado, o per- nagem com luz e depois podia ilumi-
em modo B no escuro total e ilumi- curso realizado pela lanterna será nar a cena com mais calma, poden-
nar a cena com uma ou mais lan- decisivo para o resultado final. No do passar mais de uma vez a lanter-
ternas. A técnica comporta muitas caso de cenas com modelos vivos, a na pelo mesmo lugar”, explica.
variáveis e exige experimentações complexidade é ainda maior. Sempre que possível, o fotógra-
prévias. Quanto mais próxima a “Para fazer retratos com light fo incluía alguma fonte de luz encon-

Fotografe Melhor no 270 • 43


TÉCNICA

Fotos: Zé Paiva
Zaly Folly, professora de yoga e astróloga (à esq.), e Benta Maria do Amaral, rendeira e participante de grupo folclórico

trada no local. Foi o caso do retrato Durante a realização do ensaio, aos alunos da pós-graduação que
do produtor de farinha de mandio- Zé Paiva não contou com assisten- Zé Paiva fazia (Especialização em
ca Cassio Andrade, no qual ele in- te e por isso não tem imagens de Fotografia) que lessem o livro Foto-
corporou a luz de uma “pomboca”, making of. Mas um amigo cinegra- grafia: entre documento e arte con-
nome dado localmente a um tipo de fista, Felipe Queriquelli, o acompa- temporânea, de André Rouillé. “Uma
candeeiro artesanal. nhou durante a realização de alguns das coisas que me surpreenderam
As sessões de retrato nunca fo- retratos. O material filmado resultou positivamente nesse curso é que a
ram além de cinco ou seis cliques, e em um curta de sete minutos edita- maioria das disciplinas era teórica.
Zé Paiva relata que cada foto envolvia do por Rodrigo Ferrari — que con- O contato com o livro indicado e com
não somente o tempo de exposição ta um pouco do processo criativo e as aulas me abriu uma perspectiva
como também o tempo exigido pe- mostra parte da técnica – veja em para o lado subjetivo da fotografia”,
lo recurso de redução de ruído para https://bit.ly/2BvF8dr. recorda o fotógrafo.
longas exposições da câmera digital Como trabalho final, ele pro-
– ele usou uma DSLR Nikon em con- NA SALA DE AULA duziu um autorretrato em tríptico.
junto com uma lente zoom 17-35 mm As primeiras experimentações Uma das imagens foi feita à manei-
f/2.8. “Era tudo muito demorado. Os de retrato com light painting nasce- ra de uma foto de estilo ficha policial,
personagens retratados, todos eles ram a partir das aulas da professo- frontal e direta, mais objetiva. No ou-
com mais de 60 anos, ficavam cansa- ra Denise Camargo, da disciplina de tro retrato, ele aparece no escuro,
dos ao longo do processo”, conta. Imagem e Comunicação, que pediu iluminado apenas pela luz de uma

44 • Fotografe Melhor no 270


lanterna, manejada por ele mes-
mo. No terceiro, ele ilumina o rosto
com a lanterna e se move ao mesmo
tempo, dissolvendo seus traços em
uma imagem fantasmagórica.
“A intenção era expor essa pas-
sagem da objetividade da foto de es-
tilo policial até a completa subjeti-
vidade da imagem feita com a lan-
terna. Uma característica que me
atraiu para a técnica de light painting
é a construção da luz que depen-
de do percurso que você faz na ce-
na. Então, é uma luz completamen-
te subjetiva, depende da sua perfor-
mance no momento de iluminar”,
ensina Zé Paiva. É nesse ponto que a
técnica se encontra com a temática:
assim como a atividade dos perso-
nagens retratados, a do próprio fo-
tógrafo-iluminador é manual e, por
isso, subjetiva, artesanal. O título Ilu-
minados caiu como um luva.
Após ter realizado alguns retra-
tos, Zé Paiva mostrou o trabalho pa-
ra Denise Camargo, que aceitou atu-
ar como curadora. Ele formatou um
projeto de exposição e enviou para O pintor Rodrigo de
alguns editais até ser selecionado Haro, que interferiu
como um dos ganhadores do Prê- na cena criada pelo
mio Marc Ferrez de Fotografia de fotógrafo Zé Paiva
2012, concedido pela Funarte.
Graças à proposta, a série Ilumi-
Imagens: Felipe Queriquelli

nados teve o poder de criar um en-


volvimento com a comunidade lo-
cal. A homenagem feita a persona-
gens marcantes para a cidade foi
plenamente retribuída no momen-
to da exposição das fotos, realizada
no Museu de Arte de Santa Catari-
na (MASC), que reuniu 20 retratos e
mais o autorretrato tríptico que havia
dado origem à ideia inicial da série.
Por fim, a Universidade do Vale
do Itajaí (Univali), onde Zé Paiva cur-
sou a pós-graduação, se propôs a
encampar o projeto, montando a ex-
posição em uma galeria permanen-
te no campus de Florianópolis, onde
tudo começou como uma ideia.

Acima, making of de Zé Paiva


pintando Rodrigo Haro com
luz; ao lado, o autorretrato
tríptico do fotógrafo que deu
origem à série Iluminados

45
OLHAR GLOBAL

As fotos de Cassandra Jones


são sempre com luz natural
e o uso de muito desfoque
no fundo e, em alguns
casos, no primeiro plano

Fotos: Cassandra Jones


LUZ NATURAL PARA CRIAR UM
mundo de sonhos
A canadense Cassandra Jones fala sobre os desafios de fotografar ao ar livre, sua
relação com as crianças que registra e o universo encantado de seu trabalho

C
POR ANA LUÍSA VIEIRA

ercados pela floresta e sob Noelle Mirabella – ainda que se cha- me encontrou”. Um clichê que certa-
um jogo de luz que lhes ga- me, na verdade, Cassandra Jones. mente não faz jus à verdadeira histó-
rante um halo especial, be- Quando perguntada sobre o ca- ria, iniciada sete anos atrás.
bês e crianças de várias fai- minho que trilhou até clicar os pe- Psicóloga de formação, Cassan-
xas etárias que protagoni- quenos profissionalmente, a cana- dra preparava a tese de mestrado
zam as imagens mais pare- dense – que vive na cidade de Grande em Psicologia Clínica quando deu à
cem parte de um universo encanta- Prairie, na província de Alberta, em luz Ava Maria. A menina, entretan-
do. Do outro lado, por trás da câmera, seu país de origem – é categórica: to, veio ao mundo sem vida. “Como
a fotógrafa também não deixa de ser “Sempre digo às pessoas que nun- é de se imaginar, fui completamen-
um personagem: é conhecida como ca procurei pela fotografia, foi ela que te tomada pela tristeza. Tive de tirar

46 • Fotografe Melhor no 270


Acima, uma das imagens de um ensaio com quadrigêmeas canadenses idênticas que deixaram Cassandra Jones
mundialmente famosa com o pseudônimo de Noelle Mirabella; abaixo, ensaio com quatro irmãos num campo de lavanda

47
Ensaio de mãe e filha: os figurinos são bem planejados e o clima no Canadá favorece o uso de lã, que tem textura marcante

seis meses de licença das obrigações


Lente bem luminosas, como acadêmicas”, relata. Sem a filha que
a 85 mm f/1.2 e a 200 mm
havia esperado e longe dos afazeres
f/2, garantem nitidez e um
fundo bem desfocado habituais, viu na fotografia uma opor-
tunidade de recomeço. “Foi uma ma-
neira de me forçar a sair de casa para
encontrar alguma beleza no mundo”,
diz. Acabou sendo como desabafar
em um divã: “A fotografia se tornou
minha terapia muito rapidamente”.

INSPIRADA NAS CRIANÇAS


Desde o início, a canadense con-
ta ter se sentido mais confortável cli-
cando bebês, especialmente os re-
cém-nascidos. “Se você olhar para
os meus trabalhos mais antigos, vai
perceber que já eram muito pareci-
dos com o que faço hoje.” Os peque-
nos são tanto os personagens princi-
pais nos retratos de Cassandra como
a fonte de inspiração para a compo-
sição dos cenários: “Me espelho na
Nas produções de newborn, o maneira mágica como eles veem o
uso de filhotes de animais é mundo”, explica a fotógrafa.
uma das marcas da fotógrafa A princípio, a “magia” se dá com
uma Canon EOS 5D Mark IV. Além
dela, Cassandra conta com um pe-
queno arsenal de lentes: 200 mm f/2,
70-200 mm f/2.8, 135 mm f/2, 85 mm
f/1.2, 50 mm f/1.2, 24-70 mm f/2.8, 14
mm f/2 e a macro 100 mm f/2.8. Para
o caso de imprevistos, ainda leva um
corpo extra a todos os ensaios — até
hoje, garante, não precisou usá-lo.

48
Cassandra Jones
procura elementos da
natureza para compor
as imagens que produz
Fotos: Cassandra Jones

“Em relação às lentes, uso todas em em locações ao ar livre. As de maior far do que de efeitos de pós-produção:
situações variadas, mas a 24-70 mm abertura ficam para as fotos em am- “Adoro usar a 200 mm em abertura f/2
f/2.8 e a 200 mm f/2 estão sempre bientes fechados”, informa. para ter belos planos de fundo desfo-
comigo. Não consigo viver sem elas. Cassandra assegura que o resul- cados. Depois, no Photoshop, realço as
Geralmente, prefiro as mais longas tado quase onírico presente nas ima- melhores características que já foram
(de 200, 135 e 85 mm) para fotografar gens vem mais da forma de fotogra- registradas pela câmera”, explica.

Fotografe Melhor no 270 • 49


OLHAR GLOBAL

As quadrigêmeas Abigail, Grace,


McKayla e Emily em 2016 de
As incríveis (e fofas) quadrigêmeas coelhinho e em 2018, se divertindo
Foi pela internet que Cassandra as mais de 7,4 bilhões de pessoas no
Jones descobriu, em 2016, o nascimento planeta. Abigail, Grace, McKayla e Emily
de quadrigêmeas idênticas na
cidadezinha canadense de Hythe – com
são tão parecidas que receberam brincos
de cores diferente desde o nascimento
DO CLIMA À AGENDA
pouco menos de mil habitantes, a para que os pais pudessem identificá-las. De fora, quem olha as imagens
aproximadamente 58 km de Grande No segundo semestre de 2018, tende a pensar que o maior desafio
Prairie, onde a fotógrafa mora. “Eu foi Bethani, a mãe das quatro irmãs, da fotógrafa deve ser lidar com a fra-
mesma entrei em contato com a mãe”, quem procurou Cassandra para uma gilidade dos bebês recém-nascidos
conta ela, que acabou por fazer uma segunda rodada de fotografias. “É incrível
sessão de fotos com as filhas recém- acompanhar o crescimento delas. Hoje ou registrar a espontaneidade das
-nascidas do casal Tim e Bethani Webb em dia, elas têm muita personalidade e é crianças em meio a momentos de
para um álbum muito caprichado. muito divertido ficar perto das meninas”, confusão e brincadeira. Mas a cana-
Para Cassandra, esse primeiro diz ela. E, mais uma vez, as imagens da
ensaio rendeu um portfólio e tanto: a fotógrafa canadense rodaram o mundo
dense garante que os percalços ge-
notícia sobre as fotos rodou o mundo, em sites especializados em fotografia – ralmente envolvem fatores mais ex-
já que se estima que existam apenas 70 que, inclusive, foi a forma como Fotografe ternos. “A minha maior dificuldade,
grupos de quadrigêmeos idênticos entre a descobriu. com certeza, é o tempo, já que faço a
maioria dos ensaios ao ar livre. Vivo e
trabalho na região dos prados cana-
denses e a temperatura é meio im-
previsível aqui. Levar os bebês e as
crianças para áreas externas nessas
condições é muito desafiador”, avalia.
Por esse motivo, a agenda de
Cassandra costuma ser bastante fle-
xível. Ela indica que reserva uma se-
mana inteira para determinado en-
saio e, conforme a data se aproxima,
checa a previsão do tempo: “Só então
eu e o cliente combinamos um dia ou
mais dias definitivos”. Geralmente,
são quatro ensaios por semana nos
meses que se estendem desde a pri-
mavera até o outono e não mais que
dois durante o inverno.
Uma amostra dos trabalhos con-
cluídos, é claro, vai para as redes so-
ciais – mais especificamente, Insta-
Making of da primeira produção de Cassandra Jones com as quadrigêmeas gram e Facebook. “Percebo que, pelo

50 • Fotografe Melhor no 270


Fotos: Cassandra Jones
Ensaio com irmãos: Cassandra Jones adotou o nome Noelle Mirabella para não confundir seus pacientes quando era psicóloga

Instagram, consigo alcançar um pú- Ela diz que na pós-produção


blico mais global. Pelo Facebook, fa- realça apenas os efeitos que
ço mais contatos e sou procurada por consegue com lentes de alta
pessoas da minha região para agen- qualidade e luz natural
dar trabalhos”, explica.

O OUTRO NOME
Foi para publicar imagens onli-
ne, aliás, que Cassandra Jones sen-
tiu necessidade de encontrar um ou-
tro nome. “Quando comecei a foto-
grafar, não tinha intenção nenhuma
de me tornar profissional. Eu só que-
ria continuar atendendo como psicó-
loga e, nesse campo [da psicologia], é
muito importante evitar qualquer ti-
po de relação com o paciente fora do
consultório. Não poderia batizar mi-
nha página no Facebook com o meu
próprio nome porque as pessoas que
eu atendia poderiam fazer essa co-
nexão”, detalha.
A ideia para a alcunha artística perfeito para a minha página de foto- sul do país. Às margens da vila, exis-
veio enquanto a canadense folheava grafia.” E não é que combinou? te uma floresta de cair o queixo cha-
um álbum da própria infância: abaixo Além dos ensaios, Cassandra Jo- mada Wistman’s Wood. Não há pla-
de uma das fotos, sua mãe escrevera nes ainda participa de workshops so- cas que indiquem o local. Havia pô-
sobre o apego de Cassandra menina bre fotografia de crianças pelo Ca- neis e ovelhas selvagens e também
por uma boneca de pano chamada nadá e em outros países. Vez ou ou- um bosque majestoso, cheio de ár-
Noelle Mirabella. “Achei de uma ca- tra, também encontra tempo para vores com galhos retorcidos e pedras
sualidade incrível que minha primei- ensaios longe de casa. O lugar mais recobertas de musgo”, descreve.
ra filha também tenha sido batizada inusitado em que esteve, afirma, se Paisagens mais tropicais, como
Noelle em uma época que eu sequer situa nos rincões da Inglaterra. “É as do Brasil, ainda não serviram co-
lembrava que essa boneca existia. um vilarejo charmoso, chama-se mo pano de fundo para as fotos. “Mas
Imediatamente me pareceu o nome Widecombe-in-the-Moore, e fica no eu adoraria”, diz a canadense.

