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Palavras-chave: Família Linguística Caribe; Tipologia Linguística; Ordem dos Constituintes; Caso
Genitivo; Construções Relativas.
Abstract: The present work consists in a typological-comparative approach to four languages of the
Carib linguistic family, as the following, Hixkaryana, Panare, Tiriyó e Waiwai. For this, as seen in
Derbyshire (1977, 2006), Gildea (2000), Meira (1999, 2002, 2006, 2014), and others, first we
introduced the discussion about typological approach, them, we present the grammatical aspects of the
languages -- their pronoun forms, personal morphemes of person, order of constituents in the sentence
and the construction of their respectives related expressions. As it is presented, our goal in this present
work it is to compare these languages and propose some commentaries in accord to the paradigm on
the basic order of the constituintes, as proposed by Greenberg (195-).
Key-words: Carib Linguistic Familie; Linguistic Typology; Order of the Constituents; Genitive Case;
Relative Constructions.
1. Introdução
À primeira vista, talvez a característica das línguas naturais que mais chama a atenção
dos falantes seja a sua diversidade. No entanto, como afirma Kenedy (2016), embora com as
enormes diferenças entre elas, as mais de seis mil línguas naturais existentes apresentam,
também, semelhanças, ou seja, por trás de toda essa heterogeneidade existe alguma
regularidade linguística. Por exemplo, todas as línguas têm nomes e verbos. É claro que a lista
das divergências entre as línguas naturais é extensa, mas, conforme o autor, além de muitos
fenômenos linguísticos serem regulares e universais, a maior parte dessas diferenças não se dá
aleatoriamente. Na verdade, ocorre de maneira previsível. Cabe à Tipologia Linguística
*Graduandas em Licenciatura em Letras-Português pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). O
presente trabalho foi desenvolvido na disciplina Tópicos Especiais em Linguística, sob a orientação da Profa. Dra.
Maria Luisa de Andrade Freitas, no segundo semestre de 2017.
classificar as línguas de acordo com as suas características estruturais. Essa abordagem teórica,
segundo Oliveira (2015), ao levar em consideração que as diferenças entre as línguas naturais
ocorrem de maneira previsível, em um limitado eixo de possibilidades de variação, procura
estudar os padrões existentes com o objetivo de propor generalizações. Diante disso, o presente
trabalho tem por objetivo realizar um estudo tipológico-comparativo de quatro línguas da
família linguística Caribe, a saber, Hixkaryana, Waiwai, Panare e Tiriyó. Para tanto, realizamos
um levantamento bibliográfico acerca da constituição da família linguística Caribe, da
localização das línguas e de seus aspectos gramaticais, baseando-nos em estudos e gramáticas
propostas por linguistas e pesquisadores, como Derbyshire (1977, 2006), Gildea (2000), Meira
(1999, 2002, 2006, 2014), entre outros.
2. A família Caribe
O termo Caribe não se dá à toa, segundo Meira (2006), os falantes das línguas desta
família originariamente foram encontrados nas ilhas do Caribe e nas costas das Guianas e da
Venezuela, denominados assim devido ao fato dos primeiros textos europeus relacionar os
nativos à prática canibal ‒ caribal. Um padre missionário jesuíta, Filippo Salvadore Gilij,
observou as semelhanças entre essas línguas, no fim do século XVIII, e publicou em três
volumes o “Ensaio de História Americana”, propondo o Galib como língua-mãe, a partir da
qual se originaram as demais. Com isso, iniciando o interesse de exploradores, como Von den
Steinen e Lucien Adam ao estudo comparativo entre as línguas e ao estudo do povo Caribe. No
entanto, apenas no século XX, um estudo de descrição gramatical, proposto por Hoff, em 1968,
sobre o Karinya, impulsionou o incentivo a descrição das línguas da família. Dessa forma,
surgiram descrições sobre a língua Hixkaryana, por Derbyshire, em 1979 ‒ refeita em 1985 ‒,
da língua Waiwai, por Hawkins, em 1998, da língua Panare, por Muller, em 1994, da língua
Tiriyó, por Meira, em 1999, entre outras.
As línguas da família Caribe são, em sua maioria, aglutinantes, em uma nomenclatura
clássica fundada entre os irmãos Schlegel, já que os morfemas são representados por afixos, e
fusionais, no sentido de que há pequenas alterações morfofonêmicas nestes afixos quando
acoplados às diversas raízes das palavras de uma dada língua. Os afixos atribuem diferentes
funções a cada palavra que se ligam. As funções sintáticas são estabelecidas a partir de casos
gramaticais atribuídos a cláusulas específicas das línguas e, também, sendo comum às línguas
desta família, da correferência dos afixos pessoais que demarcam as funções nos sintagmas
nominais.