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com a Editora Europa. O exemplar é enviado para todo o Brasil. Fotografe Melhor no 270 • 51
SOFTWARE

Cesar Barreto
Imagem colorida captada na região da Praia Vermelha, no Rio de Janeiro (RJ), que serviu como exemplo para a avaliação

CONVERSÃO PARA P&B COM O


Silver Efex Pro 2
Nosso especialista compara o software da Nik Collection com os
programas da Adobe e explica os pros e contras de cada um. Confira

P
POR CESAR BARRETO

or ter passado grande par- tes que deram conta de todas as mi- RGB da imagem nativa será essen-
te da carreira num quarto es- nhas necessidades. cial para dar os meios ou limites pa-
curo lidando com as potencia- Recentemente, contudo, fui insta- ra as pretensões interpretativas. A
lidades da fotografia em P&B, do pelo amigo fotógrafo Luciano Can- qualidade desse arquivo não esta-
não chegou a causar estra- disani a conferir o plugin Silver Efex rá condicionada a cores vivas e sa-
nhamento mergulhar no Pho- Pro 2, da Nik Collection DxO, e de fato turadas, mas sim por gradação rica
toshop, já que suas ferramentas agre- encontrei um aplicativo poderoso que de tons em cada canal, informação
gavam conceitos e controles bastan- pode realmente mudar a perspecti- e detalhes nos extremos da escala,
te naturais e cotidianos para mim. Só va de quem se dedica às imagens em sejam sombras ou altas-luzes, e, de
que esses recursos iam ainda mais P&B. Mas será capaz de fazer frente preferência, sem os ruídos típicos da
além, consideradas as opções de usar ao arsenal disponível no próprio Pho- compressão em JPEG. Independen-
camadas, máscaras de toda ordem e toshop e seus aliados Camera Raw temente de qual seja a ferramenta
o fantástico e insubstituível CTRL+Z. e Lightroom? Isso é o que pretendo ou aplicativo, as informações conti-
Outro forte atrativo veio a reboque: discutir mais adiante. das em cada canal são a base de to-
passar facilmente imagens em cor da computação a ser gerada, esteja
para P&B, e isso com um grau de pre- CORES você ciente ou não do que acontece
cisão inalcançável no mundo quími- Ao testar métodos de conversão por baixo dos algoritmos.
co. Com o tempo e muitas páginas li- de cor para P&B é preciso ter cla- Tendo em conta esses parâme-
das, desenvolvi métodos bem eficien- ro que a constituição dos canais de tros, fica patente que um processo

52 • Fotografe Melhor no 270


SILVER EFEX 2 PRO - VERMELHO – 200%

SILVER EFEX 2 PRO - VERMELHO – 100%

LIGHTROOM - VERMELHO – 200%

LIGHTROOM - VERMELHO – 100%

PHOTOSHOP – CAMADAS

PHOTOSHOP – VERMELHO

saudável de conversão deve ser feito a


partir de um arquivo RAW, no qual se
cos. Esse pode parecer um cuidado
dispensável, mas lembre-se de que N a fotografia analógica em P&B o
filtro vermelho é um grande alia-
do e sua versão digital aparece em vá-
deve evitar abusos nos comandos de a conversão para P&B, por mais que
saturação, contraste, exposição, re- seja caprichada, ainda poderá contar rios programas. Mas cada pessoa tem
cuperação de altas-luzes e sombras, com uma sólida manipulação de tons uma percepção diferente das cores e o
além do malfadado filtro de sharpen- até chegar num resultado idealizado. resultado depende também da intensi-
ning, que geralmente cria ruídos sé- Comparando as ferramentas dis- dade aplicada, podendo ir a 200% no
Lightroom e no Silver Efex Pro 2. Nas
rios em canais de R e B. poníveis nos programas da Adobe e no
aplicações mais intensas, podem surgir
E não custa nada tratar imagens Silver Efex Pro 2, constatei uma simi-
efeitos indesejados, mas usando ferra-
em 16 bits, de forma a garantir que laridade de recursos, mas este último mentas tradicionais do Photoshop em
degradês suaves não se transfor- funciona apenas como plugin do Pho- camadas há boas alternativas e com
mem em feias “escadas tonais”, com toshop e deve ser aplicado em camada controle também sobre ruídos digitais.
separação de tons feita aos solavan- de cópia da imagem original – enquan-

Fotografe Melhor no 270 • 53


Rene Asmussen/www.pexels.com SOFTWARE

to nos primeiros é possível dar saída


em P&B desde o RAW, o que, ao me- A conversão para P&B em retra-
tos é função delicada, pois, ao
clarear tons de pele a fim de evi-
nos em tese, traz vantagens técnicas.
Deve ser salientado, entretan- tar manchas e poros, também pode
ocorrer perda de definição de lá-
to, que todos os caminhos levam a
bios ou contornos. Manter definição
um número quase infinito de pos-
em traços, mas não em textura, é
sibilidades. O usuário que não tiver outro desafio e cada aplicativo ofe-
em mente uma ideia mais ou menos rece diferentes caminhos. No teste
clara de onde quer chegar arrisca a feito com SIlver Efex Pro 2 foi alia-
se ver perdido ou então condenado do o uso da ferramenta “Estrutura”
a passar horas à frente da tela tes- em sentido negativo para o geral e
tando todos os recursos. Para tornar positivo localmente, nos olhos e lá-
esse labirinto mais amigável, distri- bios. Para a versão final, há ainda
buirei a seguir algumas setas para duas camadas de curvas adicionais.
vias mais diretas.

PASSO 1: SUBTRAINDO AS CORES dos) e ainda com uma série de con-


Adentrar esses aplicativos po- troles adicionais, como simulação
de lembrar leitura de menus de de granulação, tonalização, vinhe-
pizzarias que oferecem dúzias de tas, margens...
coberturas. O Camera Raw e o Li- Pode não ser fácil dar o primeiro
ghtroom trazem de pronto 17 pre- passo, mas ainda movido pela for-
definições de P&B, o Photoshop 12, mação analógica acho razoável pen-
mas quem dispara na frente é o Sil- sar primeiro nos filtros coloridos,
ver Efex Pro 2, com 38 opções (sen- como os que são usados com fil-
do que todos podem ser customiza- mes. A série usual desses filtros in-
clui amarelo, laranja, vermelho, azul
e verde, sendo que no mundo virtu-
al é possível ver escalas de intensi-
O s três softwares oferecem opção de
aplicar efeito de granulação, mas o
Silver Efex Pro 2 apresenta simulação
dade variável indo até 200%, o que
pode tornar qualquer um deles uma
de dezenas de filmes em P&B, com bomba em potencial.
controles de ajustes mais finos sobre O uso de filtros virtuais ofere-
densidade, intensidade e contraste local. ce vantagens únicas, pois os efei-
tos podem ser potencializados ou

54 • Fotografe Melhor no 270


Prabhash Sahu/www.pexels.com

contidos pelos demais controles ou


perfis que venham a ser seleciona-
PASSO 2: UM PERFIL A ESCOLHER
Os aplicativos da Adobe são mais
C ada programa oferece diferentes
predefinições de conversão para
P&B, indo de resultados mais tradicio-
dos. Se você optar por um filtro la- contidos no menu de perfis instala- nais a interpretações mais livres. Nes-
ranja, por exemplo, terá a tendên- dos, sendo que em geral remetem a se sentido, o Silver Efex Pro 2 tem um
cia de ver azuis tornando-se mais resultados próximos do normal para cardápio mais amplo, com extensa ga-
densos e tons de vermelho a ama- imagens em P&B. Mas no Silver Efex leria de recursos e efeitos adicionais.
relo ficando mais claros – mas no Pro 2 a oferta se expande bastante,
campo dos algoritmos é permiti- agregando efeitos de high ou low key,
do usar os slides que comandam super ou subexposição, além de mui- mas, mas saber usá-los com per-
as seis ou oito faixas de tons para tos “looks” que simulam processos tinência e fundar um estilo próprio
escurecer de novo essas cores. Ou antigos, alternativos e até pinhole. por certo demandará um bom tem-
mesmo usar curvas, controles de Somados aos recursos de mar- po de pesquisa.
altas e baixas luzes... gens, vinhetas e frisos à la Bresson,
Não é por falta de ferramentas tem-se para os adeptos do Insta- PASSO 3: GRÃOS ALGORÍTMICOS
que você não chegará a uma boa gram um verdadeiro banquete visu- Sempre foi possível contar
tradução de cores em tons de cin- al à disposição. Naturalmente, não com a simulação de grãos de pra-
za. Vale notar, contudo, que entre di- tenho pretensão de questionar gos- ta no Photoshop. Mas os aplicati-
ferentes plataformas o rendimen- to pessoal, mas de meu lado tendo vos modernos incrementaram os
to não é exatamente igual e você de- a ter certa implicância contra méto- ajustes finos, e produzem resul-
ve conferir com muita atenção o que dos automáticos e idiotic-proof pa- tados bem aceitáveis, sendo que o
está fazendo. Surpresas podem e ra criar obras de arte. Existe um po- Silver Efex Pro 2 ainda se propõe a
devem ser evitadas. tencial tremendo nesses progra- emular um grande número de fil-

Fotografe Melhor no 270 • 55


SOFTWARE

C uriosamente não existem a ferra-


menta conta-gotas e informações
claras sobre valores tonais no Silver
Efex Pro 2, mas para compensar ele
oferece a visualização do que seriam
faixas do Zone System tradicional.

A primeira oferece gradientes e pin-


céis que aceitam todo o repertório
de ações dos programas para arqui-
vos em RAW, incluindo tons, satu-
ração, resolução, entre outros, sen-
do que no Photoshop naturalmente
se conta com todas as camadas de
ajuste e suas máscaras.
Já o Silver Efex Pro 2 propõe
pontos para ancorar essas ações,
que permitem criar um raio de ta-
manho variável e em que tons se-
mes em P&B, sejam atuais ou fi- PASSO 4: AJUSTES FINOS melhantes sofrerão ajuste similar. É
nados, e com opção de graduar E GLOBAIS um sistema que funciona, mas pre-
intensidade, densidade e contras- Considero mais adequado inter- firo os gradientes do Camera Raw
te ao bel-prazer de cada um. vir nas curvas de contraste e tonali- ou do Lightroom, já que podem ser
Para não ser totalmente do con- dade após ter a transcrição das co- manipulados com razoável precisão
tra, lembro que esse recurso pode res adiantada ou algum perfil insta- e ficam salvos no programa.
ser útil para disfarçar arquivos “cra- lado, mesmo prevendo ser neces- Gosto, contudo, dos ajustes ex-
quelados” na compressão de JPEG, sário às vezes testar diversas al- clusivos do aplicativo da Nik, que
por falta de exposição ou por qual- ternativas. No que toca aos ajustes permitem expandir brancos, pretos
quer outra limitação técnica que globais, que afetam as imagens co- e acentuar ou atenuar “estrutura fi-
prejudique a qualidade da imagem. mo um todo, percebo vantagem cla- na”, ou seja, microtexturas. No mo-
E não custa imaginar cenários em ra em trabalhar com as versões em do global também existe um con-
que um profissional necessite pro- RAW. Com o Silver Efex Pro 2, sugi- trole de estrutura, mas que funcio-
duzir tal tipo de simulação para a ro que se tenha um gama de cores na mais ou menos como o comando
clientela. Por outro lado, deve ficar que preveja interpretação adequada “claridade” do Photoshop.
claro que o efeito de granulação de- para P&B, mesmo que pareçam im-
pende diretamente do tamanho da próprias na tela. PASSO 5: EFEITOS (OU
imagem, do contraste e do tipo de Para ajustes locais, Adobe e Nik DEFEITOS) ESPECIAIS
papel, caso venha a ser impressa, e apostam em páreos diferentes e Aqui passo ao terreno da inte-
que certamente será agravado por ambos podem sair vencedores, de- ração livre com algoritmos criati-
filtros de sharpening. pendendo das questões a resolver. vos, que permitem colorizar de no-
vo as imagens, simular viragens
químicas, acrescentar margens,
vinhetas e o diabo. Claramen-
te esse é um campo em que o Sil-
ver Efex Pro 2 investe mais esfor-

O Photoshop oferece na aba de


P&B, em ajustes ou camadas,
uma simulação bem razoável de filme
infravermelho. Contudo, curiosamente
é bem mais realista do que a versão
encontrada no Camera Raw.
Fotos: Cesar Barreto

ços e seu leque de opções é muito


amplo, incluindo finesses como a
terminado preset e salvá-lo em qual-
quer dos programas em questão. Iconversão,
magens multicoloridas representam
um desafio para os programas de
pois cores similares em di-
randomização de frisos pretos que
imitam cópias feitas em laborató- ÚLTIMO PASSO: ferentes regiões pedem tratamento di-
rio. Uma sutileza útil para quem HORA DE CONCLUIR ferenciado. Nesse ponto, o Photoshop
ainda pode ser considerado a solução
pretende criar uma série de ima- Não cobri todas as funções dispo-
mais efetiva, pois possibilita usar dife-
gens que não pareçam clonadas. níveis, mas está claro que as versões
rentes camadas e máscaras seletivas
O split-toning também oferece atuais desses aplicativos permitem com soluções diversas, que podem
possibilidades de interação mais ri- voar bem alto na interpretação de ser testadas indefinidamente.
cas, com várias simulações predefi- imagens em P&B. Em alguns itens
nidas e com controle de intensidade e específicos, os algoritmos do Silver
matiz separado para áreas mais den- Efex Pro 2 parecem mais bem resol- resolver tudo num único movimen-
sas da imagem (que chamam de pra- vidos. Por outro lado, os aplicativos to. De minha parte, tudo indica que
ta) e a própria base do papel. Obvia- da Adobe que operam em RAW agre- continuarei empilhando camadas no
mente, todos esses efeitos poderiam gam todas as demais funções do tra- Photoshop, mas provavelmente so-
ser reproduzidos em curvas de RGB, tamento de imagem como um todo mando mais essa poderosa ferra-
mas ganha-se tempo ao criar um de- e nesse sentido pode ser vantajoso menta da família Nik Collection DxO.

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TESTE
mirrorless

A EOS M100 tem corpo


compacto e sensor
APS-C de 24 MP

Canon EOS M100 Qualidade de imagem e portabilidade são os


destaques dessa mirrorless ideal para viagens
POR DIEGO MENEGHETTI

A
EOS M100 é uma das câme- sistema Dual Pixel CMOS-AF, ela tas que estão começando na fotogra-
ras da Canon que melhor re- oferece foco automático com 49 pon- fia – ou quem fotografa usando ape-
úne os atributos que fizeram tos que funciona de maneira rápida nas o smartphone e deseja imagens
o sistema mirrorless conquis- e precisa (e suave no modo de vídeo) com melhor qualidade. Tem contro-
tar espaço no mercado de fo- em quatro modos: detecção de face, les de exposição manual completos e
tografia e vídeo: vem com zona AF suave, ponto único AF e au- modos automáticos de registro (parte
sensor APS-C de 24 MP, filma em full tofoco servo. É possível ainda fazer a deles arquiva apenas com JPEG), co-
HD 60p com qualidade de imagem focalização manualmente com o au- mo modo inteligente ou híbrido auto-
satisfatória, e tem um corpo leve e xílio visual das áreas em foco (focus mático, auxiliar criativo, autorretra-
pequeno o suficiente para não can- peaking). O sistema da mirrorless ain- to, retrato, pele suave, paisagem, ce-
sar o braço durante o uso prolonga- da possibilita disparo contínuo de até na noturna, contraluz HDR, PB granu-
do. Muito portátil (a menor mirrorless 6 imagens por segundo e sensibilida- lado, foco suave, olho-de-peixe, gran-
da marca), a M100 é uma companhia de ISO de 100 a 25.600. de plano, esporte, comida, negrito ar-
ideal para levar em viagens. A EOS M100 tem recursos su- te, pintura a água, câmera de brinque-
Com o processador DIGIC 7 e o ficientes para agradar os entusias- do e miniatura HDR.

58 • Fotografe Melhor no 270


A lente do kit tem
zoom de 3x e alcance
satisfatório para
fotos de viagem

Por outro lado, quem já es-


tá acostumado ao ecossiste-

15 mm, ISO 800, 1/320s, f/16


ma EOS também encontra na
M100 uma segunda câme-
ra agradável: o menu segue o
padrão das câmeras reflex da
marca e há recursos avança-
dos para quem domina a técni-
ca, como quatro modos de me-
dição de exposição, equilíbrio
de branco com opção persona-
lizada e em Kelvin e um pequeno flash in-

Fotos: Domingos Bidoia


corporado E-TTL II, com opção de controle
manual de três níveis de intensidade (sem
função wireless).
Para quem já tem alguma câmera da
Canon, o adaptador para lentes do sistema
EF/EF-S (vendido à parte) aumenta mui-
to as possibilidades de uso dessa pequena
mirrorless – atualmente existem oito obje-
tivas da Canon para o sistema EF-M e ou-
tras 25 de marcas genéricas, como Roki-
non e 7artisans. Uma das lentes vendidas
em kit com a M100 é a EF-M 15-45 f/3.5-6.3
IS STM, avaliada neste teste. No Brasil, esse
kit é vendido em torno de R$ 2,5 mil (no ex-
terior, sai por US$ 450).

PRÁTICA
Com poucos botões físicos, a câmera
concentra a interface com o usuário no mo-
nitor sensível ao toque de 3 polegadas, que
se articula para cima em ângulo de até 180
graus, uma boa estratégia para fazer au-
torretratos e vídeos em primeira pessoa.
Sem visor eletrônico, todo enquadramento
e ajustes são feitos via monitor LCD, o qual
15 mm, ISO 10.000, 1/60s, f/5.6

sofre de um problema comum das mir-


rorless: em ambientes muito claros, o bri-
lho da tela não é suficiente para enxergar a
imagem com facilidade, sendo prejudicada
também pelos reflexos da superfície.
Com peso de apenas 302 g, a M100 tem
compartimentos separados para bateria
(carga útil para cerca de 295 disparos) e car-
tão de memória (padrão SD/SDXC/SDHC), o
que facilita o manuseio. Contudo, a ergono- borrachado ao redor do corpo para melhorar Acima, foto noturna
registrada com
mia em geral poderia ser um pouco melhor. o atrito com os dedos. Com a pegada restri- ISO 10.000 e
De tão compacta, não há ressalto nenhum ta, os botões ficam bem próximos do dedão e atenuador de ruído
na parte da frente do corpo, o que prejudica a às vezes são acionados de maneira não inten- digital ligado
pegada – existe apenas um acabamento em- cional, principalmente o botão de Wi-Fi.

Fotografe Melhor no 270 • 59


TESTE
mirrorless
BATERIA
Tem carga estimada para
295 disparos e traz um
carregador externo no kit
(não carrega via USB)

LATERAL
Há poucas conexões
no lado do corpo,
apenas USB (2.0)
e micro-HDMI

ARMAZENAMENTO
A câmera segue o
padrão SD/SDHC/
SDXC, com entrada
para um cartão

MONITOR ARTICULADO
Engenhoso, o LCD pode ser
inclinado em ângulo de 180
graus e é sensível ao toque

MENU AGRADÁVEL
Parte das telas do sistema
é bem otimizada para o
uso touchscreen

60 • Fotografe Melhor no 270


Fotos: Diego Meneghetti

LENTE
A pequena M100
O sensor APS-C possibilita fotografar em foi testada com a
resolução de 24 MP e gravar vídeos em full HD zoom 15-45 mm

Menu padronizado da Canon, com opções


de qualidade de imagem

Como outras mirrorless, o monitor da M100 tem sua


visualização prejudicada em ambientes muito claros

Um dos usos
do monitor
articulado é
para fazer
autorretratos
e gravar Sem disco físico de modo de operação,
videologs a escolha é feita por meio do menu

Tela de disparo em modo de imagem ao


vivo, com opções completas da exposição

Fotografe Melhor no 270 • 61


TESTE
mirrorless
ESPECIFICAÇÕES
:: Sensor: APS-C (22,3 x 14,9 mm)
de 24 MP
:: Resoluções: 24 MP (6.000 x 4.000
px); 21 MP; 20 MP; 16 MP
:: Monitor: touchscreen inclinável de
3 polegadas
:: Visor: não tem O perfil da câmera
é bem fino, o que
:: Armazenamento: cartão SD/SDHC/ prejudica um pouco
SDXC a ergonomia
:: Objetiva: encaixe Canon EF-M
:: Processador: DIGIC 7
Fotos: Diego Meneghetti

:: Arquivos: JPEG, RAW, JPEG + RAW


:: Perfis de cor: sRGB, Adobe RGB
:: Sensibilidade ISO: auto, 100 a 25.600
:: Equilíbrio de branco: automático,
luz do dia, sombra, nublado, tungstênio,
fluorescente, flash, personalizado e
temperatura de cor em Kelvin
:: Velocidades: 1/4.000s a 30s
:: Flash embutido: número-guia 5 É possível enviar imagens da
(ISO 100) câmera para o smartphone

:: Sincronismo de flash: 1/200s


:: Autofoco: 49 pontos Conexões e vídeo
:: Medição de luz: matricial, parcial,
ponderado ao centro, pontual
:: Modos de exposição: automático,
prioridade de abertura ou velocidade,
M inimalista, a M100 oferece ape-
nas conexões laterais para USB
2.0 e micro-HDMI. Para o uso durante
Telas do aplicativo Camera Connect,
compatível com a EOS M100
programa e manual, cenas (17 modos) o modo de vídeo, fazem falta conexões
:: Disparos contínuos: 6 imagens para fone de ouvido e microfone exter-
por segundo no. Mas a captação interna não decep-
:: Alimentação: bateria LP-E12 ciona: com padrão estéreo e funcio-
(295 disparos) namento da câmera muito silencio-
:: Conexões: USB 2.0, micro-HDMI,
so (inclusive no autofoco), o vídeo tem
Wi-Fi, Bluetooth áudio limpo, com filtro digital atenua-
dor de ruído de vento.
:: Dimensões: 108 x 67 x 35 mm
Para compensar, a Canon não
:: Peso: 302 gramas limitou tanto os recursos para a
VÍDEO filmagem digital. É possível usar
:: Resoluções: full HD (1.920 x 1.080 px), exposição manual e sensibilidade
HD (1.280 x 720 px) ISO automática, além do modo au-
:: Taxa de quadros: 30p ou 24p (full HD), tomático completo. Gravados em
60p (full HD e HD) formato MPEG-4 e compactação
H.264, os vídeos podem ser capta-
:: Compactação: H.264
dos em full HD 60 fps (com tempo
:: Microfone: estéreo máximo de 10 minutos), 30 fps ou
:: Arquivos: MOV (MPEG-4/H.264) 24 fps, além de HD em 60 fps.
PREÇO OFICIAL O menu de fotografia também
:: R$ 2,5 mil (com lente 15-45 mm); US$
apresenta as opções de proporção
de imagem 16:9 (20 MP), 3:2 (24
. 450 (no exterior)
MP), 4:3 (21 MP) e 1:1 (16 MP). Fe-
.
. 62 • Fotografe Melhor no 270
lizmente, o modo automático re-
sulta em fotos bem expostas e com
pouca variação cromática. O siste- Qualidade da imagem
ma de autofoco servo também tem
bom desempenho.
A EOS M100 oferece ainda co-
A EOS M100 foi avaliada com a
objetiva zoom EF-M 15-45 mm
f/3.5-6.3 IS STM. Ela tem uma trava
e abertura f/5.6; em todo o zoom, a
aberração cromática foi mínima. A
fidelidade cromática foi satisfató-
nexão Wi-Fi (com NFC) e Bluetooth para recolher os elementos quan- ria, com variação de 11%. O alcan-
embutidos, que permitem transfe- do não usada, anel de zoom com ce dinâmico chegou a 12 EV em fo-
rir imagens ou controlar a câme- um pouco de resistência na opera- tos em RAW e ISO 100; o ruído digi-
ra por meio de um smartphone ou ção e anel de foco bem suave. No tal ficou aceitável até ISO 1.600,
tablet. Para isso é usado o já co- teste de nitidez, sua posição mais marcas compatíveis com a atual
nhecido aplicativo Canon Camera nítida ocorreu em grande angular geração de câmeras.
Connect (gratuito para iOS e An-
droid), de interface simples, mas NITIDEZ RELATIVA DE IMAGEM - MTF 50 - MÁXIMO: 4.000 LW/PH (24 MP)
que possibilita vários ajustes na

ÓTIMA
câmera, dentre opções de exposi- ABERTURA 67%
MAIS NÍTIDA
ção, qualidade de imagem, modo
de autofoco e disparo.
f/4
BOA
Também é possível usar o apli-
cativo como controle remoto e para em 16 mm MÉDIA

receber as fotos feitas com a câme- 2.684 lw/ph


ra e posteriormente publicá-las nas
BAIXA

ABERRAÇÃO CROMÁTICA
redes sociais. Aliado a outros recur-
sos, isso faz com que a M100 tenha f/4 f/5.6 f/8 f/11 f/16 f/22
MÍNIMA

0,01 0,01
sucesso numa combinação um tan- DISTÂNCIA FOCAL ÁREA DA LENTE
to rara atualmente no mercado: é 0,03 15 mm 35 mm 45 mm centro periferia
BAIXA

uma câmera divertida de se usar,


com ótimo custo-benefício.
MODERADA

OBJETIVA TESTADA
Avaliação final Canon EF-M 15-45 mm f/3.5-6.3 IS STM

O QUE SE DESTACA

11%
Em relação ao original do colorchecker,
Sensor de 24 MP de boa qualidade; FIDELIDADE CROMÁTICA os maiores desvios cromáticos foram
autofoco rápido; corpo leve e SATURAÇÃO MÉDIA DE em tons de verde e amarelo.
bem compacto; conexões Wi-Fi e
Bluetooth; monitor touchscreen com ALCANCE DINÂMICO
inclinação de 180 graus RAW

PODIA SER MELHOR


Não tem entrada para acessórios (flash,
12 EV 12

FOTO EM RAW,
fone de ouvido, microfone); falta um ISO 100
ressalto para empunhadura; monitor de Quanto mais EV, mais 6
difícil visualização em ambientes claros; detalhes a imagem tem
bateria com baixa autonomia
SENSIBILIDADE ISO 100 200 400 800 1.600 3.200 6.400 12.800 25.600

ENGENHARIA E DESIGN
25/30 RUÍDO DIGITAL
RECURSOS
17/20 ACEITÁVEL ATÉ A partir daqui, as

ISO 1.600
DESEMPENHO fotos precisam de
redução de ruído
12/15
QUALIDADE DE IMAGEM
11/15 Quanto mais alta a curva,
CUSTO-BENEFÍCIO mais ruído há na imagem
18/20
METODOLOGIA DO TESTE: Fotografe usa o software Imatest em seus testes com câmeras e lentes. Confira os
TOTAL 83/100 parâmetros adotados nas avaliações em www.fotografemelhor.com.br/metodologiadostestes.

Fotografe Melhor no 270 • 63


Foto: Nila Costa VIDA DE FOTÓGRAFO

A carioca Nila Costa criou um estilo próprio de retratar gestantes, apostando em figurinos ousados e criativos

INSPIRAÇÃO QUE VEM DO


universo materno
O
POR LIVIA CAPELI
Fotógrafa
especializada em universo da arte faz a cabeça de nas e dona de um estilo fotográfico que
Nila Costa desde pequena. Na mistura um pouco de editorial de moda,
gestantes, Nila infância era o lápis de cor nas romantismo e fine art portrait.
Costa conta os paredes de casa (para a deses- Ao completar nove anos de fotografia
pero da mãe) que esboçava os em 2019, com oito dedicados aos retra-
segredos para sonhos de menina. Na moci- tos de gestantes, Nila percorreu um lon-
produzir ensaios dade, os pincéis e os potes de tinta de- go caminho de estudos e dedicação pa-
de uma forma ram lugar à câmera e ao flash, e a tela ra se tornar uma das mais conceitua-
em branco deu lugar a fotos de mulheres das especialistas em grávidas do Brasil.
diferente e fala grávidas, que encantam e inspiram esta Diante das lentes da fotógrafa já passa-
dos desafios carioca de 39 anos, mãe de duas meni- ram cerca de 3.700 mulheres, entre elas,

64 • Fotografe Melhor no 270


Aqui ela trabalhou com
splashes de tinta e flash
de alta velocidade para
congelar a explosão líquida

muitas personalidades brasileiras, na Barra da Tijuca (RJ), a especialista tado para a área de casamentos, en-
como o casal Francisco Gil (filho de se dedica a dar palestras em impor- saios artísticos e marketing de negó-
Preta Gil) e a modelo internacional tantes eventos de fotografia social, e cios na cidade do Rio de Janeiro, pre-
Laura Fernandez e o sambista Du- em 2019 será uma das atrações do visto para o Sheraton Grand Rio Ho-
du Nobre e Priscila, entre outros. Photo in Rio Conference (www.pho- tel & Resort, na Praia do Leblon, en-
Além de comandar um estúdio toinrio.com), um novo congresso vol- tre os dias 8 e 11 de julho de 2019.