Língua 1A 2A 1+2 A 3A
Tiriyó w(ɨ)-/t- m(ɨ)- k(ɨ)-/kɨt- n-/kɨn-
Hixkaryana w-/ɨ- m(ɨ)- t(ɨ)- n(ɨ)-
Waiwai w(ɨ)-∅ - m(ɨ)- t(ɨ)-/tɨt(i)- n(ɨ)-/∅ /ɲ-
Panare t (ɨ)- m(ɨ)- n(ɨ)- n(ɨ)-
Tabela 2. Comparação entre os prefixos de pessoa enquanto sujeito de verbo transitivo (A), adaptação de
Derbyshire (2006, p. 33)
Língua 1O 2O 1+2 O
Tiriyó y-/yɨ a(t)- k(ɨ)-
Hixkaryana r(o)- o(y)-/a(y)- k(ɨ)-
Waiwai o(y)- a(w)- k(ɨ)-
Panare ∅ -/y- a(y)- n(ɨ)-
Tabela 3. Comparação entre os prefixos de pessoa enquanto objeto (P) de verbo transitivo, adaptação de
Derbyshire (2006, p. 34)
As tabelas 2 e 3, se referem apenas às marcas morfológicas de quando o verbo é
transitivo. O sujeito transitivo (A) de primeira pessoa nas línguas Tiriyó, Waiwai e Hixkaryana
apresenta a mesma consoante do pronome pessoal de 1ª pessoa, /w/, no Hixkaryana o /u/ cede
para a consoante w. No (A) de segunda pessoa, a consoante presente em todas as línguas no
pronome pessoal, /m/, torna-se o morfema que marca esse agente podendo ser acompanhado
pela vogal ɨ, caso contrário, ocorre para a primeira pessoa dual. Apenas para o Tiriyó há a
permanência da consoante /k/ da forma pronominal.
Para os objetos em primeira pessoa em Hixkaryana e Waiwai, acontece a retomada da
vogal /o/ da forma pronominal, uro e owï, respectivamente para as línguas, no Hixkaryana
dando preferência de aparição a consoante r. E, para os objetos da primeira pessoa dual a
consoante inicial /k/ é contínua para todas as que as possui na forma pronominal, logo, a
Hixkaryana, Tiriyó e Waiwai.
Panare (MATTEI-MULLER, 1974, 1994; PAYNE e PAYNE, 2013 apud MEIRA, 2014)
mɑtɑ ‘ombro’
(jɨ)mɑtɑ-n ‘meu ombro’
ɑ-mɑtɑ-n ‘teu ombro’
jɨ-mɑtɑ-n ‘ombro dele/dela’
eɲɑ ‘mão’
j-eɲɑ-n ‘minha mão’
ɑj-eɲɑ-n ‘tua mão’
j-eɲɑ-n ‘mão dele/dela’
tomɑn j-éɲɑ-n
Tomás REL-mão-POSS
‘a mão de Tomás’
enu ‘olho(s)’
j-enu(-ɾu) ‘meu(s) olho(s)’
ə-enu(-ɾu) ‘teu(s) olho(s)’
enu(-ɾu) ‘olho(s) dele/dela’
k-ənu(-ɾu) ‘nosso(s) (incl.) olho(s)’
pɑhko i-pɑwɑnɑ
1-pai 3-amigo
‘amigo de meu pai’
ɸori ‘braço’
oja-ɸori ‘meu braço’
awa-ɸori ‘teu braço’
jori ‘dente’
o-jori ‘meu dente’
ki-jori ‘nosso dente’
No terceiro Universal, Greenberg postula que "línguas com ordem dominante VSO são
sempre preposicionais" (GREENBERG, 1966, apud PIRES, 2010, p. 228), as línguas em
estudos aqui são do tipo OV, logo, segundo os mais variados correlatos de concordância, tais
línguas, seguiriam essa ordem: Po, AN, GN, de maneira que o modificador anteceda seu
modificado, como observamos anteriormente (seção 3.2). A partir disto, atestaremos a
posposição locativa em Hixkaryana' , agentiva em Tiriyó e benefactivo em
Hixkaryana/Waiwai, a fim de verificarmos a procedência deste universal.
Wewe mahya-ye
tree rear-from
'from behind the tree'
eta-ne ‘aquele que ouve algo’ epɨ-ke ‘aquele que toma banho’
n-eta ‘aquilo que é ouvido por alguém’ t-e:pə-en ‘aquele que vai tomar banho’
əta-ton ‘aquele que ouve, é capaz de ouvir’ epɨ-to ‘instrumento, momento, lugar para
tomar banho’
1
Devido às semelhanças entre as línguas e a ausência de exemplos que tratasse a posposição em Waiwai,
decidimos apresentá=las num mesmo exemplo, pois, baseadas numa tabela de Derbyshire (2006, p.43, tab. 2.8)
que apresenta: from = kwa-ye, para Hix, e kwa-y, para Ww; in/on/at = ta-wo/ya-wo, para Hix, e ya-w, para Ww.
eta-to ‘lugar, momento, instrumento para
ouvir’
Tabela 4. Nominalizações verbais em Tiriyó. Os dados foram recolhidos em Meira (2006).
Tiya’ apo’
të-ya apo’
Go-past man.
‘The man left’
nu’púmaya’ tiyaanë
n-u’púma-ya’ të-ya-në
3-fall.down-PAST go-PAST-REL.ANIM
`
Hixkaryana (DERBYSHIRE, 1965, 1979, 1985 apud MEIRA, 2006).
4. Considerações Finais
5. Abreviaturas
1: primeira pessoa
2: segunda pessoa
1+2: primeira pessoa dual inclusiva
1+3: primeira pessoa exclusiva
1+2Col: primeira pessoa dual inclusiva coletiva
2Col: segunda pessoa coletiva
A: sujeito de verbo transitivo
Ad: adessive
Agt: marcação de agentividade
COL: coletivo (plural)
COP: cópula
DEM: demonstrativo
DIR: direcional
LIG: ligação
NPAS: passado nominal
NZR: nominalizador
P: objeto de verbo transitivo
POSS: marcador de forma possuída
POT: potencial
PRES: presente
RE: real
REL: relacional
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