Fotografe Melhor no 270 • 65


VIDA DE FOTÓGRAFO

Uma causa justa


Entre as adversidades de criar
ensaios exclusivos a cada novo
cliente, Nila Costa relata que seu
grande desafio mesmo é o de ser
mãe. “Minha missão atualmente é
ainda maior e especial por causa da
Alice, minha caçula, que nasceu com
síndrome de Down”, conta. Por isso,
ela se lançou em uma luta pela causa
de quem tem um cromossomo a mais
ao criar o projeto chamado de Let Me
Beem, que propõe uma exposição
unida à experiência sensorial na
forma de um labirinto. O intuito é
conscientizar sobre o respeito à vida
dos seres humanos com deficiência,
focando na síndrome de Down.
A exposição está prevista para o
dia 21 de março de 2019 (mesma data
em que a ONU celebra o Dia Mundial
da Síndrome de Down) na Saphira &

Foto: Nila Costa


Ventura Gallery, em Nova York, na Além dos figurinos,
qual permanecerá por duas semanas ela aposta em fundos
e depois seguirá para outros países incomuns nos ensaios
(ainda sem data definida).
“Quero tratar da questão da
eugenia (bem nascer), que é um tema
imenso com inúmeras vertentes, ILUMINISMO E VISAGISMO da, a fotógrafa passou a pesquisar o
incluindo o Holocausto nazista na
Segunda Guerra Mundial. Mas que
Formada em Publicidade, Nila mundo dos grandes ícones da pintu-
aqui se aplica tão somente à causa Costa usou a fotografia como válvula ra. A inspiração veio do movimento
da síndrome de Down por conta de de escape durante os anos em que iluminista: a luz e o contraste pas-
um crescente e expressivo número trabalhou no departamento comer- saram a ser a base dela, enquanto
de gestações interrompidas quando
se detecta o problema. O que choca cial de uma famosa multinacional. pesquisas sobre linguagem corpo-
pelo fato de ser sim uma tentativa de Mas somente depois de cursar foto- ral e visagismo (arte de criar uma
seleção”, diz Nila Costa. grafia em duas conhecidas escolas imagem pessoal de acordo com as
do Rio, Ateliê de Imagem e Imagens características físicas de cada pes-
e Aventuras (tendo como tutor o fo- soa) complementavam o projeto.
tógrafo Carlos Cabéra), e de aban- A valorização das pesquisas e a
donar definitivamente a carreira pu- prática aplicada foi definindo o estilo
blicitária é que a especialista tomou de Nila, que se especializou no Por-
coragem para viver de fotografia. trait Fine Art de gestantes. O suces-
Apesar de ter trabalhado duran- so com os ensaios foram aos pou-
te um ano como assistente de foto- cos tendo reconhecimento nacional
grafia em editorias de moda e publi- e internacional. Nila Costa teve tra-
cidade, o que a entusiasmava eram balhos publicados em revistas como
as gestantes: “Acredito que o mo- Marie Claire, Quem e Caras, entre ou-
mento da gestação de uma mulher tros. Além de mostrar o talento nas
é uma fase muito próxima ao divino. principais emissoras de TV, como Re-
Entretanto, é um período em que tu- de Globo, SBT e Rede Record. Tam-
do se volta para o bebê e a mulher bém expôs por duas vezes na Art Ba-
deixa de lado a sua própria identida- sel Week em Miami (uma das maio-
de. Queria fazer algo para resgatar res feiras de arte do mundo) e ainda
esse brilho das gestantes”, diz ela. mostrou seu trabalho fotográfico na
Os primeiros estudos começa- sede da ONU, em Nova York.
ram com a ajuda das amigas, e as-
Alice, filha de Nila Costa, a
sim ela tinha liberdade para criar e DESTAQUE NA BARRIGA
inspirou a se dedicar à causa em definir um estilo sem o comprome- Caprichosa e dinâmica, Nila
favor de crianças especiais timento comercial. Grande defen- diz que ela mesma gosta de cui-
sora do uso criativo da luz controla- dar de tudo que circula na produ-

66 • Fotografe Melhor no 270


ção do ensaio, desde o figurino, pas- mo snoot, beauty dish, refletores parabó- Nila pesquisa linguagem
sando pela iluminação, até o clique. Lo- licos com barndoors e filtros coloridos, corporal e visagismo para
jas de materiais de construção e de co- além de alguns acessórios de luz suave, encontrar a melhor forma
de fotografar as mulheres
mércio popular são as principais for- como striptlight e octobox. grávidas que a procuram
necedoras das produções dela: papel- Apesar de realizar algumas sessões
-crepom, planta de plástico, penas e outdoor, o estúdio é o local preferido da
plumas e até pedaços de alambrado se
tornam úteis para a criação.
Na hora de pensar no material que to-
ca a pele das grávidas, Nila leva em con-
sideração a segurança e no grau de to-
xicidade: numa produção em que preci-
sou jogar líquido colorido na gestante, por
exemplo, usou um composto de anilina
comestível e leite.
Para os fundos, opta desde os básicos
rolos de papel branco, preto e cinza até os
de tecido que não amassam com texturas
exclusivas desenvolvidas pela estilista Pri
Prado. A iluminação é outro fator signifi-
cativo para a especialista, que prefere usar
flashes e luz contínua de fornecedores na-
cionais, como Mako e Atek.
Uma iluminação diagonal e superior
da modelo, que cria sombras, deixando
o rosto mais afinado, é o esquema prefe-
rido dela, que dá preferência para o uso
de modificadores de luz mais duras, co-

Os maridos também podem participar


dos ensaios e o figurino é pensado em
função das características do casal

67
VIDA DE FOTÓGRAFO

Foto: Nila Costa

O estúdio é o território de domínio de Nila Costa, onde ela pode pensar em luz, fundo e figurino de acordo com cada produção

fotógrafa. Segundo ela, pode ocor- receber as mulheres”, conta. de funcionários resume-se a Carlo-
rer de uma locação externa ser mui- É com a técnica de moulage (ou ta, a mãe, que faz o relacionamen-
to bonita e roubar o foco da figura draping), que consiste em envolver o to com os clientes, e Cleusa Cordei-
principal do ensaio, que é a gestan- corpo da grávida com tecidos, que Ni- ro, senhora de 64 anos, braço direi-
te. “No início fazia meus ensaios na la cria cada um dos figurinos, fazen- to da fotógrafa dentro do estúdio na
sala do meu apartamento. Até o sín- do com que fiquem exclusivos. O tra- hora de maquiar e produzir. Há ainda
dico descobrir o entra e sai de tan- balho da especialista envolve três en- uma secretária que cuida da agenda
ta barriguda e colocar um fim na mi- saios diferentes e tomam um dia in- e três editores de arte terceirizados
nha alegria. Então fui para um estú- teiro da cliente: são três sets diferen- são responsáveis pela pós-produção,
dio de 30 m2 e atualmente a estrutu- tes de luz, figurino e maquiagem. em que cuidam apenas do tratamen-
ra é de 100 m2, todo projetado para to de pele. “Em minhas fotos não há
TRABALHO VIP fusão, a luz e o contraste também sa-
Outro diferencial da especialista em prontos da câmera”, afirma ela.
Arquivo Pessoal

está em fazer um atendimento per- Com um portfólio repleto de ce-


sonalizado do começo ao fim do tra- lebridades, a especialista revela que
balho. Entre os recursos que usa, Ni- não recorreu à ajuda de nenhuma
la adota entrevistas, faz uma análise assessoria de imprensa para obter
de visagismo e realiza uma profunda visibilidade. Muitos chegaram a ela
pesquisa de figurinos que combinam graças ao trabalho diferenciado que
com o estilo de cada mulher. produz. Alguns pagaram, caso de jo-
Como o trabalho é individualiza- gadores de futebol, e outros foram
do, a fotógrafa prefere trabalhar com em troca de parcerias de divulgação.
poucas pessoas na equipe. O quadro E, para quem está começando na
área, ela tem uma dica valiosa: “An-
Nila Costa, 39 anos, deixou a tes de pensar apenas no lucro, vale
carreira de publicitária para se a pena colocar o amor à profissão à
dedicar à fotografia de gestantes frente que dá mais certo”.
apresenta

GUIA ESPECIAL DE
Ensino de Fotografia
Tudo o que você precisa saber para estudar e evoluir como fotógrafo:
cursos livres, técnicos, profissionalizantes e de graduação, além de
workshops e expedições fotográficas. Confira e programe-se
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PUBLIEDITORIAL
GUIA ESPECIAL DE
Ensino de Fotografia
Bons cursos reúnem
teoria e muita prática,
pois o ato de fotografar é
a parte mais importante

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ESTUDAR SEMPRE, SEGREDO PARA SER
UM BOM FOTÓGRAFO
Existe no mercado uma grande variedade de opções para aprender fotografia, de
cursos de graduação a workshops de fim de semana. Quem pretende se firmar como
profissional ou evoluir como entusiasta deve ter mente a palavra-chave: dedicação

F azer uma graduação, um curso ou um workshop


de fotografia é o caminho que muitos escolhem
para se inserir no mercado ou para evoluir como
de escolas e professores experientes, está na
falta de determinação para encarar um mercado
muito competitivo. Eles concordam em pontos
entusiasta da arte. Mas isso basta? Não. Ter um fundamentais: é preciso muita dedicação às aulas
certificado de conclusão do curso é apenas a e, depois da formação, mais dedicação ainda para
primeira etapa. O caminho para o sucesso é montar um bom portfólio, fazer a divulgação do
geralmente longo. Colocar em prática o que é trabalho e encontrar espaço no mercado vendendo
aprendido e estudar continuamente é a rota mais serviços de boa qualidade.
sensata, ensinam os especialistas. Uma tendência que vem se fortalecendo nos
No caso de quem busca a fotografia como últimos anos é o espaço conquistado pelas mulheres
profissão, o maior problema, segundo diretores na fotografia. Cursos profissionalizantes em São Paulo

70 • Fotografe Melhor no 270


Os bons cursos
profissionalizantes
preparam o aluno
para atuar em
diversos segmentos

(SP), por exemplo, têm reunido levam menos tempo e outros mínima de três a quatro dias e
mais mulheres do que homens e, mais. Em média, esse período de máxima de 10 a 15 dias.
de maneira geral, elas têm menos maturação é de dois anos”, avalia. Os roteiros, na maioria, são
dificuldades para se firmarem ligados à natureza e à vida
como profissionais e viver de EXPEDIÇÕES EM ALTA selvagem, tanto em destinos
fotografia. Dez anos atrás, era raro Outra forma de aprender nacionais como internacionais,
ver mulheres em salas de aula de fotografia que vem crescendo e direcionados a um público
fotografia. Hoje há classes com muito nos últimos anos é participar de alto poder aquisitivo, já que
pelo menos 50% delas e outras em de expedições fotográficas o investimento nas viagens
que são maioria. A avaliação dos comandadas por fotógrafos (principalmente ao exterior)
especialistas é que as mulheres profissionais experientes que não é baixo. A vantagem dos
são mais sensíveis e muito focadas. ministram uma espécie de participantes de expedições é
Rodrigo Zugaib, ex-professor workshop teórico e prático durante poder conviver diariamente com o
de Fotografia do Senac-SP e hoje o período em que convivem com professor, exercitar a fotografia de
diretor da escola Fullframe, diz os alunos. O formato é parecido forma ampla (paisagens, cenas
que teve salas só com mulheres em todas as empresas que de ação, retratos, documentário,
e que vem observando um organizam esse tipo de evento: capturas noturnas, macrofografia
crescimento do público feminino são definidos grupos participantes, e até imagens subaquáticas em
nos últimos anos. E, de forma não muito grandes (10 a 20 alguns casos), ter uma avalição
geral, quando o objetivo é a pessoas em média), que viajam tanto do líder da expedição
profissionalização na fotografia, para um determinado local, no quanto dos colegas do material
Zugaib afirma que dá para Brasil ou no exterior, que ofereça produzido durante a viagem e
perceber quem terá mais chances um atrativo ao mesmo tempo fazer turismo de maneira menos
de se inserir com sucesso no turístico e fotográfico. A duração passiva e muito mais ativa, que
mercado: é o aluno interessado, da expedição depende do destino, também não deixa de ser uma
homem ou mulher, que entrega mas geralmente tem duração ótima experiência de vida.
os trabalhos no prazo, não chega
atrasado, não falta, interpela o
professor quando tem dúvida,
visita exposições, lê livros e
revistas sobre ao assunto, é
curioso... “Todos que se dedicam
entram no mercado. Alguns

Cada vez mais mulheres se


interessam em estudar fotografia
para atuar no mercado

71
GUIA ESPECIAL DE PUBLIEDITORIAL
Ensino de Fotografia
Ao lado,
Canon College
em Brasília:
programa
educacional da
Canon chega a
todas as regiões
do Brasil

APRENDA A FOTOGRAFAR

COM A CANON
Do básico ao
avançado, os O Canon College é o programa
educacional da Canon do Brasil
que leva cursos de fotografia e vídeo
estão previstos os cursos, assim como
é possível consultar os valores de cada
um. Após a conclusão do curso, o aluno
cursos oferecidos com câmera DSLR para diversas recebe um certificado digital emitido
pelo Canon cidades no território nacional, com o pela Canon do Brasil.
College ensinam intuito de promover a cultura da imagem.
Os cursos oferecidos pela Canon COMEÇO PELO BÁSICO
o aluno a tirar o do Brasil são presenciais e teóricos, No curso Básico de Introdução à
melhor proveito de baixo custo e normalmente duram Fotografia, com duração de três horas, a
possível da em média três horas. Importante: proposta é oferecer ao aluno o primeiro
câmera DSLR não é necessário ter uma câmera contato com o universo fotográfico. No
fotográfica para realizar os cursos. O curso serão abordados temas como a
objetivo principal do Canon College é manipulação da câmera foográfica; o
apresentar as principais funcionalidades que é pixel; qual a função dos sensores;
das câmeras DSLRs para quem é exposição; ISO; diafragma; obturador e
apaixonado por fotografia. modos de exposição.
Quem deseja ter a oportunidade de
participar de um curso presencial da UM PASSO À FRENTE
programação do Canon College pode O curso Intermediário dá
se inscrever em uma área de interesse continuidade ao processo de
por meio da loja virtual da Canon Brasil: aprendizado do módulo Básico. Esse
www.lojacanon.com.br/college. Ao treinamento é ideal para o aluno avançar
acessar esse link, é possível conferir em tanto no conhecimento fotográfico
quais cidades, horários e endereços quanto no da câmera digital DSLR,
Os cursos oferecidos pelo programa Canon College são acompanhados de didáticas apostilas para cada etapa do que é ensinado
aperfeiçoando a experiência do (regra dos terços, das metades, como base para as aulas a linha de
usuário em relação a esse tipo linhas diagonais etc.). flashes Speedlite da Canon.
de equipamento. Além disso, o
curso ensina como diferenciar as ILUMINANDO COM FLASH VÍDEO COM DSLR
características dos diversos tipos O curso de Flash Dedicado O curso Vídeo com DSLR tem
de lentes disponíveis no mercado. I oferecido pelo Canon College como objetivo introduzir o aluno no
A programação do curso, tem como finalidade desvendar universo das técnicas de gravação
também com duração de três horas o uso básico do flash e quais de imagens com câmera reflex digital.
de teoria, prevê a abordagem de as possíveis aplicações dele O participante aprenderá como usar
temas como balanço de branco; na fotografia. É um módulo as funções da câmera com técnicas
foco; pontos de foco; modos destinado a fotógrafos que já têm básicas de filmagem, tirando o
de medição; arquivos RAW; conhecimento básico em fotografia máximo proveito do equipamento.
compensação de exposição; e que desejam explorar técnicas No plano de curso está prevista
AE bracketing; correção de de iluminação, como também a abordagem de temas como
temperatura de cor; lentes, entre aprender sobre as funcionalidades proporção e resolução; frames
outros temas de um flash dedicado. Os alunos por segundo; foco; lentes; planos
estudarão assuntos relacionados e composição; posicionamento
APRIMORAMENTO PARA ao uso do modo Manual do flash; e enquadramento; plano fixo;
FOTÓGRAFOS INICIANTES modo ETTL II; modo EXT A e movimentos da câmera; iluminação;
O módulo de Técnicas de M; e modo Multi. O módulo usa microfone; entre outros assuntos.
Aprimoramento para Iniciantes
tem o objetivo de orientar o aluno
sobre técnicas fotográficas de
modo que ele possa alcançar
uma qualidade superior nas
imagens produzidas. O objetivo é
ensinar técnicas de composição
e conceitos básicos sobre
iluminação, para orientar e
ajudar o aluno a desenvolver
um olhar fotográfico.
Na programação desse módulo
está previsto o desenvolvimento
de temas que fazem parte da Não é exigido
Fotos: Divulgação

composição fotográfica, como do aluno que ele


enquadramento, foco, exposição/ tenha uma câmera
histograma, posicionamento do para participar
assunto, técnicas de composição
GUIA ESPECIAL DE PUBLIEDITORIAL
Ensino de Fotografia

PARA QUEM É APAIXONADO POR EXPEDIÇÕES


ROTEIROS CRIADOS
POR QUEM ENTENDE
C riada em janeiro de 2018 por
Marcelo Portella, fotógrafo e
professor da Escola de Fotografia Visual
exclusividade para os clientes. O
planejamento fotográfico e operacional
é desenvolvido com todo o cuidado e
Acima, paisagem Arts, a Dreamscapes Expedições nasceu segurança. Além disso, a seleção de
na Islândia e, de um projeto em que a ideia é ir além da equipamentos e de novas tecnologias
abaixo, grupo que prática de apenas reunir pessoas com o é pensada para oferecer o melhor
fez expedição para objetivo de viajar e fotografar. serviço e a melhor experiência para os
fotografar a Aurora Os roteiros da Dreamscapes participantes da expedição.
Boreal no Ártico Expedições são elaborados com Em todas as expedições realizadas
existe sempre um time de profissionais
habilitados envolvidos: fotógrafos
experientes, guias e motoristas
certificados, seguro de viagem e
professores capacitados para que o
aluno possa usufruir de toda a viagem
com tranquilidade e satisfação.

EXPERIÊNCIA EM DIVERSOS PAÍSES


No portfólio da Dreamscapes
Expedições já existem cerca de 60 países
explorados e uma variedade de locais
que merecem destaque, como Islândia,
Noruega, Tibete, Nepal, Camboja, Vietnã,
Tailândia, Laos, Índia, Myanmar, Namíbia,
Fotos: Marcelo Portella

Lençóis Maranhenses,
um dos destinos de
expedições nacionais

APRENDA COM
Quênia, Marrocos, Tunísia, DO BÁSICO AO AVANÇADO QUEM É PIONEIRO
Jordânia, Bolívia, Peru, Chile e A Visual Arts oferece alguns
NO RIO DE JANEIRO
Estados Unidos (23 parques cursos fundamentais e essenciais
americanos), além de diversos
parques nacionais e outros
destinos brasileiros.
para a formação de um bom
profissional. Alguns deles são:
Curso Básico de Fotografia (nos
U ma das primeiras e mais
tradicionais escolas de
fotografia da cidade do Rio
Cerca de 500 viajantes já turnos manhã, tarde e noite em de Janeiro, a Visual Arts foi
percorreram o Brasil e o mundo dias de semana e aos sábados); fundada em 1999 para suprir as
com o fotógrafo Marcelo Portella. Cursos Práticos: Iluminação, necessidades de aprendizado
Entre eles estão fotógrafos Fotografia de Paisagem e Prática do mercado fotográfico e logo
se tornou referência na formação
amadores, experientes, iniciantes Fotográfica; Laboratório Digital:
de fotógrafos.
em fotografia, administradores de Photoshop, Lightroom e Edição Em janeiro de 2018, o sócio-
empresa, empresários, arquitetos, de Vídeo. Além disso, a escola -diretor Marcelo Portella assumiu
engenheiros, advogados, também tem cursos avançados e a escola iniciando uma nova fase
jornalistas e muitos outros workshops especializados, assim da empresa, tendo como missão
profissionais que compartilham a como cursos personalizados ensinar fotografia por meio da
mesma paixão: viajar, fotografar e exclusivos e aulas particulares. arte da composição e das
vivenciar novas culturas. O horário de funcionamento da técnicas fotográficas.
A Dreamscapes Expedições escola é de segunda a sexta, das O objetivo da escola vai além
trabalha para promover uma 9h às 22h; e aos sábados, das do conhecimento fotográfico: a
experiência fotográfica e cultural 9h às 17h30. A Visual Arts fica na paixão pela fotografia faz buscar
aprimoramento constante da
diferenciada aos clientes. Para Avenida das Américas, 500, bloco
didática para proporcionar
tanto, proporciona ambiente 4, loja 106, Shopping Downtown, serviços de excelência. Na
amigável para quem é amante da na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro. escola, o ambiente é amistoso e
fotografia. Conheça mais sobre Central de Atendimento: de cooperação coletiva, em que
a empresa e confira os próximos (21) 2494-5250. Para saber mais alunos e professores podem trocar
roteiros acessando: sobre a programação, acesse o experiências fotográficas.
www.dreamscapes.com.br. site www.visualarts.com.br. Os professores são altamente
qualificados e comprometidos
com as melhores técnicas de
Grupo que foi para os ensino, que continuamente são
Lençóis Maranhenses aperfeiçoadas. A grade de cursos é
modular e atende tanto fotógrafos
amadores e iniciantes quanto
os que buscam uma formação
profissional – ou mesmo fotógrafos
profissionais que procuram de
cursos de aperfeiçoamento.
GUIA ESPECIAL DE PUBLIEDITORIAL
Ensino de Fotografia
Sala Irving Penn, uma
das seis que existem
na Omicron para
receber os alunos

Fotos: Divulgação
O KNOW-HOW
DE QUEM É PIONEIRO
O que uma pessoa busca em da 8a Arte uma escola de fotografia cursos profissionalizantes, ela
um curso de fotografia? em que ele próprio gostaria de mais uma vez sai na frente ao ser
Conhecimento técnico, prático ter estudado na adolescência, uma das poucas a oferecer cursos
e inovador para entrar no mercado mas não pôde, pois ela ainda nas modalidades presencial,
fotográfico e/ou para tirar o melhor não existia. Em outras palavras, semipresencial e totalmente a
do seu equipamento, é claro! ele queria oferecer um local com distância (cursos online).
E é isso que a Omicron Escola qualidade de ensino, muita mão na
de Fotografia, localizada em massa e atitude formativa para que Infraestrutura
Curitiba (PR), entrega de forma diferentes pessoas conquistassem Quem entra na escola nota
pioneira há mais de 30 anos. as habilidades necessárias de cara sua qualidade de ensino.
para uma carreira fotográfica de Ao todo, ela possui 1.000 m², que
Por que pioneira? sucesso. Com esse propósito, englobam: estúdio fotográfico
Quando Osvaldo Santos Lima, nasceu a Omicron. equipado e com 4 metros de
professor e diretor-fundador da Se a Omicron inovou na década pé-direito; seis salas de aula
Omicron, decidiu criá-la na década de 1990 ao ser uma das primeiras amplas; biblioteca; área de café
de 1980, ele tinha um sonho: escolas brasileiras de fotografia para pausas entre um clique e outro;
construir e oferecer aos amantes (escassas na época) a oferecer estacionamento coberto e até um
estúdio de TV, que produz material
A escola oferece um
para o Canal da Omicron no
amplo estúdio de
YouTube (segue lá: @omicronfoto)
60 m2 com pé-direito
e para as aulas dos cursos online.
de 4 metros
Cursos profissionalizantes para
quem quer entrar no mercado
Os cursos atendem desde
quem busca aprimorar seus
conhecimentos para manusear
uma câmera semiprofissional até
quem busca conhecimento para se
profissionalizar ou se especializar
em um ramo fotográfico.
Os cursos profissionalizantes são
divididos em quatro módulos (com
duração de um semestre cada) e
todos são presenciais:

MÓDULO 1:
LINGUAGEM E TÉCNICA
Ideal para quem está
começando e quer aprender a Empreendedorismo na Fotografia e MÓDULO 4:
dominar seu equipamento, a usar o Questões Contratuais. FOTOGRAFIA DOCUMENTAL
flash, a criar a iluminação dentro e E AUTORAL
fora do estúdio, a trabalhar com luz MÓDULO 3: Este pode ser o “empurrãozinho”
mista e a fazer retratos comerciais. FOTOGRAFIA DE FAMÍLIA que você procurava para tirar o seu
Se você busca trabalhar projeto fotográfico do papel! Tenha
MÓDULO 2: com ensaios e eventos, este é o aulas sobre Éticas Documentais,
FOTOGRAFIA APLICADA curso! Aprenda sobre: Fotografia Documentário Fílmico, Documentário
Perfeito para quem já trabalha Newborn, Acompanhamento Clássico, Sistemas Expositivos,
com fotografia! Neste módulo, Infantil, Iluminação, Pós-produção Narrativa Visual e Street Photography.
prepare-se para encontrar aulas Avançada (Photoshop e Lightroom),
de Still Life, Moda, Fotojornalismo, Fotografia de Casamento, Ensaios Para saber mais, acesse:
Fotografia Autoral, Photoshop, Fotográficos. www.omicronfotografia.com.br.

Giselle Marquette Nicaretta

Sala Bresson (à esq.) e imagem do portfólio de uma aluna (à dir.): a Omicron tem módulo de fotografia documental e autoral
PUBLIEDITORIAL
GUIA ESPECIAL DE
Ensino de Fotografia

Fotos: Divulgação
Sala Man Ray e sala Barthes, dois dos vários espaços de ensino de fotografia na Omicron, que tem área total de 1.000 m2

MOTIVOS PARA
ESTUDAR NA OMICRON
1 CONFIANÇA: Trata-se da mais
antiga escola de fotografia em
funcionamento do Paraná. São mais
fotografia! Só o estúdio para as aulas
práticas presenciais possui 60 m² e
pé-direito de 4 metros.
de 30 anos de ensino e mais de 7 mil
fotógrafos formados.
5 MÃO NA MASSA: Além da
teoria, os cursos presenciais

2 INOVAÇÃO: Apesar de ser a


mais antiga, é também a mais
contam com aulas práticas.

inovadora. Você sabia que, mesmo


tendo aula presencial, o aluno recebe
material de apoio online?
6 “IH, NÃO TENHO CÂMERA!”
Não tem problema. Durante as
aulas práticas, a escola disponibiliza
câmeras para empréstimo aos alunos.

3 ATENÇÃO AO ALUNO:
Turmas pequenas para
melhor aproveitamento das aulas 7 “POXA, MAS EU NÃO MORO
EM CURITIBA…”
e professores com atuação no Eis a boa notícia: cursos online
mercado fotográfico. esperam por você na plataforma
EAD da Omicron com suporte para

4 INFRAESTRUTURA: São
1.000 m² dedicados ao ensino da
dúvidas, prova teórica e certificado
de conclusão.

Acima, a fachada da Omicron e, ao lado,


o Café Reflex, para lanches e bons papos
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GUIA ESPECIAL DE
Ensino de Fotografia

Fotos: Divulgação

Alunos da Faculdade Senac Goiás durante aulas práticas com


equipamento de estúdio: preparação para o mercado de trabalho

AS VANTAGENS DE INVESTIR EM UMA


GRADUAÇÃO EM FOTOGRAFIA
N ão é uma foto com muitas curtidas que define
um bom fotógrafo. Um grande erro que muitas
pessoas cometem na hora de seguir carreira na
graduado em Fotografia tem autonomia na profissão,
podendo ocupar funções de fotógrafo still, editor de
imagens, editor de fotografia e diretor de fotografia.
área da fotografia é acreditar que tutoriais curtos na Dentro dessa perspectiva, o curso da Faculdade
internet são suficientes para a aprendizagem ou que o Senac Goiás investe esforços para despertar a atitude
sucesso no Instagram e Facebook é termômetro para empreendedora e estimular os alunos a desenvolverem
detectar um profissional de qualidade. Para ir além, habilidades para a inovação, tornando-os capazes
um bom fotógrafo precisa estudar muito. de revisar processos, criar empresas e gerar renda e
Os cursos de graduação e pós-graduação em empregos. Para que alunos alcancem tais objetivos,
Fotografia da Faculdade Senac Goiás oferecem formação o curso oferece formação básica da competência
teórica, abrangendo não apenas a fotografia em si, gerencial, a fim de prover condições e sustentabilidade
como também tópicos de artes e ciências humanas, da atitude empreendedora.
como história e antropologia. Esses assuntos ajudam o A graduação possibilita aos profissionais o
fotógrafo a construir repertório e explorar possibilidades desenvolvimento e a manutenção de sistemas de
para muito além do que exibem as redes sociais. aplicativos voltados para a TV digital, bem como a
Nos últimos anos, essa bagagem tem sido o habilidade para elaboração de roteiro, produção,
diferencial, principalmente nas áreas relacionadas à edição, autoração e publicação de conteúdos
fotografia de eventos. Mas existem vários outros setores audiovisuais, planejamento e produção de animação
de atuação. No mercado de trabalho, o profissional 2D e 3D, desenvolvimento de sistemas de imersão
e interação digital. Além disso, disponibiliza
Visão interior a capacitação para iluminação, produção e
da Faculdade pós-produção de fotografias e filmes digitais e
Senac Goiás, competência profissional para design e publicação de
em Goiânia, que livros digitais – e-books e audiobooks.
oferece graduação O campus da Faculdade Senac Goiás fica na
e pós-gradução Avenida Caiapó com a Avenida Interlândia e Rua
em Fotografia Padova, Qd 89, no bairro de Santa Genoveva, em
Goiânia (GO). Para saber mais sobre os cursos,
acesse: www.go.senac.br/faculdade.
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GUIA ESPECIAL DE
Ensino de Fotografia

Shutterstock
O concurso internacional da Hahnemühle é aberto apenas a
estudantes de fotografia, que devem comprovar essa condição

CONCURSO INTERNACIONAL PARA


ESTUDANTES DE FOTOGRAFIA
A alemã Hahnemühle, uma das empresas mais
tradicionais no mundo na fabricação de papel para
impressão de imagens, lança seu primeiro concurso
coleções Digital FineArt e Hahnemühle Photo. Isso
significa que todos os participantes da rodada final
terão a oportunidade de escolher o papel que melhor
internacional de fotografia dirigido a estudantes de se adaptar à série de fotos inscrita no concurso.
Fotografia, o Student Photo Competition. Para participar, Cada finalista receberá uma caixa contendo 25
os interessados deverão produzir uma série de cinco folhas no formato A3+ do papel de sua escolha para
fotos de um trabalho relevante e enviar para o site do imprimir e enviar a série para o julgamento final.
concurso da Hahnemühle via internet.
O concurso não determina um tema específico. A PREMIAÇÃO
O objetivo é valorizar o estilo e a criatividade de Os três finalistas do concurso receberão prêmio
cada um, desde que os termos e as condições da em dinheiro de 1.500 euros pelo primeiro lugar, 1.000
premiação sejam cumpridos. A primeira etapa vai até euros pelo segundo e 500 euros pelo terceiro. O prêmio
30 de abril de 2019, data final em que o estudante é destinado a promover e apoiar financeiramente o
deverá enviar o trabalho online pelo portal de upload. trabalho fotográfico. Como destaque especial, a série
Podem participar alunos matriculados em vencedora será exibida no estande da Hahnemühle na
universidades ou escolas especializadas em fotografia. feira Photokina de 2020 e exposta na galeria Eisfabrik,
No momento do envio do trabalho inscrito, será em Hanôver, na Alemanha, durante seis semanas.
solicitado também um documento de comprovação Para o julgamento, a Hahnemühle convocou
da condição de estudante do participante (matrícula, um júri de renome internacional que avaliará as
carteira de estudante ou similar). fotos de uma perspectiva profissional. Fotógrafos,
repórteres fotográficos, curadores, galeristas e
COMO FUNCIONA O CONCURSO outros especialistas experientes irão avaliar a série
A competição é aberta apenas para estudantes de de fotos de acordo com os critérios de qualidade
fotografia e consiste em duas rodadas: na primeira, o artística (composição, criatividade e persuasão
júri irá selecionar 50 finalistas dentre as inscrições online. visual), qualidade técnica (implementação técnica/
Na segunda e última rodada, os 50 finalistas enviarão as prática), qualidade do conteúdo (congruência entre os
séries de fotos impressas em papel Hahnemühle. conceitos e implementação visual). Para se inscrever,
Para facilitar a escolha do papel, todos os finalistas basta acessar o site: https://blog.hahnemuehle.com/
receberão um pacote de amostras Hahnemühle das en/studentphotocompetition.
PUBLIEDITORIAL
GUIA ESPECIAL DE
Ensino de Fotografia
PARA QUEM QUER APRENDER

NA PRÁTICA
A VIVÊNCIA DE

Fotos: Newton Medeiros


UM ESPECIALISTA
Dinâmica de aula
F otógrafo especializado
em estúdio desde 1996,
Newton Medeiros é um
prática de fotografia
de gestante na escola
profissional que também dá
aulas com muito didatismo. CURSO PROFISSIONAL SÓ PARA MULHERES
Especialista em fotografia de Criado exclusivamente para Na programação do curso estão
publicidade, book e moda, o atender ao mercado feminino, o curso previstas saídas fotográficas para
ex-designer e ex-publicitário Profissão Fotógrafa foi desenvolvido aplicar os conceitos aprendidos.
ministra cursos de Fotografia pelo professor Newton Medeiros As aulas são baseadas no uso de
Básica, Fotografia em Estúdio
com o objetivo de ensinar os câmeras digitais reflex (DSLR) ou
para Produtos e Moda e
Tratamento de Imagem, entre fundamentos básicos da fotografia semiprofissionais. As alunas vão
outros, na sua escola/estúdio, (como ajustes de ISO, velocidade e aprender ainda técnicas de direção
localizada em Guarulhos, na diafragma), os tipos de câmeras e de poses para gestantes e crianças,
Grande São Paulo. lentes (e como fazer o foco e enquadrar práticas em estúdio e em parques,
Autor dos livros Estúdio corretamente), o uso correto do flash fotografia newborn, tratamento de
na Prática, volumes 1, 2 e na cobertura de eventos sociais e imagem para gestantes e newborn
3, publicados pela Editora outros detalhes técnicos. com o programa Lightroom.
Europa, na qual foi durante
anos colaborador da revista
Técnica&Prática, ele também PARA SE TORNAR FOTÓGRAFO DE EVENTOS SOCIAIS
oferece cursos online
pelas editoras Photopro e Para quem quer entrar no mercado corporativos, postura do fotógrafo,
Eduk. Já foi palestrante em de trabalho, esse curso oferece contratos e orçamentos, edição e
eventos como o Photoshop formação teórica e prática com ênfase entrega de materiais, organização de
Conference, promovido pela em eventos, edição e tratamento. O arquivos e edição em lote, slide show,
Editora Photopro; Estúdio aluno consegue aprender por completo, impressão, fotolivro e web.
Brasil, pela Editora Photos; da captação da imagem
Congresso Nordeste de até a entrega do trabalho
Fotografia e Nikon. Colaborou finalizado ao cliente.
ainda no livro Fazer Fotografia, O programa do curso
de Goya Cruz e Vitché Palacin, inclui assuntos como
junto com outros 19 grandes
composição, variadas
fotógrafos. Para saber
mais sobre o professor e abordagens em diferentes
fotógrafo e sobre os cursos eventos, equipamentos,
oferecidos por ele, acesse: aniversário infantil,
www.newtonmedeiros.com.br. debutantes, aniversário
adulto, batizado, eventos
PUBLIEDITORIAL
GUIA ESPECIAL DE
Ensino de Fotografia
FOCO NA FORMAÇÃO
DIDÁTICA DE QUEM
ENTENDE DO TEMA PROFISSIONAL
O objetivo do IIF – Instituto
Internacional de Fotografia
sempre foi estimular o
desenvolvimento por meio
de aprimoramento técnico,
combinando teoria e prática
de maneira equilibrada,
preparando e orientando os
alunos para realizarem seus

Marcia Regina Silva


objetivos por meio da fotografia.
A origem dessa
conscientização vem do Alunos do IIF
fundador, o italiano Danilo em aula prática
Russo, que desembarcou no
Brasil em 2000 e abriu um CAPACITAÇÃO PROFISSIONAL
estúdio focado em fotografia O curso de Capacitação ensino completo para cada aluno. O IIF
de moda onde também Profissional é um exemplo desse forma fotógrafos profissionais há 10 anos,
ministrava cursos. DNA mantido por Danilo Russo. O e para isso conta com uma grade de
Em 2009, ele inaugurou o
curso profissionalizante do IIF forma professores atuantes no mercado, com
IIF na cidade de São Paulo,
formatando um método de fotógrafos completos e preparados experiência e conhecimento prático
ensino com base na forma para o mercado. O aluno pode aprender para ensinar aos alunos.
de como ele gostaria de ter técnica, iluminação e pós-produção, Toda a didática do curso
aprendido na época em que além dos conhecimentos específicos foi desenvolvida pelos próprios
começou na carreira. de cada área, informações professores em conjunto com a
Com 120 turmas e 1.500 essenciais de carreira e mercado. direção da escola, com base na ampla
alunos formados, o IIF foi O método de ensino é baseado experiência de mercado e de ensino de
pioneiro no curso de fotografia em três pilares: técnica, estilo e cada um deles. Em todo o programa
newborn, trazendo pela primeira gerenciamento de negócio. de aulas do curso é dada grande
vez ao Brasil a fotógrafa O curso de Capacitação conta relevância às atividades práticas, que
Dani Hamilton, brasileira
com 280 horas-aula, divididas em 14 compõem aproximadamente 50% da
radicada na Austrália. A escola
também criou o Newborn disciplinas complementares, oferecendo carga horária total.
Photo Conference, primeiro
congresso de fotografia IMERSÃO EM NEGÓCIOS
dedicado a essa área, que teve
oito edições. Para saber mais, Nos dias 20 e 21 de março de fotografia, pois não é um conjunto de
acesse: www.iif.com.br. 2019, está previsto para ocorrer no IIF palestras sobre diversos temas e visões
o Photo Meeting, programa de imersão da fotografia. A ideia é realizar um curso
para o fotógrafo que deseja aprender sequencial e estruturado, com material de
a gerenciar seu negócio de fotografia. apoio, dinâmicas e exercícios práticos, que
O evento pretende abordar assuntos vão permitir aos participantes aplicar o que
essenciais para a construção de um está aprendendo durante o próprio evento.
negócio de fotografia bem gerenciado, A imersão de conhecimento
planejado e estruturado. oferece ao fotógrafo uma visão clara de
Os quatro assuntos abordados no como aprimorar o negócio, tomando as
Ramede Felix

evento envolvem planejamento, gestão decisões estratégicas para os próximos


financeira, marketing e vendas. Ele será passos, com um plano de ação para
diferente dos tradicionais congressos de colocar em prática imediatamente.
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GUIA ESPECIAL DE
Ensino de Fotografia

Fotos: Divulgação
A ideia dos diretores Mauricio e Regina Daher é fazer da escola uma espécie de clube onde os alunos tenham prazer em aprender

UM CONCEITO DIFERENTE DE
APRENDER FOTOGRAFIA
I dealizada em 2010 pelo fotógrafo Mauricio Daher e
a publicitária Regina Daher, a escola Foto Conceito
tem uma proposta diferente: ser uma instituição de
atualizado e com muita prática. No portfólio de
cursos oferecidos é possível encontrar desde
os tradicionais Básico/Avançado de Fotografia,
ensino que vai além de cursos e cargas horárias. passando por Percepção Fotográfica e Fotografia
O objetivo é ser uma espécie de clube social, onde de Rua, aprofundamento com Flash e Estudando a
os alunos usufruem de várias atividades gratuitas, Luz, além dos profissionalizantes, como Fotografia
mesmo depois do término dos cursos. de Eventos, Newborn, Book/Retrato (Estúdio &
A proposta da Foto Conceito é oferecer ao aluno Externo) e Fotografia de Produtos.
a oportunidade de participar de oficinas semanais O corpo docente da escola é formado por
e aulas quinzenais de book externo (não importa o nove professores experientes, que, além de serem
curso), bem como de aulas particulares de reforço, atuantes na área de fotografia, são mestres na
passeios fotográficos com professor, assessoria a arte de ensinar. Outro diferencial da escola é que
distância, mentoria nos cursos profissionalizantes os alunos podem refazer o curso escolhendo o
ou até refazer o curso quantas vezes quiser. Tudo professor com a didática que desejar.
oferecido de forma gratuita pela escola, de maneira A escola soma 8 anos de trajetória, mais de 6 mil
ilimitada e permanente para alunos e ex-alunos. matrículas e está estabelecida em um espaço com
O sistema de ensino proposto pela Foto 1.000 m2, na Rua Ministro Godoi, 1.356, no coração
Conceito é exclusivo no Brasil, o que torna a escola do bairro Perdizes, em São Paulo (SP). Para saber
um clube onde o foco é o aprendizado constante, mais, acesse: www.fotoconceito.com.

A Foto Conceito
tem um amplo
estúdio para aulas
práticas e conta
com professores
experientes
e atuantes
no mercado
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GUIA ESPECIAL DE
Ensino de Fotografia
A Camera 55
tem uma ótima
estrutura para
atender seus
alunos e oferece
os cursos básico,
intermediário,
de iluminação
e de tratamento
de imagens

Fotos: Divulgação
AULAS PRÁTICAS DE
ILUMINAÇÃO E CRIAÇÃO
F undada em 2008 pelo
fotógrafo Mauro Machado,
a escola Camera 55, localizada
soma quatro décadas de
práticas fotográficas, e assumiu a
função de professor há 10 anos.
conteúdo bem elaborado, cria uma
sólida base de conhecimentos
para que o aluno possa evoluir
em Campinas, interior de São Ele comanda as aulas com a constantemente”, explica Machado.
Paulo, foi criada com o propósito expertise adquirida em trabalhos Para dar sequência ao
de ensinar fotografia com aulas profissionais e também em aprendizado, a escola oferece
práticas de iluminação e criação fotografia autoral, tendo exposto o curso Intermediário e outros
dentro de estúdio. Machado no Brasil e no exterior – como para reforçar e aumentar o
Toulouse, na França, e Porto, conhecimento do aluno. Já o
em Portugal. curso de Iluminação é feito no
A escola conta com próprio estúdio da escola, no
uma impressora de alta qual o aluno tem acesso a todos
qualidade (padrão fine art) os equipamentos de iluminação
para que os alunos possam e modificadores de luz. Além do
imprimir trabalhos, assim manuseio de flashes (tochas)
como uma biblioteca com de estúdio e seus acessórios, a
aproximadamente 480 livros compreensão da luz é essencial
sobre fotografia e artes, para o entendimento da
possibilitando pesquisas fotografia em geral.
Acima, a fachada e, abaixo, espaço interno com precisas da obra de Na etapa de Pós-Produção, a
galeria da Camera 55, escola criada em 2008 fotógrafos consagrados. Camera 55 também oferece cursos
A grade de cursos abrange de tratamento de imagens com
desde o básico até tratamento os programas da Adobe, como
de imagem. O curso Básico Photoshop e Lightroom. Além dos
tem a finalidade de preparar o diversos cursos, os alunos podem
aluno com conhecimentos e participar de workshops sobre
práticas que servem para o temas específicos, como Retrato
desenvolvimento profissional com Luz Natural, Fotografia de
ou autoral. “Acredito que esse Viagens e outros. Para saber mais,
curso, que apresenta um acesse: www.camera55.com.br.
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GUIA ESPECIAL DE
Ensino de Fotografia
PARA ATENDER AO MERCADO DE
QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL
Baseada em Florianópolis (SC), a Câmera Criativa
DA TEORIA À oferece cursos do básico à formação profissional
PRÁTICA
O s cursos da Câmera
Criativa, escola de
fotografia e arte, são
elaborados a partir de
conceitos técnicos e
linguísticos para dar
oportunidade aos alunos
de construir um olhar crítico
diante do assunto. Cada
técnica assimilada passa a
ser praticada e confrontada Aula prática de
com as características moda no estúdio
individuais de cada aluno. A
da escola
equipe da escola é formada
por profissionais/fotógrafos QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL EM FOTOGRAFIA
que atuam diretamente no Com carga horária de 250 horas e até práticas em estúdio, técnicas de
mercado de trabalho, com um ano de formação, o curso conta com iluminação, direção de pessoas, fotografia
experiência e conhecimento nove professores especialistas atuantes still, moda e fotografia social. Ao final
prático para ensinar e elaborar no mercado e foi desenvolvido para do curso, orientado pelos professores, o
as aulas a partir das próprias
atender quem busca uma profissão ou um aluno entrega um Trabalho de Conclusão
vivências do fazer fotográfico.
Os cursos e as oficinas são meio de expressão pessoal. A formação de Curso (TCC), que poderá servir de
subdivididos em Técnicos, proporciona imersão em diversas áreas base para a criação do portfólio.
Profissionalizantes e Criativos. de atuação, como a fotografia autoral, Após a conclusão, o aluno recebe o
Ao aluno é proporcionado suas linguagens, suportes e narrativas, Certificado de Fotógrafo Profissional.
um estudo continuado e de
qualidade, em que teoria e FOTOGRAFIA DO BÁSICO AO AVANÇADO
prática se complementam. Com cerca de dois meses de duração, Os participantes também trabalham,
Para saber mais, acesse: aulas teóricas e práticas, além de saídas o conhecimento necessário para a
www.cameracriativa.com.br. fotográficas, o curso pretende ensinar construção de um “Olhar Fotográfico”,
o aluno a usar todas as configurações abordando de forma didática os conceitos
Curso de edição e funções do equipamento fotográfico visuais utilizados em Composição,
de imagens e apresenta os acessórios externos. Enquadramento e Leitura de Imagens.

FOTOGRAFIA NA PRÁTICA
Com cinco meses de duração, Radilson Carlos Gomes, e aprende a
o objetivo é ajudar o aluno a praticar fotografar praticando solidariedade. Outros
a fotografia com as mais variadas cursos oferecidos: Fotografia e Arte,
técnicas, desenvolvendo seu olhar e suas (com professores especialistas em Artes
Fotos: Radison Carlos

habilidades. A maioria das aulas é prática Visuais e 6 meses de duração), Edição


e vivencial, desenvolvidas de acordo com e Tratamento (Ps, Lr, Id, Ai), Edição de
o perfil de cada turma. Durante o curso, o Vídeo (Pr), Direção de Pessoas; Natureza;
aluno passa a fazer parte do projeto Click Analógica em P&B; Casamento e Oficinas/
Solidário, criado pelo professor e fotógrafo Workshops e Expedições Fotográficas.
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GUIA ESPECIAL DE
Ensino de Fotografia

EXPEDIÇÕES FOTOGRÁFICAS
É O FOCO DA TRAVESSIA
A FORÇA DA
EXPERIÊNCIA
A Travessia Expedições
Fotográficas consolidou
a proposta de criar
roteiros com destinos
cinematográficos em
beleza e ricos em
diversidade. Fundada em
2017 pelos fotógrafos
Tom Alves e Nataja Vidal,
tem como objetivo unir
a experiência de ambos
A riquíssima fauna do
no setor, além de integrar

Julius Dadalti
o know-how de atender Quênia oferece muitas
com profissionalismo a oportunidades fotográficas
complexidade dos roteiros. FOTOGRAFIA DE VIDA SELVAGEM NO QUÊNIA
Cada detalhe
Entre os dias 7 e 20 de agosto envolvendo também milhares de gazelas
das expedições é
previamente planejado de 2019 está prevista a expedição e zebras. É uma boa oportunidade para
para proporcionar maior “Quênia – A grande migração”, em documentar a vida selvagem.
conforto e aproveitamento que os participantes poderão observar Além dos safáris, a expedição
dos viajantes. São bem- e fotografar gnus, animais dominantes prevê o encontro com o povo Masai,
-vindos profissionais e dos campos do Masai Mara, que se seminômades e um dos grupos
apreciadores da fotografia, deslocam para o vizinho Serengeti, étnicos africanos mais conhecidos
bem como aqueles que buscando pasto fresco. A grande internacionalmente. Será possível
adoram colocar o pé migração é um dos eventos naturais registrar e aprender sobre os costumes e
na estrada. Conheça os mais impressionantes do planeta, as crenças desse povo.
roteiros completos em:
www.travessiaexpedicoes.
com.br. REGISTROS DAS ESTRELAS NA SERRA DO CIPÓ
A fotografia noturna é algo que leva os alunos à intocada e bela região da
sempre mexe com os sentidos. Não há Serra do Cipó, em Minas Gerais, onde é
quem não fique boquiaberto diante de um baixíssima a poluição visual.
céu estrelado em uma noite sem lua e de A proposta do workshop é
céu limpo. Ainda mais se o cenário realça compartilhar com os participantes
essa beleza. A expedição, prevista para técnicas, dicas e possibilidades criativas
o período de 2 a 4 de agosto de 2019, que envolvem a astrofotografia.

BELAS PAISAGENS EM VISITA AOS ALPES ITALIANOS


As Dolomitas, uma das mais de Belluno, Bolzano e Trento. A viagem,
espetaculares cadeias montanhosas prevista de 13 a 19 de outubro, com
do planeta, formam os Alpes do norte turma extra de 20 a 26 de outubro de
da Itália, na fronteira com a Áustria. 2019, oferece belas paisagens, culinária
Nataja Vidal

Declaradas Patrimônio Mundial pela de primeira e o conforto de um dos


UNESCO, estendem-se pelas províncias lugares mais charmosos da Terra.
GUIA ESPECIAL DE PUBLIEDITORIAL
Ensino de Fotografia

Maurício Paiva
Participantes da Expedição Cânions do Sul em ação: esse é um dos vários destinos nacionais comandados pelo experiente Zé Paiva

EXPEDIÇÕES COM FOCO NOS


ENCANTOS DO BRASIL
Comandadas pelo renomado fotógrafo Zé Paiva, da Vista Imagens, as viagens
funcionam como um workshop de vivências e de técnicas fotográficas variadas

FLORIPA: DESVENDE OS
SEGREDOS DA ILHA DA MAGIA

A Ilha de Santa Catarina, porção insular de Floripa,


guarda segredos que estão fora dos roteiros
turísticos tradicionais. De 1 a 4 de maio de 2019,
a Brazil Trails e a Vista Imagens promovem a quinta
edição da Expedição Fotográfica Floripa, em que o
experiente e premiado fotógrafo Zé Paiva conduzirá
os participantes pelas trilhas que garimpou em mais
de 30 anos registrando essas paisagens. São praias,
costões, florestas, uma aldeia de pescadores onde só
se chega de barco, um engenho secular, entre outras
atrações. Tudo isso temperado com o melhor da
Giuliano Breda

culinária regional, à base de frutos do mar fresquinhos.


Para completar, hospedagem na charmosa Praia
Mole. Saiba mais em: www.zepaiva.com/agenda.
JALAPÃO: EXPLORE UM DOS
LUGARES MAIS BELOS DO BRASIL

U m roteiro sob o comando de Zé Paiva, de 14 a 19


de junho, pelo cerrado mais preservado do Brasil,
feito especialmente para quem gosta de fotografar
cachoeiras de água turquesa, dunas alaranjadas,
chapadas avermelhadas, fervedouros relaxantes,
veredas verdejantes e, de quebra, o belíssimo
artesanato de capim dourado em uma comunidade
quilombola. O Jalapão é uma área de 34 mil km2 (maior
que Alagoas) na região leste do Tocantins. Engloba
cinco áreas de conservação, entre elas um parque ARAGUAIA: LUGAR ONDE O
estadual. Oferece natureza exuberante para quem sabe CERRADO ENCONTRA A AMAZÔNIA

A
ver – cachoeiras cristalinas, dunas de até 40 metros região do Araguaia, em Tocantins, será o destino
de altura, chapadas de até 800 metros de altura e uma da expedição prevista para o período de 19 a
riquíssima flora que inclui o famoso capim dourado. 23 de junho também sob a orientação de Zé Paiva.
Ainda é um segredo para a maioria da população Os participantes conhecerão o Parque Estadual do
brasileira – e precisa ser preservado. Cantão, a Lagoa da Confusão e a aldeia indígena
Boto Velho, da etnia Javaés, na Ilha do Bananal, entre
outras atrações. O Parque do Cantão está localizado
no encontro dos rios Javaés e Coco. É uma unidade
de conservação com cerca de 90 mil hectares de área,
entrecortado por florestas amazônicas, vegetação
de cerrado e com mais de 800 lagos que na época
da cheia se interligam. Já na região norte da ilha do
Bananal, a maior ilha fluvial do mundo, localiza-se o
Parque Nacional do Araguaia, onde vivem indígenas
das etnias Carajás e Javaés. A região conta com uma
Fotos: Zé Paiva

fauna riquíssima de espécies de aves, mamíferos e


répteis, como colhereiros, tuiuiús, ciganas, jacarés,
ariranhas, tartarugas e veados, entre outros.

A EXPERIÊNCIA DE QUEM FAZ E ENSINA


Z é Paiva trocou a
Engenharia pela Fotografia
em 1984 e desde então
Natureza Tocantins. Em 2009,
teve fotos selecionadas para a
coleção Pirelli MASP. Em 2012,
na forma de sessões de
duas horas cada, sem prazo
definido de duração, podendo
viaja pelos quatro cantos do recebeu o Prêmio Marc Ferrez ser customizada de acordo
mundo criando imagens e da FUNARTE pela trabalho com o projeto. Para saber
comandando expedições. Iluminados. mais, envie um e-mail para
Hoje é considerado um dos Em todas as expedições ze@vistaimagens.com.br.
mais destacados profissionais fotográficas que comanda e
especializados em natureza orienta, Zé Paiva dá dicas sobre
e vida selvagem do Brasil. É fotografias de paisagem, flora,
pós-graduado em fotografia macro e light painting, tudo na
pela Universidade do Vale do prática. E, graças à experiência
Itajaí (UNIVALI). Já ensinou acumulada em mais de 30 anos
fotografia em faculdades de atividade profissional, ele
João Paulo Lucena

como ESPM, UDESC e FURB. também pode orientar jovens


É também autor dos fotógrafos na melhor forma de
livros Expedição Natureza desenvolver os seus projetos.
Catarina, Natureza Gaúcha e Essa mentoria é oferecida online,
LIÇÃO DE CASA
temas ilustrados pelo leitor
Paulo Hopper

O leitor gaúcho Paulo Hopper fotografou uma apresentação da banda 14 Bis no Teatro da Univates, em Lajeado (RS)

Com o foco no show


Registrar espetáculos não é tarefa fácil diante da falta de luz ou de uma
iluminação variada ou forte demais. Confira dicas para vencer esses desafios
POR LAURENT GUERINAUD

F azer boas fotos de shows ou


espetáculos em geral é al-
go bastante complexo, mas
muito estimulante. A dificul-
dade não é só técnica: é pre-
ciso saber captar o momen-
to certo, estar o mais perto possível
dos artistas, usar equipamento de
mínio do equipamento, inclusive no
escuro, é imprescindível, ainda mais
se tiver a chance de cobrir um espe-
táculo importante. Na maioria dos
casos de shows musicais, as gran-
des produções autorizam os fotó-
grafos a trabalhar somente nas três
primeiras músicas ou por uns dez
co um espetáculo agradável.
Quem quer dar os primeiros pas-
sos na fotografia profissional de sho-
ws e espetáculos precisa compor um
portfólio que permita demonstrar um
trabalho de bom nível. Assim, o ideal
é começar em pequenas salas, como
teatro amador, apresentações de es-
qualidade, como lentes bem lumi- minutos. Na maioria dos shows, é colas de dança, exibições de bandas
nosas, encontrar o ângulo certo pa- proibido fotografar sem credencia- em bares, ou seja, ir aonde é possí-
ra não atrapalhar o público (ou não mento: os artistas querem proteger vel fotografar sem necessidade de
ser atrapalhado por ele)... seu direito de imagem e os organi- credenciamento – mas com a condi-
Além disso, ter um perfeito do- zadores esperam garantir ao públi- ção de tomar cuidado para não atra-

102 • Fotografe Melhor no 270


Marco Antonio Perna

palhar os artistas, o público ou os garçons. O DESAFIO DA LUZ Espetáculo “Gaffe”, da


Cia. Aérea de Dança, em
Uma das primeiras regras de quem A principal dificuldade para fotogra- foto de Marco Antonio
atua no segmento é a discrição. Desabilite far shows musicais, por exemplo, é a luz. Perna; abaixo, o americano
o flash integrado à câmera (caso ela o te- A maioria ocorre à noite ou em salas es- Brandon Boyd, da banda
nha) e deixe o flash dedicado em casa. Ja- curas. A falta de luz é compensada pela Incubus, por Ari Peixoto
mais use flash, acessório proibido em sho-
ws e espetáculos, pois atrapalha artistas
e público, além de aniquilar totalmente o
ambiente luminoso do palco.
De qualquer forma, não adianta levar
muitos equipamentos: no escuro, às vezes
em meio à multidão, trocar de objetiva não
é fácil. Uma bolsa ou mochila volumosa
não ajuda nos movimentos. Por isso, bate-
ria e cartão de memória extras devem es-
tar acessíveis no bolso, e leve, no máximo,
duas objetivas: uma grande angular (até 50
mm) para os planos mais amplos e uma
telezoom (a 70-200 mm é uma das mais
versáteis) para planos fechados ou retratos
dos artistas.
O mais importante é privilegiar objeti-
vas luminosas, com diafragmas bem am-
plos, idealmente f/2.8 (quanto menor o nú-
Ari Peixoto

mero, maior a abertura). Mas dá para tra-


balhar com f/3.5 ou f/4 em alguns casos.

Fotografe Melhor no 270 • 103


O leitor Eliezer Madeira de Campos
registrou o músico australiano Nick
Cave interagindo com o público
durante show em São Paulo (SP)

iluminação que provém de spots de


cores variadas, luzes agressivas e
focadas com fortes contrastes, que

Eliezer Madeira de Campos


produzem contraluzes e sombras,
além de mudar e se movimentar
toda hora: um verdadeiro pesadelo
para o fotógrafo.
Na maioria dos casos, somen-
te uma parte do palco fica ilumi-
nada: o cantor, por exemplo. O res-
to do cenário fica no escuro. Dian-
te dessa situação, a medição tra-
dicional da exposição (multizonas),
que efetua o controle da luz em to-
das as zonas do enquadramento,
encontra muitas áreas escuras. Is-
so leva o sistema a superexpor as
zonas iluminadas, deixando o can-
tor estourado, totalmente branco.
Passar a medição para o modo spot
permite avaliar a luminosidade so-
mente em um determinado pon-
to: o artista, que fica assim expos-
to corretamente.
Outra especificidade são as co-
res. A diversidade e a alternân-
cia de tonalidades dificulta o ajus-
te correto do equilíbrio de branco
(white balance), que precisaria ser
Giulianna Conte

alterado a toda hora para acompa-


nhar as variações. Por isso, a úni-
ca opção do fotógrafo é selecionar
Acima, o vocalista Thedy Corrêa, da banda Nenhum de Nós, em imagem da leitora o ajuste automático do WB e fazer a
Giulianna Conte; abaixo, foto de Luiz Aberto Stapassoli mostra o vocalista Lizandro, da captação em formato RAW.
banda Electric Rock: para ele, o P&B realça o cantor quando há muitas luzes no palco O resultado raramente é per-
feito, mas bem aceitável, e o ar-
Luiz Alberto Stapassoli

quivo RAW permite ajustar com


mais precisão o equilíbrio das co-
res na pós-produção sem perda de
qualidade. Fora isso, o RAW ofe-
rece um melhor alcance dinâmico
(amplitude de tons registrados en-
tre os mais claros e mais escuros,
até serem registrados como 100%
brancos ou pretos). Assim, é possí-
vel obter mais detalhes nas zonas
mais escuras e mais claras da ima-
gem, facilitando pequenos reajus-
tes de exposição na pós-produção
no computador, com perda mínima
de qualidade.
O guitarrista Danilo
Toledo durante show da
banda Magic Queen em
Guto Rezende

imagem captada pelo


leitor Guto Rezende

ABERTURA AMPLA posição em função das condições


A falta de luz leva o fotógra- de luz do lugar.
fo a sempre escolher a abertu- Algumas câmeras possibili-
ra mais ampla permitida pela ob- tam usar o modo manual com
jetiva. Além de deixar entrar mais ajuste automático da sensibilida-
luz, o diafragma mais aberto reduz de ISO. É uma boa solução, pois
a profundidade de campo (ampli- permite escolher o diafragma
tude do plano nítido), gerando um mais aberto e especificar a veloci-
atraente desfoque à frente e atrás dade ideal em função da distância
do ponto de foco. focal da lente, deixando a câmera
Trabalhar no modo manual acertar a exposição por meio do
exige muita experiência para se ajuste da sensibilidade.
adaptar às mudanças rápidas de A velocidade precisa ser sufi-
iluminação. Por isso, muitos pre- ciente para evitar o desfoque de
ferem usar a prioridade de abertu- movimento provocado pela câme-
ra (Av em câmeras Canon e A nas ra e igualmente congelar a ação do
demais), que permite a escolha do artista. Para o movimento da câme-
diafragma mais aberto possível. ra, uma velocidade superior ao in-
Depois, basta determinar a sen- verso da distância focal (corrigida
sibilidade ISO e deixar a câmera pelo fator de corte de 1,5x ou 1,6x
ajustar automaticamente a veloci- para reflex APS-C) elimina o risco.
dade do obturador para fazer a ex- Por exemplo, no mínimo, 1/100s
Mauricio Marcelo Bento
registrou a cantora Naiara
Azevedo durante show em
rodeio no Anhembi (SP)

Maurício Marcelo Bento


Cena de “A família Addams”,
no Teatro Municipal de
Jaguariúna (SP), em foto
de Pedro Vasconcellos

com uma 100 mm full frame ou


1/150s com APS-C. No caso do mo-
vimento do artista, se ele se mexe
muito, uma velocidade de 1/500s é
ideal. Porém, 1/200s ou 1/125s po-
de ser suficiente se ele se mantiver
mais estático.
Quanto à sensibilidade, ajustar
ISO 800 diante de condições precá-
rias de luz parece razoável, embo-
ra as câmeras mais recentes per-
mitam subir para 1.600 ou até 3.200
com excelentes resultados. O ideal é
Pedro Vasconcellos

manter a menor sensibilidade pos-


sível para evitar o ruído digital, que
se parece com um tipo de granula-
ção desagradável e piora com a sen-
sibilidade mais alta; somente quan-
Teatro: emoção e vibração do não é possível obter fotos bem ní-
tidas ou corretamente expostas va-
Especialista em fotografia de espetáculo, deve-se ainda observar le a pena aumentar a sensibilidade.
teatro e dança, Emídio Luisi diz que a disposição do palco e da plateia, e
a primeira lição para quem quer conversar com o técnico de iluminação
fotografar espetáculos teatrais é para saber dos tipos de luz e dos COMPOSIÇÃO
ser “invisível”. Depois, sugere muita momentos em que serão usados. O ideal é chegar bem cedo pa-
concentração, posicionamento O ideal é que o fotógrafo assista ra escolher um bom lugar e se posi-
adequado para não atrapalhar o a um ensaio para ter ainda mais cionar ao pé do palco. Fotógrafos cre-
público e ainda ter o melhor ângulo, informações sobre o andamento da
saber aproveitar corretamente a apresentação e a iluminação. denciados têm acesso ao espaço que
iluminação, ter conhecimento técnico Em espetáculos teatrais, a luz fica entre o palco e a plateia em gran-
e repertório cultural. Para ele, destaca ou oculta o ator em cena e dá des shows. Para todos que fotogra-
transmitir a emoção e a vibração vinda dramaticidade às ações. O fotógrafo fam, a procura é a mesma: um ponto
do palco é o objetivo principal de quem precisa entender isso para transmitir
fotografa peças de teatro, musicais e a atmosfera da peça encenada. Para
de vista próximo ao artista e livre de
espetáculos de dança. Luisi, o principal erro é não entender e elementos perturbadores: cabeças,
Luisi recomenda que se chegue ao não registrar corretamente as altas e equipamentos de som... Evite ficar
local do espetáculo com pelo menos baixas luzes. bem à frente do pé do microfone do
duas horas de antecedência. Isso é A fotometria deve ser no modo cantor: será difícil fotografá-lo sem
importante para que haja contato com central, ensina Luisi, para que a câmera
atores, dançarinos e diretores para se faça uma leitura média da iluminação
que a boca seja oculta pelo aparelho.
inteirar da história, do tempo de cada da cena. Outra dica é medir a luz na pele A composição não tem segredo:
ato e da movimentação dos artistas no do artista, principalmente no rosto, pois fique atento ao posicionamento dos
palco. A maquiagem e o aquecimento o reflexo da luz na pele é o que mais se instrumentos, às sequências de luz
dos artistas nos camarins e na coxia aproxima da leitura-padrão. Já figurinos e ao movimento dos artistas para
também podem render boas fotos. brancos ou pretos geralmente pedem
Nesse período, antes do início do compensação de exposição. captar a simbiose perfeita entre to-
dos os elementos. Combine retra-

106 • Fotografe Melhor no 270


O leitor José Ibelli Filho
registrou a cantora Paula
Fernandes e a imagem
dela no celular de uma fã

Mande sua foto para a


seção Lição de Casa
Caso você tenha uma foto
José Ibelli Filho

bacana sobre o tema, envie-a para a


redação da revista pelo e-mail
fotografe@europanet.com.br.
Coloque no assunto “Lição de
Casa”. Cada leitor pode mandar
apenas uma foto. As imagens
tos expressivos e planos mais aber- conseguido as imagens que queria, enviadas serão avaliadas e poderão
tos do palco mostrando as ilumina- procure outros ângulos. Faça closes ser usadas no artigo de Laurent
Guerinaud. Apenas as que forem
ções, o cenário, o público e os artis- de detalhes: as mãos do tecladis- selecionadas pela redação serão
tas. Preste muita atenção para não ta, o dedilhar do guitarrista, o arco publicadas. Veja os próximos temas
cortar um instrumento ou a perna do violonista... Brinque com as lu- e a data-limite para enviar a foto:
de um dançarino e evite enquadrar zes e as sombras, elas são parte do 271 Fotos do casamento de um
elementos que tirem a atenção do show. E, antes de guardar a câme- amigo; até 8 de março de 2019
tema principal. ra, confira se há alguma possibili- 272 Fotos de borboletas; até
Mexa-se, alterne os pontos de dade de fotografar o público a par- dia 8 de abril de 2019
vista, seja criativo: depois de ter tir de um ponto de vista mais alto.
RAIO X POR LAURENT GUERINAUD
fotos de leitores comentadas

CESAR FERRARO,
Como participar São Paulo (SP) 1
O objetivo desta seção é dar
ao leitor informações e dicas que
1 Embora o topo da torre
esteja quase centralizado no
eixo horizontal, a composição
sirvam para um aprimoramento agrada, principalmente pelo
do ato de fotografar. Ela é aber- fato de a base da torre estar no
ta a qualquer tipo de fotógrafo: canto do quadro e pelas
amador, expert ou profissional. árvores que enfeitam a cena.
Antes de enviar suas fotos para Para uma imagem mais no
análise, você precisa ler e aceitar estilo “cartão-postal”, a única
as regras a seguir: opção seria encontrar um
• É importante ressaltar que um ponto de vista muito mais
comentário é necessariamente distante que permitisse
subjetivo. Não é um julgamento, enquadrar a torre de frente.
mas apenas uma apreciação pes- Equipamento:
soal que, portanto, pode ser con- Nikon D610 com objetiva
testada e criticada. Já que o obje- Nikkor 24-120 mm
tivo de uma foto é agradar ao ob- Exposição: f/8, 1/40s
servador, qualquer crítica, mesmo e ISO 3.200
que formulada por uma só pes-
soa, aponta um elemento que po-
de ser melhorado ou ao menos
discutido. Assim, a crítica é sem-
pre de caráter construtivo.
• Quem envia as fotos para aná-
lise com a finalidade de comentá-
rios e dicas para melhorar a téc-
nica o faz sabendo disso.
• A publicação das fotos envia-
das não é garantida. As imagens
publicadas serão escolhidas pe-
lo mérito do comentário que per-
mitirem, não por sua qualidade.
Apenas uma foto de cada leitor JORGE LUIZ GARCIA,
será comentada. São Paulo (SP)
• Alguns comentários poderão
até parecer duros, porque o que
vai ser avaliado é a qualidade téc-
nica da imagem (enquadramento,
2 Demora um pouco para
entender o que é, mas a
forma redonda capta a atenção e
incomoda. Talvez ficasse melhor se o
espaço em cima fosse menor. Porém,
pela originalidade e pelo ponto de
composição, foco, exposição...), incentiva o observador a querer vista, as “regras” não se aplicam
sem levar em conta o aspecto entender a imagem. Gostei com tanto rigor.
afetivo que pode ter para o au- bastante do ponto de vista e do Equipamento: Canon EOS Rebel T6
tor que registrou uma pessoa, um fundo perfeitamente branco. com objetiva Canon 50 mm
momento ou uma cena importan- A falta de nitidez é o que mais Exposição: f/2.8, 1/100s e ISO 1.250
te e emocionante da sua vida.
Como enviar
Envie até três imagens em 2
formato JPEG e em arquivo de
até 3 MB cada um para o e-mail:
fotografe@europanet.com.br.
Escreva “Raio X” no assunto e in-
forme nome completo, cidade
onde mora e os dados da foto
(câmera, objetiva, abertura, ve-
locidade, ISO, filme, se for o ca-
so, e a ideia que quis transmitir).
É importante que os dados pedi-
dos sejam informados para aju-
dar na avaliação das fotos e na
elaboração dos textos que as
acompanham.

108 • Fotografe Melhor no 270


FERNANDO FERNANDO BRASIL, GUILHERME LION, RAUL KLEIN,
HOLANDA, Guarujá (SP) São Paulo (SP) São Paulo (SP)
Niterói (RJ)

3 A paisagem noturna
captada é atraente, mas
4 Os barcos no primeiro
plano deixam a cena
bem dinâmica. Uma
5 Você soube se posicionar
à altura do tema, o que é o
ideal para dar ao observador
6 O formato retrato seria
o corte mais adequado
(conforme sugerido) graças à
veja no corte sugerido como pena que alguns detalhes a sensação de “fazer parte” natureza do tema e sua posição.
ficaria ainda melhor se atrapalhem. A inclinação e da brincadeira. O principal Além disso, a centralização
você não tivesse deixado a a centralização da linha do detalhe que incomoda é a do tema raramente agrada,
linha de horizonte bem no horizonte não agradam. O sobreposição entre as duas deixando a composição muito
meio. Existe a possibilidade recomendável é posicioná- crianças e até o balde, todos estática, sem dinamismo: o ideal
de cortar a foto no formato -la no terço do quadro, seja juntos no meio do quadro. teria sido posicionar o pássaro
panorâmico, mas você no inferior ou no superior. Ficaria melhor se você tivesse do lado oposto ao qual está
poderia igualmente ter Daria para testar os dois e esperado um momento em olhando. Quanto à luz, a foto
apontado a câmera mais eventualmente se abaixar que todos os elementos (as ficou superexposta, deixando
para baixo, deixando o corte para encontrar a proporção duas crianças e o balde no várias zonas estouradas,
no limite das nuvens, e ideal entre o céu e o primeiro primeiro plano) estivessem notadamente a parte branca da
mostrando uma maior parte plano com o melhor ângulo espalhados, conduzindo a cabeça do pica-pau.
da Baía da Guanabara. para manter a perspectiva leitura e o olhar do observador Equipamento: Nikon
Equipamento: Canon EOS dinâmica dos barcos. de um lado para o outro. Coolpix P900 com objetiva
5D Mark III com objetiva Equipamento: Nikon D750 Equipamento: Canon EOS equivalente a 24-2.000 mm
Canon 24-70 mm com objetiva Nikkor Rebel T6 com objetiva Exposição: f/5.6, 1/4.000s
Exposição: f/16, 30s Exposição: f/18, 1/4s Canon 18-55 mm e ISO 400
e ISO 100 e ISO 200 Exposição: f/6.3, 1/250s
e ISO 400

3 4

5 6

Fotografe Melhor no 270 • 109


RAIO X
BRUNO CAVASOTTI, RODRIGO ALTHOFF, GUSTAVO CARVALHO, LEONARDO
Ponta Grossa (PR) Curitiba (PR) Brasília (DF) MONTEIRO,
Cabo Frio (RJ)
7 A falta de nitidez,
que incomoda
principalmente no rosto
8 O sentido natural de
leitura de uma imagem é
da esquerda para a direita,
9 Pense na mesma foto
feita de um ponto de vista
mais baixo, evitando assim 10 O formato retrato
(vertical) é perfeito
do homem, parece ser assim como de um livro. Por o ângulo em mergulho para restituir a profundidade
de movimento, apesar isso, percebe-se de imediato (de cima para baixo) e da paisagem. Porém, o
dos ajustes corretos de a deformação dos rostos valorizando melhor o tema. espaço dedicado ao céu ficou
velocidade. Será que das pessoas na multidão. Imagine um enquadramento demasiado: recomendaria
a câmera mexeu no Um efeito da grande mais fechado que não apontar a câmera um
momento do clique? angular, que produz tais deixasse o pinguim perdido, pouco mais para baixo.
Você segurava a câmera deformações nas bordas. A isolado no meio do quadro, Dois detalhes chamaram
com firmeza? Outro ação do personagem central onde ele tem dificuldade em a atenção na borda direita
ponto de melhoria é o também é um mistério, se destacar do ambiente com do quadro: primeiro, a
enquadramento: acredito pois ele está de costas. Não o qual não contrasta (cores planta embaixo poderia
que o formato retrato se sabe o que as pessoas parecidas, principalmente agradar mais no primeiro
(vertical) teria sido mais estão comemorando. E o por causa da sobreposição plano, mas precisaria ser
adequado, evitando espaço dedicado ao teto ficou da parte preta da plumagem um pouco menos cortada.
os espaços inúteis, demasiado enquanto houve com o buraco preto no fundo). O segundo é um ponto
notadamente à esquerda do um corte grande nas pessoas. Enfim, vislumbre um fundo preto um pouco acima,
equipamento de iluminação O ideal era abaixar a câmera, mais desfocado graças ao mais visível se você abrisse
e atrás do retratado. o que teria também resolvido uso de uma abertura de mais o enquadramento
Equipamento: Canon T5 (em parte) o problema da diafragma mais ampla (valor para a direita. Parece uma
Rebel com objetiva Canon deformação, afastando os de f/ menor). Pronto: você pessoa no mar e, por isso,
70-200 mm rostos da borda, e enquadrar tem tudo para a próxima seria melhor incluí-la na
Exposição: f/4, 1/160s o personagem de frente. oportunidade. composição.
e ISO 3.200 Equipamento: Canon EOS 6D Equipamento: Canon EOS 6D Equipamento: Canon EOS
com objetiva Canon 16-35 mm Mark II com objetiva Canon Rebel T6 com objetiva Canon
Exposição: f/5.6, 1/40s 24-105 mm 18-55 mm
e ISO 500 Exposição: f/4, 1/250s Exposição: f/8, 1/800s
e ISO 500 e ISO 100 4

9 10

7
8

110 • Fotografe Melhor no 270


RAIO X
LUIZ PESSANHA, RAFAEL MORAIS MARIANA EVARISTO
Teresópolis (RJ) SANTOS, ANDRADE, RIELLO JR.,
Curitiba (PR) João Pessoa (PB) Piracicaba (SP)
11 Devido à configuração
do tema, o formato
retrato (vertical) parece mais 12 O inseto ficou muito
pequeno, isolado no 13 Para além da
referência que você 14 Os principais
incômodos na foto
adequado, permitindo fechar quadro da foto, sensação que indicou com a plataforma são a centralização e a
mais o enquadramento e se fica pior ainda pelo fato de ele 9 ¾ do Harry Potter, inclinação da linha do
livrar dos espaços vazios, estar totalmente centralizado, alguns detalhes não horizonte: é sempre
sem interesse, dos dois lados. sem dinamismo nenhum. Além ficaram muito estéticos. aconselhável posicioná-la no
Para quebrar a verticalidade disso, o tema está subexposto, O enquadramento está terço (superior ou inferior)
da linha, que fica bastante quase preto, devido ao fato de dividido em dois, bem no da imagem. Com o céu sem
estática, o recomendado seria ser escuro enquanto o fundo meio (ponta da parede), nuvens e sem um primeiro
inclinar um pouco a câmera, está claro: a correção da o que não agrada: plano, a imagem não tem
conforme o corte sugerido, exposição era necessária para geralmente é preferível um ponto de atração para
criando uma diagonal que dá clarear a imagem. Além disso, repartir os espaços o olhar do observador.
mais dinamismo à imagem. os elementos coloridos abaixo por terços. Outro ponto Por fim, a data inserida na
Equipamento: Nikon do inseto desviam a atenção. que incomoda é o corte foto é desnecessária, já que
Coolpix P900 com objetiva Equipamento: smartphone da cabeça do homem você encontra todas
equivalente a 24-2.000 mm iPhone 7 com objetiva entrando. as informações sobre a
Exposição: f/5.6, 1/125s equivalente a 28 mm Equipamento: Nikon foto nas propriedades do
e ISO 200 Exposição: f/1.8, 1/30s D3400 com objetiva arquivo da imagem.
e ISO 32 Nikkor 18-55 mm Equipamento: Nikon
Exposição: f/5.6, 1/500s Coolpix P510 com objetiva
e ISO 400 equivalente a 24-1.000 mm
Exposição: f/3, 1/1.000s
11 e ISO 100

12

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112 • Fotografe Melhor no 270 com a Editora Europa. O exemplar é enviado para todo o Brasil.

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